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ELISÂNGELA MINERVI
AVALIAÇÃO DA FONOFORESE EM PACIENTES
COM ARTRITE REUMATÓIDE
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica e Informática Industrial da
Universidade Tecnológica do Paraná, como
pré-requisito para a obtenção do título de
mestre.
Banca Examinadora
Presidente e Orientador
Prof. Dr. Humberto Remigio Gamba UTFPR
Co-orientador
Prof. Dr..Sandro Germano UTP
Examinadores
Prof. Dr. Joaquim Miguel Maia UTFPR
Profa. Dra. Sandra Martin UTP
CURITIBA
2006
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ELISÂNGELA MINERVI
AVALIAÇÃO DA FONOFORESE EM PACIENTES
COM ARTRITE REUMATÓIDE
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica e Informática Industrial da
Universidade Tecnológica do Paraná, como
pré-requisito para a obtenção do título de
mestre.
Área de Concentração: Engenharia Biomédica
Orientador:
Prof. Dr. Humberto Remigio Gamba
Co-orientador:
Prof. Dr. Sandro Germano
CURITIBA
2006
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba
M664 Minervi, Elisângela
Avaliação da fonoforese em pacientes com artrite reumatóide”/ Elisângela
Minervi. Curitiba, UTFPR, 2006
68 f. : il; 30cm
Orientador: Prof. Dr. Humberto Remigio Gamba
Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industri-
al. Curitiba, 2006
Bibliografia: f. 54 – 61
1. Artrite reumatóide. 2. Fonoforese. 3. Engenharia biomédica. I. Gamba,
Humberto Remigio, orient. II. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática
Industrial. III. Título.
CDD: 616.7227
iii
Dedicatória
Aos meus pais Dionísio e Joana, que me deram a
vida, me ensinaram a vivê-la com dignidade e
sempre incentivaram minha educação.
Ao Alessandro que me apoiou com seu amor,
companheirismo e carinho.
E agradeço a Deus pelo dom da vida.
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Agradecimentos
Gostaría de expressar os meus agradecimentos:
Ao meu co-orientador Prof. Dr. Sandro Germano que acreditou no desenvolvimento
deste trabalho, pela atenção, confiança e paciência.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Humberto Remigio Gamba, pela oportunidade,
possibilitando o cumprimento de mais um grande passo na minha vida.
À Profª Renata Rothenbuhler que deu a base para o início da minha pesquisa.
Ao Prof. Dr. David Titton que tão pacientemente me ensinou e orientou a aplicar os
questionários nos pacientes.
À equipe da Clínica de Fisioterapia Orthofisio pela oportunidade e incentivo.
Aos meus amigos da UFTPR, que estiveram comigo nos momentos de alegria e
tristeza.
À minha família, em especial aos meus irmãos, pelo amor e carinho.
A todos aqueles que contribuíram, de alguma forma, para a realização deste trabalho,
o meu mais profundo agradecimento.
vi
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“Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muitos bons.
Porém, há os que lutam toda vida
Esses são os imprescindíveis.”
Bertold Brecht
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ix
Lista de Figuras
Figura 1: Estrutura básica de uma articulação sinovial (adaptada de Maciel, 2001). ..........................................9
Figura 2: Ossos da mão e movimentos permitidos pela articulação selar,...........................................................10
Figura 3: Movimento de aproximação da superfície palmar do polegar à superfície..........................................10
Figura 4: Eixos de movimentos na articulação do joelho humano (adaptada de Maciel, 2001)..........................11
Figura 5: Ossos presentes na articulação do joelho humano e os........................................................................11
Figura 6: Os cinco estratos epidérmicos...............................................................................................................16
Figura 7: Camadas da pele humana (extraída de Manual Merck, 2005). ............................................................16
Figura 8: Zonas de rarefação e compressão de uma onda sonora, com identificação do comprimento de onda
(imagem extraída de Marinha do Brasil, 2006). ...................................................................................................18
Figura 9: Foto do Equipamento de ultra-som Sonopulse Compact utilizado .......................................................25
Figura 10: Potes de medicamento e placebo utilizados na pesquisa. ...................................................................26
Figura 11: Subgrupos criados para realização dos testes in vivo.........................................................................28
Figura 12: Sessão de terapia com ultra-som contínuo aplicado com transdutor de 4 cm de diâmetro................30
Figura 13: Aplicação do medicamento com auxilio de espátula de procedimento...............................................31
Figura 14: Gráfico comparativo das melhoras individuais dos componentes......................................................38
Figura 15: Gráfico comparativo das melhoras individuais dos componentes......................................................39
Figura 16: Gráfico obtido com as respostas ao HAQ dos componentes...............................................................39
Figura 17: Gráfico obtido com as respostas ao HAQ dos componentes...............................................................40
Figura 18: Gráfico comparativo das escalas de dor apontadas pelos pacientes do grupo com medicação oral e
fonoforese (UST + Ibuprofeno). ............................................................................................................................44
x
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1: Nível de dificuldade a ser atribuído pelo paciente questionado pelo HAQ...........................................27
Tabela 2: Relação entre a média aritmética dos escores dos componentes do.....................................................33
Tabela 3: Grupo de pacientes do subgrupo sem uso oral de antiinflamatório......................................................36
Tabela 4: Grupo de pacientes do subgrupo sem uso oral de antiinflamatório......................................................36
Tabela 5: Grupo de pacientes voluntários do subgrupo com administração........................................................36
Tabela 6: Grupo de pacientes voluntários do subgrupo com administração........................................................37
xii
xiii
Lista de Abreviaturas
UST – Ultra-som Terapêutico;
DNA - Ácido Desoxirribonucléico;
AINE - Antiinflamatórios Não-Esteróides ;
DMARD - Medicações Anti-Reumáticas Modificadoras da Doença;
RID - Medicações Indutoras de Remissão;
SAARD - Medicações Anti-Reumáticas de Ação Lenta;
ACR - Colégio Americano de Reumatologia;
UFPA – Universidade Federal do Pará;
HAQ - Health Assessment Questionnaire;
FAOT - Ficha de Avaliação de Ortopedia e Traumatologia;
UTP – Universidade Tuiuti do Paraná;
P – Paciente;
F – Feminino;
M – Masculino;
AR – Artrite Reumatóide.
xiv
xv
Sumário
Lista de Figuras.................................................................................ix
Lista de Tabelas.................................................................................xi
Lista de Abreviaturas......................................................................xiii
Sumário.............................................................................................xv
Resumo............................................................................................xvii
Abstract..........................................................................................xviii
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO.........................................................1
1.1. MOTIVAÇÕES......................................................................................................................... 1
1.2. OBJETIVOS.............................................................................................................................. 3
1.2.1. Objetivo Geral....................................................................................................................................3
1.2.2. Objetivos Específicos.........................................................................................................................3
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................... 4
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................5
2.1. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................................ 5
2.1.1. Uso da Fonoforese..............................................................................................................................5
2.2. TÓPICOS TEÓRICOS............................................................................................................. 7
2.2.1. Fisiologia Articular.............................................................................................................................8
2.2.2. Artrite Reumatóide...........................................................................................................................12
2.2.3. Ibuprofeno........................................................................................................................................14
2.2.4. Pele...................................................................................................................................................15
2.2.5. Ultra-som Terapêutico (UST)...........................................................................................................17
2.2.5.1. Som..........................................................................................................................................17
2.2.5.2. Ultra-som.................................................................................................................................18
2.2.5.3. Ultra-som terapêutico ..............................................................................................................19
2.2.5.4. Efeitos Físicos e Fisiológicos do UST.....................................................................................21
2.2.6. Fonoforese........................................................................................................................................22
2.2.7. Efeitos do Ultra-som Sobre a Pele....................................................................................................23
xvi
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA....................................................25
3.1. MATERIAIS E INFRA-ESTRUTURA.................................................................................25
3.2. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................................... 26
3.2.1. Grupo de Pacientes Voluntários (Amostra)......................................................................................26
3.2.1.1. Subgrupos................................................................................................................................27
3.2.2. Preparo do Creme-gel de Ibuprofeno...............................................................................................29
3.2.3. Utilização do Ultra-som Terapêutico ...............................................................................................30
3.2.4. Realização das Sessões de Terapia...................................................................................................31
3.2.5. Avaliação da Fonoforese..................................................................................................................33
3.2.6. Análise Estatística dos Resultados...................................................................................................34
CAPÍTULO 4 RESULTADOS........................................................35
4.1. FICHA DE AVALIAÇÃO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA............................. 35
4.2. QUESTIONÁRIO HEALTH ASSESMENT QUESTIONNAIRE (HAQ)...........................37
CAPÍTULO 5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES............................41
5.1. ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................................ 41
5.1.1. Dos Resultados da Ficha de Avaliação de Ortopedia e Traumatologia............................................43
5.1.2. Dos Resultados Obtidos Através dos Questionários HAQ...............................................................44
5.2. CONCLUSÕES .......................................................................................................................46
5.3. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................................. 47
Anexo I Questionário Health Assesment Questionnaire (HAQ) ..49
Anexo II.............................................................................................51
Anexo III............................................................................................53
Referências Bibliográficas ...............................................................55
Resumo..............................................................................................63
xvii
Resumo
Atualmente cerca de 1,8 milhões brasileiros são acometidos pela artrite reumatóide,
patologia que pode causar incapacidade física. O tratamento das articulações atingidas é
fundamental para prevenir as deformidades causadas pela doença, o que exige o uso de
antiinflamatórios, que administrados por via sistêmica, oral ou parenteral, associam-se à
efeitos colaterais indesejáveis. Tal fato tem motivado pesquisas de métodos alternativos para
o tratamento, como o ultra-som terapêutico (UST) e o uso tópico de antiinflamatórios não
hormonais. O uso tópico de antiinflamatórios em conjunto com o UST, técnica chamada de
fonoforese, tem sido indicado no alívio das inflamações dos tecidos. A fonoforese apresenta-
se como uma técnica simples, de baixo custo quando comparada à administração oral e
endovenosa de medicamentos e evita a agressão de efeitos colaterais, pois favorece a absorção
transcutânea de fármacos. Assim, desenvolveu-se uma pesquisa para avaliar in vivo a
fonoforese. Esse trabalho foi realizado com auxílio de vinte pacientes voluntários. O objetivo
do trabalho foi fornecer apontamentos concretos da fonoforese, através da comparação dos
dados obtidos através da avaliação pelo questionário classificatório funcional Health
Assessment Questionnaire (HAQ) do Colégio Americano de Reumatologia. Os pacientes
foram divididos em dois grupos, um com uso de medicação antiinflamatória oral e outro sem,
os quais foram subdivididos em dois subgrupos, um para receber UST e medicamento tópico
(Ibuprofeno) e outro UST e placebo. Os resultados obtidos com os questionários respondidos
antes e após a finalização das sessões de terapia, mostraram o sucesso da técnica, com
pacientes chegando a ampliar em mais de quatro vezes sua capacidade funcional.
Palavras-chave: Artrite Reumatóide, Ultra-Som Terapêutico, Fonoforese, Ibuprofeno.
xviii
Abstract
Arthritis reaches 1,8 millions of Brazilians. It may induce to incapacity making impossible
simple daily activities. The pathology demands anti-inflammatory orally or intramuscularly
uses, what associates undesirable collateral effects. Such fact has motivated research of
alternative methods for the treatment, as the therapeutically ultrasound (UST) and the topical
use of anti-inflammatory. The topical drug in set with UST, phonophoresis, has been
indicated in the relief of the tissues inflammations. Phonophoresis is a simple technique of
low cost when it was compared to oral administration drugs and it prevents collateral effects,
therefore it stimulated drugs transdermal absorption. Motivated for such facts, a research was
developed to evaluate the phonophoresis in vivo. The results were obtained through in-vivo
tests over twenty arthritis patients. The main objective was to supply phonophoresis concrete
data, through comparison the data obtained through the evaluation for the functional
questionnaire Health Assessment Questionnaire (HAQ) of the American College of
Rheumatology. The patients were divided in two groups, one with oral anti-inflammatory
medication and another one without. These groups had been subdivided in two sub-groups,
one to receive UST and topical drug (Ibuprofeno) and another UST and placebo. The results
gotten with the questionnaires answered before and after the finishing therapy sessions had
shown to the success of the technique, what is proved by patient that increased in four times
his functional capacity.
Keywords: Arthritis, Therapeutically Ultrasound, Phonophoresis, Ibuprofeno.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A tentativa de minimizar os efeitos causados por medicamentos administrados por via
oral durante o tratamento de patologias infecciosas, tem levado os pesquisadores a procurarem
novos princípios ativos menos agressivos em seus efeitos colaterais e, também, à procura por
novas técnicas de administração dessas drogas.
Dentre as técnicas investigadas, a administração transdérmica de medicamentos através
do uso de ultra-som terapêutico, técnica chamada fonoforese, tem merecido grande
dedicação. Os estudos envolvendo esta técnica objetivam esclarecer o possível aumento da
permeabilidade cutânea para determinadas drogas utilizadas na aplicação da fonoforese.
Pires de Campo, 2004 cita em suas pesquisas que a fonoforese, apesar de apresentar
incremento na absorção de algumas drogas, devido à baixa permeabilidade da pele, é uma
alternativa na administração oral e injetável de medicamentos. A baixa permeabilidade da
pele tem sido outro tema de várias pesquisas com o objetivo de encontrar agentes físicos e
químicos que a permitam ser vencida (Kost et al., 1994).
Desenvolveu-se, então, a pesquisa apresentada nesta dissertação a fim de avaliar a
técnica fonoforese com testes in vivo e aplicação tópica de gel de Ibuprofeno, com auxílio de
voluntários acometidos de artrite reumatóide, visto ser esta uma patologia que atinge grande
número de brasileiros de maneira agressiva e incapacitante.
1.1.MOTIVAÇÕES
A artrite reumatóide, patologia resultante de um processo inflamatório, atinge hoje cerca
de 1,8 milhões de brasileiros e apesar de apresentar sintomas inicias simples, pode causar
incapacidade física (Marques, 2005). A invalidez apresenta-se em 50% dos pacientes com 5
anos de evolução da doença (Manual Merck, 2005), sendo que simples tarefas como levantar-
se da cama tornam-se insuportáveis.
Tal patologia tem levado grande contingente de acometidos às clinicas de fisioterapia
para tratamento das articulações atingidas a fim de prevenir as deformidades causadas pela
doença e manter a massa muscular do paciente. Porém, essa terapia apresenta melhores
2
resultados quando o processo inflamatório encontra-se controlado (Manual Merck, 2005).
Logo, a administração de antiinflamatórios é fato imprescindível no tratamento da
enfermidade.
O uso de antiinflamatórios por via sistêmica, oral ou parenteral, está associado a uma
incidência de vários efeitos colaterais indesejáveis, como gastrite medicamentosa. A natureza
irritante da administração via oral no sistema gastrintestinal tem motivado pesquisas de
métodos alternativos para o tratamento.
Nessa busca contínua por tratamentos mais eficazes e econômicos aplicados à
fisioterapia, métodos como o ultra-som terapêutico e o uso tópico de antiinflamatórios não
hormonais vem apresentando um papel cada vez mais importante.
O uso tópico de antiinflamatórios em forma de pomada, creme ou gel, em conjunto com
o ultra-som terapêutico (fonoforese) tem sido indicado no alívio de inflamações dos tecidos.
A fonoforese é uma técnica simples e de baixo custo comparada à administração oral e
endovenosa de medicamentos além de evitar a agressão ao trato gastrintestinal.
Existem vários estudos que evidenciam o fato de que o ultra-som terapêutico realmente
favorece a penetração transcutânea de vários fármacos, como os corticosteróides,
dexametasona e hidrocortisona em animais (Byl et al., 1993), vasodilatador metil-nicotinado
em humanos saudáveis (McElnay et al., 1993), proteínas, insulina, interfon (Ministério da
Saúde, Portaria nº97) e eritropoetina (Mitragotri et al., 1995) e antiinflamatório indometacina
em animais (Asano et al., 1997). O antiinflamatório diclofenaco de sódio, na forma gel de uso
tópico, foi investigado por El-Hadidi & El Garf em 1991, como relata Rosim (2003) em sua
dissertação, quando realizaram um estudo duplo-cego de investigação clínica em pacientes,
mas com critérios de avaliação excessivamente subjetivos como a dor à pressão e ao
movimento, graduado por meio de uma escala analógica de dor (Rosim, 2003).
Aliando a indicação de antiinflamatórios de uso tópico, em forma de pomada, gel ou
creme medicamentoso, para o tratamento e alívio de inflamações dos tecidos ao novo conceito
do ultra-som terapêutico (fonoforese), o qual tem demonstrado poder aumentar a penetração
em relação à quantidade e profundidade de drogas através da pele, este estudo fornece
resultados positivos desta aplicação conjunta, baseados na avaliação da capacitação física dos
voluntários envolvidos, obtidos através de realizações de testes in-vivo.
O estudo aqui apresentado justifica-se pela importância da investigação quanto à
utilização do ultra-som terapêutico e o uso de antiinflamatórios não hormonais tópicos
3
visando reduzir a artrite reumatóide, aumentando a qualidade de vida dos pacientes
acometidos pela enfermidade.
1.2.OBJETIVOS
Os objetivos desta dissertação, apresentados de forma geral e específicos, envolvem a
aplicação fonoforese em pacientes voluntários diagnosticados com artrite reumatóide, para
que mais uma avaliação da técnica seja possível, de forma a contribuir com o grupo de
pesquisadores que estudam as alternativas de tratamento de patologias infecciosas que exigem
o uso de medicamentos agressivos à saúde humana com efeitos colaterais irritantes e
desagradáveis.
1.2.1. Objetivo Geral
O objetivo geral do presente estudo consiste em testar a aplicação do ultra-som
terapêutico de freqüência igual a 1 MHz, contínuo, com intensidade de 0,5 W/cm
2
e curta
duração (5 minutos), sobre a articulação atingida por artrite reumatóide a fim de avaliar o
aumento na absorção transcutânea de medicamento antiinflamatório (Ibuprofeno) na forma de
creme-gel em pacientes voluntários.
1.2.2. Objetivos Específicos
Pretende-se ainda, guiado pelo objetivo geral desta dissertação:
1. Identificar a artrite reumatóide nas articulações dos participantes (pacientes voluntários);
2. Classificar a artrite reumatóide quanto ao grau e tipo do acometimento (através de
questionário apresentado no Anexo I);
3. Dividir o grupo de voluntários participantes em subgrupos para realização das sessões de
fonoforese (com medicamento ou placebo);
4. Realizar, com cada paciente, o número de sessões de terapia com ultra-som terapêutico
necessárias para a avaliação da técnica;
5. Analisar e comparar a eficácia do tratamento proposto, após as sessões de terapia;
6. Verificar a manutenção, agravamento ou melhora dos resultados obtidos após 3 meses de
tratamento.
4
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação apresenta-se dividida em cinco Capítulos, três Anexos, Listas de
Figuras, Tabelas e Abreviaturas, Resumo, Abstract e Referências Bibliográficas utilizadas no
decorrer da pesquisa.
O Primeiro Capítulo intitula-se Introdução e informa ao leitor os principais motivos que
deram origem a este estudo, os objetivos geral e específicos do grupo de pesquisa e a relação
das metas previamente organizadas e sequencialmente realizadas, além desta estrutura da
dissertação.
O Capítulo 2 traz as informações necessárias para que o leitor possa entender as bases e
as técnicas utilizadas na pesquisa aqui descrita. Com o título: Fundamentação Teórica, divide-
se em Revisão da Literatura, a qual discorre sobre a fonoforese, com citação a trabalhos
atuais; e, Tópicos Teóricos, trazendo os apontamentos (necessários para o entendimento da
dissertação), sobre fisiologia articular, artrite reumatóide, ultra-som terapêutico, fonoforese e
efeitos do ultra-som sobre a pele, detalhando-os.
Na seqüência, o Terceiro Capítulo - Metodologia - descreve os métodos adotados no
decorrer da pesquisa, com todos os detalhes de realização. São mostradas fotos dos testes in
vivo e dos materiais utilizados. São explicadas as atitudes tomadas na seleção de pacientes,
sua divisão em grupos e subgrupos, preparo do medicamento utilizado, descrição do ultra-
som, realização das sessões de terapia e avaliação da técnica sob análise.
O Capítulo 4 mostra os resultados obtidos com os pacientes desta pesquisa, nos testes
realizados e questionários respondidos pelos voluntários.
No último e quinto Capítulo, intitulado Discussão e Conclusões, são discutidos os
resultados obtidos e apontados no Capítulo 4. O capítulo contém a análise dos resultados da
técnica (fonoforese) e dos resultados obtidos através das respostas aos questionários utilizados
na pesquisa; conclusões baseadas nos resultados e na literatura referente atual; e, sugestões
para trabalhos futuros que possa beneficiar-se dos resultados e apontamentos desta
dissertação.
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para entender os fenômenos que ocorrem na evolução de uma patologia e como as
técnicas de tratamento previnem manifestações causadas pela patologia, faz-se necessário
conhecer as estruturas por ela atingidas, os princípios físicos envolvidos na técnica de
tratamento a ser abordada, bem como os efeitos envolvidos neste método. Desta forma, são
necessárias explanações nos campos da física para se conhecer o que é ultra-som e quais as
suas características, e no campo biológico do qual se buscam as estruturas da pele e definições
sobre artrite reumatóide, conhecimentos básicos para o desenvolvimento desta dissertação.
Visando ampliar a nitidez deste quadro multidisciplinar, fez-se na parte inicial deste
capítulo, esclarecimentos sobre o ultra-som e, na seqüência, sobre a estrutura da pele e da
articulação atingida pela artrite reumatóide, discorrida posteriormente, a fim de proporcionar
uma base mínima à compreensão do trabalho.
2.1. REVISÃO DA LITERATURA
Esta seção apresenta uma revisão literária baseada em alguns estudos realizados com o
tema central desta dissertação, técnica a ser avaliada, a fonoforese.
2.1.1. Uso da Fonoforese
O uso do ultra-som terapêutico em conjunto com medicamentos tópicos tem despertado
estudo em diversas áreas; já em 1954, uma publicação demonstrou fluxo de hidrocortisona
através da membrana vascular (Pires de Campo, 2004), enquanto Byl, em 1995, revisa as
principais indicações para a técnica, as drogas mais utilizadas, e aponta investigações que
demonstraram sucesso em aumento da absorção de substâncias como lidocaína, ácido
salicílico e outros (Minervi et al., 2006a). Estudos, ainda mais recentes, também, têm
comprovado a eficácia do método, como relatado no trabalho de Boucaud et al., de 1999, em
que se demonstra o aumento na absorção de cafeína com uso de UST de baixa freqüência
(Pires de Campo, 2004).
6
Comparada às injeções intramusculares e endovenosas, a fonoforese elimina
completamente a fobia e a dor associadas a estes métodos, enquanto que quando comparada à
administração oral destaca-se por evitar os irritantes efeitos colaterais que afetam o sistema
gastrintestinal. Entretanto, a técnica que aplica o ultra-som para aumentar a penetração de
fármacos tem uma barreira a vencer: a baixa permeabilidade da pele, em função da camada
mais externa (camada córnea), demonstrando-se, assim, uma desvantagem (Wu et al., 1998).
Foi testado em um estudo controlado duplo-cego, no qual se pesquisaram as
características de transmissão ultra-sonoras de um grande número de produtos diferentes e
encontraram-se muitas variações, inclusive demonstrando que alguns deles eram maus
transmissores. A transmissividade de cada formulação é dada pela porcentagem da
transmissão do produto em relação à da água deionizada (Benson & McElnay, 1994).
Byl et al. (1993) mensuraram indiretamente a difusão de corticosteróides através da pele
de porcos pela medida da posição de colágeno, estimada pelos níveis de hidroxiprolina, e pela
observação das mudanças na atividade celular, avaliada pelos níveis de DNA (ácido
desoxirribonucléico). Não houve diferenças significativas nos níveis de hidroxiprolina entre
os grupos controle e os tratados com hidrocortisona. Também não houve diferenças
significativas nos níveis de atividade celular. Considerando a metodologia utilizada, os
autores demonstram efeito indutor da fonoforese à absorção transcutânea de dexametasona
(Byl et al., 1993).
Várias hipóteses têm sido sugeridas para explicar o aumento da temperatura, cavitação,
bem como pressão de radiação.
O aquecimento e cavitação são apontados como os mecanismos que causam a maioria
dos efeitos terapêuticos do ultra-som. Esses dois mecanismos podem explicar a facilitação da
penetração transdermal da droga.
Muitos estudos têm comprovado a segurança no uso do UST, na ausência de efeitos
negativos a longo ou curto prazo, no entanto a forma como age na promoção da penetração
não se encontra muito bem esclarecido (Byl, 1995; Ueda et al., 1996). Sabe-se que o efeito
térmico e o mecânico, assim como as alterações químicas dos tecidos biológicos, podem
desencadear a difusão dos princípios ativos dos medicamentos tópicos utilizados (Hippius et
al., 1998; Byl, 1995).
Johnson et al. (1996) descrevem que o uso do UST causa na bicamada lipídica do
estrato córneo uma fase fluida, facilitando a absorção de medicamentos, enquanto que
Mitragotri et al. (1995, 1996) apontam ser a cavitação o principal agente da fonoforese, por
7
induzir uma desordem na bicamada lipídica, facilitando o transporte pela mesma, citam ainda
que o UST por desorganizar o estrato córneo reduz em 30% a resistência apresentada pela
bicamada lipídica ao transporte de iônicos.
Byl (1995) e Bare et al. (1996) discorrem que, além da ação citada, o efeito mecânico
reduz o potencial da membrana celular, pois difunde o princípio ativo do medicamento
através da rápida oscilação das células, quebrando ligações entre elas e aumentando suas
permeabilidades.
Hippius et al. (1998) acreditam ser o efeito térmico o mecanismo responsável pelo
sucesso da fonoforese. Justificam-se argumentando que o aquecimento gerado pelo UST
incrementa a energia cinética das moléculas dos princípios ativos dos fármacos e da
membrana celular, aumentando o tamanho das entradas (folículos pilossebáceos e orifícios
adenaxiais das glândulas sudoríparas). Citam ainda, que além de aumentar a circulação local,
a oportunidade das moléculas difundirem-se através do estrato córneo até a rede capilar da
derme é ampliada (Byl, 1995).
Porém, Mitragotri et al. (1997), discorrendo sobre a variação do aumento do transporte
transdérmico de vários medicamentos, aponta que em alguns trabalhos realizados a fonoforese
não ocorreu, levando à dúvida em relação a tal conduta.
No já referenciado trabalho de Byl (1995), responsável por revisar a literatura sobre a
efetividade da fonoforese, o autor cita que em alguns estudos acarretaram-se erros
metodológicos limitando sua confiabilidade.
Estudos realizados, mais atualmente, com testes in-vivo aplicando o UST para o
transporte transdérmico de antiinflamatório demonstraram a absorção deste através da maior
concentração do medicamento presente no líquido sinovial quando comparado a amostras de
plasma e tecido adiposo da região investigada (Cagnie et al., 2003).
2.2. TÓPICOS TEÓRICOS
Aqui se dispõe os principais temas envolvidos e dos quais um conhecimento é
necessário para maior compreensão desta pesquisa.
8
2.2.1. Fisiologia Articular
Esqueleto, músculos, gordura e pele, eis uma breve definição da estrutura humana. o
esqueleto, base desta estrutura, responsável pela sustentação do corpo, é composto por ossos
unidos por articulações localizadas nas extremidades ósseas que permitem os movimentos
(Maciel, 2001).
As articulações são compostas, basicamente, por cartilagem articular e a cavidade
sinovial, a qual é preenchida com liquido lubrificante, como mostra a Figura 1.
Mecanicamente, as articulações devem apresentar-se lubrificadas para que suas partes
constituintes possam realizar movimentos sem que ocorram desgastes, o que, no corpo
humano, é garantido pelo tecido conjuntivo denso ou cartilagem articular, a qual distribui em
uma área maior, de maneira uniforme, a carga a que está sujeita uma articulação. Este tecido
está presente nas extremidades dos ossos de uma articulação com alto grau de mobilidade, na
forma de uma camada envolvente de 1 a 7 mm de espessura (Maciel, 2001).
Segundo Hall (1991), a lubrificação realizada pela cartilagem articular é tão eficiente
que a fricção em uma articulação representa de 17 a 33% da fricção presente em patins sobre
gelo sob a mesma carga.
Outro elemento que pode estar entre os ossos de uma articulação, em forma de disco
completo ou incompleto, é a fibrocartilagem articular, como é o caso dos discos
intervertebrais, que são discos completos, e o menisco, disco incompleto (Hall, 1991).
Segundo Maciel, (2001) as principais funções desse elemento são: a absorção e distribuição
das cargas a que está sujeita uma articulação, ajuste das superfícies articulares, limitação do
deslocamento dos ossos de uma articulação, lubrificação da articulação e proteção de sua
periferia.
Em conjunto com os dois elementos citados, a cavidade sinovial completa a estrutura
básica de uma articulação permitindo perfeição nos movimentos envolvidos e realizados por
ela. Como se observa na Figura 1, ela consiste em uma bolsa de tecido conjuntivo envolvente à
articulação vedando-a hermeticamente.
A cavidade sinovial é composta por duas partes: a interna e a externa. A parte interna é
responsável pela produção do liquido sinovial e a externa compõe-se de tecido conjuntivo
colágeno (Maciel, 2001).
9
Figura 1: Estrutura básica de uma articulação sinovial (adaptada de Maciel, 2001).
As articulações podem ser divididas sob diversas formas, de acordo com a literatura de
Anatomia, baseando-se na sua complexidade, número de eixos envolvidos, geometria ou
capacidade dos movimentos da articulação a ser classificada (Hall, 1991). Como as
articulações mais comumente afetadas pela artrite reumatóide, patologia escolhida nesta
investigação e que será descrita na seqüência deste Capítulo, são as articulações diartroses ou
sinoviais, dá-se neste trabalho ênfase a ela e suas características. Informações detalhadas
sobre os demais tipos de articulações podem ser obtidas em ampla literatura referente, como
exemplo os livros de Kapandji (2000), intitulados “Fisiologia Articular”.
As articulações sinoviais caracterizam-se pela presença da cápsula sinovial preenchida
de líquido sinovial e pela grande capacidade de desenvolver movimentos, sendo as mais
comumente encontradas nos estudos que envolvem o movimento humano (Maciel, 2001).
Dentre as articulações sinoviais citam-se: quadril (articulação simples, formada por duas
superfícies articulantes), pulso (composta, consiste em três ou mais superfícies articulantes),
joelho e clavícula (complexa, com mais de duas superfícies articulantes somadas a um disco
cartilaginoso ou fibrocartilagem).
As articulações envolvidas neste trabalho foram as do joelho e das mãos.
Na mão há um grande número de articulações presentes, sendo pertinentes a este estudo
as articulações dos dedos. Do segundo ao quinto dedos estão as articulações
carpometacarpianas, com pequena movimentação, porém funções essenciais. Os movimentos
de rotação e flexão-extensão promovem alteração no formato do arco transverso da mão. O
polegar apresenta uma junta do tipo selar que permite movimentos para trás e para a frente e
de um lado ao outro, porém com rotação limitada, como ilustra a
Figura 2.
10
Figura 2: Ossos da mão e movimentos permitidos pela articulação selar,
presente no polegar humano (adaptada de Guizzo, 2001).
A articulação selar permite o movimento de aproximação da superfície palmar do
polegar à superfície palmar dos outros dedos, como se vê na Figura 3, além de permitir
movimento ao redor de um eixo perpendicular ao descrito pela aproximação das superfícies
palmares (Maciel, 2001).
Figura 3: Movimento de aproximação da superfície palmar do polegar à superfície
palmar dos demais dedos da mão (Extraída de Kapandji, 2000).
As articulações metacarpofalangeanas do segundo ao quinto dedos apresentam ossos
metacarpianos com cabeças de superfícies arredondadas, o que os faz articularem com as
superfícies levemente côncavas da base das falanges proximais. As superfícies articulares
arredondadas dos metacarpianos alongam-se mais em direção ao lado palmar do que ao dorsal
permitindo a preensão. A articulação metacarpofalangeana do polegar possui, além das
características das outras articulações metacarpofalangeanas, um movimento mais limitado.
A articulação presente no joelho humano é classificada como condilartrose complexa,
chamada também de tipo dobradiça, com dois graus de liberdade, provendo movimento em
torno de dois eixos (flexão-extensão e rotação axial, como mostra a Figura 4).
11
Figura 4: Eixos de movimentos na articulação do joelho humano (adaptada de Maciel, 2001).
Os ossos envolvidos nesta articulação são: o fêmur, a tíbia e a patela, como se vê na
Figura 5 , e as estrutura cartilaginosas presentes caracterizam-se pelos meniscos, sendo dois
(um lateral e outro medial) em cada joelho, situados entre a tíbia e o fêmur.
Figura 5: Ossos presentes na articulação do joelho humano e os
movimentos possíveis na articulação (adaptada de Guizzo, 2001).
Os meniscos têm a função de absorver impacto, como amortecedores, protegendo a
cartilagem articular e os ossos envolvidos, e, ainda, desempenham importante papel na
12
estabilidade, por, juntamente com os ligamentos e os músculos, manterem a junta funcional e
evitarem deslocamentos.
O conjunto desta articulação faz com que o joelho caracterize-se como uma estrutura
articular estável quando estendido, e de boa movimentação quando flexionado. A mobilidade
oriunda da articulação do joelho divide-se em três movimentos básicos: flexão/extensão,
rotação axial e rotação terminal (Maciel, 2001).
2.2.2. Artrite Reumatóide
É uma doença inflamatória crônica severa, debilitante, caracteriza-se por rigidez,
hipersensibilidade e deformidade articular; afeta os indivíduos em sua produtividade e no
convívio social, em decorrência da incapacidade física funcional ocasionada. A artrite
reumatóide é uma das doenças que causam maior restrição funcional no paciente. Ocorrem
sinais e sintomas como dor, rigidez e limitação de movimento, causando variados graus de
incapacidade, de acordo com a resposta individual e a intensidade da patologia (Cruz, 1980).
A patologia instala-se mais comumente nas articulações sinoviais e tecidos
periarticulares, acometendo homens e mulheres de qualquer faixa etária, sendo mais comum
em mulheres entre 50 e 70 anos, e é, ainda, considerada incurável (Manual Merck, 2005).
Estima-se que atualmente 1% da população mundial (Oliveira, 2003) e que 1,8 milhões de
brasileiros estejam acometidos pela enfermidade (Marques, 2005).
A inflamação da membrana sinovial que forra a cápsula fibrosa responsável por
envolver e proteger as articulações, causando inicialmente mal-estar, febre, emagrecimento e
irritabilidade. No decorrer da evolução patológica podem surgir complicações como ruptura
dos tendões e instabilidade da coluna cervical (Manual Merck, 2005).
Conhece-se muito sobre a doença, pouco sobre tratamento e quase nada sobre a
etiologia. Tem-se sugerido várias hipóteses (infecciosa, imunológica, endócrina, psicogênica,
hereditária) para explicar a causa dessa inflamação.
Muito se pesquisa sobre a artrite reumatóide, porém até hoje não se conhecem as suas
causas, estando os pesquisadores tentando relacionar alguns possíveis fatores, dentre eles:
genética, estilo e ambiente de vida do paciente e estado emocional.
Geralmente o tratamento destinado a esses pacientes não possui uma abordagem
integral, realizando-se de forma dissociada, desconsiderando o aspecto incapacitante e psico-
13
social da enfermidade. A terapêutica geralmente consta de internação hospitalar, aumentando
os custos do tratamento uma vez que essas doenças têm um caráter crônico evolutivo.
Descoberta em seu início evolutivo, a doença pode receber tratamento não
farmacológico, compreendendo curtos períodos de repouso completo em leito, o que pode ser
benéfico para pacientes com a doença em estado grave ativa e dolorosa; no entanto, períodos
regulares de repouso também podem ser recomendados para pacientes com sintomas menos
agressivos. Aparelhos para imobilização podem ser recomendados a fim de poupar a
articulação afetada pela inflamação e programas de exercícios e fisioterapia contribuem para a
prevenção de deformidades e a manutenção da massa muscular, sempre iniciados
cuidadosamente, oferecendo maior eficácia se iniciados após o tratamento da inflamação e sua
redução ou extermínio (Manual Merck, 2005).
Como há a presença de inflamação, no quadro evolutivo o tratamento farmacológico
torna-se imprescindível. Este tratamento é, tradicionalmente, dividido em medicações de
primeira e segunda linha. Medicamentos de primeira linha, como antiinflamatórios não-
esteróides (AINE), aspirina e ibuprofeno, exercem rápido efeito supressor dos sinais de
inflamação, tais como dor e rigidez, não alterando, entretanto, o dano articular (Manual
Merck, 2005). Já as drogas de segunda linha, como sulfassalazina, hidroxicloroquina,
metotrexato, azatioprina, os sais de ouro, penicilamina, ciclofosfamida e ciclosporina,
modificam o histórico da patologia.
Atualmente, medicamentos que alteram o quadro evolutivo da artrite reumatóide são
usados no começo do processo patológico, ajudando a prevenir complicações e incapacidade,
sendo classificados como medicações anti-reumáticas modificadoras da doença (DMARD),
medicações indutoras de remissão (RID) ou medicações anti-reumáticas de ação lenta
(SAARD). Casos mais severos exigem o uso de antiinflamatórios não-esteróides por longos
períodos, ocasionando indesejados efeitos colaterais como perfurações do estômago e
sangramento por inibirem a enzima cicloxigenase-1, produtora de substâncias protetoras da
mucosa gástrica (Manual Merck, 2005).
O diagnóstico depende da associação de uma serie de sintomas e sinais clínicos,
achados laboratoriais e radiográficos (Laurindo et al., 2002).
A orientação para o diagnóstico é baseada nos critérios de classificação do Colégio
Americano de Reumatologia (ACR, 1996):
1. Rigidez matinal: rigidez articular durando pelo menos 1 hora;
14
2. Artrite de 3 ou mais áreas: pelo menos 3 áreas articulares com edema de partes
moles ou derrame articular observado pelos profissionais da saúde;
3. Artrite de articulações das mãos (punho, interfalangeanas proximais e
metacarpofalangeanas);
4. Artrite simétrica;
5. Nódulos reumatóides;
6. Fator reumatóide sérico;
7. Alterações radiográficas: erosões ou descalcificações localizadas em radiografias de
punhos e mãos.
Os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por pelo menos 6 semanas (ACR, 1996).
O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o
controle da atividade da doença e para prevenir incapacidade funcional e lesão articular
irreversível (Laurindo et al., 2002).
Os objetivos principais do tratamento do paciente com artrite reumatóide são: prevenir
ou controlar a lesão articular, prevenir a perda de função e diminuir a dor, tentando maximizar
a qualidade de vida destes pacientes (Laurindo et al., 2002).
2.2.3. Ibuprofeno
A droga chamada ibuprofeno é derivada do ácido propiônico e pertence à classe dos
antiinflamatórios não-esteróides (AINE). Apresenta ações antiinflamatória, antipirética e
analgésica, pois inibe as cicloxigenases impedindo a síntese de prostaglandinas. O ibuprofeno,
assim como outros derivados do ácido propiônico, altera a função plaquetária, prolongando o
tempo de sangramento (Luz, 2005).
Indica-se este medicamento nos estados febris para a redução da temperatura corpórea,
situações dolorosas leve à moderada e, como antiinflamatório, nos casos de distúrbios
músculo-esqueléticos, como artrite reumatóide, gota e osteoartrite.
Por se tratar de um antiinflamatório não-esteróide, ou seja, de primeira linha, o
ibuprofeno proporciona apenas alívio sintomático da artrite reumatóide, não interferindo na
progressão da lesão ou do processo inflamatório (Luz, 2005; Manual Merck, 2005).
Kozanoglu et al. (2003) mostram em seu trabalho de investigação da fonoforese com o
uso de ibuprofeno em pacientes com osteoartrite nos joelhos, que a penetração do ibuprofeno
quando utilizado na fonoforese, ou seja, conjuntamente ao ultra-som terapêutico, é
15
aumentada. Citam ainda que a fonoforese com ibuprofeno resulta na presença deste em locais
mais profundos da zona de aplicação do tratamento do que em simples uso tópico ou
administração oral em drágeas, resultando em benefícios adicionais às outras terapias que
utilizam somente o ultra-som terapêutico e com redução dos efeitos colaterais da
administração via oral ou injetável.
2.2.4. Pele
Assim como todo o corpo humano, as articulações são externamente cobertas pela pele,
que é um dos maiores órgãos humanos, apresentando em média, numa pessoa adulta, uma
área total de 2 m
2
e pesando, aproximadamente, 3 kg.
A pele recebe cerca de 33% do sangue circulante no corpo, responsável pelas funções
vitais para a manutenção dos mecanismos de defesa humana contra doenças. Representa o
revestimento do corpo, formando uma barreira ao meio externo, enquanto mantém a
homeostase
1
.
Secretar e excretar água e produtos metabolizados, auxiliar no controle da temperatura
corporal, conter terminações nervosas sensitivas, participar do retorno sensorial em busca do
equilíbrio, proteger de ferimentos e organismos patógenos, são atividades exercidas por esse
órgão ativo, tornando-o indispensável à vida humana (Silva, 1998).
O fato da pele ser um órgão externo, comum e palpável, não a torna menos complexa, a
simples manutenção da sua integridade trata-se de um processo complexo, em que numerosos
fatores, como idade, hidratação, ulcerações e medicações, influenciam na sua habilidade de
promover suas funções. A pele constitui-se em duas camadas: a epiderme e a derme.
A epiderme é a camada mais externa desse órgão. Seu mais superficial estrato
epidérmico é formado por resíduos celulares achatados e enrijecidos com função de proteger
os demais cinco estratos, observáveis na Figura 6 . A epiderme é continuamente descamada,
sendo substituída pelas células produzidas pelo estrato mais interno (basal), as quais vão se
achatando e morrendo enquanto se aproximam da superfície.
A derme é rica em fibras colágenas e elásticas permitindo à pele distender-se quando
tracionada e retornar a sua forma original ao se cessar a tração. É ricamente irrigada,
possuindo uma extensa rede de capilares e nervos. Situa-se abaixo da epiderme, como mostra
1
Um organismo é dito em homeostase quando seu meio interno contém a concentração apropriada de
substâncias químicas, mantém a temperatura e a pressão adequadas.
16
a Figura 7, na tela subcutânea, rica em tecido adiposo, o qual varia de acordo com a parte do
corpo, sendo inexistente em algumas. O tecido adiposo é mais espesso nas mulheres e tem
como funções impedir a perda de calor e reservar material nutritivo (Silva, 1998).
Figura 6: Os cinco estratos epidérmicos
(extraída de Wen et al., 2005).
Dângelo e Fattine (apud Silva, 1998), citam que a pele possui grande número de
glândulas sudoríparas, sebáceas e folículos pilosos. As glândulas sudoríparas, presentes na
derme, responsabilizam-se pelo controle da temperatura corporal através da sua secreção - o
suor - que absorve calor por evaporação da água, possuindo um longo e tortuoso ducto
secretor que atravessa a epiderme, abrindo, na superfície da pele, orifícios chamados de poros.
As glândulas sebáceas ficam na derme e secretam o óleo para lubrificar a pele e os pêlos.
Figura 7: Camadas da pele humana (extraída de Manual Merck, 2005).
17
A pele pode apresentar varias tonalidades, de acordo com quantidade de pigmentação,
da vascularização e da espessura dos estratos mais superficiais da epiderme.
2.2.5. Ultra-som Terapêutico (UST)
Para facilitar a apresentação deste tema, dividiu-se o mesmo em itens menores.
2.2.5.1. Som
O som é uma onda mecânica resultante do aparecimento de zonas de compressão e
rarefação no meio em que se propaga, como mostra a Figura 8. Nas ondas mecânicas, as
vibrações das partículas materiais criam a onda, como em molas, cordas e superfícies de
líquidos, nota-se que as ondas carregam a energia de um ponto para outro e não a matéria. A
onda sonora precisa de um meio material para existir. As partículas do meio material oscilam
de frente para trás conforme a propagação da onda sonora, gerando ciclos repetitivos de
aumento e diminuição de três fatores físicos: densidade, temperatura e pressão As ondas
longitudinais se propagam na mesma direção da vibração da fonte, a exemplo das cordas
vocais que se posicionam na garganta de forma a vibrar na direção de expulsão do ar,
propagando o som da voz no sentido do tubo traqueal (UFPA, 2006).
Descreve-se o som por variáveis comuns a todos os tipos de ondas, sendo as
determinadas pela fonte sonora (freqüência, período, amplitude e intensidade) e as ditadas
pelo meio (velocidade de propagação) e por ambos, meio e fonte (comprimento de onda).
A freqüência descreve o número de variações completas de uma variável acústica num
segundo, ou seja, quantos ciclos ocorrem num segundo, e é dada em Hertz (Hz). O período é o
tempo que um ciclo leva para acontecer por completo, dado em unidade de tempo (s).
Entende-se por comprimento de onda a medida compreendida entre o início e o fim de um
ciclo, expresso em milímetros (mm). A velocidade de propagação pode ser determinada pela
multiplicação entre a freqüência e o comprimento da onda, podendo ser determinada em
metros por segundo (m/s). A intensidade fisiológica do som (dada em decibéis, dB), liga-se à
amplitude das vibrações, portanto à energia transportada pela onda, descrevendo a qualidade
que um som forte, ou seja, de grande amplitude (grande quantidade de energia) se distingue
de um som fraco (pequena amplitude e pouca energia) (Netto, 2005).
18
Figura 8: Zonas de rarefação e compressão de uma onda sonora, com identificação do
comprimento de onda (imagem extraída de Marinha do Brasil, 2006).
2.2.5.2. Ultra-som
As mesmas vibrações mecânicas referentes às ondas sonoras são as constituintes do
ultra-som, sendo a principal diferença a freqüência característica. As ondas ultra-sônicas
situam-se além da audição humana. A freqüência limite superior da audição humana é
variável de acordo com a idade ou patologias que afetam o aparelho auditivo, encontrando-se
compreendida entre 16 e 20 kHz.
O ultra-som é uma forma de energia mecânica que consiste de um movimento vibratório
de alta freqüência, acima de 20 kHz, estando, então, acima do limite audível para o ouvido
humano, sendo a energia transmitida pelas vibrações das moléculas em meios gasosos, sólidos
e líquidos, a exemplo do som (Bertolo, 2006).
Outras freqüências do ultra-som permitem aplicação deste em diversos setores, como na
indústria, em que o ultra-som de baixa freqüência pode ser utilizado para processos de
limpeza e mixagem por atingir vibração eficiente de partículas muito pequenas. Na aplicação
médica, o ultra-som é utilizado para obtenção de imagens corporais, fisioterapia e
instrumentos dentários (Low & Reed, 2001).
19
2.2.5.3. Ultra-som terapêutico
As ondas ultra-sônicas para fins terapêuticos são geradas quando um campo elétrico de
alta freqüência (1~3 MHz) é aplicado sobre um cristal piezoelétrico, localizado no transdutor
do aparelho gerador de ultra-som, que vibra na mesma freqüência do campo, produzindo
ondas acústicas de alta freqüência (Rosim, 2005).
Transdutores são dispositivos que convertem um tipo de energia em outro, no caso dos
geradores de ultra-som, os transdutores aplicados (localizados no cabeçote) convertem energia
elétrica em mecânica e vice-versa (Webster, 1998). Tais transdutores são elaborados com
material que apresentam piezoeletricidade, um fenômeno descoberto em 1880 por Pierre e
Jacques Curie, ou seja, quando sujeitos a um campo elétrico, alguns materiais apresentam
variação nas suas dimensões, sendo o contrário também verdadeiro, sendo que pressões sobre
esses materiais geram o surgimento de campo elétrico neles. Essas variações ocorridas a
freqüências pré-estipuladas geram o ultra-som necessário para os equipamentos de uso
médico (Costa et al., 2004).
O feixe sonoro que sai do cabeçote de tratamento é cilíndrico, com diâmetro igual ao do
transdutor do aparelho e não uniforme, mesmo em meio homogêneo (Low & Reed, 1999).
Algumas ondas do feixe cancelam-se entre si, enquanto outras se reforçam, resultando num
padrão regular de ondas sonoras na região próxima da face do transdutor, chamada de campo
próximo ou Zona de Fresnel. Daí em diante, o campo distante, ou Zona de Fraunhofer, alastra
tornando-se muito mais regular, pois as diferenças no percurso percorrido desde o transdutor
mostram-se insignificantes perante as distâncias maiores, havendo apenas diminuição
(atenuação) da intensidade do campo acústico com o aumento da distância (Low & Reed,
1999).
O ultra-som terapêutico (UST) pode apresentar-se sob duas formas: ondas contínuas e
ondas pulsadas. No modo contínuo as ondas sonoras produzidas são ininterruptas com
intensidade constante em todo o período de tratamento, enquanto que no pulsado o aparelho
gerador de ultra-som chavea (liga e desliga) a corrente elétrica, criando pacotes de energia ou
pulsos. O ciclo útil mais utilizado é o modo pulsado 1:4 (2 ms ligado para 8 ms desligado),
também denominado pulsado 20% (Koeke, 2003, Willians, 1987).
O ultra-som em modo pulsado está apto a produzir efeitos terapêuticos. Foi
demonstrado que o UST em modo contínuo pode provocar uma forte pressão acústica, capaz
até de causar danos na formação de fibras de colágeno nas regiões lesadas dos tecidos (Cunha
20
et al., 2001). Entretanto, a recuperação de tendões de ratos com a utilização de UST em modo
contínuo é eficaz, como destaca o trabalho de Ng Et al. (2003).
Além de depender das diferentes freqüências, a energia conduzida pela onda ultra-
sônica depende da impedância acústica do meio que depende da natureza do seu material
constituinte, ou seja, a facilidade com que as moléculas se movem umas em relação as outras,
de modo que a velocidade das ondas sonoras naquele meio relaciona-se à sua natureza. A
impedância acústica pode ser encontrada multiplicando-se a densidade do meio pela
velocidade das ondas sonoras que passam através dele (Rosim, 2003; Low & Reed, 2001).
As ondas de UST propagam-se longitudinalmente (direção da vibração é a mesma da
propagação) e transversalmente (direção do movimento das moléculas é perpendicular à
direção de propagação). Ondas longitudinais têm como característica causar pontos de
compressão, com aumento da concentração de partículas, e expansão, aumento da distância
das partículas (rarefação). As ondas de UST são amortecidas de maneira extremamente rápida
em líquidos e tecidos moles (Ziskin et al., 1999).
A perda de energia do feixe do ultra-som nos tecidos denomina-se atenuação e depende
tanto da absorção quanto do alastramento. A absorção liga-se à natureza do tecido, ou seja,
quantidade de proteínas e líquidos deste. Quanto maior dispersão de energia maior a
quantidade de proteínas e vice-versa (Low & Reed, 1999; Kitchen & Bazin, 1998). O
alastramento dá-se devido às reflexões e refrações ocorridas nas interfaces teciduais, devido
às diferentes impedâncias acústicas de cada tecido, sendo mais aparente nas interfaces de
maior discrepância, como entre os tecidos moles e o ósseo (Low & Reed, 1999).
Durante o tratamento é importante mover a cabeça do transdutor a fim de suavizar as
irregularidades do campo próximo (Kitchen & Bazin, 1998), a onda refletida tem um efeito
adicional sobre o material irradiado, pois duas ondas, a original e a refletida, estão se
deslocando em sentidos opostos, de modo que em alguns pontos elas se combinarão,
produzindo uma amplitude e energia de uma onda maior enquanto que em outras elas se
cancelarão. Isto tende a produzir um padrão de ondas chamadas estacionárias, que são geradas
nos tecidos por meio do UST e podem ter conseqüências nocivas (Low & Reed, 2001).
As ondas acústicas geradas são pobremente transmitidas através do ar, de modo que é
necessário um meio acoplador, geralmente um gel condutor, entre o transdutor ultra-sônico e
a superfície do corpo a ser tratada. O meio acoplador conduz a energia da onda para a pele e
do tecido e a condução de tecido a tecido se dá enquanto houver meio condutor entre eles.
(Rosim, 2003).
21
Para o uso terapêutico as freqüências do ultra-som comumente aplicadas estão entre 0,5
e 5 MHz (Low & Reed, 1999). As freqüências acima de 3 MHz são de rápida absorção,
específicas para o tratamento dos tecidos superficiais, enquanto que as freqüências abaixo de
1 MHz penetram facilmente e empregam-se para o tratamento de tecidos mais profundos
(Lobato, 2002, Docker, 1987).
Ondas contínuas ou pulsadas de baixa intensidade têm sido utilizadas no tratamento das
lesões agudas ou crônicas com o objetivo de aumentar o processo de recuperação tecidual. No
reparo tecidual e analgesia empregam-se baixas intensidades (Lobato, 2002), pois altas
intensidades podem interferir negativamente na na síntese do colágeno, dificultando o
processo de reparo tendinoso (Enwemeka, 1989; Enwemekaet al., 1990).
2.2.5.4. Efeitos Físicos e Fisiológicos do UST
Os mecanismos físicos pelos quais o ultra-som terapêutico atua nos tecidos biológicos
podem ser classificados em térmicos, atérmicos e mecânicos (Lobato, 2002).
Conforme o tipo de onda utilizado pode ocorrer a potencialização de um ou de outro
efeito. Desta forma, o ultra-som contínuo caracteriza-se pela forte produção de calor, que
também está presente no pulsado, porém de forma reduzida, devido às interrupções regulares
na propagação da onda (Patrick, 1978).
a) Efeitos térmicos
São evidenciados através do aquecimento tecidual e produz um aumento temporário na
extensibilidade das estruturas altamente colagenosas, tais como tendão, ligamento e cápsula
articular, promovendo uma diminuição na rigidez articular, redução da dor e dos espasmos
musculares, uma reação inflamatória suave e aumento temporário na circulação sangüínea
(Lehmann & Guy, 1972; Dyson & Suckling, 1978). O efeito térmico biologicamente
significativo é obtido se a temperatura do tecido for elevada ficando entre 40 e 45 ºC durante
um período mínimo de 5 minutos (Kitchen & Bazin, 1998).
b) Efeitos atérmicos
Caracterizam-se como cavitação, fluxo e microfluxo acústico (Dyson, 1982). A
cavitação é a formação e crescimento da cavidade ou bolhas de ar, ou vapor, em um meio.
22
Esse fenômeno pode ser resultado de mudanças de pressão induzidas por ultra-som (Coakley,
1978).
Podem ser observados dois tipos de cavitação, a estável e a transiente. Na cavitação
estável as bolhas oscilam de um lado para o outro dentro das ondas de pressão do ultra-som,
mas permanecem intactas (Low & Reed, 1999).
Na cavitação transiente, o volume da bolha se altera rapidamente e então colapsa
(implode), causando alta pressão e mudanças de temperatura resultando em lesões teciduais
(Ferrari, 1987; Ter Haar, 1987).
Lehamnn (1965) utilizando ultra-som contínuo de 1 MHz, observou que a partir da
intensidade de 1 W/cm
2
ocorre a cavitação transiente. No entanto, isso também pode ser
gerado nos fluidos se as condições de irradiação permitirem a formação de ondas
estacionárias, como resultado da sobreposição das ondas incidentes e refletidas.
As correntes acústicas são o resultado da cavitação estável, em que ocorre um
movimento localizado e unidirecional de líquido em torno da bolha que está vibrando. Estes
movimentos muito pequenos de líquido também ocorrem em torno das células, caracterizando
o efeito microfluxo (Low & Reed, 2001).
Os efeitos fisiológicos dos mecanismos não térmicos foram descritos por Dyson e seu
grupo de pesquisa em 1968, 1978 e 1982, sendo:
1. Degranulação de células de sustentação;
2. Alteração da função da membrana celular;
3. Aumento dos níveis intracelulares de Cálcio;
4. Estimulação da atividade de fibroblastos, aumentando a síntese protéica, a
angiogênese, a permeabilidade vascular e a tensão elástica do colágeno;
5. Liberação de agentes quimiotáxicos e a degranulação celular na fase aguda da lesão.
A redução da viscosidade do sangue, também decorrente do aquecimento, pode
contribuir para o aumento do fluxo sangüíneo.
Os efeitos térmicos podem ser produzidos sob doses terapêuticas de 0,5 a 3,0 W/cm
2
e
efeito não térmico, entre 0,1 e 0,2 W/cm
2
.
2.2.6. Fonoforese
O movimento de drogas para dentro dos tecidos cutâneos sob a influência da energia
ultra-sônica denomina-se fonoforese (Low & Reed, 2001). Byl (1995) cita que 75% dos
23
estudos realizados com fonoforese relataram efeito positivo na difusão de drogas com auxílio
do ultra-som.
É possível que o conceito não invasivo da fonoforese seja confundido ao da iontoforese,
sendo que esta técnica envolve a transferência de íons enquanto que aquela diz respeito ao
transporte de moléculas (Kanh, 1991).
A fonoforese apresenta vantagens sobre outros métodos de administração de drogas,
como a oral, a intramuscular e a endovenosa. Comparada à administração oral de
medicamentos, a fonoforese evita a agressão ao trato gastrintestinal, causadora de efeitos
colaterais conhecidos como ulcerações e refluxo gastresofágico (Minervi et al., 2006).
A indução à absorção transcutânea de drogas pela fonoforese baseia-se na perturbação
parcial, ou seja, na mudança da estrutura das camadas cutâneas (Low & Reed, 2001).
Assim que a droga passa pela epiderme é provável que seja dispersa na circulação em
uma extensão dependente da vascularidade dos tecidos em que estão e da facilidade com que
as moléculas da droga podem entrar nos vasos sangüíneos.
Reações sistêmicas e de pele ao uso da fonoforese são difíceis de ocorrerem, porém não
devem ser descartadas pelos profissionais envolvidos com a sua prática. Devem ser analisadas
características alérgicas do paciente anteriormente ao início da terapia, para que reações
desagradáveis sejam evitadas, ou se não for possível evitá-las, que o respectivo antídoto esteja
à mão. Kanh (1991) cita em seu livro algumas situações contornáveis, como o caso de
pacientes alérgicos a frutos do mar estarem impossibilitados de serem tratados com elementos
a base de iodo.
2.2.7. Efeitos do Ultra-som Sobre a Pele
Embora o ultra-som demonstre facilitar a penetração transcutânea de uma variedade de
drogas, o mecanismo desse fenômeno não está esclarecido.
A cavitação e o calor são os mecanismos que causam a maioria dos efeitos terapêuticos
do ultra-som (Ter Haar, 1987) e, provavelmente, são, também, os envolvidos na facilitação da
penetração de medicamentos através da pele.
Segundo Mitragotri e companheiros (1995a) a camada córnea, considerada a mais
externa da pele humana, possui cerca de 15 µm de espessura, é constituída de queratinócitos,
que são células achatadas, mortas e sem núcleo, rodeadas por camadas lipídicas. O citoplasma
24
dessas células apresenta-se repleto de uma escleroproteína filamentosa e birrefrigente, a
queratina, rica em ligações dissulfeto (Junqueira & Carneiro, 1999).
A baixa permeabilidade da pele é atribuída à estrutura altamente ordenada dos
queratinócitos e suas camadas lipídicas, presentes na camada córnea (Mitragotri et al., 1995).
Wu et al. (1998) verificaram através de uma análise de microscopia de fluorescência,
que as ondas sonoras emitidas pelo ultra-som de 168 kHz com intensidade de 1,2 W/cm
2
causou uma modificação estrutural significativa na camada córnea de cadáveres humanos. O
aspecto dos queratinócitos antes de sofrerem a irradiação sônica normal, ou seja, organizadas
em hexagonal.
Ocorreu um desarranjo após 15 minutos de ultra-som. Portanto, a resultante desse
trabalho experimental corrobora com a hipótese de que o ultra-som provoca uma mudança no
arranjo dos queratinócitos da camada córnea da pele. As imagens mostraram regiões escuras
de aproximadamente 20µm, correspondente às falhas geradas na camada córnea. Conforme já
discutido anteriormente, acredita-se que a estrutura altamente ordenada das camadas lipídicas
entre os queratinócitos da camada córnea seja a responsável pela impermeabilidade da pele às
drogas. Esse experimento mostrou que o ultra-som induziu alterações no arranjo dos
queratinócitos da camada córnea da pele e criou defeitos destituídos de moléculas lipídicas,
descritas como sendo bolsas de ar. As dimensões desses defeitos foram da ordem de 20µm,
relevantes para aumentar a permeabilidade da pele e permitir a passagem de moléculas de
droga através da camada córnea, reforçando a hipótese da cavitação ser a possível explicação
para o sucesso da fonoforese (Wu et al., 1998).
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
A pesquisa aqui descrita envolveu uma etapa inicial técnica, apresentada no capítulo
anterior, e uma segunda etapa, na qual testes in-vivo foram realizados com um grupo de
pacientes voluntários. Desta forma, a ocorrência da fonoforese pode ser realizada. Neste
capítulo apresentam-se os procedimentos adotados para a realização das atividades
necessárias à conclusão da pesquisa.
3.1. MATERIAIS E INFRA-ESTRUTURA
Nos testes envolvidos nesta pesquisa utilizou-se o equipamento de ultra-som
terapêutico, fabricado pela Ibramed, modelo Sonopulse Compact, ilustrado na Figura 9.
Figura 9: Foto do Equipamento de ultra-som Sonopulse Compact utilizado
nas sessões de terapia realizadas nesta investigação.
Utilizaram-se, ainda, acessórios descartáveis como luvas de procedimento cirúrgico e
espátulas de procedimento, sendo usada a espátula de madeira para língua.
Em conjunto com o UST utilizou-se como meio acoplador, creme-gel de ibuprofeno a
5% e placebo aviados em farmácia apta e mostrados na Figura 10.
26
Figura 10: Potes de medicamento (Ibuprofeno) e placebo utilizados na pesquisa.
Para avaliar a melhoria ou não dos pacientes voluntários envolvidos na pesquisa foi
utilizado o questionário classificatório funcional Health Assessment Questionnaire (HAQ) do
Colégio Americano de Reumatologia, em versão traduzida para o português já publicada e
adotada por médicos reumatologistas brasileiros. O HAQ encontra-se no Anexo I desta
dissertação.
3.2. DESENVOLVIMENTO
Para o desenvolvimento das atividades envolvidas na investigação necessária para
atingir os objetivos apontados por esta dissertação foi necessário dividir as etapas, conforme
descrito na seqüência deste terceiro Capítulo.
3.2.1. Grupo de Pacientes Voluntários (Amostra)
A amostra para a realização da pesquisa envolvida nesta dissertação compôs-se de vinte
pacientes voluntários, os quais foram divididos aleatoriamente em quatro subgrupos com
cinco pessoas cada. Os voluntários envolvidos no estudo têm idade entre 40 e 80 anos, tendo
todos artrite-reumatóide, diagnosticada por médico reumatologista, a pelo menos seis meses.
Outro critério de seleção foi a dor que deveria apresentar uma pontuação de 1 a 10 na
escala presente na Ficha de Avaliação e Ortopedia e Traumatologia (FAOT), presente no
Anexo II. Foram excluídos do estudo os pacientes que apresentaram qualquer doença
sistêmica, resultados anormais de testes de laboratório, problemas dermatológicos, alergia de
pele, problemas de isquemia local, atrofia ou escaras na pele, bem como os que tivessem
27
recebido nos anos anteriores tratamento com fisioterápico ou com injeções intra-articulares ou
se apresentassem sintomas ou sinais de tenossinovite.
Os pacientes foram avaliados pelo questionário HAQ, o qual avalia a capacidade dos
pacientes em desenvolver atividades diárias comuns às pessoas dentro de oito setores como
comer, vestir-se, higienizar-se, deslocar-se, apanhar e segurar objetos. Cada setor é
representado por duas ou três perguntas, sendo que a cada uma o paciente deve atribuir um
valor de 0 a 3, conforme a Tabela 1.
Tabela 1: Nível de dificuldade a ser atribuído pelo paciente questionado pelo HAQ.
Nível de dificuldade atribuído
pelo paciente
0 1 2 3
Dificuldade presente na atividade da
tarefa analisada
Nenhuma Alguma Muita
Incapacidade em desempenhar
a atividade
O questionário apresenta vinte questões ao todo, agrupadas em oito componentes, sendo
que o valor mais alto de escore atribuído para um grupo de questões deve ser considerado,
desconsiderando-se os menores, para cálculo da média aritmética dos escores dos
componentes.
3.2.1.1. Subgrupos
Dentro do grupo de pacientes voluntários foram criados quatro subgrupos, como ilustra
a Figura 11. Cada grupo, composto por cinco pacientes, recebeu tratamento diferenciado no
que se relaciona ao medicamento administrado via oral, terapia com ultra-som e medicamento
de uso tópico. A amostra de voluntários (20 pacientes) foi dividida em dois grupos principais,
sendo um formado por dez pacientes com medicação oral (corticóide) e o outro composto por
dez pacientes que não estavam fazendo uso de medicação via oral. Tais grupos foram
subdivididos em outros dois subgrupos cada, como ilustra a Figura 11.
28
Figura 11: Subgrupos criados para realização dos testes in vivo.
Os subgrupos constituintes de pacientes com medicação oral receberam o seguinte
tratamento:
1. Cinco pacientes realizaram dez sessões de terapia com aplicação tópica de creme-gel
de ibuprofeno a 5% com UST (fonoforese);
2. Os cinco pacientes do outro subgrupo realizaram dez sessões de terapia com placebo
e UST, salientando-se que tais pacientes desconheciam o fato de estarem usando
placebo ao invés de medicamento. Finalizadas as dez sessões, solicitou-se aos
componentes deste grupo que fizessem uso tópico da solução de ibuprofeno a 5% em
suas residências por dez dias seguidos. O questionário HAQ, presente no Anexo I,
foi respondido, por este grupo, quatro vezes: na sessão inicial das terapias, depois
das dez sessões com UST, dois dias após o fim das sessões com UST e ao fim dos
dez dias de uso do creme-gel medicamentoso.
Os dez pacientes do subgrupo sem administração de medicamento oral realizaram dez
sessões de terapia de UST somente com aplicação de gel de acoplamento (carboxílico), para
na seqüência ser subdividido da seguinte maneira:
1. Cinco pacientes receberam outras dez sessões de UST em conjunto com o
medicamento ibuprofeno a 5% em forma de creme-gel (fonoforese);
29
2. Os demais cinco pacientes realizaram sessões de UST com placebo e, na seqüência,
utilizaram o creme-gel de ibuprofeno a 5% em suas residências por dez dias, sem a
aplicação da fonoforese.
Os cinco primeiros pacientes deste segundo grupo (item 1) responderam ao questionário
HAQ por quatro vezes: no início do tratamento, no fim das dez sessões, antes da subdivisão e
após o encerramento dos tratamentos, enquanto os outros cinco (item 2), responderam seis
vezes ao mesmo questionário, sendo acrescido do inicio do uso tópico domiciliar por dez dias
e ao fim dessas aplicações.
Os questionários HAQ foram sempre respondidos após, no mínimo, dois dias do
encerramento de algum tipo de tratamento para que os efeitos do UST encontrassem-se
eliminados.
Todos os pacientes foram inicialmente questionados a respeito de idade, sexo, peso,
massa corpórea, altura, duração da dor na articulação lesada e membro alvo. Em pacientes
com lesão em várias articulações, a que apresentou mais dor foi escolhida como alvo.
Os pacientes foram questionados, também, sobre o uso de medicamentos no presente e
no passado e apresentaram exames laboratoriais solicitados pelo médico reumatologista.
O estudo conduziu-se na Clínica de Fisioterapia da Universidade Tuiuti do Paraná
(UTP), no domicílio dos pacientes voluntários com maior grau de dificuldade de transporte e
nas instalações da clínica Orthofisio, localizada na cidade de Curitiba, Paraná. Os testes foram
realizados após obtenção da aprovação do comitê de ética médica (Anexo III) e
consentimento dos pacientes voluntários.
Inicialmente foi preenchida a Ficha de Avaliação e Ortopedia e Traumatologia (FAOT),
além do questionário HAQ.
3.2.2. Preparo do Creme-gel de Ibuprofeno
Para a avaliação da fonoforese foi utilizado creme-gel de ibuprofeno na concentração de
5%, o qual foi manipulado pela Farmácia Qualitá, na cidade de Curitiba, Paraná, segundo
procedimentos farmacotécnicos. O medicamento foi mantido à temperatura ambiente e
utilizado nas terapias por alguns pacientes e em casa por outros grupos, conforme
anteriormente descrito.
O creme-gel de ibuprofeno compõe-se de:
Gel base não iônico, composto de 5% de pó aristoflex dissolvido em água;
30
Conservante;
Sal de ibuprofeno (5%).
O placebo utilizado por alguns grupos da amostra acondicionava-se em potes
semelhantes ao medicamento, em consistência e cor idêntica, com formulação manipulada
composta dos mesmos ingredientes exceto pela adição do princípio ativo da solução
medicamentosa (ibuprofeno a 5%), conforme prescrição e recomendação do farmacêutico
responsável pela pesquisa com pacientes.
3.2.3. Utilização do Ultra-som Terapêutico
Os grupos de pacientes voluntários que receberam a técnica de fonoforese foram
tratados com ultra-som contínuo na freqüência de 1 MHz e potência de 0,5 W/cm2.
As primeiras dez sessões do grupo sem medicamento via oral recebeu UST acima
descrito com uso de gel de acoplamento acústico sem qualquer efeito farmacológico ativo.
Enquanto que os grupos de fonoforese receberam aplicação em conjunto com o creme-gel
contendo 5% de ibuprofeno. Para todos os grupos foram sessões de cinco minutos de duração
cada.
As sessões de ultra-som foram realizadas durante 10 dias seguidos com interrupção de
fim-de-semana. Em cada sessão aplicou-se ultra-som contínuo, com transdutor de 4 cm de
diâmetro, por cinco minutos ininterruptos, como mostra a Figura 12.
Figura 12: Sessão de terapia com ultra-som contínuo aplicado com transdutor de 4 cm de diâmetro.
No grupo tratado com fonoforese, aplicou-se, com o auxilio de uma espátula de
procedimento uma faixa de cerca de 5 cm de creme-gel, 30 g, com 5%, totalizando 1,5 g de
31
ibuprofeno, como ilustrado na Figura 13. O transdutor de ultra-som foi aplicado em
movimentos circulares e em ângulos retos em relação à pele para maximizar a transferência
da energia.
Figura 13: Aplicação do medicamento com auxilio de espátula de procedimento.
3.2.4. Realização das Sessões de Terapia
Foram realizadas para cada grupo de pacientes voluntários envolvidos nesta
investigação, pacotes de dez sessões para avaliação de cada estagio dos testes in-vivo,
programados a fim de se obter parâmetros para avaliação da técnica de terapia avaliada,
fonoforese. As sessões se deram da maneira descrita a seguir.
Para o grupo de pacientes sem medicação via oral foi adotada a metodologia descrita
abaixo.
Primeira sessão: Realizado questionário de ortopedia e traumatologia em dez pacientes
diagnosticados com artrite reumatóide e sem uso de corticóide via oral, os mesmos pacientes
foram avaliados pelo questionário HAQ (ACR, 1996) para determinação da funcionalidade
das atividades da vida diária e escala de dor. Ainda na primeira sessão, aplicou-se em cada
paciente ultra-som terapêutico com 1 MHz de freqüência e 0,5 W/cm
2
de intensidade durante
5 minutos ininterruptos, com gel de acoplamento (carboxílico) aplicado através de espátula de
procedimento com uso de luvas para procedimento cirúrgico. Foram realizados movimentos
circulares com o cabeçote do aparelho de ultra-som para diminuir os efeitos do ultra-som na
pele do paciente.
32
Segunda a nona sessão: os pacientes receberam o tratamento com sessões de 5 minutos e
aplicação do ultra-som de 1 MHz e 0,5 W/cm
2
, com acoplamento realizado através de gel
carboxílico.
Décima sessão: Depois dos cinco minutos de terapia com ultra-som, a exemplo das nove
sessões antecedentes, realizou-se novamente o questionário HAQ para comparar o grau de
evolução da patologia ao obtido na resposta do mesmo questionário na primeira sessão.
Após essas dez primeiras sessões, o grupo de pacientes sem medicação via oral foi
dividido em dois subgrupos.
O primeiro subgrupo, composto de cinco pacientes voluntários, recebeu mais dez
sessões de fonoforese (UST + creme-gel de ibuprofeno), sendo que este segundo pacote de
dez sessões obedeceu estritamente a metodologia descrita anteriormente, exceto pela
substituição do gel carboxílico pelo creme-gel de ibuprofeno a 5%.
No segundo subgrupo, composto pelos outros cinco pacientes do grupo, realizaram-se
dez sessões adicionais de terapia envolvendo aplicação do creme-gel de ibuprofeno a 5%
sobre a articulação afetada pela artrite reumatóide através de movimentos circulares
friccionais, sem o uso conjunto do ultra-som terapêutico. Este grupo respondeu ao mesmo
questionário HAQ na primeira e na décima sessão.
Para o grupo formado por pacientes voluntários com medicação via oral os trabalhos de
investigação da técnica fonoforese foram iniciados respeitando-se um intervalo de 10 dias
após a finalização dos testes com o primeiro grupo (sem medicação oral). Este intervalo foi
adotado a fim de evitar contato entre os pacientes com técnicas diferenciadas e influência
sugestiva nos resultados a serem obtidos.
O grupo foi dividido em dois subgrupos sendo que o primeiro deles realizou dez sessões
de terapia com fonoforese (UST + creme-gel de ibuprofeno), adotando a mesma metodologia
descrita para o grupo com medicação via oral, exceto pelo uso do creme-gel ibuprofeno no
lugar do gel de acoplamento (carboxílico). Para o segundo subgrupo realizaram-se dez sessões
de terapia com uso de placebo no lugar do gel carboxílico descrito na metodologia anterior.
Os pacientes desconheciam o fato de estarem sendo tratados com placebo. Este segundo
grupo, após o tratamento com ultra-som e placebo, foram recomendados a aplicarem o creme-
gel de ibuprofeno a 5% por dez dias sobre as articulações doentes, anteriormente tratadas com
ultra-som + placebo, através de movimentos circulares e friccionais, sendo que este grupo
respondeu ao questionário HAQ antes de iniciar o uso tópico do medicamento e após os dias
33
de uso do mesmo, além das vezes já respondidas conforme descrição da metodologia adotada
no inicio deste subitem.
3.2.5. Avaliação da Fonoforese
Para a avaliação qualitativa do resultado do tratamento, os pacientes responderam ao
questionário HAQ (Health Assessment Questionnaire) (Anexos I) no início e final das
terapias, como já descrito neste trabalho, item 3.1.1. Os referidos questionários fornecem
informações sobre a vida diária bem como sobre o grau de dor apresentado quando o paciente
executa diversas atividades.
Os resultados da avaliação foram colhidos dois dias após cada última sessão para se
evitar efeitos imediatos do uso do ultra-som.
Tal questionário, mostrado no Anexo I, engloba um item intitulado Escore dos
Componentes, o qual é utilizado para determinação da média aritmética dos escores. A média
calculada serve como fator indicativo da evolução da artrite reumatóide nos pacientes, como
mostra a Tabela 2.
Tabela 2: Relação entre a média aritmética dos escores dos componentes do
questionário HAQ e o status da artrite reumatóide.
Média Aritmética dos Escores
dos Componentes
Status da Artrite Reumatóide
< 1,1 baixa
entre 1,1 e 1,8 moderada
>1,8 alta
O resultado encontrado na Tabela 2, sugere ao médico o tratamento a ser adotado para o
paciente referente ao questionário. A gravidade da patologia é maior se o status indicativo for
“alta”, o que acarreta na indicação de posologia maior de medicamentos e na adoção de
medicamentos mais fortes. O status “baixa” indica que a doença encontra-se moderada.
Desta forma, outros tratamentos paralelos são também receitados, como a fisioterapia, a
fim de evitar as deformações causadas pela doença e manter a massa muscular do paciente, e
a fonoforese para incrementar a absorção de medicamentos e diminuir os efeitos colaterais
causados pela medicação via oral.
34
3.2.6. Análise Estatística dos Resultados
A variação dos dados coletados através dos formulários HAQ, antes e depois do
tratamento, foi analisada estatisticamente, de forma a se obter tanto para cada paciente, como
para cada grupo e ainda, em relação ao grupo em que se encontre um paciente, qual sua
melhora comparada aos demais.
Os questionários HAQ foram respondidos antes e após cada pacote de terapia, suas
médias aritméticas calculadas e expostas em gráficos, expostos no Capítulo 4 desta
dissertação, para visualização da evolução clínica de cada paciente voluntário, de forma a
permitir a análise das distintas técnicas adotadas para cada grupo, e já descritas no inicio deste
capítulo.
As médias foram determinadas, conforme descrito no decorrer deste tomo, dispensando-
se os menores valores para cada grupo de questões, como indicado no questionário HAQ,
visto no Anexo I deste trabalho.
As taxas de melhora de cada paciente foram obtidas dividindo-se a média aritmética dos
escores HAQ da primeira sessão de terapia pela média do último dia de tratamento, e
transformando o resultado em percentual. A taxa de melhora do grupo indica a soma das taxas
de cada paciente dividida pelo número de integrantes do grupo em questão.
Dessa forma determinam-se as taxas de melhora para cada grupo de pacientes,
elegendo-se a técnica com maior sucesso e verificando a eficácia da fonoforese aqui
investigada. Ainda foi verificado o desvio padrão, de cada taxa de melhora, medindo o grau
de dispersão dos dados obtidos em torno das médias (taxas de melhora) calculadas.
Os gráficos foram elaborados com auxílio do software Excel
®
, sobre as planilhas
levantadas a partir das respostas dos pacientes às questões do HAQ.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados obtidos na avaliação da aplicação da fonoforese
em pacientes com artrite-reumatóide. Todos os parâmetros envolvidos na avaliação baseiam-
se nos questionários respondidos pelos pacientes antes e após os tratamentos realizados e na
ficha de avaliação preenchida.
Os apontamentos encontrados permitem analisar a eficácia dos tratamentos e permitem
a visualização do sucesso da fonoforese.
Os dados foram tratados estatisticamente e são apresentados em gráficos comparativos
entre os grupos da pesquisa.
4.1. FICHA DE AVALIAÇÃO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
Como citado no Capítulo 3, a amostra analisada nesta pesquisa está dividida em dois
grupos compostos por voluntários com e sem administração de medicamento antiinflamatório
via oral. Todos preencheram, no início dos testes, à Ficha de Avaliação de Ortopedia e
Traumatologia, Anexo II.
O grupo que não fez uso de medicamento oral foi subdividido em dois subgrupos de
cinco pacientes. O subgrupo que foi tratado com UST e creme-gel de ibuprofeno (fonoforese)
e o grupo que recebeu somente tratamento com UST e creme-gel sem ibuprofeno (placebo).
No segundo grupo (placebo) os pacientes receberam aplicação tópica de creme-gel de
ibuprofeno posteriormente a aplicação do UST.
As Tabela 3 eTabela 4 apresentam as principais características dos grupos de pacientes
sem medicação oral com e sem fonoforese, respectivamente.
Destaca-se que nas Tabelas 3 a 6 a seguir, as letras P, F e M referem-se a paciente,
feminino e masculino, respectivamente, enquanto que a sigla AR significa artrite reumatóide.
A idade é expressa em anos e a escala de dor é apontada pelo paciente numa escala de 1 a 10,
como se pode observar no Anexo II deste trabalho.
36
Tabela 3: Grupo de pacientes do subgrupo sem uso oral de antiinflamatório
e aplicação de fonoforese com creme-gel de ibuprofeno.
ESCALA DE DOR
PACIENTE
LOCAL
DA AR SEXO IDADE Pré-Tratamento Pós-Tratamento
P1 mão F 54 6 em 27/08/2005 4 em 20/10/2005
P2 joelho F 61 8 em 27/08/2005 6 em 20/10/2005
P3 joelho M 50 7 em 27/08/2005 3 em 20/10/2005
P4 joelho e mão M 60 7 em 29/08/2005 5 em 20/10/2005
P5 joelho F 63 8 em 25/08/2005 1 em 21/10/2005
Tabela 4: Grupo de pacientes do subgrupo sem uso oral de antiinflamatório
e aplicação de fonoforese com placebo e posterior uso tópico do medicamento.
ESCALA DE DOR
PACIENTE
LOCAL
DA AR SEXO IDADE Pré-Tratamento Pós-tratamento
P1 mão M 44 5 em 03/09/2005 6 em 19/10/2005
P2 mão F 58 8 em 01/09/2005 7 em 22/10/2005
P3 joelho e mão M 50 7 em 01/09/2005 6 em 20/10/2005
P4 mão F 72 6 em 01/09/2005 3 em 19/10/2005
P5 joelho F 68 6 em 24/08/2005 6 em 22/10/2005
O grupo de voluntários que receberam medicamento antiinflamatório via oral foi
dividido em dois subgrupos para análise da fonoforese, sendo que um grupo recebeu
aplicação de UST com creme-gel de ibuprofeno a 5% e o outro, UST com creme-gel placebo.
O primeiro subgrupo compôs-se de cinco pessoas, conforme a Tabela 5.
Tabela 5: Grupo de pacientes voluntários do subgrupo com administração
oral de antiinflamatório e aplicação de fonoforese com creme-gel de ibuprofeno.
ESCALA DE DOR
PACIENTE
LOCAL
DA AR SEXO IDADE Pré-Tratamento Pós-Tratamento
P1 joelho e mão F 55 7 em 05/09/2005 1 em 21/10/2005
P2 mão F 68 8 em 05/09/2005 3 em 22/10/2005
P3 mão F 72 9 em 30/08/2005 3 em 19/10/2005
P4 mão M 48 9 em 02/09/2005 5 em 18/10/2005
P5 mão F 49 7 em 07/09/2005 2 em 21/10/2005
A Tabela 6 resume os dados principais do segundo subgrupo do grupo de pacientes com
medicação oral e que recebeu aplicação de UST com placebo.
Os dados obtidos e expostos nas Tabelas 4 a 6 apontaram para algumas características
dos grupos a serem descritas no próximo Capítulo desta dissertação, intitulado Discussão e
Conclusões.
37
Tabela 6: Grupo de pacientes voluntários do subgrupo com administração
oral de antiinflamatório e aplicação de fonoforese com placebo.
ESCALA DE DOR
PACIENTE LOCAL DA AR SEXO IDADE Pré-Tratamento Pós-Tratamento
P1 mão F 75 6 em 12/09/2005 8 em 02/10/2005
P2 joelho F 82 8 em 03/09/2005 8 em 03/10/2005
P3 mão F 60 7 em 02/09/2005 3 em 30/09/2005
P4 mão F 59 9 em 29/08/2005 7 em 23/10/2005
P5 joelho F 81 8 em 31/08/2005 5 em 25/09/2005
4.2.
QUESTIONÁRIO HEALTH ASSESMENT QUESTIONNAIRE (HAQ)
Além da ficha de avaliação anteriormente citada, os pacientes responderam ao
questionário Health Assesment Questionnaire (HAQ) sempre que iniciavam e terminavam a
um tipo de tratamento, conforme a metodologia desta investigação. Cada questionário oferece
como resultado um valor denominado, pelo Colégio Americano de Reumatologia, de média
aritmética dos escores. Esta média é obtida, como já descrito neste trabalho, somando-se os
maiores escores dentro de cada setor do questionário e cada setor deste pode apresentar um
resultado muito diferente dos outros, por exemplo, o paciente que possui acometido por uma
infecção o joelho, pode responder positivamente o questionário nos setores referentes ao uso
dos braços, porém, negativamente aos setores que avaliam o uso das pernas. Logo, não se
considera coerente a determinação do desvio padrão, pois não há um valor central (médio)
para analisar-se uma possível dispersão.
A informação oferecida pela determinação do desvio padrão foi utilizada nas taxas de
melhora de cada grupo, determinadas através do valor médio de melhora dos pacientes de um
subgrupo, como se descreve no decorrer deste Capítulo.
Os resultados obtidos apresentam-se divididos pelos grupos da amostra. O subgrupo
sem medicação via oral e tratado com fonoforese e creme-gel de ibuprofeno (Tabela 3)
apresentou melhora como mostra a Figura 14. Nesse gráfico HAQ1i é a média aritmética dos
escores obtida do questionário respondido no primeiro dia de tratamento; HAQ1f a média do
questionário respondido na décima sessão de UST com gel carboxílico; HAQ2i a média
obtida na primeira sessão de fonoforese (UST + creme-gel de ibuprofeno); e, finalmente,
HAQ2f, a média do questionário respondido após as dez sessões de fonoforese. Este grupo
apresentou taxa de melhora de 2,61 e desvio padrão 1,43. Este grupo apresenta média de
idade de 57,6 anos, peso médio de 70 kg e é composto de 3 mulheres e 2 homens.
38
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Média aritmérica dos escores HAQ
P1 P2 P3 P4 P5
Pacientes
HAQ1i
HAQ1f
HAQ2i
HAQ2f
Figura 14: Gráfico comparativo das melhoras individuais dos componentes
do subgrupo sem medicação oral e aplicação de fonoforese com creme-gel de ibuprofeno, sendo
HAQ1i e HAQ1f os questionários respondidos no início e final das dez primeiras sessões de terapia
com UST e gel carboxílico e HAQ2i e HAQ2f, os questionários respondidos no início e final
das sessões de fonoforese (UST + Ibuprofeno) .
O subgrupo dos pacientes sem medicação oral e uso de UST com placebo (Tabela 4)
promoveu o gráfico da Figura 15, onde: HAQ1i é a média obtida do questionário respondido
antes da primeira sessão de UST somente com gel de acoplamento; HAQ1f corresponde à
média obtida na décima e última sessão de UST; HAQ2i à média do questionário respondido
no inicio da primeira sessão de UST e placebo, simulando, ao paciente, a fonoforese; HAQ2f
é a média na última sessão; HAQ3i é a média do questionário respondido antes do uso tópico
de creme-gel de ibuprofeno; e, HAQ3f a média do questionário respondido após dez dias de
uso tópico do medicamento em questão. O desvio padrão do grupo é 1,185.
O grupo de voluntários com medicação antiinflamatória via oral, dividido em subgrupos
para a análise da fonoforese, apresentou os gráficos das Figura 16 e Figura 17 como resultado
das melhoras individuais de seus componentes.
39
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
Média aritmética dos escores
HAQ
P1 P2 P3 P4 P5
Pacientes
HAQ1i
HAQ1f
HAQ2i
HAQ2f
HAQ3i
HAQ3f
Figura 15: Gráfico comparativo das melhoras individuais dos componentes
do subgrupo sem medicação oral e com fonoforese e placebo, no qual HAQ1i e HAQ1f correspondem
às respostas ao questionário realizadas na primeira e última sessão de UST com gel carboxílico,
HAQ2i e HAQ2f os questionários respondidos na primeira e última sessão de UST com placebo e
HAQ3i e HAQ3f os respondidos no início e fim do uso tópico do Ibuprofeno.
Observa-se na Figura 16 que os valores de HAQ1i e HAQ1f correspondem,
respectivamente, às médias aritméticas dos escores de HAQ obtidas na primeira sessão de
fonoforese (UST e creme-gel de ibuprofeno) e na última sessão (décima). A taxa de melhora
do grupo descrito pela Tabela 5 foi de 2,55 e o desvio padrão igual a 0,84.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Média aritmética dos escores
HAQ
P1 P2 P3 P4 P5
Pacientes
HAQ1i
HAQ1f
Figura 16: Gráfico obtido com as respostas ao HAQ dos componentes
do subgrupo com medicação oral e com fonoforese com creme-gel de ibuprofeno, onde HAQ1i e
HAQ1f são as respostas dadas aos questionários feitos nos primeiro e último dias de tratamento com
fonoforese (UST + Ibuprofeno).
40
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
P1 P2 P3 P4 P5
Pacientes
Média aritmética dos escores HAQ
HAQ1i
HAQ1f
HAQ2i
HAQ2f
Figura 17: Gráfico obtido com as respostas ao HAQ dos componentes
do subgrupo com medicação oral e com fonoforese com placebo, onde HAQ1i e HAQ1f são os
questionários respondidos na primeira e décima sessão de UST com placebo e os HAQ2i e HAQ2f
os questionários respondidos no início e fim do uso tópico do Ibuprofeno.
Os valores de referência da Figura 17 são:
HAQ1i: média aritmética dos escores HAQ antes do início dos tratamentos;
HAQ1f: média obtida do questionário respondido após as dez sessões de fonoforese
com placebo;
HAQ2i: média do questionário respondido na primeira sessão de uso tópico de creme-
gel de ibuprofeno;
HAQ2f: média aritmética obtida na ultima sessão de uso tópico do medicamento.
Este último grupo, descrito pela Tabela 6, apresentou taxa de melhora de 1,68 e desvio
padrão 0,62.
Os dados obtidos e colocados em gráficos propiciam a análise das técnicas adotadas,
para que possam ser discutidas, de modo a oferecer, aos pesquisadores interessados,
ferramentas para avaliação e permitir que novos estudos sejam feitos, baseando-se nos
resultados aqui apontados.
CAPÍTULO 5
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Este capítulo traz comentários sobre os resultados obtidos e apontados no Capítulo 4
desta dissertação. Ainda se apresentam sugestões para trabalhos futuros que possam
complementar os estudos feitos e os resultados obtidos nesta pesquisa.
5.1. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os pacientes voluntários foram envolvidos nesta pesquisa após serem encaminhados
para o médico reumatologista, realizarem vários exames e serem diagnosticados com artrite
reumatóide. Recomendou-se a tais pacientes o tratamento fisioterápico de forma que se
submeteram a um questionário de ortopedia e traumatologia para identificar a articulação
afetada pela doença e quais medicamentos a base de corticóide eles ingeriam via oral, peso,
idade e outras doenças pré-existentes, como exposto nos Capítulos 3 e 4.
Então, os pacientes iniciaram os tratamentos devidos, conforme o grupo em que foram
enquadrados e responderam, sempre que necessário, ao questionário HAQ do Colégio
Americano de Reumatologia, o qual tem sido adotado por médicos especialistas como auxiliar
no diagnóstico e recomendação de tratamentos aos pacientes afetados pela artrite reumatóide,
sendo através deste questionário, determinada a classificação funcional de um paciente.
Os pacientes foram divididos em dois subgrupos que faziam uso de corticóide via oral e
pacientes que não faziam uso do medicamento, para que pudesse ser comparada a reação da
técnica fonoforese na existência ou não de droga agindo no paciente. As sessões de terapia
foram realizadas na clínica de fisioterapia Orthofisio ou em recinto domiciliar dos voluntários,
de forma a tornar a investigação menos cansativa aos pacientes, visto que alguns tinham
dificuldade até para se levantarem de suas camas.
O envolvimento das articulações é uma complicação comum nas doenças
reumatológicas e o padrão de acometimento varia amplamente, de acordo com a enfermidade,
além de outros fatores, como idade e sedentarismo.
42
Tanto o ultra-som terapêutico como os antiinflamatórios não hormonais são recursos
largamente utilizados para o tratamento de patologias reumáticas, às vezes separadamente, às
vezes conjuntamente, geralmente com efeitos benéficos, como no caso da fonoforese.
Em razão dos efeitos colaterais indesejáveis e freqüentes, como a gastrite
medicamentosa, causados por antiinflamatórios administrados via sistêmica (oral ou
parenteral), ocorre a constante busca e desenvolvimento de formulações alternativas tópicas,
em geral na forma de géis ou cremes. Todavia, esses medicamentos são de mais difícil
absorção através da pele e não apresentam os mesmos resultados que por via sistêmica.
A administração transcutânea de antiinflamatórios tem despertado grande interesse por
parte dos investigadores por possuir algumas vantagens em relação à administração oral,
particularmente do ibuprofeno, na qual grande parte da dose administrada é rapidamente
retirada no metabolismo de primeira passagem e produz efeitos colaterais por ora perigosos,
como formação de ulcerações gástricas e duodenais e conseqüentes hemorragias (Muller et
al., 1997).
A utilização concomitante de antiinflamatórios tópicos na forma de gel e ultra-som
terapêutico é uma prática comum pelos profissionais da fisioterapia, sob a justificativa de que
o UST favorece a penetração transcutânea do antiinflamatório tópico. Esta pratica terapêutica
é conhecida como fonoforese (Low & Reed, 2001).
No presente estudo investigou-se a penetração transcutânea de ibuprofeno em
voluntários com artrite reumatóide e através da qualificação do antiinflamatório por meio de
questionário que é baseada nos critérios de classificação do Colégio Americano de
Reumatologia (ACR, 1996).
A decisão pelo emprego de voluntários humanos com artrite reumatóide teve por
objetivo aproximar o máximo possível o estudo da prática clínica e qualificar fielmente a
absorção transdermal do ibuprofeno após aplicação tópica com a utilização do ultra-som
terapêutico.
Antes da escolha de uma formulação tópica para o contato e acoplamento do cabeçote
ultra-sônico, a necessidade de investigação quanto aos efeitos do ultra-som na estrutura
interna e viscosidade do medicamento existe, ao contrário os resultados da fonoforese
poderiam ser alterados e a terapia realizada tornar-se ineficaz. Atualmente o gel é o agente de
acoplamento dominante na maioria dos estudos pesquisados, entretanto foram encontradas
formas muito variadas desses agentes acopladores no conjunto de referências bibliográficas
utilizado como é o caso do creme e pomada (Koeke et al., 2005).
43
Além disso, os fabricantes de equipamentos de ultra-som afirmam que os géis
medicamentosos viscosos não transmitem adequadamente as ondas sonoras, causando
reflexão das mesmas, o que leva ao aquecimento anormal do cabeçote, podendo danificá-lo
(Rosim, 2003). Adotou-se, então, a forma de creme-gel devido a sua adaptação a diversos
tipos de pele.
A opção por fazer o tratamento da pele de um grupo com ultra-som e gel carboxílico
previamente à aplicação do gel de ibuprofeno, ao invés de utilizá-lo como gel de acoplamento
do cabeçote ultra-sônico, foi baseado nas considerações de Benson & McElnay (1994), que
pesquisaram as características de transmissão de vários produtos diferentes e encontraram
muita variação na resposta de cada um. A transmissividade do ultra-som terapêutico aumenta
com a sua freqüência e, com base nisso, esses autores consideraram que freqüências altas do
ultra-som podem causar quebra nas cadeias de polímero que conferem a viscosidade dos
agentes utilizados nas formulações tópicas.
McElnay et al. (1993), já haviam realizado fonoforese com pré-tratamento da pele e
observaram que a penetração da droga ocorre após a cessação do tratamento com ultra-som,
do mesmo modo observada no presente estudo. Concluíram que a energia do ultra-som é
capaz de afetar a estrutura da pele o que explicaria o aumento da penetração transcutânea de
medicamentos sob influência do ultra-som.
5.1.1. Dos Resultados da Ficha de Avaliação de Ortopedia e Traumatologia
As tabelas 4, 5 e 6, item 4.1, mostram que os voluntários participantes desta dissertação
tinham entre 44 e 82 anos, sendo em sua maioria, 75%, composto por participantes do sexo
feminino. As escalas de dor mais apontadas foram a 7 e 8, representando, cada uma, 30 % da
amostra, sendo a escala 6 a segunda mais indicada, com 4 apontamentos correspondentes a
20%, a escala 9, a terceira com três apontamentos (15%) e a 3, apontada por somente um
voluntário (5%), sendo este o participante mais novo do grupo.
A escala de dor apresentou queda em 85% dos pacientes voluntários envolvidos nesta
investigação, sendo que a maior diferença foi a escala inicialmente apontada como valor 8
para valor 1, relatada por um paciente do grupo tratado com fonoforese (UST e creme-gel de
Ibuprofeno) e sem medicação oral, sendo este paciente do sexo feminino, com 63 anos de
idade e apresentando artrite-reumatóide no joelho.
44
O grupo com maior índice de melhora, tomado comparando-se a escala de dor apontada
inicialmente e a final, foi o grupo com medicação oral e fonoforese com ibuprofeno, vista na
Figura 18, sendo a média do índice de melhora igual a 33,8%.
P1
P2
P3
P4
P5
0
2
4
6
8
10
Escala de do
r
Pacientes
Escala de dor final
Escala de dor inicial
Figura 18: Gráfico comparativo das escalas de dor apontadas pelos pacientes do grupo com
medicação oral e fonoforese (UST + Ibuprofeno).
5.1.2. Dos Resultados Obtidos Através dos Questionários HAQ
Como se observa nas ilustrações do Capítulo 4, Figuras 14 a 17, os pacientes
apresentaram melhora com os tratamentos adotados.
A Figura 14 mostra que o grupo de pacientes, descritos pela Tabela 3, apresentou
melhora significativa, aumentando a capacitação individual de seus componentes para as
atividades diárias. As características apresentados na
Tabela 3, mostram que o grupo é
uniforme, com pequena variação na faixa etária e escala de dor indicada pelos pacientes nele
envolvidos. Exceto pela ocorrência de piora de um paciente, P3, após as sessões iniciais de
UST, o restante do grupo apresentou taxa de melhora de até 4,5 vezes a funcionalidade inicial,
ou seja, a capacitação para realização das atividades diárias foi ampliada em 4,5 vezes. Apesar
da piora inicial, o paciente P3 apresentou incremento de 2,7 em sua capacitação funcional
após o tratamento total.
45
Como citado, este grupo apresentou em média uma melhora de 2,6 vezes na sua
capacitação funcional, e desvio padrão de 1,43, considerado um grande desvio padrão, o que
evidencia a variabilidade nas taxas de melhora dos pacientes, sendo a maior argüida pelo
paciente P2, apresentando como valores médios de HAQ iniciais e finais iguais a 1,125 e
0,250, respectivamente, e a menor pelos pacientes P4 e P5, com valores HAQ 1,000 e 0,625.
O grupo da Tabela 4, diagnosticado pela Figura 15, composto por pessoas com dados
mais desconexos, sendo a variação etária de 28 anos e as escalas de dor bastante
diferenciadas, com valores compreendidos entre 3 e 8. Apesar das diferenças, o grupo todo
apresentou melhora, com taxa máxima de 4,5, quadruplicando a capacidade funcional de um
dos pacientes. Nota-se que houve grande importância na utilização do UST nesses pacientes,
sendo que depois das dez sessões de uso desta terapia, 80% dos pacientes apresentaram
melhora. Este grupo apresentou desvio padrão de 1,18, mostrando que a taxa de melhora dos
seus envolvidos foi mais constante, dispersando-se menos da média do que no grupo anterior ,
representado pela Tabela 3.
O grupo com administração de antiinflamatórios via oral, foram caracterizados pelas
Tabelas 5 e 6. Na Tabela 5, observa-se que o grupo possui idades compreendidas entre 48 e 72
anos, porém a escala de dor de seus participantes pouco varia, ficando entre 7 e 9. Todos os
pacientes deste grupo, tratados com UST e ibuprofeno, apresentavam artrite reumatóide na
mão e apresentaram melhora com o tratamento, destacando-se o paciente P5 que apresentou
média aritmética final dos escores do HAQ igual 0,25 contra 1,00 antes do tratamento, como
destaca a Figura 16. O desvio padrão apresentado por este grupo foi pequeno (0,74),
evidenciando a pouca variabilidade entre as melhoras individuais do grupo.
A Tabela 6 mostra que este último grupo voluntário desta investigação é o grupo com
maior faixa etária média, 71,4 anos, e escala de dor com variação regular, entre 6 e 9. Um
grupo exclusivamente feminino demonstrou melhoras discretas, mesmo após uso tópico do
medicamento por dez dias, fato ilustrado pela Figura 17. Nesta Figura observa-se uma
melhora após as primeiras dez sessões de fonoforese e placebo, tal melhoria é associada ao
efeito psicológico dos pacientes e ao uso do UST. Esta melhora, no entanto, é notavelmente
inferior às melhoras apontadas pelas médias aritméticas dos HAQ respondidos pelos pacientes
que receberam fonoforese e ibuprofeno. A menor taxa de melhora foi apresentada por este
grupo, assim como o menor desvio padrão, deixando claro que quase não houve resultado a
ser apontado, relacionado à absorção medicamentosa transdermal devida à fonoforese.
46
5.2. CONCLUSÕES
Após os três meses de duração dos testes in-vivo compreendidos nesta pesquisa, o grupo
formado por pacientes que utilizavam medicamento oral, listados na Tabela 5 e o grupo da
Tabela 3, os quais foram submetidos à fonoforese (ultra-som + ibuprofeno), foram os que
corresponderam de melhor forma ao tratamento, apresentando diminuição média de 254,83%
e 260,67%, respectivamente, em suas médias aritméticas dos escores do HAQ.
Sendo assim, conclui-se que grande parte da dose de ibuprofeno foi absorvida através da
pele desses pacientes, o que se nota na discreta melhora apresentada pelo grupo da Tabela 6, o
qual, mesmo sendo tratado com medicação via sistêmica (oral) e utilizando por dez dias o
creme-gel de ibuprofeno com leve massagem, apresentou a menor redução em suas médias
aritméticas dos escores do HAQ, igual a 171,43%, e baixa variabilidade dentro do grupo,
apontado pelo baixo desvio padrão calculado.
Tal conclusão é confirmada pelo acompanhamento pessoal desses pacientes, com o qual
verifica-se que eles apresentaram melhora em suas atividades diárias, ampliação em suas
funcionalidades e diminuição na escala de dor.
Os resultados obtidos permitem concluir que o tratamento em pacientes com artrite
reumatóide com ultra-som contínuo, na freqüência de 1 MHz e intensidade 0,5 W/cm
2
,
aplicado por 5 minutos nas articulações dos membros superiores ou inferiores, facilitou a
penetração transcutânea de ibuprofeno conforme apontam os questionários respondidos, com
base nos critérios de classificação do ACR (1996).
Os resultados deste trabalho e de demais pesquisas sobre fonoforese, as quais apontam
para o sucesso da técnica na entrega via pele de diferentes drogas, alertam que a adoção desta
técnica no tratamento de pessoas atingidas pela artrite reumatóide pode prolongar a vida útil
destas pessoas, retardando suas incapacidades funcionais. Ainda, considerando-se a
diminuição da administração de medicamentos por outros meios e a diminuição dos efeitos
colaterais, atinge-se diretamente a diminuição dos custos destes pacientes para os cofres
públicos no fornecimento de medicamentos e tratamentos, além das aposentadorias por
incapacidade funcional.
47
5.3. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Com base nesse estudo sugere-se uma comparação com outros antiinflamatórios para
ver se existe a possibilidade de algum medicamento ser mais eficaz em relação à penetração
transcutânea sobre os efeitos do UST em pacientes com artrite reumatóide.
Ou sugere-se comparar diferentes freqüências e intensidades como 1 e 3 MHz para
verificar qual intensidade é mais eficaz em relação à absorção de um medicamento em
pacientes com artrite reumatóide. Isto se faz necessário a fim de se aferir, através de estudos
comparativos, a verdadeira eficácia do ultra-som nos tecidos e articulações acometidos pela
artrite reumatóide.
Ainda, recomendam-se o estudo do tratamento com fonoforese em grupos homogêneos
quanto à idade, massa muscular e quantidade de tecido adiposo.
Estudo da resposta à fonoforese por pacientes acometidos por outras patologias e
levantamento do tempo de persistência da melhora apresentada pelos pacientes após
tratamento com a fonoforese.
Levantamento das respostas psicológicas dos pacientes tratados com placebo.
48
Anexo I
Questionário Health Assesment Questionnaire (HAQ)
50
Anexo II
Ficha de Avaliação de Ortopedia e Traumatologia
52
Anexo III
Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos e Animais
54
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62
63
Resumo
Atualmente cerca de 1,8 milhões brasileiros são acometidos pela artrite reumatóide,
patologia que pode causar incapacidade física. O tratamento das articulações atingidas é
fundamental para prevenir as deformidades causadas pela doença, o que exige o uso de
antiinflamatórios, que administrados por via sistêmica, oral ou parenteral, associam-se à
efeitos colaterais indesejáveis. Tal fato tem motivado pesquisas de métodos alternativos para
o tratamento, como o ultra-som terapêutico (UST) e o uso tópico de antiinflamatórios não
hormonais. O uso tópico de antiinflamatórios em conjunto com o UST, técnica chamada de
fonoforese, tem sido indicado no alívio das inflamações dos tecidos. A fonoforese apresenta-
se como uma técnica simples, de baixo custo quando comparada à administração oral e
endovenosa de medicamentos e evita a agressão de efeitos colaterais, pois favorece a absorção
transcutânea de fármacos. Assim, desenvolveu-se uma pesquisa para avaliar in vivo a
fonoforese. Esse trabalho foi realizado com auxílio de vinte pacientes voluntários. O objetivo
do trabalho foi fornecer apontamentos concretos da fonoforese, através da comparação dos
dados obtidos através da avaliação pelo questionário classificatório funcional Health
Assessment Questionnaire (HAQ) do Colégio Americano de Reumatologia. Os pacientes
foram divididos em dois grupos, um com uso de medicação antiinflamatória oral e outro sem,
os quais foram subdivididos em dois subgrupos, um para receber UST e medicamento tópico
(Ibuprofeno) e outro UST e placebo. Os resultados obtidos com os questionários respondidos
antes e após a finalização das sessões de terapia, mostraram o sucesso da técnica, com
pacientes chegando a ampliar em mais de quatro vezes sua capacidade funcional.
Palavras-chave: Artrite Reumatóide, Ultra-Som Terapêutico, Fonoforese, Ibuprofeno.
ÁREA/SUB-ÁREA DE CONHECIMENTO
3.13.00.00-6 Engenharia Biomédica
3.13.02.00-9 Engenharia Médica
4.03.01.00-1 Farmacotecnia
2006
Nº 409
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