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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
MESTRADO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
KEYLA DOS SANTOS GUIMARÃES
São Luís-MA
2008
ASPECTOS ANATOMOPATOLÓGICOS ATRAVÉS DA IMAGEM ULTRA-
SONOGRÁFICA E BIÓPSIA PERCUTÂNEA GUIADA DO BAÇO DE
CÃES INFECTADOS POR Leishmania (L.) chagasi NO MUNICÍPIO DE
SÃO LUÍS – MA.
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KEYLA DOS SANTOS GUIMARÃES
ASPECTOS ANATOMOPATOLÓGICOS ATRAVÉS DA IMAGEM ULTRA-
SONOGRÁFICA E BIÓPSIA PERCUTÂNEA GUIADA DO BAÇO DE CÃES
INFECTADOS POR Leishmania (L.) chagasi NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS –
MA.
São Luís - MA
2008
Dissertação apresentada como
requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Ciências
Veterinárias.
Área: Sanidade Animal
Orientador: Profª. Drª. Alana Lislea
de Sousa
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Guimarães, Keyla dos Santos
Aspectos anatomopatológicos através da imagem ultra-sonografia e
biópsia percutânea guiada do baço de cães infectados por Leishmania
(L.) chagasi no Município de São Luis - MA / Keyla dos Santos
Guimarães. – São Luís, 2008.
52f.
Dissertação ( Mestrado ) Curso de Medicina Veterinária,
Universidade Estadual do Maranhão, 2008.
Orientadora: Profa. Alana Lislea de Sousa
1. leishmaniose 2. biópsia guiada 3. cães 3. baço 4. ultra
som
I.Título
CDU: 636.7:616.993.161-076(812.1)
Dissertação de Mestrado em Ciências Veterinárias aprovada em ___/___/ 2008
pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:
Profª. Drª. Alana Lislea de Sousa
Profª. Drª. Flor de Maria Pires Mendes
Prof. Dr. Porfírio de Candanedo Guerra
José Roberto e Ana Carolina pela paciência,
conforto e incentivo durante esta jornada.
AGRADECIMENTOS
À Deus pelo dom da vida e pela oportunidade diária de aprendizagem.
À Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) pela oportunidade de realizar
este curso de pós-graduação.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão (FAPEMA), pela
concessão da bolsa de apoio técnico.
À Profª. Drª. Alana Lislea de Sousa, pela confiança e orientação desta
dissertação.
À Profª. Drª. Ana Lúcia Abreu Silva, pela valiosa ajuda na leitura das lâminas.
Ao Prof. Dr. Rudson Almeida de Oliveira, pelo auxílio com a estatística.
À secretária Caroline Romão.
Aos colegas de mestrado, pela agradável convivência e em especial a Edith,
Manuel e Nordman, pelo apoio e conforto durante toda a elaboração desta
dissertação.
À aluna de graduação Nathálya dos Santos Martins, pela colaboração valorosa
na coleta dos dados desta pesquisa.
Muito obrigada!
ASPECTOS ANATOMOPATOLÓGICOS ATRAVÉS DA IMAGEM ULTRA-
SONOGRÁFICA E BIÓPSIA PERCUTÂNEA GUIADA DO BAÇO DE CÃES
INFECTADOS POR Leishmania (L.) chagasi NO MUNICÍPIO DE O LUÍS
MA.
Mestranda: Keyla dos Santos Guimarães
Orientadora: Alana Lislea de Sousa
RESUMO
A leishmaniose é uma antropozoonose causada por um protozoário, parasita
intracelular, do gênero Leishmania, acometendo o homem e cães em todo o
mundo, sendo estes últimos descritos como reservatórios naturais dessa
enfermidade. O baço é um dos órgãos hematopoéticos e imunocompetentes
envolvidos na leishmaniose visceral. Logo, com o objetivo de descrever os
aspectos anatomopatológicos por meio da imagem ultra-sonográfica do baço
de cães portadores de leishmaniose, e testar a eficiência da cnica da biópsia
percutânea guiada como método minimamente invasivo na complementação
diagnóstica dessa doença, foram estudados 30 cães adultos, sem distinção de
idade ou sexo, subdivididos em dois grupos de 15 animais entre soropositivos e
soronegativos para Leishmania (L.) chagasi, provenientes da cidade de São
Luís-MA. Ao analizar a ultra-sonografia do baço, tanto do grupo dos animais
soropositivos quanto dos soronegativos para a leishmaniose, foi possível
identificar e caracterizar a imagem quanto ao tamanho, contorno, arquitetura e
ecotextura de parênquima. Constatou-se então que o exame sonográfico é um
bom método de avaliação do baço e, como guia para a biópsia, revelou-se
numa ferramenta útil e segura, podendo oferecer material satisfatório à
avaliação tecidual e contribuir para a identificação do parasito, bem como de
alterações histológicas sugestivas de leishmaniose.
Palavras-chave: leishmaniose, biópsia guiada, cães, baço, ultra-som.
ANATOMOPATHOLOGY ASPECTS THROUGH ULTRASOUND IMAGE AND
PERCUTANEOUS ULTRASOUND-GUIDED SPLEEN BIOPSIES OF
Leishmania (L.) chagasi INFECTED DOGS CAPTURED IN SÃO LUÍS - MA
Mestranda: Keyla dos Santos Guimarães
Orientadora: Alana Lislea de Sousa
ABSTRACT
Leishmaniosis is an antropozoonosis caused by an intracellular protozoan
parasite, that causes a wide spectrum of diseases in humans and dogs
worldwide. In those areas, the dogs are described as natural reservoirs of the
parasite. In visceral leishmaniasis, the spleen is one of the several
hematopoietic and immunocompetent organs involved. The objective was to
describe the anatomopathological aspects by ultrasonographic appearance of
canine spleen with leishmaniase disease and to test the accuracy of the
percutaneous ultrasound-guided biopsy technique with a not invasive method in
the diagnostic complementation of this illness. 30 adult dogs have been studied,
without age distinction or sex, subdivided in two groups of 15 animals between
seropositive and seronegative for Leishmania (L.) chagasi, proceeding from
São Luís-MA. Considering ultrasonographic findings of the spleen to the groups
of the animals seropositive and seronegative was possible to identify and
characterize the image however as for the size, contour, architecture and
parenchyma echotexture. On the other hand the spleen ultrasound-guided
biopsy in parenchyma revealed a useful safe and diagnostic tool, offering
satisfactory sample to the tissue evaluation contributing for the identification of
the parasite as well as of suggestive histological alterations of leishmaniose.
Key words: leishmaniasis, guided biopsy, dogs, spleen, ultrasound.
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 01 – Imagem ultra-sonográfica do baço de cão soropositivo
visualizando a largura (seta branca)..........................................................
37
Figura 02 - Imagem ultra-sonográfica do baço de cão soronegativo
visualizando a largura (seta branca)..........................................................
38
Figura 04 – Lâmina de fragmento de baço de cão soropositivo. Observar
a presença plasmócitos (setas). Corte histológico corado pela técnica de
Hematoxilina-Eosina (H&E). 100X.............................................................
41
Figura 03 – Fragmento de baço de cão soropositivo, observar a
presença de formas amastigotas de Leishmania (seta). Corte histológico
corado pela técnica de Hematoxilina-Eosina (H&E). 100X.........................
41
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 01 – Sinais clínicos observados de animais soropositivos e
soronegativos oriundos do Centro de Controle de Zoonoses de São Luís-
MA, 2008.......................................................................................................
34
Tabela 02 – Aspectos da imagem ultra-sonográfica do baço de animais
soropositivos e soronegativos oriundos do Centro de Controle de
Zoonoses de São Luís-MA, 2008 .................................................................
36
Tabela 03 – Medidas (cm) da largura da imagem ultra-sonográfica do baço
de animais soropositivos e soronegativos para leishmanioses procedentes
do Centro de Controle de Zoonoses. São Luís-MA, 2008.........
37
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO.................................................................................. 13
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Leishmaniose visceral ......................................................................... 17
2.2. Baço
2.2.1. Anatomia e fisiologia do baço............................................................
23
2.2.2. Biópsia guiada por ultra-som.............................................................
25
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Descrição da amostra ..............................
............................................
30
3.2. Equipamentos
3.2.1. Ultra-sonografia.................................................................................
30
3.2.2. Equipamento de biópsia.................................................................... 30
3.3. Protocolo de exame ultra-sonográfico ultra-sonográfico...................... 31
3.4. Protocolo para biópsia por fragmento.................................................. 31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 34
5. CONCLUSÃO......................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 46
APÊNDICE.................................................................................................. 51
ANEXO........................................................................................................ 53
INTRODUÇÃO
12
1. INTRODUÇÃO
A leishmaniose ainda continua sendo uma doença de grande
multiplicação acometendo tanto ao homem, quanto aos animais e em especial
os cães. Avanços científicos voltados aos métodos alternativos de diagnósticos
têm buscado, neste contexto, a ultra-sonografia associada à biópsia
percutânea guiada, pode ser usada na clínica como diagnóstico complementar,
porque possibilita a visão de imagens dos órgãos envolvidos nesta
enfermidade, a exemplo tem-se a retirada de fragmentos desses órgãos como
o baço e fígado de forma minimamente invasiva, que favorecem o diagnóstico.
O agente causador da leishmaniose visceral é um protozoário,
parasita intracelular, do gênero Leishmania, que acomete o homem e os cães
em todo o mundo. Sua distribuição é ampla, ocorrendo na Ásia, Europa,
Oriente Médio, África e nas Américas. Foi descrita na América Latina em pelo
menos 12 países, onde 90% desses casos ocorrem no Brasil, especialmente
na Região Nordeste (BRASIL, 2003).
Em áreas endêmicas, os cães o descritos como reservatórios
naturais do parasito e de grande importância na manutenção do ciclo da
doença. Estudos têm demonstrado que grande parte dos cães infectados, não
desenvolve sintomas da doença, dificultando assim o diagnóstico. Pode
permanecer nos animais assintomáticos ao longo de sua vida ou mesmo
desenvolver sintomatologia após períodos que variam de três meses a alguns
anos.
Na leishmaniose visceral, o baço é um dos órgãos hematopoéticos e
imunocompetentes envolvidos, tendo este ainda um importante papel na
filtração do sangue, estudos têm investigado o envolvimento morfológico e até
mesmo microvascular bem como, as modificações da população de células do
baço em resposta ao parasitismo.
13
Em cães, as principais lesões dessa doença, existente no Velho e
no Novo Mundo, ocorrem nos órgãos mais ricamente parasitados, no caso:
baço, fígado, linfonodos, medula óssea e a pele. O baço pode apresentar um
tamanho normal, ligeiramente aumentado ou hipertrofiado. Neste órgão ocorre
a diminuição do número de linfócitos e proliferação de macrófagos na bainha
linfóide periarteriolar, hiperplasia folicular e aumento da polpa vermelha com
agregados de macrófagos e células plasmáticas (MOURA, 2007).
Na literatura veterinária poucos relatos no que se refere à
aparência ultra-sonográfica das condições inflamatórias do baço. Acrescenta-
se que na esplenomegalia ocorre com a combinação de hematopoiese
extramedular, hiperplasia reticuloendotelial e esplenite plasmocítico-linfocítica,
o grau de envolvimento dos três mecanismos varia com o agente etiológico e
duração da doença. Nestas condições, aquele órgão se encontra aumentado
com ecogenicidade normal ou diminuída, e a textura normal ou heterogênea.
Agora, nos casos crônicos, aparece hiperecogênico, com ecotextura
heterogênea e superfície lisa ou ligeiramente irregular, é uma alteração não
específica que pode ser observada em muitas doenças. As condições que
podem estimular essa resposta incluem: micose sistêmica; doença viral;
hemoparasitoses e organismos como: Leishmania spp (SCHELLING, 1988).
Pela inexistência de padrão sonográfico e uma aparência específica
para cada tipo celular, a cada lesão, torna-se necessária uma avaliação em
conjunto das alterações encontradas no exame ultra-sonográfico, com o
histórico do paciente, os sinais clínicos, os exames laboratoriais, para que haja
um diagnóstico. E em alguns casos, com a avaliação citológica ou
histopatológica do tecido, através da obtenção por biópsia aspirativa ou por
fragmento (CARVALHO, 2004).
Apesar do exame ultra-sonográfico ser um método sensível na detecção
de alterações em órgãos como o baço, pode não ser específico para uma
determinada doença. Logo, para a obtenção de um diagnóstico, faz-se
necessária a realização de cirurgia intervencionista, através ou não de biópsia
guiada, proporcionando assim, uma avaliação citológica e histológica do tecido
14
esplênico fornecendo informações quanto à condição da doença detectada,
exclusive a possibilidade de uma cirurgia posteriormente.
Pelo fato da leishmaniose visceral ser uma doença endêmica na Região
Nordeste do Brasil, incluindo São Luís MA além de apresentar um caráter de
notificação compulsória, em função dos fatos apresentados, buscou-se
descrever os aspectos anatomopatológicos por meio da imagem ultra-
sonográfica e da biópsia percutânea guiada do baço de cães infectados
naturalmente por Leishmania (L.) chagasi, na cidade de São Luís, além de,
avaliar as possíveis implicações dessa técnica.
15
REVISÃO DE LITERATURA
16
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Caracterização da Leishmaniose visceral
A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose emergente e
reemergente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Acomete, além do
homem, canídeos, felídeos, roedores e marsupiais, sendo transmitida por
flebotomíneo (ALENCAR, et al., 1991). O agente etiológico da leishmaniose é
um protozoário tripanosomatídeo, do gênero Leishmania, sendo a espécie
Leishmania Leishmania chagasi de maior ocorrência no Brasil (FUNASA,
1996).
As leishmanioses são doenças parasitárias causadas por
protozoários digenéticos pertencentes ao sub-reino Protozoa, ordem
Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania que acometem o
homem e diferentes espécies de mamíferos silvestres e domésticos das
regiões tropicais e subtropicais (MARZOCHI, 2001).
Apesar de divergências e de uma taxonomia não totalmente
elucidada que às vezes apontam L. infantum e L. chagasi como a mesma
espécie em função das semelhanças bioquímicas e moleculares. No complexo
Leishmania donovani, são reconhecidas três espécies envolvidas na etiologia
da doença a Leishmania (Leishmania) donovani e Leishmania (Leishmania)
infantum no Velho Mundo e Leishmania (Leishmania) chagasi no Novo Mundo,
incluindo o Brasil (MACHADO, 2007).
O primeiro caso de leishmaniose visceral foi relatado por Migone, em
1913, no Paraguai, em paciente que havia contraído a doença no estado do
Mato Grosso do Sul (Brasil). No entanto, foi Penna (1934), quem iniciou os
estudos sobre a distribuição geográfica da LV nas Américas, ao identificar
formas amastigotas em cortes histológicos de fígado de indivíduos que
morreram com suspeita de febre amarela. Após extensos estudos realizados
17
por Evandro Chagas e colaboradores no período de 1936 a 1939 a doença foi
diagnosticada no homem e em cães (MARZOCHI et al., 1981).
A leishmaniose visceral, devido a sua incidência e alta letalidade,
principalmente em indivíduos o tratados e crianças desnutridas, é também
considerada emergente em indivíduos portadores da infecção pelo vírus da
imunodeficiência adquirida (HIV), tornando-se uma das doenças mais
importantes da atualidade. Apresenta ampla distribuição, ocorrendo na Ásia,
Europa, Oriente Médio, África e nas Américas. Na América Latina a doença foi
descrita em pelo menos 12 países, 90% dos casos no Brasil, especialmente
Região Nordeste (BRASIL, 2003).
Até pouco tempo a LV era caracterizada como uma doença
tipicamente rural e endêmica no nordeste. A partir da década de 80 a doença
vem adquirindo uma mudança no perfil epidemiológico aparecendo como surto
epidêmico na periferia de grandes centros urbanos como Fortaleza, São Luís,
Teresina, Natal, Campo Grande, Belo Horizonte e Rio de Janeiro (SANTA
ROSA & OLIVEIRA, 1997).
Guimarães et al. (2005), em estudos sobre a soroprevalência da
leishmaniose visceral canina, em duas vilas de São José de Ribamar no
Maranhão, demonstrou que nos animais avaliados aos sinais clínicos
apresentados foram as lesões de pele, com mais freqüencia observadas e na
das amostras de sangue coletadas para a realização de imunofluorescência, na
grande maioria da população canina, que apresentava anticorpos contra
Leishmania permanecia assintomática.
Para Deane & Deane (1954) muitos canídeos têm sido reconhecidos
como principal reservatório de leishmaniose visceral no Novo Mundo. A partir
disso, os cães, vêm sendo incriminados como o principal reservatório da
doença para humanos (DEANE, 1956; TORREALBA, 1959). A prevalência das
leishmanioses em cães em áreas endêmicas pode atingir 20 a 40% da
18
população. Acredita-se que em áreas com alta infecção em cães, a prevalência
na população humana varie de um a dois por cento (SWENSON et al., 1988).
Nos cães os parasitos podem ser encontrados também em
linfonodos periféricos e na pele. Contudo, uma alta sensibilidade tem sido
atribuída ao diagnóstico parasitológico baseados em exame da medula óssea e
do baço de cães com leishmaniose visceral (ASHFORD et al., 1995).
A leishmaniose visceral canina (LVC) é considerada uma doença
imunomediada, visto que o gênero Leishmania apresenta a capacidade de
modificar o sistema imunológico do hospedeiro. Em humanos, a patogenia e as
características clínicas da doença variam com o tropismo pelos diferentes
órgãos e propriedades das espécies de Leishmania infectantes da competência
imunológica do hospedeiro (SLAPPENDEL,1988 ; FEITOSA et al., 2000).
A Leishmania spp é um parasita intracelular obrigatório, a defesa do
hospedeiro depende da atividade das células T necessária para que os
macrófagos sejam capazes de inativar as formas amastigotas. Entre cães, a
Leishmania parece desenvolver um modelo imune caracterizado pela elevada
atividade das células B e pela ausência da imunidade mediada por células para
antígenos da mesma. Na infecção natural de cães, as formas amastigotas são
usualmente disseminadas por todo o corpo, apesar dos altos níveis de
anticorpos circulantes. A LV é caracterizada pela diversidade e complexidade
de manifestações clínicas, com uma característica histológica comum: o
acúmulo inicial de células fagocítico mononucleares nos tecidos invadidos que
promove a hiperplasia das células do sistema fagocítico-mononuclear dos
órgãos implicados. As principais lesões histopatológicas detectadas em cães,
são a hipertrofia e hiperplasia das células do sistema fagocítico mononuclear
(baço, linfonodo, fígado e medula óssea), inflamação crônica na pele,
reação granulomatosa inflamatória no fígado e no baço, hepatite com
granulomas intralobares, pneumonia intersticial e glomerulonefrite (MACHADO
et al., 2007).
19
20
Em cães sintomáticos para leishmaniose alguns estudos revelam
sinais como, a presença de febre, anemia, lesões de pele, emaciação,
hipergamaglobulinemia, hepatoesplenomegalia e linfoadenomegalia. Um dos
principais substratos da leishmaniose visceral é a multiplicação de amastigotas
no sistema fagocítico mononuclear de células de órgãos internos tais como
baço, fígado e medula óssea (OLIVEIRA et al., 1993).
Os sinais mais evidenciados na LVC são alterações dermatológicas,
dentre essas a alopecia simétrica, local ou generalizada e sem prurido, bem
como das ulcerações crostosas freqüentemente observadas no focinho,
extremidade das orelhas, cauda e articulações. Outras alterações que podem
ser identificadas são seborréia localizada ou generalizada, dermatites, úlceras
cutâneas, hiperqueratose, descamação e queratite intersticial, alterações
oculares comumente são blefarite, conjuntivite, ceratoconjuntivite seca e uveíte
(FEITOSA et al., 2000; BRASIL, 2003; GENARO, 2003; MACHADO et al.,
2007).
Por sua sintomatologia clínica complexa a LVC pode facilmente ser
confundida com outras doenças infecciosas em animais de companhia.
Entretanto, alguns achados alertam que nas regiões endêmicas nos cães, a
presença de dermatopatias, onicogrifose e⁄ ou linfoadenopatia é sugestiva de
leishmaniose, sendo necessário que esses animais sejam submetidos ao
diagnóstico da doença, em virtude do seu impacto tanto na saúde animal, como
na saúde pública (ALBUQUERQUE et al., 2007).
A patologia da leishmaniose visceral é influenciada pela supressão
específica da imunidade mediada por células, permitindo a disseminação e a
multiplicação descontrolada. A hiperplasia das células monocítico fagocitárias
em conseqüência à infecção com L. donovani afeta o baço, o fígado, a mucosa
do intestino delgado, a medula óssea e os linfonodos (MALLA & MAHAJAN,
2006).
O estudo histopatológico realizado em camundongos
experimentalmente infectados por Leishmania (L.) amanzonensis, constatou-se
que a hematopoese extramedular parece ser um evento induzido pela infecção
e necessária à multiplicação do parasito, uma vez que este se replica no
interior de macrófagos ressaltando a observação de que o baço e a medula
parecem ser locais da infecção crônica, onde o parasita permanece vivo por
longo tempo (ABREU-SILVA et al., 2004).
A multiplicação das amastigotas no baço ocorre simultaneamente à
infecção do fígado, persistindo no baço e na medula óssea através de
mecanismos pouco compreendidos. Essa persistência parasitária é
acompanhada por falha na formação do granuloma e por mudanças
patológicas incluindo esplenomegalia, alterações na microarquitetura do tecido
linfóide e aumento da atividade hematopoética. Pesquisas histopatológicas
revelaram alterações como o decréscimo no número de linfócitos na bainha
periarteriolar, elevada proliferação de macrófagos, hiperplasia folicular e
aumento da polpa vermelha com predomínio de macrófagos e plasmócitos
(MACHADO et al., 2007).
O desenvolvimento de uma resposta imune órgão-específica na
leishmaniose visceral ocorre em dois principais órgãos alvos da infecção, o
baço e o fígado. Alguns estudos indicam que o baço, considerado local inicial
da geração da resposta imune mediada por células, também parece ser local
de persistência do parasito associada com modificações imunopatológicas.
Incluindo esplenomegalia e distúrbios na arquitetura tecidual que parecem
colaborar para o estado de imunocompetência do hospedeiro (MOURA, 2007).
Em uma área endêmica na Venezuela, caracterizou-se a resposta
imune in situ no fígado e no baço de cães naturalmente infectados de uma
área. Os animais foram classificados como sintomáticos e assintomáticos após
uma avaliação física e sorológica, sendo que os sintomáticos apresentaram
maior carga parasitária no fígado e no baço do que os animais assintomáticos,
sugerindo a diminuição da infecção ou um controle mais eficiente da replicação
do parasito em cães assintomáticos (SANCHEZ et al., 2004 ; MACHADO et al.,
2007).
21
A esplenomegalia pode ser definida como um aumento de volume
difuso do baço, decorrentes de alterações inflamatórias, hiperplasia
linforreticular, congestão ou infiltração com células ou por substâncias
anormais (amiloidose). As alterações inflamatórias geralmente resultam em
aumento de volume localizado ou difuso neste órgão. Podendo ser
classificadas em cães e gatos como hiperplásica, congestiva, infiltrativa e
inflamatória na qual podemos incluir a esplenite granulomatosa, que pode
ocorrer na leishmaniose onde os tipos de celulares predominantes são os
macrófagos, células epitelióides, linfócitos ou células gigantes multinucleadas
(ETTINGER,1992).
Relatos de literatura demonstram a freqüência de esplenomegalia
em cães portadores de LV é variável. No Brasil observou-se notável
apresentação histopatológica em cão sintomático, naturalmente infectado por
Leishmania chagasi, sendo uma intensa reação inflamatória granulomatosa no
fígado e no baço, associada com hipertrofia e hiperplasia do sistema
mononuclear (MACHADO et al., 2007).
O diagnóstico indireto da doença, como a pesquisa de anticorpos em
soro, tem sido bastante empregado em inquéritos epidemiológicos e pode ser
realizado, por diferentes métodos como reação de imunofluorescência indireta
(RIFI), Enzime Linked Immunosorbent Assay (ELISA), aglutinação direta e
fixação de complemento. Dentre os métodos utilizados no diagnóstico
etiológico da leishmaniose visceral canina (LVC), a identificação microscópica
de formas amastigotas do parasito em esfregaços obtidos por punção de
linfonodo, baço, fígado e medula óssea constitui-se num método eletivo, e o
cultivo deste material pode ser utilizado em diferentes meios de cultura para
isolamento dos parasitos. (MOREIRA et al, 2002).
A reação de imunofluorescência indireta (RIFI) é de cil execução,
utiliza como antígeno promastigotas de L. donovani fixadas em lâmina; outra
22
vantagem é a possibilidade de pesquisa tanto de IgG quanto de IgM, que é
importante pela precoce positividade (MARZOCHI et al., 2001; GENARO,
2003).
2.2. Baço
2.2.1. Anatomia e fisiologia
O baço é um órgão intraperitoneal localizado no hipocôndrio
esquerdo, ao longo da grande curvatura do estômago, orientado
dorsoventralmente. Seu formato é um tanto falciforme ou triangular, podendo
ser variável, assim como o volume. Sua posição é bastante influenciada pela
distensão do estômago pela própria capacidade de ingurgitar, contudo é bem
profundo às costelas (EVANS, 1993; DYCE, 1996; CARVALHO, 2004).
A extremidade dorsal alcança o pilar esquerdo do diafragma,
passando entre o fundo gástrico e o pólo cranial do rim esquerdo, sob a
cobertura das duas últimas costelas. A extremidade ventral maior se estende
abaixo do arco costal e pode cruzar a linha mediana ventral, para atingir o lado
direito sob as cartilagens costais. A superfície parietal tem contato com o
diafragma, em seqüência dorsoventral, o arco costal e os músculos abdominais
laterais do lado esquerdo. A superfície visceral, dividida pela crista hilar numa
faixa cranial relacionada com a grande curvatura do estômago e numa faixa
caudal relacionada com o intestino e o rim esquerdo. Os bordos cranial e
caudal, são contornos finos e irregulares. Extenso ligamento gastresplênico liga
o baço à curvatura maior do estômago. A artéria e a veia esplênicas passam
pela extremidade dorsal do baço. Os vasos gastrepiplóicos esquerdos se
originam ao redor do meio do hilo e cruzam a curvatura maior do estômago
dentro do ligamento gastresplênico (EVANS, 1993; DYCE, 1996).
Nos cães e gatos, o baço constitui o maior componente do sistema
linfático estando diretamente interposto às circulações portal e sistêmica. A
citoarquitetura esplênica funcional está estruturada dentro das polpas vermelha
23
e branca. A polpa branca realiza o reconhecimento imunológico dos antígenos
e bactérias, com a produção subseqüente de anticorpos, que é sustentada por
uma densa rede de trabéculas de tecido conectivo. A região entre a polpa
branca e a trabécula é formada pela polpa vermelha, que atua como filtro,
limpando eritrócitos velhos ou defeituosos, nos cães remove eritrócitos com
inclusões. O baço apresenta ainda, função de estocagem de sangue e possui
células que originam a hematopoiese extramedular (ETTINGER, 1992;
PARTINGTON & BILLER, 1996).
A cápsula densa é constituída por músculo liso e fibras elásticas que
permite a sua expansão (esplenomegalia) e contração (esplenocontração) e
emite traves conjuntivo-vasculares (trabéculas) que penetram no interior do
órgão (WOOD et al.,1990 ; BUERGELT, 2001) .
Ultra-sonograficamente, o baço se encontra envolvido por uma
cápsula ecogênica, fina, lisa e bem definida, exceto na região hilar. O
parênquima apresenta uma ecogenicidade de granulação com uma ecotextura
homogênea, mais densa e fina que a do fígado e gordura falciforme, sendo
considerado hiperecogênico em relação ao córtex renal e ao parênquima
hepático e hipoecogênico em relação à gordura do seio renal. Alguns animais
apresentam uma imagem hiperecogênica ao redor das veias lienais na região
hilar. Tal imagem constitui uma invaginação do tecido conectivo fibroso da
cápsula e gordura do hilo (NYLAND, 1995; PARTINGTON & BILLER, 1996).
Por não haver um padrão sonográfico e uma aparência específica
para cada tipo celular, faz-se necessário a avaliação conjunta das alterações
encontradas no exame ultra-sonográfico com o histórico do paciente, sinais
clínicos, exames laboratoriais, na determinação de um diagnóstico. Em alguns
casos, a avaliação citológica ou histopatológica do tecido através da obtenção
por biópsia aspirativa ou por fragmento (CARVALHO, 2004).
A alteração comumente diagnosticada pela ultra-sonografia é o
aumento do volume do baço, dependendo do grau de aumento, ele pode ser
24
visualizado em diversos segmentos da cavidade abdominal, chegando a
dobrar-se sobre si mesmo (CARVALHO, 2004).
2.2.2. Biópsia guiada por ultra-som
O uso da imagem ultra-sonográfica abdominal permitiu um aumento
substancial na avaliação pré-cirúrgica dos animais com doença esplênica nos
últimos 25 anos. Entretanto, embora a ultra-sonografia detecte mudanças sutis
no baço, essas alterações não são tipicamente específicas, a aparência ultra-
sonográfica da doença esplênica é variável. Conseqüentemente, para obter
diagnóstico sem intervenção cirúrgica invasiva, aspiração por agulha fina
guiada por ultra-som, biópsia, ou ambas são geralmente necessárias. A
avaliação citológica ou histológica de amostra do tecido esplênico pode resultar
em informações que excluem a necessidade de uma cirurgia (BALLEGEER et
al., 2007).
A biópsia percutânea guiada por ultra-som, vem se tornando uma rotina
na clínica de pequenos animais, visto que, a localização precisa da agulha é
possível com o monitoramento contínuo em tempo-real, mesmo em lesões
profundas (SMITH, 1985 ; HAGER et al.,1986 ; PAPAGEORGES et al., 1988).
O equipamento de ultra-som é portátil, anestesia geral é usualmente
desnecessária e a exposição à radiação ionizante é eliminada. Contudo, a
biópsia guiada por ultra-som não é possível quando, gás ou osso impede a
visualização da área a ser biopsiada. Neste caso, a tomografia
computadorizada (CT) ou fluoroscopia se tornam a modalidade de escolha.
Atualmente, o tamanho, tipo e localização da lesão determinarão qual o método
de biópsia escolhido. As técnicas de diagnóstico guiadas por ultra-som têm
permitido o desenvolvimento de uma variedade de procedimentos terapêuticos
percutâneo intervencionista. A aplicação em potencial desse procedimento
intervencionista, não invasivo, tem se expandido rapidamente, tanto na
medicina humana quanto na veterinária Sendo, a ultra-sonografia
intervencionista entendida como qualquer procedimento em que a imagem
25
ultra-sonográfica é utilizada para direcionar agulhas ou qualquer instrumento
perfurocortante para drenar ou colher amostras de coleções líquidas ou
teciduais (biópsias) (NYLAND & MATTOON, 1995; KANAYAMA, 2004).
Embora o ultra-som possa ser utilizado para detectar anormalidades em
órgãos e tecidos, que raramente são específicas, não pode estabelecer
diferenciação entre lesões malignas ou benignas, baseado apenas na imagem,
sendo a biópsia necessária para se chegar ao diagnóstico específico (BARR,
1995; GREEN, 1996).
Em 1974, Osborne descreve dois principais tipos de biópsias, as
incisionais, que consistem na remoção cirúrgica de uma porção da lesão ou
tecido, necessitando de anestesia geral, laparotomia ou toracotomia, que são
procedimentos altamente invasivos para a coleta de fragmentos de lesão, para
análise histopatológica. as percutâneas, são aquelas realizadas sem a
necessidade de cirurgia, com a utilização de agulhas específicas introduzidas
através da pele (KANAYAMA, 2004).
A biópsia por fragmento guiada por ultra-som tem sido reconhecida na
literatura como uma técnica simples, segura e bem tolerada na aquisição de
tecido esplênico para o diagnóstico, triagem e para a determinação de doenças
esplênicas em pacientes humanos com anormalidades de parênquima
(LINDGREN et al., 1985 ; QUINN et al., 1986).
A área de coleta é identificada através do ultra-som, bem como a
trajetória da agulha, que não pode atingir estruturas vitais. A agulha pode ser
localizada através de uma biópsia guiada por ultra-som ou a mão-livre.
Realizando a sucção, uma amostra do baço aparece com um pequeno volume
de sangue no tubo da seringa, devendo ser rapidamente colocado na lâmina e
realizado o esfregaço semelhante ao sanguíneo. Quando a amostra citológica
for insuficiente para o diagnóstico, uma biópsia por fragmento do baço, deve
ser feita. Ultra-sonografia abdominal pode ser realizada para monitorar
hemorragia após o procedimento (GREEN, 1996).
26
Dentre biópsias percutâneas, podem ser caracterizadas dois tipos
principais, biópsias aspirativas por agulha fina (BAAF) e por fragmento.
Entretanto, a primeira utiliza agulhas finas e fornece material para a análise
citológica, a segunda usa agulhas tipo Tru-cut, que retiram pequenos
framentos possibilitando a análise histopatológica. Sendo que, as técnicas com
guias e à mão livre descritas anteriormente, podem utilizar tanto agulhas finas
como as Tru-cut (KANAYAMA, 2004).
A biópsia percutânea por fragmento, geralmente é realizada quando
a biópsia aspirativa por agulha fina fornece material inconclusivo. São utilizadas
agulhas denominadas Tru-cut que podem apresentar calibres entre 16 a 18,
sendo esses mais comumente empregados. A agulha deverá ser encaixada na
pistola que ao disparar, faz com que a parte interna da agulha para frente e
rapidamente retorne à posição inicial, permitindo que o fragmento do órgão
fique retido na reentrância próximo a extremidade. E o fragmento obtido
normalmente mede 1,0cm de comprimento por 0,2 a 0,3 cm de diâmetro
(KANAYAMA, 2004).
Os dispositivos automáticos de biópsia, uma inovação recente no
campo da instrumentação, têm sido, amplamente utilizados para obtenção de
fragmentos de biópsia. Oferecendo mais rapidez e eficiência na obtenção de
amostras através da biópsia, conferindo menos dor ao paciente (MLADINICH,
et al.,1992).
Uma das vantagens da biópsia percutânea é a de ser realizada sem
necessidade de cirurgia, provocando feridas menores, cujo tempo de
cicatrização é mais curto (KANAYAMA, 2004). Trabalho realizado com biópsia
guiada por ultra-som em lesões no baço de quatro pacientes (humanos)
demonstrou ser é uma ferramenta útil e segura na avaliação de lesões focais
(KATSUMI & KAZUSHI et al., 2000).
27
Vale ressaltar que estudo realizado em linfonodos e baço, de três cães
naturalmente infectados estavam acentuadamente aumentados e
apresentando severa infiltração por células mononucleares com grande número
de amastigotas no citoplasma. Sendo as amastigotas mais facilmente
encontradas no baço do que nos linfonodos (NATAMI, 2000).
A aspiração de baço pode ser utilizada como um procedimento
seguro, para a obtenção de parasitas, para cultura in vitro, no diagnóstico de
leishmaniose visceral canina (CVL), ou mesmo para obtenção de tecido
esplênico para outros testes, incluindo análise por reação em cadeia da
polimerase (PCR) (BARROUIN-MELO et al., 2006).
28
MATERIAL E MÉTODOS
29
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Descrição da amostra
O trabalho de pesquisa se dedicou nos estudos de 30 cães adultos,
machos e fêmeas, com peso médio de 15 Kg, oriundos da Cidade de São Luís,
capturados pelo Centro de Controle de Zoonoses. Foi submetida ao Comitê de
Ética e Experimentação Animal do Curso de Medicina Veterinária da UEMA,
sob protocolo nº 026/2006 (Anexo).
Todos os animais foram identificados e submetidos a uma avaliação
clínica e os dados catalogados em fichas clínicas (Apêndice). A amostra foi
subdividida em dois grupos constituídos por 15 animais, sendo um de
soronegativos e o outro de soropositivos para leishmaniose visceral, conforme
rotina de triagem prévia pelo método de reação de imunofluorescência indireta
(RIFI) do Centro de Controle de Zoonoses.
3.2. Equipamentos
3.2.1. Ultra-sonografia
Aparelho de ultra-sonografia bidimensional, Falco 100, Pie Medical,
transdutor eletrônico multifrequencial, variando de 5,0 a 7,5 MHz, de acordo
com o órgão a ser avaliado.
A documentação fotográfica dos exames foi armazenada em
disquetes e em impressora preto e branco Sony UP 895 MD.
3.2.2. Equipamento de biópsia
Para a coleta de fragmento foi utilizado agulha Tru-cut, acoplada a
pistola semi-automática Fine Core.
30
3.3. Protocolo de exame ultra-sonográfico ultra-sonográfico
Inicialmente, os animais permaneceram em jejum de 08 horas para
evitar a presença de gases e distensão das vísceras intestinais, evitando-se
assim, a presença de artefatos durante a formação da imagem utra-
sonográfica. O exame foi realizado após a tricotomia do abdômen,
compreendendo desde o arco costal até o púbis.
O animal foi posto em posição decúbito dorsal, do lado direito do
examinador, o exame procedeu inicialmente com a varredura da cavidade
abdominal no sentido horário, buscando uma avaliação do baço e
características correspondentes ao tamanho, ecotextura, arquitetura e
vascularização. As imagens obtidas eram também comparadas, assim como às
dos órgãos adjacentes como o fígado e rins, com os quais o órgão esplênico se
relaciona. Sendo possível verificar os limites ecotopográficos, para posterior
realização da biópsia.
O processo de interpretação da ultra-sonografia abdominal foi realizada
durante o exame para uma observação dinâmica, onde os achados
sonográficos e a impressão diagnóstica foram devidamente anotados.
3.4. Protocolo para biópsia por fragmento
Após a avaliação ultra-sonográfica do baço, procedeu-se a sedação
seguida de anestesia do animal. Para tanto, utilizou-se acepromazina
(Acepran) a 0,2% na dose de 0,05 a 0,2 mg/kg) pela via intravenosa como pré-
anestésico, e como anestésico, cloridrato de ketamina a 5% (Vetanarcol) na
dose de 5 a 20 mg/kg e cloridrato de xilazina a 2% (Kensol) com dose 1,0 a 3,0
mg/ kg por via intramuscular.
Em seguida, com o animal na posição decúbito lateral direito, uma
nova varredura do baço era realizada para evitar afetar, no momento da
punção, locais vitais, como grandes vasos e vascularização esplênica como a
31
região do hilo. Uma pequena incisão na pele, com auxílio de um bisturi, foi
realizada para possibilitar a introdução da agulha objetivando-se vencer a
resistência inicial. Utilizando-se a agulha de 18x200 (Fine core), com disparo
semi-automático, acoplada à pistola. Esse instrumento foi direcionado para o
interior do parênquima esplênico sob a orientação ultra-sonográfica, uma vez
no local, o fragmento tecidual era obtido após disparo da pistola. O fragmento
coletado era acondicionado em recipiente contendo formol tamponado a 10%
para o exame histopatológico, conforme procedimentos de inclusão em
parafina pelo método de Luna (1968). Após colheita do material da biópsia, no
local da incisão foi realizada a síntese com fio de nylon 0.5, como forma de
acelerar a cicatrização e reduzir a possibilidade de contaminação.
Depois da biópsia, os animais permaneciam em observação por um
período de 24 horas, com avaliação clínica e ultra-sonográfica da cavidade
abdominal, para acompanhar qualquer alteração resultante do exame, bem
como aplicação de analgésico e antiinflamatório, o Flunixina meglumina
(Banamine® injetável pet 10 mg) na dose de 1mg/kg, por via subcutânea.com o
intuito de evitar qualquer desconforto no animal.
Com o auxílio do software,
INSTAT GRAFPAD, avaliou-se
possíveis associações entre os achados clínicos e ultra-sonográficos e a
reatividade ao teste sorológico para leishmaniose, foi empregando o Teste
Exato de Fisher. Ao testar diferenças entre grupos reagentes e não reagentes
para leishmaniose, utilizou-se a análise de variância, comparando-se as
médias do diâmetro do baço pelo Teste de Mann-Whitney. Todas as análises
foram procedidas, considerando-se o nível de significância de 5%.
32
RESULTADOS E DISCUSSÃO
33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Antecedendo a avaliação sonográfica do
abdômen para a varredura
ultra-sonográfica do baço, os animais foram avaliados clinicamente no que diz
respeito os sinais e sintomas relacionados à doença leishmaniose. Dessa
forma, foi possível observar que os sinais clínicos foram mais evidentes no
grupo de animais soropositivos, quando comparados aos soronegativos para a
leishmaniose visceral (LV). Dentre as alterações mais freqüentes nos animais
soropositivos, salientam-se as lesões de pele, caquexia, hipertrofia dos
linfonodos (poplíteos), secreção ocular e onicogrifose. Da mesma forma, esses
mesmos sintomas foram apresentados nos animais soronegativos. Dados
estes observados na tabela 01, Determinam que estes sinais são compatíveis
com a leishmaniose ou não, foram reforçados pelo Teste Exato de Fisher na
associação destes achados clínicos e na reatividade sorológica (p > 0,05).
Autores como (OLIVEIRA et al., 1993; FEITOSA et al., 2000; GENARO, 2003;
BRASIL, 2003; MACHADO et al., 2007) também observaram estes mesmos
sinais clínicos em grupos de cães soropositivos.
Tabela 01 - Sinais clínicos observados nos animais soropositivos e
soronegativos para leishmaniose procedentes do Centro de Controle de
Zoonoses de São Luís - MA, 2008.
GRUPO
Sinais clínicos
Soropositivo
%
Soronegativo
%
Caquexia 10 22,2 6 24
Onicogrifose 9 20,0 3 12
Alterações oculares 8 17,8 3 12
Lesão de pele 11 24,4 9 36
Linfoadenomegalia 7 15,6 4 16
Total 45 100,0 25 100,0
De acordo com a tabela citada acima, tanto os cães soropositivos
quanto os soronegativos apresentaram diferentes tipos de sinais clínicos,
dentre eles o de maior incidência foram lesões de pele com índices
respectivamente de 24,4% e 36%, concordando com os achados de Guimarães
34
et al (2005) que estudando cães portadores de leishmaniose em duas
localidades do município de São José de Ribamar MA, verificaram que os
sinais clínicos mais freqüentes também foram lesões de pele, tanto nos animais
soronegativos quanto nos soropositivos, revelando o caráter latente da
leishmaniose pele. No entanto nos animais soronegativos as lesões de pele
podem também estar associadas a outras situações clínicas oriundas das
condições de manejo, considerando que eles são animais errantes.
Evidenciam-se que a imagem ultra-sonográfica bem como, as provas
sorológicas não podem ser consideradas isoladamente e definitivas, como
indicadores no diagnóstico da leishmaniose. Além das mesmas, o diagnóstico
clínico pode ser realizado com base nos sinais apresentados pelos animais.
Dessa forma Albuquerque et al., (2007) relatam que nas regiões endêmicas
para a doença em es, a presença de dermatopatias, onicogrifose e
linfoadenopatia são sugestivas para leishmaniose.
Durante os procedimentos de avaliação do baço, através do exame
do ultra-som, em toda amostra soropositiva e soronegativa para leishmaniose,
foi possível verificar as diversas características que a imagem do baço pôde
apresentar e tendo como resultado o seguinte: 13% dos animais soropositivos
apresentaram imagem normal, com o baço de ecotextura homogênea, porém
mais hiperecóico em relação ao parênquima hepático e a córtex renal, que vai
ao encontro de Partington & Biller (1996)
no que se refere ao tamanho,
contorno, arquitetura e ecotextura de parênquima; 40% dos soronegativos
também apresentaram aparência normal, ou seja, hiperecogênico em relação
ao córtex renal e ao parênquima hepático e hipoecogênico em relação à
gordura do seio renal (NYLAND, 1995; PARTINGTON & BILLER, 1996). Dados
esses que surpreenderam, pois se esperava que os animais soropositivos para
esta enfermidade, tivessem o uma imagem do baço aumentada, uma vez que,
este é um dos órgãos de predileção das amastigotas. Da mesma forma, era
também esperada a normalidade da imagem desse órgão nos animais
soronegativos. O procedimento de varredura abdominal visava além dos dados
35
referentes ao tamanho do baço, obter outros aspectos relacionados à
ecotextura do parênquima esplênico, assim como dos órgãos abdominais
adjacentes visto que, o baço normalmente se apresenta mais ecogênico que o
córtex renal e o fígado, sendo menos ecogênico que a gordura do seio renal,
assim relatou Green (1996). Entretanto, foi observado a esplenomegalia com
ecotextura normal do baço em 60% dos animais soropositivos e em 33% dos
soronegativo, conforme tabela 02. Ao se realizar o Teste Exato de Fisher,
considerando-se a presença ou não de esplenomegalia, verificou-se o haver
associação entre este achado ultra-sonográfico e a reatividade sorológica (p >
0,05).
Tabela 02 Aspectos da Imagem ultra-sonográfica do baço de animais
soropositivos e soronegativos para leishmaniose. São Luís - MA, 2008.
GRUPO
Imagem ultra-sonográfica Soropositivo (n) % Soronegativo (n)
%
Normal 2 13,0 6 40,0
Esplenomegalia (ecotex. normal) 9 60,0 4 27,0
Esplenomegalia (ecotex. hiperecóica) 2 13,0 2 13,0
Esplenomegalia (ecotex. hipoecóica) 1 7,0 2 13,0
Esplenomegalia (ecotex. heterogênea)
1 7,0 1 7,0
Total 15 100 15 100
Ao fornecer dados sobre o tamanho do baço, foi usado como parâmetro
a medida da espessura desse órgão com vista a obter a largura, através de
corte longitudinal da imagem sobre o terço médio, paralelamente à artéria e
veia esplênicas até a extremidade ventral do órgão, de acordo com as
observações nas figuras 01 e 02. Assim sendo, ao se avaliar os dados obtidos
do diâmetro dos baços através da imagem ultra-sonográfica, a média entre os
valores nos animais soropositivos foi de 2,31cm e nos soronegativos foi de
2,20cm (Tabela 03), não havendo, entretanto, diferenças estatísticas entre os
dois grupos sorológicos (p > 0,05). A este respeito, não foi encontrado
nenhuma citação na literatura.
36
Tabela 03 Medidas (cm) da largura da imagem ultra-sonográfica do
baço de animais soropositivos e soronegativos para leishmaniose. São
Luís-MA, 2008.
Grupo
Média (cm)
Desvio
-
padrão
Soropositivo
1,71ª
± 0,24
Soronegativo
1,67ª
± 0,30
a – Médias seguidas de letras iguais na mesma linha indicam que não houve diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos. ANOVA com médias comparadas pelo
Teste de Mann-Whitney (p > 0,05).
U = 105,50; U' = 119.50; p = 0,7874.
37
Figura 01 - Imagem ultra-sonográfica com a medida da largura do
baço de cão soropositivo para leishmaniose (seta branca).
baço
baço
A execução dos procedimentos de exame físico nos animais, ocorria
inicialmente com a palpação dos órgãos abdominais, visando sentir o baço e se
o mesmo sofria alguma alteração, o que permitiu verificar que o mesmo
aumento à medida que o exame ocorria. O fato ocorre também nos animais
nos animais soronegativos o que faz atentar para o fato de que o baço é um
órgão do sistema fagocítico monocitário, sendo assim, uma alteração de
caráter difuso que além do acréscimo de tamanho e variação da ecotextura do
mesmo, demonstra que a esplenomegalia pode variar com a condição da
doença. Neste aspecto Green (1996) descreve o baço como um órgão
dinâmico, móvel onde seu tamanho e posição podem mudar rapidamente.
Assim, a utilização da ultra-sonografia na avaliação do tamanho esplênico deve
ser cuidadosamente correlacionada à palpação abdominal.
O exame de ultra-som abdominal apresenta um importante papel na
propedêutica das lesões esplênicas, não somente como um adjuvante à
radiografia na diferenciação entre lesões focais ou difusas, mas também nas
intervenções como método para guiar biópsias percutâneas. No presente
estudo, a imagem ultra-sonográfica do baço, não foi específica com relação à
38
Figura 02 - Imagem ultra-sonográfica com a medida da largura do
baço de cão soronegativo para leishmaniose (seta branca).
doença leishmaniose, concordando com Schelling (1988) que descreve as
condições inflamatórias do baço, das quais a esplenomegalia é uma
combinação de mecanismos da hematopoiese extramedular, hiperplasia
reticuloendotelial e esplenite plasmocítico-linfocítica, sendo que o grau de
envolvimento dos mesmos altera com o agente etiológico e duração da doença.
Deste modo a imagem do baço pode variar tanto no tamanho e ecotextura
como também na alteração inespecífica da imagem esplênica, observam-se
ainda outras doenças, além da leishmaniose.
Notou-se que, apesar da palpação e da varredura abdominal do
baço antes da aplicação da medicação sedativa nos animais, não existiu
diferença entre aquelas no que se refere ao tamanho. Contudo a
esplenomegalia não foi característica específica somente dos animais
soropositivos para a RIFI, é observada também nos animais soronegativos,
conclui-se que as várias formas da imagem não permitiram a descrição de um
padrão de imagem específico para animais portadores de leishmaniose
visceral, logo comprova o que disseram Green (1996) e Carvalho (2004), que
a ausência de um padrão de imagem ultra-sonográfica e uma aparência
específica para o tipo celular, faz-se ainda necessária, e deve ser ainda
avaliada conjuntamente tanto no exame ultra-sonográfico, assim como no
histórico do paciente, nos sinais clínicos, exames laboratoriais, e em alguns
casos, a avaliação citológica ou histopatológica do tecido, obtidos de biópsia
aspirativa ou por fragmento, com vistas a fechar o diagnóstico. Por outro lado,
Balleger et al, (2007) citam que a associação entre lesões múltiplas e
malignidade não se estende às massas de aparências ultra-sonográficas
diferentes e que nódulos simples ou múltiplos, associados às infecções podem
ser encontrados.
Dos 30 animais biopsiados e reavaliados 24 horas s-exame,
através da varredura ultra-sonográfica abdominal, não foi observado nenhum
caso de hemorragia intra-abdominal ou óbito relacionados ao procedimento.
Apenas um animal apresentou hematoma subcutâneo, o que levou a ficar
39
sendo mantido por mais cinco dias no canil do Hospital Veterinário da
Universidade Estadual do Maranhão, para acompanhamento e reavaliação.
Dentre as intervenções guiadas por ultra-som, biópsia por fragmento é uma
técnica bem tolerada e minimamente invasiva com a vantagem de oferecer a
análise histopatológica, avaliando fragmentos de tecido e proporcionando o
diagnóstico diferencial das lesões, conferindo maior rapidez e eficiência na
obtenção de amostras através da biópsia, conferindo menos dor ao paciente
como ressalta Mladinich et al (1992).
Embora não tenha sido objetivo deste trabalho, o diagnóstico da
leishmaniose em si, pelo fato de conhecidamente existirem outros métodos
eficientes, salientamos que, pelo fato da leishmaniose apresentar caráter
endêmico e pela disponibilidade de animais diagnosticados através da RIFI
para doença, o envolvimento significativo do baço revela uma imagem ultra-
sonográfica de aspecto difuso, apesar de inespecífica. Buscou-se, então,
estudar a coleta de material para exame histopatológico através da biopsia por
fragmento, que é um procedimento minimamente invasivo, com intuito de
avaliar se a quantidade de material obtido seria seguro e eficiente para uma
avaliação celular, como mais uma opção diagnóstica, evitando-se assim
procedimento cirúrgico invasivo. Os fragmentos obtidos foram em tamanho
suficiente, com aproximadamente um centímetro, para a realização dos cortes
histológicos.
Foi freqüentemente observado um intenso infiltrado inflamatório,
composto de neutrófilos e plasmócitos no parênquima esplênico e, entre essas
células, observou-se um grande número de megacariócitos. De acordo com
Abreu-Silva (2004), a hematopoese extramedular parece ser um evento
induzido pela infecção e necessária à multiplicação do parasito, uma vez que
este se replica no interior de macrófagos (Figura 03).
A análise histopatológica revelou que as alterações no baço dos cães
apresentavam espessamento e processo inflamatório crônico na cápsula.
Também foi observada, a hiperplasia e hipertrofia da polpa branca, depleção
40
da bainha periarteriolar na polpa branca. Em dois animais do grupo
soropositivo foi observado presença de amastigotas no interior de macrófagos
(Figura 04).
41
Figura 03 Lâmina de fragmento de baço de cão soropositivo. Observar a presença
plasmócitos (setas). Corte histológico corado pela técnica de Hematoxilina-Eosina (H&E).
100X
Figura 04 - Lâmina de fragmento de baço de cão soropositivo. Observar a presença de formas
amastigotas de Leishmania no interior de macrófagos (seta). Corte histológico corado pela
técnica de Hematoxilina-Eosina (H&E). 100X
Estudos realizados por Sanchez et al (2004) em es naturalmente
infectados com Leishmania chagasi demonstraram diferenças na resposta
imunológica detectada no baço e fígado, mostrando ainda um menor
parasitismo naquele órgão em relação ao fígado.
Vale determinar que embora tenha havido melhor desempenho dos
métodos clássicos de diagnóstico e da introdução de novas técnicas, ainda não
está disponível o teste, que de forma isolada, englobe características
consideradas satisfatórias para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina
tais como: rapidez, baixo custo, especificidade e alta sensibilidade. E que
apesar do diagnóstico da doença, poder basear-se em vários testes, é
importante que ele seja realizado tomando por base sintomas clínicos e as
condições epidemiológicas do local.
42
CONCLUSÕES
43
5. CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos, é possível confirmar que a imagem ultra-
sonográfica do baço de cães tanto do grupo dos animais soropositivos quanto
dos negativos para leishmaniose foi inespecífica, apresentando aumento de
tamanho, ecotextura, variando do hipoecóico ao hiperecóico quando
comparado aos órgãos adjacentes.
a técnica da biopsia percutânea guiada pelo ultra-som do parênquima
esplênico, mostrou-se eficiente, revelando-se como uma ferramenta útil e
segura, oferecendo material satisfatório à avaliação tecidual com possibilidade
de presença do parasito.
Uma das vantagens da biópsia percutânea, destaca-se por ser uma técnica
viável quanto à avaliação órgão-específica por permitir a coleta de fragmento
possibilitando o estudo histopatológico, sem necessidade de cirurgia
(laparotomia), possibilitando uma ferida menor, oferecendo um período mais
curto de recuperação ao animal com menos riscos. Não foi observada
nenhuma alteração pós-biópsia nos animais, mostrando que a técnica de
biópsia percutânea guiada pelo ultra-som, é um procedimento seguro.
Neste caso, a biópsia guiada por ultra-som, se mostra favorável por ser um
exame fácil e seguro, uma vez que o equipamento é economicamente viável,
permitindo um acesso mais fácil a todo o parênquima esplênico. Além disso,
este procedimento é realizado em tempo real, possibilitando a obtenção de
amostras teciduais em qualquer direção.
44
REFERÊNCIAS
45
REFERÊNCIAS
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49
APÊNDICE
50
APÊNDICE
FICHA
Nº. _________ PROCEDÊNCIA: ___________________
ESPÉCIE:______________
RAÇA:___________ IDADE:__________ SEXO:_____________
SOROLOGIA:
POSITIVA NEGATIVA
ACHADOS CLÍNICOS:
EMACIAÇÃO
ONICOGRIFOSE
SECREÇÃO OCULAR
LESÃO DE PELE
LINFOADENOMEGALIA
OBS:
ACHADOS DE IMAGEM DO BAÇO:
TAMANHO
ARQUITETURA
ECOTEXTURA
0BS:
51
ANEXO
52
53
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