O imaginário é, então, esse dizer já colocado interdiscursivamente, uma
espécie de “reservatório” de sentidos para o sujeito. Mas nessa relação do
sujeito com o dizível, o imaginário atua na ilusão subjetiva que o faz crer ser a
origem do dizer. Encontra-se recalcado, para o sujeito, sua inscrição em uma
FD dominante. Ou, dito de outra maneira, a matriz de sentidos escapa ao
sujeito, e sobre ela o controle é praticamente nenhum. (MARIANI, 2003:33)
Schilder (1999) mostra que a beleza é um fenômeno social de grande importância,
porque gostamos de ser admirados pelos outros. No caso das mulheres, o autor lembra que ser
exemplo de beleza as realiza sobremaneira, ainda mais quando elas se sentem exclusivas,
sujeito de seu discurso de que manter um ritual de beleza deve fazer parte de suas vidas:
A interpelação do indivíduo em sujeito de seu discurso se efetua na
identificação (do sujeito) com a formação discursiva que o domina (isto é, na
qual ele é constituído como sujeito): essa identificação, fundadora da unidade
(imaginária) do sujeito, apóia-se no fato de que os elementos do interdiscurso
(sob sua dupla forma, descrita mais acima, enquanto “pré-construído” e
“processo de sustentação”) que constituem, no discurso do sujeito, os traços
daquilo que o determina, são re-inscritos no discurso do próprio sujeito
(PÊCHEUX:1988,163).
Outro aspecto a destacar é o fato de que essa maneira de abordar a mulher a insere
num determinado grupo social sem, no entanto, deixar que as diferenças sociais sejam motivos
de discórdia na sociedade, o que preserva a face de todos.
O modo mais seguro de se evitar ameaças à própria face é evitar contatos nos
quais exista a probabilidade de ocorrência de tais ameaças (GOFFMAN,
1980:84)
Dessa forma:
Emprega-se discrição; deixa de expor fatos que poderiam explícita ou
explicitamente contradizer e embaraçar as reivindicações positivas feitas por
outros. Emprega-se circunlóquios e artifícios, construindo suas respostas com
cuidadosa ambigüidade a fim de preservar a face dos outros, mesmo que não
seja possível preservar seu bem-estar ( Id., Ibid: 85)
Essa propaganda, lançada no catálogo do ciclo 06/2005, edição especial para o dia das
mães, traz alguns recortes de anúncios dos anos noventa, quando o CHRONOS entra no
mercado de cosméticos para inovar o conceito de beleza feminina. Trata-se de uma fala da