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no sentido etimológico (...) a matéria diz respeito ‘a substância ou
objeto ou assunto sobre o que particularmente se exerce a força de
um agente’. A área refere-se ao campo delimitado ou âmbito de atu-
ação do assistente social e a unidade do Serviço Social não se re-
duz a uma visão administrativa enquanto órgão de uma entidade,
definido em seu organograma, tal como se identifica no senso co-
mum. Pode ser ainda compreendida com ‘a ação simultânea de vá-
rios agentes que tendem ao mesmo fim’ ou ‘agrupamentos de seres
individuais, considerados pelas relações mútuas, que existem entre
si, pelos seus caracteres comuns, suas mútuas dependências’. Em
síntese, a unidade de Serviço Social pode ser interpretada como o
conjunto de profissionais de uma unidade de trabalho.
Portanto, como a supervisão de estágio é uma atribuição privativa do Assis-
tente Social, partimos do pressuposto de que, para esse exercício, é necessária a
compreensão do que viria a ser a matéria, a área e a unidade do Serviço Social.
Queremos dizer, por ser essa atividade exclusiva do profissional, ela também
o é para todos os da categoria de Serviço Social os quais, assim que graduados,
estariam preparados para desenvolver essa supervisão
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, compondo uma provável
unidade de Assistentes Sociais Supervisores de Campos de Estágios, cujos com-
promissos ético-políticos estariam pautados, além da reflexão que Buriolla trouxe
como contribuição, no Projeto Ético-Político
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do Serviço Social, permitindo o fortale-
cimento da identidade profissional relacionada com a transformação e defesa da jus-
tiça social.
Para tanto, a área de atuação do Assistente Social iria além do espaço sócio-
institucional em que está diretamente inserido, mas, também, de forma abrangente a
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Com relação a essa reflexão, Patrícia faz um adendo, ao dizer que, embora de fato a graduação
em Serviço Social prepare o estudante para essa atribuição de supervisionar os campos de estágios
ainda assim seria relevante trazer a necessidade de reafirmar que tal atribuição privativa poderia ser
uma discussão melhor aprofundada, ainda no processo de formação, ao dizer: “eu acho assim, a
faculdade realmente (dá) um respaldo, nós temos no curso, a gente sai com uma bagagem em
conhecimentos que a gente tem, minimamente, condições de supervisionar. Só assim, eu acho
que seriam importantes talvez alguns momentos de aprofundamento, durante a graduação. Então, eu
acho que seria importante para o profissional, principalmente no último ano que a gente já está sain-
do do curso de Serviço Social. Lógico que isso é um processo, não é só um aprendizado do último
ano, mas que a gente pudesse ter um aprofundamento para que os profissionais saíssem com
mais clareza da responsabilidade da supervisão, momentos em que a gente pudesse discutir
talvez experiências de supervisores, não como fórmulas, mas uma forma da gente poder, ainda
aluno, conhecer experiências de supervisores! (Pois), infelizmente, a gente vê muitos alunos que vão
para campos de estágio e ficam em funções administrativas”. (Patrícia)
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Sob o ponto de vista de sua materialidade, o Projeto Ético-Político está contido no Código de Ética,
onde estão postos os valores que o fundamentam, e, por extensão, fundamentam também a ação
profissional. Outras expressões do projeto, no caso brasileiro, constam da legislação que regulamen-
ta a profissão e nos currículos de cursos de formação graduada e pós-graduada em Serviço Social.
(MARTINELLI, 2004)