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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
MARGARETH DE OLIVEIRA TIMOTEO
ESTUDO DE BIOEQUIVALÊNCIA DA CLOZAPINA
EM PACIENTES PSICÓTICOS NO ESTADO DE
EQUILÍBRIO
NITERÓI
2008
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MARGARETH DE OLIVEIRA TIMOTEO
ESTUDO DE BIOEQUIVALÊNCIA DA CLOZAPINA EM PACIENTES PSICÓTICOS
NO ESTADO DE EQUILÍBRIO
Dissertação submetida ao Curso de
Pós-Graduação da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal
Fluminense como parte dos requisitos
necessários à obtenção do Grau de
Mestre em Ciências Médicas. Área de
concentração: Ciências Médicas.
Orientador: Prof. Dr. LUIZ QUERINO DE ARAUJO CALDAS
Co-orientador: Prof. Dr. GILBERTO PEREZ CARDOSO
Niterói
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
T585
T
imóteo, Margareth de Oliveira
Estudo de bioequivalência da clozapina em pacientes
psicóticos no estado de equilíbrio / Margareth de Oliveira
T
imóteo. – Niterói: [s.n.], 2008.
114 f., 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Universidade
Federal Fluminense, 2008.
1. Esquizofrenia. 2. Equivalência Terapêutica. 3. Clozapina-
administração e dosagem. 4. Agentes Antipsicóticos. 5.
Interpretação Estatística de Dados. I. Título
CDD 616.154
MARGARETH DE OLIVEIRA TIMOTEO
ESTUDO DE BIOEQUIVALÊNCIA DA CLOZAPINA EM PACIENTES PSICÓTICOS
NO ESTADO DE EQUILÍBRIO
Dissertação submetida ao Curso de
Pós-Graduação da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal
Fluminense como parte dos requisitos
necessários à obtenção do Grau de
Mestre em Ciências Médicas. Área de
concentração: Ciências Médicas.
Aprovada em: 03/12/2008
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Querino de Araújo Caldas - Orientador
UFF
_______________________________________________________
Prof. Dr. Beni Olej
UFF
_______________________________________________________
Prof. Dr. Leandro Machado Rocha
UFF
____________________________________________________
Profa. Dra. Rita de Cássia Elias Estrela Marins
INCA
_________________________________________________
Profa. Dra. Silvana Ramos Farias Moreno - suplente
UFF
______________________________________________________
Prof. Dr. Severo de Paoli - suplente
UFRN
Niterói
2008
Dedico aos pacientes esquizofrênicos,
isolados do convívio “normal”, aos excluídos, cuja
mente está aberta a um mundo particular, rico,
cheio de nuances, desconhecido para a maioria de
nós. Com alguns pude perceber a riqueza interior e
com outros, o completo abandono.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Jesus, Mestre dos mestres, em cuja fonte procuro beber e tornar-me
um ser melhor, por abrir minha mente e meu coração, tornando-me capaz de perceber
em cada indivíduo a Sua presença.
A meus pais, exemplos de vida, dignidade e coragem, pela alegria constante,
pelas preces contínuas e apoio, compartilhando cada vitória com a simplicidade dos
que amam verdadeiramente.
A meus filhos, Rafael, Gabriela e Isabella, a Marcelo, meu marido, a D. Arlette,
sogra amiga, o agradecimento pela vibração, pelo constante apoio e por suas
presenças em minha vida.
A minha família mineira, típica, generosa, alegre, acompanhando cada passo
desse meu caminhar como se fosse a coisa mais importante do mundo.
Ao meu orientador, prof. Luiz Querino de Araújo Caldas, por muito antes desse
mestrado, pela acolhida, pela confiança, pela amizade e, durante o trabalho, pela
presença incentivadora, pelo conhecimento, pelo entendimento silencioso e paciência,
quando alguns momentos particulares difíceis se apresentaram.
Ao prof. Gilberto Perez Cardoso, meu co-orientador, pelo incentivo, atenção
e interesse no andamento desse trabalho.
Ao prof. Beni Olej, incentivador sempre, ético, pelo discernimento, pela
capacidade de ouvir e orientar, de ser um oásis quando tudo parece inóspito.
Ao prof. Guillermo Velarde, pela infinita colaboração na parte estatística e pelas
aulas sempre alegres.
Ao prof. Mauro Vitor Mendlowicz, pelo seu olhar humano e ético ao tratar cada
paciente desse estudo.
À Dra. Silvana Moreno, pela orientação no planejamento da dissertação, pelas
dicas e pelo olhar crítico, sempre importante.
Aos professores do curso de Pós-Graduação em Ciências Médicas da
Universidade Federal Fluminense, pelos ensinamentos, dedicação e estímulo.
Aos queridos amigos farmacêuticos, colaboradores, Felipe Gomes, Jorge Rigo, e
Marcos Sousa, que abraçaram a tarefa diária do laboratório analítico com dedicação,
seriedade, com os quais pude trocar experiências importantes no desenvolvimento do
trabalho e sem os quais seria quase impossível chegarmos a esse momento.
Ao amigo farmacêutico Augusto, pela ajuda na confecção dos gráficos desse
trabalho e pela disponibilidade de ajuda sempre.
Ao Djalma, auxiliar dedicado, cujos cuidados na manutenção do laboratório, com
sua capacidade de organizar, minimizar os problemas, foi de suma importância para a
execução das análises.
À Fátima, incansável na tarefa de ajudar a solucionar os problemas que
apareciam durante os períodos de confinamento dos pacientes, sempre sorridente e
disposta.
A empresa Meizler, pela cessão dos medicamentos, padrões de referência e pelo
apoio analítico.
Aos colegas do curso de Pós-graduação, pela amizade e incentivo.
Aos amigos, queridos, que sempre torcem pelo nosso sucesso.
A todos os profissionais da Clínica EGO, pela colaboração e apoio.
Aos profissionais do Centro de Pesquisa Clínica, por facilitarem algumas tarefas
do dia a dia.
A todos que direta ou indiretamente colaboraram com esse trabalho, um sincero
agradecimento.
"Esse olhar que se voltava sobre ela [loucura] era então um olhar
fascinado, no sentido de que o homem contemplava nessa figura tão
estranha uma bestialidade que era a sua própria e que ele reconhecia
de um modo confuso, como infinitamente próxima e infinitamente
afastada; essa existência que uma monstruosidade delirante tornava
desumana e colocava no ponto mais distante do mundo era
secretamente aquela que ele sentia em si mesmo".
(FOUCAULT, 1995)
RESUMO
INTRODUÇÃO: Clozapina é um derivado dibenzodiazepínico, tricíclico, com potentes
propriedades antipsicóticas. Tem baixa afinidade por receptores D2 e, por isso, não
produz significativa síndrome extrapiramidal, típica dos principais fármacos nessa
categoria, sendo então, considerado como um neuroléptico atípico. É eficaz em
pacientes esquizofrênicos refratários ou intolerantes à terapêutica antipsicótica clássica.
OBJETIVOS: Comparar a biodisponibilidade de comprimidos de Clozapina em plasma
de pacientes psiquiátricos estáveis, tendo como referência 100mg de Leponex®,
Novartis Pharma AG, Suiça, e como teste, 100mg de Zolapin®, Synthon BV –
Holanda, através de método analítico alternativo, para determinar a bioequivalência
entre as formulações. O estudo foi realizado sob condições reais, em pacientes
psiquiátricos masculinos, estáveis, virgens de tratamento com Clozapina, com desenho
experimental randomizado, cruzado, duplo-cego, em duas seqüências, com múltiplas
doses do medicamento de referência e do medicamento em teste.MÉTODOS: Os
pacientes receberam 100 mg da formulação referência ou da formulação teste, duas
vezes ao dia, por 10 dias. No 10º dia de cada fase do estudo, amostras de sangue de
cada paciente foram coletadas às 0 h (antes da administração do medicamento), às
0,25, 0,5, 1, 1,5, 2, 2,5, 3, 3.5, 4, 5, 6, 8, 10 e 12 h após a administração da medicação.
O plasma de cada amostra coletada foi separado e armazenado a -20 °C até o ensaio
analítico. A concentração plasmática da Clozapina foi determinada por cromatografia
líquida de alta eficiência (HPLC). Os parâmetros farmacocinéticos foram calculados a
partir da concentração plasmática versus tempo obtidas pelo método analítico proposto.
A bioequivalência entre as duas formulações foi avaliada pelo cálculo individual das
concentrações plasmáticas máximas (C
max
) e da comparação das áreas sob a curva
(ASC
0-12h
) obtidas no ensaio. RESULTADOS: Todos os pacientes toleraram bem as
duas formulações de Clozapina. Nenhum efeito adverso sério foi relatado. Todos os
parâmetros farmacocinéticos calculados no presente estudo foram bastante
semelhantes quando comparados teste e referência. O intervalo de confiança 90%
para as médias geométricas das razões de lnC
max
(0.9677 – 0.9937) e lnASC
0-12h
(0.9811 – 1.0029) estava dentro do intervalo de bioequivalência (0.80 a 1.25) segundo
orientações da ANVISA e aceito pelos padrões regulatórios internacionais.
CONCLUSÃO: Os resultados demonstraram que a formulação Teste (Zolapin®) foi
bioequivalente à formulação Referência (Leponex ®), quando administrada por via oral
em pacientes esquizofrênicos, ambos em termos da taxa e extensão da absorção,
podendo ser intercambiável.
Palavras-chave: Clozapina, bioequivalência, biodisponiblidade relativa, estado de
equilíbrio.
ABSTRACT
INTRODUCTION:Clozapine is a dibenzodiazepine derivative, tricyclic, with potent
antipsychotic properties. The drug has low affinity for D2 receptors and therefore, it does
not produce significant typical extrapyramidal syndrome amongst the usual drugs of that
category. It is known as an atypical neuroleptic. Clozapine has been effective in
schizophrenic patients refractory or intolerant to classical antipsychotic therapy.
PURPOSE: To compare the relative bioavailability of two Clozapine formulations - 100
mg tablet Leponex from Novartis Pharma AG, Stein, Switzerland - as a Reference
formulation and 100 mg tablet Zolapin® from Synthon BV – Nijmegen – Holand - as a
Test formulation, through alternative analytical method to assess the bioequivalence
between both formulations. The present study was conducted under actual living
conditions of schizophrenic male patients, virgins of clozapine therapy, using a steady-
state, multiple-dose of both drugs, randomized crossover study design. METHODS: The
subjects received 100 mg twice a day of either the Reference formulation or the Test
formulation for 10 days. At day- 10 of each study phase, blood samples were collected
at 0 h (prior drug administration), 0.25, 0.5, 1, 1.5, 2, 2.5, 3, 3.5, 4, 5, 6, 8, 10 and
12 h after drug administration. Plasma was separated and stored at -20°C until assay
performed. The plasma concentration of Clozapine was determined by high performance
liquid chromatography (HPLC). Pharmacokinetic parameters were calculated from the
observed plasma-concentration time profiles using a short-cut chemical extraction. The
bioequivalence between the two formulations was assessed by calculating individual
peak plasma concentrations (C
max
) and the area under the concentration-time curve
(AUC
0-12 h
) ratios. RESULTS: All subjects were well tolerated both Clozapine
formulations. No serious adverse effects were reported. All of the pharmacokinetic
parameters calculated in the present study were quite similar either for the Test or the
Reference formulation. The 90% confident interval for both the means ratio lnC
max
(0.9677 – 0.9937) and lnAUC
0-12h
(0.9811 – 1.0029) were within the guidelines range
of bioequivalence (0.80 to 1.25) accepted by international regulatory standards.
CONCLUSION: The result demonstrated that the Test formulation (Zolapin®), was
bioequivalent to the Reference formulation (Leponex®), when orally administered in
schizophrenic patients, both in terms of the rate and extent of absorption, and must be
exchangeable..
Keywords: Clozapine. Bioequivalence. Bioavailability. Steady-state.
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
RESUMO
ABSTRACT
Página
1 INTRODUÇÃO 21
1.1 ESQUIZOFRENIA 22
1.1.1 Sintomas Positivos e Negativos 22
1.1.1.1 Sintomas positivos 22
1.1.1.2 Sintomas negativos 23
1.2 ANTIPSICÓTICOS 24
1.2.1 Antipsicóticos convencionais 24
1.2.1.1 Estrutura química da Clorpromazina 25
1.2.1.2 Estrutura química do Haloperidol 26
1.2.2 Antipsicóticos atípicos 26
1.2.2.1 Clozapina primeiros estudos 26
1.2.2.1.1 Clozapina farmacocinética e estrutura química 27
1.2.2.1.2 Clozapina – ação clínica 28
1.2.2.1.3 Clozapina no Brasil 29
1.3 MEDICAMENTOS GENÉRICOS 30
1.3.1 Bioequivalência e Biodisponibilidade 30
1.3.1.1 Bioequivalência 30
1.3.1.2 Biodisponibilidade 31
2 OBJETIVOS 32
3 JUSTIFICATIVA 33
4 MATERIAIS E MÉTODOS 34
Página
4.1 TIPO DE ESTUDO 34
4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO 34
4.3 LOCAL DA PESQUISA 35
5 ETAPA CLÍNICA 37
5.1 EXAMES LABORATORIAIS 37
5.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 37
5.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 38
5.4 PARTICIPANTES INCLUÍDOS 39
5.5 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO DOS MEDICAMENTOS 39
5.5.1 Fase I – Período de entrada 39
5.5.2 Fase II – Fase de estabilização 40
5.5.3 Fase III – Cruzamento 40
5.6 ESQUEMA DO DESENHO DO ESTUDO 41
5.7 CASOS DE RETIRADA DE VOLUNTÁRIOS (“drop outs”) 42
5.8 MEDICAMENTOS UTILIZADOS NO ESTUDO 42
5.9 CONFINAMENTO DOS PACIENTES E ADMINISTRAÇÃO DOS
MEDICAMENTOS 43
5.9.1 Período de “washout” 43
5.9.2 Alimentação e jejum 44
5.9.3 Cronograma de coleta e manuseio de amostras sanguíneas 44
5.9.3.1 Coleta das amostras sanguíneas 44
5.9.3.2 Manuseio das amostras sanguíneas 45
6 ETAPA ANALÍTICA 46
6.1 CONCEITOS E PARÂMETROS DA VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO 46
6.1.1 Matriz utilizada 46
6.1.2 Conceituação dos parâmetros validados 47
6.2 VALIDAÇÃO 49
6.2.1 Linearidade – preparação da curva de calibração 49
6.2.2 Seletividade 49
Página
6.2.3 Precisão 50
6.2.4 Exatidão 51
6.2.5 Estabilidade 51
6.2.5.1 Estabilidade em ciclos de congelamento 52
e descongelamento – curta duração
6.2.5.2 Estabilidade em temperatura ambiente – 52
curta duração
6.2.5.3 Estabilidade de longa duração 52
6.2.6 Recuperação 53
6.3 MÉTODO BIOANALÍTICO 53
6.3.1 Método analítico aplicado 54
6.3.1.1 Extração em fase sólida 54
6.3.2 Marcha analítica 55
7 ETAPA ESTATÍSTICA 57
7.1 PRINCIPAIS MEDIDAS FARMACOCINÉTICAS 57
7.1.1 ASC – Área sob a curva 58
7.1.1.1 Cálculo da ASC 58
7.1.2 Cmax e Tmax – concentração máxima do fármaco 59
e tempo para ocorrer Cmax
7.2 VARIÁVEIS AVALIADAS 59
7.3 APRESENTAÇÃO DE DADOS E ESTATÍSTICA DESCRITIVA 60
8 RESULTADOS 62
8.1 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO 62
8.1.1 Linearidade - curva de calibração 62
8.1.2 Seletividade 64
8.1.2.1 Cromatograma no limite de quantificação – 64
verificando interferentes
8.1.2.2 Tabela de plasmas do teste de seletividade 65
8.1.2.3 Cromatogramas obtidos no teste de seletividade 66
Página
8.1.2.4 Cromatograma de plasma lipêmico 70
8.1.2.5 Cromatograma de plasma hemolisado 71
8.1.3 Precisão intra-dia – Repetitividade 72
8.1.3.1 CQB – controle de qualidade de baixa concentração 72
8.1.3.2 CQM – controle de qualidade de média concentração 73
8.1.3.3 CQA – controle de qualidade de alta concentração 74
8.1.4 Precisão inter-lotes – Reprodutividade 75
8.1.5 Exatidão 76
8.1.5.1 Exatidão intra-dia para CQB 76
8.1.5.2 Exatidão intra-dia para CQM 77
8.1.5.3 Exatidão intra-dia para CQA 78
8.1.5.4 Exatidão inter-lotes 79
8.1.6 Estabilidade em ciclos de congelamento e descongelamento 80
8.1.6.1 Estabilidade de curta duração 80
8.1.6.2 Estabilidade de alta duração 81
8.1.7 Estabilidade de curta duração em temperatura ambiente 82
8.1.8 Recuperação 83
8.2 GRÁFICOS GERADOS APÓS ANÁLISES DOS PLASMAS DE PACIENTES 84
8.2.1 Gráfico da concentração/tempo 84
8.2.2 Gráficos de pacientes do estudo 85
8.3 ESTATÍSTICA 89
8.3.1 Comparação das medidas de Tmax e Cmax 89
8.3.2 Análise descritiva das medidas farmacocinéticas 91
8.3.3 Análise descritiva das concentrações plasmáticas 92
por fármaco
8.3.3.1 Fármaco A 92
8.3.3.2 Fármaco B 93
8.3.4 Histogramas de frequência de Cmax 94
8.3.4.1 Fármaco A 94
Página
8.3.4.2 Fármaco B 95
8.3.5 Tabela e gráficos de probabilidade normal 96
após transformação por logaritmo
8.3.5.1 Comparação de ln Cmax e ASC 96
8.3.5.2 Fármaco A – log Cmax 97
8.3.5.3 Fármaco B – log Cmax 98
8.3.6 Bioequivalência para Cmax 99
8.3.7 Bioequivalência para ASC (t_k) 99
8.3.8 Bioequivalência para ASC() 100
9 DISCUSSÃO 101
10 CONCLUSÃO 106
REFERÊNCIAS 107
OBRAS CITADAS 107
OBRAS CONSULTADAS 110
ANEXO I 112
ANEXO II 113
GLOSSÁRIO 114
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
FIGURA 1
FIGURA 2
FIGURA 3
FIGURA 4
FIGURA 5
FIGURA 6
Estrutura química da Clorpromazina.
Estrutura química do Haloperidol.
Estrutura química da Clozapina.
Esquema do desenho do estudo.
Estrutura química da Clozapina e da Dothiepina
Esquema da marcha analítica.
25
26
28
41
53
56
FIGURA 7
FIGURA 8
FIGURA 9
FIGURA 10
FIGURA 11
FIGURA 12
FIGURA 13
FIGURA 14
Curva de calibração
Cromatograma de amostra de plasma com Clozapina
e padrão interno (dothiepina).
Cromatograma de amostra de plasma normal,
branco, sem interferentes.
Cromatograma de amostra de plasma normal,
branco, sem interferentes.
Cromatograma de amostra de plasma normal,
branco, sem interferentes.
Cromatograma de amostra de plasma normal,
branco, sem interferentes.
Cromatograma obtido de plasma de paciente com
altos índices de gordura no sangue - com padrão
interno (dothiepina).
Cromatograma obtido de plasma hemolisado
com padrão interno (dothiepina).
63
64
66
67
68
69
70
71
FIGURA 15
FIGURA 16
FIGURA 17
FIGURA 18
FIGURA 19
FIGURA 20
FIGURA 21
FIGURA 22
FIGURA 23
FIGURA 24
Média dos dados da concentração de Clozapina no
plasma de 24 pacientes, após administração dos
fármacos A e B.
Gráfico obtido com dados de plasma de paciente
após os dois confinamentos e administração do
fármaco A e fármaco B.
Gráfico obtido com dados de plasma de paciente
após os dois confinamentos e administração do
fármaco A e fármaco B.
Gráfico obtido com dados de plasma de paciente
após os dois confinamentos e administração do
fármaco A e fármaco B
Gráfico obtido com dados de plasma de paciente
após os dois confinamentos e administração do
fármaco A e fármaco B.
Tempo (h) em que ocorreu concentração máxima de
Clozapina no plasma por paciente (N=24)
Histograma de freqüências de Cmax para o fármaco
A, dados originais.
Histograma de freqüências de Cmax para o fármaco
B dados originais
.
Gráfico de probabilidade normal para Cmax do
fármaco A, dados transformados
Gráfico de probabilidade normal para Cmax do
fármaco B, dados transformados
Página
84
85
86
87
88
90
94
95
97
98
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1 Dados de 3 curvas de resposta (ou analíticas)
para determinação da dados de 3 curvas de
resposta (ou curva de calibração) onde foram
plotados os pontos para determinação da
linearidade.
63
TABELA 2
TABELA 3
TABELA 4
TABELA 5
TABELA 6
TABELA 7
TABELA 8
TABELA 9
TABELA 10
Relação dos plasmas utilizados para o Teste de
seletividade.
Coeficiente de variação (%) de 3 lotes de Plasma
fortificados com 40ng/mL de Clozapina, com 5
replicatas cada, para avaliação do parâmetro
Precisão.
Coeficiente de variação (%) de 3 lotes de Plasma
fortificados com 1800 ng/mL de Clozapina, com 5
replicatas cada, para avaliação do parâmetro
Precisão.
Coeficiente de variação (%) de 3 lotes de Plasma
fortificados com 3200 ng/mL de Clozapina, com 5
replicatas cada, para avaliação do parâmetro
Precisão.
Coeficiente de variação (%) das médias dos
controles CQB, CQM e CQA de 3 lotes de
Clozapina, para avaliação da reprodutividade.
Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina do
controle CQB.
Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina do
controle CQM.
Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina do
controle CQA.
Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina
nos controles CQB, CQM e CQA.
65
72
73
74
75
76
77
78
79
Página
TABELA 11
TABELA 12
TABELA 13
TABELA 14
TABELA 15
TABELA 16
Estabilidade de curta duração – amostras de
diferentes níveis de concentração de Clozapina
submetidas a três ciclos de congelamento /
descongelamento e após, são analisadas e
comparadas com preparações recentes, para
avaliação da estabilidade da Clozapina .
Estabilidade de alta duração – preparações
congeladas a – 20º C por 6 meses são
comparadas com amostras recentes para
avaliação da estabilidade da Clozapina.
Estabilidade em temperatura ambiente -
preparações de diferentes níveis de concentração
de Clozapina são analisadas após ficarem
6 horas em temperatura ambiente e comparadas
com preparações recentes para avaliação da
estabilidade da Clozapina.
Recuperação - médias de 3 lotes de Clozapina nos
controles CQB, CQM e CQA.
Tempo em que ocorreu a concentração máxima de
Clozapina nos 24 pacientes do estudo (n=24)
comparando fármaco A e fármaco B.
Estatísticas das medidas farmacocinéticas do
fármaco A.
80
81
82
83
89
91
TABELA 17
TABELA 18
TABELA 19
TABELA 20
Estatísticas das medidas farmacocinéticas do
fármaco B.
Estatísticas das concentrações plasmáticas (ng/ml)
ao longo do tempo do fármaco A em 24 pacientes
(n=24).
Estatísticas das concentrações plasmáticas (ng/ml)
ao longo do tempo do fármaco B em 24 pacientes
(n=24).
Comparação das médias dos logaritmos de Cmax e
logaritmos de ASC da Clozapina em 24 pacientes
(n=24) após a administração dos fármacos A e B.
91
92
93
96
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ANOVA - análise de variância
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
ASC – área sob a curva
ASC - área sob a curva até a eliminação completa do fármaco
ASCtk – área sob a curva até o último tempo de coleta
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
C
max
– concentração plasmática máxima
C
min
– concentração plasmática mínima
CNS/MS– Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde
EA – evento adverso
ECG – eletrocardiograma
FDA – Food and Drug Administration - Agência de Administração de Alimentos e
Medicamentos (EUA)
FRC – formulário de registro de caso
HIV – vírus da imunodeficiência humana
HPLC- aparelho de cromatografia líquida de alta pressão
H
3
PO
4
– ácido fosfórico ou ortofosfórico
IC – intervalo de confiança
ICH - conferência internacional de harmonização
L - litro
µL – microlitro
LQ – limite de quantificação
mg – miligramas
mM – milimol
ng – nanograma
POP – procedimento operacional padrão
RE – Resolução específica
rpm – rotações por minuto
SD – desvio padrão
SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
SPE - extração em fase sólida
TCLE – termo de consentimento livre e esclarecido
Tmax – tempo para atingir a concentração plasmática máxima
UV – ultra-violeta
VIS – visível
21
1 INTRODUÇÃO
Uma das primeiras referências a problemas mentais de que se tem notícia
está na Bíblia. No Livro dos Juízes do Velho Testamento, há a descrição de
patologias psiquiátricas muito semelhantes às doenças diagnosticadas hoje.
É um problema bem antigo e inerente à espécie humana. Esse atributo do
homem parece ser conseqüência do aperfeiçoamento do nosso sistema nervoso, do
desenvolvimento acentuado do nosso cérebro que, às vezes, se desorganiza.
Embora as doenças mentais fossem conhecidas desde a Antigüidade e haja
na medicina greco-romana e do Oriente descrições pormenorizadas do que era
mania, do que era melancolia e existissem até hipóteses de que a melancolia, por
exemplo, era provocada por falta de melhor oxigenação do cérebro, por acúmulo
de bile negra no sistema nervoso, os recursos terapêuticos eficazes só surgiram no
século XX.
Nos séculos XVII e XVIII, porém, parece que o aumento do número de
portadores de doenças mentais começou a tomar proporções surpreendentes.
Talvez antes disso, o fato de a população estar distribuída de forma mais ou
menos homogênea pela cidade e pelo campo, diluísse a magnitude do problema. O
processo de urbanização fez com que portadores de doenças psiquiátricas graves
se concentrassem nas cidades. Sem dúvida, muitos passaram a perturbar a ordem
pública, foram presos e, com certeza, eliminados por nossos antepassados menos
lúcidos e esclarecidos a respeito do assunto.
22
Não se pode esquecer de que, durante muito tempo, as doenças psiquiátricas
eram consideradas sinal de bruxaria, de influência do demônio (GENTIL, 2008).
1.1 ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia é uma patologia do sistema nervoso central (SNC) que incide
sobre 1-2% da população mundial, e é responsável por 25% das internações
psiquiátricas.
Sua distribuição independe de sexo, idade, raça e nível sócio-econômico,
representando enorme desafio à neurociência. (MENEGATTI, 2004).
1.1.1 Sintomas Positivos e Negativos
Pacientes com esquizofrenia apresentam frequentemente sintomas psicóticos
positivos e negativos. Essa divisão tem por finalidade dizer de maneira objetiva o
estado do paciente.
Tendo como ponto de referência a normalidade, os sintomas positivos são aqueles
que não deveriam estar presentes, como as alucinações, e os negativos aqueles
que deveriam estar presentes mas estão ausentes, como o estado de ânimo, a
capacidade de planejamento e execução, por exemplo. (CHAVES, 1993).
1.1.1.1 Sintomas positivos
Alucinações – as mais comuns nos esquizofrênicos são as auditivas. O paciente
geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham, xingam, ordenam atos que os
pacientes reprovam, ameaçam, conversam entre si falando mal do próprio paciente.
Delírios – Os delírios mais comuns na esquizofrenia são os persecutórios. São as
idéias falsas que os pacientes têm de que estão sendo perseguidos, que querem
matá-lo ou fazer-lhe algum mal.
Perturbações do Pensamento – Há vários tipos de perturbações do pensamento e o
diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é distinta entre o esquizofrênico
23
que apresenta esse sintoma e um paciente com confusão mental, que pode ser uma
emergência neurológica.
Alteração da sensação do eu – Assim como os delírios, esses sintomas são
diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar, exceto em estados
mentais patológicos. Os pacientes com essas alterações dizem que não são elas
mesmas, que uma outra entidade apoderou-se de seu corpo e que já não é ela
mesma, ou simplesmente que não existe, que seu corpo não existe.
1.1.1.2 Sintomas negativos
Falta de motivação e apatia – Esse estado é muito comum, praticamente uma
unanimidade nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos cessaram.
O paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado ou vendo TV o tempo todo,
freqüentemente a única coisa que faz é fumar, comer e dormir. Descuida-se da
higiene e aparência pessoal. Os pacientes apáticos não se interessam por nada,
nem pelo que costumavam gostar.
Embotamento afetivo – As emoções não são sentidas como antes. Normalmente
uma pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas ou ruins respectivamente.
Esses pacientes são incapazes de sentir como antes.
Isolamento social – O isolamento é praticamente uma conseqüência dos sintomas
acima. Uma pessoa que não consegue sentir nem se interessar por nada, cujos
pensamentos estão prejudicados e não consegue diferenciar bem o mundo real do
irreal não consegue viver normalmente na sociedade.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão. A
depressão é tratável e costuma responder às medicações, já os sintomas negativos
da esquizofrenia não melhoram com nenhum tipo de antipsicótico. (SEEMAN, 2002).
24
1.2 ANTIPSICÓTICOS
Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções
psicomotoras, a qual pode encontrar-se aumentada em estados, como por exemplo,
de excitação e de agitação.
Esses fármacos foram inicialmente denominados “neurolépticos”, não devido aos
seus efeitos terapêuticos, mas sim devido aos seus efeitos colaterais de “natureza
neurológica”, os efeitos extrapiramidais.(OLIVEIRA, 2000).
Paralelamente eles atenuam também os distúrbios neuro-psíquicos chamados de
psicóticos, tais como os delírios e as alucinações. São substâncias químicas
sintéticas, capazes de atuar seletivamente nas células nervosas que regulam os
processos psíquicos no ser humano e a conduta em animais.
Por serem substâncias lipossolúveis, os neurolépticos têm facilitada sua
absorção e penetração no Sistema Nervoso Central.
O uso contínuo dos antipsicóticos resulta num acúmulo progressivo no
organismo, até que o nível se estabilize depois de alguns dias. O equilíbrio ideal
seria atingir uma situação onde a quantidade absorvida seja igual à excretada. Neste
momento ocorre o chamado equilíbrio plasmático.
1.2.1 Antipsicóticos convencionais
São fármacos empregados na terapia da esquizofrenia, que apresentam
como principais efeitos colaterais os sintomas extrapiramidais e Parkinsonianos. Os
antipsicóticos clássicos mais usados são: Clorpromazina (Amplictil®) e Haloperidol
(Haldol®).
Cerca de 60 a 80% dos pacientes com esquizofrenia podem melhorar com
antipsicóticos convencionais (Clorpromazina (Fig. 1) e Haloperidol) (Fig. 2).
25
Apesar disso, um percentual expressivo destes pacientes (20 a 40%) não
respondem a doses elevadas destes antipsicóticos, mesmo quando combinados a
outras formas de tratamento psicológico e social. Estes pacientes são chamados
“refratários” ou “resistentes”. (MERCOLINI et al, 2007).
Para serem considerados “refratários” (e assim, elegíveis para o tratamento
com Clozapina) é necessário não ter obtido resposta satisfatória em dois
tratamentos com antipsicóticos (típicos ou atípicos) em doses adequadas, por um
período de 6 semanas cada.
Este grupo de pacientes apresenta alta taxa de morbi-mortalidade, que se
traduz num elevado custo social e familiar.
1.2.1.1 Estrutura química da Clorpromazina
A clorpromazina pertence ao grupo das fenotiazinas, que são constituídas
por uma estrutura química de 3 anéis do tipo benzeno, sendo que o anel do meio
contém enxofre e nitrogênio. A fórmula molecular é C
17
H
19
N
2
ClS. Quimicamente é a
3-(2-cloro-10H-fenotiazina-10-yl)-N,N-dimetil-propan-1-amina.
FIGURA 1 - estrutura química da Clorpromazina
Nome comercial: Amplictil®
26
1.2.1.2 Estrutura química do Haloperidol
Faz parte do grupo das butirofenonas e se caracteriza quimicamente pela
presença do radical 1-fenil-1-butano. A fórmula molecular é C
21
H
23
ClFNO
2
e
quimicamente é
1-butanona,4-[4-(4-clorofenil)-4-hidroxi-1-piperidinil]1-(4-fluorofenil)
(GOODMAN & GILMAN, 2001).
.
FIGURA 2 - estrutura química do Haloperidol
Nome comercial: Haldol®
1.2.2 Antipsicóticos atípicos
Substâncias que apresentam efeitos terapêuticos em doses que não induzem
efeitos extrapiramidais são classificados como antipsicóticos atípicos. Os principais
antipsicóticos são: quetiapina, remoxipride, clozapina, olanzapina, ziprasidona e
amisulprida.
1.2.2.1 Clozapina – primeiros estudos
Antipsicótico atípico de referência, a Clozapina foi testada clinicamente na
década de 60, na Europa.
27
Infelizmente, observou-se que produzia granulocitopenia ou agranulocitose
em taxa muito mais elevada (1% a 2%) do que aquela observada nos antipsicóticos
convencionais. Isso levou à sua retirada do mercado (OLIVEIRA, 2000).
Em 1988, Kane e colaboradores realizaram um estudo multicêntrico que
testou o uso da Clozapina versus Clorpromazina em pacientes com esquizofrenia,
resistentes ao tratamento convencional. O estudo mostrou que a Clozapina além de
ter uma eficácia superior à Clorpromazina, era bem tolerada pelos pacientes que não
toleravam outros antipsicóticos. Ao contrário dos demais fármacos, a Clozapina
atenuava os sintomas positivos sem ocasionar efeitos extrapiramidais. Além disso,
apresentava eficácia contra os sintomas negativos da esquizofrenia. Um perfil
absolutamente “atípico” para um antipsicótico.
Assim, substâncias que, como a Clozapina, apresentam efeito terapêutico em
doses que não induzem efeitos extrapiramidais, são classificados como
“antipsicóticos atípicos”, em contraposição aos “antipsicóticos típicos” ou
“neurolépticos.
Com base nesses dados, em 1990, o (FDA) – Food and Drug Administration –
nos EUA, aprovou o uso da Clozapina em pacientes com esquizofrenia refratária,
mas com a condição de que houvesse uma monitorização sangüínea para evitar a
agranulocitose.
1.2.2.1.1 Clozapina – farmacocinética e estrutura química
Clozapina é um derivado dibenzodiazepínico, tricíclico (Fig. 3) com potentes
propriedades antipsicóticas. (JANN, 1991; TARSY, 2002). Quimicamente é o 8-cloro-
11-(4-metil-1-piperazinil)-5H-dibenzo[b,e][1,4] diazepina.
O composto tem baixa afinidade por receptores D2 e, portanto, não produz
significativa síndrome extrapiramidal, típica dos principais fármacos nessa
categoria.
Por isso é considerado como um neuroléptico atípico (GUITTON, 1999; NAHEED,
2001).
28
FIGURA 3 - estrutura química da Clozapina
Nome comercial: Leponex®
Vários estudos (FISCHER, 1992; NAHEED, 2001) mostram que a Clozapina
tem afinidade significativa para receptores sub-tipo D
4
, predominantemente corticais,
mas também mantém uma grande afinidade para outros receptores de dopamina.
A afinidade por receptores serotonina 5HT
2
também contribui para a baixa
incidência de efeitos extrapiramidais e discinesia tardia (BARNES, 1998; BASSITT,
1998).
Clozapina atua como antagonista de receptores adrenérgicos, colinérgicos, e
histaminérgicos e também serotoninérgicos (JANN, 1991; SEEMAN, 2002;
MERCOLINI et al., 2007).
1.2.2.1.2 Clozapina – ação clínica
Clinicamente, a Clozapina produz sedação rápida e acentuada e exerce
potente efeito antipsicótico. Observa-se melhora clínica relevante em cerca de um
terço dos pacientes nas primeiras seis semanas de tratamento e em 30 a 50% dos
pacientes nos quais se mantém o tratamento por até 12 meses.
Ocorre ainda melhora em alguns aspectos de alterações cognitivas e redução
na ocorrência de tentativas de suicídio.
29
Embora a Clozapina seja eficaz em pacientes esquizofrênicos refratários ou
intolerantes à terapêutica antipsicótica clássica (LLORCA, 2004) e também com uma
boa recuperação, durante a terapia em alguns pacientes com psicose crónica, uma
elevada incidência de agranulocitose (CHANDRASEKARAN, 2008) induzida pelo
agente (1-2% dos doentes) tem restringido o seu uso na prática psiquiátrica mais
abrangente.
Outros efeitos hematológicos incluem leucopenia, neutropenia e eosinofilia
(OLIVEIRA, 2000; TASSANEEVAKUL et al., 2005).
Assim, a Clozapina é normalmente escolhida para pacientes que não
respondem aos neurolépticos típicos ou para aqueles que venham a sofrer de
graves efeitos secundários, tais como síndrome extrapiramidal, usando a mesma
medicação clássica (BARNES, 1998; OLIVEIRA, 2000).
Após a administração oral, a Clozapina é rapidamente absorvida. Há um
extenso metabolismo de primeira passagem e apenas 27 a 50% da dose atinge a
circulação sistêmica inalterada. A Clozapina é metabolizada em vários metabólitos,
mas apenas a norclozapina (desmetilclozapina) é terapeuticamente ativa (NAHEED,
2001).
O tempo de aparecimento da concentração plasmática máxima da Clozapina
após uma única dose oral (75 ou 100 mg) é aproximadamente 90 minutos; sua meia-
vida de eliminação é de 4 a 12 horas (média de 8 horas) e o volume de distribuição é
de 1,6L/Kg (TASSANEEVAKUL et al., 2005).
1.2.2.1.3 Clozapina no Brasil
A Clozapina começou a ser testada no Brasil em estudos abertos a partir de
1970 e foi lançada comercialmente em agosto de 1992 (CHAVES et al, 1993).
30
Desde então, foi comercializada na forma de medicamento de referência e
como similar, porém sem estudos de biodisponibilidade/bioequivalência que
pudessem caracterizar o medicamento genérico.
1.3 MEDICAMENTOS GENÉRICOS
A introdução de medicamentos genéricos e similares e a realização de
estudos de biodisponibilidade e bioequivalência, de forma rotineira no Brasil, iniciou-
se após a promulgação da chamada Lei dos Genéricos (No. 9787/99).
Baseada em princípios aceitos internacionalmente, esta lei tem permitido a
introdução no mercado de medicamentos seguros, testados, que podem ser
intercambiados com os medicamentos inovadores, e com um expressivo impacto
positivo no preço para o consumidor, particularmente daqueles que são portadores
de doenças crônicas, necessitando a utilização de medicação de forma contínua
(MAKELA, 2003).
1.3.1 Bioequivalência e Biodisponibilidade
1.3.1.1 Bioequivalência
A bioequivalência entre medicamentos administrados pela mesma via
extravascular pode ser avaliada pela comparação dos parâmetros farmacocinéticos
relacionados à biodisponibilidade, ou seja, à quantidade absorvida e à velocidade do
processo de absorção.
Comparam-se dois produtos, administrados por via extravascular, sendo um
deles o referência, geralmente designado como tal pela autoridade regulatória,
que no Brasil é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (ANVISA,
2003; WEIGMANN, 1992; LIU, 2001).
Deste modo, considera-se que dois medicamentos são bioequivalentes
quando apresentam equivalência farmacêutica (mesma forma farmacêutica e
31
quantidade do mesmo princípio ativo) e, ao serem administrados na mesma dose
molar, nas mesmas condições experimentais, não apresentam diferenças
estatisticamente significativas em relação á biodisponibilidade.
Do ponto de vista prático, formulações bioequivalentes podem ser
intercambiáveis, com o mesmo perfil de eficácia e segurança.
1.3.1.2 Biodisponibilidade
Considera-se biodisponibilidade como a taxa e a extensão na qual uma
molécula ativa é absorvida e torna-se disponível no sítio de ação do fármaco.
Considerando-se que a quantidade de fármaco contida no fluido biológico
está em equilíbrio com o sítio de ação, a biodisponibilidade é determinada através
da medida da concentração do princípio ativo da droga em sangue total, soro ou
outro fluido biológico apropriado, em função do tempo (ROSLAND, 2007;
MERCOLINI, 2007).
Os principais parâmetros farmacocinéticos utilizados para a avaliação da
biodisponibilidade são: o pico de concentração máxima (Cmax); o tempo para
ocorrer o pico (Tmax) e a área sob a curva (ASC).
O estudo atual foi realizado para comparar os perfis farmacocinéticos e para
avaliar a bioequivalência das duas formulações de Clozapina em 24 pacientes
esquizofrênicos sob circunstâncias controladas.(GOLDEN, 2008; GUITTON, 1997;
AVENOSO, 1998).
A formulação do comprimido de Clozapina do teste (Zolapin® – Meizler – 100
mg) foi comparada com a formulação do comprimido de Clozapina da referência
(Leponex® – Novartis – 100 mg), usando um estudo de estado estacionário, com
múltiplas doses, randomizado, cruzado.
32
2 OBJETIVOS
Determinar a possível bioequivalência de dois medicamentos cujo princípio
ativo é a Clozapina, comparando a formulação do medicamento de referência
(Leponex®, Novartis), com o medicamento teste (Zolapin®, Meizler), de acordo com
os parâmetros farmacocinéticos testados através da medida da concentração da
Clozapina em função do tempo.
Validar um método analítico alternativo – contemplando os parâmetros do
Guia para Validação de Método Analítico e Bioanalítico da RE 899 de 29/05/03 da
ANVISA.
Avaliar as características da biodisponibilidade da formulação de Clozapina
em comprimidos de 100mg, através do método analítico alternativo validado,
utilizando plasma obtido de pacientes psiquiátricos selecionados.
33
3 JUSTIFICATIVA
O presente estudo oferece uma alternativa analítica para avaliação da
Clozapina, cujo método de análise apresenta elementos que o diferenciam de
outros publicados.
A validação de um método analítico alternativo dá aos laboratórios analíticos
uma liberdade na escolha do método, de acordo com a disponibilidade de materiais,
reagentes, equipamentos, aparelhos, etc.
Por se tratar de um medicamento, cuja determinação da biodisponibilidade
exige que se trabalhe com pacientes e não com voluntários saudáveis, o protocolo
da etapa clínica é diferente dos protocolos usuais e traz para a nossa realidade, um
diferencial importante nos estudos de bioequivalência e biodisponibilidade.
Em geral, e particularmente no caso da Clozapina, que é um medicamento
de preço relativamente alto para os padrões brasileiros, não sendo distribuído na
rede pública, a opção de uso de um medicamento genérico tem um impacto positivo
sobre os custos do tratamento, sendo importante para a adesão e benefícios
esperados.
Uma vez aprovada como formulação genérica, torna-se intercambiável
com o medicamento referência.
34
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de estudo com desenho experimental randomizado, cruzado, duplo-
cego em pacientes psiquiátricos estáveis, virgens de tratamento com Clozapina, em
duas seqüências, com múltiplas doses do medicamento de referência (Leponex®,
Novartis) e do medicamento em teste (Zolapin®, Meizler), comparando a
bioequivalência entre ambos, em comprimidos de 100 mg.
Como todo estudo de bioequivalência, o presente estudo foi realizado em três
etapas: etapa clínica, etapa analítica e etapa estatística .
e III – cruzamento
4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO
Estudos anteriores de bioequivalência com a Clozapina, realizados com
voluntários sadios, ocasionaram efeitos adversos sérios, como hipotensão,
bradicardia, síncope e assistolia (CHAVES et al, 1993). Por este motivo, o FDA
publicou em 2003 um guia para estudos de bioequivalência com Clozapina, a ser
conduzido em pacientes psiquiátricos. O presente projeto teve sua metodologia
baseada nesta recomendação do FDA (FDA, 2003).
35
Foram selecionados 36 pacientes, do sexo masculino, distribuídos em 2
grupos de 18 (n=18), portadores de distúrbio psiquiátrico compatível com grau leve
a moderado de desordem esquizofrênica refratária, regularmente internados na
Clínica Psiquiátrica Ego, de Itaboraí, Rio de Janeiro.
Todos os pacientes e seus responsáveis foram informados sobre a natureza
do estudo e tiveram todas as dúvidas esclarecidas. O Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido foi obtido dos pacientes ou de seus responsáveis antes de qualquer
procedimento. O mesmo foi revisado, datado e assinado pelo paciente ou seu
responsável, por um membro da equipe do estudo e mais duas testemunhas,
sendo uma cópia fornecida ao participante e o original foi mantido nos registros
médicos do paciente.
Os pacientes, virgens de tratamento com Clozapina e tratados com
antipsicóticos típicos, tinham idades entre 27 a 52 anos (média de 40.6 ± 7.6); peso
corporal entre 71.7 e 95.0 Kg (média de 82.43 ± 12.4) e IMC (índice de massa
corporal) entre 18 e 34.
Entretanto, somente vinte e quatro (n=24) pacientes completaram todas as
etapas do estudo, devido a problemas técnicos de coleta de amostras sanguíneas
em alguns, cuja quantidade não foi suficiente para guardar amostras de contra-
prova, e em alguns casos, devido ao uso concomitante de outros medicamentos,
na clínica EGO, que poderiam interferir na biodisponibilidade da Clozapina.
4.3 LOCAL DA PESQUISA
O estudo foi realizado no Centro de Pesquisa Clínica da Universidade Federal
Fluminense, cadastrado e aprovado pela ANVISA para a realização de estudos
clínicos controlados nas etapas clínica, analítica e estatística.
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Geral de
Bonsucesso, no Rio de Janeiro sob o número 06/04.
36
As Diretrizes de Qualidade e o Manual de Procedimentos Operacionais
Padrão do Centro de Pesquisa foram analisados, aprovados e cadastrados pela
ANVISA e estavam de acordo com as Boas Práticas Clínicas e Laboratoriais,
segundo a Resolução 196/96 do CNS/MS e ICH.
As consultas de avaliação foram realizadas nas dependências da Clínica
Psiquiátrica EGO, em Itaboraí, Rio de Janeiro, com a equipe médica local, sob a
supervisão de médico psiquiatra signatário do Protocolo do Estudo.
Os pacientes, após terem sido avaliados pela supervisão clínica da Clínica
EGO (anamnese e exame físico), quando considerados aptos, eram encaminhados
em grupo para as salas de atendimento e internação do Centro de Pesquisa Clínica
durante o período de colheita de amostras, de acordo com o Protocolo de Pesquisa.
37
5 ETAPA CLINICA
5.1 EXAMES LABORATORIAIS
Os exames laboratoriais de admissão, assim como os exames durante e
após o estudo, foram realizados por laboratório credenciado e certificado –
Laboratório Bronstein Medicina Diagnostica - aprovado pela ANVISA.
A avaliação laboratorial utilizou hemograma completo, ECG de 12
derivações, bioquímica sanguínea (dosagens de glicose, uréia, creatinina, ácido
úrico, sódio, potássio, CPK, triglicerídeos, colesterol total, TGO, TGP, GGT), exame
de urina. Tipo I, conforme previsto na Portaria 116/MS/SNVS, de 08/08/1996.
5.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Pacientes psiquiátricos internados que sofriam de psicose crônica (por
exemplo, esquizofrenia) e virgens de tratamento com Clozapina ;
Idade entre 18 e 59 anos;
Estar fisicamente saudável determinado através de exame físico (inclusive
ECG e sinais vitais), história médica e hematologia de rotina e testes
bioquímicos, feitos durante a seleção;
Vontade do responsável de envolver paciente no exame físico pré-estudo e
investigações de laboratório pré – e pós – estudo;
38
Habilidade do responsável em compreender e vontade para assinar o Termo
de Consentimento Informada, Livre e Esclarecido – TCLE - após a informação
ter sido disponibilizada verbalmente e por escrito.
5.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Histórico de reações alérgicas a outro psicotrópico quimicamente relacionado
com a Clozapina;
Concomitância de desordens neurológicas ou psiquiátricas primárias,
incluindo desordem orgânica mental, discinesia tardia severa ou doença de
Parkinson idiopática;
Leucograma abaixo de 3.500 céls/ml ou neutrófilos abaixo de 2.000 céls/ml;
Histórico de granulocitopenia ou desordens mieloproliferativas;
Hipotensão ortostática significativa, definida como queda de 30 mmHg ou
mais na pressão sistólica e/ou 20 mmHg ou mais na diastólica, ao se levantar;
Condição médica ou cirúrgica que possa interferir com a absorção,
metabolismo, ou excreção de Clozapina;
Histórico de epilepsia ou risco de convulsões;
Uso concomitante de outras drogas capazes de deprimir a hematopoiese;
Testes positivos para abuso de drogas ou álcool na triagem ou em condições
basais;
História de dependência de álcool ou drogas no período de 6 meses antes do
início do estudo;
39
Expectativa de falha na adesão ao esquema de medicação;
Prova positiva para antígeno de HIV, infecção ativa por Hepatite B.
5.4 PARTICIPANTES INCLUÍDOS
Na primeira etapa do estudo, participaram 36 pacientes psiquiátricos, do sexo
masculino, recrutados e incluídos, por encaminhamento pelo psiquiatra assistente,
após avaliação clínico-laboratorial e assinatura de Termo de Consentimento
Informado, por parte do seu responsável legal, (ou do paciente, quando considerado
apto), segundo os procedimentos operacionais do Centro de Pesquisa Clínica da
UFF.
Devido a problemas com medicação, 2 pacientes foram excluídos ainda na
primeira etapa do estudo e 34 dos pacientes randomizados completaram a Etapa
Clínica, dos quais 24 foram incluídos nas Etapas Analítica e Estatística, pois nestes
não houveram desvios dos critérios estabelecidos.
5.5 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO DOS MEDICAMENTOS
A administração dos medicamentos seguiu o seguinte esquema:
5.5.1 Fase I – Período de entrada:
Os 36 voluntários, virgens de tratamento com Clozapina, receberam doses
crescentes do medicamento de referência (Leponex®),
Para o fracionamento, foram usados os medicamentos de referência
Leponex® de 25 mg e de 100 mg, cujas análises físico-químicas foram realizadas no
Laboratório Universitário Rodolpho Albino – LURA, da UFF.
A adesão ao medicamento foi garantida pela equipe médica e multidisciplinar
da clínica EGO.
40
A seguir o esquema de administração do medicamento nessa fase:
Dias 1 : 12,5mg a cada 12 horas;
Dias 2 e 3: 25mg a cada 12 horas;
Dias 4: 50mg pela manhã e 75mg à noite;
Dias 5 e 6: 75mg a cada 12 horas;
Dias 7: 100mg a cada 12 horas.
5.5.2 Fase II – Fase de Estabilização:
Após a fase de entrada, os pacientes estabilizados considerados aptos para o
estudo (34 pacientes) eram randomizados em dois grupos (A e B), recebendo
100mg a cada 12 horas do medicamento de referência ou do teste.
Esta fase durou 10 dias (do dia 8 ao dia 17). Ao final deste período, os
pacientes foram confinados no Centro de Pesquisa Clínica da UFF, onde tiveram
colhidas as amostras de sangue para análise.
5.5.3 Fase III – Cruzamento:
Os dois grupos de pacientes (A e B) eram cruzados em relação ao tipo de
medicamento recebido, (Fig. 4), continuando com 100mg a cada 12 horas, por mais
10 dias (dias 18 a 27).
Ao final deste período, ocorria novo confinamento para coleta de amostras
para análise.
Após as 3 fases da etapa clínica, de acordo com a avaliação do Psiquiatra
Assistente, os pacientes continuaram a receber a dose de 100mg a cada 12 horas,
ou tiveram sua dose ajustada para outra clinicamente mais efetiva, neste caso, do
medicamento de referência.
41
5.6 ESQUEMA DO DESENHO DO ESTUDO
Medicamento referência x Medicamento em estudo
Fase I – entrada (n=36)
(dias 1 a 7) medicamento referência
“drop outs”
1
(n=2)
(n=34)
Medicamento referência Medicamento teste
Fase II- estabilização Grupo I Grupo II
(dias 8 a 17) (n=17) (n=17)
Medicamento referência Medicamento teste
Fase III – cruzamento Grupo II Grupo I
(dias 18 a 27) (n=17) (n=17)
FIGURA 4 – esquema do desenho do estudo
--------------------
1
“Drop outs” é uma expressão em inglês que significa abandono, retirada do estudo.
42
5.7 CASOS DE RETIRADA DE VOLUNTÁRIOS (“Drop outs”)
Um voluntário foi excluído logo ao início do estudo, quando constatou-se a
ocorrência de plaquetopenia prévia ao início da medicação de estudo. Este
voluntário foi encaminhado e tratado no Serviço de Hematologia do Hospital
Universitário Antonio Pedro.
Um segundo voluntário foi retirado por apresentar neutropenia (contagem de
neutrófilos abaixo de 2000 céls/ml), conforme critério de exclusão do Protocolo. Após
ter a medicação suspensa ainda na fase de entrada, utilizando o medicamento de
referência (Leponex®), seu acompanhamento posterior demonstrou recuperação
satisfatória dos níveis de neutrófilos. Neste caso, considerou-se o evento como
resultante da administração da droga de estudo.
5.8 MEDICAMENTOS UTILIZADOS NO ESTUDO
O medicamento teste foi oferecido pelo patrocinador enquanto que o produto
de referência foi comprado no mercado farmacêutico.
Medicamento referência – comprimido de Clozapina de 100 mg, nome
comercial Leponex®, da fabricante Novartis, lote ZO 007, prazo de validade maio de
2007, e o medicamento teste, Zolapin®, comprimido de 100 mg de Clozapina da
fabricante Meizler, lote 04H13GAC, expirando a validade em agosto de 2007.
As análises de equivalência farmacêutica foram realizadas pelo Laboratório
Universitário Rodolpho Albino, da UFF, e os laudos encaminhados ao Centro de
Pesquisa Clínica e anexados ao estudo.
Por ocasião do término dos ensaios, foi quebrado o código duplo-cego,
constatando-se que o medicamento A= teste, ou seja, Zolapin® e o medicamento
B= referência, isto é, o Leponex®.
43
5.9 CONFINAMENTO DOS PACIENTES E ADMINISTRAÇÃO DOS MEDICAMENTOS
Os pacientes selecionados do estudo foram admitidos no Centro de Pesquisa
Clinica, da Universidade Federal Fluminense, localizado no 4
o
. andar do Hospital
Universitário Antonio Pedro, as 07:00 horas da manhã, e estavam acompanhados
da equipe de saúde da Clínica EGO.
Na admissão, eram imediatamente examinados individualmente pela equipe
médica, os sinais vitais eram aferidos entre 13 e 14 horas e recebiam a alta médica
às 20 horas, após novo exame clínico.
Todos os pacientes admitidos já haviam sido incluídos na dosagem
terapêutica normal de Clozapina (Fase I – Estabilização), permanecendo na mesma
dose por um período 10 dias para o cruzamento do estudo nas semanas seguintes.
A dose diária de 200 mg (dividida em duas de 100mg) foi igual para cada
grupo testado. Os pacientes receberam o produto pertinente (de acordo com a Lista
de Randomização – Anexo I) às 08:00 e as 20:00h, ingerido com 120 ml de água
filtrada .
5.9.1 Período de “washout”
Considerando o tipo de desenho experimental realizado, não houve período
de “washout”
2
entre os dois tratamentos (teste e referência). Após o primeiro
confinamento, os grupos de pacientes foram cruzados e começaram imediatamente
a utilizar o outro medicamento, por dez dias, até o segundo período de
confinamento.
--------------------
2
“wash out” significa período de eliminação, que é definido como um intervalo de tempo
suficientemente grande entre dois períodos de tratamentos para que o efeito residual de uma
formulação administrada num período seja eliminado das unidades experimentais até o próximo
período (ANVISA, 2003)
44
5.9.2 Alimentação e Jejum
Durante as etapas de entrada e estabilização, os voluntários tiveram dieta
livre, conforme a rotina da Clínica EGO.
Nos dias de confinamento, após jejum de 12 horas, iniciou-se a coleta de
amostras. O medicamento foi administrado com 120ml de água.
Durante a estadia no Centro de Pesquisa os pacientes receberam
alimentação conforme esquema dietético (Anexo II) preconizado por nutricionista da
equipe.
5.9.3 Cronograma de coleta e manuseio de amostras sanguíneas
No décimo dia de cada período de estabilização, os pacientes eram
transportados para o Centro de Pesquisa Clínica, no 4º andar do Hospital
Universitário Antônio Pedro, onde permaneceram por 12 horas, sob supervisão
médica e psiquiátrica e para a coleta de amostras para análise.
5.9.3.1 Coleta das amostras sanguíneas
Amostras de sangue venoso (10 mL) eram coletadas através de cateter
venoso individual de demora do tipo “butterfly” durante todo o período do ensaio
(i.e.12 horas).
Quando havia formação de coágulo no catéter antes das 12 h previstas, este
era removido ou substituído. Se o catéter fosse removido, as amostras de sangue
subseqüentes eram coletadas através de venopunctura. Poucas foram estas
ocorrências.
45
Registrou-se individualmente em cada Formulário de Registro de Caso –
FRC, o tempo real de coleta de sangue.
As amostras de sangue foram coletadas às 0 h (antes da administração do
medicamento) e às 0,25, 0,5, 1, 1,5, 2, 2,5, 3, 3.5, 4, 5, 6, 8, 10 e 12 h após a
administração da medicação.
5.9.3.2 Manuseio das amostras sanguíneas
Nos próximos 30 minutos pós-coleta, fazia-se a centrifugação do sangue a
1200g, em temperatura ambiente (25
o
.C), por 10 minutos; o sobrenadante de cada
amostra era então dividido em 2 alíquotas e transferido a tubos de plástico
identificados.
Todos os tubos possuíam etiquetas com a seguinte informação: nº. do estudo,
analito, dia e hora, número do paciente, número da amostra e período de
tratamento.
As amostras de plasma eram armazenadas adequadamente em condições
suficientes para manter as amostras em um estado congelado em um freezer a –
20ºC, nas dependências do Laboratório Analítico até à realização dos ensaios
analíticos.
A concentração plasmática da Clozapina foi determinada por cromatografia
líquida de alta eficiência (HPLC PerkinElmer series 200) com detector UV-VIS a 245
nm.
46
6 ETAPA ANALÍTICA
6.1 CONCEITOS E PARÂMETROS DA VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO
O processo de validação é essencial para definir se uma metodologia
desenvolvida está completamente adequada aos objetivos a que se destina, a fim de
se obter resultados confiáveis que possam ser satisfatoriamente interpretados.
De acordo com as normas de estudos de bioequivalência estabelecidas pela
ANVISA, para a validação de método bioanalítico, devem ser determinados os
seguintes parâmetros: linearidade, limite de quantificação, seletividade, exatidão,
precisão (repetitividade e reprodutibilidade) e estabilidade de curta e longa duração
(ANVISA - RE Nº 899). A recuperação é determinada na pré-validação.
6.1.1 Matriz utilizada
Em estudos bioanalíticos utiliza-se uma matriz biológica que vem a ser um
material individualizado de origem biológica que pode ser amostrado e processado
de maneira reprodutiva. Podem ser usados sangue, plasma, urina, saliva, etc.
A matriz utilizada para validação do método analítico em nosso estudo foi
plasma humano obtido de voluntários no HUAP e do Laboratório Bronstein.
47
6.1.2 Conceituação dos parâmetros validados
Os conceitos a seguir são os constantes do Manual de Boas Práticas em
Biodisponibilidade/ bioequivalência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA, do ano de 2002.
Analito é um composto químico específico que é mensurado o qual pode ser um
fármaco intacto, biomolécula ou seu derivado, metabólito e ou produto de
degradação em uma matriz biológica.
Branco: é uma amostra de matriz biológica na qual nenhum analito foi adicionado e
é utilizada para nortear a seletividade e especificidade do método analítico.
Seletividade é a habilidade do método analítico de diferenciar e quantificar o analito
na presença de outros constituintes da amostra e se refere diretamente à resposta
para um simples analito.
Limite de Quantificação - LQ - é a menor quantidade de um analito na amostra que
pode ser quantitativamente determinada com aceitável precisão e exatidão. Também
conhecido como Limite Inferior de Quantificação.
A linearidade de uma metodologia analítica é a capacidade de demonstrar que os
resultados obtidos são proporcionais à concentração do analito dentro de um
intervalo especificado. O critério mínimo de aceitação do coeficiente de correlação
linear (R
2
) deve ser igual ou superior a 0,98.
Estabilidade - a avaliação da estabilidade das soluções utilizadas no método
analítico é de suma importância, já que uma degradação do analito ou dos
constituintes da matriz durante a estocagem ou análise da amostra podem afetar a
exatidão dos resultados.
A ANVISA
estabelece ensaios envolvendo ciclos de congelamento e de
descongelamento, em períodos de curta e longa duração, além de verificar também
a estabilidade do(s) analito(s) em soluções padrão.
48
Precisão é um parâmetro que descreve a proximidade de medidas individuais de um
analito quando o procedimento do método proposto é aplicado repetidamente a
múltiplas alíquotas de um único volume de matriz biológica fortificada com analito e
padrão interno.
A precisão de métodos analíticos é uma medida de erro aleatório e é definida
como concordância entre várias medidas da mesma amostra, sendo expressa como
percentual do coeficiente de variação (CV%) dessas medidas.
Para a validação de métodos em um único laboratório, duas etapas são
relevantes para esse parâmetro: precisão intra-ensaio ou repetibilidade, que
descreve as variações observadas durante uma única corrida analítica e, precisão
inter-ensaios ou reprodutibilidade que descreve o grau de variações, obtida por
meio de alteração de condições, como mudança de analista, reagentes ou
equipamento, ou utilização do método durante várias semanas ou meses,
observadas em diferentes corridas analíticas (PASCHOAL et al., 2008).
Seguem os critérios que o Manual de Boas Práticas em biodisponibilidade e
bioequivalência da ANVISA (2003, p.66) indicam para avaliar a precisão e que foi
seguido em nosso trabalho:
“A precisão deve ser medida usando um mínimo de cinco determinações
por concentração. Um mínimo de três concentrações pertinente a toda faixa
de estudo é recomendado.
A precisão determinada a cada nível de concentração não deve exceder
15% em coeficiente de variação (CV) exceto no limite mínimo de
quantificação, o qual não deve desviar mais de 20% em CV.
A precisão é posteriormente subdividida em precisão ou repetitividade
dentro da corrida ou intra lote, que fornece a precisão durante uma única
corrida analítica, e precisão ou reprodutividade entre corridas ou inter
loteque mede a precisão ao longo do tempo, podendo envolver diferentes
analistas, equipamentos, reagentes e laboratórios
.”
Exatidão de um método analítico descreve a proximidade da média dos resultados
obtidos em um teste com o valor real (concentração) do analito.
49
Recuperação é a quantidade do analito obtida após o processo de separação. A
quantificação é comparada com a concentração nominal de um padrão adicionada à
matriz biológica antes do processo de separação. A recuperação indica a eficiência
da extração de um processo analítico.
6.2 VALIDAÇÃO
6.2.1 Linearidade – preparação da curva de calibração
No nosso estudo a linearidade foi avaliada através da construção de uma
curva de calibração, com os seguintes parâmetros:
Branco: amostra de plasma branco sem padrão interno, aplicando o procedimento
do método analítico proposto.
Amostra zero: amostra de plasma branco com padrão interno passando pelo
procedimento do método analítico proposto.
Amostras não-zero: amostras de plasmas brancos fortificados com analito em
diferentes concentrações e padrão interno, passando pelo procedimento do método
analítico proposto.
6.2.2 Seletividade
Substâncias potencialmente interferentes numa matriz biológica incluem
componentes endógenos da matriz, metabólitos, produtos de decomposição, e
durante o estudo, medicação tomada concomitantemente e outros possíveis
interferentes.
O “Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos” da ANVISA
recomenda que para a seletividade, análises de amostras “branco”, da matriz
plasma, devem ser obtidas de pelos menos seis fontes:
50
04 plasmas normais; 01 plasma lipêmico; 01 plasma hemolisado (Tab. 2).
Qualquer amostra “branca” com interferência significativa no tempo de
retenção do analito ou do padrão interno deve ser rejeitada (Fig. 8 a 13).
A seletividade deve ser assegurada no limite de quantificação (LQ), que é a
menor concentração medida com precisão e exatidão aceitáveis. A resposta de
picos interferentes no tempo de retenção do analito deve ser inferior a 20% da
resposta do LQ.
6.2.3 Precisão
Foram preparadas amostras de plasmas fortificados com analito em 3 níveis:
Controle de Qualidade de Alta concentração - CQA (3200 ng/mL), Controle de
Qualidade de Média concentração - CQM (1800 ng/mL) e Controle de Qualidade de
Baixa concentração - CQB (40 ng/mL) ,suficientes para 5 extrações em cada nível.
Foram retiradas 5 alíquotas de cada concentração e aplicado o procedimento
de extração do método proposto.
A precisão foi determinada em cada nível de concentração através do
coeficiente de variação (CV). A precisão assim obtida corresponde à precisão intra-
dia, ou seja, repetitividade avaliada dentro de uma mesma corrida analítica (Tab. 3, 4
e 5).
Além disto, foi obtida a precisão inter-lotes, a qual avalia a reprodutibilidade
entre corridas analíticas. A Reprodutividade foi aplicada sobre as medidas da
Repetitividade (Tab. 6).
Aceita-se como reprodutível o CV das médias dos lotes de CQB, CQM e CQA
inferior a 15%.
51
6.2.4 Exatidão
A ANVISA recomenda que a exatidão deve ser determinada pela repetição
de análises de amostras contendo concentrações conhecidas do analito.
No nosso estudo usamos cinco determinações por concentração,
contemplando a faixa linear da curva analítica, com três níveis de concentração:
CQB, CQM e CQA (Tab. 7, 8, 9 e 10).
O valor médio deve estar igual ou maior que 85% do valor real, exceto no
limite de quantificação, no qual não deve estar abaixo de 80%.
Após calcularmos a média da concentração de Clozapina em cada lote de
cada concentração, aplicamos a seguinte fórmula:
% Exatidão = Média dos valores obtidos x 100%
Valor esperado
6.2.5 Estabilidade
Os estudos prévios de estabilidade em matrizes biológicas são essenciais
para fornecer os parâmetros de adequabilidade do método em amostras
envelhecidas e condições de armazenamento das amostras para os estudos
analíticos da bioequivalência.
Tais estudos permitem a confiabilidade necessária ao método, pois os
resultados a serem fornecidos não correrão risco de serem rejeitados por erros de
metodologia, quando a amostra é submetida a processo de envelhecimento
(ANVISA, 2003),
52
6.2.5.1 Estabilidade em ciclos de congelamento e descongelamento – curta
duração
A estabilidade de congelamento e descongelamento foi determinada
armazenando amostras em 3 diferentes níveis de concentração (CQA, CQM e CQB)
no freezer (-20
o
C) seguida de descongelamento natural à temperatura ambiente.
Após 3 ciclos de congelamento e descongelamento (congelamento por 24
horas), as amostras foram extraídas e, posteriormente, injetadas no sistema
cromatográfico. Os resultados obtidos foram comparados com amostras recém
preparadas nas mesmas concentrações (Tab. 11).
6.2.5.2 Estabilidade em temperatura ambiente – curta duração
A estabilidade de curta duração foi avaliada preparando-se 3 replicatas de
cada tipo de amostra em 3 diferentes níveis de concentração (CQA, CQM e CQB) e
mantendo-as em temperatura ambiente por 6 horas.
Após este tempo, as amostras foram extraídas e injetadas no sistema
cromatográfico. A concentração final foi comparada com a concentração obtida de
amostras recém preparadas (Tab. 13).
6.2.5.3 Estabilidade de Longa Duração
A estabilidade em longo prazo foi avaliada com amostras nos níveis baixo,
médio e alto de concentrações mantidas em freezer (-20
o
C) por 6 meses.
Após esse tempo, 3 replicatas das amostras de nível de concentração baixo
(CQB), médio (CQM) e alto (CQA) foram extraídas e injetadas no sistema
cromatográfico. A concentração final foi comparada com a concentração obtida de
amostras recém preparadas (Tab. 12).
53
6.2.6 Recuperação
A recuperação foi avaliada em 3 níveis de concentração, CQA, CQM e CQB
com 3 replicatas de cada e executando o método proposto. A seguir, o teor medido
do componente adicionado foi dividido pelo valor efetivamente adicionado e
multiplicado por 100, obtendo-se assim a percentagem de recuperação.
6.3 MÉTODO BIOANALÍTICO
O método para análise quantitativa de Clozapina no plasma contendo a
substância de referência ou teste e respectivos controles de qualidade (com padrão
de referência e padrão interno) foi desenvolvido para ser executado por
cromatografia líquida de alta performance (HPLC), com extração em fase sólida.
As amostras obtidas na etapa clínica foram armazenadas até o
processamento analítico, segundo procedimento operacional padrão.
A etapa analítica foi executada no Laboratório Analítico do Centro de
Pesquisa Clínica do Hospital Universitário Antônio Pedro, da UFF, no 2º andar do
prédio da Emergência.
O padrão interno – PI - utilizado foi a Dothiepina, cuja estrutura química é
bastante semelhante à Clozapina, conforme mostra a figura 5, abaixo:
Dothiepina – PI Clozapina
FIGURA 5 – estrutura química da dothiepina e da clozapina
54
As dosagens foram feitas por HPLC (Perkin-Elmer Series 200), com detector
UV-VIS (Perkin Elmer) capaz de detectar Clozapina a partir de 0.005 µg/mL com
limite de quantificação de 19,53 nanogramas/mL.
6.3.1 Método analítico aplicado
Inicialmente, o plasma foi aquecido a 37°C em banho-maria Quimis®,
sendo colocado em tubos de polipropileno, agitados por 10 min em vórtice Quimis®,
seguido por centrifugação em centrífuga EL-3878 por 1 minuto a 3000 rpm.
Na sequência, 0,5 mL de amostra de plasma foram transferidos para tubos
Eppendorf e 100μL do padrão interno (Dothiepina 23,6 mg/mL) foram adicionados e
misturados por alguns instantes.
Após esse período, 1 mL de tampão fosfato H
3
PO
4
(50 mM) pH ajustado para
10,0 com solução de NaOH (4 M)] foi acrescentado e misturado suavemente.
6.3.1.1 Extração em fase sólida
As amostras de plasma preparadas foram pré-tratadas por meio de extração
em fase sólida (SPE) com set-Pak®, Vac, Waters®, cartuchos (microcolunas) de
100 mg tC18, que foram previamente equilibrados com 1 mL de metanol e 0,3 mL de
tampão fosfato, sob vácuo suave.
A seguir, as amostras de plasma preparadas, (2 x 0,7 mL), foram carregadas
para os cartuchos de extração sob vácuo suave. Em seguida, as microcolunas foram
lavadas com 0,5 mL de tampão fosfato e 2 x 0,75 mL de uma mistura de metanol e
água(1:1), sempre sob vácuo.
55
Os analitos foram eluídos com 0,3 mL de uma mistura de fase móvel e
acetonitrila (6:4) também sob vácuo suave e 20 μL dessa eluição foram injetados
para o sistema de HPLC.
A detecção em UV foi feita a 245 nm e gerou cromatogramas para cada
amostra injetada.
No estudo foram gerados aproximadamente 1200 cromatogramas, cujos
dados foram transformados em gráficos, sendo substrato para o estudo estatístico.
Uma amostragem desses gráficos encontra-se nesse trabalho (Fig. 14 a 18).
6.3.2 Marcha analítica
A marcha sistemática tem os parâmetros resumidos a seguir:
Fase móvel: ácido o-fosfórico ( 10 mM): acetonitrila ( 7:3) + Trietilamina ( 4 mL/L )
+ N,N,N’,N’-tetrametiletilenodiamina ( 2 mL/L) + H
3
PO
4
( 85%)
Sistema: isocrático
Fluxo: 1,0 mL/min
Coluna: M-N Licrospher RP 18e-125 x 3 mm
Comprimento de Onda: 245nm
Loop: 20 µL
Temp. de trabalho: 22º C
Tempo corrida: 7,5 min
56
A Figura 6 mostra o esquema da marcha analítica:
Descongelar amostra plasmática (b.m. 37º C)
vórtex e centrifugar 1 min
aliquotar plasma ( 0,5 mL)
0,1 mL Padrão Interno (Dothiepina 23,6 mg/L) – vórtex
adicionar tampão fosfato (1 mL) - vórtex
extração fase sólida em colunas C18 ( sistema SEP-PAK, Vac, Waters)
amostragem plasma ( 2 x 0,7 mL ) ( vácuo )
lavagem c/ tampão fosfato + metano/água ( vácuo )
eluição ( mistura fase móvel + acetonitrila – 6:4 ) ( vácuo )
injetar 20 µL no HPLC
cromatogramas - detecção em UV ( 245 nm )
FIGURA 6 – esquema da marcha analítica
57
7 ETAPA ESTATÍSTICA
Quando um fármaco é administrado no organismo, ele geralmente atravessa
as fases de absorção, distribuição, metabolização, e finalmente, eliminação.
Dessa forma, a biodisponibilidade é geralmente determinada pelas medidas
farmacocinéticas, ou seja, aquelas que se relacionam com a quantidade de fármaco
absorvido e com a velocidade do processo de absorção.
Essas medidas podem ser obtidas a partir de resultados da quantificação do
fármaco em líquidos biológicos. No nosso estudo, a matriz utilizada foi o plasma,
após administração extravascular com dose múltipla.
Um estudo de bioequivalência refere-se basicamente à comparação das
principais medidas farmacocinéticas observadas no experimento, relativas aos
produtos a serem testados.
7.1 PRINCIPAIS MEDIDAS FARMACOCINÉTICAS
As medidas farmacocinéticas avaliadas na bioequivalência derivam diretamente
da curva de concentração do medicamento ao longo do tempo.
São elas: a área sob a curva de concentração versus tempo (ASC), a
concentração máxima observada (Cmax), e o tempo no qual essa concentração foi
alcançada (Tmax).
58
7.1.1 ASC – Área sob a curva
A primeira e mais importante medida avaliada é a área sob a curva de
concentração plasmática do fármaco (ASC) versus tempo, freqüentemente utilizada
para medir a extensão da absorção, ou o montante total da substância absorvida
pelo organismo, após administração de dose única de um medicamento.
A determinação da bioequivalência entre dois medicamentos resulta da
comparação das ASCs obtidas no experimento.
Através de sua representação matemática observa-se que esta medida é
diretamente proporcional à quantidade de fármaco efetivamente absorvido e
disponível para ser distribuído no organismo, ou seja, sua velocidade de eliminação
total a partir do volume de distribuição em velocidade constante.
7.1.1.1 Cálculo da ASC
Em geral, o cálculo da ASC do tempo zero até o tempo da última coleta (t k )
utiliza o método do trapezóide que consiste na soma das áreas dos trapézios
determinados pelos tempos de coleta e respectivas concentrações.
Por exemplo, C
0
, C
1
, C
2
,..., C
k
, são as concentrações obtidas em um
experimento para os tempos de coleta 0, t, t
2
, ..., t
k
, respectivamente.
A área sob a curva de concentração versus tempo (ASC) pode também ser
extrapolada e calculada do tempo zero até o tempo relativo à completa eliminação
do fármaco, citada na literatura como a área sob a curva do tempo zero a infinito.
A porção adicional é expressa por uma relação entre a última concentração
medida C
k
e a constante de velocidade de eliminação do fármaco K
e
.
A constante de eliminação é calculada para cada voluntário como o
coeficiente de inclinação da reta de regressão ajustada nos 4 a 6 últimos valores de
concentração transformados em log 10 , multiplicada por -2,303.
59
De acordo com a legislação vigente no Brasil, a área sob a curva do tempo
zero ao tempo tk, deve ser igual ou superior a 80% da área sob a curva de zero a
infinito.
7.1.2 Cmax e Tmax – concentração máxima do fármaco e tempo para ocorrer
Cmax
Cmax é a medida que representa a maior concentração do fármaco
observada e é diretamente proporcional ao montante total de droga absorvido pelo
organismo.
Tmax é o tempo de coleta no qual foi observada a ocorrência de Cmax e
relaciona-se com a velocidade de absorção do fármaco.
A determinação da bioequivalência entre dois medicamentos, inclui também a
comparação das medidas de Cmax e Tmax obtidas no experimento para cada uma
das formulações (medicamentos teste e referência).
7.2 VARIÁVEIS AVALIADAS
Para comparar a taxa e extensão de absorção de Clozapina depois de
administração dos 2 produtos (referência/teste), foram calculadas as variáveis
farmacocinéticas listadas abaixo, considerando-se administração de 100mg das
drogas (referência/teste) com intervalos de 12 horas entre si, a partir da
estabilização da concentração sérica do agente, para cada paciente e produto,
usando os intervalos de amostragem descritos anteriormente (relativos ao momento
da administração do medicamento) :
Concentração Máxima estabilizada (Cmax, est);
Concentração Mínima estabilizada (Cmin,est);
Tempo da Concentração Máxima (TCmax);
Área sob a Curva (ASC) na concentração Plasmática estabilizada (ASC, est,
normal ou logaritmicamente tranformada).
60
As variáveis dose-dependentes Cmax,est, Cmin,est e ASC,est foram
normalizadas para uma dose de 100 mg de Clozapina, de 12 em 12 horas, durante
7 dias. As variáveis normalizadas foram chamadas de Cmax,est,norma,
Cmin,est,norma e de ASC,est,norma.
A variável ASC,est,norma foi considerada a medida primária da extensão de
absorção (biodisponibilidade) de Clozapina.
7.3 APRESENTAÇÃO DE DADOS E ESTATÍSTICA DESCRITIVA
As concentrações plasmáticas individuais de Clozapina, assim como os
intervalos de amostragem para cada medicamento foram tabulados para cada
paciente, no respectivo tempo de coleta, bem como a estatística descritiva para cada
produto no respectivo tempo de amostragem (Tab 14 e Fig.19).
A concentração plasmática de Clozapina versus os perfis individuais de tempo
para cada paciente e produto, assim como a concentração plasmática média de
Clozapina versus o perfil de tempo médio são apresentados graficamente para cada
produto (Fig. 14 a 18).
Foram tabulados os valores plasmáticos das variáveis farmacocinéticas
individuais de Clozapina por cada paciente e produto, com a estatística descritiva por
produto (Tab. 15 a 18).
Foram plotados pontos (Scatterplot) do medicamento de referência versus o
produto teste com base nas variáveis farmacocinéticas Cmax,est,trans,
Cmin,est,trans, T max, e ASC,est,trans, que são apresentados graficamente log-
transformadas (Tab. 19).
A bioequivalência entre os produtos reflete-se nos pontos justapostos à linha da
unidade (Fig. 22 e 23).
61
As relações entre as variáveis farmacocinéticas Cmax,est,trans, Cmin,est,trans,
Tmax e ASC,est,trans, foram usadas para comparar os resultados obtidos com o
medicamento teste em relação ao de referência .
Foram usadas a análise de variância (ANOVA) com sequência, paciente
(sequência), por produto e no período do ensaio após a transformação logarítmica
dos dados.
Os pontos foram estimados e os intervalos de confiança a 95% calculados para a
razão média de teste/referência dessas variáveis são apresentados.
A bioequivalência do produto teste e a do medicamento de referência foi
avaliada com base no intervalo de confiança de 95%
3
para variável primária
ASC,est,norm, em relação ao escopo de bioequivalência convencional de 80% a
125% transformadas logaritmicamente para o intervalo –0,2231 a +0,2231, conforme
Manual da ANVISA (2003).
--------------------------
3
Para efeito de comparação com artigos publicados sobre o tema, foram realizados ajustes de
cálculo, com intervalos de confiança de 90%.
62
8 RESULTADOS
A seguir apresentamos os resultados obtidos em nosso estudo.
Os primeiros são da validação do método analítico, com os dados obtidos no
Laboratório Analítico do Centro de Pesquisa Clínica contemplando os parâmetros
descritos anteriormente.
Depois apresentamos os resultados obtidos com a aplicação do método
analítico proposto e validado, no plasma dos pacientes, após a etapa clínica, que
resultou em cromatogramas e tabelas para avaliação da bioequivalência entre os
medicamentos avaliados.
8.1 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO
8.1.1 Linearidade - curva de calibração
. Foi construída a curva de calibração com seis concentrações de Clozapina na
faixa de 19 ng/mL a 4000ng/mL, conforme mostra a figura 7, a seguir.
63
FIGURA 7 – Curva de Calibração - média de três curvas de validação.
Cada ponto representa a média de 6 determinações.
TABELA 1 - dados de 3 curvas de resposta (ou analíticas) para determinação da
curva de calibração onde foram plotados os pontos para determinação
da linearidade - Niterói - 2005
1ª curva
Área Cloz.
(uV.s)
Conc.
Clozapina
ng/ml
2ª curva
ÁreaCloz.
(uV.s)
Conc.
Clozapina
ng/ml
3ª curva
Área Cloz.
(uV.s)
Conc.
Clozapina
ng/ml
100125,58 3840,00 103245,93 3905,80 103171,53 3902,99
101705,70 3847,53 102943,83 3894,37 108173,25 4092,20
48535,11 1836,09 45306,14 1713,93 49415,87 1869,41
48347,45 1828,99 45913,58 1736,91 52536,85 1987,47
24451,31 924,99 20978,54 793,62 23179,99 876,90
22360,73 845,91 22096,56 835,91 23717,42 897,23
12768,37 483,03 10792,76 408,29 12575,36 475,73
12178,27 460,70 12158,00 459,94 10948,31 414,18
2545,08 96,28 2475,75 93,66 2199,95 83,22
2541,85 96,16 2299,96 87,01 2111,02 79,86
565,40 21,39 585,66 22,16 511,69 19,36
544,21 20,59 601,35 22,75 555,34 21,01
y = 26,379x + 27,391
R
2
= 1
0
15000
30000
45000
60000
75000
90000
105000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
Concentração Clozapina ng/mL
Área da Clozapina (
μ
V.s)
64
8.1.2 Seletividade
8.1.2.1 Cromatograma no limite de quantificação – verificando interferentes.
No nosso estudo o limite de quantificação – LQ foi de 19.53 ng/mL
tempo (h)
CLZ= Clozapina IS= padrão interno ( Dothiepina )
Eixo X= tempo (h) de corrida e eixo y= sinal do aparelho com saída dos picos
FIGURA 8– cromatograma de amostra de plasma com Clozapina e padrão interno
(dothiepina
)
Resultado:
nenhum pico interferente no tempo de retenção do analito (Clozapina)
maior que 20% do limite de quantificação e nenhum pico interferente no tempo de
retenção do PI (Dothiepina) maior que 5% da concentração utilizada.
-
0.7
2
-
0.9
5
-
1.9
4
-
4.8
7
8.20
10.77
13.34
15.91
0.0
0.5
1.0
1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5
CLZ
IS
65
8.1.2.2 Tabela de plasmas do teste de seletividade
A Tabela 2 mostra relação dos plasmas obtidos e suas respectivas fontes
para avaliação do parâmetro seletividade.
O plasma é considerado branco quando padrão e padrão interno estão
ausentes, apresentando apenas os interferentes endógenos.
O plasma branco normal é obtido de voluntário sadio, após centrifugação de sangue
coletado em tubos contendo anticoagulante.
O plasma lipêmico é obtido da mesma maneira, porém, após refeição rica em
gorduras, ou de pacientes com taxas de lipídios acima dos limites de normalidade.
Plasmas hemolisados se referem a plasmas que sofreram hemólise.
Foram analisados 4 plasmas de voluntários normais, um lipêmico e um
hemolisado.
TABELA 2 -
relação dos plasmas utilizados para o teste de seletividade
Voluntário Descrição Fonte Identificação
1
Plasma humano Normal
Centro de Pesquisa Clínica
(HUAP)
1259433/4
2
Plasma humano Normal
Centro de Pesquisa Clínica
(HUAP)
1257669/7
3
Plasma humano Normal
Centro de Pesquisa Clínica
(HUAP)
1308798/3
4
Plasma humano Normal
Centro de Pesquisa Clínica
(HUAP)
1306253/0
5
Plasma humano
Hemolisado
Laboratórios Bronsten S.I.
6
Plasma Humano
Lipêmico
Laboratórios Bronsten M-206445
S.I. = sem identificação
66
8.1.2.3 Cromatogramas obtidos no teste de seletividade
As Figuras 9 a 14 mostram os cromatogramas obtidos no teste de
seletividade.
- 0.82
- 1.07
5.63
10.77
15.91
21.05
26.19
31.33
0.
0
0.
5
1.
0
1.
5
2.
0
2.
5
3.
0
3.
5
4.
0
4.
5
5.
0
5.
5
6.
0
6.
5
Eixo X= tempo (h) de corrida e eixo y= sinal do aparelho com saída dos picos
Plasma branco normal (voluntário I)
FIGURA 9 – cromatograma de amostra de plasma normal, branco, sem interferentes
Resultado: não apareceram interferentes no tempo normal de saída do analito e do
padrão interno.
67
5.63
8.20
10.77
13.34
15.91
18.48
21.05
0.
0
0.
5
1.
0
1.
5
2.
0
2.
5
3.
0
3.
5
4.
0
4.
5
5.
0
5.
5
6.
0
6.
5
Eixo X= tempo (h) de corrida e eixo y= sinal do aparelho com saída dos picos
Plasma branco normal (voluntário II)
FIGURA 10 – cromatograma de amostra de plasma normal, branco, sem interferentes
Resultado: não apareceram interferentes no tempo normal de saída do analito e do
padrão interno.
68
5.63
8.20
10.77
13.34
15.91
18.48
21.05
23.62
0.
0
0.
5
1.
0
1.
5
2.
0
2.
5
3.
0
3.
5
4.
0
4.
5
5.
0
5.
5
6.
0
6.
5
Eixo X= tempo (h) de corrida e eixo y= sinal do aparelho com saída dos picos
Plasma branco normal (voluntário III)
FIGURA 11 – cromatograma de amostra de plasma normal, branco, sem interferentes
Resultado: não apareceram interferentes no tempo normal de saída do analito e do
padrão interno.
69
5.63
8.20
10.77
13.34
15.91
18.48
21.05
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
Eixo X= tempo (h) de corrida e eixo y= sinal do aparelho com saída dos picos
Plasma branco normal (voluntário IV)
FIGURA12 – cromatograma de amostra de plasma normal, branco, sem interferentes
Resultado: não apareceram interferentes no tempo normal de saída do analito e do
padrão interno.
70
8.1.2.4 Cromatograma de plasma lipêmico
5.63
10.77
15.91
21.05
26.19
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
IS
Eixo X= tempo (h) de corrida e eixo y= sinal do aparelho com saída dos picos
FIGURA 13 -
Cromatograma obtido de plasma de paciente com altos índices de
gordura no sangue - com padrão interno (dothiepina)
Resultado: não se observaram interferentes em nenhum momento da corrida nem
no tempo de retenção do padrão interno.
Dothiepina
71
8.1.2.5 Cromatograma de plasma hemolisado
5.63
10.77
15.91
21.05
26.19
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
IS
FIGURA 14 - Cromatograma obtido de plasma hemolisado com padrão interno
(dothiepina)
Resultado: não se observaram interferentes no tempo de retenção do padrão
interno.
Dothiepina
72
8.1.3 Precisão intra-dia – Repetitividade
8.1.3.1 CQB – controle de qualidade de baixa concentração
Os dados obtidos após a aplicação do método bioanalítico proposto para
determinação do parâmetro Precisão ( repetitividade) são mostrados na Tabela 3.
O valor nominal do controle de qualidade de baixa concentração é de 40 ng/mL.
TABELA 3 - coeficiente de variação (%) de 3 lotes de plasma fortificados com
40ng/mL de Clozapina, com 5 replicatas cada, para avaliação do
parâmetro Precisão.
Precisão Intra-dia
Código amostra Concentração de Clozapina (ng/mL)
Lote 1 Lote 2 Lote 3
48.34 42.37 42.68
42.98 47.41 37.66
CQB
39.90 39.52 39.81
43.64 38.98 44.64
49.79 47.00 43.94
MÉDIA
44.93 43.056 41.75
DP
4.06 4.00 2.94
CV(%)
9.036 9.29
7.04
DP= Desvio padrão
CV= Coeficiente de variação
Resultado
: a precisão determinada ao nível de concentração de 40 ng/mL (CQB)
foi abaixo de 15% em coeficiente de variação.
73
8.1.3.2 CQM – controle de qualidade de média concentração
Os dados obtidos após a aplicação do método bioanalítico proposto para
determinação do parâmetro Precisão ( repetitividade) são mostrados na Tabela 4.
O valor nominal do controle de qualidade de média concentração é de 1800 ng/ml
TABELA
4 - coeficiente de variação (%) de 3 lotes de plasma fortificados com
1800ng/mL de Clozapina, com 5 replicatas cada, para avaliação do
parâmetro Precisão.
Precisão Intra-dia
Código amostra
Concentração de Clozapina (ng/mL)
Lote 1 Lote 2 Lote 3
2065.38
1697.62 1985.39
1971.02 1657.39 2082.17
CQM
2110.88 2019.31 1750.28
2009.82 1804.24 1674.46
1961.44 1686.55 1871.52
MÉDIA
2023.71
1773.02 1872.76
DP
63.6 148.46 166.48
CV(%)
3.14 8.37 8.89
DP= Desvio padrão
CV= Coeficiente de variação
Resultado: a precisão determinada ao nível de concentração de 1800 ng/mL (CQM)
foi abaixo de 15% em coeficiente de variação.
74
8.1.3.3 CQA – controle de qualidade de alta concentração
Os dados obtidos após a aplicação do método bioanalítico proposto para
determinação do parâmetro Precisão ( repetitividade) são mostrados na Tabela 5.
O valor nominal do controle de qualidade de alta concentração é de 3200 ng/mL.
TABELA 5
- coeficiente de variação (%) de 3 lotes de plasma fortificados com
3200ng/mL de Clozapina, com 5 replicatas cada, para avaliação do
parâmetro Precisão.
Precisão Intra-dia
Código amostra Concentração de Clozapina (ng/mL)
Lote 1 Lote 2 Lote 3
3584.13
3098.63 2926.46
3205.12 3539.57 2653.41
CQA
3942.90 3360.57 2977.18
3733.40 2926.49 2818.41
3242.88 3419.30 2682.27
MÉDIA
3541.69 3268.91 2811.55
DP
317.05 250.26 143.53
CV(%)
8.95 7.66 5.10
DP = desvio padrão
CV = Coeficiente de Variância
Resultado: a precisão determinada ao nível de concentração de 3200 ng/mL (CQA)
foi abaixo de 15% em coeficiente de variação.
75
8.1.4 Precisão inter-lotes – Reprodutividade
Os dados obtidos após os cálculos das médias dos controles CQB, CQM e
CQA do parâmetro Precisão ( repetitividade), são mostrados na Tabela 6.
TABELA 6
- coeficiente de variação (%) das médias dos controles CQB, CQM e CQA
de 3 lotes de Clozapina, para avaliação da reprodutividade.
Precisão Inter-lotes ( 3 Lotes )
Concentração de Clozapina (ng / mL)
Lotes Avaliados CQB CQM CQA
1
44.93 2023.71 3541.69
2
43.06 1773.02 3268.91
3
41.75 1872.76 2811.55
Média
43.24 1889.83 3207.38
DP 1.6 126.21 368.94
CV(%) 3.7 6.68 11.5
DP = desvio padrão
CV = Coeficiente de Variância
Resultado: o coeficiente de variação das médias dos lotes de CQB, CQM e CQA foi
inferior a 15%, atendendo as normas da ANVISA.
76
8.1.5 Exatidão
Sendo a exatidão a proximidade da média dos resultados obtidos em um teste
com o valor real (concentração) do analito, esse parâmetro deve apresentar valores
compreendidos dentro de mais ou menos 15% do valor nominal para cada faixa de
concentração avaliada.
8.1.5.1 Exatidão intra-dia para CQB
A Tabela 7 mostra os resultados dos cálculos para avaliação da exatidão na
faixa de concentração de 40 ng/mL (CQB).
TABELA 7 - Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina do controle CQB.
Exatidão Intra-dia
Código amostra Concentração de Clozapina (ng/mL)
Lote 1 Lote 2 Lote 3
48.34 42.37 42.68
42.98 47.41 37.66
CQB
39.90 39.52 39.81
43.64 38.98 44.64
49.79 47.00 43.94
MÉDIA
44.93 43.06 41.75
EXATIDÃO (%)
112.33 107.64 103.75
Resultado: o valor médio dos lotes avaliados foi maior que 85% do valor real, dentro
dos valores esperados para esse parâmetro validado.
77
8.1.5.2 Exatidão intra-dia para CQM
A Tabela 8 mostra os resultados dos cálculos para avaliação da exatidão na
faixa de concentração de 1800 ng/mL (CQM).
TABELA 8 - Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina do controle CQM
Exatidão Intra-dia
Código amostra
Concentração de Clozapina (ng/mL)
Lote 1 Lote 2 Lote 3
2065,38 1697,62 1985,39
1971,02 1657,39 2082,17
CQM
2110,88 2019,31 1750,28
2009,82 1804,24 1674,46
1961,44 1686,55 1871,52
MÉDIA
2023.71
1773.02 1872.76
EXATIDÃO (%)
113.17 98.50 104.04
Resultado: o valor médio dos lotes avaliados foi maior que 85% do valor real, dentro
dos valores esperados para esse parâmetro validado.
78
8.1.5.3 Exatidão intra-dia para CQA
A Tabela 9 mostra os resultados dos cálculos para avaliação da exatidão na faixa
de concentração de 3200 ng/mL (CQA).
TABELA 9 - Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina do controle CQA
Exatidão Intra-dia
Código amostra
Concentração de Clozapina (ng/mL)
Lote 1 Lote 2 Lote 3
3584.13
3098.63 2926.46
3205.12 3539.57 2653.41
CQA
3942.90 3360.57 2977.18
3733.40 2926.49 2818.41
3242.88 3419.30 2682.27
MÉDIA
3541.69 3268.91 2811.55
EXATIDÃO (%)
110.68 102.15 87.86
Resultado: o valor médio dos lotes avaliados foi maior que 85% do valor real, dentro
dos valores esperados para esse parâmetro validado.
79
8.1.5.4 Exatidão inter- lotes
A Tabela 10 mostra os resultados dos cálculos para avaliação da exatidão entre as
médias de 3 lotes de concentrações de 40, 1800 e 3200 ng/mL: CQB, CQM e CQA,
respectivamente.
TABELA 10 - Exatidão (%) das médias de 3 lotes de Clozapina nos controles CQB,
CQM e CQA.
Exatidão Inter-lotes ( 3 lotes )
Concentração média de Clozapina (ng / mL)
Lotes Avaliados CQB CQM CQA
1
112.36 113.17 110.68
2
107.64 98.50 102.15
3
103.75 104.04 87.86
Média
107.92 105.24 100.23
DP 4.29 7.41 11.53
CV(%) 3.97 7.04 11.50
Resultado: o valor médio dos lotes avaliados foi maior que 85% do valor real, dentro
dos valores esperados para esse parâmetro validado.
80
8.1.6 Estabilidade em ciclos de congelamento e descongelamento
8.1.6.1 Estabilidade de curta duração
TABELA 11-
estabilidade de curta duração – amostras de diferentes níveis de
concentração de Clozapina são submetidas a três ciclos de
congelamento/descongelamento e após, são analisadas e
comparadas com preparações recentes, para avaliação da
estabilidade da Clozapina – Laboratório Analítico – LA – 2005.
Amostra testada
Concentração de Clozapina(ng/mL)
Analito Preparação Recente
Preparação após 3 ciclos de
Congelamento/
descongelamento
CQB CQM CQA CQB CQM CQA
43,64 1985,39 3098,63 41,05 2023,74 3231,45
Clozapina
42,98 2082,17 3539,57 39,7 1883,45 3005,64
39,9 1750,28 3360,57 38,8 1799,25 2855,47
Média 42,17 1939,28 3332,92 39,85 1902,14 3030,85
Desvio Padrão
1,99 170,68 221,76 1,13 113,4 189,25
CV (%)
4,73 8,8 6,65 2,84 5,96 6,24
Resultado: os resultados comparativos mostram adequabilidade do método
em amostras submetidas a condições extremas de armazenamento, por curto
período.
81
8.1.6.2 Estabilidade de alta duração
TABELA 12 -
estabilidade de alta duração – preparações congeladas a – 20º C por 6
meses são comparadas com amostras recentes para avaliação da
estabilidade da Clozapina – LA – 2005.
Amostra testada
Concentração de Clozapina(ng/mL)
Analito Preparação Recente
Injeção da preparação após 6
meses em temperatura– 20º C
CQB CQM CQA CQB CQM CQA
44,93 2023,71 3541,69 39,22 1774,55 2998,33
Clozapina
43,06 1773,02 3268,91 38,44 1765,23 2876,45
41,75 1872,56 2811,55 40,06 1654,23 2810,88
Média 43,24 1889,76 3207,38 39,24 1731,33 2895,22
Desvio Padrão
1,60 95,53 369,23 0,81 66,94 95,12
CV (%)
3,69 5,05 11,5 2,06 3,86 3,28
Resultado: os resultados comparativos mostram adequabilidade do método em
amostras envelhecidas e submetidas a condições extremas de armazenamento.
82
8.1.7 Estabilidade de curta duração em temperatura ambiente
TABELA 13 -
estabilidade em temperatura ambiente - preparações de diferentes
níveis de concentração de Clozapina são analisadas após ficarem
6 horas em temperatura ambiente e comparadas com preparações
recentes para avaliação da estabilidade da Clozapina – Laboratório
Analítico - LA – 2005
Amostra Testada
Concentração de Clozapina(ng/mL)
Analito
Preparação Recente
Preparação após 6 horas
em temperatura ambiente
CQB CQM CQA CQB CQM CQA
42,68
2065,38 2926,46 42,66 1880,25 3235,47
Clozapina
37,66 1971,02 2977,18 40,88 1975,23 3017,25
39,81 1804,24 2818,41 39,95 2080 2956,38
Média 40,05 1946,88 2907,35 41,16 1978,49 3069,7
Desvio Padrão
2,52 132,23 81,09 1,38 99,91 146,75
CV (%) 6,29 6,79 2,78 3,34 5,05 4,78
Resultado: os resultados comparativos mostram que não houve degradação
relevante entre o tempo de coleta da amostra, sua preparação e análise, em
condições de temperatura ambiente.
.
83
8.1.8 Recuperação
TABELA 14
- Recuperação - médias de 3 lotes de Clozapina nos controles CQB,
CQM e CQA.
Recuperação Clozapina
% em cada nível de concentração
Lotes Avaliados CQB CQM CQA
1
86.80 89.40 93.80
-2
91.50 88.30 94.80
3
97.00 86.20 95,10
Média % Recuperação 91.80 87.90 94.60
Resultado
: a quantidade de analito recuperada nos lotes avaliados foi consistente,
demonstrando que o método é reprodutível e confiável.
84
8.2
GRÁFICOS GERADOS APÓS ANÁLISES DOS PLASMAS DE PACIENTES
8.2.1 – Gráfico da concentração/tempo
A figura 15 mostra um gráfico da média da concentração de Clozapina nos 24
pacientes, comparando-se os fármacos A e B.
Mean clozapine concentration-time
0
100
200
300
400
500
600
700
02468101214
Time ( h )
Plasma concentration (ng/mL)
Plasma conc. Drug A
Plasma conc. Drug B
FIGURA 15 -
média dos dados da concentração de Clozapina no plasma de 24
pacientes, após administração dos fármacos A e B
85
8.2.2 Gráficos de pacientes do estudo
As figuras 16 a 19 representam uma amostragem dos gráficos gerados a
partir dos cromatogramas dos pacientes.
Estudo Clozapina (FS-05)
0
200
400
600
800
1000
1200
-1,00 1,00 3,00 5,00 7,00 9,00 11,00 13,00 15,00 17,00 19,00 21,00 23,00 25,00
Tempo (hora)
Conc. ( ng/ml) Clozapina
Pac. 05 -FS 1ª Sem.
Pac. 05-FS 2ª Sem.
FIGURA 16 -
gráfico obtido com dados de plasma de paciente após os dois
confinamentos e administração do fármaco A e fármaco B
4
--------------------
4
O uso de cores identifica o primeiro e o segundo confinamentos. O fármaco correspondente é
verificado pela Lista de Randomização.
86
Estudo Clozapina (IM-01)
0
200
400
600
800
1000
1200
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 12,50 15,00 17,50 20,00 22,50 25,00
Tempo (hora)
Conc. ( ng/ml) Clozapina
IM-01 1ª Sem. IM-01 2ª Sem.
FIGURA 17 -
gráfico obtido com dados de plasma de paciente após os dois
confinamentos e administração do fármaco A e fármaco B.
87
Estudo Clozapina (ALS- 08)
0
200
400
600
800
1000
1200
-1,00 1,00 3,00 5,00 7,00 9,00 11,00 13,00 15,00 17,00 19,00 21,00 23,00 25,00
Tempo (hora)
Conc. ( ng/ml) Clozapina
ALS-08 Sem. ALS- 8 2ª Sem.
FIGURA 18 -
gráfico obtido com dados de plasma de paciente após os dois
confinamentos e administração do fármaco A e fármaco B.
88
Estudo Clozapina (JFO- 11)
0
200
400
600
800
1000
1200
-1,00 1,00 3,00 5,00 7,00 9,00 11,00 13,00 15,00 17,00 19,00 21,00 23,00 25,00
Tempo (hora)
Conc. ( ng/ml) Clozapina
JFO 2ª Sem. JFO 1ª Sem.
FIGURA 19 –
gráfico obtido com dados de plasma de paciente após os dois
confinamentos e administração do fármaco A e fármaco B.
89
8.3
ESTATÍSTICA
8.3.1 Comparação das medidas de Cmax e Tmax.
TABELA 15 - tempo em que ocorreu a concentração máxima de Clozapina nos 24
pacientes do estudo (n=24) comparando fármaco A e fármaco B.
Fármaco A
Fármaco B
Tempo(h)
1.0
1.5
2.0 2.5 3.0
Paciente
1.0
1.5
2.0 2.5 3.0
842,3
1
537,6
465,6
2
572,8
287,7
3
392,7
799,2
4
901,4
286,9
5
280,6
246,5
6
447,9
550,3
7
899,7
573,1
8
474,9
1168
9
1107
317,1
10
448,6
1244
11
1301
425
12
537
508,4
13
735,4
447
14
690,4
574,6
15
586,1
604
16
579,4
558,6
17
573,8
498,4
18
417,7
1001
19
1103
788,1
20
929,1
1285
21
1079
381
22
407,9
701,2
23
948,1
449,4
24
610,4
90
FIGURA 20 - Tempo (h) em que ocorreu concentração máxima de Clozapina no
plasma por paciente (N=24)
Tmáx Fárm. A e B
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Pacientes
Tempo (h)
Fárm. A
Fárm. B
91
8.3.2 Análise descritiva das medidas farmacocinéticas
TABELA 16 - Estatística das medidas farmacocinéticas do fármaco A.
Medidas farmacocinéticas Média Mediana Desvio
padrão
Mínimo Máximo
Tmax 1.83 1.50 0.65 1.0 3.0
Cmax 627.66 554.48 304.63 246.50 1284.82
Ke 0.08 0.08 0.03 0.04 0.14
T
1/2
4.15 3.69 1.60 2.14 7.54
ASCtk 4273.50 3500.57 2549.19 1312.04 11040.16
ASC() 7865.94 5331.03 6009.99 2520.50 24081.06
TABELA 17 - Estatística das medidas farmacocinéticas do fármaco B.
Medidas farmacocinéticas Média Mediana Desvio
padrão
Mínimo Máximo
Tmax 1.81 1.50 0.59 1.0 3.0
Cmax 690.07 582.74 276.63 280.61 1301.36
Ke 0.08 0.08 0.03 0.03 0.14
T
1/2
4.07 3.73 1.68 2.19 8.96
ASCtk 4430.25 2740.11 2379.69 1392.72 10146.08
ASC() 7412.84 4168.23 4471.64 2922.75 19118.47
92
8.3.3 Análise descritiva das concentrações plasmáticas por fármaco
8.3.3.1 Fármaco A
TABELA 18 - estatística das concentrações plasmáticas (ng/ml) ao longo do tempo
do fármaco A em 24 pacientes (n=24)
Tempo
(h)
Média Mediana Desvio
padrão
Mínimo Máximo
0.0
291.861 216.902 225.369 82.452 941.308
0.25*
322.257 259.524 231.373 92.832 987.643
0.5**
397.983 314.306 267.348 119.710 1.085.641
1.0
490.918 418.540 280.395 159.081 1.229.719
1.5**
540.215 449.047 270.534 243.001 1.167.662
2.0
535.705 393.739 334.957 148.537 1.284.817
2.5**
510.844 444.153 317.671 142.008 1.277.917
3.0
498.040 454.923 296.928 134.560 1.177.644
3.5**
444.071 367.221 270.708 126.519 1.095.158
4.0
418.091 423.911 246.966 119.004 1.044.895
5.0
371.626 294.238 228.173 100.055 988.456
6.0
331.434 259.506 198.671 99.393 890.549
8.0
291.633 241.771 187.688 96.598 811.009
10.0
252.103 199.352 175.297 70.209 708.860
12.0
228.376 186.697 157.689 70.111 625.881
* (= 15 minutos)
** ( 0.5 = 30 minutos)
93
8.3.3.2 Fármaco B
TABELA 19 - estatística das concentrações plasmáticas (ng/ml) ao longo
do tempo do fármaco B em 24 pacientes (n=24).
Tempo Média Mediana Desvio
padrão
Mínimo Máximo
0.0
294.082 214.304 225.747 68.691 1.116.786
0.25*
321.353 286.767 230.081 72.635 1.142.601
0.5**
398.768 341.005 241.048 98.942 1.158.443
1.0
536.009 502.198 266.196 161.483 1.193.237
1.5**
609.685 553.214 272.117 280.607 1.277.468
2.0
584.511 471.243 289.482 225.840 1.301.361
2.5**
557.428 453.843 285.261 192.735 1.138.664
3.0
527.458 456.762 258.197 161.794 1.028.160
3.5**
471.302 396.309 246.925 138.111 1.026.322
4.0
422.683 329.696 234.693 12.042 971.024
5.0
381.751 287.469 217.117 101.141 882.915
6.0
343.171 258.953 202.644 91.207 770.112
8.0
295.105 212.465 185.066 86.941 683.217
10.0
256.832 196.014 155.329 83.218 641.413
12.0
217.516 160.911 135.059 79.533 534.325
* (= 15 minutos)
** ( 0.5 = 30 minutos)
94
8.3.4 Histogramas de frequência de Cmax
8.3.4.1 Fármaco A
Os histogramas sugerem que os dados originais de Cmax para ambos
fármacos não têm distribuição normal o que é confirmado pelo teste de Kolmogorov-
Smirnov, cujos resultados aparecem a seguir.
dados: Cmax. em Clozapina - farmaco A
ks = 0.1977, p-valor = 0.0161
hipótese alternativa: frequência não apresenta a distribuição normal com
parâmetros estimados.
0 210 420 630 840 1050 1260 1470
Cmax.A
0
2
4
6
p-valor = 0.0161
FIGURA 21 - Histograma de freqüências de Cmax para o fármaco A, dados originais.
95
8.3.4.2 Fármaco B
dados: Cmax. em Clozapina – farmaco B
ks = 0.1967, p-valor = 0.0171
hipótese alternativa: frequência não apresenta distribuição normal com parâmetros
estimados.
0 210 420 630 840 1050 1260 1470
Cmax.B
0
2
4
6
p-valor= 0,0171
FIGURA 22 - Histograma de freqüências de Cmax para o fármaco B, dados originais.
96
8.3.5 Tabela e gráficos de probabilidade normal após transformação por
logaritmo.
Considerando o logaritmo natural dos valores originais de Cmax para ambos
fármacos, obtém-se a confirmação da normalidade, como pode ser evidenciado nos
gráficos de distribuição normal correspondentes e nos resultados do teste de
Kolmogorov-Smirnov para composição da normalidade para os fármacos A e B.
8.3.5.1 Comparação de ln Cmax e ASC
TABELA 20 -
comparação das médias dos logaritmos de Cmax e logaritmos de ASC
da Clozapina em 24 pacientes (n=24) após a administração dos
fármacos A e B. LA - 2005
Mean 6.3364 6.4607 0.9807 8.2007 8.2672 0.9920
SD 0.4670 0.3998 0.0391 0.5771 0.5160 0.0327
90% IC
6.1796 – 6.4932 6.3265 – 6.5949 0.9677 – 0.9937 8.0069 – 8.3945 8.094 – 8.4404 0.9811 – 1.0029
Ln ( Cmax) Ln ASC (t_k)
Pacientes A B A/B Fármaco A Fármaco B A/B
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
6.7361
6.1433
5.6620
6.6835
5.6591
5.5074
6.3105
6.3510
7.1145
5.7592
7.1260
6.0521
6.2313
6.1026
6.3537
6.4035
6.3255
6.2113
6.9090
6.6696
7.1584
5.9428
6.5527
6.1079
6.2870
6.3505
5.9731
6.8039
5.6370
6.1046
6.8021
6.1631
7.0090
6.1062
7.1712
6.2860
6.6004
6.5372
6.3734
6.3620
6.3524
6.0348
7.0059
6.8342
6.9840
6.0109
6.8544
6.4140
1.0714
0.9673
0.9479
0.9823
1.0039
0.9022
0.9277
1.0305
1.0152
0.9432
0.9937
0.9628
0.9441
0.9335
0.9969
1.0065
0.9958
1.0292
0.9862
0.9759
1.0250
0.9887
0.9560
0.9523
8.6842
8.4020
7.6826
8.6620
7.3603
7.1793
8.3550
8.4407
8.9092
7.4685
9.1860
7.7022
8.0203
7.6330
8.2075
8.1116
8.0663
8.0244
8.8481
8.5884
9.3093
7.5994
8.5373
7.8402
8.3070
8.4919
7.8919
8.8548
7.2390
7.7071
8.4840
8.0381
9.0728
7.9236
9.2248
7.7963
8.5199
8.0220
7.7570
8.1118
8.0943
8.0217
8.8253
8.5252
9.0888
7.6023
8.7040
8.1096
1.0454
0.9894
0.9735
0.9782
1.0167
0.9315
0.9848
1.0501
0.9819
0.9426
0.9958
0.9879
0.9413
0.9515
1.0580
1
0.9965
1.0002
1.0026
1.0074
1.0242
0.9996
0.9808
0.9667
97
8.3.5.2 Fármaco A – log Cmax
dados: log.Cmax.em Clozapina - farmaco A
ks = 0.1102, p-valor = 0.653
hipótese alternativa: frequência apresenta a distribuição normal com parâmetros
estimados (após teste de Kolmogorov-Smirnov)
2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 3.0 3.1
log.Cmax.A.
-2
-1
0
1
2
Normal Distribution
p-valor= 0.653
FIGURA 23 - Gráfico de probabilidade normal para Cmax do fármaco A, dados
transformados.
98
8.3.5.3 Fármaco B – log Cmax
dados: log.Cmax em Clozapina - farmaco B
ks = 0.1367, p-valor = 0.288
hipótese alternativa: frequência possui a distribuição normal com parâmetros
estimados (após teste de Kolmogorov-Smirnov).
2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 3.0 3.1
log.Cmax.B.
-2
-1
0
1
2
Normal Distribution
p-valor= 0.288
FIGURA 24 - Gráfico de probabilidade normal para Cmax do fármaco B, dados
transformados.
.
99
8.3.6 Bioequivalência para Cmax
O fármaco referência neste estudo foi desconhecido para a análise estatística,
porém, para o intervalo de diferença de médias dos dados transformados tem-se:
μ
A
-μ
B
= -0.0540 IC(95%)= -0.0996 até -0.0084
μ
B
-μ
A
= 0.0540 IC(95%)= 0.0084 até 0.0996
Estes intervalos encontram-se contidos dentro dos limites de -0.2231 até
0.2231 definidos no Manual de Boas Práticas em Biodisponibilidade/Bioequivalência
de medicamentos, indicando bioequivalência de Cmax.
8.3.7 Bioequivalência para ASC(t_k)
Todos os cálculos anteriores foram feitos para ASC(t_k), assim como para
ASC (). Para ASC (t_k), os dados finais estão abaixo.
O fármaco referência neste estudo foi desconhecido para a análise
estatística, porém, para o intervalo de diferença de médias dos dados transformados
tem-se:
μ
A
-μ
B
=-0.0288715 IC(95%)=-0.1670069 até 0.1092639
μ
B
-μ
A
=0.0288715 IC(95%)=-0.1092639 até 0.1670069
Estes intervalos encontram-se contidos dentro dos limites de -0.2231 até
0.2231 definidos no Manual de Boas Práticas em Biodisponibilidade/Bioequivalência
de medicamentos, indicando bioequivalência para ASC(t_k).
100
8.3.8 Bioequivalência para ASC()
O fármaco referência neste estudo é desconhecido para a análise estatística,
porém, para o intervalo de diferença de médias dos dados transformados tem-se:
μ
A
-μ
B
=-0.0114419 IC(95%)=-0.1678198 até 0.144936
μ
B
-μ
A
=0.0114419 IC(95%)=-0.144936 até 0.1678198
Estes intervalos encontram-se contidos dentro dos limites de -0.2231 até
0.2231 definidos no Manual de Boas Práticas em Biodisponibilidade/Bioequivalência
de medicamentos, indicando bioequivalência para ASC().
101
9 DISCUSSÃO
A Clorpromazina, o principal representante dos fármacos fenotiazínicos, foi
introduzida na década de 50 para o tratamento da esquizofrenia. Foi a primeira
substância a tratar efetivamente dos sintomas positivos da doença, diminuindo o
tempo médio de hospitalização dos pacientes e as recidivas de internações.
Entretanto, de acordo com alguns estudos, 5 a 25% dos pacientes que
usaram esses derivados mostraram-se refratários ao tratamento, enquanto 5 a 10%,
intolerantes ao mesmo (MENEGATTI, 2003). Além disso, a Clorpromazina, assim
como outros antipsicóticos que foram desenvolvidos mais tarde, como o Haloperidol,
não melhora os efeitos negativos da esquizofrenia, assim como produz efeitos
colaterais importantes como sintomas Parkinsonianos (tremor, rigidez e bradicinesia)
e efeitos extrapiramidais. Podem também causar hiperprolactinemia.
Assim, na pesquisa de melhores agentes antipsicóticos, foi desenvolvida a
Clozapina, na década de 60, que tem muitas vantagens sobre os fármacos
antecessores. Ela atua sobre os sintomas positivos e também sobre os negativos,
produz poucos efeitos extrapiramidais e baixa incidência de hiperprolactinemia, mas
principalmente, previne surtos psicóticos em pacientes refratários aos antipsicóticos
clássicos.
Por considerarmos que a Clozapina veio a preencher uma lacuna no
tratamento da esquizofrenia, entendemos que ela deva estar disponível como
alternativa de tratamento nos hospitais públicos no Brasil. Por ser um fármaco de
preço elevado para os padrões brasileiros, os estudos de bioequivalência trazem
uma possibilidade do seu uso como medicamento genérico, aliando baixo custo e
102
confiabilidade (JOHN, 2001; HEALY, 2005; MAKELA, 2003; LAM, 2001; LEWIS,
2006).
A Lei dos Genéricos no Brasil (no. 9787/99) foi muito importante por
possibilitar a introdução de medicamentos genéricos e similares e a realização de
estudos de biodisponibilidade e bioequivalência, de forma rotineira no Brasil. Os
estudos de bioequivalência, além de se basearem em princípios harmonizados
internacionalmente, fornecem ao mercado medicamentos seguros, testados e
intercambiáveis, mas principalmente têm um expressivo impacto positivo no preço
para o consumidor.
Estudos anteriores de bioequivalência da Clozapina (POKORNY, 1994) feitos
com voluntários hígidos, conforme padrão habitual para este tipo de estudo,
causaram efeitos adversos graves, tais como hipotensão, bradicardia, síncope e
assistolia. Por este motivo, a versão mais recente do US-FDA (CDER, 2003)
recomenda que os estudos de bioequivalência da Clozapina devam ser realizados
apenas em pacientes psiquiátricos, o que introduz uma metodologia diferente da
habitual para a etapa clínica.
Assim, o presente estudo seguiu as orientações dos recentes Guias para
Estudos de Bioequivalência da US-FDA e da ANVISA-Brasil (ANVISA, 2003; CDER,
2003) utilizando um desenho experimental de múltiplas doses, duplo-cego, cruzado,
em pacientes esquizofrênicos estáveis, em estado de equilíbrio, que receberam
doses de 100 mg de Clozapina com intervalo de 12 h, conforme terapia usual.
Esse tipo de estudo foi pioneiro na Universidade Federal Fluminense e é
também no Brasil, pois até o último acesso ao site da ANVISA, não há referência a
Clozapina genérica. Além de todo o aparato necessário para uma pesquisa clínica,
nesse estudo em particular em que os envolvidos não são voluntários saudáveis e
sim pacientes esquizofrênicos, os obstáculos transpostos foram enormes,
representando um desafio para toda a equipe.
Destaque-se a sensibilidade normalmente exacerbada nesse tipo de paciente
sendo necessária toda uma logística, desde a adesão dos familiares, entrevistas
103
para esclarecimento das vantagens do tratamento, até o deslocamento da equipe de
apoio da Clínica Psiquiátrica EGO com os pacientes para as dependências do
Centro de Pesquisa Clínica e as coletas sanguíneas feitas antes dos períodos de
internação. Por esse motivo, consideramos que a dinâmica na execução das etapas
do estudo foi inovadora propiciando assim uma logística diferenciada para outros
trabalho do gênero.
O método de validação analítica proposto seguiu o “Guia para Validação de
Métodos Analíticos e Bioanalíticos” (ANVISA, RE nº 899, de 29/05/2003) e, para
tanto, foram estimados os parâmetros: linearidade, limite de quantificação,
seletividade, exatidão, precisão (repetitividade e reprodutibilidade) e estabilidade de
curta e longa duração. Foi utilizada uma alternativa à metodologia descrita na
literatura e que revelou-se relativamente simples e de boa execução.
Os resultados dos testes foram comparáveis a outros trabalhos de avaliação
da Clozapina no plasma em termos de parâmetros avaliados (MERCOLINI, 2006) e
apresentou mais resultados de validação do que o estudo de bioequivalência em
pacientes esquizofrênicos de um grupo da Khon Kaen University, na Tailândia
(TASSANEEYAKUL, 2005).
Os resultados mostraram que o método é seletivo (Fig. 8 a 14 e Tab. 2), tem
repetitividade e reprodutividade (Tab. 3 a 6), apresentou exatidão (Tab. 7 a 10) e
mostrou-se estável em baixas temperaturas tanto em curto como longo prazo (Tab.
11 a 13). As curvas de calibração demonstraram uma resposta adequada do
cromatógrafo em relação às concentrações conhecidas das amostras injetadas
(Tab.1 e Fig. 7). A robustez foi avaliada na pré-validação, quando alteramos
levemente o pH da fase móvel, a velocidade do fluxo e a relação percentual dos
componentes da fase móvel e os resultados se mantiveram estáveis.
Essa metodologia analítica alternativa traz uma perspectiva de trabalho
diferenciado para o Laboratório, que passa a ter uma maior agilidade em ensaios
bioanalíticos, e enriquece a possibilidade de escolha de métodos de trabalho.
104
Sabe-se que, muito breve, as dosagens de medicamentos, principalmente os
controlados, deverão ser individualizadas, através dos avançados estudos de
farmacogenética, assim como os estudos farmacocinéticos que auxiliarão o
acompanhamento e monitoramento de drogas como a Clozapina para determinar a
dosagem ótima para cada indivíduo. O ensaio por HPLC para a determinação da
clozapina pode ser aplicável a estudos farmacocinéticos e monitorização terapêutica
(BUUR-RASMUSSEN, 1999).
Quanto aos efeitos colaterais mais importantes da Clozapina, ao longo dos
últimos dez anos, vários relatos demonstraram claramente que a neutropenia e
agranulocitose podem ser facilmente prevenidas por meio de estrita vigilância
hematológica (LLORCA , 2004; CHANDRASEKARAN , 2008; LAMBERTENGHI,
2000). O uso de clozapina com doses superiores a 600 mg diários devem seguir
recomendações publicadas, para minimizar o risco de convulsões (BUUR-
RASMUSSEN, 1999; BARDAKOU et al, 2008).
Observamos também no nosso estudo uma grande variabilidade nos
parâmetros farmacocinéticos da Clozapina, de indivíduo para indivíduo. Comparando
com artigos de outros autores (TASSANEEYAKUL, 2005) e com outros estudos
(MERCOLINI, 2007; BUUR-RASMUSSEN, 1999), consideramos que essa
variabilidade das concentrações plasmáticas da Clozapina se deve às diferenças
interindividuais na biodisponibilidade (absorção/eliminação), como também a
fatores como idade, tabagismo, alimentação e uso simultâneo de outros
medicamentos.
Os citocromos P450 metabolizam uma variedade de compostos lipofílicos de
origem endógena, como colesterol, hormônios esteróides e ácidos graxos, bem
como compostos de origem exógena, como drogas, aditivos de alimentos, fumo,
pesticidas e produtos químicos que penetram no organismo pelas formas
alimentares, inalação ou absorção pela pele. Os citocromos P450 são abundantes no
fígado e sua atividade depende de fatores genéticos, constitucionais e influências
ambientais. Quatro enzimas P450 são importantes para a psicofarmacologia clínica:
CYP1A2, CYP2C19, CYP2D6 e CYP3A4.
105
O CYP1A2 é uma das maiores frações P450 do fígado, mais ou menos 15%
do total. É a maior enzima envolvida no metabolismo de várias drogas antipsicóticas
(e.g. Clozapina) e sua indução estimulada pelo fumo, hidrocarbonetos aromáticos,
componentes de vegetais crus e inibida por outras drogas (FISCHER, 1992). O fato
da Clozapina ser metabolizada pela altamente variável enzima CYP1A2, talvez seja
o fator mais importante na variabilidade encontrada.
Quanto ao uso da Clozapina em outras doenças, alguns estudos mostram
que algumas psicoses são induzidas por quimioterapia no tratamento da doença de
Parkinson. Vários agentes antipsicóticos atípicos, entre eles a Clozapina, têm-se
mostrado eficaz em reduzir sintomas psicóticos na doença de Parkinson
(ALEXOPOULOS, 2004; ZAHODNE, 2008; FERNANDEZ , 2003). Essas outras
aplicações do fármaco nos permitem avaliar que mais formulações genéricas
deverão estar disponíveis para um tipo de usuário que não somente o
esquizofrênico, aumentando em muito o leque de opções para diferentes pacientes.
Finalmente, queremos lembrar que embora a faixa de variação da
biodisponibilidade para medicamentos genéricos entre 80 e 125% seja um consenso
internacional, acreditamos que os critérios para os estudos de bioequivalência e
biodisponibilidade devam ter um refinamento maior, pois 25% de um total pode
representar uma impregnação perigosa e provoca uma não adesão de alguns
médicos aos medicamentos genéricos, assim como 20% abaixo pode resultar em
subdoses comprometedoras na terapêutica de drogas psicoativas. Genéricos
poderão ter sua prescrição reduzida pelo medo de efeitos ou respostas indesejáveis,
pela falta ou pelo excesso.
Em função dessas reflexões pretendemos continuar nossas investigações em termos
de estudos que avaliem o impacto de diferentes excipientes, que podem interferir na
biodisponiblidade dos medicamentos para que possam de fato ser bioequivalentes.
106
10 CONCLUSÃO
O método analítico opcional foi validado contemplando os parâmetros
preconizados pela ANVISA.
O método analítico opcional foi considerado satisfatório em termos de
execução e dinâmica laboratorial, mostrando-se efetivo na avaliação da
biodisponibilidade da Clozapina em plasma.
A clozapina teste (Zolapin®, Meizler) foi considerada bioequivalente ao
medicamento referência (Leponex®, Novartis), no intervalo de confiança de 95%.
107
REFERÊNCIAS
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110
OBRAS CONSULTADAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:2002 - Informação e
documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 24 p.
______. NBR 6024:2003 - Informação e documentação – Numeração progressiva
das seções de um documento escrito – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 3p.
______. NBR 6027:2003 - Informação e documentação – Sumário – Apresentação.
Rio de Janeiro, 2003. 2p.
______. NBR 6028:2003 - Informação e documentação – Resumo – Apresentação.
Rio de Janeiro, 2003. 2p.
______. NBR 6029:2006 - Apresentação e Informação - Livros e folhetos -
Disponível em: <http http://blog.tera-rocker.com/arquivos/pdf/normas_abnt/6029>.
Acesso em 22.09.2008. Rio de Janeiro, 2006. 10p.
______. NBR 10520:2002 - Informação e documentação – Citações em
documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 7p.
______. NBR 14724:2005 - Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos
– Apresentação. Rio de Janeiro, 2005. 13p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação
em Vigilância Sanitária. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/e-legis/>, 2008.
BURTIS, C. A.; ASWOOD, E. R. Tietz Fundamentals of Clinical Chemistry. 5ª ed.
Philadelphia: W. B. Saunders Company, 2001. 1091p.
FOUCAULT Michel, História da Loucura, 1995.
GOODMAN & GILMAN. The Pharmacological Basics of Therapeutics. 10th ed. New
York:: McGraw-Hill, 2001. 2182p.
IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993. 61 p.
THE UNITED STATES PHARMACOPEIA . 26ª ed. 2003. 2921p.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA. Manual para apresentação de
monografias, dissertações e teses da Universidade Católica de Brasília. 2. ed.
Brasília: Universa, 2004. Disponível em:
<http://www.biblioteca.ucb.br/ManualUCB.pdf>. Acesso em 12 set. 2008.
111
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Apresentação de trabalhos
monográficos de conclusão de curso. 9. ed. Rev. Ampl. por Estela dos Santos
Abreu e José Carlos Abreu Teixeira. Niterói: EdUFF, 2007.
PROGRAMAS ESTATÍSTICOS UTILIZADOS:
Bioestat 3.0
Excel
112
ANEXOS
ANEXO I LISTA DE RANDOMIZAÇÃO
Número do
Paciente no
estudo
Iniciais do
Paciente
Amostragem
randomizada
1ª internação
Amostragem
randomizada
2ª internação
01 SC A B
02 VN A B
03 RA B A
04 PR B A
05 FS B A
06 JF A B
07 MCR B A
08 JN A B
09 UPC B A
10 ABC A B
11 GA A B
12 IM B A
13 ER A B
14 JCOS B A
15 JCCB A B
16 MRP B A
17 VG B A
18 JBLO A B
19 ALS A B
20 EP B A
21 RCQ A B
22 JFO B A
23 JCS A B
24 AG B A
25 RPA A B
26 GMH A B
27 BCES B A
28 EF B A
29 DLL A B
30 SB A B
31 JMV B A
32 IM A B
33 JFF B A
34 JJ B A
113
ANEXO II PLANO DIETÉTICO
REFEIÇÕES
DESJEJUM QUANTIDADE EQUIVALENTE A
Leite Integral 1 copo americano 180 ml 180 mL
Açúcar 4 colheres chá de 5 g 20 g
Pão Francês 1 unidade comercial 50 g
Queijo Prato ou Minas 1 fatia fina 15 g
Manteiga 1 colher chá nivelada 5 g
COLAÇÃO QUANTIDADE EQUIVALENTE A
Suco Industrializado 1 copo americano 180 mL
1 Fruta 1 unidade 100 g
ALMOÇO QUANTIDADE EQUIVALENTE A
Arroz 5 colheres sopa 125 g
Feijão 2 conchas 200 g
Frango ou Carne de Boi 1 bife grande 100 g
Macarrão 3 colheres sopa 75 g
Legumes 3 colheres de sopa 90 g
Verduras 3 colheres de sopa 90 g
Sobremesa 1 fatia doce em pasta 25 g
Suco Industrializado 1 copo americano 180 ml 180 mL
LANCHE QUANTIDADE EQUIVALENTE A
Leite Integral 1 copo americano 180 ml 180 mL
1 Pão Francês 1 unidade 50 g
Açúcar 4 colheres chá 5 g 20 g
Manteiga 1 colher chá nivelada 5 g
JANTAR QUANTIDADE EQUIVALENTE A
Arroz 5 colheres sopa 125 g
Feijão 2 conchas 200 g
Frango ou Carne de Boi 1 bife grande 100 g
Macarrão 3 colheres sopa 75 g
Legumes 3 colheres de sopa 90 g
Verduras 3 colheres de sopa 90 g
Suco Industrializado 1 copo americano l 180 mL
114
GLOSSÁRIO
Acatisia: (G. a-, privação de + kathisis, assento) neurose caracterizada por
uma incapacidade de permanecer em posição sentada; inquietação motora
e sensação de tremor muscular.
Agranulocitose: condição aguda caracterizada por pronunciada leucopenia,
acompanhada de grande redução no número de leucócitos polimorfonucleares.
Antipsicóticos atípicos: fármacos empregados na terapêutica da esquizofrenia,
que apresentam baixos níveis de efeitos extrapiramidais e sintomas Parkinsonianos.
Antipsicóticos clássicos: fármacos empregados na terapia da esquizofrenia, que
apresentam como principais efeitos colaterais os sintomas extrapiramidais e
Parkinsonianos.
Bradicinesia: (bradys, lento + kinesis, movimento) extrema lentidão de movimento.
Discinesia tardia: dificuldade em realizar movimentos voluntários.
Distonia: distúrbio da tensão, da tonicidade ou tônus; modificação patológica das
ações musculares que mantêm o homem em equilíbrio na posição em pé.
Efeitos extrapiramidais (catalepsia): (G. katalepsis, convulsão, kata, para baixo +
lepsis, convulsão) estado mórbido, aliado à autohipnose ou à histeria, em que há
rigidez dos membros, os quais podem ser colocados em várias posições, nelas se
mantendo durante certo tempo.
Esquizofrenia: (G. schizõ- dividir ou clivar + G. phren- mente) termo cunhado por
Bleuler, que veio substituir a denominação demência precoce; o tipo mais comum
de psicose, caracterizado por um distúrbio nos processos de raciocínio, tais como
ilusões e alucinações e extenso retraimento do interesse do indivíduo em relação a
outras pessoas e ao mundo exterior, assim como à introversão em si mesmo.
Hiperprolactinemia: produção exacerbada de prolactina, um hormônio protéico da
pituitária anterior que estimula a secreção de leite e crescimento das mamas
durante o período de lactação. A secreção exacerbada de prolactina deve-se ao
bloqueio excessivo de receptores dopaminérgicos do sub-tipo D2 no lobo anterior
da hipófise.
Leucócitos polimorfonucleares: (leuko- + G. kutos, célula) são as células brancas do
sangue, abrangendo os basófilos, eosinófilos e neutrófilos, principalmente este
último.
Leucopenia: diminuição dos glóbulos brancos do sangue.
Sintomas Parkinsonianos: sintomas que mimetizam o comportamento de pacientes
acometidos pela doença de Parkinson, associado à hipoatividade dopaminérgica na
via nigro-striatal.
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