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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
LUIZA ANTUNES DE CASTRO
Avaliação da detecção da proteína NS1 no diagnóstico da
infecção pelo vírus dengue-3 em comparação a outros
métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico da dengue
Ribeirão Preto - SP
2008
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LUIZA ANTUNES DE CASTRO
Avaliação da detecção da proteína NS1 no diagnóstico da
infecção pelo vírus dengue-3 em comparação a outros
métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico da dengue
Ribeirão Preto - SP
2008
Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências.
Área de concentração: Imunologia Básica e Aplicada.
Opção: Bioagentes Patogênicos.
Orientador: Prof. Dr. Benedito Antônio Lopes da
Fonseca
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FICHA CATALOGRÁFICA
Castro, Luiza Antunes
Avaliação da detecção da proteína NS1 no diagnóstico da
infecção pelo vírus dengue-3 em comparação a outros métodos
laboratoriais utilizados no diagnóstico da dengue, São Paulo.
Ribeirão Preto, 2008.
p. 100 : il. ; 30cm
Dissertação de mestrado, apresentada à Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto/USP Área de concentração:
Imunologia Básica e Aplicada, opção Bioagentes Patogênicos.
Orientador: Fonseca, Benedito Antônio Lopes.
1. Dengue. 2. NS1. 3.Diagnóstico. 4.ELISA. 5. RT-PCR
FOLHA DE APROVAÇÃO
Luiza Antunes de Castro
Avaliação da detecção da proteína NS1 no diagnóstico da infecção pelo vírus
dengue-3 em comparação a outros métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico
da dengue
Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para
obtenção do título de Mestre em Ciências.
Área de concentração: Imunologia Básica e Aplicada
Aprovada em:
Banca examinadora
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição:_____________________ Assinatura:____________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição:_____________________ Assinatura:____________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição:_____________________ Assinatura:____________________________
Dedicatória
Aos meus pais, Murilo Machado de Castro e
Maria Beatriz Antunes de Castro,
pela educação, apoio, dedicação e contribuição,
sempre presentes de forma decisiva
em simplesmente todos os momentos.
Ao meu irmão, Rodrigo,
pelo apoio e carinho.
Ao meu amor Daniel,
com enorme admiração, e gratidão
por sua compreensão,
carinho, presença e incansável apoio
ao longo de todo o período de elaboração deste trabalho.
Parceria simplesmente indispensável!
Muito obrigada pela dedicação e paciência.
Amo vocês!!!
APOIO FINANCEIRO
FAPESP Proc. 06/58792-6,
FAPESP Proc. 2007/04326-7
Agradecimentos
Primeiramente a DEUS, por tudo!
Em especial ao Prof. Dr. Benedito Antônio Lopes da Fonseca, pela orientação,
grande paciência, companheirismo, apoio e por ter me proporcionado as condições para
desenvolver esse trabalho;
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP, pela
concessão da bolsa de mestrado e pelo suporte financeiro, sem o qual seria impossível a
realização desta pesquisa;
Aos membros da banca examinadora da minha dissertação: Prof. Dr. Luís Tadeu
Moraes Figueiredo e Prof. Dr. Marcos Boulos, pela atenção, discussão e sugestões que
enriqueceram este trabalho;
Ao Curso de pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada da FMRP USP, na
pessoa de seus Professores e Funcionários pelos ensinamentos e pela convivência;
À secretária da pós-graduação Ana Cristine S. Ferreira, pela eficiência, pelo
permanente apoio, amizade e orientação durante todo o período do mestrado;
Ao Professor Sérgio Oliveira de Paula, meus agradecimentos especiais. Esteve
envolvido diretamente com a minha vinda, sempre atuando com sugestões, idéias e
otimismo;
Agradeço muito a Luzia Márcia e todas as funcionárias da vigilância epidemiológica,
Ângela e Rosana pelo apoio técnico e ajuda na coleta dos dados;
À técnica do laboratório, D. Maria Aparecida Mendes, pela amizade, disponibilidade e
organização em todas as etapas desse trabalho;
À Paula e Camila pela grande assistência e ajuda na condução dos experimentos e
nos momentos de risada;
Aos grandes colegas do Laboratório de Virologia Molecular: Alessandra, Cláudio,
Dani, Emiliana, Keny, Kleber, Maira, Mariana, Marcos, Nathália, Patrícia, Rafael, Teresa,
Renata pelo apoio, amizade e incentivo e também os vários momentos de descontração,
pessoinhas incríveis;
Aos grandes colegas Virologistas: Alberto, Liz, Juliana, Vanessa, Glauciane, Viviane,
Andréia, Veridiana, Alex, Lenny, Felipe, Luzia, Gelse, Alessandra, Regina, Laura, Aline,
Raquel, que de uma forma ou de outra contribuíram bastante, seja no trabalho, seja na
convincia diária do laboratório, seja em momentos de descontração pelas conversas,
festinhas, discussões, que renderam boas risadas;
Aos meus colegas de pós-graduação: Manuela, Gustavo, Janaína, Nalu, Breve,
Renato, Ana Cláudia, Aline, Luciano pela amizade, apoio e pela convivência;
Ao pessoal do Centro de Virologia, Soraya, Sueli, Paulo, Pavanelli, por toda força e
estando sempre dispostos a nos ajudar em tudo o que precisássemos;
Aos meus amigos de Viçosa, que sempre me ensinaram bastante, lições importantes
que carregarei por onde for;
A todos os pacientes que participaram da pesquisa, sem os quais esse trabalho não
seria possível;
A todos, que de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização deste
trabalho.
O meu muito obrigada!
"Agrada-me mais a dúvida do que o saber".
Dante Alighieri
RESUMO
CASTRO, L. A. Avaliação da detecção da proteína NS1 no diagnóstico da infecção pelo
vírus dengue-3 em comparação a outros métodos laboratoriais utilizados no
diagnóstico da dengue. 2008. 100 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008.
As infecções causadas pelos vírus dengue representam a principal arbovirose em
nível mundial e o da maior importância para o Brasil. A dengue apresenta uma ampla
variedade de sintomas clínicos desde infecção assintomática até doença grave, a dengue
hemorrágica ou síndrome do choque da dengue. O diagnóstico da dengue aplicado na rotina
requer que seja feita uma coleta de sangue na fase de convalescença, porém a experiência
mostra que muitos pacientes não retornam para fazer esta coleta. Por esta razão um bom
método de diagnóstico na fase aguda da doença é fundamental para a adoção de condutas
terapêuticas capazes de minimizar complicações e reduzir a mortalidade, além de ser muito
importante para o manejo clínico e epidemiológico da dengue em áreas onde múltiplos
Flavivirus são endêmicos, como é o caso do Brasil. Com o intuito de aperfeiçoar o
diagnóstico da dengue, durante a fase aguda da doença, foi avaliada neste estudo a
sensibilidade e especificidade da detecção da proteína NS1 comparando com a detecção do
vírus por RT-PCR, sorologia e isolamento viral em Ribeirão Preto. Foram avaliados 250
pacientes com suspeita clínica de dengue. Do total de pacientes estudados, em 81 (32,4%)
foi possível a detecção molecular do agente. No isolamento viral 34 amostras foram
positivas por IFI e 51 foram positivas utilizando a PCR, como método de detecção do vírus
dengue em sobrenadante do cultivo celular. A detecção de IgM ocorreu em 26% das
amostras analisadas. 36 amostras positivas para a RT-PCR foram IgM negativas por terem
sido colhidas em média apenas 2,1 dias após o início dos sintomas, e 22 amostras foram
positivas para IgM e negativas para o RT-PCR e isolamento viral. A detecção de IgG anti-
dengue ocorreu em 103 (41,2%) amostras. Destas 32 (31% - 32/103) foram tanto IgM
quanto IgG positivas, e das amostras que foram positivas somente para IgG, 12 (16,90% -
12/71) foram positivas também para o PCR. A sensibilidade do teste de NS1 quando
comparada à detecção de IgM anti-dengue ou resultado positivo de RT-PCR foi de 76,2% e
a especificidade de 96,5% O valor preditivo positivo neste caso foi de 94,1%, com um valor
preditivo negativo de 84,8%. Já quando foram consideradas apenas os resultados positivos
para IgM e positivos para o RT-PCR a sensibilidade do teste subiu para 95,1% e a
especificidade foi 77,9%. O valor preditivo positivo foi de 45,9%, com um valor preditivo
negativo de 98,9%. O teste de NS1 apresentou melhores resultados que as técnicas de
diagnóstico que podem ser usadas na fase aguda da doença (RT-PCR e isolamento viral),
além de ter tido uma menor queda na positividade quando comparada ao aumento nos dias
de sintomas em que a amostra foi coletada. Foi possível observar que o kit apresentou um
bom desempenho, sendo capaz de detectar a infecção por mais tempo que o RT-PCR e
logo no início dos sintomas. A técnica de detecção de NS1 viral representa uma importante
ferramenta diagnóstica em infecções por dengue, principalmente em áreas muito endêmicas
e onde a demanda é grande, possuindo uma alta especificidade e boa sensibilidade.
Palavras chaves: Dengue, NS1, ELISA, RT-PCR, diagnóstico virológico.
ABSTRACT
CASTRO, L. A. Evaluation of NS1 protein detection for dengue-3 diagnosis in
comparison to other laboratorial methods used in dengue diagnosis. 2008. 100 p.
Dissertation (Master) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto, 2008.
Dengue virus infection represents the main arboviral disease worldwide, and it is of
great importance to Brazil. Dengue encompasses a great spectrum of disease including
asymptomatic infection, dengue fever, and even the severe form dengue hemorrhagic fever
or dengue shock syndrome. Routine dengue diagnosis requires a sample collection in
convalescence phase, but the experience shows that many patients do not return to collect
this sample. For this reason a good diagnostic method of disease acute phase is
fundamental to a correct management of the patient, reduction of disease complications and
mortality rates, besides being very important to clinical and epidemiologic management in
areas where multiple Flavivirus are endemic, such as in Brazil. In order to improve dengue
diagnosis during acute phase of disease, this study evaluated the sensitivity and specificity of
NS1 detection compared to virus detection by RT-PCR, serology and viral isolation in
Ribeirão Preto. 250 samples of patients suspected of having dengue were evaluated. From
the total of evaluated patients, in 81 (32,4%) molecular detection of dengue-3 virus was
possible. By viral isolation 34 samples were positive by IFA and 51 positive by RT-PCR, on
culture cell supernatants. IgM detection occurred in 26% of the samples. 36 positive samples
to RT-PCR were negative for IgM detection because of collection day, mean of 2,1 days after
the beginning of disease symptoms, and 22 samples were positive for IgM and negative for
RT-PCR and viral isolation. Detection of anti-dengue IgG occurred in 103 (41,2%) samples.
From these 32 (31% - 32/103) were positive for IgM and IgG detection, and from the samples
positive only to IgG, 12 (16,90% - 12/71) were also positive to RT-PCR. NS1 test sensitivity
was 76,2% and specificity 96,5% when compared to IgM detection or RT-PCR positive
result. The positive predictive value in this case was 94,1% and the negative predictive value
was 84,8%. When only IgM detection and RT-PCR positive results were considered, test
sensitivity increased to 95,1% and specificity was 77,9%. The positive predictive value in this
case was 45,9% and the negative predictive value was 98,9%. NS1 test presented better
results than the diagnostic techniques usually used in acute phase of disease (RT-PCR and
viral isolation), and also had a smaller decrease in positivity when compared to the days in
which the samples were collected. The test presented a good performance, being able to
detect dengue virus infection longer than RT-PCR and shortly the after beginning of disease
symptoms. NS1 detection technique represents an important diagnostic tool in dengue
infections, mainly in highly endemic areas, having a good specificity and sensitivity.
Keywords: Dengue, NS1, ELISA, RT-PCR, viral diagnosis.
SUMÁRIO
I - INTRODUÇÃO................................................................................................................
01
1.1 Histórico da dengue...................................................................................................
02
1.2 Características do vírus da dengue............................................................................
06
1.3 Aspectos epidemiológicos..........................................................................................
11
1.4 - Manifestações clínicas e achados laboratoriais..........................................................
17
1.5 - Diagnóstico da infecção por dengue...........................................................................
21
1.5.1 Diagnostico Sorológico......................................................................................
21
1.5.2 Isolamento Viral.................................................................................................
23
1.5.3 Detecção Molecular..........................................................................................
24
1.5.4 Detecção da NS1..............................................................................................
25
1.6 Elementos envolvidos na patogênese........................................................................
26
1.7 Tratamento, controle e prevenção.............................................................................
28
II - OBJETIVOS...................................................................................................................
31
III - MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................................
33
3.1 População de estudo..................................................................................................
34
3. 2 Extração do RNA viral...............................................................................................
35
3.3 One step RT-PCR para diagnóstico e sorotipagem dos vírus...................................
35
3.4 Isolamento viral..........................................................................................................
37
3.5 Ensaios de imunofluorescência indireta.....................................................................
38
3.6 ELISA de captura para detecção de IgM anti-dengue...............................................
38
3.7 ELISA indireto para detecção de IgG anti-dengue.....................................................
39
3.8 PLATELIA DENGUE NS1 Ag KIT para detecção da proteína NS1...........................
40
3.9 ELISA Pan-E Dengue Early para detecção da proteína NS1....................................
41
3.10 - Análises Estatísticas.................................................................................................
41
IV - RESULTADOS.............................................................................................................
42
4.1 Amostras obtidas........................................................................................................
43
4.2 One-step RT-PCR para detecção do vírus dengue...................................................
44
4.3 Comparação das metodologias de diagnóstico molecular da dengue.......................
46
4.4 Isolamento viral em cultura de células.......................................................................
48
4.5 Diagnóstico sorológico por MAC-ELISA.....................................................................
51
4.6 ELISA Indireto para detecção de IgG anti dengue.....................................................
51
4.7 Detecção da NS1 pelo kit PAN-E Dengue Early ELISA (PanBio).............................
52
4.8 Detecção da NS1 pelo kit PLATELIATM DENGUE NS1 AG Kit (Biorad).................
53
4.9 Análise da sensibilidade e especificidade do teste de NS1.......................................
57
V - DISCUSSÃO.................................................................................................................
61
VI - CONCLUSÕES............................................................................................................
75
VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................
77
VIII - ANEXOS.....................................................................................................................
95
LISTA DE ABREVIATURAS
ADE - Exacerbação imunológica dependente de anticorpos
CDC - Centers for Disease Control and Prevention
CSE - Centro Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
DENV- 1 Vírus dengue tipo 1
DENV- 2 Vírus dengue tipo 2
DENV- 3 Vírus dengue tipo 3
DENV- 4 Vírus dengue tipo 4
DNA Ácido dexoxiribonucléico
dNTPs Deoxinucleotídeos
D.O. - Densidade Óptica
ELISA - Ensaio imunoenzimático/ Enzyme Linked lmmunosorbent Assay
FAPESP- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FC - fixação do complemento
FD Febre da dengue (Dengue clássica)
FHD Febre hemorrágica do dengue
FITC - isotiocianato de fluoresceína
FMRP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
IH - Inibição da hemaglutinação
HCFMRP-USP - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-Universidade
de São Paulo
HLA - Antígenos leucocitários humanos
IgG - Imunoglobulina G
IgM - Imunoglobulina M
IFI - Imunofluorescência Indireta
IFN Interferon
IL - Interleucina
MAbs - Anticorpos Monoclonais
MIAF- Mouse lmmuneascitic Fluid
NF-KB - Fator nuclear tipo kappa B
NS1 Proteína não estrutural 1
OMS - Organização Mundial da Saúde
ORF - região de leitura aberta
PAF - Fator Ativador Plaquetário
pb pares de base
PBS - Tampão Salina Fosfato
PCR Reação em cadeia da polimerase
RT-PCR - Reação em cadeia da polimerase precedida por transcrição reversa
RNA Ácido ribonucléico
SCD Síndrome do choque da dengue
SFB Soro fetal bovino
ssRNA - RNA fita simples
SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde
TMB - 3,3', 5, 5' Tetrametil Benzidina
TN - teste de neutralização
TNF - Fator de Necrose Tumoral
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Reinfestação do Aedes aegypti nas Américas. Distribuição do A. aegypti na
Ámerica em 1930, 1970 e 2006. Fonte: (CDC), 2008a.................................................................
Figura 2: A. Fotomicrografia eletrônica de partículas virais do DENV-2 após 5 dias de
infecção em cultura de células (aumento de 345.000X). B. Representação esquemática da
morfologia dos vírus da Dengue. O segmento genômico de RNA é complexado com proteínas
do capsídeo (C em verde) constituindo o nucleocapsídeo, que é empacotado dentro de um
envelope lipídico que contém glicoproteínas virais, E (em amarelo) e M (em
rosa)..............................................................................................................................................
Figura 3: Representação esquemática da estrutura genômica e expressão do vírus
dengue. A. Estrutura do genoma e elementos do RNA viral. B. Processamento da poliproteína
e produtos de clivagem. O genoma de RNA senso positivo codifica para uma poliproteína que
quando clivada gera 10 proteínas: sendo 3 estruturais (C, M, e E) e 7 o estruturais (NS1,
NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b, e NS5). Fonte: BURKE et al., 2001...........................................
Figura 4. Ciclo de multiplicação dos Flavivirus. Os vírus se ligam à superfície celular e entram
atras de endocitose mediada por receptores. A acidificação da vesícula induz alterações
conformacionais nos vírus e a fusão de membranas, resultando no desmonte das partículas
virais. O genoma de RNA é liberado e codifica uma poliproteína que, ao ser direcionada para o
retículo endoplasmático (RE), é processada por proteases. A replicação do genoma ocorre
associada às membranas e a montagem das partículas ocorre na superfície do RE, onde as
proteínas estruturais e o RNA recém sintetizado brotam no lúmem do RE. As partículas o
transportadas atras dos compartimentos do Complexo de Golgi (TGN) e clivadas por
proteases do hospedeiro. Virions maduros e partículas subvirais são eno liberadas por
exocitose. (Mukhopadhyay et al, 2005)...............................................................................................
Figura 5. Mapa da distribuição mundial da dengue em 2005. Fonte: CDC, 2008a.................
Figura 6: Depois que uma pessoa é picada pelo mosquito, o vírus sofre um período de
incubação de 3 a 14 dias (em média 4 a 7 dias), depois do qual tem-se o inicio da febre
acompanhado dos sintomas. Durante este período de febre, os vírus circulam no sangue
periférico, e quando outro mosquito pica a pessoa doente no período virêmico, ele pode se
infectar e transmitir o vírus depois de um peodo de incubação extrínseco de 8 a 12 dias.........
Figura 7. Identificação dos produtos de RT-PCR para sorotipagem de Dengue por
eletroforese em gel de agarose a 2%. M: marcador de peso molecular de 100pb
(Invitrogen). Linha 1: ausência de Dengue em células C6/36 (controle negativo). Linha 2:
amplificação de controle positivo de RNA para DENV-3 (fragmento de 290pb). Linhas 3 à 5:
amostras positivas para DENV-3 (fragmento de 290pb). Linhas 6 e 7: amostras negativas para
DENV-3.......................................................................................................................................
Figura 8. Identificação dos produtos de RT-PCR para diagnóstico de Dengue por
eletroforese em gel de agarose a 2%. M: marcador de 100pb (Invitrogen). Linha 1: ausência
de Dengue em células C6/36 (controle negativo). Linha 2: amplificação de controle positivo de
RNA para DENV-3 (fragmento de 420pb). Linha 3: amostra obtida de suspeita de dengue
hemorrágica com óbito para Dengue. Linha 4: amostra positiva para
dengue........................................................................................................................................
Figura 9. Detecção, por microscopia de fluorescência, da presença do vírus DENV-3 em
células C6/36 infectadas. Quadro A: Imunofluorescência negativa para dengue (C6/36 não
infectada corada com azul de Evans 0,01%). Quadro B: controle positivo: C6/36 infectada
com estoque viral de D3 (H-87). Quadro C: controle negativo: C6/36 infectada com o soro de
paciente suspeito de dengue, porém sem o anticorpo primário (contra corada com azul de
Evans 0,01%). Quadro D: Imunofluorescência positiva para dengue, C6/36 infectada com o
soro de paciente de dengue hemorrágico que evoluiu para óbito (aumento de 400 X). Quadro
E: Ampliação da C6/36 infectada com o soro de paciente de dengue hemorrágico que evoluiu
para óbito, notar o citoplasma fortemente corado........................................................................
Figura 10. Placa de 96 poços mostrando a detecção de NS1 pelo kit PAN-E Dengue Early
ELISA (PanBio).............................................................................................................................
Figura 11. Placa de 96 poços mostrando a detecção de NS1 pelo kit Platelia (Biorad)..............
Figura 12. Diagrama representando a relação de positividade entre os testes de
diagnóstico para infecção pelos vírus dengue. Testes avaliados: ELISA para a detecção
da NS1, ELISA para a detecção de IgM anti-dengue e RT-PCR ou isolamento viral...................
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Casos Notificados de Dengue Clássica e Confirmados para Febre Hemorrágica
da Dengue e Óbitos, por Unidade Federada (UF) de Residência, Brasil,
2007..........................................................................................................................................
Tabela 2: Monitoramento viral por Unidade Federada, Brasil, 2007.........................................
Tabela 3: Oligonucleotídeos utilizados nas amplificações para detecção dos sorotipos
circulantes de Dengue...............................................................................................................
Tabela 4. Características epidemiológicas dos pacientes segundo a confirmação laboratorial
do diagnóstico de dengue..........................................................................................................
Tabela 5. Percentual de positividade da RT-PCR convencional segundo o dia de sintomas...
Tabela 6. Número de amostras de soro de pacientes com infecção primária e secundária de
dengue testadas positivas por cada método de diagnóstico.....................................................
Tabela 7. Número de amostras de soro de pacientes com infecção primária e secundária de
dengue testadas positivas por cada método de diagnóstico em relação à detecção de IgM
anti-dengue nas mesmas amostras...........................................................................................
Tabela 8 Número de amostras de soro de pacientes com infecção primária e secundária de
dengue testadas positivas por cada método de diagstico em relação à não detecção de
IgM anti-dengue nas mesmas amostras....................................................................................
Tabela 9. Número de amostras de soros positivas e negativas para dengue para cada teste
diagnóstico................................................................................................................................
Tabela 10. Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo
negativo (VPN) e acurácia dos testes diagnósticos avaliados neste estudo.............................
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Distribuição percentual dos pacientes com confirmação laboratorial do
diagnóstico de dengue segundo a faixa etária...........................................................................
Gráfico 2. mero de amostras positivas e negativas pela RT-PCR em comparação com o
tempo, após o início dos sinais clínicos....................................................................................
Gráfico 3. mero de amostras positivas e negativas pela RT-PCR em comparação com o
tempo, após o início dos sinais clínicos.....................................................................................
Gráfico 4. mero de amostras positivas e negativas pelas metodologias de RT-PCR e
pelo isolamento viral em comparação com o tempo, após o início dos sinais clínicos..............
Gráfico 5. Sensibilidade da detecção da infecção pelo vírus dengue por dia após o início
dos sintomas clínicos em amostras IgM positivas. A porcentagem de amostras positivas por
cada método de detecção são plotados contra o número de dias após o início da febre.........
Gráfico 6. Sensibilidade da detecção da infecção pelo vírus dengue por dia após o início
dos sintomas clínicos em amostras RT-PCR positivas. A porcentagem de amostras
positivas por cada método de detecção são plotados contra o número de dias após o início
da febre......................................................................................................................................
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Introdução
2
1. INTRODUÇÃO
A dengue é considerada a mais importante arbovirose humana da atualidade tanto
em termos de morbidade como mortalidade, afetando diretamente o campo da saúde
pública, e, além disto, as infecções causadas pelos vírus da dengue são as que assumem
maior importância em nosso país (FONSECA; FIGUEIREDO, 2005). A dengue é uma
doença febril aguda, que pode ser causada pela infecção com qualquer um dos quatro
sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) e transmitida ao
homem por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, embora seja relatada a
transmissão por outras espécies do nero. No Brasil, a dengue foi reintroduzida
definitivamente em 1986 e, desde então, espalhou-se por todo o território Brasileiro onde
ocorre de maneira endêmica em praticamente todos os estados. A dengue é notável por sua
ampla distribuição global em regiões tropicais e subtropicais e pelo grande número de
indivíduos afetados, cerca de 50 a 100 miles de casos de dengue clássico e mais de
500.000 casos de dengue hemorrágica anualmente, com cerca de 2,5% de óbitos (WHO,
2005). Nos últimos vinte e cinco anos tem sido observado um aumento significativo na
atividade epidêmica, expansão da distribuição geográfica, transmissão contínua de rios
sorotipos e emergência da febre hemorrágica (FHD) em áreas onde a doença não era
prevalente.
1.1. Histórico da Dengue
Embora se suspeite que o vírus da dengue venha causando epidemias vários
séculos, a primeira descrição detalhada da dengue foi feita por Benjamim Rush, em 1780,
durante um surto ocorrido na Filadélfia, EUA, que ficou conhecido como “escarlatina
reumática” (GUBLER, 1997). Em 1907, Ashburn e Craig caracterizaram o agente causador
da dengue como um microorganismo ultramicroscópico filtrável, e durante a Segunda
Guerra Mundial ocorreram importantes progressos no estudo da dengue (KIMURA; HOTTA,
1944; SABIN; SCHLESINGER, 1945; SABIN, 1952; FONSECA; FIGUEIREDO, 2005).
Introdução
3
Durante o século XVIIII a dengue era considerada uma doença esporádica, causando
epidemias a longos intervalos. Contudo após a Segunda Guerra, a co-circulação dos
múltiplos sorotipos dos vírus dengue, aliado ao subseqüente crescimento descontrolado das
cidades, fez emergir a epidemia da febre hemorrágica da dengue (FHD) como o maior
problema de saúde pública em muitos países do sudeste Asiático. O primeiro relato de
epidemia da FHD ocorreu em 1953 em Manila, nas Filipinas, onde em 1956 e 1960 foi
isolado pela primeira vez os sorotipos 3 e 4 a partir de amostras clínicas de pacientes com
quadro de FHD (HAMMON et al., 1960).
Nos anos oitenta começou uma segunda expansão de FHD pela Ásia, quando o Sri
Lanka, Índia e Ilhas Maldivas tiveram suas primeiras epidemias de FHD (GUBLER, 1997). A
atividade epidêmica causada pelos 4 sorotipos também se intensificou no Pacífico com
muitas epidemias de FHD em várias ilhas desta região (BARNES; ROSEN, 1974; CONDON
et al., 2000; NUEGOONPIPAT et al., 2004). Epidemias de FHD ainda não foram descritas
na África ou Oriente Médio, mas casos esporádicos clinicamente compatíveis com FHD
foram descritos em Moçambique, Djibouti, e Arábia Saudita (KANESA-THASAN et al., 1994;
CALISHER et al., 1981; RODIER et al., 1995).
A emergência da dengue e FHD como principal problema de saúde foi mais
dramático na América. No esforço para prevenção da febre amarela, começou-se uma forte
campanha que erradicou o A. Aegypti da maioria dos paises da América Central e do Sul
nos anos de 1940 e 1960 (PINHEIRO, 1989). Ocorreram apenas casos esporádicos de
dengue em algumas ilhas caribenhas durante este período. Porém com a interrupção do
programa e a diminuição dos esforços para controle do vetor, a partir de 1970 o mosquito
começou a reinfestar países que haviam sido erradicados do vetor. Como resultado a
distribuição do A. aegypti em 2006 era bem maior do que antes do programa de erradicação
(Figura 1).
Introdução
4
Figura 1. Reinfestação do Aedes aegypti nas Américas. Distribuição do A. aegypti na Ámerica em
1930, 1970 e 2006. Fonte: (CDC), 2008a.
A expansão do A. aegypti nos anos 70 e 80 coincidiu com um aumento no número de
casos de dengue. Antes de 1977 apenas DENV-2 e DENV-3 estavam presentes na região,
porém a introdução de DENV-1 em 1977 e DENV-4 em 1981 provocou epidemias de FD em
toda a região (PAHO, 1979). Também em 1981, um novo genótipo de DENV-2 do Sudeste
asiático causou a primeira epidemia de FHD na América, em Cuba. Esse genótipo se
espalhou rapidamente por toda a região e causou surtos de FHD na Venezuela, Colômbia,
Brasil, Guiana Francesa, Suriname e Porto Rico (LEITMEYER et al., 1999; RICO-HESSE,
1990). o DENV-3 que esteve circulando entre os anos de 1963 e 1977 desapareceu da
região, sendo detectado somente em 1994 associado a uma epidemia de FD e FHD em
Nicarágua, e posteriormente notificado no Panamá, Costa Rica, EI Salvador, Guatemala, e
Honduras (GUZMAN et al., 1996). A introdução do DENV-3 no México em 1995 coincidiu
com o aumento de casos de DHF naquele país (FIGUEROA; RAMOS, 2000). Análises
genéticas das linhagens isoladas de DENV-3 demonstraram que o vírus provavelmente foi
introduzido na região a partir da Ásia, uma vez que era distinto dos DENV-3 isolados
anteriormente na América e similar aos que causaram epidemias de FHD no Sri Lanka e
Índia nos anos 80 (MESSER et al., 2002; 2003; GUZMAN et al., 1996).
A dengue atualmente é considerada endêmica na América, Sudeste asiático, Oeste
1930 1970 20061930 1970 2006
Introdução
5
do Pacífico, África, Mediterrâneo oriental, com maior carga nas três primeiras regiões. Ainda
que os quatro sorotipos de dengue sejam capazes de produzir casos de FHD, o DENV-2 e o
DENV-3 são mais frequentemente associados com a FHD (GUZMAN; KOURI, 2003;
OCAZIONEZ et al., 2006).
No Brasil, os primeiros relatos de dengue datam do século XIX. Entretanto, aa
segunda metade do século XX, sua importância foi ofuscada pela febre amarela urbana,
outra arbovirose transmitida pelo mesmo mosquito Aedes aegypti. As campanhas de
combate
à
febre amarela urbana, coordenadas por Emílio Ribas e Osvaldo Cruz entre 1903
e 1923, diminuíram no Brasil o mosquito transmissor. Após mais de 50 anos sem a ocorrência
de epidemias, a doença ressurgiu no Brasil em grande parte devido
à
desestruturação dos
programas de controle de vetores. O ressurgimento da dengue em nosso país ocorreu em
1981-1982, quando foi
registrada uma epidemia em Boa Vista (RR), com cerca de 11.000
casos, causada por DENV-1 e DENV-4 (FONSECA; FIGUEIREDO, 2005).
Na região sudeste, a primeira epidemia de grandes proporções foi ocasionada pelo
DENV-1 e ocorreu no bnio 86/87 na cidade do Rio de Janeiro, com cerca de 95.000 casos
notificados (SCHATZMAYR et al., 1986), se espalhando para as regiões Nordeste e Centro-
Oeste. Em 1990, a situação se agravou com a introdução do DENV-2, novamente pelo
estado do Rio de Janeiro, e, pela primeira vez no Brasil, registrou-se epidemia de dengue
com casos graves e óbitos. A partir desta data, com a disseminação e circulação de mais de
um sorotipo, vários outros estados passaram a ser acometidos por epidemias com casos
graves e óbitos (NOGUEIRA et aI., 1990; 1991; 1993; 1995; VASCONCELOS et aI., 1993).
Em 1998, foi documentado na cidade de Limeira - SP, um caso de dengue-3 importado da
Nicarágua (ROCCO et al., 2001). Após dois anos, o DENV-3 foi introduzido no estado do
Rio de Janeiro, isolado no município de Nova Iguaçu. Em dezembro de 2000, 91 casos
foram confirmados em três diferentes municípios do estado (FONSECA; FIGUEIREDO, 2005;
LOURENÇO-DE-OLIVEIRA et aI., 2002; NOGUEIRA et aI., 2001; MIAGOSTOVICH et aI.,
2002). Em 2002, DENV-3 produziu uma grande epidemia, inicialmente no Rio de Janeiro e
depois por todo o país (NOGUEIRA et al., 2005). A dengue disseminou-se de forma
Introdução
6
progressiva de modo que hoje se trata de uma doença endêmica associada a surtos e
epidemias intermitentes em quase todos os aglomerados urbanos do país. Notavelmente, o
DENV-4 foi isolado recentemente em Manaus após 25 anos sem detecção no Brasil. O vírus
foi detectado em amostras de três pacientes da região amazônica, e provavelmente, esta
ressurgência é resultado da proximidade desta região do Brasil com países endêmicos para
o DENV-4, como a Venezuela e Colômbia (FIGUEIREDO et al., 2008). Esses achados
enfatizam a necessidade de estudos epidemiológicos contínuos para a vigilância de
doenças emergentes e reemergentes.
1.2. Características do vírus da dengue
Os vírus da dengue pertencem à família Flaviviridae, gênero Flavivirus (WESTAWAY
et al., 1985), que agrupa cerca de 70 membros. Os DENV são classificados em 4 sorotipos
distintos, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3, e DENV-4; com base em diferentes
características antigênicas observadas entre as amostras isoladas (SABIN, 1952;
SCHERER, 1968). Estes vírus apresentam a mesma epidemiologia e causam doença com
manifestações clínicas semelhantes em humanos, sendo que a imunidade adquirida após
infecção com cada um dos sorotipos é duradoura e mediada principalmente por anticorpos
neutralizantes. Embora haja uma forte reão sorológica cruzada entre estes vírus in vitro,
os anticorpos gerados contra um sorotipo não protegem o indivíduo contra infecções
secundárias por outros sorotipos.
As partículas virais apresentam simetria icosaédrica, com aproximadamente 45-
55nm de diâmetro, constituídas por um core de ribonucleoproteínas circundado por uma
bicamada lipídica (MURPHY, 1980). O envelope viral é composto por duas proteínas,
proteína E e proteína M e o nucleocapsídeo consiste da proteína C associada ao RNA viral
(Figura 2).
Introdução
7
Figura 2: A. Fotomicrografia eletrônica de partículas do DENV-2 após 5 dias de infecção em cultura de
células (aumento de 345.000X). B. Representação esquemática da morfologia dos vírus da Dengue.
O segmento genômico de RNA é complexado com proteínas do capsídeo (C em verde) constituindo o
nucleocapsídeo, que é empacotado dentro de um envelope lipídico que contém glicoproteínas virais, E
(em amarelo) e M (em rosa).
O genoma viral consiste de um RNA de fita simples, polaridade positiva, com
aproximadamente 11 kilobases (Kb) e peso molecular aproximado de 3.3x10
6
daltons. O
RNA viral apresenta uma estrutura cap m
7
GpppA na extremidade 5` para início da tradução
e não apresenta cauda de poli(A) na extremidade (WENGLER; WENGLER, 1981;
BRINTON et al., 1986; BRINTON; DISPOSITO, 1988). O vírus apresenta apenas uma longa
região de leitura aberta (ORF), desta forma, a tradução do genoma resulta na síntese de
uma única poliproteína precursora que é processada cotraducionalmente por proteases
virais e celulares. A região próxima a extremidade 5´ do genoma codifica 3 proteínas
estruturais [capsídeo (C), membrana (M, que é expressa como um precursor glicosilado
prM) e envelope (E)]. Sete proteínas não-estruturais que são essenciais para a replicação
do vírus são codificadas pelo restante do genoma NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b e
NS5 (CHAMBERS et al., 1990). Nas extremidades 5' e 3' existem regiões não codificadoras
com aproximadamente 100 e 450 nucleotídios, respectivamente (Figura 3). Estas regiões
possuem seqüências conservadas e estruturas secundárias de RNA que direcionam os
processos de amplificação genômica, tradução e empacotamento viral (BURKE et al., 2001).
A
B
Introdução
8
Figura 3: Representação esquemática da estrutura genômica e expressão do vírus dengue. A.
Estrutura do genoma e elementos do RNA viral. B. Processamento da poliproteína e produtos de
clivagem. O genoma de RNA senso positivo codifica para uma poliproteína que quando clivada gera 10
proteínas: sendo 3 estruturais (C, M, e E) e 7 não estruturais (NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b, e
NS5). Fonte: BURKE et al., 2001.
Dentre as proteínas estruturais, a glicoproteína E do envelope desempenha um
papel dominante na geração de anticorpos neutralizantes e indução da resposta imune
(REY, 2003), além de apresentar o sitio de ligação ao receptor celular e ser responsável
pela fusão do vírus à célula hospedeira. A proteína prM é parte dos virions imaturos e sua
clivagem proteolítica, por uma protease celular na rede trans golgi, é crucial na morfogênese
do vírus, coincidindo com a liberação de virions maduros (BURKE et al., 2001). A proteína C
apresenta muitos resíduos básicos concentrados nas extremidades N e C-terminal que,
provavelmente, atuam de forma cooperativa quanto à ligação específica ao RNA genômico,
favorecendo a formação do nucleocapsídeo. A região central da proteína C possui um
domínio hidrofóbico que atua na membrana celular e, também, poderia ter participação na
montagem do virion (BURKE et al., 2001).
Dentre as sete proteínas não-estruturais, apenas algumas tiveram seus papéis
totalmente esclarecidos. A glicoproteína NS1, com cerca de 430 aminoácidos, é detectada na
superfície celular, e também secretada para o espaço extracelular (FLAMAND et al., 1999),
A
B
Introdução
9
parece participar da fase precoce de replicação viral, além de estar relacionada
à
virulência
(HENCHAL; PUTNAK, 1990), sendo capaz de induzir a formação de anticorpos fixadores de
complemento. A função específica dela na replicação viral ainda não foi elucidada, ainda
que esteja envolvida na morfogênese viral. Algumas mutações nesta proteína afetam a
virulência da partícula viral. Além de ser possível relacionar níveis elevados de NS1
circulante, encontrados durante o início da infecção, com o desenvolvimento da FHD
(LIBRATY et al., 2002). A proteína NS2 é dividida nas porções NS2a e NS2b, sendo esta
última, portadora de atividade proteolítica. A proteína NS3 é altamente conservada entre os
flavivírus. A comparação de seqüências nucleotídicas e análises bioquímicas sugerem que
ela é trifuncional, com atividade de protease, helicase, nucleosídeo trifosfatase (NTPase) e
RNA trifosfatase, fazendo parte, portanto, da maquinaria de replicação do RNA viral
(BARTELMA;
PADMANABHAN, 2002). A proteína NS4 é clivada nas porções NS4a e NS4b e
ambas, juntamente com NS2a e NS2b, associam-se à membrana da célula infectada durante o
processo de maturação viral (CHAMBERS et al., 1990). A proteína NS5 é uma das mais
conservadas entre os flavivírus e parece ter atividade RNA polimerase dependente de RNA
devido à presença de uma região altamente conservada que é característica deste tipo de
enzima nos vírus de RNA fita positiva. Além de apresentar homologia também com
metiltransferases envolvidas na formação do cap 5’ em RNAs, o que indica que esta
proteína poderia participar da metilação do cap na extremidade 5’do RNA viral (BROOKS et
al., 2002; JOHANSSON et al., 2001).
Embora os mecanismos iniciais de infecção das células hospedeiras pelo vírus não
sejam totalmente conhecidos, evidências sugerem que a infecção ocorra pelo mecanismo de
endocitose, mediado por proteínas do envelope viral e receptores presentes na membrana
plasmática. Após a penetração na célula, o ambiente ácido dos endossomos induz uma
trimerização irreversível da proteína E que promove a fusão das membranas viral e celular.
Após esta fusão, o nucleocapsídeo é liberado no citoplasma, a protna do capsídeo e o RNA
se separam e a transcrição e replicação do genoma se iniciam. A replicação do genoma ocorre
junto às membranas intracelulares. Nesta etapa, a proteína C, recém sintetizada, se junta às
Introdução
10
cópias do RNA genômico na face citosólica da membrana do retículo endoplasmático e brota
através dela, adquirindo uma bicamada lidica. Esta membrana, também contém a
glicoproteína E e a proteína precursora prM. A partícula viral imatura segue através de vias
secretoras, onde uma protease semelhante à furina cliva a proteína prM já nos compartimentos
trans do complexo de Golgi, gerando a proteína M. Esta clivagem gera partículas maduras e
infecciosas, que são então liberadas da célula por exocitose (KUHN et al., 2002;
MUKHOPADHYAY et al., 2005; MODIS et al., 2003; CLYDE, et al., 2006) (Figura 4).
Figura 4. Ciclo de multiplicação dos Flavivirus. Os vírus se ligam à superfície celular e entram através
de endocitose mediada por receptores. A acidificação da vesícula induz alterações conformacionais nos
rus e a fusão de membranas, resultando no desmonte das partículas virais. O genoma de RNA é
liberado e codifica uma poliproteína que, ao ser direcionada para o retículo endoplasmático (RE), é
processada por proteases. A replicação do genoma ocorre associada às membranas e a montagem das
partículas ocorre na superfície do RE, onde as proteínas estruturais e o RNA recém sintetizado brotam
no lúmem do RE. As partículas são transportadas atras dos compartimentos do Complexo de Golgi
(TGN) e clivadas por proteases do hospedeiro. Virions maduros e partículas subvirais são então
liberadas por exocitose. (Mukhopadhyay et al., 2005).
Introdução
11
Ainda não está totalmente esclarecida qual é a principal célula infectada pelos vírus
dengue. Alguns estudos propõem que a replicação primária do vírus ocorra em células que
apresentam receptor Fc, da linhagem monocítica/macrofágica (SYDOW et al., 2000; WU et
al., 2000). Os receptores de membrana, aos quais se ligam o vírus dengue na fase inicial da
infecção, também são desconhecidos, apesar de haver evidências de que o heparan sulfato
é participante ativo nesta fase da infecção. Alguns trabalhos apontam que o primeiro alvo do
vírus da dengue seriam células dendríticas presentes na pele. Ao ser introduzido na pele do
hospedeiro pela picada do mosquito, o vírus infecta tanto células de Langherhans, como
células dermais e interticiais. Estas células o mais permissivas a infecção que monócitos e
macrófagos (WU et al, 2000; PALUCKA, 2000). Recentemente, estudos envolvendo a
fenotipagem delulas sanguíneas periféricas em pacientes infectados com o vírus da dengue,
têm demonstrado que os monócitos seriam as principais células infectadas no sangue
periférico (DURBIN et al., 2008; KOU et al., 2008).
Além das células dendríticas, estudos in vitro sugerem que o vírus da dengue infecte
ainda uma grande variedade de células humanas, tais como: hepatócitos, linfócitos B e T,
células endoteliais e fibroblastos. Condizente com estas observações, espécimes obtidos de
pacientes com FHD/SCD, e analisados por imunohistoquímica e imunofluorescência, revelam a
presença de antígenos virais em muitos tecidos, incluindo gado, baço, linfonodos, timo, rins,
pules, pele e, principalmente, células fagocíticas mononucleares (JESSIE et al., 2004). No
entanto, a presença de antígenos num determinado tipo celular não implica que ela seja
permissiva a infecção viral, já que estes antígenos podem ter sido fagocitados. Estas questões
foram recentemente elucidadas através da técnica de hibridação in situ, que permite a precisa
localização do RNA viral em tecidos infectados. Os resultados confirmam que nem todas as
células portadoras de antígenos virais apresentam o RNA viral (JESSIE et al., 2004).
1.3. Aspectos epidemiológicos
Nos últimos 25 anos, as infecções pelo vírus da dengue têm alcançado proporções
globais, com um grande aumento na freqüência e intensidade de epidemias associadas a
Introdução
12
síndromes clínicas mais graves (GUBLER, 1998, 2002; GUBLER; CLARK, 1995). Estima-se
a ocorrência de 100 milhões de casos de dengue ao ano em todo o planeta, e que cerca de
3 bilhões de pessoas encontram-se em risco eminente de serem infectadas (GUZMAN;
KOURI, 2002) (Figura 5). Dentro desta estimativa, cerca de 500.000 casos evoluem para
FHD, em sua maioria em crianças. Dentre estes casos, 20.000 resultam em óbitos, podendo
este número ser até duas vezes maior dependendo da região. Sem o tratamento adequado,
que consiste basicamente na reposição de fluidos e repouso, e sem diagnóstico precoce e
internação dos pacientes, o óbito em casos de dengue hemorrágica pode exceder até 20%.
Entretanto, quando os pacientes são devidamente tratados e diagnosticados este percentual
pode ser reduzido a percentuais inferiores a 1 % (GIBBONS; VAUGHN, 2002; MACKENZIE
et al.,
2004; CDC, 2008b).
Figura 5. Mapa da distribuição mundial da dengue em 2005. Fonte: CDC, 2008a.
A doença é transmitida por mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas o Aedes
aegypti é o único transmissor do vírus dengue com importância epidemiológica. Trata-se de
uma espécie originária da África subsaariana de onde se dispersou para o resto do mundo a
partir do século XVII. Durante a sua evolução, houve um processo de adaptação ao
ambiente domiciliar e peridomiciliar, passando a reproduzir-se em depósitos artificiais de
água limpa e parada. Outra espécie, Aedes albopictus, originária das selvas asiáticas,
recentemente foi introduzida nas Américas, incluindo o Brasil. Entretanto, por razões
Introdução
13
desconhecidas, sua importância epidemiológica como transmissor da dengue tem se
restringido apenas ao continente asiático (RODHAIN; ROSEN, 1997). A transmissão da
doença, de forma simplificada, envolve a ingestão de sangue virêmico por fêmeas do
mosquito Aedes aegypti após picarem indivíduos contaminados, seguida da passagem do
vírus para um segundo hospedeiro humano susceptível. É necessário, no entanto, um
período de incubação no vetor de 8-10 dias (período de incubação extrínseco) para que
ocorra a replicação e disseminação viral antes que o vírus possa ser encontrado na saliva
dos mosquitos podendo então ser transmitido a um novo hospedeiro humano (MONATH,
1994) (Figura 6). A presença do mosquito Aedes aegypti em quase todos os países tropicais
e subtropicais, torna um terço da populão mundial em risco de adquirir a infecção
(STEPHENSON, 2005).
Figura 6: Depois que uma pessoa é picada pelo mosquito, o vírus sofre um período de incubação de
3 a 14 dias (em média 4 a 7 dias), depois do qual tem-se o inicio da febre acompanhado dos
sintomas. Durante este período de febre, os vírus circulam no sangue periférico, e quando outro
mosquito pica a pessoa doente no período virêmico, ele pode se infectar e transmitir o vírus depois de
um período de incubação extrínseco de 8 a 12 dias.
Ainda hoje, primatas africanos e asiáticos são reservatórios naturais dos vírus dengue.
No entanto, com a ampla distribuição geográfica de mosquitos do gênero Aedes,
especialmente em áreas urbanas, os vírus dengue o hoje completamente adaptados a
humanos e perderam a necessidade de um ciclo zoonótico, para se manter. Esta manutenção
do rus, especialmente durante os ciclos interepidêmicos, é atribuída ao seu principal vetor
urbano, que está totalmente adaptado a humanos (MACKENZIE et al., 2004).
Viremia
Viremia
DIAS
0 5 12 16 20 24 28
Doença
Doença
Viremia
incubação
0 5 8 12 16 20 24 28
Ser humano # 1 Ser humano # 2
Mosquito pica/
adquire o vírus
Mosquito pica
/
transmite o vírus
Período
extrínseco
incubação
Período
intrínseco
Viremia
Viremia
DIAS
0 5 12 16 20 24 28
Doença
Doença
Viremia
incubação
0 5 8 12 16 20 24 28
Ser humano # 1 Ser humano # 2
Mosquito pica/
adquire o vírus
Mosquito pica
/
transmite o vírus
Período
extrínseco
incubação
Período
intrínseco
Introdução
14
As razões para a ressurgência de epidemias de dengue clássica e dengue
hemorrágica estão relacionadas à elevada infestação domiciliar pelo Aedes aegypti, à
reprodução exacerbada do mosquito em climas quentes e úmidos, à presença de diferentes
sorotipos de dengue e infecções secundárias, ao modelo de estocagem de água nas casas,
ao aumento da densidade populacional e ao grande movimento de pessoas em direção às
áreas urbanas (TEIXEIRA et al., 2005; CHATURVEDI et al., 2005). Estes fatores estão
relacionados ao grande crescimento populacional e a urbanização o planejada resultando
desta forma em baixa qualidade das moradias e saneamento básico ineficiente. Outros
fatores também podem ter contribuído como as viagens de avião, a migração, a
deterioração dos programas de saúde nos países em desenvolvimento e a falta de controle
dos mosquitos transmissores (GUZMAN; KOURI, 2002). Além disso, a microevolução do
vírus dengue pode ter contribuído para a expansão de cepas mais virulentas pelo mundo.
De fato, evidências de que genótipos mais virulentos do vírus estão substituindo os
genótipos menos virulentos, o que pode explicar a emergência global das infecções de
dengue (MALAVIGE et al., 2004).
No Brasil, os números também são preocupantes. Segundo dados recentes da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, foram registrados no ano
de 2006, 345.922 casos de dengue, dos quais 76% ocorreram entre os meses de janeiro a
maio, e no ano de 2007 foram notificados 559.954 casos de dengue, dos quais 79%
ocorreram nos cinco primeiros meses do ano, confirmando a manutenção de um padrão de
sazonalidade da dengue no Brasil, que acompanha a estação chuvosa (verão). Em 2006,
foram confirmados 628 casos de febre hemorrágica e a ocorrência de 67 óbitos. No ano de
2007 foram registrados 1.541 casos de febre hemorrágica e a ocorrência de 158 óbitos
(Tabela 1), com uma taxa de letalidade para FHD de 10,2% (Informe Epidemiológico da
Dengue, Janeiro a Dezembro de 2007). Em 2008 está ocorrendo uma explosão de casos de
dengue no estado do Rio de Janeiro, com um espantoso aumento no número de casos de
FHD. No período de janeiro a abril de 2008, a SVS registrou 230.829 casos, com a
ocorrência de 130 óbitos (Informe Epidemiológico da Dengue, Janeiro a Abril de 2008).
Introdução
15
O aumento no número absoluto de casos em 2007 foi diretamente influenciado pelo
incremento da transmissão nos Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de
Janeiro e Pernambuco. Em função da circulação de três sorotipos do vírus da dengue, o
número de casos de FHD e a taxa de letalidade vêm aumentando no país. Em 2002, com a
introdução do DEN-3, foi registrado o maior pico epidêmico da doença no Brasil e a taxa de
letalidade foi duas vezes maior, revelando uma maior gravidade na ocorrência da doença.
Em 2007, 86% dos casos de FHD estavam concentrados nos Estados do Ceará, Rio de
Janeiro, Maranhão, Pernambuco, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Piauí, Goiás, Alagoas,
Paraíba e Rio Grande do Norte. Em relação aos óbitos por FHD, 64% aconteceram nesses
estados (Tabela 1).
Tabela 1: Casos Notificados de Dengue Clássica e Confirmados para Febre Hemorrágica da Dengue
e Óbitos, por Unidade Federada (UF) de Residência, Brasil, 2007
(1)
Introdução
16
O monitoramento da circulação viral demonstra que o sorotipo DENV-3 continua
predominando no país, representando 77% das amostras isoladas em 2007 e 66% em 2008.
Entretanto, observa-se também, um percentual crescente de isolamentos do sorotipo DENV-
2, 20% em 2007 e 31% agora em 2008, sendo este sorotipo predominante nos Estados de
Alagoas, Amapá, Ceará, Maranhão, Piauí e Roraima em 2007 (Tabela 2), e em 2008
predominante nos Estados do Ceará (89%) e Rio de Janeiro (69%).
Tabela 2: Monitoramento viral por Unidade Federada, Brasil, 2007
(1)
Ribeirão Preto-SP documentou sua primeira epidemia de dengue entre novembro de
1990 e março de 1991, com o isolamento do DENV-1 e a confirmação de 2.305 casos
(Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto; RODRIGUES et al., 2002). Entre 1992 a 2000 a
incidência da doença manteve-se baixa, com confirmão de casos durante todos os anos,
Introdução
17
variando de 4 a 317. Em 2001 a incidência da doença voltou a subir, quando o município
confirmou 3.190 casos da doença, com isolamento dos sorotipos 1 e 2. Neste mesmo ano
foi notificado na cidade o primeiro caso de FHD, importado do município de Igarapava-SP.
No ano de 2002 foi isolado o sorotipo 3 pela primeira vez, de um caso importado. Em 2003,
o DENV-3 foi novamente isolado e neste mesmo ano 8 casos foram classificados como FHD
(Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto). Em 2004 e 2005 o número de casos permaneceu
baixo, até que em 2006 a cidade de Ribeirão Preto vivenciou sua maior epidemia de dengue
até o momento, com notificação de 6.438 casos (Centro de Vigilância Epidemiológica do
Estado de São Paulo). Em 2007 houve uma redução no mero de casos, quando foram
notificados 2.690 casos e em 2008 houve outra redução, tendo sido notificados 701 casos
até o início do mês de maio (Dados da Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto).
Apesar do grande impacto da dengue, não somente na área da saúde como também
na área econômica, ainda não existe um tratamento específico para estas infecções virais.
Os cuidados com os pacientes baseiam-se no tratamento de suporte aos sintomas
observados, como descanso, antipiréticos e analgésicos. Aspirina e outros salicilatos devem
ser evitados devido à diminuição da contagem de plaquetas e possivelmente sua função. Na
forma hemorrágica é importante a reposição de fluídos e eletrólitos, monitorada com testes
simples de laboratório como o hematócrito. Se o tratamento for adequado, o índice de
fatalidade nos casos de febre hemorrágica cai para menos de 1% (WHO, 2005). Por isso é
de extrema importância a detecção precoce da infecção, de modo a facilitar o seguimento
do paciente, diferenciando mais rapidamente a dengue clássica da hemorrágica.
1.4. Manifestações clínicas e achados laboratoriais
A infecção com os vírus dengue causa um amplo espectro de manifestações cnicas
que variam desde uma doença assintomática a quadros hemorrágicos e de choque
hipovolêmico. Após um período de incubação de 4 a 8 dias iniciam-se os sintomas, sendo a
sintomatologia mais característica febre, dor de cabeça e “rash” cutâneo (WHO, 1997).
A forma clássica da dengue ou febre da dengue (FD), forma mais comumente
Introdução
18
encontrada da doença, apresenta-se como uma enfermidade aguda febril que perdura por
aproximadamente 4 a 5 dias. A doença começa abruptamente, com febre elevada associada
a sintomas inespecíficos, como dor retro-orbitária, cefaléia de grau variável, erupção
maculopapular, mialgia, artralgia, dor abdominal, náuseas, vômitos, anorexia e fraqueza
(AHMED, 2001; NARAYANAN, 2002). A febre pode ser bifásica, com duração de 2 a 7 dias,
variando de 38,8° C a 40,5° C. A presença de manifestações hemorrágicas, tais como,
epistaxe, petéquias e gengivorragia podem ser observadas, mas em geral são leves e sem
repercussões hemodinâmicas (FONSECA; FIGUEIREDO, 2005).
Nos pacientes com dengue clássica, a neutropenia com linfocitose relativa é um
achado bastante comum. A presença de trombocitopenia é freqüente (GUBLER, 1998). A
elevação de enzimas hepáticas ocorre em grande parte dos casos e geralmente
é
moderada, mas em alguns pacientes o acometimento do fígado pode ser grave, levando a
uma hepatite severa e conseqüente morte (SENEVIRATNE et al., 2006; SOUZA et al.,
2004). A fase aguda da doença dura de 3 - 7 dias, mas a fase de convalescença pode ser
prolongada por semanas, podendo estar associada com prostração e depressão,
especialmente em adultos (RIGAU-PÉREZ et aI., 1998; GUBLER, 1998). Apesar de
haverem poucas complicações, a febre da dengue é responsável por grandes perdas
ecomicas por acometer uma grande parcela da populão economicamente ativa
(HENCHAL; PUTNAK, 1990).
A forma grave da doença (FHD/SCD) e a dengue clássica são diferentes espectros
de apresentação da doença, mas clinicamente indistinguíveis nos primeiros 3 a 7 dias de
evolução. Ambas apresentam-se como uma doença febril aguda, acompanhada de uma
grande variedade de sintomas inespecíficos descritos anteriormente. Após este período
inicial, os pacientes podem entrar em uma fase de recuperação ou desenvolver
características específicas da FHD. O grande diferencial não é a presença de fenômeno
hemorrágico (como o próprio nome da doença sugere e que pode ocorrer nas formas
clássica e hemorrágica), mas sim o aumento da permeabilidade vascular e o conseqüente
extravasamento de líquidos para o interstício. Quando o diagnóstico não é feito rapidamente
Introdução
19
e, portanto a intervenção clínica não é adequada, alguns pacientes com FHD podem sofrer
um colapso circulatório, caracterizando a síndrome do choque do dengue (SCD)
(BADYOPADHYAY et al., 2006).
Geralmente os sinais e sintomas típicos da FHD iniciam-se durante o período de
defervescência, podendo ocorrer 24 horas antes ou após a diminuição da febre. O
desconforto epigástrico, a dor abdominal, as useas e vômitos são comuns. As
manifestações hemorrágicas não são obrigatórias. As mais comuns são as petéquias,
localizadas predominantemente nas extremidades, mas encontradas também no tronco e
outras partes do corpo. Púrpuras podem surgir em várias regiões, mas são mais freqüentes
em locais de punção venosa. Geralmente os sangramentos gastrintestinais ocorrem nos
pacientes mais graves, às vezes antecedendo o choque circulatório (GUBLER, 1998). A
taquicardia e a hipotensão são marcadores importantes do início do extravasamento capilar.
Em casos mais graves, os pacientes podem apresentar pele fria, pegajosa e o pulso torna-
se fraco e rápido. Alguns indivíduos podem apresentar um quadro de letargia seguido de
agitação, rapidamente evoluindo para o choque. Frequentemente os pacientes apresentam
uma dor abdominal aguda, logo antes do desenvolvimento da falência circulatória, sendo
este sintoma um sinal de alerta para os médicos (MALAVIGE et al., 2004; GUBLER, 1998).
Nos quadros menos graves, a recuperação pode ocorrer espontaneamente ou após
a administração oral ou endovenosa de líquidos. nos pacientes com choque estabelecido
o manejo deve ser precoce e a reposição volêmica abundante. A duração do choque é
geralmente curta, mas nos indivíduos o tratados de maneira adequada o óbito pode
ocorrer dentro de 8 a 24 horas. Uma vez restabelecido o controle hemodinâmico, a
recuperação ocorre em 2 a 3 dias (GUBLER, 1998).
As alterações laboratoriais típicas da FHD e da SCD incluem a trombocitopenia e a
hemoconcentração. Esta última pode ser mascarada nos casos em que a reposição
volêmica é feita de forma rápida e abundante, ou quando fenômeno hemorrágico
importante. Assim como na forma clássica da doença, a leucopenia e a elevação das
transaminases são freqüentes. O extravasamento capilar pode ser evidenciado não somente
Introdução
20
pela hemoconcentração, mas também por ascite, derrame pleural e hipoproteinemia
(KALAYANAROOJ et al., 1997). O sistema de coagulação e fribrinólise podem ser ativados
durante a infecção, sendo demonstrado pelo aumento dos produtos da degradação da
fibrina e o prolongamento dos tempos de tromboplastina parcial e protrombina,
principalmente nos casos mais graves (MAIRUHU et al., 2003). Nos indivíduos em choque
prolongado é comum o desenvolvimento de uremia, hiponatremia, e acidose metabólica
(MALAVIGE et al., 2004).
Estudos realizados na Tailândia, entre as décadas de 50 e 60, estabeleceram os
padrões da doença e serviram de referência para que a Organização Mundial da Saúde
definisse critérios para diagnosticar e tratar a FHD. Em 1974, em um encontro do Comitê
Técnico da OMS realizado em Manila (Filipinas), foi formulada a primeira classificação da
doença. Desde então, pequenas modificações foram realizadas, mas os critérios de
definição e classificação dos casos permanecem os mesmos (BADYOPADHYAY et al.,
2006). A FHD pode ser classificada de acordo com a gravidade dos sintomas apresentados,
variando de moderada (graus I e II) a severa (graus
III
e IV). O grau I é caracterizado apenas
pela presença de prova do laço positiva como manifestação hemorrágica; no grau II
sangramento espontâneo. No grau III o paciente já apresenta sinais de colapso circulatório e
no IV o estabelecimento de choque profundo, com pressão e pulso indetectáveis
(GUZMAN; KOURI, 2002; WHO, 1997).
Algumas manifestações menos comuns da dengue foram relatadas. Alterações
neurológicas têm sido descritas com uma maior freqüência nos últimos anos, incluindo
polineuropatias, mononeuropatias e síndrome de Guillain Barret (SOLOMON et al., 2000;
FERREIRA et al., 2005). A encefalopatia ocorre em 0,5% nos pacientes com FHD e vários
fatores podem contribuir para seu desenvolvimento, entre eles a disfunção hepática, a baixa
perfusão, o edema cerebral e a encefalite por dengue (MALAVIGE et al., 2004). Em áreas
endêmicas, o diagnóstico de dengue deve ser incluído entre as possibilidades durante a
investigação de encefalites (SOLOMON et al., 2000). A miocardite aguda reversível também
tem sido identificada em indivíduos infectados. É possível evidenciar alterações
Introdução
21
eletrocardiográficas e da contratilidade miocárdica global, porém sem necrose do tecido
miocárdico (MALAVIGE et al., 2004).
Para fins de vigilância epidemiológica e notificação, no Brasil define-se um caso
suspeito de dengue clássica como todo aquele que ocorre em paciente proveniente de área
endêmica ou infestada por mosquito transmissor, com doença febril aguda de no máximo 7
dias de evolução, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor
retro-orbitrária, mialgia, artralgia, prostração e exantema. a definição de caso suspeito de
febre hemorrágica do dengue (FHD) inclui a ocorrência de trombocitopenia e manifestações
hemorrágicas, variando desde prova do laço positiva até fenômenos mais graves como
hematêmese, melena e outros. A ocorrência de pacientes com manifestações hemorrágicas
ou não, acrescidas de sinais e sintomas de choque circulatório (diminuição ou ausência de
pressão arterial, pulso arterial fino e rápido ou ausente, pele fria e úmida, agitação), leva à
suspeita de síndrome de choque do dengue (SCD) (Ministério da Saúde, 2007).
1.5. Diagnóstico da infecção por dengue
Como os sintomas da dengue são muito semelhantes àqueles presentes em outros
quadros febris agudos, a existência de testes laboratoriais específicos é essencial para a
confirmação de casos suspeitos. Atualmente estão disponíveis diferentes métodos, incluindo
técnicas de isolamento viral, de detecção de antígenos ou RNA viral em soro, plasma ou
tecidos, e, detecção de anticorpos séricos específicos.
1.5.1. Diagnóstico sorológico
Durante anos a técnica mais utilizada no diagnóstico da dengue foi a inibição da
hemaglutinação (IH). O exame apresenta boa sensibilidade e a grande vantagem de ser
capaz de detectar anticorpos por anos após a infecção, o que o tornou bastante útil em
estudos soroepidemiológicos. Em infecções primárias os anticorpos de fase aguda são
detectados entre o quarto e sexto dia de doença, e habitualmente seus títulos estão abaixo
Introdução
22
de 1: 10. Os títulos de anticorpos em amostras na fase de convalescença geralmente estão
abaixo de 1:640 nas infecções primárias. Nos pacientes com infecções secundárias os
títulos destes anticorpos específicos são detectados precocemente e aumentam
rapidamente durante os primeiros dias de infecção. Títulos iguais ou maiores que 1: 1280
obtidos de amostras coletadas durante a fase aguda da doença ou durante os primeiros dias
de convalescença são indicativos de infecção secundária. A grande limitação da
IH é a
obtenção de amostras de soro pareadas, além
de
baixa especificidade, principalmente em
áreas onde circulação de outros flavivírus, e o fato do exame não permitir a identificação
do sorotipo responsável pela infecção em curso (DE PAULA et al., 2004).
Os métodos imunoenzimáticos (ELISA) são os mais utilizados para o diagnóstico das
infecções por dengue. Possuem uma alta sensibilidade e podem detectar tanto anticorpos
do tipo IgM ou IgG e também antígenos. A detecção de anticorpos do tipo IgM por ELISA
tomou-se a principal ferramenta diagnóstica de infecções por dengue. A produção dos
anticorpos do tipo IgM varia entre os pacientes, mas na maioria dos casos é detectada a
partir de cinco dias após o início dos sintomas (GUBLER, 1998; DE PAULA et al., 2004).
Atualmente, diferentes tipos de ELISA estão disponíveis, entre eles o ElA-ICC
(FIGUEIREDO et al., 1989), ELISA de captura (MAC-ELISA), ultramicroELISA de captura,
dot-ELISA e IgM AuBioDOT de captura (GUBLER, 1998; DE PAULA et al., 2004). Soro,
sangue em filtro de papel e amesmo saliva tem sido úteis na identificação de anticorpos
do tipo IgM se as amostras forem coletadas no período adequado (pelo menos 5 dias após o
início dos sintomas). Os ensaios imunoenzimáticos têm a vantagem de possibilitar o
diagnóstico sem a necessidade de coleta de amostras pareadas. A técnica mais aplicada é
o MAC-ELISA. A presença de anticorpos do tipo IgM específicos contra a dengue sugere
infecção recente, mas não é capaz de determinar o sorotipo devido à grande reatividade
cruzada dos anticorpos, observada mesmo em infecções primárias (GUBLER, 1998;
GUZMAN; KOURI, 2004). Devido à associão entre a infecção seqüencial com diferentes
sorotipos e FHD/SCD, é importante distinguir uma infecção primária de uma infecção
secundária, e isto é possível por meio da detecção ou não de IgG. A vantagem do
Introdução
23
diagnóstico de dengue pela detecção de IgM ser realizado com somente uma amostra é
contraposta à dificuldade de se obter a amostra de soro do paciente na fase de
convalescença, pois nem sempre eles retornam ao posto de saúde para fazer o exame,
além da demora para liberação do resultado, ultrapassando uma semana após o início dos
sintomas.
Existem ainda outros todos sorológicos disponíveis, como a fixação do
complemento (FC) e o teste de neutralização (TN), mas devido a maior complexidade e
difícil realização tornaram-se pouco utilizados rotineiramente (GUBLER, 1998; DE PAULA et
al., 2004), embora o TN seja o teste sorológico mais específico para o vírus dengue,
podendo identificar o sorotipo infectante.
1.5.2. Isolamento viral
O isolamento viral realizado a partir de amostra clínica (soro, plasma, etc.) é o
método confirmatório definitivo e considerado como padrão para o diagnóstico da dengue.
Quatro sistemas de isolamento foram desenvolvidos: inoculação intracerebral em
camundongos neonatos, uso de cultura de células de mamíferos, inoculação intratoráxica
em mosquitos adultos, e uso de cultura de células de mosquito (GUBLER, 1998). A
inoculação intracerebral em camundongos é o método menos sensível para o isolamento
viral e a inoculação intratoráxica em mosquitos o mais sensível. Entretanto, linhagens
celulares contínuas de Toxorhynchites amboinensis (TRA-284), Aedes albopictus (C6/36), e
Aedes pseudoscutellaris (AP-61) são mais freqüentemente utilizadas para isolamento do
vírus (KUNO et al., 1985). A confirmação do isolamento viral é feita através de
imunofluorescência indireta com anticorpos policlonais ou monoclonais tipo-específicos
(FONSECA; FIGUEIREDO, 2005). A grande limitação é que as técnicas de isolamento viral
são relativamente laboriosas e demoradas, levando de 7 a 14 dias para a liberação de um
resultado final e exigem laboratórios bem equipados, tomando seu uso mais restrito
(GUBLER, 1998; GUZMAN; KOURI, 2004). Além disso, um diagnóstico retrospectivo de
infecção por dengue, dado fundamental para fins de inquérito epidemiológico, o pode ser
Introdução
24
feito que o sucesso no isolamento viral requer que a amostra clínica tenha sido coletada
durante o período de viremia, ou seja, nos primeiros cinco dias de sintomatologia.
1.5.3. Detecção molecular
Nos últimos anos, técnicas de biologia molecular vêm sendo amplamente utilizadas
para fins de pesquisa e diagnóstico. A reação em cadeia da polimerase precedida por
transcrição reversa (RT-PCR) vem tendo aplicação cada vez mais freqüente devido a sua
elevada sensibilidade e especificidade, além de rapidez e relativa simplicidade. Esta técnica
possibilita também a determinação do sorotipo infectante, tomando-se uma ferramenta muito
útil em investigações epidemiológicas e no planejamento de estratégias de controle da
doença (DE PAULA et al., 2002; DE PAULA et al., 2004; LANCIOTTI et al., 1992).
Diferentes tipos de espécimes cnicos podem ser analisados e, além disso, quantidade
mínima de material é suficiente para o processamento. A RT-PCR tem sido ainda,
ferramenta básica para estudos mais específicos e detalhados do genoma de vírus dengue,
como estudos de seqüenciamento, filogenia e epidemiologia molecular (FULOP et al., 1993;
DEUBEL, 1997; BATISTA et al., 2001). A hibridação de ácidos nucléicos é uma técnica
sensível que pode ser aplicada em análises diretas ou retrospectivas utilizando amostras
fixadas (MONATH et al., 1989, GUZMAN; KOURI, 1996). Recentemente foram descritas
também RT-PCR em tempo real para diagnóstico do dengue (SHU et al., 2003; GOMES-
RUIZ et al., 2006; CHIEN et al., 2006). Esta técnica é mais rápida que a RT-PCR
convencional, além de se utilizar de sondas fluorogênicas que aumentam a especificidade
de reação e permitem avaliar a carga viral. Apesar da atual maior disponibilidade de kits
comerciais, a RT-PCR, especialmente a RT-PCR em tempo real, ainda é pouco utilizada
para investigação de casos suspeitos fora dos centros de pesquisa e universidades devido
ao alto custo para o uso rotineiro nos serviços de saúde, especialmente em países como o
Brasil (GOMES-RUIZ et al., 2006).
A detecção do ácido nucléico tipicamente fornece um diagnóstico mais sensível e
rápido que o método tradicional de isolamento do vírus. Quando a PCR é realizada em fases
Introdução
25
da doença onde já existem grandes quantidades de anticorpos neutralizantes em circulação,
a sensibilidade do teste diminui, mas ainda pode-se encontrar material genético do vírus,
mesmo após o término do período de viremia (FIGUEIREDO et al., 1997; DE PAULA et al.,
2002).
1.5.4. Detecção da NS1
Apesar de vários kits comerciais de MAC-ELISA estarem disponíveis no mercado,
estes não podem ser utilizados para diagnóstico inicial, porque a IgM não se torna
detectável até 5 a 10 dias depois do aparecimento da febre em casos de infecção primária,
e até 4 a 5 dias depois do aparecimento da doença em infecções secundárias (WHO, 1997).
O diagnóstico molecular, como a RT-PCR, é mais precoce que a sorologia, porém é um
todo caro que requer técnicos experientes e equipamentos de laboratório especializados.
Como alternativa, a detecção de antígenos virais tem sido proposta, e mais recentemente
tem ganhado atenção a detecção da proteína NS1 (ALCON et al., 2002; KORAKA et al.,
2003; YOUNG et al., 2000).
Esta proteína foi identificada como uma glicoproteína altamente conservada
expressa tanto na forma associada a membranas como na forma secretada. Ela apresenta
não apenas determinantes grupo-específicos como também tipo-específicos e tem sido
reconhecida como um importante imunógeno em infecções por dengue (FALCONAR et al.,
1990; HENCHAL et al., 1987); além de estar presente em altas concentrações no soro de
pacientes infectados com o vírus durante a fase clínica inicial da doença (ALCON et al.,
2002). Young et al. (2000) foram os primeiros a desenvolver um ELISA de captura para
detecção de NS1 no soro de pacientes infectados com dengue, durante o estágio febril
agudo da doença. E a partir de então, estudos envolvendo a detecção de NS1 no soro de
pacientes vêm tentando correlacionar ou predizer o desenvolvimento da forma grave da
doença ou servir como um ensaio suplementar para o diagnóstico de dengue na fase aguda
(KORAKA et al., 2003; XU et al., 2006; CHUANSUMRIT et al., 2008). Foram desenvolvidos
dois kits de diagnóstico baseados em imunoensaio enzimático para detecção do antígeno
Introdução
26
NS1 no soro humano que estão sendo comercializados, o kit Platelia Dengue NS1 Ag kit
(Bio-Rad Laboratories, Marnes La Coquette, France) e o kit Pan-E dengue early ELISA da
PanBio.
1.6. Elementos envolvidos na patogênese da dengue
A causa responsável pelo desenvolvimento das formas graves da doença têm sido
temas de diversos trabalhos nos últimos 50 anos. Os fatores determinantes envolvidos na
gênese da alteração da permeabilidade capilar ainda não são totalmente esclarecidos e,
portanto, a patogênese das infecções por dengue e o aparente envolvimento da resposta
imune, tanto na proteção como no desenvolvimento da doença ainda não estão bem
definidos. Diversas hipóteses foram propostas para explicar a patogênese da infecção por
dengue, mas até hoje nenhuma é capaz de, isoladamente, esclarecer todos os mecanismos
envolvidos.
A hitese de maior aceitação refere-se a um fenômeno da resposta imunológica
exacerbada dependente de anticorpos
(antibody-dependent enhancement -
ADE),
fenômeno comum a outras infecções virais (HALSTEAD, 1988; TAKEDA; ENNIS, 1990). Neste
modelo acredita-se que anticorpos adquiridos em infecções prévias por um determinado
sorotipo viral não seriam capazes de neutralizar o sorotipo responsável pela infecção atual.
Estes anticorpos se ligariam a outros epítopos do sorotipo responsável pela infecção atual,
comuns aos quatro sorotipos virais, mas o o neutralizaria, formando então complexos vírus-
anticorpos. Estes complexos se ligam com maior facilidade a células monocíticas humanas por
meio da interação com receptores de imunoglobulinas (Fc), e, consequentemente, infectam as
mesmas com uma maior eficiência (HALSTEAD, 1988; ROTHMAN, 2004).
Nos últimos anos têm sido publicados estudos que suportam o envolvimento do
sistema imune na patogênese das formas mais graves da infecção pelo vírus dengue
(BETHELL et al.,1998; HOBER et al., 1993; MONGKOLSAPAYA et al., 2003; WELSH;
ROTHMAN, 2004). Foi sugerido que citocinas e mediadores químicos como Fator de
Introdução
27
Necrose Tumoral (TNF), Interleucina-1 (IL-1), IL-2, IL-6, interferon- (INF-), Fator Ativador
Plaquetario (PAF), C3a, C5a e histamina, produzidos pelos linfócitos ativados e/ou
monócitos infectados estão envolvidos nos mecanismos imunopatogênicos que induzem o
aumento da permeabilidade vascular observada em pacientes com dengue hemorrágico
(BETHELL et al., 1998; HOBER et al., 1993). ROTHMAN & ENNIS (1999) propuseram um
modelo de imunopatogênese baseado nessas observações, em que a infecção de células
mononucleares pelos vírus dengue seria aumentada pelo fenômeno de ADE, facilitando
assim a síntese de INF- por linfócitos T CD4
+
vírus-específicos resultando na expressão de
um maior número de receptores Fc na superfície destas células. Quanto maior o número de
monócitos/macrófagos infectados, maior ativação de linfócitos T e, portanto níveis maiores
de citocinas e médiadores químicos. O efeito sinérgico dessas proteínas induz aumento da
permeabilidade vascular, extravasamento plasmático e disfunção do sistema de coagulação
conduzindo a hemorragias. É notável, contudo, que este cenário inflamatório não difere
significativamente do que acontece em muitas outras infecções virais (BIELEFELDT-
OHMANN, 1995; BIELEFELDT-OHMANN, 1997), que não progridem para formas
hemorrágicas, sugerindo que outros fatores podem estar envolvidos.
Outra hipótese para as diferentes formas de infecção pelo dengue seria que a
infecção poderia estar correlacionada com a virulência do vírus. Por exemplo, a epidemia de
1981 em Cuba, quando os primeiros casos de FHD ocorreram na região, coincidiu com a
introdução de um novo genótipo de DENV-2 do sudeste asiático (RICCO-HESSE et al.,
1997). Epidemias subseqüentes de FHD na América do Sul também coincidiram com o
aparecimento do genótipo asiático (RICCO-HESSE et al., 1997). Em contraste, no Peru,
nenhuma evidência de FHD foi encontrada durante uma epidemia causada por DENV-2,
cinco anos após uma epidemia de DENV-1, embora a taxa de infecção secundária tenha
sido em torno de 60,5% (WATTS et al., 1999). A ausência de FHD nesta população foi
atribuída à origem americana do DENV-2 que causou a epidemia (WHITE, 1999). Estudos
realizados na Tailândia mostraram que a carga viral no sangue periférico é maior em
Introdução
28
pacientes que desenvolvem FHD em comparação aos que desenvolvem FD (VAUGHN et
al., 2000). Estes e outros achados sugerem que fatores de virulência viral poderiam ter
papel essencial na patogênese da FHD/SCD (BHAMARAPRAVATI, 1997; LEITMEYER et
al., 1999, BIELEFELDT-OHMANN, 1997).
A magnitude da resposta imune pelos linfócitos T também foi correlacionada à
severidade da doença (ZIVNA et al., 2002, LOKE et al., 2002), e, diferentes haplótipos do
antígeno leucocitário humano (HLA) foram correlacionados tanto com o aumento quanto
com a diminuição da susceptibilidade para FHD. Em um estudo de tipagem molecular de
HLA em pacientes com FHD no Vietnam foi encontrado que o polimorfismo no loci de HLA
de classe I esassociado à susceptibilidade da FHD, mas polimorfismos nos genes do
HLA-DRB1 ou do TNF não estão (LOKE et al., 2002). Em outro estudo foi observado que
uma variação na seqüência promotora do gene que codifica a molécula CD209, uma
integrina de células dendríticas, também conhecida como DC-SIGN1 e que atua como
receptor para o vírus dengue, poderia estar relacionada à gravidade da doença
(SAKUNTABHAI et al., 2005).
Em resumo, todos os mecanismos citados até aqui parecem contribuir para o
agravamento da doença. Especula-se, com base nestas observações, que os mecanismos
patogênicos da doença englobem uma teoria conciliatória de múltipla causalidade, na qual
se incluem os vários fatores de risco relacionados à epidemiologia (dentre esta, imunidade
de grupo, intervalo de tempo entre as infecções por diferentes sorotipos), ao indivíduo
(idade, sexo, raça, mecanismos genéticos, presença de anticorpos por infecções prévias e
intensidade da resposta) e por fim ao vírus (virulência, sorotipos e genótipos envolvidos em
cada epidemia e mutações genômicas). Todos estes fatores contribuiriam então, em maior
ou menor grau, para o agravamento da doença (GUZMAN et al., 2002). Porém a grande
variabilidade de fatores de risco e a possibilidade de inúmeras combinações entre eles em
diferentes cenários em que a doença ocorre, dificultam a identificação de quais mecanismos
tem real relevância na fisiopatologia da doença.
Introdução
29
1.7. Tratamento, controle e prevenção
A expansão das áreas acometidas pela dengue em regiões tropicais e subtropicais
tornou a adoção de práticas de controle e prevenção da doença uma medida obrigatória
para os órgãos de saúde internacionais e países afetados. Infelizmente, os recursos
disponíveis são limitados e a implementação da maioria das medidas depende de uma
participação ativa de diferentes setores da sociedade (GUZMAN & KOURI, 2003; TAUIL,
2002). Apesar dos avanços cnicos referentes à produção de vacinas contra a dengue,
existem vários fatores que dificultam a disponibilização de uma vacina que seja ao mesmo
tempo eficaz e segura. As lacunas existentes no conhecimento da fisiopatologia da doença
e a ausência de um modelo animal adequado são alguns dos obstáculos encontrados. O
provável papel da presença de anticorpos sub-neutralizantes e linfócÍtos T de baixa
afinidade na fisiopatologia da FHD torna mandatória a produção de uma vacina tetravalente,
que proporcione imunidade contra os quatro sorotipos do vírus dengue (CHATURVEDI et.
al., 2005).
O controle do vetor representa, portanto, a única opção para a redução do número
de indivíduos acometidos. A eliminação do mosquito adulto geralmente é pouco efetiva,
exceto quando o uso de inseticidas é feito dentro das casas (GUBLER, 1998). Com isso, o
combate à proliferação do vetor depende principalmente da eliminação das larvas e de seus
respectivos reservatórios. Atualmente, as grandes e médias cidades do Brasil enfrentam
limitações no programa de eliminação de criadouros do mosquito. Entre os obstáculos
encontrados estão a falta de práticas de fiscalização de pontos estratégicos (borracharias,
cemitérios, depósitos de ferro velho, terrenos baldios não cuidados) e a dificuldade de
acesso aos domicílios pelos servidores públicos, tanto pela escassez de recursos humanos
e financeiros, quanto pela falta de cooperação e envolvimento da população (TAUIL, 2002).
Por ser uma doença aguda, de rápida evolução e sem uma terapia específica, a
redução das complicações, e conseqüentemente da mortalidade, dependem da realização
de suspeita diagnóstica precoce e manejo correto do paciente. A instituição de hidratação
vigorosa e em tempo adequado é a principal medida terapêutica. Nos casos mais graves,
Introdução
30
quando o choque já se estabeleceu e as provas de coagulação estão alteradas, a correção
dos distúrbios metabólicos e hemodinâmicos e a assistência médica em ambiente de terapia
intensiva tomam-se necessárias (WILLS et. al., 2005).
Em síntese, apesar da grande quantidade de informação produzida sobre a
dengue, o conhecimento disponível até o momento ainda não permite um entendimento
completo da fisiopatologia da doença. O espectro e a gravidade das manifestações são
bastante amplos, podendo variar de acordo com uma grande quantidade de fatores,
incluindo o sorotipo envolvido e as características da população estudada. O diagnóstico
precoce ou a realização de uma suspeita diagnóstica acurada são fundamentais para a
adoção de condutas terapêuticas capazes de minimizar complicações e reduzir a
mortalidade. A confirmação laboratorial rápida de casos suspeitos de dengue também
facilita a prevenção e controle das epidemias de dengue, sendo muito importante para o
manejo clínico e epidemiológico em áreas onde múltiplos Flavivirus são endêmicos, como é
o caso do Brasil. Contudo, a velocidade e acurácia do diagnóstico devem ser balanceadas
pelo custo do teste e disponibilidade, especialmente em países em desenvolvimento.
Avaliamos a aplicabilidade de uma nova ferramenta para diagnóstico da infecção de
dengue, baseada em um imunoensaio enzimático para detecção do antígeno NS1 no soro
humano no sistema único de saúde.
2
2
.
.
O
O
B
B
J
J
E
E
T
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I
I
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V
O
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S
S
Objetivos
32
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar a detecção de NS1 viral no soro de pacientes com suspeita clínica de dengue
como um método para realização do diagnóstico da dengue na sua fase aguda e comparar
com a detecção do vírus por RT-PCR, sorologia e isolamento viral, visando fornecer
subsídios para que os profissionais de saúde possam atuar de forma mais rápida e eficaz no
que tange ao tratamento da doença.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Realizar ensaios de ELISA para a detecção de NS1;
2. Isolar o vírus de amostras clínicas suspeitas de dengue;
3. Realizar a sorotipagem do vírus infectante por meio de RT-PCR;
4. Comparar diferentes métodos de RT-PCR para detecção do vírus;
5. Realizar ensaios de ELISA para a detecção de IgM e IgG anti-dengue;
6. Comparar a sensibilidade e especificidade de todos os métodos diagnósticos
empregados.
3
3
.
.
M
M
A
A
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E
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M
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É
T
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O
D
D
O
O
S
S
Materiais e Métodos
34
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Virologia Molecular (LVM), do
Centro de Pesquisa em Virologia da FMRP-USP, onde foram realizados todos os ensaios de
biologia molecular, experimentos de virologia clássica e desenvolvidos os testes sorológicos.
3.1. População de estudo
Foram estudadas amostras de pacientes notificados pelas unidades básicas de
saúde da rede pública de Ribeirão Preto como suspeitos de dengue, na fase aguda da
doença, entre 1 a 7 dias após o aparecimento de febre. A definição de caso suspeito de
dengue ficou a critério do médico atendente nas unidades básicas de saúde e incluía febre,
mal-estar, dor retro-orbitária, dor no corpo, entre outros. A seleção dos pacientes foi
realizada entre abril de 2007 a final de abril de 2008.
Os pacientes participantes deste estudo procuravam o Pronto Atendimento (PA) do
CSE (localizado em uma região de alta incidência de dengue na cidade de Ribeirão Preto-
SP), e o PA e Enfermaria de Moléstias Infecciosas e Tropicais do Hospital das Clínicas de
Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP). Este estudo foi executado com o consentimento do Comitê
de Ética em Pesquisa do HC-FMRP-USP, tendo obtido a aprovação deste comitê (Processo
HCRP nº 12603/2006), conforme parecer emitido em 25/12/2006 (ANEXO A) e também
aprovação pela Diretoria Acadêmica de Ensino e Pesquisa do CSE (ANEXO B) e financiado
pela Fundação de Amparo
à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Todos os
pacientes incluídos no projeto de pesquisa foram informados adequadamente sobre os
objetivos do trabalho, tendo a opção de não participarem da amostragem, e foram incluídos
no projeto via consentimento pós-informação, por escrito (ANEXO C).
O sangue utilizado foi colhido em tubo sem anticoagulante. O sangue foi submetido a
uma centrifugação de 2600 rpm por 6 minutos para obtenção do soro. O soro obtido foi
utilizado no isolamento viral, na extração do RNA viral, detecção de NS1 e anticorpos
específicos para os sorotipos de dengue, bem como para a determinação da presença de
anticorpos IgG em soros de fase aguda, o que indica estarmos frente a uma infecção
Materiais e Métodos
35
secundária. O soro foi aliquotado e mantido a -70C até o momento do uso.
3.2. Extração do RNA viral
A extração do RNA viral foi realizada utilizando-se o kit QIAamp
Viral RNA
(QIAGEN
, California, USA) de acordo com as recomendações do fabricante. Este método
permite o isolamento de moléculas de RNA viral com mais de 200 nucleotídeos de extensão,
utilizando uma membrana de sílica-gel de alta afinidade. Inicialmente, 140µL de soro de
cada paciente foram adicionados a 560µL de solução de lise contendo carreador de RNA
(tampão AVL). Após a homogeneização em vórtex por 15 segundos, a mistura foi incubada
por 10 minutos a temperatura ambiente. Após essa etapa de lise foram adicionados 560µL
de etanol absoluto e o material foi transferido para a coluna de sílica-gel com alta afinidade
para RNA e submetida a uma centrifugação de 6.000 g por 1 minuto. O tubo coletor foi
descartado e foram realizadas duas lavagens subseqüentes da coluna com 500µL das
soluções AW1 e AW2, com centrifugação, respectivamente, de 6.000 x g por 1 minuto e
20.000 x g por 3 minutos. Terminada a lavagem, o RNA que ficou ligado à membrana foi
eluído da coluna por meio da adição de 60µL da solução tampão AVE com uma
centrifugação de 6000 x g por 3 minutos, e então o RNA foi estocado a -70C, para posterior
utilização nas reações de PCR.
3.3. One-step RT-PCR para diagnóstico e sorotipagem dos vírus
A detecção da infecção por dengue das amostras obtidas foi realizada utilizado o Kit
QIAGEN
OneStep RT-PCR (QIAGEN
, California, USA) que é composto de reagentes que
permitem uma alta eficiência e sensibilidade da RT-PCR. Essa sensibilidade é devida à
mistura das enzimas Ominiscript e Sensiscript, desenhadas para a transcrição reversa de
quantidades de RNA acima de 50ng e abaixo de 50ng, respectivamente. Além disso, possui
HotStartTaq DNA Polimerase, que elimina a formação de dímeros de oligonucleotídeos. A
presença de material genético dos vírus foi determinada utilizando a metodologia descrita
Materiais e Métodos
36
por Lanciotti et al. (1992). Nesta RT-PCR foram utilizados 5 oligonucleotídeos: um
oligonucleotideo 5´ destinado a uma região do gene do capsídeo conservada para os quatro
sorotipos e outros quatro oligonucleotídeos 3´, cada um complementar às seqüências
específicas a cada sorotipo. A distinção dos sorotipos foi possível, pois a amplificação do
material genético referente a cada sorotipo produziu fragmentos com diferentes tamanhos
de pares de bases nucleotídicas (Tabela 3).
Tabela 3: Oligonucleotídeos utilizados nas amplificações para detecção dos sorotipos circulantes
de Dengue.
Oligonucleotídeos
Seqüência
Especificidade
Tamanho do
fragmento
esperado (pb)
D1
TCAATATGCTGAAACGCGCGAGAAACCG 3’
DENV (sense)
TS1
5’ CGTCTCAGTGATCCGGGGG 3’
DENV -1 (anti-sense)
482 (D1 e TS1)
TS2
5’ CGCCACAAGGGCCATGAACAG 3’
DENV - 2 (anti-sense)
119 (D1 e TS2)
TS3
5’ TAACATCATCATGAGACAGAGC 3’
DENV - 3 (anti-sense)
290 (D1 e TS3)
TS4
5’ CTCTGTTGTCTTAAACAAGAGA 3’
DENV - 4 (anti-sense)
392 (D1 e TS4)
A amplificação dos fragmentos foi conduzida em um termociclador GeneAmp PCR
System 9700” (Applied Biosystems). Para o preparo da reação de volume final de 25L
foram utilizados 5µl do RNA amostral, 5µl da solução tampão 5X One-Step RT-PCR (Tris·Cl,
KCl, (NH
4
)
2
SO
4
, 12.5 mM MgCl
2
, DTT; pH 8.7), 1µl de dNTPs (10mM), l de cada
oligonuleotídeo (20 pmol), 0,5µl da mistura de enzimas (QIAGEN One-Step RT-PCR
Enzyme Mix). A reação de amplificação foi processada utilizando um programa de 50ºC por
30 minutos e 95ºC por 15 minutos para a transcrição reversa, seguido por 40 ciclos de 95ºC
por 1 minuto, 55ºC por 1 minuto e 72ºC por 1 minuto. A etapa final de extensão foi de 10 min
a 72
o
C. As amostras amplificadas foram armazenadas a -20°C ou analisadas
imediatamente.
Para confirmação da infecção viral e avaliação do emprego de outra metodologia
para diagnóstico da dengue por RT-PCR foram utilizados os oligonuleotídeos descritos
anteriormente por Henchal (1991), AD3 [5' CTGATTTCCAT(A,C,G,T)CC(A,G)TA 3'] e AD4
[5' GA(C,T)ATGGG(A,C,G,T)TA(C,T)TGGATAGA 3']. A reação de RT-PCR foi preparada
Materiais e Métodos
37
como descrito anteriormente, e a reação de amplificação foi feita a 50ºC por 30 minutos e
95ºC por 15 minutos para a transcrição reversa, seguidos de 35 ciclos a 95ºC por 1 minuto,
55ºC por 1 minuto, 72ºC por 1minuto e uma extensão final de 10 minutos a 72ºC.
Para a visualização dos amplicons, 10l do produto da amplificação com 2l de
tampão de corrida foi submetido à eletroforese horizontal (100 V/60 minutos) em gel de
agarose 2,0% (Invitrogen, New York, USA), em tampão borato TBE 1X (TrisHCl 50mM
pH8,3, Ácido bórico 45mM, EDTA 0,5mM pH8,0) e corado com brometo de etídio 0,4g/mL
(SIGMA, Munich, Germany). Posteriormente, os géis foram visualizados à luz ultravioleta e
analisados utilizando o equipamento “Kodak Eletrophoresis Documentation and Analysis
System 120 (Kodak).
3.4. Isolamento viral
O isolamento viral foi realizado em cultura de C6/36. Placas de cultura celular de 24
poços (Corning Incorporated, Corning, NY, USA) foram semeadas com células C6/36 e
crescidas a 28ºC em meio L-15 (Gibco BRL, USA) modificado, suplementado com 10% de
soro bovino fetal (SBF), 10% triptose fosfato e antibióticos (penicilina 100U/mL,
estreptomicina 1mg/mL). Após a formação de uma monocamada celular com mais de 90%
de confluência, a monocamada de células foi inoculada com 6µl dos soros de pacientes
suspeitos de dengue diluídos em 144µl de L-15 com 2% de antibióticos e as placas foram
então mantidas sob agitação por 1 hora para adsorção dos vírus. Após a infecção foi
adicionado 1mL de meio L-15 com 2% de SBF e 1% de antibióticos em cada poço e a
cultura mantida a 28ºC por sete dias. Após este período foram feitos ensaios de
imunofluorescência indireta das lulas plaqueadas e também extração de RNA e detecção
da infecção pela RT-PCR a partir do sobrenadante da cultura clarificado para se determinar
quais poços eram positivos para o isolamento do vírus. Posteriormente foi adicionado ao
restante do sobrenadante 10% de SBF para o mesmo ser estocado a -70ºC.
Materiais e Métodos
38
3.5. Ensaios de imunofluorescência indireta
A monocamada celular foi utilizada para realização do teste de imunofluorescência
indireta para também se determinar a presença da infecção viral na cultura. Para a
preparação das lâminas para imunofluorescência, a monocamada celular foi lavada duas
vezes com 1mL de PBS, o sedimento celular foi ressuspenso e a concentração de células
foi ajustada em microscópio óptico comum (aumento de 100X) em aproximadamente 100
células por campo. Em cada demarcação da lâmina de imunofluorescência foram aplicados
15μL da suspensão celular. Posteriormente, as células aderidas às lâminas foram fixadas
com acetona PA gelada por 15 minutos. As lâminas foram secas a temperatura ambiente.
Logo após, foram adicionados 20µl de MIAF purificado (fluído ascítico de camundongos
imunizados contra os vírus do dengue tipo 3) diluído 1:100 em PBS com 3% de SBF nas
demarcações. As lâminas foram incubadas em câmara úmida a 37ºC por 30 minutos,
lavadas duas vezes em PBS por 5 minutos e secas a temperatura ambiente.
Posteriormente, as lâminas foram incubadas com 20µl do conjugado anti-IgG de
camundongo marcado com isotiocianato de fluoresceína (FITC) (Sigma, USA), diluído 1:100
em PBS com azul de Evans (1:20.000), por 30 minutos, à temperatura ambiente em câmara
úmida. Após duas lavagens em PBS as minas foram montadas com glicerina tamponada e
observadas em microscópico de imunofluorescência para determinar a presença ou não de
fluorescência característica, indicando positividade da amostra.
3.6. ELISA de captura para detecção de IgM anti-dengue
Esta técnica foi realizada utilizando uma placa de teste comercializada pela PanBio
(Austrália), seguindo as instruções dos fabricante. Em resumo, os soros, o controle positivo,
o negativo e o calibrador foram diluídos 1/100 em diluente de soro. O antígeno foi diluído
1/2500 em tubo de 15mL utilizando o diluente de antígeno e incubado com um volume igual
de anticorpo monoclonal (Mab) secundário marcado com peroxidase por cerca de 60
minutos à temperatura ambiente. Foram adicionados então 100L de soro diluído na placa e
Materiais e Métodos
39
após 60 minutos de incubação a 37ºC a placa foi lavada seis vezes e a solução de
antígenos previamente preparada com os anticorpos secundários foi adicionada aos orifícios
e incubada por 1 hora a 37ºC. Após incubação e lavagem, foi adicionado o substrato TMB
(tetrametilbenzidina) que evidencia os soros positivos pelo desenvolvimento de uma cor azul
resultante da ação da peroxidase no substrato. A reação foi parada adicionando-se 100L
de solução de parada (Ácido fosfórico 1M). A coloração foi analisada através da leitura das
microplacas em espectrofotômetro, a um comprimento de onda de 450 nm e filtro de
referência 620nm. Todo soro com um valor índex maior que 1,1 foi considerado positivo,
entre 0,9 e 1,1 indeterminado e menores que 0,9 negativo.
Valor de cut-off = densidade óptica média da triplicata do calibrador X fator de calibração
Valor índex = densidade óptica da amostra (soro)
“cut-off”
3.7. ELISA indireto para detecção de IgG anti-dengue
O ELISA indireto para detecção de IgG anti-dengue (PanBio, Austrália) foi realizado
para se determinar a presença de níveis elevados de IgG anti-dengue em pacientes com
suspeita clínica da doença para determinar a presença de infecção secundária. Os testes
foram realizados de acordo com as recomendações do fabricante. Em resumo, 100L das
amostras, controles e calibradores diluídos 1:100 (10L das amostras e controles em
1000L de diluente do soro) foram dispensados nos poços. A placa foi coberta e incubada
durante 60 minutos a 37ºC. Após este período a placa foi lavada seis vezes com solução de
lavagem e 100L do anticorpo monoclonal secundário anti-IgG humana foi adicionado em
cada poço e incubado por 1 hora a 37ºC. Após a incubação a placa foi lavada seis vezes
com a solução de lavagem e 100L de TMB foram adicionados em cada poço que evidencia
os soros positivos pelo desenvolvimento de uma cor azul resultante da ação da peroxidase
no substrato. A placa foi incubada durante 10 minutos à temperatura ambiente e logo em
Materiais e Métodos
40
seguida foram adicionados 100L ácido fosfórico 1M na mesma seqüência e contagem de
tempo da adição de TMB. A coloração foi analisada através da leitura das microplacas em
espectrofotômetro, a um comprimento de onda de 450 nm e filtro de referência 620nm. Todo
soro com um valor índex maior que 1,1 foi considerado positivo, entre 0,9 e 1,1
indeterminado e menores que 0,9 negativo. O valor de cut-off e valor index foram calculados
da mesma maneira descrita para o MAC-ELISA.
3.8. PLATELIA DENGUE NS1 Ag KIT para detecção da proteína NS1
O kit comercial Platelia Dengue NS1 Ag Kit (BioRad, França) corresponde a um
ensaio imunoenzimático sanduíche de um passo realizado em microplaca de 96 poços para
detecção do antígeno viral NS1 no soro humano ou plasma. Ele faz uso de anticorpos
murinos monoclonais (MAb) para captura e detecção desta proteína. Se o angeno NS1
está presente na amostra, um complexo-imune MAb-NS1-MAb/Peroxidase será formado. Os
testes foram realizados com os soros dos pacientes e controles de acordo com as
recomendações do fabricante. Rapidamente, 50 L das amostras de fase aguda e controles
foram adicionadas simultaneamente com 50 L do diluente e 100 L de conjugado diluído e
incubadas por 90 minutos a 37ºC em microplacas já sensibilizadas com os anticorpos
monoclonais anti-NS1. Depois de seis lavagens, 160L de substrato foi adicionado em cada
poço e incubado por 30 minutos à temperatura ambiente. A presença dos imunocomplexos
foi detectada avaliando o desenvolvimento da cor azul e em seguida reação enzimática foi
parada adicionando 100L 1N de H
2
SO
4
. A coloração foi analisada através da leitura das
microplacas em espectrofotômetro, a um comprimento de onda de 450 nm e filtro de
referência 620nm. Todo soro com um valor índex maior que 1 foi considerado positivo, entre
0,5 e 1 indeterminado e menores que 0,5, negativo.
Valor de cut-off = densidade óptica média da duplicata do calibrador
Valor índex = densidade óptica da amostra (soro)
Valor de “cut-off”
Materiais e Métodos
41
3.9. ELISA Pan-E Dengue Early para detecção da proteína NS1
O kit PAN-E Dengue Early ELISA (PanBio) é um teste de captura de antígeno NS1
do vírus dengue e tem como finalidade a detecção qualitativa do antígeno NS1 no soro. Os
testes foram realizados a partir dos soros de fase aguda dos pacientes com suspeita clínica
de dengue e controles, de acordo com as recomendações do fabricante. Em resumo, 100L
das amostras, controles e calibradores diluídos 1:10 (15L das amostras e controles em
135L de diluente do soro) foram dispensados nos poços. A placa foi coberta e incubada
durante 30 minutos a 37ºC. Em seguida a mesma foi lavada seis vezes com solução de
lavagem e 100L de anti-NS1 MAb conjugada a HRP foram adicionados em cada poço. A
placa foi novamente coberta e incubada durante 1 hora a 37ºC. Após este período a placa
foi lavada seis vezes com a solução de lavagem e 100L de TMB foram adicionados em
cada poço. A placa foi incubada durante 10 minutos à temperatura ambiente e após a
formação da coloração azul, 100L de solução de parada foi adicionada em todas as
cavidades seguindo a mesma seqüência e contagem de tempo da adição de TMB. A
coloração foi analisada através da leitura das microplacas em espectrofotômetro, a um
comprimento de onda de 450 nm e filtro de referência 620nm. Todo soro com um valor índex
maior que 1,1 foi considerado positivo, entre 0,9 e 1,1 indeterminado e menores que 0,9,
negativo. O valor de cut-off e valor index foram calculados da mesma maneira descrita para
o MAC-ELISA.
3.10. Análise Estatística
Os dados foram analisados utilizando bioestatística. A avalião da diferença entre
os diferentes grupos foi feita pelo teste de
2
(CHERNICK; FRIIS, 2006). Os valores de
sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivos e negativos foram calculados como
descrito por Gaddis; Gaddis (1990).
4
4
.
.
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
Resultados
43
4. RESULTADOS
4.1. Amostras obtidas
Durante o período de estudo, entre abril de 2007 a maio de 2008, foram avaliados
258 pacientes com suspeita clínica de dengue e destes, 250 foram incluídos no estudo. Oito
indivíduos foram excluídos da análise: 2 por possuírem outras amostras clínicas que não o
soro (líquor) e 6 por não terem sido notificados no CSE, portanto não dispusemos de seus
dados clínicos. Destas, 247 amostras foram de pacientes com quadro clínico sugestivo de
dengue clássica e 3 de pacientes com quadro clínico sugestivo de dengue hemorrágica,
sendo que destes últimos um evoluiu para óbito. Os pacientes compareceram ao Pronto
Atendimento do CSE entre 0 a 8 dias após o início dos sintomas, em média 2,1 dias.
Entre os 250 pacientes com suspeita clínica de dengue, 105 (42%) tiveram
confirmação laboratorial do diagnóstico através da detecção de anticorpos específicos do
tipo IgM e/ou da detecção de material genético do vírus pela RT-PCR (pacientes com
dengue). Os demais 145 pacientes que não apresentaram nenhum dos testes diagnósticos
específicos para dengue positivos foram considerados não portadores da doença (pacientes
sem dengue). A distribuição em relação ao sexo, idade e os sintomas foram bastante
semelhantes entre os grupos de pacientes com e sem confirmação laboratorial do
diagnóstico de dengue (Tabela 4). A maior parte dos pacientes com confirmação
laboratorial do diagnóstico de dengue tinha entre 21 a 40 anos de idade (Gráfico 1).
Tabela 4. Características epidemiológicas dos pacientes segundo a confirmação laboratorial do
diagnóstico de dengue.
Características
Com dengue
Sem dengue
Idade (em anos)
35, 04 (± 14,04)
30, 08 (± 13,01)
Sexo masculino
58,09%
49,96%
Sexo feminino
41,90%
51,03%
Resultados
44
Gráfico 1. Distribuição percentual dos 105 pacientes com confirmação laboratorial do diagnóstico de
dengue segundo a faixa etária.
4.2. One-step RT-PCR para detecção do vírus dengue
Soros dos 250 pacientes incluídos no estudo foram submetidos à pesquisa de
material genético do vírus dengue pela RT-PCR. A detecção do RNA viral foi possível em 81
pacientes, sendo 41 deles IgM positivos e 40 IgM negativos. Os soros submetidos à
metodologia de RT-PCR foram colhidos entre 0 a 8 dias (em média 2,1 dias) após o início
dos sintomas. Considerando-se todas as amostras IgM positivas (65 amostras) obtidas no
estudo, o percentual de positividade da RT-PCR foi de 63,07% quando a data de coleta não
foi levada em consideração. Com relação ao percentual de positividade, conforme
demonstrado na Tabela 5, entre as 55 (55/65) amostras IgM positivas colhidas até o quinto
dia de sintomas, o percentual de positividade pela RT-PCR foi de 70%, enquanto que
somente 30% foram positivas entre 6 e 8 dias após o início dos sintomas clínicos. O maior
percentual de positividade ocorreu no início dos sintomas (dia 0), e o maior número de
amostras positivas foi encontrado no segundo dia (Gráfico 2 e Tabela 5).
Resultados
45
Gráfico 2. Número de amostras positivas e negativas pela RT-PCR em comparação com o tempo,
após o início dos sinais clínicos.
Tabela 5. Percentual de positividade da RT-PCR convencional segundo o dia de sintomas.
Dias de sintomas
Número de
amostras testadas
Número de
amostras positivas
Percentual
de
positividade
0
4
4
100%
1
13
8
61,5%
2
20
15
75%
3
9
6
66,6%
4
8
4
50%
5
1
1
100%
6
6
2
33,3%
7
2
1
50%
8
2
0
0%
Resultados
46
Em 36 das 40 amostras IgM negativas que foram positivas quando submetidas a
RT-PCR, não foi feita a segunda coleta de soro, e portanto o ELISA para detecção de IgM
foi feito antes do sexto dia, ainda na fase aguda.
O único sorotipo encontrado foi o sorotipo 3 (Figura 7). Este fato sugere que durante
os anos de 2007 e 2008 apenas DENV-3 estava circulando na região de Ribeirão Preto. Foi
possível encontrar resultados positivos para o vírus dengue até 7 dias após o início dos
sintomas.
Figura 7. Identificação dos produtos de RT-PCR para sorotipagem de Dengue por eletroforese
em gel de agarose a 2%. M: marcador de peso molecular de 100pb (Invitrogen). Linha 1: ausência
de Dengue em células C6/36 (controle negativo). Linha 2: amplificação de controle positivo de RNA
para DENV-3 (fragmento de 290pb). Linhas 3 à 5: amostras positivas para DENV-3 (fragmento de
290pb). Linhas 6 e 7: amostras negativas para DENV-3.
4.3. Comparação das metodologias de diagnóstico molecular da dengue
Utilizamos duas metodologias diferentes de RT-PCR para detecção dos vírus nas
amostras obtidas. Foi utilizada a metodologia descrita por Lanciotti com algumas
modificações, que fornece o sorotipo infectante e também a metodologia descrita por
Henchal (1991) com modificações. Os produtos amplificados pela metodologia de Lanciotti
foram mostrados na figura 8. Os oligonucleotídeos AD3 e AD4, descritos por Henchal
M 1 2 3 4 5 6 7
300pb
290 pb
Resultados
47
(1991), que flanqueiam uma região da NS1, foram utilizados para confirmar o diagnóstico,
resultando em fragmentos 420pb. Todos estes amplicons foram analisados por eletroforese
em gel de agarose 2% (Figura 8).
Figura 8. Identificação dos produtos de RT-PCR para diagnóstico de Dengue por eletroforese
em gel de agarose a 2%. M: marcador de 100pb (Invitrogen). Linha 1: ausência de Dengue em
células C6/36 (controle negativo). Linha 2: amplificação de controle positivo de RNA para DENV-3
(fragmento de 420pb). Linha 3: amostra obtida de suspeita de dengue hemorrágica com óbito para
Dengue. Linha 4: amostra positiva para dengue.
A análise das 250 amostras de casos suspeitos de dengue, confirmadas
sorologicamente por detecção de IgM, indicou que a taxa da detecção do vírus pelo
procedimento de Lanciotti foi 63,07% (41/65) em uma situação enmica, maior que o
procedimento descrito por Henchal (56,92%, 37/65), porém não houve diferença estatística
(teste
2
, p<0.05). A partir de 185 amostras IgM negativas, foram obtidas 40 positivas pela
metodologia de Lanciotti e 32 amostras positivas pela metodologia de Henchal. Entretanto
dentre estas amostras IgM negativas, apenas 62 foram colhidas após sete dias do início dos
sintomas, o que provavelmente contribuiu para o resultado negativo de IgM, pois em muitas
amostras provavelmente ainda não teria ocorrido a soroconversão nos pacientes.
M 1 2 3 4
400pb
420 pb
Resultados
48
Considerando-se apenas as amostras IgM negativas que foram analisadas após os sete
dias do início dos sintomas, foi possível observar uma positividade de 9,6% (6/62) pelo
procedimento Lanciotti e 4,83% (3/62) pelo de Henchal.
A porcentagem de amostras com níveis de vírus da dengue detectáveis por cada
método de acordo com o dia do início dos sintomas é mostrada no Gráfico 3. Durante os
primeiros três dias da doença, a sensibilidade de detecção do vírus pelo procedimento de
Henchal foi similar ao de Lanciotti, porém a sensibilidade do método de Henchal diminuiu
mais com o tempo do que o método de Lanciotti (exceção para o quinto dia quando foi
coletada somente uma amostra).
Gráfico 3. Número de amostras positivas e negativas pela RT-PCR em comparação com o tempo,
após o início dos sinais clínicos.
4.4. Isolamento viral em cultura de células
Das 250 amostras de pacientes suspeitos de dengue analisadas, apenas 34 foram
consideradas positivas no isolamento utilizando a imunofluorescência indireta (IFI) realizada
no timo dia após a inoculação do soro (Figura 9). As amostras foram colhidas em média
2,1 dias após o início dos sintomas.
Resultados
49
Além da imunofluorescência, foi realizada a PCR do cultivo celular de todas as
amostras submetidas ao isolamento viral, na tentativa de detectar RNA viral, oriundo de uma
suposta replicão do vírus nas células C6/36. Das 250 amostras submetidas ao isolamento
viral, 51 foram positivas utilizando a PCR, como método de detecção do vírus dengue em
cultivo celular. Considerando-se todas as amostras positivas pelo isolamento viral, tanto pela
detecção por IFI como por RT-PCR, quatro não haviam sido consideradas positivas na RT-
PCR realizada diretamente em amostras clínicas.
A análise estatística da sensibilidade da detecção do vírus por isolamento viral em
dias após o início dos sintomas, revelou uma dependência significativa da data da coleta
das amostras em relação ao início dos sintomas (teste
2
, p<0.05). Durante os três primeiros
dias da doença a sensibilidade da detecção por isolamento viral foi em torno de 60,8% pelo
RT-PCR do sobrenadante da cultura e 45,60% pela IFI e, após o quarto dia, a sensibilidade
caiu para 5,6% pelo RT-PCR e não foi possível detectar a infecção viral por meio da IFI. Em
contraste, a sensibilidade dos procedimentos de detecção do vírus direto do soro por RT-
PCR continuou acima de 50%, embora declinando com o tempo (Gráfico 4).
Gráfico 4. Número de amostras positivas e negativas pelas metodologias de RT-PCR e pelo
isolamento viral em comparação com o tempo, após o início dos sinais clínicos.
Resultados
50
Figura 9. Detecção, por microscopia de fluorescência, da presença do vírus DENV-3 em células
C6/36 infectadas. Quadro A: Imunofluorescência negativa para dengue (C6/36 não infectada corada
com azul de Evans 0,01%). Quadro B: controle positivo: C6/36 infectada com estoque viral de DENV-
3 (H-87). Quadro C: controle negativo: C6/36 infectada com o soro de paciente suspeito de dengue,
porém sem o anticorpo primário (contra corada com azul de Evans 0,01%). Quadro D:
Imunofluorescência positiva para dengue, C6/36 infectada com o soro de paciente com dengue
hemorrágico que evoluiu para óbito (aumento de 400 X). Quadro E: Ampliação da C6/36 infectada
com o soro de paciente com dengue hemorrágico que evoluiu para óbito, notar o citoplasma
fortemente corado.
A
B
C
D
E
Resultados
51
4.5. Diagnóstico sorológico por MAC-ELISA
Das 7.425 amostras suspeitas de dengue em Ribeirão Preto encaminhadas ao
Instituto Adolfo Lutz para detecção de IgM anti-dengue durante o período deste estudo,
2.266 amostras (30,5%) foram IgM positivas para dengue, enquanto que das 250 amostras
analisadas em nosso laboratório, 65 (26%) foram IgM positivas.
Nas amostras analisadas, 40 foram IgM negativas devido ao fato de terem sido
colhidas em média apenas 2,1 dias após o início dos sintomas, embora tenham tido
resultado positivo por RT-PCR e isolamento viral, e em 12 (30% - 12/40) destas foi possível
detectar a presença de IgG anti-dengue. Além disso, 22 amostras foram positivas para IgM
e negativas pela RT-PCR e isolamento viral, e em média estas amostras foram colhidas 4,1
dias após o início dos sintomas.
4.6. ELISA Indireto para detecção de IgG anti dengue
Em relação as 250 amostras suspeitas de dengue analisadas, 103 (41,2%) foram
IgG positivas. Sendo que 32 (31% - 32/103) amostras foram tanto IgM quanto IgG positivas
para dengue. Das amostras que foram positivas somente para IgG, 12 (16,90% - 12/71)
foram positivas também pela PCR, podendo indicar que nestes pacientes a produção de IgM
foi muito baixa e pouco duradoura, podendo sugerir que na verdade eram derivadas de
pacientes com infecção secundária por dengue. Quando foram analisadas as amostras
positivas tanto para IgM quanto IgG anti-dengue, 23 (71,87% - 23/32) foram positivas para
IgG até o quarto dia após o início dos sintomas, e portanto estas foram consideradas
também como oriundas de pacientes com infecções secundárias.
Das 75 amostras IgG positivas de pacientes que apresentavam dados clínicos a
respeito de prévias infecções por dengue, 25,33% (19/75) dos pacientes relataram terem
tido dengue antes, os outros 77,7% (56/75) dos pacientes relataram nunca terem tido
dengue. Destes pacientes que relataram que não terem tido dengue, 33 (58,92% - 33/56)
haviam sido vacinados para febre amarela enquanto que 24 (42,85% - 24/56) o foram
vacinados, e não houve diferença estatística entre estes grupos (teste
2
, p<0.05).
Resultados
52
Foi possível observar uma prevalência cumulativa de infecção por dengue,
independente do sorotipo viral, em Ribeirão Preto de 23,6% (59/250).
4.7. Detecção da NS1 pelo kit PAN-E Dengue Early ELISA (PanBio)
Neste estudo 184 soros de pacientes suspeitos de dengue foram utilizados para
avaliar a sensibilidade e especificidade do PAN-E Dengue Early ELISA (PanBio). Não foram
avaliadas as outras 66 amostras devido a problemas no lote do kit. Durante a leitura da
primeira placa, quase todas as amostras foram positivas para a detecção de NS1 (76% -
70/92), sendo que destas, apenas 32 (34% - 32/92) eram de fato positivas pelo PCR e
isolamento viral e 9 (9,7% - 9/92) eram positivas para a detecção de IgM anti-dengue e
negativas pelo RT-PCR.
Na segunda placa (Figura 10) foram avaliados 92 soros e o antígeno viral foi
detectado em 19 (20,6%) e todas as amostras positivas para NS1 eram amostras de dengue
confirmadas por PCR ou isolamento. Amostras negativas para o PCR ou isolamento e
positivas para NS1 não foram detectadas. Porém 12 amostras (4,8%) positivas para o RT-
PCR foram negativas para a detecção de NS1. Além disto, seis amostras (6,5%) foram
positivas para detecção de NS1 em amostras IgM positivas e negativas para detecção do
genoma viral por RT-PCR. Analisando somente os resultados da segunda placa, foi
observado que o teste apresentou uma sensibilidade de 61,2% (19/31) comparando com a
detecção do antígeno viral por RT-PCR, sendo necessária a repetição das amostras
avaliadas no lote problemático e a análise de um maior número de amostras para a
avaliação e validação deste teste.
Resultados
53
Figura 10. Placa de 96 poços mostrando a detecção de NS1 pelo kit PAN-E Dengue Early ELISA
(PanBio).
4.8. Detecção da NS1 pelo kit PLATELIA
TM
DENGUE NS1 AG Kit (Biorad)
Nesta análise, 250 amostras ricas de pacientes suspeitos de dengue foram
utilizadas para avaliar a sensibilidade e especificidade do PLATELIA
TM
DENGUE NS1 AG Kit
(Biorad) (Figura 11).
Figura 11. Placa de 96 poços mostrando a detecção de NS1 pelo kit Platelia (Biorad).
C -
C +
Calibradores
Amostras
C-
C+
Calibradores
Amostras
Resultados
54
O desempenho geral do kit PLATELIA
TM
DENGUE NS1 AG Kit (Biorad) em relão
ao isolamento viral e detecção molecular em cada categoria são mostrados na Tabela 6. O
antígeno viral foi detectado em 71 de 85 amostras de dengue positivas pela RT-PCR ou
isolamento, e 15 amostras que haviam sido negativas para o PCR ou isolamento. O teste
apresentou uma positividade de 83,5% (71/85), e esta positividade foi maior em infecções
primárias (89,65%, 52/58) que em infecções secundárias (70,37%, 19/27). Portanto houve
diferença estatística na taxa de detecção do Kit NS1 entre pacientes com infecções
primárias de dengue e infecções secundárias (teste
2
, p<0.05).
Tabela 6. Número de amostras de soro de pacientes com infecção primária e secundária de dengue
testadas positivas por cada método de diagnóstico.
Método Diagnóstico
Número de amostras testadas positivas
Infecção primária
(Platelia)
Infecção secundária
(Platelia)
Total (Platelia)
Isolamento viral
2 (0)
2 (0)
4 (0)
RT-PCR
18 (14)
14 (10)
32 (24)
Isolamento viral + RT-PCR
38 (38)
11 (9)
49 (47)
Total
58 (52)
27 (19)
85 (71)
Comparativamente, o isolamento viral forneceu uma taxa de isolamento positivo de
62,35% (53/85), com uma taxa de isolamento de 68,96% (40/58) e 48,1% (13/27) para
infecções primárias e secundárias respectivamente. O isolamento viral também foi
significativamente maior em infecções primárias que secundárias (teste
2
, p<0.05). A
detecção molecular do RNA viral por RT-PCR forneceu uma positividade 92,29% (81/85)
com uma taxa de detecção positiva de 96,55% (56/58) e 92,59% (25/27) para infecções
primárias e secundárias respectivamente. Não houve diferença estatística na taxa de
detecção molecular entre as infecções primárias e secundárias (teste
2
, p<0.05).
Das 85 amostras séricas de pacientes com confirmação de infecção por dengue pela
detecção do vírus, a taxa de positividade para IgM foi 51,76% (44/85) com uma taxa de
detecção positiva de 51,72% (30/58) e 51,85% (14/27) para infecções primárias e
Resultados
55
secundárias respectivamente. o houve diferença estatística entre a detecção de IgM em
infecções secundárias e primárias (teste
2
, p<0.05). O desempenho do teste de NS1 em
respeito ao isolamento do vírus e detecção molecular da dengue na presença e ausência de
IgM anti-dengue é mostrado nas tabelas 7 e 8. Foi observada uma taxa de detecção positiva
pelo Platelia de 86,36% (38/44) na presença de IgM anti-dengue e 78,04% (32/41) na
ausência de IgM anti-dengue. Não houve correlação entre a taxa de detecção positiva de
NS1 com respeito à detecção positiva de IgM.
Tabela 7. Número de amostras de soro de pacientes com infecção primária e secundária de dengue
testadas positivas por cada método de diagnóstico em relação à detecção de IgM anti-dengue nas
mesmas amostras.
Método Diagnóstico
Número de amostras testadas positivas
Infecção primária
(Patelia)
Infecção secundária
(Platelia)
Total (Platelia)
Isolamento viral
2 (0)
2 (0)
4 (0)
RT-PCR
7 (7)
6 (6)
13 (13)
Isolamento viral + RT-PCR
20 (20)
7 (5)
27 (25)
Total
29 (27)
15 (11)
44 (38)
Tabela 8. Número de amostras de soro de pacientes com infecção primária e secundária de dengue
testadas positivas por cada método de diagnóstico em relação à não detecção de IgM anti-dengue
nas mesmas amostras.
Método Diagnóstico
Número de amostras testadas positivas
Infecção primária
(Patelia)
Infecção secundária
(Platelia)
Total (Platelia)
Isolamento viral
0 (0)
1 (0)
1 (0)
RT-PCR
11 (7)
8 (4)
19 (11)
Isolamento viral + RT-PCR
17 (17)
4 (4)
21 (21)
Total
28 (24)
13 (8)
41 (32)
Analisando o percentual de positividade de todas as metodologias de diagnóstico
aplicadas neste estudo, e correlacionando-o com o início dos sintomas, foi possível observar
Resultados
56
que nas amostras IgM positivas, a detecção de NS1 foi similar à detecção molecular e
superior à detecção pelo isolamento viral, sendo melhor que a RT-PCR a partir do terceiro
dia após o início dos sintomas. A detecção pelo isolamento viral apresentou queda no
percentual de positividade a partir do segundo dia do início dos sintomas, a RT-PCR
apresentou uma queda mais lenta a partir do terceiro dia (exceção feita, novamente, ao dia
cinco em que foi coletada somente uma amostra, e esta foi positiva tanto pela RT-PCR,
como NS1 e IgM), e a detecção de NS1 começou a apresentar queda somente a partir do
sétimo dia (Gráfico 5).
Gráfico 5. Sensibilidade da detecção da infecção pelo vírus dengue por dia após o início dos
sintomas clínicos em amostras IgM positivas. A porcentagem de amostras positivas por cada método
de detecção são plotados contra o número de dias após o início da febre.
Considerando-se que cerca de 50 amostras IgM negativas foram colhidas na fase
aguda da doença, e os pacientes não retornaram na fase de convalescença, é possível que
nosso estudo tenha muitos resultados negativos para IgM em que os pacientes na verdade
são positivos para a infecção por dengue, o que dificulta a análise da eficiência e
especificidade da detecção viral tanto por RT-PCR e NS1. Analisando, portanto, o
Resultados
57
percentual de positividade de todas a amostras positivas para IgM e correlacionando-o com
o dia das coletas das amostras, foi possível observar um aumento da positividade da
detecção de IgM nas amostras, enquanto que a detecção de NS1 manteve-se mais
constante durante os diferentes dias de coleta (Gráfico 6).
Gráfico 6. Sensibilidade da detecção da infecção pelo vírus dengue por dia após o início dos
sintomas clínicos em amostras RT-PCR positivas. A porcentagem de amostras positivas por cada
método de detecção são plotados contra o número de dias após o início da febre.
4.9. Análise da sensibilidade e especificidade do teste de NS1
Para avaliação da sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo do
teste de NS1, os resultados encontrados para as amostras testadas para NS1 foram
comparados aos resultados encontrados pelos outros testes. Na tabela 9 é possível
observar o número de amostras positivas e negativas encontradas para cada teste
diagnóstico empregado neste estudo. No diagrama da Figura 12 pode ser observado o
número de amostras positivas encontradas para um único teste e o mero de amostras
positivas que foram comuns aos diferentes métodos analisados.
Resultados
58
Tabela 9. Número de amostras de soros positivas e negativas para dengue para cada teste
diagnóstico.
Técnica empregada para diagnóstico
Positivos
Negativos
Isolamento viral
55
195
RT-PCR
81
169
IgM
65
185
NS1 (Platelia)
85
165
Comparações:
Isolamento viral e RT-PCR
49
201
Isolamento viral ou RT-PCR
87
163
RT-PCR e IgM
41
209
RT-PCR ou IgM
105
145
RT-PCR e NS1 (Platelia)
70
180
RT-PCR ou NS1 (Platelia)
96
154
IgM e NS1 (Platelia)
49
201
IgM ou NS1 (Platelia)
101
149
Figura 12. Diagrama representando a relação de positividade entre os testes de diagnóstico
para infecção pelos vírus dengue. Testes avaliados: ELISA para a detecção da NS1, ELISA para a
detecção de IgM anti-dengue e RT-PCR ou isolamento viral.
Resultados
59
A sensibilidade do teste de NS1 quando comparada à detecção de IgM anti-dengue
ou resultado positivo de RT-PCR foi de 78,2% e a especificidade de 89,6% O valor preditivo
positivo neste caso foi de 80%, com um valor preditivo negativo de 88,5%. quando são
considerados apenas os resultados positivos para IgM e positivos para o RT-PCR a
sensibilidade do teste sobe para 91, 8% e a especificidade fica em torno de 80%. O valor
preditivo positivo é de 52,9%, com um valor preditivo negativo de 97,6%. Quando a
sensibilidade do teste de NS1 é comparada somente a valores positivos para IgM é
encontrada uma sensibilidade de 75,4% e uma especificidade de 80,8%. O valor preditivo
positivo é somente 57,6% e o valor preditivo negativo é 79,2%. Outra comparação que pode
ser feita é com relação apenas aos resultados positivos de RT-PCR, onde é encontrada uma
sensibilidade de 86,4% e especificidade de 91,1%. O valor preditivo positivo é somente
82,3% e o valor preditivo negativo é 93,3% (Tabela 10).
Tabela 10. Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN)
e acurácia dos testes diagnósticos avaliados neste estudo.
Teste/ referência
Sensibilidade
Especificidade
VPP
VPN
Acurácia
NS1/Isolamento viral
85,4
94,0
81,0
95,6
92,0
NS1/RT-PCR
86,4
91,1
82,3
93,3
89,6
NS1/IgM
75,4
80,8
57,6
90,3
79,2
RT-PCR/IgM
63,0
78,3
50,6
85,8
74,4
Isolamento viral/IgM
49,2
87,6
58,1
83,0
77,6
NS1/RT-PCR e isolamento
91,8
80,0
52,9
97,6
82,4
NS1/RT-PCR ou isolamento
78,2
89,6
80,0
88,5
85,6
IgM/ RT-PCR e isolamento
57,1
81,6
43,1
88,6
76,8
IgM/ RT-PCR ou isolamento
51,7
87,7
69,2
77,3
75,2
NS1/IgM e RT-PCR
95,1
77,9
45,9
98,8
80,8
NS1/IgM ou RT-PCR
76,2
96,5
94,1
84,8
88,0
Resultados
60
Quando comparamos a sensibilidade do teste de NS1 com a sensibilidade da RT-
PCR em amostras IgM positivas, podemos observar que o teste de NS1 mostrou-se mais
sensível que a RT-PCR para diagnóstico de dengue em amostras suspeitas de fase aguda.
O teste de NS1 apresentou uma sensibilidade de 75,4% enquanto que a RT-PCR
apresentou uma sensibilidade de apenas 63%. Além disso, a especificidade do teste de NS1
também foi um pouco maior que a da RT-PCR (80,8% contra 78,3%), am de apresentar
maiores valores preditivos positivo e negativo e acurácia que a RT-PCR (Tabela 10).
Utilizando uma estratégia diagnóstica combinando o teste de NS1, para amostras de
soro de pacientes suspeitos de dengue coletadas até 6 dias após o início dos sintomas, e, o
MAC-ELISA, para amostras coletadas na fase de convalescença, poderiam ser
diagnosticados 40,4% (101/250) das infecções pelo vírus da dengue. utilizando a RT-
PCR combinada com a detecção de IgM poderiam ser diagnosticados 42% (105/250) dos
casos suspeitos de dengue. Porém considerando-se que o teste de NS1 apresentou uma
especificidade maior que a RT-PCR, além de apresentar também um menor custo e maior
simplicidade de execução, seria bastante interessante a inclusão deste teste para
diagnóstico rotineiro de dengue nos laboratórios especializados em diagnóstico do sistema
público de saúde.
5
5
.
.
D
D
I
I
S
S
C
C
U
U
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
Discussão
62
5. DISCUSSÃO
A dengue é a doença mais importante causada por um Flavivirus no mundo. A
infecção pelos vírus dengue desencadeia diferentes síndromes clínicas, incluindo doença
febril indiferenciada, dengue clássica e febre hemorrágica do dengue/síndrome do choque
do dengue. Anualmente ocorrem cerca de 50 a 100 milhões de casos de dengue clássica e
mais de 500.000 casos de dengue hemorrágica (WHO, 2005) e mais de 100 países são
considerados endêmicos para a transmissão de dengue. Os sinais e sintomas da doença
podem sobrepor-se àqueles encontrados em outras doenças febris agudas, tornando seu
diagnóstico baseado apenas em critérios clínicos pouco confiáveis, uma vez que não é
capaz de diferenciar a dengue de outras infecções. Ao contrário da natureza limitada de
expressão da doença encontrada em outras infecções virais o-específicas, a infecção por
dengue pode resultar em febre hemorrágica a partir de uma manifestação amena em
poucos dias. Pelo fato desta doença apresentar o potencial para uma rápida expansão,
atenção especial é requerida para sua vigilância, prevenção e controle. Um teste que
ajudasse a diagnosticar a doença e também predizer se um caso clássico da doença
poderia se transformar em grave logo no início da infecção é objetivo de vários
pesquisadores nesta área.
O diagnóstico preciso e eficiente da dengue é de extrema importância para o
tratamento clínico do paciente, além de fornecer assistência para a vigilância, auxílio em
estudos envolvendo a patogênese da doença e em pesquisas com vacinas. O diagnóstico
também é muito importante para a confirmação de caso e diferenciar a dengue de outras
doenças, como a leptospirose, rubéola, outras infecções por flavivírus, e também para o
acompanhamento clínico e avaliação de pacientes com doença grave (GUZMAN; KOURI,
2004; VORNDAM; KUNO, 1997). Em conjunto com a vigilância clínica e epidemiológica, a
detecção precoce da circulação de dengue fornece informações precisas às autoridades de
saúde pública a respeito da data, localização, sorotipo viral e gravidade da doença durante
as epidemias de dengue (PAHO, 1994; GUZMAN et al., 1990; USUKU et al., 2001).
Discussão
63
O diagnóstico da doença na fase aguda é bastante complicado pela dificuldade de
isolamento viral e devido aos aspectos técnicos com relação à detecção do genoma viral,
como a necessidade de laboratórios especializados, além de ser possível detectar o vírus
apenas nos primeiros dias de sintomas. A relativa demora no desenvolvimento de anticorpos
específicos contra estes vírus faz com que o teste sorológico seja pouco útil no diagnóstico
precoce, causando uma demora muito grande na realização do diagnóstico (De PAULA et
al., 2004). Kits comerciais mais baratos, com sensibilidade e especificidade adequada, e que
sejam capazes de diagnosticar a doença durante a fase aguda ainda não foram
desenvolvidos. Deste modo, avaliamos uma nova técnica diagnóstica para estes vírus que
pode ser aplicada na fase aguda da doença, a detecção da proteína NS1, uma proteína não-
estrutural produzida e secretada durante a replicação viral.
Neste estudo foram avaliados 250 pacientes com suspeita clínica de dengue. A
confirmação sorológica por MAC-ELISA ocorreu em apenas 26% dos casos. Nos mesmos
períodos de 2007 e 2008, o Município de Ribeirão Preto-SP notificou 7.425 casos suspeitos
da doença, com confirmação sorológica por MAC-ELISA em 30% dos casos (Dados da
Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto). Comparando-se os dados de 2007 com 2008,
foi observado em 2007 uma maior positividade para dengue em relão à 2008, 47,18% e
30,9% respectivamente (Dados da Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto) e 42% em
2007 e 24,4% em 2008 utilizando dados analisados no presente estudo, mostrando que de
fato neste ano houve uma redução na transmissão da doença em Ribeirão Preto. Pelo fato
da dengue ser uma doença de sintomas variados e frequentemente inespecíficos, é
esperado que o número de casos suspeitos seja bastante superior ao número de casos
confirmados. Além disso, a realização da suspeita cnica e conseqüente notificação aos
órgãos de saúde são essenciais para que medidas de controle sejam planejadas e
implementadas. O elevado índice de suspeita diagnóstica sugere que os profissionais de
saúde do município estavam atentos à possibilidade da ocorrência de uma epidemia.
A maioria dos pacientes com confirmação laboratorial diagnóstica de dengue tinha
entre 21 e 40 anos de idade, fato descrito em Ribeirão Preto (Prefeitura Municipal de
Discussão
64
Ribeirão Preto; NASCIMENTO, 2007). Porém, é importante destacar que este estudo foi
conduzido em uma unidade de atendimento voltada principalmente para pacientes adultos,
com isto, mesmo que houvesse uma maior incidência em crianças, estes indivíduos,
provavelmente, não seriam encaminhados para inclusão no trabalho. No Brasil, estudos
mostram que os casos de dengue, incluindo os de FHD, predominam em adultos jovens
(SIQUEIRA et al., 2005; MONTENEGRO et al., 2006; NUNES-ARAUJO et al., 2003),
embora existam evidências de que isto esteja mudando. O predomínio de casos de dengue
entre adultos ocorre também em outros países latino-americanos, como Cuba e Porto Rico,
diferindo do que atualmente é visto no Sudeste Asiático, onde habitualmente os casos mais
graves são documentados em crianças (HALSTEAD, 2006). No presente estudo não foi
possível analisar a incidência de dengue hemorrágica em diferentes faixas etárias, uma vez
que apenas 3 dos 105 pacientes com confirmação laboratorial do diagnóstico de dengue
preencheram os critérios de FHD. Os 3 casos de FHD ocorreram em pacientes com 24 a 30
anos de idade.
Neste estudo duas metodologias diferentes de RT-PCR foram utilizadas para a
detecção do RNA viral nas amostras analisadas. A sensibilidade de detecção do vírus da
dengue pelo procedimento de Henchal foi similar a aquela de Lanciotti nos primeiros dias de
infecção, porém com o aumento no número de dias a partir do início dos sintomas, ocorreu
uma pequena queda de sensibilidade no método de Henchal. Em outro trabalho, onde foram
comparadas quatro metodologias diferentes de detecção viral por RT-PCR, todas realizadas
da maneira descrita inicialmente por seus autores, também foi observado que a metodologia
de Henchal foi menos sensível que a de Lanciotti (RAENGSAKULRACH et al., 2002).
Utilizando-se oligonucleotídeos previamente descritos por Lanciotti (1994) foi possível
detectar o RNA viral em 63,07% das amostras IgM positivas. Estudos anteriores mostram
um vel de positividade de 22,6% (De PAULA et al., 2002) e 42,5% (NASCIMENTO, 2007)
em amostras IgM positivas colhidas durante surtos de dengue. Porém quando são
consideradas somente as amostras obtidas logo nos primeiros dias de infecção, como era
Discussão
65
de se esperar, esta positividade para a RT-PCR é aumentada (De PAULA et al., 2002;
CHAN et al., 1994).
A RT-PCR que se utilizou de oligonucleotídeos previamente descritos por Lanciotti
(1994) permitiu a especificação do sorotipo infectante, tendo sido observado tantos nas
amostras analisadas de 2007 como nas de 2008 que o único sorotipo circulante foi o
sorotipo 3. Ao ano de 2001, apenas os sorotipos 1 e 2 haviam sido identificados como
causas de infecção pelo vírus dengue em pacientes na cidade de Ribeirão Preto. Desde o
primeiro isolamento do sorotipo 3 em amostras clínicas do município, em 2002, este tem
sido o único sorotipo identificado em pacientes infectados (Prefeitura Municipal de Ribeirão
Preto). Desde a introdução do sorotipo 3 no continente americano, em 1994, e
posteriormente no Brasil, em 2000, houve uma grande preocupação por parte das
autoridades de saúde quanto à possibilidade de aumento no mero de casos de FHD em
populações sabidamente expostas aos sorotipos 1 e 2. De fato, o Brasil vivenciou, em
2002, a maior epidemia de dengue já documentada até hoje, com 794.129 casos da doença,
2.714 casos de FHD/SCD e 150 mortes (SIQUEIRA et al., 2005). Outro problema que
poderia vir a ocorrer seria a reintrodução do sorotipo 2 em regiões em que mais de 4
anos apenas ocorre circulação de outros sorotipos (GUZMAN; KOURI, 2008), fato que
ocorreu na cidade do Rio de Janeiro este ano, que apresentava circulação do sorotipo 3 e
onde o sorotipo 2 foi reintroduzido. Portanto, se o sorotipo 2 voltar em 2009, desta vez em
toda a região sudeste, um grande aumento no número de casos de FHD seria esperado.
Somente dois dos 3 casos de FHD avaliados neste trabalho apresentaram evolução para
cura, e a elevada taxa de letalidade nos casos de FHD no Brasil vem chamando cada vez
mais atenção. Entre os anos de 1998 e 2002 esta taxa foi de 5,4%, superior às taxas de
0,5% a 3,5% observadas em países asiáticos (MALAVIGE et al., 2004; SIQUEIRA et al.,
2005). Em 2006, foi registrado um aumento de 36% nos casos de FHD e 49% no número de
óbitos quando comparado com 2005, em 2007 foi observado um aumento de 145% nos
casos de FHD e 135% nos óbitos em comparação com 2006 (Secretaria de Vigilância em
Saúde, 2008). Estas estatísticas reforçam a importância de um diagnóstico rápido, para o
Discussão
66
reconhecimento de casos suspeitos e identificação precoce de possíveis sinais de alerta,
proporcionando assim a adoção de medidas terapêuticas adequadas que poderiam reduzir a
letalidade.
Considerando-se o diagnóstico por isolamento viral, foi observada uma positividade
de apenas 32,3% utilizando como método revelador o ensaio de imunofluorescência indireta
e 46,15% quando foi realizada a RT-PCR do sobrenadante do cultivo celular. Houve uma
dependência significativa da positividade com a precocidade da coleta das amostras em
relação ao início dos sintomas. Comparando-se a positividade do isolamento viral com a
positividade da RT-PCR realizada diretamente do soro, pode ser observado que a primeira é
bastante inferior que a segunda (32,3% e 63,0%). Alguns trabalhos mostram que a
positividade por isolamento viral é realmente inferior à positividade por RT-PCR (De PAULA
et al., 2002; GOMES-RUIZ et al., 2006; KUMARASAMY et al., 2007b). Mostrando que o
isolamento viral em cultura de lulas realmente não é sensível ou rápido o bastante para
ser aplicado na rotina como método diagnóstico. Porém a sua importância não pode ser
menosprezada uma vez que é de extrema importância para a detecção do tipo viral
circulante.
Analisando-se o diagnóstico sorológico pela detecção de IgM anti-dengue foi
possível observar que das 250 amostras avaliadas neste estudo, 65 foram IgM positivas
pelo MAC-ELISA e destas, apenas 41 (41/65) foram positivas pela detecção do genoma viral
pela RT-PCR. Considerando-se as amostras IgM negativas, 40 foram positivas para
detecção do genoma viral por RT-PCR. Estas amostras foram avaliadas tanto para a RT-
PCR como para o MAC-ELISA em média apenas 2,1 dias após o início dos sintomas, uma
vez que não houve a coleta na fase de convalescença. Este é um grave entrave da
detecção da infecção viral por MAC-ELISA, pois devido à dinâmica de produção de IgM anti-
dengue (INNIS et al., 1989), somente depois do sexto dia após o início dos sintomas que
93% a 99% dos casos apresentam níveis de IgM detectáveis (GUZMAN; KOURI, 2004), e
poucos pacientes retornam ao posto para realizar esta coleta. Devido a este fato, em
Discussão
67
regiões onde a vigilância epidemiológica não é eficiente, os casos suspeitos de dengue
nunca são confirmados.
A detecção de IgG anti-dengue nas amostras suspeitas de dengue foi bastante alta,
41,2% da amostras analisadas foram IgG positivas. Destas, 31% foram tanto IgM quanto
IgG positivas para dengue, e quando a detecção de IgG ocorreu até o quarto dia após o
início dos sintomas, estas amostras foram consideradas como derivadas de pacientes com
infecções secundárias. Das amostras que foram positivas somente para IgG, 12 (12/71)
foram positivas também para o PCR, e também foram consideradas como infecção
secundária de dengue. Foi possível observar um elevado número de pacientes que foram
IgG positivos relatando não terem tido infecções prévias de dengue (77,7%), e esta
positividade não foi reatividade cruzada com outro Flavivirus, uma vez que não houve
correlação com a vacinação de febre amarela. Foi possível observar também uma
prevalência de infecção por dengue independente do sorotipo viral em Ribeirão Preto de
23,6% (59/250). Esta prevalência pode ser considerada alta para uma cidade de interior.
Estudos incluindo estimativas de prevalência e do número de infecções realizados em
cidades de maior porte apresentam prevalência em torno de 25% a 56% (FIGUEIREDO et
al., 1990; VASCONCELOS et al., 1998; 1999). Já a prevalência de dengue em cidades de
interior gira em torno de 10% a 17% (VASCONCELOS et al., 2000).
A detecção da proteína NS1 como uma nova ferramenta diagnóstica para dengue
tem sido avaliada e considerada como uma alternativa no diagnóstico rápido da doença (XU
et al., 2006; DUSSART et al., 2006; LAPPHRA et al., 2008). A NS1 é uma glicoproteína
solúvel detectada em pacientes com dengue na fase aguda da doença (FALCONAR, 1997;
FLAMAND et al., 1999). Esta glicoproteína é bastante conservada entre os quatro sorotipos
do vírus e os níveis circulantes de NS1 mostraram se correlacionar com o desenvolvimento
da FHD (DUSSART et al., 2006; LIBRATY et al., 2002; YOUNG et al., 2000). A NS1 foi
encontrada em cerca de 83% dos pacientes com infecção por dengue entre o primeiro dia
até o décimo-oitavo dia após o início dos sintomas (ALCON et al., 2002; XU et al., 2006).
Discussão
68
Inicialmente dois kits comerciais para a detecção de NS1 seriam analisados neste
estudo, o PAN-E Dengue Early ELISA (PanBio) e PLATELIA
TM
DENGUE NS1 AG Kit
(Biorad), porém devido a problemas no kit da Panbio os dados gerados por este kit o
foram levados em consideração. Portanto, a avaliação da detecção de NS1 nas amostras
suspeitas de dengue foi feita utilizando somente o kit comercializado pela Biorad.
A detecção de NS1 ocorreu em 71 de 85 amostras de dengue confirmadas por RT-
PCR ou isolamento, e em 14 amostras que haviam sido negativas para o PCR ou
isolamento viral. O teste apresentou, portanto uma positividade de 83,5% (71/85) quando
comparado à detecção por RT-PCR. Nesta análise foi encontrada uma sensibilidade de
86,4% e especificidade de 91,1%. O valor preditivo positivo foi 82,3% e o valor preditivo
negativo foi 93,3%. Kumarasamy (2007b) analisando a detecção de NS1 em amostras
positivas por RT-PCR ou isolamento viral observou uma sensibilidade de 93,4% e
especificidade de 100%. O valor preditivo positivo foi 100% e o valor preditivo negativo foi
98.9%. Esta diferença observada pode ser devida ao fato de termos avaliado as amostras
durante um surto epidêmico da doença, analisando todas as amostras que são obtidas
normalmente por um posto de saúde, independente da data da coleta, enquanto que neste
outro estudo foram avaliadas amostras já estocadas e colhidas apenas durante a fase
aguda da doença.
Tem sido relatado que a eficiência do teste de NS1 poderia variar dependendo da
infecção pelo vírus da dengue ser primária ou secundária (BLACKSELL et al., 2008;
KUMARASAMY et al., 2007a). Na infecção secundária pelo vírus dengue, os títulos de IgG e
IgM aumentam de forma mais rápida e são mais altos que em infecções primárias
(VAUGHN et al., 1997). O altos títulos de IgG e IgM anti-dengue encontrados nos soros de
pacientes provenientes de infecção secundária poderiam resultar na formação de imuno-
complexos de NS1 com estes anticorpos. Em um estudo foi possível observar correlação
inversa entre a sensibilidade na detecção de NS1 e títulos de IgM anti-dengue, e a
dissociação destes imuno-complexos, de fato, melhorou a detecção de NS1 nas amostras
dos soros, principalmente em infecções secundárias, aumentando a sensibilidade de 27%
Discussão
69
para 78% (KORAKA et al., 2003). No presente estudo foi possível observar que o teste de
NS1 apresentou uma positividade significativamente maior em infecções primárias (89,65%,
52/58) que em infecções secundárias (70,37%, 19/27). Kumarasamy (2007) observou uma
positividade de 97,3% (179/184) em infecções primárias e 70% (20/29) em infecções
secundárias, e Blacksell (2008) observou uma positividade também maior para infecções
primárias (75%, 3/4) que secundárias (60%, 20/33). Em outro estudo onde foi analisado um
maior número de pacientes com FHD foi observado que as taxas de positividade para NS1
foram maiores para pacientes com FD do que pacientes com FHD, mas não houve diferença
estatística (CHUANSUMRIT et al., 2008). Contudo pacientes com FHD originária de
infecção primária tiveram taxas significativamente maiores que pacientes com FHD
originária de infecção secundária (88,2% contra 41,4% no quinto dia após o início dos
sintomas) (CHUANSUMRIT et al., 2008). Porém outros estudos demonstraram não haver
relação entre a positividade e ao status da infecção, embora tenha sido possível
correlacionar maiores níveis de IgM e IgG anti-dengue em soros que foram falso-negativos
para o teste de NS1, uma vez que a dissociação dos imuno-complexos de NS1 por
tratamento ácido aumentou a sensibilidade do teste de 63,2% para 72% (LAPPHRA et al.,
2008).
Comparativamente, neste estudo, o isolamento viral também apresentou uma taxa
de isolamento significativamente maior em infecções primárias do que secundárias. na
detecção molecular do RNA viral por RT-PCR não foi observada diferença estatística entre
as infecções primárias e secundárias.
Analisando o desempenho do teste de NS1 com relação ao isolamento do vírus e
detecção molecular da dengue na presea e ausência de IgM anti-dengue, foi observada
uma taxa de detecção positiva pelo Platelia de 86,36% (38/44) na presença de IgM anti-
dengue e 78,04% (32/41) na ausência de IgM anti-dengue. o houve correlação entre a
taxa de detecção positiva de NS1 com respeito à detecção positiva de IgM devido ao fato de
muitas amostras IgM negativas terem sido colhidas durante a fase aguda da doença, fato
comum no Brasil e que dificulta a bastante o diagnóstico da dengue.
Discussão
70
Analisando, portanto, o percentual de positividade para IgM e correlacionando-o com
o dia de coletas das amostras, foi possível observar um aumento da positividade da
detecção de IgM nas amostras, enquanto que a detecção de NS1 manteve-se constante
durante os diferentes dias de coleta. Este fato foi também observado quando se analisou o
percentual de positividade das metodologias de diagnóstico aplicadas na fase aguda da
doença em amostras IgM positivas ao longo do tempo. A taxa de detecção pela NS1 foi
similar à detecção molecular e superior à detecção pelo isolamento viral durante o início dos
sintomas. A detecção pelo isolamento viral apresentou queda no percentual de positividade
a partir do segundo dia do início dos sintomas, a RT-PCR apresentou uma queda mais
lenta a partir do terceiro dia, e a detecção de NS1 começou a apresentar queda somente a
partir do sétimo dia, fato também observado em outros trabalhos (DUSSART et. al., 2006;
XU et al., 2006). No presente estudo foi possível detectar a NS1 a partir do dia 0 ao
sétimo dia após o início dos sintomas. Alcon (2002) reportou que a proteína NS1 pode ser
detectada do primeiro dia após o início dos sintomas até o nono dia, e os níveis de detecção
da NS1 variaram de 0,04 a 2 µg/mL em amostras de fase aguda (0 à 7 dias após o início
dos sintomas), e durante a fase de convalescença (oitavo dia em diante) foi em torno de
0,04 µg/mL, em infecções primárias. em infecções secundárias os níveis de NS1
variaram de 0,01 a 2 µg/mL na fase aguda, e, não foi detectada na fase de convalescença
(ALCON et al., 2002). Shu (2002) detectou NS1 no soro de paciente a partir do primeiro dia
após o início dos sintomas cnicos até o oitavo dia. Porém outro estudo mostrou que a
proteína NS1 poderia ser detectada ao décimo oitavo dia após o início dos sintomas,
embora neste estudo só tenha trabalhado com infecções pelo sorotipo 1 (XU et al., 2006).
A sensibilidade da detecção de NS1 tem apresentado variações entre os diferentes
sorotipos de dengue (DUSSART et al., 2006; BLACKSELL et al., 2008). Dussart (2006)
observou uma sensibilidade na detecção de NS1 para DENV-1 de 90,5%, para DENV-2 de
88,1%, 87,9% para DENV-3 e 89,7% para DENV-4. Blacksell (2008) observou uma
sensibilidade do teste de NS1 de 77,8% para a detecção de DENV-1, 60% para DENV-2,
0% para DENV-3 e 66,7% para DENV-4. O presente trabalho mostra que na verdade o teste
Discussão
71
de NS1 é bastante sensível na detecção de DENV-3, uma vez que apenas analisamos
amostras infectadas com este sorotipo, que é o sorotipo circulante na região neste
momento, e que obtivemos uma sensibilidade de 86,4% utilizando a RT-PCR como
referência.
Dussart et al. (2006) observaram uma sensibilidade na detecção do antígeno NS1
em relação às amostras positivas para RT-PCR de 85%, e de 94,1% em amostras positivas
para isolamento viral. No presente trabalho foi possível observar uma sensibilidade de
detecção de NS1 de 85,4% para amostras positivas pela RT-PCR, e de 86,4% para
amostras positivas para o isolamento viral. Os valores obtidos no presente trabalho foram
similares aos encontrados anteriormente, porém a taxa de detecção de NS1 em relação ao
isolamento viral foi mais baixa em nosso estudo. Obtivemos uma especificidade bastante
alta, 91,1% em relação às amostras positivas para a RT-PCR e 94% em relação às
amostras positivas para o isolamento viral.
Kumarasamy et al. (2007a) observaram uma sensibilidade de 93,4% para o teste de
NS1, em relação à detecção por RT-PCR ou isolamento viral, uma especificidade de 100%,
um valor preditivo positivo de 100% e um valor preditivo negativo de 98,9%. No presente
estudo foi possível observar uma sensibilidade de 78,2% para a detecção de NS1 em
amostras positivas pela RT-PCR ou isolamento viral, uma especificidade de 89,6%, uma
valor preditivo positivo de 80% e um valor preditivo negativo de 88,5%. Provavelmente
obtivemos valores mais baixos que o estudo anterior devido ao fato deste ter utilizado
amostras estocadas para o grupo de pacientes com dengue e como controle doadores de
sangue, não tendo utilizado o teste de NS1 durante uma situação epidêmica.
Lapphra et al. (2008) encontraram uma sensibilidade do teste de NS1 de 63,2% e
especificidade de 98,4%, quando comparado à detecção de IgM e resultado positivo pela
RT-PCR. no presente estudo foi observada uma sensibilidade de 95,12% e uma
especificidade de 77,9%. Obtivemos uma menor especificidade provavelmente devido às
amostras negativas para IgM coletadas durante a fase aguda da doença, que foram
positivas para o teste de NS1. Obtivemos uma maior sensibilidade, apesar do nosso estudo
Discussão
72
também ter sido realizado com amostras de pacientes não-estocadas, demonstrando que
numa situação real, o teste apresentaria uma excelente sensibilidade.
Comparando-se os resultados obtidos com o teste de NS1 com os resultados da RT-
PCR em amostras IgM positivas, é possível observar que o teste de NS1 apresentou
sensibilidade e especificidade maiores que a RT-PCR, sensibilidade de 75,4% contra 63% e
especificidade de 80,8% contra 78,3%. Considerando-se também os valores preditivos
positivos e negativos pode-se observar o mesmo. O teste de NS1 apresentou VPP de 57,6%
contra 50,6% da RT-PCR, e VPN de 90,3% contra 85,8%. Os valores preditivos positivos
foram baixos para os dois testes devido às amostras negativas para IgM coletadas durante a
fase aguda da doença. A acurácia do teste de NS1 foi de 79,2% e a da RT-PCR de 74,4%,
demonstrando que o teste de NS1 apresenta melhores resultados que a RT-PCR para
diagnóstico de dengue. O teste de NS1 também apresentou melhores resultados que a
detecção de IgM anti-dengue em amostras positivas por RT-PCR e/ou isolamento viral.
Apesar da menor sensibilidade, principalmente em amostras colhidas após os
primeiros dias de sintomas, a RT-PCR oferece a vantagem de um diagnóstico rápido,
possibilitando ainda a identificação do sorotipo infectante. Porém os custos deste todo
são muito elevados e de difícil aplicação na rede pública, além do alto grau de variabilidade
observado nos resultados que ocorre entre os laboratórios, o que sugere que ainda é
requerido mais trabalho para que seja atingida uma padronização da técnica no diagnóstico
da dengue (Dengue Diagnostics, WHO/TDR, 2004). O diagnóstico por IgM apresenta um
custo relativamente barato, porém a obtenção da amostra na fase de convalescença
ocasiona uma grande demora no diagnóstico (o paciente fica sabendo que teve dengue
quando não apresenta mais os sintomas clínicos da doença) e pode ocorrer reatividade
cruzada neste teste, principalmente em regiões endêmicas para mais de um Flavivirus.
As especificações da OMS para um teste ideal no diagnóstico clínico da dengue
(Dengue Diagnostics, WHO/TDR, 2004) têm como prioridades principais a determinação
precoce da presença da infecção durante a fase aguda; distinguir entre dengue e outros
flavivírus; ser barato e ser fácil de ser utilizado em todos os níveis do sistema de saúde; e
Discussão
73
como prioridades secundárias: continuar positivo depois do terceiro dia de sintomas (para
pacientes que demoram mais para procurar as unidades de saúde e à variações para o
início do sintomas clínicos); se possível fornecer um marcador para o desenvolvimento das
formas graves da dengue; distinguir entre infecções primárias e secundárias; distinguir os
sorotipos; ser estável a temperaturas mais altas, para que possa ser utilizado em unidades
que não apresentem refrigeração.
O teste de NS1 atende a todas as prioridades principais, e algumas das secundárias.
As grandes vantagens do teste de NS1 encontradas neste trabalho é que a detecção desta
proteína no soro dos pacientes ocorre por mais tempo que a detecção por RT-PCR, além de
ser um método mais barato. Além disso, estudos mostram que a proteína NS1 é altamente
conservada em todos os sorotipos de dengue, não dando reação cruzada com o vírus da
encefalite japonesa ou febre amarela, outros Flavivirus que podem dar reação cruzada com
a dengue quando o diagnóstico é feito utilizando sorologia (YOUNG et al., 2000). Além da
NS1 não ter sido detectada em pacientes positivos para febre amarela (DUSSART et al.,
2006).
Não foi possível avaliar a proteína NS1 como um marcador da forma grave da
dengue logo no começo da infecção, porque o número de pacientes com a forma grave da
doença (FHD/SCD) foi bastante baixo, além do teste de NS1 não ser quantitativo. Porém
outro estudo com números maiores de pacientes suspeitos de dengue hemorrágica também
não encontrou correlação da gravidade da doença com a detecção de NS1 (LAPPHRA et
al., 2008). No entanto, já foi demonstrado que o nível de NS1 presente no plasma se
correlacionou com a viremia e foi significativamente mais alto em pacientes com FHD do
que com FD, dentro de 2 dias após o início dos sintomas (LIBRATY et al., 2002).
Este é o primeiro trabalho no Brasil que avaliou prospectivamente o desempenho
deste teste no diagnóstico da dengue. A análise da sensibilidade, especificidade, valores
preditivos positivos e negativos mostram que este teste poderia entrar como rotina na
detecção viral no sistema blico de saúde, visando fornecer o diagnóstico mais rápido da
dengue, o que auxiliaria no manejo da doença no Brasil, além de sua aplicação ser muito
Discussão
74
importante para que o diagnóstico da doença seja feito mesmo quando o paciente não
retorna pra fazer a segunda coleta, uma vez que o diagnóstico por RT-PCR que também é
feito logo no início dos sintomas apresenta um custo elevado. A aplicação deste teste como
rotina para laboratórios que já executam o diagnóstico da dengue não apresentaria grandes
aumentos nos custos, uma vez que usa os mesmos instrumentos que o MAC-ELISA, que é
o teste normalmente utilizado na rotina dos laboratórios responsáveis pelo diagnóstico de
dengue no Brasil.
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Conclusões
76
6. CONCLUSÕES
Diante dos resultados apresentados pelo presente trabalho pode-se concluir que:
O diagnóstico por isolamento viral apresentou a menor sensibilidade diagnóstica e
houve uma dependência significativa da positividade com precocidade da coleta das
amostras em relação ao início dos sintomas;
A detecção de IgG foi bastante alta, 41,2%. Foi possível observar um elevado
número de pacientes que foram IgG positivos que relataram não terem tido dengue
antes e uma elevada prevalência de dengue em Ribeirão Preto;
Analisando o percentual de positividade foi possível observar que a detecção de NS1
manteve-se constante durante os diferentes dias de coleta, tendo sido superior à
detecção pelo isolamento viral e IgM durante o início dos sintomas, e após o terceiro
dia foi superior a detecção do vírus por RT-PCR;
Comparando-se os resultados obtidos com o teste de NS1 com os resultados da
RT-PCR em amostras IgM positivas, é possível observar que o teste de NS1
apresentou sensibilidade e especificidade maiores que a RT-PCR. Considerando-se
também os valores preditivos positivos e negativos pode-se observar o mesmo. A
acurácia do teste de NS1 foi de 79,2% e a da RT-PCR de 74,4%, demonstrando que
o teste de NS1 apresenta melhores resultados que a RT-PCR para diagnóstico de
dengue.
O teste de NS1 também apresentou melhores resultados que a detecção de IgM
anti-dengue em amostras positivas para a RT-PCR e/ou isolamento viral.
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8
8
.
.
A
A
N
N
E
E
X
X
O
O
S
S
Anexos
96
8. ANEXOS
ANEXO A Parecer do comitê de ética em pesquisa do HC.
Anexos
97
ANEXO B Parecer da diretoria acadêmica do CSE.
Anexos
98
ANEXO C Termo de consentimento apresentado aos pacientes participantes deste
estudo.
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA
DE RIBEIO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
CEP. 14048-900
RIBEIRÃO PRETO - S.P.
B R A S I L
CAMPUS UNIVERSITÁRIO - MONTE ALEGRE
FONE: 602-1000 - FAX (016) 633-1144
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Convidamos o senhor(a) a participar do nosso estudo sobre Dengue.
Nome do Estudo:
ESTUDO DA IMUNOPATOGÊNESE E ASPECTOS VIRAIS ENVOLVIDOS NAS
DIFERENTES MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DENGUE
Pesquisadores responsáveis: Benedito Antônio Lopes da Fonseca
Luiza Antunes de Castro
Telefones para contato 0xx16 3602-4508 (laboratório)
0xx16 3602-3251
ESCLARECIMENTOS AO SUJEITO DA PESQUISA
A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, visando estudar o vírus da Dengue, está
executando pesquisa em pacientes com manifestações da doença. O vírus do Dengue é
transmitido pela picada de pernilongo contaminado e a pessoa picada pode passar a ter febre alta,
dor de cabeça, dor nos olhos, nos músculos, nas juntas e podem aparecer manchas vermelhas
pelo corpo. A pessoa fica com falta de apetite e sente muita fraqueza, sem vontade para nada.
Estes são os principais sintomas da dengue comum, mas existe uma outra, mais grave, que é a
dengue hemorrágica. Os sintomas iniciais o os mesmos da dengue comum. A diferença é que,
quando a febre acaba, começam a surgir sangramentos, a pressão cai, dando origem à tontura, os
lábios ficam roxos e a pessoa, além de sentir fortes dores no abdômen, alterna sonolência com
agitação. A dengue hemorrágica é muito perigosa se a pessoa não procurar um hospital para ser
atendido e, pode levar à morte. Com este estudo pretendemos entender melhor como este
micróbio se comporta e quais são as alterações que ele causa no sangue e no corpo das pessoas.
Estas informações poderão ajudar no desenvolvimento de remédios e tratamentos adequados
para curar a doença mais facilmente. Além disso, este estudo pretende identificar se existe algum
fator hereditário (que é herdado dos pais para os filhos) que faça com que determinadas pessoas
Anexos
99
tenham a doença mais grave (tenham sintomas mais fortes) que outras. Caso o senhor(a)
concorde em participar desta pesquisa, serão coletados 20mL do seu sangue com uma picada no
braço. Daremos preferência para coletar o sangue no mesmo momento em que o seu médico
também precisar do seu sangue para os exames de acompanhamento do tratamento. Os
desconfortos relacionados com esta pesquisa estão associados com a picada da agulha para
retirar o sangue e o tempo que será gasto para realizar as perguntas sobre a sua doença. Os
benefícios estão relacionados com a possível melhora do entendimento das causas da doença,
favorecendo um melhor tratamento para o Sr./Sra., ou ainda, para todos os pacientes com a
doença.
Gostaríamos de esclarecer que a sua participação no estudo é voluntária e caso o
senhor(a) deseje abandonar o estudo, não haverá qualquer tipo de constrangimento, bem como
em nada mudará o seu acompanhamento neste hospital. Vale lembrar que em qualquer fase da
pesquisa, sua identidade será sempre mantida em sigilo.
EU
abaixo assinado, tendo sido devidamente esclarecido sobre todas as condições que constam do
documento “ESCLARECIMENTOS AO SUJEITO DA PESQUISA”, de que trata o Projeto de Pesquisa
intitulado “ESTUDO DA IMUNOPATOGÊNESE E ASPECTOS VIRAIS ENVOLVIDOS NAS
DIFERENTES MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DENGUE” que tem como pesquisador responsável
a Srta. Luiza Antunes de Castro, especialmente no que diz respeito ao objetivo da pesquisa, aos
procedimentos a que serei submetido, aos riscos e aos benefícios, à forma de ressarcimento no caso
de eventuais despesas, bem como a forma de indenização por danos decorrentes da pesquisa,
declaro que tenho pleno conhecimento dos direitos e das condições que me foram assegurados, a
seguir relacionados:
1. A garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer vida a
respeito dos procedimentos, riscos, benefícios e de outras situações relacionadas com a
pesquisa.
2. A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a qualquer
momento, sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu tratamento.
3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da
informação relacionada a minha privacidade.
4. O compromisso de que me será prestada informação atualizada durante o estudo, ainda que
esta possa afetar a minha vontade de continuar dele participando.
5. O compromisso de que serei devidamente acompanhado e assistido durante todo o período
de minha participação no projeto, bem como de que será garantida a continuidade do meu
tratamento, após a conclusão dos trabalhos da pesquisa.
6. O ressarcimento de eventuais despesas decorrentes da minha participação no projeto se
absorvido pelo orçamento da pesquisa, não cabendo ao Hospital das Clínicas de Ribeirão
Preto, qualquer responsabilidade quanto ao referido pagamento.
Anexos
100
7. Como mencionado, o único desconforto está relacionado com a picada da agulha para
retirada do sangue, nenhum procedimento extra que possa causar algum dano será aplicado.
Declaro, ainda, que concordo inteiramente com as condições que me foram apresentadas e
que, livremente, manifesto a minha vontade em participar do referido projeto.
______________________________________________
Assinatura do Paciente
______________________________________________
Assinatura do Pesquisador
Ribeirão Preto, de de .
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