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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA
NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO
DA MANUFATURA DO VESTUÁRIO DE MODA
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP para a obtenção
do título de mestre em Engenharia de Produção
MARCO ANTONIO DI LORENZI ANDREONI
SÃO PAULO
2008
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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA
NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO
DA MANUFATURA DO VESTUÁRIO DE MODA
Orientação: Prof. Dr. José Paulo Alves Fusco
Área de Concentração: Redes de empresas e
planejamento da produção.
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP para a obtenção
do título de mestre em Engenharia de
MARCO ANTONIO DI LORENZI ANDREONI
SÃO PAULO
2008
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Andreoni, Marco Antonio Di Lonrenzi
Estamparia Têxtil: Uma estratégia na diferenciação do
produto da manufatura do vestuário de moda / Marco Antonio Di
Lorenzi Andreoni – São Paulo, 2008
108 f.:il. Color
Dissertação (Mestrado) – Apresentado ao Instituto de
Ciências Exatas da Universidade Paulista, São Paulo, 2008.
Área de Concentração: Gerência de Produto
“Orientação: José Paulo Alves Fusco”
1. Design. 2. Produção. 3. Digital. 4. Exclusividade.
5. Flexibilidade 1. Título
Dedicatória
Dedico este trabalho à Cecília, Bruno e André.
por estarem incondicionalmente comigo
Agradecimentos
Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer a todos que, direta ou indiretamente,
contribuíram para a realização deste trabalho.
À Cecília, que com seu amor sempre me apoiou e pela sua paciência.
Aos meus Filhos, por serem pacientes e exercerem a compreensão além dos
limites.
À Dona Ada, que sempre está presente.
Em especial à amiga Profª. Mestre Francisca Mendes, pelo seu grande coração
e por nunca desistir das pessoas.
Ao João Paulo, por ser essa pessoa sensata, que tento seguir como exemplo.
A meu orientador, Prof. Dr. José Paulo Alves Fusco, por sua paciência e
dedicação, sempre me orientando nos momentos críticos.
Aos docentes do programa de mestrado em engenharia de produção da UNIP,
em especial ao Prof. Dr. José Benedito Sacomano, ao Prof. Dr. Antonio
Roberto Pereira Leite de Albuquerque e ao Prof. Dr. Oduvaldo Vendrametto,
que muito contribuíram para minha formação pessoal e profissional.
À coordenadora do curso de moda da UNIFMU, professora Romy Tutia.
Aos colegas do mestrado Fabiana Mendes, Fabio Romito, Fábio Sevegnani
Namara Napolitano e todos os outros com os quais tive oportunidade de
conviver durante o curso.
RESUMO
O presente trabalho integra o Projeto Tecnologia e Sistemas de Gestão de
Manufatura inserido no Grupo de Pesquisa REDEPRO, Rede de Empresas e
Cadeia de Fornecimentos do Departamento de Pós-Graduação em Engenharia
de Produção da Universidade Paulista – UNIP.
Aborda um dos elos da cadeia têxtil, o beneficiamento/ acabamento, mais
especificamente uma das atividades de acabamento; a estamparia, e sua
estreita relação com a Manufatura do Vestuário de Moda (MVM), como
estratégia competitiva.
Aprofundar estudos sobre as implicações da estamparia na MVM é relevante,
pois se trata de um setor pouco visível, mas que se destaca ao promover
diferenciação no produto final da indústria de confecção de moda,
principalmente para segmentos de moda feminina, beachwear, surfwear e
sportswear. De acordo com esse aspecto de diferenciação, a estamparia deve
ser abordada como uma das estratégias da MVM.
Assim essa monografia parte da hipótese de que a estamparia promove
diferenciação no produto da manufatura de vestuário de moda e é estratégia
para as empresas de confecção. O objetivo deste trabalho é desenvolver
estudos sobre essa área especifica da cadeia têxtil, pois os conhecimentos
envolvidos nas relações entre a estamparia e a MVM devem ser
documentados e aprofundados, ,já que o material bibliográfico é escasso.
Palavras-chave: moda, manufatura, estamparia, diferenciação.
ABSTRACT
This project of the Design Technology and Systems Management
Manufacturing inserted into REDEPRO Research Group, Network for Enterprise
and Supply Chain of the Department of Postgraduate Diploma in Production
Engineering from the Universidade Paulista - UNIP.
It deals with one of the links in the chain textiles, beneficiation / finishing, more
specifically one of the activities of finishing as printing, and the relation with the
Clothing Manufacturing of Fashion (CMF) as competitive strategy.
The study on the implications of printing in CMF is relevant because this is an
industry barely visible, that stands out to promote differentiation in the final
product made by the fashion industry, primarily for segments like: women's
fashion, beachwear, surfwear and sportswear. According to this aspect of
differentiation, the printing must be addressed as one of the strategies of CMF.
This monograph tries to promote some ideas from the question: Does the
printing process promotes product differentiation in the manufacturing of
clothing for fashion and strategy in companies to manufacture? The purpose of
this study is to develop this specific area of the textile chain, because the
knowledge involved in relations between the printing and CMF should be
documented and investigated, as the bibliographic material is scarce.
Keywords: Fashion, manufacturing, printing, differentiation.
ÍNDICE VII
LISTAS DE ILUSTRAÇÔES VIII
LISTA DE GRÁFICOS IX
1 Introdução 13
1.1 Objetivo 17
1.2 Justificativa 17
1.3 Metodologia 18
1.3.1 Metodologia e pesquisa 18
1.4 A estrutura do trabalho 19
2. A CADEIA TÊXTIL 21
2.1 Introdução 21
2.2 Beneficiamento 23
2.3 Estamparia 24
2.4. Estamparia nos arranjos produtivos 27
3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 30
4 ESTRATÉGIA COMPETITIVA 34
4.1 Conceito de estratégia 34
4.2 Estratégias Competitivas 34
4.2.1 Estratégia — Modelo de PORTER (1986) 35
4.2.2 Estratégia – Modelo de ZACCARELLI (2000) 38
4.2.3 Estratégia Modelo de CONTADOR (1996) 40
4.2.4 Estratégia atendida pela estamparia 42
5 ESTAMPARIA NO PRODUTO DE MODA 46
5.1 História das Técnicas de Estamparia 49
5.2 Descrição das técnicas manuais 49
5.2.1. Tie Dye 50
5.2.2 Batik 50
5.2.3 Carimbos: (Block Printing) 53
5.2.4 Stencil 54
5.2.5 Serigrafia 56
5.3 Estamparia industrial 57
5.4 Estamparia Digital 60
5.5 Estamparia Laser 61
5.6 Análise das técnicas e evolução de estamparia 62
5.6.1 Corantes 66
5.7 Mudanças fundamentais na estamparia 70
6 ESTAMPARIA DIGITAL, UM PARADIGMA 74
6.1 Design Têxtil e Moda. 77
6.1.1 O Design 77
6.1.2 Criação e Desenvolvimento de Produto 78
6.1.3 Design Têxtil Digital 82
7 ANÁLISE 85
7.1 Estamparia digital: Digitex 85
7.1.1 Infraestrutura 85
7.1.2 Fluxo de produção 87
7.1.3 Diferenciação 90
7.2 Estamparia convencional: Horizonte Têxtil 91
7.2.1 Infraestrutura, capacidade produtiva. 91
7.2.2 Mercado 93
7.2.3 Desenvolvimento de Produto 94
7.3 Estamparia na estratégia diferenciadora 96
8 CONCLUSÃO 99
8.1 O estudo sobre estamparia 99
8.2 Aspectos Gerais da Estamparia 100
8.3 Estamparia estratégia para a MVM 101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Estampa corrida (Fonte: Catálogo Victoria Secrets) 25
Figura 2 – Estampa localizada (Fonte: Catálogo Mormaii) 25
Figura 3 – Estampas digitais sobre elastano (Fonte: Catálogo Rosa Chá) 43
Figura 4 – Estampas corrida sobre a mesma modelagem (Fonte:Catálogo Victoria Secrets) 44
Figura 5 – Designer Têxtil e estação de trabalho (Fonte:Stork ) 45
Figura 6 – Estampas corrida sobre a mesma modelagem (Fonte:revista Mag ) 48
Figura 7 – Reserva de área com amarrações (Fonte: Textile Dyeing) 50
Figura 8 – Reserva de área com cera (Fonte: Tradicional IndonesianTextile) 51
Figura 9 – Carimbos e tjiang (Fonte: Tradicional IndonesianTextile) 52
Figura 10 – Carimbos e tjiang (Fonte: Tradicional IndonesianTextile) 52
Figura 11 – Carimbos e tjiang (Fonte: Tradicional IndonesianTextile) 53
Figura 12 – Rapport (Fonte: Tradicional Indonesian Textile) 54
Figura 13 – Stencil aplicado ao tecido e sobre roupas cerimoniais (Fonte: Pacific Pattern) 55
Figura 14 – Stencil sobre papel (Fonte: Pacific Pattern) 56
Figura 15 – Recorte do stencil atualmente (Fonte: Textile Dyeing) 56
Figura 16 – Quadro de silk screen e aplicação sobre tecido (Fonte: Textile Dyeing ) 57
Figura 17 – Quadro de silk screen e aplicação sobre tecido (Fonte: Textile Dyeing) 58
Figura 18 – Estamparia cilindro com a evolução dos tipos de gravação: manual,
fotográfica e direta (Fonte: World Textile) 58
Figura 19 – Estampando com cilindros (Fonte: World Textile ) 59
Figura 20 – Estampa localizada com transfer sublimático (Fonte: World Textile) 59
Figura 21 – Estamparia a laser (Fonte: elaborado pelo autor) 62
Figura 22 – Estamparia por corrosão (Fonte: Saadjian) 70
Figura 23 – Ploter de impressão e software de criação e desenvolvimento
(Fonte: Stork e Kopperman) 73
Figura 24 – Estamparia digital (Fonte: Patachou) 75
Figura 25 – Estamparia digital (Fonte: Patachou) 75
Figura 26 – Diagrama processo criativo em design têxtil. (Fonte: Autor) 81
Figura 27 – Software de criação e simulação de estampas (Fonte: Kopperman) 84
Figura 28 – Fluxo de produção na estamparia digital (Fonte: Autor) 87
Figura 29 – Diferenciação no produto de confecção (Fonte: Catálogo Digitex) 96
Figura 30 – Imagem da mesma estampa sobre outras modelagens (Fonte: Digitex) 97
Figura 31 – Ilustração estampa localizada e corrida na modelagem (Fonte: Autor) 104
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Gráfico 1 - Fluxo da Cadeia Têxtil localizando a Estamparia
(Fonte: autor baseado em MENDES et al, 2006) 22
Gráfico 2 – Localizando a Estamparia nos arranjos verticais
(Fonte: Elaborado pelo Autor) 27
Gráfico 3 – Linha de Evolução das Técnicas de Estamparia
(Fonte: Elaborado pelo Autor) 63
Gráfico 4 – Linha de tempo das Técnicas de Estamparia
(Fonte: Elaborado pelo Autor) 63
Gráfico 5 – Tabela de relação de tipo de corante e tipos de tecidos
(Fonte: Elaborado pelo Autor) 66
Gráfico 6 – Comparativo entre técnicas de estamparia digital e convencional
(Fonte: Elaborado pelo Autor) 72
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 13
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho procura desenvolver e aprofundar conhecimentos sobre os atores
da Cadeia Têxtil, destacando a área de estamparia no setor de acabamento/
beneficiamento em relação à Manufatura de Vestuário de Moda. Assim este
trabalho está ligado ao Projeto Tecnologias e Sistemas de Gestão de
Manufatura, REDEPRO do programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista – UNIP.
Com as constantes mudanças nos cenários mundiais econômicos, sociais,
ambientais e tecnológicos, estão enfrentando novos desafios a cada dia; como
as aberturas e desregulamentação de mercados, às mudanças rápidas de
tecnologias, os variados tipos de acessos a informação em tempo real (internet,
canais a cabo, interação on line) e mudanças culturais.
Os anos entre 1990 e 2000 podem ser caracterizados como um período de
grandes mudanças, evidenciadas pelo acirramento da concorrência resultante
da globalização, rápidas transformações tecnológicas e novas formas de
estruturação organizacional, o que obrigou as empresas a realizarem
aprimoramentos de desempenho através da redução dos custos operacionais e
do ciclo de vida dos produtos, da variação do mix de modelos ofertados e da
maximização dos níveis de produtividade e qualidade dos processos
(AGOSTINHO, 2002).
Sobre as questões culturais, afirma Featherstone (1995, p.202), em sua
abordagem sobre globalização apresenta argumentos sobre a dinâmica local x
global:
“Argumentei em todas as partes deste trabaIho contra aqueles que gostariam
de demonstrar que a tendência no plano global é de integração e
homogeneização cultural - por exemplo,essas noções de capitalismo
multinacional, (...) imperialismo da mídia e cultura de consumo, que partem do
princípio de que diferenças locais estão sendo suprimidas por forças
universalistas. Porém, se aceitarmos que sempre haverá interpretações
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ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 14
divergentes, ambigüidades e a resistência das tradições étnicas populares
contra essas forças, será que, em decorrência, devermos abandonar
totalmente o conceito de cultura global?
Ainda alguns autores abordam está dinâmica acrescentando mais pontos de
vistas. Os intensos fluxos de dinheiro, bens, pessoas, imagens e informação
têm dado origem às "terceiras culturas" transacionais e mediadoras entre as
várias culturas nacionais, como exemplos há os mercados financeiros globais,
o direito internacional e as várias agências e instituições internacionais
(GESSNER E SCHADE. 1990).
Esses apontam um plano além das trocas entre os Estados. É possível, no
entanto, falar de cultura global em outro sentido: O processo de compressão
global pelo qual o mundo tornou-se unido à medida que é visto como um único
lugar (ROBERTTSON, 1990).
Assim, o processo de globalização conduz à aceitação da visão de que o
mundo é um espaço singular, que representa uma forma capaz de criar e
sustentar várias imagens do que o mundo é ou deveria ser.
O entendimento de um conceito geral de globalização se faz necessário para
contextualizar esse trabalho. Assim como uma abordagem sobre as relações
atuais vistas da perspectiva regional.
Muitos nomes são dados para tratar da dinâmica atual da troca de informação
e movimento de capital em tempo real com as ferramentas disponibilizadas
pela tecnologia digital: globalização, pós-modernidade, pós-industrialismo,
modernidade líquida (BAUMAN, 2001) e contemporaneidade. No presente
trabalho, o uso do termo globalização está envolvido com questões
econômicas, modos produtivos e de criação voltados para um mercado global.
“(...) processos de integração cultural e de desintegração cultural que se
realizam não apenas a nível interestadual, mas também para processos que
transcendem a unidade da sociedade estatal e que, portanto, podemos afirmar
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ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 15
que ocorrem a nível transnacional ou trans-social. Por conseguinte, pode ser
possível destacar processos culturais trans-sociais que a assumem uma
variedade de fórmulas, algumas das quais anteriores às relações inter-
estaduais, nas quais podem ser considerados inseridos os estados nacionais, e
processos que sustentam a permuta e o fluxo de mercadorias , de pessoas, de
informações, conhecimentos e imagens que dão origem aos processos de
comunicação que adquirem uma certa autonomia a nível global.”
(FEATHERSTONE, 1990)
Ao examinar a Cadeia Têxtil como rede de relações produtivas, na qual a
estamparia está inserida podemos citar Castells (1999), sobre; Rede de fluxos
que representam a interligação das diversas localidades formando uma rede de
informação contínua, sendo que cria-se alguns “bolsões” de maior
concentração de dados a serem processados. Nesse sentido, há 4 pontos
relevantes para a análise da estamparia como diferencial nesse panorama
global.
1- A tecnologia digital na estamparia e o design têxtil.
2- Os diversos arranjos produtivos da estamparia
3- A busca de resposta em tempo real atendendo demanda dos consumidores
e clientes
4- A importância da estamparia para a MVM
Como a informação chega muito mais rápida aos consumidores, estes se
tornaram mais exigentes e buscam satisfazer melhor as suas necessidades.
Isso obriga as empresas a se adaptarem às novas realidades e a indústria da
manufatura do vestuário de moda é uma das que mais se adapta,
apresentando respostas em tempo hábil: o produto de moda na confecção tem
obsolescência muito rápida, sendo substituído por outro a cada coleção, (em
média 4 meses na mudança de coleção). Algumas empresas não fazem mais
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ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 16
esta conta, atuam com mercado interno e externo, intercalando e sobrepondo
as coleções (inverno/ verão/ alto verão), e sua produção é ininterrupta.
O mercado de moda exige muito planejamento, organização, comunicação,
agilidade, eficiência e rapidez para qualquer empresa envolvida (MENDES,
2006). As empresas de Estamparia Têxtil no Brasil estão ligadas
profundamente à Manufatura do Vestuário de Moda e podem atuar na
tecelagem como insumo da confecção (tecido estampado), no produto de moda
e no varejo.
Estas várias maneiras da estamparia de atuar como fornecedor da Cadeia
Têxtil tanto de tecelagem, confecções e varejo devem ser examinadas através
de estudos aprofundados para entender como se estabelecem as relações
dessa área com outros setores e como elas promovem diferenciação junto ao
consumidor final.
A estamparia está presente desde os primórdios da civilização, quando o
homem passa a cobrir o corpo com roupas, e as suas marcas corporais
passam para a superfície destas.
Segundo Flügel (1966, p.12), as roupas servem a três finalidades principais:
enfeite, pudor e proteção. Ele desenvolve o estudo abordando, que o enfeite
seja o verdadeiro motivo que conduziu o homem à adoção de vestimentas,
para além de suas funções de preservação e conforto corporal e do pudor. E
ainda “os dados antropológicos demonstram, principalmente, o fato de que,
entre raças mais primitivas, existem povos sem roupa, mas não sem enfeites”
O mesmo autor afirma que “À parte do fato de que a raça humana tenha
provavelmente tido sua origem nas regiões mais quentes da terra, o exemplo
de certos povos primitivos existentes, notadamente os habitantes da terra do
fogo, mostra que a roupa não é essencial, mesmo num clima úmido e frio”
como constatado nas observações de Darwin que descreve “a neve derretendo
nos corpos destes rudes selvagens” (FLÜGEL. 1966, p.13)
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ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 17
Essa procura por ornamentações, busca por distinção e reconhecimento estão
presentes hoje como elementos da Moda e a estamparia permite sua aplicação
na confecção do produto de moda.
Assim, desvendar o que este setor pode contribuir para os avanços da
Manufatura do Vestuário de Moda se faz necessário.
1.1 Objetivo
O objetivo principal do presente estudo é examinar o setor de
acabamento/beneficiamento em particular a área de estamparia e descrever
sua contribuição na diferenciação do produto da indústria de manufatura de
moda.
Objetivos secundários:
Levantamento das técnicas de estamparia mais utilizadas na indústria de
moda.
Descrição das relações da estamparia com os setores da Cadeia Têxtil.
1.2 Justificativa
A Manufatura do Vestuário de Moda movimenta uma ampla cadeia de
empresas fornecedoras e clientes. A Estamparia tem por finalidade atender as
demandas do mercado de vestuário de moda como fornecedora ou dentro dos
arranjos produtivos.
A estamparia tem na superfície têxtil sua aplicação e junto a MVM passa a ser
uma estratégia para atender às exigências das tendências da moda com
características de alta diversificação, diferenciação e produção em pequenos
lotes.
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ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 18
Não há literatura e dados específicos sobre a área, o que permite que este
trabalho tenha importância no contexto do mercado de vestuário, pois os
estudos sobre a estamparia abordam alguns apenas aspectos técnicos ou da
sua tecnologia, e não abordam um a relação com o mercado e o consumidor
final.
A posição do Brasil em relação aos outros países mundo na fabricação de
vestuário o coloca em sexto lugar com apenas 2,9% da produção mundial de
produtos confeccionados. No mercado mundial como exportador a posição do
Brasil cai para 60º. Isto demonstra que o mercado interno é bem concorrido,
existem no país 20.853 unidades produtivas de confecções, que geram um
total de 1.194.000 empregos, sendo o setor de vestuário responsável por gerar
US$ 30,2 bilhões de receita bruta em 2006 (IEMI, 2007).
Dentro deste cenário qualquer estratégia competitiva que possa ser adotada
pela empresa passa a ter valor inquestionável e a estamparia pode ser
pensada como uma estratégia competitiva ao diferenciar o produto final frente
ao consumidor moderno.
1.3 Metodologia
1.3.1 Metodologia e pesquisa
Método Fenomenológico
O método fenomenológico não é dedutivo nem indutivo.
Preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como ela é, então, a
realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas interpretações e
comunicações.
Conforme Silva & Menezes (2001) definem como Pesquisa de Campo
Exploratória. A pesquisa exploratória consiste em um tipo de pesquisa que visa
proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito
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VESTUÁRIO DE MODA 19
ou a construir hipóteses, através de levantamento bibliográfico, entrevistas com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e
análise de exemplos que estimulem a compreensão.
1.4 A estrutura do trabalho
A estruturação do trabalho se inicia com o capítulo introdutório, depois há sete
capítulos que abordam aspectos relacionados ao objeto do estudo que se
deseja investigar.
O capítulo 2, apresenta a Cadeia Têxtil em particular, o setor de acabamento/
beneficiamento com destaque para a área de estamparia, suas ligações com a
Manufatura do Vestuário de Moda, seus arranjos produtivos no fluxo direto da
cadeia desde a tecelagem para a confecção e ao varejo, e quando a
estamparia se encontra verticalizada.
O capítulo 3 trata de uma abordagem sobre Comportamento do consumidor,
pois a estamparia gera produtos e participa do processo produtivo para
desenvolver as estampas para a MVM e tem, na sua criação e
desenvolvimento de produtos, elementos de pesquisa que precisam de
levantamentos de segmentação de mercado.
O capítulo 4 procura conceituar as Estratégias Competitivas, estabelecendo a
estamparia como uma estratégia para a MVM.
O capítulo 5 trata da importância da Estamparia Têxtil, traz a história das
técnicas. A descrição do fluxo produtivo atendendo demandas da MVM, as
tecnologias de estamparia, além de explicações sobre Design Têxtil e da
dimensão do profissional de design o Designer Têxtil.
O capítulo 6 mostra as mudanças decorrentes dos avanços tecnológicos e a
busca por competitividade, além da atuação da estamparia digital frente às
novas demandas produtivas na satisfação do cliente final.
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ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 20
O capítulo 7 análise da estamparia como estratégia competitiva, que descreve
como a estamparia se posiciona no cenário competitivo ajudando e se tornando
imprescindível para transformar o desenvolvimento de um produto de moda em
produto final mais atraente. Aborda o estudo de caso também em forma
descritiva, definindo atores da cadeia têxtil e suas relações.
O capítulo 8 a conclusão que estabelece, como a estamparia deve ser
entendida como diferenciadora no produto de moda.
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ESTAMPARIA TÊXTIL: UMA ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO DA MANUFATURA DO
VESTUÁRIO DE MODA 21
2. A CADEIA TÊXTIL
2.1 Introdução
A indústria têxtil brasileira é relevante no cenário nacional, é o sexto fabricante
de vestuário do total de produtos confeccionados fabricados no mundo, mas
encontra-se em sexagésima posição como exportador.
A maior parte da produção é voltada para o consumo interno.
Há, no Brasil, 20.853 unidades produtivas de confecções, que geram um total
de 1.194.000 empregos, tendo sido o setor de vestuário responsável por gerar
US$ 30,2 bilhões de receita bruta em 2006 (IEMI, 2007).
Conforme Mendes, (2006), faz referência à moda, esta movimenta uma
engrenagem contínua e em constante alteração. Seus movimentos podem ser
considerados espiralados, uma vez que sempre há retorno de formas, cores e
texturas de tempos em tempos, porém com uma aparência renovada e
aplicação de modernas tecnologias nos materiais e nos processos de
produção. O visual é continuamente renovado e a estética sempre apresenta
novidades em cada lançamento numa gama de produtos que compreende,
desde artigos de decoração, até aparelhos eletrônicos, passando pelas peças
de vestuário. Em particular, o vestuário de moda movimenta uma cadeia que
tem a participação de diversos atores com foco em um público consumidor
ávido por inovações constantes, criações exclusivas ou estéticas que o
distinguirão entre as demais pessoas.
A cadeia têxtil envolve produtos de moda de alto valor agregado e produtos
que tendem à commodities, compreende uma rede heterogênea de setores
industriais com estruturas diversas quanto ao tamanho e número de empresas,
intensidade de mão-de-obra, capital e complexidade tecnológica.
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VESTUÁRIO DE MODA 22
O Diagrama abaixo foi baseado em uma descrição da cadeia têxtil (MENDES,
2006) e foi ampliada para destacar a área de estamparia e suas ligações com
os principais segmentos industriais, comerciais e de serviços em destaque para
indústria de confecção.
Gráfico 1 - Fluxo da Cadeia Têxtil localizando a Estamparia
(Fonte: autor, baseado em MENDES , 2006)
A estamparia, na cadeia têxtil, é definida como área de
acabamento/beneficiamento atuando tanto na indústria de tecelagem como na
indústria de confecção, se estendendo para o varejo (o varejo faz uso da
estamparia diretamente na customização no produto acabado, com transfers e
impressoras diretas para o cliente final ou nos pedidos de desenvolvimento de
exclusivos para uso de seus terceiros) e ainda como serviço realizado pelos
Bureaus no desenvolvimento de estampas como projeto de produto, pois o
processo da estampa passa em primeiro lugar pelo design. Diante do fluxo
destas relações, a importância do consumidor final está ligada à forma como a
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VESTUÁRIO DE MODA 23
estamparia pode ser empregada como estratégia de diferenciação em qualquer
setor da cadeia têxtil.
2.2 Beneficiamento
Na cadeia têxtil, o beneficiamento está situado na periferia do eixo principal,
apesar de compreender atividades de fundamental importância nos produtos
de moda. As empresas dos grupos de tinturaria, estamparia, bordados e
lavanderia são responsáveis por uma ampla variedade de diferenciação.
Kolbe & Maluf, (2003) segmentam os beneficiamentos em três categorias:
primário ou pré-tratamento, secundários e finais, também denominados
acabamentos.
Os beneficiamento primário ou pré-tratamento consiste na preparação do fio ou
do tecido para os processos seguintes. Segundo os autores, um pré-tratamento
deficiente gera um tingimento/estamparia defeituoso que dificilmente poderá
ser corrigido, mesmo a um custo elevado. Os tratamentos têm por objetivo a
limpeza, a melhoria das funções e do visual das fibras, fios e tecidos e consiste
em:
a) Chamuscagem, com a finalidade de eliminar as penugens dos
fios;
b) Desengomagem consiste em eliminar a goma que foi adicionada
aos fios para aumentar sua resistência por ocasião de sua fabricação;
c) Purga, especial para malhas, consiste em eliminar sujeiras e
cascas de sementes;
d) Alvejamento ou clareamento de fibras naturais e eventualmente
de fibras manufaturadas;
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e) Mercerização para aumentar o brilho, diminuir o encolhimento,
aumentar a resistência à tração, aumentar a maciez e aumentar a
hidrofilidade;
f) Aplicação de alvejante ótico visando melhorar ainda mais a alvura
dos têxteis;
g) Termofixação, que confere estabilidade de dimensões e de
formas.
Os beneficiamentos secundários são executados pelas tinturarias, estamparias
e lavanderias nas fases intermediárias dos produtos de moda. Tais serviços
são demandados pelas tecelagens e malharias.
Os beneficiamentos finais ou acabamentos referem-se aos serviços de
tinturarias, estamparias e lavanderias, acrescidos de bordados, que são
aplicados nos produtos já confeccionados. Tais tratamentos visam aplicar nas
peças efeitos especiais que variam em função dos movimentos da moda.
2.3 Estamparia
O estampado têxtil é o conjunto de figuras ou desenhos impressos nos tecidos
que, uma vez repetidos em toda a sua superfície, constituem uma
“padronagem”.
Existem dois tipos gerais de estampagem: a estamparia com pigmento e a
estamparia a úmido, com corantes. A mais comum para os fins normais é a
estamparia com pigmento. Cerca de 20% de todos os produtos têxteis são
estampados e destes, de 45% a 50% fazem uso de pigmentos, um método
simples e econômico (MALUF & KOLBE, 2003).
Embora seja possível produzir estampagens a úmido com quase qualquer
classe de corante, é necessária uma seleção rigorosa das alternativas para
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permitir a eliminação por enxágüe sem manchar as áreas mais claras
circunvizinhas.
As estampas classificam-se em localizadas e corridas. As corridas são
padronagens que se repetem; oferecendo ao longo do tecido um mesmo visual.
As estampas localizadas possuem dimensões determinadas e podem ser
aplicadas com diferentes métodos. Exemplos das técnicas de aplicação das
estampas localizadas são o silk screen, que consiste na aplicação de
pigmentos sobre uma tela que permite a passagem da massa por alguns
espaços vazados, por onde são gravadas as imagens no tecido e o hot stamp
onde as imagens são transferidas por um processo de termo fixação.
Figura 1 – Estampa corrida (Fonte: Catálogo Vitoria Secrets 2008)
Figura 2 – Estampa localizada (Fonte: Catálogo Mormaii 2008)
Segue uma descrição rápida, para melhor compreensão sobre a estamparia,
dos principais tipos de estampagem que serão vistas em detalhe no capítulo
4.1 sobre História das técnicas de estamparia.
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Estampagem: processo aplicado a tecidos, com objetivo de imprimir desenhos.
Existem diversas formas de estampagem das quais pode-se destacar, segundo
sua forma de aplicação:
- estamparia manual com blocos gravados, onde os blocos têm o desenho
gravado e são impregnados com pasta para estampar;
- estamparia por spray, que consiste na pulverização da pasta de estampar
através de uma placa com o desenho vazado;
- estamparia por quadros, onde o quadro, composto por uma fina tela de
poliamida, recebe uma emulsão fotossensível e um negativo do desenho é
gravado na tela utilizando-se uma mesa de luz. Na área onde está o desenho,
a tela permite a passagem da pasta de estampar;
- estamparia com cilindro de tela, cujo o princípio é o mesmo da estamparia por
quadros, porém a tela é cilíndrica e a pasta de estampar é colocada dentro do
cilindro;
- estamparia com cilindro de cobre gravado, onde um cilindro de cobre maciço
é gravado com o desenho em baixo relevo e recoberto com um banho de
cromagem. A pasta de estampar, então, é impregnada no cilindro, que
transfere para o tecido o desenho gravado;
- estamparia por termo-transferência que consiste na transferência, por
sublimação, de corantes impressos em papel siliconizados para os substratos
têxteis.
Mais algumas técnicas de estamparia que utilizam o meio digital para
estampagem.
- estamparia por processo digital direto, consiste na transferência, por jato de
tinta de corantes para quaisquer superfícies dos substratos têxteis.
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- estamparia a laser: consiste na corrosão de camadas de cores através de um
feixe laser que pode atravessar os substratos têxteis atingindo cada cor. Tal
técnica é aplicada tanto na estamparia como na lavanderia e a tecnologica
empregada provoca uma convergência destas áreas do acabamento, não
distinguindo, quando é para a estamparia ou para a lavanderia.
2.4. Estamparia nos arranjos produtivos
O mapeamento da rede de negócios colocando a estamparia em foco mostra
as inter-relações do Acabamento/ Beneficiamento com a Tecelagem, a
Confecção e o Varejo, e explorando estas interrelações podemos ampliar a
análise quanto aos arranjos produtivos em que a estamparia está inserida no
Brasil. A figura 2 representa o fluxo da estamparia na cadeia têxtil como
fornecedor e nos arranjos produtivos quando estes são verticalizados.
ACABAMENTO / BENEFICIAMENTO
ESTAMPARIA TÊXTILCOMO FORNECEDOR NO FLUXO DA CADEIA
E SUA LOCALIZAÇÃO EM ARRANJOS PRODUTIVOS VERTICALIZADOS
ESTAMPARIA
CORRIDA
ESTAMPARIA
CORRIDA OU
LOCALIZADA PARA
PEÇA ABERTA
CUSTOMIZÃO,
ESTAMPARIA
LOCALIZADA PARA
PEÇA FECHADA
CORTE
ESTAMPARIA
LOCALIZADA
OU CORRIDA PARA
PROTÓTIPOS
ESTAMPARIA
LOCALIZADA PARA
PEÇA FECHADA
FORNECEDOR
DE DESENVOLVIMENTO
DE ESTAMPAS
FORNECEDOR
DE ESTAMPAS
BUREAU DE ESTAMPARIA
COSTURA
TECELAGEM
MALHARIA
NÃO TECIDO
ESTAMPARIA
CONFECÇÃO
VAREJO
AS ÁREAS VERMELHAS DETERMINAM ONDE SE LOCALIZAM
A PRODUCÃO E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO DA
ESTAMPARIA CORRIDA E LOCALIZADA
CRIAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO
Gráfico 2 - Localizando a Estamparia nos arranjos verticais (Fonte: Autor)
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No fluxo da Cadeia Têxtil, a estamparia está colocada como fornecedor ou
prestador de serviços, mas pode estar dentro de arranjos produtivos
verticalizados dentro da Indústria de Confecção, da Tecelagem ou do Varejo.
Esta verticalização ocorre, na Indústria, quando a estamparia vem a ser uma
das estratégias para diferenciação do produto de moda. Ex: a empresa Hering,
de Santa Catarina (Hering Têxtil S.A.), produz e comercializa seus produtos
diretamente ao consumidor final e no seu arranjo produtivo, tem a estamparia e
o desenvolvimento de produto dentro da sua estrutura conforme (Luclktenberg,
2004), na Hering Têxtil destaca-se a estamparia localizada.
Estes arranjos podem ser observados em outras empresas de Confecção ou
em Tecelagens, empresas como a Horizonte Têxtil (MG), tecelagem que tem a
estamparia e desenvolvimento de produto (Design têxtil) interno e atende a
estilistas e empresas pequenas até confecções de grande porte e magazines
(Varejo). Conforme declaração de seu gerente de marketing Monika Debassa
em entrevista realizada pelo autor em outubro 2008.
Os arranjos produtivos em que a estamparia participa, encontram
configurações diversas para atender o dinamismo do mercado, como exemplo
disto são as empresas importadoras de tecido que tem a área de
desenvolvimento de produto (projeto de produto) como necessário para atender
clientes que precisam de tecidos exclusivos ou de desenvolvimento
personalizado, o design das estampas é orientado para o cliente.
Os Bureaus de desenvolvimento são fornecedores de Design e informação de
moda; permeiam toda a cadeia têxtil. Quando dentro do arranjo produtivo são
parte integrante dos P&D, que nas estamparias é a área de desenvolvimento
de produto. Esta forma de atender aos clientes, gerando produtos (tecidos)
com cores e estampas exclusivas, está levando empresas de importação e
Bureaus de desenvolvimento a investir em processo produtivos próprios ou em
parceria. Dessa forma, atende-se o desejo global de moda de maneira peculiar,
particularizando o produto de moda através da estamparia.
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As novas tecnologias, como estamparia digital, que será abordada no capítulo
6, permitem que empresas que não têm processos produtivos possam migrar
das áreas de serviço e varejo para o setor industrial, afim de melhor atender a
seus clientes. Exemplo disto é a empresa Digitex, de São Paulo, que nasceu
do Grupo Têxtil Picasso, importador de tecido.
A Digitex é uma empresa de estamparia digital que atende demandas
originárias da Têxtil Picasso, principalmente quanto ao atendimento
personalizado, garantia de controles de qualidade, mais agilidade no
atendimento e na entrega dos tecidos estampados aos seus clientes. É o que
conta seu diretor de produção, Paulo Heilborn em entrevista realizada em
outubro de 2008. Esta empresa será analisada com mais profundidade no
capítulo 7.
Antes das aberturas de mercado, as empresas apresentavam configurações
com características de verticalização, entretanto, os impactos do processo de
globalização e de liberalização comercial na economia brasileira durante a
década de 1990 provocaram mudanças nos arranjos produtivos das
Manufaturas de vestuário, levando as mesmas a buscarem outras formas de se
manterem competitivas. Horizontalizar seu processos produtivos, mantendo
somente aqueles diretamente necessários ao seu negócio (core business), fez
com que mais uma vez fossem colocadas como fornecedores, mas o que
vemos atualmente é que arranjos produtivos em que a estamparia participa
podem tanto ser verticais como horizontais, sua localização interna ou externa
depende da importância estratégica que cada empresa tem para sua produção
e a agilidade que essa empresa consideras seus concorrentes.
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3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
A abordagem deste capítulo sobre comportamento do consumidor está voltada
ao entendimento da importância que o consumidor final tem no mercado, como
isso influencia a produção e como a estamparia responde frente às
expectativas cada vez mais rápidas da Manufatura de Vestuário.
Entender como se comportam os consumidores, passou a ser condição básica
para as empresas posicionarem suas marcas e produtos com sucesso.
“O poder será tirado dos vendedores e colocado sobre os compradores, os
quais estarão munidos com quantidades incríveis de informação. Tais
informações capacitarão os consumidores a fazer melhores escolhas a preços
mais baixos do que já foi praticado, e aproximarão consideravelmente a
economia a um mercado mais perfeito. Ainda mais, isto irá testar a criatividade
das empresas, quer grandes ou pequenas” (KOTLER,1999, p. 32)
Engel et. AI (2000, p. 02), definem como sendo comportamento do consumidor:
São as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de
produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e
sucedem estas ações.
A dinâmica atual dos mercados provocou um deslocamento, a indústria
determinava qual produto deveria ser produzido, este poder de decisão passou
para o consumidor final e assim obriga mudanças nas estratégias de cada
empresa para alcançar seus consumidores.
Segundo Engel et. AI (2000, p. 08), "entender e adaptar-se à motivação do
comportamento do consumidor não é uma opção - é uma necessidade absoluta
para a sobrevivência competitiva. "
Conforme Solomon (2002, p. 29), uma das premissas fundamentais do
moderno campo do comportamento do consumidor é a de que as pessoas,
muitas vezes, compram produtos não pelo que fazem, mas sim, pelo que
significam, o que não significa que a função básica de um produto não seja
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importante e sim, que os papéis que os produtos representam em nossa vida
vão muito além das tarefas que desempenham. Os significados mais profundos
de um produto podem ajudá-Io a destacar-se em relação a outros produtos e
serviços semelhantes - se forem todos iguais, será escolhida a marca que tem
uma imagem (ou mesmo uma personalidade!) coerente com as necessidades
subjacentes do comprador.
Segundo Engel et. AI (2000, p. 287), quando os consumidores compram
produtos, eles freqüentemente querem mais do que os atributos funcionais ou
tangíveis proporcionados pelo produto. Eles também querem uma boa
experiência, uma boa resposta emocional do uso do produto ou os benefícios
hedonistas do consumo. Embora subjetivas e intangíveis, as respostas
emocionais também evocam reações fisiológicas que podem ser medidas com
métodos de pesquisa fisiológicos.
Mendes (2006, p. 48) afirma: “o consumidor de moda diferencia-se dos demais
pela sua busca por diferenciação e cuidados com a imagem através do
conjunto de roupas, sapatos, acessórios e objetos que proporcionam um look
atualizado, composto por peças que atendem novas tendências da moda.”
Essa busca varia em maior ou menor grau em função de uma personalidade
que compreende desde o perfil mais conservador, que faz uso da moda de
uma maneira mais comportada, até o indivíduo mais arrojado que quer
comunicar-se com um visual mais excêntrico ou extravagante. Ainda conforme
Engel et al (2000 p. 452), o tipo, a qualidade e o estilo de roupas que uma
pessoa usa estão intimamente ligados à classe social dessa pessoa, ela
fornece uma sugestão rápida, visual, da classe de cultura de quem a usa, e
serve como um símbolo de diferenciação social devido a sua alta visibilidade.
A atividade de design exercida por bureaus, designers e áreas de criação/
desenvolvimento de produto da estamparia se estabelecem por elaborar
desenhos de estampas que procuram traduzir atributos que satisfaçam as
necessidades do consumidor. Para isso é necessário o acesso a informações
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que indiquem para quem o produto será voltado. As informações de moda,
tendências, cores e elementos gráficos precisam ser criados e/ou adaptados
conforme o segmento definido pelas empresas.
Na Manufatura de Vestuário de Moda as pesquisas orientadas para o
comportamento do consumidor devem auxiliar as tomadas de decisões de toda
empresa, no caso específico da moda, a velocidade e obsolescência do
produto, indicam que as análises e entendimentos sobre o público consumidor
de cada mercado-alvo devem ser extremamente cuidadosas e sensíveis para
determinar com o máximo de exatidão, valores, necessidades e desejos, para
posicionar o produto com mais precisão. Essa mesma pesquisa abastecerá a
estamparia no seu desenvolvimento de produto.
Segundo Pinheiro (2006, p. 20), pensar o comportamento de consumo como
um processo de tomada de decisão implica ver o consumidor como aquele que
opta por diferentes produtos, tendo como pano de fundo a influência de fatores
cognitivos tais como percepção, motivação, aprendizagem, memória, atitudes,
valores e personalidade, assim como os socioculturais que incluem a influência
do grupo, família cultura e classe social e ainda os situacionais, tais como
influências localizadas no meio ambiente por ocasião da compra.
A estamparia, em sua área de desenvolvimento de produto, é quem responde
prontamente, através dos desenhos de estampa a representação dos valores
intangíveis e é um dos processos decisórios que antecedem as tomadas de
ações da empresa no processo produtivo.
Ainda é possível ressaltar a importância das marcas como um índice decisório
para o consumidor final, pois a estamparia colabora com a percepção da
marca, ao destacá-la sobre a superfície têxtil.
Segundo Solomon (2002, p. 144) o valor da marca significa o quanto um
consumidor faz associações fortes, favoráveis e únicas com uma marca na
memória. O reconhecimento do nome se tomou algo tão precioso que algumas
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empresas terceirizaram a produção para se concentrarem na manutenção da
marca.
Para Engel (2000, p. 287), as marcas têm três dimensões. Uma dimensão é a
de atributos físicos, como cor, preço ou ingredientes. Uma segunda dimensão é
a de atributos funcionais, ou as conseqüências do uso de uma marca. Ambos
os tipos de atributos são verificáveis objetivamente. A terceira dimensão é a
sua caracterização, sua personalidade, como é percebida pelos consumidores.
As marcas podem ser caracterizadas como modernas ou fora de moda, alegres
ou exóticas, exatamente como as pessoas são caracterizadas. Estes
elementos, mediados pelo processamento de informação de indivíduos
interagindo com a marca, são transformados dentro da cabeça do consumidor
para tomar a marca "apropriada para mim" ou "não-apropriada para mim".
As informações que a empresa fornece ao desenvolvimento de produto
decorrente das análises do comportamento do consumidor na identificação de
segmentos, posicionamento da marca e informações relacionadas com a
moda, são as bases primordiais para que o profissional de design têxtil possa
desenvolver estampas adequadas para tecidos, roupas e acessórios com maior
apelo de consumo para o cliente final.
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4 ESTRATÉGIA COMPETITIVA
4.1 Conceito de estratégia
Para abordar estratégia competitiva é preciso defini-la, segundo Ferreira
(2004), estratégia é definida como a “arte de explorar condições favoráveis com
o fim de alcançar objetivos específicos”. A estratégia, porém, como instrumento
de gestão de processos produtivos é destacada com relevância por
determinados autores para os quais, sob diferentes óticas, a adoção de
modelos de estratégia é fundamental para o alcance do sucesso empresarial.
Estes autores têm sempre o fator custo como importante dentro de cada
análise e se fixam em outros aspectos genéricos possivelmente aplicáveis à
maioria das empresas do mercado.
A estratégia é o insumo de conexão entre ambientes que agregam os recursos
(financeiros, tecnológicos, humanos, etc.) e a história das empresas. Assume
papel primordial na organização, uma vez que sua estrutura e seus processos
(administrativos, de produção e marketing, como exemplo) são elaborados para
atender um conjunto de decisões.
Trata-se de uma ferramenta e uma tecnologia que, respaldada por uma
metodologia, compreende a inclusão de pessoas dos mais diversos níveis
hierárquicos para a consecução dos mais diversos objetivos. Não se trata,
portanto, da simples manipulação de números e objetos. É a união dos
recursos humanos com seus ideais e aspirações que resultam no sucesso do
empreendimento.
4.2 Estratégias Competitivas
O enfoque na estamparia como uma das estratégias competitivas para
indústria de confecção de moda pode ser analisado sobre ótica de diferentes
autores que abordam as estratégias competitivas como Slack (2002), para
quem a estratégia de negócios ou estratégia competitiva consiste na definição
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de sua missão e objetivos individuais, tendo como foco a maneira como se
pretende competir em mercados específicos. A estratégia deve ser elaborada
por cada área de negócios da empresa, estabelecendo parâmetros de
relacionamento com seus consumidores, mercados, concorrentes e a própria
empresa da qual faz parte.
Conforme Mendes, (2007) destaca os modelos de estratégia competitiva de
Porter, Contador e Zaccarelli:
4.2.1 Estratégia — Modelo de PORTER
Porter (1999) estabelece três áreas de liderança que devem colaborar para a
definição da estratégia competitiva: custos, diferenciação e enfoque.
A Liderança de Custos Total refere-se à capacidade de a organização atingir o
máximo de desempenho em relação aos seus concorrentes, utilizando-se de
políticas funcionais orientadas para essa finalidade. Sua meta é a perseguição
agressiva de redução de custos e despesas nas áreas de pesquisa e
desenvolvimento e política vigorosa na força de vendas e publicidade, com o
objetivo de auferir:
1) retornos acima da média - margens altas após conquista da liderança
de custos;
2) defesa contra a rivalidade dos concorrentes - possibilita à empresa
obter retorno depois que seus concorrentes tenham consumido seus
lucros;
3) defesa contra poderosos compradores - pois os compradores só
podem exercer seu poder para baixar os preços ao nível do concorrente
mais eficiente;
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4) defesa contra fornecedores poderosos - maior flexibilidade para
enfrentar aumentos de custos dos insumos;
5) fatores que proporcionam baixo custo e barreiras de entradas
substanciais de escala;
6) uma posição favorável em relação a produtos substitutos e seus
concorrentes.
As possíveis desvantagens dessa aplicação estratégica são:
1) presença de intensas forças competitivas;
2) exigência do domínio de uma alta parcela de mercado;
3) exigência de projetos que simplifiquem a fabricação e a manutenção
de sua linha de produtos com o objetivo de diluir os custos;
4) possibilidade da exigência de altos investimentos de capital em
equipamentos atualizados;
5) fixação de preços agressivos;
6) prejuízos iniciais para consolidar uma parcela do mercado.
A Liderança na Diferenciação pressupõe a oferta de produtos ou serviços com
determinadas características únicas no mercado. O diferencial pode estar
situado na imagem da marca, no projeto, na tecnologia, em peculiaridades ou
serviços sob encomenda, como na rede de fornecedores, por exemplo.
Vantagens:
1) caso seja alcançada, haverá resultado acima da média, pois promove
situações favoráveis em relação às forças competitivas;
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2) favorece a fidelização do cliente à marca, reduzindo os efeitos de
oscilação de preços e proporcionando, portanto, o isolamento contra a
rivalidade competitiva;
3) oferece elevação das margens de lucro, uma vez que suaviza a
necessidade de reduções bruscas de custo;
4) impõe barreiras ao ingresso de novos concorrentes, em razão da
lealdade do consumidor, caso conquistada;
5) proporciona maior poder de barganha junto aos fornecedores, pois
seus produtos passam a superar sensibilidades a preços;
6) sua conquista também resulta em melhor posicionamento em relação
aos bens substitutos.
Desvantagens:
1) dificuldade em conquistar grande faixa do mercado;
2) caso haja a conquista de alta parcela do mercado, perde-se a
principal característica de exclusividade do produto ou serviço;
3) risco da ocorrência de “trade-off” com os custos, em razão da
necessidade de pesquisa intensiva e materiais de alta qualidade.
A Liderança de Enfoque refere-se a um determinado grupo de consumidores, a
um segmento da linha de produtos, ou a um determinado mercado geográfico.
Vantagens:
1) pode promover margens acima da média;
2) se conquistada, revela que a empresa conquistou uma situação
estratégica de baixo custo e\ou alta diferenciação;
3) proporciona defesa contra forças competitivas;
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4) pode ser aplicada em metas menos vulneráveis a bens substitutos ou
em mercados cujos concorrentes sejam mais sensíveis.
Desvantagens:
1) possibilidade de imitações;
2) implica obrigatoriamente num “trade-off” em rentabilidade e volume de
vendas;
3) pode ou não implicar num “trade-off” com a posição de custo total.
Ao elencar tais estratégias, Porter (1999) afirma que, em qualquer das opções,
é necessário que haja uma posição bem definida para o sucesso do
empreendimento. Ao considerar que cada modalidade de estratégia exige um
arranjo organizacional e procedimentos de controle próprios, o autor informa
que as empresas em situação de mercado mais precária, são exatamente
aquelas que não estabeleceram claramente o seu estilo de liderança. Nesses
casos, as adaptações necessárias exigem um grande investimento de tempo e
recursos adicionais.
4.2.2 Estratégia – Modelo de ZACCARELLI
Zaccarelli, (2000), trata do sucesso organizacional das empresas sob a
abordagem das vantagens competitivas. Entre os vários tipos, o autor destaca
as cinco mais relevantes:
Preferência dos Clientes Consumidores - trata-se da preferência pelo produto
ou serviço da empresa manifesta pelos consumidores em relação ao mercado.
Essa vantagem tem como resultado o crescimento de vendas, mas pode
esbarrar em gargalos na produção, na distribuição ou na falta de matéria-prima.
Custos Internos Baixos e Preços de Venda Normais – é a vantagem
competitiva que proporciona grande proteção para crises cíclicas de mercado,
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ambiente no qual a empresa até poderá crescer, garantindo ganhos em relação
à concorrência. Esta situação favorece o alcance de outros tipos de vantagens
e chamadas de acréscimo de capital.
Custos Externos Baixos e Preços de Vendas Normais – referem-se os custos
de matéria-prima, frete, distribuidores ou armazéns. Neste item Zaccarelli
lembra que, como está ocorrendo um alongamento da cadeia de fornecimento
provocado pela multiplicação na especialização de atividades, os custos
externos têm aumentado, fato que tem sido compensado com a redução dos
custos internos. Caso haja uma crise generalizada, este fenômeno pode ter
conseqüências imprevisíveis.
Diferenciação no Negócio; tal vantagem relaciona-se com formas de
negociação com fornecedores e distribuidores, e não com o produto ou serviço.
Neste aspecto, várias considerações são possíveis: mudança de canais de
abastecimento ou distribuição com a formação de novos canais alternativos;
manutenção dos canais atuais a partir de modificação nas formas de
negociação com fornecedores e distribuidores; manutenção dos canais atuais,
mas promovendo a integração dos interesses das diversas empresas
envolvidas com a criação de sistemas conjuntos de informações eletrônicas. As
vantagens adicionais decorrentes podem ser: redução de custos, melhoria de
serviços aos clientes e melhores condições negociais.
Existência de Talentos Especiais na Empresa; empresas que selecionam
pessoas com capacidade de visualizar cenários futuros, perceber
oportunidades de bons negócios e implementar processos com antecipação em
relação à concorrência, estão muito bem preparadas para enfrentar as
adversidades do mercado. Assim, caso haja uma tendência de queda de
rentabilidade do seu negócio, a empresa poderá implementar alterações ou até
sair do mercado antes de seus concorrentes. Deve existir, portanto,
mecanismos para a manutenção de tais talentos na organização.
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Prioridades Competitivas; é um conjunto consistente de metas e atitudes que a
empresa deve adotar para competir no mercado.
4.2.3 Estratégia Modelo de CONTADOR
Contador (1996) distinguiu campos de competição e armas da competição.
Campo da competição refere-se a atributos de interesse do comprador, tais
como qualidade e preço do produto. Já arma da competição é o meio através
do qual a empresa alcança vantagens competitivas nas áreas de produtividade,
qualidade no processo e domínio de tecnologia.
Há, conforme o autor, quinze campos de competição que podem ser reunidos
em cinco grupos.
1) Competição em preço
a) Preço; é uma das mais antigas e das mais estudadas formas de
competição. Esta modalidade se consagrou através da teoria microeconômica,
a qual estabelece que preços mais baixos permitam a conquista de parcela
dominante no mercado. O volume resultante de vendas admite a redução dos
custos unitários em razão de economias de escala.
b) Guerra de preço; quando existe mais de uma empresa aspirando
liderança em custos, a rivalidade entre elas é acirrada porque cada ponto
percentual de parcela de mercado é considerado crucial.
c) Promoção; a empresa oferece vantagens através de promoções com
prêmios, atendimentos preferenciais e outras. Trata-se de uma variante da
guerra mencionada acima, mas com a ausência de alterações de preço.
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2) Competição em produto
a) Projeto; é a valorização das características, funções, desempenho e
aspecto do produto ou serviço.
b) Qualidade; resultado da crescente conscientização e exigência do
público consumidor, é uma das estratégias mais valorizadas atualmente.
c) Variedade de modelos; também é resultado das aspirações do
comprador.
d) Novos produtos; trata-se da diversificação, cada vez mais freqüente
no mercado.
3) Competição em prazo
a) Cotação e negociação - a rapidez com que a empresa apresenta a
sua cotação sempre impressiona bem o cliente.
b) Prazo de entrega – ao atuar no sistema “just-in-time” as empresas
têm incrementado a importância dos prazos de entrega com a conseqüente
redução dos estoques, conforme a demanda do mercado.
c) Prazo de pagamento – aqui está uma área tão valiosa quanto a
competição em preço. A extensão de prazos e pagamentos futuros são
fundamentos de negociação.
4) Competição em assistência técnica
a) Assessoramento tecnológico antes da venda – ao dar assistência ao
cliente, a empresa oferece soluções para o atendimento das necessidades do
cliente.
b) Atendimento durante a venda – a empresa tem a oportunidade de
conquistar a simpatia dos clientes. Trata-se de prestação de serviços bastante
estimada pelos consumidores.
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c) Assistência técnica após a venda – este item tem sido bastante
valorizado pelo mercado, uma vez que a assistência promove a fidelização do
cliente com a possibilidade de futuras compras de outros produtos da empresa.
5) Competição em imagem
a) Do produto, da marca e da empresa – trata-se da valorização da
marca quando essa oferece prestígio e exclusividade de produto ao cliente.
Esta modalidade de competição deve assegurar qualidade ao produto ou
serviço.
b) Preservacionista – é também um aspecto muito em evidência hoje no
mercado, pois confere à empresa seriedade e preocupação com o meio
ambiente.
4.2.4 Estratégias atendidas pela Estamparia
A estamparia no modelo de Porter (1999) atende às três áreas de liderança:
custos, diferenciação e enfoque, principalmente quanto à diferenciação.
Como exemplo disso, a marca de beachwear Rosa Chá, usou a estamparia
digital afim de estampar fotos de rostos das modelos, no processo tradicional
de estamparia era inviável de ser realizado. A empresa ao fazer uso de uma
nova tecnologia e mostrar no produto (biquíni e maios) algo inédito (estampa)
antes da concorrência; conseguiu fortalecer a imagem da marca ao agregar
valores de tecnologia no uso de estampas digitais e ousadia no design da
estampa em 2002, quando nenhuma empresa fazia. A tecnologia estava
disponível para todo o segmento praia.
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Figura 3 – Estampas digitais sobre elastano (Fonte: Catálogo Rosa Chá)
No modelo de Zaccarelli (2000), a estamparia atende os 5 requisitos
principalmente quanto à Existência de Talentos Especiais na Empresa e
também quanto à Custos Externos Baixos e Preços de Vendas Normais –
Preferência dos Clientes Consumidores
De acordo com Contador (1996), a estamparia se distingue no campo de
competição, no que se refere a atributos de interesse do comprador tais como
qualidade e preço do produto, principalmente na competição em imagem.
A estamparia aplicada ao produto de moda é usada na identificação de um
novo produto, sobre a mesma base de tecido e modelagem mantendo
qualidade e preços inalterados, diferenciando no produto final.
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Figura 4 – Estampas corrida sobre a mesma modelagem (Fonte: Catálogo Victoria Secrets)
“Quanto ao grau de automação, um componente importante que precisa ser
evidenciado é a etapa de desenvolvimento do projeto do produto. A manufatura
se preocupa mais com o processo do que com o desenho do produto. A
tendência natural é existirem barreiras entre design e manufatura, o que
contribui pra o insucesso dos movimentos pela automação” SEVEGNANI
(2003).
A tecnologia de criar e produzir a estamparia em ambiente digital pode se
encaixar como uma das novas estratégias competitivas, pois atende demandas
da modernização frente às novas exigências de mercado, como escreve
Sevegnani (2003): “a complexidade que a tecnologia impõe ao ambiente
competitivo tem forçado as empresas a reverem seu modo de competir, o que
leva muitas vezes à busca pela modernização, entendida como a busca pela
capacitação para enfrentar as novas realidades estabelecidas, tanto na sua
estrutura organizacional como nos seus processos produtivos.”
O autor continua: “o desenvolvimento de alternativas estratégicas com base na
tecnologia e com base nas oportunidades de investimento, bem como, a
criação de oportunidade dentro do contexto organizacional são vistas como
cruciais para a manutenção da vantagem competitiva. Desse modo, as
capacidades são requeridas para conduzir os processos de reorganização da
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manufatura em direção ao CIM (Computer Integrated Manufacturing), como
forma viável de incremento de competitividade provenientes destes.”
Considerando as observações de Sevegnani, a estamparia precisa ser
analisada frente às necessidades de uma empresa da MVM em se diferenciar
na competição. As decisões da empresa de estruturar a estamparia no negócio
(verticalização) ou mantê-la externa como fornecedor irão depender do
contexto competitivo. Há ainda um aspecto a destacar que é o desenho. O
design têxtil é inerente à estamparia, sem desenhos não há estampa, e
portanto a dimensão do designer passa a ter peso considerável nas tomadas
de decisão.
Figura 5 – Designer têxtil e estação de trabalho (Fonte: Stork)
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5 ESTAMPARIA NO PRODUTO DE MODA
Segundo Mendes (2006), o estampado têxtil é o conjunto de figuras ou
desenhos impressos nos tecidos e que, uma vez repetidos em toda a sua
superfície, constituem uma “padronagem”. As estampas classificam-se em
localizadas e corridas. As corridas são padronagens que se repetem
oferecendo, ao longo do tecido um mesmo visual. As estampas localizadas
possuem dimensões determinadas e podem ser aplicadas com diferentes
métodos: convencionou-se chamar silk screen (quadro), hot stamp (transfers).
Já de acordo com Castro (1981), a estamparia é a denominação dada à
impressão em tecidos, malhas ou outros objetos têxteis com o objetivo de
obter, na sua superfície, desenhos e efeitos decorativos
A cor é um tema de fundamental importância na moda e causa impacto não
apenas no setor de vestuário, mas também nos cosméticos, utilidades
domésticas, produtos de “estilo de vida”, automóveis e até mesmo no campo
da arquitetura de edifícios, nos esportes, etc. Assim, o prognóstico de cores
está se tornando um grande negócio, campo em que especialistas coletam
informações de todas as partes do mundo sobre o número de vendas e
mudanças de interesses do mercado em relação às tonalidades e texturas
(MENDES, 2006).
A cor é o primeiro fator estético a atingir a percepção, só depois se analisa os
demais. O desenho pode eventualmente sobrepor-se à cor, mas geralmente a
percepção da cor é imediata. (CASTRO,1981)
Direcionando esta definição para a estamparia é possível pensar a estampa
como a organização da cor em elementos gráficos dispostos sobre a superfície
têxtil, atendendo necessidades e desejos do consumidor final. A escolha dos
elementos e sua composição devem atender consumidor final, seduzindo pela
sua atratividade.
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Vincent-Ricard (1989), nos primórdios da evolução, as roupas do homem
primitivo eram feitas, com peles de animais. Os primeiros tecidos de que se
têm amostras datam da idade do Bronze e se originam das tramas dos cestos.
Laver (1996), cada povo desenvolveu os motivos dos seus têxteis, tornando-os
uma linguagem peculiar de cada civilização. Assim, os têxteis dão testemunho
da capacidade criativa e produtiva do homem, capacidade que pode ser
observada na forma como eram obtidos as fibras e os fios, nas técnicas de
tecelagem e na elaboração e uso dos pigmentos, seja nos fios tramados, nas
impressões ou bordados.
Cobrir o corpo presta-se a varias representações, para obter proteção das
adversidades climáticas, demonstrar poder e riqueza, a ritualidade de cada
sociedade representando costumes e tradições dos povos, e como expressão
estética, empresta significados mais sofisticados que a representação da
sobrevivência. Os primeiros símbolos, as primeiras marcas dizem mais que
proteção das intempéries, oferecem significados, e estes estão para além
desse valor utilitário, elas passam a assumir outros valores e sentidos de
caráter social. As roupas, de fato, apesar de aparentemente serem meros
apêndices extrínsecos, entraram no âmago de nossa existência como
entidades sociais (FLÜGEL, 1966, p.12).
Ainda, segundo Flügel (1966), por meio das roupas, busca-se satisfazer duas
tendências contraditórias, de dois pontos de vista, aparentemente,
incompatíveis; de um lado, exibir atrativos; de outro, ocultar vergonhas.
No entanto, em ambos os casos e a seu modo, o fator estético é determinante.
As crescentes exigências do consumidor vão precisamente neste sentido. As
necessidades do vestuário adequado à pessoa, à cultura, à ideologia, ao
trabalho, à função e ao momento, são uma conseqüência do reconhecimento
pela maioria dos consumidores dessas mesmas incidências psicológicas. O
desenhista têxtil deverá conhecê-las e saber qual a sua importância de grupo
para grupo de homens, e de país para país, estabelecendo as necessárias
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relações com os setores econômico e cultural. Castro (1981, p.14), se dos
fatores econômicos resulta o poder de compra dos indivíduos, dos fatores
culturais resulta o grande acerto, gosto, qualidade e consciência com que
fazem suas compras de vestuário
Como Castilho (2004) propõe: “O traje, com tantas possibilidades de uso,
principalmente na sociedade contemporânea, que atribui um peso significativo
à imagem, pode ser entendido como um sistema de significação revelador de
um caráter simbólico e como uma forma particular de codificações de
informação, adquirindo, assim, uma grande importância como texto que requer
uma leitura analítico-interpretativa”.
Figura 6– Estampas corrida sobre a mesma modelagem (Fonte: Revista Mag)
Como sugere Gomes Filho (2000, p. 17), de acordo com a Gestalt, a arte se
funda no princípio da pregnância da forma, ou seja, na formação de imagens,
os fatores de equilíbrio, clareza e harmonia visual constituem para o ser
humano uma necessidade e, por isso, são considerados indispensáveis – seja
numa obra de arte, num produto industrial, numa peça gráfica, num edifício,
numa escultura ou em qualquer outro tipo de manifestação visual e ainda, “o
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processo de fabricação têxtil é muitíssimo complexo e cheio de variáveis e vias
alternativas, o que o torna riquíssimo em possibilidades criativas dependendo
de particularidades que podem ser introduzidas com vista à obtenção de novos
efeitos” (CASTRO, 1981, p. 13).
Para aprofundar os conhecimentos sobre a estamparia será abordada sua
história. As técnicas de estamparia remetem ao passado das sociedades
humanas e boa parte dessas técnicas continuam a ser usadas como
alternativas para customização do produto ou para atender demandas quanto
às diferentes quantidades de produção.
5.1 História das Técnicas de Estamparia
Segundo Ferreira (1998), a história dos processos de estamparia têxtil remonta
a mais de 3000 a.C com trabalhos de tingimento natural na China
Castro (1981) diz que os primeiros métodos de estamparia utilizados pelo
homem eram manuais, e as principais técnicas eram o carimbo, o batik, o
stencil, e a serigrafia, entretanto as primeiras técnicas de organização da cor
em uma forma e composição controlada são o Tie Dye e o Batik. Essas duas
técnicas irão estabelecer todos os conceitos de estampar até quase os dias
atuais, mas com a chegada do século XXI, esses conceitos mudam, com o
surgimento da estamparia digital.
5.2 Descrição das técnicas manuais
Esta é uma descrição que visa a ilustrar as mudanças mais significantes nas
formas de produzir estampas. Schulte (2003) descreve as diversas técnicas da
estamparia a essa descrição foram acrescentados alguns aprofundamentos e
ampliações com a uma verificação sobre a estamparia digital e a laser.
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5.2.1. Tie Dye
É uma técnica de impressão que usa a amarração, costuras e dobras, para
reservar áreas no tecido que não serão tingidas por um banho em tinta. Como
os processos de amarração, costura e dobramentos, podiam ser repetidos com
alguma precisão, os resultados finais destes tingimentos alcançavam uma
estética que poderia ser reproduzida.
Figura 7 – Reserva de área com amarrações (Fonte: Textile Dyeing)
5.2.2 Batik
A técnica de Batik continua a ser usada e apreciada ainda hoje e consiste em
desenhar sobre a superfície do tecido com pastas de arroz, cera ou outro
material vedante. Os elementos naturais eram as matérias primas para
estamparia, conforme Guimarães (1982) nos mostra “a lama dos rios servia
para o processo de vedação do tecido” isso serve para ilustrar a capacidade de
adaptação do homem em busca de soluções para organizar a colocação de
cores em forma:
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Figura 8 – Reserva de área com cera (Fonte: Tradicional IndonesianTextile)
Os tecidos eram imersos em tinturas. Assim, as áreas protegidas dos desenhos
poderiam ser preservadas e tingidas, controlando quais cores entrariam na
composição dos desenhos. Como o processo de vedação, no início, dependia
de um copista/desenhista o controle dos tempos de imersão e a alquimia das
misturas de corantes para fazer tintas eram inconstantes e por isso cada peça
de tecido era única.
Como o Batik tem a característica de gerar peças únicas, para conseguir
reproduzir desenhos, esta técnica vai se associar aos carimbos.
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Figura 9 – Carimbos e tjiang (Fonte: Tradicional IndonesianTextile)
Para produzir o Batik o desenho é passado no tecido com cera ou outro
material vedante ao invés de tinta, desenha-se linhas e figuras, com o auxílio
indispensável de pincéis ou instrumentos adequados (tjanting) e carimbos.
Após sucessivas aplicações tingimentos e de desenhos com cera, (essa cera é
removida após cada tingimento), fará aparecer a estampa.
Historicamente as técnicas de reserva Tie Dye e Batik com amarrações ou
vedação dos tecidos e posteriores tingimentos serão modificadas e
sofisticadas, mas a idéia de reserva para controlar o uso de tingimentos e
provocando os efeitos estéticos com uso de poucas cores, estará presente em
todas as outras formas de estampar.
Fonte:
Figura 10 – Carimbos e tjanting (Fonte: Tradicional IndonesianTextile)
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5.2.3 Carimbos: (Block Printing)
Segundo Kluge (1982), a impressão com carimbos é uma das técnicas mais
antigas e representa a forma mais primitiva de impressão em relevo negativo,.
Joyce, (1991, p. 2), afirma que a China e a India produziam estampas com
técnicas de carimbo em algodão no começo da era cristã.
Inicialmente, usavam-se os carimbos para marcar sacos de cereais e outros
objetos, com a sigla do proprietário. Tais carimbos eram quase sempre de
madeira, com letras ou sinais gravados. “A técnica para estampar com
carimbos é igual para qualquer tipo, seja feito de frutas, legumes, borracha,
cortiça, isopor, madeira, elementos da natureza ou sucatas” GUIMARÃES
(1982, p. 41).
Figura 11 – Carimbos e tjanting (Fonte: Tradicional IndonesianTextile)
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Na impressão sobre o material escolhido, as partes salientes colhem a tinta, e
assim o motivo é reproduzido em negativo. Essa maneira de imprimir foi usada
por artistas na confecção de xilogravuras e, posteriormente, de
lineoleogravuras, para reprodução de desenhos sobre papel. Cada chapa
permitia reproduzir inúmeras vezes o motivo sobre papel ou tecido, com
facilidade.
Como os carimbos provocam uma repetição dos desenhos com fidelidade ao
se aplicar na superfície têxtil, esta repetição fiel passa a ser conhecida no
Brasil como “rapport”.
Figura 12 – Rapport (Fonte: Tradicional IndonesianTextile)
Rapport é a unidade de repetição que contém todos os elementos gráficos da
composição da estampa. Encontra-se o rapport no carimbo (block printing), ao
observar-se a área delimitada pela forma do carimbo, que se encaixa pelos
lados e pela parte de cima na de baixo, criando uma imagem contínua.
5.2.4 Stencil
Conforme Garcia (2002: 03), os fenícios produziram, também, os primeiros
tecidos estampados, usando o método do stencil, em diferentes estamparias.
O método do stencil consiste basicamente em transferir a tinta para o tecido ou
outra superfície, através de motivo recortado em uma chapa de material rígido,
também chamada de máscara ou modelo vazado; a tinta é passada com uma
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broxa e a cor aparece nas partes vazadas. Segundo Nielsen (1987), esse
método foi descoberto há milhares de anos, pois em escavações da pré-
história foram encontrados desenhos em objetos, paredes e tecidos que foram
desenvolvidos com o uso de stencil. Estudos sobre a história dos povos antigos
que viviam nas ilhas Fiji, na Malásia, comprovam que os tecidos eram
decorados a partir de perfurações e recortes feitos em folhas de plátano
colocadas sobre o tecido. As folhas recebiam uma aplicação de tintas vegetais
que coloriam somente as partes recortadas.
Figura 13 – Stencil aplicado ao tecido e sobre roupas cerimoniais (Fonte: Pacific Pattern)
Os egípcios usaram o stencil nas pirâmides e templos para decorar murais,
interiores e cerâmicas e os chineses estamparam muitas de suas imagens
através dele. Os japoneses, com sua grande habilidade e extrema paciência,
fizeram intervenções no método. Utilizando folhas de papel finas e duplicadas,
que recortavam com excepcional limpeza, e cujas partes interiores soltas eram
unidas por finíssimos fios de seda ou de cabelo humano, faziam estampas com
quatro, cinco ou mais cores ajustadas com perfeição. Os maravilhosos trajes
de cerimônia da Corte Nipônica foram estampados desta forma.
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Durante a Idade Média, na arte Bizantina, no Gótico, tanto na Alemanha quanto
na Espanha, Inglaterra, França e Itália, eram utilizadas em conjunto as técnicas
do stencil e do carimbo de madeira para representar imagens religiosas e
profanas. No século XVI, o stencil foi utilizado na confecção de estampas para
difusão de dogmas, feitos gloriosos de reis e guerreiros e para a ilustração de
manuscritos. Nos séculos XVII e XVIII, houve o auge dos papéis para forrar
parede; a estampa era feita com o stencil e a tinta ainda molhada era
polvilhada com minúsculos flocos de lã colorida, o que proporcionava um efeito
de bordado.
A partir do aperfeiçoamento da técnica do stencil surge a serigrafia, no final do
século XIX, palavra originária do latim Sericum, seda, e do grego Graphé,
escrever, desenhar (NIELSEN 1987).
Figura 14 – Stencil sobre papel (Fonte: Pacific Pattern) Figura 15 – Recorte de stencil atual
(Fonte:Textile Dyeing)
5.2.5 Serigrafia
A serigrafia ou, silk-creen é um processo de impressão que consiste na
transferência de tinta através de uma trama de tecido que, vedada em
determinados pontos, possibilita a passagem de tinta de acordo com o motivo
que se quer estampar.
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Figura 16 – Quadro de silk screen e aplicação sobre tecido (Fonte: Textile Dyeing)
O método da serigrafia foi desenvolvido a partir de técnicas inicialmente usadas
pelos chineses há muitos séculos, mas praticamente desconhecidas no
Ocidente. Com o tempo, tornou-se um dos processos mais usados e mais
versáteis da reprodução gráfica, sendo empregada em praticamente todas as
áreas de trabalho de impressão, como a produção de tecidos, papéis de
parede, cartazes e outros (KINSEY, 1979).
5.3 Estamparia industrial
A partir das técnicas manuais de estampar, surgiram os métodos industriais. A
serigrafia é o mais utilizado deles. Denominada na indústria de “estamparia de
quadros planos”, manual ou automática, ou de “estamparia rotativa”, com
cilindros de cobre e perfurados (ANDRADA FILHO, 1987).
Aquistapasse (2001) descreve tais métodos industriais:
• na estamparia por quadros planos ou rotativos (cilíndricos), o processo é
baseado na técnica serigráfica (silk-screen), onde cada cor a ser impressa
corresponde a um quadro ou cilindro. Os quadros são tratados por uma técnica
fotográfica especial, de modo a tapar os poros do tecido (nº de fios por cm²)
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ficando abertos somente aqueles que correspondem às áreas da cor a
considerar, sendo que as cores são impressas uma a uma;
• na estamparia plana automática, os quadros são fixados pela seqüência das
cores a serem estampadas, e o tecido move-se após cada impressão;
Figura 17 – Quadro de silk screen e aplicação sobre tecido (Fonte: Textile Dyeing)
• na estamparia por quadros cilíndricos, o tecido move-se de um modo contínuo
e os cilindros giram; a cada cilindro corresponde a uma cor;
Figura 18 – Estamparia cilindro com a evolução dos tipos de gravação: manual,
fotográfica e direta (Fonte: World Textile)
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• na estamparia por cilindros gravados, a impressão é contínua, mas o tecido
passa entre dois cilindros, um liso e outro gravado.
Figura 19 – Estampando com cilindros (Fonte: World Textile)
Outro método utilizado na indústria é a estamparia por transferência: utiliza-se
um papel que possui a estampa a ser impressa e que é transferida para o
tecido na forma de rolo ou na forma lisa, reta. O papel sobre o tecido é
colocado numa prensa ou calandra de rolos para, após o aquecimento, resultar
transferir a imagem da estampa para o tecido. Todas as cores do desenho são
transferidas de uma só vez.
Figura 20 – Estampa localizada com transfer sublimático (Fonte: World Textile)
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5.4 Estamparia Digital
A partir da virada do século XXI apareceram as máquinas de estampar com
tecnologia digital, que adotam sistemas automatizados e softwares de design,
CAD (Computer Aided Design), CAM (Computer Aided Manufacturing). O
processo de pensar e fazer convencional tem que se modificar para atender a
necessidades de mercado, desde a redução no tempo da criação até ao
produto estampado.
A geração de desenhos de estampas em softwares de design têxtil, que já
existiam por volta de 1980, substituíram as ferramentas de desenho na criação
e com adoção de banco de dados de imagem auxiliaram os processos de
desenvolvimento dos desenhos, na produção substituíram os processos de
fazer negativos manuais (filmes) e a gravação do quadro / cilindro pelo método
fotográfico (foto-gravação).
Com a adoção de tecnologias digitais, as estamparias conseguem otimizar as
tarefas e ter ganhos de qualidade na fidelidade do desenho, redução dos
tempos de aprovação de pedidos e precisão na produção: Outras vantagens
visualização do projeto (desenho) em tempo real;
há precisão dos registros e encaixes para cada cor acima da
necessidade da indústria;
aplicação de retículas estocásticas evitando moire, texturas,
sobreposições, meios tons;
variantes de cores em tempo real com cartela de cores registrada
(pantone, scothdic);
geração dos filmes para negativos com arquivos digitais para gravação
direta.
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Estas são atividades totalmente geradas dentro de ambiente digital na área de
criação e desenvolvimento de produto (estampas), que muda do chão de
fábrica (produção) para outras configurações (pode estar fisicamente fora do
arranjo produtivo) continuando ligada a produção pelas tecnologias de
comunicações e de maneira mais otimizada.
Com a chegada da gravação de quadros e cilindros digitais, apenas a
revelação dos quadros e cilindros ainda persiste como processo dentro da
estamparia:
As empresas fornecedoras de equipamentos começam a oferecer outras
soluções para a gravação de quadros e cilindros que não usam mais o
processo fotográfico, ex:
Stork - gravadora de cilindro a laser / jato de cera;
Wxtex – gravadora de cilindro e quadros a jato de cera;
A evolução dos processos de impressão direta em gráficas migrou para a área
têxtil e rompeu de vez com o processo tradicional da estamparia (tamanho de
rapport , redução de cores, confecção de negativos e revelação).
5.5 Estamparia Laser
A estamparia laser está na convergência das áreas de estamparia, lavanderia e
tinturaria, de uma forma muito simples o desenho da estampa é transformado
em um feixe de laser, que é controlado para provocar desgastes em 256 níveis.
O laser atua corroendo camada de tintas ou de tecidos provocando desgastes
até o recorte do material.
Esse método está associado à estamparia, como corrosão e inicia, ao se
desenvolver um desenho de parâmetros técnicos específicos para corrosão,
quando este método está associado a técnica de tingimento por espatulagem
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VESTUÁRIO DE MODA 62
(colocação de várias camadas de tinta sobre o tecido) a estamparia pode
produzir desenhos na peça de vestuário que consomem as camadas de cores
ou até desgastam o tecido de maneira controlada, este desenho pode ser
repetido indefinidamente dentro de um padrão ajustável e reproduzir efeitos de
lavanderia. Isso permite que a estamparia a laser esteja tanto na estamparia
como na lavanderia.
Figura 21 – Estamparia a laser (Fonte: catálogo lasertec)
5.6 Análise das técnicas e evolução de estamparia
As técnicas de estamparia em sua relação direta com as tecnologias, design e
tintas são apresentadas através de uma linha de tempo por 2 gráficos, que
destacam desde a estamparia advinda dos processos manuais ancestrais de
repetição dos desenhos até o momento atual, em que todo processo é digital.
Vale à pena destacar que os processos manuais de estamparia continuam
sendo usados dependendo do efeito que se queira alcançar.
Processos manuais, mecânicos, automáticos e digitais de estampar convivem
tranquilamente com processos de desenvolvimento de produto (projeto de
produto) digital.
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Gráfico 3 – Linha de Evolução das Técnicas de Estamparia (Fonte: elaborado pelo Autor)
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3000a.C 500a.C 1800 1900 1950 1970 2000
Gráfico 4 – Linha de tempo das Técnicas de Estamparia (Fonte: elaborado pelo autor)
Todas estas formas de estampar permanecem sendo aplicadas até hoje,
atendendo às demandas da Manufatura do Vestuário de Moda quanto aos
diferentes apelos que a moda traz a cada estação.
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Estas técnicas não se tornaram obsoletas.
O Batik, por exemplo, é usado quando a Confecção tem necessidade de
produtos exclusivos no tecido da peça vestuário.
O Tie Dye, usado na busca de diferenciação das coleções de moda, é
produzido manualmente em pequena escala atendendo diversas marcas,
principalmente as de Beachwear no Brasil. A técnica de Tie Dye não consegue
ser produzida em escala industrial por via de maquinário e é aplicada direto na
peça confeccionada ou no corte (modelagem)
O Block Printing é usado ainda hoje tanto na estampa corrida quanto na
localizada e pode ser aplicada no corte do tecido (modelagem) ou na peça
confeccionada.
A estamparia a quadro (Silk Screen) é mais usada para estampas localizadas,
e pode ser aplicada na peça confeccionada ou no corte do tecido antes do
fechamento da peça. As marcas de empresas, seus nomes, logotipos e suas
identificações são amplamente explorados na estamparia para agregar o valor
ao produto ao identificá-lo e provocar a percepção da marca no consumidor
final.
A estamparia corrida em cilindros é a alternativa mais viável para grandes
produções de tecidos. Os volumes de produção começam em 1.000 m de
tecidos para cada variante da estampa. Algumas plantas produtivas chegavam
a estampar 6.000.000 de m/mês de tecido (Horizonte Têxtil).
O Transfer é uma alternativa de estampa tanto localizada quanto corrida para a
indústria de confecção. As vantagens de seu uso estão ligadas a estampar com
milhões de cores quando no uso da quadricromia [Quadricromia é a técnica
similar ao OFFSET dos processos gráficos de impressão, a junção por
aproximação de pontos e de superposição de 4 cores CMYK (ciano, magenta,
amarelo e preto), criam a ilusão de milhões de cores no papel e no tecido]. O
desenho é estampado com tintas para tecidos em papel e esse é transferido
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para o tecido por calor e pressão. As colocações do desenho no papel podem
ser feitas por cilindro, quadro ou técnicas gráficas como flexografia e
rotogravura. Como a estampa está aplicada no papel, isto permite às empresas
de confecção poderem dimensionar a produção de tecido estampado ou da
peça estampada conforme demanda do mercado.
Mendes (2006), as confecções diminuem o risco de investimento ao manterem
tecidos, cortes e peças confeccionadas em condições para tingimento (tecido
cru ou pré-preparado para tingimento, estamparia e lavanderia) e somente
fazem o tingimento e estampagem conforme demanda. Confecções no
segmento de Surfwear masculino, por exemplo, têm a T-Shirt (camiseta básica)
como peça de confecção mais fabricada. A modelagem de uma camiseta para
outra é tão próxima ou igual que a identificação do produto é dada pela
estampa e a estampa estando, no papel e não no tecido, permite que a
produção atenda de maneira mais adequada o desejo do consumidor final por
tal produto. Assim, a empresa não precisa estampar antes e sim quando o
volume de pedido for interessante, diminuindo o risco do produto não atender
às expectativas de venda.
Como visto na descrição das técnicas de estamparia, todas estas continuam
sendo aplicadas conforme a necessidade da MVM.
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5.6.1 Corantes
Segue abaixo tabela que aborda os corantes e sua relação com os as fibras na
composição dos tecidos.
CORANTES TECIDOS
Corantes Reativos fibras celulósicas:
algodão, viscose, linho, lã e seda
Corantes Azóicos ou “Azo” fibras celulósicas:
algodão, viscose, linho, lã e seda
Corantes Ácidos fibras nitrogenadas:
lã, seda, nylon e fibras acrílicas modificadas de banhos
neutros ou ácidos.
Corantes Básicos ou Catiônicos fibras sintéticas:
como o acrílico, e em menor quantidade em fibras
naturais como o algodão, seda e lã.
Corantes Diretos fibras celulósicas:
algodão, viscose, linho, lã e seda
Corantes “Vat” ou Índigo fibras celulósicas:
algodão, viscose, linho, lã e seda
Corantes Dispersos São pigmentos utilizados no tingimento: acetato
celulose, nylon, polyester e poliacrilonitrila
Corantes ao Enxofre Para a obtenção da cor preta, em fibras celulósicas:
algodão, viscose, linho, lã e seda
Corantes Pré- Metalizados tintura de fibras protéicas: lã e seda e poliamida
Corantes à Cuba tintura de algodão
Corantes Branqueadores As fibras têxteis no estado bruto por serem compostas
primariamente de materiais orgânicos
Gráfico 5 – Tabela de relação de tipos de corante e tipos de tecidos
(Fonte: elaborado pelo Autor)
Conforme Hassemer (2006) descreve os corantes para tingimento e
estampagem. Segundo ele os corantes e pigmentos orgânicos podem ser
definidos como substâncias intensamente coloridas que, quando aplicadas a
um material, lhe conferem cor. A importância dos corantes para a civilização
humana é evidente e bem documentada. O primeiro corante orgânico
sintetizado com técnica mais apurada foi o Mauve, obtido em 1856, por William
H. Perkin.
Os corantes são produtos químicos normalmente aplicados em solução, os
quais se fixam de alguma forma em um substrato. As principais características
que são desejáveis nos corantes são a de serem estáveis à luz, apresentarem
uma distribuição uniforme, propiciarem um alto grau de fixação e resistirem ao
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processo de lavagem. Essas características essenciais aos corantes somente
foram conseguidas com o surgimento dos corantes sintéticos. Atualmente,
todos os corantes e pigmentos comerciais são substâncias sintéticas, com
exceção de alguns pigmentos orgânicos (Carreira, 2006).
Para identificar os mesmos corantes, comercializados com diferentes nomes,
utiliza-se o Colour Index (CI), publicação da American Association of Textile
Chemists and Colorists e da British Society of Dyers and Colorists, que contém
uma lista organizada de nomes e números para designar os diversos tipos. Os
números do Colour Index são atribuídos quando a estrutura química é definida
e conhecida.
Os diversos tipos de corantes usados em operações de tingimento e
estamparia, de acordo com o tipo de material a ser tingido, possuem
características químicas altamente variadas. O mecanismo de fixação de cada
corante é condicionado pelas características dos grupos funcionais, da
estrutura dos corantes e das propriedades químicas e físicas da fibra a ser
tingida. Numa simples operação de tingimento podem ser utilizados diversos
tipos de corantes pertencentes a diferentes classes.
Corantes Reativos
Os corantes reativos são assim chamados devido a sua capacidade de
formarem ligações covalentes (ligação em que átomos se combinam
compartilhando elétrons) com a fibra têxtil. São utilizados principalmente para o
tingimento e estamparia de fibras celulósicas como o algodão, viscose, linho, lã
e seda. Esses corantes são os mais populares na manufatura têxtil devido,
principalmente, as suas características favoráveis quanto à rapidez na reação
de tingimento, solidez, estabilidade química, facilidade de operação e baixo
consumo de energia na aplicação.
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Corantes Azóicos ou “Azo”
Os corantes azóicos são compostos que apresentam o grupo azo (-N=N-) em
sua composição. São empregados em fibras celulósicas
Corantes Ácidos
São corantes que têm esse nome, devido à presença em suas moléculas de
um ou mais grupos de ácido sulfônico ou outros grupos de ácidos. São
corantes aniônicos solúveis na água, aplicados em fibras nitrogenadas tais
como: lã, seda, nylon e fibras acrílicas modificadas de banhos neutros ou
ácidos.
Corantes Básicos ou Catiônicos
Esses corantes possuem cores brilhantes, porém têm baixa fixação. São
empregados basicamente em fibras sintéticas como o acrílico, e em menor
quantidade em fibras naturais como o algodão, seda e lã.
Corantes Diretos
Usados sobre fibras celulósicas, são conhecidos como corantes substantivos.
A maioria desses corantes pertence às classes di, tri e poli azo.
Corantes “Vat” ou Índigo
Obtidos de Indigoferal e aplicado há 5.000 anos antes da introdução do índigo
sintético comercial, são uns dos mais antigos corantes conhecidos, obtido de
moluscos encontrados nas pedras do Mar Mediterrâneo. São aplicados
principalmente em fibras celulósicas.
Corantes Dispersos
São pigmentos e, portanto, insolúveis. São comumente utilizados no tingimento
do polyester, nylon e acrílico.
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Corantes ao Enxofre
São corantes derivados de ácido tiossulfônico, empregados geralmente para
obtenção da cor preta, e utilizado em fibras celulósicas.
Corantes Pré-Metalizados
Esses corantes são caracterizados pela presença de um grupo hidroxila ou
carboxila na posição “orto” em relação ao cromóforo azo, permitindo a
formação de complexos com íons metálicos. São úteis principalmente para
tintura de fibras protéicas e poliamida. Neste tipo de tintura, explora-se a
capacidade de interação entre o metal e os agrupamentos funcionais
portadores de pares de elétrons livres, como aqueles presentes nas fibras
protéicas.
Corantes à Cuba
É uma grande e importante classe de corantes baseada nos índigos,
tioindigóides e antraquinóides. Eles são aplicados praticamente insolúveis em
água, porém, durante o processo de tintura, são reduzidos com ditionito, em
solução alcalina, transformando-se em um composto solúvel (forma leuco).
Posteriormente, a subseqüente oxidação pelo ar, peróxido de hidrogênio, etc.,
regenera a forma original do corante sobre a fibra. A maior aplicação deste tipo
de corante tem sido a tintura de algodão, embora devido às suas excelentes
propriedades de fixação, outros materiais também têm sido utilizados.
Corantes Branqueadores
As fibras têxteis no estado bruto, por serem compostas primariamente de
materiais orgânicos, apresentam como característica uma aparência
amarelada, por absorver luz particularmente na faixa de baixo comprimento de
onda. A diminuição dessa tonalidade tem sido diminuída na indústria ou na
lavanderia pela oxidação da fibra com alvejantes químicos ou utilizando os
corantes brancos também denominados de branqueadores ópticos ou mesmo
branqueadores fluorescentes.
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Essas relações entre tipos de corantes e bases de tecidos são de fundamental
importância e têm que ser levadas em consideração por parte do profissional
de estamparia para determinar parâmetros de produção e parâmetros que o
desenho tem de seguir. Exemplo disto está na estamparia de corrosão; para
conseguir efeitos de corrosão, no lugar de tinta se aplica uma pasta química
que é estampada sobre o tecido. Este tecido normalmente tem uma construção
mista com fibras sintéticas e fibras naturais. E entre a pasta e uma das fibras,
ocorre o processo de corrosão, deixando parte do tecido vazada. Essa técnica
de estamparia obriga mudanças tanto no desenho, que precisa prever a área
correta de corrosão, como na produção para controlar o tempo de corrosão
com precisão.
Figura 22- Estamparia por corrosão (Fonte: Saadjian)
5.7 Mudanças fundamentais na estamparia
Com a evolução das técnicas de estamparia e mudanças tecnológicas, o
resultado estético alcançado era sempre definido pelos limites que sempre
pontuaram a produção de estampas: a reserva/rapport e a redução de cores.
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O tamanho do rapport (área de repetição que contém os elementos estéticos
da composição da estampa) era determinado pela técnica usada ex:
estamparia a quadro ou cilindro, por exemplo, tem tamanhos determinados que
limitam a indústria de confecção que busca por inovação e diferenciação.
Como a estamparia tem necessidade de criar 1 cilindro ou quadro por cor,
estampar com muitas cores obriga uma precisão absoluta para encaixes de
cada cor e beleza final. Então, a capacidade de reduzir as cores para o mínimo
possível sem perder a beleza do desenho era a condição do trabalho existir,
mas também impedia o uso de degradês de muitas cores e o uso da fotografia.
Já na estamparia digital os novos processos de impressão direta sobre tecido
possibilitaram:
rapports de tamanhos variáveis e sem limites;
aplicação de milhões de cores sobre o tecido;
possibilidade de colocar mais de 1 estampa sobre o mesmo tecido, sem
parar a impressão;
desaparecimento do processo de revelação de quadros e cilindros
(processo fotográfico) e ausência da necessidade de fazer negativos
(filmes) para a revelação;
digitalização total dos desenhos (CAD);
produção em pequenas quantidades e grande variedade;
convergência da estamparia com outras tecnologias da confecção, o que
permite por exemplo, estampar o desenho de estampa corrida
diretamente no risco de tecido vindo de CAD´s e modelagem;
Também com a estamparia digital, existe uma mudança no processo de
criar/executar os novos processos de impressão direta sobre tecido
possibilitaram ganhos na diminuição de etapas de produção e um novo padrão
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de realizações que eram impossíveis de alcançar e produzir ou que eram
inviáveis comercialmente relação às tecnologias anteriores de quadro ou
cilindro. Há a seguir, uma comparação entre os processos digitais e tradicionais
(quadro e cilindro), que têm a maior aplicação na MVM.
Estamparia digital Estamparia quadro/cilindro
Rapports de tamanhos variáveis e sem
limites de tamanho ou não.
Rapports definidos pela técnica de
estamparia: de 64 à 108cm de repetição no
cilindro e em múltiplos de 15cm no quadro.
Aplicação de milhões de cores sobre o
tecido
Limites de cores no máximo em 12 cores,
na prática de mercado 6cores no máximo
Consegue estampar mais de 1 desenho de
no mesmo tecido sem parar a impressora
O processo convencional precisa mudar
cada quadro ou cilindro quando a troca de
desenhos. Realiza a estampagem de uma
única estampa por vez, tem necessidade de
parar a produção para troca de cilindros e
quadros.
Não há mais o processo de revelação do
cilindro ou quadro.
Esta etapa que sempre esteve presente
como reserva ou reservar uma área de cor,
não é mais necessária.
A Revelação de quadros e cilindros é feita
pelo processo fotográfico, manual ou na
gravação direta.
Design sem limites de criação, qualquer
imagem pode se tornar uma estampa, sem
limites de tamanhos (o limite está na
capacidade de processamento de dados)
A criação ou desenvolvimento é limitada
pelos parâmetros como tamanho de
rapport e o número de cores, é necessário
reduzir cores para trabalhar com um
número limitado de cilindros e quadros.
Pode produzir quantidades pequenas de
tecido e variedade grande a custo menor
que outras técnicas
Os custos para desenvolver quadros ou
cilindros de impressão é diluído em
quantidades determinadas :
Quadro em média 500 reproduções menos
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que isso aumenta o custo
Cilindro estampar de 1000m para mais de
tecido, dilui o custo
O design (CAD) pode receber informações
de outros sistemas, como os de confecção
ex: colocar os desenhos de estampa
localizada na estampa corrida, colocá-la
sobre o desenho de modelagem da peça
de moda e imprimir
Estes processos de gerar desenhos e
imprimi-los sobre a modelagem, dependem
de comunicação do projeto entre áreas e
um número alto de profissionais para
realizar
Design somente em ambiente digital (CAD)
em ligação direta com a produção.
CAD Design > CAM/CAE
Design manual e digital com várias etapas
de produção com áreas e profissionais
diferentes, ex:
Desenho(designers) + filmes(negativistas)
+ revelação/ gravação(fotogravador)
Gráfico 6 – Comparativo entre técnicas de estamparia digital e convencional
(Fonte: elaborado pelo Autor)
Para ilustrar esta descrição, segue abaixo a imagem da área de criação e
desenvolvimento de produto mostrando o CAD/CAM com destaque para ploter
de impressão e o ambiente de uma estamparia digital
Figura 23- Ploter de impressão e software de criação e desenvolvimento
(Fonte: Stork e Kopperman)
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6 Estamparia Digital, um Paradigma
Com o advento de novas tecnologias digitais, novos mercados e novos
costumes do consumidor, a estamparia digital vem participar dessas
mudanças, pois rompe com padrões anteriores da estamparia nos aspectos
tecnológicos, no atendimento do cliente/consumidor final, na velocidade de
produção e nas configurações do processo produtivo, atendendo às
necessidades do cenário da globalização.
Vários aspectos são modificados pela estamparia digital ao aproximar o
desenvolvimento de produto junto à produção e promover o atendimento aos
clientes em tempo real, gerando diminuição no tempo de aprovação do projeto
de produto.
O cliente com acesso a estrutura de CAD e intermediado pelo designer têxtil
transforma-se em desenvolvedor de suas estampas, alterando, melhorando e
adequando suas estampas dentro do ambiente físico da estamparia e virtual,
com auxílio de tecnologias de comunicação e design têxtil on line.
Segundo Neves (2000), um sistema CAD (Computer Aided Design), como o
próprio nome indica, consiste num sistema onde são elaborados desenhos com
elevados padrões de rigor e complexidade, nomeadamente desenhos técnicos.
Estes sistemas permitem gráficos com tal exatidão, rigor e potencialidades de
manipulação que não são possíveis através dos meios não informáticos
tradicionais de desenho e nem mesmo por meio do uso de um programa vulgar
de desenho.
É sabido que a indústria têxtil vive fundamentalmente da inovação, quer na
criatividade, quer na produtividade, quer nas necessidades resultantes da
evolução do mercado têxtil (flexibilidade, encurtamento das séries, necessidade
de comunicação com o mercado). Por isso na estamparia digital, o projeto de
produto é o produto já que, ao desenvolver o design de estampa, seu protótipo
é seu próprio tecido, impresso nos padrões finais.
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Figura 24- Estamparia digital (Fonte: Patachou)
Fazer 1 metro de tecido impresso ou 1000 metros passa a ser apenas um dado
numérico. Podemos dizer que o desenho se transforma em produto e que a
distância entre idéia e produto final diminui a ponto de não existir.
Figura 25- Estamparia digital (Fonte: Patachou)
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Com a possibilidade do uso de milhões de cores pela impressão digital e o
tamanho do rapport passa a não ter mais limitação com a tecnologia digital, os
limites existentes nas técnicas tradicionais, como reserva de cores, separação
de cores e restrições de aplicação de cor conforme a técnica de impressão,
passam por uma mudança total onde o conhecimento de aproximadamente
4000 anos alcança uma nova dimensão, diferente na forma de pensar,
executar e produzir.
A estamparia digital modifica o arranjo produtivo verticalizado ao diminuir o
layout produtivo tanto na tecelagem quanto na confecção, e no varejo.
O profissional de design, o designer têxtil, tem que desenvolver habilidades em
CAD/CAM e em outras áreas como marketing, atualização em design,
tecnologia têxtil, modelagem, geração de simulações virtuais da estampa
aplicada ao produto fina e também torna-se capaz de atender uma demanda
mais crescente de clientes mais exigentes. Seguem abaixo os requisitos do
profissional para estamparia digital.
Atendimento e construção do briefing junto ao cliente.
Definir prazos.
Conhecimento de arte, design e moda.
Conhecer tecnologia têxtil para objetivar melhora nas soluções dos
desenhos em relação aos tecidos, corantes e processo de impressão.
Conhecimento e capacidade de integração com outras áreas (marketing,
produção, financeiro, vendas)
Ser usuário e explorar os sistemas de design digital até os limites.
Acompanhamento dos resultados do cliente junto ao seu público.
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6.1 Design Têxtil e Moda.
6.1.1 O Design
O design aplicado à cadeia têxtil com ênfase no produto de moda precisa ser
analisado e dimensionado com profundidade para vir a se tornar na estamparia
uma vantagem competitiva definitiva no cenário brasileiro e isto devido às
peculiaridades inerentes aos aspectos da Moda.
Para Araújo (1996), design pode ser definido como uma atividade de uma
equipe com a função de desenvolver a inspiração, a percepção do possível e a
sua interpretação em termos de produtos que possam ser produzidos e
comercializados em complemento aos elementos estéticos e funcionais
necessários para a concepção de um produto. O autor complementa afirmando
que, “a tendência hoje em dia é no sentido de as empresas utilizarem o design
com o objetivo de mais eficazmente produzir o produto certo, pelo preço certo,
para o mercado certo e na quantidade exata”.
O produto de moda tem características próprias, como:
- vida útil curta - obsolescência (por coleção aproximadamente 4 meses);
- tempo de pesquisa e desenvolvimento (metade do tempo em projeto de
produto);
- colocação antecipada do produto junto ao consumidor e concorrência;
- buscar por exclusividade;
- ser inovador;
O produto de moda precisa ser percebido como diferenciado, com apelos
necessários para que o consumidor final possa adquiri-lo.
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O foco no design como atividade projetual, buscando criatividade, se faz
necessário para atender essa demanda por produtos com características de
moda.
As ferramentas de desenho digital (CAD) vêm atender aos requisitos da moda:
velocidade e precisão.
Para desenvolver em tempo hábil todo o projeto de produto, produzir e colocá-
lo junto ao consumidor, o uso de ferramentas de design vem auxiliar na
competitividade, numa área de inovação constante, em que a busca da
exclusividade é lei de sobrevivência.
No universo dos negócios da moda, a velocidade de lançamentos de produtos
com inovações criativas é cada vez maior e esperado. Obriga toda a cadeia
têxtil a estabelecer vínculos eficientes para produzir e distribuir seus novos
produtos. Alem disso o apelo do valor estético é fundamental em Moda e está
no “Estilo”.
6.1.2 Criação e Desenvolvimento de Produto
Ao se desenhar uma coleção tecidos, de roupas ou acessórios todo o processo
criativo estará estabelecido como força primordial para o desenvolvimento.
No surgimento do croqui (esboço), o design é fundamental em estabelecer
processo de transformação das necessidades de mercado e idéias em projeto,
documentação e informação.
Conforme Jones (2002) ao abordar processo criativo do design de moda que
pode ser adotado pelo design têxtil, afirma que, “.... selecionar as melhores
idéias e agrupá-las em “temas” e, em seguida, de forma metódica, desenvolver
a criação com desenhos que podem modificar as proporções e testar as
diferentes opções de formas, volumes e detalhes. O desenvolvimento do
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VESTUÁRIO DE MODA 79
design requer ilustrações feitas de forma clara e nas proporções corretas, para
que outras pessoas possam entendê-las facilmente”.
Ainda segundo Jones (2002), a moda expressa o “espírito do tempo” e espelha
as mudanças na sociedade. Para buscar inspiração, o estilista precisa manter
olhos e ouvidos abertos: freqüentar lojas, clubes, cafés, galerias; assistir a
shows e filmes. Ler revistas, jornais e livros, ir a festas, ouvir músicas e, acima
de tudo, observar as pessoas e absorver as sutis mudanças estéticas que
acontecem na sociedade.
Para Bonsiepe (1997, p. 16), o design tem um papel fundamental no processo
produtivo. Frente aos desafios de uma nova realidade, o Design vê ampliadas
suas funções, como um articulador de saberes diversos e gerenciador de
ações em vários níveis, buscando expressar o diferencial de qualidade dos
produtos e a estratégia competitiva das empresas.
É justamente no projeto de produto que a interação com outras áreas da
empresa é necessária, para que se tenham informações úteis para decidir e
atuar eficazmente, como dados da área de Marketing (segmentação,
posicionamento da marca, estratégias, etc...) e na área de Produção
(capacidade de produção, parâmetros técnicos, etc...).
Uma descrição básica da atividade de criação e desenvolvimento de produto
na indústria de confecção de Moda para localizar o Design Têxtil no processo.
a) Marketing; estratégia, briefing, pesquisa primária, público alvo,
concorrência, dimensionamento de mercado, mercados, etc).
b) P&D; Criação/Desenvolvimento - banco de dados: pesquisa
aprofundada, bureau de moda, feiras, desfiles, revistas, e-informação,
ruas, pessoas, coleta de materiais, concorrentes, fornecedores, etc. Uso
de recursos de digitalização da coleta de dados de imagens e texto.
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c) P&D; Criação/Desenvolvimento - ensaios e croquis: organização da
informação em painéis, primeiras definições da forma (desenho,
colagem, montagem 3D, definição de famílias de elementos que farão a
composição de estampas, definição primária da coleção,
d) P&D; Criação/Desenvolvimento – Uso dos recursos de design digital
na elaboração e criação de estampas. Apresentação de Coleção
(Croquis) para as áreas de decisão e ação da empresa (marketing,
financeiro, produção) e principais clientes/fornecedores. Modificações
atendendo às necessidades de viabilização da coleção sem
descaracterizar o diferencial (beleza) do design.
e) Reestruturar o projeto para atendimento das necessidades da
empresa sem perder o diferencial do design: redesenhar, conseguir
unidade na coleção, estabelecer documento de comunicação com todas
as áreas (desenho em rapport, definição de variantes de cores e fichas
técnicas).
f) Executar de protótipos, e retornar informação ao projeto de produto.
g) Aprovação final: junto às áreas de decisão da empresa.
Segue diagrama explicativo do processo de criação e desenvolvimento de
produto em estamparia.
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Figura 26- Diagrama processo criativo em design têxtil. (Fonte: elaborado pelo Autor)
Com essa descrição básica das atividades de criação e desenvolvimento de
produto, é possível perceber o design como condição da existência da
estamparia e é possível de se tornar uma estratégia competitiva, quando
exerce o desenvolvimento de estampas em estampas exclusivas e/ou
inovadoras, no entanto a extensão do design no ambiente digital esta mais
além. Ele é necessário ao processo, por imprimir velocidade e promover
diminuição do tempo de projeto, por modificar a forma de atuar dos
profissionais de criação, aproximando as possibilidades de ver o produto antes
de fazer (simulações) e deixando mais espaço para acerto na busca de
inovação e exclusividade. Finalmente, por abordar de maneira mais eficaz o
processo empírico de criação na moda, oferecendo uma estruturação
organizacional do pensamento e documentação mais dinâmica.
PROJETO DE
PRODUTO
DOCUMENTAÇÃO
DATA INPUT
CONCEITO
CARTELA DE COR
COLEÇÃO DE ESTAMPAS
+ ARQUIVOS DIGITAIS
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6.1.3 Design Têxtil Digital
Com as tecnologias se tornando digitais, a adoção de sistemas automatizados,
softwares de design, etc (CAD, CAE, CAM). modifica o processo de pensar /
fazer e vem atender uma demanda por novos produtos, que exigem tempos
cada vez mais curtos.
Segundo Jones (2002), a partir dos anos 80, computadores e sistemas para a
indústria da moda foram vendidos como sistemas autônomos, chamados
CAD/CAM (Computer Aided Design e Computer Aided Manufacturing ou
Desenho Assistido por Computador/ Manufatura Assistida por Computador).
Estes sistemas não só podiam organizar e agilizar os processos de desenho,
como também eram capazes de operar uma máquina, como um tear ou um
aparelho de corte a laser. A princípio, essas unidades não podiam comunicar-
se entre si, os programas tinham um tipo particular de interfaces e requeriam
uma configuração própria. Estes sistemas são, todavia, efetivos e são
utilizados em escritórios de moda e projetos de produção.
A geração de desenhos de estampas em softwares de design têxtil substitui o
processo manual e fotográfico, chegando a gerar o negativo ou a gravação
diretamente no cilindro ou quadro com ajustes precisos. Alguns desses
processos que foram substituídos:
Registros e encaixes para cada cor;
Nos processos manuais e fotográficos, os encaixes de cada cor eram
determinados com alguma margem de erro, desde que não se inviabiliza a
gravação dos quadros e cilindros, pois não havia precisão absoluta. Com as
ferramentas de design digital, a precisão é absoluta.
Aplicação de retículas, texturas, sobreposições, meios tons;
As retículas feitas à mão são conhecidas como fumês e usam a técnica de
pontilhismo para causar o efeito de degradê. Quando feitas por meio
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fotográfico, com técnicas de quadricromia, são orientadas em um único sentido.
Hoje, se pode aplicar e produzir a retícula de forma aleatória (estocástica) em
todos os sentidos, tamanhos, em mais de 1 cor e em tempo muito menor.
Visualização do desenho em tempo real;
Recursos gráficos que permitem ver o rapport no momento do desenho sem
produzi-lo. Na estamparia convencional, somente é possível visualizar, quando
se estampa o tecido ou a peça.
Variantes de cores
Recursos gráficos visuais de programas de design, permitem ver as variantes
de cores e as simulações possíveis sobre cartela de cores. Nos processos
convencionais é necessário produzir a bandeira de cor (em papel ou tecido).
Geração dos filmes para negativos ou gravação direta.
Os filmes para gravação podem são feitos diretamente do sistema de desenho
para uma plotter ou para máquinas de gravação direta de quadro e cilindro,
pois não precisam do processo de revelação. Antes os negativos eram gerados
a mão e o processo de gravação obrigava a empresa a ter o processo de
revelação ou buscar serviço de fotoestampa.
Simulação virtual em parâmetros técnicos
Simulação do produto final com variantes de cores no ambiente virtual tanto do
tecido como nas peças de confecção – peça piloto virtual.
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Figura 27 – Software de criação e simulação de estampas (Fonte: Kopperman)
Estas são atividades que passam a ser geradas dentro da área de criação e
desenvolvimento de produto (projeto de produto) e que antes eram
prerrogativas do chão de fábrica. A área de desenvolvimento de produto está
ligada com a produção de maneira mais próxima e otimizada.
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7 ANÁLISE
A análise sobre a estamparia como estratégia de diferenciação no produto de
vestuário de moda passa pela observação de empresas de estamparia
convencionais e digitais. Duas empresas de estamparia foram escolhidas a
Digitex e a Horizonte Têxtil, As entrevistas com os profissionais das duas
empresas e descrição de processos são apresentadas a seguir.
7.1 Estamparia digital: Digitex
A escolha desta empresa ocorreu pela sua atividade e por se tratar de uma das
primeiras estamparias no Brasil a produzir estampas apenas no processo
digital.
O autor realizou entrevista com Paulo Heilborn, diretor de produção da Digitex,
para levantamento das informações sobre a estamparia digital e suas relações
com a indústria da manufatura do vestuário de moda
O processo produtivo da Digitex ocorre em ambiente digital, desde a entrada
do pedido, desenvolvimento de produto até a produção.
7.1.1 Infraestrutura
Dados: Digitex Impressões Digitais ltda, localizada à Rua Carandaí, 597 Casa
Verde - São Paulo CEP 02516-020, tel: +55 (11) 2171 0194 - www.dgtex.com.br
Fundada em 2005, dentro do grupo Têxtil Picasso, que desenvolve estampas e
comercializa tecidos. A Digitex surgiu como estratégia de atendimento aos
clientes da Têxtil Picasso. A comercialização e importação de tecidos
acabados/beneficiados sofrem com variações decorrentes das dinâmicas de
mercado, tanto nacional como internacional: variação cambial, tarifações,
políticas de importação, alíquotas, mudanças de consumo, etc. Como o risco
de atender ao cliente quanto a cumprimento de prazos, variação de preço e
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manutenção de padrão de qualidade aumentou, a oportunidade de investir no
setor industrial passou a ser viável, em grande parte motivada pelo aumento
de exigências dos clientes e seus consumidores finais. Em última análise o
investimento no uso de tecnologias de estamparia digital, viabilizaria a redução
do risco no atendimento de demandas variadas gerados pela mudança na
relação cliente/ consumidor /indústria. Sendo assim uma tomada de decisão
estratégica para a competitividade do grupo.
Apesar de ambos atuarem no setor têxtil os ramos de atividades são diferentes.
A têxtil Picasso comercializa diversos tipos de tecidos com todo o mercado
enquanto a Digitex trabalha com uma fatia específica do mercado de
confecção. Mesmo sendo uma empresa do grupo Picasso, é uma indústria
prestadora de serviços de acabamentos com autonomia de gestão, tendo como
clientes outras empresas comerciais, bureaus de estilos e outros segmentos,
como decoração.
A tecnologia sempre fez parte do cotidiano do grupo, mesmo antes da Digitex
vir a ser criada, quando nenhuma outra empresa tinha softwares de design
têxtil, a Picasso já investia e tirava resultados com a sua primeira estação de
trabalho, em 1994. A experiência adquirida anteriormente com migração para
tecnologias digitais de design e controles da empresa e os resultados práticos
alcançados permitiram a Picasso empreender em outras áreas de atividade de
forma natural na mudança do comércio para a indústria.
Assim a Digitex está posicionada e focada em estampar fibras naturais como,
sedas, algodão, viscose, em malhas e/ou tecidos planos, sua capacidade
produtiva gira em torno de 25.000 metros/ mês. O sua área de
desenvolvimento de produto é muito importante para a empresa e está toda
baseada em tecnologias de CAD. Todo desenho é transformado em dados
binários e processados desta maneira até a impressão em tecido. Para o Sr.
Paulo existem diferenças em desenvolver e produzir. “a amostragem para
aprovação é uma etapa importantíssima e, ao mesmo tempo, mais tranquila.
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Numa produção, qualquer erro pode gerar uma enorme diferença no resultado
final, comparado ao aprovado.
Na empresa há um atendimento centralizado que desenvolve briefings junto
aos clientes e passa as informações ao desenvolvimento
Basicamente o custo de desenvolvimento gira em torno de 10% no produto
final. Valor baixo para projeto de produto
A estratégia de atendimento do cliente para o desenvolvimento de produto, tem
na parceria com desenvolvedores externos (designers) uma alternativa que
empresa utiliza nos meses de pico de entrada de pedidos.
A aceitação pelo cliente de um custo superior que outros métodos de estampar,
nunca é boa no primeiro momento. Porém após verificar a qualidade e as
inúmeras possibilidades que o processo digital oferece, o cliente percebe que
no final terá uma peça confeccionada com um grande valor agregado.
7.1.2 Fluxo de produção
Foi mapeado o fluxo de produção da entrada de pedido até a entrega do tecido
e repedido. Seguido de uma descrição de cada etapa.
ATENDIMENTO
PERSONALIZADO
REFERÊNCIAS FÍSICAS
REFERÊNCIAS DIGITAIS
ATENDIMENTO
ANÁLISE DO PEDIDO
ACEITE
RECEBIMENTO
de PEDIDO
PRÉ TRATAMENTO
PÓS TRATAMENTO
PREPARAÇÃO DE IMAGENS
TESTES DE IMAGENS
IMPRESSÃO
DEVOLUÇÃO DE REFERÊNCIAS
ENTREGA
INSUMOS
AMOSTRA PARA
APROVAÇÃO
RETRABALHO
OU
ACEITE
PRODUÇÃO
ATENDIMENTO
PERSONALIZADO
REFERÊNCIAS FÍSICASREFERÊNCIAS FÍSICAS
REFERÊNCIAS DIGITAISREFERÊNCIAS DIGITAIS
ATENDIMENTO
ANÁLISE DO PEDIDO
ACEITE
RECEBIMENTO
de PEDIDO
PRÉ TRATAMENTO
PÓS TRATAMENTO
PREPARAÇÃO DE IMAGENS
TESTES DE IMAGENS
IMPRESSÃOIMPRESSÃO
DEVOLUÇÃO DE REFERÊNCIAS
ENTREGA
INSUMOS
AMOSTRA PARA
APROVAÇÃO
RETRABALHO
OU
ACEITE
PRODUÇÃO
Figura 28 – Fluxo de produção na estamparia digital (Fonte: elaborado pelo autor)
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1- Primeiro atendimento: pedido por desenho (Documentação através de Ficha
de Atendimento), briefing, definição de cores e tipos de tecidos, recebimento
de referências (avaliação da qualidade e dificuldades do material).
2- Recebimento de tecido: definição da qualidade, metragem, análise do tecido,
marcação de defeitos, etiquetagem de controle para tecido.
3- Estimativa de tempo para produção: previsão de prazos de produção de
amostra para aprovação e entrega da produção.
4- Atendimento:
a) Atendimento Personalizado: atendimento ao cliente dentro da
empresa (Marketing), profissional de design e/ou representante junto ao cliente
para definição da adequação do projeto de estampas, coloração e rapport.
Etapas do design: avaliação das referências / escaneamento
montagem da imagem em arquivo digital, criação e
modificação (tempo), desenvolvimento (processo de
cópia), rapport, variantes de cores impressão em papel,
tecido, aprovação imediata do desenho.
b) Atendimento On line: recebimento de referência digital, profissional de
design para definição da adequação do projeto de estampas, coloração e
rapport direto com o cliente.
Etapas do design: avaliação das referências
montagem da imagem em arquivo digital, a partir deste
ponto é o mesmo processo anterior de etapas de design
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c) Atendimento convencional: recebimento de referência física como
tecidos, ilustrações e fotos; o mesmo profissional de design para definição da
adequação do projeto de estampas, coloração e rapport.
Etapas do design: avaliação das referências. O mesmo procedimento para o
atendimento personalizado.
Designer para a preparação de imagem; criação (tempo),
desenvolvimento, rapport e envio para a aprovação do
desenho (e-mail); modificações e redesenho; reenvio para
aprovação final do desenho (e-mail) ou impressão de
amostras; ficha técnica da imagem em parâmetros pré
determinados junto ao tecido); aceite do cliente.
5- Produção de amostra: na produção de amostras os procedimentos no design
e na impressão estão descritos abaixo:
a) Escolha de máquinas por imagem/tecido (impressões claras ou
escuras).
b) Montagem do tecido para amostra.
c) Preparo da impressora (check list) ponto de origem, verificação de
tintas, etc.
d) Impressão e acompanhamento (arquivo digital, regulagem da
impressão).
e) Verificações no procedimento da impressão (enrolamento, checagem
de limpeza, tintas, tensionamento, bolhas no tecido)
f) Impressão da Amostra
g) Pós preparo do tecido
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h) Verificação final dos parâmetros de qualidade: Cores, Fidelidade ao
original
i) Expedição
6- Impressão para Produção: na impressão para produção são os mesmos
parâmetros da amostra, somente se modificam a quantidade de tecido e uma
informação digital da quantidade de metros a serem impressos.
7.1.3 Diferenciação
Os ganhos, segundo o Sr. Paulo Heinborn, diretor da Digitex, em comparação
ao processo convencional de estamparia, estão na possibilidade de estampar
quantidades menores que uma estamparia de cilindro (estamparia de cilindro
pede no mínimo de 1000 metros), atendendo demanda por variedade e
fazendo tecidos exclusivos.
O parque de impressão tem uma dimensão menor que os processos
convencionais por máquina de impressão.
Não há necessidade de estrutura laboratorial complexa, como na estamparia
convencional, para controle de tintas, pré e pós preparo do tecido e tratamento
de efluentes. Os corantes estão condicionados em cartuchos e a impressão por
jato de tinta tem melhor controle de quantidades e depósito de tinta sobre o o
tecido.
Tudo isso no uso de tecnologia digital permite que empresas de confecção
possam desenvolver peças pilotos, peças de desfile e mostruários a custos
mais baixos. Além de pequenas produções em prazos curtos.
Há um grande aumento de pedidos para mais desenhos e variantes de cores
e diminuição da metragem. O cliente quer mais variedade e menos quantidade,
mas o que ocorre é que a maior variedade leva a um maior volume de
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produção em metros de tecido por cliente. A estamparia trabalha mais
variedade e está produzindo mais por pedidos do cliente.
7.2 Estamparia convencional: Horizonte Têxtil
A fim de verificar como a estamparia tradicional atua no mercado o autor
realizou entrevista com a Gerente de Produto da Horizonte Têxtil Monika
Debasa.
A Horizonte Têxtil é uma empresa que passou a existir como marca em 1995,
após a compra da massa falida Industrial Belo Horizonte.
A antiga Industrial Belo Horizonte era uma empresa de algodão que fabricava
grandes volumes, inclusive de estampados, para o mercado de menor valor
agregado. Dificuldades financeiras levaram a empresa a falir.
O Grupo VDL arrematou a empresa em leilão, como oportunidade de ampliar o
negócio em um novo segmento, o têxtil, que até então não fazia parte do
portfólio de empresas do grupo.
7.2.1 Infraestrutura, capacidade produtiva.
Dados da Empresa: Horizonte Têxtil Ltda. Localizada à Av. Bernardo
Vasconcelos, 638 bairro da Cachoeirinha em Belo Horizonte – MG, tel: 31150-
000 (31) 2122-7000, www.horizontetextil.com.br - www.grupovdl.com.br
A estrutura da empresa é verticalizada, contemplando a fiação, tecelagem e
acabamento. O Acabamento abrange os tingimentos em reativo, os tingimentos
desbotáveis, espatulados e estamparia, além de máquinas como escovadeiras
e peletizadeiras que agregam maior valor ao produto. O mix da Horizonte tem
um concentração em artigos de algodão, como tricolines, sarjas e
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maquinetados. Ela atua principalmente no mercado de confecção, além da
indústria (carrinhos de bebes) e do ramo de calçados e acessórios.
Sua produção alcança o volume de 1.800.000 metros de tecidos beneficiados
por mês, atendendo o mercado nacional e América Latina.
A Horizonte Têxtil tem uma estrutura física com 3 plantas industriais, porém é
enxuta em relação a estrutura de pessoas. Sempre teve as áreas de
estamparia e de tingimento dentro do seu beneficiamento, inclusive com uma
gravação convencional de cilindros interna. Não utiliza trabalhos de terceiros na
área de estamparia.
A estamparia é rotativa, em máquinas da marca STORK. O tipo de estamparia
é com corantes reativos, pigmentos ou desbotáveis. Usa também alguns
químicos especiais, como relevos, brilhos, corrosivos, mas em menor escala.
A estamparia em pigmento foi, nos últimos anos, a de maior volume, pois
mantém uma ótima relação custo-benefício. Porém, por questões ligadas a
tendências de Moda, no momento, a estamparia de desbotável produzidos
apresenta volumes crescentes.
A Horizonte trabalha com quantidade mínima de 1000m. Porém em casos
especiais (poucos cilindros), pode se rodar (estampar) apenas 500m por
variante de cor do mesmo desenho.
A logística de programação está voltada em atender aos pedidos em carteira,
ou seja, itens que já foram vendidos. Esta envolve a administração do estoque
intermediário de tecido cru e do acabado. Na época do lançamento, é gerado
um estoque pré calculado para as futuras solicitações de cortes e pilotagem.
Os grandes volumes geram menor lucratividade e os menores volumes, o
oposto. Por isto, são feitos investimentos constantes, que possibilitem o
atendimento de diferentes volumes, para a melhoria de maquinário, ou mesmo
aquisição de novas máquinas, sistematizações, treinamento pessoal, etc..
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No decorrer do tempo, de 1995 até hoje, a Horizonte produz mais variedade,
que quantidade principalmente no acabamento. É chamado de SKUS (stoke
keeping unit) a unidade de variedade de cada produto e a cada lançamento o
desenvolvimento de produto analisa os SKUS por processo para não provocar
gargalos de produção.
7.2.2 Mercado
Quanto ao mercado, a Horizonte atua principalmente no mercado de confecção
(marca própria, private label, magazines), além da indústria (carrinhos de
bebês) e de calçados e acessórios.
O cliente é o principal ponto de qualquer trabalho. Ele, que tem o poder da
escolha, é o termômetro de tudo. Na Horizonte, existe um trabalho de
desenvolvimento exclusivo apoiado em softwares de design, muito voltado a
estamparia e os artigos foram desenvolvidos para atender as particularidades
do negócio de cada cliente.
O atendimento do cliente é feito pelo representante com preenchimento de um
formulário, chamado de PEDE. (pedido de desenvolvimento exclusivo) Este
formulário tem várias questões a serem preenchidas e o representante é
treinado pelas áreas de marketing e de produto para poder preenchê-lo
corretamente. O depto. de Marketing e de Produto pode auxiliar o
representante junto ao cliente. Em um segundo momento, o desenvolvimento
de produto é quem atende ao cliente, pois na medida que o trabalho se inicia é
importante o contato direto para ganhar tempo e diminuir os possíveis ruídos
de comunicação.
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7.2.3 Desenvolvimento de Produto
Para evitar frustrações, perda de tempo e de dinheiro em projetos de alto risco
de produção, sem eliminá-los por inteiro, foi sistematizado o fluxo de
desenvolvimento de produto em um processo personalizado, este processo foi
desenvolvido em loco atendendo as necessidades existentes. Este processo é
chamado de STAGE GATE e foi desenvolvido junto com a Fundação Don
Crabral, de MG. Resumidamente, o STAGE GATE nada mais é que uma série
de “portas” de questionamento durante do processo de desenvolvimento que
direciona e checa cada fase, sem atropelos, o que garante um lançamento de
produtos muito seguro e viável, inclusive para a produção.
O processo de desenvolvimento de produto “STAGE GATE” conta com 6 fases
fundamentais do fluxo de um novo produto:
1) A criação, o plano das idéias e a pesquisa.
2) Viabilidade técnica – teste de laboratório
3) Viabilidade técnica – teste em produção
4) Viabilidade comercial
5) Repetibilidade dos padrões pré-definidos
6) Lançamento do produto.
Para isto, o Departamento de Criação conta com apoio de vários
departamentos:
Criação - é o departamento centralizador de produto, que responde
diretamente à Gerência de Produto. Nele há 3 desenhistas que desenvolvem
as estampas em CAD´s, um coordenador que atua estrategicamente com a
gerência nas visitas a clientes e pesquisa de mercado. Sempre que possível
disponibilizamos uma vaga para um estagiário é disponibilizada.
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Tecelagem - há um responsável técnico por gerenciar todos os
desenvolvimentos na fiação e tecelagem.
DTA - área técnica de acabamento com um responsável em gerenciar
todos os desenvolvimentos na área de acabamento (preparação, tingimento,
estamparia, acabamento).
Marketing - mostruário, material de lançamento e eventos.
Depto Comercial - gerência comercial, atendentes e representantes.
PCP - onde se fazem as programações dentro da produção.
Qualidade - orienta nos projetos que envolvem lavagem e a pós-
confecção da peça.
Custos - desenvolvemos várias simulações de custo durante o processo
de desenvolvimento, sendo o primeiro logo no início do trabalho.
A área de produto é de grande importância na Horizonte Têxtil e é considerada
estratégica, pois via Desenvolvimento, muitos passos foram dados em relação
ao posicionamento de mercado, descobertas de novos nichos, inovação em
produtos e processos.
A entrevistada afirma acreditar que quando mais a área de produto se fortifica
em conhecimento técnico sobre fluxos e processos, mais ela age como
facilitadora da Produção, considerando que há uma área de produção
consciente que as partidas serão cada vez menores e a exigência do cliente
cada vez maior. E não se trata de uma solicitação de um departamento, mas
sim da realidade de um mercado. Outro ponto importante é que existem muitos
projetos frutos de necessidades industriais, o que facilita a relação de ida e
volta nas relações entre os departamentos.
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7.3 Estamparia na estratégia competitiva.
A estamparia, no modelo de estratégia competitiva de Porter (1986) vem
atender a MVM, principalmente quanto à diferenciação
A estampa aplicada ao produto de moda, por exemplo, é usada na
identificação de um novo produto que, no processo produtivo da confecção,
não muda fisicamente. Sobre a mesma base de tecido e modelagem aplicam-
se diferentes estampas, mantendo qualidade e preços inalterados, mas
diferenciando esteticamente o produto final.
Figura 29 – Diferenciação no produto de confecção(Fonte:Catálogo Digitex)
No modelo de Contador (1996), a principal prioridade competitiva na MVM é a
competição em imagem, a segunda é por produto seguido por prazo e preço.
Segundo afirma MENDES (2006), imagem do produto e da empresa valoriza a
marca quando oferece prestígio e exclusividade de produto ao cliente A
estamparia deve ser pensada como estratégia a ser adotada pela empresa que
deseja competir em imagem.
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Figura 30 – Imagem da mesma estampa sobre outras modelagens
(Fonte: Catálogo Digitex)
As análises decorrentes das duas empresas apontam para importâncias como,
a dos clientes e sua proximidade coma a empresa de estamparia e destacam
que os arranjos produtivos atendem às mudanças decorrentes da globalização
se adaptando as realidades de mercado. As empresas de estamparia tanto
convencional como digital respondem as demandas da MVM, ao oferecer
desenvolvimento de estampas e volumes de produção que privilegiam a
variedade, com desenhos e variantes de cores diversas de estampas.
As entrevistas ressaltam ainda a dimensão e força que o cliente na manufatura
de vestuário de moda tem sobre a empresa, conforme Monika Debasa gerente
de produto da Horizonte Têxtil “Ele, que tem o poder da escolha”. Este cliente
busca partidas menores com variedade e exclusividade.
A área de criação e desenvolvimento de produto (P&D), tanto na estamparia
convencional quanto na digital fazem uso de CAD / CAM abandonando
(paulatinamente, no caso da estamparia convencional), todo processo manual
de desenho (separação de cores, negativos, rapports) e os processos manuais
e mecânicos na gravação / revelação de quadros e cilindros substituindo por
processos eletrônicos, conforme gráfico na p. 61. A área de desenvolvimento
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VESTUÁRIO DE MODA 98
também é responsável por inovar ao estabelecer novos parâmetros de projeto,
como conseqüência dos conhecimentos produtivos em relação as demandas
dos clientes, conforme esclarecimento de Monika Debasa “via
Desenvolvimento, muitos passos foram dados em relação ao posicionamento
de mercado, descobertas de novos nichos, inovação em produtos e
processos”.
Na estamparia digital é visível a aproximação do projeto junto ao processo
produtivo e ainda a entrada de pedidos, passa por atendimento pormenorizado
de equipes de vendas ou profissionais de atendimento com auxílio de
departamento de marketing ou do desenvolvimento, uma das características do
pedido é desenvolver um briefing para o trabalho.
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8 CONCLUSÃO
8.1 O estudo sobre estamparia
Este trabalho foi concebido para abordar a estamparia têxtil nas suas relações
com manufatura de vestuário de moda, buscando enfatizar como pode ser
estratégica na diferenciação do produto de moda. Ao se deparar com a falta de
bibliografias específicas sobre estamparia e frente a realidade de que estudos
voltados para a estamparia como promotora de valor agregado não mostram o
contexto dos cenários competitivos globais. O autor procurou desenvolver
estudo e abordar a estamparia têxtil (acabamento e beneficiamento, gráf-1, p
20) como uma área de conhecimento ligada à cadeia têxtil que precisa ser
melhor conhecida.
Para desenvolver este trabalho foram usadas bibliografias indiretas: livros,
dissertações, artigos e monografias, entrevistas e a vivência na área. Os
materiais pesquisados privilegiam um único aspecto da estamparia sem
mostrar suas relações contextuais: mercados globais, segmentação de
mercado, o consumidor, arranjos produtivos etc. Algumas abordagens sobre o
design de estampa enfatizam os aspectos do projeto de produto, deixando os
arranjos produtivos, que determinam se o projeto é exeqüível ou não, de lado.
Os parâmetros que o projeto tem que atender quanto ao segmento de
mercado, também não são mencionados nas análises sobre desenvolvimento
de estamparia.
Quando os estudos abordam aspectos técnicos da estamparia como tipos de
estamparia, não conseguem definir se a estamparia se encontra como
fornecedor ou em arranjos verticalizados nem definem a importância do design.
Estes são alguns exemplos de como os estudos da estamparia têxtil no Brasil
estão em débito com essa área de conhecimento e trabalho.
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VESTUÁRIO DE MODA 100
Assim, esta pesquisa procura contextualizar a estamparia têxtil no cenário
brasileiro e mundial, as tecnologias e as técnicas de estampagem empregadas,
o projeto de produto, os designers, as relações com o mercado principalmente
na relação com a confecção de moda e buscou contribuir para se pensar a
estamparia na dinâmica da concorrência mundial.
8.2 Aspectos gerais da estamparia
A expressão da Manufatura de Vestuário no mercado interno brasileiro é
significativa, com 20.853 unidades produtivas de confecções, que geram um
total de 1.194.000 empregos, sendo o setor de vestuário responsável por gerar
US$ 30,2 bilhões de receita bruta em 2006 (IEMI, 2007). A estamparia não
dispõe de dados específicos, como volumes de tecidos e número de peças
estampadas, mas é um dos fornecedores para a MVM.
A moda movimenta uma cadeia que tem a participação de diversos atores com
foco em um público consumidor ávido por inovações constantes, criações
exclusivas ou estéticas que o distinguirão entre as demais pessoas.
Conforme Agostinho (2002) salienta, quanto às questões culturais da
sociedade contemporânea sobre a perspectiva de uma cultura global, esta não
aponta para homogeneidade ou uma cultura comum; mas é possível
argumentar que o fortalecimento da noção que todos compartilhamos do
mesmo pequeno planeta e estamos envolvidos diariamente numa série
crescente de contatos culturais com outros amplia o leque de definições
conflitantes do mundo com as quais somos postos em contato. Esta
aproximação de culturas nacionais concorrentes, envolvidas em disputas pelo
prestígio cultural global, é uma possibilidade de cultura global.
E ainda Agostinho (2002) discorre, Como decorrência de pressões
competitivas, as empresas vêm reestruturando processos e relacionamentos a
partir de novos desenhos organizacionais baseados na intensificação dos
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VESTUÁRIO DE MODA 101
fluxos de informações e conhecimentos. Os principais fatores de
competitividade das décadas de 1960 e 1970 – custos de produção e qualidade
dos produtos – não são mais suficientes para se obter vantagens competitivas,
observando-se, a partir de meados da década de 1980 até o presente, que dois
novos fatores competitivos passaram a se destacar na realidade empresarial: a
flexibilidade organizacional e a diminuição dos tempos de resposta.
Os arranjos produtivos das estamparias se configuram de diversas maneiras
para atender a dinâmica do mercado. Exemplos disso são a Digitex e a
Horizonte Têxtil que são fornecedores para confecção; a Hering, que tem a
estamparia internamente no seu arranjo produtivo e, ainda, as empresas de
comércio e importação de tecidos que têm a área de desenvolvimento de
produto (P&D) aqui no Brasil. Estas empresas diminuem o risco de trazer ou
produzir tecidos para comercializar no mercado genérico, ao orientar o produto
para a necessidade do cliente específico. Atendem e desenvolvem o tecido
estampado exclusivas com cartela de cores diferenciadas o desenho das
estampas é orientado com e para o cliente. Assim, as empresas de comércio e
importação produzem com terceiros no Brasil ou importam conforme os custos
de produção.
8.3 Estamparia estratégia para a MVM
Conforme Garcia (1994, p,32) afirma que, diante deste conjunto de mudanças,
a competitividade do setor têxtil de confecção, atualmente, não depende
apenas da eficiência das empresas isoladamente, mas abrange o
estabelecimento de uma “coordenação entre as empresas envolvidas em todas
as etapas da cadeia produtiva”
Conforme Castells (1999), a articulação espacial das funções dominantes na
sociedade em rede acontece dentro de redes de interação viabilizada pela
utilização de equipamentos de telecomunicação. A infra-estrutura pode ser
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vista como expressão dessa rede de fluxos, cuja arquitetura e conteúdo são
determinados pelas formas existentes de poder.
Nas entrevistas com as estamparias Digitex e HorizonteTêxtil; é evidente que
seus arranjos atendem demandas por exclusividade ou de produtos
personalizados da MVM.
São fornecedores que estão estreitando sua relação com clientes e respondem
prontamente com infraestrutura, conhecimento e pessoal apto para atender,
desenvolver e produzir tecidos estampados. Tanto na estamparia convencional
quanto digital o cliente está próximo do desenvolvimento.
As novas tecnologias, como estamparia digital, permitem a empresas que não
têm processos produtivos migrar das áreas de serviço e varejo para o setor
industrial.
Ao modelo de estratégia competitiva descrita por Porter (1986), a estamparia
atende, principalmente quanto à diferenciação.
A estampa promove a diferenciação no produto de vestuário, no insumo
(tecido), na própria peça de roupa ao ser aplicada sobre a modelagem ou sobre
a peça fechada e, ainda, na customização do vestuário no varejo, mas só será
uma vantagem competitiva por diferenciação para a MVM se o conjunto de
esforços da empresa estiver alinhado com seus fornecedores, clientes e
consumidores finais.
No aspecto do projeto de produto da estamparia que tem a criação como foco
principal, o designer têxtil tem que traduzir em imagens os desejos do
consumidor final, através de informações e pesquisas de tendência de moda
local, acompanhando tendências internacionais, valor das marcas e
Informações que dependem do posicionamento da empresa frente aos
segmentos de mercado (normalmente vinda do departamento de marketing e
do cliente).
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O desenho da estampa é uma estética do belo que varia na compreensão do
indivíduo, dos grupos, das sociedades. A beleza de uma estampa não está no
valor do tangível, está no seu reconhecimento e isto é definido no negócio pelo
consumidor final.
As várias técnicas de estampar e tecnologias permitem à estamparia atuar
desde grandes escalas de produção, até partidas menores, em busca de
variedade, exclusividade e customização.
A tecnologia digital é promotora da aproximação de áreas como lavanderia e
tinturaria com a estamparia, convergindo todas para uma única área de
atuação. A estamparia caminha para a convergência de tecnologias e um
desses exemplos é a estamparia a laser que está na transição entre
estamparia e lavanderia.
Uma outra possibilidade de convergência é a de unir áreas de criação e
produção em um único arranjo: na estamparia digital, a aproximação do design
com a impressão é tanta que o profissional que desenvolve e produz é o
mesmo, auxiliado por CAE, CAD, CAM e a diferença entre protótipo e produção
é o valor numérico, que pode ser 1 ou 1 milhão. Ainda na estamparia digital, é
possível colocar a estampa corrida na localizada e ainda aplicar esta estampa
na modelagem, através do risco (desenho do molde) segue exemplo ilustrativo.
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Figura 31 – Ilustração estampa localizada e corrida na modelagem
(Fonte:elaborado pelo Autor)
Assim estamparia deve ser considerada como estratégica para MVM quando
esta busca por diferenciação do produto de confecção junto ao consumidor
final.
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