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UNIVERSIDADE PAULISTA
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E O OUTSOURCING COMO
ESTRATÉGIA DA MANUFATURA DO VESTUÁRIO DE MODA
ROMY TUTIA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista para
obtenção do título de Mestre.
SÃO PAULO
2008
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UNIVERSIDADE PAULISTA
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E O OUTSOURCING COMO
ESTRATÉGIA DA MANUFATURA DO VESTUÁRIO DE MODA
ROMY TUTIA
Orientador: Prof. Dr. José Benedito
Sacomano
Área de Concentração: Engenharia de
Produção
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista, para
obtenção do título de Mestre.
SÃO PAULO
2008
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TUTIA, Romy
A Gestão da Cadeia de Suprimentos e o Outsourcing como Estratégia
da Manufatura do Vestuário de Moda
Romy Tutia, São Paulo, 2008
184 p.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Paulista, 2008.
Área de Concentração: Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Dr. José Benedito Sacomano.
1. Moda
2. Manufatura
3. Estratégia
4. Suprimentos
5. Outsourcin
g
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP III
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
ERRATA
ERRATA
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP IV
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
DEDICATÓRIA
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu filho Gabriel
que, no auge dos seus treze anos, mostrou
companheirismo e amizade,
sabedoria e muita paciência.
Incentivo nos momentos mais difíceis.
Perseverança,
virtude reservada somente aos “homens” de bom coração.
E amor e ternura, de um jovem “ser iluminado”.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP V
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha eterna amiga-irmã Tita, que graças à Deus está
sempre comigo em minha vida.
Ao “senhor” Prof. João Paulo Mendes, muitíssimo obrigada
pelo incentivo e paciência com os preciosos conselhos. Aprendi muito!
Agradeço às “minhas queridas meninas”, Fabiana, Paula e Thaís
por me deixarem estudar durante as festas.
Ao meu irmão Charles e sua esposa Ana, obrigada pelo incentivo.
À minha família pelo apoio durante a realização deste trabalho.
Aos professores do curso de Moda da FMU, “master” equipe de trabalho,
agradeço o apoio nos momentos de “estresse acadêmico”.
Prof. Scodiero, muitíssimo obrigada com o photoshop, ficou ótimo!
Aos amigos e grandes incentivadores para conclusão desta jornada,
Profª Dra Suzana Avelar e Prof. Dr. Armando Lourenzo Moreira Junior.
Aos profissionais Larissa, Bruna e Décio,
representantes das empresas estudadas, obrigada pelas valiosas informações.
Aos professores do programa de mestrado de engenharia de produção,
Prof. Dr. Antonio Pereira Leite de Albuquerque, Prof. Dr. José Paulo Alves Fusco,
Prof. Dr. Pedro Luis de Oliveira Costa Neto e Prof. Dr. Oduvaldo Vendrameto,
que muito contribuíram para minha formação profissional e pessoal.
Ao meu querido orientador
Prof. Dr. José Benedito Sacomano,
pelo carinho e paciência que teve comigo durante todo o período do programa.
Aos queridos amigos e colegas do mestrado
Fabio Romito, Marco Antonio Andreoni, Fabiana Mendes Lima, Émerson Otsuka e
aos novos amigos,
Fabio Sevegnani, Namara Napolitano e Nilzeth Gusmão.
Finalmente conseguimos...
À Deus, por permitir que minha vida esteja “recheada” de SUCESSO, sempre!
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP VI
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
EPÍGRAFE
EPÍGRAFE
“De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição
dos conhecimentos e não, de certa maneira e à medida do possível,
o descaminho daquele que conhece? Há momentos na vida em
que saber que podemos pensar diferente do que pensamos
e perceber diferente do que vemos é uma questão
indispensável para continuar a
olhar ou a refletir.”
Michel Foucault
“Se depender de mim, nunca ficarei plenamente maduro
nem nas idéias nem no estilo,mas sempre verde,
incompleto, experimental.”
Gilberto Freyre
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP VII
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
ÍNDICE
ÍNDICE
ERRATA........................................................................................................................................III
DEDICATÓRIA..............................................................................................................................IV
AGRADECIMENTOS.......................................................................................................................V
EPÍGRAFE.....................................................................................................................................VI
ÍNDICE........................................................................................................................................VII
RESUMO.......................................................................................................................................IX
ABSTRACT.....................................................................................................................................X
LISTADEABREVIATURASESIGLAS................................................................................................XI
LISTADEILUSTRAÇÕES................................................................................................................XII
LISTADETABELAS,GRÁFICOSEQUADROS..................................................................................XIII
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................14
OBJETIVOS..........................................................................................................................................15
OBJETIVOSSECUNDÁRIOS.......................................................................................................................15
FORMULAÇÃODOPROBLEMA.................................................................................................................15
JUSTIFICATIVA......................................................................................................................................17
1 PESQUISAEMETODOLOGIA................................................................................................20
1.1 ABORDAGEMSOBREOCONCEITODEPESQUISA.................................................................................20
1.2 TIPOSDEPESQUISA.....................................................................................................................21
1.3 ABORDAGEMDAPESQUISA...........................................................................................................24
1.4 MÉTODODEPESQUISA.................................................................................................................26
1.5 MÉTODOESCOLHIDO...................................................................................................................28
1.6 ESTRUTURADOTRABALHO...........................................................................................................29
1.7 TERMOSEEXPRESSÕES.................................................................................................................31
2 ESTRATÉGIASEPRIORIDADESCOMPETITIVAS.....................................................................32
2.1 ESTRATÉGIASCOMPETITIVAS.........................................................................................................32
2.1.1 Conceitodeestratégia..................................................................................................32
2.1.2 Estratégiacorporativa..................................................................................................33
2.1.2.1 Estratégiacompetitivaoudenegócio..............................................................................35
2.2 PRIORIDADESCOMPETITIVASDAPRODUÇÃO....................................................................................37
2.2.1 Critérioscompetitivos...................................................................................................42
2.2.1.1 Custo.................................................................................................................................44
2.2.1.2 Desempenhonaentrega..................................................................................................45
2.2.1.3 Flexibilidade......................................................................................................................45
2.2.1.4 Qualidade.........................................................................................................................47
2.2.1.5 Inovatividade....................................................................................................................50
2.3 ÁREASDEDECISÃO......................................................................................................................51
2.3.1 CategoriasdeDecisõesEstruturais..............................................................................51
2.3.2 CategoriasdeDecisõesInfraEstruturais......................................................................56
2.3.3 PlanejamentoeControledaProdução.........................................................................59
3 GESTÃODACADEIADESUPRIMENTOS................................................................................60
3.1 RELACIONAMENTODAGCS..........................................................................................................63
3.2 OUTSOURCINGCOMOESTRATÉGIACOMPETITIVA...............................................................................68
3.3 OUTSOURCINGDAMANUFATURA...................................................................................................70
4 CADEIAPRODUTIVATÊXTILECONFECÇÃO..........................................................................77
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP VIII
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
ÍNDICE
4.1 AIMPORTÂNCIADACADEIA..........................................................................................................77
4.2 DINÂMICASDACADEIAPRODUTIVATÊXTILEDEVESTUÁRIOCPTV......................................................84
4.3 DIMENSÃOMUNDIALDOSETORTÊXTIL............................................................................................89
4.4 DIMENSÃODACADEIAPRODUTIVATÊXTILEVESTUÁRIONOBRASIL.......................................................93
4.5 MODAEMERCADO.....................................................................................................................95
4.6 PRODUTODEMODA....................................................................................................................98
4.7 PESQUISADEMODA..................................................................................................................104
4.8 COLEÇÃODEMODA..................................................................................................................109
4.9 DESENVOLVIMENTOEPRODUÇÃODOPRODUTODEMODA................................................................112
5 ESTUDODECASOS............................................................................................................128
5.1 ESTUDODECASO1...................................................................................................................128
5.1.1 MarcaC......................................................................................................................128
5.1.2 MarcaLB....................................................................................................................129
5.1.3 Desenvolvimentodeprodutos....................................................................................129
5.1.4 Departamentodeprodutosimportados.....................................................................132
5.1.5 Cronogramaeetapasdodesenvolvimentodaprodução...........................................132
5.1.6 GestãodoOutsourcing...............................................................................................135
5.1.7 Relacionamentocomfornecedores............................................................................137
5.1.8 Códigodeconduta......................................................................................................138
5.1.9 Etiquetas.....................................................................................................................139
5.1.10 Distribuição............................................................................................................139
5.2 ESTUDODECASO2...................................................................................................................140
5.2.1 Desenvolvimentodeprodutos....................................................................................140
5.2.2 DepartamentodePCP................................................................................................143
5.2.3 Cronogramaeetapasdodesenvolvimentodaprodução...........................................144
5.2.4 GestãodoOutsourcing...............................................................................................146
5.2.5 Relacionamentocomfornecedores............................................................................147
5.2.6 Códigodeconduta......................................................................................................149
5.2.7 Etiquetas.....................................................................................................................150
5.2.8 Distribuição................................................................................................................150
5.3 ESTUDODECASO3...................................................................................................................150
5.3.1 Desenvolvimentodeprodutos....................................................................................151
5.3.2 Cronogramaeetapasdodesenvolvimentodaprodução...........................................152
5.3.3 Relacionamentocomfornecedores............................................................................154
5.3.4 Códigodeconduta......................................................................................................154
5.3.5 Conformidadedeprodutos.........................................................................................154
5.3.6 Etiquetas.....................................................................................................................156
5.3.7 Distribuição................................................................................................................156
6 ANÁLISESECONCLUSÕES.................................................................................................. 157
6.1 ANÁLISES................................................................................................................................157
6.1.1 EstratégiasCompetitivas............................................................................................157
6.1.2 CritériosCompetitivos................................................................................................158
6.1.3 PrioridadesCompetitivas............................................................................................159
6.1.4 GestãodaCadeiadeSuprimentos..............................................................................167
6.1.5 GestãodoOutsourcing...............................................................................................170
6.2 CONCLUSÕES...........................................................................................................................173
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................. 176
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP IX
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
RESUMO
RESUMO
TUTIA, Romy – A Gestão da Cadeia de Suprimentos e o Outsourcing como
Estratégia da Manufatura do Vestuário de Moda. Dissertação de Mestrado em
Engenharia de Produção - Instituto de Ciências Exatas, Universidade Paulista, 2008.
O presente trabalho visa estudar a Gestão da Cadeia de Suprimentos e do
Outsourcing e os aspectos relacionados ao processo de desenvolvimento de um
produto de moda. Relata a dinâmica dos relacionamentos existentes na cadeia
produtiva têxtil e de confecção, tais como a grandeza de sua representatividade, suas
características de segmentação e heterogeneidade e a importância do setor diante da
economia nacional e global.
A Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) tem apresentado soluções para as
empresas interessadas na obtenção de vantagens competitivas, abordando como as
empresas devem definir suas estratégias competitivas e funcionais por meio de um
novo posicionamento com seus fornecedores e clientes.
Em todo o mundo importantes setores buscaram, na última década, novas estratégias
com o objetivo de aprimorar suas capacitações com redução de custos e aumento da
flexibilidade com iniciativas em Outsourcing. Esse movimento deve-se à forte
competição e à crescente demanda por qualidade e inovações nos mercados globais.
Fornecedores e parceiros de negócios se organizam e fortalecem cada vez mais seus
relacionamentos ao longo da cadeia de suprimentos procurando concentrar recursos
em suas competências essenciais.
A metodologia utilizada neste trabalho foi o Estudo de Casos em três empresas de
moda que utilizam processos de desenvolvimento de produtos semelhantes, porém
diferenciam-se quanto a Gestão de Outsourcing entre fornecedores nacionais e
internacionais. Ao final foram sinalizados aspectos que indicam vantagens
competitivas às empresas em relação aos conceitos estudados.
Palavras – chave: Moda, Manufatura, Estratégia, Suprimentos, Outsourcing
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP X
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
ABSTRACT
ABSTRACT
TUTIA, Romy - The Supply Chain Management and Outsourcing as a Strategy
of Fashion Clothing Manufacturing. Dissertation (Masters in Production
Engineering) – ICET, UNIP University, 2008.
This paper aims to study the Supply Chain Management and Outsourcing and issues
related to the process of developing a fashion product. Reports the dynamics of
relationships in the Textile and Confection Supply Chain, such as the size of their
representation, their characteristics and variety of segmentation and the importance
of the sector ahead of the national economy and overall.
The Supply Chain Management (SCM) has presented solutions for companies
interested in obtaining a competitive advantage, addressing how companies must
define their competitive strategies and functional through a new position with its
suppliers and customers.
Around the world major sectors sought in the last decade, new strategies aiming to
improve their capabilities to reduce costs and increase flexibility with initiatives in
Outsourcing. This movement is due to strong competition and the growing demand
for quality and innovation in global markets. Suppliers and business partners are
organized and increasingly strengthen their relationships along the supply chain
looking to concentrate resources on their core competencies.
The methodology used in this study was the Case Studies in three of fashion
companies that use processes of developing similar products, but differentiate
themselves on the Management of Outsourcing between national and international
suppliers. At the end were flagged aspects indicate that competitive advantage to
companies in relation to the concepts studied.
Key words – Fashion, Manufacturing, Strategy, Procurement, Outsourcing
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP XI
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABTT Associação Brasileira dos Técnicos Têxteis
ATMI American Textile Manufactures Institutes
CAD Computer Aied Design
CIM Computer Integrated Manufacturing
CPTC Cadeia Produtiva Têxtil e Confecção
CPTV Cadeia Produtiva Têxtil e Vestuário
ECR Efficient Consumer Response
EDI Eletronic Data Interchange
ESI Early Supllier Involvement
FT Ficha Técnica
GCS Gestão da Cadeia de Suprimentos
IEMI Instituto de Estudos e Marketing Industrial
IPEM Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo
JIT Just in Time
MVM Manufatura do Vestuário de Moda
NIC New Industries Countries – Novos Países Industrializados
PCP Planejamento e Controle da Produção
PIB Produto Interno Bruto
REDEPRO Rede de Empresas e Cadeia de Fornecimentos
RH Recursos Humanos
TI Tecnologia de Informação
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP XII
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA1CONTEÚDODEUMAESTRATÉGIACORPORATIVA.FONTE:HORTEETAL(1987).....................................34
FIGURA2HIERARQUIADEESTRATÉGIAS.FONTEWHEELWRIGHT(1984APUDOLIVEIRA,2006).........................35
FIGURA3FRONTEIRASDAFUNÇÃOPRODUÇÃO:(A)DEFINIÇÃOESTREITA,(B)DEFINIÇÃOAMPLA.FONTE:SLACKETAL
(1999)..........................................................................................................................................38
FIGURA4OPAPELEACONTRIBUIÇÃODAFUNÇÃOPRODUÇÃO.FONTE:SLACKETAL(2002)................................41
FIGURA5COMPLEXIDADEDACADEIAPRODUTIVATÊXTILEDECONFECÇÃO.FONTE:ADAPTADADEEURATEX (2004).83
FIGURA6EIXODACADEIATÊXTIL.FONTE:MENDES(2006)..........................................................................86
FIGURA7CADEIATÊXTIL.FONTE:MENDES(2006)......................................................................................86
FIGURA8CADEIATÊXTILCOMPLETAESUAREDEDENEGÓCIOS.FONTE:MENDES(2006)....................................87
FIGURA9REDETOTALDESUPRIMENTOSDEUMAINDÚSTRIADECAMISASSOCIAISMASCULINAS.FONTE:ROMITO
(2008)..........................................................................................................................................88
FIGURA10COMMODITIESFONTE:IFM(2005APUDMENDES,2006)..........................................................101
FIGURA11COMMODITIES.FONTE:JONES(2005).....................................................................................101
FIGURA12APRESENTAÇÃODETENDÊNCIASINVERNO2007.FONTE:CLARIANT(2006APUD MENDES,2006)...105
FIGURA13ENTRADAPRÊTÀPORTER,PARIS.FONTE:FRINGS(2005)............................................................106
FIGURA14VISTAINTERNA,PREMIÈREVISION,PARIS.FONTE:FRINGS(2005)................................................107
FIGURA15PESQUISADETENDÊNCIAS.FONTE:FRINGS(2005).....................................................................108
FIGURA16COLEÇÃOCOORDENADA.FONTE:JONES(2005).........................................................................110
FIGURA17MIXDEPRODUTO.FONTE:TUTIAETAL(2007).........................................................................111
FIGURA18FLUXODEDESENVOLV.EPRODUÇÃODEPRODS.FONTE: MENDES(2006)ADAPTADAPELAAUTORA.....112
FIGURA19FASEDEELABORAÇÃODECOLEÇÃOEDEFINIÇÃODEMATERIAIS.FONTE:JONES(2005)......................114
FIGURA20ELABORAÇÃODEMODELAGEMCOMSISTEMACAD.FONTE:FRINGS(2005)....................................115
FIGURA21TELADOSISTEMACAD.FONTE:LECTRASISTEMS(APUDROMITO,2008)....................................115
FIGURA22PREPARAÇÃOMANUALDEUMMOLDE.FONTE:JONES(2005)......................................................116
FIGURA23FASEDEELABORAÇÃODAPEÇAPILOTO.FONTE:JONES(2005).....................................................117
FIGURA24FICHATÉCNICAEMSOFTWAREESPECÍFICOLECTRASYSTEM.FONTE:FRINGS(2005).......................119
FIGURA25AMPLIAÇÃOEREDUÇÃODEMODELAGEMCOMUTILIZAÇÃODOSISTEMACADLECTRASYSTEMS.FONTE:
FRINGS(2005).............................................................................................................................120
FIGURA26ENCAIXEMANUAL.FONTE:ARAÚJO(1996APUDMENDES,2006)................................................121
FIGURA27ENCAIXEEMSISTEMACADGERBERTECHNOLOGY.FONTE:FRINGS(2005)..................................121
FIGURA28CORTEDOENFESTO.FONTE:JONES(2005)...............................................................................124
FIGURA29PASSADORIA.FONTE:JONES(2005)........................................................................................126
FIGURA30ARMAZENAGEMDEPRODUTOSCOMUTILIZAÇÃODESISTEMASUSPENSO.FONTE:MOSTOLESDOBRASIL
(APUDROMITO,2008)................................................................................................................127
FIGURA31ORGANOGRAMADASMARCASCELB.FONTE:ELABORADAPELAAUTORA........................................130
FIGURA32FLUXOGRAMADECRIAÇÃOEDESENVOLV.DEPRODUTODAMARCAC.FONTE:ELABORADAPELAAUTORA
..................................................................................................................................................133
FIGURA33ORGANOGRAMADAMARCAON.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA..............................................141
FIGURA34FLUXOGRAMADECRIAÇÃOEDESENVOLV.DEPROD.DAON.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA.........145
FIGURA35FLUXOGRAMADECRIAÇÃOEDESENVOLV.DEPROD.DASL.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA...........153
FIGURA36ILUSTRAÇÃODOMATERIALCOMPLETO.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA.......................................155
FIGURA37ABRANGÊNCIADAFUNÇÃOPRODUÇÃONAMVM.FONTE:ADAPTADADESLACK(1999)PELAAUTORA.158
FIGURA38REDETOTALDESUPRIMENTOSDEUMAMVM.FONTE:ROMITO(2008)ADAPTADOPELAAUTORA......168
FIGURA39REDEDEFORNECIMENTOEOUTSOURCINGDEUMAMVM.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA............171
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP XIII
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E QUADROS
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E QUADROS
TABELA1FÁBRICASINSTALADASPORSEGMENTO.FONTE:IEMI(2007)..........................................................78
TABELA2PRODUÇÃOSEGUNDOOSEGMENTODEATUAÇÃO(EMMILPEÇAS).FONTE:IEMI(2007).......................79
TABELA3NÚMEROMÉDIODEEMPREGADOSPOREMPRESA.FONTE:IEMI(2007).............................................82
TABELA4EMPREGADOSPORSEGMENTO.FONTE:IEMI(2007).....................................................................83
TABELA5DISTRIBUIÇÃOPORPORTE.FONTE:IEMI(2007)............................................................................84
TABELA6PRODUÇÃOMUNDIALDETÊXTEISEVESTUÁRIO.FONTE:ITMF(2005,APUDIEMI,2007)..................94
TABELA7IMPORTÂNCIADOSETORNAECONOMIABRASILEIRA.FONTE:IEMI/IBGE(2007)................................94
GRÁFICO1PORCENTAGEMDERESPONDENTESINDICANDORAZÕESPARAAOPÇÃOPELOOUTSOURCING.FONTE:EHIE
(2001)..........................................................................................................................................75
QUADRO1–TIPOSDEPESQUISADEACORDOCOMSUANATUREZA.FONTE:SILVA&MENEZES(2001).....................20
QUADRO2FORMASDEPESQUISA.FONTE:SALOMON(1991),ADAPTADOPELAAUTORA.....................................23
QUADRO3TÉCNICASDEPESQUISA.FONTE:CERVOEBERVIAN(2002),ADAPTADOPELAAUTORA.........................23
QUADRO4ENVOLVIMENTODOPESQUISADOR.FONTE:BRYMAN(1989).........................................................25
QUADRO5MÉTODOSDEPESQUISA.FONTE:BRYMAN(1989),ADAPTADOPELAAUTORA....................................26
QUADRO6–SITUAÇÕESRELEVANTESPARADIFERENTESESTRATÉGIASDEPESQUISA.FONTE:YIN(2005)...................28
QUADRO7MÉTODOESCOLHIDOPARAPESQUISA.FONTE:ELABORAD OPELAAUTORA..........................................29
QUADRO8ESTRUTURADOTRABALHO.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA........................................................30
QUADRO9CRITÉRIOSCOMPETITIVOSNAMVM.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA........................................158
QUADRO10DECISÕESESTRUTURAISDOSESTUDODECASOS.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA........................164
QUADRO11DECISÕESINFRAESTRUTURAISDOSESTUDODECASOS.FONTE:ELABORADOPELAAUTORA...............166
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 14
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
O presente trabalho está inserido no Grupo de Pesquisas REDEPRO – Rede de
Empresas e Cadeia de Fornecimentos, do Projeto da Cadeia Têxtil e Vestuário do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista –
UNIP.
O estudo apresenta uma análise da competitividade da Cadeia Produtiva Têxtil e de
Confecções (CPTC) com foco nos negócios da Manufatura do Vestuário de Moda
(MVM). Para tanto, o estudo apresenta um levantamento a respeito dos aspectos e
conceitos teóricos relacionados à estratégia de manufatura, de produção e prioridades
competitivas que destacam autores como Slack (2002), Horte (1997), Porter (1991),
Zacarelli (2000), Wheelwright (1984) entre outros.
A cadeia produtiva têxtil e de confecção é importante pela sua capacidade de gerar
empregos e desenvolvimento regional, assim como pela sua significativa
participação no mercado internacional, representando um potencial de ganhos de
competitividade que devem ser considerados.
O presente trabalho procura apresentar alguns pontos importantes a respeito da
dinâmica dos negócios da cadeia produtiva têxtil e de confecção (CPTC), tais como a
grandeza de sua representatividade, visto como um importante setor da economia
nacional e global (setor têxtil-vestuário), a dimensão da cadeia, suas características
de segmentação e heterogeneidade e os aspectos relacionados no processo de
desenvolvimento de um produto de moda diante da atual configuração do cenário de
moda no Brasil e no mundo.
Hoje o design de moda nacional já está ingressando no mercado internacional, porém
é importante levar em consideração o significado competitivo das seguintes palavras
“planejamento, organização, vantagem competitiva, produção e qualidade em
negociação”.
Com um mundo globalizado e sem fronteiras, os limites da criação alcançam
territórios longínquos, porém a resposta positiva para o retorno deste investimento
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 15
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
INTRODUÇÃO
somente virá se for acompanhado de: Planos Estratégicos adequados à Produção,
Gestão da Qualidade na produção de produtos e serviços, Gestão da Cadeia de
Suprimentos, Desenvolvimento de um Relacionamento adequado com Fornecedores
(nacionais e internacionais) e Gestão de Outsourcing, objeto de estudo deste
trabalho.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo relatar a dinâmica dos relacionamentos existentes na
Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecção com a finalidade de analisar a Gestão da
Cadeia de Suprimentos e do Outsourcing da Manufatura de Vestuário de Moda.
Objetivos secundários
1) Relatar as principais atividades produtivas da MVM;
2) Apresentar uma análise da cadeia produtiva têxtil e de vestuário de moda;
3) Descrever estudos de caso que utilizam o Outsourcing como vantagem
competitiva;
4) Contribuir para a formação da literatura específica para a área de Moda e por
conseguinte para a área de conhecimento da Engenharia de Produção.
Formulação do Problema
Segundo Gil (1999) o “problema é qualquer questão não solvida e que é objeto de
discussão, em qualquer domínio do conhecimento”.
Para Laville e Dionne (1999) um “problema de pesquisa é um problema que se pode
“resolver” com conhecimentos e dados já disponíveis ou com aqueles factíveis de
serem produzidos”.
Marconi e Lakatos (1990) afirmam que “definir um problema de pesquisa significa
especificá-lo em detalhes precisos e exatos. É um processo contínuo de pensar
reflexivo, cuja formulação requer conhecimentos prévios de uma imaginação
criadora”.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 16
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
INTRODUÇÃO
De acordo com Zaccarelli (1996), “a vantagem competitiva é um fator decisivo para
o sucesso da empresa sobre os concorrentes, e uma vantagem competitiva sólida e
duradoura é suficiente para garantir seu sucesso, por outro lado, ‘uma desvantagem
competitiva’ também é suficiente para o fracasso”.
A competitividade pode ser obtida através do desenvolvimento de dois fatores
básicos: qualidade e produtividade. Para tanto, é necessário que a empresa ofereça
produtos com a qualidade esperada pelos clientes, a preços aceitáveis pelo mercado,
com custos operacionais compatíveis e que exigem produtividade no uso dos
recursos (COSTA NETO, 2007).
Sendo assim, a questão central formulada para o desenvolvimento da pesquisa
proposta é:
As Manufaturas do Vestuário de Moda reconhecem a importância da Gestão da
Cadeia de Suprimentos e do Outsourcing como vantagem competitiva em seus
empreendimentos?
Para tanto, ao longo do trabalho serão apresentados aspectos e conceitos que
envolvem Estratégias e Vantagens Competitivas, Gestão da Cadeia de Suprimentos e
do Outsourcing e a dinâmica existente para o desenvolvimento de um produto de
moda com fornecedores nacionais e internacionais.
As contribuições deste estudo, além dos objetivos propostos visam acrescentar novas
informações para estudos futuros e servir de reflexão o aprimoramento do modelo de
gestão do Outsourcing das Manufaturas de Vestuário de Moda – MVM.
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
INTRODUÇÃO
Justificativa
Numa época de grandes transformações geradas pela crescente globalização da
economia e dos mercados, é importante uma análise das condições pelas quais a
moda se estrutura e se organiza para atingir seus objetivos de crescimento e
expansão. A moda é uma fonte de novidades que estimulam nosso desejo e há muito
tempo deixou de ser apenas sinônimo de glamour e frivolidade para tornar-se um
poderoso fenômeno social e de grande importância econômica.
“[...] A moda não é mais um enfeite estético, um acessório
decorativo da vida coletiva; é sua pedra angular. A moda terminou
estruturalmente seu curso histórico, chegou ao topo do seu poder,
conseguiu remodelar a sociedade inteira à sua imagem: era
periférica, agora é hegemônica[...]”. (LIPOVETSKY, 1989).
Na década de 90 a Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecção foi um dos setores que
mais sentiu o impacto da abertura comercial e da sobrevalorização cambial verificada
no período pós-Plano Real. Para fazer face ao desafio lançado pelo incremento da
concorrência, causado pelas importações, todos os elos foram forçados a se ajustar, o
que não foi realizado de forma homogênea, embora, de imediato, tenha gerado um
impacto positivo em termos de competitividade. Todas as reestruturações verificadas
em relação ao aparato tecnológico, gestão de pessoas e custos e estratégias
empresariais foram vitais para a sobrevivência da cadeia sob o novo contexto de
competição, que apresentava-se naquele período.
O setor de confecções sofreu os impactos das alterações nos seus mercados
consumidores, que passaram a exigir uma produção mais flexível e adequada às
exigências dos clientes finais, além de sofrer uma série de mudanças em relação aos
fornecedores, gerenciamento de insumos e da própria cadeia de produção.
Atualmente a Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecção – CPTC – é a sexta mais
importante no ranking mundial de produtores têxteis e confeccionados do mundo,
reunindo cerca de 30 mil empresas geradoras de 1,5 milhões de postos de trabalho
diretos, sendo ainda, o segundo setor econômico que mais emprega no país. É
importante observar que 70% da mão-de-obra empregada é feminina, em grande
parte formada por chefes de família. A cadeia produtiva têxtil e de confecção
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
INTRODUÇÃO
representa, atualmente, 17% do PIB industrial brasileiro (IEMI, 2007), levando a
Moda hoje a ser um dos mercados mais concorridos em todo país.
Segundo Prochnik (1989) e Haguenauer (2002), as cadeias produtivas resultam, por
um lado, do crescente processo de desintegração vertical e da divisão do trabalho e,
por outro, da maior interdependência originada por pressões competitivas entre os
agentes econômicos. Uma cadeia produtiva pode ser então definida como o conjunto
de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos
os diversos insumos. Cadeias produtivas setoriais são aquelas em que as etapas são
representadas por setores econômicos e os intervalos pelos mercados entre setores
consecutivos.
A moda é abordada como um fenômeno sócio-cultural que expressa os valores da
sociedade – usos, hábitos e costumes, em um determinado momento. Barthes (2005)
considera o vestuário um objeto ao mesmo tempo histórico e sociológico. Afirma
ainda que a indumentária é concebida sempre como o significante particular de um
significado geral e que é exterior, como a época, o local ou a classe social.
O comportamento do consumo é definido como o estudo do modo como as pessoas
selecionam, compram, usam e descartam produtos e serviços para satisfazer suas
necessidades e desejos. Relaciona-se a entender o cliente a fundo, adquirindo uma
visão abrangente e completa tanto do cotidiano como das mudanças que ocorreram
ao longo do de sua vida. Está diretamente relacionado à percepção pessoal e ao nível
de envolvimento do indivíduo com o produto, é determinado pelo grau de
importância com que o consumidor percebe e realiza uma situação de compra ou
mesmo, a maneira de como se relaciona com o produto (KELLER e KOTLER,
2006).
Zaccarelli (1996) investigou os fundamentos que contribuem para o sucesso de uma
organização e afirma que ela o alcança quando atinge metas mínimas, aquelas que
atendem às menores exigências das diversas partes interessadas, quais sejam:
clientes, funcionários, acionistas, fornecedores, parceiros, governos, sindicatos,
comunidade, meio-ambientes, etc.
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A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
INTRODUÇÃO
O conceito de estratégia não é simples e a dificuldade de se ter uma definição
sintetizada deve-se à amplitude de seu conceito. Pode-se entender estratégia como
sendo a formulação de caminhos para a busca de vantagens competitivas que
aumentem a competitividade da empresa junto aos compradores, e de diferenciais
mercadológicos que melhorem o posicionamento da empresa frente aos concorrentes.
O autor salienta que é necessário que a característica de um produto ou serviço,
vantagem competitiva, ofereça um acréscimo de valor para o comprador.
(ZACCARELLI, 1996).
Na era da competitividade global, Zaccarelli (1995) ressalta que o grande desafio das
organizações está centrado na capacidade de buscar novas tecnologias, novos
mercados e novos métodos de gerenciamento, ou do redesenho dos processos de
negócio e de integração total das cadeias de valor da empresa, clientes e
fornecedores.
Como profissional do mercado e coordenadora de curso superior de moda, percebo a
importância do conhecimento da Gestão da Cadeia de Suprimentos e do Outsourcing
na construção de uma visão ampla dos processos produtivos, assunto no qual gostaria
de ampliar meus conhecimentos com a finalidade de confirmar sua aplicação como
estratégia competitiva em empresas do setor.
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
1 PESQUISA E METODOLOGIA
1.1 Abordagem sobre o conceito de Pesquisa
A seguir são feitas considerações sobre a metodologia de pesquisa com o objetivo de
caracterizar as abordagens em relação ao método, técnicas empregadas na coleta e
análise de dados e, ao final, são apresentadas quais as formas mais adequadas para a
apresentação do presente trabalho, considerando o enfoque do estudo – Cadeia
Produtiva Têxtil e de Vestuário de Moda.
Segundo Lakatos & Marconi (1992), a especificação de metodologia de pesquisa é a
que abrange maior número de itens, pois responde, a um só tempo, às questões:
Como? Com que? Onde? Quando? Tais questões direcionam o pesquisador a atingir
os objetivos de sua proposta de trabalho.
De acordo com Eco (1997), pesquisar é descobrir algo que ainda não foi dito. Já para
Goldemberg (1993), a definição de pesquisa é um trabalho capaz de avançar um
conhecimento.
Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação de conhecimento, como
procedimento de aprendizagem, sendo parte integrante de todo processo
recosntrutivo de conhecimento (DEMO, 2000).
Uma pesquisa é um conjunto de ações, propostas para se encontrar a solução para um
problema, tomando-se por base procedimentos racionais e sistemáticos e pode ser
classificada da seguinte forma, de acordo com sua natureza, conforme Silva &
Menezes (2001) (Quadro 1).
PESQUISABÁSICA
Pesquisa executada com o objetivo de gerar
conhecimentosnovos,úteisparaoavançodaciência,
semperspectivadeaplicaçãoprática.
PESQUISAAPLICADA
Pesquisa executada com o objetivo de gerar
conhecimentos para aplicação prática, direcionados
paraasoluçãodeproblemasespecíficos.
Quadro 1 –Tipos de pesquisa de acordo com sua natureza. Fonte: Silva & Menezes (2001)
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
Lakatos & Marconi (2005) consideram que toda pesquisa deve ser baseada em uma
teoria. Tal afirmação serve como ponto de partida para a investigação bem sucedida
de um problema. A teoria, sendo instrumento da ciência, é utilizada para conceituar
os tipos de dados a serem analisados. Para sua validade deve apoiar-se em fatos
observados e provados, resultantes da pesquisa. A pesquisa dos problemas práticos,
pode levar à descoberta dos princípios básicos e, freqüentemente, fornece
conhecimentos que tem aplicação imediata.
1.2 Tipos de Pesquisa
De acordo com Gil (1991), pesquisa é o procedimento racional e sistemático que tem
como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. O autor
classifica a pesquisa, do ponto de vista de seus objetivos, em três grandes grupos:
exploratórias, descritivas ou explicativas.
1) Pesquisa exploratória: de acordo Silva & Menezes (2001), consiste em um tipo
de pesquisa que proporciona maior familiaridade com o problema, com o
objetivo de torná-lo explícito ou o de construir hipóteses, que pode ser feita
através de levantamento bibliográfico e/ou entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado e ainda, da análise de exemplos
que estimulem a compreensão do objeto de estudo.
De acordo com Cervo e Bervian (2002), a pesquisa bibliográfica procura explicar
um problema a partir de documentos e referências teóricas publicadas. Pode ser
realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou
experimental. Em ambos os casos buscam-se conhecer e analisar as contribuições
culturais-científicas existentes no passado, sobre um determinado assunto, tema
ou problema.
Charoux (2006) acrescenta que tal tipo de pesquisa objetiva a formulação de
diagnósticos sobre determinado fenômeno ou processo, procurando explorar
todas as dimensões possíveis de um problema.
O estudo exploratório é uma fase da pesquisa que visa auxiliar na definição de
objetivos e levantar informações sobre o assunto pesquisado – o objeto de estudo.
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
O autor ainda considera equivalentes os termos “pesquisa bibliográfica” e
“pesquisa exploratória”. A pesquisa bibliográfica é exploratória, devido ao fato
de representar uma maneira de explorar o conhecimento sobre determinado
assunto, por meio do levantamento de referências existentes sobre ele. Porém,
numa visão mais abrangente considera-se o termo “pesquisa exploratória” como
aplicável em situações que se busca conhecer um fenômeno pouco explorado,
sobre o qual existem poucas referências. Desta forma, seria exploratória uma
pesquisa sobre algo novo ou pouco conhecido ou estudado, ficando a cargo do
pesquisador explorar o campo de conhecimento com possibilidade de conhecê-lo
melhor (MICHEL, 2005).
2) Pesquisa descritiva: visa descrever as características de determinada população,
fenômeno ou situação e o estabelecimento de relações entre variáveis,
envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados como,
questionário e observação sistemática. (SILVA & MENEZES, 2001). Para
Cervo e Bervian (2002), a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e
correlaciona fatos e fenômenos (variáveis) sem manipulá-los.
Charoux (2006) complementa afirmando que tal tipo de pesquisa busca descrever
/ narrar / classificar características de uma situação e estabelece conexões entre a
base teórico-conceitual existente e os fatos coletados.
3) Pesquisa explicativa: tem como objetivo identificar os fatores que determinam ou
que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que
mais aprofunda o conhecimento da realidade, pelo fato de explicar a razão e o
porque das coisas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuidade de uma
pesquisa descritiva, posto que a identificação dos fatores que determina um
fenômeno exige que este seja detalhadamente descrito. (SALOMON, 1991).
De acordo com Salomon (1991), as pesquisas podem assumir diversas formas,
conforme exposto no Quadro 2.
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
FORMASDEPESQUISA ASPECTOSRELEVANTES
ESTUDOSDESCRITIVOS
Tarase dos estudos e descrição das características,
propriedades e relações existentes na comunidade, grupo ou
realidadepesquisada.
PESQUISADEOPINIÃO
Procuramsaberatitudes,pontosdevistaepreferênciasqueas
pessoas têm à respeito de um determinado assunto, com o
objetivodetomardecisões
PESQUISADEMOTIVAÇÃO
Busca saber as razões inconscientes e ocultas que levam, por
exemplo,oconsumidorautilizardeterminadoprodutoouque
determinamcertoscomportamentoseatitudes
ESTUDODECASOS
É a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo
oucomunidadequeseja representativo doseuuniverso,para
examinaraspectosvariadosdesuavida
PESQUISADOCUMENTAL
São investigados documentos a fim de se poder descrever e
compararusos,costumes,tendências,preferências,diferenças
e outras características. Estuda a realidade presente e não o
passado,comoocorrecomapesquisahistórica.
Quadro 2 – Formas de pesquisa. Fonte: Salomon (1991), adaptado pela autora
A pesquisa explicativa ou causal é a mais complexa de ser desenvolvida, pois
requer amplo conhecimento prévio do pesquisador a respeito do fenômeno a ser
investigado (CHAROUX, 2006).
O Quadro 3 apresenta a classificação de uma pesquisa de acordo com os
procedimentos técnicos, segundo Silva & Menezes(2001), como:
TÉCNICASDEPESQUISA CARACTERÍSTICAS
BIBLIOGRÁFICA Elaboradaapartirdautilizaçãodematerialpublicado.
DOCUMENTAL
Utilizase de documentos que não receberam tratamento
analítico.
EXPERIMENTAL
Tipo de pesquisa que é determinada pelo objeto de estudo,
seleciona‐ se variáveis que são capazes de influenciar a
pesquisa,definindoas formas de controle e deobservaçãodos
efeitosqueasvariáveisproduzemnoobjetodeestudo.
LEVANTAMENTO
Pela ação de interrogação direta das pessoas cujo
comportamentosedesejaconhecer.
PESQUISA
PARTICIPANTE
Tipodepesquisaquese desenvolve a partir dainteraçãoentre
pesquisadoresemembrosdassituaçõesinvestigadas.
PESQUISAAÇÃO
Pesquisa desenvolvida e realizada com a associação de uma
ação, com os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema, envolvidos de modo cooperativo ou
participativonaação.
EXPOSTFACTO Pesquisarealizadadepoisdosfatosocorridos.
ESTUDODECASO
Envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado
conhecimento.
Quadro 3 – Técnicas de pesquisa. Fonte: Cervo e Bervian (2002), adaptado pela autora
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
1.3 Abordagem da pesquisa
Silva & Menezes (2001) afirmam que as pesquisas podem ser classificadas como
qualitativas ou quantitativas, de acordo com a forma de abordagem do problema.
1) Pesquisa Quantitativa: segundo Silva & Menezes (2001), é um método de
pesquisa que considera que tudo pode ser quantificável, ou seja, significa traduzir
opiniões e informações em números, para posteriormente classificá-las e analisá-
las. Desta maneira, requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas como
média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de
regressão, etc.
A pesquisa quantitativa caracteriza-se pela formulação de hipóteses a partir de
uma dada teoria. Definida a teoria, busca-se as variáveis que permitirão a
quantificação das hipóteses em estudo. Tal quantificação irá viabilizar a posterior
execução de inferências e correlações que possibilitarão confirmar ou refutar as
hipóteses em estudo (BRYMAN, 1995).
Os estudos denominados qualitativos apresentam características peculiares. Sob
este ponto de vista, um fenômeno pode ser mais bem compreendido e analisado
numa perspectiva integrada, no contexto em que ocorre e do qual é parte. Dessa
forma, é necessário, num trabalho de campo, que se coletem vários tipos de
dados e analisá-los, com o objetivo de entender a dinâmica do fenômeno
(GODOY, 1995). Charoux (2006), complementa afirmando que é um método de
pesquisa que se apóia em medidas e cálculos mensurativos.
2) Pesquisa Qualitativa: é o método de pesquisa que considera a interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados e são básicas neste processo, onde os
dados são coletados diretamente no ambiente pelo pesquisador e tende a analisá-
los indutivamente sem utilização de métodos e técnicas estatísticas. O processo e
seu significado são os focos principais da abordagem (SILVA & MENEZES,
2001).
Lazzarini (1995) definiu pesquisa qualitativa como “a busca pelo entendimento
de um fenômeno dentro de seu próprio contexto”. Tal pesquisa possui ênfase na
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
captação da perspectiva dos indivíduos e suas interpretações sobre os ambientes
nos quais trabalham. Requer uma investigação profunda relacionada ao ambiente
e os seus meios produtivos, utilizando-se de diferentes técnicas, com o objetivo
de entender cada fenômeno, não priorizando a freqüência de ocorrência de dados
compilados. Charoux (2006) complementa afirmando que este método não se
apóia na extensão da amostra e sim na riqueza e no detalhamento dela extraído,
buscando entender não apenas o fato, mas o contexto dentro do qual ele se
desenvolve.
Conforme Bryman (1989), as características da pesquisa qualitativa são:
a) O ambiente natural é a fonte de dados e o pesquisador é o
instrumento fundamental;
b) Múltiplas fontes de dados são utilizadas;
c) O significado que as pessoas dão às coisas é a preocupação essencial do
investigador;
d) Os pesquisadores têm proximidade do fenômeno estudado.
O Quadro 4 proposto por Bryman (1989) confirma o envolvimento maior do
pesquisador com a organização pesquisada no caso do modelo qualitativo.
ASPECTO PESQUISA
QUANTITATIVA
PESQUISA
QUALITATIVA
Ênfasenainterpretaçãodoentrevistado em
relaçãoàpesquisa
Menor Maior
Importânciadocontextodaorganização
pesquisada
Menor Maior
Proximidadedopesquisadoremrelaçãoaos
fenômenosestudados
Menor Maior
Alcancedoestudonotempo Instantâneo Intervalomaior
Númerodefontesdedados Uma Vários
Pontodevistadopesquisador Externoà
organização
Internoà
organização
Quadroteóricoehipóteses Definidas
rigorosamente
Menos
estruturadas
Quadro 4 – Envolvimento do pesquisador .Fonte: Bryman (1989)
De acordo com Godoy (1995), o método qualitativo caracteriza- se da seguinte
forma:
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
“[...] não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem
emprega instrumental estatístico na análise de dados. Parte das
questões ou foco de interesses amplos vão se definindo à medida
que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados
descritivos sobre as pessoas, lugares e processos interativos pelo
contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando
compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou
seja, dos participantes da situação em estudo [...]”
1.4 Método de pesquisa
Bryman (1989) postula quatro métodos de procedimentos de pesquisa que são
apresentados no Quadro 5.
MÉTODOSDE
PROCEDIMENTOS
DEPESQUISA
CARACTERÍSTICAS
1)Pesquisaexperimental
Possuigranderelevâncianapesquisaorganizacionalpordois
motivos:
permiteaoinvestigadorafazerfortesconsideraçõessobrea
casualidade(queumacoisatemefeitosobreoutra)
facilidadeaospesquisadoresparaempregarpesquisas
experimentais,possibilitaoestabelecimentoderelaçõesde
causaeefeito(oexperimentoévistocomoummodelode
pesquisa)
2)PesquisadeAvaliação
(survey)
Requerumacoletadedados
umnúmerodeunidadesenum
únicoinstante:
éumacoletasistemáticadeumconjuntodedados
qualificáveissobreumnúmerodevariáveisqueserão
examinadasparadistinçãodepadrõesdeassociação
3)Métododeestudode
caso
Caracterizasepor:
provémdeumaformaexploratória,“insight”sobreumdado
tópico
viabilizaotestedeteorias
permiteaconfirmaçãoderesultadosdeoutrosestudos
4)Pesquisaação
Caracterizasepelabuscadesoluçãodeproblemas:
éumaabordagemaplicadanapesquisasocial,quandoo
pesquisadoreumclientecolaboramnodesenvolvimentode
umdiagnósticoesoluçãocientíficadeumdadoproblema
contribuiparaoestoquedeconhecimentonumdomínio
empíricoparticular
Quadro 5 – Métodos de Pesquisa. Fonte: Bryman (1989), adaptado pela autora
Ainda de acordo com Bryman (1989), para o método de estudo de caso considera
que:
[...] o objetivo não é inferir a partir dos resultados de uma amostra
para uma população, mas engendrar características e ligações de
importância teórica [...]
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
A pesquisa através de estudo de casos tem sido enquadrada no grupo de métodos
qualitativos, que se caracterizam por um maior foco na compreensão dos fatos do
que propriamente na sua mensuração. LAZZARINI (1995).
Segundo Yin (2005), o estudo de caso permite uma investigação para preservar as
características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real e pode ser
explanatório, descritivo e exploratório. O autor ainda comenta que:
[...] estudo de casos, assim como experimentos, são generalizáveis
em termos de proposições teóricas e não para populações e
universos. Nete sentido, o estudo de caso não representa uma
´amostra´ e o objetivo do investigador é expandir teorias
(generalização analítica) e não enumerar freqüências
(generalização estatística) [...]
Já para Donaire (1997), o estudo de casos pode ser implementado tanto numa
pesquisa exploratória quanto numa descritiva ou explicativa.
Segundo Gil (1991), a maior utilidade para o estudo de caso é verificada nas
pesquisas exploratórias. Segundo o autor as principais vantagens de estudo de casos
são:
1) Estímulo às novas descobertas, em virtude da flexibilidade de planejamento do
estudo de caso
2) Ênfase na totalidade, pois o problema é focalizado como um todo
3) Simplicidade dos procedimentos, quando colocados frente a outros métodos de
pesquisas
As principais estratégias de pesquisa resumem-se, basicamente, em: experimento;
levantamento; análise de arquivos; pesquisa histórica e estudo de caso. E o que as
diferencia, conforme o autor, são: o tipo de questão proposta; o controle do
pesquisador sobre os eventos e o enfoque a acontecimentos contemporâneos ou
históricos (YIN, 2005) (Quadro 6).
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
ESTRATÉGIA FORMADEQUESTÃO
DEPESQUISA
EXIGECONTROLE
SOBREEVENTOS
COMPORTAMENTAIS
FOCALIZA
ACONTECIMENTOS
CONTEMPORÂNEOS
Experimento Como,porque sim sim
Levantamento Quem,oque,
onde,quantos,
quanto
não
sim
Análisede
arquivos
Quem,oque,
onde,quantos,
quanto
não
sim/não
Pesquisahistórica Como,porque não não
Estudodecaso
Como,porque não
sim
Quadro 6 –Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa. Fonte: YIN (2005)
Ainda segundo o autor, o estudo de caso constitui-se em uma estratégia de pesquisa
adequada quando se pretende entender “como” e “por que” algo ocorre, tratando-se
de acontecimentos contemporâneos sobre os quais o pesquisador não tem controle. O
estudo de caso envolve ainda, a observação direta, pelo pesquisador, dos
acontecimentos estudados, bem como entrevistas a indivíduos neles envolvidos.
(YIN, 2005).
A utilização de casos múltiplos apresenta vantagens e desvantagens em relação a um
único caso. A evidência que resulta de vários casos é mais consistente e o estudo
como um todo é visto como de melhor qualidade (DONAIRE, 1997).
Yin (2005) salienta como uma das grandes críticas ao estudo de caso, é que ele não
permite uma generalização estatística, no sentido de enumerar freqüências, pois não
representam uma amostragem, permitindo somente a expansão e generalização de
teorias (generalização analítica).
1.5 Método escolhido
A técnica de pesquisa bibliográfica e exploratória (descritiva) foi selecionada como
grande ferramenta e recurso para o levantamento de teorias e conceitos relacionados
ao objetivo de estudo proposto. A pesquisa assume um caráter exploratório, quando
as questões levantadas buscam lançar luzes (insights) sobre o objeto de estudo
(SALOMON, 1991).
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
De maneira geral, um trabalho de pesquisa se inicia pelo levantamento das
referências bibliográficas. Atualmente também são consideradas, para a coleta de
informações e dados, consultas em meios eletrônicos. Diante do exposto, a pesquisa
bibliográfica para levantamento do referencial teórico deste trabalho teve ênfase em
quatro estudos que trazem a luz conceitos e considerações a respeito dos temas:
Estratégia e Prioridades Competitivas; Gestão da Cadeia de Suprimentos,
Abordagem sobre o Outsourcing e, finalmente, Cadeia Produtiva Têxtil e de
Confecção, ponto de partida para a posterior escolha da metodologia adotada.
Para o presente trabalho ocorreu a preferência pela abordagem qualitativa pelo fato
de que, durante o período de observação e entrevistas, as questões relevantes e de
interesse para o foco do estudo delinearam-se de maneira mais detalhada e os campos
de ação passaram a ser melhores definidos e delimitados, à medida que o estudo
evoluiu.
O método de pesquisa selecionado para o presente trabalho é o estudo de caso. De
acordo com Yin (2005), o estudo de caso envolve, ainda, a observação direta pelo
pesquisador dos acontecimentos estudados, bem como entrevistas a indivíduos neles
envolvidos.
O Quadro 7 apresenta a Metodologia de Pesquisa escolhida pela autora, sendo do
tipo Descritiva e Técnica Exploratória, abordagem Qualitativa com o método de
Estudo de Casos por meio de entrevistas e observações em 3 empresas de moda.
Pesquisa Métodoescolhido
TIPO Descritiva
TÉCNICA Exploratória
ABORDAGEM Qualitativa
MÉTODO/PROCEDIMENTO Estudodecasos(entrevistaseobservações)
Quadro 7 – Método escolhido para pesquisa. Fonte: elaborado pela autora
1.6 Estrutura do Trabalho
O presente trabalho compõe-se de 6 capítulos, sendo estes (Quadro 8):
Capítulo 1: apresenta as considerações iniciais e gerais do objeto de estudo que se
deseja investigar. Justificativa, objetivos e a metodologia da pesquisa.
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
Capítulo 2: apresenta uma revisão de literatura a respeito dos conceitos sobre a
Estratégia, Prioridades Competitivas relacionados à Estratégia de Produção.
Capítulo 3: examina os conceitos e considerações a respeito da Gestão da Cadeia de
Suprimentos como importante ferramenta estratégica, que permite envolver e
interligar o mercado num grande módulo de rede de distribuição e traz uma
abordagem sobre Outsourcing.
Capítulo 4: apresenta o universo dos negócios e relacionamentos existentes na
cadeia produtiva têxtil e de confecções, uma análise da importância da cadeia têxtil
como setor econômico no país e no mundo e considerações sobre o comportamento
do mercado de moda e a dinâmica existente para o desenvolvimento de um produto
de moda.
Capítulo 5: estudo de casos, procura descrever as observações relacionadas aos
estudo de casos e as características das empresas estudadas.
Capítulo 6: análise e conclusões. Ao final apresentam-se as análises e conclusões
requeridas pelo estudo em questão.
Quadro 8 – Estrutura do trabalho. Fonte: Elaborado pela autora
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Capítulo 1 -
PESQUISA E METODOLOGIA
1.7 Termos e expressões
Diante das idéias e conceitos que o presente trabalho propõe, faz-se necessário
esclarecer alguns termos e expressões, de modo que não prejudiquem o entendimento
do leitor, são estes:
1) Setor Têxtil – é definido, pelos critérios utilizados na ciência econômica, como o
ramo de atividade econômica formado por empresas ocupadas na produção de
insumos e bens que tenham como matérias básicas a utilização de fibras têxteis,
tecidos e outras matérias semelhantes. (MENDES, 2006);
2) Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecção (CPTC) – refere-se ao relacionamento
entre empresas (e seus respectivos processos produtivos) que, de alguma
maneira, produzem produtos e insumos para suprir a demanda do setor têxtil
como um todo;
3) Cadeia Produtiva Têxtil e de Vestuário (CPTV) – inserida na Cadeia Têxtil e
de Confecção, relaciona-se ao segmento do vestuário, ou seja, envolve empresas,
métodos e processos produtivos específicos para a produção de produtos de
vestuário;
4) Manufatura do Vestuário de Moda (MVM) – segundo Mendes (2006), refere-
se ao segmento de Vestuário, destacando seus processos, procedimentos
produtivos e métodos empregados para obtenção de um produto final;
5) Empresas – entende-se por unidades de negócios fabris.
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
2 ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
Este capítulo apresenta uma revisão da literatura sobre os conceitos teóricos de
Estratégias e Prioridades Competitivas e os conceitos relacionados à Estratégia de
Produção e Outsourcing que farão parte do modelo de formulação que se pretende
apresentar ao final deste trabalho. O capítulo se inicia com a discussão sobre as
definições e suas características, seguindo-se com o detalhamento dos critérios
competitivos e das categorias de decisão.
2.1 Estratégias Competitivas
2.1.1 Conceito de estratégia
O dicionário Aurélio, Ferreira (2004), define estratégia como a “arte de explorar
condições favoráveis com o fim de alcançar objetivos específicos”. A estratégia,
porém, atua como instrumento de gestão de processos produtivos, é destacada com
relevância por determinados autores para os quais, sob diferentes óticas, consideram
que a adoção de modelos de estratégia é fundamental para o alcance do sucesso
empresarial. Não se descuidam, entretanto, do fator custo em cada análise e se fixam
em aspectos genéricos possivelmente aplicáveis à maioria das empresas do mercado.
Segundo SLACK et al (2002), “[...] Alguns autores chegam a considerar que a
tentativa de alcançar uma definição única poderia ser enganosa. Certamente, é
possível, e muitas vezes útil, possuir perspectivas diferentes e alternativas sobre o
que consideramos estratégia”.
O autor completa, “[...] Sobre o termo estratégia, consideramos que ela está presente
quando uma empresa articula sua estratégia e, portanto, escolhe tomar uma direção,
em vez de outra. A empresa tomou decisões que a comprometem com um conjunto
particular de ações. O padrão de decisões subseqüentes reflete seu comprometimento
continuado nessa direção. De forma alternativa, se o padrão de suas decisões
mudarem, isso indicará alguma mudança em sua direção estratégica.” (SLACK et al,
2002).
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O autor ainda considera que decisões estratégicas geralmente significam as decisões
que: i) têm efeito abrangente na organização a qual a estratégia se refere; ii) definem
a posição da organização relativamente a seu ambiente; iii) aproximam a organização
de seus objetivos de longo prazo. (SLACK et al, 2002).
Weelwright (1984 apud SLACK et al, 1997 e PIRES, 1995), apresenta uma
hierarquia das estratégias, formada por: estratégia corporativa; estratégia de negócios
e estratégias funcionais.
2.1.2 Estratégia corporativa
A estratégia corporativa refere-se às decisões da organização, corporação como um
todo, que é formada por várias Unidades de Negócios. Slack et al (2002),
mencionam que a estratégia corporativa posiciona a organização no seu ambiente
competitivo, tratando de decisões sobre em quais negócios atuar, quanto capital
distribuir para cada um dos negócios, em quais países se localizar, dentre outras.
Horte et al (1987), conceberam a estrutura reproduzida na Figura 1, para ilustrar o
conteúdo de uma estratégia de produção.
Os autores consideram que a principal função da estratégia de produção é a de
conduzir os negócios juntamente com as capacidades da produção para facilitar a
escolha da estratégia competitiva ao longo do tempo. O conceito de estratégia de
produção surge da necessidade de integrar o processo operacional de uma unidade
produtiva ao processo decisório global da empresa.
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
Figura 1 - Conteúdo de uma Estratégia Corporativa. Fonte: Horte et al (1987)
Horte et al (1987), afirmam que a estratégia corporativa deve ser aplicada às várias
unidades de negócios da organização. O modelo define a alocação de recursos
estratégicos e sugere a análise da situação da empresa no seu mercado competitivo,
procurando destacar as suas vantagens competitivas para garantir a sua
sobrevivência.
Segundo Weelwright (1984 apud SLACK et al, 1997 e PIRES, 1995), há três níveis
estratégicos: corporativo, de negócios e funcional, conforme apresentados na Figura
2. Observa-se que, para se obter um bom desempenho competitivo da empresa, é
necessário que as decisões nos três níveis estratégicos sejam coerentes entre si.
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Figura 2 – Hierarquia de Estratégias. Fonte Wheelwright (1984 apud OLIVEIRA, 2006)
Para Weelwright (1984 apud SLACK et al, 1997 e PIRES, 1995), a Estratégia
Corporativa diz respeito à corporação (grupo). Ela procura gerenciar os recursos
corporativos (utilizados para aquisições, por exemplo), organizar os vários objetivos
estratégicos da corporação e definir os negócios nos quais a empresa vai participar. O
segundo nível - Estratégia de Negócios define os limites de cada negócio, busca
novas oportunidades, analisa as mudanças ambientais e esclarece como a empresa
deverá manter uma vantagem competitiva em cada um deles. Por fim, a Estratégia
Funcional especifica como determinada função dará suporte à vantagem competitiva,
está relacionada a cada uma das funções exercidas em uma unidade de negócios. As
estratégias de cada uma dessas funções devem andar juntas para que apóiem a
estratégia da unidade de negócios.
2.1.2.1 Estratégia competitiva ou de negócio
Segundo Slack et al (2002), a estratégia de negócios ou estratégia competitiva
consiste na definição de sua missão e objetivos individuais, tendo como foco a
maneira como pretende competir em seus mercados. A estratégia deve ser elaborada
em cada área de negócios da empresa, estabelecendo parâmetros de relacionamento
com seus consumidores, mercados, concorrentes e a própria empresa da qual faz
parte.
A estratégia das unidades de negócios refere-se a como cada empresa
individualmente se posicionará em relação aos seus concorrentes e consumidores.
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Deve estar de acordo com a estratégia da corporação e atua sobre o mix de produtos,
o tamanho das instalações, a localização da empresa e outras.
Porter (1991) estabelece três áreas de liderança que podem ser aplicadas pelas
empresas para obtenção de vantagens competitivas frente aos concorrentes: custos;
diferenciação e enfoque.
1) Liderança em Custos: refere-se à capacidade de uma organização atingir o
máximo de desempenho em relação aos seus concorrentes apresentando um
menor custo total em relação a toda indústria. Porter (2001) menciona que são
necessários alguns esforços para alcançar essa meta, como o uso de instalações
que garantam a produção em escala e a perseguição agressiva da redução de
custos e despesas nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, assistência técncia e
publicidade.
2) Liderança na Diferenciação: é a estratégia que introduz produtos ou serviços
diferenciados e com determinadas características únicas que sejam vistos como
novos ou diferentes pelos consumidores, quando comparados aos de outras
empresas. De acordo com Porter (1991) esse diferencial poderá ser atingido
através da imagem da marca, assistência técnica, investimento em pesquisa,
tecnologia, em peculiaridades ou serviços sob encomenda e na rede de
fornecedores, estudo das necessidades dos consumidores, por exemplo.
3) Liderança de Enfoque: refere-se a estratégia que enfoca um segmento de
mercado específico, em um determinado grupo de consumidores, a um segmento
da linha de produtos, ou a um determinado mercado geográfico. Dentro desse
segmento selecionado a empresa pode adotar a estratégia de liderança de custos
e/ou a estratégia de diferenciação. Segundo Porter (1991) a empresa que adotar a
estratégia de enfoque pode atender mais especificamente o segmento escolhido
do que as empresas concorrentes que atuam num mercado maior.
Para Porter (1999), é necessário que haja uma posição bem definida para o sucesso
do empreendimento, em qualquer das opções. Ao considerar que cada modalidade de
estratégia exige um arranjo organizacional e procedimentos de controle próprios. O
autor ainda informa que as empresas em situação de mercado mais precário são
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exatamente aquelas que não estabeleceram claramente o seu estilo de liderança.
Nesses casos, o esforço para as adaptações necessárias exige um grande investimento
em tempo e recursos adicionais.
Zaccarelli (2000) trata do sucesso organizacional das empresas sob a abordagem das
vantagens competitivas. Entre os vários tipos, o autor destaca as cinco mais
relevantes: Preferência dos Clientes Consumidores, Custos Internos Baixos e Preços
de Vendas Normais, Custos Externos Baixos e Preços de Vendas Normais,
Diferenciação no Negócio, Existência de Talentos Especiais na Empresa.
2.2 Prioridades Competitivas da Produção
Faz-se importante definir o conceito de “função produção” para este trabalho antes
de iniciar a discussão sobre estratégia de produção.
Para Slack et al (2002) a expressão “função produção” é utilizada para designar algo
além das responsabilidades e tarefas óbvias da empresa, ou seja, a razão básica da
função produção é o principal motivo da existência da empresa. Considera ainda a
função produção como a responsável pela transformação de matérias-primas, energia
e informações em bens e/ou serviços.
Um dos papéis da produção é implementar a estratégia empresarial. A maioria das
empresas possui algum tipo de estratégia, mas é a produção que a coloca em prática
(SLACK et al, 2002).
Outro papel da produção é apoiar a estratégia da empresa, isto é, desenvolver
recursos para que forneçam as condições necessárias para permitir que a organização
atinja seus objetivos estratégicos. Neste contexto, a função produção deve
desenvolver ou comprar processos que sejam flexíveis o suficiente para fabricar
novos componentes e produtos. Deve também, organizar e treinar seus funcionários
para que entendam como os produtos estão mudando, para que os mesmos façam as
mudanças necessárias na produção. Deve ainda desenvolver relacionamentos com
fornecedores que colaborem a responder rapidamente com o fornecimento de novos
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componentes. Quanto maior a produção ao fazer as coisas, mais apoio estará dando
para a estratégia competitiva da empresa (SKINNER, 1985).
O terceiro papel da função produção é impulsionar a estratégia, dando-lhe vantagem
competitiva a longo prazo, ou seja, empresas que produzem produtos e/ou serviços
melhores, mais rápidos, em tempo, em maior velocidade e mais baratos do que seus
concorrentes possui melhor vantagem que qualquer outra empresa poderia desejar.
(SLACK et al, 2002).
Slack et al (1997), definem a função produção através de duas perspectivas:
1) Uma visão mais restrita que considera esta função reduzida às suas interfaces não
interagindo nem compartilhando atividades com quaisquer outras funções. Neste
caso, o pessoal da produção não estaria envolvido com a escolha do processo
tecnológico, com a compra de materiais e serviços, com o recrutamento e seleção
de operários, etc.
2) Por outro lado, uma perspectiva mais ampla, a função produção incluiria todas as
atividades que possuíssem qualquer conexão com a produção de bens e serviços
(Figura 3).
Figura 3 – Fronteiras da função produção: (a) definição estreita, (b) definição ampla. Fonte: Slack et
al (1999)
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Para Weelwright (1984 apud SLACK et al, 1997 e PIRES, 1995), a estratégia de
produção pode ser definida como sendo uma seqüência de decisões que capacita as
unidades de negócios da organização a obter a vantagem competitiva desejada. Slack
et al (1993) apresentam uma abordagem um pouco distinta, afirmando que a
estratégia de produção é um conjunto de políticas, planos e projetos de melhorias
que, quando tomados em conjunto, definem a direção da produção até que ela se
torne uma fonte de vantagem competitiva (SLACK et al, 1993).
A partir deste conjunto de definições, percebe-se que tanto Slack et al (1999) quanto
Weelwright (1984 apud SLACK et al, 1997 e PIRES, 1995), procuram mostrar a
existência de uma ligação entre a estratégia de negócio e a estratégia de produção das
empresas, enfatizando a importância da organização da produção como uma fonte de
vantagem competitiva (SLACK et al, 1993).
A estratégia de produção tem como objetivo principal o aumento da competitividade
da organização e busca desta maneira, conformar um padrão coerente de decisões e
organizar os recursos da produção, para que haja a possibilidade de prover um
composto adequado de características de desempenho, levando a organização à
competir eficazmente no mercado. (CORRÊA & GIANESI, 1993).
De acordo com Greenhalgh (1991), a estratégia de produção não deve considerar
apenas a tecnologia de processo, ou seja, situação comum de quem trabalha de
maneira tradicional com a função produção, mas também as pessoas envolvidas com
a produção (gerentes, supervisores e operários), além do direcionamento estratégico
da empresa (qual o caminho que a empresa deve seguir?) e o foco de atuação (quais
são realmente as atividades que a empresa deve se concentrar?).
Swamidass (1987 apud Pires, 1995), apresenta uma nova abordagem para a definição
de estratégia de produção, a qual, para ele, deve envolver o desenvolvimento e
desdobramento dos recursos da produção em total alinhamento com os objetivos e
estratégias da empresa.
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
Hayes e Wheelwright (1985) desenvolveram o Modelo de Quatro Estágios, que pode
ser utilizado para avaliar a contribuição e o papel competitivo da função produção
em qualquer tipo de empresa.
O modelo traça a influência da produção sobre a competitividade, desde o papel
negativo que exerce no Estágio 1 de produção, até tornar-se o elemento central da
estratégia competitiva no excelente Estágio 4 de produção, conforme descrição a
seguir:
1) No primeiro Estágio, o papel da produção é o de “internamente neutra”, procura
apenas minimizar os possíveis aspectos negativos da produção por meio da
manutenção de uma função de produção flexível e reativa.
Para Slack et al (2002) este Estágio é o nível mais fraco de contribuição da
função produção e sua ambição é passar despercebida. Quando isso ocorre, a
função produção não contribuirá para o insucesso da empresa.
2) O segundo Estágio trata da função produção considerada como “externamente
neutra” e procura paridade com os seus competidores, ou seja, a organização e os
investimentos.
Segundo Slack et al (2002) esta é a primeira etapa de rompimento do Estágio 1.
É quando a função produção começa a comparar-se com empresas ou
organizações similares, procurando comparação de desempenho e prática em
relação aos concorrentes e tenta apropriar-se ao adotar a melhor prática, seguindo
as melhores idéias e normas de desempenho das demais empresas do setor.
3) No terceiro Estágio, a produção tem o objetivo de “suporte interno”, no qual se
apóia diretamente à estratégia competitiva da empresa. Neste caso, a empresa
tende a ver a função produção como capaz de dar suporte e fortalecer suas
estratégias empresariais buscando no planejamento global, subsídios e
informações para estabelecer o plano de ação desta função.
Nesta etapa a produção está no Estágio 3 e pode não ser a melhor em relação aos
seus concorrentes, mas está junto às melhores do setor. Ainda assim, a produção
aspira ser clara e, certamente, a melhor do mercado. Isso ocorre pelo fato de a
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
empresa ter desenvolvido recursos apropriados para superar suas deficiências e
também, pela visão clara que possui dos seus concorrentes, principalmente de
seus objetivos estratégicos. (SLACK et al, 2002).
4) Por fim, o quarto e último Estágio considera a função produção como a fonte
principal do sucesso competitivo da empresa e, por este motivo, o papel desta
função é de “suporte externo”. Observa-se, neste estágio, que a produção passa a
fazer parte explicitamente do planejamento estratégico da empresa, buscando
antecipar tendências na função produção (tanto estruturais quanto infra-
estruturais), desenvolvendo novas capacitações com o objetivo de utilizá-las
primeiramente que a concorrência.
Segundo Slack et al (2002), existe entre os Estágios 3 e 4 uma diferença sutil,
embora importante. Neste último Estágio a empresa vê a função produção como
provedora da base para o seu sucesso competitivo. A produção é criativa e
proativa, é inovadora e capaz de adaptar-se conforme as mudanças dos mercados.
A Figura 4 reúne os dois conceitos, o do papel e o da contribuição da função
produção.
Figura 4 – O papel e a contribuição da função produção. Fonte: Slack et al (2002)
Passar do Estágio 1 para o 2 exige que a produção ultrapasse seus problemas de
implementação das estratégias existentes. O movimento do Estágio 2 para o Estágio
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3 exige que a produção desenvolva ativamente seus recursos para que sejam
adequados à estratégia de longo prazo. Atingir o Estágio 4 exige que a produção
esteja impulsionando a estratégia por meio de sua contribuição para uma
superioridade competitiva.
O estabelecimento da estratégia de produção pelas empresas inicia-se pela definição
de suas estratégias competitivas, de acordo com o mercado em que atuam, conforme
apresentado na Figura 2. Após estas definições, parte-se para a determinação dos
critérios competitivos que devem ser priorizados pela função produção de acordo
com os aspectos estratégicos definidos na estratégia competitiva. Ao final
desenvolve-se a fase de tomada de decisão, na qual se busca definir como esta função
dará suporte aos critérios competitivos escolhidos (SLACK et al, 1993).
2.2.1 Critérios competitivos
Os principais elementos que definem o conteúdo de uma estratégia de produção são
os critérios competitivos relacionados com a estratégia competitiva (ou de negócios)
da empresa, e as categorias de decisão de longo prazo, que influenciam a tomada de
decisão na função produção das empresas. Há várias denominações para este termo,
tais como dimensão competitiva, prioridade competitiva e missão da produção.
Porém, neste trabalho, ele será referenciado como critério competitivo.
Definem-se critérios competitivos como sendo um conjunto consistente de
prioridades que a empresa tem que valorizar para competir no mercado. Ou seja, em
função das competências da empresa, do tipo de mercado em que atua ou quer atuar,
do grau de concorrência do mercado, do tipo de produto que ela produz, a empresa
terá de priorizar alguns critérios competitivos, aproveitando as suas habilidades e as
oportunidades de mercado para tornar a empresa competitiva.
O estabelecimento da estratégia de produção pelas empresas inicia-se pela definição
de suas estratégias competitivas de acordo com o mercado em que atuam. Após estas
definições, parte-se para a determinação dos critérios competitivos que devem ser
priorizados pela função produção de acordo com os aspectos estratégicos definidos
na estratégia competitiva. Finalmente chega-se à fase de tomada de decisão, na qual
se busca definir como esta função dará suporte aos critérios competitivos priorizados,
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através de um conjunto coerente de decisões. Estas estão agrupadas em categorias
para facilitar a sua análise abrangente e sistêmica com a conseqüente seleção das
decisões mais apropriadas.
Horte et al (1987) definiu como Prioridades Competitivas da Produção, os itens
Custo, Desempenho das Entrega, Flexibilidade e Qualidade. Já Weelwright (1989),
ao definir os Critérios Competitivos da Produção, utilizou os mesmos itens,
acrescentando, porém, o critério da Inovatividade.
Os critérios competitivos, segundo Hill (1995), podem ser classificados em dois
tipos: qualificadores e ganhadores de pedido.
1) O primeiro tipo está relacionado com aspectos da competitividade nos quais o
desempenho da função produção deve satisfazer a um padrão mínimo de
desempenho. Abaixo deste patamar é provável que a empresa nem participe da
concorrência. Os critérios qualificadores são aqueles que devem estar em um
patamar mínimo exigido pelo mercado, ou seja, para um produto competir no
mercado, o mesmo deve satisfazer a um padrão mínimo de desempenho;
2) Os critérios ganhadores de pedido, por sua vez, são os responsáveis pelo sucesso
competitivo das empresas. Eles são vistos pelos consumidores como os fatores-
chave da competitividade (SLACK, 1993). São aqueles que devem oferecer um
desempenho superior ao da concorrência de tal forma que aumente a
competitividade da empresa e ganhe mercado da concorrência.
A seleção entre critérios qualificadores e ganhadores de pedido depende das
circunstâncias do mercado no qual a empresa atua. A partir destes conceitos,
confirma-se o que já foi exposto sobre a priorização dos critérios competitivos e
reforça-se a necessidade de as empresas se concentrarem no que realmente interessa
para o cliente.
A seguir, destacam-se os Critérios Competitivos conforme já apresentado na Figura
1. Para cada um dessas Prioridades/Critérios, haverá, quando necessário, o seu
desdobramento em dimensões competitivas. Na literatura, como já foi mencionado, o
termo dimensão se confunde com critério, mas neste texto, dimensão competitiva
será considerada como uma subdivisão de um critério competitivo. Isto se torna
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necessário porque critério competitivo (qualidade, por exemplo) é muito genérico e
abrangente e, então, para facilitar o entendimento é preciso desdobrá-lo em
dimensões competitivas.
2.2.1.1 Custo
Uma empresa que procura competir valorizando este critério competitivo deve
buscar reduzir seus custos ao máximo, possibilitando também a prática de menores
preços. Esta é a forma de competir mais antiga e conhecida do setor de produção. A
busca do baixo custo se baseia em três conceitos clássicos: a economia de escala, a
curva de experiência e a produtividade. A empresa sempre compete em custo e não
em preço, pois o primeiro é originado e controlado pela organização, enquanto o
segundo é determinado pelo mercado (PIRES, 1995; SLACK, 1993; CONTADOR,
1995a).
Segundo Slack (1993), o custo sempre deve ser considerado, mesmo que a empresa
priorize outros objetivos de desempenho. Cita, também, que, quando o custo é o
principal objetivo adotado pela empresa, as outras prioridades não devem ser
desconsideradas. O autor ainda argumenta que a preocupação com a diminuição do
custo é importante porque pode tanto acarretar preços de venda mais baixos como
elevar a margem de lucro da empresa.
Para Pires (1995), algumas empresas que tem como objetivo principal o custo,
trabalham com o conceito de economia de escala. Este conceito visa, por meio de um
maior volume produzido, diminuir os custos unitários de produção. O autor cita que
o custo total de um produto é o resultado da soma dos seus custos diretos e de seus
custos indiretos de produção. Os custos diretos são aqueles relacionados com o
produto, como matérias-primas, tempo de produção, tecnologia aplicada, entre
outros. Os custos indiretos são aqueles que não estão diretamente ligados ao produto,
sendo divididos e alocados ao produto percentualmente. Finalizando, o autor ainda
argumenta que o principal da economia de escala é a “diluição” dos custos indiretos
por meio do aumento do volume produzido, resultando desta forma, a diminuição do
custo total do produto. Além disso, os custos diretos também podem ser o alvo da
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economia de escala, por exemplo, quando se realizam compras maiores de matérias-
primas para que o custo unitário seja diminuído.
2.2.1.2 Desempenho na entrega
Este critério está baseado na valorização do tempo. Slack (1993) e Pires (1995)
sugerem dividir este critério em velocidade de produção (ou entrega) e confiabilidade
de entrega.
A velocidade de produção caracteriza-se pela capacidade de uma empresa fazer uma
determinada atividade mais rápido do que a concorrência.
A confiabilidade de entrega é a capacidade de a empresa entregar o produto no prazo
prometido (SLACK et al, 1993). Normalmente este critério está diretamente atrelado
com a definição do tempo de entrega (ou velocidade de entrega). Além disso, uma
empresa pode receber reconhecimento pela confiabilidade que possui devido a
excelência e segurança que transmite em seu prazo de entrega. Em muitas indústrias,
este critério já é considerado como qualificador. Slack et al (1997), mencionam que
velocidade de entrega significa a rapidez com que os produtos são entregues aos
consumidores a partir do momento do pedido. Eles destacam que a rapidez de
entrega pode enriquecer a oferta, pois quanto menor for o prazo de entrega, maior a
chance de o consumidor comprar o produto. Os mesmos autores ainda argumentam
que oferecer um produto ou serviço que considera a confiabilidade de entrega pode
resultar melhor desempenho futuro para a venda dos produtos ou serviços da
empresa, pois o consumidor que teve o cumprimento do prazo de entrega prometido
se sentirá satisfeito com a empresa e poderá voltar a comprar o produto ou serviço
em outra oportunidade.
2.2.1.3 Flexibilidade
Corrêa e Gianesi (1993) valorizam a customização e variedade dos produtos, a
diminuição do ciclo de vida do produto, o rápido desenvolvimento em tecnologia e o
aumento da turbulência dos mercados, tornando a flexibilidade o critério mais
valorizado nestes últimos anos em muitos setores.
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Segundo Bernardo (2004), a flexibilidade é uma das prioridades competitivas mais
discutidas atualmente, principalmente devido à abertura dos mercados e à entrada de
novos concorrentes. As empresas devem possuir capacidade de se adaptar
constantemente a mudanças.
Bagnolo (2002) argumenta que a flexibilidade é a capacidade de as empresas
responderem às variáveis externas, como por exemplo, variações da demanda e do
mix dos produtos, alterações dos prazos de entregas, lançamento de novos produtos,
atendimento a pedidos especiais ou quaisquer variações causadas por mudanças nos
gostos dos consumidores. Sevegnani (2003), ainda complementa, afirmando que há
vários tipos de flexibilidade: de novos produtos, de mix de produto, de volume, de
entrega e de robustez. Quanto menos atrito causar a mudança, mais flexibilidade de
resposta o sistema terá.
Pires (1995), ressalta a importância da flexibilidade nesse momento de mudanças,
quando são constantes a diversificação e a personalização dos produtos e a
diminuição dos seus ciclos de vida.
Pode-se definir estrategicamente a flexibilidade como a capacidade que um
determinado sistema produtivo tem de responder às mudanças circunstanciais
internas e externas à empresa (GERWIN, 1993). Este critério pode ser avaliado
quanto à flexibilidade de resposta (período de tempo que a empresa leva para se
adaptar) e quanto à flexibilidade de faixa (extensão da mudança) à qual a empresa
consegue se adaptar (CORRÊA; SLACK, 1994).
O conceito de flexibilidade é bastante amplo e varia de acordo com cada autor, o que
dificulta a sua operacionalização. Por essa razão, será considerada neste trabalho a
classificação de Slack et al (1997). Os autores consideram os seguintes tipos de
flexibilidade:
1) Flexibilidade de produto/serviço: facilidade com que a empresa consegue
adaptar seus produtos a um grupo restrito de clientes ou a um cliente
individualmente ou seja, a capacidade que a empresa possui de introduzir novos
produtos ou serviços;
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2) Flexibilidade de composto (mix): facilidade com que a empresa altera o que está
sendo produzido num dado espaço de tempo, modificando os volumes de
produção dos diferentes produtos oferecidos. Relaciona-se a capacidade da
empresa em oferecer grande variedade de produtos ou serviço a seus clientes;
3) Flexibilidade de entrega: facilidade com que a empresa altera os prazos de
entrega anteriormente pactuados (para mais ou para menos), atendendo uma
solicitação dos seus clientes. Está relacionada com a capacidade da empresa em
re-programar a entrega do produto ou serviço de acordo com a necessidade dos
consumidores;
4) Flexibilidade de volume de produção: facilidade com que a empresa se adapta
às flutuações na demanda de mercado por seus produtos, mudando os totais
produzidos, ou seja, é a capacidade de a produção mudar sua “quantidade de
trabalho” adaptando-se às oscilações na demanda por produtos ou serviços da
empresa.
Slack (1993) hierarquizou o conceito de flexibilidade, definindo-o em dois níveis:
um relativo ao sistema, que são aqueles tipos que os clientes percebem, e outro
referente aos recursos, que são os que dão suporte ao desenvolvimento do primeiro
tipo de flexibilidade. Os tipos explicitados acima representam o primeiro grupo
(flexibilidade de sistema), enquanto a flexibilidade de recursos pode ser dividida em
três tipos: tecnologia, infra-estrutura e mão-de-obra.
Vale ressaltar que, além dos tipos apresentados, existem outros mais específicos
citados por vários autores, como Gerwin (1993) e Da Silveira (1997). Foge, porém,
ao escopo deste trabalho, o aprofundamento da discussão sobre este tópico.
2.2.1.4 Qualidade
Este critério está diretamente relacionado ao fornecimento de produtos que atendem
às necessidades explícitas e implícitas de utilização requeridas pelos clientes. Pires
(1995) lembra que a abordagem estratégica da qualidade é recente.
Sendo Garvin (1984) um dos pioneiros nessa caracterização, classifica a qualidade
como uma prioridade competitiva, destacando oito dimensões: desempenho
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
intrínseco, características secundárias, confiabilidade, conformidade, durabilidade,
atendimento, estética e qualidade percebida. Garvin (1992) argumenta que o conceito
de qualidade é entendido de diferentes maneiras pelos consumidores, engenheiros e
executivos. Segundo o autor, esse desentendimento deve-se a problemas de
imprecisão do vocabulário e verifica-se também que das oito dimensões da qualidade
apresentadas algumas são reflexos das demais. Por exemplo, se existir um projeto
bem desenvolvido que tenha conseguido traduzir as necessidades dos clientes em
características intrínsecas e secundárias e um setor de produção que execute a obra
de acordo com as normas técnicas e especificações deste projeto (conformidade) e
ainda utilize materiais e componentes confiáveis (confiabilidade), as outras
dimensões (durabilidade, estética e imagem) serão, em conseqüencia, atendidas. De
acordo com o autor, se a empresa considerar essas oito dimensões competitivas da
qualidade, poderá competir estrategicamente de várias formas, privilegiando uma ou
algumas, sendo que, quanto maior o número de dimensões consideradas, maior será o
preço do produto final.
1) Desempenho intrínseco, que se refere às características primárias (subjetivas) do
produto, ou seja, são características básicas e intrínsecas que todo produto deve
oferecer, ou seja, qual é o objetivo ou função principal que um produto deve
oferecer.
2) Características secundárias, que se relacionam às características que
suplementam o funcionamento básico do produto, ou seja, aquelas que
diferenciam um produto do outro e acrescentam um certo valor às suas
características principais. Garvin (1992) menciona que é difícil, em algumas
situações, distinguir as características básicas do produto das características
secundárias, porém, na maioria das vezes, as características são diferenciadas
pelas preferências pessoais, de acordo com a utilidade pretendida entre cada um
dos consumidores.
3) Confiabilidade, que reflete a probabilidade de um produto não funcionar ou
funcionar mal dentro de um período de tempo especificado. Representa a
capacidade de funcionar corretamente dentro de um intervalo de tempo. Garvin
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
(2002) comenta que essa dimensão é mais importante para bens duráveis, sendo
de menor relevância para produtos de consumo imediato.
4) Conformidade, que diz respeito ao grau com que os produtos e serviços atendem
aos padrões estabelecidos.
Garvin (1992), argumenta que a confiabilidade e a conformidade são duas
dimensões muito importantes para a estratégia da empresa e as melhorias nestas
dimensões resultam em ganhos reais em qualidade, pois defeitos e falhas nos
produtos não são bem aceitos por nenhum consumidor.
5) Durabilidade, que pode ser relacionada resumidamente como uma medida do
ciclo de vida de um produto.
Segundo Garvin (1992), a durabilidade pode ser entendida de duas maneiras:
técnica e econômica. Técnica, quando a durabilidade está relacionada com o
tempo ou quantidade de uso de um produto até a sua deterioração física.
Econômica, quando a durabilidade está relacionada à quantidade de uso de um
produto até que este apresente problemas. É necessário avaliar a possibilidade de
reparos. Caso seja mais econômico é preferível a substituição do produto por um
novo ao invés de seu conserto.
Esta definição leva à constatação de que não existe uma relação intrínseca entre a
natureza do material e a sua durabilidade, pois esta está diretamente ligada às
condições de exposição e às próprias soluções de projeto. Há uma forte ligação
entre esta dimensão e a confiabilidade.
6) Atendimento (serviceability), ou assistência técnica, é a sexta dimensão da
qualidade e está direcionada à presteza da empresa, ou seja, rapidez, cortesia e
competência no atendimento aos clientes. Em muitas indústrias, esta dimensão
está relacionada exclusivamente nos serviços de atendimento à reclamações,
dúvidas e à prestação de serviços de assistência técnica. Garvin (1992) comenta
que os consumidores se preocupam muito com o tempo de resposta às suas
reclamações, com o bom relacionamento com o atendente da empresa e com a
eficiência do grupo de assistência técnica na resolução dos problemas.
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
7) Estética, relacionada à aparência externa dos produtos. Nesta dimensão, há um
alto grau de subjetividade, pois ela está diretamente ligada às percepções e
preferências dos clientes.
8) Qualidade percebida, que está relacionada à reputação da empresa. É uma
dimensão muito subjetiva e reflete a imagem que o produto possui no mercado,
construída ao longo do tempo e também está relacionada com o histórico da
empresa.
Garvin (1992) explica que a qualidade percebida é mais uma dimensão subjetiva,
formada por percepções individuais. Cada pessoa tem uma imagem construída
sobre uma determinada empresa ou produto. Essa imagem pode ser influenciada
por campanhas publicitárias, por propagandas, ou ainda fruto da marca, da
tradição e de acordo com a localização da empresa, ou seja, do país ou região que
a empresa pertence.
2.2.1.5 Inovatividade
Entende-se como a capacidade que a empresa possui de implementar novas idéias,
grandes ou pequenas, com potencial de contribuição para a melhoria de seus
objetivos competitivos (SCHÖEDER et al, 1986 apud CARVALHO Jr, 1997). Ou
seja, esta dimensão relaciona-se à perspectiva de uma constante inovação no
lançamento de novos produtos, ao uso de equipamentos mais modernos e de
processos construtivos inovadores que tragam uma maior racionalização para o
produto e conseqüentemente para a empresa. Vale salientar que a inovação é um
processo de mudança que precisa ser implementado gradativamente nas empresas
(BROWN, 1996) e que, associado a elas, está um processo de aprendizado. Deste
modo, verifica-se que inovação é um processo contínuo de acúmulo de conhecimento
ao longo do tempo. No entanto, este critério competitivo está fortemente vinculado a
empresas de alta tecnologia e com produtos de pequena vida útil (BROWN, 1996;
SLACK, 1997). Para se introduzir e implementar inovações dentro das empresas,
Carvalho Jr. (1997) cita que são necessários quatro fatores: a explicitação estreita dos
objetivos da inovação (do que se quer inovar); definição da estrutura organizacional
para a mudança (organização de equipes multidisciplinares); a criação da cultura
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
empresarial de valorização da inovação e a disponibilidade dos recursos (físicos e
financeiros). Vale salientar que inovação é um processo de mudança que precisa ser
implementado gradativamente nas empresas (BROWN, 1996) e que, associado a
elas, está um processo de aprendizagem.
2.3 Áreas de decisão
As categorias de decisão são formadas por um conjunto consistente de ações
individuais que incidem sobre a função produção das empresas com o intuito de
cooperar no atendimento dos objetivos competitivos desejados.
Diversos autores, como Platts e Gregory (1992), Fine e Hax (1985), Hill (1995) e
Wheelwright (1984), apresentam vários grupos de categorias de decisão. Observa-se,
porém, que não há muita diferença entre estes. Existem apenas variações no grau de
detalhamento das categorias de decisão.
As categorias de decisão podem ser agrupadas, conforme a sua natureza, em dois
grandes grupos: Categorias de Decisões Estruturais e Categorias de Decisões
Infraestruturais.
2.3.1 Categorias de Decisões Estruturais
São decisões relacionadas às instalações, capacidade, tecnologia e integração vertical
e que se caracterizam por serem decisões onerosas, de longo prazo e de difícil
reversão. São consideradas áreas estruturais de decisão estratégica.
1) Instalações de produção: segundo Pires (1995), dizem respeito basicamente à
localização geográfica da empresa, ao seu tamanho, mix de produtos, processos
produtivos e ao grau de especialização/focalização dos recursos produtivos, a
logística de abastecimento (matéria-prima), bem como a disponibilidade e custo
da mão-de-obra. Esta categoria está relacionada com alguns questionamentos de
onde e em quais locais serão organizadas a produção e montagem (execução), e
de como será o arranjo dessas instalações. Mais especificamente, esta categoria
está relacionada com alguns questionamentos a respeito de onde serão os locais
de produção e montagem (execução) e de como será o arranjo físico destas
instalações. A configuração das instalações pode ajudar na criação de vantagens
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competitivas quando a empresa desenvolve habilidades em trabalhar com centrais
de produção, que resultem em diminuição de custos de montagem e produção e
em melhoria da qualidade dos materiais utilizados nas obras. Para Sevegnani
(2003), a logística de abastecimento e de distribuição, facilidade de mão-de-obra
especializada e seus custos são fatores econômicos altamente relevantes para a
decisão de localização das indústrias.
2) Capacidade de produção: de acordo com Hayes e Wheelwright (1984), as
decisões referentes a esta categoria estão relacionadas com o dimensionamento
dos recursos físicos, técnicos e financeiros da empresa que, por sua vez, está
intimamente ligado à demanda de mercado. Deste modo, as empresas devem
decidir, primordialmente, qual o nível de capacidade a ser trabalhado, ou seja,
com sua capacidade acima, abaixo ou acompanhando a demanda. Cada uma
dessas escolhas apresenta suas vantagens e desvantagens. Quando se trabalha
deliberadamente com a capacidade ociosa, os custos elevam-se, porém a empresa
está livre para absorver uma demanda repentina. Quando se trabalha com a
máxima utilização da capacidade, não há necessidade de investimentos no
aumento da capacidade, porém a empresa corre o risco de perder clientes quando
houver um aumento substancial da demanda. Finalmente a empresa pode optar
por trabalhar acompanhando a demanda, porém existe dificuldade em adaptar
rapidamente a produção, tanto para o aumento da demanda (contratação pessoal,
investimento em equipamentos) quanto para a sua diminuição (demissões,
desmobilizações).
As decisões sobre a capacidade de produção das empresas para produzir um
produto determinado possui grande relação com o conhecimento que a empresa
possui sobre a demanda da produção. Quando a empresa desenvolver a
habilidade de conhecer a demanda, poderá dimensionar adequadamente sua
capacidade, sem correr o risco de perder clientes pelo fato de estar com sua
capacidade sobrecarregada, ou ainda de ter um custo alto devido à ociosidade da
capacidade de produção. Desta maneira, as empresas terão seus recursos melhor
disponibilizados e programados obtendo uma substancial vantagem competitiva
(SLACK, 1997).
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Slack (1997) define a capacidade com “o máximo nível de atividade de valor
adicionado em determinado período de tempo que o processo pode realizar sob
condições normais de operação”. A capacidade de uma empresa é determinada
pela forma como ela responde e pela forma com que ela se ajusta à demanda.
3) Tecnologia de produção: esta categoria procura discutir as questões que estão
relacionadas com a escolha dos processos produtivos juntamente com as
máquinas e dispositivos de produção e segurança. Esta categoria também se
refere às escolhas da tecnologia de movimentação e armazenamento de materiais
e a tecnologia de informações e comunicação, por estarem fortemente ligadas ao
desempenho da tecnologia de processo.
A tecnologia possui um papel muito importante na definição da competitividade
das empresas, sendo que cada escolha tecnológica contribui de maneira diferente
para o desempenho dos critérios competitivos. Além disso, por estas decisões
serem estruturais, observa-se um reflexo direto sobre o desempenho econômico-
financeiro das empresas.
A tecnologia é encarada, sob a perspectiva gerencial tradicional, como um
assunto simplesmente técnico e não faz parte da estratégia competitiva da
empresa, tendo como único objetivo promover a maximização da eficiência.
Numa visão estratégica, a tecnologia possui um horizonte muito mais amplo,
reconhecida como um dos critérios competitivos que devem ser amplamente
perseguidos pelos gerentes (FLEURY e PROENÇA, 1993). Segundo Sevegnani
(2003), a tecnologia impõe grande complexidade ao ambiente competitivo e leva
as empresas a repensar seu modo de competir, resultando muitas vezes em
modernização. Para o autor a tecnologia é entendida como a busca pela
capacitação para enfrentar as novas realidades estabelecidas, tanto na estrutura
organizacional como nos seus processos produtivos (SEVEGNANI, 2003).
O autor ainda considera o desenvolvimento de alternativas estratégicas com base
na tecnologia e com base nas oportunidades de investimento, bem como a criação
de oportunidades dentro do contexto organizacional que são vistos como cruciais
para a manutenção da vantagem competitiva. Desse modo, as capacidades são
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requeridas para conduzir os processos de reorganização da manufatura em
direção ao CIM (Computer Integrated Manufacturing), como forma viável de
incremento de competitividade provenientes destes. Quanto ao grau de
automação, o autor ainda completa que, um componente importante que precisa
ser evidenciado é a etapa de desenvolvimento do projeto do produto. A
manufatura se preocupa mais com o processo do que com o desenho do produto.
A tendência natural é existirem barreiras entre design e manufatura, o que
contribui para o insucesso dos movimentos pela automação (SEVEGNANI,
2003),
Nesta categoria as vantagens competitivas nessas decisões são facilmente
percebidas, entretanto são difíceis de copiar (BROWN, 1995). A partir da
melhoria na utilização dos recursos produtivos a tecnologia pode propiciar
vantagem em custos, melhorando também a qualidade do acabamento do produto
e conseqüentemente diminuindo a variabilidade da produção. Garante ainda a
entrega de produtos no prazo ou proporciona a uma melhor rapidez em relação à
concorrência.
Pires (1995), argumenta ainda que estas decisões não são abrangentes e
sistêmicas como deveriam, pelo fato de apresentarem deficiências na análise de
seus reflexos em relação às interfaces da organização, como por exemplo:
fornecedores e mão-de-obra, bem como não levam em consideração os aspectos
mercadológicos, como: concorrência; demanda; clientes; etc.
4) Integração vertical: um sistema de produção pode situar-se sempre em um
determinado segmento de uma cadeia produtiva, que pode iniciar-se na extração
e beneficiamento das matérias-primas, terminando com o produto acabado que
será entregue aos clientes finais. Uma das decisões importantes na estratégia de
produção de qualquer empresa está relacionada com o seu posicionamento na
cadeia e o grau de relacionamento com os demais elos da mesma (fornecedores e
clientes).
A integração vertical é uma decisão estratégica da empresa que permite definir o
que será produzido internamente e o que será comprado de terceiros, bem como à
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política de compras a ser implementada. Segundo Slack et al (1997), o que
determina o grau de integração vertical de uma organização no sentido
estratégico é a posse dessa organização na rede de suprimentos da qual faz parte.
Além disso, Hayes e Weelwright (1994 apud SLACK et al, 1997), definem a
estratégia de integração vertical em termos da direção da expansão (aquisição de
fornecedores ou clientes) da amplitude necessária do processo e do equilíbrio
entre as etapas verticalmente integradas (SEVEGNANI, 2003).
Não há uma decisão única ou exata para esta categoria, podendo existir empresas
que possuam bom desempenho competitivo e que estão trabalhando de forma
integrada e, também empresas bem sucedidas que estão atuando dentro de uma
estrutura não-integrada (VENKATESAN, 1992). Portanto, as decisões de
integrar ou não integrar devem ser tomadas de acordo com uma visão estratégica,
analisando o ambiente competitivo e o produto que se quer produzir.
As decisões relacionadas à integração vertical possuem um forte impacto sobre a
organização. Se a empresa desenvolver uma boa integração poderá reduzir os
custos de produção e, conseqüentemente, haverá a redução dos custos de
transação e de transporte. Outras melhorias também poderão ocorrer como:
melhor performance na qualidade de seus produtos por meio da possibilidade de
utilização de matérias-primas de boa qualidade; garantia de entrega de produtos
no prazo e, ainda, a entrega de produtos de acordo com a necessidade dos
clientes, devido ao melhor reconhecimento dos mesmos (BERNARDO, 2004).
Caso a empresa opte pela não-integração, poderá conseguir outras vantagens
competitivas que estão relacionadas à habilidade em entregar produtos mais
rápidos, em aumentar ou diminuir com maior velocidade o volume de produção.
Também poderá ter alguma vantagem de custos, caso os fornecedores estejam
com um preço menor do que os da empresa. Vale ressaltar que a empresa pode
trabalhar de maneira não-integrada e garantir entregas rápidas e serviços bem
acabados, desde que mantenham um regime de parceria com alguns
fornecedores.
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Porém é importante ressaltar a necessidade de se definir, em cada tipo de
empresa, os critérios de seleção de terceiros e o processo de avaliação dos
mesmos. Desta maneira, as empresas devem analisar criteriosamente a
necessidade de terceirização de sua produção, integral ou parcial, ou seja, quais
atividades devem ser terceirizadas e como deverá ser essa terceirização
(BERNARDO, 2004).
2.3.2 Categorias de Decisões Infra-Estruturais
Estão relacionadas à organização, força de trabalho, gerência de qualidade, relação
com fornecedores e planejamento e controle da produção e se caracterizam por serem
decisões menos onerosas, de prazos mais curtos e de mais fácil mobilização
(WHEELWRIGHT, 1984 apud SLACK, 1997).
1) Organização da produção: esta categoria está relacionada com as condições
organizacionais da função produção que garantem um fluxo eficaz de trabalho.
As decisões relativas à organização da produção dizem respeito à estrutura
organizacional, aos níveis hierárquicos, à organização do trabalho, à distribuição
de atividades e responsabilidades dentro das funções, à definição dos canais de
comunicação e ao grau de autonomia dos decisores. Conforme Pires (1995), as
empresas adotam uma estrutura organizacional tradicional ou em linha.
Ultimamente, tem-se divulgado outras formas de utilização da força de trabalho
assentada em inovações técnicas e organizacionais no ”chão de fábrica”.
Nesse tipo de organização o trabalhador é multifuncional e multi-qualificado e
está envolvido no desenvolvimento e na incorporação de diferentes habilidades,
possui repertório profissional conceituado nos princípios Just in time (JIT). Ao
serem aplicados os pressupostos do JIT no “chão de fábrica” é de se esperar que
o trabalho se torne mais integrado e menos fragmentado por funções e que
ofereça condições para a polivalência do empregado, habilitando-o para intervir
em diversos tipos de trabalho e em diferentes processos (SEVEGNANI, 2003).
2) Força de trabalho (Gestão do Pessoal - recursos humanos): esta categoria está
relacionada com a gestão de RH na função produção, responsável por:
recrutamento; seleção; contratação; promão; remuneração; motivação;
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Capítulo 2 - ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES COMPETITIVAS
treinamento e qualificação da mão-de-obra; aperfeiçoamento; níveis de salário
compatíveis com a atividade e, em relação ao mercado; plano de carreira; política
de incentivos monetários ou não; etc.
Os recursos humanos têm uma forte ligação com a natureza da organização do
trabalho. Podem-se citar alguns exemplos: trabalho em grupo; multiqualificação
e polivalência; forma de remuneração; incentivos salariais; planejamento e
execução e autodeterminação no trabalho (SEVEGNANI, 2003).
Existe uma série de critérios e procedimentos que precisam ser definidos a
respeito destes assuntos. Porém, um questionamento inicial deve ser feito para
nortear o restante das decisões: qual o perfil dos operários da produção e de suas
funções para atingir os objetivos estratégicos da empresa?
Segundo Pires (1995) nos últimos anos, dentro do ambiente industrial os recursos
humanos vêm se tornando, ao mesmo tempo, nos mais importantes e nos mais
difíceis bens de serem administrados pelas organizações. Em muitas situações,
eles são o diferencial competitivo entre as empresas.
3) Gerência da qualidade: esta categoria deve estar relacionada às questões
referentes à infra-estrutura da qualidade, ou seja, ao controle e garantia da
qualidade dos produtos/serviços e processos, procura-se definir como a qualidade
dos produtos vai ser garantida ao final do processo (PAIVA, 1995). Desta
maneira, devem ser definidos os padrões e as formas de controle da qualidade
dos produtos/serviços e dos processos da empresa e, também, ser designadas as
atribuições de responsabilidades pela qualidade, as ferramentas de avaliação de
materiais e serviços, além das questões referentes à assistência técnica. Para Pires
(1995), a gestão da qualidade define a política e um sistema para acompanhar as
decisões, a fim de determinar os padrões e as formas de controle da qualidade dos
produtos e dos processos da empresa.
4) Relação com fornecedores: esta categoria vem tomando, nos últimos tempos,
uma importância significativa à medida que as empresas vêm buscando assumir
um caráter preponderantemente de montadoras e menos fabricantes de
componentes. O principal questionamento que diz respeito a esta categoria está
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ligado diretamente ao relacionamento entre as empresas e os fornecedores. Desta
maneira, deve-se definir: o grau de intensidade deste relacionamento entre os
vários fornecedores; a necessidade ou não de desenvolvimento destes
fornecedores e a possibilidade de formação de parcerias. A partir destes
questionamentos, devem ser definidos critérios e procedimentos para serem
utilizados em toda a função produção da empresa.
Para Bernardo (2004), esta categoria reúne muitos questionamentos de como
deve ser o relacionamento entre as empresas e os seus fornecedores. Dentro desta
ótica, há dois tipos básicos e opostos de relacionamento:
a) competitivo: no qual cada um deles quer levar vantagem durante as
negociações;
b) cooperativo: no qual se busca uma negociação harmoniosa entre comprador e
fornecedor.
Desta forma, um dos principais questionamentos que está relacionado a esta
categoria é como analisar o relacionamento entre as empresas e os fornecedores e
definir o grau de intensidade desse relacionamento. Outras questões se fazem
importantes e interessantes para que a análise seja completa e satisfatória, de
forma a colaborar para a tomada de decisão da empresa. Entre elas, temos: Como
será a escolha dos fornecedores? Como será o monitoramento dos fornecedores?
Haverá um relacionamento de parceria entre as empresas e os seus principais
fornecedores? Haverá algum trabalho de desenvolvimento do fornecedor? Deverá
ser dado o mesmo tratamento pra todos os fornecedores da empresa? Haverá
fornecedores mais importantes do que os outros? Quais? Qual o número ideal de
fornecedores? Haverá parceria entre a empresa e o fornecedor no
desenvolvimento de novos produtos?
Esta categoria tem uma estreita relação com a categoria vertical, pois é a partir da
definição de comprar ou fazer determinados produtos ou serviços que a empresa
decidirá como será o seu relacionamento com os fornecedores. (BERNARDO,
2004).
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2.3.3 Planejamento e Controle da Produção
As decisões referentes ao Planejamento e Controle da Produção dizem respeito a um
conjunto de questões dentro das atividades do gerenciamento produtivo. Esta
categoria refere-se ao gerenciamento da função produção das empresas para que elas
atinjam os objetivos competitivos desejados. Sua maior preocupação é que a
produção desenvolva-se adequadamente e que os produtos e serviços sejam
entregues dentro de parâmetros de prazos, custos e qualidade e riscos adequados às
condições empresariais. A empresa deseja ser eficaz e eficiente ao mesmo tempo e
para conseguir isto é preciso tomar algumas decisões estratégicas, como: i) qual o
sistema e as ferramentas de planejamento e controle da produção apropriadas para o
critério competitivo valorizado?; ii) que indicadores devem ser utilizados?; iii) quais
informações devem ser buscadas e priorizadas?
Vale ressaltar que as decisões mencionadas são de longo prazo e necessitam de
tempo para implementação. Além disso, o comprometimento da diretoria e dos
vários departamentos da empresa e o envolvimento de outras instituições que tenham
algum tipo de relacionamento com a organização são fundamentais para um melhor
desempenho competitivo. Contudo, há muitas decisões inerentes a estas categorias
que são do dia a dia da empresa, devendo as mesmas ser tomadas tamm em
concordância com as decisões de longo prazo.
O Planejamento e Controle da Produção, PCP, é definido como um conjunto de
funções necessárias para coordenar o processo de produção, de forma a se obter
produtos nas quantidades e prazos certos (RUSSOMANO, 1995).
Por fim, Godinho (2004) entende que o “Planejamento da Produção está relacionado
com decisões em termos de: i) o que produzir comprar e entregar; ii) quanto produzir
comprar e entregar; iii) quando produzir, comprar e entregar e iv) quem e/ou onde
e/ou como produzir. [...] Já o Controle da Produção pode ser definido como a
atividade gerencial responsável por regular (planejar, coordenar, dirigir e controlar),
[...] o fluxo de materiais em um sistema de produção por meio de informações e
decisões para execução”.
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
3 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
A busca pela eficiência competitiva tem provocado mudanças e aprimoramentos em
muitos fatores que envolvem a produção, distribuição, qualidade, custos, prazos,
garantias, parceria com fornecedores, entre outros.
No atual ambiente de negócios, a Gestão da Cadeia de Suprimentos apresenta-se
como uma ferramenta que permite envolver e interligar o mercado num grande
módulo de rede de distribuição, transformando o processo de produção e a atividade
de compra, de tal maneira que os consumidores, recebam ao final do processo, um
alto nível de serviço ao menor custo total, simplificando assim, o complexo processo
de negócios em busca pela conquista da eficiência (BALLOU et al, 2000;
CHISTOPHER, 2001; BOWERSOX e CLOSS, 2001).
A Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) tem apresentado soluções para as
empresas interessadas na obtenção de vantagens competitivas de forma efetiva,
abordando como as empresas devem definir suas estratégias competitivas e
funcionais por meio de um novo posicionamento com seus fornecedores e clientes.
De acordo com Swaminathan et al (1994), a Cadeia de Suprimentos pode ser
definida como uma rede de empresas autônomas ou semi-autônomas, percebidas
coletivamente como também responsáveis pelas atividades de obtenção, fabricação e
distribuição, associadas a uma ou mais famílias de determinados produtos
(EULÁLIA, 2000).
Segundo Chopra e Meindl (2003), uma cadeia de suprimentos engloba todos os
estágios (clientes, varejistas, distribuidores, fabricantes e fornecedores) envolvidos
direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido ao cliente. Pode ser vista, de
acordo com Lumus et al (1998), como uma rede de entidades que abrange todo o
fluxo de materiais e informações.
Para Lee & Billington (1993), a Supply Chain Management, ou Gestão da Cadeia de
Suprimentos, representa uma rede que atende a função de procura de material,
transformação do material em produtos intermediários e acabados, e distribuição dos
produtos acabados para os clientes. Nesse sentido, Rodrigues & Pires (1997),
consideram a GCS como “uma visão expandida, atualizada e, sobretudo, holística da
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
administração de materiais tradicional, abrangendo a gestão de toda a cadeia
produtiva de uma forma estratégica e integrada”. Sua amplitude atinge a toda a
cadeia produtiva, incluindo a relação da organização com seus fornecedores e
clientes (e não somente os fornecedores), tratando ainda de como as empresas devem
se posicionar estrategicamente em relação aos outros membros que compõem a
cadeia de suprimentos, buscando alcançar maior valor para a cadeia como um todo, e
não apenas para uma empresa isoladamente.
Estudos e abordagens para as cadeias de suprimentos são relativamente recentes,
suas bases estão intimamente relacionadas ao surgimento do conceito de logística na
década de 1950, quando se destaca uma nova abordagem, que orienta as questões da
administração da produção de maneira integrada. De acordo com Costa et al (2005),
os mesmos fatos que propiciaram a evolução da logística deram origem, na opinião
de diferentes autores, ao conceito de GCS - Gestão da Cadeia de Suprimentos.
O conceito da GCS foi difundido somente no final da década de 80, devido ao
desenvolvimento da logística e sua administração e, também à ampla difusão do
novo padrão de relacionamento entre empresas, oriundo da indústria automobilística
japonesa. (ALVES FILHO et al, 2004).
No final dos anos 80 até o começo dos anos 90, o tema começou a ser
sistematicamente tratado em periódicos científicos nas áreas de Administração e
Engenharia de Produção no ocidente, período que também foi marcado por
transformações políticas e tecnológicas significantes, entre elas: as mudanças na
regulamentação do transporte; a comercialização do microcomputador; a revolução
da informação; a adoção dos movimentos da qualidade e o desenvolvimento de
parcerias e alianças estratégicas (BOWERSOX e CLOSS, 2001).
Atualmente é evidente a difusão acelerada do conjunto de ferramentas e a
multiplicação de aplicações em diversos setores da economia. O tema tornou-se
crescente tanto na literatura mais prescritiva quanto aquela que analisa as situações e
as práticas implementadas para a coordenação ou gestão de cadeias de suprimentos,
abordando conceitos amplos que estão além dos limites definidos pelos fluxos de
bens e pelos correspondentes fluxos de informações. Desta maneira, segundo Alves
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
Filho et al (2004), convencionou-se denominar "Gestão da Cadeia de Suprimentos"
(GCS), como um corpo de conhecimentos ainda em construção que pode ser aplicado
com a finalidade de coordenar as ações/atividades das diversas empresas ou unidades
produtivas que constituem os elos e a cadeia de elos para a produção de um conjunto
de bens e serviços.
Pires (2000) considera que a competição entre empresas, para a GCS se dá no nível
das cadeias produtivas e não somente entre unidades de negócios isoladas e, como
resultado tem-se a formação de "unidade virtual de negócio", ou seja, um conjunto de
unidades que compõem uma cadeia produtiva e que operam de forma integrada e
concorrem com outras "unidades virtuais de negócio" ou cadeias produtivas. Neste
sentido, as empresas devem se preocupar com o desempenho global da cadeia
produtiva de forma a atender as necessidades dos clientes finais, disparando uma
necessidade de gestão integrada dos membros da cadeia e, principalmente, no
estreitamento dos relacionamentos, criando ainda, uma ação conjunta de
competências distintas nas unidades da cadeia.
De um modo geral, para Crasper & Gray (1995), a GCS tem como principal foco a
satisfação do cliente, ou seja: oferta de serviços mais rápidos; busca por melhores
índices de desempenho e aumento das vantagens competitivas. Observa-se ainda a
redução dos custos devido a alguns fatores estratégicos: a diminuição do volume de
transações de informações e papéis; dos custos de transporte e estocagem; da
variabilidade da demanda de produtos e serviços, e a adição de mais valor aos
produtos finais (por meio da criação de bens e serviços customizados e do
desenvolvimento conjunto de competências distintas) (VOLLMANN & CORDON,
1996).
De acordo com Mentzer et al (2001), é necessária a existência de uma filosofia
compartilhada entre todas as empresas constituintes, para que haja a implementação
da GCS. Esta cadeia de empresas é vista como um conjunto que envolve uma série
de desafios às práticas gerenciais tradicionais, resultando em um conjunto de valores,
crenças e ferramentas que permitam o reconhecimento das implicações sistêmicas e
estratégicas das atividades envolvidas na administração dos fluxos existentes.
(MENTZER et al, 2001; COUGHLAN et al, 2002).
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
A Integração Vertical e o forte controle hierárquico exercido anteriormente não está
adequada a esta situação, em que empresas distintas detêm a operação de diferentes
etapas do processo produtivo, acumulando, desta maneira, competências inerentes a
tais etapas, que necessitam traçar novas estratégias para servir seus vários clientes.
(ALVES FILHO et al, 2005).
3.1 Relacionamento da GCS
Para Ballou (1999), o aumento do interesse pelas relações de parceria deve-se ao fato
de não existir mais a possibilidade de uma única empresa ter todo o controle do fluxo
dos produtos ou serviços, ou seja, da fonte da matéria-prima ao consumo final. As
relações de parceria buscam integrar empresas distintas, responsáveis pelas
diferentes etapas do processo produtivo, em um modelo de integração alternativo à
hierarquia da Integração Vertical.
Buscando uma definição para o conceito de parceria (SLACK et al, 2002), apresenta
parceria como um padrão de relacionamento pautado “no compartilhamento de riscos
e recompensas de tecnologia e inovação, levando à redução de custos, ao
aprimoramento na entrega e na qualidade e à ampliação de vantagem competitiva”.
Diante do exposto, a GCS relaciona-se à integração de todas as atividades associadas
com a transformação e o fluxo de bens e serviços, desde as empresas fornecedoras de
matéria-prima até o usuário final, incluindo o fluxo de informação, fator necessário
para o sucesso do empreendimento (BALLOU et al, 2000).
De acordo com Bowersox e Closs (2001), o fluxo de produtos segue em direção aos
consumidores e o fluxo de informação parte dos consumidores até chegar ao alcance
dos fornecedores. O objetivo é que cada membro constituinte desta cadeia
desempenhe as tarefas relacionadas à sua competência central, evitando-se desta
maneira, desperdícios e funções duplicadas, facilitando assim, o gerenciamento
holístico que permite melhor aproveitar as sinergias produzidas (POIRIER, 2001).
Slack (2002), complementa: a gestão da rede de suprimentos está relacionada à
gestão do fluxo de materiais e informações entre as unidades produtivas que formam
os ramos ou “cadeias” de uma rede de suprimentos.
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A GCS, conforme Alves Filho et al (2005), pode ser definida como “a integração dos
principais processos que gerenciam os fluxos bidirecionais de materiais e
informações no âmbito intra-empresa e entre empresas participantes desta cadeia, até
atingir os consumidores finais, quando o objetivo principal é o de agregar valor aos
acionistas e aos clientes ao longo destes processos”.
Cooper et al (1997) e Tan (2002), também concordam que a GCS envolve a
integração dos processos de negócios, buscando a coordenação das atividades e
processos, que não estão apenas dentro de uma organização isolada, mas em todos
as empresas que compõem esta cadeia produtiva.
Destaca-se então uma questão que está voltada às relações entre as partes, deixando
de ser contrapostas e transformando-se em um esforço coordenado, no qual a
confiança e o comprometimento possuem uma relevância fundamental. Esta
interação de valores permite aos membros e empresas integrantes o reconhecimento
da importância do aprimoramento geral da cadeia, uma vez que situações de
confronto e de comportamentos oportunistas deixam de existir, prevalecendo o
entendimento sobre benefícios mútuos e também, quanto a outros fatores como, por
exemplo, os prejuízos, que de certa forma serão divididos eqüitativamente. O
desenvolvimento desse relacionamento facilita também para o compartilhamento de
informação, que está além dos dados transmitidos sobre transações de compra e
venda, incluindo aspectos estratégicos orientados à administração de um
planejamento conjunto, dados e fatores essenciais que permitem às empresas
participantes fazerem o certo de maneira mais rápida e eficiente (BOWERSOX e
CLOSS, 2001).
De acordo com Maia e Cerra (2004), a confiança mútua é um dos requisitos para o
estabelecimento de parcerias e está fortemente condicionada por outro pressuposto
da Gestão da Cadeia de Suprimentos: as relações de longo prazo. Tais relações
podem implicar em ligações de confiança entre as empresas, na medida em que as
transações ocorrem reiteradamente entre os diversos elos da cadeia.
Slack et al 2002, consideram que a GCS é o gerenciamento da interconexão das
empresas que se relacionam por meio de ligações a montante e a jusante, entre os
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
diferentes processos, que produzem valor na forma de produtos e serviços para o
consumidor final.
De acordo com Fusco (2007), adotar uma abordagem sistêmica na GCS abre o leque
para oportunidades de análises e melhorias em toda a cadeia e, de modo integrado,
pode aumentar a eficiência, mantendo o estoque somente onde for necessário.
Alguns autores identificaram variáveis que contribuem para uma melhor utilização
da Gestão da Cadeia de Suprimentos, considerando três conceitos: compartilhamento
de informação, integração e parceria.
1) Compartilhamento de informação: a informação é o elemento fundamental
dentro da GCS. O princípio básico está fundamentado na convicção de que a
eficiência pode ser aprimorada por meio do compartilhamento de informação e
do planejamento conjunto para o gerenciamento da cadeia de suprimento
(BOWERSOX e CLOSS, 2001; FELDMAN e MÜLLER, 2003; AL-
MUDIMING et al, 2004; GOMES e RIBEIRO 2004).
2) Integração: concentra-se no alinhamento dos processos-chave do negócio para a
integração da cadeia. Materiais e produtos partem das fontes supridoras e seguem
em direção aos consumidores. As informações e os recursos, por sua vez, correm
em direção oposta, partindo dos consumidores e chegando até as fontes
supridoras. A integração dos fornecedores traz benefícios a ambos dentro da
cadeia. (CHING 1999; NOVAES, 2001; DORNIER et al, 2000;
CHRISTOPHER, 2001).
3) Parceria: este conceito pode ser entendido por meio do relacionamento
fundamentado em confiança mútua, abertura à participação, compartilhamento de
recompensas e riscos, resultando em vantagem competitiva e bom desempenho
produtivo, situação esta, que não seria alcançada numa atuação individual.
(CHING, 1999; BOWERSOX e CLOSS, 2001; CHRISTOPHER, 2001; GOMES
E RIBEIRO, 2004).
Cada empresa participa de uma cadeia e, conseqüentemente, possui seus clientes
diretos. A cadeia como um todo, por sua vez, agrega e acumula valor ao
produto/serviço que será entregue ao cliente final.
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
De acordo com Alves Filho et al (2005), o objetivo da Gestão da Cadeia de
Suprimentos é maximizar a sinergia entre todas as partes da cadeia, a fim de atender
ao cliente final da maneira mais eficiente possível, tornando os processos de negócio
mais eficientes e eficazes, observando-se ainda, a redução de custos e níveis de
estoque, a busca pela melhoria da qualidade e criação e desenvolvendo de vantagem
competitiva e de valor para a toda a cadeia de suprimentos.
Para uma descrição qualitativa e melhor compreensão de como a GCS vem se
estabelecendo em todo o mundo, suas principais e mais freqüentes práticas serão
apresentadas brevemente, segundo Pires (2000) e Anderson et al (1997):
1) Gestão Integrada da Cadeia de Suprimentos: apresenta o planejamento
estratégico da cadeia deve ser feito de forma holística (ou sistêmica),
considerando a cadeia como um todo e não como partes independentes.
2) Reestruturação e Consolidação do Número de Fornecedores e Clientes:
geralmente se dá através da redução e reestruturação do número de fornecedores
e clientes, buscando a construção e aprofundamento das relações de parceria com
um conjunto de empresas com as quais, realmente, se deseja desenvolver um
relacionamento colaborativo e com resultado sinérgico.
3) Divisão de Informações e Integração de Infra-estrutura com Clientes e
Fornecedores: propicia entregas just in time e redução dos níveis de estoques,
esta situação pode ser conseguida mediante a utilização de práticas como EDI -
Eletronic Data Interchange, ECR - Efficient Consumer Response, e com a
adoção de representantes permanentes (in plant representatives) junto aos
clientes, prestando auxílio técnico e consultivo em questões de produção.
4) Desenvolvimento Conjunto de Produtos: traz o envolvimento dos fornecedores
desde os estágios iniciais do desenvolvimento de novos produtos (ESI - Early
Supplier Involvement) proporcionado, principalmente, na redução do tempo e nos
seus custos.
5) Considerações Logísticas na Fase de Desenvolvimento dos Produtos: abrange
a fase da concepção de produtos que facilitem no desempenho da logística da
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
cadeia produtiva como um todo, geralmente envolve também a escolha de um
operador logístico eficiente para administrar a mesma.
6) Segmentação dos Clientes com Base nos Diferentes Serviços Prestados:
concentração na segmentação de clientes em função de suas necessidades
específicas, o que possibilita a empresa o desenvolvimento de um portfólio de
serviços customizados para os vários segmentos.
7) Postponement (postergação, em português): esta estratégia consiste na criação e
desenvolvimento de centros de diferenciação de produtos ao longo da cadeia,
quando um determinado produto semi-acabado é guardado até que chegue um
pedido como, por exemplo, certas especificações de embalagem, para que, então,
o produto possa ser acabado de acordo com o pedido do cliente.
8) Outsoursing: consiste em uma prática onde parte do conjunto de produtos e
serviços utilizados em uma empresa (pertencente a uma cadeia produtiva) é
realizado por uma empresa externa, objetivando na construção de um
relacionamento colaborativo e interdependente. A empresa fornecedora se
especializa e se desenvolve continuamente enquanto a outra empresa cliente se
empenha nas suas atividades principais. Outsoucing significa, essencialmente, a
opção por uma relação de parceria e cumplicidade com um ou mais fornecedores
da cadeia produtiva, numa decisão tipicamente estratégica, abrangente e de difícil
reversão.
Alves Filho et al (2004 e 2005), sintetizam os principais pressupostos da GCS,
agrupando-os em quatro subconjuntos relacionados respectivamente: ao ambiente
competitivo; ao alinhamento estratégico das organizações e à repartição dos ganhos;
à estrutura da cadeia; e às relações entre as empresas da cadeia, os quais são
apresentados a seguir:
1) O primeiro subconjunto de pressupostos refere-se à maneira pela qual as
companhias e os pesquisadores percebem o ambiente competitivo. Segundo
Christopher (1998), tal ambiente passou por um processo de reestruturação, de
forma que a competição ocorre entre cadeias inteiras e, não mais entre empresas
isoladas;
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
2) O segundo grupo de pressupostos deriva do primeiro (alinhamento estratégico das
organizações e à repartição dos ganhos). Se nesse momento a competição ocorre
entre cadeias inteiras, as companhias devem ter suas estratégias alinhadas, de
forma que ações individuais gerem ganhos para toda a cadeia. A contrapartida
desse alinhamento estratégico seria uma distribuição de ganhos equânime entre
as empresas, de acordo com os esforços e investimentos feitos de cada uma.
Desta maneira observa-se que a alteração no padrão de competição e a
necessidade de alinhamento estratégico possuem impacto direto nas estratégias
competitivas e, conseqüentemente, na estratégia de operações implementadas em
cada companhia da cadeia. (ALVES FILHO et al, 2005)
3) O terceiro subconjunto contempla aspectos relativos à estrutura da cadeia, isto é, o
papel que cada companhia e cada unidade produtiva deve desempenhar dentro
das cadeias. Ele inclui a existência de um número relativamente pequeno de
fornecedores hierarquizados, a integração de processos e atividades por meio da
cadeia, a ocorrência de um fluxo bidirecional eficiente de materiais e
informações e a realização de esforços por parte de cada empresa para reduzir sua
própria complexidade (reduzindo assim a complexidade da cadeia como um
todo).
4) O quarto grupo diz respeito às relações existentes entre as companhias que fazem
parte da cadeia de suprimentos. Lidam com o estabelecimento do relacionamento
cooperativo e de longo prazo, bem como as parcerias existentes entre as
empresas.
3.2 Outsourcing como estratégia competitiva
Araújo (2001) define o conceito de Outsourcing como sinônimo de terceirização,
caracterizado pela prática de “passar adiante a responsabilidade” pela execução de
determinada tarefa ou de um conjunto de atividades, tornando-se um processo
permanente. Isso permite à empresa ficar mais focalizada em sua atividade-fim (core
business) (TUTIA et al, 2007).
Outsourcing, portanto, consiste em uma prática onde parte do conjunto de produtos e
serviços realizados em uma empresa (dentro de uma cadeia produtiva) é produzida
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
por uma empresa externa. É uma forma de se estabelecer um relacionamento
colaborativo e interdependente entre as empresas.
A empresa fornecedora se especializa e se desenvolve continuamente enquanto a
empresa cliente se empenha nas suas atividades principais. Outsourcing significa,
essencialmente, a opção por uma relação de parceria e cumplicidade com um ou mais
fornecedores da cadeia produtiva numa decisão tipicamente estratégica, abrangente e
de difícil reversão (PIRES, 2000; ANDERSON et al, 1997).
Esta prática trata a utilização estratégica de recursos externos, baseado em contratos
de longo prazo, com empresas comprovadamente eficientes e especializadas, que
complementam suas capacidades.
Outsourcing Estratégico refere-se a uma determinada estratégia que transfere
atividades internas das empresas para fornecedores externos, com o objetivo de
liberar recursos como patrimônio, infra-estrutura e pessoas, para que a empresa
concentre seus esforços em suas competências essenciais do negócio, ou
simplesmente nas atividades que mais lhe proporcionam retorno. Desta forma,
admite-se que a empresa canalize seus recursos em iniciativas que demandem
vantagem competitiva (OUTSOURCING INSTITUTE, 2000 apud EULÁLIA et al,
2000).
De acordo com Vernalha e Pires (2005), é freqüente encontrar as práticas da
terceirização e do outsourcing indistintamente referenciadas pelo vocábulo
"terceirização", na literatura em português.
Faz-se necessário esclarecer que neste trabalho não se pretende aprofundar as
discussões que envolvem essa nomenclatura, portanto serão adotados para os termos
repasse, transferência e terceirização o termo outsourcing, para se referenciar as
iniciativas em que se abrem mãos dos ativos (bens), infra-estrutura, mão-de-obra e
competência visando à transferência de atividades-fim da empresa a fornecedores
externos.
Empresas em todo o mundo estão procurando saídas não tradicionais, com o objetivo
de aprimorar suas capacitações buscando redução de custos e aumento da
flexibilidade, esse movimento deve-se à forte competição e à crescente demanda por
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
qualidade e inovação nos mercados globais. Fornecedores e parceiros de negócios
estão se organizam e fortalecem cada vez mais seus relacionamentos ao longo da
cadeia de suprimentos, procurando, dessa maneira concentrar recursos em suas
competências essenciais. (VERNALHA e PIRES, 2005).
Para Dekkers (2000), o ambiente competitivo e globalizado exerce crescente pressão
em busca da melhoria de desempenho, oferecendo, ao mesmo tempo, oportunidades
de exploração dos recursos de forma a atender os requisitos do negócio.
Ainda, segundo o autor, devido ao aumento da competitividade dos mercados, muitas
empresas passaram a concentrar os seus melhores recursos no seu “core business
(negócio vital), criando, desta maneira, oportunidades de outsourcing de atividades,
funções ou processos que não seriam sequer imagináveis: transporte;
armazenamento; frotas; funções financeiras; sistemas informáticos; montagens de
subsistemas e ou conjuntos do produto final; entre outros. Esse processo de
desenvolvimento e crescente demanda dessas atividades alteraram qualitativamente o
conceito do outsourcing que já está presente nas atividades vitais da empresa.
3.3 Outsourcing da manufatura
O outsourcing das atividades de manufatura está intimamente relacionado ao
processo de determinação de quais atividades deveriam ser transferidas a um
fornecedor externo. A essência do outsourcing é o uso das instalações produtivas de
outras empresas ao invés de utilizar recursos existentes na companhia ou de fazer
novos investimentos na estrutura produtiva. É uma iniciativa complexa que envolve
diferentes funções gerenciais, desde a fase de motivação até o gerenciamento do
processo plenamente implementado na cadeia (EHIE, 2001).
De acordo com Vernalha, HB e Pires, SR (2005). a prática do outsourcing requer a
gestão de diferentes áreas e setores da organização, pelo fato de integrar várias
funções administrativas, tais como Planejamento Estratégico, Finanças, Logística e
Recursos Humanos. A contribuição da integração dessas diversas funções muda ao
longo do processo de implantação do outsourcing, pois cada fase apresenta
características distintas.
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Na busca por fornecedores com classe mundial e, considerando a entrada desses
novos fornecedores e clientes, freqüentemente a implantação do outsourcing resulta
em mudança ou realinhamento de todos os agentes atuantes em determinada cadeia
de suprimentos. Ao repassar determinada atividade produtiva, as empresas passam,
indiretamente, a ser abastecidas por novos fornecedores e encaram a necessidade de
organizar práticas que viabilizem um melhor e mais estreito relacionamento entre os
diversos agentes dessa cadeia (VERNALHA e PIRES, 2005).
Importantes setores, como o automotivo, o eletrônico e atualmente o de Tecnologia
da Informação, buscaram, na última década, novas estratégias como as iniciativas em
outsourcing das atividades de manufatura, que pertencem às denominadas “áreas não
essenciais”.
Por vários anos e, como prática comum nas organizações industriais, as
transferências das atividades das “áreas não-essenciais”, ou seja, das tarefas ditas
"não-produtivas" ou periféricas, limitavam-se às empresas terceirizadas
(VERNALHA e PIRES, 2005).
Segundo Pires (1998), a prática do repasse ou outsourcing visa, por outro lado à
substituição de atividades integrantes do processo produtivo, ou seja, a transferência
dessas atividades a empresas parceiras objetiva a busca de menores custos de
produção e maior velocidade de desenvolvimento de inovações.
O outsourcing da manufatura acontece, conforme Bendor-Samuel (2005), quando
uma organização transfere a propriedade de um processo para um fornecedor. Isso
diferencia esta prática de qualquer outra modalidade de relacionamento em que o
comprador retém algum tipo de controle do processo. A prática outsourcing transfere
a responsabilidade do processo de produção à outra organização. Em alguns casos, a
empresa que contrata não instrui o fornecedor em como desempenhar a tarefa, mas
trata – quando não determina – dos resultados que quer comprar. Assim, o valor da
estratégia está em o fornecedor examinar o processo e mudar a forma como ele é
feito, situação além do que apenas a mudança de atores que desempenham uma
função e/ou atividade. Essa mudança pode ocorrer na utilização de uma nova
tecnologia ou, ainda, na aplicação de um processo, mesmo que já existente, porém
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com vistas na melhoria da produção. Ao final do processo o resultado dessa
estratégia é o acúmulo de valor da empresa contratante.
De acordo com Leavy (1996), existem várias vantagens decorrentes de um
outsourcing estratégico, porém a maior vantagem está relacionada à oportunidade em
fortalecer as competências essenciais da empresa contratante, e a partir de uma
sofisticada e criteriosa seleção de fornecedores, acentuando o processo de criação de
valor para os consumidores finais. De maneira geral, os benefícios podem ser
definidos como melhor qualidade do produto, custos mais baixos e maior capacidade
de inovação decorrente da especialização e focalização.
Nesse contexto a decisão "fazer ou comprar" ou, ainda, fazer com recursos internos
ou externos à empresa e o aumento pela opção de outsourcing, tem se configurado
como uma alternativa estratégica para muitas organizações (COLLINS et al, 1997).
Quinn & Hilmer (1994) trabalharam em um modelo para determinar se uma
atividade não essencial deve ou não ser repassada a outra empresa, através do
levantamento e respostas a três questões básicas:
1) Qual o potencial para se obter uma vantagem competitiva nessa atividade,
levando-se em consideração os custos da transação?
2) Qual a vulnerabilidade potencial que poderia surgir a partir de uma falha de
mercado, caso fosse feito o outsourcing da atividade?
3) O que pode ser feito para aliviar a vulnerabilidade, através da estruturação de
acordos com os fornecedores para garantir os controles apropriados e ainda
prover a necessária flexibilidade na demanda?
Os autores identificam, ainda, dois fatores que afetam as decisões pelo outsourcing
de atividades da manufatura: o grau estratégico de vulnerabilidade (risco do negócio)
e o potencial para vantagem competitiva. As atividades que fornecem pouca
vantagem competitiva e baixa vulnerabilidade de fornecimento deveriam ser
repassadas, já aquelas que fornecem alta vantagem competitiva e expõem a
companhia a um alto grau de risco do negócio, em função da vulnerabilidade do
fornecedor, deveriam ser produzidas "em casa" (QUINN & HILMER, 1994).
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O modelo proposto por Calvi et al (2001) apresentam uma matriz baseada na
autonomia do fornecedor no desenvolvimento do projeto e no risco desse
desenvolvimento. Eles reconhecem cinco tipos possíveis de envolvimento do
fornecedor, desde o relacionamento do tipo "contratação clássica" até o co-
desenvolvimento crítico. Durante o processo de outsourcing das atividades de
manufatura, o estreito relacionamento entre cliente e fornecedor cria o ambiente
adequado para a melhoria do produto ou até para o co-desenvolvimento de novos
produtos (VERNALHA e PIRES, 2005).
De acordo com Pires (2000), o outsourcing vai além dos conceitos de terceirização
ou subcontratação, na medida em que significa uma opção por uma relação de
parceria ou cumplicidade resultante de uma decisão estratégica entre dois ou mais
membros da cadeia produtiva, sendo tipicamente abrangente e de difícil reversão.
Porém, sua maior diferença entre os conceitos de terceirização ou subcontratação,
está no fato de que nesses o relacionamento é temporário, determinado por contrato
de curto prazo, com o significado de apenas um negócio decorrente de uma decisão
operacional restrita e reversível, e não impacta diretamente na competitividade dos
produtos ou serviços oferecidos pela empresa. Além disso, muitas empresas e alguns
autores encaram a questão do outsourcing como aplicáveis a funções específicas,
como exemplo, a área de sistemas das companhias. Na realidade, um potencial mais
amplo existe e deve ser observado quanto à aplicação desta prática nas mais
diferentes áreas ou indústrias (partes componentes, atividades individuais, atividades
funcionais, processos etc.).
Muitas abordagens sobre outsourcing da manufatura estão relacionadas à sua origem
dentro de tradicionais indústrias intensivas em mão-de-obra. Isso é devido ao fato de
que muitas empresas preocupam-se, principalmente com custos, sobretudo salários.
Ao longo do processo de globalização, muitos custos tenderam a convergir nos
mercados globais. A exceção dos custos de trabalho, cujas diferenças permaneceram
entre países ou entre regiões dentro de um mesmo país, uma assertiva que vale para o
Brasil, para a China, para os Estados Unidos e para a Europa (Espanha, Grécia e
Portugal versus Alemanha, Bélgica ou Suécia). Ou seja, o outsourcing da manufatura
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tem uma forma anterior, a subcontratação de atividades produtivas, concebida para
lidar principalmente com os objetivos de custo de uma empresa.
Essa forma de organização industrial, como opção estratégica da produção, esteve,
no seu início, associada às indústrias de vestuário e calçados, como exemplo das
marcas de moda: Benetton e Nike. A estratégia de outsourcing da produção foi
expandida levando muitas empresas da indústria de manufatura do vestuário de moda
a optar por esse tipo de arranjo da produção, ganhando força a partir do final dos
anos 80. Neste processo, muitas marcas amplamente reconhecidas no mercado detêm
o controle da concepção e da administração da marca, terceirizando os estágios da
produção (GEREFFI, 2002; MYTELKA, 1991). A principal motivação por esta
opção de produção é o custo, embora o processo propicie, também, a redução do
ciclo de vida do produto e aceleração do ritmo da indústria da Moda.
Por algum tempo a separação da manufatura de outras funções corporativas foi vista
de maneira equivocada, pelo fato de se entender que as tarefas produtivas estavam
perdendo importância, e por isso podiam ser externalizadas, porém na medida em
que outras indústrias, além de calçados e vestuário, reforçaram esse movimento, o
fenômeno passou a ser visto com mais atenção e sob outros matizes.
O ambiente competitivo enfrentado por empresas de diferentes setores nas últimas
décadas, caracterizado principalmente por curtos ciclos de vida do produto e
demandas cada vez mais voláteis, tem forçado respostas estratégicas de forma que as
firmas concentrem seus recursos em suas competências centrais, sem perder
desempenho naquelas não-centrais. O outsourcing da manufatura torna-se, então,
uma forte ferramenta ao permitir maior e melhor foco das empresas contratantes nos
processos de concepção e marketing do produto, além das possibilidades de
transformações nos processos produtivos, tornando-se cada vez melhores e mais
eficientes. A transferência do processo produtivo para fornecedores externos permite
à empresa contratante desfrutar da economia de escala e know how dos seus
fornecedores. (GEREFFI, 2002; MYTELKA, 1991).
Em termos específicos, os potenciais benefícios para ambas as partes do
relacionamento (empresa cliente e fornecedora), são:
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
- redução e controle de custos operacionais;
- ganhos de produtividade, melhoria no foco da empresa;
- acesso às capacidades de classe mundial;
- liberação de recursos internos e economias de investimento
- obtenção de recursos que não estão disponíveis internamente;
- ganhos de capacitação para fornecedor
- disponibilização de capitais;
- compartilhamento de riscos;
- aumento na eficiência administrativa (OUTSOURCING INSTITUTE, 2000;
MARINHO & AMATO NETO, 1997; AMATO NETO, 1993) (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Porcentagem de respondentes indicando razões para a opção pelo outsourcing. Fonte:
EHIE (2001)
No processo de decisão pelo outsourcing da manufatura, as empresas devem ter claro
quais os principais riscos desse negócio, que pode resultar em desvantagens para as
organizações que adotam essa estratégia. A maioria dessas situações desfavoráveis
são decorrentes de uma implementação e prática do outsourcing que são realizadas
sem uma abordagem que contemple os pontos críticos de sucesso como:
- a não existência de fornecedores ideais;
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Capítulo 3 - GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
- a seleção de fornecedores sem critérios;
- a ocorrência de resistências internas.
Outros pontos também devem ser considerados para o sucesso da implementação do
processo de outsourcing da manufatura, como:
- visão e planejamento estratégicos bem definidos;
- esclarecimento das metas e responsabilidades de ambas as empresas;
- análise criteriosa dos parceiros procurando levantar suas competências técnicas;
- administração contínua das relações;
- preocupação de um contrato apropriadamente estruturado, procurando obter o
envolvimento e suporte dos executivos seniores, dentre outros (MARINHO &
AMATO NETO, 1997).
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
4 CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
Segundo Monteiro Filha (2004), as raízes da fabricação de produtos têxteis no Brasil
precedem a chegada dos portugueses. De certa forma tudo começou com a ocupação
do território brasileiro, que pode ser considerado como a fase de efetiva implantação
dessa atividade industrial no Brasil (1844-1913).
Conforme observa Dias (1999), “[...] esta indústria foi uma das precursoras do
processo de mecanização da produção durante a Revolução Industrial ocorrida no
período de 1780 a 1840 […] Contudo, após a Revolução Industrial até
aproximadamente 1950, não ocorreram inovações técnicas significativas. […] Após
os anos 50, a indústria têxtil mundial passa por transformações importantes, resultado
da incorporação de inovações técnicas de outros setores industriais, como a química
[…]”. Esta indústria também foi uma das precursoras da incorporação de
componentes microeletrônicos em máquinas e equipamentos. Como traço marcante
das transformações nesse período mais recente tem-se, no segmento de fiação, o
desenvolvimento de fios sintéticos, assim como posteriormente significativos
avanços nos filatórios e no segmento de tecelagem: note-se a introdução de teares
que incorporam componentes de base microeletrônica.
4.1 A importância da Cadeia
A indústria têxtil constitui-se como uma das atividades tradicionais na sua formação
e no seu papel histórico na passagem da manufatura para a grande indústria.
É um dos setores mais difundidos mundialmente, além de representar uma notável
fonte de geração de empregos e renda para vários países, concentrando “5.7% da
produção manufatureira mundial, 8.3%do valor dos produtos manufaturados e
comercializados no mundo e mais de 14% de emprego mundial” de acordo com
dados da American Textile Manufactures Institutes – ATMI (LUPATINI, 2004).
A cadeia produtiva têxtil e de confecções inicia-se, de maneira simplificada, na
agropecuária (fibras naturais) ou na indústria química (fibras manufaturadas), é
composta de várias etapas produtivas inter-relacionadas, passando pelo fio, tecido,
beneficiamento, confecção, distribuição, varejo e terminando no consumidor final.
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
Dada a sua característica de extrema heterogenia no que diz respeito às matérias-
primas utilizadas, aos processos produtivos existentes, aos padrões de concorrência e
às estratégias empresariais, esta é uma cadeia que dificulta a formulação e a
implementação de políticas públicas (ANTERO, 2006).
Para Maccarini e Biasoto Jr (1985), a heterogeneidade da CPTC se manifesta em
termos industrias e tecnológicos e também de acordo com o tamanho das empresas e
número de empresas, principalmente no elo final da cadeia.
A CPTC engloba a produção de fibras (naturais, artificiais ou sintéticas), fiação,
tecelagem, malharia, acabamento e confecções (La Rovere, Hasenclever e Melo,
2000), podendo ser dividida em três grandes segmentos industriais, cada um com
níveis distintos de escala: fibras e filamentos químicos que, junto com o de fibras
naturais (setor agropecuário), produzem matérias-primas básicas que alimentam as
indústrias do setor de manufaturados têxteis (fios, tecidos e malhas) e da confecção
de bens acabados (vestuário, linha lar, etc). Conforme Tabela 1.
Segmentos 1995 2000 2004 2005 2006
Têxteis 5.278 4.363 3.847 4.026 4.120
Fiações 661 360 359 376 383
Tecelagens 984 434 448 493 593
Malharias 3.019 3.195 2.546 2.546 2.421
Beneficiamento 614 474 494 575 723
Confeccionados 17.066 18.797 19.042 20.853 21.898
Vestuários 13.908 15.634 16.531 18.096 18.884
Meiase
Acessórios
1.235 1.235 995 1.081 1.101
LinhaLar 1.498 1.501 1.020 1.098 1.157
Outros
(1)
425 427 496 578 756
Total 22.334 23.260 22.889 24.879 26.018
Nota:1)Artigostécnicoseindustriais
Tabela 1 – Fábricas Instaladas por segmento. Fonte: IEMI (2007)
A produção da cadeia têxtil e confecção não está destinada somente ao segmento do
vestuário, a partir da fibra e da matéria-prima de base e, de acordo com o conjunto de
processos de transformação que permite obter um produto acabado, como resultado
pode-se obter um artigo de vestuário, têxtil-lar ou têxtil técnico, ou seja, parte da
produção abastece diretamente a distribuição de produtos têxteis-lar e outra é
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
destinada à outras indústrias, como exemplo: artigos têxteis técnicos e de
revestimento, conforme Tabela 2 (MELO e DUARTE, 2001).
Segmento 1995 2000 2004 2005 2006
Vestuário 3.789.513 5.313194 4.901.287 4.969.350 5.050.630
Roupadetecidosde
malha
(1)
2.215.427 3.415.656 2.902.967 2.960.208 3.042.841
Roupadetecidos
planos
(1)
1.294.265 1.475.737 1.539.021 1.503.549 1.513.731
Roupadeoutras
matérias
(1)
38.955 58.100 66.766 62.319 60.676
Roupaprofissional 103.566 130.759 160.172 183.797 188.943
RoupadeSegurança 137.300 232.942 232.361 232.477 244.439
Meias/Acessórios
(
2
)
592.943 575.350 615.480 629.478 643.327
LinhaLar 665.134 887.992 940.907 973.732 1.017.550
ArtigosTécnicos 1.400.877 1.615.148 2.037.663 2.040.073 2.050.273
Total 6.438.467 8.391.684 8.495.337 8.612.633 8.761.780
Notas:
1) Nãoincluiroupaprofissionaledesegurança
2) Meiasemmilpares
Tabela 2 – Produção segundo o segmento de atuação (em mil peças). Fonte: IEMI (2007)
Segundo Prochnik (1989) e Haguenauer (2002), as cadeias produtivas resultam, por
um lado, do crescente processo de desintegração vertical e da divisão do trabalho e,
por outro, da maior interdependência originada por pressões competitivas entre os
agentes econômicos. Uma cadeia produtiva pode ser então definida como o conjunto
de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos
os diversos insumos. Cadeias produtivas setoriais são aquelas em que as etapas são
representadas por setores econômicos e os intervalos pelos mercados entre setores
consecutivos.
De acordo com a definição da Comissão Européia a CPTC é composta por duas
indústrias que se organizam em formato de cadeia:
1) A montante – a indústria têxtil, que engloba as seguintes grandes etapas do
processo produtivo: a preparação da fibra, a fiação, a tecelagem, malharia e os
acabamentos (tinturaria e estamparia), abastecidos pelos fornecedores de
matérias-primas (fibras naturais, artificiais e sintéticas);
2) A jusante – a indústria de vestuário que compreende a confecção de artigos de
vestuário e acessórios servidos pela distribuição.
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
No âmbito do processo produtivo são considerados os seguintes estágios, cada etapa
apresenta especificidades e contribui para o desenvolvimento do próximo elo de
produto:
1) Produção da matéria-prima e Fiação
2) Tecelagem, Malharia e não tecidos
3) Acabamentos
4) Confecção
5) Mercado
(Na fase mais a jusante, pode-se ainda considerar a atividade de moda)
Produção de matéria-prima e fiação: é a primeira fase da cadeia produtiva têxtil e
confecção e diz respeito à produção das fibras e/ou filamentos que serão preparados
para a etapa da tecelagem. As fibras têxteis podem ser de dois tipos: naturais ou
químicas. As fibras naturais são aquelas de origem animal, vegetal ou mineral e se
encontram no mercado sob a forma de fardos. As fibras químicas são obtidas por
processos de polimerização e se encontram sob a forma de filamentos contínuos ou
cortados. Podem ser artificiais ou sintéticas. As fibras artificiais provêm de extratos
de matérias-primas naturais, como a celulose, como exemplos temos: viscose, acetato
e lyocel. As fibras sintéticas possuem sua origem no setor petroquímico, como
exemplos podemos citar: poliamida, poliéster, polipropileno, polietileno e fibras
elastoméricas.
De acordo com Alexim (2003), atualmente existe uma tendência de aumento de
utilização das fibras químicas e queda na utilização das fibras naturais, devido a
incertezas ligadas à produção dessas fibras, como variações climáticas, de safra e
também em preço, por outro lado há ainda a crescente melhoria da qualidade na
produção das fibras químicas, que reproduzem cada vez melhor as características das
fibras naturais. Já no Brasil, o clima e fatores culturais fazem com que o algodão seja
ainda a principal fibra utilizada no complexo têxtil-vestuário.
O segmento de fiação produz os fios a partir das fibras naturais e químicas. A
capacidade de produção está relacionada com o tipo de filatório que a indústria
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
possui. Podem ser de anéis ou rotores (estes últimos nas versões open-end ou jet
spinner). Os filatórios de anéis são mais versáteis e podem produzir fios de todas as
espessuras. Os de rotores apresentam maior produtividade, podem alcançar maior
velocidade de produção e eliminar etapas da fiação tradicional, porém sua produção
não é tão versátil pois está restrita aos fios mais grossos. A tecnologia dos jet spinner
ainda é recente e pouco difundida no Brasil. Esses filatórios apresentam maior
produtividade do que os demais e podem produzir fios finos.
Tecelagem: neste segmento, os fios são transformados em tecidos, esse processo
consiste no entrelaçamento dos fios e varia conforme o tipo de tecido que é
produzido. São processos técnicos distintos que dão origem aos tecidos planos, a
malharia e a tecnologia de não-tecidos.
Acabamentos: após a tecelagem, os produtos passam por uma fase de acabamento,
que envolve o tingimento e a estamparia dos tecidos, esta etapa consiste em uma
grande variação de processos técnicos e operações que conferem ao produto novas
propriedades específicas, como exemplo: conforto, durabilidade e resistência.
Confecção: este segmento é a última etapa do processo produtivo da cadeia têxtil,
antes da fase da distribuição e varejo. Os produtos são divididos em três categorias
básicas: vestuário, consumo industrial, como exemplo o revestimento para móveis e
veículos, e a área de utilidades domésticas, com produtos de cama, mesa e banho,
além de produtos para revestimentos de pisos e paredes. Esta etapa apresenta-se
como a confecção de roupas e artigos têxteis em geral, inclui as fases de criação de
moda, estudo e desenvolvimento de moldes, gradeamento, encaixe, corte e costura. É
a principal etapa da confecção, concentrando a maioria das operações.
Conforme Alexim (2003), o setor de confecção é um dos mais importantes em
termos de emprego, pois é intensivo em trabalho, sendo o custo da mão-de-obra a
principal vantagem comparativa na localização de novas indústrias Tabela 3.
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
Segmentos 1995 2000 2004 2005 2006
Têxteis 85,1 76,0 81,0 81,2 80,1
Fiações 200,4 255,2 216,8 213,1 207,4
Tecelagens 164,9 228,5 217,8 203,9 172,4
Malharias 38,1 37,2 41,9 45,1 48,9
Beneficiamento 64,5 62,2 59,6 51,7 41,6
Confeccionados 86,0 65,6 61,5 57,4 54,5
Vestuários 86,9 66,5 60,3 55,8 53,4
Meiase
Acessórios
43,2 38,8 40,6 37,6 40,1
LinhaLar 81,3 63,6 92,1 96,2 86,0
Outros
(1)
197,3 116,7 82,4 70,7 55,7
Total 85,8 67,6 64,8 61,2 58,6
Notas:
1)Artigostécnicoseindustriais
Tabela 3 – Número médio de empregados por empresa. Fonte: IEMI (2007)
Mercado: são os canais de distribuição e comercialização (atacado e varejo).
Há ainda uma gama fundamental e estratégica de funções corporativas (como
marketing, finanças, concepção de produtos e administração de marcas, canais de
distribuição e comercialização, entre outras) que estão relacionadas às etapas do
processo produtivo têxtil-vestuário, fundamentando os ativos intangíveis do produto
final.
Para uma melhor visualização e entendimento das considerações sobre a cadeia
produtiva têxtil e de confecções, veja-se a Figura 5, que a caracteriza de forma
ampla.
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
Figura 5 – Complexidade da cadeia produtiva têxtil e de confecção. Fonte: adaptada de Euratex (2004)
A CPTC é importante pela sua capacidade de gerar empregos e desenvolvimento
regional, assim como pela sua significativa participação no mercado internacional,
representando um potencial em ganhos de competitividade. Observa-se na Tabela 4
que o segmento de confeccionados é o que mais emprega dentro da CPTV.
Segmentos 1995 2000 2004 2005 2006
Têxteis 449.354 339.238 311.571 326.725 329.994
Fiações 132.497 91.859 77.821 80.132 79.422
Tecelagens 162.269 99.188 97.580 100.507 102.216
Malharias 114.973 118.700 106.742 116.349 118.292
Beneficiamento 39.615 29.491 29.428 29.737 30.064
Confeccionados 1.468.127 1.233.156 1.171.558 1.196.311 1.193.918
Vestuários 1.209.152 1.039.928 996.355 1.009.188 1.008.121
Meiase
Acessórios
53.355 47.902 40.400 40.628 44.203
LinhaLar 121.781 95.493 93.944 105.631 99.504
Outros
(1)
83.839 49.833 40.859 40.864 42.090
Total 1.917.481 1.572.394 1.483.129 1.523.036 1.523.912
Notas:1)Artigostécnicoseindustriais
Tabela 4 – Empregados por segmento. Fonte: IEMI (2007)
No entanto, conforme Antero (2006), a cadeia produtiva têxtil e de confecção
nacional, em alguns elos, apesar de apresentarem um grau de competitividade
superior ao observado no início desse processo, ainda não se encontram no nível de
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competitividade dos principais concorrentes do mercado mundial, necessitando de
outros esforços, além do de se ajustar. Trata-se de se dar outro salto competitivo para
que o país se torne novamente um player significativo no mercado mundial.
4.2 Dinâmicas da cadeia produtiva têxtil e de vestuário - CPTV
A cadeia produtiva têxtil e de vestuário de moda é caracterizada pela
heterogeneidade em relação ao porte das empresas que a compõem, incluindo desde
grandes empresas integradas (da fiação ao acabamento) até pequenas empresas
confeccionistas (Tabela 5). O elo da confecção, ao final da cadeia, é caracterizado
pela heterogeneidade de seus ramos e pela elevada concentração de firmas e
empresas, particularmente no ramo do vestuário. Uma vez que se trata do elo que
agrega mais valor, este deve ser o foco principal das ações dentro da cadeia. No
entanto, sua competitividade está comprometida por todos os elos anteriores.
Porte 1995 2000 2004 2005 2006
Pequenas
No.deFábricas 13.368 13.071 14.779 14.583 15.250
Mãodeobradireta 73.675 89.894 100.332 150.937 172.348
Produção
tons 1.578.299 1.897.533 2.419.198 2.497.811 2.675.126
Médias
No.deFábricas 3.307 5.174 3.930 5.567 5.915
Mãodeobradireta 562.215 496.501 468.161 379.452 325.454
Produção
tons 2.080.860 3.273.247 3.055.011 3.001.408 2.985.256
Grandes
No.deFábricas 391 552 333 703 733
Mãodeobradireta 347.531 190.677 180.953 240.533 271.598
Produção
tons 2.779.308 3.220.904 3.021.128 3.113.414. 3.101.398
Total
No.deFábricas 17.066 18.797 19.042 20.853 21.898
Mãodeobradireta 983.421 777.072 749.942 770.942 769.400
Produção
tons 6.438.467 8.391.684 8.495.337 8.612.633 8.761.780
Notas
1) Pequenasde5a19funcionáriosempregadosdiretamentenaprodução
2) Médiasentre20e99funcionários
3) Grandesacimade99funcionários
Tabela 5 – Distribuição por porte. Fonte: IEMI (2007)
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As diferenças de níveis tecnológicos entre os elos, ao longo da cadeia, não interferem
no processo produtivo e, raramente trazem problemas de compatibilização para a
produção.
Para Haguenauer et al (2001), se aliarmos a esses fatos a evidência de os produtos
serem facilmente transportáveis e de as atividades já estarem implantadas há mais de
um século no país, configurando em geral pequenas barreiras à entrada, pode-se
entender a grande heterogeneidade tecnológica da cadeia (interfirmas e mesmo
intrafirma), junto à heterogeneidade de tamanho das firmas, principalmente no final
da cadeia .
A competitividade da CPTV depende cada vez mais dos ativos intangíveis, tais
como: design; a concepção e desenvolvimento de produto; engenharia; marketing;
canais de comercialização; marcas (preferivelmente globais); logística; manutenção e
assistência aos fornecedores e capacidade de administração e coordenação da cadeia.
Segundo Mendes (2006), a Cadeia Têxtil compreende uma rede heterogênea de
setores industriais com estruturas diversas quanto ao tamanho, número de empresas,
intensidade de mão-de-obra, capital envolvido e complexidade tecnológica.
Se a Cadeia Têxtil for considerada como um todo, os fabricantes de produtos de
vestuário encontram-se posicionados na ponta final da cadeia produtiva têxtil, a
Figura 6: mostra o eixo principal da Cadeia Têxtil que impulsiona o fluxo produtivo.
Destaca-se a Indústria de Confecção, foco deste trabalho.
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Figura 6 – Eixo da Cadeia Têxtil. Fonte: Mendes (2006)
Conforme a Figura 7, percebe-se a existência de uma cadeia básica, composta pela
linha principal, fibras, fiação, tecidos, indústria de confecções e varejo, e vários elos
que se relacionam com esta cadeia básica, como tinturarias, estamparias, bordados,
lavanderias, indústrias de aviamentos, prestadores de serviço de distribuição
(MENDES, 2006).
Figura 7 – Cadeia Têxtil. Fonte: Mendes (2006)
Já a Figura 8 apresenta os principais segmentos industriais e de serviços da Cadeia.
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Figura 8 – Cadeia Têxtil Completa e sua rede de negócios. Fonte: Mendes (2006)
No entorno do eixo principal gravitam as indústrias de tinturaria, bordado e
estamparia que prestam serviços de beneficiamento para vários elos.
A Figura 8, que representa a Cadeia Têxtil Completa, indica, através das setas, a
complexa rede de negócios possíveis entre todos os atores. As indústrias de
maquinários e de produtos químicos atendem a todos os elos da cadeia (MENDES,
2006).
De acordo com Romito (2008), os relacionamentos dentro da Cadeia Produtiva
Têxtil podem ser percebidos se analisada a cadeia sob a perspectiva da indústria do
vestuário e diante do contexto das operações com as quais ela tem relacionamento
direto ou indireto, onde todo processo ou operação produtiva interage como
fornecedor ou cliente de outro processo ou operação produtiva.
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Para Fusco & Sacomano (2007), as operações são construídas na forma de camadas,
onde o conjunto todo denomina-se “rede total de suprimentos”. As empresas que
fornecem diretamente para as operações em questão são as de “primeira camada”,
alimentadas por outras, ditas de “segunda camada”.
Se se considerar o segmento de confecção, de acordo com Romito (2008), a rede de
suprimentos tem seu início na indústria básica (fornecedores de terceira camada),
representados pelas empresas que fornecem, em sua maioria, materiais em sua forma
mais bruta (fibras, metal, etc.). Tais materiais, ao serem processados pelos
fornecedores de segunda camada (fiação, metalúrgicas, etc.), são transformados em
matéria-prima para os fornecedores de primeira camada (tecelagens, aviamentos,
linhas, etc.). Estes, finalmente, fornecem, em sua maioria, matéria-prima para a
indústria de confecção. Há casos nos quais a indústria em foco adquire materiais
diretamente de fornecedores de terceira ou segunda camadas.
Figura 9 – Rede total de suprimentos de uma indústria de camisas sociais masculinas. Fonte: Romito
(2008)
Do lado da demanda percebem-se as diversas formas possíveis de distribuição em
uma indústria de vestuário, como a de camisas do exemplo citado (Figura 9). Pode
existir a tradicional linha da indústria para o atacado, depois para o varejo e, deste
para o consumidor final. Nota-se que pode existir também a venda direta do
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
atacadista ao consumidor final, ou da indústria para o varejo e, deste para o
consumidor final, sendo que esse varejo pode ser próprio, franquia ou multimarca ou,
até mesmo, produtos remetidos da indústria diretamente ao consumidor corporativo.
O segmento de confecção é o elo produtor final da cadeia têxtil confecção, seu maior
consumidor isolado, razão pela qual, este determina a dinâmica desse complexo setor
econômico. Este segmento está cada vez mais assumindo um papel importante na
composição da produção da indústria têxtil, principalmente nos países desenvolvidos.
São as confecções que alinham os tecidos para os mais diversos usos: artigos de
vestuário, de uso para o lar (cama, mesa, banho, decoração e limpeza), além de
outras utilizações como artigos industriais e técnicos (filtros de algodão,
componentes para o interior dos carros e transporte coletivo, embalagens, artigos
hospitalares, entre outros).
4.3 Dimensão mundial do setor têxtil
O setor têxtil-vestuário, ao redor do mundo, passou por processos de reestruturação
produtiva e de mudanças organizacionais. A partir dos anos 70 o padrão de
concorrência provocou mudanças na produção e comercialização, este processo de
reestruturação implicou:
1) Acirramento da concorrência;
2) Incorporação de novos métodos (just in time, entre outros) e de novas tecnologias
(de base microeletrônica desde 1970) nos processos produtivos;
3) Desenvolvimentos de novos produtos (fibras sintéticas);
4) Segmentação da cadeia (com deslocamento da produção para regiões ou países de
custos inferiores) (LUPATINI, 2007).
Muitas empresas, principalmente do segmento de vestuário e confecção, mudaram o
foco de suas atividades produtivas em busca de concentrar maiores esforços nos
ativos intangíveis, como marca, desenvolvimento de produtos, marketing, canais de
distribuição e comercialização. Essa ação de separação da produção ocorreu por
meio do deslocamento das atividades produtivas para regiões/países onde o custo do
trabalho é menor, preferencialmente no segmento de vestuário (intensivo em
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trabalho). O deslocamento mundial das atividades produtivas ocorreu, de maneira
mais freqüente e crescente, através da subcontratação e, em menor grau, por meio de
investimentos de capital estrangeiro.
A cadeia têxtil constitui uma importante fonte de geração de renda e emprego para
muitos países, representando uma das indústrias mais disseminadas espacialmente no
mundo, em especial, nos países em desenvolvimento. De certa forma, o início do
processo de industrialização de um país, comumente se confunde com a instalação e
o desenvolvimento da indústria têxtil-vestuário.
Na esfera da produção, o setor têxtil mundial foi responsável por aproximadamente
79 milhões de toneladas em 2000, sendo (LUPATINI, 2007):
1) 28,7 no segmento de fios e filamentos;
2) 25,9 no de tecidos;
3) 2,1 no de malhas;
4) 22,1 no segmento de confecções.
Gereffi (1994, 1999, 2002) aborda uma dimensão fundamental sobre a configuração
internacional da cadeia têxtil-vestuário mundial de modo a explicar a reorganização
da produção. O autor procura mostrar como os grandes compradores (varejistas,
comercializadores e produtores com marcas) formaram as redes de produção
estabelecidas nos principais países exportadores, especialmente nos NICs (New
Industries Countries, ou Novos Países Industriais).
Uma maior atenção é dada às cadeias comandadas por compradores, caso típico da
CPTV. Nas indústrias da cadeia produtiva e vestuário, os grandes varejistas,
comercializadores e produtores detentores de marcas possuem o papel principal na
configuração de redes descentralizadas de produção, principalmente num grande
número de países exportadores, freqüentemente localizados no Terceiro Mundo
(GEREFFI, 1994).
O autor aborda as configurações produtivas onde atuam grandes empresas, que
comandam a cadeia produtiva têxtil e vestuário, destacados como grandes
compradores em especial focando três grandes mercados mundiais (Estados Unidos,
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Europa Ocidental e Japão), mostrando sinteticamente o processo de aprendizado,
com desenvolvimento e ganhos de capacidades em design, marketing, marcas (ainda
que freqüentemente regionais), canais de comercialização, observado nos NICs
Asiáticos.
As empresas que comandam a cadeia têxtil-vestuário podem ser classificadas, usando
a tipologia de Gereffi (1994), em:
1) Produtores com marca (branded manufacturers);
2) Comercializadores com marca (marketers);
3) Varejistas com marca (retailers).
Os produtores com marca tipicamente são as cadeias lideradas por produtores, porém
existem algumas indústrias (produtoras com marca) que lideram as cadeias, como a
de artigos de vestuário, comandadas por compradores.
Os produtores com marca são empresas que primeiramente se dedicavam à produção
de vestuário, desde a compra de tecidos até a comercialização e, ao longo do tempo,
concentraram seus esforços e recursos nas etapas e funções mais a jusante da cadeia,
como marcas, design, marketing, coordenação dos fornecedores e comercialização.
Como exemplo, o autor cita as marcas Levi Strauss & Co e a européia Benetton.
Dentro dessa classificação, as empresas são muitas vezes centenárias e possuem um
intenso processo de acumulação de capital. Caracterizam-se também pelos grandes
investimentos em tecnologias de ponta, como EDI (Eletronic Data Interchange)
software específico para controle da cadeia de fornecedores e obtenção de
informações do mercado. Conforme Cruz Moreira (2003), as empresas pertencentes
a este grupo de produtores com marca são usuárias de tecnologias geradas em outros
setores, como as indústrias químicas produtoras de fibras e insumos para o
acabamento, ou ainda participantes na produção de máquinas especializadas e das
tecnologias de gestão do varejo - Tecnologia da Informação (TI).
O investimento dessas empresas estão direcionados às inovações tecnológicas
voltadas para a mass customisation. Como exemplo, os Body Scanners e as
nanotecnologias, que permitem a fabricação de fibras e tecidos inteligentes,
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revolucionando a logística e o funcionamento da cadeia de fornecimento nestas
indústrias.
O segundo tipo de empresa são os comercializadores com marca que estão
conquistando crescente dimensão no mercado global, não se envolvem com a
produção propriamente dita e direcionam seus esforços para as etapas e funções a
jusante da cadeia têxtil-vestuário, como design, marketing e comercialização. O valor
da marca somado à coordenação e a logística da cadeia de fornecedores são os ativos
fundamentais deste tipo de empresa. A marca Nike é fartamente usada como
exemplo nesse campo de literatura especializada e na de Gestão da Cadeia de
Suprimentos.
O terceiro tipo de empresas que comandam a cadeia têxtil-vestuário corresponde aos
varejistas com marca que, por serem detentores de canais de comercialização,
possuem uma situação estratégica dentro da cadeia produtiva. Essas empresas estão
cada vez mais comandando os elos da cadeia a montante, crescendo com suas marcas
próprias e concentrando-se nas funções de design, negociação com fornecedores e
gestão de marcas. Como exemplo desses varejistas pode-se citar as americanas The
Gap (The Limited e Victoria’s Secret) e européias C&A e Marks & Spencer.
Recentemente tem-se intensificado a concorrência entre grandes empresas que cada
vez mais estão aumentando seu comando na cadeia produtiva têxtil vestuário
mundial. Porém, ao mesmo tempo em que as empresas estão desverticalizando suas
atividades produtivas, deslocando sua produção (outsourcing ou investimentos) para
outros países (Ásia ou América Central e Caribe, países do norte da África ou ainda
leste europeu), as atividades de alto valor e que garantem maior controle e ganhos na
CPTV, como, por exemplo, design, marketing, estão cada vez mais concentradas nas
grandes empresas (varejistas, comercializadores e produtores com marcas) dos países
desenvolvidos/centrais e dos próprios varejistas e comercializadores com marcas
estão mais concentrados. Este quadro não é estático e padronizado. Dois casos
podem ilustrar e reforçar esta afirmação:
1) Quando uma empresa de um país em desenvolvimento se insere na CPTV
mundial, esse aspecto pode determinar ganhos de capacidades, etapas e funções
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para atender os padrões e especificações do contratante/comprador, no caso um
varejista, comercializador ou produtor com marcas. Geralmente ocorre um
aumento da eficiência do processo produtivo e da qualidade dos produtos;
2) Por outro lado, quando uma empresa de um país em desenvolvimento se insere na
CPTV mundial, pode retroceder em algumas etapas produtivas e funções
corporativas, em especial as que criam e agregam maior valor. Por exemplo, se
havia alguma atividade incipiente de design na empresa de um país em
desenvolvimento, a sua inserção na cadeia global pode refletir no encerramento
da atividade assumida pelo comprador/contratante (grande comprador). Isso é
particularmente importante para se pensar e entender a (re)inserção internacional
dos países em desenvolvimento (GEREFFI, 1994).
4.4 Dimensão da cadeia produtiva têxtil e vestuário no Brasil
A cadeia têxtil brasileira produziu 3.398 mil toneladas no ano de 2001, sendo o
segmento têxtil responsável por 1.622 mil toneladas e o de confecção por 1.062 mil.
O Brasil está entre os principais produtores da CPTV destacadamente em tecidos de
malha, sendo o segundo maior produtor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e
nos outros segmentos sua posição também não fica muito abaixo, como é destacado
na Tabela 6:
1) O sexto maior produtor de fios e filamentos;
2) Sétimo em tecidos;
3) Quinto em confecção no ano de 2000.
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Têxteis
(
1
)
Vestuário
(
2
)
Países Milton. % Países Milton. %
1 China/HongKong 24.064 43,5 1 China/HongKong 13.625 36,8
2 EstadosUnidos 5.720 10,3 2 Índia 2.571 6,9
3 Índia 4.184 7,6 3 Paquistão 1.255 3,4
4 Paquistão 3.210 5,8 4 México 1.277 3,3
5 Taiwan 1.865 3,4 5 Turquia 1.215 3,3
6 Brasil 1.622 3,0 6 Brasil 1.062 2,9
7 Turquia 1.330 2,4 7 Itália 905 2,4
8 CoréiadoSul 1.235 2,2 8 CoréiadoSul 846 2,3
9 Indonésia 1.169 2,1 9 Taiwan 816 2,2
10 Tailândia 971 1,8 10 Indonésia 611 1,6
11 México 888 1,6 11 Malásia 605 1,6
12 Itália 785 1,4 12 Canadá 600 1,6
13 Alemanha 524 0,9 13 Romênia 596 1,6
14 França 502 0,9 14 Tailândia 588 1,6
15 Malásia 494 0,9 15 EstadosUnidos 548 1,5
16 Bangladesh 475 0,9 16 Bangadesh 513 1,4
Subtotal 49.078 88,7 Subtotal 27.583 74,4
Outros 6.240 11,3 Outros 9.480 25,6
Total 55.318 100,0 Total 37.063 100,0
Notas:
1) Calculadocombasenoconsumoindustrialdefibrasefilamentostêxteis
2) EstimativasIEMI
Tabela 6 – Produção Mundial de Têxteis e Vestuário . Fonte: ITMF (2005, apud IEMI, 2007)
Atualmente a cadeia produtiva é a sétima mais importante do mundo, reunindo cerca
de 30 mil empresas geradoras de 1,5 milhões de postos de trabalho diretos, sendo
ainda, o segundo setor econômico que mais emprega no país. É importante observar
que 70% da mão-de-obra empregada é feminina, em grande parte formada por chefes
de família.
A CPTV representa, atualmente, 17% do PIB industrial brasileiro (Tabela 7).
ReceitaBruta2006 (US$bi) PessoalOcupado2006 (milfunc.)
Têxteisbásicos 21,8 Têxteisbásicos 330,0
Confeccionados 30,2 Confeccionados 1.193,9
Totaldacadeia
(1)
33,0 Totaldacadeia
(1)
1.523,9
FaturamentoInd.Transf.
(2)
635,1 EmpregoInd.Transformação 8.833,4
Participação% 5,2 Participação% 17,3
Notas:
1) Valorconsolidadodaproduçãonacional
2) Nãoincluiindústriaextrativamineraleconstruçãocivil
Tabela 7 – Importância do setor na economia brasileira. Fonte: IEMI/IBGE (2007)
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4.5 Moda e mercado
Nesses últimos anos e em diversos países, a indústria da moda vem se caracterizando
como um dos mais dinâmicos setores econômicos. Além de suprir a necessidade
básica dos consumidores, o vestuário, ao longo dos séculos, traz junto de si atributos
subjetivos e não-mensuráveis: serve como distintivo grupal e, principalmente,
individual. Tem a capacidade de ser fonte de auto-expressão, estando ligado aos
sentimentos que vão além da simples satisfação da necessidade de vestir, chegando
até o ato de consumir. (TESSARI, 2001).
Moda hoje é um dos temas mais fascinantes para estudos de comportamento e de
mercado e, por seu intermédio é possível analisar diversos aspectos de uma cultura,
civilização e época. A moda deixou de ser vista como uma frivolidade feminina para
ser conhecida como um fenômeno social que está diretamente relacionada ao
comportamento de consumo e às formas como as pessoas se posicionam diante a
sociedade.
A moda conquistou uma amplitude que atualmente está além da indumentária e hoje
a utilização do termo “estar na moda” significa algo atual, não relacionado apenas
com roupas, mas também com outros segmentos da economia, como exemplo,
produtos eletrônicos (Ipods), carros, restaurantes e outros produtos que se tornam
desejos de consumo. O desenvolvimento da Moda tem sido abordado dentro de um
processo no qual o presente, o novo, o tecnológico e a vanguarda se configuram
como as principais referências para as pessoas (LIMA, 2006).
Para Rech (2002), o fenômeno da moda é a manivela propulsora do consumo,
tornando-se indispensável, atualmente, para as sociedades contemporâneas. Mesmo
aquele indivíduo que se nega a tender a alguma “moda”, estará ligado a ela de
alguma forma. A moda não se relaciona apenas ao ato de vestir, relaciona-se a um
conglomerado de informações que orientam comportamentos e variam de acordo
com o tempo. Neste contexto, estão incluídos temas como música, arquitetura,
literatura, entre outros universos que mudam de acordo com sua época.
A moda é abordada como um fenômeno sócio-cultural que expressa os valores da
sociedade – usos, hábitos e costumes, em um determinado momento. Barthes (2005)
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considera o vestuário um objeto ao mesmo tempo histórico e sociológico. Afirma
ainda que a indumentária é concebida sempre como o significante particular de um
significado geral e que é exterior, como a época, o local ou a classe social.
Atualmente a sociedade molda-se através do consumo e o consumismo é uma
característica da sociedade capitalista contemporânea. O consumo consolida-se como
identidade cultural, tornando-se um modo de mediação social, determinando novos
modos de viver a vida, de pensar e vestir.
Lipovetsky (2007) argumenta que o valor dos objetos cumpre o papel inédito em que
referenciais de prazer e lazer começam a impor-se.
[...] não são mais tanto os desejos de representação social que
impulsionam a espiral consumidora quanto os desejos de governo
de si próprio [...].
O consumo é visto, na organização desta sociedade contemporânea, como uma
extensão dos poderes organizacionais do indivíduo e não de acordo com a classe em
que está inserido. Esta situação é uma característica da chamada sociedade
hiperconsumista, tornando-se mais emocional e menos ostensiva. O momento atual é
de satisfações desejadas e de uma incapacidade de eliminar necessidades de
consumo, sendo que toda saturação de uma necessidade vem acompanhada por novas
procuras, como um movimento cíclico. (LIPOVETSKY, 2007).
Dentro desse contexto, o consumo emocional refere-se ao valor de prazer de
novidade que está (indiretamente) inserido no produto. O importante não é a
acumulação de bens, mas sim a intensificação do momento vivido. Desta maneira, o
valor funcional de um produto cumpre o seu papel. O comprador busca cada vez
mais a renovação do “prazer”, como uma experiência sensitiva, estética e lúdica.
Essas sensações vividas pelo consumidor no ato da compra se assemelham à ação, de
um “colecionador de experiências”. Os consumidores mostram-se mais imprevisíveis
e voláteis, esperam mais qualidade de vida, de comunicação e possuem melhor poder
aquisitivo com elevado poder de escolha, promovendo um consumo mais
personalizado e individualista. A procura por viver melhor e colecionar experiências,
sem se privar dos prazeres, descarta a possibilidade do adquirir “o supérfulo” e cada
vez mais busca-se atitudes verdadeiras e de acordo com suas necessidades reais.
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A indústria de moda é uma indústria produtora de bens de consumo por impulso, a
qual, até bem pouco tempo atrás, desencadeou um ciclo onde os itens qualidade e
criatividade não eram importantes, LIPOVETSKY (1989) disserta que:
[...] Uma firma que não cria regularmente novos modelos perde em
força de penetração no mercado e enfraquece sua marca de
qualidade numa sociedade em que a opinião espontânea dos
consumidores é a de que, por natureza, o novo é superior ao antigo.
[...]- o novo aparece como um imperativo categórico da produção e
do marketing, nossa economia-moda caminha no forcing e na
sedução insubstituível da mudança, da velocidade, da diferença.
Na moda, os aspectos de qualidade e criatividade na criação e desenvolvimento de
um novo produto são extremamente importantes. As etapas de fabricação de uma
peça de vestuário não se comunicam entre si, são fragmentadas (RECH, 2002).
Ainda, para a autora, a palavra-chave da filosofia industrial deste século é a
ampliação do conceito de qualidade, as características que orientam o aspecto de
qualidade de um produto de moda iniciam-se na fase da criação, passando pelas
etapas de confecção, acabamento e terminam na relação produto-consumidor.
Para Slack (1997), a tarefa de pesquisar e identificar esses desejos dos clientes
pertence ao departamento de marketing, cabendo ao departamento de criação e
desenvolvimento de produto a análise destes dados e a criação de especificações para
o produto.
O comportamento do consumo é definido como o estudo do modo como as pessoas
selecionam, compram, usam e descartam produtos e serviços para satisfazer suas
necessidades e desejos. Relaciona-se a entender o cliente a fundo, adquirindo uma
visão abrangente e completa tanto do cotidiano como das mudanças que ocorreram
ao longo do de sua vida. Está diretamente relacionado à percepção pessoal e ao nível
de envolvimento do indivíduo com o produto, é determinado pelo grau de
importância com que o consumidor percebe e realiza uma situação de compra ou
mesmo, a maneira de como se relaciona com o produto. (KELLER e KOTLER,
2006).
A moda possui como características duas situações ambíguas: a busca pela
individualidade e ao mesmo tempo a função de integrar o indivíduo socialmente. Isso
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ocorre pelo fato de que o ato de vestir promove a identidade do indivíduo, traduzindo
suas escolhas e de certa forma gerando a aceitação de um grupo, a qual quer
pertencer. Conforme Lipovetsky (1989):
[...] Mas a moda não foi somente um palco de apreciação do
espetáculo dos outros; desencadeou, ao mesmo tempo, um
investimento de si, uma auto-observação estética sem nenhum
precedente. A moda tem ligação com o prazer de ver, mas também
com o prazer de ser visto, de exibir-se ao olhar do outro [...]
O vestuário transmite as preferências, a classe social, o estado psicológico que é
pertinente ao indivíduo. A expressão individual pode ser traduzida como uma
inovação estética, quando o uso da moda é desenvolver senso de identidade, (ECO,
1989):
[...] Na tentativa de tornar o corpo palco de um discurso, o ser
humano usa o sistema de moda para estruturar sua apresentação
pessoal. Tal sistema é composto por todas as unidades mínimas e
pela ordem da possibilidade de suas combinatórias [...]
Para Garcia e Miranda (2007), o indivíduo busca diferenciação através do vestir, ao
mesmo tempo em que também utiliza a moda para ser normal e aceito por
determinado grupo, mesmo querendo desassociar-se dos clichês, constrói uma
personalidade, buscando ser diferente das pessoas comuns, porém semelhante aos
seus pares, sejam “patricinhas” ou “surfistas”.
Ao escolher um produto de moda, o consumidor espera receber o “poder da
recompensa”, da aceitação social pela escolha realizada. O comportamento do
consumo de moda pode ser explicado pela necessidade em expressar significados
mediante a posse de produtos, que através do poder de recompensa confere interação
e aceitação aos grupos sociais (COBRA, 2007).
4.6 Produto de moda
O processo produtivo têxtil e de confecção possui a característica de ser muito
fragmentado e, cada etapa é realizada sem comunicação com as etapas anteriores e
posteriores. A área de criação de moda na indústria acompanha necessariamente o
fluxo produtivo, desde a geração de idéias dos estilistas, sua transformação para
produto até a difusão em larga escala, com o objetivo de sempre manter a “idéia”, o
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“sonho” de modo que não se modifique durante o processo. De acordo com o
exposto, é necessária a realização de uma pesquisa estética, produção de peças-piloto
(pilotagem - construção e produção de amostras experimentais), a realização e
administração de um controle de qualidade a cada fase, e a “tentativa” em respeitar
prazos e cronogramas determinados (VICENT-RICARD, 1989 apud RECH, 2002).
[...] “a roupa enquanto produto é o único objeto de consumo que
leva dois anos para ficar pronto, começando como fibra têxtil e
finalmente chegando à loja, onde é vendida; mas renova-se a cada
seis meses, com uma regularidade de metrônomo [...]” (VICENT-
RICARD, 1989).
Segundo Rech (2002), o objetivo de projetar produtos é a satisfação das necessidades
e expectativas do consumidor, sendo que o projeto de produtos inicia e termina no
consumidor.
A produção do setor do vestuário é composta por uma grande variedade de tipos de
produtos destinados a diferentes consumidores. O mercado consumidor pode ser
segmentado por faixa etária, sexo, idade e nível de renda, entre outros fatores. O foco
é a satisfação das necessidades e expectativas do consumidor, sendo que o projeto de
produtos tem seu início e término no consumidor.
Para Juran (1997, apud Rech, 2002), não existe uma padronização da nomenclatura
associada ao desenvolvimento de produto. A palavra “produto”, para o autor, em seu
espectro maior, é o “resultado final de qualquer processo – qualquer coisa que seja
produzida”.
Para Kotler (1999), a definição de “produto” focaliza as necessidades e desejos do
consumidor, conforme segue:
“[...] Produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um
mercado para atenção, aquisição, uso ou consumo, e que possa
satisfazer a um desejo ou necessidade. Os produtos vão além de
bens tangíveis. De forma mais ampla, os produtos incluem objetos
físicos, serviços, pessoas, locais, organizações, idéias ou
combinações desses elementos [...]”
Araújo (1996 apud Mendes, 2006) descreve produto têxtil como todo o produto que,
no estado bruto, semi-aberto, aberto, semi-manufaturado, manufaturado, semi-
confeccionado ou confeccionado, se apresenta exclusivamente constituído por fibras
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têxteis de qualquer natureza, independentemente da técnica de mistura ou da união
utilizada.
Os artigos fabricados pela indústria de vestuário são muito heterogêneos e destinados
a usos diversos. Faz- se necessário uma primeira divisão dos produtos de vestuário
entre vestuário padrão e vestuário de moda. São considerados produtos de vestuário
padrão os produtos mais padronizados, pouco sujeitos às oscilações da moda,
caracterizados por grandes volumes de produção e vendas, onde o conceito de
qualidade pode estar relacionado à característica de durabilidade. Já os produtos de
vestuário de moda englobam os artigos cuja produção é segmentada em pequenos
lotes, é fortemente influenciado pelas tendências da moda e possuem características
de diversificação como cores, estruturas e formas diferenciadas, estampas e matérias
especiais, etc. Produtos de vestuário de moda possuem o conceito de qualidade
fortemente ligado ao caimento, ao visual do produto e aos acabamentos especiais e
diferenciados (TESSARI ,2001).
Mendes (2006) disserta sobre os produtos commodities e diversificados, conforme
segue:
1) Produtos commodities são peças produzidas em alta escala e de forma
padronizada e se distinguem por apresentar a produção de grande quantidade de
um modelo com pequenas diferenças que não alteram as etapas do processo. As
peças se diferenciam apenas pelas cores e\ou estampas. Na Figura 10 as
camisetas possuem uma mesma modelagem e podem dar origem a diversos
visuais com cores e estampas aplicadas pela técnica do silk screen (aplicação de
imagens com tintas especiais na malha). O mesmo pode acontecer para outros
tipos de produtos, conforme a Figura 11, as saias possuem a mesma modelagem
porém podem ser diferenciadas de acordo com o tecido, cor e padronagem.
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
Figura 10 – Commodities Fonte: IFM (2005 apud Mendes, 2006)
Figura 11 – Commodities. Fonte: Jones (2005)
2) Produtos tendendo à diversificação caracterizam-se pela falta de padronização no
processo produtivo e seus lotes são produzidos em menor quantidade. Esses
produtos seguem os aspectos e características das tendências de moda, são
criados e desenvolvidos com modelagem, tecidos, aviamentos e costuras
diferenciadas e, em alguns casos buscam a exclusividade dos produtos.
Rech (2002), conceitua produto de moda como qualquer elemento ou serviço que
conjugue as propriedades de criação (design e tendências de moda), qualidade
(conceitual e física), vestibilidade, aparência (apresentação) e preço a partir das
vontades e anseios do segmento de mercado ao qual o produto se destina.
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
De acordo com Cobra (2007), existem diversas formas de segmentar o mercado de
vestuário, o autor propõe o agrupamento dos produtos com base em alguns critérios,
como:
1) Aspectos demográficos: segmentação de acordo com a idade, sexo, profissão,
renda, classe social e escolaridade;
2) Aspectos geográficos: segmentação de acordo com a região geográfica, estado,
cidade, bairro, domicílios e até mesmo o clima local, entre outros aspectos.
3) Aspectos psicográficos (comportamentais): estes por sua vez, levam em
consideração o comportamento de compra com base no conhecimento de
informações sobre os produtos e a relação de aceitação no mercado, atitudes e
reações aos apelos e conceitos da moda naquele momento, entre outros exemplos.
De acordo com o uso, o setor de confecção e vestuário pode estar segmentado em
tipos ou estilos de roupas, podendo ser uma roupa social (ternos, camisas e vestidos),
uma roupa casual (jeanswear, camisetas, bermudas e saias, etc.), uma roupa de praia
(sunga, calção, shorts, biquíni, maiôs) ou um uniforme de trabalho, entre outros
segmentos de mercado.
O setor de confecção e vestuário também pode ser segmentado de acordo com o
mercado consumidor, podendo variar em público-alvo como bebês, crianças, jovens,
adultos, feminino e masculino das diferentes classes sociais. Como exemplo, um
determinado “estilo” ou tipo de vestido, dependendo do tamanho, design e material
utilizado pode estar direcionado a um público-alvo sendo: uma mulher da classe B
com idade entre 25 e 35 anos, ou ainda ter como público uma menina da classe C,
entre 7 e 12 anos.
Cada um destes fatores determina o tipo de empresa e a forma de diferenciação em
relação ao mercado consumidor, e ainda ao porte, graus de integração vertical e
especialização no segmento. Mesmo entre produtos semelhantes existe a
diferenciação da utilização das técnicas de produção que são distintas de uma
empresa para outra, ou seja, utilizando o exemplo do vestido de um determinado
tecido para a mulher de classe B entre 25 e 35 anos, pode ser produzido por uma
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empresa de grande porte, que possui equipamentos e técnicas modernas, como
também por pequenos fabricantes em unidades menos atualizadas.
Como a indústria do vestuário depende basicamente da moda, é característica
fundamental deste setor o desenvolvimento e produção de uma grande variedade de
padronagens, cores, texturas, etc. Por ser muito volátil, o mercado de moda, exige
constantes lançamentos durante o ano. Por mais inovador que seja um produto de
moda, o seu ciclo de vida é curto – concepção, produção, venda ao consumidor final,
aparecimento de cópias e decadência. Quando um produto de moda deixa de ser
viável, por causa da cópia ou pela baixa lucratividade, a empresa precisa desenvolver
rapidamente um substituto, principalmente se for uma empresa lançadora de
tendências, inovadora e de ponta. Assim, destaca-se numa fase mais a jusante da
cadeia, a área de pesquisa e desenvolvimento de produtos de uma empresa que
precisa necessariamente ser ágil o suficiente para acompanhar as mudanças dos
ciclos da moda ou mesmo adiantá-las, quando preciso (TESSARI, 2001).
Grande importância é dada a fatores que se relacionam a ativos intangíveis de uma
marca de moda, como design, processos de flexibilização da produção, integração
informatizada de dados e informações dos produtos (em suas diversas fases da
produção), além dos setores de como comercialização e o marketing, principalmente
nos segmentos em que a moda costuma reduzir consideravelmente a vida comercial
do produto, tudo com um único objetivo: o de garantir maior flexibilidade à
companhia.
Para um determinado tipo de produto existe uma enorme quantidade de outras
empresas que fazem um produto similar. A empresa então terá de decidir o foco da
sua competitividade, que poderá ser através de preço, qualidade ou inovação, além
dos fatores fundamentais como estilo e design. Quando o fator competitividade é o
preço, a empresa deverá selecionar o melhor custo em relação à mão-de-obra e
materiais, por outro lado quando uma empresa decidir pela competitividade em
inovação e qualidade, seus foco principal será o estilo, design e a marca. Neste
último caso, a empresa terá que se fortalecer nas áreas de estilo e desenvolvimento de
produtos e também no marketing, buscando ainda uma flexibilização de sua
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
produção para que possa responder rapidamente à demanda do mercado consumidor
e às tendências de moda.
4.7 Pesquisa de moda
A partir de 1948, com o surgimento do prêt à porter, o conceito de “tendências de
moda” começa a ser utilizado pelas empresas produtoras de vestuário em moda.
Profissionais denominadas como Coordenadoras de Moda passaram a realizar
orientações sobre cores, formas e materiais a serem utilizados em todo processo
têxtil. (VICENT-RICARD, 1989 apud RECH, 2002).
O estilista é um profissional que precisa estar sempre atualizado em relação aos
acontecimentos locais e globais.
Jones (2005) expressa a moda como “espírito do tempo” e espelha as mudanças na
sociedade. Para buscar inspiração o estilista precisa manter olhos e ouvidos abertos:
freqüentar lojas, clubes, cafés, galerias; assistir shows e filmes. Ler revistas, jornais e
livros, ir a festas e ouvir músicas e, acima de tudo, observar as pessoas e absorver as
sutis mudanças estéticas que acontecem na sociedade.
Lima (2008) observa que, quando o mercado se refere às tendências, é necessário
conhecer e definir outros aspectos, como: “tendência de cores”, “tendência de
tecidos” e “tendência de formas”, este último representado pelos grandes desfiles dos
principais centros de moda do mundo, Paris, New York, Milano, em prêt à porter.
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Figura 12 – Apresentação de Tendências Inverno 2007. Fonte: Clariant (2006 apud MENDES, 2006)
Para Mendes (2006), tendências de moda são informações organizadas e fornecidas
pelo mercado internacional de moda, resultado das reuniões dos comitês que reúnem
as principais indústrias nas áreas da química (químicos e corantes), de fibras
(naturais, artificiais e sintéticas), da agropecuária, da tecnologia entre outras (Figura
12).
Essas empresas definem as cores, fibras e as texturas que serão as mais utilizadas em
uma determinada estação. Tais previsões possuem interesses comerciais e levam em
consideração as tecnologias que serão desenvolvidas e aplicadas, a previsão da
disponibilidade mundial das matérias-primas básicas, considerando seus estoques e
oscilações de preços, observando também aspectos do comportamento globalizado
em questões como, política, econômica, social e atualmente, sustentável.
A pesquisa de tendência de moda é muito abrangente e extensa. É uma das atividades
mais importantes para todos os profissionais envolvidos com produtos de moda.
Deve, porém, ser rápida, pelo fato de definir as primeiras etapas do desenvolvimento
de produto num prazo suficiente para que as etapas seguintes - pesquisa de materiais,
designação de fornecedores, compras, produção, distribuição - sejam bem realizadas.
(MENDES,2006). A autora comenta ainda que são várias as atividades e fontes
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relacionadas à pesquisa de moda, dentre elas a investigação do comportamento de
consumo nas lojas de shopping, magazines, feiras populares, supermercados, entre
outros, além do comportamento das pessoas nas ruas, bares, restaurantes, exposições
e eventos. O público alvo é pesquisado com o objetivo de conhecer os desejos do
consumidor e, por conseqüência, desenvolver produtos que sejam os mais próximos
possíveis das expectativas do mercado. Outras fontes de pesquisa de moda são as
feiras específicas destinadas ao prêt à porter, vitrines das principais capitais de moda
do mundo: Paris, New York, Tokyo, Londres, Milão e, mais recentemente, a Índia,
África, Oriente Médio. Essa pesquisa tem por finalidade a confirmação e
conhecimento das tendências no varejo, desde o varejo mais popular ao mais
sofisticado (Figura 13, Figura 14).
Figura 13 – Entrada Prêt à Porter, Paris. Fonte: Frings (2005)
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Figura 14 – Vista interna, Première Vision, Paris. Fonte: Frings (2005)
A criação industrial, a metodologia e o cronograma são descritos por Vincent-Ricard
(1989), da seguinte forma:
1) As cores são consideradas com dois anos de antecedência da estação em estudo;
2) Com um ano e meio de antecedência é preciso estudar e elaborar os tecidos;
3) As formas são estudadas e pesquisadas com um ano de antecedência da estação
em estudo;
4) A partir daí a moda é ditada, porém possibilita ao consumidor vestir-se de acordo
com o seu estilo, compondo o seu próprio jeito de vestir, mixando tendências de
moda.
De acordo com Lima (2008), os tempos de antecedência já estão mais reduzidos.
Como exemplo, a autora cita a visita ao site
<http://www.comunidademoda.com/2008/02> comentando que, no período do mês
maio de 2008 (no Brasil), a estação verão/2009 já estava sendo divulgada com
tendências por estilo e tema. Conforme a autora, em relação às cores, conclui-se que
a indústria química deve se preparar com antecedência para fornecer ao mercado
pigmentos, suas propriedades e diluentes com pelo menos dois anos de antecedência
em relação à Europa.
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Existem ainda, importantes periódicos, os “bureaux de style”, que divulgam as
tendências de moda em todas as áreas e segmentos distintos. São publicações
realizadas e organizadas por escritórios de estilo responsáveis pela pesquisa da
situação atual no mundo que estão relacionados aos diversos aspectos sociais,
econômicos, políticos e de outras áreas como a tecnologia, ciências exatas, biológica,
além de temas e assuntos como impactos ambientais, comportamentos de compra e
de consumo, como: novas atitudes e pensamento dos consumidores e aspirações e
necessidades, entre outros assuntos (Figura 15).
Figura 15 – Pesquisa de tendências. Fonte: Frings (2005)
Todas essas informações são coletadas, editadas e organizadas de maneira a
transformar idéias, assuntos e vontades em temas e tendências que deverão
influenciar e direcionar o comportamento de moda e de alguma maneira estar
relacionado às cores, texturas, formas, volumes, estampas e padronagens,
modelagens, acabamentos e tecnologias aplicadas aos fios, tecidos, roupas e
acessórios em geral para um futuro próximo. Cabe ao estilista transformar a leitura
desse panorama em produto de moda. Todas essas informações são organizadas em
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cadernos de estilo e são comercializadas para diversos setores econômicos: moda,
decoração, eletrônicos, automotivo, turismo, farmacologia, entre outros (RICARD,
1989).
De acordo com Mendes (2006), os “bureaux de style” são materiais gráficos,
cadernos divididos por temas conforme a necessidade da etapa do desenvolvimento
dos produtos. Os volumes são comercializados por valores bastante expressivos e são
adquiridos por um grupo seleto de profissionais.
A partir dessas informações, pode-se dizer que se inicia o processo de concepção de
novas misturas de fibras, desenvolvimento de novos fios, construções inovadoras no
setor de tecelagem e desenvolvimento de acabamentos diferenciados, muitos
aspectos refletem o contexto econômico-político-social do momento\período de
lançamento das coleções.
Os criadores da alta costura, após a realização de pesquisas em relação aos
movimentos mundiais também possuem colaboração com a indústria têxtil para o
desenvolvimento de novos fios e tecidos, evitando a criação de produtos inviáveis
sob o aspecto econômico, como exemplo a escassez de insumos e matérias-primas
necessárias para o desenvolvimento de novos produtos (LIMA, 2008).
Conforme Souza (1987, apud Lima, 2008):
[...] “Colocado na encruzilhada entre a solicitação do público e o
impulso artístico, o criador de moda, mais do que qualquer outro
criador, terá, não há dúvida, de alertar sua sensibilidade para o
momento social e pressentir os esgotamentos estéticos em vias de
se processar. É um grave erro dizer que o costureiro força o sentido
da moda. [...]”
4.8 Coleção de Moda
A estruturação do conjunto de uma coleção, numa empresa, requer que se associem,
num mesmo estilo, cores, bases de qualidade e desenhos. Uma tendência rústica, por
exemplo, compõe-se de coloridos neutros e sutis, combinados a toques naturais em
grafismos simples (VINCENT-RICHARD,1989 apud MENDES,2006).
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
Figura 16 – Coleção coordenada. Fonte: Jones (2005)
A Figura 16 apresenta parte de uma coleção coordenada em um “tema”, as roupas
são reunidas de acordo com os tecidos e cores, detalhes de costura e modelagem.
De acordo com Mendes (2006), coleção é um conjunto de peças do vestuário
apresentado ao público com dois objetivos bastante distintos: lançamento para
estabelecer tendências ou para disponibilizar os produtos ao mercado. Em qualquer
dos casos, a coleção tem que apresentar looks harmônicos quanto ao seu conjunto.
Uma coleção de moda se organiza a partir da coordenação de um mix de produtos,
que são definidos de acordo com uma determinada quantidade de produtos da
coleção. Esses produtos (do mix) são distribuídos entre os vários modelos tops (peças
das partes superiores do corpo, como paletós, blazers, jaquetas, camisas, blusas,
regatas, etc.), bottons (peças das partes inferiores do corpo, como shorts, bermudas,
calças e saias, entre outros) e one piece (peças inteiras, como casacos, vestidos,
macacões, etc.)
O mix de produtos compreende uma variedade de peças coordenadas da coleção,
resultando num conjunto de múltiplas opções que possibilita diferentes combinações
entre si. O objetivo do mix de produtos é estimular e aguçar o desejo do consumidor
para aspectos como diferenciação e inovação, além de possibilitar a venda de um
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conjunto maior de produtos de moda, trazendo, por conseguinte, melhores resultados
de vendas, de maneira geral (Figura 17).
Figura 17 – Mix de Produto. Fonte: Tutia et al (2007)
Uma coleção de moda pode ser subdividida em várias mini-coleções intermediárias
que são introduzidos no varejo periodicamente (semanal ou quinzenalmente), para
que o público encontre nas vitrines novas opções de consumo.
Segundo Mendes (2006), a cada estação, Primavera/Verão ou Outono/Inverno, as
empresas de moda disponibilizam, para seus consumidores, um maior número de
modelos de produtos e menor quantidade por modelo, fato que determina cada vez
mais a característica diversificada da manufatura do setor.
Os produtos de um mix devem ser disponibilizados ao varejo em uma só remessa e,
principalmente, ao mesmo tempo, o que requer das marcas um esforço especial no
planejamento e um excepcional controle da produção. Das facções se exige rigor nos
tempos de entrada e saída na produção e controle de tarefas, visando sempre atender
a qualidade e os prazos determinados pelas necessidades dos clientes. (MENDES,
2005 apud TUTIA et al, 2007).
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4.9 Desenvolvimento e produção do produto de moda
Segundo Mendes (2006), a MVM compreende um conjunto de etapas para o
desenvolvimento de um produto de moda, conforme Figura 18.
O primeiro conjunto compreende as atividades para o desenvolvimento de produto.
Na etapa seguinte observa-se as atividades relacionadas à preparação para a
industrialização e, finalmente, a última etapa envolve as atividades relacionadas à
produção da peça.
Figura 18 – Fluxo de desenvolv. e produção de prods. Fonte: Mendes (2006) adaptada pela autora
A Figura 18 resume as etapas mais importantes do processo de produção de uma
empresa do vestuário de moda, de maneira a simplificar o entendimento do fluxo
completo. É importante notar que, freqüentemente, as peças-piloto são reprovadas na
fase de avaliação do produto, fato que implica em descarte ou alterações na
concepção da peça (MENDES, 2006 apud TUTIA, et al, 2007).
Agumas peças podem ser reprovadas e retornam ao departamento de modelagem
para alterações e correções necessárias ou ainda para o desenvolvimento de uma
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nova peça-piloto, que seguirá para a nova avaliação, porém mantendo a criação do
modelo do produto.
Apresenta-se a seguir uma breve descrição de cada etapa do fluxo de
desenvolvimento e produção de produtos de moda:
1) Desenvolvimento de produto – esta fase compreende as atividades relacionadas
à pesquisa de tendência de moda, pesquisa de materiais, criação do produto,
peça-piloto, modelagem, confecção e aprovação da peça-piloto.
a) Planejamento de Coleção – é a fase inicial para a organização e
administração da nova coleção. A sua função elaborar previsões e projeções
de vendas e de produção dos modelos e quantidade de peças da coleção.
Esses números são obtidos de acordo com as observações e análises da
coleção anterior e podem ser baseadas no volume de vendas de cada peça, ou
conforme a aceitação de um modelo devido a cor, modelagem ou preço. Essa
avaliação permite à equipe de Estilo melhor objetividade na coordenação e
criação de modelos para a nova coleção.
b) Pesquisa de tendência de moda e de materiais e criação do produto
nesta fase, participam profissionais especializados em cada área:
pesquisadores de tendência e materiais, criador/estilista, modelistas e
piloteiras. O sucesso desta fase depende da plena integração entre os
profissionais envolvidos que devem entregar todos os produtos da coleção
com qualidade e no menor prazo possível. As atividades relacionadas à
pesquisa de tendência de moda pesquisa de materiais e criação do produto
estão concentradas, em geral, no departamento denominado Desenvolvimento
de Produto.
Romito (1990, apud Romito, 2008) observa que, no setor de estilo e criação,
está sob responsabilidade do estilista a definição de cores, tendências,
detalhes dos produtos, tecidos, padronagens, aviamentos e aplicações (Figura
19).
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Figura 19 – Fase de elaboração de coleção e definição de materiais. Fonte: Jones (2005)
c) Peça-piloto – em seguida temos a confecção da peça-piloto, que envolve as
atividades de modelagem, pilotagem e aprovação da peça-piloto. São
atividades realizadas após a criação da coleção de moda. Os desenhos da
coleção são enviados ao setor de modelagem e, de acordo com a empresa,
pode haver eventualmente uma primeira verificação da coleção pelo setor de
marketing que examinará a possibilidade de êxito de venda do(s) artigo (s) da
coleção.
d) Modelagem – é a operação pela qual o modelista desenvolve em papel ou
com o apoio de softwares específicos o modelo bidimensional que deverá ser
executado em tecidos, acrescido de costuras e aviamentos. O profissional de
modelagem pode lançar mão do uso de um sistema CAD (Computer Aied
Design), software específico que auxilia na construção e elaboração das
modelagens, ampliações e reduções dos moldes, proporcionando melhor
aproveitamento do tecido no momento do corte (Figura 20 e Figura 21).
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Figura 20 – Elaboração de modelagem com sistema CAD. Fonte: Frings (2005)
Figura 21 – Tela do sistema CAD. Fonte : Lectra Sistems (apud ROMITO, 2008)
Os modelistas são profissionais responsáveis pela interpretação dos desenhos
e anotações dos estilistas, com o objetivo de elaborar e produzir moldes que,
após o corte e a costura do tecido se transformem em produtos com as
definições e o caimento desejado pelo estilista (ARAÚJO, 1996) (Figura 22).
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Figura 22 – Preparação manual de um molde. Fonte: Jones (2005)
e) Confecção e aprovação da peça-piloto – em seguida, uma costureira,
denominada de piloteira (costureira com conhecimentos apurados) recebe da
modelista as partes de tecidos e aviamentos necessários para a confecção da
peça-piloto conforme a orientação do estilista. A função da piloteira é estudar
a melhor forma de realizar a junção das partes e o acabamento interno da
peça-piloto. O objetivo desta etapa é a elaboração do acabamento final do
produto com qualidade de execução e de tempo. Diferentes tipos de costuras
e equipamentos podem ser utilizados na peça, de acordo com a necessidade
de cada etapa do processo Figura 23.
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Figura 23 – Fase de elaboração da peça-piloto. Fonte: Jones (2005)
A execução de ciclos de protótipos e testes está entre as práticas essenciais
para a execução final de um produto com qualidade, procedimento que deve
ser realizado por uma equipe competente, durante a etapa de desenvolvimento
do produto. (NASCIMENTO, 2003).
Na fase de aprovação da peça-piloto, o produto poderá ser total ou
parcialmente aprovado, podendo sofrer ajustes e, neste caso, o produto
rejeitado parcialmente retorna na etapa onde o defeito foi acusado, ou início
de todo o processo, ou ainda pode ser totalmente rejeitado.
2) Preparação para a industrialização – aqui são observadas atividades como
elaboração das fichas técnicas, graduação de tamanhos, estudo de encaixe e
controle de qualidade das matérias-primas.
a) Elaboração de fichas técnicas – para que a produção aconteça com
qualidade é necessário que haja organização e qualidade na fase do
desenvolvimento do produto como um todo e também na administração dos
suprimentos e materiais a serem utilizados. Todas as informações técnicas
dos produtos devem estar organizadas e documentadas de maneira
sistemática, para que cada departamento tenha conhecimento das
especialidades de cada produto que, de alguma forma, deverá interferir no
processo de cada área da produção. Para tanto, foram constituídas as fichas
técnicas, documentos que agregam e transportam as informações essenciais
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de cada produto de departamento para outro ou ainda de uma empresa para
outra, conforme o produto. Cada empresa utiliza a ficha técnica de acordo
com o nível de exigência e controle de sua produção, portanto as fichas
técnicas podem variar em formato, tamanho, quantidade e qualidade de
informações sobre o produto. As informações básicas de uma ficha técnica
são:
- imagem de um desenho técnico ou croqui apontando detalhes quanto ao
volume;
- medidas e recortes da modelagem;
- pormenores de costura;
- tipos de acabamento;
- especificação de pesponto e maquinário a ser utilizado;
- desenhos das partes dos moldes;
- tecidos a serem utilizados com as variações e grade de tamanhos e cores;
- descrição da montagem da peça;
- seqüência das junções das partes indicando o maquinário a ser utilizado em
cada fase;
- localização das etiquetas;
- descrição e quantidades dos materiais escolhidos especificados em códigos
e/ou pequenas amostras.
Segundo Araújo (1996), uma ficha técnica deve conter o desenho técnico do
produto com as costuras e seus detalhes de diferenciação, informações e
indicações sobre a utilização da matéria-prima como direito e avesso,
medidas do produto e outras informações relativas à sua fabricação,
complementa ainda que a ficha técnica deve conter outras informações, tais
como, número de partes da modelagem, gama de cores e tamanhos, tolerância
de medidas, consumo de materiais, etc.
De acordo com Romito (2008), a ficha técnica deve conter todas as
informações necessárias e pertinentes à produção, de forma a não deixar
dúvidas a respeito das características e da montagem do produto. Ela pode ser
elaborada de várias formas, manualmente, em softwares não específicos para
este fim ou ainda em softwares específicos (Figura 24).
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Figura 24 – Ficha técnica em software específico – Lectra System. Fonte: Frings (2005)
b) Graduação de tamanhos – é definida a grade de tamanho das peças a serem
produzidas. Executa-se a ampliação e redução dos moldes para cada tamanho,
conforme a Figura 25. Atualmente, essa tarefa pode ser realizada em
softwares específicos utilizando o sistema de CAD informatizado.
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Figura 25 – Ampliação e redução de modelagem com utilização do sistema CAD - Lectra Systems.
Fonte: Frings (2005)
c) Estudo de encaixe – realizado a partir das partes dos moldes que compõem
os produtos. A tarefa consiste em riscar os moldes sobre um papel que tenha a
mesma largura do tecido a ser cortado de maneira a maximizar a economia do
material. A Figura 26 apresenta um risco feito manualmente e a Figura 27
representa um estudo de encaixe informatizado. O objetivo do estudo de
encaixe é a economia de tecido e a definição do consumo por produto.
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Figura 26 – Encaixe manual. Fonte: Araújo (1996 apud Mendes, 2006)
Figura 27 – Encaixe em sistema CAD – Gerber Technology. Fonte: Frings (2005)
O estudo de encaixe é um plano de corte que consiste em encaixar os moldes
de modo a obter o melhor resultado em utilização do tecido, levando em
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consideração a largura e o maior comprimento possível do mesmo.
Normalmente, o estudo de encaixe é limitado pelo comprimento da mesa de
corte e pode variar de acordo com o produto. A combinação de vários
tamanhos de um modelo no mesmo plano de corte otimiza o consumo do
tecido (ARAÚJO, 1996).
d) Controle de qualidade das matérias-primas – nesta etapa os materiais são
inspecionados antes de sua utilização e da etapa do enfesto. Os tecidos
passam por uma mesa revisora onde se inspeciona a existência de furos,
rasgos ou fios puxados. As falhas encontradas são sinalizadas imediatamente
e, caso ultrapassem a tolerância permitida, existe a possibilidade de desconto
no produto, troca do tecido ou outras providências, de acordo com as
negociações realizadas anteriormente com o fornecedor. Da mesma forma
todos os demais materiais, assim como as linhas e os aviamentos, devem ser
previamente inspecionados.
3) Produção – esta última etapa envolve atividades relacionadas ao planejamento e
controle da produção (PCP), enfesto, corte e separação, costura e acabamento e,
finalmente, embalagem e expedição.
a) PCP – nesta etapa o PCP está pronto para planejar e controlar a produção do
mostruário, de acordo com as fichas técnicas dos produtos. O mostruário deve
estar pronto antes do evento de convenção de lançamento de coleção, quando
as peças são apresentadas aos representantes por meio de um desfile.
O PCP opera necessariamente com o recurso “informações”, ou seja, é
preciso ter informações para transformá-las em ações. Para a organização da
programação de um processo de fabricação é absolutamente necessário
conhecer a quantidade vendida, o prazo de entrega, níveis de estoque de
matéria-prima e de produto acabado (para que se possa determinar quanto e
até quando produzir). Além de ter o conhecimento da linha de produtos e das
capacidades produtivas e técnicas utilizadas, determinando desta maneira “o
que”, “como”, “onde” e “com o que fazer” (FUSCO et al,2003).
Para Tubino (2000), as atividades desenvolvidas pelo PCP estão estruturadas
nas metas e estratégias definidas para o sistema produtivo, com o objetivo de
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
formular planos para atingí-las, administrando, desta maneira, recursos
humanos e físicos, direcionando a ação dos recursos humanos sobre os
físicos, acompanhando-as e corrigindo prováveis desvios. O autor ainda
acrescenta que o PCP é responsável pela coordenação e aplicação dos
recursos produtivos de forma a atender da melhor maneira possível os planos
estabelecidos nos níveis estratégico, tático e operacional da empresa.
A função é realizada pelo encarregado ou chefia da produção. Esse
profissional deve estabelecer a ordem de utilização das máquinas definindo
uma linha racional de produção. É de sua responsabilidade o
acompanhamento de cada produto pelos vários tipos de maquinário e pelos
quais cada peça percorre durante o processo produtivo. O acompanhamento
da qualidade deve ser realizado em cada etapa da produção e pode ser
realizado no departamento de PCP.
A manufatura de vestuário de moda – MVM dentro da cadeia produtiva têxtil
e de confecção é o elo mais complexo devido à diversidade de operações
existentes e dos mais de 40 tipos de máquinas possíveis de serem utilizados
num único produto. Para tanto, o PCP é, claramente, o setor mais complexo e
possui um papel muito importante nesta fase da cadeia, essencial para a
organização do processo produtivo como um todo (CHUTER , 2004).
Nas empresas com produção terceirizada, o controle é muito prejudicado,
uma vez que não há um acompanhando direto das fases de produção, neste
caso é designado um gerente de facções que será responsável em distribuir os
lotes entre uma carteira de fornecedores desses serviços. Também será de
responsabilidade desse profissional a negociação de preços e prazos de
retirada dos lotes das peças confeccionadas, momento em que se avalia a
qualidade do produto (MENDES, 2006).
b) Enfesto, corte e separação – o enfesto possibilita cortar um volume de peças
de uma única vez visando o aumento do rendimento do consumo do tecido
que representa 70% do custo total do produto. Nesta etapa, a qualidade do
encaixe e do enfesto significa um importante fator para a redução de
eventuais desperdícios. Esta etapa prevê um tempo para descanso da pilha de
tecidos, este procedimento é necessário e garante menor quantidade possível
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de ar entre as camadas de tecido, evitando o deslizamento de tecidos, situação
que poderia dificultar a etapa dos cortes. Ao final, por sobre a última folha de
tecido, coloca-se a folha de papel com o risco que, resultado do estudo de
encaixe. O lote está pronto para a próxima etapa, que é o corte do enfesto.
O corte do enfesto pode ser feito com faca circular, serra vertical, serra fita,
facas molde de bordas afiadas, prensa hidráulica ou cortador tipo balancim. A
escolha do equipamento deve ser feita em função das necessidades da
produção e do tipo de tecido a ser utilizado no produto. Deve-se separar,
finalmente, os resíduos provenientes de cada corte em recipientes apropriados
para posterior pesagem que farão parte do cálculo de custo dos materiais
(Figura 28).
Figura 28 – Corte do enfesto. Fonte: Jones (2005)
Concluído o corte, existem quatro operações da etapa de separação:
– separação dos lotes de peças pequenas, tais como o cós ou pequenos
bolsos, preparando-os para a etiquetagem e/ou para o corte na faca-
fita;
– etiquetagem em todas as partes componentes das peças que apresentam
uma sequência numérica com a mesma folha de tecido do produto;
– amarração e anexação de etiquetas indicativas de modelo, tamanho e
números de cada pacote;
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– registro do consumo de tecido para cada enfesto. Há cálculo de perdas
ou desperdícios.
c) Costura – nesta etapa deve-se reunir as partes dos moldes por tamanho, mais
os aviamentos e suas quantidades para a produção de determinado lote de
peças conforme a ordem determinada pelo PCP. De acordo com o produto,
existem outros procedimentos e atividades que ocorrem nesta fase, como a
termo-fixação de entretelas nas partes das peças que necessitam de estrutura,
a separação e envio das partes que devem ser bordadas, estampadas ou
tingidas conforme determinação das fichas técnicas. Ao retornar, tais partes
devem ser reunidas às outras que compõem o lote a ser produzido.
As tendências mais recentes têm direcionado as coleções de moda às mais
variadas combinações entre tecidos planos e malhas e, ainda, com infinitas
possibilidades de harmonia em diferentes tipos de tecidos, malhas e
aviamentos. De acordo com as características do produto, a produção de cada
peça se diferencia, principalmente, pelo tipo de costura e materiais utilizados.
Para tanto, são necessários diferentes tipos de máquinas, operação e
procedimentos que conferem aos produtos um grau de diversificação muito
mais ampliado, porém mantendo a fidelidade do visual proposto na criação
do produto. Quanto mais tendente à vanguarda, maior é o grau de sofisticação
de materiais, modelagem e complexidade de costura.
d) Acabamento, embalagem e expedição – terminada a costura, o produto é
encaminhado para o setor de arremate, onde são cortados os excedentes das
linhas de costura, tarefa comumente denominada de “limpeza” das peças.
Nesta fase aplicam-se botões, rebites e caseados. Em algumas empresas, a
operação de “limpeza” foi substituída pelo corte automático das linhas, que
acontece ao final de cada operação e é realizado automaticamente pelas
próprias máquinas de costura. Tais máquinas possuem custo elevado,
chegando quase o dobro das convencionais, fato que explica sua utilização,
na sua grande maioria pelas médias e grandes empresas que trabalham com
produção de grandes lotes. As peças passam por uma revisão de
conformidade nos detalhes de costura em comparação com a peça-piloto.
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Esse controle pode ser feito por amostragem se houver grandes lotes de
produção.
Segundo Romito (2008), a revisão final dos produtos confeccionados é
realizada com o objetivo de emitir relatórios de qualidade que apontem os
problemas ocorridos durante o processo produtivo, para que haja uma atuação
mais rígida no sentido de resolvê-los. Através dos dados coletados neste
setor, consegue-se fazer uma investigação dos problemas que estão ocorrendo
durante o processo produtivo. Tal revisão busca resolver os problemas de
maneira a não permitir que peças com defeito cheguem até as mãos dos
clientes.
Neste setor as peças são passadas a ferro, com o objetivo de desamassá-las
devido às etapas anteriores. Esse processo pode ser executado com a
utilização de ferro de passar, prensa de passar ou mesa de vaporização,
dependendo da matéria-prima do produto (Figura 29).
Figura 29 – Passadoria. Fonte: Jones (2005)
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Capítulo 4 – CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL E CONFECÇÃO
A partir daí as peças são encabidadas ou embaladas, conforme as exigências e
solicitações dos clientes. As peças podem ser guardadas em caixas ou em
cabides, que são separadas por tamanho, cor, modelos ou não (ROMITO,
2008). A Figura 30 ilustra um sistema de armazenagem de produtos em
cabides.
Em seguida as peças permanecem em estoque, na expedição, até a data
prevista para entrega no ponto de venda.
Figura 30 – Armazenagem de produtos com utilização de sistema suspenso. Fonte: Mostoles do Brasil
(apud ROMITO, 2008)
Atualmente os processos de acabamento, embalagem e expedição podem ser
terceirizados, há no mercado empresas prestadoras desses serviços equipadas
com modernas máquinas e pessoal capacitado (MENDES, 2006).
O controle de qualidade na MVM deve acontecer nas várias fases do processo
produtivo, desde a inspeção do tecido e outras matérias-primas, até a revisão do
produto no momento de sua saída para entrega ao cliente.
ARAÚJO (1996) comenta que a problemática da qualidade não está no controle, mas
na transmissão da informação. O objetivo a ser perseguido é o de concentrar o
máximo de informações, com maior rapidez e veracidade, sobre quem, como e
quando determinado erro foi cometido, de forma a prevenir e evitar futuros novos
erros ou omissões.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
5 ESTUDO DE CASOS
Neste capítulo serão apresentadas três empresas que atuam no mercado de moda para
ilustrar as diferentes etapas de desenvolvimento de processos produtivos e formas de
decisões em Outsourcing da manufatura. As principais diferenças entre as empresas
são: porte, segmentos dos mercados em que atuam, capacidade produtiva, infra-
estrutura e divisão departamental e processos produtivos utilizados. Apesar de os
dados estarem documentados, os nomes e as marcas das empresas estão
simplificados e/ou modificados para preservar sigilos empresariais.
5.1 Estudo de caso 1
O Grupo LBC atua no mercado de moda há mais de 50 anos com duas marcas. O
grupo reúne mais de 55 lojas distribuídas pelo país para atender segmentos e públicos
diferenciados com estruturas distribuídas em vários departamentos, como equipes de
estilo, marketing e produção, destinados a cada unidade de negócio. No total, sua
produção varia de 25 a 35 mil peças/mês.
Localizado em São Paulo, o Grupo LBC possui fábrica própria para atender somente
a demanda das suas duas marcas. Sua principal linha de produção está direcionada
para tecidos planos em coleções de alfaiataria (vestidos, saias, terninhos, calças,
jaquetas, blazers, bermudas, shorts e camisas). A fábrica também gera alguns
produtos da linha básica de malharia circular (tops simplificados e camisetas).
5.1.1 Marca C
Lançada nos anos 60, a Marca C foi associada a roupas de qualidade para mulheres
em início de carreira profissional e hoje mantém um público feminino da classe A
com estilo arrojado, grande diversificação nos modelos em suas coleções, alta
qualidade na seleção de matérias utilizadas, como os tecidos, estamparia, molde e
caimento. A marca teve sua expansão no mercado nos anos 1970 e, nos 1980, com a
abertura de novas lojas, consolidou-se no mercado brasileiro. Em 2000, foi
convidada para participar dos desfiles do São Paulo Fashion Week (dois por ano), um
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
dos eventos mais importantes e representativos da moda nacional, no qual participa
até hoje.
Possui, atualmente, 28 lojas próprias nos melhores shoppings das principais capitais
do Brasil, além de sua loja de pronta entrega que abastece 2 lojas franqueadas, além
de outras multimarcas.
5.1.2 Marca LB
A marca alcançou sucesso no varejo de fast fashion (moda rápida, ou lançamento
rápido de coleções) oferecendo produtos voltados para a moda urbana e casual, o que
significa sugestões em roupas para o trabalho, agenda social, fim de semana e lazer,
com estilo e qualidade em seus produtos e coleções, para atender os públicos
masculino e feminino das classes B e C. Reúne 27 lojas próprias localizadas nas
cidades de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte e
Salvador. As lojas da marca LB proporcionam aos clientes uma experiência de varejo
de alto nível num ambiente que privilegia o conforto, valoriza a exposição dos
produtos e facilita a coordenação das peças.
Os dirigentes da marca LB entendem que assumir responsabilidades sociais nas
comunidades em que está presente e respeitar o meio ambiente são ações que devem
orientar sua atividade industrial e sua política de recursos humanos. A empresa
investe na adoção de medidas, tais como, o uso de materiais reciclados e estímulo à
coleta seletiva de lixo, contribuindo para disseminar hábitos ecologicamente corretos
junto aos seus funcionários. Na área de saúde pública, a marca apóia o trabalho
realizado pelo Hospital do Câncer de Barretos, que oferece gratuitamente a pacientes
menos favorecidos, tratamento de excelência.
5.1.3 Desenvolvimento de produtos
O departamento de estilo do grupo LBC cria cerca de 1000 modelos por coleção para
cada marca e apresenta lançamento de novos produtos organizados em 4
coleções/ano: Verão, Alto Verão, Outono e Inverno.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Para melhor entender o desenvolvimento da coleção, faz-se necessária uma breve
apresentação do organograma da área de produto, conforme demonstra a Figura 31
descrita pela entrevistada da marca:
Figura 31 – Organograma das marcas C e LB. Fonte: elaborada pela autora
1) O Diretor de Branding é responsável pelo grupo como um todo. Alinha as
questões relacionadas ao marketing sob os aspectos estilo, produto e público-
alvo, distribuição e lojas para cada marca;
2) O Departamento de Planejamento de Produto encarrega-se das previsões e
projeções de vendas de acordo com as análises baseadas no comportamento das
vendas da coleção anterior. Traça uma análise por modelo verificando as
informações colhidas nas lojas próprias e franqueadas. Colhe dados em relação a
sua aceitação do modelo, preço, tecido, entre outros e, a partir daí, elabora a
previsão e crescimento de vendas para a nova coleção. Como exemplo, é possível
citar um estudo realizado por faixas de preços. Os modelos do conjunto de preços
na faixa de R$ 69,90 a R$ 79,90, são analisados pelos critérios de aceitação,
tecidos utilizados, quantidade de troca e devolução, entre outros. Após uma série
de cálculos (não divulgados), o departamento disponibiliza o acréscimo
percentual em vendas (projeção) para a próxima coleção, a quantidade mínima de
produção e a sua divisão por cores e, em alguns casos, por tecidos;
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
3) O Departamento de Produto Feminino encarrega-se de realizar pesquisas de moda
e desenvolvimento de produtos. É composto por 7 funcionários especializados,
sendo 1 gerente de produto, 3 compradores e 3 estilistas;
4) O Departamento de Produto Masculino tem a mesma função do departamento
anterior. Tem 5 funcionários. 1 gerente de produto, 2 compradores e 2 estilistas.
Há ainda um 1 comprador de aviamentos que atende os dois departamentos
citados, feminino e masculino;
5) O Departamento de Produto Nacional é responsável pela gestão da produção e de
fornecedores nacionais;
6) O Departamento de Produto Importado é responsável pela gestão da produção e
de fornecedores internacionais (foco do estudo deste trabalho, cuja gerente foi a
pessoa entrevistada);
7) A fábrica própria atende somente a demanda das duas marcas. É responsável pela
produção dos modelos de alfaiataria e também por alguns produtos básicos em
malharia circular;
8) O Departamento de Engenharia de Produto é responsável pela aprovação das
provas de roupas verificando o caimento e a vestibilidade das peças. A
Engenharia de Produto encarrega-se da preparação das provas de todas as peças
produzidas e compradas nas viagens de pesquisa e, junto com os estilistas, realiza
as avaliações dos modelos que, uma vez aprovados, são encaminhados para
produção. Esse departamento aprova as características técnicas do produto
relacionadas à viabilização de produção, enquanto os estilistas de cada marca
aprovam o estilo e o design dos modelos. É ainda responsável pela elaboração da
tabela de medidas de cada modelo e por grande parte das informações que serão
inseridas nas Fichas Técnicas de Produto, material informativo indispensável
para o departamento de Produto Importado;
9) O Departamento de CQ – Controle de Qualidade é responsável por testar todos os
materiais que serão utilizados na coleção e que foram enviados pelos
fornecedores. Possui um laboratório especializado na realização de testes de
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
lavagens e amostras de tecidos para verificar a resistência dos materiais, sua
composição, quando necessário e a solidez das cores.
5.1.4 Departamento de produtos importados
Devido o foco do presente trabalho, o Departamento de Produto Importado será, a
seguir, melhor descrito e aprofundado.
Criado há 5 anos, esse Departamento surgiu para atender a necessidade de maior
diversificação dos modelos da coleção e para suprir a demanda de produção de
produtos que utilizam matérias importadas. Atualmente possui 6 funcionários e é
responsável pela gestão da produção e entrega de todos os modelos que não fazem
parte da produção interna e que não existe possibilidades de produção com
fornecedores nacionais. As decisões para a produção e busca de fornecedores
internacionais podem ocorrer pelas seguintes questões: busca de melhor tecnologia,
inovação em materiais e, principalmente, por melhores custos de produção.
5.1.5 Cronograma e etapas do desenvolvimento da produção
O prazo de produção dos modelos sob responsabilidade deste Departamento é de 6
meses, podendo, em alguns casos, chegar a 8 meses, dependendo do desembaraço
alfandegário do produto no porto. O desembaraço alfandegário consiste nas ações
relativas aos trâmites burocráticos para liberação da documentação e fiscalização das
mercadorias pelos agentes da Receita Federal Figura 32.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Figura 32 – Fluxograma de Criação e Desenvolv. de Produto da marca C. Fonte: elaborada pela autora
O cronograma do desenvolvimento e produção de um produto importado é:
1) de 3 a 4 meses para a fase do desenvolvimento de produto até a confirmação do
pedido;
2) de 1,5 a 2 meses de produção, dependendo do modelo a ser produzido;
3) de 1 a 2 meses entre transporte, desembaraço alfandegário e distribuição aos
pontos de venda. Por exemplo, um carregamento da China demora cerca de 40
dias de transporte marítimo, mais 20 dias no depósito do porto até a liberação da
carga. Já outro de Bangladesh tem prazo de 65 a 80 dias de transporte mais os 20
dias de liberação da carga no porto.
As etapas do desenvolvimento da coleção de produtos importados são as seguintes:
1) Pesquisa de moda e criação da coleção pelos estilistas dos departamentos de
Produto Feminino e Masculino;
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
2) Pesquisa e compra de peças e materiais utilizados na coleção pelos estilistas e
gerentes de produtos.
Nesta fase de desenvolvimento de produto o departamento de Produto
Internacional realiza uma pesquisa em feiras especializadas a procura de
materiais novos e lançamento de coleções. Ao contatar um fornecedor
internacional a gerente do Departamento de Produto Importado informa ao
fornecedor internacional quais produtos, materiais e aviamentos que deverá
comprar para a composição e produção da peça;
3) Decisão e separação dos modelos da coleção de cada marca pelos departamentos
de Engenharia de Produto, Produto Feminino e Masculino e Importado;
4) Aprovação do primeiro orçamento e previsão de preço;
5) Elaboração das Fichas Técnicas de Produto, quando são acrescentados todos os
comentários, ponto a ponto de cada modelo:
a) Informações sobre a ampliação do modelo;
b) Tabela de medidas;
c) Elaboração do “Manual de Como Medir” para os fornecedores internacionais;
6) Produção da peça-piloto, quando necessário;
7) Fotografia do modelo;
8) Envio da Ficha Técnica, modelo e foto ao fornecedor internacional para
elaboração do orçamento da produção;
9) Aprovação do orçamento e posterior preço do produto final;
10) Início da produção:
a) Envio de amostras de produção pelos fornecedores antes da produção total.
Normalmente são enviadas as provas de produção dos modelos em 2 cores e
em 2 tamanhos diferentes. Em alguns casos as provas podem ser repetidas até
3 vezes para aprovação final do produto. Por exemplo, para tops e vestidos,
produtos que normalmente possuem menos acertos de produção, o número
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
pode chegar a apenas 2 amostras. Se um produto chegar na quarta amostra de
produção, a empresa entende que não haverá mais ganhos, o que pode
implicar no cancelamento do pedido;
b) O tempo de aprovação das amostras de produção deve ser muito bem
controlado pelo departamento. O envio é realizado via DHL no prazo de 10 a
16 dias (de acordo com o país) somado a mais 2 a 3 dias de correção no
produto;
11) Nova negociação de preços e, quando necessário, novo acerto do contrato final;
12) Produção final após a aprovação da amostra da produção;
13) Embarque;
14) Desembaraço alfandegário;
15) Distribuição para as lojas.
5.1.6 Gestão do Outsourcing
Atualmente a gerente do Departamento de Produto Importado realiza cerca de 2
viagens ao ano para pesquisa de novos mercados e fornecedores internacionais,
fechamento de novos pedidos e conferência de produção. O número de viagens pode
chegar a 3 por ano e depende da necessidade de maior controle da produção e de
fornecedores em determinados países.
Essas viagens são muito importantes para o desenvolvimento e aproximação de um
bom e estável relacionamento entre a empresa e o fornecedor. Possibilita a
construção do relacionamento do negócio com base na confiança mútua. As viagens
possuem ainda um tempo limite, pois são várias as atividades: visitas aos
fornecedores para inspeção da produção, pesquisa de novos materiais, visita a feiras
e salões especializados que apresentam lançamentos de aviamentos e materiais, além
da prospecção de novos fornecedores.
Durante as viagens ocorre a situação do fechamento do pedido que, de acordo com a
gerente, acontece da seguinte maneira:
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
1) A gerente apresenta os modelos para os fornecedores;
2) A política de “leilão de preços” é estabelecida, situação comum nesse tipo de
contratação de negócio;
3) A gerente organiza e decide um pedido de acordo com o grupo de tecidos e
modelos e o volume de produção e abre uma cotação com o fornecedor;
4) O fornecedor tem até 24 horas para responder a cotação;
5) A gerente faz o mesmo procedimento em dois ou mais fornecedores até alcançar o
melhor preço da região;
6) Aprovados os valores, fecha-se o contrato do pedido de produção. Esse contrato e
ordem de produção é assinado pelas partes. É um documento importante onde se
descreve as responsabilidades de cada parte e todos os procedimentos necessários
para o sucesso do negócio;
7) A gerente reinicia o processo com novos e outros fornecedores.
Os pedidos podem ser finalizados de maneiras diferentes:
1) com uma produção de cerca de 15 mil peças de um mesmo modelo num mesmo
tecido e cor/padrão;
2) ou com uma produção de cerca de 15 mil peças num mesmo tecido e cor/padrão,
porém com modelos variados (jaquetas, shorts e saias);
3) ou, ainda, em alguns casos, a empresa poderia comprar um modelo desenvolvido
pelo fornecedor e, quando necessário, realizar alterações, ajustes e adaptações na
peça. Neste caso o fornecedor deverá manter exclusividade e não poderá oferecer
esse mesmo modelo a nenhum outro cliente.
Outro ponto de relevância para o fechamento de um pedido está relacionado à
quantidade de peças que podem ser embarcadas em um container de uma única vez,
ou seja, um container somente será fechado para embarque com a sua capacidade
máxima, por exemplo: para calças podem ser 20 mil peças para embarcar em um
container; para jaquetas de inverno serão embarcadas cerca de 12 a 14 mil peças.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Alguns cuidados devem ser observados quando do fechamento de contrato com o
fornecedor:
1) não fechar a produção onde muitas marcas nacionais já estão concentradas,
principalmente os grandes magazines;
2) verificar o período para contratação da produção e estar atento à situação da
economia local. Em alguns períodos é possível o cliente perder espaço de
produção devido a alguma alteração da demanda interna do país.
No início a forma de pagamento não fazia parte da negociação entre as partes. Era
pré-fixada pelos fornecedores e, geralmente, todo pagamento era feito antes de o
produto chegar à loja. Atualmente as formas de pagamento são fixadas em 25% na
contratação e os 75% restantes podem ser divididos em até 3 parcelas. Os pedidos
são fechados mediante a formulação de cartas de créditos com prazos entre 30, 60 e
90 dias.
5.1.7 Relacionamento com fornecedores
Assim como a forma de pagamento é estabelecida por meio do desenvolvimento e da
credibilidade no relacionamento entre a empresa cliente e o fornecedor, outros
ajustes estão sendo revistos pelo grupo LBC com o intuito de formular um contrato
ideal para ambos os lados.
Vários detalhes e acordos devem estar previstos no contrato, chegando ao
detalhamento de como deve ser feito o embarque em cabides ou caixas, para que o
produto chegue pronto para sua exposição na loja.
De maneira geral e, como forma de prevenção para o caso de ocorrências de falhas
durante o processo da produção, alguns pontos são contemplados no documento,
entre eles: a possibilidade de negociação de um desconto para situações de atrasos no
embarque; a formulação de multas contratuais por questões de não conformidade
com os requisitos descritos nas Fichas Técnicas dos Produtos; garantia de sigilo no
desenvolvimento e produção, como exemplos.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
A conformidade do produto é constantemente controlada durante a etapa do seu
desenvolvimento com a troca de amostras da produção. Por exemplo, antes do início
da produção modelos que serão produzidos em 5 cores diferentes devem ter amostras
em pelo menos 3 cores e em dois tamanhos (38 e 44) para verificação da ampliação
e/ou redução da modelagem da peça.
Todos os acertos são realizados com as amostras acompanhadas das Fichas Técnicas.
Caso o fornecedor não siga corretamente as instruções das FTs., pode ocorrer o
cancelamento do pedido. Tal situação acarreta transtornos para ambas as partes: da
parte da LBC será necessária a substituição por um produto igual ou similar e, do
fornecedor, a perda de todo um lote produzido.
Por estes motivos é necessário o elenco de uma série de critérios para a seleção de
fornecedores que possuam boa qualidade na produção, prazo de entrega e capacidade
de produzir de acordo com a conformidade estabelecida nas FTs. Normalmente os
fornecedores são selecionados de acordo com o seu expertise, sendo prioridade a
qualidade de produção em relação a matéria prima utilizada, preço, tecnologia, prazo
de entrega e serviços oferecidos, nesta ordem.
O departamento de Produto Importado possui uma carteira de 22 fornecedores e para
a coleção de Verão 2010 está trabalhando com 18. Relaciona-se com fornecedores
em vários países asiáticos, ente eles: Bangladesh, China, Índia, Tailândia e Vietnã.
Para 2009, em fase de prospecção, há outros no Camboja e Indonésia.
5.1.8 Código de conduta
A empresa entende que, sob esse aspecto, estão sendo discutidas internamente
questões como: responsabilidade sócio-ambiental, preservação do meio-ambiente,
combate ao trabalho escravo e infantil entre seus fornecedores, reciclagem de
materiais, etc. Duas das quais já estão implantadas:
1) Responsabilidade sócio-ambiental com as embalagens em sacos e cabides
plásticos. A empresa não exige que os fornecedores usem plásticos novos. Os
produtos podem ser embalados e encabidados nos sacos e/ou cabides que o
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
fornecedor tem disponível. O objetivo desse trabalho é a redução na produção de
resíduo plástico e, em conseqüência, no custo unitário do produto.
2) Outro fator importante relaciona-se à colocação de alarmes nas peças. Exige-se
que tais equipamentos sejam aplicados e reutilizados no Brasil, ao invés de já
estarem fixados nas peças importadas. A medida visa reduzir o custo do peso nos
embarques, evitar danos das peças por amassamento e acúmulo de material
plástico não reciclável.
5.1.9 Etiquetas
A marca respeita a legislação e todas as normas existentes em relação às formas de
etiquetagem de uma peça:
1) a etiqueta do fabricante deve ser do fornecedor do país de origem;
2) o CNPJ é o da marca C ou LB e não de agentes intermediários;
3) a etiqueta de composição é produzida respeitando a ordem das matérias utilizadas
(tecido principal, forro e detalhes);
4) a etiqueta de instrução de lavagem possui as simbologias indicadas e usuais
descritas nas normas do IPEM, Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São
Paulo e ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Essas duas últimas etiquetas (composição e instrução de lavagem), ao invés de serem
desenvolvidas pelo fornecedor, o grupo LBC assume o seu desenvolvimento para
atender rigorosamente a legislação nacional. Remete o lay out das etiquetas dos
materiais já testados em seu laboratório do departamento de Controle de Qualidade
para produção final no país do fornecedor.
5.1.10 Distribuição
O desembarque da produção e o processo de distribuição são de responsabilidade da
equipe de logística do grupo. A produção é desembarcada no Porto de Paranaguá e,
após desembaraço alfandegário, segue para o depósito localizado na cidade de Três
Lagos (MT). Neste local as peças são separadas para distribuição em todas as lojas
das marcas.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Todas as peças chegam prontas para distribuição: já estão embaladas, passadas e
etiquetadas com código de barras. Nas lojas as peças recebem os alarmes e estão
prontas para venda ao consumidor final.
5.2 Estudo de Caso 2
Fundada há 30 anos, a marca ON de estrutura familiar, é uma griffe (marca) feminina
que iniciou sua produção com uma linha de produtos em jeans. Há 15 anos, com o
ingresso de uma das filhas do proprietário no departamento de estilo, a marca
conquistou nova personalidade e contemporaneidade diversificando sua linha de
produtos. Atualmente a marca produz camisaria feminina e alfaiataria, jeans, roupas
para festa e linha de varejo com produtos básicos em tecidos planos e malharia
circular e retilínea, além de outra de acessórios. Está segmentada para atender o
público da classe A.
A marca possui 5 lojas próprias e cerca de 15 franquias distribuídas nas principais
capitais do país, além de estar presente em mais de 150 pontos de vendas de lojas
multimarcas. Inaugurou, em 2007, um ponto de venda sofisticado e diferenciado na
região dos Jardins (SP) para organizar os lançamentos dos novos produtos e atender
seus clientes lojistas.
Com aproximadamente 100 funcionários, a marca possui fábrica própria (recém-
implantada, há menos de 1 ano) e uma lavanderia industrial de jeans que atende
apenas à sua demanda interna e possui uma produção de 8 a 10 mil peças/mês,
dependendo da estação do ano.
5.2.1 Desenvolvimento de produtos
A marca lança, em média, 300 modelos por coleção e trabalha com 4 coleções/ano:
Verão, Alto Verão, Outono e Inverno.
Para melhor visualização, a Figura 33 apresenta o organograma das atividades de
produção da marca ON, conforme descrito pela entrevistada, a gerente de PCP,
Planejamento e Controle da Produção.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Figura 33 – Organograma da marca ON. Fonte: elaborado pela autora
A divisão das atividades é a seguinte:
1) A Diretoria Financeira está sob direção do patriarca da família. Porém, as decisões
sobre a saúde financeira da empresa são resolvidas em conjunto com a diretoria
de Planejamento;
2) A Diretoria de Planejamento está sob direção de um dos filhos e detém a tarefa de
administrar as resoluções financeiras, o planejamento e a previsão da quantidade
de peças da coleção, projeção de vendas, plano de marketing e de expansão das
lojas e franqueados.
Nessa Diretoria são realizadas as análises das coleções anteriores e, a partir dos
estudos de vendas e aceitação dos produtos, decide-se a projeção de vendas, o
mix da coleção e o seu tamanho, já distribuida em quantidades de tops, bottons,
vestidos, camisas, alfaiataria, etc.
Um bom termômetro para confirmação dessas informações e análises está no
período do show room, quando os franqueados participam do lançamento da
coleção e fecham seus pedidos de compra dos modelos, ocasião em que já é
possível examinar a tendência dos números para início da produção.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Em muitos casos existe a necessidade de repetição de modelos por terem sido
sucesso de vendas. Em outros casos, existe a possibilidade de cancelamento e/ou
reformulação de um modelo que não foi bem aceito pelos clientes. Toda
produção é realizada de acordo com os pedidos. Com esses números, a Diretoria
de Planejamento traça mensalmente a necessidade de produção e o cotejo de sua
projeção e previsão de vendas.
3) A Diretoria de Estilo é dirigida pela filha do patriarca, responsável pela criação e
desenvolvimento da coleção de todas as linhas de produtos da marca, com apoio
de sua mãe. Há 5 estilistas que organizam as coleções de cada linha: jeans, festa,
malharias circular e retilínea, alfaiataria e acessórios.
Os filhos e as estilistas de cada linha realizam a pesquisa de tendência com
viagens freqüentes para a Europa e Nova York, principalmente, onde compram
vários modelos e revistas. A partir do resultado das pesquisas e após análises e
estudos dos detalhes da coleção, inicia-se o processo de desenho e criação dos
modelos, quando são decididas as cores, estampas, tecidos e modelos. Um dos
pontos fortes da marca é a criação e desenvolvimento de estampas para seda
pura, divididas por temas.
4) O PCP e compras é um departamento que está alinhado com a Diretoria de Estilo
e subordinado diretamente à Diretoria de Planejamento.
5) A fábrica própria possui cerca de 80 funcionários e apresenta o seguinte quadro:
29 costureiras; 8 piloteiras; 2 modelistas; 2 passadeira; 2 cortadores; 6
funcionários para serviços de acabamento 2 para colocação de rebites, botões,
ilhoses, etc; 2 bordadeiras e 2 funcionárias para realização da limpeza das peças.
Os demais estão distribuídos em funções auxiliares.
Antes da ampliação da fábrica as costureiras e modelistas produziam apenas as
peças-piloto e mostruários para venda aos franqueados.
A decisão para ampliação e instalação da fábrica própria ocorreu devido aos
inúmeros problemas de qualidade de produção dos fornecedores, principalmente
com os produtos desenvolvidos em seda pura. Havia muitas perdas em tecido, o
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
que representava grandes prejuízos, uma vez que a empresa possui uma coleção
de seda com exclusividade em estampas.
Recém instalada e com a contratação de novos funcionários, a fábrica é
responsável pela produção de 600 a 800 peças/mês e inclui a produção dos
produtos em seda pura e a linha de camisaria em tecido plano.
Para a revisão da produção e Controle de Qualidade dos produtos a empresa conta
com 6 funcionárias que fazem a revisão de 100% da produção interna e também dos
terceirizados. O intuito é garantir alta qualidade na oferta de produtos aos clientes
finais e franqueados.
5.2.2 Departamento de PCP
O PCP da marca ON é responsável pelo planejamento e desenvolvimento da
produção de todas as peças da coleção, exceto as da malharia retilínea. O
departamento executa o levantamento e orçamento de compra de todos os materiais e
aviamentos que serão utilizados para a produção de tecidos planos da coleção.
Acompanha o desenvolvimento dos modelos e produtos enviados aos fornecedores
externos através da gestão de Outsourcing e administra também a produção interna,
os prazos de entrega da produção e dos materiais e aviamentos. Controla, ainda, os
departamentos de expedição e vendas. Participa das decisões junto à Diretoria de
Planejamento e formula os preços finais de vendas e aprovação dos orçamentos de
todos os materiais necessários para a produção da coleção.
A empresa possui um software específico, da Milenium, empresa de tecnologia da
informação, que fornece informações sobre a produção (o que falta produzir e
quanto), o controle de estoque (onde está e o que deve ser produzido) e números das
vendas (pedidos fechados e entregas). Trata-se do principal relatório do PCP e da
diretoria de Planejamento. O software, porém, não é aproveitado em sua total
capacidade, uma vez que não houve treinamento específico para utilização dessa
ferramenta em outros departamentos.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Devido à situação da crise econômica mundial recente que afetou o mercado de
produtos importados, base importante para a coleção da marca, foi necessária uma
reestruturação do planejamento da coleção.
A coleção atual em produção é a de Inverno/2009 e foi dividida em 7 cornes, ou seja,
7 mini-coleções organizadas em pastas com desenhos e fichas técnicas. Cada pasta
representa a entrega de 1 mês da coleção como um todo e está coordenada por
modelos em cores e estampas, procedimento novo na empresa. Desta maneira a
coleção está distribuída por famílias de modelos, cores e estampas, o que facilita a
produção e permite melhor performance de compra pelos clientes franqueados que
podem optar por menores quantidades de peças, porém com maior variedade de
modelos. Até o final do mês de novembro o PCP deve estar com todos os tecidos e
aviamentos entregues para a produção que acontece durante os meses de dezembro e
janeiro.
5.2.3 Cronograma e etapas do desenvolvimento da produção
O prazo de desenvolvimento da coleção e produção é de 7 meses (Figura 34):
1) 2 meses para a fase de viagens de pesquisa de moda e materiais e confirmação das
informações;
2) 2 para o planejamento, desenvolvimento da coleção (criação de modelos e peças-
piloto);
3) 1 para aprovação e lacração (colocação de um lacre numérico para identificação
da peça) das peças-piloto e início do processo de compra de tecidos e materiais
para a produção;
4) 2 para produção.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Figura 34 – Fluxograma de Criação e Desenvolv. de Prod. da ON. Fonte: elaborado pela autora
O desenvolvimento da coleção da marca ON apresenta as seguintes etapas:
1) Viagens de pesquisa de moda pelos donos da marca e estilistas das linhas de
produtos;
2) Pesquisa e compra de peças, materiais e revistas para complemento e confirmação
dos detalhes da coleção;
3) Decisão e separação dos detalhes dos modelos da coleção e fase do
desenvolvimento da coleção pela equipe de estilo;
4) Fase de planejamento da coleção, mix de produtos e projeção de vendas;
5) Fase do desenvolvimento das peças-piloto, aprovação e criação das Fichas
Técnicas de Produto:
a) Informações sobre a ampliação do modelo;
b) Formulação da tabela de medidas para graduação;
6) Aprovação dos orçamentos de compras de materiais;
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
7) Busca pelos fornecedores adequados para cada modelo da coleção e início da
produção interna na fábrica própria;
8) Início da produção:
a) Solicitação de amostras de produção - normalmente são enviadas provas de
produção dos modelos que podem ser em 2 cores e, preferencialmente, em 2
tamanhos diferentes para a verificação da ampliação da modelagem
(tamanhos 38 e 44). Pode ocorrer até 3 vezes a solicitação de amostras de
produção para que o produto receba aprovação final e lacração para o início
da produção real;
b) O tempo de aprovação das amostras pode variar de 1 semana a 10 dias
dependendo do fornecedor e da dificuldade de elaboração do modelo;
9) Nova negociação de preços e, quando necessário, novo acerto do contrato final;
10) Produção final;
11) Entrega da produção pelo fornecedor;
12) Controle de Qualidade;
13) Expedição para distribuição nas lojas.
5.2.4 Gestão do Outsourcing
A gestão do Outsourcing da empresa é realizada pelo PCP que seleciona as oficinas e
organiza a produção dos fornecedores. Este trabalho inicia-se na fase final do
desenvolvimento de produtos, quando os modelos já foram aprovados pelas
Diretorias de Estilo e Planejamento. Inicia-se então a procura e pesquisa por novos
fornecedores capacitados. A seleção dos fornecedores é feita de acordo com a sua
expertise de acordo com a seguinte seqüência: pela matéria de base, pela dificuldade
de produção do modelo e pela sua capacidade de produção.
A marca trabalha com 3 tipos distintos de fornecedores:
1) oficinas de mão-de-obra: são pequenas oficinas de costura e que somente realizam
a junção das partes das peças cortadas;
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Neste caso a marca ON executa o desenvolvimento do modelo: a modelagem,
ampliação, enfesto e corte, enviando ao fornecedor todas as partes cortadas para
que este faça apenas a operação de costura das peças;
2) oficinas de produto pronto: são oficinas maiores e que desenvolvem o modelo do
começo ao fim, ou seja, fazem a modelagem, ampliação, pilotagem e enviam a
peça-piloto para aprovação e lacração. Após a produção entregam as peças
passadas e embaladas;
3) oficinas parciais: são oficinas médias que fazem parte do desenvolvimento do
produto. Recebem a peça-piloto com as suas ampliações e FT para pós-produção
e entrega dos produtos embalados.
No caso das oficinas de produtos prontos e oficinas parciais, os tecidos podem ser
enviados pela marca ON ou esta indica onde os fornecedores devem adquiri-los.
Alguns cuidados devem ser observados na fase de seleção dos fornecedores:
É importante ter cuidado com a seleção de oficinas que oferecem apenas o serviço de
mão-de-obra. Em sua maioria, essas pequenas oficinas não estão capacitadas a
atender o grau de responsabilidade exigido pela ON. Evita-se, assim, situações de
não conformidade que podem implicar na perda de grande parte da produção.
Já no caso das oficinas de produto pronto, outras medidas devem ser adotadas para
evitar perda de cumprimento dos prazos de entrega, tanto de amostras quanto da
produção completa, além da exigência do sigilo da criação. Todos os itens devem
estar previstos em contratos.
5.2.5 Relacionamento com fornecedores
O PCP procura manter um bom nível de relacionamento com os fornecedores, porém
poucos conseguem desenvolver uma parceria baseada na credibilidade e confiança.
Atualmente a marca possui uma carteira com 40 prestadores de serviços de
confecção locais, dos quais considera apenas 10 que realizam bons negócios, tanto
em produção quanto em desenvolvimento de produto.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Na maioria das vezes, segundo a entrevistada, é muito complicada a prospecção por
novos fornecedores e oficinas, pois o clima de insegurança e desconfiança é muito
forte. Para acompanhamento do pedido de produção é necessário que o PCP
mantenha contato permanente com seus fornecedores. Em razão das distâncias e do
grande número de terceirizados, apenas algumas oficinas recebem sua visitação ao
chão de fábrica, porém esse processo é considerado lento, de pouco aproveitamento e
de custo elevado.
Outra questão relevante refere-se aos defeitos de fabricação que ocorrem na pós-
produção, principalmente com os pequenos fornecedores de serviços de mão-de-
obra. Os erros ou omissões podem causar perdas de todo um lote de tecidos,
estampas e aviamentos.
Já com fornecedores de produtos prontos, quando há situações de defeitos e não
conformidade, faz-se uma nota de devolução e o fornecedor fica com as peças na
condição de repassá-las ao mercado somente no final da estação.
Os prazos de pagamento são fixados no pedido de produção. Normalmente giram em
torno de 30 a 160 dias, dependendo do material, do produto, quantidade e tipo de
fornecedor.
O departamento de PCP organizou um documento denominado Manual do
Fornecedor que descreve, em formato de contrato, algumas situações relacionadas
aos defeitos e não conformidade nos produtos e produção, bem como atrasos de
entrega, multas contratuais e descontos, entre outras situações.
Não é vantagem para a empresa alocar uma grande quantidade de modelos em um
mesmo prestador de serviços devido a situações como atraso no prazo de entrega da
produção. Por esse motivo não há como realizar parcerias de fidelização contínua,
razão pela qual a ON mantém o maior número de fornecedores especializados com
produção de poucos modelos. A medida, no entanto, prejudica o controle padrão de
qualidade da produção.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
A marca possui uma carteira com aproximadamente 5 fornecedores fixos para a
produção em jeanswear, 20 para a linha de malharia circular e retilínea, 6 para
tecidos planos e produtos de alfaiataria, 6 para camisaria, 6 para produção em seda
pura e 4 para casacos pesados.
5.2.6 Código de conduta
As condições de trabalho variam muito de uma oficina para outra. Pouquíssimas,
ainda segundo a entrevistada, possuem e oferecem uma infra-estrutura adequada aos
seus funcionários em termos de iluminação, organização do maquinário, ventilação e
proteção. Poucos cortadores utilizam a luva de malha de aço no momento do corte,
equipamento que deveria ser obrigatório e de responsabilidade da oficina.
Na grande maioria dos fornecedores não existe nem mesmo um lay out do chão de
fábrica, o que dificulta a circulação e passagem entre os setores. Em muitos casos a
costureira piloteira precisa atravessar a área de máquinas de costura para alcançar a
mesa da modelista ou mesmo a chefe de produção.
A marca ON tenta aos poucos organizar sua fábrica própria. Substituiu os
ventiladores por aparelhos de ar condicionado, porém ainda não há espaço para a
colocação adequada de um bebedouro próximo ao setor. Outro ponto fraco da sua
infra-estrutura é a existência de muitas escadas e a distância entre as salas,
dificultando o transporte dos rolos de tecidos que devem seguir escada acima para o
corte e depois descer para a produção. Não há elevadores. Recentemente houve uma
pequena mudança no lay out das salas. As equipes de Estilo, PCP e Planejamento
ocupam agora o mesmo espaço, fato que contribui para melhorar o clima
organizacional do corpo de funcionários.
Também são raros os casos de envolvimento das oficinas contratadas com uma
política voltada para um trabalho sócio-ambiental com aproveitamento de retalhos e
sobras de cortes destinados a reciclagem ou comunidades carentes. As empresas
jogam esses restos de produção diretamente no lixo.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
A marca ON possui um trabalho de recolhimento dos retalhes e restos de produção.
Tais peças são separadas em tamanhos e divididas em lotes enviados para venda em
algumas empresas do bairro do Brás, em São Paulo.
5.2.7 Etiquetas
Há um incipiente departamento de Tecnologia e Engenharia de Produto responsável
pela normatização das etiquetas. Recentemente a empresa adquiriu o Manual das
Normas da ABNT que descreve as situações de etiquetagem nas peças e aponta
instruções e simbologias corretas de lavagem e composição dos materiais.
Em geral os fornecedores desconhecem as normas de etiquetagem, principalmente as
instruções de lavagem. Em várias situações os produtos recebem etiquetas incorretas,
o que ocasiona a sua troca manual e atrasos dos prazos de entrega.
5.2.8 Distribuição
Antes da expedição das peças para as lojas próprias e franqueadas, existe o
procedimento de Controle de Qualidade do produto com a revisão de 100% da
produção interna e externa.
5.3 Estudo de caso 3
A marca SL é um escritório de desenvolvimento de produto e gestão de outsourcing
que atua somente com fornecedores internacionais. Está há apenas 4 anos no
mercado e explora uma nova modalidade de negócios do setor de confecção de
moda.
Apesar de pertencer a um grande grupo têxtil, tem autonomia em suas atividades e
sua atuação consiste em oferecer a clientes, produtos de confecção prontos de origem
estrangeira, em geral produzidos na China.
A empresa atende grandes marcas e também pequenos confeccionistas que buscam
produtos diferenciados. Sua estratégia para o atendimento dos pequenos consiste em
aproveitar lotes excedentes dos pedidos das grandes marcas.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Para a coleção de inverno 2010 a empresa está trabalhando com cerca de 800
modelos/itens.
O Grupo F desenvolve e comercializa tecidos há mais de 60 anos. No ano de 2001
modernizou sua estrutura com uma unidade em São Paulo e, em 2008, construiu um
grande centro de distribuição, logística e depósito sob controle de outra empresa, a
EX, projetada com sistemas de docas para agilizar os processos de carga e descarga
de todas as mercadorias do Grupo.
5.3.1 Desenvolvimento de produtos
A empresa possui um escritório de desenvolvimento e gestão de outsourcing em São
Paulo e no Departamento de Produto possui 8 funcionários: 1 Gerente de Produto, 1
Consultor de Moda, 1 modelista, 1 piloteira, e 4 estilistas. A área de vendas
concentra 6 representantes e as outras áreas administrativas, incluindo RH,
manutenção e Informática, são cedidas e administradas pelo Grupo F.
A empresa SL trabalha com coleções de linhas de produtos diferenciados: tricô,
alfaiataria, camisas e jaquetas de inverno, todas para os públicos masculino e
feminino, além de malharia circular destinada exclusivamente ao público masculino.
Apesar de sua preferência em trabalhar com suas linhas próprias por ela
desenvolvidas, em alguns casos a SL faz o desenvolvimento específico de um
produto sob encomenda, desde a criação, modelagem, peça-piloto e ampliação da
modelagem e controle da produção internacional.
O gerente de Produto realiza as viagens de pesquisa enquanto a equipe de estilo
pesquisa, via internet, materiais e aviamentos com seus fornecedores na China, os
quais enviam amostras de seus tecidos e novos desenvolvimentos para o escritório da
SL.
Após aprovação dos materiais inicia-se a criação das coleções das linhas de produtos.
O processo de desenvolvimento na empresa SL acontece de duas maneiras:
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ESTUDO DE CASOS
1) modelos com desenvolvimento interno, na própria SL, principalmente para peças
mais complexas e detalhadas;
2) modelos com desenvolvimento nos fornecedores chineses.
No primeiro caso, com desenvolvimento na SL, a peça-piloto já é confeccionada com
o tecido do fornecedor chinês facilitando parte do processo. É formulada uma Ficha
Técnica de produto e, após sua aprovação, a peça-piloto é enviada aos fornecedores.
Um mostruário é desenvolvido aos vendedores para clientes de marcas nacionais.
Já no caso de o desenvolvimento acontecer no fornecedor, o processo é um pouco
mais demorado, devido às etapas de aprovação e ajustamento das modelagens. A
empresa enfrenta ainda alguns problemas de compatibilidade de medidas nas
modelagens básicas, principalmente em relação aos ganchos de calças, medidas de
bustos e curvas de cavas.
As Fichas Técnicas são documentos importantes para a produção. Nelas concentram-
se todas as informações e detalhes sobre medidas, costuras, especificações de
etiquetas e tags, embalagem. Cada modelo enviado aos fornecedores está
acompanhado das cópias das modelagens, das peças-piloto lacradas em tamanhos
diferentes (38 e 44), das Fichas Técnicas, das tabelas de medida de costura e outros
detalhes e de um guia de como medir a peça.
5.3.2 Cronograma e etapas do desenvolvimento da produção
O tempo de desenvolvimento de produtos e produção da empresa gira em torno de
9,5 meses que compreende a criação, desenvolvimento, produção até a entrega do
produto na loja (Figura 35).
1) 1 mês para criação da coleção das linhas de produtos e desenvolvimento;
2) 50 dias para a 1ª. remessa de amostras para a China, entre envio, desenvolvimento
e retorno;
3) cerca de 45 a 50 dias para prova, alterações necessárias, aprovação e reenvio das
amostras para a China;
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ESTUDO DE CASOS
4) 45 dias (na China) para produção do tecido;
5) 45 dias para confecção;
6) 2 meses para transporte, desembaraço do produto no porto e distribuição
diretamente para as lojas do cliente.
Tecido =45dias
Costura =45dias
CHINAIEnvio =10dias
Desenvolvimento =30dias
Retorno =10dias
MÊS1
MÊS2
MÊS3
MÊS4
MÊS5
MÊS6
MÊS7
MÊS8
MÊS9
Transporteeentrega =60dias
Criaçãoe
DesenvolvimentodeBase =30dias
Total =280DIAS
=9,5MESES
CHINAII Prova =10dias
Envio =10dias
Correção =20dias
Retorno =10dias
MÊS10
‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
PEDIDO
Figura 35 – Fluxograma de Criação e Desenvolv. de Prod. da SL. Fonte: elaborado pela autora
Na negociação a empresa estipula um possível atraso de 1 mês em conseqüência de
eventuais atrasos no desembaraço das mercadorias no porto. A ocorrência está sujeita
a renegociação com descontos contratuais.
O objetivo da empresa é antecipar cada vez mais o desenvolvimento e produção das
suas coleções e alinhar o seu “time” de produção ao de seus clientes.
Atualmente o Gerente de Produto e os estilistas, no período de 2 meses, conseguiram
desenvolver 3 coleções diferentes: inverno/2009 com produção em andamento;
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Verão/2010 em fase da produção de tecidos e Inverno 2010 em início de
desenvolvimento de materiais.
Tudo isso de deve ao fato de a empresa trabalhar com produtos casados: modelo,
tecido, aviamentos e beneficiamentos. O processo acontece da seguinte maneira: um
cliente X compra um modelo da empresa SL que desenvolverá e administrará toda a
produção realizada na China. Naquele país há fornecedores de tecidos, aviamentos e
confecção que já estão à espera daquele pedido. O tecido produzido por uma
tecelagem chinesa é entregue à confecção local somente com a quantidade exata e
necessária para aquela produção pedida. Os aviamentos, etiquetas, tags e outros
materiais seguem o mesmo processo.
5.3.3 Relacionamento com fornecedores
Todo contato é realizado via internet. A empresa SL possui poucos fornecedores e o
seu intuito é desenvolver uma forte relação de parceria, uma vez que atua com
vendas casadas de produtos. Atualmente possui cerca de 10 fornecedores, entre
materiais, insumos e oficinas de costura nos segmentos de alfaiataria feminina e
masculina, camisaria masculina, casacos de inverno e tricô.
A seleção dos fornecedores é feita de acordo com a expertise e know how adquiridos,
ou seja, pelo segmento (tipo de modelo) e matéria prima.
5.3.4 Código de conduta
O assunto, em fase de estudo, não foi ainda objeto de discussão na empresa.
5.3.5 Conformidade de produtos
Quando não há conformidade na produção finalizada e entregue, não vale a pena
devolver o lote ao fornecedor para troca, devido ao tempo de retorno ao país de
origem e ao alto custo de reembarque. Nesses casos o lote será liquidado a preços
reduzidos para pequenos confeccionistas no mercado nacional.
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
Para evitar este tipo de situação, a empresa SL organiza-se seriamente na gestão do
processo de desenvolvimento e produção, utilizando um conjunto de materiais e
informações denominados “material completo”.
O “material completo” é formado pelas peças-piloto lacradas, pela cópia e ampliação
do molde, pela Ficha Técnica de Produto (extremamente detalhada, com informações
de padrões de qualidade, e ainda especificações de embalagens e grade), pela tabela
de medidas (medidas e tolerâncias) e pelos lay outs de etiquetas internas e externas.
Entretanto é muito difícil receber uma produção que não está em conformidade com
a peça-piloto lacrada e enviada. Houve, anteriormente, um sério processo de
avaliação e aprovação do produto, porém ainda pode ocorrer entrega de produtos
com pouca limpeza (linhas não cortadas) (Figura 36).
Figura 36 – Ilustração do material completo. Fonte: elaborado pela autora
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Capítulo 5 –
ESTUDO DE CASOS
5.3.6 Etiquetas
Geralmente todo lay out das etiquetas internas e externas é enviado aos fornecedores
que providenciam a produção e aplicação nas peças. Os produtos são remetidos com
etiquetas made in China e com o CNPJ da SL. As informações de composição do
tecido são de responsabilidade das tecelagens chinesas, porém tudo é previamente
aprovado pela SL, seguindo os padrões de normatização nacional.
5.3.7 Distribuição
No Porto de Vitória (ES) está instalada a empresa EX, do Grupo F, responsável pelo
desembaraço alfandegário, armazenamento e distribuição das peças diretamente para
as lojas dos clientes. Em alguns casos, mas muito raramente, existe a necessidade de
troca de etiquetas dos produtos, procedimento realizado nas instalações do depósito
da EX.
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Capítulo 6 –
ANÁLISES E CONCLUSÕES
6 ANÁLISES E CONCLUSÕES
6.1 Análises
6.1.1 Estratégias Competitivas
Swamidass (1987 apud Pires, 1995) apresentam uma nova abordagem para a
definição de estratégia de produção que deve envolver o desenvolvimento e
desdobramento dos recursos da produção e alinhá-los totalmente aos objetivos e
estratégias da empresa.
Considera-se, neste trabalho, a seguinte definição para estratégia de produção: um
padrão de decisões referentes à função produção, que deve ser coerente tanto com a
estratégia competitiva da empresa quanto com as outras funções administrativas que
a compõe (marketing, vendas, logística, recursos humanos, setor financeiro, etc.)
integrando todo processo operacional de uma unidade produtiva de negócio ao
processo decisório e global da empresa, considerando também as competências
internas da função produção.
Após as considerações, verifica-se a existência de um enfoque maior para a função
produção na MVM, que passa a ter um papel ampliado de executora das ações
estratégicas, influenciando diretamente nas decisões estratégicas das organizações.
Procura-se mostrar a existência de uma ligação entre a estratégia de negócio e a
estratégia de produção das empresas de moda, dando maior importância à
organização da função produção como uma fonte de vantagem competitiva. A Figura
37 apresenta as interfaces da função produção de uma MVM com várias outras áreas
e setores que estão aliados à gestão de um produto de moda.
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Capítulo 6 –
ANÁLISES E CONCLUSÕES
Figura 37 – Abrangência da função produção na MVM. Fonte: adaptada de Slack (1999) pela autora
6.1.2 Critérios Competitivos
Segundo Porter (1991), há três áreas de liderança que podem ser aplicadas pelas
empresas para obtenção de vantagens competitivas frente aos concorrentes: custos,
diferenciação e enfoque. Nas empresas de moda, de maneira geral, a Liderança em
Custos não apresenta grande destaque, porém as Lideranças em Diferenciação e
Enfoque possuem aspectos fundamentais relacionados à MVM (Quadro 9).
Critérios
Competitivos
DescriçãonaMVM
Custos
Não é uma liderança com tanto enfoque para a MVM, deve estar alinhada
comaestratégiadamarcaesegmentaçãodemercado;
Diferenciação
Representa uma das características mais fortes para o produto de moda e
MVM,poisfavoreceoposicionamentodamarca,seleçãodepreçosepúblico
alvo.Permiteaempresaomaioralcancedemargemdelucro;
Enfoque
Estárelacionadodiretamenteàsquestõesdesegmentaçãodemercadoquea
MVMestáatuando.Favoreceoestudodocomportamentodoconsumidore
públicoalvo.
Quadro 9 – Critérios Competitivos na MVM. Fonte: elaborado pela autora
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Capítulo 6 –
ANÁLISES E CONCLUSÕES
Ao aplicar os conceitos de Critérios Competitivos nas empresas pesquisadas,
observa-se que as três empresas – LBC, ON e SL apóiam suas vantagens
competitivas nas Lideranças de Diferenciação e Enfoque:
1) Liderança em Diferenciação: as marcas LBC, ON e SL buscam posicionamento
no mercado através dessa Liderança que está diretamente relacionada ao alto
volume de criação, desenvolvimento e lançamento de modelos diferenciados e
elaborados em cada coleção, além da utilização de vários tipos de materiais e
insumos que proporcionam características diferenciais aos produtos oferecidos.
2) Liderança em Enfoque: as marcas LBC e ON atuam em um segmento de
mercado e público alvo específico. Já a marca SL, mesmo não atuando
diretamente com o consumidor final, também se beneficia com esta Liderança,
uma vez que se posiciona no atendimento de grupos de clientes e
desenvolvimento específicos em linhas de produtos.
6.1.3 Prioridades Competitivas
A competitividade pode ser obtida através do desenvolvimento de dois fatores
básicos: qualidade e produtividade. Para tanto, é necessário que a empresa ofereça
produtos com a qualidade esperada pelos clientes, a preços aceitáveis pelo mercado,
com custos operacionais compatíveis e que exigem produtividade no uso dos
recursos (COSTA NETO, 2007).
Os principais elementos que definem o conteúdo de uma estratégia de produção são
os critérios competitivos relacionados com a estratégia competitiva (ou de negócios)
da empresa. Horte et al (1987) definiram como Prioridades Competitivas da
Produção, os itens Custo, Desempenho de Entrega, Flexibilidade e Qualidade. Já
Weelwright (1989), ao definir os Critérios Competitivos da Produção, utilizou os
mesmos itens, acrescentando, porém, o critério da Inovatividade.
Os critérios competitivos, segundo Hill (1995) podem ser classificados em dois tipos:
qualificadores e ganhadores de pedido.
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Do estudo abordado, observa-se que as principais metas e atividades relacionadas
com as Prioridades Competitivas aplicadas à MVM são:
1) Custo: Não é uma prioridade competitiva para algumas marcas, mesmo assim o
custo deve ser considerado, segundo Slack (1993);
2) Desempenho de Entrega: Na MVM o prazo de entrega é muito negligenciado
pelas empresas, fazendo com que, em muitas situações, a confiabilidade de
entrega no prazo, seja explorado como um critério ganhador de pedido;
3) Flexibilidade: Para a MVM este critério é um dos mais valorizados pela
facilidade que as empresas encontram em conseguir adaptar rapidamente sua
produção e serviços a cada troca de coleção. Essa Liderança está interligada ao
Desempenho de Entrega e aplica-se ao curto ciclo de vida do produto de moda,
sensível à aceitação no segmento do varejo;
4) Qualidade: Garvin (1984) identifica oito dimensões da qualidade – Desempenho;
Características; Confiabilidade; Conformidade; Durabilidade; Assistência
técnica; Estética; Qualidade observada. As dimensões da qualidade juntas
cobrem um vasto conjunto de conceitos. Há dimensões que envolvem as
características inerentes aos produtos e outras envolvem seus atributos
mensuráveis. Algumas são objetivas e não são influenciadas pelo elemento
tempo, enquanto que outras podem ser modificadas de acordo com a variável
“tendência de comportamento de mercado”. O desempenho e as características
podem refletir preferências pessoais. A estética e a qualidade observada são as
mais subjetivas, ao passo que a confiabilidade, a conformidade, a durabilidade e a
assistência técnica são dimensões que envolvem atributos mensuráveis do
produto e são objetivas. Cada dimensão da qualidade impõe suas próprias
exigências à empresa e ao segmento em que atua.
As Dimensões da Qualidade voltadas para Desempenho, Estética e Qualidade
Percebida estão diretamente relacionadas ao consumidor final de moda. Já as
dimensões Conformidade, Durabilidade e Atendimento são relativas às atividades da
MVM.
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A seguir destacam-se as dimensões da qualidade que estão relacionadas ao
consumidor final:
1) Desempenho Intrínseco: essa Dimensão está dividida em características
primárias e secundárias. As primárias referem-se à função principal do produto.
No caso da moda a função é vestir e proteger o corpo. As características
secundárias são as que representam a diferenciação nos produtos. Para a moda o
desempenho está relacionado às cores, tecidos, estampas e aviamentos, além da
composição diferenciada dos tecidos;
2) Estética: esta é uma dimensão muito valorizada pelos consumidores finais, pois
os tecidos, modelagens, formas, cores e detalhes de moda, entre outros itens
estéticos, têm um importante impacto no sucesso de um produto;
3) Qualidade percebida: relacionada-se à credibilidade e imagem da marca pelo
consumidor, pela velocidade no lançamento de novos produtos de moda e, em
alguns casos, pela exclusividade de comercialização e produção de determinados
produtos e serviços.
Para a MVM, observa-se as seguintes situações:
1) Conformidade: esta dimensão relacinoa-se à aplicação das Normas Técnicas.
Como exemplos, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e o IPEM
(Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo) regulamentam
tecnicamente a maneira como as empresas devem realizar o processo de
etiquetagem dos produtos têxteis e de vestuário, tais como: especificações da
composição do(s) materiais do(s) tecido(s) utilizado(s) no produto;
procedimentos de conservação e lavagem do produto; localização correta das
etiquetas, entre outras instruções. Essa dimensão também está muito relacionada
à fase do desenvolvimento e construção das informações do produto que serão
detalhadas e disponibilizadas nas Fichas Técnicas;
2) Durabilidade: esta Dimensão pode estar relacionada à qualidade do tecido e
aviamentos utilizados na confecção de um produto de moda. Os tecidos
apresentam características de mais ou menos duráveis, dependendo da mistura
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das fibras (a composição dos materiais utilizados para a fabricação dos fios); da
estrutura do tecido (formas diferenciadas de tecelagem) ou, ainda, conforme o
tipo de acabamento aplicado durante o processo de beneficiamento do produto.
As diversas composições de tecidos aliadas às diferentes aplicações de
acabamento proporcionam características distintas aos tecidos, dando-lhes maior
ou menor resistência de acordo com sua finalidade e aplicação final do tecido ao
produto. Um produto de moda não é considerado um bem durável o que
determina menor expressão desta Dimensão em relação às demais;
3) Atendimento: esta Dimensão na MVM pode ser exemplificada quando existem as
situações de trocas e devoluções de produtos aos fornecedores (terceirizados).
Esses produtos foram rejeitados e não aprovados pelo setor de Controle de
Qualidade da empresa. Neste caso, o fornecedor deverá ter rapidez e cortesia no
atendimento ao seu cliente. Esta dimensão está muito relacionada à
confiabilidade no relacionamento entre cliente e fornecedor.
4) Inovatividade: Para a MVM este critério está diretamente relacionado aos
períodos de lançamento das novas coleções e que acontecem a cada troca de
estação (Verão, Alto Verão, Outono ou Inverno). Nesta Liderança destaca-se
também o aspecto criatividade da equipe de estilo e criação na pesquisa e
desenvolvimento de novos materiaise no processo de criação e desenvolvimento
de uma coleção.
Nas empresas estudadas percebe-se que as marcas estão direcionadas para diferentes
prioridades competitivas.
Na prioridade competitiva Desempenho de Entrega os gerentes e equipes das
empresas LBC e SL respeitam prazos, cronograma de desenvolvimento, produção e
embarque de produto mediante o planejamento com fornecedor internacional. A
entrega da produção no prazo acordado é prioridade na gestão do Outsourcing das
empresas.
Já as prioridades de Flexibilidade e Inovatividade para as três empresas são
fundamentais para o sucesso das organizações, uma vez que atuam com o enfoque na
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diferenciação de produtos com lançamentos de 4 coleções de moda por ano, Verão,
Alto Verão, Outono e Inverno.
Áreas de Decisão são formadas por um conjunto de decisões individuais que abrange
a função produção das empresas e estão divididas em: Estruturais e Infra-estruturais.
No estudo apresentado observam-se as seguintes situações Estruturais relacionadas à
MVM:
1) Instalações industriais: Esta Área relaciona-se à decisão pelo Outsourcing,
observando a preferência pela contratação de fornecedores, principalmente para a
produção de produtos que exigem operações de costura diferenciada,
acabamentos específicos que utilizam equipamentos, maquinário, tecnologia e
know how diferenciados e/ou não existentes dentro das próprias instalações;
2) Capacidade: Esta Área de Decisão vai depender do grau de flexibilidade
favorecendo a ampliação da capacidade da empresa devido à alocação da
produção para outros fornecedores;
3) Tecnologia: Na MVM esta Área impõe determinados graus de complexidade,
uma vez que algumas produções de moda passam por diferentes etapas
produtivas e ainda utilizam diferentes materiais resultando em diferentes
processos produtivos que exigem a utilização de equipamentos, maquinário e
tecnologia adequados.
4) Integração Vertical: Esta é uma Decisão Estratégica para algumas marcas de
MVM e deverá estar de acordo com o tipo e volume de produção. Ademais essa
Decisão está relacionada ao grau de qualidade de produção oferecida pelos
fornecedores externos.
Situações distintas ocorrem nas empresas estudadas, conforme Quadro 10:
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Empresas LBC ON SL
Instalações
Industriais
Favorável Favorável Nãoteminteresse
Capacidade
Favorávelcom
fornecedoresnacionaise
internacionais
Favorávelcom
fornecedoresnacionais
Favorávelcom
fornecedores
internacionais
Tecnologia
Favorável,os
fornecedores
internacionaispossuem
equipamentose
tecnologiadeúltima
geração
Desfavorável,a
produçãodos
fornecedoresnacionais
utilizamaquinários
desatualizados
Favorável,os
fornecedores
internacionaispossuem
equipamentose
tecnologiadeúltima
geração
Integração
Vertical
Nãoteminteresse Nãoteminteresse Nãoteminteresse
Quadro 10 – Decisões Estruturais dos estudo de casos. Fonte: elaborado pela autora
1) Decisão de Instalações Industriais: as empresas LBC e ON possuem fábricas
próprias que atendem demandas diferenciadas de modelos, porém em linhas
específicas de produtos. Já para a empresa SL esse tipo de decisão não é
estratégica, uma vez que o foco do seu negócio encontra-se na gestão de
fornecedores internacionais;
2) Capacidade: as três empresas possuem posicionamentos favoráveis, porém em
condições distintas. A empresa LBC atua com fornecedores nacionais e
internacionais, além da produção da fábrica própria, que atende a sua demanda
interna. Há uma ampliação da capacidade de produção o que torna a empresa ágil
e flexível para produção de modelos diferenciados. Para a empresa ON, a
situação se repete, mas em menores proporções, uma vez que desenvolve menor
quantidade de modelos e atua somente com fornecedores nacionais. Já a empresa
SL ocupa-se em gerenciar toda a produção de seus clientes em fornecedores
internacionais;
3) Tecnologia: é uma Decisão que, no caso das empresas em questão, está
relacionada diretamente aos fornecedores contratados. Para a ON esta Decisão
pode ser considerada desfavorável, devido a sua opção por fornecedores
nacionais com maquinários desatualizados. Já para a LBC e SL, as situações são
diferentes, uma vez que atuam com fornecedores internacionais e que possuem
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Capítulo 6 –
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alta capacidade de produção não apenas pela grande quantidade de mão-de-obra
envolvida, mas também devido a utilização de equipamentos e maquinário de
última geração;
4) Integração Vertical: não parece ser uma situação favorável para as empresas
estudadas, uma vez que optaram pela contratação de fornecedores externos.
As questões que envolvem as Áreas Infra-estrurais são Recursos Humanos, Gestão
da Qualidade, Organização da produção, PCP e Relação com os fornecedores. Na
MVM são observadas as seguintes situações, conforme o resultado dos estudos:
1) Recursos Humanos: a mão-de-obra fabril é um dos aspectos fundamentais para a
MVM pelo fato de ser multifuncional e não exigir alto grau de escolaridade, além
do que não possui limite de idade e o treinamento e aperfeiçoamento são fatores
de fácil e rápida solução (Mendes, 2006).
2) Gestão da Qualidade: na MVM a gestão da qualidade é executada de acordo
com a demanda de cada segmento de mercado. A principal força da qualidade é
percebida pelo consumidor final e está de acordo com o aspecto visual do
produto relacionado às cores, modelagem e caimento.
3) Organização da Produção: Não há situações específicas para a MVM, devido à
grande variedade de empresas em relação ao porte. Há uma grande concentração
de pequenas e micro-empresas que possuem alto grau de informalidade e
administração familiar que dificulta o estabelecimento de áreas e funções bem
definidas. Existem, porém, muitas outras empresas de moda de médio e grande
porte que são departamentalizadas, desde o chão de fábrica até os níveis
hierárquicos mais elevados.
4) PCP: na MVM o PCP atua em todo o gerenciamento produtivo, conforme
observado no desenvolvimento deste trabalho. De maneira geral o PCP deve estar
atento ao cronograma de produção, entrega de materiais e serviços, verificação da
utilização tecnológica adequada nos processos produtivos, controle da qualidade,
produção, distribuição e logística do produto.
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5) Relação com Fornecedores: na grande maioria das atividades relacionadas ao
processo produtivo de um produto de moda observa-se uma tendência
generalizada pela busca e decisão para utilização do Outsourcing em várias
etapas deste processo, o que implica no desenvolvimento de critérios e
procedimentos de relacionamento com os fornecedores e na busca de relações de
parcerias e cooperação. De acordo com as características do mercado/segmento
que a empresa atua, a utilização de um fornecedor pode ser fundamental para o
bom desempenho e sucesso do produto/empresa.
Para as empresas estudadas observam-se características distintas (Quadro 11).
Empresas LBC ON SL
Recursos
Humanos
Favorável Favorável Favorável
Gestãoda
Qualidade
Altaconfiançano
controledequalidade
dosfornecedores
internacionais
GrandeutilizaçãodaFT
Baixaconfiançano
controledequalidade
dosfornecedores
nacionais
BaixautilizaçãodaFT
Altaconfiançano
controledequalidade
dosfornecedores
internacionais
GrandeutilizaçãodaFT
Organizaçãoda
Produção
Empresadegrande
portee
departamentalizada
Empresademédio
portee
departamentalizada
Empresadepequeno
portee
departamentalizada
PCP Favorável Favorável Favorável
Relaçãocom
Fornecedores
Altorelacionamentoe
muitofornecedores
internacionais
Baixorelacionamentoe
muitosfornecedores
nacionais
Altíssimo
relacionamentoe
poucosfornecedores
internacionais
Quadro 11 – Decisões Infra-Estruturais dos estudo de casos. Fonte: elaborado pela autora
1) No aspecto de Recursos Humanos as três empresas equiparam-se pelo fato de
possuírem mão-de-obra qualificada em suas unidades fabris (LBC e ON). Nos
demais departamentos das três empresa, há equipes de criação e gerência
altamente especializadas para as funções;
2) Para a Gestão da Qualidade – a LBC possui um forte departamento de controle de
qualidade para inspeção da produção interna. Para a produção externa a LBC e
SL confiam no controle de qualidade dos fornecedores internacionais, utilizando
como forte ferramenta de conformidade as Fichas Técnicas de Produto. Já a ON
realiza o controle de qualidade de todas as peças da produção interna e externa. A
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ON não confia no controle de qualidade dos fornecedores nacionais, mesmo com
a utilização de FTs;
3) No aspecto da Organização da Produção todas as empresas estudas são
departamentalizadas, mesmo com portes diferentes;
4) O PCP para as três empresas é de grande importância. Há gerentes qualificados
que administram e controlam as atividades e os processos produtivos em toda a
sua extensão;
5) No aspecto Relação com Fornecedores existe uma diferença entre as empresas
estudadas. A LBC possui vários fornecedores internacionais localizados em
diferentes países. Mesmo assim possui um alto relacionamento com seus
fornecedores. A ON possui muitos fornecedores nacionais e, apesar da gerência
do PCP ser de boa administração, não possui ainda um bom nível de
relacionamento. A SL, por sua vez, possui pouquíssimos fornecedores
internacionais e todos localizados no mesmo país (China), o que proporciona um
altíssimo nível de relacionamento com seus fornecedores.
6.1.4 Gestão da Cadeia de Suprimentos
A Cadeia de Suprimentos pode ser definida como uma rede de empresas autônomas
ou semi-autônomas, percebidas coletivamente como também responsáveis pelas
atividades de obtenção, fabricação e distribuição, associadas a uma ou mais famílias
de determinados produtos (EULÁLIA, 2000).
Segundo Chopra e Meindl (2003), uma cadeia de suprimentos engloba todos os
estágios (clientes, varejistas, distribuidores, fabricantes e fornecedores) envolvidos
direta ou indiretamente no atendimento de um pedido do cliente. Pode ser vista, de
acordo com Lumus et al (1998), como uma rede de entidades que abrange todo o
fluxo de materiais e informações.
As operações são construídas na forma de camadas, onde o conjunto é denominado
“rede total de suprimentos”. As empresas que fornecem diretamente para as
operações em questão são as de “primeira camada”, alimentadas por outras, ditas de
“segunda camada” (FUSCO & SACOMANO, 2007).
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A Figura 38 apresenta a rede total de suprimentos de uma MVM. Destacam-se a
dinâmica e a integração dos possíveis relacionamentos diretos ou indiretos (de
negócios) existentes, onde, de acordo com Romito (2008), todo processo ou operação
produtiva interage como fornecedor ou cliente de outro processo ou operação
produtiva.
O fluxo de bens e serviços é criado de acordo com a necessidade de transformação e
produção de um determinado insumo, material ou produto de moda. Nesta situação, o
compartilhamento de informações faz-se necessário e o desenvolvimento de um bom
relacionamento baseado em parcerias são fatores primordiais para o sucesso do
empreendimento ou produto.
Figura 38 – Rede total de suprimentos de uma MVM. Fonte: Romito (2008) adaptado pela autora
De acordo com o estudo, alguns autores identificaram variáveis que contribuem para
uma melhor utilização da Gestão da Cadeia de Suprimentos, considerando três
conceitos: compartilhamento de informação, integração e parceria.
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1) O Compartilhamento de Informação e planejamento conjunto para a Gestão da
Cadeia de Suprimento (Bowersox e Closs, 2001; Feldman e Müller, 2003; Al-
Mudiming et al, 2004; Gomes e Ribeiro, 2004) na MVM está relacionado à fase
da confecção da peça-piloto, das amostras de produção e, principalmente, das
informações descritas nas FTs. A peça-piloto representa o protótipo do modelo a
ser produzido. A FT descreve detalhadamente as necessidades e características do
processo produtivo de um produto de moda.
2) A integração da cadeia representa o alinhamento dos processos-chave do negócio
(Ching 1999; Novaes, 2001; Dornier et al, 2000 e Christopher, 2001). Para a
MVM, esse conceito representa parte do trabalho do PCP que deve alinhar prazos
e metas de todo processo produtivo e de todos os atores e fornecedores
envolvidos na produção de um produto de moda.
3) O conceito de parceria está fundamentado na confiança mútua, abertura à
participação, compartilhamento de recompensas e riscos entre as empresas
(Ching, 1999; Bowersox e Closs, 2001; Christopher, 2001; Gomes e Ribeiro,
2004). Na MVM observa-se a dinâmica de negócios existentes ao longo do
processo produtivo de um produto de moda que colabora para o desenvolvimento
de relacionamentos baseados em parcerias entre as empresas.
Aplicando os conceitos da Gestão da Cadeia de Suprimentos nas empresas estudadas
observa-se que:
1) As três empresas possuem compartilhamento de informações com seus
fornecedores, além dos processos de desenvolvimento de produtos em conjunto.
Haja vista a utilização das peças-piloto, amostras de produção e FTs;
2) A integração da cadeia, nas três marcas, é organizada pelo PCP de cada empresa,
setor que possui gerência competente para o alinhamento dos planos de
produção, atividades, metas, prazos e controle da produção dos fornecedores.
3) O estabelecimento de parcerias também é observado nas três empresas estudadas,
principalmente porque os produtos e modelos desenvolvidos possuem grande
parte dos insumos exclusivos (botões, pingentes, zíperes, etiquetas bordadas,
entre outros), além do trabalho de exclusividade em tecidos, padrões e estampas.
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6.1.5 Gestão do Outsourcing
A decisão para a utilização do Outsourcing da manufatura para uma empresa de
moda ocorre principalmente pelas seguintes razões:
1) Possibilidade de desenvolvimento e produção de produtos diversificados e
diferenciados;
2) Busca de maior capacidade de inovação para os produtos e serviços;
3) Utilização das instalações produtivas, tecnologia e know how dos fornecedores;
4) Busca de melhor qualidade de produção, pelo fato da não existência e
possibilidade de produção em suas próprias instalações;
5) Facilidade de armazenagem e transporte do produto de moda.
Para Pires (2000), a competição entre empresas está além do nível das cadeias
produtivas e não somente entre unidades de negócios isoladas. Resultam na formação
de "unidades virtuais de negócios", ou seja, um conjunto de unidades que compõe
uma cadeia produtiva e que operam de forma integrada, concorrendo com outras
"unidades virtuais de negócio" ou cadeias produtivas. Dessa maneira, as empresas
devem preocupar-se com o desempenho global da cadeia produtiva de forma a
atender as necessidades dos clientes finais, formulando a integração dos membros da
cadeia, criando estreitamento dos relacionamentos e desenvolvendo competências
distintas em cada unidade.
A Figura 39 apresenta os possíveis relacionamentos de negócios de uma MVM com
empresas produtoras de bens e serviços para a produção de um produto de moda.
Como exemplo, algumas situações:
1) Escritórios que realizam pesquisa de mercado, pesquisa de moda, criação e
desenvolvimento de produtos;
2) Indústrias de aviamentos com a produção personalizada de botões, pingentes para
zíperes, fivelas, galões e etiquetas, entre outros;
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3) Empresas prestadoras de serviços de modelagem, ampliação e redução e corte de
produtos;
4) Facções e oficinas especializadas em costura de tecidos planos e malhas;
5) Indústria de tecelagem que podem tecer tecidos sob encomenda;
6) Empresas de beneficiamento: que produzem sob encomenda as lavagens e
tingimento de tecidos. Outra possibilidade é a utilização da indústria de
estamparia com a locação de quadros de estampas ou ainda com o
desenvolvimento de novos padrões personalizadas e exclusivos.
Figura 39 – Rede de fornecimento e Outsourcing de uma MVM. Fonte: elaborado pela autora
De acordo com os estudos de casos apresentados, a autora relaciona as três questões
básicas de Quinn & Hilmer (1994) e comenta as seguintes análises:
1) Na questão – “Potencial para se obter uma vantagem competitiva nessa atividade,
levando-se em consideração os custos de transação?”
As empresas LBC e SL possuem alto potencial de vantagem competitiva. Em
particular, a LBC apresenta produtos com alta qualidade em relação aos
concorrentes. A SL, por sua vez, possui, até o momento, poucos concorrentes
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ANÁLISES E CONCLUSÕES
que realizam a gestão do Outsourcing internacional no mercado de moda. Já a
ON tem uma vantagem baixa porque ainda está em busca de fornecedores ideais
para suprir sua produção.
2) Na questão – “Qual a vulnerabilidade potencial que poderia surgir a partir de
falhas de mercado?”
Para as três empresas o grau de vulnerabilidade é alto e está centrado nas mesmas
situações, ou melhor, a não conformidade dos produtos, o tempo de troca e o alto
custo de transação (na troca). Para as empresas LBC e SL considera-se ainda a
distância da localização dos fornecedores internacionais.
3) Na questão – “O que pode ser feito para diminuir essa vulnerabilidade, através da
estruturação de acordos com os fornecedores para garantir os controles
apropriados e ainda prover a flexibilidade na demanda?”
As empresas respondem de maneiras distintas e de acordo com o enfoque de seus
negócios. Para a LBC e a ON, o ponto central encontra-se na falta de agilidade
para reposição dos produtos não entregues e o retorno ou reposição de produtos
com defeitos. As empresas consideram importante a utilização de FTs. muito
bem estruturadas. As empresas LBC e SL consideram ainda de suma importância
a constante adaptação e revisão das FTs. que devem estar de acordo com a peça-
piloto aprovada. As três empresas consideram fundamental a construção e
manutenção de um bom relacionamento com os fornecedores e a estruturação de
contratos que visem a consolidação de parcerias. Para a ON, em especial, é
importante observar uma boa elaboração e desenvolvimento da peça-piloto como
referência de produção, além da construção de um alinhamento adequado entre as
equipes de Estilo e PCP.
As questões de Quinn & Hilmer serviram como um primeiro parâmetro para a
formulação do roteiro de entrevistas com as empresas. Através de entrevistas semi-
estruturadas a autora buscou respostas e informações aos seguintes assuntos:
1) Histórico da empresa, apresentação da(s) marca(s), segmentação de público,
mercado atuante e quantidade de lojas;
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A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
Capítulo 6 –
ANÁLISES E CONCLUSÕES
2) Questões que envolvem o Desenvolvimento de Produtos na empresa: quantidade
de modelos/coleção, descrição do organograma do departamento de
desenvolvimento de produto, quantidade de funcionários;
3) Departamento PCP;
4) Prazos e atividades do desenvolvimento de produto, produção e entrega;
5) Gestão do Outsourcing
6) Relacionamento com fornecedores
7) Código de Conduta;
8) Etiquetas;
9) Distribuição.
6.2 Conclusões
Conclui-se que o trabalho cumpriu os objetivos propostos e há convergência entre a
metodologia e o aparato conceitual estudado.
A complexa e dinâmica rede de negócios do processo produtivo de um produto de
moda envolve uma gama de empresas que produzem insumos materiais e serviços de
variados fornecedores, dependendo da estratégia de produção adotada pela MVM.
A rede total de suprimentos que compreende as atividades de negócios de uma
MVM, além de ser influenciada pelos movimentos da moda, engloba processos que
dependem de fornecedores de “primeira camada” e intermediários. A rede atende
direta ou indiretamente os pedidos dos clientes que resultam em produtos, serviços e
informações com alto valor agregado.
A criação e estilo de um produto de moda brasileiro conquistam, a cada coleção,
espaço no mercado internacional. O estudo de casos ilustra que marcas e empresas
nacionais disputam fornecedores internacionais em busca de redução de custos e de
qualidade de produção e serviços, situações que estão diretamente relacionadas à
Estratégia Competitiva de Diferenciação e à Prioridade da Flexibilidade.
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A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
Capítulo 6 –
ANÁLISES E CONCLUSÕES
Do ponto de vista da utilização de materiais, insumos e aviamentos dos produtos de
moda, incluindo o aproveitamento da tecnologia diferenciada e know how dos
fornecedores internacionais, as empresas nacionais conquistam e elevam as
dimensões da qualidade relacionadas às questões da Estética e Qualidade Percebida
pelos clientes finais.
Para a autora a questão da Qualidade deve estar focada em cada fase do processo
produtivo do produto de moda e em cada fornecedor e cliente da cadeia de
fornecimento de uma MVM.
O estudo do Outsourcing em relação à qualidade mostrou ainda a necessidade de
uma Gestão mais qualificada dos fornecedores e de todos os atores envolvidos no
processo produtivo. Considerando uma breve observação em relação às Estratégias
de Decisões Estruturais de Horte et al (1987), é importante salientar a grande
diferença existente entre fornecedores de classe nacional e internacional. Os
primeiros possuem, em sua grande maioria, instalações inadequadas às condições de
trabalho e apresentam equipamentos e maquinários em situações precárias de
utilização, o que resulta baixa qualidade e produtividade dos produtos de moda.
Quanto à classe internacional, é possível a ocorrência de problemas similares, mas há
inúmeras alternativas de fornecedores equipados com máquinas e instalações
adequadas e de última geração.
A autora relaciona alguns fatores que devem ser considerados no processo de decisão
para o Outosurcing Estratégico da Manufatura de um produto de moda, independente
da seleção estar entre fornecedores nacionais ou internacionais:
– a empresa deve apresentar boa organização e administração, principalmente do
PCP (ou do departamento responsável pela gestão dos fornecedores), observando
contratos bem formulados prevendo prazos de entrega de produção e tolerâncias e
conformidade da produção e produtos;
– desenvolvimento e planejamento de critérios e procedimentos de relacionamento
com os fornecedores;
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A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIM. E O OUTSOURCING COMO ESTRATÉGIA DA MVM
Capítulo 6 –
ANÁLISES E CONCLUSÕES
– desenvolvimento de FTs. bem estruturados concentrando todas as informações e
especificações detalhadas do produto;
– construção de um relacionamento de parceria com os fornecedores;
A autora sugere, ainda, para a empresa ON uma reestruturação na organização das
informações das FTs., além de uma maior integração entre as áreas de PCP e Estilo.
Seria interessante que houvesse reuniões freqüentes de apresentação dos modelos da
coleção com o propósito de discutir as questões de viabilidade de produção. Para a
empresa SL, a autora sugere um treinamento de modelagem na sede dos fornecedores
internacionais, uma vez que o foco da empresa é a Gestão do Outsourcing.
Finalmente a autora conclui que os estudos da Gestão da Cadeia de Suprimentos e do
Outsourcing da Manufatura do Vestuário de Moda são diretrizes fundamentais e
complementares para a formação de futuros profissionais pelas escolas de Negócios
da Moda no país, elevando as questões relacionadas à área de Recursos Humanos
que demanda, cada vez mais, profissionais qualificados e com conhecimentos
técnicos especializados no setor Têxtil e de Vestuário de Moda.
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
OUTSOURCING COMO APOIO À ESTRATÉGIA COMPETITIVA NA MVM
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