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LEONARDO DA CUNHA BOLDRINI PEREIRA
BIOENGENHARIA DE PRÓTESES VASCULARES
XENOGENEICAS
T
RABALHO APRESENTADO AO
P
ROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CNCIAS
MORFOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PRÉ-
REQUISITO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE.
O
RIENTADORES
:
PROF. RADOVAN BOROJEVIC
PROFA. CHRISTINA MAEDA TAKIYA
LABORATÓRIO DE PROLIFERAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR
L
ABORATÓRIO DE
P
ATOLOGIA
C
ELULAR
D
EPARTAMENTO DE
H
ISTOLOGIA E
E
MBRIOLOGIA
, UFRJ
DRE
:
104121663
P
ROGRAMA DE
P
ÓS
-G
RADUAÇÃO EM
C
IÊNCIAS
M
ORFOLÓGICAS
U
NIVERSIDADE
F
EDERAL DO
R
IO DE
J
ANEIRO
NOVEMBRO, 2006
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ii
BIOENGENHARIA DE PRÓTESES VASCULARES
XENOGENEICAS
Leonardo da Cunha Boldrini Pereira
Orientadores: Profª. Radovan Borojevic
Prof
a
. Christina Maeda Takiya
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências Morfológicas, Instituto de Ciências Biomédicas, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Ciências Morfológicas.
EXAMINADORES
Dr. José Mauro Granjeiro
Universidade Federal Fluminense
Dra. Verônica Maria Morandi da Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Dr. Leonardo Rodrigues de Andrade
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Dr. Ana Maria Reis Ferreira
Universidade Federal Fluminense;
Suplente externa
Dra. Valéria de Melo Coelho
Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Suplente interno
Dra. Márcia Cury El - Cheikh
Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Revisora
Dr. Radovan Borojevic
Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Orientador
Dra. Christina Maeda Takiya
Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Orientadora
Dr. Vivaldo Moura Neto
Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Coordenador do Curso de
Pós-Graduação em Ciências Morfológicas (PCM)
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iii
Pereira, Leonardo da Cunha Boldrini
Bioengenharia de próteses vasculares xenogeneicas / Leonardo
da Cunha Boldrini Pereira. – Rio de Janeiro: UFRJ / ICB, 2006.
ix, 107 f. : il. ; 31 cm
Orientadores: Radovan Borojevic e Christina Maeda Takiya
Dissertação (mestrado) –UFRJ / ICB/Ciências Morfológicas,
2006.
Referências bibliográficas: f. 76-91
1. Engenharia biomédica. 2. Prótese vascular. 3. M
atriz
extracelular. 4. Células endoteliais. 5. Miócitos de músculo liso. 6.
Técnicas de cultura de células. 7. Teste de materiais. 8. Ciências
Morfológicas -
Tese. I. Borojevic, Radovan. II. Takiya, Christina
Maeda. III. Universidade Federal do Rio de Jan
eiro, ICB, Ciências
Morfológicas. IV. Título.
iv
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço ao nosso Pai Celestial, que reuniu para mim
todas as condições ideais para o desenvolvimento dessa dissertação: minha
família, meus amigos, um ótimo ambiente de trabalho e a certeza de que em
algum momento os experimentos iam começar a dar certo.... rs
Agradeço muito a meus pais e ao meu irmão por todo o apoio nos
bastidores durante o Mestrado. À minha madrinha Lélia e a vovó Amélia,
sempre atenciosas. Jamais me esquecerei da ajuda de vocês.
Aos professores Radovan Borojevic e Christina Takiya por todo o
aprendizado adquirido durante o mestrado. São exemplos valorosos que nunca
me esquecerei.
À Prof. Márcia Cury El-Cheikh, que me abrigou no laboratório na
graduação e que foi minha orientadora na iniciação científica. Agradeço por
todo o apoio, pelos conselhos e pela impecável revisão desta tese...
Aos grandes “amigosdopardal” e “normais-da-biomedicina”: Gaúcho,
Hamilton, prof. Cristiano, Fábio, Paulista, Neno, Anderson, Osama, Felipe,
Vovô, Fiocruz, Antônio, João Gesto, Tio João, Daniel Teddy, Maurício e
Jackson. Agradeço a todos vocês pelas dicas, exemplo profissional, pelos
momentos de descontração e as inesquecíveis viagens da galera.
A todos os integrantes do Laboratório de Proliferação e Diferenciação
Celular, em especial aos doutorandos Luciene López e André Marchiori, peças
fundamentais no desenvolvimento deste trabalho. Aos alunos Priscila Bezzera,
Ronaldo (Reginaldo) e Monike, todos do “grupo vascular” e que me ajudaram
diversas vezes.
Aos integrantes do Laboratório de Patologia Celular, e do Laboratório de
Interações Celulares nos Sistemas Endócrino e Reprodutor, que me adotaram
como novo membro e com quem muito tenho aprendido nos seminários
organizados pela Prof. Christina e pelo Prof. Luiz Eurico.
Aos membros do Departamento de Histologia e Embriologia.
A Eliene Oliveira e ao Prof. Mauro Pavão, do laboratório de Tecido
Conjuntivo.
A meus amigos em geral e aos irmãos DeMolays e Tios maçons, que
sempre se preocuparam e me apoiaram.
v
A todos aqueles que colaboraram de qualquer forma para o
desenvolvimento desta tese.
Ao Obina, ao Luizão e ao Juan, que garantiram o Bicampeonato da Copa
do Brasil do Mengão em cima do vasquinho da gama!!!
Ao CNPq.
Muito obrigado!!!
vi
RESUMO
As próteses vasculares de grande diâmetro são desenvolvidas com sucesso a
partir de polímeros tais como o Dacron e o e-pTFE. Entretanto, o
desenvolvimento de próteses vasculares de pequeno calibre (diâmetro interno
< 6mm) tem se tornado um desafio, devido as reações biológicas entre a
superfície do material e o sangue, bem como com o tecido subjacente, tais
como trombogenicidade aguda, hiperplasia intimal e formação de aneurismas.
O enxerto de veia autóloga requer a remoção de uma veia de outra parte do
corpo, quando viáveis. Os enxertos sintéticos demonstram riscos a longo prazo
e não são suscetíveis nas aplicações em vasos de pequeno calibre. Neste
trabalho, desenvolvemos uma prótese vascular biocompatível e
mecanicamente estável combinando células humanas e matrizes
acelularizadas xenogeneicas. Para isso, utilizamos técnicas de engenharia
tecidual para acelularizar aortas torácicas de porcos adultos, que foram
submetidas a tratamento com soluções hipertônicas, acompanhadas por
extensivas lavagens em salina. Os componentes de matriz extracelular
envolvidos no suporte mecânico e nas propriedades elásticas foram avaliados
antes e após o tratamento por técnicas bioquímicas e histológicas. Laminina e
fibronectina, principais constituintes da membrana basal, foram detectados por
imunofluorescência e imunoperoxidade, respectivamente. Nenhuma diferença
foi observada nos componentes de matriz extracelular como um todo. A única
redução foi observada bioquimicamente nos níveis de glicosaminoglicanos
(perda de 30% dos fragmentos tratados). Portanto, nossa metodologia resultou
num implante natural que mantém a composição matricial da artéria nativa. O
próximo passo foi a repopulação com células da parede vascular utilizando
células endoteliais e células musculares lisas obtidas de veia de cordão
umbilical. Elas foram semeadas nas faces luminal e adventicial,
respectivamente, e ambas as células foram capazes de repopular o enxerto.
Interessantemente, a prótese matricial também preservou nichos instrutivos
células musculares lisas apresentaram diferentes comportamentos quando
plaqueadas nas faces adventicial e luminal. Deste modo, nossos resultados
indicam que estamos aptos a produzir uma prótese vascular com ótimas
condições de repopulação.
vii
ABSTRACT
Large-diameter vascular grafts have been successfully developed from
polymers such as Dacron or e-PTFE. However, it has been difficult to develop
small-caliber grafts (inner diameter < 6mm) because of biological reactions at
the blood-material and tissue-material interface, such as acute thrombogenicity,
intimal hyperplasia and formation of aneurisms. Autologous vein grafts require a
removal of a vein from another part of the body, when available. Synthetic grafts
pose long-term health risks and are not successful for small-diameter graft
applications. Here we develop a biocompatible and mechanically stable
vascular graft combining human cells and a xenogeneic acellular matrix by
tissue-engineering techniques: thoracic aortas of adult pigs were successfully
decellularized treating them with a gradient of hypertonic solutions, followed by
extensive washes in saline buffer. Components of extracellular matrix involved
with the mechanical support and elastic properties were evaluated, before and
after treatment, by biochemical and histochemical methods. Laminin and
fibronectin, major constituents of basement membrane, were detected by
immunofluorescence and immunohistochemical staining, respectively. No
differences were observed in either extracellular matrix components mentioned
by far. The only reduction was observed by biochemical analysis in the levels of
glycosaminoglycans (30% in the treated ones). Thus, our methodology resulted
in a natural scaffold that maintained the native vessel composition. The next
step was the repopulation with vascular wall cells. We used confluent
endothelium (HUVECs) and fully differentiated smooth muscle cells (VSMCs)
derived from human umbilical vein. They were seeded into the luminal and
adventitial sides, respectively, and both cells were able to repopulate the graft.
Interestingly, bioscaffold’s matrix molecules also preserved their instructive
clues smooth muscle cells showed different behaviors when seeded in the
adventitial or in the luminal side of the xenograft. Our results indicate that we
were able to produce a vascular graft with optimal cell seeding characteristics.
viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
MEC
– Matriz Extracelular
vWF
– Von Willebrand Factor (Fator de Von Willebrand)
VCAM
– Vascular Cell Adhesion Molecule
ICAM
– Intercellular Adhesion Molecule
IL – Interleukin
PDGF
– Platelet-Derived Growth Factor
FGF
– Fibroblast Growth Factor
CSF
– Colony Stimulating Factor
IFN - γ
γγ
γ
Interferon gama
TGF -
β
ββ
β Transforming Growth Factor Beta
LDL
- Low-density lipoprotein
MCP – 1
– Monocyte chemoattractant protein-1
M-CSF
– Macrophage Colony Stimulating Factor
e – PTFE – politetrafluoretileno expandido
PGA
- ácido poliglicólico
SDS
– dodecil sulfato de sódio
PBS
– solução salina fosfatada
EDTA
– ácido etilenodiaminotetraacético
DMEM – Meio eagle modificado por Dulbecco
PS
– Penicilina e estreptomicina
HE
– hematoxilina e eosina
GAGs
- glicosaminoglicanas
DAB
– diaminobenzidina
IgG – imunoglobulina
ix
HUVECs – Human Vein Endothelial Cells
VSMCs
- Vein Smooth Muscle Cells
SUMÁRIO
1) Introdução: ........................................................................................................4
1.1) Os vasos sanguíneos:.................................................................................. 4
1.2) Células da parede vascular: ......................................................................... 7
1.2.1 – Células endoteliais:............................................................................ 8
1.2.2 - Células musculares lisas e fibroblastos:.......................................... 9
1.3 - Doenças cardiovasculares:........................................................................ 10
1.4 – Técnicas de revascularização tecidual: ....................................................16
2) Objetivos:......................................................................................................... 28
- Geral:............................................................................................................... 28
- Objetivos específicos:...................................................................................... 28
3) Metodologia:.................................................................................................... 29
3.1 Captação das aortas ex vivo:....................................................................... 29
3.2 Acelularização de fragmentos de aorta:....................................................... 29
3.3 Investigação dos componentes dos fragmentos de aorta:........................... 30
3.3.1 Análise histológica: ............................................................................ 30
3.3.2: Análise imunohistoquímica: ............................................................. 31
3.4) Análise bioquímica:..................................................................................... 31
3.4.1 - Dosagem de hidroxiprolina (STEGMANN e STALDER, 1967):...... 31
3.4.2 – Dosagem de ácido urônico: ............................................................ 32
3.5) Obtenção de Células Endoteliais de Veia de Cordão Umbilical (HUVECs):33
3.6) Obtenção de Células Musculares Lisas de Veia de Cordão Umbilical
(VSMCs):........................................................................................................... 34
3.7) Repopulação dos fragmentos de aorta acelularizados:.............................. 35
3.8) Análise dos fragmentos repopulados:......................................................... 36
2
4) Resultados:...................................................................................................... 38
4.1 Análise histológica da aorta acelularizada:.................................................. 38
4.2 Análise bioquímica:...................................................................................... 39
4.3 Análise imunohistoquímica: ......................................................................... 40
4.4 Análise dos fragmentos acelularizados por microscopia eletrônica de
varredura: .......................................................................................................... 41
4.5 Repopulação dos fragmentos acelularizados: .............................................41
PRANCHA I – Morfologia dos fragmentos de aorta “ex vivo” e acelularizados.. 43
PRANCHA II – Morfologia dos fragmentos de aorta “ex vivo” e acelularizados.45
PRANCHA III – Morfologia dos fragmentos de aorta “ex vivo” e acelularizados 47
PRANCHA IV: Dosagem bioquímica .................................................................49
PRANCHA V – Imunohistoquímica de fragmentos de aorta “ex vivo” e
acelularizados.................................................................................................... 50
PRANCHA VI – Imunohistoquímica de fragmentos de aorta “ex vivo” e
acelularizados.................................................................................................... 52
PRANCHA VII – Imunofluorescência................................................................. 54
PRANCHA VIII: Microscopia eletrônica de varredura: repopulação com HUVECs
........................................................................................................................... 57
PRANCHA IX: Microscopia eletrônica de varredura: repopulação com HUVECs
.....................................................................................................................57
PRANCHA X: Microscopia eletrônica de varredura: repopulação com VSMCs. 59
PRANCHA XI: Análise histológica: repopulação com VSMCs........................... 61
3
PRANCHA XII: Microscopia eletrônica de varredura: plaqueamento de VSMCs
na face luminal de fragmentos de artérias acelularizadas................................. 63
5) Discussão:....................................................................................................... 65
6) Conclusões:..................................................................................................... 74
7) Perspectivas:................................................................................................... 75
8) Referências:..................................................................................................... 76
ANEXO I: REAGENTES E PREPARO DE SOLUÇÕES...................................... 92
ANEXO 2: PROTOCOLOS DE IMUNOPEROXIDASE E
IMUNOFLUORESCÊNCIA UTILIZADOS:.......................................................... 104
4
1) Introdução:
1.1) Os vasos sanguíneos:
A arquitetura geral e a composição celular dos vasos sanguíneos são as
mesmas em todo o sistema cardiovascular, separando-se as artérias e as veias.
Devido a exposição a altas pressões, as artérias têm parede mais espessa e
lúmen arredondado, até mesmo na ausência de fluxo sanguíneo. Além disso, a
elastina da artéria é mais organizada que a da veia correspondente. Em contraste,
o lúmen da veia é mais alargado, e a elastina na parede é distribuída de maneira
difusa. À medida que os vasos ficam menores a relação entre espessura da
parede e diâmetro da luz torna-se maior. As veias possuem diâmetro maior, luz
maior e paredes mais finas quando comparadas às artérias correspondentes
(FIGURA 1) (SCHOEN, 2006).
Figura 1: Corte histológico de uma artéria (A) e uma veia (V). Membranas elásticas são coradas em preto
(membrana elástica interna da artéria sinalizada pela seta). (Robbins e Cotran Bases Patológicas das
Doenças 7ª Edição, 2006)
5
Os constituintes básicos das paredes dos vasos sanguíneos são as células
endoteliais, as células musculares lisas, os fibroblastos e matriz extracelular
(MEC), incluindo elastina, colágeno e glicosaminoglicanos. As 3 camadas
concêntricas - íntima, média e adventícia – são melhor definidas nos vasos de
maior calibre, particularmente nas artérias (FIGURA 2) (SCHOEN, 2006) .
Nas artérias, a íntima consiste de uma simples camada de células endoteliais
que reveste a superfície interna do vaso e que repousa numa camada
subendotelial, que consiste de uma lâmina basal contendo fibras matriciais e
fibroblastos esparsos, sendo separada da camada média por uma membrana
elástica, denominada membrana elástica interna, que é o componente mais
externo da íntima. Esta lâmina, composta principalmente de elastina, possui
fenestras que permitem a difusão de substâncias para nutrir células situadas mais
profundamente na parede do vaso (GARTNER e HIATT, 2001).
A camada média é formada principalmente por camadas concêntricas de
células musculares lisas, organizadas helicoidalmente, às quais se agregam
quantidades variáveis de fibras elásticas, fibras reticulares (colágeno tipo III) e
proteoglicanas. As células musculares lisas são as responsáveis pela síntese
desses elementos de matriz extracelular. As camadas de células musculares da
média localizadas próximo ao lúmen recebem oxigênio e nutrientes diretamente
por difusão. Entretanto, a difusão é inadequada para as porções mais externas da
média em vasos de grande e médio calibre, de forma que essas áreas são
irrigadas por pequenas arteríolas denominadas vasa vasorum. A camada média é
separada da camada adventícia pela membrana elástica externa (GARTNER e
HIATT, 2001).
6
A camada adventícia é constituída principalmente de fibroblastos, fibras
colágenas do tipo I e fibras elásticas, orientadas longitudinalmente. Possui
também vasa vasorum e torna-se gradualmente contínua com o tecido conjuntivo
do órgão pelo qual o vaso sanguíneo está passando (GARTNER e HIATT, 2001).
Figura 2: Representação de um corte transversal de uma pequena artéria muscular. (Adaptado de Robbins e
Cotran, Bases Patológicas das Doenças, 7ª Edição, 2006)
Quanto ao tamanho e características estruturais, as artérias são divididas em
três tipos: (1) artérias elásticas ou de grande calibre, incluindo a aorta e os ramos
que se originam do arco aórtico (carótida comum e artérias subclávias), as artérias
ilíacas comum e o tronco pulmonar; (2) artérias musculares (exemplificadas pelas
artérias coronárias e renais) e (3) artérias de pequeno calibre (< 5 mm de
diâmetro) e arteríolas (< 0,1 mm de diâmetro), estas últimas localizadas
principalmente no interior dos tecidos e órgãos. Essas modificações estruturais
apresentam-se principalmente na camada média e na composição da MEC
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004)
Nas artérias elásticas, a média é rica em fibras elásticas, que são organizadas
por camadas de células musculares lisas. Os componentes elásticos da aorta
7
expandem durante a sístole. Durante as contrações na fase diastólica do ciclo
cardíaco, a elasticidade da parede vascular evita a diminuição do fluxo sanguíneo
no sistema vascular periférico.
Nas artérias musculares, a média é composta predominantemente por células
musculares lisas dispostas circularmente ou espiralmente face ao lúmen, podendo
conter mais de 40 camadas de fibras musculares lisas. Contém, ainda, quantidade
variável de fibras elásticas, fibras reticulares e proteoglicanas. Nas artérias
musculares e arteríolas, o fluxo e a pressão sanguínea são regulados pela
contração das células musculares lisas, diminuindo (vasoconstrição) ou
aumentando o tamanho do lúmen (vasodilatação). Essa variação na contração é
controlada em parte pelo sistema nervoso autônomo e também por fatores
químicos ou interações celulares locais. (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004;
GARTNER e HIATT, 2001).
Nas arteríolas, a camada subendotelial é muito delgada e nas de menor
diâmetro a lâmina elástica interna está ausente e a camada média geralmente é
composta por apenas uma ou duas camadas de células musculares lisas
circularmente organizadas. A camada adventícia é muito delgada (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004).
1.2) Células da parede vascular:
Os componentes celulares dos vasos sanguíneos são as células endoteliais,
as células musculares lisas e os fibroblastos, que têm importante papel na
patologia e biologia vascular.
8
1.2.1 – Células endoteliais:
As células endoteliais formam uma monocamada epitelial que reveste todo
o sistema vascular, chamada de endotélio. Sua integridade estrutural e
funcional é fundamental para a manutenção da homeostase da parede do
vaso e da função circulatória. As células endoteliais são células pavimentosas,
poligonais, que contêm numerosas vesículas pinocitóticas e que formam
complexos juncionais com suas vizinhas. São as únicas que contêm
corpúsculos de Weibel – Palade, estruturas delimitadas por membrana que
representam a organela de armazenamento do fator de von Willebrand (vWF).
São identificadas imunohistoquimicamente pelo anticorpo anti- vWF (também
denominado antígeno relacionado ao fator VIII) e outros antígenos endoteliais,
tais como o CD31, CD34, KDR e V-caderina (SCHOEN, 2006).
O endotélio vascular é um tecido multifuncional e versátil, que exibe
numerosas propriedades sintéticas e metabólicas. Suas principais
característica são (1) a atuação como membrana semipermeável, controlando
a transferência de moléculas entre o sangue e os vasos sanguíneos; (2)
mantém a interface sangue-tecido não trombogênica ao inibir a coagulação
sanguínea local a partir da síntese e secreção de prostaciclina,
trombomodulina e ativador de plasminogênio; (3) modula o tônus vascular e o
fluxo sanguíneo, a partir dos agentes vasoconstritores endotelina e enzima
conversora de angiotensina, e dos agentes vasodilatadores óxido nítrico e
prostacliclina; (4) metaboliza hormônios; (5) regula as reações imunológicas e
inflamatórias, em grande parte ao controlar as interações leucocitárias com a
9
parede do vaso a partir da expressão de moléculas de adesão VCAM-1
(molécula de adesão de célula vascular-1), ICAM (molécula de adesão
intercelular), E-selectina, P-selectina e síntese de citocinas tais como as
interleucinas IL-1 (interleucina-1), IL-6 e IL-8; (6) promove a oxidação das
lipoproteínas na parede das artérias; e (7) regula a proliferação de outros tipos
celulares, particularmente as células musculares lisas, sintetizando PDGF
(fator de crescimento derivado de plaquetas) e FGF (fator de crescimento de
fibroblastos) e CSF (fator estimulador de colônias) (SCHOEN, 2006).
1.2.2 - Células musculares lisas e fibroblastos:
Como elemento celular predominante da camada vascular média, as
células musculares lisas são as responsáveis pela vasoconstrição e dilatação
em resposta a um estímulo normal ou farmacológico. Sintetizam colágeno,
elastina e glicosaminoglicanos; e elaboram fatores de crescimento e citocinas.
Em resposta a uma lesão, elas migram para a íntima e proliferam. Portanto, as
células musculares lisas constituem um importante elemento não apenas do
processo de reparo vascular normal, como também de processos patológicos,
como a aterosclerose.
A atividade migratória e proliferativa dessas células é fisiologicamente
regulada por promotores e inibidores de crescimento. Os promotores incluem
o PDGF, o FGF (fator de crescimento de fibroblastos), e a IL-1. Os inibidores
incluem o heparan sulfato, o óxido nítrico, o IFN - γ (interferon gamma) e o
TGF-β (fator de crescimento transformante β) (SCHOEN, 2006).
10
Os fibroblastos são os componentes celulares da camada adventícia,
sendo os reponsáveis pela síntese e remodelamento tecidual desta camada
(SCHOEN, 2006).
1.3 - Doenças cardiovasculares:
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças
cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 14 milhões de
mortes no mundo (20% da taxa de mortalidade). Elas correspondem à
principal causa de morte nos países desenvolvidos e representam um
problema de saúde pública crescente nos países em desenvolvimento. Por
exemplo, nos Estados Unidos, as doenças cardiovasculares são as principais
causas de morte. A cada ano, mais de 570.000 procedimentos coronarianos
são feitos, criando uma importante demanda de próteses em patologias
vasculares periféricas.
Informações do DATASUS (banco de dados do Sistema Único de Saúde
da República Federativa do Brasil) demonstram que em 1998 ocorreram
133.685 óbitos por doença arterial coronariana. No Brasil, as doenças
cardiovasculares assumem a posição da principal causa mortis, sendo
responsáveis por um em cada quatro óbitos, ampliando-se como causa de
mortalidade de 25,2% para 32,6% no período de 1980 -1998 e, segundo as
projeções do Ministério da Saúde, estas doenças continuarão a ser a primeira
causa de morte no país. No Rio de Janeiro, as doenças cardiovasculares são
responsáveis por 33,4% dos óbitos (DATASUS 1998) e ocupam o terceiro
11
lugar entre as causas de internações, perfazendo cerca de 12% do total de
internações anuais no Brasil. No entanto, são as que mais custam ao país,
representando 17% do total de quatro bilhões de reais gastos anualmente pelo
SUS (Sistema Único de Saúde) (DATASUS 1998).
A lesão vascular estimula o crescimento das células musculares lisas ao
romper o equilíbrio fisiológico entre inibição e proliferação. A reconstituição da
parede vascular lesada, incluindo o endotélio, compreende uma resposta
fisiológica de cicatrização com a formação de uma neo-íntima, envolvendo: (1)
a migração das células musculares lisas da média para a íntima, (2) a
multiplicação subseqüente de células da íntima e (3) a síntese e deposição de
matriz extracelular (SCHOEN, 2006).
As lesões que provocam apenas perda endotelial focal, sem comprometer
a membrana basal e sem desnudamento quase sempre podem ser reparadas
através da migração e proliferação de células endoteliais vizinhas ou
progenitores endoteliais circulantes (RUMPOLD e cols, 2004).
A ocorrência de lesão mais extensa ou crônica das células da camada
média induz uma seqüência mais complexa de reparo. As células musculares
lisas que migram da média para a íntima perdem a sua capacidade de
contração, passam a se dividir e aumentam a síntese de moléculas de matriz
extracelular. Essas células podem retornar a um estado não proliferativo
quando a camada endotelial é restabelecida após lesão aguda ou quando
cessa a estimulação crônica (SCHOEN, 2006)
No caso de uma resposta de cicatrização exagerada, há o espessamento
da íntima, que pode causar estenose ou oclusão dos vasos sanguíneos
12
pequenos ou médios, e de enxertos vasculares. Este quadro contribui para o
desenvolvimento de muitos distúrbios vasculares clinicamente importantes e
bem conhecidos, em que o estímulo lesivo inicial varia de predominantemente
mecânico (restenose após angioplastia, por exemplo) a predominantemente
imunológico (arteriosclerose do transplante) ou a multifatorial (aterosclerose)
(LUSIS, 2000; SCHOEN, 2006; HANSSON e LIBBY, 2006).
Dentre essas patologias que levam a oclusão dos vasos sanguíneos, a
aterosclerose é a mais prevalente e clinicamente significativa, correspondendo
a mais de 50% da taxa de mortalidade nos países ocidentais.
Essa patologia se caracteriza por lesões da íntima, causadas por
ateromas ou placas fibrogordurosas, que fazem protrusão na luz e
enfraquecem a média subjacente. Afeta primariamente as artérias elásticas e
as artérias musculares de grande e médio calibres, começando quase sempre
na infância, tornando-se, entretanto, evidentes na meia-idade ou mais tarde,
quando as lesões arteriais precipitam lesão orgânica (LUSIS, 2000).
O evento inicial da aterosclerose consiste no acúmulo de LDL (lipoproteína
de baixa densidade) na matriz subendotelial. Esse acúmulo é maior quando os
níveis de LDL circulante estão aumentados. A retenção ocorre
preferencialmente nos sítios de turbilhonamento de fluxo, tais como bifurcações
ou curvaturas, onde a permeabilidade a macromoléculas, e a expressão de
lipoxigenases estão aumentadas. O LDL é endocitado por intermédio de um
receptor, na via de clatrina, e interage com proteoglicanos de matriz da
membrana basal subendotelial. Neste sítio, ele sofre oxidações, levando a
formação de LDL oxidado, que tem atividade pró-inflamatória: estimula as
13
células endoteliais a expressarem moléculas de adesão tais como o VCAM-1, o
ICAM-1 e a P-selectina a E-selectina, bem como os fatores MCP-1 (proteína
quimiotática de monócitos – 1) e M-CSF (fator estimulador de colônias
macrofágicas), resultando no recrutamento de monócitos e linfócitos T para a
parede vascular. Além disso, formas de LDL oxidado inibem produção de óxido
nítrico, mediador químico conhecido como potente vasodilatador (LUSIS, 2000;
HANSSON e LIBBY, 2006).
O recrutamento de células inflamatórias e o acúmulo de lipídios leva à
formação da estria lipídica, com o espessamento da parede da artéria na
direção abluminal, para acomodar a expansão da íntima. Se as condições
inflamatórias e as condições de fatores de risco, tais como a hiperlipidemia,
persistirem, a estria lipídica pode crescer, e proteinases secretadas pelos
leucócitos ativados podem degradar a MEC, enquanto citocinas inflamatórias,
tais como o interferon gama podem limitar a síntese de novo colágeno. Estas
mudanças tornam a placa fibrosa mais frágil, tornando-a suscetível à ruptura.
Quando a placa sofre ruptura, o sangue entra em contato com o fator tecidual
nos coágulos de plaqueta. O contato de plaquetas ativadas por trombina
geradas da cascata de coagulação com a íntima, levam a formação do trombo.
Se o trombo oclui o vaso de maneira persistente, pode resultar a lesão
isquêmica de orgãos (LIBBY, 2002; SCHOEN, 2006; HANSSON e LIBBY,
2006).
O trombo pode eventualmente ser absorvido ou sofrer trombólise
terapêutica. Entretanto, a resposta regenerativa desencadeada pela trombina
14
durante a coagulação sanguínea pode estimular a proliferação de células
musculares lisas. PDGF secretado por plaquetas ativadas estimula a migração
dessas células. TGF secretado pelas plaquetas ativadas estimula a produção
intersticial de colágeno. O aumento da migração, proliferação e síntese de MEC
pelas células musculares lisas tornam a placa fibrosa mais espessa e causa
expansão da íntima, agora para o lado luminal, levando a constrição do lúmen
(LUSIS, 2000; LIBBY, 2002). Lesões estenóticas produzidas pelo crescimento
da placa fibrosa pode restringir o fluxo, particularmente sob situações de
demanda cardíaca aumentada, levando a isquemia. A isquemia, por sua vez,
leva a necrose tecidual eminente. Sendo assim, medidas que permitam a
melhora da perfusão e conseqüente salvamento tecidual devem ser executadas
(LUSIS, 2000; LIBBY, 2002).
Dentre os fatores predisponentes para a aterosclerose pode-se citar:
- Predisposição genética: o indivíduo cujos pais ou irmãos tenham
morrido de doença cardíaca apresenta uma maior chance de ter doenças do
coração (ASSMANN e cols, 1999).
- Sexo: os homens possuem duas ou três vezes mais chances de
desenvolver doenças cardiovasculares do que as mulheres, isso se
considerarmos indivíduos da mesma idade e hábitos. Após a menopausa a
mulher perde a proteção hormonal (estrógeno) e passa a ter as mesmas
chances de um homem com a mesma idade e com os mesmos hábitos, de
desenvolver a aterosclerose (NATHAN e CHAUDHURI, 1997). O estrogênio
aumenta os níveis de HDL e diminui os níveis de LDL no sangue, além de
15
previnir a modificação oxidativa do LDL no espaço subendotelial. Além disso,
ele atua diretamente sobre as células endoteliais e musculares lisas,
diminuindo a expressão de moléculas de adesão leucocitárias e de citocinas
envolvidas na migração dos monócitos para o espaço subendotelial.
- Idade - A faixa etária de maior risco para o desenvolvimento da
aterosclerose é entre os 40 e 50 anos.
- Tabagismo: Aqueles que fumam apresentam cerca de 3 a 5 vezes mais
chances de desenvolver aterosclerose. Mesmo parando de fumar, o indivíduo
ainda mantém por algum tempo essa chance elevada. Fatores como tempo ou
quantidade de cigarros determinam a aceleração ou não desse processo
(CULLEN e ASSMANN, 1999).
- Hipertensão arterial: A pressão alta não tratada predispõe o indivíduo
às doenças cardiovasculares em geral, pois essa situação sobrecarrega a
atividade do coração e dos vasos sangüíneos (LUFT, 1998; CULLEN e
ASSMANN, 1999).
- Hiperlipidemias: Denominação ampla e genérica para as situações
onde há aumento de colesterol, triglicérides ou de ambos. Essas substâncias
se depositam nas paredes das artérias formando as placas de ateromas. (HU
e cols, 1999; ASSMANN e cols, 1999).
- Diabetes: Aumenta as chances de se desenvolver aterosclerose e outras
doenças cardiovasculares (ASSMANN e cols, 1999).
- Obesidade: Predispõe o indivíduo às doenças cardiovasculares, além de
sobrecarregar o organismo como um todo, principalmente o coração. Está
16
associada à hipertensão, à hiperlipidemia e ao sedentarismo (ASSMANN e
cols, 1999).
- Sedentarismo: A atividade física rotineira e contínua ajuda a evitar as
doenças cardiovasculares, bem como ajuda a diminuir o peso e o colesterol.
(CULLEN e ASSMANN, 1999)
- Ansiedade / estresse: dados experimentais e clínicos demonstraram que
o estresse, bem como a qualidade de vida e relacionamentos do indivíduo estão
relacionados ao maior risco de se desenvolver aterosclerose (KAPLAN e
MANUCK, 1999).
1.4 – Técnicas de revascularização tecidual:
Existem diversas técnicas para as revascularizações, como a simples
retirada de placas de ateroma que ocluem os vasos arteriais
(endarterectomias), ou com a interposição de enxertos entre artérias doadoras
de fluxo normal para artérias receptoras (ou de deságüe) que se encontram
pérvias, porém sem fluxo suficiente. A técnica de endarterectomia é limitada
para os casos em que as oclusões ou estenoses acometem pequenas
extensões de determinados vasos. A técnica de revascularização com enxertos
é a mais utilizada, recriando a circulação por uma nova rota, em que longas
obstruções podem ser interpostas com relativa facilidade técnica e excelentes
resultados (Da GAMA e cols, 1992).
Os enxertos para as revascularizações podem ser sintéticos ou biológicos.
Os enxertos biológicos podem ser autólogos (onde o receptor é o próprio
17
doador), alogeneicos ou homólogos (entre indivíduos da mesma espécie) e
xenogeneicos ou heterólogos (entre espécies diferentes) (ISENBERG e cols,
2006).
Diversos autores utilizando modelos experimentais e em humanos
demonstraram e contribuíram com a solidificação do ideal da revascularização.
Existem relatos de substituições arteriais desde 1896, por JABOULAY, com
auto-enxertos arteriais em cães, prevendo o futuro desta prática. Em 1912,
CARREL foi contemplado com o prêmio Nobel em Medicina em reconhecimento
aos seus trabalhos em suturas vasculares e transplantes de vasos sanguíneos
e órgãos (revisado por DENTE e FELICIANO, 2005). Em 1950, GROSS relatou
15 enxertos arteriais homólogos usados em anomalias congênitas da aorta. A
partir de então, diversos hospitais americanos passaram a desenvolver bancos
de artérias removidas de indivíduos jovens falecidos. Em 1951, SCHAFER e
DUBOST publicaram trabalhos mostrando as primeiras ressecções de
aneurismas da aorta abdominal com enxertos homólogos. Devido a dificuldade
de obtenção de enxertos com dimensões ideais e estocagem esta abordagem
foi abandonada ao longo dos anos. Além disso, também foi descrita a
ocorrência de trombose relacionada a resposta imunológica contra esses
implantes (revisado por CERVANTES, 2003).
A revolução nesta área ocorreu em 1952 quando VOORHEES e
colaboradores empregaram com sucesso o Vynion N (material plástico) na
reconstrução aórtica de cães. Problemas relacionados à manipulação deste
material foram superados com a utilização de próteses de náilon por
18
EDWARDS e TAPP em 1955. DOUGLAS e colaboradores (1956), relataram o
uso experimental de um enxerto de carótida bovina obtido após digestão
enzimática para a eliminação celular. O seguimento implantado demonstrou
grande incidência de degeneração aneurismática e infecção, provavelmente
devido à destruição da matriz extracelular no processo de acelularização. Em
1975 foi relatada a primeira aplicação clínica de uma nova prótese de teflon,
resultante da expansão deste material, o e-PTFE (politetrafluoretileno
expandido). Este polímero é um dos principais materiais utilizados atualmente
na substituição de vasos de grande calibre (CAMPBELL e cols, 1975).
Para o desenvolvimento de próteses vasculares funcionais, alguns critérios
têm sido propostos: (1) eles devem ser biocompatíveis, ou seja, não-
trombogênicos, não-imunogênicos e resistentes a infecção; (2) devem se
apresentar como uma matriz onde o endotélio se apresente confluente,
quiescente e não ativado. (3) Deve induzir também uma resposta regenerativa
que não resulte em inflamação, hiperplasia ou formação de cápsula fibrosa e (4)
se integrar ao tecido subjacente de forma a funcionar de maneira idêntica a um
vaso autólogo do paciente (ISENBERG e cols, 2006).
Próteses devem possuir também propriedades mecânicas apropriadas, que
incluem complacência fisiológica, a habilidade de suportar o stress gerado pelo
fluxo sanguíneo por longo prazo (resistência, elasticidade e durabilidade ao
ponto cirúrgico e contração vascular) e não promover a formação de aneurisma.
Além disso, devem possuir permeabilidade a água, solutos e serem aptos a
promover a migração celular. Devem exibir propriedades fisiológicas, tais como
19
respostas a vasoconstrição e vasodilatação. Finalmente devem ser de fácil
manipulação e ótima suturabilidade, ou seja, viáveis do ponto de vista cirúrgico
(ISENBERG e cols, 2006).
Todos os substitutos, independentemente da composição e estrutura,
provocam respostas complexas, porém previsíveis. Reações de superfície
sangue-biomaterial começam imediatamente após o reestabelecimento da
circulação. As respostas celulares e humorais a materiais sintéticos incluem a
deposição de proteínas plasmáticas e plaquetas, a adesão de neutrófilos e
monócitos e a migração de células endoteliais e de células musculares lisas.
(XUE e GREISLER, 2000).
Para a melhoria da razão de patência dos substitutos arteriais, ou seja, a
manutenção da perfusão sanguínea, nos sistemas venosos e arteriais de
pequeno calibre, as seguintes abordagens tem sido propostas: (1) modificação
da superfície de contato para se evitar a trombogenicidade dos enxertos
sintéticos; (2) desenvolvimento de próteses absorvíveis; (3) endotelização da
superfície de contato do enxerto com o sangue, e (4) desenvolvimento de
substitutos vasculares a partir de tecidos acelularizados (SCHMIDT e BAIER,
2000; XUE e GREISLER, 2000; ISENBERG e cols, 2006).
Com relação a primeira abordagem, a modificação mais simples é aquela
que envolve a cobertura do enxerto com um polímero inerte. A primeira
molécula testada foi o carbono, devido a sua carga negativa e natureza
hidrofóbica (BLOOM e cols, 1964). Porém estudos clínicos não demonstraram
diferenças na razão de patência entre pacientes tratados com enxertos de e-
20
PTFE e e-PTFE impregnado com carbono para cirurgias distais e abaixo do
joelho após 12 meses de implantação (BACOURT, 1997).
Em 1995, um grupo desenvolveu uma prótese de 3 camadas, consistindo
de Dacron
®
na camada mais externa (para promover a incorporação com o
tecido adjacente), poliuretano na camada média (para abrigar células
musculares lisas) e um co-polímero de 2-hidroxietil metacrilato e estireno
cobrindo a camada interna (para estabelecer uma interface não trombogênica
com o sangue). Essas próteses, com um diâmetro interno de 3 mm, foram
implantadas nas artérias carótidas de cães e permaneceram patentes por mais
de 1 ano (NOJIRI e cols, 1995). Não houve formação de trombos nem
hiperplasia intimal, porém a aplicação dessa prótese num vaso sanguíneo de
fluxo intenso e num local onde próteses vasculares normalmente tem alta razão
de patência foi uma crítica a esse trabalho.
A impregnação da superfície prostética com proteínas também é utilizada e
os compostos mais usados são a albumina, a gelatina, o colágeno e a heparina
(KANG e cols, 1997; BOS e cols, 1998; MOHAMED e cols, 1998; PARK e cols,
1998). Todos demonstraram eficácia a curto prazo, porém o desgaste do filme
protéico com o restabelecimento do fluxo sanguíneo limita o uso dessas
próteses por alguns meses. O uso de cola de fibrina para se evitar a perda
desses componentes foi testada, porém sua atividade trombogênica limita
também a utilização dessa abordagem a longo prazo (GOSSELIN e cols, 1995).
Vários polímeros biodegradáveis vem sendo investigados nas aplicações de
engenharia tecidual vascular. A idéia básica de todas essas abordagens é a
21
semear as células numa prótese biodegradável que suporta crescimento
tecidual e remodelamento. Nas condições consideradas ideais, o polímero deve
ser absorvido vagarosamente em cultura ou após a implantação, de forma que
seja substituído pelo tecido gerado pelas células. Esses polímeros são
vantajosos devido a sua microestrutura, propriedades mecânicas e razões de
absorção que podem ser controladas via composição química de modo a
realçar o crescimento tecidual e remodelamento. Essas propriedades
mecânicas são essenciais para que as células produzam quantidades
significativas de matriz extracelular (XUE e GREISLER, 2000).
O ácido poliglicólico (PGA) tem sido o polímero mais utilizado nesse tipo de
abordagem (KIM e cols, 1998; ZUND e cols, 1998). Entretanto, PGA é
degradado em tempo inadequado, o que pode levar ao enfraquecimento
prematuro dos tecidos antes de as células terem tempo de remodelar a prótese.
Para resolver essa questão, vários outros polímeros tem sido utilizados co-
polimerizados a PGA, tais como o ácido poli-L-láctico, PHA, PHB e
polietilenoglicol (ISENBERG e cols, 2006).
WATANABE e colaboradores (2001) utilizaram uma matriz composta de
PGA, policaprolactona e ácido poliláctico semeados com uma população de
células derivadas das veias femorais de um cachorro. A matriz foi mantida em
cultura por 7 dias, sendo implantada após esse tempo na veia cava inferior do
mesmo cão. A matriz polimérica foi completamente degradada em 3 meses, e o
enxerto permaneceu patente por mais de 13 meses, sem notificação de
dilatação ou estenose. O mesmo grupo realizou a primeira aplicação clínica de
22
sucesso utilizando o mesmo polímero para reparo de uma artéria pulmonar
ocluída de um menino de 4 anos de idade. Após 7 meses, o enxerto não
apresentou sinais de estenose ou formação de aneurisma (SHIN’OKA e cols,
2001). Essa prótese foi implantada numa circulação pulmonar de baixa pressão
(20 – 30 mm Hg durante a sístole), porém ensaios utilizando esses implantes
em vasos periféricos e com maior pressão ainda precisam ser avaliados.
Como citado anteriormente, o endotélio realiza várias funções fisiológicas,
entre elas a tromboresistência. HERRING e colaboradores (1978) foram os
primeiros a semear a superfície de uma prótese vascular com células
endoteliais. A presença de uma camada confluente de células endoteliais
previne o desenvolvimento de hiperplasia intimal oriunda da agregação de
plaquetas, que liberam fatores bioativos responsáveis pela migração,
proliferação e produção de matriz extracelular pelas células musculares lisas.
Além disso o endotélio confluente e quiescente é antitrombogênicos e controla
a proliferação das células musculares lisas (WISSINK, 1999; SCHOEN, 2006).
Além disso, os enxertos ideais devem possuir um endotélio confluente e
capaz de resistir ao stress causado pelo fluxo sanguíneo. Como as próteses de
HERRING apresentaram problemas relacionados a descamação das células
endoteliais, vários estudos foram realizados de modo a promover a adesão e
manutenção das células endoteliais semeadas (JARREL e WILLIANS, 1991).
Com relação a adesão e retenção, é descrito que as células endoteliais
aderem pobremente a próteses sintéticas (XUE e GREISLER, 2000). Muitas
proteínas adesivas, tais como fibronectina, colágeno, fibrina, laminina e
23
peptídios contendo a sequência RGD (arginina – glicina – asparagina) tem sido
aplicados para melhorar a eficiência do cultivo das células (SCHNEIDER e cols,
1992; VOHRA e cols, 1991). O condicionamento das próteses semeadas com
um endotélio confluente submetidas a “shear stress” antes da implantação
promove a reorganização do citoesqueleto das células endoteliais e também
melhora a razão de retenção celular submetida ao fluxo sanguíneo (OTT e
BALLERMANN, 1995).
As propriedades intrínsecas das próteses sintéticas também afetam a
adesão celular. Células endoteliais semeadas em Dacron
®
apresentam adesão
maior e mais rápida que e-PTFE quando cobertas com o mesmo tipo de
molécula (SUGAWARA e cols, 1997; VOHRA e cols, 1991). Isto se deve ao fato
de e-PTFE ser carregado negativamente, assim como as células endoteliais
(SUGAWARA e cols, 1997).
Ainda assim, o principal problema da utilização de próteses sintéticas é o
fato de as células endoteliais geralmente se apresentarem ativadas devido aos
diferentes processos de manipulação e a exposição crônica a um
microambiente não fisiológico (SAPIENZA e cols, 1998).
Células endoteliais ativadas produzem uma variedade de pró-coagulantes,
tais como o fator de von Willebrand, o inibidor de ativador de plasminogênio,
trombospondina e colágeno. Altos níveis de PDGF e bFGF também tem sido
detectados nas células endoteliais cultivadas, estimulando a migração e
proliferação de células musculares lisas e o desenvolvimento de hiperplasia
intimal (SAPIENZA e cols, 1998).
24
O primeiro ensaio envolvendo estruturas vasculares totalmente biológicas in
vitro sem a participação de polímeros sintéticos foi realizado por WEINBERG e
BELL (1986). Eles construíram um modelo de vaso sanguíneo contendo 3
camadas utilizando uma matriz de colágeno bovino para receber as células
endoteliais, células musculares lisas e fibroblastos. Trabalhos similares também
foram realizados por outros grupos (L’HEUREUX e cols, 1993; ZIEGLER e
NEREM, 1994). Entretanto esses modelos não alcançam a força mecânica
necessária para um implante, devido principalmente à matriz extracelular se
encontrar de maneira desorganizada (XUE e GREISLER, 2000).
Como alternativa, L’HEUREUX e colaboradores (1998) ao invés de
utilizarem componentes de matriz extracelular exógenos, geraram um vaso,
obtido exclusivamente do cultivo de células vasculares num microambiente bem
definido: a matriz extracelular foi produzida, de forma semelhante às veias
naturais. Células musculares lisas foram cultivadas in vitro na presença de
polímero como arcabouço, para formar uma camada de células e matriz
extracelular, cuja síntese foi estimulada pela presença de ácido ascórbico no
meio de cultura. Então essa camada era enrolada em volta de um suporte
tubular para mimetizar uma “camada média”. De maneira similar, uma camada
contendo fibroblastos e matriz extracelular também foi produzida e enrolada
sobre a “camada média” para fornecer a adventícia (L’HEUREUX e cols, 1998).
Após algum tempo, o suporte tubular foi removido e as células endoteliais foram
semeadas na superfície luminal. Este vaso construído exibiu uma força de
rompimento acima de 2000 mm Hg. As células musculares lisas apresentaram
25
orientações longitudinais e circunferenciais, além do marcador de diferenciação
desmina, normalmente perdido quando as células musculares lisas encontram-
se em cultura. Esses vasos também foram responsivos a agonistas vasoativos
e fibras de colágeno e elastina organizadas também estavam presentes na
matriz extracelular. Entretanto, em estudos a curto prazo, após a implantação
do vaso em artérias femorais caninas, infiltração sanguínea intramural foi
detectada (L’HEUREUX e cols 1998).
Recentemente, SWARTZ e colaboradores (2005) obtiveram resultados
similares. Neste trabalho a matriz utilizada para a confecção das próteses
vasculares foi originada de fibrina obtida de ovelhas.
Para se resolver a questão das propriedades mecânicas e
biocompatibilidade, tecidos acelularizados se apresentam como materiais
promissores para confecção de próteses vasculares (SCHMIDT e BAIER,
2000). Esses tecidos podem ser de origem vascular ou não, como por exemplo
a submucosa intestinal. O processo de acelularização normalmente é
acompanhado pelo tratamento dos tecidos com uma combinação de fixadores e
detergentes (Triton-X e SDS [dodecil sulfato de sódio]), enzimas e tampões,
com o objetivo de se preservar a matriz tecidual contra uma degradação
excessiva, redução da antigenicidade e esterilização (SCHMIDT e BAIER,
2000).
Entre os fixadores mais utilizados se encontra o glutaraldeído. Próteses
heterólogas ou xenogeneicas tratadas com este fixador tem apresentado
patência superior às próteses sintéticas. Entretanto, problemas relacionados a
26
calcificação, endotelização e degradação do material, com a conseqüente
dilatação e formação de aneurismas, torna a eficiência desse tipo de
abordagem baixa comparada aos vasos autólogos (SCHMIDT e BAIER, 2000).
Dentre as outras substâncias com potencial para preservação da estrutura
matricial, o glicerol tem sido descrito como uma boa alternativa (FERRANS e
cols, 1991; HOFFMAN e cols, 1992; RALSTON e cols, 1997; MAROSTICA,
2001).
Em 1997, GOSH e colaboradores estabeleceram o glicerol como o melhor
método para preservação da estrutura dérmica para fragmentos cadavéricos de
pele, bem como esterilização e acelularização do fragmento, com incubações
sucessivas e em concentrações crescentes. VAN BAARE e colaboradores
(1998) relataram que altas concentrações de glicerol preservam a integridade e
estrutura dos tecidos porque a água dos tecidos é removida sem alteração da
composição iônica intracelular. Acrescenta ainda que o glicerol reduz a
antigenicidade da pele de cadáver preservada por este agente, além de possuir
propriedade viral e bactericida.
Além disso, os procedimentos enzimáticos associados com os detergentes
citados anteriormente, geralmente removem proteoglicanos. Embora os
mecanismos ainda não estejam completamente elucidados, os proteoglicanos
demonstram possuir um papel significativo inibindo o processo de calcificação
(SCHMIDT e BAIER, 2000).
JORGE – HERRERO e colaboradores (1991) sugeriram a hipótese de que
os procedimentos extensivos de acelularização removem proteoglicanos,
27
resultando na perda de interações colágeno – proteoglicanos, o que gera uma
matriz porosa onde os sais de cálcio são depositados. Além disso, a adição de
proteoglicanos exógenos (tais como o condroitin sulfato e o heparan sulfato) a
tecidos pré-fixados com glutaraldeído apresentaram calcificação atenuada
(NIMNI e cols, 1987).
Desta forma nossa abordagem experimental de acelularização de artérias
de porco se baseia nos protocolos descritos por RALSTON e cols (1997) e
MAROSTICA (2001) utilizados para acelularização de derme cadavérica.
Nesses trabalhos as glicoproteínas de matriz extracelular bem como os
proteoglicanos foram preservados. Sendo assim, o protocolo que fora utilizado
para obtenção de derme acelular poderia também ser utilizado na tentativa de
se obter vasos sanguíneos acelularizados, que apresentam-se hoje em dia
como os mais promissores candidatos a biomateriais para confecção de
.próteses vasculares.
28
2) Objetivos:
- Geral:
O objetivo principal do trabalho foi adaptar o protocolo de acelularização de derme
cadavérica humana utilizando glicerol para utilização em artérias de porco,
caracterizarindo suas moléculas estruturais e citotoxicidade, de modo a torná-las
promissores candidatas a próteses vasculares.
- Objetivos específicos:
- Estabelecer o procedimento técnico para a obtenção de artérias acelularizadas,
de modo a preservar as estruturas matriciais.
- Avaliar morfologicamente os componentes matriciais dos fragmentos
acelularizados através de colorações histológicas e imunohistoquímica.
- Analisar a interação entre as células endoteliais e musculares lisas humanas
sobre os fragmentos acelularizados xenogeneicos.
29
3) Metodologia:
3.1 Captação das aortas ex vivo:
As aortas utilizadas no estudo foram obtidas de porcos de aproximadamente
100 kg do Abatedouro Frigoheleno, localizado no município de Itaperuna-RJ. Elas
foram dissecadas e armazenadas numa garrafa contendo meio de cultura DMEM
(Dulbecco’s Modified Eagle Medium - SIGMA) suplementado com antibióticos
(penicilina, streptomicina e anfotericina) (conforme ANEXO 1) por, no máximo, 24
horas e a 4º C até serem transportadas para o laboratório. Possuíam
aproximadamente 10 cm de comprimento x 8 mm de diâmetro.
Logo após foram retirados os restos musculares e de gordura das artérias,
seguindo-se o armazenamento do material em nitrogênio líquido.
3.2 Acelularização de fragmentos de aorta:
Seguiu-se um protocolo adaptado a partir do método descrito por RALSTON e
colaboradores (1997) e MAROSTICA (2001). As artérias foram descongeladas e
mantidas a 37º C. Fragmentos de aorta contendo aproximadamente 1 cm
2
foram
incubados em PBS-EDTA suplementado com antibióticos (conforme ANEXO 1) em
estufa seca a 37ºC por 1 hora. As artérias foram lavadas por três vezes em PBS, e
incubadas em NaCl 1M por 15 horas. A partir desta etapa, as artérias foram
imersas em gradientes crescentes de glicerol (50, 85 e 100%)(conforme ANEXO 1),
permanecendo 24 horas em cada uma dessas soluções.
30
Após a última incubação, o excesso de glicerol foi retirado com o auxílio de
papéis de filtro, até secagem completa. Foram submetidos posteriormente à
esterilização por óxido de etileno. Seguiu-se então reidratação dos fragmentos em
PBS com várias trocas da solução por pelo menos 6 horas e incubação com NaCl
1M por 15 horas. Após esses procedimentos, as amostras foram tomadas para
análise histológica para confirmar a acelularidade e armazenadas em PBS
suplementado com antibióticos (conforme ANEXO 1), a 4º C, até serem utilizados.
Foram colhidas também amostras para cortes congelados e para microscopia
eletrônica de varredura.
3.3 Investigação dos componentes dos fragmentos de aorta:
3.3.1 Análise histológica:
Amostras de aorta ex vivo e acelularizadas foram fixadas em formol a 10%
tamponado, permanecendo 24 horas no fixador. Foram então desidratadas em
gradientes crescentes de etanol e xilol e impregnadas com parafina. Cortes na
espessura de 5 μm foram obtidos e coradas pelos protocolos estabelecidos de
Hematoxilina-Eosina, Orceína de Unna-Tanzer para visualização das fibras
elásticas, Picrossírius para visualização de colágeno, PAS para evidenciar
glicoproteínas neutras e Azul de Alciano (pH 2,5 e 1,0) para verificação de
proteoglicanas e glicosaminoglicanas ácidas e sulfatadas (preparo de reagentes e
metodologia conforme ANEXO 1).
31
3.3.2: Análise imunohistoquímica:
Para imunolocalização de Fibronectina, foram utilizados cortes de 5 μm de
espessura das amostras parafinadas. Para análise de laminina, condroitin sulfato e
elastina foram utilizados amostras imersas em resina sintética (OCT Tissue – Tek,
Miles, EUA) resfriados em freezer e armazenados em nitrogênio líquido. Foram
utilizados cortes obtidos em criostato na espessura de 5 μm. As características dos
anticorpos se encontram na TABELA 1, localizada no ANEXO 2.
Os anticorpos para elastina, fibronectina e condroitin sulfato demonstraram
reagir bem nas reações de imunoperoxidase. Na análise utilizando-se anticorpo
específico para laminina, foi necessário utilizar a técnica de imunofluorescência,
uma vez que nas reações de peroxidase o anticorpo não demonstrou
funcionalidade. Nos controles negativos as amostras não foram incubadas com o
anticorpo primário ou foram incubadas com o soro da espécie animal dos
anticorpos primários. A metodologia das reações de imunoperoxidase e
imunofluorescência encontram-se no ANEXO 2.
3.4) Análise bioquímica:
3.4.1 - Dosagem de hidroxiprolina (STEGMANN e STALDER, 1967):
A hidroxiprolina é um aminoácido encontrado somente em proteínas colágenas.
Sua presença em um tecido é indicativo da presença de proteínas do tipo
32
colágeno. Para determinar a concentração deste aminoácido em fragmentos de
aorta ex vivo e acelularizadas, aproximadamente 30 mg (peso seco) de cada
amostra ( n=2) foram hidrolisados por 18 horas, com HCl 6N, à 107º C. O ácido foi
removido por evaporação e o material hidrolisado foi ressuspendido em 200 μL de
tampão de reação (5% de ácido cítrico monoidratado, 1,2% de ácido acético, 12%
de acetato de sódio triidratado, 3,4% de hidróxido de sódio, pH 6.0), diluído 1:10,
no momento do uso. Fora utilizados, então, 25 μl de cada solução, completando-se
o volume para 200 μl. As soluções foram então incubadas com solução de
cloramina-T por 20 minutos, à temperatura ambiente. Ao produto da reação foi
adicionado 1mL da solução aldeído/ácido perclórico, permanecendo por 15 minutos
à 60 ºC. As amostras foram lidas a uma absorbância de 570 nm e a concentração
de hidroxiprolina foi estimada, tendo como base uma curva padrão de 4-
hidroxiprolina (5 – 25 μ g).
3.4.2 – Dosagem de ácido urônico:
Para determinar a concentração de ácido urônico em fragmentos de aorta ex
vivo e acelularizadas, aproximadamente 2 g (peso seco) de cada amostra foram
ressuspendidos em 20 mL de tampão acetato de sódio 0,1M (pH 5,5), contendo
100 mg de papaína, EDTA 5 mM e cisteína 5 mM e incubadas a 60 ºC por 24
horas. A solução foi centrifugada (2000 g por 10 minutos em temperatura
ambiente). Mais 100 mg de papaína em 20 mL do mesmo tampão, contendo EDTA
5 mM e cisteína 5 mM foram adicionados ao precipitado. A mistura foi então
33
incubada por mais 24 horas. Os sobrenadantes das duas extrações foram
misturados e os GAGs precipitados com uma solução de cloreto de cetilpiridina
(0.5% concentração final), adição de 2 volumes de etanol 95% e mantidas a 4ºC
por 24 h. O precipitado formado foi coletado por centrifugação (2000 g por 10
minutos a temperatura ambiente), secos por resfriamento e dissolvidos em 2 mL de
água destilada.
A quantidade de GAGs nas amostras foi estimada pelo conteúdo de ácido
urônico, utilizando a reação com carbazol (BITTER e MUIR, 1962): alíquotas (25
μL) de cada fração foram submetidas a tratamento com ácido sulfúrico, contendo
borato 0,1%, a 100ºC. Após resfriamento, foi adicionada solução de carbazol (0,2%
em etanol absoluto), seguindo nova incubação a 100 ºC. A absorbância foi então
medida a 525 nm e a concentração de ácido urônico foi estimada, tendo como base
uma curva padrão de ácido urônico (5 – 20 μ g).
3.5) Obtenção de Células Endoteliais de Veia de Cordão Umbilical
(HUVECs):
O protocolo de obtenção de HUVEC é baseado no método estabelecido por
JAFFE e colaboradores em 1973. Os cordões umbilicais foram coletados de
placentas obtidas de partos naturais de mães saudáveis, com seu consentimento
prévio e aprovação do CONEP (Comissão de Ética em Pesquisa) da PROMATRE,
maternidade localizada no município do Rio de Janeiro.
Ele foi desenvolvido em nosso laboratório de forma que fragmentos de cordão
umbilical de 20 cm de comprimento foram coletados em PBS com penicilina (100
34
U/ml), estreptomicina (0,1 mg/ml) e anfotericina (2,5 μg/ml) e transportados no gelo
até seu processamento no laboratório. Em um fluxo laminar, os cordões coletados
foram trabalhados individualmente da seguinte forma: externamente, o excesso de
sangue é retirado com auxílio de uma gaze estéril e transferidos para uma placa de
petri. As pontas do cordão são cortadas e em cada extremidade da veia
introduzimos uma cânula feita de aço inox. Esta é fixada com o auxílio de fio dental.
Uma vez que seringas podem ser conectadas a estas cânulas, lava - se o interior
da veia com PBS, gentilmente. A seguir coloca – se colagenase IA 0,1%, deixando
por 12 minutos à 37º C (banho-maria). Após este tempo, perfunde - se pela veia 20
mL de meio 199 suplementado com 20% de SFB e coleta - se as células em tubos
de 50 mL. A suspensão celular foi centrifugada a 2000 g por 5 minutos e o pellet de
células foi ressuspenso em 3 mL de meio 199 suplementado com 20% de SFB e
antibióticos acima descritos (ver ANEXO 1) e colocadas em garrafas de cultura de
25 cm
2
. O cultivo é feito à 37º C em uma atmosfera com 5% de CO
2
. As culturas
são caracterizadas de acordo com a morfologia típica "cobblestone" e pela
presença do fator de von Willebrand detectado por imunofluorescência.
(BOTTENTUIT e cols, dados não publicados)
3.6) Obtenção de Células Musculares Lisas de Veia de Cordão
Umbilical (VSMCs):
O protocolo de obtenção de VSMCs é baseado também no método
estabelecido por JAFFE e colaboradores em 1973. Neste caso, após a obtenção
das HUVECs, o cordão é suavemente mastigado ao longo do seu comprimento
35
com o auxílio de uma pinça hemostática. Em seguida uma solução de colagenase
IA 0,2% é injetada dentro da veia. Após 15 minutos à 37 ºC (banho-maria),
perfundimos pela veia 20mL de meio DMEM suplementado com 20% de SFB e
coletamos as células em tubos de 50 mL. A suspensão celular foi centrifugada a
2000 g por 5 minutos e o pellet de células foi ressuspenso em 3 mL de meio DMEM
suplementado com 20% de SFB e antibióticos acima descritos (ver ANEXO 1) e
colocadas em garrafas de cultura de 25cm
2
. O cultivo é feito à 37 ºC em uma
atmosfera com 5 % de CO
2
. Inicialmente, as culturas obtidas ainda apresentam
uma pequena população de células endoteliais. Entretanto, nas passagens
seguintes estas células foram perdidas, restando culturas homogêneas de músculo
liso vascular. As culturas foram caracterizadas de acordo com a morfologia típica
de hills and valeys e pela presença de alfa-actina de músculo liso, detectada por
imunofluorescência.(BOTTENTUIT e cols, dados não publicados).
3.7) Repopulação dos fragmentos de aorta acelularizados:
Para o estudo da interação entre células endoteliais e células musculares lisas
humanas sobre as artérias aorta de porco acelularizadas, fragmentos de
aproximadamente 1 cm
2
foram cortados utilizando-se bisturis e foram colocados
em placas de 24 poços. Tais fragmentos foram incubados com soro fetal bovino
não diluído por 24 horas antes da aplicação das células.
Os fragmentos acelularizados foram repopulados seguindo-se três categorias:
na primeira, as HUVECs foram plaqueadas sobre a face do fragmento que
36
corresponderia ao lúmen vascular; na segunda categoria, VSMCs foram
plaqueadas na face correpondente à camada adventícia; na terceira, VSMCs foram
plaqueadas na face luminal.
Tanto as células endoteliais (HUVECs) como as células musculares lisas
(VSMCs) foram obtidas a partir da tripsinização de culturas confluentes, que eram
mantidas a 37ºC e atmosfera contendo 5% de CO
2.
O processo de tripsinização
consiste na lavagem inicial das culturas com PBS por duas vezes para a retirada
de proteínas de soro fetal bovino remanescentes do meio de cultura suplementado.
Segue-se, então, incubação com tripsina 0,125 %, dissociação da monocamada, e
acréscimo de meio de cultura suplementado com soro fetal bovino. As proteínas do
soro inativam a tripsina e seguiu-se a homogeneização dos grumos celulares, de
modo a se obter as células individualizadas.
Nos três casos foi plaqueada sobre os fragmentos arteriais uma suspensão
celular contendo 1 x 10
4
células / cm
2
. As culturas foram visualizadas em 5, 10 e 20
dias, sendo mantidas em meio de cultura suplementado a 20% com soro fetal
bovino e antibióticos (conforme ANEXO 1), a 37ºC e 5 % de CO
2
. Para HUVECs, o
meio de cultura utilizado foi 199, e para VSMCs, DMEM.
3.8) Análise dos fragmentos repopulados:
As amostras repopuladas com HUVECs e VMSCs foram fixadas em solução de
Karnovisky, lavadas por 3 vezes de 10 minutos em tampão cacodilato de Sódio 0,1
M / Sacarose 0,2 M e pós-fixadas em tetróxido de ósmio 1% em tampão
Cacodilato de sódio por 1 hora. Foram então lavadas por 3 vezes de 10 minutos
37
em tampão cacodilato de Sódio 0,1 M / Sacarose 0,2 M e desidratados em banhos
seriados de etanol a 30, 50, 70, 80, 90% e absoluto. Seguiu-se então o processo
de ponto crítico, a metalização em ouro e a visualização no Microscópio Eletrônico
de Varredura JEOL 5310, LEO ZEISS – DSM 940 A, sendo as imagens capturadas
através do programa SEM – AFORE.
Amostras de matrizes repopuladas com VSMCs também foram fixadas em
formalina neutra 10% tamponada, sendo tratadas mediante o mesmo procedimento
descrito anteriormente para parafinização e coloração por hematoxilina e eosina.
38
4) Resultados:
4.1 Análise histológica da aorta acelularizada:
Na análise histológica dos fragmentos corados por HE, observa-se uma
completa ausência de células na íntima, na camada média e na adventícia dos
fragmentos de aorta submetidos ao processo de acelularização (PRANCHA I –
FIGURAS A e B; C e D). Observar os núcleos em azul nos fragmentos íntegros
e a ausência de coloração nos fragmentos acelularizados . Nestes últimos, notar
também o espaçamento e desarranjo das fibras matriciais devido a ausência de
células.
Na coloração de Unna-Tanzer verificou-se a preservação de fibras do
sistema elástico, na cor marrom. (PRANCHA II – FIGURAS A e B). Na coloração
de picrossírius a preservação das fibras de colágeno, em vermelho, foi
evidenciada (PRANCHA II – FIGURAS C e D). Dessa forma, observou-se que
nosso processo de acelularização conserva as fibras mais importantes para a
manutenção da estrutura arterial, característica indispensável para a
complacência de um implante.
A análise dos polissacarídeos também foi feita e a coloração por PAS
revelou a manutenção dessas moléculas em comparação com a aorta ex vivo
(PRANCHA III – FIGURAS A e B). Da mesma forma, a coloração com azul de
alciano revelou que os proteoglicanos sulfatados (pH = 1,0) e não sulfatados (pH
= 2,5) também permanecem presentes nos fragmentos acelularizados, apesar
39
das intensas lavagens a que são submetidos (PRANCHA III – FIGURAS C e D,
e E e F, respectivamente). Na coloração de pH = 2,5, foi possível analisar a
presença de células no fragmento de artérias íntegras, cujos núcleos estão
corados em vermelho (FIGURA C), ao contrário do material acelularizado
(FIGURA D). O Nuclear Fast Red não cora no pH = 1,0. Por este motivo não
evidenciamos a presença de células nos fragmentos íntegros nessa coloração
(FIGURA E) (PRANCHA III).
4.2 Análise bioquímica:
A dosagem quantitativa de hidroxiprolina segundo o protocolo estabelecido
por STEGMANN e STALDER (1967) revelou que a metodologia de
acelularização utilizado por nosso grupo mantêm o mesmo conteúdo de fibras
colágenas que fora dosado antes do início do protocolo. Dessa forma, não
apenas a disposição, evidenciada pela coloração de Picrossírius (PRANCHA II –
FIGURAS E e F) mas também a quantidade de colágeno é mantida no material
acelularizado (PRANCHA IV – FIGURA A).
Com relação ao teor de glicosaminoglicanos, a dosagem de ácido urônico
revelou, em nosso experimento preliminar, uma queda de aproximadamente 30
% da quantidade de GAGs comparado aos fragmentos não submetidos ao
processo de acelularização. Isso provavelmente ocorre pelo fato das GAGs
serem solúveis em água. Como citado na metodologia, durante o processo de
acelularização os fragmentos foram submetidos a sucessivas lavagens, porém
40
essa diminuição não foi evidente neste primeiro ensaio avaliado (PRANCHA IV –
FIGURA B).
4.3 Análise imunohistoquímica:
Assim como nos fragmentos de aorta ex vivo, foi detectada imunoreatividade
nos fragmentos acelularizados para as proteínas matriciais elastina (PRANCHA
V, A e B) e fibronectina (PRANCHA VI, A e B) e para o glicosaminoglicano
condroitin sulfato (PRANCHA V, C e D). Essas moléculas foram reveladas por
imunoperoxidase, e são observadas pela cor marrom. Os controles negativos
respectivos para os fragmentos ex vivo e acelularizados são representados
pelas figuras G e H (PRANCHAS V e VI – FIGURAS E e F; C e D,
respectivamente).
Na PRANCHA VII observa-se imunorreatividade para laminina, que foi
detectada por imunofluorescência (FIGURAS A e B). A imunoreatividade é
demonstrada pelas regiões com a cor “verde-maçã’), representação
característica para anticorpos conjugados a fluoresceína. (PRANCHA VII –
FIGURA B).
Observar o “background” da camada média (verde escuro) e a auto-
fluorescência da elastina (em vermelho), onde podemos destacar a lâmina
elástica interna, a partir da coloração com Azul de Evans.
41
4.4 Análise dos fragmentos acelularizados por microscopia
eletrônica de varredura:
Os fragmentos acelularizados demonstraram apenas a manutenção das
fibras matriciais, não exibindo células endoteliais ou células musculares lisas
aderidas (PRANCHA VIII – FIGURAS B e D), confirmando as análises
observadas pelas colorações de HE, PAS e azul de alciano (PRANCHA I –
FIGURAS A e B; PRANCHA II – FIGURAS A a F).
4.5 Repopulação dos fragmentos acelularizados:
Uma vez que nos ensaios citados anteriormente ficou constatada a
manutenção de moléculas matriciais e que em trabalhos publicados
anteriormente utilizando somente próteses acelularizadas a formação de
trombose é iminente, a repopulação dos fragmentos de artéria acelularizadas é
necessária para a completa reconstituição da íntima. Dessa forma, foi realizado
um ensaio funcional in vitro de endotelização e repopulação com células
musculares lisas, de forma a avaliar a citotoxidade dos fragmentos submetidos a
acelularização.
No ensaio utilizando HUVECs, foi demonstrado, num período de até 20 dias,
que as células endoteliais foram capazes de aderir e proliferar. Além disso, elas
foram capazes de se associarem umas as outras, buscando a confluência, que é
uma propriedade é primordial para o sucesso de uma prótese vascular, onde a
camada intimal deve se apresentar lisa, sem rugosidades, de modo a não
42
promover adesão de debris celulares ou agregação plaquetária (PRANCHA VIII
– FIGURAS A, C, E e F; PRANCHA IX FIGURAS A a F).
Utilizando-se VSMCs plaqueadas na face adventicial, as células também
foram capazes de aderir, proliferar e buscar a formação de uma camada
confluente (PRANCHA X – FIGURAS A a H). Mais do que isso, mostraram-se
aptas a migrar em direção a camada média (PRANCHA XI – FIGURAS B e C).
Esses resultados demonstram que nosso composto acelularizado não
apenas conserva as moléculas matriciais, bem como está apto a promover a
migração celular necessária para repopulação da camada média após a
implantação do enxerto.
No ensaio utilizando-se VSMCs plaqueadas na face luminal, as células
musculares lisas não mantiveram a mesma aderência apresentada pelas
VSMCs plaqueadas na face adventícia ao longo dos 20 dias de cultura. Com 15
dias de cultura bordas soltas já eram visualizadas, característica comum de
monocamadas crescendo num microambiente cujo as células não possuam
afinidade (PRANCHA XII). Esse resultado preliminar sugere que nosso
composto acelularizado mantém informações de nicho celular, de modo a
promover a manutenção de uma monocamada aderente de células endoteliais e
musculares lisas por 20 dias apenas sobre as lâminas basais das camadas
íntima e média, respectivamente.
43
PRANCHA I – Morfologia dos fragmentos de aorta “ex vivo” e
acelularizados:
FIGURA A: Fragmento de aorta ex vivo corado com HE. O endotélio se mostra
presente na face luminal (asterísticos), sendo evidente a presença de fibras
musculares lisas na camada média (setas)(objetiva de 40 x). Barra negra
representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
FIGURA B: Fragmento de aorta acelularizado corado com HE. Observar a
ausência de células endoteliais na íntima e de células musculares na camada
média. Notar a manutenção da disposição das fibras matriciais (coradas em
rosa) e o espaçamento observado pela ausência de células (setas) (objetiva de
40 x). Barra negra representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
FIGURA C: Fragmento de aorta ex vivo corado com HE. Imagem representativa
das camadas média (m) e adventícia (a). A adventícia demonstra ser uma
camada muito mais delgada que a camada média. Observas a presença de
células, evidenciadas pela coloração com hematoxilina (núcleos em azul).
FIGURA D: Fragmento de aorta acelularizado corado com HE. Imagem
representativa das camadas média (m) e adventícia (a). Notar a manutenção da
disposição das fibras matriciais (coradas em rosa) e o espaçamento observado
pela ausência de células (setas) na camada média. A adventícia encontra-se
mais espaçada com a ausência das células (objetiva de 40 x).
44
A
*
*
*
B
*
m
a
m
C
a
a
m
m
D
45
PRANCHA II – Morfologia dos fragmentos de aorta “ex vivo” e
acelularizados:
FIGURA A: Aorta ex vivo, corada com Orceína de Unna Tanzer, para
evidenciar as fibras elásticas presentes na lâmina elástica interna (asterísticos)
e na camada média, em marrom (setas) (objetiva de 40 x). Barra negra
representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
FIGURA B: Aorta acelularizada, corada com Orceína de Unna Tanzer. Notar a
manutenção das fibras elásticas – em marrom. Observar a manutenção da
lâmina elástica interna (asterísticos) e das fibras elásticas (setas) (objetiva de
40 x). Barra negra representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
FIGURA C: Aorta ex vivo corada com Picrossírius, evidenciando as fibras
colágenas, em vermelho, presentes na camada média (objetiva de 40 x).
FIGURA D: Aorta acelularizada corada com Picrossírius. Notar a manutenção
das fibras colágenas, em vermelho, comparando-se com o fragmento não
submetido a tratamento (FIGURA E) (objetiva de 40 x).
46
*
*
*
*
*
*
B
A
C D
47
PRANCHA III – Morfologia dos fragmentos de aorta “ex vivo” e
acelularizados:
FIGURA A: Fragmento de aorta normal. Coloração de PAS, para evidenciar
glicoproteínas (em roxo), principalmente membrana basal. Núcleos celulares
corados com Hematoxilina, em azul (setas) (objetiva de 40 x). Barra negra
representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
FIGURA B: Fragmento de aorta acelularizado. Coloração por PAS. Observar a
manutenção da membrana basal, em roxo, mesmo após o processo de
acelularização. Observar a ausência de coloração com hematoxilina. (objetiva
de 40 x). Barra negra representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
FIGURA C: Aorta ex vivo. Coloração com Azul de Alciano (pH 2,5), para
evidenciar glicosaminoglicanos – em azul. Os cortes foram contracorados com
Nuclear Fast Red, para localização das células (em vermelho)(objetiva de 40 x).
FIGURA D: Aorta acelularizada. Coloração com Azul de Alciano (pH 2,5).
Observar a manutenção dos glicosaminoglicanos, mesmo após as sucessivas
lavagens do processo de acelularização. Notar também a ausência de
coloração dos núcleos celulares com Nuclear Fast red (objetiva de 40 x).
FIGURA E: Aorta ex vivo. Coloração com Azul de Alciano (pH 1,0), para
evidenciar apenas os glicosaminoglicanos sulfatados (objetiva de 40 x).
FIGURA F: Aorta acelularizada. Coloração com Azul de Alciano (pH 1,0), para
evidenciar apenas os glicosaminoglicanos sulfatados (objetiva de 40 x).
48
A B
D
C
E F
49
PRANCHA IV: Dosagem bioquímica
Dosagem de HO-Pro
0,000
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
Controle Acelular
ug HO-Pro/mg Peso seco
A
Dosagem de Ácido Urônico
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
Controle Acelular
mg Ác. Urônico/g Peso Seco
B
FIGURA A: Dosagem de hidroxi-prolina entre fragmentos de aorta íntegros e
acelularizados. Não houve diferença significativa no conteúdo de colágeno nas
dosagens realizadas antes e após o processo de acelularização. (n = 2) p =
0,822505481 – Teste t de Student.
FIGURA B: Dosagem de ácido urônico. O conteúdo de glicosaminoglicanos
totais após o processo de acelularização foi de aproximadamente 70% do
conteúdo correspondente medido do fragmento de aorta ex vivo. Não há teste
estatísco, pois trata-se de um experimento preliminar.
50
PRANCHA V – Imunohistoquímica de fragmentos de aorta “ex
vivo” e acelularizados
Figuras A e B: Imunomarcação para elastina em corte congelado de aorta ex
vivo (A) e aorta acelularizada (B). Reatividade em marrom das fibras elásticas.
Observar os núcleos em azul contracorados com hematoxilina (objetiva de 40
x). Barra negra representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
Figuras C e D: Imunomarcação para condroitin sulfato em corte congelado de
aorta normal (E) e aorta acelularizada (F) Reatividade em marrom. Observar os
núcleos em azul contracorados com hematoxilina (200 x e objetiva de 40 x,
respectivamente).
Figuras E e F: Controles negativos de cortes obtidos de artéria normal (G) e
acelularizada (H) (objetiva de 40 x).
51
A
B
C
D
E F
52
PRANCHA VI – Imunohistoquímica de fragmentos de aorta “ex
vivo” e acelularizados
Figuras A e B: Imunomarcação para fibronectina em corte parafinado de aorta
normal (C) e aorta acelularizada (D) Marcação em marrom. Observar os
núcleos em azul contracorados com hematoxilina e maior intensidade de
marcação na camada subendotelial (objetiva de 40 x). Barra negra
representativa de 25 μm válida para todas as fotos.
Figuras C e D: Controles negativos de cortes obtidos de artéria normal (G) e
acelularizada (H) (objetiva de 40 x).
53
C D
A
B
54
PRANCHA VII – Imunofluorescência
A
B
Figura A: Aorta ex vivo. Anticorpo contra laminina, apresentando reatividade
nas camadas luminal e média (cor verde-maçã – setas) (FITC-objetiva de 40 x).
Barra branca representativa de 25 μm.
Figura B: Aorta acelularizada. Imunoreatividade também pronunciada nas
camadas luminal e média (verde-maçã – setas) Verificar também a integridade
da camada elástica interna (visualizada em vermelho devido a coloração com
azul de Evans). A elastina possui autoflurorescência intrínseca.
55
PRANCHA VIII: Microscopia eletrônica de varredura:
repopulação dos fragmentos arteriais acelularizados com
HUVECs
FIGURAS A, C, E e F: Repopulação com HUVECs da matriz arterial
acelularizada, com 5 dias de cultivo. Visão global do composto acelularizado
repopulado (A). Observar as áreas com sinal maior de eletronsecundário,
devido a presença de células (setas) e áreas com menor sinal, representativas
de matriz acelularizada (asterísticos) (50 x). Em (C) observamos as células
endoteliais aderidas (setas) sobre a matriz arterial acelularizada (asterísticos)
(200x). Em (E) e (F) podemos observar, num maior aumento, os contatos
adesivos entre as células endoteliais (setas) e parte da matriz ainda não
repopulada (asterísticos) (750 x e 1.500 x, respectivamente).
FIGURAS B e D: Aorta submetida ao processo de acelularização. Observar a
manutenção das fibras matriciais e completa ausência de células (camada
íntima) (aumento de 1.000 e 15.000 x, respectivamente).
56
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
57
PRANCHA IX: Microscopia eletrônica de varredura: repopulação
com HUVECs
*
FIGURAS A, C e E: Repopulação com HUVECs da matriz arterial acelularizada,
com 10 dias de cultivo. Visão global (A) das artérias acelularizadas semeadas com
células endoteliais humanas, representadas pelas com sinal maior de
eletronsecundário (setas). Matriz não repopulada representada pelas áreas de
menor sinal (50 x). Em maior aumento podemos observar células endoteliais
aderidas (setas) e matriz acelularizada ainda não repopulada (asterísticos)
(FIGURAS C e E) (350 x e 750 x respectivamente).
FIGURAS B, D e F: Repopulação com HUVECs da matriz arterial acelularizada,
com 20 dias de cultivo. Visão global (B) das artérias acelularizadas semeadas com
células endoteliais humanas, representadas pelas áreas com sinal maior de
eletronsecundário (setas). Nas áreas claras, matriz não recoberta pela
monocamada de células (asterísticos) (50 x). Observar em (D) células aderidas
com 20 dias de cultivo (150 x). Em (F) observamos junções entre as células
endoteliais semeadas (setas).
*
58
*
*
*
*
*
*
*
*
*
59
PRANCHA X: Microscopia eletrônica de varredura: repopulação
com VSMCs.
FIGURAS A a H: Plaqueamento de VSMCs sobre camada adventícia de um
fragmento de artéria acelularizado. As células musculares lisas foram capazes
de aderir e formar uma camada confluente com até 20 dias de cultura. Observar
as células musculares lisas aderidas (setas) e matriz arterial ainda não
repopulada (asterísticos). (A e B – 5 dias de cultura);(C e D – 10 dias); (D e E –
15 dias); (G e H – 20 dias).
60
A B
C D
E F
G H
*
*
*
*
*
*
61
PRANCHA XI – Análise histológica: plaqueamento de VSMCs
FIGURA A: Aorta acelularizada corada com HE. Análise das camadas média
(m) e adventícia (a), demonstrando completa ausência de células no material
submetido a tratamento (pela coloração por hematoxilina nos núcleos). (objetiva
de 40 x)
FIGURAS B e C: Aorta acelularizada repopulada com VSMCs sobre a camada
adventícia. Observar a migração das células musculares lisas em direção a
camada média (setas), com até 20 dias de cultura. HE, objetiva de 40 x.
62
a
a
m
m
A
m
C
B
63
PRANCHA XII: Microscopia eletrônica de varredura:
plaqueamento de VSMCs na face luminal de fragmentos de
artérias acelularizadas
Análise da interação entre células musculares lisas e matriz arterial
acelularizada: plaqueamento sobre face luminal dos fragmentos. Até 10 dias de
cultura podemos observar a adesão das células semeadas sobre a matriz
(FIGURA A – 5 dias e FIGURA B – 10 dias). A partir de 15 dias de cultura (C)
a monocamada de células demonstrou não possuir aderência sobre a matriz
arterial, característica observada também com 20 dias de cultura. É evidente a
formação de dobras na monocamada de células, característica que é comum na
interação de células plaqueadas sobre uma camada não adesiva (D).
64
A
C
A
B
D
C
B
D
65
5) Discussão:
O desenvolvimento de uma prótese vascular de pequeno calibre permanece
elusivo. Embora a utilização de veia safena autóloga continue sendo a melhor
opção, muitos pacientes não possuem veia de boa qualidade ou já fizeram o
enxerto numa patologia anterior. Deste modo, a procura por próteses alternativas
tornou-se necessária. A utilização de materiais sintéticos, tais como o Dacron
®
e o
e-PTFE, que demonstram ter altas razões de patência em aplicações para vasos
de grande calibre, torna-se inviável na substituição de vasos de pequeno calibre
por formar trombos com poucas semanas de operação (XUE e GREISLER, 2000).
Vasos sanguíneos xenogeneicos acelularizados demonstram ser promissores
candidatos ao desenvolvimento de próteses vasculares de pequeno calibre
(CONKLIN e cols, 2002).
Na tentativa de avançar nos estudos relativos ao desenvolvimento de
próteses vasculares com perspectivas de uso clínico, realizamos um estudo de
caracterização de xenotransplantes acelularizados obtidos de porco. Para
definirmos esse composto como satisfatório, consideramos três pontos principais:
1) facilidade de obtenção do material; 2) metodologia de acelularização utilizando
método químico e não enzimático, de forma a preservar as moléculas matriciais;
3) obtenção de um composto apto a promover adesão, proliferação e interação
das células semeadas em condições de cultura.
A escolha de vasos sanguíneos obtidos de porcos se deve ao fato de ser
um material de fácil obtenção. Diversos trabalhos demonstram que a utilização
desse material acelularizado obtido de suínos não sofre rejeição imunológica em
66
outros modelos animais (KAUSHAL e cols, 2001; CONKLIN e cols, 2002). Além
disso, no Brasil não existem bancos de vasos sanguíneos semelhantes ao
existentes na Europa, sendo necessária a procura por outra fonte de enxerto
(BUZZI e cols, 2005).
Várias técnicas têm sido utilizadas para a obtenção de vasos sanguíneos
acelularizados (SCHMIDT e BAIER, 2000; SCHANER e cols, 2004). Nos métodos
utilizando fixadores, tais como o glutaraldeído, têm sido verificado a ocorrência de
calcificações, assim como a alta incidência de aneurismas após dois anos de sua
implantação (ROSENBERG e cols, 1976; DALE e LEWIS, 1976 SCHMIDT e
BAIER, 2000). Nas abordagens que utilizam detergentes e enzimas, a degradação
das moléculas de matriz extracelular descritas, ocasionam o processo de
calcificação, levando também à conseqüente falência das próteses (SCHMIDT e
BAIER, 2000; BUJÁN e cols, 2004).
Foi escolhida a técnica utilizando glicerol uma vez que, segundo vários
autores, é a que melhor preserva as glicoproteínas matriciais (GHOSH e cols,
1997; MAROSTICA, 2001). Além disso, alguns autores consideram que o glicerol
parece ter uma ação anti-microbiana, por promover a desidratação lenta do tecido,
base para uma ação bactericida e anti-viral (MARSHALL e cols, 1995; VAN
BAARE e cols, 1998).
Assim como em outros trabalhos utilizando-se outras metodologias de
acelularização de vasos sanguíneos (KAUSHAL, 2001; SCHANER e cols, 2004
CHO e cols, 2005 b) pudemos confirmar, com o uso dessa técnica, que há uma
preservação de componentes matriciais. Em nosso estudo observamos que
colágenos, fibras do sistema elástico, fibronectina, laminina e componentes da
67
membrana basal mostravam reatividade para as colorações especiais e
imunohistoquímica, sugerindo, portanto, uma preservação da estrutura química
dessas moléculas.
Quanto a função, o colágeno é o principal componente responsável pela
força tensora arterial, enquanto a elastina participa na distensibilidade e na
elasticidade dos vasos sanguíneos. Os glicosaminoglicanos têm importante papel
ao evitar a calcificação. A extração sucessiva dessas moléculas dá origem a uma
matriz porosa onde os sais de cálcio são depositados (BUJÁN e cols, 2004).
Tratando-se do desenvolvimento de uma prótese vascular, nosso trabalho foi o
priemeiro a demonstrar a análise quantitativa de matrizes teciduais submetidas ao
processo de acelularização. A dosagem de hidroxi-prolina demonstrou que as
artérias submetidas ao processo de acelularização possuem a mesma quantidade
de colágeno que as amostras ex vivo. Nossa metodologia demonstrou a perda de
30 % do conteúdo total de glicosaminoglicanos após as sucessivas lavagens
decorrentes do processo de acelularização. A análise deste material num ensaio
in vivo deve ser avaliada na formação ou não de calcificação, de forma a se
verificar se a perda desse percentual é prejudicial ou não no desenvolvimento de
uma prótese vascular.
Trabalhos iniciais envolvendo próteses alogeneicas ou xenogeneicas
apenas acelularizadas demonstram não ser patentes pelo mesmo motivo que as
próteses sintéticas de pequeno calibre: formação de trombose com poucas
semanas após a implantação. Tal fato foi atribuído a ausência de uma camada
luminal coberta por células endoteliais, conhecidas por secretar substâncias anti-
trombogênicas. Além disso, a superfície de um implante acelularizado apresenta
68
rugosidades comparáveis aos materiais sintéticos, sujeitos a agregação
plaquetária ou de debris celulares (WISSINK, 1999) VER FIGURA 3.
B
A
C
Figura 3: Microscopia eletrônica de varredura de uma prótese de (A) Dacron
(Cooley knitted Dacron, Meadox Medicals, Oakland, NJ, 100 ×) and (B) e- PTFE
(Gore-Tex, Gore & Associates, Flagstaff, AZ, 500 ×) Retirado de WISSINK, 1999.
(C) Aorta de porco acelularizada (1000 X).
Desta forma, o recobrimento das próteses vasculares com células
endoteliais é um reconhecido método para melhorar a compatibilidade sanguínea
de implantes. O endotélio é descrito como a superfície natural perfeitamente
compatível com o sangue, secretando várias moléculas bioativas que afetam a
69
adesão e a agregação plaquetária, a coagulação sanguínea e fibrinólise. Além do
mais, a expressão de fatores tais como o fator tecidual e heparan sulfato regulam
a interação com componentes sanguíneos. Portanto, a função endotelial
diretamente afeta o balanço de homeostasia e trombogênese no sistema
cardiovascular (SCHOEN, 2006). Uma vez criada uma camada de células
endoteliais linear na superfície de uma prótese vascular, implantes com
características superficiais não trombogênicas similares poderiam ser obtidos.
C
Para isso, a presença de moléculas matriciais adesivas, tais como a
fibronectina e laminina, bem como a manutenção das moléculas de membrana
basal são importantes fatores encontrados em nossas próteses que podem
promover a adesão e manutenção das células endoteliais. Como demonstrado em
nossos resultados, tanto as células endoteliais como as células musculares lisas
foram capazes de aderir e proliferar com até 20 dias de cultura. Esses resultados
são comparáveis às repopulações de próteses acelularizadas utilizando-se outras
metodologias (KAUSHAL, 2001; CHO e cols, 2005 b). Mais do que isso, as células
musculares lisas foram capazes de migrar em direção a camada média,
demonstrando que nosso material é apto a promover a migração e proliferação
deste importante tipo celular, responsável pela força circunferencial das artérias.
Além disso, nossas próteses demonstraram manter informações de
microambiente: as células musculares lisas não foram capazes de aderir e formar
uma camada confluente quando plaqueadas no lado luminal da artéria. Pode ser
sugerido que a célula muscular lisa não aderiu ao nosso material acelularizado por
ter sido plaqueada diretamente sobre uma superfície não adesiva para ela, ou
seja, uma superfície composta da membrana basal endotelial (colágeno IV,
70
laminina e heparan sulfato). Porém, a análise por microscopia eletrônica de
transmissão ou microscopia confocal deve ser realizada, de modo a avaliar a
interação das células com o material acelularizado a partir de integrinas e outras
moléculas de adesão, além de fibronectina e laminina.
A endotelização é uma etapa indispensável na confecção de uma prótese
vascular patente por longa duração (KAUSHAL e COLS, 2001; CHO e cols (b),
2005). A partir disto, e almejando o trabalho clínico, é importante discutir as fontes
celulares para possível repopulação dessas próteses vasculares. A obtenção de
células endoteliais diferenciadas a partir de vasos autólogos (DICHEK e cols,
1989; FLUGELMAN e cols, 1992) bem como a diferenciação de células
progenitoras endoteliais obtidas de medula óssea ou sangue periférico (KAUSHAL
e cols, 2001; RAFII e LYDEN, 2003; HILL e cols, 2003; HUR e cols, 2004; CHO e
cols, 2005 (b)) têm sido pesquisadas e serão determinantes na continuação deste
trabalho, cujo objetivo final será a confecção de próteses vasculares patentes por
longa duração.
Dentre os vasos autólogos candidatos a fonte celular, pode-se citar as veias
safena e braquial. São veias de fácil dissecção, de fácil compensação numa
eventual ausência e possuem quantidade de células suficientes para obtenção de
uma cultura de células. Ambas poderiam ser submetidas aos protocolos
estabelecidos por JAFFE e colaboradores (1973) para a obtenção de células
endoteliais e musculares lisas. As células poderiam se expandidas em cultura,
congeladas e armazenadas até haver a necessidade da repopulação de uma
prótese vascular.
71
Já a proposta envolvendo a utilização de células diferenciadas a partir de
progenitores de medula óssea tem como principal vantagem o maior número de
células que se pode obter em comparação com a proposta de veias autólogas. É
importante ressaltar que nem todos os pacientes possuem veias num bom estado
de conservação ou possuem veias que já possuem um endotélio ativado pelas
diversos fatores que levam a aterosclerose. Há ainda os pacientes que já
utilizaram as veias citadas anteriormente numa outra cirurgia.
Deste modo, o investimento em modelos utilizando medula óssea se dá
pelo fato desse sítio tecidual manter tanto progenitores endoteliais, quanto os
progenitores mesenquimais. Estes últimos podem dar origem tanto a células
musculares lisas quanto a células endoteliais, entre outros, quando submetidas a
condições de cultivo específicas para cada fenótipo celular (KAUSHAL e cols,
2001; COSSU e BIANCO, 2003; ASAHARA e KAWAMOTO, 2004; CHO e cols (b),
2005).
Além disso, possíveis próteses repopuladas devem ser testadas em
ensaios biomecânicos, que irão avaliar importantes variáveis, tais como a
resistência ao ponto cirúrgico, a distensibilidade, a complacência e a resistência
do endotélio ao fluxo sanguíneo. Esta última variável, conhecida como “shear
stress”, tem sido descrita como fator primordial na orientação de células
endoteliais semeadas em próteses vasculares e também está sendo relacionado a
aumento de razão de patência dessas próteses (STEPP e cols, 2001;
RADEMACHER e cols, 2001, OTT e BALLERMANN, 1995). Além disso as células
endoteliais submetidas a “shear stress” secretam fatores antitrombogênicos, tais
como o fator ativador de plasminogênio (YANG e cols, 2006).
72
Assim, a perspectiva de nosso primeiro ensaio experimental in vivo
envolverá o uso de artérias ilíacas de porcos. O diâmetro interno destes vasos não
ultrapassam 5 mm e segmentos de até 10 cm de comprimentos podem ser
dissecados e processados conforme a metodologia de acelularização descrita
neste trabalho. A repopulação se daria com células autólogas já diferenciadas
obtidas de veia braquial ou com células derivadas da fração mononuclear da
medula óssea.
A utilização de células endoteliais e musculares lisas de vasos autólogos é
um dos métodos descritos para a repopulação de próteses vasculares, sendo uma
abordagem experimental estudada por diversos grupos (OPITZ e cols, 2004;
LAFLAMME e cols, 2005; HIBINO e cols, 2005). Já ASAHARA e colaboradores
(1999) demonstraram que células progenitoras endoteliais derivam da medula
óssea, contribuindo para a neovascularização num modelo de transplante de
medula. A partir disto, vários grupos utlizaram células de medula óssea para o
desenvolvimento de próteses vasculares (MATSUMURA e cols, 2003; CHO e cols
(a), 2004; HIBINO e cols, 2005; CHO e cols (b), 2005, SHIN`OKA e cols, 2005).
Esses trabalhos demonstraram que células obtidas de medula óssea possuem
plasticidade para diferenciação em fenótipo endotelial ou células musculares lisas.
Quando semeadas numa matriz que suporte adesão, proliferação e migração
celular, demonstram que a medula óssea constitui uma promissora fonte celular
para o desenvolvimento de próteses vasculares quando não for possível obter
vasos autólogos dos pacientes (MATSUMURA e cols, 2003; HIBINO e cols, 2005;
CHO e cols (a), 2004; CHO e cols (b), 2005, SHI`OKA e cols, 2005).
73
As ovelhas são reconhecidos modelos experimentais para o estudo de
próteses vasculares (KAUSHAL e cols, 2001). A prótese seria implantada na
carótida, cuja biomecânica mimetiza as condições de um vaso de pequeno calibre
humano. Com o ensaio in vivo poderemos avaliar a interação da prótese contra o
hospedeiro, a razão de patência, a incorporação da prótese ao tecido adjacente, a
possível migração de células perivasculares e o possível remodelamento matricial
de nossa prótese, visto que o objetivo final desse estudo será vasos praticamente
idênticos a artérias sadias. Além disso, nosso material poderia ser utilizado
também como possíveis fístulas de hemodiálise, de forma a melhorar o
desempenho apresentado pelas fístulas de e-PTFE, que tem durabilidade
variando apenas entre 3 e 5 anos (PITTA e cols, 2003).
74
6) Conclusões:
- O processo utilizado para preparação da artéria acelularizada utilizando-se
glicerol é eficiente no tocante a acelularização das artérias e manutenção da
arquitetura e organização da matriz extracelular.
- Nossa metodologia conservou os componentes matriciais de maneira qualitativa
e quantitativa. Além disso, importantes moléculas envolvidas na adesão e
migração celular, tais como a fibronectina e laminina também foram mantidas.
- HUVECs e VSMCs foram aptas a aderir, proliferar e formar uma camada
confluente em até 20 dias de cultura, demonstrando que nosso protocolo de
acelularização não tornou nossa prótese citotóxica. Além disso as VSMCs foram
capazes de migrar da camada adventícia para a camada média, demonstrando
que nossa prótese é também apta a ser repopulada por células autólogas do vaso
no qual seria implantado como possível enxerto.
75
7) Perspectivas:
- Acelularização de artérias ilíaca e femural de porcos, para estudos em
vasos de pequeno calibre.
- Teste de hemólise e agregação plaquetária para qualificação do produto.
- Microscopia eletrônica de transmissão para avaliação da disposição das
fibras matriciais e da presença de integrinas mediando a adesão celular à
prótese.
- Estabelecimento de protocolo de obtenção de células endoteliais
diferenciadas a partir de veia jugular e veia braquial de ovelhas para
repopulação da prótese.
- Estabelecimento de protocolo para obtenção de células endoteliais e
células de músculo liso a partir de células mononucleares de medula óssea,
para repopulação da prótese.
- Estabeler protocolo de repopulação da prótese acelularizada e manutenção
da mesma num bioreator.
- Análise de propriedades biomecânicas e cultura dinâmica em bioreator
- Aplicação das próteses repopuladas em seguimentos arteriais de ovelhas,
num ensaio in vivo.
- Avaliação clínica e histológica da interação prótese – hospedeiro.
76
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92
ANEXO I: REAGENTES E PREPARO DE SOLUÇÕES
A) Tampão Fosfato Salina (Phosphate Buffered Saline) – PBS
NaCl 8,00 g
KCl 0,40 g
NaHPO
4
.12H
2
O 12,0 g
KH
2
PO
4
0,15 g
Na
2
SO
4
0,1g
Glicose 1,1 g
Vermelho Fenol 0,0025 g
Água Tridestilada qsp 1000 mL
O pH foi acertado para 7,4 com NaOH 1 M ou HCl 1 M . A solução era aferida em
balão volumétrico, esterilizada por filtração em sistema Millipore de filtração
conectado a uma bomba de vácuo com membrana esterilizante de 0,22 µm e
estocada a 4ºC.
B) Soluções de glicerol 50 e 85 %:
B.1) Glicerol 50 %:
Glicerol 100 % 100 mL
PBS 100 mL
B.2) Glicerol 85 %:
93
Glicerol 100 % 170 mL
PBS 30 mL
C) Solução de Tripsina 0,125%/ EDTA 0,02%
Tripsina (SIGMA) 125 mg
EDTA 20 mg
BSS-CMF qsp 1000 mL
O pH da solução de BSS-CMF foi aferido para aproximadamente 12 para se
dissolver o EDTA e posteriormente acertado para 7,8 para se dissolver a tripsina.
O pH foi aferido para 7,4 com NaOH 1 M ou HCl 1 M. Então a solução foi
avolumada em balão volumétrico, esterilizada por filtração em sistema Millipore de
filtração conectado a uma bomba de vácuo com membrana esterilizante de 0,22
µm e estocada a 4
o
C.
D) Meio de Cultura Dulbecco’s (para estufa de CO
2
)
Meio Dulbecco’s (GIBCO) 10 g
NaHCO
3
2,2 g
HEPES (SIGMA) 2 g
Água Tridestilada qsp 1000 mL
94
O pH foi aferido para 7,4 com NaOH 1 M ou HCl 1 M. Então a solução foi aferida
em balão volumétrico, esterilizada por filtração em sistema Millipore de filtração
conectado a uma bomba de vácuo com membrana esterilizante de 0,22 µm e
estocada a 4
o
C.
E) Meio de Cultura 199:
Meio 199 (GIBCO) 12 g
HEPES (SIGMA) 2 g
NaHCO
3
3,7 g
Água Tridestilada qsp 1000 mL
F) Solução de PS (Penicilina/Estreptomicina) 100 X
Penicilina G Potássica ou
Penicilina G Sódica 1.000.000 UI
Sulfato de Estreptomicina 1 g
BSS-CMF qsp 1000 Ml
O pH era aferido para 7,4 com NaOH 1 M ou HCl 1 M. Então a solução era aferida
em balão volumétrico, esterilizada por filtração em sistema Millipore de filtração
conectado a uma bomba de vácuo com membrana esterilizante de 0,22 µm e
estocada a -20
o
C.
95
G): Meio de Cultura Dulbecco’s ou 199 Suplementados
Soro Fetal Bovino (CULTILAB) 10 mL
Solução de PS 100 X 1 mL
Meio Dulbecco’s ou 199 qsp 100 mL
O meio de cultura suplementado era esterilizado por filtração em sistema Millipore
de filtração conectado a uma bomba de vácuo com membrana esterilizante de
0,22 µm e estocado a 4
o
C.
H) Colagenase 1A (1 mg/mL)
Colagenase 1A (SIGMA) 100 mg
Meio DMEM qsp 100 mL
O pH era aferido para 7,4 com NaOH 1 M ou HCl 1 M . A solução era aferida em
balão volumétrico, esterilizada por filtração em sistema Millipore de filtração
conectado a uma bomba de vácuo com membrana esterilizante de 0,22 µm e
estocada a - 20ºC.
I) Solução de NaCl 1M:
NaCl 5,85 g
Água Tridestilada qsp 100 mL
96
A solução era aferida em balão volumétrico, esterilizada por filtração em sistema
Millipore de filtração conectado a uma bomba de vácuo com membrana
esterilizante de 0,22 µm e estocada a 4ºC.
J) Hematoxilina e eosina:
Soluções:
J.1) Hematoxilina de Harris:
Hematoxilina cristalizada......................................................................... 5 g
Álcool 95% ..........................................................................................50 mL
Sulfato de alumínio e amônio (alúmen amoniacal ou de potássio)..... 100 g
Água destilada............................................................................... 1000 mL
Ácido acético glacial.......................................................................... 20 mL
Óxido de mercúrio (vermelho).............................................................. 2,5 g
Dissolver a hematoxilina no álcool e o sulfato em água quente. Misturar as duas
soluções, ferver rapidamente e juntar o óxido de mercúrio, ferendo novamente a
solução até ela tornar-se de cor vermelho escuro. Esfriar rapidamente e adicionar
acético acético. Filtrar antes de usar.
J.2) Eosina Y 1%:
97
Eosina Y (amarela hidrossolúvel)......................................................... 0,5 g
Água destilada................................................................................... 10 mL
Álcool 95 %........................................................................................ 90 mL
Ácido acético..................................................................................... 1 gota
Dissolver a eosina em água destilada e depois juntar o álcool. Adicionar o ácido
acético.
J.3) Álcool Clorídrico 1%:
Álcool 100%....................................................................................... 99 mL
Ácido Clorídrico Concentrado............................................................... 1 mL
Método:
- Desparafinizar e hidratar os cortes;
- Hematoxilina de Harris por 10 minutos;
- Lavar em água corrente por 10 minutos;
- Diferenciar em álcool clorídrico de 5 a 10 segundos;
- Lavar em água corrente por 5 minutos para azular os cortes;
- Eosina por 2 minutos
- Lavar em água corrente por 5 minutos;
- Desidratar, clarificar e montar em Entellan.
98
Resultado: Citoplasma, fibras elásticas e colágenas em várias tonalidades de rosa
e núcleos em azul.
K) Orceína de Unna-Tanzer:
Soluções:
K.1) Orceína:
Orceína ....................................................................................................1 g
Etanol ...............................................................................................100 mL
Ácido Clorídrico concentrado ............................................................0,7 mL
K.2) Álcool Clorídrico
Álcool a 70% ......................................................................................99 mL
Ácido clorídrico..................................................................................... 1 mL
K.3) Ácido Pícrico Saturado
Dissolver 1,5 g de ácido pícrico em 100 mL de água destilada quente. Deixar esfriar
e filtrar no dia seguinte.
Método:
- Desparafinizar e hidratar os cortes histológicos;
- Pingar a solução de oxona - 20 minutos;
99
- Lavar bem em água corrente - 5 minutos
- Pingar solução de orceína – 30 minutos
- Diferenciar em álcool clorídrico;
- Lavar em água destilada;
- Contracorar com ácido pícrico saturado – 30 segundos;
- Lavar rapidamente em álcool absoluto;
- Desidratar, clarificar e montar.
Resultado: Fibras elásticas e oxitalânicas em vinho.
L) Picrossírius:
Soluções:
L.1) Ácido fosfomolíbdico 0,2%
L.2) Ácido Pícrico Saturado
Dissolver 1,5 g de ácido pícrico em 100 mL de água destilada quente. Deixar esfriar
e filtrar no dia seguinte.
L.3) Solução de Picrossírius
Sirius red F3 BA 0,2g
Solução saturada de ácido pícrico 200 mL
L.4) Ácido Clorídrico 0,01M
Método:
100
- Desparafinizar e hidratar os cortes histológicos;
- Colocar as lâminas na solução de ácido fosfomolíbdico por 1 minuto;
- Desprezar o ácido fosfomolíbdico;
- Colocar a solução de Picrossírius por 90 minutos e deixar em ambiente escuro;
- Lavar em ácido clorídrico 0,01M durante 2 minutos;
- Lavar em álcool 70% por 45 segundos;
- Desidratar, clarificar e montar.
Resultado: Colágeno em vermelho forte.
M) PAS:
Soluções:
M.1) Ácido Periódico 1%
M.2) Reagente de Schiff
- Dissolver 1 g de fucsina básica em 200 mL de água destilada quente;
- Levar a ebulição, e esfriar até 50ºC
- Filtrar e adicionar 20 mL de ácido clorídrico 1M
- Esfriar e adicionar 1 g de bissulfito de sódio (proteger da luz por 24h)
- Adicionar 5 g de carvão ativado, homogeneizar por 1 minuto
- Filtrar e armazenar em frasco escuro
101
M.3) Solução Sulfurosa
M.3.1 - Solução estoque:
Metabissulfito de sódio ou bissulfito de sódio anidro............................. 10 g
Água destilada................................................................................. 200 mL
Ácido clorídrico 1M............................................................................ 10 mL
M.3.2 - Solução uso (preparar na hora):
Solução estoque .................................................................................. 6 mL
Água destilada................................................................................. 114 mL
M.4) Hematoxilina de Harris
Método:
- Desparafinizar e hidratar os cortes histológicos;
- Pingar ácido periódico 1% - 15 minutos;
- Lavar rapidamente em água destilada;
- Pingar reagente de Schiff – 40 a 60 minutos;
- Lavar bem em água destilada – 15 minutos;
- Corar em Hematoxilina de Harris – 1 minuto;
- Água corrente por 5 minutos;
102
- Desidratar, clarificar e montar.
Resultado: glicoproteínas, principalmente membrana basal, aparecem na cor lilás.
N) Azul de alciano (pH 1.0 ou 2,5):
N.1) Solução pH 1,0:
Azul de alciano GX ..................................................................................1 g
Äcido clorídrico 0,1 M ......................................................................100 mL
N.2) Solução pH 2,5:
Azul de alciano GX ..................................................................................1 g
Ácido acétiico 3% ............................................................................100 mL
Método:
- Desparafinizar e hidratar os cortes histológicos
- Colocar as lâminas na solução de azul de alciano por 30 minutos
- Lavar em água destilada rapidamente
- Contracorar com vermelho neutro 0,5 % (esta etapa apenas para pH 2,5)
- Lavar rapidamente em água destilada
- Desidratar, clarificar e montar em Entellan.
103
Resultado: as glicosaminoglicanas (GAGs) ácidas são coradas ao pH de 2,5.
Somente as GAGs sulfatadas são coradas ao pH 1,0. Núcleos em vermelho.
104
ANEXO 2: PROTOCOLOS DE IMUNOPEROXIDASE E
IMUNOFLUORESCÊNCIA UTILIZADOS:
Imunoperoxidase:
Para as reações de imunoperoxidase, cortes parafinados ou congelados foram
submetidos aos seguintes procedimentos:
Os cortes foram lavados 3 x em PBS por 10 minutos;
Fixação em acetona gelada por 10 minutos, no freezer;
Cortes lavados 3 x em PBS por 10 minutos
Inibição de cargas utilizando cloreto de amônio 50 mM em PBS por 30
minutos
Cortes lavados 3 x em PBS por 10 minutos
Permeabilização tecidual com Triton – X 100 0,5% em PBS utilizando-se 2
tempos de 15 minutos
Cortes lavados em PBS por 2 x de 5 minutos
Incubação com soro normal de cabra 10% : PBS-BSA 10% (v/v) por uma
hora para bloqueio de ligação inespecífica dos anticorpos e incubação com o
anti-soro específico por 18 horas, em geladeira, diluídos em PBS-BSA 3% :
Soro normal de cabra 1%, a 4ºC, nas diluições apropriadas (TABELA 1,
mediante testes realizados previamente no laboratório).
Deixar chegar a temperatura ambiente
105
Cortes lavados com PBS – Tween 0,25 % por 2 x de 5 minutos
Cortes lavados em água destilada
Inibição da peroxidase endógena, incubando-se os cortes em Metanol :
Peróxido de hidrogênio 3% (v/v) por 15 minutos, no escuro
Revelação com o kit LSAB avidina-biotina-peroxidase (LSAB, Dako, EUA),
que contém anticorpo secundário biotinilado e streptavidina peroxidase.
Utilizou-se como cromógeno, a diaminobenzidina (DAB) – DAB liquid da
DAKO.
Cortes lavados com PBS – Tween 0,25 % por 2 x de 5 minutos
Cortes lavados em água destilada
Cortes contra-corados com Hematoxilina de Harris diluída (1:3) por 5
minutos
Diferenciação com água ácida
Cortes lavados em água destilada
Cortes desidratados, clarificados e montados em entellan.
Como controle negativo utilizamos secções de tecido onde foi omitido o
anticorpo primário ou incubados com soro da espécie animal dos anticorpos
primários pré-imune.
106
IMUNOFLUORESCÊNCIA:
Para a análise das amostras por imunofluorescência, cortes congelados foram
submetidos aos seguintes procedimentos:
Os cortes foram lavados 3 x em PBS por 10 minutos;
Fixação em acetona gelada por 10 minutos, no freezer;
Cortes lavados 3 x em PBS por 10 minutos
Inibição de cargas utilizando cloreto de amônio 50 mM em PBS por 30
minutos
Cortes lavados 3 x em PBS por 10 minutos
Permeabilização tecidual com Triton – X 100 0,5% em PBS utilizando-se 2
tempos de 15 minutos
Cortes lavados em PBS por 2 x de 5 minutos
Incubação com soro normal de cabra 10% : PBS-BSA 10% (v/v) por uma
hora para bloqueio de ligação inespecífica dos anticorpos e incubação com o
anti-soro específico por 18 horas, em geladeira, diluídos em PBS-BSA 3% :
Soro normal de cabra 1%, a 4ºC, nas diluições apropriadas (TABELA 1,
mediante testes realizados previamente no laboratório).
Deixar chegar a temperatura ambiente
Cortes lavados com PBS – Tween 0,25 % por 2 x de 5 minutos
107
Incubação do anticorpo primário conjugado ao fluorocromo (Anti-coelho –
FITC DAKO – diluição 1:30). A partir desta etapa, todas as demais
também foram realizadas ao abrigo da luz.
Lavar com 3 vezes com PBS por 5 minutos
Contracorar com DAPI por 5 minutos
Lavar com PBS por 10 minutos
Montar com n-propyl galato ou Vectashield
TABELA 1: anticorpos utilizados:
Especificidade Clone Isotipo Técnica Diluição Origem
Fibronectina
humano (A0245)
policlonal IgG coelho Parafina
peroxidase
1:50 Dako
EUA
Elastina humano
(MAB2503)
monoclonal IgG
camundongo
Congelado
peroxidase
1:300 Chemicon
EUA
Condroitin Sulfato
(C8035)
monoclonal IgG
camundongo
Congelado
Peroxidase
1:200 Sigma
EUA
Laminina humano
(L9393)
policlonal IgG
camundongo
Congelado
Fluorescência
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