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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Biomédicas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas - PCM
Caracterização morfológica do reparo de defeitos
segmentares diafisários em ovelhas tratados com
enxertos ósseos homólogos associados a células
osteoprogenitoras autólogas
João Sergio Nobre dos Reis
Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2006.
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Biomédicas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas - PCM
Caracterização morfológica do reparo de defeitos segmentares diafisários em
ovelhas tratados com enxertos ósseos homólogos associados a células
osteoprogenitoras autólogas
João Sergio Nobre dos Reis
Orientadores: Dra. Maria Eugênia Leite Duarte e Dr. Leonardo Rodrigues de Andrade
Departamento de Histologia e Embriologia
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Morfológicas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte
dos requisitos necessários à obtenção de grau de
Mestre em Ciências Morfológicas
Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2006
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Biomédicas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas - PCM
Caracterização morfológica do reparo de defeitos segmentares diafisários em ovelhas tratados com
enxertos ósseos homólogos associados a células osteoprogenitoras autólogas
João Sergio Nobre dos Reis
Orientador: Dra. Maria Eugênia Leite Duarte e Dr. Leonardo Rodrigues de Andrade
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção de grau de
Mestre em Ciências Morfológicas.
Aprovada por:
_____________________________________
Membro Prof. Marcos Farina de Souza
Depto de Histologia e Embriologia, UFRJ
______________________________________
Membro Prof. Ulysses Garcia Casado Lins
Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, UFRJ.
_______________________________________
Membro Prof. José Mauro Granjeiro
Universidade Federal Fluminense.
________________________________________
Revisor e Suplente Prof. Christina Maeda Takiya
Depto de Histologia e Embriologia, UFRJ.
Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2006.
iv
Ficha Catalográfica
Reis, J. S. N.
Caracterização morfológica do reparo de defeitos segmentares diafisários em
ovelhas tratados com enxertos ósseos homólogos associados a células osteoprogenitoras
autólogas/ João Sergio Nobre dos Reis. – Rio de Janeiro: UFRJ, ICB, CCS, 2006.
xi; 78 f.; il.; 29,7 cm
Orientadores: Mª Eugênia Leite Duarte e Leonardo Rodrigues de Andrade
Dissertação de Mestrado. UFRJ / ICB / Programa de Pós-Graduação em Ciências
Morfológicas, 2006.
Referências Bibliográficas: f.
Apêndices:
1. Regeneração óssea. 2. Defeito segmentar. 3. Microscopia Eletrônica de
Varredura. 4. Densitometria. 5. Relação Ca/P. I. Mª Eugênia Leite Duarte e Leonardo
Rodrigues de Andrade. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Ciências
Biomédicas. III. Título.
v
Agradecimentos
Devo agradecimentos a muitas pessoas, mas me resta nesta tese uma única página, então
aqui estarão contemplados todos os colaboradores deste feito. E a estes devo meu mais sincero e
afetuoso MUITO OBRIGADO.
Aos meus PAIS: João e Alvarina, que nas adversidades sempre estiveram firmes ao meu
lado, sendo capazes de se privar de confortos em detrimento meu e de meu irmão, saibam que hoje
e sempre serão alvo de minha admiração e orgulho.
Aos meus parentes Aurora, José, Tereza, Francisco, Teresa, Gustavo pela cooperação e
compreensão, e por estarem próximos e firmes nas horas difíceis e nas árduas madrugadas.
À Carla que com amor e companheirismo em todas as horas tornou esta tarefa possível. E
mais, tornou a vida mais bela e lhe dá um significado mágico.
Aos meus amigos, aqui incluo todos, que desempenharam papel fundamental na
manutenção da homeostasia do meu bom humor durante todos estes anos, e apesar das dificuldades
ao longo do caminho chegamos, e juntos, que é o mais importante.
Aos meus queridos orientadores Mª Eugenia Leite Duarte e Leonardo Andrade, dupla que
inesgotavelmente me incentivou ao desfecho deste ciclo em minha vida. A vocês dedico este
trabalho e agradeço profundamente. Saibam que são tidos como verdadeiros amigos, estando
indubitavelmente inclusos no parágrafo acima.
A professora Christina Takiya, que com muita paciência desempenhou importante papel
na revisão desta tese.
Ao Prof. Radovan e a Antônio Martins Monteiro, que em 1998, acreditaram em meu
potencial e, através do BCRJ, proporcionaram minha entrada para este grupo de pesquisa.
Ao meu avô, Sergio Nobre, que mesmo longe, teve em mim um sonho realizado.
João Sergio Nobre dos Reis
vi
Resumo
Caracterização morfológica do reparo de defeitos segmentares diafisários em ovelhas tratados
com enxertos ósseos homólogos associados a células osteoprogenitoras autólogas
João Sergio Nobre dos Reis;
Orientadores: Dra. Maria Eugênia Leite Duarte & Dr. Leonardo Rodrigues de Andrade
O processo de reparo de perdas ósseas críticas em ossos longos é o maior desafio da ortopedia, uma
vez que o tratamento mais indicado utiliza enxertos ósseos autólogos, que não estão disponíveis em
quantidades satisfatórias e causam morbidade do sítio doador. Como alternativa, enxertos
homólogos provenientes de banco de ossos estão disponíveis e vem sendo utilizados em cirurgias
reparadoras. As células estromais residentes na medula óssea têm sido utilizadas como fonte de
células osteoprogenitoras em processos de bioengenharia tecidual. Estas células foram obtidas da
medula óssea de ovelhas, expandidas in vitro para celularização de enxertos homólogos como
substitutos para perdas ósseas. O objetivo do presente estudo foi caracterizar morfologicamente o
processo de regeneração de lesões críticas segmentares após a implantação de enxerto homólogo
celularizado em modelo ovino, utilizando-se de análises densitométricas de radiografias,
microscopia eletrônica de varredura e microanálise de raios-X para semi-quantificação da razão
Ca/P de fragmentos ósseos removidos das ovelhas. Para tal, defeitos segmentares criados nas tíbias
de 4 ovelhas foram tratados com o constructo proposto. As análises foram realizadas em 6, 10, 14 e
18 semanas de pós-operatório. Observamos que a consolidação óssea nas interfaces das osteotomias
iniciou-se na 10ª semana, totalizando-se na 18ª. Nas 6ª e 10ª semanas, as médias das razões de Ca/P
nas regiões estudadas foram semelhantes a razão determinada para a fase fosfato de tri-cálcio; já nas
14ª e 18ª semanas, as médias se aproximaram da obtida para o controle ovino, estando esta próxima
do valor descrito para hidroxiapatita estequiométrica indicando o sucesso da consolidação. O
implante de enxerto ósseo homólogo celularizado com osteoprogenitores autólogos expandidos in
vitro parece ser um método viável para o tratamento de lesões segmentares diafisárias.
vii
Abstract
Morphological characterization of large bone defects repair in sheep tibia treated with homologous
bone loaded with autologous osteoprogenitor cells
João Sergio Nobre dos Reis
Advisors: Dra. Maria Eugênia Leite Duarte
Dr. Leonardo Rodrigues de Andrade
The repair process of large bone defects is the major challenge in orthopedics, once the chosen
treatment uses bone autografts that are not enough available and cause morbidities in donor sites.
As alternative, bone allografts from bone banks are available and have been used in orthopedic
surgeries. Bone marrow stromal cells have been used as osteoprogenitor cells source in tissue
engineering process. These cells were obtained from sheep bone marrow, proliferated in vitro and
loaded in bone allografts as bone substitute. The main of this work was to characterize
morphologically the regeneration of sheep large bone defects after implantation of cellularized
allografts using densitometric analyses of radiographs, scanning electron microscopy and X-rays
microanalyses to semi-quantification Ca/P from bone pieces removed from sheeps. Large bone
defects were created in 04 sheep tibiae and treated with cellularized allografts. The analyses were
realized at 6, 10, 14 and 18 weeks post-surgeries. It was observed that the healing at the osteotomies
interfaces started at 10
th
week, finishing at 18
th
. At 6
th
and 10
th
weeks, Ca/P means of studied
regions were similar to ratio determined to tri-calcium phosphates. Means ratio Ca/P at 14
th
and 18
th
were close to obtained from ovine control, and similar from stoichometric hydroxyapatite value,
indicating bone healing. The implantation of the allografts loaded with autologous osteoprogenitors
cells proliferated in vitro seems to be a viable method to repair large bone defects.
viii
Índice
1. INTRODUÇÃO
1
1.1. Tecido Ósseo
1
1.2. Ossificação
4
1.3. Medula óssea
5
1.3.1. Formação e características gerais
5
1.3.2. Estroma Medular
7
1.3.3. Célula-Tronco Mesenquimal
9
1.3.4. Origem dos Progenitores Mesenquimais
12
1.3.5. Plasticidade
13
1.3.6. Comprometimento Osteogênico
15
1.4. Reparo ósseo
16
1.4.1. Bioengenharia tecidual
16
1.4.2. Bioengenharia óssea
17
1.5. Enxertos ósseos: biológicos e sintéticos
19
1.5.1. Biológicos
19
1.5.2. Sintéticos
20
2. OBJETIVO GERAL
21
2.1. Objetivos Específicos
22
3. MATERIAIS & MÉTODOS
22
3.1. Descrição do Modelo Experimental
22
3.2. Isolamento e expansão de BMSCs
23
3.3. Procedimento cirúrgico
24
3.4. Acompanhamento Radiológico da Consolidação Óssea
25
3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
26
3.6. Acompanhamento do Reparo por Análise Semi-quantitativa da Razão Ca/P
26
ix
4. RESULTADOS
27
4.1. Isolamento e expansão de BMSCs
27
4.2. Acompanhamento Radiológico da Consolidação Óssea
28
4.3. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
40
4.4. Acompanhamento do Reparo por Análise Semi-quantitativa
da Razão Ca/P
47
5. DISCUSSÃO
50
6. CONCLUSÃO
58
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
59
LISTA DE TABELAS
Tabelas
Página
Tabela 1: Acompanhamento radiológico do processo de reparo dos defeitos
ósseos
25
Tabela 2: Resumo dos resultados do Acompanhamento Radiológico
30
Tabela 3: Valores de porcentagem atômica das análises semi-quantitativas dos
átomos detectados de dois grânulos mostrados nas figuras 16 A e B.
49
Tabela 4: Valores da média e desvio padrão da relação Ca e P
49
x
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura
Página
Figura 1: Imagens de microscopia óptica de contraste de fase de cultura de células
mesenquimais de medula óssea..
28
Figura 2: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 0 mostrando a região do
enxerto e osso adjacente
31
Figura 3: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 27 (04 semanas)
mostrando a região do enxerto e osso adjacente
32
Figura 4: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 55 (08 semanas)
mostrando a região do enxerto e osso adjacente
33
Figura 5: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 98 (14 semanas)
mostrando a região do enxerto e osso adjacente.
34
Figura 6: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 0 mostrando as regiões
do enxerto e osso adjacente.
35
Figura 7: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 34 (04 semanas)
mostrando as regiões do enxerto e osso adjacente
36
Figura 8: Imagem radiográfica da tí
b
ia da ovelha 2 no dia 63 (09 semanas)
mostrando as regiões do enxerto e osso adjacente.
37
Figura 9: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 108 mostrando (15
semanas) as regiões do enxerto e osso adjacente
38
Figura 10: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 126 mostrando as
regiões do enxerto e osso adjacente
39
Figura 11: Aspecto do osso hospedeiro observado ao MEV do animal sacrificado
após 6 semanas.
42
Figura 12: Imagens de MEV da região proximal de interface do enxerto e osso
hospedeiro após 6 semanas.
43
Figura 13: Imagens de MEV de um fragmento ósseo após 10 semanas de enxertia 44
Figura 14: Imagens de MEV de fragmento após 14 semanas de enxertia. 45
Figura 15: Imagens de MEV de fragmento ósseo removido após 18 semanas de
enxertia.
46
Figura 16: Aspecto das partículas formadas após maceração de fragmentos ósseos
e espectros de microanálise de raios-X originados de partículas indicadas pelas
cruzetas.
48
1
1. INTRODUÇÃO
O tratamento para reparo de perdas ósseas segmentares é um dos principais desafios da
bioengenharia óssea. Este trabalho tem por intuito a caracterização do processo de reparo ocorrido
após tratamento de defeitos diafisários com enxertos homólogos celularizados com células
osteoprogenitoras oriundas da medula óssea autóloga em ovelhas. O acompanhamento do pós-
operatório por microscopia eletrônica de varredura (MEV), radiografias e modificações elementares
da razão Ca e P contribuíram para gerar informações a cerca dos tempos de consolidação e
modificações na matriz óssea ocorridas durante o processo de reparo ósseo em ovelhas. Por utilizar
um modelo animal de grande porte, este estudo pode auxiliar na determinação de métodos de
estudos em seres humanos. A bioengenharia tem como foco principal a restauração dos
componentes orgânicos e inorgânicos da matriz óssea com manutenção de sua homeostasia
fisiológica. Para tal, muitas alternativas de enxertos, células, fatores de diferenciação e
principalmente suas combinações têm sido estudados.
1.1. Tecido Ósseo
O tecido ósseo possui propriedades mecânicas de resistência a forças de tração e
compressão. As principais funções estão relacionadas à proteção de outros tecidos, sustentação e
deslocamento do organismo. Funciona como uma espécie de alavanca transmitindo as forças
geradas pela contração do tecido muscular para a movimentação do indivíduo. A característica de
rigidez do osso é resultado da interação entre os componentes orgânicos da matriz extracelular
(MEC) produzidos pelas células residentes e de minerais depositados nesta matriz. O principal
mineral encontrado no osso é um complexo de fosfato de cálcio chamado carbonato hidroxiapatita
(HA), que é depositado principalmente sobre e entre as fibrilas de cogeno tipo I (GARTNER &
HIATT, 2001)
No tecido ósseo, destacam-se os seguintes tipos celulares:
2
Osteoblastos: são células que pertencem a uma linhagem de células chamadas
osteoblásticas, na qual estão as progenitoras de origem mesodérmica, as células jovens pré-
diferenciadas e osteoblastos maduros. Estas células possuem forma cubóide com prolongamentos,
citoplasma basófilo, núcleo excêntrico com nucléolo proeminente e retículo endoplasmático
granular (REG) e aparelho de Golgi (AG) bem desenvolvidos (WAGNER & KARSENTY, 2001,
CARVALHO & COLLARES-BUZATTO, 2005). Elas sintetizam a parte orgânica da matriz óssea,
composta principalmente por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas. Sintetizam ainda
fatores de crescimento específicos, prostaglandinas, colagenases e fosfatase alcalina. Também
concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz. Possuem sistema de
comunicação intercelular através de junções comunicantes antes de serem completamente
enclausuradas pela matriz calcificada. Alguns osteoblastos ao fim na formação óssea tornam-se
inativos e revestem as superfícies ósseas, formando as células de revestimento ósseo (bone lining
cells) que formam uma barreira que protege o tecido ósseo de fluido de tecidos adjacentes (endósteo
e periósteo).
Osteócitos: células mais numerosas e diferenciadas do osso, localizadas em
cavidades ou lacunas dentro da matriz mineralizada. Destas lacunas formam-se canalículos
ocupados por prolongamentos citoplasmáticos dos osteócitos, que se unem com outros, havendo
entre eles junções do tipo comunicantes, permitindo a difusão de nutrientes e gases entre as células
e o espaço extracelular. Os osteócitos sofrem modificações estruturais como diminuição da basofilia
citoplasmática, do retículo endoplasmático rugoso e do Aparelho de Golgi. São incapazes de se
dividirem, mas possuem papel fundamental na manutenção da integridade da matriz óssea;
Osteoclastos: células gigantes multinucleadas, derivadas de progenitores
mononucleares das linhagens dos monócitos e macrófagos da medula óssea, e que participam dos
processos de absorção, manutenção, remodelação e renovação do tecido ósseo. Os osteoclastos são
encontrados sobre as superfícies ósseas ocupando escavações rasas (lacunas de Howship) e através
de ação enzimática desmineralizam a matriz óssea, promovendo a reabsorção. Seu marcador
3
específico é a fosfatase ácida resistente a tartarato (TRAP), mas metaloproteinases de matriz como a
MMP9 são expressas anteriormente a TRAP em precursores destinados ao fenótipo osteoclástico
(GREENFIELD et al., 1999, CARVALHO & COLLARES-BUZATTO, 2005).
O tecido ósseo pode ser ainda classificado em esponjoso ou compacto de acordo com a sua
estrutura macroscópica e em atendimento a condições fisiológicas distintas. Essas variedades
apresentam os mesmos tipos de celulares e moléculas da matriz, diferindo entre si na organização
destes elementos.
O tecido ósseo esponjoso ou trabecular apresenta espaços medulares amplos e é formado
por várias trabéculas ósseas que conferem o aspecto poroso ao tecido e preenchido com tecido
conjuntivo (medula óssea) e vasos sanguíneos. O tecido ósseo compacto ou cortical praticamente
não apresenta espaços medulares, no entanto, apresenta abundante quantidade de material
calcificado onde fibras colágenas orientadas em lamelas estão dispostas em torno de um vaso
sanguíneo (canal de Havers), que se comunicam transversalmente com outros vasos (canais de
Volkmann). Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam grande sensibilidade e
capacidade de regeneração. Externamente, os ossos são revestidos por uma membrana fibrosa - o
periósteo - que tem a função de nutrir o osso e promover o crescimento em espessura.
Sob o ponto de vista anatômico, os ossos são subdivididos em ossos longos, ossos curtos e
chatos. Os ossos longos têm a forma de cilindro, no qual podemos distinguir uma parte
intermediária – a diáfise –, e duas extremidades denominadas epífises. A porção periférica da
diáfise é formada por osso compacto, que reveste um canal interno denominado de canal medular,
que é ocupado pela medula óssea e por trabéculas de osso esponjoso. O fêmur e a tíbia são
exemplos de ossos longos. Os ossos curtos são aqueles que nenhuma das três dimensões prevalece,
como ocorre nos ossos do carpo e do tarso. Geralmente, são formados por osso esponjoso revestido
superficialmente por uma camada de osso compacto. Os ossos chatos são aqueles em que
predominam duas dimensões e que possuem, portanto, o aspecto de uma lâmina. São formados por
4
tecido compacto no meio do qual, encontra-se uma camada de tecido esponjoso. Exemplos de ossos
chatos são os ossos da calota craniana.
1.2. Ossificação
O esqueleto é formado por dois processos de ossificação distintos: a ossificação endocondral
e a intramembranosa.
A formação óssea ou ossificação intramembranosa é responsável pela formação de alguns
ossos da face e do crânio. Forma-se diretamente da condensação de células mesenquimais que se
diferenciam em células osteoprogenitoras e depois em osteoblastos, que secretam matriz óssea na
forma de espículas ou trabéculas ainda não totalmente ossificada (osteóide), e que
posteriormente, se transforma em osso maduro (XIAN et al., 2004; KIERSZENBAUM, 2004).
A formação óssea ou ossificação endocondral é responsável pela formação da maior parte
dos ossos do esqueleto, inclusive aqueles que irão abrigar a medula óssea, como os ossos longos
e a crista ilíaca, onde células mesenquimais condensadas se diferenciam em condrócitos, gerando
um molde de cartilagem não vascularizado que servirá de suporte estrutural para o
desenvolvimento ósseo. O molde cartilaginoso formado durante o desenvolvimento embrionário
inicialmente é envolvido por uma membrana – o pericôndrio – que contêm preferencialmente
precursores condrogênicos em condições de baixas tensões de oxigênio, que são gradativamente
substituídos por precursores osteogênicos vindos de vasos que invadem a cartilagem, e que
iniciam a deposição de matriz óssea. A matriz óssea secretada envolve toda a região central do
molde cartilaginoso, formando um colar ósseo que impede a difusão de nutrientes para os
condrócitos do molde. Estes se degeneram formando grandes lacunas entre a matriz calcificada,
dando origem às concavidades que irão abrigar a medula óssea (TREPCZIK, no prelo;
GARTNER & HIATT, 2001). A partir desse momento do desenvolvimento ocorre a invasão
vascular da cavidade medular recém formada. Essa invasão é mediada pela ação de osteoclastos
no colar ósseo, permitindo a formação de espaços por onde os capilares irão penetrar na futura
5
cavidade. A invasão vascular permite que as células hematopoéticas, incluindo os progenitores
hematopoiéticos, tenham acesso à medula e iniciem o processo de povoamento. A quebra na
integridade do colar ósseo também permite a entrada de células osteoprogenitoras provenientes
do periósteo que irão terminar o processo de formação óssea dentro da cavidade medular,
substituindo a cartilagem calcificada por osso esponjoso (KIERSZENBAUM, 2004).
1.3. Medula óssea
A medula óssea é um órgão que tem como principal função a manutenção da hematopoiese
na vida pós-natal. Esse processo inclui a formação e maturação das células da linhagem
hematopoética, bem como sua disponibilização através da circulação para o organismo. Esse órgão
aparece na fase final do desenvolvimento embrionário entre o quinto e o sétimo mês de vida intra-
uterina e permanece durante toda a vida adulta (KIERSZENBAUM, 2004).
1.3.1. Formação e características gerais
A medula óssea é formada por um tecido conectivo intensamente vascularizado que se
encontra nas cavidades da maior parte dos ossos do esqueleto, preenchendo os interstícios situados
entre as trabéculas ósseas. A interface entre o tecido ósseo e a medula óssea é feita por uma camada
de células osteoblásticas (osteoblastos e células osteoprogenitoras) denominada endósteo que
recobre o osso e garante um grau de separação física entre os dois tecidos, e é tida como nicho de
células tranco hematopóieticas (GARTNER & HIATT, 2001; YIN & LI, 2006).
A medula óssea pode ser classificada em medula óssea vermelha, quando é povoada
majoritariamente por populações celulares da linhagem hematopoética, principalmente hemácias,
ou medula óssea amarela quando prevalecem as células adiposas. Na infância a medula óssea é
predominantemente vermelha, e durante a maturidade, em alguns locais, ela vai sendo
gradativamente substituída por adipócitos, se tornando amarela e deixando de exercer a função
hematopoética (GARTNER & HIATT, 2001). Devido a essas modificações durante a idade adulta,
6
a medula óssea vermelha se localiza nas cavidades de apenas alguns ossos, dentre eles estão a
clavícula, as vértebras, o esterno, ossos da pélvis e do quadril e as extremidades dos ossos longos
dos membros (KIERSZENBAUM, 2004).
A organização vascular da medula óssea é de extrema importância para a manutenção da sua
função biológica. A rede vascular da medula deriva de artérias nutridoras que vão da superfície
externa do osso até a cavidade medular, onde se ramificam formando redes de capilares
denominados de sinusóides. Esses capilares apresentam interrupções na integridade de sua parede
vascular que permite a entrada e a saída direta de células e moléculas. (GARTNER & HIATT,
2001). A medula óssea pós-natal de mamíferos adultos é considerada tradicionalmente como um
órgão composto por dois compartimentos específicos, que tem suas raízes em sistemas troncos
distintos. Esses compartimentos são representados pelo tecido hematopoético e pelo estroma
medular de suporte. Ambos são compostos por diversas linhagens celulares provenientes dos
sistemas troncos denominados hematopoético e estromal ou mesenquimal, respectivamente
(BIANCO et al., 2001a; SHORT et al., 2003). O sistema hematopoiético gera as linhagens
mielóide, linfóide e eritróide através da proliferação e diferenciação de células-tronco
hematopoéticas denominadas Hematopoetic Stem Cells – HSCs. O sistema estromal gera o estroma
medular, composto de diversos tipos celulares (células reticulares ou estromais, osteoblastos,
células osteoprogenitoras, adipócitos, células endoteliais entre outros), através da diferenciação de
células progenitoras mesenquimais denominadas Mesenchymal Stem Cells – MSCs ou Bone
Marrow Stromal Stem Cells – BMSSCs ou Skeletal Stem Cells – SSCs ou Bone Marrow Stem Cells
– BMSCs (PROCKOP, 1997; DEANS et al., 2000; BIANCO et al., 2001a; CAPLAN & BRUDER.,
2001; DENNIS et al., 2002; SHORT et al., 2003).
Estes dois sistemas e seus compartimentos coexistem em um mesmo ambiente, a cavidade
medular, interagindo ao longo de seu desenvolvimento (DEXTER, 1982; BENTLEY, 1982).
Estudos demonstraram que a função do estroma medular era de sustentação da hematopoiese. Essa
função se processa através da formação de um microambiente específico, gerado pela capacidade do
7
estroma de formar nichos que garantem o suporte estrutural e funcional necessário para a
manutenção e diferenciação das HSCs e sua progênie nas diversas linhagens hematopoéticas
(DEANS et al., 2000; BIANCO et al., 2001a; DENNIS et al., 2002). Entretanto, esse sistema
passou a assumir um outro papel, quando FRIEDENSTEIN et al. (1966 e 1974) e OWEN (1988)
demonstraram sua capacidade de gerar tecidos não-hematopoiéticos.
A partir dessas observações, foi proposto um modelo baseado em uma analogia com o
sistema hematopoético, onde surgiu o conceito de que esses tecidos conjuntivos derivariam de um
ancestral comum, semelhante ao que ocorre com as células da linhagem hematopoética. Este
ancestral teria a capacidade de permanecer na medula óssea pós-natal de organismos adultos,
através da auto-renovação. Posteriormente, essa capacidade foi atribuída à existência de
progenitores-tronco do tecido esquelético ou progenitores mesenquimais presentes no estroma
medular. Isso levou ao reconhecimento de elementos celulares com características “tronco”
presentes na população estromal, e conseqüentemente do estroma como uma fonte dessas células.
Estes achados transformaram a medula óssea no único órgão adulto capaz de abrigar dois sistemas-
tronco que cooperam funcionalmente (BIANCO et al., 2000 e 2001a; DEANS et al., 2000).
1.3.2. Estroma Medular
O estabelecimento do estroma medular é um evento que acontece durante a formação da
cavidade medular. Ele tem sua origem na invasão vascular que se localiza temporalmente antes do
início do estabelecimento da hematopoiese, e depois da formação do colar ósseo. Nesse intervalo de
tempo, os vasos sanguíneos penetram na cavidade medular em formação pela corrosão do colar
ósseo, evento este mediado pela ação de osteoclastos. Este processo leva para o interior da cavidade
medular células osteogênicas que se comprometeram previamente no periósteo. Essas células,
inicialmente, vêm acopladas aos capilares e são denominadas de células perivasculares ou pericitos.
A seguir passam a povoar a cavidade medular dando origem a um estroma primitivo que prolifera
8
ativamente para preencher o espaço medular, nesse momento ainda não hematopoético (BIANCO et
al., 2000).
O desenvolvimento dos sinusóides dentro da cavidade medular permite o povoamento do
ambiente extra-vascular com células hematopoéticas e seus progenitores. A interação das células
hematopoéticas com o estroma primitivo faz com que as células do estroma percam a sua alta
capacidade proliferativa e se tornem quiescentes. Esse processo gera um rearranjo das células
estromais, que formam uma rede tridimensional que se estende dos espaços extra-vasculares até as
superfícies ósseas. Dentro dessa rede tridimensional, as células hematopoéticas recém chegadas se
acomodam e interagem com o estroma, permitindo o estabelecimento da hematopoiese e tornando a
medula ativa sob o ponto de vista hematopoético. Nesse momento está estabelecida uma
continuidade física e biológica entre o osso e a medula óssea mediada pelo estroma (BIANCO et
al., 2000).
As células do estroma medular interagem por meio de moléculas de superfície e citocinas
com a célula tronco hematopoética e a sua progênie induzindo a modulação da quiescência, auto-
renovação e comprometimento das HSCs; e da proliferação, maturação e apoptose das células
hematopoéticas maduras. Esta população estromal é considerada o componente não-hematopoético
da medula capaz de modular e sustentar a hematopoiese (DENNIS et al., 2002).
O estroma da medula óssea é composto por uma população celular heterogênea. Deste
fazem parte na sua maioria as células reticulares ou estromais que formam uma rede tridimensional
que garante o suporte hematopoético, e células ósseas e seus progenitores osteogênicos que mantém
a dinâmica óssea da cavidade medular através de seu constante remodelamento. Entretanto, outras
populações também estão presentes, como os adipócitos, em maior número principalmente nas
regiões da medula óssea amarela; as células endoteliais e pericitos presentes nos sinusóises e
capilares que compõem a rede vascular da medula; células maduras da linhagem hematopoiética e
um pequeno número de progenitores multipotentes (DEANS et al., 2000; SHORT et al., 2003).
9
A função biológica de suporte hematopoético e a organização tridimensional do ambiente
medular são dependentes da MEC e de moléculas regulatórias apropriadas que promovem as
interações célula-célula e célula-MEC (SHORT et al., 2003). O estroma expressa um grande
número de receptores importantes e constituintes da MEC que permitem a adesão das células
hematopoéticas. O suporte da hematopoiese in vitro envolve moléculas produzidas pelo estroma,
como os fatores de crescimento G-CSF, GM-CSF, M-CSF, c-Kit, IL-6, IL-7, IL-8, IL-11, IL-12, IL-
14, IL-15, SCF, FLK-2 e FIF. Moléculas de adesão como ALCAM, ICAM-1, 2 e 3, L-selectina,
ICAM, VCAM e HCAM, além de moléculas que compõe a matriz extracelular como colágeno tipo
I e IV, fibronectina, laminina, integrina β4 e vitronectina β (PROCKOP, 1997; DEANS et al.,
2000).
As células estromais podem ser isoladas da medula pós-natal devido a sua capacidade de
aderir em cultura (FRIEDENSTEIN et al., 1968). A maioria das células aderentes é do tipo
fibroblastóide que tendem a se agrupar em mini-colônias contendo de 2 a 5 células, formando as
“Unidades Formadoras de Colônias Fibroblásticas” ou CFU-fs. Essas células apresentam potencial
clonogênico e não são fagocíticas. Em geral, essas colônias permanecem dormentes por 2 a 4 dias e
depois começam a proliferar rapidamente. A proliferação das CFU-fs pode ser estimulada por
fatores de crescimento e citocinas como PDGF, EGF, TGFβ, IL-1, FGF, entre outros, tornando
possível a expansão in vitro dessas colônias por aproximadamente 25 passagens (PROCKOP, 1997;
BIANCO et al., 2001a).
1.3.3. Célula-Tronco Mesenquimal
As células-tronco são células capazes de proliferar indefinidamente, se auto-renovando e
gerando pelo menos um tipo celular totalmente diferenciado (HERZOG et al., 2003). Dentro desse
contexto, existem diversos subtipos de células-tronco no organismo, que são capazes de gerar
progenitores com potencial de diferenciação cada vez mais restrito. Algumas células-tronco
apresentam caráter multipotencial maior do que outras. O zigoto e as células-tronco embrionárias
10
detêm uma capacidade pluripotente mais abrangente em relação às células-tronco hematopoéticas e
as células-tronco mesenquimais, que são células-tronco pós-natais (CAPLAN & BRUDER., 2001;
HERZOG et al., 2003).
FRIEDENSTEIN e PETRAKOVA (1966) foram os primeiros pesquisadores a relatarem a
existência de um sistema de células-tronco mesenquimais não-hematopoiéticas na medula óssea. As
células-tronco mesenquimais são de origem mesodérmica que retém a capacidade de gerar diversas
linhagens de células pertencentes a outros tipos do tecido conjuntivo em indivíduos adultos. Dentre
elas estão fibroblastos, osteoblastos, adipócitos, condrócitos, células estromais, células musculares
lisas, dentre outras (DENNIS et al., 2002; JIANG et al., 2002). Esse caráter multipotente é
encontrado em cerca de 1/3 das células que aderem inicialmente em cultura formando colônias
(DEANS et al., 2000). A demonstração da capacidade das CFU-Fs de se diferenciarem em diversos
fenótipos apoiou experimentalmente à hipótese da existência de uma pequena população de células-
tronco mesenquimais, dentro da população estromal, capaz de alimentar as múltiplas linhagens que
compões o sistema estromal (BIANCO et al., 1999).
Originalmente, esse sistema tronco foi idealizado por analogia com o sistema tronco
hematopoético. Entretanto, o sistema tronco estromal apresenta diferenças marcantes na sua lógica
organizacional em relação a sua hierarquia e fisiologia. Por constituírem uma população celular
com sobrevida finita, essas células não devem ser consideradas células-tronco, mas sim
progenitores mesenquimais (BIANCO et al., 1999).
A capacidade multipotencial do estroma pode ser comprovada in vitro através de ensaios
clonais, onde as linhagens derivadas das CFU-Fs podem gerar um amplo espectro de linhagens
conjuntivas totalmente diferenciadas, mediante a utilização em sistemas in vitro de indutores
específicos para cada linhagem (BIANCO et al., 2000). A dexametazona, o β-glicerolfosfato e o
ácido ascórbico são indutores da linhagem osteogênica, por outro lado, a dexametazona, o
isobutilmetilxantina e a indometacina são indutores da linhagem adipocítica, e o TGF-β é indutor da
11
linhagem condrocítica (MALAVAL et al., 1994; JOHNSTONE et al., 1998; COELHO et al., 2000
a e b; DENNIS et al., 2002).
As BMSCs podem ser expandidas por até 40 gerações sem perder sua multipotencialidade,
inclusive após criopreservação. Entretanto, com o passar do tempo, as taxas de crescimento
decrescem devido ao seu tempo de vida finito em cultura (PROCKOP 1997; DEANS et al., 2000).
As BMSCs obtidas a partir da expansão das CFU-Fs são populações bastante heterogêneas.
Até agora ainda não foram identificadas características fenotípicas (morfológicas ou moleculares)
que permitam o isolamento de uma CFU-f com potencial amplo ou restrito (BIANCO et al., 2000).
A ausência de marcadores capazes de identificar os progenitores estromais que apresentam maior
capacidade proliferativa e maior espectro de diferenciação, isto é, a célula mais próxima da célula-
tronco mesenquimal e a pequena quantidade desses progenitores in vivo dificultam o conhecimento
acerca da sua localização precisa na medula (SHORT et al., 2003).
Essas dificuldades em estabelecer um marcador que possa permitir o isolamento dos
progenitores mesenquimais da medula óssea de forma mais precisa e específica, dificultando o
estudo dessas células e de suas aplicações potenciais. Por isso, na última década os esforços foram
direcionados para o isolamento de populações clonais cada vez mais homogêneas. Inicialmente
foram desenvolvidos protocolos para o isolamento de populações descendentes de uma única célula,
que expressassem pequenas quantidades de marcadores ósseos como a fosfatase alcalina, para
garantir que os progenitores isolados estivessem em um estágio ainda precoce de comprometimento
(GRONTHOS et al., 1999). Posteriormente, esses estudos levaram à identificação de alguns
marcadores que, ainda, não são capazes de identificar seguramente a célula-tronco mesenquimal
(PROCKOP 1997; BIANCO et al., 2000; CAPLAN et al., 2001).
12
1.3.4. Origem dos Progenitores Mesenquimais
O surgimento do estroma a partir da invasão vascular durante a formação da cavidade
medular levou à hipótese de que os progenitores mesenquimais estariam associados à rede capilar
como células perivasculares (BIANCO et al., 2000).
Na medula óssea adulta, a rede vascular é composta de uma camada de células endoteliais e
uma camada sub-endotelial de pericitos. Na porção venosa, essas células sub-endoteliais são células
denominadas reticulares adventíciais, que apresentam prolongamentos para nichos hematopoéticos
e expressam marcadores osteogênicos como a enzima fosfatase alcalina (BANFI et al., 2002).
Também foi descrito que fatores como o fator de crescimento epidérmico (EGF) e o fator de
crescimento derivado de plaquetas β (PDGFβ), conhecidos por estimularem a proliferação das
BMSCs vindas da expansão das CFU-fs e dos pericitos durante a angiogênese, são fundamentais
para a progressão da formação óssea e da cavidade medular. Portanto, as semelhanças demonstradas
com relação à localização perivascular, à resposta a fatores de crescimento e à expressão de
marcadores osteogênicos suportaram experimentalmente a idéia de que as células perivasculares
(pericitos), células reticulares adventiciais e progenitores mesenquimais multipotentes presentes no
estroma, sejam a mesma célula. Sua origem nos tecidos pós-natais está, de fato, vinculada à
formação vascular (BIANCO et al., 1999; DEANS et al., 2000; BIANCO et al., 2001a; SHORT et
al., 2003).
Estudos direcionados à determinação de marcadores específicos para o isolamento dos
progenitores mesenquimais multipotentes levaram à descoberta da origem e localização dessas
células no organismo (PROCKOP, 1997).
O anticorpo monoclonal STRO1 reage com um antígeno de superfície ainda não
identificado, expresso por uma pequena sub-população de células estromais com capacidade
multipotencial bastante abrangente. Ele tem sido utilizado para a obtenção da população de
progenitores mesenquimais multipotentes na população estromal, separando-as da população de
células hematopoéticas (SIMMONS et al., 1991), garantindo o isolamento de uma população
13
purificada de células estromais (GRONTHOS et al., 1994). Esse anticorpo apresenta reatividade in
vivo na região perivascular, co-localizando com marcadores moleculares característicos do
endotélio. Essa co-localização demonstrou que as células adventiciais (pericito) também expressam
o antígeno reconhecido pelo STRO1, sendo, portanto, mais uma evidência de que as células
progenitoras estromais multipotentes são os pericitos, e que seu nicho na medula é a região
perivascular (BIANCO et al., 2001).
Entretanto, algumas CFU-fs isoladas a partir de células positivas para STRO1 apresentam
reatividade para a isoforma α da actina de músculo liso (αSMA) (PELED et al., 1991), e expressam
genes máster para as linhagens ósseas, condrocítica e adipocítica, demonstrando que essas colônias
já apresentam certo grau de comprometimento e que estão hierarquicamente abaixo de um
progenitor mesenquimal ainda não comprometido (GRONTHOS et al., 2003).
1.3.5. Plasticidade
A plasticidade é o fenômeno atribuído à capacidade que uma célula comprometida com um
determinado fenótipo tem para cruzar barreiras de linhagem, e adotar o padrão de expressão
molecular e fenotípico funcional de outras linhagens (HERZOG et al., 2003).
O comprometimento e a diferenciação são usualmente vistos como irreversíveis e
unidirecionais, levando a fenótipos maduros no final de uma via de diferenciação. Esse conceito se
baseia na organização de um sistema de linhagens múltiplas, descendendo de uma única célula-
tronco, como o que ocorre no sistema hematopoético (HIITMAN et al., 2003). Entretanto, células
totalmente diferenciadas presentes no estroma podem adotar fenótipos alternativos de outras células
do sistema estromal in vitro e in vivo. Essa característica das células estromais reflete a plasticidade
do sistema estromal, fazendo com que o comprometimento e a diferenciação dos precursores
possam ser reversíveis, mesmo em células totalmente diferenciadas (BIANCO et al., 2001a).
Dessa forma, tanto os progenitores mesenquimais presentes no estroma, como as células
estromais (BMSCs), se encontram hierarquicamente abaixo de uma célula tronco não diferenciada,
14
e podem ser simultaneamente diferenciáveis e multipotentes. As células reticulares são exemplos do
fenômeno de plasticidade, porque são capazes de acumular gordura e de se transformarem em
adipócitos, como também de expressar o fenótipo osteogênico se transformando em osteoblastos
(BERESFORD et al., 1992; PROCKOP, 1997; BIANCO et al., 2000; 2001a). Essas modificações
são possíveis nas células dos tecidos conectivos provavelmente para garantir suas funções durante o
desenvolvimento e durante o crescimento pós-natal. De certa forma, constituem adaptações do
organismo para manter a dinâmica e funcionalidade do órgão ou tecido em questão (BIANCO et al.,
2000).
Diferentes modelos foram propostos para explicar o potencial e plasticidade do sistema
estromal, de acordo com diferentes concepções. O modelo hierárquico, análogo ao sistema
hematopoético, foi desenvolvido baseado no potencial de diferenciação dos progenitores observado
in vitro, ou seja, sua capacidade multipotente. Entretanto, devido às muitas diferenças demonstradas
entre o sistema estromal e o hematopoético, principalmente àquelas referentes à reversibilidade
fenotípica, um outro modelo foi proposto baseado na plasticidade observada nas células das
linhagens mesenquimais (DENNIS et al., 2002).
Esse modelo é definido pela repressão e indução de genes máster associados ao
comprometimento com diversas linhagens celulares. Ele parte da idéia de que os progenitores
mesenquimais podem ser caracterizados por um padrão de expressão molecular pertencente ao
potencial de diferenciação mesenquimal. Esse padrão de expressão molecular é definido durante o
desenvolvimento, gerando uma coleção de progenitores com diferentes padrões possíveis de
ativação de genes. Esses eventos não seguem uma via definida para uma linhagem, e mesmo que o
grupo de genes que levem à diferenciação de uma linhagem específica seja ativado, não implica na
perda do potencial dessa célula em se diferenciar e gerar outros fenótipos. Com isso, muitos
caminhos são possíveis para levar um progenitor a um comprometimento específico. Além disso,
após o comprometimento inicial, modificações no padrão de expressão molecular dessas células
podem ser induzidas por fatores externos locais como citocinas, hormônios e moléculas de adesão.
15
Esses fatores podem regular a troca de linhagens entre células já diferenciadas. Logo, para a
indução de um progenitor mesenquimal é necessário um conjunto de fatores que envolvem
majoritariamente a indução e repressão de genes máster, assim como os estímulos externos
encontrados no ambiente aonde a célula vai se localizar (DENNIS et al., 2002).
1.3.6. Comprometimento Osteogênico
A idéia do comprometimento osteogênico do estroma medular é baseada na explicação de
sua origem, que leva em consideração o seu estabelecimento dentro da cavidade medular a partir da
proliferação de progenitores provenientes do periósteo. Esse conceito é reforçado pela expressão do
fator de transcrição Cbfa1 nas células que compõe o estroma medular (BIANCO et al., 2000).
O Cbfa1 (core binding factor 1) é o fator de transcrição principal que controla a osteogênese
tanto na formação óssea endocondral como intramembranosa. Ele age promovendo a diferenciação
de células mesenquimais em osteoblastos, e sua conseqüente maturação, assim como promove a
maturação dos condrócitos hipertróficos (KOMORI, 2000; CROMBRUGGHE et al., 2001).
Existem evidências de que as células mesenquimais presentes no tecido ósseo se originem
de um precursor comum mesenquimal e que durante o desenvolvimento embrionário esses
progenitores assumam fenótipos diferenciados. Esse processo ocorre através do comprometimento
desses progenitores mediado pela expressão de genes máster que direcionam a diferenciação para as
linhagens específicas (DUCY et al., 1997; KOMORI et al., 1997). O gene Cbfa1 passou a ser
considerado um gene máster ao ser estabelecido que, em animais knock-out homozigotos para esse
gene, não apresentavam ossificação endocondral nem intramembranosa (DUCY et al., 1997;
KOMORI et al., 1997). Além disso, a indução da expressão do gene Cbfa1 em células não
osteogênicas foi suficiente para induzir a osteogênese nessas células (DENNIS et al., 2002).
Como o fator de transcrição Cbfa1 é um gene máster para a linhagem óssea, expresso pelas
células do estroma, foi sugerido que as células do estroma (BMSCs) retinham a expressão desse
gene, possivelmente como um legado de sua origem osteogênica. Por este motivo, estas células
16
apresentam um default osteogênico podendo, portanto, ser consideradas progenitores osteogênicos
pós-natais (BIANCO et al., 2000).
1.4. Reparo ósseo
O reparo ósseo, como o observado nas fraturas, ocorre em três fases seqüenciais,
relacionadas entre si: inflamação, reparo e remodelação, que culminam com a restituição da
estrutura original do osso. Muitos fatores de crescimento e proteínas estão envolvidos neste
processo. Dentre eles, o TGF−β desempenha papel importante no metabolismo do osso, regulando a
diferenciação e a proliferação das células mesenquimais em condroblastos, osteoblastos e
osteoclastos (ALSBERG et al., 2002).
Além dos fatores de crescimento e da ação local das citocinas, o reparo ósseo depende ainda
da capacidade de diferenciação e do funcionamento dos elementos celulares. A capacidade
funcional das células, avaliada pela sua capacidade de depositar MEC, e o padrão de organização da
matriz depositada vão interferir diretamente na qualidade e na velocidade do reparo ósseo. A
utilização de matrizes de origem sintética ou biológica capazes de organizar a deposição e a
remodelação da matriz nos sítios de reparo ósseo, constitui um dos fundamentos da bioengenharia
tecidual. No contexto ortopédico, a bioengenharia tecidual contribui para o reparo de defeitos
ósseos, ao procurar mimetizar o processo biológico. Este objetivo pode ser atingido suprindo a lesão
com uma fonte extra de células, de fatores indutores do crescimento e de diferenciação e de
matrizes biocompatíveis que servirão de suporte para a migração e proliferação celular (ALSBERG
et al., 2002; SHIN et al., 2003).
1.4.1. Bioengenharia tecidual
A bioengenharia tecidual é caracterizada pelo desenvolvimento de tecidos funcionais através
da utilização de células com capacidade orgão-específicas, associadas in vitro a suportes e fatores
17
indutores de crescimento (REDDI, 1994; HARDOUIN et al., 2000; ROSE e OREFFO, 2002). Com
o avanço nas descobertas do uso das células progenitoras como componente biológico capaz de
gerar e guiar o desenvolvimento de estruturas teciduais viáveis é cada vez maior a diversidade de
tecidos que podem ser desenvolvidos através da bioengenharia. Dentre esses tecidos estão os
epiteliais, os esqueléticos, cartilaginosos, ósseos (ALSBERG et al., 2002; BIANCO et al., 2001b;
SHIN et al., 2003).
As aplicações clínicas das células-tronco e progenitores multipotentes de linhagens
específicas, iniciou com experimentos utilizando os progenitores hematopoiéticos isolados da
medula óssea transplantados para animais totalmente irradiados, sem a capacidade de regenerar o
tecido hematopoético. Esses experimentos foram muito bem sucedidos levando a mais estudos, que
identificaram e permitiram o isolamento das HSCs adultas. Essas descobertas tornaram a
hematopoiese um modelo para o transplante de progenitores celulares (WEISSMAN, 2000).
As descobertas posteriores de outros progenitores adultos teciduais ou progenitores mais
amplos como os progenitores mesenquimais encontrados na medula, trouxeram grandes
perspectivas quanto às suas possíveis aplicações clínicas. Inicialmente, as pesquisas foram
direcionadas para terapias celulares que envolvem reparos em áreas danificadas. Entretanto, o
desenvolvimento dessas terapias está levando aos primeiros passos para o desenvolvimento da
bioengenharia tecidual voltada para a reconstrução de tecidos e futuramente órgãos, seja in vitro ou
in vivo (BIANCO et al., 2000; BANFI et al., 2000). Essas células também têm sido alvo de estudos
de grupos associados a terapias genéticas, onde elas são cogitadas como potenciais vetores.
1.4.2. Bioengenharia óssea
A reconstrução de tecidos esqueléticos seja in vitro ou in vivo requer um arcabouço
tridimensional capaz de mimetizar a estrutura tecidual existente na matriz do tecido que se pretende
recuperar (RIMINUCCI et al., 2003). No caso de reconstruções ósseas, a hidroxiapatita sintética
por ser o mineral que mimetiza a composição natural óssea, é amplamente utilizada como
18
alternativa para tratamento de defeitos ósseos (MARCACCI et al., 1999). Entretanto, quando
recoberta com células mesenquimais autólogas, adquire uma grande vantagem, uma vez que essas
células apresentam potencial para se diferenciarem nos diversos fenótipos da linhagem esquelética.
Além disso, essas células promovem um ambiente apropriado para a formação de uma rede vascular
(neoangiogênese) essencial para o desenvolvimento e crescimento de um tecido (BIANCO et al.,
2001b).
De forma simplificada, a idéia de reconstrução óssea seria feita a partir da obtenção das
células mesenquimais isoladas da medula óssea expandidas em cultura e utilizadas para a
celularização in vitro de um arcabouço ou suporte de hidroxiapatita sintética ou de fragmento ósseo
natural desvitalizado, finalizando pela implantação dessas construções no local a ser reparado
(BIANCO et al., 2001b).
Os pontos críticos na definição de protocolos em bioengenharia tecidual com utilização de
células autólogas são a fonte e o grau de diferenciação destas células. Na maioria dos casos, células
terminalmente diferenciadas, obtidas de tecidos adultos possuem capacidade muito limitada de
proliferação, o que impõe sérias limitações para sua expansão em cultura e seu uso em
bioengenharia. A limitação da quantidade de células pode ser contornada cultivando-se populações
indiferenciadas que, por definição, têm uma alta capacidade proliferativa. A diferenciação destas
células pode ser obtida in vitro pela mudança das condições de cultura após expansão ou in vivo,
como uma ocorrência natural no “novo” ambiente fisiológico no local de implantação
(CANCEDDA, 2003).
Um segundo ponto a ser definido na bioengenharia tecidual é o tipo de matriz ou scaffold
que será utilizado como suporte transitório do reparo. Diversas matrizes foram desenvolvidas e
testadas para carrear células e/ou fatores de crescimento para o reparo tecidual. A matriz, além de
carrear as células para o local da lesão, também funciona como um molde estrutural que preenche o
local lesado. A matriz ideal deve ser não-imunogênica (inerte), atóxica, biocompatível,
biodegradável e de fácil obtenção (HUTMACHER, 2000).
19
A matriz deve também mimetizar a MEC do ambiente onde o reparo ósseo é desejado, não
funcionando apenas como um suporte mecânico, mas também uma fonte de “informação” para as
células ali presentes. O material deve integrar-se facilmente ao osso adjacente, favorecer a neo-
formação óssea, possuir arquitetura que permita rápida vascularização após implantado e, por fim, a
matriz deve ser reabsorvida em fina sintonia com a neo-formação óssea (SHIN et al., 2003).
1.5. Enxertos ósseos: biológicos e sintéticos
1.5.1. Biológicos
Existem evidências da utilização de substitutos ósseos e dentários desde a pré-história. A
prática de cremar os cadáveres, comum em muitas das antigas sociedades, limita muito a
identificação dos materiais utilizados nesta época. Achados arqueológicos dos séculos V e IV A.C.
até os séculos I e II D.C. mostram que os materiais usados para substituir dentes ausentes, incluíam
os dentes bovinos, os escudos, os corais, o marfim (presa do elefante), a madeira, os dentes
humanos, e os metais como ouro ou a prata (RING, 1985).
Segundo MUSCOLO (1998), os enxertos ósseos biológicos podem ser classificados em
vascularizados ou frescos (com células viáveis) ou não vascularizados ou preservados (sem células
viáveis). Em relação à origem do tecido, os enxertos podem ser autólogos (do mesmo indivíduo),
homólogos (de indivíduos da mesma espécie, mas geneticamente diferentes) ou xenólogos (de
espécies diferentes). Os enxertos ósseos podem ainda ser classificados, quanto ao tipo de tecido, em
esponjoso, cortical, estrutural ou não estrutural.
Os enxertos autólogos são retirados geralmente da crista ilíaca do próprio paciente. São
enxertos considerados biologicamente ideais, pois possuem uma matrix osteocondutora, proteínas
osteoindutoras e células osteogênicas que fazem com que a osteointegração seja rápida e eficaz. As
desvantagens da utilização deste tipo de enxerto são: a quantidade limitada de osso que pode ser
obtido da área doadora por vezes insuficiente para correção de grandes perdas ósseas, e o índice de
20
complicações decorrentes da sua extração, que pode variar de 8,6 % a 20,6 % (YOUNGER, 1989;
FINKEMEIER, 2002).
Os enxertos ósseos homólogos foram introduzidos no início do século passado por LEXER
(1925) para a reconstrução de falhas ósseas provenientes de ressecção de tumores, geralmente em
pacientes pouco ativos e com pequena expectativa de vida. Recentemente, a utilização de enxertos
homólogos se expandiu para o tratamento de perdas ósseas decorrentes de traumas extensos, de
anomalias congênitas e, mais freqüentemente, osteólise secundária ao afrouxamento asséptico de
componentes de artroplastias (MUSCOLO 1998).
1.5.2. Sintéticos
Recentemente, os materiais sintéticos de uso experimental e comercial para reparo e
substituição óssea incluem os metais e suas ligas, polímeros, matrizes de fosfato de cálcio
[Ca
x
(PO
4
)
y
], vidros bioativos e compósitos de diversos polímeros (MANO et al., 2004).
Estudo mostrou semelhança dos espectros de difração de raios-X da dentina e do osso,
indicando que a fase mineral ou inorgânica do osso e dentina são constituídas basicamente por HA -
Ca
10
(PO
4
)
6
(OH)
2
(POSNER, 1954). Os resultados de estudos que utilizaram a combinação de
análises químicas, ou estruturais por difração de raios-X, absorção de infravermelho, microscopia
eletrônica de transmissão concluíram que o componente mineral do osso consiste de somente uma
fase, descrita como carbonato de HA com a fórmula aproximada: (X
1
)
10
(PO
4
HPO
4
CO
3
)
6
(OH)
2
.
Nesta composição, a razão molar Ca/P dos ossos animais varia em torno de 1,67 (razão molar
estequiométrica para HA) em função da espécie, idade e do tipo de osso (LEGEROS, 2002).
As HAs coralinas disponíveis comercialmente são preparadas por conversão hidrotermal do
coral, que consiste predominantemente de CaCO
3
na forma de calcita em HA, na presença de
fosfato de amônio a 260°C e 15.000 psi de pressão (ROY, 1974).
1
X representando Ca, Mg, Na, Fl.
21
As apatitas derivadas de osso bovino comercialmente disponíveis são de 3 tipos: (1) com
matriz orgânica e não sinterizada; (2) sem matriz orgânica e não sinterizada; ou (3) sem matrix
orgânica e sinterizada. A matriz óssea não sinterizada consiste em pequenos cristais de carbonato
hidroxiapatita, enquanto a matriz sinterizada em temperaturas acima de 1000°C é composta por
cristais maiores de apatita sem CO
3
. (KIM, 2003)
Os biomateriais sintéticos de Ca
x
(PO
4
)
y
comercialmente disponíveis são classificados como
hidroxiapatita; apatita não sinterizada Ca
(10-x)
Na
x
(HPO
4
)
x
(PO
4
)
(6-x)
(OH)
2
; beta-tricálcio fosfato (β-
TCP), Ca
3
(PO
4
)
2
; e fosfato de cálcio bifásico, mistura de HA e β-TCP (KIM, 2003).
A bioengenharia ortopédica por ser uma nova área de investigação, constitui um campo
ainda pouco explorado. Vários aspectos relacionados com o tipo de matriz, se biológica ou sintética;
resposta biológica induzida; possível potencial osteoindutor, osteocondutor e de osteointegração e
características mecânicas, ainda precisam ser investigadas. Por outro lado, os protocolos de
obtenção, isolamento e expansão celulares também não estão plenamente definidos, devendo ser
investigados mais detalhadamente.
Neste estudo propomos um protocolo, no contexto da bioengenharia tecidual, que visa
potencializar e acelerar o reparo ósseo através da introdução de células mesenquimais autólogas em
enxertos ósseos homólogos em modelo de ovelha. A partir da análise dos resultados pretendemos
avaliar os benefícios da aplicação desta forma de tratamento na prática ortopédica.
2. OBJETIVO GERAL
Caracterizar a regeneração de lesão crítica segmentar artificial após a implantação de
enxerto heterólogo com células autólogas de medula óssea em modelo de ovelha.
22
2.1. Objetivos Específicos
- Isolar e proliferar in vitro células estromais de medula de ossos longos de ovelhas,
- Usar a lesão crítica segmentar em tíbia de ovelhas como modelo de estudo de regeneração
óssea utilizando-se enxerto homólogo como carreador de células osteoprogenitoras autólogas de
medula óssea ao longo de 126 dias.
- Caracterizar morfologicamente o processo de reparo ósseo ocorrido após enxertia de osso
homólogo celularizado com BMSCs utilizando a microscopia eletrônica de varredura.
- Utilizar a densitometria de tons de cinza (distribuição dos valores de pixels) de imagens
radiográficas obtidas das regiões de enxertia em períodos determinados como parâmetro para
acompanhamento da regeneração óssea.
- Verificar a relação dos elementos Cálcio e Fósforo em fragmentos ósseos isolados das
regiões de interface entre o enxerto e o osso do hospedeiro, e como parâmetro da regeneração óssea.
3. MATERIAIS & MÉTODOS
3.1. Descrição do Modelo Experimental
O modelo animal utilizado neste trabalho foi de ovinos provenientes da Fazenda da
Faculdade de Veterinária da USP, com aprovação do Comitê de Ética para Pesquisa Animal da
Universidade de São Paulo – USP. Primeiramente, duas ovelhas adultas foram sacrificadas e
fragmentos cilindricos da diáfise tibial foram obtidos e utilizados como fonte doadora para os
enxertos corticais. Fragmentos de osso esponjoso foram retirados das epífises da tíbia e fêmur e
foram utilizados como fonte doadora dos enxertos ósseos homólogos esponjosos. Após lavagem
com solução de NaCl 0,9% e remoção de residuos de sangue e outros tecidos, os enxertos corticais
foram perfurados com broca de aço inox de 3,2 mm de diâmetro ao longo de sua superfície com
intervalos de 5 mm. Este procedimento foi realizado com o objetivo de favorecer a difusão de
23
moléculas importantes envolvidas na regeneração óssea. Em seguida, os enxertos foram irradiados
com raios γ (25 kGray), transportados em gelo seco e mantidos congelados a -80°C, descongelados
em solução salina no momento do uso.
Para o desenho experimental, foram utilizadas 4 ovelhas adultas de 2 anos de idade que
foram submetidos em centro cirúrgico a uma ressecção unilateral de 30 mm de comprimento na
região da diáfise da tíbia esquerda, gerando um defeito ósseo segmentar. No local do defeito
artificial, foi inserido um enxerto cilíndrico de osso cortical preenchido com osso esponjoso, ambos
homólogos, adicionados com células autólogas isoladas do estroma da medula óssea.
3.2. Isolamento e expansão de BMSCs
Três a quatro semanas antes da enxertia, foram obtidos aspirados da crista ilíaca dos animais
em estudo. As ovelhas foram anestesiadas e 5 mL de medula óssea foi aspirado com uma agulha
Jamshidi (15 gauge) em seringa de 10 mL previamente tratada com heparina (1000 UI/mL). Foram
obtidos 30 mL de aspirado, que foram imediatamente transportados a 4°C até o Laboratório de
Proliferação e Diferenciação Celular (UFRJ) para procedimento de isolamento e expansão de
BMSCs.
Os aspirados de medula foram lavados (2 vezes) em meio de cultura “Dulbecco Modified
Eagle Medium” (DMEM), filtrados em peneira tipo “cell strainer” de 40/150 µm de poro para
remoção de fragmentos ósseos, e as células obtidas foram quantificadas por contagem em câmara
de Neubauer com solução hemolítica de Turkey. Em seguida, as células foram centrifugadas e
ressuspensas em DMEM suplementado com 10 % de soro fetal bovino (SFB), e adicionado de
penicilina (100 IU/mL) e estreptomicina (100 µg/mL). As células foram plaqueadas na densidade de
1 x 10
7
células em garrafas de cultura de 150 cm
2
, e finalmente incubadas a 37°C em atmosfera
úmida contendo 95 % de ar e 5 % CO
2
. A primeira troca de meio foi realizada após 24 h e depois,
por duas trocas por semana. As culturas foram monitoradas nos períodos de 7, 14 e 21 dias através
de imagens digitais (1024 X 1024 pixels de resolução) adquiridas em microscópio óptico com
24
iluminação por contraste de fase (Zeiss Axioplan). Ao atingirem a confluência, as culturas foram
tratadas com tripsina (0,05 %) e EDTA (0,01 %) e replaqueadas em garrafas de 150 cm² num total
de 6x10
7
células. As BMSCs foram expandidas por no máximo 2 passagens, com períodos de 21
dias, ressuspensas em 3 mL de DMEM suplementado com 20 % SFB, penicilina (100 IU/mL) e
estreptomicina (100 µg/mL) e transferidas para criotubos, que foram transportados a 4°C para o
centro cirúrgico da Faculdade de Veterinárias da USP. Na sala de cirurgia, antes do uso, a
suspensão foi homogeneizada suavemente, aspirada para uma seringa de 1 mL e injetada através
das perfurações feitas na cortical do enxerto.
3.3. Procedimento cirúrgico
O membro esquerdo traseiro foi lavado, e a área da incisão assepticamente preparada para a
cirurgia. Sob anestesia geral, 6 pinos metálicos foram inseridos paralelamente da posição lateral
para a medial, 3 pinos na porção proximal e 3 na porção distal da tíbia. Foi realizada uma incisão
medial no meio da diáfise tibial, e um cilindro de osso com 30 mm de comprimento, entre os pinos
proximais e distais, foi removido criando um defeito ósseo onde o enxerto cilíndrico de osso
cortical preenchido com osso esponjoso foi inserido e celularizado com 1,4 x 10
7
– 1 x 10
8
BMSCs
autólogas expandidas in vitro.
O periósteo adjacente foi então cuidadosamente fechado antes da sutura da pele. A
estabilidade mecânica foi obtida com o uso de fixadores externos posicionados de acordo com as
técnicas de rotina em osteossíntese. Os curativos foram refeitos diariamente e nenhuma restrição de
carga foi imposta aos animais. Foram administrados antibióticos por 7 dias e cetoprofeno (500
mg/dia) por dois dias. Após uma semana em curral individualizado, as ovelhas foram reintegradas
as suas atividades normais e monitoradas duas vezes ao dia.
Os animais foram sacrificados respectivamente após 6, 10, 14 e 18 semanas de pós-
operatório, por injeção intravenosa letal de KCl sob anestesia com fenobarbitúrico. A resposta
25
regenerativa foi avaliada por imagens radiográficas , microscopia eletrônica de varredura e por
microanálise de raios-X nas 6ª, 10ª 14ª e 18ª semanas após cirurgia.
3.4. Acompanhamento Radiológico da Consolidação Óssea
O processo de regeneração da lesão crítica criada através de osteotomia em tíbias foi
estudado por meio de filmes radiográficos realizados durante o período experimental até o dia do
sacrifício das ovelhas. Esta análise foi realizada nas duas ovelhas sacrificadas com os maiores
tempos (14 e 18 semanas respectivamente) para que fosse possível acompanhar o processo de
consolidação, por um período mais longo (Tabela1). Foram feitas imagens radiográficas da região
que recebeu o enxerto, sendo que as condições de aquisição do aparelho foram às mesmas para
todos os períodos escolhidos.
Tabela 1: Acompanhamento radiológico do processo de
reparo dos defeitos ósseos.
Acompanhamento Radiológico
ANIMAL
SEMANAS
(aproximadas)
DIAS
Ovelha 1
0 0
Ovelha 1
4 27
Ovelha 1
8 55
Ovelha 1
14 98
Ovelha 2
0 0
Ovelha 2
4 34
Ovelha 2
9 63
Ovelha 2
15 108
Ovelha 2
18 126
As radiografias obtidas das duas ovelhas foram digitalizadas na resolução de 512 x 512
pixels e transformadas em tons de cinza para estudo da distribuição de valores de pixels por método
densitométrico. A região de interesse, contendo o defeito ósseo com o enxerto, foi recortada da
26
imagem total. Este método tem como objetivo acompanhar as modificações na distribuição dos
valores de pixels da região da cortical do osso do hospedeiro e o enxerto. Utilizou-se o programa
Image Java (NIH) para estudo da densitometria, onde foram traçadas linhas no sentido da região
correspondente ao osso cortical hospedeiro para o enxerto. O resultado está expresso através de um
gráfico em linha que mostra os valores de pixels (gray values) no eixo das coordenadas e o valor em
pixels ou centímetros da região analisada no eixo das abscissas, indicada por setas nas figuras.
Através do gráfico em linha é possível determinar as variações de densidade óssea no sentido da
análise.
3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
Após o sacrifício das ovelhas nos períodos acima citados, o sitio de enxertia foi
cirurgicamente retirado. As amostras foram cuidadosamente retiradas das regiões de interesse
(enxerto cortical, enxerto esponjoso e interface do enxerto com osso hospedeiro) lavadas com soro
fisiológico e imediatamente imersas em solução de 2,5 % glutaraldeído em tampão cacodilato de
sódio 0,1 M (pH 7,2) por 2 horas, foram, então, lavadas 2 vezes com tampão cacodilato de sódio
0,1M (pH 7,2) por 10 minutos, desidratadas em banhos seriados de etanol e secas em aparelho de
ponto crítico. Os fragmentos foram afixados em suportes de alumínio, com fita condutora de
carbono, e metalizados com uma fina camada de ouro, e observados no Microscópio Eletrônico de
Varredura Jeol 5310, operado a 15 kV. As imagens digitalizadas foram obtidas com a resolução de
1024 x 768 pixels, usando o modo de varredura lenta e distância de trabalho de 10 mm.
3.6. Acompanhamento do Reparo por Análise Semi-quantitativa da Razão Ca/P
Após sacrifício das ovelhas, fragmentos ósseos foram obtidos das áreas da interface e da
cortical do enxerto, foram lavados com soro fisiológico estéril, secos em estufa a 60° por 2 dias, e
posteriormente macerados com auxílio de grau e pistilo. Este material foi depositado sobre fita
condutora de carbono aderida sobre suportes de alumínio utilizados para MEV.
27
A partir do pó obtido, foi realizada a determinação semiquantitativa da razão Ca/P por
Espectroscopia por Energia Dispersiva (EDS), analisando as partículas com cerca ou menores que
10 µm das diferentes regiões de interesse (n=5). Para tal, foi utilizado microscópio eletrônico de
varredura Jeol JSM 6460 equipado com sistema analítico Noran, com aquisição dos fótons de raios-
x por 100 segundos para integrar o espectro, na faixa de energia de 0 – 10 keV, a 30 kV. A relação
atômica entre os átomos de interesse (Ca e P) foi obtida com os resultados das concentrações
atômicas gerados pelo software.
4. RESULTADOS
4.1. Isolamento e expansão de BMSCs
Após aspiração da medula óssea das ovelhas, as células mesenquimais foram purificadas
como descritas na metodologia e cultivadas por 7, 14 e 21 dias, sob condições controladas de
umidade e temperatura. Pode-se observar que após 7 dias em cultura, as células possuíam aspecto
fibroblastóide típico de culturas de células mesenquimais e que não recobriram totalmente a
superfície das garrafas (fig. 1A). Em 14 dias, as células mantiveram seu aspecto morfológico
característico, mas não atingiram a confluência (fig. 1B), fato que ocorreu no período de 21 dias
(fig. 1C).
28
Figuras 1: Imagens de microscopia de tons de cinza de contraste de fase de cultura de células
mesenquimais de medula óssea.
A: Cultura de 7 dias - células espraiadas com fenótipo fibroblastóide característico. B: Cultura de 13
dias - as células mantiveram as características da semana anterior, porém em maior densidade. C:
Aos 21 dias as culturas atingiam a semi-confluência. Barra = 20 µm.
4.2. Acompanhamento Radiológico da Consolidação Óssea
Nas duas ovelhas analisadas no pós-operatório (dia 0), a cortical do enxerto apresentou
densidade de tons de cinza (valores de cinza ou de pixel) similar a cortical do osso hospedeiro,
sendo que a região da fenda (gap) foi evidenciada pela diminuição acentuada dos valores de cinza
(figs. 2 e 6). Na ovelha 1, observa-se no detalhe da radiografia geral um desalinhamento do enxerto
A B
C
29
com o osso hospedeiro na região de osteotomia distal (fig. 2A,); na ovelha 2 nota-se um bom
alinhamento em ambas osteotomias (fig.6).
Aproximadamente 04 semanas após a cirurgia, os perfis densitométricos do enxerto
homólogo e do osso hospedeiro se apresentam similares na ovelha 1 (fig. 3), porém, na ovelha 2
observa-se uma redução da densidade do enxerto homólogo em relação ao osso hospedeiro (fig. 7).
Em ambas as ovelhas, o espaço representado pelas gaps nas interfaces do enxerto com o osso
hospedeiro tem larguras diferentes (figs. 3 e 7). Na ovelha 1, observou-se que no 27º dia houve o
início da formação do calo ósseo na região proximal da tíbia em relação ao enxerto (fig. 3).
Ao fim de 08 semanas na ovelha 1, as densidades do osso hospedeiro e do enxerto
homólogo permaneceram similares, sendo as regiões da gap e a presença do calo ósseo facilmente
identificadas (fig.4).
Na 9ª semana de pós-operatório da ovelha 2, a densidade óssea do enxerto homólogo e do
osso hospedeiro se apresentaram similares na região 2 analisada, diferentemente das interfaces 1 e 3
onde o enxerto homólogo apresentou menor densidade que o osso hospedeiro (fig.8). As gaps ainda
estavam visíveis.
Após o término da 14ª semana de pós-operatório da ovelha 1, na região 2 analisada, a
densidade óssea do enxerto homólogo e do osso hospedeiro se apresentaram semelhantes, sendo que
a região de gap observada no gráfico densitométrico se apresentava diminuída em sua largura
quando comparada com o período anterior (fig. 5). Nesta interface distal chamada de região 2, a
presença de calo ósseo contribuiu para a consolidação da gap, tornando difícil a visualização no
gráfico densitométrico da cortical do enxerto e do osso hospedeiro. Diferentemente da interface
proximal chamada região 1, onde a região da gap é bem pronunciada, mas possuindo densidades
similares do enxerto e do osso hospedeiro (fig. 5). Neste período, as perfurações feitas do enxerto
estavam menos evidentes do que nos períodos anteriores.
Após 15 semanas de pós-operatório da ovelha 2, na região 1 analisada, observa-se que a
densidade do enxerto é menor em relação ao osso hospedeiro adjacente, e nesta interface a gap não
30
foi detectada visualmente nem pela diferença dos valores de pixels (fig. 9). Diferentemente da
região 2 analisada, onde a diferença de densidade entre enxerto e osso hospedeiro adjacente não são
tão marcantes, foi possível se detectar gap no gráfico densitométrico pela variação dos tons de
cinza, apesar da mesma não ser visualizada (fig. 9).
Ao fim de 18 semanas de pós-operatório na ovelha 2, a densidade da região de enxertia e o
osso hospedeiro estavam similares, não sendo observadas regiões descontínuas (gaps) nas interfaces
(fig. 10). Neste período, as perfurações feitas no enxerto não foram observadas, fato que não
aconteceu nos períodos anteriores. Ao fim deste período, não foi possível a identificação do local
exato de enxertia, devido a total consolidação das osteotomias. A tabela 2 apresenta um resumo dos
resultados obtidos.
Acompanhamento Radiológico
ANIMAL
SEMANAS GAP
2
Calo Ósseo Consolidação
3
Ovelha1
0 +/+ - -/-
Ovelha1
4 +/+ + -/-
Ovelha1
8 +/+ + -/-
Ovelha1
14 +/+ + -/+
Ovelha 2
0 +/+ - -/-
Ovelha 2
4 +/+ - -/-
Ovelha 2
9 +/+ + +/-
Ovelha 2
15 -/+ + +/-
Ovelha 2
18
-/- +
+/+
.Tabela 2: Resumo dos resultados do Acompanhamento Radiológico.
2
Osteotomias : Proximal/Distal
3
Osteotomias : Proximal/Distal
- = Não evidenciado(a)
+ = Evidenciado(a)
Obs: Coluna de Consolidação
+/- =Consolidação Parcial
+/+ =Consolidação Total
31
Figuras 2: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 0 mostrando a região do
enxerto e osso adjacente. Setas 1 e 2 indicam as regiões e direções das análises densitométricas
partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto, observa-se desalinhamento distal. B:
Gráfico densitométrico mostrando os valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela
distância em centímetros (Distance) da região mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico
referente a região indicada pela Seta 2. As Setas azuis indicam as regiões da gap, caracterizada pela
diminuição dos valores de cinza. As perfurações feitas no enxerto podem ser observadas (indicadas
na figura A por cabeças de seta verde).
1
A
2
B
0 1 2
Distance
(
cm
)
C
0 1 2
Distance
(
cm
)
32
Figuras 3: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 27 (04 semanas) mostrando a
região do enxerto e osso adjacente. Setas 1 e 2 indicam as regiões e direções das análises
densitométricas partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto. Observa-se o inicio da
formação do “calo ósseo”, indicado pela seta vermelha. B: Gráfico densitométrico mostrando os
valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela distância em centímetros (Distance) da região
mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico referente a região indicada pela Seta 2. As Setas
azuis indicam as regiões das gaps, caracterizada pela diminuição dos valores de cinza. As
perfurações feitas no enxerto podem ser observadas (indicadas na figura A por cabeças de seta
verde).
A
1
2
B
0 1 2
Distance
(
cm
)
C
0 1 2
Distance
(
cm
)
33
Figuras 4: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 55 (08 semanas) mostrando a
região do enxerto e osso adjacente. Setas 1, 2 e 3 indicam as regiões e direções das análises
densitométricas partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto, que apresentaram
densidades semelhantes. Seta vermelha indica região do calo ósseo. B: Gráfico densitométrico
mostrando os valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela distância em centímetros
(Distance) da região mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico referente a região indicada pela
Seta 2. D: Gráfico densitométrico referente a região indicada pela Seta 3. As setas azuis indicam as
regiões das gaps. As perfurações feitas no enxerto podem ser observadas (indicadas na figura A por
cabeças de seta verde).
3
2
1
A
C
B
0 1 2
Distance (cm)
0 1 2
Distance (cm)
D
0 1 2
Distance (cm)
34
Figuras 5: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 1 no dia 98 (14 semanas) mostrando a
região do enxerto e osso adjacente. Setas 1 e 2 indicam as regiões e direções das análises
densitométricas partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto, que apresentaram
densidades semelhantes. Setas vermelhas indicam os locais dos calos ósseos. B: Gráfico
densitométrico mostrando os valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela distância em
centímetros (Distance) da região mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico referente a região
indicada pela Seta 2. As perfurações feitas no enxerto se fecharam neste período.
B
2
A
1
0 1 2
Distance (cm)
C
0 1 2
Distance (cm)
B
35
Figuras 6: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 0 mostrando as regiões do
enxerto e osso adjacente. Setas 1 e 2 indicam as regiões e direções das análises densitométricas
partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto, observa-se bom alinhamento proximal e
distal. B: Gráfico densitométrico mostrando os valores de pixels na escala de cinza (Gray value)
pela distância em centímetros (Distance) da região mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico
referente a região indicada pela Seta 2. O enxerto e o osso adjacente apresentam densidades
similares nas regiões analisadas. As regiões das gaps estão bem pronunciadas, caracterizam-se pela
diminuição acentuada dos valores de cinza, estando indicadas nos gráficos pelas setas azuis. As
perfurações feitas no enxerto podem ser observadas (indicadas na figura A por cabeças de seta
verde).
2
C
C
0 1 2
Distance (cm)
1
A
B
0 1 2
Distance (cm)
36
Figuras 7: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 34 (04 semanas) mostrando
as regiões do enxerto e osso adjacente. Setas 1, 2 e 3 indicam as regiões e direções das análises
densitométricas partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto. B: Gráfico densitométrico
mostrando os valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela distância em centímetros
(Distance) da região mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico referente a região indicada pela
Seta 2. D: Gráfico densitométrico referente a região indicada pela Seta 3. Os gráficos mostram que
o enxerto apresenta densidade inferior ao osso hospedeiro adjacente. As regiões das gaps estão
indicadas nos gráficos pelas setas azuis. As perfurações feitas no enxerto ainda podem ser
observadas. (indicadas na figura A por cabeças de seta verde).
A
B
C
1
2
3
0 1 2
Distance (cm)
0 1 2
Distance (cm)
D
0 1 2
Distance (cm)
A
B
C
37
Figuras 8: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 63 (09 semanas) mostrando
as regiões do enxerto e osso adjacente. Setas 1, 2 e 3 indicam as regiões e direções das análises
densitométricas partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto. B: Gráfico densitométrico
mostrando os valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela distância em centímetros
(Distance) da região mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico referente a região indicada pela
Seta 2. D: Gráfico densitométrico referente a região indicada pela Seta 3. Os gráficos B e D
mostram que o enxerto apresenta densidade inferior ao osso hospedeiro adjacente, o que não se
repete em C, onde a densidade óssea é irregular. As regiões das gaps estão indicadas nos gráficos
pelas setas azuis. As perfurações feitas no enxerto podem ser observadas (indicadas na figura A por
cabeças de seta verde)
2
1
3
A
B
C
0 1 2
Distance (cm)
0 1 2
D
istance
(
cm
)
D
0 1 2
D
istance
(
cm
)
38
0
Figuras 9: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 108 mostrando (15 semanas)
as regiões do enxerto e osso adjacente. Setas 1 e 2 indicam as regiões e direções das análises
densitométricas partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto. B: Gráfico densitométrico
mostrando os valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela distância em centímetros
(Distance) da região mostrada na Seta 1, onde não foi possível a indicação de uma região provável
de gap. C: Gráfico densitométrico referente à região indicada pela Seta 2. Os gráficos B e C
mostram que o enxerto apresenta densidade inferior ao osso hospedeiro adjacente. A região da gap
está indicada no gráfico C pela seta azul, apesar de não ser visível na figura A.
1
2
A
B
C
0 1 2
Distance (cm)
0 1 2
Distance (cm)
39
Figuras 10: A: Imagem radiográfica da tíbia da ovelha 2 no dia 126 mostrando as regiões do
enxerto e osso adjacente. Setas 1, 2 e 3 indicam as regiões e direções das análises densitométricas
partindo do hospedeiro em direção a cortical do enxerto. B: Gráfico densitométrico mostrando os
valores de pixels na escala de cinza (Gray value) pela distância em centímetros (Distance) da região
mostrada na Seta 1. C: Gráfico densitométrico da região indicada pela Seta 2, onde não foi possível
a indicação de uma região provável de gap. D: Gráfico densitométrico da região mostrada na Seta 3,
onde não foi possível a indicação de uma região provável de gap. Os gráficos B, C e D mostram
que a densidade da região de enxertia e o osso hospedeiro, estavam similares e não foram
observadas regiões de gaps nas interfaces. Ao fim do período de experimento, não foi possível a
distinção do local exato de enxertia, tão pouco do constructo enxertado.
2
1
3
A
B
0 1 2
Distance (cm)
C
0 1 2
Distance (cm)
D
0 1 2
Distance (cm)
40
4.3. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A MEV foi utilizada para avaliação morfológica das modificações ocorridas no tecido ósseo
ao longo do período de reparo do defeito segmentar. O aspecto do osso hospedeiro normal foi
documentado nas regiões próximas ao defeito gerado na tíbia da ovelha sacrificada com 06
semanas. As figuras 11A e 11B mostram dois sistemas de Havers onde se observam a organização
das lamelas ósseas depositadas ao redor de um vaso sanguíneo. A figura 11C mostra canalículos se
dirigindo transversalmente para lamelas adjacentes. O tecido ósseo do osso hospedeiro se
caracterizou ainda pelo vasto sistema circulatório inserido no tecido calcificado (fig. 11D). Foram
observadas lacunas produzidas por osteócitos (fig. 11E), as quais possuíam várias perfurações onde
projeções citoplasmáticas se alongavam pelos canalículos em direção a outro osteócito ou na
direção de um vaso sanguíneo. Na figura 11F se observa um detalhe de uma lacuna sem o osteócito,
mostrando os canalículos produzidos pela célula.
Observações por MEV de fragmentos removidos da ovelha após 6 semanas de enxertia
mostraram que entre a região proximal do osso hospedeiro e o enxerto existia uma descontinuidade
do tecido entre os dois bordos (fig. 12A). A figura 12B mostra detalhe da interface onde se observa
superiormente a forma lamelar do osso hospedeiro e a estrutura desorganizada do enxerto. Na
região distal do osso do hospedeiro foi possível observar uma camada adjacente de tecido amorfo
pouco mineralizado e não lamelar na direção do enxerto, que foi removido (fig. 12C). A região
central do enxerto é formada por lamelas com numerosas lacunas produzidas pelos osteócitos (fig.
12D).
Após 10 semanas de enxertia, foi observada uma consolidação parcial entre o osso
hospedeiro lamelar mais compactado e o enxerto homólogo adjacente, evidenciado por tecido
amorfo com aspecto poroso (fig. 13A). A figura 13B mostra a região de interface, onde é possível
observar uma região de remodelação partindo do osso cortical do hospedeiro, e adjacente, um tecido
mais amorfo de aspecto mais elástico e menos compactado sendo formado na periferia. O tecido
neoformado adjacente ao osso do hospedeiro possuía camadas mais compactadas, com
41
possivelmente material já parcialmente calcificado, e também tecido mais amorfo em meio a
espaços vazios (fig. 13C). Neste tecido neoformado foi possível visualizar vasos sanguíneos
formados na região de deposição tecidual (fig. 13C). A figura 13D mostra outra região da interface
do osso hospedeiro e enxerto com osso neoformado de aspecto não compactado.
Observações morfológicas de fragmento removido após 14 semanas de enxertia mostraram
que existiam regiões completamente consolidadas (14A e B) e outras ainda em processo de
formação óssea (figs. 14C e D). A área de interface entre cortical do enxerto e cortical do osso
nativo já não era tão evidente como nos tempos anteriores, mas foi possível observar uma faixa de
consolidação entre ambas corticais com osso bem compactado (fig. 14B). Adjacente a cortical do
hospedeiro, era possível a observação de áreas onde estavam ocorrendo deposição de novas
camadas de tecido ósseo com fibrilas de colágeno mais espessas por estarem em processo de
calcificação (fig. 14C), sendo as fibras mais espessas unidas e organizadas por material fibrilar mais
fino (fig. 14D).
A MEV do fragmento removido após 18 semanas de enxertia, visualiza-se na figura 15A
região onde se localizava o enxerto, mas que com a consolidação óssea completa não foi possível
diferenciar os limites entre enxerto e osso nativo. O tecido ósseo possui aspecto compacto, mas não
de lamelas circunferenciais como no sistema haversiano mostrado na figuras 11A e 11B. Na região
do calo ósseo, foi observado deposição de tecido ósseo maduro, formado adjacente ao enxerto (fig.
15B). No maior aumento o tecido ósseo da região onde se localizava o enxerto mostrou ser
constituído por osso com aspecto esponjoso, com possível recomposição da medula óssea e da
vascularização (fig. 15C). A figura 15D mostra detalhe do tecido ósseo da região do calo ósseo
adjacente ao enxerto, também de aspecto esponjoso.
42
Figuras 11: Aspecto do osso hospedeiro observado ao MEV do animal sacrificado após 6
semanas. A e B: Dois sistemas de Havers onde se observam a organização das lamelas ósseas
depositadas ao redor do vaso sanguíneo. C: Detalhes dos canalículos se dirigindo às lamelas
adjacentes. D: Vasos sanguíneos inseridos no tecido calcificado. E: Fibras espessadas pela
calcificação. F: Detalhe de uma lacuna sem o osteócito com perfurações e canalículos.
D C
B A
E
F
43
Figura 12: Imagens de MEV da região proximal de interface do enxerto e osso hospedeiro
após 6 semanas. A: Imagem mostrando o aspecto geral da interface do enxerto (região inferior) com
osso hospedeiro (região superior). É observada uma descontinuidade entre as interfaces (*) B:
Detalhe da interface onde se observa superiormente a forma lamelar do osso hospedeiro e
inferiormente o enxerto, com aspecto desorganizado. C: Região distal do osso do hospedeiro com
camada adjacente de tecido amorfo em direção ao enxerto (ausente). D: Vista da região central do
enxerto mostrando a orientação das lamelas com numerosas lacunas de osteócitos (setas).
A
D
C
B
*
44
Figuras 13: MEV de um fragmento ósseo após 10 semanas de enxertia. A: Consolidação
parcial entre o osso cortical, lamelar mais compactado, do hospedeiro (C) e o enxerto homólogo
abaixo, evidenciado por tecido amorfo poroso (P). B: Vista da região de interface mostrando tecido
amorfo (A) com aspecto elástico semi-compactado sendo formado a partir do osso do hospedeiro.
C: Detalhe do tecido neoformado adjacente ao osso do hospedeiro com início de compactação das
camadas (C), e abaixo, espaços vazios e presença de tecido mais amorfo (A) e vaso sanguíneo (*).
D: Outra região da interface do osso hospedeiro e enxerto mostrando o aspecto do osso neoformado.
D
C
B A
C
P
A
*
C
A
45
Figuras 14: MEV de fragmento após 14 semanas de enxertia. A: Visão geral da interface
entre a cortical do enxerto (E) e a cortical do osso nativo (C). B: Detalhe mostrando uma área
completamente consolidada (seta) entre enxerto (E) e osso nativo (C). C: Área da interface onde se
vê deposição de novas camadas de tecido ósseo com fibrilas de colágeno mais espessas por estarem
calcificadas. D: Detalhe de uma região semelhante à figura 14C, mostrando as fibras mais espessas
unidas e organizadas por material fibrilar mais fino.
A
C
E
B
C
E
D
C
C
46
Figuras 15: MEV de fragmento ósseo removido após 18 semanas de enxertia. A: Região
onde se localizava o enxerto. Devido à consolidação óssea completa não foi possível diferenciar os
limites entre enxerto e osso nativo. O tecido ósseo possui aspecto compacto, mas não de lamelas
circunferenciais como no sistema haversiano mostrado na figuras 11A e 11B. B: Região do calo
ósseo maduro formado adjacente ao enxerto. C: Detalhe do tecido ósseo da região onde se
localizava o enxerto, mostrando osso com aspecto esponjoso com vasos neoformados (*). D:
Detalhe do tecido ósseo da região do calo adjacente ao enxerto com aspecto esponjoso.
C
D
B
A
*
47
4.4. Acompanhamento do Reparo por Análise Semi-quantitativa da Razão Ca/P
A análise elementar de partículas com dimensões próximas ou abaixo de 10 µm (figs. 16A e
B) depositadas sobre fita de carbono e analisadas por microanálise de raios-X em microscópio
eletrônico de varredura mostrou que a composição do material pulverizado era formada
principalmente pelos átomos carbono (C), oxigênio (O), magnésio (Mg), fósforo (P) e cálcio (Ca)
(figs. 16C e D).
A tabela 3 mostra os valores de porcentagem atômica das análises semi-quantitativas dos
átomos detectados de dois grânulos mostrados nas figuras 16A e 16B, e que foram utilizados para
cálculo da relação entre Ca e P. As porcentagens mais elevadas são dos átomos C e O, seguidos de
Ca, P e Mg. A soma dos valores da porcentagem atômica calculada pelo software é equivalente a
100 %.
A tabela 4 mostra os valores em média e desvio padrão da razão Ca e P de partículas obtidas
a partir da maceração de fragmentos ósseos das regiões da cortical e da interface da cortical do osso
do hospedeiro e da cortical do enxerto. O valor encontrado para o osso controle foi de 1,63 + 0,06.
Em relação a cortical do enxerto, foi verificada diferença significativa e tendência a aumento da
razão Ca/P ao longo do período de reparação óssea, iniciando em 06 semanas com média de 1,48 +
0,03, e em 18 semanas com média de 1,57 + 0,02. As análises da região de interface da cortical do
osso hospedeiro e da cortical do enxerto mostraram, como nas análises da cortical do enxerto, uma
tendência ao aumento da razão Ca/P, iniciando em 06 semanas com 1,43 + 0,05 e alcançando na 18º
semana 1,55 + 0,05.
48
Figuras 16: Aspecto das partículas formadas após maceração de fragmentos ósseos e
espectros de microanálise de raios-X originados de partículas indicadas pelas cruzetas. A: MEV do
material pulverizado da ovelha sacrificada após 6 semanas e espectro elementar equivalente,
mostrado na figura C, evidenciando principalmente a presença de Ca, P e Mg. B: MEV de
partículas de outro fragmento ósseo da ovelha sacrificada após 10 semanas. D: espectro de raios-X
da partícula da cruzeta, evidenciando principalmente Ca, P e Mg.
A
B
C
D
49
Tabela 3: Valores de porcentagem atômica das análises semi-quantitativas dos átomos
detectados de dois grânulos mostrados nas figuras 16 A e B, e que foram utilizados para cálculo da
relação entre Ca e P. Os resultados são gerados pelo software do sistema de detecção Noran
acoplado ao microscópio eletrônico de varredura Jeol 6460.
C-K O-K Mg-K P-K Ca-K
Espectro fig. 16C
55.36 36.66 0.44 3.15 4.38
C-K O-K Mg-K P-K Ca-K
Espectro fig. 16D
53.11 37.36 0.44 3.71 5.29
Tabela 4: Valores da média e desvio padrão da relação Ca e P de partículas geradas da
maceração de fragmentos ósseos das regiões da cortical e da interface da cortical do osso do
hospedeiro e da cortical do enxerto.
Cortical do Enxerto
Interface
Enxerto/Hospedeiro
Semanas Média DP Média DP
06 1,48 0,03 1,43 0,05
10 1,48 0,04 1,50 0,09
14 1,62 0,06 1,54 0,02
18 1,57 0,02 1,55 0,05
Controle Osso
Cortical
1,63 0,06
50
5. DISCUSSÃO
Atualmente, a escolha de implantes ósseos ideais permanece como grande desafio para
solução de problemas em cirurgias ortopédicas e maxilofaciais. Vários biomateriais, seja de origem
biológica ou sintética, estão sendo testados e/ou utilizados como materiais para consolidação de
segmentos diafisários, preenchimento de defeitos metafisários e reconstrução de ossos da face como
a mandíbula, dentre outros. Defeitos ósseos extensos provenientes de traumas, tumores,
remodelamento periprostético ou osteólise representam problemas clínicos comuns para os quais
existem poucas opções terapêuticas. Um grande número de requisitos deve ser suplantado para que
se tenha sucesso numa reparação ou consolidação óssea. Estes incluem a escolha do implante, fonte
de enxerto ósseo adequado, o local de implantação, biomecânica, métodos de fixação e condições
do paciente (idade, sexo, condições clínicas gerais, tabagismo, diabetes, etc.).
Na prática ortopédica atual, o padrão-ouro utilizado nas reconstituições ósseas é o enxerto
autólogo por ser osteogênico (neoformação óssea), osteoindutor (estimula células osteoprogenitoras
a se diferenciarem em células formadoras de osso), osteocondutor (fornece um arcabouço inerte na
qual o tecido ósseo pode se regenerar em osso, mesmo não possuindo capacidade de gerar osso
quando inserido em outros tecidos moles) (BEN-NISSAN, 2003). Não existem substitutos tão
eficazes quanto os enxertos autólogos, entretanto, alternativas sintéticas têm sido amplamente
estudadas. Enquanto os autólogos permanecem como o gold-standard, existem diversas situações
onde o suprimento de osso é limitado ou sua qualidade é inapropriada. A remoção de enxertos
autólogos ainda aumenta a morbidade do paciente, o tempo cirúrgico, a perda de volume sanguíneo,
o que se configura numa significante limitação operacional e clínica. As principais alternativas
terapêuticas seriam os enxertos homólogos proveniente de banco de ossos, como os simulados nesta
dissertação, mas geralmente quando inseridos isoladamente possuem pouca ou nenhuma
osteogenicidade, podem estimular o aumento da imunogenicidade e são reabsorvidos mais
rapidamente do que os autógenos, comprometendo a qualidade da consolidação (BEN-NISSAN,
51
2003). Na prática clínica, enxertos homólogos frescos são raramente usados por causa da
possibilidade de resposta imunológica indesejada, e risco de transmissão de doenças. Os enxertos
homólogos antes de serem inseridos são preparados através de congelamento em baixíssimas
temperaturas (nitrogênio líquido, -196
o
C), secos ou liofilizados (freeze-dried) e posteriormente
irradiados. Mesmo após este tratamento permanecem osteocondutivos, mas são considerados
fracamente osteoindutores quando inseridos em defeitos (BEN-NISSAN, 2003). Embora a
avaliação das propriedades osteocondutoras do enxerto homólogo após irradiação não tenha sido
objeto do nosso estudo, é provável que esta propriedade tenha sido reduzida pelo processamento a
que foi submetido o material utilizado na enxertia. Apesar desta possibilidade e, baseado na análise
ultra-estrutural, podemos sugerir que uma parte dos elementos matriciais específicos tenha
permanecido ativa no enxerto, dotando-o de algum grau de osteocondutividade permitindo a adesão
de células osteoprogenitoras.
Nosso trabalho procurou utilizar um dos métodos cirúrgicos atual de reparação de defeitos
ósseos com enxertos homólogos, aplicado em seres humanos, mas com a diferença da adição de
células mesenquimais de medula óssea, que são reconhecidamente osteoprogenitoras, e que
poderiam auxiliar e acelerar a neoformação óssea entre as interfaces do enxerto e da cortical do
hospedeiro. A inserção de células autólogas osteocompetentes possui vantagens como de não causar
rejeição tecidual e resposta imunológica inadequada, e iniciar a diferenciação imediata de células
fenotipicamente produtoras de matriz óssea para o início da consolidação do defeito. A
neoformação de osso requer, além da presença de um suporte osteocondutor, células
osteoprogenitoras que se diferenciem em osteoblastos maduros capazes de sintetizar matriz óssea
em sítios estratégicos de re-mineralização (DAVIES, 2000).
A utilização de biomateriais sintéticos como alternativa para enxertos autólogos e
homólogos para reparação de perdas ósseas extensas tem sido alvo de vários estudos que mostram
as modificações ou adaptações ocorridas no tecido hospedeiro durante o processo de regeneração
(LEGEROS, 1988; KOKUBO et al., 2000; KEATING et al., 2001; MOORE et al., 2001; ORBAN
52
et al., 2002). A utilização de biomateriais a base de fosfatos de cálcio pode se tornar, em médio
prazo, uma alternativa para estes enxertos atualmente utilizados, já que vários trabalhos têm
demonstrado sucesso na reparação de defeitos ósseos gerados artificialmente, por ser biocompatível
e pela ausência de resposta inflamatória (ORBAN et al., 2002).
Materiais que combinam colágeno com hidroxiapatita bovino e/ou porcino estão disponíveis
no mercado como substitutos ósseos (Bio-Oss Collagen
®
e Collagraft
®
). Podem ainda ser
enriquecidos com fatores de crescimento (BMPs e VEGF), plasma rico em plaquetas e células de
aspirado de medula, inseridos no local da fratura e acelerar a consolidação óssea. Mas, mesmo sem
relatos de transmissão de doenças, por serem de origem animal, estes não são unanimidade no meio
médico.
O acompanhamento radiográfico do reparo ósseo é uma prática ortopédica comum, porém esta
utiliza uma avaliação subjetiva da consolidação óssea. Utilizando ferramentas analíticas
encontradas em diversos softwares, como o Image Java, que estima valores de pixels na faixa de
cinzas, é possível avaliar com maior detalhe e precisão a evolução da consolidação de enxertos
ósseos posicionados em defeitos segmentares. O uso desta metodologia neste estudo, permitiu à
análise de radiografias convencionais de duas ovelhas escolhidas intencionalmente, para o
acompanhamento do processo de reparo ósseo por períodos mais longos atingindo 18 semanas.
Imediatamente após a cirurgia, as ovelhas foram avaliadas quanto ao alinhamento das corticais
dos enxertos em relação à cortical do hospedeiro. Com base nas radiografias obtidas, o enxerto
celularizado inserido no defeito da ovelha 1 não apresentou alinhamento adequado com o osso
cortical distal do hospedeiro. Já na ovelha 2, evidenciou-se alinhamento satisfatório do enxerto com
osso hospedeiro. As perfurações realizadas nos enxertos, para facilitar a troca de fluidos e
potencializar a invasão vascular, foram observadas claramente em ambas as ovelhas analisadas até
09 semanas pós-cirúrgica. Este procedimento de gerar orifícios em enxertos de osso cortical já tinha
sido testado com sucesso anteriormente em ovelhas (DELLOYE et al., 2002) e, neste modelo
experimental, favoreceu também a distribuição mais homogênea de células isoladas da medula com
53
a finalidade de acelerar o reparo ósseo. Com o início do processo de diferenciação, as células
aumentam a secreção de moléculas que integram a MEC, e em poucas semanas observa-se a
formação do calo ósseo na região da fratura, pela deposição de espículas de osso imaturo não-
orientadas. O osso imaturo é, então, remodelado em osso lamelar maduro. Em modelo murino,
verificou-se que a regeneração está completa em 6-8 semanas após o trauma, e não mais se
distingue os sítios de fratura, devido à atuação coordenada das células ósseas reabsorvendo e
secretando matriz óssea (DAVIES, 2000). Entretanto, estas células osteoprogenitoras nem sempre
estão presentes em quantidade suficiente no local do reparo ósseo, de forma que a utilização destas,
isoladas e expandidas a partir de aspirados de medula óssea, podem ser uma alternativa atraente
para a viabilização do reparo de grandes perdas ósseas em períodos mais curtos de tempo.
Trabalho recente mostrou que defeitos ósseos segmentares gerados no metatarso de ovelhas
adultas, tratados com enxertos homólogos e fixados internamente por meio de placa de baixa
compressão de 7 furos apresentaram bons resultados radiográficos por volta do 4º mês. (DONATI,
2005). LUCARELLI e colaboradores (2005) avaliaram radiograficamente o reparo de defeitos
segmentares no metatarso de ovinos enxertados com osso homólogo, fixados da mesma forma que o
trabalho anterior, porém submetidos previamente a celularização com células do estroma da medula
óssea expandidas in vitro e suplementados com plasma enriquecido em plaquetas (PRP). Ao final
de 4 meses, a consolidação foi completa em 5 das 6 ovelhas estudadas. Por outro lado, apenas 1
dentre 4 ovelhas do grupo controle, sem suplementação de PRP e osteoprogenitores, mostrou
consolidação. Estes resultados sugerem que a utilização da fração de células autólogas aderentes
oriundas da medula óssea e PRP pode resultar em significativa melhora na consolidação/integração
dos enxertos ósseos. Entretanto, ainda não está bem definida qual a parcela de contribuição
individual da celularização ou da suplementação com PRP. Outro ponto ainda indefinido é se a
celularização melhora a integração do enxerto em função do potencial angio ou osteogênico das
células adicionadas ao procedimento. Embora no nosso modelo não tenhamos utilizado fixação
interna, nossos resultados corroboram com os achados da literatura citada acima, uma vez que a
54
consolidação se deu por completa no período entre 115 e 126 dias, equivalente respectivamente a
3,8 – 4,2 meses de pós-operatório nas ovelhas celularizadas, quando comparadas com os resultados
obtidos por nosso grupo em análises histológicas e tomográficas, em ovelhas tratadas com enxertos
não celularizados e acompanhadas nos mesmos períodos que o nosso estudo (FERNANDES, et al.
2004).
Na ovelha 2, por volta da 15ª semana, o gráfico densitométrico da região 2 aponta uma
diminuta gap não evidente em análise visual, e a consolidação foi atingida na região 1 da
osteotomia proximal, que apresentou padrão de densidade inferior no enxerto em relação ao osso
hospedeiro (fig. 10). Este fenômeno pode estar vinculado à reabsorção do osso neoformado e/ou do
calo ósseo, gerando uma “frente de remodelação óssea” nesta região de interface com o osso
hospedeiro.
Ao fim do período de acompanhamento, por volta de 18 semanas, a consolidação do enxerto
se deu por completa, de forma que não mais se evidenciou gaps, além de não ser mais possível
precisar as regiões onde foram realizadas as osteotomias.
A análise morfológica realizada por MEV dos enxertos ósseos homólogos mostrou no
presente estudo que, em ovinos adultos, o processo de consolidação está completo após a 14ª
semana de enxertia do osso homólogo celularizado com osteoprogenitores oriundos da medula
óssea autóloga como indicado pelas radiografias. A consolidação na 18ª semana está ainda mais
avançada, sendo possível inclusive visualizar prováveis focos isolados de hematopoiese na zona de
reparo. Os eventos que ocorreram nesta região se caracterizaram por um processo gradativo de
reabsorção do osso esponjoso de preenchimento do enxerto, formação de novos vasos sanguíneos,
deposição de matriz orgânica e posterior mineralização desta.
A presença de tecido ósseo amorfo na interface do osso hospedeiro no inicio da 6ª semana sugere o
inicio do processo de reparo. A visualização de vasos na região da interface de osteotomia na 10ª
semana, além de ser um importante resultado deste estudo, indica neo-angiogênese favorecendo o
aporte de nutrientes e células contribuindo para o inicio do processo de consolidação, que foi
55
verificado na análise morfológica e radiográfica. Desta forma podemos sugerir que o uso
terapêutico de progenitores mesenquimais ao acelerar a neoformação de vasos permite que o
processo de consolidação ósseo seja acelerado. Estudos indicam que a celularização com
osteoprogenitores pode acelerar o processo de reparo de perdas ósseas críticas em ovinos (KON et
al., 2000.), e seres humanos (QUARTO et al., 2001). Enquanto estes dois estudos mostraram a
possibilidade de se associar, com certa eficácia clínica, biomateriais sintéticos com composição
mineral próxima da do osso normal e células osteoprogenitoras autólogas, no nosso caso a
associação de osso homólogo e células osteoprogenitoras resultou no reparo através de um tecido
com a composição mineral e a manutenção da Razão Ca/P em níveis fisiológicos.
A consolidação da interface hospedeiro/enxerto pôde ser documentada na 14ª semana, porém
em pontos focais, se tornando completa na 18ª semana, quando não mais foram detectáveis os
limites entre o enxerto e o osso do animal receptor. A ausência de material fibroso/amorfo em
conjunto com a consolidação indica que o enxerto atingiu seu objetivo clínico. Este período do
reparo ósseo se mostrou ricamente ilustrativo no que tange a morfologia da mineralização da matriz
orgânica durante o reparo ósseo. O aparecimento de novos vasos sanguíneos na região estudada
sustentou a hipótese de que o enxerto e/ou as células osteoprogenitoras implantadas serviram de
suporte à hematopoiese, uma vez que já foi demonstrado que as BMSCs heterólogas, quando
injetadas em camundongos com infarto agudo do miocárdio, são os precursores de cerca de 50%
das células endoteliais, responsáveis pela neovascularização da área atingida (ORLIC, 2002;
ORLIC et al., 2001a, 2001b, 2001c).
Os traumas ósseos com fraturas causam danos à rede vascular causando hemorragia no sítio
da fratura, resposta inflamatória local e sistêmica e ativação do sistema complemento, responsável
pela sinalização celular. O sangue extravasado dispara a cascata da coagulação cujas funções são o
controle da hemostase e a mediação da sinalização celular, especialmente através da liberação de
PDGF, TGF-beta e FGF. A degradação proteolítica da MEC adjacente ao trauma produz sinais
56
quimiotáticos que atraem monócitos e macrófagos que, quando ativados, liberam FGF e VEGF,
estimulando as células endoteliais a expressarem plasminogênio e pró-colagenase (DAVIES, 2000).
Os mecanismos de reparo ósseo e da remodelação são bem semelhantes, sendo que nas
fraturas existe a presença de coágulo devido à injúria. Para a remodelação, as células osteogênicas
são derivadas principalmente das células perivasculares, que migram para o sítio de remodelação.
Entretanto, em fraturas, a população de células osteogênicas é derivada da medula óssea (pericito
vascular, células do estroma, células tronco mesenquimais) e osteoblastos/pré-osteoblastos
principalmente originados no endósteo e periósteo que migram para o defeito (KON et al., 2000).
Após a retenção e a reabsorção do coágulo por macrófagos, as células osteoprogenitoras
migram para o sítio de reparo, diferenciando-se e tornando-se responsáveis pela secreção das
moléculas da matriz orgânica especialmente sialoproteína óssea, osteocalcina e osteopontina com
aumento simultâneo da atividade da fosfatase alcalina que caracteriza a deposição de osso jovem
neoformado. Este local se torna um sítio alvo de futura reabsorção por osteoclastos e simultânea
secreção de matriz óssea organizada por osteoblastos, rica em colágeno tipo I, caracterizando o
fenômeno de remodelação. Neste ponto, o colágeno secretado serve de molde para a mineralização
da matriz óssea, que ocorre de forma lenta e organizada dando origem ao osso lamelar (DAVIES,
2000).
A razão elementar Ca/P pode ser utilizada para acompanhamento das modificações da
porção mineral dos tecidos calcificados. A principal fase de fosfato de cálcio encontrada no osso é a
hidroxiapatita (HA, Ca
10
(PO
4
)
6
(OH)
2
) com relação Ca/P de 1,67; podendo também serem
encontradas outras fases como o fosfato de octa-cálcio (OCP, Ca
8
H(PO
3
)
2
OH) relação Ca/P de 4,
fosfato tri-cálcio (TCP, Ca
3
(PO
4
)
2
) relação Ca/P de 1,5, fosfato di-calcio diidratado (DCPD,
Ca
2
HPO
4
-2H
2
O) relação Ca/P de 2 e fosfato di-cálcio (DCP, Ca
2
P
2
O
7
) relação Ca/P de 1
(CLAPHAM et al., 1990). A HA é composta por placas de cristais nanométricos, e é mais bem
57
descrita como carbonato hidroxiapatita (CHA) com fórmula aproximada: (X
4
)
10
(PO
4
,CO
3
)
6
(OH)
2
(LEGEROS, 1988).
A importância da preservação da concentração mineral na matriz óssea pode ser
exemplificada em doenças ósseas como a “Osteogenesis Imperfecta” (OI). Nesta patologia, a razão
molar Ca/P do osso está alterada (1,67 em indivíduos saudáveis e cerca de 1,48 em portadores de
OI). Esta alteração mineral do osso é um dos fatores mais preponderantes, no aumento do índice de
fraturas nesta população de pacientes (CASSELA, 1995).
Apesar do pequeno universo das amostras, podemos sugerir que as modificações minerais da
razão Ca/P das regiões analisadas, possuem a tendência de se aproximar da razão obtida no controle
de osso cortical ovino durante o processo de reparo. Nas duas primeiras semanas, 6ª e 10ª, quando
foram analisadas as razões de Ca e P nas regiões da cortical do enxerto e na interface, os valores
médios obtidos foram semelhantes a razão determinada para a fase TCP de 1,5. Nas semanas
posteriores analisadas, 14ª e 18ª, as médias da razão se aproximaram da média obtida para o
controle. A razão obtida no controle de 1,63 se aproxima da razão estequiométrica da HA que é de
1,67, indicando que durante o processo de consolidação a fase mineral passa por modificações que
culminam no cristal maduro preponderante da matriz óssea. Diante destes resultados o método
semi-quantitativo empregado neste trabalho pode ser utilizado como ferramenta de avaliação das
modificações da matriz inorgânica.
A partir dos resultados obtidos nas analises morfológicas, radiográficas e elementares para
acompanhamento do reparo de defeitos segmentares diafisários tratados com enxerto homólogo
celularizado com osteoprogenitores autólogos, pudemos caracterizar que a consolidação total se dá
com 126 dias, e a razão Ca/P dos sítios de enxertia mostraram que a estratégia terapêutica que
utilizamos, de fato satisfaz as necessidades substitutivo-reparadoras das lesões diafisárias dos ossos
longos de ovelhas. Esta conclusão se sustenta no fato de que o reparo ocorreu através da formação
de uma matriz calcificada com características minerais semelhantes à matriz óssea biológica.
4
X representando Ca, Mg, Na, Fl.
58
6. CONCLUSÃO
1. O implante de enxerto ósseo homólogo celularizado com osteoprogenitores autólogos
expandidos in vitro pode ser indicado como método viável para o tratamento de lesões
segmentares diafisários.
2. O acompanhamento temporal do processo de consolidação óssea, através das análises
radiográficas, mostrou consolidação parcial a partir da 9ª semana e total na 18ª
semana.
3. As análises densitométricas dos valores de pixels das radiografias contribuíram para o
acompanhamento mais detalhado e preciso da consolidação do enxerto, já que na 15ª
semana a gap distal não foi visualizada porém detectada no gráfico densitométrico,
auxiliando o diagnóstico visual.
4. A MEV contribuiu para o acompanhamento morfológico da consolidação do enxerto ao
longo de 18 semanas de pós-operatório das 4 ovelhas analisadas nas regiões de
interface do enxerto homólogo com osso hospedeiro.
5. Nas 6ª e 10ª semanas, as médias das razões de Ca e P nas regiões da cortical do enxerto e
na interface, foram semelhantes a razão determinada para a fase TCP. Nas 14ª e 18ª
semanas, as médias se aproximaram da obtida para o controle.
6. A razão Ca/P do controle de osso cortical ovino obtida pelo método semi-quantitativo
através da microanálise de raios-X se aproxima da razão da Hidroxiapatita
estequiométrica
59
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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molars by electron probe microanalysis. Calcified Tissue International 2006; 78:143-145.
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