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FERNANDO DE ARAUJO PEDROSA
FATORES DE RISCO PARA LEISHMANIOSE
TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) NO
ESTADO DE ALAGOAS, BRASIL.
Tese apresentada ao Colegiado do Curso de
Doutorado em Medicina Tropical do
Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco, para
obtenção do título de doutor.
Doutorando: Prof. Fernando de Araújo Pedrosa.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Arraes de Alencar Ximenes
Recife/2007
ads:
II
Pedrosa, Fernando de Araujo
Fat
ores de risco para Leishmaniose Tegumentar
Americana (LTA) no estado de Alagoas, Brasil /
Fernando de Araujo Pedrosa.
Recife : O Autor,
2007.
xviii, 102 folhas ; il., fig., tab., gráf.
Tese (doutorado)
Pernambuco. CCS. Medicina Tropical, 2007.
Inclui bibliografia, anexos e apêndices.
1. Leishmaniose Tegumentar Americana. I. Título.
616.928.5 CDU (2.ed.) UFPE
616.936 4 CDD (22.ed.) CCS2008-092
III
IV
Dedicatória
A minha esposa Linda Délia, meus filhos:
Fernanda, Isabela, Flávio e o neto Gabriel;
sempre presentes, pelo apoio e incentivo;
Aos meus pais Francisco (in memorian) e Léa,
por terem acreditado sempre em meu
potencial;
Aos meus professores Drs. Hélvio José de
Farias Auto e Robson Cavalcante de Melo já
falecidos, que me encaminharam para os
campos da Infectologia e da Parasitologia.
V
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Ricardo Ximenes, meu
orientador, pela sua dedicação, paciência,
competência e amizade construída nos últimos
10 anos de convivência;
A Dra. Linda Délia Pedrosa pela sua
colaboração permanente nos assuntos
metodológicos, de redação e em informática;
A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado
de Alagoas - FAPEAL. Financiadora desta
pesquisa através do
PPSUS/FAPEAL/CNPq/MS;
A Coordenação Geral de Laboratórios do
Ministério da Saúde (CGLAB) e Laboratório
Central de Alagoas (LACEN/AL), pelo
fornecimento do Antígeno de Montenegro;
A Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
que me concedeu afastamento para realização
deste curso e pesquisa;
Ao Ex-reitor da UFAL Rogério Pinheiro e a
diretora do LACEN Telma Pinheiro, que com
seus atos tornaram esta pesquisa possível;
Aos funcionários da pós-graduação em
Medicina Tropical, Jupira e Walter, pela
presteza com que sempre me atenderam;
A Profa. Dr. Célia Pedrosa, pela competente
revisão técnica da presente tese;
VI
A jornalista Sandra Serra Seca, pela minuciosa
revisão gramatical;
Ao Hospital de Ensino Dr. Hélvio Auto, nas
pessoas de seus diretores Drs. Marcelo
Constant e Adriana Ávila, por permitirem o
uso do ambulatório;
Aos companheiros: Afraninho, Alfredinho,
Carlos, Crispim, Daniele, Jaqueline, Josenildo,
Josinaldo, Novinho, Patrícia, Quitéria (2),
Sheila, Tadeu, em nome de quem agradeço às
aproximadamente 285 pessoas que diretamente
contribuíram com esta pesquisa;
As Secretarias Municipais de Saúde dos
municípios onde ocorreram casos suspeitos de
LTA, especialmente as de União dos Palmares,
Novo Lino e Colônia Leopoldina pelo apoio
logístico durante a coleta de dados;
VII
RESUMO
PEDROSA, Fernando de Araújo, Fatores de risco para leishmaniose tegumentar
americana (LTA) no estado de Alagoas, Brasil. Tese de Doutorado. UFPE, 2007.
As leishmanioses cutâneas continuam sendo uma das endemias de maior ocorrência no
Mundo, estimando-se que 12 milhões de pessoas estejam acometidas pela doença. No Brasil
são notificados em torno de 30.000 casos por ano e, em Alagoas, cerca de 100 casos anuais. A
escassez de estudos que identifiquem os fatores de risco para transmissão da Leishmaniose
Tegumentar Americana (LTA) justifica a presente pesquisa, no sentido de subsidiar as ações
de um programa de controle. O objetivo do presente trabalho foi o de identificar os fatores de
risco para transmissão da LTA no estado de Alagoas, Brasil. Realizou-se um estudo de caso-
controle prospectivo, pareado por sexo e faixa etária; utilizaram-se dois grupos controle
independentes: um de vizinho do caso e, outro, de indivíduos sorteados de uma família da
Unidade de Saúde da Família onde o caso ocorreu. Aplicou-se aos participantes um
questionário padronizado com questões referentes a potenciais fatores de risco para LTA.
Realizou-se a coleta de dados no período de 01 de julho de 2004 a 01 de fevereiro de 2007,
sendo selecionados 98 casos e igual número de controles em cada grupo. Considerou-se caso
VIII
o indivíduo com forma cutânea de leishmaniose, com confirmação laboratorial e cura clínica
da lesão após tratamento; e controle, o indivíduo com Intradermorreação de Montenegro
negativa. Na análise multivariada para variáveis sociais e as relacionadas com a unidade
domiciliar, foi verificada uma associação mais estreita, aumentando o risco, com os seguintes
fatores: ausência de fogão a gás (para os dois grupos controle); para os controles vizinhos: ter
quatro anos ou menos de estudo e renda familiar maior que um salário mínimo; e para os
controles da comunidade: ter material da parede da casa não durável e renda per capita maior
que cinqüenta reais. Ao analisarem-se conjuntamente os grupamentos das variáveis
relacionadas com as atividades laborais ou escolares, de lazer; atividades extradomiciliares; e
peridomicílio e meio ambiente verificou-se uma associação mais estreita com os seguintes
fatores: mata a menos de 200 metros da casa (para os dois grupos controle); para os controles
vizinhos: presença de pássaros dentro da casa, lazer na mata e atividade laboral ou escolar
rural; e para os controles da comunidade: presença de animais dentro da casa, ausência de
cães e de gatos ao redor da casa. O padrão de transmissão observado foi do tipo rural e
periurbano, com transmissão ocorrendo possivelmente no peri ou intradomicílio. Esta
afirmativa foi possível pela a forte associação da doença com as condições de moradia
(ausência de fogão a gás e material da parede não durável), com a proximidade da casa com a
mata e com os animais criados no interior do domicílio. Baseado nos achados observados é
possível recomendar medidas de controle específicas: proteção dos indivíduos que praticam
atividades de lazer na mata com roupas adequadas e repelentes, distanciamento das casas de
alvenarias a uma distância maior que 200 metros da mata, eliminação da criação de pássaros
ou outros animais no interior das casas; e gerais: promoção da melhoria das condições de
habitação e de vida.
IX
DESCRITORES:
Leishmania;
Leishmaniose Tegumentar Americana;
LTA;
Epidemiologia;
Fatores de risco;
Estudo caso-controle.
X
ABSTRACT
PEDROSA, Fernando de Araujo, Risk factors for American Tegmentary
Leishmaniasis (ATL) in the State of Alagoas, Brazil. Doctoral thesis. UFPE, 2007.
The cutaneus leishmaniasis continues to be one of the endemic diseases of greatest occurrence
around the world, and it is estimated that 12 million people are affected by the disease. In
Brazil, around 30,000 cases are notified every year and in the State of Alagoas, around 100
cases every year. The scarcity of studies identifying the risk factors for American Tegmentary
Leishmaniasis (ATL) transmission justifies the present study, with the aim of providing
backing for control program actions. The objective of the present study was to identify the
risk factors for ATL transmission in the State of Alagoas, Brazil. A prospective case-control
study was carried out, matched by sex and age group. Two independent control groups were
used: one consisting of neighbors of the case and the other consisting of individuals drawn
from a family at the Family Healthcare Unit where the case occurred. A standardized
questionnaire consisting of questions relating to potential risk factors for ATL was applied to
the participants. Data collection was carried out between July 1, 2004, and February 1, 2007.
Ninety-eight cases and an equal number of controls for each group were selected. Individuals
XI
with the cutaneous form, clinical cure and laboratory confirmation were considered to be
cases. Individuals negative to the Montenegro intradermal reaction were considered to be
controls. Multivariate analysis for social and household-related variables showed the closest
associations with increased risk for the following factors: lack of gas stove (for both control
groups); four years or less of schooling and family income more than one minimum monthly
salary (for neighbor controls); and non-durable house wall material and per capita income
more than fifty reais (for community controls). Joint analysis of groupings of variables
relating to work or study activities, leisure activities, activities outside the home and the home
and environmental surrounds showed the closest associations with the following factors:
forest less than 200 meters from the house (for both control groups); presence of birds inside
the home, leisure activities inside forests and rural work or school activities (for neighbor
controls); and presence of animals inside the home and absence of dogs and cats around the
home (for community controls). The transmission pattern observed was rural and urban
perimeter type, with transmission possibly occurring inside the home or in the surrounds. This
can be stated because the disease was strongly associated with living conditions (absence of
gas stove and non-durable wall material), proximity of the home to forests and animals reared
inside the home. Based on the observed findings, specific control measures can be
recommended: protection for individuals who practice leisure activities in forests (adequate
clothes and repellants), separation between masonry houses and forests of more than 200
meters and elimination of the practice of rearing birds or other animals inside homes. The
general control measure of promotion of improvements in housing and living conditions is
also recommended.
XII
KEY WORDS:
Leishmania;
American tegmentary leishmaniasis;
ATL;
Epidemiology;
Risk factors;
Case-control study.
XIII
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E GRÁFICOS
Figura 1: Mapa do Brasil com destaque Alagoas e sua bandeira, pg. 14.
Figura 2: População de estudo: casos de LTA, Alagoas 2004-2007, pg. 30.
Figura 3: População de estudo: controles, Alagoas 2004-2007, pg. 31.
Figura 4: Distribuição dos casos de LTA no estado de Alagoas 204-2007, pg. 31.
Gráfico 1: Casos de LTA, por idade e sexo, Alagoas 2004-2007, pg. 32.
Gráfico 2: Casos de LTA por situação do domicílio, Alagoas 2004-2007, pg. 32.
Gráfico 3: Casos de LTA por confirmação laboratorial, Alagoas 2004-2007, pg. 33.
XIV
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Casos de LTA. Classificação clínica, pg. 33.
Tabela 2: Análise da associação entre fatores de risco relacionados com as variáveis sociais e
LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007,
pg. 34.
Tabela 3: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com as atividades
laborais ou escolares e de lazer e a LTA em Alagoas, considerando controles
vizinhos e da comunidade, 2004-2007, pg. 35.
Tabela 4: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com as atividades
extradomiciliares e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da
comunidade, 2004-2007, pg. 36.
Tabela 5: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com os hábitos
domiciliares e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da
comunidade, 2004-2007, pg. 37.
Tabela 6: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com a unidade
domiciliar e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade,
2004-2007, pg. 38.
Tabela 7: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com o peridomicílio e o
meio ambiente e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da
comunidade, 2004-2007, pg. 39.
XV
Tabela 8: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com
variáveis sociais e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da
comunidade, 2004-2007, pg. 40.
Tabela 9: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com as
atividades laborais ou escolares, de lazer e atividades extradomiciliares e a LTA em
Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007, pg. 41.
Tabela 10: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com a
unidade domiciliar e a LTA em Alagoas, considerando os controles da
comunidade, 2004-2007, pg. 41.
Tabela 11: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com o
peridomicílio e o meio ambiente e a LTA em Alagoas, considerando controles
vizinhos e da comunidade, 2004-2007, pg. 42.
Tabela 12: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com as
variáveis sociais e a unidade domiciliar e a LTA em Alagoas, considerando
controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007, pg. 43.
Tabela 13: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com as
atividades laborais ou escolares, lazer, atividades extradomiciliares, peridomicílio
e o meio ambiente e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da
comunidade, 2004-2007, pg. 44.
Tabela 14: Análise multivariada composta pelos fatores de risco distais, o relacionados
diretamente com a transmissão de LTA; e fatores de risco proximais, relacionados
diretamente com a transmissão de LTA, em Alagoas, considerando controles
vizinhos e da comunidade, 2004-2007, pg. 46.
XVI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Humana
ELISA – Linked Immuno Sorbent Assay
FIBGE – Fundação Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística
HEHA – Hospital de Ensino Dr. Hélvio Auto
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IC – Intervalo de confiança
RIFI – Reação de Imunofluorescência Indireta
IRM – Intradermorreação de Montenegro
L – Leste
LTA – Leishmaniose Tegumentar Americana
m – metros
N – Norte
NO – Nordeste
nº. – número
OR – Odds Ratio
p – Valor de p estatístico
XVII
PSF – Programa de Saúde da Família
S – Sul
SINAN – Sistema Nacional de Notificação de Agravos
SO – Sudeste
UFAL – Universidade Federal de Alagoas
WHO – Word Haelth Organization
XVIII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 20
1.1 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA........................................................................... 20
1.1.1 Delimitação do tema ........................................................................................... 20
1.1.2 Revisão da literatura........................................................................................... 22
1.1.3 Hipótese.............................................................................................................. 29
2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 30
2.1 GERAL:....................................................................................................................... 30
2. 2 ESPECÍFICOS: ............................................................................................................ 30
3. METODOLOGIA.......................................................................................................... 32
3.1. O DESENHO DO ESTUDO.............................................................................................. 32
3.2. OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA............................................................................ 32
3.2.1. Caracterização da área e população da pesquisa............................................... 32
3.2.1.1. Área de abrangência do estudo................................................................. 32
3.2.2. Tipo de amostragem e definição do tamanho da amostra.................................. 33
3.2.3. Critério de inclusão............................................................................................ 34
3.2.4. Critério de exclusão. .......................................................................................... 34
3.3 DEFINIÇÃO E CATEGORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS............................................................. 35
3.3.1. Operacionalização e categorização das variáveis. ............................................. 35
3.3.1.1. Variável dependente.................................................................................. 35
3.3.1.2. Variáveis independentes............................................................................ 36
3.3.1.3. Outras variáveis para caracterização da amostra. .................................... 42
3.4. MÉTODOS DE COLETA E PROCESSAMENTO DE DADOS. ................................................. 42
3.4.1. MÉTODO DE COLETA DOS DADOS. ............................................................................ 42
3.4.1.1. Para os casos. ......................................................................................... 42
XIX
3.4.1.2. Para os controles vizinhos. ..................................................................... 43
3.4.1.3. Para os controles da comunidade........................................................... 44
3.4.2. Processamento dos dados................................................................................... 44
3.5. QUALIDADE DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA.............................................................. 44
3.6. PADRONIZAÇÃO DAS TÉCNICAS. .................................................................................. 45
4. RESULTADOS .............................................................................................................. 47
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.................................................................................. 47
4.2. ANÁLISE UNIVARIADA ................................................................................................ 51
4.2.1 Controles vizinhos .............................................................................................. 51
4.2.2. Controles da comunidade .................................................................................. 54
4.3. ANÁLISE MULTIVARIADA POR BLOCOS......................................................................... 58
4.3.1. Controles vizinhos.............................................................................................. 58
4.3.2. CONTROLES DA COMUNIDADE.................................................................................. 59
4.4. ANÁLISE MULTIVARIADA COM AGRUPAMENTO DE BLOCOS........................................... 60
4.4.1. Controles vizinhos.............................................................................................. 60
4.4.2. Controles da comunidade .................................................................................. 61
4.5 ANÁLISE MULTIVARIADA POR BLOCO DE VARIÁVEIS PROXIMAIS E DISTAIS..................... 62
5. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 65
6. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 86
7. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS........................................................................................ 89
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 90
ANEXOS ............................................................................................................................ 94
APÊNDICE ...................................................................................................................... 103
INTRODUÇÃO 20
1 INTRODUÇÃO
1.1 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA
1.1.1 Delimitação do tema
Segundo a Organização Mundial de Saúde (1990), estima-se que 350 milhões de
pessoas vivem em local de risco de contrair a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)
em todo mundo e que 12 milhões de indivíduos estão afetados por essa enfermidade. No
Brasil, o número de casos detectados vem se mantendo estável, variando de 30.873, no ano de
2003 e 23.892 em 2006. No estado de Alagoas o comportamento tem sido semelhante com
certa variação de ano para ano: em 2002 ocorreram 87 casos, em 2003 foram 97, em 2004
houve 63 casos, em 2005 foram 56 e em 2006 ocorreram 43 casos de LTA.
Uma das grandes dificuldades de empreender medidas de controle para LTA tem sido
a multiplicidade de fatores envolvidos com sua transmissão. Questões relacionadas à
diversidade de agentes etiológicos, as várias espécies de vetores, a existência de reservatórios
silvestres e domésticos; diferentes condições ambientais envolvendo o clima, a vegetação,
precipitação pluviométrica e altitude; e os fatores humanos como os hábitos individuais, as
condições de moradia, de trabalho e lazer, tudo isso pode modificar o comportamento da
doença. Todos esses aspectos se relacionam entre si em diferentes situações colocando a LTA
entre as doenças metaxênicas.
Nos últimos anos têm crescido consideravelmente as pesquisas envolvendo o gênero
Leishmania, (Ross, 1903) as espécies de vetores, os animais reservatórios e os meios
diagnósticos; entretanto, têm sido escassos os estudos relacionados a fatores de risco
associados à transmissão da LTA em nosso meio. Após revisão bibliográfica realizada pelos
meios eletrônicos disponíveis (MEDLINE 1966-2007 e LILACS) e em artigos de revisão, não
foi encontrado trabalho de base analítica que aborde esse tema no Brasil, somente alguns
estudos descritivos de casos têm levantado hipóteses relacionadas ao risco de infecção.
INTRODUÇÃO 21
Apesar do crescente aumento do número de casos de LTA e de sua expansão geogfica, o
temos um programa de prevenção estruturado.
Também na literatura mundial o escassos os trabalhos que têm sido realizados para
identificação de fatores de risco associados à LTA. SOSA-ESTANI e col. (2001), realizaram
estudo de caso-controle em três municípios da região de Salta, no Norte da Argentina, entre
junho de 1989 a dezembro de 1992, com 30 casos e 60 controles. Nesse estudo, encontraram
diferenças estatisticamente significante para os seguintes fatores de risco para a doença:
realizar atividades pecuárias, permanecer mais de dez horas fora de casa, dormir no local de
trabalho, realizar atividades no mato, buscar água, caçar, presença de três ou mais suínos na
moradia, água fora da casa, janelas sem fechaduras, dormir fora do quarto, não combater
insetos, mato alto ou cultura a menos de 200 metros da casa.
WEIGLE e col. (1993), em um estudo longitudinal na Costa Colombiana, encontraram
como fatores associados à transmissão de LTA o sexo masculino, idade maior que 10 anos,
ocupação agrícola. Hábitos de entrar na floresta ao entardecer, caçar e trabalho com corte de
madeira foram mais fortemente associados à LTA independente da idade, do sexo ou da
ocupação agrícola. Neste mesmo trabalho, condições ambientais associadas com LTA
incluíram árvores altas próximas da casa, casa distante mais de 15 metros uma da outra, além
de aberturas no piso e no teto.
Outro estudo foi o de YADON e col. (2003), utilizando 171 casos e 308 controles,
pareados por idade, sexo e local de residência, entre 1990 e 1993, na província de Santiago de
Estero, Argentina. Encontraram como fatores de risco para LTA, relacionados com
transmissão intradomiciliar, poucos cômodos na casa, piso de barro e janelas
permanentemente abertas; para transmissão peridomiciliar, presença de lagoa ou floresta a
menos de 150 metros do domicílio e agricultura a menos de 200 metros da casa; e para
atividades humanas, dormir fora de casa, apanhar água, tomar banho fora de casa e
INTRODUÇÃO 22
desenvolver atividades agrícolas.
O conhecimento de fatores de risco identificados com base em estudos
epidemiológicos analíticos pode contribuir para que medidas de proteção sejam
implementadas, reduzindo o impacto dessa doença na comunidade. Especificamente no caso
da LTA, o conhecimento desses fatores pode contribuir enormemente na redefinição das
estratégias de controle. O presente estudo teve como objetivo identificar os fatores de risco
sócio-demográficos e ambientais relacionados com a transmissão da LTA, no estado de
Alagoas.
1.1.2 Revisão da literatura
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa, o
contagiosa, causada por protozoários do gênero Leishmania, que acomete pele e mucosa; é
primariamente uma zoonose envolvendo animais silvestres, entretanto, animais domésticos e
o homem podem ser envolvidos secundariamente.
Pertencente à família Trypanosomatidae, o gênero Leishmania possui duas formas
evolutivas principais: uma flagelada chamada promastigota, encontrada no tubo digestivo do
inseto vetor; e outra aflagelada, denominada amastigota, parasito intracelular do Sistema
Fagocitário Mononuclear dos hospedeiros vertebrados. Outra forma de transição tem sido
descrita no aparelho digestivo do vetor, chamada de paramastigota.
A transmissão da LTA ocorre através da regurgitação de sangue durante a picada de
insetos fêmeas pertencentes à ordem Diptera, família Psychodidae e sub-família
Phlebotominae, com dois diferentes gêneros: Psychodopygus, e Lutzomyia, dependendo da
localização geográfica.
Existem diferentes subgêneros e espécies no Brasil (Brasil, Ministério da Saúde,
INTRODUÇÃO 23
2007). As principais espécies são:
I) Leishmania (Leishmania) amazonensis (Lainson e Shaw, 1972):
Encontradas nas florestas primárias e secundárias da Amazônia legal
nos estados do Amazonas, Rondônia, Tocantins e Maranhão,
principalmente em áreas de igapó e de várzea, também tem relatos de
sua ocorrência na Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Paraná.
Seus vetores são Lutzomyia flaviscutellata (Mngabeira, 1942) L.
olmeca nociva (Young & Arias, 1982). Tem como reservatórios
roedores silvestres do gênero Proechymis, além do Oryzomys (Baird,
1858)..
II) Leishmania (Viannia) guyanensis (Flock, 1954): Localizada na
Região Norte nos estados do Acre, Amapá, Pará, Amazonas e
Roraima, estendo-se até as Guianas. Encontrada em florestas de terra
firme que se alagam durante as chuvas. Tem como reservatórios
naturais a preguiça (Choleopus didactilus), o tamanduá (Tamandua
tetradactyla Linneaus, 1758) e o gambá (Didelphis albiventris, Lund,
1840 ). As principais espécies de vetores são o L. umbratilis (Ward &
Fraiha, 1977) e o L. anduzei (Rozeboom, 1942). Esta espécie causa
predominantemente lesões cutâneas únicas ou múltiplas, sendo muito
raro o comprometimento mucoso. Como atinge principalmente o sexo
masculino em jovens e adultos, sugere seu comportamento
ocupacional em frente de trabalho associada ao desflorestamento.
III) Leishmania (Viannia) braziliensis (Vianna, 1911): É a principal
espécie causadora da LTA na América Latina. Tem ampla
distribuição geográfica. No Brasil vem sendo relatada do sul do Pará
INTRODUÇÃO 24
ao Nordeste atingindo áreas do Centro-sul e algumas áreas da
Amazônia Oriental. Tem como animais silvestres hospedeiros os
roedores (Bolomys lasiurus, Lund, 1841 e Nectomys squamipes
Brants, 1827) e roedores domésticos (Rattus rattus, Lineu, 1758);
entretanto, alguns animais domésticos têm sido encontrados
parasitados. São eles: canídeos (Canis familiares, Linneaus, 1758),
felinos (Felis catus Linneaus, 1758), eqüinos (Equus caballus
Linneaus, 1758, e E. Asinus, Linneaus, 1758). Os principais vetores
descritos são o L. complexa (Mangabeira,1941), L. wellcomei (Fraiha,
Shaw & Lainson, 1971), L whitmani (Antunes & Coutinho, 1939), L.
migonei (França,1920), L. neivai (Pinto, 1926) e o L. intermédia
(Lutz & Neiva, 1912), em diferentes regiões do Brasil. Sua
transmissão ocorre principalmente no ambiente domiciliar, atingindo
ambos os sexos em qualquer faixa etária. A doença caracteriza-se por
úlceras cutâneas únicas ou múltiplas tendo a característica de
produzir lesões mucosas tardias por “metástase” hematogênica.
IV) Leishmania (Viannia) shawi (Lainson, Braga, de Souza et al.,
1989) Ocorre no sudeste do Pará e oeste do Maranhão. Foi isolada em
macacos (Chiropotes satanás, Hoffmannsegg, 1807, e Cebus apella,
Linneaus, 1758), quati (Nasua nasua Linneaus, 1766) e preguiça
(Choloeus didactyus, Linneaus, 1758). O único vetor conhecido é o
L. whitmani.
V) Leishmania (Viannia) lainsoni (Silveira, Shaw, Braga & Ishkawa,
1987): Foi identificada nos estados do Pará Rondônia e Acre. Seu
vetor é o L. ubiquatilis (Mangabeira, 1942). Foi isolado do roedor
INTRODUÇÃO 25
silvestre conhecido popularmente como paca (Agouti paca, Linnaeus,
1766).
VI) Leishmania (Viannia) naiffi (Lainson e Shaw, 1989): Ocorre nos
estados do Pará e Amazonas. Tem como vetores os L. ayrasai
(Barreto & Coutinho, 1940), L. paraensis (Costa Lima, 1941) e L.
squamiventris (Lutz & Neiva, 1912). Foi isolado do tatu (Dasypus
novemcinctus, Linneaus, 1758).
VII) Leishmania (Viannia) lindenberg: Descrita em soldados que
realizavam treinamento no Pará. Não se conhece os reservatórios e o
provável vetor é o L. antunesi (Coutinh, 1939).
A doença se manifesta, após um período médio de incubação de dois meses, com
lesões cutâneas e mucosas com diversas modalidades clínicas (Brasil, Ministério da Saúde,
2007). Pela classificação de Marzochi, (Brasil, Ministério da Saúde, 2007) a LTA pode ser
dividida em dois grupos: 1) leishmaniose cutânea, com suas formas: cutânea única, cutânea
múltipla, cutânea disseminada, recidiva cútis e cutânea difusa; e 2) leishmaniose mucosa, com
as formas: tardia, concomitante, contígua, primária e indeterminada. Nas formas cutânea
única ou múltipla, a lesão ulcerada é a mais freqüente. A úlcera apresenta bordos elevados em
moldura, o fundo é granuloso, com ou sem exudação e indolor. Na forma cutânea
disseminada, as lesões ulceradas geralmente pequenas, distribuem-se por todo corpo por
disseminação hematogênica e respondem bem ao tratamento. Na forma cutânea difusa, as
lesões apresentam grave comprometimento dérmico. No local de inoculação, geralmente
surge uma lesão como mácula, pápula ou nódulo, que se dissemina por outras áreas do corpo,
não reage ao Teste Intradérmico de Montenegro e responde mal ao tratamento. A forma
mucosa caracteriza-se por acometimento das cavidades nasais, oral, faringe e laringe com
lesões infiltradas e destruição de tecido mucoso e cartilaginoso. O paciente apresenta
INTRODUÇÃO 26
obstrução nasal, epistaxe, rinorréia, odinofagia, rouquidão, tosse e feridas na boca. A
infiltração e edema do nariz provocam a lesão conhecida com nariz de anta ou tapir (Brasil,
Ministério da Saúde, 2007).
O diagnóstico da LTA é eminentemente clínico considerando, o aspecto típico das
lesões; entretanto, para confirmação de casos é necessário aliar dados epidemiológicos, tais
como procedência de área endêmica, inserção em áreas de mata, referência de outros
pacientes na localidade, animais domésticos doentes, com algum exame complementar. As
técnicas mais usadas para o diagnóstico laboratorial são a Intradermorreação de Montenegro
(IRM), a pesquisa do parasito na lesão, Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) ou
ELISA. SILVEIRA e col. (1996) realizaram estudo epidemiológico em área endêmica para
LTA no Paraná. De 684 RIFI realizadas, encontrou reação positiva em 58 (8,5%); e desses,
17 (29,3%) eram pessoas sem história de LTA. Nesse mesmo estudo, a IRM foi realizada em
97 indivíduos com história de LTA e a reação foi positiva em 80 (82,5%). Com esse estudo,
pode-se admitir que indivíduos sem história de LTA possam apresentar títulos de anticorpos
elevados, sugerindo a ocorrência de infecções inaparentes e que esses títulos podem
permanecer por longo tempo após o tratamento e cura da lesão.
A IRM não somente tem servido como método complementar do diagnóstico da LTA
como também para medir a taxa de infecção numa população, pois indivíduos podem ser
infectados pela Leishmania sem desenvolver a doença. FOLLADOR e col. (1999), em área
endêmica de LTA no povoado de Canoa, na Bahia, descreveram que de 529 indivíduos
sadios, 65 apresentaram reação de Montenegro positiva, sem qualquer evidência de doença
presente ou passada.
A LTA tem ampla distribuição geográfica no continente americano, estendendo-se
desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. No Brasil, tem sido descrita em
todos os estados, sendo assim uma das afecções dermatológicas mais importantes não pela
INTRODUÇÃO 27
sua magnitude, como pelas deformidades ocasionadas, com grave comprometimento
psicológico do doente.
No Brasil, entre 1985 e 2005, foram registrados 562.956 casos de LTA. Comparando-
se os dados de 1985 (13.664) com 2001 (30.550), observa-se que o coeficiente de detecção
aumentou de 10,45/100.000 habitantes para 18,63/100.000 hab. Mesmo considerando que
houve melhoria no sistema de notificação, pode-se admitir que ocorreu crescimento da
doença até 2001, mantendo-se estável a partir do ano seguinte. Nos últimos anos, a expansão
não foi somente no número de casos como também geográfica. Em 1994, foram registrados
casos em 1.861 municípios; em 1998, o número de municípios notificantes aumentou para
2.055.
Os maiores coeficientes de detecção vêm ocorrendo nas regiões Norte e Centro-oeste.
Em 2005, os valores encontrados foram de 73,09/100.000 hab. e de 32,98/100.000 hab.,
respectivamente. No Nordeste, no mesmo ano, o coeficiente de detecção foi de 15,91/100.000
hab., tendo o Maranhão (55,69/100.000 hab.), o Ceará (24,5/100.000 hab.), e a Bahia
(14,51/100.000 hab.), como principais estados. Em Alagoas, o coeficiente registrado foi de
1,82/100.000 hab.
Outro aspecto que vem sendo estudado é o da urbanização da LTA. Segundo LUZ e
col. (2001), o número de casos diagnosticados na Região Metropolitana de Belo Horizonte
passou de 175 casos em 1994 e 161 em 1995, para 245 em 1998 e 228 em 1999. Apesar de
esse fato ser discutível, nota-se que o município de Belo Horizonte concentra a maioria dos
casos e que esse município não possui zona rural. Mesmo na Amazônia, onde predomina a
transmissão rural, NAIFF (1998) encontrou transmissão urbana da LTA. Esse aspecto
também vem sendo abordado pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2002).
Segundo o Ministério da Saúde (2007), a doença atualmente apresenta no Brasil, três
INTRODUÇÃO 28
padrões epidemiológicos de transmissão característicos:
1) Silvestre: ocorre em área de vegetação primária e é fundamentalmente uma
zoonose de animais silvestres, acometendo o ser humano quando este entra em
contato com o ambiente silvestre, onde esteja ocorrendo a enzootia.
2) Ocupacional e lazer: este padrão de transmissão está associado à exploração
desordenada da floresta e derrubada de matas para construção de estradas, usinas
hidrelétricas, instalação de povoados, extração de madeiras, desenvolvimento de
atividades agropecuárias, de treinamento militareis e ecoturismo.
3) Rural e periurbano em áreas de colonização: este padrão está relacionado ao
processo migratório, ocupação de encosta e aglomerados em centros urbanos
associados a matas secundárias ou residuais.
Uma das maiores dificuldades encontradas pelas autoridades sanitárias, é a elaboração
de um plano de condutas para controle que possam ser efetivas contra a LTA, haja vista que a
diversidade de agentes etiológicos, de vetores, das condições ambientais e dos aspectos
culturais das populações afetadas tem dificultado a efetivação dessas medidas. Dentro desse
pensamento, alguns autores têm pesquisado as práticas e atitudes como fator favorecedor da
transmissão. ISAZA e col. (1999), realizaram um estudo de conhecimentos e práticas sobre
LTA na Colômbia em indivíduos com idade acima de 13 anos, encontraram que 94% da
população conheciam a doença, 35% relacionava a transmissão à picada de inseto, mas o
conheciam o agente etiológico, e 45% não sabiam como se prevenir.
SANTOS e col. (2000), em um estudo censitário na localidade de Corte de Pedra no
sul da Bahia, observaram que a maioria das famílias (57,2%) não usava qualquer tipo de
proteção; o meio de proteção mais usado era a fumigação pela queima de diversos tipos de
materiais e que as medidas de proteção individual eram raramente usadas. Esse tipo de
INTRODUÇÃO 29
estudo, complementado pelos estudos de fatores de risco, pode subsidiar a implementação das
medidas de controle que atendem às especificidades de diferentes grupos populacionais.
1.1.3 Hipótese
Existem fatores de risco sócio-demográficos e ambientais relacionados à maior
ocorrência da LTA no estado de Alagoas.
OBJETIVOS 30
2. OBJETIVOS
2.1 GERAL:
Identificar os fatores de risco sócio-demográficos e ambientais para LTA no
estado de Alagoas.
2. 2 ESPECÍFICOS:
Identificar os fatores de risco para a transmissão de LTA relacionados com as
variáveis sociais (anos de estudo, nº. de pessoas residentes na casa, nº. de
pessoas que trabalham na casa e renda familiar em salário mínimo e per capita
em real);
Identificar os fatores de risco relacionados às atividades laborais e de lazer
(freqüentar áreas de transmissão, horas dedicadas à atividade principal,
situação da atividade laboral, média de horas fora de casa, lazer na mata e
dormir no local do trabalho);
Identificar os fatores de risco relacionados com as atividades extradomiciliares
(caçar, pescar, andar no campo à noite, lavar roupa fora de casa, apanhar lenha
e apanhar água);
Identificar os fatores de risco relacionados aos hábitos domiciliares (dormir
com mosquiteiro, dormir na área externa da casa, usar inseticida, usar repelente
e dormir com as janelas abertas);
Identificar os fatores de risco relacionados com a unidade domiciliar (casa com
tela nas portas e janelas, material da parede da casa, material da cobertura da
casa, nº. de cômodos da casa, nº. de pessoas que dormem na casa, densidade de
OBJETIVOS 31
moradores por dormitórios, abastecimento de água, banheiro na casa, sanitário
na casa, energia elétrica dentro de casa e fogão a gás dentro de casa);
Identificar os fatores de risco relacionados com o peridomicílio e o meio
ambiente (distância para casa de: mata; rio e cultura de grande porte; presença
de outra casa a menos de 50 metros; animais, cães, gatos, aves domésticas, e
pássaros dentro da casa; animais, cães, gatos, aves domésticas, eqüinos,
bovinos, caprinos ou ovinos, suínos, ou outros animais criados fora da casa;
Conhecer os padrões epidemiológicos de transmissão da LTA no estado de
Alagoas.
METODOLOGIA 32
3. METODOLOGIA
3.1. O DESENHO DO ESTUDO
Para este trabalho foi utilizado o desenho tipo caso-controle de base populacional.
Considerando que a LTA é uma enfermidade infecciosa de curso crônico com baixo
coeficiente de incidência na população e com longo tempo decorrido entre a exposição e o
aparecimento da enfermidade, o estudo de caso-controle é o que melhor se aplica para
identificar possível existência de associação entre os potenciais fatores de risco e a doença.
3.2. OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA
3.2.1. Caracterização da área e população da pesquisa.
3.2.1.1. Área de abrangência do estudo.
O estado de Alagoas está localizado na porção centro-oriental da região Nordeste do
Brasil. Situa-se entre os paralelos 48'52” e 10° 30'28” de latitude sul e os meridianos 35°
09'09” e 38° 14'15” de latitude oeste. Tem como limites os estados de Pernambuco (N e NO),
Sergipe (S), Bahia (SO) e o Oceano Atlântico (L). Tem uma área de 27.767,6 Km
2
(figura 1).
Sua área corresponde a 0,33% do território brasileiro e 1,79% do nordestino, é repartido
político-administrativamente em 102 municípios. Segundo o censo demográfico do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística de 2007 (IBGE, 2007), Alagoas possui uma população de
2.822.621 habitantes. É dividido em três mesoregiões geográficas: Leste, Agreste e Sertão.
Seus principais rios são o São Francisco, que faz divisa com o estado de Sergipe e Bahia, o
Mundaú e o Paraíba do Meio que nascem no estado de Pernambuco, percorrem as
mesoregiões do Agreste e Leste e deságuam nas lagoas Mundaú e Manguaba,
respectivamente. O clima da mesoregião Leste é tipicamente tropical úmido, com duas
estações definidas predominando sol no verão e chuva no inverno. A vegetação do Leste é
composta por mangue, coqueiral e remanescente de mata atlântica, que foi quase totalmente
METODOLOGIA 33
substituída pela cultura da cana de açúcar. O relevo é modesto, em geral abaixo de 300
metros, caracterizado por planície litorânea, planalto ao norte e depressão no centro, o ponto
mais elevado é a Serra das Guaribas com 882 metros, localizada no município de
Quebrangulo. A temperatura média anual é de 25° C. A precipitação pluviométrica média é de
1.410 mm por ano. No Leste este índice chega a ser superior a 1.600 mm. Sua economia está
baseada na agroindústria da cana de açúcar.
Figura 1: Mapa do Brasil, em detalhe o estado de Alagoas e sua bandeira.
3.2.1.1. População alvo
Indivíduos residentes em área de transmissão de LTA no estado de Alagoas.
3.2.2. Tipo de amostragem e definição do tamanho da amostra
Os casos foram constituídos pela totalidade de indivíduos com diagnóstico laboratorial
de LTA e os controles selecionados de vizinhos ou da comunidade isentos de infecção
leishmaniótica, IRM negativo. A abrangência do estudo foi o estado de Alagoas e o período
de coleta de dados foi de 01 de julho de 2004 a 01 de fevereiro de 2007.
METODOLOGIA 34
Para o cálculo do tamanho da amostra estimou-se um erro α de 5% e β de 20%,
correspondendo ao poder de 80% e para a magnitude da diferença na freqüência de exposição
utilizou-se como referência o estudo de SOSA-ESTANI e col., (2001). Relacionaram-se três
variáveis: permanência maior que 10 horas fora do domicílio, realizar atividades domésticas
no mato e janelas sem fechaduras. Com base nessas variáveis, calculou-se uma amostra de
104 casos e igual número de controles, quando se utilizou a “permanência maior que 10 horas
fora do domicílio” (Odds Ratio(OR)=2,35) e freqüência entre os não expostos de 27,6% como
parâmetros; 58 casos e igual número de controles, utilizando realizar atividades domésticas
no mato” (OR=3,69) e freqüência entre os não expostos de 15,4%; e 94 casos e igual número
de controles “para janelas sem fechaduras” (OR=2,63) e freqüência entre os não expostos de
20%. Para o cálculo do tamanho da amostra utilizou-se o software Epi-info versão 6.04.
Fizeram parte do presente estudo, 98 casos e 196 controles.
3.2.3. Critério de inclusão.
Vide definição de caso e controle.
3.2.4. Critério de exclusão.
I) Para os casos: foram excluídos os casos que não apresentaram cura clínica das
lesões, pacientes com lesões mucosas tardias, co-infectados com HIV-AIDS e que
faleceram durante o tratamento.
II) Para os controles: foram excluídos os controles quando imigrantes residentes na
área menos de um ano, os que apresentaram cicatrizes de lesões cutâneas e/ou
mucosas compatíveis com LTA, aqueles com antecedentes de LTA, os que tiveram
cicatrizes de lesões cutâneas e/ou mucosas compatíveis com LTA, ou que
apresentaram Intradermorreação de Montenegro (IRM) positiva.
METODOLOGIA 35
3.3 DEFINIÇÃO E CATEGORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS.
3.3.1. Operacionalização e categorização das variáveis.
3.3.1.1. Variável dependente
1) Caso: todo indivíduo com úlcera cutânea com bordas elevadas
em moldura, fundo granuloso e/ou úlcera na mucosa nasal com
ou sem perfuração de septo nasal podendo atingir lábio e boca
(palato e nasofaringe); diagnóstico confirmado pela IRM, ou
encontro do parasito no exame direto, ou encontro do parasito
no exame histopatológico; e resposta terapêutica com
cicatrização das lesões.
2) Controle: foram selecionados controles dentro da mesma área
geográfica. Formaram-se dois grupos de controles
independentes: sendo um do vizinho, da casa do lado esquerdo
mais próximo, e outro da comunidade, originário de uma
família residente da área assistida por equipe do Programa de
Saúda da Família (PSF) selecionada por sorteio. Quanto ao
primeiro grupo controle, não havendo indivíduo que se
enquadrasse nos critérios de seleção na primeira casa à
esquerda, foi escolhido outro da próxima casa à esquerda.
Quando não havia PSF na área, foi selecionado um paciente
atendido no Posto de Saúde mais próximo da residência do
caso, dentro da mesma faixa etária e com a idade mais próxima.
Para os dois grupos controle a seleção foi feita com pareamento
por sexo e idade. Obedecendo aos seguintes limites de idade
(para mais ou para menos): caso menor de 2 anos, controle com
METODOLOGIA 36
limite de 2 anos; caso de 2 a 4 anos, controle com limite de 3
anos; caso de 5 a 19 anos, controle com limite de 5 anos; caso
de 20 a 59 anos, controle com limite de 10 anos; caso com idade
igual ou maior que 60 anos, controle com limite de 20 anos,
havendo mais de um indivíduo na mesma faixa etária a escolha
foi feita entre aqueles de idade mais próxima.
3.3.1.2. Variáveis independentes.
1) Variáveis biológicas e sociais.
a) Sexo: categorizada como masculino ou feminino.
b) Idade: calculada partir da data de nascimento informada pelo
paciente ou acompanhante. Foram considerados anos completos
de vida, agrupados nas seguintes categorias: menor de um ano,
de um a nove anos, de dez a dezenove anos, de vinte a quarenta
e nove anos e acima de quarenta e nove anos.
c) Instrução: Foi considerado em anos de estudo o último ano
concluído e aprovado, informado pelo sujeito ou seu
responsável, categorizado como: menor ou igual a quatro anos e
maior que quatro anos.
d) Renda: Foi considerada a remuneração da família em reais.
Categorizada em salário mínimo: menor que um, de um a três
salários e acima de três salários. Categorizada como renda
familiar per capita em real: menor que cinqüenta, de cinqüenta e
um a cem e acima de cem.
e) Procedência: Foi considerado o município de residência, onde o
METODOLOGIA 37
paciente reside. Quando o tempo de moradia no endereço atual
foi menor que um ano, foi considerado o município anterior.
Categorizado por município e por região geográfica: Leste,
Agreste e Sertão.
f) Situação do domicílio: Foi considerada a classificação da
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(FIBGE) e categorizada como urbana e rural.
2) Variáveis relacionadas às atividades laborais ou escolares e
de lazer.
a) Situação da atividade laboral ou escolar: Foi considerada a
atividade profissional com maior tempo de dedicação.
Categorizada como urbana as atividades de comércio, indústria
e de serviços ou quando a escola encontrava-se na zona urbana;
e rural as atividades pecuária, agrícola ou extrativa ou quando a
escola encontrava-se na zona rural.
b) Freqüentar área de transmissão: Freqüentou área de transmissão
de LTA, ao entardecer ou à noite, nos seis meses anteriores ao
início de doença. Categorizada como Sim ou Não.
c) Tempo em horas dedicado à atividade profissional principal.
Categorizada como zero, de uma a quatro horas, de cinco a oito,
e acima de oito horas.
d) Ecoturismo: relato de prática de atividades de lazer relacionada
com entrada em áreas florestais no período vespertino e noturno
nos últimos doze meses. Categorizada como sim ou não.
METODOLOGIA 38
e) Tempo médio diário de permanência fora da casa, levando-se
em consideração a informação da última semana. Categorizada
como zero, de uma a quatro horas, de cinco a oito e acima de
oito horas.
f) Dormir no local de trabalho: hábito de dormir no trabalho,
diferente do local a residência, no último ano. Categorizada
como sim ou não.
3) Variáveis relacionadas com atividades extradomiciliares.
a) Caçar: relato de hábito de caçar na mata nos últimos 12 meses.
Categorizada como sim ou não.
b) Pescar: relato de hábito de pescar em rio ou lago nos últimos 12
meses. Categorizada como sim ou não.
c) Realizar atividades domésticas fora da casa: realização de
atividade doméstica no mato ou pomar do tipo: cozinhar, lavar
roupa, nos últimos 12 meses. Categorizada como sim ou não.
d) Caminhar no campo à noite ou ao entardecer: bito de
caminhar no campo à noite e ao entardecer nos últimos 30 dias.
Categorizada como sim ou não.
e) Apanhar lenha: bito de apanhar lenha no mato ou pomar nos
últimos 30 dias. Categorizada como sim ou não.
f) Apanhar água: hábito de apanhar água fora do domicílio nos
últimos 30 dias. Categorizada como sim ou não.
4) Variáveis relacionadas com hábitos domiciliares.
METODOLOGIA 39
a) Dormir com mosquiteiro: hábito de dormir com mosquiteiro nos
últimos 30 dias. Categorizada como sim ou não.
b) Dormir fora da casa: hábito de dormir em área externa do
domicílio nos últimos 30 dias. Categorizada como sim ou não.
c) Combate aos insetos: uso de algum inseticida potencialmente
eficaz contra o vetor, mesmo em programa oficial de controle,
nos últimos 30 dias. Categorizada como sim ou não.
d) Uso de repelente: hábito de uso de repelente de contato ou aéreo
tipo sentinela” nos últimos 30 dias. Categorizada como sim ou
não.
e) Dormir com janela aberta: hábito de dormir com as janelas
abertas nos últimos 12 meses. Categorizada como sim ou não.
5) Variáveis relacionadas com a unidade domiciliar.
a) Material da parede: material predominante utilizado na parede
externa do domicílio. Categorizado como durável (tijolo, pedra,
concreto pré-moldado, taipa revestida ou madeira aparelhada) e
não durável (taipa não revestida, palha, madeira não aparelhada
ou outro material não durável).
b) Material de cobertura: material predominante utilizado na
cobertura da casa. Categorizado como durável (telha de barro
cozido, cimento-amianto, alumínio-madeira, madeira
aparelhada ou laje de concreto) e não durável (zinco, madeira
não aparelhada palha ou outro).
c) Número de modos: Foi considerado cômodo todo
METODOLOGIA 40
compartimento coberto por um teto e limitado por paredes
como parte integrante do domicílio com exceção de corredor,
alpendre, varanda, garagem, depósito, ou outros
compartimentos utilizados para fins não residenciais.
Categorizado como de um a três, de quatro a seis e mais de seis.
d) Número de dormitórios: Foi considerado dormitório cômodo
em caráter permanente, destinado para esse fim. Categorizado
como um, dois e maior que dois.
e) Densidade de moradores por dormitório: considerou-se como
dormitório o cômodo em caráter permanente para esse fim. A
variável foi expressa pela divisão do número de moradores pelo
número de cômodos. Categorizada como a1,0, de 1,1 a 2,0,
de 2,1 a 3,0 e maior que 3,0.
f) Abastecimento de água: maneira como a água chega ao
domicílio. Categorizada com canalização interna (água
encanada em pelo menos um cômodo) ou sem canalização
interna.
g) Banheiro: local onde os moradores tomam banho. Categorizado
como: ausente, presente no interior do domicílio, ou presente
fora do domicílio.
h) Sanitário: local onde os moradores realizam suas necessidades
fisiológicas. Categorizado como: ausente, presente no interior
do domicílio, ou presente fora do domicílio.
i) Energia elétrica no interior da casa: Categorizada como sim ou
METODOLOGIA 41
não.
j) Fogão: presença de fogão a gás no domicílio. Categorizada
como sim ou não.
6) Variáveis relacionadas ao peridomicílio e ao ambiente.
a) Mata próxima a residência: Foi considerado mata o conjunto de
árvores nativas em caráter primário ou secundário. Categorizada
a distância como até 200 metros e maior que 200 metros.
b) Rio próximo à residência: Foi considerado rio ou córrego curso
de água corrente em caráter permanente. Categorizada a
distância como até 200 metros e maior que 200 metros.
c) Cultura próxima à residência: Foi considerada cultura de grande
porte, árvores e arbustos frutíferos. Categorizada a distância
como até 200 metros e maior que 200 metros.
d) Casa vizinha próxima à residência: Foi considerada a casa
vizinha a menos de 50 metros. Categorizada como sim ou não.
e) Presença de animais domésticos no interior do domicílio: Foi
considerada a presença de animais domésticos no domicílio
(cão, gato, ave doméstica e pássaro). Categorizado pela espécie
e quantidade, como sim ou não. Ausência de animais
domésticos, pela presença de cada animal relatado e o número
do mesmo.
f) Presença de animais domésticos no peridomicílio: Foi
considerada a presença de animais domésticos no peridomicílio
(cão, gato, aves domésticas, eqüinos, bovinos, caprinos, suínos
METODOLOGIA 42
e outros) localizados a menos de 50 metros da casa.
Categorizado (pela espécie e quantidade) como sim ou não.
Ausência de animais domésticos, pela presença de cada animal
relatado e o número do mesmo.
3.3.1.3. Outras variáveis para caracterização da amostra.
a) Classificação clínica: Foi considerada a classificação de
Marzochi (in, Brasil, Ministério da Saúde, 2007) como forma
cutânea: única, múltipla, disseminada, recidiva cútis, forma ou
difusa; e forma mucosa: tardia, concomitante, contígua, primária
ou indeterminada.
b) Padrões de transmissão: ecossistema provável onde pode ter
ocorrido à transmissão, tendo como referência à residência do
indivíduo. Foi utilizado o modelo do Ministério da Saúde,
categorizado como silvestre, ocupacional e lazer ou rural e
periurbano.
3.4. MÉTODOS DE COLETA E PROCESSAMENTO DE DADOS.
3.4.1. Método de coleta dos dados.
Foi aplicado para cada caso e controles um questionário de pesquisa. As informações
foram coletadas na residência dos indivíduos selecionados. O questionário foi respondido
pelo sujeito da pesquisa ou pelo seu responsável, quando menor. As variáveis relacionadas às
condições de moradia e ambientais foram conferidas pelo pesquisador.
3.4.1.1. Para os casos.
Foi realizado treinamento para as equipes de saúde dos municípios, com participação
METODOLOGIA 43
da vigilância epidemiológica, para que qualquer caso suspeito de LTA fosse informado
imediatamente ao pesquisador, para realizar os procedimentos complementares de diagnóstico
e posterior aplicação do questionário de pesquisa.
Os potenciais casos foram identificados, prioritariamente, através de contato direto e
permanente com as vigilâncias epidemiológicas municipais e as equipes de saúde da família
com o pesquisador. Outras fontes de informações foram utilizadas como os serviços de
referências existentes no Estado, Hospital Escola Dr. Hélvio Auto (HEHA),
complementado com o Sistema Nacional de Notificação de Agravos (SINAN) na Secretaria
Estadual de Saúde.
A coleta do material para os exames e a Intradermorreação de Montenegro foram
realizadas nos serviços de referências, nas unidades dos municípios ou nos domicílios dos
casos e controles.
Após a realização dos exames laboratoriais e confirmação diagnóstica o caso
foi incluído no estudo. Em seguida, o pesquisador dirigia-se a Unidade de Saúde da Família
onde o caso ocorreu. Identificando e localizando o agente de saúde responsável pela família
do paciente foi realizada visita ao domicilio para o preenchimento do questionário da
pesquisa.
3.4.1.2. Para os controles vizinhos.
A seleção dos controles vizinhos foi feita após o preenchimento do
questionário de pesquisa do caso. Acompanhado do agente de saúde procurou-se localizar o
potencial vizinho para participar da pesquisa. Identificando o vizinho, que obedecesse aos
critérios pré-estabelecidos, o mesmo foi convidado a participar da pesquisa, concordando, foi
realizada a Intradermorreação de Montenegro (IRM) e preenchido o questionário, retornando-
se a casa entre 36 a 48 horas para leitura. Caso negativo o sujeito era incluído na pesquisa..
METODOLOGIA 44
Caso positivo outro controle era selecionado até que se obtivesse um controle IRM negativo.
3.4.1.3. Para os controles da comunidade.
Em seguida a confirmação laboratorial do caso, o pesquisador comparecia à
Unidade de Saúde da Família onde o caso ocorreu, realizou-se sorteio de uma família entre
todas as que compõe o PSF. Após a identificação e localização do agente de saúde
responsável pela família sorteada, procurou-se através das “fichas A” selecionar o potencial
controle, obedecendo-se os critérios pré-estabelecidos. Caso na família sorteada não existisse
potencial controle passava-se para a família seguinte aque existisse um indivíduo que se
enquadrasse na condição de controle.
Acompanhado do agente de saúde, o pesquisador dirigia-se ao domicílio da
família selecionada. Identificando o potencial controle e este concordando em participar da
pesquisa foi realizada a IRM e preenchido o questionário, retornado a casa após 36 a 48 horas
para leitura. Caso negativo o sujeito era incluído na pesquisa. Caso positivo outro controle era
selecionado, na mesma família ou na seguinte, até que se obtivesse um controle IRM
negativo.
3.4.2. Processamento dos dados.
Para processamento dos dados foi criado um banco de dados utilizando-se o software
Epi-info versão 6.04, com dupla entrada de dados para verificação de possíveis erros de
digitação e análise estatística no programa Stata.
3.5. QUALIDADE DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA.
O questionário de pesquisa aplicado foi elaborado de forma padronizada e testado
previamente através do estudo piloto e modificado para ficar mais bem adequado à linguagem
da população alvo.
METODOLOGIA 45
Para as cnicas laboratoriais, os métodos utilizados foram os testados e
reconhecidos pela comunidade científica com valores de sensibilidade e especificidade
elevados conforme comentados anteriormente.
3.6. PADRONIZAÇÃO DAS TÉCNICAS.
I) Questionário da pesquisa: após sua elaboração, foi realizado treinamento com a
equipe de coleta de dados e testado num estudo piloto.
II) Diagnóstico
1) Pesquisa do parasito:
Exame direto em esfregaço ou por aposição: Foi realizado um raspado da
borda da lesão com lâmina de bisturi, ou utilizou-se do fragmento da
biopsia, desprezando-se o excesso de sangue; fez-se um esfregaço do
tecido em lâmina corando-a pelo Giemsa para pesquisa de formas em
amastigotas compatíveis com protozoários do gênero Leishmania.
2) Histopatológico
Após anestesia da borda da lesão com xylocaina a 2% com ou sem
vasoconstrictor. Foi retirado um fragmento de tecido em cunha com lâmina
de bisturi, para exame corado histopatológico pela técnica de hematoxilina-
eosina. Foi considerado positivo o exame com encontro de formas em
amastigota compatíveis com protozoário do gênero Leishmania.
3) Método imunológico:
a) Intradermorreação de Montenegro (IRM):
Foram inoculados 0,1 ml do antígeno de Montenegro fornecido pelo
METODOLOGIA 46
Ministério da Saúde (Produzido pelo Centro de Produção e Pesquisa de
Imunobiológicos CPPI, Instituto de Saúde do Paraná) na face interna do
antebraço direito, e leitura entre 48-72 horas considerou-se positivo o
nódulo formado no local de diâmetro igual ou superior a 0,5 cm.
RESULTADOS 47
4. RESULTADOS
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.
Para a obtenção da amostra de pacientes participantes do presente estudo foram
identificados como suspeitos de Leishmaniose Tegumentar Americana 134 casos. Desses,
foram excluídos: cinco casos por serem portadores de outras doenças; quatro casos sem
confirmação laboratorial apesar de terem sido tratados com Glucantime
®
e curados das lesões,
estando um desses acometido de AIDS; nove casos, com diagnóstico confirmado
laboratorialmente e evolução favorável ao tratamento, mas eram procedentes de outros
estados (Pernambuco, sete; Minas Gerais, um; e Amapá, um); e um por recusa em participar.
Foram incluídos no estudo 114 pacientes e tiveram seus respectivos controles
selecionados. Desse grupo, foram excluídos 16 casos: seis por terem resultados laboratoriais
falso-positivos, pois, mesmo tratados não apresentaram cura das lesões, sendo confirmado
outro diagnóstico posteriormente; sete com lesões mucosas tardias; dois pacientes foram a
óbito por possíveis complicações resultantes do uso do Glucantime
®
; um paciente que
apresentava AIDS, que faleceu durante o tratamento (figura 2).
Para o grupo controle, foram selecionados inicialmente 228 indivíduos. Destes, 23
pessoas foram excluídas por terem apresentado IRM positiva, tendo sido substituídas por
outras. Nenhum controle recusou-se em participar da pesquisa. Outros 32 controles foram
também excluídos, com a exclusão dos respectivos casos (figura 3). Dos controles excluídos
pela IRM positiva, 14 foram de controles vizinhos e nove de controles da comunidade.
Fizeram parte do trabalho 98 casos e 196 controles divididos em dois grupos (vizinhos e da
comunidade).
Os pacientes desta pesquisa foram oriundos de dezoito municípios; desses, os que
apresentaram maior número de casos foram: União dos Palmares, com 25 casos; Colônia
Leopoldina, com 22 casos; e Novo Lino com 14 casos. (figura 4) Predominou o sexo
RESULTADOS 48
masculino com 64,3% dos casos. Em relação à idade, apesar da maior freqüência na faixa
etária de 20 a 49 anos, chamou a atenção à elevada ocorrência de casos entre jovens: 15,3%,
na faixa etária de um a nove anos, e de 30,5%, de dez a dezenove anos (gráfico 1).
Figura 2: População de estudo: casos de LTA, Alagoas 2004-2007..
Figura 3: População de estudo: controles, Alagoas, 2004-2007.
134 casos suspeitos
5 outros diagnósticos
4 sem confirmação diagnóstica
9 de outros estados
1 recusa
114 responderam os questionários
6 diagnósticos errados
7 lesões mucosas tardias
2 óbitos
1 AIDS
98 casos participantes
228 controles iniciais
23 IRM positivo
23 novos controles
228 controles selecionados
32 de casos excluídos
196 controles participantes
RESULTADOS 49
M
A
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A
G
O
G
I
C
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Q
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S
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A
J
A
P
A
R
A
T
I
N
G
A
MUNICÍPIOS COM CASOS DE LEISHMANIOSE
TEGUMENTAR AMERICANA EM ALAGOAS DE
01/07/2004 A 01/02/2007.
< 5 CASOS
DE 5 A 10 CASOS
> 10 CASOS
Figura 4: Distribuição dos casos de LTA no estado de Alagoas, 2004-2007.
Em relação a situação do domicílio, predominou a localização rural com de 78,5% dos
casos (gráfico 2). A Intradermorreação de Montenegro, realizada em todos os casos, foi
1 a 9 10 a 19 20 a 49 > 49
0
2,5
5
7,5
10
12,5
15
17,5
20
22,5
25
27,5
30
Gráfico 1: Casos de LTA, idade e sexo, Alagoas, 2004-2007. .
masculino
feminino
Idade
RESULTADOS 50
positiva em 90,8%; os exames parasitológicos diretos foram positivos em 39,5%; e o
histopatológico foi positivo em 91,9% dos exames realizados (gráfico 3). Quanto à
classificação clínica, predominaram os casos com lesões cutâneas únicas, em 58,2%. Para os
padrões epidemiológicos, definidos pelo Ministério da Saúde, quase a totalidade dos casos
pertenceram ao tipo rural e periurbano em 98,9% (tabela 1).
Gráfico 2: Casos de LTA, situação de domicílio, Alagoas 2004-2007.
21,43%
78,57%
Urbano
Rural
IRM Exame direto Histopatológico
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Gráfico 3: Casos de LTA, confirmação laboratorial, Alagoas, 2007.
Positivo
Negativo
Exame
RESULTADOS 51
Tabela 1: Casos de LTA, classificação clínica Alagoas, 2004-2007.
Classificação Casos %
Cutânea única 57 58,2
Cutânea múltipla 39 39,8
Disseminada 2 2,0
Total 98 100
4.2. ANÁLISE UNIVARIADA
4.2.1 Controles vizinhos
Para casos e controles vizinhos, em relação às variáveis sociais, observou-se menor
chance de aquisição de LTA para o grupo de indivíduos com mais de quatro anos de estudo,
de cinco a oito pessoas residentes na casa; e uma maior chance de aquisição de LTA, para o
grupo de indivíduos com renda familiar de um a três salários nimos e renda familiar per
capita de R$ 51,00 a R$ 100,00 (tabela 2).
Para as variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares e de lazer,
observou-se maior chance de aquisição de LTA para o grupo de indivíduos com atividade
laboral ou escolar rural, com Odds Ratio elevado de 6,5, e atividades de lazer na mata, com
OR de 5,33 (tabela 3).
Para as variáveis relacionadas com as atividades extradomiciliares, observou-se maior
chance de aquisição de LTA para o grupo de indivíduos com hábito de caçar, com elevado
valor de OR de 6,0 (tabela 4). Para as variáveis relacionadas com os hábitos domiciliares, não
foi observada associação estatisticamente significante (tabela 5).
RESULTADOS 52
TABELA 2: Análise da associação entre fatores de risco relacionados com as variáveis sociais e LTA em
Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Casos Controle
vizinho
OR
pareado
(IC 95%)
P Controle
comunidade
OR
pareado
(IC 95%)
p
Variáveis
nº.
%
nº. %
%
Anos de estudo
4
> 4
89
9
90,8
9,2
77
21
78,6
21,4
1
0,29(0,10-0,79)
0,016
78
20
79,6
20,4
1
0,31(0,11-0,85)
0.023
Nº. de pessoas residentes
1-4
5-8
>8
48
38
12
49,0
38,8
12,2
35
49
14
35,7
50,0
14,3
1
0,48(0,24-0,97)
0,48(0,18-1,31)
0,040
0,156
41
49
8
41,8
50,0
8,3
1
0,62(0,33-1,19)
1,44(0,46-4,49)
0.154
0.534
Nº. de pessoas que trabalham
0-1
2-3
>3
46
47
5
46,9
48,0
5,1
53
38
7
54,1
38,8
07,1
1
1,47(0,80-2,71)
0,84(0,26-2,72)
0,215
0,766
55
35
8
56,1
35,7
8,2
1
1,79(0,91-3,51)
0,77(0,21-2,81)
0,091
0,700
Renda familiar em SM
<1
1-3
>3
27
68
3
27,6
69,4
03,1
48
50
8
48,8
51,0
8,2
1
2,57(1,17-5,64)
0,65(0,12-3,62)
0,018
0,620
32
57
9
32,7
58,3
9,2
1
1,36(0,71-2,62)
0,33(0,61-1,72)
0.356
0.188
Renda familiar per capita
< R$ 50,00
R$ 51,00-R$ 100,00
>R$ 100,00
20
52
26
20,4
53,1
26,5
32
40
26
32,7
40,8
26,5
1
2,24(1,06-4,75)
1,65(1,72-3,79)
0,035
0,237
31
32
35
31,6
32,7
35,7
1
3,58(1,42-9,02)
1,61(0,59-4,36)
0,007
0,350
Considerando as variáveis associadas com a unidade domiciliar, verificou-se menor
chance na aquisição de LTA para o grupo de indivíduos que reside em casa com dois
dormitórios, comparado com os que residem em casa com um único dormitório; e uma maior
chance de aquisição de LTA para o grupo de indivíduos residentes em casa que não possui
fogão a gás (tabela 6).
RESULTADOS 53
TABELA 3: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com as atividades laborais ou escolares
e de lazer e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Casos
Controle
vizinho
OR
pareado
(IC 95%)
p Controle
comunidade
OR
pareado
(IC 95%)
p
Variáveis
nº. % nº. % nº. %
Freqüentar área de LTA
Não
Sim
7
91
7,1
92,9
5
93
5,1
94,9
*
14
84
14,3
85,7
1
8,00(1,00-63-96)
0,050
Horas na atividade principal
0
1-4
5-8
>8
13
38
34
13
13,3
38,8
34,7
13,3
12
41
32
13
12,2
41,8
32,7
13,3
1
0,74(0,22-2,48)
0,94(0,30-2,96)
0,90(0,22-3,61)
0,629
0,919
0,878
18
33
32
15
18,4
33,7
32,7
15,3
1
2,36(0,32-2,84)
1,80(0,58-5,56)
1,55(0,38-6,31)
0,165
0,307
0,538
Atividade laboral
Urbana
Rural
17
69
19,8
80,2
27
62
30,3
69,4
1
6,50(1,46-28,80)
0,014
27
56
32,5
67,5
1
3,75(1,24-11,29)
0,019
Média de horas fora de casa
0
1-4
5-8
>8
9
33
32
24
9,2
33,7
32,7
24,5
6
30
41
21
6,1
30,6
41,8
21,4
1
0,81(0,27-2,47)
0,52(0,17-1,62)
0,70(0,19-2,60)
0,531
0,261
0,599
7
22
34
15
7,1
22,4
34,7
35,7
1
0,95(0,82-2,85)
0,42(0,12-1,53)
0,30(0,81-1,15)
0,927
0,191
0,079
Lazer na mata
Não
Sim
81
17
82,7
17,3
94
4
95,9
4,1
1
5,33(1,55-18,30)
0,008
89
9
90.8
9,2
1
2,00(0,85-4,67)
0,109
Dormir no local de trabalho
Não
Sim
91
7
92,9
7,1
97
1
99,0
1,0
*
90
8
91,8
8,2
1
1,20(0,36-2,93)
0,763
* valores insuficientes para a análise do OR
Para as variáveis relacionados com o peridomicílio e o meio ambiente, observou-se
maior chance para aquisição de LTA para o grupo de indivíduos que reside a menos de 200
metros da mata, cria animais no interior da casa, cria pássaros dentro da casa, possui animais
domésticos fora da casa, este com elevado OR de 6,0, e possui eqüinos fora da casa. Quando
observado o número de pássaros por domicílio, verificou-se uma elevação da chance de modo
crescente para aquisição de LTA; para o grupo de indivíduos com um a três pássaros no
interior da residência o OR foi de 2,75; e para o grupo de indivíduos com mais de três
pássaros na casa o OR foi de 3,56 (tabela 7).
RESULTADOS 54
TABELA 4: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com as atividades extradomiciliares e a
LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Casos Controle
vizinho
OR
pareado
(IC 95%)
p Controle
comunidade
OR
pareado
(IC 95%)
p
Variáveis
nº.
% .
% nº.
%
Hábito de caçar
Não
Sim
83
15
84,7
15,3
93
5
94,9
5,1
1
6,00(1,34-26,80)
0,019
89
9
90,8
9,2
1
1,85(0,74-4,65)
0,187
Hábito de pescar
Não
Sim
76
22
77,6
22,4
68
30
69,4
30,6
1
0,65(0,34-1,24)
0,198
60
38
61,2
38,8
1
0,46(0,24-0,88)
0,019
Entrar no mato à noite
Não
Sim
35
63
35,7
64,3
41
57
41,8
58,2
1
1,35(0,72-2,53)
0,345
42
56
42,9
57,1
1
1,77(0,78-4,02)
0,167
Lavar roupa
Não
Sim
56
42
57,1
42,9
62
36
63,3
36,7
1
1,66(0,72-3,80)
0,226
52
46
53,1
46,9
1
0,76(0,37-1,57)
0,467
Apanhar lenha
Não
Sim
54
44
55,1
44,9
57
41
58,2
41,8
1
1,15(0,62-2,13)
0,640
53
45
54,1
45,9
1
0,94(0,47-1,86)
0,862
Apanhar água
Não
Sim
54
44
55,1
44,9
42
56
57,1
42,9
1
0,53(0,28-1,03)
0,062
41
57
41,8
58,2
1
0,51(0,27-0,98)
0,046
4.2.2. Controles da comunidade
Na análise em que se consideraram os casos e os controles da comunidade, para as
variáveis sociais observou-se menor chance de adquirir LTA para o grupo de indivíduos com
mais de quatro anos de estudo; e maior chance de adquirir LTA para o grupo de indivíduos
com renda familiar per capita entre R$ 51,00 a R$ 100,00 (tabela 2).
Nas variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares e de lazer, a maior
chance de adquirir LTA foi observada no grupo de indivíduos que freqüentam áreas de
transmissão de LTA e para aqueles com as atividades laborais ou escolares na zona rural
(tabela 3). Para as variáveis relacionadas com atividades extradomiciliares, a chance para
aquisição de LTA foi menor para o grupo de indivíduos com hábito de pescar e apanhar água
fora de casa (tabela 4). Para as variáveis relacionadas com os hábitos domiciliares, as
diferenças encontradas não foram estatisticamente significantes (tabela 5).
RESULTADOS 55
TABELA 5: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com os hábitos domiciliares e a LTA
em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Casos Controle
vizinho
OR
pareado
(IC 95%)
p Controle
comunidade
OR
pareado
(IC 95%)
p
Variáveis
nº.
%
nº. % nº. %
Dormir com mosquiteiro
Sim
Não
20
78
20,4
79,6
23
75
23,5
76,5
1
1,27(0,57-2,80)
0,549
26
72
26,5
73,5
1
1,50(0,72-3,11)
0,277
Dormir com mosquiteiro
Diariamente
Algumas vezes
Não
15
5
78
15,3
5,1
79,6
15
8
75
15,3
8,2
76,5
1
0,56(0,16-1,95)
0,94(0,37-2,40)
0,367
0,896
18
8
72
18,4
8,2
73,5
1
0,58(0,18-1,80)
0,71(0,31-1,66)
0,344
0,435
Dormir fora da casa
Não
Sim
95
3
96,9
3,1
98
0
100
0
*
95
3
96,9
3,1
1
1,00(0,20-4,95)
1,000
Usar inseticida
Sim
Não
93
5
94,9
5,1
90
8
91,8
8,2
1
1,60(0,52-4,89)
0,410
90
8
91,8
8,2
1
1,75(0,51-5,97)
0,372
Uso de repelentes
Sim
Não
93
5
94,9
5,1
94
4
95,9
4,1
1
2,00(0,18-22,05)
0,571
93
5
94,9
5,1
1
0,40(0,08-1,80)
0,234
Dormir c/ janelas abertas
Não
Sim
93
05
94,9
5,1
94
4
95,9
4,1
1
1,25(0,33-4,65)
0,739
87
11
88,8
11,2
1
0,45(0,15-1,30)
0,144
* valores insufucientes para cálculo de OR
Para as variáveis relacionadas com a unidade domiciliar, observou-se maior chance de
aquisição de LTA para o grupo de indivíduos em que na casa o sanitário está localizado fora
do domicílio, quando comparado com o grupo de indivíduos que possui sanitário dentro da
casa, e para o grupo de indivíduos que não possui fogão a gás na casa (tabela 6).
RESULTADOS 56
TABELA 6: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com a unidade domiciliar e a LTA em
Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Casos Controle
vizinho
OR
pareado
(IC 95%)
p Controle
comunidade
OR
pareado
(IC 95%)
p
Variáveis
nº.
%
nº. % nº. %
Material da parede
Durável
Não durável
67
31
68,4
31,6
69
29
70,4
29,6
1
1,15(0,54-2,42)
0,706
83
15
84,7
15,3
1
2,77(1,29-5,59)
0,009
Material da cobertura
Durável
Não durável
96
2
98,0
2,0
93
5
94,9
5,1
1
0,25(0,002-2,23)
0,215
95
3
96,9
3,1
1
0.66(0,11-3,98)
0,657
Nº. de cômodos
1-3
4-6
>6
14
78
8
14,3
77,6
8,2
15
69
14
15,3
70,4
18,3
1
1,26(0,54-2,94)
0,54(0,16-1,84)
0,827
0,325
15
73
10
15,3
74.5
10,2
1
1,12(0,49-2,55)
0,83(0,23-2,95)
0,797
0,769
Nº. de pessoas que dormem
1-3
4-6
>6
25
44
29
25,5
44,9
29,6
25
47
27
25,5
46,9
27,6
1
0,95(0,47-1,93)
1,13(0,46-2,78)
0,901
0,785
24
50
24
24,5
51,0
24,5
1
0,85(0,39-1,85)
1,19(0,47-3,00)
0,683
0,706
Nº. de dormitórios
1
2
>2
23
35
40
23,5
35,7
40,8
14
50
34
14,3
51,0
34,7
1
0,33(0,12-0,89)
0,60(0,20-1,77)
0,029
0,355
17
48
33
17,3
49,0
33,7
1
0,54(0,25-1,18)
0,94(0,42-2,11)
0,122
0,878
Densidade de moradores
0,0-1,0
1,1-2,0
2,1-3,0
>3,00
9
46
20
23
9,2
46,9
20,4
23,5
8
42
32
16
8,2
42,9
32,7
16,3
1
0,83(0,26-2,63)
0,44(0,12-1,58)
1,23(0,35-4,31)
0,752
0,210
0,742
10
39
28
21
10,2
39,8
28,6
21,4
1
1,26(0,47-3,38)
0,75(0,24-2,28)
1,11(0,35-3,47)
0,642
0,611
0,862
Abastecimento de água
Com canalização
Sem canalização
30
68
30,6
69,4
29
69
29,6
70,4
1
0,91(0,40-2,07)
0,835
26
72
26,5
73,5
1
0,80(0,41-1,54)
0,506
Banheiro na casa
Dentro de casa
Fora de casa
Ausente
24
16
58
24,5
16,3
59,2
22
17
59
22,4
17,3
60,2
1
0,94(0,39-2,27)
1,17(0,51-2,66)
0,896
0,712
30
11
57
30,6
11,2
58,2
1
1,32(0,52-3,37)
0,82(0,38-1,73)
0,561
0,595
Sanitário na casa
Dentro de casa
Fora de casa
Ausente
25
22
51
25,5
28,4
52,0
23
19
56
23,5
19,4
57,1
1
1,40(0,60-3,46)
1,31(0,57-3,01)
0,431
0,519
32
9
57
32,7
9,2
58,2
1
3,46(1,21-9,95)
1,14(0,54-2,40).
0,021
0,728
Energia elétrica
Sim
Não
81
17
82,7
17,3
76
22
77,6
22,4
1
0,54(0,20-1,47)
0,232
82
16
83,7
16,3
1
1,09(0,48-2,47)
0,835
Fogão a gás
Sim
Não
56
42
57,1
42,9
72
26
73,5
26,5
1
2,60(1,25-5,39)
0,010
72
26
73,5
26,5
1
2,14(1,13-4,04)
0,019
RESULTADOS 57
TABELA 7: Análise da associação entre os fatores de risco relacionados com o peridomicílio e o meio ambiente
e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
casos Controle
vizinho
OR
pareado
(IC 95%)
p Controle
comunidad
e
OR
pareado
(IC 95%)
p
Variáveis
nº.
% nº. % nº.
%
Mata a < 200 m
Não
Sim
55
44
55,1
44,9
68
30
69,4
30,6
1
3,00(1,27-7,05)
0,012
79
19
80,6
19,4
1
3,77(1,81-7.87)
0,000
Rio a < 200 m
Não
Sim
28
70
28,6
71,4
31
67
31,6
68,4
1
1,50(0,53-4,42)
0,442
39
59
39,8
60,2
1
2,00(0,96-4,12)
0,061
Cultura a < 200 m
Não
Sim
7
91
7,1
92,9
8
90
8,2
91,8
*
15
83
15,3
84,7
1
9,00(1,14-71,03)
0,010
Casa a < 50 metros
Não
Sim
29
69
29,6
70,4
31
67
31,6
68,4
1
1,10(0,60-2,01)
0,758
18
80
18,4
81,6
1
0,47(0,22-1,01)
0,053
Animal dentro da casa
Não
Sim
34
64
34,7
65,3
50
48
51,0
49,0
1
2,00(1,09-3,64)
0,024
57
41
58,2
41,8
1
3,87(1,78-8,42)
0,001
Cães dentro da casa
Ausente
Presente
81
7
92,9
7,1
93
5
94,9
5,1
1
1,40(0,44-4,41)
0,566
92
6
93,9
6,1
1
1,20(0,36-3,93)
0,763
Gatos dentro da casa
Ausente
Presente
70
28
71,4
28,6
74
24
75,5
24,5
1
1,36(0,62-2,95)
0,435
76
22
77,7
22,4
1
1,42(0,27-2,82)
0,306
Aves domésticas dentro da casa
Ausente
Presente
91
7
92,9
7,1
92
6
93,9
6,1
1
1,25(0,33-4,65)
0,739
94
4
95,9
4,1
1
2,00(0,50-7,99)
0,327
Pássaros dentro da casa
0
1-3
>3
58
24
16
59,2
24,5
16,8
78
13
7
79,6
13,3
7,1
1
2,75(1,26-6,04)
3,56(1,32-9,55)
0,011
0,012
78
14
6
79,6
14,3
6,1
1
3,56(1,37-9,21)
4,29(1,49-12,36)
0,009
0,007
Animal ao redor da casa
Ausente
Presente
4
94
4,1
95,9
9
89
9,2
90,8
1
6,00(0,72-48,83)
0,097
1
97
1,0
99,0
*
Cães ao redor da casa
Ausente
Presente
24
74
24,5
75,5
18
80
18,4
81,6
1
0,53(0,21-1,34)
0,187
11
87
11.2
88,8
1
0,31(0,12-0,79)
0,014
Gatos ao redor da casa
Ausente
Presente
56
42
57,1
42,9
53
45
54,1
45,9
1
0,82(0,40-1,67)
0,591
41
57
41,8
58,2
1
0,48(0,25-0,91)
0,025
Aves domésticas ao redor da casa
Ausente
Presente
28
70
28,6
71,4
25
73
25,5
74,5
1
0,76(0,33-1,75)
0,533
19
79
19,4
80,6
1
0,57(0,28-1,16)
0,122
Eqüinos ao redor da casa
Ausente
Presente
45
53
45,9
54,1
60
38
61,2
38,8
1
2,15(1,11-4,15)
0,022
58
40
59,2
40,8
1
2,00(1,02-3,89)
0,041
Bovinos ao redor da casa
Ausente
Presente
72
26
73,5
26,4
71
27
72,4
27,6
1
0,91(0,40-2,07)
0,835
75
23
76,5
23,5
1
1,23(0,59-2,55)
0,578
Caprinos ao redor da casa
Ausente
Presente
78
20
79,6
20,4
82
16
83,7
16,3
1
1,50(0,61-3,66)
0,374
82
16
83,7
16,3
1
1,30(0,63-2,69)
0,467
Porcos ao redor da casa
Ausente
Presente
80
18
81,6
18,4
77
21
78,6
21´4
1
0,78(0,35-1,73)
0,549
79
19
80,6
19,4
1
0,93(0,46-1,89)
0,857
Outros animais ao redor da casa
Ausente
Presente
97
1
99,0
1,0
97
1
99,0
1,0
1
1,00(0,06-15,95)
1,000
94
4
95,9
4,1
1
0,25(0,02-2,23)
0,215
* valores insuficientes para cálculo de OR
Para as variáveis relacionadas com o peridomicílio e o meio ambiente, observou-se
RESULTADOS 58
menor chance para aquisição de LTA para o grupo de indivíduos que reside a menos de 50
metros de outra casa, possui cães ou gatos fora da casa, e maior chance para aquisição de LTA
para o grupo de indivíduos que reside a menos de 200 metros da mata, possui cultura de
grande porte a menos de 200 metros da casa (OR de 9,0), cria animais no interior da casa,
possui criação de eqüinos fora da casa, e cria pássaros no interior da casa. Quando observado
o número de pássaros no domicílio verificou-se que até três pássaros o OR foi de 3,57 e
quando este número for maior que três pássaros o OR foi de 4,29 (tabela 7).
4.3. ANÁLISE MULTIVARIADA POR BLOCOS
4.3.1. Controles vizinhos
Considerando os casos e os controles vizinhos o melhor modelo de análise
multivariada para as variáveis sociais, foi com mais de quatro anos de estudo com valor de
p=0,003 e renda familiar igual ou maior que um salário mínimo com p=0,003 (tabela 8).
TABELA 8: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com variáveis sociais e a
LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Controle vizinho Controle comunidade
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p Variáveis OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Anos de estudo
4
> 4
0,17
0,05-0,54
0,003
Anos de estudo
4
> 4
0,23
0,07-0,70
0,010
Renda familiar em SM
< 1
1
3,80
1,54-9,34
0,003
Renda familiar per capita
R$ 50,00
> R$ 50,00
3,75
1,42-9,60
0,007
Para o bloco de variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares e lazer,
juntamente com o bloco de variáveis relacionadas com as atividades extradomiciliares o
melhor modelo multivariado foi o da situação da atividade laboral ou escolar rural com
p=0,009 e lazer na mata com p=0,008 (tabela 9).
RESULTADOS 59
TABELA 9: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com as atividades laborais
ou escolares, de lazer e atividades extradomiciliares e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da
comunidade, 2004-2007.
Controle vizinho
Controle comunidade
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p Variáveis OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Atividade laboral
Urbana
Rural
8,90
1,72-46,11
0,009
Atividade laboral
Urbana
Rural
4,05
1,31-12,48
0,015
Lazer na mata
Não
Sim
6,67
1,65-26,96
0,008
Hábito de pescar
Não
Sim
0,52
0,25-1,06
0,073
Para as variáveis relacionadas com a unidade domiciliar somente para a presença de
fogão a gás na casa observou-se OR estatisticamente significante, deste modo, não outra
variável que se possa ajustar no modelo multivariado.
TABELA 10: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com a unidade domiciliar
e a LTA em Alagoas, considerando os controles da comunidade, 2004-2007.
Controle comunidade
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Fogão a gás
Sim
Não
1,85
0,95-3,60
0,067
Material da parede da casa
Durável
Não durável
2,42
1,10-5,32
0,027
Considerando as variáveis relacionadas com o peridomicílio e o meio ambiente, o
melhor modelo foi pássaro dentro de casa com p=0,003 e presença de mata a menos de 200
metros da casa, p=0,013 (tabela 12).
4.3.2. Controles da comunidade
Para os controles da comunidade e variáveis sociais o melhor modelo ajustado foi
mais de quatro anos de estudo com P=0,010 e renda familiar per capita em real maior que R$
RESULTADOS 60
50,00 com p=0,007 (tabela 8). Para o bloco de variáveis relacionadas às atividades laborais ou
escolares, lazer juntamente com o bloco de variáveis relacionadas com as atividades
extradomiciliares o melhor modelo multivariado foi composto com as variáveis: situação da
atividade laboral ou escolar rural com p=0,015 e hábito de pescar com p=0,075 (tabela 9).
TABELA 11: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com o peridomicílio e o
meio ambiente e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Controle vizinho
Controle comunidade
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p Variáveis OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Mata a < 200 m da casa
Não
Sim
3,14
1,27-7,74
0,013
Mata a < 200 m da casa
Não
Sim
4,57
1,93-10,81
0,001
Animais dentro de casa
Não
Sim
4,26
1,77-1,03
0,001
Pássaros dentro da casa
Não
Sim
3,09
1,47-6,52
0,003
Cães ao redor da casa
Não
Sim
0,29
0,10-0,83
0,022
Gatos ao redor da casa
Não
Sim
0,47
0,22-1,03
0,060
Nas variáveis relacionadas com a unidade domiciliar o melhor modelo ajustado foi para a
ausência de fogão a gás na casa, p=0,067 e material da parede da casa não durável, p= 0,027
(tabela 10). Para as variáveis relacionadas com o peridomicílio e o ambiente o melhor modelo
multivariado foi a presença de animais dentro de casa com p=0,001, mata a menos de 200
metros da casa com p=0,001, cães ao redor da casa com p=0,022, e gatos ao redor da casa
com p=0,060 (tabela 10).
4.4. ANÁLISE MULTIVARIADA COM AGRUPAMENTO DE BLOCOS
4.4.1. Controles vizinhos
Considerando os controles vizinhos realizou-se análise com todas as variáveis
relacionadas a fatores intradomiciliares associados com a transmissão de LTA, incluindo,
portanto, as variáveis biológicas e sociais e aquelas relacionadas à unidade domiciliar.
RESULTADOS 61
Permaneceram no modelo a ausência de fogão a gás na casa (p=0,029), mais de quatro anos
de estudo (p=0,012) e renda familiar maior ou igual a um salário mínimo (p=0,003) (tabela
12). O risco atribuível populacional foi para as variáveis: ausência de fogão a gás, de 26,5%; e
tempo de estudo menor ou igual a quatro anos, de 73,4%.
TABELA 12: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com as variáveis sociais
e a unidade domiciliar e a LTA em Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Controle vizinho Controle comunidade
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Fogão a gás
Sim
Não
2,41
1,09-5,35
0,029
Fogão a gás
Sim
Não
2,36
1,12-4,95
0,023
Anos de estudo
4
>4
0,22
0,70-0,72
0,012
Material da parede
Durável
Não durável
2,36
1,02-5,44
0,043
Renda em SM
<1
1
4,09
1,63-10,22
0,003
Renda per capita
R$ 50,00
> R$ 50,00
3,68
1,40-9,66
0,008
O outro modelo ajustado foi construído com as variáveis relacionadas com fatores
externos ao domicílio, para isto, utilizou-se na análise as variáveis relacionadas com as
atividades laborais ou escolares, lazer, bitos extradomiciliares, peridomicílio e ambiente.
No modelo ajustou-se a presença de pássaros dentro de casa com p=0,012, lazer na mata com
p=0,007, presença de mata a menos de 200 metros da casa p=0,012, situação da atividade
laboral ou escolar rural p=0,029 (tabela 13). O risco atribuível populacional foi para as
variáveis: presença de pássaros dentro de casa, de 28%; lazer na mata, de 24,8%; presença de
mata a menos de 200 metros da casa, de 50,7%; e situação da atividade laboral ou escolar
rural, de 80,9%.
4.4.2. Controles da comunidade
Com relação aos controles comunitários, o melhor modelo ajustado para variáveis
sociais com as da unidade domiciliar foi da ausência de fogão a gás na casa, com p=0,023;
RESULTADOS 62
material da parede da casa não durável, com p=0,043; e renda familiar per capita em real
maior que R$ 50,00, com p=0,008 (tabela 12). O risco atribuível populacional foi para as
variáveis: ausência de fogão a gás, de 25,9%; e material da parede da casa não durável, de
16,7%.
TABELA 13: Análise multivariada da associação entre os fatores de risco relacionados com as atividades
laborais ou escolares, lazer, atividades extradomiciliares, peridomicílio e o meio ambiente e a LTA em Alagoas,
considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Controle vizinho Controle comunidade
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
P
Variáveis
OR IC p
Pássaro na casa
Não
Sim
2,93
1,27-6,75
0,012
Mata a < 200 m
Não
Sim
4,57
1,93-10,81
0,001
Lazer na mata
Não
Sim
9,23
1,82-46,71
0,007
Animal dentro de casa
Não
Sim
4,26
1,77-1,03
0,001
Mata a < 200 m
Não
Sim
4,34
1,37-13,75
0,012
Cão ao redor da casa
Não
Sim
0,29
0,10-0,83
0,022
Atividade laboral
Urbana
Rural
7,75
1,25-45,95
0,029
Gato ao redor da casa
Não
Sim
0,47
0,22-1,03
0,060
Para as variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares, lazer,
atividades extradomiciliares com as do peridomicílio e meio ambiente, permaneceram no
modelo apenas as variáveis relacionadas com o peridomicílio e meio ambiente, repetindo-se o
modelo anterior (tabela 13). O risco atribuível populacional foi para as variáveis: mata a
menos de 200 metros da casa, de 40,4%; e presença de animais dentro da casa, de 40,6%.
4.5 ANÁLISE MULTIVARIADA POR BLOCO DE VARIÁVEIS PROXIMAIS E DISTAIS
Elaborou-se modelo a partir de fatores distais e proximais envolvidos na transmissão
da LTA, sendo os distais, aqueles não associados diretamente com a LTA, compostos pelas
variáveis relacionadas com fatores sociais e unidade domiciliar e proximais, aqueles
RESULTADOS 63
associados diretamente a sua transmissão, composto pelas variáveis relacionadas com a
atividades laborais ou escolares, lazer, e peridomicílio e meio ambiente, Para os controles
vizinhos o melhor modelo para as variáveis sociais e unidade domiciliar: a presença de fogão
a gás na casa (p=0,543), mais de quatro anos de estudo (p=0,657) e renda familiar igual ou
superior a um salário mínimo (p=006); e para as variáveis relacionadas com as atividades
laborais ou escolares, lazer, peridomicílio e meio ambiente: a presença de mata a menos de
200 metros da casa (p=0,007), criação de pássaros dentro de casa (p=0,053), lazer na mata
(p=0,003), e situação da atividade laboral ou escolar rural (p=0,033) (tabela 14).
Para os controles da comunidade, o melhor modelo para as variáveis sociais e
unidade domiciliar: a presença de fogão a gás na casa (p=0,012), material da parede da casa
não durável (p=0,584) e renda familiar per capita superior a R$50,00 (p=0,034), para as
variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares, lazer, peridomicílio e meio
ambiente: a presença de mata a menos de 200 metros da casa (p=0,001), presença de animais
dentro de casa (p=0,063), presença de cães ao redor da casa (p=0,019) e situação da atividade
laboral ou escolar rural (p=0,013) (tabela 14).
RESULTADOS 64
TABELA 14: Análise multivariada composta pelos fatores de risco distais, não relacionados diretamente com a
transmissão de LTA; e fatores de risco proximais, relacionados diretamente com a transmissão de LTA, em
Alagoas, considerando controles vizinhos e da comunidade, 2004-2007.
Controle vizinho Controle comunidade
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Variáveis
OR
pareado
ajustado
IC
(95%)
p
Fogão a gás
Sim
Não
1,40
0,47-4,19
0,543
Fogão a gás
Sim
Não
5,71
1,46-22,32
0,012
Anos de estudo
4
>4
0,70
0,14-3,37
0,657
Material da parede
Durável
Não durável
1,46
0,37-5,82
0,584
Renda em SM
<1
1
7,33
1,79-30,01
0,006
Renda per capita
50
>50
4,97
1,12-21,88
0,034
Mata a < 200 m
Não
Sim
6,51
1,65-25,67
0,007
Mata a < 200 m
Não
Sim
7,08
2,17-23,11
0,001
Pássaro na casa
Não
Sim
2,55
0,98-6,62
0,053
Animal dentro de casa
Não
Sim
2,95
0,94-9,28
0,063
Lazer na mata
Não
Sim
19,45
2,81-134,31
0,003
Cão ao redor da casa
Não
Sim
0,18
0,43-0,75
0,019
Atividade laboral
Urbana
Rural
11,49
1,21-108,43
0,033
Atividade laboral
Urbana
Rural
8,24
1,56-43,53
0,013
DISCUSSÃO 65
5. DISCUSSÃO
No presente trabalho foram estudados, em área endêmica de Leishmaniose
Tegumentar Americana, fatores potencialmente associados à sua transmissão. Utilizou-se o
desenho de estudo tipo caso-controle pareado por sexo e faixa etária. Foram usados dois
grupos controles, um de vizinhos, visando parear por condições ambientais, possibilitando
adequada avaliação das associações relacionadas aos hábitos, e outro de controles da
comunidade, permitindo melhor avaliar a associação com os fatores ambientais.
Para a associação entre casos e controles vizinhos, as variáveis sociais que
apresentaram uma associação mais estreita com LTA foram: os indivíduos com mais de
quatro anos de estudo (OR de 0,17) e renda familiar igual ou maior que um salário mínimo
(OR de 3,80). Para variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares, lazer e
extradomiciliares o melhor modelo foi: os indivíduos com situação da atividade laboral ou
escolar rural (OR de 8,90) e lazer na mata (OR de 6,67). Para variáveis relacionadas com o
peridomicílio e o meio ambiente o melhor modelo foi: os indivíduos que residem a menos de
200 metros da mata (OR de 3,14) e criação de pássaros dentro da casa (OR de 3,09).
Para os controles da comunidade, as variáveis sociais que apresentaram uma
associação mais estreita com LTA foram: os indivíduos com mais de quatro anos de estudo
(OR de 0,23) e renda familiar per capita maior que R$ 50,00 (OR de 3,75); para as variáveis
relacionadas com as atividades laborais ou escolares, lazer e extradomiciliares foram: situação
da atividade laboral ou escolar rural (OR de 4,05) e hábito de pescar (OR de 0,52). Para as
variáveis relacionadas com o peridomicílio e o ambiente o melhor modelo ajustado foi:
residentes com mata a menos de 200 metros da casa (OR de 4,57), presença de animais dentro
da casa (OR de 4,26), presença de cães fora da casa (OR de 0,29) e presença de gatos fora da
casa (OR de 0,47).
Para os blocos de variáveis proximais (diretamente relacionadas com a transmissão de
DISCUSSÃO 66
LTA) e distais (não diretamente relacionadas com a transmissão de LTA), para os controles
vizinhos, as variáveis sociais e as relacionadas com a unidade domiciliar, que apresentaram
uma associação mais estreita foram: para ausência de fogão a gás na casa (OR de 1,40), mais
de quatro anos de estudo (OR de 0,70), renda familiar maior ou igual a um salário mínimo
(OR de 7,33); para as variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares, lazer,
peridomicílio e meio ambiente foi: presença de mata a menos de 200 metros da casa (OR de
6,51), criação de pássaros dentro da casa (OR de 2,55), lazer na mata (OR de 19,45) e
situação da atividade laboral ou escolar rural (OR de 11,49).
Para os controles da comunidade, os blocos de variáveis proximais e distais, para as
variáveis sociais e as relacionadas com a unidade domiciliar que apresentaram uma
associação mais estreita foram: ausência de fogão a gás na casa (OR de 5,71), material da
parede da casa não durável (OR de 1,46), renda familiar per capita maior que R$ 50,00 (OR
de 4,97); para as variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares, lazer,
peridomicílio e o meio ambiente foram: presença de mata a menos de 200 metros da casa (OR
de 7,08), criação de animais dentro de casa (OR de 2,95), presença de cães fora da casa (OR
de 0,18) e atividade laboral ou escolar rural (OR de 8,24).
Visando garantir a confiabilidade dos dados teve-se o cuidado de evitar ao máximo
distorções que pudessem ser produzidas tanto pelo erro aleatório como pelo erro sistemático.
Para diminuir o erro aleatório procurou-se obter um tamanho de amostra adequado
baseado num erro alfa de 5% e beta de 20%, assumindo o maior tamanho de amostra
estimado pelos parâmetros definidos. Deste modo foram incluídos no estudo todos os
pacientes com diagnóstico de LTA com confirmação laboratorial e notificados no SINAM a
partir de 01 de julho de 2004 até 01 fevereiro de 2007. O tamanho da amostra inicialmente
calculada foi de 104 casos e 104 controles em cada grupo, 98 em cada grupo efetivamente
participaram do estudo; como esses números foram muito próximos do estimado, não devem
DISCUSSÃO 67
comprometer os resultados. É possível que, para algumas variáveis, uma maior precisão
(menor amplitude do intervalo de confiança) pudesse ter sido obtida, com maior tamanho de
amostra e algumas associações se tornassem estatisticamente significante. Por outro lado,
ficou reduzida a chance de encontrar uma associação que não é verdadeira.
Em relação ao erro sistemático, devido ao viés de seleção, foram tomadas várias
medidas para minimizá-lo.
Apenas um paciente, com diagnóstico confirmado laboratorialmente e resposta ao
tratamento, se recusou a participar do estudo. Esta recusa não compromete o estudo por sua
pequena magnitude e pelo município de origem, Colônia Leopoldina, ter contribuído com
elevado número de casos para o trabalho. Nenhum controle recusou-se a participar do estudo.
Quanto à possibilidade de potenciais casos não terem sido incluídos por deficiência
nas técnicas laboratoriais empregadas, é possível que tenha ocorrido falha na seleção de
quatro pacientes, sendo dois com lesão cutânea, um com lesões disseminadas e outro com
lesões mucosa e cutânea concomitantes. Estes não se enquadraram no critério de inclusão,
pois foram negativos a Intradermorreação de Montenegro e a pesquisa direta do parasito na
lesão e não se observou parasito ao exame histopatológico; no entanto, as características
histológicas do material biopsiado eram compatíveis com LTA. Todos estes pacientes foram
tratados com Glucantime
®
com cura clínica das lesões. Mesmo que tenha ocorrido falha
diagnóstica, este número de casos não seria suficiente para provocar distorção dos resultados,
pela baixa magnitude e pelo fato de três deles pertencerem à União dos Palmares, município
que mais contribuiu com pacientes para o estudo.
Quanto à possibilidade de sub notificação de casos, a inserção do pesquisador e de
toda equipe colaboradora nos municípios do estado de Alagoas onde a LTA é endêmica deve
ter propiciado a notificação da quase totalidade dos casos de LTA detectados, critério adotado
para entrada dos casos. Mesmo admitindo que possa ter havido falha na detecção, o viés de
DISCUSSÃO 68
seleção produzido por este fato se ocorreu, deve ter sido mínimo.
Em relação aos vieses de informação, é possível que para algumas variáveis os
participantes da pesquisa, ou seu respondente, possam ter fornecido informações erradas. Isso
pode ter ocorrido, por exemplo, no que se refere à renda, pois, alguns benefícios hoje
concedidos pelo estado brasileiro podem induzir algumas famílias a sonegar informação
referente aos ganhos reais, por receio de ter parte desses benefícios cancelados, ou pode haver
acontecido, simplesmente, uma dificuldade de estimar os ganhos, por não correspoder a uma
quantia fixa, ou ainda renda indireta da produção do próprio sitio onde reside. Para procurar
minimizar este tipo de erro, foi elaborado um instrumento de coleta específico que foi
previamente testado em um estudo piloto. Além disso, o pesquisador coordenador realizou ou
acompanhou o preenchimento de todos os questionários explicando os objetivos da pesquisa e
tirando as dúvidas referentes às variáveis.
Quanto à possibilidade de erro de classificação, quando os doentes poderiam ter sido
controles ou vice-versa, admite-se que esta possibilidade tenha sido muito pequena, uma vez
que os critérios de diagnóstico para entrada do caso foram bastante rígidos e todos os
controles foram submetidos à Intradermorreação de Montenegro, sendo descartados e
substituídos aqueles com resultado positivo. Um único sujeito que havia sido controle vizinho
no início da pesquisa, contraiu LTA, sendo admitido como caso e, deste modo, participando
do trabalho com dois questionários independentes, colhidos em cada momento oportuno.
Com relação ao confundimento, situação em que uma determinada variável encontra-
se associada ao fator de exposição e ao efeito, distorcendo o resultado, realizou-se análise
multivariada para ajustar cada um dos fatores pelos demais, além do pareamento por idade e
sexo.
Na revisão da literatura, foram escassos os estudos sobre Leishmaniose Tegumentar
Americana com caráter analítico, conseqüentemente, a comparação dos resultados ficou
DISCUSSÃO 69
limitada a um número relativamente reduzido de artigos. Além disso, esses estudos foram
realizados em países da América do Sul e nenhum deles no Brasil. Considerando a
possibilidade de diferenças quanto aos hábitos da população, às condições de moradia, às
espécies de transmissores e reservatórios e às condições ambientais desses países, essas
comparações podem tornar-se ainda mais difíceis.
Nos três estudos analíticos revisados - SOSA-ESTANI e col. (2001), YADON e col.
(2003) e WEIGLE e col. (1993) - pôde-se observar diferenças metodológicas importantes
relacionadas, principalmente, à seleção dos controles, às estratégias adotadas para controle
das variáveis de confusão e ao tamanho da amostra. SOSA-ESTANI e col. (2001) e YADON
e col. (2003), realizaram estudos de caso-controle pareados por sexo e faixa etária. WEIGLE e
col. (1993) realizaram estudo de caso-controle aninhado a uma coorte, não pareado, e
realizaram ajuste na análise para idade, sexo e atividades na fazenda. No presente estudo,
também foi feito pareamento por idade, sexo, evitando que essas variáveis distorcessem os
valores das medidas de associação estimados para os demais fatores. Os controles foram
selecionados aleatoriamente: no local de residência por SOSA-ESTANI e col. (2001), no setor
censitário por YADON e col. (2003), e na área de abrangência da pesquisa por WEIGLE e
col. (1993). No presente estudo, a seleção dos dois controles independentes foi realizada de
modo não aleatório para o controle vizinho e sorteado para o controle da comunidade, a
partir da unidade do PSF onde o caso residia.
O número de casos e controles variou nos trabalhos consultados. Foram de 30 casos e
60 controles no trabalho de SOSA-ESTANI e col. (2001); de 171 casos e 308 controles no de
YADON e col. (2003); de 77 casos e 232 controles no de WEIGLE e col. (1993); e, 98 com
igual número de controles em cada grupo, no presente estudo. A seleção dos pacientes
ocorreu por casos incidentes no presente estudo e nos estudos de SOSA-ESTANI e col.
(2001), e WEIGLE e col. (1993), enquanto que YADON e col. (2003) usaram casos novos e
DISCUSSÃO 70
antigos. Em todos os estudos, os controles foram IRM negativos.
Verificou-se também diferença na definição dos agrupamentos de variáveis. SOSA-
ESTANI e col. (2001), agruparam as variáveis em dois grupos: fatores vinculados ao
intradomicílio; e fatores vinculados com o domicílio e o peridomicílio. Diferentemente,
YADON e col. (2003) agruparam em três grupos: variáveis relacionadas com transmissão
intradomiciliar; variáveis relacionadas com a transmissão peridomiciliar; e as variáveis
relacionadas com os hábitos humanos. No presente estudo, o agrupamento foi feito em quatro
grupos: variáveis sociais; variáveis relacionadas com a atividade laboral ou escolar rural, lazer
e extradomiciliares; Variáveis relacionadas com a unidade domiciliar; e variáveis relacionadas
com o peridomicílio e o meio ambiente. Além disso, algumas variáveis foram alocadas em
diferentes grupos.
Em decorrência desses comentários, torna-se necessário analisar as comparações entre
os diversos estudos com certa cautela.
Para as variáveis sociais foram analisados como possíveis fatores de risco: anos de
estudo, renda familiar, número de residentes e número de trabalhadores da casa. Destas
variáveis, escolaridade está associada com leishmaniose: os indivíduos com mais de quatro
anos de estudo apresentando uma menor chance de adoecer. Esse achado é consistente nos
dois grupos controles (observado na análise univariada, perdendo a significância estatística
no grupo de controle da comunidade na análise multivariada). Melhoria no nível de
escolaridade e condições de vida poderia reduzir em até 70% o número de casos.
SOSA-ESTANI e col. (2001), em três municípios de Salta, Norte da Argentina, num
estudo realizado entre junho de 1989 a dezembro de 1992, avaliaram a condição de
analfabetismo como possível fator de risco para LTA, não encontrando diferença
estatisticamente significante, na comparação desse grupo com o de alfabetizado, condição
também observada no presente trabalho. Neste estudo nos dois grupos controles, anos de
DISCUSSÃO 71
estudo discrimina o risco da doença, porém com um ponto de corte mais alto.
Com relação à renda familiar, para a faixa de renda mais elevada, que equivaleria a
uma melhor condição social, observou-se maior risco de aquisição de LTA, diferentemente
dos achados em relação às demais variáveis. Mesmo ajustando renda pelos demais fatores, a
associação permaneceu, não ficando claro qual o mecanismo que media essa associação.
Nessa população, composta principalmente por residentes de pequenas cidades ou área rural,
renda familiar pode não ser o fator que melhor expresse condição de vida, salvo a
possibilidade de viés de informação, na obtenção desse dado.
Quando as variáveis renda e instrução foram ajustadas reciprocamente, a associação de
LTA com as duas permaneceu estatisticamente significante, mantendo-se assim o aparente
paradoxo da associação com renda.
Para as variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares e de lazer, a
atividade laboral ou escolar rural constituiu-se em fator de risco de aquisição de LTA, tanto
entre os controles vizinhos como entre os controles da comunidade. Entretanto, não se
observou associação entre LTA e o tempo dedicado a esta atividade ou ao tempo de
permanência fora da casa. SOSA-ESTANI e col. (2001), na Argentina, encontraram maior
risco para adquirir LTA relacionada com atividade pecuária, permanência maior que 10 horas
fora de casa e entre os indivíduos que dormiam no local de trabalho, independente da
atividade desenvolvida. Nesse mesmo estudo, numa análise multivariada para fatores
vinculados ao extradomicílio, ocorreu associação mais estreita para realização de atividades
pecuárias, dormir no local de trabalho e hábito de caçar.
Considerando que a região de transmissão de LTA em Alagoas está concentrada em
área agrícola, poucos indivíduos desempenharam atividade pecuária nas áreas pesquisadas.
Com relação a dormir no local de trabalho, a baixa freqüência deste hábito neste estudo,
limitou uma análise estatística mais adequada.
DISCUSSÃO 72
Freqüentar a área onde a transmissão de LTA já tenha sido descrita, em horários ao
entardecer ou à noite, nos seis meses anteriores do início da doença ou da realização do
questionário entre os controles, implicou em uma chance oito vezes maior de adquirir LTA
em relação àqueles não o fizeram. Estes dados puderam ser observados entre os controles
comunitários, que para os controles vizinhos a área de transmissão, em uma proporção
grande de casos, coincidia com a área de residência. Na literatura consultada, este hábito não
foi pesquisado como possível fator de risco, possivelmente, pelo fato de os controles terem
sido escolhidos, em sua maioria, na vizinhança.
Ter atividade de lazer na mata elevou a chance de adquirir LTA em,
aproximadamente, cinco vezes, quando a comparação foi feita com os controles vizinhos.
Apesar do OR entre os controles da comunidade ter sido de 2,00, esta diferença o foi
estatisticamente significante. Também não foram encontrados na literatura dados referentes à
atividade de lazer na mata.
Dentre as atividades extradomiciliares, o bito de caçar esteve relacionado a uma
maior chance de adquirir LTA, com OR de 6,00 observado para os controles vizinhos, o
mesmo não foi verificado entre os controles da comunidade. SOSA-ESTANI e col. (2001),
também encontraram resultado semelhante (OR 4,00) para controles vizinhos. WEIGLE e col.
(1993), na área rural do município de Tumaco, na Colômbia, em um estudo de caso-controle
para infecção leishmaniótica, definida como viragem da Intradermorreação de Montenegro,
obtiveram resultado semelhante, porém não verificaram o mesmo resultado quando testada a
associação com a doença. YADON e col. (2003), em quatro distritos da província de
Santiago del Estero, Nordeste da Argentina, não encontraram associação entre hábito de caçar
e aquisição de LTA. Neste estudo, a divergência encontrada entre os dois grupos de controles
pode ter ocorrido por variação amostral. Em relação aos outros estudos, essas variações
podem estar refletindo a não coincidência entre os hábitos de reprodução e hematofagia dos
DISCUSSÃO 73
transmissores locais, com horário e área onde a atividade de caçar se realiza em cada
comunidade estudada.
No presente estudo, observou-se que, ao se utilizar os controles vizinhos, num quase
pareamento das condições ambientais, as variáveis relacionadas aos hábitos individuais
(atividade laboral ou escolar rural, lazer na mata e hábito de caçar) apresentaram uma maior
força de associação como fator de risco para aquisição de LTA. Os hábitos de caçar e o de
lazer na mata, entre os controles vizinhos, estão intimamente relacionados. Usando estas
duas variáveis na análise multivariada, o hábito de caçar perde sua significância estatística
(dado não apresentado). Este resultado é bastante plausível, considerando que ambas as
atividades têm relação direta com exposição ao ambiente silvestre (mata) e à picada dos
flebotomíneos.
Caracterizam-se como fator de proteção para LTA, as atividades: hábito de pescar e
apanhar água fora de casa, com associação estatisticamente significante para os controles da
comunidade, contrário ao esperado, considerando que a permanência fora do domicílio
deveria aumentar a chance dos indivíduos adquirirem LTA. Diferentemente deste trabalho,
YADON e col. (2003), na Argentina observaram associação estatisticamente significante
como fator de risco para LTA: apanhar lenha, tomar banho e coletar água. SOSA-ESTANI e
col. (2001), também na Argentina, observaram que atividades domésticas fora da casa
aumentam o risco de LTA; entretanto, a associação o foi estatisticamente significante.
WEIGLE e col. (1993), na Colômbia, em análise univariada, observaram, como fator de risco
para LTA, bito de pescar e apanhar lenha; entretanto, a associação não permaneceu
estatisticamente significante na análise multivariada. Essas divergências, encontradas entre os
estudos, podem também ser decorrentes da diferença entre as espécies de vetores,
responsáveis pela transmissão LTA em cada localidade, apresentando hábitos diferentes, o
que modifica o risco relacionado com essas atividades.
DISCUSSÃO 74
No modelo multivariado, relacionando as atividades laborais ou escolares, lazer e
hábitos extradomiciliares, a maior chance para adquirir LTA, para as variáveis situação da
atividade laboral ou escolar rural e lazer na mata, sugere a estreita associação entre exposição
ao ambiente extradomiciliar e a chance de transmissão da LTA, considerando que essa
associação somente foi verificada com os controles vizinhos.
Ao contrário, a análise multivariada, para os mesmos agrupamentos de variáveis entre
os controles da comunidade reforça a hipótese de que o hábito de pescar diminui a chance
das pessoas adquirirem LTA, uma vez que a associação se manteve mesmo após ajuste e para
valores que expressem atividades laborais ou escolar rural e hábito de pescar como menor
risco.
No presente trabalho, o se observou associação estatisticamente significante para as
variáveis relacionadas com os hábitos domiciliares para os controles vizinhos, nem para os
controles da comunidade. É possível que os fatores de risco elencados neste estudo, o
estejam associados à transmissão da LTA em Alagoas, e/ou a baixa freqüência das respostas
em alguns itens das variáveis tenha limitado a observação dessa associação. Somente o hábito
de dormir com mosquiteiro teve elevada freqüência de respostas, contudo não se observou
associação estatisticamente significante.
SOSA-ESTANI e col. (2001), estudaram como potencial fator de risco, entre os
hábitos domiciliares: dormir fora do quarto e não combater os insetos, encontrando associação
estatisticamente significante somente com a primeira variável, que não foi pesquisada neste
estudo.
Manter janelas e portas permanentemente abertas foi identificada como fator de risco
para LTA por YADON e col. (2003) na Argentina; e o combate aos insetos dentro da casa,
como fator de proteção pelo mesmo autor. WEIGLE e col. (1993) na Colômbia, não incluíram
em seus estudos a pesquisa de hábitos domiciliares como potenciais fatores de risco para
DISCUSSÃO 75
aquisição de LTA.
Para os fatores relacionados com a unidade domiciliar, a associação estatisticamente
significante para material de parede da casa não durável, entre os controles da comunidade,
sugere que precárias condições de moradia aumentam a chance de aquisição de LTA. Este
achado pode ser entendido de duas maneiras: como uma medida das condições sociais ou
como situação facilitadora de acesso do transmissor ao interior da casa pelas frestas
encontradas na parede. A associação estatisticamente significante apenas entre os controles
da comunidade pode significar a ocorrência de pareamento dessa variável entre casos e
controles vizinhos, uma vez que existe semelhança nas casas entre vizinhos, principalmente,
na zona rural. Com base no cálculo do risco atribuível populacional, rebocar as casas de taipa
poderia reduzir o risco de LTA, no máximo, em 17%; porém, esse valor dificilmente seria
atingido uma vez que esse indicador expressa também a condição social.
Ausência de fogão a gás no domicílio mostrou-se como fator de risco para aquisição
de LTA, com associação estatisticamente significante, em relação aos controles vizinhos e
comunitários, (embora, na análise multivariada, a associação deixe de ser estatisticamente
significante para os controles vizinhos), podendo ser interpretado como uma outra medida de
condição social.
A questão referente à ausência de fogão a gás no domicílio pode estar relacionada com
um possível fator de confusão. Quem não tem fogão a gás, provavelmente cozinha à lenha,
prática esta muitas vezes realizada fora do domicílio, nesta condição expondo-se à picada do
flebotomíneo no extradomicílio. Entretanto, a localização da cozinha não fez parte do
presente trabalho como variável pesquisada. Cozinhar a lenha poderia ainda estar associado a
quem apanha lenha no campo, mas esta variável não foi estatisticamente significante como
fator de risco para aquisição de LTA. Baseando-se nessas considerações e nos valores do
risco atribuível populacional, uma medida de intervenção como instalar fogão a gás nos
DISCUSSÃO 76
domicílio, poderia não alcançar uma redução de casos de LTA.
Para as variáveis relacionadas com o peridomicílio e o meio ambiente, a presença de
mata a menos de 200 metros da casa mostrou-se como fator de risco para LTA, tanto para os
controles vizinhos como para os controles da comunidade, refletindo sua importância na
transmissão relacionada com o criatório e a capacidade de dispersão do transmissor. Ressalte-
se que essa associação permaneceu, mesmo após ajuste para as demais variáveis desse
agrupamento. Resultados semelhantes foram observados por YADON e col. (2003) na
Argentina ao detectarem associação para aquisição de LTA com mata a menos de 150 metros.
SOSA-ESTANI e col. (2001), também na Argentina, não observaram associação
estatisticamente significante com LTA e presença de mato alto a menos de 200 metros da
casa. Nesse estudo, com base no cálculo do risco atribuível populacional, se esperaria que um
distanciamento das casas a mais de 200 da mata eliminaria de 40 a 50% o número de casos.
A presença de cultura de grande porte a menos de 200 metros do domicílio está
associada à LTA com OR de 9,00 para casos e controles da comunidade; a não observação
desta condição para os controles vizinhos decorreu, provavelmente, do pareamento para esta
variável. Por se tratar de região essencialmente agrícola, a freqüência de residências próximas
de culturas foi muito elevada, 92,9% para os casos, e 91,8% para os controles vizinhos.
YADON e col. (2003) na Argentina, utilizando controles de setor censitário, observaram
associação estatisticamente significante, para área cultivada a menos de 200 metros.
Apesar do tipo de cultura não ter feito parte das variáveis pesquisadas, durante a coleta
de dados pôde-se observar que a cultura da bananeira esteve muito presente nas áreas de
transmissão de LTA. Esta possível associação pode ter correlação com criadouros específicos
do(s) provável(is) vetor(es). Segundo AGUIAR e MEDEIROS (2003) Lutzomyia whitmani, L.
intermedia e L. migonei são citadas como vetoras da LTA e encontradas associadas ao cultivo
da bananeira, fato este também relatado por LINS (1996) no estado de Pernambuco. Segundo
DISCUSSÃO 77
dados da Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas estas mesmas espécies o detectadas e
incriminadas como vetoras da LTA em Alagoas. Outros estudos devem ser realizados para
confirmar esta hipótese.
YADON e col. (2003) verificaram associação para aquisição de LTA, para lago e
curso de água a menos de 150 metros da casa e rodovia a mais de 50 metros da casa. Neste
estudo a distância entre o domicílio e rio ou córrego a menos de 200 metros da casa não se
mostrou associado com LTA para os controles vizinhos, mas para os controles da
comunidade o OR foi de 2,00, com o valor de p muito próximo do ponto de corte (p=0,061).
A existência de outra residência a menos de 50 metros da casa foi fator de proteção
para os controles da comunidade, com valor de p muito próximo do ponto de corte
(p=0,053). Também neste caso, pode ter ocorrido pareamento em relação aos vizinhos.
WEIGLE e col. (1993) na Colômbia, observaram que a existência de outra casa a mais de 15
metros, estaria associada a um maior risco para infecção leishmaniótica, porém essa
associação deixa de ser estatisticamente significante quando ajustado para sexo, idade e/ou
atividades na fazenda.
A criação de animais dentro da casa está associada, na análise uni e multivariada, com
a transmissão de LTA, para os dois grupos de controles independente da espécie animal
criada no interior do domicílio. Esta associação permaneceu quando o animal pesquisado foi
pássaro, com risco crescente quando o número de pássaros aumentava. Estes dados sugerem
que o sangue desses animais exerça atração sobre os flebotomíneos transmissores,
possibilitando que estes insetos invadam o domicílio, expondo os moradores à picada dos
vetores.
Alguns autores demonstraram que espécies de transmissores apresentam elevado grau
de endofilia e atração pelo sangue de aves. MARASSÁ e col. (2006) pesquisaram sangue
ingerido em flebotomíneos capturados em galinheiros no peridomicílio, na região da Serra da
DISCUSSÃO 78
Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, Brasil, no período de 2002 a 2004, encontrando 72% de
Lutzomyia longipalpis e 96% de Lutzomyia almeriori com sangue de aves no seu aparelho
digestivo.
AFONSO e col. (2005) estudaram hábito alimentar do Lutzomyia intermedia, vetor da
LTA no estado do Rio de Janeiro, Brasil, entre 1999 e 2000, observando elevado grau de
antropofilia e de dispersão ambiental. Quando capturados no interior do domicílio,
identificaram no conteúdo intestinal dos vetores que 39,8% dos espécimes capturados tinham
sangue de roedores no aparelho digestivo; 23,7% com sangue de aves; 20,4% com sangue de
cão; e 16% com sangue humano. Quando a pesquisa foi realizada no peridomicílio, a
freqüência foi de 26,5% de transmissores com sangue de roedores; 26,5% com sangue de
aves; 23,5% com sangue de eqüinos; e o mesmo percentual para sangue humano. Isso sugere
uma elevada atração dos L. intermedia por sangue de aves. Apesar de não termos dados que
apontem a espécie principal transmissora da LTA em Alagoas, estes resultados indicam que
há possibilidade de atração dos flebotomíneos pelo sangue das aves.
Mesmo considerando que, nas pesquisas citadas, para o sangue de aves não houve
distinção entre sangue de aves domésticas criadas no peridomicílio e pássaros, podemos
admitir que pássaros possam ser os principais fornecedores de sangue para algumas espécies
de flebotomíneos no seu ambiente natural, transpondo esse hábito para o interior do
domicílio.
A associação da ocorrência de LTA com a criação de pássaros no domicílio, mesmo
ajustando para as demais variáveis foi um achado até certo ponto inesperado. Assumindo esse
achado como verdadeiro, proibição da criação desses animais poderia contribuir na redução
da incidência da doença. Considerando que as maiorias das criações são de pássaros silvestres
aprisionados em gaiolas, a atual legislação ambiental proíbe essa prática. Somente
indivíduos devidamente autorizados pelo IBAMA podem criar animais silvestres em cativeiro
DISCUSSÃO 79
com intuito de reprodução e preservação das espécies silvestres nativas. No entanto, a criação
de pássaros silvestres é uma prática cultural arraigada nas populações rurais do nosso meio o
que dificulta o cumprimento da legislação.
A proibição efetiva da criação de pássaros nas casas pode parecer, no primeiro
momento, de difícil execução. Pode tornar-se factível se forem unidos os esforços das equipes
de saúde e de meio ambiente numa campanha educativa em atividades de fiscalização. Outros
estudos podem ser realizados, para melhor compreensão dos hábitos alimentares dos
flebotomíneos, responsáveis pela transmissão da LTA em nosso meio.
Não houve associação para aquisição de LTA com cães, gatos ou aves domésticas
presentes no interior da casa.
Foi observado entre os controles da comunidade que a presença de cães ou gatos fora
da casa constitui-se em fator de proteção para aquisição de LTA. A associação permaneceu,
mesmo após ajuste no modelo multivariado. A princípio, baseando-se no mecanismo de
transmissão, pode-se supor que estes animais exerceriam maior atração aos transmissores, que
assim picariam menos os seres humanos. Entretanto, este raciocínio pode não ser verdadeiro,
se considerarmos que essa associação o foi observada entre os controles vizinhos.
Possivelmente outros fatores ambientais envolvidos na transmissão da LTA podem estar
distorcendo os resultados. REITHINGER e DAVIS (1999), em artigo de revisão acerca do
papel dos cães domésticos como reservatórios da LTA, avaliando os resultados de 52 estudos,
concluíram que as evidencias da atuação dos cães como hospedeiros reservatórios são
circunstanciais e sugerem que as prioridades para futuras pesquisas em hospedeiros
reservatórios para ciclos de transmissão domestica de LTA incluam, entre outros, estudos
epidemiológicos e ecológicos semelhantes ao presente estudo, para testar a associação entre a
abundancia de cães na taxa de transmissão de LTA entre humanos. Durante a coleta de dados
para o presente estudo, pôde-se observar a presença de seis cães com lesão suspeita de LTA.
DISCUSSÃO 80
Quanto aos eqüinos fora de casa, a observação destes como fator de risco para LTA,
nos dois grupos de controles, indica maior consistência do que o verificado com cães e
gatos. Conforme observações de outros autores, estes animais, como suscetíveis à LTA,
podem, uma vez infectados, estar servindo como reservatório da Leishmania no peridomicílio,
aumentando a chance da infecção humana. A observação de 23,5% de Lutzomyia intermedia,
capturados no peridomicílio, com sangue de eqüinos no aparelho digestivo, no estudo de
AFONSO e col. (2005), reforça essa hipótese. Durante a coleta de dados pôde-se observar
dois eqüinos com lesões suspeitas de LTA, ambos em peridomicílio de pacientes, sendo que
na área periurbana do município de Novo Lino, na localidade em que um deles trafegava
diariamente, ocorreram 11 casos humanos de LTA.
SOSA-ESTANI e col. (2001), na Argentina, pesquisando o entorno da casa,
verificaram maior risco para LTA numa população de três ou mais eqüinos ou suínos,
somente observando diferença estatisticamente significante para os suínos. Neste estudo, a
presença de suínos no peridomicílio não esteve associada à LTA, independente do número
destes animais.
Os animais domésticos exercem influências diversas em relação à LTA. Podem tornar-
se reservatório do parasito, participando da cadeia de transmissão e aumentando o risco de
LTA. Neste estudo, durante a coleta de dados, cães e eqüinos foram encontrados com lesões
cutâneas suspeita de LTA e houve associação entre LTA e a presença de eqüinos, cães e gatos
criados fora do domicílio. Esses animais podem servir de atrativo aos vetores na qualidade de
fornecedores de sangue, o que poderá ter conseqüências diversas. A atração dos transmissores
para o peri ou intradomicílio pode fazer com que esses vetores piquem também o homem,
acabando por transmitir LTA. De outra maneira, esses mesmos animais poderiam atrair os
flebotomíneos, principalmente para si próprios, evitando assim que o homem fosse picado por
eles e exercendo papel de proteção para LTA.
DISCUSSÃO 81
Em relação aos transmissores, apesar de algumas espécies serem citadas pela
Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas e Ministério da Saúde como de ocorrência em
Alagoas, não há, a o presente, informações precisas sobre a predominância dessas ou de
outras espécies relacionadas com as áreas de transmissão, nem de seus aspectos biológicos
como criadouros, tipo de animais utilizados como fonte de sangue para as fêmeas e
intensidade com que invadem o peri e o intradomicílio. É razoável considerar a possibilidade
de que algumas espécies de vetores apresentem maior ou menor importância na transmissão
da LTA, diferente de uma região para outra. Por essa razão, torna-se necessário identificar
além das espécies dos transmissores seu comportamento biológico, visando propor um
programa de controle.
Até o presente momento, o Ministério da Saúde do Brasil não reconhece que os
animais domésticos, mesmo infectados, sejam participantes da cadeia de transmissão apesar
de relatar no Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana (2007) a
presença de cães, eqüinos e gatos com LTA. Também não foram encontradas, na literatura
pesquisada, informações sobre quais seriam os reservatórios silvestres da LTA em nosso
meio. Não fez parte do presente trabalho a pesquisa de associação da LTA com a presença ou
não de animais silvestre próximo ou no interior da casa; portanto, este elemento deve ser
objeto de outros estudos. Mesmo considerando a impossibilidade de um programa de controle
da LTA baseado no combate a esses animais, em função do dano ecológico que uma medida
desse tipo possa provocar, os estudos com esse foco se justificam pela possibilidade de alterar
o comportamento dos indivíduos em relação ao contato com esses animais.
SOSA-ESTANI e col. (2001) na Argentina, observaram associação independente com
LTA para os fatores vinculados com o domicílio e o peridomicílio: dormir fora do quarto e
presença de três ou mais suínos na casa; e para os fatores vinculados com o extradomicílio:
realizar atividades pecuárias, dormir no local de trabalho e caçar. Apesar do diferente
DISCUSSÃO 82
agrupamento das variáveis, não ocorreu semelhança entre as variáveis, do modelo
multivariado do citado trabalho com este estudo, já que hábito de caçar só foi estatisticamente
significante na análise univariada.
YADON e col. (2003), também na Argentina, observaram associação independente
com LTA para os fatores relacionados com os hábitos humanos: número de meses dormindo
no quintal, tomar banho fora de casa no último ano, apanhar lenha no último ano, apanhar
água no último ano e trabalho na fazenda no último ano; para os fatores relacionados com a
transmissão intradomiciliar: janelas permanentemente abertas, número de quartos menor que
quatro, piso de terra, porta permanentemente aberta, telhado de palha, uso de inseticida,
estocagem de produtos; para os fatores relacionados com a transmissão peridomiciliar:
distância para lagoa de menos de 151 metros, distância para rodovia maior que 50 metros,
distância para curso de água menos que 151 metros, distância para floresta menor que 151
metros, distância para área cultivada menor que 201 metros, depósito de lixo aberto e
observação de tatu no peridomicílio. Neste estudo, com exceção a proximidade com a
floresta, não houve semelhança na análise multivariada.
Para relacionar entre as variáveis socioeconômicas aquelas que têm uma associação
mais estreita com LTA, construiu-se um modelo com as variáveis sociais e aquelas
relacionadas com a unidade domiciliar: entre os controles da vizinhança a associação
estatisticamente significante para ausência de fogão a s, renda familiar maior ou igual a um
salário mínimo e mais de quatro anos de estudo; entre os controles da comunidade, o ajuste
observado foi com ausência de fogão a gás, material da parede da casa não durável e renda
familiar per capita maior que R$ 50,00, todos aumentando a chance de adquirir LTA.
No outro modelo multivariado reunindo os fatores diretamente relacionados com a
transmissão de LTA (as variáveis laborais ou escolares, lazer, atividades extradomiciliares e
as relacionadas com o peridomicílio e o meio ambiente), observou-se para os controles
DISCUSSÃO 83
vizinhos aumento do risco para situação da atividade laboral ou escolar rural, lazer na mata,
mata a menos de 200 metros da casa e criação de ssaros na casa. A LTA está assim
associada em três categorias de variáveis: atividade profissional, lazer, e peridomicílio e meio
ambiente. Para os controles da comunidade, a permanência do mesmo modelo multivariado
para as variáveis relacionadas com o peridomicílio e meio ambiente no modelo anterior
demonstra a força da associação dessas variáveis para esse grupo de controle.
YADON e col. (2003), propuseram um modelo multivariado final com todas as
variáveis verificando associação estatisticamente significante para: número de quartos da casa
menor que quatro janelas permanentemente abertas, piso de terra, distância da lagoa de menos
de 151 metros, distância da floresta de menos de 151 metros (p=0,075), distância para área
cultivada de menos de 201 metros, dormir no quintal de cinco a doze meses no ano, apanhar
água no último ano e trabalhar na fazenda no último ano. Comparando esses dados com os do
presente estudo, somente houve semelhança na relação de proximidade da floresta com a casa.
Vale salientar que a construção dos modelos obedeceu a uma sistemática diferente nos dois
estudos.
No modelo incorporando variáveis socioeconômicas (independentemente de
significância estatística) e determinantes proximais para os controles da vizinhança, a
presença das mesmas variáveis dos modelos anteriores sugere a estreita associação com essas
variáveis. para os controles da comunidade observou-se a saída de “gatos fora de casa” e
a entrada da “situação da atividade laboral ou escolar rural”. A permanência de cão fora de
casa neste modelo, com diminuição do risco de aquisição de LTA reforça a força da
associação dessa variável com a LTA.
Neste estudo apesar do encontro da associação de LTA com atividade florestal, como
o hábito de caçar e lazer na mata, outros indicadores de transmissão peri e intradomiciliar
foram mais marcantes. Observou-se que diversos membros da mesma família adoeciam num
DISCUSSÃO 84
curto período de tempo, que havia elevado número de crianças com a doea, bem como que
existia associação com a proximidade de mata e cultura de grande porte em relação ao
domicílio, e com animais domésticos em ambiente intra e peridomiciliar, achados esses que
reforçam o perfil de transmissão rural ou periurbano. Dados semelhantes puderam ser
observados nos estudos analíticos realizados na Argentina apesar das diferenças encontradas
em relação às variáveis associadas à ocorrência de LTA.
No estado de Alagoas, o padrão silvestre pôde ser observado quando da erradicação
da mata Atlântica para a expansão na cultura da cana de açúcar nos tabuleiros da região sul do
estado, a partir da década de 70 e 80 do século passado, quando a maioria dos casos de LTA
provinha dessa região. Após a consolidação do cultivo da cana de açúcar na região sul, com
técnicas modernas de mecanização, ocorreu uma diminuição de casos nessa região,
persistindo com elevado número de casos a região da mata norte, de colonização antiga, com
padrão epidemiológico rural e periurbano.
O padrão de transmissão da LTA no estado de Alagoas não obedece mais ao padrão
clássico do tipo zoonose de animais silvestres, que acometia pessoas que tinham contato com
florestas primárias (perfil silvestre) ou transmissão associada à exploração desordenada da
floresta para atividade extrativa de madeira, construção de estradas, instalação de atividades
agropecuárias, ou ecoturismo (perfil ocupacional ou lazer). Esses padrões ainda persistem na
região Amazônica, tanto no Brasil quanto em outros países da América do Sul. No trabalho de
WEIGLE e col. (1993), na Colômbia, o maior risco de aquisição de LTA relacionado com
atividades na floresta, tais como: freqüência com que se entra na mata, hábito de caçar,
apanhar lenha e desmatar, sugere que a transmissão de LTA, obedeça ao padrão de
transmissão silvestre.
A partir do reconhecimento de que o padrão epidemiológico da LTA em Alagoas é o
tipo rural e periurbano, outros estudos epidemiológicos precisam ser realizados para melhor
DISCUSSÃO 85
entender o comportamento da LTA em nosso meio. Com relação ao parasito, segundo o
Ministério da Saúde a única espécie causadora da LTA em Alagoas é a L. (V.) braziliensis,
entretanto, novos estudos, incorporando técnicas modernas de biologia molecular, precisam
ser realizados com o intuito de melhor caracterizar o(s) agente(s) etiológico(s) da LTA.
O Ministério da Saúde reconhece que o conhecimento da LTA ainda é limitado em
alguns aspectos o que a torna de difícil seu controle, e recomenda que as ações sejam voltadas
para o diagnóstico precoce, tratamento adequado dos casos detectados e estratégias de
controle flexíveis, distintas e adequadas a cada padrão de transmissão. Mesmo considerando
que estudos subseqüentes precisam ser realizados para melhor conhecer os aspectos
relacionados com a transmissão da LTA, com base no padrão de transmissão observado e nos
dados obtidos nesse trabalho, medidas de controle podem ser tomadas com objetivo de
diminuir a incidência dessa enfermidade. O risco atribuível relacionado às atividades laborais
ou escolares rural, lazer na mata e criação de pássaros ou animais no interior da casa apontam
para o alcance das medidas específicas.
CONCLUSÕES 86
6. CONCLUSÕES
Diante dos dados apresentados no presente estudo sobre a Leishmaniose Tegumentar
Americana no estado de Alagoas, é possível apresentar algumas conclusões.
1) Com relação à amostra estudada:
- A ocorrência da LTA, em Alagoas, predomina na mesoregião Leste, principalmente
ao Norte na divisa com o estado de Pernambuco.
- A doença predomina no sexo masculino, em adultos, em residentes da zona rural,
tendo a forma cutânea única como a mais prevalente.
- Tem como padrão epidemiológico de transmissão o tipo rural ou periurbano.
2) Com relação aos fatores de risco:
a) Foi observada uma associação independente com os seguintes fatores:
- Para as variáveis sociais: ter mais de quatro anos de estudo, sendo que para os
controles vizinhos: renda familiar maior que um salário mínimo e para os controles da
comunidade per capita maior que cinqüenta reais.
- Para as variáveis relacionadas com as atividades laborais ou escolares, de lazer e
atividades extradomiciliares: desenvolver atividades laborais ou escolar rural, sendo
que para os controles vizinhos: lazer na mata e para os controles da comunidade:
hábito de pescar.
- Para as variáveis relacionadas com a unidade domiciliar, entre os controles da
comunidade: ter material da parede da casa não durável e ausência de fogão a gás.
- Para as variáveis relacionadas com o peridomicílio e meio ambiente: mata a menos
de 200 metros da casa, sendo que para os controles vizinhos: a presença de pássaros
dentro da casa; e para os controles da comunidade: presença de animais dentro da
casa, cães ou gatos fora da casa.
b) Ao analisarem-se conjuntamente os grupamentos das variáveis sociais e as
CONCLUSÕES 87
relacionadas com a unidade domiciliar, foi verificada uma associação mais estreita
com os seguintes fatores: ausência de fogão a gás, sendo que para os controles
vizinhos: ter mais de quatro anos de estudo e renda familiar maior que um salário
mínimo; e para os controles da comunidade: ter material da parede da casa não durável
e renda per capita maior que cinqüenta reais.
c) Ao analisarem-se conjuntamente os grupamentos das variáveis relacionadas com a
atividade laborais ou escolares, de lazer; atividades extradomiciliares; e peridomicílio
e meio ambiente verificou-se uma associação mais estreita com os seguintes fatores:
mata a menos de 200 metros da casa, sendo que para os controles vizinhos: presença
de pássaros dentro da casa, lazer na mata e atividade laboral ou escolar rural; e para os
controles da comunidade: presença de animais dentro da casa, cães ou gatos fora da
casa.
d) Em outro modelo usando as variáveis não relacionadas diretamente com
transmissão de LTA (distais) que apresentaram na análise multivariada associação
estatisticamente significante e aquelas relacionadas diretamente com a transmissão de
LTA (proximais), foi identificada uma associação mais estreita para as seguintes
variáveis proximais: mata a menos de 200 metros da casa, sendo que; para os
controles vizinhos: presença de pássaros dentro da casa, lazer na mata e atividade
laboral ou escolar rural; e para os controles da comunidade: presença de animais
dentro da casa, cães fora da casa e atividade laboral ou escolar rural.
3) O risco atribuível populacional observado para os controles vizinhos foi: menos de
quatro anos de estudo de 73,4%, ausência de fogão a gás de 26,5%, pássaros dentro da
casa de 28%, lazer na mata de 24,8%, mata a menos de 200 metros da casa de 50,7% e
atividade laboral ou escolar rural de 80,9%. Para os controles comunitários foi:
ausência de fogão a gás foi de 25,9%, material da parede da casa não durável foi de
CONCLUSÕES 88
16,7%, mata a menos de 200 metros da casa foi de 40,4% e presença de animais
dentro de casa foi de 40,6%.
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 89
7. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Alagoas processo nº. CEP02/2004. O desenho de estudo de caso-controle que não
contempla intervenção nos sujeitos da pesquisa e os exames realizados foram de baixo poder
invasivo, com risco mínimo aos participantes, o que determina poucas implicações éticas ao
estudo. Foi assinado termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) por casos e controles
(anexo 1). Foram garantindo a todos os pacientes tratamento e acompanhamento até a cura da
enfermidade.
BIBLIOGRAFIA 90
BIBLIOGRAFIA
AFONSO, M. M. S. et al. Studies on the habits of Lutzomyia (N) intermedia (Diptera,
Psychodidae), vetor of cutaneus leishmaniasis in Brasil. Cadernos de Saúde Pública.
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2003.
ANEXOS 94
ANEXOS
Anexo 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.)
Eu,......................................................................................................................................, tendo
sido convidado (a) a participar como voluntário (a) do estudo: Identificação de fatores de
risco e agentes etiológicos da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no estado de
Alagoas, Brasil. Recebi do Professor Fernando de Araújo Pedrosa, responsável por sua
execução, as seguintes informações que me fizeram entender sem dificuldades e sem dúvidas
os seguintes aspectos:
1) Que o estudo se destina a conhecer os fatores de risco que são responsáveis pela
transmissão da leishmaniose (ferida brava) em Alagoas.
2) Que a importância deste estudo é o de identificar quais fatores individuais,
residenciais e ambientais são importantes na transmissão da leishmaniose.
3) Que os resultados que se desejam alcançar são os seguintes: dormir fora de casa, ter
animal doméstico próximo da casa, morar perto da mata, trabalhar na mata entre
outros facilitam o aparecimento da LTA.
4) Que este estudo começará em janeiro de 2004 e terminará em junho de 2005.
5) Que o estudo será feito da seguinte maneira: diagnóstico utilizando-se de meios
clínicos e laboratoriais com retirada de pedaço de pele da lesão exame de sangue para
os casos e responder um questionário pelos doentes e pelos controles.
6) Que participarei das seguintes etapas: realização dos exames laboratoriais, aplicação
do questionário, tratamento e acompanhamento do até a cura clínica.
7) Que os incômodos que poderei sentir com minha participação, no caso de ser o doente,
é a retirada de um fragmento de tecido que será realizada com anestesia local e coleta
de sangue na veia do braço e para os controles apenas uma injeção na pele do
antebraço para saber se já fui infectado pelo parasito.
8) Que possíveis riscos á minha saúde física e mental o: dor e infecção no local da
retirada do fragmento de pele que será prevenido com uso de curativos, já para
retirado de sangue da veia do braço o risco de complicação são mínimos.
9) Que estou ciente que alguns casos apresentam dificuldade de cura clínica, mas que
serei acompanhado pelo pesquisador pelo tempo que se fizer necessário para cura ou
melhora clínica.
10) Que deverei contar com assistência durante todo processo diagnóstico, tratamento até
a cura da lesão, sendo responsável o Professor Fernando Pedrosa.
11) Que os benefícios que deverei esperar com minha participação, mesmo que o
diretamente são: orientação detalhada da doença, diagnóstico confirmado por
laboratório, tratamento adequado com acompanhamento rigoroso.
12) Que minha participação será acompanhada do seguinte modo: após suspeita da doença
serei examinado pelo pesquisador, que sob rigoroso cuidado serei submetido aos
exames laboratoriais em estabelecimento de saúde, receberei tratamento
medicamentoso e acompanhamento durante todo tratamento até a cura.
ANEXOS 95
13) Que sempre que desejar foi fornecido esclarecimentos sobre cada uma das etapas do
estudo.
14) Que eu poderei a qualquer momento recusar a continuar participando do estudo e,
também, que eu poderei retirar meu consentimento, sem que isso traga qualquer
penalidade ou prejuízo.
15) Que as informações conseguidas através da minha participação não permitirão a
identificação da minha pessoa, exceto aos responsáveis pelo estudo, e que a
divulgação das mencionadas informações será feita entre os profissionais
estudiosos do assunto.
16) Que eu poderei ser indenizado por qualquer despesa que venha a ter com a minha
participação nesse estudo e, também, por todos os danos que venha a sofrer pela
minha razão, sendo que, para essas despesas, foi-me garantida a existência de recurso.
17) Finalmente, tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre
minha participação no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das
minhas responsabilidades, dos riscos e dos benefícios, que a minha participação
implica, concordo em dele participar e por isso eu DOU MEU CONSENTIMENTO
SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.
Endereço do (a) participante voluntário (a)
Domicílio_______________________________________________nº_______Complemento
_______Bairro___________________________CEP___________Cidade________________
Fone______________Ponto de referência__________________________________________
_________________________________________________________________________
Endereço do responsável pela pesquisa
Fernando de Araújo Pedrosa
Cond. Aldebaran Bete, Qd C, Lote 2, Serraria, CEP: 57.080-900, Maceió-AL
Fone: (82) 358-5294 e 93311692
Data: ______________________________________________,_____/_____/200 .
______________________________________________________________________
Assinatura ou impressão datiloscópica do voluntário (a)
______________________________________________________________________
Assinatura ou impressão datiloscópica do responsável, caso menor ou incapaz.
ANEXOS 96
Anexo 2: Questionário de pesquisa.
FATORES DE RISCOS PARA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA)
NO ESTADO DE ALAGOAS, BRASIL.
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
VARIÁVEIS BIOLÓGICAS E SOCIAIS
1) Data da entrevista (pule para questão 5)
_____/_____/__________
2) Número do questionário (preenchido pelo coordenador)
3) Tipo do questionário (preenchido pelo coordenador)
1- Caso
2- Controle vizinho
3- Controle comunidade
4) Número do par.(preenchido pelo coordenador)
_______________
5) Nome:___________________________________________________________________________________________
6)
Apelido:__________________________________________________________________________________________
7) Nome da mãe:_____________________________________________________________________________________
8) Respondente
1- Sujeito da pesquisa
2- Pai
3- Mãe
4- Outro familiar
5- Outro acompanhante
9) Nome do respondente (caso não seja o sujeito da pesquisa)
___________________________________________________
10) Qual a sua idade em anos
completos?
________
11) Qual a data de seu nascimento?
_____/_____/__________
12) Sexo
1 Masculino
2 Feminino
3 Ign.
13) Qual o seu endereço atual?
___________________________________________________________________________________________________
14) Município código
____________________________________
15) Distrito, vila, bairro código
_________________________________
16) Pontos de referência _______________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
17) Há quantos anos você mora neste endereço? (se mora há mais de seis meses da data do início da doença, pule para
questão 25)
ANEXOS 97
_____________ ano(s) ___________ mês(es)
18) Qual seu endereço anterior?
___________________________________________________________________________________________________
19) Município código
____________________________________
20) Distrito, vila, bairro código
________________________________
21) Pontos de referência _______________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
22) Região geográfica do município de referência
(preenchido pelo coordenador)
1- Litoral
2- Mata
3- Agreste
4- Sertão
9- Ign
23) Situação do endereço do município de referência
(preenchido pelo coordenador)
1- Urbana
2- Rural
9- Ign
24) Freqüentou área de transmissão de LTA, ao entardecer ou à noite, nos seis meses anteriores ao início da doença?
1 Sim Quais? _______________________________________________________________________
2 Não
9 Ign.
25) Qual o curso mais elevado que você freqüentou no qual
concluiu pelo menos uma série?
01- Alfabetização de adultos
02- Antigo primário
03- Antigo ginásio
04- Antigo clássico, científico, etc.
05- Ensino fundamental ou 1º grau
06- Ensino médio ou 2º grau
07- Pré-vestibular
08- Superior – graduação
09- Mestrado ou doutorado
10- Não concluiu nenhuma série
99- Ign.
26) Qual a última série ou ano que você concluiu com
aprovação?
01- Primeira
02- Segunda
03- Terceira
04- Quarta
05- Quinta
06- Sexta
07- Sétima
08- Oitava
09- Curso não seriado
10- Nenhuma
99- Ign.
27) Anos de estudo (preenchido pelo coordenador)
28) Quantas pessoas moram na casa?
_______
29) Quantas pessoas trabalham na casa
30) Quanto cada um ganha por mês? (pule para questão 32)
Nome
1) __________________________R$ ____________
2) __________________________R$ ____________
3) __________________________R$ ____________
4) __________________________R$ ____________
5) __________________________R$ ____________
ANEXOS 98
_________
6) __________________________R$ ____________
7) __________________________R$ ____________
Total R$ ____________
31) A renda familiar mensal (preenchido pelo coordenador)
R$ ,
VARIÁVEIS RELACIONADAS ÀS ATIVIDADES LABORAIS E DE LAZER
32) Qual a sua ocupação/profissão?
código IBGE
____________________________________________________________________
33) Onde você trabalha ou estuda
___________________________________________________________________________
34) Em que atividade você mais se ocupou no mês passado?
código
___________________________________________________________________
35) Quantas horas você gasta por dia em sua atividade principal? (pule para questão 38)
_________ h.
36) Situação da atividade laboral (preenchido pelo
coordenador)
1 Urbana
2 Rural
9 Ign.
37) Tipo de atividade Rural (preenchido pelo coordenador)
1 Pecuária
2 Agrícola
3 Extrativa
8 não se aplica
9 ign.
38) Quantas horas diárias você passou fora de casa nos
dias úteis da última semana?
______ h x 5=_______ h
39) Quantas horas você passou fora de casa no último
sábado? _______ h
40) Quantas horas você passou fora de casa
no último domingo?
_______ h
41) Quantas horas diárias você passou fora de casa na
última semana? (preenchido pelo coordenador)
(37+38+39)/7= __________
42) Você tem praticado atividades de divertimento do tipo passear, acampar, caminhar, pescar, caçar na mata, ao entardecer
ou a noite, nos últimos 12 meses?
1. Sim
2. Não
9 Ign.
43) Nos últimos 12 meses você dormiu no local de trabalho,
pelo menos uma vez?
1- Sim
44) Com que freqüência você dormiu no local de trabalho?
1. Diariamente
ANEXOS 99
2- Não
9 Ign
2. Pelo menos uma vez por semana
3. Pelo menos uma vez por mês
4. Menos de uma vez por mês
8. Não se aplica
9. Ign.
VARIAVEIS RELACIONADAS COM ATIVIDADES EXTRADOMICILIARES
45) Nos últimos 12 meses você caçou, pelo menos uma vez?
1 Sim
2 Não
9 Ign
46) Com que freqüência você caçou?
1. Diariamente
2. Pelo menos uma vez por semana
3. Pelo menos uma vez por mês
4. Menos de uma vez por mês
8. Não se aplica
9. Ign.
47) Nos últimos 12 meses você pescou, pelo menos uma vez?
1 Sim
2 Não
9 Ign
48) Com que freqüência você pescou?
1. Diariamente
2. Pelo menos uma vez por semana
3. Pelo menos uma vez por mês
4. Menos de uma vez por mês
8. Não se aplica
9. Ign.
49) Nos últimos 30 dias você entrou no mato ou na roça a
noite ou ao entardecer?
1 Sim
2 Não
9 Ign
50) Com que freqüência você entrou no mato ou na roça a
noite ou entardecer?
1. Diariamente
2. Pelo menos uma vez por semana
3. Pelo menos uma vez por mês
4. Menos de uma vez por mês
8. Não se aplica
9. Ign
51) Nos últimos 30 dias você cozinhou ou lavou roupas fora
da casa?
1 Sim
2 Não
9 Ign
52) Com que freqüência você cozinhou ou lavou roupas fora
de casa?
1. Diariamente
2. Pelo menos três vezes por semana
3. Pelo menos uma vez por semana
4. Menos de uma vez
8. Não se aplica
9. Ign.
53) Nos últimos 30 dias você entrou no mato para apanhar
lenha?
1 Sim
2 Não
9 Ign
54) Com que freqüência você entrou no mato para apanhar
lenha?
1. Diariamente
2. Pelo menos três vezes por semana
3. Pelo menos uma vez por semana
4. Menos de uma vez
ANEXOS 100
8. Não se aplica
9. Ign.
55) Nos últimos 30 dias você apanhou água fora de casa?
1 Sim
2 Não
9 Ign
56) Com que freqüência você apanhou água fora de casa?
1. Diariamente
2. Pelo menos três vez por semana
3. Pelo menos uma vez por semana
4. Menos de uma vez
8. Não se aplica
9. Ign.
VARIÁVEIS RELACIONADOS COM HÁBITOS DOMICILIARES
57) Nos últimos 30 dias você vem dormindo com
mosquiteiro?
1 Sim, diariamente
2 Sim, algumas vezes
3 o
9 Ign
58) Nos últimos 30 dias você tem dormido na área externa da
casa?
1 Sim, diariamente
2 Sim, algumas vezes
3 Não
9 Ign
59) Nos últimos 30 dias você tem utilizado inseticida dentro
da casa?
1 Sim, diariamente.
2 Sim, algumas vezes.
3 Não
9 Ign
60) Nos últimos 30 dias você tem utilizado repelentes aéreo do
tipo “espiral sentinela” ou “ Boa noite”?
1 Sim, diariamente.
2 Sim algumas vezes
3 Não
9 Ign
61) Nos últimos 12 meses você tem dormido com as janelas abertas?
1 Sim, diariamente nas noites quentes
2 Sim, algumas vezes nas noites quentes
3 Não
9 Ign
VARIÁVEIS RELACIONADAS COM A UNIDADE DOMICILIAR
62) O domicilio possui telas em
portas e janelas (observador)
1 Sim
2 Não
9 Ign
63) O material predominantemente utilizado na parede externa da casa (observador)
1 Durável (tijolo, pedra, concreto pré-moldado, taipa revestida, ou madeira
aparelhada)
2 Não durável (taipa não revestida, palha, madeira não aparelhada ou outro)
9 ign.
64) O material predominantemente utilizado na cobertura da casa (observador)
1 Durável (telha de barro cozido, cimento-amianto, alumínio-madeira, madeira
aparelhada ou laje de concreto)
2 Não Durável ( zinco, madeira não aparelhada, palha ou outro)
9 Ign.
65) Número de cômodos existente na
casa (observador)
________
ANEXOS 101
66) Quantas pessoas dormem na
casa?
________
67) Número de dormitórios existente
na casa (observador)
________
68) Densidade de moradores por dormitório
(preenchido pelo coordenador)
(66 / 65) = _______ ,
69) Abastecimento de água
(observador)
1 Com canalização interna
2 Sem canalização interna
9 ign.
70) Banheiro na casa (observador)
1 Ausente
2 Presente fora do domicilio
3 Presente no interior de domicilio
9 ign.
71) Sanitário na casa (observador)
1 Ausente
2 Presente fora do domicílio
3 Presente no interior de domicilio
9 ign.
72) Energia elétrica (observador)
1 Sim
2 Não
9 Ign.
73) Fogão a gás (observador)
1 Sim
2 Não
9 ign .
VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PERIDOMICÍLIO E AO AMBIENTE
74) Existe mata próximo da casa
(observador)
1- < 50 metros
2- 50 a 100 metros
3- 101 a 150 metros
4- 151 a 200 metros
5- >201 metros
9 ign.
75) Existe Rio ou Córrego próximo da
casa (observador)
1 < 50 metros
2 50 a 100 metros
3 101 a 150 metros
4 151 a 200 metros
5 >201 metros
9 ign.
76) Existem culturas de grande porte
(árvores e arbustos) próximo da casa
(observador)
1 < 50 metros
2 50 a 100 metros
3 101 a 150 metros
4 151 a 200 metros
5 >201 metros
9 ign.
77) Existe outra casa a menos de 50
metros? (observador)
1 Sim
2 Não
9 Ign.
78) Existe animal doméstico no
interior do domicílio?
1 Sim
2 Não (pule para questão 83)
9 Ign.
79) Quantos cachorros existem no interior
da casa?
____________
80) Quantos gatos existem no interior da
casa?
_______________
81) Quantas galinhas, patos, etc.
existem no interior da casa
____________
82) Existe outro animal no interior da
casa? Qual?
___________________
83) Existe animal ao redor da casa?
1 Sim
2 Não (encerre o questionário)
9 Ign.
84) Quantos cachorros existem ao
redor da casa?
_____________
85) Quantos gatos existem ao redor da
casa?
____________
86) Quantas galinhas, patos etc.
existem ao redor da casa?
_____________
87) Quantos cavalos, burros, jumentos
existem ao redor da casa?
____________
88) Quantos bois existem ao redor da
casa? ____________
ANEXOS 102
89) Quantas cabras e ovelhas existem
ao redor da casa?
______________
90) Quantos porcos existem ao redor
da casa?
______________
91) Existe outro animal ao redor da casa?
Qual?
_________________
VARIÁVEIS RELATIVAS À DOENÇA E AO LOCAL DE TRANSMISSÃO (preenchido pelo coordenador)
92) Há quanto tempo você está
doente?
_________
93) Qual a medida de tempo?
1 Anos
2 Meses
3 Semanas
4 Dias
94) Forma clínica
01 Cutânea única
02 Cutânea múltipla
03 Cutânea disseminada
04 Recidiva cutis
05 Mucosa tardia
06 Mucosa concomitante
07 Mucosa contígua
08 Mucosa primária
09 Mucosa indeterminada
99 Ign
95) Padrão de transmissão
1 Puramente silvestre
2 Silvestre modificado
3 Urbano
9 Ign.
EXAMES COMPLEMENTARES ( preenchido pelo coordenador)
96) Intradermoreação de Montenegro (IRM)
1 Realizado
2 o realizado
9 Ign.
97) Resultado da IRM
1 Positivo
2 Negativo
8 Não se aplica
9 Ign.
98) Pesquisa direta do parasito
1 Realizado
2 Não realizado
9 Ign.
99) Resultado do exame direto
1 Positivo
2 Negativo
8 Não se aplica
9 Ign.
100) Biopsia
1 Realizado
2 Não realizado
9 Ign.
101) Resultado do hisopatológico
1 Não compatível
2 Compatível com parasito
3 Compatível sem parasito
8 Não se alica
9 Ign.
código
102) Entrevistador_______________________________________________________________________
103
APÊNDICE
Apêndice 1. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFAL.
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