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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola
Familiar
TESE
CARACTERIZAÇÃO DO MICROCLIMA DE AMBIENTE
PROTEGIDO CULTIVADO COM FEIJÃO-VAGEM
CLÊNIO RENÊ KURZ BÖHMER
PELOTAS, 2008
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2
CLÊNIO RENÊ KURZ BÖHMER
CARACTERIZAÇÃO DO MICROCLIMA DE AMBIENTE
PROTEGIDO CULTIVADO COM FEIJÃO-VAGEM
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Sistemas de Produção
Agrícola Familiar da Universidade Federal de
Pelotas, como requisito parcial à obtenção do
título de Doutor em Ciências.
Orientador:
Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch – PPGSPAF/FAEM/UFPel
Co-orientador:
Prof
a
. Dr
a
. Simone Vieira de Assis PPGMET/UFPel
Pelotas, 2008
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3
Banca examinadora:
_______________________________________
Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch
PPGSPAF/Faculdade de Agronomia/UFPel (Presidente)
_______________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Cláudia Rejane Jacondino de Campos
PPGMET/Faculdade de Meteorologia/UFPel
_______________________________________
Prof. Dr. Dágnon da Silva Ribeiro
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas
_______________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Roberta Marins Nogueira Peil
PPGSPAF/Faculdade de Agronomia/UFPel
4
Dedico este trabalho a meus pais, Bruno e Olinda, e a Rosângila pelo incentivo e
estímulo à busca de meu desenvolvimento profissional e pessoal.
5
Agradecimentos
A Deus, por sempre dar-me forças, saúde e sabedoria para conduzir a
minha vida.
A Universidade Federal de Pelotas, pela oportunidade de realizar o curso de
Pós-Graduação.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas (CEFET-RS), por
liberar-me das atividades docentes para cursar Pós-Graduação, e aos colegas do
curso de Eletrotécnica, que apoiaram à realização do curso.
Ao Prof. Dr. Carlos Rogério Mauch, pelas valiosas contribuições na
orientação deste trabalho, dedicação, apoio, confiança e amizade.
A Prof
a
. Dr
a
. Simone Vieira de Assis, pelo apoio, dedicação, confiança,
amizade e valiosas contribuições na co-orientação deste trabalho.
A todos os professores e funcionários do curso de Pós-graduação em
Sistemas de Produção Agrícola Familiar, pela dedicação e apoio recebidos.
Aos colegas da Pós-graduação, pelo apoio, estímulo e amizade.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para a
realização deste trabalho.
6
Resumo
BÖHMER, Clênio Renê Kurz. Caracterização do microclima de ambiente
protegido cultivado com feijão-vagem. 2008. 113f. Tese (Doutorado) Programa
de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar. Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas.
O
ambiente protegido modifica os elementos meteorológicos no seu interior, com
relação ao meio externo. A cultura do feijão-vagem é considerada de alto risco,
sendo bastante sensível a condições meteorológicas adversas. O cultivo em
ambiente protegido poderá viabilizar a produção na Região Sul em épocas do ano
desfavoráveis. Face ao exposto, o presente trabalho objetivou verificar se as
condições do microclima do ambiente protegido atendem às necessidades da
cultura do feijão-vagem no período de outono. O ambiente protegido foi cultivado
com feijão-vagem, Macarrão Baixo, sob adubação orgânica, no período de março a
junho de 2007 na Universidade Federal de Pelotas. Um sistema de aquisição de
dados (Microlloger) realizou leituras através de sensores das variáveis
meteorológicas no interior do ambiente. Estes dados foram confrontados com os
dados da Estação Agroclimatológica de Pelotas (EAPel) - Convênio
EMBRAPA/UFPel. A radiação solar global no interior do ambiente protegido foi, em
média, 85,07% da radiação solar global no exterior, sendo que em 28 dias ficou
abaixo do limite trófico para hortaliças. No interior do ambiente protegido, a média
da temperatura do ar foi 18,8
o
C, ficando dentro dos limites recomendados para a
cultura nos períodos de germinação e desenvolvimento vegetativo. No período de
floração-frutificação, atingiu valores inferiores ao recomendado. A temperatura
média do solo foi de 25,3
o
C, ficando dentro dos limites recomendados. A umidade
relativa do ar apresentou uma média de 89,9% ficando acima do recomendado
todos os dias. O saldo de radiação decresceu com a proximidade do inverno,
apresentando uma média de 4,1MJ m
-2
dia
-1
, sendo que 81,7% foi convertido em
calor latente de evaporação e 18,3% em calor sensível. O balanço de radiação ficou
dividido, em média, entre 7,14MJ m
-2
dia
-1
de radiação de ondas curtas e 3,04MJ m
-2
dia
-1
de radiação de ondas longas. O albedo da cultura foi variável durante o ciclo,
aumentando até o período de frutificação, diminuindo, em seguida, em função da
senescência e queda das folhas. A Evapotranspiração de referência média pelo
método da FAO e pelo método do tanque Classe A foram 1,21 e 1,50mm dia
-1
,
respectivamente. O consumo hídrico total foi de 80,63mm, com um coeficiente de
cultura de 0,79. O ciclo total de cultivo foi de 84 dias, apresentando um rendimento
de 6,03Mg ha
-1
, índice de área foliar máximo de 1,11; com 262,88g de matéria
fresca e 34,14g de matéria seca por planta. O rendimento energético da radiação
solar global e da radiação solar fotossinteticamente ativa máximos foram 0,2 e 0,5g
7
MJ
-1
, respectivamente. O microclima do ambiente protegido atendeu às
necessidades da cultura até o final do mês de abril, a partir de maio começaram a
ocorrer temperaturas inferiores ao limite recomendado, bem como níveis de
radiação solar global incidente inferiores ao limite trófico.
Palavras-chave: Ambiente protegido. Microclima. Phaseolus vulgaris L.
8
Abstract
BÖHMER, Clênio Renê Kurz. Microclimate characterization of the protected
environment cultivated with french-beans. 2008. 113f. Thesis (Doctorate)
Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar.
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas
The protected environment changes the meteorological elements in its interior
related to the outward environment. The french-beans culture is considered a high
risk one, being so sensitive to adverse meteorological conditions. The cultivation in
protected environment may become viable the production in South Region under
unfavorable year period. Due to the exposed before, the present paper had the aim
of verifying whether the microclimate conditions from the protected environment refer
to the french-beans culture in autumn period. The protected environment was
cultivated with green beans named “Macarrão Baixo, from March to June 2007
period in Pelotas Federal University. A data purchasing system (Microlloger)
performed readings through meteorological variable sensors in the interior of the
environment. These data were compared to the Agroclimatological Station data in
Pelotas (EAPel) - EMBRAPA/UFPel convention. The global solar radiation in the
interior of the protected environment was 85,07% averaged from the global solar
radiation in exterior as well in 28 days became below the trofic limit for vegetables. In
the interior of the protected environment, the air temperature average was 18,8
o
C,
being inside of the recommended values for the culture in the germination and
vegetative development periods. In the flowering-fructification period, it took inferior
values as recommended. The soil medium temperature was 25,3
o
C, being inside of
the recommended values. The air relative humidity presented an 89,9% average,
being above the recommended every day. The radiation balance decreased with the
winter proximity, presenting a 4,1MJ m
-2
day
-1
average, being that 81,7% was
converted into latent heat of evaporation and 18,3% in sensitive heat. The radiation
balance was divided into an average between 7,14MJ m
-2
day
-1
of short wave
radiation of and 3,04MJ m
-2
day
-1
of long wave radiation. The crop albedo was
variable during the cycle, increasing until fructification period and decreasing due to
the senescence and leaf dropping. The evapotranspiration in medium reference by
FAO method and Pan method they were 1,21 and 1,50mm day
-1
, respectively. The
entire hydric consumption was 80,63mm, which resulted in a 0,79 culture coefficient.
The entire cycle of culture was 84 days, presenting a 6,03Mg ha
-1
, maximum foliar
area index of 1,11; with 262,88g fresh matter and 34,14g dry matter for plant. The
solar radiation energetic yield and the maximum photosynthetically active solar
radiation were 0,2 and 0,5g MJ
-1
, respectively. The microclimate of the protected
environment solved the culture needs until the final of April, as from May began the
9
occurrence of inferior temperatures to the recommended limit as well the levels of
global solar radiation inciding inferior to the trofic limit.
Key words: Protected environment. Microclimate. Phaseolus vulgaris L.
10
Lista de figuras
Figura 1
Radiação solar global incidente no interior do ambiente protegido
(Ri), radiação solar global na Estação Agroclimatológica de Pelotas
(Rg) e limite trófico (Lt) para hortaliças durante o ciclo da cultura do
feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007..................
60
Figura 2
Coeficiente de extinção atmosférica durante o ciclo da cultura do
feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007..................
61
Figura 3
Temperatura do ar (T), limite mínimo (Lmín) e limite máximo (Lmáx)
no período de emergência do feijão-vagem cultivado em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min)...............................
62
Figura 4
Temperatura do ar (T), limite mínimo (Lmín) e limite máximo (Lmáx)
no período de desenvolvimento vegetativo do feijão-vagem
cultivado em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de
15min)...............................................................................................
63
Figura 5
Temperatura do ar (T), limite mínimo (Lmín) e limite máximo (Lmáx)
no período de floração e frutificação do feijão-vagem cultivado em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de
15min)...............................................................................................
64
Figura 6
Temperaturas do ar mínima absoluta (Tmín), máxima absoluta
(Tmáx) e média diária (Tméd) no interior do ambiente protegido e
na Estação Agroclimatológica durante o ciclo do feijão-vagem
cultivado em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.........................
66
Figura 7
Temperatura do solo (Ts), limite mínimo (Lsmín) e limite máximo
(Lsmáx) no período de emergência do feijão-vagem cultivado em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min)...............
67
Figura 8
Temperatura do solo (Ts), limite mínimo (Lsmín) e limite máximo
(Lsmáx) no período de desenvolvimento vegetativo do feijão-vagem
cultivado em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de
15min)...............................................................................................
68
Figura 9
Temperatura do solo (Ts), limite mínimo (Lsmín) e limite máximo
(Lsmáx) no período de floração e frutificação do feijão-vagem
cultivado em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de
15min)...............................................................................................
68
11
Umidade relativa do ar (UR), limite mínimo (URLmín) e limite
máximo (URLmáx) no interior do ambiente protegido durante o ciclo
do feijão-vagem, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min)....................
69
Saldo de radiação (Rn), balanço de ondas curtas (BOC) e balanço
de ondas longas (BOL), radiação solar incidente sobre o dossel
(Ri), radiação solar refletida pelo dossel (Rr) e radiação solar
transmitida através do dossel (Rt), durante o ciclo do feijão-vagem
em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007........................................
72
Saldo de radiação (Rn), balanço de ondas curtas (BOC), balanço
de ondas longas (BOL), radiação solar global incidente (Ri),
radiação solar global refletida (Rr) e radiação solar global
transmitida através do dossel (Rt), durante um dia de céu claro
(18/05/07) e num dia de céu nublado (21/05/07), em ambiente
protegido cultivado com feijão-vagem, Pelotas, RS, 2007................
76
Variação do albedo durante o ciclo da cultura do feijão-vagem em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007..............................................
77
Variação do albedo
do feijão-vagem em ambiente protegido,
durante um dia de céu claro, Pelotas, RS, 2007................................
78
Variação do albedo
do feijão-vagem em ambiente protegido,
durante um dia de céu nublado, Pelotas, RS, 2007...........................
79
Balanço de energia no interior do ambiente protegido durante o
ciclo do feijão-vagem, Pelotas, RS, 2007...........................................
80
Evapotranspiração de referência (ETo) diária estimada pelo
método da FAO Penman-Monteith e pelo método do tanque Classe
A no interior do ambiente protegido cultivado com feijão-vagem,
Pelotas, RS, 2007..............................................................................
82
Índice de área foliar durante o ciclo da cultura do feijão-vagem em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007..............................................
87
Fitomassa fresca, acumulada por planta em gramas durante o ciclo
da cultura do feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS,
2007..................................................................................................
89
Fitomassa seca, acumulada por planta em gramas durante o ciclo
da cultura do feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS,
2007..................................................................................................
92
Quantidade média colhida por planta durante o ciclo da cultura do
feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007..................
94
Rendimento energético da radiação solar (Ei) e da radiação
fotossinteticamente ativa (Epar) durante o ciclo da cultura do feijão-
vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007............................
95
12
Lista de tabelas
Tabela 1
Umidade relativa mínima absoluta (URmín), umidade relativa
máxima absoluta (URmáx) e umidade relativa média do ar no
interior do ambiente protegido em cada período do ciclo do feijão-
vagem, Pelotas, RS, 2007...................................................................
70
Tabela 2
Saldo de radiação (Rn), radiação solar transmitida através do dossel
(Rt), radiação solar refletida pelo dossel (Rr), radiação solar
incidente sobre o dossel (Ri), balanço de ondas curtas (BOC) e
balanço de ondas longas (BOL) em MJ m
-2
dia
-1
durante o ciclo do
feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007...................
73
Tabela 3
Relação entre saldo de radiação (Rn), radiação solar transmitida
através do dossel (Rt), radiação solar refletida pelo dossel (Rr),
balanço de ondas curtas (BOC), balanço de ondas longas (BOL) e
radiação solar incidente sobre o dossel (Ri) durante o ciclo do feijão-
vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.............................
74
Tabela 4
Saldo de radiação (Rn), fluxo de calor latente e fluxo de calor
sensível (MJ m
-2
) em diferentes ciclos de desenvolvimento da
cultura do feijão-vagem, em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007..
81
Tabela 5
Evapotranspiração de referência método FAO, em mm dia
-1
(ETo
FAO), evapotranspiração de referência método tanque Classe A em
mm dia
-1
(ETo Classe A), percentual que o método Classe A foi
superior ao método da FAO, coeficiente médio do tanque Classe A
para cada período (Kp) e coeficiente médio do tanque Classe A
ajustado (Kpa) para o cultivo de feijão-vagem, em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007..............................................................
82
Tabela 6
Evapotranspiração da cultura em mm dia
-1
(ETc), evapotranspiração
de referência em mm dia
-1
(ETo) e coeficiente de cultura (Kc) para o
cultivo de feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007...
84
Tabela 7
Código do estádio fenológico, data e duração em dias após a
semeadura (DAS) para ocorrer cada fase fenológica da cultura do
feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007...................
86
Tabela 8
Componentes da fitomassa fresca em gramas e percentual do total
da parte aérea, por planta, em cada coleta de plantas, durante o
ciclo da cultura do feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas,
RS, 2007.............................................................................................
90
Tabela 9
Componentes da fitomassa seca em gramas e percentual do total
da parte aérea, por planta, durante o ciclo da cultura do feijão-
vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.............................
93
13
Lista de símbolos
A área útil da estufa em m
2
;
AS área de solo ocupada pela planta em m
2
;
AF área foliar em m
2
;
BOC balanço de ondas curtas em MJ m
-2
dia
-1
;
BOL balanço de ondas longas em MJ m
-2
dia
-1
;
CS constante solar em W m
-2
;
Dj dia juliano;
ea pressão real do vapor em kPa;
ECA evaporação do tanque Classe A em mm dia
-1
;
Ei rendimento energético em função da radiação solar global incidente em
g MJ
-1
;
Ep
rendimento energético em função da radiação fotossinteticamente ativa
incidente em g MJ
-1
;
es pressão de saturação do vapor em kPa;
ETc evapotranspiração da cultura em mm dia
-1
;
ETo evapotranspiração de referência em mm dia
-1
;
eTu pressão de saturação do vapor na temperatura de bulbo úmido em kPa;
F bordadura em metros;
G fluxo de calor no solo em MJ m
-2
dia
-1
;
H fluxo de calor sensível em MJ m
-2
dia
-1
;
IAF índice de área foliar;
Kc coeficiente de cultura;
Kp coeficiente do tanque classe A;
Kt coeficiente de extinção atmosférica fora do ambiente protegido;
LE fluxo de calor latente em MJ m
-2
dia
-1
;
14
ln logaritmo natural;
MS matéria seca acumulada durante o cultivo em g m
-2
;
NP mero de plantas;
P média diária da pressão atmosférica em kPa;
Pv peso total das vagens colhidas em g;
Ra rendimento por área em g m
-2
;
Rg radiação solar global na superfície terrestre MJ m
-2
dia
-1
;
Ri radiação solar global incidente do dossel da cultura em MJ m
-2
dia
-1
;
Rn saldo de radiação em MJ m
-2
dia
-1
;
Ro radiação no topo da atmosfera em MJ m
-2
dia
-1
;
Rp rendimento médio por planta em g planta
-1
;
Rr radiação solar global refletida pela cultura em MJ m
-2
dia
-1
;
s
tangente à curva de pressão de saturação de vapor d'água em função da
temperatura do ar em kPa
o
C
-1
;
T temperatura do ar (bulbo seco) a 1m de altura em
o
C;
Tm temperatura do ar (bulbo seco) média entre os níveis 1 e 2 em
o
C;
Tu temperatura do ar (bulbo úmido) a 1m de altura em
o
C;
UR umidade relativa do ar média diária a 2m de altura em %;
U2 velocidade média diária do vento a 2m de altura em m s
-1
;
α
albedo do cultivo;
razão de Bowen;
γ
coeficiente psicrométrico em kPa
o
C
-1
;
δ
declinação solar em graus;
û7
diferença entre as temperaturas dos termômetros de bulbo seco
instalados nos níveis 1 e 2 em
o
C;
û7X
diferença entre as temperaturas dos termômetros se bulbo úmido
instalados nos níveis 1 e 2 em
o
C;
φ
latitude em graus;
ω
s
ângulo horário do por do sol em graus;
ΣRi
somatório da radiação solar global acumulada em MJ m
-2
;
ΣPARi
somatório da radiação PAR incidente acumulada em MJ m
-2
.
15
Sumário
1 INTRODUÇÃO
................................
................................
...............................
18
2 REVIO DE LITERATURA
................................
................................
..........
21
2.1 A cultura do feijão-vagem
................................
................................
.............
21
2.1.1 Produção e importância econômica da cultura
................................
.........
21
2.1.2 Grupos de cultivares e rendimentos
................................
..........................
22
2.1.3 Condução da cultura
................................
................................
.................
24
2.1.4 Exigências climáticas
................................
................................
.................
25
2.2 Cultivo em ambiente protegido
................................
................................
.....
28
2.3 Condições ambientais no interior do ambiente protegido
.............................
31
2.3.1 Radiação solar
................................
................................
...........................
31
2.3.2 Temperatura do ar
................................
................................
....................
32
2.3.3 Temperatura do solo
................................
................................
.................
34
2.3.4 Umidade relativa do ar
................................
................................
..............
35
2.3.5 Evapotranspiração de referência
................................
...............................
36
2.3.6 Evaporação no tanque Classe A
................................
...............................
38
2.3.7 Evapotranspiração e coeficiente de cultura
................................
...............
39
2.3.8 Balanço de radiação e energia
................................
................................
..
40
2.3.9 Rendimento energético
................................
................................
.............
41
3 MATERIAL E MÉTODOS
................................
................................
................
43
3.1 Área experimental
................................
................................
........................
43
3.2 Observações agrometeorológicas
................................
................................
44
3.2.1 Radiação solar global no interior e no exterior do ambiente protegido
......
45
3.2.2 Coeficiente de extinção atmosférica
................................
..........................
45
3.2.3 Temperatura do ar
................................
................................
.....................
46
3.2.4 Temperatura do solo
................................
................................
.................
47
16
3.2.5 Umidade do solo
................................
................................
........................
47
3.2.6 Umidade relativa do ar
................................
................................
..............
47
3.2.7 Radiação solar global incidente, refletida e transmitida
............................
48
3.2.8 Saldo de radiação
................................
................................
......................
49
3.2.9 Velocidade do vento
................................
................................
..................
49
3.2.10 Evaporação do tanque Classe A
................................
.............................
49
3.3 Balanço de radiação
................................
................................
.....................
49
3.4 Balanço de energia
................................
................................
.......................
50
3.5 Evapotranspiração de referência
................................
................................
..
52
3.6 Evapotranspiração e coeficiente da cultura
................................
..................
53
3.7 Respostas agronômicas
................................
................................
...............
54
3.7.1 Fases fenológicas
................................
................................
......................
54
3.7.2 Índice de área foliar
................................
................................
...................
54
3.7.3 Fitomassa fresca
................................
................................
.......................
55
3.7.4 Fitomassa seca
................................
................................
.........................
55
3.7.5 Rendimento
................................
................................
...............................
55
3.7.6 Rendimento energético em função da radiação solar global incidente
.....
56
3.7.7 Rendimento energético em função da radiação fotossinteticamente ativa
incidente
................................
................................
................................
...
56
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
................................
................................
.......
58
4.1 Observações agrometeorológicas
................................
................................
58
4.1.1 Radiação solar global no interior e no exterior do ambiente protegido
......
58
4.1.2 Coeficiente de extinção atmosférica
................................
..........................
60
4.1.3 Temperatura do ar
................................
................................
.....................
61
4.1.4 Temperatura do solo
................................
................................
.................
67
4.1.5 Umidade relativa do ar
................................
................................
..............
69
4.2 Balanço de radiação
................................
................................
.....................
71
4.2.1 Balanço de radiação em dias de céu claro e céu nublado
.......................
74
4.2.2 Albedo da cultura
................................
................................
......................
77
4.3 Balanço de energia
................................
................................
.......................
79
4.4 Evapotranspiração de referência
................................
................................
.
81
4.5 Evapotranspiração e coeficiente de cultura
................................
.................
83
4.6 Respostas agronômicas
................................
................................
...............
85
4.6.1 Fases fenológicas
................................
................................
......................
85
17
4.6.2 Índice de área foliar
................................
................................
...................
87
4.6.3 Fitomassa fresca
................................
................................
.......................
88
4.6.4 Fitomassa seca
................................
................................
.........................
91
4.6.5 Rendimento
................................
................................
...............................
93
4.6.6 Rendimento energético da radiação solar
................................
................
95
5 CONCLUSÕES
................................
................................
...............................
97
6 REFERÊNCIAS
................................
................................
..............................
99
APÊNDICES
................................
................................
................................
....
107
18
1 INTRODUÇÃO
A radiação solar é, sem vida, a principal fonte de energia para o Planeta.
O aquecimento da superfície terrestre pela radiação solar desencadeia uma série de
fenômenos meteorológicos, dentre eles a circulação geral da atmosfera, as chuvas,
as diferenças de temperatura e as diferenças de pressão atmosférica. Ao
atravessar a atmosfera, a radiação solar interage com os elementos constituintes da
mesma, sofrendo atenuação, difusão e reflexão, com isso, tem sua quantidade,
qualidade e direção alteradas, atingindo a superfície terrestre com características
diferentes daquelas que apresentava no topo da atmosfera.
Na superfície terrestre, a radiação solar tem uma relação direta com a vida
das plantas e dos animais. O crescimento e desenvolvimento de uma determinada
cultura está diretamente relacionado com a capacidade da mesma em absorver e
transformar a radiação solar em fitomassa. Ao atingir a superfície vegetal, a
radiação solar pode ser absorvida, refletida ou transmitida através da planta. A
parcela refletida não participa efetivamente dos processos biológicos, restando a
parte absorvida e transmitida para participar desses processos.
A quantidade de energia radiante disponível na superfície é o saldo de
radiação. As medidas de saldo de radiação em comunidades vegetais proporcionam
a caracterização dos estados de conforto térmico, conforto hídrico e reações
biofísicas e bioquímicas. Esses processos têm importância fundamental no
entendimento das reações genótipo-ambiente, os quais determinarão a produção e
a produtividade da cultura (SOUZA, 1996).
O ambiente protegido com filme plástico, em função de seu formato,
dimensões, orientação geográfica, material de cobertura e manejo, modifica os
fluxos radiativos no seu interior em relação ao exterior, criando um microclima
diferenciado em relação ao meio externo. Através de um manejo adequado, o cultivo
19
em ambiente protegido objetiva criar e manter um microclima adequado ao cultivo
de plantas, independente da estação do ano.
O cultivo em ambiente protegido, geralmente vinculado à agricultura familiar,
objetiva conquistar um mercado diferenciado, bem como, um valor mais elevado
para o produto, compensando desta forma o maior custo da estrutura de proteção.
Além desta vantagem, os produtos colhidos podem apresentar melhor qualidade, as
plantas consomem menos água, diminui-se a lixiviação dos nutrientes, melhora-se o
aproveitamento da radiação solar, há um aumento significativo da temperatura
interna do ar e do solo (MARTINS et al., 1999).
A adubação orgânica proporciona bons índices de produtividade. Segundo
Aldrighi (2000), a adubação orgânica apresenta-se como uma técnica de custo
reduzido no fornecimento de nutrientes necessário ao desenvolvimento das culturas,
uma vez que, dentre os fatores de produção, a adubação, pode representar de 20%
a 30% do custo.
A cultura do feijão-vagem é considerada de alto risco, sendo bastante
sensível às condições meteorológicas adversas. No período de outono a radiação
solar interna ao ambiente protegido pode se tornar limitante, ficando abaixo do limite
trófico da cultura. Além disso, as baixas temperaturas podem aumentar o período
reprodutivo e de diminuir o rendimento, quando comparado a épocas do ano mais
favoráveis, conforme verificado por Aldrighi (2000).
Embora sendo menos produtivas, as variedades de crescimento
determinado apresentam algumas vantagens econômicas: não necessitam de
tutoramento, diminuindo os custos com mão-de-obra e com material; ocupam a área
de produção por menos tempo, já que o ciclo de produção é menor; diminuindo
custos com irrigação, manejo da estufa, colheita etc. Além disso, Barbosa et al.
(2001), recomendam o feijão-vagem de crescimento determinado para rotação de
culturas em ambiente protegido.
Deve-se semear em seguida a uma cultura de
tomateiro ou pepino. Para melhor aproveitamento do efeito residual, o ideal é
semear no mesmo sulco de plantio da cultura anterior.
Salienta-se que não foram encontrados registros de experimentos em
ambiente protegido com feijão-vagem de porte rasteiro em Pelotas, RS. Apenas
foram realizados dois experimentos com a cultivar Macarrão Favorito AG 480, de
crescimento indeterminado (Oliveira, 1992; Aldrighi, 2000).
20
Face ao exposto, o presente trabalho objetivou avaliar o microclima no
ambiente protegido cultivado com feijão-vagem Macarrão Baixono período de
outono. Pode-se destacar os seguintes objetivos específicos:
- avaliar as respostas agronômicas da cultura (fases fenológicas, índice de
área foliar, fitomassa fresca, fitomassa seca e rendimento) em ambiente
protegido;
- comparar as medidas agrometeorológicas do interior do ambiente
protegido com as do exterior;
- avaliar os componentes do balanço de energia ao longo do ciclo da
cultura;
- descrever os fluxos de radiação (radiação de onda curta, radiação de
onda longa e refletividade do cultivo) ao longo do ciclo da cultura;
- analisar o rendimento energético da radiação solar;
- estimar a evapotranspiração de referência e da cultura do feijão-vagem;
- verificar se as condições do microclima do ambiente protegido no
período de março a junho atendem às necessidades da cultura do feijão-
vagem.
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A cultura do feijão-vagem
O feijão-vagem é uma hortaliça de importância mundial, constituindo-se em
uma boa fonte de proteínas, para a nutrição humana. Origiria da América Central,
foi levada para Europa no século XVI, e daí foi difundida para outros continentes.
Pertence à família Fabaceae, seus frutos são vagens de formato afilado, dentro
dos quais se desenvolvem as sementes. A exploração comercial tem por finalidade
o aproveitamento das vagens produzidas pela planta em seu estado imaturo. Nesse
estágio, as vagens são utilizadas na alimentação de várias formas, podendo ser
industrializadas ou consumidas "ïn natura", o que o diferencia dos outros feijões
(BARBOSA et al., 2001; FILGUEIRA, 2003; EMBRAPA HORTALIÇAS, 2007).
A folha do feijão-vagem é composta de 3 folíolos grandes, em formato de
coração, sendo dois laterais e um no centro; as flores são hermafroditas e
autoférteis; as raízes são superficiais no solo e têm a capacidade de fixar o
nitrogênio do ar, graças à formação de nódulos, provocada pela ação de uma
bactéria do gênero Rhizobium (KUROZAWA, 2007).
O feijão-vagem é rico em fibras, tem apreciável quantidade de vitaminas B1
e B2, além de apresentar, em quantidades menores, fósforo, flúor, potássio, cálcio,
ferro, vitaminas A e C (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2007).
2.1.1 Produção e importância econômica da cultura
De acordo com o Censo Agropecrio de 1996 a produção brasileira do
feijão-vagem foi de 70.007Mg, o que representou um valor de R$ 28.020.240,18. O
maior produtor nacional é a região Sudeste com 51.494Mg, seguida da região Sul,
22
com 11.834Mg. A produção do estado do Rio Grande do Sul foi de 4.025Mg,
representando 5,7% da produção nacional (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007)
A variação de preço de atacado no Rio Grande do Sul, no primeiro dia útil
de cada mês do ano, em Porto Alegre, teve um crescimento de janeiro a julho de
2006 - o máximo foi de R$ 2,50Kg
-1
e ocorreu no mês de julho. No período de julho
a dezembro do mesmo ano, ocorreu um decréscimo no preço, sendo o valor mínimo
de R$ 0,80Kg
-1
em dezembro (CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DO RIO GRANDE
DO SUL S.A., 2007).
2.1.2 Grupos de cultivares e rendimentos
De acordo com Barbosa et al. (2001), as cultivares comerciais de feijão-
vagem podem ser classificadas de acordo com o formato das vagens nos seguintes
grupos:
- Grupo Macarrão: apresenta hábito de crescimento indeterminado,
ultrapassando 2,5m de altura, o que exige tutoramento. As vagens
apresentam seção circular com formato cilíndrico e sementes brancas,
quando secas; têm um mero médio de seis sementes por fruto e um
teor de fibrosidade muito alto (o que permite aproveitar o fruto por
completo).
- Grupo Manteiga: hábito de crescimento indeterminado, possui vagens
com formato achatado e sementes com coloração creme-clara ou
branca, quando secas; o grupo apresenta número médio de oito
sementes por fruto e teor de fibrosidade mais elevado.
- Grupo Macarrão Rasteiro (Anão): as plantas têm crescimento
determinado, com caule ereto e de baixa altura, atingindo 50cm, no
máximo. Esse grupo apresenta uma desvantagem: a produtividade é
sensivelmente menor em relação à cultura tutorada, já que a colheita é
concentrada; as vagens são do tipo macarrão, e as sementes, brancas.
No Brasil, a cultura do feijão-vagem é conduzida tradicionalmente pela
agricultura familiar utilizando-se em maior quantidade as variedades de crescimento
indeterminado com tutoramento (PEIXOTO et al., 1993). A Empresa Pernambucana
23
de Pesquisa Agropecria (2006) tamm salienta este aspecto no Nordeste
brasileiro.
No que se refere à produtividade, Filgueira (2003) cita que o rendimento do
feijão-vagem de hábito de crescimento indeterminado varia de 10 até 16Mg ha
-1
no
Brasil, já Barbosa et al. (2001) afirmam que estas variedades podem atingir valores
de produtividade acima de 20Mg ha
-1
.
Peixoto et al. (2002) testaram a estabilidade e a adaptabilidade de 15
genótipos e feijão-vagem de crescimento indeterminado em relação a oito
ambientes em diferentes anos: Anápolis-GO (1996), Morrinhos-GO (1996), Urutaí-
Go (1996), Anápolis-GO (1996/97), Anápolis-GO (1997), Jabotical-SP (1997),
Anápolis-GO (1998) e Areia-PB (1999). Constatou-se que produção média variou de
9,55Mg ha
-1
, em Anápolis-GO (1996/97) a 26,62Mg ha
-1
, em Areia-PB (1999).
Em ambiente protegido, tipo estufa plástica, túnel alto com 320m
2
de área,
em Pelotas, RS, Aldrighi (2000), no estudo com o feijão-vagem “Macarrão Favorito,
de crescimento indeterminado, obteve-se rendimentos médios de 2,6 e 7,2Kg m
-2
,
nos períodos de março a junho e de outubro a março, respectivamente. Segundo o
autor, valores muito superiores aos encontrados no Brasil, tanto em estufa quanto
em ambiente aberto.
Gálvez (1990), ao analisar a produtividade do feijão-vagem de crescimento
determinado cultivado em ambiente protegido, no período de 19 de setembro a 10
de dezembro de 1988, em Almeria, Espanha, obteve rendimentos que variaram
entre 11,35 a 12,06Mg ha
-1
, dependendo da densidade de plantio: 21 plantas m
-2
ou
15 plantas m
-2
, respectivamente. A duração do ciclo de cultivo foi de 82 dias.
Souza (1996) para um cultivo de feijão-vagem de crescimento determinado
em Botucatu, SP, no período de outubro a dezembro de 1994, obteve uma produção
de 20Mg ha
-1
e 25,7Mg ha
-1
em ambiente aberto e protegido, respectivamente.
As variedades de crescimento determinado apresentam a desvantagem de
apresentarem uma menor produção. De acordo com a Empresa Pernambucana de
Pesquisa Agropecria (2006), a produção das variedades de crescimento
determinado é aproximadamente a metade das variedades de crescimento
indeterminado.
Embora sendo menos produtivas, as variedades de crescimento
determinado apresentam algumas vantagens: não necessitam de tutoramento;
24
ocupam a área de cultivo por menos tempo, pois possuem um ciclo de produção
menor em relação a variedades de hábito de crescimento indeterminado. Estas
vantagens podem levar a um aumento na rentabilidade do produtor, já que os custos
com mão-de-obra, materiais etc. são menores.
Segundo Barbosa et al. (2001), além das vantagens econômicas, o feijão-
vagem de crescimento determinado é indicado para rotação de culturas em
ambiente protegido.
Recomenda-se semear em seguida a uma cultura de tomateiro
ou pepino. Para melhor aproveitamento do efeito residual, o ideal é semear no
mesmo sulco de plantio da cultura anterior.
A rotação de culturas pode melhorar as características físicas, químicas e
biológicas do solo; auxilia o controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe
matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos (EMBRAPA,
2008).
2.1.3 Condução da cultura
O feijão-vagem é uma hortaliça de semeadura direta, não tolera o
transplantio. Semeiam-se duas a três sementes em cada cova ou no sulco de
plantio, no espaçamento de 1,0 a 1,2m entre linhas e 0,2 a 0,5m entre plantas, para
as cultivares de crescimento indeterminado. Para as cultivares de crescimento
determinado recomenda-se espaçamento menor, variando de 0,5 a 0,9m entre
linhas e 0,15 a 0,5m entre plantas. A profundidade de semeadura oscila entre 4 e
7cm, conforme a textura do terreno, mais ou menos compacta, e a maior ou menor
umidade natural do solo. O trato indispensável é o tutoramento da planta de
crescimento indeterminado, exigindo tratos culturais onerosos, razão pela qual seu
custo de produção por área é mais alto, o que é compensado pela maior
produtividade. De 10 a 20 dias após a emergência, faz-se o desbaste e deixam-se
apenas duas plantas em cada cova. Deve-se procurar manter 80% de água útil nas
raízes, obtendo-se maior produtividade e vagens de melhor qualidade. A cultura
normalmente deverá ser mantida livre das plantas concorrentes, pois é muito
sensível à competição (BARBOSA et al., 2001).
A colheita do feijão-vagem inicia de 60 a 70 dias após a semeadura direta,
para as cultivares de porte alto, prolongando-se por 30 dias ou mais; as de porte
baixo são colhidas com 55 a 60 dias, sendo o período produtivo de 15 dias, no
25
máximo. As vagens são colhidas imaturas, com sementes pouco desenvolvidas,
sendo o ponto ideal de colheita quando as vagens atingirem o máximo
desenvolvimento, porém antes de tornarem-se fibrosas e com sementes salientes.
Na prática, conhece-se esse ponto quando as pontas são facilmente quebradas.
Colheitas freqüentes elevam a produtividade, razão pela qual não se deve deixar
vagens passadas presas às plantas. A colheita no Brasil é manual e sua
produtividade é variável (BARBOSA et al., 2001).
2.1.4 Exigências climáticas
a) Radiação solar
A taxa fotossintética de uma cultura depende não somente da distribuição
de radiação solar nas diferentes camadas de folhas, como tamm do total
absorvido em cada camada. O total de radiação solar que é interceptado e
eventualmente absorvido por uma camada de folhas está diretamente relacionado
com o ângulo foliar, declinação solar, distribuição espectral da radiação e
estruturação das folhas no dossel. A cultura do feijoeiro, quando exposta à baixa
quantidade de radiação solar, apresenta decréscimo no índice de área foliar,
concorrendo para uma menor área de interceptação de energia com efeito em todo
seu metabolismo fisiológico. Por outro lado, em condições de alta radiação solar, os
índices foliares serão maiores. Porém, isso não significa que haverá um aumento no
rendimento da cultura, pois maior produção de grãos está diretamente relacionada à
eficiência fotossintética da cultivar. O valor de saturação de radiação solar varia com
a idade e o tipo da planta. De uma forma geral, pode-se citar que regiões que
apresentam valores de radiação solar em torno de 150-250W m
-2
podem ser
consideradas como ideais para o desenvolvimento do feijoeiro. Acima de 400W m
-2
,
a taxa de fotossíntese é praticamente constante (SILVANDO; STEINMETZ, 2008).
Em experimento realizado em Londrina, no período de setembro a
novembro de 1998, Souza et al. (2001) concluíram que as plantas de feijão-vagem
crescidas em ambiente com apenas 50% de sombreamento apresentaram redução
do número médio de vagens por planta, mas isso não resultou em diminuição do
peso médio das vagens, nem alteração da textura das mesmas.
26
b) Temperatura do ar
O feijão-vagem é uma cultura de larga adaptação a climas quentes, dentro
de uma faixa térmica ampla de 18 a 30
o
C. Em temperaturas superiores a 35
o
C,
deficiência de polinização, o que resulta em vagens deformadas e queda
significativa na produtividade. Por outro lado, é intolerante a baixas temperaturas
(menor que 15
o
C) e à geada. As baixas temperaturas limitantes ao cultivo durante o
inverno ocasionam baixa germinação e desenvolvimento retardado das plantas. Em
regiões tropicais de baixa altitude, é viável a semeadura ao longo do ano. Em
outras, de maior altitude, as semeaduras de inverno devem ser evitadas. A
alternativa é o cultivo em estufa, durante o inverno, em rotação com outras culturas,
como o tomate (BARBOSA et al., 2001).
Para Maroto (2000), o feijão-vagem é uma planta exigente em calor, tendo
um desenvolvimento ótimo entre 18 e 25
o
C. Variações térmicas muito intensas,
sobretudo abaixo de 10 a 12
o
C, além de afetar o crescimento da planta, podem
induzir a formação de anomalias na frutificação. Temperaturas entre 8 e 10
o
C
provocam a parada do crescimento.
De acordo com a Embrapa Rondônia (2008), a temperatura média ideal
para o desenvolvimento da cultura do feijão comum varia de 18 a 24
o
C, durante o
dia e de 15 a 21
o
C, durante a noite.
Cermeño (1977) apresenta os limites de temperatura do ar para o
crescimento e desenvolvimento do feijão-vagem de acordo com a fase fenológica:
- Congelamento da planta: 1
o
C;
- Suspensão do desenvolvimento: 8 a 10
o
C;
- Germinação: mínima de 12
o
C, ótima: 15 a 25
o
C, máxima 30
o
C;
- Desenvolvimento vegetativo: mínima de 10 a 12
o
C, ótima: 18 a 30
o
C,
máxima 35 a 40
o
C;
-
Floração: mínima de 12 a 15
o
C, ótima: 15 a 25
o
C, máxima 30 a 40
o
C.
c) Temperatura do solo
A planta só atingirá um desenvolvimento ótimo se o solo estiver na
temperatura adequada. O calor do solo não só facilita as funções vitais realizadas
27
pelas raízes, como tamm permite a proliferação microbiana, que influencia na
degradação ou decomposição dos compostos minerais da matéria orgânica. A
solubilidade dos sais do solo tamm varia com a temperatura, sendo ótima para
determinados valores térmicos (CERMEÑO, 1977).
Os subperíodos correspondentes à semeadura-emergência e ao
crescimento inicial são os mais afetados pela temperatura do solo, sobretudo
quando ocorrem grandes oscilações em partes superficiais deste. Em cultura de
hortaliças como tomate, berinjela, pimentão e melão, a temperatura de solo mais
adequada está entre 15 e 20
o
C. Há, tamm, uma temperatura de solo necessária
para que exista atividade vegetal mínima. Para o feijão, tomate e melão esta
temperatura é de 12
o
C, enquanto que para a couve de 5
o
C (RISSER et al., 1978).
A temperatura do solo é um dos fatores que podem afetar a germinação e,
conseqüentemente, a emergência das plântulas. Dentre eles, a temperatura pode
ser o fator mais importante, uma vez que na maioria das vezes o produtor não tem
total controle sobre ela. Temperaturas muito baixas ou muito altas podem alterar
tanto a velocidade quanto à porcentagem final de germinação. Em geral, as
temperaturas baixas reduzem a velocidade de germinação, enquanto as altas
aumentam. Em condições extremas de temperatura, a germinação poderá não
ocorrer, e, em alguns casos, a semente é levada à condição de dormência. Para o
feijão-vagem a temperatura do solo ótima para a germinação está entre 20 e 30
o
C,
sendo 16
o
C o valor mínimo e 35
o
C o valor máximo (NASCIMENTO, 2007).
d) Umidade relativa do ar
A baixa umidade relativa do ar associada a altas temperaturas pode reduzir
o pegamento e a retenção de vagens, sobretudo quando ocorrem ventos fortes; por
outro lado, condições de alta umidade relativa do ar favorecem o aparecimento de
doenças foliares, que podem causar sérios prejuízos à lavoura (EMBRAPA
RONDÔNIA, 2008).
Para o feijão cultivado em ambiente protegido, a umidade relativa do ar
ótima deve variar entre 60 a 75% (CERMEÑO, 1977).
28
e) Umidade do solo
O feijoeiro é classificado como planta sensível, tanto quanto à deficiência
hídrica quanto ao excesso de água no solo. A necessidade de água para a cultura
varia com o seu estádio de desenvolvimento. O consumo de água aumenta de um
valor mínimo na germinação até um valor máximo na floração e na formação de
vagens, decrescendo a partir do início da maturação (NÓBREGA et al., 2001).
Estudos realizados por Singh (1989) apud Vieira et al. (1998) verificaram
que a irrigação mostra um efeito linear no número de folhas e área foliar do feijão-
vagem, e um efeito cúbico na produção de vagens, apresentando 24,6 folhas por
planta e 3.835cm
2
de área foliar por planta, para uma irrigação baseada em 100%
da evaporação do tanque Classe A, o que significou um potencial de água no solo
de -12kPa, ocorrendo uma produção máxima de vagens a um potencial de água no
solo de -21kPa.
Fiegenbaum et al. (1991), ao analisar a influência do déficit hídrico em três
cultivares de feijão durante o período de floração em Pelotas, RS, verificou que
houve redução no crescimento das plantas, no tamanho das vagens, no número de
vagens, no de sementes por planta e no número de sementes por vagem.
Recomendações da Embrapa Arroz e Feijão (2007) indicam que o feijão
deve ser irrigado toda vez que o potencial mátrico do solo medido por tensiômetro
instalado na região do sistema radicular (15cm) alcance -33kPa. A leitura do
tensiômetro a uma profundidade de 15cm representa a tensão mátrica média de um
perfil de solo de 0 a 30cm.
2.2 Cultivo em ambiente protegido
O uso de estufas teve suas origens na antigüidade. As primeiras estufas
modernas foram construídas na Itália, no século XVI, para abrigar plantas exóticas
que exploradores traziam dos trópicos. A partir daí o conceito de estufas se
espalhou para a Holanda e Inglaterra. Gradativamente, o uso do ambiente protegido
difundiu-se nas regiões de clima frio, passando pelas tropicais e chegando às
desérticas. Atualmente as maiores áreas protegidas encontram-se na China, Japão,
Espanha, Itália, Holanda e Bélgica. No Brasil, a técnica começou a ser adotada no
cultivo de flores no estado de São Paulo, principalmente por imigrantes holandeses
29
e japoneses, na década de 80. Nos anos 90, apesar dos esforços de difusão das
tecnologias junto aos produtores, a expectativa de um grande crescimento do cultivo
em ambiente protegido não se confirmou. Pelo contrário, havia a necessidade de
uma continuidade no trabalho de pesquisa e extensão para dar respaldo
permanente aos produtores rurais. O uso do plástico na agricultura brasileira ainda é
pequeno e o potencial é grande, principalmente no setor hortícola, devido à
capacidade tecnológica e produtiva do campo. Os variados climas presentes no país
requerem o uso de estufas em quase todos os estados (BLISKA JR., 2007).
No Rio Grande do Sul, a utilização de estufas com cobertura e laterais de
plástico transparente como o polietileno de baixa densidade (PEBD) é uma técnica
de uso crescente na proteção às baixas temperaturas e na criação de condições de
cultivo em épocas não recomendadas (FARIAS, 1991).
O clima é um fator que influencia a produção de hortaliças. Em certas
épocas do ano, as chuvas demasiadas danificam as culturas e criam condições
favoráveis para o aparecimento de doenças. Por outro lado, as baixas temperaturas
e os ventos acabam prolongando o ciclo das mesmas. Para auxiliar na resolução
desse entrave podemos lançar mão do cultivo protegido, que se caracteriza pela
construção de uma estrutura para a proteção das plantas contra os agentes
meteorológicos, permitindo a passagem da luz, já que essa é essencial à realização
da fotossíntese. Este é um sistema de produção agrícola especializado que
possibilita certo controle das condições edafoclimáticas como: temperatura,
umidade do ar, radiação, solo, vento e composição atmosférica (PURQUERIO;
TIVELLI, 2008).
De acordo com o Instituto Agronômico do Paraná (2006), as estufas ou
casas de vegetação são ambientes fechados ou semifechados, dentro dos quais é
possível criar e manter um microclima ideal para o cultivo de plantas,
independentemente da estação do ano. As estufas são construídas com estrutura
de madeira ou metálica, revestidas por plástico ou vidro.
O cultivo em ambiente protegido pode resultar nas seguintes vantagens:
a) controle artificial das condições climáticas (temperatura, umidade
relativa, luminosidade, concentração de CO
2
e outras);
b) manutenção da produção constante durante todo o ano;
c) maior facilidade para controle de pragas, doenças e plantas
concorrentes;
30
d) criação de ambiente mais agradável, tornando as atividades
desenvolvidas pelos trabalhadores mais rápidas e eficientes;
e) maior uniformidade e qualidade dos produtos;
f) possibilidade de associar outros tratamentos, como injeção de CO
2
,
hidroponia, aeroponia, suplementação luminosa e alteração de
temperatura, antecipando ou retardando a produção, conforme a
demanda;
g) proteção a danos causados por intemries e pela ação direta dos raios
solares.
Segundo o Instituto Agronômico do Paraná (2006), no Brasil, Holambra foi a
cidade pioneira no uso de estruturas metálicas, recobertas por filmes plásticos.
Nesse sistema, a produção de flores e plantas rende o dobro do que o cultivo a céu
aberto ou, no mínimo, de 40% a 50% a mais. Além disso, as flores cultivadas em
ambiente protegido duram mais: de seis a sete meses, em vasos. Agricultores de
Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, a exemplo dos de Holambra, passaram a
cultivar flores em ambiente protegido, assim como fazem seus concorrentes em todo
o Brasil.
Para Toledo (2006), a utilização do ambiente protegido, elevou
sensivelmente a tecnificação e a produtividade em cultivos de hortaliças. O plantio
convencional de pimentão, que ainda é realizado em muitas propriedades, rende
perto de 30 toneladas de frutos por hectare, contra 180 toneladas do cultivo
protegido. Performances como essa ajudaram a sedimentar a plasticultura em
importantes los produtores, como o de São Paulo, um dos mais tradicionais do
país, situado no chamado Cinturão Verde em torno da capital do Estado e o do
Distrito Federal, centrado principalmente nos cleos de Taquara e Pipiripau. O uso
do ambiente protegido vem ainda possibilitando a obtenção de alguns tipos de
hortaliças até então tidas como artigos "importados" de outras regiões, como na
Amazônia. Em Iranduba, nas vizinhanças de Manaus, a Embrapa vem auxiliando o
governo amazonense na implantação de um projeto de 16 hectares para o cultivo
protegido de hortaliças, com financiamento do Fundo Constitucional da Amazônia. A
plasticultura permitiu que muitos horticultores elevassem seus níveis de rendimento,
possibilitando o acesso à maior escala de produção numa área restrita.
2.3 Condições ambientais no interior do ambiente protegido
31
O conhecimento do microclima em casas de vegetação e sua interação com
os vários elementos do sistema são essenciais para o seu manejo, mantendo
condições ótimas para a produção das culturas.
2.3.1 Radiação solar
A radiação solar é um dos principais elementos alterados pelo uso de
coberturas plásticas. Estudos realizados por Farias et al. (1993 a), no Campus da
Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em 11 dias no período de primavera, em
estufa tipo capela, coberta com PEBD de 0,1mm de espessura, indicam que 83%
da radiação solar global verificada externamente penetra para o interior da estufa,
variando este percentual de 65 a 90%. Em dia de céu limpo, em média, 45% da
radiação solar global interna correspondeu à radiação difusa, ao passo que,
externamente, este percentual foi de 24%, evidenciando o efeito dispersante da
cobertura plástica.
Segundo Prados (1986), apud Postingher (1995), o aumento da radiação
difusa é bastante desejável, por esta ser mais eficiente para a fotossíntese, pois é
multidirecional e penetra melhor no dossel vegetal.
Para Minguez (1994), a radiação solar difusa produz uma maior resposta
fotossintética do dossel em função do maior poder de penetração e a uma
distribuição mais uniforme dentro da comunidade vegetal.
A radiação solar que penetra no interior da estufa é parcialmente absorvida
pelo solo, pelas plantas e pelos objetos presentes neste meio (estruturas metálicas,
moirões, vigas de madeira etc.), sendo parte convertida em energia térmica
(radiação de onda longa). Esta radiação térmica é irradiada para o espaço e, ao
atingir algum material opaco (como a cobertura plástica), fica, em parte, retida neste
ambiente, proporcionando uma elevação na temperatura do ar. Este fenômeno é
conhecido como efeito estufa” (TAPIA, 1981 apud FARIAS et al., 1993 a).
Beckmann (2004), cultivando tomate, ao analisar a radiação solar global no
mesmo ambiente protegido deste experimento na Universidade Federal de Pelotas,
no período de fevereiro a junho de 2003, observou uma transmitância média durante
o período de cultivo de 76%, variando entre 63 e 93%. A radiação solar global
32
incidente no interior do ambiente protegido apresentou um valor médio de 8,5MJ m
-2
dia
-1
, variando de 0,35 a 18,94MJ m
-2
dia
-1
.
Cultivando abobrinha italiana no período de setembro a dezembro de 2006
no mesmo local deste experimento, Ribeiro (2008) verificou que o valor médio da
radiação solar global externa, durante o período de cultivo foi de 19,4MJ m
-2
dia
-1
,
variando entre o mínimo de 2,3MJ m
-2
dia
-1
e o máximo de 28,6MJ m
-2
dia
-1
,
enquanto que no ambiente interno, o valor médio foi 14,6MJ m
-2
dia
-1
, variando entre
o valor mínimo de 1,6MJ m
-2
dia
-1
e o máximo de 21,4MJ m
-2
dia
-1
, resultando em
uma transmitância média do plástico de 75%, variando de 67% até 84%.
2.3.2 Temperatura do ar
Analisando-se as normais climatológicos (BOLETIM DA ESTAÇÃO
AGROCLIMATOLÓGICA DE PELOTAS, 2007) na região de Pelotas, RS, no período
outono inverno, pode-se verificar que ocorrem temperaturas do ar mínimas
prejudiciais ao cultivo de feijão-vagem.
O ambiente protegido, estufa plástica, tem se demonstrado eficiente no
aumento da temperatura mínima do ar em seu interior. Resultados de experimentos
realizados no campus da UFPel demonstram que as temperaturas mínimas e
máximas do ar são, em média, no interior do ambiente protegido, superiores ao
ambiente externo.
Ao analisar a temperatura do ar no interior de três diferentes tipos de estufas
plásticas (Capela, Túnel Alto e Santiago) em Santa Maria e São Pedro do Sul, RS,
Buriol et al. (1993) concluíram que, em todas, a temperatura mínima média do
interior foi superior a do ambiente externo. Quando a abertura das estufas para
ventilação foi menor, as diferenças entre a temperatura externa e a interna foi maior,
evidenciando que a vedação das estruturas é um dos principais fatores
responsáveis pela redução das perdas energéticas do interior para o ambiente
externo. O controle da ventilação fez com que a diferença entre a temperatura
interna e externa oscilasse entre 0,8ºC e 2,3ºC. Apesar da diferença média entre o
interior da estufa e o ambiente externo ser positiva, ocorreram muitos dias que a
diferença foi negativa, ou seja, a temperatura mínima do ar do ambiente externo foi
maior do que a do interior da estufa, fenômeno denominado de "inversão térmica".
Esta situação se verifica em dias com ventos fortes que renovam constantemente a
33
camada de ar junto à superfície do ambiente externo evitando que a temperatura
mínima do ar seja muito baixa. Já no interior de estufas, se bem vedadas, não
ocorre uma renovação similar ao ambiente externo, verifica-se um progressivo e
ininterrupto esfriamento do ar devido às perdas energéticas por radiação e por
condução-conveão através do plástico. A ação do vento sobre as paredes
externas da estufa impede a formação de uma camada de vapor d'água
condensada na face interna do plástico, o que contribui para que as perdas por
radiação do interior da estufa sejam elevadas. Outro aspecto que deve ser
ressaltado é que, quando esta situação se verifica, as temperaturas mínimas do ar
tanto do interior como do exterior da estufa são relativamente elevadas e não
existem condições para ocorrência de geadas radiativas.
Para Farias et al. (1993 b) a pequena diferença entre as temperaturas
mínimas registradas no ambiente protegido e as temperaturas mínimas registradas
no ambiente externo é resultante do fato de que as temperaturas mínimas
geralmente ocorrem à noite, onde o efeito da cobertura de polietileno é pouco
sentido, em virtude de deixar passar em torno de 80% da radiação de onda longa
emitida pelos elementos presentes no interior do ambiente.
Aldrighi (2000), ao comparar os dados temperatura do ar do interior de um
ambiente protegido cultivado com feijão-vagem Macarrão Favorito com o ambiente
externo no Campus da Universidade Federal de Pelotas, em duas épocas do ano,
verificou que a média semanal das temperaturas máximas diárias no interior foram
superiores às do ambiente externo, exceto em uma semana (diferença negativa
entre o interior e o exterior). Tamm pôde observar que no período de cultivo de
março a junho a diferença entre o ambiente interno e o externo foi maior. Observou-
se variações entre 1,3 a 7,9
o
C no período de outubro a março e entre -3,7 a 11,6
o
C,
no período de março a junho. Quanto às temperaturas mínimas, em média, tamm
foram mais elevadas que no ambiente externo, entretanto, em alguns dias, a
temperatura do ar no ambiente interno ficou abaixo a do ambiente externo em
ambas as épocas de plantio. Observou-se uma diferença variando de 0,1 a 2,1
o
C
entre o ambiente interno e o externo no período de outubro a março e uma diferença
variando entre -2,1 a 1,2
o
C no período de março a junho. Segundo o autor as
temperaturas mínimas não diferiram muito do ambiente interno para o externo,
ocorrendo o contrário com as temperaturas máximas. As temperaturas mínimas,
34
tanto no ambiente externo como no ambiente interno, levaram a um aumento do
ciclo do feijão-vagem cultivado de março a junho.
Aldrighi (2004), no campus da UFPel, em estufa plástica tipo túnel altocom
8m de largura e 40m de comprimento, cultivando berinjela no período de fevereiro a
julho de 2001, pôde verificar a ocorrência de geadas no ambiente externo,
entretanto no ambiente interno não ocorreu, demonstrando a eficiência da proteção
no cultivo.
Beckmann (2004), ao analisar as temperaturas mínimas em um ambiente
protegido cultivado com tomate no campus da Universidade Federal de Pelotas, no
período de fevereiro a junho de 2003, observou, durante 54,3% dos dias, que a
temperatura média para o período de fevereiro a junho ficou abaixo do intervalo
adequado para o desenvolvimento da cultura que é entre 20 e 24
o
C. Além disso, em
16 dias a temperatura atingiu valores inferiores a 10
o
C.
Ribeiro (2008), cultivando abobrinha italiana no período de setembro a
dezembro de 2006 na mesma estufa em questão, verificou que a temperatura do ar
no interior do ambiente protegido, em média, sempre foi superior à do ambiente
externo, variando de 0,4 a 4,5
o
C. A temperatura média diária do ar no período de
cultivo foi de 21,3ºC no ambiente interno e de 19,4ºC no ambiente externo; no
ambiente interno, variou entre 16,7ºC e 28,1ºC, enquanto que, no ambiente externo,
variou entre 13,0ºC e 26,6ºC. O ambiente protegido proporcionou em relação ao
ambiente externo um ganho térmico de 1,9ºC na média das temperaturas diárias. A
temperatura máxima absoluta interna foi superior à externa, sendo que a diferença
entre as médias foi de 4,8ºC. A diferença entre as mesmas variou de 1,0 a 9,9ºC. O
valor médio da temperatura máxima no período de cultivo foi de 29,5ºC no ambiente
interno, e de 24,7ºC no ambiente externo. A temperatura mínima absoluta interna foi
superior à externa, em média, em 0,2ºC. A diferença entre as mesmas variou de
2,4ºC e de -2,5ºC. O valor médio da temperatura mínima no período de cultivo foi de
15,1ºC no ambiente interno e de 14,9ºC no ambiente externo.
2.3.3 Temperatura do solo
A temperatura do solo tamm é afetada pelo efeito estufa sendo mais
elevada dentro do ambiente protegido devido ao menor volume de ar e a menor
renovação do ar junto à superfície do solo, o que ocasiona menor transferência de
35
energia na forma de calor latente e calor sensível em comparação com o meio
externo, o que provoca maior fluxo de calor para o solo e, conseqüentemente, maior
aquecimento do solo no interior do ambiente.
Schneider et al. (1993) mediram a temperatura do solo no interior de estufas
de polietileno transparente aditivado de baixa densidade, com espessura de 100µm,
instaladas no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria,
e a temperatura no ambiente externo. A temperatura do solo foi medida diariamente,
nos horários de 9, 15 e 21h. Os resultados evidenciam que, em média, os valores de
temperatura do solo sempre foram mais elevados no interior das estufas,
independente da profundidade de medida, ano e horário de observação;
constataram que nos dias mais frios a diferença de temperatura, entre os dois
ambientes, foi mais elevada. Tamm observaram que o manejo da estufa altera o
momento de ocorrência das temperaturas máximas do solo.
Em um experimento com pimentão, em Botucatu, SP, Silva et al. (2003)
observaram a temperatura do solo no interior do ambiente protegido, estufa plástica
com espessura de 100µm, teto em arco, área de 120m
2
. Os autores concluíram que
as temperaturas do solo mínima, média e máxima, em média, foram superiores na
condição de ambiente protegido, apesar da intensidade da radiação solar ser menor
que a verificada na condição de campo.
2.3.4 Umidade relativa do ar
Os valores de umidade relativa do ar (UR) no interior dos ambientes
protegidos são muito variáveis, sendo inversamente proporcionais aos valores de
temperatura do ar (FARIAS et al., 1993 b). Desta forma, com o aumento da
temperatura, durante o dia, a umidade relativa do ar diminui no interior do ambiente,
tornando-se praticamente igual ou inferior à observada externamente. Porém,
durante a noite, a umidade relativa aumenta bastante chegando a 100%, devido à
queda da temperatura e a retenção de vapor dágua pela cobertura plástica. A
umidade relativa do ar pode variar no período de 24 horas de 30%, durante o dia, a
100%, durante a noite (MARTINS et al., 1999).
Aldrighi (2000) para o feijão-vagem “Macarrão Favorito, de crescimento
indeterminado, cultivado em estufa tipo túnel alto, com 320m
2
de área, no Campus
36
da UFPel, no período de março a junho, obteve valores de UR mínima, máxima e
média de 66, 100 e 91,79%, respectivamente. Estes valores foram superiores aos
medidos no ambiente externo.
Strassburger (2007), em estufa localizada ao lado da utilizada neste
trabalho, com cultivo de abóbora italiana, nos períodos de primavera-verão e verão-
outono, obteve, para ambos os períodos de cultivo, 98% de umidade relativa do ar
média das máximas. A
média das mínimas, foi 45,6% (variando de 30% a 80%) no
experimento de primavera-verão e 60,3% (variando de 44% a 80%) no experimento
de verão-outono.
Ribeiro (2008), cultivando abobrinha italiana, verificou que a média diária da
umidade relativa do ar no interior do ambiente protegido no período de cultivo foi de
83%, variando entre 73% e 96%. Os valores médios das umidades relativas do ar
máxima e mínima durante o período de cultivo foram de 97% e 58%,
respectivamente. A máxima variou entre 93,7% e 100%, e a mínima, entre 38,4% e
93,3%. No ambiente externo, a média diária da umidade relativa durante o período
de cultivo foi de 77,4%, variando entre 55% e 96%.
2.3.5 Evapotranspiração de referência
A evapotranspiração representa os processos conjuntos de evaporação e
transpiração que ocorrem naturalmente em uma determinada cultura. A
transferência da água para a atmosfera ocorre por evaporação da água do solo e
por transpiração das plantas. No interior do ambiente protegido, em relação ao
ambiente externo, a evapotranspiração é menor. Este fato ocorre em função da
diminuição da radiação solar no interior do ambiente protegido, e conseqüentemente
do saldo de radiação, além da ventilação interna, geralmente ser menor do que no
ambiente externo a UR ser mais alta.
A taxa de evaporação de uma superfície de referência, que ocorre sem
restrições de água se conhece como evapotranspiração de cultivo de referência e se
denomina ETo. O conceito de evapotranspiração de referência foi introduzido com o
objetivo de estudar a demanda evaporativa da atmosfera, independente do tipo e de
desenvolvimento do cultivo e das práticas de manejo. Devido a abundância de água,
os fatores de solo não interferem na determinação da ETo. É possível comparar
37
valores de ETo medidos ou estimados em diferentes localidades e em diferentes
épocas do ano (ALLEN et al., 1998).
Farias et al. (1994) cultivaram feijão-vagem de crescimento indeterminado
em estufa plástica do tipo "capela", com área de 500m
2
(10 x 50m) e volume
aproximado de 1275m
3
, disposta no sentido norte-sul, com estrutura de madeira
(eucalipto) e cobertura de filme de polietileno transparente de baixa densidade
(PEBD), com aditivo antiultravioleta e espessura de 0,1mm no Campus da UFPel no
período de setembro de 1989 a janeiro de 1990. Neste período foi avaliado a
evapotranspiração de referência (ETo) pelos métodos de Penman e do tanque
Classe A no interior do ambiente protegido. A ETo estimada para o exterior pelo
método de Penman foi sempre superior à verificada no interior, tendo-se encontrado
uma ETo, no exterior, de 617,9mm, com média de 5,8mm dia
-1
, ao passo que no
interior, estimou-se a ETo em 439,5mm, ficando a média em 4,1mm dia
-1
.
Comparando-se os resultados obtidos entre os dois ambientes, verificou-se que a
ETo no interior correspondeu a 71% da verificada no exterior da estufa plástica.
Com o tanque Classe A, obteve-se no exterior uma ETo total de 450,2mm, com
média de 4,2mm dia
-1
. Com o tanque reduzido no interior da estufa, empregando-se
o Kp igual a 1,0 obteve-se uma ETo total de 348,1mm e média de 3,3mm dia
-1
, o
que representava cerca de 77% da ETo verificada no exterior. Com o tanque Classe
A, foi obtido no interior, uma ETo total de 243,9mm, com média de 2,3mm dia
-1
,
correspondente a 54% da verificada no ambiente externo.
Experimento realizado por Martins e Gonzalez (1995) com feijão-vagem na
Faculdade de Agronomia da Universidade Politécnica de Madri, Espanha, durante a
primavera, estufa tipo túnel alto, com uma área de superfície de solo coberta de 8,5
x 13,30m, altura máxima superior de 3,10m, estrutura de ferro galvanizado, filme
plástico tipo EVA com ventilação e calefação, orientação Norte-Sul, demonstrou que
a evapotranspiração de referência obtida pelo método de Penman no interior da
estufa variou entre 50 a 60% da evapotranspiração de referência do ambiente
externo. A temperatura no interior do ambiente protegido foi mantida entre 12 e
30
o
C.
Segundo Martins et al. (1999), diversos trabalhos de pesquisa, realizados
em vários países, mostram que o consumo hídrico de escies cultivadas em
ambientes protegidos é de 20 a 40% inferior em relação ao cultivo a céu aberto, o
38
que pode representar uma grande vantagem, já que a água disponível para a
agricultura tende a diminuir.
2.3.6 Evaporação no tanque Classe A
O tanque Classe A é um reservatório cujo o nível da água pode ser
continuamente medido com precisão. A diferença entre as alturas dos níveis da
água em dias consecutivos indica o total evaporado no período. Em função da
facilidade de realizar as medições, os valores de evaporação são relacionados com
a evapotranspiração de referência e com a evapotranspiração das culturas, cuja
medição direta é difícil de ser feita e é onerosa. A evapotranspiração estimada pelo
método do tanque Classe A pode ser um dos métodos utilizados para a
determinação da necessidade de irrigação da cultura.
A evaporação no tanque Classe A proporciona uma medida do efeito
integrado da radiação, vento, temperatura e umidade sobre o processo evaporativo
de uma superfície livre com água. Mesmo que o tanque Classe A responda de uma
maneira similar aos mesmos fatores climáticos que afetam a transpiração da cultura,
vários fatores produzem diferenças significativas entre a perda de água de uma
superfície livre evaporante e de uma superfície cultivada (ALLEN et al., 1998).
O tanque Classe A é de pequena dimensão, com paredes laterais expostas
diretamente à radiação solar. A água no tanque não sofre impedimento ao processo
evaporativo, estando sempre disponível, mesmo durante os períodos secos.
Portanto, o valor da evaporação medido no tanque é exagerado em relação à perda
efetiva de água da cultura, mesmo ela estando em condições ótimas de suprimento
de água do solo. Logo, o valor diário do tanque precisa ser corrigido por um fator de
ajuste, denominado de coeficiente do tanque para se ter a evapotranspiração
(PEREIRA; ANGELOCCI; SENTELHAS, 2002).
O evaporímetro tanque Classe A é um método de medida da evaporação da
água numa superfície livre, amplamente utilizado para estimar a evapotranspiração,
com o intuito de fornecer água e suprir deficiências hídricas em culturas agrícolas
(CUNHA; ESCOBEDO, 2003).
39
2.3.7 Evapotranspiração e coeficiente de cultura
Os principais métodos de estimativa da evapotranspiração foram
desenvolvidos tomando-se como padrão uma superfície vegetada por plantas de
pequeno porte, geralmente a grama, que cobre toda a superfície do solo. Entretanto,
essa condição raramente é representativa das condições de uma cultura comercial
onde, o plantio em linhas ou em covas, faz com que o terreno seja parcialmente
coberto na maior parte do tempo do cultivo. Em algumas culturas, a cobertura do
terreno nunca é completa, e dependendo da situação, a evapotranspiração da
cultura (ETc) pode ser menor, igual ou maior que a ETo. Da necessidade de
converter ETo em ETc surgiu o conceito de coeficiente de cultura (Kc), isto é, um
fator que multiplicado pela ETo resulta na ETc (PEREIRA; VILLA NOVA;
SEDIYAMA,1997).
De acordo com a FAO (ALLEN et al., 1998), para o feijão-vagem temos Kc
inicial igual a 0,5, intermediário 1,05, e no final do ciclo, 0,9, salientando que a
cobertura plástica do solo pode reduzir a evapotranspiração da cultura entre 10 a
30%.
Curi e Campelo Jr (2001), ao compararem o consumo hídrico do feijoeiro
medido por lisímetro de pesagem com a evapotranspiração de referência no período
de setembro a novembro de 1998, na Fazenda Experimental da Universidade
Federal do Mato Grosso no município de Santo Antônio do Laverger, concluíram
que o coeficiente da cultura variou de 0,37 a 1,79, de acordo com o estádio de
desenvolvimento, tendo um valor médio de 1,18.
Silveira e Stone (2008) recomendam para o feijoeiro cultivado no sistema
convencional os seguintes valores de Kc, de acordo com o estádio de
desenvolvimento: germinação ao início da floração 0,69; floração 1,28;
desenvolvimento de vagens à maturação 1,04.
Em ambiente protegido, estufa plástica, túnel alto, com 320m
2
de área, em
Pelotas no Campus da UFPel, Duarte et al. (2001), para o feijão-vagem “Macarrão
Favoritode crescimento indeterminado, no período de outubro de 1997 a março de
1998, obtiveram em média uma ETc de 504,8mm para o ciclo completo, variando de
430 a 578,3mm, conforme as doses de adubação.
40
De acordo com Farias (1991) é necessário valores variáveis de 300 a
500mm para que as plantas do feijão-vagem de crescimento indeterminado atinjam
um bom rendimento.
Para feijão-vagem de crescimento determinado, no período de 19 de
setembro a 10 de dezembro de 1988, Gálvez (1990), em Almeria, Espanha, obteve
uma ETc de 88mm, com Kc variando de 0,3 a 0,8.
2.3.8 Balanço de radiação e energia
Para que se possa estudar um sistema sob qualquer ponto de vista, é
necessário caracterizá-lo de maneira adequada. O balanço de energia e radiação
permite a caracterização dos fluxos energéticos nos cultivos. A essência do balanço
de energia está na afirmação de que a diferença entre a energia que entra e a
energia que sai de um sistema é a energia captada ou utilizada por ele. No caso do
ambiente protegido a energia captada pelo sistema será usada com a finalidade de
crescimento e desenvolvimento da plantas (PEREIRA; ANGELOCCI; SENTELHAS,
2002).
O balanço de radiação representa as fontes e sumidouros de energia que
afetam as condições meteorológicas e o clima do planeta. O fluxo total de radiação
incidente na superfície da terra, chamado de radiação global, é composto por uma
componente direta e uma componente difusa. A distribuição da radiação solar é que
determina a maioria dos fenômenos no sistema terra-atmosfera (SOUZA;
ESCOBEDO, 1997).
No interior do ambiente protegido, a temperatura do ar está ligada ao
balanço de energia, que irá depender do tamanho do abrigo, tipo de plástico e das
condições meteorológicas locais (BURIOL et al., 1993). Durante o dia, devido à
radiação líquida positiva, a superfície aquece a parcela de ar próxima a ela,
desencadeando um processo convectivo. A cobertura plástica somada a esse
processo convectivo faz com que as temperaturas máximas atingem valores bem
superiores aos observados no exterior dos abrigos (SENTELHAS; SANTOS, 1995).
À medida que o sol vai se pondo, o balanço de energia vai se tornando negativo e,
devido a transmissividade do plástico à radiação de onda longa, há uma perda
noturna de energia que faz com que a temperatura do ar no interior do ambiente
protegido sofra uma queda acentuada, tendendo a temperatura mínima ser igual ou
41
ligeiramente superior à do ambiente externo (PEZZOPANE et al., 1995). Porém, em
noites claras, a ausência de ventos no interior do ambiente protegido pode baixar a
temperatura a valores inferiores a externa, provocando a inversão térmica.
Dentro do ambiente protegido, o dossel da cultura é o elemento mais
importante, pois afeta diretamente o microclima e este a própria cultura
(fotossíntese, transpiração e crescimento) sendo de grande interesse os processos
de troca de energia com o meio.
Cunha et al. (2001) determinaram através da razão de Bowen, o balanço de
energia em pimenteiro, sob cultivo protegido e a campo. O cultivo protegido
apresentou menor disponilbilidade do saldo de radiação, menor variação do fluxo de
calor no solo e maiores fluxos de calor sensível, o que favoreceu o maior
crescimento, desenvolvimento e produtividade da cultura, nessa condição.
A energia usada nos processos físico-químicos que ocorrem no sistema
solo-planta-atmosfera é proveniente da radiação solar. Portanto, é importante o
conhecimento da partição dos componentes do balanço de energia sobre a cultura,
principalmente o saldo de radiação e os fluxos de calor sensível e latente, para
estudos, como por exemplo, das perdas de água da superfície para a atmosfera
(evapotranspiração).
2.3.9 Rendimento energético
O rendimento energético representa o aproveitamento da radiação
fotossinteticamente ativa interceptada por cada escie, ou seja, a eficiência da
planta em transformar energia solar em energia química (SANTOS et al., 2003).
O rendimento energético em um determinado período, pode ser calculado
pela razão entre a matéria seca acumulada e a integral da radiação solar. No
cálculo, pode ser utilizado a radiação solar global ou a radiação solar
fotossinteticamente ativa (PAR), incidente ou absorvida pela cultura, desde que
indicado na metodologia utilizada (BAILLE, 1998).
Cultivando feijão-vagem, em ambiente protegido, no período de outubro a
dezembro de 1994, em Botucatu, SP, Souza (1996) obteve 1218,91g m
-2
de matéria
seca acumulada na parte aérea e um saldo de radiação acumulado de 582MJ m
-2
dia
-1
. Considerando que, em média, a relação entre o saldo de radiação e a radiação
solar global incidente foi de 0,66, pode-se estimar que o rendimento energético foi
42
de 1,38g MJ
-1
(considerando a matéria seca acumulada na parte aérea e a radiação
solar global incidente).
Em Viçosa, MG, no período de outubro de 2000 a fevereiro de 2001, Santos
et al. (2003), obtiveram um rendimento energético de 1,96g MJ
-1
e 1,83g MJ
-1
para o
feijão e de 2,28g MJ
-1
e 2,53g MJ
-1
para a soja, antes do florescimento e depois do
florescimento, respectivamente, ambos em cultivo a campo com densidade de 5
plantas m
-2
. Foi utilizado no cálculo matéria seca (folhas, raízes, caules e partes
reprodutivas) e a radiação fotossinteticamente ativa interceptada.
Aldrighi (2004), cultivando berinjela em ambiente protegido no período de
fevereiro a junho, em Pelotas, RS, observou um aumento do rendimento energético
da radiação fotossinteticamente ativa até 3 de abril (0,85g MJ
-1
), diminuindo até o
final do ciclo de cultivo (0,62g MJ
-1
). Segundo o autor, fato relacionado às baixas
temperaturas e a diminuição da radiação solar global incidente, as quais diminuíram
a fitomassa seca das folhas, prejudicando o aparelho fotossintetizador.
Canteri e Godoy (2005), cultivando feijão ‘Cariocade hábito de crescimento
indeterminado, em Castro, PR, a campo, de janeiro a abril, obtiveram um
rendimento energético de 0,44 e 0,45g MJ
-1
para as parcelas sem aplicação de
fungicidas e de 0,46g MJ
-1
para as parcelas com fungicida. Salienta-se que o cálculo
foi realizado a partir da radiação solar global absorvida.
43
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área experimental
O experimento foi conduzido de 19 de março a 11 de junho de 2007, na
área experimental do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia
Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), localizada no município
do Capão do Leão, RS. O clima da região é definido como Cfa, na classificação de
Köppen, isto é, clima temperado, inverno frio e úmido, verão quente e chuvas bem
distribuídas. O solo onde foi instalado o experimento é classificado como Planossolo
Háplico Eutrófico Solódico (EMBRAPA, 2006).
Foi utilizado para a condução da cultura um ambiente protegido com teto em
arco
apresentando 10m de largura por 18m de comprimento (180m²), altura do pé-
direito 3,0m e centro com 4,5m, orientado no sentido Leste/Oeste. O tipo de filme
plástico utilizado para cobertura da estufa foi o polietileno de baixa densidade
(PEBD) aditivado anti-UV, com espessura de 150µm.
O interior da estufa foi dividido em 15 parcelas experimentais (canteiros)
com dimensões de 1,0 x 4,5m (4,5m²), com uma distância entre canteiros (passeio)
de 0,6m; foi utilizada a adubação orgânica com vermicomposto bovino (mus) e
calagem, as quais foram realizadas de acordo as recomendações da Rede Oficial
de Laboratórios de Alise de Solos (ROLAS, 2004) para a cultura do feijão
(Phaseolus vulgaris L.), levando-se em consideração a análise química do solo e do
vermicomposto. As parcelas foram cobertas com filme plástico preto mulching,
com espessura de 10µm, visando a diminuir a ocorrência de infestação por plantas
concorrentes.
Foi utilizada a cultivar Macarrão Baixo. O espaçamento utilizado foi de
44
0,30m entre plantas e 0,5m entre linhas, com 2 linhas por parcela, resultando em 30
plantas por parcela. A área de solo ocupada por cada planta foi de 0,24m
2
,
resultando em uma densidade de 4,17 plantas por m
2
. Neste cálculo foi considerado
que cada planta utilizou a metade da distância entre as parcelas (metade do
passeio), isto é, 0,3m. O sistema de irrigação utilizado foi do tipo localizado (por
gotejamento). A umidade do solo foi mantida próxima à capacidade de campo, ou
seja, entre -10 e -33kPa, monitorada por um tensiômetro de coluna de mercúrio
instalado a uma profundidade de 15cm.
Na parcela central, foi construído um evapotranspirômetro com 4,5m de
comprimento, 1m de largura e 0,6m de profundidade, isolado do solo com filme
plástico em suas paredes e fundo, correspondendo ao tamanho das demais
parcelas. No evapotranspirômetro foi determinada a evapotranspiração máxima
através do consumo hídrico.
A colheita foi realizada antes que as sementes se tornassem perceptíveis
pelo lado de fora das vagens.
3.2 Observões agrometeorológicas
Foram monitorados vários parâmetros meteorológicos mediante sensores
específicos com registro automático de aquisição de dados, com vistas à
caracterização do ambiente no interior da estufa. A fim de comparações, estes
dados foram confrontados com os do ambiente externo, sendo utilizados os dados
meteorológicos da Estação Agroclimatológica de Pelotas (EAPel) - Convênio
EMBRAPA/UFPel (BOLETIM DA ESTAÇÃO AGROCLIMATOLÓGICA DE
PELOTAS, 2007), distante aproximadamente 500m do local do experimento.
Na região central da estufa, foi instalado um sistema de aquisição de dados,
tipo microlloger, Datalloger Modelo CR21 XL - Campbell, com multiplexador
acoplado Modelo AM416 Campbell Scientific (32 canais). O registro da medição de
cada sensor foi realizado a cada dez segundos e armazenado o valor médio a cada
15 minutos.
Com o propósito de facilitar a análise dos resultados dividiu-se o ciclo de
cultivo em três períodos: o período de emergência que compreende os estádios
fenológicos V0 e o primeiro dia do estádio V1; o de desenvolvimento vegetativo que
representa os estádios fenológicos V1 (a partir de 24/03 - 5 dias após a semeadura)
45
até o V4; e o do ciclo reprodutivo que vai do estádio fenológico R5 até o final do
cultivo.
3.2.1 Radiação solar global no interior e no exterior do ambiente protegido
Os totais diários de radiação solar global incidente no interior do ambiente
protegido, medidos por tubo solarímetro, foram comparados com os totais diários de
radiação solar global, medidos na Estação Agroclimatológica de Pelotas (BOLETIM
DA ESTAÇÃO AGROCLIMATOLÓGICA DE PELOTAS, 2007), a fim de estimar a
atenuação na radiação solar causada pelo plástico da cobertura da estufa.
Tamm foram comparados os valores diários de radiação solar global
incidentes no interior do ambiente protegido e na Estação Agroclimatológica de
Pelotas com o limite trófico de hortaliças de verão, isto é, 8,4MJ m
-2
(FAO, 1990).
3.2.2 Coeficiente de extinção atmosférica
O coeficiente de extinção atmosférica relaciona a radiação solar na
superfície terrestre com a radiação solar no topo da atmosfera. Os dias em que Kt >
0,6 são considerados como de céu claro; quando Kt < 0,4 são considerados dias
nublados; quando Kt variar de 0,4 a 0,6, o dia é considerado parcialmente nublado
(SILVA NETO, 2006). Em dias de céu nublado, a radiação solar global é composta
por uma grande parte de radiação difusa, em dias claros, este valor diminui para
aproximadamente 20%.
Ro
Rg
Kt
=
(1)
Onde:
Kt - coeficiente de extinção atmosférica fora do ambiente protegido;
Ro - radiação no topo da atmosfera em MJ m
-2
dia
-1
;
Rg - radiação solar global na superfície terrestre MJ m
-2
dia
-1
.
Os valores de Rg foram obtidos no boletim Estação Agroclimatológica de
Pelotas (BOLETIM DA ESTAÇÃO AGROCLIMATOLÓGICA DE PELOTAS, 2007).
46
De acordo com o desenvolvimento matemático apresentado em Vianello e
Alves (2002), o valor diário da Ro é calculado, em MJ m
-2
, pela seguinte expressão:
φ
+
φ
+
=
sen
sen
360
2
sen
cos
cos
.
365
Dj
360
cos
0,033
1
CS
3600
.
24
Ro
S
S
(2)
Onde:
CS - constante solar, em W m
-2
, segundo a OMM (Organização
Meteorológica Mundial) indicam um valor médio de 1367 W m
-2
;
Dj - dia juliano;
φ
- latitude em graus;
δ
- declinação solar em graus;
ω
s
- ângulo horário do por do sol em graus.
A declinação solar foi obtida através de:
+
=
o
o
360
365
Dj
284
sen
23,45
/
(3)
O ângulo horário do pôr-do-sol, em graus, foi expresso pela equação:
(
)
δ
φ
=
ω
tg
tg
cos
arc
s
(4)
3.2.3 Temperatura do ar
A temperatura do ar foi monitorada continuamente durante todo o trabalho
experimental, através de dois sensores de medida da temperatura do ar Campbell
Scientific - Modelo 107 (bulbo seco - ventilação natural) e de dois sensores de
medida da temperatura do ar Campbell Scientific - Modelo 107 (bulbo úmido -
ventilação natural), instalados a 1m e a 2m de altura, no centro do ambiente
(Apêndice - Figura 2C). Foram verificados os valores mínimos e máximos diurno e
noturno, além do valor médio diário. A caracterização do período noturno foi
determinada pelas medições da radiação solar global incidente no dossel da cultura.
47
No horário em que a mesma atingiu zero, considerou-se o início da noite, quando o
valor da mesma tornou a ser maior que zero considerou-se o começo do dia.
Durante o ciclo da cultura os valores medidos foram comparados com as
necessidades de temperaturas mínima e máxima sugeridas por Cermeño (1977).
3.2.4 Temperatura do solo
A temperatura do solo foi monitorada continuamente através de um sensor
Campbell Scientific - Modelo 107, à profundidade de 15cm. Da mesma forma que na
temperatura do ar, foram verificados os valores mínimos e máximos diurno, noturno,
além do valor médio diário. Durante o período de emergência os valores medidos
foram comparados com os limites de temperatura mínima e máxima sugeridas por
Nascimento (2007); durante o período de desenvolvimento vegetativo e floração-
frutificação os valores medidos foram comparados com os limites de temperatura
mínima sugerido por Risser et al. (1978) e máxima, sugerido por Nascimento (2007).
3.2.5 Umidade do solo
Para monitoramento contínuo da umidade do solo foi instalado um
tensiômetro de coluna de mercúrio na parcela que continha o evapotranspirômetro,
a 15cm de profundidade, na zona do sistema radicular.
3.2.6 Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar (UR) foi estimada a partir das medições da
temperatura do ar obtidas através dos sensores de bulbo úmido e bulbo seco
instalados a 1m de altura no centro do ambiente. Essas temperaturas foram
aplicadas nas seguintes equações:
(
)
es
/
ea
100
UR
=
(5)
(
)
(
)
[
]
T
237,3
/
T
17,27
e
0,6108
es
+
=
(6)
48
(
)
Tu
T
P
0,0008
eTu
ea
=
(7)
(
)
(
)
[
]
Tu
237,3
/
Tu
17,27
e
0,6108
eTu
+
=
(8)
Onde:
es - pressão de saturação do vapor em kPa;
ea - pressão real do vapor em kPa;
eTu - pressão de saturação do vapor na temperatura de bulbo úmido em
kPa;
T - temperatura do ar (bulbo seco) a 1m de altura em
o
C;
Tu - temperatura do ar (bulbo úmido) a 1m de altura em
o
C;
P - média diária da pressão atmosférica em kPa.
3.2.7 Radiação solar global incidente, refletida e transmitida
A radiação solar global incidente (Ri) sobre a cultura foi medida através de
um tubo solarímetro colocado a 1,2m de altura acima da superfície do canteiro
(Apêndice - Figura 3C). A radiação solar global refletida (Rr) foi medida por um tubo
solarímetro da mesma forma que o utilizado para medir a radiação solar global
incidente, porém com o elemento sensor voltado para baixo. A radiação solar global
transmitida (Rt) foi medida por um tubo solarímetro a 0,1m de altura do canteiro.
Valores médios de radiação a cada 15min foram integralizados (MJ m
-2
dia
-1
). Tais
tubos foram construídos artesanalmente, conforme modelo proposto por Steinmetz
e Miori (1997), e calibrados com o auxílio de um tubo solarímetro de fabricação
industrial marca Delta T, modelo TSL e de um piranômetro de cúpula dupla, marca
Kipp & Zonen, modelo CM 6B.
3.2.8 Saldo de radiação
Foi utilizado um saldo-radiômetro da marca REBS, modelo Q7, colocado no
centro da estufa a 1,2m de altura da superfície do canteiro (Apêndice - Figura 1C).
49
Os valores horários médios foram integralizados por dia, da mesma forma que a
radiação solar global incidente em MJ m
-2
dia
-1
.
3.2.9 Velocidade do vento
A velocidade do vento dentro do ambiente foi medida continuamente através
de uma anemômetro MET-ONE, Modelo 014A, instalado a 2m de altura da
superfície do solo, no centro do ambiente (Apêndice - Figura 4C).
3.2.10 Evaporação do tanque Classe A
Dados diários de evaporação (mm dia
-1
), foram obtidos em tanque Classe A,
instalado no interior da estufa. A medição do nível da água foi feita através de um
parafuso micrométrico com precisão de 0,02mm.
3.3 Balanço de radiação
O balanço de radiação, que compreende o balanço de ondas curtas (BOC),
o balanço de ondas longas (BOL) e o albedo (α), foi obtido através dos dados
medidos de radiação solar global incidente no dossel (Ri), radiação solar global
refletida pela cultura (Rr) e pelo saldo de radiação (Rn), através das seguintes
equações:
BOC = (1-α) Ri
(9)
α = Rr/Ri
(10)
BOL = Rn - [(1-α) Ri]
(11)
Onde:
BOC - balanço de ondas curtas em MJ m
-2
dia
-1
;
BOL - balanço de ondas longas em MJ m
-2
dia
-1
;
α - albedo do cultivo (adimensional);
50
Ri - radiação solar global incidente no dossel da cultura em MJ m
-2
dia
-1
;
Rn - saldo de radiação em MJ m
-2
dia
-1
;
Rr - radiação solar global refletida pela cultura em MJ m
-2
dia
-1
.
3.4 Balanço de energia
O balanço de energia foi determinado através da razão de Bowen (1926)
apud Cunha et al. (2001), método utilizado para quantificação dos fluxos de calor
latente e sensível na camada de ar próxima ao dossel da cultura, sendo a equação
geral do balanço de energia igual a:
Rn = H + LE + G
(12)
Onde:
H - fluxo de calor sensível em MJ m
-2
dia
-1
;
LE - fluxo de calor latente em MJ m
-2
dia
-1
;
G - fluxo de calor no solo em MJ m
-2
dia
-1
.
No cálculo do balanço de energia, os fluxos que chegam foram positivos e
os que saem, negativos. Considerou-se o topo da cultura e a superfície do solo, o
limite superior e inferior, respectivamente.
A razão de Bowen foi utilizada para a estimativa dos valores de H e LE,
através de medições de gradientes psicrométricos na cultura em níveis 1 e 2,
através de dois sensores de temperatura do ar (bulbo seco) e de dois sensores de
bulbo úmido, com uma distância de 1m entre os níveis, sendo o nível 1 instalado a
1m da superfície do solo e o nível 2 a 2m, e seguindo as equações:
1
û7
û7X
s
1
LE
H
γ
γ
+
=
=
(13)
(
)
β
+
=
1
G
Rn
LE
(14)
51
LEH
β
=
(15)
P
10
665,
0
3
=
γ
(16)
(
)
(
)
[
]
(
)
(
)
2
Tm
237,3
/
Tm
17,27
237,3
Tm
e
0,6108
4018
s
+
=
+
(17)
Onde:
- razão de Bowen;
s - tangente à curva de pressão de saturação de vapor d'água em função da
temperatura do ar em kPa
o
C
-1
;
γ - coeficiente psicrométrico em kPa
o
C
-1
;
P - média diária da pressão atmosférica em k Pa;
Tm - temperatura do ar (bulbo seco) média entre os níveis 1 e 2 em
o
C;
û7X  GLIHUHQça entre as temperaturas dos termômetros de bulbo úmido
instalados nos níveis 1 e 2 em
o
C;
û7  GLIHUHQça entre as temperaturas dos termômetros de bulbo seco
instalados nos níveis 1 e 2 em
o
C.
Pode ocorrer no início da manhã e no final da tarde que a diferença dos
valores da temperatura entre os dois níveis seja zero. Este caso leva a uma
indeterminação no cálculo de β naquele horário. Conforme demonstrado em Righi
(2004) este valor pode ser eliminado e substituído pela interpolação do anterior e
posterior sem prejuízo ao balanço diário de energia.
O saldo de radiação (Rn) foi obtido através da medida do saldo radiômetro.
O fluxo de calor no solo (G), conforme Pereira, Villa Nova e Sediyama (1997) e Allen
et al. (1998), foi desprezado na escala diária.
3.5 Evapotranspiração de referência
A evapotranspiração de referência (ETo) obtida pelo método do tanque
Classe A foi comparada àquela calculada pelo método padrão FAO Penman-
52
Monteith, a fim de calibrar o coeficiente do tanque (Kp) para o local, época e
condições do experimento.
Para o método do tanque Classe A temos:
ECA
Kp
ETo
=
(18)
Onde:
ETo - evapotranspiração de referência em mm dia
-1
;
Kp - coeficiente do tanque Classe A;
ECA - evaporação do tanque Classe A em mm dia
-1
.
O coeficiente Kp, que apresenta variação em função da área tampão
(bordadura) do tanque, velocidade do vento a 2m de altura e umidade relativa do ar
próxima a essa superfície livre de água, foi calculado pelo método recomendado
pela Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO (ALLEN et al.,
1998), através da expressão:
(
)
[
]
(
)
UR
ln
F
ln
000631
,
0
)
UR
ln(
1434
,
0
)
F
ln(
0422
,
0
2
U
0286
,
0
108
,
0
kp
2
+
+
=
(19)
Onde:
F - bordadura em metros (4m);
U2 - velocidade média diária do vento a 2m de altura em m s
-1
;
UR - umidade relativa do ar, média diária, a 2m de altura em %;
ln - logaritmo natural.
A equação FAO Penman-Monteith foi derivada a partir da equação original
de Penman-Monteith e das equações de resistência aerodimica de cultivo. De
acordo com Allen et al. (1998),
este é o método padrão para a determinação da
evapotranspiração de referência.
(
)
(
)
(
)
2
U
34
,
0
1
s
273
T
ea
es
2
U
900
G
-
Rn
s
0,408
ETo
+
γ
+
+
γ
+
=
(20)
53
Obs.: Os termos da equação foram definidos nos itens anteriores. Neste
caso, para o cálculo, foram utilizadas as médias diárias de valores a 2m de altura.
O coeficiente do tanque Classe A, ajustado para o ambiente protegido,
cultivado com feijão-vagem (kpa), foi obtido dividindo-se a evapotranspiração de
referência, calculada pelo método da FAO, pela evaporação no tanque Classe A.
3.6 Evapotranspiração e coeficiente de cultura
O consumo hídrico foi avaliado em função do potencial mátrico do solo,
medido por um tensiômetro de coluna de mercúrio. No momento anterior à
semeadura, o solo foi irrigado até atingir o potencial mátrico de -10kPa, ponto
superior da capacidade de campo. Com a análise física do solo, foi possível traçar a
curva característica de retenção da água. Assim, cada potencial mátrico medido
pelo tensiômetro indicou um percentual de água no solo. Sempre que as medidas
do tensiômetro indicavam uma redução do potencial mátrico era calculada a
quantidade de água a ser irrigada para que se alcançasse -10kPa. Em função da
vazão dos gotejadores, a quantidade de água foi convertida em tempo de irrigação.
Para fins práticos, as irrigações mantiveram o potencial mátrico entre -10 e -13kPa.
Considerando o evapotranspirômetro onde foi instalado o tensiômetro um
reservatório fechado (fundo e superfície cobertos com plástico), o consumo hídrico
passou a representar a evapotranspiração da cultura sem restrição.
O coeficiente da cultura foi determinado por:
ETo
ETc
Kc
=
(21)
Onde:
ETo - evapotranspiração de referência em mm dia
-1
;
ETc - evapotranspiração da cultura em mm dia
-1
;
Kc - coeficiente de cultura.
54
3.7 Respostas agronômicas
As respostas agronômicas foram verificadas nas seguintes dadas: 13 e 23
de abril; 2, 7, 14 e 28 de maio; 11 de junho. Nestas datas foram coletadas 9 plantas,
as quais foram levadas para análises em laboratório, através do método destrutivo,
isto é, separadas as folhas, caule, botões, flores e vagens. Estas plantas foram
utilizadas para determinar a área foliar, peso de matéria fresca e peso de matéria
seca.
3.7.1 Fases fenológicas
As fases fenológicas foram observadas a fim de se avaliar o
desenvolvimento das plantas de acordo com a aproximação da escala fenológica de
Fernandez et al. (1982), apud Vieira (1991). Considerou-se ocorrido o evento
fenológico quando aproximadamente 50% das plantas se encontravam nesse
estádio. O código V é usado para o período vegetativo e o código R para o período
reprodutivo, conforme segue:
V0 - data do plantio;
V1- emergência das plantas;
V2 - folhas primárias completamente expandidas;
V3 - primeira folha trifoliolada completamente aberta;
V4 - terceira folha trifoliolada completamente aberta;
R5 - aparecimento do primeiro botão floral;
R6 - aparecimento da primeira flor aberta;
R7 - aparecimento da primeira vagem;
R8 - desenvolvimento de sementes (vagem com comprimento máximo);
R9 - Início da maturação (primeira vagem apresenta mudança de cor).
3.7.2 Índice de área foliar
A área foliar foi medida com base na média das plantas coletadas através
de um integrador de área foliar marca LI-COR, modelo 3100.
55
Em função da área foliar, o índice foi calculado com a fórmula seguinte:
AS
AF
IAF
=
(22)
Onde:
IAF - índice de área foliar;
AF - área foliar em m
2
;
AS - área de solo ocupada pela planta em m
2
.
3.7.3 Fitomassa fresca
A fitomassa fresca média por planta em gramas, foi estimada a partir das
plantas coletadas, cujas folhas, caule e vagens foram separadas e feita a pesagem
em balança de precisão.
3.7.4 Fitomassa seca
Determinou-se a fitomassa seca média por planta em gramas, através das
mesmas plantas coletadas para a estimativa da fitomassa fresca. As partes da
planta (folhas, caule e vagens) foram armazenadas em sacos de papel e levadas à
estufa com ventilação forçada a aproximadamente 65
o
C, até o peso se tornar
constante. As a secagem, foi feita a pesagem em balança de precisão.
3.7.5 Rendimento
Para avaliar o rendimento médio da cultura por planta foi feito o seguinte
cálculo:
NP
Pv
Rp
=
(23)
Onde:
Rp - rendimento médio por planta em g planta
-1
;
56
Pv - peso total das vagens colhidas em g;
NP - mero de plantas.
Para avaliar o rendimento da cultura por área foi feito o seguinte cálculo:
NARpRa
=
(24)
Onde:
Ra - rendimento por área em g m
-2
;
Rp - rendimento médio por planta em g planta
-1
;
NA - mero de plantas por m
2
.
3.7.6 Rendimento energético em função da radiação solar global incidente
Ri
MS
Ei
=
(25)
Onde:
Ei - rendimento energético em função da radiação solar global incidente em
g MJ
-1
;
MS - matéria seca acumulada na parte aérea durante o cultivo em g m
-2
;
ΣRi - somatório da radiação solar global incidente acumulada em MJ m
-2
.
3.7.7 Rendimento energético em função da radiação fotossinteticamente ativa
incidente
PARi
MS
Ep
=
(26)
Onde:
Ep - rendimento energético em função da radiação fotossinteticamente ativa
incidente em g MJ
-1
;
MS - matéria seca acumulada na parte aérea durante o cultivo em g m
-2
;
57
ΣPARi - somatório da radiação fotossinteticamente ativa incidente
acumulada em MJ m
-2
.
A PARi, durante o cultivo, foi calculada a partir da relação obtida por
Beckmann (2004), para o mesmo local.
Ri
.
4
,
0
PARi
=
(27)
58
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Observões agrometeorológicas
4.1.1 Radiação solar global no interior e no exterior do ambiente protegido
O comportamento da radiação solar global incidente no interior do ambiente
protegido (Ri) e no ambiente externo (Rg) pode ser verificado através da Figura 1.
Notou-se que durante o cultivo, em média, a Ri foi 85,07% do valor da Rg, variando
de 73,78% a 97,72%. Tamm pôde-se observar que, em alguns dias, as curvas
apresentavam uma grande diferença entre os valores e, em outros, os valores são
muito próximos. Dias com valores muito próximos estão relacionados com
nebulosidade e precipitação, predominando a radiação solar difusa. Já em dias de
céu claro, quando predominava a radiação solar direta, o efeito redutor causado
pelo plástico da estufa foi mais intenso. Isto ocorreu porque parte da radiação direta
foi bloqueada pelo teto da estufa, enquanto a radiação difusa (proveniente de todas
as direções) penetrava no interior do ambiente pelas laterais e portas que
permaneceram abertas durante o período diurno.
Para ambiente protegido (estufa plástica tipo capela), no período de 10 a 21
de novembro, cultivado com feijão-vagem em Pelotas, RS, Farias (1993 a) obteve
para a mesma relação, um valor de 83% variando de 65 a 90%.
Souza e Escobedo (1997) em um cultivo de feijão-vagem em ambiente
protegido (estufa tipo semi-arco) coberto com filme de polietileno, em Botucatu, SP,
concluíram que a relação Ri/Rg, em média, para o período de 15 de outubro a 22 de
dezembro de 1994, foi de 63%.
59
Beckmann et al. (2006), cultivando tomate em estufa plástica com cobertura
em arco, em Pelotas, RS, no período de janeiro a junho, obtiveram uma relação de
76% entre a radiação solar global no interior do ambiente e a radiação solar global
medida na Estação Agrometeorológica de Pelotas, variando entre 63 a 93%. Estes
autores comprovaram que a maior diferença entre a radiação solar global no interior
e no exterior ocorre em dias de céu claro.
Comparando-se os valores de Ri e Rg com o limite trófico, pôde-se verificar
que os mesmos foram menores em 33,3% e 22,6% dos dias, respectivamente. No
período vegetativo Ri ficou abaixo do limite em 8 dias e Rg 2 dias; no período
reprodutivo Ri ficou abaixo do limite em 20 dias e Rg 17 dias.
Em percentuais, considerando-se o número de dias de cada período e o
mero de dias em que Ri ficou abaixo do limite trófico, nota-se que em 24,2% dos
dias no período vegetativo e em 39,2% dos dias do período reprodutivo Ri ficou
abaixo do limite trófico. Rg teve um comportamento semelhante, isto é, maior no
período reprodutivo (33,3%) que no período vegetativo (6,1%). Portanto, o maior
percentual de dias com Ri e Rg inferiores ao limite trófico ocorreram no período
próximo do inverno.
Os valores de Ri e Rg, além de diminuírem com a proximidade do inverno,
tiveram uma relação direta com as condições de nebulosidade. Os dias em que os
valores ficaram abaixo do limite trófico são aqueles em que o céu estava nublado ou
parcialmente nublado. Além das condições de nebulosidade, Buriol el al. (2005)
tamm destaca o grande número de dias com nevoeiro nos meses de maio e julho,
no Rio Grande do Sul, como fator causador de dias com valores de radiação solar
global inferior ao limite trófico para hortaliças de verão no interior de ambiente
protegido.
Valores de Ri inferiores ao limite trófico para hortaliças de verão em
ambiente protegido no período de outono em Pelotas, RS, já foram verificados, por
outros pesquisadores: Aldrighi (2004) e Beckmann et al. (2006).
60
0
5
10
15
20
25
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60
63
66
69
72
75
78
81
DAS
Energia (MJ m
-2
dia
-1
)
Ri
Rg
Lt
Figura 1 – Radiação solar global incidente no interior do ambiente protegido (Ri),
radiação solar global na Estação Agroclimatológica de Pelotas (Rg) e
limite trófico (Lt) para hortaliças durante o ciclo da cultura do feijão-
vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
4.1.2 Coeficiente de extinção atmosférica
Na Figura 2, observa-se a variação do coeficiente de extinção atmosférica
durante todo o ciclo da cultura do feijão-vagem. No período, os valores mínimo,
máximo e médio foram 0,09, 0,66 e 0,46, respectivamente.
Percentualmente podemos afirmar que durante o ciclo da cultura, 34,5% dos
dias foram de céu nublado, 40,5% dos dias foram de céu parcialmente nublado e
25% dos dias foram de céu claro.
No período vegetativo foram dias 12 nublados, 15 parcialmente nublados e
6 dias claros; no reprodutivo foram 17 dias nublados, 19 dias parcialmente nublados
e 15 dias claros. A proximidade do inverno, aliada a quantidade de dias nublados e
parcialmente nublados levou Ri a valores inferiores ao limite trófico das hortaliças de
verão em vários dias.
61
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60
63
66
69
72
75
78
81
DAS
Kt
Kt
Figura 2 – Coeficiente de extinção atmosférica durante o ciclo da cultura do feijão-
vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
A cidade de Pelotas, por se localizar bem ao Sul do País, está sujeita a
baixas temperaturas durante a estação fria, apresentando grande quantidade de
dias nublados e parcialmente nublados, durante todo o ano, o que é perfeitamente
explicado pelas freqüentes incursões de sistemas meteorológicos tipo frentes frias,
linhas de instabilidade, etc. O índice de limpidez atmosférica média mensal não
apresenta níveis muito altos, com média anual em torno de 0,47, concordando com
a média obtida neste experimento (MARQUES et al, 2000; SACCO; ASSIS, 2003;
SILVEIRA et al, 2000).
4.1.3 Temperatura do ar
Observando-se a Figura 3, verifica-se que durante o período de emergência
a temperatura do ar, a 1m de altura do canteiro, ficou acima do limite mínimo para o
feijão-vagem. Entretanto, a temperatura máxima no interior do ambiente protegido
ultrapassou o valor do limite máximo de 30
o
C, em alguns períodos, o que totalizou
14h15min de um total de 120h. Portanto, em 11,88% do tempo, a temperatura do ar
no interior do ambiente protegido esteve acima do limite máximo sugerido por
Cermeño (1977). A temperatura média nesse período foi de 24,5
o
C.
62
De acordo com as observações diárias do cultivo, as altas temperaturas
dentro do ambiente protegido não causaram nenhum prejuízo à emergência, ficando
o tempo de emergência dentro do esperado. O mesmo comportamento foi
observado por Aldrighi (2000) para um cultivo de feijão-vagem em ambiente
protegido na mesma época do ano em Pelotas, RS.
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5
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1
2
3
4
DAS
Temperatura do ar
o
C
T
Lmín
Lmáx
Figura 3 - Temperatura do ar (T), limite mínimo (Lmín) e limite máximo (Lmáx) no
período de emergência do feijão-vagem cultivado em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min).
De acordo com os valores observados na Figura 4, verificou-se, no período
de desenvolvimento vegetativo, que as temperaturas não ultrapassaram os valores
limites (10 a 40
o
C). Apenas em um dia (30 de março – 11 DAS), a temperatura do
ar, atingiu o valor do limite máximo e em outro (13 de abril – 25 DAS), o valor
mínimo. A temperatura média, neste período, foi de 23,4
o
C.
Aldrighi (2000) observou uma variação de temperatura entre 19 a 37
o
C para
o mesmo período, em Pelotas, RS, portanto tamm entre os valores críticos
sugeridos por Cermeño (1977). As temperaturas do ar neste período foram
favoráveis à cultura, não interferindo na duração do ciclo, visto que o período
reprodutivo começou em 21 de abril (33 DAS), concordando com Souza (1996), que
obteve o mesmo tempo de duração do ciclo vegetativo com feijão-vagem, rasteiro,
em ambiente protegido na primavera.
63
0
5
10
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20
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30
35
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4
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9
10
11
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13
14
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16
17
18
19
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25
26
27
28
29
30
31
DAS
Temperatura do ar (
o
C)
T
Lmín
Lmáx
Figura 4 - Temperatura do ar (T), limite mínimo (Lmín) e limite máximo (Lmáx) no
período de desenvolvimento vegetativo do feijão-vagem cultivado em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min).
Durante o período de floração e frutificação (Figura 5), os valores de
temperatura observados no interior do ambiente protegido não ultrapassaram o
limite máximo de 40
o
C sugerido por Cermeño (1977), entretanto por diversas vezes
ficaram abaixo do limite mínimo de 12
o
C. Observou-se, neste período, um total de
1224h e que os valores de temperatura ficaram abaixo do valor mínimo crítico
durante 367h à noite e 25h18min durante o dia, o que corresponde a 29,98 e 2,06%
do tempo, respectivamente. A temperatura média nesse intervalo de tempo foi de
15,7
o
C.
Temperaturas abaixo de 12
o
C começaram a ocorrer após 38 DAS (26 de
abril), isto é, entre o final do estádio fenológico R6 (23 de abril - aparecimento da
primeira flor aberta) e começo do estádio R7 (28 de abril - aparecimento da primeira
vagem). Comparando-se com o experimento realizado por Souza (1996) na
primavera, verificou-se que até essa data, os tempos duração dos estádios
correspondentes entre ambos são semelhantes. Em seguida, a ocorrência de baixas
temperaturas, coincidem com o aumento do tempo de duração de cada estádio
fenológico. Os tempos de duração de R7 e R8 foram 26 e 18 dias, respectivamente,
64
bem superiores aos observados na primavera por Souza (1996): 19 e 9 dias,
respectivamente.
Temperaturas abaixo de 12
o
C tamm foram observadas por Aldrighi
(2000) para a mesma época do ano em Pelotas. Segundo o autor as baixas
temperaturas levaram a uma menor duração do tempo de colheita e a uma menor
produtividade quando comparado a um cultivo de feijão-vagem no período de
primavera-verão.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
32
34
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40
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46
48
50
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54
56
58
60
62
64
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70
72
74
76
78
80
82
DAS
Temperatura do ar (
o
C)
T
Lmín
Lmáx
Figura 5 – Temperatura do ar (T), limite mínimo (Lmín) e limite máximo (Lmáx) no
período de floração e frutificação do feijão-vagem cultivado em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min).
Analisando-se as temperaturas do ar máximas absolutas (Figura 6A),
mínimas absolutas (Figura 6B) e médias diárias (Figura 6C), na Estação
Agroclimatológica e no ambiente interno da estufa plástica, durante todo o ciclo de
cultivo, fica evidenciado a alteração de temperatura provocada pelo ambiente
protegido, conforme já demonstrado por outros pesquisadores
(SCHALLENBERGER, 2005; DUARTE, 2006) em Itajaí, SC.
As temperaturas máxima absoluta e média diária no interior do ambiente
protegido sempre foram superiores as temperaturas registradas na Estação
Agroclimatológica, entretanto, a temperatura mínima, em alguns dias, ficou abaixo
dos valores. Em 24 dias, ou seja, 28,5% de um total de 84 dias, a temperatura
65
mínima registrada no interior do ambiente protegido ficou abaixo da mínima
registrada na Estação.
A média diária, a média das máximas absolutas e a média das mínimas
absolutas, para a estufa, foram 18,8, 27,6 e 13,5
o
C, respectivamente; na Estação
Agroclimatológica foram 16,9, 22,5 e 13,1
o
C, respectivamente.
Constatou-se que o efeito do ambiente protegido é mais evidente nas
temperaturas máximas. As temperaturas mínimas não diferiram muito entre a
Estação Agroclimatológica e o ambiente interno à estufa plástica. Para Farias et al.
(1993 b) a pequena diferença entre as temperaturas mínimas registradas no
ambiente protegido e as temperaturas mínimas registradas no ambiente externo é
resultante do fato de que as temperaturas mínimas geralmente ocorrem à noite,
quando o efeito da cobertura de polietileno é pouco sentido, em virtude de deixar
passar em torno de 80% da radiação de onda longa emitida pelos elementos
presentes no interior do ambiente.
Apesar da diferença entre a média das temperaturas mínimas absolutas no
ambiente interno e a média das temperaturas mínima absolutas no exterior da
estufa ser positiva, ocorreu, em muitos dias, que a diferença entre elas foi negativa,
ou seja, a temperatura mínima do ar do ambiente externo era maior do que a do
interior da estufa, fenômeno denominado de "inversão térmica". De acordo com
Buriol et al. (1993), esta situação se verifica em dias com ventos fortes que
renovam, constantemente, a camada de ar junto à superfície do ambiente externo,
evitando que a temperatura mínima do ar seja muito baixa. Já no interior da estufa,
como não ocorre uma renovação similar ao ambiente externo, ocorre um
progressivo e ininterrupto esfriamento do ar, devido às perdas energéticas por
radiação e por condução-conveão, através do plástico.
66
A.
0
5
10
15
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25
30
35
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45
2
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50
53
56
59
62
65
68
71
74
77
80
83
Tmáx estação
Tmáx estufa
B.
0
5
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15
20
25
2
5
8
11
14
17
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23
26
29
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38
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50
53
56
59
62
65
68
71
74
77
80
83
Temperatura do ar (
o
C)
Tmín estação
Tmín estufa
C.
0
5
10
15
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25
30
35
2
5
8
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32
35
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44
47
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53
56
59
62
65
68
71
74
77
80
DAS
Tméd estufa
Tméd estação
Figura 6 - Temperaturas do ar mínima absoluta (Tmín), máxima absoluta (Tmáx) e
média diária (Tméd) no interior do ambiente protegido e na Estação
Agroclimatológica durante o ciclo do feijão-vagem cultivado em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007.
67
4.1.4 Temperatura do solo
Observando-se a Figura 7, verificou-se que durante o período de
emergência a temperatura do solo ficou entre os valores críticos para o feijão-
vagem. As temperaturas mínima e a máxima do solo foram 26,9
o
C e 32
o
C,
respectivamente, portanto, estão entre os valores críticos sugeridos por Nascimento
(2007). A temperatura média do solo, neste período, foi de 29,1
o
C.
De acordo com os valores observados na Figura 8, verificou-se que no
período de desenvolvimento vegetativo, as temperaturas do solo, não ultrapassaram
os valores limites críticos. As temperaturas mínima, máxima e média neste período
foram de 24,8, 29,4 e 27,2
o
C.
Durante o período de floração e frutificação (Figura 9) os valores de
temperatura do solo observados no ambiente protegido não ultrapassaram os
valores críticos. A temperatura média neste período foi de 19,5
o
C. Os valores
oscilaram ente um mínimo de 15,1
o
C e um máximo de 17,7
o
C.
Diferente da temperatura do ar, notou-se que a temperatura do solo se
manteve entre os limites críticos sugeridos pelos pesquisadores. Fato,
provavelmente, relacionado à cobertura do solo pelo mulching preto.
0
5
10
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35
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0
1
2
3
4
DAS
Temperatura do Solo
o
C
Ts
Lsmín
Lsmáx
Figura 7 - Temperatura do solo (Ts), limite mínimo (Lsmín) e limite máximo (Lsmáx)
no período de emergência do feijão-vagem cultivado em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min).
68
0
5
10
15
20
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30
35
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8
10
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14
16
18
20
22
24
26
28
30
DAS
Temperatura do Solo
o
C
Ts
Lsmín
Lsmáx
Figura 8 - Temperatura do solo (Ts), limite mínimo (Lsmín) e limite máximo (Lsmáx)
no período de desenvolvimento vegetativo do feijão-vagem cultivado em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min).
0
5
10
15
20
25
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35
40
32
36
40
44
48
52
56
60
64
68
72
76
80
DAS
Temperatura do Solo
o
C
Ts
Lsmín
Lsmáx
Figura 9 – Temperatura do solo (Ts), limite mínimo (Lsmín) e limite máximo (Lsmáx)
no período de floração e frutificação do feijão-vagem cultivado em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min).
69
Pires et al. (2004), realizando dois experimentos com morangueiro, um em
cultivo protegido (estufa plástica tipo capela com 7m de largura e 50m de
comprimento) e outro a céu aberto em Atibaia, SP, observaram que, sob plástico
preto, no cultivo protegido, a temperatura máxima do solo atingiu valores maiores
que os observados a campo aberto, sendo a maior diferença de 4,0ºC e, em média,
2,2ºC, no período. Portanto, o aumento de temperatura do solo proporcionado pelo
mulching contribuiu para que as temperaturas solo ficassem entre os limites
sugeridos para a cultura.
4.1.5 Umidade relativa do ar
Através da Figura 10, pôde-se verificar que a umidade relativa do ar
ultrapassou o valor do limite crítico de 75%, em todos os dias, ficando abaixo do
valor do limite mínimo de 60%, apenas em um dia (21 de março – 2 DAS). Os
valores mínimo, máximo e médio registrados durante o ciclo da cultura foram de
59,88, 100 e 91,71%.
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
3
7
11
15
19
23
27
31
35
39
43
47
51
55
59
63
67
71
75
79
83
DAS
Umidade relativa do ar (%)
UR
URLmín
URLmáx
Figura 10 – Umidade relativa do ar (UR), limite mínimo (URLmín) e limite máximo
(URLmáx) no interior do ambiente protegido durante o ciclo do feijão-
vagem, Pelotas, RS, 2007 (médias de 15min).
70
No período de emergência, a umidade relativa do ar esteve acima do valor
crítico, durante 81,04% do tempo, sendo que 55,83% à noite e 25,21% ao dia. No
desenvolvimento vegetativo, a UR ficou acima do valor crítico em 84,52% do tempo,
sendo que 55,82% foi à noite e 28,70% durante o dia. Na floração e frutificação, em
96,75% do tempo, a UR esteve acima do valor crítico, sendo 62,05% à noite e
34,70% de dia. O percentual maior à noite, relaciona-se diretamente com a
temperatura do ar, já que a mesma apresenta-se em declínio neste período.
Tamm verificou-se o aumento dos percentuais com o final do ciclo do cultivo o
que está relacionado com as baixas temperaturas ocorridas com a proximidade do
inverno. Além disso, em dias chuvosos, tamm se verificaram altos valores de
umidade relativa do ar durante todo o dia conforme pôde ser observado em 2 de
abril, 5 de maio e 9 de junho, por exemplo.
A Tabela 1 mostra que os valores de umidade relativa do ar aumentaram
com o tempo de desenvolvimento da cultura. Somente no último período do ciclo,
com a aproximação do inverno e a conseqüente queda acentuada da temperatura
do ar a umidade relativa do ar chegou a 100%, o que não aconteceu nos períodos
anteriores onde ocorreram temperaturas mais elevadas.
Tabela 1 – Umidade relativa mínima absoluta (URmín), umidade relativa máxima
absoluta (URmáx) e umidade relativa média do ar no interior do
ambiente protegido em cada período do ciclo do feijão-vagem, Pelotas,
RS, 2007.
Urmín (%) Urmáx (%)
UR média (%)
Emergência 59,88 97,18 87,05
Desenvolvimento Vegetativo
60,17 99,59 88,98
Floração Frutificação 63,55 100,00 93,70
Aldrighi (2000), cultivando feijão-vagem em ambiente protegido, em Pelotas,
na mesma época do ano, tamm obteve valores semelhantes de UR para todo o
ciclo da cultura, quando a mínima, máxima e média foram de 66, 100 e 91,79%,
respectivamente.
71
4.2 Balanço de radiação
Através da Figura 11, observa-se que a tendência da radiação solar global
incidente sobre o cultivo (Ri) foi diminuir com a aproximação do inverno. Esta
diminuição da radiação incidente faz com que ocorra o mesmo com os demais
componentes do balanço de radiação.
No dia 21 de março (2 DAS), ocorreu o máximo valor de radiação solar
incidente no interior do ambiente protegido, o que proporcionou tamm o máximo
saldo de radiação, o máximo de radiação solar transmitida e o máximo valor do
balanço de ondas curtas. O valor mínimo de radiação solar incidente no interior
ocorreu no dia 9 de junho (82 DAS), porém não coincidindo com a data em que se
verificou o valor mínimo para os demais componentes do balanço de radiação.
Valores baixos de Ri estão relacionados a dias com alta nebulosidade e com
precipitação, como ocorreu em 4 de maio (46 DAS), quando o BOL se tornou
positivo. O valor positivo indica que, o ganho superou as perdas. Nesse dia,
provavelmente, a alta UR do ar ocasionou a condensação de vapor no teto da
estufa que impediu a perda de energia por onda longa, aumentando a contra-
radiação atmosférica (por reflexão no teto e por aumento do calor sensível) fazendo-
a superior às perdas do cultivo.
Os valores mínimo, máximo, médio e o total do ciclo, em MJ m
-2
, dos
componentes do balanço de radiação são apresentados na Tabela 2.
Aldrighi (2004), cultivando berinjela em um ambiente protegido, no mesmo
local deste experimento, obteve um valor médio de 7,53MJ m
-2
dia
-1
para a radiação
solar global incidente no interior da estufa, nos meses de fevereiro a julho. O autor
observou a diminuição da média mensal da radiação solar global com a
aproximação do inverno, o que aumentou o ciclo de cultivo em relação ao esperado.
Comportamento semelhante tamm foi observado por Beckmann (2004),
cultivando tomate no mesmo local deste experimento. Ao analisar a radiação solar
global no interior do ambiente protegido, obteve um valor médio de 8,5MJ m
-2
dia
-1
no período de 28/02/2003 a 12/06/2003. Com a aproximação do inverno os valores
de radiação solar global foram diminuindo o que provavelmente influenciou na baixa
produção de matéria seca.
72
A.
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60
63
66
69
72
75
78
81
Rn, BOC, BOL (MJ m
-2
dia
-1
)
Rn
BOC
BOL
B.
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60
63
66
69
72
75
78
81
DAS
Ri, Rt, Rr (MJ m
-2
dia
-1
)
Ri
Rt
Rr
Figura 11 – Saldo de radiação (Rn), balanço de ondas curtas (BOC) e balanço de
ondas longas (BOL), radiação solar incidente sobre o dossel (Ri),
radiação solar refletida pelo dossel (Rr) e radiação solar transmitida
através do dossel (Rt), durante o ciclo do feijão-vagem em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007.
73
Tabela 2 – Saldo de radiação (Rn), radiação solar transmitida através do dossel (Rt),
radiação solar refletida pelo dossel (Rr), radiação solar incidente sobre o
dossel (Ri), balanço de ondas curtas (BOC) e balanço de ondas longas
(BOL) em MJ m
-2
dia
-1
durante o ciclo do feijão-vagem em ambiente
protegido, Pelotas, RS, 2007.
Rn Rt Rr Ri BOC BOL
mínimo 0,27 0,41 -3,35 1,25 0,99 -5,64
máximo 8,21 14,92 -0,26 16,31 12,96 0,14
média 4,10 6,06 -2,17 9,31 7,14 -3,04
Total 344,72 509,38 -181,88 781,72 599,84 -255,12
Na Tabela 3, observa-se a diminuição na relação Rn/Ri, Rt/Ri e BOC/Ri e
um aumento na relação Rr/Ri e BOL/Ri no decorrer do ciclo da cultura, fato
semelhante ao ocorrido em um experimento com a cultura do feijão-vagem, no
período de outubro a dezembro em Botucatu, SP, realizado por Souza e Escobedo
(1997). Segundo os autores estes fatos estão relacionados com o aumento da área
foliar que, por sua vez, aumenta a perda por reflexão e, conseqüentemente, a perda
da radiação de ondas curtas. A maior área foliar diminui os espaços entre as linhas
e entre as plantas, aumentando a área de reflexão da radiação solar e diminuindo a
radiação solar transmitida para o solo. Durante o experimento, foram observadas,
em média, as seguintes relações: Rn/Ri=66% e BOL/Ri=-10%.
Cabe salientar que no início do cultivo a relação Rt/Ri é aproximadamente
100% (emergência e início do desenvolvimento vegetativo), sendo que a radiação
que chega no tubo solarímetro superior, que capta a radiação solar global incidente
(Ri), praticamente igual a radiação solar que chega no solo (Rt). Pequenas
diferenças de valor ocorrem em função da altura e do sombreamento causado pela
estrutura de sustentação da estufa e dos instrumentos. Apenas com o passar do
tempo as plantas crescem e começam a sombrear o tubo inferior, fazendo com que
no ciclo de floração e frutificação a relação Rt/Ri seja, em média 54%.
Percentualmente a soma Rr/Ri e Rt/Ri é maior do que 100% no início, já que Rt e Ri
são praticamente iguais. A radiação refletida no início do cultivo é representada pela
reflexão do solo (passeios) e do mulching” (canteiros), os quais ficam abaixo do
74
sensor que capta a Rt. Certo tempo após a emergência a reflexão das plantas passa
a contribuir com a relação Rr/Ri, aumentando até 24%. Nota-se que nesta fase a
reflexão (dossel) fica acima do sensor que capta a Rt, passando o somatório Rr/Ri
com Rt/Ri ser menor que 100%.
Tabela 3 Relação entre saldo de radiação (Rn), radiação solar transmitida através
do dossel (Rt), radiação solar refletida pelo dossel (Rr), balanço de
ondas curtas (BOC), balanço de ondas longas (BOL) e radiação solar
incidente sobre o dossel (Ri) durante o ciclo do feijão-vagem em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
Rn/Ri Rt/Ri Rr/Ri
BOC/Ri
BOL/Ri
Emergência 50% 92% 20% 80% 30%
Desenvolvimento Vegetativo
47% 92% 20% 80% 32%
Floração Frutificação 42% 54% 24% 76% 33%
Média 46% 79% 21% 78% 32%
Os resultados foram semelhantes aos de Schiedeck (2002), que ao cultivar
meloeiro, em ambiente protegido, em Pelotas, RS, no período de fevereiro a abril,
obteve uma diminuição das relações Rn/Ri (média de 53%) e BOC/Ri (média de
76%); tamm houve um aumento durante o ciclo de cultivo da relação BOL/Ri
(média de 21%).
Cultivando abóbora italiana, no mesmo ambiente protegido deste
experimento, Ribeiro (2008), obteve para a relação BOC/Ri um comportamento
semelhante, isto é, uma diminuição durante o ciclo da cultura, comportamento
relacionado ao aumento do albedo que está diretamente relacionado com o
aumento da área foliar. Para a relação BOL/Ri, tamm foi observado uma
diminuição ao longo do ciclo, fato explicado pelas diferentes épocas de cultivo. O
feijão-vagem foi cultivado no outono, e a abobrinha, na primavera.
4.2.1 Balanço de radiação em dias de céu claro e céu nublado
Os componentes do balanço de radiação analisados no período diurno,
entre 8h30min e 17h, Figura 12, mostram como a cobertura do céu influencia os
mesmos. Os valores máximos de Rn, BOC e BOL foram de 298,1, 388,5 e -117,2W
75
m
-2
, respectivamente, com céu claro (18/05/07) e 119,1, 145,3 e -26,2W m
-2
,
respectivamente, com céu nublado (21/05/07). Proporcionalmente, nota-se que o
BOL foi mais influenciado pela cobertura de nuvens que os demais componentes.
Os valores negativos do BOL, durante o período diurno, representam que a contra-
radiação atmosférica foi inferior à perda de energia pela cultura e pelo solo
(RIBEIRO, 2008).
A radiação solar global incidente, a refletida e a transmitida tamm foram
afetadas pela cobertura do céu. Os valores máximos de Ri, Rr e Rt atingiram um
valor de 514,3, -125,8 e 182,8W m
-2
, respectivamente, com céu claro, e 190,4, -45,3
e 54,3W m
-2
, respectivamente, com céu nublado.
No dia 18/05/07, notou-se um decréscimo na radiação solar global incidente
às 11h e depois entre 12h45min e 13h45min, o que está relacionado à presença de
algumas nuvens nestes períodos. Como conseqüência, houve um decréscimo mais
acentuado no Rn e no BOC. As curvas dos demais componentes não sofreram tão
intensamente tal influência.
Quanto às perdas de energia através do dossel da cultura no período
diurno, pôde-se verificar que a radiação solar global refletida é aproximadamente
equivale ao balanço de ondas longas. Comportamento semelhante foi observado
por Souza e Escobedo (1997) no cultivo de feijão-vagem, em ambiente protegido.
76
A.
18/05/07
-200
-100
0
100
200
300
400
Rn
BOC
BOL
B.
21/05/07
-200
-100
0
100
200
300
400
8:30
9:30
10:30
11:30
12:30
13:30
14:30
15:30
16:30
Rn
BOC
BOL
C.
18/05/07
-200
-100
0
100
200
300
400
500
8:30
9:30
10:30
11:30
12:30
13:30
14:30
15:30
16:30
Horário local
Componentes da radiação (W m
-2
)
Ri
Rt
Rr
D.
21/05/07
-200
-100
0
100
200
300
400
8:30
9:30
10:30
11:30
12:30
13:30
14:30
15:30
16:30
Horário local
Ri
Rt
Rr
Figura 12 - Saldo de radiação (Rn), balanço de ondas curtas (BOC), balanço de
ondas longas (BOL), radiação solar global incidente (Ri), radiação solar
global refletida (Rr) e radiação solar global transmitida através do
dossel (Rt), durante um dia de céu claro (18/05/07) e num dia de céu
nublado (21/05/07), em ambiente protegido cultivado com feijão-
vagem, Pelotas, RS, 2007.
77
4.2.2 Albedo da cultura
A Figura 13 mostra a variação do albedo do feijão-vagem durante todo o
ciclo da cultura. Observa-se que no início do ciclo o albedo é menor, aumentando
posteriormente e com tendência a diminuir no final do ciclo da cultura. O seu valor
mínimo, na fase inicial de desenvolvimento da cultura, está relacionado ao baixo
índice de área foliar, predominando o valor de albedo representado pela cor preta
do mulchingque reflete pouco a radiação solar incidente.
0,15
0,17
0,19
0,21
0,23
0,25
0,27
0,29
1
4
7
10
13
16
19
22
25
28
31
34
37
40
43
46
49
52
55
58
61
64
67
70
73
76
79
82
DAS
Albedo
Albedo
Figura 13 – Variação do albedo durante o ciclo da cultura do feijão-vagem em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
No decorrer do desenvolvimento das plantas, com o aumento da área foliar,
o albedo passa a ser determinado pelas características da cultura e no final do ciclo,
com a senescência e a queda de folhas, tende a diminuir. O valor médio do albedo
para o ciclo total foi de 0,23, variando entre 0,19 no dia 2 de abril (14 DAS) e 0,27
no dia 19 de maio (61 DAS). Para a mesma cultura em ambiente protegido, Souza
(1996), no período de outubro a dezembro, obteve um albedo mínimo de 0,20 no
início do ciclo e um máximo de 0,24, em período posterior, tendendo a diminuir na
fase reprodutiva.
78
Durante um dia de céu claro (18-05-07), Figura 14, observou-se que os
maiores valores de albedo encontraram-se em dois períodos: no início da manhã e
no final da tarde, o que é perfeitamente explicável pelo fato de os raios solares
incidirem na cultura em um ângulo próximo de 90
o
em relação a normal do local, isto
é, praticamente tangente à superfície, o que aumenta a fração da radiação solar que
é refletida, conforme descrito por Galvani et al. (2000). Ainda nessa figura, observa-
se que houve uma diminuição do albedo após as 16h, o que foi provocado
momentaneamente, pela presença de nuvens que resultam na predominância da
radiação solar difusa, com conseqüente alteração no albedo da cultura. O valor do
albedo calculado em função dos totais diários de radiação solar global e radiação
solar refletida pela cultura foi de 0,26, com um valor instantâneo mínimo de 0,24
ocorrido entre às 12h e 12h 15min e o valor instantâneo máximo foi de 0,31 entre
às 8h 30min e 9h 15min.
0,15
0,25
0,35
Horário local
Albedo
Albedo 18-05-07
Figura 14 – Variação do albedo
do feijão-vagem em ambiente protegido, durante um
dia de céu claro, Pelotas, RS, 2007.
Na Figura 15 pode-se observar que os valores de albedo apresentam pouca
variação no decorrer de um dia com céu nublado (21-05-07). Este comportamento
caracterizou-se pelo fato de que nesse dia predominou a radiação solar difusa no
interior do ambiente protegido. Segundo Moura et al. (1999), em dias nublados, a
radiação solar global é composta na sua maior parte pela radiação solar difusa, o
79
que explica a menor variação do albedo em relação a um dia de céu claro. Nesse
dia, o albedo calculado em função dos totais diários de radiação solar global
incidente e refletida foi de 0,24, com valor instantâneo mínimo de 0,22, às 8h30min
e valor máximo de 0,27 às 17h30min.
0,20
0,22
0,24
0,26
0,28
Horário local
Albedo
Albedo 21-05-07
Figura 15 – Variação do albedo
do feijão-vagem em ambiente protegido, durante um
dia de céu nublado, Pelotas, RS, 2007.
4.3 Balanço de energia
Observando-se o balanço de energia para o ciclo do feijão-vagem na Figura
16, verifica-se que a tendência do saldo de radiação é diminuir com a proximidade
do inverno, apresentando um valor mínimo de 0,27 MJ m
-2
dia
-1
, no dia 2 de abril. O
valor máximo de 8,21MJ m
-2
dia
-1
ocorreu no dia 21 de março. O valor médio, para
todo o ciclo, foi de 4,1 MJ m
-2
dia
-1
. LE variou entre -6,65 e 0,20 MJ m
-2
dia
-1
,
com
valor médio de -3,35 MJ m
-2
dia
-1
; H oscilou entre -3,28 e 1,65MJ m
2
dia
-1
, com um
valor médio de -0,75 MJ m
-2
dia
-1
. Quanto aos valores de LE e H, pode-se observar
que, respeitando-se as convenções de sinais, o somatório é igual a Rn, entretanto,
em alguns dias, H se tornou positivo conforme já foi observado por Galvani e
Escobedo (2001), na cultura do pepineiro em ambiente protegido, fato que está
80
relacionado à adveão de calor sensível causada pelo vento, o que aumenta a
energia disponível para a evapotranspiração.
Dias com fluxo de calor latente muito baixos estão relacionados com valores
muito altos de umidade relativa do ar, causados por precipitação pluviométrica,
baixos valores de radiação solar global e baixas temperaturas. Silva (2005), em um
cultivo de maracujazeiro em Piracicaba, SP, relata que as chuvas e as irrigações
realizadas por meio de microaspersão tiveram relação direta com os valores de LE.
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60
63
66
69
72
75
78
81
DAS
Energia MJ m
2
dia
-1
Rn
LE
H
Figura 16 – Balanço de energia no interior do ambiente protegido durante o ciclo do
feijão-vagem, Pelotas, RS, 2007.
Dividindo-se o ciclo da cultura em três partes conforme a Tabela 4 observa-
se que a quantidade de energia consumida na evaporação representada pelo fluxo
de calor latente aumentou e o fluxo de calor sensível diminui percentualmente em
relação à energia total disponível à cultura representada pelo saldo de radiação, o
que relaciona-se com o crescimento das plantas e conseqüentemente do índice de
área foliar durante o ciclo.
81
Tabela 4 – Saldo de radiação (Rn), fluxo de calor latente e fluxo de calor sensível
(MJ m
-2
) em diferentes ciclos de desenvolvimento da cultura do feijão-
vagem, em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
Rn LE H LE/Rn H/Rn
Emergência 35,33 -27,13 -8,20 76,8% 23,2%
Desenvolvimento Vegetativo
83,00 -66,71 -16,29 80,4% 19,6%
Floração Frutificação 226,39
-187,69
-38,69 82,9% 17,1%
Total 344,72
-281,53
-63,18 81,7% 18,3%
Comportamento semelhante foi verificado por Souza (1996) no cultivo do
feijão-vagem, em ambiente protegido, no período de outubro a dezembro de 1994,
em Botucatu, SP. Para a razão LE/Rn observou um valor mínimo de 61%, na fase
vegetativa, e um valor máximo de 99%, na fase reprodutiva; a razão H/Rn variou
entre 1 e 36%, sendo que H apresentando maiores valores no período da
emergência das plantas.
Alves et al. (1998), ao calcular o balanço de energia em um cultivo de
melão, no período de outubro a janeiro em Mossoró, RN, observou uma tendência
inversa entre H e LE, sendo que H tendeu a diminuir durante o ciclo de cultivo e LE
a aumentar. Em alguns dias H tamm se torna positivo o que foi causado pela
transferência de energia do meio externo para o cultivo.
4.4 Evapotranspiração de referência
A Figura 17 apresenta a evapotranspiração de referência (mm dia
-1
),
calculada pelo método da FAO Penman-Monteith e pelo método do tanque Classe
A, onde se pode observar a tendência de diminuição dos valores, em função do
término do experimento, no mês de junho (fim do outono e início do inverno). A ETo
média, mínima e máxima pelo método FAO foi 1,21, 0,10 e 2,55 mm dia
-1
,
respectivamente, e pelo método do tanque Classe A foi 1,50 0,09 e 3,52 mm dia
-1
,
respectivamente.
82
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
48
51
54
57
60
63
66
69
72
75
78
81
DAS
ETo mm dia
-1
ETo FAO
ETo Classe A
Figura 17 – Evapotranspiração de referência (ETo) diária estimada pelo método da
FAO Penman-Monteith e pelo método do tanque Classe A no interior
do ambiente protegido cultivado com feijão-vagem, Pelotas, RS, 2007.
Na Tabela 5, observa-se que, em todas as fases do ciclo de cultivo do
feijão-vagem, a evapotranspiração estimada pelo método do tanque Classe A
superestimou os valores, atingindo até 30% a mais que a do método padrão FAO no
período de desenvolvimento vegetativo. A menor diferença entre os dois métodos foi
no período de floração e frutificação (11%), resultando em uma pequena diferença
entre Kp e Kpa.
Tabela 5 – Evapotranspiração de referência método FAO, em mm dia
-1
(ETo FAO),
evapotranspiração de referência método tanque Classe A em mm dia
-1
(ETo Classe A), percentual que o método Classe A foi superior ao
método da FAO, coeficiente médio do tanque Classe A para cada
período (Kp) e coeficiente médio do tanque Classe A ajustado (Kpa)
para o cultivo de feijão-vagem, em ambiente protegido, Pelotas, RS,
2007.
ETo FAO
ETo Classe A
Percentual
Kp Kpa
Emergência 2,23 2,64 18% 0,76 0,68
Desenvolvimento vegetativo
1,49 1,93 30% 0,77 0,62
Floração Frutificação 1,05 1,17 11% 0,78 0,77
83
A variação do valor do coeficiente do tanque Classe A, durante o cultivo foi
pequena, entre 0,76 e 0,78, mas a ETo do tanque Classe A foi de 11 a 30% maior
que o padrão FAO. Salienta-se que no período de floração e frutificação, quando a
diferença entre os métodos é menor, ocorreram baixas temperaturas devido a
proximidade do inverno. Nos dias em que os valores da evapotranspiração método
FAO foram baixos, os fatores que contribuíram para isto foram alta umidade relativa,
ocorrência de precipitação, alta nebulosidade, baixa radiação solar e baixo saldo de
radiação (BOLETIM DA ESTAÇÃO AGROCLIMATOLÓGICA DE PELOTAS, 2007).
Como o método é sensível a estas variações, justifica-se o fato. Por outro lado, o
experimento foi realizado no período de outono, quando ainda ocorrem baixas
temperaturas. A temperatura média no período de emergência foi de 24,5
o
C, no de
desenvolvimento vegetativo, foi de 23,4
o
C e no período de floração e frutificação foi
de 15,7
o
C.
Resultados semelhantes foram obtidos por Moura e Soares (2004), com
dados médios da Estação Agrometeorológica de Bebedouro, em Petrolina,
Pernambuco, no período de 2000 a 2003, sendo que a evapotranspiração de
referência obtida pelo método do tanque Classe A superou, em torno de 32%, a
evapotranspiração de referência obtida pelo método da FAO Penman-Monteith.
Conforme Allen et al. (1998), a calibração do valor de Kp pelo padrão FAO
Penman-Monteith para uma determinada localidade, pode reduzir seu valor em até
20% para climas áridos e de 5 a 10% para locais com vento, com umidade relativa
do ar e temperatura moderados.
4.5 Evapotranspiração e coeficiente de cultura
A Tabela 6 evidencia o aumento do evapotranspiração da cultura, em
relação a evapotranspiração de referência ao longo do ciclo. Considerando-se o
total evapotranspirado (padrão FAO) e o consumo hídrico da cultura, resulta em um
coeficiente de cultura de 0,79. Notou-se, que o coeficiente de cultura é variável
durante do ciclo, conforme observado na Tabela 9, o que sugere o uso do mesmo, a
fim de estimar o consumo hídrico com maior precisão.
84
Tabela 6 – Evapotranspiração da cultura em mm dia
-1
(ETc), evapotranspiração de
referência em mm dia
-1
(ETo) e coeficiente de cultura (Kc) para o cultivo
de feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
ETo FAO (mm)
ETc (mm) Kc
Emergência 11,17 2,96 0,27
Desenvolvimento Vegetativo
26,84 10,67 0,40
Floração Frutificação 64,03 67,00 1,05
Total 102,04 80,63 0,79
Os valores da Tabela 9 se aproximam dos valores sugeridos pela FAO
(ALLEN et al., 1998), para o feijão-vagem, a qual indica um Kc inicial igual a 0,5,
intermediário 1,05 e no final do ciclo, um Kc igual a 0,9. Salienta-se que a cobertura
plástica do solo pode reduzir a evapotranspiração da cultura entre 10 a 30%.
Curi e Campelo Jr. (2001), ao compararem o consumo hídrico do feijoeiro,
cultivar Jalo Precoce (crescimento indeterminado), medido por lisímetro de
pesagem, com a evapotranspiração de referência no período de setembro a
novembro de 1998, na fazenda experimental da Universidade Federal do Mato
Grosso, no município de Santo Antônio do Laverger, concluíram que o coeficiente
da cultura variou de 0,37 a 1,79, de acordo com o estádio de desenvolvimento,
tendo um valor médio de 1,18.
Silveira e Stone (2008) recomendam para o feijoeiro cultivado no sistema
convencional, de acordo com o estádio de desenvolvimento, os seguintes valores de
Kc: germinação ao início da floração 0,69; floração 1,28; desenvolvimento de
vagens à maturação 1,04.
Em relação ao consumo hídrico da cultura (Evapotranspiração da cultura),
verificou-se que o valor do mesmo foi inferior à pesquisa anterior realizada na UFPel
em ambiente protegido: Duarte et al. (2001) obtiveram em média de 504,8mm para
feijão-vagem de crescimento indeterminado no período de outubro de 1997 a março
de 1998.
De acordo com Farias (1991), são necessários valores variáveis de 300 a
500mm, para que as plantas do feijão-vagem, de crescimento indeterminado,
atinjam um bom rendimento.
85
Para feijão-vagem de crescimento determinado, no período de 19 de
setembro a 10 de dezembro de 1988, Gálvez (1990), em Almeria, Espanha, obteve
uma ETc de 88mm, com Kc variando de 0,3 a 0,8. Portanto, comparando-se os dois
experimentos realizados na mesma época do ano (outono) e com o mesmo hábito
de crescimento, verifica-se que os valores são semelhantes.
O consumo hídrico está relacionado à época do ano em que foi realizado o
cultivo e ao hábito de crescimento, o que levou a um baixo valor de
evapotranspiração de cultura. Nota-se que Kc aproximou-se dos valores obtidos por
outros pesquisadores.
4.6 Respostas agronômicas
4.6.1 Fases fenológicas
Através da Tabela 7, podem ser verificadas as datas de ocorrência das
fases fenológicas, o tempo em dias após a semeadura e a duração de cada evento.
O ciclo total da cultura foi de 84 dias (de 19 de março - semeadura a 11 de junho de
2007 - dia da última colheita). O ciclo completo dividiu-se em 33 dias de período
vegetativo e 51 dias período reprodutivo. A emergência ocorreu de 4 dias após a
semeadura (DAS). Iniciou-se a colheita em 24 de maio, isto é, 66 DAS, estendendo-
se por 18 dias.
O período de germinação está entre 5 e 10 dias para as variedades de
feijão-vagem de crescimento determinado, cultivadas em ambiente protegido
(CERMEÑO,1977), portanto, o período de 5 dias para a germinação e emergência
ficaram dentro do intervalo esperado. Resultados semelhantes foram obtidos por
Souza e Escobedo (1997), em Botucatu, SP, com feijão-vagem rasteiro na
primavera.
Souza e Escobedo (1997) tamm obtiveram resultados semelhantes
quanto ao tempo de duração do período de desenvolvimento vegetativo. Porém, a
partir da fase fenológica R7 ocorreram diferenças - os tempos de duração de R7 e
R8 foram 26 e 18 dias, respectivamente, bem superiores aos observados na
primavera: 19 e 9 dias, respectivamente.
86
As 38 DAS (26 de abril), isto é, entre o final do estádio fenológico R6 (23
de abril - aparecimento da primeira flor aberta) e começo do estádio R7 (28 de abril -
aparecimento da primeira vagem) começam a ocorrer temperaturas abaixo de 12
o
C,
coincidindo com o aumento do tempo de duração dos estádios fenológicos R7 e R8.
Além das baixas temperaturas que ocorreram nos estádios fenológicos R7 e
R8, foram observados baixos valores de radiação solar global incidente no interior
do ambiente protegido, o quais ficaram abaixo do limite trófico das hortaliças de
verão durante vários dias. Esse comportamento da radiação solar, causado pela
proximidade do inverno e pela ocorrência de muitos dias nublados e parcialmente
nublados contribuiu com o aumento dos estádios fenológicos no final do ciclo de
cultivo.
Para Barbosa et al. (2001), o ciclo total do feijão-vagem de porte rasteiro é
de 55 a 60 dias para cultivo em campo, com tempo de colheita de 15 dias. O cultivo
em ambiente protegido tende a ter um ciclo mais longo quando comparado ao
cultivo a campo nas mesmas condições, fato relacionado ao efeito da redução da
radiação solar proporcionado pela cobertura plástica (LOPES et al., 1987), o que
concorda com os resultados obtidos.
Tabela 7 Código do estádio fenológico, data e duração em dias após a semeadura
(DAS) para ocorrer cada fase fenológica da cultura do feijão-vagem em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
Código Data DAS Duração
V0 19/03 - 4
V1 23/03 4 2
V2 25/03 6 8
V3 02/04 14 8
V4 10/04 22 11
R5 21/04 33 2
R6 23/04 35 5
R7 28/04 40 26
R8 24/05 66 18
R9 - - -
87
4.6.2 Índice de área foliar
Pela Figura 18 verifica-se que o maior aumento no índice da área foliar (IAF)
ocorreu até o dia 7 de maio (49 DAS). A partir desta data, o índice de área foliar
aumenta, porém com menor intensidade, atingindo um valor máximo de 1,11 no dia
28 de maio (70 DAS), o que coincidiu com a fase fenológica R7 (aparecimento da
primeira vagem). Neste momento a alocação de nutrientes passou para as vagens,
diminuindo para as folhas e conseqüentemente diminuindo seu ritmo de
crescimento.
A temperatura do ar foi um aspecto favorável ao maior aumento no índice de
área foliar, até 49 DAS, pois se manteve abaixo de 12
o
C apenas em 2 dias, porém
acima de 10
o
C. No intervalo entre 49 DAS e 70 DAS passaram a ocorrer alguns dias
com temperaturas abaixo de 12
o
C, coincidindo com a diminuição do ritmo de
aumento do índice de área foliar. Em seguida passaram a ocorrer temperaturas
abaixo de 12
o
C todos os dias, acompanhando a queda no índice de área foliar. A
senescência e queda de folhas no final do ciclo, levaram a diminuição do índice de
área foliar.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
25
35
44
49
56
70
84
DAS
índice de área foliar
Índice de área foliar
Figura 18 – Índice de área foliar durante o ciclo da cultura do feijão-vagem em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
88
Souza e Escobedo (1997), ao analisarem o comportamento do índice de
área foliar do feijão-vagem, variedade Paulista de hábito de crescimento
determinado em Botucatu, SP, na primavera, tamm notaram um aumento
significativo até as fases fenológicas R7-R8 (IAF=6,13) e um decréscimo no período
seguinte (entre as fases R8 e R9 – IAF=4,84). Salienta-se que esta diferença de
valores em relação a Pelotas pode estar relacionada ao número de plantas por m
2
em Botucatu foram 28 e em Pelotas 4,17. Além disso, a experimento foi realizado na
primavera em Botucatu e no outono em Pelotas, onde os níveis de radiação solar
global são limitantes nesta época, já que ficaram abaixo do limite trófico em vários
dias.
Comparando-se o índice de área foliar em Pelotas com o obtido por Gálvez
(1990), que analisou o feijão-vagem de crescimento determinado, em ambiente
protegido, no período de 23 de dezembro de 1987 a 04 de abril de 1988, em
Almeria, Espanha, latitude 36
o
47, pode-se verificar que os valores são mais
próximos que os obtidos em outros locais – 1,67 em Almeria e 1,1 em Pelotas.
Colaboraram para a proximidade dos valores a densidade de plantio (5 plantas m
-2
em Almeria e 4 plantas m
-2
em Pelotas) e as latitudes semelhantes entre os locais.
Além da maior densidade de plantio, a época de cultivo inverno-primavera pode ter
contribuído para o maior IAF na Espanha.
4.6.3 Fitomassa fresca
Na Figura 19 pode-se observar a fitomassa fresca acumulada, em média,
por planta na parte aérea. O caule aumentou durante todo o ciclo do cultivo,
atingindo 53,81g planta
-1
no dia 11 de junho (84 DAS). O peso das folhas aumentou
até o dia 28 de maio (70 DAS), atingindo 62,04g planta
-1
, diminuindo até 48,02g
planta
-1
no final do ciclo (84 DAS), fato explicado pela senescência e queda das
mesmas no final do experimento, conforme já foi verificado com a diminuição do
índice de área foliar. Na coleta de plantas realizada dia 7 de maio (49 DAS), além do
caule e das folhas, verifica-se a presença de vagens. A partir desta data é
considerado o peso das vagens presentes na planta somado ao peso das vagens
colhidas no intervalo entre as coletas. O peso da matéria fresca acumulada nas
vagens foi de 161,05g planta
-1
no final do cultivo. Salienta-se que este valor é a
89
soma do peso médio de vagens por planta no último dia (11 de junho) somado aos
pesos das colheitas realizadas em 24/05, 30/05 e 04/06. No final do experimento a
matéria fresca acumulada na parte aérea foi de 262,88g planta
-1
.
Comparando-se o peso de matéria fresca acumulada nas vagens com o
obtido por Souza (1996), que cultivou feijão-vagem de crescimento determinado, em
ambiente protegido, na primavera, em Botucatu, SP, verificamos que o resultado em
Pelotas foi superior, pois o referido pesquisador obteve 91,58g planta
-1
de matéria
fresca. Neste caso, a maior densidade de plantas (28 plantas m
-2
) levou a uma
menor produção de vagens por plantas.
Os resultados obtidos tamm foram superiores a Gálvez (1990), que
analisou a produtividade do feijão-vagem de crescimento determinado, em ambiente
protegido, no período de 19 de setembro a 10 de dezembro de 1988, em Almeria,
Espanha, onde obteve rendimentos que variaram entre 80 e 43,73g planta
-1
,
dependendo da densidade de plantio: 15 plantas m
-2
ou 27 plantas m
-2
. Neste caso
os dois experimentos foram feitos na mesma época do ano, outono, porém a maior
densidade de plantas pode ter causado a menor produção por planta.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
25
35
44
49
56
70
84
DAS
Fitomassa fresca (g planta
-1
)
Folhas
Caule
Vagem
Figura 19 – Fitomassa fresca, acumulada por planta em gramas durante o ciclo da
cultura do feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
90
A Tabela 8 apresenta, em média, a fitomassa fresca da parte aérea das
plantas coletadas em cada data a fim de verificar o percentual de cada parte em
relação ao total do peso da parte aérea. Entre as datas de coleta são apresentados
o peso das vagens colhidas (colheitas 24 e 30 de maio; 04 e 11 de junho). O peso
do caule aumentou até o final do ciclo de cultivo, entretanto o peso da folhas e das
vagens presentes nas plantas coletadas aumentou até 28 de maio (70 DAS),
diminuindo até o final. O peso das folhas diminuiu em função da senescência e
queda das mesmas e o peso das vagens diminuiu em função das colheitas. Como
conseqüência, percentualmente, o peso do caule representou a maior parte de todo
peso da parte aérea no final do ciclo.
O maior peso de matéria fresca por planta coletada, ocorreu no dia 28 de
maio (70 DAS), quando a planta estava no início da fase fenológica R8 (vagens com
comprimento máximo). A partir desta data a senescência e queda das folhas
causaram a diminuição do peso. Esta observação concorda com experimentos
realizados com feijão-vagem em períodos anteriores: Souza (1996), em Botucatu,
SP e Aldrighi (2000), em Pelotas, RS.
Tabela 8 – Componentes da fitomassa fresca em gramas e percentual do total da
parte aérea, por planta, em cada coleta de plantas, durante o ciclo da
cultura do feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
Data Folhas Caule
Vagem
Total Folha Caule Vagem
13/04 4,43 2,40 6,83 64,86% 35,14%
23/04 15,53 10,61 26,14 59,42% 40,58%
02/05 39,46 27,15 66,61 59,24% 40,76%
07/05 48,25 34,15 15,33 97,73 49,37% 34,95% 15,68%
14/05 59,02 38,01 67,99 165,02 35,76% 23,03% 41,20%
24/05 34,93
28/05 62,04 46,49 93,68 202,21 30,68% 22,99% 46,33%
30/05 69,38
04/06 29,99
11/06 48,02 53,81 26,75 128,58 37,35% 41,85% 20,80%
91
4.6.4 Fitomassa seca
Através da Figura 20 pode-se observar a fitomassa seca, em média, por
planta, acumulada na parte aérea. Os componentes da mesma seguem a mesma
tendência da fitomassa fresca. O caule aumentou durante todo o ciclo do cultivo,
atingindo 11,54g planta
-1
após 84 DAS. O peso das folhas aumentou até o dia 28 de
maio (70 DAS), atingindo 11,27g planta
-1
, diminuindo até o final do ciclo (8,72g
planta
-1
), fato explicado pela senescência e queda das mesmas no final do
experimento, conforme já foi verificado com a diminuição do índice de área foliar. A
partir do dia 7 de maio (49 DAS), além do caule e das folhas, verificou-se a
presença de vagens. A partir desta data tamm é considerado o peso das vagens
colhidas no intervalo entre as coletas de plantas. O peso da matéria seca
acumulada no final do cultivo foi de 34,14g planta
-1
, considerando-se o peso final
das folhas e caule já citados, bem como 13,88g planta
-1
de vagens. No valor
acumulado foi somado o peso de matéria seca das vagens colhidas em 24/05, 30/05
e 04/06.
Souza (1996), cultivando feijão-vagem em ambiente protegido, da mesma
variedade, na primavera, em Botucatu, SP, obteve 43,53g planta
-1
(caule, folhas e
vagens); valor superior a Pelotas. Salienta-se que esta diferença pode ter ocorrido
em função da densidade de plantio, 28 plantas m
-2
em SP, além da época do ano
ser diferente.
92
0
2
4
6
8
10
12
14
16
25
35
44
49
56
70
84
DAS
Fitomassa seca (g planta
-1
)
Folhas
Caule
Vagem
Figura 20 Fitomassa seca, acumulada por planta em gramas durante o ciclo da
cultura do feijão-vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
Na Tabela 9 pode-se observar, em média, a fitomassa seca da parte aérea
das plantas coletadas em cada data, bem como o percentual que representou cada
componente em relação ao total. Entre as datas de coleta de plantas são
apresentados os pesos das vagens colhidas. O peso do caule aumentou até o final
do ciclo de cultivo, entretanto o peso da folhas e das vagens aumentou até 28 de
maio (70 DAS) diminuindo até o final. O peso das folhas diminuiu em função da
senescência e queda das mesmas e o peso das vagens diminuiu em função das
colheitas. Como conseqüência, percentualmente, o peso do caule aumentou até o
final do ciclo de cultivo, quando representou a maior parte de todo peso da parte
rea. Em oposição, percentualmente, o peso das folhas diminuiu ao longo do
cultivo.
O valor máximo de matéria seca ocorreu durante a fase fenológica R8 (28
de maio – 70 DAS). Este resultado é semelhante ao que obteve Souza (1996), em
Botucatu, SP, e com o obtido por Aldrighi (2000) em Pelotas, RS na mesma época
do ano.
93
Tabela 9 – Componentes da fitomassa seca em gramas e percentual do total da
parte aérea, por planta, durante o ciclo da cultura do feijão-vagem em
ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
Data Folhas Caule
Vagem
Total Folha Caule Vagem
13/04 0,96 0,38 1,34 71,40% 28,60%
23/04 3,40 1,56 4,96 68,55% 31,45%
02/05 6,84 4,09 10,92 62,59% 37,41%
07/05 8,54 5,16 1,30 14,99 56,93% 34,38% 8,69%
14/05 10,93 6,50 5,44 22,86 47,79% 28,42% 23,79%
24/05 2,97
28/05 11,27 8,49 9,96 29,71 37,91% 28,57% 33,52%
30/05 5,55
04/06 3,19
11/06 8,72 11,54 2,17 22,44 38,87% 50,69% 9,69%
4.6.5 Rendimento
A quantidade colhida de feijão-vagem foi, em média, de 161,05g planta
-1
, o
que equivale a 6,72Mg ha
-1
, levando-se em consideração uma densidade de 4,17
plantas m
-2
. Durante o período de frutificação foram realizadas quatro colheitas
conforme apresentado na Figura 21. A maior colheita foi de 69,38g planta
-1
, que
ocorreu no dia 30 de maio (72 DAS).
Gálvez (1990), cultivando feijão-vagem de crescimento determinado em
ambiente protegido, na mesma estação do ano (outono), em Almeria na Espanha,
latitude 36
o
47, obteve rendimentos maiores, entre 11,35 e 12,06Mg ha
-1
. Se
considerarmos a densidade de plantio, 21 e 15 plantas por m
2
, resulta numa
produção de 54,07 e 80,42g planta
-1
, respectivamente.
Souza (1996), cultivando feijão-vagem em ambiente protegido na primavera
em Botucatu, SP obteve uma produtividade maior que em Pelotas, 25,7Mg ha
-1
.
Entretanto, a produção por planta foi menor (91,78g planta
-1
). Este fato está
relacionado à densidade de plantas – 28 em Botucatu e 4,17 em Pelotas. Além
94
disso, as baixas temperaturas e baixos valores de radiação solar global contribuíram
para a menor produtividade da cultura em Pelotas no outono.
Em Pelotas, Aldrighi (2000), para o feijão-vagem “Macarrão Favoritode
crescimento indeterminado, cultivado em estufa tipo túnel alto, com 320m
2
de área,
obteve rendimentos entre 26 e 72Mg ha
-1
, nos períodos de março a junho e outubro
a março, respectivamente, que corresponderam a 385 e 1.081g planta
-1
. No período
de outubro a março foram realizadas 12 colheitas e no período março a junho foram
5, sendo que nesta época a maior foi a segunda. Segundo o mesmo autor as baixas
temperaturas foram responsáveis pela diferença de rendimento entre as duas
épocas do ano.
Comparando-se a produção obtida por planta com Aldrighi (2000) na mesma
época do ano (outono), verificou-se que está dentro do esperado, isto é,
aproximadamente a metade da produção, já que a variedade utilizada foi de
crescimento determinado. O mero de colheitas tamm foi semelhante. Conforme
a Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecria (2006) a produção das
variedades de crescimento determinado é aproximadamente a metade das
variedades de crescimento indeterminado.
0
10
20
30
40
50
60
70
66
72
77
84
DAS
g planta
-1
Produção
Figura 21 – Quantidade média colhida por planta durante o ciclo da cultura do feijão-
vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
95
4.6.6 Rendimento energético da radiação solar
Através da Figura 22, pode-se observar que o rendimento energético
máximo em relação a radiação solar global incidente no interior do ambiente
protegido e a radiação solar fotossinteticamente ativa incidente foram 0,2 e 0,5g MJ
-
1
, respectivamente, no dia 28 de maio (70 DAS), decrescendo até o final do ciclo do
cultivo. O decréscimo do rendimento energético ocorrido no final do experimento
está relacionado com a senescência e queda das folhas, que fez com que o
acúmulo de radiação solar não fosse acompanhado por um correspondente
acúmulo de fitomassa fresca e seca.
Os baixos valores de radiação solar global incidente no interior do ambiente
protegido contribuíram para que ocorressem baixas temperaturas, fator que levou a
uma diminuição no ritmo de crescimento da planta e conseqüentemente menor
rendimento energético no final do ciclo, conforme já observado por Aldrighi (2004),
cultivando berinjela em ambiente protegido no período de fevereiro a junho, em
Pelotas, RS. Segundo o autor, as baixas temperaturas e a diminuição da radiação
solar global incidente diminuíram a fitomassa seca das folhas, prejudicando o
aparelho fotossintetizador e reduzindo o rendimento energético no final do cultivo.
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
25
35
44
49
56
70
84
DAS
Rendimento Energético (g MJ
-1
)
Epar
Ei
Figura 22 – Rendimento energético da radiação solar (Ei) e da radiação
fotossinteticamente ativa (Epar) durante o ciclo da cultura do feijão-
vagem em ambiente protegido, Pelotas, RS, 2007.
96
Cultivando feijão-vagem, em ambiente protegido, no período de outubro a
dezembro de 1994, em Botucatu, SP, Souza (1996) obteve 1218,91g m
-2
de matéria
seca acumulada na parte aérea e um saldo de radiação acumulado de 582MJ m
-2
dia
-1
. Considerando que, em média a relação entre o saldo de radiação e a radiação
solar global incidente foi de 0,66, pode-se estimar que o rendimento energético foi
de 1,38g MJ
-1
(matéria seca acumulada na parte aérea e radiação solar global
incidente). Em comparação com Pelotas, esse resultado foi bastante superior. Além
da diferença de local e época do ano, que proporcionaram uma temperatura média
de 25,2
o
C, a maior densidade de plantio (28 plantas m
-2
) tamm colaborou para um
maior valor de rendimento energético.
Em Viçosa, MG, no período de outubro de 2000 a fevereiro de 2001, Santos
et al. (2003), obtiveram um rendimento energético de 1,96g MJ
-1
e 1,83g MJ
-1
para o
feijão, antes do florescimento e depois do florescimento, respectivamente, ambos
em cultivo a campo com densidade de 5 plantas m
-2
. Foi utilizado no cálculo matéria
seca (folhas, raízes, caule e partes reprodutivas) e a radiação fotossinteticamente
ativa interceptada. Além da inclusão das raízes, o local e a época do ano foram
fatores que tornaram Epar bastante superior a Pelotas.
Canteri e Godoy (2005), cultivando feijão ‘Cariocade hábito de crescimento
indeterminado, em Castro, PR, a campo, de janeiro a abril, obtiveram um
rendimento energético de 0,44 e 0,45g MJ
-1
para as parcelas sem aplicação de
fungicidas e de 0,46g MJ
-1
para as parcelas com fungicida. Salienta-se que o cálculo
foi realizado a partir da radiação solar global absorvida. Além dessa diferença no
cálculo, o local, a densidade (32 plantas m
-2
) e a cultivar influenciaram, o que
resultou em Ei menor em Pelotas, porém com menor diferença que outras
pesquisas citadas, o que pode ter sido influenciado pela época do ano dos cultivos
que é coincidente em parte (março e abril).
97
5. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos e as condições em que o experimento foi realizado,
permitem concluir que:
a temperatura do ar no interior do ambiente protegido foi favorável ao
cultivo no período de emergência e desenvolvimento vegetativo, porém no período
de floração-frutificação ocorreram temperaturas inferiores ao limite mínimo
recomendado para a cultura;
o ambiente protegido promoveu o aumento das temperaturas médias e
máximas, durante o outono;
a cobertura plástica foi ineficiente na retenção de calor durante a noite,
período predominante da ocorrência das temperaturas mínimas;
a temperatura do solo se manteve entre os limites críticos admitidos para
a cultura;
o ambiente protegido promoveu o aumento da umidade relativa do ar,
principalmente no período noturno, proporcionando uma condição desfavorável ao
cultivo;
a radiação solar global no interior do ambiente protegido foi limitante ao
cultivo de feijão-vagem durante os períodos de floração e frutificação. Em média,
seu valor foi 85,07% da radiação solar global no ambiente externo.
o saldo de radiação diminuiu durante o ciclo do cultivo. Entretanto, a
parcela relativa ao fluxo de calor latente aumentou, e o fluxo de calor sensível
diminuiu percentualmente, em relação à energia total disponível à cultura,
representada pelo saldo de radiação;
o balanço de radiação mostrou a tendência da radiação solar global,
incidente sobre o cultivo, de diminuir com a aproximação do inverno. A parcela
98
relativa ao balanço de ondas curtas acompanhou esta tendência, entretanto, o
balanço de ondas longas, relativamente à radiação incidente, aumentou;
em todas as fases do ciclo de cultivo do feijão-vagem, a
evapotranspiração estimada pelo método do tanque Classe A superestimou os
valores em relação ao método considerado padrão pela FAO em até 30%;
o método do tanque Classe A, tamm pode ser utilizado para a
estimativa da evapotranspiração de referência para o cultivo do feijão-vagem, em
ambiente protegido, no período de outono, desde que seja utilizado, no cálculo, o
coeficiente do tanque ajustado (Kpa);
a evapotranspiração da cultura aumentou em relação à
evapotranspiração de referência, ao longo do ciclo. O coeficiente de cultura foi
variável durante todo o ciclo, o que sugere o uso dos valores calculados, a fim de
estimar o consumo hídrico com maior precisão.
o índice de área foliar, a produção de matéria fresca, a produção de
matéria seca e do rendimento foram baixos em função das baixas temperaturas e
valores de radiação solar global incidente abaixo do limite trófico;
o ciclo total da cultura foi maior que o esperado em função do aumento
dos estádios fenológicos R7 e R8;
os rendimentos energéticos da radiação solar global e da
fotossinteticamente ativa aumentaram até 70 dias após a semeadura, decrescendo,
em seguida, até o final do ciclo da cultura, concordando com o comportamento do
índice de área foliar;
o microclima do ambiente protegido atendeu às necessidades da cultura
até o final do mês de abril, a partir de maio começaram a ocorrer temperaturas
inferiores ao limite recomendado, bem como níveis de radiação solar global
incidente inferiores ao limite trófico.
99
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feijoeiro. Revista Ceres. v.38, p.439-443, 1991.
107
ANDICES
108
ANDICE A Observações meteorológicas externas ao ambiente protegido
Tabela1A Observações meteorológicas realizadas na Estação Agroclimatológica
de Pelotas, convênio UFPel/EMBRAPA, durante o período de 19 de março a 11 de
junho de 2007.
Variáveis
*
Data
RS I PR
**
TA TM Tm UR EV VM
19/03 432 7,6 33,8 21,7 26,4 19,0 85,3 5,8 1,8
20/03 460 10,5 0,0 21,7 27,2 18,0 85,3 5,2 1,3
21/03 469 10,7 0,0 21,6 27,2 17,6 87,0 5,3 1,3
22/03 411 10,2 0,0 23,0 27,8 18,2 84,0 5,6 2,0
23/03 353 7,7 1,4 25,0 32,2 21,0 83,5 3,7 1,5
24/03 307 5,0 0,0 21,5 25,8 19,8 84,0 5,7 1,0
25/03 209 1,8 0,0 22,5 26,0 18,6 83,8 1,7 1,5
26/03 231 3,6 0,4 23,2 27,4 20,4 86,3 1,7 1,4
27/03 284 2,5 0,2 22,8 28,0 19,0 88,0 3,7 1,3
28/03 244 3,3 7,6 23,5 27,8 21,6 92,0 3,5 1,9
29/03 217 0,9 0,0 25,2 28,8 22,2 91,0 2,7 2,8
30/03 400 8,3 0,2 26,0 36,2 22,4 80,8 6,7 2,2
31/03 242 2,2 0,2 23,6 28,0 21,0 88,5 3,5 1,9
01/04 295 4,1 0,0 22,9 26,2 20,6 77,8 4,4 2,7
02/04 60 0,0 24,6 22,2 24,6 20,8 97,5 6,9 1,6
03/04 276 3,3 35,2 21,7 26,2 19,6 90,0 4,1 1,0
04/04 412 10,5 0,0 20,7 27,0 18,2 87,3 4,5 1,2
05/04 401 9,7 0,0 20,2 25,4 17,0 83,0 5,6 1,5
06/04 323 8,9 0,0 21,9 25,4 18,2 71,0 5,7 4,2
07/04 222 2,0 10,0 22,3 27,4 20,4 86,8 2,9 1,9
08/04 214 3,2 9,0 20,3 23,0 18,2 89,8 3,0 3,7
09/04 280 5,3 0,8 17,8 22,8 15,0 83,9 3,0 1,2
10/04 416 10,4 0,0 18,0 26,0 11,4 85,0 3,9 1,0
11/04 389 10,1 0,0 22,4 29,8 15,0 77,5 6,4 2,4
12/04 424 10,5 10,0 16,2 23,8 13,0 77,5 7,6 1,7
13/04 424 10,5 0,0 15,6 23,4 7,8 78,8 3,2 1,9
14/04 324 6,2 0,0 21,2 27,0 15,2 87,8 5,1 1,9
15/04 249 2,6 0,0 20,9 27,0 16,4 90,0 3,6 0,9
16/04 176 2,4 0,0 21,0 25,6 18,0 93,3 1,6 0,9
17/04 331 9,3 0,0 23,1 28,4 20,0 88,0 4,9 2,0
18/04 381 9,5 0,0 22,9 28,0 20,4 89,3 5,5 1,9
19/04 379 10,3 0,0 24,3 31,6 20,8 82,5 5,9 1,7
20/04 357 10,2 0,0 24,6 32,8 17,8 82,0 4,7 1,2
21/04 128 1,3 0,0 22,9 26,6 21,0 92,8 2,1 1,5
22/04 293 7,8 0,0 24,1 29,0 21,4 91,3 3,8 1,5
23/04 274 6,0 0,0 23,8 32,6 19,0 87,5 7,5 1,4
24/04 84 0,0 28,6 20,6 22,8 18,6 96,3 1,3 1,0
25/04 76 0,0 8,7 19,0 21,8 18,0 95,0 1,3 1,7
109
Tabela1A Observações meteorológicas realizadas na Estação Agroclimatológica
de Pelotas, convênio UFPel/EMBRAPA, durante o período de 19 de março a 11 de
junho de 2007.
Variáveis
*
Data
RS I PR
**
TA TM Tm UR EV VM
26/04 336 8,6 17,6 15,2 19,8 13,6 75,5 6,0 3,6
27/04 340 10,2 0,0 13,1 18,0 9,6 73,5 3,8 1,5
28/04 363 10,1 0,0 14,2 21,6 7,8 88,8 2,4 0,9
29/04 293 6,8 0,0 15,9 23,0 10,8 91,0 1,6 0,5
30/04 339 7,7 0,0 15,8 25,0 10,4 90,8 3,5 1,1
01/05 274 6,1 7,0 19,2 27,6 15,4 88,8 6,7 1,3
02/05 147 0,1 0,0 19,8 23,4 18,0 92,5 1,6 0,8
03/05 280 8,3 0,0 19,4 23,0 13,6 85,0 3,8 3,4
04/05 90 0,0 56,2 19,3 22,6 17,2 93,8 3,1 3,4
05/05 50 0,0 36,0 19,1 21,2 18,4 94,5 1,3 1,2
06/05 57 0,0 4,2 18,0 19,4 16,8 96,0 1,0 2,6
07/05 247 5,3 0,0 13,0 17,6 11,0 75,5 3,9 3,0
08/05 301 9,6 0,0 10,4 15,2 6,8 70,0 4,8 4,3
09/05 314 8,8 0,0 10,8 16,2 7,4 79,8 2,3 2,6
10/05 273 8,3 0,0 12,9 19,8 8,2 87,0 2,2 0,8
11/05 156 2,7 0,0 15,3 21,4 10,6 89,8 1,6 1,0
12/05 315 8,9 0,0 12,4 17,2 10,4 77,5 3,6 1,9
13/05 127 2,2 0,0 11,7 15,6 5,8 95,0 0,5 1,2
14/05 280 8,3 0,0 14,2 21,0 10,6 86,5 2,1 0,5
15/05 268 6,5 0,0 14,7 20,8 8,4 85,8 3,1 2,2
16/05 183 3,4 0,0 13,4 18,2 11,0 79,3 3,0 1,9
17/05 201 6,1 0,0 9,4 15,6 4,6 82,0 2,4 1,1
18/05 273 8,7 0,0 9,2 16,6 4,6 85,8 2,0 0,7
19/05 304 9,9 0,0 10,0 19,6 3,2 77,3 1,9 0,4
20/05 280 8,5 0,0 11,5 20,4 3,6 93,0 1,9 0,7
21/05 96 0,2 0,6 14,7 17,4 11,0 96,3 0,7 1,1
22/05 46 0,0 0,0 13,2 15,8 12,0 95,5 1,0 1,9
23/05 243 7,6 0,0 10,2 15,2 8,6 77,8 3,4 4,1
24/05 283 9,2 0,0 9,7 15,8 6,0 76,0 2,9 1,8
25/05 285 10,0 0,0 9,6 18,0 4,4 84,5 2,3 0,5
26/05 288 9,9 0,0 8,8 18,0 1,6 85,0 2,1 0,8
27/05 253 8,3 0,0 9,0 15,6 3,8 91,0 2,4 1,9
28/05 276 8,8 0,0 7,0 12,4 5,0 71,0 3,7 4,2
29/05 156 5,2 0,0 8,0 13,8 3,2 82,3 2,0 3,6
30/05 211 6,7 0,0 10,4 16,4 7,8 92,3 3,2 1,0
31/05 218 5,9 0,0 11,1 17,6 4,0 84,5 1,5 1,5
01/06 56 0,0 1,6 10,9 13,4 9,2 85,0 1,0 2,1
02/06 274 9,8 0,0 10,9 17,2 7,2 60,3 4,6 3,7
03/06 277 9,9 0,0 13,9 18,2 10,0 48,8 7,4 4,1
04/06 273 9,9 0,0 12,5 20,2 9,2 65,0 2,3 1,0
05/06 280 9,7 0,0 11,8 22,0 5,0 71,3 3,0 0,8
110
Tabela1A Observações meteorológicas realizadas na Estação Agroclimatológica
de Pelotas, convênio UFPel/EMBRAPA, durante o período de 19 de março a 11 de
junho de 2007.
Variáveis
*
Data
RS I PR
**
TA TM Tm UR EV VM
06/06 255 7,3 0,0 11,6 22,0 4,2 77,8 2,7 0,5
07/06 265 9,2 0,0 9,2 19,0 3,6 87,8 1,8 0,7
08/06 131 2,4 0,0 8,5 12,4 3,4 96,3 2,2 2,0
09/06 37 0,0 20,2 14,4 16,6 9,6 95,3 0,5 1,7
10/06 60 0,1 4,4 14,0 16,2 12,4 90,8 2,5 1,1
11/06 8 0,0 19,4 14,5 16,4 11,6 98,0 0,7 1,1
*RS - radiação solar (MJ m
-2
dia
-1
); I - insolação (horas e décimos); PR - precipitação
pluviométrica (mm); TA - temperatura média diária (ºC); TM - temperatura máxima
(ºC); Tm - temperatura mínima (ºC); UR - umidade relativa (%); EV - evaporação
tanque Classe A (mm); VM - velocidade média do vento à 2m de altura (m s
-1
).
**Precipitação pluviométrica registrada nas leituras das 9h, 15h e 21h.
111
ANDIDE B Croqui do ambiente protegido
Figura 1B Croqui do ambiente protegido
112
ANDICE C Sensores e equipamentos no interior do ambiente protegido
Figura 1C Saldo radiômetro
Figura 2C Termômetros
113
Figura 3C Tubos solarímetros
Figura 4C Anemômetro
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