27
Esquerda e Direita no Eleitorado Brasileiro, sobre a identificação ideológica nas
disputas presidenciais de 1989 e 1994.
12
Mesmo assim a representação de seu governo na imprensa ainda é fruto de debates e
controvérsias, particularmente entre os profissionais de imprensa, aguçando ainda
mais o espírito investigativo do pesquisador sobre o tema. Nos relatos contidos em
livros escritos por jornalistas sobre Fernando Collor é possível inferir que o ex-
presidente exerceu sobre parte dos profissionais de imprensa e dos empresários de
comunicação, por motivações diferentes, a mesma sedução exercida sobre uma
parcela considerável da população brasileira.
Outros relatos como os de Nêumanne (1992); Krieger, Novaes e Faria (1992);
Suassuna e Pinto (1992), assim como os de Conti e Silva, citados anteriormente,
sugerem que as denúncias sobre corrupção, tráfico de influência e malversação de
dinheiro público, particularmente as formuladas por Pedro Collor, foram transformadas
em notícia por força da ação investigativa dos jornalistas e veiculadas na imprensa por
força de decisão editorial. Como notícia, configuraram-se em estímulo para o processo
de mudança de opinião, a respeito do presidente Collor de Mello, não só da maioria da
população brasileira, mas também dos próprios jornalistas.
13
12
Diversas pesquisas e textos acadêmicos foram elaborados tendo a eleição majoritária de 1989 ou a
passagem de Fernando Collor pela presidência do País como objeto. Entre eles, mencionamos:
André Victor Singer, Esquerda e direita no eleitorado brasileiro (2000); Cláudio Humberto Rosa e
Silva, Mil dias de solidão: Collor bateu e levou (1993); Fernando Lattman-Weltman, José Alan Dias
Carneiro e Plínio de Abreu Ramos (Orgs), A imprensa faz e desfaz um presidente (1994); Francisco
de Oliveira, Collor e a falsificação da ira (1990); Francisco Menezes (Org.), Política Agrícola e
Governo Collor; Gilberto Dimenstein, As armadilhas do poder (1990); Gleiner Vinicius Vieira Costa,
Brasil, Nova República e Imprensa. A ascenção e queda de Fernando Collor; Gustavo Krieger, Luiz
Antônio Novaes e Tales Faria, Todos os sócios do Presidente (1992); Ives Gandra da Silva Martins,
Aspectos Constitucionais do Plano Collor I e II (1991); Luciano Suassuna e Luís Costa Pinto, Os
fantasmas da Casa da Dinda (1992); Luís Antônio Dias, Plural e Singular: análise da mobilização pelo
Fora-Collor (2004); ___, Ética, cidadania e politização (2003); Luís Carlos Bresser Pereira, Os
Tempos Heróicos de Collor e Zélia (1991); José Nêumanne Pinto, A República na lama (1992); Maria
Dalva Ramaldes, A persuasão e a manipulação no discurso político eleitoral – análise semiótica dos
discursos de Fernando Collor (1998); Mário Sérgio Conti, Notícias do Planalto: A imprensa e
Fernando Collor (1999); Miguel Reale, De Tancredo a Collor, (1992); Pedro Collor de Mello,
Passando a limpo - a trajetória de um farsante (1993); Thomas Skidmore, A queda de Collor: uma
perspectiva histórica(1999).
13
Os três primeiros livros citados neste parágrafo, respectivamente “A república na lama”, “Todos os
sócios do presidente” e “Os fantasmas da casa da Dinda” foram objeto de análise da edição n. 1.012
(9/9/1992) da revista Veja, na página 90, sob o título “A CPI chega às livrarias – Quatro obras trazem
a crônica dos acontecimentos que levaram ao pedido de impeachment do presidente”. Além destes, a
matéria também apresentou o livro “Humor nos tempos de Collor”, de Jô Soares, Luis Fernando
Veríssimo e Millôr Fernandes, com uma coletânea dos trabalhos dos humoristas sobre a crise na