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a) ler para obter uma informação precisa: trata-se de uma atividade de
seleção do que é importante e do que não é. Aproxima-se bastante das
situações reais de uso, já que é muito comum fazermos isso fora da
escola, e as estratégias mais adequadas variarão em função,
principalmente, do que se deseja encontrar. Por exemplo, se se quiser
encontrar, num jornal, os filmes mais bem avaliados, é preciso conhecer
o código utilizado por ele para a classificação de filmes;
b) ler para seguir instruções: tarefa em que se exige que se leia tudo a fim
de compreender como fazer para alcançar o fim proposto. Fazemos isso
quando lemos as instruções de como montar um aparelho, de como
preparar um bolo ou como participar de um concurso;
c) ler para obter uma informação de caráter geral: é a leitura que se faz
para se ter uma idéia geral sobre o que trata o texto até para decidir se
sua leitura integral interessa ou não. Utilizamos esse tipo de leitura, por
exemplo, quando lemos apenas as manchetes das notícias do jornal para
se ter idéia do que está acontecendo e decidimos qual iremos ler ou não,
ou quando selecionamos textos para realizar um trabalho acerca de
determinado assunto. É bastante útil para o desenvolvimento da
criticidade;
d) ler para aprender: quando o objetivo é ampliar o conhecimento que
temos de determinado assunto por meio da leitura de um texto. Em
geral, ao fazer isso, o leitor se auto-interroga sobre o que lê, estabelece
relações com o que já sabe, anota, faz resumos ou sínteses, relê e o
processo pode ser facilitado se ele tiver claro o que precisamente se
espera que ele aprenda com a leitura;
e) ler para revisar um escrito próprio: quando se lê o que se escreveu e se
se coloca no lugar do produtor do texto e, simultaneamente, no lugar do
leitor a fim de verificar se o texto ficou claro, se se disse tudo o que se
pretendia ou se poderia haver alterações a fim de torná-lo mais
adequado;
f) ler por prazer: é a leitura que se lê para se deleitar, uma experiência
emocional e pessoal, dirigida pelo leitor, que é quem sabe o que o
agrada. Para ter mais claros os seus critérios de seleção, ele precisa
conhecer o maior número de gêneros possível, o que pode ser
propiciado pela escola;
g) ler para comunicar um texto a um auditório: para que se leia um texto
para outros é preciso, primeiramente, compreendê-lo. Por isso, o leitor
terá de lê-lo antes para poder utilizar eficazmente os recursos próprios
da leitura oral, como entoação, pausas, ênfase em determinados termos
e, assim, torná-lo compreensível para os demais;
h) ler para praticar a leitura em voz alta: um dos tipos de leitura mais
praticados na escola só tem sentido se realizado para treinar a leitura
com clareza, rapidez, fluência e correção, mas não sem que o leitor
tenha a oportunidade de ler o texto silenciosamente antes. É importante
salientar que o treino para se ler em voz alta é apenas um dos objetivos
com os quais se deve trabalhar a leitura e não deveria ser exclusividade
nas atividades escolares;
i) ler para verificar o que aprendeu: é a leitura realizada para avaliar a
compreensão de um texto. Talvez seja o objetivo mais comumente
trabalhado na escola, que, embora seja importante para o professor
saber se os estudantes compreenderam o que leram ou não, trata-se
apenas de um dos objetivos. (SOLÉ, 1998, p. 92-101)