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Universidade de Brasília (UnB)
Instituto de Ciências Biológicas (IB)
Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal (BIOANI)
Anatomia Descritiva de Tecidos
Adiposos Extragonadais de
Anfíbios Anuros
Thompson França Tomatieli
Orientador: Prof. Dr. Antonio Sebben
- Brasília, 2008 -
Dissertação apresentada ao programa
de Pós-graduação em Biologia Animal
do Instituto de Ciências Biológicas da
Universidade de Brasília, para obtenção
do título de Mestre em Biologia Animal.
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I
Pesquisa realizada junto ao Programa de Pós-graduação em Biologia animal
do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília, sendo desenvolvida
no Laboratório de Anatomia Comparativa de Vertebrados, sob orientação do Professor
Doutor Antonio Sebben, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre
em Biologia animal, e com o auxílio nanceiro da CAPES e Universidade de Brasília
(UnB).
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II
Aos meus pais, Romildo e Maria,
meus irmãos Ricardo e Isabela.
Minha noiva, Melina e sua irmã,
Milena pelo incentivo e apoio durante esse
período.
III
Agradeço à:
Professor Dr. Antonio Sebben, pela orientação;
Aos prof. Dr Hélio Ricardo da Silva, prof Dr. Guarino Rinaldi Colli pelos
conselhos.
Prof. Dr. Osmindo Rodrigues Pires jr e Janaína pelo apoio, conselhos, orientações
e amizade.
Prof. Dr. Carlos Schwartz e Prof. Dra. Elizabeth Schwartz pelo apoio durante esse
período.
Alunos do LACV especialmente Msc. Leandro Ambrósio, Msc. Pedro Ivo, Msc.
Luisa Helena, Msc. Patrícia Wanderley, Núbia Esther, Armando, Andréia, Rafael Félix,
Karla e Luisa Mayumi, por toda a ajuda.
Alunos do Laboratório de Toxinologia: Édelyn, Thalita, Natielia, Pollyanna, Carol
e Rafael Melani.
Ao Dr. Natan Maciel pela grande ajuda.
Aos técnicos Washington José de Oliveira e Valter César Fernandes Silveira pelo
auxílio.
Ao prof Dr. Renato Faria, prof Dr. Daniel Mesquita e Msc. Adriana Bocchiglieri,
pelo incentivo e apoio para meu ingresso no mestrado.
Em especial ao biólogo Ely Batista da Rocha e seus avós que disponibilizaram sua
fazenda para as coletas.
Grandes amigos biólogos Crizanto Brito de Carvalho e Évelin, pela força, amizade
e pela ajuda durante as coletas.
Ao IBAMA pela liberação da licença e CAPES pelo apoio naceiro.
IV
“As amizades de um homem são uma das
melhores medidas de quanto vale”
Charles Darwin
V
Resumo ............................................................................................................................. x
Abstract ............................................................................................................................xi
Introdução .........................................................................................................................1
1 - Tecidos adiposos ...................................................................................................... 1
2 - Os tecidos adiposos em anuros ................................................................................ 2
Objetivos ........................................................................................................................... 5
Material e métodos ............................................................................................................ 6
1 - Animais.....................................................................................................................6
2 - Locais de coleta........................................................................................................6
3 - Anestesia e eutanásia................................................................................................6
4 - Preparação do material para análises morfológicas.................................................7
4.1 - Dissecção .......................................................................................................... 7
4-1 - Identicação dos tecidos adiposos ................................................................... 8
4.3 - Registros do material observado ....................................................................... 8
4.4 - Conservação e coloração dos tecidos adiposos e nervos. ................................. 8
5- Mapeamento na hipótese logenética de hilídeos .................................................... 9
5.1 - Conjuntos de dados ........................................................................................... 9
Resultados ....................................................................................................................... 13
1- Descrição e Ocorrência: .......................................................................................... 15
1.1-Inguinal ............................................................................................................. 15
1.2-Ilíaco ................................................................................................................. 19
1.3-Axilar ................................................................................................................ 23
1.4-Escapular .......................................................................................................... 25
1.5-Peitoral ..............................................................................................................29
1.6-Gular ................................................................................................................. 32
1.7-Mandibular ........................................................................................................ 35
1.8-Periorbital ......................................................................................................... 37
2- Mapeamento na atual árvore logenética de hilídeos ............................................ 39
Discussão ........................................................................................................................ 48
Conclusão ........................................................................................................................ 52
Referências bibliográcas ............................................................................................... 54
Sumário
VI
Figura 1 - Disposição ventral dos corpos de gordura nas regiões: (1) gonadal, (2)
inguinal, (3) ilíaca, (4) axilar, (5) escapular, (6) peitoral, (7) gular, (8) mandibular
e (9) periorbital ........................................................................................................ 10
Figura 2. A - Vista ventral dos tecidos adiposos encontrados na região inguinal (2),
de Rhinella schneideri. B- Vista ventral dos tecidos adiposos no tecido conectivo.
C- Rede de vasos capilares presentes na parte interna do tecido adiposo, injetado
com resina látex. D - Sub-ramos nervosos do ramo cutâneo femoral lateral,
proveniente do plexo sacral. Acf - artéria cutânea femoral. Ac - veia cutânea
femoral anterior medial. Nc - ramo cutâneo do nervo femoral lateral .................. 17
Figura 3. A- Sub-ramos do nervo cutâneo femoral lateral, proveniente do nervo
femoral de Ameerega avopicta. B - nervo ciático de Ameerega avopicta. NC -
nervo ciático. N - nervo femoral lateral. Nc - ramo cutâneo do nervo femoral
lateral. VII sétima vertebra. VIII oitava vértebra..................................................... 18
Figura 4. A - Vista dorsal dos tecidos adiposos encontrados na região ilíaca (2) de
Elachistocleis ovalis. B e C - Chiasmocleis albopunctata. Ai- artéria ilíaca. Rai -
ramo da artéria ilíaca. Ncl - nervo cordis linfático ................................................. 21
Figura 5. A - Ameerega avopicta Ai- artéria ilíaca. Ncl - nervo cordis linfático.
B- Ameerega avopicta VI sexta vértebra. VII sétima vértebra. VIn sexto nervo
vertebral. 22
Figura 6. A - Vista ventral do tecido adiposo da região axilar (2) de Scinax
fuscovarius. B - Vista ventral do tecido adiposo da região axilar de Ameerega
avopicta. Vcm - veia cutânea maior Rpc - ramo peitoral cutâneo. ...................... 25
Figura 7. A - Vista dorsal dos tecidos adiposos da região região 5 (escapular) de
Scinax fuscovarius. B - Nervos sub-ramos provenientes do ramo cutâneo dorsal
lateral, oriundos do nervo braquial. Rcdl - sub-ramo proveniente do ramo cutâneo
dorsal lateral. Me - incisão no musculo escapular. Tc - tecido conjuntivo ............. 28
Lista de Figuras
VII
Figura 8. A - Vista ventral do tecido adiposo logo abaixo do músculo peitoral de
Scinax fuscovarius. B- Vista ventral do tecido adiposo logo abaixo do músculo
peitoral rebatido de Rhinella schneideri. C -Vista ventral do tecido adiposo logo
abaixo do músculo peitoral rebatido de Ameerega avopicta. Mp - músculo peitoral.
Acf - artéria cutâneo femoral. Rnp - ramos do nervo peitoral ............................... 30
Figura 9. A - Vista ventral do nervo peitoral e suas ramicações de Scinax
fuscovarius. B -Ramo peitoral cutâneo provenirente do nervo peitoral. NB - nervo
braquial. RPC ramo peitoral cutâneo...................................................................... 31
Figura 10. A- Vista ventral do tecido adiposo localizado na região gular (7) sob
o saco vocal de Chiasmocleis albopunctata. B -Vista ventral do tecido adiposo
localizado na região gular de Ameerega avopicta. C- Vista ventral do tecido
adiposo localizado na região gular de Chiasmocleis albopunctata. Ame - artéria
mandibular externa. Rnh - ramo do nervo hyoide ................................................... 34
Figura 11. A - Vista ventral do tecido adiposo localizado na região mandibular (8)
de Scinax fuscovarius. B- Vista ventral do nervo mandibular de Scinax fuscovarius
tecido adiposo localizado na região mandibular de Xenohyla truncata ................ 36
Figura 12. A - Vista dos tecidos adiposos na região periorbital de Xenohyla truncata.
B- Vista dos tecidos adiposos na região periorbital de Scinax fuscovarius.............. 38
Figura 13. A - Árvore resultante do mapeamento dos Tecidos adiposos inguinais. 40
Figura 14. A - Árvore resultante do mapeamento dos Tecidos adiposos iliacos 41
Figura 15. A - Árvore resultante do mapeamento dos Tecidos adiposos axilares 42
Figura 16. A - Árvore resultante do mapeamento dos Tecidos adiposos escapulares 43
Figura 17. A - Árvore resultante do mapeamento dos Tecidos adiposos peitorais 44
VIII
Figura 18. A - Árvore resultante do mapeamento do Tecido adiposo gular 45
Figura 19. A - Árvore resultante do mapeamento dos Tecidos adiposos mandibulares 46
Figura 20. A - Árvore resultante do mapeamento dos Tecidos adiposos periorbitais 47
IX
Tabela 1- Indivíduos analisados, sexo, data, local de coleta e número de tombo .. 08/09
Tabela 2 - Matriz dos caracteres de presença e ausência dos tecidos adiposos....... 13
Lista de Tabelas
X
Resumo
Os anuros podem apresentar dois principais tipos de tecidos adiposos, os aderidos
às gônadas, descritos como reservas de gordura e que representam a maior quantidade
de tecido adiposo do indivíduo, e os que estão localizados em outras regiões, chamados
de tecidos adiposos extra-gonadais. No presente estudo descrevemos os corpos de
gordura nas espécies de anuros avaliados, que foram registrados como extra-gonadais
e classicados em oito regiões de acordo com a localização: axilar, ilíaca, escapular,
inguinal, submandibular, e cranial dorsal. Os corpos de gordura gonadais foram
encontrados em toda as espécies. Foi feito mapeamento dos tecidos adiposos de hilídeos
em uma logenia previamente publicada na literatura, para avaliar a evolução dos tecidos
adiposos. É plausível que os tecidos adiposos tenham sido resultado de um processo de
adaptação dos anuros aos diversos tipos de ambientes nos quais os animais vivem.
Palavras chave: tecido adiposo extra-gonadal, anatomia, anuros, lipídeos, morfologia,
homologia
XI
Abstract
The frogs may have two main types of fat tissue. The adhered to the gonads are
often described as reserves of fat, and represents the largest amount of fat the individual.
Those are located in other regions are called extra-gonadal fatty tissues. This study
describes the fat bodies in the assessed species of frogs, which were recorded as non-
gonadal and were classied into eight regions according to body position: axillary, iliac,
scapular, inguinal, submandibular, and cranial back. The gonadal fat bodies were found
throughout the species. It was mapped the fatt tissues of hylid phylogeny in a previously
published in the literature, to evaluate the development of fat tissue. It is plausible that the
fatty tissues have been the result of a process of adaptation of frogs to different types of
environments in which they live.
Keywords: fat tissues, anatomy, anuran, lipids, morfology, homology.
1
Introdução
1 - Tecidos Adiposos
As primeiras observações a respeito da presença e variações do tecido adiposo
foram feitas no século XVIII pelo anatomista John Hunter (1792), que o descreveu como
“substância não animal” porque o animal continua sendo o mesmo com ou sem o tecido
adiposo. Décadas depois, essa mesma teoria é rearmada pelo anatomista Sr. Richard
Owen (1868). Quase dois séculos depois, Wells (1940) arma que a anatomia de tecidos
adiposos é um assunto negligenciado tanto em animais como em humanos, que naquela
época não havia nenhum estudo focado basicamente sobre tais tecidos.
Atualmente sabe-se que o tecido adiposo é uma especialização do tecido conjuntivo,
caracterizado pela predominância de células adiposas responsáveis por armazenar
gordura, encontradas isoladas ou em pequenos aglomerados (Junqueira & Carneiro 2004).
Esse tecido é dividido em lóbulos por septos de tecido conjuntivo, de onde partem vasos
capilares, nervos e bras de colágeno, que dão sustentação às células adiposas. Sua cor
varia entre o branco e o amarelo escuro, dependendo da dieta e acúmulo de carotenóides
dissolvidos na gordura (Bloom & Fawcett 1975; Junqueira & Carneiro 2004).
As células adiposas apresentam formato esférico ou poliédrico, de acordo
com a quantidade de gordura armazenada no seu interior. Preenchendo quase que a
totalidade do interior da célula. Circundando as células encontramos uma densa rede
de bras reticulares, que são responsáveis por dar sustentação ao tecido (Ahima & Flier
2000; Junqueira & Carneiro 2004). O tecido adiposo é caracterizado por apresentar um
rico suprimento sanguíneo, muito maior quando comparado a outros tipos de tecidos
conjuntivos (Berthoud et al. 2006).
Além de atuar como reserva energética para o organismo, o tecido adiposo também
tem por função o isolamento térmico e a modelagem da superfície corporal, preenchendo
2
os espaços entre os tecidos e servindo como proteção contra choques mecânicos.
O sistema nervoso autônomo tem controle direto sobre o tecido adiposo
através de seus componentes simpático e parassimpático. A inervação simpática
relaciona-se principalmente com asões catabólicas, tais como a lipólise. Por outro
lado, o sistema nervoso parassimpático está envolvido nas atividades anabólicas que
atuam sobre os depósitos adiposos, como a captação de glicose e de ácidos graxos
(Kreier et al. 2002; Pénicaud et al. 2002; Fonseca-Alaniz 2006). Essa inervação
do tecido adiposo desempenha um importante papel na mobilização das gorduras,
principalmente quando os organismos estão sujeitos às diversas pressões ambientais
(Berthoud et al. 2006; Giordano et al. 2006).
2 - Os tecidos adiposos em anuros
A primeira observação de tecido adiposo em anfíbios data do início do século
dezenove pelo anatomista alemão chamado Carus (1818), que descreveu erroneamente os
tecidos adiposos gonadais como tecidos supra-renais. Wittich (1853) em um trabalho sobre
a morfologia de anuros, registra a presença dos tecidos adiposos, mas sem aprofundar-
se mais a respeito dessas estruturas. Hoffmann (1873) descreveu a presença dos tecidos
adiposos relacionados às gônadas nos anuros; alguns anos depois, o anatomista A.
Marshall (1884) corrobora esse estudo, descrevendo como um tecido responsável pela
condição reprodutiva.
O anatomista comparativo Alexander Ecker (1889) fez a primeira descrição
detalhada do tecido adiposo gonadal de Rana (Lithobates) esculenta, registrando a
presença de veias, artérias e nervos, passando a conferir-lhe status de órgão. Nesse mesmo
trabalho também são feitas as primeiras observações a respeito das variações sazonais dos
tecidos adiposos.
Boulenger (1910) registrou a presença de tecidos adiposos extra-gonadal na
região inguinal de bufonídeos. Duas décadas depois Noble (1931) descreveu a presença
3
de depósistos extra-gonadais em espécies de salamandras e anuros, porém sem apresentar
detalhes da anatomia ou distribuição.
Até o momento, os trabalhos relacionados a tecidos adiposos extra-gonadais
em anfíbios anuros tem como principal enfoque os aspectos ecológicos e função dos
tecidos adiposos como reserva adicional de lipídeos (Noble 1931; Wygoda et al. 1987;
Lillywhite 2005), diferentemente dos corpos adiposos gonadais, que são relacionados
com o ciclo reprodutivo dos indivíduos, principalmente nas espécies de reprodução
sazonal (Schlaghecke & Blum 1978; Beurden 1980; Dimmitt & Ruibal 1980; Ryser 1989;
Saidapur et al. 1989; Zancanaro et al. 1996; Saidapur & Girish 2000).
Nos anuros, tecidos adiposos são depósitos lipídicos de grande importância para
a sobrevivência, pois desempenham papéis fundamentais no metabolismo dos animais,
especialmente de reserva energética (Schlaghecke & Blum 1978). Em espécies que
apresentam períodos de atividade curtos e relacionados à estação de chuvas ou períodos
quentes, os lipídeos precisam ser bem particionados entre gastos com reprodução e
reservas (Duellman & Trueb 1986). Por exemplo: durante a maturação dos óvulos as
fêmeas elevam signicativamente o gasto dos tecidos adiposos gonadais, podendo se
observar diminuição das reservas lipídicas gonadais durante este período (Schlaghecke &
Blum 1978; Saidapur et al. 1989; Saidapur & Girish 2000).
As variações na quantidade de gordura nos corpos adiposos têm ligação com
a estação reprodutiva, estivação e condições ambientais (Jameson & Alison 1976;
Schlaghecke & Blum 1978; Beurden 1980; Dimmitt & Ruibal 1980; Ortega 1985; Ryser
1989; Saidapur et al. 1989; Zancanaro et al. 1996; Saidapur & Girish 2000; Lillywhite
2005). Porém, existem espécies de anuros que não apresentam sincronia do ciclo dos corpos
adiposos com o desenvolvimento gonadal, principalmente as espécies que permanecem
em atividade durante todo o ano (Ryser 1989).
A presença de tecidos adiposos na região gonadal é bem conhecida e constitui regra
para todas as espécies de anfíbios (Duellman & Trueb 1986). No entanto, a ocorrência
desses tecidos adiposos em outras regiões do organismo ainda é pouco estudada, e os
4
poucos trabalhos produzidos trata somente do registro dos tecidos adiposos, sem nenhuma
descrição das estruturas, e somente em duas regiões do corpo (inguinal e subcutânea).
Até o presente, foram regitradas a presença de tecidos adiposos extragonadais nas famílias
Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae, Microhylidae, Pelobatidae e Ranidae.
Da Silva & Mendelson-III (1999) registraram a presença de tecidos adiposos na
região inguinal em várias espécies de Bufonidae, descrevendo a morfologia externa destes
novos órgãos e sua distribuição entre as espécies.
Wygoda et al. (1987), relatam a presença de gordura em regiões subcutâneas em
espécies das famílias Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae, Microhylidae, Pelobatidae e
Ranidae, relacionando a presença e a mobilização destes tecidos, com a sobrevivência
durante períodos de estivação.
Análise comparativa em estudos morfológicos é uma ferramenta útil para
investigar homologia (Brooks & MacLennan 1991; Harvey & Pagel 1991; McCracken
et al. 1999). Porém, anatomistas comparativos muito tempo têm tratado o assunto
de tecidos adiposos com muita cautela ao aplicar o conceito de homologia para tecidos
adiposos entre as classes e ordens de vertebrados (Pond 1978).
5
Objetivos
O objetivo geral do presente estudo é descrever os tecidos adiposos de
representantes de diferentes famílias brasileiras de anuros. Especicamente, cumpriram-
se três objetivos básicos, em duas diferentes etapas:
A primeira tem como objetivos especícos:
1- descrever as características morfológicas de inervação e vascularização e as
relações anatômicas dos tecidos adiposos extra-cavitários em diferentes famílias de
anuros;
2- avaliar a distribuição dos tecidos adiposos em diferentes famílias de anuros
brasileiros.
Na segunda etapa buscou-se analisar a evolução dos corpos de gordura no grupo
dos hilídeos, fazendo um mapeamento dos caracteres dos corpos de gordura na hipótese
logenética recente descrita na literatura (Faivovich et al. 2005). Para testar a hipótese
de que os corpos de gordura foram herdados de um ancestral comum (sinapomoras) ou
não (homoplasias).
6
Material e Métodos
1 - Animais
Neste trabalho foi investigada a presença de tecidos adiposos extra-gonadais em
203 indivíduos adultos de 10 diferentes familias, sendo avaliadas 46 espécies anfíbios
anuros assim distribuídos: Brachycephalidae (02), Bufonidae (02), Centrolenidae (01),
Cycloramphidae (02), Dendrobatidae (01), Leiuperidae (04), Leptodactylidae (05),
Hylidae (24), Microhylidae (03), Ranidae (01) e Strabomantidae (01) (Tabela 1).
Dois procedimentos foram adotados: a dissecção a fresco (Sebben 2007), de animais
recém coletados e dissecção de espécimes preservados oriundos da coleção herpetológica
do Laboratório de Anatomia Comparativa de Vertebrados.
Os animais coletados, logo após capturados, foram levados para o Laboratório
de Anatomia Comparativa de Vertebrados, do Departamento de Ciências Fisiológicas na
Universidade de Brasília, onde foram mantidos em terrários, à temperatura ambiente,
com abundante disponibilidade de água por períodos de até 24 horas.
2 - Locais de coleta
Os animais foram coletados em fazendas particulares localizadas nos municípios
descritos na Tabela 1, com as autorizações dos proprietários, durante todas as estações
do ano. Todas as coletas foram devidamente autorizadas pelo IBAMA, de acordo com a
licença n°12235-1 SISBIO/IBAMA, n° 12173268.
3 - Anestesia e Eutanásia
Os animais foram induzidos a anestesia profunda, por imersão, em soluções
anestésicas até a sedação total, seguida de aplicação intracranial de anestésico diretamente
7
no sistema nervoso central via foramem magnum, volumes de 0.5ml a 1.0ml, dependendo
do peso do animal. Foram utilizados como anestésicos Cloridrato de Lidocaína (1,5%)
ou Cloridrato de Bupivicaína (0,5%), de acordo com as Normas Para Prática Didático-
Ciêntíca da Vivissecção de Animais (Lei federal 6638/79), normas do Comitê de Ética
em Uso Animal da Universidade de Brasília e Associação Americana de Medicina
Veterinária.
4 - Preparação do material para análises morfológicas
Para as observações anatômicas, utilizou-se a metodologia de microdissecção
siológica a fresco, segundo Sebben (2007). Os espécimes recém eutanasiados foram
observados e dissecados sob microscópio estereoscópio. Em seguida, foram submersos
em uma solução salina (Cloreto de Sódio a 0,65%) a m de se preservar as características
morfológicas por um tempo prolongado.
4.1 - Dissecção
Primeiramente o espécime a ser analisado é xado em uma cuba de dissecção
com o auxilio de alnetes. Em seguida, após submerso com solução siológica, a pele de
cada lado é rebatida e xada na cuba com auxilio de alnetes, e a partir desse ponto são
feitas às primeiras observações na macroestrutura e presença de tecidos adiposos na parte
ventral. O mesmo procedimento é feito dorsalmente.
Em seguida, é feita uma incisão no músculo abdominal no sentido sagital, paralelo
à veia abdominal, para ter acesso à cavidade pleuro peritonial. Com isso, os órgãos internos
são cuidadosamente afastados para que se tenha acesso à região das gônadas. Nesse
momento é observada a presença e a macroestrutura dos tecidos adiposos gonadais.
8
4-1 - Identicação dos tecidos adiposos
A identicação dos tecidos adiposos se baseou nas características macroestruturais
classicas, como presença de gotículas de gordura, completada com a coloração feita com
o corante Sudan Black, segundo Nishikawa (1987).
4.3 - Registros do material observado
Os registros fotográcos, foram obtidos por meio de uma máquina fotográca
digital SONY modelo w70, com resolução de 7.0 megapixels, acoplada à ocular de um
microscópio estereoscópio Olimpus
©
.
A terminologia adotada foi baseada na nomenclatura anatômica empregada por
Gaupp (1889, 1896, 1899) e na Nomina Anatômica Veterinária.
4.4 - Conservação e coloração dos tecidos adiposos e nervos
Os espécimes foram xados por imersão em formaldeído a 10% por vinte quatro
horas e depois preservados em solução alcoólica (etanol 70%). Esse procedimento é
necessário não só para a preservação em si, como também para prepará-lo para o método
regressivo de coloração de lipídeos e nervos com o corante Sudan Black, baseado no
procedimento descrito por Nishikawa (1987), que tinge os nervos e outros lipídeos,
inclusive tecido adiposo, de azul escuro.
Nesse processo, o material foi desidratado em álcool absoluto e submerso em
solução saturada do corante por alguns minutos. O material foi lavado e o excesso do
corante removido com a imersão do indivíduo corado em solução alcoólica 70%.
9
5- Mapeamento na hipótese logenéticade hilídeos
Para testar as hipóteses de homologia, foi feito nesse estudo o mapeamento dos tecidos
adiposos de 23 espécies de hilídeos em uma árvore logenética previamente estabelecida
na literatura (Faivovich, et al. 2005), sendo que esta familia foi escolhida pela maior
amostragem neste estudo.
5.1 - Conjuntos de dados
A ocorrência de tecidos adiposos foi avaliada em machos e fêmeas adultos, e
agrupados em oito categorias, de acordo com a localização: axilar, escapular, gular, ilíaca,
inguinal, mandibular, peitoral e periorbital (Figura 1).
Para o estudo da evolução dos caracteres, foi montada uma matriz de dados onde
os tecidos adiposos dos hilídeos foram codicados como presentes ou ausentes (Tabela
2). Esses dados foram analizados utilizando o programa MacClade v4.0 (Maddison &
Maddison 1992) para a elaboração da matriz de dados e realização das análises. Para
resolver os caracteres ambíguos, foram utilizados os algorítimos ACCTRAN que faz
uma transformação acelerada e DELTRAN que faz uma transformação tardia.
10
1
2
3
4
6
7
8
5
9
Ventral
Dorsal
Figura 1 - Disposição ventral e dorsal dos corpos de gordura nas regiões: 1 gonadal, 2
inguinal, 3 ilíaca, 4 axilar, 5 escapular, 6 peitoral, 7 gular, 8 mandibular e 9 periorbital.
13
Resultados
Observou-se que os tecidos adiposos extragonadais podem sofrer alterações
sazonalmente, apresentando-se bem desenvolvidos quando suas células adiposas ou
adipócitos, estão estão cheias de gordura, como aspecto denso, ou pouco desenvolvido
apresentando poucas lulas com gotículas de gordura em seu interior, geralmente esparsas
no tecido conjuntivo.
Os tecidos adiposos não aparecem aleatoreamente dispersos em qualquer parte
do corpo, sendo observado que combinações das oito regiões formam padrões de
distribuição. É atribuída a condição de presença quando observado tecido adiposos na
região, independente de variações sazonais, pois os tecidos adiposos não desaparecem,
mesmo em condições extremas de escassez de lipídeos, pois nessa condições ainda pode-
se se encontrar as céluas asdiposas, porém com raras gotículas de gordua e com o seu
formato mais poliédrico e tamanho reduzido. É atribuída a condição ausente quando não
há a presnça de tecidos adiposos em nenhuma hipótese.
Todos os tecidos adiposos foram encontrados associados a nervos, vasos sanguíneos
e estruturas linfáticas, aderidos a septos de tecido conjuntivo ou sob a tela subcutânea
intercalados entre a pele e a musculatura das regiões dorso-lateral ou ventral.
São estruturas extremamente vascularizadas, que possuem uma artéria principal,
que irriga diversos ramos laterais, onde cada um se divide formando vasos que circulam
quase sempre paralelos ao sistema principal. Esses vasos se subdividem formando uma
na rede de vasos capilares e distribuído por todo o tecido.
Em relação ao volume total do tecido adiposo gonadal estes podem se apresentar
muito reduzidos ou extraordinariamente desenvolvidos. Wygoda et al. (1987), observou
presença de gordura em regiões subcutâneas em espécies das famílias Bufonidae, Hylidae,
Leptodactylidae, Microhylidae, Pelobatidae e Ranidae. No presente trabalho foram
encontradas pequenas quantidades de tecido adiposo aderido a pele, em Dendropsophus
minutus, Trachycephalus venulosus e Physalaemus cuvieri.
14
Família Espécie Sexo
Caracteres
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Microhylidae
Chiasmocleis albopunctata
m/f 1 1 1 1 1 0 1 1 1
Dermatonotus muelleri
m/f 1 1 1 1 1 0 1 1 1
Elachistocleis ovalis
m/f 1 1 1 1 1 0 1 1 1
Leiuperidae
Eupemphix nattereri
m/f 1 1 0 1 1 1 1 1 1
Physalaemus centralis
m 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Physalaemus cuvieri
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Physalaemus sp.
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus
m 1 0 0 1 0 0 0 1 0
Leptodactylus labyrinthicus
m/f 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Leptodactylus martinezi
m 1 0 0 0 0 0 1 1 1
Leptodactylus mystacinus
m 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Leptodactylus pustulatus
m/f 1 0 0 1 0 1 1 1 1
Leptodactylus troglodytes
m 1 0 0 1 0 0 0 0 0
Hylidae
Bokermannohyla alvarengai
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Bokermannohyla circumdata
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Bokermannohyla nanuzae
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Bokermannohyla pseudopseudis
m 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Bokermannohyla saxicola
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus bipunctatus
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus cruzi
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus elegans
m/f 1 0 1 1 1 1 1 1 1
Dendropsophus melanargyreus
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus nanus
m/f 1 0 1 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus rubicundulus
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus sanborni
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus werneri
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus minutus
m/f 1 0 1 1 0 0 1 1 1
Dendropsophus goiana
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Hypsiboas albopunctatus
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Hypsiboas lundii
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Hypsiboas raniceps
m/f 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Lysapsus caraya
m 1 0 1 0 1 1 0 1 0
Phyllomedusa azurea
m/f 1 0 0 1 0 1 0 1 0
Pseudis tocantins
m/f 1 0 0 1 0 1 0 1 0
Trachycephalus venulosus
m/f 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Scinax fuscovarius
m/f 1 0 0 1 1 1 1 1 1
Scinax sp.
m 1 0 0 1 1 1 0 1 1
Bufonidae
Rhinella schneideri
m/f 1 1 1 0 1 1 0 0 1
Rhinella rubescens
m 1 1 1 0 1 1 0 0 1
Brachycephalidae
Brachycephalus ephipium
m/f 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Brachcephalus sp.
m/f 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Strabomantidae
Baricholos ternetzi
m 1 0 0 1 0 0 1 1 1
Centrolenidae
Allophryne ruthveni
m 1 0 0 0 0 0 1 0 0
Cycloramphidae
Odontophrynus cultripes
m 1 1 0 1 1 1 1 1 1
Proceratophrys goyana
m 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Dendrobatidae
Ameerega avopicta
m/f 1 1 0 0 0 1 1 1 1
Ranidae
Lithobates catesbeianus
m/f 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Tabela 2 - Matriz dos caracteres de presença e ausência de tecidos adiposos .
15
1- Descrição e Ocorrência:
1.1- Inguinal
Os tecidos adiposos inguinais estão localizados na extremidade posterior ventral
do tronco (Figura 2a), dispostos em duas concentrações lateralmente às porções caudais
dos músculos abdominais, envoltos por uma faixa de tecido conectivo do septo inguinal
que liga a pele a parte caudal do músculo reto abdominal.
Quando cheios de gordura e bem desenvolvidos, apresentam formatos geralmente
ovóides arredondados e coloração vermelha-alaranjada. Em alguns casos o tecido adiposo
se apresenta difuso nos tecidos conectivos do septo inguinal (Figura 2b).
Na sua parte interna encontra-se uma rede de vasos capilares distribuídos por
todo o tecido (Figura 2c). Cada concentração é irrigada pelos ramos da artéria cutânea
femoral como artéria principal. Nos anfíbios, a artéria femoral é similar a humana, porém
não apresentam as mesmas funções. A artéria passa pela coxa abaixo da borda traseisa
do músculo oblíquo, em que dependendo do músculo ilio-psoas, envia ramos para os
músculos vizinhos, pele, sacos linfáticos inguinais e tecidos adiposos (todo o septo
inguinal).
Os tecidos adiposos são drenados pela veia femoral anterior medial que desemboca
na veia femoral, logo acima dos sacos linfáticos inguinais. A veia femoral entra na pelvis
e se divide em dois ramos, uma veia ilíaca localizada dorsalmente, e outra pélvica,
localizada ventralmente. As duas veias, pélvica e ilíaca, convergem a uma linha central
na parede do abdomen e se unem a porção anterior da veia abdominal.
O nervo ciático (Ischiadicus) é o maior nervo do corpo, este passa por baixo do
músculo cocígeo, entre as origens do músculo vastus externo e o músculo piramidal, neste
curso, se divide formando um ramo que segue pelo músculo coccígeo-ilíaco continuando na
pelvis; e outro ramo, o nervo cutâneo femoral posterior, que passa entre o músculo piramidal
e o músculo vastus externo. Acompanha uma artéria de mesmo nome que supri os tecidos
adiposos e a pele da porção ventral traseira e parte interna da coxa (Figura 2d).
16
A ocorrência de tecidos adiposos inguinais foi registrada em representantes das
famílias Bufonidae (Rhinella schneideri, R. rubescens); Cycloramphidae (Odontophrynus
cultripes); Leiuperidae (Eupemphix nattereri); Microhylidae (Chiasmocleis albopunctata,
Dermatonotus muelleri, Elachistocleis ovalis); Dendrobatidae (Ameerega avopicta);
Ranidae (Lithobates catesbeianus).
17
Figura 2. A - Vista ventral dos tecidos adiposos encontrados na região 2 (inguinal),
de Rhinella schneideri. B- Vista ventral dos tecidos adiposos no tecido conectivo. C- Rede
de vasos capilares presentes na parte interna do tecido adiposo, injetado com resina látex.
D - Sub-ramos nervosos do ramo cutâneo femoral lateral. Afc - artéria cutânea femoral.
Ac - veia cutânea femoral anterior medial. Nc - ramo cutâneo do nervo femoral lateral.
A
B
C
D
Acf
Acf
Vc
Vc
Nc
6mm
6mm
2mm
1mm
TA
18
Figura 3. A- Sub-ramos do nervo cutâneo femoral lateral, proveniente do nervo
femoral de Ameerega avopicta. B - nervo ciático de Ameerega avopicta. NC - nervo
ciático. N - nervo femoral lateral. Nc - ramo cutâneo do nervo femoral lateral. VI-
sétima vertebra. VIII oitava vértebra.
1mm
6mm
A
B
N
NC
NC
VIII
VII
19
1.2-Ilíaco
Os tecidos adiposos ilíacos estão localizados na extremidade posterior dorsal do
tronco (região 4), dispostos em duas concentrações situadas em cada lado do uróstilo,
próximos à cloaca, envoltos por uma faixa de tecido conectivo do septo isquiático, que
liga a pele às extremidades caudais dos músculos ilíacos externos.
Apresentam formatos geralmente ovóides, arredondados e coloração vermelha
alaranjada.
Em alguns casos, quando pouco desenvolvido, o tecido adiposo ilíaco, apresenta
adipócitos difusos nos tecidos conectivos do septo isquiático. Quando desnvolvido,
apresenta aspecto mais denso com um número maior de adipócitos aglomerados com o
aspecto de uma esponja. Na parte interna de cada concentração, encontra-se uma rede de
vasos capilares distribuídos por todo o tecido.
São irrigados por ramos da artéria ilíaca derivada da artéria femoral que é
representativamente similar a humana, porém não apresenta exatamente as mesmas
funções. Essa artéria passa sob a borda livre do músculo oblíquo interno e por toda a coxa
até o músculo ilio-psoas, enviando ramos aos músculos vizinhos, pele, sacos linfáticos e
tecido adiposos.
São drenados por ramos da veia femoral que origem ao ramo communicant
iliaco da veia ciática, e se remete em direção ao músculo gluteus maximus alcançando a
base da pelvis, próximo a artéria femoral. A veia então se bifurca para as veias pelvicas e
ilíacas. As veias ilíacas drenam o sangue de seus ramos que passam pelo tecido adiposo,
indo desembocar na veia abdominal, próximo a porção ventral da sínse da púbis.
O tecido adiposo é inervado por ramos do nervo que tem origem no sexto nervo
espinhal, que surge na coluna vertebral no canal entre a sexta sétima vértebra, e passa
obliquamente opsto a porção anterior para posterior e externamente na superfície interna
do processo transverso de sétimo, oitava e nova vértebra, passando sob o osso ilíaco
até um ponto na metade do uróstilo , onde desce discretamente pelo músculo oblíquo
20
abdominal interno, derivando o nervo cordis linfático posterior que ramica-se inervando
o tecido adiposo, sacos e corações linfáticos.
A presença dos tecidos adiposos ilíacos, foi registrada em representantes
das famílias Bufonidae (Rhinella schneideri, R. rubescens); Microhylidae (Chiasmocleis
albopunctata, Elachistocleis ovalis, Dermatonotus muelleri); Hylidae (Dendropsophus
minutus, D. elegans, D. nanus, Lysapsus caraya); Dendrobatidae (Ameerega avopicta);
Ranidae (Lithobathes catesbeianus).
21
Figura 4. A - Vista dorsal dos tecidos adiposos encontrados na região 3 (ilíaca) de
Elachistocleis ovalis. B e C - Chiasmocleis albopunctata. Ai- artéria ilíaca. Rai - ramo da
artéria ilíaca. Ncl - nervo cordis linfático.
Ncl
Rai
Ai
A
B
C
2,5mm
3mm
3mm
22
VII
VI
Rai
VIn
Figura 5. A - Ameerega avopicta Ai- artéria ilíaca. Ncl - nervo cordis linfático. B-
Ameerega avopicta VI sexta vértebra. VII sétima vértebra. VIn sexto nervo vertebral.
Ncl
1mm
A
B
2mm
23
1.3-Axilar
Os tecidos adiposos axilares estão localizados na parte anterior ventral do tronco
(Figura 6), dispostos em duas concentrações situadas dorso lateralmente a porção
abdominal do músculo peitoral, apoiados no septo axilar supercial, que liga a pele aos
músculos peitorais.
Apresentam geralmente formato ovóide, arredondado, com coloração amarelo-
avermelhada.
Em alguns casos, quando pouco desenvolvido, o tecido adiposo axilar, apresenta
adipócitos difusos nos tecidos conectivos do septo axilar, quando desnvolvido, apresenta
aspecto mais denso com um número maior de adipócitos aglomerados.
Na sua parte interna encontra- se uma rede de vasos capilares distribuídos por todo
o tecido. Cada concentração é irrigada por artérias provenientes de ramicações da artéria
coraco-clavicular que acompanha o nervo coraco clavicular, na superfívie dorsal ventral
da porção da cintura escapular passando entre o músculo deltóide e o subescapular onde
esse se divide enviando ramos aos músculos peitorais, que passam inervando os tecidos
adiposos e outras estruturas adjacentes.
São drenados por ramos da veia cutânea maior, que percorre a parede a centralmete
a parede do tronco, passando centralmente pelo septo abdominal e pelas extremidades
abdominais dos músculos peitorais onde essa veia contorna em direção dos músculos
peitorais, passando por dentro das bras deste, indo até a porção mais interna do músculo
peitoral, seguindo até se juntar com a veia braquial, onde recebe diversos ramos das
estruturas vizinhas, inclusive os tecidos adiposos.
O tecido adiposo peitoral é inervado por ramos provenientes do segundo nervo
espinhal, ou nervo braquial, que é um nervo calibroso que se origina do canal entre a
segunda e terceira vertebra. É acompanhado por uma artéria de mesmo nome, na borda
do processo transverso da terceira vertebra, sobre a borda inferior do músculo levator
escapular, e porção nal do músculo subescapular e músculo transverso escapular maior,
24
formando dois ramos; um que passa para o interior do antebraço e o segundo que é o
ramo cutâneo axilar, que passa abaixo da superfície e borda do músculo latissinus dorsal
seguindo até a pele da axila, passando pelo tecido adiposo da região axilar e prosseguindo
até a superfície do antebraço.
A presença dos tecidos adiposos axilares, foi registrada nas famílias Strabomantidae
(Barycholos ternetzi); Dendrobatidae (Ameerega avopicta); Hylidae (Bokermannohyla
alvarengai, B. circumdata, B. nanuzae, B. pseudopseudis, B. saxicola, Dendropsophus
bipunctatus, D. cruzi, D. elegans, D. melanargyreus, D. nanus, D. rubicundulus, D. sanborni,
D. werneri, D. minutus, D. goiana, Hypsiboas albopunctatus, H. lundii, H. raniceps,
Lysapsus caraya, Phyllomedusa azurea, Pseudis bolbodactyla, Trachycephalus venulosus,
Scinax fuscovarius, Scinax sp.); Leptodactylidae (Leptodactylus fuscus, L. mystacinus,
L. pustulatus, L. troglodytes); Leiuperidae (Eupemphix nattereri, Physalaemus centralis, P.
cuvieri, Physalaemus sp.); Microhylidae (Chiasmocleis albopunctata, Elachistocleis ovalis,
Dermatonotus muelleri) e Ranidae (Lithobates catesbeianus).
25
Figura 6. A - Vista ventral do tecido adiposo da região axilar (4) de Scinax fuscovarius.
B - Vista ventral do tecido adiposo da região axilar de Ameerega avopicta. Vcm - veia
cutânea maior Rpc - ramo peitoral cutâneo. TA - tecido adiposo
B
2mm
A
Rpc
Vcm
4mm
TA
26
1.4-Escapular
Os tecidos adiposos escapulares esão localizados na extremidade anterior dorsal
do tronco (Figura 7), dispostos em duas concentrações lateralmente situadas proximas a
cabeça, na região dorsal da cintura escpular, aderidos supercialmente aos músculos dorsais
escapulares, próximos ao septo dorsal escapular, que liga a pele a estes músculos.
Apresenta geralmente um formato plano e achatado de coloração amarelo-
avermelhada. Em alguns casos, quando pouco desenvolvido, o tecido adiposo
escapular apresenta adipócitos difusos na porção posterior dorsal externa dos músculos
escapulares.
Quando desenvolvido, apresenta aspecto mais denso com um número maior de
adipócitos aglomerados com o aspecto esponjoso. Na sua parte interna encontra-se uma
na rede de vasos sanguíneos capilares distribuido por todo o tecido.
Cada concentração é irrigada pela artéria cutânea maior (Artéria cutânea magna)
passa através da superfície profunda do músculo petrohyoideus III até a região próxima
do osso prootic. Nesse andamento remete para cima, através das bordas exteriores dos
músculos, e tornando-se mais aparente entrae os músculos levator anguli scapulae e
sternocleidomastoideus. Então passa dando origem ao ramo lateral da artéria cutânea na
área onde está localizado o tecido adiposo escapular, e segue formando un grande numero
de anastomoses na pele.
O tecido adiposos e estruturas adjacentes, têm seu uxo sanguíneo drenado por
ramos provenientes da veia subescapular dorsal, que se une com a veia jugular interna
na borda externa do músculo levator escapular formando uma veia inominada (vena
anonyma).
A inervação é derivada do nervo vago provenientes da ramicação cutânea dorsal,
que é considerada por Stannius & Fiirbringer (1856) como homólogo do ramo atricular,
que passa visivelmente entre os musculos digástrico e temporal, para ser distribuído na pele
da região supra-escapular do ramo cutâneo dorsal lateral, oriundos do nervo braquial.
27
A presença dos tecidos adiposos escapulares foi registrada nas famílias Hylidae
(Dendropsophus elegans); Microhylidae (Chiasmocleis albopunctata, Dermatonotus
muelleri, Elachistocleis ovalis); Leiuperidae (Eupemphix nattereri); Ranidae (Lithobates
catesbeianus).
28
Figura 7. A - Vista dorsal dos tecidos adiposos da região região escapular (5) de
Scinax fuscovarius. B - Nervos sub-ramos provenientes do ramo cutâneo dorsal lateral,
oriundos do nervo braquial. C-Nervos sub-ramos provenientes do ramo cutâneo dorsal
lateral, oriundos do nervo braquial. Rcdl - sub-ramo proveniente do ramo cutâneo dorsal
lateral. Me - incisão no musculo escapular. Tc - tecido conjuntivo
4mm
2mm
B
A
Rcdl
Tc
Me
Tc
2mm
Rcdl
B
TA
29
1.5-Peitoral
Os tecidos adiposos peitorais estão localizados na porção anterior ventral do
tronco, dispostos em duas concentrações situadas no septo peitoral abaixo das porções
espicoracoidea e externa dos músculos poitorais, dispostos ao longo da veia braquial e
suas principais ramicações, envoltos por uma faixa de tecido conjuntivo, próximos dos
sacos linfáticos peitorais (Figura 8a).
Apresentam geralmente formato alongado, com coloração amarela-alaranjada.
Em alguns casos quando pouco desenvolvido, o tecido adiposo peitoral, apresenta
adipócitos difusos nos tecidos conjuntivos do septo peitoral e ao longo da veia braquial.
Quando desenvolvido, apresenta aspecto mais denso com um número maior de adipócitos
aglomerados, com o aspecto esponjoso.
Na sua parte interna encontra-se uma na rede de vasos sanguíneos capilares que
percorrem todo o tecido. Cada concentração é irrigada por ramos da artéria coraco-clavicular,
que passa mais externamente, acompanhando o nervo coraco clavicular na porção ventral
da cintura escapular. Essa artéria passa entre o músculo deltóide e subescapular, onde envia
um ramo que supre estes músculos, os peitorais e estruturas adjacentes.
São drenados por ramos da veia subclavia, que passa na superfície dorsal do osso
coracóide próximo à clavícula, seguindo discretamente pela porção externa do músculo
peitoral maior, em direção a borda da porção abdominal do músculo peitoral maior, onde
se une com a veia cuânea e a veia braquial.
A inervação é derivada do nervo peitoral, proveniente do nervo braquial. O nervo
peitoral surge na ramicação ainda no antebraço, e segue em direção ao músculo peitoral,
inervando o tecido adiposo e músculos chegando até a pele da região peitoral.
A presença dos tecidos adiposos peitorais foi registrada nas famílias Bufonidae
(Rhinella schneideri); Leptodactylidae (Leptodactylus mystacinus); Hylidae (Lysapsus
caraya, Pseudis bolbodactyla, Phyllomedusa azurea, Scinax fuscovarius, Scinax sp.);
Dendrobatidae (Ameerega avopicta) e Ranidae (Lithobates catesbeianus).
30
Figura 8. A - Vista ventral do tecido adiposo logo abaixo do músculo peitoral de
Scinax fuscovarius. B- Vista ventral do tecido adiposo logo abaixo do músculo peitoral
rebatido de Rhinella schneideri. C -Vista ventral do tecido adiposo logo abaixo do músculo
peitoral rebatido de Ameerega avopicta. Mp - músculo peitoral. Acf - artéria cutâneo
femoral. Rnp - ramos do nervo peitoral. TA - tecido adiposo.
4mm
Mp
Acf
Rnp
6mm
4mm
A
B
C
TA
31
Figura 9. A - Vista ventral do nervo peitoral e suas ramicações de Scinax
fuscovarius. B -Ramo peitoral cutâneo provenirente do nervo peitoral. NB - nervo
braquial. RPC ramo peitoral cutâneo.
A
B
4mm
4mm
NB
RPC
Rnp
32
1.6- Gular
São encontrados tecidos adiposos no septo submandibular, localizados entre
a pele e o músculo interhyoide. Apresenta formato plano e achatado sem bordas bem
denidas. Em alguns casos, quando pouco desenvolvido, apresenta os adipócitos difusos
no septo mandibular. Quando desenvolvidos, apresentam um aspecto denso, com maior
quantidade de adipócitos aglomerados.
No seu interior encontra-se uma na rede de vasos capilares que são irrigados por
ramos da artéria mandibular externa. Esta artéria é um vaso calibroso, que se junta com
o ramo maxilar superior, e acompanha o nervo mandibular, passa pelo canto da maxila,
e se remete para a a parte frontal, entre a pele e a esxtremidade externa do músculo
miolo-hioide, seguindo paralelo ao ramo mandibular do nervo trigêmeoaté a sínse da
mandíbula. Essa artéria dá origem a diversos capilares que suprem as estruturas vizinhas,
inclusive os tecidos adiposos.
A veia mandibular, proveniente da veia maxilar inferior segue através da inserção
do músculo submaxilar, e se inserindo na parte interna da borda traseira para se juntar
com a veia lingual. Os tecidos adiposos apresentam coloração amarela-avermelhada, e
encontram-se em meio a tecidos conectivos que ligam a pele da região submandibular aos
músculos interhyoides (Figura 10).
A inervação é derivada do ramo hioide (Ramus jugularis, segundo Hoffmann
1876), que é o ramo mais largo da divisão do nervo facial, que percorre subcutaneamente
sobre o músculo deltoide e através das bras do nervo milohioideo até a porção anterior
do osso hioide, inervando os tecidos adiposos, músculos e na pele.
Os tecidos adiposos submandibulares foram registrados nas famílias Microhylidae
(Chiasmocleis albopunctata, Dermatonotus muelleri, Elachistocleis ovalis); Leiuperidae
(Eupemphix nattereri); Hylidae (Bokermannohyla alvarengai, B. circumdata, B. nanuzae,
B. pseudopseudis, B. saxicola, Dendropsophus bipunctatus, D. cruzi, D. elegans, D.
melanargyreus, D. nanus, D. rubicundulus, D. sanborni, D. werneri, D. minutus, D.
33
goiana, Hypsiboas albopunctatus, H. lundii, H. raniceps, Scinax fuscovarius, Scinax
sp., Xenohyla truncata); Dendrobatidae (Ameerega avopicta) e Ranidae (Lithobates
catesbeianus).
34
Figura 10. A- Vista ventral do tecido adiposo localizado na região submandibular
(7) sob o saco vocal de Chiasmocleis albopunctata. B -Vista ventral do tecido adiposo
localizado na região submandibular de Ameerega avopicta. C- Vista ventral do tecido
adiposo localizado na região submandibular de Chiasmocleis albopunctata. Ame - artéria
mandibular externa. Rnh - ramo do nervo hioide.
B
2,5mm
Ame
2,5mm
A
4mm
C
Ame
Rnh
35
1.7-Mandibular
Os tecidos adiposos mandibulares estão dispostos em duas concentrações
localizadas ao longo da porção ventral da mandíbula, aderidos nas extremidades dos
músculos intermandibulares anterior e posterior Apresentam formato plano e achatado,
com coloração amarelada intensa, hialina ou relativamente opaca (Figura 8).
São irrigados por ramos da artéria mandibular externa, esta artéria é um vaso
calibroso, que se junta com o ramo maxilar superior, e acompanha o nervo mandibular
proveniente do nervo trigemeo no músculo masseter, ou entre este músculo e o músculo
temporalis indo em direção à mandíbula e continua até a sínse da mandíbula. Essa artéria
origem a diversos capilares que suprem as estruturas vizinhas, inclusive os tecidos
adiposos.
os tecidos adiposos madibulares são drenados por ramos da veia mandibular, que
percorre a mandíbula até a inserção com a veia lingual sob o músculo submandibula, e
desaguando na veia jugular externa.
A inervação é derivada do nervo mandibular interior, que tem origem no nervo
trigêmeo, que é o nervo cranial mais calibroso encontrado em anfíbios, dele surgem
ramicações que passam seguindo pela superfície do crânio, O ramo maxilar entra pelo
canto do osso da mandíbula e segue ate a síse na porção frontal da mandíbula.
A presença dos tecidos adiposos mandibulares foi registrada nas famílias
Microhylidae (Chiasmocleis albopunctata, Dermatonotus muelleri, Elachistocleis ovalis);
Hylidae (Bokermannohyla alvarengai, B. circumdata, B. nanuzae, B. pseudopseudis, B.
saxicola, Dendropsophus bipunctatus, D. cruzi, D. elegans, D. melanargyreus, D. nanus, D.
rubicundulus, D. sanborni, D. werneri, D. minutus, D. goiana, Hypsiboas albopunctatus,
H. lundii, H. raniceps, Lysapsus caraya, Phyllomedusa azurea, Pseudis bolbodactyla,
Trachycephalus venulosus, Scinax fuscovarius, Scinax sp.); Leptodactylidae (Leptodactylus
fuscus, L. mystacinus); Leiuperidae (Eupemphix nattereri, Physalaemus cuvieri, Physalaemus
sp.) e Ranidae (Lithobates catesbeianus).
36
Figura 11. A - Vista ventral do tecido adiposo localizado na região mandibular (8) de
Scinax fuscovarius. B-Vista ventral do nervo mandibular interior de Scinax fuscovarius
C- Vista ventral do tecido adiposo localizado na região mandibular Xenohyla truncata.
NM - Nervo mandibular.
C
A
(foto: Antonio Sebben)
2,5mm
5mm
2,5mm
B
NM
37
1.8- Periorbital
Os tecidos adiposos periorbitais estão localizados aderidos a parte dorsal do
crânio, próximos aos olhos, tímpânos e narina, formando uma na panícula adiposa entre
apele e co crânio. Apresentam coloração amarelada, hialina ou relativamente opaca.
Quando desenvolvidos apresentam os adipócitos cheios de gordura formando um
tecido mais denso, porém quando pouco desenvolvidos apresentam os adiposos esparsos,
aderidos sob os músculos desta região (Figura 12).
Esses tecidos são irrigados por ramos da artéria órbito-nasal, que acompanha o
nervo oftalmico que se divide dando origem a um ramo nasal que segue até a narina, onde
se divide suprindo a membrana nasal. Nesse curso a artéria origem a diversos ramos
que suprem diversas estruturas vizinhas, inclusive o tecido adiposo.
São drenados por ramos da veia orbito-nasal que desagua na veia facial, formada
na região frontal pela união da veia nasal com a veia orbital anterior, logo após recebe
a veia timpânica e descendo até o canto inferior da mandíbula, passando pelo músculo
maxilar depressor segindo até encontrar a veia braquial.
São inervados pelo ramo orbito-nasal, proveniente do nervo trigêmeo acompanha
o nervo oftalmico na parede do crânio, se ligando ao ramo nasal do nervo oftalmico
seguindo até a narina onde irá até a membrana nasal
A presença dos tecidos adiposos craniais dorsais foi registrada nas famílias
Microhylidae (Chiasmocleis albopunctata, Dermatonotus muelleri, Elachistocleis ovalis);
Hylidae (Dendropsophus minutus, Hypsiboas albopunctatus, Bokemannohyla pseudopseuds,
B. circumdata, Lysapsus caraya, Phyllomedusa azurea, Scinax fuscovarius, Scinax sp.,
Xenohyla truncata); Leptodactylidae (Leptodactylus fuscus, L. labyrinthicus, L.
martinezi, L. mystacinus); Leiuperidae (Eupemphix nattereri, Physalaemus centralis, P.
cuvieri, Physalaemus sp.) e Dendrobatidae (Ameerega avopicta); Ranidae (Lithobates
catesbeianus).
38
Figura 12. A - Vista dos tecidos adiposos na região periorbital de Xenohyla truncata. B-
Vista dos tecidos adiposos na região periorbital de Scinax fuscovarius.
A
5mm
(foto: Antonio Sebben)
B
4mm
TA
TA
TA
39
2- Mapeamento na hipótese logenética de hilídeos
Foi reconstruída a evolução de oito caracteres discretos dos tecidos adiposos de
membros da família Hylidae pelo seu mapeamento na hipótese logenética proposta por
Faivovich et al. (2005).
O mapeamento dos oito caracteres na proposta logenética mais corroborada,
resultou em uma árvore com 17 mudanças com índice de consistência (CI) de 0.41
(homoplasias) e índice de retenção (RI) de 0.29 (homologias). Foi produzida uma árvore
mais parcimoniosa para cada caractere analisado, de forma a visualizar a evolução de
cada tecido adiposo estudado.
O mapeamento do tecido adiposo inguinal resultou em uma árvore onde esse
caractere foi ausente para todos os hilídeos analisados (Figura 13), o tecido adiposo ilíaco
resultou em uma árvore que apresenta quatro homoplasias, em que esse caractere suporta
mudanças inequívocas para a condição presente em quatro espécies: Lysapsus caraya,
Dendropsophus minutus, D. nanus e D. elegans (Figura 14).
O tecido adiposo axilar foi homoplásico em Lysapsus caraya e Trachycephalus
venulosus, pois foi ausente nessas duas espécies. Mas para todas as outras escies analisadas
foi hologo (Figura 15). O mapeamento do tecido escapular foi ambíguo, o sendo resolvido
por ACCTRAN nem por DELTRAN.
O tecido adiposo peitoral é uma sinapomora do clado representado por Lysapsus
caraya, Pseudis bolbodactyla e Scinax fuscovarius, e convergente em Phyllomedusa
azurea. O gular, foi ausente em Lysapsus caraya, Pseudis bolbodactyla e Trachycephalus
venulosus, porém em Phyllomedusa azurea este caracter é ambíguo, e não pode ser
resolvido por ACCTRAN nem por DELTRAN (Figura 17).
No mapeamento do tecido adiposo mandibular demonstrou que este foi encontrado
em quase todas as espécies, com exceção de Trachycephalus venulosus onde esse
caractere foi ausente (Figura 18). O tecido adiposo periorbital sofre reversão, marcada
pela ausência do caractere na base da árvore, e no grupo formado por Lysapsus caraya e
Pseudis bolbodactyla e também para Phyllomedusa azurea (Figura 19).
40
Figura 13 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 2 (tecido adiposo inguinal).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
41
Figura 14 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 3 (Tecido adiposo ilíaco).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
42
Figura 15 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 4 (Tecido adiposo
axilar).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
43
Figura 16 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 5 (Tecido adiposo
escapular).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
44
Figura 17 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 6 (Tecido adiposo
peitoral).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
45
Figura 16 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 7 ( Tecido adiposo
gular).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
46
Figura 18 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 8 (Tecido adiposo
mandibular).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
47
Figura 16 - Árvore resultante do mapeamento do caractér 9 (Tecido adiposo
periorbital).
Ausência de tecidos adiposos
Presença de Tecido adiposo
Não resolvido
Phyllomedusa azurea
B. pseudopseudis
B. alvarengai
B. saxicola
B. circumdata
B. nanuzae
H. raniceps
H. albopunctatus
H. lundii
Lysapsus caraya
Pseudis bolbodactyla
Scinax fuscovarius
D. minutus
D. melanargyreus
D. werneri
D. cruzi
D. nanus
D.sanborni
D. goiana
D. bipunctatus
D. elegans
D. rubicundulus
T. venulosus
48
Discussão
No presente estudo, foram feitas descrições detalhadas de tecidos adiposos extra-
gonadais de anuros, apresentando diferenças no particionamento dos tecidos adiposos,
encontrando-se dispersos pelo organismo, em locais nunca antes descritos na literatura.
Quarenta e seis espécies foram estudadas, e a ocorrência de corpos adiposos foi registrada
em oito locais, sendo que em nenhuma espécie foi observada a presença de tecidos
adiposos em todas as regiões simultaneamente.
Encontrou-se tecidos adiposos nas região subcutânea de três espécies de anuros:
Dendropsophus minutus, Trachycephalus venulosus e Physalaemus cuvieri. Corroborando
o observado por Wygoda et al (1987) nas famílias Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae,
Microhylidae, Pelobatidae e Ranidae. Pond (1978) sugere que o pobre desenvolvimento de
tecidos adiposos nesta região ocorre devido à incompatibilidade com a função respiratória
da pele.
Os tecidos adiposos inguinais, previamente descritos em bufonídeos (Boulenger
1910, da Silva & Mendelson-III 1999) foram encontrados em outras espécies das famílias
Cycloramphidae, Dendrobatidae, Leiuperidae, Microhylidae e Ranidae, que apresentam
hábitos terrestres (Duellman & Trueb 1986). Este tecido pode atuar como uma reserva
adicional de lípideos nesta região, a qual poderia ser utilizada nas atividades de absorção
de água e eletrólitos acentuada na mesma, além de suprir gastos energéticos nas espécies
que usam as patas traseiras para se enterrar, tais como Cycloramphidae e Microhylidae.
Tecidos adiposos ilíacos foram encontrados em Bufonidae, Hylidae, Microhylidae
e Ranidae. Esses tecidos adiposos aparentam direta relação com os corações linfáticos
presentes nessa região, pois essas estruturas, que pulsam independentemente, podem
utilizar a energia dos tecidos adiposos na circulação linfatica, e atuando diretamente no
sistema imunológico. Esse achado parece corroborar as hipóteses de Pond (1998) de que a
quantidade de tecido adiposos atua diretamente no sistema imunológico. Macqueen (1998)
registrou a presença de acúmulos de tecidos adiposos relacionados a estruturas linfáticas.
49
Os tecidos adiposos peitorais apresentam-se aderidos à circulação braquial,
podendo estar relacionado à reserva de energia para as atividades que necessitam maior
utilização dos braços, como o amplexo, o empoleiramento nas espécies arborícolas e a
contração dos músculos peitorais e braquiais para a manutenção da postura nas espécies
terrestres.
Os tecidos adiposos da região gular podem servir como reserva energética local
para os músculos do saco vocal, enquanto os tecidos da região periorbital aparentam
relação com os músculos extraoculares auxiliando em atividades como a visão.
Os corpos de gordura gonadais foram encontrados em todas as espécies,
corroborando o que está descrito na literatura (Jameson & Alison 1976; Schlaghecke
& Blum 1978; Beurden 1980; Dimmitt & Ruibal 1980; Duellman & Trueb 1986; Ortega
1985; Ryser 1989; Saidapur et al. 1989; Zancanaro et al. 1996; Saidapur & Girish 2000;
Lillywhite 2005). Esses tecidos, foram encontrados extremamente desenvolovidos ou
muito reduzidos, reetindo o estado funcional do acúmulo lipídico no tecido adiposo.
O tecido adiposo extra-gonadal possui capacidade de armazenamento energético
virtualmente ilimitada, resultado do aumento das reservas de adipócitos. Essa ausência de
limite representa vantagem adaptativa a longo prazo, pois se pode aproveitar ao máximo
a disponibilidade de recursos (Junqueira & Carneiro 2004, Pond 1978), principalmente
naqueles animais com comportamentos sazonais. Porém, a curto prazo, um acúmulo muito
grande de tecido adiposo pode atrapalhar a siologia e a morfologia do animal, se tornando
um empecilho em atividades básicas como locomoção, fuga, sucesso reprodutivo, entre
outros (Pond 1978).
Dessa forma, o tecido adiposo precisa ser bem particionado, para um melhor
aproveitamento dos lipídeos armazenados. Os volumes dos tecidos adiposos interferem
diretamente no peso dos indivíduos, podendo representar mais da metade do peso do
animal, mas também pode ser reduzido, representando uma pequena parte (Pond 1978).
Segundo Junqueira & Carneiro (2004), após períodos de alimentação deciente
em calorias ou grandes gastos das reservas lipídicas, o tecido perde quase toda a gordura
50
e se transforma em um tecido com células poligonais ou fusiformes, com raras gotículas
lipídicas. As células não se transformam em broblastos e nem em qualquer outro tipo
celular de tecido conjuntivo. Dessa forma os vasos sanguíneos, nervos e outras estruturas
não desaparecem mesmo com a deciência lipídica.
O tecido adiposo é ricamente inervado, onde a existência dos nervos é necessária
para a mobilização normal dos lipídeos do tecido adiposo. Segundo Ecker (1889), tecidos
adiposos em anuros são inervados por bras simpáticas do sistema nervoso autonômico. As
terminações nervosas são encontradas nas paredes dos vasos sanguíneos, e os adipócitos
não são diretamente inervados (Bloom & Fawcett 1975). Esta inervação desempenha
um papel importante na mobilização das gorduras, especialmente quando os organismos
estão sujeitos à atividades físicas intensas, estivação e deciências nutricionais.
É plausível que os tecidos adiposos em anfíbios possam ter sido o resultado de
adaptações, para um aproveitamento mais eciente dessa energia. Porém todas as espécies
atuais estão adaptadas aos ambientes em que vivem. Então a presença dos tecidos adiposos
pode ser o resultado do acaso ou de outros fatores como a genealogia, onde a explicação
é encontrada na ancestralidade do organismo, em que estes herdaram essas características
de um ancestral comum.
Os tecidos adiposos ilíacos e axilares aparetemente suportam a hipótese de
homoplasia, sendo resultado de semelhanças adiquiridas independentemente. Mas os
tecidos peitoral, mandibular e cranial, parecem resultados de herança comum por serem
homólogos. Segundo Amorim 2002, ao se fazer uma armação de homologia de uma
estrutura, está implicita uma armação de que essa estrutura supostamente esteve presente
na esécie ancestral comum entre os grupos envolvidos
O estudo da evolão de caracteres, atras do mapeamento em uma logenia
corrente, permite a identicação de homologias, que podem ser resultado de ancestralidade
e descenência comum ou a eventos evolutivos repetidos e independentes (Brooks &
MacLennan 1991; Harvey & Pagel 1991; McLennan 1994; Brown & Lomolino 2000).
Esse todo pode ser utilizado em estudos sobre o curso da evolão de determinado
51
caractere (Pagel 1999).
A concordância entre o mapeamento e a logenia proposta indica que esses
caracteres foram xados ao longo da evolução (Schwenk 1994). A não concordância entre
o mapeaamento e a logenia mostra que esses caracteres surgiram por outros fatores além
da herança de um ancestral comum.
O conjunto de dados aqui descritos, pode ser importante ferramentas
complementares em futuros estudos logenéticos da Ordem Anura, contribuindo para o
esclarecimento das relações logenéticas ainda indenidas.
52
Conclusão
Os tecidos adiposos extra-gonadais estudados são estruturas que ainda não
tinham sido descritas na literatura, e forneceram dados ainda não explorados pela ciência,
mostrando que ainda existe muito a ser investigado em relação a morfologia interna em
anfíbios. As espécies de anuros estudadas apresentaram diferentes formas de acumulos de
tecidos adiposos, em que nenhuma espécie apresentou os nove tipos de tecidos adiposos
identicados simultaneamente (Exceto Lithobates catesbeianus), e nem a ausência em
todos locais.
A distribuição dos tecidos adiposos, mostra que esses tecidos não são armazenados
aleatoreamente. A presença em cada região tem sua importância, pois esses locais
são estratégicos para suprir rapidamente as necessidades energéticas de determinados
locais do organismo, que necessitem de uma quantidade maior de energia, associados a
proximidade com vasos sanguíneos, nervos e estruturas lináticas.
As imagens das estruturas dos animais dissecados a fresco (Sebben 2007)
forneceram uma nova e melhor perspectiva das estruturas anatômicas, desempenhando
um papel central na descrição destas estruturas.
No presente trabalho, ao descrever uma estrutura anatômica em mais de um
espécime ou taxa, foi proposta uma hipótese de homologia. Desta forma, esse estudo
por ser de descrição anatômica, não foi um trabalho sem hipóteses, mas sim uma etapa
indispensável para se estabelecer novos caracteres morfológicos que então poderão ser
utilizados em trabalhos futuros.
O mapeamento dos tecidos adiposos inguinal, ilíaco, axilar, suportam a hipótese de
homoplasias, caracteres semelhantes, que são resultado de fatores que não são explicados
pela ancestralidade. Enquanto o peitoral e gular suportam a hipótese de homologia,
isto é, podem ser o resultado da herança de um ancestral comum entre os grupos que
apresentaram esses caracteres.
O presente estudo pode contribuir para futuros esclarecimentos das relações
53
logenéticas entre os hilídeos, que ainda continuam indenidas, fornecendo novos dados
morfológicos e abrindo caminho para que estudos complementares sejam feitos com
esses caracteres.
54
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