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BIANCA FRÉO
ESTUDO CLÍNICO DA ATIVIDADE DA CAPSAICINA EM
PORTADORES DA SÍNDROME DE ARDÊNCIA BUCAL
São Paulo
2008
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Bianca Fréo
Estudo clínico da atividade da capsaicina em portadores da
Síndrome de Ardência Bucal
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo, para
obter o Título de Mestre, pelo Programa de Pós-
Graduação em Odontologia.
Área de Concentração: Diagnóstico Bucal.
Orientador: Prof. Dr. Norberto Nobuo Sugaya
São Paulo
2008
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Fréo B. Estudo clínico da atividade da capsaicina em portadores da Síndrome de
Ardência Bucal [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da
USP; 2008.
São Paulo: _____/_____/_2008
Banca Examinadora
1) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
2) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
3) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
DEDICATÓRIA
A minha amada família pela presença iluminada, por
todo amor, dedicação, compreensão e incentivo imensurável
que me cercam e entusiasmo demonstrado com as minhas
conquistas, frutos dos valores por vocês ensinados.
Aos meus pacientes pela confiança depositada,
possibilitando elucidar novos caminhos na pesquisa
AGRADECIMENTOS
Várias pessoas contribuíram para que este trabalho chegasse a bom termo. A
todos elas registro minha gratidão.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Norberto Nobuo Sugaya por seu extremo
empenho e disponibilidade irrestrita na concretização deste trabalho. Por seu apoio
e equilíbrio ímpares e fundamentais, sempre presentes nos momentos mais
oportunos. Meus sinceros agradecimentos por suas reflexões criativas sobre o nosso
objeto de estudo.
Aos meus maravilhosos pais pela sólida formação, pela compreensão e
encorajamento a prosseguir. Suas presenças foram responsáveis pela minha saúde
afetiva.
Ao meu tio Márcio que me proporcionou minha formação acadêmica e
possibilitou minha chegada ao Mestrado, meus eternos agradecimentos.
A minha amiga e sócia querida Desiree Cavalcanti por sua dedicação única,
sem a qual meu caminho na realização desse projeto se tornaria impossível, deixo
aqui meu afetivo muito obrigada.
Aos meus amigos minhas melhores referências nos momentos decisivos.
Ao Prof. Dr. Gilberto Marcucci e ao Prof. Dr. Dante Antônio Migliari, (Titular da
Disciplina de Estomatologia Clínica), pela oportunidade de ingresso no curso de Pós-
Graduação.
Aos professores da Disciplina de Estomatologia Clínica, por todo acolhimento
e ensinamento gentilmente dispensados.
A todos os funcionários, colegas e amigos, pelo constante companheirismo e
auxílio. Com todos vocês este trabalho tornou-se menos pesado.
A Prof. Sibele Sarti Penha pela realização da análise estatística.
Ao CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,
que me concedeu uma bolsa de auxílio à pesquisa durante a realização do
Mestrado, fato este que muito contribuiu para a viabilização desta dissertação.
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as
grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.
Charles Chaplin
O importante é estar pronto para, a qualquer momento, sacrificar o que somos pelo
que podemos vir a ser.
Charles Du Bois
Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração, dedicar-se a ele.
Buda
Nunca encontraremos a verdade se nos conformarmos com o que foi encontrado.
Gilbert de Tournai
Fréo B. Estudo clínico da atividade da capsaicina em portadores da Síndrome de
Ardência Bucal [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da
USP; 2008.
RESUMO
A Síndrome de Ardência Bucal (SAB) caracteriza - se por sensação de ardor, com
ausência de sinais clínicos ou laboratoriais associados. A etiopatogenia é
desconhecida, inexistindo protocolo terapêutico satisfatório. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a eficácia da aplicação tópica de capsaicina, como alternativa
terapêutica, em um grupo de pacientes portadores da SAB, além de investigar,
nessa população, indicativos de ansiedade e depressão, correlacionando estes
últimos aspectos com a resposta à terapêutica aplicada. Constituiu-se um grupo de
vinte indivíduos portadores da síndrome, todos de acordo com os termos do
consentimento esclarecido. Quinze sujeitos constituíram o grupo teste (GT) e foram
tratados com capsaicina, em aplicações diárias, durante três semanas, repetindo-se
o ciclo por quatro semanas após uma semana de intervalo. O grupo controle (GC) foi
tratado com o creme base utilizado como veículo da capsaicina, durante o mesmo
período. Ambos foram controlados após 30 dias do término da medicação. A
evolução dos sintomas foi controlada por escala visual de sintomatologia (EVS) e
questionário acerca do efeito global percebido (EGP). A intensidade média do
sintoma de ardência antes do início dos ciclos de tratamento, mensurado pela EVS,
foi de 5,1 (GT) e 4,4 (GC). Ao final da quarta semana o GT mostrou redução dos
sintomas (EVS=3,6), enquanto o GC declarou aumento da sintomatologia
(EVS=4,8). No GT, entre a quarta e a oitava semana houve redução dos sintomas
da ordem de 8,3%, e entre a oitava e a décima segunda semana observou-se
aumento de 13,5% da sintomatologia. No GC houve 22.8% de piora (EVS=5,75)
entre o início e a décima segunda semana. Ao EGP houve pelo menos algum alívio
do sintoma em seis pacientes (40%) do GT e em um paciente do GC (20%). Quatro
pacientes (26,6%) reportaram remissão total do sintoma após tratamento com
capsaicina e um paciente (20%) do controle. Para três pacientes do GT e dois do GC
não houve modificações do sintoma. Houve relato de piora em dois pacientes
(13,3%) do GT e um (20%) do GC. Oito pacientes do GT apresentaram alto nível de
ansiedade e sete níveis médios. No GC um paciente apresentou nível baixo, três
mostraram valores médios e um classificou-se como alto. Ao CES-D valores
indicativos de depressão foram registrados por dez pacientes (66,6%) do GT e 40%
(02) do GC. Concluímos que a capsaicina apresentou efetividade no controle da
sintomatologia da SAB, parecendo haver correlação com a intensidade inicial de
sintomas e manutenção do uso do medicamento. Além disso, houve correlação
entre alto nível de ansiedade e indicativos de depressão, embora não se tenha
percebido influência destes aspectos sobre a resposta terapêutica.
Palavras-Chave: síndrome de ardência bucal; ardor; medicamentos; capsaicina;
dores neuropáticas
Fréo B. Clinical study activity of capsaicin in patients with Burning Mouth Syndrome
[Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.
ABSTRACT
Burning mouth syndrome (BMS) is characterized by an oral burning sensation, with
no corresponding clinical signs or laboratory abnormalities. The etiology is unknown,
and there was no satisfactory treatment available. The objective of this study was to
evaluate the effectiveness of topical use of capsaicin, as an alternative therapy in a
group of BMS patients, as well as to correlate anxiety and depression levels to
response to the therapy applied. Twenty BMS individuals in accordance to the terms
to informed consent comprised the study group. Fifteen subjects were allocated to
the test group (TG) and were treated with capsaicin, in daily applications for three
weeks, one-week interval and an additional treatment cycle of four weeks. The
control group (CG) was treated with the cream base used as a vehicle of capsaicin
preparation, during the same period. All patients were examined 30 days after
discontinuation of the medication. Results were assessed through a visual analogue
scale (VAS) and a questionnaire on the global perceived effect (GPE). The average
symptoms intensity before treatment, on EVS, was 5.1 (TG) and 4.4 (CG). At the
fourth week control, TG presented reduction on the level of symptoms (EVS = 3.6),
while CG presented an increase of symptoms intensity (VAS = 4.8). In the TG,
between fourth and eighth week of follow-up, symptoms decreased around 8.3%,
and between the eighth and twelfth week there was an increase of 13.5% on
symptoms intensity. In the CG it was registered 22.8% of worsening (EVS = 5.75)
between the beginning of the study and the twelfth week of control. On GPE
assessment, six patients (40%) of TG and one patient of CG (20%), presented some
relief of symptoms; four patients TG (26.6%) reported total remission of symptoms
after treatment with capsaicin and one patient (20%) of control; three patients of TG
and two of the CG remained unaltered. There were reports of worsening in two
patients (13.3%) of TG and one (20%) of the CG. Eight patients of TG showed a high
level of anxiety and seven moderate levels. In CG one patient presented low level,
three showed a moderate level and one was ranked as having a high level of anxiety.
CES-D suggested traits of depression in ten patients (66.6%) of TG and 40% (2) of
the CG. We concluded that capsaicin is effective in controlling the burning symptom
of BMS, suggesting some correlation with initial symptoms intensity and the
maintenance of drug use. Moreover, there was some correspondence between high
levels of anxiety and traits of depression, but it was not perceived influence of these
aspects to the therapeutic response.
Keywords: Burning mouth syndrome; burning; drugs; capsaicin; neuropathic pain
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO
..................................................................................................12
2 REVISÃO DA LITERATURA
.........................................................................14
2.1 Etiologia.............................................................................................................15
2.2 Manifestações clínicas......................................................................................18
2.3 Diagnóstico........................................................................................................20
2.4 Terapêutica........................................................................................................21
2.4.1 Capsaicina ......................................................................................................24
2.5 Fatores psicológicos associados....................................................................30
3 PROPOSIÇÃO
..................................................................................................33
4 CASUÍSTICA - MATERIAL E MÉTODOS
..................................................34
5 RESULTADOS
..................................................................................................42
6 DISCUSSÃO
......................................................................................................57
7 CONCLUSÕES
.................................................................................................73
REFERÊNCIAS
....................................................................................................74
ANEXOS
.................................................................................................................82
12
1 INTRODUÇÃO
A SAB tem sido crescentemente estudada, em virtude de sua relativa
freqüência, da falta de esclarecimento de sua etiologia e, principalmente, devido à
ausência de uma alternativa terapêutica satisfatória.
O fato do sintoma não se acompanhar de alterações objetivas em mucosa
suscitou, durante muito tempo, a suspeita de que se tratasse de uma alteração
psicogênica que deveria conduzir o paciente portador à Psiquiatria ou a um
psicoterapeuta. Atualmente a condição vem sendo mundialmente estudada,
conseqüente à sua distribuição universal e ao próprio esclarecimento da população,
entretanto esse investimento ainda não resultou em resultados práticos
significativos.
A tendência atual é a de se considera-la como distúrbio neuropático levando-
se em conta uma série de indícios que pacientes portadores freqüentemente
apresentam, quais sejam alterações do paladar, resposta antagônica à aplicação de
anestésicos tópicos, resposta irregular a testes de reflexos nervosos como o “piscar
dos olhos” e a própria sensação de ardência diuturna que pouco se modifica em sua
evolução. Assumindo-se esta linha hipotética de etiopatogenia, as possibilidades
terapêuticas são ainda limitadas.
Indubitavelmente parece existir a concorrência importante de fatores
emocionais nesses pacientes, desde que terapêuticas placebo produzem benefício a
parte dos doentes, entretanto, a utilização de ansiolíticos e anti-depressivos vem
sendo proposta há algum tempo e não tem se mostrado satisfatória.
13
A Clínica de Diagnóstico Bucal da FOUSP já recebeu ao longo dos últimos
anos um número significativo de pacientes portadores da SAB e tem procurado
desenvolver protocolos terapêuticos para essa população. Técnicas de acupuntura,
laser de baixa potência e ácido alfa-lipóico constituem alguns dos protocolos que
foram investigados ou vem sendo desenvolvidos. A capsaicina comparece à
literatura como uma das possibilidades de controle da sintomatologia associada à
SAB, desde que sua ação sobre as fibras sensoriais do tipo C interfere na condução
do estímulo nervoso e, por esse motivo candidatou-se a uma investigação clínica em
nosso Departamento.
Os portadores da SAB constituem-se, em geral, em pacientes de difícil manejo.
A maior parte deles sofre com a condição há vários anos e já percorreu diversos
profissionais. Já foram tratados com ceticismo e já experimentaram terapêuticas que
nenhum benefício produziu. De outro lado, os profissionais, especialmente os
cirurgiões-dentistas, não dispõem de protocolos terapêuticos estabelecidos e não
são capazes de avaliar adequadamente a interferência emocional sobre o quadro
que o paciente apresenta.
O desafio está à mesa e nos serviu de incentivo para seguir investigando
alternativas mais adequadas ao manejo dos pacientes portadores dessa síndrome,
cujo diagnóstico é estabelecido por exclusão e cuja avaliação terapêutica depende
unicamente da informação subjetiva dos pacientes, o que, sem dúvida, frustra
enormemente grande parte dos profissionais.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
A SAB, outrora também conhecida (hoje ainda em pequenos círculos) como
glossodinia, glossopirose, estomatodinia e, entre outros termos, disestesia bucal, é
caracterizada pela sensação de ardor em mucosa clinicamente normal, ou seja, a
queixa do paciente não corresponde a sinais clínicos evidentes (BERGDHAL;
BERGDHAL, 1999; GRUSHKA; CHING; EPSTEIN, 2006; GRUSHKA; EPSTEIN;
GORSKY, 2002a; SANTORO; CAPUTO; PELUSO, 2005; GRUSHKA; CHING;
EPSTEIN, 2006).
Considerada condição crônica e atípica, afeta mais freqüentemente mulheres
no climatério, numa proporção de cerca de nove mulheres para cada homem
(GRUSHKA; EPSTEIN; GORSKY, 2002a ; HAKEBERG et al., 1997; LAMEY, 1996;
VAN DER PLÖEG et al., 1987; VAN DER WÄAL, 1990). A incidência da SAB na
população em geral não é bem conhecida, estima-se, no entanto, que cerca de 0,4%
da população dos Estados Unidos seja afetada por esta doença (MUZIKA; DE
ROSSI, 1999).
Estudo realizado com 1427 indivíduos na Suécia; 669 homens e 758 mulheres,
média de idade de 59 anos; apontou prevalência de SAB de 3,7% (BERGDHAL;
BERGDHAL, 1999). Pajukosky et al. (2001), em estudo realizado na Finlândia, com
indivíduos mais idosos, observou uma prevalência ainda maior: 12,6% de 75
pacientes hospitalizados (média de idade 82 anos) e 18,3% de 266 idosos não
institucionalizados (média de idade 77 anos).
15
2.1 Etiologia
A etiologia da SAB ainda é incerta. A maioria dos estudos mais recentes
considera origem multifatorial para a doença (BERGDHAL; BERGDHAL, 1999;
GRUSHKA, 1987; GRUSHKA; CHING; EPSTEIN, 2006; GRUSHKA; EPSTEIN;
GORSKY, 2002a; LAMEY, 1996; SHIP et al., 1995; VAN DER PLÖEG et al., 1987;
VAN DER WÄLL, 1990).
Os fatores supostamente relacionados estão divididos em quatro grupos. O
primeiro inclui fatores locais: infecções (candida, bactérias inespecíficas,
fusoespiroqueta), xerostomia, alteração do paladar, hipogeusia (diminuição do
paladar) ou disgeusia, na qual o paciente refere gosto persistente principalmente
metálico, salgado e amargo, alergênicos (corantes, conservantes) e dentários
(próteses, traumas). O segundo inclui fatores de origem sistêmica como: nutricionais
(ferro, complexo B, ácido fólico e zinco), hormonais (diabetes mellitus, hipotiroidismo
e menopausa), medicamentosas (antibióticos, antidepressivos tricíclicos, anti-
retrovirais) e alterações das glândulas salivares (Sjögren, fibromialgia, irradiação). O
terceiro envolve condições psicogênicas como cancerofobia, depressão, ansiedade
e transtorno obsessivo compulsivo, (BERGDHAL; BERGDHAL, 1999; LAMEY, 1996;
SHIP et al., 1995; VAN DER PLÖEG et al., 1987; VAN DER WÄLL, 1990). Um
quarto fator seria de causa idiopática (CERCHIARI et al., 2006).
Investiga-se a participação de outros fatores na etiopatogenia da SAB, como
alterações neurológicas e no mecanismo de transmissão da dor (FORMAKER;
MOTT; FRANK, 1998; FORMAKER; FRANK, 2000; TANAKA et al., 2002).
16
Aparentemente interações centrais e periféricas, entre os sistemas
nociceptivo da dor e gustatório, na etiopatogenia da SAB. Formaker, Mott e Frank
(1998) num estudo que envolveu 33 pacientes com SAB, observaram que a
disgeusia diminuía em intensidade após a aplicação de anestésico tópico, sugerindo
que a disgeusia nestes pacientes está relacionada à ativação de mecanismos
gustatórios periféricos. Ainda neste relato, foi reportado que a anestesia tópica
bloqueava os sintomas de ardor em um terço dos pacientes, enquanto em outros
havia um aumento da sensação de ardor após o mesmo procedimento, o que levou
à suposição de uma origem central para o ardor em alguns sujeitos da pesquisa.
Sugere-se que ocorra uma interação entre os mecanismos de nocicepção e
gustação no sistema nervoso central, e possível dano resultante em ardência bucal
(BRAILO et al., 2006; FEMIANO, 2004).
Pesquisas têm relacionado a ocorrência de SAB principalmente à disfunção
sensorial e às alterações neuropáticas (FORSSELL et al., 2002; HAGELBERG et al.,
2003; JÄÄSKELÄINEN; FORSSEL; TENOVUO, 1997; PATTON et al., 2007). A
doença é classificada por alguns autores, entre as neuropatias de pequenas fibras,
ao lado de outras doenças como a neuropatia diabética (GAO; WANG; WANG,
2000; LAURIA et al., 2005; JÄÄSKELÄINEN; FORSSEL; TENOVUO, 1997; YILMAZ
et al., 2007).
Lauria et al. (2005) através da realização de biópsia nos terços anteriores da
língua de pacientes com SAB e controles, verificaram uma redução substancial na
densidade de fibras epiteliais neurais nas amostras SAB, com uma tendência de
correlação com o tempo de evolução dos sintomas. Além disso, as fibras neurais
epiteliais e subpapilares mostraram alterações morfológicas difusas, refletindo
17
degeneração axonal, o que sugeriu associão da SAB com neuropatia trigeminal
de pequenas fibras.
Grushka, Sessle e Howley (1987) testaram modalidades sensoriais (tato, dor e
função sensorial térmica) entre setenta e dois indivíduos com SAB e quarenta e três
controles. A tolerância à dor foi significativamente menor, no ápice lingual, para os
pacientes em relação aos controles, sugerindo alterações específicas em funções
sensoriais centrais e periféricas.
Ito et al. (2002) avaliaram o limiar da dor através da estimulação térmica em
língua de vinte pacientes diagnosticados com ardência bucal, observando limiar
menor do que no grupo controle. A duração e complexidade da queixa de ardor
foram consideravelmente maiores após a remoção do estímulo em relação aos
controles, mostrando possível relação entre a dor e disfunção periférica na língua e /
ou disfunção central.
Eliav et al. (2007) em estudo envolvendo vinte e dois pacientes observaram
evidências de hipofunção do nervo corda do tímpano em 82% dessa casuística (59%
unilateral e 23% bilateral). A hipofunção unilateral pode ser suficiente para produzir
sensação generalizada de ardor para além da área de inervação.
Em seus estudos, Jääskeläinen, Forssel e Tenovuo (1997) pesquisaram o
possível mecanismo neuropático relacionado à doença por uma avaliação
eletrofisiológica do sistema trigêmeo-facial usando o reflexo de piscar. Com
estimulação não noxial do nervo supraorbital, os pacientes de SAB mostraram, com
maior freqüência, anormalidades relacionadas à dor e ao reflexo de piscar quando
comparados aos controles. Esses desvios do reflexo de piscar parecem estar
relacionados à longa duração da doença, que normalmente ocorre, sugerindo um
possível envolvimento patológico do sistema nervoso. A avaliação do reflexo de
18
piscar demonstrou que um quinto destes pacientes apresenta neuropatia trigeminal
ou patologia de tronco cerebral e outro quinto deles mostraram aumento de
excitabilidade do reflexo de piscar. Em aproximadamente três quartos dos pacientes
um ou mais limiares sensoriais estavam anormais, indicando disfunção de pequenas
fibras, a maioria com hipoestesia. Os achados evidenciam envolvimento de
componente neuropático na patologia em questão.
Para Puri et al. (2005) a função neuroprotetora do estrógeno sobre o sistema
dopaminérgico nigroestriatal e o seu declínio com a menopausa, poderia explicar a
predileção da doença pelo sexo feminino e faixa etária. Estudos em modelo animal
suportam o efeito protetor do estrógeno sobre o sistema dopaminérgico central por
demonstração de modulação direta do gânglio trigeminal pelo estrógeno.
2.2 Manifestações clínicas
O sintoma referido é geralmente dor do tipo queimação, de intensidade entre
moderada e severa, sendo a língua o local mais acometido, ao menos 60% dos
casos, seguida do lábio inferior (AMENÁBAR et al., 2008). A ardência é quase
sempre bilateral e simétrica. Mucosa jugal, assoalho bucal e orofaringe constituem
localizações menos freqüentes (BERGDHAL; BERGDHAL, 1999; GORSKY;
SILVERMAN; CHINN, 1991; LAMEY, 1996; VAN DER WÄAL, 1990).
Algumas vezes, em um mesmo paciente, pode-se observar o sintoma de ardor
em boca e em outras regiões do corpo, sendo mais freqüente a região anogenital,
quando tal sucede (GAITONDE et al., 2002; LAMEY, 1996).
19
Lamey (1998) na tentativa de agrupar os pacientes de acordo com as
características de suas queixas, classificou a SAB em três subtipos:
SAB tipo 1– Sintomas de ardor diário. A ardência, no entanto, não está presente ao
levantar-se, mas surge com o decorrer do dia, piorando ao anoitecer. Ocorre em
aproximadamente 35% dos pacientes. Pacientes de SAB tipo 1 são mais difíceis de
tratar porque uma grande proporção deles apresenta ansiedade crônica, que
representa o mais difícil obstáculo para o tratamento (LAMEY, 1996).
SAB tipo 2 - Neste caso, os pacientes têm ardência todos os dias e ela está
presente ao levantar-se, sem modificações durante o dia ou noite; observa-se esta
queixa em cerca de 55% dos pacientes.
SAB tipo 3 - A ardência ocorre em alguns dias, havendo dias livres de sintomas. Ao
contrário dos tipos 1 e 2, o sítio de ardência costuma ser pouco comum como
assoalho de boca, mucosa jugal e orofaringe. Cerca de 10% dos pacientes de SAB
enquadram-se neste subtipo.
Normalmente, a história dos pacientes evidencia sintomatologia de vários anos
de duração. A maioria dos pacientes de SAB relata piora com estresse ou tensão,
fadiga, fala (GRUSHKA, 1987) e consumo de alimentos cítricos e condimentados
(LAMEY, 1996; VAN DER WÄLL, 1990). Em um grupo de setenta e dois pacientes
SAB estudado por Grushka (1987), o repouso e os exercícios físicos tiveram pouco
efeito na modificação do ardor (80% dos casos), enquanto que se observou redução
20
com o sono (69%), durante a alimentação (58%), com alimentos gelados (52%),
trabalho (52%), lazer (48%) e com o consumo de bebidas alcoólicas (27%).
A sensação de lábios e boca seca, disgeusia persistente, gosto amargo ou
metálico são sintomas freqüentemente associados à condição (AMENÁBAR et al.,
2008; BERGDHAL; BERGDHAL, 1999; GORSKY; SILVERMAN; CHINN, 1991;
GRUSHKA; EPSTEIN; GORSKY, 2002a; TANAKA et al., 2002).
2.3 Diagnóstico
Nos estudos de Lauritano, Petruzzi e Baldoni (2003) e Petruzzi et al. (2004)
todos os sujeitos da pesquisa considerados com SAB localizaram a sensação de
ardência na língua ou outro sítio oral, na ausência de lesões clínicas. Os pacientes
foram examinados de acordo com os critérios estabelecidos por Berghdal e Anneroth
(1994), que incluíam história médica e dental, fluxo salivar, investigação da presença
de fungos, exames laboratoriais (hemoglobina, volume corpuscular médio) e
presença de anemia.
Todos os pacientes SAB de León Espinosa, López Jornet e Frutos Ros (2004)
foram submetidos a um protocolo de coletas de dados a fim de elaborar o
diagnóstico, contendo história médica e hábitos dos sujeitos da pesquisa,
características da doença como: sintomas referidos, tempo de evolução,
características da dor, condições de início dos sintomas e localização. Também se
avaliou a evolução dos sintomas com a finalidade de classificar os pacientes
segundo o critério de Lamey (1998), além de se observarem sintomas associados
21
como alteração de paladar e secura bucal. O exame intra-oral buscou afastar causas
locais de ardência, como eritema, fissuras, ulcerações, candidose, fontes de trauma
dentário e protético. Exames complementares de sialometria, glicemia, triglicérides,
hemoglobina, hematócrito, VCM, HCM, leucócitos e ácido fólico foram solicitados.
Cavalcanti et al. (2007), acompanharam trinta e um pacientes portadores de
SAB no serviço de Estomatologia da FOUSP, utilizaram como critério de inclusão
pacientes com queixa de ardência sem sinais clínicos que pudessem justificar os
sintomas. Em todos os casos um protocolo clínico de diagnóstico foi estabelecido
investigando-se o estado de saúde geral e local, por meio de exame físico, exames
hematológicos (hematócrito, hemoglobina e glicemia) e mensuração de fluxo salivar
não estimulado.
2.4 Terapêutica
Uma grande variedade de terapias para o controle sintomático da SAB tem sido
proposta, mas o resultado ainda não é satisfatório (SCALA; CHECCHI;
MONTEVECCHI, 2003; ZAKRZEWSKA; FORSSELL; GLENNY, 2005). O tratamento
é ainda empírico e segue os esquemas sistêmicos ou tópicos, utilizados nas
condições neuropáticas crônicas. Esse fato faz com que os pacientes procurem
auxílio de diversos especialistas, e façam uso se diversas medicações, ao longo da
história de sua doença, como: antifúngicos tópicos, vitaminas do complexo B
(LAMEY, 1998), bochechos com substâncias anestésicas (SARDELLA et al., 1999),
22
reposição hormonal e drogas ansiolíticas (GRUSHKA; EPSTEIN; MOTT, 1998;
TAMMIALA-SOLONEN; FORSSEL, 1999).
Benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos estão incluídos entre estas
opções, apesar de não existirem muitos estudos controlados analisando a utilização
destas drogas na SAB. A utilização de baixas doses de amitriptilina e/ou clonazepan
é recomendada por alguns autores (GRUSHKA; EPSTEIN; GORSKY, 2002b).
Gorsky et al. (1991) consideraram o clorodiazepoxide (Librium®), como droga efetiva
e utilizaram também o diazepan (Valium®), com bons resultados. Vários pacientes,
no entanto, abandonam o uso dos antidepressivos, devido aos efeitos colaterais que
podem ser mais incômodos que a própria sensação de ardor (VAN DER WÄLL,
1990).
Woda et al. (1998) avaliaram a eficácia do clonazepan tópico em 25 pacientes
(80% destes faziam uso de antidepressivos e ansiolíticos, que não foram suspensos
durante o estudo). Os pacientes eram instruídos a quebrar o tablete na boca e reter
a saliva sem deglutir por três minutos, para em seguida descartar o conteúdo. A
dose utilizada foi de 0.5 a 1mg, de duas a três vezes ao dia. Houve remissão
completa em 40% dos pacientes (10 casos), enquanto 24% não apresentaram
melhora do quadro. O acompanhamento dos pacientes foi realizado durante 3
meses, sem retorno dos sintomas.
Em outro estudo, melhora do sintoma foi reportada com clonazepan tópico 1mg,
três vezes ao dia, em tratamento com duração de duas semanas. Os resultados
demonstraram redução significativa na intensidade do ardor em 66% dos pacientes
(GREMEAU-RICHARD et al., 2004).
Maina et al. (2002) testaram a efetividade de três medicamentos: amisulpiride,
50mg/dia; paroxetina, 20mg/dia e sertralina, 50mg/dia, durante oito semanas em três
23
grupos de 27, 26 e 23 pacientes respectivamente, todos portadores de SAB. A
eficácia ficou em torno de 70% para os três medicamentos, sem efeitos adversos
sérios.
Drogas anti-epilépticas inibem o sistema nervoso central, com diminuição da
excitabilidade neural e dor. Como exemplo desse tipo de medicamento pode-se citar
o clonazepan e a gabapentina. As características dos anti-epilépticos justificam sua
utilização como alternativa terapêutica na SAB, no entanto, a gabapentina não
demonstrou efetividade (HECKMAN et al., 2006; WHITE et al., 2004).
Femiano, Gombos, Scully (2004) investigaram a ação terapêutica do ácido alfa-
lipóico (ALA) na dosagem de 600mg/dia, paralelamente a um grupo placebo. O ALA
foi selecionado devido às suas propriedades de regeneração neurológica,
demonstradas no tratamento de desordens neuropáticas crônicas. No grupo tratado,
81% apresentaram alguma melhora, enquanto no grupo placebo esse percentual foi
de 13% aproximadamente.
A maior ocorrência da SAB em mulheres suscitou a hipótese de que um
declínio no nível de estrógeno ocasionaria mudanças no epitélio oral, resultando
ardência, entretanto, tratamentos a base de reposição hormonal não apresentaram
resultados satisfatórios (FORABOSCO et al., 1992).
Uma revisão dos tratamentos farmacológicos utilizados nos últimos dez anos
destinados a aliviar os sintomas da SAB, concluiu que a capsaicina e o clonazepan,
administrados via oral, deveriam ser descartados como intervenção terapêutica
nesses pacientes devido à severidade dos efeitos adversos. A gabapentina não
mostrou eficácia, enquanto o clonazepan tópico até o presente momento se mostrou
como a melhor opção, trazendo benefícios significativos a quase metade dos
pacientes tratados (SERRA; LIORCA; DONAT, 2007).
24
2.4.1 Capsaicina
A possibilidade de a SAB constituir-se em um tipo de neuropatia elegeu a
capsaicina como alternativa terapêutica. A capsaicina (trans-8-metil-N-vanilil-6-
nonenamida) tem sido utilizada no tratamento de dores neuropáticas bucais há não
muito tempo, sendo também recente o uso em pacientes SAB (GALARZA-
MANYARI, 2005; HUANG; ROTHE; GRANT-KELS, 1996; LAURITANO; PETRUZZI;
BALDONI, 2003; PETRUZZI et al., 2004).
Originada da pimenta vermelha, do gênero Capsicum, a capsaicina é um
alcalóide estável que constitui um complexo de capsaicinóides (componentes
químicos que dão às pimentas sua ardência característica). Corresponde a molécula
ativa responsável por dessensibilizar os nociceptores C da mucosa bucal (EPSTEIN;
MARCOE, 1994;KALIL-GASPAR, 2003).
Terapeuticamente o composto pode ser utilizado de forma tópica ou sistêmica
(LEJEUNE; KOVACS; WESTERTERP-PLANTENGA, 2003; NGOM et al., 2001) com
profunda dessensibilização funcional. Sua utilização sistêmica produz redução dos
sintomas, mas concomitantemente os pacientes podem apresentar problemas
gástricos (PETRUZZI et al., 2004). A capsaicina tópica apresenta valores
terapêuticos em odontalgias atípicas, dores orofaciais crônicas (VICKERS et al.,
1998), neuralgia pós herpética (WATSON et al., 1993), neuropatia diabética,
síndrome de dor pós mastectomia (WATSON; EVANS, 1992), dor neuropática oral,
neuralgia trigeminal e distúrbios temporo-mandibulares. O grau de alívio geralmente
é modesto, embora alguns pacientes tenham reportado bons resultados. (HERSH;
PERTES; OCHS, 1994).
25
As indicações terapêuticas da capsaicina tópica incluem dores neuropáticas,
particularmente acompanhadas de hiperalgesia. Os autores a consideram também
como uma opção em pacientes idosos, pela possibilidade da diminuição dos efeitos
secundários sistêmicos provenientes das interações medicamentosas, onde a
principal indicação do uso tópico é como coadjuvante de antidepressivos e
anticonvulsivantes nos diversos quadros de dor neuropática, desde que, como
terapia única, parece ser insuficiente. Apesar de alguns estudos demonstrarem uma
maior efetividade da capsaicina frente ao placebo, são poucos os pacientes que
referem uma resposta expressiva quando a utilizam como terapia única. Dessa
maneira seu uso seria especialmente interessante nos casos em que há efeitos
secundários dos referidos medicamentos, a fim de reduzir suas dosagens, como
complementação da terapia sistêmica (VIDAL et al., 2004).
Tem sido proposto por Ylmaz et al. (2007) que nesses pacientes com dores
crônicas ocorre uma super - regulação dos receptores de calor TRPV1 (transient
receptor potential vanilloid type 1) expressados pelas fibras sensoriais do tipo C na
pele ou na mucosa. Esse receptor foi clonado pela primeira vez em 1997
(CATERINA et al., 1997). A capsaicina é considerada um agonista do TRPV1,
capaz de dessensibilizar as fibras aferentes vesicais do tipo C (KALIL-GASPAR,
2003; SILVA et al., 2006).
A aplicação do composto parece primeiramente ativar um conjunto de
nociceptores que expressam esse receptor, o que resulta no aumento da
permeabilidade da membrana para cátions, com liberação de neuropeptídeos a
partir de terminações nervosas, tais como a substância P (SP) e conseqüente
ardência. A SP, o principal membro da família das taquicininas e mais importante na
pele, é um peptídeo de11 aminoácidos, que recebeu essa denominação por parte de
26
seus descobridores, meramente devido à forma como era extraída, em pó (do inglês
powder). A presença de SP de origem neural na pele parece fortemente controlada
pela disponibilidade do fator de crescimento neural (NGF) sintetizado especialmente
por ceratinócitos (KALIL-GASPAR, 2003). O estímulo inicial decorrente da aplicação
da capsaicina é seguido por um estado duradouro refratário denominado
dessensibilização, com claro potencial terapêutico. Esse processo depende de uma
variedade de fatores: concentração, duração da aplicação, bem como presença ou
ausência de cálcio extracelular. Acontece, então, uma supressão da atividade
sensorial das fibras aferentes primárias do tipo C. Ao ligar-se aos receptores TRPV1
ocorre um influxo de cálcio pelo neurônio sensitivo, gerando potenciais de ação que
liberam neuropeptídeos nos terminais nervosos periféricos, como a SP (SZALLASI;
BLUMBERG, 1999).
A aplicação repetida da capsaicina leva a dois tipos de dessensibilização: uma
farmacológica, onde há um declínio progressivo do estímulo em resposta a
capsaicina, e outra “funcional” com redução ou perda de outros estímulos também.
Essas terminações nervosas parcial ou totalmente degeneradas podem perder
contato com células que secretam NGF, responsáveis pela regulação da expressão
do TRPV1, SP, e outras moléculas necessárias para a nocicepção (HELIWELL et al.,
1998). Na ausência de NGF, a sensibilidade das fibras sensitivas para agonistas do
TRPV1 está diminuída, bem como a expressão de TRPV1 e da SP. Mas pode
ocorrer reversão do quadro caso a aplicação da capsaicina seja descontinuada,
requerendo assim repetidas aplicações para manutenção da eficácia terapêutica
(ANAND, 2003).
Os efeitos agudos percebidos imediatamente após a aplicação da capsaicina,
como dor ou ardência, são seguidos por um período longo onde ocorrem alterações
27
nas fibras sensoriais, que incluem perda de imunoreatividade para receptores
TRPV1 e para neuropeptídeos como a SP. Alguns estudos ainda sugerem que a
aplicação local de agonistas de TRPV1 diminui a quantidade de NGF nas fibras
sensitivas (SILVA et al., 2006).
A dose apropriada de capsaicina aplicada topicamente para um tratamento
efetivo de dores neuropáticas, neuralgia pós-herpética, entre outras é 0, 075% e
produz perda profunda de fibras intraepidermais com 24 horas (KHALILI et al.,
2001). Lysy et al. (2003) optaram em seu estudo por uma concentração de 0,006%,
aparentemente muito baixa para produzir dessensibilização funcional.
Um estudo clássico da utilização da capsaicina no tratamento de dores
neuropáticas foi o de Epstein e Marcoe (1994) em vinte e quatro pacientes (19
mulheres e 5 homens) classificados como portadores de neuralgia trigeminal ou dor
neuropática, de acordo com os critérios da Associação Internacional para o Estudo
de Dor. Os sujeitos da pesquisa foram tratados com capsaicina tópica a 0, 025%,
quatro vezes ao dia, durante quatro semanas e acompanhados pelo maior tempo
possível. A avaliação se deu pela escala visual de sintomatologia (EVS) e relato
verbal dos sintomas. O efeito colateral mais comumente observado foi a ardência
provocada pela aplicação do medicamento, que ocorreu em 58,3% dos pacientes
onde a remissão se dava entre duas e quatro semanas. Depois de repetidas
aplicações, houve completa remissão dos sintomas em 31,6% dos casos e outros
31,6% apresentaram melhora parcial. Dois casos tratavam-se de SAB, um paciente
apresentou melhora total (controle de 12 meses) enquanto que no segundo a
melhora ficou em torno de 10-50% (controle de 3 meses).Redução maior que 50%
(resolução completa ou resposta parcial) foi relatada pelos indivíduos com dor
neuropática (19 pacientes).
28
Com a finalidade de testar a efetividade da capsaicina sistêmica no tratamento
da SAB, Lauritano, Petruzzi e Baldoni (2003) selecionaram oitenta e quatro
pacientes (19 homens e 63 mulheres) divididos em dois grupos. O primeiro recebeu
três cápsulas de capsaicina ao dia durante um mês, enquanto o segundo foi tratado
com placebo e seguiu a mesma metodologia. A intensidade do ardor foi mensurada
pela EVS, com valores de P menor que 0.05 considerados significantes. Não houve
relatos de efeitos adversos importantes, registrando-se melhora significativa no
grupo tratado com capsaicina (p<0,05).
Petruzzi et al. (2004) em estudo triplo cego e placebo controlado, envolvendo
dois grupos de vinte e cinco pacientes com SAB, utilizaram capsaicina em cápsulas
na dosagem de 0,25% ou placebo, via sistêmica, duas vezes ao dia, por 4 semanas.
No grupo tratado com capsaicina, dos quinze pacientes com escore de EVS entre 8
e 10, catorze melhoraram; dos oito pacientes com EVS entre 4 e 7, apenas três não
apresentaram qualquer melhora após um mês de tratamento. No grupo de vinte e
cinco pacientes que utilizaram placebo, apenas um apresentou melhora. Com
relação aos efeitos colaterais, casos de progressiva dor gástrica foram reportados no
grupo tratado com capsaicina, num total de oito casos (32%) após quatro semanas
de tratamento.
Estudos duplo-cego com capsaicina tópica são de difícil realização, devido à
sensação de ardor produzida localmente, no momento da aplicação (VIDAL et al.,
2004).
León Espinosa, López Jornet e Frutos Ros (2004) testaram capsaicina tópica
em gel na concentração de 0,025 mg em quinze pacientes com SAB (13 mulheres e
02 homens). O gel era aplicado nas áreas com ardência, duas vezes ao dia no início
da manhã quando os sintomas eram mínimos e, no final da tarde, quando os
29
sintomas estavam exacerbados, por um período de três semanas. Foi recomendado
enxaguar a boca com água fria, caso não tolerassem o ardor inicial. Os pacientes
foram avaliados durante sete dias consecutivos na primeira semana, e depois
reavaliados após quinze dias, completando três semanas. Do total de quinze
pacientes, oito (53%) desistiram na primeira semana por não tolerar o ardor inicial
decorrente da capsaicina, dois (13,3%) relataram melhora total passando de uma
pontuação de EVS de 6,5 iniciais para 2,5 ao final da terceira semana de tratamento;
um (6,7%) relatou melhora parcial passando de 6 para 4 e quatro (26,6%) pacientes
não relataram melhora alguma. Os resultados desse estudo mostraram uma
efetividade relativamente baixa da capsaicina (13,3%), devido principalmente ao
ardor secundário produzido pela aplicação do medicamento. O autor julgou
necessários estudos mais longos, em amostras maiores de pacientes, com
apresentações e concentrações diferentes do composto. Apesar da baixa eficácia
observada no estudo, os autores recomendaram a utilização da capsaicina no
tratamento inicial destes pacientes, como uma alternativa para evitar interações e
complicações decorrentes de tratamentos sistêmicos empregados.
Estudo duplo cego realizado no Departamento de Dermatologia do Hospital
“Dos de Mayo” (Peru) publicado por Galarza-Manyari (2005), utilizou capsaicina
tópica 0,05 e 0,075% em sessenta pacientes com neuralgia pós – herpética divididos
em dois grupos com aplicações de 6 em 6 horas durante 45 dias. No grupo tratado
com capsaicina a 0,075% houve melhora significativa em dezoito pacientes (60%),
reações adversas ( eritema e aumento da dor) ocorreram em cinco pacientes. Na
dosagem de 0,05% a melhora foi reportada por dezesseis pacientes (53,3%) e os
efeitos adversos citados anteriormente ocorreram em sete casos. Não foi observada
diferença estatisticamente significante entre as concentrações empregadas, a não
30
ser o tempo de início de atividade terapêutica e efeitos colaterais que foram menores
para a concentração de 0,075%.
2.5 Fatores psicológicos associados
A literatura científica (AMENÁBAR et al., 2008; CAVALCANTI et al., 2007;
FORSSELL et al., 2002; HAKEBERG; HALLBERG; BERGGREN, 2003) mostra que
estados de ansiedade e depressão estão associados com a etiopatogenia de SAB.
Enfocando o aspecto psicológico das mulheres com SAB, observou-se que
todas as pacientes de seu estudo haviam passado por momentos de grande
estresse ou decepção durante suas vidas culminando com o aparecimento de dor
oral (HAKEBERG; HALLBERG; BERGGRERN, 2003). Estes autores detectaram que
estas mulheres tinham alto grau de ansiedade e se auto descreviam como
persistentes e exigentes consigo mesmas.
Em estudo realizado no Departamento de Diagnóstico Oral da Universidade de
São Paulo e publicado por Cavalcanti et al. (2007) com trinta e um pacientes (28
mulheres e 3 homens) diagnosticados com SAB, a maioria deles (80,6%) utilizava
cronicamente anti-hipertensivos, ansiolíticos e antidepressivos. Além desse fato,
foram referidas alterações nas atividades cotidianas, em conseqüência da SAB, em
29% dos pacientes.
A SAB quase sempre afeta a qualidade de vida dos pacientes, sendo que
grande parte altera seus hábitos alimentares desde o início dos sintomas. De acordo
com Grushka (1987), na análise de setenta e dois pacientes, houve mudanças de
31
comportamento ou humor em cerca de 70% destes indivíduos. Gorsky, Silverman e
Chinn (1991) afirmam que raramente os sintomas interferem no sono, enquanto
outros autores observaram que dois terços dos pacientes têm dificuldade em dormir,
ou acordam durante a noite, em conseqüência do ardor (VAN DER PLÖEG et al.,
1987). Trata-se de uma condição complexa, que não segue os parâmetros
científicos aplicados à maioria das doenças (LAMEY, 1996).
A avaliação psicológica e a psicoterapia são recomendadas como parte do
tratamento, devido à alta prevalência dos estados de ansiedade e depressão entre
estes pacientes; além da interferência destas condições sobre os sintomas (LAMB;
LAMEY, 1988; LAMEY, 1996; TROMBELLI; ZANGARI; CALURA, 1994; VAN DER
PLÖEG et al., 1987).
As escalas analógicas visuais têm sido empregadas para avaliar diferentes
aspectos subjetivos, como humor (BARTON et al., 1993), dor e particularmente
ansiedade. O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) é um dos instrumentos
mais utilizados para quantificar componentes subjetivos relacionados à ansiedade.
Desenvolvido por Spielberger, Gorsuch e Lushene em (1970), o IDATE apresenta
uma escala que avalia a ansiedade enquanto estado (IDATE-E) e outra que acessa
a ansiedade enquanto traço (IDATE-T). Enquanto o estado de ansiedade reflete uma
reação transitória diretamente relacionada a uma situação de adversidade que se
apresenta em dado momento, o traço de ansiedade refere-se a um aspecto mais
estável relacionado à propensão do indivíduo lidar com maior ou menor ansiedade
ao longo de sua vida.
Fioravanti et al. (2006) investigaram a estrutura fatorial da escala de ansiedade-
traço do IDATE a partir de três amostras brasileiras: estudantes de duas
universidades do Rio de Janeiro, estudantes do último ano do ensino médio em
32
Brasília e militares em processo de avaliação, detectando diferenças significativas
entre gêneros. Mulheres apresentaram escores significativamente maiores em
relação aos homens.
Com vistas a identificar humor depressivo em estudos populacionais, tem sido
amplamente utilizada em diferentes contextos a Escala de Rastreamento
Populacional para Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D).
Trata-se de um instrumento desenvolvido com a finalidade de detectar sintomas de
depressão em populações adultas. A escala compreende itens relacionados a
humor, comportamento e percepção que foram considerados relevantes em estudos
clínicos sobre depressão (SILVEIRA; JORGE, 1998).
33
3 PROPOSIÇÃO
Este estudo teve por objetivos avaliar a eficácia da aplicação tópica de
capsaicina, como alternativa terapêutica, em um grupo de pacientes portadores da
Síndrome de Ardência Bucal (SAB), além de investigar, nessa população, indicativos
de ansiedade e depressão, por meio da aplicação do inventário de ansiedade-traço
IDATE e da escala de rastreamento populacional para depressão do Centro de
Estudos Epidemiológicos (CES-D), correlacionando estes últimos aspectos com a
resposta à terapêutica aplicada.
34
4 CASUÍSTICA - MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa se desenvolveu no Ambulatório de Diagnóstico Bucal da FOUSP,
no período de agosto de 2006 a abril de 2008. Os sujeitos de pesquisa foram
convidados a participar do estudo após a confirmação do diagnóstico de SAB,
respeitando as condições estabelecidas no projeto de pesquisa. Este estudo obteve
aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (ANEXO - A).
4.1 Pacientes
Os pacientes foram seqüencialmente incluídos no grupo estudo após a
observação das seguintes condições:
- Estabelecimento do diagnóstico de SAB de acordo com os critérios: sensação
de ardência ou queimação bucal, incluindo o segmento anterior da boca, ausência
de sinais de doença ou relação com fatores traumáticos locais nas regiões afetadas
e duração dos sintomas mínima de quatro meses;
- Fluxo salivar não- estimulado acima de 0,1mL/min.;
- Ausência de anemia, verificada por hemograma;
- Afastamento de diabetes não controlada, verificado por exame hematológico;
- História médica negativa para distúrbios gastrintestinais;
35
-História negativa de hipersensibilidade à capsaicina (verificada na anamnese,
quando se investigou intolerância a pimentas vermelhas);
- História negativa de tratamento atual ou nos últimos três meses para SAB;
- Concordância com os termos do consentimento livre e esclarecido.
Uma vez satisfeitas às condições anteriores, os pacientes foram divididos em
dois grupos: um grupo chamado teste (GT) que recebeu tratamento à base de creme
de capsaicina e outro grupo chamado controle (GC) que recebeu como tratamento o
creme base sem adição de capsaicina.
Os grupos foram constituídos sem aplicação de técnicas de randomização, de
forma seqüencial, na razão de alocação de 3:1, ou seja, uma seqüência de três
pacientes foi alocada ao GT e o seguinte ao GC, repetindo-se esse ciclo pelo
período em que a pesquisa se realizou. Apenas os pacientes foram mantidos cegos
quanto à terapêutica que receberam.
4.2 Material
Capsaicina em creme orabase a 0, 075%
Creme base (pectina cítrica 5%, carboximetilcelulose 5% e água destilada (Q.S. P)
Ficha de protocolo clínico (Cavalcanti, 2003 - ANEXO B)
Escala Visual de Sintomatologia (EVS)
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) – (ANEXO C)
Escala de Rastreamento Populacional para Depressão CES-D (ANEXO D)
36
4.3 Método
Os sujeitos da pesquisa foram examinados por um único pesquisador segundo
a metodologia rotineira aplicada na Clínica de Diagnóstico Bucal da FOUSP, com
auxílio de ficha clínica adaptada ao projeto, que incluiu história detalhada do quadro
de SAB de cada paciente, com especial atenção ao tempo de duração, nível de
desconforto e características da sintomatologia. Além disso, utilizou-se o critério de
Lamey (1998) para classificar o tipo de SAB que os pacientes apresentavam.
Atendidos os critérios clínicos para o diagnóstico de SAB, investigaram-se
laboratorialmente outras condições que pudessem estar associadas ao
desenvolvimento dos sintomas de ardência bucal, quais sejam diabetes, candidose e
anemia. Pacientes com níveis séricos de glicose em jejum superior a 100 mg/dL
foram considerados diabéticos. A presença de anemia foi considerada em níveis de
hematócrito inferiores a 36% para mulheres e 39% para homens; hemoglobina inferior
a 12 g/dL para mulheres e 13 g/dL para homens (HOVE; SCHISANO; BRACE, 2000).
A presença de leveduras foi investigada em todos os pacientes por meio de
técnica de citologia esfoliativa, realizada com cytobrush nas áreas de mucosa
apontadas pelo paciente como sendo os sítios de localização do sintoma de
ardência ou queimação. A identificação de pseudo-hifas à coloração de PAS seria
considerada positiva para candidose.
O fluxo salivar foi determinado pela coleta de saliva total não-estimulada,
realizada entre 9h e 11h após período de jejum entre uma e duas horas. Para
obtenção da amostra de saliva, o paciente foi colocado sentado em cadeira não-
odontológica, em espaço reservado e orientado a não deglutir a saliva, evitar
37
movimentos da língua, lábios e bochechas durante a coleta, descartando o conteúdo
bucal em tubo graduado, com auxílio de funil apropriado. A coletada foi realizada por
período de 10 minutos e a taxa de fluxo expressa em mL/min. Valores inferiores a
0,1mL/min. foram considerados como indicativos de hipossalivação (SREEBNY,
2000).
4.3.1 Aplicação dos cremes
O GT foi tratado exclusivamente com creme a base de capsaicina a 0, 075%
pelo período de dois meses, e reavaliado 30 dias após o término dessas aplicações.
Durante o primeiro mês de tratamento, os pacientes foram avaliados semanalmente
e no segundo mês, a cada quinze dias.
O GC foi tratado com o creme base utilizado como veículo na preparação
contendo capsaicina, observando-se os mesmos períodos de avaliação e controle
utilizados no GT.
A aplicação tópica do creme de capsaicina a 0, 075% para o GT e creme base
para o GC, foi realizada em quantidade padronizada (0,1cc), por meio de colher-
medida fornecida aos pacientes, duas vezes ao dia: uma vez ao início da manhã (em
torno das 09:00h) e outra vez ao final da tarde ( em torno das 17:00h). Os cremes
foram utilizados diariamente durante três semanas, sem interrupção. Após esse
período, houve uma semana de intervalo, seguindo-se novo período de aplicação
por mais quatro semanas. Trinta dias após o final das aplicações uma nova
avaliação de controle foi procedida.
38
4.3.2 Avaliação da resposta terapêutica
Avaliamos a intensidade da sintomatologia pela aplicação de escala EVS, que
consistiu de uma reta graduada de 0 a 10, medindo 100 mm. A pontuação zero da
escala indicava a ausência de sintomas, e no extremo direito, a pontuação 10,
indicava a intensidade máxima de sintomatologia que o paciente pudesse imaginar.
Os pacientes foram orientados a situar seu sintoma dentro desta escala, marcando
com um “X” a intensidade de seu sintoma no momento da consulta. Essa escala foi
primeiramente apresentada ao paciente previamente ao início das aplicações dos
cremes fornecidos, considerando-se esse valor como base de comparação.
Em cada visita de avaliação os pacientes foram solicitados a expressar a
severidade de sua sintomatologia por meio da EVS, tanto no GT, quanto no GC.
Após o término do período de observação previsto, os sujeitos da pesquisa,
tanto do GT quanto do GC continuaram a ser assistidos pela equipe da Clínica de
Diagnóstico Bucal da FOUSP, recebendo, eventualmente, novas orientações
terapêuticas, de acordo com os resultados obtidos neste estudo clínico.
O comportamento evolutivo do quadro foi avaliado também pelo Efeito Global
Percebido – EGP (Global Perceived Effect - GPE) – determinado pelo julgamento
pessoal do paciente sobre o tratamento que recebeu ao término do ciclo terapêutico;
através de uma escala de 5 pontos, com as seguintes possibilidades de resposta
terapêutica: -1 (piora), 0 (inalterado), +1 (melhora discreta), +2 (melhora evidente),
39
+3 (remissão total da sintomatologia). Essa avaliação foi proposta ao final do período
de aplicação das medicações.
4.3.3 Teste de ansiedade Traço-Estado IDATE-T e Escala de Rastreamento
Populacional para Depressão – CES-D
O nível de estresse emocional foi investigado por meio do Inventário de
Ansiedade Traço-Estado (IDATE-T); questionário utilizado para avaliar ansiedade.
Desenvolvido por Spielberger (1970) na Universidade Vanderbilt. Trata-se de uma
escala de auto-relato que depende da reflexão consciente do sujeito no processo da
avaliação do seu estado de ansiedade assim como de características de sua
personalidade. Dessa forma, a escala mede Ansiedade-Traço, que se refere às
diferenças individuais relativamente estáveis na tendência a reagir a situações
percebidas como ameaçadoras, com elevações de intensidade no estado de
ansiedade.
O teste consta de uma escala de traço de ansiedade com 20 itens que
requerem que os sujeitos descrevam como geralmente se sentem. O referido
questionário é de acesso público, não havendo necessidade de autorização do autor
para a sua utilização. Para mensuração do nível de ansiedade utilizando o
questionário IDATE, valores abaixo de 33 foram considerados como baixo, 34-49
médio e a partir de 50, nível alto. Essa avaliação se procedeu ao início da
investigação.
40
A Escala de Rastreamento Populacional para Depressão - CES-D foi escolhida
dentre outros instrumentos pela sua fácil aplicabilidade, pelo seu foco em sintomas
depressivos e por ter sido amplamente utilizada para identificar sintomas
depressivos na população em geral. Escores elevados refletem a intensidade do
desconforto que acompanha a depressão, mas não são diagnósticos desta
condição. O instrumento é constituído de 20 itens. As respostas a cada uma das
questões são dadas segundo a freqüência com que cada sintoma esteve presente
na semana precedente à aplicação do instrumento: "raramente ou nunca"
corresponde à pontuação zero; "durante pouco ou algum tempo" corresponde à
pontuação um; "ocasionalmente ou durante um tempo moderado" corresponde à
pontuação dois; e "durante a maior parte do tempo ou todo o tempo" corresponde à
pontuação três. A pontuação pode, portanto, variar entre zero e sessenta (pontuação
de zero a três em cada um dos vinte itens).
Para o CES-D o ponto de corte ficou em 15, de forma que valores a partir de 16
foram tidos como sugestivos de depressão. Essa avaliação também foi empreendida
ao início do projeto antes dos pacientes iniciarem as aplicações dos cremes
utilizados.
41
Figura 4.1 - Quadro representativo da seqüência de procedimentos executados no projeto
Paciente com queixa de ardência
Exames clínico e laboratorial
Confirmação do diagnóstico de SAB
Anuência com os termos do
consentimento livre e esclarecido
Inclusão do paciente
Alocação
IDATE, CES-D, EVS inicial
Fornecimento dos cremes e
orientações pertinentes
Controles semanais no primeiro mês
3 semanas de aplicação
1 semana de intervalo
EVS 4ª semana
Controles quinzenais no
segundo mês
Controle 30 dias após com
EVS final
EVS + EGP ao término das
a
p
lica
ç
ões, 8ª semana
42
5 RESULTADOS
5.1 Pacientes
Vinte e cinco pacientes foram admitidos ao estudo, uma vez satisfeitas às
condições estabelecidas no desenho metodológico. Cinco pacientes foram excluídos
da análise dos dados, pois não completaram o tratamento proposto. Dessa forma,
vinte pacientes com diagnóstico de SAB, foram efetivamente acompanhados nesta
pesquisa clínica (18 mulheres, dois homens, média de idade 60,8 anos). Quinze
pacientes foram alocados no GT (14 mulheres e 1 homem), que foi tratado com o
creme contendo capsaicina a 0,075%; e cinco pacientes compuseram o GC (4
mulheres e 1 homem), que recebeu como tratamento apenas o creme base utilizado
como veículo da preparação com capsaicina.
Em virtude da desistência de alguns pacientes modificamos, ao final do período
de composição da casuística, a seqüência pré-estabelecida de alocação dos
pacientes na razão de 3:1 entre os grupos de estudo, procurando manter a
proporção originalmente planejada.
O perfil demográfico dos pacientes, a divisão destes entre os grupos de estudo,
sua história médica e as características de sua sintomatologia encontram-se
descritos nas tabelas 5.1 e 5.2.
A duração média dos sintomas foi de 58,8 meses e as áreas de localização
mais freqüentes foram a língua (100%) e a semimucosa labial (60%). Em dez casos
(50%) o sintoma afetava múltiplas áreas da mucosa.
43
Os tipos de SAB (LAMEY, 1998) distribuíram-se da seguinte forma: três
pacientes apresentaram o tipo 3, um paciente o tipo 2 e dezesseis pacientes o tipo
1. O tipo 2 pertenceu ao GC e permaneceu inalterado. Dos pacientes tipo 3, dois
melhoraram e um piorou ao EVS, embora este tenha se declarado inalterado ao
EGP. Entre os doze pacientes tipo 1, do GT, oito melhoraram e quatro pioraram. No
GC, entre os quatro pacientes do tipo 1, dois permaneceram inalterados, um piorou
e um melhorou ao EVS.
Tabela 5.1 - Perfil dos pacientes com SAB (N = 20)
Características GT
N(%)
GC
N(%)
Homens
01 (6,6) 01 (20)
Mulheres
14 (93,3) 04 (80)
Faixa etária (média)
37 – 84 (61,1) 51 – 66 (60,8)
Condição sistêmica
Hipertensão 07 (46,6) 01 (20)
Depressão 08 (53,3) 0
Anemia 0 0
Menopausa 12 (80) 04 (80)
Hipotiroidismo 01 (6,6) 0
Diabetes 0 0
Hábitos
Tabagismo 02 (13,3) 0
GT – grupo teste GC – grupo controle
44
Tabela 5.2 - Características da sintomatologia (N = 20)
Sintomatologia GT N (%) GC N (%)
Queixas bucais secundárias
Xerostomia 11 (73,3) 04 (80)
Alterações do paladar 11 (73,3) 02 (40)
Duração média dos sintomas (meses)
58.78 58.80
Padrão sintomatologia
Tipo 1 12(80) 04 (80)
Tipo 2 0 01 (20)
Tipo 3 03 (20) 0
Fatores relacionados ao Início dos sintomas
Locais 06 (40) 01(20)
Emocionais 07 (46,6) 01(20)
Sem Correlação 03 (20) 03(60)
Sistêmico 01 (6,6) 0
Localização
Mucosa jugal, rebordo, palato, orofaringe. 08 (53,3) 02 (40)
Língua
Semimucosa labial
15(100)
08 (53,3)
05(100)
04 (80)
GT – grupo teste GC – grupo controle
5.2 Idade e Sexo
No GT, nove pacientes se colocaram na faixa etária abaixo dos 65 anos de
idade (média 53,4 anos), todos pertencentes ao sexo feminino, sendo duas
mulheres abaixo dos 50 anos e ainda fora do período do climatério. Entre esses
pacientes, sete apresentaram melhora (comparando-se os valores iniciais e controle
de 12 semanas) e dois pioraram ao EVS, sendo que estes últimos declararam-se
inalterados ao EGP. Além disso, os quatro pacientes que apresentaram remissão
total dos sintomas se colocaram dentro desta faixa etária. Ainda no GT, seis
pacientes se encontravam na faixa etária acima dos 65 anos (média de 72,5 anos).
45
Neste grupo de pacientes idosos, três pioraram, um apresentou melhora discreta e
dois, melhora moderada. Nenhum paciente se tornou assintomático.
No GC dois pacientes se encontravam acima dos 65 anos, um piorou e o outro
declarou melhora. Os outros três pacientes, abaixo dos 65 anos permaneceram
inalterados ao EVS, enquanto um declarou melhora ao EGP.
Os dois únicos homens da casuística se distribuíram um no GT e outro no GC.
O sujeito do GC mostrou piora, enquanto o do GT declarou melhora moderada.
Ambos se encontravam na faixa etária acima dos 65 anos, não declararam
problemas de ordem médica, mas apresentaram níveis de ansiedade elevada e
indícios de depressão segundo os testes aplicados nesse sentido.
5.3 História médica
Não foram observadas alterações nos níveis de hemoglobina, hematócrito e
glicemia em jejum que caracterizassem quadro de anemia ou diabetes na casuística
examinada. Apenas dois pacientes exibiram glicemia acima de 100 mg/dL, porém
com valores próximos (105 e 115).
Dezesseis dos pacientes utilizavam algum tipo de medicação para tratamento
de condição sistêmica crônica, onze com polifarmácia. Oito pacientes apresentaram
quadro de hipertensão arterial (40%), os quais faziam uso contínuo de anti-
hipertensivos. História atual ou pregressa de depressão com acompanhamento
profissional e uso de medicamento, foi reportada por oito pacientes (40%), porém
apenas seis pacientes (30%), encontravam-se atualmente sob medicação com
46
antidepressivos, ansiolíticos ou benzodiazepínicos. Não se percebeu qualquer
comportamento diferenciado dos pacientes portadores de doenças sistêmicas e os
resultados das terapêuticas aplicadas, ou mesmo qualquer correlação
estatisticamente significante entre os medicamentos em uso e a resposta
terapêutica. O número reduzido de pacientes certamente prejudicou este tipo de
análise, considerando-se as ocorrências de uma mesma doença ou de uma mesma
classe de medicamentos. Os medicamentos de uso contínuo, identificados na
casuística estudada, encontram-se detalhados na Tabela 5.3.
Apenas dois pacientes fumavam, enquanto outros dois haviam suspendido o
hábito, um há 03 e outro há 14 anos. Entre os dois fumantes, um apresentou
melhora acentuada e outro, piora acentuada.
A pesquisa de leveduras do gênero Candida, levada a efeito por meio de
técnica de citologia esfoliativa aplicada às áreas objeto da queixa de ardência
resultaram todas negativas para leveduras, recebendo classificação Classe I ou II de
Papanicolau, segundo laudos do Laboratório de Patologia Cirúrgica da FOUSP.
Tabela 5.3 - Medicamentos utilizados (N = 20)
Medicamentos GT N(%) GC N(%)
Ansiolíticos e antidepressivos
01 (6,6) O
Benzodiazepínicos 04 (26,6) 01 (20)
Antidepressivos tricíclicos 01 (6,6) 0
Anticonvulsivantes 01 (6,6) 0
Anti-hipertensivos
07 (46,6)
01 (20)
Outros medicamentos
Reposição hormonal (estrogênios e
progesterona)
02 (13.3) 0
Complexo B 01 (6,6) 0
Hormônios tireoideanos 01 (6,6) 0
Nenhum
01 (6,6) 03 (60)
GT – grupo teste GC – grupo controle
47
5.4 Fluxo salivar, xerostomia e paladar
A média de fluxo salivar total não-estimulado da casuística foi de 0,4 ml/min.
Apenas dois pacientes apresentaram fluxo salivar abaixo de 0,2 ml/min., um
hipertenso e outro sob uso de medicação antidepressiva. Os dois pacientes
mostraram melhora com o uso de capsaicina ao EVS (inicial/12 semanas), um com
melhora acentuada e outro discreta. Por outro lado, quinze pacientes queixaram-se
de algum grau de xerostomia, dez com intensidade discreta, dois moderada, dois
severa e um extrema. Entre os três pacientes com xerostomia severa a extrema dois
pioraram e um mostrou melhora discreta com o uso da capsaicina, ao EVS. Entre os
cinco pacientes sem queixa de xerostomia, quatro do GT e um do GC, quatro
melhoraram (3 do GT e 1 do GC) e um piorou (GT). Este paciente que mostrou piora
ao EVS, se declarou inalterado ao EGP e apresentou nível de ansiedade elevado,
assim como indicativos de depressão.
Onze pacientes do GT e dois do GC declararam alguma alteração do paladar,
como gosto amargo ou salgado persistente, ou mesmo perda da acuidade gustativa.
Entre os pacientes do GT, quatro pioraram após 12 semanas de controle e sete
melhoraram (EVS), sendo que três destes últimos apresentaram remissão total dos
sintomas. Ainda no GT, entre os quatro pacientes sem queixa de paladar, três
melhoraram (um se tornou assintomático) e um piorou (EVS de 2 para 9 e EGP -1).
No GC, os dois pacientes com queixa de alteração de paladar permaneceram
inalterados, enquanto dos três pacientes sem queixas nesse sentido, um melhorou,
outro permaneceu inalterado e o terceiro declarou piora do quadro após 12
semanas.
48
GRUPO
Paciente
n.o Sexo Idade
EVS
Inicial
EVS
28dias
EVS
56dias
EVS
84dias
Tipo
SAB
Grau
Xeros-
tomia
Fluxo
salivar IDATE
CES-
D
EGP
56dias
GT1 F 52 10 7
5
5 3 1 0,26 38 7 + 2
GT2 F 37 3 0
0
0 3 0 0,72 40 10 + 3
GT3 F 43 5 5
9
10 1 3 0,31 44 14 0
GT4 F 65 3 2
1
1 1 0 0,39 45 9 + 2
GT5 F 64 6 4
2
3 1 0 0,36 46 9 + 2
GT6 F 52 10 7
0
0 1 2 0,1 48 18 + 3
GT7 F 80 4 3
3
3 1 3 0,1 49 34 + 1
GT8 F 69 2 8
8
9 1 1 0,3 50 22 - 1
GT9 F 54 5 0
0
0 1 1 0,46 50 21 + 3
GT10 F 84 3 4
4
6 1 1 0,2 52 25 0
GT11 F 68 3 0
10
10 1 4 0,24 53 22 - 1
GT12 F 64 3 3
3
5 3 0 0,28 55 26 0
GT13 M 69 8 6
4
4 1 2 0,32 55 20 + 2
GT14 F 54 8 2
1
1 1 1 0,48 59 32 + 2
GT15 F 61 3 3
0
0 1 1 0,52 67 34 + 3
GC1 F 66 5 4
4
2 1 0 0,5 31 14 + 3
GC2 F 56 1 1
_
1 2 1 0,59 35 9 0
GC3 F 51 3 3
_
3 1 1 0,31 43 12 + 2
GC4 F 60 8 8
_
8 1 1 0,87 46 23 0
GC5 M 67 5 8
_
10 1 1 0,63 58 17 - 1
Quadro 5.1 Avaliação dos resultados por EVS e EGP, características demográficas da casuística, tipo
de SAB, severidade de xerostomia e valores obtidos de fluxo salivar, escore IDATE e escore CES-D,
nos grupos teste e controle.
GT – grupo teste; GC – grupo controle; EVS – escala visual de sintomatologia; EGP efeito global
percebido; IDATE - Teste de ansiedade Traço-Estado; CES-D - Escala de Rastreamento Populacional
para Depressão
5.5 Escala EVS
Se considerarmos na escala EVS (1 a 10) os intervalos 1 a 3 como
sintomatologia leve; 4 a 6 como moderada e acima de 7 como severa, nossa
casuística de quinze pacientes do GT distribuiu-se em sete casos leves, quatro
casos moderados e quatro severos. Todos os casos severos apresentaram benefício
significativo, ou seja, ao menos 50% de melhora ao EVS, que manteve
correspondência ao EGP, observando-se remissão total em um dos pacientes após
12 semanas.
49
Entre os quatro casos com sintomatologia moderada ao EVS, um declarou
piora após 12 semanas, um apresentou melhora discreta e dois mostraram melhora
acentuada, com um deles declarando-se assintomático após doze semanas.
Também se manteve correspondência com os valores de EGP, sendo que o
paciente piorado no EVS declarou-se inalterado ao EGP.
Entre os sete pacientes com quadros leves de sintomatologia, quatro pioraram
e três melhoraram ao EVS. Dois dos três pacientes beneficiados declararam-se
assintomáticos às 12 semanas de controle. Os quatro pacientes que registraram
piora ao EVS o fizeram de forma significativa, com dois pacientes declarando valores
entre 9 e 10, o máximo de desconforto.
NO GC os cinco pacientes distribuíram-se nesta segmentação do EVS inicial
em: um severo, dois moderados e dois leves. Os dois pacientes com EVS na faixa
leve permaneceram inalterados, com um deles declarando melhora ao EGP. Entre
os dois pacientes com EVS moderado, um piorou e outro melhorou com
correspondência ao EGP. O paciente com EVS severo permaneceu inalterado.
Tabela 5.4 – Evolução dos sintomas ao EVS nos controles
GT – grupo teste; GC – grupo controle; EVS – Escala Visual de Sintomatologia
EVS
GT %
GC %
EVS média inicial
5,1 4,4
EVS média 4ª semana
3,6 4,8
EVS média 8ª.semana
3,3
EVS média follow-up 3,8 5,75
50
5.6 Evolução dos sintomas ao longo dos controles sucessivos
A intensidade média do sintoma de ardência antes do início dos ciclos de
tratamento, mensurado pela EVS, foi de 5,1 (GT) e 4,4 (GC).
No controle de quatro semanas, o conjunto de quinze pacientes do GT, que foi
tratado com capsaicina, obteve nível de redução do sintoma avaliado pela EVS em
28,9% (EVS=3,6), enquanto o GC declarou aumento da sintomatologia em 8,3%
(EVS=4,8). Neste primeiro ciclo de tratamento (3 semanas de medicação e uma de
intervalo), no GT, dez pacientes melhoraram, três permaneceram inalterados e dois
pioraram. No GC um paciente reportou melhora, três não demonstraram alteração
dos sintomas e um piorou.
Apenas o grupo tratado com capsaicina completou o segundo ciclo. O nível de
redução do sintoma do início ao final da oitava semana foi de 34,2% (EVS- 8ª
semana = 3,3), enquanto que da quarta para a oitava semana o nível de redução
ficou em 8,3%. Neste período compreendido entre a quarta e oitava semana, no GT,
sete pacientes relataram melhora, seis permaneceram inalterados e dois pioraram.
No GC a única paciente que retornou para controle permaneceu inalterada.
Entre o início e a décima segunda semana de controle houve redução de 24%
(EVS=3,8), porém, comparando-se a oitava e décima segunda semana observou-se
aumento de 13,5% da sintomatologia no GT. No GC 22.8% de piora (EVS=5,75)
ocorreu do início até a décima segunda semana; neste período houve redução do
EVS em um paciente, três inalterados e piora em um dos casos. Entre a oitava e a
51
décima segunda semana (84 dias) não foi reportada melhora por nenhum paciente
do GT, sendo que dez mantiveram-se inalterados e cinco pioraram.
Os pacientes do GC não se interessaram em continuar a terapia proposta. A
paciente que declarou melhora julgou-se satisfeita com o resultado, cumpriu os
controles quinzenais do segundo mês e concordou em retornar para o controle final
de 12 semanas. Dos três pacientes que não obtiveram benefício com a aplicação do
creme base sem adição de capsaicina, apesar de não cumprirem os controles
quinzenais do segundo mês do protocolo estabelecido, consentiram em retornar pra
o controle final de 12 semanas. O paciente que piorou após a aplicação do placebo,
utilizou capsaicina durante 15 dias, porém os sintomas continuaram intensos e o
mesmo preferiu interromper o protocolo e não deu continuidade a nenhuma das
terapias propostas em nossa clínica.
Entre os dez pacientes do GT que declararam melhora ao EVS após quatro
semanas, seis registraram valores ainda menores ao EVS após 12 semanas do
início da terapêutica, um declarou piora acentuada e três se mantiveram estáveis
nesse período, sendo que dois destes haviam declarado ausência de sintomas após
quatro semanas. Um único paciente que não havia registrado melhora no controle
de quatro semanas declarou-se assintomático no controle de 12 semanas.
Três pacientes declararam-se assintomáticos após quatro semanas de controle
no GT, destes, no controle de oito semanas, dois mantiveram o resultado, um piorou
e dois outros obtiveram remissão total dos sintomas, perfazendo quatro pacientes
com EVS zero após 56 dias. Estes últimos quatro pacientes que reportaram
completa remissão do ardor com capsaicina mantiveram este resultado até as 12
semanas de acompanhamento. O paciente do GC que manifestou melhora dos
sintomas no controle de quatro semanas, relatou que este resultado foi mantido
52
após 12 semanas. Aos pacientes que não obtiveram benefício ou se declararam
piorados foi oferecida a possibilidade de se engajarem em outras terapêuticas
disponíveis no Departamento de Diagnóstico Oral da FOUSP.
Figura 5.1 Variação da EVS nos controles sucessivos
5.7 Efeito Global Percebido
Em termos de EGP, houve pelo menos algum alívio do sintoma (EGP= +1, +2)
em seis pacientes (40%) do GT e em um paciente do GC (20%). Quatro pacientes
(26,6%) reportaram remissão total do sintoma (EGP=+3) após tratamento com
capsaicina e um paciente (20%) do controle. Para três pacientes (20%) do grupo
com capsaicina e dois do controle (40%) não houve modificações do sintoma
(EGP=0). Houve relato de piora (EGP= -1) em dois pacientes (13,3%) do GT e um
(20%) do GC.
0
2
4
6
8
10
i
n
ic
i
o
4 semanas
8 semanas
12 se
m
a
n
as
Grupo
Teste
Grupo
Controle
53
Todos os pacientes (12) que declararam melhora no EGP também registraram
efeito benéfico na EVS. Todos os pacientes (3) que declararam piora do quadro no
EGP registraram o máximo de desconforto na EVS. Entre os cinco pacientes que se
declararam inalterados no EGP, dois mantiveram esses valores na EVS e três
registraram piora significativa na EVS (cerca de 85% de piora).
Tabela 5.5 - Efeito Global Percebido ao final da terapêutica
GT – grupo teste; GC – grupo controle
5.8 Questionário IDATE e Escala de Rastreamento Populacional para
Depressão (CES-D)
Sete pacientes do GT apresentaram nível médio de ansiedade. Cinco deles
declararam melhora acentuada dos sintomas de ardência, com dois casos de
EGP (Efeito global percebido)
GT (N=15)
N(%)
GC (N=05)
N(%)
+1(melhora discreta) 01 (6,6) 0
+2(melhora evidente) 05 (33,3) 01 (20)
+3(resolução total do sintoma) 04 (26,6) 01 (20)
Total n(%)
10 (66,6) 02 (40)
0(sem modificações no sintoma) 03 (20) 02 (40)
-1 (piora) 02 (13,3) 01 (20)
54
remissão completa dos sintomas; um paciente apresentou melhora discreta (EVS de
4 para 3 e EGP +1) e um declarou piora acentuada dos sintomas entre o início do
protocolo e o controle de 12 semanas (EVS de 5 para 10 e EGP 0).
Oito pacientes do GT obtiveram escores acima de 50, considerados como alto
nível de ansiedade. Destes, quatro registraram piora ao EVS (2 EGP 0 e 2 EGP -1),
e os quatro que melhoraram também o fizeram de forma significativa, com dois
pacientes assintomáticos (2 EGP +3 e 2 EGP +2).
No GC um paciente apresentou nível baixo, três mostraram valores médios e
um classificou-se como alto. Destes, apenas o paciente com nível baixo de
ansiedade mostrou melhora do quadro com o uso do creme placebo (EVS de 5 para
3 e EGP +3). De outro lado, apenas o paciente com elevado nível de ansiedade
declarou piora do quadro. Os três pacientes com nível moderado de ansiedade
mantiveram-se inalterados ao EVS, embora um deles tenha declarado melhora ao
EGP.
Todos os indivíduos com veis elevados de ansiedade (08) também
apresentaram indicativos de depressão (escore acima de 15) e, destes, apenas 50%
melhoraram com o tratamento à base de capsaicina.
No rastreamento para depressão valores acima de 15 foram registrados por dez
pacientes (66,6%) no GT e no GC dois (40%) apresentaram suspeita de estado
depressivo. Entre os cinco pacientes do GT sem indicativos de depressão, quatro
apresentaram melhora da sintomatologia e um declarou piora ao EVS, embora tenha
registrado inalterado ao EGP. Quatro dos dez pacientes com maiores indicativos de
depressão responderam negativamente ao tratamento com capsaicina. Do restante,
três tornaram-se assintomáticos e três melhoraram, comparando-se EVS inicial e a
décima segunda semana. No GC, entre os dois pacientes com indicativos de estado
55
depressivo, um mostrou piora e o outro permaneceu inalterado. Entre os três
pacientes sem indicativos de depressão, um melhorou e dois permaneceram
inalterados ao EVS, embora tenham registrado melhora ao EGP.
Tabela 5.6 - Distribuição da casuística segundo grupos estudados e valores obtidos no
questionário IDATE.
GT – grupo teste; GC – grupo controle; IDATE - Teste de ansiedade Traço-Estado
Tabela 5.7 - Distribuição da casuística e valores obtidos no CES-D.
GT – grupo teste; GC – grupo controle; CES-D - Escala de Rastreamento Populacional
para Depressão
IDATE
GT (N=15)
N(%)
GC (N=05)
N(%)
Baixo (até 33) 0 01 (20)
Médio (de 34 até 49) 07 (46,6) 03 (60)
Alto (acima de 49) 08 (53,3) 01 (20)
CES-D
GT (N=15)
N(%)
GC (N=05)
N(%)
De 0 até 15 05 (33,3) 03 (60)
A partir de 16 10 (66,6) 02 (40)
56
5.9 Análise estatística
O tratamento estatístico (teste exato de Fisher) aplicado para a análise dos
dados, relacionando os resultados obtidos com o tratamento à base de capsaicina e
as variáveis de idade, xerostomia, valores de escala EVS, nível de ansiedade e
depressão, não apontaram diferenças significantes entre os grupos avaliados.
As variáveis relacionadas ao sexo, tipo comportamental da SAB (LAMEY, 1998)
e história médica não foram submetidas à análise estatística em função da
distribuição irregular dos grupos.
57
6 DISCUSSÃO
As características dos pacientes SAB controlados nesta pesquisa seguiram
padrões semelhantes aos veiculados na literatura (HAKEBERG et al., 1997;
GRUSHKA; EPSTEIN; GORSKY, 2002ª; LAMEY, 1996; VAN DER PLÖEG et al,
1987; VAN DER WÄAL, 1990) quais sejam: maioria de pacientes do sexo feminino
(18:2), após a menopausa (16:2), com freqüentes queixas de xerostomia (15 em 20),
distúrbios do paladar (13 em 20), nível elevado de ansiedade (09 em 20) e
depressão (12 em 20).
Embora incomodados pelo sintoma de ardência, a cronicidade da condição e
experiências terapêuticas frustradas anteriores, tendem a produzir nos pacientes
alguma resistência a novas propostas de tratamento, quando não se lhes pode
garantir resultado positivo com relativo grau de confiança. Vários pacientes não se
interessaram em participar deste estudo em virtude da falta de garantia de resolução
do problema, associado ao ceticismo de que a aplicação de um derivado de pimenta
pudesse solucionar o quadro de boca ardente. Os sujeitos admitidos apresentaram,
em média, cerca de cinco anos de convívio com a condição, sendo que dezessete,
entre os vinte pacientes, já haviam procurado ajuda profissional para solução do
problema e haviam utilizado algum tipo de tratamento. Doze desses pacientes já
haviam experimentado ao menos duas terapêuticas distintas, sem obter resultado
satisfatório. Outras investigações observaram condições semelhantes (GRUSHKA;
EPSTEIN; MOTT, 1998; LAMEY, 1998; SARDELLA et al., 1999; SCALA; CHECCHI;
MONTEVECCHI, 2003; TAMMIALA-SOLONEN; FORSSEL, 1999; ZAKRZEWSKA;
FORSSELL; GLENNY, 2005).
58
A prevalência da SAB na população mundial é bastante incerta e, na brasileira,
completamente desconhecida. Há estimativas de que afete 0,4% da população
americana (MUZIKA; DE ROSSI, 1999). Bergdhal e Bergdhal (1999) apontaram
prevalência de 3,7% em população sueca. A Clínica de Diagnóstico Bucal da
FOUSP, que constitui um serviço de referência em Estomatologia na cidade de São
Paulo, atende cerca de 3000 pacientes/ano, tendo sido registrados cerca de trinta
casos SAB no último ano, representando prevalência de 1%. Entretanto, não se
pode transferir esse dado à população geral, desde que as características da
clientela de um ambulatório de Faculdade de Odontologia dedicado ao diagnóstico e
tratamento de doenças orais são bastante diversas. Pajukosky et al. (2001), em
estudo realizado na Finlândia, observaram prevalência bem maior em idosos e
hospitalizados (12,6% a 18,3%). A casuística deste presente trabalho constituiu-se
de nove indivíduos até os 60 anos de idade, ou treze até os 65 anos de idade, em
um total de vinte pacientes. A média de idade foi de 60,8 anos, observando-se uma
curva normal de distribuição por faixa etária, entre a quarta e a nona décadas de
vida. Desde que se trata de condição que afeta principalmente as mulheres após a
menopausa seria lógico esperar aumento da prevalência com a idade.
A etiologia da SAB ainda se encontra sob investigação. Diversos autores
acreditam que fatores locais, sistêmicos e psicogênicos, concorrem para a instalação
desta condição (BERGDHAL; BERGDHAL, 1999; CERCHIARI et al., 2006;
GRUSHKA, 1987; GRUSHKA; CHING; EPSTEIN, 2006; GRUSHKA; EPSTEIN;
GORSKY, 2002a; LAMEY, 1996; VAN DER PLÖEG et al., 1987; VAN DER WÄLL,
1990; SHIP et al., 1995). Nesta última década, as investigações acerca da
etiopatogenia da SAB têm se voltado especialmente para o campo das neuropatias
periféricas ou centrais, nos mecanismos de condução dos impulsos dolorosos, nas
59
disfunções sensoriais envolvendo a gustação e a nocicepção, e processos de
degeneração neuropática (BRAILO et al., 2006; ELIAV et al., 2007; FEMIANO, 2004;
FORMAKER; MOTT; FRANK, 1998; FORMAKER; FRANK, 2000; FORSSELL et al.,
2002; GAO; WANG; WANG, 2000; HAGELBERG et al., 2003; JÄÄSKELÄINEN;
FORSSEL; TENOVUO, 1997; LAURIA et al., 2005; PATTON et al., 2007; PURI et
al., 2005; TANAKA et al., 2002; YILMAZ et al., 2007).
O esclarecimento da etiologia da doença é geralmente essencial a um
tratamento efetivo, e faz parte de nossa educação em saúde jamais tratar um doente
sem um correto diagnóstico. Dessa forma, para a paz de nossas consciências,
quando não dispomos do conhecimento completo da doença, lhe conferimos um
nome, a classificamos como de etiologia desconhecida e a tratamos
sintomaticamente. Assim vem sendo feito com a SAB. A inexistência de uma
alteração física da mucosa afetada também dificulta investigações clínicas mais
invasivas (BERGDHAL; BERGDHAL, 1999; GRUSHKA; CHING; EPSTEIN, 2006;
GRUSHKA; EPSTEIN; GORSKY, 2002b; SANTORO; CAPUTO; PELUSO, 2005). A
hipótese de a SAB se tratar de uma neuropatia vem sendo perseguida por diversos
autores (GRUSHKA; SESSLE; HOWLEY, 1987; ITO et al., 2002; JÄÄSKELÄINEN;
FORSSEL; TENOVUO, 1997), entretanto, apesar dos indícios suportarem essa
hipótese, não existem protocolos terapêuticos efetivos já consagrados para o
controle desse tipo de doença.
É interessante a ardência situar-se quase exclusivamente no segmento anterior
da boca. O fato da língua se apresentar quase sempre afetada transferiu interesse
de pesquisa para o sistema gustativo e a inervação associada às papilas gustativas
e aos mecanismos relacionados à condução dessa sensação (GRUSHKA; SESSLE;
HOWLEY, 1987; ITO et al., 2002; LAURIA et al., 2005). As manifestações clínicas
60
dos pacientes acompanhados nesta pesquisa também seguiram o padrão da maior
parte dos trabalhos publicados sobre o assunto (AMENÁBAR et al., 2008;
BERGHDAL; ANNEROTH, 1994; BERGDHAL; BERGDHAL, 1999; GORSKY;
SILVERMAN; CHINN, 1991; LAMEY, 1996; VAN DER WÄAL, 1990). Gaitonde et al.
(2002) e Lamey (1996) referiram a possibilidade dos sintomas bucais se
apresentarem acompanhados de sintomatologia extra-bucal, entretanto não
identificamos pacientes com esta ocorrência em nossa casuística.
Trata-se de uma condição crônica que apresenta a característica de
acompanhar o paciente por vários anos. A casuística estudada mostrou duração
média em torno de 4,5 anos. Grushka (1987), Lamey (1996) e Van der Waal (1990),
referem que a maioria dos pacientes pioram com estresse, fadiga, fala, consumo de
alimentos cítricos e condimentados. Neste trabalho registramos catorze (entre vinte)
pacientes que declararam agravantes de seu sintoma de ardência, a maioria
relacionada a alimentos; havendo referência isolada a dentifrício, tempo seco,
cigarros, período pré-menstrual e dois casos de estresse. De outro lado, oito
pacientes referiram atenuantes dos sintomas: comer, dormir, consumir água ou
frutas geladas. Tal observação também foi constatada por Grushka (1987), que
acompanhou setenta e dois pacientes SAB, demonstrando que o perfil dos pacientes
e as características da doença são bastante semelhantes, independentemente da
localização geográfica das populações estudadas.
As tentativas de caracterização mais detalhada dos quadros clínicos de SAB,
com a intenção de se obter subsídios que pudessem se refletir em diagnóstico e
tratamentos mais efetivos resultaram em uma classificação publicada por Lamey
(1998), porém não há consenso acerca da utilidade real dessa proposta do autor. A
casuística desta pesquisa foi classificada segundo esse critério, no entanto, a
61
grande maioria se enquadrou no tipo 1, com apenas um paciente do tipo 2 alocado
no GC e três pacientes do tipo 3; o que não permitiu qualquer análise em relação à
resposta ao tratamento de acordo com o comportamento clínico desses pacientes
SAB. Ainda com relação à discussão dos critérios de Lamey (1998), Gorsky,
Silverman e Chinn (1991) afirmam que raramente os sintomas interferem no sono,
enquanto Van Der Plöeg et al. (1987) observaram dificuldade de dormir em dois
terços dos pacientes, em conseqüência do ardor.
O uso de medicação sistêmica de forma contínua constou da história médica de
75% dos pacientes. Anti-hipertensivos, ansiolíticos e antidepressivos foram os
medicamentos mais utilizados. A prescrição de antidepressivos e ansiolíticos,
observada em 65% dos casos, não se dirigia ao tratamento da SAB. Outros autores
também observaram o mesmo quadro (BERGDAHL M; BERGDAHL J, 1999; ;
GRUSHKA; EPSTEIN; GORSKY, 2002; GRUSHKA; EPSTEIN; MOTT, 1998;
HAKEBERG et al., 1997). Embora estes medicamentos sejam empregados no
controle do sintoma de ardor, tanto de forma sistêmica (GRUSHKA; EPSTEIN;
GORSKY, 2002a; PATTON et al., 2007) quanto tópica (GREEMEAU-RICHARD et
al., 2004), o comportamento da casuística neste trabalho não suporta essa indicação
terapêutica. As tentativas de tratamento da SAB por meio de ansiolíticos,
antidepressivos e drogas anti-epilépticas são diversas, apresentando resultados
variáveis, mas raramente beneficiando mais do que a metade dos pacientes
tratados. Benzodiazepínicos, amitriptilina, clorodiazepoxide, clonazepan,
amisulpiride, sertralina, paroxetina e gabapentina, constituem algumas das drogas
ensaiadas na terapêutica da SAB, entretanto, faltam estudos adequadamente
controlados para conferir credibilidade aos resultados demonstrados (GORSKY;
SILVERMAN; CHINN, 1991; GREMEAU-RICHARD et al., 2004; GRUSHKA;
62
EPSTEIN; GORSKY, 2002b; HECKMANN et al., 2006; MAINA et al., 2002; SERRA;
LIORCA; DONAT, 2007; WHITE et al., 2004; WODA et al., 1998). Van der Wäll
(1990) afirma que muitos tratamentos à base de antidepressivos são suspensos em
virtude de efeitos colaterais adversos mais desconfortáveis do que a própria
ardência bucal. Femiano, Gombôs e Scully (2004) investigando a ação terapêutica
do ácido alfa-lipóico (ALA) obtiveram alguma melhora em 81% da casuística
avaliada, enquanto no grupo placebo esse percentual foi de 13% aproximadamente,
entretanto, trabalho desenvolvido por Cavalcanti, 2008 (aguardando publicação),
não obteve resultados terapêuticos positivos.
Ainda em relação ao tratamento medicamentoso da SAB observamos parcela
considerável da casuística queixando-se de ardor bucal, apesar da ingestão diária
de ansiolíticos e/ou antidepressivos. Tal fato sugere ineficiência deste tipo de
medicação no controle desses sintomas, entretanto, não é possível afirmar que a
suspensão destes medicamentos não provocaria piora dos sintomas nesses
indivíduos, ou mesmo, um número bem maior de pacientes SAB se toda a
população consumidora desses medicamentos, e assintomática, subitamente
suspendesse seu uso.
A utilização da capsaicina em pacientes com SAB foi apresentada na literatura
como uma alternativa para o controle da doença por Epstein e Marcoe (1994), que
se basearam nos benefícios alcançados no tratamento de outras dores crônicas
(WATSON; EVANS, 1992; WATSON et al., 1993). A evolução do conhecimento
consubstanciando a origem neuropática da SAB vem adicionando bases científicas a
uma prática inicialmente bastante empírica (GAO; WANG; WANG, 2000; LAURIA et
al., 2005; YILMAZ et al., 2007). Outras aplicações da capsaicina de forma sistêmica
ou tópica foram estudadas em dor neuropática oral, neuralgia trigeminal, distúrbios
63
temporomandibulares, cefaléia e condições dermatológicas (GRANT-KELS, 1996;
HERSH; PERTES; OCHS, 1994; HUANG; ROTHE; VICKERS et al., 1998;
LAURITANO; PETRUZZI; BALDONI, 2003; LEJEUNE; KOVACS; WESTERTERP-
PLANTENGA, 2003; NGOM et al., 2001; PETRUZZI et al., 2004; VIDAL et al., 2004).
Terapeuticamente a capsaicina pode ser utilizada de forma tópica ou sistêmica
(GALARZA-MANYARI, 2005; LAURITANO; PETRUZZI; BALDONI, 2003; LEÓN
ESPINOSA; LÓPEZ JORNET; FRUTOS ROS, 2004; PETRUZZI et al., 2004).
Optamos pela forma tópica, em virtude dos efeitos colaterais (dor gástrica) relatados
com a utilização do composto pela via sistêmica (PETRUZZI et al., 2004).
A concentração utilizada foi de 0, 075% de creme de capsaicina para aplicação
tópica no GT, realizada em quantidade padronizada (0,1cc). Achados de Khalili et al.
(2001) definiram 0,075% como a concentração apropriada de capsaicina aplicada
topicamente para tratamento efetivo de dores neuropáticas (neuralgia pós-herpética,
por exemplo), capaz de produzir perda profunda de fibras intra-epidermais em 24
horas. Annand (2003) também adotou como dose tópica terapêutica 0, 075%,
enquanto Lysy et al. (2003) optaram por uma concentração de 0,006%,
aparentemente muito baixa para produzir dessensibilização funcional. Epstein e
Marcoe (1994) foram os primeiros a utilizarem capsaicina tópica para tratamento de
SAB na concentração de 0, 025%. León Espinosa, López Jornet e Frutos Ros (2004)
adotaram a mesma dosagem. Galarza-Manyari (2005) utilizaram capsaicina tópica a
0,05 e 0, 075%, em neuralgia pós – herpética, sem diferença estatisticamente
significante entre as concentrações empregadas. Observaram que o tempo de início
de atividade terapêutica bem como os efeitos colaterais foram menores para a
concentração de 0, 075%.
64
O esquema terapêutico utilizado neste trabalho, que proporcionou aplicações
periódicas da capsaicina intercaladas com período de suspensão do medicamento
baseou-se tanto nos trabalhos já publicados quanto na expectativa de se perceber
as variáveis de eficácia e persistência do efeito terapêutico obtido no curto e médio
prazo. Não há consenso, provavelmente em função do reduzido número de
investigações já empreendidas, quanto ao regime ideal de aplicação da capsaicina
para tratamento da SAB. León Espinosa, López Jornet e Frutos Ros (2004),
acompanharam sete pacientes por três semanas; Epstein e Marcoe (1994) aplicaram
o medicamento por quatro semanas, enquanto Galarza-Manyari (2005)
prescreveram a capsaicina por 45 dias. Nenhum desses autores referiu preocupação
com a quantidade de capsaicina utilizada em cada aplicação, variando o número de
aplicações diárias e a própria concentração da substância (0, 025% a 0, 075%).
Todos obtiveram algum grau de melhora da sintomatologia em seus pacientes.
O número e freqüência das aplicações (duas aplicações diárias, uma pela
manhã e outra à tarde) basearam-se no padrão de comportamento da SAB tipo 1
(LAMEY, 1998), que representa a maior ocorrência em nossa clínica. Nesse tipo de
SAB os pacientes geralmente se queixam de que a ardência se inicia pelo meio da
manhã e perdura até o final do dia. Na casuística estudada, 80% dos indivíduos
apresentavam sintomas de ardor diário, com ausência de ardência ao levantar-se,
mas que surgia e piorava com o decorrer do dia, principalmente ao anoitecer.
Observação semelhante aconteceu nos relatos de Cavalcanti et al. (2007) e León
Espinosa, López Jornet e Frutos Ros (2004) onde 48,4% e 67% dos pacientes
respectivamente foram agrupados dentro deste mesmo subgrupo. Neste último
trabalho, as aplicações nas áreas com ardência, se davam duas vezes ao dia no
65
início da manhã quando os sintomas eram mínimos e no final da tarde, quando os
sintomas estavam exacerbaram-se.
Com relação ao ardor inicial provocado pela aplicação da medicação, este foi
relatado durante os primeiros 15 dias de tratamento, regredindo progressivamente
com a evolução das aplicações.
Observamos efeito terapêutico da capsaicina em dez pacientes do GT (66,6%),
nas primeiras quatro semanas de tratamento, redução do EVS médio em torno de
28,9%. No segundo ciclo (8 semanas de tratamento) o nível de redução da
sintomatologia no EVS acentuou-se, obtendo-se benefício da ordem de 34,2%. O
número de pacientes com melhora manteve-se em dez indivíduos, embora com
algumas substituições entre os pacientes. Melhora gradual foi observada por León
Espinosa, López Jornet e Frutos Ros (2004) entre a primeira e terceira semanas de
tratamento. No trabalho de Epstein e Marcoe (1994), que utilizou quatro aplicações
diárias por quatro semanas, houve completa remissão dos sintomas em 31,6% dos
casos e melhora parcial em outros 31,6%.
Ylmaz et al. (2007) sugerem que nesses pacientes com dores crônicas ocorre
uma super-regulação dos receptores de calor TRPV1 clonados pela primeira vez em
1997 (CATERINA et al., 1997). A capsaicina é considerada um agonista desses
receptores (KALIL-GASPAR, 2003; ANAND, 2003; SILVA et al., 2006). O efeito
terapêutico aconteceria pela supressão da atividade sensorial das fibras tipo C,
processo iniciado pela ligação aos receptores TRPV1, seguindo-se a liberação de
SP e possível exaustão desta, com perda de imunoreatividade para TRPV1 e SP, o
que resultaria na redução da sintomatologia de SAB (SILVA et al., 2006). O presente
trabalho não é capaz de demonstrar a correção desta teoria, entretanto, os
resultados obtidos não a contradizem, uma vez que houve melhoria dos sintomas
66
(médios) durante o tempo em que se manteve a aplicação da capsaicina,
observando-se ligeira piora da sintomatologia trinta dias após a suspensão das
aplicações.
O efeito da capsaicina depende de vários fatores, como: concentração, duração
da aplicação, presença ou ausência de cálcio extracelular (SZALLASI; BLUMBERG,
1999). A aplicação repetida pode promover dois tipos de dessensibilização: uma
farmacológica, onde há um declínio progressivo do estímulo em resposta à
capsaicina, e outra “funcional” com redução ou perda de outros estímulos sensoriais.
As terminações nervosas parcial ou totalmente degeneradas podem perder contato
com células que secretam NGF, responsáveis pela regulação da expressão do
TRPV1, SP, e outras moléculas necessárias para a nocicepção (ANAND, 2003;
HELIWELL et al., 1998; SILVA et al., 2006). Nesta pesquisa observou-se a ação
“farmacológica” da capsaicina, e não se registrou perdas de outros estímulos
sensoriais. Foi comum o relato no sentido de que as aplicações iniciais da
substância eram bem mais “ardidas” do que as realizadas nas semanas
subseqüentes. Conforme comentado anteriormente, as doses ideais, ou mesmo a
freqüência ideal de administração da medicação ainda não se encontram
perfeitamente estabelecidas, no entanto, a concentração parece ter sido
adequadamente ensaiada e novas investigações deverão esclarecer os pontos
ainda obscuros dessa forma de terapia.
A evidente desproporção entre homens e mulheres na casuística estudada,
bem como a concentração de quadros sintomatológicos SAB tipo 1 (LAMEY, 1998)
não permitiu análises estatísticas desses aspectos. Essa incidência concentrada da
SAB em mulheres após a menopausa sugere alguma influência hormonal que, até o
momento, não foi demonstrada (FORABOSCO et al., 1992).
67
A idade dos pacientes sugeriu alguma influência neste trabalho, ao menos em
relação à resposta terapêutica. Entre os pacientes acima dos 65 anos de idade (seis)
não houve nenhum caso que tenha se tornado assintomático e apenas 50% deles
apresentou melhora sintomática, enquanto entre os pacientes abaixo dos 65 anos
(nove) sete referiram melhora (78%). É possível que com o avançar da idade a
provável neuropatia associada à SAB progrida, ao mesmo tempo em que se reduza
a expressão dos receptores sensíveis à capsaicina (TRPV1). Este estudo não teve
cunho epidemiológico, de forma que não se pode associar maior prevalência de SAB
em faixas etárias mais elevadas. Bergdhal e Bergdhal (1999), na Suécia, em 1427
indivíduos com média de idade de 59 anos; apontou prevalência de SAB de 3,7%,
enquanto Pajukosky et al. (2001), em estudo realizado na Finlândia, com indivíduos
mais idosos, observou uma prevalência de 12,6%, em 75 pacientes hospitalizados
(média de idade 82 anos).
A história médica não exerceu influência na resposta terapêutica dos pacientes
acompanhados nesta pesquisa. Um fato relevante na casuística foi a ausência de
pacientes diabéticos, considerando-se a freqüência dessa doença na população
geral. Outro aspecto interessante esteve representado pela negatividade de
identificação de fungos do gênero Candida em todas as amostras coletadas para
este fim, especialmente pelo fato da língua ter sido o principal sítio dos sintomas de
ardência.
A queixa de boca seca definitivamente não correspondeu a um fluxo salivar
reduzido na casuística, assim como não houve correlação entre hipossalivação e
hipertensão. Nenhum paciente apresentou fluxo salivar não estimulado abaixo de
0,1 mL/min. e apenas dois pacientes demonstraram fluxo abaixo de 0,2 mL/min. No
entanto, entre os três pacientes com queixa de xerostomia severa, dois pioraram e
68
um apresentou melhora discreta com o uso da capsaicina, enquanto entre os cinco
pacientes sem queixa de xerostomia, quatro referiram melhora da ardência com o
tratamento. Aqui pode haver uma conexão etiológica entre os dois sintomas –
ardência e xerostomia, desde que a quantidade de saliva disponível freqüentemente
não se relaciona à queixa, esse sintoma poderia também estar relacionado a uma
deficiência da condução de impulsos sensitivos. Infelizmente não investigamos o
comportamento do sintoma de xerostomia antes e após o uso da capsaicina.
Alterações do paladar são freqüentes na SAB, a ponto de se suspeitar de
ligação etiológica da inervação responsável pela condução da sensibilidade
gustativa com a SAB. Onze dos quinze pacientes do GT queixavam-se de alterações
gustativas, destes, sete melhoraram e quatro pioraram dos seus sintomas de
ardência com o uso da capsaicina; enquanto entre os quatro pacientes sem queixas
gustativas, três melhoraram e um piorou. Mais uma vez, como se trata de um
sintoma, assim como a xerostomia e a sensação de ardência, e que compõem a
tríade sintomatológica clássica da SAB é possível que haja conexão etiológica e, por
conseqüência, interferência na resposta terapêutica. Alteração do paladar referida
pelos pacientes desta pesquisa também foi bastante freqüente (13 em 20%), em
concordância com os relatos de diversos autores consultados (AMENÁBAR et al.,
2008; BERGDHAL; BERGDHAL, 1999; GRUSHKA; EPSTEIN; GORSKY, 2002a;
TANAKA et al., 2002). Não se investigou, neste trabalho, as particularidades dos
distúrbios gustativos apresentados pelos pacientes, especialmente devido às
características da aplicação de capsaicina que parece agir temporariamente sobre o
mecanismo de condução do impulso nociceptivo, sem pretender reparar o defeito
neuropático supostamente relacionado à gênese da SAB.
69
A investigação dos aspectos subjetivos das doenças é sempre difícil,
especialmente quando se lida com pacientes ansiosos, idosos ou com baixo
desenvolvimento educacional. Pudemos constatar, por exemplo, que nem sempre
houve concordância entre as avaliações de resultados nas escalas EVS e EGP. As
escalas analógicas visuais têm sido empregadas para avaliar diferentes aspectos
subjetivos, como humor, dor e particularmente ansiedade. Esse tipo de instrumento
tem permitido a avaliação desse estado emocional tanto em pacientes ansiosos
quanto em pacientes submetidos a situações diversas como: reações de estudantes
a exames, situações de dor, procedimentos odontológicos e cirúrgicos e em
unidades coronarianas (BARTON et al., 1993).
Classicamente essas escalas são apresentadas ao paciente como uma linha
reta de 10 cm, sem qualquer marcação. Neste trabalho as linhas foram divididas em
dez segmentos, buscando facilitar a compreensão dos pacientes. A utilização de
dois parâmetros de avaliação da sintomatologia (EVS e EGP) também se mostrou
útil, ao conferir consistência aos valores obtidos pelo EVS.
Observamos que os pacientes com sintomatologia moderada a severa
apresentaram melhor resposta terapêutica do que aqueles com sintomatologia leve,
desde que 100% dos pacientes com sintomatologia severa e 75% daqueles com
moderada referiram melhora após a utilização do creme de capsaicina durante sete
semanas. Supõe-se ser mais fácil perceber redução no nível de desconforto em
quadros mais severos. Além disso, assumindo-se a ação da capsaicina atrelada aos
receptores TRPV1 é bastante provável que tanto o quadro sintomático quanto a
resposta ao composto apresentem alguma correlação com a expressão desses
receptores em cada indivíduo.
70
O comportamento evolutivo dos sintomas no GT demonstra que a capsaicina
exerceu efeito benéfico enquanto foi utilizada. Entre a terceira e quarta semanas de
controle, período em que foi suspensa a aplicação do medicamento, sete pacientes
do GT permaneceram estáveis, quatro melhoraram ligeiramente e quatro pioraram,
três de forma leve e um de forma moderada. Entre a oitava semana, última de
aplicação da capsaicina, e o controle de doze semanas, cinco pacientes pioraram,
dez permaneceram estáveis e nenhum melhorou. Esses resultados parecem
demonstrar que a capsaicina mantém efeito residual por pouco tempo, sendo que
novos ensaios poderiam estabelecer de forma mais objetiva qual o melhor esquema
terapêutico para essa droga – tempo e freqüência de administração. É possível que
corrija definitivamente alguma falha na condução do impulso nervoso, ou, ainda, que
desempenhe efeito emocional importante, uma vez que manteve estáveis os valores
de melhora obtidos durante o período de aplicação do medicamento, ao menos por
quatro semanas, em parcela considerável da casuística.
Todos os pacientes avaliados, à exceção de um paciente do GC, apresentaram
níveis entre moderados e elevados de ansiedade, sugerindo um traço característico
dos pacientes SAB. A literatura científica (AMENÁBAR et al., 2008; CAVALCANTI et
al., 2007; FORSSEL et al., 2002; HAKEBERG; HALLBERG; BERGGREN, 2003;
LAMB; LAMEY, 1996; LAMEY, 1988; TROMBELLI; ZANGARI; CALURA, 1994; VAN
DER PLÖEG et al., 1987) relaciona estados de ansiedade e depressão com a
etiopatogenia de SAB.
Além disso, todos os pacientes com elevado nível de ansiedade também
demonstraram indicativos de depressão ao escore CES-D e não responderam muito
bem ao tratamento proposto. A escala compreende itens relacionados a humor,
comportamento e percepção considerados relevantes em estudos clínicos sobre
71
depressão (SILVEIRA; JORGE, 1998). Difícil distinguir se os níveis de ansiedade e
depressão são decorrentes do desconforto diuturno produzido pela SAB ou se esses
distúrbios emocionais foram gerados por outras causas e contribuem de forma direta
ou indireta à produção do sintoma de ardência. A instituição de suporte psicoterápico
aos pacientes SAB poderia auxiliar no esclarecimento dessas inter-relações.
Adicionalmente, seria interessante aplicar testes de avaliação de ansiedade e
depressão em variados grupos populacionais, tanto sadios quanto portadores de
outras doenças crônicas para melhor comparação desses aspectos. Fioravanti et al.
(2006) observaram escores maiores em questionários aplicados para mulheres, que
constituem o principal gênero afetado pela SAB.
Não houve uma preocupação estrita em relação ao controle da aderência do
paciente ao tratamento prescrito. Uma vez que os exames periódicos dos pacientes
foram bastante próximos, esse controle era feito durante a anamnese e pela
verificação visual do nível de creme restante nos recipientes fornecidos aos
pacientes, muito mais para se verificar a necessidade de suplementação do produto
do que para mensurar a quantidade consumida.
Acreditamos que a constituição de um grupo controle bastante menor, quando
comparado ao GT e o tamanho reduzido da casuística interferiu na confiabilidade
dos resultados e, consequentemente, nos resultados da análise estatística. No
delineamento da pesquisa esperávamos contar com um número maior de pacientes,
além de um menor número de abandonos, de forma que o protocolo terapêutico
deve seguir sendo aplicado, a fim de se alcançar melhor avaliação dos resultados. A
diferença de número de sujeitos entre os gêneros também inviabilizou qualquer
análise estatística, assim como a distribuição da casuística entre os tipos de SAB
propostos por Lamey (1998) apenas um caso tipo 2 e três tipo 3.
72
Não foi possível determinar qualquer relação entre os medicamentos ingeridos
e o comportamento da SAB ou da resposta obtida com o tratamento à base de
capsaicina.
A duração da sintomatologia não pareceu representar fator preponderante à
resposta terapêutica à capsaicina, desde que pacientes com até dois anos de queixa
e pacientes acima deste tempo de duração apresentaram números semelhantes
com relação aos resultados terapêuticos obtidos.
A corrente investigação apresentou aos investigadores envolvidos vários
aspectos interessantes e estimulantes à seqüência da pesquisa. Trata-se sem
dúvida de uma população complexa, cujo comportamento e perfil parecem exigir a
concorrência de equipe multiprofissional para seu adequado manejo. A doença
estimula a busca pelas suas bases etiopatogênicas e a resposta terapêutica obtida
instigam tentativas de explicação baseadas no pouco conhecimento estabelecido e,
muito, no vasto desconhecimento ainda presente em relação às neuropatias
idiopáticas. Foi interessante perceber o benefício proporcionado a parte significativa
da população controlada, a praticidade das aplicações e o baixo custo da terapia
ensaiada. Há vários aspectos a serem desenvolvidos, conforme comentado
anteriormente nesta discussão, mas a possibilidade de aplicação imediata do
tratamento proposto representa um conhecimento importante e que estimula a
continuidade dos estudos.
73
7 CONCLUSÕES
1. A capsaicina pode ser indicada como alternativa terapêutica a pacientes SAB,
uma vez que produziu efeito benéfico à maior parte da casuística estudada durante
o período de administração do medicamento, prolongando-se até ao menos 30 dias
após a suspensão de uso do mesmo, e sem produzir qualquer efeito adverso
importante.
2. Indicaríamos o tratamento à base de capsaicina aos pacientes que apresentam
intensidade de sintomas entre moderada e severa, desde que esses pacientes
responderam de forma mais positiva ao tratamento.
3. Embora os níveis de ansiedade e depressão tenham sugerido alguma influência
sobre os resultados do tratamento, estes não se mostraram estatisticamente
significantes.
74
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82
ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
83
84
ANEXO B – Ficha de Protocolo Clínico
PROTOCOLO DE ARDÊNCIA BUCAL (Cavalcanti e Migliari, 2003)
Identificação:
Nome:_________________________________________________________
Endereço:______________________________________________________
Tel.:_______________________________CEP:________________________
Estado civil:_________________Profissão:____________________________
Naturalidade: ____________________Nacionalidade:____________________
Grau de instrução:__________________
1. Caracterização dos sintomas:
Queixa principal: ( )ardor ( )queimação ( )dor ( )outros_________
Tempo de duração:_________(anos) _________(meses)
Localização inicial dos sintomas:
Língua: ( )borda D ( )borda E ( )ápice ( )dorso ( )ventre
Mucosas: ( ) jugal D ( ) jugal E ( )labial inf. ( )labial sup.
Semi-mucosa labial ( )inf. ( ) sup.
( ) palato duro ( )palato mole ( )orofaringe ( )soalho
Rebordo alveolar: ( )sup. ( )inf.
Localização atual dos sintomas:_____________________________________________
Padrão de sintomatologia (Lamey, 1996):
( )Tipo I (ardência ausente ao levantar-se, surgindo e piorando com o decorrer do dia)
( )
Tipo II (ardência presente ao levantar-se e sem modificações durante o dia ou noite)
( )Tipo III (dias livres de sintomas)
2. Características gerais do quadro:
Fatores associados ao início dos sintomas:
( )locais______________________________________________________________________
( ) sistêmicos__________________________________________________________________
( ) emocionais_________________________________________________________________
( ) outros_____________________________________________________________________
85
Fatores agravantes:
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Fatores atenuantes
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Interferência nas funções bucais e sociais:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Tratamentos utilizados para resolução do sintoma:
( ) acupuntura duração:_____sessões; _____anos ______meses
( ) medicação tópica(colutórios, cremes, pomadas):________________________________
__________________________________________________________________________
( ) medicação sistêmica:______________________________________________________
__________________________________________________________________________
( ) outros:__________________________________________________________________
3. Doenças sistêmicas atuais :_______________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Pregressas_____________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
História atual ou pregressa de tratamento de depressão
_______________________________________________________________________________
Uso de medicação sistêmica (especificar droga, concentração, posologia e tempo de utilização):
( )anti-hipertensivos – :________________________________________________________
________________________________________tempo:_________
( )hipoglicemiantes – ___________________________________________tempo:_________
( )ansiolíticos/antidepressivos –________________________________________________
____________________________________________________________tempo:________
( )reposição hormonal - _________________________________________tempo:________
( )suplementos - _______________________________________________tempo:________
( )outras-______________________________________________________
4. Menopausa ( )sim, desde___________ não ( )
5. Hábitos (especificar tipo, quantidade e tempo de uso):
( )tabagismo- __________________________________________________
( )etilismo-_____________________________________________________
( )outros-______________________________________________________
86
6. Outras queixas bucais:
( ) boca seca (prosseguir com avaliação de queixa subjetiva)
( ) alteração de paladar
( )gosto amargo
( ) outras (especificar)_________________________________________________
Análise da queixa subjetiva de boca seca (Guy, 1976)
Score ( ):
0. Sem queixa de boca seca
1. Sintomas leves de boca seca ao levantar-se ou a noite;
2. Queixa de boca seca várias vezes ao dia, mas sem comprometimento da função (deglutição e
fala);
3. Queixas moderadas com certo grau de comprometimento funcional, mas sem percepção de
prejuízo à saúde; dificuldade para deglutir alimentos secos ou para falar;
4. Prejuízo severo do bem estar, disfunção severa ou incapacitação, dificuldade em deglutir
qualquer tipo de alimento, carrega água e ingere várias vezes ao dia ou dor na boca.
7. Alimentação:
Número de refeições/dia:_______tipo de alimento: ( )arroz ( )feijão ( )frutas
( )verduras: ( )cruas ( )cozidas; ( )carne: ( )vermelha ( )branca
8.Condição bucal:
Ausências dentárias: 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8
8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8
Condição dentária ( )boa ( )regular ( )ruim
Uso de prótese: tipo____________tempo de uso:_________frequência:__________
retenção:________estabilidade:___________integridade:______________
Indicações terapêuticas: ( )prótese total ( )prótese removível ( )periodontia
( )dentística ( )cirurgia ( )outra________________
Higiene bucal e da prótese: ( )adequada ( )inadequada
Hábitos parafuncionais(especificar):______________________________________
Sinais de disfunções temporo mandibulares: ( ) sim ( )não
Exame da mucosa: N = normal A = alteração
Língua: ( )borda D ( )borda E ( )ápice ( )dorso ( )ventre
Mucosas: ( ) jugal D ( ) jugal E ( )labial inf. ( )labial sup.
Semi-mucosa labial ( )inf. ( ) sup.
( ) palato duro ( )palato mole ( )orofaringe ( )assoalho
Rebordo alveolar: ( )sup. ( )inf.
Língua ( )geográfica ( )fissurada
87
9. Exames complementares:
Locais:
Pesquisa de fungos (lavado bucal Samaranayake, 1989):
Contagem (UFC/ml):____________Identificação:__________________________
Saliva:
Fluxo Salivar Total Não-Estimulado (mL/min):_______________________
Fluxo salivar total estimulado (mL/min):____________________________
Proteínas Totais:__________________________ pH:___
__________
Sistêmicos (Lamey,1996):
Hemoglobina sérica:____________________Hematócrito:_________
Glicemia de jejum:____________________
88
ANEXO C – Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)
89
ANEXO D – Escala de Rastreamento Populacional para Depressão CES-D
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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