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Outras características das asteráceas são, segundo Bremer (1994), o cálice
modificado em papilho e corola dos tipos tubulosa, ligulada, bilabiada e filiforme. O
androceu é isostêmone, com anteras sinânteras formando um tubo e com deiscências
introrsas; o gineceu possui dois carpelos, ovário ínfero, uniovular. e placentação basilar;
o estilete ramifica-se no ápice, formando dois ramos; as regiões receptivas restringem-se
a quatro linhas estigmáticas localizadas ventralmente às margens da metade inferior de
cada ramo do estilete; o fruto característico é denominado cipsela. A unidade de
dispersão (diásporo) compreende a cipsela, com a semente, e o papilho, quando
presente. A presença de papilho nos frutos garante um mecanismo eficiente de dispersão
dos diásporos (Ferreira et al. 2001).
Em Heliantheae, observam-se flores do raio liguladas e do disco, tubulosas.
Androceu isostêmone com anteras sinânteras e enegrecidas; frutos enegrecidos, devido
a presença de fitomelano em suas paredes (frutos “carbonizados”). Os frutos de Bidens
pode ser reconhecido pela presença de papilho formado por aristas com tricomas
retrorsos (Barroso et al., 1991) e os diásporos são epizoocóricos (Moraes 1997).
A apresentação secundária de pólen (ASP) é universal em Asteraceae e está
associada à protandria. Essa consiste da deiscência precoce das anteras, com a flor ainda
em botão (flor em pré-antese), e liberação dos grãos de pólen no interior do tubo anteral.
Os ramos dos estiletes, ainda justapostos, crescem e passam pelo tubo anteral, arrastando
os grãos de pólen para o exterior da flor, expondo-os aos polinizadores, caracterizando a
ASP (Howell et al. 1993; Yeo 1993). Nessa ocasião, a flor encontra-se na fase
estaminada. Posteriormente, na fase pistilada, os ramos afastam-se e expõem as áreas
estigmáticas (Jones 1976; Grombone-Guaratini et al. 2004; Eiterer 2005; Godinho
2007). Esta dicogamia, ou seja, separação temporal entre as fases estaminada e pistilada
da flor pode gerar conseqüências reprodutivas positivas, visto que favorece a polinização
cruzada (Mani & Saravanan 1999).
Estudos fenológicos em espécies de Asteraceae são poucos se considerada a
diversidade da família. Dentre eles destacam-se os de Moraes (1997), Karam et al.
(2002), Eiterer (2005), Romero & Neto (2005), Ferreira (2006) e Godinho (2007), a
maioria englobando, principalmente, a fenologia reprodutiva. Ferreira (2006) estudou a
fenologia reprodutiva de 61 espécies de Asteraceae em um fragmento florestal do
município de Viçosa, Zona da Mata de Minas Gerais, e verificou que a floração, ocorreu
ao longo de todo o ano. Essa autora mencionou que essas espécies parecem
desempenhar importante papel ecológico, pois são fontes de recursos florais e devem