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Universidade Federal do Rio de Janeiro
A FORMAÇÃO DE ‘DEDÉ’ E ‘MALU’: UMA ANÁLISE OTIMALISTA DE DOIS
PADRÕES DE HIPOCORIZAÇÃO
Bruno Cavalcanti Lima
2008
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A FORMAÇÃO DE ‘DEDÉ’ E ‘MALU’: UMA ANÁLISE OTIMALISTA DE DOIS
PADRÕES DE HIPOCORIZAÇÃO
Bruno Cavalcanti Lima
VOLUME ÚNICO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como
quesito para a obtenção do Título de Mestre em
Letras Vernáculas (Língua Portuguesa).
Orientador:
Prof. Dr. Carlos Alexandre Gonçalves
Rio de Janeiro
Agosto de 2008
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A formação de ‘Dedé’ e ‘Malu’: uma análise otimalista de dois padrões de
hipocorização
Bruno Cavalcanti Lima
Orientador: Professor Doutor Carlos Alexandre Gonçalves
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras
Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa).
Banca Examinadora:
_________________________________________________
Prof. Doutor Carlos Alexandre Gonçalves – UFRJ (orientador)
_________________________________________________
Profa. Doutora Marília Facó Soares – UFRJ / Museu Nacional
_________________________________________________
Profa. Doutora Mônica Maria Rio Nobre – UFRJ
_________________________________________________
Profa. Doutora Carmen Teresa Dorigo UFRRJ, Suplente
_________________________________________________
Prof. Doutor João Antônio de Moraes – UFRJ, Suplente
Rio de Janeiro
Agosto de 2008
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Lima, Bruno Cavalcanti.
A formação de Dedé’ e Malu’: uma análise otimalista de dois padrões de
hipocorização / Bruno Cavalcanti Lima. Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2008.
xi, 67f.: il.; 31 cm.
Orientador: Carlos Alexandre Gonçalves
Dissertação (mestrado)- UFRJ / FL / Programa de Pós-Graduação em Letras
Vernáculas (Língua Portuguesa), 2008.
Referências Bibliográficas: f. 80-83.
1. Fonologia. 2. Teoria da Otimalidade. 3. Morfologia Prosódica. 4.
Hipocorização. I. Gonçalves, Carlos Alexandre. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Faculdade de Letras. III. A formação de ‘Dedé’ e ‘Malu’: uma análise
otimalista de dois padrões de hipocorização.
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SINOPSE
Análise de dois padrões do fenômeno da hipocorização: o
padrão com reduplicação à direita (André > Dedé), mais
especificamente da sílaba nica, e o padrão de
antropônimos compostos (Maria Luíza > Malu). Análise
dividida em dois momentos: através da Morfologia
Prosódica, portanto derivacional, e através da Teoria da
Otimalidade, baseada na atuação de restrições e na
hierarquização das mesmas.
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RESUMO
A formação de ‘Dedé’ e ‘Malu’: uma análise otimalista de dois padrões de
hipocorização
Bruno Cavalcanti Lima
Orientador: Carlos Alexandre Gonçalves
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de s-Graduação em
Letras Vernáculas, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras
Vernáculas (Língua Portuguesa).
Neste trabalho, analiso dois padrões de hipocorização: o de antropônimos
compostos, que ocorre, por exemplo, em ‘Malu’ (hipocorização do nome composto ‘Maria
Luíza’), e o que apresenta reduplicação à direita, mais especificamente da sílaba tônica,
como ocorre, por exemplo, em ‘Dedé’ (hipocorização do antropônimo ‘André’). A análise
se baseia na Teoria da Correspondência (McCarthy & Prince, 1995), que segue os
princípios da Otimalidade Clássica, estabelecidos em Prince & Smolensky (1993), sendo,
por isso, igualmente otimalista e paralelista (Gonçalves, 2004). O hipocorístico deve
constituir palavra mínima na língua e, por isso, não pode apresentar mais de um pé binário.
Sendo assim, as restrições de tamanho são dominantes na hierarquia, seguidas pelas
restrições de marcação e de fidelidade, nessa ordem. Como corpus, utilizo dados coletados
em testes e dados que comem o dicionário de hipocorísticos de Monteiro (1999),
disponível em http://www.geocities.com/Paris/cathedral/1036.
Para constatar a presença de padrões mais gerais, foram aplicados testes de
aceitabilidade de formas. Para cada forma proposta nos testes, verifiquei qual delas
sobressaía em relação às outras. Essa forma destacada seria, portanto, o output ótimo.
Assim, um dos objetivos do trabalho é comprovar que as restrões de tamanho, no
fenômeno da hipocorização, são as mais altas na hierarquia, superando as de marcação e de
fidelidade.
Rio de Janeiro
Agosto de 2008
7
ABSTRACT
The coinage of ‘Dedé’ and ‘Malu’: an optimalist analysis of two patterns of
hypocorization
Bruno Cavalcanti Lima
Orientador: Carlos Alexandre Gonçalves
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Letras Vernáculas, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras
Vernáculas (Língua Portuguesa).
In this work, I analyze two patterns of hypocorization: that of compound
anthroponyms, wich occurs, for instance, in ‘Malu’ (hypocorization of the compound first
name ‘Maria Luíza’), and that which presents reduplication on the right, more specifically
of the stress syllable, as in ‘Dedé (hypocorization of the anthroponym André’). The
analysis is based on Correspondence Theory (McCarthy & Prince, 1995), which follows the
Classical Optimality principles, established in Prince & Smolensky (1993), being, this way,
equally optimalist and paralelist (Gonçalves, 2004). The hypocoristic should coin the
shortest word possible in a given language and, thus, should not have more than one foot
with two syllables. Therefore, constraints of size are dominants in the hierarchy followed
by markedness constraints and faithfulness, in that order. As a corpus, I use data which
have been collected in tests and data which are found in the dictionary of hypocoristics by
Monteiro (1999), available at http://www.geocities.com/Paris/cathedral/1036.
In order to establish positive evidence of more general patterns, tests of
acceptability of forms have been run. For each form proposed in the tests, I have checked
which one stood out in relation to others. That form would be, therefore, the optimum
output. So, one of the aims of this work is to prove that constraints of size, in the
phenomenon of hypocorization, are higher in the hierarchy, overtopping those of
markedness and faithfulness.
Rio de Janeiro
Agosto de 2008
8
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo, devo agradecer a DEUS, em quem confio e espero. A Ele devo o que
tenho e o que me tornei. Concluindo mais uma etapa importante da vida, louvo a DEUS por
ter me possibilitado chegar ao fim.
De forma especial e carinhosa, agradeço a todos os meus familiares, especialmente
à minha esposa, por demonstrar amor e paciência a cada dia, e à minha mãe, por me amar e
me ensinar a ser o que hoje sou. Não posso deixar de homenagear duas pessoas de quem
tenho imensa saudade: meu pai e minha avó Giselda, essenciais em minha formação.
Ao Professor Doutor Carlos Alexandre Gonçalves, pessoa fundamental em minha
trajetória acadêmica como orientador e amigo, pelo apoio firme e constante, pelo grande
conhecimento transmitido, pela paciência e, acima de tudo, por ter acreditado em mim.
Aos amigos da Faculdade de Letras da UFRJ, pelos bons momentos de estudo e
amizade. De maneira especial, lembro os amigos que participaram comigo da equipe de
Redação do Projeto CLAC/UFRJ (Ana Carolina Morito, Erica Almeida, Hayla Thami,
Juliana Segadas, Michelli Ferreira e Suelen Sales). Agradeço também às professoras
orientadoras do Projeto: Ana Flávia Gerhardt, Aparecida Lino, Aparecida Pinilla, Filomena
Varejão, Mônica Orsini e Violeta Rodrigues.
Agradeço aos queridos amigos da Paróquia de São Jerônimo e ao seu antigo pároco,
Padre Luiz Artur Falcão, meu amigo e pai espiritual.
Aos amigos professores do Colégio São Conrado, Colégio São José, Centro
Educacional da Lagoa, Curso Carpe Diem e Curso Tamandaré, pessoas queridas com quem
divido boa parte do tempo.
Aos meus queridos alunos, que me garantem bons momentos no decorrer de um
cansativo dia de trabalho.
Enfim, agradeço a todos os que torcem por mim.
9
“Resplandecente é a Sabedoria, e sua beleza é inalterável: os que a amam
descobrem-na facilmente; os que a procuram encontram-na. Ela antecipa-se aos que a
desejam. Quem, para possuí-la, levanta-se de madrugada não terá trabalho, porque a
encontrará sentada à sua porta.” (Sabedoria 6,12-14)
10
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO...............................................................................................................12
2- O FENÔMENO DA HIPOCORIZAÇÃO....................................................................16
3- BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS PARA O ESTUDO DA
HIPOCORIZAÇÃO............................................................................................................22
3.1 MORFOLOGIA PROSÓDICA......................................................................................23
3.2 TEORIA DA OTIMALIDADE......................................................................................27
3.2.1 Propriedades da OT.......................................................................................27
3.2.2 A arquitetura da OT......................................................................................29
3.2.3 Teoria da Correspondência...........................................................................31
3.3 BASES METODOLÓGICAS.........................................................................................33
4- O PROCESSO DE HIPOCORIZAÇÃO COM REDUPLICAÇÃO À DIREITA....37
4.1 ANÁLISE VIA MORFOLOGIA PROSÓDICA............................................................38
4.2 ANÁLISE VIA TEORIA DA OTIMALIDADE............................................................45
4.2.1 Restrições de tamanho...................................................................................45
4.2.2 Restrição de acento.........................................................................................46
4.2.3 Restrições de marcação..................................................................................46
4.2.4 Restrição de alinhamento..............................................................................47
4.2.5 Restrições de fidelidade..................................................................................47
4.2.6 Análise dos antropônimos..............................................................................50
5- O PROCESSO DE HIPOCORIZAÇÃO DE ANTROPÔNIMOS COMPOSTOS..59
5.1 ANÁLISE VIA MORFOLOGIA PROSÓDICA............................................................61
5.2 ANÁLISE VIA OTIMALIDADE...................................................................................67
11
5.2.1 Restrições de tamanho...................................................................................67
5.2.2 Restrições de marcação..................................................................................68
5.2.3 Restrições de acento.......................................................................................68
5.2.4 Restrição de alinhamento..............................................................................69
5.2.5 Análise dos antropônimos..............................................................................71
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................77
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................80
ANEXO 1.............................................................................................................................84
ANEXO 2.............................................................................................................................88
ANEXO 3.............................................................................................................................92
ANEXO 4.............................................................................................................................96
12
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Gonçalves (2004b), o português faz uso de processos o-
concatenativos para expressar carga emocional variada ou para ampliar seu vocabulário,
embora seja uma língua de morfologia predominantemente aglutinativa. Esses processos
o-concatenativos, denominados processos marginais de formação de palavras, são
analisados pelo autor sob a ótica de abordagens não-lineares, como a Morfologia Prosódica
(McCarthy, 1986; McCarthy & Prince, 1990) e a Teoria da Correspondência (McCarthy &
Prince, 1995), uma extensão da Teoria da Otimalidade aplicada à morfologia (Benua,
1995).
Não dúvida de que o português seja uma ngua de morfologia
predominantemente aglutinativa. Exemplos como jornal-eiro (sufixação), in-feliz
(prefixação), raíz-es (flexão), guarda-roupa (composição) e en-velh-ecer (circunfixação)
manifestam-se pela concatenação de radicais ou de afixos, de maneira que se pode verificar
a isolabilidade de morfemas.
processos, entretanto, que revelam que o português também faz uso de
categorias morfoprosódicas para formar uma nova palavra. Esses processos, segundo
Gonçalves (2004b), são os seguintes: a reduplicação (pula-pula, brinquedo de parque de
diversão), o truncamento (delega, para delegado), o cruzamento vocabular (sacolé, juão
das bases saco e picolé), a siglagem (PT, para Partido dos Trabalhadores) e a hipocorização
(Malu, para Maria Luíza).
O objetivo do presente estudo é a análise de dois padrões do processo chamado
hipocorização. Esse processo morfológico não-aglutinativo corresponde, de acordo com
Gonçalves (2004a), ao encurtamento afetivo de antropônimos, resultando em uma forma
13
diminuta que mantém identidade com o prenome original. Gonçalves (2005) postula que
existem quatro padrões de hipocorização: 1) o sistema default (Francisco > Chico); 2) o
padrão que rastreia a margem esquerda da palavra (Eduardo > Edu); 3) o modelo que
reduplica a margem direita da palavra (André > Dedé); 4) o padrão que reduplica os
segmentos à esquerda da palavra (Viviane > Vivi). Além desses padrões apontados por
Gonçalves (2005), existe, ainda, um quinto padrão, relacionado aos antropônimos
compostos (Carlos Eduardo > Cadu). Neste trabalho, deter-me-ei nos padrões 3 e 5, ou seja,
o padrão de reduplicação dos segmentos à direita e o padrão de formação de hipocorísticos
a partir de nomes compostos. A análise baseia-se na Teoria da Correspondência (McCarthy
& Prince, 1995), visto que esta oferece instrumentos mais eficazes para o estudo da
chamada Morfologia Não-Concatenativa e segue os princípios da Otimalidade Clássica,
estabelecidos em Prince & Smolensky (1993), sendo, dessa maneira, igualmente otimalista
e paralelista.
Mostro, neste estudo, que o processo da hipocorização com reduplicação à direita,
mais especificamente da sílaba tônica, não é um fenômeno variável, apresentando, portanto,
um único output ótimo. Sendo assim, o antropônimo ‘Mateus’, por exemplo, admite como
hipocorístico apenas a forma Teteu’, e uma estrutura como ‘Teu’ seria, por conseguinte,
bloqueada. Dessa forma, para dar conta do femeno, as restrições de tamanho devem estar
no topo da hierarquia, seguidas pelas de acento, de marcação e, por fim, de fidelidade. O
processo de hipocorização com reduplicação à direita contrasta com o processo de
hipocorização com reduplicação à esquerda, analisado por Silva (em preparação), no que
concerne à variabilidade, posto que este admite que mais de um output possa emergir como
ótimo, tal como ocorre com o antropônimo ‘Luciana’, que pode ser hipocorizado como
‘Lu’ ou ‘Lulu’.
14
Deve-se ressaltar, no entanto, que alguns poucos antropônimos analisados no
fenômeno da hipocorização com reduplicação à direita admitem variação. Assim, em
nomes como ‘Isabel’ e ‘Raquel’, dois outputs podem emergir como ótimos: o primeiro
admite as formas ‘Bebel’ e ‘Bel’, ao passo que o segundo permite que formas como
‘Quequel’ e ‘Quel’ sejam aceitas.
Com relação ao processo de hipocorização de antropônimos compostos, sabe-se que
se trata da junção de duas bases que se encurtam e que se combinam. Assim como no
processo anterior, a emergência de apenas um output ótimo, configurando, assim, mais
um caso de invariabilidade.
Para dar conta dos dois casos, as restrições de tamanho devem estar no topo da
hierarquia, seguidas pelas de acento, de marcação e, por fim, de fidelidade. Como o
hipocorístico deve constituir palavra mínima na língua e, por isso, não pode apresentar mais
de um binário (Goalves, 2004a), as restrições de tamanho devem ser as mais bem
cotadas da hierarquia, já que estas são responsáveis pelo encurtamento de antropônimos.
Como se sabe, para haver encurtamento, alguma perda segmental deve ocorrer, o que prova
que as restrições de fidelidade devem estar minimamente ranqueadas e que estruturas
totalmente fiéis ao input jamais poderão ser consideradas hipocorísticas.
O trabalho está estruturado da seguinte maneira: no capítulo 2, apresento o conceito
de hipocorização e alguns exemplos relacionados aos cinco padrões mencionados acima. A
seguir, no capítulo 3, apresento as bases teóricas e metodológicas para o estudo da
hipocorização, ou seja, procuro descrever os principais dispositivos da Morfologia
Prosódica e abordo a Teoria da Otimalidade e seus mecanismos, enfatizando a Teoria da
Correspondência, sua versão mais recente; ainda nesse capítulo, detalho a metodologia
empregada na execução da pesquisa. Finalmente, nos capítulos 4 e 5, parto para a análise
15
dos padrões mencionados. Com relação a esses capítulos, faz-se necessário ressaltar, como
foi mencionado acima, que uma análise morfoprosódica, além da otimalista, também foi
feita, com o objetivo de descrever e formalizar os padrões de hipocorização abordados na
pesquisa. Dessa forma, o capítulo 4 mostra a abordagem morfoprosódica e otimalista do
processo de hipocorização com reduplicação à direita, e o capítulo 5 faz o mesmo com o
padrão dos antropônimos compostos. Por fim, o capítulo 6 sumariza as principais
conclusões do trabalho.
16
2. O FENÔMENO DA HIPOCORIZAÇÃO
Monteiro (1983, p. 83) define hipocorístico como o processo apelativo usado na
linguagem familiar para traduzir carinho ou qualquer palavra criada por afetividade,
incluindo-se certos diminutivos (filhinho, benzinho, maninha) e palavras oriundas da
linguagem infantil (papai, titia, tetéia, dodói etc). Como se percebe, tal conceito é bastante
amplo, o que fez com que Monteiro, no mesmo trabalho, delimitasse a definição. Assim,
nas palavras do autor, em sentido estrito, o hipocorístico deve designar uma alteração do
prenome ou nome próprio individual. Para Monteiro (1983, p. 83), então, a definição de
hipocorístico restringe-se ao termo afetivo formado de um prenome ou sobrenome.
Neste trabalho, assumo a definição de hipocorístico proposta por Gonçalves (2004a,
p. 08). Para o autor, hipocorização é o processo morfológico pelo qual antropônimos são
encurtados afetivamente, resultando numa forma diminuta que mantém identidade com o
prenome ou com o sobrenome original. Sendo assim, ‘Xande’ é um hipocorístico por se
tratar de uma forma encurtada afetivamente que mantém identidade com o prenome
original, no caso, ‘Alexandre’. Esse conceito, como se , conduz o leitor ao
estabelecimento de uma distinção básica entre hipocostico e apelido. O hipocorístico,
nessa ótica, precisa manter identidade com o prenome; o apelido, entretanto, não. Uma
forma como ‘baixinho’, por exemplo, pode ser considerada apelido de algum indivíduo,
porém não pode ser considerada hipocostica, uma vez que não mantém identidade com
antropônimo algum. Dessa forma, pode-se afirmar que todo hipocorístico pode ser
considerado um apelido, mas nem todo apelido pode ser considerado um hipocorístico.
Lançadas as definições de Monteiro (1983) e Gonçalves (2004a), nota-se que, em
princípio, são semelhantes, o havendo diferença alguma para apontar. Deve-se ressaltar,
17
no entanto, que Gonçalves (2004a), assumindo que o sico do português é o troqueu
moraico, postula que os hipocorísticos podem ser considerados as menores formas
derivadas da língua. Assim, condições de palavra mínima devem ser impostas a esse
processo, que bloqueia qualquer formação maior que duas sílabas e que não contenha pelo
menos um pé, como se observa nos dados abaixo, em (01):
(01) Penélope > *Nélope
Rosângela > *Zângela
Barnabé > *Bé
Salomé > *Mé
Como se viu, Monteiro (1983) o faz qualquer referência a condições de
minimalidade, o que faz com que sua análise aceite as formas ‘Angelito’ e Gelitocomo
hipocorísticas de ‘Ângelo’, por exemplo. No presente trabalho, formas derivadas através de
afixos não serão contempladas, o que faz com que estruturas como ‘Angelito’, ‘Luluzinha’
e ‘Bruninho’ não sejam aceitas como hipocosticas, apesar da identidade com o prenome
original. Deve-se levar em consideração que tais formas são polissílabas e, por isso,
infringem a condição primeira de minimalidade, que bloqueia estruturas maiores que duas
sílabas. Além disso, tais formas recebem sufixos afetivos variados (-ico, -inho) e, por isso
mesmo, podem ou não sofrer encurtamento. No caso de ‘Gelito’, pode-se admitir uma
redução a partir de um prenome derivado sufixalmente (‘Angelito’), o que evidencia um
processo de minimização não a partir de um prenome morfologicamente simples, mas de
uma forma estruturalmente complexa.
18
Deve-se ressaltar, ainda, que a hipocorização, nesta análise, corresponde ao que
Benua (1995) chama de truncamento. Como, em português, diferentes processos não-
concatenativos de encurtamento, Gonçalves (2002a) estabelece essa diferenciação,
reservando o termo hipocorização para a redução de antropônimos (hipocorísticos) e
truncamento para a formação de outros nomes encurtados (‘japa’ para japos’ e ‘boteco’
para ‘botequim’).
Para alguns autores, a hipocorização é concebida como fenômeno “idiossincrático”,
“imprevisível”, “assistemático” e esdrúxulo (Cunha, 1975; Monteiro, 1987; Zanotto,
1989), operando com supressão de uma seqüência fônica do antropônimo. De acordo com
Gonçalves (2004, p. 08), entretanto, o processo se mostra altamente regular quando se
levam em conta primitivos prosódicos e aspectos da interface Morfologia-Fonologia. É
justamente por isso que se fará, nesta pesquisa, uma análise da hipocorização segundo a
Morfologia Prosódica. Através da análise morfoprosódica, perceber-se-á que o processo se
caracteriza por um mapeamento dos segmentos melódicos do prenome para um molde
prosodicamente definido (Mester, 1990).
Como já se mencionou na Introdução, existem cinco padrões de hipocorização no
português brasileiro, especificamente na variante carioca. O quadro a seguir, em (02),
exemplifica os diferentes sistemas de hipocorização:
19
(02)
Sistema 1 Sistema 2 Sistema 3 Sistema 4 Sistema 5
Francisco > Chíco
1
Gertrudes > Túde
Isabel > l
Leopoldo > Pôldo
Miguel > Guél
Eduardo > Edú
Rafael > Ráfa
Patrícia > Páti
Natália > Náti
Cristina > Crís
André > De
Barnabé > Bebé
Mateus > Tetêu
Artur > Tutú
Marli > Lilí
Carlos > Cacá
Leandro > Lelê
Fátima > Fafá
Eduardo > Dudú
Viviane > Viví
Carlos Eduardo > Cadú
Maria Luíza > Malú
Maria Isabel > Mabél
Carlos André > Cadé
Luiz Carlos > Lúca
O sistema 1, analisado por Gonçalves (2005), é o mais produtivo e pode ser
considerado padrão geral para a formação de hipocosticos em português (padrão default).
A principal característica das formas reduzidas por meio da hipocorização do sistema 1,
como se pode perceber através dos exemplos, é a manutenção do acento lexical das
palavras. Os sistemas 2 e 4 caracterizam-se pelo mapeamento dos segmentos localizados à
margem esquerda da palavra, sendo que, no padrão 4, ocorre, conjuntamente, o fenômeno
da reduplicação. O processo 3 é caracterizado pela reduplicação que ocorre na margem
direita da palavra, mais especificamente da sílaba proeminente. O sistema 5, finalmente,
consiste na hipocorização de nomes compostos, ou seja, na junção de duas bases que se
combinam e se encurtam.
Vale ressaltar que cada padrão comporta-se de uma maneira distinta e, portanto, as
análises também serão distintas, pelo menos neste ponto da pesquisa. O antropônimo
‘Eduardo’, por exemplo, funciona como base para a criação de pelo menos quatro
hipocorísticos: Dádo, Edú, e Dudú. O primeiro hipocorístico é selecionado como forma
1
Utilizo o acento agudo sobre as vogais para indicar a localização das sílabas tônicas. Nos casos em que
houver timbre fechado, utilizo o acento circunflexo.
20
ótima através do padrão default, a segunda forma emerge através de uma análise do sistema
2, e o terceiro e o quarto hipocosticos são selecionados através do padrão 4, que tende a
exibir alternância entre formas simples e formas reduplicadas (Silva, em preparação).
Assim, como se vê, para cada sistema de hipocorização existe um ranking de restrições
distinto, numa análise otimalista.
Como se de perceber no presente capítulo, o processo da hipocorização é
importante na descrição de alguns pontos da fonologia do português. Um desses pontos
relaciona-se à tese de que o básico do português é o troqueu moraico, uma vez que,
como já se discutiu, condições de palavra mínima são refletidas na formação de
hipocorísticos. Considerando as palavras de Gonçalves (2004, p. 12), o troqueu moraico
tem papel de destaque em processos de minimização, sendo, por isso, extremamente
relevante na morfologia portuguesa. Além disso, Cabré (1994) postula que o argumento
principal para que se considere o troqueu moraico como sico é sua pertinência em
processos de minimização, a exemplo do que ocorre na hipocorização.
De acordo com Collischonn (2005), o troqueu moraico considera o peso silábico, ou
seja, conta as moras (unidades de tempo de que as sílabas são constituídas): cada duas
moras formam um pé, com cabeça à esquerda. Sílabas pesadas m duas moras, portanto
formam sozinhas um pé.
Na hierarquia prosódica (Nespor e Vogel, 1986), o pé é o constituinte que se
localiza entre a sílaba e a palavra fonológica, como se em (03). Segundo Gonçalves
(2004a), ocorre palavra mínima todas as vezes em que a palavra fonológica () dominar
um e somente um (). Sendo assim, monossílabos com rima ramificada (‘mel’, ‘véu’ e
‘lar’) e dissílabos com sílaba final leve (‘mala’, ‘neve’ e ‘tolo’) constituem palavras
21
mínimas em português. No caso dos monossílabos com rima ramificada, as duas moras do
troqueu localizam-se numa sílaba única e, no caso dos dissílabos com sílaba final leve, as
duas moras distribuem-se por duas sílabas leves.
(03) palavra fonológica ( >> pé>> sílaba>> mora
Hipocorísticos, portanto, requerem condições de palavra mínima e, por isso,
bloqueiam qualquer formação maior que duas sílabas e que não contenha pelo menos um
(Gonçalves, 2004a). Desse modo, a hipocorização, especialmente o sistema default, bem
como os demais processos não-concatenativos de formação de palavras, pode trazer à tona
importantes aspectos do sistema fonológico do português, servindo como evincia
empírica para determinadas proposições teóricas, como a de que o básico da língua é o
troqueu moraico.
22
3. BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS PARA O ESTUDO DA
HIPOCORIZAÇÃO
O presente capítulo tem por objetivo revelar os pressupostos teóricos e as bases
metodológicas que fundamentaram a pesquisa. Sendo assim, o capítulo divide-se em três
partes. Na primeira seção, apresento a Morfologia Prosódica, modelo teórico proposto por
McCarthy (1986) e posteriormente revisto por McCarthy & Prince (1990 e 1993a). A
seguir, na segunda seção do capítulo, discuto a Teoria da Otimalidade, enfatizando a Teoria
da Correspondência, que, como se afirmou na introdução, é uma extensão da Teoria da
Otimalidade aplicada à morfologia não-concatenativa (Benua, 1995). Na terceira parte do
capítulo, apresento as bases metodológicas utilizadas no trabalho.
É importante ressaltar o motivo pelo qual incluí a Morfologia Prosódica na
pesquisa, que o objetivo primeiro do trabalho é a descrição dos fenômenos através da
Teoria da Otimalidade. A análise morfoprosódica permite descrever o comportamento dos
padrões de hipocorização aqui focalizados e, a partir disso, podem-se extrair generalizações
importantes para o trabalho, pois, com base nessas generalizações, chega-se às restrições
utilizadas na análise otimalista. Dessa maneira, pode-se afirmar que a análise
morfoprosódica é vista, nesta pesquisa, como pano de fundo para a análise via Otimalidade.
Além disso, como se mencionou no capítulo introdutório, alguns processos requerem
categorias morfoprodicas para a formação de novas palavras. Como a hipocorização é um
desses processos o-concatenativos, justificam-se, assim, análises através da Morfologia
Prosódica no presente estudo.
23
3.1 MORFOLOGIA PROSÓDICA
A partir de Gonçalves (2008), pode-se afirmar que os trabalhos em Morfologia
Prosódica dividem-se em duas fases. McCarthy (1979), tratando de fenômenos
morfológicos não-concatenativos, postulou uma teoria prosódica que foi continuamente
revisada até chegar à teoria denominada pelo autor de Morfologia Prosódica Circunscritiva.
A segunda fase do percurso da Morfologia Prosódica, ainda de acordo com
Gonçalves (2008), é marcada pela associação desse modelo à Teoria da Otimalidade
(McCarthy & Prince, 1993a). Sendo assim, chega-se à Teoria da Correspondência
(McCarthy & Prince, 1995), modelo que oferece instrumentos mais eficazes para a análise
de fenômenos morfológicos o-aglutinativos. Abordagens mais específicas sobre a Teoria
da Otimalidade e a Teoria da Correspondência serão feitas na próxima seção deste capítulo.
As origens dos estudos em Morfologia Prosódica relacionam-se à emergência da
Fonologia Autossegmental (Goldsmith, 1976), já que a descrição da morfologia não-
concatenativa começou a ser feita de maneira mais natural a partir do surgimento da
Fonologia Autossegmental. Segundo Goalves (2008), McCarthy (1979, 1981) aplica os
princípios desse modelo ao fenômeno da afixação descontínua encontrado numa grande
variedade de línguas semíticas. Nas palavras de Gonçalves (2008, p. 01), a adaptação dos
princípios da Fonologia Autossegmental a processos morfológicos como a infixação deu
origem à Teoria da Morfologia Não-Concatenativa (McCarthy, 1979, 1981, 1982), que,
mais tarde, desembocou na Morfologia Prosódica (McCarthy, 1986).
A análise morfoprosódica feita neste estudo será com base no modelo proposto por
McCarthy (1986) e revisto por McCarthy & Prince (1990, 1993a). Nessa versão da
Morfologia Prodica, os autores, nas palavras de Gonçalves (2008, p. 03), argumentam
24
contra moldes segmentais em favor de moldes prosódicos. Dessa forma, a Morfologia
Prosódica é um modelo teórico que tem por objetivo explicar a interação Morfologia-
Fonologia e, para chegar a esse fim, leva em consideração o papel mediador da Prosódia.
Segundo Gonçalves (2004a), McCarthy & Prince (1990) postulam os seguintes princípios
para a teoria:
(01)
(a) Hipótese Básica da Morfologia Prosódica: Moldes definem-se a partir de unidades da
hierarquia prosódica: mora (), sílaba (), () e palavra fonológica (). Além disso,
constituem afirmação geral a respeito da estrutura possível de determinados processos
morfológicos (Gonçalves 2004a, p. 10);
(b) Condição de Satisfação ao Molde: O molde deve ser determinado por princípios
universais da Prodia ou por princípios de boa formação de línguas individuais;
(c) Circunscrição Prosódica: O domínio sobre o qual determinadas operações
morfológicas se aplicam pode ser mapeado por primitivos prosódicos, da mesma forma
que, na morfologia concatenativa, afixos se circunscrevem a domínios morfológicos como
raiz, tema e radical (Gonçalves 2004a, p. 10).
O primeiro princípio estabelece que o molde é definido pelas categorias da
hierarquia prodica. Essas categorias definem-se de modo hierárquico e em termos de
dominância. Dessa maneira, como se viu em (03), formalização apresentada no capítulo 2,
25
a palavra prosódica domina o pé, o domina a sílaba e esta domina a mora. Cada uma
dessas unidades prosódicas define-se quando se leva em consideração a unidade de nível
mais baixo. No nível mais baixo, está a mora, que serve para determinar o peso silábico.
Assim, uma sílaba leve consiste de uma mora, e uma pesada, de duas. Alaba, por sua vez,
é o constituinte intermediado por dois níveis: a mora e o pé. Para McCarthy & Prince
(1986), o pé, nas palavras de Gonçalves (2008, p. 04), é governado por uma restrição que
requer que ele seja binário numa análise silábica ou numa análise moraica. A restrição de
pé binário deriva a palavra mínima.
De acordo com o segundo princípio exposto em (01), todos os elementos de um
molde devem submeter-se a condições de boa formação prosódica. Ainda segundo esse
princípio, o se admite que nenhum molde morfológico contenha material fonológico não
mapeado pela circunscrição (terceiro princípio). Além disso, a Morfologia Prosódica
permite, no molde, a presença de material fonológico que seja filtrado posteriormente por
um conjunto de restrições de boa formão.
Retomando (01), na formulação em (c), o domínio sobre o qual determinadas
operações morfológicas se aplicam pode ser mapeado por primitivos prosódicos
(Gonçalves 2004a, p. 10). Esse mapeamento é realizado pelo processo denominado de
circunscrição prosódica, que é o terceiro princípio da Morfologia Prosódica chamada
Circunscritiva. A circunscrição prosódica, de acordo com McCarthy & Prince (1990), pode
ser tanto positiva quanto negativa. Na circunscrição prosódica positiva, o material rastreado
é levado para o molde; já na circunscrição negativa, o material rastreado é descartado.
Sendo assim, numa circunscrição negativa, um constituinte prosódico de uma forma
é dissociado e a operação morfológica aplica o material remanescente. numa
circunscrição positiva, o constituinte prosodicamente delimitado serve como a base de uma
26
operação morfológica (Gonçalves, 2008). Na hipocorização, processo em estudo nesta
dissertação, a circunscrição prosódica pode ser definida como positiva.
Em linhas gerais, pode-se dizer que o material escaneado do antropônimo pela
circunscrição prosódica positiva é levado para o molde, para, a seguir, passar por uma
filtragem constituída por restrições de boa formação. Se se admite a existência de um filtro
atuando sobre o material fonológico mapeado pela circunscrição prosódica, diferenças entre
o conteúdo que se mapeou e o que aparece nas formas de superfície podem ser
compreendidas a partir do papel desempenhado pelas condições de boa formação sobre a
porção da palavra-matriz (antropônimo) que se projeta para o molde (McCarthy & Prince,
1990). Com a atuação das condições de boa formação, por conseguinte, a identidade input-
output é ainda mais sacrificada. O esquema abaixo, extraído de Gonçalves (2008, p. 07),
ilustra o funcionamento da Morfologia Prosódica:
(02) INPUT Circunscrição Prosódica
(Condições de minimalidade)
Condições de boa molde
formação
OUTPUT
Como se percebe em (02), pode existir um nível de representação intermediário
entre a forma de input e a forma de output, o que torna a Morfologia Prodica um modelo
transderivacional. Pode-se afirmar que o molde, gerado pelas condições de minimalidade
que atuam no input, é uma forma de output que passa a ser forma de input sobre a qual
podem atuar algumas condições de boa formação. A forma de output real emerge, então,
quando essas condições são satisfeitas.
27
3.2 TEORIA DA OTIMALIDADE
A Teoria da Otimalidade (doravante OT) surgiu nos anos 90, tendo como marco
inicial os trabalhos de McCarthy & Prince (1993 a,b) e de Prince & Smolensky (1993). A
OT é um modelo paralelista que trabalha com a avaliação de formas a partir de uma
hierarquização de restrições, que objetiva, por sua vez, checar possíveis candidatos a
output. Essas restrições possuem caráter universal, ou seja, são aplicáveis a quaisquer
línguas. Além disso, cumpre salientar que a superioridade da abordagem otimalista em
relação às outras vertentes teóricas descritas anteriormente é o fato de as restrições serem
passíveis de violação, sendo esta fruto da satisfação a outro restritor melhor cotado na
hierarquia.
3.2.1 Propriedades da OT
A OT compartilha com os modelos gerativos que a antecederam a idéia de uma
gramática universal e a concepção de mapeamento entre formas de input e de output. Deve-
se ressaltar, entretanto, que, quanto à natureza dessa gramática e quanto ao funcionamento
desse mapeamento, há diferenças significativas entre a OT e os modelos anteriores.
Essas diferenças devem ser abordadas a partir das chamadas propriedades
fundamentais da OT, estabelecidas em McCarthy & Prince (1993b), que são: violabilidade,
ranqueamento, inclusividade e paralelismo.
A opção pelas restrições universais violáveis, em substituição à formulação de
princípios universais invioláveis, confere à OT, nas palavras de Schwindt (2005, p. 258),
um caráter mais econômico, além do ganho explicativo, na medida em que cresce em
28
universalidade. Nas abordagens serialistas, a violabilidade pressupõe agramaticalidade. Na
OT, no entanto, a violação pode implicar em um resultado gramatical. As restrições são
violáveis, mas o grau de violação é mínimo.
A propriedade denominada ranqueamento é fundamental para que se pense no
conceito de gramática na OT. Como já se mencionou, existe, para a teoria, uma gramática
universal, que é representada pelo conjunto de restrições, e, além da gramática universal,
existe a particular, representada pelo ranqueamento dessas restrições nas distintas línguas.
Dessa forma, o que distingue uma língua de outra é o fato de uma língua ranquear um
conjunto de restrições de uma maneira e a outra, de modo distinto, priorizando certas
exigências, em detrimento de outras. A violação de uma restrição pode ser tolerada, se isto
servir para o violar outra restrição que ocupa um lugar alto no ranking de prioridades de
uma língua.
O conceito de inclusividade está diretamente relacionado à geração de candidatos a
output. De acordo com Schwindt (2005, p. 260), a geração de candidatos deve ser
suficientemente restrita de forma a não produzir expressões ou análises que não respeitem
propriedades gerais de boa formação. O princípio que gera candidatos em OT, contudo, é
universal e, por isso, qualquer porção de estrutura linística pode ser apresentada como
um candidato.
Na OT, a escolha do candidato ótimo é realizada por uma avaliação que considera,
em paralelo, todos os candidatos e todo o ranqueamento de restrições, e é isso que define a
propriedade conhecida como paralelismo. Sendo assim, conclui-se que a OT não concebe
derivacionismo
2
e opõe-se, portanto, às teorias que a precederam.
2
Pelo menos as propostas aqui resenhadas. Não é o caso, entretanto, da proposta de Kiparsky (1998).
29
3.2.2 A arquitetura da OT
Como já foi mencionado, a gramática da OT trabalha com a iia de mapeamento
entre formas de input e formas de output. Por conta disso, a teoria faz uso de um
mecanismo gerador de possíveis outputs, a partir de um input. Esse mecanismo é chamado
de GEN (gerador de output, do inglês generator). Além do mecanismo GEN, a OT conta
com um mecanismo avaliativo chamado EVAL (avaliador de output, do inglês evaluator).
A finalidade do mecanismo EVAL é associar um output ideal a um input e eliminar o que
o for aceitável. A partir do elemento LEXICON, GEN cria livremente candidatos a
output, e EVAL compara esses possíveis outputs com base num conjunto universal de
restrições CON (do inglês constraints) organizadas em uma escala de relevância.
O elemento LEXICON é o componente responsável pelo fornecimento das
especificações do input. É no léxico que encontramos as propriedades contrastivas dos
morfemas. O input, por sua vez, não se submete à ação das restrições, ou seja, a forma
subjacente não está sujeita a avaliações.
Como já se afirmou, o mecanismo GEN gera outputs a partir de um input. Haverá,
para um determinado input, um conjunto de realizações que o sistema da língua aceita
como possíveis (ou impossíveis). Na prática, alguns o ocorrem e, por isso, serão
eliminados. Outros, por serem mais ou menos marcados, representam candidatos com
distintos graus de aceitabilidade.
Segundo Prince & Smolensky (1993), existem três princípios que se relacionam ao
componente GEN: Liberdade de Análise, Contenção e Consistência de Exponência. De
acordo com a premissa de Liberdade de Análise, qualquer porção de estrutura lingüística
pode formar um candidato. O princípio da Contenção, por sua vez, age como um inibidor
30
de Liberdade de Análise, pois exige que o input esteja presente em cada candidato. O
princípio de Consistência de Exponência impede que GEN altere especificações
fonológicas (segmentos, moras, etc.) de um morfema.
CON representa o conjunto de restrições violáveis. As restrições usadas na teoria
estão presentes em todas as nguas e o que diferencia uma língua da outra é o grau de
atuação e relevância de cada uma. Dessa forma, as restrições são universais, mesmo que
apresentem diferentes graus de relevância. O que estabelece a relevância e a atuação das
restrições é a hierarquia que cada língua apresenta. Uma restrição pode estar no topo do
ranking de uma determinada língua e estar muito mal cotada no ranking de outra.
De acordo com Schwindt (2005, p. 266), as restrições, basicamente, são de dois
tipos: restrições de marcação e restrições de fidelidade. A família fidelidade trabalha em
favor da manutenção da identidade entre input e output; sendo assim, o output ótimo não
deve apresentar discrepância em relação à forma subjacente. Fazem parte dessa família, por
exemplo, as restrições que proíbem inserções e apagamentos. A família marcação, por sua
vez, milita em favor da manutenção de estruturas mais básicas e, com isso, busca evitar que
formas marcadas cheguem à superfície. Por exemplo, segundo Schwindt (2005, p. 266),
uma tendência universal que mostra a preferência por labas abertas (padrão CV), o que
faz com que, por conseguinte, as sílabas sem coda sejam consideradas formas não-
marcadas.
O componente central da OT é o mecanismo EVAL, que, como já se mencionou, é
o elemento responsável por selecionar, utilizando o conjunto universal de restrições (CON),
o output ótimo a partir do grupo de candidatos gerado por GEN. Nas palavras de Costa
(2001, p. 134), EVAL cria uma ordem (ou ranking) entre as restrições de acordo com sua
relativa harmonia, ou seja, de acordo com o poder que cada uma delas tem de agir,
31
permitindo ou não violações e, desta forma, fazendo as devidas seleções entre os
candidatos do output.
3.2.3 Teoria da Correspondência
De acordo com Gonçalves (2005, p. 77), as formas de output tendem a ser geradas
pelo conflito entre restrições de marcação e de fidelidade. As relações de marcação
configuram a estrutura segmental dos candidatos a output, enquanto a fidelidade implica
uma relação de correspondência entre o input (I) e o output (O).
A questão que se levanta, então, é que a OT Clássica permite que a fidelidade
somente se em uma relação I-O. Com isso, questões relacionadas à interface
Morfologia-Fonologia acabaram se tornando “mal comportadas” dentro da perspectiva
otimalista clássica. Por isso, McCarthy & Prince (1995) desenvolveram a Teoria da
Correspondência. Essa teoria estrutura-se da mesma forma que a OT Clássica, afinal é uma
vertente desta, mas a grande diferença está na ampliação na noção de fidelidade, já que esta
o mais se restringe à relação I-O, mas, ao contrário, expande-se para outros domínios
lingüísticos. A Teoria da Correspondência é, por isso, uma versão da OT Clássica que tem
o objetivo de generalizar o conceito de identidade, de maneira a difundi-lo para a análise de
outros processos. Portanto, a OT Clássica não descreve satisfatoriamente processos
morfológicos como a hipocorização, já que estes, além do input e do output, requerem
outras entidades representacionais.
A noção de correspondência pode ser entendida da seguinte forma: uma camada S1
e uma camada S2 admitem uma relação R, ou seja, uma relação entre camadas; daí a
necessidade de expandir as relações de correspondência para outros níveis de análise,
32
como, por exemplo, a reduplicação, cuja identidade envolve relação entre uma base e um
reduplicante, além, é claro, da relão entre o input e o output. O fornecedor das estruturas
correspondentes é, como se mostrou, o mecanismo GEN, cuja função é gerar formas
candidatas a output e, conseqüentemente, estruturas correspondentes. A avaliação dos
candidatos gerados por GEN se a partir de EVAL. O avaliador considera cada par de
candidatos e suas respectivas relações de correspondência e, assim, chega-se ao output
ótimo.
Cabe apresentar, por fim, algumas comparações entre os modelos serialistas
(abordagens gerativas anteriores à OT) e os paralelistas. De acordo com McCarthy &
Prince (1995), o principal empecilho das abordagens derivacionais reside no fato de estas
o poderem avaliar apropriadamente a noção de identidade. Por outro lado, na Teoria da
Correspondência, as restrições de fidelidade atuam em outros domínios que envolvem
identidade entre representações lingüísticas (base-reduplicante, base-truncamento, input-
output), o que nos permite afirmar que esse modelo possibilita uma melhor análise da
morfologia não-concatenativa, na qual se encaixa, como mencionado, o processo da
hipocorização, foco deste trabalho.
Nas abordagens serialistas, a violabilidade pressupõe agramaticalidade. Na OT, no
entanto, a violação pode implicar em um resultado gramatical, visto que a violabilidade,
como já se mostrou, é mais uma premissa básica do modelo. As restrões são violáveis,
mas o grau de violação é mínimo. Na OT, não um output previamente definido;
candidatos a output. Outputs, então, podem emergir violando restrições, desde que os
outros candidatos violem mais, satisfazendo menos a hierarquia. A hierarquia de relevância
também é uma das premissas da OT, ou seja, a violação de uma restrição pode ser tolerada,
se isto servir para não violar uma outra restrição que ocupa um lugar alto na hierarquia das
33
restrições (ranking). Se a OT opera através de uma hierarquia de relevância, os modelos
derivacionais operam através da parametrização e da ordenação de regras.
Além disso, como se sabe, análises serialistas requerem estágios intermediários de
derivação, sendo, portanto, mais custosas que as análises paralelistas, que estas atuam
através da avaliação de formas, como é o caso da OT.
3.3 BASES METODOLÓGICAS
Para validar os dados referentes ao processo estudado, foram aplicados dois testes
de aceitabilidade de formas a vinte informantes. Os testes foram constituídos de quatro
questões cada um (ver anexos 1 e 2). Na primeira questão, davam-se ao informante dez
antropônimos para que ele indicasse o hipocostico correspondente a cada forma. O
informante era instruído a fornecer, para cada nome constante da lista, uma “forma mais
íntima e mais carinhosa de chamar pessoas que se chamam X”. Na questão seguinte, fazia-
se o contrário: dava-se a forma encurtada para que o informante recuperasse o antropônimo
correspondente. A seguir, na terceira questão, forneciam-se nomes próprios e algumas
opções de formas encurtadas para que o entrevistado marcasse opções que lhe parecessem
comuns. A questão final foi considerada a mais difícil pelos informantes, que deveriam
encurtar nomes dissílabos, como, por exemplo, ‘Áurea’ e ‘Lana’. Deve-se salientar que o
primeiro teste relacionava-se ao processo de hipocorização com reduplicação à direita, e o
segundo, ao processo de hipocorização de antropônimos compostos. A terceira e a quarta
questões, entretanto, foram idênticas nos dois testes.
Alguns fatores foram observados para a execução dos testes, como o sexo, a idade e
a escolaridade dos informantes. Assim, dos vinte testes aplicados, dez foram respondidos
34
por homens, e os outros dez, por mulheres. A idade dos entrevistados variava de sete a mais
de quarenta e cinco anos. Quanto à escolaridade, esta variava da primeira série do ensino
fundamental até o ensino superior completo. Vale ressaltar que uma fase preliminar de
recolha dos dados foi feita no Dicionário de Hipocorísticos elaborado por Monteiro (1999),
disponível em http://www.geocities.com/Paris/cathedral/1036.
Concluídos os testes aplicados, criou-se uma tabela de tendências com os seguintes
objetivos: propor candidatos com base em critérios objetivos; detectar o output ótimo, isto
é, a forma que se destaca em relação às demais; comparar os dados coletados no Dicionário
de Hipocorísticos com os padrões apresentados nos testes; e verificar o aparecimento de
outros candidatos, o que pode implicar na existência de um output subtimo.
Os capítulos 4 e 5, como já mencionado no capítulo introdutório, tratarão das
análises morfoprosódica e otimalista dos dois processos de hipocorização estudados nesta
pesquisa. Para efeito de uniformidade e melhor compreensão do trabalho, saliento que, na
análise via Otimalidade, trabalho sempre com cinco candidatos e posiciono o candidato
ótimo sempre na primeira linha do tableau. A expressão tableau é utilizada para designar
tabelas ou quadros que contêm, na horizontal, as restrições, hierarquizadas por relações de
dominância e, na vertical, os outputs possíveis, a partir de um dado input. Abaixo, em (03),
verifica-se o funcionamento de um tableau.
(03)
/festa/ *COMPLEX NÃO-CODA
a. fes.ta
*
b. fe.sta
*!
35
O candidato b foi eliminado do ranqueamento porque infringiu a restrição mais bem
cotada da hierarquia, *COMPLEX, visto que fe.sta possui um ataque com dois elementos
na segunda sílaba e essa restrição não permite ataques complexos. A violação é indicada
pelo símbolo * e, nesse caso, representa uma violação fatal, representada pelo símbolo !, já
que o candidato b está fora da disputa a partir daquele ponto de análise. O candidato a,
embora tenha violado uma restrição, ao permitir uma consoante fechando a primeira sílaba,
sai como vencedor, posto que a restrição NÃO-CODA está mais baixa na hierarquia. O
candidato vitorioso é indicado pelo símbolo e as células sombreadas informam que ali o
mecanismo de avaliação é inoperante, já que aquelas restrições não colaboram mais para a
escolha do output ótimo.
Além disso, vale mencionar que quatro antropônimos serão analisados em cada
capítulo. Na análise do processo de hipocorização com reduplicação à direita (capítulo 4),
foram escolhidos os antropônimos ‘André’, porque apresenta complexidade no onset;
‘Artur’, posto que apresenta uma coda na sílaba proeminente; ‘Mateus’, pois possui dois
segmentos na posição de coda na sílaba tônica: um vocálico e um consonantal; e ‘Isabel’,
que, além de apresentar coda na sílaba proeminente, é um candidato que apresenta variação.
Para o capítulo 5, que trata do processo de hipocorização de nomes compostos, foram
selecionados os antropônimos ‘Maria Luíza’, que é um nome bastante regular do ponto de
vista estrutural, pois apresenta os dois nomes iniciados por sílabas com onset e não
apresenta coda; Carlos Artur’, devido à presença de coda nos dois nomes e ao fato de o
segundo nome não se iniciar por sílaba com onset; ‘Carlos André’, visto que apresenta coda
no primeiro nome, não possui onset na primeira sílaba do segundo nome e, além disso,
36
apresenta complexidade no onset da segunda sílaba do segundo nome; e ‘Eduardo Carlos’,
que foi escolhido principalmente pelo motivo de ter como output ótimo uma forma
terminada em ‘a’ (Dúca). Na análise desse antropônimo, mostrarei a pertinência desse fato.
37
4. O PROCESSO DE HIPOCORIZAÇÃO COM REDUPLICAÇÃO À DIREITA
O objetivo deste capítulo é a análise morfoprosódica e otimalista do processo de
hipocorização com reduplicação à direita, mais especificamente da sílaba nica, como
acontece, por exemplo, em ‘Bebél’ e ‘Tetêu’, hipocorísticos de ‘Isabel’ e ‘Mateus’,
respectivamente.
Como mencionado brevemente na Introdução, o processo em análise o permite,
de maneira geral, variação. Isso significa que apenas um output pode emergir como ótimo
nessa análise. Dessa forma, o antropônimo ‘Jurandir’, por exemplo, permite apenas ‘Didí’
como forma hipocorística e uma estrutura como ‘Dí’ seria, por conseguinte, bloqueada.
Poucos antropônimos que se inserem nessa análise, no entanto, admitem variação de
formas. Esse é o caso de nomes como ‘Raquel’ e ‘Isabel’, que permitem que os
hipocorísticos ‘Quequél’ / ‘Quél’ e ‘Bebél’ / ‘Bél’ venham à superfície como formas
ótimas. Silva (em preparação) analisa o processo de hipocorização com reduplicação à
esquerda e revela dados contrários ao processo em estudo. Nos casos de hipocorização com
reduplicação dos segmentos à esquerda, a varião é regra, não exceção. Sendo assim, o
antropônimo ‘Fátima’ admite as formas ‘Fafá’ e ‘Fá’ como hipocorísticas.
A seguir, em (01), exibo os dados colhidos nos testes referentes ao fenômeno da
hipocorização com reduplicação dos segmentos à direita. Embora já tenha sido tratado no
capítulo anterior, mais especificamente na seção que abordou a metodologia, faz-se
necessário salientar que as formas apresentadas como ótimas são oriundas da aplicação dos
testes. Após a conclusão dos testes, verifiquei a forma que se destacava em relação às
demais, e essa forma, portanto, constitui o output ótimo. No caso dos nomes nos quais se
verificou variação, percebi que as duas formas citadas como possíveis emergiram como
38
ótimas nos testes. Além disso, cabe ressaltar que, em todos os dados colhidos, apenas
nomes otonos enquadraram-se nesse padrão.
(01)
Aidê > Dedê
Alceu > Cecêu
Alcir > Cicí
Amadeu > Dedêu
André > Dedé
Artur > Tutú
Barnabé > Bebé
Jurandir > Didí
Marli > Lilí
Marcel > Cecél
Mateus > Tetêu
Nicolau > Laláu
Isabel > Bebél e Bél
Raquel > Quequél e Quél
4.1. ANÁLISE VIA MORFOLOGIA PROSÓDICA
Em uma análise morfoprosódica, o processo de hipocorização inicia-se com a
definição de um domínio sobre a palavra-matriz. No processo em questão, dois parâmetros
regem a circunscrição: (a) o da laba acentuada (rastreia-se a sílaba proeminente) e (b) o da
direcionalidade (da direita para a esquerda do antropônimo). Tais parâmetros definem o que
se chama de circunscrição positiva, visto que o conteúdo segmental descartado fica fora
desse domínio (McCarthy & Prince, 1990). Sendo assim, o material que figura no molde é
aquele mapeado pela circunscrição prosódica, que age com o objetivo de isolar uma palavra
mínima: rastreia-se a sílaba tônica, que será copiada do donio-fonte (a palavra-matriz, no
caso, o antropônimo) para o domínio-alvo (o molde) (Gonçalves, 2004a).
39
Os dois processos de hipocorização analisados nesta pesquisa são de natureza
transderivacional, ou seja, requerem um nível intermedrio de representação entre o input e
o output. O molde (output) gerado pelo input (palavra-matriz) através da atuação de
condições de minimalidade passa a ser o input sobre o qual agem determinadas condições
de boa formação. O output real emerge apenas quando essas condições de boa formação
são satisfeitas.
No processo analisado neste capítulo a hipocorização com reduplicação dos
segmentos à direita –, três são as condições de boa formação que atuam no molde: (a)
sílabas não podem ter ataques complexos; (b) sílabas não se iniciam por vogal; e (c) codas
podem ser glides.
O processo em estudo neste capítulo apresenta outra especificidade: o material do
molde, após passar pelas condições enumeradas acima, passa a constituir o que se chama de
base, à qual será acrescido um reduplicante. Sobre este também atua um filtro, constituído
por apenas uma condição de boa formação: sílabas devem ser abertas, ou seja, o
reduplicante deve apresentar o formato consoante-vogal. O material rastreado, depois de
concluídas essas etapas, constitui, finalmente, o output real, isto é, o hipocorístico.
Esquematiza-se, a seguir, a análise morfoprosódica dos antropônimos escolhidos:
‘André’, ‘Artur’, ‘Mateus’ e Isabel’, nessa ordem. Em (02), verifica-se a análise de
‘André’
3
.
3
Neste e nos demais exemplos, para simplificar a análise, farei uso da transcrição ortográfica. farei
menção a detalhes fonéticos quando da necessidade de explicitar questões relevantes aos processos.
40
(02)
Circunscrição prosódica
{sílaba tônica
/ANDRÉ/
Molde: [DRÉ] Filtro – 1) sílabas não podem ter
ataques complexos;
2) sílabas não se iniciam por
vogal;
3) codas só podem ser
glides.
Filtrosílabas devem ser abertas RED + ‘DÉ’
CV CV
[DEDÉ]
Como se vê, os parâmetros que regem a análise do padrão de hipocorização com
reduplicação à direita são a direcionalidade (da direita para a esquerda) e o rastreamento da
sílaba nica. Com isso, a palavra-matriz (‘André’) gera, após a circunscrição positiva que
rastreou a cabeça do antropônimo, a forma ‘dré’, que é levada para o molde. Como se trata
de um processo transderivacional, condições de boa formação agirão sobre o molde, de
maneira que este passe a input depois de satisfeitas essas condições. Como se viu no
esquema, a forma ‘dré’ passou à ‘dé’ após a filtragem, pois a primeira condição de boa
formação impede que ataques complexos passem à forma de base; dessa maneira, o onset
complexo desfez-se, e a forma ‘dé’ passou à forma de base. Essa forma de base, como já se
41
explicou acima, será afixada de um reduplicante que atua sempre como prefixo. Sobre este
também atua um filtro constituído por uma condição de boa formação, que enuncia que o
reduplicante deve apresentar o formato CV. A consoante e a vogal que comem o
reduplicante serão copiados da forma de base. Como a forma de base apresentava o
formato CV (‘dé’), a condição de boa formação foi inoperante sobre o reduplicante. Dessa
forma, do antropônimoAndré’ chega-se ao hipocostico ‘Dedé’.
A seguir, em (03), faz-se a análise morfoprosódica do antropônimoArtur’.
(03)
Circunscrição prosódica
{sílaba tônica
/ARTUR/
Molde: [TUR] Filtro – 1) sílabas não podem ter
ataques complexos;
2) sílabas não se iniciam por
vogal;
3) codas só podem ser
glides.
Filtrosílabas devem ser abertas RED + ‘TU’
CV CV
[TUTU]
42
Como se percebe na análise em (03), mapeou-se a sílaba tônica do antropônimo
‘Arture obteve-se a forma ‘tur’, que foi levada ao molde. Como se sabe, atua, no molde,
um filtro constituído de condições de boa formação, e a terceira condição que compõe o
filtro postula que somente glides são licenciados na posição de coda. Com isso, a forma que
chega à base após a filtragem é a sílaba ‘tu’, visto que a coda que havia (-r) o era um
glide. que a forma de base apresenta o formato CV, o reduplicante apenas copiará esse
material, chegando-se, assim, à forma ‘Tutú’, hipocostico de ‘Artur’.
Abaixo, em (04), verifica-se a análise do antropônimo ‘Mateus’.
(04)
Circunscrição prosódica
{sílaba tônica
/MATEUS/
Molde: [TEUS] Filtro – 1) sílabas não podem ter
ataques complexos;
2) sílabas não se iniciam por
vogal;
3) codas só podem ser
glides.
Filtrosílabas devem ser abertas RED + ‘TEU
CV CV
[TETEU]
43
Como se no esquema em (04), a sílaba ‘teus’ foi rastreada pelo parâmetro que
obriga o mapeamento da sílaba nica. A terceira condição de boa formação, que permite
apenas glide na posição de coda, faz com que a fricativa /s/ seja eliminada dessa posição
por não se tratar de uma semivogal; a coda /w/, entretanto, passa pelo filtro, pois se trata de
um glide. Diferentemente das análises feitas em (02) e (03), a condição que atua sobre o
reduplicante não se mostrará inoperante na análise de ‘Mateus’. De acordo com essa
condição, o reduplicante deve apresentar o formato CV, o que leva ao não-aproveitamento
da semivogal da forma de base. Sendo assim, o reduplicante ‘te’ alia-se à base ‘teu’,
formando o hipocorístico ‘Tetêu’.
Por fim, em (05), analisa-se o antropônimo ‘Isabel’, concluindo as análises pela
Morfologia Prosódica do padrão de hipocorização com reduplicação à direita.
44
(05)
Circunscrição prosódica
{sílaba tônica
/ISABEL/
Molde: [BEL] Filtro – 1) labas não podem ter
ataques complexos;
2) sílabas não se iniciam por
vogal;
3) codas só podem ser
glides.
Filtrosílabas devem ser abertas RED + ‘BEL’
CV CV
[BEBEL]
A análise do nome ‘Isabel’, em princípio, parece não revelar nada significativo, pois
o que se vê de relevante já foi mostrado na analise do antropônimo ‘Mateus’: a presença de
uma semivogal na posição de coda
4
na forma de base e o não-aproveitamento desse mesmo
elemento no reduplicante, já que este deve apresentar o formato CV e, por isso, não permite
codas. Cabe, então, um questionamento: por que mostrar essa análise, se uma parecida já
foi feita?
Como já comentado anteriormente, o padrão de hipocorização com reduplicação dos
segmentos à direita não permite, de maneira geral, variação. Alguns poucos antropônimos,
4
Assumo que o input do processo constitui uma saída fonética. Desse modo, a líquida lateral já corresponde a
uma semivogal na própria forma de entrada.
45
no entanto, podem variar, e ‘Isabel’ é um desses poucos casos. A análise pela Morfologia
Prosódica, da maneira como está sendo proposta para o padrão em estudo neste capítulo,
o permite que se chegue à outra forma possível ‘Bél’. Dessa maneira, pode-se afirmar
que a análise morfoprosódica do padrão de hipocorização em questão não conta dos
poucos casos de variação existentes.
4.2. ANÁLISE VIA TEORIA DA OTIMALIDADE
Após verificar o comportamento derivacional do processo em questão através da
Morfologia Prosódica, partirei nesta seção para a análise otimalista, foco desta dissertação.
Como já se comentou no capítulo anterior, a OT conta com um mecanismo gerador
de possíveis outputs, a partir de um dado input. Esse mecanismo, como se mostrou
anteriormente, é chamado de GEN. A função das restrições é avaliar todos os candidatos a
output gerados por GEN. O objetivo desse mecanismo é criar um ranking entre as
restrições, permitindo ou não violações, fazendo, assim, as devidas seleções entre os
candidatos a output no fenômeno analisado.
Para dar conta do padrão em estudo neste capítulo, utilizo as restrições listadas
abaixo, divididas em grupos.
4.2.1 Restrições de tamanho
a) TODO-(D): todos os pés devem permanecer na posição de final de palavra prodica
(PWd), ou seja, devem estar alinhados à direita.
46
b) ANALISE - : todas as sílabas () devem estar integradas a pés, o que significa que não
pode haver sílaba desgarrada.
4.2.2 Restrição de acento
a) IAMBO: todos os pés devem ser iâmbicos, ou seja, devem apresentar cabeça à direita.
Isso significa que, nesta análise, o não é o troqueu, como no sistema de hipocorização
default, analisado por Gonçalves (2005).
4.2.3 Restrições de marcação
a) ONSET: toda sílaba precisa ter a posição de onset (ataque) preenchida.
b) *COMPLEX: é proibida a formão de grupos consonantais na posição de onset.
c) CODA-COND [glide]: define que tipo de segmento pode ocupar a posição de coda.
Assim, somente semivogais, nesta análise, podem ocupar essa posição.
d) NÃO-HOMONÍMIA: o hipocorístico não pode equivaler a nenhuma palavra existente na
língua.
47
e) RED=CV: o reduplicante deve apresentar o formato CV (consoante + vogal).
4.2.4 Restrição de alinhamento
a) ALINH (R esq ; B dir): o reduplicante deve estar alinhado à esquerda, e a base, à direita
da palavra prosódica. Dito de outra maneira, o reduplicante, por essa restrição, terá de ser,
obrigatoriamente, um prefixo.
4.2.5 Restrições de fidelidade
a) HEAD-MAX: a cabeça da palavra prosódica deve ser maximizada, isto é, o pode
haver apagamento de nenhum segmento de sílabas tônicas.
b) RED = BASE: o reduplicante deve ser igual à base.
c) EXPONÊNCIA: exige fidelidade às informões morfológicas que se especificam em
nível subjacente. Sendo assim, se o reduplicante, que é um elemento morfológico, figura no
input, ele deve figurar também em todas as formas de output.
48
Abaixo, em (06), o ranking proposto leva ao encurtamento (já que a hipocorização é
o processo responsável pela redução de antropônimos), mas garante nima fidelidade ao
antropônimo:
(06)
(1) TODO-PÉ (D) ; (2) ANALISE->> (3) IAMBO >> (4) ONSET ; (5) *COMPLEX >>
(6) CODA-COND [glide] >> (7) ALINH (R esq ; B dir) >> (8) HEAD-MAX >> (9) RED =
CV >> (10) NÃO-HOMONÍMIA >> (11) RED = BASE ; (12) EXPONÊNCIA
Como se pode notar, as restrições de tamanho dominam a hierarquia, pois, como se
sabe, o hipocorístico deve constituir palavra nima na língua. Assim, as restrições (1) e
(2) atuam em conjunto (por isso não estão separadas no ranking por [>>], mas por ponto-e-
vírgula) e dominam o ranking de prioridades.
A restrição (3), dominada por (1) e (2), governa o acento das formas de saída. Viola
essa restrição o candidato que não apresentar pés iâmbicos, isto é, pés que não apresentem
cabeça à direita. Como exemplo, temos o antropônimo ‘Jurandir’. O hipocorístico
correspondente a esse prenome é ‘Didí’, que ‘Dídi’ infringiria essa restrição acentual.
Como todos os nomes colhidos para o padrão de hipocorização com reduplicação à direita
são oxítonos, a restrição IAMBO precisa estar bem cotada na hierarquia.
Seguindo a hierarquia, a restrição (4) obriga todos os candidatos a output a
preencher a posição de onset. Sendo assim, o antropônimo ‘Aidê’ apresenta como output
ótimo a forma ‘Dedê’, posto que ‘Aiai’, por exemplo, não preencheria a posição de onset
em sílaba alguma, como obriga a restrição (4), o que faria com que o candidato ‘Aiai’
49
infringisse ONSET duas vezes. A restrão (5), que atua em conjunto com a (4), não
permite a formação de grupos consonantais na posição de onset. Assim, André’ tem como
hipocorístico ‘Dedé’, e não ‘Dredré’. Um candidato como ‘Dredré’ infringiria *COMPLEX
duas vezes, pois apresenta complexidade estrutural nos dois ataques.
A restrição (6) determina o tipo de segmento que pode ocupar a posição de coda. No
caso da hipocorização com reduplicação à direita, somente semivogais podem ocupar essa
posição. Portanto, o antropônimo ‘Mateus’, por exemplo, apresenta como output ótimo a
forma ‘Tetêu’, e não ‘Tetêus’, visto que esta violaria a restrição (6), por apresentar um
elemento que não é um glide na posição de coda.
A única restrição de alinhamento presente na hierarquia é a que aparece em (7). De
acordo com essa restrição, o reduplicante deve estar alinhado à esquerda, e a base, à direita
da palavra prosódica. Dessa forma, em um caso como Amadeu’, o hipocorístico
correspondente deve ser ‘Dedêu’, pois o reduplicante – ‘De’ – aparece configurado à
esquerda, e a base – ‘Deu’ – aparece configurada à direita da palavra prosódica. Uma forma
como ‘Deudê’ infringiria, pois, a restrição (7).
A restrição (8) pertence à família fidelidade. Segundo essa restrição, não deve haver
apagamento de nenhum segmento de sílabas nicas, isto é, a cabeça (sílaba tônica) da
palavra prosódica deve ser maximizada. Um bom exemplo para ilustrar esse caso é o
antropônimo ‘Marli’, cujo output ótimo é ‘Lilí’. Como se pode notar, nenhum segmento da
sílaba tônica‘li’ – foi apagado.
Outra restrição de marcação presente no ranking é a (9), que define o formato do
reduplicante. Este, de acordo com a restrição, deve apresentar o formato CV, ou seja,
consoante/vogal. Assim, em um antropônimo como ‘Isabel’, o hipocorístico correspondente
deve ser ‘Bebél’, visto que o reduplicante apresenta o formato solicitado pela restrição em
50
questão: a consoante ‘b somada à vogal ‘e’. Uma forma como Belbél’ infringiria,
portanto, essa restrição.
Na seqüência, segue-se a restrição (10), de natureza lexical (anti-homonímia). Ela
estabelece que os hipocorísticos não podem equivaler a nenhuma palavra existente na
língua. Essa proibição faz com que a forma Deu’, por exemplo, o seja admitida como
output ótimo do antropônimo ‘Amadeu’, já que ‘Deu’, na língua portuguesa, equivale à
conjugação do verbo dar na terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo.
As duas últimas restrições do ranking são da família fidelidade e atuam em
conjunto, o que significa dizer que elas não estão crucialmente hierarquizadas. A restrição
(11) regula a extensão do reduplicante, que deve ser igual à base. a restrição (12) exige
fidelidade às informações morfológicas que se especificam em nível subjacente, ou seja, no
input. Na análise do padrão de hipocorização com reduplicação à direita, o reduplicante
está especificado no input, o que leva um candidato como ‘Quél’ a infringir essa restrição
uma vez, por não apresentar o reduplicante em sua estrutura.
Como já foi dito, restrições de fidelidade devem ser hierarquizadas no fim, pois
formas totalmente fiéis ao input não podem ser consideradas hipocorísticas. Deve haver,
portanto, perda segmental para ocorrer o encurtamento.
4.2.6 Análise dos antropônimos
Parto, enfim, para a análise otimalista dos antropônimos selecionados para o padrão
de hipocorização em questão: ‘André’, ‘Artur’, ‘Mateus’ e ‘Isabel’. Ressalto, antes de
iniciar a análise propriamente dita, que, por uma questão de concisão, os candidatos que
aparecem nos tableaux não possuem mais de duas sílabas. Com isso, o se faz necessária a
51
colocação das duas primeiras restrões TODO-PÉ(D) e ANALISE- nos tableaux,
posto que elas, por serem reguladoras de tamanho, nunca serão infringidas por candidatos
dissílabos ou monossílabos. Dessa maneira, em vez de disponibilizar as doze restrões
listadas, hierarquizo apenas as outras dez, o que já colabora para tornar a análise mais
concisa. É importante observar, porém, que as restrições de tamanho são essenciais na
análise, já que regulam o comprimento das formas de output. O fato de os hipocosticos
constituírem palavras mínimas relaciona-se diretamente ao fato de essas restrições estarem
no topo da hierarquia, o que explica sua importância.
A seguir, em (07), observa-se o tableau em que se analisa o antropônimo ‘André’
5
.
(07)
/André/ + Hipo
+ Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(de.dé)]
*
b. [(dre.dré)] *!* *
c. [(de.dré)] *! *
d. [(dé)] * *!
e. [(an.ân)] *!* ** *** *
Como se pode notar no tableau, nenhum candidato infringe a restrição IAMBO
(IAM), pois todos apresentam cabeça à direita. A restrição ONSET (ONS) é infringida duas
vezes pelo candidato (e), pois este apresenta suas duas sílabas iniciadas por vogal, ou seja,
5
No anexo 3 desta dissertação, disponibilizo os tableaux com as análises otimalistas dos demais
antropônimos citados em (01) neste capítulo.
52
nenhuma das duas sílabas preenche a posição de ataque. A restrição *COMPLEX (*CO)
atua em conjunto com ONSET, o que significa dizer que elas não estão crucialmente
hierarquizadas (a linha tracejada indica isso). Os candidatos (b) e (c) violam *COMPLEX,
pois (b) apresenta suas duas sílabas constituídas por grupos consonantais e, por isso, viola
duas vezes a restrição, e (c), como possui apenas uma sílaba com ataque complexo, infringe
apenas uma vez a restrição. Dessa forma, apenas dois candidatos permanecem na disputa:
(a) e (d), os únicos que ainda não transgrediram restrição alguma. É importante frisar que,
embora três candidatos já tenham deixado a disputa, eles permanecem sendo analisados
pelos restritores e, portanto, podem continuar recebendo infrações.
Na seqüência, o candidato (e) infringe duas vezes a restrição CODA-COND [glide]
(C-C), visto que os elementos localizados na posição de coda em cada uma das duas sílabas
o são semivogais. A seguir, a restrição de alinhamento não pune qualquer candidato,
porque todos os que possuem reduplicante o têm à direita da base, como obriga ALINH
(abreviada ALI, nos tableaux).
Partindo para as restrições de fidelidade, HEAD-MAX (H-M, nos tableaux) postula
que candidato algum deve apagar qualquer segmento da sílaba tônica, o que faz com que os
candidatos (a) e (d) recebam a primeira infração, pois ambos deletam o tepe da sílaba tônica
ao buscarem a simplificação do ataque silábico. O candidato (e) viola três vezes essa
restrição, que apagou a sílaba nica inteira, constituída por três elementos. Mesmo que
tenham recebido uma violação, (a) e (d) permanecem na disputa, visto que a violação
ocorreu na mesma restrição e em mesmo número de vezes para cada candidato. A restrição
RED=CV (R=CV) faz com que os candidatos já eliminados (b) e (e) recebam violações. O
candidato (b) possui o reduplicante com o formato CCV, e o candidato (e) apresenta o
reduplicante com o formato VC. Nenhum candidato viola a restrição NÃO-HOMONÍMIA
53
(N-H), pois nenhum deles equivale a qualquer palavra da ngua portuguesa. Finalmente,
chega-se às duas últimas restrições RED=BASE (R=B) e EXPONÊNCIA (EXP) –, que
agem em conjunto. O candidato eliminado (c) transgride RED=BASE por ter o reduplicante
com formato distinto da base. o candidato (d) viola EXPONÊNCIA por não possuir
reduplicante, pois essa restrição exige fidelidade às informações morfológicas especificadas
no input, e o reduplicante está especificado na forma subjacente. Sendo assim, ‘Dedé’ pode
ser considerado o output ótimo, ou seja, o hipocorístico do antropônimo André’ e, como
foi dito, o símbolo aponta o candidato vitorioso
6
.
Dando seqüência, em (08), apresenta-se o tableau com a análise de ‘Artur’.
(08)
/Artur/ + Hipo
+ Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(tu.tú)] 
* *
b. [(tur.túr)] *!* *
c. [(tu.túr)] *! *
d. [(tú)] * * *!
e. [(ar.ár)] *!* ** *** *
De acordo com o que se verifica na análise em (08), nenhum candidato recebe
infração em IAMBO, já que todos os pés são iâmbicos, ou seja, apresentam cabeça à
direita. O candidato (e) deixa a disputa por cometer duas infrações em ONSET, pois suas
6
Como já foi dito, a análise baseia-se em dados colhidos em situação de teste. Dessa maneira, apesar de ‘Dé’
ser um possível hipocorístico para ‘André’, a forma ‘Dedé’ foi apontada como ideal.
54
duas sílabas são iniciadas por vogal. A seguir, como se acima, o restritor *COMPLEX
o elimina candidato algum. CODA-COND [glide], entretanto, elimina dois candidatos:
(b) sai da disputa por apresentar dois elementos que não são semivogais em coda, e (c) é
eliminado por apresentar um elemento que também não é um glide nessa posição. O
candidato (e), já eliminado, comete duas infrações a esse restritor, já que também possui
dois elementos não-vocálicos na posição de coda. Como todos os candidatos que possuem
reduplicante o têm alinhado como prefixo, nenhum candidato recebe violação em ALINH.
Dando seqüência com as restrições da família fidelidade, HEAD-MAX leva os
candidatos até o momento ilesos a cometerem sua primeira infração, visto que (a) e (d)
apagam o elemento em coda da sílaba proeminente. Além disso, o candidato (e) viola três
vezes essa restrição ao apagar completamente a sílaba tônica, constituída por três
elementos. A restrição RED=CV faz com que (b) e (e) recebam infrações, pois (b) possui
reduplicante com formato CVC, e (e) apresenta reduplicante com formato VC. Os dois
candidatos que permanecem na disputa violam uma vez NÃO-HOMONÍMIA, posto que
‘tutú’ equivale a uma comida brasileira feita com feijão e ‘tú’ equivale ao pronome pessoal
do caso reto de segunda pessoa do singular. Dessa forma, (a) e (d) seguem na disputa. Na
avaliação de RED=BASE, apenas o candidato (c) recebe infração, pelo simples fato de
apresentar o reduplicante com formato distinto da base. Em EXPONÊNCIA, o candidato
(d) comete uma violação por não apresentar o reduplicante, que é um elemento presente no
input. Sendo assim, o candidato (a), finalmente, emerge como output ótimo. Com o input
‘Mateus’, a seleção do candidato vencedor é feita nas primeiras restrições da hierarquia:
55
(09)
/Mateus/ +
Hipo + Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(te.têu)]
* *
b. [(te.têus)] *! *
c. [(teus.têus)] *!* *
d. [(máti)] *! ** * *
e. [(teu.tê)] *! * *
Como se verifica no tableau, o primeiro candidato a ser eliminado da disputa é (d),
pois apresenta cabeça à esquerda, ou seja, não se trata de um iambo, mas de um troqueu.
Vale ressaltar que nenhum candidato infringe ONSET e *COMPLEX, visto que todos
apresentam sílabas com a posição de onset preenchida e não formação de grupos
consonantais nessa posição. A seguir, os candidatos (b) e (c) são eliminados porque
infringem a restrição de marcação que proíbe que elementos que não sejam semivogais
ocupem a posição de coda. O candidato (b) viola a restrição uma vez, e (c) viola duas
vezes, pois as duas sílabas da palavra apresentam um segmento que não é glide na posição
de coda. Na seqüência, o candidato (e) sai da disputa pela restrição de alinhamento, pois
apresenta o reduplicante à direita e a base à esquerda da palavra prodica, exatamente o
contrário do que determina a restrão abreviada por ALI no tableau. É interessante notar
que, após a avaliação pela restrão de alinhamento, o output ótimo já vem à tona, que os
demais foram eliminados por restritores bem cotados na hierarquia.
56
Partindo para as restrições da família fidelidade, em HEAD-MAX, os candidatos (a)
e (e) cometem uma infração cada, visto que apagam a coda o-vocálica da sílaba tônica, e
o candidato (d) viola duas vezes a restrição por ter apagado os dois elementos em coda da
sílaba proeminente. O candidato (c) viola, ainda, a restrição RED=CV, pois o seu
reduplicante possui o formato CVVC. NÃO-HOMONÍMIA faz com que (d) receba mais
uma infração, visto que ‘mátiequivale à mesma realização fonética de uma palavra
existente na língua (uma bebida). Os candidatos (a), (b) e (e), por apresentarem
reduplicantes distintos da base, violam uma vez RED=BASE. Por fim, apenas (d) viola
EXPONÊNCIA, que é o único candidato que não apresenta reduplicante. Portanto, o
output ótimo é (a), que infringe uma vez HEAD-MAX e RED=BASE, mas isso em nada
modifica o resultado da competição, visto que todos os demais candidatos já haviam sido
eliminados por restrições mais altas na hierarquia.
Passa-se, a seguir, em (10), à análise de um caso que admite variação: o
antropônimo ‘Isabel’.
(10)
/Isabel/ + Hipo
+ Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(be.bél)]
*
b. [(bél)] 
*
c. [(bel.bél)] *!
d. [(í.sa)] *! * *** * *
e. [(bel.)] *! *
57
A partir da análise do tableau acima, vê-se que o primeiro a deixar a disputa é (d),
porque infringe IAMBO, isto é, trata-se de um troqueu, por apresentar cabeça à esquerda.
Esse mesmo candidato recebe ainda seis outras infrações: uma em ONSET, pois sua
primeira sílaba não apresenta ataque; três em HEAD-MAX, já que apaga a sílaba nica,
que possui três elementos; uma em NÃO-HOMONÍMIA, posto que o hipocostico
equivale a um outro antropônimo; e outra em EXPONÊNCIA, pelo fato de não apresentar
reduplicante. Como se percebe, todos os candidatos passam ilesos pelos restritores
*COMPLEX e CODA-COND [vocálica]. O candidato (e) é eliminado a seguir, por
apresentar o reduplicante à direita e a base à esquerda da palavra prosódica e, por isso,
infringir ALINH. O próximo candidato que sai da competição é (c), pois seu reduplicante
apresenta o formato CVC, o que faz com que a restrição RED=CV seja violada. Na
seqüência, os candidatos (a) e (e) violam uma vez a restrição RED=CV. Nesse momento da
disputa, o fato de o candidato (a) ter recebido uma infração não faz com ele saia
imediatamente da competição, pois as duas últimas restrições atuam em conjunto e, por
conseguinte, é necessário que os candidatos sejam avaliados, ainda, pela última restrição.
Na avaliação por EXPONÊNCIA, (b) recebe uma infração por não possuir reduplicante, o
que faz com que ele empate com (a) na disputa. Dessa maneira, (a) e (b) emergem como
outputs ótimos, o que configura um caso de variação, diferentemente dos outros casos
analisados.
O que faz com que (a) e (b) saiam vitoriosos juntos é o fato de as duas últimas
restrições não estarem crucialmente hierarquizadas. Deve-se observar que a análise
morfoprosódica mostrada na seção anterior não permitiu que dois outputs viessem à tona
como ótimos, isto é, a análise pela Morfologia Prosódica não consegue dar conta dos casos
58
que envolvem variação, diferentemente da análise otimalista, que, nesse caso, permitiu a
emergência de dois outputs ótimos.
Como se vê, a OT consegue resolver satisfatoriamente um problema encontrado na
análise derivacional: a emergência de mais de um output. Com a proposição de restritores
flutuantes (restrições que ainda não se fixaram na hierarquia), a OT se mostra superior à
Morfologia Prosódica, já que explica a razão da opcionalidade, no caso de ‘Bél’ / ‘Bebél’ e
‘Quél’ / ‘Quequél’: o mesmo não-atendimento a duas demandas com idêntico grau de
prioridade na hierarquia. A seguir, analisa-se outro padrão de hipocorização e, novamente,
comparam-se os dois modelos.
59
5. O PROCESSO DE HIPOCORIZAÇÃO DE ANTROPÔNIMOS COMPOSTOS
Fazem-se, neste capítulo as análises morfoprosódica e otimalista do processo de
hipocorização de nomes compostos, como ocorre, por exemplo, em Malú, hipocorístico de
‘Maria Luíza’ ou ‘Maria Lúcia’, e em ‘Cadé’, hipocostico de ‘Carlos André’. Como se ,
tal padrão define-se como a junção de duas bases que se encurtam. Além disso, o processo
em questão não permite a emergência de mais de um output ótimo, o que significa dizer
que não admite variação de formas.
Os dados exibidos a seguir, em (01), foram, assim como no padrão estudado no
capítulo anterior, colhidos em testes e representam, portanto, formas que se destacaram em
relação às demais, constituindo, dessa maneira, os outputs ótimos referentes ao processo de
hipocorização de antropônimos compostos.
Vale ressaltar que os dados coletados são, de maneira geral, nomes otonos, ou
seja, hipocorísticos constitdos por pés iâmbicos. A exceção à regra se faz com os
hipocorísticos terminados em –a; nesse caso, eles serão sempre parotonos, constituindo,
assim,s trocaicos. Vejam-se os dados utilizados na análise em (01), a seguir:
60
(01)
André Luiz > Delú
Carlos Alexandre > Calê
Carlos André > Cadé
Carlos Artur > Catú
Carlos Eduardo > Cadú
Carlos Luiz > Calú
Carlos José > Cazé
Célia Lúcia > Celú
Eduardo Carlos > Dúca
João Batista > Jóba
João Carlos > Jóca
José Carlos > Zéca
José Luiz > Zelú
Luiz Carlos > Lúca
Maria Isabel > Mabél
Maria João > Majô
Maria José > Mazé
Maria Júlia > Ma
Maria Luíza / Lúcia > Malú
Maria Teresa > Matê
Os dados em (01) confirmam o que foi dito anteriormente: com exceção dos
hipocorísticos terminados em –a, que são sempre parotonos, todos os demais são
oxítonos. Além disso, observa-se que, em quase todos os casos, a primeira sílaba com onset
do primeiro nome é unida à primeira sílaba com onset do segundo nome, constituindo o
hipocorístico. As exceções estão nos casos em que aparece o nome ‘José’. Nessa situação, a
sílaba ‘zé’ será sempre copiada, e nunca a primeira sílaba com onset (‘jo’), como nos
demais casos. Esse fato se deve, possivelmente, a um processo de lexicalização que pode
ter ocorrido com a sílaba ‘zé’, pois, como se sabe, é bastante comum o nome ‘José’ ser
reduzido a Zé’. A palavra ‘Zé’, portanto, passa de um simples apelido a uma unidade
lexical, o que caracteriza, assim, o processo de lexicalização. Devido a isso, todos os
antropônimos compostos que possuem o prenome ‘José’ serão excluídos da análise, pelo
61
fato de não se encaixarem nos aspectos gerais que envolvem o padrão de hipocorização em
estudo.
Vistos esses pontos cruciais, passa-se, então, à análise do processo na ótica da
Morfologia Prosódica.
5.1 ANÁLISE VIA MORFOLOGIA PROSÓDICA
Como já foi dito anteriormente, uma análise através da Morfologia Prodica é
iniciada com a definição de um donio sobre a palavra-matriz. No processo em análise no
presente capítulo, dois parâmetros regem a circunscrição: (a) o da sílaba (rastreia-se a
primeira sílaba com onset de cada antropônimo) e (b) o da direcionalidade (da esquerda
para a direita do antropônimo). Esses parâmetros constituem a chamada circunscrição
positiva, posto que o conteúdo segmental descartado fica fora desse donio (McCarthy &
Prince, 1990). Dessa forma, o material presente no molde é aquele escaneado pela
circunscrição prodica, que atua com a finalidade de isolar uma palavra nima: rastreia-
se a primeira laba com onset de cada nome, que será copiada do donio-fonte para o
domínio-alvo (o molde) (Gonçalves, 2004a).
No padrão em questão, duas são as condições de boa formação que agem no molde:
(a) sílabas são abertas, ou seja, devem apresentar o formato CV; e (b) onsets são simples,
isto é, ataques silábicos não podem apresentar grupos consonantais. O fato de existirem
essas condições atuando no molde faz com que o processo de hipocorização de nomes
compostos seja, assim como o padrão de hipocorização com reduplicação à direita,
transderivacional, ou seja, requer um nível intermediário de representação entre o input e o
output.
62
Assim como ocorreu no processo analisado no capítulo anterior, o padrão em estudo
neste capítulo também apresenta uma especificidade: após a atuação das condições de boa
formação listadas acima, recai sobre o material presente no molde uma regra acentual,
segundo a qual a sílaba final deve ser acentuada, a menos que termine em –a. O material
que vem à tona após a conclusão dessas etapas constitui, por fim, o output real.
A seguir, esquematiza-se a análise morfoprosódica dos nomes selecionados: ‘Maria
Luíza’, ‘Carlos Artur’, ‘Carlos André’ e ‘Eduardo Carlos’, nessa ordem. Verifica-se, em
(02), a análise do antropônimoMaria Luíza’.
(02)
Circunscrição prosódica
{Rastreie a primeira sílaba com onset de cada PWd
/MARIA/ /LUÍZA/
Molde: [MALU] Filtro – 1) Sílabas são abertas;
2) onsets são simples.
‘MALU’ Regra – Acentue a sílaba final, a
menos que termine em –a.
[MALÚ]
63
Como se pode notar no esquema exibido em (02), a circunscrição prosódica atua da
direita para a esquerda, mapeando a primeira sílaba com onset de cada nome. Com isso,
obtém-se o material ‘malu’, que segue para o molde. Já que se trata de um processo
transderivacional, condições de boa formação agirão sobre o material presente no molde.
Essas condições, entretanto, mostram-se inoperantes na análise do antropônimo ‘Maria
Luíza’, visto que as duas sílabas de ‘malu’ não possuem coda, isto é, são abertas, e os
elementos presentes na posição de ataque silábico são simples, fatores que fazem com que
o material do molde se mantenha inalterado. A atuação da regra de acento sobre o output
faz com que venha à supercie a forma ‘Malú’, hipocorístico do nome ‘Maria Luíza’.
Após a análise bastante regular de ‘Maria Luíza’, segue-se, em (03), a análise do
antropônimo ‘Carlos Artur’, que apresenta coda na primeira laba do primeiro nome e não
apresenta a posição de ataque preenchida na primeira sílaba do segundo nome.
64
(03)
Circunscrição prosódica
{Rastreie a primeira sílaba com onset de cada PWd
/CARLOS/ /ARTUR/
Molde: [CARTUR] Filtro – 1) Sílabas são abertas;
2) onsets são simples.
CATU’ Regra – Acentue a sílaba final, a
menos que termine em –a.
[CATÚ]
Na análise do antropônimo ‘Carlos Artur’, a circunscrição prosódica escaneia ‘car’ e
‘tur’, que são as primeiras sílabas com onset dos nomes ‘Carlos’ e ‘Artur’, respectivamente,
levando para o molde o material cartur’. A ação das condições de boa formação sobre o
elemento presente no molde faz com que venha à tona, como output, a forma ‘catu’, pois os
elementos em coda são eliminados pela condição que obriga que as sílabas sejam abertas.
Como se sabe, a regra acentual determina que o acento recaia sobre a sílaba final, a não ser
que esta termine em –a, fazendo com que ‘Catú’ figure, portanto, como hipocorístico de
‘Carlos Artur’.
Na seqüência, mostra-se, em (04), o esquema de análise do nome ‘Carlos André’.
65
(04)
Circunscrição prosódica
{Rastreie a primeira sílaba com onset de cada PWd
/CARLOS/ /ANDRÉ/
Molde: [CARDRE] Filtro – 1) Sílabas são abertas;
2) onsets são simples.
CADE’ Regra – Acentue a sílaba final, a
menos que termine em –a.
[CADÉ]
O esquema mostrado em (04) revela que o material levado ao molde é ‘cardre’,
constituído pelas sílabas ‘car’, primeira sílaba com onset do nome ‘Carlos’, e ‘dre’,
primeira sílaba com onset do nome ‘André’. Com a atuação das condições de boa
formação, o –r em coda na primeira sílaba é eliminado pela condição que obriga que sílabas
sejam abertas, e o onset complexo da segunda sílaba é simplificado através da condição que
determina que onsets sejam simples. Sendo assim, o output que emerge a partir da ão
dessas condições é ‘cade’, que se torna ‘Cadé’ com a regra acentual que postula que o
66
acento recaia sobre a sílaba final, a menos que termine em –a. Dessa maneira, ‘Cadé’ é a
forma considerada hipocostico do antropônimo ‘Carlos André’.
Verifica-se abaixo, em (05), o esquema de análise morfoprosódica do antropônimo
‘Eduardo Carlos’.
(05)
Circunscrição prosódica
{Rastreie a primeira sílaba com onset de cada PWd
/EDUARDO/ /CARLOS/
Molde: [DUCAR] Filtro – 1) Sílabas são abertas;
2) onsets são simples.
DUCA’ RegraAcentue a sílaba final, a
menos que termine em –a.
[DÚCA]
Como se em (05), o material levado ao molde é constituído das sílabas ‘du’ e
‘car’, mapeadas por serem as primeiras sílabas com onset dos nomes ‘Eduardo’ e ‘Carlos’.
Com a atuação da primeira condição de boa formação do filtro, ocorre a queda do –r em
coda, fazendo com que venha à superfície a forma ‘duca’ como output. O ponto diferente
67
desta análise em relação às outras está na questão da regra acentual, pois, como o output
termina em –a, o acento recai sobre a penúltima sílaba, constituindo, assim, um troqueu
(‘Dúca’). Os outros três antropônimos analisados, por não terminarem em –a, são
acentuados na última sílaba e, portanto, formams iâmbicos
7
.
A seguir, na próxima seção, os mesmos antropônimos serão analisados através da
Teoria da Otimalidade, da mesma forma como foi feito no capítulo anterior.
5.2 ANÁLISE VIA TEORIA DA OTIMALIDADE
Após a análise morfoprosódica que possibilitou a verificação do comportamento
derivacional do processo de hipocorização de nomes compostos, parto, nesta seção, para a
análise através da Teoria da Otimalidade, objetivo central da pesquisa.
Para dar conta do padrão em estudo neste capítulo, utilizo as restrões distribuídas
abaixo, divididas em grupos. Deve-se enfatizar que o objetivo das restrições é avaliar todos
os candidatos a output gerados por GEN, mecanismo gerador de possíveis outputs.
5.2.1 Restrições de tamanho
a) TODO-(D): todos os pés devem permanecer na posição de final de palavra prodica
(PWd), ou seja, devem estar alinhados à direita.
7
Uma possível explicação para o fato de somente palavras terminadas em –a serem trocaicas pode ser
encontrada na regra de neutralização das postônicas. Como se sabe, sói existem três vogais na posição átona
final em português: / I, U, a /. /a/ é a única vogal que não resulta de um processo de neutralização. Caso o
acento o fosse final nas formas que não terminam em –a, a regra de neutralização fatalmente se aplicaria,
promovendo, dessa maneira, uma modificação de traços do input para o output.
68
b) ANALISE - : todas as sílabas () devem estar integradas a pés, o que significa que não
pode haver sílaba desgarrada.
5.2.2 Restrições de marcação
a) ONSET: toda sílaba precisa ter a posição de onset (ataque) preenchida.
b) CODA-COND [glide]: define que tipo de segmento pode ocupar a posição de coda.
Assim, somente semivogais, nesta análise, podem ocupar essa posição.
c) *COMPLEX: é proibida a formação de grupos consonantais na posição de onset.
5.2.3 Restrições de acento
a) *á]PWd: palavras prodicas (PWd) terminadas (]) em anão podem ser oxítonas. Pela
formalização, portanto, a vogal [a] não pode receber acento quando em posição de final de
palavra prodica.
b) IAMBO: todos os s devem ser iâmbicos, ou seja, devem apresentar cabeça à direita.
Isso significa que, nesta análise, assim como no processo anterior, o não é o troqueu,
como no sistema de hipocorização default, analisado por Gonçalves (2005). A exceção que
se faz a isso está nas palavras terminadas em –a, que são constituídas por pés trocaicos.
69
5.2.4 Restrição de alinhamento
a) ALINH
Pwd1
[E,
Pwd2
[D: alinhe a sílaba inicial do primeiro nome (PWd1) à esquerda
da sílaba inicial do segundo nome (PWd2).
A seguir, em (06), a hierarquia proposta leva à redução, visto que a hipocorização é
o processo responsável pelo encurtamento de antropônimos, mas garante nima fidelidade
ao nome composto:
(06)
(1) TODO- (D) ; (2) ANALISE->> (3) ONSET ; (4) CODA-COND [glide] ; (5)
*á]PWd >> (6) IAMBO >> (7) ALINH
Pwd1
[E,
Pwd2
[D >> (8) *COMPLEX
Como se sabe, o hipocostico deve constituir palavra mínima na língua e, por isso,
as restrições de tamanho devem dominar a hierarquia. Dessa forma, as restrições TODO-PÉ
(D) e ANALISE- atuam em conjunto e dominam a hierarquia de restrições.
A restrição ONSET, dominada por (1) e (2), obriga todos os candidatos a output a
preencherem a posição de onset. Sendo assim, o antropônimo ‘André Luís’, por exemplo,
apresenta como output ótimo a forma ‘Delú’, posto que a primeira sílaba de Anlú’ não
preenche a posição de ataque, como obriga a restrição (3).
Atuando em conjunto com ONSET está a restrição CODA-COND [glide]. A
observação de todas as formas ótimas colhidas nos testes revela que, de maneira geral,
70
nenhum hipocostico do padrão em estudo neste capítulo admite elementos na posição de
coda. O único hipocorístico que permite um elemento na posição de coda é Mabél’, que
admite um glide na posição de coda na segunda sílaba. Para dar conta da emergência de
‘Mabél’ como output ótimo, foi necessária a colocação de CODA-COND [glide] no
ranking (ver análise de ‘Mabél’ no anexo 4).
Dando seqüência, a restrição de acento (5) proíbe que formas terminadas em a
sejam acentuadas nessa vogal, isto é, não podem ser oxítonas. Dessa maneira, antropônimos
como ‘Luís Carlos’ e ‘João Carlos’ produzem formas como ‘Lúca’ e ‘Jóca’, e nunca ‘Lucá’
e ‘Jocá’.
Outra restrição acentual na hierarquia é IAMBO. Viola essa restrão o candidato
que não apresentar pés iâmbicos, isto é, pés que apresentem cabeça à direita. Como
exemplo, pode-se analisar o antropônimo ‘Carlos Artur’. O hipocorístico correspondente ao
antropônimo é ‘Catú’, já que ‘Cátu’ infringiria essa restrição acentual e, pela regra de
neutralização, a vogal da segunda forma de base não seria idêntica à especificada no input
8
.
Como se sabe, hipocorísticos terminados em –a não são iâmbicos e, por conta disso, a
restrição *á]PWd está acima de IAMBO na hierarquia, pois, dessa forma, um candidato
como ‘Jocá’, para ‘João Carlos’, é eliminado antes de ser avaliado por IAMBO, que essa
restrição permitiria que o candidato ‘Jocá’, que não é o ideal, permanecesse na disputa.
A seguir, em (7), tem-se uma restrição de alinhamento. Segundo essa restrição, a
primeira sílaba do primeiro nome deve ser aliada à primeira sílaba do segundo. Pode-se
afirmar, então, que, no padrão em questão, a junção de duas bases que se encurtam,
formando o hipocorístico. Dessa maneira, um candidato como Jotís’, para ‘João Batista’,
8
Desse modo, formas não terminadas por –a com acento não-final também violariam IDENT, um restritor
que exige estrita identidade de traços entre formas subjacentes e de superfície.
71
viola essa restrição pelo fato de ter rastreado a segunda laba do segundo nome, e o a
primeira sílaba, como determina a restrição.
Por fim, o restritor *COMPLEX não permite a formação de grupos consonantais na
posição de onset. Sendo assim, ‘Carlos André’ tem como hipocostico ‘Cadé’, e não
‘Cardré’. Como se pode notar, o ataque complexo ‘dré’ foi simplificado, tornando-se ‘dé’.
5.2.5 Análise dos antropônimos
Passa-se, a seguir, à análise otimalista dos antropônimos selecionados: ‘Maria
Luíza’, ‘Carlos Artur’, ‘Carlos André’ e ‘Eduardo Carlos’. É importante salientar que, da
mesma forma que foi feito na análise do padrão anterior, só serão disponibilizados no
tableau, por uma questão de concisão, candidatos dissílabos ou trissílabos, o que torna
desnecessária a colocação de TODO-PÉ (D) e ANALISE-na hierarquia, pois essas
restrições reguladoras de tamanho inibem candidatos trissílabos ou polissílabos, que não
aparecerão nos tableaux. Contudo, faz-se necessário ressaltar, mais uma vez, que essas
restrições são indispensáveis à análise, visto que estão diretamente relacionadas ao fato de
os hipocorísticos constituírem palavras mínimas na ngua e, portanto, não poderem
apresentar mais de um pé.
A seguir, em (07), apresenta-se o tableau com a análise de ‘Maria Luíza’
9
.
9
No anexo 4 desta dissertação, apresento os tableaux com as análises otimalistas dos demais antropônimos
disponibilizados em (01) neste capítulo.
72
(07)
/Maria Luíza/ ONSET
C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO ALINH *COMP
a. [(ma.lú)]
b. [(má.lu)] *!
c. [(ri.lú)] *!
d. [(ma.zá)] *! *
e. [(lú.ma)] *! *
Como se pode verificar no tableau, nenhum candidato viola ONSET e CODA-
COND [vocálica], pois os cinco apresentam a posição de ataque silábico preenchida e não
possuem coda. O primeiro candidato a deixar a disputa é mazá’, pelo fato de infringir a
restrição que proíbe palavras otonas terminadas em –a. A restrição IAMBO elimina
‘málu’ e ‘lúma’, já que estes candidatos apresentam cabeça à esquerda, sendo, portanto, pés
trocaicos, e não iâmbicos. O último candidato a deixar a disputa é rilú’, que descartou a
primeira sílaba com onset do primeiro nome, violando, dessa forma, ALINH
10
. Além de
‘rilú’, os candidatos ‘mazá’ e ‘lúma’ também transgridem ALINH. Nesse momento da
análise, ‘Malú’ emerge como output ótimo, em virtude de todos os demais candidatos
terem sido eliminados. Nenhum candidato infringe a restrição *COMPLEX, pois nenhum
deles apresenta onset complexo.
Abaixo, em (08), disponibiliza-se a análise do antropônimo ‘Carlos Artur’.
10
Esse candidato também deixaria um tepe na posição de início de palavra prosódica, o que não corresponde
aos padrões fonotáticos da ngua.
73
(08)
/Carlos Artur/ ONSET
C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO ALINH *COMP
a. [(ca.tú)]
*
b. [(car.túr)] *!* *
c. [(cá.tu)] *! *
d. [(ca.rár)] *!
e. [(ca.ár)] *! *
Como se nota na análise acima, o candidato ‘caár’ é o primeiro a deixar a disputa
pelo fato de não apresentar a posição de ataque preenchida na segunda sílaba, infringindo,
dessa forma, ONSET. Além disso, esse candidato viola, ainda, CODA-COND [glide], pois
apresenta, na segunda sílaba, um elemento que não é semivogal na posição de coda, apesar
de satisfazer ALINH, ranqueada mais abaixo.
Em CODA-COND [glide], mais dois candidatos são eliminados da disputa: ‘cartúr’,
que apresenta duas codas que não são glides, e ‘carár’, que apresenta uma coda que também
o é semivogal. O candidatocarár’ não infringe ALINH, assim comocaár’, mas a
restrição de alinhamento é dominada pelas restrições de marcação (silábicas).
O candidato ‘cátu’, por apresentar cabeça à esquerda, viola IAMBO e, por esse
motivo, deixa a disputa. Nesse ponto da análise, emerge como output ótimo, portanto,
‘Catú’, forma considerada como hipocorístico de ‘Carlos Artur’. Da mesma forma como na
análise em (07), nenhum candidato infringe *COMPLEX.
Na seqüência, verifica-se, em (09), a análise de ‘Carlos André’.
74
(09)
/Carlos André/ ONSET
C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO ALINH *COMP
a. [(ca.dé)]
*
b. [(ca.dré)] * *!
c. [(car.dé)] *! *
d. [(ca.rân)] *!
e. [(ca.ân)] *! *
Na análise em (09), o primeiro candidato a deixar a competição é ‘caân’, que,
como a segunda sílaba não apresenta ataque, viola ONSET. Além de ONSET, ‘caân
infringe também CODA-COND [glide], pois apresenta uma nasal em coda. Como se vê, a
perfeita satisfação a ALINH leva à violação de restritores mais bem cotados.
Os candidatos ‘cardé’ e ‘can’ saem da disputa em CODA-COND [glide], pois os
dois apresentam elementos que não são glides na posição de coda. A partir desse momento
da análise, apenas permanecem na disputa os candidatos ‘cadé’ e ‘cadré’. O candidato
vencedor vem à tona após a avaliação pela última restrição do ranking, *COMPLEX,
uma vez que ambos violam o alinhamento para satisfazer as condições de boa formação
silábica. Como *COMPLEX proíbe grupos consonantais na posição de ataque silábico e
‘cadré’ apresenta um encontro consonantal na sílaba ‘dré’, o candidato apontado em (b) no
tableau viola essa restrição, e ‘Cadé’ vem à superfície como output ótimo, ou seja, como
hipocorístico de ‘Carlos André’.
A última análise ocorre a seguir, em (10), com o antropônimo ‘Eduardo Carlos’.
75
(10)
/Eduardo Carlos/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO ALINH *COMP
a. [(dú.ca)]
* *
b. [(du.cá)] *! *
c. [(du.cár)] *! *
d. [(ê.ca)] *! *
e. [(dú.los)] *! * **
Como se pode verificar em (10), a restrição ONSET é a responsável pela eliminação
do candidato ‘êca’, o único que atende o alinhamento, já que este não apresenta a posição
de ataque preenchida na primeira sílaba. Esse candidato também infringe IAMBO, por
apresentar cabeça à esquerda.
Na seqüência, os candidatos ‘ducár’ e ‘dúlos’ deixam a competição por violarem
CODA-COND [glide], visto que os dois possuem, na segunda sílaba, um segmento que não
é semivogal em coda. O candidato ‘dúlos’, além dessa violação fatal, ainda transgride
IAMBO e ALINH. Sendo assim, a partir desse momento da análise, apenas dois candidatos
permanecem na disputa: ‘dúca’ e ‘ducá’.
A restrição acentual *á]PWd é responsável pela eliminação de ‘ducá’, pelo fato de
esse candidato ser um otono terminado em –a. Nesse momento, portanto, emerge como
vitorioso o candidato Dúca’, mesmo violando IAMBO, pois IAMBO está abaixo de
*á]PWd na hierarquia. É interessante observar o funcionamento do ranking, pois, para que
76
‘Dúca’ viesse à tona como output ótimo de ‘Eduardo Carlos’, foi necessário que a restrição
*á]PWd estivesse mais bem cotada que IAMBO na hierarquia.
Uma comparação das análises morfoprosódica e otimalista do padrão de
hipocorização de antropônimos compostos evidencia a superioridade da OT em questão de
concisão. A análise via Teoria da Otimalidade é bem menos custosa que a análise
derivacional via Morfologia Prodica, apesar de a análise morfoprosódica ser bastante
refinada e elegante. Como se pode perceber, a análise através da Morfologia Prosódica é
feita em estratos derivacionais ordenados, sendo chamada, por conseguinte, de serialista.
No processo em questão, são necessários três estágios, além da formulação de uma regra de
acento, no final da derivação. A alise otimalista é paralelista, o que significa dizer que a
análise é feita sem necessidade de estratos ou ciclos e, no caso do padrão de hipocorização
em estudo neste capítulo, um conjunto de apenas seis restrições consegue acolher todos os
dados rastreados.
77
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como ficou demonstrado neste trabalho, a hipocorização não pode ser concebida
como fenômeno “idiossincrático”, “imprevisível”, “assistemático” e esdrúxulo”, como
defendem alguns autores (Cunha, 1975; Monteiro, 1987; Zanotto, 1989). Como se viu, o
processo mostra-se bastante regular quando aspectos da interface Morfologia-Fonologia são
levados em consideração. Por esse motivo, os dois processos de hipocorização em foco
foram analisados também segundo a ótica da Morfologia Prosódica. Através da análise
morfoprosódica, viu-se que o processo se caracteriza por um rastreamento dos segmentos
melódicos do prenome para um molde definido com base em elementos prosódicos.
Segundo McCarthy (1986), os processos não-concatenativos a hipocorização é um desses
processos não constituem, de fato, “morfologia pura”, mas “morfologia fonológica”, o
que endossa a teoria de que a interface Morfologia-Fonologia deve ser levada em
consideração na análise desses processos, já que a integração de primitivos morfológicos
com primitivos prosódicos explica a regularidade das operões não-aglutinativas.
Além disso, como também ficou demonstrado na pesquisa, o padrão de
hipocorização com reduplicação à direita, diferentemente do que ocorre no padrão de cópia
dos segmentos à esquerda (Silva, em preparação), apresenta apenas um output ótimo, ou
seja, pode ser considerado um processo não-variável. Sendo assim, o antropônimo
‘Mateus’, por exemplo, admite como hipocorístico apenas a forma ‘Tetêu’, e uma estrutura
como ‘Têu’ é, assim, bloqueada. Cabe ressaltar, entretanto, que alguns poucos
antropônimos admitem variação, como ocorre, por exemplo, em ‘Isabel’, que admite as
formas ‘Bebéle Bél’ como hipocorísticos, e em ‘Raquel’, que permite que sejam aceitas
como outputs ótimos as formas ‘Quequél’ e ‘Quél’.
78
Dentro desse aspecto, pode-se ressaltar a superioridade da OT em relação à análise
derivacional da Morfologia Prosódica. Como se viu, a OT, porque admite análises com
restrições em flutuação, permite a emergência de mais de um output ótimo, ou seja, a OT
oferece instrumentos eficazes que dão conta de processos variáveis, ao contrário da
Morfologia Prodica. Além disso, a análise otimalista é menos custosa que as análises
derivacionais, pois não requer estratos ou ciclos. Conforme se de perceber, a análise
morfoprosódica feita nos dois processos requereu alguns estágios derivacionais e, no caso
do padrão de hipocorização de antropônimos compostos, até uma regra acentual foi
formulada, no fim da derivão. Ao contrário, a análise através da Teoria da Otimalidade é
paralelista, o que significa dizer que a melhor satisfação à hierarquia é determinada com
referência a todas as restrões e a todos os candidatos a output, sem derivação serial. Por
conta do paralelismo, níveis intermediários de representação não são estabelecidos, pelo
fato de EVAL operar em um estrato apenas, selecionando o candidato mais harnico a
partir de um ranqueamento único de restrições. Sendo assim, não dúvidas de que a
análise otimalista é mais ecomica que a morfoprosódica, ainda que esta seja bastante
refinada e elegante.
Outro aspecto fundamental abordado refere-se à hierarquização das restrições na
análise otimalista. Nota-se que, na análise dos hipocosticos, as restrições de tamanho
devem dominar a hierarquia, já que estas são responsáveis pelo encurtamento de
antropônimos, uma vez que o hipocorístico deve constituir palavra mínima na língua e,
sendo assim, não pode apresentar mais de um binário. Após as restrições de tamanho,
aparecem, na hierarquia, as restrições de marcação e de fidelidade, pois, para haver
hipocorização, alguma perda segmental deve ocorrer. Em conseqüência, estruturas
totalmente fiéis ao input jamais serão consideradas hipocorísticas.
79
Enfim, este estudo procurou levantar alguns aspectos da interface Morfologia-
Fonologia através da descrição de dois padrões do fenômeno da hipocorização. Para o
futuro, estuda-se a possibilidade de cruzar as hierarquias de pelo menos quatro dos cinco
padrões apresentados no capítulo 2, em vez de analisá-los separadamente. A análise do
padrão de hipocorização de antropônimos compostos, por trabalhar com duas bases, talvez
o se encaixe nessa proposta.
80
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SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios.
São Paulo: Contexto, 2002.
ZANOTTO, N. Estruturas mórficas do português. Caxias do Sul: EDUCRS, 1989.
84
ANEXO 1
UFRJ – Faculdade de Letras
Aluno: Bruno Cavalcanti Lima (aluno do Mestrado em Língua Portuguesa)
Orientador: Carlos Alexandre Gonçalves
Questionário para pesquisa / Teste 01
Sobre o informante:
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade:
( ) 7 a 12 anos;
( ) 13 a 19 anos;
( ) 20 a 29 anos;
( ) 30 a 45 anos;
( ) mais de 45 anos.
3. Escolaridade:
( ) 1ª a 4ª séries (Primeiro segmento do Ensino Fundamental);
( ) 5ª a 8ª séries (Segundo segmento do Ensino Fundamental);
( ) Ensino Médio;
( ) Ensino Superior.
Observações importantes:
a) Este teste deve ser respondido com total liberdade e de forma intuitiva / espontânea.
b) Não há limite de respostas, ou seja, cada item pode apresentar uma ou mais respostas.
85
01) Como você chamaria carinhosamente uma pessoa que se chama:
a) Ai? __________________________________________________________________
b) Alceu? _________________________________________________________________
c) Alcir? __________________________________________________________________
d) Amadeu? _______________________________________________________________
e) Ester? __________________________________________________________________
f) Jurandir? _______________________________________________________________
g) Ladislau? _______________________________________________________________
h) Marli? _________________________________________________________________
i) Mateus? ________________________________________________________________
j) Raquel? ________________________________________________________________
02) Há, abaixo, formas carinhosas de tratamento. Associe-as aos nomes correspondentes.
a) Bebé:__________________________________________________________________
b) Bebel:__________________________________________________________________
c) Cecel:__________________________________________________________________
d) Cici:___________________________________________________________________
e) Dedé:__________________________________________________________________
f) Didi:___________________________________________________________________
g) Lalau:__________________________________________________________________
h) Lili:____________________________________________________________________
i) Memé:__________________________________________________________________
j) Tutu:___________________________________________________________________
86
03) Marque a(s) resposta(s) equivalente(s) ao tratamento informal e carinhoso dos seguintes
nomes:
a) Agrimar
( ) Agri
( ) Grima
( ) Grimar
( ) Mamá
b) Luzanir
( ) Luza
( ) Zanir
( ) Zazá
( ) Nini
c) Adinabel
( ) Di
( ) Dina
( ) Bel
( ) Bebel
d) Estanislau
( ) Estânis
( ) Tânis
( ) Lau
( ) Lalau
e) Abiatar
( ) Abi
( ) Bibi
( ) Bia
( ) Tatá
f) Abeni
( ) Abe
( ) Bebê
( ) Beni
( ) Nini
g) Alverlene
( ) Alva
( ) Vevê
( ) Lene
( ) Lelene
h) Asdrúbal
( ) Asdro
( ) Duba
( ) Bal
( ) Babal
i) Auricileuda
( ) Auri
( ) Cileuda
( ) Lelê
( ) Leuda
j) Francimária
( ) Fran
( ) Cimária
( ) Mamá
( ) Maria
87
04) Que apelido você daria a uma pessoa que se chama:
a) Áurea?_________________________________________________________________
b) Bruno?_________________________________________________________________
c) Íris?____________________________________________________________________
d) Jader?__________________________________________________________________
e) Jonas?__________________________________________________________________
f) Jorge?__________________________________________________________________
g) Lana?__________________________________________________________________
h) Laila?__________________________________________________________________
i) Lídia?__________________________________________________________________
j) Oton?___________________________________________________________________
88
ANEXO 2
UFRJ – Faculdade de Letras
Aluno: Bruno Cavalcanti Lima (aluno do Mestrado em Língua Portuguesa)
Orientador: Carlos Alexandre Gonçalves
Questionário para pesquisa / Teste 02
Sobre o informante:
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade:
( ) 7 a 12 anos;
( ) 13 a 19 anos;
( ) 20 a 29 anos;
( ) 30 a 45 anos;
( ) mais de 45 anos.
3. Escolaridade:
( ) 1ª a 4ª séries (Primeiro segmento do Ensino Fundamental);
( ) 5ª a 8ª séries (Segundo segmento do Ensino Fundamental);
( ) Ensino Médio;
( ) Ensino Superior.
Observações importantes:
a) Este teste deve ser respondido com total liberdade e de forma intuitiva / espontânea.
b) Não há limite de respostas, ou seja, cada item pode apresentar uma ou mais respostas.
89
01) Como você chamaria carinhosamente uma pessoa que se chama:
a) André Luiz? _____________________________________________________________
b) Carlos Artur? ____________________________________________________________
c) Carlos Eduardo? _________________________________________________________
d) Carlos Luiz? ____________________________________________________________
e) Célia Lúcia? ____________________________________________________________
f) Eduardo Carlos? _________________________________________________________
g) João Batista? ____________________________________________________________
h) José Carlos? ____________________________________________________________
i) Maria Luíza? ____________________________________________________________
j) Maria Teresa? ___________________________________________________________
02) Há, abaixo, formas carinhosas de tratamento. Associe-as aos nomes correspondentes.
a) Cadé:__________________________________________________________________
b) Calê:___________________________________________________________________
c) Cazé:__________________________________________________________________
d) Joca:___________________________________________________________________
e) Luca:___________________________________________________________________
f) Mabel:__________________________________________________________________
g) Majô:__________________________________________________________________
h) Mazé:__________________________________________________________________
i) Maju:__________________________________________________________________
j) Zelu:___________________________________________________________________
90
03) Marque a(s) resposta(s) equivalente(s) ao tratamento informal e carinhoso dos seguintes
nomes:
a) Agrimar
( ) Agri
( ) Grima
( ) Grimar
( ) Mamá
b) Luzanir
( ) Luza
( ) Zanir
( ) Zazá
( ) Nini
c) Adinabel
( ) Di
( ) Dina
( ) Bel
( ) Bebel
d) Estanislau
( ) Estânis
( ) Tânis
( ) Lau
( ) Lalau
e) Abiatar
( ) Abi
( ) Bibi
( ) Bia
( ) Tatá
f) Abeni
( ) Abe
( ) Bebê
( ) Beni
( ) Nini
g) Alverlene
( ) Alva
( ) Vevê
( ) Lene
( ) Lelene
h) Asdrúbal
( ) Asdro
( ) Duba
( ) Bal
( ) Babal
i) Auricileuda
( ) Auri
( ) Cileuda
( ) Lelê
( ) Leuda
j) Francimária
( ) Fran
( ) Cimária
( ) Mamá
( ) Maria
91
04) Que apelido você daria a uma pessoa que se chama:
a) Áurea?_________________________________________________________________
b) Bruno?_________________________________________________________________
c) Íris?____________________________________________________________________
d) Jader?__________________________________________________________________
e) Jonas?__________________________________________________________________
f) Jorge?__________________________________________________________________
g) Lana?__________________________________________________________________
h) Laila?__________________________________________________________________
i) Lídia?__________________________________________________________________
j) Oton?___________________________________________________________________
92
ANEXO 3: Tableaux com os antropônimos que não foram analisados no Capítulo 4.
a) Ai
/Aidê/ + Hipo
+ Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(de.dê)]
b. [(dê)] *! *
c. [(ai.ái)] *!* ** *
d. [(ái)] *! ** * *
e. [(i.dê)] *! *
b) Alceu
/Alceu/ + Hipo
+ Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(ce.cêu)]
*
b. [(cêu)] *! *
c. [(al.ál)] *!* *** *
d. [(ál)] *! *** *
e. [(ál.ci)] *! * * * *
c) Alcir
/Alcir/ + Hipo
+ Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(ci.cí)] 
*
b. [(cír)] *! *
c. [(ci.cír)] *! *
d. [(cí)] * *!
e. [(al.ál)] *!* *** *
93
d) Amadeu
/Amadeu/ +
Hipo + Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(de.dêu)]
*
b. [(dêu)] *! *
c. [(deu.dêu)] *!
d. [(deu.dê)] *! *
e. [(â.ma)] *! * *** * *
e) Barnabé
/Barnabé/ +
Hipo + Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(be.bé)]
b. [(bé)] *!
c. [(bár.na)] *! * ** *
d. [(ba.bá)] *!* *
e. [(na.bé)] *!
f) Jurandir
/Jurandir/ +
Hipo + Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(di.dí)]
*
b. [(dí)] * *!
c. [(dir.dír)] *!* *
d. [(di.dír)] *! *
e. [(jú.ra)] *! *** * *
94
g) Marli
/Marli/ + Hipo
+ Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(li.)] 
b. [(lí)] *! *
c. [(ma.má)] *!*
d. [(már)] *! ** * *
e. [(mar.már)] *!* *** *
h) Marcel
/Marcel/ +
Hipo + Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(ce.cél)]
*
b. [(cél)] *! *
c. [(cel.cê)] *! *
d. [(ma.má)] *!**
e. [(mar.már)] *!* *** *
i) Nicolau
/Nicolau/ +
Hipo + Red
IAM ONS *CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-H R=B EXP
a. [(la.láu)]
*
b. [(la.lá)] *!
c. [(lau.láu)] *!
d. [(ní.co)] *! *** *
e. [(lau.lá)] *! *
95
j) Raquel
/Raquel/ + Hipo
+ Red
IAM ONS
*CO C-C
ALI H-M R=
CV
N-
H
R=B EXP
a. [(que.quél)]
*
b. [(quél)] 
*
c. [(quel.quél)] *!
d. [(rá.qui)] *! * *
e. [(quel.qué)] *! *
96
ANEXO 4: Tableaux com os antropônimos que não foram analisados no Capítulo 5.
a) André Luiz
/André Luiz/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO ALINH *COMP
a. [(de.lú)]
*
b. [(dre.lú)] * *!
c. [(an.lú)] *! *
d. [(de.íz)] *! * **
e. [(dé.lu)] *! *
b) Carlos Alexandre
/Carlos Alexandre/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ca.lê)]
*
b. [(cá.le)] *! *
c. [(car.lê)] *! *
d. [(ca.xân)] *! *
e. [(ca.drê)] * *!
c) Carlos Eduardo
/Carlos Eduardo/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ca.dú)]
*
b. [(cá.du)] *! *
c. [(car.dú)] *! *
d. [(ca.ár)] *! * *
e. [(ca. ê)] *!
97
d) Carlos Luiz
/Carlos Luiz/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ca.lú)]
b. [(cá.lu)] *!
c. [(car.lú)] *!
d. [(ca.íz)] *! * *
e. [(los.lú)] *! *
e) Célia Lúcia
/Célia Lúcia/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ce.lú)]
b. [(cé.lu)] *!
c. [(li.lú)] *!
d. [(cé.cia)] *! *
e. [(lí.cia)] *! **
f) João Batista
/João Batista/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(jó.ba)]
*
b. [(jo.bá)] *!
c. [(jo.tís)] *! *
d. [(jó.ta)] * *!
e. [(jo.tá)] *! *
98
g) João Carlos
/João Carlos/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(jó.ca)]
*
b. [(jo.cá)] *!
c. [(jô.los)] *! * *
d. [(jo.cár)] *!
e. [(jô.lo)] * *!
h) Luiz Carlos
/Luiz Carlos/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(lú.ca)]
*
b. [(lu.cá)] *!
c. [(lu.cár)] *!
d. [(lú.los)] *! * *
e. [(íz.ca)] *! * * *
i) Maria Isabel
/Maria Isabel/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ma.bél)]
*
b. [(má.bel)] *! *
c. [(ma.sá)] *! *
d. [(má.sa)] *! *
e. [(ma.í)] *!
99
g) Maria João
/Maria João/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ma.jô)]
b. [(ma.ão)] *! *
c. [(ri.jô)] *!
d. [(jo.má)] *! *
e. [(má.jo)] *!
h) Maria Júlia
/Marialia/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ma.jú)]
b. [(má.ju)] *!
c. [(má.lia)] *! *
d. [(ri.jú)] *!
e. [(jú.ma)] *! *
i) Maria Teresa
/Maria Teresa/ ONSET C-C [voc]
*á]PWd
IAMBO
ALINH *COMP
a. [(ma.tê)]
b. [(má.te)] *!
c. [(ma.rê)] *!
d. [(ri.tê)] *!
e. [(má.sa)] *! *
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