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2. O FENÔMENO DA HIPOCORIZAÇÃO
Monteiro (1983, p. 83) define hipocorístico como o processo apelativo usado na
linguagem familiar para traduzir carinho ou qualquer palavra criada por afetividade,
incluindo-se aí certos diminutivos (filhinho, benzinho, maninha) e palavras oriundas da
linguagem infantil (papai, titia, tetéia, dodói etc). Como se percebe, tal conceito é bastante
amplo, o que fez com que Monteiro, no mesmo trabalho, delimitasse a definição. Assim,
nas palavras do autor, em sentido estrito, o hipocorístico deve designar uma alteração do
prenome ou nome próprio individual. Para Monteiro (1983, p. 83), então, a definição de
hipocorístico restringe-se ao termo afetivo formado de um prenome ou sobrenome.
Neste trabalho, assumo a definição de hipocorístico proposta por Gonçalves (2004a,
p. 08). Para o autor, hipocorização é o processo morfológico pelo qual antropônimos são
encurtados afetivamente, resultando numa forma diminuta que mantém identidade com o
prenome ou com o sobrenome original. Sendo assim, ‘Xande’ é um hipocorístico por se
tratar de uma forma encurtada afetivamente que mantém identidade com o prenome
original, no caso, ‘Alexandre’. Esse conceito, como se vê, conduz o leitor ao
estabelecimento de uma distinção básica entre hipocorístico e apelido. O hipocorístico,
nessa ótica, precisa manter identidade com o prenome; o apelido, entretanto, não. Uma
forma como ‘baixinho’, por exemplo, pode ser considerada apelido de algum indivíduo,
porém não pode ser considerada hipocorística, uma vez que não mantém identidade com
antropônimo algum. Dessa forma, pode-se afirmar que todo hipocorístico pode ser
considerado um apelido, mas nem todo apelido pode ser considerado um hipocorístico.
Lançadas as definições de Monteiro (1983) e Gonçalves (2004a), nota-se que, em
princípio, são semelhantes, não havendo diferença alguma para apontar. Deve-se ressaltar,