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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais da Amazônia – PIPG-BTRN
Mestrado em Agricultura no Trópico Úmido – ATU
PERFIL DA PRODUÇÃO LEITEIRA DE BUBALINOS EM ALGUMAS
PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AMAZONAS.
SUZIANE BARROS ALVES
Manaus - Amazonas
2007
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SUZIANE BARROS ALVES
PERFIL DA PRODUÇÃO LEITEIRA DE BUBALINOS EM ALGUMAS
PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AMAZONAS.
Dra. HELLEN EMÍLIA MENEZES DE SOUZA
Orientadora
Dr. MANOEL PEREIRA FILHO
Co-Orientador
Manaus - Amazonas
2007
Dissertação apresentada ao PIPG-
BTRN como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Biologia Tropical e Recursos Naturais
da Amazônia área de concentração em
Agricultura no Trópico Úmido.
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i
A474 Alves, Suziane Barros
Perfil da produção leiteira de bubalinos em algumas propriedades do município de Itacoatiara,
Amazonas/Suziane Barros Alves – Manaus: [s.n.], 2007.
71p. : il.
Dissertação (Mestrado) - - INPA/UFAM, Manaus, 2007
Orientador: Souza, Hellen Emília Menezes
Co-orientador: Pereira Filho, Manoel
Área de concentração: Agricultura no Trópico Úmido
1. Pecuária na Amazônia. 2. Búfalos. 3. Leite bubalino. 4. Manejo bubalino. I. Título.
CDD 636.29309811
Sinopse:
Estudou-se o Perfil da produção leiteira de bubalinos em algumas propriedades do município de Itacoatiara,
Amazonas. Aspectos como sanidade, alimentação e reprodução foram avaliadas.
Palavras-chave:
Pecuária na Amazônia, Búfalos, Leite bubalino, Manejo bubalino.
ii
Dedicatória
Dedico este trabalho a toda minha
família, em especial, aos meus amados pais (Hilda Inês e
Melquesedeque Alves), companheiro (Márcio Alécio) e filho
(João Victor), presente de Deus, luz que ilumina minha vida.
O carinho, atenção, cumplicidade, compreensão e amor de
vocês, foram e são fundamentais pra toda a minha vida.
Amo Vocês!
iii
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida, pois sem ela
nada seria possível. Tudo o que tenho tudo o que sou e o que vier a ser,
vem de ti senhor. Obrigada por estar sempre ao meu lado dando-me
forças para seguir esta jornada!
Ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia e Universidade
Federal do Amazonas pela oportunidade de realizar o curso ATU -
Agricultura no Trópico Úmido, através da pós-graduação;
Aos mestres, orientadora Drª. Hellen Emília Menezes de Souza e
Co-Orientador Dr. Manoel Pereira Filho não apenas pelos ensinamentos,
amizade, confiança, orientação, críticas, conselhos, correções e sugestões
oferecidas, mas, sobretudo pelos exemplos de ética e profissionalismo;
A Drª. Joana D`Arc. Ribeiro (in memorian) pela valiosa colaboração
e incentivo;
Ao Dr. William Gomes Vale, pelos conselhos, disponibilidade e
fornecimento de materiais bibliográficos sobre búfalos;
Aos docentes que foram responsáveis pelos conhecimentos
adquiridos;
Ao Coordenador do Curso ATU, Dr. Rogério de Jesus, pelo esforço e
contribuição disponibilizados para realização da coleta de dados deste
estudo;
Ao IDAM de Manaus, Itacoatiara e Novo Remanso pelo apoio e
disponibilização dos dados zootécnicos registrados dos animais de cada
propriedade;
Ao técnico agropecuário do IDAM de Itacoatiara, Antonio Garganta
D. Filho, pela disponibilidade e esforço no contato com os produtores de
bubalinos leiteiros do município;
iv
Aos bubalinocultores, que gentilmente permitiram a entrada nas
suas propriedades, confiando na realização deste trabalho;
Aos funcionários das fazendas, que gentilmente disponibilizaram
parte de seu tempo para nos atender;
Aos meus pais, em especial minha mãe Hilda Inês, obrigada por ter
me ensinado não apenas os primeiros passos, mas também por ter me
mostrado com todo seu amor o entendimento de todas as coisas que nos
rodeiam ou não. Mãe, seu amor por mim me faz compreender um pouco
da amplitude do amor de Deus, espero que me guie sempre, sobretudo
para que eu possa, de maneira semelhante, dar ao meu filho o que você
sempre me ensinou. Ao meu pai, por todo amor, apoio, incentivo e por
acreditar na minha força de vontade em busca dos meus ideais. Sou
eternamente grata por tudo que vocês representam pra mim. Não
conseguiria atingir nenhuma de minhas conquistas sem o apoio e
incentivo de vocês. Minhas tristezas e alegrias foram sempre amparadas
pelos seus gestos de amor e carinho. Dedico-os todo meu incondicional
amor, sempre, pra sempre;
Aos meus avôs Melque, Liquinha, em especial à Francisca Barros,
minha avó tão amada, minha segunda mãe, exemplo de amor materno
incondicional, que tudo fez e faz pelos seus filhos, sempre com muito
amor e felicidade;
As minhas tias Tânia, Edna, Vaneide, Suelhi, Nazinha e Raimunda e
tios, Nelson, Ronildo, Heraldo, Eliseu, Huelton, Rubens e Huiliam que
mesmo de longe, sempre acreditaram em mim e estão sempre na torcida
pelo meu sucesso;
A minha tia Raquel, em especial, por estar sempre ao meu lado, me
incentivando,dando apoio e conselhos, sobretudo, por cuidar de mim
como se fosse sua filha, te amo muito, essa vitória é sua;
Aos meus primos, em especial, Felipe, Flávia, Lucas, Camila,
Marlon, Lariça, Hebert, Thiago, Guilherme, Adna, Raphael, Lillian,
Harley, Demys, Eric, Roberto, Waldemar, Hilda e Gastão, que sempre
contribuíram para minhas conquistas;
v
Ao meu amado, Márcio Alécio, pela valiosa ajuda, amor, carinho,
companheirismo, incentivo e paciência principalmente nos momentos
dificieis durante a condução deste trabalho;
Ao meu filho, João Victor, que chegou trazendo um novo sentido
para nossas vidas. Obrigada por mudar minhas prioridades, me ensinar o
que é realmente importante nessa vida, me fazer feliz;
A todos os amigos e colegas de Mestrado, em especial a Adriana,
Cajueiro, Cibele, Darcilene, Estefania, Henrique, Júnior, Karina, Socorro,
Wilson, Vanessa, Érica, Jucilene, Wanir, pela amizade, ajuda e
companheirismo;
Aos amigos Tayane, Paola, Márcia, Iracenir, Fabrícia, Wania, Iulla,
Sabrina, Marcio, Suelhi, Carolzinha, Naila, Zila, Ana Maria, Liciane,
Simone, Kazuko, Jerfferson, Vitor, Kinji, pela convivência, carinho,
amizade e momentos agradáveis que passamos juntos;
Aos amigos e irmãos de coração Sylvia Garcia e Alex Castro, pela
amizade, incentivo, convivência e simplesmente porque vocês existem na
minha vida;
À FAPEAM pelo financiamento da pesquisa;
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
realização deste projeto;
Resumo
Os bubalinos, que se adaptam bem as condições Amazônicas e produzem carne e leite com
eficiência e excelentes qualidades, estimularam a realização deste estudo, que teve como
objetivo caracterizar o perfil da produção de bubalinos leiteiros, por meio de quinze
propriedades, no município de Itacoatiara, AM. Os dados foram obtidos por meio de
aplicação de questionários, observações e entrevistas. As variáveis estudadas foram divididas
em qualitativas (informações gerais, sistema de criação, manejo alimentar, manejo sanitário,
manejo reprodutivo, investimentos e entraves na produção) e quantitativas (taxa de natalidade
(TN), taxa de mortalidade (TM), taxa de crescimento do rebanho (TCR), índice de desmame
(ID), índice de fertilidade (IF), produção de leite/búfala/semana e produção de leite/lactação),
sendo analisadas por meio de estatística descritiva. Das propriedades visitadas, 66,6%
destinam-se à produção de leite e derivados e 26,4% produzem leite e carne, sendo que 80%
do leite produzido é comercializado junto a laticínios locais. A raça Murrah e o sistema de
criação extensivo são adotados por 93% e 66,6% das propriedades, respectivamente, a uma
vi
taxa média de lotação de 1,4±0,06 animais.ha
-1
. A pastagem cultivada, principalmente com as
espécies Brachiaria brizantha e Brachiaria humidicola, predomina em 60% dos
estabelecimentos. Práticas de manejo, tais como rodízio e replantio de pastagens, controle de
ervas, oferecimento de sal comum e mineral e sistema silvipastoril são adotados por mais de
70% dos criadores. Os principais problemas sanitários verificados foram verminoses e
diarréias em bezerros (73% das propriedades), tuberculose em animais adultos (24% das
propriedades) e intoxicação por plantas em qualquer faixa etária (40% das propriedades). Por
outro lado, todos os estabelecimentos vacinam contra febre aftosa e vermifugam seus
rebanhos contra endoparasitos. A monta natural é o sistema reprodutivo adotado em todas as
propriedades, no qual proporciona médias de intervalos entre partos e cios pós-parto de
332±28 e 21±8 dias, respectivamente. Os problemas que mais comprometem o crescimento
da atividade no município estão relacionados à falta de pastagem na época da seca, falta de
financiamento com juros baixos, ausência de reprodutores com boa linhagem genética e
escassez de assistência técnica. Os valores médios obtidos para as variáveis quantitativas (TN:
97,9±2,1%; TM: 0,62±0,01%; TCR: 73,9±9,37%; ID: 98,6±2,4%; IF: 97,4±5,34%; produção
de leite/vaca/semana: 28,1±6,98 litros e produção de leite/lactação: 736,1±193,42 litros)
foram satisfatórios, no que se refere à aclimatação da espécie ao ambiente amazônico. O leite
bubalino é transformado, principalmente, em queijo (coalho e frescal), que é comercializado
localmente e nos mercados de Manaus e Rio Preto da Eva. O presente trabalho permitiu
concluir que a demanda pela bubalinocultura no município de Itacoatiara é crescente,
entretanto, há necessidade da implantação de mais tecnologias no sistema de criação de
bubalinos leiteiros sob supervisão técnica, para aumentar a produtividade e melhorar a
qualidade dos produtos e subprodutos comercializados na região. Da mesma forma, a
implementação de novos estudos científicos quanto aos aspectos produtivos e reprodutivos
dos búfalos leiteiros no estado do Amazonas, por pesquisadores locais, é imprescindível e,
urgente, para que se possam desenvolver métodos explorativos compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da região.
Palavras-chave: pecuária na Amazônia, búfalos, leite bubalino e manejo bubalino.
Abstract
The buffaloes, which present good adaptation to Amazonian conditions, produce meat and
milk efficietly and with excellent qualitys, stimulated the accomplishment of this study, the
objective was to characterize the profile of buffalo milk production, in fifteen properties, in
the municipal district of Itacoatiara, AM. The data were obtained gotten by questionnaire
applications, observations and interviews. The studied variables were divided in qualitatives
(general informations, breeding systems, feeding, health and reproduction management) and
quantitative (natality rate (NR), mortality rate (MR), flock growth rate (FGR), wean index
(WI), fertility index (FI), milk/cow/week production and milk/lactation production), being
analyzed by descriptive statistics. From the visited properties, 66,6% are destined to milk
production and by products and 26,4% produces milk and meat, being that 80% of the
produced milk is commercialized next to local milk-foods. The Murrah breed, extensive
breeding system are adopted by 93% and 66,6% of the properties, respectively, in a capacity
average rate of 1,4±0,06 animals.ha
-1
. The cultivated pasture, mainly with the Brachiaria
brizantha e Brachiaria humidicola species, predominates in 60% of the establishments.
vii
Management practries, such as pasture rotatron and replanting of pastures, weed control,
common and mineral salt offer and silvopastoral system are adopted for more than 70% of the
creators. The main verified sanitary problems were verminoses and diarrhea in calves (73% of
the properties), tuberculosis in adult animals (24% of the properties) and poisoning by plants
at any age (40% of the properties). On the other side, all the establishments vaccinates and
vermifugates their nerds against Foot-and-mouth disease and inner parasites, respectively.
The most compromise problems for the activity in the district are related to the lack of pasture
at the dry season, lack of low interests financing, absence of reproducers with good genetic
lineage and scarcity of technical. The gotten average values for the quantitatives
variables(NR: 97,9±2,1%; MR: 0,62±0,01%; FGR: 73,9±9,37%; WI: 98,6±2,4%; FI:
97,4±5,34%; milk/cow/week production: 28,1±6,98 liters and milk/lactation production:
736,1±193,42 liters) were satisfactory, as for the acclimatization of the species to the
Amazonian environment. Buffalo milk is transformed, mainly, in cheese (curdle and frescal),
and commercialized local and in Manaus and Rio Preto da Eva markets. The present work
allowed concluding that the demand for the buffalos ranching in the city of Itacoatiara is
increasing, however, there is the necessity of more technologies introdution in the system of
buffalo milk under production technical supervision to increase the productivity and to
improve the product quality and by-products commercialized in the region. In the same way,
the implementation of new scientific studies as much as the productive and reproductive
aspects of the milk buffalos in the state of Amazonas, by local researchers is essential and
urgent, to develop explorative methods compatible with the region sustainable development.
Key words: animal husbandry in the Amazonia, buffalo, buffalo milk and buffaloes handling.
Lista de Figuras
Figura 1. Animal da raça Murrah (A); Carabao (B); Mediterrâneo (C) e Jafarabadi (D). ....... 04
Figura 2. Porcentagem do rebanho bubalino nos estados da região norte no ano de 2005. ..... 05
Figura 3. Búfalos em áreas pantanosas (A); Búfalos em regiões de terra firme (B); Búfalos
em leito de água (C). ................................................................................................. 09
Figura 4. Características do leite de bubalinos em relação à vaca européia e vaca zebuína. ... 10
Figura 5. Produtos derivados do leite bubalino. ....................................................................... 13
Figura 6. Localização geográfica do município de Itacoatiara. ................................................ 16
Figura 7. Ecossistemas existentes nas propriedades para a criação de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara...........................................................................................23
Figura 8. Raças de bubalinos leiteiros existentes nsa quinze propriedades do município de
Itacoatiara...................................................................................................................24
viii
Figura 9. Tipo de anotação utilizada pelos produtores de bubalinos leiteiros no município de
Itacoatiara. ................................................................................................................. 25
Figura 10. Disponibilidade de água para bubalinos em igarapé ou riacho (A); poças (B) e
bebedouro artificial (C). ............................................................................................ 26
Figura 11. Tipo de pastagem utilizada para alimentação do rebanho bubalino leiteiro no
município de Itacoatiara. ........................................................................................... 28
Figura 12. Área de pastagens de duas propriedades criadoras de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara. ........................................................................................... 29
Figura 13. Distribuição percentual das pastagens utilizadas nas propriedades para formação da
pastagem cultivada no município de Itacoatiara........................................................ 30
Figura 14. Práticas utilizadas pelos produtores para o manejo de pastagens na criação de
bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara. ........................................................ 32
Figura 15. Distribuição percentual dos tipos de suplementação utilizados na alimentação de
bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara. ........................................................ 33
Figura 16. Taxa de lotação (unidade animal.hectare
-1
) utilizada pelos produtores de bubalinos
leiteiros no município de Itacoatiara. ........................................................................ 34
Figura 17. Manejo sanitário adotado na criação de bubalinos leiteiros no município de
Itacoatiara. ................................................................................................................. 36
Figura 18. Periodicidade dos tratamentos na estratégia do controle de endoparasitos. ............ 36
Figura 19. Bezerro com verminose e diarréia em estágio terminal. ......................................... 37
Figura 20. Periodicidade dos tratamentos na estratégia do controle de ectoparasitos. ............. 38
Figura 21. Problemas sanitários que acometem o rebanho adulto de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara. ........................................................................................... 39
Figura 22. Intervalo de cio pós-parto de bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara. ...... 45
Figura 23. Intervalo entre partos de bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara. ............. 46
Figura 24. Planos dos produtores de bubalinos leiteiros do município de Itacoatiara para os
próximos 2 anos na atividade agropecuária. .............................................................. 49
Figura 25. Atitude dos produtores quanto à recomendação de novas tecnologias por técnicos
agropecuários. ............................................................................................................ 50
Figura 26. Problemas que comprometem o crescimento da bubalinocultura leiteira no
município de Itacoatiara a partir da percepção do produtor rural. ............................. 51
Figura 27. Número médio de búfalas que não pariram e animais adultos e bezerros que
morreram nas propriedades visitadas no município de Itacoatiara. ........................... 52
ix
Figura 28. Ordenha realizada manualmente (A); Búfalas sendo ordenhadas na presença dos
bezerros (B); Bezerros na presença da mãe durante o dia (C). .................................. 54
Figura 29. Acondicionamento e transporte do leite para os laticínios do município de
Itacoatiara. ................................................................................................................. 55
Figura 30. Meses de desmame após o nascimento dos bezerros de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara. ........................................................................................... 56
Figura 31. Tempo em que os produtores de bubalinos leiteiros do município de Itacoatiara
comercializam queijo. ................................................................................................ 58
Figura 32. Equipamentos usados para fabricação de queijos (A); Aparelho para medir a
quantidade de água presente no leite (lactodensímetro) (B); Processo de
pasteurização do leite (C). ......................................................................................... 61
Figura 33. Embalagem e acondicionamento do queijo em freezer até posterior
comercialização. ........................................................................................................ 61
Sumário
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 01
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 03
2.1 O Búfalo ......................................................................................................................... 03
2.2 Situação da Bubalinocultura no Brasil e no Estado do Amazonas ................................. 08
2.3 Leite de Búfalas .............................................................................................................. 10
2.3.1 Características do leite bubalino .............................................................................. 10
2.3.2 Produção de leite ..................................................................................................... 12
2.3.3 O leite de Búfalas e seus derivados ......................................................................... 13
3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 15
3.1 Geral ............................................................................................................................... 15
3.2 Específicos ...................................................................................................................... 15
x
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 16
4.1 Descrição da área de estudo ............................................................................................ 16
4.2 Seleção das propriedades ................................................................................................ 16
4.2.1 Informações secundárias ......................................................................................... 17
4.2.2 Entrevistas ............................................................................................................... 17
4.2.3 Informações de fontes primárias e características estudadas .................................. 17
4.3 Análise dos dados ........................................................................................................... 18
4.3.1 Características estudadas ......................................................................................... 18
4.3.2 Sistematização dos dados ........................................................................................ 20
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 22
5.1 Variáveis qualitativas ..................................................................................................... 22
5.1.1 Sistema de criação ................................................................................................... 22
5.1.2 Manejo Alimentar .................................................................................................... 28
5.1.3 Manejo Sanitário ..................................................................................................... 35
5.1.4 Manejo Reprodutivo ................................................................................................ 41
5.1.5 Investimentos e entraves na produção ..................................................................... 47
5.2 Variáveis quantitativas ................................................................................................... 51
5.2.1 Taxa de natalidade ................................................................................................... 51
5.2.2 Taxa de mortalidade ................................................................................................ 52
5.2.3 Taxa de crescimento do rebanho ............................................................................. 53
5.2.4 Índice de desmame .................................................................................................. 53
5.2.5 Índice de fertilidade ................................................................................................. 53
5.2.6 Produção de leite ..................................................................................................... 54
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 62
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 63
8 APÊNDICE ........................................................................................................................... 84
8.1 Questionário ................................................................................................................... 84
1
1 INTRODUÇÃO
O rebanho bubalino mundial cresce em torno de 13% ao ano (FAO, 2003). Estima-se
que o Brasil possua um efetivo de 1.173.629 desses animais, de acordo com os dados do
último censo agropecuário, realizado no ano de 2005 (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, 2006). A quantidade de leite cru ou resfriado adquirido no Pais, no ano de
2006, foi de 1.609.049 mil litros (IBGE, 2007).
Segundo outras estimativas (Silva et al., 2003; Mariante et al., 2003), o rebanho
nacional de búfalos atinge cerca de 3,5 milhões de cabeças. Destes, o estado do Pará detém
cerca de um milhão e meio de animais. Do rebanho nacional, 15% se destinam à produção de
leite. A taxa anual de crescimento do rebanho é superior a 12%, mais de cinco vezes a de
bovinos no Brasil, apesar de existirem estimativas de que esta taxa possa chegar aos 16%
(Silva et al., 2003).
2
Embora o gado bovino seja o mais representativo na pecuária nacional, tanto para o
corte como para a produção de leite, a bubalinocultura vem rapidamente se difundindo em
diversas regiões do país (Olivieri, 2004). Porém, como ocorre nas demais espécies de
interesse zootécnico, o crescimento do rebanho bubalino deve estar associado ao controle da
produtividade, o que possibilita a identificação dos animais que possuem mérito genético e à
multiplicação e distribuição dos animais melhoradores, com o auxílio das biotecnologias da
reprodução (Nogueira et al., 1989; Baruselli et al., 1994; Oliveira et al., 1994; Villares, 1994).
Foi observado um aumento crescente na criação desses animais no Brasil, principalmente
para a produção leiteira, em decorrência das características fisico-quimicas peculiares do seu
leite (Nader Filho, 1984; Cunha Neto et al., 2001). Este crescimento demonstra as
possibilidades da bubalinocultura como atividade emergente no Brasil e no mundo.
Atualmente, a bubalinocultura é responsável por 12,4% da produção mundial de leite (FAO,
2003).
Adicionalmente, a exploração zootécnica de bubalinos caracteriza-se por apresentar
boa eficiência reprodutiva e rápido desenvolvimento ponderal (Nogueira et al., 1989; Vale,
1994; Souza et al., 1999). O búfalo, pela sua docilidade, alta produtividade, fertilidade e
capacidade de trabalho, deve ser considerado como um importante elemento no
desenvolvimento da agricultura familiar, uma vez que pode fornecer, a baixíssimos custos,
proteínas de qualidade, leite com grande potencial para produção de produtos lácteos
extremamente valorizados e ainda potencial de trabalho através da tração animal (Vale, 2002).
No Estado do Amazonas, as criações de búfalos destacam-se por rápidos crescimentos
com relação ao número de animais, com aproximadamente 49,8 mil cabeças distribuídos
principalmente nos municípios de Parintins, Itacoatiara, Careiro da Várzea e Autazes (IBGE,
2006). Contudo, a atividade é fonte de preconceito, fruto principalmente do desconhecimento
das potencialidades da espécie. Com base em experiências de outros estados, a
bubalinocultura tem plena capacidade de reverter os preconceitos existentes contra a espécie,
entre os quais, o mais equivocado, o de ser um animal que produz maior impacto ecológico
(Nascimento & Moura-Carvalho, 1993).
Ao contrario, a espécie por ocupar espaços impróprios à bovinocultura tradicional, tais
como várzeas baixas e igapós, pela sua grande capacidade de digerir fibras vegetais e pela sua
precocidade, é considerado em diversos trabalhos científicos como o ruminante doméstico de
melhor adaptação ao ecossistema amazônico (Cockrill, 1986; Nascimento & Moura-Carvalho,
1993; Ohly & Hund, 1996; Zicarreli 1997). Entretanto, somente com o emprego dos
3
conhecimentos tecnológicos já gerados e agregados sobre essa espécie animal, em especial os
relacionados com o manejo de criação, será possível orientar de maneira mais efetiva,
permitindo valorizar a importância econômica dessa atividade. Além disso, deve-se
considerar o aumento nos atuais índices de produção e produtividade do rebanho regional.
A importância econômica da exploração desses animais reside, também, nas vantagens
proporcionadas quanto à fertilidade, longevidade, eficiência de conversão alimentar e aptidão
para a produção de leite, carne e trabalho (Nascimento & Moura-Carvalho, 1993). Segundo
Nascimento & Carvalho (1979) e Nascimento & Lourenço Júnior (1979) com 8 litros de leite
de búfala se faz 1 kg de queijo, enquanto são necessários 12 litros de leite de búfala bovina
para a mesma finalidade.
É importante salientar que, apesar da criação de búfalos (Bubalus bubalis) apresentar
vantagens, poucas pesquisas têm sido realizadas nesta área, devido ao fato desta exploração
concentrar-se em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, em geral sem recursos
suficientes para pesquisa. No Estado do Amazonas, ainda são escassos os estudos científicos
voltados para o desenvolvimento da pecuária bubalina leiteria, apesar do interesse de
pecuaristas locais por esta espécie.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O Búfalo
Os búfalos são classificados nos grupos dos bovinos, como sendo uma subfamília da
família Bovidae. Há dois grupos principais de búfalos domésticos, o gênero Bubalus, espécie
Bubalus bubalis, incluindo o búfalo de rio ou leiteiro com 2n= 50 cromossomos e o do
pântano ou Carabao, com 2n= 48 cromossomos. Em revisão recente acerca da posição dos
búfalos na escala zoológica, propôs-se que o búfalo doméstico fosse classificado dentro de
uma subfamília própria a ser chamada de Bubalinae, com duas subespécies Bubalus bubalis
limneticus (significando lago ou pântano) ou Carabao e Bubalus bubalis fluviatilis
(significando rio) ou Murrah, Mediterrâneo, Jafarabadi (Vale, 1994).
O mais provável ancestral do búfalo doméstico (Bubalis bubalis) é o Ami (Bubalus
amee) ou búfalo selvagem indiano, que habitava no passado o sul da África e dispersou-se
4
provavelmente, até o norte da Índia, Sri Lanka e Indochina. O Ami foi denominado Bubalus
amee por Keer, em 1792 (Marques, 1998).
A criação de búfalos é uma atividade desenvolvida há milhares de anos em quase toda
a Ásia, continente detentor de quase a totalidade do efetivo bubalino mundial com cerca de
150 milhões de cabeças, representando ao redor de 97% do total do mundo. Nesses países, o
búfalo ficou por longo tempo sendo utilizado como animal produtor de trabalho e leite,
mesmo com baixa produtividade e eficiência devido ao pobre desenvolvimento sócio-
econômico da região. Entretanto, o animal adquiriu ao longo do tempo, características
próprias de adaptação ao ambiente hostil com alimentação à base de alimentos volumosos
grosseiros. Entre essas características destacam-se a rusticidade ao ambiente tropical,
representada pela alta resistência às doenças comuns do gado bovino, alta capacidade
reprodutiva, docilidade, entre outras (Cockrill, 1974).
Da Ásia, o búfalo doméstico (Bubalus bubalis) foi levado para a África, mais tarde foi
introduzido na Europa e recentemente na América. Na América Latina existem os búfalos de
rio e do pântano; os animais foram inicialmente importados da Índia, Egito, Itália, Romênia e
Filipinas e posteriormente da Bulgária e Itália. O Brasil foi o primeiro País da América Latina
a importar búfalos, seguidos pela Argentina, Trinidad, Venezuela e Cuba (Vale, 1994).
A formação do rebanho bubalino brasileiro teve início em 1895, quando os primeiros
animais foram introduzidos oficialmente na Ilha do Marajó. Dos bubalinos introduzidos no
Brasil, quatro raças são reconhecidas oficialmente pela Associação Brasileira de Criadores de
Búfalos: Carabao, Jafarabadi, Mediterrâneo e Murrah (Figura 1). Com exceção da
Mediterrâneo, todas as demais são de origem asiática (Moura-Carvalho et al., 1997).
A
B
C
D
A
B
C
D
Figura 1. Animal da raça Murrah (A); Carabao (B); Mediterrâneo (C) e Jafarabadi (D).
Fonte: www.cpatu.embrapa.br/bufalo (2005).
5
Os bubalinos adaptaram-se bem à região norte, em razão da semelhança das condições
ambientais locais com as de seus países de origem, caracterizadas pelo clima
predominantemente tropical. Desde então, os bubalinos vêm sendo essenciais para a pecuária
de corte e de leite no país, especialmente na Região Norte (Figura 2), com cerca de 728.004
cabeças do rebanho bubalino brasileiro (IBGE, 2006).
Almeida (1994), descrevendo as variadas utilizações dos búfalos nos diferentes
continentes, mencionou o seu uso no cultivo do solo, tracionando veículos e implementos; na
dieta alimentar, fornecendo carne e leite e na confecção de vestuários, calçados, adornos e
móveis, fornecendo couros, chifres e outros subprodutos. Além disso, auxilia na fertilização
do solo, produzindo esterco; na limpeza de terrenos ingerindo forragens mais grosseiras e de
baixa qualidade e no transportes de materiais, entre outras utilizações (Nascimento & Moura-
Carvalho, 1993).
Segundo Aguiar (1998), os solos de várzea não apresentam boas propriedades físicas,
mas têm elevada fertilidade, por causa das sucessivas deposições de sedimentos, além de
potencial hidrogeniônico (pH) variando entre 4,5 a 5,5.
0
10
20
30
40
50
60
70
Pará Amapá Amazonas Tocantins Outros
Estados
%
65,7
23,4
6,8
2,99
1,11
0
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60
70
Pará Amapá Amazonas Tocantins Outros
Estados
%
65,7
23,4
6,8
2,99
1,11
Figura 2. Porcentagem do rebanho bubalino nos estados da região norte no ano de 2005. Fonte:
IBGE, 2006.
De acordo com Fonseca (1987) o búfalo se prolifera facilmente em áreas onde os
bovinos não se adaptam; consome forrageiras mais rústicas não apreciadas por essas raças;
apresenta grande ganho de peso e oferece grande resistência às doenças e moléstias
parasitárias. De acordo com Aguiar (1998), dentre as espécies forrageiras cultivadas para
alimentação do búfalo, o quicuio é o que apresenta maior adaptação às condições da região
6
Amazônica. Por outro lado, trabalhos realizados por Barcellos & Vilela (1994) demonstraram
a boa persistência de cultivares de Stylosanthes sob pastejo. De acordo com Gomide (1994), a
aptidão leiteira da búfala, o valor nutritivo do pasto e o consumo de forragem determinam a
produção de leite dos animais.
Características como rusticidade, docilidade, resistência, longevidade, precocidade,
proliferidade, grande adaptabilidade e elevada taxa de produtividade em leite, carne e
trabalho, aliadas às taxas de natalidade superior a 80% e mortalidade inferior a 3% ao ano, o
destacam como uma considerável alternativa para produção de proteína de alta qualidade para
população, tanto para consumo interno quanto para exportação (Fonseca, 1987; Moreira
&Valentin, 1994; Vale, 2000).
O grande potencial seja para produção de carne como de leite, é enfatizado por
diversos autores (Cockrill, 1981; FAO, 1991; Nascimento et al., 1981; Nascimento & Moura-
Carvalho, 1993). No ano de 2002, a produção mundial de leite de búfalo foi de 75.468.126
litros, sendo a Índia o maior produtor com 46.750.000 litros (FAO, 2003). Considerando-se a
produção nos anos anteriores, observa-se que há um constante aumento na produção do leite
de búfalas, sendo que em 1998 a produção mundial foi de 66.897.571 litros (FAO, 1998).
Tradicionalmente o búfalo vem sendo criado como animal para abate. Entretanto, os
rebanhos leiteiros vêm aumentando e confirmando o crescente interesse para tal exploração
leiteira (Bernardes & Bernardes, 1993), particularmente nos estados da Região Norte. De
acordo com Franzolin Neto (1993), assim como no rebanho bovino, a produção de leite
poderá ser incrementada pela seleção de fêmeas de alta produção e pelo manejo correto em
um ambiente favorável à espécie.
No aspecto sanitário, os búfalos são susceptíveis às mesmas enfermidades que
acometem os bovinos, porém algumas têm um efeito menos pernicioso em uma ou outra
espécie. A incidência de doença nos búfalos inicia desde o nascimento, agravando-se com a
idade se não houver um controle sanitário eficiente (Pereira et al., 1996). O piolho, segundo
Lau (1999), é considerado o principal e mais prejudicial ectoparasito dos búfalos, causando
sérios problemas sanitários quando em altas infestações. Entretanto, a intoxicação por plantas
é umas das causas de morte que mais acometem os bubalinos. Segundo Tokarnia (2000), a
espécie Palicourea marcgravii, por ser atraente e altamente tóxica e palatável, se constitui na
principal planta tóxica para animais no Brasil.
No manejo dos bezerros, deve-se anotar a data do nascimento, sexo e paternidade do
bezerro para auxiliar no manejo da propriedade e aplicação de programas de melhoramento
7
genético (Marques, 2003). Nos primeiros seis meses de vida, segundo Marques (2003), logo
após o parto, os animais passam a viver em ambiente hostil, tendo que se adaptar rapidamente
e criar imunidade contra grande número de patógenos. Por outro lado, conforme Nascimento
& Moura Carvalho (1993), não encontrando condições propícias, tornam-se vítimas fáceis de
várias doenças, que podem ser fatais.
Segundo Moreira et al. (1994), os búfalos têm apresentado um desempenho
satisfatório. Entretanto, sua criação demanda inovações tecnológicas referentes a
melhoramento genético, manejo e alimentação, dentre outras, para elevar seus níveis
produtivos. O manejo inadequado das pastagens tem resultado em baixa sustentabilidade da
pecuária, devido à falta de reposição de nutrientes em quantidade e qualidade satisfatória e a
infestação de plantas daninhas, principalmente.
Segundo Zicarelli (1994), a nutrição é o fator principal que afeta a atividade
reprodutiva do búfalo. A disponibilidade de alimento, com referência particular às exigências
energéticas e protéicas, pode interferir na eficiência reprodutiva do rebanho. Segundo o autor,
a búfala, sem adequada alimentação não entra em cio e, quando entra, apresenta taxa de
concepção reduzida. O manejo, quanto ao aspecto nutricional, varia de acordo com a
quantidade de animais por hectare, fertilidade do solo, qualidade e tipo de pastagens e sistema
de criação. Quando inadequado, interfere negativamente na fertilidade dos animais (Ribeiro,
1996; Moura, 2003).
Os búfalos, como os demais animais domésticos, sofrem variações nos índices
reprodutivos, decorrentes do tipo de manejo e do nível tecnológico empregados na criação
(Ribeiro, 1996). Pode-se dizer que os búfalos são poliéstricos estacionais de dias curtos,
semelhantemente aos ovinos e caprinos. Na zona equatorial os bubalinos apresentam-se como
poliéstricos contínuos, com concentrações maiores de cios e de parto em determinadas
épocas, em decorrência do clima e da geografia do local de criação, ou seja, em várzea ou
terra firme. O ciclo estral tem uma duração variável entre 18 a 32 dias, com média de 21 dias
(Ribeiro, 1996). Vale et al. (1994) no Norte do Brasil, apresentaram um estudo sobre ciclo
estral em mestiços de Mediterrâneo e Carabao em que o ciclo teve média de 23,7 dias com
variação de 18 a 33 dias.
No entanto, pouco conhecimento se produziu sobre a reprodução desse animal: o cio e
sua duração, o real caráter da estacionalidade das parições, superovulação e, nas técnicas
como transferência de embriões e fecundação “in vitro" (Ribeiro et al., 1999; Baruselli et al.,
1994). Do mesmo modo, pouco se sabe sobre os índices ou parâmetros genéticos de suas
8
características produtivas e reprodutivas, ou seja, herdabilidade, repetibilidade, correlações,
entre outras.
Em bubalinos, essas tecnologias têm sido pouco empregadas por criadores, devido a
certas dificuldades na identificação das manifestações estrais e do momento apropriado para
realização da inseminação artificial (IA) (Ribeiro et al., 1999). O emprego desta prática em
bovinos tem sido amplamente estudado e utilizado com sucesso em propriedades rurais de
todo mundo, permitindo que a melhoria genética dos rebanhos seja mais eficiente (Baruselli et
al., 1994).
Baruselli (1993) e Zicarelli (1994) enfatizam em trabalhos, que a eficiência
reprodutiva dos bubalinos é mais influenciada por fatores ambientais que genéticos, dentre
eles, o fotoperíodo. A boa eficiência reprodutiva e rápido desenvolvimento ponderal têm
demonstrado que este animal poderá suprir a necessidade nacional de demanda alimentar
através da produção de carne e leite (Moura, 2003).
Para se obter maior eficiência reprodutiva, segundo Baruselli et al. (1994), as búfalas
devem apresentar rápida involução uterina e rápido reinício da atividade ovariana pós-parto,
para se tornarem gestantes novamente.
Trabalhos realizados por Baruselli et al. (1994) demonstraram que 89,3% das parições
dos rebanhos criados em terra firme ocorrem entre abril e agosto. Já nas áreas de várzea, os
partos ocorrem de setembro a dezembro. De acordo com Baruselli et al. (1994), no sul do país
existe uma tendência estacional marcante, pois 81,76% dos partos ocorrem entre os meses de
fevereiro e abril e, apesar das diferenças edafoclimáticas das duas regiões. Para Ribeiro
(1996), em rebanhos leiteiros, as parições ocorrem ao longo de todo o ano e a identificação da
influência do mês de parição é útil, pois permite que o criador oriente o sistema de
alimentação e de manejo do rebanho, minimizando os efeitos adversos durante esta fase de
criação.
2.2 Situação da Bubalinocultura no Brasil e no Estado do Amazonas
No Brasil, a introdução de bubalinos ocorreu em 1895, na ilha de Marajó, Estado do
Pará, com animais da raça Mediterrâneo, provenientes da Itália, através do criador Vicente
Chermont de Miranda (Moura Carvalho et al., 1997). Daí em diante, iniciaram-se várias
importações de lotes de búfalos para diversas regiões brasileiras. Atualmente, a Amazônia
9
brasileira abriga três subespécies de búfalos (bubalis, kerebau e fulvus), que agrupam animais
das raças Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi e Carabao, além do tipo Baio (Moura & Corcini,
1981).
Os búfalos entraram no Brasil há mais de cem anos e somente há pouco mais de trinta
anos iniciaram-se pesquisas voltadas para o melhoramento genético da espécie. Um dos mais
sérios entraves no desenvolvimento da bubalinocultura brasileira é a consangüinidade, pelo
fato de que, há cerca de quatro décadas, nenhuma linhagem diferente foi introduzida no país,
o que permitiria a idéia sobre o “refrescamento de sangue” das diferentes raças criadas. Além
disso, no início da década de 60, apenas um reduzido número de animais de origem indiana
(50 búfalos Murrah e Jafarabadi) foi trazido para o Brasil (Marques, 1991).
Em 1990, a Embrapa importou sêmen de animais vindo da Itália e da Bulgária, de
destacado desempenho ponderal e conhecida composição de sangue Mediterrâneo e Murrah.
São proles de matrizes com elevada produção de leite (3.500 kg/lactação/300 dias), além de
sêmen da raça Jafarabadi (Marques et al., 1987).
A diversidade de climas e ecossistemas da Amazônia Oriental permite a criação de
bovídeos (bovinos e bubalinos) o ano inteiro, seja na terra firme ou nas áreas de pastagens
nativas de terra firme e inundável (Figura 3). Porém, a bubalinocultura leiteira e a
transformação do produto em derivados têm se desenvolvido devido à agregação de valor e
aos efeitos sócio-econômicos advindos (Marques, 1998).
A
B
C
A
B
C
Figura 3. Búfalos em áreas pantanosas (A); Búfalos em regiões de terra firme (B); Búfalos em
leito de água (C). Fonte: www.aondefica.com/pecuária/búfalo (2006).
Nos trópicos, o melhoramento animal inconsistente, os problemas nutricionais, as
doenças, os parasitos e os reduzidos recursos provocam sérios prejuízos à criação animal.
Apesar dos búfalos apresentarem desempenho satisfatório, sua criação demanda inovações
tecnológicas referentes a melhoramento genético, manejo e alimentação, entre outras, para
elevar seus níveis produtivos. O manejo inadequado das pastagens tem resultado em baixa
sustentabilidade da pecuária, devido à falta de reposição de nutrientes em quantidade e
10
qualidade satisfatória e a infestação de plantas daninhas, principalmente. Neste aspecto,
tecnologias adequadas à região podem, através de processos de intensificação no uso das
pastagens cultivadas já existentes, conterem os avanços das derrubadas de novas áreas e,
assim, contribuir para o equilíbrio ambiental, com repercussões altamente positivas para a
Amazônia como um todo (Vale, 1998).
No Brasil, o consumo de leite "per capita" é de apenas 70 g/dia, quando a Organização
Mundial de Saúde - OMS recomenda 400 g/dia, e o de proteína animal de 18 g/dia, ou 30% da
média mundial, principalmente devido a efeitos do ambiente sobre a produção. O búfalo tem
papel fundamental na agricultura da Ásia, principalmente como produtor de leite. Nos países
latino-americanos, especialmente no Brasil, sua contribuição nesse aspecto poderá ser de
grande importância, em pequenas e médias propriedades rurais (Marques, 1998; Guimarães,
2000; Vale, 1999).
2.3 Leite de Búfalas
2.3.1 Características do leite bubalino
As características do leite de búfala permitem sua fácil identificação sob o ponto de
vista físico-químico e organoléptico (Silva et al., 2003), em virtude das características físico-
químicas particulares do leite de búfala, como os teores de sólidos totais e de caseína, os quais
são superiores ao do leite de búfala.
O leite de búfala difere também do leite de búfala por conter maiores teores de
proteína, gorduras, minerais como o cálcio e fósforo (Valle, 1990; Dubey et al., 1996; Patel &
Mistry, 1997), bem como mais alto teor de lactose e cinzas (Figura 4). Portanto, o seu
aproveitamento industrial é efetivamente extraordinário, chegando comparativamente a
sobrepujar o rendimento do leite bovino em mais de 40% (Hünh et al., 1980; Hünh et al.,
1982; Nader Filho, 1984).
11
A ausência de β-caroteno no leite desses animais é outra notável característica, que
confere cor branca peculiar (Carvalho & Hünh, 1979; Hünh & Ferreiro, 1980). Segundo
Toledo et al. (1998), a acidez titulável do leite de búfala é outra característica importante, e
seus valores são mais elevados que os encontrados no leite de bovinos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Gordura Proteína Lactose Sólidos
Totais
Água
%
fala Vaca Européia Vaca Zebuína
Figura 4. Características do leite de bubalinos em relação à búfala européia e búfala zebuína.
Fonte: FAO, 1991; Roma & Itália, 1991.
Em relação à contagem de células somáticas, apresenta valores inferiores aos
encontrados no leite de búfala, tanto em animais saudáveis como em animais com mastite. A
Portaria n° 286, da Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura,
permite a mistura do leite de búfala com o leite de búfala a ser distribuído ao consumo, na
proporção de 30%. Mas, até o momento, não há legislação específica quanto aos critérios de
seleção do leite bubalino.
O pH do leite apresenta características muito importantes na determinação da
qualidade do produto, porém estudos têm evidenciado que não há diferença expressiva entre
as médias para as raças Murrah e Mediterrâneo, cujos valores são, respectivamente, 6,74 e
6,67. Esses números, por outro lado, são ligeiramente maiores do que pH de 6,63 para o leite
bubalino e 6,59 pra o leite bovino europeu. A partir desses resultados, pode-se concluir que os
valores de acidez do leite do bubalino, bubalinos e bovinos envolvidos são muitos
semelhantes (Macedo et al., 1977).
Segundo Vieira et al. (1994) e Vale (1999), a qualidade do leite bubalino é um dos
principais fatores para o sucesso da industrialização de laticínios, pois se trata de um produto
12
que deve ser proveniente de rebanhos de comprovada sanidade, com boa alimentação e
manejo, e de fazendas com instalações zootécnicas apropriadas, o que confere ao leite a
capacidade de conservação no transporte até a plataforma da usina de transformação.
Em búfalas, a produção de leite apresenta acréscimo até o segundo mês da parição,
diminuindo daí em diante até atingir o final da lactação (Tonhati et al., 2001). De modo geral,
a composição do leite produzido por bubalinos da mesma espécie varia em função de regimes
alimentares e entre localidades.
No Brasil, os trabalhos sobre composição do leite de búfala e bovino e suas
características são poucos freqüentes, embora se conheça que o primeiro apresenta teores
composicionais superiores aos encontrados no leite bovino, principalmente quanto aos
componentes gordura, proteína, sólidos totais e índice de caseína, os quais apresentam
importância comercial e influenciam no rendimento dos produtos derivados do leite (Carvalho
& Hühn 1979.; Hüng & Ferreiro 1980.; Hüng et al., 1980).
2.3.2 Produção de leite
Nos últimos anos, os búfalos têm se constituído em importante fonte alternativa de
produção de alimentos para suprir as demandas dos países em desenvolvimento (Sales, 1995;
Ohly & Hund, 1996). Uma das funções mais importantes dos bubalinos é a produção de leite,
sobretudo, em alguns países asiáticos onde a religião não permite o consumo de carne. Como
exemplo, na Índia, embora o rebanho bubalino seja somente cerca de 24% do rebanho total de
bovinos e bubalinos, 65% do leite produzido nesse país é de búfala. Convém destacar que na
Índia o consumo de leite "per capita" é duas vezes maior do que o do Brasil e a população sete
vezes maior (Nascimento & Moura Carvalho, 1993; Lourenço Junior, 1998).
Os bubalinos exibem produtividade leiteira economicamente superior aos bovinos. Isto
é, cada litro de leite é produzido a menor custo, não só por apresentar freqüentemente melhor
produção por animal, maior número de fêmeas em lactação por ano, mas também evidenciar,
sobretudo, rusticidade extraordinária, aproveitando melhor forragem de qualidade inferior e
resistindo às mais adversas condições climáticas, com marcante resistência a doenças
(Nascimento & Moura Carvalho, 1993).
13
As búfalas têm uma longevidade produtiva excepcional e podem produzir leite até 18
anos de idade (Nascimento & Moura Carvalho, 1993). No Brasil, são consideradas excelentes
búfalas leiteiras aquelas que produzem, em média, mais de sete litros de leite por dia. É
importante mencionar que a búfala “Limeira”, da Embrapa Amazônia Oriental, produziu
4.645 kg de leite, em 365 dias de lactação, com 20 litros por dia no pico da lactação. A
utilização de programas de seleção, usando biotécnicas como IA e transferências de embriões,
aliadas às técnicas de boa alimentação e manejo, podem contribuir para promover avanços na
produtividade leiteira. A produção de 3.000 litros/fêmea/lactação, considerada um recorde há
três décadas, pode ser superada por búfalas que produzem 4.000 a 6.000 litros/lactação de 300
dias (Marques, 1998; Guimarães, 2000).
No Brasil, embora os búfalos sejam criados para a produção de carne, a atividade
leiteira tem apresentado excelentes resultados, sendo considerada uma alternativa para a
melhoria socioeconômica do setor agrícola, através da transformação e comercialização dos
seus derivados (Camarão et al., 1997; Marques, 1998; Souza, 1998).
A raça Murrah é a raça bubalina com maior aptidão leiteira na Índia e no Paquistão
(Cockrill, 1974), sendo considerada a mais importante e eficiente produtora de leite e gordura,
revelando médias de produção de leite por lactação que variam de 1589 a 2043 kg, com
animais selecionados chegando a produzir de 2270 a 3178 kg (Fahimuddin, 1975). No Brasil,
esta raça é amplamente criada, entretanto pouco se sabe sobre os fatores de ambiente que
influenciam sua produção.
2.3.3 O leite de Búfalas e seus derivados
A exploração comercial do leite de búfalas foi iniciada na década de 80 e atualmente
ocorre em São Paulo, Ceará, Maranhão, Bahia, Paraná, Santa Catarina. A elevada qualidade
do leite bubalino tem sido reconhecida na comercialização desse produto em alguns países.
Na Índia, por exemplo, o seu preço atinge no mercado valor de 40 - 50% superior ao do leite
bovino. Na década de 1990, aumentou de modo considerável o número de laticínios que
operam exclusivamente com o leite de bubalinos. Tem-se observado o surgimento de algumas
pequenas bacias leiteiras dedicadas a industrializar o leite de búfalas (Freire Filho, 1995).
No Brasil, o consumo do leite de búfala em seu estado natural ainda não é difundido.
Com a finalidade de criar alternativas para utilização direta desse leite, Vieira & Neves (1980)
14
obtiveram uma padronização do seu teor de gordura e do seu extrato seco desengordurado,
pela adição do leite reconstituído.
Entretanto, a grande importância desse alimento está na sua transformação em
derivados, uma vez que o seu alto teor de extrato seco, incluindo gordura e proteína,
possibilita um alto rendimento industrial (Souza, 1998, Macedo et al., 2001).
A industrialização do leite tem gerado produtos diferenciados em diversos paises
(Figura 5). Entre os produtos elaborados são citados o leite condensado, leite em pó integral
ou desnatado, manteiga, leite fermentado, iogurte e diversos tipos de queijo, que têm recebido
remuneração superior à dos produtos oriundos do leite bovino (Jorge et al., 2002).
Figura 5. Produtos derivados do leite bubalino. Fonte: www.cpatu.embrapa.br/ Bufalo (2006).
A utilização do leite de búfala para a elaboração de diversos queijos vem sendo
bastante estudada no Brasil. Furtado (1980), comprovou a viabilidade da fabricação do queijo
azul a partir desse leite. O autor ainda concluiu que a ausência de pigmentos carotenóides no
leite favorece a obtenção de uma massa branca, ideal na fabricação de queijos marmorizados,
como o queijo azul, gorgonzola e similares.
Yunes & Benedet (2000) desenvolveram um queijo fresco (Minas frescal), utilizando
como matéria prima o leite de búfala, na tentativa de introduzir esta rica fonte de proteína no
hábito alimentar brasileiro.
Como alternativa para o aproveitamento do elevado teor de gordura do leite de búfala,
Fernandes & Martins (1980) estudaram o seu emprego na fabricação de requeijão cremoso,
enquanto que Van Dender et al. (1989) utilizaram o creme de leite de búfala para fabricação
de queijo tipo mascarpone. O requeijão marajoara ou o requeijão de corte é um produto da
coagulação espontânea do leite de búfala desnatado e não pasteurizado. O sabor é levemente
ácido e salgado e o aroma agradável.
Na Embrapa Amazônia Oriental, os produtos derivados do leite de búfala chegam a
superar os provenientes de leite de búfala bovina em cerca de 50% de produtividade (Huhn et
al., 1981; Huhn et al., 1986; Huhn et al., 1991).
15
No Estado do Amazonas, a atividade pecuária se destaca com os trabalhos
desenvolvidos visando à melhoria da qualidade dos produtos derivados do leite, produzidos
no entorno de Manaus, na área de queijarias. Foram realizados estudos juntamente com
criadores de Autazes e Careiro da Várzea, para instalação de três módulos demonstrativos
para fabricação de queijo, os quais deverão constituir Unidades Pilotos de pequenas indústrias
de laticínios, adequados à realidade regional e respeitando também todas as exigências no que
diz respeito às questões sanitárias, ambientais e econômicas (IDAM, 2006).
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Caracterizar o perfil da produção leiteira de búfalas em algumas propriedades no município de
Itacoatiara, Amazonas.
3.2 Específicos
Caracterizar os aspectos de sanidade, alimentação e reprodução de bubalinos leiteiros;
Identificar as tecnologias utilizadas nos sistemas de produção de leite;
Identificar o sistema de criação dos rebanhos bubalinos;
16
Determinar os indicadores de produção e produtividade;
Identificar os problemas que mais comprometem o crescimento da bubalinocultura leiteira.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Descrição da área de estudo
O trabalho foi desenvolvido no ano de 2006, conjuntamente com o INPA/FAPEAM,
com base no projeto de pesquisa “Estabelecimento de novas tecnologias para o
desenvolvimento sustentável da bubalinocultura no estado do Amazonas”, que está sendo
realizado no município de Itacoatiara (Figura 6), incluindo a vila de Novo Remanso, distante
de Manaus 175 km em linha reta e 201 km via fluvial (Proamazon, 2005).
O município de Itacoatiara (3º 8’54 latitude Sul e 58º 25’ de longitude oeste de
Greenwich, altitude de 18 m) caracteriza-se por apresentar um clima tropical chuvoso e
úmido, com máxima de 31 ºC, mínima de 23,2 ºC, chovendo normalmente de dezembro a
maio (www.proamazon.com.br, 2005).
17
Figura 6. Localização geográfica do município de Itacoatiara. Fonte: Proamazon, (2006).
4.2 Seleção das propriedades
Inicialmente foram identificadas, junto ao IDAM, todas as propriedades que trabalham
com bubalinocultura de carne e leite no município de Itacoatiara (Amazonas) incluindo a vila
Novo Remanso. Foram catalogados pelo IDAM 123 criadores de búfalos, sendo 62 destes em
Itacoatiara e 61 na vila Novo Remanso, com um total de 14.625 animais. Em seguida, as
propriedades foram selecionadas seguindo-se o seguinte critério: foram incluídas nas amostras
apenas as propriedades que produzem leite de bubalinos e seus derivados em escala
comercial, perfazendo um grupo de 50 estabelecimentos. Posteriormente, 15 propriedades
deste grupo foram sorteadas, cada uma representando uma unidade amostral. Os
estabelecimentos foram visitados e 35 pessoas foram entrevistadas. Esta ultima etapa foi
acompanhada por um técnico em agropecuária do IDAM de Itacoatiara, que conhecia as áreas
detalhadamente.
4.2.1 Informações secundárias
As informações secundárias foram levantadas por meio do conhecimento e
experiências dos proprietários e funcionários envolvidos nesta atividade agropecuária, bem
como através de anotações em caderno de campo e registros fotográficos.
18
As dificuldades enfrentadas pelos produtores de bubalinos leiteiros foram identificadas
através de contato direto, permitindo que os produtores discorressem espontaneamente sobre
o assunto.
4.2.2 Entrevistas
Foram entrevistados, nas quinze propriedades selecionadas, todos os produtores e
funcionários que estavam em plena atividade em suas unidades de produção. As entrevistas
foram formais e indutivas, seguindo um questionário. O motivo da conjugação dessas duas
técnicas efetuou-se devido às suas flexibilidades em termos de estrutura, somada a
necessidade presencial do pesquisador em fazer alguns esclarecimentos no decorrer da
entrevista. Esses dados foram coletados entre os meses de julho a setembro de 2006, através
de visitas mensais.
4.2.3 Informações de fontes primárias e características estudadas
Na construção do questionário (Apêndice 9.1) utilizaram-se questões, na sua maioria,
por perguntas abertas, na qual a resposta correspondeu à opinião do entrevistado sobre sua
valoração e por perguntas fechadas, cuja resposta correspondeu a uma escolha valorativa, de
acordo com as variáveis da escala de domínio.
- Foram estudadas e aplicadas através do questionário as seguintes características:
1. Informações gerais;
2. Sistema de criação;
3. Manejo alimentar;
4. Manejo sanitário;
5. Manejo reprodutivo;
6. Indicadores de produção e produtividade (taxa de natalidade, taxa de
mortalidade, taxa de crescimento do rebanho, índice de desmame, produção de
leite/búfala/semana/ano, índice de fertilidade, produção de leite/lactação);
7. Investimentos e entraves na produção.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do INPA para as devidas
averiguações, no tocante a essas questões, sendo aprovado e protocolado com o número de
19
pesquisa 052/2006. Todos os dados foram coletados após a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (Apêndice 8.1), anexado em cada questionário.
4.3 Análise dos dados
Todos os dados coletados foram transferidos para um banco de dados eletrônico,
sendo sistematizados e processados. Para tanto, as propriedades foram catalogadas
aleatoriamente, recebendo letras de A até P para não serem identificadas no processo de
análise, nem estabelecidas comparações entre si.
4.3.1 Características estudadas
As características estudadas sobre as variáveis qualitativas foram:
Sistema de criação: Área total (ha) das propriedades; nº. total de animais; fêmeas em
lactação; nº. de gestantes; raças existentes; identificação dos animais; anotações pessoais;
registro dos animais; bezerros nascidos; fêmeas produtivas; mês de desmame; animais mortos
e bezerros mortos.
Manejo alimentar: tipo de alimentação (PN, PC, CA, SA); UA/ha e manejo das pastagens
(Adubação química, adubação orgânica, controle de ervas, controle de pragas, rodízio de
pastagens, pastagens consorciadas e sistema silvopastoril), onde:
PN = Pastagem nativa
PC = Pastagem cultivada
CA = Capineira
SA = Suplementação alimentar
Manejo sanitário: vacinação e onde adquire; para qual doença é feita a vacinação; possui
assistência técnica; vermifugação e período de aplicação; pulverização e período de aplicação;
teste de tuberculina e período de aplicação; doenças que ocorrem no rebanho e intoxicação
por plantas.
20
Manejo reprodutivo: tipo de reprodução; IA; % de búfalas que não pariu; época do ano de
parições; época da desmama; condições corporais no parto; intervalo do cio pós-parto
(período de serviço); intervalo entre partos e assistência veterinária.
Investimentos e entraves na produção: FR, CA, CT, APC, IU, CP, FE (na escala de 1 a
5); quais os planos para os próximos 2 anos; adquirir empréstimos ou através de recursos
próprios e quais os problemas que mais comprometem o sistema de criação, onde:
FR = Fonte de renda Escalas:
CA = Compra de animais 1- Quase sem importância
CT = Compra de terras 2- Pouco importante
APC = Aumento no padrão de consumo 3- Importante
IU = Imóveis urbanos 4- Muito importante
CP = Caderneta de poupança 5- Extremamente importante
FE = Financiamento externo
As características estudadas das variáveis quantitativas, indicadores de produção e
produtividade, foram: TN; TCR; ID; Produção de leite/búfala/semana; IF; Produção de
leite/lactação, onde:
TN = Taxa de natalidade
TM = Taxa de mortalidade
TCR = Taxa de crescimento do rebanho
ID = Índice de desmame
IF = Índice de fertilidade
4.3.2 Sistematização dos dados
Os dados referentes às variáveis qualitativas foram representados por meio de gráficos
e tabelas, a fim de permitir a melhor visualização dos resultados, sendo analisados por meio
de estatística descritiva.
As variáveis quantitativas, indicadores de produção e produtividade, foram analisadas
visando atender aos objetivos propostos, utilizando-se, para isso, as fórmulas propostas por
Damé (2005), como seguem:
Taxa de natalidade:
21
TN = Bezerros nascidos x 100 (%)
Matrizes em produção
Taxa de mortalidade:
TM = Perdas de animal x 100 (%)
Animais do rebanho
Taxa de crescimento do rebanho:
TCR = Total de animais x 100 (%)
(Total de animais + bezerros nascidos)
Índice de desmame:
ID = Bezerros nascidos x 100 (%)
(Bezerros nascidos + bezerros mortos)
Produção leite/Búfala/Semana:
Média Leite/Fêmea/Dia x 7 dias
Índice de Fertilidade:
IF = Bezerros nascidos x 100
(%)
(Bezerros nascidos + %Búfalas que não pariram)
Produção leite/búfala/Lactação (Litros):
Média Leite/Fêmea/Dia x 30 x mês de desmame
Os resultados das análises quantitativas e qualitativas foram dispostos no formato de
percentagens e por meio de gráficos em setores e tabelas, quando foram calculadas as
estatísticas descritivas de cada variável dependente.
22
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
23
Para melhor entendimento sobre o estudo das características do sistema de criação de
bubalinos leiteiros de algumas propriedades do município de Itacoatiara, optou-se por
apresentar os resultados separados pelas variáveis qualitativas e quantitativas.
5.1 Variáveis qualitativas
5.1.1 Sistema de criação
A bubalinocultura teve início no município de Itacoatiara há mais de 25 anos, porém a
maioria dos criadores desenvolve a atividade há menos tempo (47% há 10 anos e 40% há 15
anos). Os dados demonstraram que 86% dos entrevistados sempre investiram e/ou tiveram
interesse em investir na criação de bubalinos leiteiros.
Constatou-se a existência de vários ecossistemas utilizados para a criação desses
bubalinos (Figura 7). Das propriedades visitadas, 60% são compostas por terra firme e várzea,
20% somente por terra firme, 13% por massapé
1
e 7% somente por várzea. Desses
ecossistemas, os que possuem as maiores dimensões territoriais médias são as áreas
compostas por terra firme e várzea (1.128 ha – 666,6 ha de terra firme e 461,4 ha de várzea),
seguidos pelos ecossistemas de terra firme (304,6 ha), somente várzea (245 ha) e massapé (51
ha).
Verificou-se um total de 4.468 (3.101 adultos e 1.367 bezerros) bubalinos nas
propriedades visitadas, que corresponde a uma média de 298,2 cabeças.propriedade
-1
. Desses
animais 28%, (1.264) são machos e 72% (3.204) são fêmeas (Tabela 1). Das fêmeas, 1.415
estão em fase de produção, distribuídas entre as que estão somente em lactação (860) e as que
estão em lactação e gestantes (555). Em geral, cerca de 1,2 bezerros e 2,5 animais adultos
morrem por ano em cada propriedade, vítimas de doenças, falta de alimento, acidentes,
ingestão de plantas tóxicas e ataques de animais peçonhentos.
Desta forma, o expressivo número de fêmeas nas propriedades ratifica o interesse dos
produtores em explorar o rebanho bubalino para a produção leiteira. Essa produção poderá
ainda ser incrementada através da seleção de animais de maior e/ou alta produtividade, além
de manejo adequado, visto a deficiência observada na maioria dos estabelecimentos.
1- Massapé: Bras. N. N.E. Terra argilosa de SE e BA, formada pela decomposição dos calcários cretáceos,
preta quase sempre, e ótima para a cultura da cana-de-açúcar. 2- Bras. S. Solo argiloso proveniente da
alteração intempérica de rochas graníticas e gnáissicas.
24
Terra firme e
Várzea
60%
Terra firme
20%
Massapé
13%
Várzea
7%
Figura 7. Ecossistemas existentes nas propriedades para a criação de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara.
Tabela 1. Número total de bubalinos machos e fêmeas verificados em cada propriedade
visitada no município de Itacoatiara.
Propriedade Número de animais Macho Fêmea
A 300 50 250
B 241 78 163
C 637 37 600
D 162 63 99
E 481 111 370
F 402 153 249
G 100 30 70
H 374 129 245
I 191 22 169
J 40 8 32
L 752 311 441
M 80 22 58
N 250 101 149
O 381 128 253
P 77 21 56
TOTAL 4468 1264 3204
Diversas raças foram encontradas nas propriedades, entretanto prevaleceu na maior
parte (60%) a raça Murrah. A maioria dos estabelecimentos cria somente animais da raça
Murrah (40%), seguidas por mestiços de Murrah x Jafarabadi e Murrah x Mediterrâneo
(33%), Murrah e Jafarabadi (13%), Murrah e Carabao (7%) e apenas animais da raça
25
Mediterrâneo (7%) (Figura 8). Em 80% das propriedades os búfalos não dividiam a área com
outras espécies de animais.
Mestiços
33%
Murrah
40%
Murrah e
Jafarabadi
13%
Mediterrâneo
7%
Murrah e
Carabao
7%
Figura 8. Raças de bubalinos leiteiros existentes nas quinze propriedades visitadas do
município de Itacoatiara.
Quanto à identificação dos animais, observou-se que 54% das propriedades realizam
sistema de marcação por meio de ferro quente e 46% através de brincos. Dessas propriedades,
66,6% destinam-se para produção de leite e derivados e 33,4% produzem leite e carne, sendo
que a maioria do leite produzido (80%) é comercializada junto a laticínios locais. O restante
deste produto (20%) é utilizado para fabricação de queijo coalho, doce de leite, manteiga e
consumo familiar.
Em algumas propriedades (26,6%) existe um reduzido número de búfalos selecionados
zootecnicamente para produção de leite e seus derivados. Mesmo que rudimentar, essas
seleções tentam se basear em critérios de produção, genealogia, idade e docilidade. Essa falta
de seleção dos animais leiteiros pode justificar as baixas produtividades médias
(litros.animais
-1
) verificadas nos estabelecimentos.
No que se refere ao controle zootécnico do rebanho (Figura 9), verificou-se que 53%
das propriedades não realizam nenhuma forma de anotação, 40% realizam anotações em
cadernetas avulsas e somente 7% dos entrevistados registram os dados em computador, por
meio dos softwares Word e Excel. Nas propriedades que realizam anotações em cadernetas
avulsas os dados estão, na maioria das vezes, incompletos e são facilmente perdidos ao longo
do tempo. Por outro lado, os dados registrados em computador possibilitam ao produtor
determinar, com maior segurança e eficiência, os índices produtivos do rebanho.
26
Não há
53%
Caderneta
40%
Computador
7%
Figura 9. Tipo de anotação utilizada pelos produtores de bubalinos leiteiros no município de
Itacoatiara.
Contudo, para um correto acompanhamento do desenvolvimento dos animais durante
toda a sua vida, é imprescindível a escrituração zootécnica. Deve-se anotar a data do
nascimento, sexo e paternidade do bezerro para auxiliar no manejo da propriedade e aplicação
de programas de melhoramento genético (Marques, 2003).
Verificou-se que somente 7% das propriedades possuem registro zootécnico de seus
rebanhos no Sistema de Inspeção Estadual (SIE). Esse baixo número de animais registrados se
dá pelo fato, segundo os produtores, de existir excesso de burocracia e/ou eles não acham
importante este sistema de registro. Apesar disto, em função de serem visitados pelas
campanhas de vacinação, todos os produtores apresentam cadastro completo de seus rebanhos
no Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do estado do Amazonas (IDAM). Todavia,
este registro refere-se apenas ao número total de animais e suas subdivisões em categorias de
acordo com a idade.
A disponibilidade de água para os búfalos é garantida em todas as propriedades, seja
nas formas de rios, riachos ou igarapés (46,6%) (Figura 10A), “poças”
2
(40%) (Figura 10B)
ou bebedouros artificiais (13,3%) (Figura 10C). As instalações zootécnicas são deficientes em
93% dos estabelecimentos, sendo que em geral, os currais são construídos de madeiras e
cobertos com tábuas ou com lascas de madeira bruta. Não possuem piso adequado para o
2
Poças: Bras. 1. Depressão natural do terreno, de pouca fundura, com água ou
cova artificial, larga e não muito funda, onde se represa água nascente para regas.
27
manejo dos animais, apresentando-se em grande parte alagadiços com o piso enlameado,
contribuindo para aumentar o risco de contaminação do leite por ocasião da ordenha.
AB
C
AB
C
Figura 10. Disponibilidade de água para bubalinos em igarapé ou riacho (A); poças (B) e
bebedouro artificial (C). Foto: Alves, S. B. (2006).
Em 66,6% das propriedades os animais são criados sob o sistema extensivo,
protegidos ou não por cercas rudimentares. Em 33,4% dos estabelecimentos o sistema
adotado é o semi-intensivo, sendo que neste sistema os bezerros são separados do restante do
rebanho durante a noite, por ocasião da ordenha das fêmeas. Em ambos os sistemas de
criação, a maioria das pastagens é constituída por espécies nativas. De acordo com Tonhati
(1997), a quase totalidade dos criatórios em geral, adota um regime extensivo caracterizado
pela falta de controle zootécnico, sanitário e nutricional, desconhecendo o desempenho dos
búfalos quanto ao ganho em peso, produção e qualidade do leite e características reprodutivas,
ratificando o que foi verificado no presente estudo.
Observou-se que apenas 7% das propriedades apresentavam infra-estrutura completa,
ou seja, possuíam conjunto de instalações adequadas para as diversas categorias do rebanho
leiteiro. Desse modo, a maioria das propriedades (93%) não dispõe de dependências
apropriadas para a manipulação de material, equipamentos de ordenha e medicamentos, não
oferecendo condições satisfatórias para a adequada exploração da atividade leiteira, o que
influência negativamente na eficiência produtiva do rebanho.
Segundo Baruselli (1993) e Zicarelli (1994), a eficiência reprodutiva dos bubalinos é
mais influenciada por fatores ambientais que genéticos; dentre eles o fotoperíodo, a
precipitação pluviométrica, a umidade relativa do ar e a temperatura, com efeitos
pronunciados sobre o comportamento reprodutivo da espécie, sendo que a importância de
cada um destes fatores varia muito com a situação geográfica, condições de criação e o
sistema de manejo.
28
Entretanto, pouco se sabe sobre os índices ou parâmetros genéticos de suas
características produtivas e reprodutivas, ou seja, herdabilidade, repetibilidade, correlações,
entre outras (Moura, 2003).
Desse modo, há dúvidas sobre a qualidade genética dos animais criados no município
de Itacoatiara, pois características advindas foram observadas (20% das propriedades),
provavelmente devido ao alto grau de consangüinidade, o que reforça a hipótese de haver
necessidade de se realizar seleção adequada do rebanho, objetivando maiores índices de
produtividade, entre outras características.
Constatou-se que 80% das propriedades utilizam mão-de-obra familiar, sendo que os
demais estabelecimentos (20%) são explorados exclusivamente por mão-de-obra contratada.
Entretanto, a maioria das propriedades (73,3%) dispõe de empregados contratados na própria
região, atingindo uma média de 4,5 homens para cada estabelecimento, considerando-se
somente os que utilizam esta força de trabalho. Os dos sistemas de criação de bubalinos
leiteiros que utilizam somente mão-de-obra familiar (26,7 %) possuem uma média de 3,5
homens por unidade de exploração.
A maioria dos empregados (82%) não chegou a concluir o ensino fundamental, sendo
que, dos proprietários, 13% concluíram nível superior, 13% iniciaram ou concluíram nível
médio e a grande maioria (64%) não completou o ensino fundamental. Isso demonstra o baixo
nível de escolaridade das pessoas envolvidas no sistema de criação de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara, o que pode dificultar a implantação de novas tecnologias.
Grande parte dos empregadores (73,3%) alegou não existir fatores limitantes para
aquisição de mão-de-obra, entretanto, 20% relatam que uma das dificuldades enfrentadas é a
inexistência de mão-de-obra qualificada na região e outros 6,6% afirmam que são poucos os
empregados responsáveis, isto é, dispostos a realizar eficientemente todas as tarefas a eles
delegadas. Segundo estes últimos proprietários, grande parte dos empregados se interessam
apenas pelo salário no fim do mês.
As limitações de mão-de-obra e o baixo nível de escolaridade, aliado à falta de
assistência técnica, podem ser alguns dos principais fatores que dificultam a expansão do
crescimento e produtividade desta atividade pecuária no município de Itacoatiara.
5.1.2 Manejo Alimentar
29
Verificou-se no presente estudo que 60% das propriedades utilizam somente pastagem
cultivada, 20% usam pastagem nativa e cultivada e 20% dispõem apenas de pastagem nativa
para alimentação do rebanho (Figura 11). A forma de utilização das pastagens varia de local
para local, sendo as áreas normalmente divididas em piquetes, usadas conforme a estratégia
adotada pelo produtor, que na maioria dos estabelecimentos não leva em consideração a
categoria (idade e sexo) e lotação (UA/ha) animal.
Somente
pastagem
cultivada
60%
Somente
pastagem
nativa
20%
Pastagem
nativa e
cultivada
20%
Figura 11. Tipo de pastagem utilizada para alimentação do rebanho bubalino leiteiro no
município de Itacoatiara.
As pastagens cultivadas são implantadas nas propriedades principalmente de modo
tradicional, seguindo-se as etapas de derrubada da mata virgem ou capoeira, queima do
material vegetal e plantio. Esta última etapa é realizada através do semeio a lanço
3
ou através
do uso de matraca
4
. Na maioria dos estabelecimentos não se faz correção e/ou fertilização do
solo e isto, aliado a altas lotações dos animais, resulta em pastos debilitados, de baixa
qualidade e/ou degradados com o passar do tempo (Figura 12).
3
Lanço - A semente é lançada manualmente sobre o solo.
4
Matraca - Equipamento manual tradicionalmente utilizado para semear, contendo um recipiente que armazena
as sementes e outro, por vezes, o adubo.
30
Figura 12. Área de pastagens de duas propriedades criadoras de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara. Foto: Alves, S.B. 2006.
Na maioria das propriedades estudadas, a importância das pastagens nativas cresce à
medida que as águas recuam (vazantes) e se estabelecem os “retiros”, que são instalações
rústicas provisórias bastante afastadas da sede da unidade de produção, com o intuito de
aproveitar as pastagens nativas espontâneas sem o inconveniente de voltar diariamente à sede.
Quanto às áreas de pastagens cultivadas, a maioria das propriedades utiliza as
gramíneas Quicúio da Amazônia (Brachiaria humidicola) (38%) e Brizantão (Brachiaria
brizantha) (31%), em sistemas de monocultivo (Figura 13). Os consórcios Quicuio/Cameron
(Pennisetum purpureum) e Quicúio/Brizantão representam, respectivamente, 8% e 23% da
pastagem cultivadas nos estabelecimentos.
De acordo com Aguiar (1998), dentre estas espécies cultivadas, o quicuio é o que
apresenta maior adaptação às condições climáticas amazônicas, por ser pouco exigente em
fertilidade do solo, em tratos culturais e tolerar maior variação de precipitação. Todavia o
capim brizantão, apresenta exigência média em fertilidade do solo e quando em condições
edafoclimáticas favoráveis, possui maior capacidade de produção de biomassa do que o
quicuio.
Uma das práticas pouco adotadas pelos produtores é a análise, correção e adubação do
solo, principalmente nas áreas de várzea que tradicionalmente tem sido considerada como de
boa fertilidade. De acordo com Aguiar (1998), os solos de várzea não apresentam boas
propriedades físicas, mas têm elevada fertilidade, por causa das sucessivas deposições de
sedimentos, além de potencial hidrogeniônico (pH) variando entre 4,5 a 5,5.
31
38
31
23
8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Quicúio Brizano Quicúio e
Brizano
Quicúio e
Cameron
Pastagens
%
Figura 13. Distribuição percentual das pastagens utilizadas nas propriedades para formação da
pastagem cultivada no município de Itacoatiara.
A fertilização orgânica e mineral é realizada, respectivamente em 13,3% e 6,7% das
propriedades (Figura 14). A adubação mineral é conduzida aplicando-se ao solo, na maioria
das vezes, somente três macronutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) e a principal fonte de
adubo orgânico é o esterno de bubalinos recolhidos dos próprios currais.
Identificou-se que 73,3% dos produtores realizam o controle de ervas invasoras,
incluindo as plantas tóxicas (Figura 14). Mesmo assim, em 40% dos estabelecimentos, já
foram registrados, pelos produtores, morte de animais intoxicados por plantas, conhecidas na
região como
"cafezinho", "vick", "erva-de-rato" (Palicourea marcgravii) e a “chibata” ou
“gibata” (Arrabidaea bilabiata). Em 93% das propriedades, o controle dessas ervas invasoras
é realizado exclusivamente com auxílio de instrumentos manuais (foice, facão, enxada), sendo
que no restante (7%), os produtores dispõem de pulverizador costal para aplicação localizada
de herbicidas.
Todos os produtores relataram ter ocorrido, pelo menos uma vez ao ano, ataque de
pragas nas pastagens cultivadas. Entre essas pragas, as citadas como de maior ocorrência
foram as cigarrinhas das pastagens (Zulia e Deois), que tiveram controle implementado,
através da aplicação de inseticidas, em apenas 20% das propriedades (Figura 14). Desse
modo, a maioria dos produtores convive com estas pragas, sem adotar nenhuma tática de
manejo, pois as consideram como fenômeno natural no processo de formação,
estabelecimento e permanência das pastagens cultivadas.
A reposição de pastagens através do replantio é adotada por 60% dos produtores
entrevistados (Figura 14). Nas áreas de várzea esta prática é realizada uma vez ao ano, após a
32
vazante das enchentes, tendo como objetivo principal recuperar as áreas de pastagens que
haviam ficado submersas e, consequentemente, degradadas pela elevação do nível dos rios.
Nas áreas de terra firme, o processo de replantio faz se necessário por conseqüência da má
formação e manejo inadequado dos pastos. Observou-se que a taxa de lotação e a invasão de
ervas daninhas, estão entre os principais fatores que influenciam negativamente a
disponibilidade de alimento para os bubalinos no município de Itacoatiara.
O rodízio de pastagens é praticado em 73,3% dos estabelecimentos (Figura 14). Nestas
áreas, as pastagens são dividas em piquetes, com tamanho bastante variável (10 ha a 500 ha),
sendo o período médio de uso e descanso dessas unidades de treze e quarenta dias,
respectivamente. Segundo Aguiar (1998), o período de pastejo ideal é de três a quatro dias por
piquetes para um eficiente manejo em rodízio de pastagens. Isto não foi verificado no presente
estudo, principalmente pelo fato das áreas dos piquetes serem superiores a 100 ha, o que
dificulta, segundo os produtores, o rodízio periódico de pastagens.
A consorciação de pastagens, utilizando-se fabáceas e gramíneas, é realizada em 40%
das propriedades (Figura 14). As fabáceas usadas pertencem aos gêneros Stylosanthes e
Arachis e as gramíneas são constituídas principalmente pelos capins Quicuio da Amazônia
(Brachiaria humidicola) e Brizantão (Brachiaria brizantha). Trabalhos realizados por
Barcellos & Vilela (1994) demonstraram a boa persistência de cultivares de Stylosanthes sob
pastejo. Segundo esses autores, esta espécie apresenta retenção de folhas durante a seca,
constituindo-se boa fonte de forragem, melhorando o valor nutritivo da forragem disponível
na pastagem consorciada, por causa de seus maiores teores de proteína bruta e maior
degradabilidade da matéria seca.
Constatou-se, visualmente, que a consorciação também proporcionou melhor
cobertura e aumentou a fertilidade do solo, reduzindo o risco de perda das pastagens pelo
ataque de pragas e doenças e a ocorrência de plantas invasoras.
O sistema silvipastoril é adotado por 93,3% dos estabelecimentos (Figura 14), que
buscam neste sistema, alternativas de uso do solo combinando espécies arbóreas e/ou
frutíferas florestais com a atividade pecuária. Segundo Carvalho (1998), os sistemas
silvipastoris são alternativas menos impactantes, auxiliam na reversão de áreas degradadas e
contribuem para elevar a biodiversidade animal e vegetal. Nas áreas visitadas, os produtores
mantêm neste sistema espécies espontâneas, como a castanheira (Bertholetia excelsa),
pitangueira (Eugenia sp), seringueiras (Hevea brasiliensis), cumarú (Dipteryx odorata),
jatobazeiro (Hymenaea sp), tucumã (Astrocaryum sp.), piquiá (Abiurana sp.) e açaí (Euterpe
33
oleracea), enriquecidas com outras espécies, de fácil acesso na região, tais como cajueiro
(Anacardum occidentale), araçazeiro (Psidium cattleianum), mangueira (Margífera indica L.)
e ingazeiro (Unga marginata), entre outras.
6,7
13,3
73,3
20,0
60,0
73,3
40,0
93,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
AQ AO CE CP REP ROP PC SS
Manejo de pastagens
Propriedades (%)
Figura 14. Práticas utilizadas pelos produtores para o manejo de pastagens na criação de
bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara.
Nota: AQ: adubação química; AO: adubação orgânica; CE: controle de ervas; CP: controle de
pragas; REP: replantio de pastagens; ROP: rodízio de pastagens; PC: Pastagens consorciadas; SS:
sistema silvipastoril.
Todos os produtores fornecem, a cada três dias ou semanalmente, sal comum para o
rebanho bubalino, sendo que 80% dos entrevistados adicionam sal mineralizado ao sal comum
(Figura 15). Todavia, estima-se que a demanda mineral dos animais não é atendida em todas
as propriedades, pois sintomas típicos de deficiência foram observados em alguns
estabelecimentos, tais como: raquitismo nos animais em crescimento, redução no ganho de
peso, baixa produção de leite e desempenho reprodutivo deficiente, redução do crescimento e
emagrecimento progressivo. Além disso, a reconhecida baixa fertilidade dos solos
amazônicos e a não adubação química ou orgânica das pastagens, na maioria das
propriedades, pode estar influenciando para agravar esta situação.
A suplementação alimentar à base de volumoso, é utilizada em 33% dos
estabelecimentos e consiste no fornecimento aos animais, principalmente, de capim elefante
(Pennisetum purpureum), nas épocas de escassez de pastagens. A alimentação dos bubalinos
leiteiros é enriquecida em 7% e 20% das propriedades, respectivamente, com farelo e casca de
soja (Glycine max) (Figura 15). Segundo Gomide (1994), a aptidão leiteira da búfala, o valor
nutritivo do pasto e o consumo de forragem determinam a produção de leite da búfala.
34
100
80
33
20
7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Sal comum Sal
mineralizado
Capineira Casca de
soja
Farelo de
soja
Suplementação
Propriedades (%)
Figura 15. Distribuição percentual dos tipos de suplementação utilizados na alimentação de
bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara.
O alimento volumoso é obtido a partir de capineiras, formadas principalmente em
áreas próximas à sede das propriedades, objetivando facilitar o fornecimento desse tipo de
alimento para os animais. A casca e o farelo de soja são obtidos junto a produtores locais,
sendo que ambos os alimentos são oferecidos principalmente para as fêmeas em lactação, com
vistas a aumentar a produção de leite em época de escassez forrageira.
A maioria dos produtores, que possuem pastagens à base de quicuio (Brachiaria
humidicola) e brizantão (Brachiaria brizantha), não utiliza suplementação alimentar para o
rebanho, por motivo de não haver escassez de pastagem, o que realça o potencial de uso
dessas duas forrageiras para a região. A baixa taxa de lotação (UA/ha) dessas propriedades
provavelmente influencia para a não ocorrência de escassez de pastagens. Foi observado que
o valor médio da taxa de lotação das áreas de pastagens dos estabelecimentos foi de 1,4
UA/ha, variando desde 0,22 UA/ha a 2,5 UA/ha (Figura 16). Esta taxa média de lotação está
acima da média nacional, que é de 0,55 UA/ha, segundo Aguiar (1998). Esta diferença na taxa
de lotação pode interferir diretamente na produtividade do animal.
Em 40% dos estabelecimentos (Figura 16), a taxa média de lotação superou o valor de
2,22 UA/ha e em outros 46,6% este valor ficou abaixo de 0,95 UA/ha. Essa grande diferença
na taxa de lotação está relacionada principalmente ao tamanho das áreas e tipo de pastagens
das propriedades. Os maiores valores da taxa de lotação foram encontrados nos
estabelecimentos que possuem pastagens cultivadas (quicuio e brizantão) e que fornecem
algum tipo de suplementação alimentar. Por outro lado, os menores valores da taxa de lotação
35
foram obtidos nas áreas de pastagens tipicamente nativas, consideradas tradicionalmente
como de baixa qualidade.
0,22
2,41
2,5
0,92
2,4
1,5
2,5
0,47
0,95
1,6
2,5
2,22
0,46
0,66
0,31
1,4
0
1
1
2
2
3
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
O
P
dia
Propriedades
Taxa de lotação (ua/ha)
Figura 16. Taxa de lotação (unidade animal.hectare
-1
) utilizada pelos produtores de bubalinos
leiteiros no município de Itacoatiara.
Esses resultados apontam o potencial de crescimento da atividade no município de
Itacoatiara, pois se estima que com a adoção de algumas táticas de manejo pelos produtores,
principalmente no que se refere à melhoria das pastagens e suplementação alimentar, o
número de animais por unidade de área e a produtividade do rebanho podem ser elevados.
De acordo com Baruselli (1993), quando não existe um controle da quantidade de
búfalos por hectare de pastagens, a eficiência reprodutiva é muita baixa, o primeiro cio
somente aparece depois da desmama e o índice de prenhêz nunca é maior do que 40 %.
Apesar de ter sido observado a falta de controle na taxa de lotação na maioria das
propriedades selecionadas para este estudo, a eficiência reprodutiva e a taxa de prenhez do
rebanho foram altas (acima de 90 %) e o primeiro cio ocorre poucos dias após o parto (média
de 21 dias).
5.1.3 Manejo Sanitário
36
No aspecto sanitário, os búfalos são suscetíveis às mesmas enfermidades que
acometem os bovinos, porém algumas têm efeito menos pernicioso em uma ou outra espécie
(Souza, 1998).
O planejamento sanitário no município de Itacoatiara não é muito considerado pela
maioria dos produtores, exceto quando exigidos e programados por órgãos governamentais.
Isto foi observado para o caso da vacinação contra a febre aftosa. Desse modo, a eficiência na
profilaxia dessa doença deve-se, em grande parte, às políticas executadas no município de
Itacoatiara pelo estado, onde os técnicos do órgão competente realizam duas visitas ao ano
(maio e novembro) em cada estabelecimento produtor, para efetuar a vacinação dos animais.
Além disso, segundo informações verbais dos técnicos dos órgãos competentes, o estado
subsidia 50% do custo da vacina adquirida nas propriedades.
O manejo sanitário é de suma importância, pois para o rebanho produzir leite de boa
qualidade, deve ser adotado na propriedade, um planejamento sanitário contínuo, onde os
animais devem receber as vacinações habituais e terem sob controle adequado as doenças
parasitárias e infecciosas (Nascimento & Moura Carvalho, 1993).
Verificou-se que todos os produtores possuem assessoria técnica para vacinação de
seus animais, através de técnicos de nível médio, funcionários dos órgãos competentes do
município. Além disso, 26% dos proprietários afirmam consultar médico veterinário para
suprirem suas necessidades. De acordo com a representação dos órgãos competentes de
Itacoatiara, raramente são registrados casos epidemiológicos naquele município. Entretanto a
carência de informações faz com que os programas sanitários dos rebanhos sejam feitos com
escasso embasamento técnico, ou mesmo sem uma supervisão de um médico veterinário,
trazendo como conseqüência deficiências na identificação e controle de certas moléstias de
importância econômica.
Além da vacinação contra febre aftosa, efetuada em 100% das propriedades visitadas,
foram encontrados mais dois tipos de profilaxia realizada: imunização contra Brucelose e
controle de endoparasitos e ectoparasitos. Desse modo, 13% dos estabelecimentos realizam
vacinação contra brucelose, 100% deles efetuam o controle de endoparasitos e 60% dispõem
do controle de ectoparasitos. Além disso, o teste de tuberculina é realizado por 33% dos
estabelecimentos (Figura 17). Em nenhuma propriedade foi registrado imunização contra
carbúnculo sintomático, raiva, botulismo e leptospirose.
37
100
13
100
60
33
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
VFA VB CEN CEC TT
Manejo sanitário adotado
Propriedades (%)
Figura 17. Manejo sanitário adotado na criação de bubalinos leiteiros no município de
Itacoatiara.
Nota: VFA: vacina para febre aftosa; VB: vacina para brucelose; CEN: controle de endoparasitos;
CEC: controle de ectoparasitos; TT: Teste de tuberculina.
Quanto aos endoparasitos, em todas as propriedades foram referidas pelos produtores
como “verminose”. Todos os produtores vermifugam seus rebanhos, porém, aplicações de
medicamentos, como estratégia de controle, chegam a ser de até seis diferentes períodos, sem
a prévia análise parasitológica. Esse tratamento é realizado uma, duas, três, quatro, cinco, seis
e doze vezes ao ano, respectivamente em 7%, 27%, 20%, 7%, 7% e 32% dos
estabelecimentos (Figura 18). Essa vermifugação é realizada em 88% dos estabelecimentos
com produto injetável (ivermectina).
12 vezes ao
ano
32%
3 vezes ao
ano
20%
2 vezes ao
ano
27%
1 vez ao ano
7%
4 vezes ao
ano
7%
6 vezes ao
ano
7%
Figura 18. Periodicidade dos tratamentos na estratégia do controle de endoparasitos.
38
A falta de homogeneização ou padronização no tratamento parasitário e a ausência de
práticas de análise parasitológicas para o subsídio no tratamento das mesmas, evidenciam o
uso pelo produtor, baseados apenas na sua experiência, dos produtos antiparasitários sem
recomendação técnica. Isso pode trazer como conseqüência, ineficiência do controle
pretendido, aumento dos custos de produção, além de possibilitar o aumento de resistência
dos parasitos aos princípios ativos do medicamento, tornando mais difícil o controle dos
mesmos a cada infestação, causando maiores perdas econômicas.
As enfermidades que acometem os bezerros, com maior freqüência, em 73% das
propriedades entrevistadas referem-se a verminoses e diarréias (viral e bacteriana), sendo estas
umas das principais causas de mortalidade desses animais (Figura 19), o que resulta, em
decréscimo no sistema de produção. Contudo, em 26% das propriedades não foi relatado pelos
produtores essas enfermidades.
Figura 19. Bezerro com verminose e diarréia em estágio terminal. Foto: Alves, S. B. (2006).
De acordo com Zicarelli (1994), devido à particularidade anatômica da placenta que
envolve o feto bubalino, ele não recebe da mãe nenhum elemento (anticorpo) que o torne
resistente às doenças. Considerando a afirmação de Zicarelli, pode-se cogitar que o crescente
aumento na morte de bezerros no município de Itacoatiara deve-se a falta de profilaxia e
manejos adequados com mãe e o recém nascido, favorecendo a exposição das doenças quando
o bezerro ainda é imunologicamente imaturo.
Aliado aos fatos relatados acima a carência de assistência veterinária continua durante
todas as fases produtivas e reprodutivas do rebanho, para atuar tanto na parte de diagnóstico
das doenças como na prevenção e tratamento das mesmas, também tem contribuído para os
elevados índices de mortalidade de bezerros por doenças consideradas comuns dentro de
qualquer sistema de criação.
39
Desse modo, o manejo dos bezerros nos primeiros seis meses de vida é de suma
importância, pois segundo Marques (2003), logo após o parto, os animais passam a viver em
ambiente hostil, tendo que se adaptar rapidamente e criar imunidade contra grande número de
patógenos. Por outro lado, conforme Nascimento & Moura carvalho (1993), não encontrando
condições propícias, torna-se vítimas fáceis de várias doenças, que podem ser fatais, devido à
fragilidade do organismo dos recém-nascidos. A cura do umbigo dos recém-nascidos é
realizada em 100% das propriedades visitadas, o que demonstra relativo cuidado com os
animais nesta fase inicial de vida.
O controle de ectoparasitos é feito, conforme o nível de infestação, na maioria das
propriedades, apenas com produtos de uso tópico. Os ectoparasitos que ocorrem com maior
freqüência, segundo os produtores, são piolhos (Haematopinus tuberculatus) e sarnas
(Sarcoptes scabiei). Em 34%, 22%, 22%, 11% e 11% dos estabelecimentos esse controle é
realizado, respectivamente, uma vez ao ano, duas vezes ao ano, três vezes ao ano,
semanalmente e quando ocorre (Figura 20).
1 vez ao ano
34%
quando
ocorre
11%
2 vezes ao
ano
22%
semanal
11%
3 vezes ao
ano
22%
Figura 20. Periodicidade dos tratamentos na estratégia do controle de ectoparasitos.
O piolho, segundo Lau (1999), é considerado o principal e mais prejudicial
ectoparasitos dos búfalos, causando sérios problemas sanitários quando em altas infestações.
De acordo com esses autores, os animais sofrem mais os efeitos deste parasitismo quando
permanecem em terra firme, sem condições de enlamearem totalmente o corpo. Resultado
semelhante foi verificado neste estudo, pois nas áreas de terra firme, os animais sofriam com
maior freqüência e intensidade, o ataque desses insetos.
40
Em relação à prevalência de doenças no rebanho adulto de bubalinos leiteiros, 46%
dos produtores relataram não ter ocorrido, em suas propriedades, nos últimos dois anos.
Entretanto, em 54% dos estabelecimentos foi registrada a ocorrência de algumas moléstias,
assim distribuídas: verminoses (6%), brucelose (6%), mastite (18%) e tuberculose (24%)
(Figura 21).
Tuberculose
24%
Mastite
18%
Brucelose
6%
Verminose
6%
Não
observado
46%
Figura 21. Problemas sanitários que acometem o rebanho adulto de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara.
O teste de tuberculina é realizado, bianual e anualmente, respectivamente, em 7% e
26% dos estabelecimentos. Nas demais propriedades (67%), esta tática não é adotada em
nenhum período de tempo. Lau (1999), após terem realizado estudos sobre a incidência,
sintomas e diagnóstico da tuberculose em bubalinos, concluíram que a ocorrência desta
doença nesta espécie animal está intimamente relacionada com o sistema de criação adotado e
depende das condições sanitárias e alimentares dos animais. Desse modo, como as condições
sanitárias e alimentares dos animais, na maioria dos estabelecimentos não são as mais
adequadas, pode-se supor que isto tenha contribuído para elevar o índice de ocorrência de
tuberculose nas propriedades.
A ocorrência de mastite, diagnosticada através do exame da caneca telada ou de fundo
escuro, foi classificada pelos produtores como clínica (visível). Em apenas 7% das
propriedades, o controle desta doença é realizado após a secagem da búfala, com aplicação do
antibiótico contra inflamação (anamastit). Segundo Lau (1999), os prejuízos econômicos
decorrentes desta doença é diretamente proporcional à diminuição da produção de leite. A
ocorrência desta enfermidade, além de ter diminuído a produção de leite das propriedades
41
estudadas, gerou outras perdas econômicas significativas para os produtores, como o descarte
do leite contaminado, aumento dos custos com mão-de-obra e desvalorização comercial dos
animais.
A intoxicação por plantas ocasionou, nos últimos anos, a morte de bubalinos (jovens,
principalmente) em 40% dos estabelecimentos. Entre as principais plantas tóxicas encontradas
na região destacam-se a Palicourea marcgravii, vulgarmente conhecida por "cafezinho",
"vick" e "erva-de-rato" e a Arrabidaea bilabiata, denominada pelos produtores de “chibata”
ou “gibata”. Segundo Tokarnia (2000), a espécie Palicourea marcgravii, por ser atraente e
altamente tóxica e palatável, se constitui na principal planta tóxica para animais no Brasil.
De acordo com Lau (1999), a P. marcgravii, quando ingerida pelo búfalo, afeta o
sistema cardíaco, provocando a "morte súbita" do animal, principalmente quando se faz a
introdução ou a retirada de animais de regiões de várzea. Não há tratamento adequado para a
intoxicação por plantas que afetam o funcionamento do coração. No município de Itacoatiara,
os produtores adotam como medida preventiva a erradicação dessas plantas que ocorrem
dentro do pasto. Além disso, cercam as matas, capoeiras e fazem um aceiro junto às cercas
para evitar que o gado as acesse.
Entretanto, segundo Nascimento & Moura Carvalho (1993), os bubalinos mostram-se
mais tolerantes a certas plantas tóxicas do que os bovinos. O mecanismo pelo qual isso ocorre
ainda é desconhecido pelos pesquisadores. Contudo, para Lau (1999), a descoberta da causa
dessa resistência bubalina pode fornecer subsídios para evitar a intoxicação também nos
bovinos.
Outras moléstias, tais como abortos, problemas relativos à consangüinidade e
acidentes com animais peçonhentos (cobras) foram mencionadas como de importância
econômica para a maioria das propriedades, todavia ocorrem esporadicamente no município.
Portanto, é muito importante aprofundar os estudos sobre a prevalência de doenças
bubalinas, principalmente as que forem transmissíveis ao homem, haja vista a necessidade de
se obter informações elementares para subsidiar as ações de controle dessas moléstias em todo
o Brasil.
42
5.1.4 Manejo Reprodutivo
O sistema de reprodução adotado por 93% dos produtores de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara é o de monta natural. Segundo estes produtores, normalmente as
coberturas das fêmeas são realizadas durante a noite. De acordo com Zicarelli (1994), esse
hábito noturno é preferido pelos bubalinos por ser, comumente, o período do dia que possui
temperaturas mais amenas, o que proporciona menor desgaste físico e, consequentemente,
maior eficiência reprodutiva ao rebanho.
Verificou-se que apenas 7% das propriedades utilizam, além da monta natural, a IA. O
emprego desta prática em bovinos tem sido amplamente estudado e utilizado com sucesso em
propriedades rurais de todo mundo, permitindo com que a melhoria genética dos rebanhos
seja mais eficiente (Baruselli et al., 1994).
Na fazenda O, onde é realizada a técnica de IA, sob supervisão de profissional
qualificado oriundo de outro estado no país, são utilizadas técnicas de sincronização de cio e
de ovulação para realização da IA em tempo fixo (IATF), obtendo índices reprodutivos
considerados baixos.
Em estudos desenvolvidos em setembro de 2005 na fazenda O, verificou-se que do
total de 39 búfalas inseminadas, 22 búfalas ficaram gestante e 17 búfalas vazias. Os baixos
resultados foram atribuídos aos problemas climáticos que comprometeram a disponibilidade
de alimentos e conseqüentemente, o programa de IA, não sendo possível dar continuidade aos
trabalhos com IATF. Sendo assim, o proprietário optou por paralisar as atividades para que
não houvesse maiores prejuízos financeiros. O inseminador relatou:
“Terminamos o ano com 39 búfalas inseminadas,
entretanto, tivemos grande dificuldade em manter separado o
gado solteiro do gado em lactação, por esse motivo paramos
com a inseminação para que não viéssemos ter prejuízo
maior”.
Na região norte, a biotécnica de IA em bubalinos tem sido pouco empregada por
criadores devido a certas dificuldades na identificação das manifestações estrais e do
momento apropriado para realização da IA (Ribeiro et al., 1999). Além disto, no município de
Itacoatiara, o nível tecnológico adotado pela maioria dos produtores é muito baixo,
43
praticamente inexiste mão-de-obra qualificada, o acesso a banco de sêmen é difícil e a
assistência técnica é deficiente, o que justificaria o fato da grande maioria dos produtores
terem adotado a monta natural como o principal modo de reprodução para seus animais.
Conforme alguns produtores de Itacoatiara, além da dificuldade de detecção do cio em
bubalinos, um dos maiores fatores que limitam o desempenho reprodutivo de rebanhos
inseminados artificialmente é a falha na detecção do estro pelo inseminador. De acordo com
Zicarelli (1994), o manejo correto para detecção de cios exige contínuas observações do
rebanho e necessita de mão-de-obra qualificada, com grande responsabilidade e conhecimento
específico, o que praticamente inexiste naquela região. Segundo Ribeiro et al. (1999),
rebanhos com ineficiência na detecção de cios apresentam diminuição no desempenho
reprodutivo, com conseqüente aumento no período de serviço e no intervalo entre partos,
acarretando sérios prejuízos ao criador.
Entretanto, a taxa média de prenhez dessa atividade agropecuária no município de
Itacoatiara foi superior a 97% dos animais cobertos, em todas as propriedades visitadas,
sendo que apenas 1,85% das búfalas não pariram, sendo a causa principal, abortos
espontâneos conforme relatos dos produtores. As causas pelas quais isto ocorreu podem ser
atribuídas a interações entre o genótipo e o meio ambiente, incluindo-se o clima, manejo,
raça, nutrição e doenças.
De acordo com Hafez (1995), a avançada idade ao primeiro parto, os problemas
relacionados a detecção do cio, o longo período seco das fêmeas e a perda de libido do macho
são os principais obstáculos ao aumento dos índices reprodutivos nos búfalos.
Apesar dos esforços científicos de pesquisadores do estado do Pará para se produzir
conhecimento a respeito da reprodução de bubalinos na Amazônia, principalmente no que se
refere ao cio e sua duração, estacionalidade das parições, superovulação e técnicas como IA,
transferência de embriões e fecundação “in vitro” (Vale, 1995), muito ainda tem que ser
realizado, pois existe carência de informações a respeito desta espécie no estado do
Amazonas.
Vale ressaltar que inexistem informações suficientes sobre os índices genéticos de
características produtivas e reprodutivas, bem como correlações entre elas e as variáveis
climáticas na região.
Segundo Nascimento & Moura Carvalho (1993), o período de gestação dos bubalinos
varia entre 295 a 320 dias, com média de 308,5 dias, sendo que os búfalos da raça Carabao
(pântano) geram seus bezerros por uma semana ou duas a mais do que as búfalas do rio
44
(leiteira). O período de gestação e o peso ao nascer são influenciados por muitos fatores,
sendo o sexo do bezerro e a idade da búfala os dois principais.
Os búfalos, como os demais animais domésticos, sofrem variações nos índices
reprodutivos decorrentes do tipo de manejo e do nível tecnológico empregados na criação. O
bom estado nutricional do rebanho é fundamental para o sucesso do manejo reprodutivo em
bubalinos (Nascimento & Moura Carvalho, 1993).
Verificou-se que em 93,3% das propriedades as búfalas apresentavam boas condições
corporais na hora do parto, sendo classificadas como gorda (escore corporal entre 3 e 4 pelos
produtores (Tabela 2). Apenas 6,7% dos rebanhos apresentaram escore corporal acima da
média, classificada como muito gorda. Os melhores índices reprodutivos foram obtidos com
búfalas que possuíam reservas corporais no momento do parto (condição igual a 4,0). Já
quando as búfalas estavam magras, na ocasião do parto, demoraram muito para manifestar o
cio e tiveram a fertilidade reduzida, quando comparadas às búfalas que possuíam bom escore
corpóreo (escore 4). Este fato foi observado em todas as propriedades visitadas do município
de Itacoatiara.
Verificou-se que, em 86,6% dos animais, as parições ocorreram nos meses de janeiro e
fevereiro, a época de desmame se deu no mês de agosto. Somente em 13,4% dos indivíduos
as parições ocorreram no mês de novembro e o desmame no mês de julho (Tabela 2). Cerca
de 19% e 81% dos bezerros foram desmamados, respectivamente, com oito e seis meses de
idade.
Tabela 2. Condição corporal na ocasião do parto, época de parições e de desmame de bubalinos
leiteiros no município de Itacoatiara.
Propriedades Condição corporal no parto Época de parições Época de desmame
A Gorda Jan/fev agosto
B Muito gorda Jan/fev agosto
C Gorda Jan/fev agosto
D Gorda Jan/fev agosto
E Gorda Jan/fev agosto
F Gorda Jan/fev agosto
G Gorda Jan/fev agosto
H Gorda novembro julho
I Gorda Jan/fev agosto
J Gorda Jan/fev agosto
L Gorda Jan/fev agosto
M Gorda Jan/fev agosto
N Gorda novembro julho
O Gorda Jan/fev agosto
P Gorda Jan/fev agosto
45
Esses resultados estão de acordo com o exposto por Zicarelli (1994), que considera o
búfalo como uma espécie com preferências sazonais de atividade reprodutiva, com muitos dos
partos acontecendo de janeiro a março no hemisfério sul (Brasil) e julho a dezembro no
hemisfério norte (Itália, Índia). Baruselli (1993) também encontrou forte tendência das búfalas
parirem durante um curto período do ano. Segundo Gomide (1994), estes animais possuem a
característica de concentrar os períodos de serviços e partos em épocas bem restritas do ano,
que sejam mais favoráveis quanto à disponibilidade de pastagens e água.
Resultados semelhantes foram obtidos por Ribeiro (1996), que estudou a distribuição
de 801 cios no norte do Brasil, verificando uma freqüência média de 67% dos cios pós-parto
na estação considerada chuvosa e 33% na estação de estiagem, sendo os meses abril, maio,
junho e julho os meses de maiores índices de cio e menores intervalos de parto ao primeiro
cio observado. De acordo com este autor, o bom estado nutricional do rebanho é fundamental
para o sucesso do manejo reprodutivo em bubalinos.
Todavia, diferentemente dos resultados obtidos neste estudo, trabalho realizado no
estado do Pará por Baruselli et al. (1994), demonstraram que 89,3% das parições dos
rebanhos criados em terra firme ocorrem entre abril e agosto. Já nas áreas de várzea, os partos
ocorrem de setembro a dezembro. De acordo com Baruselli (1994), no sul do país existe uma
tendência estacional marcante, pois 81,76% dos partos ocorrem entre os meses de fevereiro e
abril e, apesar das diferenças edafoclimáticas das duas regiões, esses resultados são similares
aos obtidos no presente estudo. Para Ribeiro (1996), em rebanhos leiteiros, as parições
ocorrem ao longo de todo o ano e a identificação da influência do mês de parição é útil, pois
permite que o criador oriente o sistema de alimentação e de manejo do rebanho, minimizando
os efeitos adversos durante esta fase de criação.
O intervalo médio de cio pós-parto, no rebanho do município de Itacoatiara, foi de 21
dias ±7,8 (Figura 22). Estes valores estão de acordo com os períodos de tempos aceitáveis
para a espécie na zona equatorial (18 a 32 dias) e são semelhantes aos resultados obtidos por
Vale et al. (1984), que desenvolveram estudos com animais mestiços (Mediterrâneo e
carabao) no Norte do Brasil e encontraram um período médio de cio pós-parto de 23,7 dias,
com variação de 18 a 33 dias.
Ribeiro (1996), estudando a reprodução de bubalinos, encontrou uma alta freqüência
de anormalidades do ciclo estral pós-parto, com períodos de duração curto e longo, em torno
de 11 e 34 dias, respectivamente. Búfalas que pariram durante a estação reprodutiva favorável
(entre abril e agosto) apresentaram, significativamente, intervalo mais curto de estro pós-parto
46
do que aquelas que pariram fora desta estação. O autor atribui esses resultados à época do
parto, amamentação, subnutrição e clima. Resultados semelhantes foram observados no
presente estudo, pois os animais apresentaram uma alta freqüência de anormalidades do ciclo
estral no período pós-parto, sendo de 8 dias (duração curta) e 30 dias (duração longa).
21
0
5
10
15
20
25
30
35
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
O
P
dia
Propriedades
Dias
Figura 22. Intervalo de cio pós-parto de bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara.
Essa variação no período de cio pós-parto, ilustrada na figura 22, pode estar
relacionada a diversos fatores, tais como: clima, manejo, genética e alimentação. De acordo
com Vale (1994), animais submetidos a manejo inadequado e com alimentação deficiente em
energia, proteína e minerais, têm tendência a apresentarem cios curtos ou longos, da mesma
maneira quando submetidos a estresse térmico. Em todas as propriedades visitadas, no
município de Itacoatiara, foi verificado que os animais, todos ou em grande parte, são
submetidos a manejo inadequado, alimentação deficiente, o que pode ter contribuído para
elevar a variação do cio pós-parto dos animais.
O intervalo entre partos dos bubalinos leiteiros apresentou uma média geral de 348 ±
28,3 dias, considerando-se todas as propriedades do município (Figura 23). Esse resultado
pode ser considerado satisfatório quando comparado aos dados apresentados por Ribeiro
(1996), que em revisão de literatura, incluindo trabalhos relativos a raça Murrah no Brasil,
Índia, Filipinas e Bulgária, encontrou para o intervalo de partos os valores mínimo de 384,9
dias e máximo de 528 dias, com média igual a 436,7 dias.
47
Verificou-se que os animais que pariram na estação chuvosa (jan/fev), tiveram um
menor intervalo entre partos, sendo que o contrário ocorreu na estação seca (nov). Resultados
semelhantes foram obtidos por Baruselli et al. (1994), que desenvolveram estudos com
bubalinos e observaram que os animais que coincidiram o parto no período chuvoso
apresentaram menor intervalo entre partos, o que demonstra que parições em épocas mais
favoráveis apresentam maior possibilidade de reduzir o intervalo entre partos.
332
0
50
100
150
200
250
300
350
400
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
O
P
dia
Propriedades
Dias
Figura 23. Intervalo entre partos de bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara.
Entretanto, Zicarelli (1997) afirmou que os búfalos quando criados em localidades
distantes da região equatorial, têm um comportamento reprodutivo influenciado positivamente
pela diminuição de horas de luz do dia. No presente estudo, realizado na região Norte
brasileira e em local bem próximo à linha do Equador, estes efeitos foram, provavelmente,
causados pelas diferenças sazonais (estação seca e chuvosa bem definida), que levam à
alterações no suprimento de alimento e conforto, uma vez que a variação na quantidade de
horas de luz por dia, durante todo o ano, é muito pequena.
O intervalo entre partos é um dos mais importantes parâmetros para se medir a
eficiência reprodutiva dos bubalinos, que apresentam uma média mundial ao redor de 14,5
meses, sendo aceitável a produção de dois bezerros a cada três anos (Vale, 1988). Marques
(1991) relatou que esta característica é bastante influenciada pela duração da lactação, pois
alguns produtores, visando maior produção de leite, evitam o encerramento desta fase
produtiva, o que ocasiona o alongamento do período entre partos e a diminuição da eficiência
48
reprodutiva. Resultados semelhantes foram obtidos no presente estudo, uma vez que o maior
intervalo de tempo entre partos foi observado nas propriedades que ordenham seus animais
por um maior período de tempo (oito meses).
Com relação à assistência técnica veterinária, 67% dos produtores de Itacoatiara
recebem eventualmente, 13% deles afirmam ser contínua e os demais (20%) nunca receberam
assistência técnica. Segundo o órgão governamental responsável pela assistência técnica neste
Município, em função da grande quantidade de produtores e do reduzido número de técnicos
disponíveis, as estratégias têm sido focadas em atendimentos abrangentes, principalmente
através da implementação e dinamização de campanhas de vacinação.
Todavia, grande parte dos criadores acredita que os bubalinos, por serem animais
rústicos, não necessitam de manejo adequado e dispensam cuidados mais tecnificados.
Segundo Quadros (2005), esta visão é equivocada, pois apesar de se tratar de uma espécie
rústica, em condições precárias, os bubalinos não alcançam índices produtivos satisfatórios.
Desse modo, somente será possível melhorar a eficiência reprodutiva e empregar
biotecnologias como a IA e a transferência de embriões quando requisitos básicos forem
controlados, tais como: nutrição adequada, suplementação mineral correta, controle sanitário,
controle produtivo (através de pesagens periódicas do leite ou dos animais) e conduta dentro
das recomendações técnicas.
5.1.5 Investimentos e entraves na produção
A maioria dos produtores de bubalinos leiteiros do município de Itacoatiara (60%)
considera muito importante e importante a existência de outras fontes de renda na propriedade
(Tabela 3). Quanto a esse questionamento, 20% e 20% dos criadores afirmaram ser quase sem
importância e sem importância, respectivamente (Tabela 3). Esses resultados demonstram que
esta atividade agropecuária no município de Itacoatiara está aliada a outras fontes de renda e
serve, entre outras, para aumentar e diversificar a produção e a renda.
A compra de novos animais é classificada, por 13% e 40% dos produtores, como
muito importante e importante, respectivamente (Tabela 3), o que indica o potencial de
crescimento do rebanho nas propriedades visitadas, sugerindo que os criadores pretendem
adquirir novos animais, certamente por estarem satisfeitos com os resultados obtidos com a
atividade. Esta hipótese é reforçada pelo fato de que 20% e 50% dos criadores (Tabela 3)
consideram, respectivamente, muito importante e importante a aquisição de novas áreas de
49
terras, tendo em vista melhorar o sistema de produção de bubalinos leiteiros no município de
Itacoatiara.
Verificou-se que 40% dos produtores consideram ser importante o aumento no padrão
de consumo, seja através de investimentos no sistema de criação ou em outras fontes de renda.
Já no que se refere a investimentos em imóveis urbanos, 30% e 27% dos entrevistados
classificaram como importante e quase sem importância, respectivamente (Tabela 3). Por
outro lado, para 40% dos produtores, a caderneta de poupança é considerada importante e
para 27% deles é tida como quase sem importância (Tabela 3). Isso demonstra que os
criadores preferem aplicar as reservas financeiras adquiridas em cadernetas de poupança do
que em imóveis urbanos.
A maioria dos criadores do Município (40%) considera como importante a aquisição
de financiamentos externos para melhorar a produção bubalina leiteira, o que demonstra a
necessidade de investimentos no setor, diante do potencial de crescimento econômico, social e
político da atividade em Itacoatiara.
Tabela 3. Classificação (%) pelos produtores de bubalinos leiteiros quanto à importância de
outras fontes de rendas já existentes nas propriedades, compra de animais, compra de
terras, aumento no padrão de consumo, imóveis urbanos, caderneta de poupança e
financiamento externo.
Outras
fontes de
renda já
existente
s
Compr
a de
animais
Compr
a de
terras
Aument
o no
padrão
de
consumo
Imóveis
urbano
s
Cadernet
a de
poupança
Financiament
o externo
Quase sem
importância
20% 27% 30% 13% 27% 27% 27%
Pouco
importante
20% 20% 0% 0% 20% 13% 6%
Importante 30% 40% 20% 40% 30% 40% 40%
Muito
importante
30% 13% 50% 30% 13% 13% 20%
Extremament
e importante
0% 0% 0% 7% 10% 7% 7%
Total das
propriedades
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Verificou-se que, os bubalinocultores entrevistados pretendem, para os próximos 2
anos, aumentar a produção leiteira (40%), aumentar o rebanho (20%), melhorar o sistema de
produção (20%), melhorar o padrão genético (14%), reduzir o rebanho (7%), investir em
bovinos (7%) e melhorar a pastagem (7%) (Figura 24).
50
Esses resultados sugerem que os bubalinocultores de Itacoatiara estão dispostos a
desenvolver sistemas de criação mais adequados, que permitem a manifestação total do
potencial produtivo e genético da espécie. Com isso ocorrerá um alargamento das fronteiras
pecuárias do município, o que irá beneficiar as zonas favoráveis para o desenvolvimento da
atividade, criando a expectativa de suprir as necessidades de carne, leite e seus derivados
originários deste animal, no município. Além disso, e de interesse principalmente dos
laticínios, aumentarem as vendas para outros nichos, como Rio Preto da Eva e Manaus, entre
outros.
40
20 20
14
777
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
APL AR MSP MPG RR IGB MP
Propriedades (%)
Figura 24. Planos dos produtores de bubalinos leiteiros do município de Itacoatiara para os
próximos 2 anos na atividade agropecuária.
Nota: APL: aumentar produção leiteira; AR: aumentar rebanho; MSP: melhorar sistema de
produção; MPG: melhorar padrão genético; RR: reduzir rebanho; IGB: investir em gado branco;
MP: melhorar pastagem.
Desse modo, pode-se afirmar que a bubalinocultura leiteira está em fase de
crescimento em Itacoatiara, visto a disposição dos criadores em acreditar no potencial
produtivo da espécie, por procurarem investir, principalmente, através de financiamentos
externos, na aquisição de mais terras e novos animais.
Entretanto, há uma pequena parcela de produtores que está disposta a reduzir seus
rebanhos ou investir em bovinos. Acredita-se que este fato esteja relacionado principalmente a
falta de pastagens adequadas, à falta de área de várzea para alocação dos animais na época da
seca, à superlotação dos campos de várzea devido a não delimitação dessas áreas em piquetes
para pastejo rotacionado, à deficiente e quase inexistente assistência técnica e à pouca
experiência de manejo acumulada com bubalinos.
51
Além disso, para implantar melhorias no sistema produtivo nos próximos dois anos,
73% dos criadores pretende obter empréstimos e 27% desses usarão recursos próprios. Isso
demonstra que a disponibilização de crédito rural será extremamente importante para
tecnificar e desenvolver a atividade no município de Itacoatiara.
Ao analisar a atitude dos produtores, em relação à hipótese de um técnico lhe
recomendar a implantação de novas tecnologias, visando à melhoria da produtividade, visto
que a mesma já esta sendo utilizada por diversos produtores do município, a maioria deles
(53%) implantaria em suas propriedades, porém 40% procurariam entender antes de decidir e
apenas 7% deles não implantaria devido ao alto custo. (Figura 25).
Implantaria
53%
Procuraria
entender
antes de
decidir
40%
N
Figura 25. Atitude dos produtores quanto à recomendação de novas tecnologias por técnicos
agropecuários.
Através desses resultados pode-se inferir que a maioria dos bubalinocultores de
Itacoatiara estão dispostos a implantar novas tecnologias, sem apresentar muita resistência,
por acreditar na melhoria da sua produção e renda.
Essas tecnologias referem-se, principalmente, à implantação de programas de
melhoramento genético, auxiliados por técnicas de IA e transferência de embriões,
melhoramento de pastagens e da qualidade de produtos e derivados do leite, entre outras.
Essas tecnologias mostram-se como muito importantes, pois melhorarão as condições
zootécnicas do rebanho e aumentarão a produtividade e a renda dos criadores, tanto na
produção de carne como de leite e derivados.
Implantaria
53%
Não implantaria devido alto custo
7%
Procuraria entender
antes de decidir
40%
52
Segundo 87% dos produtores, o problema que mais compromete o crescimento da
bubalinocultura leiteira em Itacoatiara, refere-se à falta de pastagens (Figura 26),
principalmente no período seco (junho a novembro), uma vez que a maioria dos pastos
encontram-se degradados e necessitam de recuperação. Essa prática é considerada como
onerosa pelos criadores e, desse modo, necessita de atenção especial por parte dos órgãos de
fomento, pesquisa e assistência técnica.
Além disso, 7%, 13% e 40% dos criadores afirmam ser a falta de reprodutores de boa
genética, a falta de assistência técnica e a escassez de financiamento a juros baixos,
respectivamente, os principais entraves ao crescimento da bubalinocultura leiteira em
Itacoatiara (Figura 26).
87
40
13
7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Falta de
pastagem
Falta de
financiamento
Falta de
assistência
técnica
Falta de
reprodutores
com boa genética
Propriedades (%)
Figura 26. Problemas que comprometem o crescimento da bubalinocultura leiteira no
município de Itacoatiara a partir da percepção do produtor rural.
5.2 Variáveis quantitativas
5.2.1 Taxa de natalidade
Para cálculo da taxa de natalidade (TN) utilizou-se como base o ano anterior à data da
aplicação do questionário, fazendo-se referência às categorias de fêmeas produtivas e bezerros
nascidos, no ano que precedeu a pesquisa. O valor médio encontrado foi de 97,9±2,1%. Este
índice pode ser considerado alto e é superior aos resultados obtidos por Pereira et al. (1996),
que desenvolveram estudos nos estados do Pará e Rondônia e encontraram os respectivos
valores para essa variável, 88,6% e 87%.
53
A elevada TN obtida neste estudo pode estar relacionada ao fato dos rebanhos terem
mostrado excelentes índices reprodutivo, quando as búfalas apresentaram, no momento do
parto, boas reservas corporais (escore igual a 4,0).
5.2.2 Taxa de mortalidade
A taxa de mortalidade (TM), calculada utilizando-se como base de dados o ano
anterior à data da aplicação dos questionários, foi de 0,62±0,01%. Esse resultado, quando
comparado ao índice de natalidade e às condições de manejo empregadas na região, pode ser
considerado excelente. Entretanto, existe a necessidade de se tratar o assunto com atenção,
pois 33,3% e 46,6% dos estabelecimentos, respectivamente, registraram morte de pelo menos
um bezerro e um animal adulto. Os bezerros foram vitimas de verminoses e diarréias (viral e
bacteriana) e isso representou mortalidades médias de 1,27±1,98 animais por propriedade ano
(Figura 27). Já a morte dos animais adultos está relacionada, principalmente, à intoxicação
por plantas e esporadicamente, por problemas de consangüinidade e ataques de animais
peçonhentos (cobras). Em média, esses problemas causam a morte de 1,53±1,92 animais
adultos por ano em cada propriedade (Figura 27).
Além disso, verificou-se que, das fêmeas gestantes (média de 71,7
fêmeas/propriedade), 4,28% não pariram o que representa uma média de 3,07±7,04 animais
por propriedade (Figura 27). As causas relacionadas a este fato foram as mesmas citadas
anteriormente para a morte de animais adultos.
54
3,07
1,53
1,27
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Búfalas que não pariram Animais adultos que
morreram
Bezerros que morreram
Animais (%)
Figura 27. Número médio de búfalas que não pariram e animais adultos e bezerros que
morreram nas propriedades visitadas no município de Itacoatiara.
5.2.3 Taxa de crescimento do rebanho
A taxa de crescimento do rebanho (TCR) foi de 73,9±9,37%. Este valor alto está
relacionado, principalmente, ao fato dos criadores visitados trabalharem com
bubalinocultura leiteira e demonstra a vontade e a necessidade dos produtores de
aumentarem seus rebanhos.
5.2.4 Índice de desmame
O índice de desmame (ID) registrado foi de 98,6±2,4%, e pode ser considerado
altamente favorável ao produtor. Em 70% dos estabelecimentos, após o desmame, os
bezerros são transferidos para piquete diferente da mãe, a fim de evitar concorrência pelo
leite com o bezerro recém-nascido. Quando isto não é possível, o desmame é feito com
auxilio de processo mecânico, através do uso de anel plástico no septo nasal. Apesar disso,
esse manejo varia entre as propriedades e até mesmo numa mesma propriedade, pois
técnicas como desmames interrompido, temporários ou definitivos são adotados, visando o
aumento da eficiência reprodutiva.
55
5.2.5 Índice de fertilidade
O índice médio de fertilidade registrado nos estabelecimentos foi de 97,4±5,34%. Este
valor alto pode estar relacionado ao fato de que, mesmo em épocas de menor oferta de pasto,
os bubalinos não têm sua fertilidade tão abalada pela carência alimentar, como ocorre com os
outros animais (Baruselli, 1993).
Esse resultado demonstra a rusticidade (Fonseca, 1987; Moreira &Valentin 1994;
Vale, 2000) e a aclimatação do búfalo no ambiente Amazônico (Vale, 2002), além de destacar
o potencial da atividade, o que pode ser observado pela satisfação da maioria dos produtores
de Itacoatiara. Além disso, estudos mostram que a espécie, em boas condições de manejo,
pode ser produtiva durante o ano todo e com altos índices de fertilidade (Nascimento &
Moura-Carvalho, 1993), o que é muito importante para rebanhos leiteiros, por evitar a
estacionalidade da produção. Contudo, segundo Vale (1995), os efeitos diretos e indiretos das
variáveis climáticas incidem sobre o animal e provocam a redução dos índices produtivos,
produção e reprodução, devido às modificações, não somente do metabolismo animal, mas
também sobre os processos fisiológicos.
5.2.6 Produção de leite
São ordenhados, em média, 55,1 ± 37,9 animais por propriedade. A ordenha é feita em
93% dos estabelecimentos de forma manual e na presença dos bezerros (Figuras 28A e 28B).
Em 7% das propriedades a ordenha é mecânica e sem a presença do bezerro. Em todas as
propriedades os animais são ordenhados apenas uma vez ao dia e o aleitamento dos bezerros é
feito apenas durante o apojo do leite. Em 93% das propriedades, os bezerros são soltos junto a
suas mães, após a retirada do leite (Figura 28C).
A
B
C
A
B
C
Figura 28. Ordenha realizada manualmente (A); Búfalas sendo ordenhadas na presença dos
bezerros (B); Bezerros na presença da mãe durante o dia (C).
Foto: Alves, S.B. 2006.
56
Em 90% dos estabelecimentos, as búfalas lactantes são submetidas a uma limpeza
rápida através de mangueiras, com água potável, logo na chegada ao estábulo. Antes da
ordenha propriamente dita, todos os produtores higienizam o úbere das búfalas com água,
água clorada ou água contendo bactericida. Em seguida, coletam uma amostra do leite para
teste de mamite e, posteriormente, enxugam o úbere do animal com panos ou papel toalha
para proceder à ordenha. Todas essas táticas são usadas visando obter melhor conforto para os
animais, qualidade e higiene do leite.
Essas estratégias são importantíssimas para o sucesso da atividade, pois, segundo
diversos autores, é na qualidade do leite bubalino que realmente reside a maior vantagem
desse produto, pois o leite deste animal é mais concentrado do que o leite bovino,
apresentando menores quantidades de água e maiores teores de matéria seca (proteínas,
gorduras e minerais) (Carvalho & Hühn, 1979; Hüng et al., 1980; Hüng & Ferreiro, 1980).
Os utensílios utilizados para a ordenha dos animais são esterilizados em 88% dos
estabelecimentos e em 60% desses, os ordenhadores desinfetam as mãos com produtos
químicos antes de ordenhar cada animal. Em todas as propriedades o leite obtido é coado por
meio de coadores inoxidáveis, coadores plásticos ou pelo uso de tecidos de algodão e
acondicionado em vasilhame plástico apropriado. Antes do transporte para o laticínio o leite é
conservado por resfriamento ou mantido a temperatura ambiente em 30% e 70% dos
estabelecimentos, respectivamente (Figura29).
Em 40% das propriedades, por não haver acesso às estradas, o transporte do leite é
realizado por meio de canoas ou carroças até o ponto de coleta por veículos, seja nas margens
dos rios ou rodovias (Figura 29). Sob condições normais, o tempo médio estimado entre o
término da ordenha e o recolhimento pelo carro, tanto na beira do rio quanto na estrada, é de
trinta e cinco minutos, variando entre dez minutos e duas horas.
57
Figura 29. Acondicionamento e transporte do leite para os laticínios do município de
Itacoatiara. Foto: Alves, S.B. 2006.
As fêmeas em produção representam cerca de 60% das fêmeas adultas ou 70% das
paridas. A lactação teve duração de cinco, seis e oito meses em 13%, 74% e 13% das
propriedades, respectivamente (Figura 30). De Barros (2001), relata que na Índia e Paquistão
o período médio de lactação é de 9 e 13,3 meses, respectivamente, sendo estes valores
superiores aos encontrados nas propriedades do município Itacoatiara. Segundo Tonhati et al.
(2001), a produção de leite por animais em lactação varia, dentre outros fatores, de acordo
com o padrão genético, nutrição, manejo e a idade do animal.
5 meses
13%
8 meses
13%
6 meses
74%
Figura 30. Meses de desmame após o nascimento dos bezerros de bubalinos leiteiros no
município de Itacoatiara.
58
A produção média de leite nas propriedades de Itacoatiara foi de 217±137,7 litros/dia,
com uma produtividade média de 4,0±1,0 litros/animal/dia durante todo o ano e 736,1±193,4
litros, durante a fase de lactação (Tabela 4). Segundo relatos dos produtores, a partir da
segunda lactação, as búfalas passam a produzir mais leite, por ter sido o úbere já estimulado
pela primeira lactação, porém, de acordo com De Barros (2001), essa produção é reduzida, à
medida que o animal envelhece, pelo desgaste do próprio organismo. De acordo com Catillo
et al. (2002) a duração da lactação em búfalas é cerca de três vezes menor do que em búfalas,
o que pode ser explicado pela ausência de seleção da espécie bubalina para esta característica.
A comparação desses resultados por estádio da lactação com os obtidos por diferentes
autores torna-se difícil, pelas diferenças em dias, ao considerar o intervalo de início, meio e
final da lactação. Mesmo assim, resultados similares aos obtidos neste estudo (4,0±1,0
litros/animal/dia) foram encontrados por Catillo et al. (2002), que estudaram a produtividade
do leite bubalino na região de Goiânia e verificaram que o valor médio do volume produzido
por animal/dia foi de 4,05±0,92 litros. Durante o período seco (inverno), a produção foi de
3,43 litros/animal/dia e, nas águas (verão), 4,19 litros/animal/dia.
Produção de leite maior que a encontrada neste estudo (4,0±1,0 litros por animal dia)
foi relatada por Marques (1998) realizou estudos no estado do Pará – Brasil e verificou que as
búfalas produziram, em média, doze litros de leite por dia. De Barros (2001), em revisão
realizada em vários paises, entre eles a Índia, Itália, Paquistão, China e Irã, que apresentaram
produções médias de: 8; 11,25; 10; 16,5 e 15 litros diários por fêmea, respectivamente.
Quanto à produção de leite, durante toda a fase de lactação, Marques et al. (1991),
Marques (1998), Tonhati et al. (1999) e Tonhati et al. (2001) observaram médias de produção
no Brasil de 1.517,16±401,53 litros; 1.150 litros; 1.329,00±560,58 litros e 1.527,17±490,40
litros, respectivamente. No Egito, Khalil et al. (1992) mencionam média de 1.558 litros. Por
outro lado, no Paquistão, Babar et al. (1998) observaram médias superiores da ordem de
1.878,6±93.8 litros. Na Itália, De Franciscis & Di Pablo (1994) e Rosati & Van Vleck (1998)
relatam produções leiteiras maiores, correspondentes a 2.150 litros e 2.286,8 litros,
respectivamente, e na Índia, Khan & Akhtar (1992) registraram valores de 2.020 litros (690
litros a 3.591 litros).
Verifica-se que todos esses valores são superiores ao encontrado no presente estudo
(736,1±193,4 litros), o que demonstra o baixo nível tecnológico empregado pelos produtores,
principalmente no que se refere a alimentação (pastagens degradadas e de baixo valor
nutritivo) e genética, uma vez que a aclimatação do animal no ambiente amazônico é
59
considerada satisfatória. De acordo com Nascimento & Moura Carvalho (1993), o búfalo é
um animal bastante rústico e de fácil adaptação às mais diversas condições de ambiente, como
as climáticas, alimentares e de manejo. Por isso, acredita-se que pequenas inovações
tecnológicas e de manejo poderão representar aumentos consideráveis de produção e
produtividade para os criadores, visto o potencial produtivo da espécie para a região
Amazônica.
Além disso, quando se compara a produção bubalina leiteira de Itacoatiara com
produções superiores, principalmente da Itália, deve ser levado em consideração que neste
país o leite de búfalas é bastante valorizado para a produção de derivados, com ênfase à
mussarela e, portanto, esses animais foram selecionados para essa finalidade, diferente do que
ocorre no Brasil (Camarão et al., 1997; Marques, 1998).
Em relação ao consumo familiar diário, registrou-se média de 5,8±4,7 litros de leite,
que era consumido in natura ou através de derivados (queijo, manteiga e doce) (Tabela 4). Do
leite comercializável, 60% das propriedades comercializam de forma in natura, diretamente a
laticínios locais, à quantidade média de 175,8±120,8 litros por dia ou 63,3 mil litros ao ano,
por unidade produtiva (Tabela 4). Por outro lado, 40% dos produtores transformam o leite
bubalino principalmente em queijo, que é comercializado no mercado local, diretamente aos
consumidores ou para pequenos estabelecimentos comerciais (Tabela 4). Destes produtores,
20%, 20% e 60% produzem e comercializam queijo entre cinco e dez anos, mais de dez anos
e menos de cinco anos, respectivamente (Figura 31).
5 a 10 anos
20%
menos de 5
anos
60%
mais de 10
anos
20%
Figura 31. Tempo em que os produtores de bubalinos leiteiros do município de Itacoatiara
comercializam queijo.
60
Tabela 4. Características produtivas de bubalinos leiteiros no município de Itacoatiara.
Propriedades
Animais
ordenhados.dia
-1
Produção de
leite (l)
total.dia
-1
Produção média
de leite (l)
animais.dia
-1
Produção média leite
(l) animais.lactação
-1
Quantidade média de
leite (l) consumido na
propriedade.dia
-1
Quantidade
média de leite (l)
vendido.dia
-1
A 80 280 3,5 630 10 270
B 60 300 5 900 10 190
C 45 185 4,12 988,8 5 250
D 23 92 4 720 2 0 (Queijo)
E 100 450 4,5 810 2,5 0 (Queijo)
F 50 225 4,5 810 15 210
G 25 87,5 3,5 840 6 81,5
H 80 400 5 750 5 395
I 20 122 6,1 1.098 2 120
J 11 44 4 720 3 41
L 150 450 3 540 15 0 (Queijo)
M 38 171 4,5 810 5 0 (Queijo)
N 50 175 3,5 525 5 0 (Queijo)
O 80 240 3 540 2 0 (Queijo)
P 14 28 2 360 0 25
Média 55,1 217 4,0 736,1 5,8 175,8
Desvio
padrão
37,9 137,7 1,0 193,4 4,7 120,8
61
No município de Itacoatiara, se encontram em pleno funcionamento, três laticínios,
sendo todos de pequeno porte, apesar de um deles apresentar instalações mais adequadas, o
que disponibiliza melhores condições para beneficiamento e comercialização do leite e
derivados. Esses laticínios trabalham exclusivamente com leite de búfalos e além de
processarem sua própria produção, adquirem leite de outros produtores, a um preço médio de
R$1,00 (um real). A produção dos laticínios é baseada na transformação do leite em queijo
coalho e frescal, principalmente, além de doce e manteiga.
Os proprietários dos laticínios afirmam trabalhar exclusivamente com leite de
bubalinos, pelo fato do rendimento industrial deste produto ser superior ao do leite produzido
por bovinos. Isto é confirmado por diversos autores, que destacam a superioridade das
características fisico-quimicas e nutricionais do leite da búfala (elevado valor nutritivo, baixo
teor de colesterol, rico em cálcio, proteína, ferro, vitaminas, fósforo e potássio), o que permite
aumento no rendimento industrial, quando comparado ao leite bovino (Freire Filho, 1995;
Macedo et al., 2001; Silva et al., 2003). Vale (1999) também ressalta que a grande
importância do leite de búfala está no aproveitamento industrial, por proporcionar produtos
lácteos de qualidade inimitável ao leite bovino, como, por exemplo, mussarela e iogurte.
No município de Itacoatiara, os laticínios oferecem facilidades, como a captação do
leite na porta da fazenda ou na beira do rio, que serve para estimular os produtores a
trabalharem com a pecuária bubalina leiteira, em vista a aumentar a produção dos laticínios,
para atender a demanda de queijo, principalmente, que cresce a cada dia. Isso porque os
laticínios trabalham com quantidade de leite menor ou igual a 500 litros por dia, bem abaixo
da capacidade máxima, que varia de 1000 a 3000 litros diários.
Para a produção de 1 kg de queijo frescal e 1 kg de queijo coalho, são necessários, nos
laticínios de Itacoatiara, aproximadamente 4,5 e 7 litros de leite de búfala, respectivamente.
São produzidos, diariamente, em torno de 100 kg de queijo em cada laticínio, que é
comercializado principalmente nos mercados de Manaus e Rio Preto da Eva, além do
comercio local. Há perspectivas de aumento da produção em curto prazo, uma vez que os
produtos (queijo coalho e frescal) têm conquistado novos mercados, principalmente em
Manaus, que possui um grande mercado em potencial.
O processo de fabricação do queijo inicia-se pela higienização de todos os
equipamentos (Figura 32A), recebimento do leite e controle da quantidade de água, com
auxilio de lactodensímetro (Figura 32B). Funcionários capacitados realizam, primeiramente, a
pasteurização lenta do leite (Figura 32B), que tem por objetivo, entre outros, destruir bactérias
62
patogênicas e consiste no aquecimento da matéria-prima a 65°C, por 35 minutos, seguido de
resfriamento a 32°C. Posteriormente é retirada parte da gordura do leite para produção de
manteiga e, mantendo-se o produto a temperatura de 40 ºC é adicionado ácido lático, cloreto
de cálcio e coalho. Em seguida, são realizados cortes verticais e horizontais na coalhada para
eliminação do soro, obtendo-se o queijo, que é embalado e acondicionado em freezer, até
posterior comercialização (Figura 33).
A
C
B
A
C
B
Figura 32. Equipamentos usados para fabricação de queijos (A); Aparelho para medir a
quantidade de água presente no leite (lactodensímetro) (B); Processo de
pasteurização do leite (C). Foto: Alves, S.B. 2006.
Figura 33. Embalagem e acondicionamento do queijo em freezer até posterior
comercialização. Foto: Alves, S.B. 2006.
Neste sentido, o desenvolvimento da atividade bubalina leiteira no município de
Itacoatiara proporciona uma série de vantagens ao pequeno produtor, principalmente por se
ajustar aos sistemas de produção de fronteira agrícola, valorizando o rebanho, mesmo não
especializado. Entretanto, há a necessidade de se disponibilizar incentivos governamentais aos
pequenos laticínios, através de programas tecnológicos e organizacionais, visando contribuir
para a garantia e melhoria da qualidade dos produtos, valorizando as vantagens comparativas
de cada local, em beneficio de todos os atores da cadeia produtiva.
63
6 CONCLUSÕES
De maneira geral, o perfil da bubalinocultura leiteira observado em algumas
propriedades no município de Itacoatiara se caracteriza por um sistema de criação rústico,
sem muito investimento em infra-estrutura, pouco uso de tecnologias, manejo alimentar em
função das características pluviométricas e geográficas da região e carência na assistência
técnica, culminando em baixa produtividade leiteira por animal;
Melhor desempenho produtivo foi observado nas propriedades que apresentavam
sistema de criação assistido por recurso humano qualificado, infra-estrutura adequada a
aplicação de novas tecnologias e manejo sanitário e alimentar controlado;
Quantos aos aspectos sanitários, os principais problemas que acometem o rebanho são
verminoses, diarréias, tuberculose e intoxicação por plantas;
O sistema reprodutivo mais adotado é o de monta natural, sendo a inseminação
artificial usada nas propriedades mais estruturadas e num pequeno percentual do rebanho. Boa
eficiência reprodutiva foi observada através do intervalo entre partos e cio pós-parto
satisfatórios, garantindo um bezerro ao ano, em média;
Os índices das variáveis quantitativas foram satisfatórios, no que se refere à
aclimatação da espécie ao ambiente amazônico, todavia, a produtividade média de leite tem
sido baixa, impossibilitando que a bubalinocultura leiteria se auto sustente no município de
Itacoatiara, havendo necessidade de uma política de incentivo, pelas autoridades regionais,
que viabilize a implantação de um sistema produtivo sustentável para a região.
A demanda pela bubalinocultura no município de Itacoatiara é crescente, entretanto, há
necessidade da implantação de mais tecnologias no sistema de criação de bubalinos leiteiros
sob supervisão técnica, para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos e
subprodutos comercializados na região. Da mesma forma, a implementação de novos estudos
científicos quanto aos aspectos produtivos e reprodutivos dos búfalos leiteiros no estado do
Amazonas, por pesquisadores locais, é imprescindível e urgente para que se possam
desenvolver métodos explorativos compatíveis com o desenvolvimento sustentável da região.
64
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aguiar, A. Manejo de Pastagens. Guaíba: Ed. Agropecuária, 1998.
Almeida, M. O. L. 1994. O Búfalo: Situação Mundial. In: O Búfalo e sua rentabilidade.
Guaíba: Agropecuária, p.11-15.
Babar, M. E.; Ahmad, T.; Zia Ul Hasan. Environmental factors affecting 305-day milk yield
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73
8 APÊNDICE
QUESTIONÁRIO
PERFIL DA PRODUÇÃO LEITEIRA DE BUBALINOS EM ALGUMAS PROPRIEDADES DO
MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AMAZONAS.
1 – INFORMAÇÕES GERAIS
Propriedade:
Proprietário:
Distância de Manaus:
Condições de acesso:
Comunicação:
Município: Localidade:
2 – SISTEMA DE CRIAÇÃO
( ) Várzea área: __________________ ( ) Terra Firme área: ____________________
Área total da propriedade (ha):_____________________
Tipo de Produção: ( ) Leite ( ) Queijo ( ) Carne ( ) ambos
Tipo de atividade: ( ) Primária ( )Secundária Qual?_________________________________
- Quando tempo cria búfalos?
( ) menos de 1 ano ( ) até 5 anos ( ) até 10 anos ( ) acima de 10 anos
- Tipo de criação: ( ) intensiva ( ) semi-intensiva ( )extensiva
- Número total de animais na propriedade? ______________
Número de fêmeas? ________________ Número de machos?____________
– Categorias de animais por etapa de produção: ( ) não há divisão
Nº de Touros/reprodutores? ___________________
Nº de fêmeas em lactação? ________ Gestantes? _______ Não gestantes? _________
Nº de novilhas? __________________
Nº de garrote? ____________
Nº de bezerros? _________________ Nº de bezerras? ____________________
- Raças existentes: ( ) Murrah ( ) Mediterrânea ( ) Jafarabadi ( ) Carabao ( ) Mestiços
- Controle da criação:
- Identificação dos animais: ( ) brinco ( ) tatuagem ( ) não há
- Anotações: ( ) caderneta ( ) papel avulso ( ) computador ( ) não
- Os animais são registrados? ( ) Sim ( ) Não Tipo de registro: ______________________________________
74
2.2 – Estrutura física da propriedade:
Existência Condição
Sede
Curral
Bezerreiro
Maternidade
Depósito
Açude
Bebedouros
Comedouro
Existência Sim (S) Não ( N) Condição: Bom (1) Razoável (2) Ruim (3)
2.2.2- Equipamentos utilizados no sistema leiteiro:
2.2.3- Mão de obra:
Quantidade de empregados? _____________ Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Semi-analfabeto ( ) Outros _____________
- Fatores limitantes para aquisição de mão de obra: ____________________________________________________________
3- MANEJO ALIMENTAR
Tipo de alimentação: ( ) Pastagem nativa (ha) _____________________________________________ Área:_____________
( ) Pastagem cultivada _____________________ Área:_________________
( ) Capineira _____________________________ Área:______________________________
( ) Silagem ______________________________ Nº ______________________________
( ) Suplemento alimentar ________________________________________ Qtde/animal__________
( ) Sal mineral _________________________________________________
( ) Sal grosso __________________________________________________
Capacidade de suporte (UA/ha)? ____________________________
3.1 – Manejo das pastagens (Sim ou Não):
Adubação Química? _______ Adubação Orgânica? ______ Controle de ervas? ______
Controle de pragas? _______ Faz replantio? ________ Nº. de piquetes? _______
Faz rodízio de pastagens? __________ Tempo de uso? _________ de descanso? ________
Pastagens consorciadas? _________________ Quais espécies? __________________
Utiliza sistema silvopastoril? _______________ Quais espécies? ___________________
4- MANEJO SANITÁRIO
75
Vacina seu rebanho? SIM ( ) NÃO ( ) Onde adquire a vacina? _____________________________
( )Febre aftosa
( ) Brucelose
( ) Leptospirose
( ) Raiva
( ) Outras________________________________________________
Possui assessoria técnica para vacinação? ____ ( ) Veterinário ( ) Técnico agrícola ( ) Outros
Vermifuga seu rebanho? SIM ( ) NÃO ( ) Em que período? __________________
- Borrifa (pulveriza) contra parasitas da pele ? SIM ( ) NÃO ( ) Em que período?_________________
Faz teste de Tuberculina? Sim ( ) Não ( ) Em que período? __________________
Quais as doenças que ocorrem no rebanho? (mastite)
Quais as doenças que acomete bezerros?
Ocorrência de intoxicação por plantas? Quais espécies? ____________
5- MANEJO REPRODUTIVO
5.1 – Tipo de reprodução: ( ) Monta natura ( ) Monta controlada ( ) Inseminação artificial ( ) Outros ______________
Tipo de manejo do touro? ___________________________________
Inseminação artificial:
Número de fêmeas ______________________ Nº de rufião_____________
Inseminador/idade? _____________________________ Treinado onde? ________________________________
- Animais Inseminados no Ano anterior: __________________
Búfalas gestantes? _______________________ %
Búfalas paridas? _________________________ %
Bezerros mortos após o nascimento? _____________________ %
Abortos? _____________________ %
Retenção de placenta? _________________________ %
Manejo do Rufião:_____________________________________________________________________________________
Controle do Cio:_______________________________________________________________________________________
- Búfalas que não pariu (%)
Neste ano?______________ Ano passado? ___________ A 2 anos? ___________ A 3 anos? ___________
- Época do ano para parições e para proceder a desmama? __________________________
- Condições corporais no parto:
Muito magra ( )
Magra ( )
Gorda ( )
Muito gorda ( )
- Intervalo de cio pós o parto ? __________________________ (dias/meses)
- Intervalo entre partos? ________________________________ (meses)
76
5.2 – Assistência Veterinária
- Contínua (Visitas __________________________ por mês)
- Eventual (Visitas __________________________ por ano)
- Nunca ( )
- Feita por vaqueiros? ( )
6- INDICADORES DE PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE
6.1 taxa de natalidade e mortalidade (ver anotações zootécnicas da propriedade)
ANO:
Número de animais gestantes:
Números de animais nascidos:
Números de bezerros mortos:
6.2- Produção de leite:
- Ordenha mecânica ou manual? _______________________________
- Quantos animais são ordenhados manualmente? _________________________________
- Faz pasteurização ou fervura na propriedade? ___________________________________
- Quantos animais são ordenhados diariamente? _______________________
- Com que freqüência? _________________________________
- Produção média/fêmea/ano? ______________________________
- Média Leite/kg/dia/fêmea? ___________________________ ou mês? _______________
- Bezerros/ano? ____________________________________
- Quanto do leite total é usado para o consumo da família? _____________________
- Quanto é vendido? ______________________________
- A quantos anos vende leite? ______________________
- Para quem vende? _______________________________
- Entrega na propriedade ou no laticínio? ___________________________
- Vende outros subprodutos do leite? ____________________ a quanto tempo?________
-Quais?___________________________________________________________
Tem financiamento? __________ Em que investe? ______________________________
07- INVESTIMENTOS E ENTRAVES NA PRODUÇÃO
Outras fontes de renda já existentes ( ) 1- quase sem importância
Compra de animais ( ) 2- pouco importante
Compra de terra ( ) 3- importante
Aumento no padrão de consumo ( ) 4- muito importante
Imóveis urbanos ( ) 5- extremamente importante
Caderneta de poupança ( )
Financiamento externo ( )
77
- Quais são os seus planos para os próximos dois anos no ramo da bubalinocultura?
- Pretende adquirir empréstimo ou através de recursos próprios?
- Qual seria sua atitude se um técnico lhe recomendasse a utilização de uma tecnologia, que melhoraria muito a sua
produtividade, e que já esta sendo usada por produtores da região?
Não aceitaria ( )
Implantaria ( )
Procuraria entendê-la antes de decidir? ( )
Ficaria curioso, mais não usaria? ( )
Toda inovação é cara e não teria como pagar por ela? ( )
- Quais são os problemas (se existem) que mais comprometem o crescimento da bubalinocultura leiteira na propriedade?
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