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Universidade Estadual de Maringá
Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CSA
Programa de Pós-Graduação Em Economia
FRED WILLIAM GUIMARÃES
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRÃO ECONÔMICA
NO ESTADO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 1996 A 2007.
Maringá
2008
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Universidade Estadual de Maringá
Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CSA
Programa de Pós-Graduação Em Economia
FRED WILLIAM GUIMARÃES
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO ECONÔMICA
NO ESTADO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 1996 A 2007.
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da Universidade
Estadual de Maringá como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Economia.
Orientador. Prof. Dr. Annio Carlos de Campos.
Área de Concentração: Economia Regional.
Maringá
2008
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iii
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, agradeço a Deus por me proporcionar a saúde e a vida, constituindo-me
desta forma, a oportunidade para concluir o mestrado, em que pese todas as dificuldades
enfrentadas. Aos meus pais Humberto e Mara, aos quais, expresso todo o meu afeto. As
minhas irmãs Giane, Liliane e Suely (in Memorian).
A minha esposa Gleycilene que soube ter paciência em um momento muito difícil de
minha vida, no qual muitas vezes me ausentei do papel de esposo para dedicar-me ao papel de
estudante. Aos meus filhos Matheus, Guilherme e Eloísa, a quem dedico todos os meus
esforços.
Aos professores e colaboradores do Mestrado em Economia da UEM pelos ótimos
momentos que tivemos e pelas excelentes aulas.
Em especial ao meu orientador Prof. Dr. Annio Carlos de Campos pela atenção
dispensada a mim durante todo o período de elaboração deste trabalho. Aos Professores Dra.
Márcia Istake e Dr. Jaime Trintin pelo apoio e material disponibilizado, sem os quais não
seria possível a realização dos trabalhos.
Por fim, agradeço aos meus companheiros de mestrado pela amizade e
companheirismo, agradeço a todos que me proporcionaram a realizão de um grande sonho.
iv
GUIMARÃES, Fred William. Concentração e Desconcentração Econômica no Estado de
São Paulo no período de 1996 a 2007. 2008. 107 f. Dissertação (Mestrado em Economia)
Universidade Estadual de Maringá, 2008
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo interpretar a inserção regional enquanto uma estrutura
organizacional envolvida pelo espaço, delimitada por eventos econômicos e suas relações
com o território, haja vista a dinâmica dos movimentos de localizações desenvolvidos pelos
grandes grupos internacionais. Procura-se enfatizar as mudanças advindas dos novos
ambientes econômicos que fizeram surgir uma nova hierarquia urbana, fruto das
deseconomias de escala e externalidades, contradições estas que, deram origem a movimentos
de desconcentração no espo. As influências recíprocas do ambiente regional impõem um
desafio transformador para a região, pelas novas formas de inovação organizacional,
tecnológica e produtiva oriundas do novo paradigma tecnológico. Adicionalmente, procura-se
analisar o movimento recente ocorrido no espaço econômico de São Paulo relacionado à
concentração e desconcentração produtiva na indústria de transformação no período de 1996 a
2007. Para obter os resultados, utiliza-se da análise setorial segundo as grandes regiões
brasileiras e Estado de São Paulo, através dos dados relacionados a distribuição do produto
interno bruto e valor da transformão industrial, assim como estatísticas de comércio exterior
por fator agregado e por categorias de uso referentes ao Estado de São Paulo, Sudeste (exc.
SP) e Brasil (exc. Sudeste). Conclui-se que a desconcentração produtiva verificada no espaço
paulista no período recente, está diretamente relacionada com as mudanças impostas pela
passagem do modo de produção fordista para o modelo de especialização flexível, e que estas
transformações alteram as participações relativas dos setores de Serviços e da Indústria, pela
natureza encadeada dos seus processos e pela influência exercida pelo processo de
globalização na atividade produtiva.
Palavras Chaves: Globalização. Economias e deseconomias de aglomeração.
Concentração e desconcentração industrial. Indústria Paulista.
v
Abstract
This paper aims to interpret the regional integration as an organizational structure involved for
space, bounded by economic events and their relations with the territory, due to dynamic
movements of sites developed by major international groups. They seek to emphasize the
changes stemming from new economic environments that have created a new urban hierarchy,
result in part of diseconomies of scale and externalities, these contradictions that have led to
movements of devolution in space. The reciprocal influences of the regional environment
imposed a challenge for the region processor, the new forms of organizational innovation,
technological and productive from the new technological paradigm. Additionally, seeks to
examine the recent movement occurred in the area of Sao Paulo related to merger and the
devolution productive in the processing industry from 1996 to 2007. To obtain the results
shall be used in the sectoral analysis of major regions and Brazilian state of Sao Paulo,
through the distribution of data related to gross domestic product and value of industrial
processing, as well as statistics on foreign trade by categories of household and factor use for
the State of Sao Paulo, Southeast (excl. São Paulo) and Brazil (excl. Southeast). It follows
that the devolution productive found in space Paulista in recent period is directly related to the
changes imposed by the passage of the Fordist mode of production for the model of flexible
specialization, and that these transformations affect the shares on the sectors of services and
Industry, chained by the nature of its processes and the influence of the globalization process
in productive activity.
Key-words: Globalization. Agglomeration economies and diseconomies of.
Concentration and industrial devolution. Paulista Industry.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Mapa do Estado de o Paulo, Distribuição do PIB por Microrregiões Ano:
1996.........................................................................................................................................58
Figura 2 Mapa do Estado de o Paulo, Distribuição do PIB por Microrregiões Ano:
2002.........................................................................................................................................58
Figura 3 Mapa do Estado de o Paulo, Distribuição do PIB por Microrregiões Ano:
2005.........................................................................................................................................59
Figura 4 Coeficientes de Exportação da Indústria no Brasil, Sudeste e Estado de São
Paulo, em % por categoria de uso no período de 1999-2005.............................................71
Figura 5 Coeficientes de Importação da Indústria no Brasil, Sudeste e São Paulo, em %
por categoria de uso no período de 1999-2005...................................................................75
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 A importância dos fatores de localização a nível nacional e regional por tipo de
atividade produtiva................................................................................................................18
Tabela 4 Valor da Transformação Industrial, em % por grandes regiões e Estados da
Federação selecionados no período de 1996-2006...............................................................65
Tabela 5 Indústria de Transformação do Estado de São Paulo segundo VTI em Setores
selecionados para o período de 1996/2004...........................................................................66
Tabela 6 Estrutura Produtiva da Indústria de Transformação de São Paulo, em %
segundo VTI em anos selecionados 1998/2004..................................................................66
Tabela 7 Exportações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em relação
ao Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por categoria de uso no
período de 1999-2007.............................................................................................................72
Tabela 8 Importações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em relação
ao Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por categoria de uso no
período de 1999-2007.............................................................................................................74
Tabela 9 Exportações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em relação
ao Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por fator agregado no período
de 1996-2007...........................................................................................................................77
Tabela 10 Importações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em
relação ao Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por fator agregado no
período de 1996-2007.............................................................................................................80
Tabela 11 Exportações do Estado de São Paulo segundo Setores Industriais por
Intensidade Tecnológica, em % no período de 1999-2007.................................................83
Tabela 12 Participação relativa das Exportações de São Paulo em relação ao Brasil (exc.
SP), em % no período de 1999-2007.....................................................................................84
Tabela 13 Exportações do Brasil (exc. SP) segundo Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica, em % no período de 1999-2007......................................................................85
Tabela 14 Setores que mais receberam investimentos do BNDES no Brasil relacionados
à Indústria de Transformação no período de 1998-2007. (em US$ milhões correntes)...89
Tabela 15 Investimento Estrangeiro Direto segundo atividades econômicas de aplicação
dos recursos............................................................................................................................90
viii
Tabela 2 Distribuição relativa do PIB brasileiro, em % por grandes regiões e Estados
selecionados no período de 1996-2005................................................................................104
Tabela 3 Distribuição relativa do PIB paulista, em % por Mesorregiões no período de
1996-2005..............................................................................................................................105
Tabela 7.1 Exportações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por categoria de
uso no período de 1999-2007...............................................................................................106
Tabela 8.1 Importações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por categoria de
uso no período de 1999-2007...............................................................................................106
Tabela 9.1 Exportações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por fator
agregado no período de 1996-2007.....................................................................................106
Tabela 10.1 Importações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por fator
agregado no período de 1996-2007.....................................................................................107
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Distribuição relativa do PIB brasileiro, em % por regiões no período de 1996-
2005..........................................................................................................................................53
Gráfico 2 Distribuição relativa do PIB de Serviços, em % por regiões do Brasil no
período de 1996-2005..............................................................................................................55
Gráfico 3 Distribuição relativa do PIB da Agropecuária, em % por regiões do Brasil no
período de 1996-2005..............................................................................................................56
Gráfico 4 Distribuição relativa do PIB da Indústria, em % por regiões do Brasil no
período de 1996-2005..............................................................................................................56
Gráfico 5 Distribuição do PIB Industrial paulista nas principais Mesorregiões, em % no
período de 1996-2005..............................................................................................................61
Gráfico 6 Valor da Transformação Industrial, em % por grandes regiões no período de
1996-2006.................................................................................................................................64
Gráfico 7 Taxa média de crescimento das exportações por categoria de uso, em % no
período de 2000-2007.............................................................................................................70
Gráfico 8 Taxa média de crescimento anual das Importações por categoria de uso, em %
no período de 2000-2007.........................................................................................................73
Gráfico 9 Taxa média de crescimento anual das Exportações por fator agregado, em %
no período de 2000-2007.........................................................................................................78
Gráfico 10 Taxa média de crescimento anual das Importações, em % por fator agregado
no período de 2000-2007.........................................................................................................81
Gráfico 11 Exportações do Estado de São Paulo nos Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica, em % no período de 1999-2007.......................................................................82
Gráfico 12 Exportações do Brasil (exc. SP) nos Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica, em % no período de 1999-2007.......................................................................84
Gráfico 13 Desembolsos anuais do Sistema BNDES, em US$ milhões correntes, no
período de 1998-2007: Brasil (exc. Sudeste), Sudeste (exc. SP) e Estado de São Paulo.. 88
Gráfico 14 Setores que mais receberam investimentos do BNDES no Brasil segundo a
Indústria de Transformação no período de 1998-2007. (em US$ milhões correntes)......88
Gráfico 15 Investimentos Estrangeiros Diretos: Distribuição por atividade econômica de
aplicação dos recursos no Brasil no período de 2000 a 2007...............................................89
x
SURIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................................12
2. A NOVA HIERARQUIA URBANA E OS MOVIMENTOS DE DESCENTRALIZAÇÕES ..15
2.1. OPORTUNIDADES DE INTEGRAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ECONOMIAS DE
ESCALA .....................................................................................................................................15
2.2. A INFLUÊNCIA DOS FATORES LOCACIONAIS NAS DECISÕES DE LOCALIZAÇÃO 17
2.3. OS NOVOS AMBIENTES ECONÔMICOS E OS LIMITES À CONCENTRAÇÃO ............20
2.4. NOVA HIERARQUIA URBANA GERADA PELA MUDANÇA NOS AMBIENTES
ECONÔMICOS...........................................................................................................................22
3. REGIÃO ENQUANTO SISTEMA E O PAPEL DA GOVERNANÇA NA BUSCA POR
NOVAS CAPACITAÇÕES............................................................................................................25
3.1. O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO E A BUSCA POR NOVAS OPORTUNIDADES .....25
3.2. A INTERDEPENDÊNCIA DAS REGIÕES NO ÂMBITO DAS ESFERAS
ORGANIZACIONAIS.................................................................................................................27
3.3. PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA ................................................................................29
3.4. TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL......32
4. CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO DA ECONOMIA SOBRE A LIDERANÇA
DO ESTADO DE SÃO PAULO: ASPECTOS TEÓRICOS E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DE
SUA SUPREMACIA.......................................................................................................................38
4.2. O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DE SÃO PAULO NO CONTEXTO
BRASILEIRO..............................................................................................................................41
4.3. A INTEGRAÇÃO DA ECONOMIA PAULISTA FRENTE AOS DESAFIOS DA
GLOBALIZAÇÃO ......................................................................................................................45
4.4. A ECONOMIA PAULISTA NO CENTRO DA DINÂMICA DE DESENVOLVIMENTO
INTERNO ...................................................................................................................................50
4.5 O MOVIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA E DA ECONOMIA PAULISTA SOBRE A
ÓTICA DA DISTRIBUIÇÃO DO PIB E DO VTI, SEGUNDO GRANDES REGIÕES NO
PERÍODO DE 1996 a 2005..........................................................................................................53
4.6. A ECONOMIA PAULISTA: AJUSTE INTERNO E DINÂMICA VOLTADA PARA AS
EXPORTAÇÕES DE BENS COM ELEVADO CONTEÚDO TECNOLÓGICO .........................69
xi
5. CONCLUSÃO.............................................................................................................................94
6. BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................................97
7. ANEXOS...................................................................................................................................104
12
1. INTRODUÇÃO
O processo de globalização afigura-se como um movimento que provoca mudanças de
comportamento por parte dos agentes, principalmente ao exigir novos atributos de
conhecimento. Da mesma forma, as reges foram sendo influenciadas pela natureza dos
movimentos de recursos financeiros que, ao priorizar certos locais devido as suas
capacitações, exigiu mudanças de comportamento das regiões em relação ao desenvolvimento
social e econômico.
Da mesma maneira, o desenvolvimento de novas tecnologias por meio dos processos
de inovações provocou mudanças gradativas na organização do espaço para novas formas de
configuração, dos mercados e das firmas, o que passou a exigir o desenvolvimento de
especificidades inerentes a cada grupo.
Outras mudanças relacionadas às características do ambiente local e sua dimensão,
suas especializações produtivas, a qualificação da força de trabalho e o potencial de
transformação representado pelo grau de inovações podem ser destacadas, pois, alteram as
posições assumidas pelas localidades no espaço, em virtude do impacto da força da
globalizão.
Dentro deste contexto, o objetivo geral do trabalho é buscar evidências para interpretar
a natureza do processo de desconcentração industrial no terririo paulista, especialmente no
período recente.
Como objetivos específicos buscam-se:
Distinguir como se processa a formação do espaço econômico brasileiro no contexto
capitalista.
Relacionar o movimento da globalização com o aumento das necessidades por parte
das regiões em se especializar e ressaltar as causas do aumento no grau de
interdependência entre os espaços econômicos.
Identificar os fatores locacionais que impactam nas localidades em função de suas
especializações.
Analisar a participação Estatal na articulação, constituição e unificação dos alicerces
da infra-estrutura produtiva brasileira.
13
Detectar como essa construção se processou sob o comando do Estado em setores de
elevada demanda.
Evidenciar as relações entre o centro e a periferia no Brasil, enfatizando o processo de
integração do mercado brasileiro, sua interdependência e graus de complementaridade.
Analisar o processo de desconcentração econômica no espaço paulista, enfatizando a
natureza do processo de desconcentração da RMSP
1
.
Verificar em que direção foi à desconcentração produtiva do Estado de o Paulo,
indicando quais setores permanecem concentrados em São Paulo.
Definir qual a orientação econômica atual do Estado de São Paulo, no sentido de
composição de sua base produtiva e de seu direcionamento para o mercado externo.
Para alcançar tais objetivos, realiza-se uma análise do movimento de concentração e
desconcentração da indústria paulista. Utiliza-se, para isso, parte do arcabouço teórico
existente para melhor demonstrar como se verificou as influências recíprocas das variáveis
econômicas sobre suas regiões nos últimos anos, como se consolidou a formação do seu
espaço, sua industrialização, sua integração frente ao processo de globalização, realizando
uma análise da conformação e desenvolvimento de suas bases produtivas sob os auspícios da
formação da economia e do complexo cafeeiro brasileiro.
A justificativa deste estudo se baseia em três argumentos: Inicialmente pelo fato da
economia paulista estar à frente das fases de industrializão restringida e pesada, onde se
formaram as principais estruturas produtivas da nação. Em segundo lugar, por se constituir em
um espo de liderança e de inversões significativas para outras regiões, estando à evolução
dos outros espaços condicionada ao seu processo de desenvolvimento. Por fim, mesmo com a
implantação dos planos de desenvolvimento econômico da década de 70 do século XX que
previam uma descentralização dos investimentos produtivos no Brasil, São Paulo não deixou
de participar ativamente das decisões e empreendimentos em outros espaços, em parte, por
sua acumulação pré-existente e na medida em que se constitui em um centro por excelência
em matéria de tecnologia e educação.
Além disso, a unidade federativa de São Paulo tende a possuir o mais avançado parque
tecnológico do país e suas indústrias, embora concentrando uma parte progressivamente
menor da participação relativa brasileira, reúnem capacidade de interagir sobre outros espaços
1
Região Metropolitana de São Paulo.
14
através da introdução de pesquisas e da liderança do maior centro metropolitano da América
Latina.
Para se alcançar os resultados esperados, utilizam-se da análise setorial e de dados
relativos ao produto interno bruto e outros relacionados às exportações em três regiões
distintas: Brasil (exc. Sudeste), Sudeste (exc. SP) e no Estado de São Paulo. A divisão
espacial utilizada tem como argumento principal o fato de que se busca isolar os dados
pertinentes ao Estado paulista com o objetivo de contrapô-los aos outros espaços e verificar a
evolução e sua trajetória, segundo as categorias de uso e por fator agregado. Os dados das
exportações são utilizados como forma de se mensurar os níveis de especializações de cada
espaço, dada à tendência e viés exportador da economia brasileira nos últimos tempos e
incapacidade da demanda interna em absorver níveis adequados da produção.
Adicionalmente, procura-se com a utilização desses dados preencher, de alguma forma, a
lacuna existente de não existência de Estatísticas mais recentes que forneçam o nível de
participação de cada espaço regional no comércio inter-regional e intra-regional.
Por último, utiliza-se de dados relativos ao valor da transformação industrial dos
principais setores da economia paulista, assim como dados relacionados ao comércio exterior
por intensidade tecnológica relativos às exportações de produtos do território nacional e do
Estado de São Paulo.
Para cumprir seus objetivos, este trabalho encontra-se estruturado em três capítulos,
além desta introdução e da conclusão. O primeiro capítulo procura explicar que o movimento
de concentração industrial originado a partir do surgimento de oportunidades de integração e
aproveitamento das economias de escala e, em função da exisncia de fatores locacionais
favoráveis tem um limite. O segundo capítulo tem como objetivo realizar uma abordagem da
região enquanto espaço-sujeito às influências recíprocas, que necessita de uma esfera
organizacional que indique as prioridades a serem seguidas. O terceiro capítulo tem como
objetivo analisar o movimento de concentração e desconcentração espacial do Estado de São
Paulo em relação à indústria de transformação brasileira através da análise dos indicadores de
comércio exterior das regiões brasileiras.
15
2. A NOVA HIERARQUIA URBANA E OS MOVIMENTOS DE
DESCENTRALIZAÇÕES
O objetivo deste capítulo é explicar que o movimento de concentração industrial
originado a partir do surgimento de oportunidades de integração e aproveitamento das
economias de escala e em função da exisncia de fatores locacionais favoráveis tem um
limite. Este por sua vez, surge no momento em que se verificam contradições no
funcionamento interno e externo da economia, no surgimento de externalidades, o que
provoca um movimento de descentralizações dos atores econômicos em busca de novos
ambientes e faz surgir uma nova hierarquia urbana.
2.1. OPORTUNIDADES DE INTEGRAÇÃO E APROVEITAMENTO DE
ECONOMIAS DE ESCALA
A evolução do sistema capitalista, a partir do desenvolvimento do regime fordista de
produção deu-se na conformação e sustentação de uma estratégia que tendeu a favorecer a
esfera nacional, em detrimento de outras subdivisões (DIAS e SILVA NETO, 2004).
Essa tática constituía-se na base de sustentação do sistema, era alicerçada pelo Estado,
pelo capital corporativo e pelo trabalho organizado (DIAS e SILVA NETO, 2004) e favorecia
a integração econômica e o aproveitamento de economias de escala, que, as mudanças
tecnológicas e organizacionais atuavam de forma a moldar os espaços regionais, criando
certas características inerentes às regiões e compatíveis às economias nacionais, propiciando
benefícios diversos
2
e distintos advindos dos processos de aglomeração.
As imperfeições do mercado também atuavam da mesma forma, no sentido de integrar
os espaços, provocando aumentos nos fluxos comerciais atras da internacionalização das
competências (GONÇALVES, 2002).
2
Estas economias beneficiam as empresas, em conseqüência dos aumentos de produtividade proporcionados.
Sua origem do ponto de vista da empresa é externa. Do ponto de vista do aglomerado é interna. Sua existência
tem o caráter de reduzir custos de insumos, de mão-de-obra, de difusão de novas tecnologias e de acesso ao
mercado. Estas atividades podem ser da mesma natureza ou pertencerem a uma cadeia produtiva, ou seja, a
uma indústria. Mas em geral tem uma razão de ser além da justificação de estar localizada em um grande
centro (ALVES, 1999). Além do mais, as empresas buscam a minimização dos custos através de uma estrutura
que caracteriza o comportamento ideal, onde as oportunidades geram os incentivos necessários a atuação
diferenciada (PONDÉ, 2002).
16
Dentro desta ótica, a concentração econômica, fenômeno impcito no pensamento
econômico
3
atuava no sentido de favorecer as aglomerações dos processos produtivos, se
constituindo em um padrão de interações espaciais que não favorecia uma estratégia mais
globalizada (DIAS e SILVA NETO, 2004).
A natureza desse processo evoluiu com o tempo, assim como, a necessidade de
acumular capital, com a formação de grandes grupos internacionais que passaram a
monopolizar mercados, a abrir novos canais de comercialização e a exigir que as barreiras
protecionistas fossem reduzidas (DIAS e SILVA NETO, 2004).
O resultado em termos de sustentação das bases fordistas de produção pode ser
entendido como um conflito de interesses que passa a existir entre os dois principais elos de
sustentação do sistema: de um lado, os grandes grupos internacionais que difundiram sua
produção e aproveitaram-se dos diferenciais de regulão dos territórios para expandir suas
operações e auferir lucros superiores e, por outro lado, o Estado que mantinha suas bases de
sustentação através das barreiras impostas ao comércio e ao fortalecimento do padrão
centro/periferia (DIAS e SILVA NETO, 2004).
Esta incompatibilidade colocava em cheque os elementos reguladores da economia,
principalmente a partir da queda vertiginosa das taxas de crescimento das nações, o que
ratificava o movimento neoliberal difundido pelo mundo.
Particularmente, este movimento impulsionou a reestruturação produtiva das empresas
condicionada pelo processo de globalização
4
e teve forte implicação no ordenamento espacial
da indústria, cujos objetivos foram a obtenção de maiores veis de produtividade,
qualificação do produto e adequação de sua localização às origens dos recursos naturais e
minimização dos custos (LAUTERT e ARAÚJO, 2007).
Por outro lado, a existência de oportunidades de integração aliada ao fato das
dificuldades de se prever o comportamento dos agentes econômicos fez surgir argumentos
consubstanciais sobre as razões pelas quais as empresas se localizam em determinados
ambientes.
3
Marx já citava essa tendência como um produto de crises e das próprias condições do sistema capitalista, sendo
que, a converncia apontava para a eliminação das pequenas empresas pelas grandes firmas (GONÇALVES,
2002). Na atualidade, convivemos com vários tipos de empresas, algumas oriundas do modelo fordista, outras
originadas de configurações mais recentes (BENKO e LIPIETZ, 1994).
4
A abertura comercial contribuiu para a readequação das empresas nos espaços regionais.
17
Desta forma, passa-se a considerar como de fundamental importância, as
especificidades internas as empresas
5
e as condições infra-estruturais relacionadas ao
mercado, como determinantes da capacidade produtiva de cada região, cujo desenvolvimento
sefunção de suas estratégias locacionais, sendo a recíproca verdadeira.
2.2. A INFLUÊNCIA DOS FATORES LOCACIONAIS NAS DECISÕES DE
LOCALIZAÇÃO
Os fatores de localização
6
são elementos de natureza fundamental para a tomada de
decisão nos investimentos produtivos. Por isso, devem ser tratados com relevância na análise
das características dos espaços regionais, pois, io determinar a configuração dos ambientes
econômicos no futuro.
Para MOTA (1968) apud PAIVA (1999), os fatores locacionais direcionam as
indústrias para espaços que lhes proporcionem vantagens oriundas de estratégias de
localização em um ponto geográfico adequado, em função de vantagens no custo de
transporte e mão-de-obra, ou, em funções de existirem vantagens de localização advindas de
aglomerações de atividades industriais que produzem em elevada escala e proporcionam
reduções importantes de custo. Em outras situações, as condições climáticas, qualidade da
água, disponibilidade de terra ou motivações derivadas de fatores tangíveis e intangíveis
atuam como fatores locacionais. Sua identificação depende de estudos que consideram uma
gama de situações distintas em termos de desenvolvimento regional.
5
Do ponto de vista trico, pouca importância era concedida aos elementos de caráter interno à empresa. O
enfoque institucional passa a partir da década de 70 do século XX a difundi-lo como forma de se compreender
as características das firmas. Em particular, passa-se de um ponto de vista voltado para a interação entre os
agentes econômicos no mercado externo para a compreensão do interior das instituições, onde muitas decisões
são tomadas antes que o impacto do mercado venha à tona (PONDÉ, 2002). Adicionalmente, FIANI, (2002)
observa que as empresas ao produzirem, tomam suas decisões baseadas na internalização de uma parte do
processo que está diretamente ligada ao grau de especificidade do insumo, particularidades essas de caráter
humano e físico, que conferem as decisões um elemento concentrador das decisões características da empresa.
6
Segundo ALVES, (1999), fator de localização é todo componente de natureza econômica ou não que torna o
espaço heterogêneo e é capaz de impactar e alterar as decies de localização das atividades ecomicas, de
produção e de consumo. Existem fatores de localização de ordem explícita ou implícita. Os primeiros variam
no espaço e geram modificações na função de localização. Subdividem-se em fatores absolutos que são
influentes em qualquer ponto e fatores relativos cuja influência está atrelada as suas posições em relação a
outros lugares. Os segundos, ou seja, os de natureza implícita são conexos com características relacionadas ao
comportamento do agente. Existem outras categorias de fatores de localização importantes: fatores ligados à
procura; fatores com incidência sobre os custos; e fatores de natureza pessoal. Para maiores detalhes, ver
(ALVES et al, 2001/2002-B).
18
Um estudo apresentado por ALVES (1999) revela a importância dos fatores de
localização
7
, por tipo de atividade produtiva na ótica dos grandes empresários e investidores
europeus. Os principais fatores determinantes são enumerados na Tabela 1:
Tabela 1 A importância dos fatores de localização a nível nacional e regional por tipo de
atividade produtiva.
Fatores de localização N R N R N R N R
Fatores de Venda:
- Prox. ao mercado nacional 2 4 2 - 4 - 2 4
- Prox. Ao mercado comunitário 1 3 1 3 2 - 1 3
- Presença de empresas similares
-
-
-
1
4
-
4
4
- Disponibilidade de Sérviços de apoio e de I&D - - - 4 4 - 4 4
-
4
-
4
-
-
-
-
Enquadramentos nacionais e locais
- Fiscalidade de empresas - - 4 - 2 - 4 -
- ngua
4
-
3
-
2
-
2
-
- Incentivos a postura governamental 4 1 4 1 4 3 4 -
- Assistência financeira
4
2
4
2
-
-
4
-
Fatores laborais
- Disponibilidade 4 2 4 2 - - 4 4
- Qualificações
-
3
1
1
2
4
1
1
- Relações laborais 4 4 4 4 - - - -
Fatores de custo
- Custos fundiários e imobiliários 4 2 4 4 2 - 4 2
- Custos de trabalho 2 2 4 4 - - 2 2
Infra-estruturas
- Qualidade das estradas 2 2 1 1 4 2 1 1
- Proximidade do porto 4 4 4 4 - - - -
- Proximidade do aeroporto 4 4 3 3 1 1 1 1
- Qualidade das telecomunicações 4 4 3 3 1 1 1 1
Qualidade de vida e fatores pessoais
- Fatores culturais 4 4 4 4 4 - - 4
- Escolas para estrangeiros - - 3 1 3 1 - 3
- Equipamentos educativos
-
-
-
3
-
3
-
3
- Equipamentos Desporto e Lazer - - - 3 - 3 - 3
- Atratividade global da área
-
-
-
1
-
1
-
1
Fonte: (BOECKHOUT, 1992 apud ALVES, 1999, p.42).
1. Crítico crescente. 2.Crítico estável. 3. Importante Crescente. 4. Importante estável.
Obs: Ind.Trad. = Indústria Tradicional. Ind.Tecnol. = Indústria Tecnológica. Sedes = Sedes Multinacionais. N = Nacional
R = Regional
Ind.Trad. Ind.Tecnol. Sedes Serviços
7
Embora um estudo de localização possa expor e delinear as razões pelas quais as empresas escolham suas
localizações baseados na existência de recursos naturais, solo adequado, clima compavel ou externalidades
de natureza estrutural, pode apresentar certa dificuldade em identificar elementos de caráter interdependente,
ou seja, experiências recíprocas de compartilhamento do conhecimento, envolvimento dos agentes locais em
procedimentos dinâmicos e otimizadores com propósitos de redução dos custos, aumento da produtividade
laboral, melhoria nos processos de produção entre outras possibilidades (ALVES et al, 2001/2002-B).
19
A nomenclatura prioriza a classificação de fatores que vão dos considerados
importantes aos que são ponderados como críticos no sentido de serem indispensáveis e
também dos que são analisados como de importância estável aos de importância crescente.
A análise dos fatores locacionais feita por BOECKHOUT, (1992) apud ALVES,
(1999) traz um elemento importante, pois, trata-se de regiões avaadas em termos de
aspectos institucionais, monetários e econômicos. Neste particular, pode indicar certa
tendência nos indicadores que podem se tornar os mais relevantes em termos de fatores de
localização para outras partes do mundo.
Considerando as indústrias tradicionais a nível nacional, os números indicam que, os
fatores mais relevantes na ordem são a proximidade junto ao mercado comunitário e ao
mercado nacional, além do custo do trabalho e a qualidade das estradas. Na escala regional, a
pressão é maior para o direcionamento de incentivos a postura governamental, assistência
financeira, disponibilidade de mão-de-obra, custos de forma geral e qualidade das estradas.
Na indústria tecnogica, por sua vez, verifica-se que as qualificações da mão-de-obra,
a proximidade ao mercado comunitário e a qualidade das estradas o os fatores
preponderantes a vel nacional. A nível regional, as qualificações da mão-de-obra e
qualidade das estradas são essenciais, além da presea de empresas similares e incentivas à
postura governamental entre outros fatores. Além do mais, a disponibilidade de escola para
estrangeiros e a atratividade global da área revelam o valor que se outorga a qualidade de vida
e fatores pessoais.
A análise das sedes multinacionais a nível nacional considera a proximidade aos
aeroportos e qualidade das telecomunicações como principais fatores. as sedes
multinacionais a nível regional além de considerarem os itens citados a nível nacional,
consideram a presença de escolas para estrangeiros e um índice de atratividade global da área.
Por último, o setor de serviços a nível nacional concede maior importância à
proximidade ao mercado comunitário, as qualificações da mão-de-obra, a qualidade das
estradas, proximidade aos aeroportos e qualidade das telecomunicações. O nível regional
considera os mesmos fatores a nível nacional, menos a proximidade ao mercado comunitário
e incluem a atratividade global da área.
Os resultados confirmam a tendência de valorização de fatores qualitativos laborais, de
qualidade de vida e de qualidade das infra-estruturas pelos setores tecnológicos. A indústria
tradicional, por sua vez, a nível regional continua a demandar incentivos governamentais,
assistência financeira e fatores ligados a custos. Serviços priorizam fatores laborais ligados a
20
qualificações e infra-estruturas com maior ênfase do que a indústria tecnológica, além de
considerar a atratividade global da área.
Portanto, o que se constata é que o espaço quando analisado em função não das
suas ubiqüidades
8
, mas também em função de suas vantagens construídas, passa a apresentar
certas características inerentes a sua atribuição de espaço-sujeito. Por isso, sua infra-estrutura,
qualificação da mão-de-obra e administração diferenciada passam a ser alguns dos pesos
atribuídos no momento da definição da localização dos agentes (ALVES et al, 2001/2002-B).
Mais recentemente passou-se a considerar e se justificar as diferentes performances
das nações, em especial, deixar de acreditar que os únicos fatores que explicavam o
desenvolvimento eram aqueles de natureza tradicional, ou seja, capital, trabalho e recursos
naturais (AMARAL FILHO, 1996; SOUZA FILHO, 2006).
Especificamente passa-se a considerar a superioridade de fatores que explicam parte
do desempenho das regiões e dos espaços nacionais, em especial: Capital humano: essencial e
único fator inteligível na produção que necessita de investimentos em sua formação,
principalmente em educação, saúde e segurança alimentar para, através das informações e do
conhecimento produzir resultados através da evolução da C&T
9
e P&D
10
; e Instituições que
proporcionam a mediação entre a concorrência e a cooperação, servindo de base de apoio para
a construção de um sistema produtivo regional (AMARAL FILHO, 1996; SOUZA FILHO,
2006).
2.3. OS NOVOS AMBIENTES ECONÔMICOS E OS LIMITES À
CONCENTRAÇÃO
Os ambientes econômicos são construídos a partir de algumas tendências relativas aos
movimentos dos novos investimentos. Em particular, a partir da introdução do novo
paradigma tecnológico, observa-se certa tendência a movimentos de desconcentração
industrial atrelado a estratégia de diversificação dos grupos econômicos e a movimentos de
fusões e aquisições.
8
Recursos inerentes a todas as regiões.
9
Ciência e Tecnologia.
10
Pesquisa e Desenvolvimento.
21
Embora a desconcentração
11
não altere de forma significativa o padrão nacional da
concentração espacial da atividade produtiva
12
, em parte porque cada espaço se integra à
economia obedecendo aos seus pressupostos de especialização
13
, o fator preponderante na
definição e delineamento dos investimentos reside em sua base operacional que determina
onde, quanto e como as atividades econômicas irão se instalar nas regiões, ou seja, a
seletividade é o aspecto principal no direcionamento e na criação da nova capacidade
instalada (GUIMARÃES NETO, 1995).
Por sua vez, as estratégias de diversificação e os movimentos de fusões e aquisições
o construídos através das articulações comerciais que dão origem ao mercado interno e dos
movimentos de capitais entre regiões que dão lugar a estrutura do sistema produtivo brasileiro
(GUIMARÃES NETO, 1995).
Este movimento é confirmado pela atuação do Estado que legitima sua atuação através
de um amplo leque de políticas de desenvolvimento regional. São estas últimas que
delineavam os rumos da localização espacial da indústria no Brasil (GUIMARÃES NETO,
1995).
Com o advento da globalização, esses laços de integração são fragilizados pela própria
força que passa a penetrar nas regiões menos favorecidas, o que faz surgir movimentos de
especializações voltados para o interesse da própria região e aos interesses do capital
estrangeiro.
Particularmente relevante é a tendência observada nas últimas décadas de integração
das nações e continentes com objetivos de fortalecer suas economias e seu comércio
internacional, inter-regional e intra-regional.
Um exemplo típico para o caso brasileiro é a criação do Mercosul que, em certo
sentido, reforça a expansão industrial nas regiões mais favorecidas, especialmente, Sudeste e
Sul, em detrimento de outros espaços regionais
14
(GUIMARÃES NETO, 1995).
11
Tomando como base a natureza dos movimentos de desconcentração e os seus objetivos, sua forma de atuação
alicerçada na competição inter-regional desfavorece as regiões menos industrializadas, pois, a concorrência
acontece em um mercado integrado e com elevado grau de complementaridade, onde o centro absorve os
recursos produtivos da periferia e inviabiliza o surgimento de uma nova estrutura industrial avançada
(GUIMARÃES NETO, 1995).
12
O que poderia ser observado a partir do momento em que obtivéssemos um novo salto tecnológico no padrão
da estrutura produtiva.
13
A especialização altera-se a partir do momento em que se observam mudanças nos padrões educacionais e
técnicos da sociedade.
14
As possibilidades de se evitar a concentração industrial no Estado paulista no decorrer do processo de
desenvolvimento capitalista no Brasil o incertas em parte pela atuação do Estado sem nos esquecermos do
22
Em função do conjunto de argumentos desenvolvidos, o panorama relativo à
desconcentração e a sua evolução futura comporta entre outros argumentos: a forma de
atuação do Estado brasileiro
15
; a penetração das novas tecnologias nas diversas regiões
brasileiras
16
; a criação e orientação de mercados mais integrados
17
; a especialização das
diversas regiões do país em função de suas capacitações e de seus recursos naturais
18
, face aos
interesses do capital que tendem a continuar a favorecer as regiões mais desenvolvidas
(GUIMARÃES NETO, 1995).
Todo esse processo sob o ponto de vista das empresas industriais trouxe à tona um
aumento considerável dos custos das firmas estabelecidas nas regiões mais desenvolvidas,
aumento do custo do solo urbano, custos ambientais, problemas de acessibilidade na região e
do próprio custo de reprodução da força de trabalho, o que impôs um limite ao movimento de
concentração na indústria
19
(SILVA e SIMÕES, 2003).
2.4. NOVA HIERARQUIA URBANA GERADA PELA MUDANÇA NOS
AMBIENTES ECONÔMICOS
Em fins da década de 70 do século XX, observou-se em diversos países, certo
esgotamento dos limites à eficácia dos processos produtivos baseados na produção vertical e
nos modelos correspondentes a diferenciação dos produtos em favor de novas técnicas
produtivas desenvolvidas pela microeletrônica (KUPFER et al, 1992).
rito da acumulação preexistente no Estado de São Paulo, principalmente aquela que deu origem ao
complexo cafeeiro e que se aproveitou da necessidade de novas inversões em outros estados. Mesmo as
poticas desenvolvidas a partir da cada de 70 do século XX com objetivos claros de obterem um elevado
grau de desconcentração da atividade industrial no Brasil podem ser qualificadas, no máximo, como políticas
compensatórias capazes de reorientar o fluxo dos investimentos, pois, somente a partir de então é que se
observam condições infra-estruturais adequadas para a consolidação de investimentos de grande vulto em
muitas regiões (GUIMARÃES NETO, 1995).
15
É necessário compreender as poticas a serem desenvolvidas pelo Estado e sua forma de atuação frente às
propostas neoliberais.
16
É imprescindível analisar os impactos causados pela penetração das novas tecnologias nas regiões e seus
desdobramentos futuros em termos de reinvestimento e impactos ambientais.
17
A integração produtiva deve orientar o produto regional para uma melhor alocação entre distribuição no
mercado interno, exportões e bem estar social.
18
As especializações regionais devem acompanhar a evolução tecnológica mundial.
19
Para SILVA & SIMÕES, (2003), as migrações apresentadas pelas empresas são produtos da existência ou não
de economias de aglomeração e desaglomeração, o que provoca movimentos de relocalização das firmas.
23
As economias desenvolvidas passaram a expandir seus processos produtivos, tendo
como marco fundamental, grandes volumes de gastos em P&D; a introdução de inovações de
produtos e serviços; a redução do tempo de vida dos bens; a redução do emprego de mão-de-
obra não qualificada; a relocalização das atividades industriais; e a internacionalização da
produção com elevada competitividade (KUPFER et al, 1992).
Esta recente configurão mundial possibilitou a criação de uma nova hierarquia
urbana, onde as cidades são integradas a níveis mundiais, como metrópoles nacionais, macro-
regionais, mesorregionais e microrregionais, o que proporcionou mudanças contínuas nos
fluxos de investimentos em busca de novas possibilidades (DINIZ, 2000).
Particularmente o aparecimento de grandes cidades mundiais ou globais constitui-se
centros geográficos de poder, conectadas a várias redes de empresas transnacionais, e isso
denota certa hierarquização do sistema urbano (ALBAGLI, 1999).
Em termos de análise dos países desenvolvidos, observa-se que os fluxos de capitais,
bens e serviços de base tecnológica na década de 80 do século XX ampliaram-se conforme
denota (KUPFER et al, 1992):
Intensificam-se os fluxos de capital, de bens e serviços e tecnológicos entre
os países desenvolvidos (...) em duas direções: a primeira, no sentido de
aumentar a participação relativa dos produtos e setores mais intensivos em
ciência e tecnologia, capazes de gerar maior valor adicionado e criar
vantagens competitivas dinâmicas; e segundo, no sentido da modificação
dos processos produtivos, através da incorporação de equipamentos de base
microeletrônica e da introdução de novas técnicas organizacionais,
aumentando a produtividade dos diversos setores (KUPFER et al, 1992,
p.10).
No caso dos países em desenvolvimento, na mesma época, prevaleceu o baixo
dinamismo, ladeado pelas desigualdades regionais e pelos processos de concentração da
atividade econômica em regiões mais prósperas. Neste particular, existe um processo de
reconfiguração das participações relativas de cada região no produto industrial brasileiro
desde a década de 70 que fez com que o desenvolvimento se espraiasse em torno de outros
centros dinâmicos (DINIZ, 1993).
Este movimento contempla o direcionamento de atividades industriais dos grandes
centros metropolitanos brasileiros para cidades de dio porte
20
, núcleos do interior com
20
A solução para o local passa pela busca de uma organização interna cada vez mais eficaz, pois, as projeções
indicam para o surgimento de novas regiões prósperas e declínio de outras, ou seja, o capital procura migrar
em busca de novas oportunidades, que elevem sua rentabilidade através da relocalização de segmentos de alta
tecnologia (ALBAGLI, 1999). Para DINIZ, (2003) o capital busca regiões com maiores rentabilidades e que a
24
grande capacidade de absorção, infra-estrutura adequada, centros por excelência de
desenvolvimento educacional, pólos de crescimento geradores de novas economias (DINIZ,
2003).
Levando em conta o processo a nível internacional, a globalização identifica com
maior ênfase a existência de grupos econômicos ou grandes empresas ao invés da tradicional
existência da firma. Isto por que a forma de atuação dos agentes econômicos é caracterizada
como de grande poder econômico, onde o domínio de ativos específicos é o objetivo principal
(GONÇALVES, 2002).
Paralelamente a mudança estratégica de atuação do Estado na economia e a mudança
no ambiente institucional, a abertura comercial e o processo de globalização proporcionaram
novo dinamismo aos fluxos de comércio e serviços (BRITTO, 2002).
Os grandes grupos econômicos
21
atuam no capitalismo, considerando os objetivos
empresariais inerentes a sua estragia, as políticas institucionais do território em questão e o
dinamismo do sistema econômico. Atuam como elementos coordenadores dos processos de
produção, embora quase sempre o os execute, centralizam o poder econômico em suas
mãos, concentram as atividades em regiões mais desenvolvidas e determinam mudanças
abruptas, dependendo das transformões tecnológicas e organizacionais originadas
(GONÇALVES, 2002).
difusão dos meios de comunicação passou a orientar o espaço regional sem a devida interferência do global
remodelando as regiões.
21
GONÇALVES, (2002) denomina de multinacionais empresas formadas por associão em países em
desenvolvimento, enquanto empresas transnacionais se referem aquelas de origem em nões desenvolvidas
com atuação a nível global.
25
3. REGIÃO ENQUANTO SISTEMA E O PAPEL DA GOVERNANÇA NA
BUSCA POR NOVAS CAPACITAÇÕES
O objetivo deste capítulo é realizar uma abordagem da região enquanto espaço-sujeito
exposto a inflncias recíprocas, que necessita de uma esfera organizacional que indique as
prioridades a serem seguidas, dadas às vantagens implícitas de cada espaço. A governança
surge como elemento definidor das preferências, atuando de forma mais coesa através do
regionalismo. Adicionalmente, destacam-se os caminhos percorridos pelo desenvolvimento
regional no Brasil, para que, sirvam de alicerce no entendimento do processo de
desconcentração produtiva da economia paulista.
3.1. O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO E A BUSCA POR NOVAS
OPORTUNIDADES
O processo de globalização proporcionou a difusão de um novo paradigma tecno-
econômico centrado nas tecnologias da informação e se fortaleceu principalmente através do
surgimento das redes de comunicações (espaço dos fluxos) que ao promover interações e
conexões entre os agentes, transformou o espaço local (espaço dos lugares) em mercadoria,
sendo umas das bases da globalização, sob o comando do grande capital (ALBAGLI, 1999).
Tende, por isso, a ampliar a interdependência das regiões num processo de
homogeneização onde se reconstitui as posições de poder tanto na cooperação, quanto na
competição através da diferenciação, processo compensado em parte pela criação de blocos
regionais (DINIZ, 2000).
Neste sentido, as relações entre o global e o local passam a estar caracterizadas pela
força centralizadora do capital móvel endossada pela crescente desregulamentação do capital
de um lado, ladeada pela força mantenedora das origens e tradições históricas do local
avalizada pela força do capital imobilizado. Trata-se da representação e luta do capital
financeiro com características exclusivamente rentistas contra a busca por investimentos
produtivos representativos das principais atividades da região (DINIZ, 2003).
Trata-se de um movimento globalizante e de acirramento da competição, fruto do
processo de reestruturação produtiva e promotor de novas emergências de estudos de
localização de atividades industriais que traz à tona uma nova realidade para as regiões que
26
engloba a necessidade de se buscar novas inversões de capital, novos produtos e a melhoria na
produtividade, diferenciais sem dúvida na atração de recursos externos.
Neste contexto, se coloca como de fundamental importância destacar o papel do local
e sua relação com o global. Nos dizeres de ALBAGLI, (1999), seria o fenômeno da
globalização a despersonalização do local ou seria uma reinveão do local? Diante dos
questionamentos, abrem-se espaços para as duas vertentes de pensamento. O local, enquanto
componente do espaço, comporta práticas sociais e espaciais, sendo que, as práticas sociais
adquirem contornos particulares em áreas específicas, no sentido do uso que se faz do espaço
(ALBAGLI, 1999). O global como força integradora, destruidora de fronteiras e criadora de
novos conceitos e pensamentos, destrói as raízes culturais e hisricas do local, insere novas
tendências e maneiras de agir por parte dos agentes econômicos.
Verifica-se, portanto, um movimento generalizado de penetração de valores a vel
mundial nas diversas regiões como força promotora do declínio das identidades culturais
locais. As redes de comunicação deslocam os seus indivíduos de seus ambientes vinculando-
os a outros espaços de referência, estabelecendo padrões comuns entre diferentes regiões
(ALBAGLI, 1999).
A dinâmica local atua, neste sentido, com o intuito de se proteger e de preservar sua
identidade através da dimeno cultural e dos valores étnicos como um fio invisível”
22
que
vincula os indivíduos ao espaço. Este movimento pode ser caracterizado pela existência de
determinadas entidades regionais (ALBAGLI, 1999).
Ademais, tendo em vista a influência recíproca do global e do local, não se pode
descartar a interdependência entre as diversas regiões em virtude das suas especializações e
atividades históricas desenvolvidas. Pode-se deduzir ao longo da história que, tais
relacionamentos são dinâmicos e mudam com o tempo em virtude de interesses recíprocos e
por vezes contraditórios entre níveis de poder e organização diferenciada.
Na acepção de DINIZ, (2000), a competição global aumenta o esforço de
modernização produtiva das regiões, destacando a busca pelo crescimento da competitividade.
A inovação é condicionada pela rede urbana, pois, dependendo da orientação da região
no espaço, sua acessibilidade pode significar certa hierarquização em termos de taxa de
aceitação e ordenamento da difusão tecnológica. Este argumento está em concordância com a
teoria dos lugares centrais e com o modelo de difusão hierárquica, onde os níveis de
hierarquia determinam contatos mais intensos em localidades do mesmo plano. Num segundo
22
Grifo nosso.
27
momento, a inovação se distribui para os níveis mais baixos e para as áreas subjacentes a
região de influência (ALVES, 2001/2002).
Nesta ótica, a região passa a ser entendida como certa configuração de unidades
municipais heterogêneas, hierarquizadas por uma zona de influência exterior, sem estar
isoladas das relações de troca e zonas de influências internas (GUIMARÃES, 1997).
Existem, portanto, uma grande variedade de configurações entre os agentes nas
diversas regiões e que dependendo de sua forma e relação de poder, exigirá comportamentos
inovacionais e mudanças de atitudes para um equilíbrio consistente com desenvolvimento
mais racional.
Portanto, é a integração das especialidades que passa a determinar uma concentração
de fluxos no espaço, sinalizando a emergência de mercados locais, regionais, nacionais e
internacionais (GUIMARÃES, 1997).
3.2. A INTERDEPENDÊNCIA DAS REGIÕES NO ÂMBITO DAS ESFERAS
ORGANIZACIONAIS
Em uma região, o sistema abrange e influencia todas as esferas interdisciplinares, seja
no âmbito político, econômico e tecnológico (EDQUIST, 1997). O papel fundamental das
esferas reforça a idéia de que o desenvolvimento está enraizado nas condições locais e no
planejamento regional (DINIZ, 2000).
No campo político, as forças atuam no sentido de buscar alianças estratégicas nas
diferentes esferas como elemento de cooperação, não se abstendo do processo concorrencial e
dos conflitos intradimensionais. A troca de poder funciona como estratégia inerente ao
próprio fortalecimento do modo de produção capitalista (ALBAGLI, 1999).
No campo econômico, é necessário entender as transformações tecnológicas, o
desenvolvimento dos meios de comunicação, a maior mobilidade de capitais e os novos
padrões locacionais, pois, os fluxos de investimentos existentes buscam a informação de
forma organizada sobre o conjunto das economias regionais e suas especializações
(ALBAGLI, 1999), ou seja, é a disparidade de capacitações entre as localidades que tende a
orientar a direção dos aportes de recursos financeiros, em que pese à orientação do
investimento pela rentabilidade e dimensão da empresa. Neste aspecto, um dos fatores
28
determinantes da primazia de difusão dos processos inovacionais é a integração das regiões
em termos de informação e conhecimento (ALVES, 2001/2002).
Para (ALVES, 1999), a atratividade de investimentos para a escala regional muitas
vezes depende de regiões longínquas, sem que isto signifique dependência da distância. A
interdependência territorial é fruto sem dúvida das inovações extraordinárias verificadas nos
transportes e telecomunicações, mas a percepção relevante neste nível de integração é que os
agentes locais percebam a importância de políticas regionais a nível supranacional para que as
escalas interessadas em atrair novos investimentos possam se fazer conhecidas a nível
internacional.
O reflexo da interdependência de recursos externos é também fruto das disparidades
regionais, ou seja, das diferenças na composição setorial do produto em termos de
quantidades relativas de fatores de produção.
No campo tecnogico, é preciso discernir que, embora cada região se especialize em
um determinado conjunto de atividades, existe uma contínua evolução dos processos
produtivos. Mesmo as atividades mais tradicionais não estão isentas das inovações
tecnológicas (DINIZ, 2003).
Para PORTER, (1990) apud DINIZ (2000) [...] a competição é dinâmica e evolutiva.
As vantagens competitivas adquiridas advindas desse processo devem ser mantidas atras
dos processos de inovação que se constituem no motor central do desenvolvimento
econômico.
Dentro do sistema, a inovação atua como elemento dinâmico em três vertentes
distintas, porém não desconexas: as inovações tecnológicas, as inovações produtivas e as
inovações organizacionais (EDQUIST, 1997).
Não se pode desconsiderar o impacto exercido pelas inovações tecnológicas na
comunicação e a maior integração espacial das cidades em termos de fluxos e relações, o que
reforça a interdependência urbana (ALVES, 2001/2002).
Conseqüentemente, é necessário definir o papel que vai ser desempenhado pelo país
na configuração econômica mundial: se um país com base industrial exportadora e importador
de bens intensivos em conhecimento ou uma nação capaz de mudar sua concepção de atuar e
estimular seus atores no sentido de criar novas conexões com centros mais avançados,
desenvolvendo suas instituições (CAVALCANTI e GOMES, 2001).
29
3.3. PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA
Para que se possa tornar viável a implantação de um programa de desenvolvimento
econômico, é necessário pensar a região enquanto espaço inserido dentro do país, dentro de
um processo de planejamento
23
(DINIZ, 2003).
Neste particular, DINIZ (2003) destaca que é necessário:
[...] retomar la planificación nacional, en la cual la visión de los problemas,
potencialidades y prioridades regionales y sectoriales estén orgánicamente
insertas [...] la creación de un sistema de coordinacn general de política
regional inserto en el sistema nacional de planificacn, y redefinición clara
del papel y de la naturaleza de las actuales agencias de desarrollo regional e
establecimento de una nueva regionalización para fines de planificación,
estableciendo los macro, meso y micropolos, y las respectivas macro, meso
y microrregionales, como referencia para la política regional, según el
modelo de la actual política de la Unn Europea (DINIZ, 2003, p.50).
Um dos requisitos para se atingir o planejamento adequado é entender como se
verifica a interação econômica espacial, compreendendo as decies dos agentes econômicos,
atuando sobre as condições de determinação de gastos e desenvolvimento econômico
(GUIMARÃES, 1997).
O sucesso da região em muito passa a depender das relações desenvolvidas pelas
esferas nacional e regional
24
, atreladas às relações de cooperação e coordenação entre os
agentes, e a atuação no mercado, sendo alguns aspectos que caracterizam o alcance e
desenvolvimento da região enquanto sistema de organização capaz de reduzir ou aumentar as
assimetrias entre as empresas e agentes participantes.
Por outro lado, a natureza endógena do desenvolvimento regional é reforçada pela
identidade sócio-cultural comum originada das relações de confiança estabelecidas entre os
agentes, reforçando laços de cooperação e ação conjunta, o que facilita em certo sentido as
relações de governança (SCHMITZ, 1997).
A prioridade quanto ao fortalecimento do sistema passa a estar pautada, portanto, na
integração e colaboração dos agentes, na ênfase no treinamento e disponibilidade de recursos
23
A busca por políticas direcionadas se justifica pelo fato de existirem diferentes qualificações, assim como a
necessidade de imprimir um caráter de dinamicidade a região (DINIZ, 2003).
24
Deve-se buscar entender as peculiaridades regionais de cada espaço econômico e adap-las aos objetivos de
potica. A recíproca é verdadeira.
30
para financiamento, na criação de um ambiente institucional saudável. Porém, a sua evolução
escondicionada a um mínimo de conhecimento adquirido e a uma concentração industrial
julgada satisfatória pelos agentes (SCHMITZ, 1997). Além do mais, a integração exclui
muitas regiões do processo de capacitação científica e tecnológica, o que gera movimentos de
regionalização (DINIZ, 2000).
Para GARCIA e LEMOS (2004), a regionalização fundamenta-se na idéia de se
creditar valor ou reconhecer algo como inerente à região. Para os autores, os movimentos de
regionalização acabam por configurar a estrutura de uma região e conseqüentemente está
intimamente ligado ao conceito de centro urbano polarizado.
A questão que se coloca neste patamar é exatamente a possibilidade de se criar um
sistema de governança através da existência de movimentos de regionalização, livres da
conduta viesada e que possa representar certos interesses regionais, podendo dar início a um
movimento mais organizado em termos de interesse comum.
Para compreender o sistema de governança, é importante entender a região como base
produtiva dinâmica que se encontra em processo de formação e transformação histórica
(GUIMARÃES, 1997) o alheia a integração econômica e a eliminação das relações entre
outras regiões, tendo as modificações produtivas no espaço, conseqüências em outros, o que
garante a diferença espacial e exige conhecimento (CARLEIAL, 1997; GUIMARÃES, 1997).
O grande desafio da eficiência coletiva em uma região, no entanto, é exatamente a
busca do equilíbrio das relações num ambiente competitivo onde a densidade de transações é
expressiva e as instituições têm, portanto, um papel fundamental no sentido de definir o papel
de cada agente (SCHMITZ, 1997).
Quanto mais complexa a composição da cadeia produtiva, maior a necessidade de se
desenvolver um sistema de governança eficiente que possibilite à geração de economias
externas que beneficiem todas as empresas do sistema (SUZIGAN et al, 2002).
Desta forma, verifica-se que a forma organizacional é de suma importância para se
definir a apropriação de valor pelas empresas inseridas no processo. É fundamental criar
sistemas de inovação que possam atuar e detectar as capacitações regionais de cada espaço,
combinar os elementos e orientar um sistema de governança eficiente. A importância da
governança permite entender quais atores tem o poder de afetar o desenvolvimento das
regiões (SUZIGAN et al, 2002).
Para atingir seus propósitos, a região depende de toda uma perspectiva histórica
condicionada a importância dada por seus participantes, da criação de um sistema regional de
aprendizado que valorize e desenvolva processos de pesquisas, mesmo que não originados no
31
seu espaço, mas, que possam contribuir para o domínio de estudos futuros (SBICCA e
PELAEZ, 2006)
Esta é a dinâmica apregoada pela Teoria do Desenvolvimento Endógeno. Sua
composição passa pela capacidade de agregação e absorção de valor sobre a produção
regional gerada no âmbito interno e atração de montantes que provenham de outros espaços,
sob uma estrutura desenvolvida pelos atores locais, constituindo-se assim, em ferramenta para
o desenvolvimento regional autônomo (AMARAL FILHO, 1996).
Trata-se exatamente da definição do futuro condicionante relacionado ao grau de
dependência que a região terá em relação ao seu Path dependency”
25
criado por quem não
usufrui o conhecimento necessário para o desenvolvimento de novas tecnologias e novas
configurações produtivas (SBICCA e PELAEZ, 2006).
Desta forma, o conhecimento e a aprendizagem passam a ser caminhos obrigatórios
para o aperfeiçoamento das técnicas regionais e da competência local. Na atualidade, tal
conhecimento assume o caráter de informação que ao se disseminar pelos meios de
comunicação, estão ao alcance de boa parte da população (SHEIM e COOKE, 1997 apud
DINIZ, 2003). O grande diferencial nesta situação é apontado por (RALLETE TORRE apud
DINIZ, 2003) ao destacar a importância do conhecimento tácito como elemento que exige o
contato direto dos agentes para a reprodução e proliferação de novas habilidades.
Ocorre, a partir de então, gradativamente, a transformação de sociedades
conservadoras em sociedades modernas, onde a coincidência entre espaço, lugar e tempo dá
lugar a mudanças radicais na configuração dos espaços, havendo um desencaixe entre tempo-
espaço (ALBAGLI, 1999).
A nova era do conhecimento trás consigo um desafio para as regiões: adaptar suas
capacitações locais a nova lógica de organização produtiva e das inovações, o que exige
esforço de aprendizado coletivo e interação, em função da maior flexibilização e organização
dos processos produtivos (DINIZ, 2000).
Para que a região possa alcançar essa realidade, é necessário conhecer o processo de
aprendizagem como um determinante-chave na capacidade local de competição e
conhecimento. Este procedimento constitui-se no recurso e na forma mais importante para a
inovação (DINIZ, 2000).
Em contrapartida, é essencial citar que, o desafio de se empreender as economias de
aprendizado o exige necessariamente da região elevado desenvolvimento tecnológico, mas,
25
Caminho de dependência. Grifo Nosso.
32
a percepção da possibilidade de acesso às informações e posterior aproveitamento de novas
competências e especializações por parte dos indivíduos e empresas (DINIZ, 2003).
O sucesso econômico de um país, de uma região ou de uma localidade passa, portanto,
a depender da tecnologia, da capacidade de se especializar, de inovar, da competência
empresarial e da disposição em aprender, num processo ininterrupto de reconstrução do
espaço e dinamização do mercado e maior mobilidade dos fatores de produção (DINIZ,
2000).
É da relevância desse processo que vai se originar a capacidade da região em se
transformar em um espaço moderno, capaz de se adequar às distintas formas de organização
institucional e às políticas públicas necessárias.
3.4. TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO
BRASIL
No Brasil as políticas governamentais, em boa parte do tempo, tenderam a influenciar
o crescimento e desenvolvimento de várias regiões
26
. Em particular, procurou-se desenvolver
uma estratégia de política nacional que abrangesse todo o terririo, sem se preocupar com as
diferenças inerentes a cada região ou ainda as suas potencialidades e capacitações naturais e
históricas. Longe de se constituir em crítica, a observação tem o caráter de enunciar o tipo de
estratégia de desenvolvimento vivenciada pelo país.
Num primeiro momento, o desenvolvimento dos setores tradicionais
27
da indústria
brasileira é fruto do desenvolvimento das regiões, em especial dos centros urbanos,
condicionados pela proximidade do mercado consumidor, pela qualidade da infra-estrutura e
pela disponibilidade de fatores de produção (CASTRO, 1971).
A concentração industrial é uma característica de caráter eminentemente espacial, sem
que se considerem inicialmente as economias de escala, economias de urbanização ou outro
26
Em outras oportunidades, esta tendência se transforma em certeza, principalmente nos momentos de
consecução do plano de metas na década de 50 do século XX e dos planos nacionais de desenvolvimento da
cada de 70 do século XX.
27
Setores têxteis, alimentos e bebidas entre outros.
33
fator tecnológico. Antes, move-se por alternativa as dificuldades vividas pelo setor
exportador
28
(CASTRO, 1971).
Dada à crise da economia cafeeira a partir da década de 30 do século XX, a estratégia
do setor tradicional agro-exportador passa pelo escoamento de investimentos para as novas
indústrias
29
em formão (CASTRO, 1971).
Porém, essa estratégia surgiu de maneira desigual, gerando conflitos entre regiões
(TRINTIN, 2001) concentrando-se no eixo Rio-São Paulo para as indústrias modernas
dependentes de insumos importados e espraiando-se para o território nacional para as
indústrias tradicionais (CASTRO, 1971).
Constatado tais desequilíbrios entre as regiões, passa a liderar o processo de expansão
da economia brasileira o Estado, que desenvolve a indústria no Brasil como carro chefe dos
investimentos produtivos partindo-se de uma base infra-estrutural e de insumos básicos,
gradativamente, até alcançar o desenvolvimento dos bens duráveis de consumo e de bens de
capital (TRINTIN, 2001).
Em especial, o ambiente favorecia a implantação de tais políticas públicas. No âmbito
externo, consolida-se a posição hegemônica americana com o passar dos anos. Os recursos
fluem dos Estados Unidos em direção a reconstrução da Europa e do Japão, através da
implantação do Plano Marshall. No espaço interno, existe a necessidade de se completar a
indústria de bens de capital, o que de certa forma, torna-se compatível com a reestruturação
das economias outrora destruídas pela guerra (TRINTIN, 2001).
Essa reestruturação teve como tripé de sustentação os capitais internacionais, estatal e
privado, o que demonstrava o início de uma estratégia de internacionalização dos
investimentos por parte das economias mais desenvolvidas (DIAS e SILVA NETO, 2004).
A conseqüência direta é que o processo concorrencial determinou o direcionamento
dos afluxos de capitais internacionais também para as economias em desenvolvimento, pois,
existia a necessidade imperiosa de atingir novos mercados (TRINTIN, 2001).
Esses Investimentos tinham como característica principal, a concentração no espaço,
criando forte especialização setorial em algumas cidades, e espaços marginalizados em seus
entornos, com a forma verticalizada da indústria assumindo caractesticas monopolistas, e
dando margem ao surgimento de grupos multinacionais, o que iria se chocar com os interesses
28
(CASTRO, 1971) esclarece que, as primeiras indústrias brasileiras localizavam-se em áreas não
essencialmente sujeitas à concorrência, dada a presença de casas importadoras de propriedade estrangeira.
29
As novas indústrias em formação são principalmente a indústriaxtil, confecções e calçados, produtos
alimentares, bebidas, fumo, madeira, couro e peles e mobiliário.
34
do Estado Nacional. Significa dizer que, naquele momento, existia uma intensificação da
competição que dinamizava os mercados e apontava para o surgimento de um novo modelo
de desenvolvimento (DIAS e SILVA NETO, 2004).
Essa estratégia sob a liderança do Estado tinha como objetivo essencial criar uma
estrutura para a economia com investimentos sendo direcionados para as atividades de
transportes, elétrico e mecânico com alto teor complementar (TRINTIN, 2001).
O II Plano Nacional de Desenvolvimento é um exemplo de programa de caráter
econômico de profunda importância que, embora sob a liderança do elemento político,
transforma-se em condição essencial e estratégica para a viabilização dos investimentos
ativos, através de uma nova safra de inversões que possibilitou tornar crível uma estratégia
consistente, aos olhos da iniciativa privada, e possibilitou o crescimento posterior, em que
pese à decadência dos investimentos privados por volta de 1976 (CASTRO e PIRES DE
SOUZA, 2004).
Embora a estratégia do Estado objetivasse a estruturação e diversificação da
Economia, ocorria no âmbito externo mudanças organizacionais e tecnológicas contínuas,
alicerçadas por um novo padrão de desenvolvimento internacional (DIAS e SILVA NETO,
2004) que viria ao encontro da ideologia neoliberal, ou seja, as novas tecnologias, ladeada
pela reorientação organizacional das empresas, com base nas necessidades de mudanças dos
processos produtivos, passam a representar a base de sustentação para o neoliberalismo que
procurava encontrar argumentos plausíveis para desestruturar as economias baseadas nas
políticas keynesianas e no Estado do bem estar social.
Todas essas mudanças serviriam de alicerce para ratificar a decadência do modelo
fordista de produção que foi construído pelo Estado, capital corporativo e pelo trabalho
organizado em um contexto de privilégios para a escala nacional (DIAS e SILVA NETO,
2004) e não mais se adequava totalmente as mudanças verificas na economia a nível mundial.
Pelo contrário, o Toyotismo criou um novo padrão de organização voltado ao trabalho
e a produção, que estava fundado na utilização do tempo compartilhado e da horizontalização
dos processos produtivos, o que deu margens ao aparecimento da especialização flexível.
Passava-se, desta forma, de um modelo que estava alicerçado sobre a racionalização do
trabalho, introdução da linha de montagem, desenvolvimento da mecanização e da produção
em massa, para um sistema que aproveitava em parte a evolução criada pelo Taylorismo e
posteriormente pelo Fordismo, mas que se sustentava de forma particularmente distinta
(CABRAL JÚNIOR, 2003; DIAS e SILVA NETO, 2004).
35
A intensidade das mudanças organizacionais, tecnológicas e produtiva em curso no
mundo, talvez não fosse sentida no País, na medida em que, o ambiente interno respirava sob
o efeito de certas políticas que alçavam barreiras para esta realidade. O país iria, mais cedo ou
mais tarde, enfrentar os efeitos da desatualização tecnológica, ou da falta de iniciativa para
desenvolver a sua própria tecnologia. Além do mais, o ambiente interno, liderado pelo Estado
nacional carecia de estabilidade econômica, e se desenvolvia de forma não linear, o que pode
ser retratado na natureza de sua integração econômica, interdependente e com elevado grau de
complementaridade, sob a liderança da economia paulista.
O modelo centro/periferia
30
tendia a fazer com que as iniciativas de desenvolvimento
autônomo se tornassem inócuas. Por este motivo, a industrialização que se processava desde a
década de 30 do século XX, conformava dois modelos distintos de desenvolvimento no
espaço interno: de um lado, o modelo de caráter urbano-industrial caracterizado pelo espo
paulista, com forte encadeamento entre suas indústrias e a produção dos outros Estados. De
outro lado, o modelo agro-exportador, representado pelas economias oriundas da expansão da
fronteira agrícola e mineral. Neste contexto, quando da implantação do milagre econômico e
do II PND, a própria estratégia de desconcentração industrial posta pelo Estado nacional
posiciona-se numa atmosfera desfavorável e enfrentando mudanças já concretizadas no
âmbito internacional e num contexto de profunda crise, o que indica uma nova realidade
econômica e produtiva.
A década de 80 do século XX é marcada pela crise de financiamento externo, pelo
elevado nível inflacionário e por instabilidade conjuntural excessiva que conferiam trajetórias
de extrema volatilidade a taxa de juros e a taxa de câmbio.
Em especial, a crise da dívida externa e a inflação ofuscavam a consolidação de uma
política industrial mais consistente, haja vista o impacto causado pela interfencia do Fundo
Monetário Internacional nos objetivos de política econômica do país (TRINTIN, 2001),
observados os reflexos positivos na diversificação das exportações e crescimento das mesmas,
fruto da estratégia implementada no II PND (CASTRO e PIRES DE SOUZA, 2004).
30
O modelo centro/periferia consiste em argumentos que tentam diferenciar a evolução do desenvolvimento do
Estado de São Paulo como economia mais próspera em termos financeiros, produtivos e econômicos, face ao
desenvolvimento retardatário do restante do país. A economia brasileira desenvolve-se primeiramente em São
Paulo, de forma mais acintosa, concentrando-se nesse espaço, e por isso, favorecendo-o em uma série de fatores
que lhe possibilita um desenvolvimento mais integrado, mais consistente, o que provoca um desenvolvimento
encadeado e complementar e determina de início que São Paulo se especialize sobretudo em bens industriais e o
restante do país em bens de consumo não duráveis e bens intermediários.
36
Neste momento, o fordismo enquanto modelo de desenvolvimento capitalista estava
superado, embora suas estruturas se fizessem sentir em muitas partes do mundo
31
, de maneira
especial na economia brasileira que seguia o padrão de investimentos baseado na segunda
revolução industrial, ou seja, o modelo de interações espaciais o privilegiava uma estratégia
globalizada (DIAS e SILVA NETO, 2004).
O Toyotismo, por sua vez, agregava uma organização da indústria mais
horizontalizada, valorizando a especialização flexível, num sistema que atribui grande
importância as alianças interempresariais, e a introdução da cooperação na produção,
operários polivalentes, e definindo mudanças na divisão do trabalho intrafirma. Além do
mais, existia a orientação para processos de produção mais enxutos, com níveis de estoque
mais reduzidos (CABRAL JÚNIOR, 2003; DIAS e SILVA NETO, 2004).
Trata-se de um momento em que o ambiente de produção assume um caráter
excessivamente automatizado (...) o que torna o trabalho dispendioso frente às inovações
tecnológicas. Surge, portanto, o desemprego e a seletividade espacial indicando um
movimento de relocalização das empresas industriais (DIAS e SILVA NETO, 2004).
Neste particular, a dinamicidade das economias locais funcionou como motor para o
desenvolvimento de várias regiões, constituindo-se o Estado-Nação, em um federalismo
descentralizado. Em outros locais, pouco estruturados, e de forte traço rural, a imposição, o
dirigismo do Estado-Nação, e o poder centralizado acabaram por determinar o atraso
econômico destas regiões (ALBAGLI, 1999).
Ademais, embora houvesse no Brasil a percepção da importância do desenvolvimento
das atividades relacionadas a C&T, a ppria crise do Estado a partir da década de 80 fez com
que as poucas iniciativas de pesquisas e desenvolvimento tecnológico surgissem no setor
privado (PASSOS, 1998).
Trata-se da necessidade de se constituir uma política que privilegie setores dinâmicos,
onde se possui competências essenciais para a inserção da economia brasileira. Dentro da
nova lógica da economia mundial, o conhecimento se coloca como fator preponderante de
agregação de valor, em detrimento dos fatores tradicionais: terra, capital e trabalho; ou seja,
os bens intangíveis tendem a acrescentar maior valor do que os bens tangíveis. O aumento da
produtividade dos fatores se dará, fundamentalmente, através da criação, da inovação, e das
atividades derivadas de P&D, em conjunto com um planejamento estratégico, que possibilite
31
Ainda nos dias atuais suas estruturas se fazem sentir.
37
a incorporação aos produtos e serviços de novas capacitações (CAVALCANTI e GOMES,
2001).
Conseqüentemente, a mudança do ambiente interno se torna de fundamental
importância para os agentes participantes e constituintes do espaço regional. As condões
internas, aliadas à integração da economia a nível mundial, também provocam mudanças,
porém, a falta de interação continua como problema principal (PASSOS, 1998), no cerne de
uma estrutura que necessita se ajustar em termos econômicos, políticos, institucionais,
regionais e locais.
38
4. CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO DA ECONOMIA
SOBRE A LIDERANÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO: ASPECTOS
TEÓRICOS E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DE SUA SUPREMACIA
32
O objetivo deste capítulo é apresentar, num contexto teórico e empírico, a
transformação recente da indústria paulista na perspectiva do processo de desconcentração
produtiva no período de 1996 a 2007, fazendo uma revisão de sua formação, concentração e
desconcentração.
4.1. O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO ESPAÇO ECONÔMICO PAULISTA
rios são os argumentos levantados pelos autores, a respeito da formação do espaço
econômico atrelado ao Estado de o Paulo. Em especial, podemos levantar algumas
explanações a respeito desta questão, com o objetivo de entender de que forma a economia
paulista se insere no processo de desconcentração econômica verificada a partir da década de
70 do século XX.
AZZONI, (1986), por exemplo, explanou argumentos no sentido de entender, quais
fatores influenciavam as decisões locacionais das indústrias, na acepção de compreender
como se manifestava a desconcentração a partir da RMSP
33
. Seus argumentos consistem em
considerar as decisões de localização, em função dos custos locacionais, e das vantagens
aglomerativas
34
. Os custos são considerados neste raciocínio, de forma proporcional ao
tamanho urbano da cidade. As economias de urbanização
35
são, no entanto, na visão do autor,
consideradas como tendo influência a nível regional.
32
O presente capítulo foi construído a partir do Livro de Negri, Barjas, Concentração e Desconcentração
Industrial em São Paulo (1880-1990)”, Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1996.
33
Região Metropolitana de São Paulo.
34
As vantagens aglomerativas são definidas por AZZONI, (1986) como economias de escala internas a empresa,
economia de localização interna ao setor, e economias de urbanização.
35
Em aglomerões de atividades múltiplas, em certa medida, originadas das concentrações urbanas surgem
ambientes que proporcionam a criação de instituições, centros de formação de mão-de-obra qualificada,
centros de saúde bem conceituados, e locais personalizados para atividades de lazer. Nestes ambientes, a mão-
de-obra a ser contratada, não necessariamente virá da concorrência, já que, existem estruturas suficientes para
a formação de profissionais competentes, e na medida apropriada da demanda de mercado. Desta forma,
denominam-se economias de urbanização (ALVES, 1999).
39
Dentro desta ótica, a desconcentração observada em São Paulo funcionou com um
espraiamento da indústria no entorno da metrópole, num processo de desconcentração
concentrada, em que se observa um rompimento das atividades produtivas e do comando
empresarial, sob a influência de um campo de forças em um espo regional além das
fronteiras da metrópole
36
(AZZONI, 1986).
Por outro lado, para DINIZ (1991), o movimento de desconcentração da indústria da
RMSP atinge regiões distintas no interior do Estado de o Paulo, e unidades federativas
adjacentes, assumindo este movimento um contorno poligonal
37
, condicionado por uma base
industrial, infra-estrutura pré-existente, e vel de renda suficiente para receber os novos
investimentos industriais
38
.
NEGRI (1996) entende que os argumentos de existência de um desenvolvimento
poligonal, ou a versão que considera um campo aglomerativo na RMSP e em seu entorno, não
explicam de forma adequada o significado da desconcentração, pois, no seu conjunto, deixam
de esclarecer porque houve crescimento em outras regiões do país.
NEGRI (1996) justifica-se através dos seguintes argumentos: internamente ao
polígono, não foram todas as regiões que ampliaram sua participação no produto industrial;
face à nova dinâmica da década de 80 do século XX com redução dos investimentos, o
movimento de desconcentração não deixou de ser dominante; mesmo com o surgimento de
novos determinantes, oriundos da modernização tecnológica, a desconcentração industrial
continuou seu curso.
Alguns fatores podem ser considerados como tendo certa influência neste movimento,
conforme enumera BELLUZZO e TAVARES (1982) apud PACHECO (1996):
Políticas de incentivos e subsídios às exportações dinamizam a agroindústria
do Estado.
36
Isso não significou que outras regiões do interior de São Paulo não atingissem veis de desenvolvimento
industrial satisfatório. Campinas, Ribeirão Preto e Sorocaba o exemplos de cidades que se estruturaram
através de um conjunto sólido de fundamentos, que lhes permitiram atingir uma dinâmica própria de produção
industrial, através da força de sua agricultura. Em particular, a agroindustrialização se desenvolveu nestes
espaços aproveitando suas potencialidades naturais e o incentivo governamental em obter uma base de
exportação, com valores agregados superiores (NEGRI, 1996).
37
O desenvolvimento poligonal foi proposto por DINIZ, (1991) como forma de se compreender uma região que
abarca o interior de São Paulo, as áreas entre Belo Horizonte, Uberlândia, Londrina/Maringá, Porto Alegre e
Florianópolis, uma área delimitada por um campo aglomerativo que tende a atrair investimentos com maior
ênfase do que as demais regiões, e na qual o espraiamento da indústria se verificou com maior evidência.
38
Os novos investimentos se localizam em regiões próximas a Região Metropolitana de São Paulo, em virtude
da natureza técnica dos processos produtivos (PACHECO, 1996).
40
Pró-alcool
39
estimula a produção agrícola e industrial.
Investimentos da década de 70 do século XX.
Políticas estaduais e municipais resultaram em elevados investimentos em
infra-estrutura, principalmente na malha de transporte
40
.
Aparecimento de deseconomias de aglomeração inibe novos investimentos na
metrópole.
Grande densidade urbano-industrial no Estado de São Paulo.
Por fim, GUIMARÃES NETO (1995) entende que a desaceleração da economia após
o II PND, as políticas de desenvolvimento setorial
41
atreladas a incentivos fiscais e
financeiros, e as alternativas criadas pelo desenvolvimento da infra-estrutura de transportes
proporcionaram a possibilidade de se obter vantagens, a partir da localização em outras áreas
e contribuíram como fatores para o processo de desconcentração.
Porém, a chave para o entendimento desta dinâmica situa-se na forma como o país se
inseriu na captação de novos investimentos: o perfil setorial dos investimentos baseou-se em
bens intensivos em recursos naturais, e oriundos do padrão industrial da II revolução
industrial, parte deles respondendo a maturação dos investimentos do II PND (NEGRI, 1996).
Portanto, não se pode deixar de considerar a forma de inserção internacional da
economia brasileira, a estruturação do mercado nacional, quando o mesmo passou de uma
articulação comercial para uma integração produtiva interdependente, sob a liderança do
Estado de São Paulo, e tendo a periferia uma atuação complementar ao Estado dominante,
sem se esquecer da participação do governo nas inversões em setores estratégicos
(GUIMARÃES NETO, 1995).
Em especial, a inserção da indústria paulista na economia nacional verifica-se através
de um quadro de comando sobre a periferia, alicerçado por uma estrutura diversificada, com
desenvolvimento sucessivo das instrias de bens de consumo intermediário, bens de
consumo duráveis e bens de capital (DINIZ, 1991).
Significa dizer que, as decies relativas às estratégias de crescimento, diversificação e
localização pertencem ao centro dominante que determina e direciona a desconcentração
39
O Programa Nacional do Álcool desenvolveu-se primeiramente em São Paulo, porque a indústria brasileira
produtora de equipamentos para o parque sucro-alcooleiro localiza-se no interior do estado, e porque a
dinâmica da agricultura paulista respondeu de forma adequada aos seus estímulos (NEGRI, 1996).
40
Um apanhado das políticas Estadual e Municipal no Estado de São Paulo que mais influenciaram o processo
de desconcentração industrial e seus desdobramentos podem ser visto em (NEGRI, 1996 p.170-180).
41
Sobre as políticas de desenvolvimento setorial, ver entre outros, (GUIMARÃES NETO, 1995, p.35-37).
41
produtiva, criando por assim dizer, uma estrutura produtiva a nível nacional, adequada às suas
necessidades (GUIMARÃES NETO, 1995).
Este é o cenário em que devemos analisar as mudanças advindas do processo de
concentração e desconcentração espacial da indústria de transformação, considerando de
forma adicional, a instabilidade dos preços da década de 80 e 90, as crises ocorridas
simultaneamente à retirada do Estado de setores estratégicos para o desenvolvimento
nacional, e a redução do nível de investimentos estatais, em função da crise fiscal e financeira
verificada a partir deste momento (GUIMARÃES NETO, 1995).
4.2. O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DE SÃO PAULO NO
CONTEXTO BRASILEIRO
A indústria paulista nasce da dependência do capital cafeeiro, constituindo-se a cidade
de o Paulo, em um conjunto de investimentos originados por sua atividade precípua, o que
fez dinamizar seu mercado e comércio criando uma estrutura urbana, proporcionando a
abertura de bancos, a proliferação por todo o estado de linhas férreas, e um sistema de
transportes coeso (NEGRI, 1996).
É desta forma que o espaço econômico de São Paulo constitui-se no cerne, na origem
de acumulação de capital, através da economia cafeeira
42
, e posteriormente, dos
desdobramentos e inversões de aportes de capitais proporcionados por este segmento
(NEGRI, 1996).
A indústria paulista estrutura-se através dos fluxos de exportações da economia
cafeeira
43
, pois, sua natureza incipiente não lhe permitia caminhar com as próprias forças.
Existia, portanto, a necessidade de importar bens intermediários e bens de capital, para que
fosse possível desenvolver a produção industrial (NEGRI, 1996).
Verifica-se, pois, uma dinâmica estruturante, proporcionada pelo principal produto,
fonte de receita de exportação brasileira, o café. Inicialmente, através da concentração em
bens de consumo, caso da indústria alimentícia e da têxtil. Sua base de sustentação constitui-
42
No início do século XX, a política ecomica através de programas de valorização do café, compra de
excedentes e garantia de preços mínimos e a política cambial proporcionou o direcionamento de montantes de
capital que vazam para as atividades industriais (NEGRI, 1996).
43
Trata-se de um conjunto de atividades que se compõem, além do café, por sua comercialização, transportes e
armazenamento etc. (NEGRI, 1996).
42
se de uma diversificada agricultura de alimentos, que através das atividades de
beneficiamento, iria dar margem ao surgimento da agroindústria. Este fenômeno conferia a
indústria de bens de consumo não duráveis em 1928, 77% da participação no produto
industrial (NEGRI, 1996).
O início do processo de industrialização no Brasil e, em especial, no Estado de São
Paulo, denominado industrialização restringida, inicia-se na década de 30 do século XX, e vai
até meados da década de 50 do século XX. Este período é marcado pela dependência da
evolução das exportações, para que o país acumulasse as divisas necessárias para a
importação de bens de capital e bens intermediários (NEGRI, 1996).
Em São Paulo, a estrutura da indústria de transformação, em termos de valor da
produção confere em 1937, aproximadamente 71% de participação aos setores produtores de
bens de consumo não duráveis, com destaque para as indústrias de produtos alimentícios e
têxteis. Entre os setores produtores de bens intermediários, cujo componente setorial chega
próximo de 24%, destaca-se o setor de química com quase 10% no total. A indústria de bens
de capital e duráveis de consumo contribui na oportunidade com quase 5% (NEGRI, 1996).
Isto confere à indústria paulista a posição de principal parque industrial do país,
principal centro dinâmico da economia brasileira, o que significa que, o processo de
crescimento e desenvolvimento econômico no Brasil é liderado por São Paulo, que progride e
integra o mercado a nível nacional (CANO et al, 2007).
Por sua vez, desde a década de 40 do século XX, a atuação do Estado brasileiro
pautava-se na realização de investimentos em setores de elevada inversão de capitais, e
contribuía a partir de meados da década de 50 do século XX, através do Plano de Metas, para
o estabelecimento dos alicerces para a atuação conjunta dos capitais estrangeiros, nacionais e
estatais (NEGRI, 1996)
Em especial, destaca-se a criação da Companhia Vale do Rio Doce em 1942, da
Fábrica Nacional de Motores em 1943, da Acesita em 1944, e da Companhia Siderúrgica
Nacional em 1946. Na década de 50 destacam-se a criação do Banco Nacional de
Desenvolvimento em 1952, e a instituição do monopólio do petróleo em 1954 (NEGRI,
1996).
Neste contexto, o foco da discussão sobre o desenvolvimento da economia brasileira,
em termos regionais, esteve direcionado às questões de integração da economia,
fortalecimento do mercado interno, e desenvolvimento das regiões menos favorecidas.
Foi através do desenvolvimento dos ciclos primário-exportadores que se alavancou a
produção, partindo-se das regiões Sudeste e Sul, com forte concentração no Estado de São
43
Paulo
44
, em que pese os escassos vínculos mercantis entre si no início (NEGRI, 1996;
PACHECO, 1996).
Desta maneira, o estado de São Paulo reforçava os laços do comércio inter-regional
com o restante do país, importando matérias-primas e alimentos, enquanto exportava produtos
manufaturados, numa articulação de natureza comercial (NEGRI, 1996).
GUIMARÃES NETO (1995) destaca estas relações como articulações comerciais
entre as regiões que são consolidadas a partir do momento em que, o país supera as crises que
surgem nos períodos posteriores ao auge dos fluxos agroexportadores, e que dão suporte ao
início da fase de industrialização.
A caracterização da evolução da industrialização no país é evidenciada, através da
unificação do mercado interno, conduzida pelo Estado de São Paulo, num contexto de elevado
grau de complementaridade. Ocorre praticamente a eliminão de qualquer tentativa de
crescimento autônomo por parte das outras reges
45
, condicionadas em seus objetivos de
desenvolvimento a estratégia do território paulista (PACHECO, 1996).
GUIMARÃES NETO (1995) destaca que a industrialização sempre esteve
concentrada no Sudeste e, em especial, no Estado de o Paulo, sendo esta, a base para a
formação e consolidação do mercado interno do país. As outras regiões passam a ajustar sua
produção de maneira complementar a economia paulista, ou explorando suas vantagens
comparativas.
Alguns instrumentos de política econômica foram importantes para que se fortalecesse
a integração do mercado nacional na fase de industrialização restringida: a reforma cambial de
1953, instituída através da instrução 70 da Sumoc
46
, que estabelecia taxas múltiplas de câmbio
e a instrução 113 da Sumoc que passa a estimular o ingresso de capitais estrangeiros, atras
da concessão de subsídios para a remessa de lucros futuros ao exterior (NEGRI, 1996).
44
NEGRI, (1996) destaca que, a concentração no Brasil ocorreu de forma generalizada, entendendo-a em relação
aos produtos, aos mercados consumidores e fornecedores, à força de trabalho, à infra-estrutura, e em relação às
fontes de matérias-primas. Tudo isto, fruto em parte, da natureza da divisão da terra com predomínio de
grandes latifúndios, do perfil de alta concentração das rendas e salários que contribui para obstacularizar a
expansão industrial. Segundo PACHECO, (1996), a concentração industrial se consolidou muito, em função
do direcionamento de aportes de capital vindos do café, da montagem da indústria pesada, e da unificação do
mercado nacional.
45
PACHECO, (1996) identifica uma primeira etapa, onde se verificam articulações comerciais conduzidas por
o Paulo. A eliminação de impostos interestaduais, a melhoria no sistema de transportes, a criação de
poticas e concessão de subsídios no plano interno, vão de encontro às políticas protecionistas, o que em
função da instabilidade inflacionária e oscilação cambial, conferem um ambiente de integração pouco
competitiva. Na cada de 70 ocorre a segunda etapa com prioridade para o desenvolvimento da
industrialização pesada, ou seja, indústria de bens de capital e bens duráveis.
46
Superintendência da Moeda e do Crédito.
44
Desta maneira, a estratégia de integração sobrepõe os interesses da nação
47
em relação
às prioridades regionais, permitindo que os investimentos estatais criem as condões
necessárias ao desenvolvimento econômico (NEGRI, 1996).
Neste particular, é o estado de São Paulo que obteve vantagens significativas, pois,
possuindo uma estrutura industrial diversificada e modernizada, aproveitou-se para
aprofundar suas relações com as demais regiões do país, e aumentar seu comércio inter-
regional
48
(NEGRI, 1996).
Com o início do período de industrialização pesada no Brasil, em meados da década
de 50, o governo implanta o Plano de Metas que teve o papel de acelerar o processo de
desenvolvimento do país, constituindo-se em fator determinante para a instalação de novos
setores como o Automobilístico, Material Elétrico Pesado, Construção Naval, Máquinas e
Equipamentos, entre outros (NEGRI, 1996).
O alto grau de encadeamento entre os setores da economia contribuiu para
desenvolvimento da indústria de bens intermediários, além da necessidade de se explorar as
potencialidades naturais regionais, sem que, no entanto, não se considerasse as diferentes
capacidades de investimentos dos capitais envolvidos. Foram desenvolvidos setores como
Siderurgia, Papel e Celulose, Materiais não-Ferrosos, Petróleo e Química Pesada (NEGRI,
1996).
A partir do milagre econômico
49
, a integração do mercado interno tem como
peculiaridade a liderança do setor de bens de consumo duráveis. Com a implantação do II
PND
50
, passa a comandar a economia o setor de bens de produção. O primeiro tem a
particular estratégia de expansão via endividamento familiar, sendo incapaz de sustentar o
47
Estes, por sua vez, são ofuscados pela adesão progressiva do Brasil ao Modelo de produção industrial norte-
americano, sendo que, o Estado Brasileiro não demonstrou forças suficientes para assegurar seus interesses,
diante do avanço da industrialização, e da proliferação de fluxos de capitais internacionais (TRINTIN, 2001).
48
O comércio interno passa a representar de 43,3% em 1939 para 57% em 1955 do total exportado por São
Paulo (NEGRI, 1996).
49
O milagre brasileiro vai do final da cada de 60 até 1974, e estava alicerçado em um conjunto de reformas
que proporcionaram uma dinâmica própria para o período: melhoria nas condições gerais de financiamento,
elevação dos preços dos serviços de utilidade pública, política de habitação, incentivos as exportações, política
de salários e de concentração de renda pessoal para estímulo ao consumo, entre outras. Maiores detalhes, ver
(NEGRI, 1996 p.140). Além do mais, ancorava-se em um período de elevada capacidade ociosa, o que
contribuiu para a sustentação do ritmo de crescimento da economia (PACHECO, 1996).
50
O II PND trazia de forma explícita, a necessidade de se desenvolver políticas de desconcentração, em favor de
outras regiões, em uma estratégia de integrão do território. Porém, deixando transparecer uma tentativa de
ordenamento do território, e a adequação das políticas às decisões do governo federal (NEGRI, 1996). No
entender de PACHECO, (1996) buscava-se um maior equilíbrio entre as regiões mais desenvolvidas, em
especial, as regiões Sudeste e Sul, através do direcionamento de novos investimentos em áreas de reduzido
peso industrial.
45
crescimento da economia a longo prazo, criando certas incompatibilidades nas estratégias de
atualização, e modernização do parque industrial, o que provoca movimentos cíclicos
descontínuos nas taxas de crescimento da economia (PACHECO, 1996).
Somente a partir da implantação da indústria pesada é que se verifica uma integração
de natureza produtiva no país, sendo observados fluxos de capitais intra-regionais
incentivados pelas oportunidades de novas inversões em outros espaços, em função da
disponibilidade de recursos naturais, e se beneficiando da forma de atuação do Estado
(GUIMARÃES NETO, 1995).
A partir da década de 80 do século XX, o enfoque acadêmico contempla novas
questões a serem debatidas. Diante da natureza fragmentada e espacialmente heterogênea do
desenvolvimento regional, a controvérsia sobre os reais benefícios, e possíveis danos
ocasionados pelas opções de políticas econômicas internas adotadas pela nação passam a se
constituir em uma das pautas principais.
Particularmente, verificam-se novos condicionantes que passam a explicar o processo
de desconcentração, relativos à forma com que as bases produtivas regionais se inserem frente
ao comércio internacional (PACHECO, 1996).
A década de 90 do século XX traz consigo a abertura comercial, e a exposição de
várias regiões a concorrência externa, o que implica para a nação novos desafios, diante das
estratégias das empresas estrangeiras a nível global, e a necessidade de reestruturação do setor
produtivo.
Em particular, veicula-se a idéia de que a globalização passa a desempenhar sobre as
regiões uma influência crescente, permitindo que haja uma maior liberdade no poder de
decidir das esferas sub-regionais, no sentido de causar menor integração dos fluxos
comerciais intra-regionais, e maior autonomia em atrair investimentos estrangeiros, sem que
ocorra a influência da nação sobre estas decisões.
Neste particular, o que se discute, neste momento, é a natureza da integração
econômica do estado brasileiro e a sua força, no sentido de amenizar os efeitos provenientes
da dinamização da economia mundial, e o papel do estado de São Paulo como economia mais
desenvolvida.
4.3. A INTEGRAÇÃO DA ECONOMIA PAULISTA FRENTE AOS DESAFIOS
DA GLOBALIZAÇÃO
46
A integração nacional como objetivo fundamental de política do Estado desenvolveu-
se no decorrer do século XX, através da liderança do Estado de São Paulo na indústria em
geral, com níveis crescentes de concentração até a década de 70. Porém, isto não significou
que houvesse um processo coeso de integração produtiva.
Como bem destaca TRINTIN, (2001) tratava-se de um procedimento que trouxe certa
assimetria a conformação industrial da nação, resultando em conflitos na esfera regional (...) e
acabando por conformar os espaços econômicos de maneiras distintas.
A forma de ocupação do país, e os vínculos comerciais das atividades agro-
exportadoras estavam atrelados ao exterior, aos seus interesses
51
, às limitações do sistema de
transporte, e ao reduzido nível de renda e produtividade da periferia que contribuíram para um
isolamento das reges mais atrasadas (GUIMARÃES NETO, 1995).
A partir da década de 70 verifica-se um espraiamento dos investimentos para Estados
adjacentes, e para o interior do Estado de São Paulo o que se justifica pela ótica de dominação
exercida pelo carro chefe da economia brasileira, pela estratégia do governo, e pelas
deseconomias de escala
52
dos espos metropolitanos.
Verifica-se expansão das áreas de fronteira agrícola rumo ao Centro-oeste, além de
maior espraiamento da agricultura para áreas urbanas do Sudeste. Dado o elevado grau de
encadeamento da agroindústria e a modernização agrícola, a dinâmica da desconcentração
produtiva assume um sentido de integração nacional diversificada (NEGRI, 1996).
A partir da implantação da indústria pesada em São Paulo, a necessidade de se exercer
a complementaridade produtiva, e a coesão do território nacional em termos de objetivos de
crescimento econômico faz com que o estímulo ao comércio interno seja um elemento eficaz
na busca por um comprometimento e interdependência regional, entre as unidades da
federação (PACHECO, 1996).
rios são os argumentos que estimularam o desenvolvimento do comércio interno.
As condições sobre as quais o mesmo se fortaleceu são um conjunto de partes que exerceram
influência numa mesma direção, e acabaram por estimular a concentração econômica nos
51
Segundo TRINTIN, (2001), no Brasil optou-se por aderir ao padrão tecnológico norte-americano que, na
oportunidade, era disseminado pelo mundo (...) e que resultou em uma expansão extraordinária da fronteira
agrícola da nação, e deu margem ao desenvolvimento da agroindustrialização predominantemente no Sudeste,
Sul e Centro-Oeste.
52
Em especial, a deterioração do sistema de transporte e toda infra-estrutura viária, o sistema de abastecimento
de água e esgoto, o sistema de coleta de lixo, a poluição do ar e dos recursos hídricos, a elevação do mero
de acidentes de trabalho, a educação e saúde, entre outros (NEGRI, 1996).
47
diversos setores da economia brasileira. Entre outros, pode-se destacar as barreiras comerciais
que fortaleceram o mercado interno que, por sua vez, beneficiado pela política de integração
nacional, prospera inicialmente na região Sudeste, em especial, no Estado de São Paulo.
Trata-se de uma mudança no padrão de acumulação, alicerçado por uma redução do
grau de abertura comercial no decorrer do processo de industrialização por substituições de
importações, com mudança de posições em relação ao foco direcionador do desenvolvimento:
do padrão primário-exportador para o padrão urbano-industrial (GUIMARÃES NETO, 1995).
A partir do fortalecimento do comércio inter-regional, a acumulação do capital
produtivo passa a ter um sentido, e não se delineia de forma autônoma
53
. O direcionamento
dos aportes de capitais causa efeitos de estímulos, de inibição e de destruição
54
, dependendo
das características e especificidades regionais (CANO, 1985 apud PACHECO, 1996).
As barreiras existentes para o comércio inter-regional são superadas, o que somado ao
desenvolvimento dos meios de transportes, contribuem para uma maior integração entre as
regiões brasileiras (GUIMARÃES NETO, 1995).
Passa-se de um capitalismo moldado e articulado com característica comercial para
uma vinculação integrada, de forma a estabelecer laços produtivos entre as regiões mais
desenvolvidas e as regiões periféricas (GUIMARÃES NETO, 1989 apud PACHECO, 1996).
Surge desta forma, um sistema econômico interno hierarquizado que reforça os laços
de estímulo, que a interdependência e a natureza complementar da produção caminham de
forma a direcionar os investimentos para as regiões prósperas, e as inversões na periferia da
indústria de forma integrada e dependente. Os efeitos de inibição também o fortalecidos em
função de cada região desenvolver suas especificidades.
Portanto, cabe ressaltar que, a partir da década de 80, não é mais suficiente destacar a
integração do mercado interno, o grau de complementaridade da produção regional em termos
nacionais, ou os incentivos regionais necessários ao crescimento (PACHECO, 1996). Antes
de tudo, é necesrio discernir sobre as mudanças advindas da globalização, e as opções de
53
Isso é confirmado, a partir do momento em que, analisamos as políticas de desenvolvimento para outras
regiões como a SUDENE e a SUDAM. Tais políticas consistiam em incentivos fiscais para a instalação de
novos investimentos em seus territórios, e numa política de substituição de importações autônoma. A lógica de
acumulação instaurada desde a década de 30, e a relação de complementaridade entre o estado dominante e a
periferia, não permitiam que as inversões fossem efetuadas sem considerar o peso da influência paulista, o que
fez com que os incentivos estatais se convertessem em ocupação do capital paulista nestas novas regiões
(NEGRI, 1996).
54
Os efeitos de estímulos à integração são definidos a partir da identificação dos setores cuja demanda é
atendida pelas importações ou estimulados pelo crescimento econômico, e cuja demanda seja distribuída no
território nacional. Os efeitos de inibição são relacionados aos produtos de demanda local. Os efeitos de
destruição são oriundos do acirramento da concorrência inter-regional (CANO, 1985 apud PACHECO, 1996).
48
política econômica interna. Especificamente, as decisões de investimentos não o mais
tomadas em mercados fechados, e a inércia não faz mais parte do contexto dos negócios.
É necessário compreender a posição das regiões diante de um mundo globalizado, em
situações que, nem sempre o melhor para a nação será a prioridade regional. Os fluxos
regionais não o completamente delineados pelas políticas nacionais, uma ruptura no
sentido dos cursos comerciais internos que são, em parte, ocasionados pelas transformações
da economia mundial, pelas mudanças estruturais nas indústrias, e pela política econômica do
governo.
Para PACHECO (1996) certos questionamentos devem ser lançados de maneira a
compreender como as alterações devem ser encaradas: de forma autônoma a região, ou num
contexto nacional? O autor enfatiza que não basta ver o problema somente sob a ótica da
desconcentração
55
produtiva, sem que haja uma preocupação com o sentido para a nação.
Em especial, o problema da desconcentração produtiva da RMSP para o interior de
São Paulo e para os Estados Adjacentes retrata a reestruturação produtiva, e o impacto sentido
pela economia mais desenvolvida, mas, não deixa de ser um problema nacional, e de
integração das economias regionais. Retrata, sem vida, a maior concorrência por
investimentos, ou seja, os efeitos da guerra fiscal e o deslocamento da fronteira agrícola e
mineral para o Centro-Oeste (CANO et al, 2007).
Ademais, não se pode deixar de considerar que a estrutura da instria paulista tem
maior grau de encadeamento intersetorial, o que a torna mais vulnevel aos efeitos negativos
da queda dos investimentos. O resultado é que em períodos de recuperação, ela cresce a um
ritmo inferior à media nacional e durante a recessão, declina a taxas superiores
56
(PACHECO,
1996).
A esse respeito, NEGRI (1996) destaca que:
Os períodos cíclicos da economia brasileira fizeram-se sentir mais
profundamente nessa região: taxa de crescimento elevada no período de auge
da economia, mas abaixo da média nacional e estadual; no período de
55
Segundo (NEGRI, 1996), a desconcentração ecomica que prevalece nas origens da industrialização
brasileira não se refere apenas à manufatura, mas, aos mercados consumidores e fornecedores, à força de
trabalho e infra-estrutura, e as fontes de matérias-primas, fatos que reforçam as razões pelas quais a maior
parte dos grupos industriais decidiu se instalar no Estado de São Paulo.
56
Na década de 80, a indústria paulista, por sua própria especificidade foi mais afetada pela recessão, o que
contribuiu para a redução de sua participação relativa no produto industrial nacional comparando-se aos dados
das cadas de 70 e 90 do século XX. (NEGRI, 1996).
49
decnio da economia, a diminuição do ritmo de crescimento do seu produto
industrial foi bem mais acentuada do que as verificadas naquelas regiões
(NEGRI, 1996 p.199).
Neste ínterim, o Estado de São Paulo por concentrar a maior parte da instria
nacional de bens de capital na década de 80 do século XX, e por consistir em uma estrutura
industrial que guarda grande interdependência técnica, é afetado de maneira mais intensa,
gerando relações em cadeia com outras regiões, porém, sendo mais atingido pela depressão
(NEGRI, 1996).
Esta influência sobre a economia paulista pode ser contextualizada da seguinte forma:
na transição do modelo fordista para o modelo de especialização flexível
57
, movimento este
dominante em termos mundiais e em menor proporção nas economias em desenvolvimento,
surge um ponto de inflexão no decurso dos investimentos em andamento, preponderantemente
naqueles realizados nos espos com forte natureza industrial (AMARAL FILHO, 1996).
Este ponto de inflexão é vislumbrado no sentido de que, as regiões industrializadas
durante a disseminação do modelo fordista de produção passam a ter maiores dificuldades de
se adequar ao novo paradigma tecnológico, pois, suas estruturas industriais estão baseadas no
modelo antigo.
Sua inserção tende a ter uma natureza atrelada em maior proporção aos investimentos
predominantes no período fordista, ou seja, o correspondem as formas mais modernas de
atualização tecnológica (AMARAL FILHO, 1996).
Nesta conjuntura evolutiva, havia a necessidade do espaço de São Paulo em manter a
natureza de interdependência econômica com as demais regiões brasileiras, em um contexto
de mudanças, ou seja, crise fiscal-financeira do Estado, ambiente institucional marcado por
elevada volatilidade dos juros e da inflação e descentralização da produção.
Esta conformação estrutural exigia que o grau de desenvolvimento tecnológico das
regiões aumentasse e que as inter-relações estabelecidas fossem sedimentadas, em um
ambiente que proporcionava oportunidades para as regiões
58
(AMARAL FILHO, 1996).
57
Nessa transição, num contexto de reconhecimento das abordagens regionais e macroecomica, passa-se a
reconhecer a necessidade de se criar propostas de desenvolvimento da base para o topo (SOUZA FILHO,
2006), assim como reconhecendo como endógenos, além dos fatores de produção tradicionais: capital, trabalho
e recursos naturais, outros de importância significativa para as regiões, tais como, capital humano, instituições,
P&D, conhecimento e informação (AMARAL FILHO, 1996).
58
Isto não significava a extinção do modelo fordista de produção e da grande indústria verticalizada, mas, em
certo sentido, uma readaptação às reais condições do novo paradigma tecnológico (VELT, 1996 apud
AMARAL FILHO, 1996).
50
A saída sugerida quando se tem um espaço de natureza complementar e
interdependente pode passar pela estratégia de se buscar um direcionamento dos produtos
frutos de suas especializações para o âmbito das exportações, em uma atmosfera impregnada
pela industrialização (BENKO e LIPIETZ, 1994).
4.4. A ECONOMIA PAULISTA NO CENTRO DA DINÂMICA DE
DESENVOLVIMENTO INTERNO
Desde o início da fase de industrialização restringida
59
que se observa concentração
produtiva na RMSP e seu entorno. Em relação ao Estado detinha desde o final da década de
30 do século XX, participação próxima a 2/3 do valor da produção industrial regional,
enquanto o interior do Estado contribuía com 1/3 do total (NEGRI, 1996).
Em relação ao território nacional, a RMSP concentrava em 1939 aproximadamente
30% do produto industrial. Em 1956 sua contribuição sobe para quase 35%. O interior de São
Paulo, por sua vez, contribuía com 16% do produto industrial em 1939 e com 17,4% em 1956
(NEGRI, 1996).
Em nível regional verificam-se mudanças na distribuição da produção industrial com
perdas para a cidade de São Paulo e interior do Estado, em favor das cidades situadas no
entorno da capital, demonstrando o processo de formação da metrópole paulista. Enquanto a
capital reduz sua participação na produção industrial de 53,9% em 1939 para 51,1% em 1956,
o entorno eleva sua contribuição de 10,6% para 15,5% no mesmo período. O interior do
estado perde participação relativa, de 35,5% em 1939 para 33,4% em 1956. (NEGRI, 1996).
A estrutura industrial passa a reforçar os laços de complementaridade entre as
economias regionais, principalmente no Estado de São Paulo que passa a concentrar boa parte
do produto industrial do país. Entre 1956 e 1967, a indústria paulista concentra 57,3% do
produto industrial brasileiro (NEGRI, 1996).
Na década de 60 do século XX, PACHECO, (1996) identifica um movimento de
interiorização da indústria rumo à região do ABC, e nos anos 70 do século XX no sentido da
59
Esta é uma etapa de articulação essencialmente comercial, onde a unificação do mercado se constrói atras do
avanço da industrialização, sob a liderança da economia paulista (PACHECO, 1996).
51
região do Vale do Paraíba. Este movimento se caracteriza, sobretudo, por instalações de novas
plantas industriais, exceto em casos especiais
60
, onde o deslocamento é concretizado.
Na visão de CANO et al (2007), o Paulo lidera o processo de integração da
economia, aproveitando-se dos efeitos de encadeamento, e efeitos de complementaridade com
relação ao restante da nação.
Por este motivo, tende a articular uma quantidade de indústria superior em relação ao
restante da nação. Sua produção encadeada, atrelada a posição geográfica dos principais
centros urbanos permite que o estímulo a localizão em seu território, ou em espaços
adjacentes sujeite-se a uma natureza mais dinâmica (HIRSCHMAN, 1961).
Surge desta forma, no espaço paulista, uma atmosfera transformadora em termos de
economia nacional, um clima favorável que integra as regiões e que dão margem ao
aparecimento de indústrias motrizes, ou seja, aquelas que transformam o ambiente e que tem
como peculiaridade, o fato de estarem no centro de várias outras indústrias que conferem aos
seus planos de produção os mesmos objetivos (PERROUX, 1955 apud LASUEN, 1975).
Trata-se de uma antecipação criadora que produzirá ganhos no produto global da
economia do centro e criará efeitos adjacentes nas economias ao entorno (PERROUX, 1955
apud LASUEN, 1975).
Neste espaço, em função de sua natureza encadeada com o restante do país, originam-
se efeitos que atuam de forma a beneficiar as regiões em seu entorno, assim como outros que
podem ser desfavoráveis. Os primeiros podem ser detectados, a partir do momento em que se
observam inversões que beneficiam as regiões retardatárias, através da realização de
pesquisas em seus espaços com objetivos de se criar um desenvolvimento mais compacto,
principalmente aproveitando-se o fato de que estas regiões são de natureza complementar. Os
segundos, por sua vez, se manifestam como prejudiciais a partir do momento em que a
natureza da interdependência e complementaridade objetivam impor fluxos de comércio para
o centro que impliquem em prejuízos para as regiões retardatárias, ou no momento em que a
mão-de-obra qualificada da periferia tenda a se direcionar para o centro (HIRSCHMAN,
1961).
São Paulo apresenta no início da década de 70 do século XX a seguinte estrutura
setorial: o setor de bens de consumo não duráveis detém aproximadamente 40% do produto
industrial, destacando-se os setores de Produtos Alimentícios e Têxteis. O setor de bens
60
O translado da indústria de áudio e vídeo do Estado de São Paulo para a Zona Franca de Manaus é uma
exceção. Posteriormente, o deslocamento parcial do segmento de têxtil e confecções para o Nordeste também
se caracteriza da mesma forma.
52
intermediários participa com quase 33%, com ênfase nos setores de Metalurgia e Química,
Perfumaria e Produtos Farmacêuticos. O setor de bens de consumo duráveis e bens de capital
colabora com algo em torno de 28% com participação relevante para materiais de transporte
12,3%, mecânica 7,% e material etrico e comunicações 6,6%. Em termos de concentração
espacial do valor da produção industrial no Estado de São Paulo, a RMSP detém cerca de
70%, o que representa 38,5% da produção nacional. o interior paulista obtém
aproximadamente 29,3% da indústria paulista e 14,7% da participação brasileira. No que se
refere às regiões administrativas do Estado de São Paulo, o valor da produção industrial se
distribui especialmente na região de Campinas com 10,5% do total, no Litoral com 4,2%, na
RA
61
de Ribeirão Preto com 3,6%, no Vale do Paraíba com 3,1%, e na RA de Sorocaba com
2,3% (NEGRI, 1996).
Porém, a partir da década de 70 do século XX, a desconcentração da indústria
brasileira
62
começa a se desenhar. Inicialmente da região metropolitana do Estado de São
Paulo rumo ao interior paulista
63
e posteriormente para os Estados adjacentes.
A desconcentração (...) continuou tendo dois sentidos: de um lado, o restante
da periferia nacional (...) de outro, o interior de São Paulo, graças às políticas
da década de 70, à maturação de investimentos anteriores, e ao Pró-Alcool.
Assim, na década de 1980, o interior de São Paulo como na década anterior,
ampliou sua participação na indústria do País, chegando em 1990 a
responder por 23% deste total, quando detinha apenas 14,7% em 1970 e
20,2% em 1980 (NEGRI, 1996 p.145).
Esta é a tendência manifestada pelo movimento de desconcentração da indústria
brasileira desde a década de 70 do século XX, até o início da década de 90 do século XX,
conforme amplo debate realizado. A partir de então, procura-se enfatizar o período pós 96,
através da distribuição do PIB nos Estados federativos, e por intermédio de uma análise
61
Região Administrativa.
62
Considerando a complexidade do assunto, procura-se na medida do possível abordar sobre a importância da
distribuição de recursos naturais no espaço, na importância do papel do Estado na configuração industrial, no
nível de integração ecomica das regiões brasileiras, nas economias e deseconomias de aglomeração
existentes, além de considerar os desequilíbrios da renda e do emprego que impendem uma distribuição mais
igualitária do investimento industrial no território nacional, conforme aspectos levantados por DINIZ, (1991).
63
Ocorreu uma tendência a permanência na capital do Estado de São Paulo das unidades pertencentes ao setor de
bens de consumo não duráveis como xtil, vestuário, calçados e bebidas entre outros. No entorno manteve-se
bens de capital, bens de consumo duráveis e bens intermediários. No interior do Estado, ganha peso a instria
química, mecânica, de material de transporte e material elétrico. Reduz-se sua participação relativa na
indústria de alimentos (NEGRI, 1996).
53
setorial
64
, com o intuito de se verificar qual foi o comportamento da indústria de
transformação brasileira, em especial, dando ênfase ao Estado de São Paulo.
4.5 O MOVIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA E DA ECONOMIA
PAULISTA SOBRE A ÓTICA DA DISTRIBUIÇÃO DO PIB E DO VTI,
SEGUNDO GRANDES REGIÕES NO PERÍODO DE 1996 a 2005
Um primeiro olhar sobre os dados relativos à distribuição do produto interno bruto nas
regiões brasileiras e principais Estados federativos revela que o Sudeste, principal seleiro da
produção nacional perde participação relativa, porém, continua detendo a maior parte do PIB,
ou seja, a região Sudeste obteve em 1996 o percentual de 58,1% do PIB nacional. A partir de
então, sua participação se manteve praticamente idêntica: em 2005 obteve o percentual de
56,5% do PIB conforme Gráfico 1 e de acordo com a Tabela 1 no Anexo.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
SUDESTE SUL NORDESTE CENTRO-OESTE NORTE
Gráfico 1 Distribuição relativa do PIB brasileiro, em % por regiões no período de 1996-2005.
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
64
A análise setorial é importante, pois, verifica-se que no período em análise, o produto industrial do Estado de
o Paulo passa a concentrar uma participação crescente do setor de servos e uma reduzida participação do
setor industrial, o que deve ser analisado com cautela, pois, pode significar que o valor agregado do setor
servos ofusca a grandeza do valor gerado na indústria ou que, em certo sentido, a economia está
evidenciando no PIB paulista o fator financeiro, em detrimento do fator produtivo (PACHECO, 1996). O
desafio reside justamente em identificar até onde isto significa uma desconcentração industrial da RMSP em
favor do interior do Estado e de outras regiões adjacentes.
54
Em relação à concentração intra-regional, os Estados de São Paulo e Minas Gerais
reduzem suas contribuões no PIB, passando de 34,9% e 10,1% em 1996 para 33,9% e 9,%
em 2005, respectivamente
65
. O Estado do Rio de Janeiro, por sua vez, eleva sua participação
de 11,1% em 1996 para 11,5% em 2005
66
.
Na região Sul verifica-se perdas para o Rio Grande do Sul que reduz sua participação
de 8,1% em 1996 para 6,7% em 2005, e para o Estado do Paraná que no período em análise
reduz sua contribuição de 6,1% em 1996 para 5,9% em 2005. Santa Catarina aumenta sua
contribuição de 3,8% em 1996 para 4%, respectivamente em 2005
67
.
Na região Centro-Oeste, os destaques são as economias dos Estados do Distrito
Federal e Gos que fortalecem suas posições relativas no período que passam de 2,1% em
1996 para 3,7% em 2005 e de 1,9% em 1996 para 2,4% em 2005.
A análise setorial
68
, por sua vez, revela que o setor que mais agregou valor em termos
regionais foi o de serviços. Este segmento da economia obteve um crescimento expressivo a
partir de 1996, considerando-se sua participação na composição do produto interno bruto.
Nas cinco regiões analisados, sua trajetória indica elevação em todas
69
. Na Região
Sudeste, o mesmo passou de 29,6% em 1996 para 31,21% em 2005; na região Sul aumentou
de 8% em 1996 para 8,8% em 2005; na região Nordeste, subiu de 7% em 1996 para 7,6% em
65
Em algum sentido, este movimento indica certa estagnação do processo de desconcentração inter-regional do
PIB, quando se observa os dados do peodo de 1996 a 2005, pois, no período de 1970 a 1996, o Sudeste
reduziu sua contribuição de 65,5% para 58,1%. As demais regiões ampliaram sua participação no PIB no
mesmo período, sendo a região Sul de 16,7% em 1970 para 18% em 1996, a rego Nordeste de 11,7% em
1970 para 13,2% em 1996, a região Centro-Oeste de 3,9% em 1970 para 6,3% em 1996, e a região Norte de
2,2% em 1970 para 4,4% em 1996. A partir de então, as regiões Sudeste e Sul registraram pequenas perdas em
suas contribuições relativas, passando de 58,1% em 1996 para 56,5% em 2005 e 18% em 1996 para 16,6% em
2005, respectivamente. As regiões Nordeste e Norte praticamente não sofreram alterões em suas
contribuições relativas no mesmo período: a primeira passou de 13,2% em 1996 para 13,1% em 2005 e a
segunda de 4,4% em 1996 para 4,5% em 2005. A região que mais se destacou no período foi a região Centro-
Oeste que elevou sua contribuição de 6,3% em 1996 para 9,3% em 2005.
66
O movimento de queda para o Estado de São Paulo em relação a concentração intra-regional do PIB é
manifestado desde o início da década de 70, com redução significativa em sua contribuição relativa, passando
a mesma de 39,4% em 1970 para 34,9% em 1996. O Estado do Rio de Janeiro reduz sua contribuição de
16,7% em 1970 para 11,1% em 1996. Minas Gerais eleva sua participação de 8,3% em 1970 para 10,1% em
1996.
67
De 1970 a 1996, Paraná e Santa Catarina elevam suas contribuições relativas no PIB de 5,4% para 6,1% e de
2,7% para 3,8%, respectivamente. O Rio Grande do Sul, por sua vez, reduz sua participação de 8,6% para
8,1%.
68
Seus dados podem ser verificados através da Tabela 2, Anexo 1.
69
Este movimento ocorreu em sentido contrário no período de 1970 a 1996, com perdas para o setor de servos
nas regiões Sudeste e Sul, passando as mesmas a contribuir de 37% e 8,9% em 1970 para 29,6% e 8%,
respectivamente. Para as demais regiões, ocorreu ganho na participação do setor.
55
2005; na região Centro-Oeste elevou-se de 4,4% em 1996 para 5,7% em 2005; e por fim, na
região Norte saltou de 2,1% em 1996 para 2,6% em 2005 conforme se verifica no Gráfico 2.
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte
Gráfico 2 Distribuição relativa do PIB de Serviços, em % por regiões do Brasil no período de
1996-2005.
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
A agropecuária, em um contexto geral, perde participação relativa em todas as regiões,
exceto na região Centro-Oeste. Sua participação contrai-se no Sudeste de 2,5% em 1996 para
1,45% em 2005; no Sul de 2,29% em 1996 para 1,13% em 2005; na rego Nordeste de 1,5%
em 1996 para 0,9% em 2005 e na região Norte de 0,58% em 1996 para 0,46% em 2005. Na
região Centro-Oeste eleva-se de 0,73% em 1996 para 0,92% em 2005
70
conforme se verifica
no Gráfico 3:
70
No período de 1970 a 1996, a Agropecuária reduz sua participação no PIB das regiões Sudeste, Sul, Nordeste
e Centro-Oeste. O único espaço a sofrer elevação em sua contribuição neste setor foi a rego Norte conforme
pode ser observado na Tabela 2, Anexo 1.
56
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Sudeste
Sul
Nordeste
Centro
-
Oeste
Norte
Gráfico 3 Distribuição relativa do PIB da Agropecuária, em % por reges do Brasil no
período de 1996-2005.
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
A indústria, por sua vez, mantém uma participação relevante em termos percentuais
em relação ao PIB em todas as regiões a 2001, conforme pode ser constatado no gráfico 4.
Sua contribuição relativa sofre uma queda vertiginosa em 2002, e a partir de então, eleva-se
de forma gradual em todas as regiões, sendo que, a recuperação recente ainda o supera as
perdas do ano de 2002.
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte
Gráfico 4 Distribuição relativa do PIB da Indústria, em % por regiões do Brasil no peodo de
1996-2005.
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
Particularmente na região Sudeste manteve-se forte concentração da participação do
setor industrial no PIB até 2001, com elevação em sua contribuição de 21,9% em 1996 para
22,6% em 2001. No ano de 2002, no entanto, ocorreu uma queda intensa na contribuição
57
relativa desta região no patamar de 8,8 pontos percentuais, que chama a atenção por ser um
movimento que mudou a composição setorial do PIB e em especial provocou uma redução
drástica na contribuição relativa da instria.
O mesmo movimento é observado nas outras regiões brasileiras com ganho relativo
para este setor na região Sul de 6,7% em 1996 para 7,2% em 2001; no Nordeste de 3,9% em
1996 para 4,5% em 2001; na região Norte de 1,6% em 1996 para 1,9% em 2001; e no Centro-
Oeste de 1% em 1996 para 1,3% em 2001 e perdas em menores proporções em relação ao ano
de 2002 de 2,8, 1,68, 0,7 e 0,22 respectivamente
71
.
Neste particular, o fato da indústria paulista estar mais agregada à economia mundial e
ser um espaço mais integrado ao mercado brasileiro, de forma a manter laços de
complementaridade com outras regiões, confirma o que já foi argumentado anteriormente, que
se trata de um espaço com elevado grau de encadeamento intersetorial, que o sujeita a
movimentos mais abruptos de suas variáveis econômicas (NEGRI, 1996; PACHECO, 1996;
CANO et al 2007).
Para CANO et al (2007), esta queda do peso da indústria deve-se a compressão dos
preços relativos, principalmente a partir do momento em que se verifica valorização cambial,
e elevação das importações, em um contexto de parcas taxas de crescimento no período s
Plano Real.
Ademais, retrata os resultados das estratégias de diversificação dos grupos
empresariais que, impulsionados pelo movimento da globalização, enfraquece os laços de
integração entre a economia nacional e aumenta a interdependência das regiões,
especialmente orientando os fluxos produtivos para os espos regionais, conforme suas
especializações, o que caracteriza a desconcentração produtiva.
O movimento da indústria em termos de análise da distribuição do produto interno
bruto no espaço nacional parece ser o de desconcentração, em favor de outros espaços, ou
seja, um espraiamento da produção em favor de regiões adjacentes ao Estado de São Paulo e,
em nível mais reduzido para o próprio interior paulista, o que deve ser analisado com certa
cautela, devido à influência do fator financeiro sobre a questão produtiva, em especial, como
se observou para o ano de 2002.
71
Este é um período marcado por forte oscilação cambial, e de elevadas taxas de juros, de transição eleitoral no
Brasil, além de ser uma época marcada pelo atentado de 11 de setembro nos EUA. Talvez a soma destes
fatores, atrelados às questões estruturais na indústria, e a especulação financeira tenham contribuído para uma
queda tão grande da participação industrial no PIB brasileiro. Uma análise mais profunda da questão exigiria
que se levassem em conta rias questões, tais como: a evolução dos investimentos no período anterior e sua
maturação, as estratégias das indústrias, a questão da utilização da capacidade instalada, e as políticas
econômicas do governo, entre outros fatores.
58
Para melhor ilustração da distribuição do PIB no espaço paulista apresenta-se o Estado
de São Paulo dividido por microrregiões com o objetivo de se entender quais as regiões que
mais concentram participação relativa a nível estadual neste indicador, conforme pode ser
visualizado nas figuras de 1 a 3:
Figura 1 Mapa do Estado de São Paulo, Distribuição do PIB por Microrregiões Ano: 1996
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
Figura 2 Mapa do Estado de São Paulo, Distribuição do PIB por Microrregiões Ano: 2002.
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
59
Figura 3 Mapa do Estado de São Paulo, Distribuição do PIB por Microrregiões Ano: 2005.
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
A princípio, as Figuras confirmam que ocorre forte concentração espacial do PIB
paulista nas regiões de Campinas, Macro Metropolitana Paulista, Vale do Paraíba e
Metropolitana de São Paulo
72
.
Na região de Campinas, verifica-se que, a cidade de Campinas perdeu participação
relativa em relação ao PIB estadual, passando de 3,44% em 1996 para 2,74% em 2005. As
cidades em seu entorno, ao contrário, elevam sua contribuição. Em especial, Americana,
Santa Bárbara do Oeste, Sumaré, Jaguariúna, Indaiatuba e Valinhos contribuem em conjunto
em 1996 com 1,58% do PIB, participação que se eleva para 2,68% em 2005. No total, a
região de Campinas, considerando os municípios citados, eleva sua participação setorial no
PIB de 5,02% em 1996 para 5,42%, o que é fruto em parte de um maior espraiamento na
geração do produto regional.
72
O processo de urbanização do espaço paulista, pela evolução da concentração espacial do PIB é mais relevante
na região oriental do Estado, espaço que conta com maior modernização, diversificação e expansão agrícola
[NEGRI, 1996]. No intervalo em análise, a região Oeste de São Paulo perde importância relativa em relação à
distribuição do PIB no Estado, considerando o período de 1996 a 2005. Principalmente quando consideramos
as participações das cidades de Presidente Prudente, Marília e Araçatuba em conjunto, excluindo da análise os
municípios de São José do Rio Preto e Bauru. Sua contribuição relativa passa de 1,25% do PIB em 1996 para
0,88% em 2005. As cidades ao entorno de Ribeirão Preto, em especial Franca, Sertãozinho, Jaboticabal e
Matão, municípios próximos ao primeiro aumentaram sua contribuição, em que pese os espaços considerados
o pertencerem à mesma mesorregião, sua contribuição ao PIB paulista eleva-se de 2,26% em 1996 para
2,56% em 2005. Araraquara e São Carlos, municípios igualmente próximos a Ribeirão Preto reduziram sua
participação relativa no PIB no período de 0,96% em 1996 para 0,76% em 2005.
60
A região Macro Metropolitana Paulista restringe maior dinamicidade em termos de
geração do produto nos municípios de Jundiaí, Itu e Sorocaba. Sua contribuição total eleva-se
no período analisado de 2,67% em 1996 para 2,93% em 2005. No Vale do Paraíba a eficácia
se concentra em São José dos Campos, Jacareí, Pindamonhangaba e Taubaté. Sua
contribuição conjunta se mantém no período analisado em 3,68%.
Em termos estaduais, a verdadeira concentração na geração do produto interno bruto é
verificada na RMSP, em especial na cidade de São Paulo e municípios adjacentes,
notadamente nos de maior atividade nos últimos anos. Particularmente, podemos considerar
além da cidade de São Paulo, entre outros, os municípios de Barueri, Santos, São Bernardo do
Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Guarulhos, Diadema e Osasco segundo a
relevância na análise das figuras. O total da contribuição destes municípios se modifica de
13,44% em 1996 para 15,58% em 2005, enquanto o município de São Paulo reduz sua
contribuição na geração do PIB no mesmo período de 41,85% em 1996 para 34,95% em
2005.
Portanto, em termos de distribuição do produto interno bruto no Estado de São Paulo
no período analisado, verifica-se que a concentração tende a se fazer presente de forma
predominante na parte oriental do Estado, região em que se localiza o maior centro econômico
e financeiro do Brasil, a cidade de São Paulo, ladeada por municípios que também absorvem
os efeitos desse crescimento econômico. Trata-se de uma região que é alvo da localização dos
grandes grupos econômicos e que, por assim dizer, transforma-se em uma base operacional
que determina a instalação das atividades econômicas no espaço regional
73
(DINIZ e
CAMPOLINA, 2007).
Provavelmente, por este motivo, a integração da RMSP e da cidade de o Paulo seja
mais relevante a nível financeiro, do que especificamente na esfera produtiva, pois, atua de
forma a estar mais integrada aos interesses do capital internacional, reduzindo de certa forma
sua integração a nível Estadual, mas, não deixando de participar das decisões relevantes
relacionadas aos movimentos de desconcentração da atividade produtiva. Este é um indicador
baseado nas tendências verificadas na distribuição setorial do PIB e no que se observará em
termos de redução em sua contribuição relativa na participação da indústria estadual a partir
das próximas análises.
A RMSP tende a alcaar menor crescimento relativo na indústria de transformação,
porém, aspectos ligados a mudanças tecnológicas e organizacionais, de reestruturação
73
Dentro da Nova hierarquia urbana, ocupa no espaço brasileiro, o posto mais relevante, constituindo-se no
espaço onde as tecnologias e inovações atuam em primeiro plano.
61
produtiva, da concentração do setor financeiro e de serviços, e da entrada de investimento
estrangeiro acabam por fortalecer sua posição enquanto centro de comando e articulação da
economia mundial, o que proporciona uma compensação relativa em suas perdas industriais
através de ganhos relativos às atividades relacionadas ao setor de serviços e as atividades
comerciais (DINIZ e CAMPOLINA, 2007).
Trata-se de um processo de alargamento da RMSP com subseente desconcentração
industrial para regiões adjacentes, sendo que, a tendência é que ocorra redução no valor da
transformação industrial da região, pelas características da reestruturação decorrente do novo
paradigma, com caráter financeiro e de serviços (DINIZ e CAMPOLINA, 2007).
De certa forma, o se pode deixar de considerar a reestruturação decorrente do novo
padrão de industrialização, pois, a mesma o deixa claro em que medida se a distinção
entre o que é atividade industrial e o que pertence ao setor terciário (...) podem se caracterizar
em certa medida como atividades complementares (BENKO e LIPIETZ, 1994).
Quando se examina a distribuição do PIB industrial por mesorregiões do Estado de
São Paulo verifica-se igualmente que a concentração ainda é expressiva na RMSP. Além do
mais, a partir de 2002, observa-se certa reversão do movimento decrescente relacionado à
participação relativa da RMSP em relação ao Estado de São Paulo. Os dados podem ser
visualizados através do Gráfico 5 para o período de 1996 a 2005 e da Tabela 2 no Anexo.
74
0
5
10
15
20
25
30
1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Campinas Macro M.Paulista RMSP Piracicaba Ribeirão Preto Vale do Paraíba Outros
Gráfico 5 Distribuição do PIB Industrial paulista nas principais Mesorregiões, em % no
período de 1996-2005.
Fonte: Ipeadata (Elaboração Própria).
74
Ver Anexo para um detalhamento mais completo dos dados.
62
De 1996 a 2001, a RMSP concentrou um percentual acima de 20,0% do PIB industrial
paulista. Em 2002, ocorreu um processo similar ao que aconteceu com a instria regional
com essa região perdendo cerca de 8,2 pontos percentuais em sua contribuição relativa. A
recuperação posterior, ainda não foi suficiente para que a mesma alcançasse o nível anterior
de contribuição ao PIB industrial, sendo que, em 2005 representou apenas 14,2% do total do
PIB da indústria do Estado de São Paulo
75
.
Cabe chamar a atenção para o fato de que a partir de 1996, o interior paulista agregou
contribuição significativa ao PIB industrial Estadual, passando de 14,6% em 1996 para 17,3%
em 2001. Da mesma forma que ocorreu com as outras regiões, no ano de 2002 sofreu uma
queda abrupta em sua contribuição passando a somar em 2002, 12%. A partir de então,
alcançou em 2004 o percentual de 13,5%, voltando a regredir em 2005 para 12,4%
76
.
Neste ponto, talvez seja necessário questionar sobre o porquê ocorre este movimento
de redução da participação da indústria no valor do PIB Estadual. Seria de fato algo
relacionado a um possível movimento de desindustrializão do espo paulista ou seria
conseqüência da reestruturação produtiva enfrentada pelas economias regionais, num âmbito
de influências globais (DINIZ e CAMPOLINA, 2007).
A desindustrialização poderia, neste caso, ser considerada com o que se verifica na
economia paulista, mas, o que se visualiza, de acordo com o desenvolvimento das novas
técnicas baseadas na especialização flexível, parece ser um processo de perda relativa do
75
A RMSP detinha em 1970 uma participação relativa no PIB de 36,16% e passa progressivamente a ter uma
menor contribuição, chegando em 1996 a contribuir com 25% do total estadual. Em compensação, as regiões
do interior não registraram expansão industrial significativa. No total, em termos do PIB, sua participação
evoluiu apenas 0,65%, considerando o resultado de cada região em 1970, comparando-se com as mesmas
participações no ano de 2005. Particularmente, a indústria do Oeste paulista (considera-se como Região Oeste
as mesorregiões de Araçatuba, Assis, Bauru, Marília, Presidente Prudente, exceto São Jo do Rio Preto
considerada à parte na análise) perdeu participação relativa na contribuição do PIB, passando de 2,03% em
1970 para 1,88% em 2005; As indústrias do Litoral Paulista e de Piracicaba reduziram suas contribuições de
0,10% e 1,10% em 1970 para 0,06% e 0,92% em 2005. As regiões de Ribeirão Preto e Macro Metropolitana
Paulista, por sua vez, mantêm suas participações relativas em relação ao PIB em 1,12% e 1,86% no período
analisado, embora tenham obtido acréscimos até 1985 em suas contribuições e a partir de então perderam
terreno. A participação relativa da indústria evoluiu nas regiões de Campinas, Sorocaba, São José do Rio Preto
e Vale do Paraíba, especialmente até 1985. Os destaques são para a região de Campinas que em 1970
contribuiu com 2,86% do PIB industrial e em 1985 atingiu 5,83%, com reduções seguidas até alcançar 3,02%
em 2005. O Vale do Paraíba partiu de 1,67% do PIB Industrial em 1970, chegou a 3,98% em 1985 e finalizou
o período analisado com 2,07% em 2005. Desde 2002 a RMSP tem obtido ganhos em seu percentual relativo
do PIB na indústria, o que talvez seja um indício de reconcentração industrial em alguns setores. Da mesma
forma, a região de Campinas caminha no mesmo sentido, obtendo recuperação do PIB industrial.
76
No total, das 15 mesorregiões existentes no Estado de São Paulo, 11 elevaram sua participação no total do PIB
e apenas 4 decresceram, entre elas, a RMSP. Em termos de PIB industrial, no entanto, apenas 5 mesorregiões
obtiveram acréscimos em sua contribuição, sendo que, 10 mesorregiões sofreram queda neste segmento
conforme se verifica na tabela 3 (Anexo 1).
63
emprego industrial, com ganhos nos setores de serviços e atividades comerciais, ou seja, não
existe perda absoluta do emprego na economia (DINIZ e CAMPOLINA, 2007).
Pelo contrário, considerando o caso da reestruturação produtiva, verifica-se que esta
seria um caso mais próximo da realidade do Estado de São Paulo, pois, o mesmo enfrenta um
processo de terciarização das atividades econômicas (DINIZ e CAMPOLINA, 2007) baseado
na reorganização industrial das empresas e suas relações fundamentadas na mudança do
paradigma tecnológico e organizacional (BENKO e LIPIETZ, 1994).
Estas mudanças conferem uma alta participação das relações de subcontratação
(BENKO e LIPIETZ, 1994; DINIZ e CAMPOLINA, 2007) que se desenvolvem em setores
como o automobilístico, e que significam a transferência das atividades da indústria para o
setor de serviços
77
, sendo que, as Estasticas continuam sendo contabilizadas na indústria
78
(CAMPOLINA e DINIZ, 2007).
Por isso entendemos que, em certa medida, este movimento de contração do PIB
industrial talvez esteja ligado em algum grau a subcontratação que, dentro do contexto da
especialização flexível e de acordo com o desenvolvimento da espacialidade em rede indicam
que as empresas podem buscar estes serviços em regiões longínquas, dependendo da
integração das mesmas aos mercados de subcontratação (BENKO e LIPIETZ, 1994).
O caso da parceira estaria mais próximo a concentração das empresas em um
determinado espaço e dependeria da atmosfera em que se estivesse inserido, dentro de um
contexto de cooperação (BENKO e LIPIETZ, 1994), e da inserção em um espaço que priorize
o desenvolvimento regional endógeno (AMARAL FILHO, 1996).
Passando a analisar a indústria segundo os valores da transformação industrial
79
relacionados às grandes regiões do país e, posteriormente, considerando sua divisão segundo
as categorias de uso, ou seja, bens de consumo não duráveis, bens intermediários, bens de
consumo durável e de capital, observa-se que, ocorreu no período em análise, uma queda de
77
o necessariamente instalado em território paulista.
78
A terceirização se diferencia da terciarização exatamente porque seus processos continuam a ser
contabilizados nos dados da indústria (DINIZ e CAMPOLINA, 2007).
79
A indústria do interior de São Paulo elevou sua participação em relação ao Estado, considerando o valor da
transformação industrial, de 25,3% em 1970 para 43,4% em 1985; Esta expansão foi viabilizada, em parte,
pelas políticas de controle de ampliação ou instalação de unidades industriais na RMSP (criação da CETESB
Cia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e de Controle de Poluição e de Águas), pelas políticas de
interiorização de desenvolvimento (Programa de Cidades Médias), e pelo Plano Rodoviário de Interiorização
do Desenvolvimento que propunha uma melhoria no sistema de transportes através das rodovias que ligam a
metrópole ao interior (NEGRI, 1996).
64
5,3% na contribuição relativa do VTI
80
da região Sudeste, passando a mesma de 68,4% em
1996 para 63,1% em 2006, conforme visualizado no Gráfico 6:
Este movimento se contrapõe ao de outras regiões e Estados brasileiros que
expandiram seu VTI no período citado, particularmente a região Norte que passou de um VTI
de 4,5% em 1996 para 6,0% em 2006 com destaque para o Estado de Amazonas que agregou
0,8% em sua participação relativa no intervalo. Da mesma forma, a região Nordeste e o
Estado da Bahia obtiveram ganhos significativos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
SUDESTE SUL NORDESTE NORTE CENTRO-OESTE
Gráfico 6 Valor da Transformação Industrial, em % por grandes regiões no período de 1996-
2006.
Fonte: IBGE (Elaborado a partir de dados da Tabela 4).
O primeiro obteve 2,4% de expansão em seu VTI e o segundo passou de 2,7% para
5,2% no período de 1996 a 2006; a região Centro-Oeste também obteve participação
ascendente elevando seu VTI de 2,2% em 1996 para 3,4% em 2006 com destaque para o
Estado de Goiás, conforme Tabela 4:
80
Valor da Transformação Industrial.
65
Tabela 4 Valor da Transformação Industrial, em % por grandes regiões e Estados da
Federação selecionados no período de 1996-2006
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
NORTE 4,5 4,1 3,9 4,6 5,0 5,0 5,1 4,9 5,6 5,9 6,0
Amazonas 3,3 2,9 2,6 3,2 3,4 3,4 3,5 3,2 3,7 3,9 4,1
Pará 1,0 1,0 1,2 1,3 1,4 1,4 1,4 1,5 1,7 1,6 1,7
NORDESTE 7,5 7,0 7,3 8,9 8,6 8,6 8,8 8,9 9,0 9,3 9,9
Bahia 2,7 2,4 2,6 4,1 3,9 3,9 4,1 4,1 4,2 4,8 5,2
SUDESTE 68,4 68,8 68,4 65,9 64,6 64,6 63,8 63,4 63,2 63,5 63,1
São Paulo 49,4 49,6 49,3 44,8 44,0 44,0 42,4 40,9 40,0 40,0 10,4
Rio de Janeiro 8,7 8,1 8,2 9,5 9,3 9,3 9,7 10,5 10,4 10,6 10,9
Minas Gerais 9,0 9,6 9,4 9,5 9,6 9,6 9,7 9,9 10,5 10,5 10,4
SUL 17,4 17,8 17,8 18,5 19,2 19,2 19,4 19,4 18,7 17,7 17,6
Para 5,2 5,4 5,2 5,8 5,9 5,9 6,5 6,8 6,5 6,4 6,6
Santa Catarina 4,5 4,8 4,7 4,4 4,9 4,9 4,9 4,8 4,6 4,4 4,5
Rio Grande do Sul 7,7 7,6 7,9 8,2 8,4 8,4 8,0 7,9 7,6 6,9 6,5
CENTRO-OESTE 2,2 2,3 2,5 2,2 2,6 2,6 2,8 3,4 3,5 3,6 3,4
Goiás 1,1 1,1 1,3 1,1 1,3 1,3 1,5 1,6 1,6 1,6 1,8
BRASIL 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Indústria, Pesquisa Industrial Anual - Empresa 1997-2006.
R$ de 2000(mil) - Deflacionado pelo Deflator Implícito do PIB nacional.
Na região Sul, por sua vez, verifica-se ascensão do VTI até 2003 com ganhos relativos
para os três Estados da região. Porém, a partir de 2004 ocorre involução em sua contribuição
total que volta a estar praticamente no mesmo nível de 1996; o destaque fica por conta do
Estado do Paraná que num contexto geral, eleva sua participação de 5,2% em 1996 para 6,6%
em 2006.
Este movimento mais uma vez confirma o que foi descrito anteriormente. Trata-se de
uma tendência ligada à subcontratação e/ou cooperação, terceirização ou terciarização da
produção industrial que se ajusta ao modelo de especialização flexível, dentro de um contexto
de mudanças tecnológicas e organizacionais (BENKO e LIPIETZ, 1994).
Por outro lado, também não deixa de refletir os efeitos da globalização e seu impacto
no local, através do direcionamento diversificado do investimento no território nacional,
através da consideração dos fatores locacionais e da espacialidade em rede.
Mesmo admitindo que exista uma hierarquia urbana e que as localidades estão
inseridas de forma peculiar neste esquema, o tamanho da localidade muitas vezes não reflete o
leque das atividades em seus domínios, ou seja, depende muito mais do nível hierárquico
superior ao qual está inserido o local ou a região (BENKO e LIPIETZ, 1994).
Os dados relativos ao VTI por grandes regiões e Estados selecionados indicam que
ocorreu no período em relação ao Estado de o Paulo uma desconcentração e que esta, por
66
sua vez, caminha, grosso modo, em direção aos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Paraná, Bahia e Amazonas.
Os principais setores da economia paulista sofreram queda em sua participação
relativa, especialmente no setor de Alimentos e Bebidas (-1,6%); Têxteis, Vestuário e
Calçados (-1,6%); Papel e Celulose (-0,1%); Edição, Impressão e Gravações (-1,7%);
Borracha e Plástico (-0,1%); Máquinas e Equipamentos (-0,8%); e Veículos, Reboques e
Carrocerias (-0,8%) conforme dados da Tabela 5:
Tabela 5 Indústria de Transformação do Estado de São Paulo segundo VTI em Setores
selecionados para o período de 1996/2004
Principais Setores 1996 1998 2002 2004
Alimentos e Bebidas 14,2 14,2 14,2 12,6
Têxteis, Vestuário e Calçados 6,2 5,3 4,2 4,6
Papel e Celulose 4,8 3,9 5,1 4,7
Edição, Impressão e Gravações 5,8 6,3 3,6 4,1
Petróleo e Derivados 6,1 5,3 12,7 11,7
Química 14,5 16,0 15,0 14,2
Borracha e Pstico 5,2 5,2 5,7 5,1
Metalurgia Básica 3,1 3,0 4,5 6,0
Máquinas e Equipamentos 8,7 8,4 7,7 7,9
Vculos, Reboques e Carrocerias 11,7 11,4 10,2 10,9
Fonte: (Cano et al, 2007).
Por sua vez, a dinâmica da indústria paulista mantém-se em setores como Petróleo e
derivados (+5,6%) e Metalurgia Básica (+2,9%). Química
81
, embora tenha reduzido sua
participação relativa de 1996 a 2004 em 0,3%, é um segmento de forte encadeamento com a
indústria petrolífera e pode se recuperar nos próximos anos, além de ser um setor dinâmico
com relação à própria estrutura industrial.
Tabela 6 Estrutura Produtiva da Instria de Transformação de São Paulo, em % segundo
VTI em anos selecionados 1998/2004
Categorias de uso 1998 2002 2004
BCND 28 24 23
BI 37 47 45
BCDK 35 30 32
Fonte: Cano et al, 2007.
Obs: BCND = Bens de consumo não duráveis; BI = Bens intermediários; BCDK = Bens de consumo duráveis e de capital.
81
A indústria química estruturou-se no espaço paulista através de investimentos significativos em refinarias que
passaram a representar parte expressiva da capacidade de refino de petróleo no Brasil e provocaram efeitos em
cadeia em diversos sub-ramos da indústria, reforçando sua participação relativa no valor da transformação
indústria do país (NEGRI, 2006).
67
No período em análise, o setor de bens de consumo não duráveis, embora tenha
sofrido redução em sua contribuição na estrutura produtiva da indústria paulista, expande-se
em função da dinâmica do setor externo, em especial, o setor alimencio, dada à restrição
interna com elevão do desemprego e deterioração dos salários. Outros setores tradicionais
da instria paulista como tecidos, vestuários e calçados deslocam-se para outros estados, em
especial para o Rio Grande do Sul e Nordeste e reduzem sua participação no montante da
indústria paulista
82
(CANO et al, 2007).
O setor de bens intermediários foi amplamente favorecido, quando se analisa a
estratégia de investimentos do II PND. Vários setores foram beneficiados com expansão em
novas regiões: papel e celulose cresceu em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e
Espírito Santo; plásticos expandiu-se pela região Sul, Nordeste e Minas Gerais, Couros
cresceu no Rio Grande do Sul e Nordeste; a Metalurgia desenvolveu-se em Minas Gerais,
Espírito Santo e Bahia; e Química aumentou sua participação na Bahia, Espírito Santo e
Minas Gerais (PACHECO, 1996).
Este segmento vivenciou duas fases distintas a partir de meados da década de 80: a
primeira que vai de 1985 a 1998 fez com que o setor perdesse participação relativa na
indústria de transformação de São Paulo de 40% para 37%, fruto da abertura comercial e da
elevação das importações, pelo fraco desempenho das exportações, além da crise do setor de
petróleo e derivados (CANO et al, 2007).
A partir de então, verifica-se recuperação dos níveis de produção relativa em 2004
dos setores de papel e celulose (níveis de 1996); metalurgia básica (níveis de 1985); forte
expano da indústria do petróleo e seus derivados, apesar da queda relativa de 2002 para
2004, onde o setor reduziu sua contribuição de 12,7% para 11,7%; estagnação do produto
industrial da indústria de borracha e plástico, alcançando em 2004, níveis inferiores a 1985; e
manutenção da participação considerável para a instria química, embora com certa queda
nos últimos anos, de 16% em 1998 (pico) para 14,2% em 2004, fruto em parte da instalação
de duas refinarias de petróleo em São Paulo, Refinarias de Paulínia e de São José dos
Campos. Somadas a Refinaria de Presidentes Bernardes, totalizam percentual significativo da
82
Particularmente, este último movimento é verificado desde a década de 70, com o espaço paulista perdendo
posição relativa na indústria de fumo para o Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e Minas Gerais; Mobiliário
e Alimentos em favor do Sul; Bebidas a favor do Sul, Norte e Centro-Oeste, entre outros setores (PACHECO,
1996).
68
capacidade instalada da produção de petróleo da Petrobrás em São Paulo e das atividades
relacionadas ao pró-alcool (CANO et al, 2007; PACHECO, 1996).
Com relação à indústria de bens duráveis e de capital, verifica-se que alguns setores se
expandem para outras regiões, como é o caso de Material Elétrico e de Comunicações que em
função da criação da Zona Franca de Manaus, eleva sua participação, assim como também no
Estado do Paraná, Transportes desconcentra-se em favor de Minas Gerais e Paraná e
Mecânica em favor do Sul (PACHECO, 1996).
No período de 1985 a 1998, sua participação relativa em relação ao Estado de São
Paulo permanece inalterada, em 35%, com queda posterior para 30% em 2002 e pequena
expano para 32% em 2004. Em linhas gerais, perde participação relativa máquinas e
equipamentos de 10,7% em 1985 para 7,9% em 2004. O setor de veículos automotores, pelo
contrário, aumenta sua contribuição no peso da estrutura da indústria paulista, de 8,8% em
1985 para 10,9% em 2004.
A mudança da composição setorial da indústria paulista guarda na sua conformação as
razões pelas quais se devem entender o ajuste da desconcentração industrial, ou seja, é através
das especializações regionais, em particular no espaço de São Paulo, que se procura encontrar
o significado para adaptar esta idéia a caracterização do viés exportador assumido pela
economia brasileira nos últimos anos (NEGRI, 1996).
Esta tendência exportadora traz consigo inflncias distintas sobre os setores da
economia. Favorecem, em especial, nos períodos recessivos os setores tradicionais e de bens
intermediários. Os bens de capital, por sua vez, com exceção da instria mecânica, têm um
comportamento voltado para um padrão cíclico de desenvolvimento (NEGRI, 1996).
Esta é, portanto, a razão principal de ser das especializações regionais, uma vez que,
como citado anteriormente, as políticas econômicas acabam por limitar a capacidade de
absorção interna da economia, o que obriga os setores de maior conteúdo tecnológico a
buscarem a expansão de seus mercados no exterior, em função da necessidade de elevar seus
lucros e em razão de ser uma característica do período posterior à abertura comercial, onde as
empresas são obrigadas a buscar maior produtividade, menores preços e melhoria nos seus
processos produtivos.
69
4.6. A ECONOMIA PAULISTA: AJUSTE INTERNO E DINÂMICA VOLTADA
PARA AS EXPORTAÇÕES DE BENS COM ELEVADO CONTEÚDO
TECNOLÓGICO
O argumento principal desta seção está pautado na idéia de que a desconcentração
industrial da economia brasileira, em especial da economia paulista, guarda elevada relação
com a necessidade de cada região em se especializar e que, em geral, a orientação da
produção é voltada para fora, razão pela qual se busca subsídios para justificar os argumentos
de que a orientação do desenvolvimento do espaço paulista nos últimos anos é aumentar suas
exportações em produtos de elevado conteúdo tecnológico.
Como São Paulo lidera o processo de industrialização no Brasil, desde a década de 30
do culo XX, se integrando ao restante da economia brasileira de forma a estabelecer laços
de complementaridade, impõe uma estratégia de desenvolvimento dependente para a periferia.
Estes laços de comércio inter-regional tendem a se tornar mais frágeis, na medida em que,
com a abertura comercial e com o impacto da globalização surjam mudanças na forma como
os novos investimentos são captados.
Particularmente, observa-se que o Estado de São Paulo passa a concentrar uma
camada mais íngreme de suas exportações em produtos de alto teor tecnológico, devido as
suas capacitações acumuladas, e ao desenvolvimento de especializações em seus espaços
regionais, como se demonstrará nas próximas páginas.
O Estado de São Paulo, embora apresente taxas de crescimento mais reduzidas de suas
exportações, em relação às regiões Sudeste (exc. SP) e Brasil (exc. Sudeste), parece
apresentar um espaço econômico mais ativo, em função de seus coeficientes de exportações
serem mais elevados nas categorias de uso, ou seja, a região direciona vis-à-vis as outras
regiões uma proporção maior do que produz ao exterior conforme se verifica no Gráfico 7:
70
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
BK BCD BCND BI COMB.
A=Brasil (Exc.Sudeste) B=Sudeste (Exc.São Paulo) C=o Paulo
Gráfico 7 Taxa média de crescimento das exportações por categoria de uso, em % no período
de 2000-2007.
Fonte: SECEX/MDIC (Elaboração própria a partir de dados da Tabela 7 e 7.1).
Obs: BK = Bens de capital; BCD = Bens de consumo duráveis; BCND = Bens de consumo não
duráveis; BI = Bens intermediários; COMB = Combustíveis. Valor total inclui operações especiais.
Seus coeficientes de exportação tendem a ser de uma economia mais versátil e
preparada para absorver as mudanças tecnológicas do que o restante da nação, embora
também esteja mais exposto aos efeitos das crises internacionais, conforme argumentado
anteriormente e de acordo com a Figura 4:
71
Coeficiente de Exportações da Indústria no período de 1999-2005. Coeficiente de Exportões da Indústria BK por categoria de uso no peodo de
1999-2005.
Coeficiente de Exportações da Indústria BCD por categoria de uso no período de Coeficiente de Exportões da Indústria BCND por categoria de uso no período de
1999-2005. de 1999-2005.
Coeficiente de Exportações da Indústria BI por categoria de uso no período de Coeficiente de Exportações da Indústria Comb.por categoria de uso no período de
1999-2005. 1999-2005.
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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Brasil Sudeste São Paulo
0
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15
20
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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Brasil Sudeste São Paulo
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1999
2000
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2002
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Brasil Sudeste São Paulo
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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Brasil Sudeste São Paulo
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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Brasil Sudeste São Paulo
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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Brasil Sudeste São Paulo
Figura 4 Coeficientes de Exportação da Indústria no Brasil, Sudeste e Estado de São Paulo,
em % por categoria de uso no período de 1999-2005.
Fonte: FUNCEX/MDIC/IPEADATA (Elaborado a partir de dados da Tabela 7 e 7.1).
Obs: PIB Industrial – Valor adicionado a preços básicos. BK = Bens de capital; BCD = Bens de
consumo duráveis; BCND = Bens de consumo não duráveis; BI = Bens intermediários; COMB =
Combustíveis.
Por sua vez, o Brasil (exc. Sudeste) direciona para o exterior uma proporção crescente
de suas exportações em bens de consumo não duveis e bens intermedrios e que representa
a maior parte de suas inversões, de acordo com suas especializações no período. Isto, porém,
não significa que esta região não esteja se especializando em outros produtos. Combustíveis,
Bens de Capital e Bens de Consumo Duráveis apresentam, no período analisado, as maiores
taxas de crescimento de suas exportações, com 47,0%, 27,0% e 19,5% respectivamente,
contra 17,0% e 16,0% dos setores de bens intermediários e bens de consumo não duráveis.
A região Sudeste (exc. SP) destaca-se nas exportações de bens intermediários e
combustíveis. A trajetória recente do setor de combustíveis nesta região proporciona ao
72
mesmo a maior taxa de crescimento das exportações entre os setores analisados com
aproximadamente 70% a. a. Neste espaço, os setores de bens de capital e de bens de consumo
não duráveis também apresentam evolução significativa de suas exportações, com taxas de
crescimento de aproximadamente 40,0% e 22,0%, respectivamente, no período analisado.
Desta forma, quando se analisa os dados das exportações dos últimos anos, admitindo-
se o viés exportador dos principais setores da indústria brasileira, dada à incapacidade da
demanda interna em absorver proporções superiores da oferta interna
83
, o diagnóstico neste
caso indica ser o de desconcentração da produção do Estado de São Paulo em direção ao
Sudeste (Exc. São Paulo) e Brasil (Exc. Sudeste), pois, como se verifica na Tabela 7, as
proporções relativas das exportações de São Paulo em praticamente todos os setores estão em
queda no período estudado.
Tabela 7 Exportações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em relação ao
Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por categoria de uso no período de
1999-2007.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Bens de capital 4.730 6.800 6.901 5.973 6.110 9.065 11.565 13.355 15.614
Bens de consumo duráveis 800 1.065 1.160 1.205 1.547 2.066 2.298 2.560 2.320
Bens de consumo não duráveis 3.355 3.060 3.450 3.760 4.376 5.678 6.544 7.562 8.764
Bens intermediários 8.226 8.114 8.115 8.464 10.096 13.183 15.973 20.194 21.489
Combustíveis 147 363 485 317 600 657 1.048 1.482 2.171
Total 17.542 19.789 20.624 20.106 23.075 31.039 38.008 46.146 51.735
Bens de capital 2,91 2,71 2,71 2,16 2,00 2,36 1,99 2,48 2,61
Bens de consumo duráveis 1,23 0,74 0,72 0,71 0,71 0,75 0,66 0,83 0,70
Bens de consumo não duráveis 0,78 0,63 0,61 0,67 0,67 0,67 0,64 0,70 0,65
Bens intermediários 0,63 0,56 0,51 0,50 0,47 0,47 0,51 0,56 0,49
Combustíveis 1,11 1,81 0,89 0,63 0,82 0,73 0,63 0,99 1,25
Total 0,86 0,80 0,75 0,71 0,66 0,68 0,70 0,77 0,72
Bens de capital 7,86 11,37 15,37 14,19 11,05 4,38 9,47 8,82 6,54
Bens de consumo duráveis 1,45 2,47 3,63 4,90 3,93 3,99 3,07 2,47 1,93
Bens de consumo não duráveis 10,01 9,56 8,82 8,00 7,29 7,15 6,30 5,64 5,38
Bens intermediários 0,95 0,86 0,97 0,94 0,89 0,93 0,84 0,93 0,88
Combustíveis 1,41 1,20 0,47 0,15 0,25 0,23 0,24 0,20 0,23
Total 1,63 1,69 1,81 1,55 1,43 1,45 1,36 1,32 1,26
Fonte:SECEX/MDIC.
Obs: Os dados relacionados ao (A) Brasil (exc. Sudeste) e (B) Sudeste (exc. SP) encontram-se no Anexo 1, Tabela 7.1, p. 107.
Valor total inclui operações especiais. Valores em US$ milhões FOB.
C/B (%)
C=São Paulo
C/A (%)
As exportações relativas de todos os setores do Estado de São Paulo em
relação ao Brasil (exc. Sudeste) sofrem redução: bens de capital de 2,91 em 1999 para 2,61
em 2005; bens de consumo duráveis de 1,23 em 1999 para 0,70 em 2005; bens de consumo
83
A grande dificuldade em se afirmar se realmente os dados das exportações podem se constituir em um
indicador de desconcentração no Brasil é a escassez de dados sobre comércio intra-regional e inter-regional, o
que daria uma medida adequada da integração do mercado interno.
73
não duráveis de 0,78 em 1999 para 0,65 em 2005; e bens intermediários de 0,63 em 1999 para
0,49 em 2005. A exceção, neste caso é combustíveis que passa de 1,11 para 1,25 no período
considerado.
Em relação ao Sudeste (exc. SP), as exportações de São Paulo crescem no setor de
bens de consumo duráveis de 1,45 em 1996 para 1,93 em 2005. Nos demais setores,
diminuem. Em bens de capital, passam de 7,86 em 1999 para 6,54 em 2005; em bens de
consumo não duráveis de 10,01 em 1999 para 5,38 em 2005; em bens intermediários de 0,95
em 1999 para 0,88 em 2005; e em combustíveis de 1,41 em 1999 para 0,23 em 2005.
Ainda de acordo com os pressupostos das especializações regionais, busca-se
compreender a relação entre a necessidade de cada espaço em importar produtos, segundo sua
complementaridade e de acordo com seus projetos de desenvolvimento, de acordo com o
Gráfico 8 relacionado às taxas de crescimento das importações brasileiras por categoria de
uso:
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
BK BCD BCND BI COMB.
A=Brasil (Exc.Sudeste) B=Sudeste (Exc.São Paulo) C=São Paulo
Gráfico 8 Taxa média de crescimento anual das Importações por categoria de uso, em % no
período de 2000-2007.
Fonte: SECEX/MDIC (Elaboração própria a partir de dados da Tabela 8 e 8.1).
Obs: BK = Bens de capital; BCD = Bens de consumo duráveis; BCND = Bens de consumo não
duráveis; BI = Bens intermediários; COMB. = Combustíveis. Valor total inclui operações especiais.
Em relação aos outros espos analisados, São Paulo detém menores taxas de
crescimento das importações em bens de capital, bens de consumo não duráveis, bens
intermediários e combustíveis. A única categoria em que o Estado aumenta suas importações
relativas e em relação ao Sudeste (exc. SP) é em bens de consumo duráveis. Este perfil
importador do Estado sugere que com o passar dos anos, suas importações são
74
proporcionalmente menores vis-à-vis às outras regiões, fato que pode estar relacionado à
menor dependência tecnológica de sua economia, em função da existência de uma estrutura
industrial e produtiva mais diversificada, conforme pode ser verificado na Tabela 8:
Tabela 8 Importações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em relação ao
Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por categoria de uso no período de
1999-2007.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
BK 8.748 9.794 9.240 6.521 6.086 8.123 10.050 10.311 12.818
BCD 239 231 220 216 202 290 427 534 672
BCND 2.448 2.322 2.258 2.095 1.967 2.328 2.617 2.641 3.587
BI 10.467 11.367 11.199 9.450 10.230 13.406 14.700 13.553 17.461
COMB 1.411 1.897 1.861 1.554 1.830 2.958 2.704 3.704 5.041
Total 23.313 25.611 24.778 19.836 20.315 27.105 30.498 30.743 39.579
Bens de capital 1,74 1,72 1,44 1,21 1,11 1,24 1,23 1,04 1,07
Bens de consumo duráveis 0,31 0,29 0,27 0,40 0,46 0,57 0,66 0,36 0,23
Bens de consumo não duráveis 1,90 2,17 2,46 2,66 2,14 2,19 1,81 1,36 1,42
Bens intermediários 1,68 1,44 1,41 1,27 1,26 1,31 1,30 0,94 0,85
Combustíveis 0,53 0,42 0,48 0,46 0,52 0,59 0,40 0,39 0,44
Total 1,46 1,28 1,22 1,13 0,96 1,06 1,07 0,83 0,71
Bens de capital 2,82 3,46 2,91 2,06 2,36 2,77 2,80 1,59 1,49
Bens de consumo duráveis 0,35 0,35 0,27 0,57 0,55 0,76 0,79 0,49 0,55
Bens de consumo não duráveis 2,55 2,51 2,82 2,63 2,77 2,81 2,68 1,35 1,43
Bens intermediários 2,73 2,82 2,71 2,62 2,64 2,77 2,52 1,36 1,27
Combustíveis 1,08 1,05 1,01 0,78 0,93 0,88 0,71 0,96 0,92
Total 2,35 2,50 2,30 2,00 2,14 2,19 2,07 1,32 1,26
Fonte: SECEX/MDIC.
Obs: Os dados relacionados ao (A) Brasil (exc. Sudeste) e (B) Sudeste (exc. SP) encontram-se no Anexo 1, Tabela 8.1, p. 107.
Valor total inclui operações especiais. Valores em US$ milhões FOB.
C/B (%)
C=São Paulo
C/A (%)
Da mesma forma, seus coeficientes de importação confirmam a exisncia de uma
economia mais ativa em relação ao restante do país, pois, progressivamente, São Paulo
importa montantes relativos inferiores de bens industriais em relação aos outros espaços em
todas as categorias analisadas, exceto em bens de consumo duráveis, onde passa de 0,35 em
1999 para 0,55 em 2005 em relação ao Sudeste (exc. SP). Nas outras categorias, importa
menos bens de capital, bens de consumo não duráveis, bens intermediários e combustíveis,
sendo que, sua participação relativa passa de 2,82 em 1999 para 1,49 em 2005; de 2,55 em
1999 para 1,43 em 2005; de 2,73 em 1999 para 1,27 em 2005; e 1,08 em 1999 para 0,92 em
2005, respectivamente.
Integra-se aos fluxos de comércio de forma mais intensa que o Sudeste (exc. SP) e o
Brasil (exc. Sudeste), importando menos proporcionalmente em relação à evolução de seu
produto, o que pode significar que sua produção industrial é mais eficaz, ou seja, de alguma
forma, a composição de seu produto, aliado aos seus índices de produtividade
84
e a queses
84
Isto não significa que o Estado de São Paulo obtenha maiores índices de produtividade, visto que, conforme
dados apresentados relativos ao valor da transformação industrial, verificou-se que os mesmos decresceram no
período analisado.
75
ligadas a complementaridade inter-regional e intra-regional da produção podem estar
contribuindo para a evolução e fortalecimento de seu ambiente interno e beneficiando as
empresas que dele participam conforme representando através da figura 5:
Coeficiente de Importações da Indústria no período de 1999-2005. Coeficiente de Importões da Indústria BK por categoria de uso no período
de 1999-2005.
Coeficiente de Importações da Indústria BCD por categoria de uso no período Coeficiente de Importações da Indústria BCND por categoria de uso no período
1999-2005. de 1999-2005.
Coeficiente de Importações da Indústria BI por categoria de uso no período Coeficiente de Importações da Indústria Comb. por categoria de uso no período
de 1999-2005. de 1999-2005.
0
10
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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
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Brasil Sudeste São Paulo
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Brasil Sudeste São Paulo
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1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Brasil Sudeste São Paulo
Figura 5 Coeficientes de Importação da Indústria no Brasil, Sudeste e São Paulo, em % por
categoria de uso no período de 1999-2005.
Fonte: FUNCEX/MDIC/IPEADATA (Elaborado a partir de dados da Tabela 8 e 8.1).
Obs: PIB Industrial – Valor adicionado a preços básicos. BK = Bens de capital; BCD = Bens de
consumo duráveis; BCND = Bens de consumo não duráveis; BI = Bens intermediários; COMB. =
Combustíveis.
Portanto, o que os dados relacionados às importações por categoria de uso indicam é
que o Estado de São Paulo importa valores proporcionais inferiores, segundo a evolução do
seu produto e comparativamente a evolução das importações do Sudeste (exc. SP) e Brasil
(exc. Sudeste) e seus respectivos produtos industriais no período analisado, o que merece
atenção, na medida em que, implica saber se tal característica está relacionada com o processo
76
de desconcentração industrial anunciado desde o início da década de 70 do século XX e se diz
respeito ao aprofundamento de suas especializações e conseqüentemente a modernização de
seu parque industrial.
Neste particular, verificam-se diferentes elementos que fazem parte dessa dinâmica
evolutiva: os efeitos das mudanças na natureza dos processos produtivos, da espacialidade em
rede, da flexibilidade organizacional e tecnológica e da nova divisão internacional do trabalho
atuam sobre a economia paulista. Aliado a isso, a abertura comercial e a globalização
conferiram nos últimos anos grande otimização ao potencial de mercado e comercialização
dos produtos nas áreas de maior coesão interna, especialmente o Estado de São Paulo, por
possuir um parque industrial e tecnológico com forte encadeamento com as demais regiões
brasileiras.
A reestruturação produtiva em curso nas últimas décadas, as novas formas de
contratação da mão-de-obra e as mudanças na composição dos produtos e serviços dificultam
a manutenção da atual divisão setorial entre o primário, o secundário e o terciário devido à
implantação de serviços modernos e processos com elevado teor tecnológico, especialmente
em regiões como as do Estado de São Paulo (DINIZ e CAMPOLINA, 2007).
Esta região constitui-se em uma área de atração materializada pela existência de uma
grande metrópole, no caso, a cidade de São Paulo que, por se constituir em um centro de
intensa atividade comercial e financeira e que, de certa forma, atrai os holofotes por formar
uma atmosfera que é peculiar dentro do território nacional.
Como se vincula dentro da nova espacialidade em rede como uma região que atrai
interesses internacionais e nacionais devido as suas características de liderança do processo de
industrialização brasileiro, tende a ser o local onde ocorra o maior número de transações
comerciais e produtivas, inclusive aquelas que são destinadas ao seu comércio exterior.
É dentro desta ótica que se buscam elementos para o fortalecimento da idéia de que,
dada à dependência e alto grau de complementaridade da produção da periferia em relação à
evolução tecnológica do parque industrial paulista, se existem condicionamentos relativos ao
crescimento e espraiamento da produção para outras regiões, estes permanecem atrelados aos
interesses paulistas, de certa forma preservados pela sua inserção na economia nacional de
forma a concentrar boa parte da produção industrial, principalmente com relação aos setores
de bens de capital e bens intermediários.
Os dados das exportações de São Paulo segundo fator agregado no período de 1996 a
2007, em relação ao Brasil (exc. Sudeste) e Sudeste (exc. SP), demonstram que os produtos
básicos, semimanufaturados e manufaturados aumentaram sua participação bruta de forma
77
contínua nos montantes exportados pelo Estado, conforme se verifica na Tabela 9, porém,
com mudanças em relação à suas contribuições relativas.
Tabela 9 Exportações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em relação ao
Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por fator agregado no período de
1996-2007.
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
sicos 1.031 1.319 965 1.136 1.037 1.152 1.333 1.667 2.795 2.882 2.816 3.552
Semimanuf. 1.378 1.119 1.237 1.336 1.131 1.390 1.513 1.925 2.480 3.199 4.635 4.706
Manufaturados 13.990 15.371 15.814 14.787 17.256 17.609 16.923 19.212 25.502 31.481 37.703 42.099
Total 16.576 18.091 18.226 17.543 19.811 20.664 20.156 23.150 31.167 38.142 46.147 51.734
sicos 13,88 14,87 12,92 16,73 13,76 11,62 13,05 12,58 15,68 14,63 13,64 12,75
Semimanuf. 31,94 25,16 29,69 34,13 28,03 34,46 34,25 37,09 39,40 44,14 50,16 44,57
Manufaturados 157,74 157,86 171,05 165,68 148,94 148,56 137,28 125,14 129,17 125,10 139,28 140,02
Total 77,34 75,70 84,63 85,57 80,36 75,05 70,96 65,95 68,58 69,86 77,46 72,38
sicos 29,96 30,81 21,24 29,11 25,98 26,88 24,63 26,59 35,36 23,72 16,74 17,59
Semimanuf. 47,14 38,44 45,53 48,92 33,93 49,29 49,85 50,26 53,24 57,98 82,06 72,01
Manufaturados 393,86 376,28 365,39 408,59 464,25 503,83 443,13 369,53 323,10 361,56 355,39 348,24
Total 160,85 153,43 151,98 163,13 168,91 181,14 155,11 143,17 145,06 136,76 132,38 126,43
Fonte: SECEX/MDIC
Obs: Os dados relacionados ao (A) Brasil (exc. Sudeste) e (B) Sudeste (exc. SP) encontram-se no Anexo 1, Tabela 9.1, p.107.
Valor total inclui operações especiais . Valores em US$ milhões FOB.
C/B (%)
(C) São Paulo
C/A (%)
Em relação aos produtos básicos, o Estado de São Paulo se insere neste exame de
forma peculiar. Desde 1996 mantém baixa participão relativa na produção de produtos
básicos para exportações, comparando-se vis-vis a participação nacional (exc. Sudeste) e a
região Sudeste (exc. SP). Em 1996, respondeu por US$1,03 milhão, o que correspondeu a
6,2% relativos à sua produção exportável, 3,8% em relação ao montante regional e 2,1%
concernentes a produção nacional enviada ao exterior.
em 1999, São Paulo contribui com US$ 1,14 Milhão que representou 6,5% das
exportações do Estado, 4% das exportações da região Sudeste (exc. SP) e 2,3% do total a
nível nacional (exc. Sudeste). Em 2002, esta mesma relação foi de 6,6%, 4% e 2,2%
respectivamente. Para o ano de 2007, a produção básica exporvel em relação ao total
Estadual foi de 6,9%; correspondeu a 3,8% do total da região Sudeste (exc. SP); e 2,2% do
total do país (exc. Sudeste).
A especialização produtiva das regiões somadas ao movimento de desconcentração
industrial, em particular, a expansão da fronteira agrícola e mineral em direção a novos
espaços produtivos, parecem ter causado certa involução com relação à participação relativa
do Estado de São Paulo nas exportações brasileiras em produtos básicos, pois, em 1996, o
Estado detinha 8,6% do total das exportações brasileiras de básicos. Este percentual reduziu-
se chegando a 6,9% em 2007. Em relação às exportações de produtos básicos do Sudeste (exc.
SP), São Paulo passou a contribuir com um percentual mais modesto, já que, em 1996,
respondia por 23,1% das exportações e em 2007 somente com 14,9%.
78
No total do período, as exportações de produtos básicos atingiram no Brasil (exc.
Sudeste) uma taxa de crescimento de aproximadamente 275%, considerando-se a referência
inicial e a final. No total da série acumulada ano a ano, o crescimento foi de 155% e a taxa
média do período de 14% ao ano. Para a região Sudeste (exc. SP), o mesmo cálculo resultou
nos seguintes percentuais: 487%, 207% e 18,8% ao ano. Por sua vez, no Estado de São Paulo
verifica-se um crescimento de aproximadamente 244,5% das exportações de básicos
considerando-se o início e fim do período, 156,6% para o total da série acumulada ano a ano e
14,2% de taxa de crescimento anual conforme se verifica no Gráfico 9:
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Básicos Semimanuf. Manufaturados Industrializados Total
(A) Brasil (exc. Sudeste) (B) Sudeste (exc. SP) (C) São Paulo
Gráfico 9 Taxa média de crescimento anual das Exportações por fator agregado, em % no
período de 2000-2007.
Fonte: SECEX/MDIC (Elaborado a partir de dados da Tabela 9 e 9.1).
Obs: Valor total inclui operações especiais.
A dinâmica das exportações de bens básicos, pelos resultados dos dados por fator
agregado confirma a maior incincia e direcionamento para os mercados externos nas novas
regiões de produção agrícola, como resultado da transformão na pauta de exportáveis por
regiões.
Quando se considera as exportações de produtos industrializados (semimanufaturados
+ manufaturados), o Estado de São Paulo mantém elevada participação relativa em sua pauta,
comparando-se vis-à-vis a participação nacional (exc. Sudeste) e a região Sudeste (exc. SP).
Em 1996, respondeu por US$ 15,4 milhões, o que correspondeu a 92,7% relativos às
exportações estaduais, 57% em relação ao montante regional (exc. SP) e 31,8% concernentes
às exportações nacionais (exc. Sudeste).
79
Em 1999, São Paulo passa a contribuir com US$ 16,1 milhões que representam 91,9%
das exportações industriais do Estado, 57% do montante industrial da região Sudeste (exc.
SP) e 33% do total a nível nacional (exc. Sudeste). Em 2002, esta mesma relação passa a ser
de 91,5%, 55,6% e 30% respectivamente. Para o ano de 2007, as exportações de
industrializados em relação ao total Estadual exportável alcança 90,5%; em relação à região
Sudeste (exc. SP) chega a 50,5%; e em relação à nação (exc. Sudeste) perfaz um total de
28,5%.
Comparando-se a especialização produtiva das regiões, verifica-se que o Estado de
São Paulo elevou suas exportações de industrializados, que, em 1996, o Estado detinha
43,9% do total do país (exc. Sudeste). Este percentual sofreu pequena elevação aumentando
para 44% em 2007. Em relação ao Sudeste (exc. SP), o Paulo também passou a contribuir
com um percentual mais significativo, já que, em 1996, respondia por 70,4% das exportações
de produtos industrializados e em 2007, passou a contribuir com 71,5%.
No total do período, as exportações de industrializados atingiu no Brasil (exc. Sudeste)
uma taxa de crescimento de aproximadamente 208%, considerando-se a referência inicial e a
final. No total da série acumulada ano a ano, o crescimento foi de 124% e a taxa média do
período ficou em 11,3% ao ano. Para a região Sudeste (exc. SP), o mesmo cálculo resultou
nos seguintes percentuais: 187,6%, 121% e 11% ao ano. Para o Estado de São Paulo alcançou
aproximadamente 204,6% de crescimento da produção de industrializados considerando-se o
início e fim do período, 116% para o total da série acumulada ano a ano e 10,5% de taxa de
crescimento anual conforme ilustrado no Gráfico 9.
A análise da produção de bens industrializados, pelos resultados dos dados das
exportações por fator agregado confirma a maior dinâmica do terririo paulista, quando
comparado à região Sudeste (exc. SP) e aos dados nacionais (exc. Sudeste) em termos de
direcionamento dos produtos para os mercados externos, dado que ocorreu expansão nas
exportações de São Paulo em relação às outras duas regiões.
Especificamente confirma a trajetória de períodos anteriores, onde a indústria paulista
encontrou a solução para a contração da demanda interna via comércio exterior, com a
expano e diversificação da base exportadora (NEGRI, 1996).
Adicionalmente, nota-se através dos dados das importações por fator agregado do
período em questão, que tanto o Brasil (exc. Sudeste), quanto à região Sudeste (exc. SP)
passam a importar um montante mais significativo do que o Estado de São Paulo.
Especialmente com relação aos produtos industrializados, as importações do Brasil (exc.
80
Sudeste) mais que triplicam no período em análise, enquanto que as do Sudeste (exc. SP)
mais que duplicam conforme se verifica na Tabela 10:
Tabela 10 Importações do Estado de São Paulo e Participação relativa, em % em relação ao
Brasil (exc. Sudeste) (C/A) e ao Sudeste (exc. SP) (C/B) por fator agregado no período de
1996-2007.
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
sicos 3.076 2.898 2.243 1.605 1.660 1.766 1.897 2.403 3.737 3.634 5.257 6.765
Semimanuf. 778 840 746 633 807 652 575 647 902 978 1.036 1.179
Manufaturados 21.854 24.788 24.961 21.097 23.154 22.358 17.363 17.280 22.465 25.880 30.754 40.460
Total 25.708 28.526 27.950 23.335 25.621 24.776 19.835 20.330 27.104 30.492 37.047 48.404
sicos 80,73 80,63 65,01 58,15 46,43 56,21 60,65 62,82 78,03 62,35 65,33 67,07
Semimanuf. 139,43 136,81 107,49 90,82 89,57 75,73 71,96 75,32 66,32 66,17 53,40 41,78
Manufaturados 180,19 175,96 178,46 168,36 149,49 139,40 128,14 125,16 130,42 122,79 112,78 110,55
Total 155,84 155,92 154,16 145,95 128,33 123,62 113,49 109,95 115,96 107,43 99,44 97,77
sicos 117,81 139,60 133,59 92,19 76,82 84,94 87,18 101,01 99,05 86,26 136,23 137,19
Semimanuf. 248,56 313,43 276,30 272,84 205,34 170,68 185,48 152,96 161,94 137,17 77,95 70,98
Manufaturados 265,96 234,25 256,46 263,55 300,27 268,66 233,22 257,76 279,87 264,11 259,35 251,02
Total 230,75 220,69 239,26 233,86 249,60 229,77 199,73 213,86 219,34 207,08 217,34 213,14
Fonte: SECEX/MDIC
Obs: Os dados relacionados ao (A) Brasil (exc. Sudeste) e (B) Sudeste (exc. SP) encontram-se no Anexo 1, Tabela 10.1, p.108.
Valor total inclui operações especiais. Valores em US$ milhões FOB.
C/B (%)
(C) São Paulo
C/A (%)
O Estado de São Paulo reduz suas importações em relação ao Brasil (exc. Sudeste) no
período com relação aos bens básicos, semimanufaturados e manufaturados, no primeiro caso
de 80,7 em 1996 para 67 em 2007, no segundo de 139,4 em 1996 para 41,8 em 2007; e no
último caso de 180 em 1996 para 110,5 em 2007.
Quando a análise é feita em relação ao Sudeste (exc. SP), São Paulo eleva suas
importações relativas em relação aos bens básicos de 117,8 em 1996 para 137,2 em 2007,
enquanto em relação aos bens semimanufaturados e manufaturados, a tendência é de queda,
no primeiro caso de 248,6 em 1996 para 70,9 em 2007 e no segundo caso de 265,9 em 1996
para 251 em 2007.
No total do período, as importações de industrializados atingiram no Brasil (exc.
Sudeste) uma taxa de crescimento de aproximadamente 210,7%, considerando-se a referência
inicial e a final. No total da série acumulada ano a ano, o crescimento foi de 132,5% e a taxa
média do período ficou em 12% ao ano. Para a região Sudeste (exc. SP), o mesmo cálculo
resultou nos seguintes percentuais: 108,4%, 91,7% e 8,3% ao ano. Para o Estado de São Paulo
resultou em 84% de crescimento das importações de industrializados considerando-se o início
e fim do período, 76,9% para o total da rie acumulada ano a ano e 7% de taxa de
crescimento anual conforme se verifica no Gráfico 10:
81
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Básicos Semimanuf. Manufaturados Industrializados Total
(A) Brasil (exc. Sudeste) (B) Sudeste (exc. SP) (C) São Paulo
Gráfico 10 Taxa média de crescimento anual das Importações, em % por fator agregado no
período de 2000-2007.
Fonte: SECEX/MDIC (Elaborado a partir de dados da Tabela 10 e 10.1).
Obs: Valor total inclui operações especiais.
Os dados de exportação e importação do espaço paulista por categoria de uso indicam,
portanto, uma maior abertura para o exterior, quando comparados com os outros espaços
regionais analisados e revelam que existe uma tendência de especialização em produtos
industrializados, pois, trata-se de setores cujo desenvolvimento tecnológico
85
guarda
proximidade com aqueles que agregam maior valor aos produtos.
Os fluxos mais intensos refletem o processo descrito de especialização flexível e
indica que tende a ocorrer neste espaço uma transformação progressiva e sólida das estruturas
oriundas do fordismo para as de natureza do novo paradigma tecnológico (CORDIOLLI,
1997).
Isto é o que nos sugere o Gráfico 11 que retrata as exportações do Estado de São Paulo
por setores de intensidade tecnológica no período de 1999 a 2007.
85
Entre outros investimentos que contaram com apoio do governo federal e de grande relevância em termos de
desenvolvimento tecnológico, destaca-se a implantação da EMBRAER em São José dos Campos que passou a
integrar juntamente com o Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e o Instituto Tecnológico da
Aeronáutica (ITA) um moderno centro de pesquisas e desenvolvimento tecnológico; outros investimentos de
relevância são a UNICAMP Universidade Estadual de Campinas, um dos centros de pós-graduação e de
pesquisas mais avançados do Brasil e a ESALQ-USP Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz em
Piracicaba (NEGRI, 1996).
82
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ind.de alta e média alta tecnologia SP Ind.de alta tecnologia SP Ind.de média-alta tecnologia SP
Ind. de média-baixa tecnologia SP Ind.de baixa tecnologia SP
'
Gráfico 11 Exportações do Estado de São Paulo nos Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica, em % no período de 1999-2007.
Fonte: SECEX/MDIC (Elaboração própria a partir de dados da Tabela 11).
Verifica-se que São Paulo exporta, sobretudo, produtos de alta e média-alta tecnologia,
com destaque para as instrias Aeroutica e Aeroespacial; Máquinas e Equipamentos
Mecânicos; Veículos Automotores, Reboques e Semi-Reboques; Produtos de Petróleo
Refinado e Outros Combustíveis; e Alimentos, Bebidas e Tabaco.
Estes setores participam de maneira mais intensa na conformação das exportações de
São Paulo indicando uma possibilidade de desenvolvimento mais satisfatório nos próximos
anos, em relação a outros segmentos, conforme representação da Tabela 11:
Em especial, a indústria Aeronáutica e Aeroespacial aumenta sua participação no
período de 9,1% em 1999 para 10,4% em 2005. Entre a indústria de média-alta tecnologia,
evidenciam-se os setores de Máquinas e Equip. Mecânicos; Veículos Automotores, Reboques
e Semi-Reboques; e Produtos Químicos com contribuições respectivas de 11,1%, 4,7% e
4,4% em 1999. Em 2005, o primeiro contraiu sua participação para 10,8%, mas continuou a
ser o setor com maior participação entre os desta categoria. Os outros dois expandiram suas
exportações para 7,1% e 5,2%, respectivamente.
Entre a indústria de média-baixa tecnologia, o setor que desponta é o de Produtos de
Petróleo refinado e Outros Combustíveis, com participação crescente nas exportões que
passam de 2,1% em 1999 para 9,3% em 2005. A indústria de baixa tecnologia, por sua vez,
tem como tem como setor proeminente a indústria de Alimentos, Bebidas e Tabaco que
contribuía em 1999 com 12,9% das exportações com teor tecnológico e em 2005 ainda
mantém percentual próximo a 11%.
83
Tabela 11 Exportações do Estado de São Paulo segundo Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica, em % no período de 1999-2007.
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Principais Produtos exportados (**) 66,4 68,1 63,9 68,2 65,1 67,0 65,7 69,2 67,7
Industria de alta e média-alta tecnologia (I+II)
36,7
42,7
40,5
39,0
36,0
38,2
38,6
38,5
40,6
Indústria de alta tecnologia (I) 13,7 21,1 19,4 16,1 11,3 12,4 11,3 11,3 13,9
Aeronáutica e aeroespacial 9,1 13,3 13,4 11,5 8,3 10,3 8,3 7,1 10,4
Farmacêutica
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,1
0,1
0,2
Material de escritório e informática 1,4 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Equipamentos de rádio, TV e comunicação
3,3
6,8
6,0
4,5
3,0
2,1
2,9
4,1
3,4
Instrumentos médicos de ótica e precisão 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Indústria de média-alta tecnologia (II)
23,0
21,6
21,1
22,9
24,6
25,8
27,3
27,2
26,7
Máquinas e equipamentos elétricos n. e. 2,7 2,9 2,1 2,4 2,3 2,0 2,4 2,4 3,0
Vculos automotores, reboques e semi-reboques 4,7 5,8 5,7 6,5 7,1 7,8 7,5 7,0 7,1
Produtos químicos,excl. farmacêuticos 4,4 2,9 4,8 5,1 4,6 4,6 4,6 5,4 5,2
Equipamentos para ferrovia e material de transporte n. e. 0,0 0,0 0,1 0,2 0,0 0,3 0,5 0,5 0,5
Máquinas e equipamentos mecânicos n. e.
11,1
9,9
8,4
8,7
10,6
11,1
12,4
12,0
10,8
Indústria de média-baixa tecnologia (III)
7,0
8,5
7,0
9,7
10,5
10,7
10,9
13,7
15,6
Construção e reparação naval 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Borracha e produtos plásticos 2,4 2,1 1,9 2,2 2,0 1,7 1,4 1,4 1,8
Produtos de petróleo refinado e outros combustíveis
2,1
3,5
2,5
3,5
4,1
4,1
5,3
7,7
9,3
Outros produtos minerais não-metálicos 0,1 0,2 0,2 0,2 0,5 0,5 0,3 0,3 0,3
Produtos metálicos 2,3 2,7 2,4 3,7 3,9 4,4 3,9 4,3 4,2
Indústria de baixa tecnologia (IV) 17,6 14,0 12,1 14,8 13,8 13,8 11,6 10,9 14,2
Produtos manufaturados n.e. e bens reciclados
0,2
0,2
0,3
0,8
0,2
0,2
0,2
0,3
0,4
Madeira e seus produtos, papel e celulose 3,3 2,6 2,0 2,2 1,0 0,8 0,8 0,8 1,2
Alimentos, bebidas e tabaco 12,9 9,8 8,6 10,5 11,2 11,2 9,4 8,7 11,1
Têxteis, couro e calçados
1,1
1,4
1,2
1,4
1,4
1,5
1,1
1,2
1,5
Demais produtos
33,6
31,9
36,1
31,8
34,9
33,0
34,3
30,8
32,3
Fonte: SECEX/MDIC (Elaboração Própria).
(*) Classificação extraída de: OECD, Directorate for Science, Technology and Industry, STAN Indicators, 2003.
(**) 100 principais produtos exportados pelo Estado de São Paulo.
Obs.: n. e. = não especificados nem compreendidos em outra categoria.
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Setores (*)
1999
Nota-se que os ramos que mais aumentaram sua contribuão relativa nas exportações
brasileiras, tomando-se como parâmetro as exportações de São Paulo em relação ao Brasil
(exc. SP) em setores de intensidade tecnológica o, entre outros, os setores de Aeronáutica e
Aeroespacial que de 429,2% em 1999, passa a representar 1067,7% em 2007 e produtos de
petróleo refinado e outros combustíveis que eleva sua participação de 50,7% em 1999 para
149% em 2007.
Outros setores contribuem de forma satisfatória nas exportações de São Paulo, como
por exemplo, Equipamentos de Rádio, TV e Comunicação e Máquinas e Equipamentos
Mecânicos, embora apresentem queda em sua participação relativa no período, conforme
Tabela 12:
84
Tabela 12 Participação relativa das Exportações de São Paulo em relação ao Brasil (exc. SP),
em % no período de 1999-2007.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Industria de alta e média-alta tecnologia (I+II) 75,2 76,0 76,2 71,1 61,4 69,5 63,7 73,6 66,5
Indústria de alta tecnologia (I) 140,1 157,3 134,4 119,3 103,8 139,6 95,6 124,4 167,1
Aeronáutica e aeroespacial 429,2 253,7 292,1 452,6 1035,5 1175,7 571,4 668,6 1067,7
Equipamentos de rádio, TV e comunicação 156,2 237,5 148,5 77,4 55,3 56,5 48,8 109,7 120,2
Indústria de média-alta tecnologia (II) 59,0 50,4 54,4 55,4 51,7 56,0 56,0 62,9 50,5
Máquinas e equipamentos elétricos n. e. 161,2 168,9 75,0 108,9 90,9 77,3 89,6 72,8 77,2
Veículos automotores, reboques e semi-reboques 22,5 27,5 28,4 31,1 29,4 33,5 27,9 28,7 27,7
Produtos químicos,excl. farmacêuticos 39,0 20,9 52,5 49,0 36,9 42,4 41,5 57,0 41,5
Máquinas e equipamentos menicos n. e. 242,2 185,1 139,0 120,8 140,4 128,3 172,1 213,6 108,8
Indústria de média-baixa tecnologia (III) 16,9 19,6 16,9 22,5 22,1 21,5 22,2 30,0 29,3
Borracha e produtos plásticos 98,3 79,2 70,8 93,6 66,8 58,0 44,8 44,0 45,6
Produtos de petróleo refinado e outros combustíveis 50,7 67,9 27,8 48,6 51,1 66,6 69,2 136,6 149,0
Outros produtos mineraiso-metálicos 3,2 3,9 4,1 5,6 10,5 12,2 6,3 7,2 7,0
Produtos metálicos 7,6 8,6 9,4 12,8 12,3 13,6 11,7 13,3 11,5
Indústria de baixa tecnologia (IV) 24,3 20,8 15,6 18,4 15,8 17,1 15,1 15,0 17,6
Produtos manufaturados n.e. e bens reciclados 4,6 5,1 8,0 20,5 5,0 5,1 6,7 8,0 12,7
Madeira e seus produtos, papel e celulose 19,6 14,6 12,4 12,7 4,9 4,4 5,0 5,1 7,2
Alimentos, bebidas e tabaco 36,1 33,9 21,2 24,1 24,3 25,5 21,2 20,0 22,6
Têxteis, couro e calçados 7,3 8,4 7,0 8,6 8,4 11,0 8,9 10,7 12,8
Fonte: SECEX/MDIC (Elaboração Própria a partir dos dados das tabelas 11 e 13).
(*) Classificação extraída de: OECD, Directorate for Science, Technology and Industry, STAN Indicators, 2003.
(**) Setores Selecionados.
Obs.: n. e. = não especificados nem compreendidos em outra categoria.
Setores (*) (**)
Com relação ao Brasil (exc. SP) verifica-se que o direcionamento de suas
especializações nas exportações de produtos com conteúdo tecnológico é distinto do espaço
paulista conforme demonstrado no Gráfico 12:
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ind.de alta e média-alta tecnologia Brasil (exc.SP) Ind.de alta tecnologia Brasil (exc. SP)
Ind.de média-alta tecnologia Brasil (exc. SP) Ind.de média-baixa tecnologia Brasil (exc. SP)
Ind.de baixa tecnologia Brasil (exc. SP)
Gráfico 12 Exportações do Brasil (exc. SP) nos Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica, em % no período de 1999-2007.
85
Fonte: SECEX/MDIC (Elaboração própria a partir de dados da Tabela 13).
Este comportamento permite que segmentos econômicos distintos se desenvolvam em
seu espaço, em relação ao Estado deo Paulo, especialmente aqueles ligados as indústrias de
média-baixa e baixa tecnologia, o que não significa dizer que a outra parte da amostra o se
desenvolva no futuro.
As indústrias de média-baixa e baixa tecnologia que participavam com 48,5% das
exportações da região em 1999, continuam concentrando grande parte das inversões ao
exterior, passando a somar em 2007 o percentual de 56,3%, o que não significa dizer que
ocorreu ganho por parte da indústria de alta tecnologia no período. Sua contribuição passa de
4,2% em 1999 para 3,5% em 2007. A indústria de média-alta tecnologia mantém participão
satisfatória, evoluindo de 16,6% em 1999 para 22,2% em 2007 conforme demonstra a Tabela
13:
Tabela 13 Exportações do Brasil (exc. SP) segundo Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica, em % no período de 1999-2007.
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Produtos industriais (*) 95,3 95,4 95,7 91,8 91,6 90,9 90,8 85,6 81,9
Industria de alta e média-alta tecnologia (I+II)
20,8
23,1
22,0
20,8
21,2
20,1
22,2
26,3
25,7
Indústria de alta tecnologia (I) 4,2 5,5 6,0 5,1 3,9 3,2 4,3 4,6 3,5
Aeronáutica e aeroespacial 0,9 2,2 1,9 1,0 0,3 0,3 0,5 0,5 0,4
Farmacêutica
1,1
0,8
0,9
0,8
0,7
0,7
0,7
0,9
1,0
Material de escritório e informática 0,5 0,6 0,8 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,2
Equipamentos de rádio, TV e comunicação
0,9
1,2
1,7
2,2
2,0
1,3
2,2
1,9
1,2
Instrumentos médicos de ótica e precisão 0,8 0,7 0,8 0,7 0,5 0,5 0,5 0,7 0,7
Indústria de média-alta tecnologia (II)
16,6
17,6
16,0
15,7
17,2
16,8
17,9
21,7
22,2
Máquinas e equipamentos elétricos n. e. 0,7 0,7 1,2 0,8 0,9 0,9 1,0 1,7 1,7
Vculos automotores, reboques e semi-reboques 8,9 8,7 8,4 8,0 8,8 8,5 9,8 12,2 10,8
Produtos químicos,excl. farmacêuticos 4,9 5,7 3,7 4,0 4,5 4,0 4,1 4,7 5,3
Equipamentos para ferrovia e material de transporte n. e.
0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,2 0,4 0,3 0,3
Máquinas e equipamentos mecânicos n. e.
2,0
2,2
2,5
2,7
2,7
3,2
2,6
2,8
4,2
Indústria de média-baixa tecnologia (III)
17,7
17,7
17,1
16,4
17,2
18,3
18,0
22,9
22,4
Construção e reparação naval 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 1,5 0,2 0,0 0,7
Borracha e produtos plásticos 1,1 1,1 1,1 0,9 1,1 1,0 1,1 1,6 1,6
Produtos de petróleo refinado e outros combustíveis
1,8
2,1
3,8
2,8
2,9
2,3
2,8
2,8
2,6
Outros produtos minerais não-metálicos 1,8 1,7 1,6 1,7 1,6 1,6 1,6 2,2 2,0
Produtos metálicos 13,0 12,8 10,6 11,0 11,6 11,9 12,2 16,3 15,5
Indústria de baixa tecnologia (IV) 30,8 27,7 32,0 30,5 31,5 29,6 28,2 36,4 33,9
Produtos manufaturados n.e. e bens reciclados
1,7
1,7
1,7
1,4
1,5
1,6
1,4
1,6
1,4
Madeira e seus produtos, papel e celulose 7,2 7,3 6,6 6,4 7,4 6,8 6,0 7,5 6,9
Alimentos, bebidas e tabaco 15,2 11,9 16,8 16,5 16,6 16,1 16,3 21,8 20,6
Têxteis, couro e calçados
6,6
6,8
6,9
6,2
5,9
5,1
4,5
5,5
4,9
Demais produtos
4,7
4,6
4,3
8,2
8,4
9,1
9,2
14,4
18,1
Obs.: n. e. = não especificados nem compreendidos em outra categoria.
Fonte: SECEX/MDIC (Adaptada pelo autor).
(*) Classificação extraída de: OECD, Directorate for Science, Technology and Industry, STAN Indicators, 2003.
20072003 2004
Setores (*)
2005 20061999 2000 2001 2002
86
Pode-se destacar, entre outros, na composição de suas exportações, os segmentos de
Alimentos, Bebidas e Tabaco; Produtos Metálicos; e Veículos Automotores, Reboques e
Semi-Reboques, este último pertencente à indústria de média alta tecnologia. Suas
contribuições relativas somadas nas exportações expandem-se no período de 37,1% em 1999
para 46,9% em 2007 e continuam representando um percentual significativo na configuração
do montante proporcionado pela remessa de mercadorias ao exterior.
Esta é a dinâmica desenvolvida pelas regiões no Brasil segundo os dados das
exportações. Suas escolhas deverão significar processos de desenvolvimento distintos em seus
espaços.
No caso da economia paulista que se especializa mais em produtos de alta e média-alta
tecnologia, a análise dos fatores locacionais nos mostrou que deve haver uma demanda
maior por parte de seus agentes em qualificação de mão-de-obra, desenvolvimento das
estradas, existência de escolas em condões estruturais e tecnológicas diferenciadas e
preocupação com atratividade global da área. Estes índices deverão confirmar o fato de que
sua infra-estrutura guarda maior relevância com fatores de natureza laboral, de qualidade de
vida e de melhor infra-estrutura, em relação ao restante do país
86
.
O Brasil (exc. Sudeste) e Sudeste (exc. SP), por sua vez, tendem a destacar fatores
locacionais relacionados a custos, assim como também demandarão incentivos a postura
governamental, assistência financeira e disponibilidade de mão-de-obra, entre outros fatores.
Basicamente, as crises financeiras enfrentadas pela economia brasileira na década de
80 do século XX fizeram com que ocorresse um ajuste estrutural no mercado, com as
empresas buscando investir em setores com forte estímulo as exportações, principalmente
aqueles baseados em recursos naturais. A partir da década de 90 do século XX ocorrem
adequações na estrutura de produção e novos métodos organizacionais das empresas,
provocando redução no emprego da indústria e um movimento rumo ao aprofundamento das
especializações regionais (PACHECO, 1996).
A natureza da articulação comercial e da integração produtiva existentes no país até
então, fruto em parte do alto grau de complementaridade da indústria inter-regional brasileira,
dos laços econômicos criados entre a periferia e a metrópole industrial favoreciam a
desconcentração na medida em que os capitais produtivos buscavam novas oportunidades,
86
Da mesma forma, verificou-se que a economia paulista elevou sua participação no setor de serviços em relação
à gerão do PIB no peodo analisado, o que confirma a valorização de tais fatores.
87
alicerçados pela heterogeneidade de recursos naturais das diversas regiões e pelas
deseconomias de aglomeração (PACHECO, 1996).
Este é um movimento verificado a nível nacional e que preservava os interesses dos
capitais paulistas que guardavam até certo ponto uma reserva de mercado e privigios aos
seus interesses sobre o desenvolvimento dos outros espaços regionais e que ficam limitados a
partir da introdução da abertura comercial.
Este ambiente interno é circuncidado por uma atmosfera mais densa, na medida em
que a abertura comercial provoca maior concorrência no conjunto dos setores da economia, o
que significa dizer que, não é mais possível manter os laços de solidariedade inter-regional
entre as regiões, sem que leve em consideração a influência externa, sobretudo aquela
originada dos avanços da tecnologia (PACHECO, 1996).
Neste particular, o desenvolvimento tecnológico e as políticas regionais podem
fortalecer o espaço paulista, o que pode significar uma reversão da desconcentração em favor
da região poligonal (DINIZ, 1991), porém, não existe a garantia de que os interesses dos
capitais paulistas vão prevalecer, como outrora, numa estratégia de integração com auto grau
de complementaridade, dependência e falta de autonomia no crescimento das outras regiões.
Essa estratégia de abertura comercial da nação, mais recentemente atrelada à
integração do país ao MERCOSUL fez com que o Estado de São Paulo e demais Estados do
Sudeste e do Sul fortalecessem seus ambientes internos, proporcionando aos mesmos estarem
no epicentro de um mercado mais extenso e com novas possibilidades em termos de
crescimento e desenvolvimento.
Por tudo isso, pode-se verificar que, a tendência em relação à desconcentração ou
reversão deste movimento depende, sobretudo, dos novos aportes de capitais que deverão ser
direcionados às regiões, de acordo com suas especializações, existência de recursos naturais e
capital humano, sujeito aos interesses do Estado e a sua política de desenvolvimento
econômico, dependendo da estratégia de alocação de recursos de cada espaço regional.
A evolução na orientação do montante de investimentos públicos, particularmente
aqueles originados do BNDES, indica que as inversões de capitais não deixam de priorizar,
entre outros, o Estado de São Paulo, devido ao seu maior peso político e econômico conforme
Gráfico 13:
88
0,0
2000,0
4000,0
6000,0
8000,0
10000,0
12000,0
14000,0
16000,0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
(A) Brasil (exc. Sudeste)
(B) Sudeste (exc. SP)
(C) São Paulo
Gráfico 13 Desembolsos anuais do Sistema BNDES, em US$ milhões correntes, no período
de 1998-2007: Brasil (exc. Sudeste), Sudeste (exc. SP) e Estado de São Paulo.
Fonte: BNDES (Elaboração Própria).
Especialmente, nota-se que os investimentos efetuados no espaço paulista evoluem no
período considerado, ora abaixo, ora acima das inversões efetuadas no Brasil (exc. Sudeste) e
em proporção superior ao que é aplicado no Sudeste (exc. SP).
Entre os setores que mais receberam investimentos do BNDES, destacam-se os setores
de Produtos Alimentícios; Metalurgia; Veículos, Reboques e Carrocerias e Outros
Equipamentos de Transportes conforme se verifica no Gráfico 14 e Tabela 14:
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Produtos alimetícios Celulose e papel Coque, Petróleo e combustível
Química Borracha e plástico Metalurgia
Máquinas e equipamentos Veículos, reboques e carrocerias Outros Equip. Transportes
Gráfico 14 Setores que mais receberam investimentos do BNDES no Brasil segundo a
Indústria de Transformação no período de 1998-2007. (em US$ milhões correntes).
Fonte: BNDES (Elaboração própria).
89
Tabela 14 Setores que mais receberam investimentos do BNDES no Brasil relacionados à
Indústria de Transformação no período de 1998-2007. (em US$ milhões correntes).
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Produtos alimetícios 5.800 6.636 5.822 7.209 7.158 5.827 6.063 9.844 15.190 22.438
Celulose e papel 3.451 1.622 1.760 4.851 4.358 1.397 3.597 5.813 10.642 9.288
Coque, Petróleo e combustível 2.346 662 119 328 628 155 251 702 6.397 9.234
Química 2.540 1.971 1.984 2.708 3.004 3.428 1.554 4.161 4.882 9.670
Borracha e plástico 2.330 1.067 1.036 958 768 817 942 1.917 2.173 5.777
Metalurgia 6.022 5.210 9.272 7.037 3.491 3.241 2.534 5.619 9.933 16.023
Máquinas e equipamentos 5.085 2.510 3.422 2.771 3.180 1.516 2.836 8.071 7.791 8.815
Vculos, reboques e carrocerias 6.965 7.024 8.509 5.457 4.996 8.625 8.804 19.382 23.841 15.743
Outros Equip. Transportes 10.290 9.218 14.743 14.163 22.554 18.701 20.387 24.827 19.412 8.729
Fonte: BNDES (Elaboração Própria)
Estes segmentos também fazem parte da estrutura da instria paulista de exportação
contribuindo com cerca de 40% em 2007 do montante arrecadado com inversões ao exterior.
Da mesma forma, podemos analisar a estrutura do IED
87
direcionado ao país e averiguar quais
setores tendem a ser mais beneficiados, conforme ilustrado no Gráfico 15 e Tabela 15:
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Produt.Alimentícios e Bebidas Metalurgia Básica Celulose e Papel
Produtos Químicos Autoveis, reboques e carrocerias Coque, Petleo e combustíveis
Máquinas e equipamentos Borracha e plástico Mineraiso-metálicos
Gráfico 15 Investimentos Estrangeiros Diretos: Distribuição por atividade econômica de
aplicação dos recursos no Brasil no período de 2000 a 2007.
Fonte: Banco Central do Brasil (Elaboração própria).
A evolução dos últimos anos do montante transferido pelo exterior para aplicação na
estrutura da instria brasileira revela que alguns setores tendem a absorver maiores recursos
do total direcionado ao país. Entre eles, destacam a Metalurgia básica; produtos alimentícios e
bebidas; Coque, petróleo e combustíveis; produtos químicos e veículos, reboques e
carrocerias, setores que participam ativamente da estrutura industrial de São Paulo e tendem
87
Investimento Estrangeiro Direto.
90
de alguma forma a manter a soberania deste Estado em termos de estrutura industrial e
comando econômico e financeiro na economia brasileira.
Tabela 15 Investimento Estrangeiro Direto segundo atividades econômicas de aplicação dos
recursos.
Ingressos
Atividade Econômica 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Instria 34726 7001 7555 4506 10708 6403 8744 12166
Fabr.de produtos alimentícios e bebidas 4619 563 1873 409 5345 2075 739 1817
Fabr.de celulose, papel e produtos de papel 1573 150 11 348 177 159 1797 263
Fabr.de coque, refino de petróleo, elabor.de comb. 1 - 6
1 6
8 260 1619
Fabr.de produtos químicos 6043 1546 1573 916 1363 764 1134 752
Fabr.de artigos de borracha e plástico 1782 176 183 205 134 481 223 465
Fabr.de produtos de minerais não-metálicos 1170 130 124 50 219 17 152 307
Metalurgia básica 2513 431 138
350 817
310 1713 4700
Fabr.de quinas e equipamentos 3324 344 391 256 313 255 430 431
Fabr.e mont.de veíc.automot., reboques e carrocerias 6351 1550 1757 965 850 925 288 872
Total 103015 21042 18778 12902 20265 21522 22231 33705
Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL (Adaptada pelo Autor). (em US$ milhões correntes).
Notas: 1/ Dados de Censo de Capitais Estrangeiros (data-base 2000) Conversões pela cotação do último dia útil do respectivo período.
2/ Ingressos de investimentos e conversões de empréstimos e de financiamentos em investimento direto com base nos registros constantes, no modulo IED,
do sistema (Registro Declaratório Eletrônico). Conversões em dolares às paridades históricas.
Estoque 1/ Ingressos 2/
Desta forma, a nova configuração da instria no Brasil vai depender da forma com
que estes novos investimentos serão alocados, considerando a regulação do Estado nestes
novos empreendimentos de forma a controlar os impactos causados por estas atividades no
espaço regional. O desempenho da economia paulista tende a ser o de liderança, até porque
possui o parque industrial e tecnológico mais avançado do país e em função de sua maior
abertura ao comércio internacional, conforme se verificou nos dados apresentados.
Particularmente, verifica-se a exisncia de um setor têxtil mais moderno; um setor
alimentício mais integrado com a agroindústria e com suas transformações; a indústria
química se destaca pela produção de petróleo e pela consolidação do Pró-Alcool (NEGRI,
1996).
Especificamente sua agroindústria passa a ser objeto de políticas que favoreceram a
integração produtiva, com a atuação de capitais intersetoriais com características
oligoposticas e com melhorias na base técnica que proporcionaram maior qualidade e
padronização aos produtos. A estratégia resultou em aumento das exportações, especialmente
dos produtos como café, farelo de soja, suco de laranja, carnes de frango e bovina, farelo de
polpa cítrica etc
88
(NEGRI, 1996).
88
Maiores detalhes sobre a expansão e modernização dos setores agroindustriais em São Paulo podem ser visto
em (NEGRI, 1996 p.196-197; 212-215).
91
Este é o caminho traçado pela economia de São Paulo, o que lhe proporcionou a
incorporação de maior valor agregado em seus produtos, graças ao desenvolvimento e
consolidação de complexos agroindustriais modernos em seu território
89
(NEGRI, 1996).
Neste particular, a Teoria do Desenvolvimento Endógeno nos concede argumentos que
servem de base para a sustentação de que não basta ocorrer à desconcentração industrial
simplesmente pela necessidade de se criar condições para o desenvolvimento dos fatores
locacionais em outros locais ou não basta concentrar pura e simplesmente (AMARAL
FILHO, 1996).
É necessário obter um sistema produtivo que compreenda um conjunto de agente,
entre eles as empresas, instituições e governo que desempenhem um papel de lideraa em
termos regionais e setoriais. Por este motivo faz necessário estudar os componentes da
organização espacial-econômica conjugado com elementos que agreguem a organização
setorial e a territorial (AMARAL FILHO, 1996).
Primeiro porque a própria hierarquia urbana criada a nível internacional a partir do
advento da globalização mostra que é preciso se especializar e se adequar as normas e
sistematização do consumo e da produção (AMARAL FILHO, 2006). Além do mais, veicula-
se que é necessário se adequar a competição global e as exigências técnicas de atualização,
num contexto de Guerra entre as regiões por atração dos investimentos e que caracteriza um
ponto de vista mais exógeno (DIAS e SILVA NETO, 2004).
Segundo, de acordo com a literatura econômica regional, em especial, através dos
exemplos de Hirschman com suas concatenações para frente e para trás, de Perroux e seus
pólos de crescimento constituídos por firmas motrizes, ou através dos efeitos cumulativos de
causação circular progressiva de Myrdal designados efeitos espalhados e represados, a
especialização flexível, enquanto modelo de desenvolvimento das regiões, embora mais
adaptada as idéias de Marshall de Distrito Industrial, exige das regiões comportamentos
distintos que irão refletir as suas potencialidades através do desenvolvimento de tecnologias
mais flexíveis e condições de trabalho diferenciadas (AMARAL FILHO, 1996).
Nesse particular, a saída do Estado do investimento em setores estratégicos indica que
a seletividade espacial passa a ser das empresas que irão distinguir as regiões conforme as
condições internas de ordem técnica e de natureza organizacional e que, portanto, irão definir
89
No complexo canavieiro, a crise do açúcar provocou mudanças na estratégia de desenvolvimento do setor que
passa a ser subsidiado por crédito destinado a anexar destilarias de álcool junto às usinas, aproveitando-se da
necessidade de se produzir álcool anidro para mistura com a gasolina; posteriormente, a expansão do setor
automobilístico provocou aumento da capacidade instalada deste setor e expressivo crescimento no Estado;
o complexo cítrico e o de soja são outros exemplos de elevado padrão técnico-científico e grande capacidade
instalada (NEGRI, 1996).
92
uma escala de rentabilidade entre os espaços. Fatores como acessibilidade, infra-estrutura e
equipamentos aliados as leis locais, tributação e sindicalização irão definir a orientação do
investimento no espaço (DIAS e SILVA NETO, 2004).
Essa orientação do investimento por parte dos grandes grupos internacionais fará com
que seja necessário difundir no espaço conhecimento e inovações, um sistema flexível de
produção, desenvolvimento urbano adequado e a criação de um tecido institucional denso
com determinantes para o desenvolvimento local adequado em uma visão de valorização do
território a partir de suas potencialidades e recursos locais, visão essa de acordo com uma
perspectiva endógena.
Essa perspectiva contempla o surgimento da espacialidade em rede, em detrimento do
modelo centro/periferia, em um contexto de transformações organizacionais e tecnológicas, a
primeira independente da segunda que por sua vez facilita a introdução dos novos processos
organizacionais. São duas matrizes teóricas que não podem ser separadas, pois, estão
sobrepostas e uma depende da outra (DIAS e SILVA NETO, 2004).
Essa nova realidade é confirmada pelas duas dimensões intrínsecas a natureza do
desenvolvimento endógeno. Primeiro a dimensão econômica onde a sociedade empresarial se
organiza de forma lógica para a produção eficaz dos fatores de produção da região e segundo
através dos fatores de natureza sócio-cultural que estão arraigados nas instituições e servem
de sustentação para o desenvolvimento regional (SOUZA FILHO, 2006).
Esse sistema produtivo irá corresponder àquele espaço que construa de forma
adequada um conjunto de setores com forte encadeamento inter-setorial e intra-setorial e que
por este motivo irá se juntar as condições propícias para o desenvolvimento e multiplicação
dos novos fatores engenos do desenvolvimento que por sua vez irão em conjunto
determinar vantagens competitivas de natureza dinâmica (PORTER, 1991 apud AMARAL
FILHO, 1996) para as regiões (AMARAL FILHO, 1996; SOUZA FILHO, 2006).
Por outro lado, aquelas regiões que direcionarem seus investimentos baseados apenas
em isenções fiscais tenderão a formar e concentrar aglomerações industriais sem coerência
interna, desprovidas de interconexões e desajustadas frente à nova hierarquia urbana
internacional (AMARAL FILHO, 1996).
Cabe mencionar que toda a estratégia de desenvolvimento endógeno está baseada no
modelo de desenvolvimento da base para o topo (SOUZA FILHO, 2006), onde a participação
dos atores locais é fundamental para se criar as condões determinantes que irão apontar para
a emergência de cada região, ou seja, é necessário se criar um sistema produtivo capaz de
absorver suas potencialidades e atrair outras de natureza externa, num sistema de coerência
93
interna onde se cria as condições para o surgimento de economias externas ampliadas, sem
perder o foco para as novas oportunidades advindas do movimento da globalização
(AMARAL FILHO, 1996).
O Objetivo é antes de qualquer coisa o crescimento equilibrado e com sustentação no
longo prazo, nos moldes do que é denominado por PUTNAM, (1993) apud SOUZA FILHO,
(2006) como:
capital social, ou seja, um conjunto de características da organização social
que engloba as redes de relações, normas de comportamento, valores,
confiança, obrigações e canais de informação, livres de qualquer conflito
de natureza histórico/cultural e influências externas de natureza produtiva
(SOUZA FILHO, 2006, p.4).
Este último elemento completa o que pode ser considerando um desenvolvimento
regional adequado, ou seja, os incentivos estatais das três esferas governamentais aliados a
captação de investimentos e poupança para a formação bruta de capital fixo somam-se o
estoque de capital social que irá fortalecer a região em sua organização social (SOUZA
FILHO, 2006).
As redes passam a integrar as diversas regiões e tornam possível o alcance de outros
pontos a partir do momento em que se verifica uma ação concreta dos grupos sociais que a
tornem operacionalizável, num ambiente globalizado e onde as posições assumidas se alteram
com muita facilidade. É a caracterização da nova hierarquia urbana que integra e cria
oportunidades, mas que se desenvolvem apenas nos pontos beneficiados pelas novas técnicas
de acumulação flexível, num contexto de progresso econômico (DIAS e SILVA NETO,
2004).
São fluxos imateriais e materiais que emergem nos extremos, ou seja, no local e no
global, sem que ocorra a influência da esfera nacional e que ganham forma com a ascensão do
regime de acumulação flexível, através da descentralização estatal em benefício da
revalorização do conceito de desenvolvimento local e de acordo com a teoria do
desenvolvimento endógeno (DIAS e SILVA NETO, 2004).
94
5. CONCLUSÃO
O objetivo central deste trabalho foi interpretar a natureza do movimento de
desconcentração espacial da indústria no Estado de São Paulo por meio de sua inserção na
economia brasileira, combinando para isso conhecimentos relacionados à formação do seu
espaço, e relativos à natureza da sua industrialização no período de 1996 a 2007, dentro de um
contexto de transformações, que deram margem a um alargamento das atividades industriais
no espaço nacional, e que tendem a fixar em território paulista os segmentos com maior
conteúdo tecnológico, mudanças estas impostas pelos fenômenos inerentes à globalização.
Inicialmente reconhecendo que foi por meio do fortalecimento de seu principal
produto de exportação, o café, que a economia paulista estruturou-se no espaço, por
intermédio da migração de capitais para outras atividades produtivas.
Num segundo momento verifica-se que as políticas implantadas no Brasil durante o
período de industrialização tiveram certa inclinão a cumprir objetivos ligados
preponderantemente a integração do espaço nacional, sob o comando da economia paulista,
produzindo um espaço interdependente, com fortes vínculos complementares, numa estratégia
que proporcionou grande concentração industrial no Estado de São Paulo e reges adjacentes.
Em certo sentido, os outros Estados se desenvolviam de forma dependente, ou seja, em parte,
se abortava muitas tentativas de se criar políticas regionais sem que os interesses do centro
estivessem preservados.
A partir da década de 70 do século XX, estas mesmas políticas regionais, em certa
medida, contribuíram para o movimento de desconcentração produtiva, aliada ao fato de que,
os espaços que mais concentravam a produção, apresentavam tendências a um
remanejamento de alguns setores, em parte pelas deseconomias de escala criadas, em parte
pela necessidade de estarem mais próximos às fontes de matérias primas.
Atrelado a liderança de São Paulo, o Estado Nacional atuava de forma a construir uma
infra-estrutura moderna, que proporcionasse o impulso necessário ao desenvolvimento dos
setores da economia. Gradativamente se estimulou os setores de bens de consumo, bens
intermediários e bens de capital, em um período de forte concentração da indústria no
Sudeste, principalmente no Estado de São Paulo.
Com o advento da globalização, tende a ocorrer no espaço à integração das regiões de
forma distinta a natureza pré-existente no Brasil, ou seja, eles passam a estar mais expostos
aos efeitos do comércio internacional, o que dificulta o planejamento, com o intuito de
95
adaptar os instrumentos de potica econômica aos interesses regionais. Este movimento
alterou a importância relativa dos fatores locacionais no espaço.
Com a estratégia de alargamento da fronteira agrícola e mineral para a região Centro-
Oeste, alteram-se as especializações das regiões. O próprio Estado de São Paulo passa a se
estruturar em função de sua produção industrial, com forte encadeamento em seus processos
agroindustriais.
Por este motivo, as análises da evolução do produto interno bruto nas grandes regiões
do país e no Estado de São Paulo no período de 1996 a 2005 sugerem que, continua a ocorrer
no espaço paulista, certa redução em sua participão relativa na produção industrial, com
dispersão da indústria da RMSP para outros Estados brasileiros e em menor proporção para o
interior do Estado, o que é confirmado em termos do valor da transformação industrial.
Com relação à análise da natureza do processo de desconcentração industrial, verifica-
se que o Paulo passa a orientar seu crescimento para o exterior conforme pode se verificar
nas suas pautas de exportações e importações de produtos industrializados e bens básicos.
Inicialmente através da análise de seus coeficientes de exportações e de importações,
verifica-se que São Paulo se liga ao exterior de forma mais intensa do que os outros espaços,
o que lhe caracteriza como uma economia aberta e confirma o que se argumentou em relação
à natureza anticíclica de sua produção e de seu crescimento, ou seja, está mais vulnerável aos
efeitos das crises internacionais em função de suas especializações. Suas exportações e
importações sofrem reduções relativas em relação às categorias de uso, comparando com os
outros espaços analisados, além de participar de forma mais modesta nas exportações de bens
básicos. Eleva sua participação em relação aos bens industrializados exportados no período
em análise, convergindo com a evolução de suas exportações segundo a intensidade
tecnológica.
Em um contexto geral, quando se verifica a participação dos espaços em termos de
produtos com algum teor tecnológico enviados ao exterior, São Paulo participa com maior
dinâmica em bens de alta e média-alta tecnologia. Em compensação, as exportações de
produtos de média-baixa e baixa tecnologia aumentam preponderantemente no Brasil (exc.
SP) no período em análise.
Em função disso, a análise dos fatores locacionais dos dois espaços indicam que a
demanda de cada região deverá ser distinta em relação às exigências dos agentes em termos
de melhorias no espaço. A economia paulista deverá sofrer maiores demandas por fatores
qualitativos de natureza laboral, de infra-estrutura e qualidade de vida, enquanto que o Brasil
96
(exc. SP) tende a sofrer maiores demandas de fatores ligados a incentivos governamentais,
assistência financeira, custos e disponibilidade de mão-de-obra.
Em todas as esferas, de modo geral, continuam sendo de fundamental importância os
fatores de natureza infra-estrutural, em especial, a qualidade das estradas. Em seguida, os
fatores ligados à qualificação da força de trabalho também assumem importância. Porém,
quando se está inserido em ambientes de maior conteúdo tecnológico, passam a ser mais
importantes os fatores relacionados à educação e a indicadores que evidenciem a atratividade
global da área. Os investimentos realizados confirmam a tendência de supremacia do Estado
de São Paulo no cenário econômico brasileiro.
Por fim, conclui-se que a desconcentração produtiva verificada em São Paulo, e em
especial na RMSP está relacionada com as mudanças impostas pela passagem do modo de
produção Taylorista//Fordista para o modelo de especialização flexível/Toyotismo, onde as
atividades de subcontratação e terceirização proporcionam um redimensionamento entre os
setores industriais e de Serviços. Muitas vezes, as empresas terceirizadas localizam-se fora do
espaço regional, constituindo por isso uma estratégia da globalização, o que faz parte de uma
tática inserida na readequação dos processos organizacionais e tecnológicos
97
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104
7. ANEXOS
Tabela 2 Distribuição relativa do PIB brasileiro, em % por grandes regiões e Estados
selecionados no período de 1996-2005.
1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
SUDESTE 58,1 58,2 57,8 57,1 56,7 55,8 55,8 56,5
São Paulo 34,9 34,9 33,7 33,4 34,6 34,1 33,1 33,9
Rio de Janeiro 11,1 11,7 12,5 12,3 11,6 11,1 11,5 11,5
Minas Gerais 10,1 9,6 9,6 9,5 8,6 8,8 9,1 9,0
SUL 18,0 17,7 17,6 17,8 16,9 17,7 17,4 16,6
Rio Grande do Sul 8,1 7,7 7,7 7,8 7,1 7,3 7,1 6,7
Para 6,1 6,3 6,0 6,1 6,0 6,4 6,3 5,9
Santa Catarina 3,8 3,7 3,9 3,9 3,8 3,9 4,0 4,0
NORDESTE 13,2 13,1 13,1 13,1 13,0 12,8 12,7 13,1
Bahia 4,2 4,3 4,4 4,4 4,1 4,0 4,1 4,2
Pernambuco 2,7 2,7 2,6 2,6 2,4 2,3 2,3 2,3
CENTRO-OESTE 6,3 6,7 7,2 7,5 9,2 9,4 9,5 9,3
Distrito Federal 2,1 2,3 2,7 2,8 3,8 3,7 3,6 3,7
Goiás 1,9 1,8 2,0 2,1 2,5 2,5 2,5 2,4
NORTE 4,4 4,2 4,4 4,5 4,3 4,4 4,5 4,5
Pa 1,8 1,7 1,7 1,8 1,7 1,8 1,8 1,8
TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Ipeadata. PIB Estadual a preços constantes - R$ de 2000(mil) - Deflacionado pelo Deflator Implícito
do PIB nacional.
Regiões e Estados
105
Tabela 3 Distribuição relativa do PIB paulista, em % por Mesorregiões no período de 1996-
2005.
1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Aratuba 1,06 1,63 1,53 1,43 1,44 1,38 1,37 1,30
Indústria 0,27 0,85 0,76 0,63 0,62 0,58 0,61 0,57
Araraquara 1,63 1,93 1,92 2,31 1,83 2,18 1,71 1,67
Indústria 0,63 0,67 0,78 0,85 0,62 0,89 0,62 0,58
Assis 0,76 1,02 0,98 0,99 0,99 0,98 0,93 0,84
Indústria 0,16 0,30 0,29 0,27 0,23 0,24 0,24 0,21
Bauru 2,52 2,57 2,43 2,48 2,26 2,27 2,30 2,29
Indústria 0,63 0,82 0,78 0,75 0,54 0,57 0,63 0,60
Campinas 8,34 10,35 9,98 9,90 9,00 9,04 9,48 9,59
Indústria 3,88 4,07 3,81 3,83 2,43 2,74 3,00 3,02
Itapetininga 0,86 1,20 1,17 1,37 1,13 1,23 1,24 1,19
Indústria 0,28 0,36 0,37 0,43 0,30 0,38 0,39 0,36
Litoral Sul Paulista 0,37 0,55 0,49 0,49 0,45 0,44 0,42 0,41
Indústria 0,07 0,14 0,13 0,11 0,07 0,07 0,07 0,06
Macro Metr.Paulista 4,65 5,87 5,62 5,66 5,39 5,59 5,89 5,77
Indústria 2,34 2,57 2,49 2,45 1,61 1,73 1,92 1,86
Marília 0,81 0,74 0,68 0,66 0,63 0,64 0,64 0,60
Indústria 0,17 0,18 0,17 0,16 0,11 0,13 0,13 0,11
Metropolitana SP 63,50 56,09 56,83 55,79 59,36 59,03 58,78 60,13
Indústria 25,09 20,25 21,81 21,43 13,28 13,81 14,75 14,15
Piracicaba 2,66 3,01 2,90 3,19 2,83 3,01 2,85 2,84
Indústria 1,25 1,23 1,22 1,30 0,86 0,95 0,97 0,92
Presid.Prudente 1,38 1,41 1,27 1,30 1,40 1,34 1,32 1,26
Indústria 0,39 0,50 0,42 0,47 0,46 0,42 0,44 0,41
Ribeirão Preto 4,05 4,45 4,36 4,70 4,82 4,95 4,84 4,40
Indústria 1,16 1,24 1,36 1,47 1,21 1,38 1,44 1,12
São J.R.Preto 2,33 3,01 2,65 3,02 2,70 2,60 2,51 2,51
Indústria 0,46 0,82 0,77 0,73 0,62 0,62 0,63 0,62
Vale do Parba 5,08 6,16 7,19 6,71 5,76 5,33 5,72 5,19
Indústria 2,86 3,08 4,06 3,87 2,38 2,14 2,45 2,07
Est. São Paulo 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Ipeadata. PIB Municipal - R$ de 2000(mil) - Deflacionado pelo Deflator Implícito do PIB nacional
106
Tabela 7.1 Exportações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por categoria de uso
no período de 1999-2007.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Bens de capital 1.623 2.506 2.542 2.766 3.060 3.837 5.802 5.377 5.977
Bens de consumo duráveis 648 1.432 1.621 1.687 2.167 2.748 3.468 3.096 3.318
Bens de consumo não duráveis 4.302 4.840 5.677 5.597 6.542 8.417 10.292 10.825 13.416
Bens intermediários 12.971 14.592 15.946 16.789 21.337 28.015 31.119 36.161 44.020
Combustíveis 133 201 545 500 732 901 1.675 1.499 1.742
Total 20.501 24.644 27.517 28.383 35.067 45.389 54.535 59.573 71.469
Bens de capital 602 598 449 421 553 2.071 1.221 1.514 2.388
Bens de consumo duráveis 551 431 320 246 394 518 748 1.038 1.205
Bens de consumo não duráveis 335 320 391 470 600 794 1.038 1.340 1.628
Bens intermediários 8.661 9.388 8.406 9.037 11.320 14.243 19.033 21.644 24.314
Combustíveis 104 302 1.028 2.085 2.421 2.811 4.305 7.545 9.287
Total 10.754 11.727 11.401 12.988 16.159 21.467 27.864 34.860 40.920
Fonte:SECEX/MDIC.
Valor total inclui operações especiais. Valores em US$ milhões FOB.
A=Brasil
(Exc.Sudeste)
B=Sudeste (Exc.São
Paulo)
Tabela 8.1 Importações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por categoria de uso
no período de 1999-2007.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
BK 5.037 5.698 6.432 5.371 5.476 6.544 8.188 9.947 11.965
BCD 759 792 806 536 436 512 647 1.501 2.912
BCND 1.288 1.070 917 787 921 1.065 1.448 1.937 2.533
BI 6.246 7.902 7.962 7.419 8.112 10.241 11.266 14.468 20.563
COMB 2.667 4.508 3.911 3.361 3.545 5.013 6.833 9.404 11.532
Total 15.997 19.970 20.278 17.516 21.192 25.468 28.585 37.257 56.055
BK 3.107 2.832 3.177 3.161 2.575 2.930 3.588 6.465 8.619
BCD 687 657 820 382 366 384 538 1.080 1.224
BCND 960 925 800 797 709 828 976 1.960 2.515
BI 3.841 4.032 4.133 3.607 3.871 4.842 5.828 9.985 13.721
COMB 1.305 1.806 1.835 1.983 1.964 3.371 3.793 3.861 5.457
Total 9.900 10.252 10.765 9.930 9.485 12.355 14.723 23.351 31.536
Fonte: SECEX/MDIC.
Valor total inclui operações especiais. Valores em US$ milhões FOB.
A=Brasil
(Exc.Sudeste)
B=Sudeste (Exc.São
Paulo)
Tabela 9.1 Exportações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por fator agregado no
período de 1996-2007.
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
sicos 7.427 8.869 7.468 6.789 7.536 9.911 10.214 13.249 17.829 19.702 20.649 27.849
Semimanuf. 4.314 4.448 4.166 3.915 4.035 4.034 4.418 5.190 6.295 7.247 9.240 10.559
Manufaturados 8.869 9.737 9.245 8.925 11.586 11.853 12.327 15.353 19.743 25.165 27.070 30.067
Total 21.432 23.898 21.535 20.501 24.654 27.535 28.405 35.100 45.446 54.596 59.573 71.471
sicos 3.441 4.281 4.544 3.903 3.991 4.286 5.412 6.270 7.905 12.148 16.824 20.198
Semimanuf. 2.923 2.911 2.717 2.731 3.333 2.820 3.035 3.830 4.658 5.517 5.648 6.535
Manufaturados 3.552 4.085 4.328 3.619 3.717 3.495 3.819 5.199 7.893 8.707 10.609 12.089
Total 10.305 11.791 11.992 10.754 11.729 11.408 12.995 16.170 21.486 27.890 34.859 40.920
Fonte: SECEX/MDIC
Valor total inclui operações especiais . Valores em US$ milhões FOB.
(A) Brasil (exc.
Sudeste)
(B) Sudeste (exc. SP)
107
Tabela 10.1 Importações do Brasil (exc. Sudeste) e do Sudeste (exc. SP) por fator agregado
no período de 1996-2007.
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
sicos 3.810 3.594 3.450 2.760 3.575 3.142 3.128 3.825 4.789 5.828 8.047 10.086
Semimanuf. 558 614 694 697 901 861 799 859 1.360 1.478 1.940 2.822
Manufaturados 12.128 14.087 13.987 12.531 15.489 16.039 13.550 13.806 17.225 21.077 27.270 36.599
Total 16.496 18.295 18.131 15.988 19.965 20.042 17.477 18.490 23.374 28.383 37.257 49.507
sicos 2.611 2.076 1.679 1.741 2.161 2.079 2.176 2.379 3.773 4.213 3.859 4.931
Semimanuf. 313 268 270 232 393 382 310 423 557 713 1.329 1.661
Manufaturados 8.217 10.582 9.733 8.005 7.711 8.322 7.445 6.704 8.027 9.799 11.858 16.118
Total 11.141 12.926 11.682 9.978 10.265 10.783 9.931 9.506 12.357 14.725 17.046 22.710
Fonte: SECEX/MDIC
Valor total inclui operações especiais. Valores em US$ milhões FOB.
(A) Brasil (exc.
Sudeste)
(B) Sudeste (exc. SP)
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