O terceiro plano do saber lingüístico é o individual (do saber expressivo do falante),
tendo a fala como fruto concreto da linguagem verbal. Assim, afirmamos que é por meio
desse saber que podemos observar as manifestações lingüísticas (as falas) de cada indivíduo,
presentes nos discursos e nos textos. O conteúdo que se enquadra nesse plano é o sentido,
representando “el contenido lingüístico especial que se expresa en un texto determinado por
medio del significado y de la designación, y más allá del significado y la designación”
(COSERIU, 1978: 136). De fato, os enunciados, as palavras e outros termos de naturezas
diversificadas encontrados no texto (discurso) podem produzir variados sentidos. Sentidos
estes que dependem da designação, – de fatores extralingüísticos: contexto, situação (ou
circunstância) comunicativa, “conhecimento de mundo” do alocutário –, bem como do
significado, que permanece restrito ao ponto de vista idiomático, para se manifestarem.
Sendo o significado a base semântica de investigação das línguas, e, portanto, veículo
indispensável, ao lado da designação, para que se chegue ao sentido.
Desse modo, Coseriu declara que “la designación es la base semántica de referencia
de la llamada gramática ‘lógica’, así como de la gramática general o ‘universal’; el
significado es la base semántica de la investigación de las lenguas; y el sentido, la de la
lingüística del texto” (COSERIU, 1978: 136).
Chegando ao nível do sentido, o sujeito alocutário será capaz de realizar efetiva
interpretação do texto (discurso), produzido, por sua vez, pela figura de um sujeito locutor,
que utiliza variadas pistas, como os diferentes elementos coesivos de que uma língua dispõe,
– cuja escolha é determinada por sua intencionalidade comunicativa –, numa tentativa de
fazer com que aquele chegue à coerência, ou seja, à interpretação global do texto.
Logo, os conectivos, por representarem mecanismos de coesão textual, são elementos
que possibilitam a interpretação geral de um texto (discurso) e podem apresentar sentidos (ou
valores semânticos) diversos, constituindo termos lingüísticos e gramaticais (isto é, não
lexicais). Estão, portanto, no nível da língua, apresentando significado instrumental.
Nosso objeto de pesquisa, conforme já foi visto, encontra-se na classificação
coseriana das palavras morfemáticas (ou “instrumentais”), isto quer dizer que elas
estabelecem relações entre segmentos diversos na estruturação do falar a partir de seus
significados instrumentais
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, ao contrário das lexemáticas, que representam as coisas do
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“El significado instrumental, es decir, el significado de los morfemas, y, ello, independientemente de si son
palabras o no; así, por ejemplo, el, en el hombre, tiene el significado ‘actualizador’, y -s, en mesa-s, tiene el
significado ‘pluralizador’” (cf. COSERIU, op. cit., p. 137).