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Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
Associação vírus-hospedeiro e epidemiologia
molecular de hantavírus em distintos ecossistemas
amazônicos: Maranhão e Pará–Mato Grosso
DBP/IOC
FIOCRUZ
2008
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Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
Associação vírus-hospedeiro e epidemiologia
molecular de hantavírus em distintos ecossistemas
amazônicos: Maranhão e Pará – Mato Grosso
Tese de Doutorado apresentado a pós-
graduação em Biologia Parasitária do Instituto
Oswaldo Cruz para a obtenção do Título de
Doutor em Ciências na área de Ecologia e
Epidemiologia.
Orientadores: Professora Dra. Elba Regina Sampaio de Lemos
Professor Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos
Rio de Janeiro
2008
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Salbé-Travassos da Rosa, Elizabeth
Associação vírus-hospedeiro e epidemiologia molecular de hantavírus em
distintos ecossistemas amazônicos: Maranhão e Pará – Mato Grosso / Elizabeth Salbé
Travassos da Rosa, Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, 2008.
xxi, 152 f. il.
Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Biologia Parasitária, Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ
1. Hantavírus 2. Ecossistema Amazônico 3. Epidemiologia molecular.
I .Título.
CDU: 578.82/.83:599.323.4
Associação vírus-hospedeiro e epidemiologia molecular de
hantavírus em distintos ecossistemas amazônicos:
Maranhão e Pará – Mato Grosso
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
Tese submetida à Comissão Examinadora composta pelo corpo docente do
Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária da Fundação Oswaldo Cruz e
por professores convidados de outras instituições, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Doutor.
Aprovado em 29 de abril de 2008
Banca Examinadora:
Membros titulares:
Presidente Professor Dr. Paulo Sérgio D’Andrea
Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios
IOC/Fundação Oswaldo Cruz
Revisora Professora Dra. Cibele Rodrigues Bonvicino
Pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer – INCA / RJ
Membro convidado: Professor Dr. Luis Tadeu Moraes Figueiredo
Professor Associado da USP, Brasil / Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / SP
Professora Dra. Elizabeth Lampe
Laboratório de Hepatites Virais / IOC Fundação Oswaldo Cruz
Suplentes:
Professor Dr. Eduardo Volotão
Laboratório de Virologia Comparada / IOC Fundação Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro
2008
“Os brotos da esperança crescem alimentados pelo sonho.”
(Taniguchi)
ii
Dedicatória
Dedico a Deus, Pai e Senhor de toda vida,
fonte inesgotável de força em todos os momentos desta e de outras caminhadas.
Ao meu pai Antônio e minha saudosa mãe Adnair (in memoriam),
simplicidade e humildade, fonte de sabedoria,
sendo exemplo de fé e perseverança.
Dando prioridade a educação dos filhos, diante de todas
as adversidades da vida.
Ao Roberto, meu esposo e companheiro, com amor,
pela paciência e esforço na compreensão da minha ausência em nosso lar durante
essa etapa de minha vida.
Ao Roberto, Rodrigo e Rafaela,
filhos amados,
pelo apoio e incentivo nessa jornada.
iii
Agradecimentos
“Somos fortes quando unidos.”
(Platão)
A Deus, por estar sempre presente na minha vida, e tornar tudo possível.
Aos meus orientadores Dra. Elba Regina Sampaio de Lemos, Chefe do Laboratório
de Hantaviroses e Rickettsioses da FIOCRUZ e Dr. Pedro Fernando da Costa
Vasconcelos, Chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC, pelo
apoio, amizade, incentivo e confiança na orientação deste trabalho.
A toda a minha família e amigos pelo incentivo, amor, carinho e compreensão.
Aos meus primeiros e grandes mestres no IEC, Dr. Francisco de Paula Pinheiro, Dr.
Alexandre da Costa Linhares, Dra. Amélia P. A. Travassos da Rosa e Dr. James Le
Duc, pelos ensinamentos e exemplos de profissionalismo.
À direção do Instituto Evandro Chagas, na pessoa da Dra. Elisabeth Conceição de
Oliveira Santos, atual diretora, e sua equipe técnico-administrativa, pelo suporte e
apoio institucional.
Ao Dr. Jorge Fernando S. Travassos da Rosa, pelo incentivo e apoio institucional na
ocasião do ingresso nessa pós-graduação.
À minha companheira de trabalho MSc. Daniele Barbosa de Almeida Medeiros pela
amizade, dedicação, colaboração e apoio técnico, imprescindíveis, no
desenvolvimento desta tese.
Ao Dr. Márcio Roberto Teixeira Nunes pela amizade, valiosa colaboração na biologia
molecular e apoio técnico indispensável para a conclusão deste estudo.
Aos outros colegas do Laboratório de Biologia Molecular, da SEARB/IEC, em
especial as Dras. Ana Cecília Cruz e Helena Vasconcelos, pela amizade, sugestões
e contribuições técnicas.
iv
Aos Drs. Paulo D’Andrea, Cibele Bonvicino e equipe pela colaboração na
identificação taxonômica dos roedores.
À Dra. Cibele Bonvicino pela revisão minuciosa e sugestões feitas a esta tese.
À Dra. Sueli Guerreiro Rodrigues pelo incentivo, apoio e amizade.
Aos colegas de laboratório, Técnico de pesquisa Sr. Armando Pereira, MSc. Taciana
Barbosa, Mestranda Lívia Casseb, MSc. Daniele Medeiros e Auxiliar de pesquisa Sr.
Mário Ferro que assumiram com responsabilidade suas atividades laboratoriais
proporcionando-me a disponibilidade de tempo para concluir esse estudo.
Aos componentes da equipe do trabalho de campo, em especial, aos técnicos Srs.
Osvaldo Vaz, Armando Pereira e Mário Ferro, cuja participação foi de fundamental
importância para o desenvolvimento desse projeto.
Aos demais colegas da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas,
pesquisadores, consultores, técnicos e outros funcionários pela ajuda e
companheirismo fraterno.
À bolsista do PIBIC/CNPq/IEC, sob minha orientação, Darlene Simith, bem como
aos demais estagiários da Seção, em especial ao Samir Casseb, pela ajuda e
colaboração.
À Dra. Olinda Macedo, Seção de Virologia do IEC, por gentilmente ter cedido espaço
no seqüenciador sob sua responsabilidade, em ocasião que necessitei.
Aos colegas do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses da FIOCRUZ, em
especial as Dras. Renata, Alexsandra, Fabiana e secretária Cristiane pela acolhida
fraterna e apoio técnico.
À bibliotecária do IEC Vânia B. da Cunha Araújo pela revisão na editoração deste
trabalho e a toda sua equipe técnica, pelo apoio na obtenção de artigos científicos e,
em especial à Isabella M. Almeida Mateus, pela impressão desta tese.
Às equipes técnicas da Informática e ASCOM pelo apoio recebido.
Aos colegas da turma do Doutorado Drs. Aldo Valente, Ana Yece, Ana Maria
Ventura, Eliete Araújo, Ester Miranda, Gionovaldo Lourenço, Joana D’Arc
Mascarenhas, Sâmia Demachki, Solange Costa, Vânia Noronha, Wallace e em
v
especial a Dra. Yvone Gabbay Mendes, pela amizade, convivência fraterna e
solidária no decorrer dessa jornada.
À Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Biologia Parasitária/
IOC/FIOCRUZ, Dra. Ana Maria Gaspar, atual Coordenadora, Sra. Luciane
Wandermurem, Secretária, e aos demais funcionários pelo apoio e orientação
concedidos durante esse estudo.
Aos professores Drs. Cláudio Ribeiro, José Coura, Ricardo Lourenço, Márcio Bóia,
Henrique Lenz, Ana Maria Gaspar, Márcia Lazera, Bodo Wanke, Diamar Pinto, Yara
Traub-Cseko, Andréa Pons, Leonardo Carvalho e Alda Cruz / FIOCRUZ e Maristela
Cunha / UFPA pelos ensinamentos repassados.
Aos professores Drs. Cristovam Picanço Diniz, Maria da Conceição Pinheiro, Luís
Carlos Silveira e José Luís Nascimento/ UFPA, pelo empenho para a realização
dessa pós-graduação.
À Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Pará
(SECTAM), atualmente SEDECT, pela concessão de bolsa de estudo.
Às Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios que fazem parte desse estudo,
responsáveis pelo encaminhamento das amostras biológicas humanas ao IEC.
Aos Drs. Mauro Rosa Elkhoury e Elizabeth Davi, da Gerência Técnica de
Hantavirose/SVS/MS, no ínicio desse estudo, e à Dra. Marília Lavocat Nunes,
atualmente, nessa gerência, pelo bom entrosamento no estudo colaborativo, bem
como pelo fornecimento de dados epidemiológicos atualizados sobre as
hantaviroses no Brasil.
A todos os pacientes que tiveram suas amostras biológicas incluídas nesse estudo,
alguns (in memoriam), o meu muito obrigado.
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse
trabalho e para minha formação profissional, minha eterna gratidão.
vi
RESUMO
A Síndrome Pulmonar por Hantavírus (SPH) na Amazônia brasileira vem sendo
diagnosticada desde 1995, com a identificação do hantavírus Castelo dos Sonhos.
Até setembro de 2007 já foram registrados 158 casos de SPH procedentes dos
estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso. O objetivo
principal deste estudo foi à caracterização genética de hantavírus e determinação da
associação vírus-hospedeiro dos hantavírus brasileiros associados com SPH em
distintos ecossistemas amazônicos no Maranhão e Pará-Mato Grosso. As amostras
biológicas, estudadas, procederam de casos de SPH, de inquérito sorológico
humano e de espécimes de roedores provenientes de estudos ecoepidemiológicos
realizados nos municípios de Anajatuba/MA, Campo Novo do Parecis/MT, Tangará
da Serra/MT e Altamira/PA. Amostras de soros e/ou sangue de humanos, bem como
sangue de roedores foram, inicialmente, submetidos ao teste imunoenzimático
(ELISA) visando à detecção de anticorpos anti-hantavírus. A RT Nested-PCR e/ou
RT Hemi-Nested-PCR, seguidas do seqüenciamento nucleotídico parcial do gene N
e análises filogenéticas das amostras positivas foram realizados para caracterização
genética. A amplificação do genoma viral foi obtida em três amostras humanas do
Maranhão; três do Pará; e 20 de Mato Grosso; bem como em 14 amostras de
roedores capturados, sendo três de Anajatuba [Necromys lasiurus (n=1) e
Oligoryzomys aff. fornesi (n=2)]; cinco roedores de Campo Novo do Parecis e dois
de Tangará da Serra, todos da espécie Calomys aff. callosus; e quatro amostras de
roedores da espécie Oligoryzomys aff. moojeni, dos estudos em Campo Novo do
Parecis. O inquérito sorológico em humanos realizado no ano de 2005 em Anajatuba
mostrou imunidade em 10,9 % da população local estudada sugerindo a circulação
de hantavírus autóctones e ocorrência silenciosa dessa virose na região. As análises
filogenéticas entre as seqüências obtidas neste estudo e de outros hantavírus
disponíveis no GenBank demonstraram que o vírus Anajatuba é o hantavírus
responsável pelos casos de SPH no Estado do Maranhão e os roedores
Oligoryzomys aff. fornesi constituem os reservatórios transmissores desse
hantavírus nesse estado; o vírus Castelo dos Sonhos continua sendo o responsável
pelos casos de SPH no Pará, tendo provavelmente como reservatório o roedor
Oligoryzomys aff. moojeni; o vírus Laguna Negra associado ao roedor Calomys aff.
callosus é o hantavírus responsável pelos casos de SPH no Estado do Mato Grosso.
Finalmente, se demonstrou a ocorrência do vírus Castelo dos Sonhos em roedores
da espécie Oligoryzomys aff. moojeni capturados no Município de Campo Novo do
Parecis, sugerindo a possibilidade que esse vírus também seja responsável pelos
casos de SPH nesta área. Esse trabalho é pioneiro no estudo das hantaviroses na
Amazônia brasileira, e servirá de suporte para estudos moleculares e
epidemiológicos futuros.
vii
ABSTRACT
In the Brazilian Amazon the Hantavirus Pulmonary Syndrome (HPS) has been
diagnosed since 1995, with the identification of Castelo dos Sonhos virus. Up to
September 2007 158 HPS cases have been already reported from the states of
Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão and Mato Grosso. The main objective of this
study was the genetic characterization of hantavirus and determination of the virus-
host association of Brazilian hantaviruses associated with HPS in different
Amazonian ecosystems in Maranhão and Pará-Mato Grosso. Samples studied were
obtained from HPS cases, serological survey on humans and rodents from eco-
epidemiological studies conducted in the municipalities of Anajatuba / MA, Campo
Novo do Parecis / MT, Tangará da Serra / MT and Altamira / PA. Samples of serum
and / or blood of humans as well as blood of rodents were initially submitted to on
enzyme-linked immunesorbent assay (ELISA) for the detection of anti-hantavirus
antibodies. The Nested RT-PCR and / or Hemi-nested RT-PCR, followed by partial
nucleotide sequencing of N gene and phylogenetic analyses of positive samples
were performed to genetic characterization. Amplification of the viral N gene was
obtained from three human serum samples of Maranhão; three of Pará, and 20 of
Mato Grosso, and in 14 samples of trapped rodents being in: three of Anajatuba,
[Necromys lasiurus (n = 1) and Oligoryzomys aff. fornesi (n = 2)]; five rodents from
Campo Novo do Parecis and two of Tangará da Serra, all of them from Calomys aff.
callosus, and four specimens from Oligoryzomys aff. moojeni, collected in Campo
Novo do Parecis. The serological survey conducted in humans in 2005 in Anajatuba
showed immunity in 10.9 % of the studied local population suggesting that infections
by indigenous hantavirus and the occurrence of asymptomatic or mild infections by
these viruses is commonplace the region. The phylogenetic analyses between
sequences obtained in this study and from other hantaviruses available in the
GenBank showed that Anajatuba virus is responsible for HPS cases in the state of
Maranhão and rodents Oligorzomys aff. fornesi are its natural reservoir in this state;
Castelo dos Sonhos virus remains responsible for HPS cases in Pará state, and
probably its reservoir is the rodent Oligoryzomys aff. moojeni. Furthermore, Laguna
Negra virus associated with rodent Calomys aff. callosus is responsible for HPS
cases in Mato Grosso state. Finally it was demonstrated the occurrence of the
Castelo dos Sonhos virus in rodents Oligoryzomys aff. moojeni captured in Campo
Novo do Parecis municipality, suggesting the possibility that this virus also be
responsible for HPS cases in this area. This is a pioneer work on hantaviruses in the
Brazilian Amazon, and will provide support for further molecular and epidemiological
studies.
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
~ Aproximadamente
® Marca registrada / Registered trademark
ºC Centígrados
% Percentagem
α Alfa
β Beta
div Divergência genética
µL Microlitro
A Adenina
A 549 Linhagem celular humana de carcinoma de pulmão
ABTS Substrato enzimático (2,2-azino-di [3-ethybenthiazoline
sulfonate])
AIC Akaike Information Criterion
ANAJV Vírus Anajatuba
AND AH-1 Vírus Andes Sout AH-1
ANDV Vírus Andes
APV Vírus Alto Paraguay
ARAV Vírus Araraquara
BAYV Vírus Bayou
BCCV Vírus Black Creek Canal
BERJ Vírus Andes North Bermejo
BLLV Vírus Bloodland Lake
BMJV Vírus Andes Bermejo
C Citosina
CANOV Vírus Cãno Delgadito
CASV Vírus Castelo dos Sonhos
CDC Centers for Disease Control and Prevention
i
x
cDNA Ácido desoxirribonucléico complementar
CG Complexo de Golgi
CHOV Vírus Choclo
CITV Comitê Internacional em Taxonomia de Vírus
CTI Centro de Terapia Intensiva
DNA Ácido desoxirribonucléico / Deoxyribonucleic Acid
dNTP Deoxinucleotídeo
D.O. Densidade óptica
DOBV Vírus Dobrava
DTT 1,4-ditiotreitol
EDTA Etileno-diamino tetra acetato de sódio
ELISA Ensaio imunoenzimático / Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
ELMCV Vírus El Moro Canyon
FHSR Febre Hemorrágica com Síndrome Renal
FIOCRUZ Fundação Instituto Oswaldo Cruz
Gn Glicoproteína n
Gc Glicoproteína c
g Grama
G Guanina
HCl Ácido clorídrico
HLA Human Leucocyte Antigens
HTNV Vírus Hantaan
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEC Instituto Evandro Chagas
IFI Imunofluorescência Indireta
IgG Imunoglobulina G
IgM Imunoglobulina M
INCA Instituto Nacional de Câncer
x
IslaV Vírus Isla Vista
JUQV Vírus Juquitiba-Araucária
KHAV Vírus Khabarovsk
KCl Cloreto de potássio
KDa Kilodáltons
km Quilômetros
km
2
Quilômetros quadrado
L Litros
LECV Vírus Andes Lechiguanas
LNV Vírus Laguna Negra
LPI Local provável de infecção
LSCV Vírus Limestone Canyon
MCMC Markov Chain Monte Carlo
MgCl
2
Cloreto de magnésio
M RNA RNA do segmento M
mL Mililitro
mm Milímetro
mM Milimolar
MP Máxima Parcimônia
MS Ministério da Saúde
MULV Vírus Muleshoe
MV Máxima Verossimilhança
N Nucleoproteína
NaCl Cloreto de sódio
NB3 Laboratório com nível de biossegurança 3
NCR Região não codificadora
NEMV Vírus Andes Neembucu
NI Não informado
NJ Neighbor Joining
nm Nanômetro
xi
nt Nucleotídeo
NYV Vírus New York
OMS Organização Mundial da Saúde
ORF Cadeia aberta para leitura (Open Reading Frame)
ORNV Vírus Andes North Oran
pb Pares de bases
PBS Solução salina tamponada
PCR Reação em cadeia mediada pela polimerase
pH Potencial hidrogeniônico
PHV Vírus Prospect Hill
PRNV Vírus Pergamino
PUUV Vírus Puumala
QIAGEN QIAamp Viral RNA Mini Kit
RE Retículo endoplasmático
RIMEV Vírus Rio Mearim
RIOMV Vírus Rio Mamoré
RIOSV Vírus Rio Segundo
RNA Ácido ribonucleico / Ribonucleic Acid
RT Transcrição reversa
RT-PCR Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction
SAAV Vírus Saaremaa
SEOV Vírus Seoul
SESPA Secretaria de Estado de Saúde Pública do Estado do Pará
SPCVH Síndrome Pulmonar e Cardiovascular por Hantavírus
SPH Síndrome Pulmonar por Hantavírus
SNV Vírus Sin Nombre
SRNA RNA do segmento S
SVS Secretaria de Vigilância em Saúde
T Timina
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
xii
TM
Trademark
TOPV Vírus Topografov
Tris Tris (hidroximetil) aminometano
TULV Vírus Tula
U Uracila, Unidade internacional
URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
UV Ultravioleta
VERO E-6 Células de rim de macaco verde africano
v/v Volume/volume
X
2
Qui-quadrado
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 –
(A) Mapa da Coréia do Norte e do Sul, mostrando a
localização do rio Han próximo da divisa entre os dois países.
(B) Vilarejo de Songnaeri, área rural da Coréia do Sul, situado
às margens do rio Han. Local de captura do roedor Apodemus
agrarius, do qual foi isolado o vírus Hantaan, em 1976; (C) Rio
Han.…………………………………………................................... 2
Figura 2 –
Representação esquemática dos membros da família
Bunyaviridae, mostrando componentes virais. Genoma
constituído por três segmentos de RNA (L, M, S), associados
com a polimerase viral (proteína L); a proteína do
nucleocapsídio (proteína N); envelope viral de constituição
lipoprotéica, apresentando espículas que representam as
glicoproteínas Gn e Gc............................................................... 6
Figura 3 –
Estrutura genômica dos hantavírus............................................ 8
Figura 4 –
Esquema da estratégia de replicação dos membros da família
Bunyaviridae............................................................................... 10
Figura 5 –
Ciclo biológico de transmissão dos hantavírus........................... 13
Figura 6 –
Mapa do continente americano, mostrando os hantavírus
identificados e seus respectivos roedores-reservatórios............ 15
Figura 7 –
Distribuição dos casos de hantaviroses por Unidade
Federada, Brasil, 1993 a setembro de 2007.............................. 16
Figura 8 –
Árvore filogenética dos hantavírus baseada nas seqüências
completas das ORFs do segmento S......................................... 22
Figura 9 –
Município de Anajatuba, Estado do Maranhão........................... 29
Figura 10 –
Mapa do Estado do Maranhão, mostrando a localização dos
municípios de Anajatuba e Santa Rita, onde ocorreram casos
de SPH....................................................................................... 30
xiv
Figura 11 –
Município de Santa Rita, Estado do Maranhão.......................... 31
Figura 12 –
Mapa do Município de Anajatuba, Estado do Maranhão,
mostrando a localização dos povoados onde foi realizado o
inquérito sorológico em humanos, o local da captura de
roedores e locais de ocorrência dos casos de
SPH............................................................................................
32
Figura 13 –
Locais utilizados para a captura de roedores, povoado de São
Roque......................................................................................... 33
Figura 14 –
Mapa do Brasil destacando a região sudeste da Amazônia
brasileira, constituída pelo sul do Estado do Pará e Estado do
Mato Grosso. Distribuição do número de casos de SPH por
município amazônico no período de 1993 a 2006...................... 34
Figura 15 –
Mapa do Estado do Pará, mostrando a sede do Município de
Altamira e os distritos de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da
Serra, locais de registro de casos de SPH................................. 35
Figura 16 –
Mapa do Estado do Mato Grosso, destacando os municípios
dos casos de SPH estudados..................................................... 37
Figura 17 –
Esquema da técnica de ELISA IgM e IgG ................................. 40
Figura 18 –
Esquema da técnica de RT Nested-PCR ou RT Hemi-Nested-
PCR............................................................................................ 42
Figura 19 –
Gel de agarose a 1,5%, mostrando amplicons de
aproximadamente 400 pares de base (pb) das amostras RT
Nested-PCR positivas do Estado do Maranhão......................... 49
Figure 20 –
Análise filogenética das seqüências parciais do segmento
SRNA de cepas de hantavírus procedentes do Estado do
Maranhão, utilizando os métodos de Máxima Verossimilhança
e Bayesiano................................................................................ 50
xv
Figura 21 –
Análise filogenética das seqüências parciais do segmento
SRNA de cepas de hantavírus procedentes dos estados do
Mato Grosso e Pará, utilizando os métodos de Máxima
Verossimilhança e Bayesiano..................................................... 58
Figura 22 –
Análise filogenética das seqüências nucleotídicas parciais do
segmento SRNA de cepas de hantavírus procedentes dos
Municípios do Estado do Mato Grosso, associando os
genótipos do hantavírus LNV ao ano de notificação, local
provável de infecção e evolução clínica dos casos de
SPH.............................................................................................
60
Figura 23 –
Mapa da distribuição geográfica dos grupos e subgrupos de
hantavírus e correlação com os roedores hospedeiros
sigmondontineos no continente Americano................................ 65
Figura 24 –
Mapa do Brasil, mostrando os biomas com respectivos
hantavírus associados a seus roedores hospedeiros.................
66
Figura 25 –
Atividades de risco comumente praticadas em Anajatuba......... 69
Figura 26 –
Distribuição geográfica do Calomys nos estados do Mato
Grosso do Sul e Mato Grosso.................................................... 74
Figura 27 –
Distribuição das espécies de roedores silvestres Oligoryzomys
sp. e Necromys lasiurus no Brasil..............................................
79
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Dados dos municípios matogrossenses de procedência
das amostras selecionadas nesse estudo........................... 36
Tabela 2
Hantavírus utilizados para a construção da árvore
filogenética de seqüências nucleotídicas parciais do gene
N, segmento S..................................................................... 44
Tabela 3
Sumário dos casos de SPH procedentes do Estado do
Maranhão, confirmados laboratorialmente no IEC, 2003 a
2006..................................................................................... 45
Tabela 4 –
Amostras de soros humanos coletadas em zona urbana e
rural do Município de Anajatuba em maio de
2005..................................................................................... 47
Tabela 5
Roedores capturados no povoado de São Roque,
Município de Anajatuba, Estado do Maranhão, nos anos
de 2003 e 2005.................................................................... 48
Tabela 6
Homologia entre cepas de hantavírus procedentes do
Estado do Maranhão e outros hantavírus relacionados da
América do Sul..................................................................... 52
Tabela 7
Dados das amostras de pacientes dos estados do Pará e
Mato Grosso e incluídos neste estudo com
seqüenciamento nucleotídico parcial do gene N................. 54
Tabela 8
Roedores capturados nos municípios de Campo Novo do
Parecis e Tangará da Serra, Estado do Mato Grosso, em
2001 e Castelo dos Sonhos, Estado do Pará no ano de
2005..................................................................................... 55
Tabela 9
Roedores capturados no Estado do Mato Grosso,
sorologicamente positivos, que foram selecionados para
análise molecular (RT Nested-PCR) ................................... 56
xvii
Tabela 10 –
Homologia entre cepas de hantavírus identificadas de
casos humanos de SPH procedentes do Estado do Pará,
de amostras de Oligoryzomys aff. moojeni capturados no
Estado do Mato Grosso e de outros hantavírus
relacionados a estes da América do Sul.............................. 59
Tabela 11 –
Homologia entre cepas de hantavírus procedentes do
Estado do Mato Grosso e outros hantavírus relacionados
a estes da América do Sul................................................... 62
xviii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1
1.1 HISTÓRICO............................................................................................ 1
1.2 ASPECTOS VIROLÓGICOS................................................................... 5
1.2.1 Classificação taxonômica, morfologia, propriedades físico-químicas
e estrutura genômica.......................................................................... 5
1.2.2 Replicação Viral................................................................................... 9
1.3 ASPECTOS CLÍNICOS E TRATAMENTO DA SÍNDROME
PULMONAR POR HANTAVÍRUS...................................................... 10
1.3.1 Manifestações clínicas......................................................................... 10
1.3.2 Tratamento........................................................................................... 11
1.4 EPIDEMIOLOGIA E ECOLOGIA............................................................ 12
1.4.1 Transmissão......................................................................................... 12
1.4.2 Distribuição Geográfica........................................................................ 14
1.4.3 Reservatórios....................................................................................... 17
1.5. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL......................................................... 19
1.6 FILOGENIA E DIVERSIDADE GENÉTICA............................................. 21
1.7 CONTROLE E PREVENÇÃO................................................................. 24
2 RELEVÂNCIA............................................................................................ 26
3 OBJETIVOS............................................................................................... 28
3.1 GERAL.................................................................................................... 28
3.2 ESPECÍFICOS........................................................................................ 28
4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 29
4.1. ESTUDO NO MARANHÃO.................................................................... 29
4.1.1. Descrição da área............................................................................... 29
4.1.2 Estudo em Humanos............................................................................ 31
4.1.2.1 Casos de SPH................................................................................... 31
x
i
x
4.1.2.2 Inquérito sorológico .......................................................................... 31
4.1.3 Estudo em Roedores .......................................................................... 32
4.1.3.1 Captura dos roedores ...................................................................... 32
4.1.3.2 Coleta do material biológico e identificação dos roedores ............... 33
4.2 ESTUDO NO PARÁ-MATO GROSSO................................................... 34
4.2.1 Descrição da Área............................................................................... 34
4.2.1.1 Estado do Pará................................................................................. 34
4.2.1.2 Estado do Mato Grosso.................................................................... 35
4.2.2 Estudo em Humanos .......................................................................... 37
4.2.2.1 Casos de SPH.................................................................................. 37
4.2.3 Estudo em Roedores ........................................................................ 38
4.3 TÉCNICAS SOROLÓGICAS................................................................. 38
4.3.1 ELISA para detecção de IgM humana anti-hantavírus ...................... 39
4.3.2 ELISA para detecção de IgG humana anti-hantavírus ...................... 40
4.3.3 ELISA para detecção de IgG roedores anti-hantavírus...................... 41
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................ 41
4.5 TÉCNICAS MOLECULARES.......................................................,......... 41
4.5.1 Extração do RNA viral.......................................................................... 41
4.5.2 RT Nested-PCR.................................................................................. 42
4.5.3 Seqüenciamento nucleotídico ............................................................ 43
4.5.4 Análise filogenética............................................................................. 43
5 RESULTADOS.......................................................................................... 45
5.1 ECOSSISTEMA DO MARANHÃO.......................................................... 45
5.1.1 Casos de SPH...................................................................................... 45
5.1.2 Inquérito sorológico em moradores do Município de
Anajatuba......................................................................................... 46
5.1.3 Roedores capturados em Anajatuba.................................................... 47
xx
5.1.4 Detecção do genoma viral e análise filogenética................................. 48
5.2 ECOSSISTEMA DO PARÁ-MATO GROSSO......................................... 53
5.2.1 Amostras Humanas.............................................................................. 53
5.2.2 Amostras de roedores.......................................................................... 54
5.2.3 Análise filogenética.............................................................................. 57
5.3 FILOGENIA: ASSOCIAÇÃO GEOGRÁFICA E COM ROEDORES
HOSPEDEIROS................................................................................... 63
6 DISCUSSÃO.............................................................................................. 67
6.1 ECOSSISTEMA DO MARANHÃO.......................................................... 67
6.2 ECOSSISTEMA PARÁ-MATO GROSSO............................................... 72
6.3 ASSOCIAÇÃO FILOGENIA, DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E
ROEDOR-HOSPEDEIRO..................................................................... 78
6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 81
7 CONCLUSÕES.......................................................................................... 83
8 PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................... 84
9 REFERÊNCIAS......................................................................................... 85
APÊNDICES.................................................................................................. 108
APÊNDICE A ................................................................................................ 109
APÊNDICE B................................................................................................ 115
ANEXOS....................................................................................................... 117
ANEXO A...................................................................................................... 118
ANEXO B ..................................................................................................... 119
ANEXO C...................................................................................................... 121
ANEXO D..................................................................................................... 131
ANEXO E ..................................................................................................... 136
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
1 INTRODUÇÃO
1.1 HISTÓRICO
A hantavirose é uma doença zoonótica amplamente distribuída nos
continentes Europeu, Asiático e Americano, causada por vírus pertencentes à família
Bunyaviridae, gênero Hantavirus. Os hantavírus até o ano de 1993 eram apenas
reconhecidos como agentes etiológicos da Febre Hemorrágica com Síndrome Renal
(FHSR), nome recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para
designar um grupo de doenças infecciosas agudas hemorrágicas com disfunção
renal, identificadas desde 1913 em países da Europa e Ásia, e desde 1986 na
África, recebendo diferentes denominações: nefrosenefrite hemorrágica na antiga
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), febre songo ou febre
hemorrágica epidêmica na China, febre hemorrágica coreana na Coréia, nefropatia
epidêmica na Escandinávia, nefrite epidêmica ou febre hemorrágica epidêmica na
Europa Oriental e febre hemorrágica epidêmica no Japão (LEE, 1988).
As hantaviroses foram reconhecidas por volta de 1951 a 1954, quando
tropas militares durante a guerra da Coréia foram acometidas de uma doença febril
aguda com manifestações hemorrágicas e ocorrência de mais de 3.000 casos com
taxa de letalidade em torno de 5 a 10%. No entanto, o isolamento do vírus Hantaan
(HTNV), agente etiológico dessa febre hemorrágica da Coréia somente ocorreu em
1976, obtido a partir do tecido pulmonar de roedor silvestre (Apodemus agrarius
coreae), capturado às margens do rio Han, no vilarejo de Songnaeri, região rural da
Coréia (Figura 1), o que possibilitou um grande avanço no estudo dos hantavírus
(LEE e LEE, 1976, 1977 e 1978; LEE, 1989; SCHMALJOHN e NICHOL, 2007). Esse
vírus foi incluído na família Bunyaviridae, por recomendação de McCORMICK et al.
(1982), WHITE et al. (1982), HUNG et al. (1983a) e HUNG et al. (1983b) já que, pela
morfologia das partículas virais, esses autores observaram inequívoca evidência de
similaridade com outros membros dessa família (IVERSSON, 1996).
Com efeito, pesquisas realizadas posteriormente mostraram que tanto a
febre hemorrágica epidêmica da República Popular da China quanto à nefrose
nefrite da ex-URSS tinham como agente etiológico o vírus Hantaan ou outro vírus a
ele relacionado. Mais tarde, outro vírus antigenicamente relacionado ao vírus
Hantaan foi isolado, sendo denominado Puumala (PUUV), agente etiológico da febre
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
2
hemorrágica com síndrome renal da Europa Oriental e da nefropatia epidêmica da
Escandinávia (BRUMMER et al., 1980; BRUMMER et al., 1982; LEE et al., 1982;
YANAGIHARA et al., 1984a; YANAGIHARA et al., 1984b). Em 1982, foi identificado
novo vírus denominado Seoul (SEOV), isolado de roedores capturados na região
urbana de Seoul, na Coréia (LEE et al., 1982).
Figura 1 – (A) Mapa da Coréia do Norte e do Sul, mostrando a localização do rio Han próximo da
divisa entre os dois países. (B) Vilarejo de Songnaeri, área rural da Coréia do Sul, situado
às margens do rio Han. Local de captura do roedor Apodemus agrarius, do qual foi isolado
o vírus Hantaan, em 1976; (C) Rio Han. Fonte: (A) adaptado de Google Earth
(http://earth.google.com/intl/pt/); (B e C) LEE, 1989.
Posteriormente, verificou-se notável freqüência de infecção por hantavírus
em diversas espécies de roedores silvestres nativos do Velho Mundo e Novo Mundo,
com exceção do vírus Seoul, que é encontrado infectando Rattus norvegicus
(ratazana) e Rattus rattus (rato do telhado), espécies urbanas e amplamente
distribuídas em todos continentes (LEDUC et al., 1986).
Em 1984, outro hantavírus foi isolado a partir de roedores silvestres
(Microtus pennsylvanicus) capturados em Prospect Hill, Frederick, Maryland, EUA,
denominado Prospect Hill (LEE et al., 1985), porém sem evidência de infecção
clínica humana (YANAGIHARA et al., 1984c).
Nas Américas, apesar da ausência de roedores nativos da subfamília
Murinae, reservatórios estes responsáveis pela transmissão da doença ao homem,
os hantavírus associados à FHSR provavelmente foram introduzidos juntamente
C
B
A
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
3
com os muríneos das espécies R. rattus e R. norvegicus, hospedeiros do vírus Seoul
(LEE, 1988). Esta hipótese foi corroborada em inquéritos sorológicos realizados por
estudos colaborativos no Brasil, na década de 1980, pelo Instituto Evandro Chagas
(IEC), e laboratórios dos Estados Unidos e da Coréia, que revelaram a presença de
anticorpos (7,4%) por Imunofluorescência Indireta (IFI) para o vírus Hantaan em
residentes de várias localidades da Amazônia (LEDUC et al., 1985).
Posteriormente, comprovou-se a imunidade para o agente em 56% dos
ratos de Belém, 14% de São Paulo e 6% de Recife e Olinda (LEDUC et al., 1986).
Em 1983, se obteve o primeiro isolamento de um vírus do gênero Hantavirus na
América do Sul, a partir das vísceras de um R. novergicus, capturado em Belém, que
na sua identificação mostrou tratar-se de amostra antigenicamente relacionada ao
vírus Seoul (LEDUC et al., 1985).
Ainda em 1984, mais evidências dessa hipótese foram encontradas nos
Estados Unidos, onde se correlacionou a alta incidência de doença crônica renal em
habitantes de Baltimore, Maryland, EUA, com alta prevalência de anticorpos para
infecção do vírus Seoul e outros hantavírus em R. norvegicus (LEDUC et al., 1984).
Sabe-se que o vírus Seoul é o único hantavírus de ocorrência cosmopolita, atingindo
inclusive a área urbana, devido à distribuição do roedor e seu hospedeiro principal,
R. norvegicus (LEDUC et al., 1984; LEDUC et al., 1985).
No ano de 1987, atendendo sugestão de trabalhos de DESMYTER et al.
(1984) e SCHMALJOHN et al. (1985), o Comitê Internacional em Taxonomia de
Vírus (CITV) aceitou a criação de um novo gênero da família Bunyaviridae
denominado Hantavirus que incluiu como membros os vírus Hantaan, Seoul,
Puumala e Prospect Hill (LEE, 1988).
No Brasil, em 1990, anticorpos específicos para o vírus Seoul foram
detectados em pacientes com diagnóstico de leptospirose em Recife, no Estado de
Pernambuco e anticorpos para o vírus Hantaan e Puumala nas cidades de São
Paulo, no Estado de São Paulo e Paranaguá, no Estado do Paraná, caracterizando
a circulação desse vírus no país (LEDUC, 1991; IVERSSON, 1991; IVERSSON et
al., 1994; ROMANO-LIEBER et al., 1995a, 1995b). Em 1991, durante investigação
para esclarecer a causa de sete óbitos ocorridos em Manaus, Estado do Amazonas,
suspeitos de febre hemorrágica, 80 soros de familiares e vizinhos foram colhidos,
seis dos quais apresentaram títulos elevados para hantavírus, sugerindo uma
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
4
circulação endêmica silenciosa desses vírus (VASCONCELOS et al., 1992). Em
1993, diversos casos diagnosticados clinicamente como febre hemorrágica,
ocorridos em Mato Grosso (n=1), São Paulo (n=4), Roraima (n=2) e Rondônia (n=1)
foram confirmados sorologicamente e atribuídos a hantavírus (LEDUC, 1991
IVERSSON et al., 1994).
A forma respiratória da doença, com grande letalidade, reconhecida em
junho de 1993 (NICHOL et al., 1993; CDC, 1993, 1994a e 1994b) em uma epidemia
de doença respiratória grave, na região sudoeste dos Estados Unidos conhecida
como four corners teve como responsável um novo hantavírus, que foi chamado
inicialmente Four Corners, em seguida Muerto Canyon e finalmente Sin Nombre
(SNV), e representou o primeiro registro de Síndrome Pulmonar por Hantavírus
(SPH) no mundo, doença considerada emergente de grande impacto na saúde
pública. Estudos retrospectivos sugerem a ocorrência dessa doença desde 1959
(FRAMPTON apud SCHMALJOHN e NICHOL, 2007).
Em novembro e dezembro de 1993, três casos da SPH foram
diagnosticados na área rural de Juquitiba, Estado de São Paulo, constituindo o
primeiro registro clínico no Brasil (IVERSSON et al.,1994; VASCONCELOS et al.,
1997). A seguir a SPH passou a ser reconhecida em outros países e possibilitou o
isolamento de novas espécies, se encontrando hoje amplamente distribuída nas
Américas. Após a descrição de importante comprometimento cardíaco, a partir da
publicação dos primeiros casos da América do Sul, a SPH tem sido descrita no
Brasil como Síndrome Pulmonar e Cardiovascular por Hantavírus (SPCVH)
(FIGUEIREDO et al., 2001; FERREIRA, 2003; SAGGIORO et al., 2007).
Em 1994, foi observada uma positividade de 31,1% em soros de 119
doentes internados em hospitais de Salvador, Estado da Bahia (TRAVASSOS DA
ROSA et al., 1995). E em 1998, uma avaliação sorológica em 379 estudantes de
Salvador, Bahia, mostrou uma positividade para Hantaan de 13,2%, e todas as
amostras foram negativas para Sin Nombre, sugerindo infecção precoce por
Hantaan ou outro hantavírus associado (MASCARENHAS-BATISTA et al., 1998).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
5
1.2 ASPECTOS VIROLÓGICOS
1.2.1 Classificação taxonômica, morfologia, propriedades físico-
químicas e estrutura genômica
A família Bunyaviridae, formalmente estabelecida em 1975 e atualmente
contendo mais de 300 vírus sorologicamente distintos, está dividida em cinco
gêneros: Orthobunyavirus, Phlebovirus, Nairovirus, Hantavírus, e Tospovirus.
(SCHMALJOHN et al., 1985; SCHMALJOHN e NICHOL, 2007; FAUQUET et al.,
2005). Os hantavírus, mantidos na natureza pela infecção crônica de roedores
silvestres, formam um gênero separado dentro da família, e os demais são
arbovírus, vírus transmitidos por artrópodes, que se mantêm em natureza através da
transmissão biológica entre vertebrados suscetíveis e artrópodes hematófagos,
exceto para os tospovírus, que são vírus transmitidos por insetos para vegetais
(CALISHER e SCHMALJOHN, 1999; SCHMALJOHN e NICHOL, 2007).
A taxonomia dos hantavírus é complexa, e está sendo atualmente melhor
compreendida (LEDNICKY, 2003). O CITV estabeleceu que o conceito de espécie
de hantavírus deveria considerar os seguintes critérios: (i) estar associado a uma
única espécie ou subespécie de roedor reservatório primário (nicho ecológico); (ii)
apresentar, no mínimo, 7% de diferença na seqüência de aminoácidos das
glicoproteínas de superfície (Gn e Gc) e na nucleoproteína; (iii) apresentar, no teste
de neutralização, uma diferença mínima de quatro vezes no título de anticorpos; (iv)
e não formar rearranjos naturais com outras espécies de hantavírus (PLYUSNIN,
2002). Sendo assim, no oitavo relato do CITV, são reconhecidas 22 espécies
diferentes de hantavírus (FAUQUET et al., 2005).
Dentro dessa classificação de espécies de hantavírus preconizada pelo
CITV, existem algumas contrapartidas. O fato da dificuldade de isolamento em
cultivo celular aliada a não visualização de efeito citopático nas infecções in vitro por
muitos hantavírus, torna freqüentemente impraticável a realização dos ensaios de
neutralização em placa (MONROE et al., 1999). O outro critério relaciona-se à
complexa taxonomia dos roedores, uma vez que com o advento da análise da
seqüência do Ácido Desoxirribonucleico (Deoxyribonucleic Acid, DNA) mitocondrial
tem-se revelado um número maior de espécies da subfamília Sigmodontinae do que
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
6
era conhecido até pouco tempo atrás, gerando um movimento de reclassificação,
tanto em espécie como em gênero de roedores (PLYUSNIN, 2002).
Os hantavírus, bem como o restante dos integrantes da família
Bunyaviridae são similares morfologicamente, exibindo partículas de 80 a 120 nm de
diâmetro com forma esférica ou pleomórfica. Possuem um envelope formado por
dupla camada lipídica, oriunda da célula hospedeira, na qual estão inseridas as
espículas das glicoproteínas virais, de 5-10 nm, envolvendo o nucleocapsídio,
formado por um “core” protéico e pelo genoma Ácido Ribonucléico (Ribonucleic Acid,
RNA) trisegmentado associado à polimerase viral (Figura 2). Todos os bunyaviridae
têm duas proteínas designadas como Gn e Gc (anteriormente, G1 e G2), com
exceção dos nairovírus que possuem três glicoproteínas (FAUQUET et al., 2005;
LEDNICKY, 2003).
Figura 2 – Representação esquemática dos membros da família Bunyaviridae, mostrando
componentes virais. Genoma constituído por três segmentos de RNA (L, M, S),
associados com a polimerase viral (proteína L); a proteína do nucleocapsídio
(proteína N); envelope viral de constituição lipoprotéica, apresentando espículas que
representam as glicoproteínas Gn e Gc. Fonte: adaptado de MEDEIROS, 2004. O
canto direito inferior mostra eletromicrografia eletrônica de transmissão de células
infectadas com o vírus Hantaan, observando partículas virais (seta) com morfologia
similar aos dos integrantes da família Bunyaviridae. Fonte: CDC.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
7
Como os outros vírus envelopados, os hantavírus são rapidamente
inativados pelo calor, detergentes, solventes orgânicos e soluções de hipoclorito.
Apresentam uma densidade flutuante de 1,18 g/mL em gradiente de sucrose. Sua
partícula viral consiste de mais de 50% de proteína, 20 a 30% de lipídio e 2 a 7% de
carboidrato (GONZALEZ-SCARANO et al., 1996).
O genoma dos hantavírus é constituído por três segmentos de RNA fita
simples com polaridade negativa (anti-senso), sendo: um segmento grande (L)
contendo aproximadamente 6500 nucleotídeos, um segmento médio (M), que tem
agrupado de 3.600 a 3.800 nucleotídeos, e um segmento pequeno (S), com cerca de
1.700 a 2.100 nucleotídeos (NICHOL et al., 1996; McCAUGHEY e HART, 2000).
Regiões não codificadoras terminais (NCR) 5’ e 3’, altamente
conservadas (AUCAUCAUC) e complementares entre si, têm sido encontradas nos
três segmentos genômicos dentro de um mesmo gênero da família Bunyaviridae,
mas diferem entre os vírus dos distintos gêneros (PLYUSNIN et al., 1996;
SCHMALJOHN, 1996). Estas seqüências complementares que são formadas por
cerca de 40 a 50 nucleotídeos permitem a formação de estruturas estáveis em
formato de raquete, “pan-handle”, por meio de pareamento de bases, que
provavelmente conferem o aspecto circular do RNA observado em microscopia
eletrônica, característica peculiar da família Bunyaviridae. Ademais, esta região de
complementariedade, provavelmente, tem importante papel na transcrição,
replicação viral e empacotamento da partícula similar para outros vírus com a
mesma estrutura (ELLIOTT et al., 1991; PLYUSNIN et al., 1996).
A estratégia de tradução dos hantavírus é considerada a mais simples
entre os cinco gêneros da família Bunyaviridae. Todos os três segmentos codificam
somente uma proteína no sentido complementar do genoma do vírus. O segmento L
codifica a polimerase viral (proteína L) com aproximadamente 2.151 a 2.156
aminoácidos (246-247 KDa). O segmento M codifica uma única proteína de 1.132 a
1.148 aminoácidos (125-127 KDa), que é pós-traducionamente clivada nas proteínas
precursoras das glicoproteínas virais do envelope, Gn e Gc, com 648-658 (68-76
KDa) e 486-490 (52-58 KDa) aminoácidos, respectivamente. O segmento S codifica
a proteína N do nucleocapsideo com 428-433 aminoácidos (49-51 KDa)
(HENDERSON et al., 1995; CHIZHIKOV et al., 1995; NICHOL et al., 1996;
McCAUGHEY e HART, 2000; PLYUSNIN, 2002; FAUQUET et al., 2005). Não há
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
8
evidência de proteína não estrutural, a qual está presente, nos demais gêneros da
família (SCHMALJOHN, 1996; FAUQUET et al., 2005) (Figura 3).
Figura 3 – Estrutura genômica dos hantavírus. Fonte: adaptado de FAUQUET et al., 2005.
A nucleoproteína N, codificada pelo segmento S é a proteína mais
conservada dos hantavírus, altamente imunogênica em humanos, o que a torna a
primeira escolha como reagente em testes diagnósticos para detecção desta
infecção viral. Análises comparativas entre seqüências nucleotídicas do segmento S
dos hantavírus revelam seqüências variáveis, tanto na sua composição quanto na
extensão, principalmente na região não codificadora, na extremidade 3’ (NCR).
Partindo do princípio que a NCR 3’ participa da replicação viral e do empacotamento
da partícula, poderia se supor que ou o mecanismo de replicação difere de um
hospedeiro para o outro ou a estrutura secundária mais do que a primária da NCR 3’
é crucial para a sua própria atividade (PLYUSNIN et al., 1996).
O segmento M apresenta uma fase aberta de leitura (Open Reading
Frame, ORF) principal (~ 52 a 3.465 nt). As cadeias oligossacarídicas são
componentes essenciais para o correto enovelamento ou estrutura das
glicoproteínas e participam em muitas reações de reconhecimento de receptores e
ligantes, podendo também, determinar o reconhecimento das proteínas do envelope
viral pelos componentes do sistema imune do hospedeiro. Portanto, diferenças no
padrão de glicosilação poderiam estar relacionadas às diferenças patogênicas das
cepas virais (TISCHLER et al., 2003). As posições de resíduos de cisteína nas
proteínas Gn e Gc também são conservadas, assim como os resíduos de prolina,
indicando uma estrutura tridimensional altamente conservada da proteína (ANTIC et
al., 1992).
ORF
Segmento L
cRNA
NCR
Segmento M
cRNA
Segmento S
cRNA
Gene L
Polimerase Viral
(proteína L)
2156 aa
(247KDa)
NCR
NCR
Gene Gn
Poliproteína precursora
das
lico
roteínas
Gene Gc
Gn Gc
652 aa
(76KDa)
488 aa
(58KDa)
NCR
NCR
Proteína do
Nucleocapsídio
(proteína N)
428 aa
(48KDa)
ORF
ORF
6500 nt
3600 nt
1700 nt
Gene N
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
9
Com relação ao segmento L, deve-se considerar que, comparações de
seqüências nucleotídicas e de aminoácidos deste, demonstram que há uma
conservação na estrutura primária da proteína precursora, apesar da extrema
variabilidade na seqüência nucleotídica, podendo ser resultado da adaptação
evolutiva ao codon-usage do hospedeiro (TISCHLER et al., 2003).
1.2.2 Replicação Viral
A replicação dos hantavírus assemelha-se a dos demais integrantes da
família Bunyaviridae com todos os estágios ocorrendo no citoplasma (GONZALEZ-
SCARANO e NATHANSON, 1996; SCHMALJOHN, 1996; MURANYI et al., 2005), no
entanto com algumas peculiaridades.
A replicação se inicia com a fusão da partícula viral mediada pela
interação de uma ou ambas as proteínas integrais do envelope viral (Gn e Gc) aos
receptores α
v
β
3
integrinas da célula hospedeira, provavelmente células dendríticas e
subseqüente endocitose (MACKOW et al., 2001). O desnudamento viral se dá pela
fusão do envelope viral com a membrana endossomal, dependente de pH, e
liberação do nucleocapsídio para o citoplasma. A RNA polimerase viral logo é
ativada e transcreve o RNA genômico, de cada um dos três segmentos, em RNA
subgenômico, sentido positivo (senso), utilizando iniciadores próprios da célula
hospedeira, que servirá como RNA mensageiro. Embora seja observada uma ORF
em ambos os sentidos do genoma viral, senso e anti-senso, não há evidência de
proteína (SCHMALJOHN e DALRYMPLE, 1994).
As proteínas (L) e (N) são traduzidas por ribossomos livres, enquanto que
o precursor das glicoproteínas é traduzido por ribossomos associados ao retículo
endoplasmático (RE) para o interior da organela, onde se dá o processo de
glicosilação primária e clivagem desse precursor nas glicoproteínas Gn e Gc.
Posteriormente, as glicoproteínas são transportadas para o complexo de Golgi (CG),
onde se completa a glicosilação.
Ultraestruturalmente, corpo de inclusão intracelular, provavelmente
composto pela proteína N, é observado no citoplasma. Os vírions se formam na face
citoplasmática da membrana do CG, com montagem para dentro das cisternas.
Vesículas secretórias contendo as partículas virais são transportadas para a
membrana plasmática, seguida de exocitose (Figura 4).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
10
Figura 4 – Esquema da estratégia de replicação dos membros da família Bunyaviridae. Fonte:
adaptado de SCHMALJOHN, 1996.
1.3 ASPECTOS CLÍNICOS E TRATAMENTO DA
SÍNDROME PULMONAR POR HANTAVÍRUS
1.3.1 Manifestações clínicas
Na SPH, a infecção pode variar desde uma forma assintomática a
quadros clínicos clássicos de alta letalidade (40-60%), dependendo do genótipo viral
envolvido na transmissão. Após um período de incubação médio de 15 dias, que
pode variar de 5 a 42 dias, o paciente desenvolve um quadro semelhante à influenza
(febre e complicação pulmonar) evoluindo, na forma clássica, rapidamente para uma
forma respiratória grave (McCAUGHEY e HART, 2000; LEMOS e SILVA, 2005).
A SPH geralmente apresenta três fases clínicas distintas: a fase inicial
prodrômica, a fase cardiopulmonar e a fase convalescente. A fase prodrômica, que
dura geralmente de três a seis dias, é caracterizada por febre, mialgia, mal-estar
geral, cefaléia, calafrios, dor nas costas, náusea, vômito ou outra manifestação
gastrintestinal, como dor abdominal e diarréia, no entanto não há observação de
queixas respiratórias (McCAUGHEY e HART, 2000).
A
B
C
Exocitose
Segmentos
S, M e L
Tradução
L + S
Transcrição
RNAm
Tradução
M
RE
Montagem
do vírion
Adsorção
CG
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
11
Na fase cardiopulmonar, inicialmente 4-12 horas após a instalação da
tosse sem expectoração (tosse seca) se caracteriza por, taquipnéia, dispnéia e
hipoxemia. Nas formas graves há evolução em pouco tempo para insuficiência
respiratória aguda associada com hipotensão, edema pulmonar não-cardiogênico,
hipovolemia, distensão abdominal e, possível manifestação hemorrágica. Nesta fase
há alterações na permeabilidade do endotélio, resultando na saída de fluídos e
proteínas para o parênquima pulmonar, ocorrendo em conseqüência, dispnéia e
taquicardia, o que exige imediata hospitalização do paciente com assistência
ventilatória mecânica (McCAUGHEY e HART, 2000; FIGUEIREDO et al., 2001;
LEMOS e SILVA, 2005).
Os pacientes que sobrevivem evoluem para uma fase diurética na qual há
reabsorção do líquido previamente retido no interstício, e em seguida sobrevém a
fase de convalescença (LEMOS e SILVA, 2005).
O avanço dos conhecimentos médicos sobre as duas formas clínicas de
hantavíroses, FHSR e SPH, leva a concluir que ambas as síndromes são
parcialmente sobrepostas. O número de registros de casos de FHSR com
comprometimento dos pulmões e casos de SPH com comprometimento renal está
continuamente crescendo, concebendo-se que a descrição dos cursos de ambas as
síndromes convergirá em um futuro próximo (MURANYI et al., 2005).
1.3.2 Tratamento
Até o presente, não há drogas antivirais que sejam aplicáveis para o
tratamento da infecção por hantavírus na SPH. A terapêutica baseia-se em medidas
de manutenção do estado geral e no atento acompanhamento dos sinais vitais dos
doentes. Qualquer alteração deve ser avaliada pelo clínico e pode resultar em
intervenção. Os pacientes com quadro clínico compatível com a SPH devem ser
admitidos imediatamente em centros de terapia intensiva (CTI) (IVERSSON, 1996;
FIGUEIREDO et al., 2001; LEMOS e SILVA, 2005; MURANYI et al., 2005).
O conhecimento da fisiopatologia da doença é essencial para orientar a
manutenção da adequada oxigenação e monitoramento da função hemodinâmica,
devendo ser evitadas a hipóxia grave e a superidratação. Utilizam-se vasopressores
e cardiotônicos para manter perfusão sem haver administração excessiva de fluidos
(IVERSSON, 1996; FIGUEIREDO et al., 2001; LEMOS e SILVA, 2005).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
12
Estudos realizados na década de 1990 mostraram que o uso de terapia
intravenosa com ribavirina em pacientes com FHSR reduzia a taxa de letalidade
quando a droga era administrada precocemente (HUGGINS et al., 1991;
PROCHODA et al., 1993). Estudos sobre a utilização da ribavirina em casos de SPH
estão em desenvolvimento, mas ainda não existem resultados conclusivos
(CHAPMAN et al., 1999; MURANYI et al., 2005).
A imunização passiva tem sido objeto de estudos, mas ensaios clínicos
futuros com maior número de pacientes são necessários para confirmar se essa
metodologia representa um instrumento terapêutico essencial para o tratamento das
hantaviroses humanas em fase aguda (MURANYI et al., 2005).
1.4 EPIDEMIOLOGIA E ECOLOGIA
1.4.1 Transmissão
Os hantavírus são mantidos em natureza pela infecção crônica de
roedores. Nestes, a infecção é assintomática e aparentemente não é letal. Apesar
da presença de anticorpos neutralizantes no soro desses animais, o vírus pode ser
isolado principalmente de fragmentos de pulmões e rins, sendo concentrados e
eliminados durante longo período e em grande quantidade na saliva, urina e fezes.
Os hantavírus são transmitidos ao homem pelo contato com excretas ou por
aerossóis em locais onde roedores infectados eliminaram suas excretas contendo o
vírus (LEE, et al., 1981; LEE, el al., 1982; LEE, 1988; OPS, 1999; NICHOL, 1999)
(Figura 5).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
13
Figura 5 – Ciclo biológico de transmissão dos hantavírus. Fonte: adaptado
de http://www.nsf.gov/news/specialreports/ecoinf/solved.jsp
Outras formas naturais de transmissão à espécie humana foram também
descritas para certos hantavírus, como a transmissão por mordedura de roedores
infectados, bem como pela ingestão de alimentos contaminados por fezes e urina ou
pelo contato direto do tecido mucoso com material contendo partículas virais (RUO
et al., 1994; WELLS et al., 1997; SIMPSON, 1998).
A primeira evidência de transmissão interhumana por hantavírus nas
Américas foi verificada no sul da Argentina durante um surto de SPH causado pelo
vírus Andes (ANDV), durante o qual profissionais de saúde apresentaram risco
maior de se infectar do que o observado na população em geral (ENRIA et al., 1996;
PADULA et al.,1998). Posteriormente, outros casos de transmissão pessoa a pessoa
foram descritos tanto na Argentina (WELLS et al., 1997; PINNA et al., 2004;
MARTINEZ et al., 2005) como no Chile (FERRÉS et al., 2007) em ambos os países
o vírus Andes foi o implicado na transmissão.
Na espécie humana a transmissão vertical já foi relatada em casos de
FHSR, associados ao vírus Hantaan, na Coréia. Neste episódio duas mães
transmitiram o vírus para seus fetos, resultando em aborto e morte fetal (LEE, 1989).
No entanto, essa forma atípica de transmissão ainda não foi registrada por outros
autores (CHAE et al., 1989; PARTANEN et al., 1990; HOWARD et al., 1999).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
14
1.4.2 Distribuição Geográfica
Após a identificação do vírus Sin Nombre nos Estados Unidos em 1993
(NICHOL et al., 1993), a SPH foi detectada em mais 21 estados daquele país
resultando no isolamento de outros hantavírus, tais como os vírus Black Creek Canal
(BCCV), Bayou (BAYV) e New York (NYV) associados a casos de SPH (FELDMANN
et al., 1993; CHILDS et al.,1994; ELLIOTT et al. ,1994; HJELLE et al., 1994; SONG
et al., 1994; ROLLIN et al., 1995).
Com a descoberta do primeiro hantavírus associado à SPH no continente
sul americano, no Município de Juquitiba, Estado de São Paulo, Brasil em 1993
(IVERSSON et al.,1994), identificado como vírus Juquitiba (JUQV) (JOHNSON et al.,
1999), outros hantavírus foram identificados no continente sul-americano, tais como:
o vírus Rio Mamoré (RIOMV) encontrado na Bolívia em 1995, que resultou na
primeira caracterização genética de um hantavírus sul americano (BHARADWAJ et
al., 1997), e que até o presente momento não foi associado com enfermidade
humana (CARROLL et al., 2005). Mais adiante, um surto de SPH no sudoeste
argentino permitiu a caracterização genética do vírus Andes (HJELLE et al., 1996;
LÓPEZ et al., 1996) associado a casos de SPH. Posteriormente, a SPH passou a
ser reconhecida em outros países e possibilitou o reconhecimento de novas
espécies de hantavírus, encontrando-se hoje amplamente distribuída na América do
Sul (PETERS, 1998) (Figura 6).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
15
Figura 6 – Mapa do continente americano, mostrando os hantavírus identificados e seus
respectivos roedores-reservatórios. Fonte: RAWLINGS et al., 1996; OPS, 1999;
VINCENT et al., 2000; ENRIA e LEVIS, 2004; TRAVASSOS DA ROSA et al.,
2005; CHU et al., 2006; PUERTA et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2007.
Nas Américas do Sul e Central têm sido registrados casos em muitos
países como Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Panamá, Paraguai e Uruguai e na
América do Norte, nos Estados Unidos e Canadá. A letalidade oscila entre 30 e 70%
(LEVIS et al., 1998; SESTARO et al., 1999; ENRIA e PINHEIRO, 2000; PADULA et
al., 2000b; VINCENT et al., 2000; BAYARD et al., 2004).
Atualmente, mais de 2.000 casos de SPH já foram notificados no
Continente. No entanto, países como México, Costa Rica, Colômbia, Venezuela e
Peru, onde estudos de soroprevalência, realizados em populações humanas e de
roedores têm demonstrado a circulação de hantavírus, e seus hospedeiros
reservatórios caracterizados não têm sido somados ao crescente registro de casos
de SPH nas Américas (HJELLE et al., 1994; SUZÁN et al., 2001; VALDO et al.,
2003).
Sin Nombre
(Peromyscus maniculatus)
Prospect Hill (Microtus pennsyvanicus)
Lechiguanas (Oligoryzomys flavescens)
Juquitiba (Oligoryzomys nigripes)
Araraquara (Necromys lasiurus)
Cano Delgaldito (Sigmodon alstoni)
Maciel
(
Necrom
y
s obscuru
s
)
Anajatuba (Oligoryzomys fornesi)
Castelo dos Sonhos (desconhecido)
Rio Segundo (Reithrodontomys mexicanus)
Andes
Bermejo
Oran
Laguna Negra
Rio Mamoré
El Moro Canyon
Choclo (Oligoryzomys fulvescens)
Isla Vista
Muleshoe (Sigmodon hispidus)
Black Creek Canal (Sigmodon hispidus)
Bayou (Oryzomys palustris)
New York (Peromyscus leucopus)
Bloodland Lake (Microtus ochrogaster)
Rio Mearim (Holochilus sciureus)
Pergamino (Akodon azarae)
Laguna Negra simil
(Microtus californicus)
(Reithrodontomys megalotis)
(Calomys laucha)
(Calomys callosus)
(
Oli
g
or
y
zom
y
s lon
g
icaudatu
s
)
(Oligoryzomys chacoensis)
(Oligoryzomys longicaudatus)
(
Oli
g
or
y
zom
y
s microti
s
)
Calabazo
Itapuã
(
Oli
g
or
y
zom
ys
ni
g
ripe
s
)
Jaborá
(
A
kodon montensi
s
)
Hantavírus não associados à enfermidade humana
Hantavírus res
p
onsáveis
p
elos casos de SPH
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
16
Os hantavírus Rio Mamoré, Punchana, Rio Segundo (RIOSV), El Moro
Canyon (ELMCV), Muleshoe (MULV), Isla Vista, Blue River, Bloodland Lake, Cãno
Delgadito (CANOV), Maciel, Calabazo, Pergamino (PRNV), Prospect Hill, Itapuã,
Anajatuba (ANAJV) e Rio Mearim (RIMEV) foram detectados, até o momento,
apenas em roedores silvestres, não estando associados com SPH (RAWLINGS et
al., 1996; OPS, 1999; VINCENT et al., 2000; ENRIA e LEVIS, 2004; TRAVASSOS
DA ROSA et al., 2005; PUERTA et al, 2006; CHU et al; 2006).
No Brasil, desde a ocorrência dos três primeiros casos clínicos da SPH
em 1993, até setembro de 2007 já foram notificados 938 casos da doença. Embora
a maioria dos casos de SPH tenha ocorrido nas regiões sul (n=401) e sudeste
(n=290) do país, considerável número de casos tem sido notificado na Amazônia
brasileira. Desde o aparecimento do primeiro caso de SPH no distrito de Castelo dos
Sonhos, Município de Altamira, Estado do Pará em 1995 (JOHNSON et al.,1999),
158 casos de hantavirose já foram registrados, até setembro de 2007, na região
Amazônica, correspondendo aos estados do Amazonas (n=4), Pará (n=34),
Rondônia (n=2), Maranhão (n=9) e Mato Grosso (n=109) (MS/SVS, 2007) (Figura 7).
Figura 7 – Distribuição dos casos de hantaviroses por Unidade Federada, Brasil, 1993 a
setembro de 2007. Fonte:
MS/SVS, 2007.
De primeiro de janeiro até cinco de novembro de 2007 foram confirmados
93 casos novos de hantavirose no Brasil. A taxa de letalidade geral encontrada para
o país nesse período foi de 43%, mostrando que a hantavirose é uma doença com
uma alta taxa de letalidade, sendo que os 93 casos foram detectados em nove
estados e o Distrito Federal, atingindo a 37% do total de Unidades Federadas, sendo
os casos de SPH registrados em todas as regiões do país, exceto a região nordeste.
Distribuição dos casos de hantaviroses por
Unidade Federada, Brasil, 1993 - 2007*
41
53
9
183
109
34
164
22
59
178
107
7
938
0
200
400
600
800
1000
AM
BA
DF
MA
MG
MT
P
A
PR
RN
R
O
RS
SC
SP
IND
.
TO
T
AL
Unidades Federadas
Casos
A
mazônia b
r
asileira
Outras regiões do Brasil
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
17
Foram confirmados casos no Pará (n=4), Rondônia (n=1), São Paulo (n=17), Minas
Gerais (n=22), Mato Grosso (n=13), Distrito Federal (n=5), Goiás (n=4), Paraná
(n=6), Rio Grande do Sul (n=4), Santa Catarina (n=16) e procedência indeterminada
(n=1) (MS/SVS, 2007).
1.4.3 Reservatórios
Os roedores da ordem Rodentia, famílias Muridae e Cricetidae, são os
hospedeiros e reservatórios naturais dos hantavírus. Os estudos de fósseis
comprovam a presença de roedores murídeos nos últimos 20 milhões de ano na
América do Norte e três milhões e meio de anos na América do Sul (NOWAK, 1991;
OPS, 1999; MILAZZO et al., 2006).
Esses roedores vivem, atualmente, em diversos habitats em todo o
continente americano; se abrigam em buracos ou fendas no solo, debaixo de
troncos, em árvores ou troncos ocos, em ninhos construídos no solo em arbustos ou
árvores. Apesar de terem hábitos noturnos, as fêmeas podem gerar várias ninhadas
a cada ano, e em regiões quentes a procriação pode produzir-se de forma
ininterrupta durante todo o ano. É provável que a maioria das espécies viva menos
de dois anos, no entanto o enorme potencial reprodutivo de algumas espécies faz
com que aumente de forma extraordinária a população, seguida de uma diminuição
repentina do número de animais, por alguma causa, como por exemplo, quando se
esgota o alimento em uma zona particular. Essas flutuações podem mostrar uma
periodicidade de três a quatro anos em algumas espécies, dependendo dos habitats
e ecossistemas onde vivem (NOWAK, 1991).
Dentro da família Muridae, apenas roedores das subfamílias Murinae e
Arvicolinae, e a subfamília Sigmodontinae da família Cricetidae foram identificados
como reservatórios de hantavírus. Em relação à distribuição geográfica, os
murineos, são endêmicos na Eurásia, com exceção das espécies R. norvegicus, R.
rattus e Mus musculus, que foram introduzidas no Novo Mundo pelos colonizadores
europeus. Os roedores da subfamília Arvicolinae apresentam ampla distribuição no
hemisfério norte, ocorrendo na Eurásia até a América do Norte, enquanto os
sigmodontineos só ocorrem no continente americano. Os roedores da subfamília
Sigmodontinae, hospedeiros dos hantavírus que causam a SPH, são associados a
ambientes silvestres e rurais, embora alguns tenham predileção por um habitat
particular (NOWAK, 1991).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
18
A distribuição viral pode acontecer em toda a área de ocorrência da
espécie reservatória ou pode ser restrita a um pequeno espaço geográfico. Cada
hantavírus está predominantemente associado a um roedor hospedeiro específico
em uma determinada região geográfica, no entanto a infecção dos roedores
hospedeiros não específicos mediante o fenômeno do spillover pode ocorrer
(JOHNSON et al., 1999). A estreita associação entre cada um dos hantavírus e uma
espécie de roedor particular e a análise filogenética, sugerem que estes co-
evoluíram com seus hospedeiros (LÓPEZ et al., 1996, LEVIS et al., 1998).
A espécie de roedor-hospedeiro geralmente é a mais abundante dentro
de um habitat ecológico distinto, o que é essencial para a estratégia de
sobrevivência do vírus (PLYUSNIN, 2002). Conseqüentemente, a ocorrência de um
determinado hantavírus em áreas com altas densidades de roedores aumenta a
probabilidade de encontros interespecíficos, onde a infecção de uma espécie
secundária pode ocorrer. Por outro lado, em baixas densidades de roedores,
diminuem a probabilidade de encontros interespecíficos, resultando em poucas
oportunidades de uma espécie de roedor não reservatório demonstrar evidências de
infecção secundária (MILLS et al., 1997).
A ocorrência de casos humanos tem sido associada com mudanças na
densidade da população de roedores, a qual varia sazonalmente e anualmente na
dependência de fatores extrínsecos, como competição interespecífica, mudanças
climáticas e ações predatórias, assim como de fatores associados à mudança na
estrutura etária da população de roedores (LEMOS e SILVA, 2005).
Sabe-se que a epidemia ocorrida em 1993 no sudoeste dos Estados
Unidos, foi desencadeada por um desequilíbrio da população do roedor hospedeiro
P. maniculatus. Após um período prolongado de chuvas, a oferta de alimentos nesta
região desértica aumentou, favorecendo o aumento da população de roedores
silvestres. Com o restabelecimento das condições climáticas habituais normais, a
oferta de alimento diminuiu, levando a população de roedores a procurar alimentos
nas residências rurais, ocasionando, desta forma, o contato de seres humanos com
os roedores transmissores do vírus, e conseqüentemente, a ocorrência de casos da
doença (CHILDS et al.,1994).
De modo semelhante o súbito aparecimento do surto de 1993 no
Município de Juquitiba, Estado de São Paulo, causado por um vírus similar ao Sin
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
19
Nombre, posteriormente identificado como vírus Juquitiba, foi relacionado à
ocorrência de um fenômeno natural conhecido como “ratada”, que é o aumento da
população de roedores devido a maior oferta de sementes produzidas durante a
floração e frutificação cíclica (a cada dez anos) de determinadas espécies de
taquaras nativas da Mata Atlântica. Ao final do ciclo das taquaras, a diminuição da
oferta de alimento natural disponível, associado ao armazenamento inadequado de
rações animais no interior das habitações humanas, atraiu roedores da mata para o
interior das casas, o que resultou na infecção dos três indivíduos (IVERSSON et al.,
1994; PEREIRA et al., 1998).
Assim como ocorre no Estado do Paraná a hantavirose é uma doença
associada essencialmente à atividade rural, onde a maioria dos casos de SPH é
detectada em áreas de reflorestamento de pinus (Pinus elliottii), compreendendo
grandes extensões de terra, na região centro-sul do Estado, e com grande número
de trabalhadores rurais contratados para o corte das árvores em determinados
períodos. As condições precárias que esses indivíduos, na maioria adultos jovens e
do sexo masculino, acampam, estocam alimentos e outros víveres, permitem atrair
um grande número de roedores silvestres (reservatórios) propiciando a
contaminação no decorrer dessas atividades. Esses fatores fazem com que haja um
grupo de maior risco e, também uma diferença na sazonalidade observada nas
notificações, coincidindo com o período de corte de madeira (RABONI, 2006).
A doença tem sido observada também em áreas periurbanas, onde as
habitações humanas são construídas muito próximas a áreas rurais, pastos ou
depósitos para armazenamento de cereais. Os roedores podem invadir facilmente as
casas nesses locais à procura de alimento, particularmente em períodos de seca ou
mesmo fugindo de queimadas realizadas em plantações de cana de açúcar ou em
campos de capim seco. A grande expansão das áreas urbanas, ocupando espaços
em locais outrora considerados rurais, tem permitido maior contato do homem com
os reservatórios naturais dos hantavírus (FERREIRA, 2003).
1.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico sorológico específico de hantavirose no Brasil, consiste na
detecção de anticorpos imunoglobulina M (IgM) e imunoglobulina G (IgG), nos soros
suspeitos, contra a nucleoproteína viral, que é a proteína mais conservada e
altamente imunogênica dos hantavírus, sendo realizado pelo teste imunoenzimático
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
20
(Enzyme-Linked Immunosorbent Assay - ELISA), bem como pelas técnicas de IFI em
células de rim de macaco verde africano (VERO E-6) infectadas. Os testes de IFI e
ELISA oferecem resultados grupo-específicos, porém o ELISA tem mostrado maior
sensibilidade e especificidade, uma vez que são utilizadas proteínas recombinantes
de hantavírus como antígenos constituindo-se, portanto, no método de primeira
escolha para sorologia (TSAI, 1987; LEE, 1988; ZÖLLER et al., 1993; PADULA et al.,
2000a).
Os anticorpos da classe IgM aparecem durante os primeiros dias de doença e
podem ser detectados até cerca de 60 dias após o início dos sintomas. Quando não
é possível definir o diagnóstico sorológico, em amostra única, uma segunda amostra
deve ser coletada com intervalo de tempo de duas a três semanas após a coleta da
primeira. A positividade do teste é dada quando há detecção de anticorpos IgM em
amostra única ou quando, em duas amostras ocorre soroconversão, ou seja, na
segunda amostra de soro são detectados anticorpos da classe IgG com diferença de
títulos igual ou maior do que quatro vezes os títulos obtidos na primeira.
(FIGUEIREDO, et al., 2000; FERREIRA, 2003).
O diagnóstico laboratorial para a identificação das espécies de roedores
hospedeiros de hantavírus nos estudos ecoepidemiológicos é baseado no teste de
ELISA para a detecção de anticorpos da classe IgG (LEE, 1988; TSAI, 1987;
ZÖLLER et al., 1993; PADULA et al., 2000a).
A reação de imunohistoquímica, utilizando anticorpos monoclonais e
policlonais, tem sido muito útil na confirmação da presença do antigeno viral em
tecidos e fragmentos de órgãos em casos fatais (ZAKI et al.,1995).
O isolamento viral pode ser feito pela inoculação de fragmentos de vísceras
colhidas de roedores e humanos pós-morte, utilizando-se culturas de células VERO
E-6, linhagem celular humana de carcinoma de pulmão (A 549) e cultura primária de
pulmão de rato. A infecção não produz efeito citopático, mas pode ser detectada por
IFI (TSAI, 1987). Por se tratarem de agentes biológicos de considerável risco, para
as tentativas de isolamento de vírus associado com doença em humanos, bem como
de amostras biológicas de roedores, é necessária, segundo à OPS (1999) a
existência de laboratório com nível de biossegurança 3 (NB3).
A técnica de transcrição reversa seguida de reação em cadeia mediada pela
polimerase (Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction, RT-PCR) tem-se
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
21
mostrado eficiente para detecção de RNA viral, utilizando como alvo os genes da
nucleoproteína e/ou das glicoproteínas, em amostras de soro e de coágulo
sanguíneo, colhidos o mais precocemente possível (NICHOL et al., 1993; XIAO et
al., 1992; XIAO et al., 1994), na fase aguda, durante os primeiros dez dias de
doença (TERAJIMA et al., 1999). O sucesso dessa técnica depende da escolha dos
iniciadores otimizados para os hantavírus do Novo Mundo, além da Nested-PCR
usada para promover maior eficiência na sensibilidade da técnica (PETERS e
KHAN, 2002). No entanto, não é recomendável como método padrão para
diagnóstico clínico-laboratorial, necessitando de maiores estudos (SCHMALJOHN e
NICHOL, 2007; MORELI et al., 2004; AITICHOU et al., 2005). O seqüenciamento do
produto amplificado por RT-PCR possibilita a caracterização genética dos hantavírus
(NICHOL et al., 1993; HJELLE et al., 1994; PETERS, 1998).
1.6 FILOGENIA E DIVERSIDADE GENÉTICA
A RT-PCR seguida de seqüenciamento nucleotídico tem se mostrado
uma importante ferramenta para a identificação de novos hantavírus, bem como
para a epidemiologia, utilizando tanto amostras biológicas de casos humanos como
de roedores (NICHOL et al., 1993; JOHNSON et al., 1997; FULHORST et al., 1997;
BHARADWAJ et al., 1997; LÓPEZ et al., 1997; SUZUKI et al., 2004; TRAVASSOS
DA ROSA et al., 2005; BAHR et al., 2006; CHUN et al., 2007; LI et al., 2007; ZHANG
et al., 2007).
A análise genética dos hantavírus é baseada, principalmente, nas
seqüências nucleotídicas dos segmentos S e M, bem como na análise das
seqüências aminoacídicas das proteínas codificadas por esses segmentos (proteína
N e Gn / Gc, respectivamente) (JONHSON et al., 1997; LÓPEZ et al., 1997;
TISCHLER et al., 2003; MORELI et al., 2004; SUZUKI et al., 2004; TRAVASSOS DA
ROSA et al., 2005). Comparando-se as seqüências nucleotídicas dos segmentos S e
M de hantavírus de um mesmo genótipo observa-se um percentual de identidade
muito similar (divergência < 2%) o que sugere que os dois segmentos tenham
evoluído paralelamente (HENDERSON et al., 1995; LÓPEZ et al., 1997). Contudo, é
importante ressaltar que sendo o genoma dos hantavírus segmentado, pode ocorrer
rearranjo genético entre os segmentos genômicos dentro de determinadas espécies
virais (HENDERSON et al., 1995).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
22
A análise comparativa do segmento S revela seqüências variadas tanto
na composição como na extensão, principalmente na NCR 3’ terminal. A ausência
de regiões conservadas entre as nucleoproteínas dos integrantes da família
Bunyaviridae e a presença de seqüências conservadas específicas entre os
hantavírus, faz com que esse segmento seja o alvo principal para muitos estudos
filogenéticos desse gênero (JONHSON et al., 1997; LÓPEZ et al., 1997; TISCHLER
et al., 2003; MORELI et al., 2004; SUZUKI et al., 2004; TRAVASSOS DA ROSA et
al., 2005), uma vez que se observa uma extensa variação quando seqüências
nucleotídicas e aminoacídicas das glicoproteínas são analisadas. É razoável concluir
que a menor variabilidade genética da nucleoproteína quando comparada às
glicoproteínas, se deve a menor pressão seletiva que a proteína N é submetida
(TISCHLER et al., 2003).
A relação filogenética dos hantavírus está estritamente relacionada às
subfamílias de seus roedores hospedeiros, dividindo os hantavírus em três grandes
grupos: os hantavírus associados aos roedores sigmodontineos, arvicolineos e
murineos (Figura 8).
Figura 8 – Árvore filogenética dos hantavírus baseada nas seqüências completas
das ORFs do segmento S. Fonte: adaptado de PLYUSNIN, 2002.
Os hantavírus arvicolineos estão mais próximos evolutivamente dos
sigmodontineos, do que cada um com os murineos, em virtude da ancestralidade
comum entre as subfamílias Arvicolinae e Sigmodontinae (PLYUSNIN, 2002).
Hantavírus associados a roedores
Arvicolineos
Hantavírus associados a roedores
Murineos
Hantavírus associados a roedores
Sigmodontineos
HTNV
SEOV
DOBV
SAAV
ISLAV
PHV
BLLV
TULV
PUUV
TOPV
KHAV
BCCV
BAYV
ANDV
LNV
RIOMV
NYV
ELMCV
RIOSV
SNV
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
23
De modo geral, a relação vírus-hospedeiro também se estende em nível
de espécies, tanto viral quanto de roedores, e está ligada a um território e nicho
ecológico próprios, que provavelmente faz parte da estratégia de sobrevivência do
vírus. Esse fato sugere que a filogenia dos hantavírus, sua distribuição geográfica e
o tipo de hantavirose – FHSR e SPH – estão intimamente ligados aos respectivos
reservatórios, demonstrando um exemplo clássico de co-evolução (PLYUSNIN et al.,
1996; VAPALAHTI et al., 1999; PLYUSNIN, 2002). Isso pode ser explicado pelo
fenômeno do spillover de um ancestral comum – duas espécies de hantavírus
distintas, porém relacionadas – que se adaptou a roedores do mesmo gênero, tal
como foi observado entre os vírus Sin Nombre e New York, que apresentam como
roedores hospedeiros P. maniculatus e P. leucopus, respectivamente (MORZUNOV
et al., 1998).
A análise das seqüências genômicas de hantavírus mostra uma
diversidade genética gerada pelo acúmulo de mutações de ponto e inserções e/ou
deleções de um ou muitos nucleotídeos. A maioria de inserções e deleções ocorre
nas NCRs, enquanto que as mutações de ponto são comumente observadas nas
ORFs, podendo ou não mudar as seqüências aminoacídicas (PLYUSNIN, 2002). As
mutações de ponto parecem contribuir para a maioria das variações genéticas
observadas entre os hantavírus (SCHMALJOHN e HJELLE, 1997).
Dentre os hantavírus sigmodontineos, observa-se uma diversidade
genética mais complexa dos hantavírus da América do Sul em relação aos da
América do Norte, o que provavelmente é reflexo da recente e rápida evolução dos
roedores sul-americanos (PETERS e KHAN, 2002). Isso pode ser observado quando
se analisa as seqüências de diversos genótipos do vírus Andes na Argentina, na
qual se observa uma acentuada divergência nucleotídica, porém as seqüências
aminoacídicas permanecem altamente conservadas, o que reflete em grupos
monofiléticos antigenicamente similares, mas geneticamente distintos (PADULA et
al., 2000b; BOHLMAN et al., 2002; PADULA et al., 2004).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
24
1.7 CONTROLE E PREVENÇÃO
Considerando que os roedores silvestres são os portadores de hantavírus
e que os excretam pelas fezes, urina ou saliva, as medidas de controle devem estar
voltadas a evitar o contato com esses roedores e suas excretas (LEMOS e SILVA,
2005). A erradicação desses reservatórios naturais do vírus no ambiente silvestre é
inviável dada à abundância das espécies hospedeiras, da sua grande dispersão e,
principalmente, pelo desequilíbrio ecológico que tal medida acarretaria (FERREIRA,
2003; LEMOS e SILVA, 2005). Entretanto, a eliminação dos animais no peridomicílio
e no domicílio mostra-se factível e deve ser realizada de forma estratégica e
contínua (FERREIRA, 2003).
Ademais, outras medidas simples de orientação e proteção individual
podem ser fundamentais para prevenção da SPH, tais como: (i) construção de
edificações adequadas, tanto para moradia como para acondicionamento de grãos e
rações, visando evitar o acesso do roedor; (ii) todos os alimentos para uso humano
ou animal necessitam de acondicionamento em recipiente de plástico
hermeticamente fechado, suprimindo a fonte alimentar para os roedores; (iii) iscas
contendo substâncias anticoagulantes devem ser distribuídas nesses locais
periodicamente para evitar a instalação e a proliferação desses mamíferos; (iv)
construções em área rurais fechadas por semanas ou meses devem ser,
primeiramente, abertas para ventilação. Preconiza-se 30 a 60 minutos antes da
limpeza de locais com dejetos de roedores, molhar o assoalho com solução de
hipoclorito ou lisoforme, a utilização de máscaras com filtro do tipo P3 e luvas de
borracha; e (v) deve ser realizada a orientação da população que habita essas áreas
rurais quanto à gravidade da doença, os meios de adquiri-la e as medidas de
prevenções (FERREIRA, 2003; LEMOS e SILVA, 2005).
A identificação precoce dos casos de SPH pode melhorar as
possibilidades de sobrevivência dos pacientes, onde os profissionais de saúde
desempenham um papel importante nessa identificação. Por essa razão, devem ser
realizados programas educativos para a orientação desses profissionais para o
melhor conhecimento dessa doença, procedimentos para o diagnóstico laboratorial,
manejo e tratamento dos pacientes, e recomendações preventivas (OPS, 1999).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Introdução
25
Os trabalhos ecoepidemiológicos são de suma importância para
proporcionar o conhecimento da espécie transmissora e prevalência da infecção em
roedores hospedeiros, contribuindo para o desenvolvimento de medidas de
intervenção para um efetivo controle da SPH (MILLS e CHILDS, 1998a; MILLS et al.,
1998b; POWERS et al., 1999; VINCENT et al., 2000).
Até o presente momento, não há uma vacina licenciada contra os
hantavírus causadores da SPH, porém trabalhos envolvendo a engenharia genética
têm sido desenvolvidos com esse intúito (HOOPER et al., 2006; CUSTER et al.,
2003). Vacinas contra os vírus Seoul e Hantaan vêm sendo desenvolvidas e têm
mostrado boa eficácia (YAMANISHI et al., 1988; SONG et al., 1992; ZHU et al.,
1994; PARK et al., 2004), no entanto não parecem conferir proteção cruzada contra
os hantavírus causadores da SPH (SCHMALJOHN e HJELLE, 1997; PETERS,
1998).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
26
2 RELEVÂNCIA
Os surtos de SPH observados no Brasil e outros países da América do Sul
indicam que a circulação de hantavírus em roedores silvestres é elevada (JOHNSON et
al., 1999; PEREIRA et al., 1998). Há, portanto, necessidade de maiores estudos sobre
as espécies de roedores envolvidas na cadeia epidemiológica dos casos observados no
país, a forma de transmissão do vírus, bem como a infectividade e informações sobre a
enfermidade, diagnóstico da situação epidemiológica, e o planejamento direcionado
para ações de controle.
Desde o aparecimento do primeiro caso de SPH no distrito de Castelo dos
Sonhos, Município de Altamira, Estado do Pará em 1995 (JOHNSON et al.,1999), casos
de hantavirose têm sido registrados na Amazônia brasileira com ocorrências nos
estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso (MS/SVS, 2007).
A região Amazônica abrange aproximadamente um terço da área total da
América do Sul, incluindo cerca de 60% do território brasileiro. Nas regiões da
Amazônia e pré-Amazônia do Brasil ocorre ampla diversidade de roedores da
subfamília Sigmodontinae família Cricetidae – (EISENBERG e REDFORD, 1999), e
uma grande parte da população rural vive próximo de áreas que têm extensas
populações de roedores e ocupam habitações de fácil acesso a esses animais. A
intensa exploração da mata nativa, alterações ambientais, a atividade produtora
agrícola crescente, o desequilíbrio ecológico das populações de roedores e o estreito
contato do homem com roedores e suas excretas favorecem o aparecimento de casos
de SPH (NICHOL et al., 1993; IVERSSON et al., 1994; PEREIRA et al., 1998).
No ano de 2000 registrou-se o primeiro surto de SPH na Amazônia
brasileira, nas localidades de Quebra e São Jerônimo, área rural de Anajatuba,
Município do Estado do Maranhão (MENDES et al., 2001). Um estudo
ecoepidemiológico com roedores na região proporcionou a identificação de dois novos
hantavírus, o vírus Anajatuba e o vírus Rio Mearim, cujos reservatórios naturais
descritos foram os roedores Oligoryzomys fornesi e Holochilus sciureus,
respectivamente, sem ter havido, no entanto, comprovação de associação com os
casos humanos (TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005). Desde então, já foram
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Relevância
27
notificados mais seis casos da doença no Maranhão envolvendo os municípios de
Anajatuba e Santa Rita (MS/SVS, 2007).
O Estado do Mato Grosso, atualmente, corresponde ao quarto estado com
maior número de casos notificados de SPH e é o primeiro de maior ocorrência na
região Amazônica, cabendo aos municípios de Tangará da Serra e Campo Novo do
Parecis o maior registro de casos, conhecidos por sua intensa atividade agrícola para
a produção de grãos, a qual proporciona ambiente propício para a manutenção dos
roedores silvestres, estreitando o contato entre os hantavírus e o homem (FERREIRA,
2003; DUBREUIL et al., 2005). Assim como o Estado do Pará, embora tenha sido o
primeiro estado da Amazônia brasileira com registro de SPH e identificação do
hantavírus circulante a partir de amostra humana, até então ainda é desconhecido o
roedor hospedeiro associado ao hantavírus nessa região.
Portanto, torna-se necessário a realização de estudos, para que se possa
identificar o hantavírus circulante nesses ecossistemas da Amazônia brasileira onde
ainda são desconhecidos, bem como desenvolver estudos para ter conhecimento da
associação dos hantavírus com seus hospedeiros reservatórios naturais e as
interações vírus-roedor-humano, gerando informações para o entendimento da
epidemiologia das hantaviroses. Ademais, o conhecimento da espécie e prevalência
da infecção em roedores hospedeiros poderá facilitar o desenvolvimento de medidas
de intervenção para controle da SPH na Amazônia brasileira (VINCENT et al., 2000;
POWERS et al., 1999; MILLS e CHILDS, 1998a; MILLS et al.,1998b).
O IEC, desde 1996, como laboratório de referência para o estudo de
hantavírus na Amazônia brasileira, cuja área de abrangência compreende os estados
do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e
Tocantins, tem como atribuições o diagnóstico laboratorial de rotina, a realização e/ou
colaboração em estudos ecoepidemiológicos na região, o desenvolvimento de
pesquisa, bem como a avaliação de novas técnicas para o diagnóstico de hantavírus.
Neste contexto, esse estudo objetiva fornecer novas e mais acuradas informações
sobre os hantavírus circulantes em ecossistemas da Amazônia brasileira, seus
roedores hospedeiros e a associação deles com SPH.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
28
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Caracterizar geneticamente hantavírus amazônicos e determinar a
associação vírus-hospedeiro dos hantavírus associados com SPH, em distintos
ecossistemas amazônicos no Maranhão e Pará – Mato Grosso, no período de 2001
a 2006.
3.2 ESPECÍFICOS
¾ Pesquisar anticorpos IgM anti-hantavírus pelo ensaio imunoenzimático
(ELISA) em amostras de casos humanos suspeitos de SPH procedentes das
áreas de estudo da Amazônia brasileira, Maranhão, Pará e Mato Grosso;
¾ Pesquisar anticorpos IgG anti-hantavírus pelo ELISA em amostras de soros
humanos provenientes de um inquérito sorológico em uma das áreas do
estudo – Baixada Maranhense;
¾ Pesquisar anticorpos IgG anti-hantavírus pelo ELISA em amostras
sangüíneas de roedores silvestres capturados nas áreas de estudo;
¾ Detectar e amplificar o genoma viral pela técnica de RT Nested-PCR com
posterior seqüenciamento nucleotídico de hantavírus amazônicos em
amostras oriundas de casos humanos positivos e de roedores
sorologicamente positivos;
¾ Realizar análises filogenéticas a partir das seqüências nucleotídicas obtidas
de hantavírus amazônicos para comparação com as seqüências de outros
hantavírus já publicadas e disponíveis no GenBank.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
29
4 MATERIAL E MÉTODOS
Para utilização das amostras biológicas humanas e animais nesse estudo
foi feita solicitação à Direção do IEC, conforme orientação do Comitê de Ética em
Pesquisa da referida Instituição. Documento com aquiescência do pleito solicitado
está entre os anexos dessa tese (ANEXO A).
4.1 ESTUDO NO MARANHÃO
4.1.1 Descrição da Área
O Município de Anajatuba 03º16’ S, 44º37’ O está localizado na baixada
ocidental maranhense pertencendo à microrregião de alagado do rio Maranhão, no
Estado do Maranhão (Figura 9). Apresenta uma extensão territorial de 1.117 km
2
, onde
residem 23.907 habitantes (IBGE, 2007). Esse Município dista 135 km, em direção sul,
da capital São Luís, com acesso principal pela rodovia federal BR-135 e rodovia
estadual MA-324 (Figura 10). A região, conhecida como Baixada Maranhense, é
formada por cadeias de lagoas com extensos pântanos e campos inundados, sendo
que neste Município observam-se áreas de floresta e extensos campos de arroz,
inclusive aos arredores da zona urbana. O clima da região é tropical úmido com
temperatura média variando entre 26 ºC e 28 ºC, cujo período chuvoso estende-se
entre os meses de janeiro a julho. O poder aquisitivo da população é de baixa renda e a
economia é baseada na criação de gado, pesca e plantio de mandioca, arroz, cana-de-
açúcar e milho (TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005; MENDES et al., 2001).
Figura 9 – Município de Anajatuba, Estado do Maranhão.
a) campo alagado, característico da
Baixada Maranhense
b) rua principal de Anajatuba (área urbana),
mostrando campo de arroz ao fundo
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
30
Figura 10 – Mapa do Estado do Maranhão, mostrando a localização dos municípios de Anajatuba e Santa
Rita, onde ocorreram casos de SPH. Fonte: adaptado de www.quatrorodas.abril.com.br.
O Município de Santa Rita 03º09’ S, 44º20’ O localiza-se a 76 km ao
sul de São Luís com acesso direto pela BR-135, na microrregião do Rosário (Figura
11). Sua área territorial é de 786 km
2
com população de 31.033 habitantes (IBGE,
2007). A vegetação é de campos naturais e floresta tropical. O clima é tropical
úmido, com temperatura máxima de 35 ºC e mínima de 25 ºC, tendo duas
temporadas distintas: uma de chuvas (janeiro a julho) e outra de seca (agosto a
dezembro), a cada ano. A economia, como em Anajatuba, é baseada na
agropecuária, destacando a plantação de mandioca, arroz, feijão, milho, melancia e
banana, e na criação de bovinos, suínos, caprinos e aves. Ademais, o Município é
provido de pequenas indústrias de produção de cachaça, de beneficiamento de
BR 135
MA 324
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
31
arroz, e produção de farinha de mandioca (http://monsenhordourado.br.tripod.com/
pag05.htm).
Figura 11 – Município de Santa Rita, Estado do Maranhão. Fonte:
(http://monsenhordourado.br.tripod.com/ pag05.htm).
4.1.2 Estudo em Humanos
4.1.2.1 Casos de SPH
Amostras biológicas (n=5), sangue ou soro, de casos humanos com o
diagnóstico sorológico confirmado de SPH, procedentes dos municípios de
Anajatuba (n=3) e de Santa Rita (n=2), Maranhão, foram encaminhadas ao IEC no
período de 2001 a 2006, pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de
Saúde do Estado do Maranhão.
4.1.2.2 Inquérito sorológico
Amostras séricas (n=293), provenientes de inquérito sorológico transversal
em humanos, realizado no Município de Anajatuba no ano de 2005, tanto na área
urbana (n=54), nos bairros de Limerique e Porção do Junco, localizados próximos às
plantações de arroz, quanto na área rural nos povoados de Areal (n=42), Bacabal
(n=57), Olho D’água (n=51), Quebra (n=38), São Roque e Pastoradouro (n=51)
(Figura 12), coletadas por demanda espontânea, mediante autorização por termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE) (ANEXO B).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
32
Povoados onde foi realizado o inquérito sorológico em humanos
Zona urbana
Povoado de São Roque, local da captura de roedores
3 Locais de ocorrência dos casos de SPH
Figura 12 – Mapa do Município de Anajatuba, Estado do Maranhão, mostrando a localização dos
povoados onde foi realizado o inquérito sorológico em humanos, o local da captura de
roedores e locais de ocorrência dos casos de SPH. Fonte: adaptado de Google Earth.
4.1.3 Estudo em Roedores
As amostras biológicas (sangue e vísceras) de roedores silvestres foram
provenientes de dois estudos ecoepidemiológicos realizados no Município de
Anajatuba, povoado de São Roque (Figura 12) em maio de 2003 e maio de 2005, os
quais foram definidos pela proximidade da residência dos casos de óbitos humanos
por hantavirose ocorridos em março e julho de 2003.
4.1.3.1 Captura dos roedores
Esses estudos foram precedidos de consulta e autorização prévia junto ao
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
conforme procedimentos de captura e manejo de roedores e protocolos de
biossegurança padronizados (MILLS e CHILDS, 1998a; MILLS et al.,1998b).
Os roedores silvestres foram capturados utilizando-se armadilhas de
alumínio do tipo "Sherman", dispostas aleatoriamente em transectos alinhados
aproximadamente com cinco metros de distância entre uma e outra, distribuídas nas
Bacabal
Bacabal
Fomento
Fomento
Roncador
Roncador
São Jerônimo
São Jerônimo
São Roque
São Roque
Pastoradouro
Pastoradouro
Olho D’água
Olho D’água
Quebra
Quebra
Areal
Areal
ANAJATUBA
ANAJATUBA
Bacabal
Bacabal
Fomento
Fomento
Roncador
Roncador
São Jerônimo
São Jerônimo
São Roque
São Roque
Pastoradouro
Pastoradouro
Olho D’água
Olho D’água
Quebra
Quebra
Areal
Areal
ANAJATUBA
ANAJATUBA
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
33
plantações de arroz, pastos de braquiárias e também no peridomicílio (Figura 13).
Como isca, utilizou-se uma mistura de pasta de amendoim e aveia em flocos.
Figura 13 – Locais utilizados para a captura de roedores, povoado de São Roque.
As armadilhas foram montadas durante a tarde e vistoriadas na manhã
seguinte e as que continham roedores foram colocadas em sacos plásticos de 20 L
firmemente fechados para evitar contaminação dos técnicos e do meio ambiente e
transportadas até a base laboratorial de campo, local ao ar livre delimitado e
sinalizado como área infectada.
4.1.3.2 Coleta do material biológico e identificação dos roedores
Na base laboratorial de campo, os animais foram anestesiados no interior
de sacos plásticos contendo compressas de gazes umedecidas com Metofane®, ou
halotan ou éter etílico e coletas de amostras de sangue foram obtidas mediante
punção retro-ocular com capilar heparinizado. Posteriormente, os roedores foram
sacrificados por deslocamento cervical e submetidos à coleta de dados biométricos
– peso do animal, comprimento total, da cauda, da orelha e das patas traseiras – e
imediatamente necropsiados para obtenção de fígado, pulmão, baço, coração e rim,
sob condições de biossegurança de nível 3, por equipe treinada e habilitada para
esses procedimentos. As amostras coletadas foram transportadas em nitrogênio
líquido e conservadas a -70 °C até o IEC.
A identificação taxonômica dos roedores foi realizada pela equipe do
Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios/
Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e Instituto Nacional de Câncer (INCA),
por meio de morfologia, bem como pela análise molecular para o seqüenciamentro
do DNA mitocondrial – gene Citocromo b – dos roedores com sorologia positiva
(BONVICINO e MOREIRA, 2001).
a) campo de arroz margeado
por vegetação nativa
b)
pasto de braquiária
c) peridomicílio da residência de
um dos casos de SPH em 2003
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
34
4.2 ESTUDO NO PARÁ MATO GROSSO
4.2.1 Descrição da Área
A região Sudeste da Amazônia brasileira, compreendendo o Estado do
Mato Grosso e o sul do Pará, tem notificado mais do que 100 casos de SPH desde
1995 (Figura 14).
Figura 14 – Mapa do Brasil destacando a região sudeste da Amazônia brasileira, constituída pelo sul
do Estado do Pará e Estado do Mato Grosso. Distribuição do número de casos de SPH
por município amazônico no período de 1993 a 2006. Fonte: GT-Hantaviroses/COVEV/
CGDT/DEVEP/SVS.
4.2.1.1 Estado do Pará
O Município de Altamira, Estado do Pará 03º12'12" S; 52º12'23" O é o
maior município do Brasil e do mundo em extensão territorial com 159.696 km
2
e
uma população de 92.105 habitantes (IBGE, 2007), onde a maioria é composta por
famílias de baixa renda. Situa-se aproximadamente a 740 km, direção sul de Belém,
capital do estado, com acesso pelas rodovias estadual PA-150 e federais
Transamazônica (BR-230) e Santarém-Cuiabá (BR-163). O clima é equatorial úmido
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
35
com precipitação pluviométrica que varia de 2.300 a 3.000 milímetros/ano mais
freqüente entre os meses de setembro a abril, um período que corresponde à época
das chuvas. A vegetação local é típica da Floresta Amazônica, muito embora haja
grandes áreas de desmatamento. A economia do Município é baseada na agricultura
de arroz, cacau, feijão, milho, pimenta-do-reino e na extração de madeira, borracha
e castanha-do-pará.
Os casos de SPH no Município de Altamira têm sido registrados nos
distritos de Castelo dos Sonhos 08º12'12" S; 55º12'23"O e de Cachoeira da
Serra 08º34'16,94" S; 55º3'4,34"O situados ao longo da BR-163, próximos ao
limite com o Estado do Mato Grosso (Figura 15). A vegetação da área é típica de
terras de mata baixa cipoal propícia para agropecuária. As populações nessas
áreas vivem em condições precárias de infraestrutura e de subsistência. Esses
distritos surgiram a partir de campo de garimpo e, atualmente, o setor madeireiro
responde pela principal atividade econômica da região, vindo em seguida a
agropecuária.
Figura 15 – Mapa do Estado do Pará, mostrando a sede do Município de Altamira e os distritos de
Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra, locais de registro de casos de SPH. Fonte:
adaptado de Google Earth.
4.2.1.2 Estado do Mato Grosso
O Estado do Mato Grosso com uma extensão de 903.357,908 km² e
população estimada em 2.803,274 habitantes, possui 141 municípios (IBGE, 2007),
dos quais 19 municípios têm registro de ocorrência de casos de SPH. A notificação
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
36
de casos concentra-se, principalmente, na área de influência da rodovia federal BR-
364. Essa rodovia, no Estado do Mato Grosso, localiza-se na parte ocidental, entre
as mesorregiões Norte e Sudoeste. Na sua área de influência o clima é tropical
quente e sub-úmido, com precipitação anual de cerca de 1.700 mm e temperatura
variando entre de 24 ºC a 40 ºC, e vegetação típica do Cerrado e mata pré-
Amazônica. Alguns municípios dessa região são produtores agropecuários de médio
a grande porte, com ênfase na produção de grãos, principalmente a soja, além de
terem um grande potencial industrial e para o turismo ecológico. Dentre esses, estão
os municípios de Barra do Bugres, Campo Novo do Parecis, Diamantino, Nova
Olímpia, Santo Afonso, São José do Rio Claro e Tangará da Serra, locais de
procedência das amostras selecionadas para este estudo (Tabela 1; Figura 16).
Tabela 1 – Dados dos municípios matogrossenses de procedência das amostras selecionadas nesse
estudo
Município
Latitude/
Longitude
Extensão
territorial (km
2
)
População
(hab)
Distancia
de Cuiabá
Mesorregião
matogrossense
Barra do
Bugres
15°0421”S
57°10’52”O
7.229 32.490 173 km Sudoeste
Campo
Novo do
Parecis
13°40’31”S
57°53’31”O
9.448 22.322 387 km Norte
Diamantino 14°24’31”O
56°26’46”O
7.630 18.428 205 km Norte
Nova
Olímpia
14°47’50”S
57°17’17”O
1.568 19.474 206 km Sudoeste
Santo
Afonso
14°29’51”S
57°00’07”S
7.229 32.490 156 km Sudoeste
São José do
Rio Claro
13°26’48”S
56°43’17”O
5.058 17.345 313 km Norte
Tangará da
Serra
14°37’10”S
57°29’09”O
11.566 76.657 240 km Sudoeste
Fonte: IBGE, 2007; guia 4 rodas.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
37
Figura 16 – Mapa do Estado do Mato Grosso, destacando os municípios dos casos de SPH
estudados. LPI – Local provável de infecção. Fonte: adaptado de Google Earth.
4.2.2 Estudo em Humanos
4.2.2.1 Casos de SPH
Foram selecionadas 27 amostras de soro ou sangue de casos humanos
confirmados sorologicamente, sendo três das 18 positivas do Estado do Pará e 24
de 83 do Estado do Mato Grosso. Essas amostras foram encaminhadas ao IEC no
período de 2001 a 2006, pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica das Secretarias
de Saúde do Estado do Pará e do Mato Grosso, respectivamente. Os critérios
utilizados para seleção foram baseados na detecção de anticorpos IgM anti-
hantavírus pela técnica de ELISA com ausência de IgG e tempo de doença de até
dez dias do início dos sintomas e coleta do espécime. As amostras do Pará foram
obtidas de pacientes que tiveram o seu local provável de infecção nos distritos de
Castelo dos Sonhos (n=2) e Cachoeira da Serra (n=1), Município de Altamira,
enquanto que as amostras do Mato Grosso foram procedentes dos municípios de:
Barra do Bugres (n=1), Campo Novo do Parecis (n=13), Diamantino (n=3), Nova
Olímpia (n=1), Santo Afonso (n=1), São José do Rio Claro (n=1) e Tangará da Serra
(n=4).
Diamantino
Barra do Bugres
Nova Olímpia
Tangará da Serra
Santo Afonso
São José do Rio Claro
LPI dos casos
de SPH
Legenda
Campo Novo do Parecis
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
38
4.2.3 Estudo em Roedores
As amostras biológicas de roedores silvestres sangue e vísceras
foram provenientes de dois estudos ecoepidemiológicos, um realizado nos
municípios de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis / MT por equipe
composta de técnicos do IEC, Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI) e
Secretaria de Saúde do Estado do Mato Grosso no ano de 2001 e o outro no distrito
de Castelo dos Sonhos, Município de Altamira, Pará, coordenado pela Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVS), Ministério da Saúde (MS), Brasil com apoio do IEC e da
Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA) do Estado do Pará e Secretaria de
Saúde de Altamira, no ano de 2005.
Foram também selecionadas para esse estudo quatro amostras de
roedores com sorologia positiva (IgG) por ELISA, provenientes de estudos
ecoepidemiológicos realizados nos anos de 2005 (n=1), 2006 (n=2) e 2007 (n=1), no
Município de Campo Novo do Parecis, sob a coordenação da SVS/MS/Brasil, com
colaboração da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Novo do Parecis,
Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Estado do Mato Grosso, IEC, FIOCRUZ e
INCA, como parte do projeto “Dinâmica populacional de roedores silvestres e o grau
de infecção por hantavírus na microrregião do médio norte do Estado de Mato
Grosso”.
Os procedimentos de captura, coleta de material biológico e identificação
dos roedores, estão descritos nas seções 4.1.3.1 e 4.1.3.2.
4.3 TÉCNICAS SOROLÓGICAS
Os soros humanos provenientes dos casos suspeitos de SPH foram
submetidos ao teste imunoenzimático de ELISA visando a detecção de anticorpos
das classes IgM e IgG conforme protocolos descritos por T. G. Ksiazek, para os
antígenos dos vírus Laguna Negra (LNV) – fluído celular – e Sin Nombre (antígeno
recombinante de nucleocapsídio), respectivamente, produzidos no Centers for
Disease Control and Prevention (CDC), Atlanta (ZÖLLER et al., 1993) e/ou antígeno
do vírus Andes (antígeno recombinante de nucleocapsídio), produzido no Instituto
MÁLBRAN em Buenos Aires para detecção de IgM conforme protocolo descrito por
PADULA et al. (2000a).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
39
Para o inquérito soroepidemiológico foi realizada somente a pesquisa de
anticorpos da classe IgG, bem como as amostras de sangue de roedores foram
submetidas ao teste de ELISA visando à detecção de anticorpos da classe IgG
conforme protocolo descrito por T. G. Ksiazek do CDC/Atlanta, para o antígeno do
vírus Sin Nombre (ZÖLLER et al., 1993).
4.3.1 ELISA para detecção de IgM humana anti-hantavírus
As microplacas de ELISA foram sensibilizadas com a anti-IgM humana
diluída 1:500 em solução salina tamponada (PBS) pH 7,4 e incubada overnight a 4
ºC. No dia seguinte, após lavagem com tampão de lavagem PBS pH 7,4 com 0,1%
de “tween” 20 adicionou-se 100 µL dos soros testes e controles negativos e
positivos, diluídos 1:100 e 1:400 em diluente do soro PBS pH 7,4 contendo
“tween” 20 a 0,01% e “Skim Milk" /Gibco a 5% incubou-se em câmara úmida por
60 minutos a 37 ºC. Posteriormente, foi adicionado o antígeno específico do vírus
Laguna Negra, diluído 1:4, ou Andes, diluído 1:100, e os antígenos inespecíficos
controle negativo do antígeno diluídos 1:4 e 1:100, respectivamente, em diluente
do soro contendo soro humano normal sem anticorpos para hantavírus a 2%, de
forma que cada diluição da amostra foi testada com o antígeno e o seu controle.
Incubou-se em câmara úmida por 60 minutos a 37 ºC. A seguir, foi colocado um
anticorpo de coelho anti-hantavírus Laguna Negra ou Andes, nas diluições de
1:2000 e 1:1000, respectivamente, em diluente do soro, incubou-se em câmara
úmida por 60 minutos a 37 ºC. Na próxima etapa utilizou-se um anti-anticorpo de
coelho conjugado a peroxidase, diluído 1:5000 no diluente do soro contendo soro
humano normal a 2%, incubou-se em câmara úmida por 60 minutos a 37 ºC.
Finalmente foi colocado o substrato enzimático ABTS (2,2-azino-di [3-
ethybenthiazoline sulfonate]), incubou-se a 37 °C por 30 e 45 minutos e realizaram-
se as leituras da densidade óptica (D.O.) em ambos os tempos de incubação
utilizando-se espectrofotômetro (BIO-RAD Model 550 / Microplate Reader), com filtro
de 405 nm.
Visualmente, as amostras positivas adquiriram coloração verde, enquanto
as negativas ficaram incolores. As leituras de D.O. obtidas foram corrigidas
subtraindo-se o valor da leitura da D.O. da amostra com o antígeno do hantavírus
Laguna Negra ou Andes do valor da D.O. da amostra com o controle do antígeno. A
média dos valores ajustados de D.O. dos soros controles negativos mais três
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
40
desvios padrões constituíram o valor limite entre positivos e negativos, que
representou o cut off do ensaio. Quando a D.O. corrigida das amostras foi superior
ou igual a 0,1 Laguna Negra e 0,3 Andes na diluição de 1:100 do soro, foi
considerada positiva (Figura 17).
Figura 17 – Esquema da técnica de ELISA IgM e IgG.
4.3.2 ELISA para detecção de IgG humana anti-hantavírus
As microplacas de ELISA foram sensibilizadas overnight a 4 ºC com o
antígeno específico do hantavírus Sin Nombre e o antígeno inespecífico controle
negativo do antígeno
diluídos 1:1000 em PBS pH 7,4. A seguir, adicionou-se 100 µL
dos soros controles negativos e positivos, e dos soros a serem testados, diluídos
1:400 em diluente do soro, incubou-se a 37 °C em câmara úmida por 60 minutos.
Após lavagem, com o tampão de lavagem, foi acrescentada anti-IgG humana
conjugada com peroxidase na diluição de 1:10000 em diluente do soro, seguido de
incubação a 37 °C em câmara úmida por 60 minutos. Posteriormente, adicionou-se o
ABTS, incubando a 37 °C por 30 e 45 minutos. As leituras foram realizadas em
espectrofotômetro, em ambos os tempos de incubação, com filtro de 405 nm,
seguindo as mesmas instruções do ELISA IgM. No entanto, para o teste de IgG as
amostras consideradas positivas apresentaram D.O. maior ou igual a 0,2 na diluição
1:400 (Figura 17).
Placa sensibilizada
com Ac anti-IgM
humana
Adição do Ag
Adição do soro
do paciente
suspeito
Placa sensibilizada
com Ag recombinate
Adição do soro do
paciente suspeito ou
sangue do roedor
Adição Ac anti-IgG
humana ou de roedor
conjugada a peroxidase
Adição do
substrato ABTS
Adição do Ac de
coelho anti-
hantavírus
Adição do Ac anti IgG
de coelho conjugada a
peroxidase
Adição do
substrato ABTS
ELISA PARA DETECÇÃO DE ANTICORPOS IgG ANTI-HANTAVÍRUS
ELISA PARA DETECÇÃO DE ANTICORPOS IgM ANTI-HANTAVÍRUS
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
41
4.3.3 ELISA para detecção de IgG de roedores anti-hantavírus
As microplacas de ELISA foram sensibilizadas overnight a 4 ºC com o
antígeno específico do hantavírus Sin Nombre e antígeno inespecífico. A seguir,
adicionou-se 100 µL dos soros de roedores controles negativos e positivos, e soros
a serem testados diluídos 1:200 em diluente do soro, incubou-se a 37 °C em câmara
úmida por 60 minutos. Em seguida foi adicionado à reação um anticorpo anti-IgG de
roedor Peromyscus leucopus conjugado a peroxidase na diluição de 1:1000 no
diluente do soro, e então realizada a incubação a 37 °C em câmara úmida por 60
minutos e em seguida a adição de ABTS. Os resultados foram interpretados com
base na D.O., sendo consideradas positivas as amostras que apresentaram D.O.
corrigida maior ou igual a 0,2 (Figura 17).
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
As análises estatísticas foram realizadas com os objetivos de analisar a
diferença de percentual de positividade entre os sexos (homens X mulheres),
procedência (zona urbana x zona rural) e entre os povoados. O programa Bioestat
4.0 foi utilizado para os cálculos e análises estatísticas das variáveis estudadas,
sendo aplicado o teste de Qui-quadrado (X
2
), com correção de Yeates, tendo sido
estabelecido o limite de 95% com erro α de 5%. Os resultados foram considerados
significantes quando o valor de p < 0,05 (AYRES et al., 2005).
4.5 TÉCNICAS MOLECULARES
4.5.1 Extração do RNA viral
As amostras de soro ou sangue dos casos humanos IgM positivas, bem
como fragmentos de pulmões de roedores IgG positivos foram submetidos à
extração do RNA viral pelo kit comercial QIAamp Viral RNA Mini Kit (QIAGEN),
seguindo o protocolo do fabricante.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
42
4.5.2 RT Nested-PCR
Para a amplificação parcial do gene N de hantavírus segmento S , foi
realizada a técnica de RT Nested-PCR para as amostras humanas e RT Hemi-
Nested-PCR para amostras de roedores utilizando os iniciadores descritos por
JOHNSON et al. (1997), seguindo protocolo modificado, como segue:
A amplificação do genoma viral foi realizada em três etapas distintas: (i)
RT ajustada para um volume final de 10 µL, contendo tampão para RT 1x (250 mM
Tris-HCl pH 8,3, 375 mM KCl, 15 mM MgCl
2
); DTT (1 mM – 0,01% (v/v) NP-40, 50%
(v/v) glicerol); dNTPs (0,2 mM); inibidor de RNase (0,4 U/µL, Invitrogen); iniciador
SS143C (0,2 µM); transcriptase reversa (100 U - Superscript II, Invitrogen), água
livre de DNase e RNase e 5 µL do RNA viral; (ii) PCR para o volume de 25 µL,
contendo tampão para PCR 1x (250 mM Tris-HCl pH 8,3, 100 mM NaCl, 0,1 mM
EDTA), MgCl
2
(1,5 mM), dNTP’s (0,2 mM), iniciadores SS143C e SS1070R para
humanos, SS143C e PPT7716R para roedores (0,2 µM), a enzima Platinum Taq (2,5
U, Invitrogen) e água livre de DNAse e RNAse e 5 µL do cDNA obtido na RT; (iii)
Nested-PCR e Hemi-Nested-PCR foram realizadas para o volume final de 100 µL,
seguindo o mesmo protocolo da PCR, substituindo, no entanto, os iniciadores, que
foram SS283C e PPT7716R, e a concentração do cDNA proveniente da PCR
(1:500).
Figura 18 – Esquema da técnica de RT Nested–PCR ou RT Hemi-Nested–PCR.
3’
5’
Linearização do
RNA vir
a
l
55º por 5 min
Transcrição
reversa
(
RT
)
SS143
C
42º por 90 min
PCR
cDNA
Degradação do RNA
5’- -3’
5’- -3’
SS143
SS1070R
3’-
SS143
PPT7716R
Amostras de humanos
A
mostras de roedores
Aplificação do cDNA
Nested-PCR
(Amostras de humanos)
Hemi Nested-PCR
(Amostras de roedores)
3’- -5’
SS283
PPT7716R
95º por 45 seg
45º por 1 min
72º por 2 min
72º por 10 min
35 ciclos
72º por 10 min
35 ciclos
95º por 45 seg
45º por 1 min
72º por 2 min
CICLAGEM
ETAPA
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
43
O RNA viral foi inicialmente desnaturado a 55 ºC por 5 minutos e
transcrito reversamente a 42 °C por 90 minutos. O produto da RT foi então
submetido à PCR e posteriormente ao Nested ou Hemi-Nested-PCR, ambas
realizadas em 35 ciclos compostos de três etapas: 95 ºC por 45 segundos para
desnaturação, 45 ºC por um minuto para anelamento e 72ºC por dois minutos para
síntese; e extensão final a 72 ºC por 10 minutos, utilizando o termociclador
Mastercycler gradient (Eppendorf) (Figura 18). A visualização dos amplicons
(produto final de 434 pb) foi realizada em gel de agarose 1,5% corado com brometo
de etídio, utilizando transiluminador com luz UV (Vilber Lourmat).
4.5.3 Seqüenciamento nucleotídico
Os cDNAs obtidos foram purificados usando o kit comercial GFX
TM
PCR
DNA and Gel Band Purification kit (GE healthcare) e em seguida submetidos ao
seqüenciamento utilizando o ABI PRISM Dye Terminator Kit (Applied Biossystems)
em seqüenciador automático, modelo ABI PRISM 377 (Applied Biossystems).
4.5.4 Análise filogenética
As seqüências nucleotídicas obtidas foram alinhadas e comparadas entre
si e com outras seqüências nucleotídicas de hantavírus disponíveis (Tabela 2) no
GenBank, utilizando o programa Clustal X (THOMPSON et al., 1997). As árvores
filogenéticas foram construídas pelos métodos de agrupamento de vizinhos
(Neighbor Joining, NJ) e máxima parcimônia (MP) implementados no programa
PAUP 4.0b.10 (SWOFFORD, 2002), bem como o método de máxima
verossimilhança (MV) utilizando o programa PHYML (GUINDON e GASCUEL,
2003). Para a análise pelo método de NJ, a matriz de distância foi calculada a partir
das seqüências alinhadas usando o modelo de Tamura-3 parâmetros (parâmetro de
distribuição gama = 1.0). A análise de bootstrap (1.000 réplicas) foi realizada para
gerar maior confiabilidade aos valores dos grupamentos que foram obtidos
(FELSENSTEIN, 1985) nos métodos de NJ, MP e MV.
O programa Moldest v. 3.6 (POSADA e CRANDALL, 1998) foi utilizado
para determinar o melhor modelo de substituição nucleotídica a ser usado baseado
no critério de informação Akaike (Akaike Information Criterion, AIC). A análise
Bayesiana foi realizada empregando o modelo de Markov Monte Carlo (Markov
Chain Monte Carlo, MCMC) e implementada no programa MrBayes 3.0b4. A análise
foi feita para dois milhões de réplicas, sendo a amostragem fixada a cada 1.000
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Material e métodos
44
árvores geradas. Os valores Bayesianos foram estimados em 50% das árvores
consenso geradas (HUELSENBECK e RONQUIST, 2001). O programa TRACER
(www.evolve.zoo.ox.ac.uk) foi utilizado para verificar se a análise realizada pelo
programa MrBayes havia alcançado a convergência apropriada.
Valores de confiabilidade foram calculados pelo programa Mega 3.0
(KUMAR et al., 2004) baseados na média de divergência nucleotídica obtidas para
diferentes cepas de hantavírus do Velho e do Novo Mundo até o momento
seqüenciados, sendo tais valores estimados em < 45%, < 25%, 22% e < 15% para o
grupamento das cepas em clusters, clades, sub-clades e espécie viral,
respectivamente.
Tabela 2 – Hantavírus utilizados para a construção da árvore filogenética de seqüências nucleotídicas
parciais do gene N, segmento S
Espécie viral ou
Variante
Abreviatura Hospedeiro Local de Coleta GenBank
Alto Paraguay
APV
Holochilus chacarius
Paraguay DQ345762
Anajatuba
ANAJV
Oligoryzomys aff. fornesi
Anajatuba, Maranhão
Brasil
DQ451829
Andes
ANDV
Oligoryzomys longicaudatus
Argentina NC003466
Andes Bermejo
BERJ
Oligoryzomys chacoensis
Oran, Argentina AF482713
Andes Lechiguanas
LECV
Oligoryzomys flavescens
Ilhas Lechiguanas,
Argentina
AF482714
Andes Neembucu
NEMV
Oligoryzomys chacoensis
Paraguay DQ345763
Andes North Oran
ORNV
Oligoryzomys longicaudatus
Oran, Argentina AF482715
Andes Sout AH-1
AND AH-1 - Argentina AF324902
Araraquara
ARAV
Necromys lasiurus
Araraquara, São
Paulo, Brasil
AF307325
Bayou
BAYV
Oryzomys palustris
Estados Unidos L36929
Black Creek Canal
BCCV
Sigmodon hispidus
Estados Unidos L39949
Cano Delgadito
CANOV
Sigmodon alsoni
Venezuela DQ285566
Castelo dos Sonhos
CASV
-
Altamira, Pará, Brasil AF307324
Choclo
CHOV
Oligoryzomys fulvescens
Panamá DQ285046
El Moro Canyo
ELMCV
Reithrodontomys megalotis
Estados Unidos,
México
U54577
Hantaan
HTNV
Apodemus agrarius
China, Rússia, Coréia NC005218
Itapuã cepa 38
Itapua Oligoryzomys nigripes
Paraguai DQ345766
Juquitiba-Araucaria
JUQV
Oligoryzomys nigripes
Santa Catarina, Brasil EF492472
Laguna Negra
LNV
Calomys laucha
Bolívia, Paraguai AF005727
Limestone Canyon
LSCV
Peromyscus boylii
Estados Unidos AF307322
New York
NYV
Peromyscus leucopus
Estados Unidos U09488
Muleshoe
MULV
Sigmodon hispidus
Estados Unidos U54576
Pergamino
PRNV
Akodon azarae
Pergamino, Argentina AF482717
Puumala
PUUV
Clethrionomys glareolus
Europa, Rússia,
Escandinávia
NC005224
Rio Mamoré
RIOMV
Oligoryzomys microtis
Bolívia U52138
Rio Mearim
RIMEV
Holochilus sciureus
Anajatuba, Maranhão,
Brasil
DQ451828
Rio Segundo
RIOS
Reithrodontomys mexicanus
Costa Rica, Panamá U18100
Sin Nombre
SNV
Peromyscus maniculatus
Estados Unidos,
Canadá, México
NC005216
Seoul
SEOV
Rattus norvegicus
Europa NC005236
Tula
TULV
Microtus arvalis
Europa NC005227
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
45
5 RESULTADOS
5.1 ECOSSISTEMA DO MARANHÃO
5.1.1 Casos de SPH
Foram confirmados sorologicamente no IEC por detecção de anticorpos
da classe IgM, em teste de ELISA, cinco casos de SPH procedentes do Estado do
Maranhão, dentre as amostras encaminhadas pela Secretaria de Saúde do Estado
do Maranhão, no período de 2001 a 2006, sendo três do Município de Anajatuba e
dois de Santa Rita (Tabela 3). Em Anajatuba, os casos ocorreram nos anos de 2003
(n=2) nos povoados de São Roque e Fomento, e 2006 (n=1) no povoado de
Roncador. Os dois casos do Município de Santa Rita ocorreram no ano de 2003,
sendo um no povoado de Conceição e o outro de procedência desconhecida. Todos
os pacientes foram do sexo masculino, com média de idade de 25,3 anos para os
casos de Anajatuba e de 30 anos para os de Santa Rita, apresentando clínica e
epidemiologia compatível com hantavirose. Desses, dois (40%) casos evoluíram
para óbito, um em 2003 (H 666379) e outro em 2006 (H 708080), ambos
procedentes de Anajatuba.
Tabela 3 – Sumário dos casos de SPH procedentes do Estado do Maranhão, confirmados
laboratorialmente no IEC, 2003 a 2006
Paciente
Município /
povoado
Idade
Data da
amostra
(soro)
Tempo
de
doença*
Evolução
ELISA
IgG
ELISA
IgM
H 666379
Anajatuba /
São Roque
24 anos 25/03/03 1 dia Óbito Negativo Positivo
H 668281
Santa Rita /
Conceição
21 anos 14/05/03 6 dias Cura Positivo Positivo
H 670957
Anajatuba /
Fomento
24 anos 22/07/03 4 dias Cura Positivo Positivo
H 672862
Santa Rita /
NI
39 anos 21/10/03 10 dias Cura Negativo Positivo
H 708080
Anajatuba /
Roncador
28 anos 12/06/06 NI Óbito Negativo Positivo
* Informação da ficha clínica epidemiológica; NI - Não informado.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
46
5.1.2 Inquérito sorológico em moradores do Município de
Anajatuba
No inquérito sorológico transversal realizado em maio de 2005, foram
obtidas 293 amostras de soros humanos, por demanda espontânea de residentes
em diversas localidades do Município de Anajatuba, correspondendo a 8,1% da
população estudada e 1,2% da população total do Município, sendo 140 (47,8%) do
sexo masculino e 153 (52,2%) do sexo feminino.
As amostras foram procedentes da zona urbana, n=54 (moradores dos
bairros de Limirique e Porção do Junco), e zona rural, n=239, as quais procederam
dos povoados de Areal (n=42), Bacabal (n=57), Olho D’água (n=51), Quebra (n=38)
e São Roque e Pastoradouro (n=51) (Tabela 4). Dentre esses, participaram pessoas
que apresentavam diversas atividades de risco para a infecção por hantavírus, tais
como: moradia próxima aos arrozais; trabalho na lavoura; atividade de pesca;
presença de roedores na residência; contato com roedores silvestres no local de
trabalho, escola ou nos arredores da região que vivem, bem como pessoas com
hábito de armazenar arroz dentro de casa.
Das 293 amostras testadas, 32 (10,9%) foram positivas para anticorpos
IgG anti-hantavírus, entre essas nove (28,1%) da zona urbana e 23 (71,9%) da zona
rural. As nove positivas provenientes da zona urbana mostraram um percentual de
16,7% entre as 54 testadas, assim como, três (7,1%) de 42 do povoado do Areal,
sete (12,3%) de 57 do Bacabal, cinco (9,8%) das 51 do Olho D’água, cinco (13,2%)
de 38 de Quebra e três (5,9%) das 51 dos povoados de São Roque e Pastoradouro.
O teste de X
2
mostrou que não houve significância estatística quando se comparou o
percentual de positividade entre as zonas urbana e a rural (p=0,1683), bem como
entre os povoados (p=0,3844).
O maior número de amostras positivas foi do sexo masculino (n=21;
65,6%) com média de idade de 45,1 anos, mediana 43 anos e intervalo de 15 a 78
anos. O número de mulheres IgG positivas foi de 11 (34,4%) com idade média de
46,5 anos, mediana de 49 anos e intervalo de 20 a 80 anos. Houve diferença
estatísticamente significante entre os sexos (p=0,0018), sendo o risco maior de se
infectar por hantavírus no sexo masculino.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
47
Tabela 4 – Amostras de soros humanos coletadas em zona urbana e rural do Município de Anajatuba
em maio de 2005
Área Povoado
Número de
habitantes*
Número
de
amostras
Participantes
IgG
Positivas
Percentual
de
Positividade
Zona
Urbana
Limirique e
Porção do
Junco
(bairros)
1059 54 5,09% 9 16,7%
Areal 375 42 11,2% 3 7,1%
Bacabal 790 57 7,2% 7 12,3%
Olho D’água 193 51 26,4% 5 9,8%
Quebra 584 38 6,5% 5 13,2%
Zona
Rural
São Roque e
Pastoradouro
634 51 8,0% 3 5,9%
Total Zona Rural 2576 239 9,3% 23 9,6%
TOTAL 3635 293 8,1% 32 10,9%
* Dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do Município de Anajatuba, 2005.
5.1.3 Roedores capturados em Anajatuba
Foram capturados 216 de roedores, 96 (44,4%) no ano de 2003 e 120
(55,6%) no ano de 2005. As espécies predominantes capturadas em 2003 foram
Akodon sp. (n= 27; 28,1%) e N. lasiurus (n=62; 64,3%), no entanto apenas três
exemplares de N. lasiurus apresentaram anticorpos IgG anti-hantavírus (4,8%). Em
2005, de 120 roedores capturados, 102 (85%) foram da espécie N. lasiurus e três
(2,5%) de Oligoryzomys sp. Anticorpos IgG anti-hantavírus foram detectados nas
duas espécies: N. lasiurus e Oligoryzomys aff. fornesi, com percentuais de
positividade de 2,9 e 100%, respectivamente (Tabela 5).
Entre os roedores silvestres capturados, observou-se a presença de N.
lasiurus, Proechimys sp. e Oligoryzomys sp. em ambos os anos (Tabela 5).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
48
Tabela 5 – Roedores capturados no povoado de São Roque, Município de Anajatuba, Estado do
Maranhão, nos anos de 2003 e 2005
Ano Espécie de roedores
Freqüência
de captura
IgG
ELISA
Positivo
Percentual de
positividade
Akodon sp. 27 - - -
Necromys lasiurus
1
62 64,3% 3 4,8%
Proechimys sp.
1
2 2,1% - -
Mus musculus
2
3 - -
Oligoryzomys sp.
1
2 2,1% - -
2003
Total parcial 96 - 3 3,1%
Proechimys sp.
1
2 1,7% - -
Necromys lasiurus
1
102 85% 3 2,9%
Oligoryzomys aff. fornesi
1
2 1,7% 2 100%
Rattus sp.
2
3 - - -
Rattus rattus
2
2 - - -
Necromys lasiurus
3 - - -
Oecomys sp. 1 - - -
Oligoryzomys sp. 1 - - -
Cavia sp.
1 - - -
Mus musculus
2
3 - - -
2005
Total parcial 120
- 5 4,1%
TOTAL 216 - 8 3,7%
¹ Espécies de roedores capturadas nos dois anos; ² Roedores sinantrópicos comensais.
A análise filogenética das seqüências nucleotídicas parciais do gene
mitocondrial Citocromo b a partir do fígado dos roedores do gênero Oligoryzomys
sorologicamente positivos capturados no ano de 2005 (amostras biológicas AN
690424 e AN 690473) demonstrou que ambos os espécimes são homólogos entre si
e diferentes das demais espécies do gênero Oligoryzomys, no entanto apresentando
maior similaridade com roedores da espécie O. fornesi, resultado que possibilitou,
assim, uma classificação preliminar como Oligoryzomys aff. fornesi.
5.1.4 Detecção do genoma viral e análise filogenética
Dos cinco casos de pacientes com o diagnóstico laboratorial confirmado
para SPH, obteve-se amplicons de 434 pb de três deles, todos do ano 2003, sendo
dois de Anajatuba, H 666379 (sangue), H 670957 (sangue) e um de Santa Rita, H
672862 (soro) (Figura 19).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
49
Figura 19 – Gel de agarose a 1,5%, mostrando amplicons de aproximadamente 400 pares de base
(pb) das amostras RT Nested-PCR positivas do Estado do Maranhão. Low DNA Mass
(Invitrogen) – Marcador de tamanho de fragmento e de peso molecular.
Das oito amostras de pulmões de roedores cujos soros mostraram presença
de anticorpos IgG, de três se conseguiu detectar o genoma de hantavírus: AN 669104
(N. lasiurus: RO 19238) de 2003, AN 690936 (O. aff. fornesi: RO 19491) e AN 690985
(O. aff. fornesi: RO 19540) todos de 2005. Esses amplicons foram seqüenciados,
obtendo-se seqüências nucleotídicas de aproximadamente 400 nt (posições 250 a 657
referente ao gene N do vírus Laguna Negra) que foram comparadas com outras
seqüências de hantavírus disponíveis no GenBank (Tabela 2).
A análise filogenética realizada pelos métodos de NJ, MP, MV e análise
bayesiana mostrou topologias semelhantes (dados não mostrados). A análise pelo
método MV, por apresentar valores de bootstrap com maior confiabilidade, foi
selecionada e está representada na árvore, assim como, os dados da análise
bayesiana correspondentes (Figura 20).
A árvore filogenética foi dividida em dois clusters principais, um
relacionado aos hantavírus do Novo Mundo associados aos roedores da família
Cricetidae, subfamília Sigmodontinae e outro relacionado aos hantavírus do Velho
Mundo associados aos roedores da família Muridae, sendo subdividido em dois
grupos: grupo da subfamília Murinae e grupo da subfamília Arvicolinae (Figura 20). A
divergência genética entre os clusters foi de 47,5% (valor de inclusão = 45%).
PM1
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7 Controle Negativo
8
Amplicons com
tamanho de
~400 pb
PM1
2
3
45678
PM1
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7
8 Controle Negativo
Amplicons
tamanho de
~400 pb
9
9 Água
PM1
2
3
45678
PM1
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7 Controle Negativo
8
Amplicons com
tamanho de
~400 pb
PM1
2
3
45678
101
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7
8 Controle Negativo
10 Low DNA Mass
Amplicons
tamanho de
~400 pb
9
9 Água
PM1
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7 Controle Negativo
8
Amplicons com
tamanho de
~400 pb
PM1
2
3
45678
PM1
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7
8 Controle Negativo
Amplicons
tamanho de
~400 pb
9
9 Água
PM1
2
3
45678
PM1
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7 Controle Negativo
8
Amplicons com
tamanho de
~400 pb
PM1
2
3
45678
101
2
3
45678
Legenda
1 H 672862
2 H 666379
3 H 670957
4 AN 690985
5 AN 690936
6 AN 669104
7
8 Controle Negativo
10 Low DNA Mass
Amplicons
tamanho de
~400 pb
9
9 Água
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
50
Figura 20 – Análise filogenética das seqüências nucleotídicas parciais do segmento SRNA de cepas
de hantavírus procedentes do Estado do Maranhão, utilizando os métodos de máxima
verossimilhança e Bayesiano. Valores de bootstrap e bayesiano (dentro dos parênteses)
são mostrados para cada respectivo nó. As setas indicam a posição exata dos valores.
Os números dentro dos colchetes representam os valores de divergência entre os
grupos. A barra indica o valor de 30% na divergência de seqüências nucleotídicas.
Legenda: Alto Paraguay (APV), Anajatuba (ANAJV), Andes (ANDV) Andes Bermejo
(BMJV), Andes Neembuco (NEMV), Andes Lechiguanas (LECV), Andes Oran (ORNV),
Araraquara (ARAV), Bayou (BAYV), Black Creek Canal (BCCV), Cano Delgadito
(CANOV), Castelo dos Sonhos (CASV), Choclo (CHOV), El Moro Canyon (ELMCV),
Hantaan (HTNV), Juquitiba-Araucaria (JUQV), Laguna Negra (LNV), Limestone Canyon
(LSCV), Muleshoe (MULV), New York (NYV), Pergamino (PRNV), Puulmala (PUUV), Rio
Mamoré (RIOMV), Rio Mearim (RIMEV), Rio Segundo (RIOSV), Seoul (SEOV), Sin
Nombre (SNV) e Tula (TULV).
Velho Mundo
Hantavirus
(Muridae)
LSCV
I-a
I-b
I-c
II-a
II-b
I
II
Murinae
Arvicolinae
Novo Mundo
Hantavirus
(Cricetidae,
Sigmodontinae)
Subclade
Clade
Cluster
RIOSV
ELMCV
BMJV
NEMV
LECV
A
NDV
ORNV
A
NDV AH-1
CASV
JUQV
Itapua
A
RAV
PRNV
SNV
NYV
CANOV
CHOV
BAYV
BCCV
MULV
A
N 669104* N. lasiuru
s
ANAJV
H 672862
H 666379
A
N 690985
A
N 690936
H 670957
RIOMV
RIMEV
A
PV
LNV
HTNV
SEOV
TULV
PUUV
100 (1.0) [28.2%]
100 (1.0)
100 (1.0)
100 (1.0)
96% (0.92)
91% (0.89)
95% (0.92)
97% (0.93)
100 (1.0)
[2.0 %]
100 (1.0)
0.3
[22.3%]
[22.5%]
[23.7%]
100 (1.0)
[47.5%]
[14%]
[23.5%]
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
51
O cluster dos hantavírus do Novo Mundo foi dividido em duas clades:
clade I e clade II, evidenciando uma distância genética de 28,2% (valor de inclusão =
25%). A clade I foi subdividida em três subclades (divergência genética de 23,5%),
sendo: subclade I-a compreendendo os hantavírus Andes North Bermejo (BERJ),
Andes Neembuco (NEMV), Andes Lechiguanas (LECV), Andes Cent Buenos Aires,
Andes North Oran (ORNV), Andes South AH-1 (AND AH-1), Castelo dos Sonhos
(CASV), Juquitiba-Araucária (JUQV), Itapuã, Araraquara (ARAV) e Pergamino, que
geneticamente se relacionam com o vírus Andes. A subclade I-b é representada
pelos vírus Sin Nombre, New York, Limestrone Canyon (LSCV), El Moro Canyon,
Rio Segundo, Choclo e Caño Delgadito, enquanto que a subclade I-c agrupou os
hantavírus Muleshoe, Bayou e Black Creek Canal.
A Clade II foi dividida em duas subclades (divergência genética de
23,7%): a subclade II-a que agrupa o vírus Anajatuba e as seqüências relacionadas
às amostras humanas H 666379 e H 670957 provenientes de Anajatuba, a amostra
H 672862 procedente de Santa Rita, bem como as amostras de roedores capturados
em Anajatuba AN 669104 (N. lasiurus) em 2003, AN 690936 e AN 690985 (O. aff.
fornesi) em 2005, apresentando divergência genética de 2% e bootstrap de 100% e
a subclade II-b, onde estão incluídos os vírus Rio Mamoré, Rio Mearim, Alto
Paraguay (APV) e Laguna Negra.
Os percentuais de homologia nucleotídica e aminoacídica entre o vírus
Anajatuba e as amostras estudadas do Maranhão (2003 e 2005) foram de 98% e
100%, respectivamente (Tabela 6), estando incluídas em um grupo relacionado aos
roedores do gênero Oligoryzomys, muito embora a amostra AN 669104 tenha sido
obtida de N. lasiurus.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
52
Tabela 6 – Homologia entre cepas de hantavírus procedentes do Estado do Maranhão e outros hantavírus relacionados da América do Sul
Vírus AN 669104 AN 690985 AN 690936 H 670957 H 672862 H 666379 ANAJ LNV RIMEV RIOMV APV CASV Itapua ARAV JUQV
AN 669104 *** 98.6 97.9 97.2 99.3 98.8 99.5 79.6 81.3 82.4 81.3 77.7 77.8 79.4 80.6
AN 690985 100 *** 97.5 97.7 98.4 98.4 98.1 80.3 81.0 82.6 80.8 77.9 78.5 79.9 81.3
AN 690936 100 100 *** 97.5 97.7 97.2 97.9 78.9 81.5 82.2 81.5 78.7 78.5 79.7 81.0
H 670957 100 100 100 *** 97.9 97.0 97.2 80.1 80.8 82.6 80.8 78.9 78.5 79.7 81.0
H 672862 100 100 100 100 *** 99.1 98.8 79.6 81.0 82.9 81.7 78.4 78.2 79.9 81.0
H 666379 100 100 100 100 100 *** 98.4 80.3 81.5 82.6 81.7 77.9 78.0 79.9 80.8
ANAJV 100 100 100 100 100 100 *** 79.9 81.3 82.2 81.0 78.2 77.8 79.2 80.3
LNV 96.5 96.5 96.5 96.5 96.5 96.5 96.5 *** 78.7 82.2 78.9 77.7 79.2 79.7 78.9
RIMEV 96.5 96.5 96.5 96.5 96.5 96.5 96.5 94.4 *** 80.6 79.2 75.5 76.6 76.2 76.9
RIOMV 97.9 97.9 97.9 97.9 97.9 97.9 97.9 97.2 97.2 *** 80.8 76.7 78.2 81.4 77.8
APV 97.2 97.2 97.2 97.2 97.2 97.2 97.2 96.5 96.5 99.3 *** 78.7 78.5 78.9 78.7
CASV 93.4 93.4 93.4 93.4 93.4 93.4 93.4 93.4 91.9 92.6 91.9 *** 79.7 78.2 81.4
Itapua 94.4 94.4 94.4 94.4 94.4 94.4 94.4 93.8 91.7 93.1 92.4 96.3 *** 82.1 93.5
ARAV 93.3 93.3 93.3 93.3 93.3 93.3 93.3 94.1 91.2 92.6 91.9 95.6 97.8 *** 81.1
JUQV 94.4 94.4 94.4 94.4 94.4 94.4 94.4 93.8 91.7 93.1 92.4 96.3 100 97.8 ***
Legenda: Alto Paraguay (APV), Anajatuba (ANAJV), Castelo dos Sonhos (CASV), Juquitiba-Araucaria (JUQV), Laguna Negra (LNV), Rio Mamoré
(RIOMV), Rio Mearim (RIMEV), Rio Segundo (RIOSV).
Identidade das seqüências nucleotídicas
Identidade das seqüências aminoacídicas
Relação genética (nucleotídeos e aminoácidos) das cepas de hantavírus provenientes de humanos (H 670957, H 672862 e H 666379) e
Roedores (RO 19238/AN 669104; RO 19540/AN 690985; RO 19491/AN 690936) com o vírus Anajatuba
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
53
5.2 ECOSSISTEMA DO PARÁ MATO GROSSO
5.2.1 Amostras Humanas
Das 27 amostras de casos de SPH selecionadas desse ecossistema, três
(11,1%) e 24 (88,9%) procederam dos estados do Pará e Mato Grosso,
respectivamente. O genoma de hantavírus foi detectado em 23 amostras: três
procedentes do Município de Altamira (duas do distrito de Castelo dos Sonhos e
uma de Cachoeira da Serra), Estado do Pará e 20 do Estado do Mato Grosso, sendo
uma de Barra do Bugres, dez de Campo Novo do Parecis, três de Diamantino, uma
de Nova Olímpia, uma de Santo Afonso, uma de São José do Rio Claro e três de
Tangará da Serra. Desse total em apenas quatro não se obteve o seqüenciamento
parcial do gene N segmento S de hantavírus, sendo três de Campo Novo do Parecis
e uma de Tangará da Serra. Informações detalhadas desses pacientes IgM positivos
podem ser vistas na tabela 7.
Com relação às amostras seqüenciadas, observou-se que todos os três
casos procedentes do Município de Altamira, foram do sexo masculino, com idade
média de 30 anos, sendo um notificado no ano de 2005 (H 695323) e dois em 2006
(H 700306 e H 712177). Os casos de SPH do Estado do Mato Grosso (n=16), dez
são do sexo masculino (62,5%), com a idade média de 30,2 anos e seis do sexo
feminino (37,5%), com idade média de 17,2 anos. Dessas amostras, uma foi
notificada no ano de 2001 (Campo Novo do Parecis), quatro de 2002 (Campo Novo
do Parecis, Diamantino, Nova Olímpia e Tangará da Serra), uma de 2003 (Campo
Novo do Parecis), uma de 2004 (Campo Novo do Parecis), quatro de 2005 (Barra do
Bugres, Campo Novo do Parecis, n=2 e Santo Afonso) e cinco de 2006 (Campo
Novo do Parecis, Diamantino, n=2, São José do Rio Claro e Tangará da Serra)
(Tabela 7).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
54
Tabela 7 – Dados das amostras de pacientes dos estados do Pará e Mato Grosso e incluídos neste
estudo com seqüenciamento nucleotídico parcial do gene N
Município /
UF
Registro do
Paciente
Sexo
Idade
(anos)
Amostra
Data da
amostra
Evolução
Estado do Pará
H 695323* M 24 Soro 14/09/05 NI
H 700306* M 30 Soro 09/02/06 NI
Altamira
H 712177** M 36 Soro 17/08/06 NI
Estado do Mato Grosso
Barra do
Bugres
H 678213 M 38 Soro 10/03/05 Cura
H 650736 M 33 Soro 19/12/01 Óbito
H 660462 F 23 Soro 08/07/02 Cura
H 671696 F 20 Soro 23/08/03 Óbito
H 682807 M 20 Soro 22/08/04 Óbito
H 695689 F 27 Soro 30/08/05 Cura
H 696558 M 22 Sangue 2005 Cura
Campo Novo
do Parecis
H 711891 M 42 Soro 17/08/06 Óbito
H 657848 M 42 Soro 14/05/02 Cura
H 706738 F 13 Soro 22/05/06 Cura
Diamantino
H 712518 M 33 Soro 29/08/06 Cura
Nova Olímpia H 653486 F 13 Soro 22/02/02 Cura
Santo Afonso H 695325 M 24 Soro 11/09/05 Cura
São José do
Rio Claro
H 713175 M 17 Soro 26/09/06 Cura
H 651686 M 31 Soro 22/01/02 Cura Tangará da
Serra
H 710031 F 07 Soro 18/07/06 Óbito
Fonte: Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Estado do Mato Grosso, SESPA e IEC/SVS/MS.
Notas:
NI = não informado;
*Castelo dos Sonhos;
** Cachoeira da Serra
5.2.2 Amostras de roedores
No estudo ecoepidemiológico de 2001 no Estado do Mato Grosso foram
capturados 126 roedores, sendo 85 (67,4%) de Tangará da Serra e 41 (32,5%) de
Campo Novo do Parecis, com 68 (53,9%) roedores sinantrópicos comensais
capturados nos dois municípios, 49 (38,8%) roedores silvestres das espécies
Calomys sp., entre os quais 33 foram capturados em Tangará da Serra e 13 em
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
55
Campo Novo do Parecis, dois N. lasiurus de Tangará da Serra, um Proechimys sp.
de Campo Novo do Parecis e nove (7,1%) não identificados. Destes, oito
apresentaram anticorpos IgG, todos identificados, morfometricamente e pelo
seqüenciamento parcial do DNA mitocondrial do gene Citocromo b, como
pertencentes a espécie Calomys aff. callosus, sendo dois (15,3%) capturados em
Campo Novo do Parecis e seis (18,1%) em Tangará da Serra (Tabela 8).
Tabela 8 – Roedores capturados nos Municípios de Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, Estado
do Mato Grosso, em 2001 e Castelo dos Sonhos, Estado do Pará no ano de 2005
Ano Espécie de roedores
Freqüência
de captura
IgG / ELISA
Positivo
Percentual
de
positividade
Estado do Mato Grosso
Município de Tangará da Serra
Calomys sp. 33 38,8% 06
2
18,1%
Rattus rattus
1
30 - - -
Mus musculus
1
12 - - -
Necromys lasiurus
02 2,3% - -
Não identificado
08 - - -
Total parcial
85 67,4% 06 7,0%
Município de Campo Novo do Parecis
Calomys sp. 13 31,7% 02
2
15,3%
Rattus rattus
1
14 - - -
Mus musculus
1
12 - - -
Proechimys sp. 01 2,4% - -
Não identificado
01 - - -
Total parcial
41 32,5% 02 4,8%
2001
TOTAL 126 - 08 6,3
Estado do Pará
Município de Castelo dos Sonhos
Oligoryzomys sp. 16 53,3 -
Oxymycterus amazonicus
sp.
05 16,6 02
3
40
Oryzomys sp. 01 3,3 -
Akodon sp. 04 13,3 -
Proechimys sp. 02 6,6 -
Mus musculus
1
01 - -
Rattus rattus
1
01 - -
2005
TOTAL 30
-
02 6,6
Notas:
1 roedores sinantrópicos comensais;
2 Calomys aff. callosus;
3 Oxymycterus amazonicus
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56
A amplificação do genoma viral foi obtida em sete dos oito roedores IgG
positivos em amostras de pulmão e/ou coração. No entanto, em apenas três
roedores obteve-se o seqüenciamento nucleotídico parcial do gene N (Tabela 9).
Dos 30 roedores capturados em Castelos dos Sonhos, somente dois, do
gênero Oxymycterus amazonicus, foram IgG positivos, porém não se obteve
amplificação do genoma de hantavírus.
Dentre os roedores capturados no projeto de dinâmica populacional
realizado no Município de Campo Novo do Parecis (período de 2005 a 2007), 30
apresentaram anticorpos IgG anti-hantavírus, sendo 26 (86,7%) identificados
morfometricamente como pertencentes ao gênero Calomys sp. e quatro (13,3%) à
espécie Oligoryzomys aff. moojeni.
1
Somente as quatro amostras de O. aff. moojeni
foram selecionadas para os estudos moleculares, tendo sido detectado o genoma de
hantavírus e realizado o seqüenciamento nucleotídico dos mesmos (Tabela 9).
Tabela 9 – Roedores capturados no Estado do Mato Grosso, sorologicamente positivos, que foram
selecionados para análise molecular (RT Nested-PCR)
Roedor
Nº de
Campo
Espécie
Registro da
amostra
a
Órgão
a
Local da
captura
Ano de
captura
Resultado
RT Nested-
PCR
RO 18979
Calomys aff. callosus
- - TS 2001 +
RO 18980
Calomys aff. callosus
AN 649993 Coração TS 2001 +
RO 19002
Calomys aff. callosus
- - CNP 2001 +
RO 19049
Calomys aff. callosus
- - TS 2001 +
RO 19065
Calomys aff. callosus
AN 650204 Pulmão CNP 2001 +
RO 19087
Calomys aff. callosus
- - TS 2001 -
RO 19089
Calomys aff. callosus
AN 650228 Pulmão TS 2001 +
RO 19091
Calomys aff. callosus
- - TS 2001 +
RO 19856
Oligoryzomys aff. moojeni
AN 711258 Pulmão CNP 2005
b
+
RO 20345
Oligoryzomys aff. moojeni
AN 717307 Pulmão CNP 2006
b
+
RO 20351
Oligoryzomys aff. moojeni
AN 717313 Pulmão CNP 2006
b
+
RO 20949
Oligoryzomys aff. moojeni
AN 729965 Coração CNP 2007
b
+
Notas: CNP = Campo Novo do Parecis; TS = Tangará da Serra
a – amostras utilizadas para a obtenção de amplicons e subseqüente seqüenciamento nucleotídico;
b – amostras procedentes do projeto “Dinâmica populacional de roedores silvestres e o grau de infecção
por hantavírus na Microrregião do Médio Norte do Estado de Mato Grosso” que foram seqüenciadas.
1
Diagnóstico laboratorial realizado no IEC e identificação dos roedores feita pela equipe da FIOCRUZ e INCA,
com permissão para a utilização dos dados nesta tese pela Coordenação do Projeto (SVS/MS).
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57
5.2.3 Análise filogenética
A árvore filogenética das seqüências nucleotídicas parciais do gene N dos
hantavírus detectados nos estados do Pará e Mato Grosso foi dividida em cluster,
clade e subclade da mesma forma que a árvore obtida para o estudo de Anajatuba,
Maranhão.
As três amostras dos casos de SPH procedentes de Altamira-Pará, dos
distritos de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra, e as quatro amostras de O.
aff. moojeni capturados em Campo Novo do Parecis se agruparam juntamente com
o hantavírus Castelo dos Sonhos, na subclade I-a relacionada ao hantavírus Andes.
A variação da divergência genética (div) para o vírus Castelo dos Sonhos foi de
0,7% a 8,7%, sendo menor que o valor limítrofe para espécie viral (valor de inclusão
< 15%). Ademais, observou-se que as cepas relacionadas ao vírus Castelo dos
Sonhos foram divididas em três genótipos distintos: I-CASV, onde se agruparam as
cepas de roedores O. aff. moojeni, AN 717313, AN 717307 e AN 729965; II-CASV
que compreende as cepas dos casos humanos de SPH de Altamira-PA, H 695323,
H 712177 e H 700306; III-CASV correspondente ao protótipo do vírus Castelo dos
Sonhos, identificado no caso de SPH notificado em 1995 (GenBank: AF307324) no
distrito de Castelo dos Sonhos (JOHNSON et al., 1999) (Figura 21).
A divergência genética média no genótipo I-CASV foi de 4,4% (div =
6,2% a 3,2%), enquanto que no genótipo II-CASV foi de 1,06% (div = 0,7% a
1,4%). A distância genética do genótipo I-CASV para o II-CASV foi de 5,6% e para o
protótipo (III-CASV) foi de 7,6%. O genótipo II-CASV distancia-se geneticamente do
protótipo em 4,74%. A similaridade quanto à seqüência de aminoácidos em relação
às cepas de Castelo dos Sonhos foi 100% (Tabela 10), observando-se, na grande
maioria, mutações de pontos silenciosas ao longo do fragmento seqüenciado que se
restringe ou a um genótipo específico ou a todas as seqüências (400 nt) obtidas
nesse trabalho (Apêndice A).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
58
Figura 21 – Análise filogenética das seqüências nucleotídicas parciais do segmento SRNA de cepas
de hantavírus procedentes dos estados do Mato Grosso e Pará, utilizando os métodos de
máxima verossimilhança e Bayesiano. Valores de bootstrap e bayesiano (dentro dos
parênteses) são mostrados para cada respectivo nó. As setas indicam a posição exata
dos valores. Os números dentro dos colchetes representam os valores de divergência
entre os grupos. A barra indica o valor de 30% na divergência de seqüências
nucleotídicas. Legenda: Alto Paraguay (APV), Anajatuba (ANAJV), Andes (ANDV) Andes
Bermejo (BMJV), Andes Neembuco (NEMV), Andes Lechiguanas (LECV), Andes Oran
(ORNV), Araraquara (ARAV), Bayou (BAYV), Black Creek Canal (BCCV), Cano Delgadito
(CANOV), Castelo dos Sonhos (CASV), Choclo (CHOV), El Moro Canyon (ELMCV),
Hantaan (HTNV), Juquitiba-Araucaria (JUQV), Laguna Negra (LNV), Limestone Canyon
(LSCV), Muleshoe (MULV), New York (NYV), Pergamino (PRNV), Puulmala (PUUV), Rio
Mamoré (RIOMV), Rio Mearim (RIMEV), Rio Segundo (RIOSV), Seoul (SEOV), Sin
Nombre (SNV) e Tula (TULV).
BMJV
NEMV
LECV
A
NDV
ORNV
A
NDV AH-1
JUQV
Itapua
A
RAV
PRNV
SNV
NYV
EMCV
RIOSV
LSCV
CANOV
CHOV
BAYV
BCCV
MULV
A
NAJV
RIOMV
RIMEV
A
PV
HTNV
SEOV
TULV
PUUV
100 (1.0)
[28.2%]
100 (1.0)
100 (1.0)
100 (1.0)
96% (0.92)
91%
(0.89)
95%
(0.92)
97%
(0.93)
100%
(1.0)
[22.5%]
[15.7%]
[21.3%
[22.7%]
[22.0%]
[20.4%]
[18.3%]
[20.4%]
[23.7%]
[19.4%
[20.8%]
[21.1%]
[47.5%]
[ 6.3%]
[23.5%]
A
N 717313
A
N 717307
A
N 729965
A
N 711258
H 695323
H 712177
H 700306
CASV
LN
V
[14%]
[22.3%]
98%
I-CAS
V
92%(0.9)
91%
(0.9)
[5,6%]
[7,6%]
II-CAS
V
97%
(0.9)
99%
(095)
100%
(1.0)
H 651686
LNV
H 650736
H 695325
H 713175
H 671696
H 712518
H 653486
H 682807
H 657848
H 660462
H 706738
H 695689
H 696558
H 711891
H 678213
H 710031
A
N 650228
A
N 650204
A
N 649993
I-LN
V
III-CAS
V
II-LN
V
III-LN
V
100% (1.0)
[ 6.8%]
[ 5.5%]
Subclades
I-a
I-b
I-c
II-a
II-b
0.3
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
59
Tabela 10 – Homologia entre cepas de hantavírus identificadas de casos humanos de SPH procedentes do Estado do Pará, de amostras de Oligoryzomys
aff. moojeni capturados no Estado do Mato Grosso e de outros hantavírus relacionados a estes da América do Sul
H
695323
H
700306
H
712177
AN
729965
AN
717307
AN
717313
AN
711258
CASV ORNV LECV BMJV RIMEV RIOMV LNV ANAJV JUQV ARAV Itapua
H 695323 *** 99,3 98,8 95,6 94,8 93,8 97,3 94,6 80,4 82,8 81,1 75,5 77,7 78,9 77,7 81,9 79,9 81,4
H 700306 100 *** 98,5 95,3 94,1 94,1 97,3 95,3 80,6 82,6 80,9 74,8 77,0 78,2 77,0 81,6 79,2 80,6
H 712177 100 100 *** 94,9 93,6 93,8 96,6 94,9 80,9 83,1 81,4 75,7 77,5 78,7 78,2 81,1 78,9 80,6
AN 729965 100 100 100 *** 96,8 95,8 96,8 93,1 80,1 83,6 82,6 75,5 76,2 79,2 78,7 81,1 77,9 80,6
AN 717307 100 100 100 100 *** 97,5 94,3 91,4 81,2 84,0 82,2 75,6 78,3 79,8 79,0 81,7 79,8 81,5
AN 717313 100 100 100 100 100 *** 93,8 91,6 81,7 84,7 82,5 75,6 78,3 80,5 79,0 81,2 79,0 80,5
AN 711258 100 100 100 100 100 100 *** 93,6 80,1 83,8 81,9 74,3 76,5 78,9 77,5 80,4 77,9 79,9
CASV 100 100 100 100 100 100 100 *** 80,1 83,8 82,6 75,5 76,7 77,7 78,2 80,9 78,2 79,7
ORNV 97,8 97,8 97,8 97,8 97 97,8 97,1 97,8 *** 83,1 85,0 77,9 82,1 81,6 80,6 83,3 83,1 84,3
LECV 99,3 99,3 99,3 99,3 98,5 99,3 98,5 99,3 98,5 *** 90,0 77,2 81,1 83,1 80,1 81,4 79,7 81,4
BMJV 99,3 99,3 99,3 99,3 98,5 99,3 98,5 99,3 98,5 100 *** 77,0 77,9 82,4 79,9 82,4 80,6 83,1
RIMEV 91,9 91,9 91,9 91,9 91,1 91,9 91,2 91,9 93,4 92,6 92,6 *** 80,4 78,9 81,6 77,0 76,2 76,5
RIOMV 92,6 92,6 92,6 92,6 91,9 92,6 91,9 92,6 94,9 93,4 93,4 97,1 *** 82,8 82,1 77,9 81,4 78,2
LNV 93,4 93,4 93,4 93,4 92,6 93,3 92,6 93,4 95,6 94,1 94,1 94,9 97,8 *** 80,4 79,9 79,7 79,7
ANAJV 93,4 93,4 93,4 93,4 92,6 93,3 92,6 93,4 95,6 94,1 94,1 96,3 97,8 97,1 *** 80,9 79,2 77,9
JUQV 96,3 96,3 96,3 96,3 95,6 96,3 95,6 96,3 98,5 97,1 97,1 91,9 93,4 94,9 94,9 *** 81,1 93,4
ARAV 95,6 95,6 95,6 95,6 94,8 95,6 94,9 95,6 97,8 96,3 96,3 91,2 92,6 94,1 93,4 97,8 *** 82,1
Itapua 96,3 96,3 96,3 96,3 95,6 96,3 95,6 96,3 98,5 97,1 97,1 91,9 93,4 94,9 94,9 100 97,8 ***
Legenda: Anajatuba (ANAJ), Araraquara (ARAV), Bermejo (BMJV), Castelo dos Sonhos (CASV), Juquitiba-Araucaria (JUQV), Laguna Negra (LNV),
Lechiguanas (LECV), Rio Mamoré (RIOMV), Rio Mearim (RIMEV), Oran (ORNV).
Identidade das seqüências nucleotídicas
Identidade das seqüências aminoacídicas
Relação genética (nucleotídeos e aminoácidos) das cepas de hantavírus provenientes de Humanos (H) e Roedores (AN) com o vírus Castelo dos Sonhos
Genótipo I-CASV
Genótipo II-CASV
Genótipo III-CASV
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
60
Todas as amostras humanas procedentes dos sete municípios
matogrossenses e os roedores C. aff. callosus capturados em Campo Novo do
Parecis em 2001 relacionaram-se entre si e com o vírus Laguna Negra (divergência
genética média de 4,8%), incluídos na subclade II-b. A espécie do vírus Laguna
Negra foi dividida em três genótipos: I-LNV onde estão agrupadas o protótipo do
vírus Laguna Negra (GenBank: AF005727), as amostras H 651686, H 650736, H
695325, H 713175, H 671696, H 712518, H 653486, H 682807, H 657848, H
660462, H 706738 e H 695689; II-LNV que compreende as amostras H 696558, H
711891, H 710031 e H 678213; e na III-LNV, agrupam-se as amostras dos roedores
C. aff. callosus - AN 650228, AN 650204 e AN 649993 (Figura 21). Entre as
amostras de roedores (III-LNV) e as amostras humanas se observa uma distância
genética de 5,5%, enquanto que entre os genótipos das amostras humanas, I-LNV e
II-LNV, a distância genética foi de 6,8%. Não se observou relação entre os genótipos
do vírus Laguna Negra com a evolução clínica – óbito ou cura – ano de notificação
dos casos e os municípios de procedências (Figura 22).
Figura 22 – Análise filogenética das seqüências nucleotídicas parciais do segmento SRNA de
cepas de hantavírus procedentes dos Municípios do Estado do Mato Grosso,
associando os genótipos do hantavírus LNV ao ano de notificação, local provável de
infecção e evolução clínica dos casos de SPH.
I-LNV
II-LNV
III-LNV
0.3
BMJV
NEMV
LECV
A
NDV
ORNV
A
NDV AH-1
JUQV
Itapua
A
RAV
PRMV
SNV
NYV
EMC
V
RIOSV
LSCV
CANOV
CHOV
BAYV
BCCV
MULV
A
NAJV
RIOMV
RIMEV
A
PV
HTNV
SEOV
TULV
PUUV
100 (1.0) [28.2%]
100 (1.0)
100 (1.0)
100 (1.0)
96% (0.92)
91% (0.89)
95% (0.92)
97% (0.93)
100% (1.0)
[22.5%]
[15.7%]
[21.3%]
[22.7%]
[22.0%]
[20.4%]
[18.3%]
[20.4
%]
[23.7%]
[19.4%]
[20.8%]
[21.1%]
[47.5%]
[ 6.3%]
[23.5%]
A
N 717313
A
N 717307
A
N 729965
A
N 711258
H 695323
H 712177
H 700306
CASV
LNV
[14%]
[22.3%]
98%
(1.0)
92%(0.9)
91%
(0.9)
[5,6%]
[7,6%]
97% (0.9)
99% (095)
100%
(1.0)
H 651686 / 2002 / Tangará da Serra / Cura
LNV
H 650736 / 2001 / Campo Novo do Parecis / Óbito
H 695325 / 2005 / Santo Afonso / Cura
H 713175 / 2006 / São José do Rio Claro / Cura
H 671696 / 2003 / Campo Novo do Parecis / Óbito
H 712518 / 2006 / Diamantino / Cura
H 653486 / 2002 / Nova Olímpia / Cura
H 682807 / 2004 / Campo Novo do Parecis / Óbito
H 657848 / 2002 / Diamantino / Cura
H 660462 / 2002 / Campo Novo do Parecis / Cura
H 706738 / 2006 / Diamantino / Cura
H 695689 / 2005 / Campo Novo do Parecis / Cura
H 696558 / 2005 / Campo Novo do Parecis / Cura
H 711891 / 2006 / Campo Novo do Parecis / Óbito
H 678213 / 2005 / Barra do Bu
g
res / Cura
H 710031 / 2006 / Tangará da Serra / Óbito
A
N 650228
A
N 650204
A
N 649993
100% (1.0)
[ 6.8%]
[ 5.5%]
Amostra / ano / município / evolução clínica
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
61
Os dados de homologia mostram que não há diferença entre as
seqüências parciais de aminoácidos das amostras humanas e de roedores com o
vírus Laguna Negra (homologia de 100%). A homologia das seqüências
nucleotídicas entre vírus Laguna Negra com os genótipos I-LNV, II-LNV e III-LNV
foram de 93,4%, 89,9% e 91,1%, respectivamente (Tabela 11).
Observou-se que a maioria das alterações nucleotídicas ocorridas foram
mutações de ponto silenciosas nas seqüências nucleotídicas (Apêndice B) que
refletiram na divergência genética entre os genótipos do vírus Laguna Negra (div =
0,2% a 9,8%). As médias das distâncias genéticas nos genótipos I-LNV, II-LNV e III-
LNV foram de 4,9% (div = 0,6% a 9,1%), 1,7% (div = 0,2% a 3,4%) e 2% (div =
1,6% a 2,5%), respectivamente. O genótipo I-LNV distancia-se geneticamente do
genótipo II-LNV em 6,8% e do III-LNV em 7,5%. A distância genética entre os
genótipos II-LNV e III-LNV foi de 5,5%.
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62
Tabela 11– Homologia entre cepas de hantavírus procedentes do Estado do Mato Grosso e outros hantavírus relacionados a estes da América do Sul
H 651686 H 650736 H 695325 H 713175 H 712518 H 671696 H 653486 H 682807 H 657848 H 660462 H 706738 H 695689 H 696558 H 711891 H 678213 H 710031 AN 649993 AN 650204 AN 650228 LNV APV RIMEV RIOM ANAJV CASV JUQV ARAV
H 651686 *** 98,1 96,8 95,1 95 94,1 95,6 95 95,7 93,5 94,6 92,9 91,6 91,6 92,1 90,1 92,4 93,4 92,8 96,8 71,1 72,7 76,9 72,7 75 72,7 77,2
H 650736 100 *** 96,9 95,3 95,6 94,7 95,9 95,6 94,9 92,8 93,8 92,4 91,3 91,3 91,8 89,7 92,1 92,8 92,1 96,5 70,5 72,5 76,1 73,2 75,2 72,9 77,2
H 695325 100 100 *** 97,1 95,2 94,6 96 95,7 95,9 93,8 94,9 92,7 91,6 91,6 92,1 90 94,3 95,2 94,4 94,1 71,3 71,8 76,3 72,5 74,8 73 76,7
H 713175 100 100 100 *** 96,6 95,7 97,2 96,9 97,1 95,9 97,8 94,7 94,6 94,6 94 92,1 92,2 93,1 92,4 92,8 70,7 73,3 75,6 75 74,5 72,6 78,4
H 712518 100 100 100 100 *** 98,5 99,1 98,5 98,7 96,8 97,8 96,3 95,3 95,3 95,7 93,7 91,8 91,8 91,8 93,8 70,8 73 76,3 77,4 75,5 73 78,2
H 671696 100 100 100 100 100 *** 98,5 97,9 97,8 95,7 96,8 95,3 94,4 94,4 94,9 92,8 90,9 90,9 90,9 93,1 71,3 73,3 76,4 77,1 75,2 72,1 77,2
H 653486 100 100 100 100 100 100 *** 99,4 99 96,9 97,9 96,3 95,3 95,3 95,7 93,7 91,8 91,8 91,9 93,5 71 73,5 76,4 76,9 75,5 73,3 77,2
H 682807 100 100 100 100 100 100 100 *** 98,4 96,3 97,4 95,7 94,7 94,7 95,2 93,1 91,2 91,2 91,3 93,4 70,8 73,3 76 76,8 75,7 73 77,5
H 657848 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 97,8 98,8 96,6 95,6 95,6 96 94 91,9 92,2 92,1 92,8 70,7 73 75,9 77,1 75,2 72,6 77,7
H 660462 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 98,1 95,4 94,9 94,9 95,2 96,2 90,7 91 90,9 90,9 70,4 72,2 75,9 79,2 76 73,2 78,2
H 706738 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 96,6 96,8 96,8 96,2 94,3 91,9 92,2 92,1 91,9 70,5 72,7 76 77,2 75 72,6 77,5
H 695689 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 96,2 96,2 96,8 95,3 93,7 95,3 94,6 90,9 71,3 72,5 76,4 78 75 73,6 77,5
H 696558 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 100 99 96,8 94,4 92,5 92,5 90,2 71,1 73,5 76,7 78,3 76,2 73,2 77,7
H 711891 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 99 96,8 94,4 92,5 92,5 90,2 71,1 73,5 76,7 78,3 76,2 73,2 77,7
H 678213 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 96,6 94,6 93,1 93,1 90,6 71,1 73 76,6 78,1 75,5 73,3 77,5
H 710031 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 94,6 92,6 92,6 88,7 71,3 72,9 77 81 76,5 74,2 79,4
AN 649993 99,6 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 97,5 98,1 90,9 71,9 71,3 77,3 74,8 75,5 74,2 78,2
AN 650204 99,6 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 98,4 91,6 72,3 71,5 77,5 75 74,3 74,4 77,2
AN 650228 99,6 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 90,7 72,5 71,3 78,6 75 74 74,6 77
LNV 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 *** 72,3 72,7 77,9 74,4 75,5 75,3 77,7
APV 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,7 96,3 96,3 96,3 96,7 *** 76,6 76,6 79 76 72,6 76,2
RIMEV 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,8 94,2 94,2 94,2 94,8 96,2 *** 76,8 78,9 72,8 70 72,8
RIOMV 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,7 97,1 97,1 97,1 97,7 99,1 97,3 *** 81 74,3 73,2 79,9
ANAJV 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96,2 96 96 96 96,2 96,7 95 93,8 *** 76,2 75,7 77,2
CASV 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91,5 91 91 91 91,5 89,7 56,6 56 57,5 *** 79,4 77
JUQV 92 92 92 92 92 92 92 92 92 92 92 92 92 92 92 92 91,5 91,5 91,5 92 90,6 86,4 86,7 89,1 96,3 *** 79,2
ARAV 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90,6 90 90 90 90,6 90,6 56,1 56 57,5 95,6 93,9 ***
Identidade das seqüências nucleotídicas
Identidade das seqüências aminoacídicas
Relação genética (nucleotídeos e aminoácidos) das cepas de hantavírus provenientes de Humanos (H) e Roedores (AN) com o vírus Laguna Negra
Legenda: Alto Paraguay (APV), Araquara (ARAV), Anajatuba (ANAJ), Castelo dos Sonhos (CASV), Juquitiba-Araucaria (JUQV), Laguna Negra (LNV), Rio
Mamoré (RIOMV), Rio Mearim (RIMEV).
Genótipo I-LNV
Genótipo II-LNV
Genótipo III-LNV
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
63
5.3 FILOGENIA: ASSOCIAÇÃO GEOGRÁFICA E COM
ROEDORES HOSPEDEIROS
Com relação aos hantavírus do Novo Mundo, observou-se uma
associação entre a divisão filogenética de clades e/ou subclades e a distribuição
geográfica dos hantavírus, bem como a correlação entre distribuição geográfica dos
roedores silvestres com os seus respectivos hantavírus.
A clade I compreende os hantavírus encontrados no extremo sul da
América do Sul (subclade I-a) e nas Américas do Norte e Central (subclade I-b e I-c).
Na subclade I-a se agrupam os hantavírus encontrados no Cone Sul (Chile,
Paraguai, Argentina e Sul do Brasil), com a exceção do vírus Castelo dos Sonhos,
que foi identificado originalmente na região Amazônica brasileira. Notou-se que os
hantavírus relacionados diretamente ao vírus Andes (vírus Andinos-relacionados) –
Bermejo, Neembuco, Lechiguanas, Andes, Oran, Andes cepa AH-1, Castelo dos
Sonhos, Juquitiba e Itapuã -, apresentam como reservatórios os roedores do gênero
Oligoryzomys, muito embora o vírus Itapuã também tenha sido detectado em
roedores da espécie Akodon montensis (CHU et al., 2006). Num braço associado
aos vírus andino-relacionados estão os vírus Araraquara, cujo reservatório é o N.
lasiurus, e o Pergamino, associado ao Akodon azarae (Figura 23).
Na subclade I-b agrupam-se os hantavírus Sin Nombre, New York e
Limestone Canyon, tendo como reservatórios os roedores Peromyscus sp.; os vírus
Rio Segundo e El Moro Canyon, são relacionados aos roedores Reithrodontomys
sp.; e os vírus Choclo e Caño Delgadito, cujos reservatórios são, respectivamente,
os roedores O. fulvescens e Sigmodon alstoni. Dentre esses vírus, o único que foi
identificado fora das Américas Central e Norte é o vírus Caño Delgadito (Venezuela),
no entanto seu roedor-hospedeiro é do mesmo gênero que os dos vírus Muleshoe e
Black Creek Canal (Sigmodon hispidus), que é uma espécie altamente disseminada
na costa atlântica das Américas do Norte e Central. Os vírus Muleshoe e Black
Creek Canal, juntamente com vírus Bayou que é relacionado ao roedor Oryzomys
palustris, formam a subclade I-c (Figura 23).
A clade II compreende os hantavírus encontrados na região Amazônica e
pré-Amazônica, e se encontra subdividida nas subclades II-a e II-b. A subclade II-a é
restrita apenas ao vírus Anajatuba e as cepas a ele relacionadas, sendo associados
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
64
ao hospedeiro O. aff. fornesi. Os hantavírus da clade II-b são: os vírus Rio Mamoré
cujo reservatório é o O. microtis; o Rio Mearim e o Alto Paraguai, associados aos
roedores do gênero Holochilus; e os vírus relacionados ao vírus Laguna Negra,
sendo: o protótipo proveniente do Paraguai, identificado em C. laucha, e as cepas
encontradas no Estado do Mato Grosso associadas ao C. aff. callosus (Figura 23).
Quanto à relação hantavírus “versus” biomas brasileiros, o único
hantavírus identificado no bioma amazônico é o vírus Castelo dos Sonhos,
associado com casos humanos no Estado do Pará, muito embora as cepas desse
vírus tenham sido identificadas a partir de O. aff. moojeni, e sejam procedentes da
região pré-Amazônica, na qual se observa áreas de floresta e vegetação típica do
Cerrado. Nas regiões pré-Amazônica e Cerrado são encontrados os hantavírus da
clade II, onde o hantavírus Anajatuba, único representante da subclade II-a, é
encontrado somente no micro-ecossistema da Baixada Maranhense, enquanto o
hantavírus Laguna Negra foi encontrado, até o presente momento, no Estado do
Mato Grosso. Nos biomas de Cerrado e da Mata Atlântica, são encontrados os
hantavírus da subclade I-a, representados pelos vírus Araraquara e Juquitiba. O
primeiro associado com N. lasiurus e o segundo com O. nigripes (Figura 24).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
65
Figura 23 – Mapa da distribuição geográfica dos grupos e subgrupos de hantavírus e correlação com os roedores hospedeiros sigmondontineos no
continente Americano.
91% (0.89)
100 (1,0)
BMJV
NEMV
LECV
A
NDV
ORNV
A
NDV AH-1
JUQV
Itapua
A
RAV
PRNV
SNV
NYV
EMCV
RIOSV
LSCV
CANOV
CHOV
BAYV
BCCV
MULV
RIOMV
RIMEV
A
PV
HTNV
SEOV
TULV
PUUV
100 (1.0) [28.2%]
100 (1.0)
100 (1.0)
100 (1.0)
96% (0.92)
95% (0.92)
97% (0.93)
100% (1.0)
0.3
[22.5%]
[15.7%]
[21.3%]
[22.7%]
[22.0%]
[20.4%]
[18.3%]
[20.4%]
[23.7%]
[19.4%]
[20.8%]
[21.1%]
[ 6.3%]
[23.5%]
AN 711258
H 700306
CASV
[14%]
98%
[22.3%]
[7,5%]
92% (0,9)
H 650736
LNV
H 651686
AN 650204
H 653486
H 657848
H 713175
H 711891
H 710031
100% (1.0)
90% (092)
90% (0,86)
A
NAJV
H 672862
H 666379
A
N 690936
100 (1.0)
I-a
I-b
I-c
II-a
II-b
I
II
Murinae
Arvicolinae
Novo Mundo
Hantavirus
(Cricetidae)
Subclade
Clade Cluster
Oligoryzomys sp.
Necromys lasiurus
Akodon azarae
Peromyscus sp.
Reithrodontomys sp.
O. fulvescens
Sigmodon sp.
Oryzomys palustris
Oligoryzomys sp.
Holochilus sp.
Calomys sp.
Velho Mundo
Hantavirus
(Muridae)
Continente Americano
CLADE I
Subclade I
I-a
CLADE II
Subclade II
II-a and II-b
CLADE I
Subclade I
I-b and I-c
Cone Sul
Norte da América do Sul
Américas do Norte e Central
Áreas sem ocorrência de SPH
Legenda
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Resultados
66
Figura 24 – Mapa do Brasil, mostrando os biomas com respectivos hantavírus associados a seus
roedores hospedeiros.
rus Anajatuba
Oligoryzomys aff. fornesi
Vírus Castelo dos Sonhos
Vírus Araraquara
Necromys lasiurus
rus Juquitiba
Oligoryzomys
Vírus Rio Mearim
Holochilus sciureus
Subclade I-a
Subclade II-a
Subclade II-b
Subclade II-b
Subclade I-a
Subclade I-a
Vírus Anajatuba
Oligoryzomys aff. fornesi
Oligoryzomys aff. moojeni
Vírus Laguna Negra
Vírus
Necromys lasiurus
Vírus Juquitiba
Oligoryzomys nigripes
sciureus
Subclade I-a
Subclade II-a
Subclade II-b
Subclade II-b
Subclade I-a
Subclade I-a
Calomys aff. callosus
rus Anajatuba
Oligoryzomys aff. fornesi
Vírus Castelo dos Sonhos
Vírus Araraquara
Necromys lasiurus
rus Juquitiba
Oligoryzomys
Vírus Rio Mearim
Holochilus sciureus
Subclade I-a
Subclade II-a
Subclade II-b
Subclade II-b
Subclade I-a
Subclade I-a
Vírus Anajatuba
Oligoryzomys aff. fornesi
Oligoryzomys aff. moojeni
Vírus Laguna Negra
Vírus
Necromys lasiurus
Vírus Juquitiba
Oligoryzomys nigripes
sciureus
Subclade I-a
Subclade II-a
Subclade II-b
Subclade II-b
Subclade I-a
Subclade I-a
Calomys aff. callosus
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
67
6 DISCUSSÃO
Neste estudo se obteve informações novas e de suma importância para a
vigilância epidemiológica da SPH na Amazônia brasileira e áreas adjacentes. Dada a
grande complexidade da biodiversidade amazônica, aliada ao extenso espaço
territorial e as grandes distâncias de difícil acesso, a identificação tanto dos
hantavírus responsáveis pelos casos de SPH na região quanto ao roedor-
reservatório, bem como os seus hábitos e distribuição geográfica se tornam
ferramentas fundamentais para o controle e prevenção da SPH na região. Para isso,
é estritamente necessária a união de vários setores ligados direta ou indiretamente à
saúde pública, que se estende desde a formação de profissionais de saúde aptos a
identificar um caso suspeito de SPH e tratar a doença, uma efetiva vigilância
epidemiológica e estudos ecoepidemiológicos até o apoio laboratorial eficiente,
responsável tanto pela parte de diagnóstico quanto nas pesquisas direcionadas para
a caracterização dos hantavírus e para os estudos de identificação dos roedores.
A pesquisa visou à detecção do genoma e caracterização genética em
amostras provenientes da vigilância de hantaviroses na região, bem como de
estudos ecoepidemiológicos em roedores com participação ativa do IEC em distintos
ecossistemas da Amazônia brasileira, correspondendo ao Estado do Maranhão
constituído de campos alagados e sul da região Amazônica, compreendendo o sul
do Pará e Estado do Mato Grosso em que predominam a floresta típica amazônica e
cerrado.
6.1 ECOSSISTEMA DO MARANHÃO
O primeiro passo para a caracterização de hantavírus associado a
estudos ecoepidemiológicos na Amazônia brasileira se deu com o trabalho Newly
Recognized hantaviruses associated with hantavirus pulmonary syndrome in
northern brazil: partial genetic characterization of viruses and serologic implication
of likely reservoirs publicado na Vector-Borne and Zoonotic Diseases em 2005
(Anexo C), após a ocorrência do primeiro surto de hantavirose no Município de
Anajatuba, Estado do Maranhão (MENDES et al., 2001). Nesse trabalho, estudos
moleculares realizados em amostras biológicas de roedores silvestres capturados
nos arredores de Anajatuba, permitiram a identificação filogenética de dois novos
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
68
hantavírus os vírus Anajatuba e Rio Mearim, tendo como perspectiva futura a
pesquisa sobre a associação destes vírus identificados com os casos humanos
(TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005), cuja confirmação foi possível com o
desenvolvimento desta tese.
No período entre 2003 e 2006, tem-se observado casos esporádicos de
SPH, intercalados por um período silencioso de dois anos. Tais casos procederam
dos municípios de Anajatuba – povoados de Fomento, São Roque e Roncador – e
de Santa Rita – povoado de Conceição – (Tabela 3).
No Município de Anajatuba, além dos povoados com casos de SPH
confirmados, o inquérito sorológico em humanos realizado em 2005 mostrou
imunidade na população local sugerindo a circulação de hantavírus autóctones e
ocorrência silenciosa dessa virose nos povoados de Areal, Bacabal, Pastoradouro,
Olho D’água e na zona urbana, através da detecção de anticorpos IgG em
moradores da região. No entanto, a presença de roedores sinantrópicos nos estudos
de campo nesses povoados faz com que não se exclua a possibilidade desses
anticorpos anti-hantavírus encontrados nas populações humanas poderem ser
também em decorrência da possível circulação do vírus Seoul nessa região, pois em
estudos realizados ainda na década de 1980 na região norte do Brasil, já se obteve
essa comprovação com a detecção de anticorpos em ratos e isolamento de um vírus
antigenicamente relacionado ao vírus Seoul (LEDUC et al., 1985; LEDUC et al.,
1986). A análise estatística demonstrou que não há diferenças quanto à exposição
de hantavírus nas populações residentes na área urbana ou rural, bem como entre
os povoados, mas houve diferença estatística quanto ao risco de se infectar por
hantavírus de acordo com o sexo e de sazonalidade.
De fato entre a população estudada que apresentou anticorpos IgG para
hantavírus, a média de idade observada, tanto para o sexo masculino como para o
feminino, está compreendida na faixa etária de 41 a 64 anos, corroborando com os
dados do estudo de MENDES et al. (2004). No entanto, a maior prevalência foi
observada em indivíduos do sexo masculino, havendo inclusive diferença
estatisticamente significante, conforme com relatos de outras regiões do país
(ELKHOURY et al., 2005). Tal fato pode ser explicado pela maior exposição de
indivíduos do sexo masculino aos fatores de risco em virtude das atividades
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
69
ocupacionais, tais como, trabalho na lavoura e atividades de pesca, como descrito
por MENDES et al. (2004). Ademais, também se pôde comprovar pela observação
dos casos registrados no Município que a maioria procede do sexo masculino
(MENDES et al., 2001). Quanto à sazonalidade, 80% dos casos ocorreram no
primeiro semestre, período que coincide com o manuseio e colheita do arroz e com
a estação chuvosa (MENDES et al., 2001) (Figura 25).
Figura 25 – Atividades de risco comumente praticadas em Anajatuba.
Apesar da taxa de letalidade dos casos notificados no Maranhão ser de
55,5% (MS/SVS, 2007), a elevada soroprevalência de anticorpos IgG na população
do Município de Anajatuba, descrita tanto neste trabalho quanto na literatura
(MENDES et al., 2001), sugere a ocorrência de casos assintomáticos e/ou
oligoassintomático, que aliado a uma provável subnotificação de casos menos
graves de SPH, pode indicar que essa letalidade seja bem menor que o percentual
atualmente encontrado. Novamente deve-se ressaltar a possibilidade de ocorrência
do vírus Seoul ou algum hantavírus a esse relacionado sem, no entanto, ter
associação com SPH (LEDUC et al., 1985; LEDUC et al., 1986).
No estudo ecoepidemiológico realizado em setembro de 2000, em
Anajatuba, nos povoados de Quebra e São Jerônimo, 104 roedores silvestres das
espécies N. lasiurus, O. fornesi, Proechimys guyannensis e H. sciureus, foram
capturados e a análise sorológica realizada detectou a presença de anticorpos anti-
hantavírus nas espécies O. fornesi, H. sciureus e N. lasiurus em ordem decrescente
de positividade (TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005). Nos estudos realizados nos
anos de 2003 e 2005 no povoado de São Roque, os roedores com maior percentual
de captura foram das espécies N. lasiurus, Oligoryzomys sp. e Proechimys sp., dos
a) trabalho nos campos de arroz b) pesca nos campos alagados c) armazenamento de arroz
dentro do domicílio
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
70
quais N. lasiurus, Oligoryzomys aff. fornesi apresentaram anticorpos anti-hantavírus,
como anteriormente observado em 2000.
A ausência do roedor da espécie H. sciureus, conhecido popularmente
como rato d’água, nas capturas de 2003 e 2005 pode ser decorrente de três
hipóteses: (i) a mudança do sítio de captura, de Quebra e São Jerônimo para São
Roque; (ii) mudança do período de captura, de setembro (estação de seca) para
maio (estação chuvosa), que pode ter dificultado sua captura, pois no período de
seca a região dos alagados apresenta uma extensão menor, concentrando esses
animais, enquanto que no período de chuva há uma expansão da área alagada,
dispersando-os; e (iii) o pico populacional dessa espécie de roedor no decorrer do
ano pode ser variável.
A presença do roedor da espécie N. lasiurus – nome popular: rato do
capim – e seu elevado percentual de captura nos três estudos ecoepidemiológicos
realizados em Anajatuba, pode ser explicado por sua rápida multiplicação, com o
número de um a onze crias por gestação – média de quatro – sua reprodução
ocorrida durante todo o ano principalmente nos meses de abril a junho (FUNASA,
2002) e a oferta de alimentos em abundância, decorrente das plantações de arroz,
milho e outros grãos.
As espécies do gênero Oligoryzomys são conhecidas, de modo geral,
como rato do mato, sendo também encontradas em plantio de grãos (FUNASA,
2002). Muito embora, tenham sido capturadas nos três estudos ecoepidemiológicos,
com percentual baixo de captura, observou-se, tanto em 2000 (TRAVASSOS DA
ROSA et al., 2005) como em 2005, o maior percentual de positividade para
anticorpos anti-hantavírus nesta espécie dentre as capturadas, sendo sugerida como
a possível responsável pela transmissão de hantavírus aos seres humanos e
vinculadas ao vírus Anajatuba (TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005).
É importante ressaltar que as mudanças climáticas (ANYAMBA et al.,
2006), bem como a ação antrópica – desmatamento, plantações em larga escala,
formação dos povoados, etc. – interferem na densidade populacional dos roedores
(PARMENTER e VIGIL, 1993) e conseqüentemente na transmissão de hantavírus. O
desequilíbrio ecológico já foi anteriormente associado à ocorrência de casos de SPH
nos Estados Unidos (NICHOL et al., 1993) e em outras regiões do Brasil
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
71
(IVERSSON et al., 1994; PEREIRA et al., 1998). Esses fatos corroboram nossos
achados, já que alterações no habitat de Anajatuba são comuns, de modo que é
possível que resultem em mudanças na dinâmica populacional dentre as espécies
de roedores como sugerido por MURÚA et al. (2003a, 2003b) e, conseqüentemente,
se tais alterações forem favoráveis ocorrerá o aumento da positividade de roedores
e da exposição humana aos hantavírus, respectivamente. De fato, segundo relatos
da população, os primeiros casos de SPH ocorridos em Quebra e São Jerônimo
surgiram após desmatamento em áreas de mata próximas às residências dos
pacientes.
Segundo TRAVASSOS DA ROSA et al. (2005), os genomas de dois
hantavírus foram detectados em amostras de O. fornesi e H. sciureus,
responsabilizando esses roedores, respectivamente, como possíveis reservatórios
naturais de dois novos hantavírus, o vírus Anajatuba e o vírus Rio Mearim, ambos
geneticamente próximos aos vírus Rio Mamoré e Laguna Negra. Neste estudo
observou-se que, apesar do vírus Anajatuba apresentar como hospedeiros roedores
do mesmo gênero que o vírus Rio Mamoré e topologia aproximada, a análise
filogenética mostrou que, este constitui um subgrupo monofilético (subclade II-a) e,
por conseguinte, uma espécie viral distinta, cujo ancestral é diferente do que deu
origem aos vírus Rio Mamoré, Rio Mearim, Alto Paraguai e Laguna Negra (subclade
II-b) (Figura 20).
Ademais, esses mesmos autores, com base em achados anteriores em
outros países e no sul e sudeste do Brasil, sugeriram que, possivelmente, os casos
humanos de SPH no Maranhão seriam causados pelo vírus Anajatuba, justamente o
que tem como reservatório o roedor O. fornesi, já que esses animais, ao contrário do
rato d’água (H. sciureus), vivem muito próximos às residências de humanos ou às
plantações de grãos (TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005). De fato, a análise
genética das seqüências nucleotídicas parciais amplificadas a partir de casos
humanos de SPH e de roedores silvestres analisadas neste trabalho mostrou
elevada homologia entre si e com o vírus Anajatuba (Tabela 6), confirmando que
esse vírus é o responsável etiológico pelos casos de SPH dos municípios de
Anajatuba e Santa Rita, e também que os roedores geneticamente relacionados O.
fornesi (nesse trabalho designado como Oligoryzomys aff. fornesi) são os
reservatórios e transmissores desse hantavírus para os seres humanos, confirmando
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
72
a hipótese de TRAVASSOS DA ROSA et al. (2005). Embora os moradores desse
Município tenham o hábito de pesca, habitat natural do H. sciureus, até o presente
momento o vírus Rio Mearim não apresentou associação com casos humanos.
Muito embora o vírus Anajatuba tenha sido detectado em um roedor da
espécie N. lasiurus, sugere-se que esse seja apenas um hospedeiro acidental, o que
pode ser explicado pelo fenômeno de spillover descrito para outros hantavírus
(JOHNSON et al.,1999, WEIDMANN et al., 2005), em decorrência da alta densidade
populacional de uma determinada espécie de roedor não-reservatório (no caso N.
lasiurus), aumentando a probabilidade de encontros interespecíficos, no qual a
infecção de uma espécie secundária pode ocorrer, como anteriormente descrito por
MILLS et al. (1997). De fato, conforme descrito por TRAVASSOS DA ROSA et al.
(2005) as capturas realizadas no Município revelaram uma alta densidade do N.
lasiurus, porém com percentual de anticorpos IgG anti-hantavírus para esta espécie
muito baixo (Tabela 5).
Provavelmente, o desmatamento no Município de Anajatuba, alterou o
habitat natural dos roedores do gênero Oligoryzomys, deslocando-os para os locais
de plantio, forçando-os a coabitar o mesmo habitat que a espécie N. lasiurus,
propiciando a infecção ocasional destes últimos pelo vírus Anajatuba. Sendo assim,
é importante ressaltar que o número de casos de SPH pode aumentar no Município
de Anajatuba e em municípios vizinhos no momento que houver um aumento
significativo da população de Oligoryzomys, ou o vírus Anajatuba conseguir romper
a barreira interespécies e se adaptar melhor aos roedores da espécie N. lasiurus,
tido como principal transmissor do hantavírus Araraquara no sudeste do Brasil
(SUZUKI et al., 2004).
6.2 ECOSSISTEMA PARÁ – MATO GROSSO
No Estado do Pará, sede do primeiro caso de SPH da Amazônia brasileira
no ano de 1995 (JOHNSON et al., 1999), 34 casos já foram notificados até setembro
de 2007, todos provenientes dos municípios de Altamira e Novo Progresso
(MS/SVS, 2007). A detecção genômica e caracterização genética de três amostras
humanas provenientes de casos confirmados de SPH em Altamira, nos anos de
2005 e 2006 (Tabela 7) realizadas neste trabalho são relevantes. E mostrou que o
vírus Castelo dos Sonhos é o hantavírus responsável por esses casos no estado,
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
73
confirmando, além disso, que esse hantavírus continua circulando na região. No
entanto, dentre os roedores IgG positivos do gênero Oxymycterus amazonicus
capturados na área durante o estudo ecoepidemiológico de 2005, não foi possível
identificá-los como reservatório desse vírus.
A circulação de hantavírus no Estado do Mato Grosso foi detectada pela
primeira vez em 1999, nos municípios Campo Novo do Parecis e Peixoto de
Azevedo. Deste período até setembro de 2007 foram notificados 109 casos
provenientes dos municípios de Alta Floresta, Barra do Bugres, Brás Norte, Campo
Novo do Parecis, Diamantino, Denise, Guarantã do Norte, Jaciara, Matupá, Nova
Marilândia, Nova Maringá, Nova Olímpia, Peixoto de Azevedo, Sapezal, Santo
Afonso, São José do Rio Claro, Tangará da Serra, Terra Nova do Norte e União do
Sul (MS/SVS, 2007). Esses dados sugerem que a SPH é amplamente distribuída no
Estado de Mato Grosso, observando-se duas microrregiões como foco: uma
delimitada pela área de influência da rodovia federal Cuiabá-Santarém (BR-163),
situada no norte do estado e outra localizada na área de influência da rodovia BR-364,
envolvendo a região meio-norte e sudoeste do estado. É importante ressaltar o
maior índice de ocorrência de SPH nos municípios de Campo Novo do Parecis e
Tangará da Serra, localizados às margens da Rodovia BR-364 que é uma região
com intensa produção de grãos, o que resulta em maior oferta de alimentos para os
roedores favorecendo o contato desses animais com os humanos e aumentando o
risco de transmissão de hantavírus (MS/SVS 2007).
Neste trabalho foram usadas amostras de casos humanos procedentes
dos municípios de Barra do Bugres, Campo Novo do Parecis, Diamantino, Nova
Olímpia, Santo Afonso, São José do Rio Claro e Tangará da Serra para identificação
do hantavírus responsável pela SPH na área de influência da rodovia BR-364.
Apesar do baixo número amostral (n=19) selecionado aleatoriamente, os dados
refletem, muito bem, a maior prevalência da SPH no sexo masculino da faixa etária
economicamente produtiva, assim como foi visto no Estado do Maranhão e no
restante do país (ELKHOURY et al., 2005). O seqüenciamento parcial do gene N, S-
RNA, mostrou elevada homologia nucleotídica e aminoacídica dessas amostras com
o vírus Laguna Negra sugerindo que esse hantavírus é o responsável pelos casos
humanos (Tabela 11).
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
74
Por outro lado, os roedores IgG positivos capturados em Campo Novo do
Parecis e Tangará da Serra, das espécies C. aff. callosus e O. aff. moojeni, em cujas
amostras detectou-se o genoma de hantavírus e quando seqüenciados se pôde
mostrar associação desses com os vírus Laguna Negra e Castelo dos Sonhos,
respectivamente. Na captura de roedores de 2001, pode-se evidenciar que o gênero
Calomys apresenta a maior abundância em relação às demais espécies encontradas
na região, e também que é a espécie C. aff. callosus a única que apresenta
positividade. Portanto, quando se avalia a ecoepidemiologia desse roedor
juntamente com os dados genéticos das amostras humanas, concluí-se que os
roedores da espécie C. aff. callosus são os responsáveis pela transmissão do vírus
Laguna Negra à população local e, muito provavelmente, aos demais municípios da
área de influência da BR-364, tendo em vista que na vasta área dessa região onde
observa-se o mesmo tipo de vegetação e clima, bem como atividades econômicas
voltadas para agricultura de grãos é justamente onde esses roedores estão
distribuídos (Figura 26).
Figura 26 – Distribuição geográfica do Calomys no Estado do Mato Grosso do Sul (em
azul) e no Estado do Mato Grosso (em cinza), em áreas onde se observa
a vegetação típica de Cerrado e do Pantanal. Fonte: BONVICINO,
OLIVEIRA e D’ANDREA, dados não publicados. Foto do Calomys callosus
http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=117.
Calomys callosus
Calomys aff. callosus
N
EW
S
Calomys callosus
Calomys aff. callosus
N
EW
S
Calomys callosusCalomys callosus
Calomys aff. callosus
N
EW
S
N
EW
S
Calomys callosus
Calomys aff. callosus
N
EW
S
N
EW
S
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
75
Esta tese demonstra que tanto a amostra do vírus Laguna Negra obtida
de C. aff. callosus quanto o protótipo que ocorre no Paraguai e norte da Argentina
(JOHNSON et al., 1997) apresentam uma divergência genética média de 4,8%,
sugerindo se tratar da mesma espécie viral. Muito embora o vírus Laguna Negra
tenha sido associado com os roedores da espécie Calomys laucha no Paraguai
(JOHNSON et al., 1997), estudos posteriores referem à identificação de um vírus
Laguna Negra like associado ao C. callosus na Argentina e que é também
relacionado a casos humanos na Bolívia (LEVIS et al., 1998; LEVIS et al., 2004;
CARROLL et al., 2005).
A observação de uma mesma espécie de hantavírus infectando várias
espécies de um único gênero de roedores pode ser constatada nos estudos com o
vírus Sin Nombre, associado aos roedores Peromyscus maniculatus. Esses estudos
demonstraram altas taxas de anticorpos reativos para o Sin Nombre nas espécies
Peromyscus boylii, Peromyscus truei e Peromyscus leucopus, assim como o vírus
Seoul, que é encontrado infectando diferentes espécies de roedores dentro de um
mesmo gênero, que podem ser explicadas pelo fenômeno de spillover (MILLS et al.,
1997; LEE, 1988).
A análise filogenética dos casos humanos e de roedores C. aff. callosus
procedentes do Estado do Mato Grosso estudados nesta tese mostrou que as cepas
do vírus Laguna Negra foram divididas em três genótipos: um (I-LNV) mais
relacionado ao protótipo e que incluiu a maioria das amostras seqüenciadas, outro
(II-LNV) agrupando quatro amostras humanas matogrossenses, e o terceiro genótipo
(III-LNV) compreendendo as amostras dos roedores C. aff. callosus. Em relação aos
casos humanos, não foi observada uma associação entre os diferentes genótipos,
ao período do ano, distribuição geográfica e evolução clínica da doença (Figura 22).
De fato, no período de 2001 a 2006 foram encontrados ambos os
genótipos relacionados aos casos humanos, I-LNV e II-LNV. A árvore filogenética
sugere um ancestral comum para esses genótipos e que os mesmos estejam
evoluindo paralelamente (Figura 21). Quando se realizou a análise da geografia da
área de influência da BR-364, verificou-se que os dois genótipos estão circulando
nos municípios da região. Este fato pode ser explicado pela ausência de barreiras
geográficas capazes de delimitar reprodutivamente as populações de C. aff. callosus
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
76
e, conseqüentemente, isolar um determinado genótipo do vírus Laguna Negra
restringindo-o a uma área específica.
Sabe-se que a gravidade da SPH pode estar relacionada a múltiplos
fatores em cada região, tais como variação quanto à estratégia de tratamento, a
patogenicidade do vírus circulante, a fatores genéticos intrínsecos da população ou
mesmo à circulação de dois hantavírus numa mesma região. Assim como descrito
para os vírus Andes e Laguna Negra em outros países da América do Sul (PADULA
et al., 2000b), neste estudo não foi observada associação da evolução clínica com a
diversidade genética dos genótipos I-LNV e II-LNV encontrados no Estado do Mato
Grosso.
Não fez parte dos objetivos desta tese o estudo da patogenicidade das
cepas do vírus Laguna Negra circulante no Estado do Mato Grosso em relação às
outras cepas procedentes da Argentina, Bolívia e Paraguai, mas sabe-se que para
isso seria necessário realizar uma análise filogenética mais completa, com um
número maior de amostras de vários municípios matogrossenses, utilizando
seqüências maiores do gene N, bem como do segmento M, e compará-las com
seqüências nucleotídicas provenientes dos outros países sul-americanos. Somente
assim poder-se-á dizer se a cepa do vírus Laguna Negra circulante no Estado do
Mato Grosso é mais ou menos patogênica para humanos do que as cepas
procedentes da Argentina, Bolívia e Paraguai. Além disso, não se pode deixar de
levar em consideração as origens genéticas das populações humanas dos locais
onde o vírus Laguna Negra está circulando, visto que análises do human leucocyte
antigens (HLA) de pacientes infectados com o vírus Andes no Chile demonstraram
uma maior susceptibilidade do alelo HLA-B*08 a quadros clínicos mais graves,
enquanto que o alelo HLA-DRB1*15 está relacionado a manifestações mais brandas
e a proteção imunológica contra o vírus Andes (FERRER et al., 2007). Para isso,
seria necessário um estudo genético da população matogrossense associando a
infecção com o vírus Laguna Negra ao polimorfismo genético, além de um estudo
maior quanto à soroprevalência de anticorpos anti-hantavírus nos municípios de
maior ocorrência de casos de SPH para reconhecimento de imunidade a esses vírus
em decorrência de infecções oligossintomáticas ou assintomáticas.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
77
Muito embora, ainda não se tenha detectado casos de SPH associado ao
vírus Castelo dos Sonhos no Estado do Mato Grosso, a detecção do genoma viral
em roedores O. aff. moojeni, sugere sua ocorrência na região. É possível, portanto
que no Estado do Mato Grosso dois hantavírus sejam responsáveis pelos casos de
SPH, quais sejam o vírus Laguna Negra, responsável pela maioria dos casos até o
momento reconhecidos e o vírus Castelo dos Sonhos. É lícito levantar a hipótese
que a SPH no Estado do Mato Grosso está associada com o vírus Laguna Negra,
dado os resultados, desta tese.
Quanto à determinação do genótipo III-LNV associado somente a
roedores C.aff. callosus, torna-se necessário seqüenciar um maior número de
amostras de roedores IgG positivos, em outros períodos de capturas, para se
confirmar essa peculiaridade genética.
Na análise genética das seqüências do vírus Castelo dos Sonhos obtidas
a partir de amostras biológicas dos roedores O. aff. moojeni capturados em Campo
Novo do Parecis feita conjuntamente com as amostras humanas do Estado do Pará,
observou-se que esta espécie viral foi dividida em três genótipos, havendo uma
associação com a distribuição geográfica. Com efeito, o genótipo I-CASV, que
agrupa com as amostras dos roedores, está circulando no Estado do Mato Grosso
(área da BR-364) enquanto que o genótipo II-CASV, associado com os casos de
SPH, está circulando no Município de Altamira. Muito embora, o protótipo do vírus
Castelo dos Sonhos (JOHNSON et al., 1999) tenha sido identificado no distrito de
Castelo dos Sonhos, ele se manteve em um genótipo distinto (III-CASV). Diante do
exposto, faz-se necessário o seqüenciamento completo do gene N para se confirmar
esta formação genotípica. Além do mais, é fundamental o seqüenciamento de mais
amostras de casos humanos procedentes de Mato Grosso, na área de influência da
BR-163, visando detectar o genoma do vírus Castelo dos Sonhos nesse estado,
assim como de casos procedentes de Altamira, para se verificar a circulação destes
dois genótipos na referida região.
Tendo em vista a associação genética do vírus Castelo dos Sonhos em
casos de SPH e em roedores O. aff. moojeni, sugere-se que tal espécie seja o
reservatório deste hantavírus nos estados do Mato Grosso e do Pará, visto que, por
mais antropizada que a região matogrossense esteja lá ainda observa-se o mesmo
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
78
tipo de vegetação que existe na região Sul do Estado do Pará: vegetação pré-
Amazônica, com áreas de floresta e de Cerrado. Todavia, é necessário realizar
outros estudos ecoepidemiológicos em Altamira, buscando capturar roedores O. aff.
moojeni que possam estar infectados.
6.3 ASSOCIAÇÃO FILOGENIA, DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E
ROEDOR-HOSPEDEIRO
A análise filogenética das seqüências parciais do segmento S RNA (gene
N) de hantavírus obtidas neste trabalho, quanto às divisões de cluster, clade e
subclade, apresentou topologia similar ao descrito na literatura (BOHLMAN et al.,
2002; TRAVASSOS DA ROSA et al, 2005; RABONI et al., 2005). Foi observado que
um ancestral comum dos hantavírus do Novo Mundo deu origem a dois grupos,
clades I e II que por sua vez foram divididos em cinco subgrupos monofiléticos: três
do grupo I (subclades I-a, I-b e I-c) e dois do grupo II (subclades II-a e II-b). Essas
divisões em clades e subclades apresentaram uma correlação geográfica positiva no
continente americano, sendo observado que a subclade I-a compreende hantavírus
Andes-relacionados distribuídos no Cone Sul, as subclades I-b e I-c agrupam
hantavírus das Américas do Norte e Central e os hantavírus de ambos as subclades
da clade II encontram-se distribuídos na região norte da América do Sul (Figura 23).
Dentro deste contexto, os hantavírus brasileiros estão enquadrados nas
subclades I-a (Castelo dos Sonhos, Juquitiba, Itapuã e Araraquara), II-a (Anajatuba)
e II-b (Rio Mearim e Laguna Negra). O ancestral comum da subclade I-a, deu origem
a dois grupos de hantavírus: um associado a roedores do gênero Oligoryzomys e o
outro a duas espécies, N. lasiurus (Araraquara) e Akodon azarae (Pergamino). A
análise filogenética sugere que o vírus Castelo dos Sonhos co-evoluiu com a
espécie O. aff. moojeni, (Figura 23) restringindo-se a área pré-Amazônica e Cerrado
(Figura 24). Essa restrição ecogeográfica do O. aff. moojeni na parte central do
Brasil (Figura 27 A) corrobora com os achados (em fase de elaboração) de
Bonvicino e colaboradores
2
, o que leva a pensar que esse vírus possa estar
2
Dados fornecidos pela autora contidos no livro Guia dos roedores do Brasil com chave para gêneros baseada
em caracteres externos de autoria de CR Bonvicino, JA de Oliveira e PS D’Andrea a ser lançado no II
Workshop Nacional sobre Pesquisas Aplicadas em Hantavírus, em agosto de 2008.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
79
circulando em outros municípios ou estados que possuam as mesmas
características ecológicas e onde o O. aff. moojeni possa ser encontrado. A
identificação de casos de SPH pelo vírus Castelo dos Sonhos no distrito de Castelo
dos Sonhos-PA e no Município de Campo Novo do Parecis-MT, onde este vírus foi
identificado em roedores O. aff. moojeni confirma e reforça a hipótese.
Figura 27 – Distribuição das espécies de roedores silvestres Oligoryzomys sp. (A) e Necromys
lasiurus (B) no Brasil. Fonte:
BONVICINO, OLIVEIRA e D’ANDREA.
Estudos realizados por SUZUKI et al. (2004) possibilitaram associar o
vírus Araraquara à espécie N. lasiurus, no Bioma do Cerrado e o vírus Juquitiba à
espécie Oligoryzomys nigripes, na Mata Atlântica. Analisando a filogenia dos
hantavírus (Figura 23) pode-se sugerir que o vírus Juquitiba co-evoluiu com a
espécie O. nigripes após adaptação do ancestral desse hantavírus ao ancestral do
gênero Oligoryzomys. Por outro lado, o vírus Araraquara é filogeneticamente
relacionado aos vírus andinos ligados aos roedores do gênero Oligoryzomys, no
entanto está associado ao roedor N. lasiurus (Figura 27 B), o que pode ser devido
ao fenômeno de spillover, dado a abrangência da distribuição desses roedores
favorecendo co-habitação com espécies Oligoryzomys sp. (FUNASA, 2002).
Na clade II se observam três gêneros de roedores silvestres:
Oligoryzomys associados ao vírus Anajatuba (O. aff. fornesi) e Rio Mamoré (O.
microtis); Holochilus associados ao vírus Rio Mearim (H. sciureus) e Alto Paraguai
(H. chacarius); e Calomys associados ao vírus Laguna Negra (C. laucha e C. aff.
callosus). Assim como os hantavírus da clade II (Figura 23) e seus respectivos
O. chacoensis
O. nigripes
O. microtis
O. fornesi
O. moojeni
O. flavescens
O. fulvescens
Legenda
Gênero Oligoryzomys
Necromys lasiurus
A
B
?
O. chacoensis
O. nigripes
O. microtis
O. fornesi
O. moojeni
O. flavescens
O. fulvescens
Legenda
Gênero Oligoryzomys
Necromys lasiurus
A
B
?
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
80
hospedeiros estão relacionados geneticamente entre si e com os roedores do
gênero Oryzomys (VAPALAHTI et al., 1999; BAKER et al., 1983; EISENBERG e
REDFORD, 1999), sugere-se que o ancestral comum dessa clade se adaptou a
esses três gêneros de roedores divergindo-se evolutivamente nos hantavírus
associados a cada um dos respectivos gêneros. Ressalta-se que as espécies O. aff.
fornesi e O. microtis habitam a parte norte da América do Sul, correspondente a área
Amazônica, enquanto que a maior parte das espécies de Oligoryzomys associados
aos vírus Andes-relacionados se encontram distribuídas no Cone Sul e na Mata
Atlântica (Figura 27). Portanto a distribuição geográfica desses roedores está
relacionada com a distribuição das subclades dos hantavírus: subclades II-a e II-b
nas regiões Amazônica e pré-Amazônica e a subclade I-a no Cone Sul, que no
Brasil envolve os biomas de Cerrado e Mata Atlântica (Figura 24).
Com relação à densidade populacional de roedores e taxa de infecção,
sabe-se que a maioria dos hospedeiros de hantavírus é aquela espécie que
apresenta maior densidade numa dada região (PLYUSNIN, 2002). Este fato pôde
ser observado quanto ao vírus Laguna Negra no Estado do Mato Grosso, onde se
observa uma elevada densidade populacional e uma alta taxa de positividade de C.
aff. callosus na captura de 2001, em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra.
No entanto, em relação ao Município de Anajatuba, é importante considerar que,
muito embora, a densidade do reservatório do vírus Anajatuba, O. aff. fornesi, seja
bem menor do que a de N. lasiurus, fato observado nos três anos de estudo no
Município, maior positividade para hantavírus foi detectada na primeira espécie.
Considerando que esta informação é discordante das disponíveis na literatura
(PLYUSNIN, 2002), mais estudos necessitam ser desenvolvidos para o melhor
entendimento da dinâmica populacional do O. aff. fornesi na região do Alagado
Maranhense. Ademais, supõe-se que apenas muito recentemente ocorreram
alterações ambientais que favoreceram o contato desses roedores com seres
humanos. Se esta hipótese é verdadeira, podemos esperar para os próximos anos a
ocorrência de muitos casos de SPH na região dos campos alagados do Estado do
Maranhão, pois com o decorrer do tempo e o aumento das alterações ambientais, é
provável que aumente o contato entre roedores Oligoryzomys e seres humanos.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
81
6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi pioneiro no estudo das hantaviroses na Amazônia
brasileira. Até então poucas informações eram disponíveis sobre os hantavírus e
seus reservatórios nessa região. A escolha da estratégia para a tentativa de
caracterizar geneticamente esses agentes foi de grande importância para o seu
sucesso. De fato, muito embora, tenham sido utilizados com sucesso iniciadores
específicos direcionados ao vírus Andes na identificação dos vírus Anajatuba e Rio
Mearim (TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005), não se poderia deixar de levar em
consideração o fato de circular hantavírus autóctone que não fossem
significativamente relacionados com o vírus Andes, o que levaria a resultados falsos
negativos na amplificação genômica. Por isso, o uso de iniciadores degenerados,
utilizados por JOHNSON et al. (1997) na caracterização do vírus Laguna Negra, e
direcionados a uma região altamente conservada do gene N (posição 250 a 660
referente ao vírus Laguna Negra) foi uma ferramenta mais eficiente e adequada, em
virtude do desconhecimento dos hantavírus circulantes e da grande biodiversidade
encontrada na região Amazônica.
As análises filogenéticas aplicadas nos estudos de hantavírus,
geralmente, utilizam apenas um método de análise, tais como MP (SPIROPOULOU
et al., 1994; CHIZHIKOV et al., 1995; BHARADWAJ et al., 1997; PADULA et al.,
2000b; TRAVASSOS DA ROSA et al., 2005), NJ (BOHLMAN et al., 2002),
Unweighted Pair Group (MORELI et al., 2004), dentre outros, muito embora alguns
autores tenham preferido utilizar dois métodos associados (MP e NJ), o que permite
uma maior confiabilidade na análise (LEVIS et al., 1998; JOHNSON et al., 1999;
SUZUKI et al., 2004; RABONI et al., 2005).
Estudos mostram que os métodos de Máxima Verosimilhança e
Bayesiano aliados à determinação de critérios para grupamento, baseando-se na
divergência genética das seqüências, são mais acurados em termos de
reconstrução filogenética e origem evolutiva (HARRISON e LANGDALE, 2006;
LUNTER et al., 2005). Este modelo de estudo, aliado às análises de MP e NJ, vem
sendo aplicado com sucesso na caracterização de espécies e variantes de outros
vírus bastante conhecidos, tais como o flavivírus (BRYANT et al., 2005; MEDEIROS
et al., 2007) e o vírus da raiva (BARBOSA et al., 2008). Por isso o emprego de
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Discussão
82
métodos já utilizados para os estudos de hantavírus (MP e NJ) juntamente com os
métodos Máxima Verosimilhança e Bayesiano foi aplicado neste trabalho, o que
resultou em informações melhores e mais confiáveis.
Sabe-se que os estudos para caracterização de hantavírus associam o
seqüenciamento tanto do segmento S RNA (mais conservado) quanto do segmento
M RNA (mais variável) (HJELLE et al., 1994; JONHSON et al., 1997; JONHSON et
al., 1999; LÓPEZ et al., 1997; POWERS et al., 1999; PADULA et al., 2000b;
TISCHLER et al., 2003; MORELI et al., 2004; SUZUKI et al., 2004; TRAVASSOS DA
ROSA et al., 2005) para uma melhor determinação em nível de espécie viral,
segundo os critérios propostos pelo CITV (PLYUSNIN, 2002). Embora tenhamos
utilizado também os iniciadores para o segmento M, algumas dificuldades
impossibilitaram a finalização da análise em tempo hábil e assim, neste trabalho,
apenas com os iniciadores direcionados para o segmento S, conseguimos alcançar
o objetivo esperado, ou seja, identificar os hantavírus circulantes nos estados do
Maranhão, Mato Grosso e Pará, relacionando-os com os casos de SPH e
identificando seus roedores-reservatórios.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
83
7 CONCLUSÕES
¾ Dois novos hantavírus foram identificados para a ciência, vírus
Anajatuba e Rio Mearim, detectados em amostras de O. aff. fornesi e H.
sciureus, respectivamente, capturados nos municípios de Anajatuba
Estado do Maranhão no primeiro estudo ecoepidemiológico em 2000;
¾ O vírus Anajatuba é o hantavírus responsável pelos casos de SPH nos
municípios de Anajatuba e Santa Rita no Estado do Maranhão e que
roedores O. aff. fornesi constituem os reservatórios transmissores
desse hantavírus em ambos os municípios;
¾ O vírus Castelo dos Sonhos continua sendo o responsável pelos casos
de SPH no Município de Altamira, Pará, tendo provavelmente como
reservatório o roedor O. aff. moojeni;
¾ O vírus Laguna Negra associado ao roedor C. aff. callosus é o
hantavírus responsável pelos casos de SPH nos municípios situados na
área de influência da BR-364, no Estado do Mato Grosso;
¾ As seqüências nucleotídicas obtidas das amostras dos roedores O. aff.
moojeni capturados em Campo Novo do Parecis se mostraram
filogeneticamente idênticas as do vírus Castelo dos Sonhos, indicando
essa espécie de roedor como possível reservatório desse hantavírus
com possibilidade de associação com casos humanos nessa região;
¾ Os vírus Castelo dos Sonhos, Anajatuba e Laguna Negra foram
encontrados em associações com casos humanos de SPH nas regiões
Amazônica e pré-Amazônica, que compreendem os biomas de Floresta
Amazônica e Cerrado, respectivamente.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
84
8 PERSPECTIVAS FUTURAS
¾ Desenhar iniciadores específicos aos vírus identificados para completar
as seqüências do segmento S das amostras estudadas;
¾ Finalizar o seqüenciamento dos segmentos M e iniciar o do segmento L
dos hantavírus amazônicos;
¾ Caracterizar outros hantavírus circulantes na Amazônia brasileira,
especificamente nos estados de Rondônia e Amazonas;
¾ Desenhar iniciadores específicos para serem utilizados em testes de
RT-PCR no auxílio ao diagnóstico laboratorial da SPH;
¾ Desenhar iniciadores específicos para uso em estudos de PCR em
tempo real com hantavírus amazônicos.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
85
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APÊNDICES
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
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Apêndice A Alinhamento das seqüências nucleotídicas entre as amostras humanas e de roedores C. aff. callosus de Mato
Grosso e LNV
LNV CTG CGT TAT GGA AAT GTC CTG GAT GTC AAT GCT ATT GAC CTT GAA GAA CCG AGT GGC CAA ACT GCC GAT TGG AAG GCT
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H 650736 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 695325 ..A ... ... ..G ... ... T.. ... ..G ... ..A ... ... ... ... ... ..A ... ..T ... ..A ..G ... ... ... ..A
H 713175 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ... ... ..A ... ..T ... ..A ..G ... ... ... ..A
H 712518 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 671696 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 653486 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 682807 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 657848 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 660462 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 706738 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 695689 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 696558 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 711891 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 678213 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
H 710031 ..C A.G ... ..G ... ... T.. ... ... ..C ..A ... ..T T.G ..G ... ..T ... ..G ... ... ..T ... ... ..A ..A
AN 649993 ..A ... ... ..G ... ... T.. ... ..G ... ..A ... ... ... ... ... ..A ... ..T ... ..A ..T ... ... ..A ..A
AN 650204 ..A ... ... ..G ... ... T.. ... ..G ... ..A ... ... ... ... ... ..A ... ..T ... ..A ..G ... ... ... ..A
AN 650228 ..A ... ... ..G ... ... T.. ... ..G ... ..A ... ... ... ... ... ..A ... ..T ... ..A ..T ... ... ..A ..A
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Apêndice A
110
Continua
LNV ATT GGA GCC TAT ATT CTA GGA TTT GTA ATA CCA ATT ATC CTA AAG GCA TTA TAT ATG CTT TCA ACA AGA GGG AGA CAG
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H 682807 ... ..G ..T ..C ..A ... ..C ... ... ..C ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 657848 ... ..G ..T ..C ..A ... ..C ... ... ... ..T ..C ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
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H 695689 ... ..G ..T ..C ..A ... ..C ... ... ... ..T ..C ... ..T ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ..T ..G ...
H 696558 ... ..G ..T ..C ..A ... ..C ... ... ... ..T ..C ... ..T ..A ..C ... ... ... ... ... ..C ..G ..T ..G ...
H 711891 ... ..G ..T ..C ..A ... ..C ... ... ... ..T ..C ... ..T ..A ..C ... ... ... ... ... ..C ..G ..T ..G ...
H 678213 ... ..G ..T ..C ..A ... ..C ... ... ... ..T ..C ... ..T ..A ..C ... ... ... ... ... ... ... ..C ..G ...
H 710031 ... ..G ..T ..C ..A ... ..C ... ... ... ..T ..C ... ..T ..A ..C ... ... ... ..C ... ... ... ..A C.G ...
AN 649993 ... ... ..T ... ..C T.. ..C ... ... ... ..T ..A ..T ..T ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ..T ..G ...
AN 650204 ... ... ..T ... ..C ... ..C ... ..G ... ..T ..A ... ..T ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ..T ..G ...
AN 650228 ... ... ..T ... ..C T.. ..C ... ... ... ..T ..A ..T ..T ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ..T ..G ...
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Apêndice A
111
Continua
LNV ACT GTT AAA GAG AAC AAA GGG ACC AGG ATT CGA TTC AAG GAT GAT TCA TCA TTT GAA GAA GTC AAT GGC ATC CGA AAA
H 651686 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 650736 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 695325 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 713175 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 712518 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 671696 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 653486 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 682807 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 657848 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 660462 ..A ..A ..G ..A ... ... ... ..A ..A ..C ..G ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 706738 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
H 695689 ... ... ... ... ... ... ... ... C.. ... ... ... ... ... ..C ..C ..G ... ... ... ... ... ... ... A.G ..G
H 696558 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... A.G ..G
H 711891 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... A.G ..G
H 678213 ... ... ... ... ... ... ... ... C.. ... ... ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... A.G ..G
H 710031 ..A ..A ..G ..A ... ... ... ..A ..A ..C ..G ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... A.G ..G
AN 649993 ... ... ... ... ... ... ... ... C.. ... ... ... ... ... ... ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... A.G ..G
AN 650204 ... ... ... ... ... ... ... ... C.. ... ... ... ... ... ..C ..C ..G ... ... ... ... ... ... ... A.G ..G
AN 650228 ... ... ... ... ... ... ... ... C.. ... ... ... ... ... ..C ..C ..G ... ... ... ..T ... ... ... A.G ..G
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Apêndice A
112
Continua
LNV CCT AAA CAC TTG TAT GTG TCA ATG CCT ACT GCA CAA TCT ACA ATG AAG GCA GAT GAG ATA ACA CCG GGG AGG TTT AGG
H 651686 ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ...
H 650736 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ...
H 695325 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ...
H 713175 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 712518 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ...
H 671696 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ...
H 653486 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ...
H 682807 ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ...
H 657848 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ...
H 660462 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ...
H 706738 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ...
H 695689 ... ... ..T C.. ... ..T ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ..A ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ...
H 696558 ... ... ..T C.. ... ..A ... ... ..C ... ..C ... ..C ..G ... ... ... ... ... ... ... ..A ..A ..A ... ..A
H 711891 ... ... ..T C.. ... ..A ... ... ..C ... ..C ... ..C ..G ... ... ... ... ... ... ... ..A ..A ..A ... ..A
H 678213 ... ... ..T C.. ... ..A ... ... ..C ... ..C ... ..C ..G ... ... ... ... ... ... ... ..A ... ..A ... ..A
H 710031 ... ... ..T C.. ... ..A ... ... ..C ... ..C ... ..C ..G ... ... ... ... ... ... ... ..A ..A ... ... ..A
AN 649993 ... ... ..T C.. ... ..A ... ... ..C ... ..C ... ..C ..G ... ... ... ... ... ... ... ..A ..A ... ... ..A
AN 650204 ... ... ..T C.. ... ..T ..C ... ... ... ..C ... ... ... ... ..A ... ... ... ... ... ..A ... ... ... ...
AN 650228 ... ... ..T C.. ... ..T ..C ... ... ... ..C ..G ... ..C ... ... ... ... ... ..C ... ..A ... ... ... C..
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Apêndice A
113
Continua
LNV ACA ATT GCA TGT GGC TTA TTT CCT GCT CAA ATC AAA GCT CGG AAC ATT ATA AGT CCA GTC ATG GGT GTC ATT GGC TTT
H 651686 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 650736 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 695325 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 713175 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 712518 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 671696 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..G ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 653486 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 682807 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 657848 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 660462 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 706738 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 695689 ... ..A ..G ... ... C.. ..C ... ... ... ... ... ..C ..C ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 696558 ..G ... ... ... ... ... ... ..A ..G ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 711891 ..G ... ... ... ... ... ... ..A ..G ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 678213 ..T ... ... ... ... ... ... ..A ..G ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
H 710031 ..G ..A ..G ... ... ... ..C ... ..A ... ... ... ... ... ..T ..C ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
AN 649993 ..G ..A ..G ... ... ... ..C ... ..A ... ... ... ... ... ..T ..C ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
AN 650204 ... ..A ..G ... ... C.. ..C ... ..A ... ... ... ... ... ..T ..C ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
AN 650228 ... ..A ..G ... ... C.. ..C ... ..A ... ... ... ... ... ..T ..C ... ... ... ..G ... ... ... ... ... ...
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Apêndice A
114
fim
LNV GGT CAC TTT GTG AAG GAC TGG ATG GAA AGG ATT GAC AAC TTT CTA
H 651686 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 650736 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 695325 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 713175 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 712518 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 671696 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 653486 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 682807 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 657848 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 660462 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 706738 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 695689 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 696558 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 711891 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 678213 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
H 710031 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
AN 649993 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
AN 650204 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
AN 650228 ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ..A ..C ... ... ... ...
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
115
Apêndice B Alinhamento das seqüências nucleotídicas entre as amostras humanas de Altamira, roedores da espécie O. aff.
moojeni e CASV
casv CTT GAG CCT GAT GAT CAT CTG AAA GAA AAG TCT TCT CTT AGA TAT GGG AAT GTC CTA GAT GTC AAT TCA ATT GAC CTA
H 695323 ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 700306 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 712177 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ...
AN 729965 ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
AN 717307 ..C ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
AN 717313 ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ...
AN 701258 ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
casv GAG GAA CCG AGT GGA CAG ACT GCT GAC TGG AGA TCA ATA GGG GCC TAC ATC TTG AGC TTT GCA ATC CCA ATA ATT CTG
H 695323 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 700306 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
H 712177 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ...
AN 729965 ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ..T ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
AN 717307 ... ... ..C ... ... ... ... ... ..T ... ... ..T ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ...
AN 717313 ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ..T ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ...
AN 701258 ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ..T ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
casv AAG GCC TTG TAC ATG CTG TCT ACC CGC GGG AGG CAA ACA GTA AAG GAC AAT AAA GGG ACT AGA ATA CGG TTT AAG GAT
H 695323 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T A.. ..C ... ...
H 700306 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T A.. ..C ... ...
H 712177 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T A.. ..C ... ...
AN 729965 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ...
AN 717307 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C ... ... ..C ... ... ..A ..G ..T A.. ..C ... ...
AN 717313 ... ... ... ... ... ..T ... ..T ... ... ... ..G ..T ..C ... ... ..C ... ... ..A ..G ..T A.. ..C ... ...
AN 701258 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ..T ... ... ... ...
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Apêndice B
116
fim
casv GAT TCA TCA TTC GAG GAA GTG AAC GGG ATT CGT AAA CCC AAA CAT CTG TAT GTA TCA ATG CCG ACT GCA CAA TCC ACA
H 695323 ... ... ..C ..T ... ... ..C ..T ..G ..A ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
H 700306 ... ... ..C ... ... ... ..C ... ... ..A ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
H 712177 ... ... ... ..T ... ... ..C ..T ... ..A ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
AN 729965 ... ... ..C ..T ... ... ..C ..T ..A ..A ..C ... ..A ... ... ..A ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
AN 717307 ... ... ..C ..T ... ... ..C ..T ..A ..A ..C ... ..A ... ... ..A ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
AN 717313 ... ... ..C ... ... ... ..C ..T ..A ..A ..C ... ..A ... ... ..A ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
AN 701258 ... ... ..C ..T ... ... ..C ... ... ..A ..C ... ... ... ... ..T ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..C
casv ATG AAA GCT GAA GAG ATA ACT CCA GGT AGA TTT AGA ACA ATA GCC TGT GGT CTT TTT CCA GCG CAA GTA AAA GCA AGA
H 695323 ... ..G ... ... ... ... ..A ... ... ... ... C.G ... ..T ... ..C ... ... ... ... ..C ... ... ... ..C AGA
H 700306 ... ..G ... ... ... ... ..A ... ... ... ... C.G ... ..T ... ..C ... ... ... ... ..C ... ... ... ..C ...
H 712177 ... ..G ... ... ... ... ..A ... ... ... ... C.G ... ..T ... ..C ... ... ... ... ..C ... ... ... ..C ...
AN 729965 ... ..G ..G ... ... ... ..A ... ... ... ... C.G ... ..T ... ... ..C ... ..C ... ..A ..G ... ... ... ...
AN 717307 ... ..G ... ... ... ... ..A ... ... ... ... C.G ... ..T ... ... ..C ... ..C ..T ..A ..G ... ... ... ...
AN 717313 ... ..G ... ... ... ... ..A ... ... ... ... C.G ... ..T ... ... ..C ... ... ..T ..A ..G ... ... ... ...
AN 701258 ... ..G ... ... ... ... ..A ... ... ... ... C.G ... ..T ... ..C ... ... ... ... ..C ... ... ... ..C ...
casv AAC ATC ATT AGC CCT GTA
H 695323 ... ..T ... ... ... ...
H 700306 ... ..T ... ... ... ...
H 712177 ... ..T ... ... ... ...
AN 729965 ... ..T ... ... ... ...
AN 717307 ... ... ... ... ... ...
AN 717313 ... ... ... ... ... ...
AN 701258 ... ..T ... ... ... ...
ANEXOS
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
118
Anexo A Documento com autorização da Direção do Instituto Evandro Chagas
para utilização de material pertencente à Instituição, conforme preconiza
o Comitê de Ética em Pesquisa/MS
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
119
Anexo B – Termo de consentimento livre e esclarecido
Projeto de pesquisa: ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO VÍRUS-HOSPEDEIRO EM INVESTIGAÇÕES DE
HANTAVÍRUS ASSOCIADOS A SPH NO MUNICÍPIO DE ANAJATUBA NO ESTADO DO
MARANHÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, _______________________________________________, com_______anos de
idade fui procurado (a) pela equipe do Instituto Evandro Chagas (IEC), oportunidade em que fui
informado sobre os objetivos da pesquisa, dentro do projeto acima citado. Compreendi que o
objetivo principal desta pesquisa é investigar se sou portador(a) de anticorpos contra hantavírus
que são vírus responsáveis por doença em seres humanos caracterizada por febre e outros
sintomas, genericamente conhecida como Síndrome Pulmonar por Hantavírus. Um membro da
equipe justificou que o objetivo da pesquisa é saber se uma população exposta ao risco em áreas
onde existem transmissores desses vírus irá infectar-se, e em caso positivo, se irá desenvolver
doença ou não e, explicou a mim e meus familiares, que a melhor maneira de se fazer esse
estudo é o acompanhamento a longo prazo de uma população.
Segundo as informações prestadas, a pesquisa consta de levantamento de meus dados
pessoais e da minha família, bem como de informações acerca da doença e outros sintomas
pregressos, que serão anotados em uma ficha própria, seguido da colheita de 5-10 mL do meu
sangue e dos meus familiares maiores que cinco anos de idade. Todo o procedimento de colheita
do sangue será realizado com material estéril e descartável. Também fui informado que embora
este procedimento seja inócuo pode ocasionar dor local discreta e causar choro em crianças.
Está claro que eu posso não querer participar desta pesquisa, e isso não causará mal,
nem a mim nem a minha família. Mas também foi dito e repetido que não receberei nenhum
pagamento por participar. E que se eu participar, tenho também o direito de desistir a qualquer
momento, eu e minha família, sem nenhum problema ou prejuízo.
Compreendido tudo isso, eu autorizo a colheita de sangue e os exames a serem feitos, no
meu sangue e no de meus familiares que estão sob minha responsabilidade, isto é, aquele(s)
maior(es) de cinco anos e menor(es) de dezoito anos de idade, com os seguintes
nome(s):...............................................................................................................................................
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo B
120
A equipe ainda me informou que os menores de idade acima citados podem não querer
participar do estudo, e que nesse caso vale a vontade deles sobre a minha. Foi garantido também
que as informações dadas ao projeto são sigilosas.
Caso necessite, posso fazer contato com os integrantes da equipe da Seção de
Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas (cito a Av. Almirante Barroso nº
492, Bairro do Marco, Belém-Pa) pelos telefones: (091) 3202-4609, 3202-4633, 3202-4665 e fax
(091) 3226-1284 e 3226-5262.
Por fim declaro que além de ler esse documento, recebi as explicações que desejei da
equipe do projeto, e por não ter mais dúvidas, concordo em participar como voluntário do projeto e
estudo agora proposto, o que fica confirmado pela minha assinatura abaixo. COMO TENHO
DIFICULDADE (SIM NÃO ), DE ENTENDER O ESCRITO ACIMA, ATESTO TAMBÉM QUE
UM MEMBRO DA EQUIPE LEU PAUSADAMENTE ESTE DOCUMENTO E ESCLARECEU AS
MINHAS DÚVIDAS, E COMO TEM A MINHA CONCORDÂNCIA PARA PARTICIPAR DO
ESTUDO, COLOQUEI ABAIXO A MINHA ASSINATURA (ou IMPRESSÃO DIGITAL).
(Local) ..........................., ......... de ........................ de 2005
Assinatura: _________________________________________________
IMPRESSÃO DATILOSCÓPICA (quando se aplicar)
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
121
Anexo C – TRAVASSOS DA ROSA, E.S.; MILLS, J.M. PADULA, P.J.; ELKHOURY,
M.R.; KSIAZEK, T.G.; MENDES, W. S.; SANTOS, E.D.; ARAÚJO,
G.C.B.; MARTINEZ, V.P.; TRAVASSOS DA ROSA, J.F.S.; EDELSTEIN,
A.; VASCONCELOS, P.F.C. Newly Recognized Hantaviruses Associated
with Hantavirus Pulmonary Syndrome in Northern Brazil: Parcial Genetic
Characterization of Viruses and Serologic Implication of Likely
Reservoirs. Publicado na revista Vector Borne and Zoonotic Diseases,
Volume 5, Number 1, 2005.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
122
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
123
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
124
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
125
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
126
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
127
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
128
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
129
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo C
130
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
131
Anexo D – MENDES, W. S.; ARAGÃO, N. J. L.; SANTOS, H. J.; RAPOSO, L;
VASCONCELOS, P. F. C.; ROSA, E. S. T.; ELKHOURY, M. R.
Hantavirus pulmonary syndrome in Anajatuba, Maranhão, Brasil.
Publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo,
43 (4) 237-240, July – August, 2001.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo D
132
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo D
133
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo D
134
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo D
135
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa
136
Anexo E – SANTOS, M. C.; LACERDA, M. V. G; BENEDETTI, S.M.;
ALBUQUERQUE, B. C.; FILHO, A. A. B. V. A.; ELKHOURY, M. R.;
ROSA, E.S.T.; VASCONCELOS, P. F. C.; MEDEIROS, D. B. A.;
MOURÃO, M. P. G. Human Hantavírus Infection, Brazilian Amazon.
Publicado na revista Emerging Infectious Diseases. Vol. 12, N° 7,
July 2006.
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo E
137
Elizabeth Salbé Travassos da Rosa Anexo E
138
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