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entretanto a pouca freqüência que se manifesta no Mapa de Indicativos de 2005 deixa às
escuras as mutações contemporâneas no mundo do trabalho e nesse caso específico a
subcontratação da produção que, conforme Cattani (2000, p.20)
Criaram condições para que o pesado parque produtivo do período fordista se
fragmentasse num grande número de unidades de menor escala. Um produto que
antes era elaborado integralmente numa usina, hoje pode ser fabricado em dezenas
de empresas, montado, embalado e distribuído por dezenas de outras, sem que haja
vínculos orgânicos, e, [...] sem que os inúmeros trabalhadores envolvidos estejam
em contato uns com os outros. A subcontratação de peças e tarefas ressuscitou o
trabalho a domicílio, estratégia capitalista usada no século XVIII.
Mesmo que os gráficos apresentem-se para mostrar a redução ou aumento do
trabalho infantil na análise comparativa de 1999 e 2002, aqui o objetivo será destacar apenas
as posições reservadas ao trabalho doméstico e domiciliar no Brasil e sua posição em relação
a outras ocupações.
Considerando o Brasil, o trabalho infantil não-remunerado
34
aparece em primeiro
lugar, seguido da ocupação de empregado
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, trabalhador na produção para o próprio
consumo
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e, em quarto lugar, o trabalho doméstico, seguido do domiciliar, por conta
própria
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etc. Em relação aos rendimentos auferidos na ocupação para terceiros, o trabalho
infantil doméstico só perde para a categoria empregado. (IBGE; PNAD, 2003, p.27). Os
Serviços domésticos aparecem em dezessete Estados da Federação no Mapa de indicativos de
2005 e sua ocorrência é detectada em dezesseis Estados (AL, AP, DF, GO, MA, MG, MS,
34
De acordo com o Mapa de Indicativos 2005 (MTE/SIT, 2005, p. 12), essas categorias são assim definidas:
Trabalhador não remunerado membro da unidade familiar – Pessoa que trabalhava sem remuneração,
durante, pelo
menos, uma hora na semana, em ajuda a membro da unidade familiar que era empregado na
produção de bens primários (que compreende as atividades da agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal
ou mineral, caça, pesca e piscicultura), conta própria ou empregador.
Outro trabalhador não-remunerado – Pessoa que trabalhava sem remuneração, durante, pelo menos,uma hora
na semana como aprendiz ou estagiário, ou em ajuda à instituição religiosa, beneficente ou de cooperativismo.
Para efeito de divulgação, as categorias “trabalhador não-remunerado membro da unidade familiar” e “outro
trabalhador não remunerado” foram reunidas em uma única denominação: “não-remunerado.
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Pessoa que trabalhava para um empregador (pessoa física ou jurídica) geralmente obrigando-se ao
cumprimento de uma jornada de trabalho e recebendo, em contrapartida, uma remuneração em dinheiro,
mercadorias, produtos ou benefícios (moradia, comida, roupas, etc.). Nessa categoria, está incluída a pessoa que
prestava serviço militar obrigatório e, também, o sacerdote, ministro de igreja, pastor, rabino, frade, freira e
outros clérigos.
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Autoconsumo (trabalhador na produção para o próprio consumo) – Pessoa que trabalhava, durante, pelo
menos, uma hora na semana, na produção de bens do ramo, que engloba as atividades da agricultura, silvicultura,
pecuária, extração vegetal, pesca e piscicultura, para a própria alimentação de, pelo menos, um membro da
unidade domiciliar.
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Conta própria Pessoa que trabalhava explorando o seu próprio empreendimento, sozinha ou com sócio, sem
ter empregado e contando, ou não, com a ajuda de trabalhador não-remunerado.