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Thais Melo Mendes
Antígenos para a produção de soro
contra o veneno do escorpião
Tityus serrulatus
Universidade Federal de Minas Gerais
Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Fisiologia e Farmacologia
Belo Horizonte
2007
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Thais Melo Mendes
Antígenos para a produção de soro
contra o veneno do escorpião
Tityus serrulatus
Tese submetida ao Programa de Pós-graduação em Fisiologia
e Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial
para obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas
Área de concentração: Farmacologia
Orientador: Evanguedes Kalapothakis
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de
Biotecnologia e Marcadores Moleculares
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
2007
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Este trabalho foi realizado com o apoio das seguintes
instituições:
- Departamento de Farmacologia – ICB – UFMG
- Departamento de Biologia Geral – ICB – UFMG
- Fundação Ezequiel Dias – FUNED
- Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG
- Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq
- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior –
CAPES
Dedico esta dissertação ao Maurício
e à minha família
Agradecimentos
Ao meu orientador, Evanguedes Kalapothakis, que me ensinou quase tudo
que sei de pesquisa e convívio dentro de um laboratório. Você é uma pessoa de
muita moral e ética, e por causa de pessoas como você, ainda tenho esperança de
um Brasil melhor.
À pesquisadora e amiga, Jovita E. Madeira Gazzinelli, que me acolheu em
seu laboratório quando eu mais precisava. Você foi muito importante para mim.
Ao programa de Pós-Graduação em Fisiologia e Farmacologia,
principalmente a coordenadora Adelina Reis e a secretária Celinha, pela solicitude
no processo da minha transferência.
Às minha amigas de bancada e doutorado, Andréa e Tatiana, que muito me
ajudaram. Vocês são muito especiais, são pessoas muito prestativas e não vacilam
na hora de ajudar quem precisa.
Aos meus amigos e companheiros de laboratório, Ana Luíza, Ana Carolina,
Ana Paula, André, Denise, Flavinha, Gabriel, Isabela, Maria, Tatiana e
principalmente Carol, Anderson e Higgor, vocês me ajudaram muito e fizeram
meus dias mais alegres.
Aos meus amigos da FUNED, principalmente a Gaucinha, Nayara e Elizete,
ao pessoal do laboratório de Micologia e Micotoxinas, ao pessoal do IOM e do
curso de atualização, vocês foram muito importantes.
Aos meus amigos da Veterinária, principalmente Felipe, Katarina, Rodrigo e
Pricilla, que me agüentaram quando eu ia trabalhar lá. Ao Prof. Francisco Lobato
que me disponibilizou seu laboratório.
Às minhas ex-colegas de laboratório e grandes amigas, Lucila, Cibele,
Flávia, Juliana e Fabíola, pela ajuda e amizade.
Aos colegas dos laboratórios dos Professores Carlos Chávez e Alfredo
Góes, que sempre estavam dispostos a ajudar, principalmente a Lisa, que me
ajudou a sangrar os camundongos e ao Ricardo que me ajudou com as
purificações.
Aos meus amigos da Biologia, especialmente, Dani, Paty, Chabi, Ceça,
Fábio, Fred Mirandinha, Millen, Sérgio, Lú Compart, Marquinhos e Dudu pela
amizade e diversão que me proporcionam sempre que estou com eles.
Às minhas grandes amigas Rosana, Renata, Fê, e Simone pela amizade e
apoio. Vocês moram no meu coração.
Aos meus amigos Dani, Pri, Val e Vinício pela amizade e diversão que me
proporcionaram. Vocês sempre são bem vivos lá em casa para um filminho.
À minha grande família da rua Ligúria e à Diana e ao Willer pela amizade e
incentivo.
Ao Maurício pelo amor e toda ajuda que me deu com a bioinformática e
escrita da tese.
À minha família, Cida, Carlos, André, Bruno e Rodrigo, por todo amor,
incentivo, apoio e ajuda que me deram durante a realização da tese e por toda
minha vida.
Muito obrigada a todos vocês!
Sumário
Resumo................................................................................................................................... 1
Abstract………………………………………………………………………………………………. 2
Introdução............................................................................................................................... 3
1 - Os Escorpiões.......................................................................................................... 3
1.1 - Distribuição Geográfica e Classificação................................................................ 3
1.2 – Morfologia............................................................................................................ 5
1.3 – Habitat e Hábitos................................................................................................. 7
2 – Escorpionismo no Brasil e em Minas Gerais.......................................................... 8
2.1 – Introdução............................................................................................................ 8
2.2 – Epidemiologia...................................................................................................... 9
2.3 – Quadro Clínico.....................................................................................................10
2.4 – Classificação Clínica e Tratamento Específico................................................... 12
3 – Veneno, Estrutura das toxinas e Modo de Ação.................................................... 13
3.1 – Veneno................................................................................................................ 13
3.2 – Toxinas Escorpiônicas.........................................................................................15
3.2.1 – Toxinas que agem nos canais de sódio........................................................... 16
3.2.2 – Toxinas que agem nos canais de potássio...................................................... 20
3.2.3 – Toxinas que agem nos canais de cloro............................................................ 24
3.2.4 – Toxinas que agem nos canais de cálcio...........................................................25
3.2.5 – Peptídeos sem pontes dissulfeto......................................................................28
3.3 – Toxinas do Tityus serrulatus e sua nomeclatura................................................. 29
3.3.1 – Toxinas que agem em canais de sódio............................................................ 29
3.3.2 – Toxinas que agem em canais de potássio....................................................... 38
4 – Os avanços na Soroterapia.................................................................................... 41
Objetivo Geral.......................................................................................................................... 45
Objetivos Específicos............................................................................................................. 45
Justificativa.............................................................................................................................. 46
Materiais e Métodos................................................................................................................ 48
A – Reagentes, Meios de Cultura, Soluções............................................................... 48
B – Genótipo das linhagens de bactéria utilizadas.......................................................54
C – Animais Utilizados..................................................................................................55
D - Preparo do estoque de bactérias............................................................................55
E – Metodologia............................................................................................................56
- Obtenção do DNA das toxinas............................................................................. 59
1 - Obtenção do DNA de toxinas a partir do DNA genômico do escorpião Tityus
serrulatus................................................................................................................... 59
1.1 - Extração de DNA genômico do escorpião Tityus serrulatus................................ 61
1.2 - Padronização da PCR e Amplificação dos DNAs das toxinas............................. 62
1.3 - Clonagem dos DNAs no vetor pGEM T Easy vetor............................................. 63
1.3.1- Purificação de DNA pelo método da Sílica/Guanidina....................................... 63
1.3.2 – Ligação dos DNAs da TsTx-I e TsTx em pGEM.............................................. 64
1.4 – Eletroporação...................................................................................................... 64
1.4.1 - Bactérias eletrocompetentes............................................................................. 64
1.4.2 – Protocolo de Eletroporação.............................................................................. 65
1.5 – PCR de Colônia................................................................................................... 66
1.6 – Purificação de plasmídeo por lise alcalina.......................................................... 67
1.7 - Corte com enzimas de restrição...........................................................................68
1.8 – Seqüênciamento..................................................................................................68
1.9 - Análise computacionais das seqüências obtidas................................................. 69
2 - Busca de DNAs de toxinas na biblioteca de cDNA da glândula de veneno do
escorpião Tityus serrulatus...................................................................................... 70
2.1 - Biblioteca de DNA da glândula de veneno do escorpião Tityus serrulatus......... 70
2.2 - Titulação da biblioteca..........................................................................................70
2.3 - Excisão em massa da sub-biblioteca 34.............................................................. 71
2.4 – Verificação da presença de insertos................................................................... 72
2.5 – Análise das ESTs obtidas....................................................................................74
– Construção dos cassetes................................................................................... 75
1 - Construção de proteínas em tandem.................................................................. 75
1.1 - Clonagem do DNA da TsTx-I em pGEM.............................................................. 78
1.2 - Transformação química........................................................................................79
1.2.1. - Bactérias quimicamente competentes............................................................. 79
1.2.2 - Transformação química.................................................................................... 79
1.3 - Subclonagem do DNA da TsTx-I em pBluescript................................................. 80
1.3.1- Obtenção do pBluescript.................................................................................... 80
1.3.2 - Purificação do DNA TsTx-I................................................................................ 81
1.3.3 - Desfosforilação de plasmídeo........................................................................... 81
1.3.4 - Ligação do DNA da TsTx-I no vetor pBluescript............................................... 82
1.4 - Montagem da TsTx-I com 2 cópias de DNA........................................................ 86
1.5 - Montagem da TsTx-I com 4 cópias de DNA........................................................ 87
1.5.1 – Subclonagem no vetor pBluescript................................................................... 87
1.5.2 – Clonagem no vetor pET 11a.............................................................................87
2 - Construção da proteína quimérica...................................................................... 90
2.1 – Obtenção do DNA da TsNTxP............................................................................ 92
2.2 – Ligação do DNA da TsNTxP ao pBluescript+TsTx-I........................................... 92
2.3 – Obtenção do DNA da TsTx................................................................................. 93
2.4 - Ligação do DNA da TsTx ao pBluescript+TsTx-I+TsNTxP.................................. 94
 - Expressão............................................................................................................ 95
1 - Sistema de expressão............................................................................................. 95
2 - Expressão piloto e curva de expressão da proteína recombinante em células de
bactérias da linhagem BL21 DE 3................................................................................ 97
3 - Expressão em larga escala..................................................................................... 98
4 – Expressão no fermentador..................................................................................... 98
5 - Lise celular.............................................................................................................. 99
6 - Dosagem de proteínas.......................................................................................... 100
7 - Eletroforese em Gel de Poliacrilamida.................................................................. 101
8 – ELISA................................................................................................................... 101
9 - Western Blotting.................................................................................................... 102
IV- Produção de soros e teste de potência............................................................ 102
1 - Imunização dos animais........................................................................................ 102
1.1 – Imunização dos camundongos.......................................................................... 102
1.2 – Imunização dos coelhos.................................................................................... 103
2 - Titulação dos soros dos animais........................................................................... 103
3 – Determinação da DL
50
.......................................................................................... 104
4 - Neutralização in vitro............................................................................................. 104
5 - Capacidade de proteção após vacinação............................................................. 104
V - Análise dos dados..............................................................................................105
1 - Análise estatística................................................................................................105
Resultados............................................................................................................................... 106
- Obtenção do DNA das toxinas............................................................................106
1 - Obtenção dos DNAs das proteínas TsTx e TsTx-I do DNA genômico do escorpião
Tityus serrulatus......................................................................................................... 106
2 - Busca de DNAs de toxinas na biblioteca de DNAs da glândula de veneno do
escorpião Tityus serrulatus.........................................................................................110
2.1 - Excisão em massa da biblioteca........................................................................ 110
2.2 - Seqüênciamento e análise dos dados............................................................... 110
– Construção dos cassetes................................................................................. 120
1 - Construção de proteínas em tandem................................................................ 120
1.1 - Clonagem do DNA da TsTx-I em pGEM............................................................ 120
1.2 - Subclonagem do DNA da TsTx-I no vetor pBluescript II KS-............................. 122
1.3 – Clonagem do DNA da TsTx-I
(1)
no pET 11a...................................................... 126
1.4 – Montagem da TsTx-I
(2)
.......................................................................................131
1.5 – Montagem da TsTx-I
(4)
.......................................................................................135
2 - Construção da proteína quimérica.................................................................... 146
2.1 - Clonagem do DNA da TsNTxP (amplificado do pMAL) no vetor pGEM............ 146
2.2 - Subclonagem do DNA da TsNTxP no vetor pBluescript contendo o DNA da
TsTx-I......................................................................................................................... 148
2.3 - Clonagem do DNA da TsTx em pGEM.............................................................. 150
2.4 - Subclonagem do DNA da TsTx no vetor pBluescript contendo o DNA da TsTx-
I+TsNTxP................................................................................................................... 152
 – Expressão e Caracterização das proteínas recombinantes......................... 156
1 – Expressão piloto da TsTx-I
(2)
......................................................................... 156
2 – Expressão em larga escala da TsTx-I
(2)
............................................................... 159
3 – Teste de expressão TsTx-I
(2)
................................................................................ 160
4 – Expressão em Larga Escala e Lise Bacteriana TsTx-I
(2)
...................................... 161
5 – Western blotting da TsTx-I
(2)
…………………………………………………………. 165
6 – Tentativa para produzir a proteína recombinante TsTx-I
(2)
solúvel...................... 167
7 – Expressão da BL21 e BL21/pET.......................................................................... 169
8 – Tentativa de reduzir a formação da proteína de 14 kDa...................................... 170
9 – Teste de dissolução da proteína recombinante TsTx-I
(2)
......................................173
10 – ELISA da TsTx-I
(2)
.............................................................................................. 177
11 – Ensaio de Toxicidade da TsTx-I
(2)
...................................................................... 178
12- Expressão piloto da TsTx-I
(1)
................................................................................ 179
13 – Expressão em larga escala da TsTx-I
(1)
e lise bacteriana.................................. 180
14 – Western blotting da TsTx-I
(1)
………………………………………………………... 181
15 – Expressão da TsTx-I
(1)
no Fermentador............................................................. 182
16 – Purificação por cromatografia da TsTx-I
(1)
..........................................................184
17 – Teste de dissolução da proteína recombinante TsTx-I
(1)
....................................186
18 – ELISA da TsTx-I
(1)
.............................................................................................. 188
IV- Produção de soros e teste de potência............................................................ 190
1 – Determinação da DL
50
do veneno do Tityus serrulatus........................................ 190
2 – Titulação dos soros.............................................................................................. 192
2.1 – Titulação dos soros dos coelhos....................................................................... 192
2.2 – Titulação dos soros dos camundongos............................................................. 195
3 – Ensaios de neutralização..................................................................................... 196
3.1 – Neutralização in vitro......................................................................................... 196
3.2 – Capacidade de proteção após vacinação......................................................... 197
3.3 – Comparação da titulação dos soros dos camundongos antes e depois do desafio
....................................................................................................................................200
Discussão................................................................................................................................. 203
Conclusões.............................................................................................................................. 217
Pespectivas............................................................................................................................. 218
Referências…………………………………………………………………………………………… 219
Índice de Figuras
Figura 1 – Principais espécies brasileiras de escorpiões perigosos.............................4
Figura 2 – Desenho esquemático do escorpião. Vista dorsal e ventral do escorpião..6
Figura 3 – Toxinas que agem em canais de sódio.........................................................20
Figura 4 – Toxinas que agem em canais de potássio....................................................23
Figura 5 – Toxinas que agem em canais de cloro..........................................................24
Figura 6 – Toxinas que agem em canais de cálcio.........................................................27
Figura 7 – Toxinas do veneno do T. serrulatus que agem em canais de sódio..........35
Figura 8 – Seqüências do cDNA e DNA genômico da TsTx-I........................................36
Figura 9 – Seqüências do cDNA e DNA gênomico da TsTx. .........................................37
Figura 10 – Toxinas do veneno do T. serrulatus que agem em canais de potássio...40
Figura 11 – Esquema da metodologia utilizada..............................................................56
Figura 12 – Procedimentos utilizados nas etapas de clonagem...................................57
Figura 13 – Vetores de fácil clonagem. ...........................................................................58
Figura 14 – Primers construídos para clonagem das proteínas de interesse.............60
Figura 15 – Mapa do vetor pBluescript II KS +/-.. ...........................................................76
Figura 16 – Construção de proteínas em Tandem da TsTx-I.........................................77
Figura 17 - Construção da proteína quimérica..............................................................91
Figura 18 - Representação esquemática e mapa da região MCS do vetor pET 11a...96
Figura 19 - Extração do DNA genômico e obtenção do DNA das toxinas. ................108
Figura 20 – Corte com enzima de restrição dos clones da TsTx e TsTx-I em
pGEM.........................................................................................................................109
Figura 21 – Análise da seqüência da TsTx-I obtida na biblioteca...............................111
Figura 22 – Análise da seqüência da TsTx obtida na Biblioteca.. ..............................112
Figura 23 – Distribuição dos tamanhos das ESTs. ......................................................113
Figura 24 – Proporção relativa de cada categoria dos transcritos da biblioteca de
cDNA da glândula de veneno do Tityus serrulatus..............................................114
Figura 25 - Proporção relativa de cada categoria dos Uniques..................................115
Figura 26 – Anotação das ESTs com Gene Ontology..................................................116
Figura 27 – Anotação das Uniques com Gene Ontology.............................................117
Figura 28 – Construção das proteínas recombinantes a partir da seqüência da TsTx-I
no vetor pET 11a......................................................................................................120
Figura 29 – Amplificação e purificação do DNA da TsTx-I do clone obtido da
biblioteca..................................................................................................................121
Figura 30 – Purificação do DNA da TsTx-I e desfosforilação do plasmídeo cortado..
...................................................................................................................................123
Figura 31 – Corte com enzima de restrição Hind III dos clones da TsTx-I clonados no
pBluescript...............................................................................................................124
Figura 32 – Análise da seqüência do clone 14 no programa Blastx...........................125
Figura 33 – Construção dos primers para a clonagem da TsTx-I
(1)
no pET 11a........127
Figura 34 – Amplificação e purificação do fragmento de DNA TsTx-I
(1)
e verificação
da clonagem.............................................................................................................128
Figura 35 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(1)
no vetor pET 11a........129
Figura 36 – Confirmação da ligação TsTx-I
(1)
no pET...................................................130
Figura 37 – Clonagem da TsTx-I
(2)
nos vetores de fácil clonagem. ............................132
Figura 38 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(2)
no vetor pET 11a.........133
Figura 39 – Confirmação da ligação TsTx-I
(2)
no pET...................................................134
Figura 40 – Construção dos primers para a clonagem da TsTx-I
(2)
/Eco no clone 14.
...................................................................................................................................136
Figura 41 – Clonagem da TsTx-I
(2)
(Eco) nos vetores de fácil clonagem. ..................137
Figura 42 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(2)
(Eco) no clone 14........138
Figura 43 – PCR para confirmação da ligação da TsTx-I
(2)
(Eco) no clone 14.. .........139
Figura 44– Construção dos primers para a clonagem da TsTx-I
(4)
no pET 11a.........141
Figura 45 – Clonagem da TsTx-I
(4)
em pGEM.. ..............................................................142
Figura 46 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(4)
no pET 11a. .................143
Figura 47 – Corte com enzima de restrição para confirmação da ligação da TsTx-I
(4)
em pET......................................................................................................................144
Figura 48 – Seqüênciamento da TsTx-I
(4)
em tandem no vetor pET 11a.. .................145
Figura 49 – Construção da proteína recombinante quimérica no vetor pBluescript.
...................................................................................................................................146
Figura 50 – Amplificação, purificação e clonagem do DNA da TsNTxP em pGEM...147
Figura 51 – Clonagem do DNA da TsNTxP nos clones 14 e 16 da TsTx-I (di e mono)..
...................................................................................................................................149
Figura 52 – Clonagem do DNA da TsTx no pGEM........................................................151
Figura 53 – Clonagem do DNA da TsTx no vetor pBluescript contendo o DNA da
TsTx-I +TsNTxP........................................................................................................153
Figura 54 – Verificação da clonagem do DNA da TsTx no pBluescript contendo o
DNA da TsTx-I+TsNTxP...........................................................................................154
Figura 55 – Seqüênciamento das construções quiméricas.. ......................................155
Figura 56 – Expressão piloto da proteína recombinante TsTx-I
(2)
. .............................157
Figura 57 - Curva de expressão dos clones da proteína recombinante TsTx-I
(2)
em
BL21 (DE3)................................................................................................................158
Figura 58 - Expressão em larga escala da proteína recombinante TsTx-I
(2)
.. ............159
Figura 59 – Triagem das colônias recombinantes da TsTx-I
(2)
que estavam
expressando.............................................................................................................160
Figura 60 – As duas metodologias utilizadas para expressão em larga escala da
TsTx-I
(2)
.. ...................................................................................................................162
Figura 61 – Lise bacteriana após expressão em larga escala da TsTx-I
(2)
utilizando a
primeira metodologia.. ............................................................................................163
Figura 62 - Lise bacteriana após expressão em larga escala da TsTx-I
(2)
utilizando a
segunda metodologia..............................................................................................164
Figura 63 – Western blotting da TsTx-I
(2)
.......................................................................166
Figura 64 – Expressão da TsTx-I
(2)
em fermentador.....................................................168
Figura 65 – Expressão de proteínas nas bactérias BL21 e BL21/pET........................169
Figura 66 – Processos para tentar evitar o surgimento da proteína de 14 kDa.. ......172
Figura 67 – Solubilização das proteínas insolúveis do pellet da lise da expressão da
TsTx-I
(2)
.. ...................................................................................................................175
Figura 68 - Solubilização com SDS das proteínas insolúveis do pellet da lise da
expressão da TsTx-I
(2)
.............................................................................................176
Figura 69 – Reatividade da TsTx-I
(2)
frente ao soro anti-veneno de Tityus serrulatus.
...................................................................................................................................177
Figura 70 – Triagem de colônias que expressam a proteína recombinante TsTx-I
(1)
..
...................................................................................................................................179
Figura 71 – Expressão em larga escala e lise bacteriana da expressão da TsTx-I
(1)
..
...................................................................................................................................180
Figura 72 – Western blotting da proteína recombinante TsTx-I
(1)
...............................181
Figura 73 – Expressão da TsTx-I
(1)
no fermentador. Gel de SDS-PAGE 18% corado
com azul de coomassie...........................................................................................183
Figura 74 – Tentativa de purificação da TsTx-I
(1)
em coluna C8 no HPLC.. ...............185
Figura 75 – Solubilização da proteína TsTx-I
(1)
recombinante insolúvel....................187
Figura 76 – Reatividade da proteína recombinante TsTx-I
(1)
frente ao veneno do
Tityus serrulatus......................................................................................................188
Figura 77 – Titulação do soro anti-veneno total de Tityus serrulatus........................192
Figura 78 – Titulação dos soros dos animais imunizados com TsTx-I
(1)
e TsTx-I
(2)
.. 194
Figura 79 – Titulação dos soros dos camundongos imunizados...............................195
Figura 80 – Titulação do pool dos soros dos camundongos imunizados antes e
depois do desafio com veneno.. ............................................................................202
Índice de tabelas
Tabela 1 – Acidentes escorpiônicos: classificação, manifestações clínicas e
tratamento
*
................................................................................................................12
Tabela 2 - Principais trabalhos de purificação de toxinas do veneno do T. serrulatus,
nas décadas de 60 a 80.............................................................................................31
Tabela 3 – Uniformização dos nomes das toxinas de T. serrulatus.............................34
Tabela 4 – Identificação dos trancritos que possuem homologia com toxinas ou
componentes do veneno.........................................................................................118
Tabela 5 – Ensaio de Toxicidade da TsTx-I
(2)
................................................................178
Tabela 6 – Ensaio de Toxicidade da TsTx-I
(1)
................................................................189
Tabela 7 – Determinação da DL
50
do veneno bruto......................................................190
Tabela 8 - Determinação da DL
50
do veneno liofilizado ...............................................191
Tabela 9 - Determinação da DL
50
do veneno bruto que foi liofilizado ........................191
Tabela 10 – Neutralização in vitro..................................................................................196
Tabela 11 – Cálculo de quantidade de veneno a ser usada proporcional ao peso...198
Tabela 12 – Capacidade de neutralização após vacinação.........................................199
Lista de Abreviaturas
C
Graus Celsius
Amp Ampicilina
BLAST
Basic Local Alignment Search Tool
BSA Soro Albumina Bovino
Cols. Colaboradores
CIAP
Calf intestinal alkaline phosphatase
DAB 3,3’- diaminobenzidina
DL
50
Dose letal de 50%
DNA Ácido dexosirribonucléico
ss
DNA DNA fita simples (única)
dNTP Desoxi (nucleotídeo) 5’-trifosfato
DO Densidade Óptica
DTT Ditiotritol
eag Gene ether-a-go-go de Drosophila melanogaster
EDTA Ácido Etileno Diaminotetracético
ELISA
Enzyme linked immunosorbent assay
EMBL
European Molecular Biology Laboratory
EST
Expressed Sequence Tag
GO
Gene Ontology
GOA
Gene Ontology Annotation
HERG Gene humano homólogo ao gene eag
HPLC Cromatografia líquida de alta eficiência
ICK
Inibidor cystine knot
IgG Imunoglobulina G
IPTG
Isopropil-tio--D-galactosídio
Kb Quilobase
KDa Quilo Dalton
LacZ
Gene que codifica a -galactosidase
Lb Meio de Cultura Luria-Bertani
M Molar
mAb Anticorpo monoclonal
MBP Proteína ligadora de maltose
MCS Sítio multiplo de clonagem
mM Mili-Molar
mg Mili-grama
mL Mililitro
F
microFaraday
g
Micrograma
l
Microlitro
m
Micrometro
mRNA RNA mensageiro
N Normal
NCBI
National Center for Biotechnology Information
ng Nanograma
OPD Ortofenilenodiamino
PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida
pb Pares de bases
PCR Reação em cadeia da polimerase
pH Potencial Hidrogenionte
PHRAP
PHRagment Assembly Program
PHRED
Phil’s Read Editor
PBS Tampão salina fosfato
PBST Tampão salina fosfato Tween 20
PMSF
Phenilmetilsulfonil fluoride
PSA Persulfato de Amônia
q.s.p Quantidade Suficiente Para
RNA Ácido ribonucléico
SDS Sódio Dudecil Sulfato
SDS-PAGE Gel de poliacrilamida com SDS
Swiss prot Protein knowledgebase of Swiss Institute
T
4
DNA ligase
DNA ligase do bacteriófago
TAE Tampão Tris, Ácido acético, EDTA
Taq
Thermus aquaticus
Taq DNA polimerase DNA polimerase termoestável do Thermus
aquaticus
TE Tampão Tris e EDTA
TEMED Tetrametiletilenodiamino
TrEMBL
Translated EMBL
Tris Tris (hidroximetil) aminometano
TsNTxP
Tityus serrulatus non-toxic protein
U Unidade de enzima
UniProt
The Univesal Protein Resourse
U.V. Ultra Violeta
V Volts
x-Gal
5-bromo-4-cloro-3-indolil--D-galactose
Lista de Abreviaturas de Nomes de Escorpiões
Abreviaturas Nomes completos
AaH
Androctonus australis Hector
Amm
Androctonus mauretanicus mauretanicus
Be
Buthus eupeus
Bj
Buthotus judaicus
BmK
Buthus martensi Karsch
Bo
Buthus occitanus
Bom
Buthus occitanus mardochei
Bs
Buthus sindicus
Bot
Buthus occitanus tunetanus
Ce
Centruroides exilimanus
Cex
Centruroides exilicauda
Cg
Centruroides gracilis
Cl
Centruroides limbatus
Cll
Centruroides limpidus limpidus
Cm
Centruroides margaritatus
Cn
Centruroides noxius Hoffmann
CsE
Centruroides sculpturatus Ewing
Css
Centruroides suffusus suffusus
Ha
Hadrurus aztecus
Hf
Heterometrus fulvies
Hs
Heterometrus soubufer
Lqh
Leiurus quinquestriatus hebraeus
Lqq
Leiurus quinquestriatus quinquestriatus
Oc
Opistophthalmus carinatus
Om
Opisthacanthus madagascariensis
Os
Orthochirus scrobiculosus
Pg
Parabuthus granulatus
Pi
Pandinus imperator
Ps
Parabuthus schlechteri
Pt
Parabuthus transvaalicus
Pv
Parabuthus villosus
Sm
Scorpion maurus palmatus
Tb
Tityus bahiensis
Tc
Tityus cambridgei
Tco
Tityus costatus
Ts
Tityus serrulatus
Tst
Tityus stigmurus
Tz
Tityus zulianus
Lista de Abreviaturas de Nomes de Toxinas
A maioria das toxinas usam como abreviações as primeiras letras dos
nomes científicos dos escorpiões, seguido de um número romano ou arábico que
significa a ordem de purificação ou é relativo ao pico de purificação. Exemplo: AaH
II, Androctonus australis Hector, e esta toxina foi a segunda a ser purificada do
veneno deste escorpião. Algumas ainda trazem na abreviatura de seus nomes, as
letras IT que significa tóxicas para insetos. Exemplo: Aah IT 4. Outras ainda
especificam se as toxinas são do tipo ou . Exemplos: Lqh IT ou BmTx .
Outras explicitam a ação da toxina, exitatória xtr. Exemplo: Bjxtr IT. Outras
trazem as letras Tx para indicar toxina. Exemplo: TsTx V, toxina V do Tityus
serrulatus . As letras Erg indicam que estas toxinas agem em canais ERG.
Exemplo: Cn Erg 1. Mas muitas tem nome que não possuem relação direta com o
nome científico do escorpião e as usadas neste trabalho estão descritas na tabela
abaixo.
Abreviação Nome da toxina Escorpião
AgTx 1 e 2 Agitoxinas Lqh
BeKm Toxina do Be age em canais
de K tipo m
Be
BmK CT Toxina do BmK homológa a
clorotoxina
BmK
BmKTx Toxinas do BmK inibidoras de
canais de K
BmK
BmP 01, 02, 05 Peptídeos do BmK que inibe
canais SKCa
BmK
ClTx Clorotoxina Lqh
CTx Caribdotoxina Lqh
CoTx 1 e 2 Cobatoxinas CnH
ErgTx Ergtoxina CnH
HgTx 1 Hongotoxina Cl
HfTx 1 e 2 Hefutoxinas Hf
I 1, 3, 4, 5 e 5A Insetotoxinas Be
IbTx Iberiotoxina Bt
IpTx A Imperatoxina ativador Pi
IpTx I Imperatoxina inibidor Pi
Is CT e 2 Peptídeos lineares citotóxicos Om
KL I e II Kurtoxia-like Pg
Ktx Kurtoxina Pt
KTx Kaliotoxina Amm
LbTx Limbatotoxina Cl
LeTx I Leiurotoxina Lqh
Lp I Leiuropeptideos Lqh
Mca Maurocalcina Sm
MgTx Margatoxina Cm
MTx Maurotoxina Sm
NTx Noxiustoxina CnH
Opc Opicalcina Oc
PB ITx 1 Peptideo tipo insetotoxina Ps
PBTx 1 Parabutoxinas Pv e Pt
Pi 1, 2 e 3 Pandinotoxinas Pi
P01 e 05 Peptideos inibidores SKCa Amm
TmTx Tamulotoxina Bt
Ts
Tityus kappa Ts
Tyk
Tityustoxina II Ts
1
Resumo
Os escorpiões são animais que possuem veneno para capturarem
presas e se defender. Estes venenos possuem toxinas que agem em canais
iônicos de vários seres vivos. Algumas peçonhas são muito tóxicas para os
mamíferos, inclusive o homem, podendo levar até a morte. No Brasil, existem
algumas espécies de escorpiões perigosos à saúde e há uma grande
preocupação em relação aos acidentes. Desde a década de 60, pesquisadores
vêm estudando a peçonha dos escorpiões. E apesar de já existir um soro anti-
escorpiônico eficaz, ainda existem problemas na sua produção e uso. Portanto,
para o desenvolvimento de um soro de melhor qualidade ou até mesmo uma
vacina, é necessário um conhecimento maior sobre a composição e ação do
veneno.
Nosso grupo está envolvido na busca de novos imunôgenos para a
produção de soro. Com este objetivo, nós fizemos uma busca por novas
toxinas na biblioteca de cDNAs da glândula de veneno do escorpião Tityus
serrulatus, disponível em nosso laboratório. Como resultado obtivemos várias
seqüências de nucleotídeos codificando proteínas similares a toxinas. Os
cDNAs das duas principais toxinas do veneno do T. serrulatus, TsTx e TsTx-I,
foram obtidos. Em conjunto com a seqüência de nucleotídeos codificante para
a TsNTxP, eles foram usados para construções de cassetes de expressão.
Estes foram construídos através de inserção em um vetor plasmidial de cópias
de genes em série (em tandem) ou uma cópia de genes diferentes, codificando
proteínas diferentes (quimera).
Duas construções foram utilizadas para ensaios de expressão em
bactérias e as proteínas recombinantes obtidas foram inoculadas em animais,
para a produção de anticorpos. Estes foram testados e se mostraram capazes
de neutralizar os efeitos tóxicos do veneno total do T. serrulatus. Os resultados
obtidos neste trabalho abrem novas possibilidades para a produção de soro
anti-escorpiônico utilizando-se como antígeno às proteínas recombinantes
descritas aqui. O avanço mais importante obtido foi a determinação da
capacidade da toxina recombinante TsTx-I de produzir anticorpos com o poder
de neutralizar o veneno do Tityus serrulatus, uma vez que ainda não havia
estudos nesta área com esta toxina.
2
Abstract
Scorpions are animals that use venom to capture preys and to defend
themselves. These venoms possess toxins that act in ionic channels of many
organisms. Some poisons are very toxic for mammals, including man, and may
cause death. In Brazil, there are some species of scorpions dangerous to
human health and there is a great concern relative to accidents.
Since the decade of 60, researchers are studying scorpion venom.
Although already exist an effective anti-scorpionic serum, problems in its
production and use still exist. Therefore, for the development of a better quality
serum or even a vaccine, it is necessary a greater knowledge of the venom
composition and action.
Our group is involved in the search of new imunogens for anti-venom
production. To achieve such purpose, a search for new toxins in a cDNA library
of Tityus serrulatus venom gland was carried out. As result several nucleotide
sequences coding for toxin-like proteins were identified. cDNAs of two main
toxins of the T. serrulatus venom, TsTx and TsTx-I, were obtained and used
with the cDNA of TsNTxP, in the constructions of expression cassettes. These
were constructed by insertion into a plasmidial vector of copies of genes in
series (in tandem) or a copy of different genes, encoding proteins different
(chimera).
Two constructions were used for bacterial expression assays and the
obtained recombinant proteins inoculated in animals, for antibodies production.
The antibodies were tested and neutralized the toxic effects of the T. serrulatus
crude venom. The results obtained in this work open new possibilities for the
production of anti-scorpionic serum using the recombinant proteins described
here as antigen. The most important advancement was obtained to determine
the ability of the recombinant toxin TsTx - I to produce antibodies with the power
to neutralize the Tityus serrulatus venom since it had not yet studies in this area
with this toxin.
3
Introdução
1- Os Escorpiões
1.1- Distribuição Geográfica e Classificação
Existe a comprovação da existência dos escorpiões há mais de 400
milhões de anos. Foram os primeiros artrópodes a conquistar o ambiente
terrestre e desde então não passaram por modificações morfológicas
importantes.
Possuem ampla distribuição geográfica por todos os continentes, com
exceção da Antártica (Lourenço, 2004). Nas Américas, eles se distribuem do
Canadá até a Patagônia e na região Paleártica (Europa, Ásia até o Himalaia e
África sententrional até o Saara), se distribuem do leste e centro da Europa até
a Rússia e China. Eles são presentes em todas as regiões tropicais do mundo
e recentemente foram introduzidos na Nova Zelândia (Lourenço, 1988; Sissom,
1990).
Os escorpiões pertencem à classe Arachnida, ordem Scorpionidae,
distribui-se em nove famílias e existem 1500 espécies conhecidas. Todos os
escorpiões potencialmente perigosos ao homem pertencem à família Buthidae,
a única família que tem ampla distribuição pelo mundo, e é a maior em número
de gêneros (48) e espécies, com aproximadamente 500 (Lourenço, 2004).
Somente 25 espécies podem ser consideradas perigosas ao homem. A família
Buthidae inclui quatro subfamílias, que são responsáveis pelos casos sérios de
picadas por escorpiões pelo mundo: Isometrinae, Buthinae, Centrurinae e
Tityinae (Bürchel, 1971). Os gêneros Androctonus, Buthus, Leiurus, Buthotus e
Heterometrus pertencem à subfamília Buthinae e são originários da África,
principalmente no norte, Oriente Médio e Índia (Balozet, 1971). O gênero
Parabuthus tem sido relatado no Sul da África (Debont e cols., 1998). A
subfamília Centrurinae é composta por escorpiões da América do Norte e
Central (Bravo-Becherelle e Mazzotti, 1961; Dehesa-Davila e Possani, 1994),
enquanto escorpiões da subfamília Tityinae (Tityus) são originários da América
do Sul e Trinidade e Tobago (Bücherl, 1971). No Brasil ocorrem 5 cinco
gêneros de Buthidae: Isometrus, Ananteris, Microtityus, Rhopalurus e Tityus. A
esse último pertencem às espécies responsáveis pelos acidentes humanos:
4
Tityus serrulatus, o mais importante, seguido por T. bahiensis, T. stigmurus, T.
cambridgei e T. trivittatus (Figura 1).
Figura 1– Principais espécies brasileiras de escorpiões perigosos.
5
1.2 – Morfologia
O corpo dos aracnídeos é subdividido em duas regiões, o prossoma
(cefalotórax) que compreende a cabeça e os membros e o opistossoma
(abdômen). O prossoma é não-segmentado e o opistossoma é segmentado. O
abdômen do escorpião é dividido em uma região larga anterior chamada
mesossoma (pré-abdômen) de 8 segmentos e uma região longa posterior, o
metassoma (pós-abdômen) ou cauda de 5 segmentos com um ferrão, o telson,
na sua extremidade. O abdômen tem uma carapaça onde se fixam os
apêndices (Figura 2).
O primeiro par de apêndices consiste de quelíceras. Estas se
posicionam acima da boca, possuem não mais de três segmentos e na maioria
das ordens, tem a forma de garras. As quelíceras são pequenas nos
escorpiões e as presas são seguras pelas pinças dos pedipalpos que formam o
segundo par de apêndices. Depois dos pedipalpos, existem quatro pares de
pernas. O ferrão do escorpião é curvo e pontudo. Sua base é mais larga e
contém um par de glândulas de veneno. Na porção ventral do mesossoma,
imediatamente abaixo do opérculo genital, estão duas pectinas, órgãos
sensoriais parecidos com um pente, que não são achados em nenhum outro
animal além dos escorpiões. As pectinas têm uma musculatura complexa, os
dentes variam de três a mais de quarenta, dependendo do sexo e da espécie
do escorpião, e são ricamente inervadas (Cloudsley-Thompson, 1968). Os
olhos dos aracnídeos são simples ocelos, os escorpiões têm um par de olhos
medianos e dois a cinco pares de olhos laterais na borda da carapaça.
Os escorpiões são dióicos e os sexos são separados, porém muito
similares, exceto em algumas espécies, como Tityus serrulatus em que as
fêmeas são partenogênicas e os machos aparentemente ausentes.
6
Figura 2 – Desenho esquemático do escorpião. Vista dorsal e ventral do
escorpião. O mesossoma e o metassoma compõem o opistossoma. A cabeça e
os membros compõem o prossoma. Desenho de Guarnieri (1998) adaptado por
Thais Melo Mendes.
7
1.3 – Habitat e Hábitos
Os escorpiões têm sido capazes de ocupar os mais variados habitats e
microhabitats terrestres. Eles são encontrados desde desertos (para o qual
eles são muito bem adaptados) até florestas tropicais (onde chove muito),
incluindo todas as zonas vegetais intermediárias. Alguns têm habitat em matas
e florestas inundáveis, alojados no solo e em copas de árvores de mais de 40
metros de altura, como o Tityus cambridgei. Eles são encontrados em altitudes
altas como 5500 metros, nos Andes (ex. Orobothriurus crassimanus Maury –
Bothriuridae), e em cavernas com profundidades de 800 metros (ex. Alacran
tartarus Francke – Chactidae)(Lourenço e Francke, 1985; Lourenço, 1988).
Os escorpiões são subsociais, os jovens são levados nas costas da mãe
até a primeira muda. Algumas espécies de escorpiões têm vida solitária e
tendem a evitar uns aos outros, mas também podem ser encontrados em
grupos como é o caso do T. serrulatus. Eles são noturnos, passando os dias
em buracos e fendas sob rochas, pedras e troncos caídos, de onde saem à
noite à procura da presa (Ministério da Saúde, 2001). Encontram ainda
esconderijos junto às habitações humanas, em entulhos de construção e sob
dormentes dos trens (Guarnieri, 1998).
A atividade ao longo do ano também é variável. A maioria das espécies
de escorpiões são mais ativos durante os meses mais quentes do ano. Durante
os meses mais frios, a atividade é menor, especialmente nas espécies que
vivem em altas latitudes e grandes altitudes (Guarnieri, 1998).
Os escorpiões são carnívoros alimentando-se exclusivamente de
animais vivos. Quando não há alimento disponível, eles baixam o metabolismo
e ficam de jejum absoluto. Nem sempre a peçonha é utilizada para a captura
de presas, muitas vezes somente os palpos são utilizados para segurar a
vítima, normalmente insetos (Guarnieri, 1998).
Esses animais apesar de serem predadores ativos e possuírem
peçonha, não estão livres de inimigos naturais. Entre eles encontram-se vários
parasitas e predadores, como outros artrópodes, anfíbios, lagartos, serpentes,
aves e alguns mamíferos (Guarnieri, 1998).
8
2 – Escorpionismo no Brasil e em Minas Gerais
2.1 – Introdução
Escorpionismo é o processo de envenenamento causado pela picada de
escorpiões.
O T. serrulatus e o T. bahiensis são as espécies mais comuns e
responsáveis pela grande maioria dos acidentes escorpiônicos no Brasil
(Ministério da Saúde, 2001). São animais que podem atingir até 7 cm de
comprimento e possuem algumas diferenças morfológicas mais evidentes. A
cor predominante do T. serrulatus é o amarelo e no quarto segmento da cauda
possuem duas fileiras de serrilhas, o que caracteriza a espécie. Já a cor
predominante do T. bahiensis é o marrom escuro e as tíbias dos palpos
possuem manchas nítidas, também escuras.
Os escorpiões distribuem-se por todo país, e calcula-se por volta de
8000 casos anuais de acidentes, sendo que os estados de Minas Gerais e de
São Paulo concentram perto de 50% dos casos (Ministério da Saúde, 2001).
Em Minas Gerais, o escorpião T. serrulatus é responsável pela maioria
dos acidentes e dos óbitos que ocorrem em decorrência da picada de
escorpiões. O centro de referência de Belo Horizonte para acidentes com
animais peçonhentos é o Hospital João XXIII – Serviço de Toxicologia.
9
2.2 – Epidemiologia
No Centro de Toxicologia do Hospital João XXIII, no período de janeiro
de 1972 e a dezembro de 1987 foram admitidos 3660 pacientes picados pelo T.
serrulatus. Desses 73% eram adultos e 27% eram crianças com idade variando
entre 0 a 14 anos. A taxa de mortalidade entre esses pacientes foi baixa
(0,28%). Importante salientar que todos os pacientes mortos eram crianças que
haviam sido internadas no hospital com mais de três horas do acidente ter
ocorrido (Freire-Maia e Campos, 1989).
A partir da implantação da notificação dos acidentes escorpiônicos no
país, vem se verificando um aumento significativo no número de casos. Entre
janeiro de 1990 e dezembro de 1993 foram notificados 24.826 casos, sendo
que 0,4% eram crianças com menos de um ano (taxa de mortalidade de 4%) e
28% eram crianças entre 1 e 14 anos, taxa de mortalidade de 1,7% (Ministério
da Saúde, 2001).
A partir de 2001, houve um grande aumento no número de casos de
acidentes escorpiônicos atendidos no Hospital João XXIII: 2001 cerca de 7000
casos sem casos fatais, 2002 cerca de 6000 casos com 2 fatais e 2003 cerca
de 8000 casos com 1 fatal. O chefe do Centro de Toxicologia, Doutor Délio
Campolina, acredita que esse grande aumento se dá principalmente pelo
aumento das notificações e não pelo aumento do número de casos. Isso
porque está havendo muitas campanhas e propagandas alertando a população
sobre o risco que os escorpiões representam e a importância de procurar com
rapidez o atendimento hospitalar (comunicação pessoal).
10
2.3 – Quadro Clínico
Dado que os mediadores químicos liberados pelas toxinas escorpiônicas
atuam na maioria dos sistemas do organismo, os sinais e sintomas são
variados e o quadro clínico estabelecido vai depender da predominância dos
efeitos ora da acetilcolina, ora da adrenalina e noradrenalina. No sistema
nervoso autônomo, alguns dos efeitos da adrenalina são: aumento da
freqüência, da força e da automaticidade do coração; diminuição da motilidade
do trato gastrointestinal; secreção das glândulas salivares e gliconeogênese no
fígado. Já a acetilcolina causa diminuição da freqüência, da força e da
velocidade de condução do coração; aumento da motilidade do trato
gastrointestinal; secreção das glândulas salivares e lacrimais (Rang e cols.,
1997).
As manifestações podem ser divididas didaticamente em locais e
sistêmica, que vão definir o acidente como leve, moderado e grave.
- Sinais e Sintomas Locais
A dor é um sintoma sempre presente e a intensidade com que pode se
manifestar dependerá não só da sensibilidade individual como também da
quantidade de veneno inoculada nos tecidos (Hering e cols., 1992).
Pode ser muito leve, quase imperceptível nos casos benignos, até muito
intensa e quase insuportável nos casos mais severos. A dor pode estar limitada
ao ponto de inoculação, sob a forma de ardor, semelhante à queimação,
ferroadas ou agulhadas, pode aumentar de intensidade à palpação e pode
irradiar-se para grandes distâncias, como por exemplo até a raiz da
extremidade acometida, fazendo-se sentir nesse local contínua, latejante, e por
vezes mais intensa que no local da picada (Hering e cols., 1992).
Cessando a dor espontânea, pode permanecer, no local de inoculação,
dor à palpação ou compressão, durante algum tempo, variando de horas até
dias. Pode estar presente, além da hiperestesia (sensibilidade excessiva),
parestesia (prurido).
O ponto ou pontos da picada nem sempre são visíveis. Hiperemia e
edema, quando presentes, são geralmente discretos. Na maioria dos casos, a
hiperemia se manifesta por um halo róseo em torno da picada; raramente é
11
bastante pronunciada, estendendo-se como mancha avermelhada ao redor do
ponto da inoculação do veneno, aumentando de intensidade da periferia para o
centro (Hering e cols., 1992).
Pode-se observar sudorese e alterações do equilíbrio térmico, assim
como piloereção local ou mesmo no membro atingido pela picada.
- Sinais e Sintomas Sistêmicos
Os pacientes, principalmente as crianças, podem se apresentar muito
agitados. Podem surgir tremores generalizados e, com o agravamento do
quadro, os doentes podem passar da agitação psicomotora ao quadro de
profundo torpor ou coma (Hering e cols., 1992).
A sudorese é um dos sintomas que chama bastante a atenção no
escorpionismo humano, pois ela pode variar dependendo do caso. Pode ser
leve, quase imperceptível, até se manifestar com grande intensidade, sob a
forma de sudorese fria, generalizada e abundante. Pode vir acompanhada de
alterações de temperatura corpórea, provocando geralmente hipotermia,
causando sensação de frio.
Sialorréia (hipersalivação) e lacrimejamento são, junto com a dor,
sintomas que aparecem muito precocemente. A salivação pode se muito
abundante, assim como podem surgir lágrimas sem que o paciente esteja
chorando.
Rinorréia (corrimento nasal), também de aparecimento precoce, pode
atingir grande intensidade nos casos mais graves. Tosses e espirros aparecem
com maior freqüência nos casos mais graves, representando a hipersecreção
traqueal e faringeana (Hering e cols., 1992).
A náusea aparece cedo, minutos após a picada, podendo variar na
intensidade e freqüência. Os vômitos podem ser muito discretos nos casos
mais leves e profusos, contínuos e incoercíveis, nos casos mais graves. A
intensidade das náuseas e principalmente dos vômitos está diretamente
relacionada com a gravidade do acidente.
Podem estar presentes hipertensão ou hipotensão e arritmias variadas.
Nos casos mais severos, insuficiência cardíaca e edema agudo de pulmão
podem fazer parte do quadro clínico (Hering e cols., 1992).
12
2.4 – Classificação Clínica e Tratamento Específico
De acordo com a intensidade dos sintomas apresentados pelos
pacientes picados, podemos classificar o escorpionismo humano em graus
crescentes de gravidade, agrupando-os em casos leves, moderados ou graves,
para fins de diagnóstico, orientação terapêutica e prognóstico (Tabela 1).
Tabela 1 – Acidentes escorpiônicos: classificação, manifestações clínicas
e tratamento
*
Tratamento Classificação Manifestações Clínicas
Específico Geral
Leves Somente presentes sinais
e sintomas locais.
Dor em 100% dos casos.
-
Combate à dor.
Observação em
ambiente hospitalar
por 6-12 horas.
Moderados Sintomatologia local e
alguns sintomas
sistêmicos tais como:
agitação, sonolência,
sudorese, náuseas,
poucos vômitos,
hipertensão arterial,
taquicardia e taquipnéia.
2 - 3 ampolas de 5
mL com potência
de 1 mg/mL
principalmente para
crianças até 7 anos
de idade.
Combate à dor.
Tratamento
sintomático.
Observação
durante 12-24
horas
Graves Sinais e sintomas locais e
sistêmicos.
Vômitos profusos e
freqüentes.
Náuseas, sialorréia,
lacrimejamento, sudorese
profusa, agitação,
alteração de temperatura,
taquicardia, hipertensão
arterial, taquipnéia,
tremores, espasmos
musculares, paralisias
até convulsão.
Pode evoluir para
bradicardia, bradpnéia,
edema pulmonar agudo,
colapso
cardiocirculatório, coma e
morte.
4 – 6 ampolas para
todos pacientes.
Combate à dor.
Internação
hospitalar com
cuidados
intensivos.
Tratamento
sintomático.
Monitorização e
manutenção das
funções vitais.
*Ministério da Saúde, 2001
13
A gravidade depende de fatores, como a espécie e tamanho do
escorpião, a quantidade de veneno inoculado, região da picada, a massa
corporal do acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno. Influem na
evolução o diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre a picada e a
administração do soro e a manutenção das funções vitais (Ministério da Saúde,
2001).
O prognóstico geralmente é bom, principalmente nos acidentes de grau
leve e moderado. No escorpionismo grave, as primeiras 24 horas são críticas,
pois as complicações surgem dentro desse período, assim como a maioria dos
óbitos.
3 – Veneno, Estrutura das toxinas e Modo de Ação
3.1 – Veneno
O veneno dos escorpiões é o resultado da secreção de um par de
glândulas de origem tegumentar situadas no telson. Este tem forma bulbar que
termina no aguilhão responsável pela inoculação do veneno.
A peçonha pode ser obtida por masceração da glândula ou estimulação
elétrica do telson do animal. É uma substância mucosa, oplascente, com
aspecto leitoso e solúvel em água. Por centrifugação pode-se obter uma fração
insolúvel, que pode conter toxinas (Guarnieri e cols., 1998). A parte solúvel é
uma mistura complexa, composta de muitas proteínas básicas de baixo massa
molecular, aminoácidos livres, sais inorgânicos, lipídeos, aminas biogênicas e
nucleotídeos, sendo desprovido de atividade proteolítica, hemolítica,
colinesterásica, fosfolipásica e fibrinolítica (Zlotkin, 1978; Possani, 1984).
Alguns venenos possuem outras substâncias, como os das espécies T.
serrulatus, T. bahiensis e Palamneus gravimanus que contém uma proteína de
alto massa molecular com atividade hialuronidase (Diniz e Gonçalves, 1960;
Possani e cols., 1977; Wright e cols., 1977). Essa proteína pode contribuir para
toxicidade do veneno e ajudar a distribuir as toxinas pelos tecidos (Wright e
cols., 1977). A peçonha do Leirus quinquestriatus possui serotonina (Adam e
Weiss, 1958) e a do P. gravimanus tem histamina (Ismail e cols., 1975).
Vários pesquisadores se dedicaram ao estudo do mecanismo de ação
14
dos venenos de escorpião. Magalhaes (1928) acreditava ser a toxina
escorpiônica neurotrópica e neurotóxica, realizou grande número de
experiências animais, demonstrando ação do veneno de Tityus serrulatus
sobre os núcleos vagais, postulando que o processo de intoxicação deveria se
caracterizar por lesões bulbares.
Barros (1937, 1938) seguindo a mesma linha de investigação, verificou
em experiências animais que as lesões provocadas pelo veneno situavam-se
preferencialmente no bulbo, mesencéfalo e protuberância, o que explicaria as
alterações nos sistemas gastrointestinal, circulatório e respiratório.
No entanto, estudos posteriores demonstraram que os locais de ação
dos venenos escorpiônicos não deveriam estar localizados no sistema nervoso
central, visto que a maioria dos seus efeitos ainda era observada em animais
espinalectomizados e em órgãos isolados (Hering e cols., 1992).
Somente após Gomez e Diniz (1966) isolarem, a partir do veneno bruto
de T. serrulatus, uma fração purificada (tityustoxina), foi realizada uma série de
pesquisas sistemáticas levando à demonstração da natureza periférica das
ações das toxinas.
Atualmente está bem estabelecido que as toxinas de escorpião agem
em canais iônicos no sistema nervoso periférico liberando mediadores
químicos como acetilcolina e catecolaminas.
15
3.2 – Toxinas Escorpiônicas
As toxinas de escorpião são de natureza básica e de baixo massa
molecular. Elas são divididas em quatro famílias diferentes de acordo com a
sua especificidade de ligação aos canais iônicos: as que agem em canais de
Na
+
(Rochat e cols., 1979; Catterall, 1980), canais de K
+
(Carbone e cols.,
1982; Possani e cols., 1982; Miller e cols., 1985), canais de Cl
-
(Debin e cols.,
1993) e canais de Ca
+2
(Valdivia e Possani, 1998).
As toxinas encontradas nos venenos de escorpião são compostas por
duas principais populações de polipeptídeos. O primeiro inclui os pequenos
peptídeos (menores que 40 aminoácidos) que afetam os canais de potássio
(Miller e cols., 1985) e de cloro (Debin e cols., 1993), e o segundo consiste de
várias classes de toxinas longas (60-70 aminoácidos) que afetam os canais de
sódio (Zlotkin e cols., 1978; Rochat e cols., 1979). As toxinas que bloqueiam
canais de cálcio são um grupo muito heterogêneo, composto por toxinas de
cadeia tanto longa e quanto curta (Valdivia e cols., 1992; Chuang e cols., 1998;
Fajloun e cols., 2000; Mosbah e cols., 2000; Olamendi-Portugal e cols., 2002).
Embora não exista similaridade de seqüência entre as toxinas longas e
curtas, todas elas compartilham uma estrutura similar composta de uma ou
duas -hélice e 2 a 3 fitas folha (Fontecilla-Camps, 1989; Miller e cols., 1985).
Essa estrutura contém um motivo -hélice estabilizado por cisteína (CSH), que
envolve Cys-X-X-Cys na -hélice ligado por duas pontes dissulfeto com Cys-X-
Cys na folha (Kobayashi e cols., 1991) . Algumas toxinas que agem em
canais de cálcio apresentam o motivo ICK, “inibidor cystine knot”, (Zhu e cols.,
2003).
16
3.2.1 – Toxinas que agem nos canais de sódio
As primeiras toxinas a serem purificadas pertenciam a esse grupo
(Gómez e Diniz, 1966; Miranda e cols., 1970). As toxinas que agem em canais
de sódio são pequenos peptídeos de 58 a 76 resíduos de aminoácidos (6,5 a
8,5 kDa). Possuem estrutura comum com a topologia , com voltas
altamente variáveis conectando os principais elementos da estrutura
secundária. A estrutura central é firmemente empacotada por três pontes
dissulfeto conservadas e uma quarta que pode ter no mínimo três arranjos
diferentes (Rodriguez De La Vega e Possani, 2005).
Até agora já foram descritas 230 estruturas primárias de toxinas de
escorpião que agem em canais de sódio que foram purificadas de 40 espécies
(Zhijian e cols., 2006).
Essas toxinas são divididas em dois grupos de acordo com seus efeitos
farmacológicos e suas propriedades de ligação (Jover e cols., 1980; Couraud e
cols., 1982; Gordon e cols., 1998). As toxinas são aquelas que lentificam ou
bloqueiam a inativação dos canais de sódio ligando-se no sítio 3 e as toxinas
são aquelas que afetam a ativação dos canais e agem ligando-se no sítio 4.
Antigamente, achava-se que as toxinas só eram encontradas em venenos
de escorpiões do Velho Mundo (Eurafrásia) e que as só eram encontradas
em escorpiões do Novo Mundo (Américas). Mas hoje já se sabe que ambos os
tipos de toxinas podem ser encontrados tanto nos venenos dos escorpiões do
Novo Mundo quanto do Velho Mundo.
Na tentativa de entender melhor o modo de ação das toxinas ativas em
canais de sódio, vários autores subdividiram as toxinas alfa e beta de acordo
com o alvo de ação ou preferência filética, seqüência primária de aminoácidos,
estrutura das toxinas, características de ligação (Gordon e cols., 1998;
(Possani e cols., 1999; Froy e Gurevitz, 2003; Gordon e Gurevitz, 2003; De La
Vega e Possani, 2007).
A subdivisão mais usada para as toxinas é a divisão em clássicas,
anti-inseto e tipo . Essa subdivisão leva em conta tanto preferência filética
como seqüência primária de aminoácidos (Figura 3). As toxinas alfa clássicas
são altamente ativas em mamíferos, tem pouca toxicidade para alguns insetos
17
e baixa afinidade por membranas neuronais de insetos (Aah 2, Lqh 2). As anti-
inseto tem alta toxicidade para alguns insetos, não compete com as toxinas
clássicas em sinaptossomas de cérebro de rato e exibem baixa toxicidade para
mamíferos quando injetadas intracerebroventricular (i.c.v), embora tenha alta
atividade por via subcutânea (LqhIT, Lqq 3). Já as toxinas tipo- mostram alta
toxicidade por injeção i.c.v em camundongos e ratos, enquanto baixa atividade
por via subcutânea, são moderadamente tóxicas para alguns insetos e elas
competem com as anti-inseto em membranas neuronais de inseto, mas não
competem com as clássicas em sinaptossomas de cérebro de rato (Lqh 3, Bom
3 e 4). Mas provavelmente, essas discrepâncias são devido às diferenças de
receptores envolvidos nesses ensaios (Rodríguez de la Veja & Possani, 2005).
Para classificarmos as toxinas de acordo com sua ação, é preciso testá-las nos
mesmos tipos de preparações.
Para as toxinas a divisão mais comum compreende as clássicas, tipo-
Ts, anti-crustáceos, anti-insetos (depressoras e exitátorias). As clássicas são
toxinas ativas em mamíferos e são exclusivamente encontradas em escorpiões
do gênero Centruroides (Cn2, Css 2). As tipo-Ts são toxinas que tem alta
toxicidade tanto para mamíferos como para insetos e são encontradas em
escorpiões do gênero Tityus (Ts1, Tz1). As toxinas anti-crustáceos são aquelas
que são tóxicas para crustáceos e/ou insetos e são encontradas nos venenos
dos escorpiões do Novo Mundo (Cll 1, Cn 5, Cn 10). As toxinas depressoras e
exitátorias são especificas para insetos e são encontradas nos escorpiões do
Velho Mundo Setentrional. As toxinas depressoras (LqhIT 2, LqqIT 2) induzem
em insetos uma paralisia flácida com lenta depressão precedida por uma
pequena fase transitória de contração e produzem uma inibição da
excitabilidade devido à despolarização do axônio, e as exitátorias (AahIT, Bj-
xtrIT) induzem em insetos uma rápida excitação que leva a uma contração e
conseqüente paralisia e causa um disparo repetitivo nos axônios de baratas
acompanhado de uma pequena despolarização (Goudet e cols., 2002);
Rodríguez de la Vega & Possani, 2007).
Mas algumas toxinas não se enquadram corretamente em nenhuma
classe. A toxina Cn 11 do escorpião Centruroides noxius é uma toxina anti-
crustáceo, sua estrutura primária se assemelha com as toxinas , mas tem
18
similaridade de seqüência com as outras toxinas anti-crustáceo de apenas 40%
e com outras toxinas similaridade entre 28-56%. Além disso, seu modo de
ação é diferente, ela não afeta o mecanismo de abertura do canal de sódio,
mas bloqueia a condutância dos íons Na
+
(Ramirez-Dominguez e cols., 2002).
Existem as toxinas que possuem seqüência típica de toxina , mas
atividade fisiológica tipo , como as toxinas CsE v1 e v3, Cn12, CsE V, TsIV e
TsTx V (Froy & Gurevitz, 2003; Bosmans & Tytgat, 2007). Ainda tem a toxina
AahSTR 1 que possui similaridade de seqüência com as toxinas do Velho
Mundo, mas sua estrutura 3D assemelha-se as toxinas do Novo Mundo (Froy
& Gurevitz, 2003). Outra toxina peculiar é a AahIT4, que compete tanto com as
toxinas quanto com as pelo sítio receptor em sinaptossomas de cérebro de
rato, mas é reconhecida apenas por anticorpos anti-toxina , Css2 (Loret e
cols., 1991). Temos ainda a birtoxina isolada do veneno do Parabuthus
trasvaalicus, que tem atividade tipo-, apenas 3 pontes dissulfeto e alta
similaridade com as toxinas de Centruroides (Inceoglu e cols., 2001).
Vários peptídeos com estrutura típica de toxinas de cadeia longa
(toxinas que agem em canais de sódio) possuem efeitos divergentes e não se
enquadram nem como toxina nem como . Kurtoxina (Chuang e cols., 1998;
Sidach e Mintz, 2002) e KL1 (Olamendi-Portugal e cols., 2002) modificam tanto
a ativação quanto à inativação de canais de cálcio, embora tenha um efeito-
típico em canais de sódio. Phaiodotoxina, um modulador de canais de sódio
isolado de um escorpião não-Buthide, afeta levemente o processo de abertura,
mas aumenta muito a “corrente de janela” de canais de sódio para/TipE da
mosca-da-fruta expressos em oócitos de Xenopus (Valdez-Cruz e cols., 2004).
BmKAngM1 bloqueia correntes de sódio e potássio dependentes de voltagem
em neurônios piramidais (Cao e cols., 2004). E mais impressionantes são as
toxinas BmP09 (Yao e cols., 2005) e KAaH1 (Srairi-Abid e cols., 2005) que
bloqueiam especificamente canais de potássio, apesar do fato de serem
estruturalmente mais semelhantes com as toxinas que afetam canais de sódio.
Portanto, é preciso mais estudos e uma padronização dos ensaios
farmacológicos e fisiológicos para o desenvolvimento de uma classificação
mais adequada para as toxinas que agem em canais de sódio.
19
Toxinas clássicas
AaH II -VKDGYIVDDV-NCTYFCGR-----NAYCNEECTK--LKGESGYCQWASPYGNACYCYKLPDHVRTKGP-----GRCH
Lqq V -LKDGYIVDDK-NCTFFCGR-----NAYCNDECKK--KGGESGYCQWASPYGNACWCYKLPDRVSIKEK-----GRCN
Bot III -VKDGYIVDDR-NCTYFCGR-----NAYCNEECTK--LKGESGYCQWASPYGNACYCYKVPDHVRTKGP-----GRCN
Toxinas anti-inseto
Lqq III -VRDAYIAKNY-NCVYECFR-----DSYCNDLCTK--NGASSGYCQWAGKYGNACWCYALPDNVPIRVP-----GKCH
LqhIT -VRDAYIAKNY-NCVYECFR-----DAYCNELCTK--NGASSGYCQWAGKYGNACWCYALPDNVPIRVP-----GKCR
Bot IT1 -VRDAYIAQNY-NCVYFCMK-----DDYCNDLCTK--NGASSGYCQWAGKYGNACWCYALPDNVPIRIP-----GKCHS
Toxinas tipo-
Bom III -GRDGYIAQPE-NCVYHCFP---G-SSGCDTLCKE--KGATSGHCGFLPGSGVACWCDNLPNKVPIVVG----GEKCH
Lqh III -VRDGYIAQPE-NCVYHCFP---G-SSGCDTLCKE--KGGTSGHCGFKVGHGLACWCNALPNDVGIIVE----GEKCHS
Toxinas ’ – tem seqüência de aminoácidos semelhante às toxinas e modo de ação tipo
CsEv1 -KEGYLVKKSD-GCKYDCFW--LGKNEHCNTECKAKNQGGSYGYCYA-----FACWCEGLPESTPTYPL-PN---KCS
CsEv2 -KEGYLVNKST-GCKYGCLK--LGENEGCDKECKAKNQGGSYGYCYA-----FACWCEGLPESTPTYPL-PN---KCSS
CsEv3 -KEGYLVKKSD-GCKYGCLK--LGENEGCDTECKAKNQGGSYGYCYA-----FACWCEGLPESTPTYPL-PN--KSC
Toxinas que tem estrutura semelhante às toxinas e características farmacológicas tipo
CsE V -KKDGYPVDSG-NCKYECLK-----DDYCNDLCLE--RKADKGYCYWGK---VSCYCYGLPDNSPTKTS-----GKCNPA
Ts IV -KKDGYPVEYD-NCAYICWN---YDNAYCDKLCKD--KKADSGYCYWVH---ILCYCYGLPSDEPTKTN-----GKCKSGKK
TsTxV -KKDGYPVEGD-NCAFACFG---YDNAYCDKLCKD--KKADDGYCVWS----PDCYCYGLPEHILKEPTKTS--GRC
Toxinas clássicas
Css II -KEGYLVSKST-GCKYECLK--LGDNDYCLRECKQQYGKSSGGYCYA-----FACWCTHLYEQAVVWPL-PNK--TCN
CsE I -KDGYLVEK-T-GCKKTCYK--LGENDFCNRECKWKHIGGSYGYCYG-----FGCYCEGLPDSTQTWPL-PNK--TC
Cn2 -KEGYLVDKNT-GCKYECLK--LGDNDYCLRECKQQYGKGAGGYCYA-----FACWCTHLYEQAIVWPL-PNK--RCS
Cn3 -KEGYLVELGT-GCKYECFK--LGDNDYCLRECKARYGKGAGGYCYA-----FGCWCTQLYEQAVVWPL-KNK--TCR
Toxinas tipo Ts
Ts VII -KEGYLMDHE--GCKLSCFI---RPSGYCGRECGI--KKGSSGYCAW-----PACYCYGLPNWVKVWDRATN---KC
Tb 1 -KEGYLMDHE--GCKLSCFI---RPSGYCGSECKI--KKGSSGYCAW-----PACYCYGLPNWVKVWDRATN---KC
Tb 2 -KEGYAMDHE--GCKFSCFI---RPSGFCDGYCKT-HLKASSGYCAW-----PACYCYGVPSNIKVWDYATN---KC
Tst 1 -KEGYLMDHE--GCKLSCFI---RPSGYCGRECTL--KKGSSGYCAW-----PACYCYGLPNWVKVWDRATN---KC
Toxina com seqüência de aminoácidos semelhante às toxinas , mas estrutura 3D semelhante
as
AaHSTR 1 --ARDGYIVHDTNCKYSCFG---SEYKYCGPLCE--KKKAKTGYCYL-----FACWCIEVPDEVRVWGE-DGF--MCWS
Toxina com 3 pontes dissulfeto e modo de ação tipo
Birtoxina ADVPGNYPLDKDGNTYKCFL--LGGNEECLNVCKLHGV--QYGYCYASK-----CWCEYLEDDKDSV
Toxinas anti-crustáceos e/ou anti-insetos
Cll 1 -KEGYLVNKST-GCKYGCFWL--GKNENCDKECKAKNQGGSYGYCYSF-----ACWCEGLPESTPTYPL--PNKS-CS
Cn 1 -KDGYLVDA-K-GCKKNCYKL--GKNDYCNRECRMKHRGGSYGYCYSF-----GCYCEGLSDSTPTWPL--PNKT-C
Cn 5 -KEGYLVNKST-GCKYGCLLL--GKNEGCDKECKAKNQGGSYGYCYAF-----GCWCEGLPESTPTYPL--PNKS-CS
Cn 10 -KEGYLVNKST-GCKYNCLIL--GENKNCDMECKAKNQGGSYGYCYKL-----ACWCEGLPESTPTYPI--PGKT-CRT
Toxina anti-crustáceo com seqüência de aminoácidos semelhante as , mas modo de ação
diferente
Cn 11 -ARDGYPVDE-KGCKLSCLI----NDKWCNSACHSR--GGKYGYCYTG---GLACYCEAVPDNVKVWTY-ETN-T-C
Toxinas depressoras
LqhIT 2 --DGYIKRRD--GCKVACLI---G-NEGCDKECKA--YGGSYGYCWTW---GLACWCEGLPDDKTWKSE--TN-T-CG
LqqIT 2 --DGYIRKRD--GCKLSCLF---G-NEGCNKECKS--YGGSYGYCWTWG---LACWCEGLPDEKTWKSE--TN-T-CG
BjIT 2 --DGYIRKKD--GCKVSCII---G-NEGCRKECVA--HGGSFGYCWTWG---LACWCENLPDAVTWKSS--TN-T-CG
BmK IT2 --DGYIKGKS--GCRVACLI---G-NQGCLKDCRA--YGASYGYCWTWG---LACWCEG-PDNKTWKSE--SN-T-CG
20
Toxinas exitatórias
AaHIT 1 KKNGYAVDSS--GKAPECLL-----SNYCNNQCTK-VHYADKGYCCL-----LSCYCFGLNDDKKVLEISDTRKSYCDTTIIN
LqqIT 1 KKNGYAVDSS--GKAPECLL-----SNYCYNECTK-VHYADKGYCCL-----LSCYCFGLNDDKKVLEISDARKKYCDFVTIN
BjxtrIT KKNGYPLDRN--GKTTECSGVNAIAPHYCNSECTK-VYVAESGYCCW-----GACYCFGLEDDKPIGPMKDITKKYCDVQIIPS
BmK IT KKNGYAVDSS--GKVSECLL-----NNYCNINCTK-VYYATSGYCCL-----LSCYCFGLDDDKAVLKIKDATKSYCDVQIIN
Toxina que compete tanto com quanto com ,mas só é reconhecida com anticorpos anti-
AaHIT 4 --EHGYLLNKYTGCKVWCVI----NNEECGYLCKRR--GGYYGYCYFWKL---ACYCQGARKSELWNY-K-TNK--CDL
Figura 3 Toxinas que agem em canais de sódio. As cisteínas estão em
destaque.
3.2.2 – Toxinas que agem nos canais de potássio
A primeira toxina de escorpião que age em canais de potássio foi
identificada do veneno do escorpião Centruroides noxius e foi chamada de
noxiustoxina NTx (Possani e cols., 1982). Desde então, aproximadamente 140
estruturas primárias foram descritas (Rodriguez De La Vega & Possani, 2004).
As toxinas que agem em canais de potássio (KTx) são compostas de 20-
70 aminoácidos, mas a maioria tem menos que 40, possuem alta diversidade
de seqüência de aminoácidos e são compactadas por 3 ou 4 pontes dissulfeto.
A nomenclatura destas toxinas está bem consolidada e foi inicialmente
proposta por (Tytgat e cols., 1999). Ela se baseia no tamanho molecular,
localização de cisteínas e similaridade de suas estruturas primárias, sendo
assim as toxinas podem ser divididas em três famílias: -KTx, -KTx e -KTx
(Tytgat e cols., 1999). Recentemente, uma nova família de toxinas que agem
fracamente em canais de potássio foi identificada no veneno de escorpião e
foram designadas como -KTx (Nirthanan e cols., 2005). Essa classificação é
baseada mais na estrutura primária do que no perfil farmacológico, pois muitos
peptídeos não tiveram seus alvos farmacológicos definidos e somente alguns já
caracterizados possuem seletividade para somente um tipo de canal de
potássio (Goudet e cols., 2002).
A -KTx é uma família de toxinas de cadeia curta, que compreende a
maioria dos membros dos peptídeos de escorpião que agem em canais de
potássio e podem ser classificadas de acordo com sua estrutura primária em
19 subfamílias (Tytgat e cols., 1999; Wang e cols., 2000; Batista e cols., 2002;
21
Rodriguez De La Vega & Possani, 2004; Xu e cols., 2004; Olamendi-Portugal e
cols., 2005; Wang e cols., 2005). A divisão em subfamílias e alguns de seus
membros pode ser vista na Figura 4.
As -KTxs são compostas de 60-65 aminoácidos e são compactadas por
3 pontes dissulfeto. Essa família tem quatro membros: AaTxK, BmTxK,
BmTxK2 e TsTxK (Rogowski e cols., 1994; Legros e cols., 1996; Zhu e cols.,
1999). Somente TsTxK foi caracterizada farmacologicamente, as outras foram
isoladas através de clonagem molecular e pertencem a família -KTx baseado
nas estruturas primárias.
A toxina ErgTx, do Centruroides noxius, composta por 42 aminoácidos e
compactada por 3 pontes dissulfeto (Gurrola e cols., 1999) foi definida como -
KTx por causa de sua seqüência de aminoácidos e seu padrão de pontes
dissulfeto distintas. ErgTx pode bloquear especificamente canais de potássio
“delayed rectifier” em células musculares e nervosas e esses canais são
codificados por um gene humano homólogo ao gene “ether-a-go-go” de
Drosophila melanogaster (HERG) (Pardo-Lopez e cols., 2002). Esse gene foi
assim nomeado por William D. Kapla em 1960 porque drosófilas com mutações
neste gene quando anestesiadas com éter, mexiam suas pernas como as
dançarinas de strip-tease “Go Go Grils” de um famoso bar noturno de
Hollywood (www.en.wikipedia.org/wiki/HERG). Outras toxinas relacionadas
foram descritas (Korolkova e cols., 2001, 2002; Corona e cols., 2002).
As poucas toxinas de cadeia curta da família -KTx isoladas dos
venenos de Heterometrus fulvies, Heterometrus soubufer e Opisthacanthus
madagascariensis foram assim designadas por causa de sua nova estrutura
“bi-hélice” (Srinivasan e cols., 2002; Chagot e cols., 2005; Nirthanan e cols.,
2005).
22
-1.1 ChTx ---ZFTNVSCTTS-ECWSVCQRLHNTSRG-KCMN-KKCRCYS-- LqH
-1.3 IBTx ---ZFTDVDCSVSKECWSVCKDLFGVDRG-KCMG-KKCRCYQ-- Bt
-1.4 LbTx ---VFIDVSCSVSKECWAPCKAAVGTERG-KCMG-KKCRCY?-- Cl
-2.1 NTx ---TIINVKCTSPKQCSKPCKELYGSSAGAKCMN-GKCKCYNN- CnH
-2.2 MgTx ---TIINVKCTSPKQCLPPCKAQFGQSAGAKCMN-GKCKCYPH- Cm
-2.5 HgTX1 ---TVIDVKCTSPKQCLPPCKAQFGIRAGAKCMN-GKCKCYPH- Cl
-3.1 KTx --GVEINVKCSGSPQCLKPCKDA-GMRFG-KCMN-RKCHCTPK- Amm
-3.4 AgTx --GVPINVKCTGSPQCLKPCKDA-GMRFG-KCIN-GKCHCTPK- LqH
-3.6 BmKTx ---VGINVKCKHSGQCLKPCKDA-GMRFG-KCIN-GKCDCTPK- BmK
-4.1 TyK(TsII-9) ---VFINAKCRGSPECLPKCKEAIGKAAG-KCMN-GKCKCYP-- Ts
-4.2 Ts ---VVIGQRCYRSPDCYSACKKLVGKATG-KCTN-GRCDC---- Ts
-5.1 LeTxI (ScyTx) -------AFCN-LRMCQLSCRS-LGLL-G-KCIG-DKCECVKH- LqH
-5.2 PO5 -------TVCN-LRRCQLSCRS-LGLL-G-DCIG-VKCECVKH- Amm
-5.3 BmPO5 -------AVCN-LKRCQLSCRS-LGLL-G-KCIG-DKC
ECVKH- BmK
-6.1 Pi1 (PiTx-K) ------LVKCRGTSDCGRPCQQQTGCPNS-KCIN-RMCKCYG-C Pi
-6.2 MTx -------VSCTGSKECYAPCRKQTGCPNA-KCIN-KSCKCYG-C Sm
-6.3 HsTx1 -------ASCRTPKDCADPCRKETGCPYG-KCMN-RKCKCNR-C Hs
-7.1 Pi2 (PiTx-K) ------TISCTNPKQCYPHCKKETGYPNA-KCMN-RKCKCFGR- Pi
-7.2 Pi3 (PiTx-K) ------TISCTNEKQCYPHCKKETGYPNA-KCMN-RKCKCFGR- Pi
-8.1 P01 -------VS
C—--EDCPEHCSTQ---KAQAKCDN-DKCVCEPI- Amm
-8.2 BmP01 -------ATC---EDCPEHCATQ---NARAKCDN-DKCVCEPK- BmK
-8.3 LqII -------VSC---EDCPDHCSTQ---KARAKCDN-DKCVCEPI- LqH
-9.1 BmP02 -------VGC---EECPMHCKGK---NAKPTCDD-GVCNCNV-- BmK
-9.3 LpI -------VGC---EECPMHCKGK---NAKPTCDN-GVCNCNV-- LqH
-10.1 CoTx1 -------AVCV-YRTCDKDCKRRGY-RSG-KCIN-NACKCYPY- CnH
-10.2 CoTx2 -------VACV-YRTCDKDCTSRKY-RSG-KCIN-NACKCYPY- CnH
-11.1 PBTx1 --DEEPKES
CS-DEMCVIYCKGEEYSTGV--CDGPQKCKCSD-- Pt/Pv
-11.2 PBTx2 --DEEPKETCS-DEMCVIYCKGEEYSTGV--CDGPQKCKCSD-- Pt/Pv
-12.1 TsTxIV WCSTCLDLACGASRECYDPCFKAFGRAHG-KCMN-NKCRCYTN- Ts
-13.1 Tc1 --------ACG-S--CRKKCK-----GSG-KCIN-GRCKCY-- Tc
-13.2 OsK2 --------ACG-PG-CSGSCR--QKGDRI-KCIN-GSCHCYP- Os
-14.1 Bmkk1 ---TPFAIKCATDADCSRKCP---GNP-S--CRN-GFCACT-- BmK
-15.1 Aa1 --QNETNKKCQGGS-CASVCRRVIGVAAG-KCIN-GRC
VCYP- AaH
-15.2 BmTx3A --QVETNVKCQGGS-CASVCRKAIGVAAG-KCIN-GRCVCYP- BmK
-16.1 TmTX ---DLIDVKCISSQECWIACKKVTGRFEG-KCQN-RQCRCY-- Bt
-16.2 Martentoxina --FGLIDVKCFASSECWTACKKVTGSGQG-KCQN-NQCRCY-- Bm
-17.1 TXKs4 ------QTQCQSVRDCQQYCLT----PD--RCSY-GTCYCKTT Bm
-18.1 Tc32 ---TGPQTTCQAAM-CEAGCKGLGKSMES--CQGDT-CKCKA- Tc
-19.1 BmBKTx -------AACY-SSDCRVKCVA-MGFSSG-KCINSK-CKCYK- BmK
-1 TsTXK KLVALI-PNDQLRSILKAVVHKVAKTQFGCPAYEGYCNDHCNDIERKDGE
CHGFKCKCAKD
-2 AaTXK KLVKYAVPVGTLRTILQTVVHKVGKTQFGCPAYQGYCDDHCQDIKKEEGFCHGFKCKCGIPMGF
-3 BmTXK KNIKEK-LTEVKDKMKHSWNKLTSMSEYACPVIEKWCEDHCAA-KKAIGKCEDTECKCLKLRK
-4 BmTXK2 KLVKYAVPEGTLRTIIQTAVHKLGKTQFGCPAYQGYCDDHCQDIKKEEGFCHGFKCKCGIPMGF
23
-1.1 CnErg1 DRDSCVDKSRCAKYGYYQECQDCCKNAGHNGGTCMFFKCKCA
-1.2 CeErg1 -RDSCVDKSRCAKYGYYQECTDCCKKYGHNGGTCMFFKCKCA
-1.3 CgErg1 -RDSCVDKSRCAKYGHYQECTDCCKKYGHNGGTCMFFKCKCA
-1.4 CsErg1 -RDSCVDKSRCAKYGYYQECQDCCKKAGHNGGTCMFFKCKCA
-1.5 CllErg1 -RDSCVDKSRCSKYGYYQECQDCCKKAGHNGGTCMFFKCKCA
-1.6 CexErg1 -RDSCVDKSRCAKYGYYQECQDCCKKAGHSGGTCMFFKCKCA
-2.1 BeKm-1 PTDIKCSESYQ
CFPVCKSRFGKTNGRCVNGFCDCF
-3.1 CnErg2 -RDSCVNKSRCAKYGYYSQCEVCCKKAGHKGGTCDFFKCKCKV
-3.2 CeErg2 -RDSCVDKSRCAKYGYYQQCEICCKKAGHRGGTCEFFKCKCKV
-3.3 CsErg2 -RDSCVDKSRCAKYGYYGQCEVCCKKAGHRGGTCDFFKCKCKV
-3.4 CgErg2 -RDSCVDKSRCQKYGNYAQCTACCKKAGHNKGTCDFFKCKCT
-4.1 CllErg2 -RDSCVDKSKCSKYGYYGQCDECCKKAGDRAGNCVYFKCKCNP
-4.2 CnErg5 -RDSCVDKSKCGKYGYYQECQDCC
KNAGHNGGTCVYYKCKCNP
-4.3 CexErg2 -RDSCVDKSKCGKYGYYGQCDECCKKAGDRAGICEYYKCKCNP
-4.4 CexErg3 -RDSCVDKSKCAKYGYYYQCDECCKKAGDRAGTCEYFKCKCNP
-4.5 CexErg4 -RDSCVDKSQCAKYGYYYQCDECCKKAGDRAGTCEYFKCKCNP
-4.6 CllErg3 -RDSCVDKSKCSKYGYYGQCDKCCKKAGDRAGNCVYFKCKCNQ
-4.7 CllErg4 -RDSCVDKSKCAKYGYYGQCDECCKKAGDRAGNCVYLKCKCNQ
-4.8 CeErg3 -RDSCVDKSKCGKYGYYHQCDECCKKAGDRAGNCVYYKCK
CNP
-4.9 CsEErg3 -RDSCVDKSRCGKYGYYGQCDDCCKKAGDRAGTCVYYKCKCNP
-4.10 CsEErg4 -RDSCVDKSRCGKYGYYGQCDECCKKAGDRAGTCVYYKCKCNP
-4.11 CnErg4 -RDSCVDKSQCGKYGYYGQCDECCKKAGERVGTCVYYKCKCNP
-4.12 CsEErg1 -RDSCVEKSKCGKYGYYGQCDECCKKAGDRAGTCVYYKCKCNP
-4.13 CnErg3 -RDSCVDKSKCGKYGYYGQCDECCKKAGDRAGTCVYYKCKCNP
-5.1 CsEErg5 -RDSCVDKSRCAKYGYYGQCEVCCKKAGHNGGTCMFFKCMCVNSKMN
-5.1 CgErg5 -RDS
CVDKSRCQKYGPYGQCTDCCKKAGHTGGTCIYFKCKCGAESGR
k-1.1 HfTx1 -GHACY-RNCWREGNDEETCKERCd
k-1.2 HfTx2 -GHACY-RNCWREGNDEETCKERCG
Figura 4 Toxinas que agem em canais de potássio. As cisteínas estão em
destaque. A primeira informação que vem antes das seqüências é família e o
número da toxina dentro da família. A segunda informação é o nome da toxina.
Após as seqüências das toxinas da família -KTx estão representadas as
abreviações dos nomes dos escorpiões.
24
3.2.3– Toxinas que agem nos canais de cloro
Toxinas que agem em canais de cloro são polipeptídeos de baixo massa
molecular, compostas por 35-38 aminoácidos e compactadas por 4 pontes
dissulfeto (Figura 5). A estrutura primária destas toxinas tem similaridade de
50-74% uma com as outras e a localização das cisteínas é conservada entre
elas. Até agora os membros das toxinas de escorpião que agem em canais de
cloro e peptídeos similares incluem: I1, Ammp2, I3, I4, I5, I5A, peptídeos IBs,
clorotoxina, Lqh-8/6, PBITx1, BmKCT, Bs8 e Bs14 (Tytgat e cols., 1998; Zeng e
cols., 2000a).
Seu membro mais notável é a clorotoxina com 36 aminoácidos,
purificada do veneno do escorpião Leiurus quinquestriatus quinquestriatus. Ela
pode bloquear canais de cloro em epitélio de camundongo e pode também se
ligar especificamente em canais de cloro em células gliais com efeitos
patológicos ligados a inibição da metástase (Zhijian e cols., 2006).
Clorotoxina MCMPCFTTDHQMARKCDDCCGGKGRGKCIGPQCLC-R
I1 MCMPCFTTRPDMAQQCRACCKGR--GKCFGPQCLCGYD
AmmP2 CGPCFTTDPYTESKCATCCGGR--GKCVGPQCLCNRI
I3 MCMPCFTTDHQTARRCRDCCGGRGR-KCFG-QCLCGYD
I4 MCMPCFTTDHNMAKKCRDCCGGN--GKCFGPQCLCNR
I5 MCMPCFTTDPNMANKCRDCCGG-GK-KCFGPQCLCNR
I5A MCMPCFTTDPNMAKKCRDCCGGN--GKCFGPQCLCNR
Lqh-8/6 RCSPCFTTDQQMTKKCYDCCGGKGKGKCYGPQCICAPY
BmKCT CGPCFTTDANMARKCRECCGGI--GKCFGPQCLCNRI
PBITX1 RCKPCFTTDPQMSKKCADxCGGx-Kx?
Bm12 CGPCFTTDANMARKCRECCGGI--GKCFGPQCKCNRI
Figura 5 Toxinas que agem em canais de cloro. As cisteínas estão em
destaque.
25
3.2.4– Toxinas que agem nos canais de cálcio
Várias toxinas de escorpião específicas para canais de cálcio vêm sendo
isoladas: imperiotoxinas (IpTxA e IpTxi) do escorpião Pandinus imperator
(Valdivia & Possani, 1998) e maurocalcina (Mca) do escorpião Scorpion
maurus palmatus (Fajloun e cols., 2000), que ativam o receptor de rianodina
(Ryr), um canal de liberação de cálcio intracelular.
IpTxA e Mca são polipeptídeos de cadeia única ricos em aminoácidos
básicos, compostas de 33 aminoácidos e compactadas por três pontes
dissulfeto (Cys3-Cys17, Cys10-Cys21 e Cys16-Cys32), elas têm similaridade
de 82%. IpTxi é um heterodímero de 15 kDa com uma subunidade grande de
104 aminoácidos compactada por quatro pontes dissulfeto e covalentemente
ligada a uma subunidade pequena de 27 aminoácidos através da cisteína na
posição 100.
A nova toxina, Kurtoxina (KTX), do veneno do Parabuthus transvaalicus
se liga a canais de cálcio tipo T (subunidade
1G
) com alta afinidade e inibe o
canal por modificação na abertura dependente de voltagem. Kurtoxina também
interage com canais de sódio dependentes de voltagem e lentifica sua
inativação (Chuang e cols., 1998).
Em adição, as toxinas tipo-kurtotoxina I e II do escorpião Parabuthus
granulatus diminui a atividade de canais de cálcio do tipo-T em células
espermatogênicas de camundongo e inibe o AR (reação acrossômica) em
espermatozóides maduros (Lopez-Gonzalez e cols., 2003).
Recentemente, o comprimento total do cDNA codificador para
homólogos da Maurocalcina e IpTxA foi isolado do escorpião Opistophthalmus
carinatus, que é intimamente relacionado com os escorpiões Scorpion maurus
e Pandinus imperator, todos pertencentes à família Scorpionidae (Zhu e cols.,
2003). Os peptídeos maduros deduzidos da seqüência de cDNA compreendem
33 resíduos de aminoácidos e foram nomeados como Opicalcinas, que dividem
alto grau de homologia com Maurocalcina e IpTxA (91 e 88%,
respectivamente).
Mosbah e cols. (2000) mostraram que maurocalcina e IpTx A adotam o
motivo ICK (“inhibitory cystine knot”). Esse motivo conservado
26
evolucionalmente é compartilhado por um grande grupo de polipeptídeos com
diferentes seqüências e diversas bioatividades. Embora encontrado em vários
filos (animal, planta, fungo), peptídeos ICK são mais freqüentes em venenos de
caramujo marinho e aranhas. O motivo ICK é composto por três fitas
antiparalelas folha estabilizadas por pontes de cisteína e com muitas voltas
(Norton & Pallaghy, 1998; Craik & Daly, 2005). Zhu e cols. (2003)
demonstraram que Opicalcina 1 e 2 também adotam essa estrutura.
Em contraste, duas toxinas do escorpião Buthus martensi Karsch, BmK
AS e BmK AS1, que são dois polipeptídeos de 66 aminoácidos compactado por
quatro pontes dissulfeto com 86,3% de identidade entre elas, tem ação em
receptores de rianodina (Ji e cols., 1997, 1999) e são capazes de inibir
correntes de sódio em células NG108-15 (Wu e cols., 2001) e deprimem
correntes de sódio resistentes e sensíveis a tetrodotoxina em pequenos
neurônios DRG de ratos (Tan e cols., 2001). Essas toxinas revelam pouca
similaridade com outras tipos conhecidos de toxinas de escorpião, tem
somente alta similaridade de seqüência com uma toxina anti-inseto isolada do
escorpião Androctonus australis Hector, AaH IT4, ativa em canais de sódio
(Loret e cols., 1991). BmK AS e AS1 não são tóxicas para mamíferos e tem
fraca toxicidade para insetos. Goudet e cols. (2002) sugerem que BmK AS e
AS1 e AaH IT 4 formem uma nova família de toxinas inseticidas de escorpião.
A família das toxinas que agem em canais de cálcio é muito
heterogênea, na Figura 6 podemos notar a diferença de seqüência de
aminoácidos, quantidade de pontes dissulfetos, tamanho e estrutura.
27
IpTxi
Subunidade maior
MHTPKHAIQRISKEEMEFFEGRCERMGEADETMWGTKWCGSGNEATDISELGYWSNLDSCCRTHDHCDNI
PSGQTKYGLTNEGKYTMMNCKCETAFEQCLRNVTGGMEGPAAGFVRKTYFDLYGNGCYNVQCPSQRRLAR
Subunidade menor
SEECPDGVATYTGEAGYGAWAINKLNG
IpTxA GDCLPHLKRCKADN-DCCGKKCKRRGTNAEKRCR
Maurocalcina GDCLPHLKLCK-ENKDCCSKKCKRRGTNIEKRCR
Opicalcina 1 GDCLPHLKRCK-ENNDCCSKKCKRRGTNPEKKCR
BmKASI AS
DNGYLLDKYTGCKVWCVINNESCNSECKIRGGYYGYCYFWKLACFCQGARKSELWNYNTNKCNGKL
BmKAS1 DNGYLLNKYTGCKIWCVINNESCNSECKLRRGNYGYCYFWKLACYCEGAPKSELWAYETNKCNGKM
KTX KIDGYPVDYWNCKRICWYNNKYCNDLCKGLKADSGYCWGWTLSCYCQGLPDNARIKRSG-RCRA
KTX-like I KIDGYPVDNWNCKRICWYNNKYCYDLCKGLKADSGYCWGWTLSCYCEGLPDNARIKRGG-RCN
KTX-like II KIDGYPVDYWNCKRICWYNNKYCNDLCKGLKADSGYCWGWTLSCYCQGLPDNARIKRSG-RCRA
Figura 6 Toxinas que agem em canais de cálcio. As cisteínas estão em
destaque.
28
3.2.5– Peptídeos sem pontes dissulfeto
Comparando com as toxinas ricas em pontes dissulfeto, os peptídeos
sem pontes dissulfeto são um novo tipo de polipeptídeos bioativos. Elas variam
de tamanho entre 13-50 aminoácidos e compartilham baixos graus de
similaridade (Luo e cols., 2005; Zeng e cols., 2005b). Até o momento,
aproximadamente 26 peptídeos foram descritos: peptídeo T do Tityus
serrulatus (Ferreira e cols., 1993), peptídeo K12 do Buthus occitanus (Meki e
cols., 1995), Bs10 do Buthus sindicus (Ali e cols., 1998), pandinina 1 e 2 do
Pandinus imperator (Corzo e cols., 2001), Hadrurina do Hadrurus aztecus
(Torres-Larios e cols., 2000), IsCT e IsCT2 do Opisthacanthus
madagascariensis (Dai e cols., 2001, 2002), parabutoporina do Parabuthus
schlechteri (Verdonck e cols., 2000), opistoporina 1 e 2 do Opistophtalmus
carinatus (Moerman e cols., 2002), BmKbpp, BmKn1, BmKn2, BmKa1, Bmka2
e BmKb1 do Buthus martensii Karsch (Zeng e cols., 2000b, 2001, 2004),
Tco36.14-2, clones 4-10 do Tityus costatus (Diego-Garcia e cols., 2005).
Funcionalmente, os peptídeos de escorpião sem pontes dissulfeto são
envolvidos na potenciação da bradicinina, poder antimicrobiano, iniciação da
sinalização molecular da célula, modulação imune e muitas outras ações.
29
3.3 – Toxinas do Tityus serrulatus e sua nomenclatura
3.3.1 – Toxinas que agem em canais de sódio
A primeira purificação do veneno do Tityus serrulatus foi feita em 1966
por Gomez e Diniz. Eles combinaram gel filtração (Sephadex G-25) com
cromatografia de troca iônica (CM-52). Na primeira purificação, obtiveram
quatro picos, sendo que dois não eram tóxicos e dois eram. O segundo pico
tóxico (T
2
) foi recromatografado em coluna CM-52 e obtiveram somente um
pico após eluição com acetato de amônia 0,15 M. Esse pico se apresentou
homogêneo em eletroforese de papel. Esse componente tóxico foi chamado
posteriormente de “Tityustoxina”.
“Tityustoxina” foi então parcialmente caracterizada por Gomez (1967) e
isolada por Coutinho-Netto (1975) usando uma metodologia um pouco diferente
(Sephadex G-50 e CM-52). Ele a chamou de TsTx (sem aspas) e caracterizou-
a como uma proteína básica com ponto isoelétrico de 8,25, tendo apenas uma
cadeia polipeptídica e 61 resíduos de aminoácidos.
Depois disso vários pesquisadores dedicaram seus trabalhos na
caracterização dessa proteína. Os principais efeitos encontrados foram
liberação de acetilcolina e outros neurotransmissores, supersensibilização pré-
e pós-juncional, despolarização de membranas pré- e pós-sinápticas,
potencialização do influxo do íon sódio, ativação de canais de sódio
dependentes de voltagem (Gomez e cols., 1973; Diniz e cols., 1974; Warnick e
cols., 1976; Drumond e cols., 1995; Gomez e cols., 1995). Kirsch e cols. (1989)
através de estudos dos efeitos de TsTx em correntes de sódio em células e
canal único determinaram que esta toxina pertence à classe das toxinas .
Estudos subseqüentes do veneno do T. serrulatus realizados por Toledo
e Neves (1976) resultou na purificação de duas novas toxinas, nomeadas de
tityustoxina I, com N-terminal começando com lisina e massa molecular de
6932, e tityustoxina II, com glicina N-terminal e massa molecular de 8580.
O grupo do pesquisador Possani começou seus estudos com
fracionamento do veneno do T. serrulatus em 1977, isolando 5 proteínas
tóxicas. Uma delas, com massa molecular de 7000, 62 resíduos de
aminoácidos e lisina N-terminal foi chamada de toxina e seus vinte e nove
30
primeiros aminoácidos foram seqüenciados. Em 1981, eles isolaram 10
componentes, sendo quatro purificados e parcialmente seqüenciados (Possani
e cols., 1981).
A toxina gama foi purificada por outros grupos e foi alvo de diversos
trabalhos que objetivaram determinar suas funções farmacológicas. Em 1982,
Barhanin e cols. através de ensaios de ligação em sinaptossomas mostraram
que toxina gama somente compete com toxinas do tipo . Esse resultado foi
comprovado por Yatani e cols. (1988) que verificaram que a toxina afetava o
pico de permeabilidade do sódio em células cardíacas de maneira simalar às
toxinas . Outros trabalhos mostraram que esta toxina é capaz de liberar
diversos neurotransmissores em muitos órgãos (Sampaio e cols., 1983;
Drumond e cols., 1995). Foi mostrado também que toxina gama se liga com
alta afinidade tanto a canais de sódio de mamíferos (Barhanin e cols., 1984;
Lombet e Lazdunski, 1984; Vijverberg e cols., 1984) quanto nos canais de
sódio de insetos (Martin-Eauclaire e cols., 1985; Pauron e cols., 1985; De Lima
e cols., 1986, 1988, 1989).
A partir daí vários grupos de pesquisadores começaram a fracionar o
veneno deste escorpião por diferentes metodologias em busca de novas
toxinas. Na tabela 2, está resumido os principais trabalhos e as toxinas
isoladas,nas décadas de 60 a 80.
31
Tabela 2 - Principais trabalhos de purificação de toxinas do veneno do T. serrulatus, nas décadas de 60 a 80.
Pesquisadores Ano
Método de
purificação
Número de
Toxinas
Purificadas
Toxinas
Caracterizadas
Ações
das
Toxinas
Gomez e Diniz 1966
Sephadex G-25 e Celulose
CM-52
2 frações não tóxicas e 2
tóxicas
-
Tityustoxina
DL
50
8,6g/20g
i.p.
Coutinho Netto 1975
Sephadex G-50 e Celulose
CM-52
-
TsTx
Seqüência parcial
Toledo e Neves 1976
Sephadex G-50 e Celulose
CM-52
2 toxinas
TsTx-I
PM 6932 e K N-terminal
TsTx-II
PM 8580 e G N-terminal
Possani e cols. 1977
Sephadex G-50 e Celulose
CM-52
5 toxinas
Gama Seq. Parcial
PM 7000 62 aa
Possani e cols. 1981
Sephadex G-50 e Celulose
CM-52 (2x pH 4,7 e 6)
10 toxinas
Frações I-IV
Subfrações
II 1-11
III 1-10
IV 1-8
tóxicas
II, III, IV
II 9-11
III 7-8
IV 5,6,8
II-11 e III-10=
II-11, III-10, III-8 e IV-5 seq. parciais
Sampaio e cols. 1983
Sephadex G-25 e Celulose
CM-52
2 Frações não tóxicas e 2
tóxicas
T1 8 ptns
T2 4 ptns
T
2
III 63aa PM 7216 s. parcial
T
1
VIII 61aa PM 6675 s.p.
T
1
V
1
72aa PM 7549 s.p.
T
1
IV
45aa PM 5188 s.p.
T
2
IV = T
1
VIII
T
1
VIII em vaso deferente de
cobaio causa contração
espontânea e sensibilização
pré-juncional
Martin-Eauclaire
e cols.
1985 - 8 toxinas
5 (sítio 4)e 3 (sítio 3)
Canais de sódio
Arantes e cols. 1989 Celulose CM-52
8 frações I-VIII
subfrações
IX (5 toxinas)
X (4 toxinas)
XIII = T
1
VIII
IX
3
= T
1
V
1
X
4
= T
2
III
IX
5
e X
3
= III-8
X
2
TsTx-IV
61aa PM 6885
32
Como nas décadas de 60 a 80 o seqüênciamento de proteínas era uma
técnica de difícil acesso, várias toxinas foram purificadas, mas poucas foram
seqüenciadas completamente ou parcialmente. Além disso, apenas algumas
foram caracterizadas, isso gerou uma grande confusão com relação à
nomenclatura das toxinas do escorpião T. serrulatus. Os maiores problemas
estão relacionados com os nomes das duas principais toxinas do veneno do
Tityus serrulatus, inicialmente chamadas de tityustoxina (toxina ) e toxina
gama (toxina ).
A toxina- foi nomeada pelos diversos grupos de pesquisadores que a
purificaram de TsTx, TsIV-5, TsIV, T
2
III
1
e X
4
(Tabelas 2 e 3). Pelos trabalhos de
Sampaio e cols. (1983) e Arantes e cols. (1989), TsTx, T
2
III
1
e X
4
são a mesma
toxina, mas elas não foram seqüenciadas, então eles se baseiam em suas
características químicas e farmacológicas. E entre TsIV-5 e TsIV (que foram
seqüenciadas) existe apenas uma diferença, a última possui extremidade C-
terminal amidada.
Mas Arantes e cols. (1992), levantaram uma questão importante com
relação a Tityustoxina. De acordo com eles, a expressão “Tityustoxina” foi
usada no passado por vários autores, que em regra, se referiam ao trabalho
inicial de Gomez e Diniz (1966). Mas na década de 90, esse nome designava
pelo menos três entidades: 1) fração tóxica reportada por Gomez e Diniz, nome
usado como “TsTx”, 2) neurotoxina TsTx (sem aspas) isolada por Coutinho
Netto (1975) e 3) fração T1 da cromatografia em gel filtração da primeira
purificação de Gomez e Diniz (Freire-Maia e cols., 1974; Almeida e cols., 1982;
Novaes e cols., 1982; Azevedo e cols., 1983).
Arantes e cols. (1992) repetiram os procedimentos metodológicos de
Gomez e Diniz para purificar “TsTx” e verificaram que a fração T2, que origina a
“TsTx”, desdobrou-se em 4 picos, ao invés de um, como inicialmente descrito. E
em gel de poliacrilamida a fração T2 mostrou-se muito heterogênea, assim
como os 4 picos eluídos com 0,15M de acetado de amônia (concentração que
“TsTx” foi eluída). Os autores concluíram que “TsTx” é uma mistura de proteínas
e que TsTx é um componente dessa mistura encontrado em pequena
quantidade. De acordo com suas características farmacológicas, parece certo
afirmar que TsTx (sem aspas), TsIV e TsIV-5 são a mesma toxina (Martin-
33
Eauclaire e cols., 1994). TsIV e TsIV-5 já tiveram suas seqüências de
aminoácidos e nucleotídeos determinada e realmente são a mesma toxina
(Martin-Eauclairee cols., 1994; Corona e cols., 1996), mas TsTx não tem a
seqüência de aminoácidos completa, então não é possível afirmar com certeza.
Com relação à toxina-, o problema começou com a purificação da
TsTx-I, realizada por Toledo e Neves (1976). Pois nesse trabalho foi
determinado apenas seu massa molecular e seu primeiro resíduo de
aminoácido N-Terminal, sendo assim, outros pesquisadores purificaram essa
toxina e a nomearam diferentemente: gama (Possani e cols., 1977),
T
1
VIII
(Sampaio e cols., 1983), TsVII (Bechis e cols., 1984) e XIII (Arantes e cols.,
1989). Mas hoje se sabe que todas elas são a mesma proteína (Arantes e
cols., 1992), existe uma pequena diferença entre a gama e a TsVII, a última
apresenta a cisteína C-Terminal amidada.
Outras toxinas também foram nomeadas de maneira diferente de acordo
com o grupo de pesquisadores que as purificaram, mas agora com a facilidade
do seqüênciamento de proteínas, clonagem e seqüênciamento de DNA, foi
possível determinar quais as toxinas eram iguais, mas com nomes diferentes
(Tabela 3).
Alguns grupos de pesquisadores estão propondo nomenclaturas para
essas toxinas (Sampaio e cols., 1991; Becerril e cols., 1997). Na tabela abaixo,
está descrita a nomenclatura que Sampaio e cols. (1991) sugerem; mas eles
não fazem distinção entre toxinas que possuem alvo de ação diferente. Neste
trabalho vamos adotar a nome que a toxina recebeu a primeira vez que foi
descrita. Sendo assim, a toxina vai ser chamada de TsTx e a principal toxina
vai ser chamada de TsTx-.
34
Tabela 3 – Uniformização dos nomes das toxinas de T. serrulatus
Toxinas Outros nomes Canal de ação
TsTx
“TsTx” (Gomez e Diniz, 1966)
TsTx (Coutinho Netto, 1975)
TsIV-5 (Possani e cols., 1981)
T
2
III
1
(Sampaio e cols., 1983)
X
4
(Arantes e cols., 1989)
TsIV (Martin-Eauclaire e cols., 1994)
sódio
TsTx- TsTx- (Toledo e Neves, 1976)
Gama (Possani e cols., 1981)
T
1
VIII (Sampaio e cols., 1983)
TsVII (Bechis e cols., 1984)
XIII (Arantes e cols., 1989)
sódio
TsTx- TsTx- (Toledo e Neves, 1976)
T
1
V
1
(Sampaio e cols., 1983)
-
(possivelmente sódio)
TsTx-
T
1
IV (Sampaio e cols., 1983)
TsIII-8 (Possani e cols., 1985)
TsII (Mansuelle e cols., 1992)
sódio
TsTx-IV
X
2
(Arantes e cols., 1989)
TsTx-IV (Novello e cols., 1999)
potássio
TsTx-V
XI
2
(Arantes e cols., 1989)
(Arantes e cols., 1994)
sódio
TsTx-VI
CM I S
I
V
II
(Sampaio e cols., 1997)
TsTx-VI (Maragoni e cols., 1990)
-
TsTx-VII
CM I S
I
III
II
(Sampaio e cols.,1997) potássio ou cálcio
A partir de 1984, vários grupos conseguiram determinar a seqüência
completa de aminoácidos das principais toxinas do veneno do Tityus serrulatus:
TsTx- (Bechis e cols., 1984; Possani e cols., 1985), TsTx-
VI (Maragoni e
cols., 1990), TsTx- (Mansuelle e cols., 1992) e TsTx (Martin-Eauclaire e
cols., 1994). A seqüência de aminoácidos das toxinas de Tityus serrulatus que
agem em canais de sódio já descritas podem ser vistas na Figura 7.
35
TsTx KKDGYPVEYDNCAYICWNYDNAYCDKLCKDKKAD-SGYCYWVHILCYCYGLPDS-EP--TK-TNGKC
TsTx-I -KEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKG-SSGYCAWPA--CYCYGLPNWVKVWDR-ATN-KC
TsTx-II GHPGK...
TsTx-III –KEGYAMDHEGCKSFCFIRPAGFCDGYCKTHLKASSGYCAWPA--CYCYGVPDHIKVWDDYATN-KC
TsTx-V KKDGYPVEGDNCAFACFGYDNAYCDKLCKDKKADD-GYCVWSPD-CYCYGLPEHILKEPTK-TSGRC
TsTx-VI GREGYPADSKGCKITCFLTAAGYCNTECTLKKG-SSGYCAWPA--CYCYGLPESVKIW-TSETN-KC
TsTx-VII GHZGYGS...
Figura 7 – Toxinas do veneno do T. serrulatus que agem em canais de
sódio. As cisteínas estão em destaque.
Com o advento da Biologia Molecular, as duas principais toxinas do
veneno foram clonadas e tiveram seu gene amplificado do DNA genômico.
TsTx- é sintetizada como um precursor de 252 pares de base
codificando para 84 aminoácidos, dos quais 20 pertencem ao peptídeo sinal,
este e os últimos 3 resíduos C-terminais são removidos pós-traducionalmente
(Martin-Eauclaire e cols., 1992). Seu gene indica a presença de um intron de
475 pb que interrompe a região codificadora do peptídeo sinal do precursor,
ficando o primeiro exon (55 pb) separado do segundo exon (260 pb) (Becerril e
cols., 1993). A Figura 8 mostra o cDNA e o gene amplificado da TsTx-.
TsTx tem características semelhantes: precursor de 357 pb codificando
80 aminoácidos, sendo que 13 correspondem ao peptídeo sinal (que não está
completo), os 3 últimos resíduos sofrem processamento e são retirados (Figura
9). Uma diferença encontrada é que os autores purificaram 2 outras toxinas
muito similares a TsTx e seus resultados suportam a idéia de processamento
diferencial da região C-terminal do seu precursor (Martin-Eauclaire e cols.,
1994); o que pode explicar os problemas encontrados na purificação desta
toxina. Seu gene possui uma organização similar ao da TsTX-: dois exons
(28pb e 284pb) interrompidos por um intron (347 pb) (Corona e cols., 1996).
Essa organização já foi reportada para outras toxinas, como AaH I (Delabre e
cols., 1995) e KTx
2
(Laraba-Djebari e cols., 1994).
36
A.
B.
Figura 8 – Seqüências do cDNA e DNA genômico da TsTx-I. Em A,
seqüência de nucleotídeos do cDNA que codifica o precursor da TsTx-I, o
peptídeo sinal está sublinhado, o stop códon está designado com um asterisco.
Figura retirada do artigo de Martin-Eauclaire e cols., 1992. Em B, seqüência de
nucleotídeos do DNA genômico que codifica o precursor da TsTx-I, o peptídeo
sinal está sublinhado, o intron está em letra minúscula. Figura retirada do artigo
de Becherril e cols., 1993.
37
A.
B.
Figura 9 – Seqüências do cDNA e DNA genômico da TsTx. Em A,
seqüência de nucleotídeos do cDNA que codifica o precursor da TsTx, o
peptídeo sinal está sublinhado, o stop códon está designado com um asterisco.
Figura retirada do artigo de Martin-Eauclaire e cols., 1994. Em B, seqüência de
nucleotídeos do DNA genômico que codifica o precursor da TsTx, o peptídeo
sinal está sublinhado, o intron está em letra minúscula. Figura retirada do artigo
de Corona e cols., 1996.
38
3.3.2 – Toxinas que agem em canais de potássio
As toxinas que agem em canais de potássio começaram a serem
purificadas e descritas um pouco mais tarde do que as que agem em canais de
sódio. A primeira toxina descrita foi noxiustoxina (NTx) purificada do veneno do
escorpião Centruroides noxius (Carbone e cols., 1982). Neste mesmo ano,
duas toxinas homólogas a NTx foram purificadas do veneno do Tityus
serrulatus, e elas foram capazes de inibir corrente de K
+
em axônio gigante de
lula, mesma preparação testada para NTx (Possani e cols., 1982, 1985). Elas
foram chamadas de Ts II-9 e Ts II-10.2 e seus nucleotídeos foram parcialmente
seqüenciadas.
Em 1991, Blaustein e cols. testaram 5 venenos de escorpiões do Velho
Mundo e 2 do Novo Mundo quanto a sua capacidade de bloquear canais de K
ativados por Ca
+2
, abertos por voltagem que não possuem a fase de inativação
(abertos fechados) e que possuem fase de inativação (inativados abertos
fechados inativados), que são também chamados de tipo-A. Eles
isolaram 5 componentes do veneno do T. serrulatus que bloqueavam a
atividade de canais de K. Quatro destes foram estudos com detalhes e
mostraram ter ação bloqueadora seletiva para canais de K “delayed rectifier”
em sinaptossomas de cérebro de rato. Eles também observaram que essas
toxinas não tinham ação em canais de K tipo-A. O peptídeo mais ativo tinha
massa molecular de 3900, assemelhando-se com as outras toxinas que agem
em canais de K. Também foi determinado o massa molecular de outro
peptídeo, como sendo de 8160, tamanho não usual para esse tipo de toxina,
sendo assim, deve ser um membro de uma nova classe estrutural de toxinas
bloqueadores de canais de K.
Em 1993, o mesmo grupo de pesquisadores (Werkman e cols. 1993)
investigaram a interação de TsTx k com -DTX (dendrototoxina - toxina de
serpente) em K
v
1.2 (canal de potássio dependente de voltagem) e verificaram
que as 2 toxinas devem se ligar em sítios intimamente relacionados. Rogowski
e cols. (1994) purificaram 2 peptídeos diferentes e os denominaram de TsTx
k (pequeno peptídeo) e de TsTx k (peptídeo grande).
Os autores verificaram
que as duas toxinas agem em canais de K não-inativadores, enquanto -DTx e
39
ChTx agem nos inativadores. TsTx k e ChTx, mas não TsTx k, deslocam -
DTx-I
125
do seu sítio de ligação em sinaptossomas de cérebro de rato. Mas as
três toxinas não compartilham o mesmo sítio. Mais tarde, Rodrigues e cols.
(2003) mostram que TsTx k também age em canais K
v
1.3 expressos em 2
sistemas: oócito de Xenopus e células de mamíferos.
Quanto à toxina TsTx k, Legros e cols. (1998) após clonar o cDNA
desta toxina e de uma toxina homóloga do veneno do escorpião Androctonus
australis, sugeriu que uma nova classe de toxinas ativas em canais de potássio
fosse criada (-KTxs). Essas toxinas possuem cadeia longa, 60 (TsTx k) e 64
(AaTx k) resíduos de aminoácidos, seus genes possuem peptídeo sinal, um
pequeno pro-peptídeo e não possuem intron. Esta característica é
compartilhada com as defensinas (proteínas da hemolinfa de escorpiões), que
possuem 40% de similaridade de seqüência de aminoácidos com estas toxinas
de cadeia longa. Através de uma biblioteca de cDNA da glândula de veneno do
Buthus martensis, duas toxinas de cadeia longa bloqueadoras de canais de K
foram descritas, BmTxK com 61 aminoácidos e BmTxK2 com 64 (Zhu e
cols., 1999). Os genes destas duas toxinas também têm peptídeo sinal, um
pequeno pro-peptídeo e não possuem intron.
Após a descoberta da TsTx k e TsTx k no veneno do Tityus
serrulatus, outras toxinas que também eram bloqueadoras de canais de
potássio foram descritas. Legros e colaboradores (1996) purificaram e
caracterizaram uma nova toxina ligante do sítio de ligação da apamina em
sinaptossomas de cérebro de rato, a Ts , uma proteína com 35 resíduos de
aminoácido e 3 pontes dissulfeto. Ela age em canais de K ativados por Ca
+2
, de
baixa condutância (SK
Ca
). Sua estrutura tridimensional foi determinada pela
técnica de ressonância magnética nuclear (NMR), mostrando a existência de
uma pequena -hélice (14-20) e 3 fitas de folha (2-3, 27-29 e 32-34) (Blanc e
cols., 1997). Ts adota a conformação clássica CS das toxinas de
escorpião, mas o motivo estrutural é menor e sua arquitetura é mais similar às
toxinas bloqueadoras de canais de K dependentes de voltagem. Lecomte e
cols. (1999) sintetizaram quimicamente a Ts para identificar os pares de
cisteínas (C1-C4, C2-C5 e C3-C6) e verificaram que os pares tinham a
conformação típica para as toxinas de cadeia pequena.
40
Outra nova toxina foi purificada e sua seqüência de aminoácidos
determinada (Novello e cols., 1999). A TsTx-IV tem 41 aminoácidos, massa
molecular de 4520 Da e 4 pontes dissulfeto. Ela é capaz de bloquear canais de
K ativados por Ca
+2
de alta condutância (BK
Ca
) e apresenta alta similaridade de
seqüência primária com NTx (subfamília 2 – 68%), KTx (subfamília 2 – 65%) e
Pi4 (subfamília 2 – 62%).
Em 2000, a Butantoxina foi purificada do veneno de 3 escorpiões: Tityus
serrulatus, T. bahiensis e T. stigmurus (Holaday e cols., 2000). Essa toxina
bloqueia reversivelmente canais Shaker B e inibe a proliferação de linfócitos T
e produção de interleucina 2 de células T helper estimulados por antígeno. Sua
estrutura tridimensional também foi determinada: 40 resíduos de aminoácidos,
4 pontes dissulfeto (2-5, 10-31, 16-36 e 20-38), -hélice (15-23), 2 fitas de folha
(29-32 e 35-38) e uma pseudo-fita (5-9). Os autores concluíram que
Butantoxina e TsTx-IV (descrita no trabalho de Novello e cols., 1999) eram a
mesma toxina.
Na figura abaixo, estão as seqüências de aminoácidos de todas as
toxinas bloqueadoras de canais de potássio do T. serrulatus descritas até o
momento. Podemos ver que a posição das cisteínas é mantida em todas as
toxinas.
TsTx k (-4.1) VFINAKCRGSPE-CLPKCKEAIGKAAGKCMNGKCKCYP
Ts II-9 VFINAKCRGSPE-CLPKCKEAIGKAAGKCMN...
Ts II-10.2 TFIDVKCGSSKE-CLP...
Ts (-4.2) VVIGQRCYRSPD-CYSACKKLVGKATGKCTNGRCDC
TsTx-IV (-12.1) WCSTCLDLACGASRE-CYDPCFKAFGRAHGKCMNNKCRCYTN
Butantoxina WCSTCLDLACGASRE-CYDPCFKAFGRAHGKCMNNKCRCYT
TsTx k (-1)
KLVALIPNDQLRSILKAVVHKVAKTQFGCPAYEGYCNDHC-NDIERKDGECHGFKCKCAKD
Figura 10 – Toxinas do veneno do T. serrulatus que agem em canais de
potássio. As cisteínas estão em destaque.
41
4 – Os avanços na Soroterapia
São Paulo foi uma das primeiras cidades brasileiras a terem problemas
com acidentes escorpiônicos. Sendo assim, os primeiros estudos sobre
envenenamento por escorpiões no Brasil foram feitos no Instituto Butantan, por
Vital-Brazil (1919). Alguns anos antes, Maurano (1915) imunizou o primeiro
cavalo com o veneno do escorpião Tityus bahiensis, o mais encontrado em São
Paulo naquela época. Entretanto, ele obteve um soro com baixo poder
antitóxico.
No ano de 1917, na filial do Instituto Oswaldo Cruz em Belo Horizonte, o
Professor Eurico Vilela empregando uma metodologia semelhante à utilizada
por Maurano desenvolveu o primeiro soro escorpiônico (Vilela, 1917). Este foi
utilizado com sucesso pelo Dr. Octávio Magalhães em uma criança de 9
meses.
Como o escorpião Tityus serrulatus só foi descrito em 1922 por Mello
Campos e Dr. Lutz, os soros produzidos em Belo Horizonte até então eram
contra o T. bahiensis. Mas como o principal causador de acidentes nesta
cidade era o escorpião amarelo (T. serrulatus), os soros passaram a ser feitos
contra esta espécie.
No início da década de 90, o soro anti-escorpiônico para uso humano
era produzido em apenas três instituições no mundo: Instituto Lister em
Londres, Instituto Butantan em São Paulo e Instituto Oswaldo Cruz em Belo
Horizonte (Hassan, 1984). Mas pesquisadores de vários países com problemas
de escorpionismo estudaram e desenvolveram diversos soros (Hassan, 1984).
Hoje em dia, soros anti-escorpiônicos são produzidos rotineiramente por
diversas instituições do mundo. Sendo que diferentes espécies de animais são
usadas para a produção, tais como carneiros, cabras, camelos e cavalos, os
mais comuns (Theakston e cols., 2003). No Brasil, o Instituto Butantan (São
Paulo) e a Fundação Ezequiel Dias (Belo Horizonte) são os principais
fornecedores de soro anti-escorpiônico. O soro é produzido através da
imunização de cavalos com veneno bruto obtido por estimulação elétrica da
glândula (Barrio & Vital-Brazil, 1949).
Apesar do soro anti-escorpiônico ser eficaz, sua ação depende de sua
qualidade e da rapidez com que é iniciado o tratamento (Maria e cols., 2005).
42
Além disso, a produção do soro para tratamento de picadas de escorpiões
possui alguns problemas: 1) dificuldade em se obter o veneno que é a matéria
prima para a produção do soro anti-escorpiônico; 2) alto custo de produção do
soro, principalmente na manutenção dos cavalos utilizados para gerar o soro
neutralizante. O tempo de vida desses animais é reduzido drasticamente
devido à ação letal do veneno que é inoculado nos animais; 3) utilização de
componentes do veneno que não estão ligados ao processo neutralizante, pois
o que se utiliza é o veneno total e não frações específicas do veneno.
Sendo assim, pesquisadores de vários países discutem e estudam a
possibilidade de se produzir um soro de melhor qualidade ou até mesmo uma
vacina. Neste contexto, várias linhas experimentais estão sendo seguidas.
Estudos iniciais levaram os pesquisadores a estudar a possibilidade de
usar frações tóxicas ou até mesmo toxinas para imunizar animais. Mas a alta
toxicidade dessas moléculas dificulta o seu uso, sendo assim, vários métodos
para tirar a toxicidade destas proteínas foram criados. Possani e cols. (1981)
detoxificaram o veneno do C. noxius por polimerização com glutaraldéido. Neste
mesmo ano, Delori e cols. (1981) retiraram a toxicidade da fração AaH G-50 do
veneno do A. australis Hector por acetilação. Chavez-Olortegui e cols. (1991)
capturam a fração tóxica do veneno do T. serrulatus (TstFG50) em lipossomas,
abolindo sua toxicidade. Outros pesquisadores utilizaram métodos semelhantes
com outras toxinas ou frações de venenos (Fonseca e cols., 1997; Kharrat e
cols., 1997; Machado De Avila e cols., 2004). Em todos estes ensaios, verificou-
se que as moléculas detoxificadas eram capazes de induzir a produção de
anticorpos que neutralizavam os efeitos tóxicos dos venenos utilizados. Existem
três principais problemas com essa abordagem: 1) a duração e efetividade da
proteção eram limitadas; 2) dificuldade de se obter veneno suficiente para
proteger todas as pessoas que necessitam; 3) alto custo (Gazarian e cols.,
2005).
Com a facilidade de produzir peptídeos sintéticos, vários pesquisadores
começaram a utilizá-los para definir epitopos antigênicos das toxinas de
escorpião (Bahraoui e cols., 1986; El Ayeb e cols., 1986; Bahraoui e cols., 1988;
Granier e cols., 1989). Assim, esses epitopos definidos eram sintetizados e
usados para produzir anticorpos. Em muitos casos, esses anticorpos tinham a
capacidade de neutralizar os efeitos dos venenos (Calderon-Aranda e cols.,
43
1995; Zenouaki e cols., 1997; Calderon-Aranda e cols., 1999; Alvarenga e cols.,
2002; Chavez-Olortegui e cols., 2002).
Em 1996, uma nova possibilidade surgiu: Chavéz-Olórtegui e cols.
descobriram uma proteína no veneno do escorpião T. serrulatus que não era
tóxica para mamíferos e artrópodes, mas era capaz de produzir anticorpos que
neutralizavam os efeitos do veneno total desse escorpião (Chavéz-Olórtegui e
cols., 1996, 1997; Moreira-Ferreira e cols., 1998). Esta proteína foi chamada de
Tityus serrulatus non toxic protein”, TsNTxP. Somente recentemente, uma
proteína com as mesmas características foi encontrada em um veneno de um
escorpião de outro gênero, a Amm VIII no veneno do Androctonus mauritanus
mauritanus (Alami e cols., 2003; Martin-Eauclaire e cols., 2006).
A possibilidade de produzir proteínas recombinantes utilizando a biologia
molecular trouxe grandes avanços na soroterapia. Bouhaouala-Zahar e cols.
(1996) clonaram uma toxina do veneno do Buthus occitanus tunetanus, Bot
XIV, que foi expressa em E. coli fusionada com dois domínios Z da proteína A
de S. aureus. Essa proteína fusionada recombinante gerou anticorpos capazes
de reconhecer e neutralizar os componentes do veneno desse escorpião.
Resultados semelhantes foram obtidos por outros pesquisadores (Legros e
cols., 2002; Garcia e cols., 2003).
Com o advento da metodologia de “phage display” em 1988-1990, houve
um estímulo pela busca de epitopos antigênicos de toxinas de escorpião
utilizando essa metodologia. Anticorpos policlonais ou monoclonais foram
usados para encontrar mimotopos em biblioteca de fagos com seqüências
aleatórias de 7 a 12 resíduos. Mimotopos são peptídeos que mimetizam a
especificidade antigênica e imunológica de epitopos naturais.
Recentemente, a seleção de mimotopos por anticorpos monoclonais foi
usada para mapear epitopos de duas toxinas de C. noxius, NTX e Cn2, e
peptídeos imunogênicos neutralizantes foram obtidos (Herion e cols., 1995;
Gazarian e cols., 2000, 2003; Hernandez e cols., 2002).
Outra linha de pesquisa que vem gerando muitas informações é a
produção de anticorpos monoclonais (mAbs) contra alguma toxina do veneno
em estudo. Bahraoui e cols. (1988), selecionou dois mAbs que reconheciam a
toxina AaH II com alta afinidade; um deles (4C1) é um ótimo anticorpo
neutralizante tanto para a toxina quanto para o veneno bruto. Zamudio e cols.
44
(1992) produziram muitos monoclonais que reagiam com Cn2, mas apenas um
tinha capacidade neutralizante in vivo (BCF2). A partir de então outros mAbs
neutralizantes foram selecionados: 23C6 contra AaH II (Devaux e cols., 1997),
9C2 contra AaH I e III (Clot-Faybesse e cols., 1999; Devaux e cols., 2002),
BNTX 18 e 21 contra NTX (Hérion e cols., 1995), mAbTs1 contra fração tóxica
do T. serrulatus (Alvarenga e cols., 2005).
Esse intenso estudo possibilitou a produção de fragmentos de anticorpos
monoclonais recombinantes. O cDNA que codifica as regiões variáveis do mAb
4C1 (Mousli e cols., 1999) e do mAb 9C2 (Devaux e cols., 2001) foram isolados
e manipulados para se produzir fragmentos variáveis de cadeia única (scFv)
recombinantes com alta capacidade neutralizante. Aubrey e cols. (2003)
construíram um anticorpo scFv divalente (“diabody”) utilizando a seqüência de
nucleotídeos do mAb 9C2 que possuía estabilidade e atividade protetora. O Fab
recombinante foi outra construção que teve sucesso (Aubrey e cols., 2004;
Selisko e cols., 2004). Uma vez que monoclonais murinos tem um baixo valor
terapêutico (risco de gerar uma reação de hipersensibilidade) e monoclonais
humanos são difíceis de produzir, devido à instabilidade de linhagens celulares
de hibridomas humanos (Mousli e cols., 1999; Devaux e cols., 2001; Gazarian e
cols., 2005), estas novas moléculas são candidatas promissoras para a
produção de uma nova geração de antivenenos.
Ainda assim, as informações obtidas até agora são insuficientes para
gerar um quadro compreensivo sobre este assunto e propor soros alternativos e
vacinas contra venenos de escorpião.
45
Objetivo Geral
Busca e produção de novos imunógenos recombinantes para produção
de soro anti-Tityus serrulatus e estudo da potência dos soros obtidos.
Objetivos Específicos
- Buscar seqüências de toxinas do veneno na biblioteca de cDNA da
glândula do Tityus serrulatus que possam ser usadas para produção
de soro e ampliação do banco de dados de toxinas do laboratório;
- Produzir cassetes de expressão com as toxinas TsTx e TsTx-I e a
proteína TsNTxP;
- Produzir proteínas recombinantes em tandem da toxina TsVII;
- Imunizar coelhos e camundongos com as proteínas recombinantes
produzidas;
- Testar a potência dos soros obtidos;
- Verificar a proteção (in vivo) obtida pela imunização com as proteínas
recombinantes.
46
Justificativa
O nosso grupo está envolvido na pesquisa de novos imunógenos e vem
buscando entender melhor a produção de anticorpos neutralizantes.
A descoberta da TsNTxP deu um grande impulso em nossas pesquisas.
Inicialmente, estudamos os efeitos da proteína nativa, mas sua obtenção
possui alguns problemas, tais como: conseguir quantidade suficiente de
veneno para sua purificação e as várias purificações necessárias para se obter
à proteína pura, uma vez que ela representa menos que 1% do veneno total.
Esses fatores em conjunto tornam inviável a utilização da TsNTxP nativa para a
produção de um soro de uso comercial.
Sendo assim, foi feita uma busca do cDNA da TsNTxP em uma
biblioteca de cDNA de T. serrulatus construída a partir da glândula do veneno
deste escorpião (Guatimosim e cols., 1999). Uma vez clonada, essa proteína
foi expressa em grandes quantidades em bactérias e o seu poder neutralizante
testado (Guatimosim e cols., 2000); o soro obtido (100 µl) era capaz de
neutralizar até 3DL
50
.
Em paralelo, estudos com peptídeos sintéticos determinaram alguns
epitopos das toxinas de escorpião e da TsNTxP que eram reconhecidos por
soros anti-TsNTxP, anti-TsIV e anti-veneno total de Tityus serrulatus (Chavéz-
Olortegui e cols., 2002; Alvarenga e cols., 2002; Mendes e cols., 2004; Maria e
cols., 2005). Alguns desses epitopos foram sintetizados e a capacidade de
produção de soro neutralizante foi testada, entretanto o soro obtido protegia
95% dos animais inoculados com apenas 1DL
50
e 58% com 2DL
50
.
Mendes e cols. (2004) produziram a TsNTxP em bactérias E. coli como
proteína de fusão. A proteína recombinante foi utilizada para imunizar carneiro,
coelho e camundongos. O poder neutralizante dos soros e sua reatividade
frente a peptídeos sintéticos da TsNTxP foram testados. Verificamos que os
animais respondiam de maneira diferente a quantidades proporcionais de
proteína. Apesar do soro do carneiro e do coelho reagirem com epitopos
semelhantes, o soro do carneiro conferiu o dobro de proteção do que o do
coelho. E o soro dos camundongos que reagiu com um menor número de
epitopos (seqüências lineares de regiões específicas da proteína TsNTxP)
apresentou uma proteção intermediária, menor que o soro do carneiro e maior
47
que o soro do coelho. Nesses experimentos utilizamos 2DL
50
do veneno do T.
serrulatus.
Nossos resultados indicam que mais estudos devem ser realizados para
se obter um imunógeno mais eficaz. As proteínas utilizadas devem produzir um
soro com poder neutralizante suficiente para uso terapêutico e com poder
neutralizante superior daqueles obtidos atualmente. Uma ampola de 5 mL do
soro produzido pelo Instituto Butantan neutraliza no mínimo 7,5 DMM – doses
mínimas mortais – do veneno de T. serrulatus
(www.vacinas.org.br/vacinas26.htm). Uma ampola com o mesmo volume de
soro produzida pela FUNED neutraliza no mínimo 5 mg do veneno de
referência do escorpião amarelo (1 mg/mL) (www.funed.mg.gov.br/produtos
_servicos/imunobiologicos/bulas/Bula_Soro_Antiescorpionico_ver.04.pdf).
Como a utilização de toxinas nativas é inviável para produção em larga
escala de soro anti-escorpiônico, nós decidimos utilizar proteínas
recombinantes expressas em sistemas procariotos para obtermos novos
imunógenos a serem testados. O sistema procarioto foi o escolhido por ser o
mais simples, mais barato e com mais ferramentas disponíveis. O problema de
usar este tipo de sistema para expressar proteínas de baixo peso molecular
como as toxinas é que estas proteínas são facilmente degradadas no
citoplasma das células bacterianas. Para aumentar a estabilidade de pequenas
proteínas expressas em bactérias foi desenvolvida uma estratégia que permitia
a expressão de vários genes em série (em tandem) da mesma proteína,
aumentando assim o produto a ser expresso (Gigova e cols., 1989; Ishikawa &
Tamaoki, 1996). Desta estratégia surgiu a idéia de produzir proteínas
quiméricas para desenvolvimento de vacinas e soros (Bharaduraj e cols., 1998;
Soto e cols., 1998; Molano e cols., 2003). Para tal um DNA recombinante que
contivesse fragmentos de DNA codificante para diferentes regiões antigênicas
era construído e expresso.
Portanto, nosso intuito foi a utilização destas duas estratégias (proteínas
em tandem e quiméricas) para produzir proteínas recombinantes mais estáveis
no citoplasma de bactérias e com uma capacidade de gerar anticorpos com um
grande poder de neutralizar o veneno do Tityus serrulatus. Para a construção
das proteínas recombinantes utilizamos a seqüência de nucleotídeos das
principais toxinas do veneno (TsTx e TsTx-I) e da proteína TsNTxP.
48
Materiais e Métodos
A – Reagentes, Meios de Cultura, Soluções
Meios de Cultura
Lb-caldo: 10 g de NaCl; 10 g de bactotriptona e 5 g de extrato de levedura. O
pH foi ajustado para 7,0 com NaOH e o volume para 1 litro. O meio foi
autoclavado.
Lb-ágar: 10 g de NaCl; 10 g de bactotriptona e 5 g de extrato de levedura. O
pH foi ajustado para 7,0 com NaOH e o volume para 1 litro. Este meio foi
acrescido ágar na concentração final de 1,5% para cultura em meio sólido. O
meio foi autoclavado.
2xYT-caldo: 16 g de extrato de levedura, 10 g de bactotriptona, 5 g de NaCl
para 1 litro de água destilada. Autoclavar.
SOC-caldo: 10 g de bactotriptona (2%), 2,5 g de extrato de levedura (0,5%),
0,3 g de NaCl (10 mM), 0,093 g de KCl (2,5%), 1,07 g de MgCl
2
(10 mM), 0,6 g
de MgSO
4
(10 mM), 1,8 g de glicose (20 mM), foi acrescentado água para
volume final de 500 mL. O meio foi autoclavado.
NZY-caldo 5x: 25 g de NaCl, 10 g de sulfato de magnésio, 25 g de extrato de
levedura, 50 g de caseína hidrolisada, adicionar água deionizada e acertar o
pH para 7, 5. Autoclavar.
NZY-caldo: Diluir 5x o meio concentrado. Para 1 L usar 200 mL do NZY 5x.
Autoclavar.
NZY-Agar: Fazer o NZY-caldo e acrescentar 15 g de ágar para cada 1 litro.
Autoclavar.
NZY-Top Agar: Prepare 1 L de meio NZY e adicionar 0,7% (peso/volume) de
agarose. Autoclavar.
49
Antibióticos
Ampicilina: Ampicilina (MERCK) foi dissolvida em H
2
O estéril na concentração
de 100 mg/mL, filtrada (filtro 0,22 m) e estocada a –20
0
C. A solução foi
utilizada na concentração final de 100 g/mL.
Canamicina: Canamicina (MERCK) foi dissolvida em H
2
O estéril na
concentração de 50 mg/mL, filtrada (filtro 0,22 m) e estocada a –20
0
C. A
solução foi utilizada na concentração final de 50 g/mL.
Clorofenicol: Clorofenicol (MERCK) foi dissolvido em H
2
O estéril na
concentração de 30 mg/mL, filtrada (filtro 0,22 m) e estocada a –20
0
C. A
solução foi utilizada na concentração final de 30 g/mL.
Tetraciclina: Tetraciclina (MERCK) foi dissolvida em H
2
O estéril na
concentração de 12,5 mg/mL, filtrada (filtro 0,22 m) e estocada a –20
0
C. A
solução foi utilizada na concentração final de 12,5 g/mL.
Soluções de Extração de DNA Genômico
TEN 9: 50 mM de Tris pH 9,0, 100 mM de EDTA pH 8,0, 200 mM de NaCl
TE: 10 mM deTris-HCl pH 8,0, 1 mM de EDTA pH 8,0
RNase: Diluir em água destilada a RNAse A livre de DNAse (Invitrogen) para
concentração final de 100 µg/mL.
Proteinase K: Fazer uma solução estoque em água destilada na concentração
de 250 mg/ml. Estocar no freezer e usar ela na concentração final de 10
mg/mL.
SDS 20%: Pesar 20g de SDS e acrescentar água destilada para um volume
final de 100 mL.
50
Acetato de Amônia 10 M: Pesar 77,08 g de acetato de amônia e acrescentar
água destilada para um volume final de 100 mL.
SM Buffer: 5,8 g de NaCl, 2 g de sulfato de magnésio, 50 mL de Tris-HCl 1M
pH 7,5, 5 mL de 2% de gelatina (peso/volume), acrescentar água deionizada
para volume final de 1 mL. Autoclavar.
Soluções para Purificação com Sílica/Guanidina
Tiocianato de Guanidina 6 M: Pesar 120 g de tiocianato de guanidina para
100 mL de Tris 10 mM pH 6,4.
Etanol em Tris: Medir 20 mL de Tris 10 mM pH 6,4 e completar para 100 mL
com etanol absoluto.
Tris 10 mM pH 6,4: Pesar 1,21 g de Tris base e acrescentar 800 mL água
destilada, acertar o pH com HCl para 6,4. Completar o volume para 1 L.
Tris 10 mM pH 8,0: Pesar 1,21 g de Tris base e acrescentar 800 mL água
destilada, acertar o pH com HCl para 8,0. Completar o volume para 1 L.
Soluções para fazer Bactérias quimiocompetentes
Tfb I: 30 mM acetato de potássio, 50 mM de MnCl
2
, 100 mM de KCl, 10 mM de
CaCl
2
, 15% de glicerol, pH 5,8
Tfb II: 10 mM de Na-MOPS, 75 mM de CaCl
2
, 10 mM de KCl, 15% de glicerol,
pH 7,0
Soluções para fazer Bactérias eletrocompetentes
Glicerol 10%: Diluir 100 mL de glicerol em água destilada para volume final de
1 L. Autoclavar.
51
Soluções para Mini-Prep
Solução I: 50 mM de glicose, 25 mM de Tris-HCl pH 8,0 e 10 mM de EDTA pH
8,0
Solução II: 0,2 N de NaOH e 1% de SDS.
Solução III: 60 mL de uma solução de acetato de potássio 5 M, 11,5 mL de
ácido acético glacial e 28,5 mL de água destilada.
Soluções para fazer Gel de Agarose
Agarose: A agarose foi dissolvida por aquecimento, em TAE 1x de acordo com
a porcentagem de gel a ser preparado.
Brometo de etídio: Brometo de etídio foi dissolvido em água na concentração
de 10 mg/mL, sendo a solução estocada em um recipiente escuro. Importante:
usar luvas e máscara – substância mutagênica e teratogênica.
TAE: Tampão Tris-acetato-EDTA (solução estoque 50x): 242 g de Tris base,
57,1 mL de ácido acético e 100 mL de EDTA 0,5 M pH 8,0. Usar o tampão 1x.
Soluções para Expressão e Lise Bacteriana
IPTG (Isopropiltio--D-galactose): O IPTG foi dissolvido em água mili-Q
estéril na concentração de 600 mM, filtrado (filtro 0,22 m) e estocada a –20
0
C.
Tampão de lise: 50 mM de Tris, 1mM EDTA, 50 mM de glicose pH8,0
Lisozima: Pesar 4 mg de lisozima para 1 mL de tampão de lise. Fazer a
solução na hora do uso.
52
Glicose: 20 g de D-glicose foram dissolvidas em 100 mL de água (solução
20%). A solução foi esterilizada por filtração (filtro 0,22 m) e estocada a 4C.
Soluções para Dosagem de proteínas pelo Método de Bradford
Reagente de Bradford: 10 mg de coomassie brilliant blue G-250, 5 mL de
etanol 95%, 10 mL de ácido fosfórico 85%, acrescentar água destilada para
volume final de 100 mL. Dissolver o corante em etanol, acrescentar 60 mL de
água e logo depois adicionar lentamente o ácido. Completar o volume com
água para 100 mL e filtrar em papel de filtro comum. Armazenar a 4C por
aproximadamente um mês.
BSA: Pesar 1 mg de soro albumina bovina e diluir em água destilada para
volume final de 1 mL. Estocar a -20C.
Soluções para fazer Gel de Poliacrilamida SDS-PAGE
Tampão de amostra 2x: 2 mL de Tris-HCl 0,5 M pH 6,8; 1,6 mL de glicerol; 3,2
mL de SDS 10%; 0,8 mL de -mercaptoetanol; 500 mg de bromofenol blue e
ajustar o volume para 8 mL com água destilada e o pH foi acertado para 8,3.
Solução A de gel: 29,2 g de acrilamida, 0,8 g de bisacrilamida, água q.s.p 100
mL.
Solução B de gel: 18,15 g de Tris, acertar o pH com HCl para 8,8, água q.s.p.
100 mL.
Solução C de gel: 6,0 g de Tris, água q.s.p. 100 mL, acertar o pH com HCl
para 6,8, água q.s.p. 100 mL.
Solução D de gel: SDS 10% (10 g de SDS para 100 mL de solução).
Tampão de corrida 5x: 1,5% de Tris-Base, 7,2% de glicina e 0,5% de SDS.
53
Solução corante: 1,25 g de Comassie blue, 225 mL de metanol, 45 mL de
ácido acético glacial e 225 mL de água.
Solução descorante: 45 mL de etanol, 90 mL de ácido acético glacial e 850
mL de água.
Solução para secar gel de poliacrilamida: 25% de etanol e 1,5% de glicerol.
Soluções de Western Blot
Tampão de transferência para Western blot: 14,42 g/l de glicina, 3,03 g/l de
Tris e 200 mL/l de metanol. O pH deve estar em torno de 8,3.
Solução de PBST 0,3% para Western blot: PBS 1x, 0,3% de Tween 20.
Solução de PBST 0,05% para Western blot: PBS 1x, 0,05% de Tween 20.
Solução reveladora para Western blot: 10 mg de DAB + 10 mL PBST 0,05%,
5 mg de cloronaftol + 1,7 mL de metanol + 8,3 mL de PBST 0,05%, 10 l de
H
2
O
2
.
Soluções de ELISA
PBS 10x – Tampão fosfato salina (pH 7.4): Preparar 500 mL de uma solução
0,5 M de Na
2
HPO
4
e 200 mL de uma solução 0,5 M de NaH
2
PO
4
. O pH da
solução de Na
2
HPO
4
foi acertado para 7.4 usando a solução de NaH
2
PO
4
.
Medir o volume final e acrescentar para cada 100 mL de solução 9 g de NaCl.
A solução é então filtrada e estocada a 4C.
Tampão Carbonato: 15 mM de Na
2
CO
3
, 35 mM de NaHCO
3
, pH da solução
9,6.
Tampão Citrato: 50 mM de Na
2
HPO
4
, 24 mM de ácido cítrico, pH da solução
5,0.
54
Tampão de Bloqueio: 2% caseína em PBS 1x.
Tampão de Incubação: 0,2% de caseína em PBS 1x e 0,05% de Tween 20.
Solução de Lavagem: 0,15 M de NaCl e 0,05% de Tween 20.
Solução reveladora de ELISA: 10 mL de tampão citrato, 2 mg de OPD, 2 l
de água oxigenada 30%.
Outras Soluções
CIAP stop buffer: 10 mM de Tris-HCl pH 7,5, 1 mM de EDTA pH 7,5, 200 mM
de NaCl, 0,5% de SDS
Sulfato de Magnésio 1M: 24,65 g de sulfato de magnésio para um litro de
água deionizada.
Maltose 20%: 20 g de maltose para 100 mL de água de deionizada. Filtrar com
filtro de 0,22 m.
B – Genótipo das linhagens de bactéria utilizadas
Linhagem XL1 Blue: (mcrA) 183 (mcrCB-hsdSMR-mrr) 173 endA1 supE44
thi-1 recA1 gyrA96 relA1 lac [F’ proAB lacl
q
ZM15 Tn10 (Tet
R
)].
Linhagem XLOR: (mcrA) 183 (mcrCB-hsdSMR-mrr) 173 endA1 recA1
gyrA96 relA1 lac [F’ proAB lacl
q
ZM15 Tn10 (Tet
R
)] Su
-
(não suprimido)
r
.
Linhagem DH 5: 80dlacZM15 recA1 endA1 gyrA96 thi-1 hsdR17 (r
k
-
, m
k
+
)
supE44 relA1 deoR (lacZYA-argF) U169
Linhagem Topo 10 F’: F’ {lacI
q
Tn10 (Tet
R
) mcrA (mrr-hsdRMS-
mcrBC).80dlacZM15 lacX74 recA1 deoR araD139 (ara-leu) 7697 galU
galK rpsL (Str
R
) endA1 nupG
55
Linhagem BL21: dcm ampT hsd(r
B
-m
B
-)gsl Lon
-
Linhagem Origami: (ara-leu) 7697 lacX74 phoA Pvu II phoR araD139
ahpC galE galK rpsL F’ [lac
+
lacl
q
pro] (DE3) gor522::Tn10 trxB pLysS (Cam
R
,
Str
R
, Tet
R
).
C – Animais Utilizados
Camundongos Swiss CF1 pesando entre 18 e 22 g foram obtidos no
biotério da Universidade Federal de Minas Gerais. Coelhos Nova Zelândia
pesando aproximadamente 2 Kg foram obtidos na Fazenda da Escola de
Medicina Veterinária/UFMG. Os coelhos e camundongos foram mantidos no
biotério da Escola de Medicina Veterinária. Todos os animais receberam água
e alimentação em condições controladas.
D - Preparo do estoque de bactérias
Todos os clones obtidos neste trabalho foram preparados para serem
estocados e guardados a -80 C, como descrito abaixo.
Células de bactérias BL21DE3 ou DH 5 foram transformadas com os
clones de interesse e plaqueadas em meio sólido LB-ágar com 100 l/mL de
ampicilina e incubadas a 37C por 16 horas. Foi então retirada uma colônia da
placa e adicionada ao meio líquido LB-ampicilina. Essa mistura foi crescida a
37C sob agitação. Após atingir a fase log tardia, foi feita uma mistura de
glicerol e cultura de baterias atingindo uma concentração de 30% de glicerol.
Alíquotas foram armazenadas em tubos estéreis a -80C.
56
E – Metodologia
Estratégia geral do trabalho
As etapas da metodologia utilizada estão resumidas no esquema abaixo.
Figura 11 – Esquema da metodologia utilizada.
Nas etapas que clonagem e montagem dos cassetes de expressão
seguimos sempre uma série de procedimentos que estão descritos no
esquema abaixo. A inserção do DNA inicialmente em vetores de fácil clonagem
foi uma estratégia utilizada para facilitar a subclonagem nos vetores pBluescript
e pET. Os vetores de fácil clonagem utilizados foram o pGEM e o TOPO TA
(Figura 13).
57
Figura 12 – Procedimentos utilizados nas etapas de clonagem.
58
Figura 13 – Vetores de fácil clonagem. Em A, o vetor pGEM T Easy e em B,
o vetor TOPO TA. Em ambas as figuras, o sítio múltiplo de clonagem está em
destaque.
Foram construídos vários cassetes de expressão, objetivando a
construção de novos sistemas de expressão (plasmídios ainda não testados no
nosso laboratório com toxinas de escorpião) e construções quiméricas com
DNA de duas ou mais toxinas e em tandem com mais de uma cópia de DNA de
uma mesma toxina (Figuras 16 e 17).
A.A.
B.B.
59
- Obtenção do DNA das toxinas
A obtenção do DNA das toxinas utilizadas neste trabalho foi feita utilizando
duas metodologias: através do DNA genômico para as toxinas que tem
seqüência de nucleotídeos já determinada e através da biblioteca de cDNA da
glândula de veneno do escorpião Tityus serrulatus para obter novas toxinas e
proteínas.
1 - Obtenção do DNA de toxinas a partir do DNA genômico do
escorpião Tityus serrulatus
Para o desenvolvimento de etapas deste trabalho era necessário as
seqüências de nucleotídeos da TsNTxP, da TsTx e da TsTx-I.
A seqüência de nucleotídeos da TsNTxP já foi descrita por Guatimosim e
cols. (1999). E no meu trabalho de mestrado ela foi clonada em um plasmídeo
de expressão, o pMAL p2. Este clone foi utilizado para amplificação do DNA da
TsNTxP. Novos primers foram feitos para inserção do sítio de restrição da Xho
I ao DNA da TsNTxP, para sua posterior clonagem no pBluescript (Figura 14).
Já as seqüências da TsTx e da TsTx-I, como anteriormente foram descritas
(Martin-Eauclaire e cols., 1992; 1994) e depositadas no banco de dados do
NCBI, poderiam ser amplificadas a partir do DNA genômico do T. serrulatus.
Para isso foram construídos primers com os sítios de restrição adequados para
cada montagem (Figura 14).
60
Primers da TsNTxP
Senso
5’CTC GAG
GGT AGA GAA GGT TAT CCA G 3’
GGT AGA GAA GGT TAT CCA GCG GAT TCC AAG GGT TGC AAA
ATT ACT TGT TTT CTT ACA GCT GCA GGA TAC TGC AAT ACA GAA TGC ACA
CTC AAA AAG GGA TCA TCG GGT TAT TGC GCC TGG CCG GCG TGT TAC TGC
TAC GGG CTT CCA GAT TCA GTG AAA ATT TGG ACT AGT GAA ACG AAT AAA
TGT GGC
CC TGA TCA CTT TGC TTA TTT ACA CCG
GAG CTC
5’CTC GAG
GCC ACA TTT ATT CGT TTC ACT AGT CC 3’
Anti-senso
Primers da TsTx
Senso
5’ GTC GAC
AAG AAA GAC GGA TAC CCG 3’
AAG AAA GAC GGA TAC CCG GTG GAA TAC GAT AAC TGC GCC
TAC ATT TGC TGG AAC TAC GAC AAC GCT TAC TGC GAT AAG CTG TGC AAA
GAC AAG AAA GCC GAT AGC GGA TAT TGT TAC TGG GTT CAC ATC CTG TGC
TAC TGC TAC GGG CTT CCC GAT AGC GAA CCG ACC AAG ACC AAC GGA AAA
TGC AAA TCC GG TTG CCT TTT
ACG TTT AGG CAG CTG
5’ GTC GAC
GGA TTT GCA TTT TCC GTT GG 3’
Anti-senso
Primers da TsTx-I
Senso
5’ AAG CTT
AAA GAA GGT TAT CTC ATG 3’
AAA GAA GGT TAT CTC ATG GAT CAC GAA GGT TGC AAA CTT
AGT TGC TTT ATC AGA CCA TCG GGA TAC TGC GGC AGA GAA TGC GGA ATT
AAA AAG GGC TCA TCG GGC TAT TGC GCC TGG CCC GCG TGT TAC TGC TAC
GGG CTT CCA AAT TGG GTG AAA GTT TGG GAT AGA GCG ACG AAC AAA TGT
C CTA TCT CGC TGC TTG TTT ACA
TTC GAA
5’ AAG CTT
ACA TTT GTT CGT CGC TCT ATC C 3’
Anti-senso
Figura 14 – Primers construídos para clonagem das proteínas de
interesse. Os sítios de restrição estão sublinhados. Para TsNTxP, Xho I, para
TsTx, Sal I e para TsTx-I, Hind III.
61
1.1 - Extração de DNA genômico do escorpião Tityus serrulatus
O escorpião foi colocado no gelo seco e macerado em um gral com gelo
seco até virar pó. Este foi recolhido com uma espátula e colocado em um tubo
de 50 mL. Foram adicionados 10 mL de TEN 9 e 50 l de RNAse (100 mg/mL).
A mistura foi homogeneizada e agitada por 10 minutos a temperatura ambiente.
Foram adicionados 250 l de SDS 20%, e a mistura foi agitada por mais 10
minutos. Proteinase K (10 mg/mL) na mesma quantidade de SDS foi
adicionada e a solução foi agitada por 16 horas a 37C. No outro dia, um
volume de fenol:clorofórmio (1:1) foi adicionado e misturado por 1 hora. Foi
feita uma centrifugação 5 minutos a 5000g, à parte superior foi retirada e
passada para outro tubo. Um volume de clorofórmio foi acrescentado e agitado
por 10 minutos. Foi feita uma centrifugação novamente (5 minutos a 5000g) e a
parte de cima (fase aquosa que contém o DNA) foi guardada. A esta, foi
acrescentado 1/5 do volume de acetato de amônia 10 M e 1 volume de
isopropanol. O tubo foi invertido, deve-se observar a formação de um
precipitado filamentoso. O DNA foi recolhido com uma pipeta Pasteur com a
ponta selada e mergulhado em 5 mL de etanol 70% para lavar o DNA. Este foi
passado para outro tubo e deixado secar totalmente. O DNA seco foi
ressuspendido em 1 mL de TE contendo 2 l de RNAse (20 g/mL) e deixado
16 horas a 37C. No outro dia um gel de agarose 1% foi corrido para quantificar
o DNA genômico obtido.
62
1.2 - Padronização da PCR e Amplificação dos DNAs das toxinas
Testes foram feitos para padronizar a quantidade de DNA genômico a ser
usada na PCR. As reações de amplificação por PCR foram realizadas como
descrito por Saiki e cols., (1988) utilizando a enzima Taq DNA polimerase
(PHT). Os primers utilizados estão mostrados na Figura 14. A reação de PCR
foi montada da seguinte maneira:
Reação 1
Material Quantidade
Primer Senso (20 pmol/l)
0,5 l
Primer anti-senso (20 pmol/ul)
0,5 l
Taq PHT(1 l/5U)
0,2 l
DNA genômico diluído
2 l
dNTP (1 mM)
2,5 L
Tampão 1B ou 1C PHT (10x)
2,5 l
Água deionizada estéril
16,8 l
Vol. Final
25 l
Programa 1
1- 94
o
C por 3 minutos (desnaturação);
2- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
3- 55
o
C por 1 minuto (anelamento);
4- 72
o
C por 1 minuto (extensão);
5- Repetir o ciclo 5 vezes a partir da etapa 2;
6- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
7- 50
o
C por 1 minuto (anelamento);
8- 72
o
C por 1 minuto (extensão);
9- Repetir o ciclo 30 vezes a partir da etapa 6;
10- 72
o
C por 5 minutos ;
11- 4
o
C por tempo indefinido.
O DNA genômico foi diluído 1:10, 1:15, 1:20, 1:25, 1:30, 1:35, 1:40, 1:45,
1:50 e foram utilizados 2 l. Os tampões IB e IC (PHT) para a Taq polimerase
também foram testados.
63
1.3 - Clonagem dos DNAs no vetor pGEM T Easy vetor
1.3.1- Purificação de DNA pelo método da Sílica/Guanidina
O DNA das toxinas foi amplificado de 2 l de DNA genômico diluído 1:50,
sendo que foram feitas 20 reações para cada. Tampão de amostra Loading
Buffer foi adicionado às amostras de DNA amplificado. Este material foi então
submetido à eletroforese em gel de agarose 1,0%.
O pedaço de gel contendo a banda de interesse foi cortado e triturado em
um tubo Falcon de 15 mL. Ao gel triturado foram acrescentados 2 volumes de
Tiocianato de Guanidina 6 M em Tris-HCl 10 mM pH 6,4. Se a cor não estiver
amarela, devem ser acrescentadas algumas gotas de acetato de sódio 3 M pH
5,2. O tubo foi deixado no banho a 70C por 10 minutos ou até o gel derreter.
Foram adicionados 50 l de sílica e o tubo deixado no banho a 70C por mais
10 minutos. Foi feita uma centrifugação à 3000g por 5 minutos e o
sobrenadante foi descartado. O pellet foi lavado com 1 mL de Etanol 80% em
Tris-HCl 50 mM pH 6,4, ressuspendendo o pellet. Foi feita uma centrifugação à
5000g por 2 minutos e o procedimento acima foi repetido mais duas vezes. O
pellet foi seco no banho a 56C por 30 minutos. Foram adicionados 50 l de
Tris-HCl 10 mM pH 8,0, o pellet foi ressuspendido e a solução resultante foi
deixada no banho a 56C por 30 minutos. Foi feita uma centrifugação a 2000 g
por 2 minutos e o sobrenadante foi guardado. Os 2 últimos passos foram
repetidos 2 vezes.
Após purificação, 2 l dos sobrenadantes obtidos foram aplicados em gel de
agarose 1%.
64
1.3.2 – Ligação dos DNAs da TsTx-I e TsTx em pGEM
As ligações em vetor pGEM foram realizadas de acordo com fabricante
(Promega
). A tabela abaixo mostra as quantidades que foram utilizadas.
Material Quantidade
Vetor pGEM
1 l
Produto de PCR
0,5/1,0/1,5/2,0 l
T4 DNA Ligase (3 U/l) 1 l
Tampão de ligação 2x
5 l
Água deionizada
2,5/2,0/1,5/1,0 l
Volume final
10 l
A reação foi homogeneizada e deixada incubando por 16 horas a 4C. Após
esse tempo, o DNA foi precipitado com 1/10 do volume de acetato de sódio 3 M
pH 5,2 e 2 volumes de etanol 96%. Em seguida, os tubos foram centrifugados a
12000 g durante 10 minutos. O precipitado foi lavado com etanol 70% e depois
de seco, ressuspendido em 4 l de água deionizada e mantido a 4ºC.
1.4 – Eletroporação
1.4.1 - Bactérias eletrocompetentes
Bactérias da linhagem Topo 10 F foram estriadas em uma placa
LB/Kanamicina. Uma colônia isolada foi crescida em 5 mL de meio LB em
frasco de 50 mL por 16 horas a 37
o
C sob agitação de 180 rpm.
A pré-cultura foi inoculada em 500 mL de meio LB e crescida até OD
600
=
0,5-0,7. A cultura foi transferida para tubos próprios de centrífuga gelados e
foram mantidos no gelo por 20 minutos.
Foi feita uma centrifugação das células a 4000g, por 15 minutos a 4C. O
sobrenadante foi descartado e então a massa de células foi ressuspendida
suavemente com 500 mL de glicerol 10% estéril e gelado.
65
Foi feita uma nova centrifugação, sobrenadante foi descartado e a massa
de células foi ressuspendida suavemente com 250 mL de glicerol 10% estéril e
gelado.
Os procedimentos de centrifugação foram repetidos e então a massa de
células foi ressuspendida suavemente com 20 mL de glicerol 10% gelado e
estéril.
Mais uma vez, os passos foram repetidos e a massa de células foi
ressuspendida suavemente com 1 a 2 mL de glicerol 10% gelado e estéril.
A DO
600
das células diluídas foi determinado (o valor deve ser de 0,15 se
necessário diluir a amostra). As células diluídas foram aliquotadas e
congeladas rapidamente em gelo seco/etanol. As células foram estocadas em
freezer –80C.
1.4.2 – Protocolo de Eletroporação
As bactérias competentes foram descongeladas no gelo. O produto de
ligação (2 l) a ser transformado foi incubado com 40 l de células
competentes no gelo por 5 minutos.
Na eletroporação, foram utilizados os seguintes parâmetros: choque de
1,8V, corrente de 25 F, e com resistência de 200 Ohms. O tempo de choque é
de 4,4 ms.
Após o choque foi adicionado 1 mL de meio SOC estéril e as células foram
incubadas a 37
o
C por 1 hora. Foram plaqueadas em 3 placas (contendo
antibiótico) com meio LB agar, 100-200 l de suspensão de bactérias por placa.
A incubação foi a 37
o
C por 16 horas.
Como controle foram feitos os mesmos procedimentos com bactérias sem
plasmídeo e plaqueadas 100 l de células em uma placa com antibiótico e em
outra sem antibiótico.
66
1.5 – PCR de Colônia
Após a eletroporação do produto da ligação e crescimento das bactérias,
foram selecionadas 20 colônias.
A reação de PCR foi preparada da seguinte maneira:
Reação 2
Material Quantidade
Primer Senso (20 pmol/l) 0,5 l
Primer anti-senso (20 pmol/l) 0,5 l
Taq (1 l/5U) (PHT) 0,2 l
DNA -
dNTP (1 mM)
2,5 L
Tampão 1C (10x) (PHT)
2,5 l
Água deionizada estéril
18,8 l
Vol. Final
25 l
O programa utilizado para a PCR de colônia foi o mesmo descrito no item I-
1.2.
Em um fluxo laminar, 100 l de meio LB contendo antibiótico (100 g/mL)
foram adicionados em cada poço de uma placa de cultura (96 wells). Uma
ponteira foi encostada em uma colônia de bactéria e em seguida lavada em um
poço da placa com meio. Todo meio de cultura foi retirado do interior da
ponteira e então esta foi lavada novamente em um tubo contendo a reação da
PCR. Este procedimento foi repetido para as demais colônias. Após a reação
de PCR a amplificação foi verificada em gel de agarose a 1%. As colônias
positivas tiveram seus plasmídeos extraídos.
67
1.6 – Purificação de plasmídeo por lise alcalina
Extração de plasmídeo de E. coli foi realizada segundo o método de lise
alcalina-SDS (Sambrook e cols., 1989). Segue o protocolo utilizado:
Uma colônia isolada foi colocada para crescer em 10 mL de meio LB broth
com ampicilina (100 g/mL), em um agitador a 180 rpm e à temperatura de
37
o
C, durante 16 horas, em tubo de 50 mL.
Após crescimento, a cultura foi mantida no gelo por 10 minutos e
centrifugada a 3000g por 10 minutos, a 4
o
C. Todo o sobrenadante foi
descartado. O precipitado foi ressuspendido em 300 l de solução I gelada,
transferido para um tubo de 1,5 mL e deixado por 5 minutos a temperatura
ambiente. Foram adicionados 300 l de solução II, preparada na hora do uso, o
conteúdo foi misturado cuidadosamente por inversão e deixado por 5 minutos
no gelo. Foram adicionados 30 l de solução III e a mistura foi homogeneizada
novamente por inversão. O tubo foi deixado no gelo por mais 5 minutos e
centrifugado a 12000g por 10 minutos a 4
o
C. O precipitado foi descartado e
foram adicionados ao sobrenadante 0,6 volumes de isopropanol 100%. O tubo
foi deixado em repouso por 12 minutos e centrifugado novamente (12000g por
10 minutos, à temperatura ambiente). O sobrenadante foi descartado e o
precipitado foi lavado com 1 mL de etanol 70%. Depois que o precipitado secou
foi dissolvido em um volume de 50 l de TE pH 8,0 com RNAse (20 g/mL). O
tubo foi deixado 1 hora a 37
o
C para a enzima agir. Um gel de agarose 1% foi
corrido para quantificar os plasmídeos purificados.
68
1.7 - Corte com enzimas de restrição
Os plasmídeos obtidos foram cortados com as enzimas apropriadas. Os
clones da TsTx-I foram cortados com a enzima Hind III, os clones da TsTx
foram cortados com a enzima Sal I.
A digestão dos plasmídeos foi realizada da seguinte maneira:
Material Quantidades
Vetor
1 g
Enzima 2,5 U
BSA 100 g/mL (quando necessário) 2 l
Tampão (10x)
2 l
Água deionizada estéril Variável
Volume final
10 l
A reação foi deixada por 1 hora a 37C e depois um gel de agarose 1% foi
corrido para verificar se houve digestão.
1.8 – Seqüênciamento
Os seqüenciamentos dos plasmídeos quantificados foram realizados no
aparelho MegaBACE DNA sequencer no Laboratório de Biodiversidade e
Evolução Molecular da UFMG. A reação de seqüênciamento foi feita utilizando-
se o kit DYEnamic ET Dye Terminator Cycle Sequencing (Amersham).
Primers utilizados:
M13 anti-senso: GGAAACAGCTATGACCATG
M13-20: TGACCGGCAGCAAAATG
69
Reação de seqüênciamento:
Material Quantidade
ET kit
4 l
Primer (5 pmol/l) 1 l
DNA molde 200 ng
Água qsp
10 l
Volume final
10 l
Programa 2
1- 95
o
C por 20 segundos (desnaturação);
2- 55
o
C por 15 segundos (anelamento);
3- 60
o
C por 1 minuto e 20 segundos (extensão);
4- Repetir o ciclo 29 vezes a partir da etapa 1;
5- 4
o
C por tempo indefinido
1.9 - Análise computacionais das seqüências obtidas
As seqüências de nucleotídeos foram analisadas através do programa
“Basic Local Alingment Search tool prograrm for amino acids” – Blast – Gen
Bank (Altschul & Lipman, 1990) – www.ncbi.nlm.nih.gov).
70
2 - Busca de DNAs de toxinas na biblioteca de cDNA da glândula de
veneno do escorpião Tityus serrulatus
2.1 - Biblioteca de DNA da glândula de veneno do escorpião Tityus
serrulatus
Essa biblioteca foi construída pelo Professor Evanguedes Kalapothakis a
partir da extração total dos RNAs da glândula de veneno e da purificação dos
mRNAs em coluna oligo-dT. Essas moléculas foram usadas como moldes para
a síntese do DNA, usando o Zap DNA Synthesis Kit (Stratagene). Os DNAs
com tamanhos acima de 100 pares de bases (pb) foram selecionados e
subclonados no vetor Uni Zap XR
TM
(Stratagene) entre os sítios de restrição
Eco RI e Xho I. Posteriormente foram empacotados em partículas viáveis de
fago, através do Gigapack II packing extracts (Stratagene). A biblioteca foi
titulada como descrito abaixo.
2.2 - Titulação da biblioteca
No dia anterior, 1 colônia de E. coli XL1-Blue foi crescida em 5 mL de NZY
(suplementado com 50 l de maltose 20% e 50 l de MgSO
4
1 M) a 37C por
16 horas. No outro dia os 5 mL foram inoculados em 50 mL de NZY
(suplementado com 50 l de maltose 20% e 50 l de MgSO
4
1M). A cultura foi
crescida por aproximadamente 3 horas. Foi feita uma centrifugação à 5000g
por 5 minutos e o pellet foi ressuspendido em MgSO
4
10 mM até se obter uma
DO
600
=1,0. Foi usado 10 l da sub-biblioteca sem diluição e com diluições de
1x10
-1
e 1x10
-3
em SM Buffer. Os 10 l da biblioteca foram acrescentados a
200 l de bactérias XL1-Blue em MgSO
4
10 mM. Os fagos da biblioteca e as
bactérias foram incubados a 37C por 15 minutos. A mistura foi adicionado 2 a
3 mL de NZY Top Agar na temperatura de aproximadamente 48C. Logo em
seguida plaqueamos em placas NZY/agar e deixamos solidificar por 10
minutos. As placas foram invertidas e incubadas a 37C por 16 horas.
71
2.3 - Excisão em massa da sub-biblioteca 34
A biblioteca aqui utilizada é constituída por fagos lambda que possuem em
seu genoma o vetor Zap Express contendo o fagemídeo pBluescript II SK- com
insertos de DNA originados da glândula de veneno.
É importante salientar que o vetor Zap Express contém duas partes de uma
região de origem de replicação (o sítio de iniciação e o de terminação da
síntese de DNA) subclonadas separadamente em sua seqüência. Esses sítios
são reconhecidos por proteínas M13 expressas pelo fago helper que clivam
uma das fitas do DNA dessas regiões. A molécula de
ss
DNA originada é então
circularizada por uma outra proteína do fago helper, formando uma molécula de
DNA circular contendo o DNA existente entre os sítios de iniciação e
terminação. No caso do vetor Zap Express, isso inclui toda a seqüência do
vetor fagemídeo pBluescript e o inserto de DNA clonado, quando presente. A
circularização recupera a região de origem de replicação, que está ligada ao
envio de sinais para o empacotamento do DNA circular e formação do
fagemídeo. Os passos para excisão em massa estão descritos abaixo:
No dia anterior, 1 colônia de XL1-Blue e uma colônia de XLOLR foram
crescidas em tubos separados contendo 5 mL de NZY (suplementado com 50
l de maltose 20% e 50 l de MgSO
4
1 M) a 37C por 16 horas. Após 16 horas,
os 5 mL foram inoculados em 50 mL de NZY (suplementado com 50l de
maltose 20% e 50l de MgSO
4
1 M) e a cultura foi crescida por
aproximadamente 3 horas. Foi feita uma centrifugação a 1000g por 10 minutos
e o pellet foi ressuspendido em MgSO
4
10 mM até se obter uma DO
600
=1,0.
Em tubos de 50 mL, a biblioteca de fago foi combinada com as bactérias
XL1-Blue. Foram usados 10 l do fago sem diluição e nas diluições 1x10
-1
,
1x10
-2
e 1x10
-3
e todas as diluições foram combinadas com 600 l de bactérias.
O fago helper foi usado nas quantidades seguintes: 5, 10, 15, 20, 25, 30 e 35
l. As bactérias contendo os fagos e helper foram incubadas a 37C por 15
minutos para permitir o ancoramento dos fagos às bactérias e infecção das
mesmas. Foram adicionados 5 mL de NZY e a mistura foi incubada a 37C por
2,5-3 horas sob agitação de 180 rpm. Durante esse período, a excisão do
pBluescript e a formação dos fagemídeos ocorrem nas bactérias XL1-Blue. O
72
tubo contendo as bactérias e os fagos foram aquecidos a 65-70C por 20
minutos para lisar as partículas do fago e as células bacterianas, os
fagemídeos não são lisados. Foi feita uma centrifugação a 1000g por 10
minutos para baixar o debri celular, o sobrenadante foi guardado em tubos
estéreis. Para titular os fagos excisados, combinamos 5 l do sobrenadante
com 200 l de bactérias XLOLR em tubos de 1,5 mL. Os tubos foram
incubados 37C por 15 minutos. Ao tubo foram adicionados 40 l de meio NZY
5x (para concentração final de 1x) e incubamos a mistura por mais 45 minutos
a 37C, para permitir expressão do produto do gene de resistência a ampicilina.
Foram plaqueados 100 l da mistura em placas LB/Agar contendo ampicilina
(100 g/mL), e estas foram incubadas a 37C por 16 horas.
2.4 – Verificação da presença de insertos
As colônias obtidas foram coletadas e submetidas a uma PCR de colônia,
como descrito no item I-1.5, para verificação da existência e tamanho dos
insertos. A reação e o programa utilizados estão descritos abaixo. As colônias
que continham insertos foram submetidas à extração plasmidial (item I-1.6), os
plasmídeos foram quantificados, seqüenciados (item I-1.8) e as seqüências
obtidas foram analisadas de acordo com item descrito abaixo.
Reação 3
Material
Quantidades
Primer T7 (20 pmol/l) 0,25 l
Primer T3 (20 pmol/l) 0,25 l
Taq (1 l/5U) 0,2 l
DNA -
dNTP (1 mM)
2,5 L
Tampão 1B (10x)
2,5 l
Água deionizada estéril
19,3 l
Vol. Final
25 l
73
Programa 3
1- 94
o
C por 3 minutos (desnaturação);
2- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
3- 60
o
C por 30 segundos (anelamento);
4- 72
o
C por 30 segundos (extensão);
5- Repetir o ciclo 5 vezes a partir da etapa 2;
6- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
7- 56
o
C por 30 segundos (anelamento);
8- 72
o
C por 30 segundos (extensão);
9- Repetir o ciclo 25 vezes a partir da etapa 6;
10- 72
o
C por 5 minutos ;
11- 4
o
C por tempo indefinido
74
2.5 – Análise das ESTs obtidas
Esta etapa, foi um trabalho em colaboração com o Laboratório de
Biodados/ICB do Prof. Miguel Ortega, e foi realizada pelo aluno de doutorado
Maurício Mudado.
2.5.1 – Análises Bioinformáticas
As análises bioinformáticas foram feitas em computador de mesa
comum com sistema operacional Linox. Os cromatogramas providos de
seqüenciador automático (MegaBACE DNA sequencing - Amersham) foram
processados pelo pacote phred, phrap consed (http://www.phrap.org) foram
geradas 910 ESTs nomeadas com o programa phred com parâmetros default
(filtro de corte por qualidade desligado). Essas seqüências foram filtradas para
remoção de seqüência do plasmídeo pelo software cross-match e depois
agrupadas (clusterizadas) com phrap.
2.5.2 – Anotação Automática
Foi usado o pacote BLAST do NCBI para alinhar as seqüências obtidas
com o UniProt. As seqüências protéicas em formato FASTA do UniProt foram
obtidas do sítio do UniProt (http://www.uniprot.org
), que incluíam seqüências do
SwissProt e TrEMBL (total de 5.036.670). Foram obtidas anotações das
proteínas do UniProt com ontologias GO (Gene Ontology) via projeto GOA
(http://www.ebi.ac.uk/GOA
). As ontologias do GO foram baixadas do sítio
http://www.geneontology.org e populadas em um bando de dados relacional
MySQL. Foi feito um BLASTx com valor de corte de e-value a 1e
-5
e saída m8.
Os melhores alinhamentos (scores) foram selecionados e populados em banco
de dados. Os resultados de anotação com GO foram feitos com ordenação das
ontologias pelos valores mais abrangentes das hierarquias de GO(nós mais
próximos dos componentes raiz: processos biológicos, componente celular e
função molecular).
75
– Construção dos cassetes
Foram construídos cassetes de expressão com o DNA de três proteínas
do veneno do T. serrulatus: TsNTxP, proteína não tóxica, mas muito
imunogênica; TsTx, principal toxina do veneno e TsTx-I, principal toxina do
veneno.
Duas metodologias foram usadas: ligação de mais de uma cópia do DNA
da mesma proteína (proteínas em tandem) e ligação de DNA das diferentes
proteínas em um mesmo plasmídeo (proteína quimérica).
A proveniência do DNA das proteínas utilizadas está descrita na tabela
abaixo.
Tabela 2 – Origem do DNA das proteínas
Proteína Origem
TsNTxP Vetor de expressão pMAL
TsTx-I Clone da Biblioteca de cDNA
TsTx Clone da Biblioteca de cDNA
1 - Construção de proteínas em tandem
O plasmídeo que foi utilizado para a montagem das proteínas em
tandem é o pBluescript II KS-, por apresentar uma grande variedade de sítios
de enzimas de restrição o que permite a inserção de vários fragmentos (Figura
15). Foram clonados no pBluescript 1, 2 e 4 cópias de TsTx-I. A primeira cópia
foi inserida no sítio de restrição Hind III. Na segunda montagem (tandem de
duas seqüências - di), o vetor pBluescript que contém a seqüência da TsTx-I
inserida no sítio de restrição da Hind III foi utilizado para a clonagem de mais
um fragmento de DNA da TsTx-I no sítio de restrição Sal I. Na terceira
construção (tandem de quatro seqüências - tetra), os dois fragmentos de DNA
que codificam para TsTx-I foram amplificados juntos e inseridos no sítio de
restrição Eco RI (Figura 16). Todas estas etapas foram feitas pelo uso de
primers construídos para amplificar a seqüência da TsTx-I, mas que continham
76
os sítios de restrição a serem utilizados em cada montagem, permitindo assim
a inserção dos fragmentos de DNAs nos locais desejados.
Figura 15 – Mapa do vetor pBluescript II KS +/-. No quadro em destaque
podemos ver o sítio múltiplo de clonagem (MCS). Os sítios das enzimas de
restrição que foram utilizadas neste trabalho estão circulados.
77
Figura 16 – Construção de proteínas em Tandem da TsTx-I.
pBluescript
78
1.1 - Clonagem do DNA da TsTx-I em pGEM
Da biblioteca de cDNA foi isolado um clone (1D6) contendo a seqüência da
toxina TsTx-I. O DNA foi então amplificado (20 reações – reação e programa
estão descrito abaixo), misturado ao tampão de amostra Loading Buffer e
aplicado em gel de agarose 1%. Após coloração, a banda de interesse foi
cortada do gel e purificada como descrito no item I-1.3.1. O DNA purificado foi
ligado ao vetor pGEM T Easy (item I-1.3.2). O produto da ligação foi
transformado em bactérias DH5 como descrito abaixo (item II-2) e das
colônias provenientes foi feito uma PCR de colônia (item I-1.5). Algumas
colônias foram selecionadas e utilizadas para extração plasmidial (item I-1.6).
Os clones foram então cortados com a enzima de restrição Hind III para
comprovação da clonagem e os clones que apresentaram liberação da banda
de tamanho esperado foram seqüenciados (itens I-1.7 e 1.8).
Reação 4
Materiais Quantidades
Primer Senso (20 pmol/l)
0,25 l
Primer anti-senso (20 pmol/l)
0,25 l
Taq (1 l/5U)
0,2 l
DNA molde
100-200 g
dNTP (1 mM)
2,5 L
Tampão 1B (10x)
2,5 l
Água deionizada estéril
q.s.p 25
l
79
Programa 4
1- 94
o
C por 3 minutos (desnaturação);
2- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
3- 58
o
C por 35 segundos (anelamento);
4- 72
o
C por 30 segundos (extensão);
5- Repetir o ciclo 5 vezes a partir da etapa 2;
6- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
7- 54
o
C por 30 segundos (anelamento);
8- 72
o
C por 30 segundos (extensão);
9- Repetir o ciclo 25 vezes a partir da etapa 6;
10- 72
o
C por 5 minutos ;
11- 4
o
C por tempo indefinido
1.2 - Transformação química
1.2.1. - Bactérias quimicamente competentes
Foi feita uma estria nova das bactérias E. coli DH 5 em LB/ágar na noite
anterior. Foram coletadas 1-5 colônias e essas foram crescidas por 2-3 horas
em meio LB, até atingir uma DO
600
= 0,5-0,6. Foi feita uma centrifugação das
células a 1500g por 5 minutos a 4C. O sobrenadante foi retirado e o pellet
ressuspendido em 40 mL de tampão Tfb I gelado por 100 mL de cultura. Os
tubos contendo a cultura foram deixados no gelo por 5-10 minutos e
centrifugadas novamente. O pellet foi ressuspendido gentilmente com 4 mL de
Tfb II gelado por 100 mL de cultura. As bactérias foram aliquotadas em tubos
de 500 l (100-200 l) e estocadas a -80C.
1.2.2 - Transformação química
As células foram descongeladas no gelo. Foram acrescentados 2 l da
ligação a 40 l de células (as células ficam saturadas com a razão de 1 ng de
DNA por l de células). A mistura foi deixada por 30 minutos no gelo. E então
80
transferidas para banho a 42C por 90 segundos e imediatamente transferidas
para o gelo. Foram adicionados 800 l de meio SOC e as células foram
incubadas por 45 minutos a 37C. Foram plaqueadas em LB/ágar com
antibiótico (ampicilina 100 g/mL).
1.3 - Subclonagem do DNA da TsTx-I em pBluescript
1.3.1- Obtenção do pBluescript
A extração em grande escala do plasmídeo pBluescript II KS- contido em
E. coli DH5 foi feita de acordo com o método de lise alcalina-SDS descrito por
Sambrook e cols. (1989).
O plasmídeo foi purificado com fenol, como descrito a seguir. Ao
pBluescript foi adicionado o mesmo volume de fenol e misturado bem. Foi feita
uma centrifugação à 12000g por 5 minutos em temperatura ambiente. A fase
superior que contém o DNA foi recolhida e transferida para outro tubo, o fenol
que está na fase inferior foi descartado. À fase do DNA foi adicionado o mesmo
volume de fenol-clorofórmio (1:1), foi misturado e depois centrifugado a 12000g
por 5 minutos em temperatura ambiente. Novamente a fase superior foi
recolhida e transferida para outro tubo, e a esta foi adicionado o mesmo volume
de clorofórmio. Misturamos e centrifugamos a 12000g por 5 minutos em
temperatura ambiente. A fase superior foi recolhida e passada para um novo
tubo. A esta foi adicionados 1/10 de volume de acetato de sódio 3 M pH 5,2 e 2
volumes de etanol 99%. A mistura foi deixada em repouso por 10 minutos à
temperatura ambiente. E centrifugada a 12000g por 10 minutos a 4
o
C. O
sobrenadante foi descartado, o precipitado lavado com etanol 70% e depois de
seco, ressuspendido em TE pH 8,0.
O plasmídeo purificado com fenol foi cortado com as enzimas de
restrição Xho I, Sal I, Hind III e Eco RI como já descrito (item I-1.7) para
verificar se sua qualidade estava boa. O vetor foi seqüenciado e analisado
(itens I-1.8 e 1.9).
81
1.3.2 - Purificação do DNA TsTx-I
O clone A1 que contem o DNA da TsTx-I em pGEM (15 g) foi cortado
com a enzima Hind III (item I-1.7). Depois do corte, o clone A1 cortado foi
precipitado e submetido a gel de agarose 1%, a banda correspondente ao
fragmento de DNA da TsTx-I foi recortado do gel e o DNA purificado pelo
método da sílica (item I-1.3.1).
1.3.3 - Desfosforilação de plasmídeo
O vetor pBluescript (15 g) foi cortado com a enzima de restrição Hind III
(item I-1.7). Depois do corte, o vetor foi precipitado e desfosforilado, como
descrito abaixo.
Depois do corte com enzima de restrição, o DNA foi precipitado e
ressuspendido na proporção 10 pmols (end) para 40 l de Tris 10 mM pH 8,0 (1
g de 1000 pb de DNA = 1,52 pmols de DNA = 3,03 pmols end). A enzima
CIAP (calf intestinal alkaline phosphatase) foi diluída em tampão próprio (CIAP
buffer Reaction 1x) para concentração final de 0,01 U/l. Cada pmol de DNA
end requer 0,01 U de CIAP. A reação foi feita da seguinte maneira:
Material Quantidades
DNA (10 pmols end)
40 l
CIAP buffer Reaction 10x
5 l
CIAP (0,01 U/l) 5 l
Volume final
50 l
A reação foi incubada a 37C por 30 minutos. Foi adicionada outra
alíquota de CIAP diluída (5 l) e a incubação a 37C continuou por mais 30
minutos. Foram adicionados 300 l de CIAP stop buffer para 10 pmols end. A
purificação foi feita com fenol:clorofórmio (1:1) e o DNA foi precipitado com 0,5
volumes de acetato de amônia 7,5 M pH 5,5 e 2 volumes de etanol 99%. O
precipitado foi ressuspendido em TE 0,5x.
82
1.3.4 - Ligação do DNA da TsTx-I no vetor pBluescript
A reação de ligação do DNA purificado da TsTx-I em pBluescript
desfosforilado foi realizada da seguinte maneira:
Vetor
100 g/l
DNA 100 g/l
0,5 l
1,0 l
1,5 l
0,5 l
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
7,4 l de H
2
O
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
6,9 l de H
2
O
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
6,4 l de H
2
O
1,0 l
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
6,9 l de H
2
O
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
6,4l de H
2
O
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
5,9 l de H
2
O
1,5 l
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
6,4 l de H
2
O
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
5,9 l de H
2
O
0,6 l de T4 U/l
1 l de tampão 10x
5,4 l de H
2
O
A reação foi misturada bem e deixada incubando 16 horas a 16C. Após
esse tempo, o DNA foi precipitado com 1/10 do volume de acetato de sódio 3M
pH 5,2 e 2 volumes de etanol 96%. Em seguida, os tubos foram centrifugados a
12000g durante 10 minutos. O precipitado foi lavado com etanol 70%,
ressuspendido em 4 l de água deionizada e mantido a 4ºC.
O produto da ligação foi utilizado para transformar quimicamente bactérias
DH5 de acordo com item II-2.
As colônias obtidas foram submetidas a PCR de colônia (item I-1.5). A reação
e o programa utilizados estão descritos abaixo.
83
Reação 5
Materiais Quantidades
Primer Senso (20 pmol/l) 0,15 l
Primer anti-senso (20 pmol/l) 0,15 l
Taq 2(1 l/5U) 0,4 l
DNA -
dNTP (1 mM)
2,5 L
Tampão V(30) (10x)
2,5 l
Água deionizada estéril
19,3 l
Vol. Final
25 l
Programa 5
1- 94
o
C por 3 minutos (desnaturação);
2- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
3- 58
o
C por 35 segundos (anelamento);
4- 72
o
C por 30 segundos (extensão);
5- Repetir o ciclo 5 vezes a partir da etapa 2;
6- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
7- 54
o
C por 30 segundos (anelamento);
8- 72
o
C por 30 segundos (extensão);
9- Repetir o ciclo 25 vezes a partir da etapa 6;
10- 72
o
C por 5 minutos ;
11- 4
o
C por tempo indefinido.
Das colônias positivas, foram extraídos os plasmídeos (item I-1.6) e esses
foram cortados com a enzima Hind III (item I-1.7). Os clones foram seqüenciados
de acordo com item I-1.8.
84
1.3.5 – Clonagem do DNA da TsTx-I no vetor pET 11a
O clone 16 (vetor pBluescript+TsTx-I
(1)
) foi amplificado utilizando primers
novos que vão inserir o sítio de restrição da enzima Bam HI.
Primer pET-TsTx-I Senso 1 GGA TCC ATC GAT AAG CTT AAA GAA GGT
Primer pET-TsTx-I Anti-senso 1 GGA TCC TCA GAT ATC AAG CTT ACA TTT GTT
A PCR foi então padronizada. A temperatura de anelamento média dos
primers é 56,6C. Várias temperaturas foram testadas, o Programa 4 foi
utilizando, mas as duas temperaturas de anelamento foram modificadas:
56/52C, 54/52C, 58/54C, 60/56C. Três tampões foram testados: IB, IC e
V(30), todos da marca PHT.
Os melhores programa e tampão foram utilizados para uma amplificação
em larga escala. O amplicon foi precipitado e corrido em gel de agarose 1%. A
banda de interesse foi cortada e o DNA foi purificado pelo método da
Sílica/Guanidina (item I-1.3.1). Este foi ligado no vetor pGEM (item I-1.3.2) e o
produto da ligação foi transformado (item II-2). As colônias obtidas foram
passadas para uma placa com X-gal e IPTG e as colônias brancas e azuis
claras foram analisadas por PCR de colônia (item I-1.5). Das colônias positivas
o plasmídeo foi extraído por lise alcalina (item I-1.6).
Os plasmídeos obtidos foram purificados com resina Sephacryl S-400
para retirar impurezas. A resina (500 l) foi acrescentada no tubo apropriado,
que foi centrifugado 1 minuto a 1000g. O tampão (10 mM Tris-HCl pH 7,4, 300
mM KCl, 5 mM MgCl
2
, 0,1 mM EDTA) foi acrescentado (500 l) e foi feita uma
nova centrifugação na mesma velocidade e tempo. O procedimento foi repetido
duas vezes o procedimento anterior. Acrescentar o plasmídeo (2 g) com 20 l
de água destilada. Centrifugar 2 minutos a 2000g. Usar o sobrenadante eluído
para o corte com a enzima Bam HI (item I-1.7). Os plasmídeos que liberaram
fragmento do tamanho esperado foram seqüenciados (item I-1.8).
O clone 31b continha o DNA da TsTx-I inserido corretamente no sítio da
Bam HI. Este clone foi utilizado para a clonagem da TsTx-I no vetor de
expressão pET 11a. Os dois vetores foram cortados com a enzima Bam HI
(item I-1.7). As pontas do vetor pET foram desforiladas (item II-1.3.3). O clone
85
31b cortado foi corrido em gel de agarose 1% e a banda de interesse foi
cortada e purificada pelo método descrito abaixo.
O protocolo “freezing squeeze” para purificação de fragmentos de DNA
de gel de agarose foi descrito por Tautz e Renz (1983). Esse método é muito
fácil de fazer, é rápido e não inclui nenhuma extração com reagentes tóxicos. É
barato, pois não precisa de agarose low melting. A recuperação do produto é
de aproximadamente 50% ou mais. O gel deve ser corrido em TAE novo. A
banda cortada deve ser colocada em um tubo com 10 mL de tampão acetato
(300 mM de acetato de sódio, 1 mM de EDTA pH 7,0). Incubar com leve
agitação por 30 minutos no escuro. Colocar o pedaço de gel em um tubo com
um filtro, esfriar por 30 minutos a -70C e centrifugar, sem prévio
descongelamento, por 15 minutos a 12000g. Ao eluído, adicionar 1/100 volume
de MgCl
2
1 M (em ácido acético glacial) e 2,5 volumes de etanol absoluto,
incubar por pelo menos 1 h a -20C. Centrifugar por 15 minutos a 12000 g,
lavar o pellet com etanol 70% e deixar secar. Ressuspender o pellet seco em
20 l de água destilada. O DNA purificado foi quantificado em gel de agarose
1%.
O DNA da TsTx-I purificado e o pET desfosforilados foram ligados como
descrito abaixo.
Material Quantidade
Vetor 100 ng
inserto *100/ 200/ 300 ng
T4 DNA Ligase (3 U/l) 1 l
Tampão de ligação 2x
5 l
Água deionizada
q.s.p 10 l
Volume final
10 l
*Cada uma das quantidades de inserto representam ligações individuais, ou
seja, realizadas em tubos diferentes.
A reação foi homogeneizada e deixada incubando por 16 horas a 4C. Após
esse tempo, o conteúdo dos três tubos foi transferido para um único tubo e o
DNA foi precipitado com 1/10 do volume de acetato de sódio 3 M pH 5,2 e 2
86
volumes de etanol 96%. Em seguida, os tubos foram centrifugados a 12000g
durante 10 minutos. O precipitado foi lavado com etanol 70%, ressuspendido
em 4 l de água deionizada e mantido a 4ºC.
O produto da ligação foi transformado em bactérias DH5 (item I-1.4.2).
As colônias positivas foram verificadas por PCR de colônia (item I-1.5) e os
seus plasmídeos foram extraídos por lise alcalina (item I-1.6). Os clones
analisados por corte com enzima de restrição e PCR (item I-1.7 e reação e
programa 4). Os plasmídeos que continham o inserto foram seqüenciados (item
I-1.8).
1.4 - Montagem da TsTx-I com 2 cópias de DNA
Como no clone 14 foram inseridas 2 cópias do DNA da TsTx-I, foi
necessário apenas sua clonagem no vetor pET 11a.
Novos primers foram construídos para inserção do sítio de restrição da
Bam HI (onde o DNA devia ser inserido no pET). A reação com os primers
novos teve que ser padronizada como no item II-1.3.5. Todos os procedimentos
para clonagem do DNA da TsTx-I
(2)
no pET foram os mesmos descritos no item
II-1.3.5.
Primer pET-TsTx-I Senso 1 GGA TCC ATC GAT AAG CTT AAA GAA GGT
Primer pET-TsTx-I Anti-senso 1 GGA TCC
TCA GAT ATC AAG CTT ACA TTT GTT
87
1.5 - Montagem da TsTx-I com 4 cópias de DNA
1.5.1 – Subclonagem no vetor pBluescript
Novos primers foram construídos para inserção do sítio de restrição Eco
RI no DNA da TsTx-I
(2)
. Sendo assim, o DNA contendo 2 cópias da toxina após
amplificação com estes primers teria nas pontas do fragmento inseridos o sítio
da Eco RI. Este fragmento foi inicialmente inserido no vetor pGEM e depois ele
foi cortado e inserido no sítio da Eco RI do clone 14, que já continha 2 cópias
da TsTx-I no sítio de restrição da Hind III, ficando assim com 4 cópias da
toxina.
Primer TsTx-I
(4)
Senso 1 GAA TTC ATC GAT AAG CTT AAA GAA GGT
Primer TsTx-I
(4)
Anti-senso 1 GAA TTC GAT ATC AAG CTT ACA TTT GTT
Todos os procedimentos para padronização dos primers e clonagem do
fragmento de DNA da TsTx-I com 2 cópias no clone 14 foram os mesmos
descritos no item II-1.3.5.
1.5.2 – Clonagem no vetor pET 11a
Após a obtenção do vetor pBluescript com 4 cópias do DNA da TsTx-I,
fragmento de DNA TsTx-I
(4)
foi inserido no vetor de expressão pET 11a. Para
isso, foi necessário a inserção no fragmento do sítio de restrição da enzima
Bam HI. Então novos primers foram construídos. O clone A6 (com 4 cópias de
TsTx-I) foi amplificado com os primers descritos abaixo.
pBluescript Senso 1 5’ GGA TCC AGC TAT GAC CAT GAT TAC GCC 3’
pBluescript Senso 2 5’ GGA TCC GGG CCC CCC CTC GAG GTC GAC 3’
pBluescript anti-senso 1 5’ CGC TCT AGA ACT AGT GGA TCC CCC GGG TCA 3’
pBluescript anti-senso 2
5’ TAA TAC GAC TCA CTA TAG GGC GGA TCC TCA 3’
A PCR foi então padronizada. Inicialmente foi utilizado uma máquina de
PCR Eppendorf que faz gradiente, para tentar identificar qual a faixa de
88
temperatura seria melhor para o anelamento dos primers. O programa está
descrito abaixo. Depois várias temperaturas foram testadas, o programa 4 foi
utilizando, mas as duas temperaturas de anelamento (5 ciclos com uma
temperatura e 25 ciclos com outra) foram modificadas: 50/48, 54/52, 56/54C,
58/56C, 58/54C, 60/56C, 62/58C, 64/60C, 66/62C, 68/64C. Três tampões
foram testados: IB, IC e V(30), todos da marca PHT.
Programa 6
1- 94
o
C por 3 minutos (desnaturação);
2- 94
o
C por 30 segundos (desnaturação);
3- 60
o
C por 35 segundos (anelamento);
Gradiente 8,0
o
C
4- 72
o
C por 30 segundos (extensão);
5- 72
o
C por 5 minutos ;
6- 4
o
C por tempo indefinido
Well Temp. Well Temp.
1 52,1 7 61,8
2 52,7 8 63,9
3 53,8 9 65,7
4 55,5 10 67,2
5 57,4 11 68,2
6 59,6 - -
Os melhores programas e tampões foram utilizados para uma
amplificação em larga escala. O amplicon foi precipitado e corrido em gel de
agarose 1%. A banda de interesse foi cortada e o DNA foi purificado com kit da
promega “Wizard SV gel and PCR clean-up System” de acordo com as
instruções do fabricante. Este foi ligado no vetor pGEM (item I-1.3.2) e o
produto do produto da ligação foi transformado (item II-2). Vinte colônias foram
selecionadas e tiveram seus plasmídeos extraídos por lise alcalina (item I-1.6).
Destes 10 clones foram analisados por corte com enzima de restrição e PCR
89
(item I-1.7e reação e programa 4). Os plasmídeos que continham o inserto
foram seqüenciados (item I-1.8).
O clone 4.1 continha o DNA da TsTx-I
(4)
inserido corretamente no vetor.
Este clone foi utilizado para a clonagem no vetor de expressão pET 11a. Os
dois vetores foram cortados com a enzima Bam HI (item I-1.7). As pontas do
vetor pET foram desforiladas (item II-1.3.3). O clone 4.1 cortado foi corrido em
gel de agarose 1% e a banda de interesse foi cortada e purificada com kit da
promega “Wizard SV gel and PCR clean-up System” de acordo com as
instruções do fabricante.
O DNA da TsTx-I (4) purificado e o pET desfosforilados foram ligados
como descrito abaixo.
Material Quantidade
Vetor 100 ng
Inserto
*
100/ 200/ 400 ng
T4 DNA Ligase (3 U/l) 1 l
Tampão de ligação 2x
5 l
Água deionizada
q.s.p 10 l
Volume final
10 l
*Cada uma das quantidades de inserto representam ligações individuais, ou
seja, realizadas em tubos diferentes.
A reação foi homogeneizada e deixada incubando por 16 horas a 4C. Após
esse tempo, o conteúdo dos três tubos foi transferido para um único tubo e o
DNA foi precipitado com 1/10 do volume de acetato de sódio 3 M pH 5,2 e 2
volumes de etanol 96%. Em seguida, os tubos foram centrifugados a 12000g
durante 10 minutos. O precipitado foi lavado com etanol 70% e depois de seco,
ressuspendido em 4 l de água deionizada e mantido a 4ºC.
O produto da ligação foi transformado em bactérias Topo 10 (item II-2).
Vinte colônias foram escolhidas e os seus plasmídeos foram extraídos por lise
alcalina (item I-1.6). Os clones foram analisados por corte com enzima de
restrição e PCR (item I-1.7e reação e programa 4). Os plasmídeos que
continham o inserto foram seqüenciados (item I-1.8).
90
2 - Construção da proteína quimérica
Nessa parte foram utilizadas a seqüência de nucleotídeo das proteínas
TsNTxP, TsTx e TsTx-I e a partir delas primers foram construídos para
amplificá-las (Figura 14). Para a montagem dessa proteína também foi utilizado
o vetor pBluescript II KS-. A seqüência de DNA que codifica para TsNTxP foi
inserida no sítio de restrição da Xho I, a da TsTx foi inserida em Sal I e a da
TsTx-I foi inserida em Hind III. As seqüências de nucleotídeos das três
proteínas já foram descritas, o que nos possibilitou a construção dos primers
para amplificar a região da proteína madura de cada uma delas. Os primers
das toxinas foram sintetizados com o sítio de restrição específico para cada
uma delas nas pontas, permitindo assim a inserção dos DNAs nos locais
desejados. Primeiramente os DNAs foram inseridos em um vetor de fácil
clonagem, o vetor pGEM T Easy e em seguida cortados e inseridos no
pBluescript II KS- (Figuras 12 e 17 ).
A seqüência de nucleotídeos da TsNTxP já tinha sido obtida da biblioteca
de cDNA da glândula de veneno do escorpião Tityus serrulatus e clonada no
vetor pMAL (Guatimosim e cols., 1999; Mendes e cols., 2004). Este vetor foi
amplificado com os primers que introduziram o sítio de restrição da enzima Xho
I ao DNA da TsNTxP.
Neste trabalho, através da busca de novas seqüências de proteínas na
biblioteca de cDNA da glândula de veneno do T. serrulatus, as seqüências de
nucleotídeos da TsTx-I e TsTx foram obtidas e usadas para as construções das
proteínas recombinantes.
Os primers utilizados são os descritos na Figura 14.
91
Figura 17 - Construção da proteína quimérica.
92
2.1 – Obtenção do DNA da TsNTxP
O clone 1 do vetor pMAL com o DNA da TsNTxP inserido foi usado
como molde para amplificar o DNA da proteína com os novos primers, que
inseriram o sítio da enzima Xho I nas pontas do fragmento. Os primers estão
descritos na Figura 14. O programa e reação 4 descritos anteriormente foram
usados para esta amplificação.
O amplicon foi corrido em um gel de agarose 1% e a banda de interesse
foi cortada e purificada pelo método da sílica/guanidina (item I-1.3.1). O DNA
da TsNTxP purificado foi ligado no vetor pGEM como descrito anteriormente
(item I-1.3.2). O produto da ligação foi transformado em bactérias DH5 (item I-
1.4.2) e 24 colônias foram selecionadas para a extração plasmidial (item I-1.6).
Destes 14 foram cortados com a enzima Xho I para verificar se a ligação
funcionou (item I-1.7) e os clones positivos foram seqüenciados (item I-1.8).
2.2 – Ligação do DNA da TsNTxP ao pBluescript+TsTx-I
Os clones 14 (pBluescript+TsTx-I
(2)
) e 16 (pBluescript+TsTx-I
(1)
) foram
cortados com Xho I e tiveram suas pontas desfosforiladas (itens I-1.7 e II-
1.3.3). O clone 50(5) – pGEM+TsNTxP – foi cortado com Xho I, corrido em gel
de agarose 1% e a banda de interesse cortada e purificada pelo método da
sílica guanidina (itens I-1.7 e I-1.3.1). Os vetores pBluescript cortados e o DNA
da TsNTxP purificado foram ligados com descrito anteriormente (item II-1.3.4).
O produto da ligação foi transformado em bactérias (item II-1.2.2), as colônias
obtidas foram analisadas por PCR de colônia (item I-1.5). As positivas tiveram
seus plasmídeos extraídos por lise alcalina (item I-1.6). Os clones foram
analisados por PCR e corte com as enzimas de restrição Xho I e Hind III
(Programa e reação 4 e item I-1.7), os que liberaram fragmentos do tamanho
esperado foram seqüenciados (item I.1.8).
93
2.3 – Obtenção do DNA da TsTx
O clone 3E9 da biblioteca de cDNA da glândula de veneno do Tityus
serrulatus contendo o DNA da TsTx inserido foi usado como molde para
amplificar o DNA desta toxina com os primers que inseriram o sítio da enzima
Sal I nas pontas do fragmento. Os primers estão descritos na Figura 14. O
programa e reação 4 descritos anteriormente foram usados para esta
amplificação.
O amplicon foi corrido em um gel de agarose 1% e a banda de interesse
foi cortada e purificada pelo método da sílica/guanidina (item I-1.3.1). O DNA
da TsTx purificado foi ligado no vetor pGEM como descrito anteriormente (item
I-1.3.2). O produto da ligação foi transformado em bactérias DH5 (item II-
1.4.2). Das colônias obtidas os plasmídeos foram extraídos (item I-1.6). Todos
os clones foram cortados com a enzima Sal I para verificar se a ligação
funcionou (item I-1.7) e os clones positivos foram seqüenciados (item I-1.8).
94
2.4 - Ligação do DNA da TsTx ao pBluescript+TsTx-I+TsNTxP
Os clones 14(1) - pBluescript+TsTx-I
(2)
+TsNTxP e 16(36) - pBluescript+
TsTx-I
(1)
+TsNTxP foram cortados com Sal I e tiveram suas pontas
desfosforiladas (itens I-1.7 e II-1.3.3).O clone 3 – pGEM+TsTx – foi cortado
com Sal I, corrido em gel de agarose 1% e a banda de interesse cortada e
purificada pelo método “freeze squeez“ (itens I-1.7 e II-1.3.5). Os vetores
pBluescript cortados e o DNA da TsTx purificado foram ligados com descrito
abaixo. O produto da ligação foi transformado em bactérias DH5 (item I-1.4.2),
as colônias obtidas foram analisadas por PCR de colônia (item I-1.5). As
positivas tiveram seus plasmídeos extraídos por lise alcalina (item I-1.6). Os
clones foram analisados por corte com as enzimas de restrição Sal I (item I-
1.7), os que liberaram fragmentos do tamanho esperado foram seqüenciados
(item I.1.8).
Material Quantidade
Vetor 100 ng
inserto 100 ng
T4 DNA Ligase (3 U/l) 1 l
Tampão de ligação 2x
5 l
Água deionizada
q.s.p 10 l
Volume final
10 l
95
 - Expressão
1- Sistema de expressão
A expressão das proteínas recombinantes foi realizada no vetor pET 11a
(Stratagene – Figura 18). O sistema de expressão pET é um dos sistemas mais
utilizados para clonagem de expressão in vivo de proteínas recombinantes em
E. coli. Isto devido à alta seletividade da RNA polimerase do bacteriófago T7
em reconhecer a seqüência do promotor T7; o alto nível de atividade da T7
polimerase e eficiente tradução mediada pelos sinais de iniciação da tradução
do gene 10.
O vetor de expressão pET é derivado do plasmídeo pBR322 e
desenvolvido com a característica do gene 10 do bacteriófago T7 que promove
altos níveis de transcrição e tradução.
No sistema pET, a seqüência da proteína de interesse codificada é
clonada após o promotor T7 e em frame com a seqüência líder do gene 10. A
T7 RNA polimerase integrada cromossomicamente no cassete pelo promotor
LacUV5 do plasmídeo DE que está dentro da E. coli BL21, é expressa
preferencialmente quando é acrescentado IPTG no meio de cultura. Sendo
assim a proteína de interesse começa a ser expressa após indução com IPTG,
uma característica que é muito importante se o gene a ser expresso é tóxico
para a célula.
Alternativamente, os vetores pET 11 contem sítios de clonagem para
Bam HI em todas três janelas de leitura relativa à janela de leitura ao gene 10.
A clonagem usando o sítio da Bam HI resulta na proteína de fusão contendo 14
aminoácidos N-terminal do gene 10 (Figura 18).
96
Figura 18 - Representação esquemática e mapa da região MCS do vetor
pET 11a. No retângulo, estão mostrados o sítio de ligação dos ribossomos
(RBS) e os sítios das enzimas de restrição que podem ser usadas para a
clonagem.
97
2 - Expressão piloto e curva de expressão da proteína recombinante
em células de bactérias da linhagem BL21 DE 3
Após a seleção do clone com corte de enzima de restrição e
seqüênciamento, este foi submetido à análise de expressão. Foi realizada uma
expressão piloto e uma curva de expressão com meio de cultura 2xYT broth.
Bactérias E. coli da linhagem BL21(DE3) e Origami foram transformadas (item
II-1.2.2) com o plasmídeo contendo a proteína recombinante clonada. As
bactérias foram crescidas em placa contendo meio LB/ágar e ampicilina 100
g/mL ou tetraciclina+Clorofenicol (12,5 e 30 g/mL) durante 18 horas a 37
o
C.
Posteriormente uma colônia isolada foi crescida a 37
o
C em 3 mL de meio 2xYT
contendo antibiótico adequado durante 16 horas. Cem microlitros dessa cultura
foram adicionados em 10 mL de meio 2xYT contendo antibiótico nas mesmas
concentrações. As células foram mantidas à 37
o
C, 180 rpm até que atingirem
DO
600
= 0.5. No momento em que a cultura atingiu essa densidade celular, foi
feita a indução da expressão da proteína recombinante através da adição de
IPTG para a concentração final de 0,6 mM. Alíquotas de 500 l foram retiradas
após 16 horas (expressão piloto) ou de 0, 2, 4, 6, 8, 12 e 24 horas de
incubação após a adição de IPTG (curva de expressão). Cada alíquota foi
centrifugada a 14000g por 2 minutos em microcentrífuga e ressuspendida com
tampão de amostra para SDS-PAGE 2x (25 l para o tempo 0 e 50 l para os
demais tempos de incubação) para posterior corrida eletroforética em gel de
poliacrilamida (item III-8).
98
3 - Expressão em larga escala
Uma colônia isolada foi inoculada em 40 mL de 2xYT com 100 g/mL de
ampicilina e crescida por 16 horas à 37
o
C, com agitação de 180 rpm. Essa
cultura foi adicionada a 2 L de 2xYT contendo 100 µg/mL de ampicilina em
elermeyer de 6 L. Após as células atingirem DO
600
=0,5 uma alíquota de 1 mL
era retirada (tempo sem indução) e então o IPTG era adicionado na
concentração final de 0,6 mM e as células continuaram crescendo por 4 horas
a temperatura de 37
o
C. Então, as células eram centrifugadas a 3000 g por 15
minutos. O pellet era ressuspendido em tampão de lise (materiais e métodos) e
as células ressuspendidas eram lisadas (item III-5). Uma alíquota de 10 l era
diluída em 10 l de tampão de amostra SDS-PAGE 2x (tempo 4 horas). Um gel
de poliacrilamida era corrido com estas amostras para verificar a expressão.
4 – Expressão no fermentador
Inicialmente, era feita uma triagem para verificar qual colônia estava
expressando. Então, o plasmídeo contendo o DNA da toxina de interesse era
transformado em bactérias E. coli da linhagem BL21(DE3)
-
como descrito no
item item II-1.2.2. Dez colônias eram coletadas e inoculadas em 1 mL de
2xYT/Ampicilina, em seguida era feito crescimento de 16 horas a 37
o
C com
180 rpm de agitação. Após este período, 10 l de cultura foram inoculados em
10 mL de 2xYT/Amp e as bactérias eram crescidas até DO
600
=0,5; quando
eram inoculadas com 0,6 mM de IPTG. Depois de 4 horas de expressão, as
células eram centrifugadas a 3000 g por 15 minutos. O pellet era
ressuspendido em 0,5 mL de tampão de lise (materiais e métodos). Uma
alíquota de 10 l era diluída em 10 l de tampão de amostra SDS-PAGE 2x.
Um gel de poliacrilamida era corrido com estas amostras para verificar qual
colônia estava expressando.
O pré-inóculo de uma dessas colônias que estavam expressando era
usado para fazer o pré-inóculo da expressão no fermentador. Cem microlitros
deste pré-inóculo era inoculado em 100 mL de 2xYT/Amp e crescidos 16 horas
a 37
o
C com 180 rpm de agitação.
99
O fermentador utilizado é da marca BioFlo
110 Bench-Top Fermentor
que possui dorna de 7 litros. Para os experimentos neste trabalho foram
expressos 5 litros de 2xYT/Amp, inoculados com 100 mL de cultura pré-
crescida. Os parâmetros que foram controlados foram pH (7,0 0,2),
temperatura (37
o
C 0,5), agitação (mínima de 300 rpm e máxima de 500 rpm)
e oxigênio dissolvido (35% 1). A cada 1 hora uma alíquota era retirada para
medir a absorbância e acompanhar a curva de crescimento da bactéria. As
bactérias eram crescidas até DO
600
=0,5; quando eram inoculadas com 0,6 mM
de IPTG. Depois de 4 horas de expressão, as células eram centrifugadas a
8000g por 15 minutos (centrífuga Sorvall). O sobrenadante era descartado e o
pellet era congelado a –80
o
C e mantido nesta temperatura por 18 horas.
Decorrido este tempo, os pellets eram ressuspendidos em tampão de lise e
lisozima na concentração de 4 mg/mL em tampão de lise era então adicionada.
Mais uma vez as células eram mantidas a –80
o
C por 18 horas. Em seguida era
realizada a lise bacteriana como descrito no item III-5, mas a sonicação era
realizada 10 vezes, ao invés de 3. Alíquotas de 10 l de todas as amostras
eram diluídas em 10 l de tampão de amostra SDS-PAGE 2x. Um gel de
poliacrilamida era corrido com estas amostras para verificar a expressão.
5 - Lise celular
Após o período de incubação ideal as células foram centrifugadas a
3000g por 15 minutos a 4ºC e congeladas para posterior lise celular. O
precipitado foi ressuspendido em tampão de lise contendo 4 mg/mL de
lisozima, e congelado em gelo seco/etanol e posteriormente incubada em
banho-maria à 37ºC por 10 minutos. Este procedimento foi repetido por 3 vezes
e então o extrato foi sonicado (três pulsos de 20 segundos a 40% de amplitude
por 3 vezes). Posteriormente o extrato foi centrifugado (15 minutos à 8000g) e
os sobrenadantes submetidos à dosagem de proteínas (item III-6).
100
6 - Dosagem de proteínas
As dosagens de proteína foram realizadas utilizando o método descrito por
Bradford (1976).
Deve-se usar uma placa de ELISA ou de cultura de células de 96 wells.
Separar a primeira coluna para o branco e a segunda para o padrão. Na
primeira coluna, adicionar em todos os wells 20 l de tampão no qual sua
amostra a ser dosada está diluída. Na segunda coluna, adicionar em duplicata,
o padrão: solução de BSA 1 mg/mL diluída 1:10, de acordo com o seguinte
protocolo:
- 5 l de padrão + 15 l de tampão (0,5 g)
- 10 l de padrão + 10 l de tampão (1,0 g)
- 15 l de padrão + 5 l de tampão (1,5 g)
- 20 l de padrão (2,0 g)
Fazer diluições seriadas em duplicata de sua amostra nas outras
colunas, sempre mantendo o volume final de amostra de 20 l. Recomenda-se
fazer diluições na base de 2 ou de 10, ou mesmo repetir as mesmas diluições
do padrão. Acrescentar a todos os wells 180 l de Reagente de Bradford.
Efetuar a leitura em leitor de ELISA a 600 nm.
Fazer a curva do padrão no Excel usando regressão linear e com a
equação da reta calcular a quantidade de amostra e posteriormente a sua
concentração. Usar somente as absorbâncias das diluições que se
encontrarem dentro do limite mínimo e máximo imposto pelo padrão.
Equação da reta: y = Bx + A Então, x = y – A/B
Sendo que y é a absorbância e o x é a quantidade de proteína
Colocar no eixo y as absorbâncias obtidas do padrão e no eixo do x
colocar as quantidades: 0,5, 1, 1,5 e 2 g. Após calcular a quantidade de
proteína da amostra (x = y – A/B), calcular a concentração em mg/mL e
multiplicar pelo fator de diluição.
101
7 - Eletroforese em Gel de Poliacrilamida
Foi utilizado o sistema de gel desnaturante descrito por Laemmli (1970). O
gel de separação era constituído de 15 ou 18% (v/v) de uma solução de
acrilamida/bisacrilamida 29:1 (p/p); Tris-HCl 0,4 M pH 8,8; SDS 0,1% (p/v); 50
mM de persulfato de amônia (PSA) e 0.05 % (v/v) de TEMED. O gel de
concentração era constituído de 4 % (v/v) de acrilamida/bisacrilamida 29:1
(p/p); Tris-HCl 0,125 M, pH 6,8; SDS 0.1% (p/v); (PSA) 50 mM e TEMED
0.025% (v/v). As amostras foram misturadas ao tampão de amostra SDS-
PAGE com redução e fervidas durante 5 minutos e aplicadas no gel.
A eletroforese foi desenvolvida verticalmente, em placas de dimensão 10,0
x 8,0 x 0.8cm, à 100V, 24 mA, durante 3 horas. Após eletroforese, os géis
foram revelados com a solução corante de Comassie Blue por 45 minutos
(25
o
C) e lavados em solução descorante até o desaparecimento da coloração
de fundo.
8 - ELISA
A placa de ELISA foi sensibilizada por 16 horas a 4C com 0,5 g/poço
dos antígenos diluídos em tampão carbonato. A placa foi então lavada 2 vezes
com solução de lavagem (Materiais e métodos/item B) e bloqueada com
solução bloqueio (Materiais e métodos/item B) por incubação a 37C por 1
hora. Após lavar a placa 2 vezes com solução de lavagem; ela foi incubada
com soro imune e soro pré-imune por 1 hora a 37C. A placa foi lavada 6 vezes
com solução de lavagem e incubada com conjugado anti-IgG de coelho ou
camundongo peroxidase diluído 1:10.000 em tampão de incubação por 1 hora
a 37C. A placa foi novamente lavada 6 vezes e foram adicionados 100 l/poço
de solução substrato (2 mg de OPD, 2 l de H
2
O
2
e 10 mL de tampão citrato)
(Materiais e métodos/item B). A placa foi deixada 15-20 minutos no escuro e a
reação foi interrompida com 20 l/poço de H
2
SO
4
diluído 1:20. Os valores de
absorbância foram determinados no comprimento de onda de 492 nm no
aparelho “Titertek Multiscan plate spectrophotometer”. Toda amostra é feita em
duplicata.
102
9 - Western Blotting
As amostras de proteína de interesse foram fracionadas por SDS-PAGE e
transferidas para membrana de nitrocelulose (0,45 m - SIGMA), sob corrente
de 100 V 350 mA por 1 hora (Towbin e cols., 1979). As proteínas foram então
submetidas ao reconhecimento do anticorpo como descrito por Guatimosin e
cols. (2000). Resumidamente, ligações a sítios não específicos foram
bloqueadas por 1h em PBS contendo 0,3% de Tween 20. As membranas de
nitrocelulose foram lavadas três vezes em PBS contendo 0,05% de Tween 20
(PBST) e incubadas por uma hora e meia em temperatura ambiente com soro
imune de interesse. Três lavagens com PBST foram feitas e então o conjugado
foi acrescentado na diluição adequada em PBS 1x. A membrana foi incubada
por uma hora a temperatura ambiente. Após três lavagens com PBST e duas
lavagens com PBS 1x a reação foi revelada pela adição do substrato da
peroxidade contendo 0,5 mg/mL de diaminobenzidine e 0,25 mg/mL de 4-
cloronaftol, 8% de metanol e 0,042% de H
2
O
2
30% ou 0,3 mg/mL de 4-
cloronaftol, 20% de metanol e 75 l de H
2
O
2
30% em PBS 1x.
IV- Produção de soros e teste de potência
1- Imunização dos animais
1.1 – Imunização dos camundongos
Após coletar o soro pré-imune de 6 camundongos Swiss (fêmeas) de 5
semanas, estes foram injetados subcutameamente com 10 g de veneno total
de Tityus serrulatus, ou 20 g de proteínas recombinantes: TsTx-I
(1)
(mono),
TsTx-I
(2)
(di) e TsNTxP/MBP ou PBS (controle negativo) emulsificado em
adjuvante completo de Freund’s (dia 1). Injeções subseqüentes foram feitas
nos dias 21 e 35, com a mesma dose em adjuvante incompleto de Freund’s.
Foram administradas 3 injeções de reforço de 10 g (veneno), 20 g
(TsNTxP/MBP) ou 30 g (TsTx-I
(1)
e TsTx-I
(2)
) de imunógeno com sete dias de
intervalo entre elas nos respectivos animais. Sete dias após a última injeção, os
animais foram sangrados por via intraorbital. O soro foi titulado por ELISA como
103
descrito abaixo. Mais uma dose reforço foi dada antes do desafio com o
veneno do T. serrulatus.
1.2 – Imunização dos coelhos
Para este experimento foram utilizados coelhos (machos) da raça Nova
Zelândia pesando aproximadamente 2 Kg e com cerca de 4 meses. Antes da
primeira dose de imunógeno foi feita uma sangria para obtenção do soro
controle pré-imune. Após coleta do soro pré-imune, os coelhos receberam 100
g de imunógeno (veneno bruto, TsTx-I
(1)
, TsTx-I
(2)
) em adjuvante completo de
Freund’s (Sigma). As injeções foram aplicadas por via subcutânea em 4 pontos
diferentes no dorso do animal (dia 1). Nas doses seguintes, nos dias 15 e 30, o
adjuvante completo foi substituído pelo incompleto e a quantidade de
imunógeno foi a mesma. Sete dias após a última dose, os coelhos foram
sangrados e o soro foi titulado por ELISA. Foram ainda necessárias mais 4
injeções de reforço de 150 g para atingirmos uma titulação adequada. Após
uma semana da última dose o soro foi coletado e caracterizado por ELISA. No
caso, do coelho imunizado com veneno total, as imunizações inicialmente
foram feitas com hidróxido de alumínio (dia 1, 15 e 30 e 4 reforços),
posteriormente eles foram imunizados mais 2 vezes com adjuvante incompleto
de Freund´s.
2 - Titulação dos soros dos animais
Placas de microtitulação (Falcon – Becton Dickinson) foram
sensibilizadas durante 18 horas a 4C com 100 l/poço de uma solução 0,5
g/poço de veneno total de Tityus serrulatus em tampão bicarbonato 0,02 M pH
9,6. Os soros dos camundongos e dos coelhos imunizados com o veneno total
e as proteínas recombinantes foram diluídos de 1:100 até 1:12.800. Soros pré-
imunes dos animais imunizados foram adicionados na placa como controle.
Este ensaio foi conduzido como previamente descrito por Chavéz-Olórtegui e
cols. (1991) e no item III-8 deste trabalho. A absorbância foi determinada a 492
nm com espectrofotômetro. Todas as medidas foram feitas em duplicatas.
104
3 – Determinação da DL
50
Foram utilizados 5 grupos de 8 camundongos (fêmeas) Swiss CF1 pesando
entre 18 a 22 g com 4 a 5 semanas. A DL
50
do veneno de Tityus serrulatus foi
determinada de acordo com Karber (1937). Resumidamente, cada grupo
recebe uma quantidade de veneno e o fator de diluição é 1,2. Sendo assim, se
o grupo 1 recebe 5,2 g de veneno total de T. serrulatus, o grupo 2 recebe 5,2
g x 1,2 (6,25 g) e assim por diante. A dose de veneno é diluída em PBS/BSA
1%, volume final de 100 l, que é injetado subcutaneamente nos
camundongos. A contagem de mortos foi feita 24h após o desafio. A dose letal
para matar 50% dos camundongos (DL
50
) foi calculada pelo programa
“PROBITOS”, cedido gentilmente pelo laboratório de Química Orgânica da
Faculdade de Química.
4 - Neutralização in vitro
Foram utilizados camundongos (fêmeas) Swiss CF1 pesando entre 18 a 22
g. A DL
50
do veneno de Tityus serrulatus foi determinada de acordo com Karber
(1937) e com descrito anteriormente. Amostras do veneno (1 ou 2 DL
50
) foram
incubados durante 1 hora a 37
o
C com 100 ou 200 l de soro dos coelhos
imunizados. Após este tempo esta solução foi injetada via subcutânea em cada
um dos camundongos dos grupos (cada um com 4 animais). O soro pré-imune
também foi pré-incubado, nas mesmas condições, com o veneno. A contagem
de sobreviventes foi feita 24h após o desafio.
5 - Capacidade de proteção após vacinação
Os camundongos imunizados no item IV-1.1 foram utilizados neste
ensaio. Após o ciclo de imunizações, eles foram pesados para fazer o cálculo
de quanto de veneno que seria usado. Os animais foram desafiados com 2
DL
50.
Como os animais já eram adultos no início das imunizações, o acréscimo
de peso será basicamente de gordura, e não massa corporal. Sendo assim,
consideramos para os cálculos 60% do acréscimo do peso (veja exemplo
abaixo). A contagem de sobreviventes foi feita 24 e 48 horas após o desafio.
105
Peso inicial = 20 g
Acréscimo do peso = 10 g
2 DL
50
= 12,14 g/20 g de camundongo
60% do acréscimo = 6 g
Quantidade de veneno usada:
12,14 g 20 g de camundongo
x 26g de camundongo
x = 15,78 g
V – Análise dos dados
1 - Análise Estatística
Os dados foram expressos como média desvio padrão. As análises
estatísticas entre os diferentes grupos foram feitas usando o teste t-student
com nível de significância de < 0,01.
106
Resultados
Duas metodologias foram usadas para obter a seqüência de
nucleotídeos de toxinas do veneno do escorpião Tityus serrulatus: a partir do
DNA genômico e a partir de uma biblioteca de cDNA da glândula deste
escorpião. A primeira metodologia é mais usada quando se conhece a
seqüência de aminoácidos ou de nucleotídeos da proteína que se quer obter e
a segunda metodologia normalmente é usada para se obter seqüências de
novas proteínas.
Como as seqüências de aminoácidos e de nucleotídeos das toxinas
TsTx e TsTx-I já foram descritas (Martin-Eauclaire e cols., 1992, 1994), primers
foram construídos para sua obtenção a partir do DNA genômico, pois seria uma
metodologia mais direcionada e rápida.
- Obtenção do DNA das toxinas
1 - Obtenção dos DNAs das proteínas TsTx e TsTx-I do DNA
genômico do escorpião Tityus serrulatus
O DNA genômico foi extraído do escorpião Tityus serrulatus e uma amostra
foi corrida em gel de agarose 1% para quantificação e verificação da qualidade
do DNA. Na Figura 19a podemos ver que o DNA genômico está com uma
qualidade boa, sem apresentar arrastos, indicativo de DNA degradado, e sua
concentração estimada foi de 0,1 g/l.
Foi feita uma padronização da PCR para amplificação das seqüências da
TsTx-I e da TsTx. O melhor resultado foi obtido diluindo o DNA genômico 1:50
e utilizando o tampão para Taq polimerase 1C. Sendo assim os DNAs foram
amplificados utilizando 2 l de DNA genômico diluído 1:50 e tampão 1C (Figura
19b). Os amplicons foram purificados (Figura 19c) e ligados no vetor pGEM.
Das colônias positivas, 10 de cada uma das ligações feitas foram
selecionadas para a extração de plasmídeos. Os plasmídeos quantificados
foram cortados com as enzimas específicas. Nenhum dos clones da TsTx e da
TsTx-I foram cortados pelas enzimas Sal I e Hind III, respectivamente (Figuras
20 a e b). Esses clones foram cortados com a enzima Eco RI, que tem sítios
107
externos à região onde os DNAs estão inseridos. Dos clones da TsTx-I, cinco
cortaram (Figura 20c) e dos clones da TsTx quatro cortaram (Figura 20d).
Os quatro clones da TsTx (3, 5, 8 e 11) e cinco clones da TsTx-I (1, 3, 5,
6, 7) foram seqüenciados. As seqüências de alguns clones, que tinham boa
qualidade, mostraram que o DNA das proteínas foi clonado no vetor pGEM e
que foram inseridos corretamente.
108
Figura 19
- Extração do DNA genômico e obtenção do DNA das toxinas.
Em todas as fotos dos géis, na canaleta 1 foi aplicado 1 g de padrão de 100
pb (Invitrogen). Em A, na segunda canaleta foi aplicado 10 l de DNA
genômico. Em B, na canaleta 2 foi aplicado um controle positivo (DNA
amplificado da TsNTxP), nas canaletas 3 e 4, temos controle negativo (todos
reagentes, menos DNA) e produto da amplificação da TsTx e nas 5 e 6,
controle negativo (todos reagentes, menos DNA) e produto da amplificação da
TsTx-I, respectivamente. Em C, os amplicons da TsTx (canaletas 2 e 3) e da
TsTx-I (canaletas 4 e 5) purificados.
B
109
Figura 20 – Corte com enzima de restrição dos clones da TsTx e TsTx-I em
pGEM. Em A, os clones 3, 5, 7, 8 e 11 da TsTx, com o plasmídeo não cortado
(números pares) e cortado com Sal I (números ímpares). Em B, clones 1, 3, 5,
6 e 7 da TsTx-I, com o plasmídeo não cortado (ímpares) e cortado por Hind III
(pares). Em C, clones 3, 5, 7, 8 e 11 da TsTx, com o plasmídeo não cortado
(pares) e cortado com Eco RI (ímpares). Em D, os clones 1, 2, 3, 5, 6, 7 e 9 da
TsTx-I, com o plasmídeo não cortado (ímpares) e cortado com Eco RI (pares).
A. B.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
C.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
200 pb
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
200 pb
D.
200 pb
200 pb
A. B.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
C.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
200 pb
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
200 pb
D.
200 pb
200 pb
110
2 - Busca de DNAs de toxinas na biblioteca de DNAs da glândula de
veneno do escorpião Tityus serrulatus
2.1- Excisão em massa da biblioteca
A biblioteca foi titulada e se verificou que não havia a necessidade de
amplificá-la. Então partimos direto para a excisão em massa. Foram realizadas
duas excisões: na primeira obtivemos 114 colônias e na segunda obtivemos
520 colônias. As primeiras 114 colônias foram submetidas a PCR de colônia,
para verificar a existência ou não de inserto e para verificar o tamanho dos
insertos. Como a PCR de colônia evidenciou amplicons em todas as colônias,
decidimos extrair os plasmídeos das outras colônias e verificar o tamanho dos
insertos por PCR normal com primers do vetor. Muitos clones tinham insertos
de tamanho ideal (>200 pb) e todos foram seqüenciados.
2.2- Seqüênciamento e análise dos dados
Os 634 clones foram seqüenciados e geraram 920 cromatogramas. As
toxinas de interesse imediato TsTx (Tityustoxina) e TsTx-I (Tityustoxina I) foram
identificadas entre os primeiros 192 clones seqüenciados. A Figura 21 e 22
representam as seqüências obtidas e os resultados do BLASTx.
111
A
gg cac gag gaa caa tcg atc tga acg atg aaa gga atg atc ttg ttt att
M K G M I L F I
agc tgc tta ttg ctg atc ggc att gtc gta gaa tgt aaa gaa ggt tat ctc
S C L L L I G I V V E C K E G Y L
atg gat cac gaa ggt tgc aaa ctt agt tgc ttt atc aga cca tcg gga tac
M D H E G C K L S C F I R P S G Y
tgc ggc aga gaa tgc gga att aaa aag ggc tca tcg ggc tat tgc gcc tgg
C G R E C G I K K G S S G Y C A W
ccc gcg tgt tac tgc tac ggg ctt cca aat tgg gtg aaa gtt tgg gat aga
P A C Y C Y G L P N W V K V W D R
gcg acg aac aaa tgt ggc aaa aaa taa att tgt ttc gct gaa aat cct tta
A T N K C G K K
-
caa atg aac tgt aat aag ttt ggc aaa aat aaa aaa atg ttc cct taa aaa
aaa aaa aaa aaa aaa
B
gi|312022|emb|CAA46982.1| Ts VII; beta-neurotoxin precursor [Tityus
serrulatus]
gi|102802|pir||S21158 neurotoxin TsVII precursor - Brazilian scorpion
gi|453106|gb|AAB29128.1|
toxin gamma; toxin VII [Tityus serrulatus]
gi|401073|sp|P15226|SCX7_TITSE
Toxin VII precursor (TsTX-VII) (Tityustoxin
VII) (Ts VII) (Toxin
II-11) (Toxin III-10) (Ts1) (Toxin gamma) (Toxin T2-IV)
Length = 84
Score = 192 bits (489), Expect = 2e-48
Identities = 84/84 (100%), Positives = 84/84 (100%)
Frame = +3
Query: 27 MKGMILFISCLLLIGIVVECKEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWP 206
MKGMILFISCLLLIGIVVECKEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWP
Sbjct: 1 MKGMILFISCLLLIGIVVECKEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWP 60
Query: 207 ACYCYGLPNWVKVWDRATNKCGKK 278
ACYCYGLPNWVKVWDRATNKCGKK
Sbjct: 61 ACYCYGLPNWVKVWDRATNKCGKK 84
Figura 21 – Análise da seqüência da TsTx-I obtida na biblioteca. Em A,
seqüência obtida no MegaBace; em negrito o peptídeo sinal e sublinhado os
aminoácidos que sofrem modificações pós-traducionais. Em B, análise do
Blastx.
112
gg cac gag aat tac ttc att ctc ttg gtc gtc gtc tgc tta ttg acc gcg ggc
H E N Y F I L L V V V C L L T A G
acg gag ggc aag aaa gac gga tac ccg gtg gaa tac gat aac tgc gcc tac
T E G K K D G Y P V E Y D N C A Y
att tgc tgg aac tac gac aac gct tac tgc gat aag ctg tgc aaa gac aag
I C W N Y D N A Y C D K L C K D K
aaa gcc gat agc gga tat tgt tac tgg gtt cac atc ctg tgc tac tgc tac
K A D S G Y C Y W V H I L C Y C Y
ggg ctt ccc gat agc gaa ccg acc aag acc aac gga aaa tgc aaa tcc ggt
G L P D S E P T K T N G K C K S G
aag aag taa acc agc ctc cta ttg atc cca gat ccg ccc tgg cgg ata aaa
K K
-
tgt ttc tga aaa cca ttc ccg aaa taa aac tca tgc ctg caa aaa aaa aaa
aaa aaa a
B.
Figura 22 – Análise da seqüência da TsTx obtida na Biblioteca. Em A,
seqüência obtida no MegaBace; em negrito o peptídeo sinal e sublinhado os
aminoácidos que sofrem modificações pós-traducionais. Em B, análise do
Blastx.
A.
113
Os 920 cromatogramas foram submetidos a análises bioinformáticas. Foi
usado o pacote phred phrap consed via script phredPhrap para gerar as ESTs
(etiquetas de seqüências expressas). Assim foram obtidas 910 ESTs, que
foram filtradas com o cross-match para remoção do vetor e agrupadas com
phrap. O comprimento médio das ESTs foi de 734 pares de bases (Figura 23).
Das 910 ESTs, quinze representam vetor sem inserto (1,6%) e 4,4% são
seqüências com menos de 200 pares de base.
Figura 23 – Distribuição dos tamanhos das ESTs.
As ESTs foram anotadas com UniProt e GOA, 57% delas não
apresentaram homologia (e-value > 10
-5
) com nenhuma seqüência depositada
nos bancos de dados usados, 43% apresentaram homologia com UniProt e
destas 34% tinham anotação com GO (Figura 24a).
As 910 ESTs foram agrupadas pelo software phrap e geraram 400
uniques (grupos). Os uniques são o conjunto de contigs (agrupamento de
seqüências de um mesmo transcrito - redundantes) e singlets (seqüências não
redundantes). Os uniques obtidos foram igualmente anotados com UniProt e
114
GOA e 66% deles não apresentaram homologia. O restante (34%) apresentou
homologia com UniProt e destas 29% tinham anotação com GO (Figura 24b).
Figura 24 – Proporção relativa de cada categoria dos transcritos da
biblioteca de cDNA da glândula de veneno do Tityus serrulatus. Em A, a
proporção dos transcritos e em B, a dos uniques. No Hit, inclui as ESTs ou
uniques que não tem homologia com nenhuma seqüência conhecida. UniProt
Hits (GO), inclui os transcritos que tem homologia no UniProt e tinham
anotação no GO. UniProt Hits (no GO), inclui os transcritos que tem homologia
no UniProt e não tinham anotação no GO.
Os uniques se dividiram em 135 contigs e 265 singlets. Dos contigs,
39% das seqüências não apresentaram homologia com proteínas já descritas
nos bancos de dados usados e 61% apresentaram homologia com UniProt.
Destas apenas 17% não tinham anotação no GO (Figura 25a). Para os
singlets, temos 80% das seqüências sem homologia e apenas 20% com
homologia, sendo que 3% não tinham anotação com GO (Figura 25b).
Uniprot Hits
(GO)
34%
Uniprot Hits
(no GO)
9%
No Hit
57%
B
Uniques (total 400 seqs.)
Uniprot Hits
(GO)
29%
Uniprot Hits
(no GO)
5%
No Hit
66%
A
EST (total 910 seqs.)
Uniprot Hits
(GO)
34%
Uniprot Hits
(no GO)
9%
No Hit
57%
B
Uniques (total 400 seqs.)
Uniprot Hits
(GO)
29%
Uniprot Hits
(no GO)
5%
No Hit
66%
Uniprot Hits
(GO)
34%
Uniprot Hits
(no GO)
9%
No Hit
57%
Uniprot Hits
(GO)
34%
Uniprot Hits
(no GO)
9%
No Hit
57%
B
Uniques (total 400 seqs.)
Uniprot Hits
(GO)
29%
Uniprot Hits
(no GO)
5%
No Hit
66%
B
Uniques (total 400 seqs.)
Uniprot Hits
(GO)
29%
Uniprot Hits
(no GO)
5%
No Hit
66%
Uniprot Hits
(GO)
29%
Uniprot Hits
(no GO)
5%
No Hit
66%
A
EST (total 910 seqs.)
115
Figura 25 - Proporção relativa de cada categoria dos Uniques. Em A, a
proporção dos contigs e em B, a dos singlets. No Hit, inclui as ESTs ou uniques
que não tem homologia com nenhuma seqüência conhecida. UniProt Hits (GO),
inclui os transcritos que tem homologia no UniProt e tinham anotação no GO.
UniProt Hits (no GO), inclui os transcritos que tem homologia no UniProt e não
tinham anotação no GO.
Contigs (total 135 seqs.) Singlets (total 265 seqs.)AB
Uniprot Hits
(GO)
17%
Uniprot Hits
(no GO)
3%
No Hit
80%
Uniprot Hits
(GO)
44%
Uniprot Hits
(no GO)
17%
No Hit
39%
Contigs (total 135 seqs.) Singlets (total 265 seqs.)AB
Uniprot Hits
(GO)
17%
Uniprot Hits
(no GO)
3%
No Hit
80%
Uniprot Hits
(GO)
44%
Uniprot Hits
(no GO)
17%
No Hit
39%
Uniprot Hits
(GO)
44%
Uniprot Hits
(no GO)
17%
No Hit
39%
116
As ESTs que apresentaram homologia com alguma seqüência
depositada no UniProt (309) foram anotadas com GOA para classificá-las
funcionalmente com ontologias do GO: função molecular, processo biológico e
componente celular. Uma mesma EST pode ser classificada em mais de uma
ontologia do GO, sendo assim, 240 seqüências foram classificadas como
função molecular (FM), 242 como processo biológico (PB) e 150 como
componente celular (CC). Das ESTs anotadas como FM (Figura 26a), 30%
foram classificadas como inibidores de canais iônicos e aproximadamente 4%
foram classificadas como atividade metaloendopeptidase. Já as ESTs anotadas
como PB (Figura 26b), a maioria foi classificada como: patogênese (20%),
defesa anti-bacteriana (20%) e resposta de defesa (10%). Quanto as ESTs
anotadas em CC (Figura 26b), as principais categorias foram: região
extracelular (16%), mitocôndria (10%), membrana (7%) e intracelular (5%).
Figura 26 – Anotação das ESTs com Gene Ontology. Classificação funcional
de todas as ESTs que tinham homologia com o UniProt. As abscissas mostram
as categorias dentro de cada uma das três ontologias: função molecular,
processo biológico e componente celular.
ESTs Molecular Function
(240 seqs – total)
ESTs Biological Process
(242 seqs – total)
ESTs Cellular Component
(150 seqs – total)
AC
B
ESTs Molecular Function
(240 seqs – total)
ESTs Biological Process
(242 seqs – total)
ESTs Cellular Component
(150 seqs – total)
AC
B
117
Das 400 uniques, 116 tinham anotação no GO. Destas, 98 seqüências
foram classificadas como função molecular (FM), 88 como processo biológico
(PB) e 66 como componente celular (CC). As categorias nas quais as uniques
foram mais anotadas são praticamente as mesmas mais anotadas para as
ESTs nas três ontologias (Figuras 26 e 27). Para função molecular e processo
biológico houve uma redução, que possivelmente se deve a redundância
encontrada na biblioteca.
Figura 27 – Anotação das Uniques com Gene Ontology. Classificação
funcional de todas as uniques que tinham homologia com o UniProt. As
abscissas mostram as categorias dentro de cada uma das três ontologias:
função molecular, processo biológico e componente celular.
Uniques Molecular Function
(98 seqs total)
Uniques Biological Process
(88 seqs total)
Uniques Cellular Component
(66 seqs total)
ACB
Uniques Molecular Function
(98 seqs total)
Uniques Biological Process
(88 seqs total)
Uniques Cellular Component
(66 seqs total)
ACB
118
Das uniques que tinham anotação com GO, fizemos uma busca manual
pelas seqüências que tinham homologia com toxinas ou componentes do
veneno (Tabela 4). Todas as seqüências homólogas a toxinas foram agrupadas
em contigs e obtivemos 24 seqüências consensos descritas na tabela abaixo.
Na anotação das uniques também anotamos com e-value liberado, para
aumentar a chance de encontrarmos toxinas com pouca similaridade com as já
descritas. Desta maneira obtivemos mais cinco contigs similares a toxinas.
Tabela 4 – Identificação dos transcritos que possuem homologia com
toxinas ou componentes do veneno
Identificador interno Identificador do
UniProt
Descrição
esds_25082007|Contig2 AP4_TITCO Putative antimicrobial peptide
clone 4 precursor
esds_25082007|Contig4 KIK3_TITTR Potassium channel toxin TtrKIK
precursor
esds_25082007|Contig5 AP4_TITCO Putative antimicrobial peptide
clone 4 precursor
esds_25082007|Contig8 SCKP2_TITSE Peptide TsPep2 precursor
esds_25082007|Contig15 KBX1_TITSE Potassium channel toxin beta-KTx
1 precursor (Fragment)
esds_25082007|Contig18 Q45R47_BOOMI MP5: Salivary gland
metalloprotease
esds_25082007|Contig26 MMEL1_HUMAN MMEL1, MELL1, MMEL2,
NEP2: Membrane metallo-
endopeptidase-like 1
esds_25082007|Contig32 SCX4_TITSE Alpha-toxins precursor [Contains:
Toxin-5 (Fragment)
esds_25082007|Contig35 SCX7_TITSE Toxin VII precursor
esds_25082007|Contig38 SCX4_TITSE Alpha-toxins precursor [Contains:
Toxin-5 (Fragment)
esds_25082007|Contig40 KBX1_TITSE Potassium channel toxin beta-KTx
1 precursor (Fragment)
esds_25082007|Contig48 Q45R47_BOOMI MP5: Salivary gland
metalloprotease
esds_25082007|Contig49 DISF_TRIFL Zinc metalloproteinase flavoridin
precursor
esds_25082007|Contig61 KA122_TITTR Potassium channel toxin alpha-
KTx 12,2
esds_25082007|Contig68 KA201_TITTR Potassium channel toxin alpha-
KTx 20,1
esds_25082007|Contig81 SCX2_TITST Toxin II
119
esds_25082007|Contig102 SCKP2_TITSE
Peptide TsPep2 precursor
esds_25082007|Contig104
Q2PGH5_HAELO
met: Metalloprotease (Fragment)
esds_25082007|Contig116 SCX7_TITSE Toxin VII precursor
esds_25082007|Contig119 AP9_TITCO Anionic peptide clone 9 precursor
esds_25082007|Contig121 KBX1_TITSE Potassium channel toxin beta-KTx
1 precursor (Fragment)
esds_25082007|Contig122 AP6_TITCO Putative antimicrobial peptide
clone 6 precursor
esds_25082007|Contig123 NTXP_TITSE NTXP: Non-toxic protein NTxP
precursor
esds_25082007|Contig124 AP6_TITCO Putative antimicrobial peptide
clone 6 precursor
esds_25082007|Contig125 A1YAC8_MESMA LVP1a: Venom lipolysis-
activating peptide alpha subunit
esds_25082007|Contig128 NTXP_TITSE NTXP: Non-toxic protein NTxP
precursor
esds_25082007|Contig129 KIK3_TITTR Potassium channel toxin TtrKIK
precursor
esds_25082007|Contig130 KB1_MESMA Kb1: Peptide BmKb1 precursor
esds_25082007|Contig135 AP4_TITCO Putative antimicrobial peptide
clone 4 precursor
120
– Construção dos cassetes
1 - Construção de proteínas em tandem
Nesta etapa, foram construídos três cassetes de expressão no pET 11a
como está ilustrado na figura abaixo.
Figura 28 – Construção das proteínas recombinantes a partir da
seqüência da TsTx-I no vetor pET 11a.
1.1 - Clonagem do DNA da TsTx-I em pGEM
O DNA da TsTx-I foi amplificado do clone 1D6 da biblioteca (Figura 29a)
utilizando-se os primers descritos na Figura 14. O DNA purificado (Figura 29b)
foi ligado ao vetor pGEM. Das colônias positivas obtidas, oito colônias foram
escolhidas para extração plasmidial. Esses clones foram cortados com a
enzima de restrição Hind III e apenas 3 foram cortados e liberaram uma banda
de 183 pb, tamanho esperado para o DNA da TsTx-I (dados não mostrados).
Os clones A1, B1 e G1, positivos para o corte, foram seqüenciados. Os
resultados de seqüênciamento mostraram que todos os clones tinham os
insertos inseridos corretamente no vetor.
121
A. B.
Figura 29 – Amplificação e purificação do DNA da TsTx-I do clone obtido
da biblioteca. Em A, na canaleta 1 temos o produto de PCR da TsTx-I e na
canaleta 2 temos o padrão de massa molecular de 100 pb (Invitrogen). Em B,
na canaleta 1 temos o padrão de massa molecular de 100 pb (Invitrogen) e nas
canaletas 2 e 3 temos 1ª e 2ª eluições da purificação do DNA da TsTX-I,
respectivamente.
200 pb
1 2
200 pb
1 2
200 pb
1 2 3
200 pb
1 2 3
122
1.2- Subclonagem do DNA da TsTx-I no vetor pBluescript II KS-
O vetor pBluescript II KS- foi transformado quimicamente em bactérias
DH5 e essas foram submetidas à extração em larga escala do vetor. O
plasmídeo extraído foi purificado com fenol. Controle de qualidade foi realizado
através de cortes com as enzimas Xho I, Sal I, Hind III e Eco RI. O plasmídeo
foi cortado por todas as enzimas testadas, indicando apresentar boa qualidade.
O clone A1 cortado com a enzima Hind III foi purificado pelo método da
sílica (Figura 30a). O pBluescript foi cortado com Hind III e desfosforilado
(Figura 30b). O DNA da TsTx-I purificado e o vetor desfosforilado foram ligados
de acordo com item III.5.2. e transformados quimicamente em bactérias DH5.
Das colônias obtidas, apenas 6 colônias se apresentaram positivas (dados
não mostrados). Essas colônias sofreram lise alcalina para extração dos seus
plasmídeos.
Os clones 9, 11, 16, 17, 14 e 20 foram cortados com a enzima Hind III
(Figura 31). Todos os clones foram cortados e apresentaram uma banda de
aproximadamente 200 pb, com exceção dos clones 14 e 20 que tiveram duas
bandas: uma de aproximadamente 200 pb e outra de 400 pb.
Todos os clones foram seqüenciados. Os clones 9, 11, 16 e 17 só tinham
um DNA da toxina inserido no vetor de maneira correta como o esperado. Mas
os clones 14 e 20, inesperadamente, continham dois DNAs da TsTx-I inseridos
um atrás do outro, pelos seus sítios de restrição da Hind III (Figura 32). Essa
ligação ocorreu por acaso.
123
Figura 30 Purificação do DNA da TsTx-I e desfosforilação do plasmídeo
cortado. Em A, na canaleta 1, temos padrão de massa molecular de 25 pb
(Invitrogen). Nas canaletas 2, 3 e 4 temos o DNA da TsTx-I das 1ª, 2ª e 3ª
eluições da purificação. Em B, na canaleta 1, temos padrão de massa
molecular Hind (Gibco) e na canaleta 2 temos o plasmídeo cortado e
desfosforilado.
cDNA da TsTx-I
1 2 3 4
pBluescript
desfosforilado
2 Kb
1 2
200 pb
A. B.
124
Figura 31 – Corte com enzima de restrição Hind III dos clones da TsTx-I
clonados no pBluescript. Na figura, o plasmídeo não cortado sempre aparece
primeiro e vem seguido do plasmídeo cortado. Abaixo do gel está indicado o
clone correspondente.
9 11 16 14
17 20
200 pb
200 pb
125
A.
AAA GAA GGT TAT CTC AGT GAT CAC GAA GGT TGC AAA CTT AGT TGC TTT ATC AGA CCA
K E G Y L S D H E G C K L S C F I R P
TCG GGA TAC TGC GGC AGA GAA TGC GGA ATT AAA AAG GGC TCA TCG GGC TAT TGC GCC
S G Y C G R E C G I K K G S S G Y C A
TGG CCC GCG TGT TAC TGC TAC GGG CTT CCA AAT TGG GTG AAA GTT TGG GAT AGA GCG
W P A C Y C Y G L P N W V K V W D R A
ACG AAC AAA TGT AAG CTT AAA GAA GGT TAT CTC AGT GAT CAC GAA GGT TGC AAA CTT
T N K C K L K E G Y L S D H E G C K L
AGT TGC TTT ATC AGA CCA TCG GGA TAC TGC GGC AGA GAA TGC GGA ATT AAA AAG GGC
S C F I R P S G Y C G R E C G I K K G
TCA TCG GGC TAT TGC GCC TGG CCC GCG TGT TAC TGC TAC GGG CTT CCA AAT TGG GTG
S S G Y C A W P A C Y C Y G L P N W V
AAA GTT TGG GAT AGA GCG ACG AAC AAA TGT A T N K C
K V W D R
B.
>gi|312022|emb|CAA46982.1| Ts VII; beta-neurotoxin precursor [Tityus
serrulatus]
gi|102802|pir||S21158
neurotoxin TsVII precursor - Brazilian scorpion
gi|453106|gb|AAB29128.1|
toxin gamma; toxin VII [Tityus serrulatus]
gi|401073|sp|P15226|SCX7_TITSE
Toxin VII precursor (TsTX-VII) (Tityustoxin
VII) (Ts VII) (Toxin
II-11) (Toxin III-10) (Ts1) (Toxin gamma) (Toxin T2-IV)
Length = 84
Score = 146 bits (368), Expect = 2e-34
Identities = 61/64 (95%), Positives = 61/64 (95%)
Frame = +1
Query: 1 KEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWPACYCYGLPNWVKVWDRATNK 180
KEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWPACYCYGLPNWVKVWDRATNK
Sbjct: 21 KEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWPACYCYGLPNWVKVWDRATNK 80
Query: 181 CKLK 192
C K
Sbjct: 81 CGKK 84
Score = 145 bits (367), Expect = 3e-34
Identities = 61/61 (100%), Positives = 61/61 (100%)
Frame = +1
Query: 190 KEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWPACYCYGLPNWVKVWDRATNK 369
KEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWPACYCYGLPNWVKVWDRATNK
Sbjct: 21 KEGYLMDHEGCKLSCFIRPSGYCGRECGIKKGSSGYCAWPACYCYGLPNWVKVWDRATNK 80
Query: 370 C 372
C
Sbjct: 81 C 81
Figura 32 – Análise da seqüência do clone 14 no programa Blastx. Em A, a
seqüência obtida pelo MegaBace, em azul está o sítio da enzima Hind III. Em
B, resultado obtido pelo Blastx.
126
1.3 – Clonagem do DNA da TsTx-I
(1)
no pET 11a
Para esta clonagem, novos primers (descritos item I-1.4) foram
construídos para a inserção do sítio da Bam HI no fragmento de DNA da TsTX-
I (Figura 33). O clone 16 (pBluescript+TsTx-I
(1)
) foi utilizado como DNA molde
para esta amplificação.
Foi feita uma padronização da PCR para amplificação da seqüência da
TsTx-I com os novos primers. A melhor amplificação foi obtida quando a
temperatura de anelamento era 58/54C (5 ciclos a 58C e 25 ciclos a 54C) e
o tampão usado era o 1C (Figura 34a).
O DNA amplificado e purificado (Figura 34b) foi ligado ao vetor pGEM. Os
plasmídeos das colônias positivas obtidas foram extraídos. Eles foram
passados em colunas com resina Sephacryl S-400 para retirar impurezas, após
o tratamento eles foram cortados com Bam HI e apenas 3 deles não liberaram
a banda esperada de 183 pb (Figura 34c). Todos os clones foram
seqüenciados, mostrando que apenas um clone não continha inserto.
O clone 31b foi escolhido para a ligação no vetor pET. Os dois plasmídeos
foram cortados com Bam HI. O pET teve suas pontas cortadas desfosforiladas
e o fragmento de DNA da TsTx-I foi purificado pelo método, “freeze squeeze”
(Figura 35). Da ligação resultaram várias colônias e destas 8 foram positivas.
Os plasmídeos extraídos das colônias positivas foram analisados por PCR,
mostrando que todos os clones amplificaram o fragmento de DNA de interesse
(Figura 36a). O seqüênciamento confirmou o resultado da PCR (Figura 36b).
127
5’ 3’
GGG CCC CCC CTC GAG GTC GAC GGT ATC GAT AAG CTT AAA GAA GGT ---- AAC AAA TGT AAG CTT GAT ATC GAA TTC CTG CAG CCC GGG GGA
5’ GGA TCC ATC GAT AAG CTT AAA GAA 3’
3’ 5’
CCC GGG GGG GAG CTC CAG CTG CCA TAC CTA TTC GAA TTT CTT CCA ---- TTG TTT ACA TTC GAA CTA TAG CTT AAG GAC GTC GGG CCC CCT
3’ TTG TTT ACA TTC GAA CTA TAG CTT AAG 5’
3’ TTG TTT ACA TTC GAA CTA ACT CCT AGG 5’
5’ GGA TCC TCA ATC AAG CTT ACA TTT GTT 3’
PRIMERS
pET TsTx-I Forward 1 5’ GGA TCC ATC GAT AAG CTT AAA GAA 3’
pET TsTx-I Anti-senso 1 5’ GGA TCC TCA ATC AAG CTT ACA TTT GTT 3’
Figura 33 – Construção dos primers para a clonagem da TsTx-I
(1)
no pET 11a. A seqüência do pBluescript está
representada pelas letras em preto, a da TsTx-I em vermelho e o códon terminador em verde. As letras realçadas pela cor
amarela representam o sítio de restrição da enzima Hind III e em azul o sítio de restrição da enzima Bam HI
128
Figura 34Amplificação e purificação do fragmento de DNA TsTx-I
(1)
e
verificação da clonagem. Em A, na canaleta 1, temos padrão de massa
molecular de 100 pb (Invitrogen); na canaleta 2 temos o DNA da TsTx-I
amplificado. Em B, na canaleta 1, temos padrão de massa molecular de 100 pb
(Invitrogen); nas canaletas 2, 3, 4 temos o DNA da TsTx-I das 1ª, 2ª e 3ª
eluições da purificação. Em C, temos os clones 4a não cortado e cortado nas
canaletas 1 e 2; e o clone 31b não cortado e cortado, nas canaletas 3 e 4,
respectivamente. A seta branca indica o fragmento liberado.
200 pb
1 2 3 4
4a 31b
B.
1 2
A.
200 pb
C.
200 pb
1 2 3 4
129
Figura 35 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(1)
no vetor pET
11a. Em A, na canaleta 1, 2 e 3 temos o clone 31b não cortado, cortado com
Bam HI e cortado com Hind III, respectivamente. As setas brancas indicam os
fragmentos liberados pelo corte. Em B, na canaleta 1 e 2 temos o vetor pET
11a não cortado e cortado com Bam HI, respectivamente; na canaleta 3 temos
padrão de massa molecular 1 Kb (Invitrogen). Em C, temos na canaleta 1, 100
ng do padrão íntegro (Gibco); nas canaletas 2 e 6 temos o padrão 1 Kb plus
(Invitrogen); nas canaletas 3, 4 e 5 temos o vetor pET não cortado, cortado
com Bam HI e desfosforilado, respectivamente; na canaleta 7 temos o DNA da
TsTx-I
(1)
purificado.
1 2 3 1 2 3 1 2 3 4 5 6 7
A.
B.
C.
200 pb
5 Kb
200 pb
130
A.
B.
>F04 well F04 EKThais2701_23032007 Run01 Cimarron 3.12 665
GGNGTANCGCGCGCAGANCGGTGCATGAAAGGAGATGGCGCCCAACAGTC
CCCCGGCACGGGGCCTGCCACCATACCCACGCCGAAACAAGCGCTCATGA
GCCCGAAGTGGCGAGCCCGATCTTCCCCATCGGTGATGTCGGCGATATAG
GCGCCAGCAACCGCACCTGTGGCGCCGGTGATGCCGGCCACGATGCGTCC
GGCGTAGAGGATCGAGATCTCGATCCCGCGAAATTAATACGACTCACTAT
AGGGGAATTGTGAGCGGATAACAATTCCCCTCTAGAAATAATTTTGTTTA
ACTTTAAGAAGGAGATATACATATGGCTAGCATGACTGGTGGACAGCAAA
TGGGTCGCGGATCCATCGATAAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTGATCAC
GAAGGTTGCAAACTTAGTTGCTTTATCAGACCATCGGGATACTGCGGCAC
GAGAATGCGGAATTAAAANAGGGCTCATCGGGCTATTGCGCCTGGCCCGC
GCTGTTACTGCTACGGGCTTCCAAATTGGGTGAAAGTTCTGGGATAGAGC
GACGAACAAATGTAACGCTTGATATCTGAGGATCCGGCTGCTAACAAAGC
CCGAAAAGGAAGCTGAGTTGGCTGCTGCCACCGCTGAGCAATAACTAGCA
ATAACCCCTTGGCGGCCTCTAAACGGCGTCTTGAGGGGGTTCACACANGG
CTGAACAGTGCAGGAACTATATACCGGAATATCCCCGCAAGAAGCCCNGG
CACAAGTTACCCGGGCACTAAACCCAAAGCCCTAATGGCTTACCAGGCAT
CCAAGCGGTCTGCAACGGCTGGCCCGACGGATGACGATTGGAGCCGCATG
GACAANATTNCATAACACACGGGGGACTGACACGGCCGTCNANCACAANT
TA
Figura 36 – Confirmação da ligação TsTx-I
(1)
no pET. Em A, a PCR dos
clones obtidos a partir da ligação; os controles positivo (C+) e negativo (C-), o
nome dos clones e o padrão (pd) de 25 pb (Invitrogen) estão indicados. O
controle positivo é o produto da amplificação do DNA da TsTx-I clonado em
pGEM e o controle negativo é a reação de PCR sem DNA. Em B, o
seqüênciamento do clone E4. Os sítios de restrição da Hind III estão
sublinhados de verde e os da Bam HI estão sublinhados de vermelho.
C+ C- E3 E4 E6 E9 E11 F1 F5 F7 F10 F12 pd
200 pb
131
1.4 – Montagem da TsTx-I
(2)
Esta etapa foi facilitada pela clonagem ao acaso de duas cópias do DNA
da TsTX-I no sítio de restrição Hind III do vetor pBluescript. Então foi
necessário, apenas, inserir o sítio de restrição da enzima Bam HI no fragmento
de DNA e posterior clonagem no pET 11a.
Os primers utilizados para a clonagem do DNA de 1 cópia (Figura 33)
foram também usados nesta etapa e a reação de PCR também teve que ser
padronizada. Neste caso, a padronização apresentou maiores dificuldades
técnicas porque os primers amplificavam tanto 1 cópia quanto 2 cópias,
originando 2 principais bandas de 200 e 400 pares de bases, além de outras
acima da banda de 400 pb.
Vários testes foram feitos até se obter o melhor resultado. A estratégia
que melhor funcionou, consistia de iniciar a PCR com 20 vezes menos DNA e
10 vezes menos primers, dez ciclos eram feitos assim, isto foi feito para tentar
diminuir amplificações inespecíficas. Depois acrescentava mais Taq e primers
nas concentrações normais. Sendo assim, a amplificação da banda de 400 pb
era mais favorecida do que a de 200 pb (Figura 37a).
O produto da melhor amplificação foi aplicado em um gel de agarose 1%
e corrido por tempo suficiente para as duas bandas se separarem o máximo
possível para cortamos o fragmento de 400 pb do gel sem contaminação com a
banda de 200 pb ou outras bandas inespecíficas.
O fragmento de 400 pb foi purificado (Figura 37b) e inserido em dois
vetores de fácil clonagem: Topo TA e pGEM. Cinco colônias positivas de cada
ligação foram submetidas à lise alcalina para extração de seus plasmídeos. Os
clones foram purificados com Sephacryl S-400 e depois cortados com a enzima
Bam HI (Figura 37c). Todos plasmídeos cortados liberam um fragmento do
tamanho esperado (400 pb) e foram seqüenciados. Os clones 24, 43b, e 11b
apresentaram seqüências de boa qualidade revelando que a clonagem tinha
sido realizada com sucesso.
O clone 43b foi escolhido para a clonagem no pET. Ele foi cortado com
Bam HI, purificado e ligado ao pET cortado e desfosforilado (Figura 38). Desta
ligação resultaram várias colônias, as positivas foram submetidas à extração
plasmidial. Os plasmídeos foram analisados por PCR e todos os clones
132
amplificaram uma banda de 400 pb, tamanho esperado para o inserto clonado
(Figura 39a). Todos os clones foram seqüenciados e confirmaram o resultado
obtido pela PCR (Figura 39b).
Figura 37 – Clonagem da TsTx-I
(2)
nos vetores de fácil clonagem. Em A, na
canaleta 1, temos o controle positivo da reação de PCR (amplicon da TsTx-I);
na canaleta 2 temos o produto da amplificação do clone 14; na canaleta 3
temos padrão de massa molecular (pd) de 100 pb (Invitrogen). Em B, na
canaleta 1, temos padrão de massa molecular de 1 Kb plus (Invitrogen); nas
canaletas 2, 3, 4 temos o DNA da TsTx-I
(2)
das 1ª, 2ª e 3ª eluições da
purificação. Em C, temos o clone 43b não cortado e cortado, respectivamente.
As setas brancas indicam a banda de DNA obtida.
pd 1 2 3
500 pb
B.
43b
C.
C+ 1 pd
400 pb
A.
400 pb
133
Figura 38 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(2)
no vetor pET
11a. Em A, na canaleta 1, 2 e 3 temos o clone 43b não cortado, cortado com
Bam HI e cortado com Hind III, respectivamente. As setas brancas indicam os
fragmentos liberados. Em B, na canaleta 1 e 2 temos o vetor pET 11a não
cortado e cortado com Bam HI, respectivamente; na canaleta 3 temos padrão
de massa molecular 1 Kb (Invitrogen). Em C, temos na canaleta 1, 100 ng do
padrão íntegro (Gibco); nas canaletas 2 e 6 temos o padrão 1 Kb plus
(Invitrogen); nas canaletas 3, 4 e 5 temos o vetor pET não cortado, cortado
com Bam HI e desfosforilado, respectivamente; na canaleta 7 temos o DNA da
TsTx-I
(2)
purificado.
1 2 3 1 2 3 1 2 3 4 5 6 7
A.
B.
C.
200 pb
400 pb
5 Kb
400 pb
134
A.
B.
>A08 well A08 barbaraEK23_311006 Run01 Cimarron 3.12 730
AGAGACGCGCGCAGAAGTGTGANCATGCAAGGAGATGGGCCAACAGTCCC
CCGGACACGGGGCCTGCCACCATACCCACAGCCGAAACAAGCGCTCATGA
GCCCGAAGTGGCGAGCCCGATCTTCCCCATCGGTGATGTCGGCGATATAG
GCGCCAGCAACCTGCACCTGTGGCGCCGGTGACTGCCGGCCAACGATGCG
TCCGGCGTAGAGGATCGAAGAATCTCGATCCCGCGAAATTAATACGACTC
ACTATAGGGGAATTGTGAGCGGATAACAATTCCCCTCTAGAAATAATTTT
GTTTAACTTTAAGAAGGAGATATACATATGGCTAGCATGACTGGTGGACA
GCAAATGGGTCGCGGATCCATCGATAAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTG
ATCACGAAGGTTGCAAACTTAGTTGCTTTATCAGACCATCGGGATACTGC
GGCAGAGAATGCGGAATTAAAAAGGGCTCATCGGGCTATTGCGACCTGGC
CCGCGTGTTACTGCTACGGGCTTCCAAATTGGGTGAAAGTTTGGGATAGA
GCGACGAACAAATGTAAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGG
TTGCAAACTTAGNTTGCTTTATCAGACCATCGGGATACTGCGGCAGAGAA
TGCGGAATTAAAAAGGGCTCAATCGGGCTATTTGCGACCTGGACCGAGTG
TAACTGNTACGGGCTTCCAACATTGGGTGAAAGTTNGGGATAGAGCGACG
GAACAAATGTAAGCTTGATATCTGAGGATCCAGGGCTGCTTAACAAAGCC
CGGCAAAGGAAGCTGAGTTGGGCTGGATGACAACCGTGAGCAATAACTTA
AGACATNAACCCNTTGGGAGGGAGACCNCTAAAAAACAGGAGTCCTCAGA
ACNAGGAGGACACAAAAGGCNNNAAAAGGAGAGGAACATCATAACAGNAA
AAATCCCGAAAAAAGCCCAGGAAAAAACCAGGGANTACCAAAGCTAAANC
ACTACAAGACATTCACANGGNGAACAGAGAGACCAGANGAANACAGATAA
Figura 39 – Confirmação da ligação TsTx-I
(2)
no pET. Em A, a PCR da
ligação; os controles positivo (C+) e negativo (C-), o nome dos clones e o
padrão (pd) de 25 pb (Invitrogen) estão indicados. O controle positivo é o
amplicon do clone 14 e o negativo é a reação da PCR sem DNA. Em B, o
seqüênciamento do clone A4. Os sítios de restrição da Hind III estão
sublinhados de verde e os da Bam HI estão sublinhados de vermelho.
C+ C- A4 A9 A11 B3 B5 B10 C7 C12 D7 D8 pd
400 pb
135
1.5 – Montagem da TsTx-I
(4)
A primeira etapa deste item foi a construção de um fragmento de DNA
com 4 cópias do DNA da TsTx-I. Para isto, foi inserido no pBluescript que já
continha 2 cópias da toxina (clone 14) mais duas cópias. Primers contendo o
sítio de restrição da Eco RI e seqüências das extremidades N- e C-Terminal da
TsTx-I foram desenhados e construídos para amplificar as duas cópias da
toxina e inseri-las no clone 14 no sítio da Eco RI (Figura 40).
A reação de PCR foi padronizada e o mesmo problema do item anterior
se repetiu: os primers amplificavam 2 bandas, uma de 200 pb e outra de 400
pb (banda de interesse). As mesmas estratégias foram testadas, com
resultados similares. E do mesmo modo, o melhor produto de amplificação
(Figura 41a) foi usado para obtermos a banda de 400 pb que foi purificada
(Figura 41b) e ligada nos vetores de clonagem Topo TA e pGEM usando os
mesmos métodos.
Os plasmídeos das colônias positivas foram extraídos, purificados em
Sephacryl S-400 e cortados com a enzima Eco RI. Dentre os clones que
liberaram um fragmento do tamanho esperado, o clone 38b foi escolhido para a
montagem (Figura 41c).
Os plasmídeos (38b e 14) foram cortados com Eco RI. O clone 14 teve
suas pontas desfosforiladas e a banda de interesse liberada do corte do clone
38b foi purificada (Figura 42). Foi feita a ligação, após análise obtivemos cinco
clones positivos (clone A6, B1, B9, B12 e C8 – Figura 43). Todos eles foram
seqüenciados e confirmamos que o fragmento de interesse foi clonado com
sucesso.
136
5’ 3’
CCC CTC GAG GTC GAC GGT ATC GAT AAG CTT AAA GAA GGT -- AAC AAA TGT AAG CTT –TsTx-I- AAG CTT GAT ATC GAA TTC CTG CAG CCC G
5’ GAA TTC ATC GAT AAG CTT AAA GAA GGT 3’
3’ 5’
GGG GAG CTC CAG CTG CCA TAC CTA TTC GAA –TsTx-I-TTC GAA TTT CTT CCA --- TTG TTT ACA TTC GAA CTA TAG CTT AAG GAC GTC GGG
3’ TTG TTT ACA TTC GAA CTA TAG CTT AAG 5’
5’ GAA TTC GAT ATC AAG CTT ACA TTT GTT 3’
PRIMERS
TsTx-I
(4)
Forward 5’ GAA TTC ATC GAT AAG CTT AAA GAA GGT 3’
TsTx-I
(4)
Anti-senso 5’ GAA TTC GAT ATC AAG CTT ACA TTT GTT 3’
Figura 40 – Construção dos primers para a clonagem da TsTx-I
(2)
/Eco no clone 14. A seqüência do pBluescript está
representada pelas letras em preto e a da TsTx-I em vermelho. As letras realçadas pela cor amarela representam o sítio de
restrição da enzima Hind III e em cinza o sítio de restrição da enzima Eco RI
137
Figura 41 – Clonagem da TsTx-I
(2)
(Eco) nos vetores de fácil clonagem. Em
A, na canaleta 1, temos o controle negativo da reação (todos reagentes, com
exceção do DNA); na canaleta 2 temos o produto amplificação; na canaleta 3
temos o controle positivo da reação de PCR (amplicon da TsTx-I); na canaleta
4 temos padrão de massa molecular de 100 pb (Invitrogen). Em B, na canaleta
1, temos padrão de massa molecular de 1 Kb plus (Invitrogen); nas canaletas
2, 3, 4 temos o DNA da TsTx-I
(2)
(Eco) das 1ª, 2ª e 3ª eluições da purificação.
As setas brancas indicam a banda de DNA obtida. Em C, temos o clone 38b
não cortado e cortado, respectivamente. A seta branca indica o fragmento
liberado
A.
400 pb
B.
1 2 3 4
C.
38b
500 pb
1 2 3 4
400 pb
138
Figura 42 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(2)
(Eco) no clone
14. Em A, nas canaletas 1 e 2 temos o clone 14 não cortado e cortado com Eco
RI, respectivamente; nas canaletas 3 e 4 temos o clone 38b cortado e não
cortado com Eco RI; o padrão usado foi 1 Kb plus (Invitrogen). A seta branca
indica o fragmento de DNA liberado. Em B, na canaleta 1 e 2 temos o vetor 14
cortado e cortado e desfosforilado, respectivamente; o padrão de massa
molecular utilizado foi o Hind (Gibco). Em C, temos na canaleta 1 e 2 o
padrão íntegro (Gigco) nas concentrações de 100 e 200 ng, respectivamente;
na canaleta 3 temos o DNA da TsTx-I
(2)
(Eco) purificado.
A. B. C.
1 2 pd 3 4 pd 1 2 1 2 3
400 pb
3 Kb
4 Kb
400 pb
139
Figura 43 – PCR para confirmação da ligação da TsTx-I
(2)
(Eco) no clone
14. Em A, temos os produtos da PCR dos clones de A1 a A10. O controle
positivo é o amplicon do clone 16 e o negativo é a reação de PCR sem DNA. O
padrão de massa molecular utilizado é o 100 pb (Invitrogen). Em B, temos os
produtos da PCR dos clones A11 a C8. O controle negativo é a reação de PCR
sem DNA. Os produtos da amplificação do clone 16 e do clone 14 foram
utilizados como controles positivos. O padrão de massa molecular utilizado é o
1 Kb plus (Invitrogen).
A.
pd C+ C- A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10
B.
pd C- 16 14 A11 A12 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
1000 pb1000 pb
650 pb
500 pb
140
O clone 38A6 foi escolhido para continuarmos com as próximas etapas.
Novos primers foram construídos para inserirmos o sítio de restrição da enzima
Bam HI no fragmento de DNA com 4 cópias de TsTx-I para sua posterior
clonagem no vetor de expressão pET 11a.
Visto os problemas encontrados nas outras clonagens, decidimos
construir novos primers que anelasse no vetor, pois se o primer contivesse
alguma seqüência da TsTx-I, mesmo que pequena, poderíamos ter
amplificações inespecíficas. Na Figura 44, podemos ver como foi feita a
construção deste primers.
Vários testes foram feitos para padronizar esta nova amplificação e o
melhor procedimento foi usado. Sendo assim, utilizamos o produto da
amplificação com o primers F1/R1, utilizando a temperatura de anelamento de
58/54C, para a clonagem no pGEM (Figura 45a e b).
Obtivemos várias colônias e 10 foram selecionadas para a extração
plasmidial e corte com Bam HI. Os clones 4.2, 4.3 e 4.10 cortaram, mas não
liberaram fragmento; o clone 4.5 cortou e liberou um fragmento de tamanho
menor do que o esperado; os outros clones liberaram o fragmento de tamanho
esperado (Figura 45c). Todos os clones foram seqüenciados, os clones 4.1,
4.4, 4.6, 4.7, 4.8 e 4.9 apresentavam o fragmento com 4 cópias clonado de
maneira correta no vetor, clone 4.5 tinha 2 cópias e os outros não tinham o
inserto clonado.
O clone 4.1 foi cortado com Bam HI, o fragmento liberado foi purificado e
ligado ao vetor pET cortado e desfosforilado (Figura 46). Vinte clones foram
selecionados e analisados. Três deles liberaram um fragmento do tamanho
esperado (Figura 47) e tinham o fragmento clonado corretamente. Na Figura 48
podemos ver o seqüênciamento de um dos clones positivos, o clone 11.
141
5’
3’
M13 anti-senso
GGAAACAGCTATGACCATGATTACGCCAAGCGCGCAATTAACCCTCACTAAAGGGAACAAAAGCTGGGTACCGGGCCCCCCCTCGAGGTCGACGGTATCGATAAGCTT 2 TSVII -AAGCTT
GGATCCAGCTATGACCATGATTACGCC GGATCCGGGCCCCCCCTCGAGGTCGAC
3´ 5’
CCTTTGTCGATACTGGTACTAATGCGGTTCGCGCGTTAATTGGGAGTGATTTCCCTTGTTTTCGACCCATGCGCCGGGGGGGAGCTCCAGCTGCCATAGCTATTCGAA 2 TSVII -AAGCTT
5’ Bam HI 3’
ATATCGAATTC- 2 TSVII -GAATTCCTGCAGCCCGGGGGATCCACTAGTTCTAGAGCGGCCGCCACCGCGGTGGAGCTCCAATTCGCCCTATAGTGAGTCGTATTACGCGCGCTCACTGGC
3 Bam HI 5
TATAGCTTAAG- 2 TSVII -GACGTCGACGTCGGGCCCCCTAGGTGATCAAGATCTCGCCGGCGGTGGCGCCACCTCGAGGTTAAGCGGGATATCACTCAGCATAATGCGCGCGAGTGACCG
M13 -20
GGGCCCCCTAGGGATCAAGATCTCGCC CCTAGGCGGGATATCACTCAGCATAAT
pBluescript Senso 1 (F1) 5’ GGA TCC
AGC TAT GAC CAT GAT TAC GCC 3’ tm 61
0
C 52% de G/C
pBluescript Senso 2 (F2) 5’ GGA TCC
GGG CCC CCC CTC GAG GTC GAC 3’ tm 72
0
78% de G/C
pBluescript Anti-senso 1 (R1) 5’ TAA TAC GAC TCA CTA TAG GGC GGA CCT
TCA 3’ tm 60
0
48% de G/C
pBluescript Anti-senso 2 (R2) 5’ CCG CTC TAG AAC TAG GGA TCC
CCC GGG TCA 3’ tm 67
0
67% de G/C
Figura 44– Construção dos primers para a clonagem da TsTx-I
(4)
no pET 11a. A fita 5’-3’ do pBluescript está
representada pelas letras em preto e a fita 3’-5’ em cinza, a da TsTx-I em vermelho e o códon terminador em verde. As letras
realçadas pela cor amarela representam o sítio de restrição da enzima Hind III, em verde o sítio da Eco RI, em azul o sítio de
restrição da enzima Bam HI. As letras sublinhadas representam o sítio de restrição da enzima Bam HI
142
Figura 45 – Clonagem da TsTx-I
(4)
em pGEM. Em A, na canaleta 1, temos o
produto da amplificação da TsTx-I
(4)
; o padrão de massa molecular usado foi o
1 Kb plus (Invitrogen). Em B, na canaleta 1, temos padrão de massa molecular
de 1 Kb plus (Invitrogen); nas canaletas 2, 3, 4 temos o DNA da TsTx-I
(4)
das
1ª, 2ª e 3ª eluições da purificação. Em C, temos os clones 4.1, 4.2, 4.4, 4.5,
4.6, 4.7, 4.8 e 4.9 não cortado e cortado, respectivamente. As setas brancas
indicam o fragmento de DNA liberado.
C.
4.1 4.2 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9
1 pd pd 1 2 3
A.
B.
1000 pb
800 pb
143
Figura 46 – Preparo para subclonagem do DNA da TsTx-I
(4)
no pET 11a.
Em A, nas canaletas 1, 2 e 3 temos o pET 11a não cortado, cortado com Bam
HI e cortado e desfosforilado, respectivamente; o padrão usado foi 1 Kb
(Invitrogen). Em B, na canaleta 1, 2 e 3 temos o DNA da TsTx-I
(4)
das 1ª, 2ª e
3ª eluições da purificação de DNA. O padrão usado foi 1 Kb plus (Invitrogen).
As setas indicam o fragmento de DNA purificado.
pd 1 2 3 pd 1 2 3
A.
B.
5 Kb
800 pb
144
Figura 47 – Corte com enzima de restrição para confirmação da
ligação da TsTx-I
(4)
em pET. Alguns clones foram cortados com Bam HI. Os
números indicam os clones, os plasmídeos estão na ordem: não cortado e
cortado. As setas brandas indicam os fragmentos de DNA liberados.
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
800 pb
145
>F12 well F12 EKThais2701_23032007 Run01 Cimarron 3.12 777
AAGGGGGGCCCGAGTCGCATGCTCCGGCCGCATGGCGGCGCGGGAATCGA
TTGGATCCAGCTATGACCATGATTACGCCAAGCGCGCAATTAACCCTCAC
TAAAGGGAACAAAAGCTGGGTACCGGGCCCCCCCTCGAGGTCGACGGTAT
CGATAAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGGTTGCAAACTTA
GTTGCTTTATCAGACCATCGGGATACTGCGGCAGAGAATGCGGAATTAAA
AAGGGCTCATCGGGCTATTGCGCCTGGCCCGCGTGTTACTGCTACGGGCT
TCCAAATTGGGTGAAAGTTTGGGATAGAGCGACGAACAAATGTAAGCTTA
AAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGGTTGCAAACTTAGTTGCTTTATC
AGACCATCGGGATACTGCGGCAGAGAATGCGGAATTAAAAAGGGCTCATC
GGGCTATTGCGCCTGGCCCGCGTGTTACTGCTACGGGCTTCCAAATTGGG
TGAAAGTTTGGGATAGAGCGACGAACAAATGTAAGCTTGATATCGAATTC
ATCGATAAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGGTTGCAAACT
TAGTTGCTTTATCAGACCATCGGGATACTGCGGCAGAGAATGCGGAATTA
AAAAGGGCTCATCGGGCTATTGCGCCTGGCCCGCGTGTTACTGCTACGGG
CTTCCAAATTGGGTGAAAGTTTGGGATAGAGCGACGAACAAATGTAAAGC
TTAAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGGTTGCAAACTTAAGTTGCTTT
ATCAGACCATCGGGATACTGNCGGGCCAGAGAAATGGCGGGAATTTCAAC
AAAGGGGGGCTCCAATAACCAGGGGGACATATTTNCCCCATTGTACCCCC
ACCACAAATTGTATAACACAAAGCAAACACACGGGNCTTTATCCCACAAA
TCGGGGGGGAGAAAAAAACTTTATNGGACAAACAAAACACACACCAAACA
CACAAATTTTAAAACCTCGAACAAACCAAAACN
Figura 48 – Seqüênciamento da TsTx-I
(4)
em tandem no vetor pET 11a.
Seqüênciamento do clone 11. Os sítios de restrição da Hind III estão
sublinhados em verde e o sítio da Bam HI está em vermelho.
146
2 - Construção da proteína quimérica
Nesta etapa, foi construída uma proteína recombinante no pET 11a
utilizando as seqüências da proteína TsNTxP e toxinas TsTx e TsTx-I, como
está ilustrado na figura abaixo.
Figura 49 – Construção da proteína recombinante quimérica no vetor
pBluescript.
2.1 - Clonagem do DNA da TsNTxP (amplificado do pMAL) no vetor
pGEM
O fragmento de DNA da TsNTxP foi amplificado do vetor pMAL já
subclonado com a seqüência de nucleotídeos desta proteína (Figura 50a).
O DNA amplificado foi purificado (Figura 50b) e ligado no vetor pGEM como
descrito na metodologia. As colônias positivas foram submetidas à extração
plasmidial. Os clones obtidos foram cortados com a enzima Xho I e todos
plasmídeos sofreram corte e liberaram uma banda de 189 pb (tamanho
esperado – Figura 50c). Destes clones, quatro foram seqüenciados. Todos os
clones apresentaram o DNA da TsNTxP clonado na janela de leitura correta.
p
BlueScrip
t
Xho Xho
HindIII
Sal1
Sal1
HindIII
TsNTxP
TsTx
TsTx-I
Xho Xho
HindIII
Sal1
Sal1
HindIII
TsNTxP
p
BlueScrip
t
Xho Xho
HindIII
Sal1
Sal1
HindIII
TsNTxP
TsTx
TsTx-I
Xho Xho
HindIII
Sal1
Sal1
HindIII
TsNTxP
Xho Xho
HindIII
Sal1
Sal1
HindIII
TsNTxP
TsTx
TsTx-I
Xho Xho
HindIII
Sal1
Sal1
HindIII
TsNTxP
147
Figura 50 – Amplificação, purificação e clonagem do DNA da TsNTxP em
pGEM. Em A, na canaleta 1 temos o padrão de massa molecular de 100 pb
(Invitrogen); na canaleta 2 controle negativo da reação (todos reagentes,
menos DNA) e na canaleta 3 temos o produto de amplificação do DNA da
TsNTxP. Em B, na canaleta 1, temos padrão de massa molecular de 100 pb
(Invitrogen); nas canaletas 2 e 3 temos o DNA da TsNTxP das 1ª e 2ª eluições
da purificação de DNA. Em C, temos dois clones obtidos da ligação cortados
com a enzima Xho I, na ordem não cortado e cortado. As setas brancas
indicam os fragmentos de DNA obtidos.
50(5) 25(5)
A. B. C.
200 pb
1 2 3
1 2 3
200 pb
200 pb
1 2 3 4
148
2.2 - Subclonagem do DNA da TsNTxP no vetor pBluescript
contendo o DNA da TsTx-I
O clone 50(5) contendo o DNA da TsNTxP (em pGEM) e os clones 14 (2
cópia) e 16 (1 cópia) contendo o DNA da TsTx-I (em pBluescript) foram
cortados com a enzima Xho I (Figura 51a). O inserto do clone 50(5) foi
purificado pela sílica e os clones 14 e 16 foram desfosforilados (Figura 51b). A
ligação e a transformação foram feitas de acordo com metodologia já descrita.
Das colônias obtidas, as positivas foram submetidas à extração plasmidial e os
plasmídeos foram cortados com Xho I, os clones 14(1), 14(2), 14(3), 14(6),
14(17) e 16(4), 16(5), 16(24), 16(29), 16(36) e 16(43) foram cortados e
liberaram uma banda de 189 pb, que é o tamanho esperado para o DNA da
TsNTxP (Figura 51c). Todos os clones foram seqüenciados e verificou-se que o
DNA da TsNTxP foi clonado corretamente.
149
Figura 51 – Clonagem do DNA da TsNTxP nos clones 14 e 16 da TsTx-I (di
e mono). Em A, nas canaletas 1 e 2, clone 14 não cortado e cortado com Xho
I, respectivamente; nas canaletas 3 e 4, clone 16 não cortado e cortado com
Xho I, respectivamente; nas canaletas 5 e 6, clone 50(5) não cortado e cortado
com Xho I, respectivamente. Em B, nas canaletas 1 e 8, padrões de massa
molecular Hind (Gibco) e 100 pb (Invitrogen), nas canaletas 2 e 3 clones 14 e
16 cortados com Xho I e desfosforilados, respectivamente, nas canaletas 4, 5,
6 e 7, DNA da TsNTxP purificado pelo método da sílica, 1ª e 2ª eluições da
purificação de DNA, de duas purificações diferentes, respectivamente. Em C,
primeiro o plasmídeo cortado e depois plasmídeo não cortado pela enzima Xho
I, nas canaletas 1 e 2 temos o clone 14(1) e nas canaletas 3 e 4 temos o clone
16(36). Abaixo estão os nomes dos clones e as setas brancas indicam os
fragmentos de DNA obtidos.
14(1) 16(36)
A. B. C.
Clone
14
Clone
16
Clone
50(5)
14 16
pBluescript +
TsTx-I
DNA TsNTxP
200 pb
200 pb
200 pb
1 2 3 4
1 2 3 4 5 6 7 8
1 2 3 4 5 6
150
2.3 - Clonagem do DNA da TsTx em pGEM
O DNA da TsTx foi amplificado do clone 3E9 da biblioteca (Figura 52a).
Este DNA amplificado foi purificado pelo método da sílica e ligado ao vetor
pGEM (Figura 52b). As colônias positivas tiveram seus plasmídeos extraídos e
cortados com a enzima de restrição Sal I. Todos os clones cortaram e liberam
um fragmento de 192 pb (Figura 52c). Eles foram seqüenciados e a clonagem
correta foi confirmada.
151
Figura 52 – Clonagem do DNA da TsTx no pGEM. Em A, na canaleta 1
temos o padrão de massa molecular de 100 pb (Invitrogen), na canaleta 2
controle negativo da reação (todos reagentes, menos DNA) e na canaleta 3
temos o produto da amplificação do DNA da TsTx. Em B, na canaleta 1, 2 e 3
temos o DNA da TsTx das 1ª, 2ª e 3ª eluições da purificação de DNA,
respectivamente. Em C, dois clones positivos da ligação da TsTx no pGEM
cortados com Sal I. As setas brancas indicam os fragmentos de DNA obtidos.
200 pb
1 2 3 4
2 3
A. B. C.
200 pb
1 2 3
200 pb
1 2 3 4
152
2.4 - Subclonagem do DNA da TsTx no vetor pBluescript contendo o
DNA da TsTx-I+TsNTxP
Os clones 14(1), pBluescript+TsTx-I
(2)
+TsNTxP e o clone 16(36),
pBluescript+TsTx-I
(1)
+TsNTxP, foram cortados com a enzima Sal I e tiveram
suas pontas desfosforiladas (Figura 53a). O clone 3 da TsTx em pGEM foi
cortado com Sal I e o fragmento liberado foi purificado (Figura 53b) e ligado aos
vetores já cortados. Os plasmídeos foram obtidos por lise alcalina das colônias
positivas.
Um PCR usando os primers do vetor (M13-40 e M13 anti-senso) foi feito
após a ligação e um clone da construção com o clone 16(36) e dois clones da
construção com o clone 14(1) apresentaram banda maior do que os
respectivos clones antes da clonagem (Figura 54). Então os 3 clones positivos
foram seqüenciados. O clone 3+36 C7 continha a seqüência de nucleotídeos
da TsNTxP, TsTx e TsTx-I inseridas no vetor pBluescript nos sítios certos e em
janela de leitura correta. O clone 3+1 G2 e E8 continham a seqüência de
nucleotídeos da TsNTxP, TsTx e duas TsTx-I inseridas no vetor pBluescript nos
sítios certos e em janela de leitura correta (Figura 55).
153
Figura 53 – Clonagem do DNA da TsTx no vetor pBluescript contendo o
DNA da TsTx-I +TsNTxP. Em A, o clone 16(36) não cortado, cortado com Hind
III, cortado com Xho I e cortado com Sal I, respectivamente; o clone 14(1) não
cortado, cortado com Hind III, cortado com Xho I e cortado com Sal I,
respectivamente; o clone 3 não cortado e cortado com Sal I, respectivamente.
Em B, na canaleta 1 temos o DNA da TsTx liberado do pGEM pelo corte com
Sal e purificado; na canaleta 2 temos 100 ng do padrão íntegro (Gibco); na
canaleta 3 temos o clone 16(36) cortado e desfosforilado e na canaleta 4 temos
o clone 14(1) cortado e desfosforilado. As setas brancas indicam os fragmentos
de DNA obtidos.
Clone
16(36)
Clone
14(1)
Clone 3
1 2 3 4
A. B.
200 pb
200 pb
3 Kb
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
154
Figura 54 – Verificação da clonagem do DNA da TsTx no pBluescript
contendo o DNA da TsTx-I+TsNTxP. Em A, estão mostrados o controle
positivo (C+), o controle negativo (C-), o produto de amplificação do clone
16(36) e os produtos de amplificação dos clones obtidos na ligação. Em B,
estão mostrados o controle positivo (C+), o controle negativo (C-), o produto de
amplificação do clone 14(1) e os produtos de amplificação dos clones obtidos
na ligação. Em ambos os casos, o controle positivo é o produto da amplificação
do pBluescript com os primers M13 reverso e forward e o controle negativo é a
reação de PCR feita sem DNA.
A.
C+ C- 36 B1 B2 B3 B4 B5 C4 C5 C6 C7 C8
B.
C+ 1 E5 E6 E7 E8 E9 C- G2 G3 G4 G1
A.
C+ C- 36 B1 B2 B3 B4 B5 C4 C5 C6 C7 C8
A.
C+ C- 36 B1 B2 B3 B4 B5 C4 C5 C6 C7 C8C+ C- 36 B1 B2 B3 B4 B5 C4 C5 C6 C7 C8
B.
C+ 1 E5 E6 E7 E8 E9 C- G2 G3 G4 G1
B.
C+ 1 E5 E6 E7 E8 E9 C- G2 G3 G4 G1
400 pb
600 pb
600 pb
800 pb
250 pb
250 pb
155
A.
>A11 well A11 EKThais2701_23032007 Run01 Cimarron 3.12 778
AANTCCCAGCATACCTCACTAAAGGGAACAAAAGCTGGGTACGGGCCCCC
CCTCGAGGGTAGAGAAGGTTATCCAGCGGATTCCAAGGGTTGCAAAATTA
CTTGTTTTCTTACAGCTGCAGGATACTGCAATACAGAATGCACACTCAAA
AAGGGATCATCGGGTTATTGCGCCTGGCCGGCGTGTTACTGCTACGGGCT
TCCAGATTCAGTGAAAATTTGGACTAGTGAAACGAATAAATGTGGCCTCG
AGGTCGACAAGAAAGACGGATACCCGGTGGAATACGATAACTGCGCCTAC
ATTTGCTGGAACTACGACAACGCTTACTGCGATAAGCTGTGCAAAGACAA
GAAAGCCGATAGCGGATATTGTTACTGGGTTCACATCCTGTGCTACTGCT
ACGGGCTTCCCGATAGCGAACCGACCAAGACCAACGGAAAATGCAAATCC
GTCGACGGTATCGATAAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGG
TTGCAAACTTAGTTGCTTTATCAGACCATCGGGATACTGCGGCAGAGAAT
GCGGAATTAAAAAGGGCTCATCGGGCTATTGCGCCTGGCCCGCGTGTTAC
TGCTACGGGCTTCCAAATTGGGTGAAAGTTTGGGATAGAGCGACGAACAA
ATGTAAGCTTGATATCGAATTCCTGCAGCCCGGGGGATCCACTAGTTCTA
GAGCGGCCGCCACCGCGGTGGAGCTCCAATTCGCCCTATAGTGAGTCGTA
TTACGCGCGCTCACTGGCCGTCGTTTTACAACGTCGTGACTGGG
B.
>B11 well B11 EKThais2701_23032007 Run01 Cimarron 3.12 866
CAGCGCATACCTCACTAACNGGAACAATAGCTGGGTACGGGCCCCCCCTC
GAGGGTAGAGAAGGTTATCCAGCGGATTCCAAGGGTTGCAAAATTACTTG
TTTTCTTACAGCTGCAGGATACTGCAATACAGAATGCACACTCAAAAAGG
GATCATCGGGTTATTGCGCCTGGCCGGCGTGTTACTGCTACGGGCTTCCA
GATTCAGTGAAAATTTGGACTAGTGAAACGAATAAATGTGGCCTCGAGGT
CGACAAGAAAGACGGATACCCGGTGGAATACGATAACTGCGCCTACATTT
GCTGGAACTACGACAACGCTTACTGCGATAAGCTGTGCAAAGACAAGAAA
GCCGATAGCGGATATTGTTACTGGGTTCACATCCTGTGCTACTGCTACGG
GCTTCCCGATAGCGAACCGACCAAGACCAACGGAAAATGCAAATCCGTCG
ACGGTATCGATAAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGGTTGC
AAACTTAGTTGCTTTATCAGACCATCGGGATACTGCGGCAGAGAATGCGG
AATTAAAAAGGGCTCATCGGGCTATTGCGCCTGGCCCGCGTGTTACTGCT
ACGGGCTTCCAAATTGGGTGAAAGTTTGGGATAGAGCGACGAACAAATGT
AAGCTTAAAGAAGGTTATCTCAGTGATCACGAAGGTTGCAAACTTAGTTG
CTTTATCAGACCATCGGGATACTGCGGCAGAGAATGCGGAATTAAAAAGG
GCTCATCGGGCTATTGCGCCTGGGCCCGCGTGTTACTGCTACGGGCTTCC
AAATTGGGTGAAAGTTTGGGGATAGAGCGACGAAACAAATGTAAGCTTGA
TATCGAATTTCCTGCGCCNGGGGATTCCCCTTGTTCTAGAAGCGGGCGCC
ACCGCCGGTGAGCCTCCATTTCGGCCTTTTTGGTCGNTTACGCGCCCACG
GGCGCGTTTCACGTCTGCACTGGGAAACC
Figura 55 – Seqüenciamento das construções quiméricas. Em A, o clone
3+36 C7 e em B, o clone 3+1 G2. Os sítios das enzimas de restrição estão
sublinhados: amarelo para Xho I, azul para Sal I e verde para Hind III. As
seqüências das toxinas estão em letras coloridas: amarelo para TsNTxP, azul
para TsTx e verde para TsTx-I.
156
 – Expressão e Caracterização das proteínas recombinantes
Duas construções foram escolhidas para a expressão: a construção com
1 (mono: representada por TsTx-I
(1)
) e 2 cópias (di: representada por TsTx-I
(2)
)
da TsTx-I.
1 – Expressão piloto da TsTx-I
(2)
Utilizou-se os clones 43 A4, C7 e C12 que foram transformados em 2
linhagens de bactérias E. coli BL21 (DE3) e Origami. Os tempos de expressão
de 0 h (antes da indução), 2, 4, 6 e 24 h (após indução) foram coletados. Na
Figura 56 pode-se notar que os três clones expressaram uma proteína de 17
kDa correspondente ao peso da proteína recombinante na bactéria BL21, mas
apenas 2 expressaram na Origami. Também pode-se notar que a BL21
expressou mais proteína em um mesmo período de tempo. Para todos os
clones, observou-se que há um pequeno aumento da expressão do tempo de
2h para o tempo de 4h, o mesmo ocorrendo no tempo de 6h para 24h. Não há
diferença detectável de expressão dos clones entre os tempos de 4h e 6h
(Figura 57). O clone 43 A4 e a bactéria BL21 foram escolhidos para dar
continuidade aos experimentos. O tempo de expressão escolhido foi o de 4h.
157
Figura 56 – Expressão piloto da proteína recombinante TsTx-I
(2)
. Gel de
SDS-PAGE 18% corado com azul de coomassie. Alíquotas de 1 mL eram
retiradas da cultura de expressão, centrifugadas e o pellet de bactérias era
ressuspendido em 100 l de tampão de amostra com redução; destes 10 l
eram aplicados no gel. Nas canaletas 1, 2 e 3 estão os extratos bacterianos da
expressão de 4 horas dos clones C12, C7 e A4 em BL21 (DE3),
respectivamente; na canaleta 4 temos o extrato antes da indução do clone A4
expresso na BL21. Na canaleta 5 temos o extrato antes da indução do clone A4
expresso na Origami; e nas canaletas 6, 7 e 8 estão os extratos bacterianos da
expressão de 4 horas dos clones A4, C7 e C12 na Origami, respectivamente. O
padrão de peso usado foi SeeBlue Plus2 pre-stained standard (Invitrogen).
16 kDa
1 2 3 4 pd 5 6 7 8
16 kDa16 kDa
1 2 3 4 pd 5 6 7 8
158
Figura 57 - Curva de expressão dos clones da proteína recombinante
TsTx-I
(2)
em BL21 (DE3). Gel de SDS-PAGE 15% corado com azul de
coomassie. Alíquotas de 1 mL eram retiradas da cultura de expressão,
centrifugadas e o pellet de bactérias era ressuspendido em 100 l de tampão
de amostra com redução; destes 10 l eram aplicados no gel. Em A, temos nas
canaletas 1, 2, 3, 4 e 5 os tempos de expressão 0, 2, 4, 6 e 24 horas do clone
A4, respectivamente; nas canaletas 6, 7, 8 e 9, os tempos de expressão 0, 2, 4
e 6 horas do clone C7, respectivamente. Em B, temos na canaleta 1 o tempo
de 24 horas de expressão do clone C7; nas canaletas 2, 3, 4, 5 e 6 temos os
tempos de expressão 0, 2, 4, 6 e 24 horas do clone C12, respectivamente. O
padrão utilizado foi SeeBlue Plus2 pre-stained standard (Invitrogen).
1 2 3 4 5 pd 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 pd
16 kDa
16 kDa
A.
B.
1 2 3 4 5 pd 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 pd
16 kDa16 kDa
16 kDa16 kDa
A.
B.
159
2 – Expressão em larga escala da TsTx-I
(2)
Foi feita uma expressão em larga escala com um litro de cultura. Usou-
se o clone 43 A4 já transformado anteriormente. Mas não houve expressão
como podemos ver na Figura 58.
Figura 58 - Expressão em larga escala da proteína recombinante TsTx-I
(2)
.
Gel de SDS-PAGE 15% corado com azul de coomassie. Alíquotas de 1 mL
eram retiradas da cultura de expressão, centrifugadas e o pellet de bactérias
era ressuspendido em 100 l de tampão de amostra com redução; destes 10 l
eram aplicados no gel. Na canaleta 1 temos o padrão de peso Protein
Molecular Weight Marker (Jena Bioscience); na canaleta 2 e 3 temos os
tempos de 0 e 4 horas da expressão do clone A4.
14 kDa
1 2 3
14 kDa14 kDa
1 2 3
160
3 – Teste de expressão TsTx-I
(2)
Para se verificar qual era o problema com a expressão, primeiramente o
ensaio da expressão em larga escala foi repetido com bactérias recém
transformadas. Não se obteve sucesso. Na segunda tentativa, 15 colônias
recém transformadas foram coletadas e expressas individualmente cada uma.
Como pode-se observar na Figura 59 algumas colônias não estavam
expressando. Então, uma colônia mesmo tendo o plasmídeo de expressão
recombinante, pode não expressar a proteína recombinante. Sendo assim toda
vez que um experimento era iniciado, havia a necessidade de se verificar
anteriormente qual colônia estava expressando.
Figura 59 – Triagem das colônias recombinantes da TsTx-I
(2)
que estavam
expressando. Gel de SDS-PAGE 15% corado com azul de coomassie.
Alíquotas de 1 mL eram retiradas da cultura de expressão, centrifugadas e o
pellet de bactérias era ressuspendido em 100 l de tampão de amostra com
redução; destes 10 l eram aplicados no gel. Na canaleta 1 temos o tempo de
expressão 0 horas do clone A4 e nas demais canaletas temos os tempos de 4
horas de expressão de várias colônias do clone A4. O padrão de peso utilizado
foi Protein Molecular Weight Marker (Jena Bioscience).
14 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 7 8
14 kDa14 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 7 8
161
4 – Expressão em Larga Escala e Lise Bacteriana TsTx-I
(2)
Duas metodologias foram testadas para verificar qual produzia mais
proteína recombinante. A primeira consistiu em expressar 10 colônias
individuais em 10 mL de meio e analisar a expressão em gel de poliacrilamida
para ver qual estava expressando; e usar o pré-inoculo desta colônia para
inocular uma nova alíquota de meio de cultura, que foi o pré-inoculo da
expressão em larga escala (1 L ou mais). A outra consistiu em expressar 50
colônias individuais em 10 mL e após análise, as colônias produtoras da
proteína recombinante foram lisadas em conjunto (Figura 60).
Depois de 4h de indução, as culturas foram centrifugadas e os pelletes
ressuspendidos em tampão de lise. Após a lise, uma alíquota de cada uma das
amostras foi corrida em gel de poliacrilamida SDS-PAGE.
Pode-se observar nas Figuras 61 e 62 que a banda de expressão obtida
com a primeira metodologia é muito mais fraca do que a banda usando a
segunda. Em termos de peso seco de células existe pouca diferença (1
a
– 3,7
g/L de células e 2
a
– 3,36 g/L de células).
A banda correspondente à proteína recombinante ficou retida no pellet
indicando que ela foi expressa de maneira insolúvel em corpúsculos de
inclusão. O volume do pellet da TsTx-I
(2)
dissolvido em tampão de lise (1
a
– 2
mL e 2
a
– 1 mL) e a quantidade de proteínas contida neles (Figuras 58 e 59 )
foram muito similares para as duas metodologias usadas para a expressão.
Verificou-se também o aparecimento de uma banda de 14 kDa tanto no
sobrenadante quanto no pellet, que pode ser um fragmento da proteína
recombinante ou de uma outra proteína. Essa banda difere da recombinante
que esta ligeiramente acima.
162
Figura 60 – As duas metodologias utilizadas para expressão em larga
escala da TsTx-I
(2)
. Em A, a primeira metodologia usada, o pré-inóculo de uma
das colônias positivas era utilizado para a expressão de 1 litro. Em B, a
segunda metodologia, onde todas as colônias positivas eram lisadas em
conjunto.
Expressão de 10 colônias
Pré-inóculo
Expressão
Gel de poliacrilamida
Colônias positivas
Expressão em larga escala de 1 colônia +
Pré-inóculo
Expressão de 1litro
Gel de poliacrilamida
Lise bacteriana
Expressão de 50 colônias
Pré-inóculo
Expressão
Gel de poliacrilamida
Colônias positivas
Lise bacteriana
A. B.
Expressão de 10 colônias
Pré-inóculo
Expressão
Gel de poliacrilamida
Colônias positivas
Expressão em larga escala de 1 colônia +
Pré-inóculo
Expressão de 1litro
Gel de poliacrilamida
Lise bacteriana
Expressão de 50 colônias
Pré-inóculo
Expressão
Gel de poliacrilamida
Colônias positivas
Lise bacteriana
A. B.
163
Figura 61 – Lise bacteriana após expressão em larga escala da TsTx-I
(2)
utilizando a primeira metodologia. Gel de SDS-PAGE 15% corado com azul
de coomassie. Em A, temos na canaleta 1 e 2 os tempos de expressão de 0 e
4 horas (10 l). Em B, temos nas canaletas 1, 2, 3, 4, 5, e 6 os seis
sobrenadantes (10 l) e nas canaletas 7 e 8 os pellets (10 l), todos obtidos da
lise. O padrão utilizado foi Protein Molecular Weight Marker (Jena Bioscience).
O círculo vermelho indica a proteína recombinante e o retângulo amarelo indica
a proteína de 14 kDa.
pd 1 2 3 4 5 6 7 8
14 kDa
pd 1 2
14 kDa
A. B.
pd 1 2 3 4 5 6 7 8
14 kDa
pd 1 2
14 kDa
A. B.
pd 1 2 3 4 5 6 7 8
14 kDa14 kDa
pd 1 2
14 kDa14 kDa
A. B.
164
Figura 62 - Lise bacteriana após expressão em larga escala da TsTx-I
(2)
utilizando a segunda metodologia. Gel de SDS-PAGE 15% corado com azul
de coomassie. Em A, temos na canaleta 1 e 2 os tempos de expressão de 0 e
4 horas (10 l). Em B, temos nas canaletas 1, 2, 3 e 4 os quatro sobrenadantes
(10 l) e na canaleta 5 o pellets (10 l), todos obtidos da lise bacteriana. O
padrão utilizado foi Protein Molecular Weight Marker (Jena Bioscience). O
círculo vermelho indica a proteína recombinante e o retângulo amarelo indica a
proteína de 14 kDa.
A.
B.
pd 1 2
14 kDa
14 kDa
pd 1 2 3 4 5
A.
B.
pd 1 2
14 kDa
14 kDa
pd 1 2 3 4 5
A.
B.
pd 1 2
14 kDa14 kDa
14 kDa14 kDa
pd 1 2 3 4 5
165
5 – Western blotting da TsTx-I
(2)
A proteína TsTx-I
(2)
recombinante foi caracterizada por ensaio
imunológico utilizando a técnica de Western blotting.
Em dois géis de 15% foram aplicadas as seguintes amostras: padrão de
massa molecular, extrato bacteriano no tempo 0h e 4h, sobrenadante e pellet
da lise (Figura 63). Um gel foi corado com coomassie blue e descorado e o
outro foi transferido durante 1h para uma membrana de nitrocelulose. Esta foi
incubada primeiro com anticorpos anti-veneno total de T. serrulatus e depois
com o respectivo anticorpo secundário (conjugado).
Observou-se que o anticorpo anti-veneno reconhece bem a proteína
recombinante, tanto no tempo de 4h de expressão, quanto no pellet da lise.
Mas não houve resolução suficiente para determinar se a proteína de 14 kDa
(proteína que surge no extrato bacteriano após lise) contida no pellet também
está sendo reconhecida. No sobrenadante, existe muito pouco reconhecimento
do anticorpo frente à proteína de 14 kDa.
166
Figura 63 – Western blotting da TsTx-I
(2)
. Em A, gel de poliacrilamida a 18%
corado com azul de coomassie e em B, Westing blotting em membrana de
nitrocelulose, foi utilizado soro de coelho anti-veneno de Tityus serrulatus na
diluição de 1:100. Nas canaletas 1, 2, 3 e 4 temos o tempo de expressão de 0
horas, o sobrenadante e o pellet da lise bacteriana e o tempo de expressão de
4 horas, respectivamente. O padrão utilizado foi Kaleidoscope Prestained
Standard (Bio-Rad). Foram aplicados 10 l dos extratos de expressão e 20 g
do sobrenadante e do pellet da lise bacteriana.
A.
B.
17,5 kDa
17,5 kDa
pd 1 2 3 4 pd 1 2 3 4
A.
B.
17,5 kDa17,5 kDa
17,5 kDa17,5 kDa
pd 1 2 3 4 pd 1 2 3 4
167
6 – Tentativa para produzir a proteína recombinante TsTx-I
(2)
solúvel
Algumas condições da expressão foram mudadas para verificar se era
possível conseguir produzir a proteína recombinante solúvel. As variações
foram a utilização de temperaturas mais baixas que 37C (25 e 30C) para
expressão, diminuição na concentração de IPTG (0,1 mM, 0,05 mM), utilização
de um meio mais rico (2% de bactotriptona, 1,5% de extrato de levedura, 0,2%
de Na
2
HPO
4
, 0,1% de KH
2
PO
4
, 0,8% NaCl). Nos três casos, não foi obtido
sucesso em produzir a proteína solúvel.
Desta forma, uma expressão com as bactérias BL21 em fermentador foi
feita para analisar a interferência do oxigênio dissolvido na solubilização da
proteína recombinante. Mesmo com uma quantidade de oxigênio adequada e
controlada, as bactérias produziram praticamente toda a proteína de interesse
de forma insolúvel. Nos sobrenadantes uma banda muito fraca do tamanho da
proteína recombinante foi identificada, mas em quantidade inadequada para
ser purificada (Figura 64).
168
Figura 64 – Expressão da TsTx-I
(2)
em fermentador. Gel de SDS-PAGE
15% corado com azul de coomassie. Em A, a expressão piloto para verificar
as colônias que estavam expressando, os números indicam as colônias.
Foram usadas alíquotas de 10 l do tempo de expressão de 4 horas. Em
B, temos nas canaletas 1, 2 e 3, 10 l dos tempos de 0, 2 e 4 horas de
expressão no fermentador do clone A4. Em C e D temos a lise
bacteriana, os números de 1 a 10 indicam os dez sobrenadantes obtidos
e P indica o pellet obtido. Foram aplicadas no gel alíquotas de 10 l. O
padrão utilizado foi
Kaleidoscope Prestained Standard (Bio-Rad).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A.
B.
17,5 kDa
1 2 3 pd
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A.
B.
17,5 kDa17,5 kDa
1 2 3 pd
pd 1 2 3 4 5 6
C.
D.
17,5 kDa
17,5 kDa
7 8 9 10 P pdpd 1 2 3 4 5 6
C.
D.
17,5 kDa17,5 kDa
17,5 kDa17,5 kDa
7 8 9 10 P pd
169
7 – Expressão da BL21 e BL21/pET
Para verificarmos a origem da proteína de 14 kDa, a BL21 sem
plasmídeo e com plasmídeo (pET sem inserto) foram expressas e o extrato das
culturas foram lisados. A banda de 14 kDa não foi expressa nem na BL21 nem
na BL21/pET, mas após sonicação ela apareceu em ambos (Figura 65). Visto
que a proteína de 14 kDa não estava presente no extrato de bactérias
expressos, ela não deve ser uma proteína expressa. Ela apareceu após a lise,
sendo assim algum procedimento durante este processo deve ser o
responsável por sua origem e como ela estava presente tanto na lise das
bactérias sem plasmídeo como na lise das bactérias com o pET sem inserto,
possivelmente ela é um fragmento de alguma proteína da bactéria. É
necessário saber porque está acontecendo quebra de proteínas durante a lise.
Duas possibilidades podem estar envolvidas: quebra por ação de proteases e
quebra por ação mecânica do sonicador.
Figura 65 – Expressão de proteínas nas bactérias BL21 e BL21/pET. Gel de
SDS-PAGE 15% corado com azul de coomassie. Nas canaletas 1, 2, 3 e 4
temos os tempos de expressão de 0 e 4 horas e o sobrenadante e o pellet da
lise da expressão da BL21, respectivamente. Nas canaletas 5, 6, 7 e 8 temos
os tempos de expressão de 0 e 4 horas e o sobrenadante e o pellet da lise da
expressão da BL21/pET, respectivamente. Foram aplicadas no gel alíquotas
de 10 l.
O padrão utilizado foi Kaleidoscope Prestained Standard (Bio-Rad).
1 2 3 4 pd 5 6 7 8
17,5 kDa
1 2 3 4 pd 5 6 7 8
17,5 kDa17,5 kDa
170
8 – Tentativa de reduzir a formação da proteína de 14 kDa
Nestes ensaios foram usados os extratos da expressão do pET sem
inserto na BL21 (DE3).
Para verificar se o aparecimento da proteína de 14 kDa é causado por
proteases duas técnicas foram testadas. A primeira foi utilizar um inibidor de
protease (PMSF) em todas as etapas da lise (Figura 63a). A outra técnica foi a
utilização de temperatura (80C por 1h) para desnaturar qualquer enzima
(Figura 63b). Foi verificado também se o tratamento com lisozima tem alguma
ação (Figura 66b). Após o tratamento com inibidor de protease e com a
temperatura e lisozima, o extrato bacteriano foi sonicado e então a banda de 14
Kda podia ser observada no gel de poliacrilamida.
Sendo assim, parece que o tratamento mecânico foi o responsável pela
quebra da proteína. A lise das bactérias com homogeneizador de tecidos e
poter, também foi avaliada, mas eles também causavam o aparecimento da
proteína de 14 kDa (Figura 66c e d).
A possibilidade de estar acontecendo um processo oxidativo que levasse
ao aparecimento de proteína de 14 kDa foi cogitada. Várias concentrações de
DTT foram testadas sem sucesso (Figura 66e e f).
171
1 2 3 4 5 6 7 pd
14 kDa
A.
B.
14 kDa
14 kDa
1 2 3 4 5 6 7 8 pd
14 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 pd 1 2 3 4 5
C. D.
1 2 3 4 5 6 7 pd
14 kDa14 kDa
A.
B.
14 kDa14 kDa
14 kDa14 kDa
1 2 3 4 5 6 7 8 pd
14 kDa14 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 pd 1 2 3 4 5
C. D.
1 2 3 4 pd
14 kDa
E.
F.
1 2 3 4 5
1 2 3 4 pd
14 kDa14 kDa
E.
F.
1 2 3 4 5
172
Figura 66 – Processos para tentar evitar o surgimento da proteína de 14
kDa. Gel de SDS-PAGE 15% corado com azul de coomassie. Em A, nas
canaletas 1 a 4 temos os quatro sobrenadantes da lise feita com PMSF e nas
canaletas 5 a 7 temos os pellets obtidos da lise. Em B, nas canaletas 1 e 2
temos o pellet e sobrenadante após 1h a 80C; na canaleta 3 temos o pellet
após tratamento com lisozima e nas canaletas 4 a 6 temos os sobrenadantes e
o pellet da lise; nas canaletas 7 e 8 temos sobrenadante e pellet após 16h a
25C. Em C, lise com homogeneizador de tecidos, nas canaletas 1
a 5 os
sobrenadantes e na 6 o pellet da lise. Em D, temos a lise com poter, nas
canaletas 1 a 4 temos os sobrenadantes e na 5 o pellet da lise. Em E, temos a
lise com 0,5 mM de DTT, nas canaletas 1 a 3 temos os sobrenadantes e na 4
temos o pellet. Em F, temos a lise com várias concentrações de DTT, nas
canaletas 1 a 5 temos, pellet sem DTT, com 0,5 mM, com 1 mM, com 2 mM e 4
mM de DTT, respectivamente. Nos géis A a C o padrão utilizado foi o Protein
Molecular Weight Marker (Jena Bioscience) e nos géis de D a F o padrão
utilizado foi Low Range (Promega).
173
9 – Teste de dissolução da proteína recombinante TsTx-I
(2)
Uma alíquota de pellet insolúvel foi tratada com os seguintes reagentes:
6 M de Tiocianato de Guanidina, 6 M de Uréia, SDS 10%, Triton X-100 25%,
Tween-20 25%, 4 N NaOH, 3 M de Acetato de Sódio pH 5,2 e 1 M de Tris ácido
pH 4,0. Os detergentes Triton X-100 e o Tween 20 falharam em dissolver a
proteína insolúvel. Já o SDS dissolveu grande parte dela. O desnaturante
Tiocianato de Guanidina não foi muito bom para solubilizar a proteína, uma vez
que a maioria das proteínas contaminantes foram dissolvidas, mas a proteína
de interesse ficou retida no pellet. A Uréia também dissolveu grande parte das
proteínas insolúveis, inclusive a proteína recombinante. As proteínas tratadas
com NaOH, não correram bem no gel de poliacrilamida SDS-PAGE, dificultado
a análise e a avaliação do seu efeito. O Tris ácido basicamente só dissolveu a
proteína de 14 kDa e o acetato dissolveu um pouco a proteína de interesse
juntamente coma proteína de 14 kDa (Figura 67).
A concentração mínima de SDS que podíamos usar para dissolver uma
quantidade de proteína adequada foi testada. As concentrações de 5%, 1%,
0,5%, 0,1%, 0,05% e 10% como controle foram utilizadas. Na Figura 65, pode-
se observar que as concentrações de 0,05% e 0,1% não conseguiram diluir a
proteína recombinante, mas todas as outras concentrações conseguiram e de
forma bastante eficiente. O efeito da temperatura na dissolução do SDS
também foi avaliado. O aumento da temperatura solubilizou mais proteínas
contaminantes que ficam juntamente com a proteína TsTx-I
(2)
no sobrenadante,
portanto este procedimento não foi utilizado (Figura 68).
A proteína solubilizada em SDS 0,5% foi dialisada contra tampão fosfato
0,05 M com 0,15 M de NaCl. A diálise durou 3 dias e foram feitas três trocas,
ao final havia um precipitado. Um gel de poliacrilamida foi corrido com o
sobrenadante e com o precipitado, e verificamos que a TsTx-I
(2)
estava no
precipitado. Duas possibilidades podem ter acontecido: como a diálise é feita a
4C, o SDS precipitou levando consigo a proteína de interesse ou a proteína
precipitou porque voltou a ficar em uma conformação inadequada e ficou
insolúvel. Foi feita uma diálise à temperatura ambiente e outros tampões foram
testados, mas o mesmo ocorria.
Então, a dissolução da proteína em uréia 6 M foi feita e uma diálise com
174
trocas sucessivas; onde a cada troca a concentração de uréia no tampão foi
sendo reduzida, até não ter mais uréia no tampão, foi testada. Mas com a
redução da concentração de uréia, formou-se um precipitado na membrana de
diálise, que foi confirmado ser a proteína TsTx-I
(2)
.
Todas estas tentativas de dissolver a proteína solúvel e retirar o
desnaturante, foram feitas na tentativa de se obter a TsTx-I
(2)
solúvel, mas sem
substâncias que poderiam interferir na purificação e/ou utilização da proteína.
Mas isso não foi possível, sendo assim tentamos outras alternativas para se
purificar a proteína.
175
Figura 67 – Solubilização das proteínas insolúveis do pellet da lise da
expressão da TsTx-I
(2)
. Gel de SDS-PAGE 18% corado com azul de
coomassie. Em A, nas canaletas 1 e 2 sobrenadante (S) e pellet (P) do
tratamento com SDS 10%; nas canaletas 3 e 4, S e P do tratamento com
Triton-X 100; nas canaletas 5 e 6, S e P do tratamento com Tween 20,
respectivamente. Em B, nas canaletas 1 e 2 temos o sobrenadante e o pellet
do tratamento com tiocianato de guanidina. Em C, nas canaletas 1 e 2 temos
sobrenadante e pellet do tratamento com uréia. Em D, nas canaletas 1 e 2
temos S e P do tratamento com NaOH; na canaleta 3 temos o pellet da TsTx-
I
(2)
sem tratamento; nas canaletas 4 e 5 temos S e P do tratamento com
acetato de sódio e nas canaletas 6 e 7 temos S e P do tratamento com Tris
ácido. Nos dois primeiros géis, o padrão utilizado foi Protein Molecular Weight
Marker (Jena Bioscience) e nos dois últimos o padrão Kaleidoscope Prestained
Standard (Bio-Rad).
pd 1 2 3 4 5 6 7
14 kDa
A.
B.
C.
14 kDa
D.
1 2 pd 3 4 5 6 7
pd 1 2 pd 1 2
17,5 kDa
17,5 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 7
14 kDa14 kDa
A.
B.
C.
14 kDa14 kDa
D.
1 2 pd 3 4 5 6 7
pd 1 2 pd 1 2
17,5 kDa17,5 kDa
17,5 kDa17,5 kDa
176
Figura 68 - Solubilização com SDS das proteínas insolúveis do pellet da
lise da expressão da TsTx-I
(2)
. Gel de SDS-PAGE 15% corado com azul de
coomassie. Nas canaletas 1 a 6, temos os sobrenadantes (Em A) e os pellets
(Em B) do tratamento com 0,05%, 0,1%, 0,5%, 1%, 5% e 10% de SDS,
respectivamente. O padrão utilizado foi o Protein Molecular Weight Marker
(Jena Bioscience). Em C, temos nas canaletas 1 a 4 sobrenadante e pellet do
tratamento com 0,5% de SDS a 25C e sobrenadante e pellet com o mesmo
tratamento, mas a 65C, respectivamente; nas canaletas 5 a 8 sobrenadante e
pellet do tratamento com 0,25% de SDS a 25C e sobrenadante e pellet com o
mesmo tratamento, mas a 65C, respectivamente.
18 kDa
A.
B.
C.
18 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 pd 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7 8
18 kDa18 kDa
A.
B.
C.
18 kDa18 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 pd 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7 8
177
10 – ELISA da TsTx-I
(2)
A proteína recombinante TsTx-I
(2)
foi caracterizada por ELISA com
anticorpos anti-veneno total de Tityus serrulatus. Na figura abaixo, pode-se
notar que o soro imune reage moderadamente com as três fontes de antígenos
utilizados. O sobrenadante da lise contém pouca proteína de interesse, por isso
sua reação foi mais fraca. De toda forma a diferença de reatividade entre a
proteína recombinante e as proteínas da bactéria sem e com inserto foram
significantes adotando o nível de significância de 0,01.
Reatividade da TsTx-I (2) recombinante frente ao
soro anti-veneno de Tityus serrulatus
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
extrato sobrenadante pellet
Absorbância a 492 nm
Figura 69 – Reatividade da TsTx-I
(2)
frente ao soro anti-veneno de Tityus
serrulatus. O soro de coelho anti-veneno de T. serrulatus foi utilizado na
diluição 1:100. Os extratos, sobrenadantes e pellets da expressão da BL 21, da
BL21/pET e da TsTx-I
(2)
foram usados para sensibilizar a placa de ELISA (5
g/mL). Os valores da reação inespecífica foi deduzido dos valores
apresentados pelos extratos da proteína recombinante.
178
11 – Ensaio de Toxicidade da TsTx-I
(2)
Como a TsTx-I
(2)
foi obtida praticamente purificada com tratamento com
Tiocianato de Guanidina, foi decidido usar o pellet insolúvel após este
tratamento para imunizar os animais.
Sendo assim, a toxicidade da proteína recombinante foi testada, para
verificar a quantidade a ser usada para as imunizações. Na tabela abaixo,
pode-se ver que quantidades muito maiores da proteína recombinante do que a
DL
50
da TsTx-I ( 7,5 g/20g) e do veneno de T. serrulatus, ( 12 g/20g) não
causaram nenhum morte ou sintoma de envenenamento.
Tabela 5 – Ensaio de Toxicidade da TsTx-I
(2)
Grupos Mortes Sintomas
A – 2 DL
50
do veneno do
Tityus serrulatus (24 g)
4/4 Sudorese, lacrimejação, salivação,
prostação.
B – extrato de bactéria da
expressão do pET sem
inserto (300 g)
0/4 Sem sintomas.
Após alguns dias desenvolveram
reação inflamatória no local da
inoculação
C – sobrenadante da lise da
expressão da TsTx-I
(2)
(300 g)
0/4 Sem sintomas
Após alguns dias desenvolveram
reação inflamatória no local da
inoculação
D - pellet da lise da
expressão da TsTx-I
(2)
(150 g)
0/4 Sem sintomas
Após alguns dias desenvolveram
reação inflamatória no local da
inoculação
E – pellet da TsTx-I
(2)
tratado
com tiocianato de guanidina
(150 g)
0/4 Sem sintomas
179
12- Expressão piloto da TsTx-I
(1)
Devido à instabilidade da expressão observada nos clones contendo o
vetor de expressão, foi necessário fazer um piloto para verificar qual colônia
expressava a proteína recombinante. Utilizou-se o clone 31 E4 e toda vez que
a proteína recombinante foi expressa, ele era transformado um dia antes em
bactéria E. coli BL21 (DE3). A expressão dessa proteína foi mais difícil, visto
que poucas colônias expressavam (Figura 70) e na maioria das vezes que a
expressão em larga escala foi feita como na primeira metodologia utilizada para
a TsTx-I
(2)
, a expressão não funcionava. Por isso neste caso a curva de
expressão não foi feita e o tempo de 4h que foi utilizado para a proteína
recombinante TsTx-I
(2)
, foi escolhido.
Figura 70 – Triagem de colônias que expressam a proteína recombinante
TsTx-I
(1)
. Gel de SDS-PAGE 18% corado com azul de coomassie. Alíquotas de
1 mL foram retiradas das culturas de expressão e centrifugadas, os pellets
bacterianos eram ressuspendidos em 100 l de tampão de amostra com
redução, destes 10 l eram aplicados no gel. Os números indicam as colônias
utilizadas para a expressão piloto. O padrão utilizado foi o Protein Molecular
Weight Marker (Jena Bioscience). Os quadrados vermelhos indicam a proteína
recombinante expressa.
14 kDa
1 2 3 4 5 6 7 8 pd 9
14 kDa14 kDa
1 2 3 4 5 6 7 8 pd 9
180
13 – Expressão em larga escala da TsTx-I
(1)
e lise bacteriana
Na maioria das vezes foi feita usando 50 colônias que eram expressas
em 10 mL de meio de cultura (Figura 71a). Os extratos bacterianos que
continham a proteína expressa foram utilizados para fazer a lise bacteriana
(Figura 71b). Pode-se observar que também nessa lise houve o surgimento da
proteína de 14 kDa. E que a proteína de interesse foi novamente expressa de
forma insolúvel, ficando em sua maioria no pellet, mas uma quantidade
razoável ficou solúvel nos sobrenadantes.
Figura 71 – Expressão em larga escala e lise bacteriana da expressão da
TsTx-I
(1)
. Gel de SDS-PAGE 18% corado com azul de coomassie. Alíquotas de
1 mL foram retiradas das culturas de expressão e centrifugadas, os pellets
bacterianos eram ressuspendidos em 100 l de tampão de amostra com
redução, destes 10 l eram aplicados no gel. Em A, um gel ilustrativo da
expressão de 10 colônias das 50; as bactérias após expressão eram
centrifugadas, ressuspendidas em tampão de lise e uma alíquota de 10 l era
retirada e misturada ao tampão de amostra 2x com redução. Em B, a lise
bacteriana, nas canaletas 1 a 4 temos os quatro sobrenadantes obtidos e na
canaleta 5 temos o pellet. O padrão utilizado foi o Protein Molecular Weight
Marker (Jena Bioscience). Os círculos vermelhos indicam a proteína
recombinante e o retângulo amarelo indica a proteína de 14 kDa.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A.
1 2 3 4 5 pd
14 kDa
B.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A.
1 2 3 4 5 pd
14 kDa
B.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A.
1 2 3 4 5 pd
14 kDa
B.
1 2 3 4 5 pd
14 kDa
1 2 3 4 5 pd
14 kDa14 kDa
B.
181
14 – Western blotting da TsTx-I
(1)
A proteína TsTx-I
(1)
recombinante foi caracterizada inicialmente por
ensaio imunológico utilizando a técnica de Western blotting (Figura 69). Os
anticorpos anti-veneno total reconheceram a banda de 7 kDa no tempo de 4h
de expressão, no sobrenadante e no pellet da lise, mas parece que também
reconheceram a banda de 14 kDa. As proteínas do extrato bacteriano da
expressão sem indução (tempo de zero hora), praticamente não foram
reconhecidas pelo anticorpo. Além disso, no tempo de 4 horas, a banda de 7
kDa (correspondente ao tamanho da TsTx-I) foi reconhecida com alta afinidade
e quase não houve reação cruzada com outras proteínas.
Figura 72 – Western blotting da proteína recombinante TsTx-I
(1)
. Em A, a
membrana de nitrocelulose após Western blotting, onde foi utilizado soro de
coelho anti-veneno de Tityus serrulatus na diluição 1:100 e em B, o gel de
poliacrilamida a 18% corado com azul de coomassie. Nas canaletas de 1 a 4
temos tempo de expressão 0 e 4 horas e sobrenadante e pellet após lise
bacteriana, respectivamente. O padrão utilizado foi o Kaleidoscope Prestained
Standard (Bio-Rad). Foram aplicados 10 l dos extratos de expressão e 20 g
do sobrenadante e do pellet da lise bacteriana.
pd 1 2 3 4 pd
7 kDa
A. B.
pd 1 2 3 4 pdpd 1 2 3 4 pd
7 kDa
A. B.
pd 1 2 3 4 pd
182
15 – Expressão da TsTx-I
(1)
no Fermentador
A TsTx-I
(1)
não foi expressa somente como proteína insolúvel, pois após
a lise pode-se observar que a banda correspondente à proteína recombinante
também estava presente no sobrenadante da lise (Figura 71b). Sendo assim,
seria interessante expressar a proteína em grande escala, para conseguir uma
quantidade adequada para purificação. Portanto, a TsTx-I
(1)
foi expressa em 5
litros de meio de cultura em um fermentador, com várias condições
controladas.
Como o problema de expressão de algumas colônias já era conhecido,
foi feita uma expressão piloto para verificar qual colônia expressava a
recombinante. A colônia 7 foi escolhida por apresentar a maior banda de
expressão (Figura 73a). O pré-inóculo desta colônia foi inoculado em 100 mL
de meio que foi crescido 16h a 37C. Essa cultura foi usada como pré-inóculo
para os 5 L de meio que foram usados no fermentador. Foram tiradas alíquotas
do tempo 0h e dos tempos 2h e 4h. Como pode-se ver na Figura 73b a
proteína TsTx-I
(1)
foi expressa com sucesso no fermentador. Após as 4h de
expressão essa cultura foi centrifugada e submetida à lise bacteriana. A
proteína de expressão aparece tanto nos sobrenadantes quanto no pellet da
lise, indicando que uma parte dela foi expressa de maneira solúvel (Figura 73c
e d).
183
Figura 73 – Expressão da TsTx-I
(1)
no fermentador. Gel de SDS-PAGE 18%
corado com azul de coomassie.
Em A, a expressão piloto para verificar as
colônias que estavam expressando a recombinante. Os números indicam
as colônias. Em B, temos nas canaletas 1, 2 e 3 os tempos de 0, 2 e 4
horas de expressão. Em C e D temos a lise bacteriana, os números de 1
a 10 indicam os dez sobrenadantes obtidos. P indica o pellet obtido e M
indica uma fração de bactérias não lisadas que precipita junto com o
pellet. O padrão utilizado foi
Kaleidoscope Prestained Standard (Bio-Rad).
Em todos os géis foram aplicados 10 l de cada amostra.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7 kDa
A. B.
7 kDa
7 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 pd
10 P M pd
C. D.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7 kDa7 kDa
A. B.
7 kDa7 kDa
7 kDa7 kDa
pd 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 pd
10 P M pd
C. D.
184
16 – Purificação por cromatografia da TsTx-I
(1)
O sobrenadante do fermentador que continha a TsTx-I
(1)
foi purificado
por cromatografia por HPLC. A coluna semi-preparativa C8 foi utilizada e os
tampões usados foram as soluções A (0,1% de ácido trifluoracético em água) e
B (0,1% de ácido trifluoracético em acetonitrila). A amostra (10 mL) foi passada
na coluna e apenas três picos foram obtidos (Figura 74a). Estes foram
agrupados da seguinte maneira: 1 – frações 5 a 7 (0% de acetonitrila); 2 –
frações 20 a 33 (35%) e 3 – frações 50 a 77 (75%). Os picos foram liofilizados,
ressuspendidos em um volume menor e corridos em gel de poliacrilamida. Na
Figura 74b e c, pode-se ver que não houve separação suficiente dos
componentes da amostra para se obter a TsTx-I
(1)
totalmente purificada.
185
A.
Figura 74 – Tentativa de purificação da TsTx-I
(1)
em coluna C8 no HPLC.
Em A, cromatograma da purificação em coluna C8, as setas indicam os picos
obtidos. Em B, gel de poliacrilamida 15%, nas canaletas 1, 2 e 3 temos os três
picos obtidos na purificação. O padrão utilizado é o Kaleidoscope Prestained
Standard (Bio-Rad). Em C, gel de poliacrilamida 18%, na canaleta 1, temos o
terceiro pico da purificação. O padrão utilizado é o Low Range Marker
(Promega).
1 2 3 pd
B.
C.
7 kDa
18 kDa
14 kDa
6 kDa
1 2 3 pd
B.
C.
7 kDa7 kDa
18 kDa
14 kDa
6 kDa
18 kDa
14 kDa
6 kDa
pd 1
186
17 Teste de dissolução da proteína recombinante TsTx-I
(1)
Seguindo os testes realizados com a recombinante TsTx
(2)
, uma alíquota
de pellet insolúvel da TsTx-I
(1)
foi tratado com os seguintes reagentes: 6 M de
Tiocianato de Guanidina, 6 M de Uréia, SDS 10%, 4 N NaOH, 3 M de Acetato
de Sódio pH 5,2 e 1 M de Tris ácido pH 4,0. As proteínas dissolvidas com
NaOH correram muito mal no gel de poliacrilamida SDS-PAGE, não sendo
possível tirar nenhuma conclusão a respeito. Já o SDS e uréia dissolveram
grande parte da proteína de interesse. O desnaturante Tiocianato de Guanidina
parece que solubilizou a proteína, mas a visualização da banda de 7 kDa no
sobrenadante foi difícil, mas como ela não estava presente no pellet que correu
bem, pode-se concluir que ela estava solubilizada no sobrenadante. O Tris
ácido só dissolveu a proteína de 14 kDa. Mas o acetato de sódio dissolveu a
proteína de interesse e a proteína de 14 kDa (Figura 75).
Como foi obtido um grau de pureza do sobrenadante do tratamento com
acetato de sódio da TsTx-I
(1)
melhor que a fração purificada pela coluna C8, ele
foi utilizado para imunizar os animais. Mas como o acetato pode prejudicar a
imunização, primeiro o sobrenadante foi dialisado e liofilizado, para depois ser
usado nas imunizações. Durante a diálise grande parte da proteína
recombinante precipitou, sendo assim, este material que continha proteínas
insolúveis e solúveis foi utilizado para imunização.
187
Figura 75 – Solubilização da proteína TsTx-I
(1)
recombinante insolúvel. Gel
de SDS-PAGE 18% corado com azul de coomassie. Em A, na canaleta 1
temos o pellet da TsTx-I
(1)
sem tratamento; em 3 e 2 sobrenadante (S) e pellet
(P) do tratamento com uréia 6 M; nas canaletas 4 e 5, S e P do tratamento com
tiocianato de guanidina 6 M; nas canaletas 6 e 7, S e P do tratamento com SDS
10%, nas canaletas 8 e 9, S e P do tratamento com acetato de sódio 3 M, nas
canaletas 10 e 11 temos S e P do tratamento com NaOH 4 N, respectivamente.
Em B, na canaleta 1 temos o pellet da TsTx-I
(1)
sem tratamento; nas canaletas
2 e 3 temos S e P do tratamento com acetato de sódio e nas canaletas 4 e 5
temos S e P do tratamento com Tris ácido 1M. Nos dois primeiros géis, o
padrão utilizado foi Low Range Marker (Promega) e no último gel o padrão
Kaleidoscope Prestained Standard (Bio-Rad).
pd 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 pd
1 2 3 4 5 pd
20 kDa
20 kDa
7 kDa
A.
B.
pd 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 pd
1 2 3 4 5 pd
20 kDa20 kDa
20 kDa20 kDa
7 kDa7 kDa
A.
B.
188
18 – ELISA da TsTx-I
(1)
A proteína recombinante TsTx-I
(1)
também foi caracterizado por ELISA
com anticorpos anti-veneno total de Tityus serrulatus. Na figura abaixo, pode-
se notar que todos os antígenos utilizados reagiram moderadamente com o
soro imune. A diferença dos valores de reatividade entre a proteína
recombinante e as proteínas da bactéria sem e com inserto foram
significantes, adotando o nível de significância de 0,01.
Reatividade da TsTx-I (1) recombinante frente ao
soro anti-veneno de
Tityus serrulatus
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
extrato sobrenadante pellet
Absorbância a 492 nm
Figura 76 – Reatividade da proteína recombinante TsTx-I
(1)
frente ao
veneno do Tityus serrulatus. O soro de coelho anti-veneno de T. serrulatus
foi utilizado na diluição de 1:100. Os extratos, sobrenadantes e pellets da
expressão da BL 21, da BL 21/pET e da TsTx-I
(1)
foram usados para
sensibilizar a placa de ELISA (5 g/mL). Os valores de reações inespecíficas
foram deduzidos dos valores absolutos obtidos para os extratos da proteína
recombinante.
189
19 – Ensaio de Toxicidade da TsTx-I
(1)
Como o grau de pureza obtido com o tratamento com acetato de sódio
foi considerado satisfatório, a decisão de usar o sobrenadante dialisado e
liofilizado para imunizar os animais foi tomada.
Sendo assim, a toxicidade da proteína recombinante foi avaliada, para
verificar a quantidade que seria usada para as imunizações. Na tabela abaixo,
pode-se ver que quantidades muito maiores da proteína recombinante do que a
DL
50
da TsTx-I ( 7,5 g/20g)) ou do veneno de T. serrulatus ( 12 g/20g), não
causaram morte ou sintoma de envenenamento.
Tabela 6 – Ensaio de Toxicidade da TsTx-I
(1)
Grupos Mortes sintomas
A – 2 DL
50
do veneno do
Tityus serrulatus (30 g)
4/4 Sudorese, lacrimejação,
salivação, prostação.
B – sobrenadante da lise
da expressão da TsTx-I-
(1)
(200 g)
0/4 Sem sintomas
Após alguns dias
desenvolveram reação
inflamatória no local da
inoculação
C - pellet da lise da
expressão da TsTx-I
(1)
(150 g)
0/4 Sem sintomas
Após alguns dias
desenvolveram reação
inflamatória no local da
inoculação
D – pellet da TsTx-I
(1)
tratado com acetato de
sódio (150 g)
0/4 Sem sintomas
190
IV- Produção de soros e teste de potência
1 – Determinação da DL
50
do veneno do Tityus serrulatus
Tínhamos dois venenos em nosso poder, um liofilizado (a mais de três
anos) e um bruto (recém extraído). Sendo assim, a determinação da dose letal
suficiente para matar 50% dos indivíduos (DL
50
) foi determinada para os dois
venenos. Foi verificado que a DL
50
para o veneno bruto era muito menor que
para o veneno liofilizado (Tabelas 7 e 8). Portanto, este fato foi investigado.
Uma parte do veneno bruto foi liofilizada, depois ressuspendida e utilizada para
se determinar à dose letal 50%. Uma queda pequena na toxicidade do veneno
após liofilização foi observada (Tabela 9).
Tabela 7 – Determinação da DL
50
do veneno bruto
Mortes após 24 horas (n=8) Quantidade de
veneno (g)
Primeira
repetição
Segunda
repetição
3,0 0 0
3,6 0 0
4,3 1 1
5,2 3 3
6,25 5 5
DL
50
6,07g/20g 6,07g/20g
Media = 6,07g/20g
191
Tabela 8 - Determinação da DL
50
do veneno liofilizado
Mortes após 24 horas (n=8) Quantidade de
veneno (g)
Primeira
repetição
Segunda
repetição
9,0 0 2
10,8 1 3
13,0 1 4
15,6 4 6
18,7 6 8
DL
50
16, 4 g/20g 11,7 g/20g
Media = 14,07g /20g
Tabela 9 - Determinação da DL
50
do veneno bruto que foi liofilizado
Mortes após 24 horas (n=8) Quantidade de
veneno (g)
Primeira
repetição
Segunda
repetição
4,3 0 0
5,2 1 1
6,25 2 4
7,5 5 5
9,0 7 7
DL
50
7,12 g/20g 6,8 g/20g
Media = 6,9 g/20g
192
2 – Titulação dos soros
2.1 – Titulação dos soros dos coelhos
Os animais foram imunizados de acordo com o descrito na metodologia.
Um ciclo de imunização (3 doses) não foi suficiente para se obter um bom título
de anticorpos, todos os coelhos precisaram de doses reforços. O coelho
imunizado com veneno total, só obteve uma boa resposta após o terceiro
booster (terceira sangria), esta foi aumentada um pouco com os boosters
subseqüentes (Figura 77).
Titulação do soro anti-veneno total do escorpião
Tityus serrulatus
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1:50
1:
100
1:
200
1:
400
1:800
1:
1600
1:3200
1:6400
1:12800
Diluões do soro
Absorbância a 492 nm
soro pré-imune
após ciclo de imunização
após segundo booster
após terceiro booster
após quarto boooster
após quinto booster
após sexto booster
Figura 77 – Titulação do soro anti-veneno total de Tityus serrulatus. A
placa foi sensibilizada com 5 g/mL veneno de Tityus serrulatus.
193
Já os animais imunizados com as proteínas recombinantes, mesmo
após 3 ou 4 boosters, ainda não tinham uma boa resposta contra o veneno de
T. serrulatus (Figura 78a e b). O problema parece não ser com os coelhos, pois
a reatividade dos soros frente aos imunógenos utilizados (proteínas
recombinantes), foi verificada e observou-se que ela estava adequada. De toda
maneira, estes soros foram testados quanto a sua capacidade de conferir
proteção a camundongos desafiados com o veneno do Tityus serrulatus.
194
A.
Titulação do soro anti-TsTx-I (1) recombinante
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
1
:
50
1:100
1
:
200
1:400
1:8
0
0
1:1
6
00
1
:3
20
0
1:6
4
00
1
:1
28
0
0
Diluões dos soros
Absorbância a 492 nm
soro pré-imune
após ciclo de imunização
após segundo booster
após terceiro booster
B.
Titulação do soro anti-TsTx-I (2) recombinante
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
1:50
1
:
1
0
0
1:200
1
:40
0
1:8
0
0
1
:16
0
0
1:
3
200
1
:64
0
0
1:
1
2800
Diluões dos soros
Absorbância a 492 nm
soro pré-imune
após primeiro booster
após terceiro booster
após quarto booster
Figura 78 – Titulação dos soros dos animais imunizados com TsTx-I
(1)
e
TsTx-I
(2)
. A placa de ELISA foi sensibilizada com 5 g/mL veneno de Tityus
serrulatus.
195
2.2 – Titulação dos soros dos camundongos
Os camundongos imunizados foram utilizados no ensaio de
neutralização in vivo. Sendo assim, antes de desafiá-los com o veneno do T.
serrulatus, o título de anticorpos devia ser verificado para determinar se ele
estava adequado. Então os animais foram sangrados por via intraorbital e o
soro foi titulado por ELISA. Na Figura 79, pode-se observar que os
camundongos imunizados com veneno total e os imunizados com
TsNTxP/MBP produziram anticorpos com boa reatividade frente ao veneno de
T. serrulatus. Os imunizados com as proteínas recombinantes, TsTx-I
(1)
e TsTx-
I
(2)
, produziram anticorpos com uma reatividade suficiente para o ensaio, mas
que poderia ser aumentada. Todos os grupos de animais receberam mais uma
dose de imunógeno e sete dias depois eles foram desafiados com 2 DL
50
de
veneno.
Titulação dos soros dos camundongos imunizados
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Veneno TsNTxP TsTx-I (1) TsTx-I (2)
Angenos
Absorbância a 492 nm
1
2
3
4
5
6
Figura 79 – Titulação dos soros dos camundongos imunizados. A placa de
ELISA foi sensibilizada com 5 g/mL veneno de Tityus serrulatus. Na legenda
está indicado os números dos animais. A diluição dos soros foi 1:100.
196
3 – Ensaios de neutralização
3.1 – Neutralização in vitro
O soro hiperimune obtido da última sangria de cada coelho foi incubado
1 hora a 37 com 1 ou 2 DL
50
do veneno de Tityus serrulatus. Após este
período camundongos foram injetados com a mistura e a sobrevivência foi
verificada após 24 horas. Os resultados estão na tabela abaixo.
Tabela 10 – Neutralização in vitro
Grupos Descrição DL
50
Sobrevivência Porcentagem
A
Veneno + PBS 1
2
2/4
0/4
50%
0%
B
Veneno + soro
pré-imune
1
2
2/4
0/4
50%
0%
C
Veneno + soro
anti-veneno
1
2
4/4
4/4
100%
100%
D
Veneno + soro
anti-TsTx-I (1)
1
2
4/4
2/4
100%
50%
E
Veneno + soro
anti-TsTx-I (2)
1
2
4/4
3/4
100%
75%
Os ensaios foram feitos com 100 e 200 l de soro anti-recombinante
sem alterar a quantidade de veneno (ou seja 1 ou 2 DL50), mas não foram
observadas alterações nos resultados. Os animais dos grupos 1 e 2 com 1 ou 2
DL
50
, apresentaram todos os sintomas de envenenamento (sudorese,
lacrimejação, salivação, prostação, dificuldade de coordenação e respiração) e
morreram dentro de 0,5 a 1 hora após a inoculação.
Os animais do grupo 3 não apresentaram praticamente nenhum sintoma.
Já os camundongos dos grupos 4 e 5, mostraram muitos efeitos do
envenenamento, mas em menor grau, e os animais que morreram
sobreviveram por um período maior do que os camundongos dos grupos 1 e 2,
pelo menos umas oito horas.
197
Utilizando-se 1 DL
50
, inicialmente foi observada uma sobrevivência de
100% no grupo 2 (com soro pré-imune). Mas este ensaio foi repetido muitas
vezes, mostrando que na maioria das vezes a sobrevivência ficava em torno de
50%, como é o esperado. É possível que a variação individual esteja
influenciando o ensaio, sendo assim, é mais prudente utilizar um número maior
de camundongos quando 1 DL
50
for usada.
3.2 – Capacidade de proteção após vacinação
Visto os problemas de se utilizar uma dose letal 50%, decidimos usar
duas (12,14 g) para o experimento de neutralização in vivo. Como os animais
ficaram mantidos por um tempo grande até a obtenção de um título adequado,
eles aumentaram de peso. Sendo assim, os animais foram pesados para o
cálculo da quantidade de veneno que seria necessário utilizar (Tabela 11).
Como foi explicado na metodologia consideramos apenas 60% do aumento do
peso para calcular o acréscimo de veneno a ser utilizado.
Apenas os camundongos imunizados com PBS+adjuvante morreram
com 24 horas do desafio (Tabela 12). Mas após 30 horas morreram dois
animais do grupo 3 (1 e 2), os mais obesos de todos os grupos, o que pode
indicar correta a nossa decisão de não considerar o valor total do acréscimo do
peso dos camundongos. Todos os outros animais sobreviveram.
198
Tabela 11Cálculo de quantidade de veneno a ser usada proporcional ao peso
Grupo Peso
(g)
Acréscimo de
peso (g)
60% do
acréscimo (g)
Peso
total (g)
Quantidade
veneno (g)
Quantidade
veneno (l)
G1- 1 36,5 16,5 10 30 18 4,7
G1- 2 46,6 36,5 16 36 22 5,7
G1- 3 38,6 18,5 11 31 19 4,9
G1- 4 42,7 23 14 34 20,5 5,3
G1- 5 41,2 21 12,5 32,5 20 5,2
G1- 6 42,0 22 13 33 20 5,2
G2- 1 44,0 24 14,5 34,5 21 5,4
G2- 2 34,0 14 8,5 28,5 17 4,4
G2- 3 46,0 26 15,5 35,5 21,5 5,6
G2- 4 50,5 30,5 18 38 23 6,0
G2- 5 39,0 19 11 31 19 4,9
G2- 6 43,0 23 14 34 20,5 5,3
G3- 1 54,6 34,5 21 41 25 6,5
G3- 2 63,5 43,5 26 46 28 7,3
G3- 3 45,6 25,5 15 35 21 5,4
G3- 4 39,0 19 11 31 19 4,9
G3- 5 40,0 20 12 32 19,5 5,1
G3- 6 42,6 22,6 13,5 33,5 20 5,2
G4- 1 44,0 24 14,5 34,5 21 5,4
G4- 2 38,0 18 11 31 19 4,9
G4- 3 38,0 18 11 31 19 4,9
G4- 4 38,0 18 11 31 19 4,9
G4- 5 43,6 23,5 14 34 20,5 5,3
G4- 6 45,5 25,5 15 35 21 5,4
199
Tabela 11 - Cálculo de quantidade de veneno a ser usada proporcional ao peso
Grupo Peso
(g)
Acréscimo de
peso (g)
60% do
acréscimo (g)
Peso
total (g)
Quantidade
veneno (g)
Quantidade
veneno (l)
G5- 1 38,5 18,5 11 31 19 4,9
G5- 2 40,0 20,0 12 32 19,5 5,1
G5- 3 46,0 26,0 15,6 35,5 21,5 5,6
G5- 4 34,0 14,0 8,5 28,5 17 4,4
G5- 5 42,7 23,0 14 34 20,5 5,3
G5- 6 44,0 24 14,5 34,5 21 5,4
Tabela 12 – Capacidade de neutralização após vacinação
Grupos Descrição Sobrevivência
24 horas
Porcentagem
A
Veneno de Tityus
serrulatus
6/6 100%
B
TsNTxP/MBP 6/6 100%
C
TsTx-I (1)
recombinante
6/6 100%
D
TsTx-I (2)
recombinante
6/6 100%
E
PBS 0/6 0%
200
3.3 – Comparação da titulação dos soros dos camundongos antes e
depois do desafio
Os animais que sobreviveram ao desafio com o veneno foram sangrados
72 horas depois. Foi feita uma comparação do título de anticorpos no pool de
soros dos camundongos antes e depois do desafio. Para isso os dados foram
analisados pelo teste de hipóteses, a distribuição amostral foi considerada
normal e o nível de significância adotado foi de 0,01.
Para os animais imunizados com veneno total de Tityus serrulatus pode-
se observar uma pequena queda na quantidade de anticorpos depois do
desafio, que é significante até a diluição de 1:1600 (Figura 80a). Em relação
aos animais imunizados com TsNTxP/MBP não houve diferença significativa
até a diluição de 1:1600, com exceção da diluição de 1:800 (Figura 80b). Já
com os animais imunizados com as toxinas recombinantes TsTx-I
(1)
e TsTx-I
(2)
o título de anticorpos depois do desafio foi maior do que o título antes do
desafio para todas as diluições (Figura 80c e d).
201
A.
Pool de soros dos camundongos imunizados
com veneno de Tityus serrulatus
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1:100
1:20
0
1:
400
1
:800
1:1600
1:3200
1:6
40
0
1:128
00
Diluões dos soros
Absorbância a 492 nm
Pré-imune
Antes
Depois
B.
Pool de soros dos camundongos imunizados
com TSNTxP/MBP
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1:100
1
:
2
0
0
1
:
4
0
0
1
:
800
1
:
1
6
0
0
1:3200
1:6400
1:
1
2
8
00
Diluições dos soros
Absorbância a 492 nm
Pré-imune
Antes
Depois
202
C.
Pool de soros dos camundongos imunizados
com TsTx-I (1) recombinante
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1
:
1
0
0
1:200
1:4
0
0
1
:
8
0
0
1:1
6
0
0
1
:
3
2
0
0
1
:6400
1:12800
Diluições dos soros
Absorbância a 492 nm
Pré-imune
Antes
Depois
D.
Pool de soros dos camundongos imunizados
com anti-TsTx-I (2) recombinante
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1
:
1
0
0
1:20
0
1:400
1
:
8
0
0
1
:
1
6
0
0
1:3200
1
:
6
400
1
:
1
2
8
00
Diluições dos soros
Absorbância a 492 nm
Pré-imune
Antes
Depois
Figura 80 – Titulação do pool dos soros dos camundongos imunizados
antes e depois do desafio com veneno. As placas foram sensibilizadas com
5 g/mL veneno total de Tityus serrulatus.
203
Discussão
Apesar do problema com os escorpiões ter surgido décadas atrás e de já
existir um soro anti-escorpiônico, ainda existem conseqüências graves
decorrentes dos acidentes com estes animais.
Existe uma necessidade grande de se estudar mais os venenos dos
escorpiões para entendermos melhor todos os processos envolvidos no seu
mecanismo de ação e suas conseqüências nos organismos dos envenenados.
Só assim, vamos poder desenvolver um soro de melhor qualidade ou até
mesmo uma vacina.
Tendo em vista este objetivo, o presente trabalho aborda dois temas
importantes neste contexto. O primeiro é gerar um conhecimento melhor dos
componentes do veneno do Tityus serrulatus, o principal responsável por
acidentes no Brasil, através de uma busca de novas toxinas na biblioteca de
cDNA da glândula de veneno deste escorpião. O outro tema está relacionado
com o desenvolvimento de novos imunógenos que possam ser usados para a
produção de um soro escorpiônico de melhor qualidade.
Este trabalho teve início com a biblioteca de cDNA da glândula de
veneno do T. serrulatus. Foram obtidos 634 clones que foram seqüenciados
gerando 910 ESTs (Expressed Sequence Tags) ou etiquetas de seqüências
expressas. Destas, apenas quinze seqüências (1,6%) eram referentes ao vetor
de clonagem sem inserto, mostrando a boa qualidade da biblioteca, uma vez
que não houve pré-seleção dos clones com inserto antes do seqüênciamento.
As seqüências foram anotadas com o banco de dados de seqüências de
proteínas UniProt. Foram obtidas 43% das seqüências com similaridade com
alguma proteína e 57% não apresentaram similaridade com nenhuma proteína
do banco de dados analisado. Estes resultados estão de acordo com outros
estudos de transcriptoma de animais peçonhentos, com valores de seqüências
não anotadas entre 13 a 56% (Kozlov e cols., 2005; Cidade e cols., 2006;
Magalhaes e cols., 2006; Pi e cols., 2006; Wagstaff e Harrison, 2006; Zhang e
cols., 2006; Schwartz e cols., 2007).
As 910 seqüências foram então agrupadas pelo programa phrap e 400
uniques (44% das ESTs) foram obtidas. Castro (2005) obteve uma
porcentagem um pouco superior, mas outros trabalhos apresentaram
204
resultados semelhantes (Zhang e cols., 2006; Schwartz e cols., 2007). Dos
uniques obtidos 66% não possuíram similaridade, 29% teve similaridade com
Uniprot e GOA e 5% teve similaridade com Uniprot, mas não com GOA. Os
valores encontrados para as seqüências que apresentam similaridade com os
bancos de dados estudados variam entre os estudos de transcriptomas,
podendo ser mais que 50% (Junqueira-De-Azevedo e cols., 2002; Cidade e
cols., 2006; Zhang e cols., 2006), próximo a 50% (Castro, 2005; Schwart e
cols., 2007) ou até mesmo menores que 50% (Silvestre. 2005). Vários fatores
podem estar envolvidos: qualidade da biblioteca, banco de dados usados, tipo
de análise bioinformática que foi feita, número de seqüências já descritas para
o animal em estudo.
Além da anotação dos uniques, também foi realizada uma anotação das
seqüências sem agrupá-las, devido à possibilidade da montagem errada de
contigs pelo uso de poucas seqüências (Mudado, 2007).
Dentre os uniques, cerca de 66,3% (265) não apresentavam seqüências
idênticas ou similares o suficiente para que fossem reunidos em um grupo de
mais de duas seqüências (singlets). O restante foi agrupado em 135 grupos ou
contigs (33,7%). Shwartz e cols. (2007) trabalhando com transcriptoma da
glândula de veneno do escorpião Hadrurus gertschi obtiveram resultados
bastante similares (70,6% de singlets e 29,4% de contigs).
Apenas 39% dos contigs não tinham similaridade com nenhuma proteína
do banco de dados, indicando que a maioria dos consensos obtidos são similares
a proteínas já descritas. Entretanto, 80% dos singlets não tem similaridade,
indicando que muitas informações novas podem ser obtidas destas seqüências.
Além disso, resultados obtidos foram bem anotados, ou seja as
seqüências parecem ser bem descritas, pois em todas as análises o valor de
seqüências que não tinham anotação no GO ficou entre 3-9%.
Comparando as Figuras 23 e 24 (distribuição das ESTs e uniques nas
classes do Gene Ontology), observou-se uma redução da porcentagem das
seqüências anotadas em uma dada categoria entre anotação das ESTs e
uniques. Por exemplo, houve uma diferença de 15% das ESTs para as uniques
classificadas na função molecular – inibidores de canais iônicos. Este fato se deve
à redundância das seqüências, ou seja, existe muitos transcritos de uma mesma
205
proteína (principalmente toxinas), indicando a tendência de expressão de toxinas
e outros componentes da peçonha pela glândula de veneno.
Das seqüências anotadas 45% das ESTs e 21,5% dos uniques foram
toxinas. Valores semelhantes foram encontrados por Schwartz e cols. (2007)
que também trabalharam com transcriptoma de escorpião. Entretanto,
transcriptomas de serpentes mostram valores maiores (Junqueira-De-Azevedo
e cols., 2002; Cidade e cols., 2006; Zhang e cols., 2006). Isto pode ocorrer
porque os venenos de serpentes são muito mais estudados, sendo assim,
existe muito mais seqüência de toxinas anotadas. No caso da aranha
Lasiodora sp, muito pouco estudada, a porcentagem de ESTs com similaridade
com toxinas foi muito baixa, cerca de 10% (Silvestre, 2005). Portanto, nossos
resultados indicam que devem existir ainda muitas toxinas novas no veneno do
Tityus serrulatus que ainda não foram anotadas.
Os resultados obtidos com esta análise parcial da biblioteca de cDNA da
glândula de veneno do T. serrulatus foram muito promissores, tendo em vista a
alta porcentagem de toxinas identificadas dentre os transcritos anotados.
Sendo assim, foi tomada a decisão de continuar a análise do transcriptoma de
T. serrulatus e mais 10.000 clones já foram obtidos e estão sendo
seqüenciados para realização de novas análises bioinformáticas.
A segunda parte deste trabalho consistiu no desenvolvimento de novos
imunógenos para produção de soro. Sendo assim, foram construídos vários
cassetes de expressão que podem gerar proteínas recombinantes com
capacidade de induzir a produção de anticorpos neutralizantes contra o veneno
do T. serrulatus.
Para montar os cassetes de expressão foram selecionadas três
proteínas do veneno deste escorpião: TsTx, a principal toxina do tipo do
veneno; TsTx-I, principal toxina do tipo e a TsNTxP, uma proteína não-tóxica,
mas que induz produção de anticorpos neutralizantes.
Sendo assim, havia a necessidade de se obter as seqüências de DNA
destas proteínas. O cDNA da TsNTxP já havia sido obtido em nosso laboratório
(Guatimosim e cols., 1999). Portanto, faltava obter o DNA da TsTx e da TsTs-I.
Como suas seqüências de nucleotídeos já haviam sido descritas (Martin-
Eauclaire e cols., 1992, 1994), foi possível a construção de primers para tentar
obtê-las a partir do DNA genômico do T. serrulatus.
206
Vários trabalhos já descreveram a obtenção de DNA de proteínas
seguindo está metodologia (Corona e cols., Xu e cols., 2005; Silvestre, 2005;
Valdez-Cruz e cols., 2007). Mas apesar das seqüências de nucleotídeos das
toxinas terem sido obtidas a partir do DNA genômico, houve problemas
técnicos com os clones obtidos. Não houve um aprofundamento na resolução
destes problemas porque em concomitante a biblioteca de cDNA da glândula
de veneno do T. serrulatus estava sendo utilizada para a busca de novas
seqüências de toxinas. Portanto, as seqüências das toxinas de interesse
também foram obtidas por meio desta metodologia. E os clones obtidos não
apresentaram problemas de manipulação e por isso foram usados nas etapas
seguintes.
Durante os processos de clonagem ocorreu um fato interessante: a
ligação de 2 cópias do DNA da TsTx-I por meio dos seus sítios de restrição e
sua posterior ligação no vetor de clonagem pBluescript, o que facilitou o
trabalho de construção dos cassetes. Apesar deste fenômeno parecer raro, a
sua ocorrência pode ser freqüente, mas pouco relatado, porque normalmente
não é um resultado que busca-se obter.
Dos cassetes construídos, duas construções foram selecionadas para a
expressão: a TsTx-I com 1 e 2 cópias. A utilização dos demais cassetes não foi
iniciada devido ao fator limitante “tempo/prazo”, porém, um importante material
foi construído e se encontra disponível no Laboratório de Biotecnologia e
Marcadores Moleculares.
A lógica em se expressar duas cópias da mesma toxina juntas é devido
a seu pequeno tamanho (7 kDa). É conhecido que proteínas pequenas
expressas no citoplasma de bactérias tendem a ser instáveis principalmente
por causa da sua rápida degradação por enzimas proteolíticas da bactéria
hospedeira (Rabbani e cols., 1988; Parsell e cols., 1984).
Para evitar esse problema, os peptídeos e proteínas pequenas têm sido
freqüentemente produzidos como proteínas de fusão. Entretanto, a principal
desvantagem desta técnica para a produção em larga escala é que o produto
desejado constitui somente uma pequena porção das proteínas de fusão, uma
vez que nos sistemas comerciais disponíveis as proteínas utilizadas como
carreadoras são muito grandes com 30-50 kDa (Ishikawa & Tamaoki, 1996).
207
Por isso, a fusão de várias cópias de uma mesma proteína vem sendo
usada para suplantar este problema. Este método traz mais estabilidade para a
proteína a ser expressa, sem precisar de uma proteína carreadora; e vem
obtendo muitos resultados positivos com a expressão da calcitonina (Gigova e
cols., 1989; Ishikawa & Tamaoki, 1996).
O sistema de expressão escolhido foi o bacteriano, por ser barato,
simples e ter muitas ferramentas disponíveis (Villaverde & Currió, 2003). O
vetor escolhido foi o pET 11a por já possuirmos no laboratório e por apresentar
bons resultados em expressão anterior de toxina feita pelo nosso grupo
(Araújo, 2004) e pelo fato de 90% das publicações sobre proteínas
recombinantes, usarem o vetor pET (Sorensen & Mortensen, 2005a). A
linhagem BL21(DE3) foi selecionada por possuir deficiência de dois genes de
proteases citoplasmáticas e por ter se mostrado eficiente em expressões de
diversas proteínas (Cho e cols., 2007; Medynski e cols., 2007; Yang e cols.,
2007; Warner e cols., 2007).
Inicialmente, houve problemas para expressar as proteínas
recombinantes, pois algumas colônias não expressavam. Isto pode ter ocorrido
devido à instabilidade do plasmídeo de se manter na bactéria devido à
toxicidade do produto a ser expresso ou mesmo mutações nas regiões
reguladoras do plasmídeo, perda e/ou redução na expressão da RNA
polimerase T7, dentre outros. Dumon & Seignover (2004) expressando 26
produtos diferentes, demonstraram que 96% deles foram tóxicos para a
BL21(DE3).
Uma solução para este problema é o uso de bactérias mutantes, tais
como a C41(DE3) e C43(DE3) mutantes da BL21(DE3) que são citadas como
sendo muito mais eficientes na expressão de produtos tóxicos (Dumon &
Seignover, 2004). Mas seu uso requer um considerável investimento (custo
para compra). Além disso, como havia um prazo a cumprir, não seria possível
esperar os trâmites da importação, que estão sendo demasiadamente
demorados. Sendo assim, a expressão de colônias recém-transformadas e a
verificação de quais delas estavam expressando foi a solução dada para o
problema.
As proteínas recombinantes foram expressas como corpos de inclusão.
Existem diversos trabalhos descrevendo este tipo de expressão tanto com o
208
vetor pET 11a como para outros tipos de pET (Turkov e cols.,1997; Roberto e
cols., 2004; Zhao e cols., 2007; Kou e cols., 2007). Os corpos de inclusão
ocorrem por deposição de polipeptídeos com enovelamento errados ou
parciais, que expõe regiões hidrofóbicas e permite interações intermoleculares
(Villaverde & Carrió, 2003).
Dois tipos de estratégias podem ser usados para tentar obter a proteína
recombinante solúvel: modificações das condições durante a expressão e re-
enovelamento dos corpos de inclusão (Sorensen & Mortensen, 2005a).
Como a obtenção de proteínas recombinantes solúveis durante a
expressão é um processo mais barato e rápido, esta estratégia foi utilizada
inicialmente.
Tanto a TsTx-I
(1)
como a TsTx-I
(2)
foram expressas como corpos de
inclusão, mas com algumas diferenças. Uma fração da TsTx-I
(1)
foi expressa de
maneira solúvel dentro das células. O manual do sistema pET (2005) afirma
que em casos de proteínas expressas como corpos de inclusão é comum que
uma parte seja solúvel. Já a TsTx-I
(2)
não expressou de maneira solúvel
perceptível por análise em gel de poliacrilamida. Sendo assim, as tentativas de
obter uma proteína solúvel se concentraram nesta proteína.
A agregação pode ser minimizada por controle de parâmetros do
processo de expressão, tais como, redução da temperatura, redução da taxa
de expressão do gene recombinante, expressão em meios mais ricos,
modificações nos níveis de oxigênio e fonte de carbono, linhagens bactérias
diferentes, baixos níveis de indução, dentre outros (Moore e cols., 1993;
Weickert e cols., 1996; Villaverde & Carrió, 2003; Sorensen & Mortersen,
2005a).
A TsTx-I
(2)
foi expressa a 25C e 30C, mas as proteínas ainda
continuavam insolúveis e além disso o nível de expressão caiu muito. Liu e
colaboradores (2006) relataram a produção de corpos de inclusão a 25C.
Também foi testado diminuir a produção da proteína expressa, pois a
redução da concentração celular pode favorecer seu enovelamento e diminuir a
agregação. Isto pode ser conseguido utilizando níveis de indução baixos,
diminuindo a concentração final do IPTG. Utilizando concentrações de 0,1 mM
e 0,05 mM de IPTG não foi obtida nenhuma melhora na solubilização da
209
proteína recombinante, mesmos com a redução da expressão. Resultados
similares foram obtidos por Liu e cols. (2006).
A utilização de um meio de cultura mais rico também não favoreceu a
formação da proteína TsTx-I
(2)
solúvel. Moore e cols.(1993) demonstraram que
meios mais ricos favorecem a produção de proteínas solúveis, mas há relatos
que indicam que o uso de meios mínimos reduz a expressão da proteína
recombinante, diminuindo assim a agregação (Manual pET Systems, 2005).
Condições dos meios de cultivos, tais como o requerimento de nutrientes
é um controle limitante do crescimento durante o processo de expressão, esta
limitação freqüentemente leva a mudanças no meio de crescimento, tais como
alterações de pH e concentração de oxigênio dissolvido (Sorensen & Mortense,
2005a). Estas alterações podem ter influência na expressão e afetar a
solubilidade dos produtos a serem expressos (Weickert e cols., 1996).
Portanto, foi feita uma expressão da TsTx-I
(2)
em fermentador com as
condições controladas, mas mesmo assim não houve alteração significativa na
solubilidade da proteína recombinante.
Villaverde e Carrió (2003) afirmam que este tipo de estratégia não
resulta em um mesmo grau de sucesso para diferentes proteínas, devido às
características bioquímicas de cada uma e que este é um processo de tentativa
e erro.
Como não foi possível obter a proteína recombinante de maneira solúvel
com a primeira estratégia, um processo diferente foi testado: a obtenção da
proteína solúvel a partir dos corpos de inclusão. Estes podem ser solubilizados
por uso de desnaturantes, como uréia e guanidina-HCl; uso de pH extremo e
temperatura adequada ou uso de detergentes, tais como SDS e CTAB (Clark e
cols., 2001; Villaverde & Carrió, 2003).
A TsTx-I
(2)
foi solubilizada efetivamente pelo uso de uréia 6 M e SDS
10%. Resultados semelhantes foram obtidos para outras proteínas
recombinantes expressas no mesmo sistema (Cho e cols., 2007; Afzal e cols.,
2007; Galluccio e cols., 2007; Zhao e cols. 2007).
O SDS foi escolhido como agente solubilizante, pois seu uso tem a
vantagem de obter a proteína de maneira ativa em muitos casos (Clark e cols.,
2001). Mas como o detergente pode atrapalhar nos passos de purificação por
cromatografia ele deve ser removido. Portanto, após solubilização foi feita uma
210
diálise para tentar remover o SDS, mas em todas as condições testadas a
proteína recombinante voltava para a forma insolúvel durante o processo.
Sendo assim, a solubilização com uréia foi testada, mas o uso da diálise
para sua posterior remoção, apresentou o mesmo problema descrito acima.
Resultados semelhantes foram obtidos por Zhao e cols. (2007). Em dois
trabalhos, os pesquisadores obtiveram sucesso em remover a uréia,
diminuindo sua concentração como foi feito neste trabalho, mas como as
proteínas expressas tinham cauda de histidina, elas foram imobilizadas na
resina de níquel durante o processo, o que pode ter levado aos bons resultados
apresentados (Kou e cols., 2007; Kirabakaran e cols., 2007).
Em muitos trabalhos, a proteína recombinante solúvel e muitas vezes
funcional só foi obtida após um processo de re-enovelamento in vitro (Afzal e
cols., 2007; Medynski e cols., 2007; Warner e cols., 2007). Porém, a otimização
deste processo para uma dada espécie de proteína envolve empenho muito
grande com resultados irregulares que nem sempre conduzem para processos
úteis para o fluxo conveniente de produção de grandes quantidades de
proteína recombinante (Villaverde & Carrió, 2003). Além de ser um processo de
alto custo (Sorensen e Mortensen, 2005b)
Harlow e Lane (1988) mostraram que se pode usar os corpos de
inclusão para a produção de anticorpos e posteriormente, Vuillard e Freeman
(http://dwb.unl.edu/Teacher/NSF/C08/C08Links/www.nwfsc.noaa.gov/protocols/
inclusion.html) confirmaram este resultado. Como a produção de proteínas
recombinantes neste trabalho tem essa finalidade, decidiu-se utilizar os corpos
de inclusão para as imunizações.
Os corpos de inclusão (CI) podem conter de 50 a 96% da proteína
recombinante de interesse. Eles podem conter proteínas de membrana e debris
celulares que precipitam juntamente com os CI, mas também tem outras
proteínas que são parte integral dos agregados (Villaverde & Carrió, 2003).
No nosso caso, havia muitas proteínas contaminantes junto com a
proteína de interesse. A utilização de detergentes pode retirar as proteínas que
precipitam junto. Os CI foram lavados com 0,5% de Triton X-100, e foi
observado que uma parte pequena das proteínas contaminantes era removida.
Este resultado indicou que a maioria das proteínas que estavam nos CI era
211
parte integral deles e deviam estar ligadas com a proteína de interesse por
ligações intermoleculares.
De acordo com os resultados obtidos anteriores de solubilização dos CI,
o tiocianato de guanidina não solubilizava a TsTx-I
(2)
, mas solubilizava a
maioria das proteínas contaminantes. O pellet insolúvel resultante mostrou um
grau de pureza da TsTx-I
(2)
suficiente para as imunizações. E tinha uma
vantagem adicional, não apresentava toxicidade.
No caso da TsTx-I
(1)
, como uma fração foi expressa solúvel, inicialmente
tentou-se obtê-la pura por meio de cromatografia em HPLC. Mas a
solubilização dos CI com acetato de sódio pH 5,2 se mostrou uma metodologia
mais rápida e eficiente. A fração solúvel obtida por este processo foi dialisada
para remoção do acetato, mas durante a diálise uma parte da TsTx-I
(1)
se
tornou insolúvel, o que não impossibilitou o seu uso para as imunizações.
Sendo assim, a TsTx-I
(1)
solúvel/insolúvel foi usada como imunógeno, e
também não foi tóxica, indicando que a fração que estava solúvel não devia
estar na conformação ideal da toxina TsTx-I.
Um resultado que deve ser discutido é o surgimento da proteína ou
fragmento contaminante de 14 kDa durante a lise bacteriana. Analisando os
resultados obtidos, parece que o seu surgimento se deve ao processo
mecânico, uma vez que a lisozima e inibidores de protease e de oxidação não
têm efeito.
Nos extratos de todas as expressões feitas, existe uma proteína de
aproximadamente 30 kDa que foi muito expressa. Como a proteína de 14 kDa
aparece em grandes quantidades e como a única outra proteína que está
representada no extrato bacteriano em quantidades grandes é a proteína de 30
kDa, pode ser que seja esta proteína que está sendo quebrada durante a lise e
o fragmento resultante é a proteína de 14 kDa. A proteína de 30 kDa pode ser
a -lactamase, que em sistemas pET que utilizam ampicilina é expressa em
quantidades apreciáveis e tem tamanho de aproximadamente 32 kDa (Manual
pET Sistems, 2005). Para se ter certeza sobre a origem da proteína de 14 kDa
seria necessário um seqüenciamento de proteína, para se determinar sua
seqüência de aminoácidos.
Outro ponto a ser discutido é a diferença na expressão das duas
proteínas recombinantes. A TsTx-I
(2)
foi expressa em quantidades maiores (30
212
mg/L) que a TsTx-I
(1)
(20 mg/L), cerca de 30% a mais. Isto pode ser devido ao
aumento do tamanho da proteína expressa que levou a uma maior
estabilidade. Para o gene da calcitonina, uma proteína de 32 aminoácidos (a
metade de aminoácidos da TsTx-I), foi demonstrado que a expressão de genes
multiméricos (em tandem), estabiliza a proteína e consequentemente gera uma
quantidade maior de proteína expressa (Gigova e cols., 1989; Ishikawa &
Tamaoki, 1996).
Após a imunização de coelhos e camundongos, eles foram sangrados e
o soro foi titulado por ELISA. O coelho imunizado com o veneno de Tityus
serrulatus produziu uma quantidade suficiente de anticorpos específicos após 6
doses de 100 g de veneno. Já os coelhos imunizados com a TsTx-I
(1)
e TsTx-
I
(2)
, que receberam uma quantidade de proteína semelhante ao coelho
imunizado com veneno, não apresentaram uma boa resposta contra o veneno
de T. serrulatus. Legros e colaboradores (2002) produziram uma proteína
quimérica com toxinas do veneno do Androctonus australis Hector, MBP-AaH I
+ AaH II, e os anticorpos produzidos com ela reconheceram bem a proteína
quimérica, mas não as proteínas nativas.
Alguns pontos devem ser ponderados. Primeiramente, as proteínas
utilizadas para as imunizações não estão completamente puras, sendo assim,
anticorpos contra as proteínas bacterianas contaminantes também vão ser
produzidos. Portanto, o soro vai ter uma proporção menor de anticorpos contra
a proteína recombinante, que teria se ela estivesse pura, levando a um menor
reconhecimento do veneno de T. serrulatus pelos anticorpos anti-toxinas
recombinantes do que o esperado.
Existe outro ponto relevante que é a composição do veneno, a TsTx-I é
apenas um componente dele, sendo assim anticorpos feitos utilizando ela
como imunógeno podem não ser capazes de um reconhecimento total do
veneno.
Além disso, no veneno de Tityus serrulatus, existem toxinas que agem
em canais de sódio do tipo e (a TsTx-I pertence ao segundo grupo) e De
Lima e cols. (1993) demonstraram que anticorpos anti-toxinas não
reconhecem toxinas do tipo e vise-versa . Entretanto, anticorpos anti-TsNTxP
reconhecem os dois tipos de toxinas e possuem um reconhecimento do veneno
213
total de T. serrulatus muito similar ao apresentado pelos anticorpos anti-
veneno. Anticorpos anti-TsNTxP também reconhecem muito bem a TsTx, mas
reconhecem 2 vezes menos a TsTx-I (Moreira-Ferreira e cols., 1998).
Também para os camundongos foi obtido um baixo título dos soros anti-
toxinas recombinantes frente ao veneno total. Mas eles foram imunizados com
uma quantidade menor de proteínas (o número de doses foi menor) e os soros
obtiveram um título melhor do que os soros dos coelhos. Isto pode ser devido
às diferenças do sistema imune das duas espécies e das características dos
imunógenos utilizados. Calderon-Aranda e colaboradores (1999) imunizando
coelhos e camundongos com peptídeos sintéticos demonstraram que os
últimos responderam pior aos imunógenos usados. Já Mendes e colaboradores
(2004) demonstraram que os camundongos respondiam melhor que os coelhos
quando a TsNTxP/MBP foi utilizada como imunógeno.
Apesar do baixo título dos soros dos coelhos imunizados com TsTx-I
(1 e
2)
, eles foram capazes de proteger in vitro, animais desafiados com 1 e 2 DL
50
do veneno do Tityus serrulatus. Outros trabalhos também demonstraram que
apesar do título dos soros obtidos estar baixo frente ao veneno ou toxina usado
para o desafio; os soros foram capazes de neutralizar seus efeitos tóxicos
(Calderon-Aranda e cols., 1995; Garcia e cols., 2003). Isto se deve a qualidade
dos anticorpos. Foram feitos poucos anticorpos (título baixo), mas com uma
qualidade boa, ou seja, com grande especificidade ao veneno total.
O soro anti-TsTx-I
(2)
foi mais eficiente na proteção dos animais
desafiados com 2DL
50
do veneno do que o soro anti-TsTx-I
(1)
. Isto pode ser
devido à diferença de reconhecimento dos soros frente ao veneno, o soro anti-
TsTx-I
(2)
apresentou um título melhor, indicando que havia uma concentração
maior de anticorpos específicos para o veneno.
Outro resultado interessante obtido na neutralização in vitro foi a
obtenção do mesmo nível de proteção quando quantidades diferentes dos
soros foi utilizada (100 e 200 l), indicando que os epitopos que são
bloqueados já tinham sido saturados de anticorpos com a primeira dose
(Tabela 10).
Esse resultado gera novas perguntas em relação aos mecanismos de
neutralização do veneno de Tityus serrulatus. Mendes e cols. (2004)
demonstraram que animais de espécies diferentes imunizados com uma
214
mesma proteína (TsNTxP recombinante) produzem anticorpos que
reconhecem epitopos diferentes (peptídeos sintéticos imobilizados). Portanto, a
realização de novos ensaios é necessária para um entendimento melhor deste
processo.
Quanto à neutralização in vivo, foram obtidos melhores resultados de
proteção neste ensaio. Todos animais foram protegidos com 2 DL
50
. Em
trabalhos utilizando toxinas ou derivados delas como imunógenos normalmente
os melhores resultados são obtidos com a neutralização in vitro (Calderon-
Aranda e cols., 1995, 1999; Garcia e cols., 2003). Já Morreira-Ferreira e cols.
(1998) utilizando a TsNTxP também obtiveram melhores resultados in vivo. Isto
sugere que os nossos imunógenos têm grande potencial para produção de
vacina.
Na neutralização in vivo, dois camundongos do grupo imunizado com a
TsTx-I
(1)
morreram 30 horas após o desafio. Estes animais eram os mais
pesados e como eles eram adultos no início do experimento; o aumento de
peso se deve principalmente ao aumento de gordura corporal.
Segundo a farmacodinâmica, substâncias circulantes no sangue têm
pouca penetração no tecido adiposo, por este possuir poucos vasos
sanguíneos. Por isso, para fins práticos, a distribuição ao tecido adiposo
corporal após administração aguda só é importante para algumas substâncias
altamente lipossolúveis (Rang e cols., 1997). Sendo assim, não devemos levar
em conta o aumento de peso global do camundongo, pois grande parte é
gordura, e esta não terá influência na ação do veneno. Como não encontramos
um meio seguro para calcular quanto do aumento de peso devia-se a aumento
de gordura, escolhemos um valor aleatório (60%), mas que pode não ter sido
suficiente. Portanto, o fato dos animais mais pesados morrerem pode ser
conseqüência dos animais obesos ter recebido uma quantidade maior do
veneno do que 2 DL
50
ou dos aspectos da obesidade que dificultaram o
metabolismo e eliminação das toxinas. Santana e colaboradores (1996)
estudaram alguns parâmetros farmacocinéticos do veneno do T. serrulatus e
demonstraram que o veneno tem taxa de absorção rápida, alta e rápida
distribuição pelos tecidos, grande afinidade para os tecidos e lenta meia-vida
de eliminação.
215
Um resultado que vale a pena ser comentado é o título dos soros dos
camundongos 72 horas após o desafio em comparação com o título antes do
desafio. Para os camundongos imunizados com o veneno, o título é menor
depois do desafio, o que está de acordo com o pensamento lógico que uma
parte dos anticorpos são perdidos por se ligarem às toxinas do veneno durante
o desafio. Mas para os animais imunizados com a TsNTxP/MBP recombinante,
o título se manteve inalterado e para as proteínas recombinantes, TsTx-I
(1)
e
TsTx-I
(2)
ocorreu o contrário. No segundo caso, o que pode ter ocorrido é que
uma semana antes do desafio todos os animais receberam mais uma dose de
imunógeno, mas no caso dos imunizados com TsTx-I
(1)
e TsTx-I
(2)
como o título
estava um pouco baixo, foi injetado 2 vezes mais imunógeno. Sendo assim, o
aumento da dose do imunógeno pode ter refletido em um aumento do título
após o desafio, mas como o sangue dos camundongos não foi retirado depois
do último reforço, não há como se concluir sobre o fato. Assim este aumento
pode ter ocorrido devido a uma produção maior de anticorpos anti-TsTx-I
(1 e 2)
causada pelo último reforço ou a uma produção de anticorpos anti-veneno
causada pela injeção de veneno no desafio. Novos ensaios devem ser
realizados para a confirmação do fato e para se determinar sua causa.
Neste trabalho, mais de um veneno de Tityus serrulatus, que seria
utilizado nos ensaios de neutralização, foi analisado. Inicialmente, um pool de
veneno bruto (sem liofilizar) foi caracterizado. Este veneno apresentou uma
DL
50
mais baixa do que normalmente é encontrado: 6,07 g/20g. Um outro pool
de veneno já liofilizado há algum tempo foi testado e uma DL
50
de 14,07 g
/20g foi obtida. Vários trabalhos que usaram venenos de T. serrulatus
liofilizados apresentaram resultados similares ao obtido (Chávez-Olórtegui e
cols., 1997; Mendes e cols., 2004). Kalapothakis e Chávez-Olórtegui (1997)
demonstraram que venenos que continham mais toxinas do tipo eram mais
tóxicos, com DL
50
de 6,19 g/20g. Segundo este trabalho venenos com alta ou
moderada concentração de toxina e moderada ou baixa quantidade de toxina
possuem valor de DL
50
próximo ao veneno bruto liofilizado há mais tempo,
12,48 g/20g. O que pode justificar os resultados obtidos.
Entretanto, para verificar se o processo de liofilização acarreta alguma
alteração na toxicidade do veneno, uma quantidade determinada de veneno
216
bruto foi liofilizada e ressuspendida em água para se obter a mesma
concentração de antes. O veneno liofilizado foi dosado e se observou que
proteínas foram perdidas durante o processo, cerca de 30%. Isto pode ser
devido a perdas durante a manipulação. A DL
50
para o veneno bruto liofilizado
foi de 6,9 g/20g, ligeiramente maior que para o veneno bruto in natura. Sendo
assim, a liofilização tem pouca ação na toxicidade global do veneno, mas o
tempo que o veneno já está liofilizado tem grande influência.
Os resultados obtidos neste trabalho, mostram que a toxina TsTx-I
recombinante tem capacidade de gerar anticorpos que neutralizam as ações do
veneno total do Tityus serrulatus. A grande homologia apresentada por todas
as toxinas escorpiônicas (Figuras 3 a 6) pode explicar, ao menos em parte,
como uma única toxina pode gerar anticorpos que possam neutralizar os
efeitos do veneno total. As toxinas mais potentes do T. serrulatus apresentam
uma similaridade de estrutura primária de 40 a 70% (Figura 7). A determinação
da estrutura tridimensional das proteínas recombinantes TsTx-I obtidas neste
trabalho seria fundamental para entender melhor esta capacidade de gerar
anticorpos neutralizantes.
217
Conclusões
- A biblioteca da glândula de veneno do Tityus serrulatus está com uma boa
qualidade e nos forneceu grande quantidade de informações a respeito de
novas toxinas ainda não descritas, determinação de seqüência de nucleotídeos
de toxinas que só tem conhecida à seqüência de aminoácidos e novas
informações sobre as toxinas mais conhecidas, como a existência de
isoformas;
- As construções TsTx-I
(1)
e TsTx-I
(2)
foram expressas com sucesso no sistema
pET e a estratégia de tandem trouxe mais estabilidade para a proteína
recombinante;
- As proteínas foram expressas de maneira insolúvel em corpos de inclusão,
mas elas podem ser usadas desta maneira para produzir anticorpos;
- As proteínas recombinantes produziram anticorpos neutralizantes que
protegiam tanto in vitro quanto in vivo, animais desafiados com 2 DL
50
do
veneno de T. serrulatus;
- O avanço mais importante obtido a partir deste trabalho foram as informações
acerca da capacidade de produção de anticorpos neutralizantes da toxina
TsTx-I, que ainda não tinha sido estuda neste contexto;
- Os resultados de neutralização trouxeram novas informações a respeito deste
processo e demonstraram que as pesquisas nesta área deve continuar;
- Os resultados promissores descritos neste trabalho reforçam a importância da
geração de novos imunógenos para produção de soro anti-escorpiônico.
218
Perspectivas
- Finalização do transcriptoma da biblioteca da glândula de veneno do T.
serrulatus;
- Avaliar e testar novas toxinas obtidas da biblioteca para uso na produção de
anticorpos neutralizantes;
- Produção de proteínas recombinantes com os outros cassetes construídos;
- Verificação se os efeitos de proteção dos anticorpos anti-TsNTxPrec e anti-
TsTx-Irec são somatórios;
- Produção das proteínas TsTx-I
(1)
e TsTx-I
(2)
de maneira solúvel e com
enovelamento o mais próximo do correto para verificar se existe diferença na
produção de anticorpos (anticorpos contra estruturas terciárias);
- Determinar a estrutura tridimensional das proteínas recombinantes obtidas
neste trabalho;
- Testar as atividades biológicas das proteínas recombinantes obtidas.
219
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