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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
LÍGIA YUMI MOCHIDA
ESTUDO BIOMECÂNICO DA MARCHA DE
MULHERES IDOSAS ULTRAPASSANDO OBSTÁCULOS:
EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA
São Carlos, SP
2008
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
LÍGIA YUMI MOCHIDA
ESTUDO BIOMECÂNICO DA MARCHA DE
MULHERES IDOSAS ULTRAPASSANDO OBSTÁCULOS:
EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós Graduação em
Fisioterapia do Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde,
Universidade Federal de São
Carlos, como parte dos
requisitos para obtenção do
título de Mestre em Fisioterapia.
Orientadora: Profa. Dra. Paula Hentschel Lobo da Costa
São Carlos, SP
2008
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
M688eb
Mochida, Lígia Yumi.
Estudo biomecânico da marcha de mulheres idosas
ultrapassando obstáculos : efeito da atividade física / Lígia
Yumi Mochida. -- São Carlos : UFSCar, 2008.
76 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2008.
1. Fisioterapia. 2. Biomecânica - exercícios físicos.
3. Envelhecimento. 4. Marcha. 5. Cinemática. 6. Força de
reação do solo. I. Título.
CDD: 612.76 (20
a
)
2
AGRADECIMENTOS
À todas voluntárias, pela participação e colaboração nesse trabalho.
À CAPES, pelo suporte financeiro.
Ao Prof. José Rubens Rebelatto e a Universidade Aberta da Terceira Idade, por
permitir o recrutamento de voluntárias durante as avaliações trimestrais do Programa de
Revitalização Geriátrica.
À Rosália, ao Nilton, à Vilmara e à Carolina Pimentel, por me auxiliarem no
recrutamento de pessoas para participar nesse estudo e por todo apoio que sempre me
deram desde o momento em que os conheci, vocês são minha família e estarão sempre
em meu coração!!!
Aos grupos de Terceira Idade da cidade de São Carlos, por abrirem espaço para
eu apresentar meu trabalho e, assim, encontrar mais participantes.
À secretaria do Programa de Pós-graduação em Fisioterapia da UFSCar, em
especial, a secretária Ana Cláudia, pela prontidão em auxiliar em todas as
intercorrências que houveram durante todo o processo do meu mestrado.
Aos membros do LABAT-NAM Nadiesca, Gardênia, Giovana, Mário, Diana,
Fanny e, em especial, ao SUPER Preto e sua parceira Larissa e a grande Marê (a melhor
apoio-técnico que qualquer laboratório poderia ter), pela ajuda inestimável
principalmente nas coletas.
À prof
a
. Paula, por ser mais do que minha orientadora, ser uma grande amiga e
ser uma pessoa admirável pelo seu caráter em realizar aquilo que acredita com
dedicação e carinho, enfrentando todas as intempéries.
Aos professores Milton e Fabrízio da UniFEI, por me auxiliarem durante as
etapas de processamento dos dados.
Às amigas do LAFIPE, em especial, Bia, Tati e Lê por também me ajudarem nas
etapas de processamento e análise dos dados.
Ao prof. Benedito Benze, grande professor de bioestatística, pela prontidão em
me auxiliar na análise dos dados.
À prof
a
. Selva, pelas dicas, críticas e sugestões para o meu trabalho e,
principalmente, pela amizade.
Às fisiomigas, pela amizade, pelo apoio e pelo carinho de sempre.
3
À Mali, por me auxiliar desde o meu ingresso no mestrado até as etapas finais
deste, além, é claro, da grande amizade.
À Gigi, minha querida fisioterapeuta, por colocar tanto minha cabeça quanto
meu corpo “no lugar”.
À prof
a
. Fernanda Telles, minha eterna professora, por toda compreensão e
carinho me ensinando a trilhar o caminho das palavras.
À minha querida mãe, por ser meu exemplo de determinação, de caráter, de
moral, de tudo! A pessoa mais brilhante que eu conheço e que não mediu esforços para
proporcionar a melhor formação e educação para mim e para minha irmã, sempre nos
apoiando em todos os momentos de nossas vidas.
À minha adorada irmã, ao meu cunhado Irier, ao Henry (meu pai do coração) e à
Tuca (minha segunda mãe), por me auxiliarem no processamento dos dados e pelo amor
incondicional.
À Solange e ao Baiano, pelo apoio nos momentos difíceis que passei durante o
mestrado e pela grande amizade e carinho.
Ao meu amado Guilherme, pela ajuda imprescindível desde as etapas das coletas
de dados até o dia da defesa; sem o seu apoio e colaboração esse trabalho certamente
não teria sido concretizado em tempo hábil. Além disso, pelo companheirismo,
compreensão, carinho, apoio e amor durante todo esse período.
À todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão
dessa grande etapa da minha vida.
Por fim, à Deus, por ter colocado todas essas pessoas incríveis na minha vida!
MUITO OBRIGADA!!!
4
RESUMO
Sabe-se que a prática regular de exercícios traz inúmeros benefícios para os indivíduos
idosos. Contudo, nenhum estudo avaliou seus efeitos na negociação de obstáculos dessa
população. Assim, o objetivo desse trabalho foi estudar a marcha durante a negociação
de obstáculos de mulheres idosas fisicamente ativas e fisicamente independentes através
da avaliação de variáveis biomecânicas, a fim de identificar quais são as adaptações
realizadas pelos dois grupos diante de uma tarefa de marcha mais complexa. A amostra
foi composta por idosas saudáveis, sendo dez fisicamente independentes (FI) e as outras
dez fisicamente ativas (FA) há mais de um ano. Duas ferramentas biomecânicas foram
utilizadas: a cinemetria e a dinamometria. As voluntárias efetuaram dois tipos de
protocolo em velocidade auto-selecionada: marcha livre e marcha com obstáculo. O
obstáculo foi disposto de duas formas diferentes, uma imediatamente antes da
plataforma de força (P1) e outra após a plataforma de força (P2), a fim de se analisar as
diferentes fases do membro inferior (abordagem primária e secundária e suporte
primário e secundário) durante a negociação de obstáculo. A altura do obstáculo foi
personalizada, definida de acordo com o comprimento do membro inferior da respectiva
voluntária, sendo utilizadas as alturas de 10, 20 e 30% da medida verificada. A ordem
para a realização das tarefas foi aleatória e cada participante executou três tentativas
válidas para cada condição experimental, totalizando 21 tentativas randomizadas. As
variáveis analisadas foram: amplitude da passada, distâncias horizontais do hálux e do
calcâneo, distâncias verticais do hálux e do calcâneo, ângulo absoluto do quadril,
ângulos relativos do joelho e tornozelo, forças de reação máximas, mínima e impulso
vertical relativo da componente ortogonal vertical e tempo de apoio. O teste ANOVA de
Friedman foi utilizado para detectar diferenças entre as tarefas, enquanto o teste de
Mann-Whitney foi utilizado para apontar diferenças entres os dois grupos. O Erro Tipo-
I foi controlado com nível de significância menor que 0,05 para ambos os testes. Os
resultados estatisticamente significativos não forneceram conclusões a respeito do efeito
da atividade física na marcha durante a negociação de obstáculos de mulheres idosas.
Contudo, pode-se verificar alguns indícios de que sua prática promoveu uma facilitação
na ultrapassagem das perturbações impostas em idosas. Talvez, com a seleção de outras
variáveis e com a utilização de alturas mais elevadas de obstáculo as diferenças entre os
grupos tornem-se mais evidentes.
Palavras-chave: Biomecânica, Envelhecimento, Marcha, Obstáculos, Atividade Física,
Cinética, Cinemática.
5
ABSTRACT
It is known that practicing regular exercises promotes several benefits to elderly
individuals. However, no studies have assessed the effects of activity on obstacle
negotiation with this population. Therefore, the objective of this research was to study
the gait during obstacle negotiation of elderly women who were physically active and
physically independent by means of the analysis of biomechanical variables to identify
which adaptations are performed by each group when executing a more complex gait
task. The sample was comprised of healthy elderly female subjects, in which ten were
physically independent (PI) and the other ten were physically active (PA) for more than
one year. Two biomechanical tools were utilized: kinematics and dynamometry. The
volunteers performed two types of protocols at self-selected speed: unobstructed gait
and obstructed gait. The obstacle was positioned in two different manners, one
immediately before the force plate (P1) and the other just after the force plate (P2), so
the authors could analyze the different phases of the lower limb (primary and secondary
approach, and primary and secondary support) during the negotiation of an obstacle.
Obstacle height was customized according to the volunteer’s lower limb length, and the
heights of 10, 20 and 30% were utilized from the verified measure. The order in which
the volunteers performed the task was randomized, and each volunteer executed three
valid trials to each experimental condition, with the total amount of 21 randomized
trials. The analyzed variables were: stride length, toe and heel horizontal distances, toe
and heel clearances, hip joint absolute angle, knee and ankle joints relative angles, first
and second peak vertical forces, minimum vertical force, relative vertical impulse of the
ground reaction force, and support time. The Friedman analysis of variance was applied
to detect differences between the tasks, while the Mann-Whitney test was applied to
indicate differences between the groups. Type-I Error was controlled with the
significance level stipulated below 0.05 to both tests. The statistically significant results
did not provide conclusions regarding the effect of physical activity on the gait during
obstacle negotiation of elderly women. However, it was observed certain indications
that physical activity promoted facilitation when negotiating the imposed perturbations.
Perhaps, by analyzing other variables and higher obstacle heights, the differences
between the groups may become more apparent.
Keywords: Biomechanics, Aging, Gait, Obstacles, Physical Activity, Kinetics,
Kinematics.
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Tabela 5
Dados individuais dos grupos FI (n=10) e FA (n=10) ......
Variáveis cinemáticas demonstrando as distâncias
avaliadas durante a negociação do obstáculo posicionado
antes da plataforma de força. Valores estão apresentados
como média (desvio padrão). ). O símbolo * representa
diferença significativa entre os grupos. .............................
Variáveis cinemáticas demonstrando as distâncias
avaliadas durante a negociação do obstáculo posicionado
após a plataforma de força. Valores estão apresentados
como média (desvio padrão). ). O símbolo * representa
diferença significativa entre os grupos. .............................
Variáveis cinemáticas demonstrando os ângulos
avaliados durante a negociação do obstáculo posicionado
antes da plataforma de força. Valores estão apresentados
como média (desvio padrão). O símbolo * representa
diferença significativa entre os grupos. O símbolo +
representa diferença significativa intragrupo entre as
alturas 10 e 30%. ...............................................................
Variáveis cinemáticas demonstrando os ângulos
avaliados durante a negociação do obstáculo posicionado
após a plataforma de força. Valores estão apresentados
como média (desvio padrão). O símbolo + representa
diferença significativa intragrupo entre as alturas 10 e
30%. O símbolo ‡ representa diferença significativa
intragrupo entre as alturas 20 e 30%. ................................
25
45
46
50
50
7
Tabela 6
Tabela 7
Tabela 8
Variáveis obtidas pela plataforma de força durante a
realização da marcha sem obstáculo. O tempo de apoio
está apresentado em segundos, e as demais variáveis em
porcentagem do peso corporal (100%) ..............................
Variáveis obtidas durante a realização da marcha com o
obstáculo posicionado antes da plataforma de força (P1,
suporte secundário). O tempo de apoio está apresentado
em segundos, e as demais variáveis em porcentagem do
peso corporal (100%). O símbolo * representa diferença
significativa entre os grupos. ). O símbolo + representa
diferença significativa intragrupo entre as alturas 10 e
30%. ...................................................................................
Variáveis obtidas durante a realização da marcha com o
obstáculo posicionado depois da plataforma de força (P2,
suporte primário). O tempo de apoio está apresentado em
segundos, e as demais variáveis em porcentagem do peso
corporal (100%). O símbolo * representa diferença
significativa entre os grupos. .............................................
52
52
53
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Volume de calibração ........................................................
Disposição das câmeras e da plataforma de força para a
coleta .................................................................................
Representação das distâncias mensuradas através da
cinemetria. O desenho representa os segmentos perna e
pé; a linha preta representa o obstáculo. A) representa a
distância do pé antes de ultrapassar o obstáculo (distância
horizontal do hálux). B) representa a distância do pé
depois de ultrapassar o obstáculo (distância horizontal do
calcâneo). C) representa a distância do pé no momento
de ultrapassagem do obstáculo com o calcâneo (distância
vertical do calcâneo). D) representa a distância do pé no
momento de ultrapassagem do obstáculo com o hálux
(distância vertical do hálux) ..............................................
Componente Vertical da força de reação do solo e as
variáveis analisadas ...........................................................
Posicionamento do obstáculo durante as funções distintas
do membro inferior avaliado (membro inferior direito
destacado pela cor preta). Posicionamento 1 (P1) do
obstáculo: A - membro inferior avaliado realiza a
abordagem primária ao obstáculo; B - membro inferior
avaliado realiza a fase de suporte secundário.
Posicionamento 2 (P2) do obstáculo: C - membro inferior
avaliado realiza a fase de suporte primário; D - membro
inferior avaliado realiza a abordagem (secundária) ao
obstáculo ............................................................................
28
29
31
32
33
9
Figura 6
Figura 7
Obstáculo ...........................................................................
Análise espectral da componente vertical da força de
reação do solo da plataforma de força ...............................
34
39
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 3
Distância horizontal do hálux (DHH) do membro inferior
direito antes da ultrapassagem do obstáculo. O símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é mais
importante observar a posição do obstáculo P2, pois
corresponde a perna na fase de suporte primário,
representando uma distância segura de ultrapassagem.
Análise intergrupos: diferença significativa entre FI e FA
em P2-20%. Análise intragrupo-altura do obstáculo: não
houve diferenças significativas para ambos os
grupos.....................................................................................
Distância horizontal do calcâneo (DHC) do membro
inferior direito após a ultrapassagem do obstáculo. O
símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é
mais importante observar a posição do obstáculo P1, pois
corresponde a perna na fase de suporte secundário,
representando uma distância segura de abordagem. Análise
intergrupos: não houve diferenças significativas entre os
grupos. Análise intragrupo-altura do obstáculo: não houve
diferenças significativas para ambos os
grupos....................................................................................
Distância vertical do calcâneo (DVC) do membro inferior
direito durante a ultrapassagem do obstáculo. O símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é mais
importante observar a posição do obstáculo P1, pois
corresponde a perna na fase de abordagem primária, sendo
o marcador do calcâneo o que mais se aproxima do
obstáculo. Análise intergrupos: não houve diferenças
significativas entre os grupos. Análise intragrupo-altura do
obstáculo: não houve diferenças significativas para ambos
os grupos...............................................................................
43
44
44
11
Gráfico 4
Gráfico 5
Gráfico 6
Distância vertical do hálux (DVH) do membro inferior
direito durante a ultrapassagem do obstáculo. O símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é mais
importante observar a posição do obstáculo P2, pois
corresponde a perna na fase de abordagem secundária,
sendo o marcador do hálux o que mais se aproxima do
obstáculo. Análise intergrupos: não houve diferenças
significativas entre os grupos. Análise intragrupo-altura do
obstáculo: não houve diferenças significativas para ambos
os grupos......................................................................................
Ângulo do quadril durante a ultrapassagem do obstáculo.
Este ângulo é chamado de absoluto, pois considera a
angulação do quadril em relação ao solo (WINTER, 1991).
A inflexão para baixo da curva (sentido negativo) indica
flexão, enquanto que a inflexão para cima (sentido
positivo) indica a extensão da articulação. O momento da
ultrapassagem do obstáculo (DVH) está representado pelo
círculo no gráfico, e o membro inferior direito está
destacado pela cor preta no desenho representativo do
movimento. Estão representadas duas tentativas de duas
voluntárias.............................................................................
Ângulo relativo do joelho durante a ultrapassagem do
obstáculo. A inflexão para baixo da curva (sentido
negativo) indica flexão, enquanto que a inflexão para cima
(sentido positivo) indica a extensão da articulação. O
momento da ultrapassagem do obstáculo (DVH) está
representado pelo círculo no gráfico, e o membro inferior
direito está destacado pela cor preta no desenho
representativo do movimento. Estão representadas duas
tentativas de duas voluntárias................................................
45
47
48
12
Gráfico 7
Gráfico 8
Ângulo relativo do tornozelo durante a ultrapassagem do
obstáculo. A inflexão para baixo da curva (sentido
negativo) indica flexão, enquanto que a inflexão para cima
(sentido positivo) indica a extensão da articulação. O
momento da ultrapassagem do obstáculo (DVH) está
representado pelo círculo no gráfico, e o membro inferior
direito está destacado pela cor preta no desenho
representativo do movimento. Estão representadas duas
tentativas de duas voluntárias................................................
Variáveis dinamométricas e tempo de apoio comparadas
entre os grupos, nas três diferentes alturas e na marcha
livre, para os dois posicionamentos do obstáculo. O
membro inferior direito está destacado pela cor preta no
desenho representativo do movimento. O símbolo
--
*
--
representa diferença estatisticamente significativa (p <
0,05).......................................................................................
49
51
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
%
A/D
cm
cm
2
DHC
DHH
DLT
DVC
DVH
et al.
FA
FI
Fz1
Fz2
Fz3
H
0
H
1
Hz
IBGE
IVR
Kg
Obst.
p
P1
P2
TUG
seg.
Por cento
Analógico - Digital
Centímetros
Centímetros ao quadrado
Distância horizontal do calcâneo (ao obstáculo)
Distância horizontal do hálux (ao obstáculo)
Direct linear transformation. Método utilizado para representação
tridimensional de coordenadas contendo valores no eixo x e y
Distância vertical do calcâneo (ao obstáculo, durante a ultrapassagem)
Distância vertical do hálux (ao obstáculo, durante a ultrapassagem)
Abreviação do Latim et alii, significando “e outros”
Fisicamente ativas
Fisicamente independentes
Força máxima de reação do solo que corresponde à fase de aceitação do peso
corporal na marcha
Força mínima de reação do solo que corresponde à fase de médio apoio na
marcha
Força máxima de reação do solo que corresponde à fase propulsiva da marcha
Hipótese nula
Hipótese alternativa
Hertz
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Impulso Vertical Relativo. Representa a integral da componente vertical da
força de reação do solo
Quilograma
Obstáculo
Nível de significância
Posicionamento do obstáculo antes da plataforma de força
Posicionamento do obstáculo após a plataforma de força
Teste Timed Up and Go
Segundos
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ...................................................
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................
3 OBJETIVO ............................................................................................
4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................
4.1 Delineamento ................................................................................
4.2 Casuística ......................................................................................
4.2.1 Critérios de Inclusão e Exclusão ...........................................
4.3 Cinemetria .....................................................................................
4.3.1 Acurácia da Cinemetria .........................................................
4.4 Dinamometria ................................................................................
4.5 Protocolo Experimental .................................................................
4.6 Análise Estatística .........................................................................
4.6.1 Análise Intergrupos ...............................................................
4.6.2 Análise Intragrupo .................................................................
4.6.2.1 Altura dos Obstáculos ...................................................
4.6.2.2 Fases do Membro Inferior .............................................
4.7 Processamento dos Dados .............................................................
4.7.1 Cinemetria .............................................................................
4.7.2 Dinamometria ........................................................................
5 RESULTADOS .....................................................................................
5.1 Resultados da Análise Intergrupos ................................................
5.1.1 Variáveis Obtidas Pela Cinemetria .......................................
5.1.2 Variáveis Obtidas Pela Dinamometria ..................................
5.2 Resultados da Análise Intragrupo .................................................
5.2.1 Altura do Obstáculo ..............................................................
5.2.1.1 Variáveis Obtidas Pela Cinemetria ...............................
5.2.1.2 Variáveis Obtidas Pela Dinamometria ..........................
5.2.2 Fases do Membro Inferior .....................................................
5.2.2.1 Variáveis Obtidas Pela Cinemetria ...............................
5.2.2.2 Variáveis Obtidas Pela Dinamometria ..........................
16
20
23
24
24
24
26
27
31
32
33
35
35
36
36
37
38
38
39
40
40
40
41
41
41
41
42
42
42
43
15
6 DISCUSSÃO ........................................................................................
6.1 Análise Intergrupos .......................................................................
6.1.1 Variáveis Obtidas da Cinemetria ..........................................
6.1.2 Variáveis Obtidas da Dinamometria .....................................
6.2 Análise Intragrupo .........................................................................
6.2.1 Efeito da Altura do Obstáculo ...............................................
6.2.1.1 Variáveis Obtidas da Cinemetria ..................................
6.2.1.2 Variáveis Obtidas da Dinamometria .............................
6.2.2 Fases do Membro Inferior .....................................................
6.2.2.1 Variáveis Obtidas da Cinemetria ..................................
6.2.2.2 Variáveis Obtidas da Dinamometria .............................
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................
REFERÊNCIAS .......................................................................................
APÊNDICE A ..........................................................................................
APÊNDICE B ..........................................................................................
ANEXO A ................................................................................................
54
54
54
56
57
57
57
57
58
58
58
60
61
67
73
76
16
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
2000 é possível constatar um crescente aumento da população idosa no Brasil. Do ano
de 1991 a 2000 o número de indivíduos com 60 anos ou mais aumentou em quase 4
milhões representando 8,6% da população total. Estima-se que em 2050 essa proporção
cresça para 18% totalizando 38 milhões (CHAIMOWICZ, 2006). Esse crescimento na
expectativa de vida é uma conquista importante, mas não está diretamente relacionada
com a qualidade com que esta é vivida.
O envelhecimento é marcado pelo declínio progressivo de diversas funções do
corpo, levando a uma redução na capacidade física dos indivíduos (CATAI, 1999;
RIBEIRO, 2001), aumento na incidência de processos degenerativos músculo-
esqueléticos (VELOSO & XIMENES, 2001) e de desordens articulares devido às
mudanças no aporte sangüíneo e alterações do colágeno (REKERS et al., 1992) entre
outras modificações. Assim, a função motora é uma das mais acometidas pelo
envelhecimento. Com o aumento da dificuldade de movimentar-se o idoso restringe-se
às tarefas menos complexas e, gradativamente, insere-se num ciclo vicioso
incapacitante. Esse processo de deterioração do movimento está diretamente
relacionado com a diminuição da qualidade de vida da população idosa, principalmente
quando se trata de uma das condições mais básicas de independência: a locomoção.
A locomoção, especificamente a marcha, é de particular importância para a
população em idade avançada como instrumento para a manutenção das atividades de
vida diária e de interação social, bem como para a garantia de independência. Quando se
considera a marcha como uma perturbação contínua da condição de equilíbrio no
processo de transferência do centro de gravidade de um pé ao outro, podem-se esperar
adaptações em seus padrões para a população em idade mais avançada, devidas às
mudanças nos sistemas motor e cognitivo que acompanham o processo de
envelhecimento. Limitações na função perceptiva, nos sistemas nervoso, muscular e
ósseo produzem condições iniciais diferenciadas para a produção e o controle de
movimentos nesses indivíduos. Dessa maneira, pode-se abordar a marcha de idosos
como adaptada às condições típicas do sistema motor desse grupo, a fim de garantir as
funções básicas para uma marcha bem sucedida.
17
As características de uma marcha bem sucedida baseiam-se em critérios globais
de propulsão eficiente do corpo e segurança. Segundo Winter (1991), esses critérios são:
- manutenção da sustentação do corpo durante o apoio, prevenindo o colapso dos
membros inferiores;
- manutenção da postura ereta e equilíbrio do corpo;
- controle da trajetória do pé, garantindo uma passagem segura sobre o solo na fase de
balanço e um contato suave com o calcanhar no apoio inicial;
- geração de energia mecânica para manter ou aumentar a velocidade de progressão;
- absorção de energia mecânica para o controle do impacto inicial e estabilidade ou
para reduzir a velocidade de progressão.
A marcha, portanto, apresenta-se como uma tarefa complexa a ser realizada,
onde há a necessidade de interação de vários sistemas fisiológicos. O seu controle se dá
em três níveis diferentes, proporcionando o controle da passada reflexa básica e dos
padrões de suporte, o controle postural e equilíbrio, e os mecanismos que permitem ao
corpo adaptar-se a mudanças inesperadas no ambiente (SPIRDUSO, 1995).
Uma simples avaliação visual revela a preferência de idosos por mais baixas
velocidades de deslocamento, menores amplitudes de passos e maiores durações do
apoio duplo. Pesquisas sistematizadas confirmaram tais características e os autores
apontam que estas garantem uma máxima economia de energia, além de segurança
contra quedas (WINTER, 1991; ELBLE et al., 1991; SERRÃO & AMADIO, 1993;
PRINCE et al., 1997).
Uma vez que as características da marcha podem refletir o estado geral de bem
estar e da saúde do sistema motor como um todo, a avaliação da marcha de idosos tem
sido rotina nos programas de Educação Física, de Reabilitação e demais programas que
qualificam a capacidade dessa população em desempenhar atividades de vida diária. Um
exemplo da marcha sendo representativa do estado geral do indivíduo pode ser
observado em um estudo conduzido por Bendall e colaboradores (1989), onde as
alterações na marcha de idosos foram mais presentes em indivíduos institucionalizados
ou recém hospitalizados.
Um outro grande problema é a manutenção do equilíbrio. Masud e Morris
(2001) realizaram uma revisão epidemiológica de quedas em uma população senil dos
anos 80 e início dos anos 90, observando que com o avançar da idade a proporção de
quedas aumentou de 28-35% para 32-42%, nas faixas etárias de 65 anos ou mais e 75
anos ou mais, respectivamente. Elas são importantes causas de morbidade e mortalidade
18
dos idosos, sendo a fratura de quadril sua morbidade mais importante (CHANDLER,
2002). Este último desfecho implica na imobilização e hospitalização, fato que
proporciona um aumento dos gastos com saúde dos sistemas públicos e privados.
Conseqüentemente, a busca pelos fatores de risco das quedas e por estratégias para a sua
diminuição tornou-se imprescindível na medida em que houve um aumento substancial
da população idosa no Brasil e no mundo.
Alguns autores dividem os fatores de risco para quedas em extrínsecos,
provenientes de causas ambientais, e intrínsecos, oriundos do próprio indivíduo que
sofre o acidente (HALE et al., 1992; DIEËN et al., 2005). As mudanças na marcha e
mobilidade em geral, fraqueza muscular, aumento do tempo de reação entre outras
alterações decorrentes do envelhecimento têm sido associadas com fatores de risco
intrínsecos. Deste modo, fundamentado nessas características decorrentes do
envelhecimento, tem-se abordado a estratégia de promoção de atividade física para
amenizar tais modificações que contribuem para os fatores de risco.
Segundo Wilmore e Costil (2001) um estilo de vida ativa não impede, mas
desacelera o processo de envelhecimento biológico. Dessa forma, o declínio progressivo
do sistema motor, nos aspectos de força, tempo de reação e tempo de movimento,
podem ser minimizados por meio de treinamentos adequados e específicos
(SPIRDUSO, 2005; WEINECK, 2005; FLECK & KRAEMER, 2006). Por esse motivo,
várias pesquisas procuram relacionar a atividade física com a diminuição do risco de
quedas (DALEY & SPINKS, 2000; LI et al, 2004; KANNUS et al., 2005).
Todavia, esses estudos restringem-se em analisar fatores intrínsecos, em um
ambiente laboratorial, bem iluminado, sem anteparos que exijam mais do indivíduo.
Essas condições fogem muito da situação real para se compreender as causas das
quedas. Estudos mais recentes têm acrescentado fatores extrínsecos às análises, a fim de
adquirirem novas informações que auxiliem o entendimento da queda em idosos.
Portanto, a inclusão de uma perturbação ambiental durante a marcha apresenta-se como
uma tarefa mais corriqueira, capaz de fornecer informações valiosas sobre o
comportamento motor na negociação de obstáculos.
Dieën e colaboradores (2005) realizaram uma revisão bibliográfica e observaram
uma maior freqüência de quedas nas mulheres idosas do que nos homens. Esse é um
fato importante na medida em que observamos um processo de feminização da
população idosa as quais sofrem muito mais com as seqüelas da queda em decorrência
da osteoporose, evidente nessa fase da vida.
19
Do nosso conhecimento não existe nenhum estudo avaliando a marcha de idosos
durante a negociação de obstáculos comparando dois níveis de atividades físicas. A
maioria visa comparar grupos de faixas etárias distintas, geralmente adultos jovens e
idosos (CHEN et al., 1994; HAHN & CHOU, 2004; SCHILLINGS et al, 2005), outros
comparam grupos de idosos destreinados com treinados por meio de fortalecimento
(LAMOUREAUX et al., 2003). Mas não observamos estudos que buscam analisar os
efeitos da prática regular de atividades físicas como forma de aprimorar a ultrapassagem
de anteparos, diminuindo, assim, o risco de quedas. Dessa forma, esse estudo buscou
compreender melhor as alterações na marcha de mulheres idosas que apresentavam
estilo de vida díspar; sendo um grupo fisicamente independente (nível de sedentarismo)
e outro fisicamente ativo que participava de atividades físicas regulares supervisionadas.
20
2 REVISÃO DE LITERATURA
Os aspectos abordados nesta revisão são referentes a diferentes tipos de estudos
que utilizam perturbações ambientais na avaliação da marcha. Além disso, são relatados
os efeitos benéficos da atividade física na promoção de saúde para a população idosa.
Menz e colaboradores (2003) estudaram o comportamento da marcha de 30
indivíduos jovens (11 homens e 19 mulheres) e 30 idosos (8 homens e 22 mulheres)
saudáveis em terreno irregular. Esse terreno foi montado em três camadas: grama
artificial com 5mm de espessura (camada superficial), finos blocos de madeira de 20mm
distribuídos aleatoriamente (camada média) e uma fina e macia camada de espuma
emborrachada de 20mm (camada profunda). Foram utilizados acelerômetros triaxiais
colocados sobre a cabeça e na região pélvica próximo ao sacro para a mensuração da
velocidade da marcha, cadência, comprimento do passo, variabilidade no tempo do
passo e acelerações da cabeça e do tronco. Foi verificado que os sujeitos mais velhos
apresentaram velocidade reduzida, diminuição do comprimento do passo e aumento na
variabilidade no tempo do passo. Tais fatos, segundo os autores, evidenciam um
aumento do medo de cair da população idosa.
Schrodt e colaboradores (2004) procuraram observar a existência de alguma
alteração na marcha de idosos com obstáculo pela aplicação de uma outra tarefa
envolvendo o aspecto cognitivo. Para isso, tiveram a participação de 21 idosos de
ambos os sexos. A primeira tarefa era caminhar e ultrapassar o obstáculo (peça de
madeira de 91 cm de largura, 15 cm de profundidade e 2 cm de altura) na velocidade
mais rápida possível. A segunda tarefa era recitar números gravados em uma fita.
Assim, os voluntários realizaram cada tarefa individual e concomitantemente. Os
instrumentos para aquisição dos dados foram: uma câmera de vídeo e uma plataforma
de força. Elas permitiram a análise da velocidade da marcha, do comprimento do passo,
da distância horizontal pé-obstáculo, da distância vertical pé-obstáculo durante sua
ultrapassagem, do centro de pressão médio-lateral e duração da fase de balanço na
negociação do obstáculo. Como resultado, somente foi observado um aumento da
distância hálux-obstáculo e uma diminuição na distância calcanhar-obstáculo durante a
realização das duas tarefas simultaneamente. Para os outros parâmetros não se observou
grandes alterações; ocorreu somente uma pequena diminuição na tarefa cognitiva
exigida em benefício da manutenção do desempenho da marcha. Portanto, para os
21
autores, a tarefa física apresentou maior relevância para os participantes avaliados do
que a verbalização dos números escutados (quando realizados simultaneamente),
apresentado pela escolha de uma estratégia mais segura na tarefa física.
Christofoletti e colaboradores (2006) analisaram através de um estudo estatístico
a correlação do aspecto cognitivo com o risco de quedas em idosos não por meio de
uma nova tarefa durante a marcha, e sim através da análise comparativa deste
movimento realizado por sujeitos saudáveis, portadores da doença de Parkinson e
demência de Alzheimer. Os instrumentos utilizados para tanto foram a Escala de
Equilíbrio Funcional de Berg, o teste Timed Up and Go, o mini-exame do estado mental
e o questionário Baecke Modificado para idosos. Os autores observaram que os sujeitos
portadores de Alzheimer apresentaram um maior risco de queda que os indivíduos com
Parkinson, fato interessante na medida em que a primeira é um distúrbio cognitivo e a
segunda, uma patologia com sintomatologia primordialmente motora.
Niang e McFadyen (2005) observaram o efeito da atividade física em uma
população jovem por meio da negociação de obstáculos em três diferentes condições:
marcha livre (sem perturbação), marcha com obstáculos com altura de 10 e 30% do
comprimento do membro inferior. Para tanto, utilizaram um sistema optoeletrônico e
duas plataformas de força. Não foram observadas diferenças relevantes entre os grupos
ativo e inativo que indicasse o benefício da atividade física para essa tarefa. Com isso,
os autores sugerem que o padrão usado pelo sistema nervoso central é unicamente
dependente do membro inferior e do contexto do obstáculo, e não da capacidade física.
Apesar do estudo descrito anteriormente não obter resultados que demonstrem as
vantagens da prática regular de exercícios para uma população jovem, outras pesquisas
demonstram que ela auxilia na promoção de saúde em diferentes sistemas do organismo
(POWERS & HOWLEY, 2001; WILMORE & COSTILL, 2001) incluindo o sistema-
músculo-esquelético. Sabe-se que com o envelhecimento há um processo de grande
perda da força muscular decorrente da combinação de alterações neurais, musculares e
tendíneas. Contudo, Narici e colaboradores (2005) verificaram que através do
treinamento muscular adequado a maioria dos efeitos indesejados da idade são
suavizados, ou mesmo, revertidos.
A lentificação das reações e dos movimentos é também uma característica
observada com o avançar da idade (PATTEN & CRAIK, 2002). Essa diminuição na
velocidade de iniciar e executar movimentos gera grandes dificuldades na medida em
que alguns acontecimentos imprevisíveis, como tropeços, necessitam de ações rápidas
22
para a retomada do equilíbrio. Com medo de enfrentar situações como essa, os idosos,
aos poucos, restringem o convívio social às suas residências, acelerando ainda mais os
processos deletérios provenientes do sedentarismo.
Weineck (2005) relata que esse quadro de lentificação pode ser atenuado com
treinamento específico, com exceção quando houver também um fator de escolha.
Comenta ainda que as capacidades de coordenação e precisão podem ser aperfeiçoadas
mesmo em uma população mais idosa. Assim, a realização de atividade física apresenta-
se como um tópico fundamental para a garantia de uma melhor qualidade de vida desses
indivíduos.
23
3 OBJETIVO
O objetivo desse trabalho foi comparar as formas de negociação de obstáculos
de mulheres idosas fisicamente ativas e fisicamente independentes por meio da
avaliação de variáveis biomecânicas.
Assim, esse estudo procurou verificar:
se a prática regular de atividade física em mulheres idosas modifica a execução da
tarefa em questão;
se diferentes alturas do obstáculo promovem alterações das formas de negociação
para ambos os grupos de modo similar ou diferenciado;
se as diferentes fases do membro inferior durante a ultrapassagem exercem riscos de
quedas semelhantes ou distintos.
24
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 DELINEAMENTO
O delineamento do presente projeto foi estipulado como estudo analítico
transversal, onde não houve o risco de perda amostral durante a realização das coletas
de dado.
A realização da investigação foi baseada na hipótese de pesquisa levantada em
que a atividade física proporcionaria uma maior facilidade de negociação de obstáculos
pelas voluntárias idosas (hipótese 1), sendo observada pelas variáveis biomecânicas em
estudo, e esta suposta diferença entre indivíduos ativos e independentes seria maior com
o aumento da altura do obstáculo a ser negociado (hipótese 2).
Portanto, os dois fatores (variáveis independentes) “atividade física” e
“sedentarismo” (classificado, neste estudo, como indivíduos “independentes”)
apresentam 7 níveis (alturas e posicionamento do obstáculo, descritos mais a seguir na
seção Protocolo Experimental), e estes foram relacionados com diversas variáveis
dependentes em cada tipo de avaliação (dinamométrica e cinemática), proporcionando
as seguintes hipóteses estatísticas a serem testadas:
21
:
τ
τ
=
o
H
e
211
:
τ
τ
H
,
onde
1
τ
representando os efeitos fixos dos tratamentos observados para as voluntárias
idosas fisicamente ativas e
2
τ
representando os efeitos fixos dos tratamentos
observados para as voluntárias idosas fisicamente independentes.
4.2 CASUÍSTICA
Oitenta e quatro idosas foram contatadas e esclarecidas sobre o trabalho; destas,
28 se apresentaram como voluntárias para o estudo. Uma fisioterapeuta, independente à
pesquisa, avaliou-as e, após sua avaliação, os registros eram analisados para verificar se
as voluntárias se enquadravam nos critérios de inclusão e exclusão, descritos mais
adiante.
25
Por conseguinte, a amostra final foi composta de vinte idosas saudáveis do
gênero feminino (Tabela 1). Dessa amostra, dez eram mulheres fisicamente
independentes (FI), que segundo a classificação de Spirduso (1995) representam
indivíduos que não realizam exercícios físicos e não tiveram nenhuma doença que os
debilitassem de forma a perderem sua independência. As outras dez eram fisicamente
ativas (FA) há mais de um ano, realizando atividade física duas ou três vezes por
semana pelo “Programa de Revitalização Geriátrica”.
Tabela 1: Dados individuais dos grupos FI (n = 10) e FA (n = 10).
Participante
Idade
(anos)
Massa
(Kg)
Estatura
(cm)
TUG
(seg)
Mini Exame
do Estado
Mental
01 63 68,6 169,5 8,1 30
02 68 57,7 156,5 10,65 27
03 62 45,2 151 8,5 28
04 60 67 161 9,59 27
05 70 63,15 157 7,84 28
06 82 55,4 157 9,84 28
07 61 68,9 157,5 7,7 26
08 64 65,4 151 8,72 30
09 60 66,4 155 6,59 26
10 71 67 160 10 29
Média 66,10 61,97 157,28 8,75 27,90
Grupo FI
Desvio-Padrão 6,89 7,85 5,57 1,25 1,45
11 64 68 165 8,13 24
12 61 66,75 165 8,56 29
13 71 70,1 159,5 8,68 24
14 63 66,7 158 5,92 27
15 60 70,8 159 9,07 27
16 63 57,9 149 6,84 28
17 63 43,8 141,5 7,15 26
18 62 62,8 158,5 6,84 29
19 67 57,6 157 9,75 25
20 66 55,3 153 8,25 27
Média 64,00 61,98 156,55 7,92 26,60
Grupo FA
Desvio-Padrão 3,23 8,41 7,15 1,19 1,84
O “Programa de Revitalização Geriátrica” é promovido pela Universidade
Federal de São Carlos em parceria com a Universidade Aberta da Terceira Idade e teve
início em abril de 2005. As aulas são efetuadas três vezes na semana, em dias
intercalados, com duração de uma hora. As atividades desse programa são orientadas
por professores de educação física independentes deste projeto. Elas consistem
26
basicamente na realização de um pré-aquecimento, alongamento inicial, ganho de
resistência aeróbia, trabalhos que envolvam capacidades coordenativas, treinamento de
resistência de força, ganho de flexibilidade e por fim, relaxamento. A escolha dessa
população ativa ocorreu devido à regularidade das atividades e a longa duração do
programa que gerou, dessa forma, um grupo homogêneo.
O recrutamento do grupo FA foi realizado pessoalmente durante as avaliações
trimestrais do programa de revitalização ou por telefone adquirido através dos registros
dos indivíduos que integram tal atividade. Para o grupo FI as voluntárias foram
encontradas através de grupos de terceira idade existentes na cidade de São Carlos ou
por indicação de pessoas solidárias ao trabalho em questão.
4.2.1 Critérios de Inclusão e Exclusão
Os seguintes critérios foram estipulados para a formação da amostra:
- Capacidade de caminharem independentemente;
- não etilistas;
- não usuárias de drogas ou substâncias que causam dependência química;
- índice de massa corporal inferior a 30kg/m
2
;
- ausência de distúrbios neurológicos e neuropatias periféricas;
- ausência de anormalidades, disfunções ou processos músculo-esqueléticos
degenerativos graves;
- não usuárias de próteses e órteses de membros inferiores e cintura pélvica;
- ausência de história de fraturas ósseas ou lesões articulares que interfiram na
mobilidade;
- ausência de distúrbios visuais não corrigidos pelo uso de óculos.
O questionário utilizado (apêndice A) verificou o nível de atividade física, índice
de massa corporal, presença de distúrbios neurológicos e neuropatias periféricas, a
utilização de drogas ou substâncias que causassem dependência química, a existência de
dificuldades para deambulação, o grau de força muscular de tronco e membros
inferiores, o teste Timed Up & Go (PODSIADLO e RICHARDSON, 1991) e o Mini-
Exame do Estado Mental (FOLSTEIN et al., 1975).
O grau de força muscular é uma medida subjetiva, porém muito utilizada na área
de Fisioterapia para avaliação clínica. A escala de graduação varia de zero (sem
27
nenhuma evidência de contração muscular) a cinco (movimento realizado em amplitude
completa, contra a gravidade e contra uma resistência) (REESE, 2000). Para esse estudo
foi determinada uma pontuação acima de três, ou seja, aquelas que eram capazes de
realizar movimento numa amplitude completa contra a gravidade. A fisioterapeuta não
foi informada sobre o valor necessário para a seleção ou não da voluntária. Todas as
voluntárias avaliadas, inclusive as que não participaram do estudo, obtiveram valores
maiores que o estipulado.
O teste Timed Up & Go consiste na tarefa de levantar-se de uma poltrona, andar
3 metros, girar e voltar andando no mesmo percurso, sentando-se novamente. Foi
estabelecido para a participação nesse estudo a sua efetuação em menos de 14 segundos
que prediz a menor probabilidade de queda (SHUMWAY-COOK et al., 2000). Todas as
idosas avaliadas foram capazes de executar essa atividade no tempo definido. Os
valores obtidos por cada participante encontram-se na Tabela 1. Para o Mini-Exame do
Estado Mental a pontuação escolhida foi baseada no escore proposto por Brucki e
colaboradores (2003), 21 pontos ou mais, o qual leva em consideração a influência da
escolaridade, sendo, portanto, mais adequado para os padrões brasileiros.
As voluntárias foram previamente informadas e esclarecidas a respeito do
objetivo desta pesquisa e sobre os protocolos experimentais a que foram submetidas,
explicitando o caráter não-invasivo dos mesmos. Foram também informadas que
poderiam desistir a qualquer momento de participar do projeto, independentemente do
motivo, e que os dados obtidos durante este trabalho seriam mantidos em sigilo e não
poderiam ser consultados por outras pessoas sem sua autorização prévia por escrito,
resguardando sua privacidade. Todas assinaram um termo de consentimento formal
(apêndice B) para a participação nesta pesquisa, autorizando a aplicação dos protocolos
experimentais propostos para este estudo. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos parecer
número 245/2006 (anexo A).
4.3 CINEMETRIA
As características cinemáticas do andar em idosos têm sido extensamente
estudadas através de procedimentos da cinemetria (MURRAY et al., 1969; KANEKO et
al., 1991; OLIVEIRA, 1996). Os ângulos dos segmentos corporais e as distâncias dos
mesmos relativamente ao obstáculo durante a marcha são dados necessários para este
28
estudo. Portanto, foi utilizado o método da cinemetria, a partir do qual, variáveis
descritivas das técnicas de movimento são avaliadas indiretamente, ou seja, por meio da
análise de imagens registradas em um sistema óptico. Este método permite que os
sujeitos movimentem-se livremente, sem nenhuma interferência de equipamento ou
qualquer outro objeto, como cabos e eletrodos, que pudessem eventualmente limitar
suas liberdades de movimento interferindo, consequentemente, nas variáveis analisadas
e mesmo nas condições de segurança no ambiente de laboratório.
Para este estudo foi utilizada uma abordagem tridimensional, com avaliação das
amplitudes de movimento do membro inferior direito, nas funções de suporte e de
abordagem, e do grau de oscilação do tronco durante a negociação do obstáculo. Além
disso, a relação espacial entre o obstáculo e o sujeito também foi estudada, pois esta
pode revelar como se dá a interação do sujeito com a tarefa de negociar um obstáculo
durante a realização da marcha.
A calibração do espaço tridimensional foi realizada através de um volume de
calibração (200cm X 180cm X 80cm) confeccionado com barras de ferro onde foram
fixados 32 marcadores refletivos (Figura 1). Esse calibrador era posicionado na região
central da pista, onde a plataforma de força estava localizada. Após a captura da sua
imagem, as câmeras não eram mais movidas de lugar e nem mesmo ajustes mínimos
eram realizados durante a coleta, a fim de se obter melhor acurácia do sistema.
Figura 1: Volume de calibração.
Para as aquisições dos dados, foram fixados marcadores refletivos de 1,4cm de
diâmetro (joelho, tornozelo e pé) e 2,3cm de diâmetro (ombro e quadril) em pontos
anatômicos estratégicos que determinam os eixos articulares aproximados em torno dos
quais os movimentos entre os segmentos foram avaliados. Esses marcadores se
29
tornaram pontos refletores de luz e foram captados pelas câmeras. Pontos anatômicos do
hemicorpo direito foram demarcados da seguinte maneira, a fim de que
correspondessem aproximadamente aos eixos articulares (CAPPOZZO et al., 1995):
- ombro: acrômio;
- quadril: proeminência da superfície externa do trocânter maior do fêmur;
- joelho: região mais lateral do côndilo tibial;
- tornozelo: ápice do maléolo lateral;
- pé: aspecto póstero-lateral do calcâneo, extremidade do hálux e cabeça do V
metatarso.
Três câmeras de vídeo da marca Panasonic, modelo NV-GS180PL, foram
dispostas sobre tripés fixos para registro da marcha com e sem obstáculos. Duas delas
foram posicionadas obliquamente ao movimento (câmeras 1 e 2); a terceira foi disposta
de modo a registrar o plano sagital da marcha (câmera 3)(Figura 2). Durante todo o
experimento o ambiente foi preparado com boa iluminação (holofotes) em todo o
percurso das tarefas para melhor captação da imagem e para uma boa visualização do
trajeto pelas voluntárias.
Figura 2: Disposição das câmeras e da plataforma de força para a coleta.
A cinemetria foi sincronizada através de dois procedimentos: um sinal luminoso
visível pelas três câmeras e um sinal sonoro também registrado pelas três câmeras. O
primeiro sistema de sincronização (fabricado pela EMG Systems do Brasil) emite um
impulso elétrico, simultaneamente ao sinal luminoso, observado em um dos canais de
30
aquisição de dados do conversor A/D (EMG Systems do Brasil), sincronizando a
cinemetria com a dinamometria.
As câmeras operaram a uma freqüência de 60 quadros por segundo que, segundo
Johanson (1998), representa adequadamente a marcha humana normal. As variáveis
mensuradas foram:
- amplitude da passada: distância entre dois toques consecutivos do calcâneo do pé
direito durante um ciclo da marcha, sendo o primeiro toque antes da ultrapassagem
da perna direita, e o segundo toque após a ultrapassagem do obstáculo.
- distância horizontal do hálux (DHH): distância do hálux do pé direito ao obstáculo
antes de ultrapassá-lo durante a fase de apoio do membro inferior direito no
momento em que este exerce a função de suporte para o esquerdo ultrapassar o
obstáculo (Figura 3A).
- distância horizontal do calcâneo (DHC): distância do calcâneo do pé direito ao
obstáculo após ultrapassá-lo durante a fase de apoio do membro inferior direito
(Figura 3B).
- distância vertical do calcâneo (DVC): menor distância vertical do calcâneo ao
obstáculo durante a abordagem do mesmo (Figura 3C).
- distância vertical do hálux (DVH): menor distância vertical do hálux ao obstáculo
durante a abordagem do mesmo (Figura 3D).
- ângulo absoluto de quadril (WINTER, 1991): ângulo formado entre o segmento
tronco (marcadores: acrômio e trocânter maior do fêmur) e o segmento horizontal
paralelo ao plano do solo no instante em que ocorre a ultrapassagem do pé direito
(DVH).
- Ângulo relativo do joelho: formado entre os segmentos coxa (marcadores: trocânter
maior do fêmur e côndilo tibial) e perna (marcadores: côndilo tibial e maléolo
lateral) no instante em que ocorre a ultrapassagem do pé direito (DVH).
- ângulo relativo do tornozelo: formado entre o segmento perna e o pé (marcadores:
maléolo lateral e cabeça do V metatarso) no instante em que ocorre a ultrapassagem
do pé direito (DVH).
31
Figura 3: Representação das distâncias mensuradas através da cinemetria. O desenho representa os
segmentos perna e pé; a linha preta representa o obstáculo. A) representa a distância do pé antes de
ultrapassar o obstáculo (distância horizontal do hálux). B) representa a distância do pé depois de
ultrapassar o obstáculo (distância horizontal do calcâneo). C) representa a distância do pé no momento de
ultrapassagem do obstáculo com o calcâneo (distância vertical do calcâneo). D) representa a distância do
pé no momento de ultrapassagem do obstáculo com o hálux (distância vertical do hálux).
Os ângulos formados na posição anatômica foram calculados. Para tanto, foi
efetuada uma tomada da postura estática de cada voluntária pelas três câmeras de vídeo
no ambiente calibrado. Esses ângulos calculados foram subtraídos dos ângulos
analisados das respectivas articulações a fim de retirar a influência da postura já adotada
pelas participantes, criando-se, portanto, uma linha de base para o cálculo das
amplitudes de movimento.
4.3.1 Acurácia da Cinemetria
Para a verificação da acurácia neste estudo, utilizou-se uma haste de metal de
cor preta, contendo dois marcadores reflexivos de 1,4cm de diâmetro, fixados um em
cada extremidade desta haste. A menor distância centro a centro entre estes marcadores
foi previamente mensurada através de uma trena com escalas em milímetros. Esta
medida foi adotada como o valor verdadeiro (v = 17,5 cm) da distância entre os dois
marcadores.
Esta haste foi filmada no ambiente de coleta, onde uma pessoa a movimentou de
forma aleatória, na região onde as voluntárias realizaram a negociação de obstáculo.
Nas imagens desta haste realizaram-se os mesmos processamentos efetuados para o
movimento estudado, a fim de se obter as variáveis cinemáticas de seus dois
32
marcadores. Logo após, realizou-se o cálculo da distância entre os dois marcadores,
durante sua movimentação, sendo estes valores adotados como os valores mensurados
(ou valor medido). Assim, o valor da acurácia do sistema foi de 0,28cm.
4.4 DINAMOMETRIA
As forças de reação do solo e seus respectivos cursos temporais têm sido
mensurados durante o andar de idosos (PRINCE et al., 1997; KERRIGAN et al., 2000;
LAMOUREUX et al., 2003) a fim de se avaliar as forças que variam com o tempo, as
quais surgem nas fases de apoio do andar. Estas representam a soma vetorial da
aceleração da massa de todos os segmentos corporais, ou seja, a resultante de todas as
forças musculares e gravitacionais atuando em cada instante durante a fase de apoio
(WINTER, 1991). No presente estudo, elas foram medidas por uma plataforma de força
(40cm X 60cm) fixa ao piso (Figura 2), da marca BERTEC (BERTEC Corporation),
modelo 4060-08. As características da plataforma são:
- capacidade de carga vertical de 5 mil Newtons;
- calibração embutida e corrigida para cross talk;
- linearidade e histerese: erro máximo de 0,2%;
- resolução para saída: 0,02% para toda a escala de medição.
A plataforma de força e todo o percurso foram cobertos com um tapete preto
(900cm X 101,5cm X 0,1cm) antiderrapante. Os dados para esse estudo foram
amostrados a uma freqüência de 1000Hz. Foi analisada a componente ortogonal vertical
por meio das variáveis forças de reação máximas (Fz1 e Fz3) e mínima (Fz2), impulso
vertical relativo (IVR) e tempo de apoio (Figura 4).
Figura 4: Componente Vertical da força de reação do solo e as variáveis analisadas.
33
4.5 PROTOCOLO EXPERIMENTAL
As voluntárias efetuaram dois tipos de protocolo:
- Marcha livre: as mulheres caminharam 9 metros de pista sem nenhum obstáculo
numa velocidade auto selecionada (Figura 2);
- Marcha com obstáculo: foi considerado o mesmo percurso do protocolo acima
citado, porém com a presença de um obstáculo, descrito a seguir. Este foi disposto
de duas formas diferentes, uma imediatamente antes da plataforma de força (P1)
(Figura 5 A e B) e outra após a plataforma de força (P2) (Figura 5 C e D). Na P1 o
membro inferior direito realiza a abordagem (primária) do obstáculo (Figura 5A),
com subseqüente suporte considerado secundário (Figura 5B), enquanto o membro
inferior contralateral (não analisado) realiza o suporte primário, seguido da
abordagem secundária do obstáculo (Figura 5B). Para a P2, foi avaliada a fase de
suporte considerado primário (Figura 5C), pois o membro contralateral (não
analisado) realiza a abordagem primária do obstáculo (Figura 5C), e o membro
inferior direito realiza a abordagem do obstáculo secundariamente (Figura 5D).
Figura 5: Posicionamento do obstáculo durante as fases distintas do membro inferior avaliado (membro
inferior direito destacado pela cor preta). Posicionamento 1 (P1) do obstáculo: A - membro inferior
avaliado realiza a abordagem primária ao obstáculo; B - membro inferior avaliado realiza a fase de
suporte secundário. Posicionamento 2 (P2) do obstáculo: C - membro inferior avaliado realiza a fase de
suporte primário; D - membro inferior avaliado realiza a abordagem (secundária) ao obstáculo.
O obstáculo (Figura 6) consiste em um tubo plástico preto de um centímetro de
diâmetro, medindo 100 cm de comprimento, com dois suportes de madeira com 70cm
com regulagem de altura variando a cada 1cm. A altura do obstáculo foi personalizada,
isto é, definida de acordo com o comprimento do membro inferior da respectiva
voluntária variando em 10, 20 e 30% da medida verificada. O comprimento do membro
inferior foi obtido por meio da distância do trocânter maior do fêmur ao solo. A medida
34
média do membro inferior foi de 82,3±4,9cm (de 70 a 87 cm); a média das alturas do
obstáculo foi de aproximadamente 8,23 cm, 16,47 cm e 24,70 cm para 10%, 20% e 30%
respectivamente. Para a segurança das participantes desse projeto sempre houve uma
pessoa para ampará-las, caso ocorresse um possível tropeço e desequilíbrio durante a
tarefa de ultrapassagem. Além disso, o obstáculo foi confeccionado de forma que
qualquer contato levasse a barra a cair. As extremidades e o centro do tubo plástico
receberam marcadores refletivos a fim de permitir sua visualização no plano da
imagem.
Figura 6: Obstáculo.
Foi solicitado às voluntárias caminharem quantas vezes desejassem em cada
tarefa até se ambientarem, numa velocidade confortável, não recebendo feedback de
seus desempenhos durante o experimento. Elas eram orientadas a utilizar calçados
fechados confortáveis e habituais, além de roupas de ginástica do tipo maiôs.
A ordem para a realização das tarefas foi aleatória, por meio de sorteio realizado
no momento do experimento. Esse procedimento foi tomado, a fim de se excluir a
influência do aprendizado das tarefas e da adaptação às mesmas nos resultados. Cada
participante executou três tentativas válidas para cada condição experimental,
totalizando 21 tentativas randomizadas. As condições foram:
- Marcha no plano;
- P1-obst 10%: negociar obstáculo com 10% do comprimento do membro inferior da
respectiva voluntária, com este localizado antes da plataforma de força;
35
- P1-obst 20%: negociar obstáculo com 20% do comprimento do membro inferior da
respectiva voluntária, com este localizado antes da plataforma de força;
- P1-obst 30%: negociar obstáculo com 30% do comprimento do membro inferior da
respectiva voluntária, com este localizado antes da plataforma de força;
- P2-obst 10%: negociar obstáculo com 10% do comprimento do membro inferior da
respectiva voluntária, com este localizado depois da plataforma de força;
- P2-obst 20%: negociar obstáculo com 20% do comprimento do membro inferior da
respectiva voluntária, com este localizado depois da plataforma de força;
- P2-obst 30%: negociar obstáculo com 30% do comprimento do membro inferior da
respectiva voluntária, com este localizado depois da plataforma de força.
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Devido ao fato dos dados não apresentarem uma constante distribuição normal
(segundo o teste de Kolmogorov-Smirnov) entre as variáveis estudadas e as condições
em que as voluntárias realizaram as tarefas, foram utilizados testes não paramétricos
para identificar diferenças entre os grupos e entre as tarefas. Este decisão foi tomada
para manter um padrão invariável de análise estatística para todos os dados avaliados,
sem a necessidade de transformações numéricas distintas para cada situação. O teste
ANOVA de Friedman foi utilizado para detectar diferenças entre as tarefas, enquanto o
teste de Mann-Whitney foi utilizado para apontar diferenças entres os dois grupos. O
Erro Tipo-I foi controlado com nível de significância p menor que 0,05 para ambos os
testes.
Os dados foram analisados estatisticamente de duas formas: análise intergrupos
e análise intragrupo. A primeira serviu para verificar a existência ou não de diferenças
significativas entre as duas amostras. A segunda comparou o grupo em si a fim de
analisar as diferentes condições (marcha livre ou marcha com obstáculo a 10, 20 e 30%)
e posições do obstáculo (P1 e P2) tanto no grupo FI quanto no grupo FA.
4.6.1 Análise Intergrupos
Foram comparados os dois grupos na cinemetria dentro das seis condições
estipuladas para marcha com obstáculo (dois grupos X oito variáveis X seis condições).
36
Para a dinamometria, além dessas seis condições, foi incluída a marcha livre (dois
grupos X cinco variáveis X sete condições). O esquema a seguir é um exemplo que
demonstra as comparações efetuadas para uma variável dinamométrica.
Grupo FI – P1-10% X Grupo FA – P1-10%
Grupo FI – P1-20% X Grupo FA – P1-20%
Grupo FI – P1-30% X Grupo FA – P1-30%
Grupo FI – P2-10% X Grupo FA – P2-10%
Grupo FI – P2-20% X Grupo FA – P2-20%
Grupo FI – P2-30% X Grupo FA – P2-30%
Grupo FI – LIVRE X Grupo FA – LIVRE
4.6.2 Análise Intragrupo
Foram realizadas comparações entre as condições para o grupo FI e,
separadamente, para o grupo FA. Dessas análises pode-se extrair informações relevantes
quanto a altura do obstáculo e as funções do membro inferior (Cinemetria: oito
variáveis X seis condições) (Dinamometria: cinco variáveis X sete condições).
4.6.2.1 Altura dos Obstáculos
As comparações entre a mesma posição do obstáculo (P1 X P1, P2 X P2)
fornecem informações interessantes quanto ao efeito da altura do obstáculo. A seguir
estão exemplarmente esquematizadas as comparações analisadas para uma variável
dinamométrica.
37
Grupo FI – P1-10% X Grupo FI – P1-20%
Grupo FI – P1-10% X Grupo FI – P1-30%
Grupo FI – P1-10% X Grupo FI – LIVRE
Grupo FI – P1-20% X Grupo FI – P1-30%
Grupo FI – P1-20% X Grupo FI – LIVRE
Grupo FI – P1-30% X Grupo FI – LIVRE
Grupo FI – P2-10% X Grupo FI – P2-20%
Grupo FI – P2-10% X Grupo FI – P2-30%
Grupo FI – P2-10% X Grupo FI – LIVRE
Grupo FI – P2-20% X Grupo FI – P2-30%
Grupo FI – P2-20% X Grupo FI – LIVRE
Grupo FI – P2-30% X Grupo FI – LIVRE
Grupo FA – P1-10% X Grupo FA – P1-20%
Grupo FA – P1-10% X Grupo FA – P1-30%
Grupo FA – P1-10% X Grupo FA – LIVRE
Grupo FA – P1-20% X Grupo FA – P1-30%
Grupo FA – P1-20% X Grupo FA – LIVRE
Grupo FA – P1-30% X Grupo FA – LIVRE
Grupo FA – P2-10% X Grupo FA – P2-20%
Grupo FA – P2-10% X Grupo FA – P2-30%
Grupo FA – P2-10% X Grupo FA – LIVRE
Grupo FA – P2-20% X Grupo FA – P2-30%
Grupo FA – P2-20% X Grupo FA – LIVRE
Grupo FA – P2-30% X Grupo FA – LIVRE
4.6.2.2 Fases do Membro Inferior
As comparações entre as duas diferentes posições do obstáculo (P1 X P2),
revelam as diferenças entre as fases do membro inferior, isto é, compara o membro nas
fases de abordagem primária e secundária, e o mesmo membro para as fases suporte
38
primário e secundário. A seguir estão exemplarmente esquematizadas as comparações
analisadas para uma variável dinamométrica ou cinemática.
Grupo FI – P1-10% X Grupo FI – P2-10%
Grupo FI – P1-20% X Grupo FI – P2-20%
Grupo FI – P1-30% X Grupo FI – P2-30%
Grupo FA – P1-10% X Grupo FA – P2-10%
Grupo FA – P1-20% X Grupo FA – P2-20%
Grupo FA – P1-30% X Grupo FA – P2-30%
4.7 PROCESSAMENTO DOS DADOS
4.7.1 Cinemetria
O programa VirtualDub 1.7.3 capturou as imagens no mesmo instante (captura
online) em que a coleta se realizou. Elas foram digitalizadas automaticamente pelo
software DVIDEOW (BARROS et al., 1999; FIGUEROA et al., 2003) onde passaram
pelos procedimentos de:
- Sincronização: foram utilizados dois eventos para sincronizar as imagens das três
câmeras, o sinal luminoso já descrito no capítulo 4.2. e um sinal sonoro (apito)
apresentados no início e fim de cada tentativa. A utilização de dois sinais serviu para
garantir a menor defasagem temporal existente entre os registros.
- Desentrelaçamento: as câmeras de vídeo usam um sistema de reprodução em um
formato entrelaçado (justaposição dos campos ímpares e pares que formam a
imagem). Assim, é necessário desentrelaçar os campos para a obtenção dos quadros
numa freqüência de amostragem de 60Hz.
- Compactação: foi utilizado o compactador Ligos Indeo
Vídeo 5.11 com qualidade
de 100%.
- Medição: o processo de digitalização das imagens deu-se de forma semi-automática.
Isso devido ao posicionamento dos marcadores, principalmente os localizados no
pé, os quais se encontravam muito próximos uns dos outros no plano da imagem e
precisavam de digitalização manual.
39
- Calibração e Reconstrução tridimensional: o método utilizado foi o sistema DLT
(Direct Linear Transformation) (ABDEL-AZIZ e KARARA, 1971).
Uma rotina Matlab foi criada para realizar o processamento automático dos
dados. Um filtro digital passa-baixa Butterworth de quarta ordem com freqüência de
corte de 6Hz foi utilizado para o processamento dos dados das imagens (WINTER,
1990).
4.7.2 Dinamometria
Como executado para a cinemetria, uma outra rotina Matlab foi criada para
processar automaticamente os dados gerados pela plataforma de força. Foi analisada a
componente ortogonal vertical, que foi filtrada pelo filtro digital Butterworth passa-
baixa de segunda ordem com uma freqüência de corte entre 1-8 Hz. Essa freqüência foi
escolhida de acordo com a analise espectral (Figura 7) realizada para cada tentativa de
cada voluntária.
Figura 7: Análise espectral da componente vertical da força de reação do solo da plataforma de força.
Os dados foram normalizados pelo tempo de apoio (0 a 100%) e pelo peso
corporal para tornar possível a comparação das magnitudes da força entre as voluntárias
e os grupos que elas constituem independentemente do peso corporal.
40
5 RESULTADOS
A forma de apresentação gráfica dos resultados foi diversificada, a fim de
representar melhor os dados. Assim, as distâncias foram expressas em boxplots
(Gráficos 1, 2, 3 e 4) e as variáveis dinamométricas foram representadas por gráficos de
colunas (Gráfico 8). Os ângulos foram apresentados de acordo com sua variação no
tempo de um segundo (Gráficos 5, 6 e 7) apenas com caráter ilustrativo do
comportamento do movimento analisado no instante crítico do mesmo, ou seja, durante
a ultrapassagem do pé do membro inferior direito pelo obstáculo. Para tanto, foram
selecionadas duas tentativas de duas voluntárias de cada grupo.
5.1 RESULTADOS DA ANÁLISE INTERGRUPOS
5.1.1 Variáveis Obtidas Pela Cinemetria
O grupo FA apresentou maior amplitude da passada (p = 0,034) (Tabelas 2 e 3) e
maior ângulo absoluto de quadril (p = 0,012) (Gráfico 5, Tabelas 4 e 5) na tarefa em que
o obstáculo, com altura de 30%, encontra-se na posição P1 e o membro inferior executa
a função de abordagem primária.
A variável distância horizontal do hálux (DHH) apresentou diferença
significativa, sendo a menor distância para o grupo FI, na tarefa em que o obstáculo,
com altura de 20%, encontra-se na posição P2 (p = 0,028) e o membro inferior direito
executa a função de suporte primário (Gráfico 1, Tabelas 2 e 3).
O grupo FI teve menores valores que o grupo FA para a variável distância
vertical do calcâneo (DVC) na tarefa em que o obstáculo, à altura de 20 (p = 0,028) e
30% (p = 0,041), encontra-se na posição P2 e o membro inferior direito executa a
função de suporte primário (Gráfico 3, Tabelas 2 e 3).
Com relação às variáveis distância horizontal do calcâneo (DHC) (Gráfico 2,
Tabelas 2 e 3), distância vertical do hálux (DVH) (Gráfico 4, Tabelas 2 e 3), ângulo
relativo do joelho (Gráfico 6, Tabelas 4 e 5) e do tornozelo (Gráfico 7, Tabelas 4 e 5)
não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos FA e FI.
41
5.1.2 Variáveis Obtidas Pela Dinamometria
O grupo FI apresentou menor magnitude para a variável Fz1 que o grupo FA, na
tarefa em que o obstáculo, com altura de 10%, encontra-se na posição P1 (p = 0,028) e o
membro inferior direito executa a função de suporte secundário (Gráfico 8, Tabelas 6, 7
e 8).
Para a variável Fz2 o grupo FI apresentou maior magnitude que o grupo FA na
tarefa em que o obstáculo, com altura de 10%, encontra-se na posição P2 (p = 0,034) e o
membro inferior direito executa a função de suporte primário (Gráfico 8, Tabelas 6, 7 e
8).
As demais variáveis (Fz3, IVR e tempo de apoio) não apresentaram diferenças
significativas entre os grupos FA e FI (Gráfico 8, Tabelas 6, 7 e 8).
5.2 RESULTADOS DA ANÁLISE INTRAGRUPO
5.2.1 Altura do Obstáculo
5.2.1.1 Variáveis Obtidas pela Cinemetria
Não houve diferenças significativas para as variáveis amplitude da passada,
DHH, DHC, DVC, DVH (Tabelas 2 e 3) e ângulo absoluto de quadril para ambos os
grupos (Tabelas 4 e 5).
Para a variável ângulo relativo do joelho foram encontradas diferenças
significativas quando se comparou a altura do obstáculo entre 10 e 30% nas duas
posições P1 e P2 (p < 0,05), para o grupo FI sendo que a maior flexão do joelho ocorreu
na altura mais elevada. Da mesma forma, o grupo FA apresentou diferença entre as
alturas 10 e 30%, todavia apenas para a posição do obstáculo P1(p < 0,05) (Tabelas 4 e
5).
Para a variável ângulo relativo do tornozelo foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas quando se comparou a altura do obstáculo entre 10 e 30%
e entre 20 e 30% na posição P2 (p < 0,05) para o grupo FI. Para o grupo FA a diferença
também ocorreu entre as alturas 10 e 30%, todavia apenas para a posição do obstáculo
P1 (p < 0,05) (Tabelas 4 e 5). Para os dois grupos, as alturas mais elevadas promoveram
maiores flexões de tornozelo que as alturas mais baixas.
42
5.2.1.2 Variáveis Obtidas pela Dinamometria
Para o tempo de apoio foram encontradas diferenças significativas quando se
comparou as alturas do obstáculo em 20 e 30% com a marcha livre nas duas posições
P1 e P2 (p < 0,05), para ambos os grupos. Além disso, houve diferenças significativas
entre as alturas 10 e 30% com o obstáculo na posição P1 (p < 0,05) tanto para o grupo
FI quanto para o grupo FA (Tabelas 6, 7 e 8). Dessa forma, os maiores tempos de apoio
corresponderam as alturas mais elevadas.
Com relação à variável Fz1 o grupo FI apresentou maiores magnitudes quando
comparadas as alturas 20 e 30% com a marcha livre com o obstáculo na posição P2 (p <
0,05) (Tabelas 6, 7 e 8).
Não foi observada, para a variável Fz2, diferenças significativas para os dois
grupos (Tabelas 6, 7 e 8).
Maiores valores de Fz3 foram encontradas na marcha com obstáculo quando se
comparou as alturas 10 e 20% com a marcha livre com o obstáculo em P2 para o grupo
FI (p < 0,05). O mesmo foi observado para o grupo FA (p < 0,05), com exceção da
altura 10% (Tabelas 6, 7 e 8).
Com relação à variável IVR diferenças significativas foram observadas apenas
para o grupo FI quando se comparou as alturas 10, 20 e 30% com a marcha livre com o
obstáculo na posição P2 (p < 0,05) (Tabelas 6, 7 e 8), encontrando-se maiores valores
de IVR para a marcha obstruída.
5.2.2 Fases do Membro Inferior
5.4.2.1 Variáveis Obtidas pela Cinemetria
Não houve diferença significativa para as variáveis amplitude da passada, DVH
(Tabelas 2 e 3), ângulos relativo do joelho e tornozelo (Tabelas 4 e 5) para ambos os
grupos.
Para a variável DHH houve diferença significativa para as alturas 10 e 20% para
o grupo FI (p < 0,05). Já para o grupo FA houve diferenças significativas para as alturas
10 e 30% (p < 0,05) (Tabelas 2 e 3). Para todos os casos os maiores valores de DHH
foram obtidos na posição P1 do obstáculo.
Com relação à variável DHC houve diferença significativa para as alturas 10, 20
e 30% para o grupo FI (p < 0,05). Já para o grupo FA houve diferenças significativas
43
para as alturas 10 e 30% (p < 0,05) (Tabelas 2 e 3). Para todos os casos os maiores
valores de DHC foram obtidos na posição P2 do obstáculo.
Para a variável DVC houve diferença significativa para as alturas 10, 20 e 30%
para o grupo FI e FA (p < 0,05) (Tabelas 2 e 3). Para todos os casos os maiores valores
de DVC foram obtidos na posição P2 do obstáculo.
Para a variável ângulo absoluto do quadril houve diferença significativa para as
alturas 20 e 30% (p < 0,05), sendo os maiores valores encontrados na fase de
abordagem primária (P1), tanto para o grupo FI quanto para o grupo FA (Tabelas 4 e 5).
Na comparação das variáveis DVC, na fase de abordagem primária (P1), e DVH
na fase de abordagem secundária (P2), foram observadas diferenças significativas em
todas as alturas 10 (p = 0,028), 20 (p = 0,012) e 30% (p = 0,023) de obstáculo somente
para o grupo FA, sendo que a variável DVH apresentou maiores valores que DVC.
5.2.2.2 Variáveis Obtidas pela Dinamometria
Não houve diferenças significativas para os dois grupos para todas as variáveis
obtidas através da dinamometria (Tabelas 6, 7 e 8).
Gráfico 1: Distância horizontal do hálux (DHH) do membro inferior direito antes da ultrapassagem do
obstáculo
. O símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é mais importante observar a
posição do obstáculo P2, pois corresponde a perna na fase de suporte primário, representando uma
distância segura de ultrapassagem. Análise intergrupos: diferença significativa entre FI e FA em P2-20%.
Análise intragrupo-altura do obstáculo: não houve diferenças significativas para ambos os grupos.
44
Gráfico 2: Distância horizontal do calcâneo (DHC) do membro inferior direito após a ultrapassagem do
obstáculo. O símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é mais importante observar a
posição do obstáculo P1, pois corresponde a perna na fase de suporte secundário, representando uma
distância segura de abordagem. Análise intergrupos: não houve diferenças significativas entre os grupos.
Análise intragrupo-altura do obstáculo: não houve diferenças significativas para ambos os grupos.
Gráfico 3: Distância vertical do calcâneo (DVC) do membro inferior direito durante a ultrapassagem do
obstáculo. O símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é mais importante observar a
posição do obstáculo P1, pois corresponde a perna na fase de abordagem primária, sendo o marcador do
calcâneo o que mais se aproxima do obstáculo. Análise intergrupos: não houve diferenças significativas
entre os grupos. Análise intragrupo-altura do obstáculo: não houve diferenças significativas para ambos
os grupos.
45
Gráfico 4: Distância vertical do hálux (DVH) do membro inferior direito durante a ultrapassagem do
obstáculo. O símbolo
+
representa pontos outliers. Para essa variável é mais importante observar a
posição do obstáculo P2, pois corresponde a perna na fase de abordagem secundária, sendo o marcador do
hálux o que mais se aproxima do obstáculo. Análise intergrupos: não houve diferenças significativas entre
os grupos. Análise intragrupo-altura do obstáculo: não houve diferenças significativas para ambos os
grupos.
Tabela 2: Variáveis cinemáticas demonstrando as distâncias avaliadas durante a negociação do obstáculo
posicionado antes da plataforma de força. Valores estão apresentados como média (desvio padrão). O
símbolo * representa diferença significativa entre os grupos.
P 1
Distâncias
(cm)
Grupo I
Independentes
Grupo II
Ativas
Dist. Horizontal Hálux 60,5 (17,2) 71,3 (18,7)
Dist. Horizontal Calcâneo 20,3 (6,7) 15,0 (8,0)
Dist. Vertical Hálux 18,2 (5,4) 20,2 (5,2)
Dist. Vertical Calcâneo 13,1 (4,7) 15,2 (4,9)
Obstáculo
10%
Passada 110,7 (19,1) 116,9 (23,4)
Dist. Horizontal Hálux 62,2 (9,8) 68,2 (11,4)
Dist. Horizontal Calcâneo 19,6 (4,3) 19,9 (8,8)
Dist. Vertical Hálux 16,5 (4,7) 18,8 (4,9)
Dist. Vertical Calcâneo 12,7 (5,8) 15,2 (4,3)
Obstáculo
20%
Passada 110,8 (13,2) 117,8 (11,8)
Dist. Horizontal Hálux 62,1 (15,8) 68,7 (14,3)
Dist. Horizontal Calcâneo 18,0 (4,7) 17,1 (8,8)
Dist. Vertical Hálux 16,1 (5,1) 17,4 (5,0)
Dist. Vertical Calcâneo 12,9 (4,5) 14,7 (4,6)
Obstáculo
30%
Passada 107,3 (16,4)* 114,7 (12,2)*
46
Tabela 3: Variáveis cinemáticas demonstrando as distâncias avaliadas durante a negociação do obstáculo
posicionado após a plataforma de força. Valores estão apresentados como média (desvio padrão). O
símbolo * representa diferença significativa entre os grupos.
P 2
Distâncias
(cm)
Grupo I
Independentes
Grupo II
Ativas
Dist. Horizontal Hálux 13,1 (4,7) 15,3 (4,2)
Dist. Horizontal Calcâneo 77,7 (17,6) 82,6 (20,1)
Dist. Vertical Hálux 17,0 (12,0) 20,3 (5,7)
Dist. Vertical Calcâneo 36,7 (7,4) 43,2 (7,2)
Obstáculo
10%
Passada 116,5 (15,9) 124,6 (18,6)
Dist. Horizontal Hálux 13,4 (5,4)* 17,2 (4,5)*
Dist. Horizontal Calcâneo 75,3 (19,8) 75,4 (21,6)
Dist. Vertical Hálux 14,9 (10,1) 21,3 (4,6)
Dist. Vertical Calcâneo 36,9 (6,7)* 42,6 (6,8)*
Obstáculo
20%
Passada 113,1 (17,2) 116,8 (20,8)
Dist. Horizontal Hálux 17,4 (7,1) 14,3 (6,1)
Dist. Horizontal Calcâneo 69,9 (18,9) 77,0 (19,4)
Dist. Vertical Hálux 17,9 (8,2) 21,9 (8,5)
Dist. Vertical Calcâneo 37,1 (9,6)* 42,9 (7,0)*
Obstáculo
30%
Passada 107,8 (17,7) 114,1 (16,6)
47
Gráfico 5: Ângulo do quadril durante a ultrapassagem do obstáculo. Este ângulo é chamado de absoluto,
pois considera a angulação do quadril em relação ao solo (WINTER, 1991). A inflexão para baixo da
curva (sentido negativo) indica flexão, enquanto que a inflexão para cima (sentido positivo) indica a
extensão da articulação. O momento da ultrapassagem do obstáculo (DVH) está representado pelo círculo
no gráfico, e o membro inferior direito está destacado pela cor preta no desenho representativo do
movimento. Estão representadas duas tentativas de duas voluntárias.
48
Gráfico 6: Ângulo relativo do joelho durante a ultrapassagem do obstáculo. A inflexão para baixo da
curva (sentido negativo) indica flexão, enquanto que a inflexão para cima (sentido positivo) indica a
extensão da articulação. O momento da ultrapassagem do obstáculo (DVH) está representado pelo círculo
no gráfico, e o membro inferior direito está destacado pela cor preta no desenho representativo do
movimento. Estão representadas duas tentativas de duas voluntárias.
49
Gráfico 7: Ângulo relativo do tornozelo durante a ultrapassagem do obstáculo. A inflexão para baixo da
curva (sentido negativo) indica flexão, enquanto que a inflexão para cima (sentido positivo) indica a
extensão da articulação. O momento da ultrapassagem do obstáculo (DVH) está representado pelo círculo
no gráfico, e o membro inferior direito está destacado pela cor preta no desenho representativo do
movimento. Estão representadas duas tentativas de duas voluntárias.
50
Tabela 4: Variáveis cinemáticas demonstrando os ângulos avaliados durante a negociação do obstáculo
posicionado antes da plataforma de força. Valores estão apresentados como média (desvio padrão). O
símbolo * representa diferença significativa entre os grupos. O símbolo + representa diferença
significativa intragrupo entre as alturas 10 e 30%.
P 1
Ângulos
(graus)
Grupo I
Independentes
Grupo II
Ativas
Quadril 85,7 (5,1) 87, 2 (3,31)
Joelho 90,5 (10,4) + 94,6 (17,1) +
Obstáculo
10%
Tornozelo 75,1 (6,8) + 78,6 (8,5) +
Quadril 86,5 (5,0) 88,6 (1,6)
Joelho 81,8 (8,7) 82,1 (14,1)
Obstáculo
20%
Tornozelo 73,2 (7,3) 73,4 (6,0)
Quadril 86,1 (4,7)* 89,7 (1,5)*
Joelho 71,4 (13,2) + 77,9 (16,3) +
Obstáculo
30%
Tornozelo 71,9 (8,9) + 72,9 (6,1) +
Tabela 5: Variáveis cinemáticas demonstrando os ângulos avaliados durante a negociação do obstáculo
posicionado após a plataforma de força. Valores estão apresentados como média (desvio padrão). O
símbolo + representa diferença significativa intragrupo entre as alturas 10 e 30%. O símbolo ‡ representa
diferença significativa intragrupo entre as alturas 20 e 30%.
P 2
Ângulos
(graus)
Grupo I
Independentes
Grupo II
Ativas
Quadril 80,3 (4,6) 80,5 (3,8)
Joelho 80,0 (19,6) + 76,2 (13,4)
Obstáculo
10%
Tornozelo 87,8 (16,9) + 81,4 (10,6)
Quadril 77,8 (5,7) 79,6 (3,0)
Joelho 71,3 (18,3) 63,4 (13,2)
Obstáculo
20%
Tornozelo 80,1 (11,6) ‡ 75,9 (9,3)
Quadril 75,8 (6,4) 77,9 (4,1)
Joelho 56,8 (13,6) + 54,9 (13,1)
Obstáculo
30%
Tornozelo 68,9 (9,1) +‡ 74,7 (8,3)
51
Gráfico 8: Variáveis dinamométricas e tempo de apoio comparadas entre os grupos, nas três diferentes
alturas e na marcha livre, para os dois posicionamentos do obstáculo. O membro inferior direito está
destacado pela cor preta no desenho representativo do movimento. O símbolo
--
*
--
representa diferença
estatisticamente significativa (p < 0,05).
52
Tabela 6: Variáveis obtidas pela plataforma de força durante a realização da marcha sem obstáculo. O
tempo de apoio está apresentado em segundos, e as demais variáveis em porcentagem do peso corporal
(100%).
Livre
Variáveis
Grupo I
Independentes
Grupo II
Ativas
Tempo de Apoio 558,50 (254,18) 414,18 (281,43)
Fz1 (Pico 1) 92,45 % (11,84) 101,34 % (18,80)
Fz3 (Pico 2) 93,66 % (11,69) 99,05 % (16,21)
Fz2 (Vale) 67,30 % (9,28) 61,95 % (12,37)
Sem
Obstáculo
Impulso Vertical Relativo 69,16 % (6,15) 71,74 % (10,36)
Tabela 7: Variáveis obtidas durante a realização da marcha com o obstáculo posicionado antes da
plataforma de força (P1, suporte secundário). O tempo de apoio está apresentado em segundos, e as
demais variáveis em porcentagem do peso corporal (100%)
. O símbolo * representa diferença
significativa entre os grupos. ). O símbolo + representa diferença significativa intragrupo entre as alturas
10 e 30%.
P 1 Variáveis
Grupo I
Independentes
Grupo II
Ativas
Tempo de Apoio 722,92 (334,55) + 570,73 (414,35) +
Fz1 (Pico 1) 92,52 % (12,11)* 110,89 % (23,63)*
Fz3 (Pico 2) 94,13 % (12,33) 100,71 % (16,21)
Fz2 (Vale) 68,34 % (6,68) 65,03 % (11,11)
Obstáculo
10%
Impulso Vertical Relativo 70,11 % (5,67) 74,69 % (8,95)
Tempo de Apoio 767,23 (377,44) 620,88 (450,11)
Fz1 (Pico 1) 93,33 % (14,96) 106,92 % (30,73)
Fz3 (Pico 2) 94,03 % (12,98) 99,17 % (15,23)
Fz2 (Vale) 65,59 % (8,90) 67,13 % (9,40)
Obstáculo
20%
Impulso Vertical Relativo 70,76 % (6,23) 74,10 % (10,47)
Tempo de Apoio 842,13 (405,37) + 633,44 (444,14) +
Fz1 (Pico 1) 92,03 % (11,45) 103,69 % (24,50)
Fz3 (Pico 2) 95,25 % (12,70) 102,60 % (17,14)
Fz2 (Vale) 69,07 % (7,77) 62,68 % (10,46)
Obstáculo
30%
Impulso Vertical Relativo 71,94 % (5,99) 73,51 % (9,75)
53
Tabela 8: Variáveis obtidas durante a realização da marcha com o obstáculo posicionado depois da
plataforma de força (P2, suporte primário). O tempo de apoio está apresentado em segundos, e as demais
variáveis em porcentagem do peso corporal (100%). O símbolo * representa diferença significativa entre
os grupos. ).
P 2 Variáveis
Grupo I
Independentes
Grupo II
Ativas
Tempo de Apoio 761,57 (363,25) 591,16 (436,82)
Fz1 (Pico 1) 104,55 % (11,78) 115,85 % (18,38)
Fz3 (Pico 2) 101,42 % (14,81) 111,27 % (15,13)
Fz2 (Vale) 68,38 % (8,06)* 57,05 % (13,09)*
Obstáculo
10%
Impulso Vertical Relativo 74,45 % (7,20) 76,45 % (9,73)
Tempo de Apoio 811,42 (387,20) 641,14 (477,13)
Fz1 (Pico 1) 107,82 % (11,68) 115,64 % (26,52)
Fz3 (Pico 2) 102,14 % (12,94) 106,77 % (20,88)
Fz2 (Vale) 64,46 % (12,56) 55,61 % (14,96)
Obstáculo
20%
Impulso Vertical Relativo 75,15 % (5,40) 75,63 % (13,42)
Tempo de Apoio 847,27 (392,86) 689,37 (519,89)
Fz1 (Pico 1) 107,53 % (14,97) 115,51 % (25,81)
Fz3 (Pico 2) 99,45 % (11,15) 107,22 % (22,80)
Fz2 (Vale) 63,00 % (11,13) 58,18 % (15,01)
Obstáculo
30%
Impulso Vertical Relativo 74,72 % (5,74) 75,33 % (15,27)
54
6 DISCUSSÃO
É amplamente divulgado na literatura o aumento de quedas na população idosa
(KANNUS et al., 1999; ROGERS & MILLE, 2003) e em maior freqüência nos
indivíduos do gênero feminino (DIEËN et al., 2005). A investigação de uma marcha
mais complexa foi aqui explorada para entender os possíveis mecanismos que
proporcionam tais acidentes e para, mais especificamente, identificar se a atividade
física gera alguma influência no controle de situações de maior demanda durante a
marcha do idoso.
6.1 ANÁLISE INTERGRUPOS
6.1.1 Variáveis Obtidas da Cinemetria
A variável amplitude da passada apresentou diferenças apenas na altura mais
elevada do obstáculo quando o membro inferior direito efetuou a abordagem primária.
Assim, o grupo FI realizou uma passada menor que o grupo FA. Esse fato sugere que a
disparidade entre as duas amostras manifesta-se com o aumento da altura do obstáculo,
ou seja, tarefas mais complexas exacerbam as discrepâncias existentes para populações
idosas. Esse comportamento já não pôde ser observado em indivíduos jovens saudáveis
ativos e inativos em um estudo realizado por Niang e McFadyen (2005) muito similar
ao nosso.
A DHH é uma medida importante quando se analisa a perna na função de
suporte primária, pois informa a distância que cada grupo considera segura para a
ultrapassagem do membro contralateral. Lamoureux e colaboradores (2003) consideram
uma menor distância como uma estratégia mais segura, pois possibilita que o membro
que faz a abordagem primária possa aterrissar mais longe do obstáculo. Todavia, uma
aproximação muito grande pode dificultar a abordagem secundária, na medida em que o
membro inferior que realiza essa função não se encontra no campo visual da pessoa que
negocia o obstáculo (MOHAGHEGHI et al., 2004). Dessa forma, o pé pode esbarrar no
anteparo no momento de elevação, gerando um possível desequilíbrio e queda. Chou e
Draganich (1998) apresentam uma análise similar, sugerindo que quanto menor a DHH,
maior é o aumento do risco de um tropeço. Assim, esperava-se que o grupo FI
55
apresentasse uma menor DHH comparado ao grupo FA para todas as alturas. Contudo,
apenas para a altura de 20% essa diferença foi estatisticamente significativa.
Outra distância muito estudada é a DHC. Chen e colaboradores (1991)
relacionam uma menor DHC com uma maior propensão a quedas. Porém, a
aproximação do pé que realizou a abordagem primária ao obstáculo pode promover um
menor deslocamento do centro de gravidade no sentido de progressão durante a
abordagem secundária. Esse menor deslocamento do centro de gravidade gera uma
maior estabilidade à pessoa, na medida em que ele não se distancia muito da base de
suporte. Para esse estudo, não foram observadas diferenças entre os grupos FI e FA para
a DHC, isto é, as participantes desse estudo apresentaram um comportamento
semelhante para o posicionamento do pé após a abordagem do obstáculo.
O momento crítico da ultrapassagem é o instante em que o pé encontra-se acima
do obstáculo (distância vertical). Maiores distâncias são relacionadas com uma
negociação mais segura (DI FABIO et al., 2004), ou seja, o sistema sensório-motor
consegue “perceber” a perturbação ambiental e adaptar-se a ela de forma eficaz. Já as
menores distâncias são interpretadas como fatores de risco, decorrentes de alguma
deficiência sensorial (como problema visual e labiríntico) ou motora (como fraqueza
muscular).
Um aspecto interessante a ser discutido é o marcador utilizado para se
determinar essa distância vertical. Chou e Draganich (1998) e Di Fabio e colaboradores
(2004) usam o halúx como referência, por considerar este, o marcador do pé que se
aproximaria mais do obstáculo durante sua ultrapassagem; já outros autores
(LAMOUREUX et al., 2003; SCHRODT et al., 2004) optaram por analisar o calcâneo
com a mesma justificativa. Contudo é importante verificar qual a fase do membro
inferior que se deseja estudar e, só então, efetuar-se as comparações. Neste trabalho foi
observado que para a função de abordagem primária é importante utilizar o calcâneo
para o cálculo da distância vertical, pois este se aproxima muito mais do obstáculo que
o hálux. Para a abordagem secundária, ao contrário, é necessária a utilização do hálux
ao invés do calcâneo. Portanto, a comparação entre os dois tipos de abordagem fica
restrita quando se utiliza o mesmo marcador como referência.
Assim, foi utilizada a DVC para analisar a abordagem primária e a DVH para
analisar a abordagem secundária. Os resultados encontrados demonstraram não haver
diferença entre os grupos FI e FA para essas duas variáveis nas funções de abordagem
56
correspondentes. Esse é um indício de que ambos os grupos utilizam estratégias
similares para negociação do obstáculo.
Os ângulos relativos medidos no “momento crítico” da ultrapassagem não
apresentaram diferenças entre os grupos para todas as tarefas analisadas. Apenas para o
ângulo absoluto de quadril é que houve uma diferença, na qual o grupo FI obteve
maiores graus de flexão na tarefa em que o membro inferior direito executa a função de
abordagem primária. É provável que obstáculos mais elevados gerem maior
instabilidade. Consequentemente, maior controle para a manutenção do equilíbrio
dinâmico é requerido a qual é compensada, no grupo FI, com um aumento na flexão de
quadril para anteriorização do tronco. Essa seria uma estratégia, para procurar sempre
manter o centro de gravidade dentro da base de apoio do corpo.
6.1.2 Variáveis Obtidas da Dinamometria
Os resultados estatisticamente significativos não forneceram conclusões
categóricas a respeito do efeito da atividade física na marcha durante a negociação de
obstáculos de mulheres idosas. O Fz1 apresentou diferenças na fase de suporte
secundária na altura baixa do obstáculo, indicando uma menor absorção das forças
durante o contato inicial após a ultrapassagem do obstáculo para as voluntárias
fisicamente independentes. Aparentemente, esse grupo de idosas realiza a negociação
dos obstáculos com maior cautela mesmo em alturas mais baixas.
A variável Fz2, a qual representa o médio apoio da marcha, apresenta maiores
magnitudes para o grupo fisicamente independente. Este comportamento foi observado
na altura baixa do obstáculo na fase de suporte primária, possivelmente indicando uma
necessidade de transferência de peso maior para o membro inferior contralateral poder
negociar com a perturbação imposta.
As idosas ativas apresentaram um tempo de apoio reduzido para todas as tarefas
avaliadas. Esse fato está atrelado a uma maior velocidade (observada qualitativamente
durante as coletas). Para se atingir velocidades mais altas são necessárias respostas de
magnitudes maiores do solo contra o pé, tanto na fase de absorção quanto na fase de
geração de forças (NIGG, 1986). As variáveis Fz1 e Fz3 reforçam o indício da
velocidade ser maior para o grupo das ativas, visto que suas magnitudes são maiores
que as verificadas no outro grupo.
57
6.2 ANÁLISE INTRAGRUPO
6.2.1 Efeito da Altura do Obstáculo
6.2.1.1 Variáveis Obtidas da Cinemetria
Os resultados obtidos sugerem que o posicionamento do pé em relação ao
obstáculo é pouco influenciado pelas alturas testadas no presente estudo. Esse é um fato
relevante na medida em que, aparentemente, o sistema sensório-motor procura sempre
garantir a mesma margem de segurança na ultrapassagem de obstáculos. A manutenção
das distâncias verticais do pé ao obstáculo foi obtida graças ao aumento da flexão do
joelho e do tornozelo, mas não da maior inclinação do tronco. Uma possível razão para
explicar esse evento é a intenção em não deslocar o centro de massa lateralmente para
fora da base de apoio do membro de suporte. A invariância encontrada com relação ao
posicionamento do pé ao obstáculo para os dois grupos é um indício de que possa existir
um programa motor específico para a ultrapassagem de obstáculos.
6.2.1.2 Variáveis Obtidas da Dinamometria
Com o aumento da altura do obstáculo foi observado um aumento no tempo de
apoio tanto na fase de suporte primária quanto secundária para as alturas de 20 e 30%
em ambos os grupos. Esse comportamento é esperado na medida em que alturas mais
elevadas aumentam o percurso a ser efetuado pelos pés que realizam a ultrapassagem do
obstáculo. Consequentemente, o membro de suporte necessita fornecer a devida
sustentação até o membro de abordagem atingir o solo novamente. Esses resultados
concordam com os encontrados por Begg e colaboradores (1998), os quais também
relacionam os aumentos do tempo de apoio e da altura com a diminuição da velocidade
de deslocamento. Eles sugerem que mais tempo é requerido para gerar e absorver as
grandes forças associadas com a ultrapassagem de obstáculos mais altos.
Ainda com relação ao tempo de apoio, a altura correspondente a 10% do
comprimento do membro inferior não se apresentou como perturbação ambiental
suficiente para diferir da marcha livre nos grupos de idosas estudados. Esse fato é
também observado para as outras variáveis oriundas da força de reação do solo para o
grupo ativo. Porém, para o grupo fisicamente independente, na fase de suporte primária,
houve diferenças com a marcha livre para o Fz3 e o IVR. A partir desses resultados
58
pode-se sugerir que as pessoas que realizam atividade física não consideram os
obstáculos baixos como uma tarefa de marcha mais complexa.
Não foi observado para os três níveis de altura estipulados diferenças
estatisticamente significativas nas variáveis obtidas através da dinamometria. Este fato
nos leva para duas hipóteses: ou as idosas negociam obstáculos de diferentes alturas de
forma semelhante, ou as alturas do obstáculo selecionadas para este estudo não
diferiram realmente umas das outras, a ponto de gerarem diferentes adaptações no
movimento de ultrapassagem de obstáculos para as idosas desse estudo.
6.2.2 Fases do Membro Inferior
6.2.2.1 Variáveis Obtidas da Cinemetria
Dentre as variáveis analisadas, as mais relevantes para se comparar as diferentes
funções do membro inferior são: DVH, DVC e os ângulos relativos e absoluto. As
distâncias verticais, durante o momento de ultrapassagem do pé, são variáveis muito
estudadas, pois informam, como já descrito anteriormente, o limite de segurança da
função de abordagem do membro inferior. Novamente, cabe aqui a discussão do
marcador utilizado para realizar as comparações entre as funções de abordagem
primária e secundária.
Os estudos que utilizam o mesmo marcador para a comparação entre as
abordagens podem cometer erros, pois o momento de maior aproximação do pé ao
obstáculo varia de acordo com o tipo de abordagem como já discutido anteriormente.
Assim, Lu e colaboradores (2006) utilizaram tanto o calcâneo quanto o hálux para os
cálculos das distâncias verticais.
A flexão do joelho e do tornozelo aumenta proporcionalmente de acordo com a
altura dos obstáculos, mas não sofre influência da função. A flexão do quadril, ao
contrário, sofre influências apenas das alturas maiores (20 e 30%), sendo a função de
abordagem secundária a demandar maior flexão tanto para o grupo FI quanto para o
grupo FA. Essa maior flexão do quadril pode ter sido uma estratégia utilizada com o
intuito de aumentar o distanciamento do pé ao obstáculo durante a ultrapassagem deste.
6.2.2.2 Variáveis Obtidas da Dinamometria
Begg e colaboradores (1998) observaram que com o aumento da altura do
obstáculo o comprimento da passada aumenta e a velocidade de ultrapassagem diminui.
59
Além disso, constataram que existem diferenças entre o tempo de apoio das fases de
suporte, em que a fase de suporte primária apresenta um aumento do tempo com alturas
mais elevadas quando comparada com a fase de suporte secundária. Eles justificam,
através da maior magnitude do Fz3 apresentada pela perna na fase de suporte
secundário, que esse aumento é necessário para que haja tempo para gerar impulso
vertical suficiente para a ultrapassagem da perna contralateral. Para este estudo não
foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as fases de suporte.
Todavia, através de uma análise qualitativa é possível verificar que para as variáveis
Fz1 e Fz3, a fase de abordagem primária gerou maiores magnitudes que a fase de
abordagem secundária, fatos que corroboram com os dados encontrados por Begg e
colaboradores (1998). Entretanto, comparando-se a magnitude do Fz3 dos dois grupos
presentes nesse estudo com os dos participantes (adultos) do estudo de Begg é notável a
discrepância entre eles. Enquanto neste último os valores do Fz3 aumentam de acordo
com o aumento da altura do obstáculo, as idosas praticamente mantêm inalterado o
valor alcançado para a altura baixa de obstáculo. Esse é um fato extremamente relevante
na medida em que o Fz3 representa a fase de propulsão do pé e este impulso vertical
precisa ser suficiente para assegurar que a elevação e o momento de progressão do
centro de massa seja adequado. Se a elevação do membro for ineficiente, somado com a
progressiva deterioração da massa muscular com o envelhecimento, o risco de tropeço e
posterior queda é elevado.
60
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns resultados da análise intergrupos sustentaram as hipóteses de que a
atividade física facilitaria a negociação da perturbação imposta (hipótese 1) e que o
aumento da altura do obstáculo evidenciaria as diferenças entre os grupos (hipótese 2).
Porém, de um modo geral, foram observadas poucas diferenças entre eles. Este fato
pode ser advindo de três motivos: I) as variáveis selecionadas não foram sensíveis para
detectar diferenças; II) as alturas do obstáculo não foram suficientes para gerar
diferenças; III) os grupos selecionados realmente não diferiram um do outro.
A análise das alturas do obstáculo realizada intragrupo demonstrou haver poucas
diferenças entre elas tanto para as idosas independentes quanto para as idosas ativas.
Esses resultados corroboram com o segundo motivo supracitado de que as alturas foram
insuficientes para evidenciar particularidades de cada grupo. Contudo, quando se
observa os resultados das variáveis dinamométricas, foi possível constatar que as idosas
independentes apresentaram mais diferenças entre a marcha obstruída com a marcha
livre que as idosas ativas, o que sustenta a primeira hipótese.
Quando as diferentes fases do membro inferior foram analisadas através dos dois
posicionamentos do obstáculo (P1 e P2), pode-se observar um maior distanciamento do
pé durante a abordagem secundária apenas no grupo ativo. Fato que também apóia a
primeira hipótese. Dessa forma, apesar das poucas diferenças entre os grupos, pode-se
verificar alguns indícios de que a atividade física promoveu uma facilitação na
ultrapassagem das perturbações impostas em mulheres idosas. Talvez, com a seleção de
outras variáveis, como, por exemplo, a análise das outras componentes da força de
reação do solo, e com a utilização de alturas mais elevadas de obstáculo, as diferenças
entre os grupos tornem-se mais evidentes.
61
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WEINECK, J. Biologia do Esporte. 7ed. São Paulo: Manole. 2001. 758p.
WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2ed. São
Paulo: Manole. 2001. 709p.
WINTER, D.A. Kinematics. In:_______ Biomechanics And Motor Control Of
Human Movement. 2.ed. United States of America: WILEY INTER-SCIENCE, 1990.
p.11-50.
66
WINTER, D.A. The Biomechanics and motor control of human gait: Normal,
Elderly and Pathological. Waterloo, University of Waterloo Press, 1991.
67
APÊNDICE A
Questionário
68
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
Centro de Ciências Biológicas e Saúde
Departamento de Educação Física e Motricidade Humana
Nome: Data
Telefone:
Data de nascimento:
idade:
peso: altura:
1) quanto tempo você faz atividade física?
há 3 meses 6 meses + de 1 ano não faz
2) Você consome bebida alcoólica?
não consumo consumo socialmente consumo todos os dias
3) Você é usuária de drogas ou substâncias que causam dependência química?
não sim
4) Têm alguma parte do seu corpo que você não sente?
não
sim. Qual?
5) Têm alguma dificuldade de movimentar alguma parte do corpo?
não
sim . Qual? cabeça tronco
braço perna
6) Já passou por algum procedimento cirúrgico na região da cintura ou das pernas?
não
sim. Qual?
7) Usa algum aparelho para ajudar a andar?
não sim
69
ANAMNESE
História Pregressa:
História Atual:
Antecedentes Familiares:
EXAME FÍSICO
TESTE DE FORÇA MUSCULAR
TRONCO
o Extensão
o Flexão
o Rotação
MMII
o Quadril
Flexão
Extensão
Abdução
Adução
Rotação: - interna
- externa
o Joelho
Flexão
Extensão
o Tornozelo
Flexão plantar
Dorsiflexão
Eversão
Inversão
TUG:
segundos
70
MINI EXAME DO ESTADO MENTAL
Agora faremos algumas perguntas para saber como está sua memória. Sabemos que,
com o tempo, as pessoas vão tendo mais dificuldades para se lembrarem das coisas. Não se
preocupe com o resultado das perguntas.
1. Qual o dia que nós estamos?
Dia da semana ( ) dia( ) mês( ) ano( ) hora aproximada
( )
/5
2. Onde nós estamos?
Local específico( ) local( ) endereço( ) cidade( ) estado( )
/5
3. Repita as palavras (um segundo para dizer cada uma, depois perguntar ao idoso todas as
três):
vaso( ) carro( ) tijolo( )
Se ele não conseguir repetir três, repita até que ele aprenda todas as três. Conte as tentativas
e registre: (até 5 vezes)
Tentativas:
/3
4. Se de 100 forem tirados 7, quanto resta? E se tirarmos mais 7, quanto resta? (total de 5
subtrações)
a) 93 ( ) d) 72 ( )
b) 86 ( ) e) 65 ( )
c) 79 ( )
/5
5. Repita as palavras que eu disse há pouco:
( )
( )
( )
/3
6. Mostre um relógio de pulso e pergunte-lhe: O que é isto? Repita com uma caneta.
relógio ( ) caneta ( )
/2
71
7. Repita o seguinte: “NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ” ( )
/1
8. Siga uma ordem de três estágios:
Pegue o papel com sua mão direita ( )
Dobre- o ao meio ( )
Ponha-o no chão ( )
/3
9. Leia e execute o seguinte (cartão):
“FECHE OS OLHOS” ( )
/1
10. Escreva uma frase: (pontua se for sensata e tiver um sujeito e um verbo)
( )
/1
11. Copie este desenho (cartão): ( )
/1
Pontos:
72
Pontuação do Mini Exame do Estado Mental
Pontuação máxima:
11 questões = 30 pontos
Pontuação máxima:
Analfabetos: 18 pontos (se souber escrever o nome, mas não freqüentaram a
escola)
1 a 3 anos de escolaridade: 21 pontos ou mais
4 a 7 anos de escolaridade: 24 pontos ou mais
8 anos ou mais: 26 pontos ou mais
Caso a pontuação resulte em menos de 18 pontos é indicativo de que ele apresenta
perdas cognitivas
73
APÊNDICE B
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
74
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E MOTRICIDADE HUMANA
CONSENTIMENTO FORMAL DE PARTICIPAÇÃO NO PROJETO DE
PESQUISA: ESTUDO DA NEGOCIAÇÃO DE OBSTÁCULOS DURANTE A
MARCHA DE MULHERES IDOSAS
Você está sendo convidada para participar da pesquisa “Estudo da Negociação
de Obstáculos Durante a Marcha de Mulheres Idosas”, proposto pela Profa. Dra. Paula
Hentschel Lobo da Costa e Lígia Yumi Mochida, a ser realizado no Núcleo de Análise
do Movimento do Laboratório de Avaliação Biomecânica, Aprendizagem e
Treinamento (LABAT) da Universidade Federal de São Carlos. Sua seleção se deu
através da sua participação no “Programa de Revitalização Geriátrica” realizado na
Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI) ou através da sua residência em casas de
abrigo para idosos. Sua participação não é obrigatória.
Este trabalho tem como principal objetivo avaliar o andar com e sem obstáculo
de mulheres idosas.
Em um momento, você caminhará 6 metros numa velocidade confortável. Em
outra situação, percorrerá o mesmo trajeto, porém, com a presença de um obstáculo no
meio do caminho que deverá ser ultrapassado. Para tanto, haverá uma pessoa para
ampará-la caso ocorra um possível tropeço ou desequilíbrio. Além disso, o obstáculo
será confeccionado para ser bem visível e montado de forma que qualquer pequeno
contato irá derrubá-lo, sem interromper seu movimento.
Sua participação nessa pesquisa é importante, pois permitirá a melhor
compreensão dos mecanismos utilizados para o cruzamento de obstáculo durante o
caminhar, fato presente no dia-a-dia capaz de gerar quedas deixando seqüelas mais
graves numa população mais idosa.
Ao aceitar ser voluntária, saiba que os dados obtidos durante este trabalho serão
mantidos em sigilo e não poderão ser consultados por outras pessoas sem sua
autorização por escrito. Por outro lado, poderão ser utilizados para fins científicos,
resguardando, no entanto, sua privacidade.
75
Vale ressaltar que a senhora poderá interromper o tratamento quando julgar
necessário, sem que essa atitude acarrete nenhum prejuízo em sua relação com os
pesquisadores ou com esta instituição, e que a participação neste estudo não acarretará
as voluntárias quaisquer despesas. Informo ainda que todos os procedimentos de
avaliação e tratamento serão conduzidos por um profissional experiente, de forma a
garantir sua integridade física e moral.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do
pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação,
agora ou a qualquer momento.
____________________________________ ________________________________
Profa. Dra. Paula Hentschel Lobo da Costa
Docente do Departamento de Educação Física e
Motricidade Humana
Lígia Yumi Mochida
Aluna do Programa de Pós-Graduação em
Fisioterapia
Rua Jacinto Favoretto, 1093
Jd. Macarengo – São Carlos – SP
Celular: (16) 9774-4382
Laboratório: (16) 3351-8768
CONSENTIMENTO FORMAL PARA A PARTICIPAÇÃO
EM PROJETO DE PESQUISA
Eu, _____________________________________________________________,
RG________________________, residente à__________________________________
___________________, bairro _____________________________, na cidade de
______________________________, estado ______, concordo em participar como
voluntária do projeto de pesquisa supracitado.
Declaro que li e entendi todas as informações contidas neste documento.
Assinatura da voluntária
76
ANEXO A
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da
Universidade Federal de São Carlos
Livros Grátis
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