Download PDF
ads:
ADRIANA MAITELLI
DESCRIÇÃO DOS ACHADOS CITOGENÉTICOS EM
ANOMALIAS CONGÊNITAS DIAGNOSTICADAS PELA
ULTRA-SONOGRAFIA
Orientador: Dr. Anselmo Verlangieri Carmo
Co-Orientadora: Dra. Bianca Borsatto Galera
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - REPRODUÇÃO HUMANA E CLIMATÉRIO
CUIABÁ MT
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - REPRODUÇÃO HUMANA E CLIMATÉRIO
DESCRIÇÃO DOS ACHADOS CITOGENÉTICOS EM
ANOMALIAS CONGÊNITAS DIAGNOSTICADAS PELA
ULTRA-SONOGRAFIA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Saúde,
para obtenção do Título de Mestre em
Ciências da Saúde - Área de
Concentração Reprodução Humana e
Climatério - Linha de Pesquisa em
Medicina Fetal.
ADRIANA MAITELLI
Cuiabá/ MT
2008
ads:
FICHA CATALOGRÁFICA
Índice para catálogo Sistemático
1. Citogenética Alterações
2. Citogenética Humana Alterações
3. Feto Anomalias congênitas
4. Recem-nascidos Anomalias congênitas
5. Anomalias congênitas Ultra-sonografia
6. Cromossomos Anomalias
7. Cromossomopatias
M232d Maitelli, Adriana
Descrição dos achados citogenéticos em anomalias
congênitas diagnosticadas pela ultra-sonografia / Adriana
Maitelli.-2008.
Xx, 75p.:Il.; color.
Dissertação(mestrado) Universidade Federal de Mato
Grosso, Faculdade de Ciêmcias Médicas, Pós-graduação em
Ciências da Saúde, Área de concentração:- Reprodução Humana
e Climatério,2008.
“Orientador:Prof.Dr. Anselmo Verlangieri Carmo”.
“Co-orientadora:Prof
a
. Dr
a
. Bianca Borsatto Galera”.
CDU-575:61
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - REPRODUÇÃO HUMANA E CLIMATÉRIO
Diretor da Faculdade de Ciências Médicas
Prof. Dr. Domingos Tabajara de Oliveira Martins
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Prof. Dr. Cor Jesus Fernandes Fontes
Cuiabá/ MT
2008
O presente estudo foi desenvolvido nos setores de Medicina Fetal do HUJM
Faculdade de Ciências Médicas/UFMT, HGU/UNIC, FETALCARE
Atendimento em Medicina Fetal e Ultra-Sonografia, Hospital e Maternidade
Femina/CDU (Centro de Diagnóstico em Ultra-sonografia) em parceria com
a Unidade de Genética e Biologia Molecular UNIC/HGU e Centro
Médico Especializado Medicina Fetal: Molecular e Citogenética e
recebeu apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
ADRIANA MAITELLI
DESCRIÇÃO DOS ACHADOS CITOGENÉTICOS EM
ANOMALIAS CONGÊNITAS DIAGNOSTICADAS PELA
ULTRA-SONOGRAFIA
Presidente da banca
Dr. Anselmo Verlangieri Carmo
Banca Examinadora
Dra. Maria de Lourdes Brizot
Dr. Marcial Francis Galera
MENSAGEM PESSOAL
Persistência e tolerância são uma das maiores virtudes do ser humano...”
DEDICATÓRIA
À minha mãe, Gilda, espelho de mulher, profissional e dedicação.
Ao meu pai, Alcides, pela paciência, compreensão, amor e carinho.
Ao meu irmão André, que mesmo com a distância, sempre procurou me dar
incentivo para realizar meus sonhos.
Ao meu irmão Alexandre... meu eterno protetor... meu anjo da guarda! Sempre
presente nas horas que mais preciso de apoio.
Ao meu esposo Vander por existir na minha vida!! Seu amor, carinho
compreensão, apoio e dedicação foram imprescindíveis para seguir meu
caminho.
Ao meu filho, Rafael, razão e amor da minha vida, força da minha conquista.
A todos que acreditaram em mim e se fizeram presentes no decorrer da minha
jornada.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar força, mesmo diante das dificuldades, para realizar mais
esta conquista;
Ao Dr. Vander Fernandes, Diretor do Hospital Geral Universitário (HGU), pela
credibilidade, oportunidades a mim conferida e lição de profissionalismo;
Ao Dr. José Carlos Amaral Filho, Diretor do Hospital Universitário Júlio
Muller (HUJM), pela generosidade e amizade;
À Dra. Emilia Reiners Loureiro Borba, Diretora do Instituto de Hematologia e
Hemoterapia do Centro-Oeste (IHEMCO), pela confiança, amizade e
compreensão da minha ausência para dedicação ao mestrado;
À Roseli pela sua amizade, companheirismo, carinho e pelas palavras serenas;
Às amigas Pernambucanas, Ilka e Sheila. Obrigado pela amizade, que nos
mantêm unidas apesar da grande distância, pelo apoio e aprendizado. Aprendi
muito com o profissionalismo e sinceridade de vocês;
Ao Prof. Dr. Anselmo Verlangieri Carmo pela orientação;
À Profa. Dra. Bianca Borsatto Galera pelo seu apoio, dedicação e orientação;
Ao Prof. Dr. José Meirelles Filho pelo seu apoio e colaboração para que este
trabalho fosse realizado;
Ao Prof. Dr. Marcial Francis Galera pela paciência e generosidade;
Ao Prof. Dr. Cor Jesus Fernandes Fontes pelo apoio, amizade e carinho;
À Luana pela ajuda na finalização do trabalho;
À Equipe da Citogenética da Unidade de Genética Médica e Biologia Molecular;
À Kelly da Unidade de Genética Médica e Biologia Molecular;
Ao Prof. Dr. Carlo Ralph De Musis pelo apoio na análise estatística;
À Divina, pelo seu apoio e amizade;
À Cleuza e Equipe (SAME) do Hospital Geral Universitário pela dedicação em
busca dos dados necessários para realização deste trabalho;
À Simone do Laboratório Cedilab pela colaboração;
Às gestantes e mães dos recém nascidos que colaboraram para que este
estudo pudesse ser realizado e
Enfim, a todos que de alguma forma me ajudaram e apoiaram na realização do
meu sonho.
SUMÁRIO
Abreviatura e Siglas xii
Equipamentos xiv
Lista de Tabelas xv
Lista de Figuras xvii
I. Resumo xix
II. Abstract xx
1. INTRODUÇÃO
1
1.1. Objetivos 3
2. REVISÃO DA LITERATURA
4
2.1. Cromossomopatias 4
2.2. A ultra-sonografia e a detecção de cromossomopatias 8
2.3. Marcadores bioquímicos 13
2.4. Métodos de diagnóstico p-natal invasivos 15
2.4.1. Biópsia de vilo corial 16
2.4.2. Amniocentese 17
2.4.3. Cordocentese 18
2.5. Aconselhamento genético 19
3. MÉTODOS
22
3.1. Tipo de estudo 22
3.2. Seleção dos indivíduos 22
3.2.1. Critérios de inclusão 22
3.2.2. Critérios de exclusão 23
3.2.3. Avaliação ultra-sonográfia 23
3.3. Considerações éticas 23
3.4. Estudo citogenético 23
3.4.1. Biópsia de vilo corial 24
3.4.1.1. Processo de separação e cultura (semeadura) 24
3.4.1.2. Preparação citológica 24
3.4.1.3. Confecção das lâminas 25
3.4.2. Amniocentese 25
3.4.2.1. Processo de separação e cultura (semeadura) 25
3.4.2.2. Preparação citológica 26
3.4.2.3. Confecção das lâminas 27
3.4.3. Cordocentese e Sangue periférico 28
3.4.3.1. Processo de separação e cultura (semeadura) 28
3.4.3.2. Preparação citológica 28
3.4.3.3. Preparação das lâminas 29
3.5. Métodos de coloração 29
3.5.1. Coloração convencional 29
3.5.2. Banda G 30
3.6. Análise cromossômica 30
3.7. Documentação 30
3.8. Análise estatística 31
4. RESULTADOS
32
5. DISCUSSÃO
43
6. CONCLUSÕES
52
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
53
8. APÊNDICES
64
8.1. Apêndice 1 e 2.
Apêndice 1 - Termo de consentimento livre e esclarecido
Apêndice 2 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Cuiabá (CEP/UNIC)
64
8.2. Apêndice 3 - Tabelas complementares 66
ABREVIATURAS E SIGLAS
°C: graus Celsius
AC: Aconselhamento genético
AFP (a-Fetoprotein): Alfa-fetoproteina
AMX: meio Amniomax
BVC: Biópsia de vilosidades coriônicas
CEP/UNIC: Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Cuiabá
CHANG D: Meio de cultura para líquido amniótico
CIUR: Crescimento intra-uterino restrito
CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DPN: Diagnóstico pré-natal
ECLAMC: Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas
FISH (Fluorescence In Situ Hybridization): Hidridação in situ por
fluorescência
HC: Higroma cístico
HD: Hérnia diafragmática
HGU: Hospital Geral Universitário
HUJM: Hospital Universitário Júlio Müller
KCl: Cloreto de potássio
M: Molar
MF: Medicina fetal
mL: Mililitro
PAPP-A (Pregnancy-Associated Plasma Protein-A): Proteína A plasmática
associada à gestação
PCR (Polymerase Chain Reaction): Reação em cadeia de polimerase
RON (NORNucleolar Organizer Region): Regiões organizadoras de
nucléolos
RPM: Rotações por minuto
RPMI 1640: Meio de cultivo celular
SUS: Sistema Único de Saúde
TN: Translucência nucal
UFMT: Universidade Federal de Mato Grosso
US: Ultra-sonografia
ß-hCG (Beta-Human Chorionic Gonadotropin): Beta gonadotrofina coriônica
humana total
ß-hCG Livre (Free Beta-Human Chorionic Gonadotropin): Beta
gonadotrofina coriônica humana livre)
µE3 (Unconjugated estriol): Estriol não-conjugado
µg/mL: Micrograma por mililitros
µg: Microgramas
EQUIPAMENTOS
Agitador de Tubos FANEM
®
mod. 251
Agitador Magnético FANEM
®
mod. 258
Balança Digital ACCULAB
®
V-400
Banho-Maria 37°C FANEM
®
102 R
Bomba a Vácuo FISATON
®
Modelo 820
Capela de Fluxo Laminar - TROX
®
DO BRASIL serie 1388
Centrífuga Baby I - FANEM
®
Contador de Tempo CIENCOR
®
Estufa de Cultura - FANEM
®
mod. 502
Forno Microondas - BRASTEMP
®
Freezer FE 22 ELETROLUX
®
Geladeira 330 Lts BRASTEMP
®
Incubadora de CO2 - CIENCOR
®
Logiq 200
®
aparelho de ultra-sonografia (General Electric, Milwaukee, WI,
USA),
Microscópio Óptico Binocular ZEISS
®
AXIOSKOP 2 PLUS acoplado
Microscópio Óptico Binocular ZEISS
®
AXIOSTAR
Nemio
®
aparelho de ultras-sonografia (Toshiba Medical Systems)
Medidor de Ph (Ph-Metro)- MICRONAL
®
B474
Pipetador Automático PIPET- AID DRUMMOND
®
Placa Aquecedora FISATON
®
Modelo 510D
Sistema de Computação - (Computador Windows XP)
Software Astraia
®
Alemanha
Software CHROMU - CITOGEM
®
- sistema de captura de imagem
Voluson 730 PRO
®
aparelho de ultra-sonografia (General Electric, Milwaukee,
WI, USA).
Voluson 730 Expert
®
aparelho de ultra-sonografia (General Electric,
Milwaukee, WI, USA).
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Incidência das anormalidades cromossômicas em levantamento de
recém-nascidos.
5
Tabela 2.
Influência da idade materna sobre uma possível prole com
síndrome de Down e demais anormalidades cromossômicas.
6
Tabela 3.
Principais achados ultra-sonográficos em fetos com anormalidades
cromossômicas entre 10 -14 semanas de gestação.
11
Tabela 4.
Sinais observados na US associados a alterações genéticas e/ou
síndromes fetais.
12
Tabela 5.
Taxa de detecção e falso positivo para trissomia do 21 em testes de
rastreamento.
14
Tabela 6.
Indicações para procedimentos invasivos no diagnóstico pré-natal.
15
Tabela 7.
Distribuição dos 84 casos estudados que apresentaram alterações
ultra-sonográficas, de acordo com gênero e resultados cariotípicos
observados.
33
Tabela 8.
Distribuição das freqüências das anormalidades cromossômicas
observadas em 17 casos do total de 84 pacientes que
apresentaram alterações ultra-sonográficas sugestivas de
cromossomopatias.
34
Tabela 9.
Distribuição dos 17 casos incluídos na amostra de 84 pacientes,
segundo anormalidades cromossômicas e sinais ultra-sonográficos
observados, tipo de procedimento realizado e respectivas idades
maternas.
36
Tabela 10.
Distribuição dos resultados citogenéticos segundo marcadores
ultra-sonográficos e respectivos valores de p, com nível de
37
significância =0,05.
Tabela 11.
Sinais Ultra-sonográficos identificados nos pacientes com
constituição cromossômica normal (n=67).
66
Tabela 12.
Sinais ultra-sonográficos identificados em pacientes com cariótipos
alterados (n=17).
67
Tabela 13.
Tabela geral apresentando tipo de procedimento realizado, idades
maternas e gestacionais, dados ultra-sonográficos, cariótipos e
procedência das 92 pacientes.
68
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Distribuição das metodologias utilizadas para diagnóstico de
cromossomopatias durante período gestacional e pós-natal em 84
pacientes submetidas à análise citogenética.
32
Figura 2.
Paciente apresentando cariótipo 47,XY,+21 (Cortesia do Dr. Walter
Pinto Júnior Centro Médico Especializado Medicina Fetal:
Molecular e Citogenética).
38
Figura 3.
Ultra-sonografia demonstrando medida da translucência nucal
aumentada (6,8mm) de feto com cariótipo 47,XY,+21.
39
Figura 4.
Paciente apresentando cariótipo 47,XX,+18 (Cortesia do Dr. Walter
Pinto Júnior Centro Médico Especializado Medicina Fetal:
Molecular e Citogenética).
39
Figura 5.
Ultra-sonografia demonstrando pequena onfalocele em paciente
apresentando cariótipo 47,XX,+18.
40
Figura 6.
Ultra-sonografia evidenciando hérnia diafragmática em paciente com
cariótipo 47,XX,+18.
40
Figura 7.
Paciente apresentando cariótipo 69,XXX (Cortesia do Dr. Walter Pinto
Júnior Centro Médico Especializado Medicina Fetal: Molecular e
Citogenética).
41
Figura 8.
Ultra-sonografia demonstrando crescimento intra-uterino restrito em
paciente apresentando cariótipo 69,XXX triploidia.
41
Figura 9.
Ultra-sonografia evidenciando ventriculomegalia cerebrak em pacientes
apresentando cariótipo 69,XXX (triploidia) .
42
Figura 10.
Paciente apresentando cariótipo 46,XY,del(8)(q22.2qter) .
42
I. RESUMO
O presente estudo teve como objetivos identificar possíveis alterações
citogenéticas em fetos e recém nascidos com anomalias congênitas detectadas
pela ultra-sonografia e os marcadores ultra-sonográficos estatisticamente
significantes para anormalidades cromossômicas. Foram selecionadas 92
pacientes (73 gestações e 19 recém-nascidos) apresentando ultra-sonografia
alterada em fase fetal. O período do estudo foi entre primeiro de março de 2004
e 14 de julho de 2008. Houve exclusão de oito pacientes devido à insuficiência
de crescimento celular para diagnóstico citogenético e perda de dados em
prontuário médico. Os resultados demonstraram que 67 casos (79,7%)
possuíam constituição cromossômica normal e 17 (20,2%) apresentaram
anormalidade cromossômica. Dos casos alterados, 3 (17,6%) apresentaram
anormalidade estrutural e 14 (82,3%) apresentaram anormalidade numérica.
Das trissomias livres (n=13) observadas, 7 (53,8%) pertenciam a trissomia 21 e
6 (46,1%) a trissomia 18. Triploidia estava presente em 1 caso (5,9%). Da
amostra de 84 pacientes encaminhados para análise citogenética, em 10 (12%)
dos casos a amostra foi obtida a partir de amniocentese, 16 (19,04%) através
de biópsia de vilo corial, 39 (46,4%) por cordocentese e 19 (22,6%) por coleta
de sangue de recém-nascidos. Referente aos dados ultra-sonográficos,
considerando p=0,05, foram estatisticamente significantes CIUR (p=0,011) e
sobreposição de dedos (p=0,034). Onfalocele (p=0,08) e TN aumentada
(p=0,07) apesar de não serem considerados significativos apresentam valores
próximos ao nível de significância. Os resultados apresentados permitiram
conhecer as anormalidades cromossômicas mais comuns e a identificação das
alterações ultra-sonográficas consideradas de risco para cromossomopatias no
grupo estudado.
II. ABSTRACT
The aims of this study were the identification of cytogenetic abnormalities
in fetuses and newborns with congenital anomalies and to determine the
ultrasonographic markers statistically significant for chromosomal abnormalities.
Ninety two cases were selected (73 pregnancies and 19 newborns) showing
congenital anomalies in fetal stage. The period of the study was between
March, 2004 and July, 2008. After selection of the sample, eight patients were
excluded due to insufficient cells for cytogenetic diagnosis and absence of
information in the medical records. The results showed that 67 cases (79, 7%)
had normal chromosomal constitution and 17 cases (20.2%) had chromosomal
abnormalities. Within the abnormal group, three (17,6 %) had structural
abnormalities and fourteen (82, 3%) had abnormal numerical. Of the 13 cases
of free trisomy observed, 7 (53,8%) were trisomy 21 and 6 (46,1%) trisomy 18.
Triploidy was present in 1 case (5,9%). Regarding to the methodology of
sampling, 10 cases (12%) were amniocentesis, 16 (19%) chorionic villus
sampling, 39 (46, 4%) cordocentesis and 19 (22,6 %) for collection of
newborns. In relation to the ultrasonographic findings, considering p=0.05,
CIUR (p=0005) and overlapping fingers (p=0,034) were considered statistically
significant. Onfalocele (p=0,08) and increased TN (p=0,07) although not to be
considered significant they present values next to the level of significance
These results allowed knowing the most frequents chromosomal abnormalities
and the identification of their ultrasonografic markers in the studied group.
1
1
.
.
I
I
N
N
T
T
R
R
O
O
D
D
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
1. INTRODUÇÃO
A Medicina Fetal (MF) é uma sub-especialidade da Obstetrícia que
objetiva avaliar a saúde e a vitalidade do feto, tendo como princípio fornecer
informações sobre diagnósticos e prognósticos para o mesmo
1,2,3
.
Nos últimos anos, a MF foi beneficiada pelos avanços tecnológicos que
permitiram a inserção de novas metodologias na propedêutica fetal. Deste
modo, a melhoria na resolução de imagens observadas através da ultra-
sonografia (US) obstétrica possibilitou maior sensibilidade e confiabilidade nos
resultados
1,3,4
.
O Diagnóstico PréNatal (DPN) passou a ser oferecido visando a
detecção de doenças que somente seriam diagnosticadas após o
nascimento
5,6
. Tornou-se possível durante o período pré-natal a identificação
direta de alterações morfológicas individuais e de sinais indiretos como
crescimento intra-uterino restrito (CIUR) e alterações do volume de líquido
amniótico (LA), além das anomalias associadas que apresentam estreita
correlação com quadros sindrômicos
7
.
A integração entre US, procedimentos invasivos (amniocentese, biópsia
de vilo corial e cordocentese), marcadores bioquímicos e estudo citogenético
possibilitou maior precisão no diagnóstico de anomalias congênitas e doenças
genéticas
8
.
Anomalias congênitas constituem uma das dez primeiras causas de
mortalidade infantil. Estudos de morbidade na faixa etária pediátrica indicam
que as enfermidades genéticas e os defeitos congênitos representam 10-25%
das internações em estabelecimentos de assistência terciária em alguns
centros urbanos da América Latina
9
.
Nesse local, as informações sobre a freqüência de defeitos congênitos
são ainda fragmentadas por dificuldades diagnósticas e de registros que levam
estatísticas de saúde subestimadas. Entretanto, dados de pesquisas locais e
do Estudo Colaborativo Latino-Americano das Malformações Congênitas
(ECLAMC) confirmam que os defeitos congênitos apresentam freqüência
similar à de outros lugares, tornando-se um ônus para a saúde pública
9
.
Embora, o crescente desenvolvimento científico tenha mudado a razão de
mortalidade e morbidade perinatal e neonatal, as freqüências de anomalias
fetais e síndromes genéticas ainda se mantêm em torno de 3%. Cerca de 30%
de todas as anomalias são de origem genética, podendo apresentar etiologia
cromossômica, gênica ou multifatorial. As anomalias estruturais podem ocorrer
em vários estágios do desenvolvimento intra-uterino do feto e o seu grau de
acometimento dependerá do tempo de exposição aos fatores causadores das
anomalias
10
.
O presente trabalho buscou identificar as alterações citogenéticas em
fetos e recém-nascidos de gestações com marcadores ultra-sonográficos
durante o pré-natal associados às cromossomopatias.
1
1
.
.
1
1
.
.
O
O
B
B
J
J
E
E
T
T
I
I
V
V
O
O
S
S
1.1. OBJETIVOS
Objetivo geral
Avaliar as anomalias congênitas ultra-sonográficas fetais através
de estudo citogenético.
Objetivos específicos
Determinar a prevalência de cromossomopatias em fetos com
anomalias congênitas detectadas pela ultra-sonografia;
Identificar possíveis alterações citogenéticas associadas a
anomalias congênitas detectadas pela ultra-sonografia em
serviços de medicina fetal em Cuiabá;
Identificar os marcadores ultra-sonográficos estatisticamente
significantes para anormalidades cromossômicas na amostra
estudada.
2
2
.
.
R
R
E
E
V
V
I
I
S
S
Ã
Ã
O
O
D
D
A
A
L
L
I
I
T
T
E
E
R
R
A
A
T
T
U
U
R
R
A
A
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Cromossomopatias
Na espécie humana, entende-se por normais, quanto ao número de
cromossomos, as células que apresentam 46 cromossomos (diplóides ou 2n) e
células com 23 cromossomos (haplóides ou n) e alterações cromossômicas
constituem uma das maiores categorias de doenças genéticas e são causas
significativas de retardo mental, déficit ponderal e estatural, dismorfismos
faciais e anomalias congênitas, como as cardiopatias congênitas, anomalias
esqueléticas e acometimento de outros órgãos internos
5,11,12
.
Alterações cromossômicas podem ser decorrentes de alterações
numéricas, as quais podem apresentar no cariótipo do paciente número
cromossômico diferente de 46 e de alterações estruturais as quais apresentam
no cariótipo dos indivíduos cromossomos resultantes de quebra cromossômica
seguida de um rearranjo anormal. Anormalidades estruturais podem ser
balanceadas (quando não há alteração na quantidade de material genético) ou
não balanceadas (quando há perda ou acréscimo de material genético)
13,14
.
Estudos demonstram que as anormalidades cromossômicas constituem
uma das principais causas de letalidade em estágios precoces do
desenvolvimento fetal ocasionando abortamento espontâneo em 50% dos
casos. Na grande maioria, as causas desses abortamentos são anormalidades
numéricas sendo menos de 10% causados por anormalidades estruturais ou
outros mecanismos genéticos. A freqüência aproximada de anormalidades
cromossômicas encontrada entre os natimortos é de 6% e nos nascidos vivos é
de 0,6 a 0,8%
8,12,14,15
.
A detecção de anormalidades cromossômicas durante o DPN tem objetivo
para realização de procedimentos diagnósticos invasivos (amniocentese,
biopsia de vilo corial e cordocentese) em gestantes pertencentes a grupos de
risco, ou seja, aquelas com idade avançada e/ou achados ultra-sonográficos
anormais (primeiro e/ou segundo trimestre gestacional), dados bioquímicos
alterados, história familiar de cromossomopatia ou demais anomalias
genéticas
16,17
.
No entanto, observa-se que em algumas gestações onde existe suspeita
prévia de cromossomopatia e possibilidade de DPN, as gestantes optam por
realizar o cariótipo pós-natal. Tal decisão, na maioria das vezes, é determinada
pela inadequada informação, existência de risco (1%) de perda gestacional
decorrente do procedimento invasivo e inexistência de procedimentos para
diagnóstico no primeiro e segundo trimestre de gestação oferecidos em larga
escala
1,17,18
.
A incidência de diferentes cromossomopatias em nascidos vivos é
extensamente relatada na literatura e pode ser resumida na Tabela 1.
Tabela 1 - Incidência das anormalidades cromossômicas em levantamento de recém-nascidos
Tipo de anormalidade
Incidência (aprox.)
Anormalidades dos cromossomos sexuais em 43.612 meninos
47,XXY 1/1.000
47,XYY 1/1.000
Outras 1/1.350
Anormalidades dos cromossomos sexuais em 24.547 meninas
45,X 1/4.000
47,XXX 1/900
Outras 1/2.700
Anormalidades numéricas dos autossomos em 68.159 nascimentos
Trissomia do 21 1/830
Trissomia do 18 1/7.500
Trissomia do 13 1/22.700
Outras aneuploidias 1/34.000
Anormalidades estruturais em 68.159 nascimentos (autossomos e
cromossomos sexuais)
Rearranjos balanceados
Robertsonianos 1/1.000
Outros 1/850
Rearranjos não-balanceados 1/1.800
Todas as anormalidades cromossômicas (autossomos e cromossomos sexuais)
1/160
Fonte: Hsu LYF: Prenatal diagnosis of chromosomal abnormalities through amniocentesis. In
Milunsky A (ed): Genetic Disorders and fetus, 4
th
ed. Baltimore, Johns Hopkins University
Press, 1998, pp179-248
19
.
As trissomias mais freqüentes envolvendo autossomos são as dos
cromossomos 13, 18 e 21. A trissomia 21 ou síndrome de Down é a mais
comum anormalidade cromossômica na espécie humana, apresentando uma
incidência de 1:830 recém-nascidos. Seu diagnóstico baseia-se na
identificação consistente de suas manifestações físicas, determinadas pelas
anomalias congênitas correlacionadas. Os cariótipos compatíveis com a
síndrome podem se apresentar em 95% dos casos como trissomia livre do 21,
translocações (2 a 4%) e mosaicismo (1 a 2%)
12
.
A associação entre idade materna e incidência da síndrome de Down foi
descrita por Penrose (1933) antes que a base cromossômica desta síndrome
fosse conhecida
19
. Assim, gestantes com idade igual ou superior a 35 anos
são indicadas para DPN, pois o risco de nascer uma criança com essa
síndrome é de aproximadamente 1:385 para idade materna de 35 anos,
aumentando para 1:106 para aquelas mães com idade de 40 anos e 1:30 para
idade de 45 anos
21
(Tabela 2).
Tabela 2. Influência da idade materna sobre uma possível prole com síndrome de Down e
demais anormalidades cromossômicas.
Idade materna Risco de Síndrome de Down ao nascimento
Risco de qualquer anormalidade cromossômica
20 1 : 1667 1 : 526
25 1 : 1250 1 : 476
30 1 : 952 1 : 384
31 1 : 909 1 : 384
32 1 : 769 1 : 323
33 1 : 625 1 : 286
34 1 : 500 1 : 238
35 1 : 385 1 : 192
36 1 : 294 1 : 156
37 1 : 227 1 : 127
38 1 : 175 1 : 102
39 1 : 137 1 : 83
40 1 : 106 1 : 66
41 1 : 82 1 : 53
42 1 : 64 1 : 42
43 1 : 50 1 : 33
44 1 : 38 1 : 26
45 1 : 30 1 : 21
Fonte: Associação Médica Norte-Americana 249(15):2034-2038,1983
2211
.
A trissomia 18 ou síndrome de Edwards é a segunda anormalidade
autossômica numérica mais freqüente, apresentando incidência em torno de
1/8000 a 1/3000 nascidos vivos
21,23
. Também associada à idade materna, pois
mais da metade dos casos são gerados por mães com mais de 35 anos de
idade sendo, deste modo, observado em grande maioria a trissomia livre por
não-disjunção
24,25
.
A trissomia do 13 ou síndrome de Patau é de difícil determinação da
freqüência devido a letalidade precoce, muitas vezes por abortamento
espontâneo, sem diagnóstico no período pré-natal. Cerca de 95% não
sobrevivem até o segundo trimestre de vida. Sua freqüência se apresenta em
torno de 0,2 a 0,4 para 1000 nascimentos. Aproximadamente 40% dos casos
provem de mães com mais de 35 anos de idade
25,26
A monossomia do X (parcial ou total) ou síndrome de Turner é
caracterizada pela ausência de um dos cromossomos X. A viabilidade fetal é
pouco provável determinando um alto índice de abortamento espontâneo.
Calcula-se que ao redor de 99% dos zigotos humanos acometidos por tal
síndrome não sobrevivem após a décima segunda semana de gestação
27
.
Diante das diferentes condições cromossômicas que um feto pode ser
acometido, associadas ou não a fatores de risco como idade materna
avançada, história familiar de cromossomopatias, presença de anormalidade
estrutural em um dos genitores, dentre outras, faz-se necessário durante o
período pré-natal exames de triagem e de diagnóstico preciso
28
.
Tais abordagens permitem reduzir a ansiedade materna e/ou paterna em
pertencer a grupos de risco, bem como fornecer subsídios para planejamento
de ações durante a gestação, nascimento e cuidado pós-natal de uma criança
afetada
12
.
Na maioria das vezes se observa que cada cromossomopatia possui uma
particularidade em relação a marcadores ultra-sonográficos, porém sua
confirmação somente é possível diante da análise citogenética do indivíduo
possibilitando à gestante e seus familiares um acompanhamento mais efetivo
29
.
2.2. A ultra-sonografia e a detecção de cromossomopatias
A US é um importante método de avaliação do feto. Com a melhoria nos
níveis de resolução de imagens, a US morfológica possibilitou descrever a
anatomia fetal e diagnosticar ou suspeitar de alterações associadas a
síndromes cromossômicas, síndromes gênicas, herança multifatorial e de
etiologia ambiental
12,30,31
.
Nesse sentido, marcadores ultra-sonográficos, quando alterados,
confirmam a existência de risco para aneuploidia (número anormal de
cromossomos não múltiplo exato do número haplóide) durante o período
gestacional. Tal risco pode estar relacionado à idade materna avançada,
história familiar onde a prole apresenta alteração cromossômica ou síndrome
gênica
16,26,32,33
.
Em relação às anormalidades numéricas, observa-se que dados da US
como taquicardia fetal (observado em 2/3 dos casos), CIUR e
holoprosencefalia podem ser fortes indicativos de comprometimento pela
trissomia 13
34
. Na trissomia 18 podem ser observados: lesão ou anomalia de
sistema nervoso central, respiratório e cardiovascular, defeitos congênitos
graves do trato gastrointestinal ou parede abdominal e outras anomalias
ósseas e esqueléticas
24,25
. A síndrome de Turner apresenta como principal
característica o higroma cístico no segundo trimestre de gestação, taquicardia
fetal observada em 50% dos casos e CIUR
27
. Em casos de fetos acometidos
por triploidia, pode-se observar assimetria do crescimento intra-uterino,
bradicardia relativa, holoprosencefalia, anencefalia, cisto da fossa posterior e
placenta molar em 25%
15
.
Vários marcadores ultra-sonográficos podem estar associados a
síndromes cromossômicas: translucência nucal (TN) aumentada, hipoplasia do
osso nasal, alteração do fluxo sangüíneo no ducto venoso, ventriculomegalia
cerebral, holoprosencefalia, microcefalia, cisto do plexo coróide, agenesia do
corpo caloso, complexo de Dandy-Walker, braquicefalia, micrognatia, higroma
cístico, edema nucal, hérnia diafragmática, anomalias cardíacas, onfalocele,
anomalias esqueléticas, anomalias do trato urinário, fêmur e úmero curtos,
CIUR, entre outros. Tais marcadores podem ser associados com as trissomias
dos cromossomos 21, 13, ou 18, triploidia, síndrome de Turner e,
esporadicamente, a outras síndromes cromossômicas
25,26
.
Barini et al
9
, avaliando a sensibilidade da US em uma amostra de 476
indivíduos observaram que 97,5% das cromossomopatias diagnosticadas
encontravam-se no grupo de gestantes que apresentavam US alterada. Os
riscos relativos mais elevados ocorreram para anomalias morfológicas
associadas à face (89), parede abdominal (53), sistema cardiovascular (53),
pescoço (49,6), membros (44,3) e pulmão (42,4). Alterações gastrointestinais,
sistema nervoso central e urinário tiveram também risco relativo elevado, entre
32 e 23.
Estudos têm demonstrado que a presença de mais de uma alteração
ultra-sonográfica aumenta o risco para cromossomopatias e,
consequentemente, reforça a indicação da análise cromossômica
10,35
.
Wax et al
36
analisaram 1030 fetos entre quatorze e vinte e quatro
semanas gestacionais apresentando risco para cromossomopatias. O estudo
citogenético fetal foi realizado em células do líquido amniótico em 334 (32,4%)
pacientes. Em 17 fetos que apresentaram aneuploidias, 14 (82,3%) possuíam
pelo menos um marcador ultra-sonográfico.
Achados fenotípicos em indivíduos com síndrome de Down, observados
por Jonh Langdon Down (1866) como excesso de pele do pescoço em relação
ao corpo, pode ser visualizado atualmente através da US. Tal anomalia pode
ser observada sob a forma de TN aumentada.
A TN representa a espessura do espaço livre de eco entre a pele e o
tecido mole que recobre a dorsal da coluna cervical, podendo estar aumentada
no final do 1º trimestre gestacional nos casos de trissomias 21, 18 e 13 e em
fetos com cariótipo 45,X
16,25,26,37,38,39
.
Estudos em gestações do primeiro trimestre demonstraram que a
aferição da TN avaliada conjuntamente com a idade materna (maior ou igual a
35 anos) é o método mais eficaz no rastreamento da trissomia 21. Quando a
TN é associada a testes ainda mais específicos para diagnóstico de
cromossomopatias, dentre estes, dosagens bioquímicas, torna-se possível a
detecção de mais de 90% destas intercorrências
16
.
Embora gestantes com idade inferior a 35 anos não pertençam ao grupo
de risco para cromossomopatias, preconiza-se a aferição de TN com o intuito
de identificação de pacientes com risco, uma vez que tais gestantes jovens
respondem por 70% dos recém-nascidos com alterações cromossômicas ou
anomalias congênitas
40
.
A utilização da TN aumentada como marcador para demais
anormalidades cromossômicas vem se estabelecer especialmente quando há a
associação da mesma com demais achados observados na US (Tabela 3). Na
trissomia 18, a TN pode estar elevada podendo ser observado CIUR,
braquicardia relativa e, em 30% dos casos, associação com onfalocele
16,30,41
.
Em indivíduos com trissomia 13, observa-se a presença de taquicardia, CIUR,
holoprosencefalia ou onfalocele em 30% dos casos
16,42
. Na síndrome de
Turner observa-se taquicardia em 50% dos casos e CIUR. Em casos de
triploidia presença de bradicardia relativa, CIUR, onfalocele, cisto de fossa
posterior em cerca de 40% dos casos, e, placenta molar em um terço dos
casos
27
.
Tabela 3. Principais achados ultra-sonográficos em fetos com anormalidades cromossômicas, entre 10-14
semanas de gestação.
Fonte: Nicolaides et al, 2000
3300
.
O valor de TN acima de 2,5 - 3,0 mm diferencia gestantes sob alto ou
baixo risco para cromossomopatias. Em fetos apresentando TN aumentada
indica-se investigação através de métodos complementares como cariótipo
fetal, ecocardiografia fetal, exames bioquímicos, com a finalidade da distinção
entre gestações com resultados positivos para cromossomopatias e gestações
com demais anormalidades
31
.
Estudos relatam que quanto maior a espessura da TN, maior será
também a chance de abortamento espontâneo. Medidas acima de 5,0 mm
estão relacionadas a 13% de abortamentos e, com 77% de detecção de
aneuploidias, em especial a trissomia 21 com um falso-positivo de
4,7%
10,16,26,34,37,43
.
Em estudo multicêntrico envolvendo cerca de 100.000 gestações foi
demonstrado que, em 72% dos fetos com trissomia 21, a medida da TN
encontrava-se acima do 95
o
percentil da curva de normalidade e o
rastreamento empregando a idade materna associada à TN identificou 77%
dos fetos anormais, com falso-positivo de 5%
34
.
Na trissomia 21, a TN média é de aproximadamente 2,0 mm acima da
mediana para o comprimento crânio-nádega. Tais valores correspondentes
Cromossomopatia Achados ultra-sonográficos
Trissomia 21 Translucência Nucal aumentada
Trissomia 18 Retardo de crescimento, bradicardia, onfalocele
Trissomia 13 Retardo de crescimento, taquicardia, holoprosencefalia, onfalocele
Síndrome de Turner Retardo de crescimento, taquicardia, translucência nucal aumentada
(higroma cístico)
Triploidias Retardo de crescimento, bradicardia, holoprosencefalia, onfalocele, cisto de fossa
posterior, placenta molar
para outras cromossomopatias como trissomias 18 e 13, triploidias e síndrome
de Turner são 4,0 mm, 2,5 mm, 1,5 mm e 7,0 mm, respectivamente. Além da
TN existem demais marcadores associados (Tabela 4) que servem como
indicativo de tais anormalidades
30
.
Tabela 4. Sinais observados na US associados a alterações genéticas e/ou síndromes fetais.
Sinais ultra-sonográficos associados a alterações genéticas e/ou síndrome fetais
Ascite Mielomeningocele Hipotelorismo ocular
Atresias Morte fetal Hipertelorismo ocular
Bexiga-distensão Oligo-hidra
Microcefalia
Bradicardia sinusal
Onfalocele
Obstrução dos ureteres
Cistos Palato
fendido
Fenda Labial
Contraturas congênitas
Efusão do pericárdio
Microftalmia
Cordão umbilical anormal
Anomalias da placenta
Hidrocefalia
Encefalocele
Efusão da pleura
Hidronefrose
Fêmur curto Polidactilia Hidropisia fetal
Fraturas Pterigium Hidrotórax
Desordem de gemelaridade
Aplasia do radio
Hidroureter
Ectopia dos rins
Hipoplasia do osso nasal
Ectopia dos rins
Hematomas
TN aumentada
Rins multicísticos
Hidramnia CIUR Trombocitopenia
Fonte: Pinto Jr, 2002
29
.
O aumento no valor de TN não se restringe a cromossomopatias,
podendo rastrear patologias de etiologia não cromossômica como as
síndromes monogênicas (síndrome de Noonan, por exemplo), cardiopatias e
podem estar presente em indivíduos normais. Sendo assim, torna-se
importante à realização da investigação através de métodos invasivos que
permitirão a análise cromossômica e, conseqüentemente, a obtenção de
diagnóstico mais preciso
10,44
.
Durante o segundo e terceiro trimestre da gestação, o acúmulo anormal
de fluido, na região da nuca do feto, classificado no primeiro trimestre como
TN, usualmente regride e, em alguns casos, evolui para higroma cístico ou
edema nucal, com ou sem hidropisia generalizada
30
.
Cerca de 75% dos fetos com higroma cístico apresentam anormalidade
cromossômica e em 95% dos casos trata-se da síndrome de Turner
30,45
.
O edema nucal pode ter diversas etiologias podendo ser observado
anormalidades cromossômicas em um terço dos fetos e, em 75% dos casos, a
anormalidade é a trissomia 21 ou 18. O edema nucal também pode estar
associado a defeitos cardiovasculares e pulmonares, displasias esqueléticas,
infecções congênitas e alterações metabólicas e hematológicas
30,37
.
No primeiro trimestre, além da TN, outros marcadores são de grande
importância para o diagnóstico de cromossomopatias como: aferição do osso
nasal, alteração do fluxo sangüíneo no ducto venoso, regurgitação tricúspide
fetal, ângulo frontomaxilofacial, comprimento da maxila, comprimento da
orelha, mega-bexiga, entre outros. Já no segundo trimestre os marcadores
mais comumente associados às cromossomopatias são: higroma cístico,
edema nucal, fêmur e úmero curtos, holoprosencefalia, agenesia do corpo
caloso, cisto de plexo coróide, hérnia diafragmática, atresia esofágica,
onfalocele e anomalias cardíacas. Vale a ressalva que alguns marcadores são
utilizados tanto no primeiro quanto no segundo trimestre gestacional como:
holoprosencefalia, higroma cístico, anomalias cardíacas e hérnia diafragmática
(Tabela 4)
17,26,37
.
2.3. Marcadores bioquímicos
Além dos marcadores ultra-sonográficos, os marcadores bioquímicos
são utilizados para a realização do DPN no primeiro e segundo trimestre
gestacional
46
. Os testes mais frequentemente utilizados são as dosagens de:
ß-hCG livre (Beta Gonadotrofina Coriônica Humana Livre), ß-hCG (Beta
Gonadotrofina Coriônica Humana Total), PAPP-A (Proteína A Plasmática
associada a Gestação), Estriol não-conjugado (µE3), Alfa-Fetoproteína (AFP)
e, mais recentemente, a Inibina A
37
.
Testes bioquímicos, quando realizados em gestantes cujo feto apresenta
suspeita de cromossomopatia ou outra anormalidade genética, podem resultar
em dosagem alterada tanto no primeiro como no segundo trimestre de
gestação
30
. Deste modo, pode-se observar em anormalidades autossômicas
numéricas como trissomia dos cromossomos 13 ou 18, a dosagem do ß-hCG
livre e PAPP-A em níveis inferiores ao normal. Em anormalidades envolvendo
cromossomos sexuais, o ß-hCG livre é normal e o PAPP-A diminuído
37
.
Estudos demonstram uma detecção de 90% de fetos com trissomia 21
quando a idade materna é associada à TN e dosagem sérica materna de ß-
hCG e PAPP-A entre décima primeira e décima quarta semanas de gestação.
A mesma percentagem para tal síndrome pode ser observada na associação
da TN com teste triplo (ß-hCG, AFP, µE3) ou quádruplo (ß-hCG, AFP, µE3 e
Inibina A) no segundo trimestre
16,30
.
Estudos realizados em fetos com trissomia 21 demonstram que a
associação da idade materna com marcadores ultra-sonográficos (TN
aumentada e osso nasal hipoplásico ou ausente) e marcadores bioquímicos (ß-
hCG e PAPP-A) entre décima primeira e décima quarta semanas de gestação
fornecem uma sensibilidade de até 97%. Na ausência da associação com o
osso nasal observa-se uma sensibilidade de cerca de 80-90%. No segundo
trimestre, quando a idade materna é somente associada com marcadores
bioquímicos, a sensibilidade é reduzida para 60-70%. Assim, pode-se notar a
importância da associação de diferentes métodos de rastreamento para
obtenção de maior sensibilidade e, consequentemente, maior detecção de
cromossomopatias (Tabela 5)
16
.
Tabela 5. Taxa de detecção e falso-positivo para trissomia 21 em testes de rastreamento.
Testes de rastreamento Taxa de detecção (%) Taxa de falso positivo (%)
IM 30 (ou 50) 5 (ou 15)
IM+ ß-hCG + PAPP-A em 11-14 sem.
60
5
IM + TN em 11-14 sem.
75 (ou 75)
5 (ou 2)
IM + TN e osso nasal em 11-14 sem.
90
5
IM + TN +ß-hCG e PAPP-A em 11-14 sem.
90 (ou 80) 5 (ou 2)
IM + dosagem bioquímica em 15-18 semanas
60-70 5
US para defeito fetal e marcadores em 16-23 sem. 75 10-15
Legenda: ß-hCG: beta gonadotrofina coriônica humana; IM: idade materna; TN: translucência nucal; PAPP-A:
Proteína A plasmática associada à gestação; sem: semanas (Nicolaides, 2003)
16
2.4. Métodos de diagnóstico pré-natal invasivos
O DPN durante o primeiro trimestre gestacional para anomalias
cromossômicas foi possível devido à implantação e realização de
procedimentos invasivos como biópsia de vilo corial (a partir da décima
primeira semana) e amniocentese (a partir da décima sexta semana). No
segundo trimestre, a cordocentese foi o procedimento invasivo indicado para
diagnóstico intra-útero. Tendo em vista que tais procedimentos apresentam um
risco de perda gestacional (1% para biópsia de vilo corial e amniocentese; 2-
5% para cordocentese), os mesmos devem apenas ser indicados para fetos
sob alto risco para cromossomopatia (Tabela 6)
17
.
Tabela 6. Indicações para procedimentos invasivos no Diagnóstico P-natal.
Idade materna avançada
História familiar de cromossomopatia
Pais portadores de alterações cromossômicas
Filho anterior poli-malformado falecido sem diagnóstico
História familiar de erro inato de metabolismo
História familiar de doenças gênicas que tenham testes moleculares definidos
para diagnóstico pré-natal
Anomalias na ultra-sonografia
Triagem bioquímica materna alterada
Consangüinidade do casal
Fonte: Sanseverino et al, 2001
55
.
Como mencionado anteriormente, critérios como idade avançada em
mulheres gestantes demonstra relação direta entre e o nascimento de crianças
com anormalidades cromossômicas. Embora seja desconhecida idade materna
isenta de risco para cromossomopatia, tem sido aceita que idade igual ou
superior a 35 anos na ocasião do parto caracteriza situação de risco
aumentado e que seja recomendado realizar o DPN e aconselhamento
genético no caso de um diagnóstico de doença genética ou cromossômica
5
.
2.4.1. Biópsia de vilo corial
A biópsia de vilo corial (BVC) foi realizada pela primeira vez no final da
década de 60 através da histeroscopia. Mohr
47
introduziu tal técnica em 63
pacientes utilizando um endoscópio obtendo 32 amostras contendo vilosidades
coriônicas. Entretanto, esta metodologia não obteve sucesso na obtenção do
cariótipo, sendo, assim, abandonada. Já nesta época relatavam poucas
complicações maternas
29
.
Na década de 70, o anseio de um diagnóstico precoce fez com que se
retomassem as tentativas de obtenção de amostras de vilosidades coriônicas.
Inicialmente, utilizava-se uma cânula de aspiração que era introduzida na
cérvice uterina, sem monitoramento ultra-sonográfico. Posteriormente, a US
passou a ser utilizada de modo a auxiliar o procedimento, tanto via
transcervical, como transabdominal
30
.
Em 1983, através das pesquisas realizadas por Simoni et al
48
, foi possível
descrever as primeiras amostras que resultaram em diagnóstico, o que
estimulou centros especializados a utilizarem a punção de vilosidades
coriônicas no auxílio do diagnóstico de distúrbios genéticos, em especial os
distúrbios caracterizados pela constituição cromossômica anormal
29,49
.
Com os avanços dos equipamentos de US e um aumento do índice de
sucesso no diagnóstico genético através das culturas realizadas, a punção de
vilosidades coriônicas passou a ser cada vez mais empregada
15
. Tal técnica
consiste na inserção intra-uterina, entre a décima primeira e décima quarta
semanas gestacionais, de um cateter via transcervical ou via transabdominal
através de uma agulha calibre 17 G. Ambos os procedimentos são realizados
através de monitoramento pela US que possibilita maior índice de sucesso da
coleta. O cateter utilizado possui em geral entre 21-25 cm, com diâmetro
variando entre 1 a 2,3 mm. Em gestações de até doze semanas, a bolsa
amniótica não preenche ainda a luz do útero. Nesta fase o corion começa a se
diferenciar em frondoso, que irá constituir o local da placenta. Trata-se da
região de maior índice mitótico e, portanto, a área da qual será coletado o
material
12,15,29
.
A BVC por via transabdominal apresenta vantagens em relação à
transvaginal. Pode ser realizada em qualquer época após a décima semana
gestacional, apresenta menor risco de perda fetal e não necessita de
bacterioscopia prévia
29
.
O risco de abortamento inerente à biópsia foi estabelecido por estudo
colaborativo do Canadá e sua estimativa é de 0,6 a 1,6%. Tal risco implicaria
numa perda fetal por infecção, por ruptura de membrana ou por outras
causas
12
.
2.4.2. Amniocentese
A amniocentese consiste na introdução de uma agulha na cavidade
abdominal monitorada por US, e aspiração do líquido amniótico. O
monitoramento do procedimento é de fundamental importância, pois, através
deste, é possível uma análise mais minuciosa do feto, incluindo desde medidas
dos diâmetros biparietal, occipito-frontal, torácico e abdominal, até mesmo,
movimentação fetal, número de vasos e implantação do cordão, entre outros. A
avaliação detalhada tem como objetivo a detecção de qualquer anormalidade
fetal prévia à amniocentese, e quando presente, a paciente deve ser
previamente comunicada
50,51
.
Esse tipo de teste invasivo é realizado usualmente entre a décima sexta e
décima oitava, sendo um dos métodos mais difundidos para a obtenção de
material fetal para fins de DPN de alterações genéticas. Este fato deve-se à
segurança e ao baixo risco relacionado a complicações no procedimento
51,29
.
A amniocentese precoce, definida como aquela realizada com quatorze
semanas ou menos de gestação, passou a ser realizada nos últimos anos
devido às melhorias da qualidade e resolução dos aparelhos US, alta
proporção de líquido em relação ao feto, a obtenção de resultado mais precoce
e, principalmente, maior fidedignidade dos resultados apresentados quando
comparados a BVC. Por outro lado, a desvantagem relatada é o risco maior de
comprometimento fetal, semelhante ao apresentado na BVC, e o inadequado
crescimento celular na maioria das culturas devido a pouca quantidade de
líquido aspirado e, conseqüentemente, menor quantidade de células
25,50,52
.
Do ponto de vista laboratorial, os erros de diagnóstico são menos
freqüentes em amostras de amniocentese do que em exames realizados a
partir de BVC, as quais apresentam falhas recorrentes em 2% dos diagnósticos
devido à contaminação das culturas com células maternas (células deciduais),
o que pode resultar em um cariótipo mosaico, comprometendo o diagnóstico
citogenético
6
.
2.4.3. Cordocentese
Em 1983, na França, Daffos et al
53
desenvolveram outra técnica com
punção do sangue fetal, denominada cordocentese, realizada a partir da
vigésima semana gestacional. No início, tinha-se como objetivo diagnosticar
doenças infecto-contagiosas. Posteriormente, observou-se que a cordocentese
possibilitaria esclarecimento citogenético nos casos de anomalia detectada
pela US
25
.
A técnica consiste em um exame ultra-sonográfico para a localização da
região de implantação do cordão na placenta, sendo esta, sempre que
possível, região eleita para o procedimento. É necessária a visualização dos
vasos do cordão no sentido longitudinal onde a agulha necessita ser inserida
na pele perpendicularmente ao cordão. Esta distância deve ser medida de tal
modo que seja possível visualizar a ponta da agulha tocar o cordão, podendo
ser puncionado o sangue fetal
25,54
.
Independente do método utilizado para punção do sangue fetal,
atualmente, a citogenética: clássica ou molecular (fluorecence in situ
hybridization - FISH) e biologia molecular, pela análise de PCR (Polymerase
chain reaction - Reação Cadeia de Polimerase) vêm se tornando cada vez mais
utilizada, possibilitando um diagnóstico mais preciso para cromossomopatias
6
.
O uso de técnicas citogenéticas em DPN teve seu alicerce em 1966,
quando Steele & Breg
55
demonstraram a possibilidade de determinar a
constituição cromossômica fetal através da cultura de células presentes no
líquido amniótico. No Brasil, os estudos pioneiros foram realizados pelo grupo
da pesquisadora Heleneide Rezende de Souza Nazareth na Disciplina de
Genética, Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São
Paulo
20
.
Os métodos de coloração cromossômicos desenvolvidos e aprimorados
na década de 60 permitiram a identificação de cada par cromossômico na
espécie humana possibilitando diagnósticos precisos de alterações no número
e estrutura dos cromossomos. Atualmente são empregadas técnicas de
bandeamento como: banda G (giemsa), C (coloração específica para regiões
centroméricas e de heterocromatina constitutiva), RON (coloração para regiões
organizadoras de nucléolo), FISH (fluorecence in situ hybridization), dentre
outras
12
.
Através de métodos citogenéticos é possível afirmar categoricamente
tratar-se ou não de indivíduos afetados
13,49,50
. Sendo assim, tais técnicas
aliadas a US têm sido utilizadas com objetivo de identificar anomalias em fetos
e proporcionar uma série de esclarecimentos aos pais com risco aumentado de
terem um filho com anormalidade, bem como, tranqüilizar e reduzir a ansiedade
nesse grupo, contribuindo, assim, de forma fundamental, no diagnóstico de
cromossomopatias e anomalias congênitas, além de aconselhamento
genético
54
.
2.5. Aconselhamento genético
Aconselhamento genético (AC) pode ser definido como o processo de
comunicação sobre o risco de ocorrência ou recorrência familial de anomalias
genéticas. Sua finalidade consiste em fornecer ao indivíduo ou familiares a
ampla aplicação relacionada às doenças genéticas em discussão, opções
terapêuticas ou profilaxias, além do eventual apoio psicoterapêutico aos
mesmos
29
.
O desenvolvimento de técnicas para diagnosticar as doenças genéticas
intra-útero foi determinante na área de genética clínica, mudando a perspectiva
reprodutiva das famílias de risco e tornando o DPN parte integrante do AC
5,56,
57
.
O momento ideal para a realização do aconselhamento genético se dá
antes da concepção, onde seria estabelecido, a tempo, um diagnóstico da
situação. No entanto, frequentemente a gestante ou o casal são atendidos no
decorrer da gestação, impedindo muitas vezes, uma investigação mais
adequada
5, 11, 56
.
Durante o AC devem ser abordados com o casal: história obstétrica,
história clínica, familiar, anormalidade supostamente de risco, probabilidade de
ocorrência, exames disponíveis, riscos envolvidos nos procedimentos invasivos
e as conseqüências de um resultado anormal. Caberá ao casal a tomada das
decisões sobre a conduta proposta pelo geneticista
5, 58
.
É freqüente a ansiedade do casal até a obtenção do resultado do
procedimento invasivo. Entretanto, costuma ser maior em pacientes de baixo
risco as quais foram surpreendidas durante a gestação com exames
anormais
58
.
A comunicação do resultado do procedimento invasivo como anormal é a
fase mais difícil do processo onde decisões devem ser tomadas pelo casal,
como por exemplo, a continuidade da gestação. Uma particularidade que torna
o AC para o DPN mais complexo em nosso meio seria a inexistência de
legislação para interrupção da gestação, em casos de anomalias inviáveis à
vida, no Brasil
5
.
Atualmente no Estado de Mato Grosso não existem estudos associando
o DPN, através de métodos ultra-sonográficos e citogenéticos, com
cromossomopatias. A escassez de serviços oferecidos em larga escala pelo
setor público e privado de Cuiabá tende a dificultar a realização de tais
pesquisas. Conseqüentemente a magnitude do problema ainda não foi
revelada em nosso meio. O presente trabalho possibilitará maiores
esclarecimentos sobre as anormalidades cromossômicas no estado,
contribuindo para melhoria dos serviços de Medicina Fetal e Citogenética de
Cuiabá.
3
3
.
.
M
M
É
É
T
T
O
O
D
D
O
O
S
S
3. MÉTODOS
3.1. Tipo de estudo
Estudo do tipo descritivo, retrospectivo e prospectivo.
3.2. Seleção dos indivíduos
3.2.1. Critérios de inclusão
Entre 1 de março de 2004 e 14 de julho de 2008 foram incluídas no
estudo gestações oriundas de serviços de imagem de Cuiabá Mato Grosso:
Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM-UFMT), Hospital Geral Universitário
(HGU), CDU - Centro de Diagnóstico em Ultra-sonografia, CEDIC (Centro de
Medicina Diagnóstica e FetalCare - Atendimento em Medicina Fetal e Ultra-
Sonografia Ltda.
Tais pacientes apresentavam alterações estruturais à ultra-sonografia,
sendo submetidas a procedimentos invasivos para a realização do cariótipo
fetal.
Foram incluídos no estudo, recém-nascidos que apresentaram, em fase
fetal, alterações estruturais à ultra-sonografia e cujo estudo citogenético foi
possível somente após o nascimento.
A definição da indicação do cariótipo fetal na presença de alteração
ultra-sonográfica foi estabelecida pelo médico assistente responsável e/ou
médico fetal após discussão com o casal.
Nos pacientes que realizaram cariótipo neonatal a indicação foi
estabelecida pelo pediatra responsável pelo recém-nascido. Tal indicação foi
baseada nos dados ultra-sonográficos em fase fetal e características
fenotípicas apresentadas ao nascimento.
O rastreamento de dados ultra-sonográficos alterados retrospectivos foi
realizado através do banco de dados (software Astraia
®
Alemanha).
3.2.2. Critérios de exclusão
Foram excluídas gestações e recém nascidos cujo cariótipo ou dados
ultra-sonográficos não foram localizados no prontuário médico.
3.2.3. Avaliação ultra-sonográfica
Os exames ultra-sonográficos e procedimentos invasivos fetais foram
realizados pelo mesmo examinador, utilizando-se os seguintes aparelhos:
Logiq 200
®
(General Electric, Milwaukee, WI, USA), Nemio
®
(Toshiba Medical
Systems) , Voluson 730 PRO
®
e Expert (General Electric, Milwaukee, WI,
USA).
3.3. Considerações éticas
O Protocolo de Pesquisa foi previamente analisado e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UNIC (Protocolo no. 0305164). Todas as
participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndices 1 e 2).
3.4. Estudo citogenético
O estudo citogenético foi realizado a partir de amostras obtidas através
de BVC e líquido amniótico em parceria com Centro Médico Especializado
Medicina Fetal: Molecular e Citogenética (Campinas- São Paulo).
Amostras provenientes de punção de sangue do cordão umbilical (período
fetal) e sangue periférico (recém-nascidos) foram processadas e analisadas
pela mestranda em conjunto com a equipe de citogenética da Unidade de
Genética Médica e Biologia Molecular/ HGU-UNIC (Cuiabá- Mato Grosso).
3.4.1. Biópsia de vilo corial
3.4.1.1. Processo de separação e cultura (semeadura)
As vilosidades coriônicas terciárias do corion frondoso foram obtidas por
via transabdominal, através de agulha calibre 17G, segundo técnicas de
Brambati e Tului
48,59
. O material foi coletado em uma seringa de 20 mL
contendo 2 mL de meio de cultura RPMI 1640 (Cultilab
®
). O método foi
realizado através de monitoramento ultra-sonográfico.
As culturas celulares foram realizadas através da técnica utilizada por
Jobanputra et al
60
. No laboratório, sob condições assépticas (capela de fluxo
laminar TROX
®
), o material foi transferido para placa de Petri (Ciencor
®
). Com
o auxílio de agulha 25 x 80 mm as vilosidades coriônicas foram separadas
cuidadosamente das células maternas (células deciduais) sob microscópio de
lente invertida e estas foram transferidas para frascos planos para cultura (Cell
Culture Flask Ciencor
®
).
Nestes frascos, foram adicionados previamente 3,2 mL de meio de
cultura Ham F10 (Cultilab
®
), 0,8 mL de soro fetal bovino (Cultilab
®
) e 0,05 mL
de penicilina (Cultilab
®
). O material foi então incubado por 24 horas em estufa a
37°C.
3.4.1.2. Preparação citológica
Cinquenta minutos antes do término foi adicionado 0,05 mL de Colchicina
(Cultilab
®
) aos frascos que foram mantidos em estufa a 37°C.
Após a adição da Colchicina, retirou-se o meio de cultura, com o auxilio
de pipeta Pasteur (Ciencor
®
) cuidadosamente, para que as vilosidades
coriônicas permanecessem no frasco.
A seguir, adicionou-se aos frascos contendo as vilosidades coriônicas
solução hipotônica (Citrato de Sódio 1% - Merck
®
) mantendo-os em repouso
em estufa a 37ºC por 20 minutos.
Decorrido o tempo estabelecido, retirou-se a solução hipotônica com o
auxilio de uma pipeta Pasteur e, posteriormente, adicionou-se 5 mL de solução
fixadora (Metanol e Ácido Acético Merck
®
3:1).
Tal solução permaneceu em repouso juntamente com as vilosidades
coriônicas em temperatura ambiente por 10 minutos, sendo o processo
repetido por mais duas vezes. Ao final, adicionou-se, às vilosidades coriônicas,
nova solução fixadora a qual foi mantida em geladeira por cerca de 1 hora.
3.4.1.3. Confecção das lâminas
Decorrido tempo de repouso refrigerado, as vilosidades coriônicas foram
transferidas, juntamente com a solução fixadora (Metanol e Ácido acético
Merck
®
3:1) para uma placa de Petri estéril (Ciencor
®
). Tal placa foi mantida
em fundo escuro para melhor visualização das vilosidades coriônicas.
Procederam-se a retirada da solução fixadora e a adição de solução de
Ácido Acético a 60% (Merck®).
Lâminas foram distribuídas sobre uma placa aquecedora e gotejado o
material previamente preparado sobre as mesmas. Após secas, foi processada
a coloração convencional e banda G.
3.4.2. Amniocentese
3.4.2.1. Processo de separação e cultura (semeadura)
As coletas das amostras foram realizadas com agulha 20G, via
transabdominal, segundo a técnica descrita por Tabor
61
, através de
monitoramento ultra-sonográfico.
As culturas de líquido amniótico foram realizadas através da técnica
descrita por Jobanputra et al
60
. Em câmara de fluxo laminar (TROX
®
), o
material de cada coleta foi transferido para 2 tubos cônicos estéreis de 15 mL
(Ciencor
®
), contendo aproximadamente 2 mL de RPMI, os quais foram
centrifugados a 1000 rpm durante 10 minutos. Em seguida, o sobrenadante foi
descartado.
Em um dos tubos foi acrescentado 4,2 mL do meio de cultura Amniomax
Medium (3,6 mL de Amniomax Medium Basal e 0,6 mL de Amniomax
complement Gibco
®
). No outro tubo, foi adicionado 4,2 mL do meio Chang
medium D (Irvine Scientific
®
).
Após homogeneização do material acima citado, houve transferência do
mesmo para frascos planos de cultura (Cell Culture Flask Ciencor
®
), sendo
uma unidade para cada tubo anteriormente preparado. Ao final do processo de
transferência foi deixado 2 mL de meio de cultura contendo material (células do
líquido amniótico) em cada tubo, os quais foram transferidos para uma placa de
Petri estéril (Ciencor
®
). Assim, criou-se outro meio de cultura celular composto
pelos meios dos dois tubos preparados anteriormente. Na placa de Petri, ao
final, foram acrescentados mais 2 mL de meio Chang medium D (Irvine
Scientific
®
) e, em todos os meios de crescimento celular preparados, foram
adicionados 0,05 mL de Penicilina/Estreptomicina (Gibco
®
).
A adição de antibiótico nos meios é de grande importância para
impossibilitar crescimento fúngico e bacteriano.
Os frascos e a placa de Petri foram incubados por 72 horas em estufa de
CO
2
(Ciencor
®
) e monitorados diariamente, durante 3 dias de cultura, sob
microscópio de lente invertida (ZEISS
®
). Com a finalidade de observar o
crescimento ideal da cultura, foi promovida a troca de meios para que tal
crescimento atingisse adequadas condições para preparação citológica, ou
seja, formação adequada da monocamada celular.
3.4.2.2. Preparação citológica
Após atingir crescimento celular satisfatório, foram adicionados 0,05 mL
de Colchicina (Cultilab
®
) em cada meio de cultura, sendo mantidos em estufa
37°C por aproximadamente 50 minutos. Decorrido este tempo, transferiu-se o
conteúdo dos frascos planos de cultura (Cell Culture Flask Ciencor
®
) para
tubos cônicos (Ciencor
®
) de 15 mL e centrifugou-se a 1000 rpm durante 10
minutos.
Nos frascos utilizados para crescimento celular foi adicionada solução
balanceada Hanks (Cultilab
®
) para promover a lavagem das células que
ficaram aderidas às paredes dos frascos de cultura. Ressuspendeu-se
levemente esta solução em movimentos circulares desprezando-se em
seguida.
Logo após, foi acrescentada à cultura celular solução de ATV (Associação
de Tripsina-Versene/Cultilab
®
), para realizar o descolamento da monocamada
celular. Esta foi homogeneizada, tendo permanecido em repouso durante 10
minutos. Em seguida, tal conteúdo foi inserido, de maneira uniforme nos tubos
que foram transferidos os materiais antes cultivados. Os tubos foram
centrifugados a 1000 rpm durante 6 minutos. Foi desprezado o sobrenadante e
acrescentados 5 mL de Citrato de Sódio 0,8% (Merck
®
) permanecendo o
material em repouso nesta solução por 20 a 25 minutos. Decorrido este tempo,
centrifugou-se o material por mais 6 minutos a 1000 rpm, descartando o
sobrenadante para, na seqüência, realizar a adição de 5 mL de solução
fixadora gelada (Metanol e Ácido Acético Merck
®
3:1).
Desta forma, procedeu-se a centrifugação do material com a solução
fixadora descartando o sobrenadante. Tal processo foi repetido por mais três
vezes, sendo confeccionadas as lâminas.
3.4.2.3. Confecção das lâminas
Após repouso de 1 hora na solução fixadora foram confeccionadas as
lâminas. Para tal, o material foi centrifugado e, após descartar o sobrenadante,
foi acrescentado 1 mL de solução fixadora gelada recém preparada, sendo a
mesma homogeneizada vigorosamente. Em seguida, foram gotejadas em
lâminas molhadas, previamente mantidas em água deionizada gelada, 3 a 4
gotas do material proveniente do líquido amniótico. As lâminas foram passadas
rapidamente por chama de uma lamparina a álcool para uma melhor aderência
do material a ser estudado.
Após secagem das lâminas, procedeu-se à coloração convencional e
banda G para análise cromossômica.
3.4.3. Cordocentese e Sangue periférico
3.4.3.1. Processo de separação e cultura (semeadura)
O sangue fetal foi coletado através de punção da veia umbilical, sob
monitoramento ultra-sonográfico, segundo técnica de Daffos et al (1983)
53
. De
cada gestante foram coletados de 3 a 5 mL de sangue do cordão umbilical com
seringa heparinizada (Liquemine Roche
®
5000 ug/mL).
As culturas de linfócitos foram realizadas segundo técnica de Moorhead
et al
62
. As culturas foram preparadas adicionando-se a cada frasco estéril de
15 mL (Ciencor
®
), 3,5 mL de meio RPMI 1640 (Cultilab
®
) enriquecido com 1,5
mL de soro fetal bovino (Cultilab
®
), 0,4 mL de fito-hemaglutinina (Cultilab
®
) e
0,4 mL da amostra do paciente. As culturas foram incubadas por 72 horas em
estufa a 37°C (Fanem
®
M502). Tal técnica foi utilizada, também, em amostras
de pacientes recém-nascidos de mães que optaram por realizar a análise
citogenética no período pós-natal.
3.4.3.2. Preparação citológica
Após 72 horas de incubação, foram adicionados a cada tubo 0,25 mL de
Colchicina (Cultilab®) na concentração final de 16 ug/mL. Logo após, o material
foi mantido em estufa a 37 °C (Fanem
®
M502) por 40 minutos. Decorrido este
tempo, o material foi transferido para tubos de centrífuga os quais foram
centrifugados por 5 minutos a 1000 rpm. A seguir, foi desprezado o
sobrenadante e o sedimento ressuspendido em 5 mL de solução hipotônica
(KCl 0,075 M, Merck
®
), previamente aquecida a 37°C. Tais tubos foram
incubados em estufa 37°C (Fanem
®
M502) por 30 minutos e, em seguida,
centrifugados novamente a 1000 rpm por 8 minutos, desprezando-se o
sobrenadante ao final do processo.
O material foi processado adicionando-se solução fixadora (Metanol e
Ácido Acético, 3:1 Merck
®
). A seguir, o mesmo foi ressuspendido e
centrifugado por 5 minutos a 1000 rpm. Procedeu-se a retirada do
sobrenadante e acrescentou-se 5 mL de solução fixadora. Tal procedimento foi
realizado por mais duas vezes. Antes da última centrifugação, o material foi
mantido em repouso por 1 hora na geladeira (4°C), sendo posteriormente
acrescentados 0,5 mL de solução fixadora em cada tubo.
3.4.3.3. Preparação das lâminas
Para a confecção das lâminas o material foi homogeneizado em 0,5 mL
de solução fixadora e devidamente gotejada em lâminas molhadas,
previamente mantidas em água deionizada gelada. As lâminas foram passadas
rapidamente pela chama de uma lamparina a álcool para aderência do
material. Após secagem das lâminas procedeu-se à coloração convencional e
banda G para análise cromossômica.
3.5. Métodos de coloração
Para a análise cromossômica dos casos participantes do presente estudo
foi realizado tanto coloração convencional como coloração banda G. Tais
métodos seguem abaixo descritos.
3.5.1. Coloração convencional
A coloração convencional pode ser realizada imediatamente após a
secagem das lâminas. Corou-se o material com solução de Giemsa (Merck
®
) a
5% (utilizando tampão Sorensen pH 7,0) durante 3 a 4 minutos. Após este
tempo, as lâminas foram lavadas em água corrente e secas à temperatura
ambiente.
3.5.2. Banda G
As lâminas foram coradas sob banda G de acordo com técnica modificada
de Sanchez et al.
63
. As mesmas foram previamente envelhecidas em forno
microondas por 3 minutos.
Depois de retiradas do forno microondas, as lâminas foram expostas a
uma fina camada de tampão Fosfato 0,06M (Merck
®
) e corante Wright (Merck
®
)
na proporção 3:1, respectivamente, durante 4 minutos. As lâminas foram
lavadas em água corrente e secas em temperatura ambiente.
3.6. Análise cromossômica
A análise cromossômica realizada no estudo foi padrão para todas as
metodologias de obtenção metafásica referidas anteriormente.
Desta forma, foram analisadas 20 metáfases, cinco por coloração
convencional e 15 por banda G de cada indivíduo, independente do sexo.
A cada metáfase foi realizada a contagem total de cromossomos e análise
da estrutura do mesmo para a verificação da presença de anormalidades
cromossômicas numéricas (trissomias, monossomias e triploidias) e estruturais
(deleções, translocações, inserções, entre outras).
Os resultados foram encaminhados ao serviço de origem onde as
pacientes tiveram livre acesso aos mesmos.
3.7. Documentação
A documentação fotográfica das metáfases analisadas das gestações e
dos recém-nascidos participantes do estudo foi realizada através do
microscópio ZEISS
®
AXIOSTAR auxiliado pelo software de captura de imagem
CROMHU marca Citogem
®
.
3.8. Análise estatística
Os bancos de dados foram compilados no software Excel 2007 e
posteriormente transferidos para o sistema de análise estatística SPSS 16.0.
Os procedimentos estatísticos utilizados foram: estatísticas descritivas,
intervalos de confiança com base na distribuição Normal, teste de Aderência de
Kolmogorov-Smirnov, tabelas de Contingência e teste de Fisher
64
.
4
4
.
.
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
4. RESULTADOS
De acordo com critérios de inclusão foram selecionados para análise
cromossômica 92 pacientes, sendo que destes, 73 tratavam-se de gestações e
19 de recém-nascidos. Houve sucesso diagnóstico citogenético em 84 (91,3%)
pacientes da amostra, sendo observado exclusão de 8 pacientes (8,7%)
devido a critérios previamente estabelecidos. Dos casos excluídos, 6 pacientes
(75%) não apresentavam informações suficientes em prontuário médico
(ausência de cariótipo ou registro de ultra-sonografia incompletos) e 2 (25%)
apresentavam crescimento celular insuficiente para diagnóstico cromossômico.
Pôde-se observar no presente estudo taxa de insucesso diagnóstico
citogenético de 2,2%.
Foi determinada como objeto de estudo 84 pacientes que apresentaram
anomalias congênitas à ultra-sonografia e que realizaram análise citogenética
para fins diagnósticos.
Das 84 pacientes encaminhadas para análise citogenética, em 10 (12%) o
material foi obtido a partir de punção de líquido amniótico, 16 (19,0%) através
de BVC, 39 (46,4%) por coleta de sangue fetal e em 19 (22,6%) por coleta de
sangue periférico de recém-nascidos. Assim, foi observado ser a cordocentese
a metodologia mais utilizada neste estudo, seguida pela cariotipagem de
recém-nascidos, biópsia de vilosidade coriônica e amniocentese (Figura 1).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
BVC Amniocentese Cordocentese Neonatal
Metodologias de coleta
Frequência absoluta
Figura 1. Distribuição das metodologias utilizadas para diagnóstico de cromossomopatias
durante período gestacional e pós-natal em 84 pacientes submetidas à análise citogenética.
Dos 84 casos que apresentaram marcadores ultra-sonográficos
associados à cromossomopatias e realizaram análise cromossômica, 17
(20,2%) possuíam cariótipos alterados e 67 (79,8%) apresentaram constituição
cromossômica normal (Tabela 7).
Tabela 7. Distribuição dos 84 casos estudados que apresentaram alterações ultra-sonográficas, de
acordo com gênero e resultados cariotípicos observados.
Resultados
Cariotípicos
Freqüência
Absoluta
Sexo
Feminino
(n)
Freqüência
Relativa
Sexo
Feminino
(%)
Freqüência
Absoluta
Sexo
Masculino
(n)
Freqüência
Relativa
Sexo
Masculino
(%)
Número de casos
(n)
Normais 28 41,8 39 58,2 67
Alterados 6 35,3 11 64,7 17
Total 34 40,5 50 59,5 84
Na Tabela 7 podem-se observar as freqüências de casos normais e de
anormalidades cromossômicas, apresentando a distribuição geral do sexo em
relação às mesmas. Nota-se que dos 67 casos com cariótipo normal, 28 são do
sexo feminino e 39 do masculino. Referente aos cariótipos alterados observa-
se uma maior freqüência do sexo masculino.
A Tabela 8 apresenta a distribuição das anormalidades cromossômicas
detectadas nos 17 casos que apresentaram cariótipos alterados. Pode-se
observar que alterações citogenéticas numéricas estavam presentes em 14
casos (82,35%) e estruturais em 3 (17,64%).
Tabela 8. Distribuição das freqüências das anormalidades cromossômicas observadas em 17 casos do
total de 84 pacientes que apresentaram alterações ultra-sonográficas sugestivas de cromossomopatias.
Alterações cromossômicas Freqüência absoluta
Alterações numéricas 14
Trissomias 13
47,XX,+21 ou 47,XY,+21 7
47,XX,+18 ou 47,XY,+18 6
Triploidia 1
69,XXX 1
Alterações estruturais 3
Deleções 3
46,XY,del(7)(qter) 1
46,XY,del(11)(q23) 1
46,XY,del(8)(q22.2-qter) 1
Total 17
Cariótipos apresentando trissomia livre dos cromossomos 21 e 18
estavam presentes em 13 pacientes, sendo 7 (53,8%) trissomia livre 21 e 6
(46,1%) trissomia 18. Triploidia e anormalidades cromossômicas estruturais
apresentaram menores freqüências (Tabela 8).
A idade materna das 84 pacientes (gestantes ou mães dos recém-
nascidos) se situou entre 17 e 43 anos, tendo uma média de 26,4 anos.
Analisando isoladamente os 17 casos com cariótipos alterados, observou-se
uma variação entre 18 e 43 anos, não diferente da observada do total da
amostra. A média observada neste grupo foi de 28,9 anos, pouco maior em
relação à da amostra total (Tabela 9). Na amostra estudada 7 pacientes
apresentavam idade materna avançada e destas, 3 (43%) possuíam cariótipo
alterado, todos pertencentes a trissomia 18.
A Tabela 9 apresenta a distribuição dos 17 casos incluídos na amostra de
84 pacientes, segundo anormalidades cromossômicas e sinais ultra-
sonográficos observados, tipo de procedimento realizado e respectivas idades
maternas. O cariótipo neonatal foi realizado em 7 (41,2%) dos 17 casos que
apresentavam cromossomopatias, seguido de 3 casos (17,6%) por
amniocentese, 6 (35,3%) por biópsia de vilosidade coriônica e 1 (5,9%) por
cordocentese.
Tabela 9. Distribuição dos 17 casos incluídos na amostra de 84 pacientes, segundo anormalidades
cromossômicas e sinais ultra-sonográficos observados, tipo de procedimento realizado e respectivas
idades maternas.
Casos Anormalidades
Cromossômicas
Sinais ultra-sonográficos Procedimento Idade
materna
C06 46,XY,del(7)(qter) Ascite leve, hidrocele bilateral moderada,
intestino hiperecogênico
Cordocentese 18
C045 47,XX,+18 TN* aumentada Biópsia Vilo Corial 41
C047 47,XX,+21 TN* aumentada Biópsia Vilo Corial 33
C049 47,XY,+21 TN* aumentada Biópsia Vilo Corial 27
C050 47,XY,+21 TN* aumentada, osso nasal hipoplásico Biópsia Vilo Corial 25
C053 47,XY,+18 TN* aumentada, onfalocele, CIUR**,
defeito do septo átrioventricular
Biópsia Vilo Corial 34
C055 47,XX,+21 TN* aumentada Biópsia Vilo Corial 34
C057 47,XX,+18 Hérnia diafragmática, sobreposição de
dedos,
cisto de plexo coróide bilateral, intestino
hiperecogênico
Amniocentese 25
C061 69,XXX CIUR**, ventriculomegalia cerebral,
maturidade placentária
Amniocentese 33
C062 47,XY,+21 Prega nucal espessada, foco ecogênico
cardíaco
Amniocentese 27
C074 47,XX,+18 Onfalocele, polidramnia, rim multicístico,
hipotelorismo, cisto de cordão umbilical,
artéria umbilical única
Cariótipo neonatal 43
C076 47,XY,+18 Onfalocele, hérnia diafragmática,
sobreposição de dedos das mãos,
cisterna magna aumentada, polidramnia
Cariótipo neonatal 17
C078 47,XY,+18 CIUR**, polidramnia Cariótipo neonatal 36
C079 46,XY,del(11)(q23) CIUR** Cariótipo neonatal 23
C080 47,XY,+21 Polidramnia, dilatação pielocalicial, fêmur
curto
Cariótipo neonatal 24
C081 46,XY,del(8)(q22.2-qter) CIUR** Cariótipo neonatal 29
C083 47,XY,+21 TN* aumentada e braquicefalia Cariótipo neonatal 24
Média 28,9
Legenda: * Translucência Nucal ** Crescimento Intra-Uterino Restrito
Referente às alterações ultra-sonográficas encontradas (Tabela 9), pode-
se observar que nos sete casos que apresentavam trissomia 21, a TN
aumentada estava presente em cinco (71,4%) casos. Observou-se que destes,
três casos a TN se apresentavam de maneira isolada e em dois associados a
outros marcadores ultra-sonográficos. Braquicefalia, aumento de volume de
liquido amniótico e/ou polidramnia, osso nasal hipoplásico, prega nucal
espessada, foco ecogênico cardíaco, dilatação pielocalicial e fêmur curto
estavam presentes em quatro dos sete casos apresentando trissomia 21, em
grande maioria associada a outro marcador US. Observou-se que dos casos de
trissomia 18, onfalocele e polidramnia foram às anormalidades ultra-
sonográficas verificadas em 3 (50%) casos estando sempre associado a
outros marcadores ultra-sonográficos. TN aumentada, CIUR, hérnia
diafragmática e sobreposição de dedos das mãos estavam presentes em dois
(33,3%) casos. Demais anormalidades como defeito do septo atrioventricular,
cisto do plexo coróide bilateral, cisterna magna aumentada, rim multicístico,
hipotelorismo, cisto do cordão umbilical, artéria umbilical única e intestino
hiperecogênico apresentaram menor freqüência. No caso de triploidia,
observou-se CIUR, maturidade placentária acelerada e ventriculomegalia
cerebral leve bilateralmente. Sinais ultra-sonográficos como ascite leve,
hidrocele bilateral e intestino hiperecogênico estavam presentes em caso com
cariótipo 46,XY,del(7)(qter) e, presença isolada de CIUR, em casos cujos
cariótipos eram 46,XY,del(8)(q22.2qter) e 46,XY,del(11)(q23).
Em análise das 84 pacientes incluídas na amostra observou-se que 29
casos (34,5%) possuíam alteração ultra-sonográfica isolada e em 55 casos
(65,5%) havia mais de um sinal ultra-sonográfico (Tabela 13 apêndice 3)
Nos 17 casos com cariótipos alterados, observou-se que 11 (64,7 %)
apresentavam mais de um marcador ultra-sonográfico e 6 (35,3%) possuíam
somente um marcador. Observou-se que os sinais: TN aumentada e CIUR
aparecerem em 7 e 5 dos 17 casos, respectivamente.
Na amostra estudada foram elaboradas tabelas de contingências
relacionando a prevalência do cariótipo alterado com anormalidades ultra-
sonográficas. A Tabela 10 apresenta os resultados onde o nível de significância
(calculado pelo teste exato de Fisher) foi menor que 5%.
Tabela 10 Distribuição dos resultados citogenéticos segundo marcadores ultra-sonográficos
e respectivos valores de p, com nível de significância =0,05.
Cariótipo p
Marcadores ultra-
sonográficos
Normal Alterado
-
66 12 0,011
CIUR
+
1 5
-
64 14 0,080
Onfalocele
+
3 3
-
59 10 0,070
TN aumentada
+
8 7
-
67 15 0,034
Sobreposição de
dedos das mãos
+
0 2
Legenda: + presença, - ausência, CIUR: Crescimento intra-uterino restrito; TN: Translucência nucal
As anormalidades ultra-sonográficas apresentadas na Tabela 10
demonstram maior associação com as cromossomopatias encontradas na
amostra estudada. Crescimento intra-uterino restrito e sobreposição de mãos
se mantiveram dentro do valor de significância demonstrando uma associação
com cromossomopatias. Onfalocele e TN aumentada apesar de não serem
considerados significativos apresentam valores de p próximos ao de nível de
significância (p=0,05), tendendo a uma associação com alterações
cromossômicas. Demais marcadores ultra-sonográficos, embora se façam
presentes nas anormalidades cromossômicas apresentadas no estudo, não
obtiveram associação estatística para ocorrência das mesmas.
Nas pacientes que foram submetidas a procedimentos invasivos, não
houve relato de perda gestacional.
Diferentes anormalidades cromossômicas e sinais ultra-sonográficos
estão exibidos nas figuras que se seguem.
Figura 2. Paciente apresentando cariótipo 47,XY,+21 (Cortesia do Dr. Walter Pinto
Júnior Centro Médico Especializado Medicina Fetal: Molecular e Citogenética ).
Figura 3. Ultra-sonografia demonstrando medida da translucência nucal aumentada
(6,8 mm) de feto com cariótipo 47,XY,+21.
Figura 4. Paciente apresentando cariótipo 47,XX,+18 (Cortesia do Dr. Walter Pinto
Júnior Centro Médico Especializado Medicina Fetal: Molecular e Citogenética ).
Figura 5. Ultra-sonografia demonstrando pequena onfalocele em paciente
apresentando cariótipo 47,XX,+18.
Figura 6. Ultra-sonografia evidenciando hérnia diafragmática em paciente com
cariótipo 47,XX,+18.
Figura 7. Paciente apresentando cariótipo 69,XXX (Cortesia do Dr. Walter Pinto
Júnior Centro Médico Especializado Medicina Fetal: Molecular e Citogenética ).
Figura 8. Ultra-sonográfia demonstrando crescimento intra-uterino restrito em
paciente apresentando cariótipo 69,XXX triploidia.
Figura 9. Imagem ultra-sonográfica evidenciando ventriculomegalia cerebral em
paciente apresentando cariótipo 69,XXX triploidia.
Figura 10. Paciente apresentando cariótipo 46,XY,del(8)(q22.2qter).
5
5
.
.
D
D
I
I
S
S
C
C
U
U
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
5. DISCUSSÃO
Os resultados compilados na Tabela 7 demonstraram que dos 84 casos
que apresentavam anomalias congênitas à ultra-sonografia, 17 (20,2%)
apresentavam cariótipos alterados. A freqüência de anormalidades
cromossômicas encontradas nessa amostra é semelhante àquelas descritas na
literatura onde se associa a US alterada com cromossomopatias. Diferentes
serviços de citogenética referem freqüência que varia de 8,7 a 27,1%
9,65
. Barini
et al
9
realizando estudo em 436 gestações observaram a presença de 277
casos com alterações na morfologia fetal detectada a ultra-sonografia sendo
que destas, 39 casos apresentaram constituição cromossômica anormal, (14%
de cromossomopatias). Tal freqüência se encontra abaixo da observada no
estudo em apreço o que pode ser explicada pela inclusão de pacientes sem
dados ultra-sonográficos alterados (casos de realização de procedimento
invasivo por ansiedade do casal).
Os 8 casos (8,7%) de exclusões foram decorrentes da ausência de dados
citogenéticos em prontuários e/ou ausência de crescimento celular nas culturas
realizadas através de amostra fetal ou neonatal. A perda de resultado relatada
em nosso estudo é inferior a apresentada por Camano et al
33
, onde tal perda
atingiu 28 pacientes (14,5%) dos 193 selecionados para estudo. Tal diferença
pode ser decorrente do tamanho da amostra observada entre os estudos.
Na presente investigação, parte das perdas amostrais refere-se ao fato de
que procedimentos invasivos e análise citogenética para DPN ainda não serem
totalmente consolidados na maioria dos serviços envolvendo gestantes do
Estado de Mato Grosso. Em grandes centros de Medicina Fetal tais
metodologias (procedimentos de coleta e técnicas citogenéticas) são utilizadas
com alta freqüência. Desta forma, informações referentes ao pré-natal e estudo
citogenético são rigorosamente armazenados para estudos posteriores.
Em relação ao tipo de procedimento invasivo, no presente estudo a
cordocentese foi o mais comumente utilizado, contrariamente aos achados de
outros serviços em países desenvolvidos e de serviços no Brasil, nos quais a
amniocentese e biópsia de vilosidade coriônica foram os métodos
predominantes
35,36,65
. Estudo citogenético pré-natal foi realizado por Güven et
al
65
em 181 gestações que possuíam indicações de investigação citogenética
através da idade materna avançada, marcadores bioquímicos alterados,
marcadores ultra-sonorgráficos, dentre outras. Das gestações estudadas foram
realizadas 153 amniocenteses e somente 31 cordocenteses, não sendo
relatada a utilização da BVC. Camano et al
33
analisaram através da ultra-
sonografia 165 gestações sob risco de aneuploidia e com informações do
desfecho. O cariótipo fetal foi realizado em 53 casos, sendo 31 provenientes
de amostra líquido amniótico, 16 de BVC, um material de aborto e, somente 5
casos por pesquisa pós-natal.
Procedimentos como amniocentese e BVC apresentam riscos de perdas
fetais menores quando comparados com a cordocentese, permitindo o
diagnóstico mais precoce e a interrupção com menor risco materno. Em caso
de interrupção gestacional permitida judicialmente, a mesma pode ser
realizada de forma menos traumática para o casal
29
.
A predominância de cordocentese no presente estudo pode ser explicada
pela não existência de infra-estrutura dos laboratórios do Estado de Mato
Grosso em se realizar cariótipo pelo liquido amniótico e vilosidade coriônica.
Isso é reforçado pelo fato de que a maioria das pacientes incluídas no trabalho
eram provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que ainda oferece
cobertura somente para cordocentese.
No presente estudo observou-se predomínio de alterações numéricas em
relação às estruturais, reforçando o fato relatado na literatura de que as
aneuploidias são o distúrbio cromossômico mais freqüente na espécie
humana
14,66,67
. Sabe-se que apesar das aneuploidias universais autossômicas
(trissomias 21, 13 e 18) serem resultantes de erros meióticos maternos ou
paternos, o diagnóstico preciso destas condições é fundamental para a
orientação clínica adequada dos afetados e familiares a respeito do risco de
recorrência em próximas gestações
12
.
Trissomia livre do cromossomo 21 e cromossomo 18 estavam presentes
em 7 casos (41,2%) e 6 casos (35,3%), respectivamente, dos 17 com
constituição cromossômica alterada. Vários estudos demonstram que a
trissomia 21 é a aneuploidia mais freqüente, estando ao lado das trissomias 18
e 13 relacionadas à idade materna
18,35,68
. Nesse caso, na maioria das vezes
(95%), o mecanismo responsável pela cromossomopatia é decorrente de uma
não-disjunção na primeira divisão meiótica materna
33,67
. Wax et al
36
em análise
cromossômica de 334 fetos sob risco de aneuploidia observaram a presença
de 17 casos alterados sendo que 7 (41,2%) pertenciam a trissomia 21 e 3
(17,6%) a trissomia 18. Vale a ressalva que 14 dos 17 casos alterados,
incluindo 5 casos de trissomia 21, possuíam pelo menos um marcador ultra-
sonográfico alterado.
Na amostra estudada não houve ocorrência de caso de trissomia do
cromossomo 21 em mosaico, o qual é resultante de não-disjunção mitótica ou
perda anafásica no início da embriogênese, sendo considerado, portanto, um
mecanismo pós-zigótico. Apesar da ausência de tal anormalidade no presente
estudo, a literatura demonstra que cariótipos em mosaico podem apresentar
dados ultra-sonográficos alterados como TN aumentada, cardiopatias, dentre
outras. Possuem uma freqüência de 1 a 2% entre os casos de síndrome de
Down
12,69
. Tal ausência pode ser explicada pela amostra pequena do estudo,
uma vez que o mosaicismo trata-se de um evento mais raro necessitando de
uma amostra significativa para seu aparecimento.
A triploidia foi encontrada em um caso do sexo feminino (5,9%). Tais
dados vão ao encontro a amostra estudada por Camano et al
33
que ao realizar
rastreamento de cromossomopatias pela TN aumentada em 165 gestações,
realizando cariótipo em 53 pacientes, observaram triploidia em 1 (7,1%) caso
de 14 indivíduos com alterações cromossômicas.
Dentre as alterações cromossômicas estruturais, foi observado no
presente estudo deleções, onde os cromossomos envolvidos eram
autossomos. Os resultados obtidos são concordantes com a literatura que
descreve a associação entre marcadores ultra-sonográficos anormais e
presença de alterações cromossômicas estruturais. Park et al
68
realizaram
análise citogenética em 4.907 gestantes durante 10 anos e observaram 150
(3,1%) casos de anormalidades cromossômicas sendo 63 (42%) casos de
anormalidades estruturais e 87 (58%) casos de anormalidades numéricas.
Chen et al
70
e Kim et al
71
relataram estudo de fetos apresentando
anormalidades ultra-sonográficas cujo diagnóstico de cromossomopatias de
origem estrutural pôde ser evidenciado através da ultra-sonografia morfológica.
Os autores diagnosticaram del(9)(q21.1q22.2) e del(18p), respectivamente. Em
trabalho realizado por Hume et al
18
em pacientes as quais foram submetidas à
amniocentese e BVC, observou-se anormalidades cromossômicas em 664
gestantes. Destas, 173 possuíam anormalidades cromossômicas estruturais e
em 42 pacientes foram observadas alterações ultra-sonográficas. Tais estudos
evidenciam a possibilidade do diagnóstico de anormalidades cromossômicas
estruturais ainda intra-útero e a necessidade do estudo cromossômico diante
de exame ultra-sonográfico alterado.
O insucesso de obtenção de metáfases (2,2%) encontrado em nosso
trabalho se assemelha ao descrito por Güven et al
65
(2%). Estudo realizado em
356 gestações por Yüce et al
50
relataram uma freqüência de 1,6% de insucesso
de crescimento celular devido a falta de assepsia e uma conseqüente
contaminação. Segundo Basei et al
8
, tal insucesso pode ser decorrente de
vários fatores, entre eles a coleta não adequada das amostras, demora entre a
coleta e envio da amostra para o laboratório, ausência de células viáveis no
material coletado, ou mesmo acidentes no processamento de material no
laboratório.
Dentre os fatores que potencialmente reduziriam a taxa de perda da
amostra por problemas de não crescimento celular incluem precauções como
rápido envio do material fetal para cultura celular, rápido processo de cultura
após coleta, armazenamento correto dos meios de cultura, dentre outros,
objetivam preservar a qualidade e proporcionar adequadas condições para
cultivo celular e, consequentemente, sucesso diagnóstico para eventuais
cromossomopatias.
Através da análise dos resultados da idade materna da amostra total de
84 indivíduos observou-se uma média de 26,5 anos, diferindo do estudo
realizado por Sohl et al
72
onde obteve-se uma média de 34,6 anos (n=2743). A
diferença entre tais médias é justificada pelo método de inclusão utilizado em
cada estudo. Os autores acima utilizaram como indicação para pesquisa de
cariótipo a idade materna avançada, marcadores bioquímicos, ultra-sonografia
alterada, história familiar, dentre outras. A presença de maior número de
indivíduos com idade materna avançada pode ser a causa para a média
encontrada no referido estudo. No presente trabalho, a principal indicação para
realização do procedimento invasivo foi a presença de marcadores ultra-
sonográficos alterados, sendo excluídos os casos de indicação isolada pela
idade materna avançada ou ansiedade do casal.
Dados estatísticos foram avaliados visando à obtenção de informações
sobre marcadores ultra-sonográficos que apresentam associação com
cromossomopatias. Considerando-se valor de p = 0,05 e utilizando-se o teste
exato de Fisher na amostra de 84 pacientes submetidas à análise
cromossômica, observou-se que CIUR e sobreposição de dedos das mãos
possuem associação com cromossomopatias. Sinais ultra-sonográficos como
onfalocele e TN aumentada não atingiram significância estatística, apesar dos
valores de p estarem próximos daquele considerado significante. Tal fato pode
ser atribuído à presença de tais sinais ultra-sonográficos também na população
com cariótipo normal. A onfalocele estava presente em 3 casos com cariótipo
normal e em 3 com cariótipo anormal. A TN aumentada foi observada em 15
casos e destes, 7 pertenciam a pacientes com cariótipo alterado. Outro fator
limitante é a pequena amostra estudada o qual impede a extrapolação de
dados para a população geral.
Na literatura, há relatos de tais anormalidades ultra-sonográficas com
alterações cromossômicas como trissomia 21, 18, 13, triploidias e síndrome de
Turner
39,40,41,42
.
A onfalocele é considerada uma das maiores anormalidades ultra-
sonográficas de origem abdominal cuja incidência em nascidos vivos foi
relatada ser de 1/3000
26
. Tal anormalidade, em muitos casos, faz parte de da
síndrome de Beckwith-Wiedemann e da Pentalogia de Cantrell.
Cromossomopatias, em especial trissomias dos cromossomos 18 e 13, são
mais frequentemente associadas com tal marcador (20 a 50%)
26
. A freqüência
de cromossomopatias se encontra aumentada principalmente quando a
onfalocele está associada a outras anomalias estruturais ultra-sonográficas
73
.
Na presente investigação somente 3 casos (17,6%) dos 17 alterados
possuíam onfalocele associada com demais marcadores, sendo estes de
trissomia 18. Nos três pacientes com onfalocele e cariótipos normais a
onfalocele era isolada ou associada a marcadores menores. Blazer et al
73
em
estudo com 43896 gestações detectaram onfalocele em 38 fetos. Em 22 casos
foram observadas associações com demais anomalias estruturais ultra-
sonográficas enquanto que em 16 casos eram achados isolados. Análises
cromossômicas foram realizadas em 18 casos dos quais 5 eram trissomia 18,
todas com associação entre marcadores ultra-sonográficos. A análise de 16
casos com onfalocele isolada demonstrou cariótipos normais. Apesar da
diferença amostral entre os estudos pode-se notar que a trissomia 18 é referida
como a aneuploidia de maior freqüência quando há a presença de onfalocele,
em especial quando associada as demais marcadores ultra-sonográficos. Vale
a ressalva que não se exclui a associação da onfalocele com demais
cromossomopatias.
O aumento da TN observado no primeiro trimestre gestacional se associa
a trissomia 21, síndrome de Turner, trissomia 18, outras anormalidades
cromossômicas e síndromes genéticas. O risco para cromossompatias
aumenta na medida em que for maior a medida da TN
75
. De acordo com
Nicolaides
39
, pacientes que apresentam medidas superiores a 5,5 mm
possuem 80% de risco de apresentarem anormalidades cromossômicas.
Dos 84 casos apresentados na Tabela 13 (apêndice 3) 15 casos (18%)
possuíam TN aumentada. Destes, 7 apresentavam cariótipos alterados e 8
cariótipos normais. Dos casos com cariótipos alterados, 5 (33,3%)
apresentavam cariótipo compatível com a trissomia 21 e 2 (13,3%) com
trissomia 18. Desse modo, observa-se freqüência maior de TN aumentada em
casos com trissomia 21. Os achados do presente estudo são concordantes
com os observados por Camano et al
33
, que evidenciaram presença de 12
(85,7%) casos com trissomia 21 dos 14 com constituição cromossômica
anormal.
No que concerne à significância estatística, observou-se que no presente
estudo tal marcador não apresentou associação com cromossomopatias. Uma
possível explicação pode ser o número pequeno de casos da amostra
estudada e as proporções apresentadas de cariótipos alterados e normais
dentro dos 15 casos. Lopes et al
75
, utilizando como critério de realização de
BVC a TN aumentada e a idade materna avançada relatou baixa detecção para
cromossomopatias. De modo semelhante ao presente trabalho, tal estudo
possuía uma amostra pequena (n=12) de casos com cromossomopatias dentro
das 89 gestações analisadas. Tais autores sugerem aumento do ponto de corte
da medida da TN bem como no tamanho amostral o que fortaleceria os
achados.
A incidência de CIUR é bastante variável, dependente da população
avaliada, dos critérios de definição empregados e dos métodos propedêuticos
disponíveis, girando entre 2 e 10%
76
. Em serviço na Escola Paulista de
Medicina-UNIFESP-EPM, observou-se valor de 6,8%
77
. Existem várias
patologias maternas que podem interferir no crescimento fetal: doença
hipertensiva da gestação, cardiopatias gravemente descompensadas ou
cianóticas; diabetes mellitus com vasculopatia universal ou na concomitância
de malformações; as doenças renais crônicas, as auto-imunes (principalmente
o lupus eritematoso sistêmico) e as anemias graves. Também figuram como
causa de CIUR as anomalias de placenta e anexos, além de drogas de uso
terapêutico, como os anticonvulsivantes. Os defeitos congênitos também
determinam CIUR, destacando-se as cromossomopatias, os defeitos do tubo
neural, alguns tipos de anomalias cardíacas e várias síndromes dismórficas.
Classicamente, as infecções pré-natais são citadas como responsáveis por
cerca de 10% dos casos de CIUR, sendo as principais a toxoplasmose, a
rubéola e a citomegalia. Além das causas enumeradas, é mister ressaltar que,
em 30 a 40% dos casos, a etiologia permanece indefinida
76,77
.
Segundo Sherrod et al
41
a sobreposição de dedos e demais anomalias
dos membros (encurtamento dos ossos longos, por exemplo) são associados
às trissomias 21, 18, triploidia e síndrome de Turner. Quando tais anomalias
são avaliadas isoladamente, observa-se maior freqüência na associação de
sobreposição de dedos com a trissomia 18. No presente estudo, dos 17 casos
com constituição cromossômica alterada, 6 tratavam-se da trissomia 18 e
destes, 2 possuíam a presença de sobreposição de dedos. Tal anormalidade
foi observada em associação a outros sinais ultra-sonográficos.
Sieroszewski et al
10
recomendam que uma vez identificada uma anomalia
isolada, é extremamente importante procurar com atenção por outras
alterações, já que a ocorrência de uma segunda malformação aumenta muito o
risco de anormalidades citogenética. Entretanto, deve-se dar importância a
achados de anomalias isoladas, ainda que o diagnóstico se caracterize por
uma malformação menor, pois muitas vezes tais anomalias podem estar
associadas a algumas doenças genéticas
10
.
Embora o objetivo do rastreamento pré-natal seja uma possível
interrupção da gestação, no Brasil a legislação se faz resistente a esta prática.
A autorização judicial para esse procedimento se faz presente apenas quando
há impossibilidade de sobrevida pós-natal. Tal fato reforça a necessidade da
busca de diagnóstico intra-útero através de procedimentos invasivos e a
realização do cariótipo fetal. A descrição dos achados cromossômicos em fetos
com morfologia alterada observada à ultra-sonografia tem, na maioria dos
estudos, demonstrado concordância aumentando assim a importância de se
fazer o diagnóstico citogenético precoce e preciso.
No Estado de Mato Grosso não é relatado em literatura trabalho
semelhante ao descrito, refletindo a necessidade de expansão de tal atividade
e integração clínica-laboratorial para DPN em pacientes que possuam
gestações de alto risco.
Através do presente estudo nota-se a freqüência das alterações
cromossômicas e os achados ultra-sonográficos a elas associadas. A pequena
população com trissomia 21 pode ser explicada pelo rastreamento para
anomalias cromossômicas no primeiro e segundo trimestre ainda deficiente no
nosso meio. Portanto, urge a criação de um programa de rastreamento de
anomalias cromossômicas no primeiro e segundo trimestres no sistema de
saúde local, seguida da reavaliação da freqüência da cromossomopatias com
os achados ultra-sonográficos anormais para confirmar tal hipótese.
6
6
.
.
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
6. CONCLUSÕES
A descrição das alterações citogenéticas em fetos e recém-nascidos
com anomalias congênitas detectadas pela ultra-sonografia permitiu as
seguintes conclusões:
A prevalência de cromossomopatias em fetos com anomalias congênitas
é semelhante à da literatura nacional.
Na população com cromossomopatia a trissomia 21 é relativamente
menos freqüente do que a esperada na literatura mundial. Tal fato pode
ser explicado pela ausência de um programa de rastreamento no
primeiro e segundo trimestres na nossa região;
Os marcadores ultra-sonográficos que atingiram significância estatística
foram: CIUR e sobreposição de dedos das mãos.
7
7
.
.
R
R
E
E
F
F
E
E
R
R
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
S
S
B
B
I
I
B
B
L
L
I
I
O
O
G
G
R
R
Á
Á
F
F
I
I
C
C
A
A
S
S
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Benute GRG, Nomura RMY, Lucia MCS, Zugaib M. Interrupção da
gestação após o diagnóstico de malformação fetal: aspectos
emocionais. Brás. Ginecol Obstet 2006;28(1):10-7.
2. Zugaib M, Okumura M. Ultra-sonografia obstétrica. In: Okumura M,
Zugaib M, editores. Ultra-sonografia em Obstetrícia. São Paulo: Sarvier;
2002. p.7-11.
3. Marteau TM, Dormandy E. Facilitating informed choice in prenatal
testing: how well are we doing? Am J Med Genet. 2001;106(3):185-90.
4. Locock L, Crawford J. The parent’s journey: a continuing a pregnancy
after a diagnosis of Patau’s Syndrome. BMJ. 2005; 331(7526):1126-9.
5. Sanseverino MTV, Kessler RG, Burin MG, Stein NR, Herman RF, Matte
U, et al. Diagnóstico pré-natal: avanços e perspective. Revista HCPA
2001;(3):301-16.
6. Huntén MA, Dhanjal S, Pertil B. Rapid and simple prenatal diagnosis of
common chromosome disorders: advantages and disadvantages of the
molecular methods FISH and QF-PCR. Reproduction. 2003;126,279-97.
7. Carrera IM, Torrents M, Mortera C, Cusi V, Munoz. Routine prenatal
ultrasound screening for fetal abnormalities: 22 years experience.
Ultrasound Obstet Gynecol.1995; 5:174-79.
8. Basei FL, Maciel FSA, Wagner G, Nuernberg A, Liz TS, Pereira ET, et al.
Avaliação e caracterização de aberrações cromossômicas no
Laboratório de citogenética do Hospital Universitário-UFSC.
www.extensio.ufsc.br/20041/artigos_pdfs/CCB_Maria_Cecilia_Ribeiro.pd
f
9. Barini R, Stella JH, Ribeiro ST, Luiz FB, Isfer EV, Sanchez RC et al.
Desempenho as Ultra-sonografia Pré-natal no diagnóstico de
Cromossomopatias Fetais em Serviço Terciário. RBGO 2002; 24(2):121-
27.
10. Sieroszewski P, Perenc M, Budecka-Bas E, Suzin J. Ultrasound
diagnostic schema for the determination of increased risk for
chromosomal fetal aneuploidies in the first half of pregnancy. J Appl
Genet 2006; 47(2), pp. 177–185.
11.
Milunsky A, Milunsky J. Genetics Couseling: Perception, Prenatal and
Perinatal. IN: Milunsky A, editor. Genetic desorders and the fetus. 4
th
ed.
Baltimore and London: The Johns Hopkins University Press; 1998.p.1-
52.
12. Nussbaum RL; McInnes RR; Willard HF; Hamosh A. Thompson
&Thompson, Genética Médica. Elsevier, 2008, 7ª edição.
13. Tharapel AT; Tharapel SA; Bannerman RM. Recurrent pregnancy losses
and parental chromosome abnormalities: a review. British J Obstet
Gynecol 1985; 92:899-914.
14. Vasconcelos B, Albano LMJ, Bertola DR, Sbruzzi I, Honjo RS, Moreira
M, et al. Anormalidades Cromossômicas nos pacientes atendidos em
serviço de genética. Pediatria (São Paulo) 2007;29(1):26-32.
15. Greenwold N, Jauniaux E. Collection of tissue under ultrasound guidance
to improve the cytogenetic study of early pregnancy failure. Human
Reproduction 2002; 17(2):452-456.
16. Nicolaides KH. Screening for chromosomal defects. Ultrasound Obstet
Gynecol. 2003;21:313-21.
17. Nicolaides KH; Duarte LB; Marcolim AC; Duarte G. Rastreio para
anomalias cromossômicas no primeiro trimestre da gestação. Rev Brás
Ginecol Obstet 2007; 29(12):647-53.
18. Hume RF JR, Kilmer-Ernst P, Wolfe HM, Ebrahim SAD, Treadwell MC,
Johnson MP, et al. Prenatal cytogenetic abnormalities: Correlations of
structural rearrangements and ultrasonographically detected fetal
anomalies. Am J Obstet Gynecol. 1995; 173(4):1334 -1336.
19. Hsu LYF: Prenatal diagnosis of chromosomal abnormalities through
amniocentesis. In Mlilunsky A(ed): Genetic disorders and fetus, 4
th
ed.
Baltimore, johns Hopkins University Press, 1998,pp 179-248.
20. Borsatto B. Síndrome de Down: Aspectos citogenéticos do
Envelhecimento. São Paulo. 125p[dissertação] Universidade Federal de
São Paulo - Escola Paulista de Medicina,1996.
21. Associação Médica Norte-Americana.1983; 249(15):2034-2038.
22. Baty BJ, Blackburn BL, Carey JC. Natural history of trisomy 18 and
trisomy 13: Growth, physical assessment, medical histories, survival, and
recurrence risk. Am J Med Genet. 1994; 49: 175188.
23. Root S, Carey JC. Survival in trisomy 18. Am J Med Genet. 1994; 49:
170–174.
24. Goc B, Walencka Z, Wloch A, Wojciechowska E, Wiecek-Wlodarska D,
Krzystolik-Ladzinska J, et al. Trisomy 18 in neonates: prenatal
diagnosis, clinical features, therapeutic dilemmas and outcome. J Appl
Genet. 2006; 47(2):165-70.
25. Mustacchi Z, Peres S. Genética Baseada em Evidências Síndromes e
Heranças. 1ª ed. São Paulo, CID Editora. 2000, v.1:p1300.
26. Cicero S, Sacchini C, Rembouskos G, Nicolaides KH. Sonographic
Markers of Fetal Aneuploidy A review. Placenta. 2003; 24, S88-S98.
27. Sebire NJ, Snijders RJ, Brown R, Southall T, Nicolaides KH. Detection of
sex chromosome abnormalities by nuchal translucency screening at 10-
14 weeks. Prenat Diagn. 1998;18:581-4.
28. Trask, BJ. Human Cytogenetics:46 chromosomes,46 years and couting .
Nature R Genet. 2002;(3):769-78.
29. Pinto W Jr. Diagnóstico pré-natal. Ciência & Saúde Coletiva. 2002;
7(1):139-57.
30. Nicolaides KH, Sebire NJ, Snijders RJM. O exame ultra-sonográfico
entre 11-14 semanas Diagnóstico de Medicina Fetal. London. The
Parthenon Publishing Group.2000; p.194.
31. Nicolaides KH. Nuchal translucency and other first trimester sonografic
markers of chromossomal abnormalities. Am J Obstet Gynecol. 2004;
191,45-67.
32. Dudarewicz L, Holzgreve W, Jeziorowska A, Jakubowski, Zimmerrmann
B. Molecular methods for rapid detection of aneuploidy. J Appl Genet
2005; 46(2):207-15.
33. Camano L, Moron AF, Nardozza LM, Pares DBS, Chinen PA. Avaliação
do desfecho dos conceptos com risco aumentado de ocorrência de
anomalias cromossômicas calculado pela medida da Translucência
Nucal. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27(3):155-60.
34. Snijders RJM, Noble P, Sebire N, Souza A, Nicolaides KH. UK
multicentre project on assessment of risk of trisomy 21 by maternal age
and fetal nuchal translucency thickness at 10-14 weeks of gestation.
Lancet. 1998;351: 34346.
35. Ott WJ, Taysi K. Obstetric ultrasonographic finding and fetal
chromosomal abnormalities: refining the association. Am J Obstet
Gynecol.2000; 184(7): 1414 -21.
36. Wax JR, Guilbert J, Chen C, Royer D, Steinfeld JD, Ingardia CJ et al.
Efficacy of Community-Based Second Trimester Genetic
Ultrasonography in Detecting the Chromosomally Abnormal Fetus. J
Ultrasound Med.2000; 19:689-94.
37. Nicolaides KH. - Other sonographic markers in the first trimester. Am. J.
Obstet. Gynecol.2004; 191(1),E3-E13,.
38. Lopes LM, Brizot ML, Lopes MAB, Ayello VD, Schultz R, Zugaib M.
Strutural and functional cardiac abnormalities identified prior to 16 weeks
gestation in fetuses with increased nuchal translucency.Ultrasound
Obstet Gynecol 2003;22:470-478.
39. Brizot ML, Carvalho MHB, Liao AW, Reis NSV, Armbruster-moraes E.
First-trimester screening for chromosomal abnormalities by fetal nuchal
translucency in a Brazilian population. Ultrasound Obstet Gynecol
2001;18:652-655.
40. Nicolaides KH, Azar G, Byrne D, Mansur C, Marks K. Fetal nuchal
translucency: ultrasound screening for chromosomal defect in first
trimester of pregnancy. Br. Med. J.1992; 304,867-9.
41. Sherrod C, Sebire NJ, Soares W, Snijders RJ, Nicolaides KH. Prenatal
diagnosis of trisomy 18 at the10-14 week ultrasound scan. Ultrasound
Obstet gynecol.1997;10:387-90
42. Snijders RJM, Sebire NJ, Nayar SA, Nicolaide KH. Increased nuchal
trasnlucency in Trissomy 13 fetuses at 10-14 weeks of gestacion. Am J
Med Genet. 1999; in press
43. Pajkrt E, Van Lith JMM, Mol BWJ. Screening for Down‘s syndrome by
fetal nuchal translucency measurement in a general obstetric population.
Ultrasound Obstet Gynecol.1998; 12: 163169.
44. Fong KW, Toi A, Hornberger LK, Keating SJ, Johnson JA. Detection of
fetal structural abnormalities with US during early pregnancy.
Radiographics.2004;Jan-Fev;24(1):157-74.
45. Azar G, Sniijders RJM, Gosden CM, Nicolaide KH. Fetal nuchal cystic
hygromata: associated malformations and chromosomal defects. Fetal
Diagn Ther.1991; 6:46-57.
46. Muller F, Dreux S, Oury JF, Luton D, Uzan S, Levardon M, et al.
Down Syndrome maternal serum marker screening after 18 weeks
gestation. Prenat.Diagn.2002; 22(11):1001-4.
47. Mohr J- Foetal genetic diagnosis:development of technique for early
sampling of foetal cells. Acta. Fat. Microbiol. Scadinav. 1968; 73:73-77.
48. Simoni G, Brambati B, Danezinc C, Rossella F, Terzoli GL, Ferrari M, et
al. Efficient direct chromosome analysis and enzyme determinations from
chorionic villi sample in the first trimester of pregnancy. Hum.
Genet.1983:349-357.
49. Moraes AC, Moron AF, Hashimoto EM, Silva IDCG, Torloni MR, Souza
MM, et al. Abordagem citogenética e molecular em material de abortos
espontâneos. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(9): 554-60.
50. Yüce H, Çelik H, Güratefl B, Erol D, Hanay F, Elyas H. Retrospective
Analysis of 356 Amniocentesis :Results Performed for Karyotype
Analysis. Perinatal Journal.2006; Vol: 14, Issue: 2/June.
51. Byrne D, Marks K, Cezar G,Nicolaides KH - Randomized study of early
amniocentesis versus chorionic villu sampling: a technical an cytogenetic
comparis on of 650 patients .Ultrasound obst. Gynecol.1991; 1:235-40.
52. Elejalde BR, Elejalde M, Macunã JM, Thelen D, Trujillo C, Karrmann M.
Prospective study of amniocentesiss performed between week 9 and 16
of getation: its feasibility risks, complications and use in genetic prenatal
diagnosis. Am. J. Med. Genet.1990; 35:188-186.
53. Daffos F, Capella-Pavlosky M, Forestier F. A new procedure for fetal
blood sampling in utero: Preliminary results of fifty-three cases. Am. J.
Obstet. Gynecol.1983;15:985-987.
54. Kabra M. Prenatal diagnosis. Indian J.Pediatr.2003;70(1):80-5.
55. Steele MW, Breg WR.(1966) Chromosome analysis of human amniotic
fluid cells . In Martinhago CD, Oliveira RM, Canas MCT, Vagnini LD,
Oliveira JBA, Petersen CG et al. Determinação precoce do sexo fetal
pela análise do DNA no plasma materno.Rev Bras Ginecol Obstet. 2006;
28(3): 190-4
56. Harper PS. Practical Genetic Couseling, 3
rd
ed. Londres: Ed. Writh;1988.
57. Rubin SP, Malin J, Maidman J. Genetic Counseling before prenatal
diagnosis for advanced maternal age: An important medical safeguard.
Obstet Gynecol 62:155. In: Genetic Disorders and The Fetus. The Johns
Hopkins University Press, 4 th ed. 1998, p.1-52.
58. Waurin J. Genetic Couseling: prenatal counseling of an Abnormal
finding. The journal of the Association of genetic technologists
1998;24(3):81-3.
59. Brambati B, Tului L. Chorionic villus sampling. In: KURJAK A., ed.
Textbook of perinatal medicine. London, New York, Parthenon
Publishing Group. 1998, p. 131-41.
60. Jobanputra V, Roy KK, Kucheria K. Prenatal detection of aneuploidies
using fluorescence in situ hydridizition:A preliminary experience in an
Indian set up. J. Biosci. 2002; 27(2):155-163.
61. Tabor A. Amniocentesis.In: Kurjak A. Ed. Textbook of perinatal medicine.
London, New York, Parthenon Publishing Group.1998; p. 1047-55.
62. Moorhead PS, Nowell PC, Mellmann WJ, Battips DM, Hungerford DA.
Chromossome preparations of leukocytes cultured from peripheral blood.
Exp. Cell.Res.1960;20: 616.
63. Sanchez O, Escobar JI, Yunis , JJ. A simple G Banding technique.
Lancet 1973; II: 269.
64. Arango HG. Bioestatística : teórica e computacional.2° edição. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
65. Güven MA, Ceylaner S. Prenatal Diagnoses with Amniocentesis and
Cordocentesis: Evaluation of 181 cases. Perinatal Journal.2005;
13(1):25-30.
66. Santos CB, Boy RT, Silva MPS, Pimentel MMG. Chromosomal
investigations in patients with mental retardation and/or cogenital
malformations. Genet. Mol. Biol. 2000; (23):703-707.
67. Hassold T, Hunt P. To err (meiotically) is human: the genesis of human
aneuploidy. Nat Rev Genet. 2001;280-91.
68. Park SY, Kim JW, Kim YM, Kim JM, Lee MH, Lee BY et al. Frequencies
of fetal Chromosomal Abnormalities at Prenatal diagnosis: 10 years
experiences in a single institution. J Korean Med Sci. 2001;16: 290-3.
69. Antonarakis SE, Lyle R, Dermitzakis ET. Chromosome 21 and Down
syndrome: from genomics to pathophisiology. Nat Rev Genet. 2004; 5:
725-738.
70. Chen CP, Chern SR, Chang TY, Chen WL, Chen LF, Wang W et al.
Prenatal diagnosis of de novo proximal interstitial delection of 9q and
review of the literature of uncommon aneuploidies associated with
increased nuchal translucency. Prenat Diagn. 2005; May;25(5):383-9.
71. Kim YM, Cho EH, Kim JM, Lee MH, Park SY, Ryu HM. Del (18p)
syndrome with increased nuchal translucency in prenatal diagnosis.
Prenat Diagn.2004; Mar; 24(3):161-4.
72. Sohl BD, Scioscia AL, Budorick NE, Moore TR. Utility of minor
ultrasonographic markers in the prediction of abnormal fetal karyotype at
a prenatal diagnostic center. Am J Obstet Gynecol.1999; 181(4):888-
903.
73. Blazer S, Zimmer EE, Gover A, Bronshtein M. Fetal Omphalocele
Detected Early in Pregnancy: Associated Anomalies and Outcomes.
Radiology, july 2004;191-95.
74. Murta CGV, França LC. Medida da Translucência Nucal no
Rastreamento de Anomalias Cromossômicas. RBGO.2002; 24(3):167-
173.
75. Lopes ACV, Pimentel K, Toralles MBP, Almeida AM, Lopes LV, Araújo
Júnior E, et al . Estudo da translucência nucal, ducto venoso, osso nasal
e idade materna na detecção de cromossomopatiafetal em uma
população de alto risco. Radiol. Bras.2008; 41(2):93-97.
76. Ragonesi SMA, Bertini AM, Camano L. Crescimento intra-uterino
retardado: aspectos atuais. Rev Ass Med Brasil. 1997; 43(2): 173-8.
77. Graça LM. Medicina Materno-fetal: Fundamentos e Prática Clínica 2ª ed.
Lisboa: Lidel Edições técnicas Lda 2000.
8
8
.
.
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
S
S
8
8
.
.
1
1
.
.
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
S
S
1
1
e
e
2
2
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Cromossomopatias associadas a Alterações ultra-sonográficas
Adriana Maitelli (UNIC/ HGU)
Anselmo Verlagieri Carmo (UFMT/ HGU)
Bianca Borsatto Galera: (UNIC/ HGU)
Marcial Francis Galera (UNIC/ HGU)
Objetivo principal: Estabelecimento da associação de alterações ultra-sonográficas com
cromossomopatias.
Procedimentos:Cada paciente, quando avaliada como sendo de risco, serão submetidas a um
questionário (caso há concordância por parte da mesma) e, em seguida será realizada
procedimento invasivos como: Amniocentese e/ou biópsia de vilosidade coriônica e/ou
cordocentese. Serão inclusos, também, pacientes recém-nascidos que possuam dados de
alterações ultra-sonográficas.O tipo de procedimento será definido por profissional especializada
em Medicina Fetal, conforme cada caso da paciente e idade gestacional.
Torna-se importante a ressalva que todos os procedimentos realizados causarão um certo
desconforto em relação a punção. No entanto, medidas para a diminuição de riscos e danos
previstos, bem como, aumento de benefícios serão implementadas.
Benefícios previstos: Determinação prevalência das cromossomopatias mais freqüentes nos
serviços de Medicina Fetal do HUJM e HGU; suporte multidisciplinar a casais e a fetos com
alterações ultra-sonográficas estruturais e/ou cariótipo anormal.
Eu.................................................................................................................., fui informado dos
objetivos, procedimentos, riscos e benefícios desta pesquisa, descritos acima.
Entendo que terei garantia de confidencialidade, ou seja, que apenas dados consolidados serão
divulgados e ninguém alem dos pesquisadores terá acesso aos nomes dos participantes desta
pesquisa. Entendo também, que tenho direito a receber informações adicional sobre o estudo a
qualquer momento, mantendo contato com o pesquisador principal. Fui informado ainda, que a
minha participação é voluntária e que se eu preferir não participar ou deixar de participar deste
estudo em qualquer momento, isso NÃO me acarretará qualquer tipo de penalidade.
Compreendendo tudo o que me foi explicado sobre o estudo a que se refere este documento,
concordo em participar do mesmo.
Assinatura do participante
(ou do responsável, se menor):
..........................................................................................................
Assinatura do pesquisador principal:
................................................................................................
Em caso de necessidade, contate a pesquisadora Adriana Maitelli, na Unidade de Genética
Médica e Biologia Molecular da UNIC(HGU), telefone 3616-7086/ 9983-4780
Data (Cidade/dia mês e ano) _____________ , ____ de ______________de 20___
APÊNDICE 2
8
8
.
.
2
2
.
.
A
A
P
P
Ê
Ê
N
N
D
D
I
I
C
C
E
E
3
3
-
-
T
T
A
A
B
B
E
E
L
L
A
A
S
S
C
C
O
O
M
M
P
P
L
L
E
E
M
M
E
E
N
N
T
T
A
A
R
R
E
E
S
S
Tabelas 11, 12 e 13
Arquivo separado configurado paisagem!!!
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo