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RESUMO
O Estado do Amazonas apresenta um cenário favorável para o
desenvolvimento da fungicultura, pois reúne a diversidade nativa de espécies de
cogumelos comestíveis e substratos lignocelulósicos em abundância. Entretanto, os
protocolos de cultivo geralmente são descritos para espécies de clima temperado,
sendo necessário o desenvolvimento de protocolos para as espécies de clima tropical.
A espécie Lentinus strigosus (Schwein.) Fr. (=Panus rudis Fr.) tem uma ampla
distribuição mundial apresentando vários ecotipos. A comestibilidade desta espécie
tem sido reportada em estudos etnomicológicos de povos indígenas da Amazônia. No
entanto, o seu potencial para a produção em escala comercial ainda tem sido pouco
explorada. Neste trabalho, reportam-se as condições ótimas de crescimento micelial,
in vitro, de L. strigosus. O isolado apresentou características de fungo filamentoso
termófilo, com crescimento em temperaturas de 25 a 45ºC, sendo a temperatura de
crescimento ótimo, 35ºC. Esta temperatura é uma importante vantagem para o
desenvolvimento da fungicultura nos trópicos, uma vez que é uma temperatura comum
na região. Quanto aos substratos para elaboração de “semente-inóculo”, em uma
primeira etapa, avaliou-se o crescimento micelial de L. strigosus em formulações a
base de serragens de 11 espécies florestais regionais: Hymenolobium petraeum
Ducke (Angelim pedra), Hura crepitans L. (Assacu), Bertholletia excelsa H.B.K.
(Castanheira), Cedrela odorata L. (Cedro), Bombacopsis quinata (Jacq.) Dugand.
(Cedro doce), Hymenaea courbaril L. (Jatobá), Ocotea cymbarum Kunth (Louro
canela), Simarouba amara Aubl. (Marupá), Astronium lecointei Ducke (Muiracatiara),
Aniba rosaeodora Ducke (Pau rosa) e Caryocar sp. (Piquiarana) em comparação com
Eucalyptus sp., principal substrato utilizado na fungicultura do Sul e Sudeste do Brasil
e Quercus acutissima Carr., muito utilizado na Ásia. As serragens foram
suplementadas com 20% (w/w) de farelo de arroz. Os substratos a base de serragem
de B. quinata e S. amara promoveram maiores crescimentos miceliais (p<0,05). Em
uma segunda etapa, avaliou-se o crescimento micelial em serragem de S. amara
suplementada com sete diferentes fontes de nitrogênio (20% w/w): farelo de arroz,
extrato de soja, levedura de cerveja, farinha da casca de maracujá, fibra de soja, fibra
de trigo e gérmen de trigo. Como controle utilizou-se, serragem pura. Todas as
suplementações favoreceram em diferentes níveis o crescimento micelial de L.
strigosus. Para a produção de “semente-inóculo” foram testados sacos e frascos de
polipropileno utilizando serragens de S. amara, H. petraeum e A. lecointei
suplementadas com farelo de arroz, após 25 dias de inoculação os substratos estavam
totalmente colonizados por L. strigosus em todas as embalagens testadas, para a
escolha da embalagem foram considerados aspectos como custos das embalagens;
tempo de colonização; viabilidade de transporte e praticidade de inoculação do micélio
no substrato. Mediante estes resultados, a “semente-inóculo” de L. strigosus foi
elaborada com sucesso, utilizando-se serragem de S. amara suplementado com 20%
(w/w) de farelo de arroz, a 35ºC por 25 dias, no escuro, em três embalagens com
características diferentes.
Palavras-chave: Cultivo de cogumelos, Basidiomiceto, Fungos termófilos, Serragem,
Panus rudis