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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ENGENHARIA - CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA
PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-
AÇÚCAR E DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ADOTADAS
POR USINAS DA REGIONAL DE ANDRADINA (SP)
ÉRCIO ROBERTO PROENÇA
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia da UNESP, Campus de Ilha
Solteira, como um dos requisitos para a
obtenção do Título de Mestre em Agronomia
Área de Concentração - Sistemas de Produção.
Ilha Solteira –SP
Agosto/2008
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1
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ENGENHARIA - CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA
PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-
AÇÚCAR E DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ADOTADAS
POR USINAS DA REGIONAL DE ANDRADINA (SP)
ÉRCIO ROBERTO PROENÇA
Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Anselmo Tarsitano
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia da UNESP, Campus de Ilha
Solteira, como um dos requisitos para a
obtenção do Título de Mestre em Agronomia
Área de Concentração - Sistemas de Produção.
Ilha Solteira –SP
Agosto/2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.
Proença, Ércio Roberto.
P964c
Caracterização da produção de cana-de-açúcar e de inovações tecnológicas adotadas
por usinas da regional de Andradina (SP) / Ércio Roberto Proença. -- Ilha Solteira : [s.n.],
2008.
69 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia
de Ilha Solteira. Especialidade: Sistemas de Produção, 2008
Orientador: Maria Aparecida Anselmo Tarsitano
Bibliografia: p. 63-69
1. Cana-de-açúcar. 2. Inovações tecnológicas. 3. Inovações agrícolas. 4. Inovações
administrativas.
3
4
OFEREÇO
A minha Esposa Inesita
Aos meus filhos
Camila e Marielle
Pelo carinho, compreensão e cumplicidade a mim dedicados em todos os
momentos.
Ofereço com carinho.
Aos meus pais, Joaquim e Olga.
Aos meus irmãos, Lúcia, Luiz, Christina e Marco.
Dedico.
5
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Á aqueles que acreditaram em mim,
me apoiando tanto como colega de trabalho,
como para realização do presente trabalho.
6
Agradecimentos
À Deus, cuja fé inabalável, tem sido meu esteio em todos os momentos da minha vida.
Aos meus pais pela educação propiciada e pelas oportunidades de vida oferecidas, a quem
tudo devo, expresso minha eterna gratidão.
A Professora Maria Aparecida Anselmo Tarsitano, pela valiosa orientação.
Ao Professor Carlos Augusto Moraes e Araújo pela imensa colaboração na correção do
trabalho,
A Professora Silvia Maria Almeida Costa, pela valiosa contribuição.
Aos professores Maria Aparecida Anselmo Tarsitano, Marco Eustáquio de Sá, Edson
Lazarini, Walter Veriano Valério Filho, Antonio César Bolonhezi, Hélio Ricardo, Enes
Furlani Junior, Marcelo Andreoti, Sílvia Maria Almeida Costa
Aos colegas Maria Aparecida Anselmo Tarsitano, Silvia M. A. Lima Costa, Carlos A. M. e
Araujo, Antonio zaro Sant’Ana, , Orivaldo Arf, Mário Luiz Teixeira de Moraes, Edson
Lazarini, Enes Furlani , Rosalina Rapassi, Heloíza Ferreira Alves do Prado, Antonio César
Bolonhezi e Marco Eustáquio de Sá.
7
Ao amigo Irineu, pessoa de índole serena, aparentemente contrastante com a prontidão e
perfeição com que executa as tarefas que lhe são confiadas. Sua ajuda foi fundamental para
várias etapas da pesquisa bem como de nosso trabalho cotidiano no departamento;
A Clarice, nossa secretária no Departamento, pelo apoio nas inumeráveis atividades, por cujas
mãos nossas vidas tramitam através de papéis e, especialmente, pela imprescindível
colaboração na impressão da deste trabalho.
Ao bibliotecário João Josué Barbosa, pela correção das referências bibliográficas.
Agradecimento especial
Marco Antonio Silva e Souza – Usina Pioneiros
Marcelo Fiomari – Usina Pioneiros
Bruno Gigliotti - Cosan
8
RESUMO
PROENCA, E. R. Caracterização da produção de cana-de-açúcar e de inovações
tecnológicas adotadas por Usinas da Regional de Andradina (SP). 2008, 69p. Dissertação
de Mestrado Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista,
2008.
Este trabalho objetivou fazer uma caracterização da expansão do setor sucroalcooleiro,
da Regional de Andradina, região oeste do Estado de São Paulo, além de descrever e analisar
as tecnologias implantadas nas usinas nas áreas agrícola, industrial e administrativa. A
metodologia utilizada para levantamento de dados primários foi a entrevista, com perguntas
abertas e fechadas, junto a cnicos ligados ao setor sucroalcooleiro. Foram pesquisadas as
usinas Gasa de Andradina, Mundial de Mirandópolis e Univalem de Valparaíso. Os resultados
mostram a expansão de todo o setor sucroalcooleiro, assim como as inovações tecnológicas
utilizadas buscando uma maior competitividade. As principais inovações verificadas na área
agrícola foram manejo varietal e utilização de imagens; na área industrial, manutenção
preditiva, co-geração de energia e limpeza a seco e na área administrativa o programa
computacional ERP Enterprise Resource Planning e a melhoria contínua
Termos para indexação: análise regional, cana-de-açúcar, instria sucroalcooleira.
9
SUMMARY
PROENCA, E. R. Characterization of the sugar-cane production and of technological
innovations adopted by Usinas of Andradina (SP) region. 2008, 69p. Dissertation of
master’s degree – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, São Paulo State University, 2008.
This work aimed at to characterization of the expansion of the section sugar and
alchool production of the Andradina’s region area located in northwest of the São Paulo State,
besides to describe and to analyze the technologies implanted at the crop, and industries and
administrative. The methodology used for rising of primary data it was the interview, with op
and closed question, close to linked technicians to the section of sugar and alchool producers.
The data were obtained in Usinaof Andradina, Mirandópolis and Valparaíso. The results
showed that the expansion of the whole section of the sugar’s and alchool’s production, as
well as the used technological innovations looking for a larger competitiveness. The main
innovations in agricultural area were maintenance variety and the use of images; in the
industrial area were prevention maintenance, co-generation of energy and dry cleaning;
finally, in the administrative area, the main innovations were the computer program known as
ERP ( Enterprise Resource Planning ) and continuous improvement.
Key words: regional diagnostic, sugar-cane, sugar’s alchool’industries.
10
LISTA DE TABELAS
Tabela n
o
gina
01
Produção de cana-de-açúcar (em 1.000 toneladas) para instria
sucroalcooleira nos principais Estados do Brasil, no período de
2003/2004 a 2008/2009 ......................................................................
30
02
Produção de cana-de-açúcar para indústria nos principais EDR`s do
Estado de São Paulo ano agrícola 2007/08 .......................................
35
03
Área de cana-de-açúcar/ha para indústria nos municípios do EDR de
Andradina, no período de 2003/04 a 2006/07 ......................................
36
04
Produção de cana-de-açúcar em toneladas nos municípios do EDR
de Andradina, no período de 2003/04 a 2006/07 .................................
38
05
Novos projetos no EDR de Andradina e municípios e estimativa de
produção até 2010 em toneladas ..........................................................
42
11
LISTA DE FIGURAS
Figura n
o
gina
01
Estado de São Paulo, dividido em 40 Escritórios de
Desenvolvimento Rural (EDRs), destacando o EDR estudado ...........
23
02
O EDR de Andradina e seus 13 municípios .........................................
23
03
Vista parcial da planta industrial da Usina Gasa localizada em
Andradina (SP) .....................................................................................
26
04
Vista parcial da planta industrial da Usina Mundial localizada em
Mirandópolis (SP) ................................................................................
27
05
Vista parcial da planta industrial da Usina Univalem localizada em
Valparaíso(SP) .....................................................................................
28
06
Área ocupada com a cana-de-açúcar no Estado de São Paulo na safra
2003/2004 ............................................................................................
31
07
Área ocupada com a cana-de-açúcar no Estado de São Paulo na safra
2007/2008 ............................................................................................
31
08
Produção de álcool no Brasil, no período de 1990 a 2008 ...................
32
09
Produção de açúcar no Brasil, no período de 1990 a 2008 ..................
33
10
Participação Relativa da Produção de Cana-de-úcar do Estado de
São Paulo em relação ao Sudeste e ao Brasil de 2000 a 2007 .............
34
11
Mapas da exploração vegetal da cana-de-úcar na Regional de
Andradina nas safras 2003/2004 (à esquerda) e 2007/2008 (à direita).
39
12
Produção de Cana-de-açúcar (em mil t) das cinco usinas canavieiras
da região de Andradina - safra de 2006/07 ..........................................
40
13
Evolução da produção de cana-de-úcar nas cinco usinas do EDR
de Andradina - safra 2000/01 a 2006/07 ..............................................
41
14
Consumo de energia elétrica do grupo Cosan período de 1002/1003 a
2006/2007 ............................................................................................
53
12
SUMÁRIO
gina
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................
12
2. BREVE HISTÓRICO SOBRE A CULTURA DA CANA DE AÇÚCAR ....
15
3. OBJETIVOS .......................................................................................................
18
4. METODOLOGIA ..............................................................................................
19
4.1. Referencial Teórico ........................................................................................
19
4.2. Métodos ..........................................................................................................
22
4.3. Caracterização das usinas estudadas ..............................................................
26
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................
29
5.1. Caracterização da cultura da Cana-de-Açúcar ...............................................
29
5.2. Inovações Tecnológicas .................................................................................
43
5.2.1. Área Agrícola ...........................................................................................
43
5.2.2. Área Industrial ......................................................................................... 50
5.2.3. Área Administrativa .................................................................................
56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................
62
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................
63
12
1. INTRODUÇÃO
O Brasil, embora grande produtor de açúcar desde a colônia, expandiu mais
intensamente a cultura da cana-de-açúcar a partir da década de 1970, com o advento do
Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) - programa do governo que substituiu parte do
consumo de gasolina por etanol, álcool obtido a partir da cana-de-açúcar - sendo pioneiro no
uso, em larga escala, deste álcool como combustível automotivo. O PROÁLCOOL, lançado
em 1975, trouxe além da modernização da produção de açúcar, a consolidação do complexo
sucroalcooleiro no Estado de o Paulo. Entretanto, anos mais tarde, a baixa dos preços do
petróleo tornou o álcool pouco competitivo exigindo subsídios para a manutenção do
programa (SACHS, MARTINS, 2007).
Segundo dados da Food and Agriculture Organization (FAO), em 2006 a produção
mundial de cana-de-açúcar era de 1.392.365 mil toneladas. O Brasil é o maior produtor
mundial de cana-de-açúcar, seguido por Índia e China. Em 2006 o Brasil exportou cerca de
7.568 mil t de açúcar (cerca de 40% do mercado mundial) e 1.551 mil t de álcool etílico
(HARADA et al., 2008). Segundo a Organização Internacional do Açúcar, devido à alta dos
13
preços no mercado mundial em 2006 a produção mundial de úcar (158,3milhões de ton.)
deverá superar a demanda mundial em 5,8 milhões ton. na safra 2006/2007 o que poderá levar
a uma diminuição no volume nacional a ser exportado na próxima safra.
Marques (2008) , considera que o agronegócio da cana-de-açúcar movimenta cerca de
R$ 40 bilhões por ano no país. Metade da produção é destinada à fabricação de etanol, o que
faz do Brasil o segundo maior produtor do combustível no mundo, atrás apenas dos Estados
Unidos, que extraem o etanol do milho por meio de muitos subsídios.
A Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB
1
) estimou que a produção
brasileira total de cana-de-açúcar para indústria sucroalcooleira em 2008 deverá atingir 558,7
milhões de toneladas. Este volume representa um aumento de 11,4 % em relação a safra
passada, ou seja, uma quantidade de 56,18 milhões de toneladas adicionais do produto.
Para a região centro-sul, que inclui os Estados da região sudeste, sul e centro-oeste,
cuja participação está pxima de 87,0% do total nacional, os resultados indicam um aumento
de 12,46% no volume da cana a ser processada. Desse total, foi estimado que 43,0 % será
destinado à fabricão de açúcar e 57,0 % à produção de álcool (CONAB, 2008).
O Estado de São Paulo detém o maior percentual de toda região Sudeste em produção
(327 milhões ton.), equivalente a cerca de 87,0 % e em relação ao país com participação de
59,0 % de toda produção de cana-de-açúcar do terririo nacional.
Segundo dados do Instituto de Economia Agrícola no período de 2000 a 2008, a
produção de cana-de-açúcar para a indústria no Estado de São Paulo quase dobrou passando
de 189.802 mil ton para 367.191 mil ton ( Dados obtidos em Caser, et al., 2008).
1
Empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA Avaliação da
safra agrícola de cana-de-açúcar 2008. Primeiro levantamento – agosto de 2008.
14
O cenário da região oeste do Estado de São Paulo começa a mudar no início de 2000
com a crise no setor da pecuária resultando em queda da rentabilidade do produtor. De acordo
com Rocha (2002), o cultivo da cana-de-açúcar cresceu na região devido à valorização do
açúcar e do álcool e mesmo em anos desfavoráveis a cultura rende mais do que a pecuária em
torno de 10% do capital investido.
A região oeste de São Paulo, apontada como a única fronteira para expansão da cana-
de-úcar no Estado, ainda tem um forte potencial a ser explorado. A expansão do setor
sucroalcooleiro com a construção de novas usinas visa atender, em parte, à forte demanda
internacional pelo álcool. Camargo et al (2008) citam que até o momento foram anunciadas
61 novas unidades, segundo informações do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e União
dos Produtores de Bionergia (UDOP). A maioria concentra-se na região de Andradina
Araçatuba, Dracena, Fernandópolis, General Salgado, Jales, Presidente Prudente, Presidente
Venceslau, São José do Rio Preto, Tupã e Votuporanga, totalizando 45 novas unidades
industriais, das quais 7 se situam na região de Andradina.
Considerando o crescimento de todo setor sucroalcooleiro na Regional de Andradina,
sendo a cana responvel por mais de 40% do valor total da produção agrícola desta regional,
torna-se relevante identificar as tecnologias utilizadas pelas usinas implantadas nesta rego.
15
2. BREVE HISTÓRICO SOBRE A CULTURA DA CANA DE AÇÚCAR
Com o advento da primeira guerra mundial, iniciada em 1914, devastando as
indústrias de açúcar européias, o preço do produto no mercado mundial aumentou
incentivando a construção de novas indústrias sucroalcooleiras no Brasil, notadamente no
Estado de São Paulo, onde muitos produtores de café desejavam diversificar seu perfil de
produção.
Com a rápida expansão de produção das usinas paulistas, adicionadas às unidades
nordestinas de produção de açúcar, acenaram para o risco da superprodução. Para controlar a
produção o Governo Vargas criou o Instituto do Açúcar e do Álcool (I.A.A.) em 1933,
introduzindo o regime de quotas, que atribuía a cada usina uma quantidade de cana a ser
moída, assim como os limites da produção de açúcar e também do álcool.
Nesta progressão, São Paulo ameaçava atingir o limite do seu consumo e tornar-se
auto-suficiente. E seria a ruína total das velhas reges produtoras, em particular do
norte. Limita-se então a produção (1933). Toda a economia açucareira ficaria dpor
diante encerrada dentro de um rígido sistema de quotas distribuídas entre as diferentes
unidades produtoras (usinas e engenhos) do país sob a direção de um órgão oficial do
governo federal, o I.A.A. que se incumbiria de manter os preços em nível adequado
(PRADO JÚNIOR, 1942).
16
Desde a Segunda guerra mundial, os esforços da indústria brasileira se concentravam
na multiplicação da capacidade produtiva. As constantes alterações no pro do açúcar no
mercado internacional e os equipamentos obsoletos forçaram uma mudança de atitude para
manutenção da rentabilidade dos negócios. Coube à Copersucar a iniciativa de buscar novas
tecnologias para o setor, através da importação de equipamentos modernos da África do Sul,
cuja indústria açucareira representava o modelo de modernidade desejada.
No princípio da década de 70 foi criado pelo I.A.A. o Funproçucar, que financiou em
1973 a modernização das indústrias, fazendo com que grande parte destas tenham sido
remodeladas, sendo fato de primordial importância, pois ajudou o Brasil a enfrentar as crises
do petróleo que surgiram a partir deste mesmo ano , através da criação do Proálcool em 14 de
novembro de 1975. Este programa foi criado objetivando a substituição de derivados de
petróleo no setor automobilístico, mediante o uso do álcool como combustível único nos
veículos movido a álcool hidratado.
No início da segunda metade da década de 80, o governo com a finalidade de
contenção do déficit público, para diminuir a inflação, contribuiu de forma significativa para o
início da redução da produção dos carros a álcool, desestimulando a produção da cana-de-
açúcar, provocando uma crise localizada em 1989.
Mazzali (2000) afirma que
“As transformações que se operam no âmbito da estrutura de gasto público e do
aparelho estatal, a partir do início dos anos 80 e com mais vigor no final da década
puseram dois pontos em evidência: de um lado, um ajuste de natureza convencional
assentado na ótica da indisciplina fiscal e na ideologia neoliberal com ênfase no
‘Estado mínimo’ e, de outro, a incapacidade de atacar de frente a dívida e a
insuficiência de poupança”. (MAZZALI, 2000)
Outros autores também se posicionam com relação a este momento, como se pode ver
a seguir:
O papel do Estado em relação à indústria, a partir dos anos 80, passou a ser
inteiramente passivo, devido à interrupção do fluxo de poupança externa e pela perda
da capacidade de poupança interna e, consequentemente, de investimento do Estado.
(SUZIGAN, 1988).
17
“A partir dos anos 80 (Governo Collor) e no decorrer da década de 90 o país tem
cedido às pressões internacionais e seguido à risca a receita formulada pelo Consenso
de Washington, o que tem implicado na progressiva saída do Estado enquanto agente
estruturador da economia.” (HESPANHOL, 1999, p.36)
Com a extinção do I.A.A Instituto do Açúcar e alcool em 1990 a matéria-prima
cana-de-açúcar que gera álcool anidro, álcool hidratado e açúcar para os mercados interno e
externo com dinâmica de preços e demanda diferentes, têm sido planejada e gerida agora pelo
setor privado, onde prevalece o regime de mercado, sem subsídios do governo, com a
definição dos preços dos produtos de acordo com a lei da oferta e da procura.
Após décadas o governo regulamentando o setor, determinando cotas de produção,
preços fixos para os principais produtos, além do monopólio nas exportações de açúcar, libera
a partir de 1999, os preços de todos os produtos (SACHS e MARTINS, 2007).
A crise mundial no setor do petróleo relacionada às incertezas na produção e aumentos
sucessivos nos preços internacionais alavancaram a produção de cana-de-açúcar favorecendo
a produção de álcool como alternativa viável ao uso como combustível.
Com a desregulamentação do setor, houve mudanças positivas, com ganho de
eficiência, e conquistas de novos mercados com o lançamento de veículos flex-fuel, em 2003,
alavancando a produção de álcool combustível (SACHS e MARTINS, 2007).
Elaborado em 2005 pelo Ministério da Agricultura com apoio da Embrapa o Plano
Nacional de Agroenergia foi criado com o objetivo de aumentar a produção de
biocombustíveis para garantir o suprimento de álcool combustível para o mercado interno e
externo, visando a abertura de novos mercados.
O Brasil é pioneiro na utilização em larga escala de combustível limpo e renovável, o
álcool, e o mercado externo pode ser alternativa para comercializar os excedentes, haja visto o
interesse de vários países preocupados com a redução de gases poluentes e ao atendimento da
NR 31.
18
3. OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo realizar uma caracterização da expansão do setor
sucroalcooleiro na região oeste, notadamente na Regional de Andradina, no Estado de São
Paulo. Além disso, pretendeu descrever e analisar as tecnologias implantadas nas áreas
agrícola, industrial e administrativa das Unidades de Processamento de Açúcar e Álcool
selecionados.
19
4. METODOLOGIA
4.1. Referencial Teórico
Apresenta-se algumas contribuições teórico-conceituais que sistematizaram o
entendimento das dinâmicas inovativas que concretizam transformações nos processos
produtivos.
O complexo agroindustrial da cana-de-açúcar, especialmente a cadeia produtiva do
álcool coloca o Brasil em posição de país líder em progresso tecnológico na área energética a
partir de biocombustíveis. Em um mercado global em que os conhecimentos fluem com
grande velocidade, a manutenção da competitividade está condicionada a uma permanente
busca por tecnologias inovativas, pois, como enfatiza Lall (2002) o principal instrumento para
alcance de competitividade internacional é a tecnologia. Esta busca por competitividade dá-se
tanto pelos governos e organizações de apoio como pelas empresas, estas motivadas por
alcançar aumentos de produtividade ou redução de custos.
O austríaco Joseph Schumpeter, em 1939 relacionou os períodos de prosperidade
econômica das nações à difusão de inovações tecnológicas nos sistemas produtivos, que
passam a ser entendidas como o cerne do processo de desenvolvimento, das quais originam-se
20
as vantagens competitivas. Este referencial envolve a adequada definição do que é tecnologia
e inovações.
Tecnologia é representada por um conjunto de atividades de resolução de problemas
envolvendo um corpo de conhecimentos individuais e procedimentos organizacionais (Dosi,
1982). É vista também como conhecimento útil, organizado para indicar a forma de fazer as
coisas, ou, alternativamente, a forma que permite alcançar determinados níveis de produto
mediante a combinação dos fatores de que se dispõe.
Inovação tecnológica é entendida como a aplicação de uma nova tecnologia ao
processo produtivo, consubstancia ou em novo produto, ou na adição de novo atributo a
produto já existente, ou ainda adoção de novo processo de produção que permita obter
melhores níveis de produção e produtividade.
Para Schumpeter (1961) inovações representam “...o impulso fundamental que inicia
e mantém a máquina capitalista em movimento decorre dos novos bens de consumo, dos
novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas de
organização industrial que a empresa capitalista cria ...esse processo de destruição criativa é o
fato essencial acerca do capitalismo. É nisso que consiste o capitalismo, e é que têm que
viver todas as empresas capitalistas” (SCHUMPETER, 1961).
Enquanto Schumpeter focou a discussão na dinâmica inovativa alicerçada em
inovações radicais, o enfoque evolucionista conduzido por autores referenciados como neo-
schumpeterianos
2
, prioriza compreender como se dá o processo de inovação dentro das
empresas, para Dosi (1982) sendo as inovações podem ser de caráter eminentemente
incremental e se desenvolvem dentro de caminhos tecnológicos estabelecidos pelas grandes
inovações, mais endógenas aos mecanismos econômicos normais. Assim, este referencial
(abordagem evolucionista ou neo-shumpteriana) assume o processo de desenvolvimento
2
Os principais expoentes da corrente evolucionista ou neo-schumpeteriana, segundo Shikida (1997) são: Nathan
Rosenberg, Richard R. Nelson, Sidney Winter, Giovani Dosi e Willard W. Cochrane
21
tecnológico como marcado por descontinuidades e incertezas, e também atribui importância
especial à cumulatividade do conhecimento, este em suas dimensões locacional, cumulativo e
sistêmico (Dosi, 1982).
Tais aspectos explica, ao menos parcialmente, a vantagem competitiva brasileira
reconhecida internacionalmente, nos sistemas produtivos na produção de cana-de-açúcar e
álcool combustível, pois desde os ano 70 do século passado, após o primeiro choque do
Petróleo, o país vem desenvolvendo esforços com pesquisas e contribuindo na promoção de
inovações para o setor.
De acordo com Brasil (2004), as Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos
(TPP) compreendem as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e
substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação TPP é
considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada
no processo de produção (inovação de processo). Uma inovação TPP envolve uma série de
atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Uma empresa
inovadora em TPP é uma empresa que tenha implantado produtos ou processos
tecnologicamente novos ou com substancial melhoria tecnológica durante o período em
análise.
Segundo o mesmo manual, um produto será tecnologicamente novo se o produto
cujas características tecnológicas ou usos pretendidos diferem daqueles dos produtos
produzidos anteriormente. Tais inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas,
podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos, ou podem ser
derivadas do uso de novo conhecimento e tecnologicamente aprimorado se o produto
existente cujo desempenho tenha sido significativamente aprimorado ou elevado. Um produto
simples pode ser aprimorado (em termos de melhor desempenho ou menor custo) através de
componentes ou materiais de desempenho melhor, ou um produto complexo que consista em
22
vários subsistemas técnicos integrados pode ser aprimorado através de modificações parciais
em um dos subsistemas.
De Janvry (1973) discute as inovações direcionadas especificamente para o setor
agrícola, e classifica as tecnologias segundo a origem das mesmas: mecânica, biológica,
química e agronômica.
Uma inovação mecânica corresponde á utilização de trator, colheitadeira e moinho de vento
em uma cultura ou na agricultura como um todo. De modo geral, a inovações mecânicas
elevam a produtividade do trabalho, pois aumentam a quantidade de terra cultivada por
trabalhador no mesmo período. A inovação biogica é o desenvolvimento de novas
variedades de plantas e de novas espécies de animais. As inovações químicas correspondem á
utilização de fertilizantes, inseticidas e pesticidas em uma cultura. Normalmente, essas
inovações substituem terra por capital e trabalho. As inovações agronômicas consistem em
novas práticas culturais e novas técnicas de condução como, por exemplo, novas formas de
plantio, novos espaçamento etc. (citado por BACHA, 1992).
4.2. Métodos
A abrangência do estudo teve como referência o EDR (Escritório de Desenvolvimento
Rural) de Andradina região situada a oeste do Estado de São Paulo, sendo uma das 40
Unidades Administrativas da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
(CATI)/Secretariada Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Figura 01). Os
municípios pertencentes ao EDR de Andradina podem ser observados na Figura 02, tendo
sido os dados levantados nos municípios de Andradina, Mirandópolis, Valparaíso (Figura 02).
23
Figura 01. Estado de São Paulo, dividido em 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural
(EDRs), destacando o EDR estudado.
Fonte: Adaptado do Instituto de Economia Agrícola - IEA
Figura 02. O EDR de Andradina e seus 13 municípios.
Fonte: http://www.cati.sp.gov.br/novacati/index.php
24
Para o desenvolvimento desta pesquisa tornou-se necessário dividi-la em duas partes.
Inicialmente efetuou-se a revisão bibliográfica sobre a expansão da produção de cana-de-
açúcar e a evolução do número de usinas canavieiras na região. Foram efetuados
levantamentos de dados e informações junto às seguintes instituições como fontes de dados
secundários: Fundação Instituto de Geografia e Estatística (FIBGE), UDOP União dos
Produtores de Bioenergia, ÚNICA- União da Agroindústria Canavieira de São Paulo,
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Também foram coletadas informações junto a FSEADE - Fundação Estadual de
análise de Dados, I.E.A –Instituto de Economia Agrícola , CONAB Companhia Nacional
de Abastecimento, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Na segunda fase foi aplicado um questionário junto aos responsáveis pelas usinas
pesquisadas, a saber: Gasa de Andradina, Mundial de Mirandópolis e Univalem de
Valparaíso, com a finalidade de obter informações específicas necessárias para o
desenvolvimento do trabalho.
Especificamente, com relação às usinas, o questionário visou levantar as principais
características destas empresas, número de funcionários, produtos elaborados, produção, área
plantada própria, situação atual da empresa em termos de produção, inovações tecnológicas,
nos setores Agrícola, Industrial e Administrativo.
Neste trabalho utilizou-se a entrevista o estruturada conforme definida por
Richardson (1999) por possibilitar uma análise qualitativa, por meio da captação das
impressões, opiniões e comentários que o entrevistado emite acerca das questões apresentadas
pelo entrevistador.
Uma das vantagens da realização de entrevistas abertas é a possibilidade de o
entrevistado responder com mais liberdade, principalmente fornecendo mais informações
sobre o assunto pesquisado. Por outro lado, sua utilização pode dificultar a tabulação e análise
25
das informações, face à ausência de padrões fechados de respostas. Dessa forma,
questionários com perguntas abertas ou fechadas apresentam vantagens e desvantagens que
devem ser lembradas pelos pesquisadores e consideradas à luz de outros fatores como tempo
disponível, quantidade de entrevistados, entre outros, de modo a se evitar análises
equivocadas (RICHARDSON, 1999).
Entre os objetivos pretendidos, um deles foi obter informações do entrevistado quanto
aos processos utilizados pelas usinas e destilarias nas áreas agrícola, industrial e
administrativa no que tange às inovações introduzidas com intuito de redução de custos. Neste
caso, as entrevistas foram não dirigidas, procurando não fazer perguntas específicas, com o
claro propósito de possibilitar que os entrevistados pudessem abordar os temas na forma que
quisessem.
Também foram realizadas entrevistas dirigidas através da elaboração prévia de um
roteiro de entrevista contendo os pontos de interesse, que nesta pesquisa estavam relacionadas
aos sistemas de produção plantio, tratos culturais, colheita, utilização de imagens, etc.; na
área industrial – intensificação da manutenção preventiva, preditiva, detectiva, e na área
administrativa – Just in time, controle de qualidade e outros processos. Os roteiros das
entrevistas contemplaram perguntas abertas e sua aplicação não tomou mais que uma hora e
meia do tempo do interlocutor, muito embora Richardson (1999), recomende que este tempo
não exceda a uma hora, cabendo ainda destacar que foi necessária a realização de várias
entrevistas com o mesmo entrevistado.
26
4.3. Caracterização das usinas estudadas
A Usina Gasa, razão social Usina da Barra S/A - Açúcar e Álcool, fundada em 1996
localizada no município Andradina situada no oeste do Estado de São Paulo, dispõe de alta
tecnologia na produção de álcool anidro através do uso da peneira molecular. A Gasa é mais
uma unidade do grupo COSAN que participa do Terminal Unimodal
3
de transporte, pioneiro
na integração logística rodo-fluvial de combustível, no rio Tietê. Em 2005, foram realizados
investimentos para a construção da planta industrial de açúcar VHP
4
- Very Hight
Polarization, cuja produção teve início em junho de 2008. Sua capacidade total instalada para
moagem é de 6.800 t de cana-de-açúcar/dia, com produção de 8.000 sacas de açúcar/dia e de
420 m
3
de etanol/dia.
Figura 3. Vista parcial da planta industrial da Usina Gasa localizada em Andradina (SP).
3
Segundo Soares, 2006,Terminal Unimodal é aquele que presta serviços a um único modo de. Transporte. No
caso, isto significa que o transporte da produção é feito através de uma única modalidade, a Hidrovia.
Transporte, pioneiro na integração logística rodo-fluvial de combustível, no rio Tietê.
4
Desenvolvido em 1993, o açúcar VHP (Very High Polarization), destinado ao mercado externo. Trata-se de um
açúcar bruto, que permite aos clientes transformá-lo em diferentes tipos de açúcar para o consumo. Por ser
menos úmido (Max 0,10%), é ideal para exportação, pois facilita o transporte. Toda sua produção é destinada
ao mercado externo para o refino em outros países devido sua alta polarização ( 99,0 a 99,5 ° Z).
27
A Usina Mundial, razão social Mundial Açúcar e Álcool S/A fundada em 1979 na
cidade de Mirandópolis, na região oeste do Estado de São Paulo, ocupa uma área de
aproximadamente 484 ha de terras próprias. O parque industrial da usina ocupa hoje uma área
de 51,47 ha, onde são produzidos açúcar tipo exportação, álcool anidro e hidratado
5
sendo sua
capacidade instalada de moagem de 7.500 ton. de cana-de-açúcar/dia com produção de 10.500
sacas de açúcar/dia, de etanol 330 m³/dia de potência de 2,8 MW.
Figura 4. Vista parcial da planta industrial da Usina Mundial localizada em
Mirandópolis (SP).
A Univalem com a razão social Usina da Barra S/A - úcar e Álcool fundada em
1976 na cidade de Valparaíso (SP), localizada na região oeste do Estado de São Paulo, criada
inicialmente para produzir álcool anidro, triplicou sua produção e diversificou seu ramo de
atuação, passando também a produzir açúcar. É a única unidade do grupo a produzir açúcar
orgânico. Este diferencial é reconhecido por sua qualidade, com a certificação do Sistema de
5
O álcool anidro é um álcool com no mínimo 99,5% de pureza e o álcool hidratado tem aproximadamente de
94,5% de pureza.
28
Gestão da Qualidade pela ISO 9001:2000 dos processos de produção de açúcares orgânicos,
VHP, VVHP
6
e VHP Plus, além do processo de produção de material biológico para combate
às pragas da cana-de-açúcar. A unidade participa ainda do Terminal Unimodal (rio Tietê).
Com capacidade total instalada para moagem de 12.000 t de cana-de-açúcar/dia, com
produção de 19.000 sacas de úcar/dia, de 650 m
3
de etanol/dia e ainda com produção de
energia elétrica da ordem de 8,0 MW.
Figura 5. Vista parcial da planta industrial da Usina Univalem
localizada em Valparaíso(SP).
6
úcar VVHP(Very Very High Polarization) Assim como o VHP, o açúcar VVHP é destinado ao refino
devido a sua alta polarização. Em relação ao VHP, o VVHP possui uma cor mais baixa, polarização pouco
mais alta (99,6 ° Z), além de possuir controles de parâmetros que facilitam a sua filtrabilidade. Toda a
produção é destinada ao mercado externo. Principais destinos de exportação: Estados Unidos, Rússia, Tunísia,
Emirados Árabes, Leste Europeu, África.
29
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Caracterização da cultura da Cana-de-Açúcar
Na Tabela 01 estão contidas a evolução da produção de cana-de-açúcar no Brasil e nos
principais Estados produtores do País, nas últimas seis safras. Os oito Estados representados
na tabela totalizam quase 95% da produção de cana-de-açúcar no Brasil, sendo que o Estado
de São Paulo se destaca com quase 60% da produção do País. Outros Estados que vêem
ganhando destaque o Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, que da safra
2003/2004 à safra 2008/2009 cresceram 65%, 126%, 116 e 134% respectivamente,
evidenciando novas fronteiras agrícolas para a cana-de-açúcar. Estados como Alagoas e Mato
Grosso se mantiveram praticamente com a mesma produção nas últimas safras.
30
Tabela 01: Produção de cana-de-açúcar (em 1.000 toneladas) para indústria sucroalcooleira
nos principais Estados do Brasil, no período de 2003/2004 a 2008/2009.
ESTADOS/SAFRA 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09* Variação%
SÃO PAULO 207.810
230.310
242.828
264.336
278.180
325.612
57%
PARANÁ 28.485 28.997 24.808 31.994 40.217 47.019 65%
MINAS GERAIS 18.915 21.649 24.583 29.034 36.460 42.813 126%
ALAGOAS 29.536 26.029 22.532 23.635 26.741 30.193 2%
GOIÁS 13.041 14.006 14.555 16.140 21.055 28.158 116%
MATO G. DO SUL 8.892 9.700 9.037 11.635 15.812 20.811 134%
PERNAMBUCO 17.003 16.684 13.858.
15.293 17.612 20.427 20%
MATO GROSSO 14.349 14.447 12.335 13.179 13.727 14.278 -0,5%
BRASIL 359.315
386.119
386.584
426.002
475.074
529.311
47%
Fonte: Única, 2007. *Valores médios dos intervalos estimados pela CONAB, safra 2008/2009,
segundo levantamento – agosto de 2008.
A Figura 06 elaborada com dados do INPE apresenta a área que a cana-de-açúcar
ocupava na safra 2003/2004 no Estado de São Paulo. Já a Figura 07 mostra a área de cana-de-
açúcar na safra 2007/2008, comprovando o crescimento da cana no Estado de o Paulo e
Estados adjacentes como Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
31
Figura 06: Área ocupada com a cana-de-açúcar no Estado de São Paulo na safra 2003/2004.
Fonte: http://www.dsr.inpe.br/canasat/
Figura 07: Área ocupada com a cana-de-açúcar no Estado de São Paulo na safra 2007/2008.
Fonte: http://www.dsr.inpe.br/canasat/
32
Observando a Figura 08, percebe-se que desde 2000 a produção de álcool vem
crescendo exponencialmente. O álcool hidratado, que é utilizado como álcool combustível e
tem cerca de 94,5% de pureza, também está em ritmo rápido de crescimento, devido ao
grande número de carros flex (bicombustíveis) existentes hoje no Brasil. O álcool anidro é um
álcool com no mínimo 99,5% de pureza, e é misturado à gasolina antes de ir para a bomba do
posto.
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
90/91
91/92
92/93
93/94
94/95
95/96
96/97
97/98
98/99
99/00
00/01
01/02
02/03
03/04
04/05
05/06
06/07
07/08
Ano
m3
ANIDRO HIDRATADO TOTAL
Figura 08: Produção de álcool no Brasil, no período de 1990 a 2008.
Fonte: ÚNICA, 2008.
O volume de produção de açúcar no Brasil também cresceu nos últimos anos
conforme mostrado na Figura 09, revelando que a produção passou de 7,3 milhões de
toneladas na safra 1990/1991 para 30,7 milhões de toneladas na safra 2007/2008, um
significativo aumento da ordem de 318,0 %. No Estado de São Paulo o incremento da
produção de açúcar apresenta um comportamento semelhante proporcionalmente ao que
ocorre com a produção brasileira, que este é o principal e maior Estado produtor,
contribuindo diretamente para a produção nacional. São Paulo passou de 3,4 milhões de
33
toneladas na safra1990/1991 para 19,1 milhões de toneladas na safra 2007/2008, o que
corresponde a um aumento de 462 %. O terceiro maior produtor nacional (a partir de 2007) é
o Estado do Paraná (2,51 milhões de toneladas) seguido pelo Estado de Alagoas (2,5 milhões
de toneladas), revelando a expansão da cultura canavieira no Sudeste e a permanência desta
cultura no Nordeste onde historicamente há muito se observa.
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
90/91
91/92
92/93
93/94
94/95
95/96
96/97
97/98
98/99
99/00
00/01
01/02
02/03
03/04
04/05
05/06
06/07
07/08
Ano
Toneladas
BRASIL SÃO PAULO PARA ALAGOAS
Figura 09: Produção de açúcar no Brasil, no período de 1990 a 2008.
Fonte: ÚNICA, 2008.
Através da Figura 10, pode-se perceber a importância relativa da produção de cana-de-
açúcar no Estado de São Paulo, em relação ao total produzido na região Sudeste (safra 2000 a
2007), e ao total produzido no Brasil. Observa-se que a produção paulista é responsável por
aproximadamente 90% da produção de cana-de-açúcar na região Sudeste (variando de 91 %
em a 87% em 2007) e de aproximadamente 60 % em relação ao Brasil (oscilando de 58% em
vários anos a um máximo de 63 % como registrado no ano de 2005).
34
90%
91%
90%
89%
88% 88% 88%
87%
58%
60%
60%
58%
59%
63%
62%
59%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Anos
SP/SE SP/BR
Figura 10. Participação Relativa da Produção de Cana-de-açúcar do Estado de São
Paulo em relação ao Sudeste e ao Brasil de 2000 a 2007.
Fonte: ÚNICA, 2008.
Na Tabela 02 observa-se os principais EDR’s
7
produtores de cana-de-úcar do Estado
de São Paulo, sendo que a principal região produtora de cana no Estado é a região de Orlândia
com participação de 9,2 % do total produzido no Estado seguida pelo EDR de Barretos com
9,1 % e o de Ribeirão Preto com 7,2%.
7
Escritório de Desenvolvimento Rural, que corresponde às 40 subdivisões do Estado de São Paulo de acordo
com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de o Paulo. Fonte: www.cati.sp.gov.br
35
Tabela 02. Produção de cana-de-úcar para indústria nos principais EDR`s do Estado de São
Paulo – ano agrícola 2007/08.
EDR Produção (em toneladas) Percentual
Orlândia 33.649.696 9,2%
Barretos 33.334.721 9,1%
Ribeirão Preto 26.613.710 7,2%
Jaú 21.241.875 5,8%
Limeira 18.708.446 5,1%
Assis 18.030.822 4,9%
Jaboticabal 17.732.290 4,8%
Araçatuba 17.438.409 4,7%
Catanduva 16.926.430 4,6%
São José do Rio Preto 13.781.061 3,8%
Andradina 13.233.320 3,6%
Piracicaba 12.624.436 3,4%
General Salgado 10.485.411 2,9%
Outros 113.390.562 30,9%
Total
367.191.189 100,0%
Fonte: Caser et al., 2008
A regional de Andradina tem uma significativa participação, com 3,6 % do total
produzido no Estado, ocupando a 11.
a
posição neste ranking dos EDRs. Embora não seja o
caso da realidade regional, o avanço da cultura da cana-de-açúcar sobre as propriedades dos
agricultores familiares tem sido apontado como um fator de concentração fundiária, como se
pode perceber no texto a seguir:
Deve se ressaltar que o avanço da cana-de-açúcar é um fator determinante para
aumento da concentração da posse da terra, pois o arrendamento de pequenas
propriedades, onde se produz alimentos básicos, tem como característica a destruição
36
das benfeitorias existentes, o que inviabiliza o retorno á terra dos seus proprietários
quando findar o arrendamento (CAMARGO et al., 2008).
A região oeste de São Paulo, que não era tradicional no cultivo da cana-de-úcar,
passou a ser explorada, com a criação da primeira destilaria, a Univalem no município de
Valparaíso em 1978. Esta regional vem se destacando pelo pido crescimento da cana-de-
açúcar, em áreas tradicionalmente ocupadas pela pecuária de corte, que hoje estão ocupadas
com a cultura canavieira. As maiores áreas produtoras de cana-de-açúcar estão localizadas nos
municípios de Valparaíso, onde está localizada a usina Univalem; Andradina, onde se localiza
a usina da Gasa e Bento de Abreu, onde se encontra instalada a usina Benálcool; e (Tabela 03).
Tabela 03: Área de cana-de-açúcar/ha para indústria nos municípios do EDR de Andradina,
no período de 2003/04 a 2006/07.
Município 03/04 04/05 05/06 06/07 Variação%
Andradina 10.400 10.450 13.500 16.000
53,8
Bento de Abreu 13.000 11.200 16.000 15.750
21,2
Castilho 2.000 7.963 6.018 15.460
673,0
Guaraçaí 910 2.500 2.500 7.000
669,2
Ilha Solteira 250 250 1.370 1.688
575,2
Itapura 0 0 0 930 -
Lavínia 5.100 7.500 7.500 10.000 96,1
Mirandópolis 4.300 4.532 7.000 7.200 67,4
Murutinga do Sul 150 150 1.000 2.000 1233,3
Nova Independência 0 0 4.000 4.000 -
Pereira Barreto 1.300 3.130 3.760 3.760
189,2
Suzanápolis 3.650 3.650 4.600 6.400
75,3
Valparaíso 35.500 39.800 46.000 40.000
12,7
Total 76.560 91.125 113.248 130.188
70,0
Fonte: IEA, 2008.
37
Nas últimas quatro safras, o EDR de Andradina aumentou sua área plantada com cana-
de-úcar em aproximadamente 54 mil ha, valor que corresponde a 70,0 % no período.
O município de Valparaíso, onde se localiza a usina Univalem destaca-se com a maior
área do EDR (40.000 ha), em área na safra 2006/2007.
Andradina tornou-se o segundo maior município em área de cana-de-úcar de 16.000
ha, seguido de Bento de Abreu que na safra 2006/2007 com 15.750 hectares.
Nos últimos 5 anos, o município que mais cresceu em área plantada com esta cultura
foi o município de Castilho que passou de 2.000 hectares na safra 2003/2004 para 15.460
hectares na safra 2006/2007, um acréscimo de 13.450 ha nesse período. Percentualmente o
município que mais cresceu foi o município de Murutinga do Sul que da safra de 2003/2004 a
safra de 2007/2008 cresceu 1233%. Esse munipio juntamente com Ilha Solteira, Itapura,
Nova Independência e Pereira Barreto são poucos expressivos em termos de área, hoje são
apontados como novas fronteiras para cana-de-açúcar na região.
Em relação à produção de cana-de-açúcar (Tabela 04), a tendência que se observa é
que os municípios que possuem as maiores áreas, possuem também as maiores produções,
mudando apenas a produtividade média de cada município.
Analisando a tabela 4, verifica-se que Ilha Solteira e Castilho apresentam as maiores
taxas de crescimento, 393,2% e 351,4% respectivamente, muito embora, Ilha Solteira ocupe a
última posição em termos de produção total, apenas 123.300 toneladas. Valparaíso, maior
produtora de cana-de-açúcar desta região, produziu 3.680.000 toneladas em 2007, um
crescimento de 133,2% neste período.
O EDR de Andradina tem uma produtividade média de 83 toneladas por hectare, ao
passo que o município de Valparaíso tem uma produtividade média de 80 t/ha, Bento de
Abreu que possui área menor que Andradina consegue ter uma produção maior que a mesma,
que possui uma produtividade média de 85 t/ha, enquanto Andradina também registra uma
38
produtividade média de 80 t/ha. Neste EDR, o município que se destaca com maior
produtividade é o de Nova Independência com 110 t/ha, podendo-se inferir que isso se deva a
ser um município com plantio desta cultura em áreas novas que apresentam produtividades
maiores, assim como acontece com a produtividade observada nos municípios de Ilha
Solteira, Castilho e Guaraçaí que é de 90 t/ha. As menores produtividades estão sendo
observadas nos municípios de Lavínia e Mirandópolis, com 75 e 78 t/ha, respectivamente.
Tabela 04: Produção de cana-de-açúcar em toneladas nos municípios do EDR de Andradina,
no período de 2003/04 a 2006/07
Município 03/04 04/05 05/06 06/07 Variação %
Andradina 832.000 836.000 1.080.000 1.280.000 53,8
Bento de Abreu 1.105.000 952.000 1.360.000
1.338.750
21,2
Castinho 160.000 637.040 541.620
1.391.400
769,6
Guaraçaí 81.900 225.000 225.000 630.000 669,2
Ilha Solteira 22.500 22.500 123.300 151.920 575,2
Itapura 0 0 0 83.700 -
Lavínia 382.500 562.500 562.500 800.000 109,2
Mirandópolis 344.000 353.496 546.000 461.600 34,2
Murutinga do Sul 9.000 9.000 80.000 200.000 2.122,2
Nova Independência 0 0 440.000 440.000 -
Pereira Barreto 117.000 281.700 338.400 338.400 189,2
Suzanápolis 292.000 255.500 368.000 512.000 75,3
Valparaíso 2.840.000 2.962.500 3.680.000 2.800.000 -1,4
Total 6.185.900 7.097.236 9.344.820 10.427.770 68,6
Fonte: IEA, 2008.
Essa evolução pode ser melhor visualizada na Figura 11, que mostra imagens de
satélite (CANASAT) da Regional de Andradina nas safras 2003/2004 e 2007/2008.
Figura 11: Mapas da exploração vegetal da cana-de-açúcar na Regional de Andradina nas safras 2003/2004 (à esquerda) e 2007/2008direita).
Fonte:http://www.dsr.inpe.br/canasat/
40
Na região de Andradina, cinco usinas compõem o EDR: GASA (Andradina),
Mundial (Mirandópolis) e Univalem (Valparaíso), Benálcool (Bento de Abreu) e
Virálcool(Castilho).
Na figura abaixo estão apresentados a produção de cana-de-açúcar das usinas na
safra de 2006/2007.
2.051
1.177
1.192
878
598
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
produção em mil t
Univalem Benálcool Gasa Mundial Viralcool
USINAS
Figura 12. Produção de Cana-de-úcar (em mil t) das cinco usinas canavieiras da
região de Andradina - safra de 2006/07
Fonte: UDOP, 2008.
Observa-se como maior produtora de cana-de-açúcar do EDR de Andradina a Usina
Univalem que na safra 2006/07, com uma capacidade total instalada de 12.000t/ dia,
produziu 2.051 mil toneladas de cana, seguido pela Gasa, com a capacidade de 6.800t/dia,
produziu o equivalente a 1.192 mil toneladas na mesma safra. A usina Benálcool foi a
terceira maior produtora com capacidade de moagem de 6.300 t/dia, produzindo 1.177
t/dia. De acordo com a UDOP
8
(2006) as usinas Cosan Gasa, de Andradina/SP, e Usina
Unialco, de Guararapes, venceram o concurso de Campeãs de Produtividade Agrícola da
Região Centro-Sul do Brasil, modalidade Oeste Paulista.
8
União dos Produtores de Bioenergia.
41
A Figura 13 mostra a evolução da produção de cana-de-açúcar das usinas
pertencentes ao EDR de Andradina.
0
500
1000
1500
2000
2500
Produção (em mil ton)
00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07
anos
Univalem Benálcool Gasa Mundial Virálcool
Figura 13. Evolução da produção de cana-de-açúcar nas cinco usinas do EDR de
Andradina - safra 2000/01 a 2006/07.
Fonte: UDOP, 2008.
Nota-se uma expansão no período de 2000/01 a 2006/07 de todas as usinas, com
predomínio da Gasa com crescimento entre os períodos de 234% acompanhada da Usina
Univalem com 144%. Isso mostra a importância da regional de Andradina, pela sua
localização geográfica, proximidade dos centros consumidores, como cenário de uma
substituição expressiva de áreas antes ocupadas por pastagens que passou a receber
grandes investimentos para instalações e crescimento do setor sucroalcooleiro.
Essas regiões ganham importância por possuírem terras para produção, além disso,
pelo ganho de competitividade com a construção de hidrovia que reduz o custo do frete até
ao porto de Santos. Vian (2003) afirma que muitas usinas do oeste paulista estão
produzindo açúcar e escoando a produção pela Hidrovia do Rio Tiête, permitindo uma
42
logística como fator competitivo para as empresas desta região e que estes aspectos
permitem afirmar que a expansão futura da indústria canavieira deverá se dar no oeste
paulista e nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Dados obtidos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 2007,
permitem constatar que das 370 “centrais energéticas” existentes no Brasil, 177 estão
localizadas em São Paulo, produzindo álcool, e açúcar, sendo que 46 usinas produzem
apenas álcool, 5 produzem apenas açúcar e 126 produzem tanto álcool como açúcar.
A implantação do Proálcool em 1975 e início da fabricação do carro a álcool no
final da década incentivaram a produção de álcool no Brasil no início dos anos 80. O
Estado que mais precisava do produto era São Paulo, por ter maior frota de veículos.
A Tabela 5 apresenta os novos projetos de instalação de usinas para a região de
Andradina no período de 2006 a 2010, evidenciando-se um crescimento significativo para
o EDR em estudo.
Tabela 5. Novos projetos no EDR de Andradina e municípios e estimativa de produção até
2010 em toneladas.
Município Fase
Moagem
2006
Moagem
2007
Moagem
2008
Moagem
2009
Moagem
2010
Castilho Moagem 0 550.000
1.104.000
1.600.000
2.000.000
Nova
Independência
Implantação
0 0
0
1.400.000
1.800.000
Pereira
Barreto
Moagem 0 0
969.000
2.200.000
2.800.000
Susanápolis implantação
0 0
0
800.000
1.200.000
Ilha Solteira implantação
0 0
0
0
900.000
Itapura implantação
0 0
0
0
800.000
Valparaíso implantação
0 0
0
1.200.000
1.500.000
Total 0 550.000
2.073.000
7.200.000
11.000.000
Fonte: CTC., 2008
43
A agroindústria canavieira desembarca como uma das mais destacadas e
importantes atividades produtivas no âmbito da agropecuária paulista contribuindo com
uma participação significativa do Produto Interno Bruto.
5.2. Inovações Tecnológicas
5.2.1. Área agrícola
O processo de modernização tecnológica na área agrícola nas usinas canavieiras
abrange desde a escolha da variedade a ser plantada até a colheita.
Variedades
A escolha de uma variedade de cana-de-açúcar produtiva, resistente a pragas e
doenças, tolerante a seca e com PUI período útil industrial é o que toda empresa deseja.
Além disso, o planejamento da colheita (utilizando variedades precoces e tardias) também
é fundamental, garantindo assim o aproveitamento máximo do plantel varietal cultivado.
O melhoramento da cana-de-úcar no Brasil é desenvolvido por três Instituições: o
IAC Instituto Agronômico de Campinas, CTC Centro de Tecnologia Canavieira e a
RIDESA – Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro. Uma
inovação relevante é a introdução e o manejo de variedades mais adaptadas a cada região,
como acontece na região oeste do Estado de São Paulo.
Gheller (2008) reforça que o Manejo Integrado de Variedades (MIV) é a prática
correta da conjunção entre a planta e seu local de cultivo, tendo como objetivo principal
aperfeiçoar o potencial de produção do ambiente e das variedades.
44
Na Regional de Andradina as usinas já mapeiam as áreas de terras de acordo com o
ambiente (tipo de solo, pluviosidade), muito embora muitos produtores ainda desconheçam
o ambiente de produção para plantio da cana-de-açúcar.
Das empresas pesquisadas todas têm convênio com centros de pesquisa e utilizam
como fatores de produção o resultado da combinação de clima, variedades adequadas para
região, num solo com propriedades físicas e químicas corrigidas para atingir maiores
produtividades.
A cada cinco ou seis anos consecutivos (em média), a cultura passa por uma
renovação com uma taxa anual de 15% a 20% da área total cultivada. As mudas são
provenientes de viveiros onde a multiplicação de novas variedades é feita através da
cultura de meristema
9
. De acordo com o Grupo esse sistema permite simulações de
diferentes cenários (tecnologia da matéria-prima, custos, margem operacional etc.).
Mota et al. (1996) asseguram que ao longo da história da cana-de-úcar, verificou-
se a necessidade de continua substituição de variedades menos produtivas por outras mais
ricas e produtivas. Uma variedade produtiva tem grande importância econômica no
contexto da cultura, pois é um fator que pode gerar maior lucratividade sem aumento de
despesas.
Uma das metas principais do programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia
(Bioen), lançado no último dia 03/07/2008, é acelerar o desenvolvimento de novas
variedades de cana-de-açúcar capazes de propiciarem aumento de produtividade, por
exemplo, com cultivares mais ricas em sacarose e mais resistentes a seca que poderá
aumentar significativamente a produtividade na região nordeste (MARQUES, 2008).
As variedades mais utilizadas no plantio da cana-de-açúcar na regional de
Andradina, segundo Dr. Antonio César Bolonhezi são
10
: Ridesa: RB72454, RB867515,
RB835486, RB855453, RB835054, RB855035, RB855536, RB935744.
9
Meristemas- mudas fabricadas e tratadas em laboratório que se transformaram em plantas isentas de vírus.
10
Informação pessoal de Prof. Dr. Antonio César Bolonhezi.
45
CTC: SP81-3250, SP79-1011, SP83-2847, SP87-365, SP89-1115, SP91-1049.
As novas CTC 2, CTC 6 e CTC 15
IAC – IAC91-5155, IAC87-3396
Plantio
Das usinas pesquisadas cerca de 85% fazem plantio manual e apenas 15% fazem
plantio mecanizado, devido principalmente a problemas técnicos. Segundo o gestor de
transferência de tecnologia do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), JoGuilherme
Perticarrari, o plantio mecanizado apresenta algumas desvantagens que podem gerar
grandes problemas no canavial onde ele for utilizado. Entre eles, os altos índices de danos
mecânicos causados às gemas nas operações de colheita da muda/transbordo/plantio, até a
perda de vigor na brotação, perda de produtividade, redução da longevidade do canavial,
entre outras” (GUERRA, 2006a).
O plantio mecanizado possui a vantagem de manter o teor de umidade no solo
propiciando uma melhor brotação das gemas dos toletes, uma vez que a plantadora abre o
sulco, aduba, distribui os toletes, aplica o defensivo e fecha os sulcos em uma só operação.
No plantio mecanizado utiliza-se uma quantidade maior de mudas, em torno de 16 ton/ha,
no plantio manual 12 ton/ha.
Shikida (2002) afiança que as quinas de plantio e colheita são fatores que
contribuem para o desemprego, porém causa uma redução de custos na ordem de 25%.
Guerra (2006a) afirma que a manutenção do teor de água no solo determinada pela
não exposição do sulco aberto durante dias garante a brotação mais rápida das gemas,
resultando ainda em menor consumo de água na implantação da cultura da cana-de-açúcar.
46
Torta de Filtro
Uma das práticas aplicadas, por todas as empresas estudadas é o uso da torta de
filtro proveniente do processo de produção de açúcar e álcool considerado um excelente
fertilizante, além de propiciar condições melhores para brotação da cana.
Uma das formas para seu aproveitamento é a possibilidade de aplicá-la na
agricultura, misturada com fosfatos naturais, uma vez que a torta de filtro teria uma
capacidade de melhorar a solubilidade destes compostos, disponibilizando mais
rapidamente o fósforo, comparado com a sua aplicação sem a torta (PENSO et at., 1982,
citado por DEMATTÊ, ET AL. 2005). O produto é rico em fósforo, além de ser fonte de
cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes que além de reduzir os custos com sua
utilização o reduo também é responsável para diminuir a poluição ambiental, pois era
arremessado nos rios.
Prasad (1976), citado por Demattê ET al. (2005), concluiu ser desnecessário o uso
de sforo quando se aplica torta de filtro em nível superior a 20 t ha
-1
no sulco de plantio.
Ramalho e Amaral (2001) demonstram a necessidade de se monitorar as áreas aonde se
vêm aplicando torta de filtro para evitar o crescimento, a níveis tóxicos, desses metais
pesados no solo. O manejo desse resíduo deverá ser feito na forma de rodízio de sua
aplicação nas áreas das usinas, o que seria viável em função da quantidade de torta de filtro
produzida anualmente por unidade industrial, para evitar o acúmulo desses metais no solo.
Vinhaça
A vinhaça é um subproduto oriundo da fabricação do álcool, que gera em torno
treze litros a cada litro de álcool produzido, esses valores variam muito dependendo de
vários fatores como, solo, variedade utilizada, etc. Dentre as várias alternativas
47
apresentadas para o uso da vinha, a que mais se mostrou econômica e eficiente do ponto
de vista agrícola, e que, portanto, passou a ser difundida e adotada pela maioria das usinas,
foi o uso na fertirrigação dos canaviais. Além disso, uma tenncia em substituir a
adubação química das socas pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na
dependência da composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
A Mundial Açúcar e Álcool, de Mirandópolis é pioneira na utilização de uma nova
Tecnologia que atua na recuperação da água na vinhaça
11
, subproduto resultante da
destilação e fermentação da cana-de-açúcar no processo de fabricação do álcool. O
benefício para a usina é a reutilização da água no processo industrial. "A tecnologia
(produção de vinhaça concentrada) é revolucionária em termos de meio-ambiente,
principalmente, pelo reuso da água" (Jornal Cana, 2004).
Colheita
Para Gonçalves (2005), as inovações tecnológicas não se dão apenas no aspecto
biológico com novos produtos genéticos, no aprofundamento da mecanização de
processos preparo do solo e de plantio, mas também nos tratos culturais e colheita,
reduzindo a amplitude da sazonalidade da mão-de-obra.
As empresas agropecuárias buscam cada vez mais as novas tecnologias mecânicas
poupadoras de mão-de-obra, para melhor se ajustarem ao quadro dinâmico de
concorrência e competição. Este quadro vem sendo caracterizado pela exploração
de economias de aprendizado, que favorecem diretamente o uso do trabalhador
assalariado permanente em substituição a outras formas de arranjos nas relações do
trabalho (STADUTO; SHIKIDA E BACHA, 2004).
11
Ver reuso da água na página 40.
48
Das usinas pesquisadas o corte manual da cana-de-açúcar ainda representa 70% da
área total, em 30% a colheita é mecanizada cana crua. A produção média de uma máquina
colhedora é de 500 a 550 t/dia. Com isso os maquinários utilizados no setor tendem a
aumentar, em vista da pressão gerada pelas leis trabalhistas, pelo final da queima da cana
para redução da emissão de C0
2
, mas também pelas dificuldades no atendimento da NR
31
12
.
Scopinho (2003) considera que a incorporação das inovações tecnológicas no corte
da cana-de-úcar explica a eliminação de muitos postos de trabalho, visto que as jornadas
de trabalho são ditadas pelas máquinas.
Agricultura de precisão
Imagens
São técnicas que permitem o gerenciamento da lavoura considerando locais
diferentes e são úteis na tomada de decisões da empresa. A cultura canavieira utiliza a
metodologia do sensoriamento remoto para analisar área cultivada e antecipar dados de
safra. Atualmente estão realizando controle de pragas através desta tecnologia, visando
reduzir custos com defensivos.
Saraiva et al. (1999), citado por Molin, et al. (2004) desenvolveram um dispositivo
dinâmico nas carregadoras de cana inteira com o objetivo de se obter a quantia de cana
sendo carregada e posto no caminhão. Além disso, o monitoramento por meio do
sensoriamento remoto via satélite é feito na região Centro-Sul por meio do programa
12
Norma Regulamentadora de segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária silvicultura, exploração
florestal e aqüicultura (exploração florestal e aqüicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do
trabalho.) NR 31 (portaria n.º 86, de 03/03/05 - dou de 04/03/05).
49
Canasat, projeto estruturado por uma parceria entre o INPE - Instituo Nacional de
Pesquisas Espaciais, o CTC, a ESALQ e a ÚNICA.
Piloto automático
O setor canavieiro está fazendo investimentos cada vez mais em tecnologias de
direcionamento por satélite objetivando a redução de custos. Estes investimentos estão se
dando principalmente em máquinas envolvidas no preparo do solo, sulcação, plantio e em
colhedoras de cana.
Setenta por cento dos pulverizadores autopropelidos saem de fabrica instalados com
algum tipo de sistema de direcionamento via satélite. São muitos os fatores relacionados a
esta adesão neste tipo de tecnologia possui um maior retorno financeiro e com maior
eficiência na aplicação. A tendência e que o sistema venha ser mais popular e
provavelmente utilizado nos equipamentos de preparo solo, plantio, tratos culturais e
colheita. (RIPOLI & CASAGRANDI, 2004).
Irrigação
A Produção de cana irrigada, muito embora não seja realizada na regional de
Andradina, vem chamando atenção do setor para desenvolvimento de pesquisas para
estudar o aumento de produtividade esperada com uso desta tecnologia. As perspectivas da
cana irrigada no Brasil, segundo Coelho et al. (2008) , deverá ocorrer nos Estados de
Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins. Nas áreas tradicionais de cana, o aumento
mais significativo será no uso da fertirrigação associada à tecnologia de gotejamento para
irrigação suplementar.
50
5.2.2. Área Industrial
Automação industrial
No início da década de oitenta, constata-se um crescimento na concorrência entre
empresas nacionais e globalizadas. As principais mudanças que vêm ocorrendo referem-se
ao desenvolvimento tecnológico, principalmente com o avanço da automação nas empresas
e a mudança na forma de concorrência, substituindo a produção em massa passando a dar
mais atenção à diferenciação de produtos como forma predominante de competição entre
as empresas (VELTZ e ZARIFIAN, 1993).
Neste início de culo, contexto marcado pela velocidade da mudança, a vantagem
competitiva cada vez mais residirá na capacidade de aceleração da organização, que tem
que conceber, inovar e produzir mais rápido do que a concorrência para se tornar
competitiva.
Este item é o mais significativo avanço tecnológico da área industrial, conforme
apurado junto às empresas pesquisadas do Grupo Cosan, na medida em que permitiu uma
maior produtividade nas empresas com um importante aproveitamento dos subprodutos
como, por exemplo, a utilização do bagaço da cana-de-açúcar para co-geração de energia
elétrica que anteriormente tinha como destino a alimentação animal.
A automação na indústria está associada, entre diversos aspectos, às possibilidades
de aumentar a velocidade de processamento das informações, pois as operações são cada
vez mais complexas e variáveis, necessitando de um grande número de controles e
mecanismos de regulação para permitir decisões mais ágeis e, portanto, aumentar os níveis
de produtividade e eficiência do processo produtivo, possibilitando economias de energia,
força de trabalho e materiais, um melhor controle de qualidade do produto, maior
utilização das plantas, além de aumentar a produtividade dos colaboradores (EID et al.
1998).
51
Reuso da água na indústria
13
O reuso da água na indústria pode se dar na lavagem de fuligem gerada nas
caldeiras. Essa água é enviada através de canaletas para um reservatório, onde é bombeada
para um sistema de decantação. A fuligem retirada no fundo do decantador passa por um
filtro rotativo e descarregada em caminhões e a água retorna para o próprio processo de
lavagem de fuligem. A vantagem é a reutilização da água que gera uma grande economia,
além de reduzir grandemente a emissão de fuligem nos gases. E a maior dificuldade é o
ajuste da decantação que é minucioso, uma vez que não uma regra de comportamento
da fuligem com o polímero, necessitando vários testes até se conseguir um ponto ideal.
Outra prática é a reutilização da água residuária no processo de lavagem da Cana e
da fuligem que é descartada juntamente com a vinhaça no processo de fertirrigação. Esse
processo além diluir a vinhaça contribui para na irrigação no campo.
Manutenção preditiva
Entende-se por manutenção preditiva a “manutenção” onde os componentes de uma
máquina são substituídos em peodos p-programados, baseados em estudos e históricos
de cada componente do maquinário e trocando-os antes de entrarem em colapso. Cabe
ressaltar que esse tipo de manutenção além de onerosa, utiliza-se testes e tecnologias
avançadas.
13
Informação pessoal de Bruno Gigliotti, Cosan.
52
Das empresas pesquisadas todas adotam este tipo de manutenção, além das
manutenções corretiva
14
e preventiva
15
para melhor desempenho de todo processo
produtivo.
Nas usinas os veículos e máquinas em geral, utilizados principalmente no plantio e
colheita são especialmente exigidos quanto à sua suspensão, diferenciais e comandos
finais. Por isso, a empresa necessita de uma manutenção que atue ao mesmo tempo na
lubrificação dos equipamentos antecipando a quebra dos mesmos e, conseqüentemente,
contribuindo para a não interrupção dos processos de produção, atuando diretamente no
prolongamento da sua vida útil. A detecção de falhas em sua fase inicial leva à
programação da máquina ou do veículo em tempo suficiente para evitar danos mais
onerosos com a evolução do problema, que podem ocorrer justamente quando houver
exigência de produção reduzindo assim o custo da empresa. Esta técnica é muito
importante para a empresa porque além da análise de lubrificantes, exibe a análise de
variação desde o monitoramento da vibração apor meio de imagens em infravermelho
termografia e ultra-som. A manutenção preditiva tem sido reconhecida como uma técnica
eficaz de gerenciamento de manutenção. O ponto principal desta manutenção reside em
fazer uma previsão de quando um componente vai falhar e ou necessita ser substituído,
pois estará muito próximo do seu tempo de vida.
De acordo com Almeida (s/d) a manutenção preditiva não é meramente
monitoramento de vibração ou análise de óleo lubrificante ou de imagens térmicas ou
qualquer das outras técnicas de teste não destrutivo.
14
Manutenção em que o equipamento está defeituoso e deixa de funcionar. É o conceito do reparo. É
prejudicial à produção por não poder ser programada, acontecendo junto com uma parada da produção.
15
É a modalidade de manutenção em que os componentes são trocados antes da quebra, mediante
programação estabelecida por prazos de troca recomendados pelos fabricantes dos componentes e
quinas.
53
Além disso, a manutenção preditiva é uma filosofia ou atitude que usa a condição
operacional real do equipamento e sistemas da planta industrial para aperfeiçoar a operação
total da planta industrial. Pela análise química do óleo, pode-se detectar problemas de
desgaste nas ferramentas; pela análise de fotos infravermelhos de um painel elétrico e
capaz de localizar pontos de superaquecimento; por meio do monitoramento das vibrações
encontrando problemas em uma turbina. (MARTINS E LAUGENI, 2005)
Co-geração de energia
O bagaço resultante da moagem é utilizado como combustível nas caldeiras para
produção de vapor. Assim, esta biomassa é um produto com excelente potencial para
complementar a geração de energia elétrica no país. O aumento do consumo de energia
elétrica dos últimos anos reflete o crescimento das próprias empresas. O Grupo Cosan
consumia em 1998, 100 mil MWh, passando em 2006 para um consumo de energia elétrica
da ordem de 429 mil MWh, correspondente a um crescimento de 329% em apenas 8 anos
(Figura 14).
Figura 14. Consumo de energia elétrica do grupo Cosan período de
2002/2003 a 2006/2007
Fonte: Cosan, 2008
54
Em 2006, as vendas de energia do Grupo Cosan atingiram mais de 32,5 mil MW/h,
o que representou uma nova fonte de receita para a empresa, com grande capacidade para
expansão, sendo sua missão produzir energia de forma sustentada por meio de fontes
renováveis. Oddone (2001) salienta que a co-geração apresenta alta eficiência energética,
pois não o desperdício de energia térmica (como ocorre nas termoelétricas puras), uma
vez que essa energia é utilizada em processos industriais, como secagem, evaporação,
aquecimento, cozimento, destilação, etc.
Novos Produtos
O Grupo Cosan produz através das três usinas estudas vários produtos que são
colocados no mercado para o consumidor final. Os principais produtos da Usina Univalem
são: Açúcar Orgânico, Açúcar VHP, Etanol Etílico Anidro Combustível, Etanol Etílico,
Hidratado Combustível e Óleosel. A Usina Mundial produz Açúcar VHP, Etanol
Anidro e Etanol Hidratado. Os principais produtos da Usina Gasa o Etanol Hidratado,
Etanol Anidro e Xarope.
Deve-se destacar a produção de açúcar orgânico quando cultivado sem o uso de
agrotóxicos, respeitando o meio ambiente. O açúcar natural (orgânico) ou de cana cio-
ambientalmente correta, com selos que garantam as novas qualidades anunciadas é
produzido pela Usina Univalem. Para o desenvolvimento dessa certificação, as usina conta
com parceria de entidades de certificação internacional, responveis pela fiscalização de
todo o processo de produção da cana-de-açúcar e do açúcar. A comercialização deste tipo
de açúcar é controlada pela usina produtora, diferente dos demais tipos de açúcar, cuja
negociação no mercado internacional se dá via tradings
16
(SEBRAE, 2005).
16
Trading o nome que é dado aos agentes negociadores commodities que podem ser instrumentalizados em
Bolsas de Valores.
55
Limpeza de cana-de-açúcar a seco
Com o aumento da mecanização da colheita de cana-de-açúcar e a diminuição
prévia da palha dos canaviais, cresce significativamente a quantidade de palhiço que vai
para as indústrias. Neste sentido, a tecnologia de limpeza de cana a seco (sopradores e
peneiramentos) possibilita a separação da palha antes de ir para o picador e posteriormente
na utilização da palha como combustível suplementar de energia excedente. Com este
processo a empresa tem vários benefícios como economia de água, aumento da capacidade
de moagem, redução no volume de torta de filtro, entre outros.
O custo de implantação da tecnologia de limpeza a seco está condicionado ao porte
e às características operacionais de cada unidade. De uma maneira geral, é considerado alto
os investimentos variam de acordo com a necessidade de cada usina. De acordo com
Ideanews, 2007, para se implantar um sistema de limpeza de cana a seco gasta-se em torno
de R$2 milhões, incluindo sistemas de separação de palha e terra com palhiço preparado e
posto na caldeira.
Cabe ressaltar que dentre as usinas estudadas, a única empresa que adotou
experimentalmente este processo de limpeza a seco foi a Gasa de Andradina. De acordo
com a pesquisa a vantagem são que a palha ajuda a aumentar o poder calorífico da queima,
gerando energia elétrica. Am disso, a remoção da palha não prejudica a extração de
açúcar e reduz o desgaste dos equipamentos. As dificuldades são os acertos da velocidade
dos ventiladores e as aberturas dos dumpers que é muito delicado.
56
Outras inovações
17
Outras inovações estão sendo implantadas na região como, por exemplo, rede
profibus
18
e fibras óticas
19
. Além disso, em difusores, caldeiras, geradores, fermentação e
destilaria, tendo inclusive EHM - Electronic Home Monitoring (Processo de Avaliação da
Qualidade do Ar de Interiores) na área de centrífugas e no aparelho de destilação, de forma
que o operador muda set-points (ajustar-pontos) e acompanha as variáveis diretamente do
campo, agilizando a operação. A fermentação é uma das inovações implantas na Gasa, com
resfriadores da vinhaça, evitando mandar o resíduo a altas temperaturas para o campo.
Ademais, a empresa implantou uma técnica de recuperação de etanol do gás CO
2
liberado
das dornas de fermentação, por meio de um processo de concentração do álcool em água
de lavagem desse gás em vários níveis.
5.2.3. Área Administrativa
Quanto à prática administrativa, todas as empresas pesquisadas adotam algum tipo
de controle administrativo. Estes modelos objetivam promover a integração entre as áreas
agrícola, industrial e comercial visando a redução de custos e o aumento da
competitividade em toda a cadeia produtiva.
17
Informação pessoal de Bruno Gigliotti, Cosan.
18
O Profibus é um padrão aberto de rede de comunicação industrial, utilizado em um amplo espectro de
aplicações em automação da manufatura, de processos e predial. Pode ser usado tanto em aplicações com
transmissão de dados em alta velocidade como em tarefas complexas e extensas de comunicação.
19
Fibra ótica - cabo em fibra de vidro, com grande largura de banda, através do qual se transmitem sinais sob
forma de impulsos de luz, que se caracteriza por permitir a transmissão de grandes quantidades de
informação, a grandes distâncias e com reduzida distorção.
57
ERP - Enterprise Resource Planning
O ERP é um sistema de Planejamento de Recursos elaborado pela Empresa, cuja
função é armazenar, processar e organizar as informações geradas nos processos contidos
nas empresas contábil/financeiro, produção, compras faturamento etc- tornando-as mais
lucrativas graças à integração, à velocidade e à confiabilidade das informações.
No caso das usinas, o diferencial do ERP é que toda a cadeia produtiva
sucroalcooleira, desde a produção da matéria-prima até a comercialização dos produtos
acabados está integrada. As principais vantagens
20
desse sistema é o acesso às informações
de forma rápida e de qualquer lugar com a rede, gerenciamento de dados mais prático e a
otimização desse gerenciamento e exclusão de processos manuais. E as principais
desvantagens são que a utilização de novas tecnologias exige treinamento e qualificação
dos colaboradores, sendo um fator importante, pois nas usinas a maioria dos funcionários
não têm conhecimentos em software e hardware. Além disso, a necessidade de
gradativamente buscar o melhor ajuste de configuração do programa, adaptada às
necessidades da empresa. A utilização de ERP também traz altos custos, que podem
resultar em um baixo custo-benefício.
A utilização de ERP uma funcionalidade de informões para todas as áreas da
corporação vendas, contabilidade, engenharia, suprimentos, manufatura e também com os
parceiros comerciais, sendo uma ferramenta relevante na velocidade da informação,
considerando que muitas empresas apresentam negócios em diversas partes do mundo
globalizado (MARTINS E LAUGENI, 2005)
O Grupo Cosan implantou o ERP- Enterprise Resource Planning que entrou em
execução em maio de 2007, objetivando maior eficácia operacional e redução nos custos
além de deixar mais transparentes todas as informações geradas pela empresa (EXAME,
2008).
20
Informação pessoal de Bruno Gigliotti, Cosan.
58
Melhoria contínua
Princípio que reza que a melhoria num produto, serviço ou processo é contínua e
que deve ser sistematicamente procurada. A melhoria contínua não é somente limitada às
mudanças incrementais, mas inclui igualmente alterações radicais e inovadoras.
Daft (1999) mostra que a melhoria connua corresponde à implementação de um
grande mero de aperfeiçoamentos pequenos e incrementais em todas as áreas da
organização de forma constante. Para Imai (1986) a melhoria contínua é conhecida como
Kaisen:
Kaisen significa melhoramento, significa também melhoramento na vida pessoal, na vida
doméstica, na vida social, e na vida de trabalho e, quando aplicada para o trabalho,
significa melhoramentos contínuos envolvendo todos os trabalhadores.
O método 5 S
21
O método tem como objetivo organizar o espaço de trabalho, especialmente o
espaço compartilhado e mantendo-o organizado. O 5S é a melhoria da eficiência no
ambiente de trabalho, evitando que haja perda de tempo procurando por objetos perdidos.
Além disso, uma vez implementado, fica evidente quando um objeto saiu de seu lugar pré-
estabelecido.
Em todas as unidades pesquisadas foi implantado o sistema 5S
22
. Todos os setores
da usina são auditados de tempos em tempos e as avaliações entram no sistema de
21
5 S : Senso de utilização, organização, limpeza, padronização, auto-disciplina
22
Informação pessoal de Bruno Gigliotti, Cosan.
59
pontuação do setor. As principais dificuldades são a de divulgar de forma eficiente a
importância do programa e conscientizar os colaboradores a atuar e disponibilizar um
tempo de seu expediente para aprender mais sobre o programa e aplicá-lo.
Para Martins e Laugeni (2005) a mudança cultural preconizada pelo 5 S é feita no
sentido de limpeza seja responsabilidade de todos os colaboradores, havendo uma relação
entre padrões de limpeza, organização, ordem e asseio do trabalho e as atitudes gerenciais.
Iso 9000, 14000, HCCP e OHSAS
O aumento do nível de automação, o aperfeiçoamento de técnicas de controles
industriais e de planos e projetos de preservação ambiental, a implantação de técnicas e
procedimentos utilizados por indústrias, como a ISO (International Organization for
Standardization) 9000
23
e 14000
24
são de extrema importância para o desenvolvimento
econômico social e ambiental da empresas.
As normas da ISO, tanto as de qualidade da produção como as relacionadas ao
meio ambiente, passaram a ser padrão de referência na produção, gerando uma forte
adesão das empresas, além de uma acirrada disputa pela manutenção e/ou conquista de
mercados.
Uma das formas encontradas para se atingir determinado fim, para o que as
empresas recorrem a diversas ferramentas e métodos. Ambas as ferramentas (ISO 9000 e
14000) auxiliaram no melhor conhecimento dos processos e de como tratar o desperdício
de forma sistemática, ao mesmo tempo em que para os ajustes pretendidos houve
23
A série ISO 9000 constitui-se de documentos de orientação e ajuda as empresas na implementação de
sistemas de gestão da qualidade.
24
Normas internacionais de gerenciamento ambiental.
60
necessidade de outros desenvolvimentos em paralelo entre eles, treinamento, calibração,
normas setoriais, legislação, técnicas e tecnologia.
O Grupo Cosan acumula certificações, desde as ISO 9000, passando pelas
portuárias (ISO 9001), a de sistemas de qualidade (2000), de sistema de indicadores de
gestão e culminando na ISO 14001 (2002), que certifica a postura adequada da empresa
perante o meio ambiente. No terminal portuário em Santos, a Cosan ostenta desde 2001 os
selos HACCP
25
ou ATPCC - que incluem análise de perigo e pontos críticos de controle de
alimentos no embarque e desembarque. Os selos OHSAS
26
18001 (2002) estabelecem
relação quanto à segurança e a medicina do trabalho. A empresa detecta o problema de
saúde e passa a fazer o controle crescente importância de preservar o meio ambiente,
futuro de gerações vindouras, cabendo o a cada um enquanto pessoa, mas também às
empresas que tem uma ação mais significativa sobre o nosso meio. Advém assim, uma
necessidade de preservar e utilizar de forma eficaz os recursos naturais, evitando a
poluição e a degradação da qualidade ambiental.
Alianças estragicas
O Grupo Cosan desenvolveu parcerias com grandes grupos com intuito de auferir
maior fatia de mercado no ramo em que atua. Em 1999, o grupo açucareiro inglês Tate &
Lyle adquiriu 10% do terminal portuário TEAS Terminal Exportador de Álcool de
Santos S/A
27
. Em 2002, uniu às empresas Francesas Tereos e Sucden para constituir a
25
Hazard Analysis and Critical Control Point (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle)
26
Occupational Health and Safety Assessment Series (Avalião série saúde e segurança ocupacional),
norma, elaborada e gerenciada pela BSI Management Systems, que especifica os requisitos de sistemas de
gestão da saúde e segurança ocupacionais, visando, inclusive, à certificação desses sistemas.
27
O Teas Terminal Exportador de Álcool de Santos S/A é fruto da parceria entre COSAN, Crystalsev,
grupo Nova América e Cargill, para a abertura de um Terminal específico para exportação de etanol.
Atualmente, o Teas – Terminal Exportador de Álcool de Santos S/A conta com 40.000 m³ de capacidade
de armazenagem. A expectativa é de que, muito brevemente, numa segunda etapa, a capacidade seja
expandida para 80.000 m³.
61
FBA Franco Brasileira de Açúcar e Álcool S/A. Em 2005, alia-se a um novo parceiro, o
grupo chinês Kuok, que atua no ramo de portos, varejo e de comércio de commodities, um
dos mais dinâmicos e diversificados conglomerados internacionais. Em 2007, fechou
parceria para a abertura de um terminal específico para exportação de etanol, o Teas
Terminal Exportador de Álcool de Santos S/A , em conjunto com o Crystalsef, grupo
Nova América e Cargill. Os objetivos destas parcerias foram, além de conquistar maior
fatia de mercado, criar novos produtos, antecipar e vencer a resistência de parceiros em
potencial e finalmente trazer novos recursos e gerar tecnologia de ponta para aumentar sua
competitividade
28
. Entre as estratégias da empresa estão à expansão de sua liderança nos
mercados internacionais de açúcar e álcool e a busca de oportunidades de crescimento
através de aquisições estratégicas.
Vantagens competitivas
Porter (2002) explanou que as empresas bem sucedidas obedecem a padrões
definidos de comportamento que podem ser resumidas em três estratégias genéricas: a) as
fontes de vantagem competitiva sobre os concorrentes; liderança baseada no fator custo; b)
Possuir custos mais baixos do que os rivais, e diferenciação, e c) Criar um produto ou
serviço que é visto na indústria como único; focalização - Combinar as duas estratégias
direcionando-as para um alvo específico.
As usinas pesquisas se beneficiam das condições naturais favoráveis da região para
a produção de cana-de-açúcar, uma vez que o clima e o solo da região Oeste proporcionam
um ambiente favorável para a produção com alta qualidade e rentabilidade. Ademais estão
estrategicamente localizadas pximas ao seu terminal unimodal de transporte e aos
grandes centros de consumo, resultando em vantagem competitiva com baixos custos de
transporte.
28
Competitividade- Baseia-se na capacidade de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes aos
quais serve, no seu mercado objetivo, de acordo com a sua missão específica, para a qual foi criada.
Significa a obtenção de uma rentabilidade igual ou superior aos rivais no mercado.
62
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos dados obtidos na pesquisa permitiu, por um lado, caracterizar e
analisar a expansão da cultura da cana de açúcar e das usinas no EDR de Andradina e, por
outro lado, identificar e analisar as inovações tecnológicas consideradas pelas usinas
pesquisadas.
Os principais avanços tecnológicos da agroindústria canavieira da Regional de
Andradina na área agrícola se deram no campo da pesquisa em manejo varietal, utilização
de imagens, e nas operações mecanizadas principalmente na colheita.
Na área industrial as inovações que mais se destacam a manutenção preditiva, co-
geração de energia e limpeza a seco.
Finalmente na área administrativa foi o Programa Computacional ERP que interliga
todas as áreas da usina: agrícola, industrial e administrativa.
63
7. REFERÊNCIAS
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