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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
Programa de Pós-Graduação em Biologia tropical e Recursos Naturais
Curso Agricultura no Trópico Úmido – ATU
Avaliação do impacto da produção de pirarucu
(Arapaima gigas, Cuvier, 1829) criado em tanque-
rede sobre a qualidade da água, do sedimento e dos
efluentes
.
RAIMUNDO MARCOS DE SOUZA AMORIM
Manaus – Amazonas
2008
Dissertação apresentada ao Programa
Integrado de Pós-Graduação em Biologia
Tropical e Recursos Naturais, convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Agrárias, área de concentração em
Agricultura no Trópico Úmido.
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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
Programa de Pós-Graduação em Biologia tropical e Recursos Naturais
Curso Agricultura no Trópico Úmido – ATU
Avaliação do impacto da produção de pirarucu
(Arapaima gigas, Cuvier, 1829) criado em tanque-
rede sobre a qualidade da água, do sedimento e dos
efluentes.
RAIMUNDO MARCOS DE SOUZA AMORIM
Orientadora: ELIZABETH GUSMÃO AFFONSO, Dra.
Fonte financiadora: FAPEAM(Proc. n°. 1339/04)
Manaus – Amazonas
2008
Dissertação apresentado ao Programa
Integrado de Pós-Graduação em Biologia
Tropical e Recursos Naturais, convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Agrárias, área de concentração em
Agricultura no Trópico Úmido.
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ii
8
AMORIM, Raimundo Marcos de Souza
Avaliação do impacto ambiental da produção de pirarucu (Arapaima gigas,
Cuvier, 1829) criado em tanques-rede sobre a qualidade da água, do sedimento e
dos efluentes. Manaus, 2008.
81p. il
Dissertação de Mestrado – INPA/UFAM, 2008.
1. Aqüicultura 2. Piscicultura na Amazônia 3. Tanques-rede 4. Arapaima
gigas 5. Impacto ambiental.
CDD
SINOPSE:
Este estudo avaliou os possíveis impactos ambientais causados pela criação
super-intensiva de pirarucus em tanques-rede em uma barragem de 2,5 ha. Foram
analisados os pametros da qualidade da água, dos sedimentos e dos efluentes.
Os resultados deste estudo demonstram que os valores máximos, tanto de fósforo
quanto de clorofila A, devem ser discutidos para águas amazônicas, visto que, até
mesmo no ponto controle (ambiente sem impacto) os valores foram muito acima do
limite estabelecido pelo CONAMA 351/2005.
iii
Dedico
Às minhas mães Madalena Azevedo de
Souza & Heloíza de Souza Amorim, in
memórium ao meu Pai/avô Malaquias José
de Souza e a minha avó Zila Azevedo, pelo
amor, dedicação e incentivo em todos os
momentos da minha vida.
iv
AGRADECIMENTOS
Nenhuma história humana é escrita sem ajuda de uma ou duas mão amigas
que se estendem em nossa direção, a minha não seria diferente.
Agradeço primeiramente a DEUS pela vida, saúde, por ter me dotado de
capacidade para chegar até aqui, por me proporcionar conforto e forças nas horas
mais difíceis.
Às minhas mães Madalena Azevedo de Souza & Heloísa de Souza Amorim,
pela torcida infalível, pelo ombro e colo nas horas difíceis, pelas correções e pela
maior lição que pode ser transmitida a humanidade, o amor.
Aos meus filhos, irmãos, tios, tias, padrinho, madrinha, primos e a todos meus
amigos que estão sempre presentes, torcendo e vibrando a cada vitória conquistada.
A Dra. Elizabeth Gusmão Affonso, pela orientação e ensinamentos em todas
as etapas de desenvolvimento deste trabalho, pela paciência, compreensão,
incentivo e voto de confiança que tem depositado a minha pessoa.
Ao MSc. Eduardo Ono, pela contribuição valiosa durante a elaboração e
implementação desse trabalho e por todas as sugestões que generosamente me
fez.
Ao amigo MSc. lio Daniel Beltrão dos Anjos, pelo companheirismo,
amizade incentivo e pela contribuição valiosa na parte estatística e revisão deste
trabalho.
A todos os membros da família LAFAP e CPAQ pelo convívio, incentivo e
amizade durante esta jornada.
Aos proprietários do Sitio Okeiy pela viabilização e apoio na realização deste
trabalho.
v
Ao Edivaldo, Jonas e Raimundo do Laboratório Temático de Solos (CPCA)
pela importantíssima ajuda na caracterização dos sedimentos.
Ao Dr. Luiz Inoue, Dra Sheila e MSc. Roger Crescêncio do Laboratório de
Piscicultura da Embrapa, que gentilmente disponibilizaram as instalações do
laboratório para a realização de algumas análises de água, e o meu muito obrigado
a Iranir e Diva, pelo auxílio imprescindível na análise do material.
Aos amigos Evandro Souza, Herivelton, Rondon, Walzenir, Wilson, Gabriel,
Januário e Sulivan pela ajuda fundamental nas coletas de água e dos sedimentos.
Agradeço em especial, à Elenice Brasil e a Evandro Souza, pela amizade e
ajuda durante as análises laboratoriais, obrigado por tudo.
A todos os professores do Curso de mestrado em Agricultura no Trópico
Úmido pelos conhecimentos compartilhados, o convívio informal, a amizade e
respeito.
À FAPEAM pelo suporte financeiro ao projeto e pela concessão de bolsa de
mestrado
Aos meus colegas de turma do ATU-2006, pelo convívio, companheirismo e
amizade nesta longa jornada.
Aos amigos Fábio Lopes, Chris Anjos, Herivelton Albuquerque e Eyner
Godinho pelo incentivo e apoio incondicional.
Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) que foi meu lar
durante essa jornada, obrigado pela minha formação acadêmica
Enfim, a todos os que de alguma forma contribuíram para esta vitória.
vi
SUMÁRIO
Lista de Figuras........................................................................................................viii
Lista de Tabelas..........................................................................................................x
Resumo.......................................................................................................................xi
Abstract......................................................................................................................xii
1 – INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
1.1 - Aqüicultura: situação e relação com o meio ambiente.................................1
1.2 - Piscicultura na Amazônia.............................................................................4
1.3 - Sistema de produção em tanque-rede na Amazônia...................................6
1.4 - A espécie Arapaima gigas...........................................................................8
2 – OBJETIVOS ........................................................................................................11
2.1 - Objetivo geral.............................................................................................11
2.2 - Objetivos específicos.................................................................................11
3 - MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................12
3.1 - Área de estudo...........................................................................................12
3.2 - Cultivo de pirarucus em tanques-rede instalados em barragem................12
3.3 - Análises dos parâmetros limnológicos.......................................................13
3.4 - Parâmetros de qualidade de água.............................................................15
3.4.1- Variáveis orgânicas...........................................................................15
3.4.2- Variáveis indicadoras de eutrofização...............................................15
3.4.3- Variáveis indicadoras de balanço mineral.........................................15
3.4.4- Sólidos Totais Dissolvidos.................................................................15
3.5 - Caracterização dos Sedimentos................................................................16
3.6 - Análises estatísticas...................................................................................16
4 – RESULTADOS.....................................................................................................18
4.1- Parâmetros de qualidade da água ..............................................................18
4.1.1- Variáveis físicas e físico-químicas da água.......................................18
4.1.2- Variáveis indicadoras de eutrofização...............................................24
4.2- Avaliação da qualidade da água através da Análise de Componentes
Principais (PCA)..........................................................................................35
4.3- Análises dos componentes do Sedimento...................................................39
vii
4.4- Avaliação dos parâmetros do sedimento através da Análise de
Componentes Principais (PCA)...................................................................46
5 – DISCUSSÃO........................................................................................................50
5.1- Características de qualidade da água em cultivo de pirarucu.....................50
5.2- Características de qualidade do sedimento de fundo em cultivo de
pirarucu........................................................................................................60
5.3- Impactos do cultivo de pirarucu em tanques-rede na qualidade da água de
viveiro de barragem.....................................................................................63
6 – CONCLUSÕES....................................................................................................65
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................67
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– Fluxograma da relação direta da ração com o sistema...............................3
Figura 2 – Exemplar adulto de pirarucu (Arapaima gigas) .......................................10
Figura 3 – Sitio Okei (03°07’58” S; 60°16’32” W)......................................................12
Figura 4 – Local de coleta das amostras de água e sedimentos..............................13
Figura 5 – Croqui da área de estudo e os respectivos pontos de coleta de água....14
Figura 6- Croqui da área de estudo e os respectivos pontos de coleta de
sedimento.............................................................................................................14
Figura 7- Valores médios da temperatura nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........19
Figura 8- Valores médios de pH nos pontos controle, tanques-rede e efluentes na
superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007........................................20
Figura 9- Valores médios da condutividade elétrica nos pontos controle, tanques-
rede e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente
aos períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007...21
Figura 10- Valores médios de oxigênio dissolvido nos pontos controle, tanques-rede
e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........22
Figura 11- Valores médios de dióxido de carbono nos pontos controle, tanques-rede
e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........23
Figura 12- Valores médios dos Sólidos Totais Dissolvidos (STD) nos pontos
controle, tanques-rede e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B)
correspondente aos períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a
outubro) de 2007.................................................................................................24
Figura 13- Valores médios de amônia nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.........................25
Figura 14- Valores médios de nitrito nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.........................26
ix
Figura 15- Valores médios de nitrato nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.........................27
Figura 16- Valores médios de fósforo total nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........28
Figura 17- Valores médios de clorofila A nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........29
Figura 18- Valores médios da DBO nos pontos controle, tanques-rede e efluentes na
superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007........................................30
Figura 19- Valores médios da DQO nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.........................31
Figura 20- Valores médios de alcalinidade total nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........32
Figura 21- Valores médios da dureza total nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........33
Figura 22- Diagrama da Análise de Componentes Principais (PC1 e PC2) mostrando
as projeções das variáveis da qualidade da água (1) e as ordenações dos
pontos de coletas (controle, tanque rede e efluentes) ao longo do período de
estudo (2)............................................................................................................37
Figura 23- Valores médios de alumínio (A), cálcio (B) e carbono (C) presente no
sedimento, nos pontos controle, tanques-rede e efluente correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..........44
Figura 24- Valores médios de fósforo (A), magnésio (B), matéria orgânica (C)
nitrogênio (D), pH (E) e potássio (F) presente no sedimento, nos pontos
controle, tanques-rede e efluente correspondente aos períodos chuvoso (maio
a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007..................................................45
x
Figura 25- Diagrama da Análise de Componentes Principais (PC1 e PC2) mostrando
as projeções dos parâmetros do sedimento (1) e as ordenações dos pontos de
coletas (controle, tanque rede e efluentes) ao longo do período de estudo (2) .48
.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Tipos de águas mais comuns da Amazônia Central, e os fatores limitantes
para produção de peixes em tanques-rede segundo Junk, (1983); Sioli, (1985);
Araújo-Lima & Goulding (1997) e Ono (2005).....................................................8
Tabela 2- Valores médios dos parâmetros físicos e químicos da água determinados
nos três pontos de coletas (controle, tanques-rede e efluentes) durantes os
meses de estudo (maio a outubro de 2007)........................................................34
Tabela 3- Autovetores dos 15 pametros de qualidade da água analisados, para
os dois primeiros componentes principais (PC 1 e PC2), suas respectivas
porcentagens de variância e seus autovalores ..................................................38
Tabela 4- Valores médios dos parâmetros do sedimento medidos nos três pontos de
coletas (controle, tanques-rede e efluentes) durantes os meses de estudo, maio
a outubro de 2007...............................................................................................46
Tabela 5- Autovetores dos 9 parâmetros do sedimento analisados, para os dois
primeiros componentes principais (PC 1 e PC2), suas respectivas porcentagens
de variância e seus autovalores..........................................................................49
xi
RESUMO
Na região amazônica, a produção de peixes em tanques-rede tem sido incentivada
pelos órgãos governamentais, por se mostrar mais viável que os sistemas
tradicionais em muitas áreas. O pirarucu é considerado a melhor opção de espécie
para a produção em tanques-rede na região, pois a sua produção é possível até
mesmo em águas com baixos teores de oxigênio dissolvido, onde a produção das
demais espécies é inviável. Entretanto, a expansão deste sistema de produção
super-intensivo preocupa quanto a sua sustentabilidade ambiental. Desta forma, o
objetivo deste estudo foi avaliar os possíveis impactos causados pela criação super-
intensiva de pirarucu em tanques-rede de 6m
3
em uma barragem de 2,5 ha, sob o
ponto de vista da qualidade de água, do sedimento e dos efluentes. O estudo foi
desenvolvido entre os períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a
outubro) de 2007, sendo estocados 18 peixes por tanque-rede com peso médio
inicial de 2.132,8 ± 42,4 g, alimentados duas vezes ao dia com ração contendo 36 a
48% de proteína bruta. As amostras de água e sedimentos de fundo da barragem
foram coletadas em 3 pontos distintos: P1 (controle - a montante da barragem), P2
(entre os tanques-rede) e P3 (efluente - a jusante da barragem). Análise de variância
(ANOVA) ao nível de significância de 5% e análise de componentes principais (PCA)
foram usadas para avaliar os parâmetros físicos e químicos da água e químicos dos
sedimentos. Os resultados da qualidade da água demonstraram diferenças
significativas (p<0,05) entre os pontos de coleta para as seguintes variáveis: fósforo
total (p<0,001), amônia total (p<0,03), clorofila A (p<0,001), condutividade (p<0,03),
demanda química de oxigênio (DQO) (p<0,001), dureza (p<0,001), pH (p<0,001) e
oxigênio dissolvido (p<0,035). Os resultados da PCA demonstraram que no P1
(controle) as variáveis apresentaram pouca variação ao longo do estudo, o que
indica a pouca influência de processos antrópicos neste ponto. os pontos
tanques-rede e efluente apresentarão alterações na qualidade da água, ao longo do
estudo, principalmente para os parâmetros indicadores de eutrofização STD, fósforo
total, clorofila A, amônia total, nitrito, nitrato, pH, condutividade e DQO. Entretanto,
com exceção do fósforo e da clorofila A, todas as outras variáveis se apresentaram
em conformidade com a resolução do CONAMA 351/2005. As análises de variância
dos elementos dos sedimentos de fundo também demonstraram diferenças
significativas entre os pontos de coleta (p<0,05). Os componentes principais (PCA)
revelam que o ponto controle apresentou baixas concentrações dos parâmetros do
sedimento analisado. Porém, os pontos tanques-rede e efluente apresentaram
alterações no sedimento ao longo do estudo, influenciados principalmente pelos
elementos cálcio, carbono, fósforo, nitrogênio e matéria orgânica. Os resultados
deste estudo demonstram que os valores máximos, tanto de fósforo quanto de
clorofila A, devem ser discutidos para águas amazônicas, visto que, amesmo no
ponto controle (ambiente sem impacto) os valores deram muito acima do limite
estabelecido pelo CONAMA 351/2005.
xii
ABSTRACT
In the Amazon Region, fish production in cages has been incentivized by
governmental organisms, because it has shown to be more viable than other
traditional culturing systems that have been implemented in many areas. Pirarucu is
considered the best species option for cage production in this region, as its
production is possible even in waterbeds with low dissolved oxygen, where the cage
production of most fish species is unviable. However, the expansion of this super-
intensive system raises concerns about its environmental sustainability. The objective
of this study was to evaluate the impact caused by the super-intensive production of
pirarucu in 6-m
3
cages in a 2.5 ha pond, concerning the sediment and effluent
quality. This study was carried out between the rainy (May to July) and dry (August to
October) season of 2007, using 18 fish (2,132.8 ± 42.4 g ) per cage, fed twice a day
with a 36 to 48% crude protein feed. Pond water and sediment samples were
collected in three distinct points: P1 (control upstream of the dam), P2 (between
cages) and P3 (effluent downstream of the dam). Variance analysis (ANOVA) at
5% significance of the principal components (PCA) was used to evaluate the physical
and chemical water parameters and chemical parameters of the sediments. Water
quality results showed significant differences (p<0.05) among sample points in these
variables: total phosphorus (p<0.001), total ammonia (p<0.03), chlorophyll A
(p<0.001), conductivity (p<0.03), chemical oxygen demand (COD) (p<0.001),
hardness (p<0.001), pH (p<0.001) and dissolved oxygen (p<0.035). PCA results
showed that in P1 (control) the variables presented little variation during the studied
period, indicating little anthropic influence at this point. However, the sample points
between cages and effluent presented water quality changes, during the study,
mainly for the nutrient enrichment indicators such as STD, total phosphorus,
chlorophyll A, total ammonia, nitrite, nitrate pH, conductivity and COD. Meanwhile,
with the exception of phosphorus and chlorophyll A, all the variables were in
conformity with the CONAMA 351/2005 Resolution. Variance analysis of the
sediment elements also demonstrated significant differences among sample points
(p<0.05). The principal component analysis (PCA) revealed that the control point
presented lowest concentration of the analyzed sediment parameters. However, the
sample points between cages and effluent presented sediment changes during the
studied period, being mainly influenced by the following elements: calcium, carbon,
phosphorus, nitrogen and organic matter. The study results showed that maximum
legal values, such as phosphorus and chlorophyll A, must be discussed for
Amazonian waters, once even in the control point (environment with no impact) the
values of these two parameters were above the established limit by CONAMA
351/2005.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Aqüicultura: situação e relação com o meio ambiente
Aqüicultura é o processo de produção em cativeiro de organismos com habitat
predominantemente aquático, em qualquer estágio de desenvolvimento, ou seja:
ovos, larvas, pós-larvas, juvenis ou adultos; e está subdividida em diversas
modalidades, tais como: piscicultura, carcinicultura, ranicultura, ostreicultura,
mitilicultura etc., as quais correspondem ao cultivo de peixes, camarões, rãs, ostras
e mexilhões respectivamente (FAO, 1997; Rana, 2000; Valenti, 2002).
A crescente demanda de alimentos pela população mundial e a diminuição
dos estoques pesqueiros têm contribuído para que aqüicultura seja, atualmente, o
maior agronegócio do mundo, apresentando um volume de negócios estimado em
U$ 600 bilhões por ano. Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the
United Nations) a aqüicultura mundial teve um aumento de 3,9% para 29,9% da
produção total de pescados de 1970 a 2004, passando de 3,5 milhões de toneladas
para 59,4 milhões de toneladas para a produção de alimentos e estima-se que em
2030 esta atividade alcance 80 milhões de toneladas (FAO, 2006).
Embora a maior parte da produção aqüícola mundial esteja concentrada na
China (69,6 %) e outros países da Ásia e região do Pacífico (21,9%), os países da
América Latina e região do Caribe, que produzem apenas 2,3% da aqüicultura
mundial, têm apresentado a maior média de crescimento anual (21,3%) desta
atividade, estando principalmente concentrada no Equador, Chile e Brasil (FAO,
2006).
Em 2006, a aqüicultura no Brasil apresentou um crescimento de 0,4 ponto
percentual na participação relativa da produção de pescado, atingindo 25,9% contra
25,4% obtida em 2005, ou seja, passando de 257,7 mil para 271,6 mil toneladas de
pescado (IBAMA, 2008). A potencialidade do Brasil para a produção de pescado por
meio da aqüicultura deve-se a vários fatores, tais como: condições favoráveis ao
cultivo de inúmeras espécies de peixes nas diferentes regiões, grande produção de
grãos e ingredientes utilizados nas rações, grandes disponibilidades de áreas e
riqueza em recursos hídricos, com destaque à bacia Amazônica (Ono & Kubitza,
2003; Ono, 2005).
Com o crescimento da aqüicultura mundial, aumenta a preocupação sobre
2
diversos aspectos relacionados à sua sustentabilidade ambiental, pois como
qualquer outra atividade de produção, esta é potencialmente impactante ao
ambiente (Vinatea, 1999; Soares, 2003; Ostrensky et al., 2008). Por isso, alguns
setores governamentais e não governamentais têm criticado duramente a expansão
da aqüicultura (Arana, 1999; Albanez & Albanez, 2001). A aqüicultura depende
fundamentalmente dos ecossistemas nos quais está inserida (Assad & Bursztyn,
2000; Valenti et al., 2000) e estes devem permanecer em equilíbrio, possibilitando o
sucesso e a manutenção dessa atividade.
A qualidade da água do ambiente de cultivo é de suma importância para o
sucesso da aqüicultura (Boyd & Zimmerman, 2000; Kubitza, 2003). A interação entre
a água e os sedimentos do fundo das unidades de criação na piscicultura não deve
ser ignorada, porque o manejo inadequado da água e dos sedimentos pode
prejudicar a sobrevivência e o crescimento dos organismos aquáticos (Queiros et al.,
2004). O principal problema de eutrofização atribuído à aqüicultura está relacionado
à qualidade da água dos efluentes não tratados, ricos em matéria orgânica, os quais
são, freqüentemente, liberados diretamente nos corpos d’água.
O potencial poluente dos efluentes ao meio ambiente é proveniente
principalmente da matéria orgânica contida no dejeto e excretas dos peixes, que são
fontes de nutrientes, tais como o carbono, o nitrogênio e o fósforo (Figura 1). Estes
nutrientes, em altas concentrações, podem estimular o crescimento exagerado de
fitoplâncton ou população de algas. Com a morte e decomposição de uma grande
quantidade de algas uma redução drástica do nível de oxigênio disponível na
água, matando peixes e outros organismos aquáticos. Além disto, o estímulo ao
crescimento do fitoplâncton por nutrientes pode desenvolver o crescimento de
espécies de algas xicas, que podem provocar a morte dos peixes, contaminarem
moluscos e, até mesmo, colocar em risco a saúde humana.
Além da poluição das águas, a aqüicultura pode ser responsabilizada também
por uma série de outros impactos ambientais, como: o desmatamento das margens
dos rios; o aumento da vulnerabilidade a inundações de áreas secas; transmissão
de doenças para o ser humano e animais; a introdução de espécies exóticas; uso de
pesticidas e antibióticos; danos à paisagem; além de contribuir para o desequilíbrio
ecológico, influenciando na perda da biodiversidade (Primavera, 1997; FAO, 2004).
3
Figura 1 – Fluxograma da relação direta da ração com o sistema
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) (resolução 01, de 23
de janeiro de 1986, em seu Art. 1°) considera “impacto ambiental” qualquer alteração
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta
ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as
atividades sociais e econômicas, a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente. A Resolução do CONAMA 357, de 17 de março de 2005 dispõe sobre
a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, além de prever realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA.
Os impactos ambientais e sua gravidade, por sua vez, estão principalmente
relacionados ao sistema e estratégia de produção empregada, às características dos
efluentes liberados e às condições de hidro-dinâmica do corpo receptor, dentre
outras características (Poersch, 2004). O código de avaliação de impacto ambiental
na aqüicultura teve seu início no Estado do Alabama (EUA), com a produção de
“catfish” (Ictalurus punctatus), onde o embasamento dos códigos são as Boas
Unidade de criação
Perdas
Peixe
Fezes
Assimilado
Carga orgânica
Incorporado
Excretado
Extraído
Matéria orgânica
sólida
Carga orgânica
Matéria orgânica
dissolvida
4
Práticas de Manejo (BPM) (Boyd & Tucker, 2000; Boyd & Hulcher, 2001). Boyd
(2003) menciona que o estabelecimento das BPM, para as principais espécies
criadas no mundo, será uma obrigatoriedade em poucos anos porque a água é um
recurso que está diminuindo devido seu uso indiscriminado. Portanto, para reduzir as
cargas de poluição provenientes da aqüicultura nos corpos de água naturais, é
essencial a aplicação das BPM, uma vez que o emprego dessas práticas melhora a
qualidade dos efluentes e da água (Boyd & Queiroz, 2004).
Contudo, Valenti (2002) revela que é impossível produzir sem causar danos
ao meio ambiente, mas pode-se reduzir o impacto ambiental por meio de códigos de
conduta para assegurar o desenvolvimento da aqüicultura.
Os impactos da atividade aqüícola sobre o meio ambiente nem sempre são
negativos. A "Agenda 21" da UNCED reconheceu que muitos tipos de aqüicultura
podem contribuir de maneira positiva para melhorar as condições do meio ambiente
através de sistemas integrados nos quais os nutrientes e a matéria orgânica são
reciclados, podendo assim criar um ambiente sadio. Em alguns casos, a aqüicultura
pode ajudar a diminuir os impactos negativos da agricultura (Barg et al., 1997).
Como exemplos, o manejo integrado de pragas por meio da criação de peixes
integrada à cultura de arroz, a qual pode contribuir para a redução do uso de
pesticidas; o cultivo de algumas espécies de moluscos também pode ajudar a
reduzir a carga de nutrientes dissolvidos na água, bem como a criação de espécies
selvagens de peixes tem sido utilizada para repovoamento. Uma outra contribuição,
de ordem econômica, está associada ao fato de que a expansão da aqüicultura
supre, parcialmente, a demanda pelo pescado, diminuindo a pressão sobre o
extrativismo, contribuindo para a preservação dos estoques naturais.
1.2 Piscicultura na Amazônia
A piscicultura na região amazônica teve início nos anos 80 com a
implementação das primeiras ações do Programa de Desenvolvimento da
Aqüicultura pelo governo do estado do Amazonas (Rolim, 1995). A partir daí, esta
atividade tem crescido e se expandido em todos os estados da região Norte
(Roubach et al., 2003; Ono, 2005).
Apesar dos incentivos governamentais, a piscicultura ainda não é uma
atividade econômica de destaque na região (Freitas, 2003). De acordo com Petrere
5
Jr. (2001), os três principais fatores para a falta de tradição da aqüicultura na
Amazônia são: baixa densidade populacional, relativa abundância dos estoques
pesqueiros naturais e o isolamento regional que dificulta o acesso aos principais
centros consumidores.
Entretanto, a estagnação dos volumes de captura, o declínio dos estoques
pesqueiros das principais espécies comerciais, o aumento das distâncias e do tempo
de transporte, a baixa qualidade do pescado ofertado, a forte sazonalidade e a
imprevisibilidade da captura têm feito com que a pesca deixe de atender a demanda
de pescados do mercado (Ono, 2005). Somado a isso, o crescimento demográfico
da região, onde o peixe é a principal fonte de proteína animal, tem resultado no
aumento da demanda e elevação dos preços ao consumidor. O déficit de peixes
como tambaqui (Colossoma macropomum), matrinxã (Brycon amazonicus) e
pirarucu (Arapaima gigas) tem estimulado os piscicultores da região a aumentar a
produção para abastecer o crescente mercado consumidor (Ono, 2005).
As espécies de peixes amazônicos são bastante difundidas na piscicultura no
Brasil e no mundo, devido às vantagens como o porte, crescimento e sabor da
carne. Além disso, espécies como pirarucu e o tambaqui possuem resistência a
baixas concentrações de oxigênio na água (Val & Almeida-Val, 1995). O tambaqui é
a espécie amazônica com maior número de informações sobre sua biologia e cultivo,
cuja cadeia produtiva está praticamente completa (IBAMA, 1999). O matrinxã, assim
como o tambaqui, apresenta grande potencial para a criação intensiva, pois possui
excelentes características zootécnicas (Graef, 1995; Arbeláez-Rojas et al., 2002;
Fim, 2002; Brandão et al., 2005). O pirarucu é uma espécie com grande
potencialidade para a piscicultura da região, porém existem entraves que dificultam
sua criação e precisam ser superados (Ono et al., 2003a; 2004, Roubach et al.,
2003).
Embora a maior parte da produção aqüícola do Brasil esteja nas regiões Sul,
Sudeste e Nordeste (Roubach et al., 2003), a região amazônica tem sido vista como
uma das mais promissoras para o avanço da piscicultura do Brasil, cuja produção no
ano de 2006 apresentou o segundo maior crescimento anual em relação a 2005
(12,1%), comparada às demais regiões do país (13,2% no Sudeste; 1,3% no Centro-
Oeste; 2,13% no Nordeste; 6,1% no Sul) (IBAMA, 2008).
O programa do Governo Estadual “Zona Franca Verde” tem incentivado, por
6
meio da SEPA/AM (Secretária Executiva de Pesca e Aqüicultura do Amazonas), a
criação de peixes em tanques-rede e com instalação de centros de produção e/ou
distribuição de alevinos e fábrica de ração. Além disso, tem promovido cursos
técnicos em nível médio e facilitado o acesso ao crédito por meio da AFEAM
(Agência de Fomento do Estado do Amazonas). Isso tem promovido um crescimento
da produção de 100% ao ano, segundo a Agroamazon (Agência de Agronegócios do
Estado do Amazonas) (Mercado da Pesca, 2006).
Ono (2005) revela que a piscicultura na Amazônia Central vem sendo
desenvolvida, principalmente, utilizando barragens e viveiros escavados. Entretanto,
diversos aspectos técnicos e legais dificultam a expansão das criações em
barragens (desmatamento da mata ciliar, controle de erosão, assoreamento dos
corpos d’água, dificuldade no manejo da qualidade da água); os viveiros
escavados, elevam o custo de terraplanagem e manutenção, além da necessidade
de bombeamento de água. Outras alternativas que vêm sendo bastante difundidas
na região, e que tem sido objeto de vários trabalhos de pesquisa, são a criação de
peixes em cercados de canais de igarapés e em tanques-rede.
A criação em canais de igarapés, apesar de bastante promissora, é um
sistema de produção voltado aos pequenos produtores, mas que apresenta como
principal restrição o lançamento de efluentes, sem tratamento, à jusante dos
empreendimentos. a produção de peixes em tanques-rede, objeto do presente
estudo, é um dos sistemas que apresenta o maior potencial de crescimento na
região porque permite o aproveitamento de corpos d’águas naturais, sem provocar
alterações físicas significativas ao meio ambiente, como o desmatamento e a
movimentação de terras.
1.3 Sistema de produção em tanque-rede na Amazônia
A criação de peixes em tanques-rede é um sistema super-intensivo de
produção, no qual os peixes são confinados sob alta densidade, dentro de estruturas
com renovação contínua de água com o ambiente (Colt & Montgomery, 1991; Ono &
Kubitza, 2003). Além da qualidade da água (fator primordial para produção de peixes
em tanques-rede), o desempenho do cultivo depende dos insumos (alevinos e
ração), das técnicas de manejo da produção e, sobretudo, da dedicação e
capacidade técnica e gerencial do produtor (Ono & Kubitza, 2003).
7
Na região amazônica, a produção de peixes em tanques-rede tem crescido,
consideravelmente, nos últimos cinco anos, particularmente nos estados do
Amazonas, Rondônia e Pará (Ono, 2005). Os resultados têm mostrado que este
sistema de cultivo pode ser mais viável que os sistemas tradicionais (viveiros e
barragens) sob o ponto de vista econômico, técnico e social (Ono et al., 2003a)
As principais vantagens do uso de tanques-rede na região são: não requerer
desmatamento de novas áreas; aproveitar o transporte fluvial; o depender de
energia elétrica para sua operação; agregar a produção de vários empreendimentos;
apresentar afinidade com a cultura dos ribeirinhos.
Apesar da abundância dos recursos hídricos na região, o principal problema
para a implantação da piscicultura em tanques-rede é a escolha do corpo d’água
com características adequadas (Ono, 2005). Segundo esse autor, é necessário um
estudo prévio sobre as características ambientais, para a seleção das áreas
propícias para a criação de peixes em tanques-rede.
Na Amazônia Central, as águas possuem grandes variações nas suas
características físico-químicas (Junk, 1983; Sioli, 1985; Araújo-Lima & Goulding,
1997; Ono, 2005). Essas águas podem ser englobadas em três grandes grupos:
água branca, água preta e água clara. São as peculiaridades de cada tipo de água
que determinam sua aptidão quanto ao aproveitamento para a produção em
tanques-rede (Tabela 1).
Um dos fatores limitantes para a produção de tambaqui e matrinxã em
tanque-rede, principalmente em regiões de água preta, é a baixa concentração de
oxigênio dissolvido na água (Gomes et al., 2006). Uma ótima opção para este
sistema de produção é o cultivo de pirarucu, visto que esta espécie possui
adaptação morfológica para respirar ar atmosférico, portanto, independente da
concentração deste gás na água. Sendo assim, o pirarucu é a melhor opção de
espécie para a produção em tanque-rede na região, pois a sua produção é possível
nos corpos dágua com baixa concentração de oxigênio dissolvido, onde a produção
das demais espécies é inviável.
8
Tabela 1. Tipos de águas mais comuns da Amazônia Central, e os fatores limitantes
para produção de peixes em tanques-rede segundo Junk, (1983); Sioli,
(1984); Araújo-Lima & Goulding (1997) e Ono (2005).
Tipo de
Água
Características Fatores limitantes à
piscicultura
Água Branca
Coloração amarelo-castanho, rica em
nutrientes, pH próximo a
neutralidade, elevados níveis de O
2
,
baixa transparência.
Rio com forte correnteza, elevada
turbidez mineral que provoca
escoriações e obstruem as brânquias
dos peixes.
Água Preta
Águas escuras com tonalidade de
café, pH ácido (4 a 6), pobre em
nutrientes, baixa alcalinidade e
dureza, com transparência variando
ao longo do ano.
Variações nos níveis de oxigênio
dissolvido (OD), tornando o tempo de
cultivo insuficiente até o peso de abate
e as instalações ficam ociosas alguns
meses.
Água clara
Coloração esverdeada, pH neutro (7
a 8) ou próximo ao alcalino, OD
próximo à saturação, relativamente
pobres em nutrientes, baixa
alcalinidade e dureza.
escassez de corpos d’água com
estas características; ideais para a
produção em tanques-rede.
1.4 A espécie Arapaima gigas
Arapaima gigas (Cuvier, 1829) (Figura 2), conhecido como pirarucu, pertence
à ordem Osteoglossiformes, família Arapaimatidae, é o único representante do
gênero Arapaima. Essa é uma espécie nativa das bacias dos rios Amazonas e
Orinoco, sendo considerado um dos elos entre o mundo primitivo e a idade moderna
(Nelson, 1994; Queiroz, 1999; Venturiere & Bernardino, 1999).
É considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo, chegando a
mais de 2 m e pesando cerca de 200 kg, esta é uma espécie de grande importância
histórica na pesca e no contexto sócio-econômico da região (Ono et al., 2003a,b,
2004). A espécie já foi abundante nas cercanias de Manaus, mas sua intensa
procura determinada por seu alto valor comercial, tem estimulado a captura de
exemplares jovens, conhecidos como “bodecos” (Salvo-Souza & Val, 1990).
Atualmente, a espécie se encontra em regime de proteção devido a sobre-
exploração dos estoques naturais que se encontra em pleno declínio, sendo a sua
9
captura regulamentada pela instrução normativa em nível Federal (N° 34, de 18 de
junho de 2004, em seu Art. 2°), que proibi anualmente a captura, a comercialização
e o transporte do pirarucu (Arapaima gigas), nos estados do Amazonas, Pará, Acre e
Amapá, no período de de dezembro a 31 de maio. Em nível Estadual, no
Amazonas e Acre essa prática é regulamentada pela instrução normativa 01, de
de junho de 2005 e instrução normativa 01, de 30 de maio de 2008,
respectivamente, em seu Art. que rege sobre a proibição da capturada e
comercialização no período de de junho a 30 de novembro.
Entretanto, no estado do Amazonas, a pesca do pirarucu é considera legal
desde que autorizada pelo IBAMA e pelo IPAAM somente em áreas manejadas
como: RDS Mamirauá (Tefé e Fonte Boa); Arari Itacoatiara; Silves; Resex Baixo
Juruá e Resex Jutaí (Fonte: NRP/IBAMA/AM).
Em função das suas características zootécnicas, como: rápido crescimento,
podendo alcançar 10 kg no primeiro ano de criação (Carvalho & Nascimento, 1992;
Imbiriba, 2001; Ono, 2005), rusticidade, tolerância à baixa concentração de oxigênio
dissolvido na água, aceitação de rações balanceadas sob condições de cultivo,
carne branca de alta qualidade e um elevado valor de mercado, o pirarucu se
constitui em uma espécie com grande potencialidade para a piscicultura da região
(Pereira-Filho et al., 2003; Roubach et al., 2003; Ono et. al., 2003b, 2004).
Estudos realizados com o pirarucu têm demonstrado a capacidade deste
peixe em tolerar altas densidades de estocagem em sistemas de tanques-rede em
ambientes de águas pretas (Ono et al., 2003a). Isto, certamente, é um grande
estímulo para a expansão da piscicultura na região, principalmente porque os lagos
de água preta têm se mostrado inadequados para o cultivo de outras espécies (Ono,
2005). Entretanto, apesar de todos os avanços conseguidos até o momento, a falta
de domínio sobre a reprodução, a produção de alevinos, o manejo em cativeiro, as
condições gerais de saúde e a nutrição, ainda dificulta a criação do pirarucu e
precisa ser superada (Roubach et al., 2003; Ono, 2005).
Como parte do projeto “Técnicas de manejo na produção intensiva do
pirarucu, Arapaima gigas, em tanques-rede”, desenvolvido por pesquisadores do
INPA, em parceria com a EMBRAPA, o objetivo deste estudo foi de avaliar a
sustentabilidade da piscicultura e verificar se as cnicas de manejo utilizadas na
região podem ou não produzir danos ao meio ambiente.
10
Figura 2. Exemplar adulto de pirarucu (Arapaima gigas) (Foto: Chris dos Anjos).
11
2 – OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Este estudo avaliou os impactos causados pela criação super-intensiva de
pirarucu, Arapaima gigas, em tanques-rede, sob o ponto de vista da qualidade de
água, do sedimento e dos efluentes numa propriedade localizada no município de
Iranduba-AM.
2.2 Objetivos Específicos
Avaliar os parâmetros físico-químicos da água à montante, no local de
criação e a jusante;
Avaliar os parâmetros químicos do sedimento à montante, no local de
criação e a jusante;
Comparar, com base nos parâmetros físico-químicos da água e
químicos do sedimento, a área e o período estudado à montante, no
local de criação e a jusante e;
Auxiliar na elaboração de recomendações de Boas Práticas de Manejo
para minimizar o impacto ambiental provocado pelos efluentes oriundos
do cultivo de pirarucu em tanques-rede.
12
3. - MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
O experimento foi desenvolvido no sítio Okei (03°02'36" S e 59°53'49" W),
localizado no km 22 da Rodovia Manuel Urbano - km 03 do ramal Paricatuba,
Município de Iranduba, AM, no período de 01/05 - 31/10/2007. Nesse sítio funciona
um orfanato com pequena produção rural para subsistência (Figura 03).
Figura 3. Sitio Okei (03°07’58” S; 60°16’32” W).
3.2 Cultivo de pirarucus em tanques-rede instalados em barragem.
Foi utilizada uma barragem de 2,5 ha, com profundidade média de 2,5 m,
vazão de 195 L/minuto e taxa de renovação da água de 0,57%/dia. Na barragem
foram instalados 24 tanques-rede (duas baterias com doze tanques-rede) (Figura 4).
Cada tanque-rede, de 6 m³ de volume submerso (2,0 x 2,0 x 1,5 m), recebeu
18 exemplares, totalizando 432 peixes. Os valores dios iniciais de peso e
comprimento total dos exemplares foram de 2.132,8 ± 42,4 g (média ± DP) e 45,5 ±
5,4 cm (média ± DP), respectivamente. Os peixes de cada tanque-rede receberam
ração experimentais produzidas na CPAQ utilizando uma Extrusora Inbramaq
modelo MX-80, com 36 a 48% PB, sendo alimentados duas vezes ao dia, às 08:00 e
as 16:00 horas, até a saciedade aparente. O experimento foi encerrado quando os
exemplares da maioria dos tanques-rede alcançaram peso médio de 7093,8g (DP
286,1g), considerado como porte comercial.
13
Figura 4. Local de coleta das amostras de água e sedimentos.
3.3 Análises dos parâmetros limnológicos
As amostragens de qualidade da água foram realizadas no período chuvoso
(maio a julho) e no período de estiagem (agosto a outubro) de 2007. As coletas de
água foram realizadas quinzenalmente em 3 pontos distintos (Figura 5): ponto 1 - a
montante da barragem (controle); ponto 2 - entre os tanques-rede e; ponto 3 a
jusante da barragem (efluentes). As amostras de água da barragem para análise em
laboratório foram coletadas numa profundidade média de 0,4 m e 2,5 m, com o
auxilio de uma garrafa de Ruttner. Essas foram acondicionadas em gelo e
transportadas até o Laboratório de Fisiologia Aplicada à Piscicultura (LAFAP) da
Coordenação de Pesquisas em Aqüicultura (CPAQ) do INPA e para o laboratório de
piscicultura da Embrapa Amazônia Ocidental, onde foram processadas e analisadas.
Para os parâmetros analisados por meio de sondas multiparamétricas, as amostras
de água nos diferentes pontos amostrais foram mensuradas a cada 50 cm, da
superfície à 2,5 m de profundidade.
14
Figura 5. Croqui da área de estudo e os respectivos pontos de coleta de água.
As coletas de sedimentos foram realizadas mensalmente (maio a outubro) em
3 pontos distintos (Figura 6): ponto 1 (P1) - a montante da barragem (controle);
ponto 2 (P2) - entre os tanques-rede e; ponto 3 (P3) – a jusante da barragem
(efluentes). As amostras de sedimentos foram coletadas utilizando-se uma draga de
Peterson da marca Limnotech modelo P1. A caracterização da qualidade do
sedimento foi realizada no Laboratório Temático de Solos da Coordenação de
Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA) do INPA.
Figura 6. Croqui da área de estudo e os respectivos pontos de coleta de sedimentos.
NASCENTE
SAÍDA D’AGUA
P1
P2
P
3
Barragem 1
(sem peixe)
Barragem 2 (com peixe)
NASCENTE
X X X X
P2
Barragem 1
(sem peixe)
Barragem 2 (com peixe
)
SAÍDA D’AGUA
P1
P
3
X
X
X
X
X
X
X
X
15
3.4 Parâmetros de qualidade de água
Durante o estudo (maio a outubro) foram feitas análises dos seguintes
parâmetros físicos e químicos da água da barragem.
Oxigênio dissolvido (mg/L), temperatura (ºC) e condutividade elétrica (µS/cm)
utilizando um oxímetro digital, marca YSI modelo 85; pH usando um pHmetro digital
da marca YSI modelo 60; CO
2
(mg/L),
determinado pela titulação da amostra com
carbonato de sódio, modificado de Boyd & Tucker (1992) para amostras de 5 mL,
utilizando seringas de 10 mL.
3.4.1 Variáveis orgânicas: A demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
) (mg/L) foi
determinada por meio da diferença entre o oxigênio dissolvido antes e depois da
incubação da amostra por 5 dias (APHA, 1995). A demanda química de oxigênio
(DQO) (mg/L) foi mensurada pelo processo de oxidação de toda matéria orgânica da
água e titulação com permanganato de potássio (APHA, 1998).
3.4.2 Variáveis indicadoras de eutrofização: Foram determinadas as
concentrações de: amônia total (NH
3
+ NH
4
+
) (mg/L) e nitrito (NO
2
-
) (mg/L), pelo
método colorimétrico segundo Boyd & Tucker (1992), nitrato (NO
3
-
) (mg/L) pela
redução por coluna de dmio (Golterman et al., 1978), fósforo total (mg/L) pelo
método colorimétrico segundo Boyd & Tucker (1992), clorofila A (µg/L) pelo método
de extração por acetona e leitura em espectrofotômetro (Boyd, 1979).
3.4.3 Variáveis indicadoras de balanço mineral: alcalinidade total (mg/L) foi
mensurada pela quantidade de ácido necessária para titular as bases contidas na
água e, dureza (mg/L) pela titulação da amostra com EDTA (Boyd & Tucker, 1992).
3.4.4 Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L): Estes compreendem os sólidos em
dissolução. São os sólidos que se obtém pela evaporação de uma amostra
previamente filtrada, determinado por filtração (Boyd, 1979).
16
3.5 Caracterização dos Sedimentos
A análise química do sedimento foi realizada com base no Manual de
Métodos de Análise do Solo (EMBRAPA, 1997) e foram analisados os seguintes
parâmetros: pH usando um pHmetro digital da marca Tecnopon modelo mPA 210;
as bases trocáveis: cálcio (Ca
2+
), magnésio (Mg
2+
) foram determinados pelo método
KCl 1 mol L
-1
utilizando aparelho de absorção atômica da marca Perkin Elmer
modelo 1100B e potássio (K
+
) pelo método Mehlich
-1
utilizando aparelho de
absorção atômica da marca Perkin Elmer modelo 1100B. Também o alumínio (Al
3+
)
pelo método KCl 1 mol L
-1
, o teor de fósforo (P) pelo método Mehlich
-1
utilizando
aparelho de espectofotômetro da marca Shimadzu modelo UVmini 1240, nitrogênio
(N) pelo método Kjeldahl, a matéria orgânica e o carbono (C) pelo método Walkley-
Black.
3.6 Análises estatísticas
Com o objetivo de comparar os parâmetros limnológicos: pH, condutividade
elétrica, oxigênio dissolvido, temperatura, fósforo total, alcalinidade, dureza, dióxido
de carbono, demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio,
amônia, nitrito, nitrato, sólidos totais dissolvidos e clorofila A entre os pontos de
coleta (P1, P2 e P3) foram realizadas análises de variância (ANOVA) a um nível de
5% de significância (Banzato & Kronka, 1995).
Análises de variância também foram realizadas para verificar se existem
diferenças dos valores dessas variáveis ambientais ao longo do tempo.
Uma Análise de Componentes Principais (PCA) foi empregada para ordenar
os pontos de coleta em função dos fatores que caracterizam a qualidade da água
como: pH, oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura, amônia, nitrito, nitrato,
DBO, DQO, STD, alcalinidade, dureza, Clorofila A, fósforo e dióxido de carbono.
Esta análise foi realizada com o intuito de verificar quais variáveis limnológicas
poderiam estar influenciando na qualidade da água dos pontos de coleta.
No processamento da PCA, produziu-se uma ordenação com dois eixos, no
qual a distribuição dos locais de coleta são representados por pontos, enquanto que
as variáveis ambientais são representadas por linhas pontilhadas indicando a
direção do seu gradiente máximo, sendo o comprimento da linha proporcional à
correlação da variável com os eixos. Para facilitar a compreensão, o gráfico de
17
ordenações foi separado em dois diagramas, um com a ordenação das variáveis
ambientais e outro com a dos pontos de coleta (controle, tanques-rede e efluente).
Análises de variância foram realizadas para verificar se existiam diferenças
dos 3 pontos de coletas em relação às “proporções” de sedimentos encontrados (ou
acumulados) (nível de significância de 5%). Análises de variância também foram
realizadas para verificar se existiam diferenças dos valores de sedimento ao longo
do tempo (Banzato & Kronka, 1995).
Uma Análise de Componentes Principais (PCA) também foi empregada para
ordenar os pontos de coleta em função das proporções de sedimento que
possivelmente possam ter influenciado na qualidade da água dos pontos de coleta.
18
4. RESULTADOS
4.1 Parâmetros de qualidade da água
De uma maneira geral, os parâmetros de qualidade de água como a
temperatura, pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, dióxido de carbono,
sólidos totais dissolvidos (STD), amônia, nitrato, nitrito, fósforo, clorofila A, dureza,
alcalinidade, demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de
oxigênio (DQO) apresentaram variações entre os pontos de amostragens e os
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) (Tabela 2). A seguir
estão representadas as variações nos diferentes parâmetros físicos e químicos da
água na superfície e fundo da barragem nos três pontos distintos: controle
(montante), tanques-rede (local da criação) e efluente (jusante).
4.1.1 Variáveis físicas e químicas da água
Temperatura da água
A temperatura da água apresentou variação ao longo do estudo. Na superfície
da água foram encontrados valores entre 28,4 a 31,2
o
C e no fundo estes valores
oscilaram entre 27,7 a 30,0
o
C. No entanto, não houve diferença significativa da
temperatura entre a superfície e o fundo, ao longo do estudo (F=1,191; p=0,3201).
Na superfície, as temperaturas mais elevadas foram encontradas entre os
tanques-rede durante o período de estiagem de agosto a outubro com médias de
31,2 e 30,6
o
C, respectivamente. Os pontos controle e efluente apresentaram valores
de temperatura muito semelhantes, sendo encontradas médias mais baixas
principalmente no mês de agosto (início da estiagem), contudo, não foram
verificadas diferenças significativas entre os três pontos ao longo do estudo
(F=1,285; p=0,300) (Figura 7A).
No fundo da barragem, os valores médios de temperatura da água
encontrados no ponto controle foram ligeiramente mais baixos, quando comparados
aos pontos tanques-rede e efluentes (Figura 7B). Análises de variância (ANOVA)
revelaram haverem diferenças significativas entre os pontos ao longo do estudo
(F=4,82; p=0,020).
19
Figura 7. Valores médios da temperatura nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
pH (Potencial Hidrogeniônico)
O pH da água apresentou um aumento gradativo em todos os pontos ao
longo do estudo. Na superfície da água foram encontrados valores entre 4,9 e 8,6 e,
no fundo, estes valores oscilaram entre 4,7 e 7,9. Análises de variância revelaram
não haverem diferenças significativas do pH da água entre a superfície e o fundo ao
longo do estudo (F=0,344; p=0,884).
Na superfície, os valores mais baixos de pH (4,9 a 5,4) foram encontrados no
início do peodo chuvoso (maio) em todos os pontos de coleta. Estes valores
apresentaram pouca variação até o fim de julho, término do período chuvoso. A
partir do início da estiagem (agosto), os pontos tanques-rede e efluente
apresentaram valores médios de pH mais elevados (6,8 a 8,3), permanecendo
próximos a pH 8,6 no término do estudo (Figura 8A). Análises de variância revelaram
haverem diferenças altamente significativas entre os três pontos ao longo do estudo
(F=20,43; p<0,001).
No fundo, os valores médios de pH oscilaram similarmente aos valores da
superfície, sendo encontrados valores mais elevados nos pontos tanques-rede e
efluentes (7,4 a 7,9) no final do período de estiagem (Figura 8B). As análises de
variância revelaram haverem diferenças significativas entre os pontos ao longo do
estudo (F=29,55; p<0,001).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
27
28
29
30
31
32
Temperatura (
o
C)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
27
28
29
30
31
32
Temperatura (
o
C)
A
B
20
Figura 8. Valores médios de pH nos pontos controle, tanques-rede e efluentes na
superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Condutividade Elétrica (µS/cm)
A condutividade elétrica da água apresentou relativamente pouca variação,
sendo encontrado um aumento dos valores médios apenas no final do período de
estudo. Na superfície da água a condutividade elétrica oscilou entre 7,3 e 12,8
µS/cm e, no fundo, os valores oscilaram entre 7,9 a 15,2 µS/cm. Análises de
variância revelaram não haverem diferenças significativas da condutividade entre a
superfície e o fundo da barragem (F=0,69; p=0,635).
Na superfície, os valores de condutividade oscilaram pouco entre os pontos
de coleta durante o período chuvoso (maio a julho) (7,4 a 8,7 µS/cm), assim como
no início do período de estiagem (agosto e setembro) (6,7 a 8,6 µS/cm). Somente no
final do estudo (outubro) a condutividade elevou-se, sendo encontrados os maiores
valores nos pontos efluente e tanques-rede (9,0 a 12,8 µS/cm respectivamente)
(figura 9A). Análises de variância revelaram haverem diferenças significativas entre
os três pontos de amostragem ao longo do estudo (F=4,26; p=0,03).
No fundo, os valores médios de condutividade apresentaram grandes
oscilações, principalmente no ponto efluente, onde valores superiores a 15 µS/cm
foram encontrados no início do estudo (maio), decrescendo nos meses
subseqüentes (junho a agosto), voltando a crescer nos meses de estiagem
(setembro e outubro) (Figura 9B). Análises de variância revelaram haverem
diferenças significativas entre os pontos ao longo do estudo (F=7,41; p=0,004).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
3
4
5
6
7
8
9
pH
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
3
4
5
6
7
8
9
pH
A
B
21
Figura 9. Valores médios da condutividade elétrica nos pontos controle, tanques-
rede e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Oxigênio Dissolvido (OD)
O oxigênio dissolvido apresentou grandes variações em todos os pontos de
coleta ao longo do estudo. Na superfície da água foram encontrados valores entre
4,2 a 8,0 mg/L e no fundo estes valores oscilaram entre 0,1 a 5,9 mg/L. Apesar da
grande variação, as análises de variância revelaram não haverem diferenças
significativas do oxigênio entre a superfície e o fundo da barragem (F=1,05;
p=0,394).
Na superfície, os maiores teores de oxigênio dissolvido (8,0 a 8,3 mg/L) foram
encontrados no ponto efluente, durante o período de estiagem (agosto e outubro). O
ponto controle apresentou grandes variações nos níveis de oxigênio, com teores
geralmente inferiores aos pontos tanques-rede e efluentes (Figura 10A). Análises de
variância revelaram haverem diferenças significativas entre os três pontos ao longo
do estudo (F=4,05; p<0,035).
No fundo, os pontos controle e tanques-rede apresentaram variações nos
teores de oxigênio muito semelhantes, sendo encontradas médias mais baixas
principalmente nos meses de junho e julho (fim do peodo chuvoso). o ponto
efluente apresentou teores de oxigênio geralmente inferiores aos pontos tanques-
rede e controle (Figura 10B), contudo, não foram verificadas diferenças significativas
entre os três pontos ao longo do estudo (F=3,016; p=0,074).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Condutividade S/cm)
A
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Condutividade (µS/cm)
B
22
Figura 10. Valores médios de oxigênio dissolvido nos pontos controle, tanques-rede
e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Dióxido de Carbono (CO
2
)
O dióxido de carbono apresentou grandes variações em todos os pontos ao
longo do estudo. Na superfície da água, o CO
2
oscilou entre 5 a 24,5 mg/L, no fundo,
os valores oscilaram entre 10 a 34 mg/L. Análises de variância revelaram não
haverem diferenças significativas do dióxido de carbono entre a superfície e o fundo
da barragem (F=0,78; p=0,562).
Na superfície, os valores de dióxido de carbono oscilaram inversamente entre
os pontos controle e efluente. O ponto controle apresentou um decréscimo de CO
2
ao longo do estudo, sendo encontrados valores mais elevados nos meses de maio a
julho (20 e 24,5 mg/L respectivamente), correspondente ao período de chuvoso. Já o
ponto efluente apresentou valores de CO
2
muito baixos no período chuvoso (5 a 10
mg/L) e um aumento no período de estiagem (17,5 a 23,2 mg/L) (Figura 11A).
Contudo, as análises de variância revelaram não haverem diferenças significativas
entre os três pontos de amostragem ao longo do estudo (F=2,85; p=0,083).
no fundo, os valores médios de CO
2
oscilaram bastante, principalmente no
ponto controle, onde foram encontrados valores superiores a 31,0 mg/L no período
de estiagem (maio a julho), decrescendo nos meses de estiagem (agosto a outubro).
Os pontos tanques-rede e efluentes apresentaram baixa variação, e foram,
geralmente, inferiores ao ponto controle (Figura 11B). Análises de variância
revelaram haverem diferenças significativas entre os pontos ao longo do estudo
(F=17,21; p<0,001).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
O
2
(mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
O
2
(mg/L)
A
B
23
Figura 11. Valores médios de dióxido de carbono nos pontos controle, tanques-rede
e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Sólidos Totais Dissolvidos (STD)
Os sólidos totais dissolvidos também apresentaram grandes variações em
todos os pontos ao longo do estudo. Na superfície da água foram encontrados
valores de STD entre 0,001 a 0,027 mg/L e, no fundo, estes valores oscilaram entre
0,009 a 0,023 mg/L. Apesar da grande variação, as análises de variância revelaram
não haverem diferenças significativas do STD entre a superfície e o fundo ao longo
do estudo (F=0,321; p=0,898).
Na superfície, os valores mais altos de STD (0,022 e 0,027 mg/L) foram
encontrados nos pontos tanques-rede e efluentes, no início do período chuvoso
(maio), posteriormente, esses valores caíram bruscamente até o final do estudo,
onde apresentaram médias em torno de 0,008 mg/L. o ponto controle apresentou
valores médios de STD (0,003 mg/L) geralmente inferiores aos encontrados nos
outros dois pontos, sendo verificado um aumento gradativo no início do período de
estiagem (agosto e setembro) (0,009 mg/L), voltando a cair em outubro, final do
estudo (Figura 12A). Apesar da grande variação, as análises de variância revelaram
não haverem diferenças significativas entre os três pontos ao longo do estudo
(F=2,61; p<0,101).
No fundo, os valores médios de STD oscilaram semelhantemente aos valores
da superfície, no entanto, o ponto tanques-rede apresentou os maiores valores
médio de STD em todos os meses de estudo (Figura 12B). As análises de variância
revelaram não haverem diferenças significativas entre os pontos de coleta ao longo
do estudo (F=3,29; p<0,06).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
CO
2
(mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
CO
2
(mg/L)
B
A
24
Figura 12. Valores médios dos Sólidos Totais Dissolvidos (STD) nos pontos controle,
tanques-rede e efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B)
correspondente aos períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro)
de 2007.
4.1.2 Variáveis indicadoras de eutrofização
Amônia Total (NH
3
+ NH
4
+
)
A amônia apresentou grande variação em todos os pontos ao longo do
estudo. Na superfície da água foram encontrados valores entre 0,01 a 2,40 mg/L e
no fundo estes valores oscilaram entre 0,03 a 2,11 mg/L. Análises de variância
revelaram haverem diferenças significativas dos valores médios da amônia total
entre a superfície e o fundo da barragem (F=2,81; p=0,021).
Na superfície, os valores mais altos de amônia foram encontrados no início do
período chuvoso (maio), em todos os pontos de coleta (1,8 a 2,4 mg/L).
Posteriormente, houve uma queda gradativa até julho (fim do período chuvoso) onde
os valores de amônia ficaram próximos a zero (0,01 a 0,10 mg/L). A partir de agosto
(início da estiagem) houve um aumento desses valores (0,5 a 1,0 mg/L) que
permaneceram até o final do estudo. O ponto controle geralmente apresentou
valores dios de amônia ligeiramente mais baixos, do que os outros dois pontos
(tanques-rede e efluente). Análises de variância revelaram haverem diferenças
significativas entre os três pontos ao longo do estudo (F=3,90; p<0,039) (Figura
13A).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
0,030
STD (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
0,030
STD (mg/L)
A
B
25
No fundo, os valores médios de amônia apresentaram oscilações
semelhantes aos valores da superfície, sendo encontrados os valores mais altos no
início do período chuvoso, em todos os pontos de coleta (1,7 a 2,1 mg/L) (Figura
13B). Contudo, não foram verificadas grandes variações entre os pontos de coleta.
As análises de variância revelaram não haverem diferenças significativas entre os
pontos ao longo do estudo (F=0,69; p<0,512).
Figura 13. Valores médios de amônia nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Nitrito (NO
2
)
O nitrito apresentou grandes variações em todos os pontos de coleta ao logo
do estudo. Na superfície da água foram encontrados valores médios entre 0,0 a
0,018 mg/L e, no fundo, estes valores oscilaram entre 0,0 a 0,017 mg/L. Análises de
variância revelaram não haverem diferenças significativas dos valores médios do
nitrito entre a superfície e o fundo ao longo do estudo (F=0,10; p=0,990).
Na superfície, os maiores valores médios de nitrito (0,012 a 0,017 mg/L)
foram encontrados no ponto efluente, durante o período de estiagem (setembro e
outubro). Contudo, ao longo do estudo os três pontos (controle, tanques-rede e
efluente) apresentaram valores de nitrito muito próximos, havendo diferenciação
apenas no mês de outubro, final do estudo (Figura 14A). Análises de variância
revelaram não haverem diferenças significativas entre os três pontos ao longo do
estudo (F=0,91; p=0,419).
No fundo, os pontos tanques-rede e efluentes apresentaram variações nos
valores médios de nitrito semelhantes, cujas médias mais elevadas foram
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
2,1
2,4
2,7
3,0
Amônia Total (mg/L)
B
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
2,1
2,4
2,7
3,0
Amônia Total (mg/L)
A
26
detectadas no período de estiagem (agosto e outubro). Para o ponto controle, com
exceção do s de julho, todos os valores médios de nitrito foram abaixo daqueles
verificados para os pontos tanques-rede e efluentes (Figura 14B). Contudo, não
foram verificadas diferenças significativas entre os pontos ao longo do estudo
(F=1,21; p=0,318).
Figura 14. Valores médios de nitrito nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Nitrato (NO
3
)
O nitrato também apresentou grandes variações em todos os pontos ao longo
do estudo. Na superfície da água foram encontrados valores entre 0,023 a 0,078
mg/L e no fundo estes valores oscilaram entre 0,015 a 0,084 mg/L. Análises de
variância revelaram não haverem diferenças significativas dos valores médios do
nitrato entre a superfície e o fundo ao longo do estudo (F=1,09; p=0,350).
Na superfície, os valores mais baixos de nitrato (0,025 a 0,032 mg/L) foram
encontrados no início do período chuvoso (maio) em todos os pontos de coleta.
Estes valores apresentaram pouca variação até o fim de julho, término do período
chuvoso. A partir de setembro, o ponto efluente apresentou valores médios de
nitrato mais elevados (0,07 mg/L), o ponto tanques-rede apresentou valores
elevados apenas no final do estudo (NO
3
= 0,08 mg/L). o ponto controle
apresentou pouca variação, permanecendo com valores próximos a 0,02 mg/L no
final do estudo (Figura 15A). Análises de variância revelaram não haverem
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,000
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,007
0,008
0,009
0,010
0,011
0,012
0,013
0,014
0,015
0,016
0,017
0,018
0,019
0,020
Nitrito (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,000
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,007
0,008
0,009
0,010
0,011
0,012
0,013
0,014
0,015
0,016
0,017
0,018
0,019
0,020
Nitrito (mg/L)
A
B
27
diferenças significativas entre os três pontos ao longo do estudo (F=2,54; p=0,106).
No fundo, os valores dios de nitrato encontrados a montante da barragem
(correspondente ao ponto controle) foram ligeiramente mais baixos, quando
comparados com os pontos outros dois pontos, os pontos efluente e tanques-rede,
apartir de julho (fim do período chuvoso) e início da estiagem apresentaram valores
mais elevados (Figura 15B). As análises de variância revelaram haverem diferenças
significativas entre os pontos ao longo do estudo (F=5,55; p=0,013).
Figura 15. Valores médios de nitrato nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Fósforo Total (PT)
O fósforo total apresentou grande variação em todos os pontos de coleta ao
logo do estudo. Na superfície da água foram encontrados valores médios entre 0,01
a 0,35 mg/L e no fundo estes valores oscilaram entre 0,03 a 0,37 mg/L. Análises de
variância revelaram haverem diferenças altamente significativa dos valores médios
de fósforo entre a superfície e o fundo ao longo do estudo (F=16; p=0,001).
Na superfície, os valores mais altos de fósforo (0,25 a 0,35 mg/L) foram
encontrados nos pontos tanques-rede e efluente, no início do período chuvoso
(maio), posteriormente, esses valores caíram bruscamente até julho (final do período
chuvoso). No início da estiagem (agosto) os valores de fósforo no ponto tanques-
rede voltaram a subir, onde permaneceram com valores médios mais alto até
setembro. O ponto controle apresentou pouca variação dos valores de fósforo
(média 0,03 mg/L), permanecendo com valores ligeiramente inferiores quando
comparado aos outros dois pontos (Figura 16A). Análises de variância revelaram
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,10
Nitrato (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,10
Nitrato (mg/L)
A
B
28
haverem diferenças significativas entre os três pontos ao longo do estudo (F=13;
p=0,001).
No fundo, os valores médios de sforo encontrados no ponto controle
mantiveram-se praticamente constantes daqueles obtidos na superfície da água dos
diferentes pontos de coleta (Figura 16B). Da mesma forma como observada para as
amostras coletadas na superfície, os valores de fósforo encontrados no fundo foram
maiores no início do estudo, diminuindo bruscamente até julho, onde permaneceram
próximos a 0,05 mg/L até o final do estudo (Figura 16B). Análises de variância
(ANOVA) revelaram haverem diferenças significativas entre os pontos ao longo do
estudo (F=5,1; p=0,017).
Figura 16. Valores médios de fósforo total nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
A clorofila A apresentou grande variação em todos os pontos de coleta ao
logo do estudo. Na superfície da água, foram encontrados valores médios entre 21 e
833 µg/L e, no fundo, estes valores oscilaram entre 64 e 909 µg/L. Análises de
variância revelaram não haverem diferenças significativas dos valores médios de
clorofila A entre a superfície e o fundo ao longo do estudo (F=0,69; p=0,627).
Na superfície, os valores mais altos de clorofila A foram observados nos
pontos tanques-rede e efluentes no início do período chuvoso (maio), (725 a 833
µg/L), decrescendo nos meses subseqüentes (junho e julho). No início da estiagem
(agosto), observou-se um aumento nos valores e, posteriormente, uma queda
gradativa até o final do estudo, onde os valores de clorofila A ficaram próximos a 160
µg/L. Os valores médios de clorofila A para o ponto controle foram sempre inferiores
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Fosforo Total (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Fosforo Total (mg/L)
A
B
29
aos dos demais pontos em todos os meses (Figura 17B). Análises de variância
revelaram haverem diferenças altamente significativas entre os três pontos ao longo
do estudo (F=46; p=0,001).
No fundo, os valores de clorofila A apresentaram comportamento
semelhantes àqueles obtidos para os pontos tanques-rede e efluentes na superfície,
cujos valores foram muito superiores quando relacionados ao ponto controle ao
longo do estudo (Figura 17B). Análises de variância (ANOVA) revelaram haverem
diferenças significativas entre os pontos ao longo do estudo (F=30; p=0,001).
Figura 17. Valores médios de clorofila A nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
A DBO apresentou variação ao longo do estudo. Na superfície da água foram
encontrados valores entre 2,3 e 4,2 mg/L e no fundo estes valores variaram entre 1,4
e 4,6 mg/L. No entanto, não houve diferença significativa dos valores médios de
DBO entre a superfície e o fundo ao longo do estudo (F=1,2; p=0,284).
Na superfície, os valores mais altos de DBO foram encontrados no período de
estiagem (setembro e outubro), em todos os pontos de coleta, (3,9 a 4,2 mg/L); os
pontos tanques-rede e efluentes apresentaram valores de DBO muito semelhantes,
sendo encontradas médias mais baixas principalmente no mês de agosto (início da
estiagem). O ponto controle geralmente apresentou valores médios de DBO
ligeiramente mais baixos, no período chuvoso (maio a julho) do que os demais
pontos (Figura 18A), contudo, não foram observadas diferenças significativas entre
os pontos ao longo do estudo (F=2,3; p=0,128).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Clorofila A (µg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Clorofila A (µg/L)
A
B
30
No fundo, os valores médios de DBO apresentaram um comportamento
semelhante àqueles da superfície até o último mês de cheia (julho), quando
ocorreram grandes oscilações, cujo valor mais elevado (4,6 µS/cm) foi obtido no
ponto controle, no início da estiagem (agosto). Entretanto, no período chuvoso as
maiores médias foram encontradas nos efluentes (3,2 a 4,1 mg/L) (Figura 18b). As
análises de variância revelaram não haverem diferenças significativas entre os
pontos de coletas ao longo do estudo (F=2,4; p=0,111).
Figura 18. Valores médios da DBO nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Demanda química de oxigênio (DQO)
A DQO apresentou variação ao longo do estudo. Na superfície da água, foram
encontrados valores entre 6,5 e 97 mg/L e no fundo estes valores variaram entre 10
e 68 mg/L. Análises de variância revelaram não haverem diferenças significativas
dos valores médios de DQO entre a superfície e o fundo da barragem (F=0,68;
p=0,633).
Na superfície, os valores mais altos de DBO foram encontrados nos efluentes
durante o período de estiagem (agosto a outubro) com médias de 65,6 a 97 mg/L. Já
o ponto controle apresentou valores médios de DQO bem inferiores aos encontrados
nos demais pontos em ambos os períodos (chuvoso e estiagem) (Figura 19A).
Análises de variância revelaram haverem diferenças altamente significativas entre os
três pontos ao longo do estudo (F=34; p=0,001).
No fundo, a DQO nos pontos tanques-rede e efluentes apresentaram valores
médios semelhantes, cujas médias variaram entre 45 e 68 mg/L ao longo do estudo.
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
DBO (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
DBO (mg/L)
A
B
31
No ponto controle, os valores médios foram inferiores quando comparados aos
demais pontos, se igualando aos outros dois pontos somente no final do estudo
(Figura 19B). Análises de variância (ANOVA) revelaram haverem diferenças
significativas entre os pontos de coletas ao longo do estudo (F=41; p=0,001).
Figura 19. - Valores médios da DQO nos pontos controle, tanques-rede e efluentes
na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos chuvoso
(maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Alcalinidade Total
A alcalinidade total da água apresentou variação, ao longo do estudo. Na
superfície da água foram encontrados valores entre 3,3 e 4,4 mg/L e no fundo estes
valores variaram entre 2,9 e 4,4 mg/L. Análises de variância revelaram haverem
diferenças altamente significativa dos valores médios de alcalinidade entre a
superfície e o fundo ao longo do estudo (F=6,10; p=0,001).
Na superfície, os valores mais elevados de alcalinidade foram encontrados no
ponto efluente, durante o mês de junho (4,4 mg/L). Já o ponto tanques-rede
apresentou valores médios de alcalinidade inferiores aos encontrados nos demais
pontos (Figura 20A). Entretanto, as análises de variância (ANOVA) revelaram o
haverem diferenças significativas entre os três pontos ao longo do estudo (F=0,48;
p=0,624).
No fundo, os maiores valores de alcalinidade (4,1 a 4,4 mg/L) foram
encontrados nos pontos tanques-rede e efluentes, durante o período chuvoso. O
ponto controle apresentou médias mais baixas principalmente nos meses de
setembro a outubro (fim do período de estiagem), (Figura 20B). As análises de
variância revelaram não haverem diferenças significativas entre os pontos de coletas
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
20
40
60
80
100
120
DQO (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
20
40
60
80
100
120
DQO (mg/L)
A
B
32
ao longo do estudo (F=0,70; p=0,505).
Figura 20. Valores médios de alcalinidade total nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Dureza Total
A dureza total também apresentou variação ao longo do estudo. Na superfície
da água foram encontrados valores entre 0 e 2 mg/L e no fundo estes valores
variaram entre 0 e 1,6 mg/L. Análises de variância revelaram haverem diferenças
significativas dos valores médios de dureza entre a superfície e o fundo ao longo do
estudo (F=205; p=0,001).
Na superfície, os valores mais elevados de dureza foram encontrados nos
meses de maio e junho (período chuvoso) em todos os pontos de coleta.
Posteriormente, houve uma queda brusca em julho (fim do período chuvoso), onde
não foi detectado presença de dureza na água da superfície da barragem até o final
do estudo (Figura 21A). Análises de variância revelaram haverem diferenças
altamente significativas entre os três pontos ao longo do estudo (F=12; p=0,001).
No fundo, os valores médios de dureza apresentaram comportamento
semelhante aos valores da superfície, sendo verificado os maiores valores no início
do período chuvoso (maio e junho) em todos os pontos de coleta. Uma queda
brusca no mês de julho (fim do período chuvoso) também foi verificado em todos os
pontos amostrais, cujos valores de alcalinidade foram zero até o final do estudo
(Figura 21A). A ANOVA revelou não haverem diferenças significativas entre os três
pontos ao longo do estudo (F=1; p=0,387).
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
4,6
Alcalinidade Total (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
4,6
Alcalinidade Total (mg/L)
A
B
33
Figura 21. Valores médios da dureza total nos pontos controle, tanques-rede e
efluentes na superfície (A) e no fundo da barragem (B) correspondente aos períodos
chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
Dureza Total (mg/L)
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
Dureza Total (mg/L)
A
B
34
Tabela 2. Valores médios dos parâmetros físicos e químicos da água determinados nos três pontos de coletas (controle,
tanques-rede e efluentes) durantes os meses de estudo (maio a outubro de 2007).
As abreviaturas na Tabela 2 referem-se: T=Temperatura da água (
o
C), pH=Potencial Hidrogeniônico, COD=Condutividade Elétrica (µS/cm), O
2=
Oxigênio Dissolvido (mg/L), CO
2
=Dióxido de Carbono (mg/L), STD=Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L), NH
3
+NH
4
=Amônia total (mg/L),
NO
3
=nitrito (mg/L), NO
2
=nitrato (mg/L), CloA=Clorofila A g/L), P=Fósforo Total (mg/L), AT=Alcalinidade total (mg/L), DT= Dureza total (mg/L),
DBO=Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/L), DQO=Demanda Química de Oxigênio (mg/L).
jkhkhjkh
Meses
T
pH
COD
O
2
CO
2
STD
NH
3
+NH
4
NO
3
NO
2
CloA
P
AT
DT
DBO
DQO
Maio
Controle
29,7
4,9
8,8
4,1
20,0
0,003
2,01
0,025
0,007
129,9
0,04
3,58
1,00
2,36
24,88
Maio
Tanques
-
rede
30,1
5,3
7,9
7,3
10,0
0,023
1,81
0,03
2
0,010
725,5
0,35
3,91
1,50
4,06
59,63
Maio
Efluentes
29,9
5,5 7,9 6,6 5,0 0,027
2,39
0,029
0,010
833,8
0,26
3,58
1,50
4,23
40,80
Junho Controle
29,3
6,4 6,9 6,8 24,5
0,003
0,63
0,046
0,004
257,6
0,10
3,80
1,00
3,12 6,53
Junho Tanques-rede
29,4
5,3 7,4 6,3 17,5
0,007
0,82
0,031
0,005
617,3
0,19
3,58
2,13
3,43
51,40
Junho Efluentes
28,8
4,9 7,6 4,8 10,0
0,009
1,06
0,041
0,004
552,3
0,07
4,40
1,68
3,64
60,92
Julho
Controle
30,5
5,1 8,1 5,5 20,0
0,002
0,07
0,023
0,000
65,0 0,01
3,85
0,00
2,71
25,15
Julho
Tanques
-
rede
30,5
5,0
7,8
5,9
15,0
0,006
0,02
0,039
0,003
596,5
0,06
3,58
0,00
3,67
67,60
Julho
Efluentes
30,2
6,5 8,1 6,4 10,0
0,006
0,11
0,
043
0,003
433,2
0,06
3,74
0,00
4,13
65,65
Agosto
Controle
29,2
5,2 8,6 4,3 16,8
0,006
0,70
0,030
0,012
54,1 0,03
3,44
0,00
2,57
25,15
Agosto
Tanques-rede
31,2
6,8 7,4 7,0 10,0
0,009
1,04
0,041
0,011
660,6
0,09
3,30
0,00
1,99
67,60
Agosto
Efluentes
29,0
8,3 6,7 8,3 20,3
0,006
1,18
0,027
0,009
758,0
0,05
3,35
0,00
2,45
65,65
Setembro
Controle
30,0
5,5 7,4 5,5 12,8
0,011
0,36
0,039
0,008
66,5 0,07
3,30
0,00
4,20
43,13
Setembro
Tanques-rede
30,2
6,1 8,0 4,7 13,5
0,008
0,50
0,035
0,009
476,5
0,16
3,03
0,00
3,99
52,50
Setembro
Efluentes
30,1
7,5 7,8 4,6 23,3
0,005
0,81
0,068
0,012
364,0
0,09
3,30
0,00
3,79
97,50
Outubro Controle
29,5
7,2 9,0 6,1 12,5
0,001
0,78
0,025
0,004
21,8 0,04
3,44
0,00
3,93
21,25
Outubro
Tanques
-
rede
30,7
8,3
9,8
7,3
10,0
0,006
0,60
0,078
0,016
130,0
0,08
3,30
0,00
3,90
87,50
Outubro Efluentes
30,3
8,6
12,8
8,0 17,5
0,012
0,71
0,067
0,017
171,1
0,07
3,40
0,00
4,10
91,00
35
4.2 Avaliação da qualidade da água através da Análise de Componentes
Principais (PCA).
Uma análise de componentes principais foi empregada para caracterizar os
pontos de amostragens através da evolução dos parâmetros de qualidade da água
estudados. A PCA representou uma configuração dos pontos de coleta em um
gráfico, com 15 descritores (variáveis) em estudo. Estes descritores foram usados
para descrever ou quantificar os objetos (pontos de coletas) no decorrer do período
de estudo.
Para os três pontos de amostragens caracterizados neste estudo, o emprego
da análise de componentes principais aos resultados obtidos no período monitorado,
demonstrou que as componentes principais (PC 1 e PC 2) explicaram 54,1% da
variância do conjunto de dados. As amostras relativas ao ponto “controle” (uma
barragem sem peixes, a montante dos locais onde ficavam os tanques-rede)
agruparam-se, devido à menor influência da maioria dos parâmetros analisados, os
quais se destacam Fósforo, STD, Amônia e Clorofila A, indicando que este local
(controle) recebe pouca interferência de atividades antrópicas definidas por estes
parâmetros.
As amostras realizadas nos pontos Tanques-rede (barragem principal onde
ficavam os peixes, acondicionados em tanques-rede) e efluentes (saída d’água a
jusante da barragem) encontram-se dispersas no espaço bidimensional do diagrama
da PCA.
As amostras TR
Mai
e EF
Mai
que representam as análises realizadas no mês de
maio nos pontos Tanques-rede e Efluente, destacam-se pela maior influência de
STD, Fósforo, Clorofila A e Amônia (representados na PC2), sendo estas variáveis
as de maior correlação com estes pontos no mês de maio (Figura 22, Tabela 3). Na
tabela 2, observa-se que estes quatro parâmetros apresentaram os maiores valores
obtidos para todo o período de estudo, durante o mês de maio, o que contribuiu para
o isolamento desses pontos no espaço bidimensional.
O componente principal 1 (PC1) também mostra as variações diretas dos
parâmetros pH, Condutividade, NO
3
, Temperatura, NO
2
e DQO. Essas seis variáveis
juntas foram às principais responsáveis pela segregação dos pontos tanques-rede e
efluentes no mês de outubro (TR
Out
e EF
Out
). No mês de outubro as águas dos
pontos tanques-rede e efluentes caracterizaram-se por apresentar maior
36
Condutividade, pH, nitrito, nitrato e DQO do que o ponto controle durante todos os
meses de estudo. (Figura 22, Tabela 3).
Em geral, ao avaliar a dispersão das PC1 e PC2 dos locais estudados
(Controle, Tanques-rede e Efluentes) pode se observar que o ponto controle sofreu
pouca influência dos parâmetros analisados (exceção apenas para o dióxido de
carbono CO
2
, que em média apresentou maiores valores no ponto controle) e que os
pontos tanques-rede e efluentes apresentaram alterações na qualidade da água,
indicados pela correlação dessas variáveis com os respectivos pontos ao longo dos
eixos 1 e 2 da PCA (Figura 22, Tabela 3).
37
Figura 22- Diagrama da Análise de Componentes Principais (PC1 e PC2) mostrando
as projeções das variáveis da qualidade da água (1) e as ordenações dos pontos de
coletas (controle, tanque rede e efluentes) ao longo do período de estudo (2).
As linhas pontilhadas do diagrama (1) representam os autovetores: As abreviaturas na Tabela 2
referem-se: T=Temperatura da água (
o
C), pH=Potencial Hidrogeniônico, COD=Condutividade Elétrica
S/cm), O
2=
Oxigênio Dissolvido (mg/L), CO
2
=Dióxido de Carbono (mg/L), STD=Sólidos Totais
Dissolvidos (mg/L), NH
3
+NH
4
=Amônia total (mg/L), NO
3
=nitrito (mg/L), NO
2
=nitrato (mg/L),
CloA=Clorofila A (µg/L), P=Fósforo Total (mg/L), AT=Alcalinidade total (mg/L), DT= Dureza total
(mg/L), DBO=Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/L), DQO=Demanda Química de Oxigênio
(mg/L).
O diagrama (2) representa os pontos de coleta CO=controle, TR=tanques-rede e EF=
efluentes durantes o período de estudo (maio a agosto).
CO
Mai
TR
Mai
EF
Mai
CO
Jun
TR
Jun
EF
Jun
CO
Jul
TR
Jul
EF
Jul
CO
Ago
TR
Ago
EF
Ago
CO
Set
TR
Set
EF
Set
CO
Out
TR
Out
EF
Out
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Factor 1: 28,36%
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Factor 2: 25,76%
(1)
(2)
T
pH
COD
O
2
CO
2
STD
NH
3
+ NH
4
NO
3
NO
2
CloA
P
AT
DT
DBO
DQO
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0
Factor 1 : 28,36%
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Factor 2 : 16,70%
(1)
38
Tabela 3- Autovetores dos 15 parâmetros de qualidade da água analisados, para
os dois primeiros componentes principais (PC 1 e PC2), suas respectivas
porcentagens de variância e seus autovalores.
Parâmetros
PC1
PC2
Temperatura
(T)
-0,496550 -0,197191
pH
-0,810493 -0,150135
Condutividade (COD)
-0,626338 -0,144975
Oxigênio dissolvido (O
2
)
-0,309382 -0,488832
Dióxido de carbono (CO
2
)
-0,110321 0,615897
Sólidos Totais Dissolvidos (STD)
0,230843 -0,898308
Amônia total (NH
3
+NH
4
)
0,414299 -0,573233
Nitrito (NO
3
)
-0,775848 -0,230648
Nitrato (NO
2
)
-0,663098 -0,495341
Clorofila A (CloA)
0,360404 -0,650504
Fosforo (P)
0,350597 -0,822079
Alcalinidade (A
T)
0,613342 -0,011835
Dureza (DT)
0,725590 -0,416653
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
-0,161201 -0,485304
Demanda Quimica de Oxigênio (DQO)
-0,633702 -0,469890
Variância (%)
28,35
25,75
Variância (Acumulada)
54,11
Auto valor
4,253261
3,863867
39
4.3 Análises dos componentes do Sedimento
Igualmente aos parâmetros da qualidade da água, as análises dos
parâmetros do sedimento como o alumínio, lcio, carbono, fósforo, magnésio,
matéria orgânica, nitrogênio, pH e potássio também apresentaram variações entre
os pontos de amostragens e ao longo do estudo (Tabela 4). Uma descrição geral do
nível de variação de cada uma das variáveis analisadas no sedimento nos três
pontos de coleta (controle, tanques-rede e efluente) é apresentada a seguir.
Alumínio Cmolc/kg
O alumínio encontrado no sedimento do fundo apresentou grandes variações,
principalmente nos pontos tanques-rede e efluentes, contudo, não foram verificadas
diferenças significativas entre os pontos de coletas (F=2,51; P>0,109).
No ponto tanques-rede foram encontradas as maiores variações de alumínio.
No início do estudo (maio) os valores apresentaram-se abaixo de 0,2 Cmolc/kg,
posteriormente, ao longo do período chuvoso, os valores elevaram-se e atingiram
concentrações máximas no final deste período (julho) com valores superiores a 1,1
Cmolc/kg. No início do período de estiagem, houveram um decréscimo significativo,
retornando a 0,2 Cmolc/kg no final do estudo (setembro e outubro).
O ponto efluente variou semelhante ao ponto tanques-rede, no entanto, os
valores máximos encontrados também no final do período chuvoso (julho) atingiram
valores de 0,5 Cmolc/kg. no ponto controle, não houve grandes variações sendo
encontrados valores de concentrações médias de alumínio próximas a 0,4 Cmolc/kg
ao longo do estudo (Figura 23A).
Cálcio Cmolc/kg
O cálcio encontrado no substrato também apresentou grandes variações,
principalmente nos pontos tanques-rede e efluente. As análises de variância
revelaram haverem diferenças altamente significativas dos valores médios das
concentrações de cálcio entre os pontos de coleta (F=17,2; p<0,001).
Os valores mais altos de cálcio foram observados no ponto tanques-rede, no
final do período chuvoso (julho) (1,4 Cmolc/kg). Posteriormente, no início da
estiagem, decresceram e atingiram concentrações médias mais baixas em setembro
40
(0,6 Cmolc/kg), sendo esses valores semelhantes aos encontrados no início do
estudo (maio); em outubro (no final do estudo) as concentrações voltaram a crescer
e atingiram valores superiores a 1,3 Cmolc/kg.
No ponto efluente, as concentrações de cálcio aumentaram ao longo do
período chuvoso, atingindo valor máximo de 0,4 Cmolc/kg em julho, decrescendo no
período de estiagem, onde atingiram concentrações próximas a 0,2 Cmolc/kg no
final do estudo (outubro).
o ponto controle apresentou concentrações de cálcio inferiores a 0,1
Cmolc/kg ao longo de todo o estudo (Figura 23B).
Carbono g/kg
O carbono encontrado no sedimento do fundo apresentou grandes variações,
principalmente nos pontos tanques-rede e efluentes. Análises de variância (ANOVA)
revelaram diferenças altamente significativas dos valores médios das concentrações
de carbono entre os pontos de coletas (F=51,1; P<0,001).
As maiores variações de carbono foram encontradas no ponto tanques-rede.
No início do estudo (maio) os valores apresentaram-se abaixo de 15 g/kg;
posteriormente, ao longo do período chuvoso, os valores elevaram-se e atingiram
concentrações máximas no final deste período (julho) com valores superiores a 104
g/kg. Em seguida, no início do período de estiagem, houve um decréscimo
significativo, sendo que os valores das concentrações de carbono atingiram médias
mais baixas em agosto 15,7 g/kg; em setembro e outubro as concentrações voltaram
a crescer e atingiram valores de carbono entre 24 a 32 g/kg respectivamente.
O ponto efluente apresentou variações semelhantes ao ponto tanques-rede,
no entanto, os valores máximos encontrados, também no final do período chuvoso
(julho), atingiram valores máximos de 41,1 g/kg. Já no ponto controle, não houveram
grandes variações sendo encontrados valores de concentrações médias de carbono
próximas a 7 g/kg, decrescendo levemente ao longo do estudo (Figura 23C).
Fósforo mg/kg
O fósforo encontrado no sedimento apresentou grandes variações,
principalmente nos pontos tanques-rede e efluentes. Análises de variância revelaram
diferenças altamente significativas dos valores médios das concentrações de fósforo
41
entre os pontos de coletas (F=42,3; P<0,001).
No ponto tanques-rede as menores concentrações de fósforo (35 mg/kg)
foram observadas no início do estudo (maio),. Ao longo do período de estiagem, os
valores elevaram-se e atingiram concentrações máximas no final de outubro, com
valores superiores a 120 mg/kg. O ponto efluente variou de forma semelhante ao
ponto tanques-rede, no entanto, os valores ximos encontrados, também no final
do período de estiagem (outubro), atingiram valores máximos de 63,1 mg/kg. No
ponto controle, os valores dios de fósforo foram bem inferiores aos encontrados
nos demais pontos em ambos os períodos (chuvoso e estiagem), não ultrapassando
11 mg/kg (Figura 24A).
Magnésio Cmolc/kg
O magnésio encontrado no sedimento do fundo também apresentou grandes
variações principalmente nos pontos tanques-rede e efluentes, mas apesar da
grande variação, as análises de variância revelaram diferenças significativas dos
valores médios das concentrações de magnésio entre os pontos de coleta (F=5,9;
p<0,010).
Os valores mais altos de magnésio foram encontrados no ponto tanques-rede,
no final do peodo chuvoso (julho) (0,15 Cmolc/kg) que, posteriormente, no início da
estiagem, decresceram e atingiram concentrações médias mais baixas em setembro
(0,07 Cmolc/kg), sendo estes valores semelhantes aos encontrados no início do
estudo (maio); em outubro (no final do estudo) as concentrações cresceram
levemente e atingiram valores de 0,10 Cmolc/kg. No ponto efluente, as
concentrações de magnésio apresentaram variações semelhantes ao ponto
tanques-rede, atingindo valores máximos (0,14 Cmolc/kg) também no final do
período chuvoso (julho). no ponto controle, não houveram grandes variações,
sendo encontrados valores de concentrações médias de magnésio próximas a 0,03
Cmolc/kg, permanecendo ao longo do estudo com pouca variação (Figura 24B)
Matéria Orgânica g/kg
A matéria orgânica encontrada no sedimento apresentou grandes variações,
principalmente no ponto tanques-rede. As análises de variância (ANOVA) revelaram
haverem diferenças altamente significativas dos valores dios das concentrações
42
de matéria orgânica entre os pontos de coleta (F=26,4; p<0,001).
Os valores mais elevados de matéria orgânica foram observados no ponto
tanques-rede, no final do período chuvoso (julho) (140,4 g/kg) que, posteriormente,
no início da estiagem, decresceram e atingiram concentrações médias de 55,2 g/kg
em setembro, sendo os menores valores obtidos em outubro (27,1 g/kg), no final do
estudo.
No ponto efluente, as concentrações de matéria orgânica variaram de forma
similar ao ponto tanques-rede, porém, em proporções mais baixas, sendo os valores
máximos encontrados também no final do período chuvoso (julho), onde atingiram
valores de 40,6 g/kg. Já o ponto controle apresentou baixas concentrações de
matéria orgânica, principalmente no período de estiagem (agosto a outubro) onde os
valores ficaram entre 6,7 a 8,3 g/kg (Figura 24C).
Nitrogênio g/kg
O nitrogênio encontrado no sedimento também apresentou grandes
variações, principalmente nos pontos tanques-rede e efluentes. As análises de
variância revelaram haverem diferenças altamente significativas entre os pontos de
coletas (F=24; P<0,001).
Semelhante a outros elementos encontrados no sedimento, também no ponto
tanques-rede as variações de nitrogênio foram maiores no início do estudo (maio),
cujos valores apresentaram-se abaixo de 0,92 g/kg, ao longo do período chuvoso.
No final desse período (julho), as concentrações de nitrogênio elevaram-se e
atingiram valores superiores a 5,2 g/kg. Posteriormente, no início do período de
estiagem, houve um decréscimo significativo, sendo os valores médios de 1,6 g/kg
no final do estudo (setembro e outubro).
No ponto efluente, as concentrações de nitrogênio variaram de maneira
semelhante ao ponto tanques-rede, porém, em menores proporções, sendo os
valores máximos (2,5 g/kg) encontrados também no final do período chuvoso (julho).
no ponto controle, não houveram grandes variações, sendo encontrados valores
de concentrações médias de nitrogênio próximas a 0,4 g/kg ao longo do estudo
(Figura 24D).
43
pH
O pH encontrado no substrato do fundo da barragem apresentou grandes
variações principalmente nos pontos tanques-rede e efluentes, contudo, análises de
variância revelaram não haverem diferenças significativas dos valores médios de pH
entre os pontos de coleta (F=1,9; p>0,17).
O pH nos pontos efluente e tanques-rede apresentaram variações nas
concentrações muito semelhantes, sendo os valores médios mais altos observados
no início do estudo no mês de maio (5,21 a 5,28), sendo encontradas as médias
mais baixas, principalmente nos meses de julho (fim do período chuvoso) (4,6 e 4,7),
elevando-se novamente no decorrer do período de estiagem.
O ponto controle, apresentou valores de pH geralmente superiores aos pontos
tanques-rede e controle, que no final da estiagem apresentou valores de pH entre
5,3 e 5,4 (Figura 24 E).
Potássio Cmolc/kg
O potássio encontrado no sedimento também apresentou grandes variações,
principalmente no ponto efluente. Análises de variância (ANOVA) revelaram
haverem diferenças altamente significativas dos valores dios das concentrações
de potássio entre os três pontos de coletas ao longo do estudo (F=11,4; P<0,001).
No ponto efluente foram observadas as maiores variações de potássio; no
início do estudo (maio) os valores apresentaram-se abaixo (0,02 Cmolc/kg);
elevando-se posteriormente ao longo do período chuvoso, atingindo concentrações
máximas no final desse período (julho). Entretanto, os maiores valores de potássio
foram observados no início do peodo de estiagem (agosto), com médias acima de
0,06 Cmolc/kg, decrescendo nos meses subseqüentes (setembro e outubro).
No ponto tanques-rede não foram observadas grandes variações sendo
encontrados valores dios de potássio próximos a 0,03 Cmolc/kg ao longo do
estudo. No ponto controle os valores médios desse parâmetro foram inferiores aos
encontrados nos demais pontos (tanques-rede e efluentes) em ambos os períodos
(chuvoso e estiagem), com valores médios próximos a 0,01 Cmolc/kg ao longo do
estudo (Figura 24 F).
44
Figura 23. Valores médios de alumínio (A), cálcio (B) e carbono (C) presente no
sedimento, nos pontos controle, tanques-rede e efluente correspondente aos
períodos chuvoso (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Alumínio Cmolc/Kg
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
Cálcio Cmolc/Kg
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
20
40
60
80
100
120
Carbono g/Kg
B
C
A
45
Figura 24. Valores médios de fósforo (A), magnésio (B), matéria orgânica (C)
nitrogênio (D), pH (E) e potássio (F) presente no sedimento, nos pontos controle,
tanques-rede e efluente correspondente aos períodos chuvoso (maio a julho) e
estiagem (agosto a outubro) de 2007.
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Máteria Orgânica g/Kg
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Média
0
1
2
3
4
5
6
Nitrogênio g/Kg
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
4,5
4,6
4,7
4,8
4,9
5,0
5,1
5,2
5,3
5,4
5,5
pH
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
Potássio Cmolc/Kg
C
D
E
F
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0
20
40
60
80
100
120
140
Fósforo mg/Kg
Controle
Tanques-rede
Efluentes
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Meses
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
Magnésio Cmolc/Kg
A
B
46
Tabela 4. Valores médios dos parâmetros do sedimento medidos nos três pontos de
coletas (controle, tanques-rede e efluentes) durantes os meses de estudo, maio a
outubro de 2007.
As abreviaturas na tabela referem-se: Al= Alumínio Cmolc/kg; Ca= Cálcio Cmolc/kg; C= Carbono
g/kg; P= Fósforo mg/kg; Mg= Magnésio Cmolc/kg; MO= Matéria Orgânica g/kg; N= Nitrogênio g/kg;
pH= Potencial Hidrogeniônico; K= Potássio Cmolc/kg.
4.4 Avaliação dos parâmetros do sedimento através da Análise de
Componentes Principais (PCA).
Uma análise de componentes principais (PCA) também foi empregada para
caracterizar os pontos de amostragens através da evolução dos parâmetros do
sedimento de fundo estudado. Os componentes (PC1 e PC2) configuraram os
pontos de coleta em um diagrama, com 9 descritores (variáveis) em estudo. Estes
descritores também foram usados para descrever ou quantificar pontos de coletas
(objetos) no decorrer do período de estudo.
Os componentes principais (PC 1 e PC 2) explicaram mais de 83,5% da
variância do conjunto de dados analisados, sendo que o eixo 1 (PC1) explicou mais
de 66,8% da variância total e, mostra a variação direta do nitrogênio, carbono,
matéria orgânica e alumínio; assim como do magnésio, cálcio, fósforo e potássio;
além da variação inversa do pH com todos os outros parâmetros (Figura 25). Todos
esses parâmetros juntos foram os responsáveis pela segregação dos pontos de
coleta (principalmente o ponto controle) analisados no diagrama 2 (Figura 25).
Assim como nas análises da qualidade da água, utilizando PCA, as amostras
Mes
es
Pontos
Al
Ca
C
P
Mg
MO
N
pH
K
Maio Controle 0,43 0,06 10,46
13,03
0,04
17,99
0,63 5,03 0,01
Maio Tanques-rede 0,18 0,66 14,60
34,65
0,07
25,08
0,92 5,22 0,04
Maio Efluentes 0,23 0,17 12,07
22,26
0,05 7,09 0,76 5,28 0,02
Junho
Controle 0,40 0,06 8,02
13,95
0,03
20,66
0,45 5,08 0,01
Junho
Tanques-rede 0,68 1,08 71,74
35,73
0,12
55,98
1,47 4,91 0,04
Junho
Efluentes 0,38 0,24 14,54
25,07
0,10
32,60
1,04 5,07 0,04
Julho
Controle 0,40 0,06 8,94
13,95
0,03
20,72
0,69 5,08 0,01
Julho
Tanques-rede 1,15 1,38 104,89
40,94
0,15 140,41 5,02 4,60 0,03
Julho
Efluentes 0,53 0,46 41,13
35,22
0,14
40,64
2,55 4,71 0,05
Agosto Controle 0,40 0,08 4,83
13,38
0,05 6,75 0,22 5,10 0,02
Agosto Tanques-rede 0,68 1,19 15,79
50,10
0,12
55,21
2,11 4,86 0,04
Agosto Efluentes 0,43 0,38 9,92
43,36
0,13
15,87
0,73 4,81 0,06
Setembro
Controle 0,25 0,06 5,03 9,93
0,05 8,65 0,32 5,38 0,01
Setembro
Tanques-rede 0,28 0,63 24,05
76,51
0,07
41,36
1,86 5,11 0,03
Setembro
Efluentes 0,20 0,23 10,01
43,78
0,06
17,22
0,76 5,22 0,04
Outubro
Controle 0,25 0,06 3,92
10,50
0,03 8,30 0,31 5,33 0,01
Outubro
Tanques-rede 0,33 1,27 32,10 120,16
0,11
27,15
1,41 4,91 0,03
Outubro
Efluentes 0,23 0,27 11,35
63,05
0,06
17,05
0,64 5,34 0,04
47
do sedimento coletadas no ponto “controle” (uma barragem sem peixes, a montante
dos locais onde ficavam os tanques-rede) agruparam-se, devido à menor influência
da maioria dos parâmetros analisados, os quais se destacam fósforo, potássio,
magnésio, cálcio; além de nitrogênio, carbono, alumínio e matéria orgânica. Todos
esses parâmetros apresentaram baixas proporções no ponto controle, o que mostra
o isolamento deste ponto no espaço bidimensional do diagrama 2 e indica que este
local (controle) recebe pouca interferência de atividades antrópicas (cultivo de
pirarucus) definidas por estes pametros (Figura 25).
As amostras TR
Jun
, TR
Jul
e TR
Ago
que representam as análises realizadas no
ponto Tanques-rede nos meses de junho, julho e agosto, destacam-se pela maior
influência de nitrogênio, alumínio, carbono e matéria orgânica (representados no
eixo PC1), sendo estas variáveis as de maior correlação com este ponto nos
respectivos meses (Figura 25, Tabela 5). Na tabela 4, observa-se que nos meses de
junho, julho e agosto, os quatro parâmetros apresentaram os maiores valores
obtidos para todo o período de estudo, o que contribuiu para o isolamento desses
pontos no espaço bidimensional (Figura 25).
Em geral, ao avaliar a dispersão das PC1 e PC2 dos locais estudados
(controle, tanques-rede e efluentes) pode se observar que o ponto controle
apresentou pouca influência dos parâmetros analisados (exceção apenas para o pH,
que apresentou maiores valores médios no ponto controle e que os pontos tanques-
rede e efluentes apresentaram alterações no sedimento de fundo, indicados pelos
maiores valores e correlações da maioria das variáveis com os respectivos eixos 1 e
2 da PCA ao longo do estudo (Figura 25, Tabela 5).
48
Figura 25- Diagrama da Análise de Componentes Principais (PC1 e PC2) mostrando
as projeções dos parâmetros do sedimento (1) e as ordenações dos pontos de
coletas (controle, tanque rede e efluentes) ao longo do período de estudo (2).
As linhas pontilhadas do diagrama (1) representam os autovetores: Al= Alumínio Cmolc/kg; Ca=
Cálcio Cmolc/kg; C= Carbono g/kg; P= Fósforo mg/kg; Mg= Magnésio Cmolc/kg; MO= Matéria
Orgânica g/kg; N= Nitrogênio g/kg; pH= Potencial Hidrogeniônico; K= Potássio Cmolc/kg. O
diagrama (2) representam os pontos de coleta CO=controle, TR=tanques-rede e EF= efluentes
durante o período de estudo (maio a agosto).
Mai
(CO)
Mai
(TR)
Mai
(EF)
Jun
(CO)
Jun
(TR)
Jun
(EF)
Jul
(CO)
Jul
(TR)
Jul
(EF)
Ago
(CO)
Ago
(TR)
Ago
(EF)
Set
(CO)
Set
(TR)
Set
(EF)
Out
(CO)
Out
(TR)
Out
(EF)
-4 -2 0 2 4 6 8
Factor 1: 66,86%
-3
-2
-1
0
1
2
3
Factor 2: 16,70%
(1)
(2)
Al
Ca
C
F
Mg
MO
N
pH
K
-1,0 -
0,5
0,0 0,5 1,0
Factor 1 : 66,86%
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Factor 2 : 16,70%
(1)
49
Tabela 5. Autovetores dos 9 parâmetros do sedimento analisados, para os dois
primeiros componentes principais (PC 1 e PC2), suas respectivas porcentagens de
variância e seus autovalores.
Parâmetros
PC1
PC2
Al
0,
853991
-0,461322
Ca
0,
867640
0,217061
C
0,
896078
-0,236722
P
0,
429914
0,747226
Mg
0,
896368
0,272489
MO
0,
913076
-0,315250
N
0,
927880
-0,189930
pH
-0,
864316
0,044788
K
0,
549938
0,645621
Variância (%)
66,86
16,7
Variância (Acumulada)
83,56
Auto valor
6,017500
1,502855
50
5 – DISCUSSÃO
5.1- Características de qualidade da água em cultivo de pirarucu
A piscicultura é uma atividade que pode causar degradação da qualidade da
água sendo classificada pela agência norte-americana de proteção ambiental (EPA)
como uma fonte significativa de poluição ambiental (Zaniboni-Filho, 1997). A
piscicultura torna-se uma significativa fonte de poluição principalmente em projetos
mal planejados, manejos inadequados e lançamentos de efluentes diretamente nos
corpos d’água sem tratamento prévio.
As condições inadequadas de qualidade da água podem causar prejuízos ao
crescimento, à reprodução, à saúde, à sobrevivência e à qualidade dos peixes,
comprometendo o sucesso dos sistemas aquícolas (Kubitza, 1998; Ono, 2005).
Sendo assim, as alterações na qualidade da água são os principais entraves para a
o cultivo intensivo de peixes, devido principalmente a redução dos níveis de oxigênio
dissolvido e o aumento de substâncias tóxicas como a amônia e o nitrito (Cavero et
al., 2003; Kubitza, 2003).
No Brasil, a piscicultura vem crescendo nos últimos anos a uma taxa anual de
25% e, embora haja preocupação com a degradação e eutrofização artificial dos
corpos d’água, poucos são os piscicultores que fazem o adequado manejo do cultivo
e se preocupam com o tratamento dos efluentes. Rosenthal, (1994); Tacon et al.
(1995); Kubitza, (2003) e Ono & Kubitza (2003) revelam que, para minimizar os
impactos causados pela piscicultura através do lançamento contínuo de efluentes, é
primordial formular dietas com maior digestibilidade e efetuar o correto manejo das
criações. Além disso, é importante fazer o tratamento dos efluentes buscando
atender as exigências das legislações e as pressões dos órgãos ambientais e da
própria sociedade.
No Amazonas, a piscicultura tem se expandido a cada ano, principalmente nos
arredores de Manaus, sendo atualmente, a atividade zootécnica que mais cresce no
Estado (Izel & Melo, 2004). No entanto, os padrões de qualidade de água nas
criações de peixes na região são pobremente monitorados.
Silva (2005) realizando monitoramento na qualidade da água, ao longo de 2
meses, em cultivo intensivo de tambaqui em viveiros escavados, localizados no
51
município de Presidente Figueiredo, cerca de 100 km de Manaus, verificou um
aumento dos valores de condutividade, pH, amônia e nitrito e, uma diminuição
drástica dos teores de oxigênio. Cavero (2004) monitorando a qualidade da água em
criação intensiva de pirarucu em viveiros escavados, nos arredores de Manaus,
também verificou um aumento acentuado de amônia e nitrito ao longo de 12 meses
de experimento, entretanto, os valores de pH, temperatura e condutividade
apresentaram-se estáveis.
Waltrick (2007) avaliando a qualidade da água em pisciculturas de
matrinxã em canais de igarapés, na periferia de Manaus, verificou alterações das
variáveis físicas e químicas da águas como amônia, nitrito, fosfato e oxigênio, no
entanto, essas alterações foram de caráter pontual, não sendo percebida em parte a
jusante dos igarapés. Funes (2005) e Sarmento-Maria et al. (2005) monitorando a
qualidade da água em cultivo intensivo de tambaqui e matrinxã em tanques-rede no
lago do Puraquequara, periferia de Manaus, verificaram poucas alterações nos
parâmetros de qualidade da água. No entanto, estes autores destacaram que a
pequena alteração dessas variáveis podem estar ligadas ao imenso volume de água
do lago, o que provavelmente pode ter contribuído para a pequena alteração dos
parâmetros analisados.
Ferreira (2005) monitorando a qualidade da água em criação intensiva de
tambaqui em viveiros escavados, em Manaus, verificou um aumento acentuado de
amônia, condutividade e alcalinidade ao longo de 5 meses de experimento.
Entretanto, os valores de oxigênio dissolvido, transparência e nitrito apresentaram
tendência a queda ao longo do estudo. Rubim et al. (2005) avaliando os lagos de
várzea Paru e Calado (Manacapuru) e lago do Limão (Iranduba) para a criação de
peixes em tanques-rede, verificaram que, entre os três lagos, somente o lago do
Calado apresentou características físicas e químicas que favorecem o cultivo de
peixes em tanque-rede.
No presente estudo, a maior parte dos parâmetros de qualidade de água
estudados apresentou alterações, sendo maiores principalmente nos pontos
tanques-rede e efluentes. Contudo, a maior parte dessas alterações permaneceram
dentro dos níveis aceitáveis para a criação de peixes no Brasil, segundo a resolução
do CONAMA no. 357, de 17 de março de 2005. Dentre os parâmetros que
52
apresentaram as maiores alterações nos pontos tanques-rede e efluentes
destacaram-se: a temperatura, oxigênio dissolvido, pH, amônia, nitrito, fósforo,
clorofila A, nitrato, DBO, DQO e CO
2
.
A temperatura da água é um dos fatores que mais influencia os processos
químicos e biológicos em um viveiro. Todas as atividades fisiológicas dos peixes
como a respiração, a digestão, a reprodução e a alimentação estão intimamente
ligadas à temperatura (Furtado, 1995; Arana, 1997). Os valores de temperatura
encontrados neste estudo, que variaram de 28,5 a 31,1ºC estão dentro da faixa de
conforto para as espécies de peixes tropicais, como o pirarucu. Ono (2005) revela
que as variações de temperaturas nas regiões tropicais, como na Amazônia, não
causam problemas em sistemas de cultivo de peixes, visto que estas apresentam
estabilidade ao longo do ano. Cavero et al (2003) avaliando a criação de pirarucu em
tanques-rede em viveiros escavados no município de Manaus, também observaram
temperaturas entre 28 e 31ºC. Conte (2002) analisando o cultivo de tilápia em
tanques-rede no estado de o Paulo, também encontrou temperaturas entre 27 e
29ºC. Contudo, é importante destacar que em regiões subtropicais, onde estão
localizados os estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil, dificuldade de se
implantar o cultivo de peixes tropicais como o pirarucu, visto que estes não toleram
temperaturas baixas (<21ºC). Elevadas temperaturas da água (>33ºC) também
podem causar problema para o cultivo de peixes, visto que estas reduzem a
capacidade de fixação do oxigênio dissolvido na água (Furtado, 1995; Esteves,
1998).
O oxigênio dissolvido é o parâmetro de qualidade de água de maior
importância para o crescimento e desempenho dos peixes em regime de criação
intensiva. A concentração de oxigênio dissolvido é importante na dinâmica e na
caracterização de ecossistemas aquáticos. As principais fontes de oxigênio para a
água são: a atmosfera e a fotossíntese do fitoplâncton. Entretanto, as perdas são
provocadas pela decomposição de matéria orgânica (oxidação), perdas para a
atmosfera, respiração de organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos.
O crescimento ótimo da maioria dos peixes de “águas quentes” (clima tropical
e subtropical) ocorre quando os níveis do oxigênio são mantidos acima de 6 mg/L, e
a mortalidade pode ocorrer em níveis baixos (< 3 mg/L) (Boyd & Tucker, 1998).
53
Baixos teores de oxigênio na água podem provocar perda de apetite e
comportamento específicos como a tomada de oxigênio na camada superficial da
água. Contudo, o pirarucu pode tolerar baixos níveis de oxigênio, pois apresentam
modificações morfológicas da bexiga natatória que são adaptadas à respiração
aérea, diferente da maior parte dos peixes que possuem respiração branquial e são
altamente dependente dos teores de oxigênio dissolvido na água.
As concentrações de O
2
dissolvido na água descritos nos estudos realizados
por Cavero (2002) e Ono et al. (2008), na criação de pirarucu em tanques-rede de
pequeno volume, em Manaus, são comparáveis aos valores observados no presente
estudo.
Para o pH, as diferenças dos valores entre os pontos de coleta foram
altamente significativas. O pH mais ácido (pH <4) foi observado no peodo chuvoso
e, os mais alcalinos foram encontrados no período da estiagem (pH >8,1). De acordo
com Ono & Kubitza (2003) os valores de pH próximos à neutralidade (6,5 a 8,0) são
mais adequados à produção de peixes. Valores de pH muito acima ou abaixo desta
faixa podem causar prejuízos ao crescimento, reprodução e condição geral de saúde
dos peixes e, condições extremas de pH podem ocasionar considerável mortandade
de peixes.
Neste estudo os valores de pH estão bem acima dos valores encontrados por
Lopes (2003) para a piscicultura em viveiros de barragens na região de Manaus e
por Marengoni (2006) para o cultivo de tilápia em tanques-rede em São Paulo. Os
elevados valores de pH encontrados nos pontos onde estão localizados os tanques-
rede refletem o enriquecimento por matéria orgânica e sais dissolvidos provenientes
do acúmulo de matéria orgânica e restos de rações, como relatado por Yoshida
(1996) e Baccarin (2002) para piscicultura intensiva de tilápia do Nilo em São Paulo.
A condutividade elétrica se relaciona à capacidade da água em conduzir
corrente elétrica em função da concentração de íons presentes. Portanto, os valores
de condutividade no meio aquático variam de acordo com os teores dos íons
dissolvidos (Boyd & Tucker, 1992). Não foram observadas grandes variações dos
valores de condutividade da água entre os pontos de coletas ao longo do estudo,
indicando que não houve influência da criação de peixes e nem da pluviosidade. Os
valores médios de condutividade encontrados no presente estudo foram próximos
54
aos observados por Amâncio et al. (1998) no cultivo de tambaqui em tanques-rede
na Paraíba e por Funes (2005) para o cultivo de peixes em tanques-rede em lago no
município de Manaus. Porém estão abaixo dos valores observados por Cavero et al.
(2002) que avaliou a criação de juvenis de pirarucu em tanques-rede em viveiros no
município de Manaus e por Mainardes-Pinto (2007) que avaliou a criação de tilápia
tailandesa em tanques-rede em São Paulo.
A respiração das macrófitas, dos peixes e do zooplâncton, bem como os
processos microbiológicos de decomposição da matéria orgânica são importantes
fontes de CO
2
nos viveiros. Ao longo da criação, a respiração pode exceder a
atividade fotossintética, aumentando consideravelmente a concentração de CO
2
.
Elevadas concentrações de gás carbônico, interagindo com a baixa concentração de
O
2
dissolvido, podem estressar os peixes, reduzindo o desempenho produtivo
(Kubitza, 2003). No ponto efluente na superfície, os valores permaneceram
elevados, indicando que a vazão de água na estiagem não foi suficiente para
recuperar o sistema. Os valores de CO
2
encontrados neste estudo estão próximos
aos observados por Waltrick (2007) no cultivo de matrinxã em canal de igarapé no
município de Manaus e bem acima dos verificados por Silva (2005) para o cultivo de
tambaqui em viveiros no município de Presidente Figueiredo-AM; por Ferreira (2005)
que avaliou os efluentes oriundos da criação de tambaqui em viveiros escavados no
município de Manaus e por Cavero (2004) que avaliou o cultivo de pirarucu em
tanques-rede em viveiros escavados no município de Manaus.
Os lidos totais dissolvidos representam a matéria orgânica dissolvida
particulada, exceto gases, e substâncias inorgânicas particuladas em suspensão.
Segundo Boyd et al. (2000) a alta concentração de sólidos em suspensão presentes
nos efluentes de viveiros é pontecialmente um dos maiores problemas ambientais da
aqüicultura. Os maiores valores de STD foram encontrados nos pontos tanques-rede
e efluentes no período chuvoso, provavelmente oriundos das partículas de solo em
suspensão e matéria orgânica particulada resultante da ração, de plâncton e
detritos. Os valores encontrados neste estudo estão bem abaixo dos valores
encontrados por Seok (1995) e Schwart & Boyd (1994) para o cultivo de “catfish” nos
EUA e por Lopes (2003) para a piscicultura em viveiros de barragens nas cercanias
de Manaus.
A alcalinidade total refere-se a concentração de íons de carbonato (CO
3
2-
),
55
bicarbonato (HCO
3
-
) e hidroxila (OH
-
), e funciona, junto com a dureza da água, como
um tampão regulador do pH da água dos viveiros. Águas com alcalinidade total
inferiores a 20 mg/L de CaCO
3
geralmente podem apresentar maiores oscilações
diárias no pH em função dos processos fotossintéticos e respiratórios nos viveiros, o
que dificulta um bom desempenho na produção dos peixes, devido a necessidade
de constantes adaptações, por meio da troca osmótica com o meio (Boyd, 1981;
Kubitza, 2003).
Os valores de alcalinidade observados neste estudo foram relativamente
baixos caracterizando o ambiente como tendo baixa capacidade de tamponamento
da água, estando abaixo dos observados por Ferreira (2005) (16,32 mg/L) que
avaliou a criação de tambaqui em viveiros escavados no município de Manaus.
Entretanto, está consonante com os resultados observados por Waltrick (2007) no
cultivo de matrinxã em canal de igarapé no município de Manaus, que encontrou
valor de 4,4 mg/L.
A dureza da água é determinada pela concentração de íons metálicos
conteúdo de sais de Ca
2+
, Mg
2+
, Fe
3+
, Mn
2+
, Al
3+
, etc. Dependendo da concentração
desses sais, as águas são classificadas em mole (0-75 mg/L), moderadamente dura
(75-150 mg/L), dura (150-300 mg/L) e muito dura (>300 mg/L) (Boyd, 1998). Neste
estudo, os maiores valores de dureza foram observados no período chuvoso, devido
às chuvas influenciarem nas concentrações desses cátions, elevando seus valores
nos corpos d’água. No final do período chuvoso (julho) e na estiagem (agosto a
outubro) as concentrações de dureza chegaram a valores não detectáveis,
permanecendo assim aao final do estudo, provavelmente devendo-se à redução
da vazão da água. Sendo classificada como água mole, esses valores estão bem
abaixo dos observados por Melo et al. (2001) na criação de tambaqui em viveiros de
barragens no estado do Amazonas, e por Boyd et al. 1994, na criação de catfish em
viveiros nos EUA.
A amônia é um metabólito proveniente da excreção nitrogenada dos peixes,
bem como a decomposição microbiana de resíduos orgânicos (sobras de rações,
fezes e adubos orgânicos). Esse composto tem recebido atenção especial como um
dos fatores limitantes na criação intensiva dos peixes (Tomasso, 1994). Os maiores
valores de amônia foram observados no ponto 3 (efluentes), porém apresentando
baixa toxicidade e baixo impacto ambiental. De acordo com estudos realizados por
56
Cavero et al. (2004), esses valores de amônia total não afetam o desempenho do
pirarucu. Os valores de amônia total encontrados nesse estudo estão acima dos
encontrados por Silva (2005) para o cultivo de tambaqui em viveiros no município de
Presidente Figueiredo-AM e por Funes (2005) para o cultivo de peixes em tanques-
rede no lago do Puraquequara no município de Manaus. Entretanto, estão abaixo
dos valores encontrados por Pereira-Filho et al. (2003) na criação de pirarucu em
viveiro escavado no município de Manaus e por Mainardes-Pinto (2007) que avaliou
a criação de tilápia tailandesa em tanques-rede em São Paulo. Entretanto, a
resolução do CONAMA 351/2005 para a classe de água tipo 2, estabelece o valor de
3,7 mg/L para amônia total, um valor bem superior aos encontrados no decorrer do
estudo.
O Nitrito é o composto intermediário no processo de nitrificação, que
transforma amônia (NH
3
) em nitrato (NO
3
) por meio da ação de bactérias do gênero
Nitrosomonas. Pavanelli et al. (1999) relatam que concentrações elevadas de nitrito
na água causam a doença do sangue marrom, ocasionada pela oxidação da
hemoglobina, dificultando a capacidade respiratória dos peixes. A eficiência do
processo de nitrificação nos pontos de coletas é corroborada pelos baixos valores de
nitrito. Sua presença nos ambientes aquáticos é sempre baixa e só aumenta quando
as reações de nitrificação são bloqueadas (Boyd & Tucker, 1998). Os valores de
nitrito observados ao longo do estudo foram semelhantes ao encontrado por Silva
(2005) para o cultivo de tambaqui em viveiros no município de Presidente
Figueiredo-AM; por Ferreira (2005) que avaliou os efluentes oriundos da criação de
tambaqui em viveiros escavados no município de Manaus e por Waltrick (2007) no
cultivo matrinxã em canal de igarapé no município de Manaus. Entretanto os valores
foram menores do que os encontrados por Pereira-Filho et al. (2003) na criação de
pirarucu em viveiro escavado no município de Manaus. Os valores de nitrito estão
abaixo do limite para a classe de água tipo 2, de acordo com a resolução do
CONAMA 351/2005, que é de até 1 mg/L.
O nitrato origina-se do processo de nitrificação da amônia. Este pode ser
acumulado no sistema como nitrato, absorvido pelo fitoplâncton (Hargreaves, 1998),
reconvertido em amônia por amonificação ou convertido em nitrogênio molecular
(Esteves, 1998). Os valores de nitrato observados neste estudo foram semelhantes
aos encontrados por Lopes (2003) para a piscicultura em viveiros de barragens nas
57
cercanias de Manaus e por Pereira et al. (1999) para o cultivo de peixes em viveiros
escavados na Paraíba. Os valores de nitrato estão dentro dos níveis aceitáveis para
águas do tipo 2, de acordo com a resolução do CONAMA 351/2005, que é no
máximo 10 mg/L.
O fósforo é o principal nutriente que determina o processo da eutrofização nas
águas tropicais (Marsden et al. 1995), sendo que, quantidades elevadas deste
componente indicam poluição nos ambientes aquáticos (Esteves, 1998). Segundo o
referido autor, toda a forma de fósforo presente em águas naturais, quer na forma
iônica ou na forma complexada, encontra-se sob a forma de fosfato. No presente
estudo, maiores valores de sforo total foram observados nos pontos tanques-rede
e efluentes, ao longo do estudo. Os valores mais elevados (0,25 a 0,35 mg/L) foram
observados no início do estudo, o que pode estar relacionado às elevadas taxas de
alimentação dos peixes confinados nos tanques-rede até este período. A partir de
maio, essas taxas foram reduzidas, obedecendo aos objetivos propostos no
experimento de alimentação realizado dentro do projeto de pesquisa no qual está
inserido o presente estudo. Conseqüentemente, ao longo dos meses, os valores
diminuíram e permaneceram em uma faixa de 0,07 a 0,15 mg/L. Porém, todos os
valores de fósforo encontrados nos pontos tanques-rede e efluente estão acima do
limite máximo estabelecido pelo CONAMA (2005) para águas lênticas, que é de 0,03
mg/L. Até mesmo no ponto controle (uma barragem sem peixes, que recebe água de
uma nascente preservada) onde supostamente eram esperados valores mais baixos,
foram encontrados valores superiores aos estabelecidos pela resolução 351/2005 do
CONAMA (2005). Sousa (2003) coletando amostras de água de uma nascente
preservada que abastecia um tanque de criação de tambaquis nos arredores de
Manaus, também encontrou valores de fósforo (0,07 mg/L) superiores aos
estabelecido pelo CONAMA (2005). É provável que os valores de sforo
estabelecidos pela resolução 351/2005 do CONAMA (2005) estejam fora da
realidade amazônica, visto que, até mesmo em ambientes naturais, ou com nenhum
impacto antrópico aparente, exista uma quantidade de fósforo superior àquela
estabelecida pelo CONAMA. Sendo assim, os limites estabelecidos por esta
resolução deverão ser motivo de discussão e mudanças, para adequar à realidade
desta região.
O incremento de fósforo no sistema de criação do presente estudo pode ser
58
atribuídos as sobras de rações e a pluviosidade (chuvas) que podem acarreta o
aporte desse elemento do solo das redondezas para dentro da barragem. Os valores
de fósforos observados neste estudo estão acima do encontrado por Lopes (2003)
para a piscicultura em viveiros de barragens nas cercanias de Manaus. Porém, estão
próximos dos valores encontrados por Kabir Chowdhury & Yakupiyage (2000) para o
cultivo de peixes em tanques-rede em Bangladesh; por Lin & Yi (2003), que
avaliaram viveiros de tilápia na Tailândia e por Waltrick (2007) no cultivo de matrinxã
em canal de igarapé no município de Manaus.
A clorofila A é indicador do processo fotossintético de fixação da energia
luminosa. É um composto existente nas plantas, algas e outros organismos
aquáticos, que ao absorver a luz se degrada e participa dos processos de
fotossíntese nos corpos aquáticos. As algas são os principais organismos, nos
ecossistemas aquáticos que contêm esses compostos (Golterman, et al., 1978). A
quantidade de clorofila na água além de estimar a biomassa de algas pode estimar o
estado trófico do ambiente, uma vez que acarreta o aumento da produtividade
primária (Fracácio et al., 1998).
No presente estudo, os maiores valores de Clorofila A foram observados nos
pontos tanques-rede e efluente, e estes podem ser usados como uma medida do
“standing crop” do fitoplâncton (Wetzel, 1981). Essa elevada concentração de
clorofila A, deve-se principalmente ao aporte de matéria orgânica presente nos
resíduos das rações e das excretas dos peixes. Isso pode ser confirmado pelos
valores mais baixos obtidos no ponto controle, indicando uma menor densidade de
fitoplâncton neste ultimo. Entretanto, os valores médios encontrados no ponto
controle ao longo do estudo foi de 100 µg/L e este valor está 300% acima daquele
estabelecido pelo CONAMA (2005) para a qualidade da água de classe 2, que é de
30 µg/L.
Igualmente ao fósforo, os valores de clorofila A observados no ponto controle
(ambiente sem indícios de impacto antrópicos aparente), está bem acima dos limites
estabelecidos pelo órgão de fiscalização ambiental. Esta variável também pode ser
um motivo de discussão dos limites estabelecidos pelo CONAMA 351/2005,
principalmente para a região amazônica, que, de acordo com alguns autores a
produtividade em áreas naturais da Amazônia Central, são extremamente elevadas
(Junk, 1983; Walker, 1990), principalmente porque essas áreas são banhadas por
59
rios de água branca, onde a carga de sedimento como cálcio, magnésio, potássio,
sódio é alta e a produtividade primaria é elevada .
O ponto controle apresentou valores de clorofila A próximos dos encontrados
por Arulampalam et al. (1998) no cultivo de peixes em tanques-rede na Malásia e por
Sipaúba-Tavares & Macedo (2005) em cultivos de peixes em São Paulo. os
valores de clorofila A encontrados no efluente estão próximos dos encontrados por
Ferreira (2005) que avaliou os efluentes oriundos da criação de tambaqui em
viveiros escavados no município de Manaus e, bem acima dos valores encontrados
por Keppeler (2005) na criação de camarão em São Paulo.
A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é a medida de oxigênio necessária
ao metabolismo das bactérias aeróbicas para a decomposição da matéria orgânica.
Normalmente a DBO é determinada pela quantidade de oxigênio consumido durante
a decomposição da matéria orgânica durante a incubação de 5 dias (Valente et al.,
1997). Os valores encontrados neste estudo estão próximos aos observados por
Waltrick (2007) no cultivo matrinxã em canal de igarapé no município de Manaus e
acima dos observados por Lopes (2003) para a piscicultura em viveiros de barragens
nas cercanias de Manaus e por Bodary et al. (2004) que avaliaram a caracterização
de efluentes de viveiros de Notemigonus crysoleucas na região central de Arkansas,
EUA. Os valores observados neste experimento estão de acordo com os níveis
aceitáveis para a classe de água tipo 2, de acordo com a resolução do CONAMA
351/2005 que é de até 5 mg/L O
2
.
A demanda química de oxigênio (DQO) é a quantidade de oxigênio
necessária para a oxidação da matéria orgânica por meio de um agente químico. A
DQO de águas de viveiros pode ser usada como um índice da concentração da
matéria orgânica e também estimar taxas do consumo do oxigênio por comunidade
de plâncton (Boyd & Tucker, 1998). Os maiores valores de DQO encontrados neste
estudo foram no ponto 3 (efluentes) e estão acima dos observados por Silva (2005)
para o cultivo de tambaqui em tanques escavados no município de Presidente
Figueiredo-AM. Porém estão próximos aos encontrados por Ferreira (2005) que
avaliou os efluentes oriundos da criação de tambaqui em viveiros escavados no
município de Manaus. Entretanto, na resolução do CONAMA 351/2005 não consta
regulamentação para este parâmetro.
60
5.2- Características de qualidade do sedimento de fundo em cultivo de pirarucu
De acordo com Boyd (1982), os solos de viveiros não diferem grandemente
dos solos terrestres em suas características físicas, químicas e no aspecto mineral.
O sedimento, ou o solo no fundo das unidades de criação, pode ser considerado
como o resultado da integração de todos os processos que ocorrem em um sistema
aquático. Do ponto de vista de ciclagem de matéria e fluxo de energia, o sedimento
é um dos compartimentos mais importantes desses ecossistemas, pois nele ocorrem
processos biológicos, físicos e químicos, que influenciam o metabolismo de todo o
sistema. Sendo importante para avaliação da intensidade e das formas de impactos
a que estes ambientes estão ou estiveram submetidos (Pereira & Gomes, 2002).
Considerando o sedimento como o compartimento que reflete os processos
que ocorrem em um ecossistema aquático, a sua composição passa a diagnosticar o
seu próprio estado trófico. Na grande maioria dos ambientes aqüícolas de região
temperada, por exemplo, a concentração de alguns componentes do sedimento
reflete o nível de produção do sistema. Análise da matéria orgânica, dessa forma, é
de suma importância como uma das ferramentas mais apropriadas na indicação do
estado desses ambientes. O sedimento pode ser considerado, ainda, o
compartimento que apresenta maior concentração de nutrientes. Segundo Esteves
(1998) estes fatores tanto podem favorecer a precipitação de íons, dentre eles,
muitos nutrientes, como a liberação da matéria particulada para água intersticial e
desta para a coluna d’água. Em geral, os fatores biológicos, físicos e químicos são
de tal maneira interdependentes, que se torna difícil detectar o seu limite de atuação.
Sabe-se que o solo dos viveiros se deteriora com o tempo devido,
principalmente, ao acúmulo de nutrientes e resíduos orgânicos (Lemonnier et al.,
2004). Os sedimentos do fundo dos viveiros possuem grandes quantidades de
nitrogênio, fósforo e matéria orgânica (Boyd et al., 1994b; Munsiri et al., 1995), e
estas substâncias tendem a se acumular devido às sobras de rações, resíduos
metabólicos dos peixes e por material carreado para dentro do sistema.
No presente estudo, as análises químicas do sedimento apresentaram
diferenças significativas entre os pontos de coletas analisados, apresentando
alterações principalmente nos pontos tanques-rede e efluentes. Entretanto, as
maiores concentrações de alumínio, carbono, magnésio, cálcio, fósforo, matéria
61
orgânica e nitrogênio foram observadas no ponto tanques-rede, localizado
justamente sob as unidades de cultivo, evidenciando, de forma consistente, que
houve um acúmulo de nutrientes.
Dentre os nutrientes presentes no solo de viveiros, um dos mais comumente
encontrados é o carbono orgânico, que expressa a variabilidade da concentração de
matéria orgânica nas diferentes partes do viveiro, tendo uma íntima ligação com o
fósforo. Os maiores valores de carbono foram observados no ponto tanques-rede,
essa elevada concentração de carbono no presente estudo deve-se ao aporte de
matéria orgânica presente nos resíduos das rações e das excretas dos peixes. Neste
estudo os valores de carbono orgânico estão bem acima dos valores encontrados
por Seo & Boyd (2001) para o cultivo de “catfish”
nos EUA e por Keppeler & Valenti
(2006) na criação de camarão-da-amazônia em São Paulo.
Para o fósforo, as diferenças dos valores entre os pontos de coleta foram
altamente significativas. O excesso desse nutriente depende da taxa em que estes
produtos são diluídos antes de serem assimilados pelo ecossistema (Carrol et al.,
2003). Em ambientes restritos com pouca renovação de água, um risco de níveis
elevados dos nutrientes que se acumulam em uma área, causarem a
hipernutrificação, o que potencializa efeitos indesejáveis nas unidades de criação
(Macgarvin, 2000). Os maiores valores médios de fósforo foram encontrado no ponto
tanques-rede demonstrado uma elevação significativa ao longo do estudo. Esse
aumento, provavelmente, deve-se ao efeito cumulativo deste nutriente que é
adsorvido pela argila presente no solo. Os valores de fósforo observados neste
estudo estão abaixo dos valores encontrados por Idsariya & Boyd (2006) na criação
de “catfish” na Tailândia e por Keppeler & Valenti (2006) na criação de camarão-da-
amazônia em São Paulo.
O magnésio, o cálcio, o alumínio e o potássio apresentaram variação muito
semelhante entre si demonstrando concentrações no solo bastante uniformes, o
que, possivelmente seja um reflexo das concentrações naturais do solo. Com isso,
foram pouco afetados pela dinâmica da carga orgânica presente na barragem. Os
resultados encontrados neste estudo foram semelhantes aos observados por Pereira
(2004) no cultivo do camarão branco do pacífico, em tanques-rede no litoral
Paranaense; por Figueiredo et al., (2006) que avaliaram os impactos ambientais da
62
carcinicultura em águas interiores e por Sipaúba-Tavares et al., (2006) em viveiros
de criação de pacu e tambaqui em Jaboticabal – SP.
A matéria orgânica e o nitrogênio foram influenciados pela dinâmica da carga
orgânica provenientes das sobras de rações, resíduos metabólicos e excretas dos
peixes e por material carreado para dentro do sistema. Os valores médios deste
estudo são consonantes com os resultados observados por Aguado-Giménez &
García-García (2004) em criação de Sparus aurata em tanques-rede na Espanha.
O pH é considerado um parâmetro importante, haja visto a influência que tem
sobre o equilíbrio de certas substâncias presentes na água, tais como amônia, gás
sulfídrico, cloro e alguns metais (Boyd & Tucker 1998). O pH do solo também é
responsável por uma série de reações químicas, que afetam a qualidade da água
(Boyd, 1990). Os valores de pH encontrados neste estudo estão próximos aos
encontrados por Thunjai et al., (2004) na criação de tilápia na Tailândia e por
Sipaúba-Tavares et al. (2006) em viveiros de criação de pacu e tambaqui em
Jaboticabal SP. A redução do pH no mês de julho coincide com a elevação da
concentração de matéria orgânica, que por meio dos processos bioquímicos,
provoca acidificação do meio.
63
5.3 Impactos do cultivo de pirarucu em tanques-rede na qualidade da água de
viveiro de barragem
Estudo realizado por Lopes (2003) demonstra que as obstruções do recurso
hídrico na piscicultura realizadas em viveiros de barragem, causam mais efeitos
sobre a hidrologia local do que a piscicultura de tanque escavado e semi-escavado.
Além disso, a liberação de efluentes durante as despescas e a limpeza dos viveiros,
tanto pelos sólidos em suspensão quanto pelo odor na água, provocam significativas
mudanças, deteriorando a qualidade da mesma, principalmente a jusante da criação.
Até onde se sabe, não estudos sobre o impacto de cultivo intensivo de pirarucus
em tanques-rede na água de viveiros de barragem.
No presente estudo, uma análise da qualidade da água e do sedimento, por
meio dos componentes principais (PCA), comprovam as alterações da mesma, no
ponto onde se localizavam os tanques-rede, além do ponto mais a jusante,
denominado de efluentes. Estas alterações foram principalmente nos parâmetros
indicadores de eutrofização. Contudo, como relatado anteriormente, estes valores
estão abaixo dos limites ximos indicados pela resolução do CONAMA 351/2005,
com exceção do fósforo e clorofila A. Essas alterações possivelmente ocorreram por
dois fatores principais: resto de alimentação não consumida pelos peixes e resíduos
fecais (metabólicos excretados), além do aporte de matéria orgânica carreada para
dentro da barragem principalmente pela chuva.
Segundo Beveridge (1984), Schmittou (1997) e Funes (2005), alterações da
qualidade da água em cultivos em tanques-rede podem ser benéficas pelo aumento
da população de peixes do ambiente natural. Entretanto, quando excessiva, é
considerada poluição, favorecendo a proliferação de algas, acúmulo do lodo
anaeróbico e diminuição da disponibilidade de oxigênio dissolvido no meio. Contes
(2002) menciona que esses problemas podem ser minimizados, estipulando limites
máximos de fornecimento de ração por dia e uma densidade de estocagem
adequada, o que poderia favorecer um limite da produção abaixo da capacidade de
suporte do ambiente.
Ono & Kubitza (2003) revelam que a capacidade de suporte representa a
máxima biomassa sustentada por volume de tanque-rede ou por área de viveiro.
Kubitza (2003) menciona que um tanque-rede ou um viveiro atinge a capacidade de
64
suporte quando os peixes param de ganhar peso, ou seja, quando o incremento em
biomassa é nula, o que não foi o caso do presente experimento, visto que os peixes
nesse estudo apresentavam crescimento assintótico até o mês de outubro, onde
ocorreu a despesca final. Kubitza (1998) menciona que a boa qualidade da ração
seja um dos fatores que mais reduzem o impacto poluidor sobre o sistema,
permitindo o incremento na biomassa de peixes.
Os resultados do presente estudo revelam que o ambiente (barragem) se
aproximou da capacidade de suporte, considerando que os valores de dois
parâmetros, fósforo total e clorofila A, atingiram valores muito acima dos limites
estabelecidos pelo CONAMA 351/2005. Porém, sugerimos que esses valores
máximos, tanto de fósforo quanto de clorofila A, devem ser discutidos para águas
amazônicas, visto que, até mesmo no ponto controle (ambiente sem impacto) os
valores deram muito acima do limite estabelecido. Finalmente, é possível a criação
super-intensiva de pirarucus em tanques-rede em barragem com os padrões de
densidade estabelecidas neste estudo, desde que os parâmetros da qualidade da
água sejam monitorados antes da emissão da água para o ambiente natural. Por
outro lado, em se tratando da instalação de tanques-rede em lago natural, a
proporção entre a população de peixes e as dimensões do ambiente deverá ser
melhor dimensionada para não causar as alterações observadas no presente
estudo.
65
6. CONCLUSÕES
Os valores dos parâmetros físicos e químicos da qualidade da água
analisados no ponto controle (a montante da barragem de criação) não
apresentaram grandes variações (com exceção do dióxido de carbono) o que indica
a pouca influência de processos antrópicos neste local, além de um perfil adequado
para subsidiar o sistema de produção.
Os pontos tanques-rede (unidade de criação dos pirarucus) e efluente (ponto
a jusante da criação) apresentaram alterações na qualidade da água, ao longo do
estudo, principalmente para os parâmetros indicadores de eutrofização STD, fósforo,
clorofila A, amônia, nitrito, nitrato
,
pH, condutividade, oxigênio dissolvido e DQO.
Porém, com exceção do fósforo e da clorofila A, todas as outras variáveis estão em
conformidade com a resolução do CONAMA 351/2005.
Na avaliação dos elementos do sedimento, no ponto controle não foram
observadas grandes variações, indicando que este local recebe pouca interferência
de atividades antrópicas. Entretanto, os pontos tanques-rede e a jusante da
barragem (efluentes) apresentaram alterações no sedimento ao longo do estudo,
influenciados principalmente pelos elementos nitrogênio, alumínio, carbono e matéria
orgânica.
Os resultados deste estudo demonstram que os valores máximos, tanto de
fósforo quanto de clorofila A, devem ser discutidos para águas amazônicas, visto
que, amesmo no ponto controle (ambiente sem impacto) os valores foram muito
acima do limite estabelecido pelo CONAMA 351/2005.
Para a criação super-intensiva de pirarucu em tanques-rede com os padrões
de densidade estabelecidas neste estudo, recomenda-se o emprego das Boas
Práticas de Manejo (BPM) entre elas: elaboração de ração com baixa quantidade de
fósforo e com alta digestibilidade, observar a quantidade de ração oferecida
diariamente, além do monitoramente da qualidade de água. Observando que se a
unidade de criação for em ambiente artificial é necessário que se faça a depuração
da água antes de lançá-la ao ambiente e, se for em lago natural, deve-se reduzir a
densidade de peixes.
66
Perspectiva
Os resultados aqui gerados podem fornecer subsídios para a criação de um
manual sobre Boas Práticas de Manejo (BPM) que envolvam medidas preventivas e
mitigadoras capazes de minimizar os potenciais impactos ambientais da atividade,
tanto na parte de qualidade de água, dos efluentes e dos sedimentos da barragem.
Este manual servirá como base ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
IPAAM na elaboração de códigos de conduta para a produção e desenvolvimento
responsável da aqüicultura no estado do Amazonas.
67
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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