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trituração, isolamento do DNA (utilizando kit), montagem da PCR e reação de PCR. Além
disto, temos em todas as etapas, controles negativos. Estas são as metodologias sugeridas para
evitar/contornar a contaminação do material mumificado por material exógeno (Cooper et al.,
2000; Malmström et al., 2005; Sampietro et al., 2006). Três múmias hispânicas do museu de
Chuquisaca foram incluídas como forma de controle de contaminação moderna, tanto
considerando o local de estocagem quanto a manipulação no laboratório.
Após a morte, com a ausência do sistema de reparo das células vivas, a molécula do
DNA vai sendo rapidamente degradada. Por tal motivo, em estudos envolvendo a recuperação
de aDNA, normalmente se consideram segmentos de em torno de 200pb, na PCR (Pääbo,
1988, Madden, 2001). Quando possível, é recomendável que se utilizem genes com várias
cópias. Salvo em situações muito especiais, a obtenção de produtos de PCR maiores que
300pb é uma evidência de contaminação com material moderno.
O DNA extraído de material arqueológico pode ser avaliado quanto à sua
concentração, pureza e integridade. Pela espectrofotometria pode-se estimar a concentração e
pureza de ácidos nucléicos (Sambrook & Russell 2001). Nossos resultados indicam pela
relação de absorbância OD
260
:OD
280,
que temos a efetiva presença de DNA, mas este pode
estar degradado, de qualquer maneira, a visualização obtida em um gel, é que pode nos dar o
conjunto de informações: presença de DNA/quantidade/integridade. Portanto, já que
obtivemos, da maioria das amostras 22/29, a recuperação de aDNA humano podemos
considerar que o material tinha condições mínimas de integridade e pureza, já que as reações
de PCR não foram inibidas.
Em relação à recuperação de aDNA humano, nosso alvo era o segmento de 188pb de
DNA mitocondrial correspondente a região HVS-I, que ocorre em várias cópias. E como
sugerido por Malmström et al., (2007), para evidenciar a contaminação do material por DNA
humano atual, tentamos também, amplificar da mesma região um fragmento de 405pb. Não
obtivemos, para nenhuma das amostras, o fragmento de 405pb enquanto que, o segmento de
188pb foi amplificado da maioria (22/29) das amostras. Além disto, nenhum dos haplótipos
obtidos para as múmias tinha identidade total com o do manipulador ou pessoal do
laboratório. Com isto, podemos considerar que os haplótipos recuperados e identificados no
material arqueológico, eram oriundos das populações ameríndias pré-colombianas
pertencentes às culturas Tiwanaku, Colla Aymara, Puqui, Mojocoya e Presto Puno da Bolívia.
Os haplótipos identificados nas múmias apresentaram as assinaturas que determinam
os haplogrupos ameríndios A, B e D, e mostraram padrões de distribuição já descritos para as
regiões andinas. Contudo, pela primeira vez, determinaram-se haplogrupos de populações pré-