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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Carlos Frederico de Brito d´Andréa
Estratégias de produção e organização
de informações na WWW: uma análise
de sites turísticos
Belo Horizonte
2005
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Carlos Frederico de Brito d´Andréa
Estratégias de produção e organização
de informações na WWW: uma análise
de sites turísticos
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciência da
Informação da Universidade Federal de
Minas Gerais como requisito parcial à
obtenção do título de mestre em Ciência
da Informação
Linha de Pesquisa: Organização e
Utilização da Informação
Orientadora: Profª. Drª. Beatriz Valadares
Cendón
Co-orientadora: Profª. Drª. Maria
Aparecida Moura
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
2005
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3
FICHA
4
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Minas Gerais, pelos dez anos de intensa convivência.
A todos os colegas, professores e funcionários da ECI, pela riquíssima convivência ao
longo dos últimos anos, e em especial às professoras Isis Paim, Marta Aun, Maria Eugênia
Albino Andrade e Mônica Nassif Borges, pela apresentação ao campo da Ciência da
Informação.
À orientadora Beatriz Cendón, pela atenção durante desenvolvimento do trabalho e por me
ajudar a equilibrar o método de um trabalho científico e a discussão das idéias em profusão.
À co-orientadora Cida Moura, pelas sempre ricas conversas sobre tecnologia e sociedade e
pela fundamental contribuição para este trabalho.
Aos colegas, amigos e moradores das cidades históricas citadas ao longo do trabalho, pela
amizade e acolhida.
Aos colegas “virtuais” das muitas listas de discussão da internet, pela constante troca de
informações que ameniza a solidão da busca pelo conhecimento.
Anna Cláudia, este passo não seria possível sem você ao meu lado.
5
RESUMO
Esta dissertação analisa, sob diferentes pontos de vista, web sites sobre localidades
turísticas reconhecidas pela Unesco como “Patrimônio Cultural da Humanidade”. Sua
realização justifica-se perante a importância dos chamados conteúdos locais para que
regiões ou comunidades com características culturais próprias participem ativamente do
universo múltiplo de informações e opiniões que caracterizam a internet, instrumento
fundamental para a evolução da Sociedade da Informação.
Para tanto, é proposto um novo método de análise de sites, que procura identificar e debater
as estratégias adotadas na sua elaboração e manutenção, considerando principalmente: 1) os
processos de produção/coleta e organização das informações disponíveis; 2) as
características do documento eletrônico, considerando a especificidade da informação
turística e do ambiente hipertextual da WWW; 3) a natureza da unidade de informação
responsável pelo site.
A amostragem da pesquisa é composta por quatro sites: dois sobre o Centro Histórico de
Olinda, em Pernambuco (Olinda Virtual - http://www.olindavirtual.net/
- e o site da
Prefeitura Municipal de Olinda - http://www.olinda.pe.gov.br
) e dois sobre o Centro
Histórico da Cidade de Diamantina, em Minas Gerais (DiamantinaNet -
http://www.diamantinanet.com.br - e Idas Brasil -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
).
Os dados coletados nos permitem compreender o funcionamento dos sites selecionados e
debater seus pontos fortes e fracos. Entre outras observações, identificamos a dificuldade
em equilibrar grande volume de informações e sua organização, o uso limitado das
potencialidades hipertextuais da WWW e ausência de algumas informações de interesse
turístico.
Nas conclusões, pudemos, em primeiro lugar, avaliar o método de análise proposto,
identificando seus méritos, como a possibilidade de compreensão mais ampla das
características de um site, e limitações, como a inadequação de alguns conceitos extraídos
do contexto das unidades tradicionais de informação para o contexto digital. Ao final, foi
possível ainda apontar sugestões para ações futuras na área, como a formação de redes
colaborativas que permitam a cada site explorar ao máximo sua especificidade sem perder a
autonomia institucional.
Palavras-Chave
Internet; conteúdos locais; documento eletrônico; WWW; sites turísticos; unidade da
informação; organização da informação;
6
ABSTRACT
The present dissertation analyses, under different viewpoints, websites about historical
cities and communities recognized as “world heritage sites" by Unesco. The justification
for carrying out this study is the importance of the so called local contents in enabling
regions or communities to play active roles in the multiple information and opinion
universe that the internet is.
A new method for analyzing websites is proposed, which tries to identify and debate the
strategies adopted in their elaboration and updating, considering mainly: 1) the production /
gathering and organization of the available information; 2) the characteristics of the
electronic document, regarding the specific aspects of touristic information and of the
WWW hypertextual environment; 3) the nature of the information unit responsible for the
website.
Four websites were the samples utilized during the research: two which contemplated the
Historical Center of Olinda, in the state of Pernambuco (Olinda Virtual -
http://www.olindavirtual.net/
; and the Olinda City hall website -
http://www.olinda.pe.gov.br
) and two more which contemplated the Historical Center of
Diamantina City, in the state of Minas Gerais (DiamantinaNet -
http://www.diamantinanet.com.br - and Idas Brasil -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
).
The data collected allow us to understand the operation of the selected websites and to
debate their strengths and weaknesses. Among other observations, the following points
were identified: the difficulty in balancing a great volume of information with its
organization, the limited use of the WWW hypertextual potential and the absence of some
information of touristic interest.
In the conclusions of the study, we were able to, first and foremost, evaluate the proposed
method of analysis, identifying its merits, such as the possibility of an ample understanding
of a website’s characteristics, and its limitations, such as the inadequacy of some of the
concepts when withdrawn from traditional information units and placed in the digital
context. At the end of the research, it was also possible to point out suggestions for future
developments in the area, like the creation of collaborating nets which allow each website
to explore its specificity to the fullest without loosing institutional autonomy.
Key Words: Internet; local contents; electronic document; WWW; touristic websites;
information unit; information organization
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Página principal do site Universo OnLine ..............................................67
Figura 02 – Modelo de página de Notícia do site da Prefeitura de Olinda.................95
Figura 03 – Página principal (home) do site DiamantinaNet.....................................96
Figura 04 – Página principal (home) do site OlindaVirtual .......................................97
Figura 05 – Lista de Últimas Notícias do site da Prefeitura de Olinda ......................99
Figura 06 – Reprodução do Regimento Diamantino (site DiamantinaNet) ...............99
Figura 07 – Página de Busca Avançada (site da Prefeitura de Olinda)....................100
Figura 08 – Trecho da página principal (home) do site IdasBrasil ..........................102
Figura 09 – Página principal (home) do site da Prefeitura de Olinda ......................104
Figura 10 – Página sobre Carnaval (site DiamantinaNet)........................................105
Figura 11 – Mapa do Site (site da Prefeitura de Olinda)..........................................106
Figura 12 – Submenu do tópico Guia Turístico (site da Prefeitura de Olinda)........107
Figura 13 – Página Roteiro Turístico (site DiamantinaNet).....................................107
Figura 14 – Mapa interativo de Olinda (site OlindaVirtual) ....................................108
Figura 15 – Página Diamantina Virtual (site DiamantinaNet) .................................109
Figura 16 – Página Culinária Regional (site OlindaVirtual)....................................110
Figura 17 – Página Onde Ficar (site Idas Brasil) .....................................................111
Figura 18 – Subsite (hot site) especial de Carnaval (site da Prefeitura de Olinda) ..112
Figura 19 – Seção DoNada (site DiamantinaNet) ....................................................113
Figura 20 – Página Links (site Idas Brasil) ..............................................................114
Figura 21 – Janela com o site da Prefeitura de Olinda (site OlindaVirtual).............115
Figura 22 – Página principal (home) do site OlindaVirtual .....................................144
Figura 23 – Página Culinária Regional.....................................................................145
Figura 24 – Mapa interativo de Olinda.....................................................................146
Figura 25 – Modelo de página de Notícias...............................................................147
Figura 26 – Lista de Matérias Anteriores.................................................................148
Figura 27 – Janela com o site da Prefeitura de Olinda .............................................149
8
Figura 28 – Página sobre o Carnaval 2005...............................................................151
Figura 29 – Trecho da página História, Arquitetura e Urbanismo ...........................153
Figura 30 – Página principal (home) do site da Prefeitura de Olinda ......................155
Figura 31 – Página de Busca Avançada ..................................................................157
Figura 32 – Subsite (hot site) especial de Carnaval ................................................158
Figura 33 – Mapa do Site ........................................................................................159
Figura 34 – Modelo de página de Notícia ................................................................160
Figura 35 – Página sobre Monumentos....................................................................160
Figura 36 – Reprodução da Carta de Doação de 12 de março de 1537................... 161
Figura 37 – Lista de últimas notícias........................................................................162
Figura 38 – Link no rodapé da página sobre o Museu do Mamulengo....................165
Figura 39 – Página de cadastro para Boletim Eletrônico .........................................167
Figura 40 – Página principal (home) do site.............................................................168
Figura 41 – Página sobre Carnaval...........................................................................170
Figura 42 – Página Diamantina Virtual....................................................................171
Figura 43 – Página Últimas Notícias........................................................................172
Figura 44 – Reprodução do Regimento Diamantino................................................173
Figura 45 – Página Roteiro Turístico .......................................................................174
Figura 46 – Página Causos .......................................................................................175
Figura 47 – Página DoNada ....................................................................................178
Figura 48 – Página Juscelino Kubitschek.................................................................180
Figura 49 – Página principal (home) do site Idas Brasil .........................................183
Figura 50 – Página Onde Ficar ................................................................................185
Figura 51 – Página Lista de Atrações.......................................................................187
Figura 52 – Página Quando Ir ..................................................................................190
Figura 53 – Página Mapa de Atrações......................................................................191
Figura 54 – Página Pacotes Turísticos .....................................................................192
Figura 55 – Página Links..........................................................................................193
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Equações sobre documentos eletrônicos .................................................51
Quadro 2 – Mudanças na estrutura da comunicação do conhecimento .....................56
Quadro 3 – Informações mínimas selecionadas por turistas de Tiradentes...............78
Quadro 4 – Sub-roteiro para análise da Organização da Informação.........................89
Quadro 5 – Sub-roteiro para análise da Informação Turística....................................90
Quadro 6 – Sub-roteiro para análise dos Documentos e Hipertextualidade...............91
Quadro 7 – Sub-roteiro para análise das Unidades de Informação ............................91
10
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO .....................................................................................12
1.1 - Justificativas........................................................................................17
1.2 - Método de análise ...............................................................................19
2 - NOVAS TECNOLOGIAS, MUNDIALIZAÇÃO E
CONTEÚDOS LOCAIS .............................................................................26
2.1 - Conteúdos Locais................................................................................29
3 - DOCUMENTOS E A ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO............36
3.1 - Unidades de informação......................................................................42
3.2 - Os impactos tecnológicos....................................................................44
3.3 – Documento eletrônico.........................................................................46
3.4 - Uma nova cadeia documental .............................................................53
4 - ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA WWW.............................55
4.1 - Hipertextualidade ................................................................................56
4.2 - Arquitetura da Informação ..................................................................57
4.3 - Processos da AI...................................................................................60
4.3.1 - Organização......................................................................................61
4.3.2 - Navegação........................................................................................64
5 - INFORMAÇÃO NO SETOR TURÍSTICO...........................................69
5.1 - Informação Turística ..........................................................................70
6 - METODOLOGIA ..................................................................................80
6.1 - Etapas do trabalho...............................................................................81
6.1.1 - Definição da amostra........................................................................81
6.1.2 - Seleção dos sites...............................................................................85
6.1.3 - Roteiro de análise.............................................................................87
11
7 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................93
7.1 - Apresentação e síntese analítica dos dados.........................................94
7.1.1 - Cadeia Documental ..........................................................................94
7.1.2 - Organização da Informação ...........................................................100
7.1.3 - Navegação......................................................................................104
7.1.4 - Informação Turística ......................................................................111
7.1.5 - Hipertextualidade ...........................................................................113
7.1.6 - Unidades de Informação.................................................................116
8 - CONCLUSÕES....................................................................................118
8.1 - Avaliação do método proposto..........................................................118
8.2 - Análise dos sites................................................................................121
8.3 - Considerações finais..........................................................................129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................130
ANEXOS
Anexo 1 – História e relevância do Centro Histórico de Olinda/PE e do Centro
Histórico da Cidade de Diamantina / MG, dois dos sítios brasileiros reconhecidos
pela Unesco como ‘Patrimônio da Humanidade”......................................140
Anexo 2 – Coleta de dados do site OlindaVirtual .....................................144
Anexo 3 – Coleta de dados do site da Prefeitura Municipal de Olinda.....155
Anexo 4 – Coleta de dados do site DiamantinaNet...................................168
Anexo 5 – Coleta de dados do site Idas Brasil ..........................................182
12
1 - INTRODUÇÃO
A emergência da chamada Sociedade da Informação tem acirrado as discussões sobre
a necessidade de ações e políticas que consigam oferecer à totalidade da população a
participação num processo de mudanças caracterizado, entre outros fatores, pela rápida
disseminação de informações e facilidade de comunicação, principalmente através das
chamadas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). O cidadão, instituição
ou região sem acesso aos recursos técnicos e conhecimento das possibilidades das
novas tecnologias estão excluídos de uma mudança social estrutural, num contexto que
pode agravar ainda mais a desigualdade cultural e econômica amplamente identificada
nos planos nacional e global.
Nesse contexto, porém, acreditamos que a internet, que é uma rede de informação e
comunicação de alcance mundial, tem se firmado também como um importante
instrumento na divulgação e afirmação de informações relativas a localidades
geográficas de características culturais singulares, colaborando assim para um
desenvolvimento econômico e cultural local que opera como um “contraponto” a uma
globalização massificadora.
Como afirma Santos, M. (2002, p. 167), “as condições atuais permitem (...) antever
uma conversão da mídia sob pressão das situações locais (produção, consumo,
cultura)”. Assim, para uma efetiva inclusão de localidades na Sociedade da
Informação, é fundamental que elas participem e se reconheçam no modo como estão
representadas nos conteúdos disponíveis através das TICs, como nas páginas da
internet.
Um dos tipos de sites que podem ser construídos como produtos segmentados e que
permitem a divulgação de informações sobre regiões delimitadas diz respeito a cidades
ou regiões dotadas de atrativos turísticos. Sites dessa natureza falam de um tempo e
espaço específicos que, por serem tão singulares, tornam-se de interesse amplo, o que
13
justifica seu reconhecimento como destinos turísticos e, conseqüentemente, sua
divulgação pela WWW
1
.
Com o advento das TICs, a publicação e o acesso às informações de divulgação
turística passam a ocorrer em escala nunca antes vista, possibilitando novas atitudes de
todos os sujeitos interessados na “exploração” dos potenciais da região. Se “para o
cliente, o Turismo, até o momento de vivenciá-lo, é somente o conjunto de
informações que lhe é disponibilizado” (Vicentin et al, 2003: 2), com a rede mundial
de computadores os futuros visitantes, por exemplo, têm condições antes
inimagináveis de se programar e se informar, o que facilita inclusive suas escolhas
(através do poder de comparação).
Já o empreendedor da área turística encontra nas novas tecnologias uma ferramenta de
enorme valor para potencialização e redução de custos de seu negócio, incluindo
relacionamento com o cliente e comércio eletrônico, cabendo ao responsável pela
divulgação da informação o desafio de conhecer com detalhes as necessidades e
demandas de informação de seus clientes, visando oferecer-lhes o produto mais
adequado. Também os moradores da localidade, ao munirem-se de informações de
impacto imediato em seu cotidiano, e estudiosos da área, interessados em dados e
notícias sobre o local, são beneficiados com as ferramentas oferecidas pela internet.
Assim, percebemos que os sites sobre cidades turísticas podem possuir características
e objetivos diferentes, dependendo inclusive do ator social responsável por sua
elaboração ou manutenção – se é um morador ou não, se os interesses são profissionais
ou de lazer ou ainda se há o vínculo com alguma instituição interessada na localidade,
entre outras variáveis. Tamanha diversidade, se por um lado possibilita uma potencial
multiplicidade de vozes manifestando-se sobre o mesmo tema, por outro faz com que
seja ainda mais importante lançar um olhar criterioso sobre o universo da WWW.
1
WWW significa World Wide Web (Rede de Alcance Mundial, em inglês). Criada pelo inglês Tim Berners-Lee em
1991, trata-se do conjunto de páginas interligadas por hipertextos e disponíveis na internet. As páginas web são
acessadas através de navegadores (browsers).
14
O presente trabalho se propõe, portanto, a analisar sites sobre localidades turísticas,
procurando identificar que estratégias de produção e organização das informações
foram utilizadas pelos responsáveis por sua elaboração e/ou manutenção, visando, em
última instância, identificar como as localidades que justificam a existência dos sites
estão representadas na internet.
No desenvolvimento do trabalho, alguns conceitos serão tomados como referência,
uma vez que a discussão sobre a informação no contexto da internet deve levar em
conta suas peculiaridades. Adotamos aqui, por exemplo, a argumentação de Pédauque
(2003) sobre as transformações incorporadas pelo documento eletrônico frente ao
documento tradicional. Como discutiremos com detalhes no capítulo 4, o autor
identifica duas grandes rupturas ao longo da evolução dos documentos: no ambiente
eletrônico, 1) identifica-se uma relação indissociável entre o conteúdo e a estrutura em
que ele se apresenta e 2) a partir da interação construída durante a navegação, surge a
possibilidade de uma maior participação do usuário/leitor na construção do significado
potencialmente contido pelo documento. Assim, não se pode considerar o conteúdo,
por exemplo, desvinculado do contexto tecnológico e de organização em que ele está
inserido, sob o risco de reduzirmos e desfigurarmos um meio que configura seu
funcionamento e possibilidade de sentido justamente na combinação destes fatores.
Se considerarmos um site como um documento eletrônico e fruto desta mudança do
meio, é relevante identificarmos e discutirmos, em primeiro lugar, como acontece o
processo de produção e organização de suas informações, uma vez que os
procedimentos tradicionalmente adotados em bibliotecas, por exemplo, não parecem
ser perfeitamente adequados a estes objetos. Do mesmo modo, julgamos importante
identificar a relação entre as unidades de informação responsáveis pelos sites e as
informações neles disponibilizadas, sempre visando compreender sua influência na
divulgação turística realizada pelo site.
Para avaliar um site, consideramos ainda que ele deve ser analisado também quanto à
adequação das informações ao ambiente hipertextual potencialmente oferecido pela
15
World Wide Web, assim como deve ser verificado como foi trabalhada a informação
turística, posto que esta área de conhecimento possui temas e assuntos sistematizados e
que são de interesse direto do usuário interessado nesse campo.
Os conceitos apresentados acima foram divididos, no capítulo de Metodologia desta
dissertação, em quatro sub-roteiros de análise de sites turísticos: Organização da
Informação na WWW, Documentos e Hipertextualidade, Informação Turística e
Unidades de Informação. O desenvolvimento desta metodologia nos permitiu analisar,
sob diferentes critérios e pontos de vista, uma amostra de documentos eletrônicos
(sites) sobre localidades de potencial turístico.
Sendo impossível tratar de todas as localidades turísticas brasileiras, optamos aqui por
selecionar algumas que atuam de forma prioritária em um segmento específico da área:
o turismo cultural, que valoriza interferências e atuações do homem em um espaço
natural
2
.
Com o intuito de preservar características originais, controlando impactos e distorções,
as localidades históricas passam por processos de tombamento oficial no plano
municipal, estadual, nacional ou internacional. Os principais sítios históricos do
mundo recebem a chancela de “Patrimônio da Humanidade”, concedida pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) a áreas culturais
(ou naturais) consideradas "especialmente valiosas para a humanidade”.
Segundo informações contidas em seu site em português (www.unesco.org.br
), a
entidade concede o título baseada em uma Convenção Internacional sobre a Proteção
do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, aprovada em 1972. O conceito de
Patrimônio Cultural é ”composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítios que
tenham valor histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou
2
Geralmente associado às características arquitetônicas ou urbanísticas da localidade, o patrimônio cultural que
atrai a atenção de visitantes é composto também por outros elementos de “valor para o conhecimento de uma
região, uma época, um estilo de vida”, como objetos de uso pessoal ou decorativo, desenhos, fotografias, culinária,
manifestações artísticas etc – são bens móveis ou imóveis que singularizam uma localidade, conforme Pellegrini
Filho (1993: 93).
16
antropológico”. Assim, geralmente não é uma cidade inteira que é reconhecida como
Patrimônio da Humanidade, e sim um trecho ou construções demarcadas por seu valor
de destaque frente ao conjunto urbano. Em janeiro de 2005, dez sítios históricos
brasileiros possuem este título
3
.
Na definição da amostra deste trabalho foram selecionadas duas localidades brasileiras
reconhecidas como Patrimônio Cultural da Humanidade: o Centro Histórico de Olinda,
em Pernambuco, e Centro Histórico da Cidade de Diamantina, em Minas Gerais. Cada
uma teve dois de seus sites disponível na WWW analisados. Respectivamente, são
eles: Olinda Virtual (http://www.olindavirtual.net/
), site da Prefeitura Municipal de
Olinda (http://www.olinda.pe.gov.br
), DiamantinaNet
(
http://www.diamantinanet.com.br) e Idas Brasil
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
).
A necessidade de realização deste trabalho funda-se em algumas experiências
profissionais em que os dilemas, dificuldades e virtudes a serem explorados aqui foram
observados in loco. Como jornalista contratado pela produtora multimídia Ciclope
(www.ciclope.com.br
) nos anos de 2000 e 2001, fui responsável editorial por dois sites
sobre localidades turísticas: Cidades Históricas Brasileiras
(www.cidadeshistoricas.art.br
) e Santuários (www.santuarios.com.br). Buscando
oferecer informações de diferentes naturezas aos públicos usuários, os sites foram
elaborados e atualizados após visitas a cada um dos lugares divulgados, o que nos
levou a uma maior aproximação com o cotidiano das localidades e, acredito, uma
ampla e diversificada divulgação das características turísticas e culturais observadas.
Outra experiência de forte influência sobre a concepção do presente trabalho foi a
concepção e edição do site Portal Ouro Preto (www.ouropreto.com.br
), lançado em
setembro de 2002, numa iniciativa da Fundação Educativa Ouro Preto (Feop) e Centro
3
São eles: A cidade histórica de Ouro Preto/MG (reconhecida em 1980); O centro histórico de Olinda/PE (1982);
As ruínas jesuíticas-guarani, de São Miguel das Missões/RS (1983); O centro histórico de Salvador/BA (1985); O
Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo/MG (1985); O Plano Piloto de
Brasília/DF (1987); O Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato/PI (1991); O Centro Histórico
de São Luiz do Maranhão/MA (1997); Centro Histórico da Cidade de Diamantina / MG (1999); Centro Histórico
da Cidade de Goiás /GO (2001).
17
de Artes e Convenções da UFOP. Trabalhando com o objetivo de “preencher uma
lacuna de informações completas e atualizadas sobre o principal destino turístico de
Minas Gerais”, pude conviver nessa cidade e desvendar diariamente, através de
correspondências por e-mail ou conversas travadas pessoalmente, o impacto e
importância do site no processo de busca de informações pelos diferentes públicos
interessados na cidade, inclusive pelos próprios moradores, ávidos por espaços de
apresentação e debate de assuntos relativos à cidade. Estudamos as necessidades e
demandas de informação desses públicos em d´Andréa (2003).
Assim, após identificar de perto as realidades e necessidades de diferentes localidades
turísticas ávidas por expressar e divulgar suas peculiaridades culturais, observamos o
desafio que é traduzir, adaptar ou abrir espaços de informação e comunicação sobre o
tema na internet. É a partir desses desafios que propomos o presente trabalho.
1.1 - Justificativas
Miranda (2000) destaca a “incontrolabilidade dos conteúdos” produzidos e
disponibilizados nos meios eletrônicos como uma marca da sociedade contemporânea.
Essa facilidade de contato e expressão reforça ainda mais a pluralidade de vozes que
podem se pronunciar sobre uma região, trazendo mais e novos traços de identificação
para as redes.
Acreditamos que a “incontrolabilidade“ registrada por Miranda é uma característica
fundamental para uma efetiva representação da complexidade social na internet. Esta
conquistou um crescimento tão vertiginoso nos últimos dez anos justamente porque
permite que potencialmente todos os interessados participem da produção de novos
nós da imensa teia e possam acessar aqueles que necessitam.
Conforme afirma Barreto (1998),
a comunicação eletrônica veio definitivamente libertar o texto e a
informação de uma ideologia envelhecida e autoritária dos gestores da
18
recuperação da informação, defensores de uma pretensa qualidade
ameaçada, os fatais intermediários e porta-vozes que vêem seus poderes
ameaçados cada vez mais pela facilidade da convivência direta entre os
geradores e consumidores da informação (p.126).
Tamanha diversidade, no entanto, torna especialmente difícil caracterizar e avaliar os
sites a partir das expectativas dos públicos interessados no tema divulgado.
Acreditamos que é justamente dessa dificuldade que surge a importância da questão
proposta por esta dissertação.
Nesse contexto, acreditamos que este trabalho justifica-se ao propor uma análise dos
sites disponíveis hoje na internet sobre cidades com potencial turístico, o que
contribuirá para o reconhecimento dos alcances e falhas da divulgação realizada
atualmente e no planejamento de futuras ações que visem melhorar a divulgação e
representação das localidades na WWW.
Se, como veremos a seguir, os dados indicam que ainda são deficitárias as informações
disponíveis na internet, consideramos importante ao menos identificar como as
informações atuais foram produzidas, organizadas e divulgadas. Ao final do trabalho,
teremos a possibilidade de identificar iniciativas interessantes e sugerir melhorias e
inovações para futuros projetos.
Considerando que a “Ciência da Informação está ligada ao corpo de conhecimentos
relativos à origem, coleta, organização, estocagem, recuperação, interpretação,
transmissão, transformação e uso da informação” (Borko: 1968), resgatamos da área
conceitos tradicionalmente usados para caracterizar os atores e objetos envolvidos nos
processos ligados à informação, tais como “documento”, “unidade de informação”,
“organização da informação” e “cadeia documental”, visando identificar que
mudanças podem ser identificadas na “migração” do espaço da informação para o
ambiente digital.
19
Acreditamos que identificar e debater os processos de produção e organização das
informações de um site é um caminho para discutir também como acontece a inserção
das cidades históricas na internet, uma vez que um site bem estruturado e organizado
será acessado com mais facilidade por um turista, que terá então mais chances de
visitar a cidade, o que seria o objetivo final de um site desta natureza
4
. Do mesmo
modo, será melhor informado um usuário que encontrar um volume maior e uma
maior diversidade de informações turísticas em um site, o que o ajudaria ainda a
conhecer e compreender melhor a cidade, reforçando uma efetiva inserção da
localidade no amplo espaço de interesses propiciado pela WWW.
1.2 - Método de análise
Uma avaliação eficiente de informações disponíveis na internet depende ainda da
consolidação de uma área de estudos sobre o tema. Em primeiro lugar, é preciso
considerar que o ato de avaliar algo é, por natureza, uma ação subjetiva, isto é,
depende da interpretação e ponto de vista de um sujeito específico. Certamente cada
sujeito é capaz da avaliar um site ou outro serviço de informação a partir de pontos de
vista estritamente pessoais, o que dificulta o estabelecimento de critérios comuns e de
amplo alcance.
No caso da internet, sua diversidade e pluralidade peculiares se por um lado tornam o
processo de avaliação mais trabalhoso, por outro fazem-no ainda mais necessário e
relevante. Como afirma Tomaél et al (2001, p.3),
entender a internet como processo social, em constante desenvolvimento e
mutação e não como produto definido e acabado, é fundamental para a
compreensão da necessidade de desenvolvimento de mecanismos que
possibilitem uma utilização otimizada dos recursos disponíveis.
4
Lembramos ainda que esta dissertação está encaixada na linha de pesquisa Organização e Utilização da
Informação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da UFMG, que reforça a escolha
explicada acima.
20
Nesse contexto, acreditamos que a Ciência da Informação possui abordagens e
conceitos relevantes nesta área de estudos, assim como seus profissionais nos parecem
os mais adequados para elaboração e execução dessas tarefas. Tillman (2003) aponta
os profissionais da informação como os mais preparados para determinar e expandir os
critérios de avaliação da qualidade da informação na Internet. Já Smith (1997) ressalta
o papel histórico do bibliotecário no processo de seleção das informações, lembrando
que ele pode estender para o ambiente “online” o tradicional trabalho de avaliar,
selecionar e organizar a informação publicada. Já para Tomael et al (2001, p.4),
uma vez que é improvável combinar liberdade de expressão com seleção
prévia, cabe aos profissionais de Informação a tentativa de garantir a seus
usuários uma relativa ordem neste caos, definindo e elaborando
instrumentos que permitam controlar a qualidade das informações.
É grande a produção bibliográfica sobre avaliação de sites ou informações disponíveis
na internet. Bibliografia online mantida por Auer (2003), por exemplo, lista em abril
de 2004 84 artigos disponíveis na WWW, além de livros e outras publicações
impressas sobre o tema. Alguns dos trabalhos mais citados sobre o tema são os de
Tillman (2003), Alexandre & Tate (1996) e Smith (1997).
Em comum estes trabalhos têm o desenvolvimento de listas de critérios de avaliação
dos recursos oferecidos por um web site. Trata-se de grandes check lists a serem
aplicados pelo avaliador de um site, visando identificar e julgar o maior número
possível de elementos disponíveis na página. Segundo Mostafa & Terra apud Vilella
(2003, p.52),
a enorme massa de literatura de avaliação de fontes eletrônicas abrange, em
maior ou menor grau, os cinco critérios de avaliação de fontes impressas tão
conhecidos dos bibliotecários: acuidade, autoridade, objetividade, atualização
e cobertura, evidentemente adaptados para o meio eletrônico.
As listas de itens a serem avaliados (check lists) produzidos pelos autores mais citados
foram o ponto de partida para algumas pesquisas realizadas no Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Escola de Ciência da Informação da
21
UFMG, principalmente as de Nascimento (2000), Carvalho (2001) e Vilella (2003).
Estes autores procuraram adaptar listas de critérios de avaliação de sites a diferentes
universos e temas, gerando assim desdobramentos nessa área de pesquisas e
contribuindo para uma evolução das pesquisas.
Vilella (2003), por exemplo, realizou um estudo exploratório de avaliação de portais
de governo eletrônico, selecionando um portal de governo estadual de cada região
geográfica do país, ficando com os estados do Amapá, Bahia, Mato Grosso, Rio de
Janeiro e Paraná. Seu trabalho consistiu em um levantamento e teste de aplicabilidade
de critérios divididos em três dimensões de análise: conteúdo, usabilidade e
funcionalidade. A compilação de critérios citados na literatura resultou num total de 14
parâmetros, que se desdobram em 73 critérios. Antes de aplicar o método nos sites
analisados, a autora, com ajuda de “especialistas”, atribuiu pesos a cada um dos
critérios e parâmetros de análise.
A pesquisa de avaliação de sites turísticos realizada por Santos, G. (2002) também
adotou listas de critérios próximas às dos autores acima. O autor formulou um novo
modelo baseado em três trabalhos anteriores, adequado-os à análise de sites de turismo
dos governos estaduais. O modelo é composto de dez temas: identificação, elementos
de busca, aspectos técnicos, forma de conteúdo, atualização, idiomas, interatividade,
design, navegação e conteúdo.
A perspectiva adotada pelo presente trabalho, no entanto, em grande parte difere das
abordagens citadas anteriormente. O primeiro motivo para a elaboração de uma nova
proposta de avaliação de web sites deve-se a uma percepção de que há uma baixa
renovação da literatura sobre o assunto. A partir da bibliografia mantida por Auer
(2003), por exemplo, pudemos identificar que a maioria dos artigos citada foi escrita
ainda na década de 1990. Também uma pesquisa realizada na base de dados LISA ao
longo do ano de 2004 indicou o baixo número de artigos publicados nos últimos anos
sobre o tema, o que indica um aparente esgotamento de novidades. Nesse contexto,
acreditamos que um trabalho que praticamente repetisse a bibliografia e abordagens já
22
usadas em pesquisas anteriores pouco contribuiria para o desenvolvimento da área e
não instigaria a curiosidade intelectual dos envolvidos no processo.
Um segundo motivo para a não-adoção de critérios de avaliação de sites no presente
trabalho deve-se a uma percepção dos limites impostos por esta metodologia de
pesquisa. Acreditamos que a simples adoção de uma lista com, suponhamos, 100
critérios para avaliação de um site não é suficiente para compreendermos o site como
um todo. Isto é, ao nos atermos em demasiado a todos os detalhes que compõem um
site, corremos o risco de não compreender seu funcionamento geral ou seus aspectos
mais estruturais e fundamentais
5
.
Assim, no presente trabalho nos propomos não a avaliar sites a partir de listas de
critérios, mas focar principalmente nos processos adotados pelas equipes da unidade
de informação ao produzir e organizar um determinado site, que passa a ser entendido
a partir de um conjunto indissociável de fatores que devem ser considerados juntos.
Propomos ao longo da dissertação um novo método de análise de sites, que procura
identificar e debater as estratégias adotadas na sua elaboração e manutenção.
Na elaboração do método foram considerados os processos de produção/coleta e
organização das informações disponíveis nos sites, as características do documento, a
especificidade do ambiente hipertextual da WWW, a especificidade da informação
turística e a natureza da unidade de informação responsável pelo site. A revisão de
literatura sobre estes conceitos, assim com as relações entre eles, foi trabalhada
detalhadamente nos capítulos 3 a 5 da dissertação. A partir das discussões levantadas,
no capítulo de metodologia desenvolvemos quatro sub-roteiros que orientaram a coleta
e análise dos dados dos sites selecionados. É relevante observar que a tentativa de
elaborar um método qualitativa de análise de sites não nos desobrigou de
operacionalizá-lo a partir de roteiros compostos por parâmetros que devem nortear a
5
Cabe aqui fazermos uma importante distinção sobre as idéias de avaliar e analisar. Segundo o Novo Dicionário
da Língua Portuguesa, uma das definições para avaliar é “determinar a valia ou o valor, o preço, o merecimento
etc.; calcular, estimar” (Holanda, 1975: 151), aproximando-se da perspectiva dos trabalhos citados. Acreditamos
que nossa proposta seja a de analisar, ou seja, “decompor (um todo) em suas partes componentes” ou ainda
“observar, examinar com minúcia” (p.91).
23
coleta de dados pelo pesquisador. Embora aproximem-se dos check lists descartados
acima, os parâmetros que compõem os sub-roteiros não são o objetivo final da coleta
de dados, e sim uma forma de orientar uma observação mais contextual do site
analisado.
Ao desenvolver um novo método de análise de sites, pretendemos propor um olhar
diferente para a área, visando aproximá-la de conceitos que tradicionalmente são
utilizados na Biblioteconomia e na Ciência da Informação e contribuindo assim para
sua evolução e expansão. Nesse sentido, julgamos que o trabalho também é relevante
ao colaborar para a evolução e consolidação do tema, especialmente no contexto do
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Escola de Ciência
da Informação da UFMG, onde, sob outros pontos de vista, alguns trabalhos sobre o
tema já foram desenvolvidos.
Levando em consideração que as informações disponíveis na internet são
constantemente atualizadas e alteradas, podemos concluir que uma análise de sites está
fadada a torna-se desatualizada antes mesmo da publicação do trabalho. Assim, cremos
que a grande contribuição que demos à área não foram os resultados coletados e
apresentados ao fim do trabalho, e sim uma discussão sobre diferentes aspectos que
consideramos relevantes ao analisar um site sob a ótica da Ciência da Informação,
propondo parâmetros e referências que podem ser retomados por outros pesquisadores,
visando inclusive a constatação da “evolução” de um site num período determinado de
tempo.
O objetivo principal que procuramos trabalhar aqui foi
colaborar para a consolidação de uma metodologia de análise de sites, visando a
discussão e proposição de novos pontos de vista sobre o tema, assim como a realização
de uma análise de sites de localidades brasileiras declaradas “Patrimônio Cultural da
Humanidade”, procurando identificar como esses documentos eletrônicos são
elaborados visando uma divulgação turística e cultural da localidade.
24
Para isso, procuramos igualmente identificar e debater os processos de produção/coleta
e organização das informações disponíveis nos sites turísticos selecionados,
caracterizar os documentos eletrônicos (sites) selecionados, considerando a
especificidade da informação turística e do ambiente hipertextual da World Wide Web
e identificar e debater a relação entre a natureza da unidade de informação e o
documento eletrônico pelo qual ela é responsável. Após cumprir estes objetivos
específicos, procuramos ainda identificar iniciativas interessantes e sugerir melhorias
nos sites analisados, visando colaborar para futuras ações na área.
É igualmente importante nesta introdução destacarmos algumas características que o
presente trabalho não pretende atingir. Por focarmos o trabalho na revisão
bibliográfica a cerca as especificidades do documento eletrônico disponível na WWW
e da informação turística e na proposição de metodologia de análise de sites, não foi
possível operacionalizar uma pesquisa direta junto a usuários e/ou produtores dos sites
analisados. O levantamento e discussão das necessidades e demandas informacionais
dos potenciais usuários dos sites exigiria uma discussão específica, uma vez que este o
estudo de usuários é um campo bem delimitado no âmbito da Ciência da Informação.
Como citado anteriormente, realizamos um estudo das necessidades e demandas de
usuários de um site sobre Ouro Preto em d´Andréa (2003).
Para dar conta dos objetivos propostos, o presente trabalho divide-se em 8 capítulos.
No atual capítulo foi feita uma apresentação geral do tema, seguida da justificativa de
sua escolha e dos objetivos gerais do trabalho. No capítulo 2 discutiremos o impacto
das tecnologias da informação e comunicação sobre as culturas regionais e a
importância dos conteúdos locais, disponíveis principalmente na internet, para a
resistência e reconfiguração cultural das localidades afetadas pelo processo de
mundialização cultural.
O capítulo 3 traz a revisão de literatura sobre os conceitos de documentos e
organização da informação, sendo considerados os processos tradicionais utilizados no
trabalho das unidades de informação e os impactos tecnológicos nesse contexto, que
25
culminam com a necessidade da reformulação do próprio conceito de documento. O
capítulo seguinte discute o processo de organização da informação especificamente no
ambiente hipertextual da WWW e apresenta conceitos e estratégias da chamada
Arquitetura da Informação.
O capítulo 5 procura definir e delimitar a informação turística, entendida como insumo
básico para o bom funcionamento desta área de estudos e atuação profissional. O
capítulo 6 apresenta a metodologia proposta para o trabalho, incluindo a definição da
amostra de sites a serem analisados e a consolidação, a partir da revisão bibliográfica,
de roteiros de análise dos sites. Os dados coletados serão apresentados no capítulo 7 e
debatidos no capítulo seguinte. As referências bibliográficas utilizadas ao longo da
dissertação e os anexos do presente trabalho completam o corpo desta dissertação.
26
2
NOVAS TECNOLOGIAS, MUNDIALIZAÇÃO E CONTEÚDOS LOCAIS
A facilidade e rapidez com que ocorrem as transmissões de dados através das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TICs) precipitaram no final do século XX uma interligação
imediata de regiões geograficamente distantes, colocando frente a frente hábitos, línguas,
crenças, enfim, culturas com características próprias. Trocas informacionais através dos
meios eletrônicos tornaram-se a tônica do contato entre indivíduos munidos dos
equipamentos necessários e algum tema que os aproxime.
É importante identificarmos nesse processo um esvaziamento e rompimento entre o tempo
e espaço reais, conforme alguns conceitos propostos por Giddens (1991, p.29) para analisar
a sociedade moderna. Para o autor, hoje as relações interpessoais têm como característica o
desencaixe, ou seja, um “’deslocamento’ das relações de contextos locais de interação e sua
reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço”. O desencaixe, segundo
Giddens, acontece através de dois mecanismos: fichas simbólicas (convenções que passam
a valer o que é atribuído a elas, como o dinheiro) e sistemas peritos, que são “sistemas de
excelência técnica ou competência profissional que organizam grandes áreas dos ambientes
material e social que vivemos hoje” (p.35). Esses mecanismos ganham força decisiva nas
sociedades modernas devido à “confiança”
1
atribuída a eles pelos sujeitos e instituições, o
que deve-se ao forte vínculo que estabelecemos com as estruturas sociais.
Para que haja uma aproximação de um sujeito ou comunidade com seu tempo-espaço, é
preciso que haja um reencaixe, ou uma “reapropriação ou remodelação de relações sociais
encaixadas de forma a comprometê-las (embora parcial e transitoriamente) a condições de
tempo e lugar”. Isto acontece em compromissos com rosto (com conexões sociais
estabelecidas em circunstâncias de co-presença) e sem rosto (desenvolvimento de fé em
fichas simbólicas ou sistemas peritos).
1
“Confiança” é definida como “crença na credibilidade de uma pessoa ou sistema, tendo em vista um dado conjunto de
resultados ou eventos, em que essa crença expressa uma fé na probidade ou amor de um outro, ou na correção de
princípios abstratos” (p.41).
27
Paim & Nehmy (1998) buscam nas reflexões de Giddens argumentos que contribuam para
uma importante área da Ciência da Informação, a avaliação de informações. Partindo do
pressuposto que esses conceitos contribuem para “clarear o lugar de interação entre o
sistema de informação e o usuário” , as autoras afirmam que “a informação submetida à
seleção e ao tratamento constituiria um sistema técnico-científico com características
próprias de mecanismos de desencaixe/reencaixe, sofrendo as determinações de anonimato
e impessoalidade em sua relação com leigos”.
Considerando os sistemas de informação como ferramentas técnicas através das quais os
sujeitos podem reativar sua ligação com um tempo-espaço específico, concluem que eles
“podem ser apreendidos como sistemas peritos, submetidos aos mesmos condicionantes dos
demais” (p. 86).
Assim, os sistemas são fontes de informação para pessoas localizadas em espaços e tempos
diferentes ou mesmo para moradores de uma mesma localidade, além de serem um
importante instrumento de comunicação. Nesse processo de reencaixe, a facilidade de
comunicação e troca de informações através das novas tecnologias permite que pessoas
situadas nos mais remotos territórios consigam acompanhar de perto os acontecimentos e
novidades de outras culturas, acelerando um processo de “hibridização” que caracteriza a
cultura atual (Canclini, 1997).
A veloz e ampla distribuição de informações através das TICs é muitas vezes apontada
como fator agravante para uma homogeneização cultural de diferentes populações, que
expostas a valores de povos economicamente mais poderosos, seriam rapidamente
“seduzidas” pelos valores de consumo e mercado de impacto global (Poster, 2003; Santos,
M. 2002).
É fundamental notarmos, no entanto, que a constituição e divulgação de informações de
“interesse mundial” tem provocado, como fator de resistência, uma grande valorização de
características locais, isto é, aquelas que são típicas e únicas do tempo e espaço físicos
compartilhados pelos moradores de um país ou região. É o que acontece no caso da
28
atividade turística, que em geral procura valorizar justamente as características singulares
de uma localidade, atraindo visitantes de outros lugares por possuir algum tipo de atrativo
específico. Ainda que sejam inevitáveis os contatos e influências de culturas externas, por
exemplo através da própria presença física de visitantes, é a manutenção de características
locais únicas que manterá vivo o interesse de sujeitos externos às especificidades de uma
região.
Este contrapeso igualmente é destacado por Santos, M. (2002, p.109), que ao apresentar
movimentos sociais de resistência ao desigual processo de globalização vivido atualmente,
discute a importância das chamadas zonas de horizontalidades, por ele definidas como os
“espaços que sustentam e explicam um conjunto de produções localizadas,
interdependentes, dentro de uma área cujas características constituem também um fator de
produção”. Segundo o autor, comunidades que compartilham ou trabalham em função de
um mesmo espaço/tempo desenvolvem uma solidariedade comum e tornam-se capazes de
resistir aos poderes hegemônicos que atuam para adaptação dos “comportamentos locais
aos interesses globais” - as chamadas verticalidades (p.105).
Castells (2002, p. 518) formula conceitos semelhantes: o espaço de fluxos e de lugares. O
primeiro, através de redes, favorece a interação entre pessoas e instituições dominantes,
unidas por interesses políticos e econômicos comuns, mas fisicamente separadas. Já o
espaço de lugares baseia-se em interações cotidianas com um ambiente físico delimitado,
onde a maioria das pessoas vivencia suas experiências, embora cada vez mais submetidas
aos fluxos globais. Para o autor, a resistência dos lugares à interconexão massificadora
pode acontecer pela construção de “pontes culturais, políticas e físicas entre essas duas
formas de espaço”.
A consolidação das zonas de horizontalidade e espaço de lugares, embora tenham como
premissa o compartilhamento de um ambiente comum, pode acontecer com o reforço
decisivo das TICs. No processo de valorização e reconstrução das características locais,
comunidades que habitam um espaço comum ou indivíduos que tenham interesse nos
acontecimentos dessa localidade podem recorrer às novas tecnologias para reativarem as
ligações que os identificam. Como afirma Smith apud Held & McGrew (2001, p.42), as
29
novas redes eletrônicas de comunicação e a tecnologia da informação “possibilitam uma
interação mais densa e mais intensa entre os integrantes de comunidades que compartem
características comuns, em especial a língua”, o que contribui para “intensificar e reavivar
as formas e fontes tradicionais da vida nacional”.
Nesse contexto, um site pode atuar como uma importante ferramenta para o registro e
construção permanente da cultura própria de uma localidade e na sua divulgação a sujeitos
externos, possibilitando o processo de “reencaixe” descrito por Giddens ao mesmo tempo
reforça e reconstrói os vínculos entre os sujeitos interessados. Nas palavras de Castells
(2003), “a liberdade de contornar a cultura global para atingir sua identidade local funda-se
com a internet, a rede global da comunicação local” (p.162). É esta possibilidade que
debateremos a seguir.
2.1 – Conteúdos Locais
Para que assuma uma posição participativa no contexto da Sociedade da Informação, é
preciso que um grupo de pessoas com interesses comuns não só tenha acesso e compartilhe
de informações contidas na internet ou outras redes informacionais, mas também marque
seu lugar no espaço global.
Para isso, é fundamental que os envolvidos registrem e divulguem informações relativas ao
tema de seu interesse, visando preservar e debatê-lo. Na literatura especializada, atribui-se
ao produto deste registro o nome de “conteúdo local”. Segundo definição contida em
relatório financiado pelo United Kingdom Department for International Development
(DFID), conteúdo local é “a expressão do conhecimento pertencente e adaptado de uma
comunidade, definida por sua localização, cultura, linguagem ou área de interesse”
(Ballantyne: 2002, 5). Esta definição extrapola a idéia de um conteúdo produzido em, sobre
ou para uma comunidade específica e destaca a importância do material ser produzido pela
própria comunidade, tornando-se assim um instrumento de participação social. Não se trata,
portanto, de somente produzir ou disponibilizar conteúdos na língua pátria e/ou sobre as
características e peculiaridades de uma comunidade, mas também investir na representação
30
de uma identidade negociada e mutante com a qual os usuários colaborem e através da qual
se reconheçam
2
.
Posição muito semelhante é defendida por Gómez (1997, p.17), que ao discutir os espaços e
possibilidades que se abrem no processo de globalização, destaca a necessidade de “dar
acesso às fontes locais para os atores locais, mas também estabelecer conexões entre o
espaço local e as redes, com dois tipos de procedimentos: a) extrativos, para que os atores
locais se apropriem das informações disponíveis na rede, b) produtivos, para que os atores
locais confirmem sua presença argumentativa, econômica e política no espaço das redes”.
A funcionamento dessas conexões, ao nosso ver, nada mais é que a consolidação das
“pontes” citadas por Castells.
A internet possibilitou que, potencialmente, os usuários que têm acesso à rede de
computadores tornem-se também produtores de conteúdos. Devido à facilidade de
publicação e acesso às informações, a rede mundial pode ser considerada um espaço
privilegiado para que os atores descritos por Gómez produzam e publiquem informações
relativas aos seus interesses e especificidades. Em outras palavras, é disponibilizando
através de sites seus conteúdos próprios que os grupos de interesse, sejam eles um país,
uma cidade ou uma comunidade de alguma área do conhecimento podem marcar seu
espaço na imensa teia da World Wide Web.
Rammer et al (2003), em pesquisa encomendada pela União Européia entre novembro de
2001 e outubro de 2002, investiga o uso das informações providas por sites locais pela
população de seus países membros, acrescidos da Noruega e Estados Unidos. As
constatações finais do trabalho indicam, entre outras conclusões, que os sites mais
acessados por europeus são os produzidos no país de origem e versões locais de sites de
multinacionais americanas e que há pouco uso de sites mantidos em outros países da União
Européia, com exceção de países que têm proximidades culturais e lingüísticas, como
França/Bélgica e Alemanha/Áustria.
2
Acreditamos que esta posição adequa-se inclusive às atuais discussões sobre “inclusão digital”, que atualmente centram-
se apenas na importância do acesso aos meios tecnológicos e no resgate da educação formal para desenvolvimento da
capacidade cognitiva e do senso crítico
(Silveira, 2003 e Fundação Getúlio Vargas, 2003).
31
Podemos observar que, ao mesmo tempo em que há um grande uso de conteúdos locais, é
forte a influência de sites estrangeiros, especialmente de empresas multinacionais, e a
língua é uma variável determinante na aproximação de países ou regiões diferentes.
Conclui o relatório uma observação de que, apesar da internet ser um fenômeno global e
que ultrapassa fronteiras e barreiras geográficas, muitos conteúdos são mais efetivos
quando preparados para uma audiência específica, e não quando são genéricos (p.46).
Acreditamos que, ao identificar o real interesse dos usuários por conteúdos de origem local
ou que tenham reais proximidades com seu cotidiano, esta pesquisa confirma a
argumentação desenvolvida anteriormente, que ressalta a importância das especificidades
regionais marcarem seu espaço nas redes mundiais de informação, como a internet.
É preciso notar, no entanto, que este fenômeno tem uma dinâmica particular no caso do
turismo. Aqui o interesse pelo conteúdo local transpõe os limites geográficos sobre os quais
se refere, uma vez que é da própria natureza da atividade a necessidade de trocas
informacionais sobre espaços diferentes. Trigo (2004), ao considerar o turismo um
“importante fator das sociedades pós-industriais e um agente ativo da globalização”,
destaca como o segmento “se utiliza das novas tecnologias de comunicação, transporte e
diversão para se estruturar, criando, inclusive, redes globais de informação e mídia
especializada” (grifo nosso). Assim, ao mesmo tempo em que os conteúdos turísticos
deverão atender aos moradores da localidade, serão projetados via WWW para os demais
interessados em suas peculiaridades.
Segundo Miranda (2000, p.81), o volume de conteúdos operados por um país passa a
influenciar não apenas o desenvolvimento do país e seus moradores, mas também “sua
capacidade de influenciar e posicionar a sua população no futuro da sociedade humana”. A
influência atribuída aos conteúdos pode ser exemplificada através das implicações
econômicas e sociais da presença ou não de uma localidade turística na internet. Santos, M.
(2002, p.78), citando levantamento realizado para Organização Mundial do Turismo
(OMT), afirma que “as expectativas de informação dos consumidores estão mudando: eles
32
cada vez mais esperam que destinações ofereçam informações turísticas online. Um destino
que não possuir uma presença satisfatória na rede não estará apto a competir por turistas.”
Considerando esta importância, a produção e disseminação de conteúdos locais para a
inserção na Sociedade da Informação são assuntos recorrentes em documentos e cartas de
intenções produzidas por organismos governamentais e internacionais nos últimos anos.
O quinto capítulo do Livro Verde da Sociedade da Informação, produção coordenada pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia em 1999, chama-se “Conteúdos e identidade cultural” e
recomenda um grande esforço para disponibilizar em produtos e serviços os conteúdos
produzidos e armazenados de modo disperso e descentralizado. A organização de acervos
de informações é vista como fator relevante para o desenvolvimento nacional:
é por meio da operação de redes de conteúdos que a sociedade vai mover-se para
a sociedade da informação. E a força motriz para a formação e disseminação
dessas redes reside na eficiência das decisões coletivas e individuais em relação
aos conteúdos, que se constituem, ao mesmo tempo, em meio e fim da gestão da
informação e do conhecimento na sociedade da informação (Brasil: 1999, 59)
O Livro Verde aponta como dificuldades para implementação de uma política nacional o
“alto custo da digitalização de acervos e as diferenças das técnicas que envolvem a
preparação de bases de dados a partir de formatos diversos” (Brasil, 1999: 61). O apoio à
pesquisa em tecnologia de produção e comunicação de conteúdos, a capacitação para uso
das novas tecnologias e a participação das instituições culturais públicas são outros fatores
importantes apontados pelo documento.
Entre as ações estruturadoras recomendadas pelo documento, destacamos a importância de
se “promover a criação e organização de sites, páginas e portais de interesse comunitário,
que sirvam de referência cultural sobre os nossos estados, municípios, distritos, povoados e
mesmo bairros periféricos, como forma de organização e ação cultural”.
33
Já a declaração de princípios produzida pela Cúpula Mundial pela Sociedade da
Informação, ocorrida em dezembro de 2003 em Genebra (Suíça) sob a tutela da Unesco,
inclui um artigo sobre “Diversidade cultural, diversidade lingüística e conteúdo local”.
Segundo o registro, a identidade cultural, diversidade cultural e lingüística, tradições e
religiões e diálogos entre culturas e civilizações devem ser a base da inserção dos países na
Sociedade da Informação. Para esse posicionamento efetivar-se, destaca-se a importância
da criação, disseminação e preservação de conteúdos educacionais, científicos, culturais ou
de recreação em línguas e formatos diversos (Unesco: 2003a). Também neste documento o
item é analisado não só sob a perspectiva da preservação da memória e identidades
culturais, mas ainda como um fator de desenvolvimento social e econômico para as regiões.
O Plano de Ações proposto na Cúpula inclui recomendações para o item, como a criação de
políticas nacionais que contemplem a preservação da diversidade e patrimônio cultural e
lingüístico e a produção local (favorecendo inclusive o desenvolvimento de indústrias
regionais), o desenvolvimento de sistemas que garantam o acesso aos arquivos digitais e
conteúdo multimídia e o suporte a projetos de comunicação baseados nas comunidades
locais (Unesco 2003b). A parceria entre o setor público e privado é estimulada pelo
documento.
Apesar dos documentos oficiais deixarem clara a importância da implementação de sites
com conteúdos locais para uma efetiva participação dos países na Sociedade da
Informação, a realidade aponta uma enorme dificuldade de se conceber e implementar
ações nesse sentido. O tema sequer tem sido citado ou considerado em amplas pesquisas
que visam mensurar os impactos das Tecnologias da Informação e da Comunicação nos
diferentes países, gerando uma preocupante falta de dados e tendências de ações.
Por exemplo, ampla pesquisa chamada ITU Digital Access Index e realizada pela
International Telecommunication Union (ITU), órgão vinculado à Unesco, desconsiderou a
disponiblização ou uso de sites locais como item para mensurar a inclusão de países na
sociedade da informação. A pesquisa alcançou 178 países e levou em consideração 5
grupos de critérios: infra-estrutura, custo da produção, a educação formal dos usuários, a
34
velocidade de conexão e o número de usuários de cada país (International
Telecommunication Union, 2003). Nota-se que o ITU foi responsável pela Cúpula Mundial
pela Sociedade da Informação, cujas conclusões foram apontadas anteriormente
Global Information Technology Report 2003-2004, por sua vez, é a pesquisa realizada em
2003 pelo World Economic Forum junto a 102 países. Com objetivo de mensurar o
posicionamento das diferentes economias frente ao desenvolvimento das tecnologias de
informação e comunicação, os dados baseiam-se em três vertentes principais: ambiental
(onde foram considerados o mercado, política e regulamentação e infra-estrutura de cada
país), o grau de envolvimento dos agentes (nos planos individual, dos negócios e
governamental) quanto ao potencial das TICs e o grau de utilização das redes por esses
agentes
Este último item visa identificar mudanças no comportamento dos agentes sob o
impacto das novas tecnologias. No entanto, entre os índices utilizados para verificar o uso
individual, por exemplo, constam: “computadores pessoais”, “assinantes de ISDN”,
“assinantes de TV a Cabo” e “usuários de Internet”, isto é, apenas variáveis referentes à
infra-estrutura das redes (World Economic Forum, 2004, p.20).
Podemos observar, portanto, que embora seja tema recorrente em documentos oficiais, são
poucos os dados, pesquisas e ações identificadas sobre o tema. Esta conclusão é confirmada
por Ballantine (2002, p.2): “enquanto a importância do ´conteúdo local´ tem sido
considerada em encontros internacionais, são esparsas as iniciativas concretas nessa área”.
Não é objetivo desse trabalho debater à exaustão esse assunto ou sugerir ações
imediatamente relacionadas a este tema. É a partir desse cenário, no entanto, que julgamos
necessária uma análise de sites elaborados para disponibilizar informações sobre
localidades turísticas. Consideramos que, para oferecer conteúdos que permitam uma
localidade marcar seu espaço na WWW, é preciso que os sites em questão sejam planejados
e organizados de modo adequado e eficiente, considerando inclusive as especificidades do
35
ambiente hipertextual e do setor turístico. Esses temas serão desenvolvidos de forma
integrada nos próximos capítulos.
36
3 - DOCUMENTOS E A ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
O presente capítulo pretende apresentar conceitos básicos relativos à organização da
informação no contexto de unidades de informação (UI), levando em consideração as
diferentes características que podem constituir um documento, assim como os processos a
ele aplicados através da chamada “cadeia documental”. Considerando que a evolução
tecnológica causou impactos significativos na função e rotinas da Uis, apresentaremos
também um novo conceito para o documento no contexto eletrônico, principalmente no
ambiente hipertextual da WWW, a partir das reflexões de Pédauque (2003).
Sendo a Biblioteconomia uma das áreas fundadoras da Ciência da Informação
1
, devemos
considerar os processos de organização da informação como um dos campos principais de
atuação desta área de conhecimento.
Considerando que os
objetivos das atividades documentais são selecionar, na massa de informações
veiculadas, os elementos de conhecimento, fornecendo a qualquer pessoa as
informações de que ela necessita, no momento que as solicita, e ainda conservar
estas informações atualizadas, sem alterá-las (Guinchat e Menou, 1994, p. 19),
podemos afirmar que, nas diferentes épocas históricas, e de acordo com as condições
materiais e de conhecimento disponíveis, as instituições especializadas adotaram diferentes
técnicas para, em última instância, facilitar o acesso das pessoas às informações
organizadas.
Barreto (1997) aponta duas funções básicas de uma unidade de informação: produção da
informação e transferência da informação. A primeira função “se operacionaliza com
práticas bem definidas, apoiadas em um processo de transformação, que se orienta por uma
racionalidade técnica” e efetiva-se através de atividades como reunião, seleção,
processamento e armazenamento da informação. Todo este processo tem um objetivo
fundamental: assimilação de informações por parte dos usuários, uma vez que a razão de
1
cf. Saracevic, 1996.
37
ser de uma unidade de informação é possibilitar a geração de conhecimento no indivíduo
(2
a
função). Lidar com a heterogeneidade entre esses sujeitos e seus contextos é o desafio
desta etapa.
Embora reconheçamos a importância da segunda função apontada por Barreto, optamos
neste trabalho por atermo-nos à primeira função de uma unidade de informação. A escolha
deve-se não apenas a um estudo da viabilidade metodológica, mas principalmente por
entendermos que a “transferência da informação” apenas poderá ser efetivamente cumprida
se a organização for executada com eficiência. Em outras palavras, a adoção da
“racionalidade técnica” descrita por Barreto é um meio determinante no processo de
assimilação das informações pelos usuários.
O rápido e abrangente crescimento da internet e outros meios digitais de informação e
comunicação muitas vezes transmitem a falsa idéia de que alguns problemas relativos à
organização da informação são questões que “nasceram” com novas tecnologias. É certo
que a tão propagada “explosão informacional” (que é considerada uma das razões que
motivaram o próprio surgimento da Ciência da Informação, logo após a Segunda Guerra
Mundial) é conseqüência direta do advento das primeiras tecnologias da informação
(Saracevic 1996). O surgimento e popularização dos ambientes digitais de informação
significaram um rompimento estrutural em todo o processo de gerenciamento da
informação, conforme veremos ao longo deste e do próximo capítulo.
Os desafios de organização da informação são, no entanto, muito anteriores ao
desenvolvimento das tecnologias atuais. Esta constatação torna extremamente relevante um
resgate dos conceitos tradicionalmente usados no contexto das unidades de informação,
como as bibliotecas, visando identificar mudanças e possíveis deficiências e melhorias nos
processos hoje adotados.
Nessa linha, alguns conceitos são primordiais para uma melhor compreensão do campo de
trabalho. Considerando que a informação é a matéria-prima de estudo e trabalho para a
38
área, é fundamental conhecermos o suporte em que ela se apresenta, o chamado
“documento”.
Para Guinchat e Menou (1994, p.41), documento “é um objeto que fornece um dado ou
uma informação”. Svenonius (2000, p.8) destaca que na literatura de organização da
informação há uma aproximação do sentido de documento com o conceito de suporte.
“Informação é uma abstração, mas os documentos que a contêm estão expressos em algum
meio”, como papel, pedra ou chips de computador. Uma das formas de caracterizar um
documento, de acordo com Guinchat e Menou, é justamente de acordo com suas
especificidades físicas, de acordo com o esquema abaixo:
a) natureza: textuais ou não textuais (iconográficos, sonoros, audiovisuais etc)
b) material (suporte físico): pedra, tijolo, madeira, papel, suportes digitais
c) formas de produção: documentos brutos (plantas, ossos etc) ou manufaturados
d) modalidades de utilização: podem ser usados diretamente pelo homem ou precisar
de equipamentos especiais (leitor de microformas, projetor etc)
e) periodicidade: podem ser documentos únicos, produzidos em série ou
periodicamente
f) forma de publicação: publicados ou não-publicados (documentos não
comercializados e de difusão restrita e difícil acesso)
Os autores também fornecem categorias para caracterizar os documentos a partir de suas
especificidades intelectuais:
a) Objetivo: prova, testemunho, preparar outro documento, expor idéias etc
b) Grau de elaboração: primários (originais), secundários (descrição dos documentos
primários, com os catálogos) ou terciários (sínteses elaboradas a partir dos
documentos primários e secundários).
c) Conteúdo: de acordo com o assunto tratado, forma de apresentação, exaustividade,
acessibilidade, nível científico, grau de originalidade e de novidade, idade das
informações, data de publicação do documento, existência de dados numéricos.
39
d) Origem: fonte, origem, autor.
e) Tipos de documentos: monografias, publicações periódicas, patentes, normas, não-
textuais etc
Considerando que o gerenciamento dos documentos é uma atividade extremamente
complexa e que exige a atuação de diferentes áreas do conhecimento, Guinchat e Menou
(1994, p.30) estruturam o processo de atividades e operações dentro de uma “cadeia
documental”, o que nos permite identificar as etapas encadeadas, a saber:
1) Coleta de documentos: primeiro elo da cadeia, permite “constituir e alimentar um fundo
documental ou o conjunto de documentos utilizados por uma unidade de informação”. Aqui
acontecem a localização dos documentos, a seleção e os procedimentos de aquisição.
Baseada em diferentes fontes (depósito legal das bibliografias nacionais, catálogos de
editores, índices, bibliografias e repertórios), a localização acontece a partir do
acompanhamento da evolução da área, o que exige ainda participação nos circuitos formais
e informais de troca de informações. “A busca e a aquisição dos documentos exigem um
esforço constante da unidade de informação” (p.85), reafirmam os autores. Os critérios
técnicos de seleção dos documentos estão diretamente ligados às características e políticas
da unidade de informação, como veremos a seguir.
2) Controle e registro material do documento: nesta etapa acontece o tratamento intelectual
do documento que já pertence à unidade de informação, seguindo as seguintes etapas:
descrição bibliográfica, descrição do conteúdo, armazenamento ou arquivamento, pesquisa
e difusão.
A descrição do documento é o primeiro passo e visa a catalogação de suas características
formais, como autor, título, fonte, formato. Em seguida acontece a descrição de conteúdo,
quando são traduzidas para uma linguagem documental as informações que o documento
traz, visando reduzir as ambigüidades causadas pela diversidade da linguagem natural e
facilitando o processo de recuperação da informação. Nesse processo, é importante
40
identificar que “a descrição do conteúdo pode ser mais ou menos aprofundada de acordo
conforme as necessidades” (p.31), além de permitir a elaboração de diferentes produtos,
com variados graus de profundidade.
Entre os fatores importantes para uma descrição adequada, está a identificação das
necessidades dos usuários (se são ou não especialistas na área, por exemplo), o assunto
tratado, a equipe que está por trás do processo (meios humanos e materiais), os produtos e
serviços gerados para os usuários e a relação custo-eficácia (p.122).
Determinar os objetivos da operação é a primeira fase do processo genérico de descrição do
conteúdo, quando deve-se planejar que tipo de produto quer-se elaborar no final. Em
seguida é preciso conhecer o documento, analisando seu conjunto de informações, visando
caracteriza-lo e atribuir a ele um valor. Levando em consideração as regras do sistema,
deve-se “extrair os termos significativos” e verificar sua pertinência, para então traduzi-los
para a linguagem documental. Guinchat e Menou (1994, p.127) resumem: “a descrição de
conteúdo consiste finalmente em identificar um número reduzido de elementos em um
conjunto muitas vezes extenso”.
Sendo impossível realizar uma leitura completa e aprofundada de todos os objetos que
passarão pela descrição de conteúdo, recomenda-se uma leitura rápida, privilegiando áreas
de identificação (a capa, sumário, prefácio e outros elementos de um livro, por exemplo).
São quatro as técnicas principais para descrição do conteúdo (mais de uma delas podem ser
adotadas em um mesmo documento):
a) classificação - nível mais elementar, determina o assunto principal de um documento e
eventualmente alguns assuntos secundários, enquadrando-os em um conjunto restrito e
sistematizado de categorias. “Classificação coloca juntas coisas parecidas”, resume
Svenonius (2000, p.10). É registrada através da atribuição de um descritor simbólico,
geralmente um número. É a única forma de descrição em unidades de informação não-
especializadas.
41
b) indexação - descrição mais aprofundada, consiste em extrair os conceitos expressos em
um documento, visando elaborar um índice, que auxiliará em pesquisas posteriores.
Pressupõe um conhecimento do assunto do documento.
c) resumo – é uma condensação do documento, variável de acordo com o nível de análise, o
valor do documento e o sistema utilizado. Visa facilitar a consulta ao documento.
d) extração de dados – são retirados “elementos materiais diretamente utilizáveis, muitas
vezes representados ou relacionados a números” (Guinchat e Menou, 1994, p.123)
A descrição do conteúdo pode acontecer em três momentos da cadeia informacional: no
momento da produção do documento (elaboração de um resumo pelo autor, por exemplo),
no meio da cadeia (antes do armazenamento) e na saída da cadeia (na recuperação da
informação). Entre as características a serem cumpridas pela descrição do conteúdo estão a
pertinência, precisão, consistência, julgamento (p.128). A informação final deve ser
concisa, clara e de fácil acesso.
3) Armazenamento: acontece de acordo com o método adotado pela unidade de
informação, por exemplo por tipo de documento, formato, autor, assunto ou ordem de
chegada do material. Existem dois grandes tipos de arranjo: numérico (por ordem de
chegada, é simples e extensível, mas há dispersão de autores) e sistemático (documentos
são classificados por conteúdos, havendo uma dificuldade em determinar o assunto
principal) (p.94). Há ainda uma necessidade de dar destaque aos documentos mais recentes.
A quarta e quinta etapas da cadeia documental são a pesquisa (a partir da memória) e
difusão da informação. Elas não serão discutidas neste trabalho porque nossa opção foi por
estudar os processos de coleta/produção
2
e organização da informação, que se encerram no
armazenamento.
2
A opção por adotar a expressão coleta/produção é um reconhecimento de que, ao contrário dos procedimentos
tradicionais, na WWW há a possibilidade não apenas de coletar informações pré-existentes, mas ainda produzi-la
especialmente para o meio.
42
Um fator é determinante para organização da informação e para a execução da cadeia
documental: o tempo de vida atribuído aos documentos. A determinação de quanto tempo o
documento é relevante para uma unidade de informação é uma decisão subjetiva. Segundo
Guinchat e Menou (1994, p.51), “depende de seu valor intrínseco, da disciplina ou do
domínio tratado, do seu grau de atualidade, de sua pertinência em relação ao estado dos
conhecimentos, aos objetivos da unidade de informação e às necessidades dos usuários”.
Nesse processo, é importante separar a freqüência de uso de um documento e o valor
atribuído a ele: por exemplo, determinado documento pode ser consultado raramente pelos
usuários, mas ser extremamente relevante por ser um registro único.
3.1 - Unidades de informação
No tópico anterior discutimos as características do documento, que inicialmente foi
considerado como o suporte através do qual se tem acesso à informação. Os processos da
cadeia documental aos quais ele é submetido, no entanto, está sempre vinculada a uma
estrutura institucional, que avaliará desde sua relevância até o modo como ele se
disponibilizado ao usuário.
Em outras palavras, à exceção de sua característica material (papel, por exemplo), um
documento não possui características intrínsecas, dadas por natureza e independentes do
contexto em que é analisado. É este contexto que influencia qual o peso e significado será
atribuído a uma informação contida num documento.
A unidade de informação é a instituição responsável por gerenciar um ou mais dos
processos da cadeia documental. É composta por profissionais especializados, que atuam de
acordo com a sua especificidade. Para Guinchat e Menou (1994), “a proliferação de termos
que designam as diversas unidades de informação traduz a enorme riqueza da informação
documental”, citando as bibliotecas, os arquivos, as bibliotecas especializadas, os centros
ou serviços de documentação, os centros ou serviços de análise da informação, entre outros.
43
Com o aumento do número de usuários e com o surgimento de novas técnicas de
gerenciamento da informação, nota-se hoje uma multiplicação de atividades de organismos
especializados em diferentes etapas da cadeia documental. De acordo com os autores, essas
unidades podem ser classificadas em três ramos de atividades:
- conservação e o fornecimento de documentos primários (arquivos, bibliotecas, mediatecas
e museus) - atendem a públicos variados e são responsáveis por diferentes formas de
comunicação dos documentos. São unidades de informação que permitem consulta direta às
fontes primárias.
- centros e serviços de documentação - centrados na descrição de conteúdo dos
documentos, têm como missão “identificar (...) as informações que podem ser úteis aos
usuários, ajudá-los a recuperar os documentos primários correspondentes e responder às
suas perguntas” (p.337). Podem ter apenas catálogos de informações, a partir dos quais os
profissionais responsáveis localizam as fontes existentes sobre um tema dado. Em geral, os
usuários têm interesses mais específicos e buscam informação para uso profissional, uma
vez que estas UIs têm acervos especializados.
- centros e serviços de informação – especializados na resposta a questões e na exploração
de informações específicas a partir de documentos primários e secundários ou coleções de
dados. A partir de uma grande base de informações, os profissionais podem extrair dados
específicos, de acordo com a demanda da área. Muito especializada, pode chegar a ser um
centro de análise da informação.
As condições e objetivos de uma unidade de informação são variáveis fundamentais no
funcionamento final da mesma, uma vez que seus “filtros” institucionais, políticos,
econômicos etc influenciam em toda a cadeia documental. Segundo Svenonius (2000, p.3)
“a efetividade de um sistema ao organizar a informação é em parte uma função de uma
ideologia que expressa as ambições dos criadores e o que eles esperam arquivar”. A
aquisição de um documento, por exemplo, está submetida a algumas variáveis, tais como:
44
- orçamento e recursos disponíveis
- especialização da unidade
- objetivos correntes e prioridades da unidade
- natureza da unidade (incluindo tamanho e papel que exerce)
- natureza dos serviços
- relações com outras unidades de informação (cf. Guinchat e Menou, 1994)
Há influência do perfil da unidade de informação também no processo de descrição do
conteúdo de um documento. Ao definir o(s) assunto(s) de um documento para classificá-lo,
devem ser considerados os objetivos e áreas de atuação da unidade, visando atender com
mais eficácia os interesses específicos de seus usuários. Do mesmo modo o processo de
indexação pode adotar diferentes níveis de profundidade, de acordo com as possibilidades e
interesses da unidade responsável. Para Svenonius (2000, p.15), “o primeiro passo ao
desenhar um sistema bibliográfico é estabelecer seus objetivos” .
Uma das estratégias mais comuns adotadas pelas unidades de informação é a atuação em
colaboração com instituições similares, visando a formação de uma rede para troca de
documentos (em qualquer fase da cadeia documental, da aquisição à difusão) e informações
de interesse comum. Estas redes colaborativas podem formar-se em torno de uma unidade
central ou de modo descentralizado e ainda interligar instituições localizadas numa mesma
cidade ou em regiões diferentes.
3.2 - Os impactos tecnológicos
As características dos documentos, os processos aos quais eles são submetidos e mesmo as
configurações das unidades de informação, conforme a conceituação realizada nos tópicos
anteriores, em grande parte estão baseados num contexto de trabalho pouco influenciado
por artefatos tecnológicos. O papel é até aqui nossa matéria-prima primordial, da confecção
do documento à execução dos processos de organização e tratamento, enquanto grande
parte do trabalho é realizado de forma manual. A constante evolução tecnológica ocorrida
ao longo do século XX trouxe impactos fundamentais a diferentes áreas profissionais
45
ligadas à informação, entre elas os processos de gerenciamento de documentos executados
no contexto das UIs.
Guinchat e Menou (1994, p.26) registram questões relevantes que emergiram com esse
fenômeno e que hoje, com uma intensa evolução tecnológica, continuam em debate na área.
Segundo os autores, "a explosão documental é conseqüência da explosão tecnológica,
principalmente nas áreas ligadas às operações documentais: a informática, as
telecomunicações e a microedição". Tratando diretamente da produção científica, registram
a enorme gama de documentos já produzidos, como anais, teses e relatórios, e não editados,
assim como a existência de documentos idênticos, fazendo-se necessária a "ação do
documentalista para fazer a síntese e a seleção da informação" (p.25).
Os autores ressaltam ainda uma redução no tempo de útil de vida de um documento, ou
“fenômeno da obsolescência”, pois se aumenta rapidamente a quantidade de informações
disponibilizadas, torna-se mais árdua a tarefa de acompanhar sua validade. Tratam-se, por
fim, de "dois problemas essenciais resultantes da poluição da informação: o excesso de
informação e sua desatualização" (p.28).
Entre as conseqüências do impacto do computador nos processos de tratamento da
informação estão a concentração da informação em grandes memórias, rápida
operacionalização (é a informação, e não o documento ou o usuário que se deslocam no
espaço) e o acesso imediato e remoto às bases.
Os impactos das novas tecnologias sobre os processos de organização da informação,
principalmente com o desenvolvimento dos ambientes hipertextuais na internet, serão
amplamente apresentados e debatidos no próximo capítulo deste trabalho. Neste momento,
no entanto, é fundamental ressaltarmos a necessidade de rediscutir e adequar os conceitos
apresentados ao longo deste capítulo, visando acompanhar uma evolução intensa e que está
em pleno curso. São mudanças que impactam o contexto de trabalho nas unidades de
informação e do profissional responsável.
46
Quanto ao funcionamento interno das unidades de informação, devemos considerar que o
avanço da tecnologia permite não só uma facilidade no acesso à informação, mas ainda
novas possibilidades de produção e difusão das informações, o que altera significamente as
características das unidades, os processos por elas executados e o perfil dos profissionais
envolvidos. Guinchat e Menou (1994, p.27), por exemplo, identificam uma “transformação
das estruturas tradicionais centralizadas, fechadas e opacas, em redes de informação
transparentes, fluidas e abertas, com múltiplos pontos de acesso".
Para Barreto (1997), “os fatores tecnológicos determinados por uma tecnologia intensa em
inovação e velozmente mutante são os outros parceiros responsáveis pelo reposicionamento
dos agentes do setor de informação, que atinge o produtor de estoques de informação, o
documento de informação, a transferência da informação e sobretudo a relação do usuário
com todos os demais”. Ora, se o usuário tem acesso às informações em tempo real
(mudança na relação usuário-tempo-informação) e direto (relação usuário-espaço-
informação), podemos supor que a relação com os profissionais da área concentra-se agora
primordialmente no momento anterior ao acesso, quando cabe a ele exercer com critério as
funções de coleta/produção e organização da informação.
3.3 – Documento eletrônico
O conceito de documento que trabalhamos até aqui trata de um contexto de produção
intrinsecamente ligado ao suporte papel. Devemos considerar, no entanto, que as mudanças
estruturais no processo informacional, causadas pela digitalização dos documentos e pela
comunicação eletrônica, trouxeram impactos definitivos na configuração dos documentos.
Se retomarmos as características físicas de um documento descritas por Guinchat e Menou
(1994), podemos identificar a inadequação de muitas das características citadas ao novo
contexto dos documentos. Se nos referirmos às potencialidades da WWW, não faz sentido,
por exemplo, classificar rigidamente os documentos em textuais ou não textuais, uma vez
que um mesmo documento pode combinar informações de diferentes linguagens (texto,
áudio, fotos, vídeos), exercendo seu potencial multimídia. Enquanto a “modalidade de
47
utilização” depende sempre de um equipamento especial (um computador, por exemplo),
não é mais relevante discutir o material (suporte físico) do documento. Muda também a
“forma de publicação”, pois não faz sentido dividir os documentos entre “publicados ou
não-publicados”, uma vez que a popularização das técnicas facilitou a disponibilização dos
documentos.
Devemos considerar que os impactos das novas tecnologias estão não apenas mudando a
forma de arquivamento ou acesso dos documentos, mas também sua estrutura interna e
lógica de funcionamento. Como afirma Pédauque (2003), "a forma eletrônica está
revolucionando o conceito de documento". Assim, torna-se fundamental a elaboração e
discussão de novos conceitos, mais adequados a um novo contexto. O autor propõe
debatermos este novo documento a partir de três aspectos complementares: pela forma,
como signo e como meio.
O primeiro aspecto (forma) é o tradicionalmente associado a um documento por ressaltar
seus aspectos físicos e materiais, isto é, o documento aqui é visto como um objeto ou uma
inscrição em um objeto. Nesse sentido, o documento é considerado um "objeto de
comunicação governado por regras mais ou menos rígidas de formatação que materializa
um contrato de leitura entre o produtor e o leitor" (p.4).
Tradicionalmente, a mídia predominante dos documentos é o papel, que tem entre suas
características ser diretamente perceptível pelo usuário (sem depender, portanto de
intermediários tecnológicos). Nesse sentido, o autor propõe a adoção de uma equação para
esquematizar o funcionamento deste documento sob o ponto de vista da forma:
Documento tradicional = médium + inscrição,
uma vez que é através do próprio registro físico (inscrição) que ocorre a leitura de um
documento.
48
A utilização das demais mídias torna imprescindível a intermediação de dispositivos
tecnológicos, o que em última instância torna o conceito de medium cada vez mais
complexo e ambíguo (p.6). “O médium é o arquivo, o equipamento em que ele está
armazenado ou a superfície da tela (interface) em que é exibido?”, pergunta o autor,
mostrando ser impossível, ou ao menos redutor, identificar um documento eletrônico sem
considerar a estreita dependência entre os fatores arquivo, equipamento e interface, uma
vez que é apenas ao combinar os três que o usuário terá acesso pleno à informação
desejada.
O autor propõe então uma nova equação para definir documento:
Documento eletrônico = estrutura + dado (equação baseada em programa = software +
dado)
Nessa linha, Pédauque (2003, p.9) propõe uma definição para documento eletrônico:
"conjunto de dados organizados numa estrutura estável baseada em regras de formatação
que permite a leitura tanto pelo designer quanto pelos leitores".
O que nos interessa enfatizar aqui é que o documento de papel independe de qualquer
suporte ou aparato técnico adicional para que seja efetivada uma consulta, enquanto o
documento eletrônico está intrinsecamente ligado à estrutura tecnológica na qual está
inserido, sendo impossível consultá-lo fora deste ambiente. Além disso, suas características
de funcionamento estão submetidas aos recursos técnicos oferecidos pelo suporte – um
documento web, por exemplo, deve ser minimamente ser organizado com base na
hipertextualidade em que se baseia o meio.
Passemos agora para o segundo aspecto de um documento (signo) proposto por Pédauque
(2003). Para o autor, a evolução do documento tradicional para o eletrônico implicou numa
nova forma de interpretar o conteúdo, uma vez que este não pode ser considerado fora da
estrutura em que se mantém.
49
Assim, um documento tradicional pode ser simbolizado pela equação:
Documento = inscrição + significado,
onde a função do meio é preservar a inscrição do conteúdo, que é o único aspecto que
contém o significado.
A nova equação, adequada ao novo formato eletrônico, é:
Documento eletrônico = texto informado + conhecimento
A substituição da palavra inscrição por texto informado significa que no documento
eletrônico o acesso à informação e a leitura proposta ao usuário não são únicos, mas sim
construídos por ele durante o ato de extrair as informações do sistema em que o documento
está inserido. Dependendo do caminho estabelecido pelo usuário, portanto, diferentes
trechos e combinações do texto são revelados.
Ao adotar o termo conhecimento na composição da equação, o autor reforça a participação
do usuário na construção do sentido do documento por ele montado. "A substituição de
significado por conhecimento introduz o conceito de personalização para um dado usuário
ou leitor" (p.14).
A nova definição de documento proposta é: "um documento eletrônico é um texto cujos
elementos podem potencialmente ser analisados por uma leitura baseada no conhecimento,
visando sua exploração por um leitor competente" (p.15). O leitor exerce sua competência,
no caso, ao navegar pelo documento em questão e escolher os caminhos que lhe interessam,
como afirmam Boullier e Ghitalla (2004, p.185). Para eles, “a ação do usuário é aqui não só
possível, mas indispensável: é através de sua atividade de navegação que emerge um
universo de conhecimentos que não havia jamais sido comunicado daquele modo a ele”.
50
Documento como meio é o terceiro aspecto de análise proposto pelo autor. Aqui é possível
analisar o documento como um fenômeno social, uma vez que o reconhecimento de sua
validade deve ser “endossado por um grupo social que o extrai, dissemina, protege e usa.
(...) É uma evidência da existência de uma situação e o anúncio de um evento." (p.17).
Nesse sentido, o documento só efetiva sua função de informar quando é “adotado” por um
grupo social com interesses e características específicas.
Assim, a equação proposta aqui é:
Documento = inscrição + legitimidade
Legitimidade representa o processo social de construção do documento, que deve ser
apropriado por cada leitor, que reconhece a importância do documento e, ao consultá-lo,
marca sua participação social em um contexto mais amplo.
O documento eletrônico, por sua vez, é resumido na equação:
Documento eletrônico = texto + procedimento
O uso do termo procedimento implica numa participação do leitor ao consultar o
documento, dando a ele portanto relativa autonomia para construir, de acordo com sua
apropriação, uma leitura do texto e, conseqüentemente, sua participação social. Nesse
contexto, ao documento eletrônico não basta ter legitimidade, é preciso oferecer
procedimentos que abram novas possibilidades ao leitor.
Considerando a facilidade de publicação na internet e a grande quantidade de informações
disponível no meio, o autor cunha uma terceira equação, que considera mais adequada a
esse meio:
Documento web = publicação + informação assinalada
51
A simples publicação de um documento web, argumenta Pédauque (2003), não é suficiente
para determinar sua legitimidade junto aos atores sociais. É preciso ainda o reconhecimento
de uma informação pelos usuários - ao apontar links para um site, por exemplo, os usuários
estão assinalando uma legitimidade atribuída a ele, o que torna sua participação social
ainda mais influente. Como confirmam Boullier e Ghitalla (2004, p.186), “um expert da
web não é somente um expert em informática, mas também um especialista em posturas
sociais e em modos de recepção”.
Em outras palavras, no ambiente hipertextual da WWW, é o procedimento de navegação
pelo documento e as interconexões entre eles que determinam qual a construção social que
o sujeito fará do mesmo. De acordo com a definição geral proposta por Pédauque (2003,
p.23), “um documento eletrônico é o traço de relações sociais reconstruídas por sistemas de
computador”.
No quadro abaixo resumimos a evolução do documento proposta pelo autor:
QUADRO 1
FORMA SIGNO MEIO
DOCUMENTO
TRADICIONAL
médium + inscrição
inscrição + significado
inscrição +
legitimidade
DOCUMENTO
ELETRÔNICO
estrutura + dado
texto informado +
conhecimento
texto + procedimento
DOCUMENTO
WEB
publicação +
informação
assinalada
Quadro 1 – Equações sobre documentos eletrônicos
Fonte: extraído de Pédauque (2003).
52
O esquema acima nos ajuda a perceber as duas grandes diferenças do documento eletrônico
em relação ao tradicional. No aspecto forma, identificamos uma aproximação maior entre o
conteúdo e a estrutura em que ele se apresenta, sendo redutor analisar o conteúdo sem
considerar conjuntamente seu suporte. Trata-se, enfim, de uma intensa simbiose entre
forma e conteúdo, que tradicionalmente são aspectos analisados de forma isolada.
Nos aspectos signo e meio, o documento eletrônico exige uma maior participação do
usuário/leitor na construção do significado, uma vez que a própria configuração do
documento depende de sua participação (através do conhecimento e procedimentos). No
caso da WWW, a hipertextualidade é característica que marca esta participação
“obrigatória” do usuário na reconstrução do documento.
Esta posição é reforçada pela argumentação de Barreto (1997), para quem algumas
mudanças conceituais foram detectadas na área da CI após a década de 1980, a partir da
qual “a informação começa a ser entendida não mais como um item armazenado e passível
de recuperação mas como ´estruturas significantes com a competência de gerar
conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou a sociedade´”.
Considerando que a web é formada por uma infinidade de documentos linkados entre si,
podemos identificar que a própria noção de finitude de um documento fica abalada com a
estrutura aberta oferecida pela hipertextualidade do ambiente eletrônico – com a vinculação
múltipla entre documentos, através dos hiperlinks, torna-se cada vez mais complexo
identificar o “início” e o “fim” (isto é, os limites) de um documento. Para Svenonius (2000,
p.11), “(...) um documento digital, como um documento hipertextual ou uma mensagem de
e-mail conectada à internet, pode ser instável, dinâmico e sem fronteiras identificáveis”.
Pédauque (2003, p.11) complementa esta posição ao afirmar que “documentos sem limites
bem definidos e que estão em desenvolvimento, sempre crescendo ou substituindo algumas
de suas partes, têm problemas de identidade. Não é possível manter a identidade através do
fluxo” .
53
Deste modo, reconhecemos a dificuldade em associar o termo documento a algum objeto
específico que compõe um web site. O documento seria uma página web separada ou o
conjunto delas interligadas por hipertextos, por exemplo? A simples tentativa de enquadrar
o documento web em um dos limites tradicionalmente proposto, no entanto, já dificulta sua
compreensão dentro da perspectiva específica em que se insere.
Boullier e Ghitalla (2004, p.174) resumem com propriedade esta situação: “(...) as
dificuldades que nós temos encontrado para descrever seus (dos documentos)
comportamentos e os diferentes modelos interpretativos do ´documento web´ nos obrigam a
questionar a pertinência dos termos e dos conceitos que utilizamos espontaneamente,
aqueles através dos quais se conservam os diferentes aspectos de uma arquitetura
documental”.
Esta discussão é especialmente importante para o presente trabalho. Ao longo de sua
realização sentimos uma grande dificuldade em adotar um único termo para conceituar um
site e seus elementos a serem analisados. O termo “conteúdo”, tal qual trabalhamos no
capítulo 2, pode limitar a perspectiva conceitual aberta por Pédauque (2003), que rejeita a
existência de uma informação no ambiente eletrônico sem o vínculo a uma estrutura
inerente. Para não sermos redutores, evitaremos o uso deste termo ao longo dos próximos
capítulos, o que, acreditamos, não inviabiliza a conceituação e discussão apresentadas em
outro contexto anteriormente.
Por outro lado, a partir das idéias do atual capítulo, procuraremos associar as palavras site e
documento eletrônico, uma vez que a caracterização de Pédauque (2003) parece-nos
extremamente adequada ao contexto da WWW.
3.4 - Uma nova cadeia documental
Se há mudanças no próprio conceito de documento, parece-nos inevitável que haja também
alterações na cadeia documental descrita por Guinchat e Menou (1994) e adotada por
unidades tradicionais de informação. Para Dias (2001), “enquanto muitos dos processos e
instrumentos desenvolvidos no contexto dos sistemas tradicionais podem e deverão ser
54
aproveitados no contexto digital, especificidades deste último exigirão que novos processos
e instrumentos venham a ser desenvolvidos”.
Mas que novos processos e instrumentos seriam estes? Até que ponto eles retomam os
processos tradicionalmente adotados? Estariam eles plenamente consolidados ou ainda em
processo de construção? Caso estejam consolidados em termos conceituais, seriam
utilizados por todas as novas unidades e profissionais de informação que trabalham com
documentos eletrônicos? Se não, que estratégias esses utilizam para organizar e tratar as
informações antes da publicação? Estas perguntas, que são fruto das reflexões levantadas
ao longo deste capítulo, são fundamentais para compreendermos as estratégias de
coleta/produção e organização dos sites selecionados, já que, pela ótica da Ciência da
Informação, eles são documentos que foram submetidos a alguns processos antes de sua
publicação. As questões levantadas a partir da necessidade de identificarmos novos
conceitos serão debatidas especialmente no próximo capítulo, que trata da informação no
contexto hipertextual da WWW.
55
4 – ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA WWW
No capítulo anterior, procuramos apresentar os métodos tradicionais de organização da
informação no contexto de uma unidade especializada, procurando destacar a cadeia de
processos à qual pode ser submetido um documento. No final do capitulo, apresentamos
alguns dos impactos causados pelas novas tecnologias nos processos geridos pelas unidades
de informação, assim como as características do documento eletrônico. Faz-se necessário,
neste momento, levantar e debater como o ambiente hipertextual da WWW permite que o
documento eletrônico seja trabalhado explorando suas características diferenciadoras,
sempre visando identificar conceitos relevantes para a compreensão da produção/coleta e
organização das informações em sites.
Barreto (1997) chama de hiperinteratividade e hiperconectividade as duas mudanças
fundamentais nos processos do setor de informação a partir dos impactos tecnológicos. O
primeiro conceito diz respeito à “possibilidade de acesso em tempo real pelo usuário a
diferentes estoques de informação e às múltiplas formas de interação entre o usuário, os
estoques e as estruturas de informação contidas nestes estoques”, o que culmina num
intenso processo de interatividade. Já hiperconectividade é “a possibilidade do usuário de
informação em deslocar-se no momento de sua vontade de um espaço de informação para
outro espaço de informação”, o que dá a ele relativa autonomia para avaliar e selecionar um
documento.
Em outro trabalho, Barreto (1998, p.124) sintetiza em um quadro as mudanças na estrutura
da comunicação do conhecimento em três fases de nossa cultura: oral, tipográfica e
eletrônica, conforme reprodução abaixo:
56
QUADRO 2
Tipo de Comunicação
Característica Oral Tipográfica Eletrônica
Fundamental
Linguagem Escrita alfabética,
texto linear
Interação Homem-
Máquina
Tempo de
transferência
Imediato Interação com o texto Tempo real=imediato
Espaço de
transferência
Convivência
auditiva
Geográfico Redes integradas
Armazenamento
Memória do
emissor
Memória físicas
construídas
Memórias
magnéticas
Relação de audiência
Um para vários Um para muitos Muitos para muitos
Estrutura da
informação
Interativa com
emissor, uma
linguagem
Alfabética,
seqüencial, um tipo
de linguagem
Hipertextual com
diferentes tipos de
linguagens
Interação com o
receptor
Conversacional
Gestual
Visual, seqüencial,
linear
Interativa
Conectividade
(acesso)
Unidirecionado Unidirecionado Multidirecionado
Quadro 2. Mudanças na estrutura da comunicação do conhecimento
Fonte: Barreto (1998, p. 124)
Uma das mudanças apontadas por Barreto (1998) parece-nos especialmente importante para
o universo deste trabalho devido a seu estrutural impacto na configuração dos documentos,
nas rotinas de funcionamento das unidades e nas possibilidades de organização da
informação: a implementação de redes hipertextuais de informação, potencializada
principalmente pela World Wide Web. Como debatemos ao longo deste capítulo,
acreditamos que o uso desta lógica de organização das informações trouxe mudanças
radicais e novas possibilidades na configuração do documento eletrônico na WWW.
4.1 - Hipertextualidade
Viabilizada tecnicamente através do HTML (Hypertext Markup Language), a
hipertextualidade é uma das características fundadoras da World Wide Web. Segundo Le
Coadic (1996, p.59), o conceito criado em 1965 por T. H. Nelson significa “o veículo
informático de uma informação não-linear, resultado do desmantelamento, pelo
57
computador, da organização estritamente seqüencial do suporte de papel”
1
. Para o autor, no
papel “as estruturas físicas e lógicas estão muito próximas”, enquanto no ambiente
eletrônico ou mesmo em documentos de papel (como enciclopédias), a estrutura física é
composta por “seqüências lineares de unidades independentes”, que são interligadas de
forma lógica e múltipla, como uma rede flexível e aberta. Parente (1999, p.80), por sua vez,
afirma que “em ciência da informação, o hipertexto é, antes de mais nada, um complexo
sistema de estruturação e recuperação da informação de forma multisensorial, dinâmica e
interativa”, apontando quatro possíveis funções para um sistema ideal:
“- um método intuitivo de estruturação e acesso à base de dados multimídia;
- um esquema dinâmico de representação de conhecimentos;
- um sistema de auxílio à argumentação;
- uma ferramenta de trabalho em grupo”(grifo nosso).
Se a estrutura rígida oferecida pelo papel facilita a construção de narrativas lineares e
extensas, que se tornaram a base de todo o conhecimento humano registrado até então
(incluindo grandes teorias e literatura), no ambiente eletrônico – do qual a internet é um
representante exemplar – cria-se a possibilidade de construção de novas formas narrativas,
caracterizadas pela interligação de elementos informacionais independentes e disponíveis
em tempo real. Para Le Coadic (1996, p.61), o diferencial do hipertexto “é sua estrutura
associativa que reproduz, muito de perto, a estrutura da memória humana e pode tornar-se
seu complemento íntimo e ampliado”.
4.2 - Arquitetura da Informação
A hiperinteratividade e hiperconectividade citadas por Barreto e em grande parte
propiciadas pela idéia de hipertexto debatida acima determinam que os procedimentos de
organização da informação na WWW, assim com toda a cadeia documental nela ocorrida,
possuam especificidades.
1
Antes da criação do conceito de hipertexto, a idéia estava presente no texto As we may think, de Vannevar
Bush, que propôs a criação de uma máquina chamada Memex que tornasse possível a orientação por “elos de
associação”, que seriam os precursores dos links (cf. Johnson, 2001, p 88).
58
Para Parente (1999, p.81), “o hipertexto digital incorpora às velhas ferramentas de busca da
informação uma série de outras: a lista, o repertório, o anuário, a classificação, a
bibliografia, o catálogo, o index”, isto é, o ambiente hipertextual retoma recursos e
procedimentos tradicionais de organização da informação (alguns inclusive foram
detalhados no capítulo anterior deste trabalho). No entanto, se as características técnicas do
meio e as circunstâncias de interação com o leitor estão agora submetidas a novas regras,
nada mais natural que se desenvolvam novas estratégias e rotinas de organização da
informação, ou ao menos que os processos tradicionais aconteçam num contexto
diferenciado.
A esses procedimentos atribui-se o nome de “Arquitetura da Informação” – este nome foi
cunhado por Richard Wurman na década de 1960. Dentro da cadeia de elaboração e
construção de um web site, a Arquitetura da Informação é uma das etapas iniciais, uma vez
que aqui acontece o planejamento inicial de funcionamento do site, que só então deverá ser
executado tecnicamente. Rosenfeld e Morville (1998), autores do mais importante trabalho
sobre a área, o livro “Information Architeture for the World Wide Web”, apresentam na
segunda edição do livro algumas de definições para a expressão, a saber:
1. Combinação entre esquemas de organização, nomeação e navegação dentro de um
sistema de informação.
2. Design estrutural de um espaço de informação a fim de facilitar a realização de tarefas e
o acesso intuitivo a conteúdos.
3. É a arte e a ciência de estruturar e classificar websites e intranets a fim de ajudar as
pessoas a encontrar e a gerenciar informação.
4. É uma disciplina emergente e uma comunidade de prática, focada em trazer para o
contexto digital os princípios de design e arquitetura. (Tristão, 2002).
59
Nesse contexto, faz-se necesssária a atuação de um profissional com visão e função
específicas sobre o site em construção. Qual seria a formação ideal para este arquiteto da
informação? Como debatemos anteriormente, a popularização e fácil operacionalidade das
novas tecnologias da informação e comunicação ampliou de forma exponencial o número
de documentos disponíveis, entre outros meios, na WWW. Essa democratização tirou do
bibliotecário (ou do cientista da informação) um “monopólio” até então reconhecido no
processo de coleta e organização das informações.
Novos profissionais, com diferentes formações, incorporam (de maneira mais ou menos
aprofundada) técnicas e conhecimentos típicos da LIS e, ao somá-los às habilidades de sua
área de origem, ocuparam novos espaços de atuação. Agner (2003) fala da aproximação da
função de Arquiteto da Informação, em diferentes intensidades, com diferentes áreas do
conhecimento, como Ciência da Computação, Educação, Psicologia, Ciências Sociais,
Ciências Cognitivas, Engenharia de Software e Desenho Industrial. Oliveira (2005), por sua
vez, destaca da interface da Arquitetura da Informação com a área de Comunicação ao
ressaltar a importância do planejamento da estrutura dos sistemas em que se baseiam os
trabalhos jornalísticos na WWW, afirmando que “é necessário que o jornalista atue também
como um arquiteto de informação e saiba retrabalhar os dados continuamente, a fim de que
estejam sempre identificáveis e disponíveis para utilização”.
O caráter multidisciplinar da formação exigida para uma arquitetura da informação, no
entanto, não elimina a extrema relevância das técnicas e visão dos profissionais da
informação para processos de organização da informação na WWW. Como afirmam
Rosenfeld e Morville (1998, p.23), “acredite ou não, todos nos tornamos bibliotecários”.
Talvez a grande dificuldade seja o reconhecimento desta área como um campo por
excelência de interesse da Ciência da Informação e da Biblioteconomia. Uma profissional
ligada à arquitetura da informação relata essa difícil aproximação:
Na verdade, nosso maior problema é que temos que trabalhar com indexação e
thesaurus. Isso nada mais é do que utilizar técnicas da Ciência da Informação,
como hoje também é denominada a Biblioteconomia. Porém, nos parece, pelos
trabalhos cuja divulgação temos acompanhado pela própria web, que os
60
arquitetos da informação não se utilizam dessas técnicas, pois acham que elas
somente se aplicam a bibliotecas.
E os bibliotecários, como vimos na citada conferência (8th International
Conference on Electronic Publishing, ocorrida em Brasília em junho de 2004),
estão mais preocupados com a organização de suas bibliotecas digitais. Ou seja,
mesmo que essas bibliotecas estejam organizadas da melhor forma possível,
estarão hospedadas num website, que se não tiver uma boa AI, não favorece o
encontro da informação. (Loddo: 2004)
Para Rosenfeld e Morville (1998, p.11), o arquiteto da informação é responsável pela
definição “do que o site realmente será e como ele funcionará”. Entre suas funções, está a
de deixar clara a missão e a visão do site, determinar que conteúdo e funcionalidades do
site vai conter, especificar como o usuário encontrará as informações (ao definir a
organização, navegação, classificação e busca) e mapear como o site pode crescer e mudar
futuramente.
Trata-se de um papel de coordenação para a convergência das diferentes habilidades
envolvidas no processo de construção de um site. “Para se tornar eficaz, a AI deverá atuar
como uma instância mediadora entre os interesses dos usuários, do cliente, do time gráfico
e da equipe de programação” (Agner: 2003). Para Steve Krug, autor de trabalhos sobre
usabilidade, há algumas sobreposições entre os dois conceitos, “mas a diferença principal é
que a arquitetura da informação realmente realiza o design (as estruturas e mecanismos que
organizam a informação)”, enquanto os responsáveis pela usabilidade tentam aperfeiçoar o
que alguém já desenhou (Stewart: 2003). A opção por debatermos neste trabalho a
Arquitetura da Informação, portanto, arte do princípio que ela é a etapa mais estrutural da
construção de um site.
4.3 - Processos da AI
O processo de execução da Arquitetura da Informação exige o cumprimento de algumas
etapas de trabalho, entre as quais, a partir do trabalho de Rosenfeld e Morville (1998),
destacamos a organização da informação e desenvolvimento de sistema de navegação. A
61
opção por debater e analisar os sites a serem selecionados a partir dessas duas primeiras
etapas deve-se à opção deste trabalho por compreender, de forma geral, as especificidades e
aplicações dos processos de organização da informação na WWW. Não é nosso objetivo
aqui explorar com detalhes todas as etapas da arquitetura da informação, da necessidade
de focarmos nossa discussão nas etapas iniciais e estruturais do processo.
Podemos ainda identificar que esses procedimentos podem ser consideradas uma
adaptação, uma nova versão da “cadeia documental” à qual uma unidade de informação
tem que submeter ao trabalhar com seus documentos. Assim, procuraremos detalhar cada
uma das etapas acima, identificando quais suas características e, por acontecerem em um
ambiente web, quais suas especificidades.
4.3.1 - Organização
O processo de organização da informação na WWW deve considerar as mudanças nas
características dos documentos elaborados para este meio. “A web nos provê um ambiente
flexível maravilhoso para organizar”. Rosenfeld e Morville (1998, p.22) destacam nesta
colocação uma característica fundamental ao se pensar a organização no contexto digital: a
flexibilidade permite que um mesmo documento possa ser acessado por diferentes
caminhos, oferecendo portanto o potencial de organização hipertextual repleto de
combinações.
Rosenfeld e Morville (1998) ressaltam também a granularidade, que é a possibilidade de
acessar diferentes níveis de profundidade da informação, como um artigo completo,
registro no banco de dados ou trechos de páginas, de acordo com o interesse do usuário, e a
multiplicidade de formatos de arquivos que compõem uma página web. Estas
características reforçam a natureza heterogênea do meio, exigindo novas estratégias de
organização da informação.
O processo exige a adoção de esquemas de organização, que são lógicas de agrupamento
das informações que visam ressaltar características compartilhadas dos itens de conteúdo.
62
Uma organização através de esquemas exatos, por exemplo, permite que as informações em
um índice ou menu sejam dispostas em ordem alfabética, cronológica ou geográfica. Trata-
se de uma lógica mais simples e rápida de organização, pois trabalha com critérios bem
definidos, mas pode propiciar dificuldades para o usuário caso ele não tenha conhecimento
prévio do assunto. Por exemplo, o usuário de um site turístico que deseja encontrar a lista
de todas os museus de uma cidade terá dificuldade em localiza-los caso as atrações estejam
todas organizadas em ordem alfabética ou se ele for obrigado clicar em um mapa para
verificar todas as atrações de determinada região da cidade (organização geográfica).
Para evitar que a exigência de um conhecimento prévio e preciso da informação procurada,
podem ser adotados esquemas ambíguos de organização. Esta estratégia permite que a
informação seja organizada em categorias que extrapolam uma definição precisa e
dependem de esforço e decisões intelectuais do profissional responsável pelo processo, que
elaborará o design inicial do sistema de classificação (onde serão definidas as categorias e
subcategorias) e da indexação dos itens do conteúdo.
A grande vantagem desse esquema é atender às buscas de informação de diferentes tipos de
usuários. Os principais tipos de esquemas ambíguos são:
- Organização por tópicos – o processo consiste em determinar em quais assuntos são
relevantes e, baseado nesses grupos, organizar os documentos disponíveis no site. O
exemplo mais típico é as Páginas Amarelas. Neste esquema, é fundamental definir a
profundidade dos tópicos, de acordo com o grau de aprofundamento do site e de
especialização dos usuários.
- Orientação por ação – organização do conteúdo e aplicações através de processos e
funções, possibilitando uma localização intuitiva das informações pelos usuários. Um
exemplo citado por Rosenfeld e Morville (1998) é o menu principal de softwares como o
MS Word, que permite que o usuário encontre uma informação de acordo com a ação
desejada – editar, exibir, inserir, formatar etc.
63
- Orientação específica para a audiência – criação áreas específicas de navegação por tipos
de usuários com interesses diferentes. Por exemplo, separar o acesso de Adultos e crianças
ou Clientes e Fornecedores.
- Orientação Metafórica – deve ser utilizado para que o usuário possa localizar uma
informação de modo mais intuitivo, realizando associações com temas familiares. A grande
dificuldade deste esquema é a compreensão por todos os usuários potenciais do site, e não
apenas por pessoas que detêm anteriormente informações específicas sobre o tema.
- Esquemas híbridos – misturam dois ou mais dos esquemas anteriores. Segundo Rosenfeld
e Morville (1998, p.36), esses esquemas são comuns porque “é difícil escolher um esquema
para a página principal”. Um recurso bastante utilizado é a separação dos esquemas na
mesma página, oferecendo mais de uma opção de navegação para o usuário. O uso de
esquemas híbridos, alertam os autores, dificulta a formação de modelos mentais pelos
usuários.
Paralelamente à definição e implementação de um esquema de organização do site, o
“arquiteto da informação” deve trabalhar a estrutura de organização, através da qual serão
definidos os caminhos principais de navegação oferecidos aos usuários. Nesta etapa são
definidos os tipos de relacionamentos entre os itens do conteúdo e os grupos aos quais eles
pertencem, a partir de diferentes tipos de relações:
- Hierárquica – a hierarquia é a base de toda a arquitetura da informação. Também chamada
de abordagem top-down, define com precisão a relação hierárquica entre os elementos,
cabendo ao profissional de organização a tarefa de determinar as categorias e subcategorias
relevantes no dado contexto. Segundo Young (2002) há nesse processo uma constante
tensão para criar ou não novas categorias ou incluir ou não um item em mais de uma
categoria. A dificuldade, explicam, é atingir um equilíbrio entre profundidade e
comprimento da hierarquia, evitando que um usuário clique muitas vezes para chegar a uma
informação (profundidade) e/ou procure algo em menu extenso (comprimento).
64
- Hipertextual – como debatemos mais profundamente no item anterior do presente
trabalho, a hipertextualidade oferece novas possibilidades de organização das informações,
uma vez que permite que documentos sejam conectados de forma hierárquica e/ou não-
hierárquica, oferecendo uma grande flexibilidade ao esquema de organização. Esta
possibilidade, no entanto, pode tornar-se um empecilho na compreensão da lógica de
organização pelo usuário, já que este está acostumado a esquemas hierárquicos (dentro e
fora do ambiente web) e teria dificuldades de formar modelos mentais. Para Rosenfeld e
Morville (1998), o esquema hipertextual “raramente é uma boa opção para a estrutura de
organização primária do site”.
- Modelo de banco de dados relacional (abordagem bottom-up) – os bancos de dados são
formas de organização cada vez mais comuns na web por permitirem o estabelecimento de
relações múltiplas entre as informações de seus registros. Para Rosenfeld e Morville (1998,
p.41), o “banco de dados permite o reposicionamento do mesmo conteúdo de múltiplas
formas e formatos, para diferentes audiências”, oferecendo uma flexibilidade limitada ao
seu modo inicial de organização.
Trata-se de uma interessante estratégia de organização para um conjunto de informações de
mesma natureza e que necessitem de variadas formas de localização. Para os autores, o
modelo de banco de dados é melhor aplicado em subsites ou coleções de informações
estruturadas e homogêneas dentro de um web site mais amplo”. A busca pelo conteúdo de
um banco de dados pode ser facilitada pela adoção de vocabulário controlado.
4.3.2 - Navegação
No contexto de um web site, definir políticas e estratégias de organização das informações
não são suficientes para oferecer aos usuários o acesso fácil e rápido ao conteúdo
disponibilizado. A adoção de uma navegação eficiente pelas informações evita que os
usuários fiquem perdidos ao usar o site, oferecendo senso de contexto e conforto ao visitar
novas áreas, uma vez que os processos de organização atuam de modo mais estrutural e
normalmente não são “visíveis” para o usuário leigo. Este recurso é importante porque as
65
circunstâncias de navegação e de leitura são bem variadas, sendo necessário prever que um
usuário pode iniciar a navegação por um site a partir de uma página interna, por exemplo.
Além disso, uma boa navegação deve “permitir maior flexibilidade de movimento pelo
site”, explorando principalmente a natureza hipertextual da WWW, que pode facilitar a
navegação pela hierarquia dos sites. O grande desafio aqui, argumentam Rosenfeld e
Morville (1998, p.52), é “balancear as vantagens da flexibilidade com os perigos da
desordem”.
Os autores apresentam diferentes tipos de sistemas de navegação:
- Navegação hierárquica – trata-se de um sistema primário (básico) de navegação. Trata-se
de uma opção extremamente importante, mas limitada, devendo portanto ser combinada
com outros sistemas de navegação.
- Navegação global – este sistema possibilita navegações complementares pela estrutura do
site, como movimentos laterais e verticais que rompem com a navegação única proposta
pelo sistema hierárquico. Para Young (2002), trata-se das “opções que encontramos em
todas as páginas do site”, como um menu principal. Através da barra de navegação do site,
por exemplo, é possível mover-se por diferentes graus hierárquicos das informações. Além
disso, a construção de uma navegação global serve para marcar o contexto (indicação de
qual seção o usuário está), facilitando sua localização e próximas ações.
- Navegação local - é recomendada como complemento aos sistemas de navegação global
(para sites mais complexos). Facilita a navegação por áreas específicas de um site, ou um
subsite, que requer estilos e recursos próprios de navegação. É composta por itens que
mudam de acordo com a página visitada (cf. Young: 2002).
- Navegação “ad hoc” – a relação estabelecida entre o conteúdo do site pode não seguir os
sistemas de navegação listados anteriormente. Pode-se optar por criar links ao longo do
texto ou em outros elementos da página, associando informações que têm algum tipo de
66
relação entre si. Esta navegação pode acontecer ao longo da página, quando os links devem
oferecer para os usuários uma informação adicional ao contexto do assunto, ou por exemplo
no início ou fim da página, com a indicação de links relacionados ao tema.
Para que alguns dos sistemas de navegação sejam implementados, é preciso adotar o
Rosenfeld e Morville (1998) chamam de elementos de integração. Os autores os dividem
em duas categorias: barras de navegação e menu pull-down.
As barras de navegação podem ser usadas em sistemas hierárquicos, global ou local. Trata-
se de “uma coleção de links intertextuais agrupados em uma página” (p.58) e definidas a
partir de um processo anterior de categorização das informações. Uma barra de navegação
pode ser gráfica ou textual e o melhor lugar para posiciona-la, segundo os autores, é no
topo ou embaixo de cada página. Deve-se considerar ainda se a página está ou não dividia
em diferentes frames
2
, que permitem que uma ou mais páginas independentes sejam
exibidas em uma mesma janela do navegador.
Já o menu pull-down permite que uma lista de seções/páginas do site seja acessada a partir
da expansão de um menu inicial de apenas uma linha. Uma reprodução da página principal
do site Universo Online (UOL, é o portal mais visitado da internet no Brasil) permite
identificar os elementos citados:
2
Frame significa, em inglês, quadro. No WWW, existe a possibilidade de inserir um ou mais frames numa
mesma página web, com cada um dos apontando para uma página diferente.
67
Figura 1 – Reprodução da página principal do portal UOL
Fonte: www.uol.com.br
Além dos elementos integradores, os autores destacam a importância dos elementos
remotos de navegação de um site, que são externos à sua hierarquia básica e oferecem uma
visão mais panorâmica de todo o conteúdo. São exemplos de elementos de navegação
remota as tabelas de conteúdo, índices e mapas do site. Estes são elementos
complementares na construção da navegação do site, portanto não substituem os elementos
integrados.
É importante notarmos que estes elementos, em especial os dois primeiros, são recursos
herdados dos processos de descrição do conteúdo típicos de documentos impressos, onde as
limitações no uso de uma organização hipertextual são compensadas por extensas
descrições lógicas do conteúdo.
As tabelas de conteúdo são mais comuns em sites com grande número de páginas e seções
por facilitar o acesso rápido e direto às informações. São recomendadas para sites com
organização hierárquica do conteúdo.
Os índices são compostos por palavras-chave ou frases organizadas em ordem alfabética,
não havendo portanto nenhum sem vínculo com a hierarquia principal do site. São
funcionais para usuários que sabem precisamente que informações procuram, portanto a
Barra de
Navegação
Menu
Pull-Down
68
elaboração desse recurso deve considerar a especificidade da audiência ao selecionar as
palavras-chave.
Já o mapa do site é uma representação gráfica da arquitetura do site. Ao contrário dos
outros elementos, não é baseado em informação textual, e sim na disposição espacial da
hierarquia do site. Outro recurso relevante, especialmente para site de maior porte e/ou com
áreas de acesso restrito, são as visitas guiadas, que permitem que os usuários tenham uma
visão geral e organizada de todo o conteúdo disponível.
Os conceitos e etapas da Arquitetura da Informação, assim como os recursos técnicos que
viabilizam sua implementação (sempre considerando o ambiente hipertextual), foram os
temas principais deste capítulo. Considerando um site como um documento eletrônico,
julgamos que os processos propostos pela AI são uma importante referência para
discutirmos a organização da informação na WWW. Estes fatores são considerados na
elaboração do roteiro de análise dos sites apresentado mais adiantes do trabalho. No
próximo capítulo discutimos a importância e as especificidades da informação no setor
turístico.
69
5 – INFORMAÇÃO NO SETOR TURÍSTICO
Nos capítulos anteriores do trabalho procuramos discutir as características do processo de
coleta/produção e organização de informações, especialmente no ambiente hipertextual da
WWW. De acordo com os objetivos deste trabalho, os argumentos apresentados na
literatura nos habilitarão a realizar uma análise dos documentos eletrônicos (sites)
selecionados e um diagnóstico das estratégias neles utilizadas para melhor disponibilizar as
informações consideradas relevantes.
Uma análise a partir desses critérios, no entanto, poderia potencialmente ser aplicada a
qualquer tipo de site, independente da natureza do tema por ele trabalhado. Sendo o
objetivo deste trabalho conhecer a fundo sites sobre cidades turísticas, devemos identificar
e considerar características que sejam específicas desta área, sob o risco de adotarmos
posições muito generalistas. Debater e caracterizar a informação turística, especialmente
sua adequação a páginas web, portanto, é o objetivo principal do capítulo atual.
É escassa a literatura que trata da informação no segmento turístico, embora este seja
apontado como “um novo mercado de atuação para o profissional da informação”, uma vez
que “a oferta de produtos e serviços turísticos deve estar acompanhada de políticas e
programas que atendam às necessidades informacionais dos turistas (...)” (Cavalcante e
Dias, 2001, p. 127). A importância da informação é também reconhecida por estudos do
setor turístico. Como afirma Ponn apud Costa (2001 p.83), “há poucas áreas de negócio nas
quais a coleta, processamento, aplicação e comunicação da informação são considerados
tão importantes para as operações diárias”.
As necessidades de informação dos turistas são reconhecidas pelas empresas operadoras do
setor, que, entrevistadas por Vicentin e Hoppen (2003, p.92), apontam “o acesso a um
volume maior de informações” como a grande vantagem oferecida pela internet aos seus
clientes. Kunz (1998, p.77), por sua vez, afirma que a introdução da internet na atividade
turística vai além dos benefícios para o cliente, trazendo mudanças nas formas de
comunicação entre os diversos atores envolvidos na atividade turística: dentro das
70
instituições, entre as instituições, entre os consumidores e instituições e entre os próprios
consumidores. Santos, G. (2002, p.75) detalha ainda mais estes impactos:
Como ferramenta administrativa, a rede pode facilitar enormemente as relações
dentro das empresas e entre si mesmas. Como instrumento de comercialização
de produtos e serviços, pode ser responsável por transformações profundas no
sistema de distribuição. O desenvolvimento da rede pode, ainda, proporcionar
importantes alterações ao sistema de promoção do turismo, tornando-o um dos
principais meios de comunicação nessa área.
Carter (2001) relata algumas pesquisas que mostram a crescente importância da internet
como fonte de informações sobre o turismo. A internet foi citada como principal fonte de
informações para preparação e planejamento de viagens por 26% dos entrevistados norte-
americanos, número que subiu para 66% entre os que efetivamente já eram usuários da
WWW. Outra pesquisa, realizada na Escócia em 2001, mostrou que a internet era a
segunda fonte de informações mais usada para planejar viagens nos 12 meses anteriores
(58%). Os entrevistados consideram ainda a internet com provedora de informações com
maior qualidade.
Pesquisa semelhante realizada online pelo Instituto QualiBest para a revista ‘Viagem e
Turismo’ em 2005 indicou dados ainda mais significativos: 86% das pessoas que viajam
utilizam a internet para planejar suas viagens, percentagem que supera a consulta agências
de viagens. Entre os aspectos negativos do uso da internet foram destacadas a falta de
resposta imediata, falta de segurança na transação de dados e a ausência de “dicas de
pessoas da confiança do internauta” (Pereira: 2005).
5.1 - A informação turística
Não pretendemos neste trabalho tratar, de modo amplo, do uso da internet como
instrumento de negócio ou relacionamento entre os atores envolvidos no setor turístico,
como fizeram Valentin e Hoppen (2003) e Fogg et al. Em busca de uma abordagem que
seja específica da Ciência da Informação, as perguntas que nos fazemos aqui são: que
71
informações podem ser consideradas turísticas? Como delimitar este área do
conhecimento?
Beni (2001, p.18) elaborou, baseado na Teoria Geral de Sistemas, o Sistema de Turismo
(SisTur), “a fim de conhecer a estrutura desta atividade, que compreende diversos e
complexos conjuntos de causas e efeitos que devem ser consideradas”. Para isso, o autor
mapeou e caracterizou, de forma integrada, todos os elementos que, interligados, compõem
a cadeia da atividade turística. Segundo Beni (p.44),
a Teoria Geral dos Sistemas afirma que cada variável, em um sistema específico,
interage com todas as outras variáveis deste sistema e com as de outros sistemas
que com ele realizam operações de troca e interação, explicando e desenhando as
configurações aproximadas da dinâmica da vida real.
Trata-se, portanto, de uma visão sistêmica de toda a atividade, o que nos permitirá
compreender a importância e características de um site turístico em um contexto mais
amplo, reconhecendo que suas especificidades são, ao mesmo tempo, fruto dos demais
elementos que compõem sua atividade turística e fator de influência no modo como esses
elementos se relacionarão num plano geral.
O conjunto da organização estrutural do Sistur, por exemplo, é composto por dois
subsistemas complementares: o da superestrutura, onde é discutida a importância de
políticas públicas para a atividade turística, e o subsistema de infra-estrutura, onde estão
destacados as obras e serviços urbanos (conseqüente das políticas) oferecidos pela
localidade turística. Considerando que um site de caráter turístico, especialmente se tiver
um caráter institucional, em parte depende da adoção de políticas claras para a inserção da
localidade na cadeia do turismo, assim como é fundamental a existência de bons serviços
de infra-estrutura para atrair e melhor atender ao visitante, podemos perceber como a
divulgação da localidade via web está ligada diretamente aos processos da atividade
turística local.
72
Seis subsistemas são os componentes principais do Sistur: subsistema do mercado, da
oferta, da produção, da distribuição, da demanda e de consumo. O subsistema de
distribuição, por exemplo, é visto pelo autor como uma estratégia de marketing, sendo
necessária uma análise, “já que se conhecem as características específicas do produto
turístico, a partir das quais a função de distribuição e venda diferencia-se também da de
outros produtos, embora haja pontos em comum" (p.181). Conjuntamente com Pontos de
vendas e Central de vendas, podemos entender um site de divulgação e, especialmente, de
venda de produtos turísticos como uma importante ferramenta para o subsistema de
distribuição. Nas palavras de Beni (p.189), os sites "começam agora, em parceria com a
maioria dos portais, a atender, em seus conteúdos, a crescente segmentação do mercado de
turismo”.
Embora reconheçamos a importância de compreender a obra de Beni a partir da
interligação entre os diferentes componentes do Sistur para a compreensão mais ampla da
atividade turística, optamos aqui por trabalhar com um dos subsistemas, o da oferta,
definido como o “conjunto de equipamentos, bens e serviços capazes de atrair e assentar
numa determinada região, durante um período determinado de tempo, um público
visitante”. É neste subsistema que Beni discute e apresenta os diferentes elementos que
compõem a oferta turística, que, ao nosso ver, é o aspecto mais importante na diferenciação
de uma localidade turística e, conseqüentemente, resulta nas informações mais relevantes a
serem divulgados por um site voltado para este fim.
O autor lista os “operadores”, isto é, os itens que nos permitem identificar que recursos e
estrutura turística uma localidade possui, dividindo-os em: Atrativos Turísticos (Naturais,
Histórico-Culturais, Manifestações e Usos Tradicionais e Populares, Realizações Técnicas
e Científicas Contemporâneas e Acontecimentos Programados) e Equipamentos e Serviços
Turísticos (que inclui Meios de Hospedagem, Serviços de Alimentação e Outros Serviços
Turísticos). A lista completa dos operadores listados por Beni foi reproduzida abaixo de
acordo com a hierarquia estabelecida pelo próprio autor:
Operadores do Sistur – Subsistema da Oferta e do Diferencial Turístico.
Adaptado de Beni (2001, p. 297)
73
Atrativos turísticos
Naturais
Relevo Montanhoso
Picos e cumes
Serras
Montes/Morros/Colinas
Planaltos e planícies
Chapadas/tabuleiros
Patamares
Matacões/Pedras
Vales
Rochedos
Litoral ou costa
Praias
Restingas
Mangues
Baías/Enseadas
Sacos
Cabos e pontas
Falésias/Barreiras
Dunas
Terras insulares
Ilhas
Arquipélagos
Recifes/Atóis
Hidrografia
Rios
Lagos/Lagoas/Represas
Praias Fluviais/Deltas
Pântanos
Quedas d´Água
Fontes hidrominerais ou hidrotermais
Parques
Reservas de flora e fauna
Grutas/Cavernas
Furnas
Áreas de caça e pesca
Histórico-culturais
Monumentos
Arquitetura Civil
Arquitetura religiosa/ Funerária
Arquitetura Industrial/Agrícola
Arquitetura Militar
Ruínas
Esculturas
74
Pinturas
Outros legados
Sítios
Históricos
Científicos
Instituições Culturais de estudo, pesquisa e lazer
Biblioteca
Arquivos
Institutos históricos e geográficos
Manifestações e Usos Tradicionais e Populares
Festas, Comemorações e Atividades
Religiosas
Populares e folclóricas
Cívicas
Gastronomia típica
Artesanato
Feiras e mercados
Realizações Técnicas e Científicas Contemporâneas
Exploração de minério
Exploração agrícola e/ou pastoril
Fazendas-modelo
Estações experimentais
Exploração industrial
Obras de arte e técnica
Centros científicos e técnicos
Zoológicos/Aquários/Viveiros
Jardins Botânicos e hortos
Planetário
Acontecimentos Programados
Congressos e Convenções
Feiras e Exposições
Realizações diversas
Desportivas
Artísticas/Culturais
Sociais/Assistenciais
Gastronômicas/Produtos
Festas etno-culturais-religiosas
Feiras de antiguidades e mercados de achados
Equipamentos e Serviços Turísticos
Meios de Hospedagem
Hoteleiros Estabelecimentos Classificados
75
Hotel (padrão)
Hotel de lazer
Hotel – Residência ou suíte service
HC Hotel Clube
HS Hotel de Saúde/Spa
HF Hotel Fazenda
EH Eco Hotel
HTT – Hotel em terminal de transporte
Lodge (alojamento individual isolado)
M Motel
TS Timeshare
Hoteleiros Estabelecimentos não-classificados
Extra-Hoteleiro
P Pensão
PE Pensionato
CF – Colônia de Férias
HO Hospedarias
AT Albergue de turismo
PO Pousada
PA Parador
AH – Apart Hotel
F Flat
AF Acampamento de Férias
AT Acampamento Turístico (camping)
IL Imóvel Locado
SR Segunda Residência
QL Quartos Leitos (avulsos)
AR Alojamentos de turismo rural
Serviços de Alimentação
Restaurantes
Bares, cafés, lanchonetes
Casas de chá, confeitarias
Cervejarias
Casas de sucos e sorvetes
Quiosques de praia ou campo
Recreação e Entretenimento
Áreas de lazer e instalações desportivas
Terminais de turismo social e de lazer
Parques de diversões
Parques, jardins e praças
Clubes
Pistas de esqui, patinação, motocross e bicicross
Estádios
Ginásios
Hipódromos
76
Autódromos
Kartódromos
Marinas e atracadouros
Mirantes
Belvederes
Parques Temáticos
Outros
Estabelecimentos noturnos
Boates e danceterias
Casas de espetáculos
Casas de samba e gafieiras
Escolas de Samba
Cinemas/Teatros
Outros locais de espetáculos públicos
Outros Serviços Turísticos
Agências de Viagem e turismo
Agências de Viagem
Transportadoras turísticas
Informações Turísticas
Centros de Informação Turística
Centrais de Informação Turística
Locais de Informação Turística
Locadoras de imóveis
Locadoras de Veículos
Atendimento a Veículos
Postos de Gasolina
Oficinas de veículos
Comércio turístico
Lojas de Artesanato e Souvenirs
Oportunidades especiais de compras
Shopping Centers/Centros Comerciais
Galerias de Arte e antiguidades
Butiques e lojas de grife
Casas de câmbio
Instituições bancárias
Locais de Convenções e Exposições
Centros de Convenções e Congressos
Parques e Pavilhões de Exposições
Auditórios
Outros
Cerimônias e Ritos de Religiões, Cultos e Seitas
Cristã
Budista
Islâmica
Judaísmo
Afro-Americanas
77
Magia e ocultismo
Novos Movimentos Religiosos nas sociedades ocidentais
Sociedades Secretas
Entidades e Clubes de Serviços
Representações Diplomáticas
Embaixadas
Consulados
Escritórios Comerciais
Complexos Turísticos
A lista de operadores turísticos elaborada por Beni funciona como um esboço de uma
classificação dos itens que interessam à área, ajudando a compreender melhor seus alcances
e delimitações. Assim, acreditamos que grande parte das informações de interesse turístico
pode ser encaixada em alguns dos itens sistematizados por Beni, o que nos permite tomar
sua classificação como base para compreender como a informação turística é apresentada
nos sites analisados.
Considerando que um web site que trate dessa região deve manter em seu conteúdo o maior
número possível de atrações e serviços ofertados, acreditamos que a lista reproduzida acima
nos permitirá identificar que tipo de informação ligada ao turismo os sites a serem
analisados privilegiam. Por exemplo, por tratarem de localidades reconhecidas por sua
importância histórica, será que os sites simplesmente omitem ou dão menor destaque a
informações sobre possíveis atrativos naturais da região? Reconhecendo a importância dos
sites para o planejamento das viagens por parte dos turistas, podemos nos perguntar ainda
se e como as informações sobre Equipamentos e Serviços Turísticos (opções de
hospedagem, por exemplo) são trabalhadas nos sites analisados.
A estruturação proposta por Beni foi um dos pilares utilizados na dissertação de Souza
(2000), que buscou identificar as necessidades de informação de turistas na cidade histórica
de Tiradentes (MG). Em sua pesquisa, o autor trabalhou com uma amostragem de 32
visitantes da cidade e as respostas dos turistas entrevistados foram codificadas em um
formulário de registro de dados, onde avaliou-se a freqüência de citações aos tópicos
relativos a cada tipo de turismo previamente definidos por Beni – ecológico, histórico-
cultural, manifestações e usos tradicionais e populares e turismo de eventos. Os tópicos
78
foram compilados pelo autor a partir do inventário da Oferta Turística elaborado pela
Embratur (Empresa Brasileira de Turismo).
Souza categorizou a relevância da informação de acordo com a freqüência em que foi
citada, segundo os seguintes intervalos:
- Informação mínima - selecionada por no mínimo 40% dos entrevistados;
- Recomendada - entre 15 e 40% dos entrevistados;
- Descartada - menos de 15% dos entrevistados.
As informações mínimas citadas pelos entrevistados foram separadas no quadro abaixo:
QUADRO 3
Informações mínimas
Turismo
ecológico
Características físicas, grau de urbanização, localização, mapa
descritivo, presença de guias, origem da atração, sua importância
passada e atual.
Turismo
histórico-
cultural
Características físicas, construtivas e tipológicas, destaques do acervo
e seu estado de conservação, localização e mapa descritivo, preço;
origem, importância passada e atual e fatos/eventos relevantes (em
relação à história da atração)
Turismo de
Manifestações
e usos
Tradicionais e
Populares
Características dos produtos e objetos, tipo de produto a ser adquirido,
seu material e técnica; Localização com mapa descritivo; origem e
importância passada e atual.
Turismo de
Acontecimento
s
Programados
– Turismo de
Eventos
Características da entidade realizadora, informações sobre todas as
atrações, incluindo dias e horários, localização com mapa descritivo,
origem e importância passada e atual da atração.
Quadro 3 - Informações mínimas selecionadas por turistas de Tiradentes
Fonte: Souza (2000)
79
As informações mínimas citadas pelos turistas entrevistados por Souza (2000) nos
permitem identificar qual o grau de detalhamento sobre cada item os turistas esperam
encontrar num documento qualquer, como um site, por exemplo. Tomando estes dados
como base, consideramos ser possível identificar como as informações turísticas são
aprofundadas nos sites selecionados, isto é, qual o grau de detalhamento com que é
trabalhada cada informação e até que ponto as expectativas identificadas junto aos turistas
são atendidas pelos sites analisados. Considerando que uma unidade de informação pode
ser configurada para lidar, em diferentes níveis de profundidade, com os documentos e
informações relevantes para seus públicos, é importante verificarmos ainda como seus
objetivos institucionais influenciam a importância dada às informações sobre cada tipo de
turismo. Estes critérios foram considerados na elaboração de um dos sub-roteiros de análise
dos sites, que constam no próximo capítulo.
Ao final de seu trabalho, Souza (2000, p.113) conclui que “existe uma enorme carência de
informação sobre qualquer uma das categorias de turismo. Talvez carência de informação
não seja a expressão correta, mas sim falta de organização, de registro adequado das
informações que possam, de alguma maneira, facilitar a compreensão e permitir um
aproveitamento mais deleitoso da localidade e de seus atrativos, por parte dos turistas”. Ao
considerar que “a maioria dos serviços/produtos de informações sobre atrativos turísticos
existentes no Brasil não satisfazem a necessidade de informação dos turistas” (p.115), o
autor propõe a criação de um novo serviço/produto de informações para turistas.
80
6 – METODOLOGIA
O presente capítulo visa apresentar as características da pesquisa científica executada nesta
dissertação, assim como os modos de operacionalizá-la.
Do ponto de vista de sua natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada, já que objetiva “a
solução de problemas específicos” (Silva: 2000, p. 20). Para tanto, foi realizado um estudo
de caso, onde exploramos a fundo a amostra selecionada, visando conhecê-la
detalhadamente.
Considerado o objetivo deste trabalho de propor uma nova abordagem de análise de sites,
nossa proposta é realizar uma pesquisa exploratória, conforme classificação proposta por
Gil (1994, p.44), que divide as pesquisas científicas em três tipos: exploratórias, descritivas
e explicativas. As exploratórias, segundo o autor, “têm como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, com vista na formulação de
problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”, isto é, tem
como objetivo oferecer uma visão geral sobre um fato ainda pouco explorado
1
.
Ao optarmos por analisar os sites não baseados em listas técnicas de critérios, mas a partir
de seu funcionamento mais estrutural, indiretamente escolhemos por realizar uma pesquisa
de caráter qualitativo, já que a coleta e análise dos dados dependem da “interpretação dos
fenômenos e da atribuição de significados” por parte do pesquisador (Silva: 2000, p.20).
1
Considerando que a pesquisa descritiva tem como objetivo “descrever as características de determinada
população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis”, devemos apontar que uma análise
detalhada de sites aproxima-se desta proposta. Adotamos a pesquisa exploratória, no entanto, a partir das
colocações de Gil, para quem “há pesquisas que, embora definidas como descritivas a partir de seus objetivos,
acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas
exploratórias” (p.45).
81
6.1 - Etapas do trabalho
6.1.1 - Definição da amostra
Como afirmamos na introdução da dissertação, sendo impossível avaliar os sites de todos
as cidades brasileiras dotadas de atrativos turísticos, optamos por selecionar apenas páginas
sobre localidades declaradas “Patrimônio Cultural da Humanidade” pela Unesco.
Considerando uma amostra como um “subconjunto do universo ou da população”,
enquanto universo ou população é um “conjunto de elementos que possuem determinadas
características“ (Gil: 1994, p.92), foi fundamental definirmos uma amostra de sites a serem
avaliados.
Os diferentes tipos de amostragem são divididos por Gil em dois grandes grupos:
amostragem probabilística e não-probabilística (p.93). Reafirmando o caráter exploratório
do universo e tema dos sites a serem avaliados neste trabalho (não há, portanto, dados
prévios que nos permitam caracterizar criteriosamente o universo da pesquisa, isto é,
quantos sites existem sobre as cidades selecionadas), consideramos a “amostragem não-
probabalística” como a mais adequada para este trabalho.
Dentre os tipos de amostragem não-probabalísticas descritos pelo autor, destacamos a
“amostragem por tipicidade”, que “consiste em selecionar um subgrupo da população que,
com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a
população”. (p.97). Considerando que sua aplicação “requer considerável conhecimento da
população e do subgrupo selecionado”, podemos argumentar que nossa experiência
profissional anterior junto ao universo de sites em questão nos ajudou a identificar os sites
mais adequados à análise.
Uma primeira escolha a ser feita é quais e quantos sítios históricos tombados teriam seus
sites temáticos analisados. A escolha de dois ou mais sites de cada um dos dez sítios
brasileiros reconhecidos como “Patrimônio da Humanidade” levaria para no mínimo vinte
o número de sites da amostra. Assim, julgamos ser necessário, em função do tempo de
82
execução e dos objetivos deste trabalho, selecionar uma amostragem menor, mas que ainda
assim seja representativa do universo que pretendemos retratar e, principalmente, suficiente
para testar a relevância e aplicabilidade do método de análise.
Considerando que vinte e um anos separam o reconhecimento pela Unesco do primeiro
(Ouro Preto, em 1980) e do décimo (Cidade de Goiás, em 2001) sítio histórico brasileiro,
podemos supor que as estratégias de divulgação adotadas pelos agentes envolvidos (poder
público, empresas, moradores etc) sofreram modificações ao longo deste tempo. O
reconhecimento dos três últimos sítios, por exemplo, aconteceu após o ano de 1997, quando
a internet já funcionava de forma comercial no Brasil e potencialmente pode ter sido
utilizada para aumentar a divulgação turística das localidades após o anúncio de seu
reconhecimento pela Unesco, quando inevitavelmente ganham visibilidade através da mídia
em geral.
Assim, optamos por selecionar dois sítios históricos reconhecidos em diferentes épocas: um
anterior e outro posterior ao funcionamento da internet no Brasil. A cidade histórica de
Ouro Preto/MG, pioneira no Brasil, foi excluída da amostra a ser analisada devido ao
envolvimento direto do autor deste trabalho na elaboração de sites sobre a cidade, conforme
relatado na introdução desse trabalho. Assim, foi selecionado o segundo sítio histórico
reconhecido no Brasil: o Centro Histórico de Olinda/PE (1982).
Embora o Centro Histórico da Cidade de Goiás/GO (2001) tenha sido o último sítio
brasileiro reconhecido pela Unesco, optamos por completar a amostra com o Centro
Histórico da Cidade de Diamantina / MG (1999), já que a atração está localizada em Minas
Gerais e certamente tem maior relevância para o leitor potencial desta pesquisa.
Informações sobre a história, principais atrações e motivos do reconhecimento dos dois
sítios como Patrimônio Cultural da Humanidade estão no Anexo 1 deste trabalho.
Mas como localizar os sites mais representativos sobre cada um dos sítios históricos acima,
visando compor a amostragem? Uma rápida pesquisa através da ferramenta de busca
Google (www.google.com.br
), hoje a mais popular na internet, nos permitiu recuperar um
83
volume significativo de páginas que fazem referência ao universo deste trabalho. Por
exemplo, quando digitamos a expressão “centro histórico de Olinda”, recuperamos 22 mil
ocorrências, sendo 20.500 apenas em páginas em português.
Além de recuperar um número excessivo de ocorrências, o uso de um mecanismo de busca
não nos permite separar qual a abordagem dada ao tema em cada um dos sites. Por
exemplo, muitos dos sites recuperados não tratam especificamente das localidades em
questão, apenas abrigam as palavras-chaves em algum texto, portanto não se adequam ao
modelo de site que pretendemos privilegiar neste trabalho: sites que tratem prioritariamente
das localidades em questão, o que em geral significa a produção de um maior volume de
informações. Como afirma Carter apud Santos, G. (2002, p.78), “os sites que mantêm
informações a respeito de vários destinos (turísticos) não conseguem obter boa qualidade,
tanto em termos de profundidade quanto em relação à atualização das informações”.
Cendón (2001, p.46) explica que “existem dois tipos básicos de ferramentas de busca na
Web: os motores de busca e os diretórios”. Estes oferecem conjuntos de sites organizados
por profissionais da informação em categorias de acordo com o assunto tratado. Para a
autora, entre as vantagens dos diretórios frente às ferramentas de busca estão o fato deles
possuírem “bases de dados menores, mas que contêm informações mais relevantes”, o que
os torna “mais apropriados na busca por tópicos que sejam de interesse para um grande
número de pessoas”. Para o presente trabalho, portanto, optamos por selecionar os sites a
serem avaliados a partir dos já pré-selecionados em categorias de um diretório.
O diretório de busca mais completo da internet atualmente é o Yahoo!, que disponibiliza
sua versão em português na URL www.yahoo.com.br
e “contém mais de 400 mil sites
organizados por assunto” (Yahoo: 2005, 12). Dentre as diferentes categorias usadas para
classificar os sites, optamos por localizá-los a partir da categoria Regional. Dentro de
Regional, há a subcategoria Cidades Brasileiras, a partir da qual pode-se procurar as
cidades por ordem alfabética.
84
Dentro de cada cidade, procuramos pelas subcategorias que mais se aproximassem do tema
abordado por este trabalho, como “Turismo”, “Atrações turísticas”, “Guias de turismo” etc.
Dentro de cada subcategoria, alguns sites foram pré-selecionados a partir da descrição do
conteúdo contida no diretório. Caso o número de sites com perfil adequado ultrapasse o
número de sites a serem analisados, foi utilizado o recurso “Ordem de Popularidade”
oferecido pelo Yahoo!. Segundo a empresa, “a ordem é baseada nos algoritmos da
tecnologia Yahoo! Search Technology”, sendo que “sites novos (recém adicionados) no
Diretório sempre aparecerão no topo da lista durante alguns dias, independentemente da
ordem selecionada. Além disso, sites oficiais sobre um tema ou personalidade também
poderão aparecer no topo da lista” (grifo do autor).
Para verificar a viabilidade de aplicação deste método na identificação de sites sobre as
localidades selecionadas, realizamos, durante a fase de qualificação do presente trabalho,
uma pesquisa preliminar para localizar sites sobre a cidade de Salvador. Em três
subcategorias consideradas relevantes para o tema do trabalho (Entretenimento e Cultura,
Pontos Turísticos e Guias Locais), foram separados, a partir da descrição disponibilizada
pelo Yahoo!, oito sites. Destes, três sites não estavam disponíveis na URL indicada no
momento da visita, restando cinco.
O pré-teste mostrou ser viável a aplicação deste método de seleção de sites. Assim,
consideramos adequada, para a definição da amostra deste trabalho, a seleção de dois sites
sobre cada uma das duas localidades históricas selecionadas anteriormente, totalizando
quatro sites a serem analisados.
A seleção dos dois sites sobre cada localidade, que compõem a “amostragem por
tipicidade” do presente trabalho, levou em consideração também a natureza da unidade de
informação responsável por sua manutenção, visando, em última instância, comparar como
os agentes com diferentes envolvimentos com a localidade podem “representá-la” de
modos diversos através de seus sites. Mesmo que não constem na seleção dos diretórios do
85
Yahoo!, foram sempre acessadas as páginas oficiais das prefeituras das cidades que
abrigam os sítios históricos
2
.
6.1.2 - Seleção dos sites
Para selecionar os sites sobre a cidade de Olinda, a partir do caminho prévio especificado
anteriormente, acessamos no dia 09 de fevereiro de 2005 os diretórios Transportes e
Turismo / Guias Locais, onde estavam listados os três sites abaixo (seguidos da respectiva
descrição), em ordem de popularidade:
- Olinda Virtual (www.olindavirtual.net
)- Apresenta opções de hospedagem, alimentação,
compras e serviços, história da cidade e pontos turísticos.
- Olinda Show (www.olindashow.com.br/
) - Aspectos geográficos, opções de turismo,
lazer, cultura e comércio.
- Visite Olinda (www.visiteolinda.com.br
)- História, perfil sócio-econômico, manifestações
populares, dicas e eventos, galeria de imagens e especial Carnaval.
Foi selecionado o primeiro site em ordem de popularidade e, conforme justificamos
anteriormente, o site oficial da Prefeitura de Olinda: www.olinda.pe.gov.br
.
Na seleção dos sites sobre Diamantina, também foi acessado o diretório Transportes e
Turismo, onde foram listados 5 sites no tópico Guias Locais (em ordem de popularidade,
seguido das descrições do Yahoo!):
- Diamantina (http://www.idasdiamantina.kit.net/
) - Traz história da cidade, passeios,
arquitetura, pousadas, hotéis, restaurantes, calendário de eventos e mais.
- Diamantina Net (http://www.diamantinanet.com.br/
) - Portal da cidade histórica que
apresenta informações turísticas, agenda de eventos, classificados, jornal e guia de serviços.
2
As prefeituras possuem uma URL reservada para uso institucional e que seguem o seguinte modelo:
www.nomedacidade.sigladoestado.gov.br
. Por exemplo: www.diamantina.mg.gov.br ou www.olinda.pe.gov.br.
86
- Diamantina Turismo (http://www.diamantinaturismo.kit.net/
) - Calendário cultural da
cidade, atrações turísticas, fotos, dicas de como chegar e onde se hospedar.
- Diamantina, Patrimônio Cultural da Humanidade (http://www.diamantina.ezdir.net/
) -
Apresenta pontos turísticos, calendário cultural, festas, curiosidades, hotéis e restaurantes,
além de uma biografia de Juscelino Kubitschek.
- Fenda.com.br (http://www.fenda.com.br/
) - Guia virtual do carnaval em Diamantina/MG.
Apresenta informações sobre o evento, fotos, notícias, carnaval ao vivo, opções de aluguel
de casas para temporada, serviços de utilidade pública e mais.
Dos cinco sites acima, apenas o segundo (DiamantinaNet) foi localizado na data em que
realizamos a seleção da amostra (09 de fevereiro de 2005). O primeiro, terceiro e quarto
sites estavam fora do ar, enquanto o quinto link apontava para uma página sobre outro
tema. Também no período acima não foi encontrado no domínio reservado
(www.diamantina.mg.gov.br/
) o site da Prefeitura Municipal da cidade.
Tendo em vista a necessidade de selecionar um segundo site sobre a cidade, recorremos à
ferramenta de busca Google, que recuperou 256 mil ocorrências para o termo
“Diamantina”. O primeiro colocado no ranking (http://www.diamantina.com.br/
) foi
descartado por conter o aviso “Site provisório. A versão original estará de volta em breve.”.
Como o segundo colocado é o já selecionado DiamantinaNet e o terceiro trata de outro
tema (site da FAFEID - Faculdades Federais Integradas de Diamantina -
http://www.fafeod.br/
), selecionamos o quarto colocado na busca via Google: Diamantina -
Minas Gerais (Turismo) - Revista Idas Brasil
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
). Trata-se da
seção de um guia virtual de Turismo que, entre outras cidades mineiras, divulga a cidade de
Diamantina. Embora não seja uma site que trata exclusivamente de Diamantina,
consideramos que este site possui o tamanho suficiente para realizarmos a análise proposta,
inclusive porque não foi possível localizar outros mais completos.
87
Assim, os quatro sites selecionados para análise são:
1 - Olinda Virtual (http://www.olindavirtual.net/
)
2 - Prefeitura Municipal de Olinda (http://www.olinda.pe.gov.br
)
3 – DiamantinaNet (http://www.diamantinanet.com.br
)
4 – Idas Brasil
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
)
É importante observarmos que a amostra nos permite comparar as estratégias adotadas por
diferentes unidades de informação responsáveis, já que os sites selecionados são mantidos,
respectivamente, por admiradores da cidade, pela prefeitura, por uma empresa da área de
informática e por uma agência especializada em turismo. Os quatro tipos de unidade de
informação localizados comprovam a capacidade de produção plural aberta pela internet,
tema já debatido anteriormente. As características das unidades de informação
contempladas são apresentadas com detalhes no próximo capítulo.
6.1.3 - Roteiro de análise
A partir da literatura debatida nos capítulos anteriores e dos objetivos apontados no início
do trabalho, esboçamos agora um roteiro a ser seguido pelo pesquisador responsável pela
análise dos sites selecionados. Inicialmente, é importante justificarmos o uso da palavra
roteiro, que, ao contrário das listas exaustivas propostas por outras abordagens, visa
orientar o pesquisador sobre os aspectos principais aos quais ele deve se ater durante a
análise, mantendo aberta, no entanto, margem para uma percepção e julgamento mais
amplos e contextuais e menos detalhistas dos sites.
Podemos separar revisão de literatura presente ao longo do trabalho em quatro temas
principais: Organização da Informação na WWW (capítulos 3 e 4), Documentos e
Hipertextualidade (capítulos 3 e 4), Informação Turística (capítulo 5) e Unidades de
Informação (capítulo 3). A partir destes temas, foram elaborados quatro sub-roteiros de
88
análise dos sites selecionados, visando ao final do trabalho debater de forma integrada as
informações coletadas.
O tema Organização da Informação na WWW foi considerado a partir de técnicas e
estratégias tradicionalmente utilizadas nas unidades de informação e relatadas
principalmente por Guinchat e Menou (1994), para em seguida apresentar as mudanças e
novidades incorporadas num contexto digital (temas discutidos especialmente no capitulo
3). É fundamental aqui identificar como (ou mesmo se) o conceito de cadeia documental se
adequa ao trabalho de estruturação de um site. No caso da WWW, devemos considerar
também a navegação do site, que é a apresentação da informação organizada através de
uma interface web. Esses processos são viabilizados através da Arquitetura da Informação,
apresentada principalmente por Rosenfeld e Morville (1998) e é a partir deles que
elaboramos no quadro a seguir o primeiro sub-roteiro de análise de sites:
89
QUADRO 4
Coleta de documentos:
- Verificar se é informado ou é possível identificar a localização original (fonte), data de
publicação, autoria, periodicidade e custo das páginas analisadas.
- De acordo com a classificação reproduzida por Guinchat e Menou (1994), identificar se os
documentos são primários, secundários ou terciários.
Controle e registro material do documento
- Verificar se e como é feita a “descrição bibliográfica” (características formais) das
páginas.
- Verificar como é feita a “análise do conteúdo” das páginas analisadas (tradução para
linguagem documental) e qual(is) processo(s) é(são) utilizado(s): classificação, indexação,
resumo, extração de dados.
- Verificar a adoção de esquemas exatos ou ambíguos de organização das informações.
Armazenamento da Informação
- Verificar a utilização de algum dos dois tipos de arranjo: numérico e sistemático.
- Verificar como é trabalhado o tempo de vida atribuído aos documentos (por exemplo, a
questão da obsolescência).
Navegação
- Verificar qual a estrutura de organização (relacionamento entre os itens do conteúdo e os
grupos aos quais eles pertencem) adotada: hierárquica, hipertextual ou banco de dados
relacional.
- Verificar se o sistema de navegação adotado é hierárquico, global, local ou ad hoc.
- Verificar a utilização de elementos de integração, como menu pull-down e barras de
navegação, e elementos de navegação remota, como tabelas de conteúdo, índices e mapas
do site.
Quadro 4 – Sub-roteiro para análise da Organização da Informação
Debater como a informação de natureza turística é trabalhada nos sites a serem analisados é
o objetivo principal do segundo sub-roteiro, que está detalhado no quadro 5. Foi
considerada principalmente a lista de operadores elaborada por Beni (2001) e reproduzida
90
no capítulo 5, que foi tomada como uma referência para classificar a informação de
interesse turístico contida nos sites. Também as informações mínimas identificadas por
Souza (2000) foram consideradas no sub-roteiro abaixo, já que nos permitiram identificar
que grau de detalhamento é esperado por turistas ao consultar um documento sobre o tema.
QUADRO 5
Informação Turística
- Verificar quais dos operadores citados por Beni (2001) são contempladas nos sites.
- Verificar quais são as palavras/expressões utilizadas para descrever os conteúdos
turísticos e qual o grau de detalhamento e aprofundamento das informações.
- Verificar como as informações mínimas identificadas por Souza (2000) são contempladas
no site analisado.
Quadro 5 – Sub-roteiro para análise da Informação Turística
O tema Documentos e Hipertextualidade foi discutido principalmente no capítulo 3 do
presente trabalho e parte da reformulação do conceito de documento proposta por Pédauque
(2004), compreendido aqui como uma evolução do documento tradicional descrito por
Guinchat e Menou (1994). O uso das possibilidades da hipertextualidade para construção
do sentido do documento e de seu reconhecimento social são os tópicos centrais a serem
analisados.
Considerando que o reconhecimento social depende da troca de links entre sites afins,
identificamos que sites externos fazem referência ao site analisado, utilizando um recurso
oferecido pela ferramenta de busca Google, que lista os sites interligados a partir da
utilização do comando link:domínio (ex.: link:www.olinda.com.br
). Visando identificar
também as páginas que apenas indicam os sites selecionados, sem ativa-los como link,
procuramos por referências ao domínio do site. Por exemplo, digitando www.olinda.com.br
no Google.
91
QUADRO 6
Hipertextualidade
- Considerando que “documento eletrônico= texto informado + conhecimento”, verificar
como é montado o contexto de acesso à informação oferecido para o usuário através das
redes hipertextuais.
- Considerando a equação “documento web = publicação + informação assinalada”,
verificar como são feitas as referências a sites externos e que sites externos fazem
referência ao site analisado.
Quadro 6 – Sub-roteiro para análise dos Documentos e Hipertextualidade
Por fim, pretendemos identificar características das Unidades de Informação responsáveis
pela concepção e/ou manutenção dos sites analisados, visando compreender sua influência
na produção/coleta e organização das informações do site.
QUADRO 7
Unidades de Informação
- Identificar a instituição responsável pelo site, sua natureza, equipe e objetivos
institucionais.
- Verificar a possibilidade de classificá-la dentro dos três ramos de atividades descritos por
Guinchat e Menou (1994): conservação e fornecimento de documentos primários, centros e
serviços de documentação e centros e serviços de informação.
- Verificar se a unidade de informação tem relação formal (parceria) com outras
instituições.
- Identificar elementos que caracterizem a influência da natureza da unidade da informação
na organização do site analisado.
Quadro 7 – Sub-roteiro para análise das Unidades de Informação
Evidentemente o ideal seria navegar e analisar por todas as páginas dos sites selecionados,
mas esta tarefa mostrou-se extremamente trabalhosa e inviável no contexto desta pesquisa.
Além disso, a natureza do trabalho e técnicas da Ciência da Informação e Biblioteconomia
indica que não é necessário ler todo um documento para trabalhá-lo, sendo mais importante
92
identificar e compreender algumas informações contextuais. Por exemplo, determinar seu
assunto, Foskett (1973) sugere que o profissional da informação atenha-se aos elementos
paratextuais de um documento, que em muitos casos são suficientes para caracterizálo.
Guinchat e Menou (1994, p.126) recomendam a leitura rápida de um documento,
privilegiando áreas de identificação.
Para realizar a análise dos sites selecionados, portanto, tomamos como ponto de partida sua
página inicial, seguida de todas as páginas internas de primeiro nível (que podem ser
acessadas a partir da página principal) e das páginas “paratextuais”, que trazem
informações sobre o próprio site. Eventualmente foram analisadas outras páginas internas.
A coleta de dados foi feita pelo próprio autor do trabalho. Foi descartado um processo
avaliativo que envolvesse outros usuários interessados nos sites, principalmente porque
consideramos inviável a operacionalização da análise dos sites junto a terceiros,
especialmente devido à diversidade e dispero geográfica dos públicos interessados no
tema, da especificidade dos roteiros de análise e do escopo esperado para uma dissertação.
93
7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
A visita aos sites selecionados para coleta de dados foi feita entre os dias 11 e 18 de
fevereiro de 2005. Como afirmamos anteriormente, os sub-roteiros de análise elaborados no
capítulo de Metodologia atuaram como referências nas observações elaboradas sobre os
sites, não sendo, no entanto, um check list a ser cumprido rigorosamente. Por acreditarmos
que as questões propostas pelos quatro sub-roteiros aproximam-se em vários momentos,
articulamos as observações em um texto corrido, procurando facilitar a leitura e
compreensão do trabalho.
Optamos também por organizar os dados coletados por site, evitando que o leitor tenha uma
visão fragmentada das estratégias de produção/coleta e organização de suas informações e
ressaltando a interdependência dos conceitos apresentados nos capítulos anteriores. Para
evitar que a leitura da coleta detalhada de dados torne-se cansativa para o leitor, optamos
por posiciona-la nos anexos (2 a 5) do presente trabalho. A seguir está uma apresentação
resumida e analítica das características identificadas nos sites a partir dos temas abordados
nos sub-roteiros. Os aspectos mais relevantes de cada um dos sites analisados serão citados
conjuntamente ao longo da apresentação, enquanto cada site será analisado de forma
separada e mais aprofundada nos anexos. A discussão dos dados iniciada aqui será
aprofundada no próximo capítulo da dissertação, de acordo com os objetivos principais e
específicos desta pesquisa.
Reproduções das páginas web que consideramos mais importantes foram capturadas no
momento da visita ao site e incluídas ao longo da apresentação dos dados. Também para
facilitar a leitura contínua do trabalho, optamos por repetir a reprodução de algumas
páginas citadas também nos anexos, evitando que o leitor tenha que voltar a este capítulo
do trabalho. Elementos de destaque em cada página citados ao longo do texto foram
numerados e apontados nas páginas reproduzidas. Nos anexos, ao localizar as páginas que
contêm informações turísticas, consideramos inviável a reprodução de todas as telas
(devido ao grande volume) e optamos por apenas indicar a URL da página citada.
94
7.1 – APRESENTAÇÃO E SÍNTESE ANALÍTICA DOS DADOS
Os dados coletados foram organizados abaixo de acordo com os sub-roteiros definidos no
capítulo 6 do presente trabalho.
7.1.1 – Cadeia Documental
Sobre os processos de Organização da Informação adotados nos sites analisados, podemos
observar que a seqüência chamada por Guinchat e Menou (1994) de “cadeia documental”,
que trata dos processos de coleta e organização da informação adotados nas unidades
tradicionais da informação, não se aplica perfeitamente ao universo de documentos
eletrônicos pesquisado. As estratégias utilizadas para produzir/coletar e organizar as
informações nos sites aparentemente não são tão rígidas como as etapas sugeridas pelos
autores e consideradas neste trabalho: coleta, controle e registro e armazenamento dos
documentos. Caso sejam cumpridas, as etapas não podem ser identificadas ou não são
explicitadas claramente pelos responsáveis pelo site, o que pode ocasionar dúvidas e falta
de credibilidade inclusive junto ao público usuário.
Por exemplo, grande parte do conteúdo visitado não possui referência explícita ao nome do
autor ou à data de publicação das páginas, sendo também inviável descobrir se o material
foi desenvolvido especialmente para o site ou se foi simplesmente reproduzido a partir de
outro suporte. Em geral são melhor identificadas as páginas de publicação mais recente e
que contêm informações com menor ciclo de vida. Um exemplo desta prática está nas
páginas de Notícias do site da Prefeitura de Olinda (FIG. 02), que identificam o nome do
autor (destaque 1) e a data de publicação (destaque 2).
95
Figura 02 – Modelo de página de Notícia
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/noticias.php?cod=163
O resumo é a principal técnica utilizada para descrever os conteúdos das páginas internas
do site, facilitando o conhecimento prévio do tema abordado na página destacada. À
exceção do site Idas Brasil, todos os demais possuem em sua página principal resumos de
seções ou notícias consideradas mais relevantes ou atuais, dando ao usuário uma noção dos
temas abordados nas páginas internas.
No site DiamantinaNet, por exemplo, o uso desta estratégia torna possível acessar algumas
páginas não só pelo menu presente na página principal (FIG.3), mas ainda pelos destaques
presentes ao longo da página, num recurso que reforça a importância atribuída a alguns
temas, como Últimas Notícias (destaque 1), “passeio virtual” pela cidade (destaque 2) e
Museu do Diamante (destaque 3).
2 1
96
Figura 03 – Página principal (home) do site DiamantinaNet
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/
Não ficam claros, no entanto, que critérios são adotados para a seleção dos resumos em
destaque – um dos mais prováveis, a atualidade da informação, certamente não é
contemplado, já que no box Últimas Notícias não há qualquer referência à data de
publicação de notícias. Além disso, os textos são pouco claros quanto ao conteúdo da
página interna. No destaque 2, por exemplo, a chamada “Faça um passeio virtual pelas ruas
...” sugere um acesso à seção Diamantina Virtual, no entanto aponta para a página Roteiro
Turístico.
4
1
2
3
97
Figura 04 – Página principal (home) do site OlindaVirtual
Fonte: http://www.olindavirtual.net/
2
5
3
4
1
98
Já o site OlindaVirtual não adota um critério claro de formatação dos resumos, já que
alguns exemplos da Seção “Destaque” contam com links para páginas internas com mais
informações, outros não (FIG. 04, destaque 01). Isto pode ser considerado um exemplo de
mau uso do recurso, uma vez que dificulta a compreensão do funcionamento do site pelo
usuário.
O tempo de vida atribuído às informações dos sites tem diferentes tratamentos nos sites
analisados. A grande maioria das páginas, como apontamos acima, não fornece a
informação de sua data de publicação, o que impossibilita identificar há quanto tempo estão
disponíveis. A seção Últimas Notícias do site da Prefeitura de Olinda é uma das exceções:
na lista constam páginas publicadas a partir de setembro de 2004, o que facilita a
localização de páginas mais antigas (FIG. 05). Já no site DiamantinaNet identifica-se em
lista semelhante que as páginas disponíveis foram publicadas entre 2002 e fevereiro de
2004, o que evidencia que a seção não é atualizada há mais de um ano.
Ainda sobre o conteúdo disponível nos sites, é importante destacar a iniciativa de
reproduzir o texto de alguns documentos históricos relevantes para a cidade em questão,
como o Regimento Diamantino, de 02 de agosto de 1771 – Livro da Capa Verde (site
DiamantinaNet – FIG. 06) e Carta de Doação de 12 de Março de 1537 (site da Prefeitura de
Olinda).
99
Figura 05 – Lista de últimas notícias do site da Prefeitura de Olinda
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/noticias.php
Figura 06 – Reprodução do Regimento Diamantino
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina/regimento.htm
1
100
7.1.2 - Organização da Informação
A partir dos conceitos definidos por Rosenfeld e Morville (1998) para definir a relação
entre os itens do site e a lógica de ordenamento à qual estão submetidos, pudemos
identificar que a estrutura de organização adotada por todos os sites analisados é
hierárquica, isto é, baseada em menus ou barras de navegação, que abrigam em seus tópicos
páginas de assuntos considerados afins durante o processo de organização do site. Apenas
uma das páginas analisadas utiliza o recurso de banco de dados relacional: a seção Busca
Avançada do site da Prefeitura de Olinda (FIG. 07) – a adoção desta estrutura facilita a
recuperação das informações (filtrando de acordo com o “Canal” ao qual pertence a página
e a data em que ela foi publicada), sendo portanto um recurso a ser explorado pelos demais
sites.
Nos sites da Prefeitura de Olinda e Idas Brasil, por exemplo, o usuário depende totalmente
do menu lateral para acessar a maioria das páginas. Embora facilitem a organização da
página e simplifiquem o ato de localizar uma página no site, este sistema é limitado, uma
vez que não permite a formulação de novos sentidos de leitura durante a navegação.
Figura 07 – Página de Busca Avançada
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/busca_avancada.php
101
A hierarquia funciona predominantemente através da divisão por tópicos, sendo relevante
debater as diferentes estratégias utilizadas para organizar esses tópicos dentro de menus.
Dentre os quatro sites analisados, podemos destacar os dois menus adotados no site
IdasBrasil pela adequação à natureza e escopo propostos pelo site (FIG. 08, destaques 1 e
2). O menu lateral (principal) é composto por oito itens de interesses bem marcados,
propondo ao usuário uma navegação lógica pelos atrativos da cidade, em alguns casos a
partir de ações: ficar, comer, chegar etc. Já o menu superior oferece uma navegação
complementar, com acesso a outras informações, mais genéricas. Não há redundância ou
conflito entre os tópicos dos dois menus.
Diferentes questões podem ser levantadas na elaboração dos menus dos demais sites. No
site DiamantinaNet, por exemplo, o menu lateral (principal) é composto por seis tópicos,
divididos em 31 itens, o que nos parece um número excessivo (FIG. 03, destaque 4). No
tópico Cultura, por exemplo, Causos e Lendas poderiam fundir-se e compor um mesmo
item, assim como Notícias e Artigos, já que tratam de temas muito semelhantes. Alguns
itens também poderiam ser reclassificados, como o Nossas Noites (aponta para uma página
com fotografias e poesias sobre a cidade), que poderia perfeitamente ser encaixado no
tópico Cultura, saindo de Turismo, onde está hoje localizado.
102
Figura 08 – Trecho da página principal (home) do site
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
2
3
1
103
No site da Prefeitura de Olinda, por sua vez, nota-se que dois dos tópicos estão deslocados
no menu lateral (FIG. 9, destaque 1). Seguindo a lógica proposta pelo site, o tópico Museu
do Mamulengo deveria estar dentro de Guia Turístico / Museus, ou no mínimo ser citado
dentro deste. Já o tópico Carnaval de Olinda, embora anuncie possivelmente o maior
atrativo turístico da cidade, ganha um destaque exagerado ao constar como primeiro tópico
do menu. Também neste caso a página poderia compor o tópico Guia Turístico.
Ainda sobre o site da Prefeitura de Olinda, ele oferece dois menus semelhantes: o principal,
disponível na margem esquerda, e outro disponível no rodapé das páginas (destaque 2).
Trata-se de uma estratégia interessante por facilitar a navegação do usuário pela página, no
entanto a diferença no número de tópicos e a variação no termo usado para descrevê-los
(Boletim Eletrônico e Newsletter) pode confundir o usuário.
Na página principal do site OlindaVirtual (FIG. 4), os três menus (destaques 2, 3 e 4)
presentes em todas as páginas parecem-nos mais confundir que oferecer novas formas de
navegação ao usuário do site. Acreditamos que trata-se de um número excessivo de menus
e tópicos, inclusive porque alguns destes são repetidos, mesmo que tenham nomes
diferentes (Olinda Gourmet e Culinária, por exemplo). Além disso, alguns tópicos têm
nomes bastante genéricos (Confira) e misturam itens aparentemente sem ligações entre si,
com jornais locais, dicas de segurança e culinária regional.
104
Figura 09 – Página principal (home) do site
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/index.php
7.1.3 - Navegação
Sobre o sistema de navegação adotado pelos sites analisados, nota-se as presenças de
sistemas globais e locais, de acordo com a classificação proposta por Rosenfeld e Morville
(1998). Considerando que o IdasBrasil é um guia turístico sobre o estado de Minas Gerais e
que Diamantina é uma dentre as várias cidades contempladas (suas páginas compõem uma
seção do site), é importante destacar a articulação do menu de navegação global (FIG. 08,
1
2
105
destaque 3) com os menus locais (destaque 1 e 2), já que ambos são dispostos
simultaneamente em todas as páginas e atuam de forma complementar. A adoção deste
sistema é importante porque permite que o usuário localize-se ao entrar ou navegar por uma
página, reconhecendo o contexto em que aquela página está inserida.
A ausência de um menu padrão (global) em todas as páginas internas é nitidamente um
problema no site DiamantinaNet. O menu principal (FIG. 3, destaque 4) aparece apenas na
página inicial e é parcialmente reproduzido em um menu pull-down presente em algumas
páginas (exemplo na FIG. 10, destaque 1), o que dificulta a orientação contextual do
usuário e a identificação da relação existente entre as várias seções ou mesmo sites
aparentemente independentes hospedados no mesmo domínio
Figura 10 – Página sobre Carnaval
Fonte: http://diamantinanet.com.br/karnaval/
Também importantes para localização e orientação dos usuários, os elementos de
navegação remota são muito pouco utilizados nos quatro sites. Foi identificado apenas o
Mapa do Site da Prefeitura de Olinda (FIG. 11), que é uma versão ampliada do menu lateral
1
106
(o que justifica-se devido ao pequeno volume de páginas do site). Sites com volume muito
maior de informações, o DiamantinaNet e Olinda Virtual não adotam estes recursos.
Figura 11 – Mapa do Site
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/mapa_do_site.php
Além da navegação por tópicos, destaca-se a adoção de esquemas ambíguos de orientação
específica para a audiência: no site da Prefeitura de Olinda o tópico Guia Turístico reúne na
mesma seção todas as informações de interesse desse público (FIG. 12). O site
DiamantinaNet, ao criar o tópico Roteiro Turístico (FIG. 13), também procurou reunir em
um só item as informações de interesse desta audiência específica. No entanto, nota-se que
alguns temas de claro interesse turístico, como Hotéis e Pousadas e Agência Virtual, não
podem ser acessados a partir deste tópico.
107
Figura 12 – Submenu do tópico Guia Turístico
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal
Figura 13 - Página Roteiro Turístico
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/roteiroturistico/index.html
108
Outro esquema ambíguo de navegação utilizado nos sites em questão é o geográfico, que
está presente no mapa turístico do site Olinda Virtual (FIG. 14) e na seção Diamantina
Virtual do site DiamantinaNet (FIG.15). Ambos permitem uma navegação pelas
informações sobre pontos turísticos baseada na interface de um mapa, oferecendo um
serviço diferenciado para o usuário.
Figura 14 – Mapa interativo de Olinda
Fonte: http://www.olindavirtual.net/mapa.htm
109
Figura 15 – Página Diamantina Virtual
Fonte: http://diamantinanet.com.br/diamantinavirtual/
Nas listas que dão acesso às informações já publicadas no site, a forma de armazenamento
mais comum é o arranjo numérico, já que as páginas são ordenadas por ordem de chegada,
ficando no topo os documentos mais recentes. Conforme as definições de Rosenfeld e
Morville (1998), podemos dizer que esta forma de armazenamento é baseada em esquemas
exatos, com destaque para a ordem cronológica de organização. Alguns exemplos são o
índice de receitas dispostas em ordem alfabética na página Olinda Gourmet do site Olinda
Virtual (FIG. 16, destaque 1) e a lista de notícias no site da Prefeitura de Olinda (FIG. 05),
que além de apresentar as páginas armazenadas na ordem em que elas foram publicadas,
também informa o seu assunto (destaque 1).
110
Figura 16 – Página Culinária Regional
Fonte: http://www.olindavirtual.net/culinar.htm
Algumas páginas que têm especial interesse turístico não adotam critérios explícitos para
escolha e organização de lista de itens. No site Idas Brasil, as páginas dos tópicos Onde
Ficar (FIG. 17) e Onde Comer apresentam uma “listagem aleatória - sem informações
adicionais”, que não permitem que o usuário identifique o estabelecimento que mais lhe
interessa a partir de informações adicionais, já que a lista fornece apenas nome, endereço e
telefone. O tópico Hotéis e Pousadas do site DiamantinaNet tem um funcionamento muito
parecido: os nomes dos 35 estabelecimentos são seguidos apenas por endereço e telefone e
não estão organizados por critério algum.
1
111
Figura 17 – Página Onde Ficar
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/ficar.asp
7.1.4 - Informação Turística
Dentre os quatro sites visitados nesta pesquisa, destaca-se, pelo volume e diversidade de
informações, o site Olinda Virtual. Além de informações presentes em todos os demais
sites, como informações básicas sobre monumentos civis e religiosos, história da cidade e
seus principais atrativos naturais, esse site possui uma agenda de eventos, receitas e
informações gerais sobre a Culinária Local, Serviços de Alimentação (restaurantes, por
exemplo), além de contatos de instituições como Agências de Viagem e Turismo,
Locadoras de Veículos e Consulados. Estão presentes também a página Roteiro, que
procura oferecer uma orientação ao turista que não conhece bem a localização das atrações
da cidade, o tópico Slide Show, com fotos diversas da região, e o Mapa Interativo com os
principais pontos turísticos.
112
O outro site sobre Olinda (Prefeitura Municipal) possui um volume menor de informações,
sendo especialmente percebida a ausência de qualquer referência aos Equipamentos e
Serviços Turísticos, como hotéis e restaurantes. Os principais atrativos do site são as
informações detalhadas sobre o Carnaval - foi elaborado um subsite (ou hot site)
especialmente sobre a festa (FIG. 18).
Figura 18 – Subsite (hot site) especial de Carnaval
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/carnaval2005
O site DiamantinaNet tem como diferencial a seção DoNada (FIG. 19), com informações
de festas e shows da cidade, incluindo cobertura fotográfica, e informações sobre diferentes
meios de hospedagem, como hotéis, pensionato, pousada e imóvel para aluguel. Quatro
galerias de fotos (sobre A Cidade e as Igrejas, Cachoeiras e Grutas, Localidades Vizinhas e
Flora) também merecem destaque, assim como a página especial sobre o Carnaval e a seção
DiamantinaVirtual, onde, através de um mapa, as atrações podem ser localizadas.
113
Figura 19 – Página DoNada
Fonte: http://diamantinanet.com.br/donada/
A seção sobre Diamantina no site IdasBrasil tem um volume reduzido de informações. No
entanto, alguns dos atrativos e serviços divulgados, como Sítio Arqueológico do Batatal,
Caminho dos Escravos, Estradas, Serviços de Alimentação e de Informação Turística e
informações sobre as estações do ano e previsão do tempo, não estão presentes no outro site
sobre a cidade (DiamantinaNet). Deve-se notar a ausência de qualquer tópico sobre o
Carnaval, uma das festas principais da cidade.
7.1.5 - Hipertextualidade
Sobre a proposição de um ambiente hipertextual mais complexo, que permita a construção
de diferentes sentidos de leitura e navegação pelo usuário do site, acreditamos que os sites
analisados exploram pouco esta possibilidade do documento eletrônico. Em geral, não
oferecem múltiplos caminhos interligados de acesso às informações.
Como toda a navegação está baseada nos menus principais, o usuário é obrigado a recorrer
a eles para construir seu “conhecimento”, o que limita as possibilidades de combinação de
informações afins. Nota-se que em boa parte das situações onde há possibilidade de acessar
uma mesma informação a partir de diferentes links, trata-se mais de uma falta de critério na
114
organização do site do que uma tentativa real de estabelecer uma navegação mais
intercruzada.
Um exemplo de como o recurso poderia ser melhor explorado está no site IdasBrasil. Os
dois menus citados anteriormente dão acesso a informações de formatos diferentes (tópicos
pontuais ou textos mais longos). São páginas complementares, que poderiam ser
interligadas através de links, propondo novas formas de navegação para o usuário. No
entanto, não há qualquer ligação por hipertexto entre as páginas.
Sobre a indicação de links externos (o que, em última instância, caracteriza a formação de
uma rede legitimada pelos atores em atuação na WWW), percebe-se usos bem distintos nos
sites analisados. O Idas Brasil, por exemplo, além de apontar link para o site ClimaTempo,
que oferece informações atualizadas sobre o tempo na região, mantém uma lista de sites de
interesse no tópico Links (FIG. 20). Sendo inviável manter o site atualizado com
informações tão diferentes como estados de conservação das estradas e dados geográficos
do estado, o site recomenda a visita a serviços voltados especificamente para estes temas.
Figura 20 – Página Links
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/geral/port/links.asp
115
Outro uso interessante de links externos está na página Hotéis e Pousadas do site
DiamantinaNet, que indica o site oficial de vários estabelecimentos da cidade. Em cada site
recomendado o usuário poderá encontrar informações detalhadas sobre a estrutura oferecida
pelo meio de hospedagem, que é o responsável pela manutenção de suas próprias
informações. Um exemplo de mau uso é o site Olinda Virtual, que aponta vários links
externos para outros sites, como o da Prefeitura Municipal (FIG. 21), sem no entanto fazer
qualquer tipo de referência ou justificar tal atuação. Acreditamos que o uso indiscriminado
do recurso pode, ao confundir o usuário, colocar sob dúvida a credibilidade e a própria
compreensão do site.
Figura 21 – Janela com o site da Prefeitura de Olinda aberta após clique em chamada sobre Carnaval 2005.
Fonte: http://www.olindavirtual.net
Sobre os sites que indicam os domínios analisados, deve-se destacar a recomendação por
parte de reconhecidas instituições, como veículos de comunicação, órgãos oficiais e outros
sites da área de turismo, além de sites de eventos que aconteceram na cidade.
116
7.1.6 - Unidades de Informação
Como destacamos no capítulo anterior deste trabalho, a seleção dos sites analisados nos
permite confrontar as estratégias adotadas por unidades de informação de perfis bem
diferentes.
O site da Prefeitura de Olinda, por se tratar de um site oficial de uma cidade, oferece
informações que vão além do interesse turístico, como Orçamento Participativo e
Relatórios Fiscais. Dos tópicos considerados de interesse turístico, destacamos a amplitude
dada ao Carnaval, que por ser a principal festa da cidade torna-se não só um importante
evento de divulgação cultural, mais também uma significativa fonte de renda para o
município. Essa relevância atribuída à festa certamente influenciou a organização do site,
uma vez que o item Carnaval do Olinda foi o primeiro colocado no menu principal do site.
A natureza não comercial do órgão municipal talvez justifique a ausência de algumas
informações esperadas no site turístico, como listas de Equipamentos e Serviços Turísticos.
Para evitar favorecer a atividade de um estabelecimento específico, a equipe responsável
pelo site pode ter optado por simplesmente ignorar esse assunto.
O interesse político, por outro lado, possivelmente justifica a presença do único link
externo do site da Prefeitura: a indicação de uma entrevista publicada no site do Partido
Comunista do Brasil – PC do B (www.vermelho.org.br
). No site do partido também foi
identificado um link para o site da Prefeitura de Olinda.
O site OlindaVirtual, mantido por “admiradores” da cidade, aparentemente não tem vínculo
comercial direto com nenhuma instituição ligada ao turismo na cidade. Não fica claro, no
entanto, se o grande destaque dado a alguns assuntos, como a programação do Bar Ponto G
durante o Carnaval 2005 (FIG. 5, destaque 5), deve-se a uma sugestão pessoal dos
mantenedores ou a algum tipo de acordo comercial entre os envolvidos. É interessante
ainda notar que o interesse dos mantenedores pela cidade ultrapassa seu aspecto turístico,
117
havendo destaque para notícias locais e divulgação de campanhas de solidariedade da
região.
O DiamantinaNet é mantido uma empresa que oferece também serviços de hospedagem de
sites e acesso à internet através de um cybercafé. Não foi localizada no site uma relação das
empresas que hospedam sites na Orlando & Cesar Service Ltda, o que impossibilita
descobrirmos se uma possível relação comercial influenciaria a seleção de links externos
indicados pelo site ou mesmo o tipo de informações disponíveis nele.
O IdasBrasil é uma unidade de informação especializada na área de turismo, característica
que certamente influencia parte da estruturação adotada pelo site, já que todas as
informações oferecidas são de direto interesse de potenciais visitantes da cidade. Além das
informações e serviços já apresentados, através deste site, por exemplo, é possível comprar
pacotes turísticos para as regiões divulgadas ou adquirir Fotos de Minas. O IdasBrasil
oferece ainda o serviço de construção de sites, que “podem ser adaptados aos mais
diferentes empreendimentos turísticos”.
Em relação à prestação de serviços especializados de informação, o único identificado (em
três dos quatro sites, à exceção do IdasBrasil) é o envio de boletins eletrônicos periódicos
por e-mail a partir do cadastro voluntário do usuário.
118
8 – CONCLUSÕES
Este trabalho foi desenvolvido procurando identificar como sites sobre localidades
reconhecidas como “Patrimônio Cultural da Humanidade”, que em última instância podem
ser considerados instrumentos de inserção dessas localidades na Sociedade da Informação,
estão configurados sob a perspectiva da produção/coleta e organização das informações, do
uso das potencialidades da hipertextualidade, da natureza da informação turística e de suas
unidades de informação.
A coleta e síntese dos dados apresentados no capítulo anterior deste trabalho nos permitem
fazer nesta conclusão alguns comentários alinhados aos objetivos principais e específicos
da dissertação, procurando ao final apresentar algumas ressalvas e sugestões a futuros
trabalhos.
8.1 – Avaliação do método
Considerando os objetivos principais propostos para esta dissertação, devemos iniciar
debatendo os méritos e limites do método de análise proposto. Como discutimos
anteriormente, a proposição de um novo modelo possivelmente é a grande contribuição do
trabalho para o campo da Ciência da Informação, uma vez que, dada a dinamicidade da
internet, os dados apresentados e debatidos no capítulo anterior e nos anexos estão fadados
a uma rápida obsolescência.
Antes de tudo, cabe esclarecer não foi nossa pretensão aqui apresentar um método padrão e
pronto para a análise de sites, mas sim propor uma nova visão sobre o tema. Acreditamos,
no entanto, que as discussões podem contribuir para trabalhos futuros, inclusive no
contexto do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFMG. Novas
pesquisas devem procurar aperfeiçoar e adapta-lo, uma vez que a internet está em constante
alteração técnica e sua apropriação pelas diferentes unidades de informação ainda está em
construção.
119
Julgamos que o método proposto cumpriu seu objetivo principal, que é oferecer uma visão
mais global do funcionamento dos sites, e não realizar uma mera conferência do
cumprimento de critérios técnicos pré-definidos. Considerando serem indissociáveis a
estrutura e os dados do documento eletrônico, o método nos permitiu identificar as
articulações entre as informações turísticas presentes e as estruturas de organização em que
elas se encontram inseridas, sempre considerando as especificidades da WWW. Estas
ligações foram possíveis devido às interconexões estabelecidas entre os conceitos debatidos
ao longo da revisão de literatura presente nos capítulos 3 a 5.
Outro mérito que, acreditamos, pode ser creditado ao modelo proposto é considerar a
importância das unidades de informação na elaboração e manutenção dos sites em questão.
É preciso sempre ter em vista que o produto final apresentado aos usuários é fruto, entre
outros fatores, das escolhas comerciais e políticas da instituição envolvida e de sua equipe
contratada. Uma análise que não considere esta questão pode tornar-se incompleta e
perigosamente tendenciosa.
É igualmente fundamental registrar dificuldades e limitações percebidas ao longo da
realização da pesquisa. Algumas delas puderam ser previstas antes da realização do
trabalho, pois ultrapassam os objetivos propostos ou o escopo do trabalho. Outras, no
entanto, só foram identificadas após a realização da pesquisa e são frutos naturais da
procura por novas reflexões e abordagens.
Por exemplo, a divisão dos quatro temas propostos para os sub-roteiros (Organização da
Informação na WWW, Documentos e Hipertextualidade, Informação Turística e Unidades
de Informação) mostrou-se em alguns momentos confusa e um pouco redundante, o que
exigiria, num próximo trabalho, uma adaptação nas questões demandadas por cada um
deles. Ao discutir as estratégias de organização das informações nos sites analisados, por
exemplo, é imprescindível discutirmos o uso do recurso do hipertexto, uma vez que ele é a
base para construção do ambiente web, o que reforça a grande interdependência entre os
conceitos considerados ao longo do trabalho.
120
Além disso, pareceu-nos pouco eficiente a tentativa de comparar os processos de coleta e
organização da informação adotados nas unidades tradicionais da informação (a chamada
“cadeia documental”) com as estratégias adotadas no contexto da internet. É imprescindível
a contribuição atual e potencial da área de Biblioteconomia para a bibliografia ainda
escassa sobre a organização da informação na internet, no entanto esta adaptação deve
sempre considerar as especificidades do meio e dos documentos eletrônicos, o que está
motivando a elaboração e consolidação de novos conceitos. Acreditamos ser esta uma área
de estudos extremamente promissora e relevante, mas surpreendentemente ainda pouco
explorada no âmbito da Ciência da Informação.
Outra dificuldade a ser registrada aconteceu na seleção da amostra a ser analisada. O
grande número de sites publicados e retirados do ar diariamente na internet inviabiliza um
acompanhamento da evolução da WWW por um diretório como o Yahoo! e coloca em
risco a representatividade dos sites disponíveis em cada categoria, o que acaba dificultando
a localização dos sites mais relevantes para análise. Uma próxima pesquisa deve procurar
trabalhar com outras estratégias de seleção da amostra, inclusive visando uma combinação
dos resultados encontrados.
Finalmente, por se tratar de uma coleta de dados de natureza qualitativa, é inegável a
grande influência do pesquisador envolvido na seleção e articulação das informações
coletadas, o que inevitavelmente influencia os resultados da pesquisa. Para diminuir a
subjetividade inerente a uma pesquisa qualitativa, acreditamos que seria relevante coletar e
analisar através de entrevistas ou questionários também o ponto de vista das unidades de
informação e de usuários do site, o que possibilitaria a realização de uma comparação entre
as posições apresentadas, visando ampliar o debate. Como apresentamos anteriormente,
esta possibilidade metodológica foi descartada por ultrapassar os propósitos e mesmo o
tamanho esperado para um trabalho do nível deste.
121
8.2 - Análise dos sites
A partir do universo pesquisado, é possível debatermos, baseados nas expectativas iniciais e
baseados na bibliografia consultada, os principais méritos e limitações dos sites analisados,
sempre levando em consideração os objetivos do trabalho. Antes de iniciarmos, no entanto,
devemos ressaltar que a amostra selecionada para o trabalho não nos permite generalizar as
conclusões a toda a população de sites sobre o tema analisado. Debateremos, portanto,
dentro dos limites permitidos pela amostra e, quando possível, procuraremos tecer
comentários que possam ser considerados em um universo mais amplo.
Podemos observar, por exemplo, que, na amostra analisada, a elaboração e manutenção dos
sites sobre as localidades históricas são responsabilidade de unidades de informação de
diferentes naturezas, o que pode ser considerado um ponto positivo, uma vez que faz jus ao
potencial plural e descentralizado que caracteriza a internet.
É impossível não deixar de notar, no entanto, a ausência de alguns sites esperados, em
especial o site da Prefeitura Municipal de Diamantina. Trata-se, no mínimo, de um descaso
do órgão público com as potencialidades do meio internet na divulgação não só dos
atrativos turísticos da cidade, mas também na oferta de informações e serviços públicos via
web (que configura o chamado Governo Eletrônico). Nota-se ainda que a coleta foi
realizada logo após a festa do Carnaval, que é o evento que atrai maior número de turistas e
maior movimentação econômica para a cidade, o que por si só justificaria a existência de
um site de divulgação, a exemplo do hot site disponível no site de Prefeitura de Olinda.
Reconhecemos a importância da participação de outras unidades de informação na
divulgação das localidades turísticas via web, o que não justifica que o processo de
publicação e manutenção possa ser meramente delegado a “admiradores” da cidade, que
embora imbuídos de um enorme esforço para realização dos projetos, em geral não
122
possuem o grau de profissionalismo, envolvimento e acesso a informações cada vez mais
exigidos na atividade turística. Nas palavras de Santos, G. (2002, 85), “os órgãos oficiais de
turismo, na posição de principais responsáveis pela promoção de seus respectivos destinos,
devem atentar para os benefícios e ameaças do desenvolvimento da internet”.
Além disso, parece-nos que, de um modo geral, as informações oferecidas pelos diferentes
sites analisados são muito parecidas, isto é, não é possível identificar variações esperadas
em função da natureza da unidade de informação, de sua especialidade e objetivos. Esta
semelhança pode ser considerada surpreendente, principalmente se lembrarmos que a
amostra de sites é mantida por quatro unidades de informação bem diferentes. O site
IdasBrasil, por exemplo, apesar de ser mantido por uma unidade de informação
especializada na atividade turística, possui ainda menos informações sobre Equipamentos e
Serviços Turísticos do que o site DiamantinaNet, que, por se tratar de uma unidade
interessada também em outras atividades, trabalha com outros tipos de informações.
Também não foram identificadas grandes diferenças entre os dois sites sobre Olinda e os
dois sobre Diamantina, como levantamos durante a definição da amostra do trabalho, o que
nos permite supor que os 17 anos que separam o processo de reconhecimento das duas
localidades como “Patrimônio Cultural da Humanidade” e o fato de Diamantina ter sido
reconhecida após a implementação comercial da internet no Brasil não interferiram na
inserção das localidades na WWW. A granularidade do ambiente web citada por Rosenfeld
e Morville (1998) é muito pouco explorada pelos sites, uma vez que eles não oferecem
diferentes níveis de profundidade de informação sobre um mesmo tema. A ausência de uma
diferenciação clara entre os sites, acreditamos, deve-se em parte a uma falta de
planejamento e de propostas para os processos de elaboração e manutenção dos sites, o que
poderia resultar na produção (ou mesmo reprodução) de conteúdos ou seções específicos e
exclusivos.
Também são pouco explorados os serviços de informação mais específicos, que oferecem
aos turistas dados sob demanda, cumprindo a função de centros e serviços de informação
descritos por Guinchat e Menou (1994). Considerando que os diferentes públicos
123
interessados nos sites em questão possuem diferentes demandas informacionais e muitas
vezes necessitam serviços personalizados, acreditamos que os sites poderiam implementar
serviços que atendam a estas demandas específicas de seus visitantes, o que poderia
inclusive tornar-se uma fonte de renda para a unidade de informação responsável. Estes
serviços de informação podem ter explorar recursos típicos da web, como a possibilidade
de enviar e-mails simultaneamente para vários estabelecimentos turísticos visando realizar
uma comparação de preços e serviços, ou ser elaborados a partir do conhecimento prévio de
algum profissional, apto, por exemplo, a montar um roteiro de viagem a partir das
demandas do visitante do site.
É pequena a participação efetiva de colaboradores externos à unidade de informação no
processo de produção de conteúdos para os sites, o que, em última instância, sugere que as
informações transmitidas ao público que acessar as páginas representam a visão de um
grupo restrito de sujeitos interessados na localidade. Uma exceção é a seção Coluna do site
OlindaVirtual, que “abre espaço para colunas sobre temas que envolvam a cidade de
Olinda” e mantém algumas páginas escritas por prováveis colaboradores do site.
A iniciativa mais interessante e que merece nova citação está no site DiamantinaNet, que
nas seções Causos e Mural de Recados permite que usuários do site tornem-se produtores
de informações e tenham autonomia para publicação de textos. As seções funcionam como
um fórum aberto, sem intermediários, que potencialmente pode funcionar como um espaço
de exposição de idéias e debates.
Esta ferramenta é a que mais facilita a implementação dos procedimentos produtivos
relatados por Gómez (1997), que destaca que é preciso que os “atores locais confirmem sua
presença argumentativa, econômica e política no espaço das redes”. Além disso, uma
participação mais próxima do público na construção do site pode diminuir um dos aspectos
negativos do uso da internet identificados na pesquisa relatada por Pereira (2005): a
ausência de “dicas de pessoas da confiança do internauta”, isto é, o reconhecimento no
ambiente web de que existem produtores de informação preocupados em atender e orientar
as demandas dos usuários.
124
Uma visita às seções relatadas acima, no entanto, revelou que a utilização da ferramenta
não está voltada para apresentação de idéias ou debates relativos à atividade turística da
cidade, por exemplo. Evidentemente os moradores e demais interessados na localidade têm
interesses diversos, e devem utilizar o espaço do fórum para debatê-los, mas parece-nos
significativo o fato dessa dispersão de interesses mostrar-se tão clara especificamente em
um site que se propõe a falar do viés turístico de uma localidade.
Uma outra iniciativa interessante do site DiamantinaNet é a publicação de uma Lista de
ICQs, que pode ser acessada a partir da página principal do site. O serviço permite que o
usuário cadastre e torne público o nome completo, endereço de e-mail e o número do ICQ,
além de disponibilizar uma lista com os dados de 467 pessoas cadastradas. Não são
informados o perfil dos cadastrados e a cidade de origem. Ao facilitar a comunicação entre
pessoas com algum interesse ou vínculo com a cidade, a lista de ICQs pode atuar como
catalizador da formação de uma ampla rede de contato entre os cadastrados, contribuindo
para a formação de uma versão virtual das zonas de horizontalidades definidas por Santos,
M (2002), que são os espaços locais de produção que atuam interligados e como resistência
às forças globais sem vínculos ou compromissos com tempo e espaço reais.
Acreditamos que, em última instância, as duas iniciativas acima podem possibilitar uma
nova maneira de “participar” da localidade, o que pode ocorrer independentemente da
presença física dos sujeitos na região. O mais importante aqui seria o interesse comum, de
acordo com o conceito de reencaixe proposto por Giddens (1991), que visa reaproximar os
sujeitos de um tempo e espaço comuns. A configuração atual dos quatro sites analisados, no
entanto, não nos permite encaixá-los como produtores de “conteúdos locais”, conforme a
definição proposta em Ballantyne (2002), uma vez que aparentemente não há uma
participação efetiva da comunidade local na elaboração do material disponibilizado.
Considerando que a adoção de critérios adequados de produção/coleta, organização e
publicação de informações é um meio fundamental para um bom funcionamento de um site
sobre uma localidade turística, a partir do universo pesquisado pudemos identificar que há
125
uma enorme dificuldade em se conciliar a publicação de grandes volumes de informações
com estratégias eficientes de organização e navegação pelas páginas. Dentre os quatro sites
pesquisados, nota-se que os dois mais bem organizados – Prefeitura de Olinda e IdasBrasil
– são os que disponibilizam menor número de informações e, aparentemente, não têm
expansões freqüentes (à exceção da área de notícias do site da Prefeitura). No caso do
IdasBrasil, acreditamos que o volume reduzido de informações e a ausência de atualizações
em parte justificam-se pelo fato do site não divulgar exclusivamente uma localidade – trata-
se de um site sobre vários destinos turísticos de Minas Gerais, o que evidentemente divide
o trabalho da unidade de informação responsável. Esta constatação confirma a afirmação de
Carter apud Santos, G. (2002, p.78), para quem os sites que tratam de várias localidades
turísticas ao mesmo tempo não conseguem aprofundar-se nos temas e manter-se
atualizados.
Os dois outros sites analisados contam com um volume bem maior de informações, o que
seria um ótimo diferencial para atrair e fidelizar usuários, no entanto a localização das
informações através da página principal ou dos menus é muitas vezes uma tarefa árdua,
uma vez que a categorização dos menus e a adoção de padrões de funcionamento, por
exemplo, não seguem regras bem claras. Um grande volume de informações publicadas é
uma agravante para o difícil equilíbrio entre profundidade e comprimento da hierarquia do
site citado por Young (2002). Uma opção neste caso seria a utilização de outros elementos
de integração, como menus pull-down.
Ao longo da coleta e análise de dados procuramos identificar os possíveis processos de
coleta, registro e armazenamento das informações contidos no site, tomando como
referência inicial a idéia de “cadeia documental” definida por Guinchat e Menou (1994).
Certos que seria incompatível uma simples transposição dos processos tradicionais para o
ambiente eletrônico, ainda assim ficou claro ao longo da pesquisa que muitas das decisões
relativas à organização da informação na web são tomadas sem um embasamento ou
planejamentos claros - como os propostos por Rosenfeld e Morville (1998)-, o que torna os
sites confusos e pouco eficientes.
126
Devemos também fazer ressalvas quanto à natureza da informação turística presente nos
sites. O universo pesquisado diz respeito a sítios históricos reconhecidos como “Patrimônio
Cultural da Humanidade”, que são locais que sediaram fatos históricos de especial
relevância e que abrigam testemunhos diversos (patrimônio material e imaterial) sobre sua
época áurea de desenvolvimento econômico e cultural. Tamanha riqueza, no entanto, não é
explorada a fundo pelos sites analisados, que se limitam a repassar informações mínimas
sobre os principais atrativos históricos e culturais das localidades, seguida de uma ou mais
fotos. Por exemplo, a reprodução de documentos históricos, feita em páginas pontuais por
dois dos sites, poderia resultar na formação de um acervo virtual para consulta por
diferentes públicos interessados nas histórias locais.
Da mesma maneira, é notória a falta de utilização das potencialidades da multimídia, como
a disponibilização de áudios ou vídeos sobres as atrações turísticas, o que num estágio mais
avançado poderia também explorar as potencialidades hipertextuais do meio. O único
conteúdo audiovisual encontrado nos quatro sites foi as músicas de carnaval no formato
MP3 disponíveis no site da Prefeitura de Olinda.
Nota-se a necessidade de ampliar e reforçar a divulgação de informações relativas aos
Equipamentos e Serviços Turísticos disponíveis nas cidades. Ora, se os sites são usados por
turistas primordialmente durante o processo de planejamento de suas viagens, nada mais
básico que lhes oferecer informações detalhadas e estruturadas sobre os estabelecimentos
existentes, além das informações mínimas sobre as atrações turísticas, já que muitas vezes
sequer a localização de uma atração é informada.
Nesse contexto, a partir do universo pesquisado devemos reafirmar a conclusão genérica
apresentada por Santos, G. (2002) ao analisar 15 sites de Turismo de Governos Estaduais
Brasileiros: “no Brasil, os sites de promoção de destinos turísticos estão em fase de
desenvolvimento” (p.85).
Acreditamos que todas as observações e recomendações debatidas nos últimos parágrafos
dependem de um processo maior e anterior ao das intervenções técnicas: é necessário o
127
reconhecimento, por parte das diferentes instituições e unidades de informação
responsáveis por esses sites, não só da importância da existência dos sites de divulgação,
mas ainda de uma política bem definida de atuação no meio. Em outras palavras, não basta
o esforço em divulgar as especificidades de cada região: é preciso faze-lo com mais critério
e profissionalismo, o que inclui, entre outros fatores, a adoção de estratégias claras de
produção, organização e publicação de informações. Os sites devem ser prioridade nos
processos de planejamento turístico das localidades com esse potencial.
Considerando o relatório da World Tourism Organization (WTO) apud Santos, G. (2002,
p.78), que afirma que “um destino que não possuir uma presença satisfatória na rede não
estará apto a competir por turistas” , a julgar pelos sites analisados julgamos possível
afirmar que é urgente uma maior atenção dos atores envolvidos na atividade, em especial
dos órgãos públicos, uma vez que a “informação é a principal função dos órgãos oficiais do
turismo”, conforme Pollock apud Santos, G. (2002, p. 77).
Por fim, ressaltamos que o processo de profissionalização e reestruturação das estratégias
de divulgação turística na web deve ser viabilizado sem sacrifício à diversidade
proporcionada pela pluralidade de vozes que já se manifestam na internet, o que torna o
processo ainda mais complexo e instigante.
Um caminho possível a ser adotado é o estabelecimento de redes interligadas e
colaborativas entre os diferentes sites que hoje atuam de forma complementar na
divulgação das localidades. Não se trata, como observamos nos sites analisados, de
simplesmente apontar links pontuais para sites externos (o que não anula a importância
destas ações) ou criar seções inteiras que, sem qualquer explicação, levem os usuários a
páginas localizadas em outros domínios.
Considerando as especificidades das diferentes unidades de informação, é possível o
estabelecimento de redes que permitam que cada ponto explore ao máximo sua
potencialidade de obtenção e divulgação de informações e compartilhe esta especialidade
com os demais pontos, recebendo em troca acesso a informações produzidas de forma
128
diferenciada por outras unidades. A necessidade de uma rede como esta baseia-se na
terceira equação cunhada por Pédauque (2003) acerca dos documentos eletrônicos:
“documento web = publicação + informação assinalada”, isto é, a legitimação de um
documento através de links é fundamental para o reconhecimento de sua importância.
Um esboço de modelo, ainda que de forma bastante pontual, pode ser encontrado na seção
Links do site IdasBrasil, onde são indicados os endereços de sites produtores de
informações que superam o escopo de atuação proposto pelo guia turístico em questão. A
efetivação de uma ligação entre os sites, no entanto, dependeria, entre outros fatores, de um
reconhecimento recíproco por parte dos sites indicados (que deveriam também apontar
links para o IdasBrasil) e pela disseminação da interligação por outras páginas do site,
sempre explorando os recursos da hipertextualidade.
Estas observações estão alinhadas às características e potencialidades do documento
eletrônico descritas por Pédauque (2003), como o uso dos recursos relativos à
hipertextualidade típica da WWW, o estreito vínculo entre forma e conteúdo (estrutura +
dado, segundo uma das fórmulas do autor) e necessidade de participação dos sujeitos na
construção do conhecimento durante a navegação por este documento. A exploração dessas
características pode colaborar inclusive para o questionamento dos próprios limites que
separam os documentos eletrônicos interligados, já que a expansão das redes de diferentes
sites pode aproxima-los cada vez mais e permitir que, nas palavras do autor, um documento
eletrônico seja de fato “o traço de relações sociais reconstruídas por sistemas de
computador” (p. 23) e extrapole as barreiras institucionais e técnicas existentes
inicialmente. O desafio aqui é a consolidação dessas redes com a possibilidade de
manutenção das autonomias comerciais e editoriais das unidades de informação envolvidas,
sempre visando a fomentação e manutenção de uma diversidade de opiniões sobre o tema
em questão.
129
8.2 - Considerações finais
Cumpridas as etapas propostas para o desenvolvimento deste trabalho, resta-nos aqui
apontar possibilidades futuras de desdobramento e aperfeiçoamento do método esboçado e
de pesquisas com propostas semelhantes. Uma primeira possibilidade é a adaptação do
método para pesquisas sobre sites que tratem de outros temas. Para isso seria necessário o
desenvolvimento de uma reflexão específica sobre o tema escolhido (assim como fizemos
com a informação turística), enquanto as demais proposições do trabalho podem ser
simplesmente adequadas aos objetivos do trabalho.
Em relação à informação turística, futuras pesquisas devem também se aprofundar mais na
formatação e conteúdo dos textos publicados no site. Em função do escopo do trabalho e
inclusive da área da Ciência da Informação, nos ativemos somente à presença ou não da
informação no site e a referência às informações mínimas levantadas por Souza (2000).
É relevante ainda a discussão de outros aspectos relativos aos sites, como o perfil
profissional dos responsáveis pela elaboração e manutenção dos sites, verificando inclusive
a participação ou não de pessoas com formação ou conhecimentos em Ciência da
Informação, já que a colaboração de profissionais qualificados é uma etapa fundamental
para a necessária melhoria dos sites.
Também não foi considerado no método atual o aspecto gráfico dos sites analisados – mais
do que causar uma sensação “agradável” ou não ao usuário, a combinação de cores, formas
e outros elementos é fundamental na construção da estrutura, conteúdo e sentido de leitura
de um documento eletrônico. Trata-se de um importante aspecto a ser considerado em
trabalhos futuros.
130
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140
Anexo 1 – História e relevância do Centro Histórico de Olinda/PE e do Centro
Histórico da Cidade de Diamantina / MG, dois dos sítios brasileiros reconhecidos pela
Unesco como ‘Patrimônio da Humanidade”.
O centro histórico de Olinda/PE
Para proteger o litoral da colônia de invasões estrangeiras e estabelecer um ponto de
referência para a navegação, o donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho,
fundou em 1531, às margens do rio Beberibe, o arraial de Olinda da Nova Lusitânia.
Localizado no alto de um morro, era um local privilegiado de observação da costa.
Impulsionada pela monocultura de açúcar no interior, Olinda rapidamente prosperou. Seu
porto, além de açúcar, exportava pau-brasil e algodão. Tornou-se vila em 1550 e, antes da
virada do século XVII, já era um dos mais organizados povoamentos da colônia.
Na década de 1630, quando holandeses invadem Olinda e Recife e tomam o controle da
costa, a vila é incendiada e saqueada. A dominação da Holanda em Pernambuco durou 24
anos e após este período a vila foi aos poucos reconstruída pelos moradores. Lá se instalou
o governador após a retomada do poder e, em 1676, é elevada a cidade e torna-se um
bispado.
Ao contrário de Recife, baseada no comércio e em crescimento nítido, Olinda torna-se uma
cidade sem grandes movimentações de pessoas ou dinheiro. Com a instalação de um
colégio franciscano nos moldes da Universidade de Coimbra, em 1776, e de um seminário,
vinte anos depois, ganha ares de intelectualidade. Gilberto Freyre referiu-se a ela como
“cidade de cônegos e seminaristas, com o mato crescendo à vontade pelas ladeiras”. Em
Olinda também funcionou a primeira Faculdade de Direito do país, instalada no Mosteiro
de São Bento em 1827 – no entanto, foi transferida para Recife em 1854.
Elevada à categoria de ”Monumento Nacional” em 1980, dois anos depois foi reconhecida
pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, sendo classificada em dois dos sete
141
critérios adotados pela organização: (ii) – exerce grande influência, por um período de
tempo ou dentro de uma área cultural específica do mundo, a respeito do desenvolvimento
da arquitetura, das artes monumentais, do planejamento de cidades ou do modelo de
paisagens: e (iv) – é um excepcional exemplo de um tipo de construção ou conjunto
arquitetônico ou paisagem que ilustre significativamente estágio(s) da história humana.
Centro Histórico da Cidade de Diamantina / MG
A descoberta de ricas jazidas de ouro próximas à cidade do Serro atraiu os primeiros
exploradores à região da atual Diamantina. Em 1713 foi fundado o Arraial do Tijuco, que
viveu grande crescimento urbano após a descoberta de jazidas de diamante, por volta de
1720.
Em 1729, o rei D. João V cancelou todas a concessões e instituiu o monopólio particular na
extração da pedra, que até então vinha sendo explorada livremente. Foi fundado o Distrito
Diamantino, com sede no Tijuco e subordinado à comarca do Serro Frio, com a função de
oficializar o controle da extração.
Os contratadores eram autorizados a minerar com até seiscentos escravos, e também se
tornaram os responsáveis pela coleta de impostos. Felisberto Caldeira Brant, que já havia
descoberto minas em Goiás, e João Fernandes de Oliveira, conhecido também como amante
da escrava Chica de Silva, foram alguns dos contratadores autorizados pela Coroa. A
Intendência dos diamantes foi implementada em 1734 e marcou mais um passo da Coroa na
tentativa de regular o fluxo de riquezas na região. Este processo culminou com a criação,
em 1771, da Real Extração dos Diamantes, que estabeleceu um monopólio oficial.
A partir da segunda metade do século XIX, Diamantina (nome que a vila recebera em
1831), com o esgotamento das jazidas, inicia um período de decadência econômica.
Companhias estrangeiras ainda exploraram as lavras com ajuda de máquinas, num
investimento que mostrou-se inviável após a descoberta de grandes jazidas na África do
Sul. Tombado no plano nacional desde 1938, seu centro histórico foi reconhecido em 1999
pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. A cidade foi encaixada nos
mesmos dois critérios aplicados a Olinda: (ii) e (iv).
142
Anexo 2 – Site Olinda Virtual
URL: http://www.olindavirtual.net/
Data da coleta de dados: 12 de fevereiro de 2005.
Organização da Informação
A classificação das informações a partir da página principal do site (FIG. 22) acontece
através de três menus diferentes. O menu superior do site (destaque 1) é dividido em nove
tópicos, que são compostos por outros subitens, conforme estrutura abaixo:
- Home
- Turismo (agenda de eventos, mapas, estradas, hospedagem, alimentação, apoio e dicas,
roteiro, agências de viagens, translate)
- Confira (jornais locais, dicas de segurança e culinária regional)
- Divirta-se (bares, restaurantes, agenda de eventos, hotéis, e lugares)
- Carnaval (ritmos, agenda e agremiações)
- Colunas (Meio Ambiente, Diário Virtual, Gente que faz arte, outras)
- Olinda (História, cultura, cronologia, dados)
- Artes
- Nós
Este menu pode ser considerado o principal do site, uma vez que reúne a maior variedade e
volume de informações.
O menu superior da margem esquerda do site (destaque 2), intitulado “Encontre Rápido”, é
composto por 10 tópicos e subitens. Trata-se de um menu de acesso a rápido a páginas de
serviços do site, funcionando como um serviços de páginas amarelas.
- Alimentação (buffet, cestas, congelados, super mercados, água, mercearias, açougues,
peixarias, outros)
- Automóveis (aluguel, auto-escola, agências, serviços, Reboque, postos de combustível,
outros)
143
- Beleza/Saúde (bijuterias, butiques, calçados, esteticistas, academias, joalherias, salões,
outros)
- Casa/Decoração (antiquários, artesanato, carpintaria, decoradores, dedetização, mármore e
granito, molduras, mudanças, empalhadores, escritórios, floricultura, galerias de arte,
iluminação, marcenaria, móveis, serviços, utensílios domésticos, outros)
- Construção (arquitetos, demolições, engenheiros, vidros, esquadrias, ferragens, gesso,
granito, inst elétrica, inst hidráulica, inst sanitária, lojas de material de construção, pintores,
piscinas, revestimentos, outros)
- Copiadoras (comuns, heliografias, outros)
- Educação (aulas partic. escolas, escolas de arte, escolas de idiomas, faculdades, livrarias,
papelarias, maternais e creches, pré-vestibular, profissionaliz., outros)
- Hospedagem (hotéis, pousadas, albergues , outros)
- Lazer (agências de turismo, barcos, outros)
- Videolocadoras
O terceiro menu, localizado também no lado esquerdo da página principal (destaque 3), traz
seis tópicos:
- Olinda Gourmet
- Olinda Saúde
- Serviços On-line
- Tempo (1 2 3 4)
- Slide Show (fotos)
- Olinda em dados
144
Figura 22 – Página principal (home) do site OlindaVirtual
Fonte: http://www.olindavirtual.net/
1
6
4
7
2
3
6
145
Os três menus estão presentes em todas as páginas do site, o que caracteriza a adoção de um
esquema global de navegação pelo site. O esquema predominante de organização adotado
nos menus do site é por tópicos, sendo inviável identificar os critérios usados na sua
hierarquização. No menu superior, no entanto, há dois exemplos que aproximam-se de um
esquema ambíguo com Orientação por ação: Confira e Divirta-se, o que caracteriza a
configuração de um esquema híbrido de organização.
Além disso, em algumas páginas internas do site e de forma isolada, nota-se a utilização de
esquemas exatos, com um índice de informações dispostas em ordem alfabética (Olinda
Gourmet lista receitas contidas na página - FIG. 23, destaque 1) ou geográfica (navegação
por pontos turísticos através de um mapa – FIG. 24).
Figura 23 – Página Culinária Regional
Fonte: http://www.olindavirtual.net/culinar.htm
1
146
Figura 24 – Mapa interativo de Olinda
Fonte: http://www.olindavirtual.net/mapa.htm
A área central da página principal do site OlindaVirtual é composta por chamadas sobre
assuntos diversos. No centro da página principal está um box da seção “Fique por Dentro!”
(destaque 4), com informações sobre a agenda do carnaval 2005. Oito resumos de texto
com fotos compõem a seção “Destaque” (FIG. 22 - destaque 5), sendo que a maioria traz
links para textos jornalísticos e uma delas (Sílvio Botelho esculpe Novo Boneco Gigante)
limita suas informações á chamada da capa.
Há indicação do autor do texto e da data de publicação nas páginas internas apontadas pelos
resumos da seção “Destaque” (exemplo na FIG. 25) - as datas variam do dia 13 de março
de 2004 a 16 de janeiro de 2005. Não há explicações se o material foi produzido
exclusivamente para o site em questão ou extraído de outras fontes, o que impossibilita a
classificação como documento primário, secundário ou terciário.
147
Figura 25 – Modelo de página de Notícias
Fonte: http://www.olindavirtual.net/info92.htm
A não-identificação da origem do conteúdo repete-se na grande maioria das páginas do site.
Uma exceção é a página Cronologia (http://www.olindavirtual.net/crono.htm
), que inclui
em seu rodapé seguinte nota: Fonte: Olinda, Evolução Urbana - Ferdinando Novaes.
Recife: FUNDARPE, 1990.
À direita da página principal destacam-se um formulário para cadastro de e-mails (FIG. 22
- destaque 6) e um box com chamadas para notícias do carnaval 2005 (FIG. 22 - destaque
7). Neste box é interessante destacar a presença da data de publicação da notícia, seguida da
chamada para o texto completo. Não há outras referências no site sobre o tempo de vida das
informações publicadas.
Na página Matérias Anteriores (FIG. 26), os links são armazenados por assunto (destaque
1) e, em seguida, por ordem de publicação dos documentos (destaque 2). Sobre elementos
148
de navegação remota, não foram localizados recursos que facilitem a navegação global pelo
site, como Mapa do Site, Visita Guiada ou Índice geral
Figura 26 – Lista de Matérias Anteriores
Fonte: http://www.olindavirtual.net/anterior.htm
È fundamental observarmos que muitos dos links contidos na página principal do site
apontam para página pertencentes a outros domínios. No menu lateral inferior, o tópico
Tempo aponta links para páginas do Instituto Nacional de Meteorologia
(http://www.inmet.gov.br/sistemas/cons_prev_mun/site1/mapa_prev_uf.jsp
), CPTEC
(http://www3.cptec.inpe.br/cgi-bin/etagram.cgi?campo=XREC&data=1
) e Canal do Tempo
(http://br.w3.weather.com/weather/local/BRXX2776?x=1&uid=22641&product=magnet&
y=21&pg=search). Páginas do site da Prefeitura Municipal de Olinda
(www.olinda.pe.gov.br
) são indicadas no box sobre Carnaval (FIG. 27) e a pagina sobre
Estradas (http://www.olindavirtual.net/estradas.htm
) traz link para páginas internas do site
do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER - http://www.dner.gov.br
). Em
momento algum estas mudanças de sites são indicadas aos usuários.
1
2
149
Figura 27 – Janela com o site da Prefeitura de Olinda aberta
após clique em chamada sobre Carnaval 2005.
Informação Turística
Para identificarmos e caracterizarmos as informações de natureza turística contidas no site,
considerando prioritariamente o menu principal (superior), onde está o acesso para o maior
volume de informações. Em seguida foram acessados o menu lateral superior e o lateral
inferior, assim como as chamadas contidas na página. As informações localizadas foram
classificadas na estrutura proposta por Beni (2001), conforme abaixo:
Atrativos turísticos
Naturais
Litoral ou costa
Praias - http://www.olindavirtual.net/praias.htm
- Fotos das
principais praias da cidade.
Histórico-culturais – http://www.olindavirtual.net/crono.htm
– Cronologia da cidade
da fundação até 1984.
150
Monumentos - http://www.olindavirtual.net/historia.htm
- Texto geral sobre
as construções históricas da cidade. Links para páginas sobre Igreja da Sé
(1537), a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia (1540), a Igreja de São
Francisco (1577) e o Mosteiro de São Bento (1582) não estavam disponíveis
no momento da coleta de dados.
Arquitetura religiosa/ Funerária -
http://www.olindavirtual.net/lugares.htm#11
- Breve descrição e
localização das igrejas da cidade.
Instituições Culturais de estudo, pesquisa e lazer / Museus -
http://www.olindavirtual.net/lugares.htm
– Breve descrição e localização dos
museus da cidade.
Manifestações e Usos Tradicionais e Populares
Festas, Comemorações e Atividades - http://www.olindavirtual.net/datas.htm
Agenda de eventos, com festas da cidade mês a mês
Populares e folclóricas - http://www.olindavirtual.net/carnaval.htm
-
Carnaval - Informações gerais sobre a festa na cidade, incluindo dicas
para foliões e turistas (FIG. 28)
Gastronomia típica - http://www.olindavirtual.net/culinar.htm
-
Olinda Gourmet – Dicas e receitas típicas da região -
Artesanato – http://www.olindavirtual.net/artistas.htm
- Artes -
Página para troca de informações entre artistas da região.
Feiras e mercados – http://www.olindavirtual.net/lugares.htm#44
-
Clubes, Teatro, Feiras & etc - Breve descrição e localização das
atrações.
Acontecimentos Programados
Realizações diversas - http://www.olindavirtual.net/datas.htm
- Agenda de
eventos
Equipamentos e Serviços Turísticos
Meios de Hospedagem
Hoteleiros – http://www.olindavirtual.net/hoteis.htm
- Estabelecimentos
Classificados - Hotéis no Centro Histórico e Praia.
Serviços de Alimentação
Restaurantes - http://www.olindavirtual.net/rest.htm
- Telefone e endereço
de alguns estabelecimentos.
151
Bares, cafés, lanchonetes - http://www.olindavirtual.net/bar.htm
- Telefone e
endereço de alguns estabelecimentos.
Outros Serviços Turísticos
Agências de Viagem e turismo
Agências de Viagem http://www.olindavirtual.net/agencias.htm
-
Página sem informações.
Transportadoras turísticas - http://www.olindavirtual.net/dicas.htm -
Linhas Aéreas e Táxis
Informações Turísticas
Locadoras de Veículos - http://www.olindavirtual.net/dicas.htm
Instituições bancárias - http://www.olindavirtual.net/cidadao.htm - Telefones
dos bancos
Representações Diplomáticas
Consulados - http://www.olindavirtual.net/dicas.htm
- Consulados
em Pernambuco
Figura 28 – Página sobre o Carnaval 2005
Fonte: http://www.olindavirtual.net/anterior.htm
Algumas informações e serviços contidos no site não se encaixam diretamente na
classificação acima, mas podem ser consideradas relevantes para a atividade turística. A
página Roteiro (http://www.olindavirtual.net/roteiro.htm
), por exemplo, propõe uma ordem
de visitação das atrações turísticas da cidade, podendo uma importante referência para
quem não a conhece. Serviço complementar presta a página Mapa
152
(http://www.olindavirtual.net/map6.htm
), pois oferece uma visão espacial das atrações de
Olinda. Os links apontados para o site do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem
(DNER - http://www.dner.gov.br
) a partir da página Estradas
(http://www.olindavirtual.net/estradas.htm
) facilitam o acesso a este serviço de interesse
turístico, enquanto a página Slide Show (http://www.olindavirtual.net/fotos.htm
)
disponibiliza algumas fotos de atrações da cidade.
As informações oferecidas sobre Turismo Ecológico não atendem às necessidades
esperadas por turistas entrevistados por Souza (2000), já que são divulgadas apenas fotos
das praias de Olinda. Em relação ao Turismo Histórico-Cultural, são destacadas nas páginas
Lugares e Histórias as características físicas de algumas construções (museus), os destaques
do acervo e localização.
De Turismo de Manifestações e Usos Tradicionais e Populares, não são consideradas as
informações mínimas, enquanto a página Datas traz apenas os dias de realização dos
eventos de interesse do Turismo de Acontecimentos Programados – Turismo de Eventos.
Hipertextualidade na WWW
Embora grande parte da navegação pelo site OlindaVirtual seja baseada nos menus, ele
procura explorar em páginas pontuais a construção de uma navegação que explora recursos
típicos do ambiente hipertextual. Na página sobre História, Arquitetura e Urbanismo, por
exemplo (FIG. 29), os nomes de quatro atrações turísticas (destaque 1) da cidade têm links
para páginas que, a princípio, teriam informações adicionais sobre o tema. Ao clicar nos
links, no entanto, verificamos que, no momento da coleta de dados, nenhuma das páginas
estava disponível. Não foram localizadas outras referências a estas páginas ao longo do site.
Percebe-se uma tentativa por parte da unidade de informação responsável pelo site em
construir uma navegação que possibilite o acesso às mesmas páginas por diferentes
caminhos. A página sobre culinária regional (FIG. 23), por exemplo, pode ser acessada
tanto pelo menu superior, a partir do tópico Confira, quanto pelo menu lateral inferior,
quando ganha o nome de Olinda Gourmet.
153
Figura 29 – Trecho da página História, Arquitetura e Urbanismo
Fonte: http://www.olindavirtual.net/historia.htm
Foram citadas anteriormente as referências feitas pelo site a páginas pertencentes a outros
domínios, muitas vezes sem haver uma explicação direta de que trata-se de um link externo.
Em relação a sites que apontam links para o OlindaVirtual, foram localizados 4 (quatro)
através da ferramenta Google, e 159 ocorrências da expressão www.olindavirtual.net
, entre
as quais destacamos:
- páginas de veículos de comunicação: Diário de Pernambuco (www.pernambuco.com
) e
JC Online (www2.uol.com.br/JC
)
- sites da área de Turismo: Portal Brasileiro de Turismo (www.braziltour.com
), Viajar é
Preciso (www.viajarepreciso.pop.com.br/
) e Férias Brasil (http://feriasbrasil.terra.com.br)
- sites de comunidades virtuais: Meu Grupo (www.meugrupo.com.br
)
- empresas de turismo: STW Turismo (www.stw.tur.br/)
1
154
Unidade de Informação
As informações sobre a unidade responsável pelo site estão contidas no tópico Nós
(http://www.olindavirtual.net/nos.htm
) do menu superior do site. Três pessoas, que se
definem como “uma equipe de apaixonados por Olinda”, são citadas na página: Ute Rasp
(Direção, diagramação e conteúdo), Ronaldo Fonseca Sampaio (Direção de Marketing) e
Silvana Marpoara (Jornalista Responsável).
O site foi lançado em novembro de 2000, sendo reformulado em fevereiro de 2003.
Segundo texto contido na página,
desde o começo nosso objetivo principal foi o de trazer as
novidades sobre o que acontece no dia-a-dia da cidade: assuntos da
atualidade; espaço para o cidadão; serviços de utilidade pública;
informações turísticas; valorização da cultura ;dicas de lazer;
lançamentos de empreendimentos; acompanhamento de eventos,
shows e festas;dinamização do comércio e dos serviços e todos os
tipos de assuntos que tenham relação direta com a dinâmica da
cidade.
Aparentemente não há nenhuma instituição diretamente responsável pelo site. Além de um
cadastro para receber um boletim eletrônico por e-mail, não foram localizados serviços de
informação.
Embora o site aponte links para vários domínios externos, principalmente de páginas
governamentais, não são detalhadas possíveis parcerias formais com outros sites. A única
referência é a presença de três logomarcas à esquerda da página principal do site. Sob a
palavra “Apoiamos”, constam as marcas do programa Fome Zero, da Prefeitura de Olinda e
da Associação dos Comerciantes e Industriais de Olinda – ACIO, que apontam para as
respectivas páginas: http://www.fomezero.gov.br/
, http://www.fomezero.gov.br/ e
http://www.olindavirtual.net/acio.htm
.
155
155
Anexo 3 - Site da Prefeitura Municipal de Olinda
URL: http://www.olinda.pe.gov.br
Data da coleta de dados: 11 e 12 de fevereiro de 2005
Figura 30 – Página principal (home) do site
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/index.php
4
5
6
1
2
7
3
156
156
Organização da Informação
A classificação das informações da página principal do site é feita através de dois menus: o
principal, disponível na margem esquerda, e outro disponível no rodapé das páginas (figura
30 – destaques 1 e 2). O menu principal é composto por 11 tópicos:
- Carnaval de Olinda
- Guia Turístico
- História
- Boletim Eletrônico
- Olinda em Dados
- Orçamento Participativo
- Relatórios Fiscais
- Serviços Públicos
- Símbolos Municipais
- Expediente
- Museu do Mamulengo.
O menu inferior é composto pelos tópicos: História, Símbolos municipais, Datas
comemorativas, Serviços públicos, Orçamento participativo, Newsletter, Guia turístico,
Carnaval de Olinda e Mapa do site. Nota-se que sete dos nove tópicos são iguais aos usados
no menu principal, sendo que um deles (Boletim Eletrônico) foi traduzido para o inglês
(Newsletter). O tópico Mapa do Site consta também na barra superior do site (destaque 3),
enquanto Datas Comemorativas aparece apenas neste local de navegação do site
1
.
Na página principal do site há um destaque para o Carnaval através de uma barra (Conheça
o site do melhor carnaval do Mundo – destaque 4) e três chamadas com fotos (destaque 5).
É importante notar que o Carnaval do ano de 2005
aconteceu entre os dias 05 e 09 de
fevereiro, portanto já havia terminado logo antes desta coleta de dados.
1
Como o interesse deste trabalho é analisar as informações turísticas contidas no sites, serão considerados principalmente
os tópicos Carnaval de Olinda, Guia Turístico, História e Museu do Mamulengo, além das páginas relevantes para
discutirmos as estratégias de organização do site.
157
157
O esquema de organização adotado no site é ambíguo, uma vez que não organiza os itens
por ordem alfabética. Seguindo as definições de Rosenfeld e Morville (1998), o esquema
predominante é o de organização por tópicos (não foi possível identificar qual o critério
usado na hierarquização dos tópicos), sendo que em alguns itens, como Guia Turístico, há
também uma Orientação específica para a audiência, uma vez que há tentativa de reunir na
mesma seção todas as informações de interesse desse público.
Na página principal, percebe-se o uso de resumos de informações contidas em páginas
internas do site (FIG. 30 - destaque 5), numa tentativa de despertar a atenção do usuário
para os conteúdos de destaque recente.
A estrutura básica de organização do conteúdo do site é hierárquica, uma vez que é através
do menu principal que é possível acessar as páginas internas. Especificamente na seção
Busca Avançada (FIG. 31), identifica-se o uso de recursos de banco de dados relacional,
pois a página permite localizar notícias através da combinação de palavras-chave, por canal
e por período.
Figura 31 – Página de Busca Avançada
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/busca_avancada.php
158
158
Já o sistema principal de navegação adotado no site pode ser considerado global, já que
baseia-se nos dois menus presentes em todas as páginas do site. No alto da página, há uma
pequena barra de navegação, com dois links: Fale Conosco e Mapa do Site (FIG. 30,
destaque 4). Nas páginas sobre o Carnaval (que compõem um subsite, ou hot site –
FIG.32), há uma barra de navegação local (destaque 1). Não foram localizados pontos de
localização para o usuário que navega pelo site principal.
Figura 32 – Subsite (hot site) especial de Carnaval
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/carnaval2005
Entre os elementos de navegação remota, destaca-se o Mapa do Site (FIG.33), destacado
numa barra superior presente em todas as páginas do site, e que baseia-se na estrutura do
menu principal.
1
159
159
Figura 33 – Mapa do Site
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/mapa_do_site.php
É possível identificar dois tipos principais de informação textual do interesse turístico:
textos factuais, destinados a divulgar os últimos eventos da cidade, e o material de
divulgação, com informações permanentes sobre a cidade (ex. seção Guia Turístico). O
primeiro grupo de textos podem ter sido produzidos especificamente para o site, uma vez
que contêm o nome do autor (que são membros da Secretaria de Comunicação da
Prefeitura, conforme consta na seção Expediente), assim como a data e horário de
publicação da página (FIG. 34). A periodicidade de atualização não é informada. Já nos
textos permanentes não são informados o autor do material, a fonte do texto ou a data de
produção/publicação (exemplo na FIG. 35, que traz a página sobre Monumentos).
160
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Figura 34 – Modelo de página de Notícia
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/noticias.php?cod=163
Figura 35 – Página sobre Monumentos
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_monumentos.php
1
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Como não há clareza quanto à autoria e procedência do conteúdo publicado no site, é difícil
afirma se são documentos primários, secundários e terciários. Entre as páginas visitadas,
localizamos um documento primário: a reprodução da Carta de Doação de 12 de Março de
1537, transcrita na seção História do site (FIG. 36).
Figura 36 – Reprodução da Carta de Doação de 12 de março de 1537
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/historia.php
Foi constatado que a seção com atualização mais freqüente do site é a de Últimas Notícias
(FIG. 37), onde as páginas são organizadas prioritariamente num sistema de arranjo
numérico, isto é, de acordo com a ordem de publicação do documento. Verifica-se também
um arranjo sistemático que atua de forma auxiliar: à frente do título de cada página listada
está o tema ao qual ela se refere, como Obras e Serviços Públicos, Sítio Histórico e
Carnaval (destaque 1).
O tempo de vida das informações é especialmente importante para a seção Notícias do site
em questão. Todas as páginas de Últimas Notícias registram o horário e data de sua
publicação (destaque 2). Ao todo, são 4 páginas de últimas notícias, sendo que a última da
lista data de 29/09/2004 (mais de quatro meses antes da data da pesquisa). As notícias mais
162
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recentes têm destaque no meio da página principal (FIG 30, destaque 7) e em uma barra à
direita das páginas internas (FIG. 35, destaque 1).
Figura 37 – Lista de últimas notícias
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/noticias.php
Informação Turística
Os menus principais de site contêm quatro tópicos que são de interesse turístico do site:
Carnaval de Olinda, Guia Turístico, História e Museu do Mamulengo. As informações
turísticas, classificadas abaixo segundo a estrutura elaborada por Beni (2000), foram
extraídas principalmente do tópico Guia Turístico.
Atrativos turísticos
Naturais
Litoral ou costa
Praias – http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_praias.php
- Praias -
informações sobre a extensão de 7 praias da cidade
Parques – http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_locais_pitorescos.php
-
Locais Pitorescos - Informações sobre Mata do Passarinho
1
2
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Histórico-culturais - http://www.olinda.pe.gov.br/portal/historia.php
- Texto com
história da cidade, reprodução de um documento e datas comemorativas.
Monumentos
Arquitetura Civil –
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_monumentos.php
Monumentos - informações sobre diferentes construções civis de
interesse histórico, como sobrados, palácios, farol, ruínas e coreto,
entre outros.
Arquitetura religiosa/ Funerária –
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_igrejas_capelas_passos.php
Igrejas, capelas e passos - lista das construções religiosas da cidade,
incluindo pequena descrição, localização e funcionamento. Foto da
Basílica e Mosteiro de São Bento e Igreja de São Pedro Apóstolo.
Outros legados -
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_locais_pitorescos.php
-
Locais Pitorescos - informações sobre Bicas
Instituições Culturais de estudo, pesquisa e lazer / Museus -
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_museus.php
- informações sobre o
acervo e funcionamento do Museu de Arte Contemporânea, Museu Regional
de Olinda e Museu de Arte Sacra (MASP). /
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/pagina_listar.php?idSecao=15
- Museu
do Mamulengo – página com texto e foto do museu.
Manifestações e Usos Tradicionais e Populares
Festas, Comemorações e Atividades -
http://www.olinda.pe.gov.br/carnaval2005/
- Hot site sobre o Carnaval 2005,
incluindo informações sobre a história e atrações da festa, cobertura online
dos eventos e músicas para download no formato MP3.
Artesanato - http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_circuito_das_artes.php
- Circuito das Artes - manifestações folclóricas e culturais da cidade /
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_roteiro_dos_atelies.php
- Roteiro
dos Ateliês - lista de 71 artistas da cidade e o endereço de seu ateliê
Feiras e mercados -
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_mercados_publicos.php
- Mercado
Públicos - informações sobre a história e funcionamentos dos mercados da
Ribeira e Eufrásio Barbosa.
Realizações Técnicas e Científicas Contemporâneas
Centros científicos e técnicos
164
164
Jardins Botânicos e hortos –
http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_locais_pitorescos.php
-
Locais Pitorescos - Informações sobre Horto D'el Rey
Equipamentos e Serviços Turísticos
Recreação e Entretenimento
Áreas de lazer e instalações desportivas
Mirantes - http://www.olinda.pe.gov.br/portal/guia_mirantes.php
informações sobre quatro mirantes da cidade
Tópico destacado no menu principal do site, o Carnaval pode estar posicionado no topo do
menu em função da proximidade da data da festa com a de coleta de dados desta pesquisa,
o que faria deste um tópico temporário no menu principal da navegação.
Já o tópico Museu do Mamulengo aponta para uma página com um texto, que explica que o
espaço estava fechado para reforma e foi reaberto (a data não é informada). Nota-se ainda
que este museu não consta na lista de museus contida no tópico Guia Turístico.
Sobre as informações mínimas esperadas por turistas, a partir da pesquisa realizada por
Souza (2000), podemos identificar que o site oferece apenas a localização das atrações
ligadas ao Turismo ecológico (praias), enquanto algumas atrações histórico-culturais, como
museus, têm destacadas suas características físicas e construtivas, os destaques do acervo e
seu estado de conservação, localização e importância passada e atual e fatos/eventos
relevantes. Faltam informações sobre preço e um mapa descritivo das atrações.
Das informações sobre turismo de Manifestações e Usos Tradicionais e Populares, as
páginas de Circuito das artes e Roteiro dos ateliês descrevem apenas a origem, importância
e localização dos artistas da cidade. Não informações relativas ao Turismo de
Acontecimentos Programados – Turismo de Eventos.
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Hipertextualidade na WWW
Sobre a existência de um ambiente hipertextual que permita a construção de um sentido
pelo usuário do site, acreditamos que o site explora pouco esta possibilidade do documento
eletrônico, não oferecendo múltiplos caminhos interligados de acesso à informação. Como
toda a navegação está baseada nos menus principais, o usuário é obrigado a recorrer a eles
para construir seu “conhecimento”, ficando limitadas as possibilidades de combinação de
informações interligadas.
As páginas relativas à atividade turística no site da Prefeitura de Olinda fazem apenas uma
referência a sites externos. Após um texto sobre o Museu do Mamulengo, há um link (FIG.
38, destaque 1) para uma entrevista com a diretora do Museu, Tereza Costa Rego,
publicada no site nacional do PcdoB (www.vermelho.org.br
).
Figura 38 – Link no rodapé da página sobre o Museu do Mamulengo
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/pagina_listar.php?idSecao=15
1
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Através da ferramenta Google, foi possível identificar 21 sites que apontam links para a
URL www.olinda.pe.gov.br
(link:www.olinda.pe.gov.br) e 384 que contêm a expressão
www.olinda.pe.gov.br
em suas páginas, dentre os quais destacamos:
- páginas de veículos de comunicação: Diário de Pernambuco (www.pernambuco.com
),
Jornal do Dia (www2.uol.com.br/jornaldodia/
), Agência de Notícias do Nordeste
(www.agne.com.br
), Jornal O Povo (www.noolhar.com/opovo) e Portal Verdes Mares
(http://verdesmares.globo.com
).
- sites da área de Turismo e Cultura: Portal Brasileiro de Turismo (www.braziltour.com
),
Brasil Channel (www.brasilchannel.com.br
), Olinda Virtual (www.olindavirtual.net), Guia
de Pernambuco (www.finisart.com/bienal/2001/fei_guiape/gui_index.htm
), Raízes da
Cultura (http://raizesdatradicao.uol.com.br
)
- partidos políticos: Partido Comunista do Brasil – PC do B (www.vermelho.org.br
)
- eventos: II Congresso Brasileiro de Criatividade & Recursos Humanos
(www.criarh.com.br
), VI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo - Recife ...
(www.gastro2004.com.br
)
- Instituições: Unicef Brasil (www.unicef.org
)
Unidade de Informação
Conforme informações contidas na página Expediente
(http://www.olinda.pe.gov.br/portal/pagina_listar.php?idSecao=2
), o site da Prefeitura de
Olinda é mantido pela Secretaria de Comunicação, composta por um Assessor de Imprensa,
quatro repórteres, três estagiários, dois fotógrafos e dois profissionais de design (além do
secretário e secretário adjunto). No site não é informado o nome do prefeito da cidade e se
filiado a algum partido político.
Não é possível identificar se o site oferece documentos primários aos seus usuários, uma
vez que não há referência às fontes e autorias do conteúdo consultado. O único serviço de
informação localizado no site é o boletim eletrônico Preto no Branco (FIG. 39), enviado por
e-mail a usuários que se cadastrarem. Não há detalhamento do tipo de informação enviada
no boletim.
167
167
Não foi identificada nenhuma parceria formal com outros sites, sendo a única referência
externa do site o link para uma entrevista contida no site do partido PC do B.
Figura 39 – Página de cadastro para Boletim Eletrônico
Fonte: http://www.olinda.pe.gov.br/portal/newsletter.php
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Anexo 4 – DiamantinaNet
URL: http://www.diamantinanet.com.br
1
Data da coleta de dados: 16 e 17 de fevereiro de 2005.
Figura 40 – Página principal (home) do site
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/
1
Muitas das páginas do site analisado utilizam a estrutura de frames. Para fornecer a URL precisa de cada
informação citada, optamos por indicar o endereço do frame em que a informação considerada está localizada.
Se acessada diretamente, esta URL pode não apresentar a mesma estrutura que compõe a página,
descaracterizando-a.
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7
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Organização da Informação
Entre os diferentes elementos que compõem a página principal do site analisado (FIG. 40),
destaca-se à esquerda um menu de navegação com os principais temas tratados ao longo do
site (destaque 1). São 31 tópicos divididos em seis assuntos principais, a saber:
- Turismo (Roteiro Turístico, Agência Virtual, Diamantina Virtual, Hotéis e Pousadas,
Carnaval Nossas Noites)
- Lazer (Do Nada, Mural de Recados, Lista de ICQ's, WallPapers, Radar, Expressão)
- Cultura (Agenda, Notícias, Artigos, Causos, Lendas, Galeria de Artes, Jornais e Revistas,
Juscelino Kubitschek, Personalidades)
- Serviços (Publicidade, Hospedagem, Cyber Café)
- Boa Ação (Pão de Santo Antônio, Vem - Ajir - EPIL)
- Outros (Quem Somos, Parceria, Privacidade, Informativos, Fale Conosco)
O esquema de organização adotado no menu do site é por tópicos, sendo que, nos três
primeiros assuntos, o autor procurou dividir os tópicos por grupos de interesses.
O menu lateral não compõe a estrutura das páginas internas do site, que adotam recursos
gráficos e de navegação bem diferentes umas das outras. Na página sobre Carnaval
(http://diamantinanet.com.br/karnaval/
), assim como outras páginas do site, um menu pull-
down presente na barra superior de navegação (FIG. 41 – destaque 1) reproduz
parcialmente o conteúdo do menu lateral da página principal. Este fato caracteriza a
ausência de uma navegação global no site e a presença de diversos sistemas de navegação
local.
170
Figura 41 – Página sobre Carnaval
Fonte: http://diamantinanet.com.br/karnaval/
A área central da página principal é preenchida com vários boxes, ocupados com textos e
fotos de notícias e atrações de destaque da cidade. Podemos destacar:
- Box Últimas Notícias, com oito chamadas para páginas internas (FIG.40 destaque 2)
- Foto e um texto convidando para um passeio virtual por Diamantina (destaque 3)
- Destaque com foto e texto anunciando informações sobre o Museu do Diamante (destaque
4)
- Banner apontando para a seção Diamantina Virtual (destaque 5)
- Lista de artigos publicados e seus respectivos autores (destaque 6)
- Formulário para cadastro de e-mails para envio de boletins eletrônicos (destaque 7)
- Lista de ICQs (destaque 8)
O topo do site é composto por um banner promocional (no caso, divulgando a existência de
vagas em um Pensionato para Moças) e uma chamada com a data do dia.
1
171
Sobre o uso de esquemas exatos de organização da informação no site, destaca-se um
esquema geográfico na seção Diamantina Virtual, onde a navegação foi planejada a partir
de um mapa da cidade (FIG. 42). Ao passar o mouse sobre algum estabelecimento ou
atração destacado no mapa, aparece uma legenda de identificação. É interessante destacar
também a existência do para uma legenda (destaque 1), que abre em um pop up e lista todos
os pontos assinalados no mapa.
Figura 42 – Página Diamantina Virtual
Fonte: http://diamantinanet.com.br/diamantinavirtual/
A partir da página principal (link Mais Notícias) e das páginas de notícias (link Painel de
Noticias), é possível acessar uma seção que lista as últimas notícias publicadas no site (FIG.
423). Elas estão organizadas por ordem cronológica, sendo que a última foi publicada no
dia 04/02/2004 (portanto mais de um ano antes da coleta de dados) e informa o início de
uma reformulação do site. A lista de notícias exibe o horário de publicação da página e está
distribuída em duas páginas, totalizando 35 chamadas para notícias, a maioria publicada no
ano de 2002.
1
172
Figura 43 – Página Últimas Notícias
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/noticias/index.html
Não há referências sobre a origem e mesmo autoria da maioria do material publicado no
site, impossibilitando a classificação do material como documento primário, secundário ou
terciário. As chamadas do box Últimas Notícias na página principal, por exemplo, apontam
para páginas internas do site compostas por pequenos textos, onde não há qualquer
indicação da autoria do material. Foi localizada a reprodução de um documento histórico: o
Regimento Diamantino, de 02 de agosto de 1771 – Livro da Capa Verde (FIG. 44 -
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina/regimento.ht
m) pode ser acessado através da página Da Fundação da seção Guia Turístico.
A seção Lendas (http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/lendas/index.html
), por
sua vez, reproduz dois textos (Lenda do Acaiaca e Lenda do Acaiaca II) do livro Roteiro
Turístico - Histórico, Soter Couto, 1988. Na seção Nossas Noites
(http://www.diamantinanet.com.br/nossasnoites/
), há reprodução de fotos e poesia de
autores diversos.
173
Figura 44 – Reprodução do Regimento Diamantino
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina/regimento.htm
O site possui também uma seção de artigos
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/artigos/index.html
), onde são publicados
textos autorais sobre a cidade de Diamantina e outros assuntos. Na página que lista os
últimos artigos publicados, constam o nome do autor e a data de publicação, sendo o mais
recente foi ao ar em 08/08/2003. Em alguns artigos há referência ao local original de
publicação: Festa do Divino, por exemplo, foi reproduzido do jornal Estado de Minas,
enquanto Circuito dos Diamantes, de Carlos Eduardo César, foi reproduzido do site
http://www.circuitodosdiamantes.com.br
.
A página principal da seção Guia Turística (FIG. 45), acessada a partir do menu da página
principal ou de uma das chamadas da região central desta mesma página, é composta por
um menu (destaque 1), que se divide nos seguintes itens:
- Diamantina
- Couto M. de Minas
- Datas
174
- Felício dos Santos
- Gouveia
- Presidente Kubitschek
- Santo Antônio do Itambé
- São Gonçalo do Rio Preto
- Senador M. Gonçalves
- Serro
Figura 45 - Página Roteiro Turístico
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/roteiroturistico/index.html
Nota-se que todos estes tópicos não são sobre a cidade de Diamantina, e sim sobre cidades
próximas a ela (fato constatado após visitarmos alguns dos tópicos acima, pois não há no
site qualquer indicação sobre existência de informações sobre outras cidades). O menu
superior da seção é composto por cinco itens que permitem a navegação por informações
relativas apenas a Diamantina (destaque 2).
Merece citação também a seção Hotéis e Pousadas
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/hoteis_e_pousadas/index.html
), que lista
com 35 estabelecimentos para hospedagem, seguidos por endereço e telefone. Os hotéis e
pousadas não estão organizados por ordem, não sendo possível identificar a existência de
outro critério de ordenação da lista.
1
2
175
Na seção Causos (http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/causos/index.html
), há,
segundo informação do site, 94 histórias contadas por usuários devidamente identificados.
Estas estão organizadas por assunto, sendo que as mais recentes aparecem no topo da lista.
Entre as 10 primeiras histórias publicadas, nenhuma delas abordava temas relativos à
cidade de Diamantina (FIG. 46). A página funciona como um fórum, permitindo que
qualquer pessoa publique uma informação de seu interesse ou responda um tópico
publicado anteriormente, bastando preencher um formulário. A seção Mural de Recados
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/mural_de_recados/index.html
) tem
funcionamento técnico igual ao da seção Causos e abriga, segundo informação do site,
3704 mensagens deixadas por usuários.
Figura 46 – Página Causos
Fonte: http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/causos/index.html
Não foram localizados no site elementos de navegação remota.
176
Informação Turística
As informações turísticas concentram-se especialmente no tópico Guia Turístico, presente
no menu lateral da página principal. As informações localizadas foram classificadas na
estrutura proposta por Beni (2001) e seguidas de breve descrição do conteúdo e da URL:
Atrativos turísticos
Naturais –
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina/galeri
a/flora/galeria.htm
Galeria de fotos sobre a flora da região
Relevo Montanhoso
Picos e cumes -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/dia
mantina/pontos.htm - Pontos Turísticos - informações sobre o Pico
do Itambé
Quedas d´Água
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina
/pontos.htm - Pontos Turísticos - galeria de fotos das principais cachoeiras
da região
Grutas/Cavernas -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina
/pontos.htm - Pontos Turísticos - informações sobre a Gruta do Salitre
Histórico-culturais –
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina/funda
cao.htm - Fundação - texto sobre a história da cidade
Monumentos
Arquitetura Civil
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/dia
mantina/pontos.htm
Pontos Turísticos: informações sobre as principais construções da
cidade
http://diamantinanet.com.br/diamantinavirtual/
- Diamantina Virtual -
mapa interativo dá acesso a informações sobre pontos turísticos.
Arquitetura religiosa/ Funerária -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/dia
mantina/igrejas.htm- Igrejas - história e características da principais
igrejas da cidade. Link para uma foto ampliada.
177
http://diamantinanet.com.br/diamantinavirtual/
- Diamantina Virtual -
mapa interativo dá acesso a informações sobre pontos turísticos.
Instituições Culturais de estudo, pesquisa e lazer -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina
/pontos.htm - Pontos Turísticos - informações sobre a Museu do Diamante e
Casa de Juscelino.
Manifestações e Usos Tradicionais e Populares
Festas, Comemorações e Atividades
Populares e folclóricas - http://diamantinanet.com.br/karnaval/
-
Carnaval: página especial com a história, características e fotos da
festa na cidade (figura 41)
Feiras e mercados -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantin
a/pontos.htm - Pontos Turísticos - informações sobre o Mercado Municipal.
Equipamentos e Serviços Turísticos
Meios de Hospedagem
Hoteleiros Estabelecimentos Classificados
Hotel (padrão) -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/hoteis_e_pousadas/i
ndex.html – Hotéis e Pousadas – Informações sobre opções de
hospedagem.
Extra-Hoteleiro
PE – Pensionato -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/hoteis_e_pousadas/i
ndex.html – Hotéis e Pousadas – Informações sobre opções de
hospedagem.
PO – Pousada
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/hoteis_e_pousadas/i
ndex.html – Hotéis e Pousadas – Informações sobre opções de
hospedagem.
IL – Imóvel Locado -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/hoteis_e_pousadas/i
ndex.html – Hotéis e Pousadas – Informações sobre opções de
hospedagem.
178
Estabelecimentos noturnos - http://diamantinanet.com.br/donada/
- Do Nada
– Seção com informações de festas e shows da cidade, incluindo cobertura
fotográfica (figura 47).
Outros Serviços Turísticos
Agências de Viagem e turismo
Agências de Viagem -
http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/hoteis_e_pousadas/index.ht
ml Página Hotéis e Pousadas – informações sobre uma agência de turismo
Figura 47 – Página DoNada
Fonte: http://diamantinanet.com.br/donada/
Embora não se encaixem na classificação proposta por Beni, outras páginas também podem
ser consideradas de interesse turístico, entre as quais a seção Dados Geográficos
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina/dados.htm
),
que informa ainda as distâncias entre cidades, a seção Galeria de fotos
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/roteiro_turistico/diamantina/galeria/fotos.
htm), que traz quatros conjuntos de imagens: A Cidade e as Igrejas, Cachoeiras e Grutas,
Localidades Vizinhas e Flora.
179
Acreditamos ser de interesse turístico também as páginas autorais citadas anteriormente
(Nossas Noites, Lendas, Mural de Recados), uma vez que trazem informações, muitas delas
exclusivas, sobre a cidade e suas atrações. A página Agenda
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/outros/agenda.html
), que poderia trazer
informações atuais sobre Acontecimentos, estava com o link quebrado no momento da
coleta de dados.
Sobre as informações mínimas esperadas para cada tipo de atração turística, a página
Pontos Turísticos informa as características físicas e a importância passada e atual do Pico
do Itambé e Gruta do Salitre, mas não explora nenhuma as informações esperadas sobre as
cachoeiras da região.
Na mesma página são exploradas as características físicas, origem, importância passada e
atual dos museus e demais atrações de interesse histórico-cultural. O mesmo acontece com
as informações sobre o Mercado Municipal (Turismo de Manifestações e usos Tradicionais
e Populares). Nota-se especialmente a ausência de informações sobre a localização das
atrações.
Hipertextualidade na WWW
A possibilidade da mesma página ser acessada através de diferentes links espalhados no site
é o uso mais claro dos potenciais da hipertextualidade no site analisado. Além do menu
lateral da página principal e do menu superior presente em algumas páginas externas, as
seções Roteiro Turístico e Diamantina Virtual, por exemplo, podem ser acessadas através
da área central da página principal do site. Merece destaque também a já citada seção
Diamantina Virtual, que constrói sua navegação a partir de um mapa da cidade.
Sobre a existência de links externos no site DiamantinaNet, além dos já citados, nota-se que
o tópico Juscelino Kubitschek, indicado no menu lateral da página principal, aponta link
para um domínio diferente (http://www.juscelino.com.br/
- Figura 30). Embora haja
referência ao site Diamantinanet através da barra de navegação presente no topo, não há
indicação de uma possível relação institucional entre os sites. Já na seção Hotéis e Pousadas
180
estão em negrito os nomes de alguns hotéis cujos sites são recomendados a partir de links
externos, que abrem em outra janela.
Figura 48 – Página Juscelino Kubitschek
Fonte: http://www.juscelino.com.br/
A partir da pesquisa com a ferramenta Google, levantamos que 17 (dezessete) sites
apontam links diretamente para o domínio do site, enquanto 10.300 páginas fazem
referência à expressão www.diamantinanet.com.br
e suas variações.
2
Os principais estão
listados a seguir:
- páginas de veículos de comunicação: Folha Online
(www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/),
Portal Uai (www.uai.com.br), Férias Brasil
(feriasbrasil.terra.com.br
/)
- sites da área de Turismo: Portal Brasileiro doTurismo (www.embratur.gov.br/),
Cidades
Históricas Brasileiras (www.cidadeshistoricas.art.br
)
- sites de eventos: 36
o
Festival de Inverno da UFMG (www.ufmg.br/festival)
Unidade de Informação
2
É importante registrar que grande parte das mais de 10 mil referências apontam diretamente para a URL
www.diamantinanet.com.br/luciano
, que traz informações sobre oportunidades de negócio em uma Mina de
Ouro e aparentemente não tem ligação nenhuma com o site sobre os aspectos turístico-culturais da cidade.
181
As informações sobre a unidade responsável pelo site estão contidas no tópico Quem
Somos (http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/quem_somos/index.html
) do
menu lateral do site. Segundo texto publicado na página, trata-se da empresa Orlando &
Cesar Service Ltda, especializada em “prestação de serviços, dedicada ao provimento de
acessos à internet e apoio na divulgação da cidade de Diamantina, sua região circunvizinha,
seu ecoturismo, e todo o seu potencial cultural”. A empresa mantém ainda um cybercafé,
cujos horários de funcionamento e preços também constam no site, assim como os telefones
de contato.
.
Não há referência ao perfil da equipe responsável pela concepção e manutenção do site e o
único serviço de informação encontrado no site é o formulário de cadastro para receber um
boletim eletrônico por e-mail.
O site possui uma seção especial para captação de parcerias
(http://www.diamantinanet.com.br/diamantinanet/parceria/index.html
), onde o visitante
deve preencher um formulário de apresentação. Não foi identificada, no entanto, nenhuma
parceria formal com outros sites.
182
Anexo 5 – Site Idas Brasil
URL: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
1
Data da coleta de dados: 17 de fevereiro de 2005
1
Muitas das páginas do site analisado utilizam a estrutura de frames. Para fornecer a URL precisa de cada
informação citada, optamos por indicar o endereço do frame em que a informação considerada está localizada.
Se acessada diretamente, esta URL pode não apresentar a mesma estrutura que compõe a página,
descaracterizando-a.
2
3
4
183
Figura 49 – Página principal (home) do site
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
Organização da Informação
Na página principal do site sobre Diamantina (FIG.49), assim como nas páginas internas, é
possível identificar dois menus diferentes e que atuam de forma complementar. O primeiro
(destaque 1) localiza-se à esquerda das páginas e é composto por oito (8) itens, a saber:
2
4
184
- Onde Ficar
- Onde Comer
- Como Chegar
- Quando ir – Tempo Hoje
- Calendários de eventos
- Lista de Atrações
- Mapa de Atrações
- Serviços e Informações
Um segundo menu (destaque 2) localiza-se no topo e no rodapé das páginas e contém os
itens:
- Apresentação
- História
- Arquitetura
- Passeios
Nota-se que os menus apontam para páginas internas diferentes, criando acesso a dois tipos
complementares de informação disponíveis no site. A partir do menu lateral estão
disponíveis as páginas com conteúdos mais específicos, que geralmente estão organizados
na forma de listas e apresentados de forma resumida, como veremos adiante. Já através do
menu superior e inferior é possível acessar páginas com textos maiores e algumas fotos,
seguindo o estilo da página principal do site, que traz informações mais genéricas sobre o
tema anunciado.
O esquema predominante de organização adotado nos menus do site é por tópicos. No
menu lateral, é possível identificar que três dos tópicos aproximam-se de um esquema
ambíguo com Orientação por ação: Onde Ficar, Onde Comer e Como Chegar, uma vez que
procuram simular possíveis demandas dos usuários visitantes. Já a estrutura de organização
é hierárquica, uma vez que toda a navegação do site está submetida à estrutura de menus.
185
Se considerarmos que as páginas sobre Diamantina compõem uma seção específica do guia
IdasBrasil, os dois menus já citados são elementos que facilitam uma navegação local pelo
site, uma vez que estão presentes em todas as páginas sobre a cidade de Diamantina.
A navegação global pelo site é proposta através de uma barra disposta no topo das páginas
(FIG 49, destaque 3) e que dá acesso à página principal do IdasBrasil, assim como às
seções principais do guia. Construída para facilitar a localizar da seção do site em que o
usuário está localizado, uma árvore de navegação está presente na parte inferior de todas as
páginas do site (destaque 4). Não foram localizados elementos de navegação remota, como
Mapa do Site, Visita Guiada ou Índice geral
Entre os outros elementos que compõem a página principal do site sobre Diamantina está
um menu lateral, à direita, com um mapa do estado de Minas Gerais, que indica a
localização do Circuito do Diamante, onde fica Diamantina. Estão presentes também
banners de anúncio de serviços, parcerias e um menu auxiliar com informações sobre o site.
Já o centro da página principal é composto por um texto e várias fotos
Dentre as estratégias de organização adotadas nas diferentes seções do site, podemos
destacar a seção Onde Ficar (FIG. 50), onde, na descrição do próprio site, há uma “lista
Simples de hotéis e afins” composta pelo nome, endereço e telefone dos estabelecimentos.
Ainda segundo site, trata-se de uma “listagem aleatória - sem informações adicionais” e
aparentemente sem critérios na definição a ordem de presença na lista. O mesmo modelo é
adotado na seção Onde Comer.
186
Figura 50 – Página Onde Ficar
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/ficar.asp
Já na seção Lista de Atrações (FIG. 51), nota-se a utilização de um esquema exato de
organização, com um índice (destaque 1) facilitando o acesso às informações sobre os
diferentes tipos de atração: Igrejas, Casario e Arquitetura, Museus, Cachoeiras, Grutas e
Passeios (todas localizadas na mesma página).
Em relação à autoria do material publicado no site, na página principal há uma indicação de
que todos os textos e fotos (exceto as creditadas) são de Marcelo JB Resende (não há
informações sobre este autor). Em nenhuma das páginas visitadas foram identificadas
referências à data de publicação das informações no site ou da periodicidade de sua
atualização.
187
Figura 51 – Página Lista de Atrações
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista.asp
Informação Turística
As informações localizadas foram classificadas na estrutura proposta por Beni (2001),
conforme abaixo:
Atrativos turísticos
Naturais
Hidrografia
Rios
Lagos/Lagoas/Represas -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista
.asp - Lista de Atrações -foto, texto e localização da Lagoa Azul.
Quedas d´Água -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista.asp
-
Lista de Atrações - foto, texto e localização das principais cachoeiras da
região.
1
188
Grutas/Cavernas -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista.asp
-
Lista de Atrações - foto, texto e localização da gruta do Salitre e do Monte
Cristo.
Histórico-culturais -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/frame.asp?pg=geral/port/cidades.asp
-
História - texto e fotos sobre a história da cidade
Monumentos -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/frame.asp?pg=geral/port/cidades.asp
- Arquitetura - texto e fotos sobre a características arquitetônicas da cidade
Arquitetura Civil -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista
.asp - Lista de Atrações - foto, texto e localização de casas históricas
da cidade.
Arquitetura religiosa/ Funerária -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista
.asp - Lista de Atrações - foto, texto e localização das principais
igrejas da cidade.
Outros legados -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista
.asp - Lista de Atrações - foto e texto sobre o Caminho dos Escravos.
Sítios
Históricos -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista
.asp - Lista de Atrações - foto e texto sobre o Sítio Arqueológico do
Batatal.
Instituições Culturais de estudo, pesquisa e lazer -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista.asp
-
Lista de Atrações - foto, texto e localização de museus da cidade.
Manifestações e Usos Tradicionais e Populares
Festas, Comemorações e Atividades -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/eventos.asp
- Calendário de eventos - principais acontecimentos da cidade, mês a mês.
189
Feiras e mercados -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista.asp
-
Lista de Atrações - foto, texto e localização do Mercado Municipal da
cidade.
Equipamentos e Serviços Turísticos
Meios de Hospedagem
Hoteleiros Estabelecimentos Classificados
Hotel (padrão) -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/fica
r.asp - Onde ficar - Nome, endereço e telefone de hotéis da cidade
Extra-Hoteleiro
PO – Pousada -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/fica
r.asp - Onde ficar - Nome, endereço e telefone de pousadas da cidade
Serviços de Alimentação
Restaurantes -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/comer.asp
Onde comer - nome, endereço e telefone de restaurantes da cidade
Outros Serviços Turísticos
Informações Turísticas
Centros de Informação Turística -
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/serv
info.asp - Serviços e informações - endereço e telefone da
Coordenadoria de Turismo.
Além dos operadores listados por Beni, foi possível identificar no site outras páginas ou
seções com informações de interesse turístico:
-Como chegar
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/chegar.asp
) -
Explicações sobre as estradas que levam à cidade, as distâncias das principais cidades e um
mapa ilustrativo.
-Quando ir (http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/quando.asp
) -
Informações sobre clima e temperatura médias no ano, além de um Box com a previsão do
190
tempo no dia seguinte, num serviço prestado pelo site ClimaTempo
(http://www4.climatempo.com.br
) - FIG. 52 – destaque 1).
l
Figura 52 – Página Quando Ir
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/quando.asp
- Serviços e Informações
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/servinfo.asp
) - Bancos,
Posto Telefônico, Horários de ônibus, Hospitais etc
- Mapa de atrações
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/frame.asp?pg=geral/port/cidades.asp
)
Reprodução de mapa com indicações dos principais pontos turísticos da cidade (FIG. 53).
- Passeios (http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/frame.asp?pg=geral/port/cidades.asp
) -
Roteiros pelo centro histórico e arredores da cidade
1
191
- Pacotes Turísticos
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/frame.asp?pg=geral/port/cidades.asp
) - oferta de
pacotes para Diamantina e outras cidades de Minas Gerais (FIG. 54).
Figura 53 – Página Mapa de Atrações
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/mapa.asp
192
Figura 54 – Página Pacotes Turísticos
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/pacotes/principal.asp
A página Lista de Atrações concentra as informações ligadas ao Turismo Ecológico e
Histórico-Cultural, conforme a divisão adotada por Souza (2000). Sobre as cachoeiras e
grutas da região, são informadas a localização e as características físicas. As informações
mínimas sobre características físicas, localização, origem, importância passada e atual das
construções históricas da cidade também constam no site.
Na página Calendário de Eventos constam a data de realização dos principais eventos
previstos, além da origem e importância passada e atual da Vesperata (Turismo de
Acontecimentos Programados – Turismo de Eventos).
Hipertextualidade na WWW
Uma vez que o site possui um número reduzido de páginas específicas sobre a cidade de
Diamantina e toda a estrutura de organização é hierárquica, não são exploradas as
possibilidades do hipertexto para oferecer uma navegação múltipla pelas informações do
site. A seção Mapa de Atrações (FIG.53), por exemplo, poderia ser melhor explorada caso
193
fosse possível “navegar” pelo mapa através de links sobre os pontos indicados, a exemplo
das seções identificadas nos sites OlindaVirtual e DiamantinaNet.
Em relação à indicação do site a páginas de outros domínios, a única referência localizada é
o link para o site ClimaTempo, citado anteriormente. Na barra de navegação global do site,
disponibilizada no topo das páginas, nota-se a presença do tópico Links, que dá acesso a
páginas específicas de serviços ligados à atividade turística, como órgãos oficiais e outros
sites especializados (FIG. 55).
Figura 55 – Página Links
Fonte: http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/geral/port/links.asp
Através da ferramenta Google não foi possível localizar nenhum site que faça referência à
página http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp
, que é
a página principal sobre a cidade de Diamantina dentro do site IdasBrasil. Assim, optamos
por procurar referências à URL www.idasbrasil.com.br
, assim como a essa expressão no
194
texto das páginas de outros sites. Foram encontradas, respectivamente, 88 e 1.080 citações,
entre as quais selecionamos:
- Consulados: Consulados do Brasil em Boston (www.consulatebrazil.org
), em São
Francisco (www.brazilsf.org
), Sidney (www.brazilsydney.org) e Santiago do Chile
(www.brasembsantiago.cl
)
- Sites da área de Turismo e Meio Ambiente: Portal Brasileiro do Turismo
(http://www.turismo.gov.br
), Portal Ambiente Brasil (www.ambientebrasil.com.br/),
Cidades Históricas Brasileiras (www.cidadeshistoricas.art.br
), Trilhas & Rumos
(www.trilhaserumos.com.br
)
Unidade de Informação
Na página Contato
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/frame.asp?pg=geral/port/cidades.asp
), acessada
através da barra global de navegação, é possível saber que a empresa responsável pelo site
chama-se Idas Brasil Ltda. e tem sede em Belo Horizonte. Na página constam também o
endereço, telefone e e-mail da empresa, assim como o nome do diretor administrativo e do
jornalista responsável.
A página Prêmios e reconhecimento
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/geral/port/premios.asp
) informa que o site foi
lançado em 1999, com o compromisso “de oferecer informação turística qualificada,
utilizando as perspectivas geradas pela internet. É um trabalho árduo e perseverante,
coroado pelo reconhecimento de público e de crítica”, citando em seguida a conquista dos
prêmios WebMinas 2001 - Categoria "Educação", Prêmio Inovação Tecnológica Sebrae-
MG 2001 (2º Lugar) e I Concurso de Sites de Turismo da Alemg (setembro 2002), entre
outros.
195
Não foram localizados no site serviços de informação, como o envio de boletins eletrônicos
(newsletters).
Foram identificadas à direita das páginas visitadas as logomarcas da Secretaria de Estado
do Turismo de Minas Gerais e Ministério da Cultura, onde indica uma possível parceria
entre as instituições (não há link para os sites dos órgãos governamentais). Nas página
Anuncie Aqui
(http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/frame.asp?pg=geral/port/cidades.asp
), há
informações para interessados em tornar-se parceiros comerciais do IdasBrasil, mas não há
indicação de possíveis parceiros atuais.
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( http://www.livrosgratis.com.br )
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