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EDMAR GUIMARÃES MANDUCA
ESTUDO DAS VARIAÇÕES MORFOLÓGICA CRANIANA E
CITOGENÉTICA EM Akodon cursor (RODENTIA:SIGMODONTINAE)
NO ESTADO DE MINAS GERAIS
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de
Viçosa, como parte das
exigências do Programa de
Pós-Graduação em Biologia
Animal, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2008
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EDMAR GUIMARÃES MANDUCA
ESTUDO DAS VARIAÇÕES MORFOLÓGICA CRANIANA E
CITOGENÉTICA EM Akodon cursor (RODENTIA:SIGMODONTINAE)
NO ESTADO DE MINAS GERAIS
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de
Viçosa, como parte das
exigências do Programa de
Pós-Graduação em Biologia
Animal, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
APROVADA: 30 de abril de 2008.
Profª. Gisele Mendes Lessa Prof. Renato Neves Feio
(Co-Orientadora) (Co-Orientador)
Profª. Sônia Aparecida Talamoni Prof. Rubens Pazza
Prof. Jorge Abdala Dergam
(Orientador)
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ii
“A UNIVERSIDADE poderá formar o cidadão,
mas somente a FAMÍLIA pode edificar o homem.”
iii
À minha família, aos amigos, e à Polyana
por todo carinho.
iv
AGRADECIMENTOS
Uma pesquisa científica não corresponde ao trabalho de uma
pessoa. Para o desenvolvimento de um estudo científico é necessário que
façamos uniões entre pesquisadores das diversas áreas em busca do melhor
resultado possível. Sendo assim, nos deparamos ao longo da elaboração de
uma dissertação de mestrado com várias linhas de pesquisa, idéias e
pensamentos. Cada uma destas pessoas contribui com um ladrilho, calçando
o nosso caminho para a glória. Dessa forma, tenho a agradecer a muita
gente. Alguns talvez nem saibam o quão foram essenciais ao longo desta
jornada. As linhas e parágrafos que se seguem são uma pequena maneira de
traduzir o meu agradecimento a cada um de vocês.
Agradeço a CAPES pela bolsa concedida durante 22 meses, a qual foi
fundamental para minha permanência e desenvolvimento do trabalho em
Viçosa.
À Universidade Federal de Viçosa pela estrutura fornecida, desde o
espaço físico aos funcionários atenciosos e professores capacitados que me
transmitiram grandes ensinamentos.
Agradeço a Deus pela oportunidade dada e a força necessária para
concluir este projeto.
Aos amigos Jânio Moreira e Pablo Gonçalves, com os quais comecei
essa viagem pelo mundo dos pequenos roedores. Grandes professores e
exemplos a serem seguidos para a carreira acadêmica tanto quanto para a
vida pessoal.
À professora Gisele Lessa, pela amizade, companheirismo e carinho
dedicados. Sempre preocupada e atenciosa, foi uma das maiores
responsáveis pela elaboração deste trabalho.
v
Ao professor Jorge Dergam, pela amizade e por aceitar o desafio de
desvendar os mistérios que envolvem a taxonomia dos pequenos roedores.
Ao professor Renato Feio, pela amizade e acolhimento nos primeiros
anos de caminhada no Museu João Moojen, pelos ensinamentos e pelo
futebol de toda semana.
Aos funcionários do Departamento de Biologia Animal pela atenção
e solicitude para resolver problemas de cunho burocrático.
Aos amigos do Museu João Moojen, Rodolfo & Clever (com & para
mostrar que realmente formam uma dupla!) que sempre que possível (e
também quando era impossível) ajudaram com coletas, trabalhos
laboratoriais e na elaboração da dissertação. Colaboraram, e muito, para o
sucesso deste trabalho.
Ao amigo Rômulo D’ângelo pelas discussões e ajudas na parte da
estatística multivariada.
Aos demais amigos do Museu João Moojen, Maressa, André, Osiel,
Michel, Lêlê, Eliana, Emanuel, Jussara, Vitim, Larissa, Finin, São Pedro,
Henrique, Diego, Jhonny e todos os demais. Obrigado pela ajuda no campo,
dúvidas de informática, papos sobre biologia, papos nada a ver, pelas
bagunças, festas... Valeu!
Aos amigos do Laboratório Beagle, Lucioni, Uedson (Jacobina),
Hilton, Lilian e Gisele e em especial a Néia que colaborou de forma essencial
para a elaboração do capítulo sobre citogenética. Obrigado a vocês pelo
apoio, amizade, discussões e farras.
Aos amigos da BIO 2000 (Jânio, Calambau, Véio, Breno, Marcos,
Eduardo), sempre presentes, mesmo que a distância, ajudando na árdua
caminhada.
Aos amigos da República Oca, Wilson, Jacob, Finin, Bruno, São
Pedro e Jerry, com os quais fiz grande amizade durante os dois últimos anos
em Viçosa.
vi
Aos novos amigos que aqui fiz: Vinícius, Cíntia, Lucimar, dentre
tantos outros, que fizeram destes dois anos uma estadia muito melhor nesta
cidade.
Ao biólogo Alessandro Brinati , por ceder seus exemplares coletados
em Espera Feliz.
Ao Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, na pessoa da
professora Tudy Câmara e de seus alunos Gislene e Danilo, pela
disponibilidade e abertura de sua coleção para que eu pudesse medir
exemplares de Akodon depositados na referida instituição e por ceder
amostras citogenéticas.
À minha família pelo apoio, mesmo que muitas vezes não
compreendendo muito bem o significado e aplicação da minha pesquisa.
“Mas esse rato serve para quê mesmo?”
À maior culpada por este trabalho, Polyana, pelo incentivo, apoio
carinho e paciência. Desde o início sofreu e se alegrou comigo por este
momento. Sua presença foi essencial para o andamento deste trabalho,
dando-me suporte em todas as etapas, desde o ingresso no curso até as
revisões finais dos capítulos.
Por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram
para este trabalho possibilitando a conclusão de mais esta etapa de minha
vida. Obrigado!
vii
BIOGRAFIA
Edmar Guimarães Manduca, 4º filho de Edson Manduca e Maria
Lúcia Guimarães Manduca, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 06
de agosto de 1981.
Concluiu o Ensino Médio em dezembro de 1999, no Colégio Pio XII
de Belo Horizonte. Em fevereiro de 2000 iniciou o curso de Ciências
Biológicas na Universidade Federal de Viçosa. Durante a graduação foi
estagiário no Museu de Zoologia João Moojen da UFV. Em 28 de janeiro de
2005 graduou-se Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas. Em fevereiro
de 2006 ingressou no curso de Mestrado em Biologia Animal, na
Universidade Federal de Viçosa, defendendo a tese em março de 2008.
viii
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................... Erro! Indicador não definido.
ABSTRACT................................................................ Erro! Indicador não definido.
1. INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................. 1
2. ARTIGOS CIENTÍFICOS .............................................................................. 11
2.1. Manduca, E.G., G. Lessa & J.A. Dergam. 2008. Análise da variação
craniométrica em Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de Minas
Gerais. ............................................................................................................................... 12
2.2. Manduca, E.G., C.B. Lima, J.A. Dergam & G. Lessa. 2008. Análise citogenética
em Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de Minas Gerais.............. 46
CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................... 67
ANEXO FOTOGRÁFICO ................................................................................... 68
ix
RESUMO
MANDUCA, Edmar Guimarães, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, abril
de 2008. Estudo das variações morfológica craniana e citogenética em
Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de Minas Gerais.
Orientador: Jorge Abdala Dergam dos Santos. Co-Orientadores: Gisele
Mendes Lessa e Renato Neves Feio.
Akodon cursor é um roedor sigmodontíneo com ampla distribuição no leste do
Brasil. Ocorre desde Pernambuco até o Paraná apresentando grande variação
morfológica craniana e citogenética em suas populações. Muitos esforços têm
sido realizados com o intuito de desvendar os padrões de distribuição dos
diferentes citótipos e distinguir as formas morfológicas desta espécie com
relação a outras do gênero. Morfologicamente a espécie apresenta grande
similaridade externa e interna a outras espécies do gênero. Citogeneticamente
distingue-se das demais por apresentar número diplóide variando de 2n = 14,
15 e 16 e por apresentar um dos maiores polimorfismos cromossômicos
dentre os mamíferos. Populações desta espécie em remanescentes de Mata
Atlântica do Estado de Minas Gerais têm sido pouco exploradas ou
analisadas com base em um número reduzido de indivíduos. Desta forma, o
objetivo deste trabalho foi avaliar a variação intra e interpopulacional da
morfologia craniana e citogenética de exemplares de A. crusor coletados em
algumas áreas no Estado de Minas Gerais. Foram tomadas 20 medidas
cranianas para a elaboração das análises morfométricas. As estatísticas
descritiva e multivariada foram realizadas para a visualização dos padrões
morfométricos. Análises citogenéticas foram utilizadas para visualização dos
padrões polimórficos intra e interpopulacionais das populações de A. cursor
em território mineiro. A estatística multivariada apontou uma diferenciação
na morfologia craniana entre os exemplares das diferentes áreas ao longo do
eixo de forma. Os métodos citogenéticos permitiram a visualização de
polimorfismos intra e interpopulacionais que, de acordo com o teste de χ
2
,
encontram-se em equilíbrio de Hardy-Wienberg. As técnicas de bandeamento
C e Ag-NOR não evidenciaram diferenças entre as populações analisadas. O
x
Parque Estadual da Serra do Brigadeiro possivelmente representa a
população com maior distribuição altitudinal deste roedor. O fator altitudinal
pode representar uma variável para explicar a diferença observada na
morfologia craniana das populações analisadas. A avaliação da população
presente no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e a adição de novas áreas
com maior número de exemplares fornecerão uma nova base de dados para a
compreensão da evolução da espécie em termos morfológicos e citogenéticos.
xi
ABSTRACT
MANDUCA, Edmar Guimarães, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa,
April 2008. Study of variations in cranial morphology and cytogenetic
of Akodon cursor (Rodentia: Sigmodontinae) in the State of Minas
Gerais. Adviser: Jorge Abdala Dergam dos Santos. Co-Advisers: Gisele
Mendes Lessa and Renato Neves Feio.
Akodon cursor is a sigmodontine rodent with wide distribution in the eastern
of Brazil. It occurs from Pernambuco to Paraná presenting high levels of
morphological and cytogenetic variation in their populations. Many efforts
have been made in order to uncover the distribution patterns of different
cytotypes and to distinguish the morphological forms of this species in
relation to the others from the same genus. Morphologically the species has
great internal and external similarity to other species of the genus.
Cytogenetically distinguishes from others for having its diploid number
ranging from 2n = 14, 15 and 16 and too for having one of the greatest
chromosome polymorphisms among mammals. Populations of this species
in the Atlantic Forest remnants of the State of Minas Gerais has been little
explored or analyzed based in a reduced individuals number. In this way,
the objective of this study was to evaluate the intra and interpopulation
variation in skull and cytogenetics morphology of specimens of A. crusor
collected in some areas in the state of Minas Gerais. Twenty measures have
been taken for the establishment of cranial morphometric analysis. The
descriptive and multivariate statistics were held to the view of the
morphometric patterns. Cytogenetic analyses were used to view the
polymorphims patterns intra and interpopulation of A. cursor in Minas
Gerais State. The multivariate statistics showed a differentiation in cranial
morphology between specimens of different areas along the shape axis.
The cytogenetic methods allowed the view of polymorphisms intra and
interpopulations that, according to the χ2 test, are in Hardy-Wienberg
balance. The banding techniques C and Ag-NOR did not reveal differences
between populations studied. The Parque Estadual da Serra do Brigadeiro
xii
possibly represents the population with higher altitudinal distribution of this
rodent. The altitudinal factor may represent a variable to explain the
observed difference in skull morphology in studied populations. The
assessment of the population present in Parque Estadual da Serra do
Brigadeiro and the addition of new areas with a bigger number of specimens
will provide a new database for understanding the evolution of the species in
morphological and cytogenetic terms.
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
A Ordem Rodentia é a que possui maior riqueza de espécies dentre
os mamíferos e inclui os ratos, camundongos, ratos-de-espinho e capivaras,
dentre outros. Com 2.277 espécies descritas (Musser & Carleton, 2005), e
outras descritas posteriormente para a América do Sul (Weksler et al. 2006;
Costa et al., 2007; D’élia & Pardiñas, 2007), é uma Ordem de extrema
importância do ponto de vista ecológico, possuindo elementos essenciais
para a manutenção das diversas relações ecológicas entre os diferentes
organismos.
Dos mamíferos presentes atualmente no continente Sul Americano
aproximadamente 43% pertencem à Ordem Rodentia. Destes roedores, 377
espécies estão alocadas na subfamília Sigmodontinae (Musser & Carleton,
2005). No Brasil, são conhecidas 117 espécies válidas para esta subfamília
(Oliveira & Bonvicino, 2006).
A Mata Atlântica, no sudeste do Brasil, contém uma significativa
diversidade de linhagens dos Sigmodontinae sendo considerada um centro
geográfico importante na diversificação deste grupo (Smith & Patton, 1999).
Detentora de uma fisionomia vegetal bastante variada, a Mata Atlântica
constitui um valioso mosaico de ambientes para a alta diversidade biológica
(Tabarelli et al., 2005; Lino, 1992; Terborgh, 1992). Este ecossistema apresenta
aproximadamente 77 espécies de pequenos roedores descritos, dentre os
quais 35 são endêmicos (e.g. Delomys sublineatus, Phaenomys ferrugineus,
Thaptomys nigrita), alguns com distribuição restrita a maciços florestais
específicos (e.g. Parque Nacional do Caparaó Akodon mystax e Oxymycterus
caparaoe) (Myers et al. 2000; Hershkovitz, 1998; Fonseca et al. 1996).
A taxonomia dos sigmodontíneos é complexa, devido principalmente
à sua grande diversidade. Ela favorece a presença de caracteres
homoplásticos (e.g. convergências e paralelismos) entre os organismos,
dificultando a determinação de filogenias para o grupo (Pardiñas et al., 2002;
D’élia, 2003).
2
O estudo da morfologia corporal e craniana complementado com
dados citogenéticos, tem auxiliado na revisão e delimitação de táxons dentro
dos roedores (Van-Gelder, 1969; Bonvicino & Almeida, 2000; Geise et al.,
2005; Gonçalves et al., 2005; Paresque et al., 2007), além de esclarecer padrões
cariotípicos e morfológicos de espécies e populações ao longo de suas
distribuições geográficas (Christoff, 1997; Fagundes et al., 1998; Fagundes et
al., 2000; Bonvicino et al., 2003; Ventura et al., 2004; Gonçalves & Oliveira,
2004; Geise et al., 2005; Lessa et al., 2005; Paresque et al., 2007).
Um táxon que merece destaque por apresentar grande variedade
morfológica e citogenética é o gênero Akodon. Diversos estudos realizados
com as espécies brasileiras têm permitido a caracterização e determinação
dos limites geográficos de distribuição das diferentes linhagens dentro deste
táxon (Christoff, 1997, Christoff et al., 2000, Geise et al., 2005).
O gênero Akodon Meyen, 1833 foi descrito como “animais de forma
inalterada e peles normais, com coloração dorsal cinza, marrom ou olivácea,
sem nenhuma marca especial”. Os olhos são considerados como de
“tamanho normal” e a cauda, como de “tamanho moderado”. As garras são
“normais”, mas variáveis em tamanho (Gyldenstope, 1932). Esta descrição
não inclui caracteres diagnósticos que permitam uma determinação
satisfatória do grupo sem que haja conflitos de identidade com outros táxons.
Neste mesmo manuscrito é listado um total de 44 espécies para o gênero
Akodon. Porém algumas destas espécies foram posteriormente consideradas
como sinonímias, principalmente devido ao avanço no grau de resolução de
novas técnicas sistemáticas como a morfometria, a citogenética e a biologia
molecular (Geise et al., 1998; Geise et al., 2001; Gonçalves et al., 2007). Dessa
forma, a real diversidade e delimitação do táxon têm se estruturado melhor
sob a ótica da sistemática filogenética (Gonçalves et al. 2007).
Atualmente são reconhecidas 41 espécies para todo o gênero. Sua
distribuição é restrita à América do Sul (Musser & Carleton, 2005), com 10
espécies no Brasil e quatro no Estado de Minas Gerais (Oliveira & Bonvicino,
2006). Os membros deste gênero presentes em território brasileiro, têm
3
tamanho pequeno (85-128mm, 16-56g), orelhas grandes (12-20mm) e cauda
pouco menor que o comprimento do corpo (56-111mm). A pelagem do dorso
varia do castanho-claro ao castanho-escuro, sem um limite definido com
relação à coloração ventral, que é cinza-amarelada ou cinza-esbranquiçada.
As orelhas são pouco pilosas (Oliveira & Bonvicino, 2006).
Estes animais habitam formações florestais, áreas abertas adjacentes e
campos de altitude ao longo de toda a Mata Atlântica, nos Campos do Sul,
nas áreas florestais da Caatinga e nas formações vegetais abertas e fechadas
do Cerrado (Oliveira & Bonvicino, 2006). São animais de hábito terrestre e
dieta insetívora-onívora (Graipel et al., 2003).
Akodon cursor (Winge, 1887) é uma das espécies deste diverso gênero
de roedores sigmodontíneos. Possui ampla distribuição ao longo do domínio
da Mata Atlântica, ocorrendo desde o Estado da Paraíba até o Paraná e no
leste de Minas Gerais (Oliveira & Bonvicino, 2006). Sua localidade-tipo é
Lagoa Santa, rio das Velhas, Minas Gerais. Segundo Pardiñas et al. (2003) esta
espécie aparentemente ocorre no nordeste da Argentina, Província de
Misiones, mas a identificação do espécime ainda é duvidosa, deixando
incerto o limite de distribuição geográfica da espécie (Musser & Carleton,
2005).
Akodon cursor demonstra um dos maiores graus de polimorfismos
cromossômicos conhecidos para os mamíferos até o momento, apresentando
um número diplóide (2n) que varia de 14 até 16 e uma grande variação dos
valores do número fundamental autossômico (NF), que varia de 18 a 26, o
que possibilita a identificação de 28 citótipos distintos ao longo de sua
distribuição na Mata Atlântica (Fagundes et al., 1998). Trabalhos realizados
para uma única população de Guaraqueçaba no Paraná registraram animais
com 2n igual a 14, 15 e 16, distribuídos em 18 citótipos distintos, sendo oito
destes registros inéditos para a ciência. Este fato demonstra a alta
variabilidade citogenética desta espécie (Sbalqueiro & Nascimento, 1996;
Nascimento, 1998).
4
Morfologicamente a espécie é muito semelhante a outras dentro do
gênero, principalmente a A. montensis, sendo o método citogenético uma
ferramenta muito útil na distinção destes dois táxons, que A. montensis
apresenta número diplóide variando de 24 a 26 (Christoff, 1997).
O Estado de Minas Gerais possui áreas de Mata Atlântica ainda
conservadas e prioritárias para estudos ecológicos, evolutivos e
biogeográficos (Conservação Internacional, 2000). Dentre estas áreas
destacam-se a Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental Mata
do Paraíso (EPTEA), localizada no município de Viçosa e o Parque Estadual
da Serra do Brigadeiro (PESB), que abrange oito municípios mineiros
(Araponga, Divino, Ervália, Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita,
Sericita) com gradiente altitudinal (1000 até 1985 metros) importante sob o
ponto de vista biológico como possível atuante na diferenciação de táxons
por especiação parapátrica, na qual não isolamento geográfico evidente
(Gonçalves, 2007). Essas áreas, que são diversas com relação ao número de
espécies de sigmodontíneos que abrigam (Gonçalves et al., 1998; Lessa et al.,
1999; Manduca et al., 2006a), carecem de estudos mais detalhados sobre as
populações destes pequenos roedores. Estes animais fazem parte de um
grupo de difícil visualização em campo e carente de estudos taxonômicos.
Revisões realizadas com base em material depositado em museus e/ou
novas coletas em locais ainda não amostrados têm proporcionado a descrição
de novas espécies (Patterson, 2000; Weksler et al., 2006; Costa et al., 2007).
Nas áreas de Mata Atlântica propostas para a realização deste
trabalho, não estudos detalhados das populações de Akodon cursor.
Entretanto, estudos citogenéticos e morfológicos já foram realizados com esta
espécie em diversas localidades do país. O estudo das amostras de Minas
Gerais é reduzido, o que pode obscurecer a real diversidade da espécie. Do
ponto de vista citogenético as populações mineiras possuem apenas dados
primários referentes às amostras coletadas no PESB (Manduca et al., 2006b).
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi estudar as populações do
sigmodontíneo Akodon cursor presente em remanescentes mineiros de Mata
5
Atlântica, com o objetivo de avaliar a variação intra e interpopulacional de
caracteres morfológicos cranianos e citogenéticos, compreender o padrão de
distribuição dos parâmetros analisados nestas populações, contrapondo-os
com outros trabalhos publicados, buscando preencher lacunas do
conhecimento do grupo ao longo de sua distribuição geográfica.
6
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11
2. ARTIGOS CIENTÍFICOS
2.1. Manduca, E.G., G. Lessa & J.A. Dergam. 2008. Variação craniométrica em
Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de Minas Gerais.
2.2. Manduca, E.G., C.B. Lima, J.A. Dergam & G. Lessa. 2008. Análise
citogenética em Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de
Minas Gerais.
12
2.1. Manduca, E.G., G. Lessa & J.A. Dergam. 2008. Análise da variação
craniométrica em Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de
Minas Gerais.
13
Análise da variação craniométrica em Akodon cursor
(Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de Minas Gerais.
Edmar Guimarães Manduca, Gisele Lessa & Jorge Abdala Dergam
Introdução
Os roedores sigmodontíneos do gênero Akodon são abundantes tanto
nas Florestas Ombrófila Mista e Ombrófila Densa da encosta atlântica como
nas Florestas Estacional Decidual e Semidecidual no leste da América do Sul
(Oliveira & Bonvicino, 2006). Corresponde ao gênero mais diverso da tribo
Akodontini, sendo uma das maiores subdivisões dentro da subfamília
Sigmodontinae (Musser & Carleton, 2005).
O gênero Akodon não apresenta limites específicos bem definidos
quando determinados por caracteres morfológicos (Smith & Patton, 1993).
Esta similaridade morfológica entre as espécies do gênero reduz a utilidade
de espécimes coletados que não apresentem dados genéticos associados
(Geise et al., 2005). Recentemente, estudos morfológicos associados a dados
moleculares buscam características que podem ser úteis para a distinção de
espécies dentro deste gênero (Gonçalves et al., 2007).
Entretanto, estudos morfológicos apontam que espécies crípticas (e.g.
A. cursor e A. montensis) poderiam ser corretamente identificadas, mas que
dependeriam de amostras locais relativamente grandes (Geise et al., 2005), o
que demonstra a relevância de estudos com indivíduos de uma mesma
população.
A descrição de padrões de variação em caracteres morfológicos ou
genéticos dentro e entre populações é fundamental para a definição dos
limites entre unidades evolutivas independentes na natureza. Um passo
importante no reconhecimento destas unidades é a identificação de grupos
de populações que compartilhem características morfológicas ao longo de
sua distribuição geográfica (Dos-Reis et al., 2002). O reconhecimento da
variação morfológica craniana intraespecífica e geográfica de uma
14
determinada espécie é um passo importante para posteriores comparações
envolvendo outros táxons (Brandt & Pessôa, 1994; Dos-Reis et al., 2002).
Para as populações de A. cursor do Estado de Minas Gerais, ainda são
poucos os trabalhos com enfoques morfológicos (Geise et al., 2005; Gonçalves
et al., 2007).
Dessa forma, a análise de exemplares de A. cursor no Estado de Minas
Gerais fornecerá uma nova base de dados para posterior comparação com os
táxons crípticos a essa espécie e uma avaliação mais acurada acerca das
variações morfológicas cranianas das populações desta espécie,
principalmente devido à presença da população com maior distribuição
altitudinal conhecida para a espécie na área do Parque Estadual da Serra do
Brigadeiro (Geise, com. pess.).
Sendo assim, buscamos avaliar os padrões na morfologia craniana
intra e inter populacionais de A. cursor provenientes de áreas no Estado de
Minas Gerais utilizando ferramentas estatísticas (uni e multivariadas) para a
visualização de variações nas populações em estudo.
Material e Métodos
Amostras
Foi analisado um total de 184 exemplares previamente identificados
como A. cursor oriundos de oito localidades do Estado de Minas Gerais
(Figura 1) depositados nas coleções do Museu de Zoologia João Moojen
(MZUFV) e no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas (MCN-PUC). A
identificação do material foi feita com base nas etiquetas de identificação,
avaliação de caracteres diagnósticos para a espécie (e.g. comprimento da
série molar) e, quando possível, com a definição do número diplóide do
espécime. Para a análise de variação intrapopulacional foi selecionada a
amostra do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), por apresentar
menor número de crânios avariados. Nas análises geográficas foram
adicionadas a amostra do PESB os indivíduos do município de Abre Campo
(AC), de Espera Feliz (EF) e de Viçosa (VIC). Localidades com reduzido
15
número de espécimes (Canaã, Leme do Prado, Mariana e Pedra do Anta)
foram analisadas apenas qualitativamente, não sendo consideradas nas
análises estatísticas.
Figura 1. Localidades referentes às amostras de Akodon cursor provenientes de remanescentes de
Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais utilizadas nas análises morfométricas cranianas. 1- Abre
Campo (n=3), 2- Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (n=77), 3- Espera Feliz (n=12), 4- Viçosa
(n=88), 5- Canaã (n=1), 6- Pedra do Anta (n=1), 7- Mariana (n=1) e 8- Leme do Prado (n=1).
Morfometria
Para as análises morfométricas foram selecionados vinte caracteres
cranianos. Estes caracteres foram medidos por meio de um paquímetro
digital com precisão de 0,01mm. Os caracteres foram definidos de acordo
com literatura específica (Voss, 1991; Oliveira, 1992; Christoff, 1997;
Gonçalves, 2001). Os caracteres avaliados e suas definições se encontram
listados abaixo e podem ser observados no esquema da Figura 2:
CTC (Comprimento total do crânio): distância máxima medida entre a borda
anterior dos nasais e a borda posterior do occipital.
16
LIO (Largura do interorbital): distância mínima interobital.
CN (Comprimento dos nasais): distância entre a borda anterior dos nasais e a
sutura naso-frontal.
CFI (Comprimento do forâmen incisivo): distância entre a borda anterior e a
borda posterior do forâmen incisivo.
DIA (Diastema): distância entre o alvéolo posterior dos incisivos e o alvéolo
anterior do primeiro molar.
LZI (Largura do arco zigomático): maior distância entre as bordas laterais do
arco zigomático.
LCC (Largura da caixa craniana): largura entre as regiões anteriores da
sutura dos esquamosais e o occipital.
LRO (Largura rostral): largura do rostro medida na altura do forâmen
infraorbital.
SMS (Série molar superior): distância entre a borda do alvéolo anterior do
primeiro molar e a borda do alvéolo posterior do terceiro molar.
LPZ (Largura da placa zigomática): distância medida na base da placa
zigomática do limite anterior ao posterior.
CP (Comprimento palatal): distância entre a borda posterior do alvéolo do
incisivo e a borda do palato.
CPP (Comprimento da ponte palatal): distância entre a borda posterior do
forâmen incisivo e a borda do palato.
LCO (Largura entre os côndilos occipitais): maior distância entre as bordas
externas dos côndilos occipitais.
CBA (Comprimento basilar): distância entre a borda posterior do alvéolo do
incisivo e a borda anterior do forâmen magnum.
CI (Comprimento interparietal): distância antero-posterior do eixo mediano
do interparietal.
LI (Largura interparietal): distância máxima entre os limites laterais do
interparietal.
LP (Largura palatal): largura entre as séries molares medida entre o primeiro
e o segundo molar.
17
CO (Comprimento orbital): distância interna entre a sutura do frontal com o
maxilar até a raiz do esquamosal presente no arco zigomático.
AMC (Altura máxima do crânio): distância entre a sutura basiesfenóide-
basioccipital e a sutura fronto-parietal.
LMB (Largura máxima da bula): distância máxima entre a junção da sutura
basiesfenódie e basioccipital e a borda externa da bula.
L R O
L I O
CO
L I
C I
L C C
CN
CTC
L Z I
C F I
D I A
SMS
L M B
L P
CP
CPP
LCO
CBA
LPZ
AMC
Figura 2. Vista dorsal, ventral e lateral do crânio de A. cursor (MZUFV 1263) ilustrando os caracteres
morfométricos medidos. CTC (Comprimento total do crânio), LIO (Largura do interorbital), CN (Comprimento dos
nasais), CFI (Comprimento do forâmen incisivo), DIA (Diastema), LZI (Largura do arco zigomático), LCC (Largura da caixa
craniana), LRO (Largura rostral), SMS (Série molar superior), LPZ (Largura da placa zigomática), CP (Comprimento palatal),
CPP (Comprimento da ponte palatal), LCO (Largura entre os côndilos occipitais), CBA (Comprimento basilar), LI (Largura do
interparietal), CI (Comprimento do interparietal), LP (Largura palatal), CO (Comprimento orbital), AMC (Altura máxima do
crânio), LMB (Largura máxima da bula). Barra = 10mm.
18
Variação intrapopulacional
Um passo importante para o reconhecimento de unidades geográficas
é a compreensão de níveis de variabilidade intrapopulacionais tais como
variações ontogenéticas e dimorfismos sexuais. Este fato deve ser observado
para evitar erros na interpretação de dados sobre diferentes populações de
um táxon. O estudo da variação intrapopulacional possibilita a seleção
prévia de caracteres menos influenciados pelos fatores etários ou sexuais
(Brandt & Pessôa, 1994; Pessôa & Reis, 1994; Bandouk & Dos-Reis, 1995).
Considerando-se que diante de uma mesma população os fatores
ambientais influenciam os indivíduos de uma forma semelhante, espécimes
de uma mesma localidade são úteis em análises de variações morfométricas,
pois constituem uma forma de controlar possíveis efeitos de fatores residuais
sobre a variação observada permitindo observar as variações que decorrem
exclusivamente do sexo e idade de cada indivíduo (Moreira, 2007).
Como ponto inicial no estudo da variabilidade etária em A. cursor os
indivíduos utilizados nas análises morfológicas obtiveram suas idades
estabelecidas a partir da avaliação do desgaste da série molar superior (M1,
M2 e M3) com base nas condições de ocorrência de dobras e projeções de
esmalte de cada molar. Como este desgaste decorre de um conjunto de
variáveis foi estabelecida uma alocação dos espécimes em idades relativas.
As terminologias utilizadas nas descrições das topologias dentárias seguem
Reig (1977).
As mudanças observadas nos crânios de A. cursor devido à idade
foram testadas estatisticamente com o uso de análises de variância (ANOVA)
para cada sexo separadamente e em conjunto. Para identificar as categorias
etárias que apresentaram variáveis com médias significativamente distintas
foi realizado teste de Tukey, estabelecido o nível de significância de 5%.
Informações sobre o grau de obliteração de suturas e o
desenvolvimento de estruturas cranianas têm sido utilizadas por diversos
autores para determinar classes etárias relativas em roedores (Christoff, 1997;
Lessa & Pessôa, 2005). Como método auxiliar na determinação das diferenças
19
devido à idade foram avaliadas duas características ao longo do intervalo
ontogenético dos animais: (1) o grau de desenvolvimento do osso lacrimal e
(2) a forma da caixa craniana.
Para observar a variação sexual, cada caráter foi comparado por sexo
dentro de uma mesma classe etária. Para avaliar diferenças significativas
entre os sexos foi realizado o teste t de Student.
Todas as análises univariadas foram realizadas através do software
Statistica 6.0 para Windows (Statsoft, 2001).
Na busca por padrões gerais de variação no tamanho e forma ao
longo das amostras foram realizadas Análises de Componentes Principais
(ACP) a partir da matriz de variância-covariância (Manly, 1994) das 20
variáveis log-transformadas para a amostra do PESB com todas as idades.
Este análise exploratória é apontada como indicadora da variação
multidimensional do fator de tamanho em estudos ontogenéticos com
roedores (Reis et al., 1990; Gonçalves, 2001; Lessa & Pêssoa, 2005). Para
verificar o grau de variação entre os sexos para todas as variáveis
simultaneamente e em todas as classes de idade combinadas, foi realizada
uma Análise Canônica Independente-do-Tamanho (Reis et al., 1990).
As análises multivariadas foram executadas utilizando-se o software
Matlab 4.2 para Windows (Math Works, 1994).
Variação geográfica
Para os dados ausentes (estruturas danificadas e ou quebradas) foi
utilizada uma rotina de verossimilhança máxima de expectativa-
maximização (Dempster et al., 1977). Este procedimento estima os dados
ausentes ajustando interativamente a matriz de variância-covariância dos
caracteres sem alterar acentuadamente a estrutura original dos dados.
Da mesma forma como realizado para a amostra do PESB, foram
executadas ACP como método exploratório para avaliar os padrões gerais de
tamanho e forma entre quatro populações de A. cursor (AC, EF, VIC e PESB).
20
Em seguida foram realizadas análises discriminantes independente do
tamanho com a determinação de grupos geográficos a priori.
Dos vinte caracteres craniométricos medidos, dois deles (CI e LI)
foram excluídos da análise geográfica por apresentarem grande variabilidade
intrapopulacional, de forma semelhante proposta em outros trabalhos (Peres-
Neto, 1995).
Posteriormente foram construídos dendogramas utilizando
agrupamentos baseados nas Distâncias de Mahalanobis. Como forma de
representar graficamente a similaridade multivariada, medida a partir da
distância de Mahalanobis, foi utilizado o método de UPGMA (Unweighted
Pair-Group Method using Arithmetic Averages).
Características qualitativas dos crânios provenientes das oito
localidades foram avaliadas de forma aditiva a fim de verificar possíveis
variações interpopulacionais. Foram avaliadas alterações na forma e
tamanho dos crânios, forma da placa zigomática, o tamanho e forma dos
foramens pós-glenóide e escamosal, a forma das fossas pterigóide e
parapterigóide e a forma do forâmen incisivo.
Resultados
Categorias Etárias
As idades relativas dos indivíduos utilizados nas análises
morfológicas foram estimadas a partir da avaliação do desgaste da superfície
de oclusão da série molar superior (Figura 3). Dessa forma definimos cinco
categorias etárias relativas (1 a 5) de acordo com o desgaste dos molares de
A. cursor em nossa amostra, sendo elas:
Classe 1: M1 e M2 sem desgaste, com suas cúspides bem acuminadas,
posterolofos presentes; M1 com cônulos anterolingual e anterolabial bem
evidentes, anteroflexo mediano bem marcado; M3 não-eclodido ou recém
eclodido ainda com cúspides e flexos não desgastados.
Classe 2: M1, M2 e M3 pouco desgastados, com a superfície oclusiva estreita
e cúspides pouco desgastadas; M1 com anteroflexo mediano bem marcado,
21
muros anterior e posterior estreitos; M1 e M2 com paraflexos e metaflexos
distintos circundando o paracone e o metacone respectivamente, posterolofos
distintos; M3 com cúspides moderadamente desgastadas, sendo o hipocone o
mais desgastado, mas ainda distintas. Paraflexo, metaflexo e hipoflexos ainda
presentes.
Classe 3: M1, M2 e M3 moderadamente desgastados com as cúspides
linguais apresentando formato mais arredondado (M1 e M2) ou reto (M3);
M1 com anteroflexo mediano marcado, muros anterior e posterior estreito;
M1 e M2 com paraflexos e metaflexos circundando o paracone e o metacone
respectivamente, posterolofos bem reduzidos; M3 com metaflexo reduzido e
hipoflexo vestigial, paracone e protocone ainda distintos.
Classe 4: M1, M2 e M3 gastos, com superfície oclusiva bem expandida,
cúspides arredondadas; M1 com anteroflexo mediano vestigial ou ausente,
muros muito expandidos; M2 com paraflexo vestigial ou ausente; M3
apresentando formato triangular e com a presença apenas do paracone.
Classe 5: M1, M2 e M3 gastos, com superfície oclusiva muito expandida,
cúspides (quando presentes) restritas a margem da coroa; M1 com
anteroflexo mediano ausente, flexos reduzidos, vestgiais ou ausentes; M2
com aspecto quadrangular; M3 cilíndrico.
Com relação às características qualitativas relacionadas à idade, o
lacrimal apresentou aumento de tamanho ao longo do desenvolvimento
etário de A. cursor. A caixa craniana demonstrou variação no tamanho e na
forma ao longo da ontogenia da espécie (Figura 4). Para os indivíduos mais
jovens a caixa craniana apresenta-se em um formato arredondado e no
decorrer do desenvolvimento ontogenético esta estrutura aumenta em
tamanho e toma formatos com traços mais retos, perdendo a característica
inicial. Na Figura 5 é apresentada a série ontogenética de A. cursor
demonstrando o padrão de desenvolvimento ao longo das classes de idade.
22
Variação intrapopulacional
Análises Univariadas
As análises de variância (ANOVA) revelaram diferenças de tamanho
na média das variáveis entre as categorias etárias relativas de A. cursor.
Foram identificadas 16 variáveis (CTC, CN, CFI, DIA, LZI, LCC, LRO, LPZ,
CP, LCO, CPP, CBA, LP, CO, AMC, LMB) que apresentaram aumento de
tamanho na média entre as categorias etárias relativas quando analisados os
sexos em conjunto. Este fato demonstra a variação craniana durante a
ontogenia de A. cursor. Apenas a largura interorbital (LIO), o comprimento
da série molar superior (SMS) e a largura (LI) e comprimento (CI) do
interparietal não apresentaram diferenças significativas entre as classes de
idade reconhecidas, demonstrando uma grande variabilidade destes
caracteres morfométricos entre as classes de idade relativas (Tabela 1). Para
ambos os sexos foi observado um padrão de aumento de tamanho das
variáveis na média entre as classes de idade. De uma maneira geral as
variáveis estudadas apresentam um crescimento contínuo durante a
ontogenia da espécie. Porém, algumas delas (CN, CFI, LCC, LPZ, CO)
tiveram um aumento em suas dimensões nas primeiras categorias etárias (1 e
2).
Quando os sexos foram avaliados separadamente observou-se que
machos e fêmeas apresentaram caracteres que aumentaram
significativamente de tamanho em média entre as categorias etárias relativas
sendo 15 (CTC, CN, CFI, DIA, LZI, LCC, LRO, LPZ, CP, SMS, CPP, CBA, LP,
CO, AMC) nos machos e oito (CTC, CN, CFI, DIA, SMS, CP, CBA, LP) nas
fêmeas. A variável SMS (Série molar superior) apresentou-se não
significativa quando avaliados os sexos combinados e significativa com os
sexos separados.
De acordo com o teste de Tukey pode-se detectar quais foram as
classes de idade relativa que apresentaram diferenças significativas entre as
médias das variáveis mensuradas (Tabela 1).
23
As classes de idade relativas foram avaliadas de duas a duas para
diagnosticar a similaridade entre as médias observadas. Este procedimento
foi realizado para a amostra total e com cada sexo. Durante esta etapa foi
Figura 3. Padrões de desgaste dentário da superfície de oclusão da série molar superior
em A. cursor. (A) Idade 1, (B) Idade 2, (C) Idade 3, (D) Idade 4 e (E) Idade 5.
Figura 4. Variação morfológica etária observada na alteração do formato da caixa
craniana (A-C) e desenvolvimento do lacrimal (D-F) ao longo da ontogenia de A. cursor
provenientes do PESB. Idade 1 (A e D), Idade 3 (B e E) e Idade 5 (C e F).
Figura 5. Vista dorsal da série ontogenética de Akodon cursor. Idades 1-5 da esquerda para a
direita. Barra = 10mm.
24
identificado que as classes de idade 3 e 4 apresentaram maior mero de
variáveis com médias estatisticamente iguais. Para a amostra total foram
identificadas 19 variáveis com médias iguais, sendo apenas a média da
variável largura palatal (LP) significativamente distinta. Para as amostras de
cada sexo foi verificado que machos e fêmeas apresentam igualdade de
médias para todas as variáveis entre as classes de idade relativas 3 e 4.
Variação sexual
O teste t revelou diferenças estatisticamente significativas na média de
12 caracteres entre machos e fêmeas (Tabela 2). Apenas para a variável SMS
(Série molar superior) na idade 2 as fêmeas apresentaram tamanho médio
estatisticamente superior aos machos. Foi possível observar que nas idades 4
e 5, machos e fêmeas exibem um maior número de variáveis
significativamente distintas (5) o que demonstra um possível aumento no
dimorfismo sexual durante a ontogenia da espécie.
A análise do dimorfismo sexual com as classes de idade combinadas
mostrou uma diferença significativa para as variáveis LCC (Largura da caixa
craniana) e LRO (Largura rostral) com os machos com valores médios
estatisticamente maiores aos das fêmeas.
Componentes de Variação
A maior proporção de variabilidade adicionada à amostra total dos
exemplares da população de Akodon cursor provenientes da Serra do
Brigadeiro foi pelo resíduo (59,33%). Quando avaliados os indivíduos das
classes de idade relativas de 3 a 5 o resíduo contribuiu com 74,41% da
variação nos dados obtidos. O fator etário é a segunda maior fonte de
variação contribuindo com 32,28% na variação dos dados. A variação etária é
influenciada principalmente por 10 caracteres que possuem valores
superiores a média geral (Tabela 3). Quando analisadas apenas as classes de
idade relativas de 3 a 5 a contribuição do fator etário cai para 10,87%.
25
Tabela 1. Estatística descritiva, análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey[ ] para os sexos combinados das 20 variáveis estudadas em crânios de Akodon cursor
provenientes do PESB. Letras diferentes no teste de Tukey [ ] indicam médias significativamente distintas.
Variável
Classes de Idade
Total
F p Idade 1 Idade 2 Idade 3 Idade 4 Idade 5
N
Média DP N Média DP N Média DP N Média DP N
Média DP N Média DP
CTC 6 25.370[A]
0.661
15 27.864[B]
0.813 24 28.707[C]
0.891 23 29.085[CD]
0.919 9 29.844[D]
1.041
77
28.528 1.390
28.42
0.000
LIO 6 5.215[A]
0.169
15 5.281[A] 0.154 24 5.374[A] 0.202 23 5.360[A] 0.148 9 5.438[A]
0.128 77 5.347 0.174
2.36 0.615
CN 6 9.057[A]
0.376
15 10.307[B]
0.499 24 10.797[C]
0.461 23 10.960[C] 0.450 9 11.327[C]
0.682 77 10.677 0.735
24.83
0.000
CFI 6 5.415[A]
0.362
15 6.026[B] 0.324 24 6.382[C] 0.327 23 6.452[C] 0.328 9 6.731[C] 0.300 77 6.299 0.457
19.19
0.000
DIA 6 6.243[A]
0.249
15 7.089[B] 0.357 24 7.518[C] 0.298 23 7.668[C] 0.372 9 8.188[D]
0.522 77 7.458 0.586
32.28
0.000
LZI 5 13.468[A]
0.617
14 14.468[B]
0.536 24 14.714[B]
0.525 21 14.892[BC]
0.555 8 15.356[C]
0.393 72 14.703 0.665
11.16
0.000
LCC 6 11.406[A]
0.522
15 11.986[B]
0.243 24 12.037[B]
0.353 23 12.053[B] 0.371 9 12.034[B]
0.391 77 11.982 0.389
4.26
0.003
LRO 6 4.220[A]
0.258
15 4.596[AB]
0.324 24 4.689[B] 0.227 23 4.798[BC] 0.306 9 5.052[C] 0.288 77 4.709 0.336
9.08
0.000
SMS 6 4.565[A]
0.152
15 4.509[A] 0.132 24 4.561[A] 0.124 23 4.506[A] 0.146 9 4.564[A]
0.131 77 4.535 0.135
0.79 0.529
LPZ 6 2.138[A]
0.131
15 2.388[B] 0.161 24 2.421[B] 0.214 23 2.472[B] 0.159 9 2.447[B] 0.207 77 2.411 0.197
4.15
0.004
CP 6 10.262[A]
0.279
15 11.242[B]
0.404 24 11.718[C]
0.399 23 11.920[C] 0.445 9 12.503[D]
0.798 77 11.664 0.709
25.52
0.000
LCO 6 6.283[A]
0.413
15 6.574[AB]
0.222 24 6.666[AB]
0.214 22 6.662[AB] 0.230 9 6.991[B] 0.949 76 6.655 0.414
3.17
0.018
CPP 6 3.740[A]
0.371
15 3.816[A] 0.213 24 3.917[AB]
0.261 23 3.990[AB] 0.251 9 4.155[B] 0.291 77 3.933 0.279
3.47
0.001
CBA 6 19.211[A]
0.765
15 21.410[B]
0.621 24 22.226[C]
0.799 22 22.598[C] 0.778 9 24.084[D]
1.148 76 22.154 1.388
37.67
0.000
CI 6 1.560[A]
0.354
15 1.593[A] 0.306 24 1.660[A] 0.338 23 1.558[A] 0.335 9 1.631[A]
0.264 77 1.605 0.319
0.34 0.849
LI 6 6.413[A]
1.166
15 6.769[A] 1.415 24 7.0704[A]
1.187 23 6.652[A] 0.767 9 6.503[A]
1.507 77 6.769 1.160
0.71
0.586
LP 6 2.872[A]
0.209
15 3.205[B] 0.222 24 3.352[B] 0.175 23 3.544[C] 0.167 9 3.835[D]
0.226 77 3.400 0.306
30.58
0.000
CO 6 8.402[A]
0.386
15 9.111[B] 0.347 24 9.159[B] 0.352 23 9.304[BC] 0.303 8 9.575[C] 0.298 76 9.177 0.420
11.93
0.000
AMC 6 8.767[A]
0.375
15 9.198[B] 0.280 24 9.294[B] 0.233 23 9.329[B] 0.332 9 9.465[B] 0.255 77 9.265 0.325
6.09
0.000
LMB 6 3.753[A]
0.414
15 4.101[B] 0.448 24 4.081[B] 0.467 22 4.395[B] 0.381 9 4.104[B] 0.411 76 4.153 0.455
3.29
0.000
26
Tabela 2. Teste t para variação sexual das cinco classes de idade para as 20 variáveis estudadas em crânios de Akodon cursor provenientes do PESB, Minas Gerais.
Valores de t negativos indicam que a média dos machos é maior. Valores p em negrito indicam diferenças estatisticamente significativas entre as médias da
variável para cada sexo.
Classes de Idade
Idade 1 Idade 2 Idade 3 Idade 4 Idade 5
Média(n)
DP
t
p Média(n)
DP
t
p Média(n) DP
t
p Média(n) DP
t
p Média(n)
DP
t
p
CTC
25.22 (1)
0.00
0.20
0.86
27.68 (4) 0.72
-0.47
0.65
28.55 (13) 0.96
-0.82 0.42
28.68 (12) 0.67
-2.44
0.02
28.92 (3)
1.04
-2.35
0.05
25.05 (3)
0.73 27.93 (9) 0.97 28.87 (10) 0.84
29.53 (11) 0.98
30.31 (6)
0.73
LIO
5.15 (1) 0.00
-0.30
0.79
5.35 (4) 0.19
0.90
0.39
5.41 (13) 0.23
0.94 0.36
5.31 (12) 0.14
-1.64
0.12
5.47 (3) 0.11
0.45
0.66
5.23 (3) 0.22 5.26 (9) 0.15 5.33 (10) 0.16
5.41 (11) 0.15
5.42 (6) 0.14
CN
9.30 (1) 0.00
1.46
0.28
10.44 (4) 0.71
0.33
0.75
10.69 (13) 0.41
-1.14 0.27
10.93 (12) 0.34
-0.32
0.75
10.67 (3)
0.19
-2.74
0.03
8.77 (3) 0.32 10.33 (9) 0.45 10.91 (10) 0.52
10.99 (11) 0.56
11.66 (6)
0.59
CFI
5.47 (1) 0.00
1.15
0.37
5.95 (4) 0.31
-0.77
0.46
6.41 (13) 0.40
0.33 0.74
6.35 (12) 0.27
-1.55
0.14
6.53 (3) 0.40
-1.54
0.17
5.21 (3) 0.19 6.10 (9) 0.35 6.36 (10) 0.23
6.56 (11) 0.37
6.83 (6) 0.21
DIA
6.44 (1) 0.00
1.20
0.35
6.96 (4) 0.24
-0.82
0.43
7.49 (13) 0.33
-0.37 0.71
7.54 (12) 0.26
-1.84
0.08
7.62 (3) 0.27
-3.67
0.01
6.08 (3) 0.26 7.15 (9) 0.43 7.54 (10) 0.27
7.81 (11) 0.44
8.47 (6) 0.35
LZI
13.79 (1)
0.00
0.53
0.65
14.64 (4) 0.24
0.80
0.44
14.51 (13) 0.58
-2.20 0.04
14.64 (10) 0.59
-2.11
0.05
15.12 (3)
0.24
-1.43
0.20
13.30 (3)
0.81 14.35 (9) 0.69 14.97 (10) 0.36
15.12 (11) 0.43
15.50 (5)
0.42
LCC
11.00 (1)
0.00
-1.01
0.42
12.09 (4) 0.13
0.84
0.42
11.95 (13) 0.41
-1.56 0.13
11.87 (12) 0.27
-2.86
0.01
11.84 (3)
0.34
-1.04
0.33
11.54 (3)
0.46 11.96 (9) 0.28 12.17 (10) 0.24
12.25 (11) 0.37
12.13 (6)
0.41
LRO
4.11 (1) 0.00
-0.46
0.69
4.50 (4) 0.30
-0.49
0.63
4.65 (13) 0.20
-0.91 0.38
4.69 (12) 0.22
-1.85
0.08
4.75 (3) 0.11
-3.38
0.01
4.30 (3) 0.36 4.60 (9) 0.36 4.74 (10) 0.27
4.92 (11) 0.35
5.20 (6) 0.21
SMS
4.32 (1) 0.00
-5.11
0.04
4.66 (4) 0.09
4.00
0.00
4.52 (13) 0.13
-1.85 0.08
4.46 (12) 0.12
-1.69
0.11
4.45 (3) 0.09
-2.29
0.06
4.54 (3) 0.04 4.44 (9) 0.10 4.61 (10) 0.11
4.56 (11) 0.16
4.62 (6) 0.11
LPZ
2.30 (1) 0.00
1.24
0.34
2.33 (4) 0.09
-0.63
0.54
2.44 (13) 0.22
0.35 0.73
2.43 (12) 0.18
-1.48
0.15
2.43 (3) 0.29
-0.19
0.85
2.10 (3) 0.14 2.39 (9) 0.19 2.40 (10) 0.23
2.52 (11) 0.12
2.46 (6) 0.19
CP
10.19 (1)
0.00
0.11
0.92
11.24 (4) 0.33
-0.07
0.95
11.63 (13) 0.44
-0.97 0.34
11.74 (12) 0.34
-2.24
0.04
11.72 (3)
0.36
-2.90
0.02
10.16 (3)
0.21 11.25 (9) 0.49 11.80 (10) 0.36
12.12 (11) 0.47
12.90 (6)
0.64
27
Tabela 2. (Continuação) Teste t para variação sexual das cinco classes de idade para as 20 variáveis estudadas em crânios de Akodon cursor provenientes do PESB,
Minas Gerais. Valores de t negativos indicam que a média dos machos é maior. Valores p em negrito indicam diferenças estatisticamente significativas entre as
médias da variável para cada sexo.
Classes de Idade
Idade 1 Idade 2 Idade 3 Idade 4 Idade 5
Média(n)
DP
t
p Média(n) DP
t
p Média(n) DP
t
p Média(n) DP
t
p Média(n) DP
t
p
LCO
5.98 (1) 0.00
-0.41 0.72
6.69 (4) 0.26
1.18 0.26
6.64 (13) 0.20
-0.78 0.44
6.60 (12) 0.24
-1.45 0.16
6.61 (3) 0.23
-0.84
0.43
6.26 (3) 0.59
6.53 (9) 0.22
6.71 (10) 0.24
6.74 (10) 0.21
7.18 (6) 1.13
CPP
3.44 (1) 0.00
-0.74 0.54
3.95 (4) 0.25
1.72 0.11
3.84 (13) 0.23
-1.16 0.26
3.92 (12) 0.18
-1.51 0.15
4.00 (3) 0.29
-1.16
0.28
3.88 (3) 0.51
3.73 (9) 0.19
3.96 (10) 0.25
4.07 (11) 0.30
4.23 (6) 0.28
CBA
18.86 (1) 0.00
-0.04 0.97
21.16 (4) 0.43
-0.85 0.41
22.07 (13) 0.88
-0.91 0.37
22.24 (12) 0.69
-2.69 0.01
22.81 (3) 0.53
-4.01
0.01
18.90 (3) 0.88
21.50 (9) 0.75
22.38 (10) 0.71
23.03 (10) 0.68
24.72 (6) 0.73
CI
0.84 (1) 0.00
-14.72
0.00
1.44 (4) 0.22
-0.89 0.39
1.68 (13) 0.38
0.27 0.79
1.54 (12) 0.33
-0.31 0.76
1.44 (3) 0.19
-1.75
0.12
1.69 (3) 0.05
1.61 (9) 0.34
1.64 (10) 0.32
1.58 (11) 0.36
1.73 (6) 0.25
LI
4.52 (1) 0.00
-10.38
0.01
6.26 (4) 2.05
-0.66 0.52
7.22 (13) 0.85
0.84 0.41
6.85 (12) 0.74
1.29 0.21
5.92 (3) 1.67
-0.80
0.45
6.32 (3) 0.15
6.86 (9) 1.29
6.80 (10) 1.57
6.44 (11) 0.77
6.79 (6) 1.49
LP
3.02 (1) 0.00
0.70 0.56
3.28 (4) 0.15
0.54 0.60
3.31 (13) 0.17
-1.21 0.24
3.51 (12) 0.15
-0.89 0.38
3.75 (3) 0.14
-0.78
0.46
2.79 (3) 0.29
3.20 (9) 0.26
3.40 (10) 0.19
3.58 (11) 0.19
3.88 (6) 0.26
CO
8.69 (1) 0.00
0.67 0.57
9.05 (4) 0.07
-0.45 0.66
9.11 (13) 0.37
-0.67 0.51
9.26 (12) 0.30
-0.74 0.47
9.42 (3) 0.29
-1.20
0.28
8.29 (3) 0.51
9.15 (9) 0.44
9.21 (10) 0.35
9.35 (11) 0.31
9.67 (5) 0.29
AMC
8.66 (1) 0.00
0.71 0.55
9.22 (4) 0.22
0.69 0.50
9.31 (13) 0.26
0.27 0.79
9.19 (12) 0.33
-2.23
0.04
9.34 (3) 0.06
-1.05
0.33
8.53 (3) 0.16
9.11 (9) 0.27
9.28 (10) 0.22
9.48 (11) 0.27
9.53 (6) 0.30
LMB
4.43 (1) 0.00
2.28 0.15
4.15 (4) 0.58
0.04 0.97
3.95 (13) 0.53
-1.59 0.13
4.36 (12) 0.44
-0.41 0.68
3.84 (3) 0.55
-1.43
0.20
3.74 (3) 0.26
4.14 (9) 0.41
4.26 (10) 0.35
4.43 (10) 0.31
4.24 (6) 0.29
n = número amostral; DP = Desvio padrão; CTC (Comprimento total do crânio), LIO (Largura do interorbital), CN (Comprimento dos nasais), CFI (Comprimento do forâmen incisivo), DIA (Diastema), LZI (Largura do
arco zigomático), LCC (Largura da caixa craniana), LRO (Largura rostral), SMS (Série molar superior), LPZ (Largura da placa zigomática), CP (Comprimento palatal), CPP (Comprimento da ponte palatal), LCO (Largura
entre os côndilos occipitais), CBA (Comprimento basilar), LI (Largura do interparietal), CI (Comprimento do interparietal), LP (Largura palatal), CO (Comprimento orbital), AMC (Altura máxima do crânio), LMB
(Largura máxima da bula).
28
Tabela 3. Valores percentuais de contribuição dos componentes de variação (Sexo, Idade e Interação)
para as variáveis morfométricas avaliadas na população de A. cursor do PESB.
Idades 1 a 5 Idades 3 a 5
Variável N Sexo Idade Interação Resíduo
N Sexo Idade Interação Resíduo
CTC 77 6,2 62,02 0 31,78 56 19,64 10,04 2,18 68,14
LIO 77 0 8,64 1,02 90,34 56 0,00 0,00 9,01 90,99
CN 77 0 56,36 5,56 38,08 56 4,56 1,33 14,31 79,81
CFI 77 0,66 54,49 0 44,85 56 0,03 7,61 0,00 92,36
DIA 77 2,8 60,94 6,96 29,3 56 5,73 17,68 20,93 55,66
LZI 72 4,45 39,21 4,47 51,87 53 25,10 14,57 0,00 60,33
LCC 77 11,29 16,68 0,52 71,51 56 22,80 0,64 0,00 76,57
LRO 77 11,64 31,51 0 56,85 56 17,84 11,02 5,12 66,03
SMS 77 0 0 39,49 60,51 56 30,06 4,11 0,00 65,83
LPZ 77 0 17,59 0 82,41 56 0,00 2,14 0,00 97,86
CP 77 5,78 54,56 7,88 31,78 56 15,83 10,01 18,76 55,40
LCO 76 0,78 13,62 6,05 79,55 55 3,52 3,89 7,52 85,07
CPP 77 3,67 8,45 17,83 70,05 56 23,08 9,4 0,00 67,48
CBA 76 6,32 67,56 3,14 22,98 55 14,17 30,25 11,45 44,13
CI 77 0,1 0 8,08 91,82 56 0,00 0,00 0,00 100,00
LI 77 0 0 2,74 97,26 56 0,03 0,00 0,00 99,97
LP 77 0 67,56 0,87 31,57 56 3,61 61,60 0,00 34,79
CO 76 1,23 39,13 0 59,64 55 4,25 19,90 0,00 75,85
AMC 77 0 39,85 3,71 56,44 56 2,68 0,00 5,13 92,19
LMB 76 0 7,45 4,61 87,94 55 7,11 13,17 0,00 79,72
Média 2,75 32,28 5,64 59,33 10,00 10,87 4,72 74,41
CTC (Comprimento total do crânio), LIO (Largura do interorbital), CN (Comprimento dos nasais), CFI (Comprimento do forâmen
incisivo), DIA (Diastema), LZI (Largura do arco zigomático), LCC (Largura da caixa craniana), LRO (Largura rostral), SMS (Série
molar superior), LPZ (Largura da placa zigomática), CP (Comprimento palatal), CPP (Comprimento da ponte palatal), LCO
(Largura entre os côndilos occipitais), CBA (Comprimento basilar), LI (Largura do interparietal), CI (Comprimento do interparietal),
LP (Largura palatal), CO (Comprimento orbital), AMC (Altura máxima do crânio), LMB (Largura máxima da bula).
Análises Multivariadas
A ACP foi calculada para explorar os padrões de variação nos fatores
de tamanho e forma ao longo das cinco classes etárias dos indivíduos
coletados no PESB. O primeiro Componente Principal (CP1) sumarizou
38,04% do total da variação e o segundo Componente (CP2) 26,72%, o que
explica um total de 64,76% da variação etária dentro da amostra. Todos os
caracteres encontraram-se positivamente correlacionados com o CP1,
podendo este ser interpretado como um eixo de variação no fator tamanho.
Entretanto não foi possível uma total separação das classes de idade pelo
CP1 sendo a distinção entre a classe de idade relativa 1 e as demais melhor
evidenciada pelo eixo do CP2. Esta análise não foi concordante com a
29
estatística univariada a qual foi útil na distinção das classes de idade pela
ANOVA, o que determina uma diferença da classe 1 com as demais em
relação ao tamanho das variáveis (Figura 6A).
Uma das exigências da ACP é de que as variáveis apresentem uma
correlação linear entre si, o que ocorre de uma maneira geral para variáveis
morfométricas, visto que um organismo cresce ”por inteiro” (Peres-Neto,
1995). Dessa forma, foram excluídas as variáveis CI e LI por possuírem
elevada variabilidade entre as classes de idade. Em seguida realizou-se uma
nova ACP. Nesta segunda análise o CP1 sumarizou 57,68% do total da
variação e o CP2 14,29%, totalizando 71,97% da variação. Novamente o CP1
obteve todos os caracteres positivamente correlacionados. Nesta análise foi
possível observar que as classes de idade estão claramente distribuídas em
ordem crescente no espaço morfométrico multivariado, mesmo ocorrendo
algumas áreas de sobreposição. Elipses com intervalo de confiança de 95%
obtidas para os centróides facilitam a interpretação dos padrões
discriminantes para as classes etárias (Figura 6B). A partir deste gráfico é
possível observar a consonância da ACP com as análises univariadas,
observando maior similaridade entre os indivíduos das classes 3 e 4 em
relação às demais.
A análise Canônica Discriminante Independente do Tamanho para a
variação sexual dentro da população do PESB corroborou as análises
univariadas demonstrando um reduzido dimorfismo sexual entre os sexos
apontado pela alta sobreposição dos escores individuais. Os machos
apresentaram tamanhos ligeiramente superiores aos das fêmeas (Figura 7).
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5
CP1 (38,04%)
3.1 3.2 3.3 3.4 3.5
0.24
0.26
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4
4
4
4
4
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
CP1 (57,68%)
CP2 (14,29%)
3.1 3.2 3.3 3.4 3.5
0.24
0.26
0.28
0.3
0.32
0.34
0.36
0.38
0.4
1
2
3
4
5
CP1 (57,68%)
CP2 (14,29%)
Figura 6. Análise de Componentes Principais (CP1 e CP2) dentro da população de Akodon cursor
proveniente do PESB. (A) Projeção dos escores individuais identificados pela idade relativa (1, 2, 3, 4 e
5) e elipses de 95% de confiança dos centróides das amostras com os 20 caracteres morfométricos; (B)
Projeção dos escores individuais identificados pela idade relativa (1, 2, 3, 4 e 5) e elipses de 95% de
confiança dos centróides das amostras sem os caracteres CI e LI.
A
B
31
Figura 7. Projeção dos escores individuais de indivíduos machos (o) e fêmeas (+) de Akodon
cursor provenientes do PESB para a análise discriminante canônica independente do
tamanho.
Variação geográfica
As análises de Componentes Principais e Discriminante Canônica
evidenciaram uma separação entre as populações do Parque Estadual da
Serra do Brigadeiro (PESB) e de Viçosa (VIC) com a população de Espera
Feliz (EF) assumindo uma posição intermediária entre elas. A população de
Abre Campo (AC) apresentou áreas de sobreposição com as populações de
EF e do PESB na análise de componentes principais. Para a Análise de
Componentes Principais realizada com as amostras de AC, EF, VIC e do
PESB, o primeiro componente principal (CP1) representou 58,56% da
variação enquanto o segundo componente principal (CP2) respondeu por
10,98%. Todos os 18 caracteres apresentaram coeficientes positivos com
relação ao CP1, podendo dessa forma ser interpretado com um eixo de
variação do tamanho. Ao longo do eixo CP1 observou-se que somente a
população de AC mostrou-se mais distinta, mas ainda assim apresentando
sobreposição as demais, possivelmente um artefato da baixa amostragem
(n=3). Entretanto, no eixo CP2, foi possível visualizar uma separação entre as
32
populações de EF, de VIC e do PESB (Figura 8).
Na análise discriminante canônica independente do tamanho, as duas
primeiras variáveis VC1 e VC2 explicaram 50,15% e 29,51%, respectivamente,
da discriminação morfométrica craniana entre os grupos. De acordo com essa
análise, as populações de Viçosa e do PESB discriminam-se ao longo de VC1
e encontram-se totalmente sobrepostas ao longo do eixo VC2. A população
de EF mostrou-se distinta com relação às demais ao longo do eixo VC2. No
eixo de VC1 apresentou uma sobreposição com a população do PESB.
3.3 3.35 3.4 3.45 3.5 3.55
-0.36
-0.35
-0.34
-0.33
-0.32
-0.31
-0.3
1
2
3
4
PC1 (58,56%)
PC2 (10,98%)
Figura 8. Análise de Componentes Principais com as elipses de 95% de confiança dos
centróides das amostras das populações de Akodon cursor de remanescentes de Mata
Atlântica do Estado de Minas Gerais. 1- Abre Campo, 2- Parque Estadual da Serra do
Brigadeiro, 3- Espera Feliz e 4- Viçosa.
Assim como na ACP a população de Abre Campo apresentou uma
elipse de 95% de confiança dos dados com grande amplitude para a análise
canônica. Esta população apresentou sobreposição com as demais ao longo
do eixo VC1 sendo discriminada somente pelo eixo de VC2 (Figura 9).
Provavelmente devido ao artefato de amostragem a população de Abre
Campo apresentou intervalos de confiança de grandes amplitudes. Portanto
as considerações a respeito desta população devem ser cautelosas até que um
maior número de exemplares seja adicionado à amostra.
33
Os vetores de correlação, entre as variáveis analisadas, que mais
contribuíram para a diferenciação entre as populações foram o comprimento
total do crânio (CTC), o comprimento do forâmen incisivo (CFI), a largura da
caixa craniana (LCC) e o comprimento basilar (CBA) (Figura 10).
Com base na análise qualitativa dos exemplares examinados não
foram encontradas características distintas entre as populações sob estudo.
De uma forma geral os crânios de A. cursor analisados apresentaram os ossos
nasais e lacrimais ultrapassando a parte anterior dos incisivos, os foramens
incisivos ultrapassando a linha de M1 atingindo a altura do protoflexo, a
placa zigomática muito variável podendo obter aspecto “reto” ou
“arredondado”, foramens pós-glenóide e pós-escamosal similares em
tamanho, ausência de cristas supra-orbitais, séries molares paralelas, fossa
pterigóide em forma de “U” atingindo o limite posterior de M3 e a fossa
parapterigóide estreita na porção anterior com leve expansão na região
posterior.
O padrão de agrupamento fornecido pelo UPGMA demonstra uma
separação da população de Abre Campo com relação às demais. As
populações de Viçosa e Espera Feliz mostraram-se mais similares de acordo
com o fenograma obtido (Figura 11).
34
-3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
VC1 (50,15%)
VC2 (29,51%)
Figura 9. Análise Discriminante Canônica Independente do Tamanho com as elipses de 95%
dos centróides das amostras das populações de remanescentes de Mata Atlântica do Estado
de Minas Gerais. 1- Abre Campo, 2-Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, 3- Espera Feliz e
4- Viçosa.
-1 -0.5 0 0.5 1
-18
-16
-14
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
Correlação de VC1 com as variáveis
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Figura 10. Correlação das 18 variáveis com relação ao eixo
da variável canônica 1 (VC1). 1- CTC, 2- LIO, 3- CN, 4- CFI, 5- DIA,
6- LZI, 7- LCC, 8- LRO, 9- SMS, 10- LPZ, 11- CP, 12- LCO, 13- CPP, 14- CBA,
15- LP, 16- CO, 17- AMC, 18- LMB.
35
0510152025
1
2
3
4
Figura 11. Fenograma construído por UPGMA ilustrando os padrões de similaridade
morfométrica inferidos a partir das Distâncias de Mahalanobis. Abreviações das localidades:
1- Abre Campo, 2-PESB, 3- Espera Feliz e 4- Viçosa.
Discussão
Variação intrapopulacional
O aumento nas dimensões cranianas é mais acentuado durante o início
do desenvolvimento ontogenético da espécie de acordo com os dados
obtidos em nosso estudo. Apesar da diferença entre as classes de idade
relativas, o fator responsável pela maior variação dos dados correspondeu ao
resíduo (59,33%) contra 32,28% correspondentes ao fator etário. Estes dados
diferem de estudos em geral, os quais têm demonstrado que o fator
ontogenético é responsável pela maior parte da variação encontrada em
populações de roedores, como Oryzomys (Brandt & Pessôa, 1994) e
Zygodontomys (Voss et al., 1990). Entretanto, a maior fonte de variação
referida ao fator residual foi encontrada também para a população do roedor
Thaptomys nigrita proveniente do PESB (Moreira, 2007).
Distância de Mahalanobis
36
Alterações qualitativas ao longo da ontogenia craniana em roedores
têm sido apontadas como indicativas para a classificação etária de indivíduos
(Brandt & Pêssoa, 1994; Christoff, 1997; Lessa & Pêssoa, 2005). A análise
qualitativa dos crânios de A. cursor em nosso estudo permitiu a visualização
da alteração da forma da caixa craniana e desenvolvimento do lacrimal ao
longo da ontogenia da espécie demonstrando a aplicação de carcacteres
qualitativos na determinação de classes etárias em A. cursor. Para a região
rostral também foi evidenciado um grande desenvolvimento, fato este
evidenciado em outros trabalhos com A. cursor provenientes de várias
localidades do país (Christtof, 1997).
As análises de componentes principais auxiliaram na distinção das
classes etárias, principalmente quando retirados os caracteres com alta
variabilidade (CI e LI). Com esta análise foi possível a visualização do
crescimento contínuo ao longo da ontogenia da espécie, padrão comum
encontrado em diversos estudos (Oliveira, 1992; Pessôa & Reis, 1992; Brandt
& Pessôa, 1994; Pessôa & Reis, 1994; Lessa & Pessôa, 2005).
O dimorfismo sexual pode ocorrer entre os sigmodontíneos (Suaréz et
al.,1998) mas em geral é pouco observado (Voss, 1988). Estudos com espécies
das tribos oryzomyini (Brandt & Pessôa, 1994) e akodontini (Moreira, 2007)
demonstraram baixo dimorfismo em caracteres secundários para as espécies
estudadas. Trabalhos realizados com Akodon cursor apontaram distinções
quanto à relevância do dimorfismo sexual para a espécie (Geise et al., 2005).
Neste mesmo trabalho os autores demonstraram que dentre 20 caracteres
avaliados para amostras da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo,
14 deles mostraram-se significativamente distintos entre os sexos. Christtof
(1997), por outro lado, não detectou diferenças significativas em amostras do
Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo entre
indivíduos de sexos diferentes. Para a população de A. cursor do PESB não
foram evidenciadas distinções relevantes entre os sexos sendo observada
apenas uma pequena variação em dois caracteres (LCC e LRO) que se
mostraram distintos entre os sexos na análise univariada com a amostra total.
37
Tanto a variação adicionada pelo sexo quanto pela interação entre o sexo e a
idade apresentam pequena contribuição confirmando o reduzido dimorfismo
observado pelo teste t. A análise discriminante canônica independente do
tamanho reforçou o baixo dimorfismo na amostra estudada.
Variação geográfica
Padrões de variação geográfica em caracteres morfológicos podem ser
causados pelas condições ecológicas atuais e fatores históricos (Thorpe,
1987). Muitos trabalhos com roedores têm demonstrado a diferenciação de
populações ao longo da distribuição geográfica auxiliando na determinação
dos limites geográficos ou na descrição de novas espécies (Dos-Reis et al.,
1990; Lessa et al., 2005; Gonçalves et al., 2007; Moreira, 2007).
Análises estatísticas multivariadas m permitido uma melhor
compreensão sobre a diversidade morfológica de vários táxons. Estudos com
roedores caviídeos (Lessa et al., 2005) e sigmodontíneos (Gonçalves et al.,
2007; Moreira, 2007) têm demonstrado a presença de variações morfológicas
ao longo da distribuição geográfica destes táxons seja por fatores ecológicos
ou históricos. Estes estudos apontam distinções entre as populações no
espaço morfométrico multivariado identificando diferenciações em nível
específico (Gonçalves et al., 2007) ou variações clinais entre populações (Lessa
et al., 2005)
Considerando-se as populações com maior número de indivíduos
avaliadas neste estudo (EF, VIC, PESB) as análises multivariadas exibem uma
distinção destas ao longo dos eixos de variação. Pela observação do gráfico
gerado pela análise de componentes principais não é possível separar estas
populações em termos de tamanho (eixo CP1). Por outro lado, estas
populações com amostras maiores mostraram-se claramente distintas,
quando avaliados os intervalos de confiança, ao longo do eixo CP2 que está
mais relacionado à forma do crânio.
Aos componentes de tamanho e forma têm sido atribuídos pesos
distintos na taxonomia e sistemática, sendo a variação na forma considerada
38
como o mais previsível da variação genética (Straney, 1987). Estudos
morfológicos sugerem que a variação na forma craniana está correlacionada
com diferenças genéticas (Patton & Brylski, 1987). Posteriormente Smith &
Patton (1988) relacionaram o tamanho e a forma craniana com componentes
de diferenciação ecológicos e históricos, sugerindo que unidades evolutivas
independentes poderiam ser reconhecidas por unidades geográficas que
apresentassem padrões semelhantes na forma craniana e na variação genética
(Smith & Patton, 1988). Sendo assim, os resultados obtidos em nosso trabalho
correspondem a unidades geográficas distintas ao longo do eixo
representativo da forma craniana. As populações de VIC e do PESB
mostraram-se totalmente distintas de acordo com a análise dos Componentes
Principais o que foi corroborado pela Análise Discriminante Canônica
Independente do Tamanho.
Uma das hipóteses explicativas para a diferenciação morfológica
observada para estas populações pode estar associada ao efeito altitudinal.
Sabe-se que áreas de altitude no Sul e Sudeste do Brasil são detentoras de
espécies endêmicas (e.g. Akodon mystax, Oxymycterus caparoe), que possuem
suas histórias evolutivas correlacionadas aos eventos que levaram a
formação dos ambientes campestres (campos de altitude) onde são
encontradas (Hershkovitz, 1998; Gonçalves et al., 2007). Dessa forma, a
variação altimétrica entre VIC (~700m) e o PESB (1300-1500m) determina
uma mudança que tanto pode atuar na variação da temperatura e/ou na
diferenciação da composição vegetacional. Estes efeitos poderiam atuar de
forma distinta sobre as populações estudadas justificando as diferenças
observadas na forma craniana.
Registros de Akodon cursor em altitudes em torno dos 1.500m, como os
encontrados no PESB, não são comuns, sendo possivelmente esta população
a que apresenta maior altitude de distribuição reconhecida (Geise com.
pess.). A população de A. cursor de VIC encontra-se a uma altitude média de
700m, bem inferior a observada para a população do PESB. Já a população de
Espera Feliz apresentou-se em uma posição intermediária entre as
39
populações do PESB e de VIC com relação à altitude. Este município,
localizado aos arredores do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro,
apresenta altitude média de 1.100m. Estes dados podem corroborar uma
hipótese de que o incremento na altitude possa influenciar a diferenciação
morfológica em A. cursor. O fenograma obtido em nosso estudo é mais um
indicativo favorável a hipótese de diferenciação ao longo de um gradiente
altitudinal. A amostra de Abre Campo com altitude média em torno de 600m
apresentou maior dissimilaridade com relação às demais enquanto que as
amostras mais próximas foram Viçosa e Espera Feliz, as quais possuem uma
menor diferença com relação ao gradiente de altitude.
Outro fator relevante para a compreensão da diferenciação
morfológica craniana observada seria a influência da competição
interespecífica sobre a população de A. cursor presente no PESB. Esta
competição, ao longo do tempo evolutivo, pode resultar em fenômenos como
o deslocamento de caracteres (Arthur, 1987). Vários trabalhos vêm
demonstrando a relação entre morfologia e ecologia, especialmente quanto
ao uso de hábitat e a dieta (Scheibe, 1987). Na área de VIC, para o gênero
Akodon, é encontrada a espécie A. cursor (Paglia et al., 1995; Lessa et al.,
1999). Nas áreas do PESB (Moreira et al., no prelo) e de EF (Brinati, com.
pess.) são encontrados em simpatria indivíduos de A. cursor e A. serrensis. A
presença de A. serrensis é restrita a ambientes com altitudes superiores a
1000m sendo este um dos motivos de sua ausência na região de VIC. Com
isso, a presença de A. serrensis na área do PESB pode ser um fator que
influenciou e ainda influencia o uso do habitat e a dieta da espécie A. cursor,
fato este que pode refletir na modificação do formato do crânio que foi
observado entre estas áreas através das análises multivariadas.
Estudos citogenéticos realizados com as populações do PESB e de VIC
não foram suficientes para diagnosticar diferenças marcantes entre as
populações (Manduca et al., neste volume). Ambas as populações
apresentaram diferentes citótipos entre seus indivíduos, sendo apenas um
restrito ao PESB e os demais comuns as duas localidades. Com relação aos
40
estudos moleculares, A. cursor apresenta grande variabilidade haplotípica
com pequeno padrão geográfico (Geise et al., 2001). Recente trabalho
publicado com dados moleculares oriundos de espécimes coletados no PESB
não destacam qualquer diferenciação destes com outras populações de A.
cursor (Gonçalves et al., 2007). Entretanto, os dados morfológicos obtidos em
nosso estudo sugerem, mesmo que de forma incipiente, um padrão
morfológico para A. cursor que provavelmente está associado à influência da
altitude.
A adição de um maior número de indivíduos de diferentes localidades
em cotas altimétricas distintas podem auxiliar no entendimento desta
variação reportada durante nosso estudo. Futuras análises moleculares
poderão contribuir para o entendimento da variação morfológica
diagnosticada para estas populações, auxiliando o entendimento da
distribuição geográfica da diversidade morfológica desta espécie e com a
definição dos possíveis fatores (e.g. altitude, temperatura, vegetação)
determinantes destas modificações.
Agradecimentos
Aos biólogos Jânio Moreira e Pablo Gonçalves pelo auxílio nas coletas
no PESB e suporte nas análises estatísticas. Ao biólogo Rômulo D’ângelo pela
ajuda com os softwares estatísticos. Ao biólogo Rodolfo Stumpp pelo auxílio
na localização de espécimes no acervo do MZUFV e coletas em Viçosa. À
UFV na pessoa do professor Renato Neves Feio, curador da coleção zoológica
do MZUFV. Ao biólogo Alessandro Brinati pelos exemplares de Espera Feliz
cedidos para estudo. Ao Museu de Ciências Naturais da PUC-MG na pessoa
da Profª Tudy Câmara pela disponibilização do acervo mastozoológico.
41
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45
Anexo
Espécimes analisados
Os dados morfológicos são oriundos de exemplares depositados no
Museu de Zoologia João Moojen, Viçosa (AB, GL, MPB, MZUFV, PMR, PRG)
e Museu de Ciências Naturais da PUC-Minas (MCN-PUC).
[1] Município de Abre Campo, Zona da Mata, Minas Gerais: MCN-PUC 402,
403, 404. [n=3]
[2] Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), Minas Gerais: MZUFV
516, 617, 618, 619, 679, 680, 1077, 1149, 1157, 1158, 1160, 1161, 1162, 1163, 1164,
1165, 1166, 1167, 1168, 1169, 1170, 1171, 1173, 1175, 1176, 1179, 1181, 1182,
1183, 1185, 1186, 1214, 1216, 1217, 1219, 1220, 1226, 1227, 1228, 1230, 1232,
1233, 1235, 1241, 1244, 1245, 1263, 1264, 1265, 1268, 1269, 1277, 1284, 1288,
1298, 1301, 1625, 1629, 1636, 1647, 1649, 1652, 1657, 1890, 1892, 1893, 1894,
1895, 1896, 1897, 1898, 1909, 1910, 1917, 2042, 2086, 2088. [77]
[3] Município de Canaã, Minas Gerais: GL 434. [n=1]
[4] Município de Espera Feliz, Minas Gerais: AB 049, MZUFV 397, 399, 2099,
2102, 2103, 2107, 2117, 2110, 2231, 2242, 2246. [n=12]
[5] Município de Leme do Prado, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais:
MZUFV 2404. [n=1]
[6] Município de Mariana, Minas Gerais: MCN-PUC 118. [n=1]
[7] Município de Pedra do Anta, Minas Gerais: MCN-PUC 406. [n=1]
[8] Município de Viçosa, Minas Gerais: PMR 005, 008, 015, 016, MPB 045, 061
MZUFV 200, 205, 214, 223, 225, 415, 416, 417, 418, 423, 425, 427, 428, 429, 430,
431, 433, 434, 437, 438, 439, 440, 442, 443, 450, 591, 592, 593, 594, 635, 637, 640,
645, 648, 652, 660, 697, 698, 723, 726, 850, 854, 855, 858, 860, 861, 871, 872, 873,
877, 878, 883, 910, 911, 912, 954, 1072, 1944, 1948, 1949, 1950, 1951, 1966, 1967,
1969, 1975, 1978, 2011, 2014, 2015, 2045, 2085, 2090, 2091, 2198, 2205, 2311,
2327, 2335, 2336, 2340, 2385. [n=88]
46
2.2. Manduca, E.G., C.B. Lima, J.A. Dergam & G. Lessa. 2008. Análise
citogenética em Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no Estado de
Minas Gerais.
47
Análise citogenética em Akodon cursor (Rodentia:Sigmodontinae) no
Estado de Minas Gerais.
Edmar G. Manduca, Claudinéia B. Lima, Jorge A. Dergam e Gisele Lessa
Introdução
O gênero Akodon compreende atualmente 41 espécies sendo
distribuído por toda a América do Sul. Está incluído na Família Cricetidae,
Subfamília Sigmodontinae, Tribo Akodontini (Musser & Carleton, 2005).
A espécie Akodon cursor tem distribuição conhecida no Brasil, sendo
encontrado na Mata Atlântica e em áreas de transição com o Cerrado.
Apresenta características morfológicas bastante semelhantes a outras
espécies do gênero (e.g. Akodon montensis), o que pode dificultar a sua
identificação em campo. As técnicas citogenéticas, por outro lado, são
extremamente úteis na diferenciação desses táxons (Christoff, 1997).
Akodon cursor é caracterizado por apresentar grande variabilidade
cariotípica, tanto no número diplóide (2n) como no número fundamental
(NF). Em uma amostra de 311 espécimes distribuídos nos Estados da Bahia,
Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, foram encontrados animais
com 2n variando de 14 a 16 e NF entre 26 a 18 (Fagundes et al., 1998). Nas
populações do nordeste, apenas o cariótipo 2n=16 foi detectado (Maia &
Langguth, 1981).
Essa grande diversidade cariotípica é explicada por diferentes
processos que envolvem inversões pericêntricas, fusões cêntricas, trissomias
e monossomias, observadas principalmente nas amostras do Sul e do Sudeste
do Brasil (Fagundes, et al., 1997; Fagundes et al., 1998; Nascimento, 1998).
Fagundes e colaboradores (1998) sumarizaram todas as informações
cariotípicas acerca de A. cursor ao longo de sua distribuição geográfica.
Porém, neste estudo não se tem registros de dados citogenéticos relativos a
amostras desta espécie em Minas Gerais. Este fato demonstra uma lacuna no
conhecimento sobre a distribuição dos diferentes citótipos de A. cursor no
48
Estado mineiro e nas relações destas populações com a história da evolução
cariotípica da espécie.
Neste estudo descrevemos os citótipos de indivíduos de Akodon
cursor coletados no Estado de Minas Gerais, a fim de determinar o grau de
variabilidade destas populações e sua relevância em relação aos dados
existentes ao longo da distribuição geográfica da espécie.
Material e Métodos
Amostras citogenéticas
Uma amostra de 55 indivíduos de A. cursor (30 e 25 ♀) foi obtida de
quatro localidades: Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB)
(♀=8;♂=16), localizado entre oito municípios mineiros (Araponga, Divino,
Ervália, Fervedouro, Pedra Bonita, Miradouro, Muriaé e Sericita) sendo um
dos pontos mais altos da Zona da Mata Mineira (1985m); Estação de
Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso (EPTEA)
(♀=16;♂=13), fragmento de Mata Atlântica localizado no município de
Viçosa, ao norte da Zona da Mata de Minas Gerais; Parque Estadual do Rio
Doce (PERD) (♂=1), o maior fragmento de Mata Atlântica do Estado, com
aproximadamente 33.000ha; e Leme do Prado (LP) (♂=1), município
localizado na região do Vale do Jequitinhonha em uma área de transição
entre os domínios de Mata Atântica e Cerrado. Como forma de comparação
dos dados obtidos neste estudo utilizamos informações relativas à
distribuição geográfica dos diferentes citótipos em estudos já publicados.
Sendo assim, outras seis áreas amostrais fazem parte deste trabalho. No
mapa da Figura 1 é possível identificar os locais sob análise.
Os animais sacrificados tiveram suas peles e crânios preparados. Os
espécimes-testemunho encontram-se depositados no acervo mastozoológico
do Museu de Zoologia João Moojen da Universidade Federal de Viçosa
(MZUFV).
49
Figura 1. Localidades com registros dos diferentes citótipos de Akodon cursor. Losangos
correspondem às áreas amostradas no presente estudo (1- EPTEA; 2-PESB; 3-PERD; 4-LP).
Círculos abertos correspondem às áreas que apresentam citótipos comuns às amostras
mineiras em diferentes regiões (5- localidades do Estado do Rio de Janeiro; 6- Salesópolis-SP;
7- Iguapé-SP; 8- Guaraqueçaba-PR; 9- Una-BA; 10- Rio Formoso-PE, ver Fagundes et al., 1998
para mais detalhes).
Preparações citogenéticas
Os cromossomos metafásicos de cada espécime foram obtidos a partir
da técnica de Ford & Hamerton (1956), com modificações. Após uma injeção
subcutânea de solução de colchicina 0,05% na proporção de 1 mL para cada
100g de peso, cada animal, foi deixado em repouso durante uma hora. Em
seguida foram sacrificados e as células da medula óssea extraídas em solução
hipotônica (KCL 0,075M), permanecendo nesta por 30 minutos a 37ºC. Após
esse período, a suspensão celular foi fixada em solução de metanol e ácido
acético (3:1) e centrifugada durante 10 minutos a 1000RPM. O sobrenadante
50
foi descartado e essa operação repetida mais duas vezes. Em seguida à
fixação, a suspensão celular foi gotejada sobre uma lâmina histológica para a
elaboração das diferentes técnicas.
Coloração Convencional (Giemsa)
Algumas lâminas foram coradas em solução de Giemsa a 5% por 5 a 7
minutos. Esta metodologia foi utilizada para determinação do número e
morfologia dos cromossomos.
Técnica de Bandeamento C (Heterocromatina Constitutiva)
Para evidenciar as regiões heterocromáticas, procedeu-se ao protocolo
de Sumner (1972), com modificações. As lâminas foram expostas a uma
solução de HCl 0,2N a 47ºC por 2 minutos, seguida por imersão em solução
salina 2XSSC a 60ºC por 10 minutos, exposição das lâminas a uma solução de
hidróxido de bário 5% a 47ºC por 60 a 70 segundos e retorno à solução salina
2XSSC a 60ºC por mais 20 minutos. Entre cada passo supracitado foi efetuada
imersão das lâminas em água destilada.
Técnica Ag-NOR (Regiões Organizadoras de Nucléolo)
Para visualizar as regiões organizadoras de nucléolo (NOR´s) as
lâminas foram cobertas com uma mistura contendo quatro gotas de solução
aquosa de nitrato de prata 50%, duas gotas de gelatina (em solução aquosa
com 1% de ácido fórmico) e duas gotas de água destilada e cobertas com
lamínula. Em seguida, foram incubadas em câmara úmida e acondicionadas
em estufa a aproximadamente 60ºC. Após cerca de 2 minutos as lâminas
foram monitoradas até que atingissem uma coloração marrom caramelo e
então lavadas em água corrente para retirada da lamínula (Howell & Black,
1980).
51
Análises citogenéticas
Como forma de analisar diferenças cromossômicas intra e inter
populacionais dos espécimes amostrados, foram contadas pelo menos 20
metáfases de cada espécime, com o intuito de estabelecer seus valores 2n e
NF. As melhores metáfases foram fotografadas em microscópio óptico AXIO
acoplado a uma câmera Canon A620. Os homólogos foram pareados e
agrupados em ordem decrescente de tamanho e com base nos padrões de
bandeamentos observados e seguiram a classificação morfológica proposta
por LEVAN et al. (1964).
Análises Estatísticas
As amostras da EPTEA e do PESB foram tratadas estatisticamente
para verificar o equilíbrio de Hardy-Weinberg com relação aos pares
cromossômicos envolvidos nos polimorfismos detectados. Para a referida
análise foi utilizado o teste de χ
2
. Considerou-se p como a freqüência das
formas acrocêntricas e q como a freqüência das formas submetacêntricas no
par 2 e metacêntricas no par 4. Foi utilizada a probabilidade ao nível de
significância de 5% (p<0,05) com 2 graus de liberdade.
Resultados
Polimorfismo cromossômico
Foram diagnosticados oito diferentes citótipos, denominados aqui de
A a H (Tabela 1) e apresentados na Figura 2. O par sexual presente nos oito
citótipos é representado por um cromossomo X acrocêntrico pequeno e um Y
acrocêntrico diminuto.
O citótipo A foi o único que apresentou 2n = 16 e NF = 25 sendo
restrito a um único indivíduo coletado em LP. Este espécime apresentou os
pares 1, 2 e 3 como submetacêntricos, o par 4 heteromórfico - um
cromossomo metacêntrico e um acrocêntrico - e os pares 5, 6 e 7
homomórficos, sendo metacêntrico, acrocêntrico e metacêntrico diminuto,
respectivamente. Os citótipos com 2n = 14 (B-H) contemplaram toda a
52
amostra restante (n = 54), com variação no NF de 18 a 21. O citótipo B (2n =
14, NF = 18) foi responsável pelo maior número de exemplares representados
(15), sendo encontrado na EPTEA e no PESB. O citótipo C (2n = 14, NF = 19)
obteve registro na EPTEA, no PESB e no PERD com seis, sete e um
indivíduos, respectivamente, totalizando 14 espécimes. O NF = 19, nesse
citótipo, é decorrente do heteromorfismo apresentado pelo par 4, com um
cromossomo metacêntrico e seu correspondente acrocêntrico. O citótipo D
(2n = 14, NF = 20) foi encontrado em seis exemplares, três na EPTEA e três no
PESB. O valor do NF nesse citótipo é devido ao par 4 apresentar-se
homomórfico metacêntrico e o par 2 homomórfico acrocêntrico. O citótipo E
apresenta 2n = 14, NF = 19, assim como o citótipo C. Foi encontrado em sete
indivíduos, sendo seis destes coletados na EPTEA e apenas um no PESB.
Diferentemente do citótipo C, o valor de seu NF decorre de um
heteromorfismo no par 2 que apresenta um cromossomo submetacêntrico e o
correspondente acrocêntrico. O par 4 apresenta-se como homomórfico
acrocêntrico. O citótipo F, encontrado em nove indivíduos (dois na EPTEA e
sete no PESB), apresentou 2n = 14, NF =20. Este valor de NF é encontrado
devido ao heteromorfismo dos pares 2 e 4, sendo o par 2 composto por um
submetacêntrico acompanhado de um acrocêntrico e o par 4 de um
cromossomo metacêntrico acompanhado também por um acrocêntrico. O
citótipo G (2n = 14, NF = 21) foi representado por um único indivíduo
coletado no PESB. Neste caso o heteromorfismo do par 2 - apresentando um
cromossomo submetacêntrico e um acrocêntrico - e a condição homomórfica
do par 4 - com dois cromossomos metacêntricos - são responsáveis pelo valor
do NF. O citótipo H foi identificado na EPTEA e no PESB, com apenas um
indivíduo em cada área. Apresenta 2n = 14, NF = 20 e difere dos demais por
apresentar a condição homomórfica nos pares 2 e 4, sendo os cromossomos
submetacêntricos e acrocêntricos, respectivamente. Na Tabela 2 encontram-se
sintetizados os dados sobre proporção sexual e número de ocorrências de
cada citótipo nas áreas amostradas. De acordo com a Tabela 2 é possível
verificar o maior número de citótipos no PESB (7) seguido pela EPTEA (6) e o
53
PERD e LP com apenas um citótipo cada. O PESB foi avaliado com base em
24 espécimes e apresentou sete citótipos, enquanto a EPTEA, que foi avaliada
com 29 indivíduos, apresentou uma forma citotípica a menos. As localidades
do PERD e LP estão representadas apenas por um único indivíduo, o que
justifica a presença de apenas um citótipo nas respectivas áreas.
Tabela 1. Citótipos encontrados no presente estudo (2n = 16 e 14), com referência aos trabalhos e
localidades onde já foram previamente reportados. Localidades destacadas em negrito correspondem
às amostras do presente estudo. Referências: 1-Yonenaga, 1972; 2-Yonenaga et al., 1975; 3-Yonenaga-
Yassuda, 1979; 4-Maia & Langguth, 1981; 5-Yonenaga-Yassuda et al., 1983; 6- Geise, 1995; 7-Sbalqueiro
& Nascimento, 1996; 8-Fagundes et al., 1998. Para localidade ver legenda da Figura 1.
Citótipo (n) Pares autossômicos 2n
NF
Referências Localidade (Fig.1)
A (1) 1S, 2S, 3S, 4H, 5M, 6A, 7M 16 25 4 4 e 10
B (15) 1+3M, 2A, 4A, 5M, 6A, 7M 14 18 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8 1, 2, 5, 6, 7 e 8
C (14) 1+3M, 2A, 4H, 5M, 6A, 7M 14 19 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8 1, 2, 3, 5, 6, 7 e 8
D (6) 1+3M, 2A, 4M, 5M, 6A, 7M 14 20 1, 2, 6, 7, 8 1, 2, 5, 6, 7 e 8
E (7) 1+3M, 2H, 4A, 5M, 6A, 7M 14 19 1, 2, 6, 7, 8 1, 2, 5, 6, 7 e 8
F (9) 1+3M, 2H, 4H, 5M, 6A, 7M 14 20 2, 3, 5, 6, 7, 8 1, 2, 5, 6, 7, 8 e 9
G (1) 1+3M, 2H, 4M, 5M, 6A, 7M 14 21 5, 6, 7, 8 2, 5, 6, 7 e 8
H (2) 1+3M, 2S, 4A, 5M, 6A, 7M 14 20 7, 8 1, 2 e 8
Total (55)
n = mero de indivíduos, M = metacêntrico, A = acrocêntrico, S = submetacêntrico, H =
heteromórfico (cromossomos acrocêntrico e meta/submetacêntrico), 1+3M = rearranjo complexo
envolvendo inversões pericêntricas e fusões cêntricas dos cromossomos 1 e 3 (Vide Fagundes et al.,
1997 para mais detalhes).
Os polimorfismos encontrados nos pares 2 e 4 foram analisados na
amostra total e comparativamente entre as populações da EPTEA e do PESB
por apresentarem maior número de indivíduos analisados.
Com relação ao polimorfismo encontrado no par 2 foi possível
detectar que a condição homomórfica acrocêntrica foi a mais comum,
ocorrendo em 63,63% de todos os indivíduos analisados, seguida da
condição heteromórfica e da condição homomórfica submetacêntrica com
30,90% e 5,45% respectivamente. Para o par 4 as condições homomórfica
acrocêntrica e heteromórfica obtiveram o mesmo valor (43,63%) e a condição
homomórfica metacêntrica representou apenas 12,72% da amostra.
54
A
B
C
D
E
F
G
H
Figura 2. Citótipos encontrados em Akodon cursor nas amostras dos remanescentes de Mata Atlântica
de Minas Gerais. (A) macho, 2n = 16, 1S, 2S, 3S, 4H, 5M, 6A, 7M; (B) macho, 2n = 14, 1+3M, 2A, 4A,
5M, 6A, 7M; (C) fêmea, 2n = 14, 1+3M, 2A, 4H, 5M, 6A, 7M; (D) macho, 2n = 14, 1+3M, 2A, 4M, 5M,
6A, 7M; (E) fêmea, 2n = 14, 1+3M, 2H, 4A, 5M, 6A, 7M; (F) macho, 2n=14, 1+3M, 2H, 4H, 5M, 6A, 7M;
(G) macho, 2n=14, 1+3M, 2H, 4M, 5M, 6A, 7M; (H)mea, 2n = 14, 1+3M, 2S, 4A, 5M, 6A, 7M.
55
Tabela 2. Tamanho da amostra dos diferentes citótipos e proporção sexual dos espécimes
coletados nos remanescentes de Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais amostrados.
(Vide Tabela 1 para descrição dos citótipos).
Citótipo
EPT
E
A
PESB
PERD
LP
Total
A - - - - - - - 1 - 1
B 1 5 5 4 - - - - 6 9
C
1
5
3
4
1
-
-
-
5
9
D
1
2
3
-
-
-
-
-
4
2
E
3
3
-
1
-
-
-
-
3
4
F 1 1 4 3 - - - - 5 4
G
-
-
-
1
-
-
-
-
-
1
H 1 - 1 - - - - - 2 -
Total
8
16
16
13
1
-
-
1
25
30
∑ Total 24 29 1 1 55
EPTEA- Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso; PESB-
Parque Estadual da Serra do Brigadeiro; PERD- Parque Estadual do Rio Doce; LP- Município
de Leme do Prado.
Quando analisadas as populações da EPTEA e do PESB identificou-se
algumas diferenças quanto a freqüência dos polimorfismos dos pares 2 e 4.
Com relação ao par 2 as populações mostraram-se extremamente
semelhantes sendo a condição homomórfica acrocêntrica dominante (62,5%
na EPTEA e 65,51% no PESB). Em seguida a condição heteromórfica resultou
em 33,33% da amostra da EPTEA e a 31,03% no PESB. O par homomórfico
submetacêntrico foi representado por uma baixa freqüência nas duas
populações sendo de 4,16% na EPTEA e 3,44% no PESB. O par 4 apresentou
condições de maior freqüência distintas entre as populações. Na área da
EPTEA a condição homomórfica acrocêntrica foi responsável pela maior
freqüência de registros representando 54,16% da amostra, enquanto na
população do PESB esta condição contribuiu para 37,93%. A condição
heteromórfica para este par foi a que obteve maior valor para a população do
PESB (48,27%) enquanto na área da EPTEA foi responsável por 33,33%. Com
relação a condição homomórfica metacêntrica as duas populações
apresentaram valores similares (13,79% para o PESB e 12,5% para a EPTEA).
Para o teste de χ
2
tanto os citótipos encontrados na EPTEA quanto os
do PESB não apresentaram diferenças significativas para os polimorfismos
encontrados, demonstrando assim que estes pares de homólogos encontram-
56
se em equilíbrio de Hardy-Weinberg. A Tabela 3 contêm os valores
observados e esperados para os indivíduos homozigotos e heterozigotos para
os pares 2 e 4, bem como os valores relativos ao teste de χ
2
das amostras das
populações da EPTEA e do PESB.
Tabela 3. Frequências das formas cromossômicas, números observados e esperados e valores de χ
2
para os polimorfismos encontrados nos pares 2 e 4 das populações da EPTEA e do PESB.
Local n
PAR 2
p q χ
2
p
A(o;e) H(o;e) S(o;e)
EPTEA 24 0,625(15; 15,04) 0,333(8; 7,91) 0,041(1; 1,04) 0,791 0,208 0,002 p > 0,95
PESB 29 0,655(19; 19,04) 0,31(9; 8,91) 0,034(1; 1,04) 0,81 0,189 0,002 p > 0,95
Local n
PAR 4
p q χ
2
p
A(o;e) H(o;e) M(o;e)
EPTEA 24 0,541(13; 12,04) 0,333(8; 9,91) 0,125(3; 2,04) 0,708 0,291 0,896 0,7< p >0,5
PESB
29
0,379
(11; 11,17)
0,482
(14; 13,65)
0,137
(4; 4,17)
0,62
0,379
0,018
p
> 0,95
n=número de indivíduos; A=Acrocêntrico; H=Heteromórfico; S=Submetacêntrico; M=Metacêntrico;
o=observados; e=esperados; p=freqüência da forma acrocêntrica; q=freqüência da forma
submetcêntrica/metacêntrica.
Técnica Bandeamento C (Heterocromatina Constitutiva)
A análise de bandeamento C foi realizada com os indivíduos de 2n =
14 e revelou blocos heterocromáticos teloméricos em praticamente todos os
indivíduos analisados. O par sexual, de uma maneira geral, apresentou um X
com marcação intersticial e o Y praticamente todo heterocromático. Alguns
indivíduos obtiveram marcações mais distintas, como foi o caso de um
exemplar da EPTEA em que o par 1+3 apresentou marcações
pericentroméricas (Figura 3). Um indivíduo, também coletado na EPTEA,
apresentou o par 1+3 com os braços heterocromáticos e o par 6 com
marcações teloméricas bem evidentes (Figura 4).
57
Figura 3. Técnica de bandeamento C. As setas
evidenciam as regiões com presença de
heterocromatina pericentromérica e telomérica nos
cromossomos 1+3 e 5. Destaque também para o
par sexual.
Figura 4. Indivíduo com o braço do
cromossomo 1+3 e a região telomérica
do par 6 bastante evidenciadas pela
heterocromatina.
Técnica Ag-NOR (Regiões Organizadoras de Nucléolo)
Para a técnica Ag-NOR foram analisados indivíduos com 2n = 14 e 16.
A impregnação por prata possibilitou a visualização de regiões
organizadoras de nucléolo em praticamente todos os cromossomos. Alguns
apresentaram marcações ocasionais provavelmente devido à precipitação
inesperada do nitrato de prata, comum em experimentos deste tipo. Os pares
4 e 5 mostraram marcações mais constantes, aparecendo em praticamente
todas as metáfases analisadas. Para a localidade LP, indivíduo de 2n = 16, foi
possível observar uma região marcada no par 1 submetacêntrico (Figura 5).
Indivíduos da EPTEA e do PESB apresentaram marcações nos pares 4 e 5 e
em alguns casos no cromossomo X e o par 1+3, que foi marcado,
provavelmente por apresentar região heterocromática. Na Figura 6 pode-se
observar o padrão mais comum encontrado para as marcações de NOR e
ainda o cromossomo sexual marcado.
58
Figura 5. Regiões organizadoras de
nucléolo (setas) visualizadas no par 1
submetacêntrico do indivíduo 2n = 16.
Figura 6. Regiões organizadoras de nucléolo
(setas) encontradas no par 4 e no cromossomo
sexual.
Discussão
A grande variabilidade cariotípica documentada para a espécie Akodon
cursor (Yonenaga, 1972; Yonenaga et al., 1975; Yonenaga et al., 1983;
Sbalqueiro & Nascimento, 1996; Fagundes et al., 1997; Fagundes et al., 1998;
Nascimento, 1998) foi reforçada no presente estudo com a distinção de oito
citótipos em populações de Minas Gerais. Os distintos citótipos observados
no presente estudo foram identificados como resultado de dois processos
cromossômicos principais, evocados por Fagundes e colaboradores (1997).
O primeiro processo envolve diferentes combinações de inversões
pericêntricas nos pares 2 e 4 originando formas homomórficas acrocêntricas,
heteromórficas e homomórficas submetacêntrica e metacêntrica para os pares
2 e 4, respectivamente. O segundo refere-se a um complexo rearranjo
envolvendo fusão cêntrica associada com inversões pericêntricas dos pares 1
e 3. Os citótipos encontrados foram coincidentes com outros descritos na
literatura, sendo os indivíduos com 2n = 14 iguais as amostras encontradas
nos Estados da Bahia (Fagundes et al., 1998), Paraná (Nascimento, 1998), Rio
de Janeiro (Geise, 1995) e São Paulo (Yonenaga, 1972; Yonenaga et al., 1975;
Yonenaga et al., 1983; Fagundes et al., 1998) e o indivíduo 2n = 16 possuindo
citótipo igual a indivíduos descritos para o Estado de Pernambuco (Maia &
Langguth, 1981). Animais com 2n = 16 são reconhecidos pela primeira vez no
Estado de Minas Gerais. Este dado corresponde ao segundo registro deste
59
número diplóide fora da região Nordeste. No presente estudo não foi
identificado nenhum indivíduo com 2n=15.
Com relação ao citótipo vinculado ao valor 2n =16, encontrado apenas
em um único indivíduo deste estudo coletado no município de Leme do
Prado, foi verificado que o mesmo (2n=16 NF=25) possuía registro único
para o Estado de Pernambuco sendo reportado pela primeira vez fora desta
localidade o que amplia em mais de 1200 km a sua área de distribuição. O
reconhecimento desta população é importante, pois fornece uma nova base
de dados sobre a evolução cariotípica desta espécie e seu valor adaptativo.
Um maior número de indivíduos desta população nos permitirá também
observar se este citótipo ocorre em simpatria com os outros descritos na
literatura ou mesmo a identificação de novas formas.
Com relação ao polimorfismo observado nos pares 2 e 4, as amostras
do presente estudo (EPTEA e PESB) apresentaram freqüência de ocorrência
parecidas com a de outros trabalhos. O par 2 apresentou a maior freqüência
(79,1%) de cromossomos acrocêntricos no presente trabalho. De forma
similar, foi observado por Sbalqueiro & Nascimento (1996) e Fagundes e
colaboradores (1998), para populações do Sul e Sudeste do Brasil, a maior
freqüência para a mesma forma cromossômica onde o valor foi de 58,6%.
Para a forma submetacêntrica do par 2 foi observado uma freqüência de 21%
no presente estudo contra apenas 3% nas populações do Sul e Sudeste. Esta
diferença na freqüência observada para o polimorfismo cromossômico do
par 2 pode ser um reflexo de estruturação citogenética distinta nas
populações de Minas Gerais com uma maior fixação da forma
submetacêntrica do par 2. É possível que as populações mineiras, devido
principalmente a geografia do Estado, tenham uma estruturação citogenética
distinta das populações costeiras.
Assim como o par 2, o par 4 apresentou uma maior freqüência de
cromossomos acrocêntricos (43,6%) o que também foi observado para as
amostras do Sul e Sudeste (27,6%). A freqüência de cromossomos
60
metacêntricos para este par foi de 12,7% em nossa amostra contra 19% na
comparação realizada.
Dados encontrados em Fagundes e colaboradores (1998) demonstram
que nas amostras do Nordeste brasileiro as formas submetacêntrica e
metacêntrica dos pares 2 e 4, respectivamente, apresentam freqüências muito
mais elevadas em contraposição as formas acrocêntricas. Estes dados nos
permitem inferir que as populações da EPTEA e do PESB estão
citogeneticamente estruturadas de forma mais similar com as amostras do
Sudeste e Sul do Brasil permitindo a ratificação dos padrões de distribuição
dos polimorfismos cromossômicos para os pares 2 e 4 ao longo da sua
distribuição geográfica.
Com relação ao polimorfismo dos pares 2 e 4, as freqüências
observadas para os mesmos mostraram-se em equilíbrio genético, conforme
os preceitos da Lei de Hardy-Weinberg. De acordo com o teste de χ
2
não
ocorreu nenhuma diferença estatística significativa entre o tipo de
polimorfismo encontrado em cada um dos pares. Portanto, o grande
polimorfismo verificado encontra-se balanceado, não ocorrendo o
favorecimento de qualquer um dos citótipos encontrados o que, em
conseqüência, aponta para pouco ou nenhum significado evolutivo. Em seu
trabalho com uma população do Sul do Brasil, Nascimento (1998) verificou
também que o polimorfismo encontrava-se em equilíbrio. Desta forma, estes
polimorfismos podem ser considerados como mudanças neutras, não
estando envolvidos com o processo de especiação, uma vez que,
aparentemente, não reduzem a fertilidade e/ou viabilidade dos
heterozigotos. Este fato também pode ser utilizado para explicar o amplo
polimorfismo detectado para esta espécie.
Para a cnica de bandeamento C foi observado que a heterocromatina
apresentou-se constantemente nas regiões teloméricas e, com menores
intensidade e freqüência, nas pericentroméricas. Não houve diferença
substancial entre os indivíduos das áreas amostradas quanto ao padrão de
banda C. De acordo com outros trabalhos (Yonenaga-Yassuda, 1979;
61
Nascimento, 1998) o padrão de bandas C para A. cursor ocorre nas regiões
pericentroméricas, sendo alguns blocos intersticiais identificados como
provável ocorrência de regiões organizadoras de nucléolo (Fagundes, 1993) o
que poderia explicar também os dados obtidos no presente estudo, que
esta região foi identificada a partir da técnica de impregnação por prata.
As regiões organizadoras de nucléolo (NOR) foram identificadas
principalmente nos pares 4 e 5, sendo registradas eventualmente no
cromossomo X e na região telomérica do par 1+3. Os dados de NOR não
apresentaram distinções marcantes entre os indivíduos das diferentes áreas
estudadas. Dados semelhantes foram observados por Fagundes (1993) e
Nascimento (1998), sendo que o último autor comenta ter encontrado
números reduzidos de marcações nos cromossomos sexuais o que parece
comum ao presente estudo. As marcações visualizadas no par 1+3 podem ser
artifício da preparação, correspondendo na verdade a regiões
heterocromáticas do cromossomo. Este fato foi ressaltado por Nascimento
(1998).
As populações estudadas apresentaram padrões similares entre si e
com outros dados publicados para a espécie permitindo assim preencher
uma parcela da lacuna sobre a diversidade cariotípica de A. cursor em áreas
de Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais. Estudos enfocando as
populações do norte do Estado podem ainda fornecer mais informações
sobre a diferenciação entre as formas 2n = 14 e 15 e 2n = 16, pois se tratam de
populações intermediárias entre estes citótipos. Da mesma forma, a análise
de um mero maior de populações, principalmente em condições
intermediárias, pode auxiliar na compreensão se a variação citogenética é
adaptativa ou não.
Agradecimentos
Aos biólogos Jânio Moreira, Pablo Gonçalves e Rodolfo Sttump pela ajuda e
coleta do material em campo. À Profª Tudy Câmara (PUC Minas) pelo
62
exemplar de Leme do Prado. Ao Prof. Dejair Message por disponibilizar o
fotomicroscópio. A CAPES pela bolsa concedida.
63
Referências
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64
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66
Anexo
Espécimes analisados
Os dados citogenéticos são oriundos de exemplares depositados no
Museu de Zoologia João Moojen, Viçosa (GL, MZUFV).
Akodon cursor BRASIL: [1] Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação
Ambiental Mata do Paraíso (EPTEA), Viçosa, Minas Gerais: LSR 003, MZUFV
1944, 1945, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951, 1952, 2012, 2013, 2014, 2015, 2045,
2090, 2091, 2198, 2205, 2334, 2335, 2336, 2366, 2382, 2385.
[2] Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), Minas Gerais: GL 52,
MZUFV 1157, 1165, 1230, 1233, 1264, 1269, 1277, 1301, 1629, 1636, 1647, 1657,
1890, 1891, 1892, 1894, 1897, 1898, 1899, 1908, 1909, 1910, 1914, 1915, 1916,
2042, 2086, 2088.
[3] Parque Estadual do Rio Doce (PERD), Minas Gerais: MZUFV 1303
[4] Município de Leme do Prado, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais:
MZUFV 2404
67
CONCLUSÕES GERAIS
Com base no estudo realizado conclui-se que para Akodon cursor em
remanescentes de Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais:
Foi possível determinar 5 classes de idade relativas com base no padrão de
desgaste dos molares de Akodon cursor.
Para a maior parte dos caracteres avaliados não diferenças significativas entre
as classes de idade relativas 3 e 4, o que proporciona o agrupamento das mesmas em
uma análise de variação geográfica.
Os efeitos etário e sexual sobre a variabilidade crânio morfométrica de Akodon
cursor são reduzidos.
Não foram detectadas diferenças qualitativas entre os crânios avaliados das
diferentes populações.
De acordo com análises multivaridas ocorre diferenciação na forma do crânio
entre as amostras analisadas, sendo esta diferença possivelmente determinada pelo
fator altitude.
As amostras analisadas confirmaram o alto polimorfismo citogenético para a
espécie, causado pelo rearranjo dos pares 1, 2 e 4.
Foram encontrados oito diferentes citótipos para a espécie sendo o indivíduo de
Leme do Prado o único a apresentar 2n=16 com citótipo comum a indivíduos de
Pernambuco. Os demais citótipos foram iguais aos demais registros para o Sul e
Sudeste do país.
As análises de banda C e NOR não foram satisfatórias para diferenciar as
populações estudadas.
As formas polimórficas dos pares 2 e 4 apresentam-se em equilíbrio de Hardy-
Weinberg com base no teste de χ
2
.
68
ANEXO FOTOGRÁFICO
Indivíduo de Akodon cursor (MZUFV 2374, ♀) coletado na região de Viçosa.
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