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na época sobre o ser humano, em especial, o pensamento. Assim
sendo, aquilo que não se podia explicar era atribuído aos deuses. Este
mesmo autor cita Platão (428 a.C.) para mostrar que a concepção
vigente era de uma visão diferente e superior, pois se podia sentir e
compreender melhor o mundo quando havia criatividade. Conforme
declarou Platão “o artista, durante sua criação, é agente de um poder
superior, perdendo o controle de si mesmo” (KNELLER, 1978, p.32).
1.1.1.2) Criatividade como forma de intuição. Ao mencionar a
criatividade no século XVI, Wechsler, citando Descartes, indica que a
criatividade também foi concebida como forma de intuição. Com a
proposição do dualismo, sendo corpo e mente nitidamente distintos,
Descartes acreditava que as idéias verdadeiras teriam causas inatas,
intrínsecas ao próprio espírito humano. Assim sendo, o sujeito criativo
teria uma capacidade incontrolável, ou uma capacidade de intuição
cujo dom lhe seria dado. O indivíduo criativo, segundo essa visão
teórica, não é mais percebido como louco; ao contrário, é uma pessoa
saudável com uma capacidade de intuição altamente desenvolvida.
Entretanto, a pessoa criativa continuará ainda sendo vista como
diferente por possuir um dom raro (WECHSLER, 1998).
1.1.1.3) Criatividade como loucura. A espontaneidade do artista,
a irracionalidade, a originalidade de pensamento, a ruptura com
maneiras tradicionais de agir, levam a pessoa criativa a destoar
das regras e dos comportamentos estabelecidos e esperados pela
sociedade, fazendo com que ele seja julgado anormal ou louco: “a
criatividade seria como uma espécie de purgativo emocional que
mantinha mentalmente são os homens” (KNELLER, 1978, p.34).
No século XX, Wechsler (1998) aponta o filósofo francês Michel
Foucault como o grande estudioso deste aspecto “insano” da
criatividade ao demonstrar e explicar que, apesar de diversos
ambientes (como cárceres e manicômios) não apresentarem as