paciente que fale por meio da associação-livre e procura transformar o sintoma em uma
questão: sintoma que tem um sentido subjetivo.
Assinalando que as fortes marcas da configuração da clínica médica faz com que ela seja
freqüentemente considerada o paradigma da experiência clínica como forma de
conhecimento, a autora constata que o paradigma da clínica médica impera no campo da
saúde, sendo adotado por outros profissionais tais como psicólogos, fonoaudiólogos,
psicopedagogos, etc. Nota-se nesse sentido que a origem médica das expressões
diagnóstico, tratamento, etc. dificulta pensar uma proposta de clínica diferente daquela
estabelecida pela Medicina, como é o caso da Psicanálise. Segundo a autora,
esses profisisonais aceitam a nomenclatura das doenças (...), realizam os diagnósticos
utilizando provas organizadas a partir de pesquisas científicas (testes de inteligência, testes
de personalidade, testes de aptidões, etc.), buscam curar, ou eliminar, ou aliviar os
sintomas, recorrem a técnicas padronizadas de tratamento, ou trabalham no nível da
consciência. São médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, que valorizam os
pressupostos que a ciência determina, ou seja, a objetividade, a quantificação, a
homogeneidade (...) e valorizam um trabalho baseado na consciência e na razão.(p.26)
Segundo ela, a análise dos pressupostos que configuram a clínica médica e a clínica
psicanalítica tem o objetivo de delimitar o domínio de cada uma (alcance e limitações) e o
trabalho que cada profissional pode desenvolver com seus pacientes. Ao mesmo tempo a
autora considera que "colocar uma [ciência] contra a outra não contribui para um possível
diálogo entre os profissionais e nem para um possível trabalho em equipe" (p.26) e conclui
citando as palavras de Freud (1926) à esse respeito:
em si toda ciência é unilateral. Tem de ser assim, visto que ela se restringe a assuntos,
pontos de vista e métodos específicos. É uma insensatez, na qual eu não tomaria parte,
lançar uma ciência contra a outra. Afinal de contas, a Física não diminui o valor da
Química; ela não pode ocupar seu lugar mas, por outro lado, não pode ser substiuída por