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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL
MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL
MODALIDADE PROFISSIONAL
ESTUDO DO POTENCIAL ENERGÉTICO DOS RESÍDUOS
DEPOSITADOS NO ATERRO SANITÁRIO DE MACAÉ COM O USO
DA TECNOLOGIA DE DIGESTÃO ANAERÓBICA ACELERADA
ROSANA CONCEIÇÃO DA SILVA
MACAÉ/RJ
SETEMBRO de 2008
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1
ROSANA CONCEIÇÃO DA SILVA
ESTUDO DO POTENCIAL ENERGÉTICO DOS RESÍDUOS
DEPOSITADOS NO ATERRO SANITÁRIO DE MACAÉ-RJ COM O
USO DA TECNOLOGIA DE DIGESTÃO ANAERÓBICA ACELERADA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Ambiental do Centro
Federal de Educação Tecnológica de Campos
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Engenharia Ambiental, na
área de concentração Sustentabilidade Regional,
linha de pesquisa
:
Promoção da Sustentabilidade
Regional.
Orientador: Professor D. Sc. Paulo Rogério
Nogueira de Souza
Co-Orientadora: Professora D. Sc Elza Maria
Senra De Oliveira
MACAÉ
SETEMBRO de 2008
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2
Dissertação intitulada Estudo do Potencial Energético dos Resíduos Depositados
no Aterro Sanitário de Macaé-RJ com o Uso da Tecnologia de Digestão
Anaeróbica Acelerada, elaborada por Rosana Conceição da Silva e apresentada
publicamente perante a Banca Examinadora, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Engenharia Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Ambiental, na área de concentração Sustentabilidade Regional, linha
de pesquisa Promoção da Sustentabilidade Regional, do Centro Federal de
Educação Tecnológica de Campos.
Aprovada em ...................................................
Banca Examinadora:
.................................................................................................................................................
Prof. Paulo Rogério Nogueira de Souza D. Sc. - CEFET-Campos / UNED-Macaé - Orientador
.................................................................................................................................................
Prof.ª Elza Maria Senra de Oliveira D. Sc. - CEFET-Campos - Co-Orientadora
..................................................................................................................................................
Prof. Donato Alexandre Gomes Aranda Ph. D. - UFRJ
3
Silva, Rosana Silva
Estudo do Potencial Energético dos Resíduos Depositados
no Aterro Sanitário de Macaé-RJ com o Uso da Tecnologia de
Digestão Anaeróbica Acelerada; orientação Professor D. Sc. Paulo
Rogério Nogueira de Souza. Co-Orientadora: Professora D. Sc Elza
Maria Senra De Oliveira – Macaé, 2008. 86 p.
Dissertação apresentada para o Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Ambiental, na área de concentração
Sustentabilidade Regional, linha de pesquisa Promoção da
Sustentabilidade Regional, do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Campos.
1. Lixo macaense;
2. Impacto ambiental;
3. Aproveitamento energético.
4
Este trabalho é dedicado a Luiz Roberto e
Márcia Helena pela educação, formação
moral e espiritual que vêm me permitindo
superar todos os desafios da vida. A
quem dedico também meu amor e
admiração por serem exemplos de vida.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar ao meu Deus que criou todas as coisas perfeitas, inclusive minha
maravilhosa família que sempre me dá total apoio em todas as escolhas que faço.
À minha irmã Roberta que foi, é e sempre será a minha companheira e amiga de todas as
horas.
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental, em especial a
coordenadora do programa Maria Inês por ter acreditado em mim mais do que eu mesma, por
ter me passado um pouco da sua garra incrível e por ter me ajudado a ver a seriedade dos
impactos das atividades do homem. Sinceramente, obrigada por isso.
Agradeço aos membros da banca de avaliação por aceitar integrá-la.
À orientação tranqüila do Prof. Paulo Rogério e à co-orientação da Prof.ª Elza por ter se
mostrado disponível nos momentos cruciais.
Aos meus colegas de turma do mestrado, destacando a Élida Domingos pelo companheirismo
em Campos e pelas conversas de incentivo na reta final.
Aos da Secretaria de Meio Ambiente por terem sido acessíveis, em especial ao coordenador
de resíduos Maurício Passeado e a Bióloga Márcia por mostrarem prontidão ao repassar as
informações.
Aos atenciosos professores Luciano Bastos e Geraldo Reichert com suas primordiais
contribuições para a elaboração deste trabalho.
Aos meus amigos e amigas pelo simples fato de fazerem parte da minha vida e de deixarem
com que eu faça parte das suas, me ajudando a ser uma pessoa mais equilibrada nos
momentos importantes da minha vida.
6
“Tudo isto eu tenho visto... homem tem
dominado homem para seu próprio prejuízo”.
(Eclesiastes 8:9b)
7
Resumo da dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental
do CEFET-Campos como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Ambiental (M Sc.)
ESTUDO DO POTENCIAL ENERGÉTICO DOS RESÍDUOS
DEPOSITADOS NO ATERRO SANITÁRIO DE MACAÉ-RJ COM O USO
DA TECNOLOGIA DE DIGESTÃO ANAERÓBICA ACELERADA
ROSANA CONCEIÇÃO DA SILVA
Setembro / 2008
Orientador: Paulo Rogério Nogueira de Souza D. Sc.
Co-Orientadora: Elza Maria Senra De Oliveira D. Sc
Linha de pesquisa: Promoção da Sustentabilidade Regional.
Este trabalho destaca a relevância da instalação de um projeto de aproveitamento da
energia dos resíduos devido aos sérios impactos causados pela atual disposição destes.
Apresenta as principais fontes de energia e a importância de mudança na matriz energética
brasileira para uso de fontes energéticas que, além de serem menos poluentes, possam reduzir
significativamente a emissão de gases tóxicos, destacando os resíduos depositados em
vazadouros a céu aberto. O presente trabalho busca expor a situação dos resíduos sólidos
urbanos no Brasil e propõe uma alternativa para minimizar os impactos negativos causados
por estes, ressaltando a situação de Macaé no ano de 2008, uma da cidade que, além de ser
grande produtora de petróleo, atualmente não possui um destino de lixo adequado. Através de
pesquisas das tecnologias disponíveis para a conversibilidade da energia a partir de resíduos, a
tecnologia DRANCO foi escolhida para neste estudo para avaliação da viabilidade
econômica, dos aspectos sociais e ambientais, no contexto de créditos de carbono e
arrecadação dos royalties.
Palavras-chave: Lixo macaense; Impacto ambiental; Aproveitamento energético.
8
Abstract of dissertation presented to Program of Masters degree in Environmental
Engineering of CEFET-Campos as a partial of the requirements for the degree of Master title
in Environmental Engineering (M Sc.)
STUDY OF THE ENERGY POTENTIAL OF THE SOLID WASTES
DEPOSITED IN THE MACAE’S LANDFILL WITH THE USE OF THE
TECHNOLOGY OF ACCELERATED ANAEROBIC DIGESTION
ROSANA CONCEIÇÃO DA SILVA
September / 2008
Advisor: Paulo Rogério Nogueira de Souza D. Sc.
Co- Advisor: Elza Maria Senra De Oliveira D. Sc
Research line: Promotion of the Regional Sustainability.
This dissertation emphasizes the relevance of the installation of a project that it use the
energy of the wastes due the serious impacts caused by the current disposition of these. It
presents the main energy’s sources and the important change in the brazilian energetics matrix
for use sources’s energy that, besides they be less pollutant, they can reduce the emission of
poisonous gases significantly, detaching the wastes deposited in landfill open sky. This study
search to expose the situation of municipal solid waste in Brazil and it proposes an alternative
to minimize the negative impacts caused by these, emphasizing the situation of Macae in the
year of 2008, the city that besides being big producing of petroleum, but it doesn't have a
appropriate destiny of waste. Through researches of the available technologies for the
convertibility of the energy starting from wastes, the technology DRANCO was chosen in this
study for evaluation of the economical viability, of the social and environmental aspects, in
the context of credits of carbon and collection of the royalties.
Keywords: Macaense wastes; Environmental factors; Energy use.
9
LISTAS DE FIGURAS
FIGURA 1.......................................................................................................................... 16
Estrutura da oferta de energia (%).
FIGURA 2.......................................................................................................................... 32
Média de Recebimento de Lixo no município do Rio de Janeiro (t)
FIGURA 3......................................................................................................................... 36
Esquema representativo das câmaras de combustão
FIGURA 4......................................................................................................................... 39
Aproveitamento energético do biogás
FIGURA 5......................................................................................................................... 41
Unidades de processo de biodigestores anaeróbicos acelerados de RSU
FIGURA 6......................................................................................................................... 44
Esquema representativo do funcionamento da planta DRANCO em Hille, Alemanha
FIGURA 7......................................................................................................................... 46
Atividade de Projetos de MDL Registrados
FIGURA 8......................................................................................................................... 51
Localização do aterro atual de Macaé
FIGURA 9......................................................................................................................... 52
Vista superior do aterro atual de Macaé
FIGURA 10........................................................................................................................ 57
Diagrama Operacional
FIGURA 11........................................................................................................................ 58
Arranjo Geral (Layout) das Instalações
FIGURA 12........................................................................................................................ 59
Curva de produção de gases do aterro em uso de Macaé
FIGURA 13........................................................................................................................ 62
Curva de produção de gases do novo aterro de Macaé
10
LISTAS DE TABELAS
TABELA 1.......................................................................................................................... 17
Resumo da oferta interna de energia no Brasil.
TABELA 2......................................................................................................................... 30
Composição Média do Lixo do Brasil
TABELA 3......................................................................................................................... 33
Algumas doenças transmitidas através dos ratos
TABELA 4......................................................................................................................... 40
Unidade de processo e produtos de uma planta de digestão aneróbica de sólidos orgânicos
TABELA 5......................................................................................................................... 43
Principais Plantas DRANCO
TABELA 6......................................................................................................................... 55
Composição gravimétrica/porcentagem do peso
TABELA 7......................................................................................................................... 56
RSU Total a ser Aproveitado no Município de Macaé
TABELA 8......................................................................................................................... 60
Projeção de geração de RSU do município de Macaé
TABELA 9......................................................................................................................... 62
Custos de Operação Anuais
TABELA 10....................................................................................................................... 64
Valores estimados obtidos pelo crédito de carbono
11
LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANP- Agência Nacional de Petróleo
COMLURB – Companhia Municipal de Limpeza Urbana
COP - Conferência das Partes
PDD - Documento de Concepção de Projeto
DRANCO - Dry Anaerobic Composting
EPVE - Estudo de pré-viabilidade econômica
FEEMA – Fundação Estadual Engenharia do Meio Ambiente
GDL – Gás de Lixo
GEE – Gases do Efeito Estufa
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
OECD - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OWS – Organic Wastes Systems
PCH - Pequenas Centrais Hidrelétricas
PDD - Documento de Concepção de Projeto
PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
RAS - Relatório Ambiental Simplificado
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
UTE - Usinas Termoelétricas
12
SUMÁRIO
LISTAS DE FIGURAS..................................................................................................... 8
LISTAS DE TABELAS.................................................................................................... 9
LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................................... 10
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 15
2.1 Contexto: Situação Energética e os Impactos Causados Pela Exploração e
Utilização das Energias................................................................................................. 15
2.1.1 Situação Energética Brasileira.................................................................................... 16
2.1.2 Impacto causado pela exploração e utilização das energias não-renováveis
e renováveis............................................................................................................... 17
2.1.2.1 Energia Não-Renovável........................................................................................... 18
2.1.2.2 Energia Renovável.................................................................................................. 22
2.1.3 Importância da modificação da matriz energética brasileira...................................... 27
2.2 Quadro Geral dos Resíduos Sólidos Urbanos............................................................... 28
2.2.1 Definição de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)......................................................... 28
2.2.2 Composição dos RSU................................................................................................. 30
2.2.3 Produção de RSU....................................................................................................... 31
2.2.4 Destinação do lixo...................................................................................................... 33
2.3 Tecnologias de Aproveitamento Energético do Lixo.................................................... 34
2.3.1 Aproveitamento Energético do Lixo.......................................................................... 34
2.3.2 Reciclagem e Coleta Seletiva..................................................................................... 35
2.3.3 Tecnologia de incineração controlada do lixo........................................................... 36
2.3.4 Tecnologia de Gás do Lixo........................................................................................ 37
2.3.5 Tecnologia de digestão anaeróbica acelerada............................................................. 39
2.3.5.1 Tecnologia DRANCO............................................................................................. 43
2.4 Energia do lixo e Crédito de Carbono........................................................................... 44
2.5 Desenvolvimento sustentável e Royalties..................................................................... 46
3 METODOLOGIA.......................................................................................................... 49
13
3.1 Obtenção de dados sobre o lixo de Macaé.................................................................... 49
3.2 Pesquisa da aplicação da tecnologia............................................................................. 49
3.3 Cruzamento de dados.................................................................................................... 50
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................... 51
4.1 Situação dos RSU em Macaé........................................................................................ 51
4.1.1 O aterro sanitário........................................................................................................ 51
4.1.2 Características do aterro atual.................................................................................... 52
4.1.3 Localização do novo aterro sanitário......................................................................... 53
4.1.4 Características do novo aterro sanitário..................................................................... 53
4.1.5 Produção dos RSU de Macaé .................................................................................. 54
4.1.6 Composição dos RSU de Macaé............................................................................. 54
4.2 Tipo de gerenciamento de RSU apropriado para o aproveitamento energético
do lixo de Macaé.......................................................................................................... 55
4.3 Emissão de gás do aterro............................................................................................... 59
4.4 Viabilidade econômica para a implantação do projeto proposto.................................. 61
4.5 Análise dos impactos sociais e ambientais do aproveitamento energético do lixo....... 65
4.6 Problemas encontrados para a implantação da tecnologia em estudo........................... 66
5 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 67
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 69
ANEXOS .......................................................................................................................... 74
ANEXO A – Valor do investimento de um projeto integrado para tratamento de RSU por
unidade............................................................................................................................... 74
ANEXO B – Resumo do Relatório gerado pelo programa LandGem............................... 77
14
1 INTRODUÇÃO
O questionamento sobre os impactos causados pelo emprego de combustíveis fósseis
auxilia o interesse mundial por soluções que sejam sustentáveis na geração de energia
proveniente de fontes limpas e/ou renováveis. Porém, não é a queima de combustíveis
fósseis que contribui para o aumento do efeito-estufa. A deterioração do lixo e a
disposição dos resíduos em lixões ou aterros emitem vários gases, como exemplo o metano. A
emissão desse poderoso gás causador do efeito estufa causa um bolsão de calor na cidade e
contribui para o aquecimento global. A geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos
tem a vantagem de prover energia elétrica e de resolver o problema de emissões de metano
decorrentes da decomposição natural do lixo. O aproveitamento energético de fontes residuais
é indispensável para o desenvolvimento sustentável, o que justifica a importância do projeto
proposto.
O município de Macaé-RJ tem um grande potencial para ser uma cidade modelo da
tecnologia de aproveitamento energético, pois, por ser responsável por 80% da produção de
petróleo e 42% da produção de gás no Brasil (PMM, 2007), já detém grandes avanços
tecnológicos no segmento de energia. E, por ser uma cidade onde se concentra grande parte
das atividades petrolíferas, Macaé recebe expressivas transferência de recursos a títulos de
royalties do petróleo. Recursos tais que poderiam sustentar o modelo proposto neste projeto.
Além do mais, a recuperação ambiental de lixões e a implantação de sistema de geração de
energia elétrica em aterros sanitários poderá ser viabilizada economicamente pela venda dos
chamados Créditos de Carbono, decorrentes da redução da emissão de carbono para a
atmosfera.
Este trabalho apresenta uma proposta de aproveitamento da energia do lixo de Macaé,
abordando especialmente a tecnologia de digestão anaeróbica acelerada para a
conversibilidade da energia a partir de resíduos sólidos urbanos e contemplando sua
viabilidade econômica através dos créditos de carbono e contextualizando a arrecadação dos
royalties. Mais especificamente, pretende-se:
Expor a situação do resíduos sólidos urbanos em Macaé;
Descrever a tecnologia de aproveitamento energético escolhida;
Calcular o custo da implementação da tecnologia na localidade e sua viabilidade
econômica;
15
Fazer uma análise das vantagens sociais e principalmente ambientais em implantar
o projeto a ser proposto;
Apresentar os principais problemas encontradas na implantação da rota
tecnológica.
O trabalho encontra-se dividido em partes:
A primeira parte é dividida em cinco pontos temáticos: o primeiro ponto expõe a
situação energética do Brasil e os impactos causados pela exploração e utilização das
principais fontes de energia encontradas na matriz energética brasileira sendo estas fontes
renováveis ou não. O segundo apresenta o quadro geral dos resíduos sólidos no âmbito
nacional incluindo o conceito de resíduos, a relevância de sua composição, produção e
destinação, bem como os aspectos institucionais que envolvem o tema. No terceiro ponto
descreve-se as tecnologias de aproveitamento energético do lixo mais estudas nos últimos
anos, sendo estas a tecnologia de Gás do Lixo, tecnologia de incineração controlada do lixo e
a tecnologia de digestão anaeróbica acelerada, destacando a tecnologia Dranco. O quarto
ponto abrange o tema da interligação entre o aproveitamento de energia do lixo e projetos
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para a comercialização de créditos de
carbono. No quinto ponto temático destaca como os royalties podem contribuir para o
desenvolvimento sustentável se forem investidos em projetos com insumos energéticos
alternativos.
Na segundo parte, é feito um levantamento da geração e localização da disposição
atual dos resíduos em Macaé, bem como a forma de aproveitamento energético mais
apropriada à realidade local no que se refere aos aspectos cnicos, ambientais e a viabilidade
econômica para a implantação do projeto.
Na última parte é realizada uma discussão baseada no estudo feito e a conclusão, onde
verifica-se a alternativa proposta no tema sendo viável para implementar na cidade e é feita
sugestões de pesquisa para dar continuidade ao estudo.
16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Contexto: Situação Energética e os Impactos Causados pela Exploração e Utilização
das Energias
A sociedade moderna tem insaciável sede de energia. Até meados do culo XIX, o
homem queimava lenha como combustível para obter a maioria da energia que utilizava. Com
a chegada da era industrial, cada vez mais energia era necessária para mover seu crescente
número de máquinas, começando a usar o carvão em ampla escala. De maneira que a maior
parte das necessidades de energia era suprida por este mineral.
Outro tipo de combustível fóssil começou a ser empregado como nova fonte de
energia, o petróleo. Logo, este passou a ter mais empregos industriais que o carvão jamais
teve. Com crescente consumo de energia elevou-se, também, a exploração dos recursos
naturais para sua geração. Desde a crise do petróleo nos anos 70, quando foi constatado que o
petróleo é uma fonte esgotável, os cientistas têm pesquisado alternativas aos combustíveis
fósseis. Algumas guerras ocorridas nas últimas décadas, como a do Golfo Pérsico,
demonstraram quão seriamente as nações têm encarado uma possível interrupção dos
suprimentos de óleo proveniente do Oriente Médio (YERGIN, 1994). Assim, muitos projetos
com propostas de alternativas energéticas passaram a ser examinados com mais seriedade.
Além disso, o crescente uso industrial do carvão e do petróleo desempenhou papel
decisivo na poluição global. O motivo é que tais combustíveis liberam na atmosfera grande
concentração de gases monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio e
óxidos de enxofre bem como partículas sólidas. Desde o período pré-industrial, o uso de
combustíveis fósseis tem sido um dos maiores responsáveis pela alta concentração de gases
tóxicos. A emissão desses gases, principalmente o dióxido de carbono (CO
2
) aumenta o
chamado efeito-estufa e as conseqüências desse efeito têm sido notórias. O clima da terra tem
sido alterado de forma preocupante. O Relatório do Intergovernmental Panel on Climate
Change (IPCC, 2007) mostra que as temperaturas globais de superfície a de 1850-1899 a
2001-2005 tiveram no total um aumento de 0,76 [0,57 a 0,95]ºC. Dentre os efeitos dessas
mudanças climáticas pode-se destacar as ondas de calor, o derretimento das calotas polares
provocando elevação do nível do mar, alagamento de regiões costeiras, risco para os
ecossistemas das geleiras, recifes de corais, mangues, florestas, incluindo a extinção de
espécies de animais e vegetais, bem como secas em certas regiões e enchentes em outras.
17
2.1.1 Situação Energética Brasileira
O Brasil destaca-se no contexto mundial pelo uso de fontes energéticas renováveis.
Como mostra a Fig. 1, o consumo mundial de energia não-renovável está acima de 80% e nos
países membros da OECD (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico)
ultrapassam os 90%. Em contra partida, a produção de energia através de fontes renováveis
contribui para quase a metade de toda energia utilizada no Brasil
(MME, 2008).
.
Figura 1 – Estrutura da oferta de energia (%)
Fonte: MME (2008).
Esta grande diferença na porcentagem do uso de energias renováveis em relação a
média mundial é uma das mais elevadas, sendo 3,6 vezes maior do que a média mundial e 7,4
vezes maior do que dos países da OECD. Dentre as fontes energéticas responsáveis por estes
contrastes significativos estão a hidroeletricidade e a biomassa. Destaque-se o forte
incremento da participação na matriz energética da energia hidráulica nos últimos anos. A
matriz energética brasileira está distribuída conforme a Tabela 1.
18
Tabela 1 – Resumo da oferta interna de energia no Brasil.
mil tep Estrutura %
ESPECIFICAÇÃO
2006 2007
07/06 %
2006 2007
Não-Renovável 124.207 129.065 3,9 54,9 54,2
PETRÓLEO E DERIVADOS 85.287 89.224 4,6 37,7 37,4
GÁS NATURAL 21.716 22.239 2,4 9,6 9,3
CARVÃO MINERAL E
DERIVADOS
13.537 14.340 5,9 6,0 6,0
URÂNIO (U3O8) E DERIVADOS 3.667 3.263 -11,0 1,6 1,4
Renovável 101.880 109.263 7,2 45,1 45,8
HIDRÁULICA E
ELETRICIDADE
33.537 35.506 5,9 14,8 14,9
LENHA E CARVÃO VEGETAL 28.589 28.644 0,2 12,6 12,0
DERIVADOS DA CANA-DE-
AÇÚCAR 32.999 37.508 13,7 14,6 15,7
OUTRAS RENOVÁVEIS 6.754 7.606 12,6 3,0 3,2
Total 226.086 238.328 5,4 100,0 100,0
Fonte: MME (2008).
A Tabela 1 revela o crescimento brasileiro de todas as fontes de energia renovável
com aumento de 13,7% em 2007 dos derivados de cana de açúcar (álcool carburante e bagaço
para fins térmicos) em relação ao ano anterior. Observa-se também um aumento de 12,6% de
outras fontes renováveis, que inclui o crescimento da geração eólica, de pouco mais de 236
GWh em 2006, para 559 GWh em 2007 (MME, 2008).
2.1.2 Impacto causado pela exploração e utilização das energias não-renováveis e
renováveis
Apesar de o Brasil possuir uma ampla variedade de recursos naturais renováveis, a
maior parte energia utilizada provém de fontes finitas. Como se pode notar na Tabela 1, o
consumo de energia no Brasil teve um aumento total de 5,4% no período de um ano, com o
crescimento de 3,9% das fontes não-renováveis e 7,2% das fontes renováveis. Esse
crescimento de consumo de energia é preocupante visto os impactos causados pela exploração
e utilização das energias, em sua maior parte, tem efeitos negativos sobre o meio ambiente e a
saúde humana (SILVA, 2007)
É notável o fato de que a utilização da energia é diretamente responsável por cerca de
80% dos danos ambientais causados na Terra e os outros 20% podem ser atribuídos aos usos
indiretos da energia, pois é a movimentação da matéria que quase sempre causa danos
19
ambientais e, este movimento, não ocorre sem a presença de uma ou mais formas de energia
(BRISTOT, 1994). Os impactos ambientais causados pelas tradicionais fontes de energia
levam governo e sociedade a pensar em alternativas energéticas que diminuam seus impactos
negativos.
Abaixo está uma breve descrição dos impactos causados pelas principais fontes de
energia utilizada no Brasil, renováveis ou não.
2.1.2.1 Energia Não-Renovável
A energia não-renovável é extinguível, gerada a partir de fontes que possuem
quantidade limitada na natureza. Uma vez extraída para utilização a fonte se esgota, as
reservas não se reciclam. Sua regeneração é muito lenta, necessitando de milhares de anos
para reposição (BRISOT, 1994).
Dentre as fontes não-renováveis extraídas para a produção de energia estão incluídos o
petróleo, gás natural, carvão mineral e o urânio.
2.1.2.1.1 Petróleo e Derivados
A formação do petróleo acontece a partir da decomposição de diversas matérias
orgânicas que vão sendo depositadas ao longo do tempo sofrendo compactação em pressão e
temperaturas ideais adicionadas ao fator tempo. Possui uma composição química complexa de
hidrocarbonetos composta de diversos tipos de moléculas formadas por átomos de hidrogênio
e carbono e, em menor parte, de oxigênio, nitrogênio e enxofre, combinados de forma
variável, conferindo características diferenciadas aos diversos tipos de crus encontrados na
natureza (ANP, 2008).
Depois de extraído, o petróleo passa por um conjunto de processos químicos e físicos,
chamado de refino, para transformação da matéria-prima em derivados para utilização final.
Alguns dos derivados de petróleo usados para geração de energia são gasolina, diesel,
querosene, gás natural e GLP (gás liquefeito do petróleo).
Os impactos ambientais causados pela utilização desta fonte para produção de energia
ocorrem desde sua exploração até sua utilização final, a queima. A exploração do petróleo
envolve riscos de danos ao ambiente tais como o vazamento de cerca de 30 mil litros de óleo
ocorrido na Bacia de Campos, no norte fluminense do estado do Rio de Janeiro, próximo a
plataforma PCE-1 em 2005 (PETROBRAS, 2005).
20
Além disso, para o refino de petróleo são utilizadas e geradas substâncias químicas em
grande número, muitos dos quais deixam as unidades de processamento sob a forma de
emissões atmosféricas, efluentes líquidos ou resíduos sólidos. Os poluentes tipicamente
gerados incluem hidrocarbonetos voláteis, monóxido de carbono (CO), óxidos de enxofre
(SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado, amônia (NH
3
), sulfeto de hidrogênio
(H
2
S), metais, ácidos exaustos e outros compostos orgânicos tóxicos (MARIANO, 2001).
As refinarias liberam emissões fugitivas dos compostos voláteis presentes no óleo cru
e nas suas frações, as emissões geradas pela queima de combustíveis nos aquecedores de
processo e nas caldeiras. Até mesmo o solo e as águas superficiais podem ser atingidos pelos
hidrocarbonetos líquidos provenientes das refinarias, muitas vezes de acidentes, a
contaminação do solo migra, escoando para águas superficiais próximas. Acidentes assim
podem ser graves, dependendo dos volumes liberados, representando um substancial risco
para o meio ambiente e para a saúde humana (MARIANO, 2001). Existem, também, riscos de
acidentes inerentes de uma refinaria. A ocorrência de acidentes não é tão rara como muitas
vezes se propaga, valendo citar o grande acidente ocorrido na Refinaria de Duque de Caxias
(REDUC), na Baía de Guanabara, em janeiro de 2000. Os acidentes trazem prejuízos à fauna
e flora, além do compartilhamento de recursos hídricos degradar o meio ambiente e poder
causar a morte por envenenamento, incêndios ou explosões (FERREIRA et al, 2007).
A queima do petróleo e seus derivados, para produzir energia, produz enxofre, que ao
reagir com o oxigênio forma o dióxido de enxofre (SO
2
). Altas concentrações de SO
2
provocam chuvas mais ácidas em certas regiões, causando danos no solo, plantas, corrosão de
metais, o desgaste de monumentos de mármore, de construções, aumenta a acidez das águas
doces, podendo causar a morte de espécies da vida aquática, provocando assim descontrole de
ecossistemas (AMBIENTEBRASIL, 2007). Vale ressaltar que 37% da energia que utilizada
no Brasil tem origem do petróleo, como pode ser visto na Tabela 1.
2.1.2.1.2 Gás Natural
O gás natural é de origem fóssil sendo produzido a partir da decomposição de matéria
orgânica, o qual é geralmente encontrado nos reservatórios subterrâneos com o petróleo.
Sendo um gás, nas condições de pressão atmosférica e temperatura ambiente, conserva-se no
estado gasoso. Tem na sua composição maior parte de hidrocarbonetos leves e gás metano, e
outros gases como etano, propano, butano que podem variar, com proporções menores de
dióxido de carbono, compostos de enxofre. É considerado uma fonte de energia limpa, pois
21
sua combustão é completa, liberando baixa emissão de poluentes em comparação a outros
combustíveis fósseis, o gás de dispersa rapidamente em casos de vazamento e tem baixo
índice de contaminantes (IMBELLONI, 2007).
As reservas provadas no Brasil são da ordem de 275 milhões de m³, dos quais 49%
estão localizadas na Bacia de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, tendo uma participação
na produção de 44% (ANP, 2008). O consumo vem crescendo, sendo utilizado nas
residências, comércio, indústrias e em veículos, substituindo muitas vezes o óleo diesel,
gasolina e álcool. O gás natural tornou-se uma alternativa importante para a expansão da
capacidade de geração e energia elétrica. Dentre as grandes usinas termoelétricas a gás
natural, destaca-se a UTE Mário Lago da PETROBRAS em Macaé, com capacidade instalada
de 922,6 MW (ANEEL, 2002).
Embora seja uma fonte de energia com baixo impacto ambiental, suas reservas são
finitas, não renováveis, que leva milhões de anos para sua formação. Além disso, gera
impactos indesejáveis ao meio ambiente, principalmente na geração de energia elétrica. Um
dos maiores problemas é durante o sistema de resfriamento, que utiliza geralmente a água
como fluido refrigerante. Embora existam tecnologias de redução da quantidade de água
necessária e mitigação de impactos, isso tem sido uma fonte de problemas ambientais, sendo
em relação aos recursos hídricos, em função do grande volume de água captada, das perdas
por evaporação e do despejo de efluentes (ANEEL, 2002). Na combustão do gás, libera-se o
dióxido de carbono e o vapor de água, como também outros gases poluentes em menores
proporções.
2.1.2.1.3 Carvão Mineral e Derivados
Representando 6% da matriz energética brasileira (MME, 2008), o carvão mineral é
um dos combustíveis fósseis mais abundante e amplamente utilizado em todo mundo.
Distribuído geograficamente de forma homogênea, suas reservas estimadas estão na ordem de
um trilhão de toneladas, capaz de atender a demanda atual por mais de duzentos anos.
Formado por uma mistura de elementos orgânicos sólidos fossilizados, sua qualidade varia de
acordo com a quantidade de carbono e dos componentes que o formam. A turfa, de baixo
conteúdo carbonífero, constitui um dos primeiros estágios do carvão, com teor de carbono na
ordem de 45%; o linhito apresenta um índice que varia de 60% a 75%; o carvão betuminoso
(hulha), mais utilizado como combustível, contém cerca de 75% a 85% de carbono; e com
maior teor de carbono, o antracito, que apresenta um conteúdo carbonífero superior a 90%. Da
22
mesma forma, os depósitos variam de camadas relativamente simples e próximas da
superfície do solo e, portanto, de fácil extração e baixo custo, a complexas e profundas
camadas, de difícil extração e custos elevados (ANEEL, 2002).
No Brasil, as principais reservas de carvão mineral estão localizadas no Sul do País,
notadamente no Estado do Rio Grande do Sul, que detém mais de 90% das reservas nacionais.
No final de 2002, as reservas nacionais de carvão giravam em torno de 12 bilhões de
toneladas, o que corresponde a mais de 50% das reservas sul-americanas, porém o uso
energético do carvão mineral é restrito devido os altos teores de poluentes (MME, 2008),.
Os impactos ambientais referentes ao carvão mineral decorrem da mineração ao
processamento final em usinas. Para a extração do minério se utiliza equipamentos e
maquinários no processo de lavra que emitem monóxido de carbono, óxido de enxofre, óxido
de nitrogênio e outros poluentes atmosféricos. No processo de drenagem das minas, as águas
sulfurosas derramadas no solo causam o aumento das concentrações de sulfatos e de ferro e a
redução de pH no local de drenagem. A recuperação no processo de beneficiamento é baixa,
gerando rejeitos sólidos, que também são depositados no local das atividades, criando
extensas áreas cobertas de material líquido, as quais são lançadas em barragens de rejeito ou
diretamente em cursos de água (ANEEL, 2002). Grande parte das águas de bacias
hidrográficas circunvizinhas é contaminada pela lixiviação materiais poluentes (pirita, siltito e
folhelhos) que são rejeitos empilhados percolados pelas águas pluviais, afetando as reservas
dos lençóis freáticos (idem). Depois da separação de carvão coqueificável de outras frações de
qualidade mais baixas são gerados novos rejeitos, que são depositados na terra tornando os
solos improdutíveis. A queima de carvão em indústrias e termelétricas causa a emissão de
material particulado, cinzas, e de gases poluentes, dentre os quais se destacam o dióxido de
enxofre (SO2) e os óxidos de nitrogênio (NOx).
2.1.2.1.4 Energia Nuclear
A energia nuclear é proveniente da fissão ou fusão dos núcleos atômicos que durante
quebra liberam energia que pode ser transformada diretamente em energia térmica, mecânica
ou energia das radiações. A fonte de energia das usinas nucleares são minerais altamente
radioativos, como o urânio. O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do mundo
possuindo reservas de Urânio (U
3
O
8
) estimadas em 309.000 toneladas (INB, 2008). As usinas
nucleares de Angra 1 e 2 respondem pelo abastecimento equivalente a 40% das necessidades
do Estado do Rio de Janeiro (MCT, 2008).
23
Quando utilizada para produção de energia elétrica a energia nuclear, diferente dos
combustíveis fósseis, é uma forma de energia que não emite nenhum gás de efeito estufa
(dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros) e nenhum gás causador de chuva ácida
(dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio). Também não emite nenhum metal carcinogênico,
teratogênico ou mutagênico (Arsênio, Mercúrio, Chumbo, Cádmio, etc.). A utilização da
energia nuclear também não libera gases ou partículas que causem poluição urbana ou
diminuição da camada de ozônio (INB, 2008).
Apesar de ser uma das fontes geradora de eletricidade mais utilizadas no mundo, o
Brasil faz uso de apenas 1,4% na sua matriz energética. A opinião pública internacional tem
sido contrária ao investimento de energia elétrica termonuclear porque tem sido encarada
mais como uma ameaça à integridade humana e ao meio ambiente do que como fonte segura
de energia, além do alto de disposição dos rejeitos nucleares. O impacto ambiental de usinas
termonucleares tem sido muito enfatizado nas últimas décadas, sendo preocupação de
movimentos ambientalistas, tanto em termos globais como regionais. Os perigos relacionados
com usinas nucleares de autodestruição se tornaram bem conhecidos quando em 1986, a usina
nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, provocou o mais trágico acidente nuclear da história
(ANEEL, 2002). Os acidentes são devidos à liberação de material radioativo de dentro do
reator, onde é produzido o calor pela fissão do urânio, ocasionando a contaminação do meio
ambiente, provocando doenças como o câncer e também morte de seres humanos, de animais
e de vegetais. Isso não nas áreas próximas à usina, mas também em áreas distantes, pois
ventos e nuvens radioativas carregam parte da radiação para áreas bem longínquas, situadas a
centenas de quilômetros de distância (idem). Além de uma remota mas não desprezível
possibilidade de contaminação do solo, do ar e da água, o aquecimento das águas do corpo
receptor pela descarga de efluentes representa um risco para o ambiente local.
2.1.2.2 Energia Renovável
As fontes renováveis de energia são fontes consideradas limpas e que podem, num
futuro próximo, substituir os combustíveis fósseis e minimizar os danos produzidos por tais.
As quatro fontes primárias de energia referidas acima constituem fluxos da energia
proveniente do sol que abastece a Terra diariamente. A Terra recebe apenas alguns
bilionésimos da energia produzida pelo Sol e, apesar disso, a pequeníssima fração de energia
que atinge a Terra é cerca de 100 mil vezes maior do que toda a energia usada nas indústrias
do mundo.
24
2.1.2.2.1 Energia Solar
A maior parte da eletricidade em geral vem indiretamente do Sol. A energia é captada
da luz, energia luminosa, como também do calor do sol, energia térmica. A energia térmica
pode ser usada diretamente para aquecimento de fluidos e ambientes, e para geração de
potência elétrica e mecânica. A energia captada do Sol pode ser convertida em energia
elétrica, através de determinados materiais, entre os quais se destacam o termoelétrico e o
fotovoltaico. As células fotovoltaicas e os coletores solares têm sido utilizados em larga
escala com eficiência para alimentar sistemas de iluminação e eletricidade de uso residencial e
comercial em geral, para acionar motores de menor potência, bombeamento de água e
pequenos sistemas de irrigação.
Esta energia apresenta características positivas para o sistema ambiental, a radiação
solar que a terra recebe todos os dias tem um potencial energético extremamente elevado e
incomparável a qualquer outro tipo de energia. A proporção de energia solar que incide a terra
em dez dias é equivalente a todas as reservas de combustíveis fósseis existentes. O Brasil é o
país que recebe a maior incidência de sol no mundo, mas bem pouco da energia é aproveitada
(SILVA, 2007).
Na fabricação das células e painéis solares pode-se gerar algum tipo de poluição
(CEPEL, 2003), porém, é considerada controlável e compensada durante a geração, pois esta
fonte energética inesgotável não gera qualquer tipo de poluição ambiental durante seu uso.
Apesar de ter um custo mais elevado e menor eficiência do que os outros meios de energia,
esse quadro vem sendo revertido tornando a energia solar cada vez mais uma solução
economicamente viável.
Além das vantagens citadas, a manutenção das centrais solares é mínima e é viável
para lugares longes dos centros de produção energética, pois sua instalação em pequena escala
evita perda de energia que ocorreria na transmissão, poupando assim grandes custos. Devido à
variação nas quantidades produzidas de acordo com as condições climáticas (chuvas, nuvens,
etc), e produção nula durante a noite, necessita a existência de meios de armazenamento da
energia produzida durante o dia.
A utilização da energia solar na região do Estado do Rio de Janeiro é exeqüível em
praticamente todo o território, como exemplo, no município de São João da Barra foram
eletrificadas casas populares com o sistema fotovoltaico (CEPEL, 2003).
25
2.1.2.2.2 Energia Eólica
A energia eólica é produzida por moinhos chamados de aerogeradores, que consistem
de um eixo horizontal com uma grande hélice que colhe o vento necessário para mover uma
produtora de energia, uma turbina (SILVA, 2007). Pesquisas atuais tem se intensificado em
produzir aerogeradores mais silenciosos, com custos menores e capazes de aproveitar ao
máximo os ventos. A estimativa do potencial eólico mundial aproveitável está na ordem de
53.000 tWh por ano, cerca de quatro vezes a energia gerada no mundo, mas utilização da
energia eólica no mundo está em torno de 15.000 MW (ANEEL, 2002).
O litoral do Rio de Janeiro possui um grande potencial eólico com capacidade de ser
instalada turbinas eólicas de médio e grande portes conectadas à rede elétrica. No Município
São Francisco de Itabapoana, região norte-fluminense do Estado do Rio de Janeiro, existe o
projeto do parque de geração de energia eólica Gargaú a ser implementado dentro do ano de
2008, onde serão instalados 17 aerogeradores com capacidade instalada de 28MW, energia
suficiente para atender uma cidade de 80 mil habitantes.
A energia eólica apresenta grandes vantagens por ser uma fonte de energia abundante
e limpa, o vento. Os moinhos podem compartilhar terra com pastagens e agricultura,
dispensando desapropriações ou deslocamento de populações. A tecnologia da energia eólica
se encontra desenvolvida para competir com as outras fontes energéticas e tempo de
construção é menor com respeito a outras opções. As plantas modulares são convenientes
quando se requer resposta rápida ao crescimento de consumo energético, podendo atender a
população de pequeno porte onde a demanda de energia não é facilmente acessível (SILVA,
2007).
Entretanto, dentre as desvantagens apontadas pelos críticos desta energia, está o fato
delas alterarem paisagens com suas torres e hélices e dependendo de onde for instalado,
podem interferir na rotas de migração dos pássaros. Além do mais, ruídos podem ser emitidos
em um certo nível (de baixa freqüência), que pode gerar algum incomodo como, também,
interferência na transmissão de televisão. E, em locais onde o vento tem intensidade variável,
a geração de energia pode ser pouca e em caso de chuvas muito fortes, desperdício de
energia (AMBIENTEBRASIL, 2007).
26
2.1.2.2.3 Hidroeletricidade
A hidroeletricidade é empregada sete vezes mais no Brasil em relação ao mundo. A
energia de origem hídrica é hoje a segunda maior fonte de eletricidade no mundo, não polui o
meio ambiente e tem baixo custo de produção. Estima-se que o potencial tecnicamente
aproveitável da energia hidráulica na Terra varie de 10.000 TWh a 20.000 TWh por ano. O
potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em cerca de 260 GW, mas a capacidade instalada
atualmente é da ordem de 61 GW. Essa energia é a principal fonte de energia hidráulica no
país, gerando cerca de 90% da eletricidade produzida no país (ANEEL, 2002). No Estado do
Rio de Janeiro, como exemplo, temos a Usina Hidrelétrica de Funil da empresa FURNAS,
que foi construída no rio Paraíba do Sul no local conhecido como “Salto do Funil”, em
Resende, e entrou em operação em 1969 e tem 216.000 kW de potência instalada (SILVA,
2007).
O aproveitamento de potenciais hidráulicos para a geração de energia elétrica requer,
muitas vezes, a formação de grandes reservatórios e, conseqüentemente, a inundação de
grandes áreas. Na maioria dos casos, trata-se de áreas produtivas e/ou de grande diversidade
biológica, o que exige, previamente, a realocação de grandes contingentes de pessoas e
animais silvestres. A formação de reservatórios de acumulação de água e regularização de
vazões, por sua vez, provoca alterações no regime das águas e a formação de microclimas,
favorecendo certas espécies (não necessariamente as mais importantes) e prejudicando ou até
mesmo extinguindo outras. Entre as espécies nocivas à saúde humana, destacam-se parasitas e
transmissores de doenças endêmicas, como a malária e a esquistossomose. No Brasil,
vários exemplos de grandes impactos socioambientais decorrentes de empreendimentos
hidrelétricos, como Tucuruí e Balbina, na Amazônia, e Sobradinho, no Nordeste do País
(ANEEL, 2002).
Tendo em vista que boa parte dos grandes aproveitamentos hidrelétricos está
construída, e que o impacto ambiental que causam tem dificultado a obtenção de novas
licenças para construção, o mercado de geração de energia hidrelétrica no Brasil está se
voltando cada vez mais para a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH). Os
empreendimentos com características de PCH, pela própria definição, são empreendimentos
que afetam diretamente áreas muito reduzidas, por isso produzem poucos impactos ambientais
negativos e significativos, quando comparados com outros tipos de geração de energia
elétrica, apresentam aspectos atrativos aos investidores, pois são de menor vulto e geram
energia mais rapidamente em comparação às grandes usinas. Esses empreendimentos
27
procuram atender demandas próximas aos centros de carga, em áreas periféricas ao sistema de
transmissão e em pontos marcados pela expansão agrícola nacional, promovendo o
desenvolvimento de regiões remotas do país.
Uma PCH é caracterizada pelo aproveitamento de um trecho de um curso de água, de
forma que sua potência instalada máxima seja de até 30 MW e seu reservatório menor que 3,0
km². Sendo uma usina hidrelétrica de pequeno porte, seu funcionamento básico é o mesmo de
uma de grande porte. A de geração de energia elétrica se a partir do aproveitamento da
força contida no fluxo das águas dos rios, esse fluxo faz girar turbinas, cujo movimento
proporciona condições físicas para a geração de energia elétrica. A eletricidade gerada é
conduzida até os transformadores que, por meio das linhas de transmissão, levam até os
centros de consumo (SILVA, 2007). Este tipo de hidrelétrica é bastante construído em rios de
médio porte que possuam desníveis significativos durante seu percurso, gerando força
hidráulica suficiente para movimentar pequenas turbinas. Por outro lado, por não ter grandes
reservatórios, as PCH têm sua produção encarecida pois a eficiência fica prejudicada pela
variação do volume d'água. Mas essa desvantagem traz um benefício ambiental: não criar
lagos gigantescos significa também uma grande preservação do meio ambiente (IDER, 2008).
2.1.2.2.4 Biomassa
O potencial brasileiro para utilização de biomassa como fonte de energia tem se
mostrado grande. Esta fonte renovável pode ser encontrada em forma de biomassa sólida
(produtos e resíduos da agricultura, das florestas e a fração biodegradável dos resíduos
industriais e urbanos), biocombustível gasoso (o biogás pode ter origem em efluentes agro-
pecuários/industriais e lamas das estações de tratamento dos efluentes domésticos e aterros
sanitários) e de biocombustíveis líquidos (biodiesel e bioetanol, obtidos a partir de óleos
orgânicos e da fermentação de resíduos naturais) (CENBIO, 2007). A biomassa é empregada
sete vezes mais do que nos países da OECD e três vezes em relação ao mundo. Isso porque no
país existe matéria prima renovável em abundância para fabricar biocombustível. Segundo a
Lei n° 11.097, de 13 de Janeiro de 2005, biodiesel é um “biocombustível derivado de
biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão
ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia que possa substituir parcial
ou totalmente combustíveis de origem fóssil”.
No Brasil, a biomassa utilizada para geração de energia mais destacada encontra-se no
setor sucroalcoleiro. Cada tonelada de cana processada requer cerca de 12 kwh de energia
28
elétrica, que pode ser produzida com os próprios resíduos da cana como a palha, o bagaço e o
vinhoto, sendo possível que o setor se torne auto-suficiente em termos de suprimento
energético (ANEEL, 2002). Porém se não houver reaproveitamento adequado, a queima da
palha do canavial, causa impactos ambientais negativos, ao liberar gás dióxido de carbono,
ozônio, gás nitrogênio e enxofre.
Diversos vegetais como dendê, girassol, amendoim, pinhão manso, babaçu, soja,
milho e outros, produzem óleos que podem ser usados como combustíveis. Além destas
plantas oleaginosas, também existem derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar,
biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica (SILVA, 2007).
Na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), pesquisadores produzem
biodiesel em pequena escala e estudam a fabricação de biogás a partir da cana-de-açúcar.
A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira foi estabelecida pela Lei
11.097/05 que determinou a adição obrigatória 2% de biodiesel ao óleo diesel, B2,
comercializado a partir de do início de 2008. Em Julho desse mesmo ano, porcentual do
biodiesel obrigatório aumentou para 3%, B3, e a mistura B5, 5% de biodiesel ao óleo diesel
será voluntária no período de 2008 até 2012, passando a ser compulsória a partir de 2013. O
biodiesel pode substituir quase todos os derivados de petróleo sem modificações nos motores,
diminuindo, assim, a dependência dos combustíveis fósseis.
O biodiesel é uma alternativa viável para a substituição dos combustíveis fósseis, com
vantagens tanto ambientais, como econômicas e sociais. Na produção de energia as emissões
de dióxido de carbono, enxofre e outros gases causadores do efeito estufa são reduzidos. As
emissões de biodiesel associadas ao metanol representam cerca de 5% das emissões do diesel
mineral, enquanto as emissões do biodiesel associadas ao etanol representam cerca de 3,8%
das emissões do diesel mineral.
2.1.3 Importância da Modificação da Matriz Energética Brasileira
Apesar de ter a quase a metade da energia de fontes renováveis estes valores ainda
necessitam de alterações. A redução do uso das energias oriundas dos combustíveis fósseis é
urgente devido aos impactos ambientais negativos citados na descrição das fontes energéticas
neste capítulo. Além de finitas, as energias não-renováveis citadas provocam danos
ambientais sérios, podendo ser a curto ou longo prazo. Diante desse contexto é necessário
utilização de fontes alternativas de energia.
29
O Programa Nacional de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
(PROINFA) foi criado pelo art. 3°, da Lei n° 10.438, de 26/4/2002, com o objetivo de
implantar, até o final do ano de 2008, 3.300 MW de capacidade instalada, o que equivale a
3% na matriz energética, com a utilização das fontes eólicas, PCH e biomassa. Na segunda
parte do programa está previsto o aumento da energia gerada a partir das mesmas fontes até
atingir 10% do consumo anual de energia, a ser alcançado em até 20 anos no país. Dado o
grande potencial do Brasil de gerar energia a partir de fontes renováveis, pode-se dizer que
esse programa poderia visar alvos maiores, para causar impactos significativos na matriz
energética.
Além de contribuir para uma matriz energética limpa e diversificada, as fontes
renováveis têm um papel significativo na geração de emprego e renda, bem como na
universalização das alternativas de suprimento de energia (TOLMASQUIM, 2003).
Ainda mais, sólidos investimentos em fontes energéticas que, além de serem menos
poluentes, possam reduzir significativamente a emissão de gases tóxicos quando aproveitadas,
como a biomassa residual depositadas em vazadouros a céu aberto, com sua participação
insignificante na oferta de energia brasileira. A modificação na matriz energética brasileira é
de máxima importância.
2.2 Quadro Geral dos Resíduos Sólidos Urbanos
2.2.1 Definição de Resíduos Sólidos Urbanos
Segundo a Norma NBR 10004 (ABNT, 2004), resíduos sólidos consistem em:
“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível”.
Os resíduos sólidos são classificados de acordo com a sua fonte geradora, a
características das substâncias constituintes e os impactos que causam à saúde e ao meio
ambiente. Esses podem ser divididos (ABNT, 2004) em:
30
Classe I (perigosos): Possuem potencial risco a saúde pública e ao meio
ambiente. Apresentam uma ou mais características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade;
Classe II (não perigosos):
Classe IIA (não inertes): São os que não se enquadram nas classificações
de resíduos classe I ou IIB. Podem apresentar propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;
Classe IIB (inertes). São quaisquer resíduos não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade
de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
Os resíduos sólidos também recebem outras classificações, de acordo com a natureza
da composição química os resíduos, podem ser orgânicos ou inorgânicos, o local onde o
resíduo é gerado, centro urbano ou rural, e a atividade que o originou pode o classificar como
lixo domiciliar, comercial, público, hospitalar, industrial, agrícola, de construções e obras,
especiais e dentre outros geradores.
Para um conceito mais específico dos resíduos sólidos urbanos (RSU) utilizou-se neste
trabalho a definição pela FEEMA (FEEMA, 1994), que trata RSU como:
“resíduos sólidos e semi-sólidos gerados num aglomerado urbano
(residências, comércio, logradouros, indústrias, hospitais, etc.),
excetuados os resíduos industriais provenientes de processos e
tratamento, os hospitalares sépticos e aqueles advindos de portos e
aeroportos”.
E este conceito também possui o mesmo sentido para a palavra de lixo neste estudo. A
palavra lixo, no dicionário, é definida como sujeira, imundice, coisa ou coisas inúteis, velhas,
sem valor. Lixo, na linguagem técnica, é sinônimo de resíduos sólidos e é representado por
materiais descartados pelas atividades humanas (FIGUEIREDO, 1994).
O conceito de lixo vem constantemente carregado de significados ligados ao que não
serve mais, mas o fato de não servir pra um determinado fim não significa que será para todos.
Segundo BÉRRIOS (2003), lixo pode ser considerado o produto na saída de um sistema
(output), ou seja, aquilo que foi rejeitado no processo de fabricação, ou que não pode mais ser
reutilizado em função das tecnologias disponíveis. Anaxágoras, filósofo grego pré-socrático,
afirmou “que na natureza nada se cria e nada se destrói” e Lavoisier, cientista francês, que “na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, então matéria e energia são
indestrutíveis (PASCARELLI, 2007). Se “nada se perde e tudo se transforma”, esse sistema se
torna fechado e o resíduo nada mais é que o resultado da transformação da natureza. Assim
31
sendo, podemos dizer que, de uma forma geral, resíduos são materiais descartado pela
sociedade, sem utilidade ou valor aparente, mas, que possuem energia com potencial a ser
transformada, seja por processos tecnológicos disponíveis ou não.
No Estado do Rio de Janeiro a lei, 2011 dispõe sobre a obrigatoriedade da
implementação de Programa de Redução de Resíduos, bem como normas legais estabelecidas
na lei de diretrizes para o gerenciamento de resíduos. Nacionalmente, a Política Nacional de
Resíduos Sólidos encontra-se em tramitação no Congresso, processo: 02000.000746/2003-08,
e já sancionado pela presidência, ainda não implementada.
2.2.2 Composição dos Resíduos Sólidos Urbanos
O conhecimento da composição do lixo é imprescindível para o planejamento de
investimento em coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. No que se refere à
composição do lixo brasileiro, os dados da tabela 2 mostram sua composição média.
Tabela 2 - Composição Média do Lixo do Brasil
ITENS %PESO
MATÉRIA ORGÂNICA 55
PAPEL E PAPELÃO 25
PLÁSTICO 3
VIDROS 2
METAIS FERROSOS E NÃO FERROSOS 2
OUTROS (borracha, couro, madeira, etc.) 13
TOTAL 100,0
Fonte: CEMPRE (2004)
A produção dos resíduos sólidos urbanos é muito variável e, pode-se afirmar,
imprevisível, particularmente quando não um controle sistemático da mesma; ela varia de
lugar para lugar e pode ser influenciada por uma série de fatores, dentre eles (COMLURB,
1999):
Fatores climáticos:
Chuvas - aumento do teor de umidade;
Estações do ano - folhas no outono.
Festas populares:
Carnaval - aumento de vidro e metal não ferroso;
32
Natal / Ano novo / Páscoa - aumento de embalagens e aumento
de matéria orgânica.
Férias escolares - esvaziamento de áreas da cidade.
Hábitos:
Diferença de consumo entre os dias úteis e o final de semana;
Lançamentos de novos produtos;
Promoções de grandes estabelecimentos comerciais.
- Variação do poder aquisitivo:
ao longo do mês - consumo maior de supérfluos perto do
recebimento do salário;
diferença de renda maior renda, menor produção de matérias
orgânicas maior consumo de materiais descartáveis (plásticos, vidros)
A composição do lixo é alterada diretamente conforme as modificações na economia e
tecnologia nacional, regional e local. Quanto maior o avanço tecnológico, maior é a fração de
material reciclável do lixo, plástico, papel e vidro, pois aumenta o uso de embalagens e
produtos artificiais. Da mesma forma a fração da matéria orgânica diminui, com o aumento do
poder aquisitivo da população.
2.2.3 Produção de Resíduos Sólidos Urbanos
Cada brasileiro produz por ano cerca de 90 latas de bebidas, 2 árvores transformadas
em papel, 107 frascos em geral, 70 latas de alimentos, 45 kg de plástico, 10 vezes seu próprio
peso em refugos domésticos. O Brasil produz cerca de 241.000 toneladas de lixo a cada 24h
(FIGUEIREDO, 1994).
A produção de resíduos é influenciada por diversos fatores, dentre eles, destacam-
se: o aumento populacional e a intensidade do processo de industrialização. Constata-se
que quanto maior for a magnitude desses fatores, maior será a heterogeneidade e a
quantidade de resíduos produzidos (LIMA, 1986). Existe uma relação direta entre o
número populacional e a quantidade de lixo produzida diariamente. De acordo com a
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) feita pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2002), nas cidades com menos de 200.000 habitantes, a
quantidade coletada de lixo varia entre 450 a 700 gramas por habitante/dia, e essa
quantidade aumenta para 800 a 1200 gramas em cidades com mais de 200.000 habitantes.
33
A tendência da produção de lixo é aumentar com a maior industrialização. No município
do Rio de Janeiro, é notável o aumento da produção de lixo, nos últimos trinta anos, a
geração de lixo domiciliar aumentou três vezes, conforme os dados da COMLURB. A Fig.
2 representa esta proporção.
Figura 2 – Média de Recebimento de Lixo no município do Rio de Janeiro (t)
Fonte: COMLURB (2005)
Observando que a taxa de produção tende a aumentar no decorrer do tempo, não
no Rio de Janeiro, mas, em todo o mundo pode-se inferir que a biosfera está sofrendo
danos que caminha para transformações irreversíveis, que conduzem o processo de
degradação sempre crescente e, portanto, leva a concluir que a produção de lixo será
inesgotável, caso não haja mudança de comportamento do homem em relação ao uso de
recursos naturais e em relação à arte de viver em sociedade (LIMA, 1986).
A produção de lixo é uma atividade que pode levar à perda da qualidade de matéria
e energia original, alternado assim as características do meio ambiente. O processo de
produção de resíduos é uma transformação considerada irreversível, pois representa uma
perda quali-quantitativa potencial de matéria e energia utilizável. O processo
antropogênico de produção de lixo é denominado “degradação de energia”, por ser um
fenômeno capaz de promover uma contínua degradação do meio físico, químico e
biológico e produzir impactos irreversíveis para os seres que habitam esse meio (LIMA,
1986).
34
2.2.4 Destinação do lixo
A forma como os resíduos são descartados no meio ambiente pode causar perdas e
danos irreparáveis, e seus efeitos podem ser considerados crescentes em relação ao tempo. De
acordo com os dados do IBGE, 21% das 228 mil toneladas de lixo recolhidas por dia no país
ainda são despejadas em vazadouros a céu aberto, sem nenhuma medida para minimizar o
impacto ambiental (LIBÂNIO, 2002). Espalhados pelo território nacional, os lixões dissipam
odores desagradáveis, contribuem para a proliferação de vetores de doenças, pois os RSU
oferecem disponibilidade de água, abrigo e alimento para vários organismos vivos, muito dos
quais o utilizam como nicho ecológico (LIMA, 1986), conforme a Tabela 3. Dentre os
macrovetores podem ser citados os ratos, baratas, moscas e animais de maior porte como:
aves, cães, gatos suínos e eqüinos. os microvetores são, principalmente, microrganismos
tais como: vermes, bactérias, fungos actinomicetes e vírus. Estes últimos, segundo LIMA
(1986), são os de maior interesse epidemiológico por ser, via de regra, patogênicos e nocivos
ao ser humano. A Tabela 3 também apresenta algumas doenças transmissíveis por animais
presentes nos lixões.
Tabela 3 - Algumas doenças transmitidas pelo lixo
Animais Modo de Doenças / Sintomas
Rato Mordida, pulga e urina Tifo, Peste e Leptospirose.
Mosca doméstica
e varejeira
Contaminação dos alimentos
Através das patas e do corpo
Febre Tifóide, Verminose e
Gastroenterite.
Barata e formiga Contaminação dos alimentos
Através das fezes, das patas e
do corpo
Febre Tifóide, Giardíase e outras
doenças Gastrointestinais.
Mosquito Picada da fêmea Dengue, Malária, Febre Amarela,
Leishmaniose.
Escorpião Picada Causa muita dor. Em crianças e
idosos pode causar alterações
cardíacas, coma e morte.
Fonte: COSTA (2001)
Além dos fatores citados, a disposição de lixo a céu aberto resulta em uma acentuada
poluição do ar, causada pelos gases resultantes da digestão anaeróbica da parcela orgânica dos
resíduos, que 55 a 70% do biogás é compostos de metano (CH4), 30 a 45% de dióxido de
35
carbono (CO
2
), 0 a 20% de nitrogênio (N
2
) e outros gases como hidrogênio (H
2
), oxigênio
(O
2
) e gás sulfídrico (H
2
S) (IBAM, 2007). O gás metano é um gás muito mais nocivo que o
gás carbônico, considerando um período de 100 anos, 1 grama de metano contribui 21 vezes
mais para a formação do efeito estufa do que 1 grama de dióxido de carbono (IBAM, 2007).
Acrescentando ainda a poluição do solo e subsolo que podem contaminar cursos d’água e
lençóis freáticos por meio do chorume líquido proveniente da decomposição do lixo
orgânico.
A forma de disposição em um aterro sanitário contribui para minimização e controle
dos problemas de um lixão. O aterro sanitário de acordo com a Norma NBR-8419 (ABNT,
1992) é definido como:
“técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU) no solo,
sem causar danos à saúde pública e sua segurança, minimizando os
impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia
para confinar os RSU a menor área possível e reduzi-los ao menor
volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na
conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores se for
necessário”.
No Brasil, em 1990, apenas 1,1% dos resíduos sólidos urbanos coletados eram
destinados em aterros sanitários (SANTOS, 1995). Conforme o Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico (PNSB) informa, houve uma melhora da situação de destinação final do
lixo coletado no país nos últimos anos, em 2000, as 125.281 toneladas de lixo produzidas
diariamente tiveram um destino final adequado, 47,1% estavam sendo destinado a aterros
sanitários.
2.3 Tecnologias de Aproveitamento Energético do Lixo
2.3.1 Aproveitamento Energético do Lixo
A reciclagem e a recuperação de energia são as alternativas disponíveis no curto prazo
para reduzir a quantidade de RSU que é encaminhada aos aterros sanitários, lixões, e outros
receptores de lixo.
O aproveitamento de materiais recicláveis é um ganho de eficiência (HENRIQUE,
2004), além da redução de consumo energia, evitando a transformação de recursos naturais
em bens a serem utilizados na obtenção de produtos, conserva a energia e ainda otimiza as
áreas destinadas a depósitos de resíduos.
36
o aproveitamento energético do lixo, com seus subprodutos, visa obter produtos
cuja competitividade pode ser alcançada mesmo com despesas de processamento mais
elevadas que as concorrentes naturais, uma vez que seu custo de matéria-prima é negativo,
pois são evitados os gastos com a despoluição (OLIVEIRA, 2000).
Existem várias tecnologias para o aproveitamento de energia a partir dos RSU, como a
tecnologia da incineração controlada do lixo, a tecnologia de aproveitamento do gás de lixo
(GDL) e a tecnologia de digestão anaeróbica acelerada (HENRIQUE, 2004).
2.3.2 Reciclagem e Coleta Seletiva
A matéria prima recuperada pela reciclagem representa conservação de energia, pois
se reduz o consumo de energia e água que seria gasto para a produção desta, caso o material
não fosse recuperado. O produto reciclado que entrará novamente no processo produtivo irá
evitar a transformação de recursos naturais, em alguns casos não renováveis, poupando o
meio ambiente. Como por exemplo, a produção de 15 latas de cerveja consome,
aproximadamente, o equivalente em energia a um litro de gasolina. "A quantidade de energia
elétrica consumida a cada ano nos Estados Unidos para a fabricação destes recipientes de
bebida, mesmo contando-se aquelas latas recicladas, seria suficiente para suprir as
necessidades elétricas de uma cidade como Curitiba" (D'AVIGNON, 1993). Não fosse
suficiente permitir o exercício da inclusão social de um contingente expressivo de pessoas de
baixa renda, a economia de energia elétrica proporcionada é de cerca de 3,0 MWh por
tonelada de material reciclado (OMA, 2006).
A coleta seletiva prévia ao processo da reciclagem aumenta o poder de aproveitamento
dos materiais que possam ser reciclados, pois a contaminação da fração seca com a úmida
muitas vezes dificulta a reutilização do material. Quando o lixo encontra-se misturado, as
condições e a qualidade dos materiais obtido na reciclagem são muito ruins, isso faz com que
o preço do produto seja menor e seu beneficiamento torna-se mais complicado. Quando a
coleta seletiva é efetuada, em cerca de 40% dos RSU são obtidos materiais recicláveis, mas
esse rendimento pode cair para 20% quando a reciclagem é feita depois dos RSU serem
coletados e misturados. Desta forma, a coleta seletiva evita a contaminação dos materiais
reaproveitáveis, agregando maior valor destes e diminuindo os custos no processo de triagem.
Ademais, adotar a coleta seletiva favorece soluções de rotas tecnológicas alternativas para a
destinação final dos RSU, permitindo a utilização de soluções ambientais, técnicas e
37
econômicas mais conseqüentes para o aproveitamento eficiente da fração orgânica (OMA,
2006).
2.3.3 Tecnologia de incineração controlada do lixo
O sistema de incineração controlada utiliza alta tecnologia para liberar baixas
emissões de poluentes, com amplamente utilizado para tratamento do lixo doméstico,
hospitalar e mesmo perigoso. Caracteriza-se pela recuperação dos gases de escape do
processo, os quais normalmente atingem mais de 1000°C, os quais são encaminhados para
uma caldeira de recuperação de calor, onde é produzido vapor d’água para mover uma
turbina (OLIVEIRA, 2004). Exitem incineradores que apresentam grande eficiência na
queima, reduzindo até o peso e o volume do material incinerado a apenas 5% do volume
inicial, e o material resultante é apto para ser aterrado ou utlizado em contrução civil.
A câmara primária é a receptora de lixo (câmara de combustão). A temperatura se
elevada de forma controlada, evitando a volatilização de grandes quantidades de metais
presentes no lixo. Na segunda câmara (pós-queima), também dotada de queimador
enriquecido com oxigênio, a chama que incide diretamente sobre os gases provenientes da
combustão na primeira câmara garante a completa oxidação da matéria orgânica. A terceira
e quarta câmaras proporcionam a mudança brusca do sentido da corrente gasosa, conforme
representado na Figura 3, ocasionando a sedimentação dos materiais particulados
(OLIVEIRA, 2000).
38
Figura 3 - Esquema representativo das câmaras de combustão
Fonte: ENGEAPLIC (2007)
Apesar da prática de incineração ser muito adequada para instalação em áreas de
grande geração de resíduos, contribuindo para reduzir o volume dos resíduos destinados
aos aterros, e gerando sais minerais decorrentes da decantação das cinzas, essa tecnologia
ainda causa bastante polêmica. A queima dos resíduos, se não for controlada com a
instalação de filtros e equipamentos adequados, pode liberar subprodutos tóxicos e
cancerígenos, como metais pesados, furanos, cloros e dioxinas. Por isso que os
equipamentos desse sistema estão em conjunto com lavadores de gases que garante a
emissão de gases na chaminé dentro dos padrões exigidos pelos órgãos ambientais.
Um dos primeiros centros tecnológico detentor dessa tecnologia no Brasil, foi a
USINAVERDE S.A. em funcionamento desde 2005, no campus da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro/RJ. A USINAVERDE atende
empreendedores, do poder público ou iniciativa privada, interessados na implantação de
Usinas de Tratamento Térmico de Resíduos Urbanos com Geração de Energia, em
módulos com capacidade para tratar 150 toneladas de lixo urbano por dia, com geração
efetiva de 3,2 MWh de energia elétrica, sendo 2,6 MWh disponíveis para fornecimento
externo (USINAVERDE, 2008). Os gases resultantes da incineração passam por um
lavador de gás que remove possíveis cinzas que tenham sido carreadas junto com os gases
39
e, após essa fase, os gases passam por dois neutralizadores para, então, serem liberados
pela atmosfera. Os gases emitidos passam por uma análise periódica, feita por empresas
cadastradas na FEEMA. A cada 100 toneladas de lixo que entra no incinerador, sai 8
toneladas de cinzas que podem ser aproveitados como corretivo de solos ou para
fabricação de tijolos.
2.3.4 Tecnologia de Gás do Lixo
É uma alternativa que pode ser aplicada a curto e médio prazo para os gases
gerados nos aterros sanitários existentes. Um projeto para a obtenção de energia a partir
de gás captura aproximadamente 50% do metano que emite um aterro. O metano que se
captura, ao queimar o gás para produzir eletricidade, transforma-se em água e CO
2
que é
muito menos potente. O mesmo CO
2
seria emitido como resultado do processo natural de
decomposição. O CO
2
que provém da combustão de combustíveis fósseis contribui para a
mudança do clima global porque o carbono fica armazenado nos combustíveis sólidos e
não seria emitido se não se queimasse tais combustíveis. Os benefícios de redução de gás
que provoca o efeito estufa de um projeto de gás de aterro sanitário típico de 5 MW
equivale a plantar mais de 32.374,85 hectares de bosque por ano ou eliminar as emissões
anuais de mais de 60.000 carros (IMBELLONI, 2004).
Em centenas de aterros de diversos países usam essa tecnologia, e consiste na
recuperação do biogás oriundo da decomposição natural dos restos orgânicos para
abastecer motores, que impulsionam geradores. Em virtude da composição do biogás
(cerca de 50% de metano, 45% de dióxido de carbono e o resto de gás sulfídrico e outros),
que caracteriza este combustível como pobre, foram desenvolvidos motores
especificamente para melhorar o rendimento ao utilizá-lo.
Devido as altas taxas de pluviosidade e insolação no Rio de Janeiro, bem como a
alta taxa de material orgânico do lixo neste Estado, existem condições ideais para a
produção de GDL. O governo brasileiro está realizando estudos que objetiva a exploração
do biogás, para a geração de energia elétrica, o qual projeta uma capacidade mínima
instalada de 20MW de potência, nos aterros sanitários. Como o gás é composto na sua
maioria por metano, uma vez que ele seja purificado, poderá até ser utilizado na rede de
gás natural. As possibilidades de aproveitamento energético do biogás de aterros são
várias, entre elas (COMLURB, 1999):
Captação do biogás e envio do mesmo através de gasoduto;
40
Captação e utilização do biogás como combustível veicular;
Geração de energia elétrica através de motores de combustão interna;
Geração de energia elétrica através da tecnologia de células combustíveis;
Evaporação de chorume.
A Comlurb já estuda o aproveitamento do biogás desde a década de 70. Em 1977 a
Comlurb implantou a rede de captação de biogás no antigo Aterro do Caju, onde hoje
está instalada a Usina do Caju. O biogás captado era enviado por gasoduto para a CEG,
(Companhia Estadual do Gás), empresa que desenvolveu o projeto juntamente com a
Comlurb. Este projeto durou cerca de 10 anos e permitiu o desenvolvimento de equipe para
projeto e operação de plantas de biogás. O biogás de Gramacho tem aprox. 50 % de
metano, com um poder calorífico de aprox. 5000 kcal/Nm³.
O esquema do projeto de minimização de gases geradores do efeito estufa e geração
de energia elétrica através do biogás está representado na Fig. 4.
Figura 4 - Aproveitamento energético do biogás
Fonte: CONPET (2005)
2.3.5 Tecnologia de digestão anaeróbica acelerada
A matéria orgânica presente nos resíduos sólidos municipais é a parte mais complexa
do lixo porque tem diversos compostos, consequentemente, requer uma forma de
aproveitamento mais complexa ao ser degradada. A digestão anaeróbica consiste na
degradação do material orgânico na ausência de oxigênio, é a conseqüência de uma série de
41
interações metabólicas entre vários grupos de microorganismos antes de sua conversão final
em metano. Isso ocorre em três estágios: hidrólise/liquefação, acetanogênese e metanogênese
(HENRIQUE, 2004).
Primeiramente, enzimas hidrolíticas secretadas por um grupo de microorganismos
hidrolisam materiais poliméricos em moléculas solúveis (açúcares, ácidos graxos, aminoácios,
etc). Bactérias fermentativas convertem a longa cadeia de substância orgânica insolúvel, como
proteínas polissacarídeos e lipídios, para a monômeros como a glicose e aminoácidos
(MATA-ALVARES et al., 2003). Essa atividade hidrolítica tem um papel fundamental para
degradar compostos solúveis e insolúveis, para aumentar o efeito, alguns produtos químicos
podem ser adicionados, isso resulta em menor tempo de digestão e aumento da produção de
metano.
Na seqüência, um segundo grupo de bactérias, acetanogênicas, convertem a substância
orgânica processada na primeira fase em ácidos graxos de alta volatilidade, hidrogênio (H
2
),
gás carbônico (CO
2
) e ácido acético. Finalmente, o terceiro grupo de bactérias, as
metanogênicas, convertem o hidrogênio, dióxido de carbono e acetato em metano (CH
4
). A
digestão anaeróbica ocorre em grandes digestores que mantém a temperatura entre 30°C e
65°C (HENRIQUES, 2004). Isto produz principalmente 55% do volume de metano (CH
4
) e
45% de dióxido de carbono (CO
2
) em forma gasosa e um produto composto que serve como
condicionador de solo.
O processo geral de digestão anaeróbica é separado em estágios, primeiramente o pré-
tratamento, a digestão dos resíduos, a recuperação do biogás e por último o tratamento dos
resíduos (Tabela 4). No pré-tratamento os resíduos, primeiro passam pela triagem, sendo
separados os materiais recicláveis, para depois serem triturados. A digestão dos resíduos
ocorre dentro de um digestor, onde a massa triturada é acrescida de líquido até atingir o teor
sólido específico e fica retida por um determinado tempo. Pode se utilizar água, lama de
esgoto ou líquido recirculante efluente no digestor. Para manter a temperatura, um trocador de
calor é normalmente utilizado em conjunto com o vaso de digestão. O biogás obtido na
digestão acelerada é depurado para obter gás de qualidade suficiente para passar pelos dutos.
O tratamento dos bio-sólidos que resultaram do processo é feito aerobicamente para obter um
composto de qualidade (Fig. 5). O composto produzido é peneirado para retirada dos
materiais indesejados (tais como cacos de vidros, pedalos de plásticos, etc) e vendindo como
adubo orgânico (HENRIQUE, 2004).
42
TABELA 4 - Unidade de processo e produtos de uma planta de digestão aneróbica de sólidos
orgânicos
UNIDADE DE PROCESSO PRODUTOS REUTILIZÁVEIS
PRÉ-TRATAMENTO
- Separação Magnética
- Redução de volume (Triturador ou
Moedor)
- Misturador com separação
gravitacional
- Separador
- Pasteurização
- Metais Ferrosos
- Inertes pesados reutilizáveis como
meteriais de construção
- Frações grandes, plásticos
DIGESTÃO
- Hidrólise
- Metanização
- Aproveitentamento do Biogás
- Biogás
- Eletricidade
Calor (Vapor)
PÓS-TRATAMENTO
- Secador
- Estabilização aeróbica ou secagem
biológica
- Tratamento de água
- Maturação aeróbica
- Separação úmida
- Composto
- Água
- Composto
- Areia, fibra (turfa), lama
Fonte: VANDEVIVERE et al (2002)
43
Figura 5 - Unidades de processo de biodigestores anaeróbicos acelerados de RSU
Fonte: VANDEVIVERE et al (2002)
Existem alguns tipos de sistemas utilizados para tratar anaerobiamente os RSU,
sendo classificados por estágio único, múltiplo estágio e batelada (REICHERT, 2005). Os
sistemas também podem ser divididos pelo teor de sólidos totais, sendo considerado baixo
quando o teor for menor que 15%, médio teor quando estiver entre 15 a 20% e alto teor de
sólidos quando estiver na faixa de 20 a 40% (idem).
44
Nos sistemas de estágio único, as fases acidogênese e matanogênese ocorrem em
apenas um reator (VANDEVIVERE et al, 2002). Aproximadamente 90% das plantas de
digestão anaeróbica existentes na Europa utilizam o processo de único estágio, tanto com
alto ou baixo teor de sólidos (idem). Por usar um único reator, tem um custo de
investimento menor e equipamentos mais simples, com menos problemas técnicos. Mas se
torna mais difícil investigar e controlar um problema nas fases intermediárias do processo
de digestão acelerada (VANDEVIVERE et al, 2002).
Os sistemas de multi-estágios a produção de biogás da matéria orgânica é feito por
uma sucessão de reações bioquímicas que acontecem, consecutivamente, em pelo menos
dois reatores, isso resulta numa flexibilidade necessária para otimizar cada uma das
reações (VANDEVIVERE et al, 2002). O processo de hidrólise/liquefação e acetogênese
ocorrem em distintos reatores da metanogênese. No primeiro reator, o tempo de retenção é
limitado pela taxa de hidrólise da celulose e no segundo pela taxa de crescimento
microbiana (idem). Essa tecnologia tem uma maior dificuldade de implantação devido ao
maior investimento em relação ao sistema de único estágio (VANDEVIVERE et al, 2002).
Reatores em bateladas são alimentados e submetidos às reações/digestão, sendo,
então, esvaziados e carregados novamente (REICHERT, 2005). O sistema em batelada é o
mais simples entre todos os sistemas e também o mais barato. Uma desvantagem a
destacar nesse sistema estão nas grandes áreas ocupadas e a baixa produção de biogás
devido à baixa efetividade do processo de filtração, podendo ocorrer entupimento na
canalização (HENRIQUE, 2004). Outra desvantagem é a sedimentação de material no
fundo do reator inibindo a digestão e o risco de explosão quando da descarga do reator
(REICHERT, 2005).
A vantagem da tecnologia de digestão anaeróbica é que ela tem sido apoiada na
legislação internacional. Um fator que tem despertado opiniões para a recuperação de
energia dos resíduos é no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa. muitas
unidades interessadas em obter créditos de carbono para redução de emissão de gases de
efeito estufa. Desta forma, plantas de digestão anaeróbica serão unidades muito atraentes
para obtenção de créditos de carbono pela redução de gases de efeito estufa. Hoje se
acredita que a melhor prática ambiental será a de obter energia de residuos. Tecnologias
para a recuperação de energia incluem a combustão de resíduos e a digestão anaeróbica.
No entanto, a parte úmida dos RSU não oferece boa recuperação de energia e, por isso, a
digestão anaeróbica oferece vantagens para esta fração que valem à pena serem exploradas
(HENRIQUE, 2004).
45
Existem diferentes tecnologias e processos comerciais utilizadas para digestão
anaeróbica de resíduos urbanos, como exemplo, a tecnologia DRANCO (Dry Anaerobic
Composting), a qual será descrita a seguir.
2.3.5.1 Tecnologia DRANCO
Patenteada pela empresa belga Organic Wastes Systems (OWS), o processo DRANCO
é um exemplo de um sistema de digestão anaeróbica com estágio único e alto teor de sólidos
mais utilizado para processamento de RSU. Durante a fase de digestão, o material orgânico
permanece no digestor por cerca de 20 dias, sendo convertido parcialmente em biogás. O
resíduo extraído do digestor e estabilizado aerobicamente.
Na Tabela 5 mostra referências das principais plantas em operação no mundo e a Fig.6
está o esquema representativo do funcionamento de uma planta DRANCO.
Tabela 5 - Principais Plantas DRANCO
Planta / Local Capacidade (t/ano) Tipo de resíduo Ano de início
Vitória, Espanha 120.000 Resíduo misto 2006
Terrassa, Espanha 25.000 Resíduo orgânico 2006
Munster, Alemanha 24.000 RSU 2005
Hille, Alemanha 38.000 RSU 2005
Pusan, Coréia 70,000 Resíduo orgânico 2005
Roma, Itália 40.000 Resíduo orgânico 2004
Leonberg, Alemanha 30.000 Resíduo orgânico 2003
Brecht II, Bélgica 50.000 Resíduo orgânico 2000
Villeneuve, Suíça 10.000 Resíduo orgânico 1999
Kaiserslautern, Alemanha 20.000 RSU 1999
Aarberg, Suíça 11.000 Resíduo orgânico 1998
Bassum, Alemanha 13.500 RSU 1997
Bergheim-Siggerwiesen, Áustria 20.000 Resíduo orgânico 1993
Brecht I, Bélgica 20.000 Resíduo orgânico 1992
FONTE: OWS ( 2008)
46
Figura 6 - Esquema representativo do funcionamento da planta DRANCO em operação em Hille,
Alemanha
Fonte: OWS ( 2008)
Algumas das características do processo DRANCO são (OWS, 2008):
Faixa de temperatura: termofílica: 48 a 57 ºC (ou mesofílica: 35 a 40 ºC);
Tempo de permanência no digestor: 15 a 30 dias;
Produção de biogás: 100 a 200 Nm³ de biogás por tonelada de resíduos;
Produção elétrica: 220 a 440 kWh por tonelada de resíduos.
2.4 Energia do lixo e Crédito de Carbono
A discussão sobre Crédito de Carbono iniciou-se em 1997, quando ocorreu a
Conferência das Partes (COP), na cidade de Quioto, que teve como objetivo encontrar saídas
para o problema ambiental do efeito estufa. Nesta Conferência foi estabelecido um acordo
para conter a elevação da temperatura no planeta reduzindo a emissão de GEE. Esse acordo,
conhecido como Protocolo de Quioto, foi feito entre os países industrializados para reduzirem
em pelo menos 5% os Gases do Efeito Estufa (GEE) em relação aos níveis de 1990, durante o
47
período de 2008 e 2012, e passou a entrar em vigor em Fevereiro de 2005 (UNFCCC, 2008).
No artigo 12 deste protocolo, foi previsto um mecanismo de flexibilização, denominado
MDL, para os países que não tenham condições de reduzir as emissões de poluentes. Este
mecanismo consiste em negociar cada tonelada de dióxido de carbono equivalente deixada de
ser emitida ou retirada da atmosfera por países em desenvolvimento (que inclui o Brasil) no
mercado mundial, criando atrativo para redução das emissões globais (SANQUETA et al,
2006).
Conforme estabelecido na COP, as Partes (países) participantes do MDL, primeiro
devem definir uma autoridade designada, a qual será responsável em aprovar ou não projetos
de MDL no seu país. No caso do Brasil, a autoridade nacional designada é a Comissão
Interministerial de Mudança Global do Clima e cabe definir se os projetos de MDL estão
reduzindo ou removendo os GEE e promovendo o desenvolvimento sustentável. A linha de
base de um projeto de MDL é o quadro da quantidade dióxido de carbono que a região
apresenta na ausência do projeto. Assim, o projeto é aprovado quando suas atividades
reduzem ou removem as emissões antropogênicas de dióxido de carbono equivalente
(SANQUETA et al, 2006).
Para que ocorra a venda das Reduções Certificadas de Emissões (RCE), o projeto deve
passar por algumas etapas processuais. O Comitê executivo do MDL elaborou um documento
para auxiliar os interessados, denominado Documento de Concepção de Projeto (PDD). Os
participantes do projeto devem revisar o PDD e outros documentos necessários e uma
entidade operacional designada deve avaliar o projeto. Uma vez avaliado o projeto deve ser
registrado como atividade de projeto de MDL. Depois de feito o registro, o projeto deve ser
monitorado seguindo um plano metodológico. O relatório resultante do monitoramento
passará por uma verificação, pela entidade operacional designada para comprovar a redução
ou remoção dos GEE em conseqüência da atividade do projeto de MDL (SANQUETA et al,
2006).
Após a verificação, a entidade operacional designada fornece um certificado de que no
período verificado a atividade do projeto realmente reduziu os GEE. Tendo a certificação
pode-se solicitar ao Comitê executivo as RCE relativo à quantidade reduzida ou removida por
um período estabelecido. Os preços variam de acordo com o tipo de projeto de MDL
(SANQUETA et al, 2006). Como exemplo, a implantação da tecnologia de gás do lixo
inserida no MDL no aterro dos Bandeirantes em São Paulo, um volume significativo de
dióxido de carbono equivalente é transformado em matéria-prima para a geração de energia, o
que rendeu para a prefeitura 16,2 euros por cada tonelada de carbono (PCSP, 2008).
48
Figura 7- Atividade de Projetos de MDL Registrados
Fonte: UNFCCC, 2008
Conforme apresentado na Fig. 7, a participação brasileira de 12,7% em projetos de
MDL é pequena comparada com a Índia, 31,66%, mas esse número está crescendo no passar
dos anos. Até o mês de Julho de 2008, o Brasil teve 143 projetos registrados, sendo 73
envolvendo tratamento e disposição de resíduos (UNFCCC, 2008).
A implementação de um mecanismo de desenvolvimento limpo em um aterro, além de
atrair administradores de fundos de investimentos de certificado de crédito de carbono por
causa da emissão de gases evitada através do destino adequado ao lixo gerado, também
desperta interesse por ser uma fonte alternativa na geração de energia. No Rio de Janeiro, o
projeto NovaGerar (projeto de energia a partir de gases de aterro sanitário) está certificado
desde Julho de 2004 com validade até Junho de 2011. Este projeto é pioneiro no Brasil e no
mundo como um dos primeiros projetos a serem elaborados nos moldes de MDL
(FERNANDEZ, 2004).
A alternativa de aproveitamento energético dos gases e a redução de emissões,
associados à comercialização dos créditos de carbono contribuem para a solução ambiental e
socialmente correta na gestão dos resíduos sólidos urbanos (IBAM, 2007).
2.5 Desenvolvimento sustentável e Royalties
O desenvolvimento sustentável, conforme definido no Relatório de Brundtland
(BRUNDTLAND, 1999), é aquele que satisfaz as necessidades da sociedade atual sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas. Este conceito centra
49
sua atenção para a relação dos homens com a natureza, preconizando a utilização
racionalizada dos estoques de recursos naturais. A grande preocupação está voltada às
gerações futuras e a necessidade de políticas que preconizem um desenvolvimento
harmonioso e, prioritariamente, sustentável nos períodos posteriores (PACHECO, 2003).
Porém, a sustentabilidade não diz respeito apenas à preservação ou à conservação de
recursos naturais limitados e não renováveis, ou seja, de recursos que, se forem gastos sem
previsão de seu esgotamento, farão falta para as gerações seguintes. Sustentabilidade refere-
se, principalmente, a um padrão de organização de um sistema que se mantém ao longo do
tempo, em virtude de ter adquirido certas características que lhe conferem capacidades
“autocriativas” (DE FRANCO, 2000), de se auto-organizar e de se reproduzir, enfim, de criar
por si só as condições para sua continuidade.
Uma das potencialidades responsáveis pelo desencadeamento do processo de
desenvolvimento local para os alguns municípios é o petróleo, um bem finito e não-renovável,
que em algumas décadas entrarão em declínio até extinguirem-se. Assim, surge a necessidade
de aplicar, com competência, segundo um planejamento estratégico de longo prazo, os
generosos recursos oriundos das atividades exploratórias do petróleo, de forma a garantir,
cessada a extração petrolífera, o desenvolvimento sustentável das regiões (PACHECO, 2003).
De acordo com o art. 11º do Decreto n.º 2.705/98, os royalties são uma compensação
financeira devida pelos concessionários de exploração e produção de petróleo e gás natural, a
ser paga mensalmente pela empresa exploradora ao governo (ANP, 2008). A alíquota dos
royalties é prevista pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no edital de licitação de cada
bloco, entre 5% e 10% do sobre o valor do recurso extraído, em função do risco geológico,
das expectativas de produção, entre outros fatores. No ano de 2006, 10 Estados e 850
Municípios foram beneficiários da arrecadação dos royalties referente a extração de petróleo e
gás, cujo valor total distribuído no Brasil atingiu aproximadamente R$ 7,704 bilhões.
Somente para o Estado do Rio de Janeiro, a arrecadação saltou de R$ 39 milhões, em 1997,
para R$ 1,647 bilhão em 2006 (idem). Representam uma apropriação da sociedade da parcela
da renda gerada pela exploração do petróleo e gás natural, recursos naturais escassos e não
renováveis. A promoção destas compensações às gerações futuras deve ocorrer tanto em
escala nacional, como também por Estados e Municípios (esferas subnacionais).
Nacionalmente, é pertinente que ocorra o ressarcimento da geração futura que não poderão se
utilizar, na mesma magnitude, da riqueza mineral extraída hoje. E para a esfera subnacional, a
política de promoção da justiça intergeracional deve ser realizada, portanto, através da
diversificação produtiva, ou de alguma outra estratégia que procure minimizar os efeitos
50
depressivos sobre a região que ocorrerão quando do esgotamento econômico das jazidas
(SERRA e FERNADES, 2005).
Existe, portanto, um evidente princípio para que os recursos oriundos das
Participações Governamentais, em especial, os royalties do petróleo e gás natural, sejam
aplicados na diversificação da economia local, como forma de permitir à sociedade outras
fontes de renda quando da extinção do petróleo e gás natural, economicamente viáveis de
serem extraídos, da região. Se os royalties estão idealmente relacionados à promoção de
políticas de justiça intergeracional, seria legítimo que sua alocação focasse o apoio ao
desenvolvimento de tecnologias poupadoras de petróleo ou de avanço nas pesquisas com
insumos energéticos alternativos (LEAL e SERRA, 2003). Daí a importância da utilização das
receitas de royalties para consorciar fontes alternativas (como o aproveitamento da energia
dos resíduos) com o petróleo, instituindo Sistemas Energéticos Alternativos, que integram o
petróleo a outras fontes energéticas e criam as condições para novos sistemas energéticos
(PACHECO, 2003). A análise da utilização dos royalties mostrou que estes vêm sendo
utilizados muito mais para suprir carências sociais dos municípios, nas áreas de saúde,
educação e infra-estrutura urbana, do que para diversificar as atividades produtivas.
condições para desenvolver a produção de energia com base em biocombustíveis, que se
tornam importantes, devido aos elevados preços do petróleo (CAMARA et al, 2005).
51
3 METODOLOGIA
Para a consecução dos objetivos delimitados neste projeto, a pesquisa foi dividida em
três etapas. Na primeira etapa, foi feito um levantamento da situação do resíduos sólidos
urbanos em Macaé. A segunda etapa consistiu em fazer pesquisa da aplicação da tecnologia
de digestão anaeróbica em aterros. Na terceira etapa fez-se o cruzamento dos dados dos
resíduos de Macaé obtidos com a tecnologia analisada.
3.1 Obtenção de dados sobre o lixo de Macaé
Num esforço de conseguir dados confiáveis a respeito das características dos resíduos
sólidos, composição média, quantidades de lixo doméstico e industriais produzidos que são
depositados no aterro em intervalos de tempo, vazão do aterro existente e em construção da
cidade de Macaé, foi feito um levantamento junto a Secretaria Executiva de Meio Ambiente
(SEMA). Para isso foram feitas reuniões com o secretário de meio ambiente e o coordenador
de Resíduos e Efluentes.
O coordenador de resíduos forneceu o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) do
novo aterro sanitário de Macaé elaborado pela construtora Zadar em Outubro de 2005. Deste
relatório foram extraído informações sobre as características do aterro atual, do novo aterro
sanitário, composição e produção de resíduos e avaliação ambiental dos impactos para a
implantação do novo aterro.
3.2 Pesquisa da aplicação da tecnologia
Com o objetivo em aprofundar o conhecimento detalhado da tecnologia de
aproveitamento energético escolhida, a metodologia prevista inicialmente foi visitar algum
local que estivesse implementada a tecnologia de digestão anaeróbica acelerada para o
aproveitamento energético de resíduos. Mas não foi concretizado porque esta tecnologia
encontra-se utilizada somente fora do Brasil e os projetos que foram elaborados no país não
foram concluídos.
Optou-se, assim, fazer aproveitamento dos estudos realizados da aplicação da
tecnologia em documentações que descrevem essa rota tecnologica, como a tese de doutorado
de Luciano Bastos de Oliveira, 2004, a tese de mestrado de Raquel M. Henrique, 2004, e o
52
estudo de Geraldo Reichert, 2005, além do contato direto com os pesquisadores (entrevistas,
contatos telefônicos e meio eletrônico)
3.3 Cruzamento de dados
Esta etapa constituiu-se em analisar da quantidade, composição e procedência dos
resíduos do aterro, para identificar a possibilidade da tecnologias escolhida ser implementadas
na região com eficiência. Para tanto foi feito o cálculo do quantidade de cada fração do lixo,
para obter em toneladas a produção de matéria orgânica por dia. Os cálculos aplicados forem
feitos de acordo com um “Estudo de pré-viabilidade econômica” da Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público Mobilidade e Ambiente do Brasil (OMA), para um
projeto típico.
Após isso, o valor do tempo do aterro e a quantidade de lixo do aterro foram aplicados
no programa Landfill Gas Emissions Model Version 3.02, 2008, metodologia preconizada
pela United States Environmental Protection Agency (USEPA). Com essa metodologia
determina-se por meio da curva de decaimento das emissões de gás do aterro, a quantidade de
gás metano produzido no aterro que está disponível para a utilização na geração de energia
elétrica.
O procedimento metodológico aplicável para calcular a linha de base da emissão de
metano no caso de disposição de resíduos sólidos na ausência do projeto de MDL foi
pesquisado no sítio da United Nations Framework Convention on Climate Change
(UNFCCC) e no Manual de Capacitação sobre Mudança do Clima e Projetos de MDL do
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
53
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Situação dos RSU em Macaé
4.1.1 O aterro sanitário
Em Macaé, os resíduos sólidos urbanos são encaminhados ao aterro sanitário, que
ocupa uma área de 100 mil metros quadrados. O aterro situa-se na Rodovia Amaral Peixoto,
localizado em Cabiúnas, junto com o entroncamento da Estrada de Carapebus, conforme a
Fig. 8. Em 1996, o aterro entrou em operação, com o seu projeto atendendo na íntegra a
Portaria GM / 053 de 01/03/79 do Ministério de Interior. Assim, o município passou a
contar com um sistema adequado para a disposição final dos seus resíduos, dentro dos
padrões ambientais, propiciando a eliminação do antigo lixão na cidade.
Figura 8 – Localização do aterro atual de Macaé (sem escala)
Fonte: Google Maps
O aterro foi projetado para destinação exclusiva de resíduos sólidos urbanos
domiciliares e outros resíduos com características similares. Então, os resíduos de serviço de
saúde considerados de risco biológico são dispostos em células especiais com isolamento por
geomembranas de polietileno de alta densidade. Também não são depositados no aterro
54
resíduos de natureza tóxica, corrosiva, explosiva e radioativa, ou considerados perigosos pela
Fundação Estadual Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA).
4.1.2 – Características do aterro atual
Os sistemas que fazem parte do projeto do aterro são:
sistema de drenagem superficial;
sistema de drenagem de gás;
sistema de drenagem e remoção de percolado;
sistema de tratamento e disposição final dos percolados.
O sistema de drenagem de gás foi projetado para integrar-se ao sistema de drenagem
de percolado. O tratamento de chorume percolado vai através da recirculação do mesmo no
aterro, devido aos índices de evapotranspiração elevados na maior parte do ano. Apenas nos
meses de chuva, que vai de dezembro a março, que a produção de líquidos percolados é
positiva. Então, para esses meses, principalmente o mês de dezembro, o líquido é enviado
para três reservatórios de 2,4m³ e depois recirculado no sistema. A base da unidade sanitária
foi impermeabilizada com uma camada de argila compactada de 0,1m de espessura.
Figura 9 – Vista superior do aterro atual de Macaé
Fonte: Google Maps
55
A vida útil prevista para o aterro foi de 10 anos, considerando que estão sendo
dispostos numa área de 27.910m² cerca 235.000t de lixo, com índice de recalque de 10% e
taxa de compactação final de 0,80t/m³ para o lixo aterrado. Porém, estes valores previam
depósitos de 80 toneladas de lixo por dia, mas esta projeção não foi real. Este valor aumentou
em 150%, de 80 para 200 toneladas diárias. Além disso, se a quantidade diária de lixo prevista
no projeto inicial do aterro fosse depositada, os seus 10 anos de vida útil teria terminado em
2006. Porém, devido ao aumento da quantidade de lixo, a vida útil do aterro se extinguiu bem
antes do previsto, estando o aterro assim com sua capacidade máxima ultrapassada, perdendo
suas características de aterro sanitário funcionando mais como aterro controlado.
4.1.3 Localização do novo aterro sanitário
O localização do novo aterro é em área rural do distrito de Macaé, nas coordenadas
da Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) e Datum SAD69 (South América
Theoretical Mathematical Modelo f Earth’s Sea Level Surface): 213.499,09 e 214.508,34m
leste e 7.540.639,39m norte. Situa-se ao sul (à jusante) com a rodovia BR-101.
A cobertura vegetal presente na área do empreendimento apresenta uma vegetação
remanescentes da Mata Atlântica natural. Porém, seu entorno sofreu grandes impactos das
interferências antrópicas, restando assim uma pequena área a ser preservada. O uso do solo
predominante é por pastagem. A bacia hidrográfica mais próxima existente é o córrego de
Ubá, que é um pequeno córrego que se dista 670m da área do aterro. O córrego comunica com
o local do empreendimento através de quatro canais naturais de drenagem ocupados, na
maioria, por brejos e áreas alagadiças.
Nenhuma Unidade de Conservação está localizada a menos de 10 km da área do novo
aterro. Mas um dos pontos excludentes da área para a construção do novo aterro é que na
porção mais baixa do aterro, existe pouca profundidade do lençol freático.
4.1.4 Características do novo aterro sanitário
A área do novo aterro é cerca de 72.000 m², sendo que a área total que suas instalações
visa ocupar é de 144.000 m². No projeto do novo aterro sanitário está previsto as seguintes
unidades e componentes:
Proteção, Isolamento e Sinalização da Área do emprendimento;
Vias de acesso existentes e projetadas;
56
Sistema de drenagem de águas pluviais;
Sistema de drenagem subterrânea;
Sistema de drenagem de percolado;
Sistema de tratamento e disposição final de percolado;
Lixo hospitalar;
Impermeabilização inferior (na base do aterro)e superior;
Sistema de monitoramento de água subterrânea;
Sistema de coleta e remoção de gases gerados.
No projeto, o biogás drenado será queimado na saída dos drenos através de flare,
esperando reduzir 20% da emissão de gás metano. Está no projeto que no futuro poderá ter
aproveitamento do gás para a energia elétrica, porém não é especificado como.
4.1.5 Produção dos Resíduos Sólidos Urbanos de Mac
Segundo dados da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (PMM, 2007), Macaé
produz hoje cerca de 200 toneladas de lixo por dia, ou seja, seis mil toneladas de resíduos por
mês. A produção do lixo em Macaé teve um aumento de 150% em relação a 1996, quando o
município depositava 80 toneladas de lixo diárias. Considerando que, pela estimativa feita
pelo IBGE, a população macaense em 2006 era de 160.725 moradores, a média da quantidade
coletada de lixo por habitante/dia é mais próxima com uma cidade com população acima de
200.000. Entretanto, essa média pode não ser exata porque a população aumenta bastante,
principalmente durante a semana, devido a população flutuante de pessoas que vem a Macaé
só a trabalho.
De segunda a sábado, das 8h às 17h, cerca de 80 caminhões despejam resíduos no
aterro sanitário de Macaé, lixos domiciliares e das ruas. Em épocas de festas, como Natal e
Ano Novo, a quantidade de lixo chega a dobrar. Por exemplo, na orla das praias macaenses
foram retiradas, nos dois dias da festa do Ano Novo de 2007, mais de 200 toneladas de lixo. E
nos quatro dias de Carnaval, foram recolhidos somente nas ruas da cidade 408,4 toneladas.
4.1.6 Composição dos RSU de Macaé
Como não existe nenhum estudo aprofundado sobre os resíduos do município de
Macaé, a caracterização foi feita através de municípios com características sócio-econômicas,
57
geográficas e culturais semelhantes. Desta forma, os dados apresentados no RAS estimam que
o lixo de Macaé apresenta as características da Tabela 6:
Tabela 6 - Composição gravimétrica/porcentagem do peso
ITENS %PESO
Papel
27,11
Papelão
2,75
Plástico
11,76
Vidro
4,72
Metais ferrosos
2,09
Metais não ferrosos
0,46
Pano e trapo
2,03
Madeira
1,73
Couro e borracha
1,35
Matéria Orgânica
46,00
TOTAL
100,0
Fonte: RAS (2005)
4.2 Tipo de gerenciamento de RSU apropriado para o aproveitamento energético do lixo
de Macaé
A tecnologia DRANCO, que utiliza sistema de único estágio e trabalha com alto teor
de sólidos no digestor anaeróbico descrita no item 2.3.5.1, foi escolhida para o estudo do
aproveitamento energético dos resíduos de Macaé. Após uma análise da produção diária de
lixo em Macaé, esta tecnologia mostrou ser viável por ser uma tecnologia flexível a produção
de lixo, com módulos capazes de processar pequenas quantidades de fração úmida com bom
aproveitamento energético.
Visto que o aterro em funcionamento de Macaé está acima da capacidade prevista no
projeto, também se faz necessário gerenciar os resíduos ali dispostos de maneira inadequada.
Portanto, um gerenciamento de RSU adequado deve conter em seu projeto a produção diária
de RSU e o aproveitamento diário de uma quantidade dos RSU que já se encontra depositados
no aterro atual.
Para que possa ter uma recuperação eficiente da fração orgânica é necessário elaborar
um gerenciamento integrado, que envolva todas as operações atinentes aos RSU, desde a sua
58
coleta até a destinação final. Os países europeus que implantaram a tecnologia com eficiência
adotaram uma gestão sistêmica, com procedimento de coleta seletiva e triagem mecânico-
manual com vistas à reciclagem de materiais. Portanto, para ter uma gestão de RSU em
Macaé eficaz, as instituições públicas e privadas devem ser as primeiras no município a terem
um programa de coleta seletiva.
Com base no “Estudo de pré-viabilidade econômica” (EPVE), o gerenciamento dos
RSU em Macaé, o projeto contempla dois programas:
1. Coleta Seletiva, triagem e reaproveitamento de materiais recicláveis;
2. Processamento dos resíduos não reciclados.
O dimensionamento do módulo de digestão anaeróbica DRANCO que melhor atenda
às necessidades locais consiste na utilização de um biodigestor com capacidade de
processamento de 150 toneladas diárias, o que resulta na adoção do modelo operacional
estabelecido no Diagrama Operacional apresentado na Fig. 10. Assim, associando os
programas, o projeto para gerenciamento de RSU em Macaé foi feito com base nos valores da
Tabela 7.
Tabela 7 - RSU Total a ser Aproveitado no Município de Macaé
Tipo de RSU tonelada/dia
Produção diária
RSU Coletado In Natura (80% da produção diária)
RSU Coletado Seletivamente (20% da produção diária)
RSU a ser retirado do aterro
200
160
40
50
Assim, a unidade DRANCO e instalações complementares estão dimensionadas para
processar a matéria orgânica coletada seletivamente (46% de 40 t/dia = 18,4) e matéria
orgânica segregada na unidade de triagem do lixo coletado in natura e retirado do aterro (46%
de 160 t/dia + 50 t/dia = 96,6)
59
Figura 10 - Diagrama Operacional
Fonte: Elaboração própria baseado no EPVE
As instalações necessárias para a implantação do módulo de gerenciamento dos RSU
estão representadas no arranjo geral (Fig. 11), ocupam cerca de 28.000 m².
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
RSU
Balanço de Material
SELETIVA – 18,4 t/dia
SELETIVA
2
1,6
t/dia
NÃO SELETIVA
210 t/dia
RSU Produzido diariamente e
RSU retirado do aterro
Fração Orgânica 1 t/dia
18,4
Mat. Reciclável 19,6 t/dia
(LIXO SECO)
NÚCLEOS DE
CLASSIFICAÇÃO
REAPROVEITAMENETO
PRIMÁRIO
Mat.Reciclável
OPERAÇÃO DE COLETA
-
250 t/dia de RSU
TRANSBORDO
OPERAÇÕES
DE TRATAMENTO E REAPROVEITAMENTO
250 t/dia de RSU
REAPROVEIT
AMENTO
SECUNDÁRIO
(OPCIONAL)
210 t/dia
TRIAGEM
MECÂNICO
MANUAL
COMPOSTAGEM
ANAERÓBIA
Fração Orgânica
18,4 + 96,6 = 115 t/dia
COMPOSTAGEM AERÓBICA
E PENEIRAMENTO
COMPOSTO ORGÂNICO
40 t/dia
ARTESANATO
(OPCIONAL)
ATERRO DE INERTES
GERAÇÃO DE ENERGIA
BIOGÁS
6.325 Nm3/dia Gás Metano
60
Figura 11 – Arranjo Geral (Layout) das Instalações
61
Fonte: OMA (2006)
4.3 Emissão de gás do aterro
A quantidade de produção de lixo diária de Macaé passou de 80 toneladas,no ano de
1996, para 200 toneladas, em 2007, apresentando uma taxa do aumento de produção de lixo
de 8,7% por ano. A partir do volume depositado diariamente no aterro, calculou-se o total
depositado no período de um ano considerando o crescimento anual desde 1996, data de início
do funcionamento do aterro. Assim, o volume total depositado no aterro desde o início de
funcionamento é aproximadamente de 657.136 toneladas. Embora os depósitos neste aterro se
findará assim que o novo aterro passar a ser utilizado, o aterro atual continuará a emitir gases
poluentes para a atmosfera. O resultado do cruzamento dos dados baseado no carregamento
anual, na vida útil do aterro e no volume total depositado está representado na Fig. 12. O
Anexo B apresenta a equação da taxa de decomposição, os dados de entrada e os resultados
para a elaboração da curva de produção de gases.
Figura 12 - Curva de produção de gases do aterro em uso de Mac
Toneladas por ano
0,000E+00
2,000E+03
4,000E+03
6,000E+03
8,000E+03
1,000E+04
1,200E+04
1996
2001
2
0
0
6
2
0
1
1
2016
2021
2
0
2
6
2
0
3
1
2036
2041
2
0
4
6
2
0
5
1
2056
2061
2
0
6
6
2
0
7
1
Ano
Emissão
Total landfill gas Methane Carbon dioxide
De acordo com Fig. 12, o total de gás gases produzidos no período de 1996 até o ano
de 2076 pelo lixo depositado no aterro em uso é de 272320 toneladas. Desses gases, o metano
disponível no aterro em uso nesse período de 80 anos é de 72728 toneladas. A quantidade
estimada pelos modelos matemáticos da produção deste gás até 2008 é de 15150 t, restando
57578 t a serem aproveitados.
62
Conforme os dados extraídos do RAS do novo aterro sanitário de Macaé, a taxa de
crescimento da população urbana prevista é de 4,96% ao ano. Assim, pode-se esperar que a
produção de lixo irá seguir a variação da tabela 8.
Tabela 8 – Projeção de geração de RSU do município de Macaé
Utilizando o mesmo modelo matemático anterior, pode-se, então, estimar a quantidade
de gases a ser emitida do novo aterro na ausência de algum projeto de redução de gases.
Assim, a curva de decaimento das emissões de gases do novo aterro está representada na Fig.
13.
Ano
Produção diária
de RSU
Produção anual
de RSU
Total de RSU
acumulado
1 2008 210 76621 76621
2 2009 220 80421 157042
3 2010 231 84410 241452
4 2011 243 88597 330049
5 2012 255 92991 423040
6 2013 267 97604 520644
7 2014 281 102445 623088
8 2015 295 107526 730614
9 2016 309 112859 843474
10 2017 325 118457 961931
11 2018 341 124333 1086263
12 2019 358 130499 1216763
13 2020 375 136972 1353735
14 2021 394 143766 1497501
15 2022 413 150897 1648398
16 2023 434 158381 1806779
17 2024 455 166237 1973016
18 2025 478 174482 2147499
19 2026 502 183137 2330636
20 2027 527 192220 2522856
63
Figura 13 – Curva de produção de gases do novo aterro de Macaé
Toneladas por ano
0,000E+00
5,000E+03
1,000E+04
1,500E+04
2,000E+04
2,500E+04
3,000E+04
3,500E+04
4,000E+04
2008
2013
2
0
1
8
2
0
2
3
2028
2033
2
0
3
8
2
0
4
3
2048
2053
2
0
5
8
2
0
6
3
2068
2073
2
0
7
8
2
0
8
3
Ano
Emissão
Total landfill gas Methane Carbon dioxide
O total de metano que este novo aterro produzino período de 80 anos, admitindo 20
anos de carregamento no aterro, é cerca de 277345 t. Com essa metodologia é possível fazer
uma estimava da quantidade de gás metano produzido nos aterros que está disponível para a
utilização na geração de energia elétrica.
4.4 Viabilidade econômica para a implantação do projeto proposto
O valor do investimento de um complexo industrial para um módulo, que inclui as
unidades operacionais, as respectivas instalações para operações complementares e as
instalações de operações auxiliares, de apoio e de administração, com capacidade para receber
300 toneladas por dia está estimado no EPVE no valor de R$ 28.892.255,00, com margem de
acréscimo de 15%, conforme detalhado no Anexo A.
Os custos de produção referentes à operação da Unidade de Compostagem Anaeróbia
DRANCO e instalações complementares, contemplando a alternativa de geração de energia
elétrica a partir do biogás foram apresentados no EPVE e estão indicados na tabela 9:
64
Tabela 9 – Custos de Operação Anuais
Custos de Operação Valores anuais
Despesas com Pessoal
- Salários e Encargos
- Serviços Terceirizados
- Outros Custos com Pessoal
R$ 1.194.840,00
R$ 1.013.760,00
R$ 54.000,00
R$ 127.080,00
Energia Elétrica
R$ - (Consumo de energia elétrica desconsiderado
por ser o projeto auto-gerador.)
Manutenção e Limpeza R$ 350.000,00
Despesas Diversas R$ 84.110,00
TOTAL DOS CUSTOS
(Antes da Incidência de Impostos)
R$ 1.628.950,00
Impostos e Taxas
COFINS
PIS
ICMS
ISS
7,65% (sobre faturamento total)
1,065% (sobre faturamento total)
30,0% (sobre faturamento correspondente a energia
elétrica ou 10,0% sobre faturamento
correspondente a composto orgânico)
5,0% (sobre faturamento correspondente a serviços)
Fonte: OMA (2006)
Os custos de operação do empreendimento podem ser cobertos com a comercialização
da energia elétrica gerada ou do gás automotivo gerado, do composto orgânico produzido,
taxa de destinação final paga pelo município e outros fontes. Os cálculos das receitas
operacionais anuais estão apresentadas a seguir:
Quantidade de matéria orgânica processada – aprox. 115 t/dia.
Rendimento de produção de biogás – 100 Nm³ por tonelada de Fração Orgânica.
Dias de operação contínua por ano = 340.
- Receita referente à comercialização da energia elétrica a partir do biogás
Produção elétrica:.
Energia elétrica gerada: 25,3 MW
e
h/dia para uma potência instalada de 220
kW
e
h (referente a 11.500 Nm
3
/dia de biogás).
65
Como a própria unidade consome a própria energia gerada, considerando 18%
sobre a energia gerada, o saldo da receita anual da energia elétrica é de 20,7
MW
e
h/dia.
Receita anual da comercialização de 19 MW
e
h/dia a R$ 250,00 / MW
e
h:
R$ 1.759.500,00.
- Receita referente à comercialização do composto orgânico
Composto orgânico produzido: 40 t/dia.
Receita anual da comercialização de 40 t/dia a R$ 10,00 por tonelada:
R$ 136.000,00
- Receita referente ao tratamento dos RSU (destinação final - pagamento pelo
município)
Quantidade de resíduo recebido diariamente, sem a implantação projeto: 200
t/dia
Dias de operação contínua por ano = 365
Receita anual com pagamento de R$ 50,00 por tonelada para 200 t/dia:
R$ 3.650.000,00
- Receita anual total: R$ 5.545.500,00
A implantação de um projeto que visa uma destinação adequada de lixo e alternativa
energética no município de Macaé deverá ser um investimento sob responsabilidade da
Prefeitura Municipal, que tem a responsabilidade promover um desenvolvimento sustentável
da cidade. Sendo assim, os recursos para a primeira parte do projeto, coleta seletiva, triagem e
reaproveitamento de materiais recicláveis, podem provir de diversas fontes, como recursos do
fundo de Conservação de Energia (administrados pelo MME / Eletrobrás e pela ANEEL),
recursos internacionais e outros fundos. Para a implantação das instalações de processamento
dos resíduos não reciclados, os recursos, para cobertura do investimento fixo e capital de giro,
devem provir de comercialização dos créditos de carbono, compensações ambientais
disponíveis no município e podendo também derivar da participação de sócios de empresas
privadas, uma vez que o projeto oferece atratividade quanto a taxa interna de retorno (TIR).
A comercialização dos créditos de carbono, no mercado internacional, por um
empreendimento dessa magnitude pode vir de diversas fontes, como conseqüente da emissão
evitada de metano que ocorreria pela decomposição dos RSU no aterro, da substituição de
combustível fóssil para a geração elétrica proporcionada pelo aproveitamento do RSU, da
redução de emissão para geração de energia com combustíveis fósseis viabilizada pela
66
conservação de energia decorrente da reciclagem do RSU, da redução das emissões na
produção e utilização de fertilizantes nitrogenados substituídos pelo composto orgânico
produzido pelo sistema de digestão anaeróbia, e outras. Considerando-se apenas a redução de
emissão de CO
2
pela captura do metano na atividade do projeto, foi calculado os crédito de
carbono obtido num período aleatório de 7 anos. Supondo que o projeto entre em operação em
2010 assumindo valores de 16,2 euros por crédito, com taxa de conversão de R$ 2,60 por
euro, os valores estimados através dos créditos de carbono estão descritos na Tabela 10. Neste
cálculo não está sendo considerado as outras reduções citadas anteriormente, nem a redução
de gases evitada no aproveitamento de resíduos retirados do atual aterro, sendo contemplada
apenas a redução referente aos resíduos a serem depositados no aterro a partir do ano de 2010.
Portanto, o valor obtido através do crédito carbono pode sofrer alterações, aumentando
consideravelmente, contribuindo ainda mais para a viabilidade econômica do projeto.
Tabela 10- Valores estimados obtidos pelo crédito de carbono
Ano Toneladas de Carbono Expressas em
CO
2
Equivalente
Créditos de Carbono (R$)
2010
66.843,00 2.815.427,16
2011
100.380,00 4.228.005,60
2012
134.106,00 5.648.544,72
2013
168.105,00 7.080.582,60
2014
202.461,00 8.527.657,32
2015
237.300,00 9.995.076,00
1016
272.580,00 11.481.069,60
TOTAL
1.181.775,00 49.776.363,00
As compensações recebidas por Macaé é outro fator que torna o projeto
economicamente viável, pois o município é um dos mais beneficiados. Em 2006, o município
recebeu R$ 413.116.830,41 em royalties e participações especiais, perfazendo um total de
quase R$ 2.500,00 per capita. A pouca atenção conferida à diversificação das atividades
produtivas é preocupante, pois com a diminuição da extração do petróleo, haverá a taxa de
crescimento das despesas do município podendo provocar desequilíbrios orçamentários. As
iniciativas de fortalecimento e diversificação das atividades produtivas devem ser planejadas
tendo o desenvolvimento sustentável local como meta. A instalação do projeto proposto ser
tornaria possível com investimentos dos recursos atuais.
67
4.5 Análise dos impactos sociais e ambientais do aproveitamento energético do lixo
A alternativa de aproveitamento energético dos gases e a redução de emissões,
contribuem para a solução ambiental e socialmente correta na gestão dos resíduos sólidos
urbanos. Com uso desta tecnologia se pode amenizar os efeitos negativos produzidos pela
exposição dos RSU, proporcionando melhoria ambiental e social. O aterro sanitário torna
propício a coleta manual no local e o catador é exposto a inúmeros riscos de saúde. O
gerenciamento integrado possui potencial de geração de empregos diretos, sendo grande parte
de profissionais de baixa qualificação, devido à implantação de um programa de coleta
seletiva. O gerenciamento funciona com a atuação de subsistemas específicos que demandam
instalações, equipamentos, pessoal e tecnologia, não somente disponíveis na prefeitura, mas
oferecidos pelos demais agentes envolvidos na gestão, entre os quais se enquadram (IBAM,
2001):
A própria população macaense, empenhada na separação e acondicionamento
diferenciado dos materiais recicláveis em casa;
Os grandes geradores, responsáveis pelos próprio rejeitos, que inclui instituições
públicas e privadas;
Os catadores, organizados em cooperativas, capazes de atender à coleta de
recicláveis oferecidos pela população e comercializá-los junto às fontes de
beneficiamento;
Os estabelecimentos que tratam da saúde, tornando-os inertes ou oferecidos à coleta
diferenciada, quando isso for imprescindível;
A prefeitura, através de seus agentes, instituições e empresas contratadas, que por
meio de acordos, convênios e parcerias exerce, é claro, papel protagonista no
gerenciamento integrado de todo o sistema.
Reforçando os aspectos ambientais positivos, o projeto, além de reduzir a emissão de
metano, irá reduzir a emissão de outros gases, tais como dióxido de enxofre e compostos
orgânicos voláteis. A captura e queima do biogás reduz os riscos de explosão devido à
combustão espontânea no aterro sanitário e reduz o impacto dos odores, que são
especialmente relevantes para a região do aterro sanitário.
No estudo corrente não foi encontrado nenhum impacto social ou ambiental
considerado negativo que fosse significativo, mas, mesmo que fosse encontrado, qualquer
68
possível impacto causado pela tecnologia seria muito menor que a atual disposição dos RSU
de Macaé.
4.6 Problemas encontrados para a implantação da tecnologia em estudo
Dentre os principais problemas que podem ser encontrados para a implantação da
tecnologia DRANCO no município, podem ser alistados os seguintes:
1. Por ser uma tecnologia nova, a falta de informação e conhecimento é um dos
grandes entraves encontrados na tomada de decisão sobre a opção tecnológica
a ser utilizada. Porém, municípios que foram beneficiados com a implantação
desta tecnologia, tiveram grande apoio da população visto que é uma gestão
que melhora a disposição dos resíduos;
2. O alto custo de investimento é um dos grandes empecilhos para a implantação
do projeto. O valor de investimento, porém, não ultrapassa o ganho final que o
município terá.
3. A empresa que administra o aterro sanitário atua por 12 anos no município e
recebe por tonelada de resíduos, portanto, pode não ser a favor deste projeto.
Numa planta de compostagem anaeróbica, a fração orgânica não é encaminha
ao aterro e os demais recicláveis são reaproveitados, restando apenas uma
pequena quantidade a ser enviado para o aterro. Para que este aspecto não seja
um entrave para a instalação da planta, a empresa terceirizada pode ser uma
das parceiras público-privada, que irá atuar no projeto.
4. Um projeto de digestão anaeróbica para se tornar viável economicamente no
Brasil deve ser associado com MDL. O MDL em sistemas de digestão
anaeróbica é novo, visto que não existe nenhuma planta instalada de que utilize
a digestão anaeróbica para aproveitamento energético dos RSU no país.
5. O valor calculado da quantidade diária de produção de lixo pode não ser real,
pois não existe uma pesagem dos caminhões que carregam o aterro de Macaé.
Como aconteceu na USINAVERDE, a quantidade de produção diária de
resíduos pode ser menor ao valor esperado inicialmente. Porém, se isto ocorrer,
pode-se compensar a quantidade aumentando o volume de lixo a ser retirado
do aterro.
69
5 CONCLUSÕES
A alternativa de aproveitamento energético dos gases e a redução de emissões nos
aterros contribuem para a solução sustentada da gestão dos resíduos sólidos urbanos. O
lixo deixa de ser lixo e passa a ser a matéria-prima que será convertida em energia após um
processamento. Como resultado de uma política de planejamento dos RSU, a tecnologia de
digestão anaeróbica acelerada deve ser vista como um potencial aproveitamento destes
para fins energéticos. Além da vantagem, citada, de produzir compostos que possam ser
utilizados como adubo orgânico.
Desta forma, além de ser viável economicamente, o gerenciamento adequado de
resíduos é capaz de permitir uma significativa redução de emissões, sem requerer mudanças
estruturais na população, podendo gerar recursos advindos da Bolsa de Carbono. E, visto que
Macaé vem recebendo expressivas transferências de recursos a título de royalties do petróleo,
a questão que se coloca é de que forma estes recursos podem alavancar o desenvolvimento da
região. O município terá grandes benefícios em custear o investimento e manuntenção do
projeto em questão, visto que a proposta visa a contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Agindo assim, as gerações futuras seriam aliviadas das pressões advindas da escassez do
petróleo.
Se os cálculos apontassem para a inviabilidade do projeto, no aspecto econômico, o
Poder Público tem a responsabilidade ambiental. A preocupação não é com a viabilidade
econômica, numa cidade que recebe um expressivo valor de royalties, a possibilidade existe, e
depende mais da política e de ações administrativas. O princípio do ambiente equilibrado
deve ser respeitado, não podendo ser suprimido pela responsabilidade fiscal. Se as metas
orçamentárias não podem ser cumpridas, não deve ser no ambiente, direito fundamental de
todos, que a administração fará suas concessões. As poticas públicas devem, portanto,
encontrar formas de equilibrar o desenvolvimento econômico e a responsabilidade fiscal,
norteando-se ainda pela responsabilidade ambiental e pelo direito ao ambiente equilibrado.
Como sugestão para continuidade ao estudo de um gerenciamento de resíduos
adequado para Macaé, podem ser estudadas outras rotas tecnológicas ajustadas às condições
locais, como outros tipos de digestão anaeróbica e incineração. Como foi constatado no
decorrer da elaboração deste trabalho, não existe em Macaé nenhum estudo da composição do
lixo macaense, por isso, antes de iniciar qualquer outro estudo de gerenciamento dos RSU,
deve ser feito uma análise gravimétrica detalhada dos RSU de Macaé. Com um exame da
composição do lixo, pode-se também pesquisar a composição do biogás e a qualidade do
70
composto orgânico resultante do processo DRANCO para indicar a aplicabilidade do
composto.
71
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76
ANEXO A
77
INVESTIMENTO DE UM PROJETO INTEGRADO PARA TRATAMENTO DE RSU POR
UNIDADE COM CAPACIDADE PARA PROCESSAR 300T/DIA
D I S C R I M I N A Ç Ã O
CUSTOS
R$
Á R E A 100 - GERAL E INTERLIGAÇÕES 2.740.700,00
1.10 Gerenciamento de Implantação 579.000,00
1.20 Serviços de Suprimento de Equipamentos e Materiais 515.250,00
1.30 Relatório EIA/RIMA 150.000,00
1.40 Projeto Básico e Executivo de Infra-Estrutura 242.400,00
1.50 Serviços e Obras de Infra-Estrutura 496.250,00
1.60 Captação e Transferência de Efluentes Líquidos 29.800,00
1.70 Distribuição de Energia Elétrica 239.600,00
1.80 Iluminação Externa 206.400,00
1.90 Distribuição de Água e Rede de Incêndio 282.000,00
Á R E A 200 –MEDIÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA
ELÉTRICA
550.000,00
2.10 Subestação Principal 400.000,00
2.20 Cabine de Medição 150.000,00
Á R E A 300 –TRIAGEM E INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES 5.993.300,00
3.10 Triagem Mecânico-Manual e Classificação de
Reciclados
5.551.600,00
3.20 Acumulação e Expedição de Rejeitos Inertes 38.500,00
3.30 Estocagem e Expedição de Reciclados 403.200,00
Á R E A 400 –COMPOSTAGEM ANAERÓBIA E INSTALAÇÕES
COMPLEMENTARES
9.505.300,00
4.10 Compostagem Anaeróbia 7.994.200,00
4.20 Maturação e Expedição de Composto Orgânico 308.700,00
4.30 Biofiltro de Odores 155.400,00
4.40 Tratamento de Efluentes Líquidos 472.000,00
4.50 Estocagem de Biogás 575.000,00
Á R E A 500 -INSTALAÇÃO DE SISTEMA DE GERAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA
3.375.000,00
5.10 Casa do Gerador 25.000,00
5.20 Equipamentos de Geração (Unidade Completa) – 2
MWh
3.350.000,00
78
Á R E A 600 -COMPOSTAGEM AERÓBIA E INSTALAÇÕES
COMPLEMENTARES
1.305.000,00
6.10 Compostagem Aeróbia Aerada 600.000,00
6.20 Peneiramento 250.000,00
6.30 Estocagem de Composto Orgânico 75.000,00
6.40 Aterro de Inertes 380.000,00
Á R E A 700 –INSTALAÇÕES AUXILIARES 1.090.000,00
7.10 Balança Rodoviária 60.000,00
7.20 Oficinas de Manutenção 350.000,00
7.30 Almoxarifado 60.000,00
7.40 Cisterna e Reservatório de Água 350.000,00
7.50 Sistema de Combate a Incêndio 200.000,00
7.60 Sistema de Pára-Raio e Aterramento 70.000,00
Á R E A 800 – EDIFICAÇÕES 564.400,00
8.10 Portaria e Guaritas 20.800,00
8.20 Casa de Balança 8.300,00
8.30 Prédio de Administração 158.400,00
8.40 Auditório 62.000,00
8.50 Ambulatório 21.400,00
8.60 Cozinha e Refeitório 98.000,00
8.70 Escritório da Gerência de Operações, Laboratório e
Vestiários
74.500,00
8.80 Instalações da Cooperativa de Catadores (Escrit.-
Vest.- Refeit.)
21.000,00
S U B T O T A L 25.123.700,00
E V E N T U A I S (15 %)
3.768.555,00
T O T A L G E R A L
28.892.255,00
FONTE: OMA (2006)
79
ANEXO B
80
RESUMO DO RELATÓRIO GERADO PELO PROGRAMA LANDGEM.
LandGEM Versão 3.02 U.S. E.P.A. Maio de 2005
Nome ou identificação do Aterro
Aterro Sanitário de Macaé
Programa LandGEM:
Equação da taxa de decomposição:
Onde,
Q
CH4
= geração anual de metano no ano do cáculo (m
3
/ano)
i = 1 (ano de acréscimo)
n = (ano do cálculo) - (ano incial da deposição de resíduos)
j = 0.1 (ano de acréscimo)
L
o
= potencial de geração do metano (m
3
/Mg)
k = taxa de geração do metano (ano
-1
)
M
i
= massa de resíduos depositados em um ano (Mg)
t
ij
= tempo do j° de massa de resíduos M
i
depositados i
°
ano (anos decimais, ex. 3.2 anos)
PARÂMETROS
Taxa de Metano gerado, k
0,050
Ano
-1
Potencial de Generação de Metano, L
o
170
m
3
/t
Concentração NMOC
4.000
ppmv as hexano
Metano no Biogás
50
% por volume
Parâmetros de Poluentes
Concentração Peso Molecular
Composição (ppmv)
Gases
Total gás de lixo 0,00
Metano 16,04
Dióxido de carbono 44,01
NMOC 4.000 86,18
81
Poluentes
1,1,1-Trichloroethane (methyl chloroform) – HAP 0,48 133,41
1,1,2,2-Tetrachloroethane - HAP/VOC 1,1 167,85
1,1-Dichloroethane (ethylidene dichloride) - HAP/VOC 2,4 98,97
1,1-Dichloroethene (vinylidene chloride) - HAP/VOC 0,20 96,94
1,2-Dichloroethane (ethylene dichloride) - HAP/VOC 0,41 98,96
1,2-Dichloropropane (propylene dichloride) - HAP/VOC 0,18 112,99
2-Propanol (isopropyl alcohol) - VOC 50 60,11
Acetone 7,0 58,08
Acrylonitrile - HAP/VOC 6,3 53,06
Benzene - No or Unknown Co-disposal - HAP/VOC 1,9 78,11
Benzene - Co-disposal - HAP/VOC 11 78,11
Bromodichloromethane - VOC 3,1 163,83
Butane - VOC 5,0 58,12
Carbon disulfide - HAP/VOC 0,58 76,13
Carbon monoxide 140 28,01
Carbon tetrachloride - HAP/VOC 4,0E-03 153,84
Carbonyl sulfide - HAP/VOC 0,49 60,07
Chlorobenzene - HAP/VOC 0,25 112,56
Chlorodifluoromethane 1,3 86,47
Chloroethane (ethyl chloride) - HAP/VOC 1,3 64,52
Chloroform - HAP/VOC 0,03 119,39
Chloromethane - VOC 1,2 50,49
Dichlorobenzene - (HAP for para isomer/VOC) 0,21 147
Dichlorodifluoromethane 16 120,91
Dichlorofluoromethane - VOC 2,6 102,92
Dichloromethane (methylene chloride) - HAP 14 84,94
Dimethyl sulfide (methyl sulfide) - VOC 7,8 62,13
Ethane 890 30,07
Ethanol - VOC 27 46,08
Ethyl mercaptan (ethanethiol) - VOC 2,3 62,13
Ethylbenzene - HAP/VOC 4,6 106,16
Ethylene dibromide - HAP/VOC 1,0E-03 187,88
Fluorotrichloromethane - VOC 0,76 137,38
Hexane - HAP/VOC 6,6 86,18
Hydrogen sulfide 36 34,08
Mercury (total) - HAP 2,9E-04 200,61
Methyl ethyl ketone - HAP/VOC 7,1 72,11
Methyl isobutyl ketone - HAP/VOC 1,9 100,16
Methyl mercaptan - VOC 2,5 48,11
Pentane - VOC 3,3 72,15
Perchloroethylene (tetrachloroethylene) - HAP 3,7 165,83
Propane - VOC 11 44,09
t-1,2-Dichloroethene - VOC 2,8 96,94
Toluene - No or Unknown Co-disposal - HAP/VOC 39 92,13
Toluene - Co-disposal - HAP/VOC 170 92,13
Trichloroethylene (trichloroethene) - HAP/VOC 2,8 131,40
Vinyl chloride - HAP/VOC 7,3 62,50
Xylenes - HAP/VOC 12 106,16
82
Dados de entrada do aterro em uso
CARACTERÍSTICAS DO ATERRO
Ano de abertura do aterro
1996
Ano de encerramento (com 80 anos de limite)
2008
Ano Atual (sem limite)
2008
Modelo calculado até o ano atual?
Não
Capacidade do aterro
577.678
toneladas
TAXA DE DEPOSIÇÃO DE LIXO
Resíduos
depositados por ano
Total
depositado Ano
(tonelada/ano) (tonelada)
1996 29.200
0
1997 31.740
29.200
1998 34.502
60.940
1999 37.503
95.442
2000 40.766
132.945
2001 44.313
173.711
2002 48.168
218.024
2003 52.359
266.192
2004 56.914
318.551
2005 61.866
375.465
2006 67.248
437.331
2007 73.098
504.579
2008 0
577.677
Resultados
Total de gás de
lixo Metano Dióxido de carbono
Ano
(t/ano) (t/ano) (t/ano)
1996 0 0 0
1997 6,062E+02 1,619E+02 4,443E+02
1998 1,236E+03 3,300E+02 9,055E+02
1999 1,892E+03 5,052E+02 1,386E+03
2000 2,578E+03 6,886E+02 1,889E+03
2001 3,298E+03 8,810E+02 2,417E+03
2002 4,057E+03 1,084E+03 2,974E+03
2003 4,860E+03 1,298E+03 3,562E+03
2004 5,710E+03 1,525E+03 4,184E+03
2005 6,613E+03 1,766E+03 4,846E+03
2006 7,574E+03 2,023E+03 5,551E+03
2007 8,601E+03 2,297E+03 6,304E+03
2008 9,699E+03 2,591E+03 7,108E+03
2009 1,088E+04 2,905E+03 7,971E+03
2010 1,035E+04 2,763E+03 7,582E+03
83
2011 9,841E+03 2,629E+03 7,212E+03
2012 9,361E+03 2,500E+03 6,860E+03
2013 8,904E+03 2,378E+03 6,526E+03
2014 8,470E+03 2,262E+03 6,208E+03
2015 8,057E+03 2,152E+03 5,905E+03
2016 7,664E+03 2,047E+03 5,617E+03
2017 7,290E+03 1,947E+03 5,343E+03
2018 6,935E+03 1,852E+03 5,082E+03
2019 6,596E+03 1,762E+03 4,834E+03
2020 6,275E+03 1,676E+03 4,599E+03
2021 5,969E+03 1,594E+03 4,374E+03
2022 5,678E+03 1,517E+03 4,161E+03
2023 5,401E+03 1,443E+03 3,958E+03
2024 5,137E+03 1,372E+03 3,765E+03
2025 4,887E+03 1,305E+03 3,581E+03
2026 4,648E+03 1,242E+03 3,407E+03
2027 4,422E+03 1,181E+03 3,241E+03
2028 4,206E+03 1,123E+03 3,083E+03
2029 4,001E+03 1,069E+03 2,932E+03
2030 3,806E+03 1,017E+03 2,789E+03
2031 3,620E+03 9,670E+02 2,653E+03
2032 3,444E+03 9,198E+02 2,524E+03
2033 3,276E+03 8,750E+02 2,401E+03
2034 3,116E+03 8,323E+02 2,284E+03
2035 2,964E+03 7,917E+02 2,172E+03
2036 2,819E+03 7,531E+02 2,066E+03
2037 2,682E+03 7,164E+02 1,966E+03
2038 2,551E+03 6,814E+02 1,870E+03
2039 2,427E+03 6,482E+02 1,778E+03
2040 2,308E+03 6,166E+02 1,692E+03
2041 2,196E+03 5,865E+02 1,609E+03
2042 2,089E+03 5,579E+02 1,531E+03
2043 1,987E+03 5,307E+02 1,456E+03
2044 1,890E+03 5,048E+02 1,385E+03
2045 1,798E+03 4,802E+02 1,318E+03
2046 1,710E+03 4,568E+02 1,253E+03
2047 1,627E+03 4,345E+02 1,192E+03
2048 1,547E+03 4,133E+02 1,134E+03
2049 1,472E+03 3,931E+02 1,079E+03
2050 1,400E+03 3,740E+02 1,026E+03
2051 1,332E+03 3,557E+02 9,760E+02
2052 1,267E+03 3,384E+02 9,284E+02
2053 1,205E+03 3,219E+02 8,832E+02
2054 1,146E+03 3,062E+02 8,401E+02
2055 1,090E+03 2,913E+02 7,991E+02
2056 1,037E+03 2,770E+02 7,601E+02
2057 9,866E+02 2,635E+02 7,231E+02
2058 9,385E+02 2,507E+02 6,878E+02
84
2059 8,927E+02 2,385E+02 6,543E+02
2060 8,492E+02 2,268E+02 6,224E+02
2061 8,078E+02 2,158E+02 5,920E+02
2062 7,684E+02 2,052E+02 5,631E+02
2063 7,309E+02 1,952E+02 5,357E+02
2064 6,953E+02 1,857E+02 5,095E+02
2065 6,613E+02 1,767E+02 4,847E+02
2066 6,291E+02 1,680E+02 4,611E+02
2067 5,984E+02 1,598E+02 4,386E+02
2068 5,692E+02 1,520E+02 4,172E+02
2069 5,415E+02 1,446E+02 3,968E+02
2070 5,151E+02 1,376E+02 3,775E+02
2071 4,899E+02 1,309E+02 3,591E+02
2072 4,660E+02 1,245E+02 3,416E+02
2073 4,433E+02 1,184E+02 3,249E+02
2074 4,217E+02 1,126E+02 3,091E+02
2075 4,011E+02 1,071E+02 2,940E+02
2076 3,816E+02 1,019E+02 2,796E+02
Dados de entrada do novo aterro
CARACTERÍSTICAS DO ATERRO
Ano de abertura do aterro
2008
Ano de encerramento (com 80 anos de limite)
2027
Ano Atual (sem limite)
2008
Modelo calculado até o ano atual?
Não
Capacidade do aterro
2.522.856
toneladas
TAXA DE DEPOSIÇÃO DE LIXO
Resíduos
depositados por ano
Total
depositado Ano
(tonelada/ano) (tonelada)
2008 76.621
0
2009 80.421
76.621
2010 84.410
157.042
2011 88.597
241.452
2012 92.991
330.049
2013 97.604
423.040
2014 102.445
520.644
2015 107.526
623.089
2016 112.859
730.615
2017 118.457
843.474
2018 124.333
961.931
2019 130.499
1.086.264
2020 136.972
1.216.763
2021 143.766
1.353.735
2022 150.897
1.497.501
2023 158.381
1.648.398
2024 166.237
1.806.779
85
2025 174.482
1.973.016
2026 183.137
2.147.498
2027 192.220
2.330.635
2028 0
2.522.855
Resultados
Total de gás de
lixo Metano Dióxido de carbono
Ano
(t/ano) (t/ano) (t/ano)
2008 0 0 0
2009 1,591E+03 4,249E+02 1,166E+03
2010 3,183E+03 8,501E+02 2,332E+03
2011 4,780E+03 1,277E+03 3,503E+03
2012 6,386E+03 1,706E+03 4,680E+03
2013 8,005E+03 2,138E+03 5,867E+03
2014 9,641E+03 2,575E+03 7,066E+03
2015 1,130E+04 3,018E+03 8,280E+03
2016 1,298E+04 3,467E+03 9,512E+03
2017 1,469E+04 3,923E+03 1,077E+04
2018 1,643E+04 4,389E+03 1,204E+04
2019 1,821E+04 4,864E+03 1,335E+04
2020 2,003E+04 5,351E+03 1,468E+04
2021 2,190E+04 5,849E+03 1,605E+04
2022 2,382E+04 6,361E+03 1,745E+04
2023 2,579E+04 6,888E+03 1,890E+04
2024 2,782E+04 7,430E+03 2,039E+04
2025 2,991E+04 7,990E+03 2,192E+04
2026 3,207E+04 8,567E+03 2,351E+04
2027 3,431E+04 9,165E+03 2,515E+04
2028 3,663E+04 9,784E+03 2,685E+04
2029 3,484E+04 9,307E+03 2,554E+04
2030 3,314E+04 8,853E+03 2,429E+04
2031 3,153E+04 8,421E+03 2,311E+04
2032 2,999E+04 8,010E+03 2,198E+04
2033 2,853E+04 7,620E+03 2,091E+04
2034 2,714E+04 7,248E+03 1,989E+04
2035 2,581E+04 6,895E+03 1,892E+04
2036 2,455E+04 6,558E+03 1,799E+04
2037 2,336E+04 6,239E+03 1,712E+04
2038 2,222E+04 5,934E+03 1,628E+04
2039 2,113E+04 5,645E+03 1,549E+04
2040 2,010E+04 5,370E+03 1,473E+04
2041 1,912E+04 5,108E+03 1,401E+04
2042 1,819E+04 4,859E+03 1,333E+04
2043 1,730E+04 4,622E+03 1,268E+04
2044 1,646E+04 4,396E+03 1,206E+04
2045 1,566E+04 4,182E+03 1,147E+04
2046 1,489E+04 3,978E+03 1,091E+04
86
2047 1,417E+04 3,784E+03 1,038E+04
2048 1,348E+04 3,599E+03 9,876E+03
2049 1,282E+04 3,424E+03 9,394E+03
2050 1,219E+04 3,257E+03 8,936E+03
2051 1,160E+04 3,098E+03 8,500E+03
2052 1,103E+04 2,947E+03 8,086E+03
2053 1,049E+04 2,803E+03 7,691E+03
2054 9,983E+03 2,666E+03 7,316E+03
2055 9,496E+03 2,536E+03 6,959E+03
2056 9,033E+03 2,413E+03 6,620E+03
2057 8,592E+03 2,295E+03 6,297E+03
2058 8,173E+03 2,183E+03 5,990E+03
2059 7,774E+03 2,077E+03 5,698E+03
2060 7,395E+03 1,975E+03 5,420E+03
2061 7,035E+03 1,879E+03 5,156E+03
2062 6,692E+03 1,787E+03 4,904E+03
2063 6,365E+03 1,700E+03 4,665E+03
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