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S-6: Ah, foi ótimo, de positivo, foi de eu não precisar parar lá na Benedita
Fernandes, né, porque o que eu passei, nossa, a terceira até hoje pra mim, pode
estar ruim o baile, pode estar os velhos caindo aos pedaços , tem vez que a D. fala,
que a gente não merece isso, mas sei lá, é o único lugar que a gente sente segura,
se sente sabe, porque lá tem policial, tem tudo.
E: A senhora está falando do baile. Eu estou me referindo à fase da vida
mesmo, do envelhecimento. O que a senhora acha que mudou? O que foi mais
positivo com o amadurecimento? A senhora citou alguns exemplos: de não ter
que dever nada pra ninguém, de amizades, liberdade.
S-6: Ah, liberdade, livre, livre, porque eu me ponho livre, porque eu não deixo,
ninguém dominar a minha vida, nem filho, nem ex - marido, ninguém, eu sou livre,
embora a minha acha que eu to presa, mas eu sou livre, é que eu fiz essa opção, eu
não quero namorar, só isso, não é pelos outros, é que eu não quero.
E: Qual a transformação na sua vida, que você mais se vangloria assim de ter
tido, transformação pessoal, com o passar dos anos, com o envelhecimento,
com a chegada dos 58, 60 anos.
S-6: É dirigir, né. Eu amo, é minha casa, meu carro, eu me orgulho disso, porque eu
nunca pensava, por isso que eu valorizo meu ex marido, porque ele pois, falou você
vai, vai, ele me deu casa.
E: Ah, senhora dirige há quanto tempo?
S-6: Ah, eu tinha mais de 40 anos. Eu me sinto assim, uma estrela.
E: Pra senhora significa independência?
S-6: Independência, eu vou onde eu quero, faço o que quero, como o que quero,
sabe.
E: Então resumindo, me corrige se eu tiver errada. Com a terceira idade o que
a senhora mais conquistou foi à independência?
S-6: Independência, liberdade, depois da separação, depois que separou mesmo de
casa, porque ele ficou aqui em casa oito anos, faz dois anos que o A. foi embora, de
casa né, que eu me sinto mais assim, foi nesses dois anos mesmo, eu vou onde eu
quero, eu vou no centro, eu demoro duas três horas, porque eu fico olhando as lojas
conhecendo o centro, porque antes eu vivia correndo, porque eu tinha que fazer
comido, eu tinha isso, tinha aquilo, agora não, eu olho pra aquela praça Rui
Barbosa, porque as vezes você passa e você não imagina como ela é bonita, você
não vê o negocio que ta na tua esquina na tua cara, você não vê, um restaurante,