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PALMITO PUPUNHA MINIMAMENTE
PROCESSADO
MARISA CARVALHO BOTELHO RIBEIRO
2008
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MARISA CARVALHO BOTELHO RIBEIRO
PALMITO PUPUNHA MINIMAMENTE PROCESSADO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras, como parte das exigências do
Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em
Ciência dos Alimentos, para a obtenção do
título de “Mestre”.
Orientador:
Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima
LAVRAS, MG
2008
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MARISA CARVALHO BOTELHO RIBEIRO
PALMITO PUPUNHA MINIMAMENTE PROCESSADO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras, como parte das exigências do
Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em
Ciência dos Alimentos, para a obtenção do
título de “Mestre”.
APROVADA em 28 de fevereiro de 2008
Profa. Dra. Ivana Aparecida da Silveira - UNILAVRAS
Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra - UFLA
Prof. Dr. Eduardo Valério de Barros Vilas Boas - UFLA
Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima
UFLA
(Orientador)
LAVRAS, MG
2008
À Deus, pelo Seu imenso e infinito amor e pela certeza que minha vida é
conduzida pelo toque de Suas mãos.
À Virgem Maria pela constante intercessão em todos os momentos.
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Ciência dos
Alimentos pela oportunidade de realização deste curso.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão de bolsa de estudos.
Ao Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima pela excelente orientação,
dedicação, apoio, incentivo e principalmente pela confiança e amizade.
Ao co-orientador Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra pela motivação,
amizade e pela contribuição na realização deste trabalho.
Ao coordenador do programa de s-graduação Prof. Dr. Eduardo
Valério de Barros Vilas Boas pela competência, atenção, ensinamentos, amizade
e consideração.
Ao Dr. Eric Batista Ferreira pela contribuição nas análises estasticas,
principalmente na sensorial.
À Profa. Dra. Roberta pela disponibilidade do laboratório na realização
das análises microbiológicas e pelas sugestões e contribuição neste trabalho.
À todos os professores do Departamento de Ciência dos Alimentos
(DCA/UFLA) pela experiência profissional e ensinamentos transmitidos.
Às minhas grandes “amigas irmãs” e companheiras de todas as horas
Suzana e Sheila pelo auxílio na execução deste trabalho e principalmente por
tornar estes momentos mais divertidos e especiais. Agrado pelo apoio, fiel
companheirismo e ombro amigo em tudo que precisei.
Aos colegas e estagiários que também contribuíram na execução dos
experimentos Heloísa, Emanuelle, Guilherme, Sâmia, Gabriela e Fabíola, cuja
ajuda foi de fundamental importância.
À todas amizades conquistadas durante este período no DCA/UFLA,
especialmente aos colegas do Laboratório de Pós-Colheita de Frutas e
Hortaliças, pela agradável convivência, apoio e companheirismo.
À Elisângela e Andréa que foram pessoas fundamentais na minha
aprovação para o mestrado, me passando ensinamentos e práticas da área de s-
colheita, com grande incentivo e motivação.
Às laboratoristas Tina, Sandra, Creusa e Eliane pela disponibilidade no
auxílio da execução das análises e também pelo convívio e amizade.
Aos meus pais, pelos ensinamentos e exemplos de vida, por estarem
sempre ao meu lado, me apoiando, dando tudo de si com muito amor e carinho.
Sem o incentivo, o esforço e a presença de vos, não alcançaria esta vitória.
Ao meu esposo Raphael que com seu amor, companheirismo, carinho e
compreensão sempre torceu e acreditou em mim me dando muita força e
incentivo na carreira profissional que escolhi.
Aos meus irmãos, cunhados e cunhada pela força, motivação, e por me
ensinarem a lutar pelos meus ideais.
Aos “amigos pela fé” da Renovação Carismática Católica, especialmente
aos do Ministério Universidades Renovadas, meus sinceros agradecimentos
pela eterna amizade, orões e crescimento espiritual.
Enfim a todos que de alguma maneira contribuíram para a realização
deste trabalho.
RESUMO...............................................................................................
i
ABSTRACT...........................................................................................
ii
CAPÍTULO 1 Palmito pupunha minimamente processado
01
1 Introdução geral...................................................................................
02
2 Referencial Teórico.............................................................................
04
2.1 Palmito pupunha...............................................................................
04
2.2 Processamento mínimo.....................................................................
08
2.2.1 Conceito e características..............................................................
08
2.2.2 Aspectos microbiológicos.............................................................
11
2.2.3 Reações de escurecimento enzimático..........................................
14
2.2.4 Qualidade sensorial.......................................................................
18
3 Referências Bibliográficas...................................................................
19
CAPÍTULO 2
Qualidade de palmito pupunha minimamente
processado: aplicação de antioxidantes
26
1 Resumo................................................................................................
27
2 Abstract................................................................................................
28
3 Introdução............................................................................................
29
4 Material e Métodos..............................................................................
31
5 Resultados e Discussão........................................................................
34
6 Conclusão ...........................................................................................
52
7 Referências Bibliográficas...................................................................
53
CAPÍTULO 3 Qualidade microbiológica de palmito pupunha
minimamente processado.......................................................................
57
3 Introdução............................................................................................
60
4 Material e Métodos..............................................................................
62
5 Resultados e Discussão........................................................................
65
6 Conclusão ...........................................................................................
68
7 Referências Bibliográficas...................................................................
69
CAPÍTULO 4 Qualidade sensorial de palmito pupunha minimamente
processado..............................................................................................
72
1 Resumo................................................................................................
73
2 Abstract...............................................................................................
74
3 Introdução...........................................................................................
75
4 Material e Métodos.............................................................................
77
5 Resultados e Discussão.......................................................................
79
6 Conclusão ...........................................................................................
86
7 Referências Bibliográficas...................................................................
87
CAPÍTULO 5 Processamento mínimo da parte caulinar de palmito
pupunha: uma alternativa para o aproveitamento...................................
89
1 Resumo................................................................................................
90
2 Abstract................................................................................................
91
3 Introdução............................................................................................
92
4 Material e Métodos..............................................................................
94
5 Resultados e Discussão........................................................................
97
6 Conclusões ..........................................................................................
107
7 Referências Bibliográficas...................................................................
108
ANEXOS................................................................................................
111
RESUMO
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho.
Palmito pupunha minimamente
processado.
2008. 126 p. Dissertação (mestrado em Ciência dos Alimentos)
Universidade Federal de Lavras, MG.
*
O palmito pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) minimamente processado
surge como alternativa para o comércio do palmito in natura com praticidade e
conveniência. O objetivo deste trabalho foi estudar métodos para manutenção da
qualidade de palmito pupunha minimamente processado e prolongamento de sua
vida útil. Foram conduzidos os seguintes experimentos: avaliação de diferentes
antioxidantes, sanificantes, análise sensorial e aproveitamento de resíduos do
processamento. A refrigeração foi efetiva na manutenção da qualidade do
produto. Os palmitos sem aplicação de antioxidante mantiveram sua qualidade
por oito dias de armazenamento a 5 ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR). O tratamento
com o antioxidante cisteína 0,5% foi o que melhor manteve a qualidade do
palmito pupunha, caracterizando um produto com menores valores e menos
oscilões de a* e b*, manutenção da firmeza e acidez titulável ao longo do
armazenamento, redução da atividade da peroxidase e maior vida útil (12 dias).
Foi detectado a presença de coliformes a 35ºC e a 45ºC nos palmitos, entretanto
esses valores encontram-se abaixo do limite permitido pela legislação. Não foi
constatado a presença de Escherichia coli e Salmonella sp. Os sanitizantes
dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
e peróxido de hidrogênio 6% são
eficientes em reduzir parte da carga microbiana de rodelas de palmito pupunha,
mantendo o produto em condições microbiológicas adequadas para o consumo
por até doze dias de armazenamento. Pela análise sensorial foi constatado que o
tratamento com cisteína (0,5%) é eficiente em manter a coloração do palmito
com o decorrer do armazenamento. O produto foi bem aceito pelos
consumidores (média 6,5-7,0), comprovando a eficiência dos tratamentos
utilizados na manutenção da sua qualidade. A parte caulinar de palmito pupunha
minimamente processado manteve sua qualidade ao longo do armazenamento,
com oito dias de vida útil, podendo ser utilizada no processamento a fim de
minimizar os resíduos gerados por essa atividade. A temperatura de 5ºC, o
tratamento com dicloisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
e cisteína 0,5%
juntamente com aplicação de boas praticas de fabricação são eficazes na
manutenção da qualidade de palmito pupunha minimamente processado com 12
dias de vida útil.
*
Comitê Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(orientador), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-orientador).
ABSTRACT
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho.
Fresh-cut pupunha palm cabbage.
2008.
126 p. Dissertation (Master in Food Science) Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG.
*
The fresh-cut pupunha palm cabbage (Bactris gasipaes Kunth.) appears
as alternative to the marketing of in natura palm cabbage for its practicalness
and convenience. The objective of this work was to study methods for
maintaining the quality of fresh-cut pupunha palm cabbage and prolongation of
its useful life. The following experiments were conducted: evaluation of
different antioxidants, sanitizers, sensorial analysis and use of residues of the
processing. Refrigeration was effective in the maintaining of the product quality.
The palm cabbages without the application of antioxidant maintained their
quality for eight days´ storage at 5 ºC (
±
1ºC and 90%
±
5% RH). The treatment
with the antioxidant 0.5% cysteine was the one which best maintained the
quality of pupunha palm cabbage, characterizing a product with lower values
and fewer oscillations of a* and b*, maintenance of firmness and titratable
acidity throughout storage, reduction of peroxidase activity and longer useful
life (12 days). The presence of coliforms was detected at 35ºC and at 45ºC in the
palm cabbages; however, those values are bellow the limit allowed by the
legislation. The presence of Escherichia coli and Salmonella sp was found. The
sanitizers 100 mg.L
-1
sodium dichloroisocyanurate and 6% hydrogen peroxide
are effective in reducing a part of the microbial load of rings of pupunha palm
cabbage, keeping the product in microbiologic conditions adequate for
consumption for till twelve days of storage. Through the sensorial analysis, it
was found that 0.5% cysteine treatment is efficient in keeping the coloration of
the palm cabbage over the storage. The product was well accepted by consumers
(mean 6.5-7.0), corroborating the efficiency of the treatments utilized in the
maintenance of its quality. The shoot part of fresh-cut pupunha palm cabbage
kept its quality throughout storage, at eight days of useful life, being able to be
utilized in processing in order to minimize the residues generated by that
activity. The temperature of 5ºC, the treatment with 100 mg.L
-1
sodium
dichloroisocyanurate and 0.5% cysteine together with application of good
manufacturing practices are effective in the maintenance of the quality of fresh-
cut pupunha palm cabbage of 12 days of useful life.
*
Guidance Committee: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(adviser), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-adviser).
1
CAPÍTULO 1
PALMITO PUPUNHA MINIMAMENTE PROCESSADO
2
1 INTRODUÇÃO GERAL
A pupunheira (
Bactris gasipaes
Kunth.) é uma palmeira de clima
tropical em que todas as partes podem ser aproveitadas, embora sejam mais
importantes economicamente os frutos e o palmito.
O palmito é considerado uma iguaria tipicamente brasileira. Como
alimento, é conhecido desde épocas remotas, ocupando lugar de destaque não só
na culinária nacional, como também na estrangeira. Tem sabor agradável, macio,
nutritivo e baixo teor calórico e pode fazer parte de dietas com restrições
calóricas.
O cultivo da pupunheira para produção de palmito vem se expandindo
no Brasil desde 1990, devido a uma série de vantagens quando comparado ao
das espécies tradicionalmente utilizadas para essa atividade.
O palmito pupunha tem se constituído uma alternativa de matéria-prima
para a indústria de conserva, sendo também detectada recentemente uma
demanda crescente para a comercialização de palmito fresco (
in natura
)
minimamente processado, principalmente em feiras livres, pontos de
conveniência e supermercados.
Hortaliças refrigeradas, como o palmito, são consideradas minimamente
processadas quando fisicamente alteradas, sendo necessário que mantenham seu
estado fresco.
Os produtos minimamente processados (
fresh-cut
) objetivam oferecer ao
consumidor produtos com qualidade, frescor e conveniência. O processamento,
no entanto, gera um produto de maior valor final e de maior perecebilidade, que
podem ser fatores determinantes na decisão de compra deste produto. Com
intuito de reduzir a perecebilidade dos produtos minimamente processados, têm-
3
se utilizado tecnologias adequadas, dentre elas refrigeração, sanificação e
tratamentos químicos para prevenir o escurecimento enzimático.
O presente trabalho teve como objetivo geral determinar condições
adequadas para prolongar a vida útil de palmito pupunha (
Bactris gasipaes
Kunth.) minimamente processado, bem como a manutenção da sua qualidade
por meio da avaliação de diferentes antioxidantes e sanificantes, análise
sensorial e aproveitamento da parte caulinar do palmito não utilizada no
processamento.
4
2 REFERENCIAL TEÒRICO
2.1 Palmito pupunha
O palmito é uma iguaria fina, de grande aceitação no mercado brasileiro
e, também, muito apreciado em outros países como França, Japão, Itália, Estados
Unidos, entre outros, (Bovi, 2003). É retirado da parte superior do caule da
palmeira, a partir da gema apical, correspondendo à parte central do estirpe
composta de tecido meristemático, bainhas e foolos em formação, (Araújo,
1993). É apreciado pelo seu sabor, valor nutritivo e baixo teor calórico. Além
disso, é rico em fibras e minerais, como potássio, lcio, fósforo, vitaminas e
aminoácidos importantes (Tabela 1), (Yuyama
et al.
, 1999).
O Brasil é o maior produtor, consumidor e já foi o maior exportador de
palmito em conserva (Reis et al., 2000). Antes da década de 1960, o Estado de
São Paulo era o principal produtor brasileiro de palmito, sendo extraído da
palmeira juçara (
Euterpe edulis
Mart.). Por volta de 1980, ocorreu a primeira
crise na exploração extrativista do palmito. Rapidamente, as principais empresas
processadoras de palmito se mudaram para o Estado do Pará, então com
extensas reservas de açaizeiros (
Euterpe oleracea
Mart.) (Bovi, 1997).
5
TABELA 1 Composição nutricional de palmito pupunha
(B. gasipaes)
in
natura
em 100g do produto.
Componentes
Yuyama et al.
(1999)
Corpei (2001)
Botelho et al.
(2006)
Teor Calórico (Kcal)
16,3
27,95
38,7
Umidade (g)
91,5
91,7
90
Proteínas (g)
1,5
4,1
2,54
Carboidratos (g)
1,9
2,6
6,43
Gorduras (g)
0,3
0,6
0,32
Fibras solúveis (g)
0,0
0,7
-
Fibras insolúveis (g)
3,8
-
-
Fibra bruta (g)
-
-
0,68
Cinzas (g)
1,0
1,0
0,03
Fósforo (mg)
-
109
-
Potássio (mg)
194
-
-
Cálcio (mg)
42
81
-
Magnésio (mg)
3,4
-
-
Ferro (mg)
0,2
1,5
-
A partir de maior conscientização ambiental, há pressão crescente junto
aos principais países produtores de palmito, para que este não seja obtido de
forma predatória, a partir da exploração de palmeiras nas matas nativas,
(Anefalos et al., 2007). Diante disso, a pupunheira (
Bactris gasipaes
Kunth)
surge como uma opção para atender a demanda interna e externa, por apresentar
características desejáveis quanto ao seu cultivo e qualidade do palmito
produzido, (Anefalos et al., 2007).
6
Pertencente à família Palmae e originária da Amazônia, a pupunha foi
domesticada pelos primeiros povos por seu fruto, embora hoje seja muito
plantada por seu palmito, (Clement & Moura, 2002).
Anefalos (2007) relata que a área cultivada de pupunheiras no Brasil
tem aumentado a partir do fim da década de 1990, fato justificado pelo aumento
da demanda desse produto e principalmente pela redução significativa do
palmito extraído de palmeiras nativas. Houve diminuição de 71% na extração
desse produto em 2005, em relação a 1990.
De acordo com dados do IBGE (2007), o Estado de São Paulo destaca-
se como um dos maiores produtores brasileiros de palmito (Anefalos et al.,
2003). Em 2006 a área total de pupunha no Estado de São Paulo foi de
aproximadamente 3.900 ha. De acordo IEA/CATI , citado por Anefalos et al.
(2007), esse aumento de área é atribuído, principalmente, à expansão da área de
cultivo de pupunha no Estado de São Paulo em substituição ao palmito extraído
de palmeiras tradicionais da região (juçara).
Os principais importadores de palmito são França, Argentina, EUA e
Espanha. Na década de 80 o Brasil fornecia mais de 95% do palmito importado
pela França, em 1994 essa porcentagem caiu para 50%, permitindo a entrada de
outros países neste setor. A queda na exportação de palmito pelo Brasil se deve
ao fato do palmito brasileiro apresentar-se como de baixa qualidade, produto do
extrativismo e não ecológico, (Bovi, 2003).
Até 1994 havia tendência de crescimento das exportões brasileiras,
que só foi retomada a partir de 2002. Nesse ano os pros médios anuais de
palmito em conserva exportado aumentaram em taxas crescentes, atingindo, em
2006, média de US$1.94 a lata de 400g , (Anefalos et al., 2007).
O potencial da pupunheira para a produção de palmito cultivado é
considerado maior que o das palmáceas utilizadas para tal finalidade, (Araújo,
1993). A pupunheira apresenta uma série de vantagens para produção de palmito
7
em relação às outras palmeiras nativas como o açaí (
Euterpe
oleraceae
Martius)
e a juçara (
Euterpe
edulis
Martius), que são exploradas de forma extrativista e
por isso apresentam restrições legais e risco de extinção. Segundo Moro (1996),
as principais vantagens para a exploração comercial de palmito da pupunheira
são:
a)
precocidade, com o primeiro corte a partir de 18 meses as plantio;
b)
perfilhamento da planta mãe, que permite repetir os cortes nos anos
subseentes, sem necessidade de replantio da área;
c)
qualidade do palmito, o qual tem, geralmente, o comprimento de 40 cm
e diâmetro entre 1,5 - 4 cm, sendo muito macio e saboroso;
d)
lucratividade, quando plantado e conduzido adequadamente, um hectare
produz de 5.000 a 12.000 palmitos por ano;
e)
segurança para o produtor, pois o palmito pode ser deixado no pé ou
quando cortado pode ser processado, envasado e guardado para ser
comercializado quando o mercado se encontrar mais propício;
f)
facilidade nos tratos culturais e corte, uma vez que plantas selecionadas
não apresentam espinhos, (Yuyama, 1996)
g)
vantagens ecológicas, a cultura pode ser conduzida a pleno sol, em áreas
agrícolas tradicionais, sem nenhum dano às matas nativas, (Nishikawa,
et al., 1998).
h)
aproveitamento dos frutos (alto teor lipídico) para a preparação de
sucos, sorvetes e consumidos cozidos em água e sal
g)
sabor adocicado, coloração ligeiramente amarelada e palatibilidade
mais pastosa, com menor sensação de fibrosidade, (Bernhardt, 1999).
A nova oportunidade de negócios relacionados à pupunha, que ainda
está se fortalecendo, abre portas para o mercado internacional de palmito em
conserva para mercados consumidores sensíveis à qualidade do produto e
8
preservação ambiental. Além desse mercado já existente, com as características
peculiares do palmito pupunha, surgem novas possibilidades de comercialização
em todo o território nacional, como a de palmito
in natura
ou minimamente
processado, (Kapp et al., 2003; Botelho et al., 2006; Anefalos et al., 2007).
2.2 Processamento mínimo
2.2.1 Conceito e características
Produtos minimamente processados são definidos como qualquer fruta
ou hortaliça ou qualquer combinação delas, que foi alterada fisicamente a partir
de sua forma original, embora mantenha seu estado fresco. As etapas do
processamento mínimo consistem de: seleção, lavagem, sanitização,
descascamento e corte. Posteriormente o produto é embalado com intuito de
oferecer aos consumidores frescor, conveniência e qualidade nutricional,
(International fresch-cut produce association - IFPA, 2006).
O processamento mínimo é um segmento da Agroindústria, que vem
obtendo crescente participação no mercado de produtos frescos, desde a sua
introdução nos Estados Unidos da América (EUA), há trinta anos e no mercado
comum Europeu no inicio de 1980, (Cenci, 2000; Moretti & Machado, 2006).
No Brasil, em 1996 iniciou-se a produção e comercialização de produtos
minimamente processados, principalmente nos estados do sudeste, (Puschmann
at al., 2006) e vem apresentando evolução significativa no incremento de
vendas, principalmente pela expansão dos serviços de comida rápida, em
restaurantes industriais e no âmbito doméstico, (Cenci, 2000).
A comercialização de produtos minimamente processados no Brasil está
concentrada nas grandes cidades, especialmente aquelas da região Sudeste, que
possuem os Estados mais populosos e com maior renda per capta. A estimativa
do consumo destes produtos no setor de hortifruti comercializados no estado de
São Paulo é 4,2% e 1,6%, respectivamente, nas classes de maior e menor poder
9
aquisitivo. No estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais a participação é de
apenas 1%, (Jacomino et al. 2004).
O processamento mínimo proporciona agregação de valor ao produto
agrícola, ao aumentar a competitividade no setor de produção e ao proporcionar
meios alternativos de comercialização, além dos benefícios que este produto
oferece para o consumidor, (Chitarra, 1998).
Entre os imeros benefícios das frutas e hortaliças minimamente
processadas aos consumidores, destacam-se: redução do tempo de preparo da
refeição, maior padronização e qualidade mais consistente, maior acesso pelo
consumidor a frutas e hortaliças mais saudáveis, menor espo para estocagem,
embalagens de armazenamento facilitado, características correspondentes às do
estado fresco e redução do desperdício e da manipulação, (Artes 2000, citado
por Aguila, 2004).
Os produtos minimamente processados devem apresentar características
sensoriais adequadas para o consumo e despertar a atenção do consumidor para a
compra, (Vilas Boas & 2006).
Para se obter tais características, a qualidade das frutas e hortaliças é de
fundamental importância, uma vez que elas podem ser mantidas, mas nunca
melhoradas pela aplicação dessa tecnologia, (Chitarra, 2000).
Chitarra (1998) define qualidade como o conjunto de características
que diferenciam unidades individuais de um produto e que têm signifincia na
determinação do grau de aceitação do mesmo pelo consumidor. Deve ser
avaliada desde a produção da matéria prima no campo até comercialização,
possibilitando melhor conhecimento do valor real do produto e de sua
capacidade de conservação.
São várias as características que definem um produto minimamente
processado de boa qualidade. Aparência fresca, textura aceitável, bom sabor e
aroma (flavor), segurança microbiológica e aumento da vida útil que permita
10
incluir o produto dentro de um sistema de distribuição, são alguns dos requisitos
para que um produto seja considerado de qualidade. Se alguns destes requisitos
não cumprem as exigências dos valores mínimos aceitáveis para cada parâmetro,
o produto perde automaticamente seu valor comercial, (Aguilar et al, 2005).
De acordo com Arruda (2003), além das características ligadas à
aparência e à coloração, que são avaliadas diretamente pelo consumidor, o sabor
e o aroma também determinam a qualidade do produto e são relacionados com
sua composição química.
As frutas e hortaliças necessitam de cuidados especiais no campo e na
fase s-colheita para apresentarem boas características de qualidade (sensorial,
nutricional e segurança), (Chitarra, 2000). Várias alterões, tanto internas como
externas, no tecido vegetal, podem induzir modificações na atividade fisiológica
e/ou crescimento microbiano, que resultam na deterioração rápida dos tecidos,
(Honório
&
Moretti, 2002
;
Chitarra, 2000).
O tempo de conservação de frutas e hortaliças minimamente
processadas é limitado, basicamente, por se tratar de um tecido vegetal vivo, que
está respirando, ocorrendo várias reações no produto. Algumas dessas reações,
se não controladas, podem levar a uma rápida senesncia e alterões na
qualidade final do produto, (Aguilar, 2005).
As operões do processamento mínimo devem ser realizadas
priorizando-se a qualidade do produto final. Durante essas operões, como
descascamento e corte, ocorre rompimento de organelas, modificação na
permeabilidade das membranas, desorganização celular, ativação da síntese de
etileno e aumento na taxa respiratória, contato entre enzima e substrato,
desencadeando diversas reações como degradação da parede celular e
escurecimento enzimático, (Chitarra, 1998).
Os diversos processos metalicos conduzem, na maioria das vezes, a
alterões sensoriais importantes. Os produtos minimamente processados de alta
11
qualidade devem possuir aparência fresca e consistente, textura aceitável, sabor
e aroma característicos, além de vida útil suficiente para que o tecido sobreviva
ao sistema de distribuição, (Moretti, 2004).
Para aumentar a vida útil de produtos minimamente processados,
empregam-se métodos e tratamentos que diminuam a intensidade da respiração
aeróbica, população microbiana, reduzam a perda de umidade pelos tecidos,
minimizam os danos mecânicos, inibam ou retardem a ação de enzimas e as
reações de descoloração, e atrasem o amadurecimento e senesncia, (Wiley,
1994).
O armazenamento refrigerado é o método mais econômico para o
armazenamento prolongado de frutas e hortaliças frescas. Temperaturas mais
baixas, geralmente inferiores a 5ºC, são utilizadas para o armazenamento de
vegetais minimamente processados, pois retardam o metabolismo, diminuindo a
taxa respiratória e a atividade enzimática, evitando ou minimizando alterões
no aroma, sabor, textura, cor e demais atributos de qualidade. A temperatura de
armazenamento é considerada o fator ambiental mais importante, visto que
regula as taxas de todos os processos fisiológicos e bioquímicos associados à
senesncia, (Chitarra & Chitarra, 2005; Chitarra, 2000).
A temperatura de 0ºC é considerada ideal para o armazenamento de
vegetais minimamente processados. Por razões econômicas, entretanto, as mais
utilizadas são entre 5ºC e 10ºC, (Rinaldi et al., 2005).
2.2.2 Aspectos microbiológicos
Produtos minimamente processados (MP) constituem ótimo meio de
crescimento microbiano, devido à lesão dos tecidos e ao alto teor de umidade
dos vegetais acondicionados, o que aumenta seu potencial de deterioração. Por
serem muito manipulados, esses produtos podem ter sua microbiota aumentada,
12
alterada e, eventualmente, veicular microrganismos patogênicos, (Fontes et al.,
2007).
As alterões microbiológicas variam, segundo a composição da
microbiota de cada vegetal que, por sua vez, está relacionada a outros fatores. O
ambiente, a manipulação, a temperatura, a atmosfera e a acidez são os mais
importantes, (Watada et al., 1996).
A Resolução RDC nº12, de 2 de janeiro de 2001, do Ministério da
Saúde, (Brasil, 2001), estabelece os padrões microbiológicos sanitários para
alimentos, não existindo padrões específicos para os frutos minimamente
processados. Esses podem ser inseridos no grupo de alimentos designados como:
frutas frescas, in natura, preparadas (descascadas ou selecionadas ou
fracionadas), sanificadas, refrigeradas ou congeladas, para consumo direto, cuja
tolerância máxima para amostra indicativa é de 5 x 10
2
NMP.g
-1
ou UFC.g
-1
de
coliformes a 45ºC e ausência de Salmonella sp em 25g.
Diversas pesquisas (Paula et al., 2006; Pinto et al., 2006; Pinheiro et al.,
2005) relacionadas à qualidade microbiológica de produtos minimamente
processados comercializados no Brasil apresentaram resultados preocupantes. A
má qualidade microbiológica desses produtos se deve, principalmente, à
utilização de matéria prima com qualidade precária, sanificação e manipulação
inadequadas, ambiente do processamento e manipuladores em más condições
higiênico-sanitárias, entre outros.
Pinheiro et al. (2005) e Paula et al. (2006) sugerem a necessidade de
Boas Práticas de Fabricação (BPF) pelos estabelecimentos produtores e o
monitoramento das condições higiênico-sanitárias para garantir um produto
saudável e seguro para o produtor.
Redução significativa da população microbiana do produto pode ocorrer
durante a etapa de sanificação, quando se adotam tratamentos com substâncias
químicas antimicrobianas adequadas. A eficiência dos antimicrobianos, no
13
entanto, depende de fatores ambientais, tais como pH, temperatura e qualidade
da água, tempo de contato, natureza da superfície do vegetal e a carga
microbiana inicial, (Vanetti, 2007).
O cloro, nas suas várias formas, consiste no sanitizante mais utilizado
em alimentos. Os compostos à base de cloro são germicidas da ampla ação, que
reagem com as proteínas da membrana das lulas microbianas, interferindo no
transporte de nutrientes e promovendo a perda de componentes celulares,
(Vanetti, 2004).
Os compostos clorados apresentam ação bactericida semelhante, quando
em solução aquosa, liberam o ácido hipocloroso, em sua forma não dissociada,
que apresenta ação germicida, (Andrade & Macedo, 1996).
A atividade antimicrobiana dos produtos clorados está relacionada à
quantidade de cloro livre disponível, particularmente na forma de ácido
hipocloroso, que, por sua vez, depende da quantidade de matéria orgânica, do
pH e temperatura da água. Em soluções aquosas o equilíbrio entre ácido
hipocloroso e o íon hipoclorito depende do pH, aumentando o ácido hipocloroso
à medida que o pH e temperatura da água diminuem. Por esta razão, as soluções
sanificantes se ajustam comumente a um pH entre 6,5 a 7,5 (Aguilar et al.,
2005).
O dicloro isocianurato de sódio (NaDCl) é um pó ou grânulo branco, de
peso molecular 256, contendo de 55 a 65 % de cloro disponível. Quando
hidrolisado forma duas moléculas de ácido hipocloroso (HOCl). Assim possui
maior eficácia bactericida, quanto ao hipoclorito de sódio. Forma apenas uma
molécula do ácido hipocloroso. Além disso, o NaDCl não libera metais pesados
e trialometanos quando hirolisado, sendo utilizado na indústria de alimentos,
pois é estável e seguro para manuseio e consumo, (Macedo, 2001).
O peróxido de hidrogênio é um outro potente sanitizante devido à
liberação do oxigênio, sendo muito usado há décadas como agente bactericida e
14
esporicida. Em concentrões muito baixas, ele atua sobre células vegetativas
por meio de um processo de oxidação energética dos componentes celulares,
(Andrade & Macedo, 1996). Esse sanitizante é classificado como um composto
GRAS (Geralmente Reconhecido Como Seguro) pela FDA (Agência de
Alimentos e Drogas dos EUA) para uso em alimentos como agente alvejante,
oxidante, redutor e antimibrobiano, (Sapers & Simmons, 1998). O peróxido de
hidrogênio, porém, convertido em radicais hidroxilas altamente reativos, pode
degradar DNA, proteínas, polissacarídeos e lipídios, (Borges et al., 1989, citado
por Moda et al., 2005). Dependendo da concentração usada, pode levar ao
rompimento das lulas do tecido vegetal, com efeitos sobre a textura, que é um
dos mais importantes atributos de qualidade de um produto, (Santos & Valle,
2005).
2.2.3 Reações de escurecimento enzimático
O principal parâmetro que dá idéia de qualidade a um produto é sua
coloração, pois os consumidores já desenvolveram uma relação entre a cor e
qualidade máxima do produto, (Kays, 1991).
Os estresses mecânicos causados pelo processamento aumentam a taxa
de reações bioquímicas responsáveis pelas mudanças na cor, sabor, textura e
qualidade nutricional dos produtos minimamente processados, (Rocha et al.,
2003). A vida útil desses produtos é limitada por diversos fatores: escurecimento
de superfícies descascadas e cortadas, respiração mais intensa, proliferação
microbiana, entre outros, (Limbo & Pirgiovanni, 2007).
O escurecimento dos produtos minimamente processados, em
conseência de um ferimento mecânico, é causado principalmente pela
oxidação de compostos felicos, catalisada pela polifenoloxidase (PFO) com
sua subseente polimerização por reações enzimáticas e não-enzimáticas,
(Robert et al., 1995). Isso ocorre devido à perda da compartimentalização
15
celular, que promove o contato entre substratos e enzimas, (Laurila et al., 1998
citado, por Moretti, 2007).
Os compostos felicos se encontram localizados no vacúolo celular,
separados da PFO, que está presente no citoplasma. Quando o tecido é
danificado pelo corte, ambos são liberados e entram em contato, promovendo a
formação de pigmentos escuros que alteram as características sensoriais e
bioquímicas do produto. A reação de escurecimento catalisada pela PFO é
influenciada pelo pH, temperatura e oxigênio disponível (Aguilar et al., 2005).
A PFO é um grupo de enzimas óxido-redutases que, na presença de
oxigênio, catalisam a oxidação de compostos felicos a
o-
quinonas. As
o
-
quinonas formam, por polimerização, pigmentos de cor amarronzada que são
compostos de alto peso molecular chamados malanoidinas as quais podem reagir
com aminoácidos e proteínas, provocando a síntese de compostos que conferem
cor escura ao produto, (Aguliar et al., 2205; Chitarra & Chitarra, 2006; Lu et al.,
2006). Também são designadas como fenolase, catecolase, creolase ou
difenoloxidase de acordo com o substrato que atuam, (Chitarra & Chitarra,
2006).
Conforme Araújo (2003), a o-quinona formada pode interagir com
grupos amina e tiol, reduzindo a disponibilidade da lisina, metionina, tiamina e
de outros nutrientes essenciais.
A peroxidase é outra enzima que também participa do processo de
escurecimento em vegetais minimamente processados, desestruturando as
membranas celulares, diminuindo sua permeabilidade seletiva e promovendo
reações em cadeia que levam à formação de radicais livres que podem causar
danos às organelas e membranas, podendo alterar as características sensoriais do
produto, (Ricahrd-Forget et al., 1991).
A peroxidase é uma enzima associada a reações de deterioração
oxidativa. Na reação enzimática o peróxido orgânico é reduzido, enquanto que
16
um doador de elétrons é oxidado. O doador de elétrons pode ser ascorbato,
feis, aminas ou outros compostos orgânicos, (Brito et al., 2005).
A peroxidase pode participar de um grande mero de reações
oxidativas e de biodegradação, tais como mudança de cor, degradação da
clorofila ou auxinas, oxidação de feis, oxidação do ácido indol acético,
biossíntese da lignina, e muitos destes fatores também podem ser associados
com
flavour
, cor, textura e qualidade nutricional dos alimentos, (Carvalho et al.,
1985; Clemente, 1995; Valderrama et al., 2001).
Aguilar et al. (2005) afirmam que o escurecimento enzimático pode ser
evitado com o emprego de métodos físicos ou químicos. Os métodos físicos
incluem redução da temperatura e/ou concentração de oxigênio, os métodos
químicos utilizam compostos para remover o substrato da reação (O
2
e
felicos) ou inibir diretamente a reação enzimática e prevenir a formação de
compostos escuros.
O uso de antioxidantes é uma das maneiras de se prevenir o
escurecimento, (Gorny et al., 2002) devido a sua habilidade em reduzir as
o
-
quinonas, geradas pela oxidação dos poilifeis, antes de formarem pigmentos
escuros, (Aguilar et al., 2005).
Diversas pesquisas apontam resultados favoráveis quanto ao uso de
cisteína, ácido cítrico e ácido ascórbico na prevenção do escurecimento de
vegetais minimamente processados, (Agar et al., 1999; Dong et al., 2000; Gorny
et al., 1998, 2002; Gunes & Lee, 1997; Moline et al., 1999; Rosen & Kader,
1989, citados por Vilas Boas & Kader, 2006).
O tratamento com cisteína tem sido utilizado com sucesso em frutas e
hortaliças minimamente processadas, (Gorny et al., 2002). A cisteína é um
aminoácido que contém um grupo tiol, com ação redutora; seu poder de inibição
do escurecimento varia de acordo com a razão de concentração cisteína/felico
Três diferentes mecanismos de atuação de cisteína são propostos: redução das o-
17
quinonas a o-dihidroxifeis, (Kahn, 1985, citado por Melo, 2006); inibição
direta da atividade da polifenoloxidase, (Duley & Hotchkiss, 1989, citado por
Melo 2006) e reação com o-quinonas dando origem a compostos incolores cis-
quinona. A aplicação de cisteína, contudo, pode levar à indesejável formação de
pigmentos amarelados, violáceos ou róseos, (Richard-Forget et al., 1992).
O ácido cítrico é um agente acidulante amplamente utilizado na
indústria de alimentos, geralmente em combinação com outro agente
antioxidante, para prevenção do escurecimento (Aguilar et al., 2005).
O ácido cítrico bloqueia a atividade da PFO através de sua ação quelante
sobre os íons cúpricos constituintes da enzima. A atividade da PFO, também,
pode ser diminuída através da redução do pH, de maneira que o ácido cítrico
exerce um duplo efeito inibitório sobre a enzima, além de ser sensorialmente
aceito pela maioria dos consumidores, (Moda et al., 2005
;
Aguilar et al., 2005).
A acidificação com ácidos orgânicos, como o ácido cítrico, é
recomendada para alimentos minimamente processados, pouco ácidos, como o
palmito fresco que tem pH, segundo Tonet et al., (1999),
entre 5,6 – 6,2.
Em pesquisa conduzida por Kapp et al. (2003), foi observado que o
tratamento de toletes de pupunha acondicionados em sacos plásticos de
polipropileno, submersos em 0,5 L de solução de ácido cítrico a 0,9%,
apresentou vida útil de nove dias e maior preferência quanto às propriedades
degustativas, afirmando os autores que o tratamento com esse antioxidante deve
ser considerado para o processamento mínimo do palmito.
2.2.4 Qualidade sensorial
A avaliação sensorial é de considerável importância no conhecimento da
qualidade de um alimento, tanto quanto outros tipos de análises, como físico-
químicas e microbiológicas, (Minim & Dantas, 2007).
18
A análise sensorial é usada para evocar, medir, analisar e interpretar as
reações produzidas pelas características dos alimentos como são percebidas
pelos sentidos da visão, olfato, gosto, tato e audição, (Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT, 1993).
É uma análise subjetiva, visto que depende do julgamento de humanos
por meio dos órgãos do sentido, sendo influenciada pela experiência e
capacidade do julgador, além da influência de fatores externos como local da
análise, estado emocional e saúde do provador, condições e formas de
apresentação da amostra. A aplicação correta da técnica de análise sensorial,
contudo, apresenta resultados precisos com exatidão comparáveis aos métodos
objetivos, (Minim & Dantas 2007).
Os testes afetivos são uma grande ferramenta da análise sensorial, pois
acessam diretamente a opinião de consumidores efetivos e potenciais, (Minim &
Dantas, 2007). Uma das possibilidades de sua aplicação é:
- manutenção da qualidade de um determinado produto, avaliando-se a
aceitação deste em função de alterões na formulação, substituição de matéria-
prima e modificações no processamento ou no acondicionamento, (Minim &
Dantas, 2007).
O teste de aceitabilidade é uma categoria dos testes afetivos. Aceitação
refere-se à expectativa de uso efetivo do produto, isto é, à disposição do
consumidor de comprar e consumir o produto. A utilização da escala hedônica é
um exemplo desse tipo de teste, (Minim & Dantas, 2007).
As principais vantagens da utilização da escala hedônica são: demandar
menos tempo para avaliação, apresentar procedimentos mais interessantes para o
provador e pode ser utilizada por grupos de participantes da pesquisa pouco ou
ainda não previamente treinados, (Sanches, 2002).
19
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26
27
CAPÍTULO 2
QUALIDADE DE PALMITO PUPUNHA MINIMAMENTE
PROCESSADO: APLICAÇÃO DE ANTIOXIDANTES
28
1 RESUMO
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho. Qualidade de palmito pupunha
minimamente
processado:
aplicação de antioxidantes. In: ______.
Palmito pupunha
minimamente processado
.
2008. cap. 2, 125 p. Dissertação (Mestrado em
Ciência dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
Objetivou-se neste trabalho a avaliação de diferentes antioxidantes na
prevenção do escurecimento e manutenção da qualidade de palmito pupunha
(
Bactris gasipaes
Kunth.) minimamente processado, armazenado a 5ºC (
±
1ºC e
90%
±
5% UR). Os palmitos pupunha foram adquiridos no município de
Coqueiral (MG), lavados em água corrente e detergente neutro, sanificados com
hipoclorito de sódio 200 mg L
-1
por 15 min, processados em rodelas de 1 cm de
espessura, sanificados com hipoclorito de sódio 100 mg L
-1
por 10 min e
submetidos aos seguintes tratamentos: controle, cisteína 0,5%, ácido cítrico
0,5% e cisteína 0,5% + ácido cítrico 0,5%. Posteriormente foram acondicionados
em embalagens rígidas de polipropileno, armazenados por 12 dias a 5 ºC (
±
1ºC
e 90%
±
5% UR). O delineamento experimental foi inteiramente causalizado em
fatorial 4x7 (4 tratamentos e 7 tempos de armazenamento) com 3 repetições. O
grupo controle apresentou vida útil de oito dias. O tratamento com cisteína 0,5%
foi o que melhor manteve a qualidade de palmito pupunha minimamente
processado, caracterizando um produto com menores valores e menos oscilões
de a* e b*, manutenção da firmeza e acidez titulável ao longo do
armazenamento, redução da atividade da peroxidase e maior vida útil (12 dias).
*
Comitê Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(orientador), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-orientador).
29
2 ABSTRACT
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho. Quality of fresh cut pupunha palm
cabbage:
application of antioxidants.
In: ______.
Palmito pupunha minimamente
processado
.
2008. cap. 2, 125 p. Dissertation (Master in Food Science)
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
The evaluation of different antioxidants in preventing both browning
and quality maintenance of fresh cut pupunha palm cabbage (
Bactris gasipaes
Kunth.) stored at 5ºC (
±
1ºC and 90%
±
5% RH) was intended in this work. The
pupunha palm cabbages were purchased in the town of Coqueiral (MG), washed
in running water and neutral detergent, sanitized with 200 mg L
-1
sodium
hypochlorite for 15 min, processed into 1 cm thick rings, sanitized with 100 mg
L
-1
sodium hypochlorite for 10 min and submitted to the following treatments:
control, 0.5% cysteine, 0.5% citric acid and 0.5% cysteine + 0.5% citric acid.
Afterwards, they were packed into stiff polypropylene packages stored for 12
days at 5 ºC (
±
1ºC and 90%
±
5% RH). The experimental design was
completely randomized in a factorial 4x7 (4 treatments and 7 storage times) with
three replicates. The control group showed useful life of 8 days. The treatment
with 0.5% cysteine was the one which kept the quality of the fresh cut pupunha
palm cabbage, characterizing a product with lower values and fewer oscillations
of a* e b*, maintenance of firmness and titratable acidity along the storage,
reduction of proxidase activity and longer useful life (12 days).
*
Guidance Commitee: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(adviser), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-adviser).
30
3 INTRODUÇÃO
A pupunha (
Bactris gasipaes
Kunth.) é uma palmeira pertencente à
família Palmae originária da Amazônia e foi domesticada pelos primeiros povos
por seu fruto, embora hoje seja muito plantada para extração de palmito,
(Clemente & Mora, 2002).
O potencial da pupunheira, para a produção de palmito cultivado, é
considerado maior que o das palmáceas utilizadas para tal finalidade, (Araújo,
1993). Ela apresenta uma série de vantagens para produção de palmito em
relação às outras palmeiras nativas como açaí (
Euterpe
oleraceae
Martius) e
juçara (
Euterpe
edulis
Martius): precocidade, perfilhamento da planta mãe,
qualidade do palmito, facilidade nos tratos culturais, entre outras, (Moro, 1996;
Yuyama, 1996).
O processamento mínimo é um segmento da indústria de horticultura,
que vem obtendo crescente participação no mercado de produtos frescos. Apesar
da crescente comercialização, a vida útil desses produtos é limitada por diversos
fatores: escurecimento de superfícies descascadas e cortadas, respiração mais
intensa, proliferação microbiana, entre outros, (Limbo & Pirgiovanni, 2007).
O escurecimento enzimático em frutas e hortaliças minimamente
processadas é, na maioria das vezes indesejável, por ser responsável pela perda
da qualidade sensorial e nutricional do produto, (Brandelli & Lopes, 2005).
O uso de antioxidantes é uma das maneiras de se prevenir o
escurecimento, (Gorny et al., 1998) devido a sua habilidade em reduzir as
o
-
quinonas, geradas pela oxidação dos polifeis, antes de formarem pigmentos
escuros, (Aguilar et al., 2005).
O tratamento com cisteína tem sido utilizado com sucesso em frutas e
hortaliças minimamente processadas, (Gorny et al., 1998). A aplicação de
31
cisteína, entretanto, pode levar à indesejável formação de pigmentos amarelos,
violetas ou róseos, (Ricahrd-Forget et al., 1982).
A acidificação com ácidos orgânicos como o ácido cítrico, é
recomendada para alimentos minimamente processados pouco ácidos, como o
palmito fresco que tem pH entre 5,6 – 6,2, (Kapp et al., 2003).
A escassez de trabalhos publicados sobre o tema comprova a falta de
estudos sobre a conservação de palmito pupunha minimamente processado.
Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliação de diferentes antioxidantes
na prevenção do escurecimento e manutenção da qualidade de palmito pupunha
minimamente processado durante o armazenamento refrigerado.
32
4 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados neste experimento 60 estirpes de palmito pupunha (B
.
gasipaes
), extraídos de pupunheiras no município de Coqueiral MG. Os
estirpes foram transportados para o Laboratório de Pós-colheita de Frutas e
Hortaliças (Departamento de Ciência dos Alimentos - Universidade Federal de
Lavras), lavados em água corrente e detergente neutro para eliminação de
sujidades provenientes do campo. As lavagem, foram imersos em solução de
hipoclorito de sódio 200 mg.L
-1
por 15 minutos. Em seguida, os estirpes foram
envoltos em policloreto de vinila (PVC) com intuito de evitar perda de água e
armazenados em mara fria (10ºC,
±
1ºC e 98%UR) por 12 horas para retirada
do calor de campo.
A pré-limpeza (retirada das bainhas externas que envolvem o palmito)
foi feita em área reservada para tal etapa e os palmitos conduzidos para a sala de
processamento mínimo, selecionados de acordo com o diâmetro (9 cm),
descartando a parte basal (caulinar), lavados em água corrente e processados
manualmente na forma de rodelas (1 cm de espessura), imersos em solução de
hipoclorito de sódio 100 mg.L
-1
por 15 minutos e drenados em escorredor
doméstico por aproximadamente 3 minutos. Logo as, foram imersos nos
seguintes tratamentos químicos durante 15 minutos: 1-controle (imersão em
água), 2- solução de cisteína 0,5%, 3- solução de ácido cítrico 0,5% e 4- solução
de cisteína 0,5% + ácido cítrico 0,5%. As drenagem do excesso de água, as
rodelas de palmito pupunha foram acondicionadas em embalagens rígidas de
polipropileno (15 x 11,5 x 4,5 cm), com tampa do mesmo material, contendo
cerca de 150g de palmitos minimamente processados e armazenados em mara
fria (5ºC
±
1ºC e 98%
±
5% UR), durante doze dias. Todas as etapas do
processamento mínimo foram conduzidas utilizando-se Boas Práticas de
33
Fabricação, incluindo desinfecção do ambiente, facas, utensílios e utilização de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pelos manipuladores.
O delineamento utilizado neste experimento foi o inteiramente
causalizado (DIC) em fatorial 4 x 7, sendo 4 tratamentos químicos (controle,
solução de cisteína 0,5%, solução de ácido cítrico 0,5% e solução de cisteína
0,5% + ácido cítrico 0,5%) e 7 tempos de armazenamento (0, 2, 4, 6, 8, 10 e 12
dias), com três repetições. A cada dois dias foram realizadas as seguintes
análises:
pH
obtido por potenciometria com eletrodo indicador de vidro,
utilizando um
pHmetro Schott Handylab, segundo a técnica da ASSOCIATION OF
OFFICIAL AGRICULTURA CHEMISTS - AOAC (1992).
Acidez titulável (% ácido cítrico)
– determinada por titulação com solução de
hidróxido de sódio (NaOH) 0,1N FC 0,98, tendo como indicador fenolftaleína,
de acordo com o INSTITUTO ADOLFO LUTZ (1985).
Sólidos solúveis (
o
Brix)
foi feita em refratômetro digital ATAGO PR-100,
com compensação automática de temperatura automática a 25ºC. Os resultados
foram expressos em ºBrix, segundo técnica da AOAC (1992).
Firmeza (N)
realizada com auxílio de Texturômetro Stable Micro System
modelo TAXT2i, utilizando probe tipo agulha P/2N (2mm de diâmetro), que
mediu a força de penetração desta nas rodelas, numa velocidade de 5mm/s e
numa distância de penetração de 5mm, valores estes previamente fixados. Foi
usada uma plataforma HDP/90 como base.
Valores L* a* e b*
- medidos por refratometria, utilizando-se colorímetro
marca Minolta, modelo CR 400. A coordenada L* indica quão escuro e quão
claro é o produto (valor zero cor preta e valor 100 cor branca), a coordenada a*
está relacionada à intensidade de verde (-80) a vermelho (+100) e a coordenada
b* está relacionada à intensidade de azul (-50) e amarelo (+70).
34
Atividade da polifenoloxidase:
A extração e determinação da atividade
enzimática foram realizadas de acordo com o método proposto por Matsumo &
Uritane (1972). A atividade foi expressa em unidade por minuto por grama de
tecido fresco (U.min
-1
.g
-1
), segundo método de Teisson (1979).
Atividade da peroxidase:
A extração e determinação da atividade enzimática
foram realizadas de acordo com o método proposto por Matsumo & Uritane
(1972). A atividade foi expressa em unidade por minuto por grama de tecido
fresco (U.min
-1
.g
-1
), segundo método de Teisson (1979).
Açúcares solúveis totais
: extraídos com álcool etílico a 80% e
determinados pelo método de Antrona (DISCHE, 1962) com os resultados
expressos em g de glicose por 100g de palmito pupunha.
Fibra dietética insolúvel, solúvel e total
: método enzimático
gravimétrico baseado nos métodos 32-05 da AACC (1986)
e método 985.29 da
AOAC (1985), citados por Moretto (2002).
Perda de massa (%):
calculada pela diferença entre massa inicial de palmito
pupunha minimamente processado contidos nas embalagens e a obtida em cada
intervalo de tempo, utilizando balança semi-analítica Mettler modelo PC2000.
Análise estatística
As análises estasticas foram realizadas com auxílio do programa
SISVAR (Ferreira, 2000). As análise de variância, as médias, quando
significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% e 5% de
probabilidade e ajustados modelos de regresssão para tempo de armazenamento.
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Coloração (valores L*, a* e b*)
O valor L* foi influenciado significativamente apenas pelo tempo de
armazenamento. O valor L* indica quão claro ou quão escuro é o produto,
variando de zero (totalmente preto) a cem (totalmente branco). Observou-se
pequena redução nesse valor no fim do período de armazenamento, iniciando-se
com média 84,5 e no décimo segundo dia de armazenamento a média reduziu
para 81,73 (Figura 1). Esse resultado indica ligeiro escurecimento no produto em
decorrência, provavelmente, de reações oxidativas de escurecimento enzimático
catalisadas pela polifenoloxidase e peroxidase. Isso ocorre devido à perda da
compartimentalização celular, ao promover o contato entre substratos e enzimas,
(Laurila et al., 1998, citados por Moretti, 2007). A oscilação observada no valor
L*, com o decorrer do armazenamento, pode ser justificada pelo fato de que as
rodelas de palmito não apresentam uniformidade na coloração e existirem pontos
em que a intensidade da cor é mais clara e outros mais escura.
36
70
75
80
85
90
95
100
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
Valor L*
FIGURA 1
Valores médios de valor L* de palmito pupunha minimamente
processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante
doze dias (DCA/UFLA).
Os valores a* e b* foram afetados significativamente pela interação dos
fatores estudados. O valor a* está relacionado à intensidade de cor verde (-80) a
vermelho (+100). Como pode ser observado na tabela 1, no tratamento com
cisteína (0,5%) não houve alteração no valor a* com o decorrer do
armazenamento, mostrando que o produto não adquiriu coloração avermelhada.
Esse resultado difere do encontrado por Nunes (2007), no qual observou-se o
desenvolvimento de coloração rósea em mandioquinha salsa minimamente
processada tratada com cisteína (0,5%). Vilas Boas & Kader (2006) relatam que
a utilização de cisteína em concentrões inferiores a 0,5% e pH 7 favoreceram a
incidência de coloração rósea em bananas minimamente processadas. Segundo
Ricahrd-Forget et al. (1992), o tratamento com cisteína em vegetais cortados
pode levar à formação indesejável de pigmentos amarelados, violáceos ou
róseos. Os autores sugerem que o desenvolvimento da coloração rósea em
37
tecidos vegetais esteja associado à presença do composto felico epicatequina.
Nos demais tratamentos houve variação nos valores a*, aumentando até o fim do
armazenamento.
Analisando os tratamentos em cada tempo, pode ser observado que no
segundo dia o valor a* do grupo controle foi maior, com dez e doze dias de
armazenamento, os valores do ácido cítrico foram superiores aos demais.
TABELA 1 Valores médios de valor a* em palmito pupunha minimamente
processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante
doze dias (DCA/UFLA).
Armazenamento
Tratamentos
(dias)
Controle
Cis.
A.C.
A.C./Cis.
0
-0,80 AB a
-0,87 A a
-1,02 C a
-1,11 AB a
2
-0,21 AB a
-0,78 A ab
-0, 89 BC ab
-1,31 B b
4
0,14 A a
-0,06 A a
0,04 AB a
-0,08 A a
6
0,16 A a
-0,68 A a
-0,21 ABC a
-0,17 A a
8
-0,21 AB a
-0,59 A a
-0,03 ABC a
-0,48 AB a
10
-1,12 BC b
-0,43 A ab
0,03 ABC a
-0,31 AB ab
12
-1,14 C c
-0,06 A ab
0,55 A a
-0,44 AB b
cis = cisteína, a.c = ácido cítrico, a.c/cis = acído cítrico e cisteína
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 1%.
**Médias seguidas de mesma letra miscula nas linhas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 1%.
O valor b* foi constante no grupo controle até o oitavo dia de
armazenamento, a partir do décimo dia houve aumento nesse valor (Tabela 2).
Essa coordenada está relacionada à intensidade de cor azul (-50) a amarelo
(+70). Acredita-se que apenas a refrigeração (5ºC) foi efetiva em retardar o
38
aumento na coloração amarela do palmito até oito dias de armazenamento. É
importante ressaltar que a cor característica do palmito pupunha fresco é
ligeiramente amarelada. Ferreira et al. (1982) afirmam que os toletes de palmito
pupunha são opacos e de cor amarelo-clara uniforme. Os tratamentos com
cisteína e ácido cítrico mantiveram constante o valor b* até 12 dias de
armazenamento, porém comparando os tratamentos em cada tempo de
armazenamento, observa-se que o tratamento com cisteína foi o que obteve
menor oscilação.
TABELA 2 Valores médios de valor b* em palmito pupunha minimamente
processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante
doze dias (DCA/UFLA).
Armazenamento
Tratamentos
(dias)
Controle
Cis.
A.C.
Cis./A.C.
0
15,65 C a
12,69 A a
13,90 A ab
14,09 B ab
2
13,15 C a
12,49 A b
13,82 A ab
16,55 AB a
4
14,69 C a
13,90 A a
13,99 A a
14,13 B a
6
14,05 C a
13,75 A a
12,73 A a
14,42 AB a
8
15,63 C a
15,82 A a
14,16 A a
14,71 AB a
10
19,05 B a
14,26 A b
14,27 A b
14,32 B b
12
26,55 A a
14,30 A c
15,62 A bc
17,74 A b
cis = cisteína, a.c = ácido cítrico, a.c/cis = acído cítrico e cisteína
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 1%.
**Médias seguidas de mesma letra miscula nas linhas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 1%.
39
Firmeza
Observou-se diferença estastica significativa na interação tratamentos e
tempo de armazenamento na firmeza das rodelas de palmito. Analisando os
tratamentos em cada tempo de armazenamento, observou-se no segundo dia
maior firmeza no tratamento cisteína/ácido cítrico, no sexto e oitavo dia o ácido
cítrico apresentou valores maiores e no último dia de armazenamento o controle
mostrou-se com menor firmeza que os demais. Nos grupos controle, cisteína e
cisteína/ácido cítrico, a firmeza não foi alterada significativamente ao longo do
armazenamento (Tabela 3). Os palmitos tratados com ácido cítrico mostraram
aumento nos valores de firmeza com o decorrer do armazenamento. Esse
aumento ocorreu, provavelmente, devido a maior perda de água das rodelas de
palmito, com conseente murchamento e dificuldade de penetração da proube.
Sarzi (2002) e Sasaki (2005), avaliando a textura de mamão formosa e moranga
minimamente processada, respectivamente, registraram também aumento nos
valores e associaram tal fato à perda de umidade, com formação de camada
superficial mais firme.
40
TABELA 3 Valores médios de firmeza (N) em palmito pupunha minimamente
processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante
doze dias (DCA/UFLA).
Armazenamento
Tratamentos
(dias)
Controle
Cis.
A.C.
Cis./A.C.
0
1,60 A a
1,54 A a
1,39 B a
1,62 A a
2
1,37 A b
1,52 A ab
1,71 AB ab
1,79 A a
4
1,54 A a
1,66 A a
1,58 AB a
1,60 A a
6
1,41 A b
1,57 A ab
1,93 A a
1,68 A ab
8
1,63 A ab
1,48 A b
1,92 A a
1,68 A ab
10
1,66 A a
1,70 A a
1,82 AB a
1,81 A a
12
1,34 A b
1,94 A a
1,89 A a
1,70 A ab
cis = cisteína, a.c = ácido cítrico, a.c/cis = acído cítrico e cisteína
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 5%.
**Médias seguidas de mesma letra miscula nas linhas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 5%.
Acidez titulável e pH
A acidez, medida pela porcentagem de ácido cítrico (ácido
predominante), sugerido por Kapp et al. (2003), foi afetada significativamente
pelos fatores estudados. O tratamento com cisteína foi efetivo em manter os
valores médios de acidez durante todo o armazenamento. Nas rodelas de palmito
sem tratamento houve redução dos valores a partir do segundo dia. Nos demais
tratamentos houve oscilões no teor de acidez, conforme pode ser observado na
Tabela 4.
41
TABELA 4 Valores médios de acidez titulável (% ácido cítrico) em palmito
pupunha minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e
90%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Armazenamento
Tratamentos
(dias)
Controle
Cis.
A.C.
Cis./A.C.
0
0,31 A a
0,25 A ab
0,23 AB b
0,27 A ab
2
0,19 B a
0,25 A a
0,21 AB a
0,21 AB a
4
0,23 AB a
0,19 A a
0,21 AB a
0,25 A a
6
0,19 B b
0,27 A a
0,17 AB b
0,13 B b
8
0,21 B ab
0,19 A ab
0,15 B b
0,23 A a
10
0,25 AB a
0,19 A a
0,21 AB a
0,25 A a
12
0,21 B a
0,25 A a
0,25 A a
0,25 A a
cis = cisteína, a.c = ácido cítrico, a.c/cis = acído cítrico e cisteína
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas representam semelhanças
estasticas pelo teste de Tukey a 1%.
**Médias seguidas de mesma letra miscula nas linhas representam semelhanças
estasticas pelo teste de Tukey a 1%.
Foi observada, em todos tratamentos, semelhança estastica na acidez
até o quarto dia de armazenamento. No sexto e oitavo dias os tratamentos que
apresentaram maiores valores foram, respectivamente, cisteína e cisteína/ácido
cítrico. A partir do décimo dia, esses valores mantiveram-se constantes.
Valores inferiores de acidez titulável devem-se, provavelmente ao maior
consumo de ácidos orgânicos no processo respiratório. Os ácidos orgânicos, que
podem ser sintetizados por meio da oxidação, são armazenados nos vacúolos das
lulas e utilizados na rota dos ácidos tricarboxílicos durante a respiração,
(Kays, 1991). Diante disso e dos resultados apresentados, sugere-se que a
cisteína preveniu a oxidação dos ácidos orgânicos e, conseentemente, sua
utilização como substrato para atividade respiratória do palmito.
42
Houve alteração significativa nos valores de pH das rodelas em função
do tempo de armazenamento e tratamentos isolados. Como pode ser observado
na figura 2, os tratamentos utilizados no processamento reduziram o pH dos
palmitos. Foi verificada diferença estastica significativa apenas no grupo
controle. Os demais tratamentos apresentaram valores semelhantes.
5,8
5,9
6
6,1
6,2
6,3
6,4
Controle
Cis.
A.C.
Cis./A.C.
Tratamentos
pH
a
b
b
b
cis = cisteína, a.c = ácido cítrico, a.c/cis = acído cítrico e cisteína
FIGURA 2 Valores médios de pH, em diferentes tratamentos de palmito
pupunha minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e
90%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA). Barras
acompanhadas de mesma letra não diferem estatisticamente entre
si pelo teste de Tukey a 5%.
Kapp et al. (2003), em seu trabalho com toletes de palmito pupunha
minimamente processado, encontraram valores semelhantes (6,0 – 6,3).
43
Em relação ao tempo, o pH inicial do palmito foi 6,05. Houve pequena
variação ao longo do armazenamento, com ligeira elevação a partir do décimo
dia, alcançando valor médio 6,27 no ultimo dia de armazenamento (Figura 3).
5
5,5
6
6,5
7
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
pH
FIGURA 3 Valores médios de pH em palmito pupunha minimamente
processado ao longo do armazenamento a 5ºC (
±
1ºC e 98%
±
5%
UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Acredita-se que a pequena variação no pH é atribuída à baixa atividade
metalica do palmito e ao efeito tampão, ocasionado pela presença simultânea
de ácidos orgânicos e de seus sais permitindo que o processo respiratório e
alterões na acidez titulável não afetem significativamente os valores de pH.
Vilas Boas (2007) relata que a elevação de pH durante o armazenamento está
associada ao consumo de ácidos orgânicos pelo processo respiratório.
y = 6,06 + 0,05x 0,013x
2
+ 0,001x
3
R
2
= 98,84%
44
Sólido solúveis e açúcares solúveis totais
A variável sólidos solúveis foi influenciada estatisticamente apenas pelo
fator tempo de armazenamento. Observou-se redução de 0,4ºBrix no segundo
dia de armazenamento, posteriormente esse valor manteve-se relativamente
constante (Figura 4). Esse comportamento pode estar associado ao estress
mecânico provocado pelo processamento mínimo. O úcar é utilizado nos
processos respiratório, com produção de CO
2
, água e ácidos orgânicos,
respectivamente. Tais processos contribuem para redução dos sólidos solúveis
com o tempo de armazenamento, (Pineli et al., 2005). Devido à manutenção dos
sólidos solúveis ao longo do tempo, acredita-se na baixa atividade respiratória
do palmito pupunha minimamente processado.
0
0,4
0,8
1,2
1,6
2
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
Sólidos solúveis (ºBrix)
FIGURA 4 Valores médios de sólidos solúveis (ºBrix) em palmito pupunha
minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5%
UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
y = 1,22 – 0,21x + 0,04x
2
0,002x
3
R
2
= 88,89%
45
O teor de açúcares solúveis não foi afetado significativamente pelos
fatores estudados tratamentos e tempo de armazenamento, observando-se média
1,0 % para esta variável. Monterio et al. (2002) encontraram em seu trabalho
com alimentos à base de palmito pupunha, 1,6% de açúcares redutores da parte
caulinar de palmito pupunha fresco. Os úcares solúveis são de baixa
concentração no palmito, visto as baixas concentrões no teor de sólidos
solúveis.
Atividade enzimática (peroxidase e polifenoloxidase)
A atividade da peroxidase foi afetada significativamente pela interação
tempo e tratamento (Tabela 6). A atividade enzimática do palmito pupunha
apresentou oscilões no decorrer do armazenamento, justificada,
provavelmente, pela uniformidade das rodelas de palmito, que apresentaram, em
certos pontos, coloração mais amarelada, indicando maior escurecimento
enzimático.
Analisando os tratamentos em cada tempo de armazenamento, observou-
se que as médias diferem no segundo dia, onde o tratamento cisteína/ácido
cítrico apresentou valor superior de atividade enzimática e no terceiro dia, onde
as rodelas sem tratamento (controle) mostraram-se com atividade mais elevada.
Nos demais tempos não foi observada diferença significativa entre os
tratamentos.
Acredita-se que os resultados encontrados neste trabalho para a
atividade da peroxidase estejam relacionados à indução da atividade desta
enzima como femeno comum no reino vegetal em resposta a situões de
estresse, como injúrias mecânicas provocadas pelo processamento mínimo.
Cantos et al., 2002, relatam que a peroxidase está relacionada ao processo de
cicatrização, como a lignificação do tecido vegetal.
46
TABELA 6 Valores médios de atividade da peroxidase (U.min
-1
.g
-1
) em palmito
pupunha minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 98%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Tempo
Tratamento
(dias)
Controle
Cis.
A.C.
Cis./A.C.
0
2744,55 A a
2871,66 A a
2976,44 A a
2030,89 AB a
2
2044,11AB b
1197,44 B b
1327,17 B b
3364,41 A a
4
2428,55 AB a
1887,11 AB ab
1025,77 B b
1467,72 Bab
6
1140,84 B a
1673,72 AB a
1301,68 B a
1676,94 B a
8
2145,72 AB a
936,67 B a
890,83 B a
1197,44 B a
10
936,77 B a
768,44 B a
747,05 B a
691,39 B a
12
1216,89 B a
1098,56 B a
1393,66 B a
782,52 B a
cis = cisteína, a.c = ácido cítrico, a.c/cis = acído cítrico e cisteína
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 1%.
**Médias seguidas de mesma letra miscula nas linhas não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 1%.
A atividade da polifenoloxidase foi afetada significativamente apenas
pelo tempo de armazenamento (Figura 5). Logo as o processamento (0 dia), a
média foi 138,6. Houve aumento da atividade a partir do segundo dia (169,8),
mantendo-se relativamente constante por oito dias (169,6) com posterior
decnio até doze dias de armazenamento (133,62).
47
0
50
100
150
200
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
Atividade enzimática
(U.min-1.g-1)
FIGURA 5 Valores médios da atividade da polifenoloxidase (U.min
-1
.g
-1
) em
palmito pupunha minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Esses resultados confirmam um ligeiro escurecimento no produto,
observado no valor L*, causado pela oxidação de compostos felicos catalisada
por estas enzimas oxidativas.
Perda de massa
A variável perda de massa foi influenciada significativamente somente
pelo fator tempo de armazenamento.
Finger e Vieira (1997), citados por Sasaki (2005)
,
afirmam que a perda
de peso máxima, sem murchamento ou enrugamento da superfície, varia entre
5% a 10% e depende da espécie horcola e nível de exigência dos
consumidores.
Os valores de perda de massa ficaram abaixo dos valores críticos,
entretanto, houve aumento gradual com o decorrer do armazenamento,
alcançando valor máximo 0,82% no décimo segundo dia (Figura 6). Isso se
48
deve, provavelmente, à temperatura de armazenamento utilizada e à barreira
oferecida pela embalagem.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
Perda de massa (%)
FIGURA 6 Valores médios de perda de massa (%) em palmito pupunha
minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5%
UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Mesmo em condições ideais, as frutas e hortaliças sofrem alguma perda
de massa ao longo do armazenamento, atribuída à perda de umidade e material
de reserva pela transpiração e respiração, respectivamente, (Chitarra & Chitarra,
2005).
Fibras dietéticas (insolúvel, solúvel e total)
A porcentagem de fibra dietética insolúvel foi afetada significativamente
pelo tempo de armazenamento. Os valores médios observados permaneceram
y = 0,0344 + 0,0198x + 0,0034x
2
R
2
= 96,83%
49
relativamente constantes (3,7 - 3,41) até o oitavo dia, seguidos por elevação
(4,4) até o décimo segundo dia de armazenamento (Figura 7).
0
1
2
3
4
5
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
Fibra dietética insolúvel (%)
FIGURA 7 Valores médios de fibra dietética insolúvel (%) em palmito pupunha
minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 98%
±
5%
UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
As fibras insolúveis consistem de celulose, alguns tipos de hemicelulose
e lignina. Essa fração fibra é considerada a mais abundante no tecido vegetal,
(Corrêa, 2002). A porcentagem encontrada neste trabalho assemelha-se ao
encontrado por Yuyama et al. (1999), em que se observou porcentagem de 3,8%
de fibra insolúvel em palmito pupunha “in natura”.
Sugere-se que o aumento de fibra insolúvel no fim de período de
armazenamento esteja relacionado ao processo de lignificação da parede celular,
com conseente perda de água. Esse processo, chamado também de processo
de cicatrização vegetal, ocorre em resposta do tecido à injúria mecânica causada
pelo processamento, onde há deposição de uma camada de lignina na superfície
do vegetal formando uma barreira física responsável pelo endurecimento da área
50
danificada, (Chitarra, 2000). A lignina é uma pomero complexo formado por
unidades de fenilpropanoides simples através das enzimas fenilalamina-
amonioliase e peroxidase, (Taiz & Zeiger, 2004).
Houve efeito significativo do tempo de armazenamento e dos
tratamentos para fibra dietética solúvel. Observou-se ligeira redução na
porcentagem dessa fração fibra ao longo do armazenamento, (Figura 8). A
média inicial foi 0,53% e no fim do armazenamento esse valor declina para
0,43%. Nota-se uma redução de apenas 0,1% de fibra solúvel nos palmitos,
podendo considerar essa redução desprezível do ponto de vista prático.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
Fibra dietética solúvel (%)
FIGURA 8 Valores médios de fibra dietética solúvel (%) em palmito pupunha
minimamente processado, ao longo do armazenamento a 5ºC (
±
1ºC
e 90%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Em relação aos tratamentos, observou-se maior porcentagem de fibra
solúvel no grupo controle. Os tratamentos com cisteína e ácido cítrico
y = 0,524 – 0,008x
R
2
= 0,8345
51
apresentaram mesmo valor, a combinação cisteína/ácido cítrico mostrou-se
semelhante estatisticamente aos demais tratamentos, (Figura 9).
0,4
0,45
0,5
0,55
Cont
Cis
A.C.
Cis/A.C
Tratamentos
Fibra cietética solúvel (%)
a
b
ab
b
FIGURA 9 Valores médios de fibra dietética solúvel (%), em diferentes
tratamentos, de palmito pupunha minimamente processado
armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias
(DCA/UFLA).
As fibras solúveis incluem pectinas, gomas, mucilagens e alguns tipos
de hemiceluloses, (Corrêa, 2002). Yuyama et al. (1999) e Corpei (2001)
encontraram 0,0% e 0,7%, respectivamente, de fibra solúvel em palmito
pupunha fresco.
Como pode ser observado na Figura 10, a porcentagem total de fibra
dietética foi afetada significativamente pelo tempo de armazenamento, exibindo
comportamento semelhante à fibra dietética insolúvel, por essa estar presente no
palmito em maior porcentagem. Houve aumento nos valores a partir do décimo
dia, entretanto, esses permaneceram constantes até o oitavo dia de
52
armazenamento. Esse aumento é justificado, provavelmente, pela lignificação e
perda de água.
0
1
2
3
4
5
6
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (Dias)
Fibra dietética total (%)
FIGURA 10 Valores médios de fibra dietética total (%) em palmito pupunha
minimamente processado armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 98%
±
5%
UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Diante dos resultados observados anteriormente em relação às fibras
dietéticas e também á firmeza, acredita-se que não houve amaciamento da
parede celular dos palmitos. Ocorreu, provavelmente, o processo de lignificação
da parede celular vegetal nas camadas mais externas do palmito pupunha. Como
a lignina se forma na parede celular, ela remove água da matriz e constitui uma
rede hidrofóbica, que se liga firmemente à celulose e impede a expansão da
parede, além de proporcionar-lhe resistência mecânica significativa, (Taiz &
Zeiger, 2006).
y = 3,56 + 0,52x - 024x
2
+ 0,03x
3
0,001x
4
R
2
= 88,89%
53
6 CONCLUSÃO
O tratamento com cisteína 0,5% é o que melhor mantém a qualidade de
palmito pupunha (
B. gasipaes
Kunth.) minimamente processado, caracterizando
um produto com menores valores e menos oscilões de a* e b*, manutenção da
firmeza e acidez titulável ao longo do tempo de armazenamento, apresentando
vida útil de doze dias mantido sob refrigeração.
54
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58
59
CAPÍTULO 3
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE PALMITO PUPUNHA
MINIMAMENTE PROCESSADO
60
1 RESUMO
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho. Qualidade microbiológica de palmito
pupunha minimamente processado
.
2008. In: ______.
Palmito pupunha
minimamente processado
.
2008. cap. 3, 125 p. Dissertação (Mestrado em
Ciência dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência dos
sanificantes dicloroisocianurato de sódio (100 mg.L
-1
) e peróxido de hidrogênio
(6%) na manutenção da qualidade de palmito pupunha (
Bactris gasipaes
Kunth)
minimamente processado tratado com cisteína 0,5%. Os palmitos pupunha
foram adquiridos no município de Coqueiral (MG), lavados em água corrente e
detergente neutro, sanificados com hipoclorito de sódio 200 mgL
-1
por 15 min,
processados em rodelas de 1 cm e submetidos aos seguintes sanificantes:
dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
por 10 minutos e peróxido de
hidrogênio 6% por 5 minutos. Os palmitos sem sanificação foram considerados
controle. Em seguida todas as rodelas foram submetidas à aplicação de cisteína
0,5% por 15 minutos. Posteriormente foram acondicionadas em embalagens
rígidas de polipropileno armazenados por 12 dias a 5 ºC (
±
1ºC e 90%
±
5%
UR). A cada dois dias foram realizadas as seguintes análises: pH, acidez
titulável, determinação de coliformes a 35ºC e a 45ºC,
Escherichia coli
e
Salmonella
sp. Foi detectada a presença de coliformes a 35ºC e a 45ºC nos
palmitos controle e sanificados durante os doze dias de armazenamento.Esses
valores, entretanto, encontram-se abaixo do limite permitido pela legislação. A
presença de
Escherichia coli
e
Salmonella
sp não foi observada em nenhum
tratamento durante todo o período de armazenamento. A aplicação dos
sanificantes as o processamento é eficiente em reduzir parte da carga
microbiana de palmito pupunha minimamente processado, mantendo o produto
em condições microbiológicas adequadas para o consumo por até doze dias de
armazenamento. O dicloroisocianurato de sódio apresenta-se mais eficiente na
redução de microrganismos, sugerindo-o como sendo o sanificante a ser
utilizado no processamento mínimo de palmito pupunha.
*
Comitê Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(orientador), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-orientador).
61
2 ABSTRACT
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho Microbiological quality of fresh-cut
pupunha
palm cabbage.In: ______.
Palmito pupunha minimamente processado
.
2008.
cap. 3, 125 p. Dissertation (Master in Foof Science) Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.
*
The present work was intended to evaluate the efficiency of the
sanitizantes sodium dichloroisocyanurate (100 mg.L
-1
) and hydrogen peroxide
(6%) in the maintenance of the quality of fresh-cut pupunha palm cabbage
(
Bactris gasipaes
Kunth) treated with 0.5% cysteine. The pupunha palm
cabbages were purchased in the town of Coqueiral (MG), washed in running
water and neutral detergent, sanitized with sodium hypochlorite 200 mg L
-1
for
15 minutes, processed in rings of 1 cm and submitted to the following
sanificantes: sodium dichloroisocyanurate 100 mg L
-1
for 10 minutes and 6%
hydrogen peroxide for 5 minutes. The palm cabbages without a sanitization were
regarded as a control. Next, all the rings were submitted to the application of
0.5% cysteine for 15 minutes. Afterwards, they were packed in stiff
polypropylene packages stored for 12 days at 5 ºC (
±
1ºC and 90%
±
5% RH).
Every two days, the following analyses were performed: pH, titratable acidity,
determination of coliform at 35ºC and at 45ºC,
Escherichia coli
and
Salmonella
sp. The presence of coliforms at 35ºC and at 45ºC in the control and sanitized
palm cabbages during the twelve days´ storage was detected, however, those
values lie bellow the limit permitted by the legislation. The presence of
Escherichia coli
and
Salmonella
sp was not observed in any treatment during the
period of storage. The application of sanitizantes after processing is efficient in
reduce a part of the microbial load of fresh cut pupunha palm cabbages,
maintaining the product under microbiological conditions suitable for
consumption for up to twelve days of storage. Sodium dichloroisocyanurate
promouve more efficient in the reduction of microrganisms, suggesting that as
being the sanitizante to be utilized in the minimum processing of pupunha palm
cabbage.
*
Comitê Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(orientador), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-orientador)
e Dra. Roberta Hilsdorf Piccoli (co-orientadora).
62
3 INTRODUÇÃO
O palmito é uma iguaria fina, de grande aceitação no mercado brasileiro,
assim como em outros países, entre os quais França, Japão, Itália e Estados
Unidos, (Bovi, 2003).
A pupunheira (
Bactris gasipaes
Kunth) surge como uma opção para
atender a demanda interna e externa, por apresentar características desejáveis
quanto ao seu cultivo e qualidade do palmito produzido, (Anefalos et al., 2007).
Frutas e hortaliças minimamente processadas são fisicamente alteradas,
mantendo seu estado fresco, (Aguilar et al., 2005). A segurança desses produtos
é de grande interesse, pois os consumidores fazem pouca ou nenhuma higiene
antes do consumo, (Kim et al., 2007).
A microbiologia de frutos minimamente processados é multifatorial,
dependendo do tipo de fruto (pH, atividade de água, nutrientes), sua
procedência, etapas de processamento (lavagem, sanificação, descascamento,
corte, embalagem, temperatura de armazenamento) e condições higiênico-
sanitárias do manipulador, dos equipamentos e utensílios, bem como do
ambiente, (Pinheiro et al., 2005).
A utilização de sanificantes no processamento visa eliminar ou ao
menos reduzir significativamente a presença de microorganismos de importância
para a saúde pública, assim como outros causadores de danos na qualidade
organoléptica dos produtos, (Beuchat, 1996 citado, por Aguilar et al., 2005).
O sanificante mais utilizado na indústria de processamento mínimo é o
cloro, (Brackett, 1999 citado por Kim et al., 2007). O dicloro isocianurato de
sódio (NaDCl) é um pó ou grânulo branco, de peso molecular 256, contendo de
55 a 60 % de cloro disponível. O principio ativo do dicloro é acidico, portanto, o
NaDCl tende a baixar o pH inicial da água, ao contrario do hipoclorito que, por
63
ser alcalino, tende a aumentar o pH da água (Associação Brasileria de
Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES). Quando hidrolisado, forma duas
moléculas de ácido hipocloroso (HOCl), assim possui maior eficácia bacteicida;
quanto ao hipoclorito de sódio, forma apenas uma molécula do ácido
hipocloroso. Além disso, o NaDCl não libera metais pesados e trialomoetanos
quando hirolisado, sendo utilizado na indústria de alimentos, pois é seguro para
manuseio e consumo, (Macedo, 2001).
O peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) é outro potente sanificante e
classificado como um composto, GRADS (Geralmente Reconhecido Como
Seguro) pela FDA (Agência de Alimentos e Drogas dos EUA), para uso em
alimentos como agente alvejante, oxidante, redutor e antimibrobiano, (Sapers &
Simmons, 1998). Acredita-se que esteja envolvido na oxidação de grupos
sulfidrílicos das proteínas microbianas. O peróxido de hidrogênio convertido em
radicais hidroxilas altamente reativos pode degradar DNA, proteínas,
polissacarídeos e lipídios, (Borges et al., 1989, citado por Moda et al., 2005).
Dependendo da concentração usada, pode levar ao rompimento das lulas do
tecido vegetal, com efeitos sobre a textura, que é um dos mais importantes
atributos de qualidade de um produto, (Santos & Valle, 2005).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência dos sanificantes
dicloroisocianurato de sódio (100 mg.L
-1
) e peróxido de hidrogênio (6%) na
manutenção da qualidade de palmito pupunha minimamente processado tratado
com cisteína 0,5%.
64
4 MATERIAL E MÉTODOS
Neste experimento foram utilizados 50 estirpes de palmito pupunha (B
.
gasipaes
), extraídos de pupunheiras do município de Coqueiral MG. Os
estirpes foram transportados para o Laboratório de Pós-colheita de Frutas e
Hortaliças (Departamento de Ciência dos Alimentos - Universidade Federal de
Lavras), lavados em água corrente e detergente neutro, para eliminação de
sujidades provenientes do campo. Inicialmente os estirpes foram imersos em
solução de hipoclorito de sódio 200 mg.L
-1
por 15 minutos para evitar
contaminação durante o processamento. Em seguida os estirpes foram envoltos
em policloreto de vinila (PVC) e armazenados em mara fria (10ºC,
±
1ºC e
90%
±
5% UR) por 12 horas para retirada do calor de campo.
Boas Práticas de Fabricação foram utilizadas pelos manipuladores
durante o processamento. A pré-limpeza (retirada das bainhas externas que
envolvem o palmito) foi feita com auxílio de faca afiada de aço inoxidável em
área reservada para tal etapa. Posteriormente, os palmitos foram transportados
para a sala de processamento mínimo, selecionados de acordo com o diâmetro (9
cm), descartando a parte basal, lavados em água corrente e fatiados
manualmente no sentido transversal (1 cm de espessura). As o processamento,
os palmitos foram submetidos aos tratamentos com os seguintes sanificantes:
dicloroisocianurato de sódio (NaDCl) 100 mg.L
-1
por 10 minutos e peróxido de
hidrogênio (H
2
O
2
) 6% por 5 minutos. As rodelas não sanificadas foram
consideradas do grupo controle. Foi utilizada água estéril na solução dos
sanificantes. Em seguida todas as rodelas de palmito foram imersas em solução
de cisteína 0,5% (preparada com água destilada) por 15 minutos, para evitar o
escurecimento enzimático durante o armazenamento, sendo o excesso da solução
drenado em peneiras plásticas por 3 minutos. Os palmitos foram acondicionados
65
em embalagens rígidas de polipropileno (15 x 11,5 x 4,5 cm), com tampa do
mesmo pomero, contendo cerca de 150g do produto e armazenadas em mara
fria (5ºC
±
1ºC e 98%
±
5% UR), durante doze dias. As análises microbiológicas
e físico-químicas foram realizadas a cada dois dias no Laboratório de Fisiologia
Pós-colheita de Frutas e Hortaliças (DCA/UFLA), sendo as seguintes:
pH
obtido por potenciometria com eletrodo indicador de vidro,
utilizando um
pHmetro Schott Handylab, segundo a técnica da AOAC (1992).
Acidez titulável (% ácido cítrico)
– determinada por titulação com solução de
hidróxido de sódio (NaOH) 0,1N FC 0,98, tendo como indicador fenolftaleína,
de acordo com o INSTITUTO ADOLFO LUTZ (1985).
As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de
Microbiologia de Alimentos (DCA/UFLA), segundo as metodologias propostas
pelo INTERNATIONAL COMISSION ON MICROBIOLGICAL
SPECIFICATION FOR FOODS - ICMSF (1983) e Silva et al. (1997).
Inicialmente, amostras de 25g de cada tratamento foram retiradase, logo
as, homogeneinizadas em 225 mL de água peptonada 01% estéril para análise
de coliformes e 225 mL de água peptonada tamponada para análise de
Salmonella. Todos os tratamentos foram homogeneizados utilizando-se
stomaker.
Determinação de coliformes a 35ºC e a 45ºC
- Os coliformes a 35ºC foram
quantificados utilizando-se a técnica do número mais provável (NMP). O teste
presuntivo foi realizado com a inoculação de aquotas de 1 ml das diluições
adequadas da amostra em séries de três tubos, contendo tubos de Durhan e o
meio de cultura caldo lauril sulfato triptose (LST), sendo incubados em estufa a
35ºC por 48 horas. Foram considerados tubos positivos para coliformes a 35ºC,
aqueles que apresentaram turvação e formação de gás. Os coliformes a 45ºC
foram quantificados usando-se a técnica do NMP. As aquotas foram
transferidas dos tubos positivos do teste presuntivo de coliformes a 35ºC, com
66
auxilio de uma alça de repicagem para tubos contendo o meio de cultura caldo
Escherichia coli (EC) adicionados de tubos de Durhan. Os tubos foram
incubados em banho-maria a 45ºC por 48 horas e foram considerados positivos
aqueles que apresentaram turvação e formação de gás. Os resultados foram
expressos em log
10
. NMP g
-1
de palmito pupunha minimamente processado.
Determinação de
Escherichia coli
:
a presença de
E. coli
foi confirmada com
inoculação de aquotas dos tubos positivos para coliformes a 45ºC em placas
contendo agar eosina azul de metileno (EMB). Consideraram-se positivas as
colônias picas com coloração verde brilhante.
Pesquisa de
Samonella
sp
foi realizada em 25 g do produto minimamente
processado, com pré-enriquecimento em água peptonada tamponada, com
incubação a 35ºC por 24 h, seguida de enriquecimento seletivo, em caldo
Rappaport incubados a 35ºC por 24h. O isolamento foi realizado em meio de
cultura Ramback (Merck). Essa pesquisa foi realizada somente no tempo zero e
doze dias de armazenamento.
Este experimento foi conduzido em delineamento experimental
inteiramente causalizado (DIC), em fatorial 3 x 7, sendo 3 tratamentos
(controle, dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
e peróxido de hidrogênio 6%)
e 7 tempos de armazenamento (0, 2, 4, 6, 8, 10 e 12 dias), com três repetições.
As análises estasticas foram realizadas com auxílio do programa
SISVAR, (Ferreira, 2000). As análise de variância, as médias, quando
significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% e 5% de
probabilidade, e ajustados modelo de regressão para tempo de armazenamento.
67
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As variáveis pH e acidez titulável não foram afetadas significativamente
pelos fatores tempo de armazenamento e tipo de sanitizante isoladamente, bem
como pela interação entre eles. Observou-se pH médio de 5,97 e acidez titulável
em média 0,21% de ácido cítrico.
Foi detectada a presença de coliformes a 35ºC e a 45ºC nos palmitos
controle e sanificados durante os doze dias de armazenamento. A presença de
Escherichia coli
e
Salmonella
sp não foi observada em nenhum tratamento
durante todo o período de armazenamento.
Foi observada diferença estastica significativa para coliformes a 35ºC
entre os tratamentos e no período de armazenamento. Para os coliformes a 45ºC
houve diferença significativa na interação dos fatores estudados.
Em relação ao tempo de armazenamento, observou-se ligeiro aumento
na contagem de coliformes a 35ºC no segundo dia de armazenamento, com
posterior decnio, mantendo-se constante até oito dias, seguido de elevação até
o fim do armazenamento, (Figura 1).
68
0
1
2
3
4
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (dias)
Coliformes a 35ºC (log10
NMP.g-1)
FIGURA 1 Coliformes a 35ºC (log
10
NMP.g
-1
) em palmito pupunha,
minimamente processado, ao longo do armazenamento a 5ºC C
±
1ºC (90%
±
5% UR) por 12 dias (DCA/UFLA).
Contudo, analisando os tratamentos isolados, notou-se redução no grupo
desses coliformes nas rodelas de palmito sanificadas, (Figura 2). Essa redução
foi mais evidente no tratamento com dicloroisocianurato de sódio, onde
constatou-se redução de 0,35 ciclos log em relação ao controle comparada a 0,16
ciclos log no tratamento com peróxido de hidrogênio. Sugere-se que o
sanificante dicloroisocianurato de sódio foi mais eficiente em reduzir a carga
microbiana de coliformes a 35ºC nas rodelas de palmito pupunha.
y = 2,063 – 0,411x + 0,377x
2
0,106x
3
+
0,011x
4
0,0004x
5
R
2
= 99,75
69
1,9
2
2,1
2,2
2,3
2,4
2,5
A
B
C
Tempo de armazenamento (dias)
Coliformes a 35ºC (log
10
NMP.g-1)
A: Controle, B: Peróxido de hidrogênio 6%, C: Dicloroisocianurato de sódio 100
mg.L
-1
FIGURA 2 Coliformes a 35ºC (log
10
NMP.g
-1
) em palmito pupunha
minimamente processado submetido a diferentes sanitizantes e
mantidos a 5ºC C
±
1ºC (90%
±
5% UR) por 12 dias
(DCA/UFLA). Médias seguidas de mesma letra nas barras, não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.
Houve redução da carga de coliformes a 45ºC a partir do segundo dia de
armazenamento nas rodelas de palmito sanificadas (Tabela 1). O
dicloroisocianurato de sódio reduziu a contaminação microbiana logo as o
processamento, mostrando-se mais eficiente em reduzir a contaminação inicial.
Ao décimo dia de armazenamento constatou-se uma elevação na contagem desse
grupo de microrganismos nas rodelas de palmito sem sanificação. Pode-se
observar que apenas a sanificação dos toletes de pupunha antes do
processamento não foi suficiente para reduzir a contaminação do produto.
Sugere-se que a sanificação, as o processamento, deve ser considerada para
manutenção da qualidade microbiológica de palmito pupunha.
a
ab
b
70
Os microrganismos a 45ºC são indicadores de contaminação fecal,
(Siqueira, 1995; Franco & Landgraf, 2005), a contagem desse grupo é muito
mais significativa que a quantificação de coliformes totais, (Ray, 1996).
Não existem padrões específicos para frutas e hortaliças minimamente
processadas. A Resolução RDC nº12, de 2 de janeiro de 2001, do Ministério da
Saúde, (Brasil, 2001), estabelece que esses podem ser inseridos no grupo de
alimentos designados como: frutas frescas, in natura, preparadas (descascadas
ou selecionadas ou fracionadas), sanificadas, refrigeradas ou congeladas, para
consumo direto, cuja tolerância máxima para amostra indicativa é de 5 x 10
2
NMP.g
-1
ou UFC.g
-1
, ou 2,7 ciclos log, de coliformes a 45ºC e ausência de
Salmonella sp em 25g do produto. Os resultados obtidos neste
trabalho,encontraram-se, portanto, abaixo do limite permitido pela legislação,
apenas a grupo controle, com dez e doze dias de armazenamento, mostrou
valores bem aproximados do valor aceitável para coliformes a 45ºC.
TABELA 1 Coliformes a 45ºC (log
10
NMP.g
-1
) em palmito pupunha
minimamente processado submetido a diferentes sanitizantes e
mantidos a 5ºC C
±
1ºC (90%
±
5% UR) por 12 dias
(DCA/UFLA).
Tempo de armazenamento (dias)
Tratamentos
0
2
4
6
8
10
12
A
2,24 a
1,44 a
1,33 a
0,86 a
1,02 a
2,69 a
2,58 a
B
2,24 a
0,63 b
1,37 a
0,9 a
0,83 a
1,22 b
1,36 b
C
1,56 b
0,75 b
1,11 a
1,11 a
0,88 a
1,59 b
1,73 b
A: Controle, B: Peróxido de hidrogênio 6%, C: Dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
*Medias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.
71
6 CONCLUSÃO
A aplicação dos sanificantes as o processamento é eficiente em
reduzir parte da carga microbiana de palmito pupunha minimamente processado,
mantendo o produto em condições microbiológicas adequadas para o consumo
por até doze dias de armazenamento.
O dicloroisocianurato de sódio apresenta-se mais eficiente que o
peróxido de hidrogênio na redução de microrganismos, sugerindo-o como sendo
o sanificante a ser utilizado no processamento mínimo de palmito pupunha.
72
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGFICAS
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74
75
CAPÍTULO 4
QUALIDADE SENSORIAL DE PALMITO PUPUNHA
MINIMAMENTE PROCESSADO
76
1 RESUMO
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho. Qualidade sensórial de palmito pupunha
minimamente processado. In: ______.
Palmito pupunha minimamente
processado
.
2008. cap. 4, 125 p. Dissertação (Mestrado em Ciência dos
Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
O objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitabilidade do palmito pupunha
minimamente processado, tratado com dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
e
cisteína 0,5%, armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR). Os palmitos pupunha
foram adquiridos no município de Coqueiral (MG), lavados em água corrente e
detergente neutro, sanificados com hipoclorito de sódio 200 mgL
-1
por 15 min,
processados em rodelas de 1 cm e submetidos aos seguintes tratamentos:
dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
por 10 minutos e em seguida cisteína
0,5% por 15 minutos. Foram utilizados neste trabalho somente esses tratamentos
pré-definidos a partir de resultados em outros experimentos. Os palmitos foram
acondicionados em embalagens rígidas de polipropileno, armazenados por 12
dias a 5 ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR). O teste de aceitabilidade foi realizado com
100 consumidores, avaliando-se a cor, odor e firmeza do produto. O
delineamento experimental foi em blocos completos (DBC), onde cada
consumidor representou um bloco, com os tratamentos organizados em esquema
fatorial 3x7, sendo 3 locais e 7 tempos de armazenamento. As notas observadas
para cor mostram que cisteína (0,5%) foi eficiente em manter a coloração do
palmito pupunha minimamente processado com o decorrer do armazenamento.
Não ocorreram alterões no odor e na firmeza durante o armazenamento. O
produto foi bem aceito pelos consumidores com média 6,5-7,0.
*
Comitê Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(orientador), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-orientador).
77
2 ABSTRACT
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho. Sensorial quality of fresh-cut pupunha
palm
cabbage.
In: ______.
Palmito pupunha minimamente processado.
2008. cap.
4, 125 p. Dissertation (Master in Food Science) Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.
*
The purpose of this work was to evaluating the acceptability of the
fresh-cut pupunha palm cabbage treated with 100 mg L
-1
sodium
dichloroisocyanurate and 0.5% cysteine stored at 5ºC (
±
1ºC and 90%
±
5%
RH). The pupunha palm cabbages were purchased in the town of Coqueiral
(MG), washed in running water and neutral detergent, sanitized with 200 mg L
-1
sodium hypochlorite for 15 minutes, processed into 1 cm-rings and submitted to
the following treatments: 100 mg L
-1
sodium dichloroisocyanurate for 10
minutes and next 0,5% cysteine for 15 minutes. In this work, only those
treatments pre-defined from results in other experiments were utilized. The palm
cabbages were packed into stiff polypropylene stored for 12 days at 5 ºC (
±
1ºC
and 90%
±
5% RH). The acceptability test was performed with 100 consumers,
evaluating color, odor and firmness of the product. The experimental design was
in complete blocks (CBD), where each consumer stood for a block with the
treatments arranged into a 3 x 7 factorial scheme, that is, 3 places and 7 storage
times. The scores observed for color showed that cysteine (0.5%) was effective
in maintaining the fresh cut pupunha palm cabbage throughout storage. No
changes in both odor and firmness took place over storage. The product was well
accepted by consumers with mean 6.5-7.0
*
Guidance Committee: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(adviser), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-adviser) e Dr.
Eric Batista Ferreira DEX/UFLA (co-adviser).
78
3 INTRODUÇÃO
O palmito é uma iguaria fina, de grande aceitação no mercado brasileiro
,(Bovi, 2003). É apreciado pelo seu sabor, valor nutritivo e baixo teor calórico.
Além disso, é rico em fibras e minerais como potássio, lcio, fósforo, vitaminas
e aminoácidos importantes, (Yuyama
et al.
, 1999).
A pupunheira (
Bactris gasipaes
kunth.), além de produzir frutos
comesveis, de sabor agradável e alto valor nutritivo, produz palmito de ótima
qualidade, (Araújo, 1996). Esta palmeira surge como uma opção para atender a
demanda interna e externa, por apresentar características desejáveis quanto ao
seu cultivo e qualidade do palmito produzido, (Anefalos et al., 2007).
Segundo Cantwell (1992) e Wiley (1994), o produto minimamente
processado é aquele fresco, tornado conveniente, com qualidade e garantia de
sanidade. Estes produtos, além de facilitar a vida do consumidor, garantem
agregação de valor ao produto, permitindo melhores condições de remuneração,
(Durigan, 2000).
As características que definem um produto minimamente processado de
boa qualidade são: aparência fresca, textura aceitável, bom sabor e aroma,
segurança microbiológica e aumento da vida útil. Se alguns desses requisitos não
cumprem as exigências dos valores mínimos aceitáveis para cada parâmetro, o
produto perde automaticamente seu valor comercial, (Aguilar et al, 2005).
A avaliação sensorial é de considerável importância no conhecimento da
qualidade de um alimento, tanto quanto outros tipos de análises, como físico-
químicas e microbiológicas, (Minim & Dantas, 2007).
É uma análise subjetiva, visto que depende do julgamento de humanos
por meio dos órgãos do sentido, sendo influenciada pela experiência e
capacidade do julgador, além da influência de fatores externos como local da
79
análise, estado emocional e saúde do provador, condições e formas de
apresentação da amostra. Contudo, a aplicação correta da técnica de análise
sensorial apresenta resultados precisos com exatidão comparáveis aos métodos
objetivos, (Minim & Dantas 2007).
Os métodos de análise sensorial podem ser agrupados em
discriminativos, descritivos e afetivos. Para a execução deste trabalho optou-se
pela realização de métodos afetivos.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a aceitabilidade do consumidor
ao palmito pupunha minimamente processado, tratado com dicloroisocianurato
de sódio 100 mg.L
-1
e cisteína 0,5% e armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5%
UR).
80
4 MATERIAL E MÉTODOS
Neste experimento foram utilizados 70 estirpes de palmito pupunha (B
.
gasipaes
), extraídos de pupunheiras do município de Coqueiral MG. Os
estirpes foram transportados para o Laboratório de Pós-colheita de Frutas e
Hortaliças (Departamento de Ciência dos Alimentos - Universidade Federal de
Lavras), lavados em água corrente e detergente neutro. Os estirpes foram
imersos em solução de hipoclorito de sódio 200 mg.L
-1
por 15 minutos. Em
seguida, foram envoltos em policloreto de vinila (PVC) e armazenados em
mara fria (10ºC,
±
1ºC e 90%,
±
5% UR) por 12 horas para retirada do calor
de campo.
A pré-limpeza (retirada das bainhas externas que envolvem o palmito)
foi feita em área reservada para tal etapa. Posteriormente, os palmitos foram
transportados para a sala de processamento mínimo, selecionados de acordo com
o diâmetro (9 cm), descartando a parte basal, lavados em água corrente e
fatiados manualmente no sentido transversal (1 cm de espessura). As o
processamento, os palmitos foram submetidos ao sanificante dicloroisocianurato
de sódio 100 mg.L
-1
por 10 minutos. Em seguida foram imersos em solução de
cisteína 0,5% por 15 minutos, para evitar o escurecimento enzimático durante o
armazenamento, sendo o excesso da solução drenado em peneiras plásticas por 3
minutos. Foram utilizados esses tratamentos e suas respectivas concentrões
mediante resultados favoráveis obtidos em experimentos anteriores, onde foram
definidos o melhor sanificante e antioxidante para palmito pupunha
minimamente processado. As rodelas de palmito foram acondicionadas em
embalagens rígidas de polipropileno (15 x 11,5 x 4,5 cm), com tampa do mesmo
pomero, contendo 150g do produto e armazenadas em mara fria (5ºC
±
1ºC e
90%
±
5% UR), durante doze dias.
81
A montagem desse experimento foi realizada a cada dois dias (seguindo
metodologia descrita acima), sendo que o primeiro dia foi considerado o último
de armazenamento (12 dias), o segundo dia de montagem considerado o 10º dia
de armazenamento e, assim, sucessivamente até o último dia de montagem que
correspondeu ao produto fresco (0 dia de armazenamento). Desta forma,
obtiveram-se todos os tempos de armazenamento em um mesmo dia,
possibilitando a realização da análise sensorial com os mesmos 100
consumidores em todos os tempos de armazenamento.
Foi avaliado o perfil dos consumidores (faixa etária e sexo) e freência
de consumo de palmito (em anexo). O teste aplicado para análise sensorial foi o
de aceitabilidade com escala hedônica de 9 pontos (1- desgostei muitíssimo, 2-
desgostei muito, 3- desgostei moderadamente, 4- desgostei ligeiramente, 5- não
gostei nem desgostei, 6- gostei ligeiramente, 7- gostei moderadamente, 8- gostei
muito, 9- gostei muitíssimo). Foram avaliados, também, atributos de qualidade,
em que o consumidor pontuava com notas de 0 a 10, entre eles: cor (amarelo-0 a
branco-10), odor (forte-0 a muito fraco-10) e firmeza (murcho-0 a crocante-10).
A análise sensorial foi executada em três diferentes locais de comercialização de
palmito na cidade de Lavras/MG: local 1- supermercado em um shopping, local
2- supermercado localizado no centro da cidade e local 3- feira livre (mercado
municipal), no qual é comercializado palmito pupunha fresco.
Este experimento foi conduzido em delineamento experimental em
blocos completos (DBC), onde cada consumidor representou um bloco. Os
tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 3x7 (3 locais e 7 tempos de
armazenamento). As análises de variância foram realizadas com auxílio do
programa SISVAR, (Ferreira, 2000). As análise de variância, as médias,
quando significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% para os
locais e foram ajustados modelos de regresssão para tempo de armazenamento.
82
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise do perfil dos consumidores mostra que 48% do total dos
entrevistados eram do sexo masculino e 52% do sexo feminino, abrangendo
diversas faixas etárias conforme é apresentado na Figura 1.
0
5
10
15
20
25
30
10 a 20
21 a 30
31 a 40
41 a 50
> 50
Idade (anos)
nº de consumidores
FIGURA 1 Análise do perfil de consumidores de palmito de acordo com a faixa
etária, realizada no município de Lavras/MG.
O questionário de freência de consumo revelou que 38% dos
consumidores consomem pouco palmito (1 vez ao mês), seguido de 21% que
apresentam consumo ocasional e moderado, (Figura 2). Verruma-Bernardi et al.
(2003), analisando a aceitabilidade de palmito em conserva, encontraram que
54,3% dos julgadores consomem muito pouco palmito (menos de 1 vez ao mês)
e 25% ,ocasionalmente (1 vez ao mês).
83
0
5
10
15
20
25
30
35
40
nunca
raramente
ocasional
pouco
moderado
muito
Porcentagem (%)
muito: mais de 4 vezes ao mês, moderado: até 4 vezes ao mês, pouco: 1 vez ao
mês, ocasional: 1 vez a cada 3 meses e raramente: 1 vez a cada 6 meses.
FIGURA 2 Freência de consumo de palmito pelos consumidores no município
de Lavras/MG.
Avaliando-se o atributo de qualidade cor do produto, foi observada
diferença significativa entre os dias de armazenamento nos locais 2 e 3, (Figura
3). Em ambos, no início do armazenamento, as notas foram altas (em média 8
9) com posterior declino até quatro dias de armazenamento, mantendo-se
relativamente constante até doze dias de armazenamento. No local 3 os
consumidores não identificaram diferença; quanto a cor do produto ao longo do
armazenamento, as notas mantiveram-se constantes com média 7,6.
84
FIGURA 3 Valores médios das notas observadas para o atributo de qualidade
cor de palmito pupunha minimamente processado sanificado com
dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
, submetido ao tratamento
com cisteína 0,5% e armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR).
O resultado encontrado para cor do produto foi satisfatório, visto que as
notas não foram inferiores a cinco pontos, onde nota zero era considerada cor
amarela e nota dez, cor branca. É importante ressaltar que a cor característica do
palmito pupunha fresco é ligeiramente amarelada, o que pode ter reduzido a nota
do consumidor que não conhecia o produto. Ferreira et al. (1982) afirmam que
os toletes de palmito pupunha são opacos e de cor amarelo-clara uniforme.
Local 1:
Local 2: ------
Local 3:
Local 1: y = 7,79 - 1,1x + 0,175x2 - 0,008x3
R2 = 74,9%
Local 2: y = 7,6
Local 3: y = 8,64 - 1,59x + 0,22x2 - 0,009x3
R2 = 76,47%
85
A Figura 4 mostra que, para o atributo de qualidade odor, não foi
observada diferença significativa no local 3, onde a nota dos consumidores foi
constante com média 9 pontos. Nos locais 1 e 2 houve diferença estastica
significativa, porém essa diferença nas notas dos consumidores é relativamente
baixa.
Essa diferença observada entre os locais pode ser atribuída,
provavelmente, ao nível sócio-econômico e cultural dos entrevistados.
Pode-se dizer que, pelo atributo odor, a qualidade do palmito pupunha
minimamente processado manteve-se até o fim do período de armazenamento.
Os tratamentos utilizados no processamento não interferiram no odor
característico do produto, que é suave ou fraco. Como pontuado pelos
consumidores, o odor do produto manteve-se suave, visto que nota 10 era o
produto com odor muito fraco (ou sem cheiro) e as notas obtidas foram entre 7,8
– 9 pontos.
86
FIGURA 4 Valores médios das notas observadas para o atributo de qualidade
odor de palmito pupunha minimamente processado sanificado com
dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
, submetido ao tratamento
com cisteína 0,5% e armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR).
Em relação à firmeza do produto, esse atributo de qualidade não sofreu
alteração ao longo do armazenamento. Não foi observada diferença significativa
entre os dias de armazenamento e locais de análise. A nota média pelos
consumidores foi 7,8 pontos. Pode-se afirmar, então, que fatias de palmito
pupunha minimamente processadas mantiveram sua croncia até o fim do
armazenamento apresentando-se adequadas para o consumo. Segundo Ferreira et
Local 1:
Local 2: ------
Local 3:
Local 1: y = 8,69 - 0,35x + 0,03x2
R2 = 55,5%
Local 2: y = 9
Lcoal 3: y = 8,47 - 0,4x + 0,037x2
R2 = 41,61%
87
al. (1982), o palmito pupunha apresenta textura mais firme em comparação aos
palmitos de outros gêneros.
Verruma-Bernardi et al. (2003) estudaram a aceitabilidade de palmito
pupunha em conserva e observaram que o atributo firmeza/textura foi o que mais
agradou aos julgadores.
Não houve diferença estastica significativa em relação à aceitabilidade
do palmito pupunha minimamente processado. O produto foi aceito pelos
consumidores na mesma pontuação em todos os dias de armazenamento,
comprovando a eficiência dos tratamentos utilizados durante o processamento na
manutenção da qualidade do produto.
A média de aceitação foi: local 1 - 6,5; local 2 – 6,65 e local 3 – 7,00.
De acordo com a escala hedônica, os consumidores gostaram ligeira a
moderadamente do produto. Pode-se considerar que o produto foi bem aceito
pelos consumidores, visto que a nota média é relativamente alta e está de acordo
com a faixa de aceitação de palmito por consumidores.
Verruma-Bernardi et al. (2003) apresentam como resultado média de
aceitação 6,6 de rodelas de palmito pupunha em conserva. Ferreira et al. (1982)
estudaram a aceitabilidade de palmito pupunha em conserva em relação ao
palmito juçara e constataram boa aceitação.
Na Figura 5 pode-se observar o mapa de preferência de palmito pupunha
minimamente processado armazenado por 12 dias. O mapa é dividido em
regiões de preferência, a região rosa é de maior preferência, a região verde de
menor preferência. Observa-se que as amostras 1 e 2 estão na região de maior
preferência, sendo a amostra 1 a preferida pelos consumidores. As amostras 1 e
2 correspondem ao 0 e 2 dias de armazenamento, respectivamente, sendo o
produto fresco sem armazenamento preferido pelos consumidores. As amostras
6 e 7 são as menos preferidas, elas se encontram próximas da região verde e
mais distantes do ponto central do mapa. Apesar de não se diferirem
88
estatisticamente em relação à aceitabilidade, a preferência das amostras reduziu
com o tempo de armazenamento.
1 (0 dia de armazenamento), 2 (2 dias de armazenamento), 3 (4 dias de
armazenamento), 4 (6 dias de armazenamento), 5 (8 dias de armazenamento), 6
(10 dias de armazenamento), 7 (12 dias de armazenamento).
FIGURA 5 Mapa de preferência de palmito pupunha minimamente processado
sanificado com dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
, submetido
ao tratamento com cisteína 0,5% e armazenado a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR).
89
6 CONCLUSÃO
O palmito pupunha minimamente processado é bem aceito pelos
consumidores, mantendo os atributos de qualidade cor, odor e firmeza ao longo
do armazenamento a 5ºC.
90
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGFICAS
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Porto Velho: UNIR, 1999. p.127.
92
93
CAPÍTULO 5
PROCESSAMENTO MÍNIMO DA PARTE CAULINAR DE
PALMITO PUPUNHA: UMA ALTERNATIVA PARA O
APROVEITAMENTO
94
1 RESUMO
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho
.
Processamento mínimo da parte caulinar
de
palmito pupunha: uma alternativa para o aproveitamento.
In: ______.
Palmito
pupunha minimamente processado
.
2008. cap. 5, 125 p. Dissertação
(Mestrado em Ciência dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG.
*
O presente trabalho teve por objetivo o aproveitamento do resíduo (parte
caulinar) gerado na produção de palmito pupunha minimamente processado. Os
palmitos pupunha foram adquiridos no município de Coqueiral (MG), lavados
em água corrente e detergente neutro, sanificados com hipoclorito de sódio 200
mgL
-1
por 15 min. Foram utilizadas as partes caulinares do palmito pupunha.
Eles foram processados em rodelas e triângulos de 1 cm de espessura,
sanificados com dicloroisocianurato de sódio 100 mgL
-1
por 10 min e cisteína
0,5% por 15 min. Posteriormente foram acondicionados em embalagens rígidas
de polipropileno armazenados por 12 dias a 5 ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR). O
delineamento experimental foi inteiramente causalizado em fatorial 2x7 (2 tipos
de corte e 7 tempos de armazenamento) com 3 repetições. A parte caulinar de
palmito pupunha minimamente processado manteve sua qualidade ao longo do
armazenamento, com oito dias de vida útil, podendo ser utilizada no
processamento a fim de minimizar os resíduos gerados por essa atividade. O
corte em rodelas é o mais indicado, pois apresentou melhores resultados quanto
à firmeza, acidez titulável, sólidos solúveis e fibras dietéticas.
*
Comitê Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(orientador), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-orientador).
95
2 ABSTRACT
Ribeiro, Marisa Carvalho Botelho. Minimum processing of the stem part of the
pupunha palm cabbage: an alternative to use. In: ______.
Palmito pupunha
minimamente processado
.
2008. cap. 5, 125 p. Dissertation (Master in Food
Science) Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
The present work aimed to use of the residue (shoot part) generated in
the production of fresh-cut pupunha palm cabbage. The pupunha palm cabbages
were purchased in the town of Coqueiral (MG), washed in running water and
neutral detergent, sanitized with 200 mg L
-1
sodium hypochlorite for 15 min.
The shoot parts of the pupunha palm cabbage were utilized. They were
processed in rings and triangles of 1 cm in thickness, sanitized with 100 mg L
-1
sodium dichloroisoacyanurate for 10 minutes and 0.5% cysteine for 15 minutes.
Afterwards, they were packed into stiff polypropylene packages stored for 12
days at 5 ºC (
±
1ºC and 90%
±
5% RH). The experimental design was
completely randomized in 2x7 factorial (2 types of cuts and 7 storage times)
with three replicates. The shoot part of fresh-cut pupunha palm cabbage
maintained its quality throughout the storage, with a useful life of eight days, its
being able to be utilized in processing in order to minimize the residues
generated by that activity. The cut into rings is the most indicated, for it
presented better results as regards firmness, titrable acidity, soluble solids and
dietary fibers.
*
Guidance committee: Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima DCA/UFLA
(adviser), Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra DCA/UFLA (co-adviser).
96
3 INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior produtor, consumidor e já foi o maior exportador de
palmito em conserva, (Reis et al., 2000). A pupunheira (
Bactris gasipaes
Kunth)
surge como uma opção para atender a demanda interna e externa, por apresentar
características desejáveis quanto ao seu cultivo e qualidade do palmito
produzido, (Anefalos et al., 2007) Anefalos et al. (2007) relatam que a área
cultivada de pupunheiras no Brasil aumentou no final da década de 1990, fato
justificado pelo aumento da demanda desse produto e, principalmente, pela
redução significativa do palmito extraído de palmeiras nativas.
O palmito é constituído de três partes, (Raupp & Chaimsohn, 2001):
caulinar (basal), de maior diâmetro, situada na região mais baixa do talo do
palmito; apical, de aspecto foliar e diâmetro reduzido, situada no ápice do talo;
e, creme, coração ou tolete, localizada entre as partes basal e apical. Uma das
vantagens da pupunha é o rendimento, relativamente alto, de palmito caulinar
que se constitui em um produto para elaboração de diversos tipos de conserva,
(Gomes et al., 2006).
O palmito obtido da pupunha apresenta, em contraste com os extrativos
nativos do gênero Euterpe, sabor adocicado, coloração ligeiramente amarelada e
palatabilidade mais pastosa, com menor sensação de fibrosidade, (Bernhardt,
1999). Essas características favorecem a produção de palmito em conserva e
minimamente processado, com aproveitamento máximo tanto da matéria-prima
foliar quanto caulinar (basal), (Kapp et al., 2003; Gomes et al., 2006).
O mercado de frutas e hortaliças minimamente processadas aumentou
nos últimos anos em resposta ao estilo de vida moderna dos consumidores,
(Cantos et al., 2002, citado por Limbo & Piergionavanni, 2006).
97
Um dos principais entraves ao desenvolvimento da indústria de
processamento mínimo está associado à significativa quantidade de resíduos
orgânicos que são gerados pela atividade. Em muitos casos o rendimento
agroindustrial é da ordem de 30%, ou seja, 70% da matéria-prima são
descartadas como resíduo, (Moretti & Machado, 2006).
Segundo os mesmos autores, em um mundo globalizado, no qual
significativa parte da população encontra sérias dificuldades para conseguir
alimento, é inconcebível uma atividade agroindustrial desperdiçar um resíduo
que poderia ser utilizado como produto alimencio para a população.
A execução de experimentos com palmito pupunha minimamente
processado em rodelas, utilizando a parte central (creme), gera grande
quantidade de resíduos. Além de resíduos, as camadas externas (folhas) que
envolvem o palmito, a parte caulinar não é utilizada no processamento, devido a
diferenças quanto à coloração, à fibrosidade e à espessura das rodelas.
Devido à grande perda da parte caulinar gerada anteriormente na
execução de alguns experimentos com palmito pupunha, o objetivo deste
trabalho foi o aproveitamento desse resíduo na produção de palmito pupunha
caulinar minimamente processado em rodelas e triângulos, que podem ser
consumidos cozidos em água ou utilizados na elaboração de tortas, sopas e
outras refeições.
98
4 MATERIAL E MÉTODOS
Para este experimento foram utilizados 70 estirpes de palmito pupunha
(B
. gasipa,
), extraídos de pupunheiras do município de Coqueiral MG. Os
estirpes foram transportados para o Laboratório de Pós-colheita de Frutas e
Hortaliças (Departamento de Ciência dos Alimentos - Universidade Federal de
Lavras), lavados em água corrente e detergente neutro, para eliminação de
sujidades provenientes do campo. Inicialmente os estirpes foram imersos em
solução de hipoclorito de sódio 200 mg.L
-1
por 15 minutos para evitar
contaminação durante o processamento. Em seguida os estirpes foram envoltos
em policloreto de vinila (PVC) e armazenados em mara fria (10ºC,
±
1ºC e
90%
±
5% UR) por 12 horas para retirada do calor de campo.
A pré-limpeza (retirada das bainhas externas que envolvem o palmito)
foi feita com auxílio de faca afiada de aço inoxidável em área reservada para tal
etapa. Posteriormente, os palmitos foram transportados para a sala de
processamento mínimo e selecionados de acordo com o diâmetro (9 cm).
Utilizaram-se os resíduos (parte caulinar) do processamento dos palmitos em
rodelas, os mesmos de outro experimento. Em seguida as partes caulinares dos
palmitos foram lavadas em água corrente e fatiadas manualmente no sentido
transversal (1 cm de espessura), parte das fatias foi cortada em quatro, resultado
no corte em triângulos. Posteriormente as rodelas e triângulos de pupunha foram
imersos em solução de dicloroisocianurato de sódio 100 mg.L
-1
por 10 minutos e
em seguida imersos em solução de cisteína 0,5% por 15 minutos para evitar o
escurecimento enzimático durante o armazenamento. O excesso da solução foi
drenado em peneiras plásticas por 3 minutos, acondicionados em embalagens
rígidas de polipropileno (15 x 11,5 x 4,5 cm) com tampa do mesmo pomero,
contendo 150g do produto e armazenados em mara fria (5ºC
±
1ºC e 90%
±
99
5% UR), durante doze dias. Todas as etapas do processamento foram conduzidas
em condições normais de higiene pelos manipuladores. A cada dois dias foram
realizadas as seguintes análises:
pH
obtido por potenciometria com eletrodo indicador de vidro,
utilizando um
pHmetro Schott Handylab, segundo a técnica da ASSOCIATION OF
OFFICIAL AGRICULTURA CHEMISTS
-
AOAC (1992).
Acidez titulável (% ácido cítrico)
– determinada por titulação com solução de
hidróxido de sódio (NaOH) 0,1N FC 0,98, tendo como indicador fenolftaleína,
de acordo com o INSTITUTO ADOLFO LUTZ (1985).
Sólidos solúveis (
o
Brix)
foi feita em refratômetro digital ATAGO PR-100,
com compensação automática de temperatura automática a 25ºC. Os resultados
foram expressos em ºBrix, segundo técnica da AOAC (1992).
Firmeza (N)
realizada com auxílio de Texturômetro Stable Micro System
modelo TAXT2i, utilizando probe tipo agulha P/2N (2mm de diâmetro), que
mediu a força de penetração desta nas rodelas, numa velocidade de 5mm/s e
numa distância de penetração de 5mm, valores estes previamente fixados. Foi
usada uma plataforma HDP/90 como base.
Valor L* a* e b*
- medidos por refratometria, utilizando-se colorímetro marca
Minolta, modelo CR 400. A coordenada L* indica quão escuro e quão claro é o
produto (valor zero cor preta e valor 100 cor branca). A coordenada a* está
relacionada à intensidade de verde e vermelho e a coordenada b* está
relacionada à intensidade de azul (-70) e amarelo (+70).
Açúcares solúveis totais (%)
: extraídos com álcool etílico a 80% e
determinados pelo método de Antrona (DISCHE, 1962) com os resultados
expressos em g de glicose por 100g de palmito pupunha.
Fibra dietética solúvel, insolúvel e total
: método enzimático gravimétrico
baseado nos métodos 32-05 da AACC (1986) e método 985.29 da AOAC
(1985), citados por Moretto (2002).
100
Atividade de água:
realizado com a utilização do equipamento Aqualab,
modelo CX-2 (Decagon Devices Inc., Pullman,WA) à temperatura de 15ºC.
O delineamento experimental deste trabalho foi o inteiramente
casualizado (DIC) em fatorial 2 x 7, sendo dois tipos de corte (fatias e
triângulos) e 7 tempos de armazenamento (0, 2, 4, 6, 8, 10 e 12 dias), com três
repetições. As análises estasticas foram realizadas com auxílio do programa
SISVAR, (Ferreira, 2000). As análise de variância, as médias, quando
significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% e 5% de
probabilidade e ajustadas pelos modelos de regressão para tempo de
armazenamento.
101
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Coloração (valores L*, a* e b*)
O valor L* não foi influenciado pelos fatores estudados, tampouco pela
interação entre eles. No presente estudo, observou-se valor médio de 81,69. O
fato desse valor permanecer constante durante todo armazenamento e não se
diferenciar entre os tipos de corte, deve-se provavelmente à ação antioxidante da
cisteína 0,5%, aplicada nos palmitos minimamente processados, que preveniu o
escurecimento enzimático causado pelas enzimas oxidases.
Em relação ao valor a*, houve interação significativa entre tempo de
armazenamento e tipo de corte, (Tabela 1). O desdobramento dos tempos de
armazenamento nos tipos de corte permitiu observar que o valor a* permaneceu
constante ao longo do armazenamento nos palmitos cortados em triângulos;
quanto aos cortados em rodelas houve alteração nesse valor até o fim do período
de armazenamento. Analisando os tipos de corte em cada tempo de
armazenamento, observou-se diferença estastica somente nos tempos 0 e 2
dias, onde os valores foram maiores nas rodelas.
102
TABELA 1 Valores médios de valor a* e valor b* da parte caulinar de palmito
pupunha minimamente processado em triângulos e rodelas
armazenados a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias
(DCA/UFLA).
Tempo
Valor a*
Valor b*
(dias)
Triângulos
Rodelas
Triângulos
Rodelas
0
-2,47 A b
-1,28 A a
13,88 A b
12,94 C b
2
-2,83 A b
-2,07 ABC a
16,14 A b
14,6 ABC b
4
-2,43 A b
-2,83 C b
15,3 A b
17,77 A a
6
-2,26 A b
-1,96 ABC b
15,98 A a
13,5 AB b
8
-2,35 A a
-2,18 ABC a
18,35 A a
14,52 ABC a
10
-2,01 A a
-2,04 BC a
15,05 A a
16,34BC a
12
-2,18 A a
-1,69 AB a
14,75 A a
13,33 AB a
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas representam semelhanças
estasticas pelo teste de Tukey a 5% para o valor b* e 1% para o valor a*.
**Médias seguidas de mesma letra miscula nas linhas representam semelhanças
estasticas pelo teste de Tukey a 5% % para o valor b* e 1% para o valor a*.
Houve variação no valor b*, em relação ao tempo de armazenamento,
apenas nos palmitos processados em rodelas. O processamento em triângulos
manteve os valores constantes até o término do armazenamento. A análise do
desdobramento dos tipos de corte mostrou que esses diferiram
significativamente no quarto e sexto dia de armazenamento.
De acordo com os resultados apresentados acima, acredita-se que o
processamento dos palmitos em triângulos foi o que melhor manteve a
uniformidade da coloração durante o armazenamento.
Firmeza
Houve diferença estastica significativa na firmeza dos palmitos no
tempo de armazenamento e nos tipos de corte isoladamente. As oscilões nos
valores de firmeza, ocorridas até o oitavo dia de armazenamento, podem ser
103
consideradas mínimas do ponto de vista prático, entretanto, ocorreu aumento
considerável nesses valores no décimo e décimo segundo dia de armazenamento,
(Figura 1). Esse aumento ocorreu, provavelmente, devido à grande perda de
água dos palmitos, com conseente murchamento e dificuldade de penetração
da probe, Sarzi (2002) e Sasaki (2005).Esses mesmo autores avaliando a textura
de mamão formosa e moranga minimamente processada, respectivamente,
registraram, também, aumento nos valores e associaram tal fato à perda de
umidade, com formação de camada superficial mais firme.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (dias)
Firmeza (N)
FIGURA 1 Valores médios de firmeza (N) da parte caulinar de palmito pupunha
minimamente processado ao longo do armazenamento a 5ºC (
±
1ºC
e 90%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Os palmitos processados em triângulos apresentaram valores superiores
de firmeza comparados aos processados em rodelas, (Figura 2). Sugere-se que o
corte em triângulos favorece maior perda de água, conseentemente, maior
murchamento e mais dificuldade de penetração da probe.
104
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2
Triângulos
Rodelas
Tipos de corte
Firmeza (N)
FIGURA 2 Valores médios de firmeza (N) da parte caulinar de palmito pupunha
minimamente processado em triângulos e rodelas armazenados a
5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Barras acompanhadas de diferentes letras diferem estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey a 5%.
Acidez titulável e pH
A variável acidez titulável foi afetada significativamente entre os tipos
de corte. Observou-se menor valor nos palmitos cortados em triângulos, (Figura
3). Apesar da pouca diferença entre esses valores médios, sugere-se que o corte
em triângulos apresentou maior taxa respiratória, visto que valores inferiores de
acidez titulável estão relacionados, provavelmente, ao maior consumo de ácidos
orgânicos no processo respiratório. A resposta do tecido ao ferimento,
normalmente aumenta à medida que se intensifica a severidade do corte. Quanto
menor for o tamanho ou maior a área exposta do produto minimamente
processado, maior será sua atividade metalica e respiratória, (Chitarra, 2000),
conseentemente, menor será sua porcentagem de ácidos orgânicos.
a
b
105
0,18
0,19
0,2
0,21
0,22
0,23
Triângulos
Rodelas
Tipos de corte
Acidez titulável (% de
ácdio cítrico)
FIGURA 3 Valores médios de acidez titulável (% de ácido cítrico) da parte
caulinar de palmito pupunha minimamente processado em
triângulos e rodelas armazenados a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR),
durante doze dias (DCA/UFLA). Barras acompanhadas de
diferentes letras diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey a 5%.
O pH foi influenciado significativamente pelo tempo de armazenamento.
Houve ligeira variação nos valores de pH dos palmitos com o decorrer do
armazenamento, sendo que a partir do oitavo dia esses valores aumentaram até o
fim do período de armazenamento, (Figura 4).
Acredita-se que a ligeira variação no pH é atribuída à baixa atividade
metalica do palmito e ao efeito tampão, ocasionado pela presença simultânea
de ácidos orgânicos e de seus sais permitindo que o processo respiratório não
afete significativamente os valores de pH.
a
b
106
5
5,25
5,5
5,75
6
6,25
6,5
0
2
4
6
8
10
12
Tempo de armazenamento (dias)
pH
FIGURA 4 Valores médios de pH da parte caulinar de palmito pupunha
minimamente processado em triângulos e rodelas armazenados a
5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias (DCA/UFLA).
Sólidos solúveis e açúcares solúveis totais
O teor de sólidos solúveis foi afetado significativamente pelos tipos de
corte. Os palmitos processados em triângulos apresentaram valores inferiores ao
das rodelas, (Figura 5). Acredita-se que o corte dos palmitos em triângulos
acarretou maior injúria no produto, resultando num metabolismo mais acentuado
e, conseentemente, maior decréscimo nas reservas energéticas do tecido.
Segundo Chitarra (2000), os principais substratos utilizados são os úcares
livres e os ácidos orgânicos e a redução na concentração dos mesmos se reflete
nas perdas características de sabor do produto.
107
6,6
6,8
7
7,2
7,4
7,6
Triângulos
Rodelas
Tipos de corte
Sólidos solúveis (ºBrix)
FIGURA 5 Valores médios de sólidos solúveis (ºBrix) da parte caulinar de
palmito pupunha minimamente processado em triângulos e rodelas
armazenados a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias
(DCA/UFLA). Barras acompanhadas de diferentes letras diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.
Não houve
alteração significativa dos fatores estudados tempo de
armazenamento e tipo de corte para a variável úcares solúveis totais,
observando-se valor médio de 5,53%. Monteiro et al. (2002) encontraram em
seu trabalho, com alimentos à base de palmito pupunha, 1,6% de açúcares
redutores da parte caulinar de palmito pupunha fresco.
Atividade de água
A atividade de água dos palmitos foi semelhante estatisticamente no
tempo de armazenamento e, também, nos tipos de corte. Observou-se valor
médio de 0,99 para essa variável. Pode- se considerar que os palmitos pupunha
apresentaram elevada atividade de água. Alguns autores como Gottinari et al.
(1998)
;
Brandão et al. (2003) e Pereira et al. (2003) consideram valores
superiores a 0,9 como sendo de alta atividade de água. Segundo Porte & Maia
b
a
108
(2001), frutas e hortaliças apresentam atividade de água em torno de 0,95 ou
mais, permitindo elevado crescimento microbiano.
Fibras dietéticas (insolúvel, solúvel e total)
Foi observada diferença significativa no teor de fibras dietéticas
insolúvel e total apenas entre os tipos de corte. As fibras dietéticas solúveis não
apresentaram diferença significativa, mostrando valores médios de 0,44%. Essa
fração fibra inclui pectinas, gomas, mucilagens e alguns tipos de hemiceluloses,
(Corrêa, 2002). Yuyama et al. (1999) e Corpei (2001) encontraram 0,0% e
0,7%, respectivamente, de fibra solúvel na parte central de palmito pupunha
fresco.
A porcentagem de fibra insolúvel foi superior nos palmitos cortados em
triângulos, (Figura 6). Isso ocorreu, provavelmente, pelo aumento de lignina em
resposta ao maior dano que esse tipo de corte causou nos tecidos.
As fibras insolúveis consistem de celulose, alguns tipos de hemicelulose
e lignina, (Corrêa, 2002). A lignina é um pomero complexo formado por
unidades de fenilpropanoides simples, (Taiz & Zeiger, 2004). Ela se deposita na
superfície do tecido vegetal formando uma barreira física responsável pelo
endurecimento da área danificada. Esse processo é chamado de cicatrização
vegetal e ocorre em resposta do tecido à injúria mecânica causada pelo
processamento, (Chitarra, 2000).
Os valores médios de fibra insolúvel (2,88%), encontrados neste
trabalho, da parte caulinar de palmito pupunha, são inferiores ao da parte central
do palmito (3,8%), observado por Yuyama et al. (1999) em seu estudo com
palmito pupunha in natura.
109
2,7
2,75
2,8
2,85
2,9
2,95
3
Triângulos
Rodelas
Tipos de corte
Fibra dietética insolúvel (%)
FIGURA 6 Valores médios de fibra dietética insolúvel (%) da parte caulinar de
palmito pupunha minimamente processado em triângulos e rodelas
armazenados a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias
(DCA/UFLA). Barras acompanhadas de diferentes letras diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.
As fibras dietéticas totais apresentaram comportamento semelhante às
fibras insolúveis, pois, essas estão presentes em maior porcentagens no palmito
que as solúveis, (Figura 7). Os palmitos em triângulos apresentaram maior valor
que os palmitos processados em rodelas. Os valores observados neste estudo são
superiores ao encontrado por Monteiro et al. (2002), onde mostraram
porcentagem de 2,8% de fibras totais da parte caulinar de palmito pupunha
fresco.
b
a
110
3,1
3,15
3,2
3,25
3,3
3,35
3,4
3,45
Triângulos
Rodelas
Tipos de corte
Fibra dietética total (%)
FIGURA 7 Valores médios de fibra dietética total (%) da parte caulinar de
palmito pupunha minimamente processado em triângulos e rodelas
armazenados a 5ºC (
±
1ºC e 90%
±
5% UR), durante doze dias
(DCA/UFLA). Barras acompanhadas de diferentes letras diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.
Sugere-se que houve manutenção da qualidade nutricional, referindo-se
à fibra dietética, da parte caulinar do palmito pupunha ao longo do
armazenamento, visto que não houve diferença significativa dessa variável em
função do tempo de armazenamento. Esse fato é de considerável relevância,
visto que as fibras são de grande importância para a saúde humana. Além de
suas propriedades fisiológicas (capacidade de retenção da água, viscosidade,
fermentação), elas agem como lixeiros de radicais livres exercendo efeito
protetor contra vários tipos de câncer.
a
b
111
6 CONCLUSÃO
A parte caulinar de palmito pupunha minimamente processado mantém
a qualidade ao longo do armazenamento, com oito dias de vida útil, podendo ser
utilizada no processamento a fim de minimizar os resíduos gerados por essa
atividade.
O corte em rodelas é o mais indicado, apresentando melhores resultados
quanto à firmeza, acidez titulável, sólidos solúveis e fibras dietéticas.
112
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGFICAS
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Anais...
Porto Velho: UNIR, 1999. p.127.
115
ANEXOS
ANEXO A Página
TABELA 1A Quadrados
médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para a coloração (valores L*,a* e b*) de
palmito pupunha minimamente processado com
aplicação de diferentes antioxidantes.
118
TABELA 2A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para a acidez titulável (AT), pH e sólidos
solúveis (SS) de palmito pupunha minimamente
processado com aplicação de diferentes antioxidantes.
118
TABELA 3A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para a firmeza, perda de massa, úcares
solúveis totais (AST) de palmito pupunha
minimamente processado com aplicação de diferentes
antioxidantes.
119
TABELA 4A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para atividade da peroxidase e
polifenoloxidase de palmito pupunha minimamente
processado com aplicação de diferentes antioxidantes.
119
TABELA 5A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para fibras insolúveis (FI), fibras solúveis
(FS) e fibras totais (FT) de palmito pupunha
minimamente processado com aplicação de
120
116
minimamente processado com aplicação de
antioxidantes.
TABELA 6A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para as variáveis sensoriais cor, odor,
firmeza e aceitabilidade de palmito pupunha
minimamente processado.
120
TABELA 7A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para coloração (valor L*, a* e b*) da parte
basal de palmito pupunha minimamente processado.
121
TABELA 8A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para pH, acidez titulável (AT) e sólidos
solúveis (SS) da parte basal de palmito pupunha
minimamente processado.
121
TABELA 9A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para firmeza, atividade de água (aw) e
úcares solúveis totais (AST) da parte basal de
palmito pupunha minimamente processado.
122
TABELA 10A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para fibras insolúveis (FI), fibras
solúveis (FS) e fibras totais (FT) da parte basal de
palmito pupunha minimamente processado.
122
TABELA 11A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para pH e AT de palmito pupunha
minimamente processado submetidos à aplicação de
123
117
minimamente processado submetidos à aplicação de
diferentes sanificantes.
TABELA 12A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para coliformes a 35ºC e a 45ºC de
palmito pupunha minimamente processado
submetidos à aplicação de diferentes sanificantes.
123
118
TABELA 1A Quadrados
médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para a coloração (valores L*,a* e b*) de palmito
pupunha minimamente processado com aplicação de diferentes
antioxidantes.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
L*
a*
b*
Tratamento
3
0,2017
0,575
0,000**
Tempo
6
0,0000**
0,0000**
0,000**
Tratamento x Tempo
18
0,7854
0,0002**
0,000**
Erro
56
-----
-------
-----
Total
83
Média geral
83,37
-0,44
15,01
CV (%)
1,53
5,41
9,04
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
TABELA 2A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para a acidez titulável (AT), pH e sólidos solúveis
(SS) de palmito pupunha minimamente processado com
aplicação de diferentes antioxidantes.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
pH
AT
SS
Tratamento
3
0,000**
0,1160
0,0015**
Tempo
6
0,122*
0,0001**
0,0000**
Tratamento x Tempo
18
0,2598
0,0017**
0,0507
Erro
56
-----
-------
-----
Total
83
Média geral
6,1
0,22
0,85
CV (%)
2,58
16,59
12,67
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
119
TABELA 3A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para a firmeza, perda de massa, úcares solúveis
totais (AST) de palmito pupunha minimamente processado com
aplicação de diferentes antioxidantes.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
Firmeza
Perda de massa
AST
Tratamento
3
0,0008**
0,1264
0,4271
Tempo
6
0,0955**
0,0000**
0,4102
Tratamento x Tempo
18
0,0307*
0,9691
0,4742
Erro
56
-----
-------
-----
Total
83
Média geral
1,65
0,34
3,1
CV (%)
11,30
19,7
24,75
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
TABELA 4A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para atividade da peroxidase e polifenoloxidase de
palmito pupunha minimamente processado com aplicação de
diferentes antioxidantes.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
Peroxidase
Polifenoloxidase
Tratamento
3
0,0000
0,0066**
Tempo
6
0,1311
0,4344
Tratamento x Tempo
18
0,0047**
0,4649
Erro
56
-----
-------
Total
83
Média geral
1570,21
150,17
CV (%)
38,10
25,30
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
120
TABELA 5A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para fibras insolúveis (FI), fibras solúveis (FS) e
fibras totais (FT) de palmito pupunha minimamente processado
com aplicação de diferentes antioxidantes.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
FI
FS
FT
Tratamento
3
0,0018**
0,0000**
0,0000**
Tempo
6
0,8892
0,0027**
0,3010
Tratamento x Tempo
18
0,9777
0,05246
0,4621
Erro
56
-----
-------
-----
Total
83
Média geral
3,66
0,47
4,06
CV (%)
27,44
8,68
6,37
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
TABELA 6A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para as variáveis sensoriais cor, odor, firmeza e
aceitabilidade de palmito pupunha minimamente processado.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
Cor
Odor
Firmeza
Aceitabilidade
Local
2
0,0000**
0,0000**
0,2322
0,2145
Dias x Local
12
0,0052**
0,0853**
0,8354
0,9124
Dias
6
0,0000**
0,0004**
0,1881
0,4765
Consumidor
39
0,0000**
0,0037**
0,1052
0,4213
erro
640
------
------
------
------
Total
699
Média geral
6,72
8,36
32,49
6,7
CV (%)
37,56
27,55
7,52
25,44
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
121
TABELA 7A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para coloração (valor L*, a* e b*) da parte basal de
palmito pupunha minimamente processado.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
Valor L*
Valor a*
Valor b*
Tempo
6
0,4282
0,0158*
0,0035**
Tipo de corte
1
0,3109
0,0122*
0,5648
Tipo de corte x Tempo
6
0,4605
0,0073**
0,0245**
Erro
28
-----
-------
-----
Total
41
Média geral
81,69
-2,21
14,83
CV (%)
14,28
16,65
8,77
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
TABELA 8A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para pH, acidez titulável (AT) e sólidos solúveis
(SS) da parte basal de palmito pupunha minimamente
processado.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
pH
AT
SS
Tempo
6
0,0001**
0,0103
0,1236
Tipo de corte
1
0,2541
0,0008**
0,0000**
Tipo de corte x Tempo
6
0,1220
0,2547
0,2415
Erro
28
-----
-------
-----
Total
41
Média geral
5,83
0,21
7,22
CV (%)
1,42
10,73
3,5
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
122
TABELA 9A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para firmeza, atividade de água (aw) e açúcares
solúveis totais (AST) da parte basal de palmito pupunha
minimamente processado.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
Firmeza
aw
AST
Tempo
6
0,0171*
0,0512
0,3625
Tipo de corte
1
0,0295*
0,8993
0,1245
Tipo de corte x Tempo
6
0,2381
0,6538
0,5821
Erro
28
-----
-------
-----
Total
41
Média geral
1,88
0,99
9,68
CV (%)
11,46
1,76
5,53
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
TABELA 10A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para fibras insolúveis (FI), fibras solúveis (FS) e
fibras totais (FT) da parte basal de palmito pupunha
minimamente processado.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
FI
FS
FT
Tempo
6
0,2564
0,6521
0,7412
Tipo de corte
1
0,0412*
0,2539
0,0251*
Tipo de corte x Tempo
6
0,5231
0,3256
0,8456
Erro
28
-----
-------
-----
Total
41
Média geral
2,88
0,44
3,35
CV (%)
8,52
7,48
10,47
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
123
TABELA 11A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para pH e AT de palmito pupunha minimamente
processado submetidos à aplicação de diferentes sanificantes.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
pH
AT
Tratamento
6
0,2578
0,2322
Tempo
2
0,1311
0,4344
Tratamento x Tempo
12
0,4649
0,6248
Erro
42
-----
-------
Total
62
Média geral
4,99
3,92
CV (%)
5,97
0,21
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
TABELA 12A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
signifincia para coliformes a 35ºC e a 45ºC de palmito
pupunha minimamente processado submetidos à aplicação de
diferentes sanificantes.
Causas de
Quadrados
médios
variação
GL
35ºC
45ºC
Tratamento
6
0,0000**
0,6258
Tempo
2
0,0298*
0,0254*
Tratamento x Tempo
12
0,5123
0,0089**
Erro
42
-----
-------
Total
62
Média geral
18,4
13,65
CV (%)
2,3
1,41
* e ** indicam valores do Teste F significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente.
124
ANEXO B Página
Ficha de avaliação para análise sensorial..............................................125
125
FICHA DE AVALIAÇÃO PARA ANÁLISE SENSORIAL
Faixa etária: Sexo:
( ) F
Freência de
(
) M
Consumo de palmito:
( )10 – 20 anos ( ) muito
( ) 21 – 30 anos ( ) moderado
( ) 31 – 40 anos ( ) pouco
( ) 41 – 50 anos ( ) ocasionalmente:
( ) acima de 50 anos ( ) raramente
( ) nunca
Amostra
Avalie as seguintes características do palmito atribuindo pontos de 0 a 100:
Cor: 0 (amarelo) – 100 (branco)
Nota:
Odor: 0 (cheiro forte) –100 (cheiro fraco)
Nota:
Firmeza: 0 (murcho) – 100 (crocante)
Nota:
Aceitabilidade:
Avalie a amostra utilizando a escala abaixo:
( ) gostei muitíssimo
( ) gostei muito
( ) gostei moderadamente
( ) gostei ligeiramente
( ) não gostei nem desgostei
( ) desgostei ligeiramente
( ) desgostei moderadamente
( ) desgostei muito
( ) desgostei muitíssimo
Nome do arquivo: dissertação PDF.Marisa.doc
Pasta: C:\Meus documentos\Marisa Botelho
Modelo: C:\WINDOWS\Application
Data\Microsoft\Modelos\Normal.dot
Título: 1 Título Efeito do tipo de corte em moranga (cucurbita maxima)
minimamente processada armazenada sob refrigeração
Assunto:
Autor: x
Palavras-chave:
Comentários:
Data de criação: 27/3/2008 09:02
Número de alterões: 4
Última gravação: 27/3/2008 09:04
Gravado por: º
Tempo total de edição: 8 Minutos
Última impressão: 27/3/2008 09:09
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