28
Na visão de Marcuschi (2003), compreensão é um processo criador, ativo,
construtivo que vai além da informação estritamente textual. E, ainda, na visão de Koch
(2002, p.17), é uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que
se realiza, evidentemente, com base nos elementos lingüísticos presentes na superfície
textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de um vasto conjunto
de saberes (enciclopédicos) e sua reconstrução deste no interior do evento comunicativo.
A busca pela inserção no mundo se faz a partir da confrontação de diferentes
horizontes de significado. O indivíduo sente-se inserido à medida que desvela e vivencia
significados atribuídos ao mundo por ele mesmo e pelos outros (SILVA, 1996). Por outro
lado, as significações que elabora do mundo dependem das posições que nele assume.
Portanto, o estar-no-mundo já se revela como uma atribuição de significados.
De acordo com Koch (2000), na interlocução, indivíduo e texto transformam-se
mutuamente. O fenômeno da compreensão cria e recria realidades até então inexistentes:
um novo livro, um mundo novo, um novo sujeito.
As inferências são processos cognitivos que implicam a construção de
representação semântica baseada na informação textual e no contexto, sendo justamente a
capacidade de reconhecimento da intenção comunicativa do interlocutor, e mais
precisamente, no caso do texto escrito, que caracteriza o leitor maduro e, portanto, crítico,
questionador e reconstrutor dos saberes acumulados culturalmente (MARCUSCHI, 1985 e
1989).
O texto é lugar de interação de sujeitos sociais, os quais, dialogicamente,
nele se constituem e são constituídos; e que, por meio de ações
lingüísticas e sociocognitivas, constroem objetos de discurso e propostas
de sentido, ao operarem escolhas significativas entre as múltiplas formas
de organização textual e as diversas possibilidades de seleção lexical que
a língua lhes põe à disposição” (KOCH,2006).
Para Koch (2006), na concepção interacional (dialógica) da língua, os sujeitos são
vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos, que – dialogicamente – se
constroem e são construídos no texto.