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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ALEXANDRE MAGNO FERREIRA DINIZ
AÇÕES DO CENTEC NA PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO JUNTO AS
MPE DA REGIÃO DO CARIRI/CE
JOÃO PESSOA - PB
2006
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17
ALEXANDRE MAGNO FERREIRA DINIZ
AÇÕES DO CENTEC NA PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO JUNTO AS
MPE DA REGIÃO DO CARIRI/CE
Dissertação submetida à apreciação da banca
examinadora do Programa de Pós-graduação
em Engenharia de Produção da Universidade
Federal da Paraíba, como parte dos requisitos
necessários, para a obtenção do grau de Mestre
em Engenharia de Produção.
Área de concentração: Gestão da Produção
Subárea: Tecnologia, Trabalho e Organizações
Professora orientadora: Maria do Socorro Márcia Lopes Souto, Dr
a
.
JOÃO PESSOA - PB
2006
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18
ALEXANDRE MAGNO FERREIRA DINIZ
AÇÕES DO CENTEC NA PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO JUNTO AS
MPE DA REGIÃO DO CARIRI/CE
Dissertação julgada e aprovada em 5 de dezembro de 2006, como parte dos requisitos
necessários, para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção do Programa de
Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba.
Área de concentração: Gestão da Produção
Subárea: Tecnologia, Trabalho e Organizações
BANCA EXAMINADORA
Prof
a
. Maria do Socorro Márcia Lopes Souto – Dr
a
.
Universidade Federal da Paraíba
Orientadora
Prof
a
. Ana Cristina Taigy – Dr
a
.
Universidade Federal da Paraíba
Examinadora
Prof
a
. Sandra Leandro Pereira – Dr
a
.
Universidade Federal da Paraíba
Examinadora
19
Este trabalho é dedicado a todos aqueles que
souberam entender a minha ausência durante a sua
realização, especialmente, à minha esposa, Ângela e
aos meus filhos Mateus e Marina.
De modo particular, ao meu pai Bento, que
contribuiu bastante para realização deste trabalho, e
com carinho à minha mãe Loló.
20
AGRADECIMENTOS
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade
Federal da Paraíba, que, com seus ensinamentos, colaboraram para a execução desta
dissertação.
Ao Instituto Centec, que me deu a oportunidade da realização deste trabalho.
Às professoras Maria de Lourdes Barreto Gomes e Aurélia Acuña Idrogo, que contribuíram
com alguns fundamentos voltados à sua área de conhecimento.
Às professoras Ana Cristina Taigy e Sandra Leandro Pereira pela participação na Banca
Examinadora e as contribuições técnicas e científicas para a melhoria do conteúdo desta
dissertação.
As micro e pequenas empresas do Cariri, participantes da pesquisa de campo, por abrirem
suas portas, contribuindo com as informações.
De modo especial, expresso minha gratidão à professora Maria do Socorro Márcia Lopes
Souto, orientadora deste trabalho pelas críticas, cobranças, colaboração e, principalmente,
paciência.
A Deus, que me permitiu chegar até aqui, e que me dá forças para prosseguir.
21
Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor.
Mas lutamos para que o melhor fosse feito. Não
somos o que deveríamos ser, não somos o que
iremos ser, mas graças a Deus não somos o que
éramos”.
Martin Luther King
22
DINIZ, Alexandre Magno Ferreira. Ações do Centec na promoção do
desenvolvimento tecnológico junto as MPE da região do Cariri/CE. 2006.
143f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção, UFPB, João Pessoa.
RESUMO
No âmbito do setor produtivo, percebe-se que as transformações verificadas,
caracterizam-se por inovações tecnológicas, nos processos de manufatura, nos
produtos e nas operações. Inseridas neste contexto econômico encontram-se
as Micro e Pequenas Empresas (MPE), que assumem grande importância
socioeconômica na região do Cariri. Este trabalho tem o objetivo de descrever
as ações do Centec, no sentido de promover o desenvolvimento tecnológico
junto as MPE – Cariri/Ce. Constata-se que as MPE enfrentam inúmeras
dificuldades, como a falta de mão-de-obra qualificada, o despreparo dos
empreendedores no que se refere à criação ou utilização de inovação
tecnológica, contribuindo para ampliar o afastamento do modelo almejado de
competitividade e elevando a taxa de mortalidade dessas empresas. O Centec,
como órgão de desenvolvimento regional, pode influenciar para a reversão da
situação apresentada, através da implementação e acompanhamento de
projetos oriundos de órgãos governamentais do Ceará. A pesquisa foi
realizada em quarenta e sete MPE do segmento industrial da região do
Cariri/Ce, por meio do questionário aplicado aos dirigentes das empresas.
Buscou-se verificar as ações do Centec junto as MPE, quanto a: ocorrência da
transferência do conhecimento através das consultorias do Centec;
contribuição dos egressos e estagiários do Centec para a geração e
transferência do conhecimento; contribuição dos treinamentos realizados
pelas MPE, em parcerias com o Centec, para o desenvolvimento tecnológico.
Como resultado da pesquisa, conclui-se que as consultorias do Centec não
atingem de forma expressiva as MPE e, quando isso ocorre, os resultados são
aplicados em parte, por diversos motivos citados nas análises dos resultados.
Quanto às atividades desenvolvidas pelos egressos e estagiários nas MPE, os
resultados foram favoráveis, havendo, inclusive, a transferência e a geração
do conhecimento para as empresas. Observou-se, também, que os
conhecimentos transferidos através de treinamentos ofertados aos
funcionários das MPE pelo Centec, são aplicados satisfatoriamente nas
empresas.
Palavras-chave: Gestão do conhecimento; Desenvolvimento tecnológico; Micro e pequenas
empresas.
23
DINIZ, Alexandre Magno Ferreira. Actions of Centec in the promotion the
technological development together MPE of the region of Cariri/CE. 2006.
143f. Dissertation (Production Engineering Master’s Degree) – Production
Engineering Post-graduation Program, UFPB, João Pessoa.
ABSTRACT
On the scope of the productive sector, one realizes that the verified transformations are
characterized by technological innovations in the manufactured processes, in the products
and in the operations. Inside this economic context, the Micro and Small Companies (MSC)
have a great social and economic importance in the region of Cariri. The main goal of this
work is to describe the actions of the Centec, in the sense of promoting the technological
development of the MSC - Cariri/CE. It's evidenced the occurrence, in the MSC, of any kind
of difficulties, such as: the lack of not qualified workers and the fact of the entrepreneurs are
not prepared to create or use the technological innovations, contributing to increase the
mortality index of these companies and lowing their competitiveness power. The Centec, as
an agency of regional development, can influence to revert the presented situation, through
the implementation and conduction of projects from the governmental departments of Ceará.
This research was proceeded in 47 (forty-seven) MSC, therefore the answering of a
questionnaire by the entrepreneurs. It looked for the active actions of Centec in the MSC,
such as, the occurrence of knowledge transference through the consulting services of Centec;
the Centec's graduated professionals' and trainers' contribution to the generation and
transference of knowledge; the contribution of the trainings carried out by the MSC, having
the Centec as partner, to the technological development. As the research result, one
concludes that the Centec's consulting services don't influence in an expressive way the MSC
and, when it happens, the results are applied in part, for all sort of reasons cited in the
analysis results. For the matter of the activities developed by the Centec's graduated
professionals and trainers in the MSC, the results were favorable, even, presenting
transference and generation of knowledge to the companies. It was also evidenced that the
transferred knowledge through the offered trainings to the MSC staff, by the Centec, are
applied satisfactorily in the companies.
Key-words: Knowledge management; Technological development; Micron and small
Companies.
24
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Comparação de dados, informação e conhecimento.........................
27
Figura 3.1 - Mapa da INFOVIA........................................................................... 44
Figura 5.1 - Organograma funcional do Instituto Centec..................................... 65
Figura 5.2 - Produção de mel de abelhas na chapada do Araripe ....................... 80
Figura 5.3 - Projeto FECOP - criação de tilápia em Barbalha, região do Cariri... 81
Figura 5.4 - Sala de vídeo conferência - ensino à distância................................. 82
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1.1 - Constituição das MPE no Brasil........................................................ 17
Gráfico 1.2 - Geração de postos de trabalho........................................................... 20
Gráfico 4.1 - Localização do emprego na empresas............................................... 53
Gráfico 4.2 - Distribuição das MPE industriais por tipo de atividade.................... 55
Gráfico 4.3 - Dispêndio nacional em P&D............................................................. 58
Gráfico 4.4 - Impactos sobre as empresas com a correta gestão do
conhecimento..................................................................................... 59
Gráfico 7.1 - Principais vantagens que a empresa tem por estar próxima ao
Centec................................................................................................ 98
Gráfico 7.2 - Grau de satisfação das MPE – consultorias...................................... 107
Gráfico 7.3 - Setor de trabalho dos egressos ou estagiários do Centec.................. 112
Gráfico 7.4 - Grau de satisfação das MPE – solução de problemas....................... 113
25
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 - Distinção entre o conhecimento tácito e explícito............................... 29
Quadro 2.2 - Processos de conversão do conhecimento............................................ 32
Quadro 2.3 - Meios de transferência do conhecimento............................................. 35
Quadro 2.4 - Compreensão geral da gestão do conhecimento.................................. 36
Quadro 2.5 - Critérios necessários para as empresas que aprendem......................... 38
Quadro 4.1 - Classificação do porte das empresas ................................................... 52
Quadro 4.2 - Taxa de mortalidade de empresas no Brasil......................................... 56
Quadro 4.3 - Causas das dificuldades e razões para o fechamento das empresas..... 57
Quadro 5.1 - Empresas incubadas pela INTECE...................................................... 76
Quadro 6.1 - Classificação da pesquisa em estudo................................................... 86
Quadro 6.2 - Modelo metodológico da pesquisa...................................................... 90
Quadro 7.1 - Principais cursos ofertados para as MPE............................................. 119
26
LISTA DE TABELAS
Tabela 7.1 - Tipo de cooperação empresa-Centec....................................................
97
Tabela 7.2 - Segmento de atividades das MPE........................................................ 99
Tabela 7.3 - Tempo de atuação no mercado............................................................. 100
Tabela 7.4 - Escolaridade do respondente................................................................ 101
Tabela 7.5 - Escolaridade do pessoal ocupado (situação atual)............................... 102
Tabela 7.6 - Introdução de inovação tecnológica por meio de consultoria do
Centec...................................................................................................
103
Tabela 7.7 - Aplicabilidade da consultoria na introdução de inovação
tecnológica............................................................................................
105
Tabela 7.8 - Resultados de consultoria na solução de problemas............................ 107
Tabela 7.9 - Transferência do conhecimento para as MPE da consultoria do
Centec................................................................................................... 108
Tabela 7.10 - Quantificação dos egressos e estagiários nas MPE.............................. 110
Tabela 7.11 - Identificação dos setores de atuação dos egressos e estagiários nas
MPE..................................................................................................... 111
Tabela 7.12 - Transferência do conhecimento transmitido pelos egressos ou
estagiários do Centec........................................................................... 114
Tabela 7.13 - Geração dos egressos e estagiários nas MPE...................................... 115
Tabela 7.14 - Dificuldades para a não realização de treinamentos ou capacitações.. 117
Tabela 7.15 - Formas de treinamentos e capacitações para as MPE.......................... 118
Tabela 7.16 - Número de cursos realizados pelas MPE............................................. 119
Tabela 7.17 - Aproveitamento dos treinamentos e capacitações................................ 121
Tabela 7.18 - Absorção dos treinamentos e capacitações.......................................... 121
27
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADI - Apoio Direto para Inovação
ANPROTEC
- Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de
Tecnologias Avançadas
APL - Arranjo Produtivo Local
CD - Compact Disk
CEFET - Centro Federal de Ensino Tecnológico
CENTEC - Instituto Centro de Ensino Tecnológico
CEC - Conselho de Educação do Ceará
C&T - Ciência e Tecnologia
CFE - Conselho Federal de Educação
CVT - Centros Vocacionais Tecnológicos
CLP -
Controle Lógico Programável
CNC - Comando Número Controlado
CNI - Conferência Nacional da Indústria
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Dieese - Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos
DAE - Divisão de Apoio ao Ensino
DQP - Divisão de Qualificação Profissional
DAT - Divisão de Assistência Tecnológica
DAF - Divisão Administrativo Financeira
DCF - Divisão Contábil Financeira
DCO - Divisão de Compras
DET - Divisão de Apoio ao Ensino
DPD - Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico
DR - Diretoria Regional
DRH - Divisão de Recursos Humanos
DSP - Divisão de Serviços Gerais e Patrimônio
DTI - Divisão Técnica de Apoio à Infra-estrutura
DTP - Divisão Técnico-Pedagógica
FECOP - Fundo Estadual de combate à Pobreza
FIEC - Federação das Indústrias do Estado do Ceará
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
FUNCAP - Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
GR - Gerências Regionais
IDH - Índice de desenvolvimento Humano
IEL - Instituto Euvaldo Lodi
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
INTECE - Incubadora Tecnológica do Centec
LAE - Laboratório de Água e Efluentes
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MPE - Micro e Pequenas Empresas
MPME - Micro, Pequenas e Médias Empresas
MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia
NPOC - Núcleo de Planejamento, Organização e Controle
28
NTI - Núcleo de Tecnologia da Informação
TEM - Ministério do Trabalho e Emprego
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
PRONAGER - Programa Nacional de geração de Renda
PEP/CE - Plano de Educação Profissional do Estado do Ceará
PEA - População Economicamente Ativa
PIB - Produto Interno Bruto
RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
SECITECE - Secretaria de Ciência e Tecnologia
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEPTE - Secretaria Política Tecnologia Empresarial
SDP - Secretaria de Desenvolvimento da Produção
SENAI - Serviço de Aprendizagem Industrial
T.I. - Tecnologia da Informação
UC - Unidade Centec
UECE - Universidade Estadual do Ceará
UFC - Universidade Federal do Ceará
URCA - Universidade Regional do Cariri
www - World Wide Web
29
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO......................................................................................... 16
1.1
Contextualização do tema........................................................................ 16
1.2
Objetivos..................................................................................................... 19
1.2.1 Objetivo geral............................................................................................. 19
1.2.2 Objetivos específicos.................................................................................. 19
1.3
Justificativa................................................................................................ 20
1.4
Estrutura da dissertação........................................................................... 22
2 - GESTÃO DO CONHECIMENTO –
PRINCIPAIS CONCEITOS.....................................................................
24
2.1
Abordagem do conhecimento................................................................... 24
2.2
Elementos básicos para criação do conhecimento.................................. 25
2.3
Definindo o conhecimento........................................................................ 27
2.4
Categoria do conhecimento...................................................................... 29
2.5
Conversão do conhecimento..................................................................... 31
2.6
Transferência do conhecimento............................................................... 33
2.7
Gestão do conhecimento nas organizações.............................................. 36
2.8
Síntese do capítulo..................................................................................... 38
3 – CIÊNCIA E TECNOLOGIA....................................................................
40
3.1
Política Nacional de Ciência e Tecnologia............................................... 40
3.2
Política Ciência e Tecnologia para o Ceará............................................. 43
3.3
Inovação tecnológica.................................................................................. 47
3.3.1 Definição de inovação tecnológica.............................................................. 47
3.3.2 Elementos tecnológicos inovativos............................................................. 48
3.4
Síntese do capítulo..................................................................................... 50
4 – MICRO E PEQUENAS EMPRESAS....................................................... 51
4.1
Micro e pequenas empresas – definição.................................................. 51
4.2
A importância das MPE na economia nacional...................................... 53
4.3
A importância das MPE para a região do Cariri/CE............................. 54
4.4
Mortalidade das MPE............................................................................... 55
4.5
Inovação tecnológica nas MPE................................................................. 58
4.6
Síntese do capítulo..................................................................................... 60
5 – INSTITUTO CENTRO DE ENSINO TECNOLÓGICO…….............. 62
5.1
Projeto de criação do Instituto Centec.................................................... 62
5.2
Promoção da educação tecnológica......................................................... 63
5.3
Organização do Instituto Centec.............................................................. 63
5.3.1 Conselho de administração e conselho fiscal ............................................. 64
5.3.2 Diretoria Executiva – D.E........................................................................... 66
5.3.3 Órgãos de assessoramento à diretoria executiva ........................................ 67
5.4
O ensino profissional tecnológico............................................................. 67
5.4.1 Cursos de extensão...................................................................................... 68
5.4.2 Cursos superiores tecnológicos................................................................... 70
5.4.3 Cursos técnicos de nível médio................................................................... 73
5.5
Incubadora tecnologia do Centec – INTECE......................................... 74
30
5.6
Desenvolvimento de projetos.................................................................... 77
5.7
Prestação de serviços laboratoriais.......................................................... 82
5.8
Síntese do capítulo..................................................................................... 84
6 – METODOLOGIA..................................................................................... 85
6.1
Classificação de pesquisa científica.......................................................... 85
6.2
Delimitação da pesquisa............................................................................ 87
6.3
População e amostra.................................................................................. 87
6.4
Descrição das variáveis............................................................................. 89
6.5
Natureza e fontes de dados....................................................................... 93
6.6
Operacionalidade da coleta de dados...................................................... 93
7 – AS AÇÕES DO CENTEC NA PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DAS MPE –
RESULTADOS E ANÁLISES..................................................................
96
7.1
Cooperação empresa-Centec.................................................................... 96
7.2
Caracterização das MPE .......................................................................... 99
7.3
Consultorias do Centec nas MPE ............................................................ 103
7.4
Egressos e estagiários do Centec nas MPE.............................................. 109
7.5
Treinamentos e capacitações realizados pelo Centec para MPE ......... 116
8 – CONCLUSÕES / RECOMENDAÇÕES.................................................. 123
8.1
Conclusões.................................................................................................. 123
8.2
Recomendações / Sugestões....................................................................... 126
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 128
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA................................................. 135
ANEXO – DISTRIBUIÇÃO NORMAL PADRONIZADA.................................. 143
16
1 - INTRODUÇÃO
Este capítulo, no tópico contextualização do tema é dada uma visão global e
identifica a problematização da pesquisa. São apresentados os objetivos específicos que serão
os alicerces para se atingir o objetivo geral. Em seguida, vem à justificativa que mostra os
motivos e a relevância do tema, para a área do conhecimento científico. O item estrutura da
dissertação finaliza o capítulo introdutório.
1.1 Contextualização do tema
Atualmente, no âmbito do setor produtivo, percebe-se que as transformações
verificadas, caracterizam-se por inovações tecnológicas, nos processos de manufatura, nos
produtos e nas operações. Com a remoção de barreiras à livre circulação de mercadorias e
serviços, a abertura dos mercados econômicos através da globalização da economia,
proporcionou a disponibilidade das novas tecnologias às organizações de um modo geral.
Neste cenário de mudanças, verifica-se uma competição na conquista de mercado, com
reflexos na longevidade da própria organização.
A abordagem apresentada por Chakravarthy (1982), Porter (1986) e
Schumpeter (1982) considera que as inovações tecnológicas assumem papel de destaque nas
organizações dos setores industriais e de serviços, na era da capacitação para o conhecimento.
Para Schumpeter (1982), a inovação tecnológica é um conjunto de novas
funções evolutivas que alteram os métodos de produção, criando novas formas de organização
do trabalho.
O pensamento de Chakravarthy (1982) retrata que a globalização da economia,
favorecida pela velocidade das inovações tecnológicas, principalmente, no campo da
microeletrônica, sugere um clima de instabilidade e rápidas mudanças, constituindo no
principal desafio para as organizações modernas. A fim de se tornarem competitivas em um
ambiente permeado de incertezas, as empresas necessitam aumentar sua capacidade
organizacional e material, de forma a se tornarem mais ágeis para enfrentar os desafios
impostos pelo mundo moderno.
17
Corroborando com Chakravarthy (1982), Porter (1986) relata que, qualquer
inovação tecnológica praticada por uma empresa pode ser considerada como algo muito
importante, porque ela representa progresso e afeta toda a extensão da sua cadeia de valor da
organização.
As inovações tecnológicas de produtos e de serviços são de fundamental
importância para a sustentabilidade das empresas. Devido às aceleradas mudanças
tecnológicas não se concebe mais visualizar o cenário econômico futuro. A percepção de
Nonaka e Takeuchi (1998, p.43) é bem delineada quanto à instabilidade da economia diante
da Era do Conhecimento, e comentam: “numa economia na qual a única certeza é a incerteza,
a única fonte segura e duradoura de vantagem competitiva é o conhecimento”.
Inserida neste contexto econômico encontram-se as Micro e Pequenas
Empresas (MPE), que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística representam
um estrato significativo de organizações em atividade no País num total de 4,63 milhões, que
corresponde a 98,35% das empresas formalmente constituídas (IBGE, 2003). Possuem suas
especificidades, que contribuem ou dificultam seu sucesso no mundo competitivo dos
negócios. No Brasil, a constituição das MPE apresenta a distribuição conforme o gráfico 1.1.
Gráfico 1.1: Constituição das MPE no Brasil
Fonte: Adaptação do IBGE (2003).
Ainda, com base nos dados colhidos pelo IBGE (2003), esse tipo de empresa,
além de representar os 4,63 milhões de estabelecimentos formais instalados, representa ainda,
56,08% da oferta de empregos (14,5 milhões de empregados) e 25,6% dos salários pagos (R$
49,7 bilhões). O Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 1997)
18
destaca que as MPE são responsáveis também por 48% da produção nacional, além de
contribuírem com 21% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Nordeste brasileiro é tido como uma região de acentuada carência de
oportunidade de emprego e de baixa renda da população, afirmação comprovada com dados
do IBGE (2003). O presente estudo é centrado no Estado do Ceará, especificamente, na região
do Cariri encravada no chamado polígono da seca. Não diferentemente de outras regiões do
Nordeste, a região do Cariri tem dificuldades enormes na saúde, educação, infra-estrutura
básica e na economia. Segundo pesquisa do IBGE (2003) mostra que a renda per capita é de
R$ 2.403,75 do PIB, sendo uma das menores rendas do País.
As MPE assumem grande importância socioeconômica na região do Cariri,
sendo o setor industrial responsável pela geração de 15% dos empregos formais, segundo a
Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC (2004). Considerando as suas
características e especificidades, as MPE da região do Cariri do setor industrial são divididas
nos mais diversos ramos de atividades. Conforme dados da FIEC (2004), somam 237 micro e
pequenas empresas cadastradas nos setores de alumínio, de folheados, de couros e artefatos,
de confecções, de calçados e de cerâmica.
Por outro lado, não obstante a crescente relevância das MPE na economia da
região do Cariri, bem como o papel social na diminuição das desigualdades entre indivíduos e
regiões, essas empresas enfrentam inúmeras dificuldades, como por exemplo, a falta de
crédito, o oneroso sistema tributário, a complicada legislação trabalhista, o custo elevado de
transporte e a burocracia (SEBRAE, 2004). Da mesma forma, a falta de mão-de-obra
qualificada e o despreparo dos empreendedores, no que se refere a criação ou utilização de
inovação tecnológica, contribuem para ampliar o afastamento do modelo de competitividade
almejado por essas empresas.
Acredita-se que existe uma relação direta entre as questões colocadas
anteriormente como a elevada taxa de mortalidade, que de acordo com SEBRAE (2004)
alcança o valor de 61% do total de MPE no primeiro ano de atividade.
O Governo do Estado do Ceará, que mantém uma política para o
desenvolvimento sustentável regional, criou o Instituto Centro de Ensino Tecnológico –
Centec. O Instituto Centec é uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que
foi enquadrada como Organização Social, habilitada à captação de recursos para atendimento
19
direto à comunidade e tem o propósito de difusão dos conhecimentos científicos e
tecnológicos. O Instituto Centec desenvolve atividades dirigidas à interação com as
comunidades onde localizam as suas unidades operacionais, desenvolvendo ações de
capacitação da população em níveis tecnológicos, técnicos e básicos, além da assistência às
comunidades rurais, às empresas em fase inicial de implantação, as micro e pequenas
empresas, e as demais empresas do setor produtivo.
O apoio do Governo do Estado do Ceará dado ao setor produtivo, através do
Instituto Centec, foi uma decisão tomada para equacionar problemas, principalmente, nas
MPE, quanto a sua efetiva estabilidade e crescimento num mercado competitivo, para assim,
conseguir o incremento da economia regional.
No contexto dessas considerações iniciais, essa pesquisa busca responder a
pergunta: Como as ações do Centec estão contribuindo para o desenvolvimento tecnológico
das MPE da região do Cariri/Ce?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Descrever as ações do Centec no sentido de promover o desenvolvimento
tecnológico junto as MPE – Cariri/Ce.
1.2.2 Objetivos Específicos
Verificar a ocorrência da transferência do conhecimento através das consultorias do
Centec nas MPE.
Verificar a contribuição dos egressos e estagiários do Centec para a geração e
transferência do conhecimento nas MPE.
Verificar a contribuição dos treinamentos realizados pelas MPE, em parcerias com o
Centec, para o desenvolvimento tecnológico.
20
1.3 Justificativa
A desaceleração da economia brasileira nos últimos anos, devido à adoção de
medidas recessivas por parte do Governo Federal, como a política de juros altos, gerou um
elevado número de desempregados no país. Essas oscilações da política econômica afetam
muito mais as MPE devido ao seu baixo poder estrutural de enfrentar as dificuldades
econômicas. A região Nordeste é a mais afetada pela retração da economia, comprovada pelos
levantamentos estatísticos, que apontam restrições de postos de trabalho (SEBRAE, 2004).
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), referentes a março de 2005, revelam que das cinco regiões
geopolíticas do Brasil apenas a região Nordeste apresentou saldo negativo, com o fechamento
de 20.392 postos de trabalho. Em todas as outras regiões o saldo de empregos formais gerados
no período foi positivo, sendo o maior no Sudeste (81.356) e o menor, no Norte (3.168). O
gráfico 1.2 retrata a diferenciação quanto à geração de emprego. No cômputo geral do país, o
saldo foi positivo, totalizando 102.965 novas vagas.
Gráfico 1.2: Geração de postos de trabalho
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (2005).
Diante da realidade desses dados estatísticos, cada vez mais, se faz necessário,
na atual na era da capacitação para o conhecimento, o apoio as MPE, principalmente, por
parte das Instituições de ensino.
21
A sociedade do conhecimento está ganhando espaço em relação à sociedade
industrial, dessa forma, a abordagem da gestão do conhecimento pode ser compreendida
como o processo de criação de um ambiente de ensino-aprendizado, a partir da criatividade,
do julgamento e do diálogo entre os indivíduos, que na sociedade do conhecimento
necessitam desenvolver a proatividade, a flexibilidade, a multidisciplinaridade e a abertura
para novos ensinamentos (SVEIBY, 1998).
As empresas de sucesso, na sociedade do conhecimento, são aquelas que
tenham a flexibilidade e condições de desenvolver novos produtos e serviços intensivos em
conhecimento (DRUCKER, 1994). Nesse sentido, o conhecimento passa a ser destaque nessa
sociedade, como o novo motor da economia (CAVALCANTI et alli, 2001).
As Instituições de ensino, pesquisa e extensão das áreas tecnológicas fazem da
informação e conhecimento a fonte de matéria-prima para a criação do conhecimento através
do desenvolvimento de projetos de pesquisa. Para Prescott e Gibbson (1993), essas
instituições podem desenvolver três papéis importantes e distintos: o primeiro está
relacionado à produção e disseminação do conhecimento relacionada a produtos através das
suas pesquisas; o segundo está relacionado à rede de relações nas quais elas intercambiam
informações relacionadas com suas pesquisas; o terceiro, o estudo das ações governamentais e
organizacionais.
Para Segatto (1996), as instituições de ensino, pesquisa e extensão oferecem
vantagens às empresas como recursos para o seu desenvolvimento como: acesso aos recursos
humanos qualificados; resolução de problemas técnicos que geraram a necessidade da
pesquisa; redução de custos e riscos envolvidos em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D); acesso a novos conhecimentos desenvolvidos no meio acadêmico; identificar alunos
para aproveitamento futuro como aprendizes, ou mesmo, como funcionários.
O processo de transferência de conhecimento tecnológico por meio da
interação entre Instituição de ensino e pesquisa e as micro e pequenas empresas é estratégia
para o desenvolvimento regional. As atividades de extensão realizadas em nível de elaboração
de projetos tecnológicos, assessorias, consultorias, entre outras, como formas de viabilizar a
transferência tácita e explícita do conhecimento, são fatores que contribuem na busca do
equacionamento dos problemas de natureza tecnológica nas micro e pequenas empresas.
22
Face ao exposto, constata-se a importância das MPE para o cenário econômico
e social da região do Cariri/Ce, região esta de baixa qualificação profissional da população
economicamente ativa e com dificuldades regionais de diversas naturezas.
Como numa economia baseada no conhecimento as empresas buscam
intensivamente introduzir inovações tecnológicas, o instituto Centec pode influenciar no
desenvolvimento sustentável regional através da implementação e condução de projetos de
órgãos governamentais do Ceará, como facilitador da disseminação do conhecimento e das
inovações tecnológicas aplicadas à realidade e as peculiaridades das MPE.
Nesse sentido, este trabalho de pesquisa tem a importância de mostrar aos
órgãos mantenedores, às demais instituições ligadas ao Centec e ao próprio Centec, como
estão sendo realizadas às ações que possam promover o desenvolvimento tecnológico junto as
MPE, e, pelas análises e resultados, contribuir na orientação das políticas estratégicas de
crescimento, para o Estado do Ceará.
1.4 Estruturação do trabalho
Esta pesquisa tem uma estrutura de ordenação composta por oito capítulos. O
primeiro capítulo é destinado à parte introdutória, divididos em quatro itens, contextualização
do tema, objetivos, justificativa, estrutura do trabalho.
O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica necessária à realização
da pesquisa, enfocando os principais conceitos da gestão do conhecimento, identificando-se
os elementos da estrutura do conhecimento, e a transferência do conhecimento.
O terceiro capítulo apresenta as políticas de ciência e tecnologia para o âmbito
nacional e, para o Estado do Ceará. Também, aborda os conceitos de inovação tecnológica
juntamente com os elementos tecnológicos inovativos.
O quarto capítulo trata das micro e pequenas empresas, sendo apresentadas as
definições, a importância das MPE na economia nacional e na economia da região do
Cariri/Ce, os números de mortalidade das MPE e os fatores condicionantes, a inovação e a
transferência tecnológica nas MPE.
23
O quinto capítulo descreve o principal objeto deste trabalho, o Instituto Centec,
apresentando o projeto de criação, a estrutura organizacional, o ensino, a extensão, as
pesquisas e, por fim, as ações destinadas ao atendimento à comunidade.
O sexto capítulo mostra os instrumentos e métodos utilizados ao longo do
trabalho, tratando sobre a população, a amostra, as variáveis, os instrumentos e
operacionalização da coleta de dados, tratamento dos dados e as limitações da pesquisa.
No sétimo capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa, bem como a
análise dos achados, junto aos objetivos delineados para esse estudo.
O oitavo capítulo é construído com as conclusões do trabalho de pesquisa e
recomendações para trabalhos futuros, tomando como base de verificação a relação com os
objetivos propostos.
24
2 - GESTÃO DO CONHECIMENTO – PRINCIPAIS CONCEITOS
O objetivo deste capítulo é definir o conhecimento, fundamentado nos
elementos de sua criação – dados e informação -, na categoria do conhecimento –
diferenciação entre o conhecimento implícito e explícito – e, nos processos de conversão do
conhecimento – socialização, externalização, interiorização e combinação.
Em seguida, no item transferência do conhecimento, enfoca ações para criar
um ambiente propício para a criação de aprendizado e a estratégia para melhor realizar a
transferência do conhecimento e, as formas de transferência do conhecimento.
O item gestão do conhecimento dá uma compreensão geral do tema e aborda a
questão da estruturação necessária para as empresas que pretendem exercer a gestão do
conhecimento, como vantagem competitiva.
2.1 Abordagem do conhecimento
O conhecimento e a inovação são, hoje, os principais fatores de produção que
determinam a competitividade de países e organizações. A capacitação das empresas na
produção e no uso do conhecimento é fundamental na corrida para a competitividade, num
mercado cada vez mais exigente e complexo.
A disseminação do conhecimento tem um crescimento ascendente, e isso é
percebido pelo incremento das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nas
organizações, e nas instituições governamentais. Ciência e Tecnologia (C&T) não são
independentes e têm envolvimento sinérgico.
Deve-se entender que inovação não é algo que ocorra apenas em países
avançados ou em indústrias de alta tecnologia. Ela ocorre quando a organização domina e
implementa nos seus processos de produção de bens e serviços, algo que seja novo para ela,
independente do fato de ser novo ou não para os seus concorrentes.
25
É importante destacar os elementos básicos para a criação do conhecimento,
que são os dados e as informações. Desse modo, a definição desses elementos, clarificará o
caminho para a conceituação do termo conhecimento.
2.2 Elementos básicos para criação do conhecimento
Os primeiros elementos para a construção do conhecimento são os dados. Os
dados são obtidos através de alguma transação, não revelam por inteiro os acontecimentos ou
fatos pelos quais os dados foram adquiridos, mas são elementos importantes no
direcionamento da conquista do conhecimento, pela informação. Para Davenport e Prusak
(1998), dados revelam parcialmente o que aconteceu, e comentam:
"Dados descrevem apenas parte daquilo que aconteceu; não fornecem
julgamento nem interpretação e nem qualquer base sustentável para
tomada de ação. Embora a matéria-prima do processo decisório possa
incluir dados, eles não podem dizer o que fazer. Dados nada dizem
sobre a própria importância ou irrelevância" (DAVENPORT;
PRUSAK, 1998, p.3).
Todas as organizações precisam de dados, sendo algumas mais dependentes
deles, como bancos, companhias de seguro, governos, entre outros. Em seguida, Davenport e
Prusak (1998, p.2), conceituam dados como “um conjunto de fatos distintos e objetivos
relativos a eventos”. Para Drucker (1999), dados não têm significado, são usados para
construir uma informação.
A abordagem de Davenport e Prusak (1998), Drucker (1999), revelam que os
dados têm sua importância nas organizações e, isoladamente, não têm relevância ou
significância expressiva. São à base da geração do conhecimento e que a partir dos dados, as
informações são criadas. A validação dos dados resulta de informações coerentes,
significativas e confiáveis.
Nas organizações os dados são armazenados em planilhas, ordenados
seqüencialmente. Os dados são, comumente, apresentados por diversos gráficos, para
demonstrar a evolução de algum evento financeiro. Na era da tecnologia da informação (T.I.),
as organizações utilizam planilhas eletrônicas, ganhando rapidez no acesso e na transmissão.
26
O segundo elemento na estrutura do conhecimento é a informação. A
informação é sempre transmitida para um receptor. Quando uma informação é transferida para
um receptor, espera-se uma atitude de mudança da situação atual. Revela o quanto a
informação teve importância para um determinado receptor ou leitor (DAVENPORT;
PRUSAK, 1998). A informação gera sempre uma expectativa de mudança na situação atual. É
exclusivamente do receptor a ação decisória, se a mensagem da informação tem alguma
relevância ou não.
A informação está presente nos livros, em manuais, nas teses, nos artigos. Os
computadores foram projetados para trabalhar com dados e informações, daí a sua
importância na era da T.I. A informação pode ser usada para transferência do conhecimento
ao receptor, sabendo-se que, a sua confiabilidade e eficiência são dubitáveis (SVEIBY, 1998).
Ainda, para Davenport e Prusak (1998), a informação nas organizações é
levada para os receptores por dois tipos de redes. As redes “soft” que são meios informais de
comunicação, através de mensagens em memorando, bilhetes, recados, e as redes “hard” que
são as formais, têm infra-estrutura como correios, correios eletrônicos, fax, por meio de fios,
dentre outras formas de transmissão de mensagem.
A diferenciação entre informação e conhecimento, é ponto primordial para o
entendimento do conhecimento. A informação é a base do conhecimento, é dela que se
consegue compor o conhecimento. Nonaka e Takeuchi (1997, p. 63) citam: “A informação é
um meio ou material necessário para extrair e construir o conhecimento”.
Segundo Sveiby (1998, p. 49), dois fenômenos distintos diferenciam a
informação do conhecimento: o primeiro, a informação representada em forma de símbolos,
números, palavras; o segundo, o conhecimento que é a informação interpretada.
A figura 2.1 é apresentada por Turban (1998) para representar o grau de
abstração versus quantidade, na forma geométrica de um triângulo, para a diferenciação de
dados, informações e conhecimentos. Essa figura mostra que a base da figura geométrica é
construída por uma grande parcela envolvendo os dados.
27
Figura 2.1: Comparação de dados, informação e conhecimento
Fonte: Adaptado de Turban (1998).
De fato, pelo que foi exposto, o dado em si tem pouca relevância e por isso é
necessário um número bastante expressivo para poderem compor a informação. Por sua vez, a
informação é à base da criação do conhecimento, ocupando uma parcela considerável, mas,
menor do que ocupam os dados. Já o conhecimento se apresenta de maneira mais concisa,
resultado da filtragem da informação. Tem pouca expressividade quanto à quantidade, por
outro lado, de valiosa importância para as organizações.
2.3 Definindo o conhecimento
Não há definição formal para o conhecimento, apenas certo acordo conceitual.
O conhecimento está na mente dos indivíduos, nos seus sentimentos, nas suas percepções –
“insights”. Vários autores buscam a definição de conhecimento através da origem filosófica
da palavra – epistemologia.
Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que o poder do conhecimento provém de
valores e crenças, tanto quanto da informação e da lógica, confirmando, assim, a importância
dos princípios norteadores da Gestão do Conhecimento.
Para Choo (2003, p.43), “informação transformada através do uso da razão e
reflexão, em crenças, explicações e modelos mentais que antecedem a ação”.
Uma definição que atende, perfeitamente, a este trabalho é a apresentada por
Davenport (2000):
28
“Conhecimento é a informação mais valiosa e, conseqüentemente, a
mais difícil de gerenciar. É valiosa, precisamente porque alguém deu
a informação um contexto, um significado, uma interpretação;
alguém refletiu sobre o conhecimento, acrescentou a ele sua própria
sabedoria, considerou suas implicações mais amplas. O
conhecimento, ainda implica na síntese de múltiplas fontes de
informações e também é tácito, existe simbolicamente na mente
humana e é difícil explicitar” (DAVENPORT, 2000, p.19).
O conhecimento está nos indivíduos e, portanto, as organizações precisam de
indivíduos criativos para desenvolver novas idéias, novos produtos, novos processos de
fabricação. Nas organizações do conhecimento, não faz sentido, trabalhadores possuírem
conhecimentos, sem por em prática, com suas experiências ou “know-how”.
O conhecimento é um conceito bastante complexo, pois existem diversas
perspectivas sobre o mesmo. De acordo com Alavi e Leidner (2001), são cinco as
perspectivas com que se podem abordar o conhecimento:
Como um estado de espírito, isto é, conhecer e compreender bem o processo
simultâneo de saber e agir;
Como um objeto que pode ser armazenado e manipulado ou, ainda, como informação
personalizada sobre fatos, procedimentos, conceitos, interpretações, idéias,
observações e julgamentos;
Como um processo de aplicação de conhecimento especializado, e o resultado do uso
da informação e da experiência de pensar;
Como condição para aceder à informação;
Como capacidade do indivíduo para realizar determinadas ações e potencial para
influenciar ações futuras.
Sveiby (1998) ressalta que o conhecimento é a capacidade de agir intelectual
ou fisicamente. Seguindo este raciocínio, o conhecimento pode ser visto como uma
capacidade individual com intuito de ser usada para aprender e interpretar informação e,
portanto, como a capacidade para avaliar a informação que será necessária para tomada de
decisão.
29
2.4 Categoria do conhecimento
Para Nonaka e Takeuchi (1998), o conhecimento assume duas categorias:
tácito e explícito e definem:
“O conhecimento explícito pode ser expresso em palavras e números
e facilmente comunicado e compartilhado sob a forma de dados
brutos, fórmulas científicas, procedimentos codificados ou princípios
universais. (...) conhecimento tácito é altamente pessoal e difícil de
formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento com
outros. Conclusões, insight e palpites subjetivos incluem-se nessa
categoria de conhecimento” (NONAKA; TAKEUCHI; 1998, p.7).
O conhecimento tácito é representado por paradigmas, esquemas, perspectivas
e crenças, criados a partir de analogias com o objetivo de uma maior compreensão do mundo
real. E o conhecimento explícito está nos livros, nas enciclopédias, nos manuais.
De um modo geral, o quadro 2.1 faz um resumo da distinção entre o
conhecimento tácito e o conhecimento explícito.
Quadro 2.1. Distinção entre o conhecimento tácito e explícito
Conhecimento
Tácito
Conhecimento
Explícito
Subjetivo Objetivo
Conhecimento da experiência
Corpo
Conhecimento da racionalidade
Mente
Conhecimento simultâneo
Aqui e agora
Conhecimento seqüencial
Lá e então
Conhecimento análogo
Prática
Conhecimento digital
Teoria
Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997).
Analisando o quadro 2.1, o conhecimento tácito é intrínseco às pessoas, pois é
parte integrante do domínio das atividades psíquicas, sentimentais, emocionais. Esse
conhecimento necessita do corpo e da mente, em ações simultâneas. A assimilação desse
conhecimento exige um tempo longo considerável, para adquirir a praticidade. Quanto ao
conhecimento explícito, trata-se de procedimentos que devem ser seguidos, usando a
30
racionalidade de forma seqüencial de aprendizado, onde a teoria encontrada em livros tem
ponderação mais elevada.
Mendes e Souza (1997) afirmam que o conhecimento explícito ou codificado é
transmitido formalmente. O conhecimento implícito é realizado através da comunicação
informal e espontânea, em linguagem natural, tem origem na ação, ou seja, no
compartilhamento do agente com o respectivo contexto no qual está inserido.
Para Angeloni (2002), o conhecimento explícito é representado principalmente
através de documentos, banco de dados, patentes, rotinas, processos, melhores práticas e
normas organizacionais.
A abordagem apresentada por Choo (2003), categoriza o conhecimento em
difuso e não difuso, bem como, em codificado e não codificado o que leva a considerar os
seguintes tipos de conhecimento, conforme a combinação destas categorias entre si:
conhecimento individual - não codificado e não difundido -, proprietário - codificado e não
difundido -, senso comum - não codificado e difundido - e público - codificado e difundido.
Sidney Winter (apud DAVENPORT, 2000, p.85), demonstra a codificação do
conhecimento em tácito e articulável. O conhecimento tácito tem as características de não
passível de ensino, não articulado, não observável em uso, substancial, complexo e não
documentado. Já, o conhecimento articulável apresenta as características de ser passível de
ensino, articulado, observável em uso, esquemático, simples e documentado.
Ainda, considerando o aspecto do conhecimento organizacional, o autor
verifica as seguintes categorias de conhecimento:
Tácito: implícito, utilizado por membros da organização para a execução de seu
trabalho, sendo não codificado e difícil de ser difundido;
Explícito: expresso formalmente usando um sistema de símbolos, sendo facilmente
codificado e difundido. É considerado um conhecimento baseado em regras, sendo
subclassificado a partir de critérios para o desempenho de atividades, para manutenção
de registros, para a manipulação de informações e para o planejamento, por exemplo;
31
Cultural: estruturas cognitivas e afetivas usadas por membros da organização para
perceber, explicar, avaliar e construir realidade. É não codificada e largamente
difundida.
Aprofundando-se no conhecimento tácito, Choo (2003) discorre sobre a
natureza inconsciente e ao mesmo tempo voltada para a ação deste tipo de conhecimento
individual. Enfatiza seu aspecto situacional, ou seja, direciona-se para a tomada de ações em
contextos específicos. Mesmo sendo um conhecimento que não pode ser codificado, isso não
o impede de ser verbalizado e ensinado, podendo ser aprendido através do exemplo.
2.5 Conversão do conhecimento
Nonaka e Takeuchi (1997), quando se referem ao processo de conversão do
conhecimento tácito em tácito, oferecem o conceito de socialização. Outras formas de
conversão de conhecimento são apresentadas, como a externalização (conhecimento tácito
para explícito), combinação (explícito para explícito) e internalização (explícito para tácito).
Para esses mesmos autores, os modos de conversão do conhecimento são
descritos como:
Socialização: de tácito para tácito.
Este modo sugere que os indivíduos da organização interajam entre si, para que
haja o compartilhamento de experiências associadas às emoções, modelos mentais, intenções
e visões. Desta forma, é possível que se consiga a transferência do conhecimento tácito entre
indivíduos e a associação de um mesmo tipo de conhecimento, a diferentes contextos
individuais. A observação e a imitação são aliadas ao compartilhamento de experiências.
Externalização: de tácito para explícito.
O modo pelo qual o conhecimento tácito se traduz em novos conceitos capazes
de serem justificados, categorizados e contextualizados na organização é chamado
externalização. É neste modo que é criada uma informação (conceitos) que pode ser
convertido em conhecimento quando processada, permitindo a criação de uma base de
entendimento única e comum acerca do que foi externalizado - por exemplo, um processo de
negócio, um novo produto. -. Isto significa dizer que somente ao conceitualizar o
32
conhecimento subjetivo é que este passa a fazer sentido para a organização e pode vir a se
tornar em fonte futura de inovação.
Combinação: de explícito para explícito.
O papel do modo de combinação é identificar, dentre os conceitos que foram extraídos
pela organização, aqueles que possuem alguma relação entre si e agrupá-los em conjuntos de
conhecimento explícito. Cada conjunto de conhecimento é parte da base de conhecimento
organizacional e está diretamente relacionado a um tipo específico de informação ou modelo,
como por exemplo, os protótipos de produtos.
Neste trabalho de criação de conjuntos de conhecimento, pode ser considerada a união
das seguintes etapas: classificação dos conceitos, acréscimo de informações relevantes,
divisão em categorias e a possível combinação conforme fatores em comum.
Internalização: de explícito para tácito.
O que se observa no processo de internalização é a captação individual do
conhecimento que foi extraído para a organização. É o modo pelo qual o conhecimento
explícito se torna ferramenta de aprendizagem, através de manuais ou documentos e volta a
assumir um contexto abstrato e subjetivo para cada indivíduo na empresa.
O quadro 2.2 é apresentado por Sveiby (1998, p.56), para sintetizar os quatro
processos de conversão do conhecimento.
Quadro 2.2. Processos de conversão do conhecimento
PARA
Conhecimento
Tácito
Conhecimento
Explícito
Conhecimento Tácito
Socialização Exteriorização
DE
Conhecimento Explícito
Interiorização Combinação
Fonte: Adaptado de Sveiby (1998)
É de fundamental o entendimento dos tipos de conhecimento e seus modos de
conversão, para os processos de geração, codificação, coordenação e transferência de
conhecimento.
33
O conhecimento é fonte inesgotável do ser humano, cresce à medida que é
explorado, torna-se rapidamente obsoleto com assimilação de novos aprendizados. O
conhecimento não tem definição clara, não é constituído de verdades estáticas, é dinâmico,
tem sua validade ligada à ação. É emergente da interação social e tem como característica
fundamental, poder ser manifestado e transferido por intermédio da comunicação.
2.6 Transferência do conhecimento
No cotidiano das organizações, a transferência de conhecimento é vista, a todo
instante. As pessoas conversam e trocam idéias sobre variados temas, sobre problemas ou
soluções. Para a organização voltada para a valorização do conhecimento, devem-se
estabelecer estratégicas claras e objetivas para a transferência desses conhecimentos.
Davenport e Prusak (1998), por sua vez, defendem a idéia de criação de
relações de aprendizado mútuo, em que tanto os funcionários mais experientes, quanto os
mais jovens têm a ganhar, trocando suas próprias experiências e conhecimentos no dia-a-dia
de suas funções. Em algumas empresas, esses autores encontram programas formais de
orientação, tornando a transmissão do conhecimento para funcionários mais jovens, uma parte
explícita das responsabilidades de cargos específicos de alto nível – os chamados mentores do
conhecimento.
Esses mesmos autores destacam que as empresas necessitam de locais de
encontros como estratégias para melhor realizar a transferência do conhecimento –
restaurante, praças, bebedouros, feira de negócios, fóruns – onde os funcionários se
encontrem uns com outros para promover uma conversa, que são, geralmente, assuntos
envolvendo trabalho.
Sobre as conversas nas organizações, esses autores comentam, “na economia
regida pelo conhecimento, conversar é trabalhar” (DAVENPORT E PRUSAK, 1998, p.110).
Neste caso, fazem críticas aos escritórios virtuais, que evitam o encontro das pessoas
presencialmente. Encontros de pessoas em ambientes fora da empresa também devem ser
estimulados.
Há, também, a alternativa das feiras e fóruns abertos de conhecimento, as
parcerias, as relações de orientação ou as relações de aprendizado, podendo ser implementada
34
a gravação das histórias e experiências dos membros mais antigos, em vídeo ou compact disk
(CD), antes que eles deixem à empresa, por exemplo.
Webber (1993) observa que a conversa entre os funcionários é a mais
importante forma de trabalho, e afirma:
“Conversar é a maneira pela quais os trabalhadores do conhecimento
descobrem aquilo que sabem, compartilham este conhecimento com
os seus colegas e, nesse processo, criam novo conhecimento para a
organização” (WEBBER, 1993, p. 28).
Davenport e Prusak (1998) referenciam a cultura e a linguagem comum de
trabalho como fatores que levam a uma melhor transferência do conhecimento. A facilidade
na comunicação e, também, a proximidade física entre as pessoas, estabelecem importantes
laços de respeito mútuo e de confiança.
Duas preocupações atrapalham a capacidade de melhoria na empresa quanto à
gestão do conhecimento. A primeira, analisando pelo aspecto da garantia da transferência do
conhecimento, a transmissão deve ser aliada pela absorção ou uso da pessoa ou do grupo.
Desse modo, a transferência é igual à transmissão mais absorção. A segunda é quando a
transferência do conhecimento, entendida e absorvida pelo receptor, não seja efetivamente
aplicada. A credibilidade do transmissor, o orgulho, teimosia, falta de tempo, falta de
oportunidade e medo de assumir riscos do receptor, são fatores que atrapalham o uso do
conhecimento nas empresas.
De acordo com o pensamento de Sveiby (1998), são duas as formas de se
transmitir conhecimento: por transferência de informação e por transferência de capacidades,
ou seja, por tradição. Ambas as formas de transferência de conhecimento são igualmente
importantes nas organizações.
A transferência do conhecimento através de informação dar-se-á de forma
articulada, independente do indivíduo, é estática, rápida e codificada, e é de fácil distribuição
em massa. De um lado, o resultado positivo das suas características de disseminação do
conhecimento com rapidez e contemplando grande número de pessoas, por outro lado,
verifica-se a não eficácia da retenção ou absorção do conhecimento.
35
Através da transferência de conhecimento pela informação, o conhecimento é
transferido de forma direta, por meio de veículos como palestras e apresentações audiovisuais.
Sveiby (1998) acredita que a transferência do conhecimento através da palestra é mais eficaz
do que escrever no quadro a informação, por sua vez, utilizando-se recursos audiovisuais –
fotos, filmes, materiais didáticos - nas palestras, é mais eficaz do que uma palestra por si só.
Neste tipo de transferência do conhecimento, o meio de apresentação em público através da
leitura de um manual (por informação) ou por demonstração de exemplos reais de palestrantes
renomados, comentando-se suas respectivas atuações, consegue melhorar os resultados.
A tradição - método direto de transferência do conhecimento de pessoa para
pessoa - de mestre para aprendiz, através do aprendizado pela prática. “... aprender fazendo é
mais eficaz” diz Sveiby (1998, p.51). Refere-se ao processo de transferência de conhecimento
de forma tanto articulada como não articulada, pode depender ou não do indivíduo, é
dinâmica, lenta e normalmente não codificada, sendo também de difícil distribuição em
grandes volumes.
Pela tradição, o mestre transfere habilidades e, principalmente, competências
para o aprendiz, este, no entanto, adquire proficiência ao longo do tempo. A imitação das
coisas realizadas pelos mestres é uma das formas de aquisição de competência pelo aprendiz,
na medida do acúmulo de seu conhecimento torna-se um especialista, não necessitando mais
do conhecimento do mestre (SVEIBY, 1998, p. 52).
Na visão de Sveiby (1998), as principais diferenciações entre a transferência
do conhecimento através da informação e da tradição, são mostradas no quadro 2.3.
Quadro 2.3. Meios de transferência do conhecimento
INFORMAÇÃO TRADIÇÃO
Transfere informações
articuladas.
Transfere capacidades
articuladas e não-articuladas.
Independente do indivíduo. Dependente e independente.
Estática. Dinâmica.
Rápida. Lenta.
Codificada. Não codificada.
Fácil distribuição em massa. Difícil distribuição em massa.
Fonte: Adaptado de Sveiby (1998)
36
Ainda, Sveiby (1998) comenta que a disseminação da transferência do
conhecimento pelo método da tradição acarreta impedimentos, face ao longo tempo de
aprendizado, o reduzido número de aprendizes, a necessidade do exercício de uma profissão
que possa proporcionar habilidades, e também, pela predominância de conhecimento tácito, o
alcance dessa transferência do conhecimento não se faz por completo.
Com este tópico foi feito uma análise da transferência do conhecimento: na
abordagem de Davenport e Prusak (1998) sobre a importância dos mentores do conhecimento
nas relações de aprendizagem aos jovens; das conversas informais entre funcionárias na ótica
de Webber (1993) e; por fim, as formas de transferências de conhecimento pela informação e
tradição seguindo o pensamento de Sveiby (1998).
2.7 Gestão do conhecimento nas organizações
A gestão do conhecimento nas organizações é definida por Senge apud Terra
(2000), como a habilidade das organizações em ter a capacidade de criar, adquirir e transferir
o conhecimento, no intuito de gerar e refletir novos conhecimentos.
Segundo Davenport e Prusak (1998), sem um método para gerir o
conhecimento estruturado, o aprendizado organizacional é por demais conceitual e abstrato,
para fazer alguma diferença de longo prazo nas organizações. É neste contexto que se insere
a importância das práticas na Gestão do Conhecimento.
Quadro 2.4. Compreensão geral da gestão do conhecimento
Gestão do Conhecimento
Habilidades das
empresas
Proporciona
Resultado
final
Criar
Adquirir
Conhecimento
Transferir
Novos
Conhecimentos
Aplicações de novos
conhecimentos
Fonte: Senge (1991)
37
O desafio da gestão do conhecimento é o de fazer o conhecimento interno ou
externo da empresa gerar resultados, “...está, dessa maneira, intrinsecamente ligada à
capacidade das empresas em utilizarem e combinarem as várias fontes e tipos de
conhecimento organizacional, para desenvolverem competências específicas e capacidade
inovadora..." (TERRA, 2000, p.70).
O conhecimento pode ser alcançado na experiência da própria empresa, como
também, na experiência de outras empresas e em instituições de pesquisas. A forma de aplicar
o conhecimento deve ser ponderada de acordo com a necessidade e as condições para tal
realização. É importante salientar, que o conhecimento apenas tem valor quando este é
utilizado na empresa, corroborando com esse pensamento Terra (2000, p. 83) diz: “O objetivo
é utilizar o conhecimento para aprender, resolver problemas e como apoio na tomada de
decisão”.
Por outro lado, todo conhecimento existente na empresa, nas pessoas, nos
processos, nos departamentos pertence, também, à organização e todas as pessoas que
contribuem para esse sistema, podem usufruir desse conhecimento, tratando-se de uma
empresa em que exerce a gestão do conhecimento (HSM Management, 2004).
A tecnologia e a estrutura organizacional contribuem para geração do
conhecimento, aliando-se com o conhecimento tácito dos funcionários. A estrutura
organizacional é vista como forma de articular os quatro elementos do aprendizado
organizacional, na abordagem de Hubber apud Terra (2000) são: a aquisição de
conhecimento, a distribuição da informação, a interpretação da informação e a memória
organizacional.
A memória organizacional, conceito apresentado por Hubber, trata em registrar
o conhecimento da organização. Para Ackerman apud Terra (2000), a memória organizacional
é o conhecimento organizado com persistência, onde persistência se refere à busca de atingir
metas sem onerar os recursos ativos e passivos das empresas.
Conckin apud Terra (2000), discorre sobre a memória organizacional como o
conhecimento explícito e administrado, facilitador da preservação e disseminação do
38
conhecimento. O quadro 2.5 mostra, resumidamente, os critérios necessários para as
organizações que aprendem, devam procurar seguir.
Quadro 2.5: Critérios necessários para as empresas que aprendem
Organizações que aprendem
Gestão do Conhecimento
Fomentar:
Memória Organizacional
Permitir:
A aquisição de conhecimento.
Propiciar a obtenção de conhecimento
ou experiências aos membros da
organização
A captura do conhecimento.
Realimentação do sistema com
informação gerada na solução de
problemas.
A distribuição do conhecimento.
Propiciar o compartilhamento do
conhecimento em todos os
departamentos da empresa.
Organizar/armazenamento eficaz do
conhecimento.
Ordenar o conhecimento para a
facilidade do seu uso e permitir por meio
de uma estrutura eficiente o seu
armazenamento.
A utilização do conhecimento.
Permitir a aplicação dos conhecimentos
gerados e adquiridos na solução de
algum problema ou melhora de algum
processo.
O fácil acesso ao conhecimento.
Acesso da informação com rapidez.
Fonte: Adaptado de Terra (2000)
A gestão do conhecimento é um recurso estratégico que cria um ambiente
propício para desenvolver novos produtos, processos de produção e gestão ou para
aperfeiçoar, de maneira significativa, os já existentes, transformando-os em valor ativo. A
gestão do conhecimento trata de um conceito gerencial, e o veículo de transformação do
conhecimento em valor, é a inovação.
2.8 Síntese do capítulo
Neste capítulo foram abordados os diversos conceitos e elementos que
constituem como base do estudo da geração e transferência do conhecimento. Os principais
pontos destacados foram: a definição do conhecimento com seus elementos, os tipos de
39
conversão do conhecimento e as formas de transferência e, ainda, a gestão do conhecimento
nas organizações.
Feita a revisão teórica do processo da geração, transferência e gestão do
conhecimento, passa-se agora à análise das políticas de ciência e tecnologia, para o Brasil e
para o Estado do Ceará, abordando as questões a respeito da inovação tecnológica.
40
3 - CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Esse capítulo contextualiza a política nacional de Ciência e Tecnologia via
Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), abordando o projeto de inserção do Brasil na
sociedade da informação. Também, descreve a política de Ciência e Tecnologia da Secretaria
de Ciência e Tecnologia (SECITECE) do Governo do Estado do Ceará em consonância com o
MCT para o desenvolvimento tecnológico, econômico, social e cultural. Apresenta, ainda, o
conceito da inovação tecnológica através das suas múltiplas abordagens.
3.1 Política Nacional de Ciência e Tecnologia
A sociedade atual está em processo de transformação, passando de sociedade
industrial para a do conhecimento. Espelhando-se nos países europeus, o Brasil, via
Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), está empenhando-se nas várias discussões de
especialistas para fazer frente às inovações tecnológicas, com foco de atenção na educação.
Os documentos elaborados foram reunidos em compêndios denominados de Livro Branco e
Livro Verde, este último faz parte de estudos de profissionais para a sociedade do
conhecimento ou da informação.
Para o MCT (2000), a conceito de educação perante a sociedade do
conhecimento é expressa como:
"A educação é elemento-chave para a construção de uma sociedade
da informação e condição essencial para que as pessoas e
organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar, e, assim, a
garantir seu espaço de liberdade e autonomia" (MCT, 2000, p.7).
Neste contexto, o Ministério da Ciência e Tecnologia desenvolve um programa
chamado de Ciência e Tecnologia para a Construção da Sociedade da Informação, que tem
como missão o projeto de articular e coordenar o desenvolvimento e a utilização segura de
serviços avançados de computação, comunicação e informação e suas aplicações na
sociedade, por meio da pesquisa, desenvolvimento e ensino aos brasileiros, bem como
fornecer, subsídios na definição de uma estratégia nacional para conceber e estimular a
inserção adequada do Brasil na Sociedade da Informação.
41
O programa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT, 2000) abrange
diversas áreas, o projeto é divido em setores que tem priorizado a ciência, a tecnologia e a
educação. Os objetivos setoriais são:
Em Ciência e Tecnologia, aumentar radicalmente as capacidades de colaboração e
condução de experimentos cooperativos por pesquisadores e de disseminação de
resultados científicos e tecnológicos, de forma a melhorar o aproveitamento de
oportunidades tecnológicas;
Em Educação, contribuir decisivamente para a qualidade dos processos de educação à
distância, que poderão ser massificados com uma infraestrutura avançada de
comunicações;
Em Meio Ambiente e Agricultura, prototipar processos avançados de monitoração,
previsão e administração ambiental e em agricultura, especialmente tempo, clima,
flora, fauna, água e safras;
Na Empresa Brasileira, desenvolver e avaliar processos de manufatura distribuída e
integrada para especialização em massa, e contribuir para a inserção das médias e
pequenas empresas no mercado internacional; incentivar o desenvolvimento de
ambientes de comércio eletrônico e transações financeiras seguras através da rede;
Em Cultura, criar novos meios, processos e padrões para disseminação e interação na
rede;
No Trabalho, experimentar e desenvolver novos ambientes e tipos de trabalho que
enfatizem o conhecimento, utilizando a rede;
Em Transporte e Trânsito, criar e operar protótipos de sistemas de coordenação e
controle de trânsito e transporte multimodal;
No Governo, desenvolver sistemas piloto para integrar e ampliar ações de governo em
benefício da cidadania;
Nas Relações Internacionais, determinar como essas relações afetam o ritmo e a
direção do desenvolvimento e utilização das tecnologias da informação.
42
Para o desencadeamento do programa, o MCT está envolvendo os setores
governamentais, a iniciativa privada e as instituições de ensino e pesquisa, com os objetivos
de planejar, montar e operar uma infra-estrutura e serviço de suporte.
Quanto aos recursos humanos, o MCT revela que na construção da sociedade
da informação os recursos humanos qualificados serão de fundamental importância. A
requalificação proposta abrange os diversos tipos de pessoas, como:
Cientistas, engenheiros, educadores e técnicos em todas as áreas associadas às
tecnologias da informação, especialmente em sistemas de informação, de comunicação
e computação, mas também em administração e aplicação de informação e
conhecimento;
Uma força de trabalho treinada para o uso dessas tecnologias e sistemas, capaz de
produzir com qualidade e competitividade em ambientes baseados em conhecimento;
Uma população preparada para utilizar, em escala generalizada, sistemas e serviços
associados a redes de comunicação e informação, e educada para produzir e consumir
informação e conhecimento de maneira competente.
Na área da educação, a iniciativa do MCT para a inserção no programa é
voltada para integrar-se ao mundo das comunicações conectando-se a internet via Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa - RNP e, face ao impacto desse avanço tecnológico, uma
efetiva presença na área da educação superior do Brasil se faz sentir, com ênfase nas ciências
exatas e nas tecnologias.
A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa - RPN tem como missão promover o
uso inovador de redes avançadas no Brasil. Com este objetivo, desenvolve sob a coordenação
de sua Diretoria de Inovação, atividades de pesquisa e desenvolvimento. A RNP, também,
contempla os sistemas de videoconferência que permitem que pessoas em locais diferentes
realizem reuniões em tempo real, com transmissão e recepção simultâneas de áudio, vídeo e
dados. Ainda, a RNP está criando um serviço de videoconferência para a comunidade
acadêmica e colabora em iniciativas internacionais.
Através desse acesso a internet, já é possível encontrar grande quantidade de
informação em língua portuguesa disponível na rede world wide web (www). É necessário
43
desenvolver a tecnologia e estruturação de todos os recursos de interesse para o aprendizado e
integrados com as formas mais variadas de interatividade (som, imagem, texto). Esta
tecnologia está sendo chamada de learningware. As escolas brasileiras passam a obter
informações on-line de biblioteca, museus, jornais, revistas, através da rede www mundial.
Na esfera do ensino superior, técnico-profissionalizante e da pesquisa e
desenvolvimento (P&D), o foco está direcionado a projetos que visem a implantação de
bibliotecas virtuais de propósito geral, desenvolvimento de conteúdos educacionais na www,
desenvolvimento de projetos para a universalização de laboratórios avançados e,
desenvolvimento de ferramentas como suporte à educação baseada na RNP.
3.2 Política de Ciência e Tecnologia para o Ceará
A Secretaria de Ciência e Tecnologia promove o projeto “Infovias do
Desenvolvimento” como forma de disseminação e transferência do conhecimento por todo
Estado do Ceará. O projeto visa proporcionar os meios físicos, tecnológicos e de pessoal
necessário para a implantação do programa de ensino à distância do Governo do Estado do
Ceará, com ênfase no ensino profissional.
A infra-estrutura para o desenvolvimento do projeto está baseada nas quarenta
unidades de Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT), nas três unidades descentralizadas do
Instituto CENTEC de Ensino Tecnológicos (CENTEC) e na Universidade Federal do Ceará
(UFC). O mapa mostra como é feita à ação para atingir todas as localidades do Estado.
O projeto utiliza dois meios como requisitos estruturantes para transmissão e
recepção de dados:
1. Internet - via provedores de acesso dedicado instalados nos 40 (quarenta)
Centros Vocacionais Tecnológicos – CVT e nas 3 (três) unidades
Descentralizadas do Instituto CENTEC de Ensino Tecnológico – Instituto
CENTEC.
2. Sistema de Videoconferência – a partir de salas de transmissões instaladas
nos CVT, nas unidades descentralizadas do CENTEC e na UFC, de modo a
permitir o trânsito de imagem, som e texto com interativo.
44
Figura 3.1: MAPA DA INFOVIA
Fonte: Adaptado do Projeto Infovia (SECITECE).
45
O objetivo do projeto é expandir a educação profissional aos jovens e adultos
que normalmente não teriam acesso ao ensino presencial. De acordo com a SECITECE, a
demanda de educação profissional para o período 1999 a 2003 é de 1.766.532 cearenses. É
com base nesses dados que o Governo do Estado do Ceará investe na educação à distância, e
por meio das INFOVIAS, que assegurarão um salto na qualidade na educação profissional e
no atendimento ao expressivo número de cearenses nas mais remotas regiões do Estado.
Os Centros Vocacionais Tecnológicos – CVT - têm modelo representado no
ensino básico, com ênfase para os cursos de curta duração. O perfil do educando dos CVT são
trabalhadores, ou futuros trabalhadores que recebem assistência contínua para elaborar
projetos e serem apoiado em sua trajetória, de aprender uma nova profissão ou se qualificar
para assim, conseguirem melhores oportunidades de colocação no mercado, ou mesmo,
montar seu próprio negócio. Outro propósito dos CVT é a busca do aperfeiçoamento de
professores do ensino da rede pública do Estado do Ceará, calcados nas atividades
laboratoriais das aulas de física, química, biologia e matemática.
O Instituto Centec tem como missão promover a educação tecnológica, através
do ensino, da integração entre empresa, escola e comunidade, da promoção de parcerias nas
empresas para o melhoramento dos processos fabris, da pesquisa e da extensão e que atenda à
demanda da sociedade, funcionando como centro de referência da educação profissional,
atuando na qualificação e atualização dos recursos humanos (educação profissional básica) e
na formação de técnicos e de tecnólogos de nível superior, em áreas estratégicas, tais como
hidro-agrícola, agro-industrial, sócio-econômica e ambiental, buscando o desenvolvimento
sustentável do Estado do Ceará. Como ponto central deste estudo de caso, foi alocado um
tópico para discorrer sobre o Instituto Centec.
A Universidade Federal do Ceará - UFC participa do programa na forma de
consultoria, com atuação na especificação de equipamentos de transmissão de dados; na
estruturação da formatação dos cursos; no planejamento estratégico do desenvolvimento de
pesquisas científicas; na requalificação dos professores nos diversos cursos de pós-graduação.
Nessa linha de cooperação a UFC põe a disposição do Centec a sua estrutura
organizacional, disponibilizando seus laboratórios e centros de pesquisas, interagindo seus
pesquisadores junto à comunidade acadêmica do referido Instituto, na consecução dos
objetivos preestabelecidos, no tocante à melhoria das atividades científicas e do ensino-
46
aprendizagem tecnológico, fomentando o exercício da busca da criação e disseminação do
conhecimento.
O Plano de Educação Profissional do Estado do Ceará (PEP/CE) está
fundamentada nos princípios de qualidade, eqüidade e empregabilidade. E são definidos
como:
“1. A qualidade pressupõe pluralismo de idéias e diversidade de
alternativas e modelos, do ponto de vista de organização, processos
pedagógicos e gestão, de modo a assegurar, pelo menos, flexibilidade
curricular e descentralização, inovação e parcerias no processo de
gestão;
2. A eqüidade corresponde à garantia de qualidade para todos, ou seja,
oportunidade de acesso ao ensino médio e profissionalizante que,
embora com estruturas próprias, se articulam e se complementam;
3. A empregabilidade considera a capacidade de assegurar o grau de
atualização e permanência no posto de trabalho. A alteração dos
conteúdos tecnológicos e do próprio processo de trabalho exige maior
flexibilidade e adaptação da força de trabalhando, estando, portanto, a
empregabilidade conectada à qualidade do trabalho. Com a tendência
de eliminação dos postos de trabalho pela reestruturação produtiva na
indústria, que deverá se expandir para toda a economia, a capacitação
permanente da mão-de-obra passa a ser requisito do posto de trabalho.
Embora, a educação profissional por si só não gere emprego, somente,
com ela é possível aumentar as oportunidades para o ser humano
enfrentar mercados de trabalho cada vez mais imprevisíveis e
complexos” (SECITECE, 2005).
O projeto tem a frente à Secretaria de Ciência e Tecnologia com apoio de oito
Secretarias de Governo, quatro Universidades, um Instituto de Desenvolvimento de Software,
um Instituto de Ensino, uma Fundação e uma Escola de Saúde Pública.
O baixo poder aquisitivo e a falta de escolaridade da população do Estado, o
desenvolvimento científico e tecnológico, as inovações tecnológicas velozes, a falta de
emprego, a feroz competitividade do mercado econômico são preocupações que levam a
SECITECE a investir na educação profissional.
O alcance social do projeto é garantido pela educação à distância, aula
presencial nos CVT e nas unidades descentralizadas CENTEC. O planejamento direciona os
cursos nas diferentes áreas do conhecimento e em diferentes níveis de educação profissional.
São oferecidos cursos: básicos, técnicos, tecnológico, graduação e especialização. Os cursos
são ofertados de acordo com a vocação da região, tais como: agropecuária e pesca, indústria,
47
turismo, gastronomia, fruticultura, comércio e serviços, alimentos, eletromecânica, gestão,
construção civil, informática, matemática, física, biologia e química.
3.3. Inovação tecnológica
Desde a década de 80, o mundo vem passando por profundas transformações
tecnológicas. Naquela época, a difusão de inúmeras inovações tecnológicas na economia,
mostrava uma mudança de paradigma das tecnologias intensivas em capital e energia, de
produção inflexível e de massa, para as tecnologias intensivas em informações, de manufatura
flexível e computadorizada (LASTRE; CASSIOLATO, 1995).
Nos dias atuais, observa-se uma incessante ação de mudanças nos processos
produtivos, buscando-se o aumento de produtividade, crescente eficiência na utilização do
capital, trabalho, energia e materiais. Por outro lado, o produto, também, vem sofrendo
mudanças. O curto ciclo de vida do produto e a diversidade de produtos são exemplos desta
mudança. A difusão tecnológica está diretamente relacionada à produção e a informação e
comunicação pela economia competitiva como um todo no contexto da globalização.
Na visão de Schumpeter apud Gouveia (1997), o processo inovativo tem
estreita relação com o crescimento econômico. As mudanças devido à introdução e
disseminação de inovações tecnológicas nas suas três formas, produto, processo e gestão,
proporcionam o fator básico na formação dos padrões de transformação da economia.
O objetivo deste item é fazer uma introdução sobre a inovação tecnológica,
mostrando sua natureza, características e a sua importância para competitividade das
economias.
3.3.1. Definição de inovação tecnológica
A capacidade de introduzir inovações tecnológicas, como forma de
competitividade nas empresas, vem desde a revolução industrial. A inovação tecnológica não
se limita em criar produtos inéditos ou não, mas, é vista no sentido mais amplo, onde são
envolvidos, também, os processos e as formas de gestão (SCHUMPETER, 1982). Para o
mesmo autor, a inovação é o elemento interno à empresa, é o propulsor da evolução da
48
empresa ou, em termos macro, do sistema econômico. O processo de inovação ocorre através
de três fases: invenção, inovação e difusão.
Segundo Dosi (1998), a inovação pode ser definida como a busca, descoberta,
experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos e novas
técnicas de gestão. A inovação é o processo pelos quais as empresas dominam e
implementam o projeto e produção de bens e serviços que são novos para os mesmos, apesar
de serem ou não novos para seus concorrentes.
Uma outra abordagem sobre inovação é dada por Mañas (1993) que a define
como a prática da idéia, é a ação efetivada. Para o autor, um produto depende de um processo
gerencial de desenvolvimento e lançamento e, as mudanças tecnológicas se situam entre
necessidades e dificuldades das organizações em acompanharem a evolução do mercado
competitivo.
O autor revela dois critérios básicos para a inovação: a originalidade, que
procura soluções por meio de idéias novas; a viabilidade, no sentido da prática as soluções.
Afirma, ainda, que a inovação deve levar em consideração a relevância das conclusões, a
clareza e limpeza dos resultados, custos, precisão, tempo de duração, disponibilidade de
pessoal, disponibilidade de equipamentos e aspectos éticos.
3.3.2. Elementos tecnológicos inovativos
A tecnologia para a inovação tem um ciclo de vida e sua evolução é função do
esforço realizado para seu desenvolvimento. No início do ciclo, é necessário um grande
esforço em pesquisa e desenvolvimento para se obter melhorias no custo e no desempenho do
produto. Após esse período inicial, a nova tecnologia entra numa fase de expansão quando o
investimento em P&D resulta em grande melhoria no desempenho e no custo do produto.
Finalmente, a tecnologia chega à fase em que não se podem obter melhorias significativas,
mesmo com grande investimento em P&D.
Diversos autores têm propostos vários tipos e formas de inovação. Para este
trabalho, foi dado o enfoque segundo Higgins apud Gouveia (1997) que destaca três tipos de
49
inovação: a inovação do produto, do processo e da gestão. Esses três tipos de inovação
resultam em outras duas: a radical e a incremental.
A abordagem de Freeman (1988), afirma que a inovação, numa dimensão mais
ampla, pode ser radical, entendida como o desenvolvimento e introdução de um produto,
processo ou forma de organização da produção - gestão, inteiramente nova. Esse tipo de
inovação provoca alterações de impacto na economia e, portanto, na sociedade, representando
uma ruptura estrutural com o padrão anteriormente praticado. A inovação radical acarreta
investimento elevado em conhecimentos técnicos, projetos, técnicas de produção, instalações
industriais e equipamentos.
Quanto à inovação nos produtos, esses apresentam desempenho diferenciado
em relação aos produtos existentes, com características adicionais e novas para os
consumidores. Devido o repasse dos custos da inovação, os produtos têm elevados preços de
vendas iniciais, sendo comercializados em mercados restritos e de pouca expressão.
As empresas que adotam uma inovação radical buscam aperfeiçoar seus
produtos para conseguir controlar o mercado da tecnologia estabelecida, abrindo novos
mercados. Esses produtos têm como características um ciclo de vida curto, um grande
potencial de melhoria e poder de agregar novos valores ou atributos.
Ainda, na dimensão mais ampla, encontra-se a inovação incremental,
referindo-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou gestão da
produção dentro da empresa, sem alterações na estrutura industrial (FREEMAN, 1988).
Corroborando com Freeman (1988), Lynn e Marone (1996), destacam a
inovação incremental, que pode ser entendida como sendo a melhora contínua do produto,
num contínuo processo inovativo sem mudanças radicais do produto ou plataforma. Verifica-
se que a inovação incremental não implica obrigatoriamente na extensão da linha de produtos
com produtos complementares compartilhando a mesma plataforma.
A modificação incremental pode ser desde uma pequena característica técnica
do produto ou até mesmo uma mudança puramente estética. Depreende-se destas definições
que a inovação incremental, somente, é caracterizada quando esta não gera mudança
fundamental na tecnologia empregada e o produto resultante não difere significativamente de
seu predecessor.
50
3.4 Síntese do capítulo
Neste capítulo, foi abordada a política nacional para ciência e tecnologia,
considerando as ações da transição da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento.
Neste aspecto, o Governo Federal, por meio do livro Verde e do livro Branco, traça as
diretrizes necessárias em várias áreas, tais como, educação, economia, cultura e lazer,
transporte, meio ambiente e empresa brasileira. Foi destacada, também, a Rede Nacional de
Pesquisa (RNP) que promove o incentivo às inovações tecnológicas.
Foi ressaltada, no âmbito da política estadual do Ceará, a infra-estrutura de
disseminação do conhecimento através da política de interiorização da ciência. Para este fim,
foram criados os quarentas CVT e três Centec que atingem grande parte do Estado, interligada
através do projeto INFOVIA do desenvolvimento, proporcionando o ensino à distância.
A inovação tecnológica, também, foi destacada, dando na abordagem um
enfoque particular nos conceitos, nas características e nos elementos tecnológicos inovativos,
para compor uma definição mais abrangente do assunto.
Constata-se que nas ações de políticas de ciência e tecnologia no âmbito
Nacional e Estadual, a educação profissional é tida como prioritária para fazer frente à
sociedade do conhecimento. Inserir o homem na rede de informação é meta a ser alcançada,
corno forma de inclusão social.
A seguir, tem-se o capítulo 4 com a análise da importância da micro e pequena
empresa para o desenvolvimento econômico e social nacional e regional. Serão consideradas
as questões da inovação e competição econômica.
51
4 - MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Neste capítulo são abordadas considerações relevantes sobre as micro e
pequenas empresas (MPE) do ramo industrial. São apresentados os tipos de classificação para
as MPE, e definindo-se a classificação para o presente estudo.
É abordada, também, a importância das MPE para o Brasil, mostrando os
índices de oportunidade de emprego, gerado por esse tipo de empresa e a sua contribuição
para do produto interno bruto (PIB) nacional. Na seqüência, mostra-se a importância das MPE
instaladas na região do Cariri e as taxas e os fatores da mortalidade das MPE industriais.
A gestão do conhecimento nas MPE é tratada, logo depois, destacando-se as
práticas gerenciais, a memória organizacional e o seu impacto no futuro das organizações. Em
seguida, se faz uma introdução da inovação tecnológica nas MPE, mostrando-se um
comparativo entre as grandes empresas e as MPE, no desenvolvimento da inovação.
Finalizando-se com um resumo do conteúdo de todo o capítulo, como síntese final.
4.1 Micro e pequenas empresas - definição
No Brasil, a definição de MPE é de acordo com a LEI No 9.841, de 5 de
outubro de 1999, que em seu capítulo II, no artigo 2o, diz ”considera-se a microempresa,
aquela que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e
quatro mil reais), e para a empresa de pequeno porte, que tiver receita bruta anual superior a
R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00
(um milhão e duzentos mil reais)”.
Outras classificações para identificar o porte de micro e pequenas empresas,
são levadas em considerações o número de empregados, volume de faturamento/receita anual,
patrimônio, número de estabelecimentos existentes, entre outros; critérios estes adotados por
órgãos governamentais como: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Receita
Federal, Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresa - SEBRAE, bancos
financeiros, entidades de classe, entre outros.
52
A classificação do porte das empresas utilizada pelo SEBRAE, é dimensionada
de acordo com o número de pessoas ocupadas e, subdivida em dois tipos de empresas:
comércio ou serviços e empresas industriais, conforme é apresentado no quadro 4.1.
Quadro 4.1. Classificação do porte da empresa
Pessoas ocupadas
PORTE DA
EMPRESA
Comércio ou Serviços Indústria
Microempresa Até 09 empregados Até 19 empregados
Pequeno Porte De 10 a 49 empregados De 20 a 99 empregados
Médio Porte De 50 a 99 empregados De 100 a 499 empregados
Grande Porte Mais de 99 empregados. Mais de 499 empregados
Fonte: SEBRAE (2005)
O SEBRAE utiliza, ainda, o conceito de pessoas ocupadas nas empresas,
principalmente, nos estudos e levantamentos sobre a presença da micro e pequena empresa na
economia brasileira - aqueles que estão diretamente registrados nos seus quadros de
funcionários -.
A classificação de porte através do volume de faturamento/receita anual e a
classificação quanto ao patrimônio das MPE, não se adeqüam a esse estudo, pois, as MPE
industriais, geralmente, consideram essa informação sigilosa, dificultando o acesso ou a sua
divulgação.
Para essa pesquisa, foi escolhida como a mais adequada, a classificação do
SEBRAE, vista no quadro 4.1, número de pessoas ocupadas, denominando a micro e de
pequena empresa industrial, as que possuem em seus quadros funcionais até 19 e de 20 a 99
empregados, respectivamente.
53
4.2 A importância das MPE na economia nacional
De acordo a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho
e Emprego – RAIS/MTE, os dados mais recentes indicam que em 2004, 66,4% do emprego
no País estava localizado em estabelecimentos com até 500 empregados, e 43,6% do emprego
localizado em estabelecimentos até 100 empregados.
Gráfico 4.1: Localização do emprego nas empresas
Fonte: RAIS (2004)
Segundo estimativas do SEBRAE (2005), há cerca de 3,5 milhões de Micro,
Pequenas e Médias Empresas (MPME) no Brasil, das quais 1,9 milhões são microempresas.
As estatísticas sobre constituição de firmas individuais nos últimos dez anos, permitem
estimar, também, que pelo menos metade das empresas registradas no Brasil é de pequeno
porte. Entretanto, apenas 30% das empresas sobrevivem por mais de cinco anos (ROMERO,
1999).
Com base no IBGE (2003), as MPE representam 99,3% das 3,4 milhões de
empresas formalmente constituídas na indústria, comércio e serviços. Empregam 60% da mão
de obra formalmente ocupada no comércio, na indústria e nos serviços. Essas empresas
absorvem, ou tem algum vínculo, com uma população de 70 milhões de brasileiros,
economicamente, ativos, denominada de população economicamente ativa – PEA.
54
Assim, a importância das MPE, para a geração de emprego é evidente.
Entretanto, a perspectiva destas empresas no que se refere à geração de renda, diferem de
acordo com condições setoriais, locais e de inserção no mercado externo.
Dados do SEBRAE (2005), mostram que as micro, pequenas e médias
empresas constituem cerca de 98% das empresas existentes, empregam 60% da população
economicamente ativa e geram 42% da renda produzida no setor industrial, contribuindo com
21% do Produto Interno Bruto – PIB.
4.3 A importância das MPE para região do Cariri/CE
A economia industrial da região sul do Ceará é, predominantemente,
constituída de MPE, conforme dados da Federação das Indústrias do Estado do Ceará – FIEC
(2004). Além, dessas MPE, existe um elevado número de empresas informais, realidade essa,
que não difere de outras MPE localidades no Brasil.
Dois indicadores importantes confirmam a realidade do Brasil, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2003) totalizando 9,5 milhões de empresas
informais, enquanto, para o Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos
(DIEESE, 2002) são 14,5 milhões de empresas informais, contra 3,4 milhões de empresas,
formalmente constituídas na indústria, comércio e serviços.
Na região do Cariri, as MPE industriais formalmente constituídas e cadastradas
no SEBRAE ou na FIEC (2004) são de artefatos de alumínio, produção de cerâmica e de pré-
moldado, confecções e artigos de vestuários, folheados e lapidados de jóias, calçados e artigos
de couros e plásticos. Ainda, em números reduzidos, encontram-se as indústrias
farmacêuticas, alimentos e de extração mineral, denominadas de outros. A distribuição das
MPE industriais por tipo de atividade, é mostrada no gráfico 4.2.
55
Gráfico 4.2: Distribuição das MPE industriais por tipo de atividade
Fonte: FIEC-Ce/SEBRAE (2004)
De acordo com o gráfico 4.2, a participação da indústria de calçado e couro é
de grande importância para economia da região do Cariri, correspondendo a 46,98% (117
empresas) do total de MPE industrial na região do Cariri. Segundo o SINDINDUSTRIA
(2005), a região está despontando como um pólo calçadista, contando com, aproximadamente,
8.000 pessoas ocupadas em postos formais e informais. Os calçados tipicamente fabricados
neste setor são sandálias surf com borracha de EVA (Copolímero de etileno e vinil acetato) e
injetados em PVC (Policloreto de vinila) e TR (Borracha termoplástica) e uma pequena
quantidade em PU (Poliuretano) com cabedal de couro. São produzidas, ainda, sandálias de
rabicho, feitas artesanalmente com couro.
4.4 Mortalidade das MPE
O SEBRAE em conjunto com a Fundação Universidade de Brasília (FUBRA),
tem realizado estudos sobre a taxa de mortalidade de empresas do Brasil. Este estudo adota o
número de empregados como critério para classificação das empresas, foi desenvolvido
através de pesquisa de campo realizada em 2004 considerando a taxa de mortalidade das
empresas constituídas e registradas nas Juntas Comerciais Estaduais em 2000, 2001 e 2002,
identificando os fatores condicionantes da mortalidade e confrontando os resultados de
entrevistas realizadas junto às empresas extintas e em atividade.
Conforme dados desta pesquisa, as empresas com até dois anos de existência,
tem taxa de mortalidade de 49,4% (de 2002 a 2004), com três anos de existência, tem taxa de
56
mortalidade de 56,4% (de 2001 à 2004), e para as empresas com até 4 anos de existência, tem
taxa de 59,9%. O quadro 4.2 mostra a taxa de mortalidade em cada região do Brasil.
Quadro 4.2. Taxa de mortalidade de empresas no Brasil
TAXA DE MORTALIDADE (%)
ANO DE
CONSTITUIÇÃO
(2004 - ano de
referência)
SUDESTE SUL NORDESTE NORTE
CENTRO
OESTE
BRASIL
2002 48,9 52,9 46,7 47,5 49,4 49,4
2001 56,7 60,1 53,4 51,6 54,6 56,4
2000 61,1 58,9 62,7 53,4 53,9 59,9
Fonte: SEBRAE (2004).
Analisando o quadro 4.2, observa-se que o Nordeste tem o pior índice de taxa
de mortalidade dentre as regiões do Brasil, para as empresas com até 4 anos de existência
(62,7%). Esse resultado prejudica de forma incisiva a economia local, aumentando o número
de desempregados. Por outro lado, esses altos índices de mortalidade empresarial,
representam um grande desperdício de esforços e recursos em toda camada da sociedade, pois
acabam não produzindo os retornos esperados por seus investidores.
Os fatores condicionantes da mortalidade das empresas são apresentados com
base no estudo consolidado pelo SEBRAE/FUBRA, na opinião dos empresários que
encerraram as atividades, encontra-se em primeiro lugar, como as causas do fracasso,
questões relacionadas à falhas gerenciais na condução dos negócios, expressas nas seguintes
razões: falta de capital de giro, problemas financeiros (situação de alto endividamento), ponto
inadequado (falhas no planejamento inicial) e falta de conhecimentos gerenciais, conforme é
mostrada no quadro 4.3.
57
Quadro 4.3: Causas das dificuldades e razões para o fechamento das empresas
CATEGORIA RANKING DIFICULDADES/RAZÕES %
Falhas Gerenciais 1
o
.
3
o
.
8
o
.
9
o
.
Falta de capital de giro
Problemas financeiros
Ponto / localização inadequada
Falta de conhecimentos gerenciais
42
21
8
7
Causas Econômicas e
Conjunturais
2
o
.
4
o
.
6
o
.
Falta de clientes
Maus pagadores (inadimplência)
Recessão econômica do país
25
16
14
Logística Operacional 12
o
.
11
o
.
Instalações inadequadas
Falta de mão-de-obra qualificada
3
6
Políticas Públicas e
Arcabouço Legal
5
o
.
10
o
.
13
o
.
7
o
.
Falta de crédito bancário
Problemas com falsificação
Carga tributária elevada
Outra razão
14
6
1
13
Fonte: SEBRAE (2004)
No quadro 4.3, tem-se em segundo lugar a predominância das causas
econômicas e conjunturais, como a falta de clientes, maus pagadores e recessão econômica do
País, sendo que o fator “falta de clientes” pressupõe também falhas no planejamento inicial da
empresa. Outra causa indicada, correspondendo a 14% das menções, refere-se à falta de
crédito bancário.
Tomando em análise o estudo referenciado, é possível inferir que as causas da
alta mortalidade das empresas no Brasil estão fortemente relacionadas, em primeiro lugar, as
falhas gerenciais na condução dos negócios, seguidas de causas econômicas e conjunturais e
tributação elevada.
Ainda, analisando-se o quadro 4.3, entende-se que os principais problemas
enfrentados pelo empreendedor são a falta de crédito e incentivos governamentais, levando ao
insucesso dos seus negócios. No entanto, as práticas de administrar o empreendimento, visto
nesse quadro, como falta de conhecimentos gerenciais, podem ser contornadas através de um
trabalho de treinamento, consultoria ou viabilidade técnica, de instituições de apoio a essas
empresas.
58
4.5 Inovações tecnológicas nas MPE
No Brasil, ao contrário da tendência mundial, percebe-se que não existe
tradição de parceria entre universidade e empresa. O governo brasileiro vem incentivando
empresas de pesquisas, para o desenvolvimento de projetos de inovação nas áreas estratégicas
de semicondutores, software, bens de capital e fármaco e medicamentos. Como exemplo, cita-
se o projeto do carro flex, um automóvel bicombustível que usa tanto a gasolina como o
álcool. Esse projeto de sucesso foi desenvolvido, por três grandes empresas a Bosch, a GM
representada pela DELPHI e FIAT representada pela empresa Magnetti Marelli (GIULIANO;
SILVA, 2006).
Em termos de investimento em P&D, as empresas investem pouco em
comparação a investimentos globais. No Brasil, os investimentos em P&D, na maior parte,
advêm de órgãos públicos, por meio de agências de fomento à pesquisa.
Gráfico 4.3: Dispêndio nacional em P&D
Fonte: Coordenação de estatística e indicadores do MCT (2004)
As grandes empresas têm vantagens em possuir uma estrutura em P&D, capaz
de gerar e adotar inovação. Essas vantagens advêm do acesso ao crédito facilitado, economia
de escala em P&D e maior poder político (MARCUM, 1992).
Ainda, observa-se que grandes empresas têm a percepção de que o
conhecimento é um ativo da empresa e que determinará, nos próximos anos, o sucesso das
organizações, quando esta adota a prática da gestão do conhecimento. Esse foi o resultado
obtido por meio de pesquisa realizada pela E-Consulting Corp, com uma amostra composta
59
por executivos de 200 grandes empresas do Brasil (HSM Management, 2004). Os resultados
são mostrados no gráfico 4.4.
Gráfico 4.4: Impactos sobre as empresas com a correta gestão do conhecimento
Fonte: HSM Management (2004)
Por outro lado, as pequenas e médias empresas têm papel importante na
economia do conhecimento. São difusoras de inovação tecnológica e ao mesmo tempo
proporciona o crescimento regional.
Ao contrário das grandes empresas, a maioria das MPE tem dificuldades
financeiras e de absorção de novas tecnologias. Não existe departamento de P&D e a
estrutura organizacional é centralizada, as decisões são tomadas pelo dono da empresa. Esses
pontos dificultam a inovação. Ainda, são apontados como motivos que impedem a inovação: a
escassez de recursos humanos em seu quadro de pessoal; a falta de centros de apoio
tecnológico; dificuldades de obter informações sobre novas tecnologias e inexistência de
política governamental que, efetivamente, incentive o desenvolvimento tecnológico (LINS,
1996).
Enquanto as grandes empresas têm vantagens na estrutura de P&D, as
pequenas e médias empresas têm vantagens comportamentais relacionadas à flexibilização e
capacidade de mudanças no mercado. Essas empresas, normalmente, possuem nichos de
mercados, e atividades diversificadas, o que facilita resposta rápida às mudanças (LASTRE;
CASSIOLATO, 2003).
60
Para Schumpeter (1984), a inovação é um processo de transformação industrial
que revoluciona a estrutura econômica antiga e cria uma nova. A substituição de antigos
produtos por novos, chamada por Schumpeter de "destruição criadora”, é a fonte principal de
crescimento das economias capitalistas.
As MPE têm como fator de motivação principal para a inovação, o lucro. Sem
inovar, as empresas não conseguem competir, perde a capacidade de gerar lucro, reduz o seu
tamanho de atuação e tendem a desaparecer do mercado, enfraquecendo o desenvolvimento
econômico da região.
Verifica-se que as consultorias em nível de gestão administrativa ou
tecnológica, são onerosas para as MPE e não fazem parte de sua rotina ou mesmo da sua
cultura. As MPE não percebem a inovação, como resultados ao longo prazo, pois, a busca e
seleção da informação, tempo limitado, recurso humano escasso, geram essa barreira.
Geralmente, as MPE inovam por conta própria, quando percebem claramente
as oportunidades de negócio, estimuladas pelos concorrentes e fornecedores, confiantes na
esperança de maiores lucros. Estão quase sempre dispostos a mudar, desde que confiem nos
lucros e tenham recursos financeiros para investir. As MPE têm necessidade de apoio do
governo, das universidades e dos centros de pesquisa, mas não conhecem os instrumentos e
mecanismos do governo que os apóiem, nem mecanismos fiscais, nem mecanismos
financeiros, nem de crédito, nem de poder de compra.
4.6 Síntese do capítulo
Neste capítulo, foram levantadas a definição e a classificação das micro e
pequenas empresas, escolhendo-se como o mais apropriado para o estudo, à definição do
SEBRAE que estratifica as MPE de acordo com o número de funcionários. Foi retratada a
importância das MPE na esfera nacional e, também, na região do Cariri/Ce.
O ciclo de vida das MPE foi ressaltado, através da taxa de mortalidade e seus
principais motivos e causas. No enfoque dado a inovação tecnológica, fez-se um comparativo
entre as grandes empresas e as MPE, mostrando as facilidades e dificuldades encontradas nas
empresas. Foram observadas as dificuldades para implantação de P&D nas MPE, pelos
61
diversos motivos apresentados ao longo deste capítulo e, como é feita transferência de
tecnologia neste tipo de empresa.
As micro e pequenas empresas são mais funcionais ao novo modelo de
desenvolvimento globalizado, por serem flexíveis operacionalmente, abertas à inovação
tecnológica e ao conhecimento. Elas cumprem o importante papel de absorverem os
desempregados das empresas modernizadas e de receberem os jovens no mercado de trabalho.
Para garantir o crescimento dessas empresas e o seu conhecido potencial de geração de
trabalho e renda, é fundamental uma ambientação adequada, com infra-estrutura, acesso ao
conhecimento e à informação, ou seja, de uma política pública que facilite a criação de novas
empresas e que dê sustentabilidade as micro e pequenas empresas já existentes.
A seguir, tem-se o capítulo 5, com a apresentação do principal objeto deste
estudo, o Instituto Centro de Ensino Tecnológico - Centec. São destacados aspectos
relacionados, desde, a sua criação, como, a estruturação organizacional, os cursos superiores
tecnológico e os técnicos de nível médio. Enfim, caracteriza-se a instituição selecionada para
a pesquisa de campo.
62
5 - INSTITUTO CENTRO DE ENSINO TECNOLÓGICO
Este capítulo descreve o projeto de criação do Instituto Centec e a sua missão
fundamentada na educação profissional tecnológica, através das diversas modalidades de
cursos. Faz referência ao Instituto Centec na condição de instituição incubadora de empresas,
e aos principais projetos de pesquisas desenvolvidos nas diversas áreas do conhecimento.
5.1 Projeto de criação do Instituto Centec
O Instituto Centec foi idealizado para atender às transformações sócio-
econômicas que estão acontecendo no País, com profundas modificações no mercado de
trabalho, que passou a exigir pessoal qualificado e atualizado para suprir às demandas
diversificadas das atividades, à evolução dos processos tecnológicos e às novas
especializações exigidas pelo programa de desenvolvimento sustentado, proposto pelo
Governo do Estado do Ceará, com o apoio do setor privado.
Em 1970, o Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”, em São
Paulo, conseguiu a aprovação, do Conselho Federal de Educação – CFE, de cinco cursos de
educação tecnológica, o que impulsionou a difusão dos cursos de formação de tecnólogos, em
diferentes especialidades do conhecimento nas unidades da federação, com exceção dos
estados do Nordeste, onde uma parcela insignificante foi implantada.
O Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Ciência e Tecnologia
– SECITECE, iniciou em 1995, a implantação de um importante e extenso programa de
educação tecnológica, cujo projeto previa a criação de três Unidades de Centros de Ensino
Tecnológico – Centec e de quarenta unidades de Centros Vocacionais Tecnológicos – CVT.
Esta Instituição deveria atuar de forma integrada, em cada região, desenvolvendo atividades
nos diferentes níveis do ensino profissionalizante, direcionados para as vocações regionais
(CENTEC, 2005).
Em 09 de março de 1999, foi criado o Instituto Centec, como sociedade civil
de direito privado, sem fins lucrativos, qualificado como Organização Social – O.S., através
63
do Decreto no. 25.927, datado de 29/06/2000, com o compromisso de prestar serviço na área
social, através de contratos de gestão.
O Instituto Centec enquadra-se como um centro de educação tecnológica,
pertencente ao sistema estadual de educação e integrado ao sistema nacional de educação
tecnológica, de acordo com a Lei no. 8.894 de 08/12/94, sendo o seu funcionamento e sua
operacionalização regulamentados pelo Decreto no. 2.406 de 27/11/97, o qual disciplina a
citada lei e dá outras providências e pela Portaria Ministerial no. 1.647 de 25/11/99, que
dispõe sobre o credenciamento autorização de Centros de Educação Tecnológica e sobre
autorização de cursos de nível tecnológico de educação profissional (CNE/CES 436/2001).
5.2 Promoção da educação tecnológica
Em atendimento às necessidades da sociedade diante das transformações sócio-
econômicas, as Unidades Centec e os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT), que
constituem o Instituto Centec, foram estruturados de forma a promover a educação
tecnológica, através do ensino, da pesquisa e da extensão no atendimento a demanda da
sociedade, funcionando como centro de referência da educação profissional, atuando na
qualificação e requalificação dos recursos humanos (educação profissional básica) e na
formação de técnicos (nível médio) e de tecnólogos (nível superior), em áreas estratégicas do
conhecimento humano, como pilares do desenvolvimento sustentável do Estado do Ceará.
Nessa linha de descrição da concepção do novo modelo de educação
profissional, foram implantadas três unidades Centec - UC, localizados nos municípios de
Sobral, Limoeiro do Norte e Juazeiro do Norte, atuando como unidades de referência de
educação tecnológica, formando e especializando técnicos de nível médio e superior e,
quarenta CVT em diversos municípios do Estado do Ceará.
5.3 Organização do Instituto Centec
O Instituto Centec possui três estruturas macro, o Conselho de Administração
– órgão de deliberação superior, o Conselho Fiscal – órgão fiscalizador da gestão financeira, e
a Diretoria Executiva – órgão de direção executiva (CENTEC, 2005).
64
5.3.1 Conselho de administração e conselho fiscal
O conselho de administração é constituído por dez membros de notória
capacidade e reconhecida idoneidade moral, sendo, na qualidade de membros natos – quatro
representantes do poder público estadual e três representantes da sociedade civil, na qualidade
de membros eleitos – dois membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, e um
professor eleito pelo corpo docente, dentre os professores do Instituto Centec.
O conselho fiscal é constituído por sete membros e seus respectivos suplentes,
sendo, cinco representantes do poder público estadual e, dois representantes da sociedade
civil. A figura 5.1 mostra a estruturação dos vários órgãos do Instituto Centec.
65
Figura 5.1. Organograma funcional do Instituto Centec
Fonte: CENTEC (2005).
66
5.3.2 Diretoria Executiva - DE
A diretoria executiva é composta por: diretor presidente, diretor de ensino e
pesquisa, diretor de extensão tecnológica, diretor administrativo financeiro e órgãos de
assessoramento.
Segundo o regimento interno do Instituto Centec, ao diretor presidente
compete a execução, o controle e a avaliação das ações e atividades da instituição. Dentre as
competências inerentes ao diretor presidente, as principais são: representar o Instituto Centec;
implementar as políticas, diretrizes, estratégias, planos de atividades do Instituto Centec;
nomear e empossar os seus assessores, bem como os demais diretores e os seus substitutos;
promover a articulação com órgãos e entidades públicas ou privadas; firmar contratos,
convênios, acordos, ajustes e protocolos, parcerias e consórcios com órgãos públicos e
privados; assinar deliberações, juntamente com os demais membros da diretoria executiva
(CENTEC, 2005).
A Diretoria de Ensino e Pesquisa é responsável pela execução das atividades
de ensino, pesquisa e de assistência tecnológica nas Unidades Centec, coordenando as ações
das Diretorias Regionais - DR, da Divisão Técnico-Pedagógica - DTP, da Divisão de Pesquisa
e Desenvolvimento Tecnológico – DPD, e Divisão de Apoio ao Ensino - DAE.
A Diretoria de Extensão Tecnológica (DET) é responsável pela execução das
atividades de assistência e extensão tecnológicas; capacitação e qualificação/requalificação
profissionais através dos Centros Vocacionais Tecnológicos – CVT; e pela geração de
negócios, que são atividades fins do Instituto Centec, abrangendo a Divisão de Qualificação
Profissional - DQP, Gerências Regionais – GR, e a Divisão de Assistência Tecnológica -
DAT.
O Diretor Administrativo Financeiro (DAF) tem por finalidade planejar e
coordenar e planejar atividades relacionadas à administração e finanças, de forma integrada, o
desenvolvimento das atividades-meio, contribuindo para a concretização da missão e dos
objetivos do Instituto Centec. Para a execução das atividades-meio do Instituto Centec, a
Diretoria Administrativa Financeira é composta da Divisão de Recursos Humanos - DRH, da
Divisão Contábil Financeira - DCF, da Divisão de Compras - DCO, da Divisão Técnica de
67
Apoio à Infra-estrutura – DTI, e da Divisão de Serviços Gerais e Patrimônio – DSP
(CENTEC, 2005).
5.3.3 Órgãos de assessoramento à diretoria executiva
A Diretoria Executiva do Instituto Centec, dispõe de núcleos e assessorias
especializadas, com a finalidade de garantir melhores desempenhos, interno e externo, da
instituição, recebendo denominações de acordo com as atividades que exercem.
O Núcleo de Planejamento, Organização e Controle – NPOC, A Diretoria
Executiva conta com atribuições de cooperar na formulação do planejamento estratégico da
Instituição; de ajudar aos técnicos na elaboração de contratos e, principalmente, na redação
dos projetos; acompanhar o andamento dos convênios, contratos e projetos; prestar
informações sobre o Instituto Centec das suas ações e as suas potencialidades; propor
normalizações que interessem à instituição; operar e manter atualizado o cadastro de idéias,
propostas e projetos do Instituto Centec.
Além do NPOC, a Diretoria Executiva conta com o Núcleo de Tecnologia da
Informação – NTI, cujas atribuições são de gerenciar o ambiente de videoconferência;
assessorar o uso das salas de vídeo conferência; dar manutenção aos equipamentos de
informática, “hardware” e “software”; dar manutenção à rede de dados; dar apoio técnico ao
sistema integrado de gestão; efetuar análises de sistemas; desenvolver sistemas que atendam
às necessidades de cada setor; avaliar, acompanhar e alterar os sistemas externos de
informação; implantar e controlar os pacotes licenciados; produzir e dar segurança ao sistema.
5.4 O ensino profissional tecnológico
Os cursos superiores de curta duração, procedentes dos Estados Unidos e da
Europa foram amplamente disseminados após a segunda Guerra Mundial. No Brasil,
começaram a ser implantados no final da década de 60.
Atualmente, os cursos de curta duração e de formação de técnicos e de
tecnólogos, fazem parte da educação profissional, estruturada pela Lei de Diretrizes e Base da
Educação – LDB no. 9.384, de 20 de dezembro de 1996 e o Decreto no. 2.208, de 17/04/97
68
que regulamenta o § 2º. Do artigo 36 e os artigos 39 a 42 da citada Lei que estabelecem as
diretrizes e bases da Educação Nacional.
A conceituação da educação profissional e a sua operacionalização pelas
instituições de ensino cabem, em âmbito nacional, à Secretaria de Educação Média e
Tecnológica – MEC/SEMTEC, enquanto que, no Estado do Ceará, competem ao Conselho de
Educação do Ceará – CEC, juntamente com a Secretaria da Ciência e Tecnologia do Ceará–
SECITECE.
A educação tecnológica é estratégica para o desenvolvimento sustentado de um
estado ou país, o qual requer, entre outras bases, pessoal qualificado. A qualificação do
trabalhador exige, não apenas treinamento específico para realização de tarefas cotidianas,
mas, também, uma base calcada em competências, ou seja, na capacidade de mobilizar
conhecimentos, valores e habilidades na resolução de tarefas inusitadas.
Segundo o Decreto no. 2.208/97 da LDB, os cursos são classificados em três
níveis: básicos, técnicos e tecnológicos. Os cursos básicos são voltados para a qualificação e
requalificação, à atualização e a reprofissionalização dos trabalhadores, independente de sua
escolarização. Não dependem de reconhecimento das instâncias públicas de educação. Os
cursos técnicos visam à habilitação profissional de alunos matriculados ou egressos do ensino
médio, tendo organização curricular própria independente do ensino médio. E, os cursos
tecnológicos correspondem aos cursos de nível superior na área tecnológica, com duração
entre dois e três anos e meio, destinando-se a egressos do ensino médio e técnico.
Atendendo às concepções previstas para a Educação Profissional Tecnológica,
os cursos do Instituto Centec foram concebidos com matrizes curriculares atualizadas,
adotando módulos flexíveis e complementares, com terminalidades distintas para efeito de
graduação, prevendo a perfeita integração da escola com a comunidade, especialmente com o
setor produtivo.
5.4.1 Cursos de extensão
Os cursos de extensão, focado em atender a comunidade em geral, com carga
horária de 40 horas até 100 horas, caracterizando-se como cursos de curta duração são
69
dirigidos à formação e a atualização curricular profissional. Visam a atender às demandas do
mercado de trabalho, no que tange às áreas de execução e operacionalização de tarefas
técnicas para o setor de produção e para projetos de desenvolvimento em implantação, de
acordo com as prioridades definidas no Plano de Educação Profissional do Estado do Ceará -
PEP/Ce.
Os CVT oferecem cursos de extensão de acordo com a vocação de cada região
no qual está inserida. Para atender a todas as regiões do Estado do Ceará são ofertados os
cursos nos segmentos:
Básicos de Ciência: São cursos laboratoriais destinados a alunos de níveis
fundamental e médio para complementar o ensino da teoria visto em sala de aula.
Também, são ofertados cursos laboratoriais para qualificação de professores
Municipais e Estaduais do Estado do Ceará.
Profissionalizante em Agropecuária e Pesca: São cursos destinados à inserção do
homem no campo. Têm sua abrangência em piscicultura, irrigação, cultivos de
frutas e hortaliças, manejo de bovinos e ovinos, farmácia viva, agricultura
orgânica, e conhecimentos em fitossanidade.
Indústria: São cursos destinados às pessoas que pretendem ingressar na
manutenção industrial ou montar sua própria oficina de manutenção. As áreas são
da elétrica e mecânica. São ofertados cursos de eletrônica, mecânica automotiva,
eletricidade predial e industrial, refrigeração e soldagem.
Construção Civil: São ofertados os cursos de armador ferreiro, mestre de obras,
ajudante da construção civil, carpinteiro de formas, bombeiro hidráulico, concreto
pré-moldado, ferrocimento artesanal e fabricação de paralelepípedo.
Turismo: São cursos de atuação expressiva, tanto no litoral, como nas áreas
serranas do Estado do Ceará. São ofertados os cursos de agroturismo, ecoturismo,
gerenciamento de hotel e restaurante, produção de eventos, idioma aplicado ao
turismo, cozinha para o turismo.
Gestão: Cursos de administração financeira, gestão de empresa rural, básico
secretariado, cooperativismo.
A estrutura de ensino dos CVT para os cursos profissionalizantes engloba
laboratório de física, laboratório de química, laboratório de biologia, laboratório de análises
70
de água, solos e alimentos, laboratório de informática, oficina de eletromecânica, biblioteca
multimídia e salas polivalentes (CVT, 2003).
Do ponto de vista filosófico-pedagógico os CVT põem em prática a
perspectiva de que seus profissionais devem ter conhecimentos integrados com as áreas das
ciências e do profissionalizante, para que possam prestar serviços junto à comunidade, através
de cursos, de práticas laboratoriais, de assistência técnica/gerencial e de elaboração e
acompanhamento de projetos.
5.4.2 Cursos superiores tecnológicos
Os cursos de tecnologia do Instituto Centec são de graduação, com
terminalidades específicas, de acordo com os respectivos perfis de conclusão, contemplando a
formação de um profissional apto a desenvolver, de forma plena e inovadora, atividades em
uma determinada área profissional.
A) Curso superior tecnológico em saneamento
O curso de graduação tecnológica em saneamento enfoca os fundamentos e o
gerenciamento das questões ambientais, tendo em vista, o novo cenário do ambiente dos
negócios. No modelo do desenvolvimento econômico tradicional, as empresas atuam apenas
para resolver os problemas econômicos fundamentais (produzir com maior lucro), sem a
menor preocupação com as conseqüências para o meio ambiente. Tanto a exploração dos
recursos naturais (matéria-prima, energia, água) quanto à destinação dos resíduos, são feitas
sem qualquer avaliação crítica sobre os impactos ambientais produzidos.
A nova visão do mundo dos negócios caracteriza-se sobre tudo pelo papel
sócio-político das organizações sociais (empresas, instituições governamentais, escolas) e é
decorrente de uma mudança de modelo de desenvolvimento que esta ocorrendo na sociedade
redirecionando o enfoque do econômico para o social valorizando aspectos como qualidade
de vida, relacionamento pessoal, meio ambiente.
O objetivo do curso é a formação de profissionais com competência para
compreender e analisar, criticamente, os parâmetros sociais, tecnológicos, econômicos e
produtivos que possam provocar impactos no meio ambiente e propor soluções, para a
melhoria e conservação da qualidade ambiental. O curso permite a inserção de profissionais
71
no mercado de trabalho em tempo mais curto, e intensificará a integração empresa-escola, por
estar apoiado em atividades que utilizarão exemplos práticos e situações reais do setor
produtivo e de serviço.
De maneira geral, o profissional tecnólogo de recursos hídricos/saneamento
ambiental tem o perfil de um líder técnico nas áreas produtivas das empresas públicas e
privadas; responsável técnico em órgãos governamentais, indústrias, empresas de consultoria
e prefeituras municipais, sendo capaz de desempenhar atividades de aperfeiçoamento,
implementação e controle dos processos de prevenção, conservação e recuperação do
ambiente, com habilidades e conhecimentos técnico-científicos, capazes de absorverem
mudanças.
B) Curso superior tecnológico em irrigação
O curso tem por objetivo formar profissionais com competências e habilidades,
voltadas aos sistemas de irrigações e drenagem. O tecnólogo em recurso hídrico/irrigação
estará capacitado para: elaborar a construção de obras de irrigação e drenagem; executar a
construção de obras de irrigação e drenagem. Com base no currículo, o tecnólogo será capaz,
ainda, de conduzir e controlar a operação de sistemas de irrigação, no tocante a captação da
água de irrigação; na distribuição da água de irrigação; na operação da irrigação - distribuição
da água nos solos cultivados; na conservação do sistema de irrigação e drenagem.
O perfil profissional é direcionado a realização de consultorias - orientação,
elaboração e acompanhamento de projetos de irrigação e drenagem -, a ocupar cargos de
gerência - administração de perímetros irrigados -, de prestar assistência técnica -
implementação de projetos de irrigação e drenagem -, e de avaliador de sistemas de irrigação.
C) Curso superior tecnológico em eletromecânica
O tecnólogo em eletromecânica é um profissional de nível superior com
formação e capacitação que o habilitam à supervisão de setores especializados da indústria e
encargos normais de produção industrial, caracterizado por uma formação
predominantemente prática, necessária à condução de processos industriais, gerência ou
supervisão das indústrias, direção de aplicação de mão-de-obra, técnicas de utilização e
manutenção de equipamentos; enfim, às atividades normais ou de rotina das indústrias.
72
O tecnólogo em eletromecânica é habilitado a trabalhar na operação e
manutenção de equipamentos hidráulicos, pneumáticos, mecânicos e eletromecânicos. Ainda,
possibilita o tecnólogo o engajamento a atividades relacionadas com a distribuição e
utilização de energia elétrica; máquinas e equipamentos elétricos, instalações elétricas
prediais e industriais; acionamentos industriais; fontes alternativas de energia; sistemas de
medição e controle elétrico e serviços.
D) Curso superior tecnológico em alimentos vegetal e animal
O curso de graduação tecnológica em alimentos vegetal e animal, além das
disciplinas científicas e tecnológicas, possui disciplinas de abrangência gerencial e humana,
permitindo ao tecnólogo a interagir como empreendedor dentro dos nichos específicos dos
mercados de trabalho ou como profissional liberal oferecendo consultorias e/ou assessoria.
Os profissionais do curso de tecnologia de alimentos podem acompanhar todo
o processo industrial do alimento, desde a sua recepção até a distribuição/interação para
consumo e suas transformações diversas, em uma visão integrada com o cliente consumidor.
O aluno de tecnologia de alimentos participa de modo ativo das atividades de
laboratórios, em que se aplicam técnicas alimentícias e nutricionais. Os laboratórios contam
com uma completa infra-estrutura, destinada à industrialização de uma grande variedade de
alimentos, que atende assim, a preocupação do Instituto Centec em formar profissionais com
capacidade para a execução das atribuições e habilitações oferecidas.
No perfil profissional do tecnólogo em alimento observam-se as seguintes
características desenvolvidas ao longo do seu período formativo:
Supervisão, coordenação e orientação técnica;
Estudo de viabilidade técnico-econômica;
Assistência, assessoria e consultoria;
Elaboração de orçamento.
73
5.4.3 Cursos técnicos de nível médio
Os cursos técnicos são destinados à habilitação profissional de alunos
matriculados ou egressos do ensino médio, tendo organização curricular própria independente
do ensino médio.
Foram concebidos em atendimento às concepções previstas para a educação
profissional, prevendo a perfeita integração da escola com a comunidade e com o setor
produtivo, em observância com as vocações de cada município. Atualmente, o Instituto
Centec conta com cinco cursos técnicos com duração de dois anos.
O curso técnico em eletroeletrônica visa desempenhar atividades junto às
empresas industriais e ao setor de serviços, nas áreas de eletricidade e da eletrônica. O técnico
em eletroeletrônica planeja e executa serviços de instalação e manutenção de sistemas
eletroeletrônicos, interpreta ordens de serviços, desenhos e cronogramas de projetos. Instala,
inspeciona e ativa sistemas, montando e conectando equipamentos para instalações, ajustando
parâmetros elétricos e lógicos dos equipamentos, realizando testes e corrigindo falhas. Realiza
manutenções preventiva e corretiva dos sistemas eletroeletrônicos e elabora documentos
técnicos. Trabalha seguindo normas de segurança, higiene, qualidade e proteção ao meio
ambiente.
O curso técnico em mecânica capacita profissionais para as tarefas de
fabricação mecânica, no planejamento, programação e execução de manutenção mecânica. O
perfil do técnico em mecânica é o que executa projetos de sistema eletromecânicos, monta e
acompanha a instalação de máquinas e equipamentos, planeja e realiza manutenção
preventiva, desenvolve processos de fabricação e montagem, elabora documentação, realiza
compras e vendas técnicas e cumpre normas e procedimentos de segurança no trabalho e
preservação ambiental.
O curso técnico em fruticultura capacita profissionais para coordenar e
conduzir toda a produção frutífera: na produção de mudas, na fertirrigação, na aplicação de
defensivos agrícolas e no manejo adequado de cultivo.
O técnico em fruticultura irá atuar na área da agroindústria, prestando
assistência e consultoria técnica, orientando diretamente produtores sobre a produção, a
comercialização e a biosseguridade do setor. É o profissional que planeja, executa e
74
administra projeto em fruticultura em suas diversas etapas, verificando a viabilidade
econômica, as condições de infra-estrutura; promove diferentes formas de organização social
e rural; fiscaliza a produção agroindustrial e desenvolve tecnologias disseminando técnicas de
produção sustentável.
O curso técnico em gastronomia forma profissionais capazes de criar,
desenvolver e administrar atividades nas áreas de alimentos e bebidas, preparar alimentos,
controlar a matéria prima, insumos e produtos, organizar eventos e monitorar práticas de
manipulação, possibilitando aos mesmos, o acesso ao mundo da gastronomia. O profissional
da Gastronomia visa atender a demanda de profissionais nos restaurantes, hotéis, hospitais,
fastfood e cozinhas industriais.
O curso técnico em meio ambiente forma profissionais capazes de atuar, com
eficiência individual e integrada, nos grupos multi-profissionais, nas áreas de planejamento e
vigilância ambiental e análises laboratoriais de água, efluentes e resíduos tóxicos. O técnico
em meio ambiente atua na avaliação de riscos e no gerenciamento ambiental, como também,
assessora na elaboração de laudos e práticas de educação ambiental.
5.5 Incubadora tecnológica do Centec - INTECE
O Programa Nacional de Apoio as Incubadoras de Empresas – PNI - pretende
congregar, articular, aprimorar e divulgar a maioria dos esforços institucionais e financeiros
de suporte a este tipo de empreendimento, a fim de ampliar e otimizar a maior parte dos
recursos, que deverão ser canalizados para apoiar a geração e consolidação de um maior
número de micro e pequenas empresas inovadoras em regime de incubação.
O Programa Nacional de Apoio as Incubadoras de Empresas envolvem
diversos órgãos governamentais e associações. O principal órgão governamental de apoio ao
PNI é Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT. Outras entidades são: Secretaria de Política
Tecnológica Empresarial – SEPTE; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq; Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP; Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC; Secretaria de Desenvolvimento da
Produção – SDP; Banco do Nordeste; Serviço de Aprendizagem Industrial – SENAI; Instituto
Euvaldo Lodi – IEL.
75
O SEBRAE participa dos conselhos das incubadoras e tem papel de articulador
e colocam à disposição recursos técnicos, financeiros e gerenciais. Outra entidade que apóia
ativamente as incubadoras é Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos de Tecnologias Avançadas – ANPROTEC.
Visando a apoiar e desenvolver as micro e pequenas empresas do interior do
Ceará, o Instituto CENTEC se integrou ao Programa Nacional de Apoio as Incubadoras de
Empresas – PNI – em 2002, o qual se destina a apoiar empreendedores, para a criação de
novos negócios, que ainda não detenham condições suficientes para o início imediato do
empreendimento, tais como, plano de negócios totalmente definido, tecnologia testada e/ou
protótipos/processos acabados e recursos financeiros assegurados para investimentos e/ou
desenvolvimentos.
A INTECE se caracteriza na modalidade de incubadora de empresas mista, na
qual abriga as empresas de base tecnológica e empresas dos setores tradicionais. As
incubadoras de empresas de base tecnológica são aquelas que abrigam empresas cujos
produtos, processos ou serviços, são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas, nos
quais a tecnologia representa alto valor agregado. Tendo como fundamento, o uso racional de
uma infra-estrutura compartilhada e dotada de elementos básicos à viabilização,
operacionalização e desenvolvimento de novas empresas nas áreas de Automação,
Informática, Eletrotécnica, Instrumentação, Mecânica de Precisão, Microeletrônica,
Telecomunicação e correlatos, cujos processos e produtos incorporam inovações tecnológicas
(INTECE, 2005).
Enquanto que as incubadoras de empresas dos setores tradicionais são aquelas
que abrigam empresas ligadas aos setores tradicionais da economia, as quais detêm tecnologia
largamente difundida e queiram agregar valor aos seus produtos, processos ou serviços por
meio de um incremento em seu nível tecnológico. Devem estar comprometidas com a
absorção ou o desenvolvimento de novas tecnologias (SEBRAE, 2005).
Atualmente, a INTECE, mantém em funcionamento 27 empresas incubadas
nas suas três unidades do Centec, conforme o quadro 5.1.
76
Quadro 5.1: Empresas incubadas pela INTECE
UNIDADE
CENTEC /CVT
EMPRESAS
INCUBADAS
Aracati 6
Crateús 4
Juazeiro do Norte 4
Limoeiro do Norte 4
Quixeramobim 5
Sobral 4
Total 27
Fonte: INTECE (2005)
A INTECE é um instrumento de apoio e que coloca à disposição, espaços
físicos para instalação das micro e pequenas empresas, durante prazo determinado, a preços
subsidiados, que contam também com apoio administrativo, técnico e gerencial. Os apoios
disponibilizados pela INTECE (2005) são:
De consultoria na elaboração de projetos para captação de recursos junto às agências de
fomento;
De consultoria e organização de ações para apresentação do projeto a investidores em
geral e rodas de negócios;
De interfaceamento com as entidades de ensino e pesquisa, como UFC, CEFET e UECE,
para acesso às informações científicas e tecnológicas e serviços tecnológicos;
De facilidade no acesso aos produtos e serviços oferecidos pelo SEBRAE-CE;
De orientação na elaboração e atualização do plano estratégico e do plano de negócios;
De apoio na identificação de pesquisadores e tecnologistas que possam colaborar no
aprimoramento tecnológico dos produtos/serviços;
De orientação no registro de propriedade industrial/intelectual; de apoio no processo de
licenciamento de produtos junto aos órgãos governamentais;
De orientação para o dimensionamento e quantificação do mercado;
De orientação nas estratégias de divulgação e comercialização de produtos e serviços;
De busca de soluções para capacitação em gestão empresarial, tais como: em gestão
financeira e custos, marketing, planejamento, administração geral, produção e operações;
77
De infra-estrutura para uso compartilhado, composto de: recepção, secretaria, fax,
telefone, acesso à rede de computadores, segurança e limpeza das áreas comuns,
sanitários, copa e sala de reuniões (NTECE, 2005).
Os gerentes da INTECE também, procuram articular parceria e viabilizar
recursos financeiros. As incubadoras podem ser empreendimentos públicos, privados ou
mistos. Geralmente, são compostas de conselhos onde participam representantes de
Universidades, Institutos de Pesquisa e Associações e Sindicatos de empresas.
5.6 Desenvolvimento de projetos
A) Pesquisa de iniciação científica
Dentre vários organismos financiadores de bolsas de iniciação científica, a
Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP vem
apoiando de maneira intensiva projetos junto ao Instituto Centec.
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Tecnológica,
Artística – Cultural é destinado aos alunos de cursos de graduação das Instituições de Ensino
Superior ou de Centros Tecnológicos e /ou de pesquisa situados no Estado do Ceará, com
bom rendimento acadêmico, objetivando proporcionar a sua participação em atividades de
pesquisa, no desenvolvimento tecnológico de produtos e processos, ou na aplicação de
resultados tecnológicos ou artísticos–culturais (FUNCAP, 2004).
Segundo a Resolução Normativa da FUNCAP (2004) que orienta o Programa,
são seus objetivos:
Despertar vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes de
graduação, mediante sua participação em projetos de pesquisa, objetivando,
especialmente, iniciar o jovem universitário no domínio do método científico;
Estimular pesquisadores produtivos a engajarem estudantes de graduação no processo
acadêmico, otimizando a capacidade de orientação à pesquisa da Instituição;
Proporcionar ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado ou grupo de pesquisa
experiente, a aprendizagem de técnicas e métodos científicos, bem como estimular o
78
desenvolvimento do pensar cientificamente e da criatividade decorrentes das condições
criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa;
Preparar clientela qualificada para os programas de pós-graduação e aprimorar o processo
formativo de profissionais para o setor produtivo.
O Instituto Centec desenvolve pesquisas através do programa de iniciação
científica em diversas áreas do conhecimento. As Unidades Centec – UC, desenvolveram 112
projetos de pesquisa, sendo 18 de eletromecânica, 41 de irrigação, 31 de saneamento
ambiental e 22 de tecnologia de alimentos, com a participação de alunos incentivados com
bolsas da FUNCAP e orientados pelos professores com títulos de mestres ou doutores das
respectivas áreas (CENTEC, 2004).
B) Projeto qualidade da água
A qualidade da água utilizada na irrigação é de grande importância para o bom
desenvolvimento das culturas agrícolas, uma vez que a água contaminada com elementos
tóxicos pode comprometer o desenvolvimento dos vegetais e também das pessoas que vierem
a consumir esses produtos. O projeto de monitoramento da qualidade da água para o
abastecimento visa oferecer uma água para irrigação ou consumo animal, com padrões
apropriados em sua constituição. Só através da análise laboratorial podemos saber se sua
qualidade é adequada ao objetivo pretendido.
O Instituto CENTEC desenvolve pesquisas, em parceria com o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico – CNPq, visando avaliar a qualidade da água em
represas do Ceará e o aprimoramento de técnicas de conservação para produtos
hortifrutigranjeiros. Nesta perspectiva foram implantados os projetos “estudo da qualidade da
água e do estado trófico em represas no norte do estado”; e “desidratação – uma solução para
o desperdício”. Entre os resultados esperados destacam-se: melhoria dos processos
produtivos, para otimização e para a preservação dos recursos hídricos; a disponibilizarão de
técnicas alternativas de comercialização dos produtos; e a minimização das perdas de
hortaliças e frutas nas zonas de produção (CENTEC, 2004).
79
C) Desenvolvimento de arranjos produtivos locais
Arranjos Produtivos Locais (APL) são aglomerações territoriais de agentes
econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades
econômicas – que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente, envolvem a
participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços
finais até fornecedores de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços,
comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e
associação (ALBAGLI; BRITO, 2003).
O Instituto Centec tem parceria com o Ministério da Integração Nacional,
através do Programa Nacional de Geração de Renda – PRONAGER, para atua nos arranjos
produtivos locais destinados à ampliação da base tecnológica, capacitação de pessoal,
inovação e aumento da competitividade de empresas localizadas em Nova Olinda, Santana do
Cariri, Farás Brito a Altaneira – municípios cearenses que beneficiam a pedra cariri e
produzem cal na região.
Uma outra importante parceria firmada foi com o SEBRAE-CE em diversas
áreas. O Apoio Direto para Inovação – ADI, é um importante projeto para a disseminação do
conhecimento e de informação que impactam, positivamente, o contexto sócio-econômico da
sociedade assistida.
O ADI atende aos APL de apicultura em Limoeiro do Norte; de leite e
derivados, em Jaguaribe; e de metal mecânico, em Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte,
além do segmento de ovinocaprinocultura nas regiões do Sertão Central, dos Inhamuns e do
Baixo Jaguaribe, regiões pertencentes ao Estado do Ceará.
A região do Baixo Jaguaribe, que compreende 13 municípios da região: Alto
Santo, Ibicutinga, Itaiçaba, Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada
Nova, Palhano, Quixerê, Russas, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte, a atividade
apícola é bastante antiga, significando uma alternativa de sobrevivência aos moradores desta
região que é extremamente seca, mas que, no entanto possui uma flora bastante diversificada
e propícia à atividade produtiva do mel. Foi predominante por muitos anos a apicultura
extensiva, onde era caracterizada pela presença dos meleiros, ou seja, pessoas que entravam
na mata em busca de colméias para extrair o mel.
80
Em 1998, foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Apicultura no Baixo
Jaguaribe que forneceu 100 colméias para cada pequeno produtor da região. O plano ainda
incluiu um financiamento de R$ 14.000,00 (cedido pelo Banco do Nordeste) para a
construção das casas do mel e equipamentos.
A assistência técnica foi dada pelo Instituto Centec de Limoeiro do Norte, que
treinou 4 serrarias da região para fabricarem as colméias, mulheres da região para fabricarem
os uniformes, além de cursos para o manuseio e técnicas para o beneficiamento do mel.
Figura 5.2. Produção de mel de abelhas na chapada do Araripe
Fonte: CENTEC (2005)
Atualmente, o Instituto Centec presta assistência a 180 apicultores que
participam do plano de desenvolvimento da apicultura o Baixo Jaguaribe com programas de
melhoria da qualidade do mel, para atender as especificações exigidas pelo mercado europeu
(CENTEC, 2004).
D) Projeto geração de ocupação e renda
Tendo a parceria com o Fundo Estadual de Combate à Pobreza – FECOP, o
Instituto Centec vem desenvolvendo o projeto geração de ocupação e renda. O projeto, que se
insere nos processos de melhoria da qualidade de vida e redução da pobreza no Estado, busca
a elevação do índice de desenvolvimento humano (IDH) nos municípios atendidos, sobretudo
no meio rural (CEARÁ, 2003).
81
Figura 5.3: Projeto FECOP - criação de tilápia em Barbalha, região do Cariri
Fonte: CENTEC (2005).
O propósito superior do FECOP é promover transformações estruturais que
possibilitem às famílias que estão abaixo da linha de pobreza o atendimento integral,
proporcionando-lhes condições de ingresso no mercado de trabalho e de acesso à renda e aos
bens e serviços essenciais através da ampliação de investimentos em capital social, físico-
financeiro e humano (CEARÁ, 2003). O projeto desenvolvido com o FECOP visa contribuir
para o desenvolvimento econômico e para a inclusão social no Estado, através do crescimento
da apicultura de modo ecologicamente correto.
E) INFOVIAS do desenvolvimento
O projeto INFOVIAS do desenvolvimento tem como objetivo definir e
especificar os meios físicos, tecnológico e pessoal necessários à implementação de uma
infraestrutura de suporte ao programa de educação à distância (SECITECE, 2005).
As INFOVIAS são estradas eletrônicas que permitem o trânsito de
informações na forma de imagem, som e texto entre um ponto gerador e transmissor de
diferentes pontos receptores.
Nesse projeto pretende-se garantir o suporte da transmissão e/ou recepção de
informação através do sistema de Vídeo Conferência e Internet. As INFOVIAS, como
concebida podem atingir através do método de ensino à distância e de forma massificada,
contingentes populacionais, em áreas remotas do país.
82
Figura 5.4: Sala de vídeo conferência - ensino à distância
Fonte: CENTEC (2005)
O ensino à distância é um instrumento moderno de grande alcance social a fim
de atender a demanda reprimida da educação. As salas de aula, com presença virtual do
professor, que assistirá a classe, à distância, utilizando os métodos e as técnicas de vídeo
conferências, asseguram a interatividade entre professor e aluno.
O projeto da INFOVIAS sua aplicação, prioritariamente, em cursos
profissionalizantes a nível básico, em cursos da área de ciência, com ênfase para matemática,
física, química e biologia, e em cursos de pós-graduação para professores da rede pública.
5.7 Prestação de serviços laboratoriais
A) Laboratório de ensaios em equipamentos de irrigação
O laboratório de ensaios em equipamentos de irrigação foi o primeiro criado
no território brasileiro. O laboratório está qualificado para a realização de testes de
certificação em equipamentos de irrigação. A vantagem dos equipamentos certificados pelo
Instituto Centec está na melhoria de produtividade da cultura irrigada e a economia de água e
de energia elétrica, com melhor desempenho (CENTEC, 2004).
83
B) Laboratório de análise de tecidos vegetais
O laboratório de análise de tecidos vegetais do Instituto Centec de Limoeiro do
Norte realiza exames para produtores privados, a chamada análise foliar. O serviço faz a
análise que determina os macronutriente e micronutrientes da planta, da folha e do fruto, fonte
de informação básica para orientar a adubação das culturas, para melhor produtividade.
Também, o laboratório é equipado com espectofotômetro de absorção atômica,
espectofotômetros Spekol 1110, fotômetros de chama, peagâmetros digitais, condutivímetros
e o sistema extrator de Richards (CENTEC, 2004).
C) Laboratórios de água e efluentes
Os Laboratórios de Água e Efluentes - LAE das três unidades do Instituto
Centec, em Limoeiro do Norte, Sobral e Juazeiro do Norte, tem convênio de cooperação com
Companhia de Gestão de Recursos Hídricos - Cogerh através do programa Monitoramento e
Qualidade da Água com serviços de análise físico-química e microbiológica de amostras das
águas de açudes monitorados, canais e seções de rios perenizados (CENTEC, 2004).
O convênio prevê outras atividades de cooperação técnica entre as duas
instituições, e especifica ainda que o Instituto Centec deva prestar orientação técnica à equipe
da Cogerh na coleta de água para análises. Além disso, a Cogerh oferece oportunidade de
estágios para alunos do curso de tecnólogo de nível superior em Saneamento Ambiental.
Cada unidade do Instituto Centec, por meio dos Laboratórios de Água e
Efluentes (LAE), presta serviço à comunidade com análise físico-química e bacteriológica da
águas e efluente, e possui também Laboratório de Microbiologia da Água. O serviço é
destinado a fazer análise físico-química e bacteriológica da potabilidade de água de poço,
cacimbas, açudes, rios e lagoas, e dos despejos domésticos e industriais. O laboratório está
preparado para atender as indústrias da região na análise de efluentes (CENTEC, 2004).
84
5.8 Síntese do capítulo
Neste capítulo foram levantados o projeto de criação do Centec e a sua
estruturação organizacional, constituindo-se, assim, um arcabouço.
Foi destacada a abrangência do ensino profissionalizante, que faz uma perfeita
harmonia com as necessidades e características de cada região, no qual está inserido o Centec.
Os cursos ofertados atingem vários níveis de ensino, desde os cursos rápidos de curta duração,
destinados às pessoas que queiram iniciar seu próprio negócio ou fazer uma atualização
profissional, passando pelo nível técnico e a graduação tecnológica e, concluindo com os
cursos de pós-graduação.
Destaca-se, também, o incentivo aos novos empreendedores, com o apoio
inicial das atividades, através do programa nacional de incubadoras de empresas. A INTECE
tem papel decisivo para as novas MPE, pois, traça as diretrizes ou planejamentos e dar
suporte, para as empresas transpassar as difíceis barreiras.
No Atendimento à comunidade em geral, e também, as micro e pequenas
empresas, ressaltam-se os serviços laboratórios, as consultorias industriais e o
desenvolvimento de arranjos a industriais produtivos locais.
Para as pessoas à procura de empregos ou que queiram montar seu próprio
negócio, o projeto geração de ocupação e renda é destacado neste sentido. Podendo ser
agregado neste projeto, aquele das INFOVIA do desenvolvimento, que abrange grande parte
do estado do Ceará, no qual as em áreas mais remotas do estado, podem ser alcançados com o
ensino profissionalizante, cursos conduzidos por profissionais mais experientes, visto que,
com o recurso de vídeo conferência, a disponibilidade de professor é maior.
Enfim, pode-se dizer que o projeto do Centec é de grande importância não só
como modelo de ensino de nível tecnológico, como pelos fatores de integração de empresas e
comunidade. A seguir, tem-se o capítulo 6, com a apresentação da metodologia deste estudo.
85
6 - METODOLOGIA
Neste capítulo são definidos os aspectos metodológicos da pesquisa, para que
seja possível atingir os objetivos deste estudo. O ponto de partida é a explanação da
classificação da pesquisa. Em seguida, são apresentadas a delimitação da pesquisa, a
população e amostra, a descrição das variáveis e seus indicadores, a natureza e fontes de
dados, a operacionalidade da coleta de dados e, por fim, o tratamento de dados da pesquisa.
6.1 Classificação da pesquisa
Esta pesquisa é descritiva porque apresenta a descrição das características das
atividades de consultoria do Centec, de ensino técnico e tecnológico, de pesquisa básica, de
treinamentos profissionais, de apoio ao desenvolvimento das MPE. Para Mattar (1994) e Gil
(2002) a pesquisa descritiva é uma classificação relacionada aos objetivos, ela tem o foco
primordial à descrição das características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de
suas características está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o
questionário e a observação sistemática.
É um estudo exploratório porque explora as peculiaridades do Centec, quanto à
formação de técnicos e tecnólogos, aos meios e a forma de assistência as MPE, ao
atendimento as comunidades de baixa renda, as atividades de pesquisa e extensão. Gil (2002)
fala que o estudo exploratório proporciona maior familiaridade com o problema, visando a
torná-lo mais explícito. Podem envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas
experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e
estudo de caso.
Assume a forma de um estudo de caso, porque foi necessário um estudo em
profundidade do Instituto Centec, objetivando ter-se um panorama propício à discussão e
reflexão no que concerne a sua missão de promover a educação e as atividades tecnológicas
necessárias ao desenvolvimento dos municípios por meio do ensino, da pesquisa e extensão,
em áreas estratégicas para inclusão social e a inovação do Estado do Ceará. O estudo de caso
é um dos tipos pertinentes à pesquisa descritiva, que para Gil (2002) é definido como:
86
“É um conjunto de dados que descreve uma fase ou a totalidade do
processo social de uma unidade, em suas várias relações internas e nas
suas fixações culturais, quer seja, essa unidade, uma pessoa, uma
família, um profissional, uma instituição social, uma comunidade ou
uma nação” (p. 59).
Por fim, a pesquisa é quantitativa, porque seus resultados podem ser expressos
por meio de dados numéricos, devidamente tratado por recursos estatísticos. A pesquisa
quantitativa é apropriada para medir, tanto opiniões, atitudes e preferências, como
comportamentos. Se você quer saber quantas pessoas usam um produto ou serviço ou têm
interesse em um novo conceito de produto, a pesquisa quantitativa é a que você precisa. Ela
também é usada para medir um mercado, estimar o potencial ou volume de um negócio e para
medir o tamanho e a importância de segmentos de mercado. O entrevistador identifica as
pessoas a serem entrevistadas, por meio de critérios previamente definidos: por sexo, por
idade, por ramo de atividade, por localização geográfica, e assim por diante. As entrevistas
não exigem um local previamente preparado, podendo ser realizadas na própria residência do
entrevistado ou em pontos de fluxo de pessoas. O importante é que sejam aplicadas
individualmente e sigam as regras de seleção da amostra (TRIVIÑOS, 1992).
Com base nas considerações tratadas anteriormente, o quadro 6.1 expressa a
classificação e o tipo de pesquisa em estudo.
Quadro 6.1. Classificação da pesquisa em estudo
Classificação Tipo
Quanto aos objetivos
Pesquisa exploratória e descritiva
Quanto aos procedimentos
técnicos
Estudo de caso de observação
Resumidamente, a pesquisa é exploratória e descritiva, quando se buscam aos
objetivos. Também, é um estudo de caso, quando se referem aos procedimentos técnicos. E,
finalmente, é quantitativa, quando se trata da forma de coleta de dados e estes podendo ser
tratados estatisticamente.
87
6.2 Delimitação da pesquisa
O tipo de empresa escolhido foi a micro e pequena empresa – MPE -, pelo
grande destaque que assumem na economia da região do Cariri/Ce. A micro e pequena
empresa é classificada neste estudo, conforme as definições apresentadas no capítulo 4, no
enquadramento utilizado pelo SEBRAE, que se baseia no número de funcionários para a sua
classificação. Denominando de micro empresa industrial aquelas que possuem em seus
quadros funcionais até 19 empregados e, de pequena empresa industrial, aquelas que possuem
de 20 a 99 empregados.
A pesquisa foi direcionada para a área de abrangência do Instituto Centec -
unidade Cariri. As empresas pesquisadas encontram-se, principalmente, nos municípios de
Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Nova Olinda.
6.3 População e amostra
A população ou universo é um conjunto de elementos com determinada
característica em comum, cujas propriedades podem ser estudadas a partir de subconjuntos -
amostra. A população pode ser finita ou infinita. Para a população finita é conhecido o seu
tamanho. Enquanto, a população infinita o processo gera itens, como exemplo, a produção
futura de uma máquina (STEVENSON, 1981).
A amostra é o subconjunto da população, por meio da qual, se estabelecem ou
se estimam as propriedades e características dessa população. Trata-se, portanto, de um
estrato da população, na qual se aplicam as inferências estatísticas. Stevenson (1981)
comenta, ainda, que a seleção dos elementos da população, para integrar a amostra, deve ser
aleatória e pode ser realizada com ou sem reposição da população de cada elemento
selecionado. Na amostra aleatória simples, cada elemento da população tem igual
probabilidade de ser selecionado para a amostra.
No presente estudo, a população é finita, composta de empresas classificadas
como MPE a que tem algum tipo de cooperação com o Centec. A amostragem é sem
reposição, pois, a extração de toda a amostra é feita de uma única vez. O tamanho da amostra
foi determinado por meio da fórmula 6.1, com aceitação de um erro máximo de estimativa de
88
10%, usada quando se conhece o tamanho da população e, esta seja, relativamente, de
pequena proporção (TRIOLA, 2005).
2
/2
2
/2
...( )
..( ) ( 1). ²
Npq z
n
p
qz N E
α
α
=
+−
Fórmula 6.1
onde:
n = tamanho da amostra que se deseja estimar;
N = tamanho da população, expresso pelo número de empresas MPE;
p = q = 0,5, estimativa da proporção populacional, com as quais se obtém um “n” máximo;
z/2 = valor crítico, é um valor tabelado da distribuição normal ao nível de significância de
10%;
E = erro máximo da estimativa ou margem de erro.
Por meio de informações oriundas do Instituto Centec, foi obtido o número de
empresas que tiveram cooperação empresa-Centec, num total de 156 empresas. Esses dados
foram confrontados com os dados cadastrais da FIEC, para a verificação da classificação das
empresas. Após a confrontação dos dados, foram detectadas 9 empresas que estão fora da
classificação de MPE ou não são caracterizadas como empresa industrial. Assim sendo, a
população da pesquisa é composta de 147 empresas industriais MPE, de acordo com a
classificação usada pelo SEBRAE.
Para o cálculo do tamanho da amostra foi considerado um erro máximo da
estimativa (E) de 10%. O tamanho da população (N) explicitado, anteriormente, é de 147
empresas. O valor crítico, (z
/2
), é tabelado e obtido por meio da tabela de áreas para a
distribuição normal padronizada, sendo encontrado z
/2
= 1,65. Assim, substituindo os dados
na fórmula 6.1 tem-se:
147.0,5.0,5.(1,65)²
0,5.0,5.(1,65)² (147 1).(0,10)²
n =
+−
n = 46,74, e sendo considerado para este trabalho como n = 47.
6.4 Descrição das variáveis
Para atender ao objetivo central desse estudo, foi elaborado um modelo
metodológico da pesquisa, onde se utilizou como ferramentas de mensuração, as variáveis e
seus respectivos indicadores. Para Lakatos e Marconi (2001), as variáveis são mensuradas,
apresentando propriedades que conduzem ao discernimento da pesquisa.
Para o desenvolvimento desse estudo de caso, serão consideradas variáveis e
indicadores, contemplando cada objetivo específico, de acordo com o modelo metodológico
apresentado no quadro 6.2.
Da listagem dos números aleatórios obtidos através da fórmula 6.2, foram
escolhidas as 47 primeiras empresas para aplicação do questionário.
O tamanho da amostra, portanto, foi calculada em 47 empresas classificadas
como MPE localizadas na região do Cariri, área de abrangência do Instituto Centec unidade
Cariri.
Com base na listagem de 147 micro e pequenas empresas industriais, foi
realizado um sorteio através do programa Microsoft excel 2000, utilizando a função
ALEATÓRIO( ) que gera, de forma aleatória, um número real entre dois intervalos. Os
números sorteados forma a lista de MPE para aplicação do questionário. A sintaxe usada foi:
=ALEATÓRIO( )*(b-a)+a , Fórmula 6.2
onde: a = 1 e b = 147.
89
77
Quadro 6.2: Modelo metodológico da pesquisa
Objetivo Geral:
Descrever as ações do Centec no sentido de promover o desenvolvimento tecnológico junto as MPE –
Cariri/Ce
Base Metodológica:
Quantitativa
Ferramentas de Mensuração
Objetivos Específicos
Variáveis Indicadores
Questões do Instrumento de
Pesquisa
1ª Parte do questionário e
2
a
. Parte do questionário
(1)
Bloco 2 – Caracterização das
MPE. 1ª Parte do questionário
Caracterização das MPE
visitadas;
Questões de n° 1 ao n° 6
Bloco 1 – consultorias realizadas
pelo Centec nas MPE. 2
a
. Parte do
questionário.
Aplicabilidade das ações
sugeridas pela consultoria.
Questões de n° 1 ao n° 3
Verificar a ocorrência da
transferência do conhecimento
das consultorias do Centec nas
MPE.
Ocorrência de transferência do
conhecimento através das
consultorias do Centec nas
MPE
Bloco 1 – consultorias realizadas
pelo Centec nas MPE.
Grau de satisfação da
consultoria.
Questões de n° 4 ao n° 6
90
78
Objetivo Geral: Base Metodológica:
Descrever as ações do Centec no sentido de promover o desenvolvimento tecnológico junto as MPE –
Cariri/Ce
Quantitativa
Ferramentas de Mensuração
Questões do Instrumento de
Pesquisa
Objetivos Específicos
(2)
Bloco 2 – Profissionais
formados pelo Centec
Variáveis Indicadores
Atividades desenvolvidas pelos
egressos e estagiários nas MPE;
Questões n° 1 e n° 2
Participação pelos egressos e efetiva
estagiários na transferência do
conhecimento;
Questão n° 3 e 4.
Verificar a contribuição dos
egressos e estagiários do
Centec para a geração e
transferência do conhecimento
nas MPE.
Contribuição de egressos e
estagiários para a geração e
transferência do conhecimento
na empresa.
Questão n° 5
Ações desenvolvidas pelos egressos e
estagiários para a geração do
conhecimento, focadas nas MPE.
91
92
79
Objetivo Geral:
Descrever as ações do Centec no sentido de promover o desenvolvimento tecnológico junto as MPE –
Cariri/Ce
Base Metodológica:
Quantitativa
Ferramentas de Mensuração
Objetivos Específicos
(3)
Variáveis Indicadores
Questões do Instrumento de
Pesquisa:
Bloco 3 – Treinamentos
realizados pelo Centec nas
MPE
Caracterização dos treinamentos
realizados pelo Centec;
Questões n° 1 e n° 4
Grau de satisfação por parte das micro
e pequenas empresas - MPE;
Questão n° 5.
Questão n° 6.
Nível de absorção na transferência do
conhecimento nas atividades
desenvolvidas nas MPE, por parte dos
treinandos.
Verificar a contribuição dos
treinamentos realizados pelas
MPE, em parcerias com o Centec,
para o desenvolvimento
tecnológico.
Contribuição dos treinamentos
realizados pelas MPE, em
parceria com o Centec.
93
6.5 Natureza e fontes de dados
Os dados da pesquisa de campo são do tipo primário e foram coletados por
meio de questionário estruturado, aplicado nas quarenta e sete empresas componentes da
amostra. Cabe, também, ressaltar, a importância dos dados secundários inerentes a um
trabalho de dissertação.
Segundo Vergara (1997), os procedimentos de coleta são os métodos práticos
utilizados para juntar as informações, necessárias à construção dos raciocínios em torno de
um fato/fenômeno/problema.
Para Triviños (1992), existem dois tipos básicos de dados em uma pesquisa
científica, sendo:
Dados primários: são dados que ainda não sofreram estudo e análise. Para coletá-los,
pode-se utilizar: questionário fechado, questionário aberto, formulário, entrevista
estruturada ou fechada, entrevista semi-estruturada, entrevista aberta ou livre, entrevista
de grupo, discussão de grupo, observação dirigida ou estruturada, observação livre;
Dados secundários: são os dados que já se encontram disponíveis, pois, já foram objetos
de estudo e análise - livros, teses, documentos, mapas, CDs. Normalmente, utilizados
em pesquisa bibliográfica.
6.6 Operacionalidade da coleta de dados
A) Quanto à forma empregada na aplicação do instrumento de coleta de dados
Na pesquisa, foi utilizado um questionário estruturado, previamente testado,
obedecendo a uma lógica na representação dos objetivos. As entrevistas foram conduzidas
pelo próprio pesquisador, com base em um questionário compostos de questões fechadas
(apêndice), visando focar os pontos de interesse na investigação dos objetivos da pesquisa.
A entrevista é um método eficaz para o estudo de caso, sendo indicado para
método quantitativo e qualitativo de coleta de dados Gil (2002). A entrevista estruturada,
94
também, como questionário, foi conduzida com levantamento formal e sem flexibilidade para
alterações. O questionário a ser utilizado na pesquisa possui perguntas fechadas (com
perguntas tricotômicas), de múltiplas escolhas.
B) Quanto ao período de aplicação do questionário
O questionário foi aplicado pelo próprio pesquisador nas micro e pequenas
empresas industriais, nos meses de maio e junho de 2006, através de consulta direta ao
proprietário ou, na sua impossibilidade, a pessoa que assume a direção da empresa. Não foi
estipulado o tempo de entrevista, ficando a critério do entrevistado a opção que implica em
realizar outras atividades na empresa.
C) Quanto aos mecanismos auxiliares
Como dito, anteriormente, o instrumento de pesquisa foi à aplicação do
questionário fechado, contudo, foi dado oportunidade ao entrevistado de expor suas opiniões e
idéias ao logo da aplicação do questionário. Essas opiniões foram anotadas, para serem usadas
na análise dos resultados.
Para a apresentação dos dados, foram usadas tabelas de simples e dupla
entrada, eventualmente, acompanhadas de representações gráficas, procurando-se, com isso,
facilitar a análise das relações entre as variáveis definidas, buscando a comprovação ou a
refutação das hipóteses sugeridas.
O instrumento de pesquisa foi elaborado em uma primeira versão, como teste
piloto, e aplicado em duas MPE. Nesta fase, foram feitas diversas anotações a partir de
questionamentos, dúvidas e dificuldades, encontradas pelo respondente, no decorrer da
aplicação do questionário. A cada entrevista, surgiam questões que eram incorporadas,
alteradas ou substituídas. Após, detectados os pontos de maior questionamento ou dificuldade
de entendimento por parte do entrevistado, chegou-se ao modelo final (apêndice).
Para a realização desta pesquisa, algumas precauções foram tomadas, com o
objetivo de assegurar a acurácia e a validade dos resultados. Assim, uma das mais importantes
tarefas no processo de conduzir uma pesquisa é ter noção do quanto os seus dados são válidos
95
e confiáveis. Além, de a pesquisa ter sido conduzida pelo próprio pesquisador, houve a
preocupação de observar a existência dos Missing Values (valores nulos ou em branco). Para
tanto, não foi limitado um tempo para a entrevista, visando o preenchimento integral dos
questionários pelos respondentes. Observou-se que os questionários foram completamente
respondidos pelos empresários, não apresentado os missing values.
A seguir, tem-se o capítulo 7 - as ações do centec na promoção do
desenvolvimento tecnológico das MPE - resultados e análises -, apresentando a percepção do
pesquisador para os resultados obtidos a partir da aplicação do questionário estruturado, que
foi o instrumento da pesquisa.
96
7 - AS AÇÕES DO CENTEC NA PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DAS MPE -
RESULTADOS E ANÁLISES
Este capítulo mostra o resultado da pesquisa realizada após a coleta dos dados,
por meio de questionários respondidos pelos proprietários das micro e pequenas empresas ou,
quando da sua impossibilidade, o gerente, e as respostas tabuladas de acordo com os objetivos
propostos pelo trabalho. Os resultados são apresentados por meio de: descrição dos principais
aspectos relacionados aos objetivos da pesquisa; de tabelas, para as questões de múltipla
escolha; e de gráficos de barra, para as questões com respostas através de escala ou grau.
Como descrito no Capítulo 6 – Metodologia – foi aplicada a uma amostra de
47 MPE um questionário estruturado. No questionário há perguntas que identificam
quantitativamente, - dentro de um dado indicador de natureza quantitativa, que revela
aspectos qualitativos -, os resultados das atividades do Centec tiveram enfoque em três
principais vertentes: nos serviços de consultorias, na transferência do conhecimento aos
egressos e estagiários e, nos treinamentos ou capacitações voltados para atender as MPE.
7.1 Cooperação Empresa-Centec
A tabela 7.1 mostra os dados levantados através do questionário apresentado às
47 MPE. Foi constatado que o tipo de cooperação entre empresa - Centec mais representativo,
é através da oferta de estágios (20 empresas) e oferta de emprego para os profissionais
egressos do Centec (15 empresas).
97
Tabela 7.1 – Tipo de cooperação empresa-Centec
Fonte: Dados da pesquisa
Foram coletadas 58 respostas. As empresas que mantêm cooperação com o
Centec, estão envolvidas de forma direta ou indireta na principal atividade do Centec, que é o
ensino profissionalizante, voltado a atender as indústrias da região. Ao responderem o
questionário, algumas empresas escolheram mais de uma alternativa.
Na visão dos entrevistados, a principal vantagem da proximidade das MPE do
Centec, reside no aproveitamento dos técnicos e tecnólogos egressos desse Instituto. O gráfico
7.1 mostra este resultado, destacando-se a disponibilidade de técnicos e tecnólogos
direcionados as indústrias.
As respostas de maiores intensidades apontadas pelos entrevistados, 35,24% e
20,00%, convergem para as atividades de ensino, tanto, nos cursos regulares de níveis técnico
e tecnológico, quer nos cursos de treinamentos e capacitação. Na opção outros, 5 empresas
responderam a intermediação de projetos com órgãos públicos, como sendo a principal
vantagem.
98
Gráfico 7.1 – Principais vantagens que a empresa tem por estar próxima ao Centec
Fonte: Dados da pesquisa
A visão de grande parte dos entrevistados é de que o Centec é, somente, uma
instituição de ensino, ficando, por isso, à margem, as outras atividades do instituto. Essa
questão requer do Centec uma atuação mais decisiva nessas empresas, no sentido de propagar
as suas outras atividades, também, de igual importância. Além, do ensino profissional, o
Instituto Centec dispõe de uma infra-estrutura para as atividades de pesquisa, principalmente,
no desenvolvimento e implementação de novos produtos e processos. A extensão tecnológica
é uma outra atividade que visa, dentre outras, a introdução das inovações em todos os setores
industriais da região.
Concluindo a seção cooperação empresa-Centec, a cooperação mais
representativa foi à oportunidade de emprego, para egressos e estagiários e, que as MPE
consideram como principal vantagem de estarem próxima ao Centec, a disponibilidade de
técnicos e tecnólogos para atender às suas demandas. Mostrando, ainda, que na visão de
grande parte das MPE, o Centec é percebido, unicamente, como um instituto de ensino
tecnológico.
99
7.2 Caracterização das MPE
Quanto ao segmento de atividades das MPE, de acordo com a tabela 7.2, a
representatividade da indústria de couro e calçados é de 65,9 % do total das empresas
instaladas, caracterizando o Cariri como um pólo calçadista na região. No item outros, são
mencionadas cinco empresas, sendo uma no ramo da mineração de sulfato gipsita, duas na
área de metal-mecânica, uma empresa de curtume e uma na fabricação de refrigerantes.
Também, são destaques, as empresas de folheados/lapidados, onde a produção
é destinada, principalmente, ao mercado dos Estados do Amazonas, Pará e Maranhão. As
MPE do setor de confecções direcionam sua produção para a população considerada de baixa
renda, e sendo seus produtos comercializados em feiras populares ou no comércio da região.
Tabela 7.2 – Segmento de atividades das MPE
Fonte: Dados da pesquisa
A pouca diversificação de empresas no Cariri, com a concentração no setor de
couro e calçados, torna a região mais vulnerável às oscilações econômicas do mercado. Por
outro lado, a existência do APL (Arranjo Produtivo Local) de calçados, estimula ações de
políticas, tanto públicas como privadas, podendo contribuir para fomentar e estimular,
ambiente favorável à interação, a cooperação e a confiança entre os atores.
O Centec pode, perfeitamente, interferir como agente de desenvolvimento
neste tipo de aglomerado, pois, geralmente, eles possuem níveis de organização incipiente.
100
Em geral, as relações entre produtores e o meio, são desconexas e informais. Outras
características são comentadas por Albagli e Britto (2002), mostrando que os APLs são
estruturas pouco desenvolvidas, tendo origem, praticamente, em uma improvisação dos
produtores ou nas demandas da região. Isso fica evidente na forma pela qual se inserem no
mercado. As inovações, normalmente, possuem um caráter incremental e muitas vezes, o
design de produtos é derivado de cópias de empresas maiores e há mais tempo no mercado.
Os resultados da pesquisa a respeito do tempo de atuação no mercado estão
resumidos na tabela 7.3. Mostra que 31,9% das empresas entrevistadas possuem mais de 5
anos de atividade. Assim como, 25,5% das empresas são consideradas novas, com menos de 3
anos no mercado.
Tabela 7.3 – Tempo de atuação no mercado
Tempo de atuação N
o
. empresas %
Menos de 1 ano 0 0
Menos de 2 anos 2 4,3
Mais de 2 anos e menos de 3 anos 12 25,5
Mais de 3 anos e menos de 4 anos 10 21,3
Mais de 4 anos e menos de 5 anos 8 17,0
Mais de 5 anos 15 31,9
Total
47
100%
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que, em sua maior parte, as micro e pequenas empresas foram
criadas a menos de 5 anos (68,1%) e que estão procurando se consolidar no mercado. Por
outro lado, têm-se 31,9% de micro e pequenas empresas, que já mostram estar consolidadas
no ramo de atividade e mercado. Portanto, de acordo com a tabela do SEBRAE, apresentada
no item 4.4, essas empresas já superaram a fase crítica.
Quanto à escolaridade dos respondentes apontados na tabela 7.4, demonstra
que 53,2% dos proprietários de MPE possuem o curso superior completo ou pós-graduação.
101
Tabela 7.4 – Escolaridade do respondente
Escolaridade N
o.
respondentes %
Analfabeto 0 0
Ensino Fundamental Incompleto 0 0
Ensino Fundamental Completo 0 0
Ensino Médio Incompleto 0 0
Ensino Médio Completo 17 36,2
Superior Incompleto 5 10,6
Superior Completo 21 44,7
Pós Graduação 4 8,5
Total
47
100%
Fonte: Dados da pesquisa
De modo geral, a escolaridade do respondente com curso superior é alta. A
região é propícia para a qualificação profissional, pois, várias universidades, faculdades e
institutos de ensino, ofertam diversos cursos de graduação e pós-graduação.
Os resultados observados na tabela 7.4, em princípio, mostram que os
empresários procuram ampliar e aprimorar seus conhecimentos. Estas considerações podem
facilitar a interação entre empresa-Centec, contudo, é necessário lembrar que o Centec deve
agir na prospecção dessas empresas, colocando-se a disposição para realização de pesquisas e
extensão.
A respeito da escolaridade do pessoal ocupado nas MPE, são 792 pessoas
ocupadas nas 47 MPE investigadas, observando-se que deste total, 168 estão ocupadas na
administração e 624 estão na produção. Segundo a pesquisa, os proprietários afirmaram que
todas as pessoas estão em situação regular, ou seja, estão com os registros de emprego em
carteira, com o recolhimento de impostos feitos regularmente.
102
Constata-se, por meio da tabela 7.5, que o pessoal ocupado na administração
tem, em sua grande maioria, o nível médio como escolaridade, 136 pessoas ocupadas ou
80,95% do total. Estes números apresentados dizem respeito ao pessoal contratado,
geralmente, encaminhado pelo SINE (Sistema Nacional de Emprego), exigindo o ensino
médio como escolaridade. As cinco pessoas que se encontram no nível de escolaridade de
nível médio incompleto, estão prosseguindo com seus estudos.
Quanto à escolaridade do pessoal ocupado na produção, predomina o ensino
fundamental II completo, 482 pessoas ou 77,24% do total. Ainda, são encontradas cinco
pessoas sem escolaridade, classificadas como analfabetas. Estas pessoas trabalham em setores
que exigem bastante esforço físico.
Tabela 7.5 – Escolaridade do pessoal ocupado (situação atual)
Administração Produção
Escolaridade
Quantidade % Quantidade %
Analfabeto 0 0 5 0,80
Fundamental I 0 0 32 5,13
Fundamental II incompleto 0 0 48 7,69
Fundamental II completo 22 13,10 482 77,24
Médio incompleto 5 2,97 12 1,92
Médio completo 136 80,95 45 7,22
Superior incompleto 0 0 0 0
Superior completo 3 1,79 0 0
Pós-Graduação 2 1,19 0 0
Total 168 100% 624 100%
Fonte: Dados da pesquisa
O nível profissionalizante do pessoal ocupado na produção pode ser elevado,
com a intervenção mais constante do Centec, com seus cursos de curta duração ou de nível
técnico, neste caso, necessário, se faz, uma articulação junto às empresas, como parceira
interessada no aprimoramento da qualidade profissional dos seus funcionários.
Por fim, relativamente ao tópico caracterização das MPE, constata-se uma
maior concentração no setor de couro e calçados, definindo a região como um pólo calçadista.
O tempo de vida atuante no mercado é de menos de 5 anos, considerado o período de
103
consolidação de suas atividades, segundo o SEBRAE. Nesta fase, em que as empresas têm
índices de mortalidade elevados, a interferência de ações do Centec, pode auxiliar na reversão
deste quadro. Outro ponto importante é a escolaridade do dirigente ou seu imediato na
empresa, que possui curso superior completo, resultado este, que permite facilitar as relações
entre empresa-Centec.
7.3 Consultorias do Centec nas MPE
Esta parte da pesquisa foi dividida em duas vertentes, a primeira investiga a
consultoria na introdução da inovação tecnológica e, a segunda, a consultoria em solucionar
problemas operacionais das MPE.
Na segunda parte do questionário, foi feita uma pequena introdução sobre os
conceitos inerentes à inovação tecnológica, para dar maior clareza aos respondentes sobre os
questionamentos. Os conceitos foram apresentados de maneira resumida e com objetividade
(ver apêndice).
Quanto às consultorias na introdução de inovação tecnológica, dentre as MPE
pesquisadas, no total de seis, responderam que solicitaram consultorias para introdução de
inovação, representando 12,8% das empresas investigadas. A tabela 7.6 é o resultado do
questionamento - Caso a empresa já tenha solicitado a introdução de inovações por meio de
consultorias do Instituto Centec, informe as principais características -. Ela identifica os
principais tipos de inovação e, ao mesmo tempo, mostra o resultado da pesquisa quanto a este
tipo de consultoria realizada pelo Centec.
Tabela 7.6 – Introdução de inovação tecnológica por meio de consultoria do Centec
Tipo de inovação No. Respostas %
Inovação de produto 2 10,5
Inovação de processo 11 57,8
Outros tipos de inovação 0 0,0
Realização de mudanças organizacionais (inovações
organizacionais).
6 31,7
Total 19 100
Fonte: Dados da pesquisa
104
Conforme a tabela 7.6, a busca por inovação nos processos produtivos foi a
maior preocupação das MPE, pois cerca de 60% dos entrevistados realizaram esse tipo
inovação. Tal inovação visa alcançar três pontos importantes: aumento da produção; redução
de custos de processos; e melhoria da qualidade do produto.
Outro ponto de destaque é de que 31,7% da empresas, que solicitaram a
consultoria do Centec, fizeram mudanças na estrutura organizacional (inovação
organizacional), dentre as principais mudanças apontadas pelos respondentes no questionário
da pesquisa, pode-se citar: a implementação de técnicas de gestão, mudanças significativas
nos conceitos e/ou práticas de marketing, mudanças significativas nos conceitos e/ou nas
práticas de comercialização.
As empresas (10,5%), que solicitaram inovação do produto, inovaram com a
fabricação de produto novo para sua empresa, mas existente no mercado.
A desinformação quanto à importância da inovação, ficou caracterizada pelo
reduzido número de empresas, apenas seis, que procuraram o serviço de consultoria oferecido
pelo Centec. Esta situação é indesejável para o momento atual, pois, relembrando Schumpeter
(1984), Lastre e Cassiolato (2003) explicam que, com a inovação as empresas podem gerar
lucro, aumentar seu poder competitivo, permanecendo ativa no mercado.
Entretanto, o desenvolvimento econômico da região está diretamente,
condicionado ao desempenho positivo das atividades das MPE, instaladas. Para tanto, o
Instituto Centec, tem papel fundamental, enquanto entidade voltada para ações de apoio a
essas empresas.
O Centec pode reverter esse quadro desfavorável, empenhando-se em trazer as
MPE para a sua proximidade, transmitindo os conceitos de inovação de maneira mais
incisivos, evitando que as MPE tomem atitude de inovarem por conta própria. Tudo isso, para
impedir que ocorra um iminente risco de perda do capital aplicado ou, até mesmo,
dependendo do empreendimento, cerrar suas portas e, assim, confirmando as tendências
estatísticas, de fechamento de empresas movidas por falhas de procedimentos incorretos ou
devido as outras causas anteriormente apontadas no quadro 4.3.
A tabela 7.7 mostra o resultado da investigação referente à aplicabilidade da
consultoria do Centec na empresa. Para tanto, foram elaboradas duas perguntas: a empresa
105
aplicou os resultados/sugestões indicados pela consultoria do Centec; caso a sua empresa não
aplicou os resultados da consultoria do Centec, indique as possíveis causas. Foram colocadas
no questionário como alternativas, seis itens: custo para implantação; ausência de pessoal
capacitado na MPE; espaço físico; mudança de estratégia da empresa; longo prazo de entrega
dos resultados da consultoria; não atendimento as expectativas da empresa (ver apêndice).
Tabela 7.7 – Aplicabilidade da consultoria na introdução de inovação tecnológica
Consultorias
Aplicabilidade
N
o
. %
Causas da não aplicação da consultoria
Não aplica 4 21,1
y Custo para implantação;
y Não atendeu às expectativas da empresa.
Aplica parcialmente 10 52,6
y Não atendeu, plenamente, às expectativas
da empresa;
y Espaço físico;
y Longo prazo de entrega dos resultados da
consultoria.
Aplica integralmente 5 26,3
Total 19 100%
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com a tabela 7.7, das 19 consultorias realizadas nas seis empresas,
quatro delas não tiveram aprovação e, conseqüentemente, não foram aplicadas, representando
21,1% do total. As demais consultorias (78,9%) foram aplicadas de forma integral ou parcial.
Dentre as causas de não aplicação de consultorias, duas merecem destaques:
(1) longo prazo de entrega de consultoria e; (2) não atendeu às expectativas das empresas,
isto, porque, implicam em um conceito de avaliação negativa da gestão dos serviços de
consultoria prestados pelo órgão em estudo.
No tocante à primeira causa, esse fato pode ser atribuído à dinâmica do
mercado, pois, as empresas necessitam de respostas e atendimentos cada vez mais rápidos. O
106
Centec possui um corpo de pesquisadores qualificados que, no entanto, desenvolvem
atividades paralelas relacionadas à docência, entre outras, determinando o ritmo de trabalho
da pesquisa de acordo com a disponibilidade de tempo de cada pesquisador. Além do mais, é
da essência da pesquisa a necessidade de tempo entre a concepção, desenvolvimento, e
apresentação dos resultados.
Desta forma, reduzir a defasagem entre o ritmo das pesquisas para as
consultorias do Centec e a dinâmica puxada pelas exigências do mercado, é meta a ser
alcançada, para atender, satisfatoriamente, as MPE.
Em relação à segunda causa, - não atendeu às expectativas das empresas -,
refere-se à inviabilidade da aplicação dos projetos resultantes de consultoria na empresa.
Aspecto este, que se pode traduzir, pelo relato de um empresário entrevistado, ao se dizer,
insatisfeito com a pesquisa:
“... fui bem recebido, tive toda atenção por parte do pessoal do
Centec e dos professores, mas, os resultados apresentados não
poderiam ser aplicados na minha empresa, pois, era necessária a
contratação de mais pessoal e, também, mudar a nossa estratégia de
atuação no mercado...”.
Com base no relato do empresário, observa-se um descompasso entre o desejo
do empresário e o resultado sugerido pela consultoria do Centec. Falta de comunicação entre
as partes pode ter sido um dos fatores de discordância do entrevistado.
O outro problema é a causa da não aplicação da consultoria que “não atendeu,
plenamente, às expectativas da empresa”. Neste caso, a empresa esperava um desempenho
mais eficaz do Centec, no desenvolvimento dos trabalhos de consultoria e que os resultados
fossem mais proveitosos. Crítica que pode ser justificada, pelo tempo exíguo do consultor no
atendimento as MPE.
Quanto à solicitação de consultoria para solucionar problemas, oito empresas
responderam o questionário, que representa 17,0% do total de empresas pesquisadas. Foram
colhidas 14 respostas, sendo todos os casos relacionados aos problemas com produtos, os
quais foram todos solucionados. Para os problemas relacionados a processos, apenas 2 casos
107
de 4, foram solucionados, ou seja 50%. Por fim, para os problemas referentes a gestão, os
resultados apontam um total de 71,4% de casos de sucesso.
Tabela 7.8 – Resultados da consultoria na solução de problemas
Consultorias
Relacionamento dos Problemas Casos Solucionados
N
o
%
Produto 3 21,43 3 100,0%
Processo 4 28,57 2 50,0%
Gestão (organização) 7 50,00 5 71,4%
Total 14 100 10
71,4%
Fonte: Dados da pesquisa
De modo geral, os resultados apresentados pela tabela 7.8 são satisfatórios
quanto à solução de problemas na MPE.
Para a verificação do nível de satisfação da consultoria, o gráfico 7.2 mostra a
opinião dos empresários a respeito desse tipo de atividade oferecida pelo Centec.
Gráfico 7.2 – Grau de satisfação das MPE - Consultorias
Fonte: Dados da pesquisa
Os bons resultados apresentados, revelam a capacidade técnica dos consultores
do Centec no desempenho do trabalho de consultoria. Essa qualidade observada neste tipo de
108
trabalho, merece por parte do Centec, uma atenção maior, tendo em vista os relevantes
benefícios que trazem as MPE. Uma das propostas nessa direção, seria a criação de um
departamento que registre informações sobre as consultorias realizadas ou em
desenvolvimento, e também se possam discutir ações no equacionamento de problemas nas
empresas, propiciando um ambiente favorável à realização do conhecimento.
Essa proposta vai de encontro às idéias de Hubber apud Terra (2000), para as
empresas que aprendem, o de criar uma memória organizacional (ver item 2.7). Esta
percepção poderá conduzir o Centec na melhoria de suas consultorias, procurando melhorar
seu desempenho, aumentando cada vez mais sua credibilidade perante as MPE, e ao mesmo
tempo, incrementando o número de serviços de consultorias.
A pesquisa buscou saber se houve alguma forma de transferência do
conhecimento resultante das consultorias do Centec, no propósito de responder ao terceiro
objetivo específico, o da verificação da transferência do conhecimento por meio das
consultorias nas MPE. As empresas responderam conforme mostrado na tabela 7.9.
Evidencia-se pela tabela 7.9 um número expressivo de respostas positivas no
que se refere à transferência do conhecimento pela empresa. Do total de 14 empresas, 12
responderam a opção sim, que representa 85,7%. Conclui-se que o conhecimento assimilado
pelas MPE ocorreu quando da introdução da inovação tecnológica, como também, quando da
apresentação de solução de problemas. No entanto, na introdução da inovação tecnológica foi
menos satisfatório, com 33,3% referente à não transferência do conhecimento para as
empresas.
Tabela 7.9 – Transferência do conhecimento para MPE da consultoria do Centec
Transferência do
conhecimento
Tipo de consultoria
Sim Não
Total de
respondentes
Introdução de Inovação Tecnológica
4 66,7% 2 33,3% 6
Solução de Problemas
8 100,0% 0 0% 8
Total 12 85,7% 2 14,3% 14
Fonte: Dados da pesquisa
109
Com o resultado apresentado na tabela 7.9, mostra que o Centec tem cumprido
o seu papel de disseminador do conhecimento, apesar do número reduzido de consultoria. O
desafio consiste em criar condições mais propícias para o desenvolvimento das atividades de
consultorias, e ao mesmo tempo, divulgar efetivamente esse tipo de serviço nas MPE.
Finalizando, o tópico das consultorias do Centec nas MPE, pode-se afirmar que
este tipo de serviço oferecido, não consegue atingir de modo satisfatório as expectativas das
MPE. A pesquisa buscou saber dois tipos de consultorias oferecidas pelo Centec, a da
introdução da inovação tecnológica e a da solução de problemas.
Quanto à introdução de inovação tecnológica, somente 6 empresas do total de
47 pesquisadas solicitaram a consultoria, número este de pouca expressividade. Além do
reduzido número de consultorias, esses serviços apresentaram vários problemas para a sua não
implantação, tais como: custo para implantação; não atendimento as expectativas das
empresas; longo prazo dos resultados da consultoria; e espaço físico inadequado.
Quanto à consultoria na solução de problemas, tamm, o houve um número
bastante reduzido, 14 consultorias realizadas nas empresas. Apesar disso, das empresas que
solicitaram este serviço, responderam, positivamente, quanto aos casos solucionados (71,4%).
7.4 Egressos e estagiários do Centec nas MPE
Neste bloco de perguntas, a pesquisa procurou conhecer quatro pontos
relevantes para o trabalho e concernentes às pessoas com graduação ou finalizando a
graduação pelo Instituto Centec. Os pontos pesquisados foram:
Quantificar os egressos e os estagiários que estão ou estiveram trabalhando nas MPE;
Identificar os setores em que estão ou estiveram desenvolvendo os trabalhos;
Verificar o nível de absorção do conhecimento pelas MPE transmitidos pelos egressos
ou estagiários;
Verificar o grau de satisfação das MPE quanto à geração e transferência do
conhecimento, pelos egressos ou estagiários.
110
Quanto à quantificação dos egressos ou estagiários nas MPE, das 47 empresas
pesquisadas, 26 (55,4%) responderam que têm ou tiveram em seus quadros de funcionários,
pessoas oriundas dos cursos de graduação do Centec. Conforme a tabela 7.10, do total de 44,
26 pessoas que corresponde a 50,1% são estagiários, número bastante expressivo de
aprendizes nas MPE, em que pese o enfrentamento da concorrência existente na região, pela
demanda oferecida de várias faculdades tecnológicas e de uma universidade.
Tabela 7.10 – Quantificação dos egressos e estagiários nas MPE
Pessoas
Formação tecnológica
N
o
. %
Egressos 18 40,9%
Estagiário 26 50,1%
Total 44 100%
Fonte: Dados da pesquisa
No geral, os resultados apresentados, indicam que as MPE vêm contratando,
significativamente, pessoas oriundas do Centec, mostrando que seus cursos tecnológicos têm
boa receptividade nas MPE na região do Cariri. Muitas vezes, o estagiário é absorvido no
quadro de funcionário da empresa, quando do término do estágio.
Fato comprovado por um dos diretores de uma MPE de refrigerante que,
assim, se expressou:
“... estamos satisfeitos na contratação da ex-estagiária, e agora, funcionária
de nossa empresa. Ela tem desempenhado suas funções com desenvoltura e
criatividade...”.
Para conhecer os setores de atuação dos egressos ou estagiários, a tabela 7.11
apresenta a quantificação e identificação das áreas de atuação dos egressos e estagiários do
Centec. Nestes questionamentos foram considerados fora da área de conhecimento da
graduação dos egressos ou dos estagiários, os itens administração e vendas.
111
Tabela 7.11 – Identificação dos setores de atuação dos egressos e estagiários
nas MPE
Egressos Estagiários
Setor de atuação
N
o
. % N
o
. %
Manutenção industrial 10 55,5 % 14 53,8 %
Administração 2 11,1 % 0 0,0 %
Gestão da produção 3 16,7 % 6 23,2 %
Escritório de projetos 2 11,1 % 3 11,5 %
Vendas 0 0,0 % 0 0,0 %
Controle de qualidade 1 5,6 % 3 11,5 %
Outros. Especificar: 0 0,0 % 0 0%
Total 18 100% 26 100%
Fonte: Dados da pesquisa
Pelos resultados obtidos na pesquisa, 88,9% dos egressos, estão trabalhando
nas áreas do conhecimento de sua graduação. Quanto aos estagiários de nível superior o
resultado foi de 100%. Este último resultado mostra o trabalho realizado pela coordenação de
estágio, em direcionar o aluno para os setores afins dos cursos de graduação.
Comumente, é observado que os egressos nas MPE realizam trabalho de
multitarefa na área de seus estudos. Nas empresas industriais, esse pessoal se concentra nos
setores da gestão da produção e manutenção industrial conforme visto na tabela 7.11 e
ilustrada no gráfico 7.3.
112
Gráfico 7.3 – Setor de trabalho dos egressos ou estagiários do Centec
Fonte: Dados da pesquisa
Os cursos superiores de tecnologias têm uma forma particular de estruturação,
focados para suas específicas áreas do conhecimento. Quando da observância dos estagiários
ou egressos direcionados a atuar nas áreas relativas aos cursos, indica a sintonia entre os
cursos ofertados pelo Centec com as necessidades das MPE. Pode-se inferir que as MPE
passam a contar com pessoas de maior desenvoltura para realização de atividades, de solução
de problemas e de tomar decisões em sua área de atuação, contribuindo, assim, para o
crescimento da empresa.
A respeito da atuação dos egressos e estagiários na solução de problemas nas
MPE, os resultados apresentados no gráfico 7.4 mostram o desempenho dos egressos ou
estagiários, para propor soluções de problemas nas atividades produtivas.
113
Gráfico 7.4 – Grau de satisfação das MPE - solução de problemas
Fonte: Dados da pesquisa
Na visão dos entrevistados, os egressos do Centec têm desenvolvido
atividades, satisfatoriamente, quando requisitados para solucionar problemas, tendo um grau
de aceitação de 38% para alta e 59% para média. Somente 3% afirmaram que não estão
satisfeitos com as propostas dos egressos. Portanto, conclui-se que os empresários são
propensos a contratação de novos egressos.
Quanto aos estagiários, houve um percentual considerado na opção baixa
(17%), este resultado deve-se a pouca experiência profissional. O estagiário, na condição de
aprendiz, encontra sempre uma barreira ao propor soluções para os problemas nas MPE.
Apesar disso, verifica-se que essa barreira vem sendo superada, conforme mostra os índices
apresentados no gráfico 7.3.
Quanto à transferência de conhecimento nas MPE, a tabela 7.12 mostra que
61,1% responderam que houve a transferência do conhecimento dos egressos para as MPE,
enquanto, segundo os respondentes, apenas 26,9% dos estagiários transferiram conhecimento
para as empresas.
114
Tabela 7.12 – Transferência do conhecimento pelos egressos ou estagiários nas
MPE
Egressos Estagiários
Opinião dos
empresários
N
o
. Empresas % N
o
. Empresas %
Sim 11 61,1 7 26,9
Não 4 22,2 11 42,3
Irrelevante 3 16,7 8 30,8
Total 18 100 26 100
Fonte: Dados da pesquisa.
Tomando por base a opinião dos empresários, pode-se inferir que os egressos
receberam uma boa formação profissional, ao longo do curso de graduação, levando-se em
conta a transferência de conhecimento identificada na tabela 7.12.
As MPE adquirem um valor intangível a mais, quando absorvem esses
conhecimentos. Os egressos agindo dessa forma contribuem, para o desenvolvimento das
empresas. No momento em que o conhecimento é aplicado de maneira objetiva, ele passa a ter
significativa importância, corroborando com o pensamento de Sveiby (1998), quando
comenta que o conhecimento agrega valor quando fornece capacidade de agir
intelectualmente ou fisicamente.
Analisando a tabela 7.12, o índice de 42,3%, representado pela resposta não,
demonstra que a transferência de conhecimento dos estagiários para as empresas, foi pouco
eficiente. A dificuldade de expressar com maior convicção os seus conhecimentos, parte,
movidos pela falta de experiência profissional e a forte inibição, quando frente aos
supervisores, podem ser apontados como causas dessa ineficiência. Outra possível causa, é o
fato de que os estagiários não pertencem aos quadros da empresa, o que não lhes confere
autonomia.
Vale aqui salientar, a compreensão das MPE em reconhecerem as limitações
desses estagiários, pelas causas explicitadas, dando-lhes, inclusive, um crédito na perspectiva
de que, até o final de seus estudos, haja de fato, a superação de tudo isso e a qualidade de
desempenho profissional na transferência do conhecimento, seja uma realidade, experiência já
115
vivida por outros estagiários. É com essa visão que o Centec deve agir de forma contínua na
qualificação e no incentivo dos seus alunos, para que possam alcançar o êxito profissional
desejado.
A tabela 7.13, mostra o resultado da geração de conhecimento nas MPE por
meio da atuação dos egressos e dos estagiários. Os entrevistados manifestaram de forma
positiva (44%), que surgiu conhecimento novo com a participação dos egressos, atendendo as
expectativas das MPE. Por outro lado, o total de respostas “sim” em relação às atividades dos
estagiários para a geração de conhecimento nas MPE foi menos significativo (7,70%).
Tabela 7.13 – Geração do conhecimento pelos egressos ou estagiários nas MPE
Egressos Estagiários
Opinião dos
empresários
N
o
.
Empresas
%
N
o
.
Empresas
%
Sim 8 44,4 2 7,70
Não 4 22,2 15 57,7
Irrelevante 6 33,4 9 34,6
Total 18 100 26 100
Fonte: Dados da pesquisa
Os egressos têm demonstrado habilidades na geração de conhecimentos novos
para as MPE. Os empresários vêem a possibilidade de melhorar as suas atividades industriais,
com a contribuição dos egressos por meio de suas idéias e soluções, até então, não percebidas
na empresa.
Manter pessoas que possam trocar idéias com outras pessoas mais experientes,
que Davenport e Prusak (1998) chamam de relações de aprendizado mútuo, podem levar as
MPE ao fortalecimento e crescimento frente ao atual mercado competitivo. Espera-se que o
Instituto Centec mantenha sempre a busca da melhoria contínua do processo de ensino-
aprendizagem para os seus alunos, por meio do ensino profissional de qualidade, aumentando,
assim, a possibilidade dos egressos de gerar o conhecimento para as MPE, na construção de
um desenvolvimento sustentável dessas empresas. No tocante aos estagiários, naquele
116
momento de atuação na empresa, a observação e o aprendizado com outras pessoas é o mais
importante para eles.
Concluindo-se o item 7.4 - egresso e estagiário nas MPE -, foi observada uma
participação expressiva dessas pessoas nas MPE, sendo que, das 47 empresas visitadas, 26
responderam que a presença de egressos ou estagiários foi uma constante nas suas atividades
industriais. Também, tem-se destacado as atividades desempenhadas pelos egressos e
estagiários correspondendo as suas respectivas áreas de estudo, frente às necessidades do
mercado.
Ainda, ficou claro o desprendimento dessas pessoas na geração e transmissão
do conhecimento às MPE, refletido pelos índices de satisfação apresentados pelos
empresários. Por fim, pode-se afirmar que houve a contribuição dos egressos e estagiários do
Centec para geração e transferência do conhecimento nas MPE.
7.5 Treinamentos e capacitações realizados pelo Centec para MPE
A pesquisa registrou 19 empresas participantes de cursos promovidos pelo
Centec, representando 40,4% do total de 47 empresas pesquisadas.
A tabela 7.14 identifica as principais dificuldades encontradas para não
realização dos cursos pelas 28 MPE não participantes. Os dados computados mostram que
39,3% responderam que os cursos não atendem a empresa e 21,4% justificaram a sua não
participação nos treinamentos do Centec, com o argumento de ocorrência de prazo alongado
para a formação de turmas. Este último resultado mostra que as MPE do Cariri não possuem
números suficientes de treinandos para a realização de cursos exclusivos.
117
Tabela 7.14 – Dificuldades para não realização de treinamentos ou capacitações
Dificuldades
N
o
.
Respostas
%
Desconhecimento de cursos ofertados 4 14,3
Pouca oferta de cursos durante o ano 2 7,1
Cursos que não atendem a empresa 11 39,3
Falta de laboratório ou de laboratório específico 3 10,7
Professores não direcionados as atividades industriais 0 0
Local de treinamento impróprio 0 0
Prazo alongado na formação de turmas 6 21,4
Horário de aulas não condizentes com as atividades industriais
2 7,2
Outros. Especificar: 0 0
Total 28 100
Fonte: Dados da pesquisa.
Com base na tabela 7.14, destaque para o índice de 39,3% referente aos cursos
que não atendem a empresa. Estes números se justificam devido à demanda pelas empresas
por conhecimentos específicos, conforme seu setor de atuação. No entanto, os cursos
ofertados pelo Centec são formatados no sentido genérico, sem levar em conta o objeto
específico daquela empresa industrial, salvo, quando a empresa solicita um curso direcionado
para a sua atividade industrial.
É nessa linha de raciocínio que o Centec vem trabalhando, junto com as
empresas do segmento de calçados e couros, na elaboração de cursos de curta duração, e,
também, do curso superior de tecnologia em artefatos plásticos. A participação das empresas
na formatação desses cursos, inclusive contribuindo com máquinas e equipamentos, é
determinante para viabilizar a oferta e implantação dos mesmos.
Quanto ao perfil dos treinamentos de funcionários da MPE por meio do
Centec, os números apresentados na tabela 7.15 indicam que a grande maioria das respostas,
118
correspondente a 68,42% do total, que os treinamentos ou capacitação, se deram em cursos
ofertados pelo Centec, aberto ao público em geral.
Tabela 7.15 – Formas de treinamentos e capacitações para as MPE
Treinamento
N
o
.
respostas
%
Na própria empresa. Exclusivo para os funcionários 0 0
Nas dependências do CENTEC. Exclusivo para os
funcionários
3 15,8
Nas dependências do CENTEC com a prática na
empresa
2
10,5
Em parceria com outras empresas 1 5,3
Em curso ofertado pelo CENTEC aberto ao público em
geral
13
68,4
Outros. Especificar: 0 0
Total 19 100
Fonte: Dados da pesquisa
Vê-se que houve um expressivo direcionamento dos cursos ofertados pelo
Centec, aberto ao público em geral (68,8%), numa evidência da complexidade encontrada
pelas MPE, em concentrar-se em cursos específicos e fechados, dado ao reduzido número de
pessoal e, também, pelos elevados custos à realização dos mesmos.
Para este estudo, os cursos oferecidos para as MPE pelo Centec, foram
reunidos em 5 principais áreas do conhecimento, explicitadas no quadro 7.1.
119
Quadro 7.1 – Principais cursos ofertados para as MPE
Área do Conhecimento Cursos
Gestão da produção
Controle de qualidade-normalização; Organização e
normas;
Programação e controle da produção, etc;
Operação de máquinas operatrizes
Tornearia em tornos convencionais ou CNC;
Moldagem em injetora plástica convencional ou
rotativa; Máquinas de solda convencional ou
especial; Programação de máquinas por meio de
CLP, etc;
Humanas
Atendimento ao público; Desenvolvimento pessoal;
Desenvolvimento em equipe, etc;
Computação
Manutenção de microcomputador; Desenho
auxiliado por computador; Linguagem de
programação, etc;
Manutenção industrial
Eletrônica industrial; Comandos automáticos
eletromagnéticos;
Instalações elétricas industriais; Manutenção
mecânica; Lubrificação industrial, etc.
No que tange a conhecer a área do conhecimento, em que foram realizados os
treinamentos ou capacitações, a pesquisa encontrou os resultados dispostos na tabela 7.16.
Tabela 7.16 – Número de cursos realizados pelas MPE
MPE
Área do conhecimento No. Cursos
Quantidade %
Gestão da produção 3 2 10,5
Operação de máquinas operatrizes 15 5 26,3
Humanas 5 3 15,8
Computação 3 1 5,3
Manutenção industrial 12 8 42,1
Total 38 19 100
Fonte: Dados da pesquisa.
120
Percebe-se que os resultados apresentados se explicam pelo somatório de
vários fatores, como a infra-estrutura oferecida pelo Centec, que conta com boas condições e
diversidades de instalações, quantidade expressiva de máquinas e multiplicidade de
laboratórios, tendo em seu acervo significativo número de equipamentos atualizados, no
atendimento as necessidades dos cursos tecnológicos e das empresas industriais da região. Um
outro fator de destaque é o corpo docente, que em sua grande parte, tem experiência
profissional, vivenciada em indústrias.
Quanto à procura pelos cursos de gestão da produção, apresentou pouco
interesse (10,5%) das MPE em participarem. Pode-se inferir que a maior parte das empresas
não tem dado a importância necessária a esse setor. Isto contradiz com as boas práticas de
gestão, pois como explicam Wheelwright e Hayes (1985), a função "produção" pode oferecer
contribuição ao sucesso de uma companhia e prover uma fonte principal de vantagem
competitiva. Corroborando com esses autores, Pires (1994) diz que, quando a empresa
começa a crescer, a primeira função que o proprietário delega para outros, é a função
produção, por considerar função de menor importância em relação às outras funções da
administração, gestão e financeira. Este sentimento conduz ao pesquisador a acreditar que
pode ser um dos motivos para a taxa de mortalidade de 62,7% para a região Nordeste
(SEBRAE, 2004).
Frente a isto, o Centec pode proporcionar diretrizes para as empresas, desde a
sua concepção até a sua maturidade no mercado, na orientação da condução de suas
atividades, corrigindo falhas gerenciais, orientando nas estratégias operacionais, trazendo as
empresas para realização de treinamentos focados na gestão de negócios. Assim, pode-se
mudar essa realidade e, consequentemente, assegurar a permanência dessas empresas no
mercado.
Para conhecer os resultados dos treinamentos e capacitações, foram aplicados
dois questionamentos à pesquisa. O primeiro questionamento trata-se de mensurar o grau de
satisfação, através do nível de aproveitamento. O segundo questionamento refere-se ao nível
de absorção e aplicabilidade do conhecimento na empresa.
Conforme a tabela 7.17, 57,9% das empresas, afirmaram que houve
aproveitamento parcial e, 42,1% que houve aproveitamento integral. Neste aspecto, os
resultados apresentados são promissores, e assim sendo, atendem as necessidades das MPE.
121
Tabela 7.17 – Aproveitamento dos treinamentos e capacitações
A
Aproveitamento
No. Empresas
%
Não houve aproveitamento 0 0
Houve aproveitamento parcial 11 57,9
Houve aproveitamento integral 8 42,1
Total 19 100
Fonte: Dados da pesquisa
Como a maior parte dos cursos foi nas áreas técnicas do setor industrial,
conclui-se que esses cursos se encontram em harmonia com as expectativas das empresas,
quanto ao aprendizado de seus funcionários, podendo se refletir no aumento de produtividade.
No que diz respeito à transferência do conhecimento pelos treinamentos e
capacitações de funcionários das MPE, a tabela 7.18, mostra o resultado do grau de absorção
dos funcionários, na visão dos empresários.
Tabela 7.18 – Absorção dos treinamentos e capacitações
Grau de Absorção
Atitude dos treinandos
Alto Médio Baixo Irrelevante
Mudanças de atitudes no relacionamento
humano
4 12 5 0
Melhoria no serviço de manutenção 5 14 2 0
Mudanças de atitudes no manuseio de
máquinas
2 9 8 0
Mudanças de atitudes na manufatura 11 5 3 0
Mudanças na forma de gestão 8 10 1 0
Total
30
30,3%
50
50,5%
19
19,2%
0
0,0%
Fonte: Dados da pesquisa
Analisando a tabela 7.18, o total de 80,8% de alto e de médio, o grau de
absorção dos funcionários referente aos treinamentos e capacitações, pode ser considerado um
número bastante positivo, numa demonstração de que um dos objetivos do Centec, na
aplicação de seus cursos de extensão, foi alcançado.
122
A pesquisa dos treinamentos e capacitações apontou, por parte dos
empresários, resultados satisfatórios, relativo ao grau de satisfação das MPE. Foram
detectadas mudanças de atitudes dos funcionários que participaram dos cursos, relativamente,
ao relacionamento com outros funcionários e, também, nas operações de manufatura. Os bons
índices de absorção do conhecimento apresentado servem como reflexão das ações do Centec,
no propósito de manter esses níveis de satisfação, dando continuidade e melhoria dos seus
cursos de extensão.
Concluindo este tópico – treinamentos e capacitações realizadas pelo Centec
para MPE -, os entrevistados apontaram como principal dificuldade para a não realização de
treinamentos e capacitações, por perceberem que esses cursos ofertados pelo Centec não
atendem as expectativas das empresas. Esta dificuldade pode ser atribuída a formatação
genérica dos cursos ofertados, visando alcançar, basicamente, um maior número de MPE.
Por outro lado, empresas que participaram dos treinamentos e capacitações,
fizeram junto com outras pessoas, público em geral. Esta constatação pode ser atribuída ao
número reduzido de participantes de uma única MPE, para formação de turmas exclusivas,
somado a necessidade de contenção de despesas dessas empresas. Mesmo assim, isto não
implica no comprometimento da absorção do aprendizado no curso.
Outro ponto relevante, é que os cursos das áreas do conhecimento de operação
de máquinas e de manutenção industrial, foram os mais solicitados pelas empresas. Estes
resultados mostram as características dos cursos de tecnologia, com sua formatação voltada às
aulas prática. Por fim, os resultados da pesquisa apontaram bons índices de aproveitamento e
absorção dos treinamentos e capacitações, o que se traduz em melhoria para as atividades
industriais nas MPE.
A seguir, tem-se o capítulo 8, com as conclusões, recomendações para
trabalhos futuros e sugestões como forma de melhoria da situação atual.
123
8 – CONCLUSÕES / RECOMENDAÇÕES
Este capítulo destina-se as conclusões decorrentes das discussões objeto de
pesquisas apresentadas ao longo da dissertação. Apresenta as sugestões de melhoria para as
atividades do Centec, e, finalizando, recomendações para novos estudos concernentes à
geração e transferência do conhecimento.
8.1 Conclusões
A pesquisa teve como objeto de estudo o Instituto Centec, na qualidade de
instituição facilitadora da disseminação do conhecimento e das inovações tecnológicas,
aplicadas à realidade e as peculiaridades das MPE industriais da região do Cariri, através da
análise dos processos relacionados à transferência do conhecimento.
No que se refere à problemática da pesquisa, mencionada no início da
dissertação, limitou-se o estudo, a uma parcela de uma série de atividades desenvolvidas pelo
Centec e explicitadas no capítulo 5.
No discorrer do estudo constatou-se que o Centec é uma instituição em fase de
consolidação, creditando-se, em parte, pelo curto período de suas atividades na região, mesmo
assim, possui papel de destaque em seu principal segmento, - o ensino profissional
tecnológico -. Por outro lado, o Centec foi formatado para agir, não somente como instituto
de ensino, mas como agente transformador do meio, e ao mesmo tempo, promovendo o
desenvolvimento do Estado, constituindo-se em um centro de irradiação do conhecimento.
Verificou-se, também, na abordagem sobre as MPE, a sua importância para a
região do Cariri, e seus principais problemas como: a fragilidade diante de oscilações do
mercado econômico e, conseqüentemente, refletindo nos elevados índices de mortalidade; as
dificuldades ou impossibilidade em realizar atividades em P&D; a falta de infra-estrutura de
capacitação e desenvolvimento pessoal; as dificuldades na introdução de inovação
tecnológica; a transferência do conhecimento realizada por meio da tradição. Todos esses
elementos induzem à necessidade de realização de cooperação como instituições de ensino,
universidades, centros de pesquisas, em face da competitividade do mercado.
124
A questão principal deste trabalho é saber se com a implantação do Instituto
Centec na região do Cariri, objetivando, dentre outros, o alavancamento da economia local,
por meio do desenvolvimento das micro e pequenas empresas, em observância a um contexto
de necessidades e limitações em que se encontram essas MPE, está sendo cumprida. Esta
questão está diretamente ligada ao objetivo geral do estudo, definido no capítulo 1, de
descrever as ações do Centec, no sentido de promover o desenvolvimento tecnológico junto as
MPE – Cariri/Ce. Para atingir o objetivo geral foi necessário realizar três etapas, que se
constituem nos objetivos específicos.
A) Objetivo específico 1 – verificar a ocorrência da transferência do conhecimento através
das consultorias do Centec nas MPE.
Este objetivo foi atingido com a aplicação do bloco 1, da segunda parte do
questionário, direcionados as atividades de consultorias do Centec nas MPE. A pesquisa
indagou sobre dois tipos de consultorias oferecidas pelo Centec: consultoria na introdução da
inovação tecnológica e a consultoria na solução de problemas. As atividades de extensão
focadas em consultorias, no atendimento as necessidades das MPE, apesar de não terem
alcançado resultados favoráveis, por desconhecerem os serviços de consultorias; o não
interesse pelo serviço prestado; por não aplicarem os resultados ou sugestões da consultoria
ou aplicam parcialmente; e por outros motivos expostos no capítulo anterior; mesmo assim, os
entrevistados, de um número reduzido de empresas, apenas oito, que aplicaram as sugestões
das consultorias, responderam, positivamente, que absorveram algum tipo de conhecimento.
Por fim, a partir dessas considerações e dos resultados e análises obtidas da
pesquisa, para atingir o objetivo específico 1, se permite afirmar que o serviço de consultoria
do Centec, não consegue atingir de modo pleno as expectativas das MPE, e, assim, conclui-se
que a sua contribuição para o desenvolvimento das MPE, tem sido pouco relevante.
B) Objetivo específico 2 – verificar a contribuição dos egressos do Centec para a geração e
transferência do conhecimento nas MPE.
Para atingir este objetivo aplicou-se o bloco 2, da segunda parte do
questionário. Das 47 empresas visitadas, 26 responderam que a presença de egressos ou
125
estagiários, foi uma constante, nas suas atividades industriais. Convém destacar que as
atividades desempenhadas pelos estagiários e, principalmente, pelos egressos, correspondente
as suas respectivas áreas de estudo, comprovam que os cursos ofertados atendem as
necessidades das MPE. Também, ficou evidente a geração e transferência do conhecimento as
MPE, refletido pelos índices de satisfação apresentados pelos empresários. Pode-se, então,
dizer que houve um aproveitamento, por parte dessas empresas, da contribuição dada pelos
egressos e estagiários na geração e transferência do conhecimento para as MPE, e, por
conseguinte, colaborando para o seu desenvolvimento.
C) Objetivo específico 3 – verificar a contribuição dos treinamentos realizados pelas MPE,
em parcerias com o Centec, para o desenvolvimento tecnológico.
Para responder ao objetivo específico 3, foi aplicado o bloco 3 da segunda
parte do questionário. Os entrevistados apontaram resultados satisfatórios quando indagados
sobre o grau de satisfação dos treinamentos e capacitações realizados pelas MPE, oferecidos
pelo Centec. Ainda, foram observadas mudanças positivas de atitudes dos funcionários que
participaram dos cursos, relativamente, ao relacionamento com os outros funcionários e,
também, nas operações de manufatura. Conclui-se que houve contribuição dos treinamentos
realizados pelas MPE, em parcerias com o Centec, e, portanto, contribuindo para o seu
desenvolvimento.
Finalmente, é possível acreditar a busca de todos os objetivos propostos nesta
pesquisa foram alcançados, resultando, disto, a resposta para a problemática enunciada no
início da dissertação, assim definida: Como as ações do Centec estão contribuindo para o
desenvolvimento tecnológico das MPE da região do Cariri/Ce? A resposta a essa pergunta é
pela transferência do conhecimento por meio: da formação de profissionais voltados a atender
as exigências das indústrias da região; da capacitação e aperfeiçoamento dos funcionários das
empresas. Enfim, o que se observa é que o Instituto Centec está mais voltado às ocupações
relacionadas ao ensino profissionalizante, em detrimento as outras importantes atividades de
extensão e de pesquisa para as MPE.
126
8.2 Recomendações / Sugestões
Fundamentado na gestão do conhecimento, compete ao Centec promover uma
série de ações e procedimentos, como forma de propiciar melhoria para a situação atual. Desta
maneira, sugere-se criar a memória organizacional, para o serviço de consultoria, com as
seguintes características:
Armazenamento e manutenção do conhecimento necessário ao serviço de consultoria;
Padronização da informação;
Criar meios de acessos facilitados a todas as informações armazenadas;
Estruturação do conhecimento em informação que agreguem contextos e experiências;
Disseminação do conhecimento e dos resultados das consultorias no próprio Centec;
Publicação com periodicidade das principais atividades realizadas pelos serviços de
consultorias;
Criação de um banco de dados com os trabalhos realizados e o perfil de cada
consultor.
Para o problema do baixo nível de procura dos serviços de consultoria, sugere-
se criar meio de divulgação nas MPE, principalmente, mostrando os resultados positivos e
mais relevantes das consultorias.
Quanto aos egressos e estagiários, relativamente, a transferência de
conhecimento para MPE, propõe-se a criação de fóruns periódicos com a participação dos
agentes envolvidos no processo - professores, estagiários, egressos e empresários -, para
discussões sobre a vida profissional dos egressos; manter uma via de comunicação mais
aberta com as MPE, como forma de equacionar as dificuldades encontradas pelos egressos e
estagiários; atualizar a estrutura curricular dos cursos de acordo com a dinâmica das
inovações tecnológicas, vista nos meios industriais.
Considerando-se as necessidades percebidas no decorrer da realização desta
pesquisa, sugere-se o desenvolvimento dos seguintes estudos:
Estudo nas pequenas comunidades atendidas pelo Centec;
Estender o estudo para as outras atividades de atuação do Centec, principalmente, a
capacitação do homem;
127
Estudo sobre a transferência do conhecimento nas empresas tecnológicas incubadas
no Centec;
Estudo sobre a oferta de cursos de formação continuadas dos tecnólogos.
Especificamente, ainda, recomenda-se a expansão deste estudo para outras
unidades operacionais do Centec, incluindo os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT),
com as modificações necessárias, para adequar-se às características peculiares de cada
regional e suas atividades produtivas.
A partir das considerações dos resultados e análises dos achados da pesquisa,
junto as MPE, sobre a geração e transferência do conhecimento, permitem duas afirmações
principais: as atividades de extensão, particularmente, as consultorias no atendimento as
necessidades das MPE, não possuem um contexto adequado para a transferência do
conhecimento, e; com relação à assimilação do aprendizado e posterior transferência e
geração do conhecimento nas MPE, por parte dos egressos e estagiários e, também, da
capacitação de funcionários, obtiveram resultados satisfatórios.
Neste trabalho, espera-se que os resultados obtidos na pesquisa, o referencial
teórico apresentado para fundamentar o estudo e as sugestões de melhoria para a situação
atual, sirvam de orientação aos responsáveis pela administração do Instituto Centec, na
qualidade de gestores, para reflexão e ajustes na condução de suas atividades aplicadas em
áreas estratégicas, para o desenvolvimento sustentável do Estado do Ceará.
128
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135
APÊNDICE – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
1
a
. Parte do Questionário.
BLOCO 1 – COOPERAÇÃO EMPRESA - CENTEC
1. As principais vantagens que a empresa tem por estar próxima ao Centec.
Externalidades Grau de importância
Disponibilidade de técnicos e tecnólogos direcionados a
indústria
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Disponibilidade de serviços técnicos especializados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Proximidade com pesquisadores ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Infra-estrutura física (laboratórios, sala de vídeo,
bibliotecas)
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Disponibilidade de treinamento e capacitação de mão-
de-obra
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outra. Citar:
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média
importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para a sua empresa.
2. Tipo de cooperação entre empresa – Centec.
( ) 1.
Consultoria técnica
( ) 2.
Incubadora de base tecnológica ou mista
( ) 3.
Curso de treinamento de funcionário
( ) 4.
Oferta de oportunidade de emprego para
egressos
( ) 5.
Oferta de oportunidade para estágio
supervisionado
( ) 6.
Uso das instalações ou equipamentos do
Centec.
(sala de aula, vídeo conferência, laboratórios, etc)
( ) 7.
Outros. Especificar:
136
BLOCO 2 – CARACTERIZAÇÃO DAS MPE
3. Segmento de Atividades.
( ) 1.
Folheados/Lapidados
( ) 2.
Cerâmica
( ) 3.
Couro e Calçados
( ) 4.
Alumínio
( ) 5. Confecção
( ) 6. Outros. Especificar:
4. Tempo de atuação no mercado
( ) 1.
Menos de 1 ano
( ) 2.
Mais de 1 anos e menos de 2 anos
( ) 3.
Mais de 2 anos e menos de 3 anos
( ) 4.
Mais de 3 anos e menos de 4 anos
( ) 5. Mais de 4 anos e menos de 5 anos
( ) 6. Mais de 5 anos.
5. Escolaridade do respondente.
( ) 1.
Analfabeto
( ) 2.
Ensino Fundamental Incompleto
( ) 3.
Ensino Fundamental Completo
( ) 4.
Ensino Médio Incompleto
( ) 5. Ensino Médio Completo
( ) 6. Superior Incompleto
( ) 7. Superior Completo
( ) 8. Pós Graduação
6. Escolaridade do pessoal ocupado (situação atual):
Ensino
N
o
. de pessoal
ocupado na
administração
N
o
. de pessoal
ocupado na
produção
Total
Analfabeto
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Superior incompleto
Superior completo
Pós-Graduação
Total
137
2
a
. Parte do Questionário.
BLOCO 1 – CONSULTORIAS REALIZADAS PELO INSTITUTO CENTEC NAS
MPES.
Conceitos sobre Inovação Tecnológica
Inovação no produto ( I
Pr
): um novo produto é um produto que é novo para sua
empresa ou para o mercado e cujas características tecnológicas diferem
significativamente de todos os produtos que sua empresa já produziu.
Inovação no processo ( I
P
): são processos novos na sua empresa, voltados a
produção ou para o segmento de atividades da empresa, podendo envolver:
métodos, procedimentos, sistemas, máquinas e equipamentos.
Inovação na gestão ( I
g
): resulta em melhorias significativas na gestão da
organização, um modo diferente de logística, de compra/venda, de qualificação de
pessoal, implantação de um sistema de gestão etc.
1. Caso a empresa já tenha solicitado à introdução de inovações por meio de consultorias
do Instituto CENTEC. Informe as principais características conforme listado abaixo.
Para uso do
pesquisador
1.
Sim
2.
Não
Tipo de Inovação
I I I
Pr P g
Inovações de produto
( 1 ) ( 2 )
Produto novo para a sua empresa, mas já existente no mercado?
( 1 ) ( 2 )
Produto novo para o mercado nacional?
Inovações de processo
Processos tecnológicos novos para a sua empresa, mas já
existentes no setor?
( 1 ) ( 2 )
Processos tecnológicos novos para o setor de atuação?
( 1 ) ( 2 )
Outros tipos de inovação
Criação ou melhoria substancial, do ponto de vista tecnológico, do
modo de acondicionamento de produtos (embalagem)?
( 1 ) ( 2 )
Inovações no desenho de produtos?
( 1 ) ( 2 )
Realização de mudanças organizacionais
(inovações organizacionais)
Implementação de técnicas avançadas de gestão?
( 1 ) ( 2 )
Implementação de significativas mudanças na estrutura
organizacional?
( 1 ) ( 2 )
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de marketing?
( 1 ) ( 2 )
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de
comercialização?
( 1 ) ( 2 )
Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando a atender
normas de certificação (ISO 9000, ISO 14000, etc.)?
( 1 ) ( 2 )
Outros. Especificar
( 1 ) ( 2 )
138
2. A empresa aplicou os resultados/sugestões indicados pela consultoria do
CENTEC na introdução de inovação?
1.
Sim
2.
Não
Situação
Não aplica ( 1 ) ( 2 )
Aplica parcialmente ( 1 ) ( 2 )
Aplica integralmente ( 1 ) ( 2 )
3. Caso a sua empresa não aplica os resultados da consultoria do CENTEC, indique
as possíveis causas.
1.
Sim
Motivos
2. Não
Custo para implantação ( 1 ) ( 2 )
Ausência de pessoal capacitado na empresa ( 1 ) ( 2 )
Espaço físico ( 1 ) ( 2 )
Mudança de estratégia da empresa ( 1 ) ( 2 )
( 1 ) ( 2 )
Longo prazo de entrega dos resultados da consultoria
Não atendimento as expectativas da empresa. ( 1 ) ( 2 )
Outros. Especificar. ( 1 ) ( 2 )
4. A sua empresa solicitou consultoria do Centec para solucionar problemas.
1.
Sim
2.
Não
Os casos foram
solucionados?
Relacionamento de problemas
( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Produto
( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Processo
Gestão
( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
5. Os resultados da consultoria atenderam a sua empresa?
Tipo de consultoria Grau de Importância
Solução de problemas ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Introdução de inovação
tecnológica
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média importância
e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para a sua empresa.
139
6. Na sua opinião, a empresa aprendeu ou absorveu conhecimento com a
consultoria?.
1.
Sim
Tipo de consultoria
2. Não
Introdução de inovação tecnológica ( 1 ) ( 2 )
Solução de problemas ( 1 ) ( 2 )
BLOCO 2 – PROFISSIONAIS FORMADOS OU EM FORMAÇÃO PELO
CENTEC
1. Sua empresa absorveu egressos ou estagiários do Centec?
QUANTOS?
1. SIM 2. NÃO
Egresso ( 1 ) ( 2 )
Estagiário ( 1 ) ( 2 )
2. Em que setor da empresa os egressos ou estagiários do Centec desenvolvem ou
desenvolveram atividades.
Egressos Estagiários
SETOR
1. SIM 2. NÃO 1. SIM 2. NÃO
Manutenção Industrial ( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Administração ( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Gestão da produção ( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Escritório de projetos ( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Vendas ( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Controle de Qualidade ( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
Outros. Especificar:
( 1 ) ( 2 ) ( 1 ) ( 2 )
3. Quando o egresso ou estagiário do Centec foi solicitado a equacionar problemas,
como foi o seu desempenho?
Grau de satisfação
Egresso ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estagiário ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Indicar o grau de satisfação utilizando a escala, onde 1 é baixa, 2 é média e
3 é alta. Coloque 0 se não for relevante para a sua empresa.
140
4. A empresa absorveu algum conhecimento novo sugerido pelo egresso ou
estagiário do CENTEC, como por exemplo, uma inovação (no produto, no
processo ou na gestão).
Grau de satisfação
IRRELEVANTE SIM NÃO
Egresso ( 0 ) ( 1 ) ( 2 )
Estagiário ( 0 ) ( 1 ) ( 2 )
5. Caso houve o equacionamento total ou parcial da ocorrência, com participação
efetiva do egresso ou estagiário, em sua opinião, surgiu um conhecimento
novo que atendeu as necessidades da empresa.
Grau de satisfação
IRRELEVANTE SIM NÃO
Egresso ( 0 ) ( 1 ) ( 2 )
Estagiário ( 0 ) ( 1 ) ( 2 )
BLOCO 3 – TREINAMENTOS REALIZADOS PELO CENTEC NAS MPES
1. Sua empresa realizou treinamento por meio do Centec:
1. SIM 2. NÃO
( 1 ) ( 2 )
Na ausência de treinamentos realizados por meio do Centec, desconsiderar este
bloco de perguntas. Caso a resposta seja negativa, responda somente a pergunta 3.
2. Quais as dificuldades encontradas pela empresa para a não realização dos
treinamentos por meio dos cursos ofertados pelo Centec?
Grau de Importância
Desconhecimento de cursos ofertados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Pouca oferta de cursos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Cursos que não atendem a empresa ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Falta de laboratório ou de laboratório
específico
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Professores não direcionados as
atividades industriais
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Local de treinamento impróprio ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Prazo alongado na formação de turmas ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Não formação de turmas ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Horário de aulas não condizentes com as
atividades industriais.
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outros. Especificar:
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
141
Indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é
média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para a sua
empresa.
3. De que forma sua empresa efetuou atividade de treinamento e capacitação de
recursos humanos por meio do Centec?
Treinamento
1. SIM 2. NÃO
Na própria empresa. Exclusivo para os funcionários. ( 1 ) ( 2 )
Nas dependências do CENTEC. Exclusivo para os
funcionários.
( 1 ) ( 2 )
Nas dependências do CENTEC com a prática na
empresa.
( 1 ) ( 2 )
Em parceria com outras empresas ( 1 ) ( 2 )
Em curso ofertado pelo CENTEC aberto ao público em
geral
( 1 ) ( 2 )
Outros. Especificar:
( 1 ) ( 2 )
4. Indique a área do conhecimento do treinamento ofertado por meio dos cursos do
Centec.
1.
SIM
2.
NÃO
Quantos?
Área do conhecimento
Gestão da produção
( 1 ) ( 2 )
(controle de qualidade; organização e normas:
programação e controle da produção, etc.)
Operação de Máquinas operatrizes
(Tornos CNC; injetora plástica; máquinas de solda
especiais; programação de máquinas com automação;
etc).
( 1 ) ( 2 )
( 1 ) ( 2 )
Humanas
Computação
( 1 ) ( 2 )
(Manutenção de microcomputador; desenho auxiliado
por computador; linguagem de programação; etc)
Manutenção industrial
(Eletrônica industrial; comandos eletromagnéticos;
instalações elétricas industriais; manutenção
mecânica; lubrificação industrial, etc)
( 1 ) ( 2 )
142
5. Em sua opinião, o treinamento teve aproveitamento desejado, e com isso,
atendeu as expectativas da empresa.
1. SIM 2. NÃO
Houve aproveitamento. ( 1 ) ( 2 )
Houve aproveitamento parcial ( 1 ) ( 2 )
Houve aproveitamento Integral ( 1 ) ( 2 )
6. Quanto ao nível de absorção pelos treinando e posterior aplicação do
conhecimento na empresa:
Grau de Absorção
Mudanças de atitudes no relacionamento humano ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhoria no serviço de manutenção ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Mudanças de atitudes no manuseio de máquinas ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Mudanças de atitudes na manufatura ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Mudanças na forma de gestão ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Indicar o grau de absorção utilizando a escala, onde 1 é baixa, 2 é média e 3 é alta.
Coloque 0 se não for relevante para a sua empresa.
143
ANEXO – DISTRIBUIÇÃO NORMAL PADRONIZADA
NOTA: Para valores de Z acima de 3,09, use 0,4999 como área.
* Use esses valores comuns resultantes de interpolação:
Escore z Área
1,645 0,4500
2,575 0,4950
NOTA: Para valores de Z acima de 3,09, use 0,4999 como área.
* Use esses valores comuns resultantes de interpolação:
Escore z Área
1,645 0,4500
2,575 0,4950
z
c
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,0 0,0000 0,0040 0,0080 0,0120 0,0160 0,0199 0,0239 0,0279 0,0319 0,0359
0,1 0,0398 0,0438 0,0478 0,0517 0,0557 0,0596 0,0636 0,0675 0,0714 0,0753
0,2 0,0793 0,0832 0,0871 0,0910 0,0948 0,0987 0,1026 0,1064 0,1103 0,1141
0,3 0,1179 0,1217 0,1255 0,1293 0,1331 0,1368 0,1406 0,1443 0,1480 0,1517
0,4 0,1554 0,1591 0,1628 0,1664 0,1700 0,1736 0,1772 0,1808 0,1844 0,1879
0,5 0,1915 0,1950 0,1985 0,2019 0,2054 0,2088 0,2123 0,2157 0,2190 0,2224
0,6 0,2257 0,2291 0,2324 0,2357 0,2389 0,2422 0,2454 0,2486 0,2517 0,2549
0,7 0,2580 0,2611 0,2642 0,2673 0,2704 0,2734 0,2764 0,2794 0,2823 0,2852
0,8 0,2881 0,2910 0,2939 0,2967 0,2995 0,3023 0,3051 0,3078 0,3106 0,3133
0,9 0,3159 0,3186 0,3212 0,3238 0,3264 0,3289 0,3315 0,3340 0,3365 0,3389
1,0 0,3413 0,3438 0,3461 0,3485 0,3508 0,3531 0,3554 0,3577 0,3599 0,3621
1,1 0,3643 0,3665 0,3686 0,3708 0,3729 0,3749 0,3770 0,3790 0,3810 0,3830
1,2 0,3849 0,3869 0,3888 0,3907 0,3925 0,3944 0,3962 0,3980 0,3997 0,4015
1,3 0,4032 0,4049 0,4066 0,4082 0,4099 0,4115 0,4131 0,4147 0,4162 0,4177
1,4 0,4192 0,4207 0,4222 0,4236 0,4251 0,4265 0,4279 0,4292 0,4306 0,4319
1,5 0,4332 0,4345 0,4357 0,4370 0,4382 0,4394 0,4406 0,4418 0,4429 0,4441
1,6 0,4452 0,4463 0,4474 0,4484 0,4495 *0,4505 0,4515 0,4525 0,4535 0,4545
1,7 0,4554 0,4564 0,4573 0,4582 0,4591 0,4599 0,4608 0,4616 0,4625 0,4633
1,8 0,4641 0,4649 0,4656 0,4664 0,4671 0,4678 0,4686 0,4693 0,4699 0,4706
1,9 0,4713 0,4719 0,4726 0,4732 0,4738 0,4744 0,4750 0,4756 0,4761 0,4767
2,0 0,4772 0,4778 0,4783 0,4788 0,4793 0,4798 0,4803 0,4808 0,4812 0,4817
2,1 0,4821 0,4826 0,4830 0,4834 0,4838 0,4842 0,4846 0,4850 0,4854 0,4857
2,2 0,4861 0,4864 0,4868 0,4871 0,4875 0,4878 0,4881 0,4884 0,4887 0,4890
2,3 0,4893 0,4896 0,4898 0,4901 0,4904 0,4906 0,4909 0,4911 0,4913 0,4916
2,4 0,4918 0,4920 0,4922 0,4925 0,4927 0,4929 0,4931 0,4932 0,4934 0,4936
2,5 0,4938 0,4940 0,4941 0,4943 0,4945 0,4946 0,4948 0,4949 *0,4951 0,4952
2,6 0,4953 0,4955 0,4956 0,4957 0,4959 0,4960 0,4961 0,4962 0,4963 0,4964
2,7 0,4965 0,4966 0,4967 0,4968 0,4969 0,4970 0,4971 0,4972 0,4973 0,4974
2,8 0,4974 0,4975 0,4976 0,4977 0,4977 0,4978 0,4979 0,4979 0,4980 0,4981
2,9 0,4981 0,4982 0,4982 0,4983 0,4984 0,4984 0,4985 0,4985 0,4986 0,4986
3,0 0,4987 0,4987 0,4987 0,4988 0,4988 0,4989 0,4989 0,4989 0,4990 0,4990
3,10 ou + 0,4999
144
D585a Diniz, Alexandre Magno Ferreira
Ações do CENTEC na promoção do desenvolvimento tecnológico
junto as MPE da região do Cariri/CE / Alexandre Magno Ferreira Diniz -
João Pessoa, 2006.
143 fl. il.:
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) PPGEPE / Centro
de Tecnologia/ Campus I / Universidade Federal da Paraíba – UFPB.
Orientador: Profª. Drª. Maria do Socorro Márcia Lopes Souto
.
1. Gestão do Conhecimento 2. Desenvolvimento Tecnológico 3. Micro
e Pequenas Empresas I.Título.
CDU: 658.5 (043)
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