Download PDF
ads:
QUALIDADE DE MOLHOS
AGRIDOCES DE GOIABA (Psidium guajava L.) E
TOMATE (Lycopersicon esculentum)
JÚLIA SENNA CORRÊA TEIXEIRA
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
JÚLIA SENNA CORRÊA TEIXEIRA
QUALIDADE DE MOLHOS
AGRIDOCES DE GOIABA (Psidium guajava L.) E TOMATE
(Lycopersicon esculentum)
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras, como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Ciência dos Alimentos, para
obtenção do título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
ads:
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Teixeira, Julia Senna Corrêa.
Qualidade de molhos agridoces de goiaba (Psidium Guajava L.) e tomate
(Lycopersicon Esculentum)/ Julia Senna Corrêa Teixeira. -- Lavras: UFLA, 2005.
92p.: il.
Orientador: Luiz Carlos de Oliveira Lima.
Dissertação (Mestrado) - UFLA.
Bibliografia.
1. Goiaba (Psidium Guajava L.). 2. Tomate (Lycopersicon Esculentum). 3.
Análise sensorial. 4. Molho Agridoce. 5. Guatchup. 6. Catchup. I. Universidade
Federal de Lavras. II. Título.
CDD-664.07
JÚLIA SENNA CORRÊA TEIXEIRA
QUALIDADE DE MOLHOS
AGRIDOCES DE GOIABA (Psidium guajava L.) E TOMATE
(Lycopersicon esculentum)
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras, como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Ciência dos Alimentos, para
obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em 28 de Fevereiro de 2007
Prof. Dr. Adimilson Bosco Chitarra
Profa. Dr. Patrícia de Fátima Pereira Goulart
Prof Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
DEDICO
À minha vó Gozinha, pelo amor incondicional que foi fundamental nesta conquista,
pelo apoio, dedicação e confiança, que nortearam minha vida e me fizeram progredir.
Aos meus pais, Fred e Patrícia pelos ensinamentos, amor, dedicação e apoio, a quem
devo tudo que sou.
As minhas irmãs, Lílian e Simone que, mesmo longe, transmitiram-me confiança e
incentivo.
Ao meu irmão, Bruno, pelo incentivo, carinho e apoio.
À minha sogra, Lia, pela amizade sincera, pelo carinho e atenção em todos os
momentos em que dela precisei.
Ao meu marido, Bruno, pelo companheirismo, amor, compreensão e por ter assumido
os papéis de pai e mãe.
E ao meu amado filho, Henrique, pela alegria sempre estampada nos seus olhinhos.
i
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente em minha vida, possibilitando-me
mais uma vitória.
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Ciência dos
Alimentos, por me conceder a oportunidade de realizar meus estudos de Pós-
Graduação e o espaço físico para a execução deste trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico –
CNPq, pela bolsa de estudo.
Ao Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima, meus sinceros
agradecimentos pela orientação segura, amizade, oportunidade e confiança em
mim depositada.
Ao Professor Ms Paulo Roberto Clemente, que tantas vezes me atendeu
gentilmente, pelos ensinamentos, atenção, paciência e amizade.
Ao Professor Dr. Augusto Ramalho, pelas sugestões nas análises
estatísticas.
A todos os professores do Departamento de Ciência dos Alimentos,
pelos ensinamentos transmitidos que contribuíram sobremaneira para a melhoria
de minha formação profissional.
A todos os colegas da UFLA, principalmente aqueles com quem
formamos equipe, fizemos disciplina ou simplesmente convivemos, em especial
Clarissa, Ana Carla, Ellen, Brígida, Heloisa, Geny, Mercê, Alessandra, Daniel,
Rafaela, Suzana, Marisa, Aline, Belami, Gilma e Edson.
As laboratoristas mais que especiais Tina, Sandra, Creuza e Eliane, que
não apenas me ajudaram a resolver problemas práticos, mas que também foram
verdadeiras amigas.
À amiga e companheira Cidinha, pelo auxílio na realização da análise
sensorial.
ii
A minha maravilhosa equipe de provadores sensoriais e adoradores de
guatchup e catchup, por sempre comparecerem.
Ao amigo Dieychson cuja ajuda foi de fundamental importância.
À amiga Juliana Audi, pela amizade, atenção e apoio sempre que
precisei.
À querida amiga Marisa Fonseca a quem serei eternamente grata pelo
seu imenso auxilio, incentivo, carinho, amizade sincera e por fazer parte da
minha vida.
Especialmente às amigas Alexandra, Cibelle, Daniella e Priscila, pela
incansável ajuda nos momentos mais difíceis e pelos conselhos. Espero que
nossa amizade, mesmo longe, permaneça para sempre em nosso corações. Adoro
vocês.
Aos queridos amigos Luizinho e Nélio, pela amizade sincera, ajuda
constante e auxílio na finalização deste trabalho.
A toda minha família, por todo apoio, amor e estímulo, não só neste
momento, mas durante toda a minha vida.
A todos que embora não citados, contribuíram de alguma forma para a
realização deste trabalho.
Em especial a duas pessoas e quem devo esse mestrado, porque sem o
incentivo e a ajuda de vocês eu não estaria escrevendo esses agradecimentos, aos
meus grandes amores Henrique e Bruno.
iii
SUMÁRIO
Página
RESUMO................................................................................................... i
ABSTRACT.............................................................................................. ii
CAPÍTULO 1............................................................................................ 01
1 Introdução Geral..................................................................................... 02
2 Referencial Teórico................................................................................ 04
2.1 Aspectos gerais: Goiaba ..................................................................... 04
2.1.1Guatchup............................................................................................ 05
2.2 Aspectos gerais: Tomate...................................................................... 06
2..2.1 Catchup............................................................................................ 08
2.3 Amadurecimento dos frutos................................................................. 09
2.4 Alimentos Funcionais......................................................................... 11
2.5 Carotenóides........................................................................................ 12
2.5.1Licopeno............................................................................................ 14
2.6 Alterações físicas, físico-químicos e químicas decorrentes do
processamento do alimentos...................................................................... 17
2.7 Microbiologia de alimentos................................................................. 19
2.7.1 Microrganismos indicadores............................................................. 21
2.7.2 Coliformes totais............................................................................... 22
2.7.3 Coliformes fecais e Escherichia coli................................................. 22
2.7.4 Contagem de fungos filamentosos e leveduras................................ 22
2.7.5 Staphylococcus aureus .................................................................. 22
2.8 Embalagens......................................................................................... 23
2.9 Análise Sensorial................................................................................ 24
2.9.1Características Sensoriais.................................................................. 27
3 Referências Bibliográficas...................................................................... 31
iv
CAPÍTULO 2: Molhos agridoces de goiaba e tomate:
características microbiológicas, físicas, físico-químicas e químicas......... 38
Resumo...................................................................................................... 39
Abstract...................................................................................................... 40
1 Introdução............................................................................................... 41
2 Material e Métodos................................................................................. 43
2.1 Matéria-prima...................................................................................... 43
2.1.1 Goiabas............................................................................................ 43
2.1.2 Tomates............................................................................................ 43
2.2 Preparo das amostras........................................................................... 43
2.3 Elaboração dos molhos........................................................................ 43
2.4 Embalagens e Armazenamento........................................................... 44
2.5 Análises microbiológicas, físicas, físico-químicas e químicas............ 45
2.5.1Análises microbiológicas................................................................... 45
2.5.2 Preparo das amostras....................................................................... 45
2.5.3 Quantificação de coliformes a 37°C e 45°C..................................... 45
2.5.4 Determinação de Escherichia coli.................................................... 46
2.5.5 Quantificação de Sthaphylococcus................................................... 46
2.5.6 Quantificação de fungos filamentosos e leveduras........................... 46
2.5.7 Coloração (Valores L*, a* e b*)....................................................... 47
2.5.8 Acidez Titulável (AT)....................................................................... 47
2.5.9 pH..................................................................................................... 47
2.5.10 Sólidos Solúveis (SS).................................................................... 47
2.5.11 Teor de Licopeno........................................................................... 48
2.6 Análise Estatística............................................................................... 48
2.7 Delineamento experimental................................................................ 48
3 Resultados e Discussão........................................................................... 49
4 Conclusão .............................................................................................. 63
v
5 Referências Bibliográficas ..................................................................... 64
CAPITULO 3: Molhos agridoces de goiaba e tomate: qualidade
sensorial.................................................................................................... 67
Resumo...................................................................................................... 68
Abstract...................................................................................................... 69
1 Introdução............................................................................................... 70
2 Material e Métodos................................................................................ 72
2.1 Matéria-prima...................................................................................... 72
2.1.1 Goiabas............................................................................................ 72
2.1.2 Tomates............................................................................................ 72
2.2 Preparo das amostras........................................................................... 72
2.3 Elaboração dos molhos........................................................................ 73
2.4 Embalagens e Armazenamento........................................................... 73
2.5 Análise Estatística............................................................................... 74
2.6 Delineamento experimental................................................................ 74
2.7 Análise sensorial dos molhos.............................................................. 74
3 Resultados e Discussão........................................................................... 75
4 Conclusão .............................................................................................. 81
5 Referências Bibliográficas ..................................................................... 82
ANEXOS .................................................................................................. 85
vi
RESUMO
TEIXEIRA, Julia Senna Corrêa. Qualidade de molhos agridoces de goiaba
(Psidium Guajava L.) e tomate (Lycopersicon Esculentum). 2007. 92 p.
Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) - Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.*
O Guatchup ou catchup são molhos agridoces preparados com goiaba ou tomate,
que levam em sua formulação açúcares e condimentos. Este trabalho teve por
objetivo avaliar as características microbiológicas, físicas, físico-químicas e
químicas de molhos agridoces de goiaba e tomate comerciais e molhos agridoces
elaborados artesanalmente, seguindo a formulação tradicional do catchup e,
ainda, avaliar sensorialmente os dois molhos agridoces artesanais de goiaba e
tomate. As análises foram realizadas, a cada 30 dias, durante 150 dias, sendo os
molhos armazenados à temperatura ambiente. No teste de análise sensorial
adotou-se uma escala de nove pontos em ordem decrescente de aceitação, onde
os atributos avaliados foram: a) aroma, b) sabor, c) viscosidade, d) aparência, e)
cor. Todos os molhos agridoces analisados estavam adequados para o consumo
humano, devido aos baixos índices de contaminação microbiológica, atendendo
os padrões da legislação brasileira. As variáveis L* e a* proporcionaram um
maior valor no molho agridoce de goiaba artesanal (MAGA) quando
comparados aos demais produtos. O molho agridoce de goiaba comercial
(MAGC) e o molho agridoce de tomate comercial (MATC) determinaram uma
maior acidez quando comparados com MAGA. Entre os molhos artesanais, o
MAGA apresentou teores relativamente baixos quando comparado ao molho
agridoce de tomate (MATA). Entre os molhos estudados o MATA apresentou
um maior pH e o MAGA um menor teor de sólidos solúveis. Foi constatado no
MATA maiores teores de licopeno seguido por MATC, MAGC e MAGA,
respectivamente. O molho agridoce de goiaba apresentou melhor aceitação pelos
provadores nos atributos aroma e viscosidade e o molho agridoce de tomate
apresentou melhor aceitação pelos provadores apenas no atributo cor. Os molhos
agridoce de goiaba e tomate não apresentaram diferenças, segundo os
provadores, em relação aos atributos sabor e aparência. O período de
armazenamento foi eficiente para preservar a qualidade dos molhos agridoces
comerciais como os artesanais, sendo que estes apresentaram diferenças entre si.
Portanto, o molho agridoce pode ser considerado uma boa alternativa para os
produtores de goiabas, com o intuito de diminuir os elevados índices de perdas.
_____________________
* Comitê Orientador: Luiz Carlos de Oliveira Lima – UFLA (orientador), Paulo
Roberto Clemente – UFLA (co-orinentador).
vii
ABSTRACT
TEIXEIRA, Julia Senna Corrêa. Quality of soursweet sauces of guava
(Psidium Guajava L.) and tomato (Lycopersicon Esculentum). 2007. 92 p.
Dissertation (Master Program in Food Science) – Federal University of Lavras,
Lavras, Minas Gerais, Brazil.*
Guatchup or catchup are soursweet sauces prepared with either guava or tomato,
which take in their formation both sugars and condiments. This work was
designed to evaluate the microbiologic, physical, physicochemical and chemical
characteristics of commercial soursweet guava and tomato sauces and soursweet
sauces manufactured artisanally, following the traditional formulation of
catchup, and in addition to evaluating sensorially the two soursweet guava and
tomato sauces. The analyses were performed every 30 days for 150 days, the
sauces being stored at room temperature. In the sensorial analysis test, a scale of
nine scores in decreasing order of acceptance was adopted, where the attributes
evaluated were: a) flavor, b) taste, c) viscosity, d) appearance, and) color. All the
soursweet sauces analyzed were adequate for human consumption due to the low
indices of microbiologic contamination, meeting the Brazilian Legislation
standards. The variables L* and a* provided an increased value to the artisanal
soursweet guava sauce (ASGS) as compared with the other products. The
commercial soursweet guava sauce (CSGS) and the commercial soursweet
tomato sauce (CSTS) determined a higher acidity as compared with MAGA, but
among the artisanal sauces, the ASGS presented relatively low contents as
compared with the soursweet tomato sauce (ASTS). Among the sauces studied,
the ASTS showed a higher pH and the ASGS a lower content of soluble solids.
In the ASTS, higher contents of lycopene followed by the CSTS, CSGS and
ASGS, respectively, were found. The guava soursweet sauce presented better
acceptance by the tasters in the attributes flavor and viscosity and the soursweet
sauce presented improved acceptance by the tasters only in the attribute color.
The soursweet tomato and guava sauces presented no differences, according to
the tasters in relation to the attributes flavor and appearance. The storage period
was as efficient to preserve the quality of commercial soursweet sauces as the
artisanal ones, the latter presenting difference from one another. Therefore, the
soursweet sauce can be considered a good alternative for the guava growers with
the purpose of decreasing the elevated indices of losses.
_____________________
* Guidance Committee: Luiz Carlos de Oliveira Lima – UFLA (Adviser), Paulo
Roberto Clemente – UFLA (co-adviser)
CAPÍTULO 1
QUALIDADE DE MOLHOS
AGRIDOCES DE GOIABA (Psidium guajava L.) E TOMATE
(Lycopersicon esculentum)
2
1 INTRODUÇÃO GERAL
A goiaba (Psidium guajava L.) é um dos frutos tropicais e subtropicais
mais importante devido ao seu valor nutritivo, pois apresenta em sua
composição um teor considerável de cálcio, ferro, fósforo, tiamina, vitamina A,
niacina e vitamina C, sendo seu consumo um ótimo meio de prevenção e
combate a diferentes tipos de doenças cardiovasculares.
A goiabeira (Psidium guajava L.) pode ser cultivada em praticamente
todo o território nacional, o que ajuda muito a difusão do seu consumo. Sua
produção em escala industrial no país teve inicio na década de 70. Atualmente o
Brasil é o maior produtor mundial de goiabas, sendo sua produção estimada em
torno de 500 mil toneladas anuais.
Um dos problemas que avassala o setor alimentício são os altos
desperdícios de frutos, em decorrência das exigências do mercado,
principalmente, no comércio in natura. O curto período de conservação da
goiaba em temperatura ambiente obriga a uma comercialização rápida para
evitar perdas. Sendo assim, uma alternativa para evitar altos desperdícios, seria
apresentar propostas para a utilização de goiabas consideradas impróprias para o
comércio in natura, mas que estejam em condições ideais para o consumo.
O desenvolvimento de novos produtos à base de goiaba, como os
molhos agridoces e salgados, trazem nova luz sobre as formas de consumo de
um produto genuinamente brasileiro. O guatchup é um molho agridoce
preparado à base de goiabas vermelhas e condimentos recentemente
desenvolvidos no mercado a fim de competir com o tradicional catchup. O
guatchup não é apenas mais um produto no mercado com o foco em
lucratividade, mas outros fatores estão atrelados ao seu surgimento: o
desenvolvimento da goiabicultura e o beneficiamento de famílias que tem na
produção da fruta uma vida de dedicação; conhecimento e sobrevivência.
3
Apesar de o guatchup ser um produto já comercializado no mercado,
pouco se divulgou e estudou a respeito deste molho. Neste aspecto o
objetivo geral desse trabalho foi avaliar a qualidade de uma formulação
artesanal sem adição de corantes e conservantes de molhos agridoces de
goiaba e tomate. O presente trabalho foi dividido em 3 capítulos:
O primeiro capítulo apresenta uma revisão de literatura referente
aos aspectos gerais da goiaba e do tomate, as implicações das
alterações provenientes do processamento, microbiologia de
alimentos e análise sensorial.
O segundo capítulo avalia as características microbiológicas,
físicas, físico-químicas e químicas de molhos agridoces de goiaba e
tomate mantidos à temperatura ambiente por 150 dias.
E o terceiro e último capítulo avalia a qualidade sensorial dos
molhos com o intuito de analisar a aceitação ou preferência desses
produtos pelos consumidores.
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos gerais: Goiaba
A goiabeira pertence ao gênero Psidium, da família Myrtaceae e é
encontrada nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo sua origem
reconhecida como da América Tropical. A goiaba é um dos frutos tropicais de
grande importância em virtude de suas características organolépticas, seu
elevado valor nutritivo e seu alto teor de vitamina C. Além disso, contém
considerável teor de vitamina A, tiamina, niacina, fósforo, ferro e proteína
(Castro & Sigrist, 1991).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –
(2000), são produzidas 500 mil toneladas de goiaba por ano, abrangendo todas
as regiões do Brasil e compreendendo fruta de mesa e para processamento
industrial. Os frutos da goiabeira têm seu consumo in natura estimulado pela
qualidade organoléptica e teores de vitamina C, pro-vitamina A, minerais e pelo
alto teor de licopeno, um carotenóide que auxilia na prevenção e controle de
diversos tipos de câncer (Monteiro, 2006).
A goiabeira, no sul de Minas Gerais, é cultivada essencialmente por
pequenos produtores que conduzem os pomares como forma de subsistência.
As plantas da cultivar Pedro Sato são vigorosas e bastante produtivas,
produzindo frutos grandes de formato oblongo com polpa firme, espessa, de cor
rosada, sabor agradável, com lóculos cheios por uma massa de consistência
macia, onde estão alojadas as sementes, sendo a casca bem rugosa. (Pereira,
1995; Manica et al., 2000).
A época normal de produção da goiaba se dá entre janeiro e março,
porém através de práticas culturais como a poda e irrigação, é possível realizar a
colheita durante o ano todo (Manica et al., 2000).
5
A goiaba é um fruto muito perecível, com curto período de conservação
em temperatura ambiente, o que obriga a uma comercialização rápida para evitar
perdas. Os principais aspectos de deterioração são o rápido amolecimento, a
perda de coloração verde e do brilho e a incidência de podridões (Jacomino,
1999).
A qualidade da goiaba para o consumo in natura está relacionada com
seus atributos físicos, como aparência, tamanho, forma, cor e firmeza, bem como
a sua composição química, responsável pelo sabor e aroma (Gorgatti Netto et al.,
1996). Essas características variam principalmente de acordo com a cultivar, o
estádio de maturação, as condições climáticas do local de cultivo e as condições
de colheita e manuseio pós-colheita, tendo conseqüência direta sobre a
conservação e qualidade dos frutos (Carvalho, 1994).
A qualidade do fruto pode ser alterada por diversos fatores, como
práticas de irrigação utilizadas, estádios de maturação, localização do fruto na
árvore e ambiente de armazenamento (Siddiqui et al., 1991).
2.1.2 Guatchup
O guatchup (Figura 1) é um molho agridoce preparado à base de goiabas
vermelhas e condimentos como açúcar, sal, vinagre e outros.
O molho é uma inovação do mercado de processados de goiaba, que
renasce depois de um processo de adaptação, com uma nova proposta, tamanho
e embalagens diferentes, e com o principal objetivo de aumentar o consumo de
goiabas no Brasil e no mundo.
Poucos são os produtos industrializados feitos com a fruta: suco, polpa
para exportação, compota, geléia e goiabada. Além disso, divulgar a fruta é
difícil, por causa da sensibilidade da goiaba e da dificuldade de transportá-la,
devido à alta perecibilidade, dificultando o acesso a outros países (Monteiro,
2006).
6
Seu surgimento também está atrelado ao desenvolvimento da
goiabicultura, a disseminação da cultura de consumo da goiaba e,
consequentemente, torná-la importante para a agricultura brasileira e ao
beneficiamento de famílias que têm na produção da fruta uma vida de dedicação,
conhecimento e sobrevivência.
FIGURA 1 Goiaba e guatchup
2.2 Aspectos gerais: Tomate
O tomateiro é originário do Peru, Equador e Bolívia, tendo sido
cultivado posteriormente no México, de onde foi levado para a Europa, na
primeira metade do século XVIII. No Brasil a cultura foi introduzida
praticamente pelos imigrantes italianos, na virada do século XIX, porém
somente para fins de consumo in natura (Giordano & Ribeiro, 2000).
O tomateiro pertence à família das Solanáceas uma coleção de 1500
espécies tropicais e subtropicais, originárias da América Central e do Sul. O
fruto foi inicialmente descrito como planta de fruto de ouro denominado
Pomi d‘oro (maçã de ouro), o que seria o Licopersicon esculentum (Davies &
Hobson, 1981).
7
O tomate como produto agrícola representa uma importante commodity
mundial e parte integrante da dieta humana. Devido a sua disponibilidade
durante o ano todo, o tomate e seus produtos têm recebido atenção em relação
aos seus micronutrientes (Abushita et al., 1997).
No Brasil, o fruto é uma das hortaliças mais consumidas, tanto in natura
como processado, por pessoas de todos os níveis socioeconômicos. Embora não
seja uma rica fonte de pro-vitamina A, por outro lado, é uma rica fonte de um
carotenóide não pro-vitamínico, o licopeno, que é responsável pela atrativa cor
vermelha do fruto (Tavares & Rodrigues-Amaya, 1994), com excelente
capacidade antioxidante (compostos fenólicos, vitamina C) (Sahlin et al., 2004).
A qualidade do tomate depende de aparência, cor, textura, aroma e
sabor. Segundo Jones & Scott (1983), tais características são distintas entre
frutos colhidos verdes e aqueles colhidos vermelhos. Considera-se de ótima
qualidade o fruto que sofre o processo de amadurecimento na planta, isto é,
colhido totalmente vermelho (Nakhasi et al., 1991), além disso, os consumidores
preferem a cor e o sabor destes tomates (Hicks et al., 1975; Kader et al., 1977).
No entanto, tomates vermelhos são perecíveis e muito suscetíveis a danos
durante a comercialização e, portanto, não resistem ao rigor do sistema de
manuseio pós-colheita.
Por ser um fruto climatérico, o tomate inicia o seu amadurecimento com
a elevação na taxa respiratória, o que resulta numa série de transformações
físico-químicas que aumentam as suas qualidades organolépticas. Essa elevação
na taxa respiratória pode ocorrer antes ou depois da colheita, com pouca perda
de qualidade, desde que o fruto tenha atingido a fase de mínimo pré-climatérico
(Hobson & Davies, 1971). Em pós-colheita essas transformações são mais
rápidas à medida que aumenta a temperatura de exposição dos frutos, sendo
importante o manejo correto da temperatura nesta fase.
8
O interesse por produtos à base de tomate tem aumentado pelo fato do
seu consumo ter sido correlacionado à diminuição do risco de alguns tipos de
câncer e doenças cardiovasculares (Giovannucci et al., 1995; Clinton et al.,
1996). De acordo com George et al. (2004), o consumo de tomate e seus
produtos têm sido considerados como indicador nutricional de bons hábitos
alimentares e estilo saudável.
2.2.1 Catchup
O catchup (Figura 2) é um molho agridoce preparado com tomate,
açúcar e condimentos, que passa por um período de cocção até adquirir uma
textura pastosa. O alimento já foi consolidado no mercado pela indústria
alimentícia, tornando-se comum ao hábito alimentar do brasileiro, podendo vir a
ser incorporado num futuro à cultura da culinária brasileira. (Jaime,1998).
Os produtos industrializados derivados de tomate são tradicionalmente
comercializados no Brasil, tendo atingido cerca de 362 mil toneladas em 1995.
Ligado ao conceito de conveniência, os molhos prontos vêm se destacando no
mercado nacional com 20% desta participação podendo ser encontrados nas
diversas embalagens como metálicas (66%), vidro (6%) e cartonada (28%). Os
molhos existentes no mercado brasileiro são do tipo "peneirado" ou "tradicional"
(com pedaços de cebola e de tomate). Em geral os molhos prontos contêm
cebola, tomate, óleo comestível e ervas finas, sendo que algumas formulações
incluem ainda pedaços de carne. (Jaime,1998).
9
FIGURA 2 Tomate e ketchup
2.3 Amadurecimento de frutos
A maturação se inicia em geral, assim que o crescimento termina e
inclui diferentes alterações na composição, que variam de acordo com o tipo de
fruto. Este emerge de um estádio incompleto, atingindo o crescimento pleno e
máxima qualidade comestível. O desenvolvimento dos frutos, incluindo a fase
do amadurecimento, encontra-se detalhado na figura 1.
Grande parte do processo de maturação ocorre com o fruto ainda não
colhido. A fase de maturação é designada como amadurecimento.
10
FIGURA 3 Fases do desenvolvimento baseado nos processos fisiológicos.
(Chitarra & Chitarra, 1998)
As principais transformações (físicas, químicas e bioquímicas) que
ocorrem durante a maturação se refletem nos atributos de qualidade dos
produtos hortícolas e podem ser agrupados como segue: desenvolvimento de
sementes; síntese protéica (enzimas); elevação da atividade respiratória e síntese
de etileno, modificação na pigmentação e degradação da clorofila com
aparecimento de pigmentos pré-existentes, síntese de carotenóides e
flavonóides; modificação da textura, solubilização das pectinas, hidrólise de
polissacarídeos estruturais da parede celular; modificação de aroma e sabor,
hidrólise de polissacarídeos de reserva, interconversão de fenólicos, síntese de
compostos voláteis (aromáticos); modificação na permeabilidade das
membranas celulares.
11
Na fase final da maturação há um aprimoramento das características
sensoriais do fruto, ou seja, sabores e odores específicos se desenvolvem em
conjunto com o aumento da doçura e da adstringência (Chitarra, 1998).
Nos frutos climatéricos, como se tem verificado com as cultivares de
goiaba, o amadurecimento é um processo complexo que utiliza grande
quantidade de energia e está relacionado com uma rápida elevação da taxa
respiratória dos frutos colhidos, bem como a taxa de síntese de etileno (Beaudry
et al., 1993; Inaba, 1993).
2.4 Alimentos Funcionais
Os alimentos funcionais podem ser definidos como aqueles que vão
além da sua fonte básica de nutrientes e que possuem propriedades que
permitam exercer algum benefício extra à saúde (Melo et al, 2004).
No Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
(ANVISA) a alegação de propriedade funcional é “aquela relativa ao papel
metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento,
desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo e
alegação de propriedade de saúde aquela que sugere, afirma ou implica a
existência de relação entre alimentos ou ingrediente com doença ou condição
relacionada à saúde” (Resolução n°18 de 30/04/1999).
Mais recentemente a reconhecimento que a dieta, além de prover os
nutrientes necessários para as demandas do organismo, pode fornecer compostos
capazes de modular as funções orgânicas e prevenir doenças. Essas substâncias
bioativas ou funcionais podem estar presentes naturalmente no alimento ou
serem acondicionadas aos alimentos industrializados (Melo et al, 2004).
Os carotenóides, em conjunto com as vitaminas, são substâncias que
atuam como agentes quimiopreventivos (Shami & Moreira, 2004). A ação dos
carotenóides contra doenças tem sido atribuída a sua propriedade antioxidante,
12
especificamente pela capacidade de seqüestrar o oxigênio singleto e reagir com
radicais livres (Rodriguez-Amaya & Kimura, 2004
).
Os carotenóides mais estudados em relação à saúde humana são o β-
caroteno, α-caroteno, licopeno, β -criptoxantina e luteína, por serem os
carotenóides mais encontrados no plasma humano e a zeaxantina, por apresentar
uma concentração muito alta na retina (Niizu, 2003).
O β -caroteno, α -caroteno e β -criptoxantina são pró-vitamínicos A,
sendo que o primeiro apresenta aproximadamente o dobro de atividade dos
demais. A luteína e zeaxantina são os carotenóides relacionados com a proteção
à degeneração macular e catarata. O licopeno, devido ao seu alto potencial como
antioxidante natural, vem sendo relacionado com a proteção contra câncer e
doenças cardiovasculares (Niizu, 2003).
2.5 Carotenóides
Os carotenóides têm sido objeto de investigações por mais de um século.
Mesmo assim existem ainda pontos de discordância e falta de informações em
outros. Carotenóides são pigmentos de natureza tetraterpênica, presentes não só
no reino vegetal, mas também no animal. Dos mais de 600 carotenóides, apenas
50 ou 60 podem, teoricamente, serem convertidos em vitamina A (Padula &
Rodriguez-Amaya, 1986).
Os carotenóides são os pigmentos que desempenham o principal papel
na proteção de plantas contra o processo foto-oxidativo (Mann, 1987). Eles são
eficientes antioxidantes como seqüestradores de oxigênio singleto e de radicais
peroxila. No organismo humano, os carotenóides integram o sistema de defesa
antioxidante e interagem sinergisticamente com outros antioxidantes (Sthal e
Sies, 2003). Os carotenóides são responsáveis pelas cores vermelho, laranja e
amarelo das folhas, frutos e flores, assim como das cores de alguns pássaros,
insetos, peixes e crustáceos. Apenas plantas, bactérias, fungos e algas são
13
capazes de sintetizar carotenóides, porém, muitos animais os incorporam por
meio da dieta. Os carotenóides atuam como antioxidantes para os animais e o β-
caroteno, denominado pró-vitamina A, é considerado como uma fonte de
vitamina A.
Alguns carotenóides são capazes de serem convertidos em vitamina A e
como tal desempenham um importante papel nutricional. Esta função adquire
maior importância nos países do terceiro mundo, onde os vegetais e frutos ricos
em carotenóides constituem as principais fontes de vitamina A (Olson, 1999).
Os carotenóides também exercem outras ações não relacionadas com a atividade
provitamínica A, tais como, diminuição do risco de doenças degenerativas,
prevenção da formação de catarata, redução da degeneração macular relacionada
ao envelhecimento e redução do risco de doenças coronárias (Krinsky, 1994).
Em termos de teor de carotenóides, as frutas podem ser divididas em
oito grupos principais: a) frutas que produzem quantidades insignificantes de
carotenóides; b) frutas que produzem principalmente carotenóides característicos
dos cloroplastos (luteína, β-caroteno e violaxantina); c) frutas em que há
predomínio da síntese de licopeno e seus precursores; d) frutas em que o β-
caroteno e seus derivados são os pigmentos principais; e) frutas que sintetizam
grande quantidade de epóxidos; f) frutas que sintetizam pigmentos que são quase
que exclusivamente específicos da espécie; g) frutas que sintetizam
principalmente poli-cis-carotenóides e h) frutas que sintetizam principalmente
apocarotenóides (Goodwin, 1976).
Clinton (1998) afirma que os carotenóides são encontrados em frutos de
amplo consumo como a papaia, a goiaba e o tomate. No caso do tomate, o fruto
pode conter (em 100g) 5mg de carotenóides, dos quais 80% correspondem ao
licopeno, um carotenóide de estrutura acíclica não ramificada. Tal característica
facilita sua incorporação ao fígado, próstata e as glândulas adrenais, onde
14
previne e reverte as alterações oxidativas associadas ao surgimento de diversas
doenças.
O tomate e seus produtos estão entre os alimentos mais consumidos
mundialmente e são frequentemente as maiores fontes de carotenóides para a
população. Nos produtos de tomate, a composição de carotenóides pode variar
dependendo da matéria-prima e do tempo e severidade do processamento, que
resultam em vários graus de degradação desses pigmentos (Kimura e Rodriguez-
Amaya, 2003).
Produtos à base de tomate, como molho e purê, são ricos em
carotenóides e são amplamente consumidos pela população da cidade de São
Paulo (Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002 e 2003). Estes alimentos são
interessantes em termo de saúde pública, devido à associação demonstrada entre
seu consumo e a redução de risco de certos tipos de câncer (Instituto, 2004).
O purê de tomate é uma razoável fonte de pró-vitamina A e uma rica
fonte de licopeno (Tavarez & Rodrigo Amaya, 1994). O padrão de carotenóides
de tomates in natura de tomates maduros foi estabelecido por Gross (1987).
Desse modo, os carotenos (carotenóides hidrocarbonos) predominaram,
constituindo 90 a 95% do total de carotenóides, com elevados níveis de
licopeno.
2.5.1 Licopeno
Nos últimos anos tem havido uma maior preocupação, por parte dos
consumidores, em relação à qualidade nutricional dos alimentos. O licopeno é
um carotenóide sem a atividade pró-vitamina A, lipossolúvel, composto por
onze ligações conjugadas e duas ligações duplas não conjugadas. O licopeno é
tido como o carotenóide que possui a maior capacidade seqüestrante do oxigênio
singlete, possivelmente devido à presença das duas ligações duplas não
conjugadas, o que lhe oferece maior reatividade. (Guerra et al., 2004). É o
15
carotenóide predominante no plasma e nos tecidos humanos, sendo encontrado
em um número limitado de alimentos de cor vermelha, como tomates e seus
produtos, goiaba, melancia, mamão e pitanga (Melo, 2004).
A quantidade de licopeno em produtos processados depende da
composição do alimento de origem e das condições de processamento. Os níveis
de licopeno nos produtos processados são geralmente maiores do que os
encontrados em alimentos crus, dado que há concentração do produto no
processamento, como pode ser visto no purê e na pasta de tomate. (Shami et al.,
2004).
Nas hortaliças, os principais compostos antioxidantes têm estrutura
polifenólica, como a quercitina. No entanto, o principal antioxidante em tomates
e goiabas não é um polifenol, mas sim o licopeno (Mann, 1987). Este composto
encontra-se, principalmente, na pele dos tomates e não está tão biodisponível
nos frutos in natura quanto nos frutos processados sob elevadas temperaturas.
Licopeno é definido quimicamente como um caroteno acíclico com 11
duplas ligações conjugadas, normalmente, todas na configuração "trans" (Figura
2) (Bramley, 2000). As ligações duplas estão sujeitas à isomerização e vários
isômeros na configuração "cis" (principalmente 5, 9, 13, ou 15).
FIGURA 4 Estrutura química do licopeno
16
Licopeno é um dos 600 carotenóides encontrados na natureza, que se
acumula relativamente em poucos tecidos e pode facilmente ser identificado em
frutos de tomatero. Embora utilizado como corante alimentar há muitos anos,
apenas recentemente o licopeno tem sido objeto de intensos estudos em relação à
sua atividade antioxidante e o potencial para a prevenção de doenças crônicas.
Tais descobertas têm conduzido à idéia de aumentar os níveis deste carotenóide
nas culturas, particularmente no tomate, por cruzamento ou manipulação
genética, com o objetivo de aumentar a quantidade ingerida de licopeno por
meio da dieta (Bramley, 2000).
O autor afirma ainda que aproximadamente 85% do licopeno dietético
têm como fonte os frutos e produtos de tomate, a proporção restante tem sido
obtida por meio do consumo de melancia, goiaba e papaia. Entre os produtos de
tomate, sucos, ketchup, sopas, molhos para pizza e massa são os que mais
contribuem como fonte de licopeno na dieta. A variação de valores para um
mesmo produto é relacionada a diferenças entre cultivares de tomate utilizado
como matéria-prima e aos efeitos das condições de cultivo dos frutos sobre a
síntese de carotenóides.
Thompson et al. (2000), informam que tomates são amplamente
consumidos, tanto na forma in natura quanto processados, e podem fornecer
uma proporção significativa do total de antioxidantes ingeridos por meio da
dieta. Entre os carotenóides do tomate, o licopeno predomina, sendo responsável
pela cor vermelha e de seus produtos. O teor de licopeno varia substancialmente
nos frutos conforme o grau de maturação e a variedade do tomate. Além disso, o
licopeno é relativamente estável durante o processamento e cozimento dos
alimentos.
17
2.5 Alterações físicas, físico-químico e químicas decorrentes do
processamento de alimentos
Frutas e hortaliças processadas são geralmente consideradas como
alimentos de menor valor nutricional, quando comparadas às mesmas na forma
in natura, principalmente devido à perda de nutrientes lábeis (licopeno, β-
caroteno e vitaminas) durante o processamento. É importante registrar que
produtos frescos sofrem mudanças durante o período de pós-colheita
(armazenamento, comercialização e distribuição), assim como também durante o
processamento para o consumo (Davey et al., 2000).
Nicoli et al, (1999); Dewanto et al,. (2002), registraram que o
processamento de alimentos exerce efeitos positivos, tais como a melhoria da
qualidade sensorial, o aumento da vida útil do produto e a maximização de
propriedades benéficas para a saúde. Este último aspecto é atribuído,
principalmente, ao aumento da biodisponibilidade de alguns antioxidantes e à
formação de compostos, como os produtos da reação de Maillard, reconhecidos
por apresentarem atividade antioxidante. O impacto do processamento na
atividade antioxidante de frutas e hortaliças é uma área negligenciada, sobre a
qual existem poucas informações disponíveis. A conseqüência do processamento
de alimentos na atividade antioxidante total é, geralmente, decorrente de práticas
distintas.
As tabelas de composição de alimentos, que são ferramentas necessárias
para subsidiar estudos epidemiológicos e nutricionais, geralmente, não levam em
consideração o fato de que a concentração de nutrientes e sua atividade biológica
podem mudar de acordo com os fatores ambientais e genéticos, práticas
agronômicas e, especialmente, em decorrência do modo de processamento dos
alimentos. Este último aspecto é muito relevante, considerando-se que apenas
uma pequena quantidade de frutas e hortaliças seja consumida in natura,
18
enquanto a maior parte necessita de processamento por questões de segurança,
qualidade e economia (Nicoli et al., 1999).
Estes mesmos autores, ressaltam que do ponto de vista nutricional, o
entendimento das conseqüências do processamento na composição dos
alimentos é um importante passo para uma correta interpretação e avaliação dos
resultados dos estudos que envolvem a análise dos hábitos alimentares e saúde
humana.
Embora pesquisas sobre o efeito do processamento térmico na atividade
antioxidante dos alimentos não tenham sido realizadas de modo exaustivo,
várias análises registraram o efeito positivo do tratamento térmico na absorção
de carotenóides e na sua eficiência in vivo (Giovannucci et al., 1995; Clinton,
1998).
O sistema de ligações duplas conjugadas, tão importante para as funções
ou ações dos carotenóides, ao mesmo tempo é responsável pelos problemas
associados a grande susceptibilidade à isomerização e à oxidação que leva à
perda da cor, da atividade pró-vitaminica A e de outras funções desses
compostos. Por essa razão, a retenção dos carotenóides é uma preocupação
durante o processamento e estocagem dos alimentos. Assim tornam-se
importantes não só informações sobre a composição dos alimentos in natura,
mas também sobre alimentos processados que hoje em dia constitui grande parte
da dieta da população.
O atributo de cor é o primeiro parâmetro usado para definir o grau de
aceitabilidade do alimento pelo consumidor. Sendo assim, é importante o estudo
sobre a perda de cor durante o processamento e estocagem. Nos produtos à base
de tomate, um dos principais parâmetros de qualidade é a cor. Com as alterações
de cor, ocorrem ainda alterações de odor e sabor do produto, deteriorando suas
características iniciais. A perda da cor vermelha é decorrente da oxidação dos
pigmentos carotenóides e da formação de compostos escuros devido,
19
principalmente, à reação de Maillard (escurecimento não enzimático) (Luh et al.,
1964; Oliveira et al., 1991).
Chan & Cavaletto, (1982) estudaram o efeito do tratamento térmico em
purê de goiaba quanto às alterações de cor e teor de carotenóides totais. Tanto os
teores de carotenóides quanto os valores medidos na avaliação sensorial da cor
apresentaram decréscimos no primeiro momento do processamento e foram mais
expressivos conforme o tempo de estocagem.
Os carotenóides perdem cor, passando do vermelho para o marrom
devido às reações oxidativas dependentes da temperatura de estocagem,
disponibilidade de oxigênio, exposição à luz, atividade de água e acidez do
produto (Padula, 1983).
O escurecimento do produto vermelho para marrom, no entanto, é
atribuído à formação de vários compostos, ocorrendo em geral, através da reação
de Maillard. Esta reação leva à formação de substratos, principalmente, de
temperatura de estocagem, pH e atividade de água do produto (Luh et al., 1964;
Luh, 1958).
2.6 Microbiologia de alimentos
Os microrganismos constituem um fator importante em frutas e
hortaliças. Alimentos são facilmente contaminados com microrganismos na
natureza, durante manipulação e processamento. Os produtos que mostram
sinais de crescimento microbiano são esteticamente desagradáveis e não é
provável que os consumidores comprem, podendo até mesmo mudar as
características físicas, químicas e organolépticas do alimento levando o mesmo à
deterioração.
Em conseqüência, as alterações microbianas representam perdas
econômicas muito significativas para todos os setores industriais e para a cadeia
de distribuição (Wiley, 1997).
20
As fontes de contaminação dos produtos de origem vegetal por
microorganismos são diversas e essas contaminações iniciam-se na fase de
produção, no campo, quando há o contato com solo, água, fezes de animais,
insetos e manipuladores; continua na etapa de colheita, no manuseio e transporte
até a indústria; e finaliza no preparo do produto pelo consumidor. Medidas
preventivas devem ser adotadas para minimizar a contaminação dos produtos em
toda cadeia produtiva (Bitencourt, 2000).
Embora as estatísticas brasileiras sejam precárias, acredita-se que a
incidência de doenças microbianas de origem alimentar em nosso país seja
bastante elevada. Mesmo em países desenvolvidos, nos quais o abastecimento de
gêneros alimentícios é considerado seguro do ponto de vista de higiene e saúde
pública, a ocorrência de doenças desta natureza é significante e vem
aumentando, apesar dos avanços tecnológicos nas áreas de produção e controle
de alimentos (Franco, 2003).
Nos Estados Unidos até a década de 50, a indústria de alimentos contava
apenas com a análise laboratorial dos lotes produzidos para fins de controle de
segurança e qualidade. Assim, um lote era preparado e, caso a análise
demonstrasse que apresentava as condições desejadas, era liberado; se não, era
retido. Tentando melhorar, a indústria de alimentos adaptou a Boas Práticas (BP)
da indústria farmacêutica, dando um grande passo para melhorar e dinamizar a
produção de alimentos seguros e de qualidade. Com as Boas Práticas de
Fabricação (BPF), começaram a controlar, segundo normas estabelecidas, a
água, as contaminações cruzadas, as pragas, a higiene e o comportamento do
manipulador, a higienização das superfícies, o fluxo do processo e outros itens.
A composição do alimento é que determina qual o microrganismo é
capaz ou incapaz de se desenvolver. Conhecendo-se as características do
alimento, podemos predizer a microbiota que nele poderá se multiplicar (Silva,
2000). Daí se dá a importância da análise microbiológica, pois inúmeros
21
métodos laboratoriais podem ser utilizados para investigar a ausência ou
presença destes microrganismos (Franco, 2003).
2.6.1 Microrganismos Indicadores
Os números e tipos de microrganismos presentes dentro ou sobre os
alimentos produzidos podem ser usados para avaliar com segurança a qualidade
microbiológica dos mesmos. A segurança é determinada pela ausência ou
presença de microrganismos patogênicos ou suas toxinas, a quantidade do
inóculo, e o tempo de controle ou destruição desses agentes. Testes para
organismos indicadores podem ser usados para avaliar também a qualidade
microbiológica ou segurança quando há uma relação entre a ocorrência de um
organismo indicador e a provável presença de um patógeno ou toxina for
estabelecida (Franco, 2003).
Alguns critérios devem ser considerados na definição de um
microrganismo ou grupo de microrganismos indicadores: (I) deve ser de rápida e
fácil detecção; (II) deve ser facilmente distinguível de outros microrganismos da
microbiota do alimento; (III) não deve estar presente como contaminante natural
do alimento, pois assim sua detecção não indicará, necessariamente, a presença
de matéria fecal ou dos patógenos; (IV) deve estar sempre presente quando o
patógeno associado estiver; (V) seu número deve correlacionar-se com o do
patógeno; (VI) deve apresentar necessidades de crescimento e velocidade de
crescimento semelhantes as do patógeno; (VII) deve ter velocidade de morte que
seja ao menos semelhante à do patógeno e, se possível, sobrevivência levemente
superior à do patógeno; (VIII) deve estar ausente nos alimentos que estão livres
do patógeno, ou estar presente em quantidades mínimas. (XI) ter como hábitat
exclusivo o trato intestinal do homem e outros animais; (X) deveria ocorrer em
número muito alto nas fezes; (XI) deveria apresentar alta resistência ao ambiente
22
extra-enteral; (XII) deveria haver técnicas rápidas, simples e precisas para a sua
detecção e/ou contagem. (Silva, 2000).
Segundo a ICMSF (International Commission on Microbiological
Specifications for Foods) microrganismos indicadores podem ser agrupados em:
(I) Microrganismos que não oferecem riscos diretos à saúde: contagem padrão
de mesófila, contagem de psicrotróficos e termófilos, contagem de fungos
filamentosos e leveduras. (II) Microrganismos que oferecem um risco baixo ou
indireto à saúde: coliformes totais, coliformes fecais, Enterococcus,
Enterobactériaceae totais e Escherichia coli (Silva, 2000).
O uso de Escherichia coli como um indicador de contaminação de
origem fecal presente em água foi proposto em 1892 por Teobaldo Smith, uma
vez que esse microrganismo é encontrado no conteúdo intestinal do homem e
animais homeotérmicos (Franco, 2003).
2.6.2 Coliformes totais
Este grupo é composto por bactérias da família Enterobacteriaceae,
capazes de fermentar a lactose com produção de gás, quando incubados a 35-
37ºC, por 48 horas. São bacilos gram-negativos e não formadores de esporos.
(Franco, 2003).
Fazem partes desse grupo predominantemente bactérias pertencentes aos
gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella. Destes, apenas a
Escherichia coli tem como habitat primário o trato intestinal do homem e
animais homeotérmicos (Franco, 2003).
2.6.3 Coliformes fecais e Escherichia coli
As bactérias pertencentes a este grupo correspondem aos coliformes
totais que apresentam a capacidade de continuar fermentando lactose com
produção de gás, quando incubadas a temperaturas de 44-45ºC. (Franco, 2003).
23
Os critérios microbiológicos que envolvem E.coli são úteis quando é desejável
determinar se houve contaminação fecal.
2.6.4 Contagem de fungos filamentosos e leveduras
O crescimento de fungos filamentosos e leveduras é mais lento do que
observado em bactéria nos alimentos de baixa acidez e alta atividade de água.
Portanto dificilmente serão responsáveis pela deterioração desses alimentos. Em
alimentos ácidos e de baixa atividade de água, no entanto, o crescimento de
fungos é maior, provocando deterioração com grande prejuízo econômico em
frutas frescas, vegetais e cereais (Franco, 2003).
2.6.5 Staphylococcus aureus
O Staphylococcus aureus merece destaque, pois é uma bactéria
halotolerante, anaeróbia facultativa que produz uma enterotoxina bastante
termoestável, presente no alimento, é capaz de resistir às técnicas convencionais
de processamento térmico (Buchanan e Gibbons, 1974). Quanto à sua
capacidade de produção de toxina nas condições do produto, há divergência
entre os autores, sendo que Sperber (1983) e Leitão et al. (1988) citam um valor
mínimo de atividade de água (A) de 0,93, enquanto Bergdoll (1989) relata a
produção mesmo a 0,86. Uma forma de inibir o desenvolvimento de S. aureus é
controlar a microbiota do produto, por tratar-se de um microrganismo
considerado fraco competidor.
2.7 Embalagens
O tipo de embalagem no qual o produto é acondicionado também pode
influenciar sua vida útil. Em geral, os molhos exigem um material de
embalagem que ofereça boa proteção contra a oxidação, contra a perda de
umidade e a contaminação microbiológica. As embalagens devem evitar as
24
alterações das características sensoriais do produto, alem de satisfazer as
necessidades de marketing, custo, disponibilidade, praticidade entre outras
(Jaime et al., 1998).
Em casos onde é feito o acondicionamento a quente do produto, como
no caso de molhos de tomate e goiaba, para a diminuição da concentração de
oxigênio no espaço livre e da carga microbiana da embalagem, exige-se também
do material de embalagem, uma estabilidade térmica e dimensional nas
temperaturas de enchimento.
Alem desses requisitos uma boa hermeticidade do sistema de
fechamento assegura a manutenção das características do material de
embalagem e evita a recontaminação microbiológica do produto (Jaime et al.,
1998).
2.8 Análise Sensorial
A avaliação sensorial foi desenvolvida durante a Segunda Guerra
Mundial diante da necessidade de estabelecer as razões que faziam as tropas
rejeitar em um grande volume de ração de campanha. Foram postuladas
hipóteses para determinar as causas que levavam a essa rejeição alimentar,
observando-se que estas poderiam vir da matéria-prima, do processo de
elaboração, do enlatamento ou, ainda, do armazenamento (Della Modesta,
1994).
Nos últimos anos, a análise sensorial tem alcançado uma ampla difusão,
especialmente quando se considera a presente preocupação em atender a
preferência dos consumidores. Com o aumento no número de indústrias de
alimentos e bebidas, após a segunda guerra mundial, a análise sensorial de
alimentos passou a merecer reconhecimento. As indústrias passaram a buscar a
qualidade sensorial e sua manutenção nos produtos e, a redução de riscos de
25
rejeição de novos gêneros por parte do consumidor (Almeida, 1996 e Penna,
1999).
A análise sensorial foi definida como uma disciplina científica usada
para medir, analisar e interpretar as reações das características dos alimentos e
dos materiais, a partir de como são percebidas pelos órgãos da visão, olfato, tato,
audição e gustação (Dutcosky, 1996).
Nos testes afetivos são medidas as atitudes subjetivas, tais como
aceitação e preferência de um produto. A tarefa do provador consiste em indicar
a preferência ou aceitação por meio de seleção, ordenação ou pontuação das
amostras. A utilização da escala hedônica é um exemplo deste tipo de teste. Os
julgadores são normalmente consumidores rotineiros ou potenciais de um
produto (Chaves, 1993).
Na realização dos testes é interessante lembrar que, de acordo com
Teixeira et al. (1987), as principais vantagens da utilização da escala hedônica
são: demandar menos tempo para a avaliação, apresentar procedimentos muito
mais interessantes para o provador e poder ser utilizada por grupos de
participantes de pesquisa pouco ou ainda não previamente treinados.
De acordo com Brandão (2000), no método de escala hedônica, assume-
se que respostas diretas, com base em sensações, têm maior validade, quando
comparadas com aquelas, especialmente dependente da razão em que se objetiva
predizer o comportamento do consumidor em relação ao alimento. Tanto a
escala quanto as instruções devem ser preparadas visando à adoção das mesmas,
na realização dos testes que envolvam indivíduos sem prévia experiência em
participar de analise sensorial de alimentos.
Os testes de aceitação poderão indicar as perspectivas de aprovação do
produto no mercado ou se haverá necessidade da etapa de aperfeiçoamento
(Chaves, 1993). Portanto, não sobram dúvidas sobre a importância dos
resultados obtidos por meio da adoção dos referidos testes para subsidiar a
26
elaboração, pelas empresas, de estratégias eficientes para alcance de metas que
visem conquistar maior número de consumidores.
De acordo com Oliveira (1997), a metodologia para testar a preferência
e a aceitação dos consumidores por determinados produtos foi criada por Peryan
em 1952, para indicar a atitude do provador em relação ao produto, identificando
o ponto que melhor descreve sua percepção sobre o alimento. As escalas
hedônicas são muito utilizadas pela indústria alimentícia, não havendo
necessidade do provador receber prévio treinamento para participar dos testes.
A escala hedônica é o teste de aceitabilidade mais usado para avaliar a
aceitabilidade de um produto. Este tipo de teste pode ser considerado como uma
das mais importantes etapas da análise sensorial. Ainda representa o somatório
de todas as percepções sensoriais e expressa o julgamento, por parte do
consumidor, no tocante à qualidade do produto (Verruma, 2000).
A avaliação sensorial fornece suporte técnico para pesquisa,
industrialização, marketing e controle de qualidade. São muitas as aplicações da
análise sensorial na indústria de alimentos e nas instituições de pesquisa, citadas
por Dutcosky (1996) como: a) controle das etapas de desenvolvimento de um
novo produto, (analisar as amostras descritivamente experimentais, classificar
cada amostra de acordo com os padrões estabelecidos e estabelecer que um dos
vários produtos experimentais tenha aceitabilidade igual, ou melhor, que o
padrão); b) avaliação do efeito das alterações nas matérias-primas ou no
processamento tecnológico sobre o produto final; c) redução de custos; d)
seleção de nova fonte de suprimento; e) controle de efeito da embalagem sobre
os produtos acabados; f) controle de qualidade; g) estabilidade durante o
armazenamento, vida-de-prateleira; h) graduação ou avaliação do nível de
qualidade do produto; i) teste de mercado de um novo produto ou produto
reformulado.
27
2.8.1 Características sensoriais
Aparência
O impacto visual é o mais marcante. Quando se escolhe ou
simplesmente se observa um produto qualquer, o impacto causado geralmente
pela cor, sobrepõe-se ao causado pelos demais atributos (Della Modesta, 1994).
A aparência é o fator de maior importância no ponto de vista da
comercialização. É determinada por diferentes atributos tais como grau de
frescor, tamanho, forma, cor, higiene, maturidade e ausência de defeitos
(Chitarra, 1998).
Segundo Amorin (1978), a cor constitui-se o primeiro atributo de
qualidade para o consumidor e é considerado um fator importante para valorizar
a qualidade de um alimento, estando ligada ao estádio de maturação, presença de
impurezas, realização adequada ou não do processamento de alimento, más
condições de armazenamento e alterações causadas por microrganismos.
A verdade é que se aceita ou não um alimento, em primeiro lugar, com
os olhos, ou seja, pela cor. Se a cor não for atraente, apesar da aparência e o odor
o serem, dificilmente o alimento será ingerido ou ao menos provado. A cor é ,
sem duvida, um atributo importante da aparência, não cobrindo, entretanto, a
avaliação global desta (Della Modesta, 1994).
Em alguns produtos, a consistência de um alimento é muito importante
na avaliação de sua qualidade. A espalhabilidade de um creme ou molho
derramado de um recipiente e que se espalha por todo o prato, molhando e
misturando-se com outro alimento, pode ser considerado como tendo uma
consistência ruim do ponto de vista da aparência. Ao mesmo tempo, quando o
molho é levado à boca e é espesso, pode ser considerado de consistência ruim,
do ponto de vista da percepção bucal, em vez de ser pela aparência (Della
Modesta, 1994).
28
Portanto surge um problema: onde colocar esse fator de qualidade
chamado “consistência”. Pode ser considerado um fator de aparência ou, de
qualidade reológica e ficar ajustado sob a categoria geral do sentido muscular e
ficar incluído sob o termo Kinestético. Com o intuito de eliminar essa confusão,
Kramer esquematizou a qualidade sensorial dos alimentos na forma de um
círculo finito (Figura 3), no qual as várias características de qualidade foram
especificamente definidas e combinadas de forma contínua, em vez de ficarem
separadas sob a forma de três categorias principais.
FIGURA 3. Ciclo da qualidade sensorial dos alimentos (Kramer, 1968 citado
por Della Modesta, 1994).
OBS: Kinein = sentido do músculo, aesthesis = percepção
Sob esse aspecto a classificação fica:
Aparência: cor, brilho, forma e tamanho
Kinestético: textura
Sabor: odor + gosto + percepção bucal
29
Odor e Aroma
Odor é a sensação produzida ao estimular o sentido do olfato. Aroma é o
odor de um alimento que permite a estimulação do olfato, por isso na linguagem
comum são confundidos e usados como sinônimos.
Na indústria de alimentos a importância do odor está relacionada a
muitos problemas atuais, como o desenvolvimento de odores desejáveis, o
controle de odores indesejáveis, uso de modificadores de odor no processamento
e/ou no armazenamento. Devido a grande série de respostas olfativas, há,
provavelmente, mais problemas de odor do que de sabor (Della Modesta, 1994).
Textura
Segundo o diagrama de Kramer (Figura 3) pode-se observar que existem
características de qualidade comuns, como viscosidade e consistência, que estão
em Kinestético e aparência.
A textura é a forma de sensações Kinestéticas derivadas da degustação
de um alimento, englobando as sensações na boca, as propriedades
mastigatórias, propriedades residuais e o som, exclui as sensações de
temperatura e dor. A força necessária para causar deformação é maior do que
uma gravidade (Della Modesta, 1994).
A textura é definida como um conjunto de propriedades do alimento,
composto por características físicas perceptíveis pelo tato e que se relacionam
com a deformação, desintegração e fluxo do alimento, sob aplicação de uma
força (Chitarra & Chitarra, 1990). As propriedades físicas da textura são: dureza,
quebradiço, viscosidade, fibrosidade.
A avaliação das propriedades de textura não tem apenas a finalidade de
indicar as características do produto final, mas de servir também como uma
ferramenta do controle de qualidade da matéria-prima ou do produto em vários
30
estágios do processamento, a fim de se conhecer a qualidade do produto final
(Della Modesta, 1994).
Gosto e Sabor
Entende-se por gosto a sensação percebida através do sentido do gosto,
localizado principalmente na língua e na cavidade bucal. Quatro são as
sensações básicas: ácido, salgado, doce e amargo.
O sabor é a sensação percebida através das terminações nervosas dos
sentidos do olfato e gosto, principalmente, porém não se deve desconhecer o
estimulo simultâneo dos receptores sensoriais de pressão, e os cutâneos de calor,
frio e dor (Della Modesta, 1994).
O sabor e o aroma são apreciados em conjunto e são designados como
“flavor”, uma vez que se correlacionam como atributos de qualidade únicos. O
“flavor” na realidade é a percepção sutil e complexa da combinação entre sabor
(doce, ácido, adstringente, amargo), odor (substâncias voláteis) e textura
(firmeza, maciez, granulometria, etc.) (Chitarra, 1998).
Vida-de-prateleira, qualidade sensorial e segurança em produtos
embalados otimizam uma completa relação harmônica entre produto e processo
(Church & Parsons, 1995).
31
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABUSHITA, A. A.; HEBSHI, E. A.; DAOOD, H. G.; BIACS, P. A.
Determination of antioxidant vitamins in tomatoes. Food Chemistry Oxford, v.
60, n. 2, p. 207-212, Oct. 1997.
ALMEIDA, T. C. A. Analise Sensorial: efeitos da memória. Campinas, 1996.
121 p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade
Estadual de Campinas.
AMORIN, H. V. Aspectos bioquímicos e histoquímicos do grão de café verde
relacionados com a deterioração de qualidade. 1978. 85 p. Tese (Livre
Docência) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.
BEAUDRY, R.; SCHWALLIER, P.; LENNINGTON, M. Apple maturity
prediction: an extension tool to and fruit storage decisions. Hortscience
Technology, Alexandria, v. 3, n. 2, p. 233-239, 1993.
BERGDOLL, M. S. Staphylococcus aureus. In: DOYLE, M. P. (Ed.)
Foodborne Bacterial Pathogens. New York: Marcel Dekker, 1989. cap. 11, p.
463-523.
BITENCOURT, M. T et al. Atividade microbiana em couve minimamente
processada. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PROCESSAMENTO
MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 2., 2000, Viçosa–MG, 2000. 42 p.
BRAMLEY, P. M. Is lycopene beneficial to human health? Phytochemistry,
Oxford, v. 54, n. 3, p. 233-236, June 2000.
BRANDÃO, T. M. Avaliação da aceitação e preferência de cardápios do
Programa de Merenda Escolar em escolas municipais de ensino
fundamental da cidade de Campinas. Campinas, 2000. 91 p. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de
Campinas.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Resolução – RDC nº18, de 2 de janeiro de 2006. Disponível em: <htpp://www.
anvisa. gov. br/legis/resolucoes/>. Acesso em: 2007.
BUCHANAN, R. E.; GIBBONS, N. E. (Ed.) Bergey's manual of
determinative bacteriology. 8. ed. Baltimore: Williams e Wilkins, 1974.
32
CARVALHO, V. D. Qualidade e conservação pós-colheita de goiabas. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 17, n. 179, p. 48-54, 1994.
CASTRO, J. V. de.; SIGRIST, J. M. M. Matéria prima. In: INSTITUTO DE
TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Goiaba: cultura, matéria-prima,
processamento e aspectos econômicos. 2. ed. Campinas, 1991. p. 121-139.
(ITAL. Séries Frutas Tropicais, 6).
CHAVES, J. B. P. Análise sensorial: histórico e desenvolvimento. Viçosa:
UFV, 1993. 31 p.
CHITARRA, M. I. F. Processamento mínimo de frutas e hortaliças. Viçosa,
MG: UFV, 1998a. 88 p.
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças.
Fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE. 1990. 293 p.
CHURCH, I. J.; PARSONS, A. Modified Atmosphere Pachaging Technology: a
review. Journal of the Science Food and Agriculture, London, v. 67, n. 2, p.
143-152, Feb. 1995.
CLINTON, S. K. Lycopene: chemistry, biology, and implications for human
health and disease. Nutrition Reviews, Washington, v. 56, n. 1, p. 35-51, Jan.
1998.
ERDMAN, J. W. Cis-trans lycopene isormes, carotenoids, and retinol in human
prostate. Cancer Epidemiololy Biomarkers Preview, Philadelphia, v. 5, n. 10,
p. 823-833, Oct. 1996.
DAVIES, J. N.; HOBSON, G. E. The constituents of tomato fruit – the influence
of environment, nutrition and genotype. CRC Critical Reviews in Food
Science Nutrition, Boca Raton, v. 15, n. 3, p. 205 – 280, Nov. 1981.
DAVEY, M. W.; MONTAGU, M. V.; INZÉ, D.; SANMARTIN, M.;
KANELLIS, A.; SMIRNOFF, N.; BENZIE, I. J. J.; STRAIN, J. J.; FAVEL, D.;
FLETCHER, J. Plant L-ascorbic acid: chemistry, function, metabolism,
bioavailability and effects of processing. Journal Science Food Agricultural,
London, v. 80, n. 7, p. 825-860, May 2000.
DELLA MODESTA, R. C. Manual de analise sensorial de alimentos e
bebidas: geral. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CTAA, 1994. t. 1
33
DEWANTO, V.; WU, X.; ADOM, K. K.; LIU, H. R. Thermal processing
enhances the nutritional value of tomatoes by increasing total antioxidant
activity. Journal Agricultural Food Chemistry, Washington, v. 50, n. 10, p.
3010-3014, May 2002.
DUTCOSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curutiba: Champagnat,
1996. 123 p.
FRANCO, B. D. G. M. Microbiologia dos alimentos. 2. ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2003.
GEORGE, B.; KAUR, C.; KHURDIYA, D. S.; KAPOOR, H. C. Antioxidants in
tomato (Lycopersium esculentum) as a function of genotype. Food Chemistry,
Oxford, v. 84, n. 1, p. 45-51, Jan. 2004.
GIORDANO, L. B. de.; RIBEIRO, C. S. C. Origem, Botânica e Composição
Química do Fruto. In: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA. Tomate para processamento industrial. Brasília:
Embrapa/Comunicação para Transferência de Tecnologia / (Embrapa
Hortaliças), 2000. p. 12-17.
GIOVANNUCCI, E.; ASCHERIO, A.; RIMM, E. B.; STAMPFER, M. L.;
COLDITZ, G. A.; WILLETT, W. C. Intake of carotenoids and retinol in relation
to risk of prostate cancer. Journal of the National Cancer Institurte, Bethesda,
v. 87, n. 23, p. 1767-1776, Dec. 1995.
GONGATTI NETO, A.; GARCIA, A. E.; ARDITO, E. F. G. et al. Goiaba para
exportação: procedimento de colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-SPI,
1996. 35 p. (FRUPEX, 20).
GOODWIN, T. W. Distribution of carotenoids. In: “Chemistry and
Biochemistry of plant pigments”. London: Academic Press, 1976. v. 1, p. 225.
GROSS, J. Pigments in fruits (Food Science and Technology). London:
Academic Press, 1987.
GUERRA, N, B, D.; SALOMÃO, P, R, de B.; MELO, D, D, de et al.
Modificações do método gravimétrico não enzimático para determinar fibra
alimentar solúvel e insolúvel em frutos. Revista de Nutrição, v. 17, n. 1, p. 45-
52, Mar 2004.
34
HICKS, J. R.; HAYSLIP, N. C.; SHOWALTER, R. K. Consumer preferences
being pink and red-ripe tomatoes. HortScience, Alexandria, v. 10, n. 1, p. 11-
12, Feb. 1975.
HOBSON, G. E.; DAVIES, J. N. The tomato. In: HULME, A. C. The
biochemistry of fruit and their products. London: Academic Press, 1971. p.
437-482.
INABA, A. Recent studies on postharvest physiology and technology of
horticultural crops in Japan. Postharvest News and Information, v. 4, n. 4, p.
101N-104N, 1993.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Pesquisa de
orçamentos familiares 2002-2003: aquisição alimentar domiciliar per capita. Rio
de Janeiro, 2004. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2002aq
uisicao/pof> Acesso em: 07 dez 2006.
JACOMINO, A. P. Conservação de goiabas 'Kumagai' emdiferentes
temperaturas e materiais de embalagem. 1999. 90f. Tese (Doutorado) —
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo,
Piracicaba.
JAIME, S, B, M.; ALVES, R, M, V.; SEGANTINI, E, et al. Estabilidade Do
Molho De Tomate Em Diferentes Embalagens De Consumo. Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 18, n. 2, p. 193-199, Maio 1998.
JONES, R. A.; SCOTT, S. J. Improvement of tomato flavor by genetically
increasing sugar and acid contents. Euphytica, Wageningen, v. 32, n. 3, p. 845-
855, Nov. 1983.
KADER, A. A.; STEVENS, M. A.; ALBRIGHT-HOLTON, M.; MORRIS, L.
L.; ALGAZI, M. Effect of fruit ripeness when picked on flavor and composition
in fresh market tomatoes. Journal of the American Society for Horticultural
Science, Alexandria, v. 103, n. 6, p. 724-731, Nov. 1977.
KRINSKY, N. I. The biological properties of carotenoids. Pure & Applied
Chemistry, Elmsford, v. 66, p. 1003-1010, 1994.
35
KIMURA, M.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. Carotenoids of tomato and tomato
paste: verification of the occurrence of γ-carotene. Revista do Instituto Adolfo
Lutz, São Paulo, v. 62, n. 1, p. 21-26, jan./jun. 2003.
LEITÃO, M. F. Microbiologia de alimentos. In: ROITMAN, I., TRAVASSOS,
L. R.; AZEVEDO, J. L. (Ed.). Tratado de microbiologia. São Paulo: Manole,
1988. v. 1, p. 3-81.
LUH, B. S.; CHICHESTER, C. O.; CO, H.; LEONARD, S. J. Factors
influencing storage stability of canned tomato paste. Food Technology,
Chicago, v. 18, n. 4, p. 159-162, Apr. 1964.
LUH, B. S.; LEONARD, S. J.; MARCH, G. L. Objective criteria for storage
changes in tomato paste. Food Technology, Chicago, v. 2, n. 7, p. 347-351, July
1958.
MANN, J. Secondary metabolism. 2. ed. Oxford: Oxford University Press,
1987.
MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V. et al. Fruticultura
Tropical 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. 374 p
MELO, P. C. T.; VILELA, N. J. Desempenho da cadeia agroindustrial brasileira
do tomate na década de 90. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n. 1, p.
154-160, Mar. 2004.
MONTERIO, S. Esperanças das Goiabas. Revista Frutas e Derivados. São
Paulo, v. 1, n. 3, p. 27-30, set. 2006.
NAKHASI, S.; SCHLIMME, D.; SOLOMOS, T. Storage potential of tomatoes
harvested at the breaker stage using modified atmosphere packaging. Journal of
Food Science, Chicago, v. 56, n. 1, p. 55-59, Jan./Feb. 1991.
NICOLI, M. C.; ANESE, M.; PARPINEL, M. Influence of processing on the
antioxidant properties of fruit and vegetables. Trends Food Science
Technology, London, v. 10, p. 94-100, 1999.
NIIZU, P.Y.; RODRIGUEZ AMAYA, D.B. (resultados ainda não publicados).
OLIVEIRA, J. O papel da merenda na alimentação diária dos ingressantes
no primeiro grau das escolas municipais de São Paulo. 1997. 132 p.
36
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de
São Paulo.
OLIVEIRA, L. M.; GARCIA, E. E. C.; GARCIA, A. E.; BARBIERI, M. K.
Embalagem de polipropileno para extrato de tomate: avaliação do desempenho
no tratamento térmico vida-de-prateleira do produto. Coletânea do ITAL,
Campinas, v. 21, p. 272-284. 1991.
OLSON, J.A. Carotenoids and human health. Arch. Latinoam Nutrition. 49(1):
7S-11S, 1999.
PADULA, M. Goiaba (Psidum Guajava L.) cultivar IAC-4: carotenóides e
outras propriedades, mudanças durante o processamento e estocagem.
1983. 106 p. Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos) – Faculdade de
Engenharia de Alimentos. Universidade Estadual de Campinas.
PADULA, M.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Characterisation of the
Carotenoids and Assessment of the Vitamin A Value Bazilian Guavas (Psidium
Guajava L.). Food Chemistry, Oxford, v. 20, n. 1, p. 11-9, 1986.
PENNA, E. W. Métodos sensoriales y sus aplicaciones. In: ALMEIDA, T. C.
A.; HOUGH, G.; DAMÁSIO, M. H. et al. Avanços em análise sensorial. São
Paulo: Varela, 1999. cap. 1, p. 13-22: Métodos sensoriales y sus aplicaciones.
PEREIRA, F. M. Cultura da Goiabeira. Jaboticabal: FUNEP, 1995. 47 p.
SAHLIN, E.; SAVAGE, G. P.; LISTER, C. E. Investigation of the antioxidant
properties of tomatoes after processing. Journal Food Composition and
Analysis, San Diego, v. 17, n. 5, p. 635-647, Oct. 2004.
SIDDIQUI, S.; BANGERTH, F. The effect of calcium infiltration on structural
changes in cell walls as stored apples. Journal of Horticultural Science,
Asford. v. 71, n. 5, p. 703-708, Sept. 1991.
SILVA, M. V. Alimentos consumidos pelos alunos de escolas de tempo integral.
Alimentação e Nutrição, São Paulo, v. 11, p. 89-110, 2000.
SHAMI, N. J. I, E.; MOREIRA, E. A. M. Licopeno como agente antioxidante.
Revista Nutrição, Campinas, v. 17, n. 2, p. 227-236, June 2004.
37
SPERBER, W. Influence of water activity on foodborne bacteria — a review.
Journal of Food Protection, Des Moines, v. 46, n. 2, p. 142-150, Feb. 1983.
STAHL, W.; SIES, H. Antioxidant activity of carotenoids. Molecular Aspects
Medicine, Oxford, v. 24, n. 6, p. 345-351, Dec. 2003.
TAVARES, C. A.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Carotenoid composition of
Brazilian tomatoes and tomato products. Lebensmittel Wissenchaft &
Technologie, London, v. 27, p. 219-224, 1994.
TEIXEIRA, E.; MEINERT, E. M.; BARBETTA, P. A. Análise sensorial de
alimentos. Florianópolis: UFSC, 1987. 180 p. (Série didática).
THOMPSON, K. A.; MARSHALL, M. R.; SIMS, C. A.; SARGENT, S. A.;
SCOTT, J. W. Cultivar, maturity, and heat treatment on lycopene content in
tomatoes. Journal Food Science, Chicago, v. 65, n. 5, p. 791-795, Sept./Oct.
2000.
VERRUMA, M. Análise sensorial de alimentos. [s. 1. : s. ed. ], 2000. 1v.
WEISBURGER, J. H. Mechanisms of action of antioxidants as exemplified in
vegetables, tomatoes and tea. Food Chemistry Toxicology, Oxford, v. 37, n.
9/10, p. 943-948, Sept./Oct. 1999.
WILEY, R. C. Frutas y Hostalizas Minimamente Procesadas y Refrigeradas.
Zaragosa – Espanã: Editorial acribia, 1997. 362 p.
38
CAPÍTULO 2
MOLHOS AGRIDOCES DE GOIABA (Psidium guajava L.) E TOMATE
(Lycopersicon esculentum): CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS,
FISICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS
39
RESUMO
TEIXEIRA, Julia Senna Corrêa. Molhos agridoces de goiaba (psidium guajava
l.) e tomate (lycopersicon esculentum): características microbiológicas,
físicas, físico-químicas e químicas. 2007. 92 p. Dissertação (Mestrado em
ciência dos Alimentos) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.*
A goiaba é um fruto com sabor e aroma agradável, sendo considerada como uma
boa fonte nutricional. Este trabalho teve por objetivo avaliar as características
microbiológicas, físicas, físico-químicas e químicas de molhos agridoces de
goiaba e tomate comerciais e molhos agridoces elaborados artesanalmente,
seguindo a formulação tradicional do Catchup. As análises foram realizadas, a
cada 30 dias, durante 150 dias, sendo os molhos armazenados à temperatura
ambiente, e desenvolvidas no Laboratório de Pós-colheita de Frutas e Hortaliças
do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras,
MG. Todos os molhos agridoces analisados estavam adequados para o consumo
humano, devido aos baixos índices de contaminação microbiológica, atendendo
os padrões da legislação brasileira. O valor L* e a* proporcionaram um maior
valor no molho agridoce de goiaba artesanal (MAGA) quando comparados aos
demais produtos. O molho agridoce de goiaba comercial (MAGC) e o molho
agridoce de tomate comercial (MATC) determinaram uma maior acidez quando
comparados com MAGA. Já entre os molhos artesanais o MAGA apresentou
teores relativamente baixos quando comparado ao molho agridoce de tomate
artesanal (MATA). Entre os molhos estudados o MATA apresentou um maior
pH e o MAGA um menor teor de sólidos solúveis. Foi constatado no MATA
maiores teores de licopeno seguido por MATC, MAGC e MAGA,
respectivamente. Os resultados analisados evidenciam que boas praticas de
fabricação foram adotadas durante o processamento dos molhos agridoces. O
período de armazenamento foi eficiente para preservar a qualidade dos molhos
agridoces comerciais como os artesanais, sendo que estes apresentaram
diferenças entre si.
_______________
*Comitê Orientador: Luiz Carlos de Oliveira Lima – UFLA (orientador), Paulo
Roberto Clemente – UFLA (co-orientador).
40
ABSTRACT
TEIXEIRA, Julia Senna Corrêa. Soursweet sauces of guava (Psidium guajava
l.) and tomato (lycopersicon esculentum): characteristics microbiologic,
physical, physicochemical and chemical. 2007. 92 p. Dissertation (Master
Program in Food Science) – Federal University of Lavras, Lavras, Minas Gerais,
Brazil.*
The guava is a fruit with agreeable flavor and taste, its being considered as a
good nutrient source. This work was intended to evaluate the microbiologic,
physical, physicochemical and chemical characteristics of commercial soursweet
guava and tomato sauces and artisanally manufactured soursweet sauces,
according to the traditional formulation of Catchup. The analyses were
performed every 30 days for 150 days, the sauces being stored at room
temperature and developed in the Laboratório de Pós-Colheita de Frutas e
Hortaliças do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal
de Lavras, MG. All the soursweet sauces analyzed were adequate for human
consumption due to the low indices of microbiologic contamination, meeting the
standards of the Brazilian Legislation. The L* and a* values provided an
increased value to the artisanal soursweet guava sauce (ASGS) as compared
with the other products. The commercial soursweet guava sauce (CSGS) and the
commercial soursweet tomato sauce (CSTS) determined a lower acidity as
compared with ASGS. But among the artisanal sauces, the ASGS presented
relatively low contents as compared with the artisanal soursweet tomato sauce
(ASTS). Among the sauces studied, the ASTS presented a higher pH and the
ASGS a lower content of soluble solids. Increased contents of lycopene
followed by CSTS, CSGA and ASGS were found in the ASTS, respectively.
The results analyzed stress that good manufacture practices were adopted during
the processing of soursweet sauces. The period of storage was as efficient to
preserve the quality of the commercial soursweet sauces as the artisanal ones,
these being the ones presenting differences among one another.
_____________________
*Guidance Committee: Luiz Carlos de Oliveira Lima – UFLA (Adviser), Paulo
Roberto Clemente – UFLA (co-adviser).
41
1 INTRODUÇÃO
A goiabeira (Psidium guajava L) pertencente à família Myrtaceae é
encontrada nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo sua origem
reconhecida como da América Tropical (Pereira & Martinez – Junior, 1986). A
goiaba é um dos frutos tropicais de grande importância em virtude de suas
características organolépticas, seu elevado valor nutritivo e seu alto teor de
vitamina C. Além disso, contem considerável teor de vitamina A, tiamina,
niacina, fósforo, ferro e proteína (Castro & Sigrist, 1991).
As plantas da cultivar Pedro Sato são vigorosas e bastante produtivas,
produzindo frutos grandes de formato oblongo com a polpa firme, espessa, de
cor rosada, sabor agradável, com uma cavidade central e com poucas sementes,
sendo a casca bem rugosa. (Pereira, 1995; Manica et al., 2000).
As goiabas são frutos altamente perecíveis e possuem uma atividade
metabólica intensa. Quando mantidas à temperatura ambiente, atingem o
amadurecimento completo entre 3 e 5 dias. A qualidade da goiaba para o
consumo in natura esta relacionada com seus atributos físicos, como aparência,
tamanho, forma, cor e firmeza, bem como a sua composição química,
responsável pelo sabor e aroma (Gorgatti Netto et al., 1996).
O tomateiro é originário do Peru, Equador e Bolívia, tendo sido
cultivado posteriormente no México, de onde foi levado para a Europa, na
primeira metade do século XVIII. No Brasil a cultura foi introduzida
praticamente pelos imigrantes italianos, na virada do século XIX, porém
somente para fins de consumo in natura (Giordano & Ribeiro, 2000).
O tomateiro pertence à família das Solanáceas, uma coleção de 1500
espécies tropicais e subtropicais, originárias da América Central e do Sul. O
fruto foi inicialmente descrito como planta de fruto de ouro denominado Pomi d‘
42
oro (maçã de ouro), o que seria o Licopersicon esculentum (Davies & Hobson,
1981).
O catchup é um molho agridoce preparado com tomate, açúcar e
condimentos, que passa por um período de cocção até adquirir uma textura
pastosa. O alimento já foi consolidado no mercado pela indústria alimentícia,
tornando-se comum ao hábito alimentar do brasileiro, podendo vir a ser
incorporado num futuro à cultura da culinária brasileira. (Jaime,1998).
O desenvolvimento de novos produtos à base de goiaba, como os
molhos agridoces e salgados, trazem nova luz sobre as formas de consumo de
um produto tão brasileiro. O guatchup é um molho agridoce preparado à base
de goiabas vermelhas e condimentos recentemente desenvolvidos no mercado a
fim de competir com o tradicional catchup. O guatchup não é apenas mais um
produto no mercado com o foco em lucratividade, mas outros fatores estão
atrelados ao seu surgimento: o desenvolvimento da goiabicultura e o
beneficiamento de famílias que tem na produção da fruta uma vida de dedicação;
conhecimento e sobrevivência.
Em decorrência desses fatores o presente trabalho teve como objetivo
avaliar características microbiológicas, físicas, físico-químicas e químicas de
molhos agridoces de goiaba e tomate elaborados de forma artesanal, seguindo a
receita tradicional do catchup peneirado, porém, sem adição de corantes e
conservantes, com molhos agridoces comerciais já existentes no mercado.
43
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Matéria–prima
2.1.1 Goiabas
Goiabas maduras da cultivar Pedro Sato foram colhidas em pomar comercial
no município de Lavras (MG) e transportadas no mesmo dia para o Laboratório
de Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças do Departamento de Ciências dos
Alimentos da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
2.1.2 Tomates
Os tomates em estádio de maturação avançado foram adquiridos no
comércio local do município de Lavras (MG) e transportados para o Laboratório
de Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças do Departamento de Ciências dos
Alimentos da Universidade Federal de Lavras (UFLA), onde se realizou todo o
procedimento a seguir.
2.2 Preparo das amostras
Os frutos (goiaba e tomate) foram selecionados, lavados com detergente
neutro e água para retirada de sujidades superficiais provenientes do campo e
sanificados com solução de hipoclorito de sódio (NaClO) 100ppm (pH=7,0) por
30 minutos, sendo em seguida enxaguados com NaClO 50ppm (pH 7,0) por 15
minutos.
2.3 Elaboração dos molhos
O processo de elaboração tanto para o molho agridoce de goiaba quanto
ao de tomate foi conduzido de forma idêntica e artesanal. Os frutos foram
pesados, cortados com a retirada das partes que não seriam aproveitadas nos
molhos. Em seguida, realizou-se o branqueamento das partes que seriam
44
utilizadas na preparação dos molhos com a posterior extração dos sucos
utilizando um liquidificador e uma peneira para a obtenção deste sem nenhuma
parte sólida. Os sucos foram levados separadamente a uma panela de aço inox e
submetidos ao cozimento à temperatura de aproximadamente 180ºC até
atingirem o teor de sólidos solúveis (°Brix), recomendado para este tipo de
produto, com valores para o molho de goiaba e tomate de 18 e 31°Brix,
respectivamente.
Durante o cozimento dos molhos foram adicionados condimentos
sólidos (cebola, cravo, canela, pimentão e alho) envoltos em uma gaze
esterilizada e bem lacrada com barbante, líquidos (vinagre) e ainda açúcar e sal.
Todos os utensílios domésticos utilizados foram previamente
sanificados com NaClO 300ppm.
2.4 Embalagens e armazenamento
Os molhos foram acondicionados em embalagens de polipropileno (PP)
impermeáveis à luz com capacidade de 400g. As embalagens foram
devidamente sanificadas com NaClO 100ppm e, posteriormente, enxaguadas
com NaClO 50ppm. Os molhos ainda quentes foram adicionados nas
embalagens coma ajuda de um funil e, em seguida, estas foram lacradas. Após o
envase as embalagens foram imediatamente colocadas em uma bacia contendo
água e gelo para obtenção do vácuo parcial.
Depois de prontas, as embalagens foram devidamente identificadas e
transportadas para uma estante, onde já se encontravam os molhos comerciais de
goiaba e tomate, para simulação de uma prateleira de supermercado. A amostra
do molho artesanal de goiaba “guatchup” foi fornecida pela empresa Valpolpas,
e a amostra comercial de tomate “katchup” foi comprada no comércio local do
município de Lavras. Os molhos foram armazenados à temperatura ambiente e
45
eram retirados de foram aleatória durante cada tempo para a realização das
análises.
2.5 Análises microbiológicas, físicas, físico-químicas e químicas
As seguintes análises foram realizadas, a cada 30 dias, durante os 150
dias de armazenamento:
2.5.1 Análises microbiológicas
As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de
Microbiologia de Alimentos do Departamento de Ciência dos Alimentos da
Universidade Federal de Lavras, MG (DCA – UFLA), segundo as metodologias
propostas pelo ‘International Commission on Microbiological Specification for
Foods Method’ (1983) e Silva et al. (1997).
2.5.2 Preparo das amostras
Amostras de 25g de cada molho foram retiradas e, em seguida, foi feita
a homogeneização em 225mL de água peptonada 01% (p/v) esterilizada e
realizadas diluições decimais em séries consecutivas para proceder às análises
microbiológicas. Em seguida, foram feitas as diluições para a inoculação nos
diferentes meios de cultura utilizados.
2.5.3 Quantificação de coliformes a 37°C e 45°C.
Os coliformes a 35ºC foram quantificados, utilizando-se a técnica do
número mais provável (NMP). O teste presuntivo foi realizado com a inoculação
de alíquotas de 1 mL das diluições adequadas da amostra em quatro séries de
três tubos, contendo tubos de Durhan e o meio de cultura caldo lauril sulfato
triptose (LST); os tubos foram incubados em estufa a 35ºC por 48 horas. Foram
considerados tubos positivos para coliformes a 35ºC, aqueles que apresentassem
46
turvação e formação de gás. Os resultados foram expressos em NMP/g. Os
coliformes a 45ºC foram quantificados usando-se, também, a técnica do NMP.
As alíquotas foram transferidas dos tubos positivos do teste presuntivo de
coliformes a 35ºC, com auxilio de uma alça de repicagem para tubos contendo o
meio de cultura caldo Escherichia coli (EC) adicionados de tubos de Durhan. Os
tubos foram incubados em banho-maria a 45ºC por 48 horas e foram
considerados positivos aqueles que apresentaram turvação e formação de gás. Os
resultados foram expressos em logarítimo decimal por grama (log NMP/g).
2.5.4 Determinação de Escherichia coli
A presença de Escherichia coli foi confirmada com a inoculação de
alíquotas dos tubos positivos para coliformes a 45°C em placas contendo ágar
eosina azul de metileno (EMB). Foram consideradas positivas as colônias típicas
com coloração verde brilhante.
2.5.5 Quantificação de Sthaphylococcus
As colônias de Sthaphylococcus foram quantificados pelo método de
plaqueamento em superfície, utilizando meio agar Baird-Parcker (BP),
suplementado com solução gema-telurito, sendo as placas incubadas a 37°C por
48 horas. Foram selecionadas as colônias típicas e estas transferidas para tubos
contendo TSA inclinado. Posteriormente, foram realizados testes bioquímicos de
identificação (catalase e coagulase). Os resultados foram expressos em logaritmo
decimal das unidades formadoras de colônia por grama (log UFC/g).
2.5.6 Quantificação de fungos filamentosos e leveduras
Os fungos e as leveduras foram quantificados pelo método de
plaqueamento em superfície, dispensando nas placas alíquotas de 1 mL das
diluições adequadas. Utilizou-se meio Dicloram Rosa de Bengala Cloranfenicol
47
(DRBC). As placas foram incubadas em estufa BOD a 25°C, por cinco dias,
após este período foram realizadas as contagens e os resultados foram expressos
em logaritmo decimal das unidades formadoras de colônia por grama (log
UFC/g).
2.5.7 Coloração (Valores L*, a* e b*)
Utilizou-se um colorímetro Minolta modelo CR-400, no modo CIE L*,
a* e b*. A coordenada L* (luminosidade) representa quão claro ou escuro é o
fruto, com valores entre 0 (totalmente preto) e 100 (totalmente branco). A
coordenada a* pode assumir valores entre –80 a +100, cujos extremos
correspondem, respectivamente, ao verde e ao vermelho. As leituras foram feitas
em três pontos distintos de cada molho.
2.5.8 Acidez titulável (AT)
A determinação da acidez titulável foi realizada por titulação com
solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1N, usando como indicador
fenolftaleína, segundo Instituto Adolfo Lutz (1985). Os resultados foram
expressos em porcentagem de ácido cítrico.
2.5.9 pH
O pH foi determinado com o auxílio do pHmetro TECNAL (Tec 3MP),
segundo AOAC (1992).
2.5.10 Sólidos solúveis (SS)
Foram determinados por refratômetria, utilizando-se refratômetro digital
ATAGO PR 100, com compensação de temperatura automática a 25°C. Os
resultados foram expressos em °Brix, conforme a AOAC (1992).
48
2.5.11 Teor de licopeno
Extraído com acetona:hexano (4:6) e determinado segundo Nagata &
Yamashita (1992). O teor de licopeno foi expresso em unidades internacionais
(U.I.), após o seu equacionamento:
Licopeno = 0,216A
663
- 1,22A
645
- 0,304A
505
+ 0,452A
453
, sendo: A
663
, A
645
,
A
505
e
A
453
, leituras de absorbância nos respectivos comprimentos de onda.
2.6 Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa
estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). As médias dos tratamentos, quando
significativas foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% e 5% de
probabilidade. Já os modelos de regressões polinomiais foram selecionados com
base na significância do teste de F de cada modelo testado e também pelo
coeficiente de determinação.
2.7 Delineamento experimental
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), sendo os
tratamentos dispostos em esquema fatorial 4 x 6, ou seja, 4 diferentes molhos
agridoces (goiaba comercial e artesanal, tomate comercial e artesanal) e 6
tempos (0, 30, 60, 90, 120, 150 dias), em 3 repetições.
49
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análises Microbiológicas
A resolução RDC n°12, de 02 de janeiro de 2001, estabelece para
katchup e mostarda de mesa, não comercialmente estéreis, prontos para o
consumo, isolados ou em mistura, adicionados ou não de outros ingredientes
limites máximo tolerado para coliformes a 45°C de 5 x 10NMP/g,
Sthaphylococcus coagulase positiva de 10
2
e ausência de salmonella (Brasil,
2001)
. De acordo com a Tabela 1, todos os molhos agridoces analisados
atenderam os padrões estabelecidos pela legislação.
Garcia Cruz et al. (1997), analisando a qualidade microbiológica de 10
marcas de catchups comerciais, observaram resultados semelhantes ao do
presente trabalho. Hoffmann (1993), estudando a contaminação microbiana de
catchup elaborado à base de tomate, obtiveram os mesmo valores, estando estes
dentro dos padrões estabelecidos pela legislação.
Valor L*
O valor L* indica luminosidade, diferenciando cores claras de escuras,
ou seja, é um parâmetro para avaliação da coloração. Observou-se para essa
variável que a média atingida para MAGA, foi estatisticamente maior que as
médias dos MAGC, MATA e MATC, respectivamente, confirmando assim um
produto de coloração mais clara para o MAGA, provavelmente em resposta da
utilização de goiabas maduras no processamento do molho artesanal.
Vale ressaltar, ainda, que os tomates se encontravam em um estádio de
maturação avançado, apropriado para elaboração de molhos, confirmando assim
a importância do estádio de maturação dos frutos na coloração final de produtos
processados.
50
Conforme a Tabela 2 a variável L* sofreu influência significativa pela
interação produto e tempo de armazenamento (p 0,01).
TABELA 2 Valores médios da coordenada L* dos produtos (MAGC- molho
agridoce de goiaba comercial, MAGA- molho agridoce de goiaba
artesanal, MATC- molho agridoce de tomate comercial e MATA-
molho agridoce de tomate artesanal) armazenado à temperatura
ambiente por 150 dias.
Produtos
Tempo (dias)
MAGC MAGA MATC
MATA
0 30,28 bA 42,47 aAB 24,94 dC 27,00 cA
30 30,25 bA 42,79 aA 25,25 dC 27,52 cA
60 30,54 bA 43,26 aA 28,20 cBC 25,31 dB
90 30,26 bA 43,40 aA 25,62 dBC 27,46 cA
120 29,95 bA 39,78 aC 26,00 dBC 27,45 cA
150 30,34 bA 41,24 a BC 26,85 cAB 26,17 cAB
*Letras minúsculas iguais na mesma linha representam semelhanças estatísticas entre os produtos,
a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
**Letras maiúsculas iguais na mesma coluna representam semelhanças estatísticas dentro de cada
produto para os tempos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Em relação ao tempo, o MAGC obteve médias semelhantes durante todo
o período de armazenamento. No MAGA os valores foram semelhantes
estatisticamente nos tempos trinta, sessenta e noventa dias, ocorrendo um
decréscimo quando comparado aos cento e vinte dias de armazenamento. Já no
MATC foi determinada uma semelhança entre os valores nos tempos zero e
trinta dias, que aumentaram quando comparados com cento e cinqüenta dias de
armazenamento, sendo as demais médias, semelhantes entre si. O MATA não
apresentou variações entre os tempos zero e trinta dias, seguido de um ligeiro
51
decréscimo em relação ao sessenta dias, com posterior aumento nos noventa e
cento e vinte dias, apresentando novamente uma queda no último tempo de
armazenamento (Tabela 2).
Como já eram esperados os valores da variável L* dos molhos
comerciais pouco variaram no decorrer do armazenamento. Em relação aos
molhos artesanais, o diferente estádio de maturação dos frutos utilizados para o
processamento dos molhos, explica os diferentes valores encontrados entre eles,
sendo que o MAGA apresentou uma cloração croma (rosado), enquanto que o
MATA, um vermelho característico.
Teixeira et al (2004), avaliando a luminosidade (valor L*) de molhos
agridoces artesanais de goiaba e tomate, pelo mesmo método realizado neste
trabalho, obtiveram valores médios de 39,5 para o molho de goiaba e 22,9 para o
molho de tomate, valores estes abaixo do encontrado. Este fato pode ser
explicado pela diferença de embalagens utilizada nos dois experimentos e pelo
estádio de maturação dos frutos utilizados durante o processamento.
Valor a*
A variável a* foi influenciada significativamente pela interação dos
fatores produto e tempo de armazenamento (p 0,01).
De acordo com a Tabela 3, pode-se constatar que as médias encontradas
entre os molhos comercial e artesanal de goiaba foram significativamente
diferentes durante todo o período de armazenamento, sendo que no MAGA elas
foram maiores. Deve-se ressaltar, ainda, que os molhos de goiaba também foram
diferentes dos molhos de tomate, em contrapartida, nestes foram verificados
valores semelhantes até os noventa dias de armazenamento, decaindo
posteriormente nos tempos subseqüentes.
52
TABELA 3 Valores médios da coordenada a* dos produtos (MAGC- molho
agridoce de goiaba comercial, MAGA- molho agridoce de goiaba
artesanal, MATC- molho agridoce de tomate comercial e MATA-
molho agridoce de tomate artesanal) armazenado à temperatura
ambiente por 150 dias.
Produtos
Tempo (dias)
MAGC MAGA MATC MATA
0 27,88aA 29,91bA 24,49cA 23,77cB
30 27,62bA 30,71aA 23,95cA 24,75cA
60 26,64bB 30,16aA 23,95cA 23,20cB
90 24,53bB 28,54aB 19,52cB 20,18cC
120 23,52bC 26,44aC 18,81dB 20,42cC
150 23,74bBC 26,48aC 18,91dB 21,04cC
*Letras minúsculas iguais na mesma linha representam semelhanças estatísticas entre os
produtos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
**Letras maiúsculas iguais na mesma coluna representam semelhanças estatísticas
dentro de cada produto para os tempos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Na variável valor a*, observaram-se médias semelhantes no decorrer do
armazenamento para os tempos zero e trinta dias no MAGC, seguidas de um
decréscimo até o último tempo analisado, o que pôde ser constatado também nos
MAGA e MATC, diferenciando-se apenas no inicio do decréscimo que ocorreu
com noventa dias de armazenamento. O molho MATA apresentou um aumento
significativo no tempo trinta dias com posterior declínio, sendo que, os três
últimos tempos foram semelhantes entre si.
Borguini (2006), avaliando a cor em molho convencional e purê de
tomate, por um método diferente, porém, configurado no mesmo sistema (L, a e
b), obteve um ângulo de cor de 54,45 e 48,59, respectivamente. No estudo de
Anese et al. (2002), amostras de polpa de tomate peneirada após um
processamento térmico a 120°C, revelaram um ângulo de cor de 56,3 que antes
53
era de 62,9, confirmando assim que o processamento térmico proporciona
benefícios.
De acordo com os resultados obtidos por Teixeira et al. (2004), em
molhos agridoces artesanais de goiaba e tomate, os valores de a* variaram de
25,5 para o molho de goiaba e 21,2 para o molho de tomate, mostrando que
esses valores também se encontram abaixo do observado no presente trabalho.
Este fato também pode ser explicado pela diferença de embalagens utilizada nos
dois experimentos, pelo estádio de maturação dos frutos utilizados durante o
processamento e ainda pela diferença de época de produção dos molhos.
Acidez
A acidez dos molhos em estudo foi analisada considerando-se o pH e a
acidez total (AT). De acordo com Chitarra & Chitarra (1990), os ácidos
orgânicos encontram-se dissolvidos nos vacúolos das células, tanto na forma
livre, como combinada com sais, ésteres e glicosídeos.
A acidez titulável, medida pela porcentagem de ácido cítrico (ácido
predominante), sugerido por Nascimento et al., (2004), foi afetada
significativamente (p 0,01) pelos fatores isolados produto e tempo (Figura 1).
54
FIGURA 1
Valores médios de acidez titulável (AT) dos produtos (MAGC- molho
agridoce de goiaba comercial, MAGA- molho agridoce de goiaba
artesanal, MATC- molho agridoce de tomate comercial e MATA-
molho agridoce de tomate artesanal) armazenado à temperatura
ambiente por 150 dias.
Foi verificada uma semelhança estatística entre os molhos comerciais
(MATC e MAGC), que determinaram uma maior acidez quando comparados
com MAGA. Já entre os molhos artesanais o MAGA apresentou teores
relativamente baixos quando comparado ao MATA.
As médias semelhantes entre os molhos comerciais já eram esperadas,
pelo fato da legislação exigir um padrão de acidez para molhos de catchup e
guatchup, e a diferença entre as médias dos molhos caseiros também eram
esperadas já que o tomate é um fruto bem mais ácido.
Segundo o Instituto do Consumidor (2002), em estudos realizados com
amostras de Catchup comerciais, os teores de acidez titulável variaram de 1,1%
ab
c
a
b
0
0,5
1
1,5
2
2,5
MAGC MAGA MATC MATA
Produtos
AT (% de ácido cítrico
55
a 2,2%, apresentando valores semelhantes aos encontrados neste trabalho, para
os MAGC, MATC e MATA.
Os resultados observados por Teixeira et al. (2004), em molhos
artesanais de goiaba e tomate produzidos, seguindo a mesma formulação do
presente trabalho, foram de 0,73 para o molho de goiaba e 0,80 para o molho de
tomate, sendo estes resultados semelhantes apenas ao MAGA. Isso pode ter
ocorrido devido ao fato de que os tomates aqui estudados estavam próprios para
molhos, e o do trabalho comparado não.
Durante o período de armazenamento a acidez dos molhos apresentou
um comportamento atípico, sendo que, no dia do processamento, o valor médio
encontrado foi de 1,5%. No decorrer do armazenamento, esse valor sofreu uma
pequena variação (1,54%), atingindo o teor máximo (2,04) no sexagésimo dia,
seguido de um leve decréscimo (1,60) nos tempos subseqüentes (Figura 2).
FIGURA 2 Valores de acidez titulável (% de ácido cítrico) em molhos
agridoces de goiaba e tomate.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 30 60 90 120 150
Tempo (dias)
AT (% de ácido cítrico
56
A acidez é importante para impedir o desenvolvimento de bactérias
patogênicas ou outras que possam alterar o produto. O vinagre, além de ser um
dos ingredientes do catchup, é o principal componente que dá maior grau de
acidez, através do ácido acético.
pH
O pH foi influenciado, significativamente (p 0,01), pela interação dos
fatores produto e tempo de armazenamento (Tabela 5).
TABELA 5 Valores médios de pH dos produtos (MAGC- molho agridoce de
goiaba comercial, MAGA- molho agridoce de goiaba artesanal,
MATC- molho agridoce de tomate comercial e MATA- molho
agridoce de tomate artesanal) armazenado à temperatura ambiente
por 150 dias.
Produtos
Tempo (dias)
MAGC MAGA MATC MATA
0 3,32dAB 3,75bAB 3,65cB 4,07aAB
30 3,40dA 3,84bA 3,71cB 4,15aA
60 3,33dAB 3,79bAB 4,06aA 3,62cD
90 3,29cAB 3,76bAB 3,67bB 4,02aBC
120 3,20cC 3,71bB 3,64bB 3,97aBC
150 3,28cAB 3,70bB 3,67bB 3,92aC
*Letras minúsculas iguais na mesma linha representam semelhanças estatísticas entre os
produtos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
**Letras maiúsculas iguais na mesma coluna representam semelhanças estatísticas entre
os produtos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Observou-se, de acordo com a Tabela 5, que os valores médios
encontrados nos MAGC e MATA diferiram-se estatisticamente durante todo o
57
período de armazenamento. Porém, o MAGA e MATC apresentaram variações
entre si somente até os sessenta dias, com posterior semelhança até o fim do
armazenamento.
A acidez e o pH são fatores de extrema importância quando se analisa o
nível de aceitação de um produto. Quando o produto se revela excessivamente
ácido, é rejeitado para o consumo, principalmente pela população brasileira, cujo
habito parece priorizar o consumo de produtos isentos dessa característica.
Os valores de pH dos molhos agridoces de tomate comercial e artesanal,
foram em média 3,73 e 3,95, respectivamente, estando coerentes com os
encontrados por Borguini (2006), em torno de 3,71 e 3,73 em molhos de
tomate convencional e 3,82 e 3,67 em purês de tomates. Fato este que pode ser
constatado, também, pelo Instituto do consumidor (2002), onde os valores de pH
das marcas de catchup analisadas variaram entre 3,3 e 3,9.
Os molhos artesanais de goiaba e tomate estudados por Teixeira et al.
(2004), também apresentaram valores semelhantes aos encontrados, sendo 3,73 e
3,90, respectivamente. Devido ao fato da legislação padronizar valores médios
de pH para produtos industrializados como catchup e guatchup, os valores aqui
observados pouco variaram entre os molhos comerciais, como já era esperado.
Sólidos Solúveis
Os sólidos solúveis (SS) mostraram-se afetados de modo significativo
pela interação produto e tempo de armazenamento (p 0,01), conforme
verificado pela Tabela 6.
TABELA 6 Valores médios de sólidos solúveis (°Brix) dos produtos (MAGC-
molho agridoce de goiaba comercial, MAGA- molho agridoce de
58
goiaba artesanal, MATC- molho agridoce de tomate comercial e
MATA- molho agridoce de tomate artesanal) armazenado à
temperatura ambiente por 150 dias.
Produtos
Tempo (dias)
MAGC MAGA MATC MATA
0 33,00aA 18,00bA 34,00aA 35,33aA
30 34,00aA 17,00bA 34,33aA 32,33aAB
60 34,33aA 17,00bA 35,33aA 35,33aA
90 33,33abA 18,67cA 35,67aA 32,33bAB
120 32,67aA 12,67bB 33,00aA 32,33aAB
150 33,67aA 13,33bB 33,33aA 31,67aB
*Letras minúsculas iguais na mesma linha representam semelhanças estatísticas entre os
produtos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
**Letras maiúsculas iguais na mesma coluna representam semelhanças estatísticas entre
os produtos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Os teores de sólidos solúveis dos diferentes molhos (MAGC, MATC e
MATA) tiveram o mesmo comportamento durante todo o período estudado, com
exceção do MAGA que apresentou menores valores e um considerável declínio
no decorrer do armazenamento.
No dia do processamento, os teores de SS nos MAGC e MATC, foram
semelhantes, sendo os valores médios 33,00 e 34,00°Brix, respectivamente, e
mantendo-se assim ate o último dia de armazenamento. Valores semelhantes aos
dos MAGC, MATC e MATA foram encontrados em estudos realizados pelo
Instituto do Consumidor (2002) que, analisando amostras de catchup de diversas
marcas comerciais, encontraram teores de acidez em torno de 34,0 e 33,4°Brix.
Comportamento semelhante foi observado nos quatro primeiros tempos, com um
ligeiro declínio ate o final do armazenamento no MAGA. Os valores médios do
MATA não sofreram variações significativas ao longo dos 150 dias de
armazenamento.
59
Os sólidos solúveis representam a porcentagem (em peso) de sólidos que
se encontram dissolvidos no alimento. São registrados em °Brix, no caso de
frutas e têm a tendência de exibir maior concentração com a evolução da
maturação, devido ao processo de biossíntese ou ainda pela degradação de
plossacarídeos, fato esse que confirma os baixos valores encontrados no MAGA,
quando comparados com MATA, sendo que seu processamento foi realizado
com goiabas maduras diferente dos tomates que se encontravam em um estádio
de maturação avançado.
Segundo Teixeira et al. (2004), estudando o teor de sólidos solúveis em
molhos artesanais de goiaba e tomate, as médias observadas foram 25,8 para o
molho de goiaba que foi superior ao aqui encontrado (18,00) e 30,0 para o
molho de tomate sendo este inferior ao encontrado (35,33). A contradição pode
ser explicada pelo estádio de maturação dos frutos.
Segundo Chitarra & Chitarra (1990), o referido parâmetro químico
representa uma das melhores formas de avaliação do grau de doçura do produto.
Nota-se que o teor de açúcares normalmente representa de 65 a 85% do teor de
sólidos solúveis totais presentes no alimento.
Licopeno
Em referência às analises químicas, o licopeno foi afetado pela interação
dos fatores produto e tempo de armazenamento (p 0,01) (Tabela 7).
Entre os carotenóides, o licopeno vem sendo o destaque pela sua
possível ação contra o câncer, especialmente de próstata e doenças
cardiovasculares. É responsável pela cor vermelha do tomate, melancia, goiaba
vermelha, mamão vermelho e pitanga (Won, 1995).
TABELA 7 Valores médios de licopeno dos produtos (MAGC- molho agridoce
de goiaba comercial, MAGA- molho agridoce de goiaba artesanal,
60
MATC- molho agridoce de tomate comercial e MATA- molho
agridoce de tomate artesanal) armazenado à temperatura ambiente
por 150 dias.
Produtos
Tempo (dias)
MAGC MAGA MATC MATA
0 1,27cA 0,72dAB 2,41bB 4,00aB
30 1,20cA 0,66dB 2,40bB 3,00aB
60 1,20cA 0,61dB 2,27bB 2,60aC
90 1,20cA 0,56dB 1,87bC 2,53aC
120 1,30cA 0,45dB 1,73bC 2,37aC
150 1,47cA 1,03dA 3,73bA 6,83aA
*Letras minúsculas iguais na mesma linha representam semelhanças estatísticas entre os
produtos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
**Letras maiúsculas iguais na mesma coluna representam semelhanças estatísticas entre
os produtos, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Os teores de licopeno encontrados nos molhos do presente estudo
apresentaram variações significativas entre os quatro produtos (Tabela 7).
Observou-se durante todo o período de armazenamento que não houve
diferenças significativas entre as médias do MAGC, em contrapartida, o MAGA
apresentou médias ligeiramente elevadas no dia do processamento e no ultimo
dia avaliado, sendo que os demais tempos obtiveram médias semelhantes entre si
no decorrer do armazenamento.
No MATC, também foram constatadas médias ligeiramente elevadas,
porém apenas nos três primeiros tempos, decaindo, em seguida nos noventa e
cento e vinte dias e, finalmente, um maior valor foi verificado no último dia.
Fato esse semelhante aos valores verificados no MATA, onde no tempo zero e
trinta dias, o teor de licopeno foi relativamente alto quando comparados com os
tempos seguintes, aumentando, posteriormente até o último dia de
armazenamento.
61
De acordo com os resultados observados na Tabela 7, os molhos
agridoces apresentaram os maiores valores de licopeno no último tempo de
armazenamento, o que possivelmente sugere que nesse tempo os molhos tenham
atingido certo grau de estabilização causado pela absorção de água pela pectina.
Chan & Cavaletto (1982) estudaram o efeito do tratamento térmico em
purê de goiaba relacionando às alterações de cor e teor de carotenóides totais.
Tanto os teores de carotenóides quanto os valores medidos na avaliação
sensorial da cor apresentaram decréscimos no primeiro momento do
processamento e foram mais expressivos conforme o tempo de estocagem.
Os resultados das determinações dos teores de licopeno realizados em
molhos e purês de tomates revelaram-se maiores do que aqueles encontrados no
fruto in natura. O teor do licopeno variou de 2,44 e 1,82mg/100g no molho e
2,54 e 1,85mg/100g no purê (Borguini, 2006).
Conforme apresentado anteriormente (Tabela 6), o teor de sólidos
solúveis indicou que os MAGC, MATC e MATA eram mais concentrados que
MAGA, desse modo, já era esperado uma maior concentração de licopeno, o que
pode ser verificado analisando a Tabela 7.
Para a produção de purê realiza-se a homogeinização e o tratamento
térmico dos tomates que podem causar o rompimento das membranas celulares,
aumentando a biodisponibilidade dos carotenóides (Von Het Hof et al., 2000).
Alem disso, os alimentos são misturas complexas de componentes, que tem o
potencial de reagir e interagir durante o processamento e, desse modo, provocar
mudanças no valor nutritivo dos alimentos (Davey et al., 2000).
O licopeno é responsável pela cor vermelha dos tomates. Considerando-
se a cor como um parâmetro de qualidade para os produtos de tomate, a perda de
licopeno pelo processamento e durante o armazenamento representa depreciação
do produto (Abushita et al., 2000).
62
Tonnuci et al. (1995) avaliaram o teor de carotenóides em produtos à
base de tomate adquiridos em supermercados das cidades de Nova Iorque,
Chicago e Los Angeles. Como esperado, o licopeno foi o carotenóide
encontrado em maior abundância, e os valores médios encontrados foram
16,67mg/100g.
A quantidade de licopeno em produtos processados depende da
composição do alimento utilizado como matéria-prima e das condições de
processamento (Shami & Moreira, 2004). O teor de carotenóides em frutas e
hortaliças, particularmente em tomates, depende de fatores como a exposição à
luz e temperatura e o grau de maturidade dos frutos (Abushita et al., 2000).
Desse modo, é possível inferir que a diferença entre os molhos artesanais de
tomate e goiaba seja devido ao grau de maturação da matéria-prima utilizada.
63
4 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos nas condições experimentais do
presente trabalho, pôde-se concluir que:
todos os molhos agridoces analisados estavam adequados para o
consumo humano, devido aos baixos índices de contaminação
microbiológica, atendendo os padrões da legislação brasileira;
o valor L* e a* proporcionaram um maior valor MAGA quando
comparados aos demais produtos;
o MAGC e o MATC determinaram uma maior acidez;
o MATA apresentou um maior pH e maiores teores de licopeno;
o MAGA apresentou um menor teor de sólidos solúveis;
64
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABUSHITA, A. A.; DAOOD, H. G.; BIACS, P. A. Changes in carotenoids and
antioxidant vitamins in tomato as a function of varietal and technological
factors. Journal Agricultural Food Chemistry, Washington, v. 48, n. 6, p.
2075-2081, June 2000.
ANESE, M.; FALCONE, P.; FOGLIANO, V.; NICOLI, M. C.; MASSINI, R.
Effect of equivalent thermal treatments on the color and the antioxidant activity
of tomato purees. Journal of Food Science, Chicago, v. 67, n. 9, p. 3442-3446,
Nov./Dec. 2002.
ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. Official
methods of the Association of the Agricultural Chemists. 15. ed. Washington,
1990. 2v.
BORGUINI, R. G. Tomate (Lycopersicum esculentum) orgânico: conteúdo
nutricional e a opinião do consumidor. 2006 Dissertação (Mestrado) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo,
Piracicaba.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Resolução – RDC nº12, de 2 de janeiro de 2001. Disponível em: <htpp://www.
anvisa. gov. br/legis/resolucoes/>. Acesso em: 2007.
CASTRO, J. V. de.; SIGRIST, J. M. M. Matéria prima. In: INSTITUTO DE
TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Goiaba: cultura, matéria-prima,
processamento e aspectos econômicos. 2. ed. Campinas, 1991. p. 121-139.
(ITAL. Séries Frutas Tropicais, 6).
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças.
Fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE. 1990. 293 p.
DAVIES, J. N.; HOBSON, G. E. The constituents of tomato fruit – the influence
of environment, nutrition and genotype. CRC Critical Reviews in Food
Science Nutrition, Boca Raton, v. 15, n. 3, p. 205 – 280, Nov. 1981.
65
DAVEY, M. W.; MONTAGU, M. V.; INZÉ, D.; SANMARTIN, M.;
KANELLIS, A.; SMIRNOFF, N.; BENZIE, I. J. J.; STRAIN, J. J.; FAVEL, D.;
FLETCHER, J. Plant L-ascorbic acid: chemistry, function, metabolism,
bioavailability and effects of processing. Journal Science Food Agricultural,
London, v. 80, n. 7, p. 825-860, May 2000.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para windows
versão 4. 0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos.
Resumos... São Carlos, SP: UFSCar, 2000. p. 235.
GARCIA CRUZ, C. H.; HOFFMANN, F. L.; BUENO, S. M.; VINTURIM, T.
M. Analise microbiológica de catchup. Higiene Alimentar, Sã Paulo, v. 11, n.
52, nov./dez. 1997.
GIORDANO, L. B. de.; RIBEIRO, C. S. C. Origem, Botânica e Composição
Química do Fruto. In: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA. Tomate para processamento industrial. Brasília:
Embrapa/Comunicação para Transferência de Tecnologia / (Embrapa
Hortaliças), 2000. p. 12-17.
GONGATTI NETO, A.; GARCIA, A. E.; ARDITO, E. F. G. et al. Goiaba para
exportação: procedimento de colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-SPI,
1996. 35 p. (FRUPEX, 20).
INTERNATIONAL COMMISSION ON MICROBIOLOGICAL
SPECIFICATION FOR FOODS. Técnicas de las análises microbiológicas.
Zaragoza – Espanha: Acribia, 1983. 430 p
INSTITUTO DO CONSUMIDOR. Ensaio Comparativo de Molho de Tomate
Ketchup. 2002. Disponivel em: <www.consumidor.pt/portal > . Acesso em: 15
dez. 2006.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz:
métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3. ed. São Paulo, 1985. v.
1, p. 125-181.
JAIME, S, B, M.; ALVES, R, M, V.; SEGANTINI, E, et al. Estabilidade Do
Molho De Tomate Em Diferentes Embalagens De Consumo. Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 18, n. 2, p. 193-199, Maio 1998.
66
MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V. et al. Fruticultura
Tropical 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. 374 p
NAGATA, M.; YAMASHITA, I. Simple method for simultaneous
determination of chlorophyll and carotenoids in tomato fruit. Nippon Shokuhin
Kogyo Gakkaishi, Tokio, v. 39, n. 10, p. 925-928, 1992.
PEREIRA, F. M. Cultura da Goiabeira. Jaboticabal: FUNEP, 1995. 47 p.
SILVA, N. et al. Manual de métodos de análises microbiológicas de
alimentos. São Paulo: Varela. 1997.
SHAMI, N. J. I, E.; MOREIRA, E. A. M. Licopeno como agente antioxidante.
Revista Nutrição, Campinas, v. 17, n. 2, p. 227-236, June 2004.
TONUCCI, L. H.; HOLDEN, J. M.; BEECHER, G. R.; KHACHIK, F.; DAVIS,
C. S.; MULOKOZI, G. Carotenoid contend of thermally processed tomato-based
food products. Journal Agricultural Food Chemistry, Washington, v. 43, n.
3, p. p. 579-586, Mar. 1995.
VAN HET HOF, K. H.; WEST, C. E.; WESTSTRATE, J. A.; HAUTVAST, J.
G. A. J. Dietary factor that affect the bioavailability of carotenoids. Journal
Nutrition, Bethesda, v. 130, n. 3, p. 503-506, Mar. 2000.
WONG, D. W. S. Química de los alimentos: mecanismos y teoria. Zaragoza,:
Editorial Acribia 1995. p. 165-215.
67
CAPÍTULO 3
MOLHOS AGRIDOCES ELABORADOS A BASE DE GOIABA (Psidium
guajava L.) E TOMATE (Lycopersicon esculentum): QUALIDADE
SENSORIAL
68
RESUMO
TEIXEIRA, Julia Senna Corrêa. Molhos agridoces elaborados à base de
goiaba (Psidium Guajava L.) e tomate (Lycopersicon Esculentum): qualidade
sensorial. 2007. 92 p. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG*
A goiaba é um fruto bastante apreciado e consumido pela população. Entretanto,
um dos fatores que limitam o seu comércio e consumo é a alta susceptibilidade a
degradação desse alimento. A análise sensorial foi definida como uma disciplina
científica usada para medir, analisar e interpretar as reações das características
dos alimentos e dos materiais, a partir de como são percebidas pelos órgãos da
visão, olfato, tato, audição e gustação. O objetivo deste trabalho foi avaliar
sensorialmente dois molhos agridoces, um à base de goiaba e outro de tomate
produzidos de forma artesanal. Para isso, realizou-se teste de análise sensorial
adotando-se uma escala de nove pontos em ordem decrescente de aceitação, em
que os extremos variaram entre os conceitos de “extremamente boa” a
“extremamente ruim”. Os atributos avaliados foram: a) aroma, b) sabor, c)
viscosidade, d) aparência, e) cor. A análise sensorial foi realizada, a cada 30
dias, durante 150 dias, sendo os molhos armazenados à temperatura ambiente, e
desenvolvida no Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Ciência
dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras, MG. O molho agridoce de
goiaba apresentou melhor aceitação pelos provadores nos atributos aroma e
viscosidade e o molho agridoce de tomate apresentou melhor aceitação pelos
provadores apenas no atributo cor. Os molhos agridoce de goiaba e tomate não
apresentaram diferenças, segundo os provadores, em relação aos atributos sabor
e aparência. Os resultados observados avalizam a possibilidade do uso em
potencial do molho agridoce de goiaba na indústria alimentícia, com vistas à sua
comercialização, uma vez que houve boa aceitação do produto pelos provadores.
Portanto, o molho agridoce pode ser considerado uma boa alternativa para os
produtores de goiabas, com o intuito de diminuir os elevados índices de perdas.
_______________
*Comitê Orientador: Luiz Carlos de Oliveira Lima – UFLA (orientador), Paulo
Roberto Clemente – UFLA (co-orientador).
69
ABSTRACT
TEIXEIRA, Julia Senna Corrêa. Soursweet sauces manufactured on the
basis of guava (Psidium Guajava L.) and tomato (Lycopersicon
Esculentum.): sensorial Quality. 2007. 92 p. Dissertation (Máster Program in
Food Science) – Federal University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brazil.*
The guava é is a fruit highly enjoyed and consumed by the population.
Nevertheless, one of the factors limiting its commercialization and consumption
is the high susceptibility to degradation of this food. The sensorial analysis was
defined as a scientific subject used to measure, analyze and interpret the
reactions of the characteristics of foods and of the materials, from how they are
perceived by the organs of sight, taste, touch, hearing and taste. The objective of
this work was to evaluate sensorially two soursweet sauces, one of them based
on guava and the other on tomato produced in an artisanal way. So, sensorial
analysis test was performed, adopting a scale of nine scores in a decreasing order
of acceptance, in which the extremes ranged among the concepts of “extremely
good” to “extremely bad”. The attributes evaluated were: a) flavor, b) taste, c)
viscosity, d) appearance, and color. The sensorial analysis was performed every
30 days for 150 days of storage and developed in the Sensorial Analysis
Laboratory of the Food Science Department of the Universidade Federal de
Lavras, MG. The soursweet guava sauce showed the best acceptance by the
tasters in the attributes flavor, and viscosity and the soursweet tomato sauce
presented better acceptance by the tasters only in the attribute color. The
soursweet guava and tomato sauces showed no differences according to the
tasters in relation to the attributes color and appearance. The results observed
give support to the possibility of the potential use of the soursweet guava sauce
in the food industry aiming at its commercialization since there was a good
acceptance of the product by the tasters. Therefore, the soursweet sauce can be
regarded as a good alternative for the guava growers with the purposes of
decreasing the elevated indices of losses.
_______________
*Guidance Committee Carlos de Oliveira Lima – UFLA (Adviser), Paulo
Roberto Clemente – UFLA (co-adviser).
70
INTRODUÇÃO
O cultivo da goiaba (Psidium guajava L.) é um dos mais importantes em
países tropicais e subtropicais. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais
do fruto, junto com outros países como o México, o Paquistão e a Índia
(Ferreira, 2000).
A goiaba é um fruto bastante apreciado e consumido pela população.
Entretanto, um dos fatores que limitam o seu comércio e consumo é a alta
susceptibilidade a degradação desse alimento. A goiabeira, no sul de Minas
Gerais, é cultivada essencialmente por pequenos produtores que conduzem os
pomares como forma de subsistência, embora isto venha sendo mudado.
As plantas da cultivar Pedro Sato são vigorosas e bastantes produtivas,
produzindo frutos grandes de formato oblongo com a polpa firme, espessa, de
cor rosada, sabor agradável, com cavidade central igual a do mamão e com
poucas sementes, sendo a casca bem rugosa. (Pereira, 1995; Manica et al.,
2000).
O tomateiro pertence à família das Solanáceas, uma coleção de 1500
espécies tropicais e subtropicais, originárias da América Central e do Sul. O
fruto foi inicialmente descrito como planta de fruto de ouro denominado Pomi d‘
oro (maçã de ouro), o que seria o Licopersicon esculentum (Davies & Hobson,
1981).
O tomate como produto agrícola representa uma importante commodity
mundial e parte integrante da dieta humana. Devido a sua disponibilidade
durante o ano todo, o tomate e seus produtos têm recebido atenção em relação
aos seus micronutrientes (Abushita et al., 1997). O tomate apresenta-se entre as
71
hortaliças mais comercializadas no mundo. Os principais países produtores são
Estados Unidos, Itália, Turquia, Egito, Espanha, Portugal, Rússia e Brasil.
Uma alternativa promissora para a conservação e aumento dos atributos
de qualidade da goiaba pode estar no desenvolvimento de produtos agridoces e
salgados à base deste fruto, como o guatchup. O guatchup é um molho agridoce
preparado à base de goiabas vermelhas e condimentos recentemente
desenvolvidos no mercado a fim de competir com o tradicional catchup.
Hoje em dia o consumidor está cada vez mais exigente e busca não
apenas algo rápido para preparar, mas também que seja nutritivo e saboroso. A
chave do sucesso desses tipos de produtos está na escolha correta do conjunto
dos atributos sensoriais e nutritivos. Esses atributos deverão atender às
expectativas do consumidor e estar de acordo com a legislação do país. Um
equilíbrio perfeito traz ao produto final uma personalidade que torna a sua
degustação algo prazeroso e, por conseqüência, melhor aproveitado, tanto no
aspecto nutricional, quanto no aspecto comercial.
O guatchup reúne todas essas qualidades, mas uma das preocupações
está na aceitabilidade do produto pelo consumidor. Sabe-se que o catchup
(condimento ou tempero preparado à base de tomate) é tradicional e de boa
aceitabilidade no mercado alimentício. Sendo assim, o grande desafio está na
tentativa de inserir o molho agridoce à base de goiaba na dieta do brasileiro.
O objetivo principal deste trabalho foi avaliar sensorialmente dois
molhos agridoces de goiaba e tomate elaborados de forma artesanal, seguindo a
receita tradicional do catchup peneirado, porém, sem adição de corantes e
conservantes. Para isso, utilizou-se uma equipe de 30 provadores para avaliar os
seguintes atributos: a) aroma, b) sabor, c) viscosidade, d) aparência, e) cor.
72
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Matéria–prima
2.1.1 Goiabas
Goiabas maturas da cultivar ‘Pedro Sato’, foram colhidas em pomar
comercial no município de Lavras (MG) e transportadas no mesmo dia para o
Laboratório de Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças do Departamento de Ciência
dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
2.1.2 Tomates
Os tomates em estádios de maturação avançado foram adquiridos no
comércio local do município de Lavras (MG) e transportados para o Laboratório
de Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças do Departamento de Ciência dos
Alimentos da Universidade Federal de Lavras (UFLA), onde se realizou todo o
procedimento a seguir.
2.2 Preparo das amostras
Os frutos (goiaba e tomate) foram selecionados, lavados com detergente
neutro e água para retirada de sujidades superficiais provenientes do campo e
sanificados com solução de hipoclorito de sódio (NaClO) 100ppm (pH=7,0) por
30 minutos, sendo em seguida enxaguados com NaClO 50ppm (pH 7,0) por 15
minutos.
2.3 Elaboração dos molhos
O processo de elaboração tanto para o molho agridoce de goiaba quanto
ao de tomate foi conduzido de forma idêntica e artesanal. Os frutos foram
pesados, cortados com a retirada das partes que não seriam aproveitadas nos
73
molhos. Em seguida, realizou-se o branqueamento das partes que seriam
utilizadas na preparação dos molhos com a posterior extração dos sucos
utilizando um liquidificador e uma peneira para a obtenção deste sem nenhuma
parte sólida. Os sucos foram levados separadamente a uma panela de aço inox e
submetidos ao cozimento à temperatura de 180ºC até atingirem o teor de sólidos
solúveis (°Brix) recomendado para este tipo de produto, com valores para o
molho de goiaba e tomate de 18 e 31°Brix, respectivamente.
Durante o cozimento dos molhos foram adicionados condimentos
sólidos (cebola, cravo, canela, pimentão e alho) envoltos em uma gaze
esterilizada e bem lacrada com barbante, líquidos (vinagre) e ainda açúcar e sal.
Todos os utensílios domésticos utilizados foram previamente
sanificados com NaClO 300ppm.
2.4 Embalagens e armazenamento
Os molhos foram acondicionados em embalagens de polipropileno (PP)
impermeáveis à luz com capacidade de 400g. As embalagens foram
devidamente sanificadas com NaClO 100ppm e posteriormente enxaguadas com
NaClO 50ppm. Os molhos ainda quentes foram adicionados nas embalagens
coma ajuda de um funil e, em seguida, estas foram lacradas. Após o envase as
embalagens foram imediatamente colocadas em uma bacia contendo água e gelo
para obtenção do vácuo parcial.
Depois de prontas, as embalagens foram devidamente identificadas e
transportadas para uma estante, onde já se encontravam os molhos comerciais de
goiaba e tomate, para simulação de uma prateleira de supermercado. A amostra
do molho artesanal de goiaba “guatchup” foi fornecida pela empresa Valpolpas,
e a amostra comercial de tomate “katchup” foi comprada no comércio local do
município de Lavras. Os molhos foram armazenados à temperatura ambiente e
74
eram retirados de foram aleatória durante cada tempo para a realização das
análises.
2.5 Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa
estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). As médias dos tratamentos, quando
significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% e 5% de
probabilidade. Já os modelos de regressões polinomiais foram selecionados com
base na significância do teste de F de cada modelo testado e também pelo
coeficiente de determinação.
2.6 Delineamento experimental
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), sendo
os tratamentos dispostos em esquema fatorial 2 x 6, ou seja, 2 diferentes molhos
agridoces (goiaba e tomate) e 6 tempos de armazenamento (0, 30, 60, 90, 120 e
150 dias). Cada provador foi considerado como uma repetição sendo o
experimento constituído de 30 repetições.
2.7 Análise sensorial dos molhos
A analise sensorial foi realizada, a cada 30 dias, durante os 150 dias de
armazenamento e desenvolvida no laboratório de Análise sensorial do
Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Contudo, dois dias antes das análises eram oferecidos aos provadores
amostras dos molhos comerciais, para que houvesse uma prévia lembrança dos
atributos a serem julgados.
Durante o experimento, os provadores recebiam uma bandeja contendo
quatro amostras dos molhos agridoces de goiaba e de tomate em duplicata, e
uma ficha (Anexo B) para a avaliação dos atributos aroma, sabor, viscosidade,
aparência e cor, com uma escala de notas, em que: 9= extremamente boa; 8=
75
muito boa; 7= regularmente boa; 6= ligeiramente boa; 5= indiferente; 4=
ligeiramente ruim; 3= regularmente ruim; 2= muito ruim; 1= extremamente
ruim.
Os molhos foram colocados em copos descartáveis codificados com três
dígitos aleatórios, para que não identificassem o produto e nem os
influenciassem. Os provadores se dirigiam para cabines individuais com luz
vermelha para mascarar a cor e recebiam as amostras simultaneamente para
avaliação do aroma, sabor, viscosidade. Para os testes de cor e aparência, foi
utilizada uma cabine especial de cor branca contendo quatro lâmpadas
fluorescentes de 40 watts, onde os molhos se encontravam distribuídos em
placas de petri codificadas com três dígitos aleatórios.
76
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A disponibilidade, no mercado, de produtos com qualidade sensorial
adequada contribui para a satisfação do consumidor e, conseqüentemente,
favorece um maior consumo do produto em questão (Deliza, 2000).
A goiaba tem grande importância na indústria e sua qualidade está
relacionada às suas características físicas como aparência, tamanho, forma, cor,
firmeza bem como à sua composição química responsável pelo aroma e sabor
agradável e extremamente atraente (Gorgatti Netto et al., 1996).
De acordo com Chitarra & Chitarra (2005), o aroma é o conjunto das
sensações do olfato, estimuladas pelos componentes voláteis que, em conjunto,
conferem as características específicas de cada produto. Embora em
concentrações muito baixas, os compostos orgânicos voláteis formados durante
as transformações bioquímicas da maturação são responsáveis pelo aroma típico
e têm grande importância na aceitação dos produtos hortícolas, notadamente das
frutas. As frutas climatéricas são mais aromáticas que as não climatéricas, em
decorrência da atuação do etileno no estímulo rápido das reações de síntese.
O catchup é um produto que pode apresentar uma grande variedade de
aromas, sem que tal seja considerado anormal, devido aos diferentes
ingredientes passíveis de serem incluídos na sua formulação.
O atributo aroma foi afetado significativamente pelo fator isolado
produto (p0,01), não tendo sido influenciado pelo tempo de armazenamento
tampouco pela interação entre esses dois fatores.
Observou-se diferença estatística para o atributo aroma entre os molhos
sendo que o molho agridoce de goiaba obteve as melhores notas em detrimento
ao molho de tomate (Figura 1). Estes resultados já eram esperados, visto que um
dos principais atributos da goiaba é o seu agradável e atraente aroma, conforme
77
b
a
5,6
5,8
6
6,2
6,4
6,6
6,8
7
7,2
7,4
Goiaba Tomate
Aroma (notas
)
descrito por Gorgatti Netto et al., 1996. Já o tomate não é tão apreciado por esse
atributo, e o molho em questão apresentou um aroma mais ácido, prevalecendo o
aroma do vinagre, o que podemos concluir o motivo da escolha por parte dos
provadores para o molho de goiaba.
O odor é um dos principais atributos utilizado pelo consumidor para
aceitação ou rejeição de um produto, sendo este conseqüência da síntese de
numerosos compostos voláteis (Wills et al, 1998). Aroma é o odor de um
alimento que permite a estimulação de sentido do olfato, por isso na linguagem
comum são confundidos e usados como sinônimos (Della Modesta,1994).
FIGURA 1 Valores médios das notas atribuídas pelos provadores em relação ao
aroma dos molhos agridoces de goiaba e tomate.
O sabor é uma sensação complexa que envolve principalmente o sentido
do paladar e o aroma do produto. É a sensação percebida através das
78
terminações nervosas dos sentidos do olfato e gosto principalmente, porém não
se deve desconhecer o estímulo simultâneo dos receptores sensoriais de pressão,
e os cutâneos de calor, frio e dor. (Della Modesta, 1994).
De acordo com Kays (1991), o sabor representa um dos atributos de
qualidade que os consumidores tentam correlacionar com os parâmetros visuais
do produto (cor e aparência). A doçura e a acidez referentes aos açúcares e aos
ácidos orgânicos, respectivamente, são componentes dominantes no sabor de
muitas frutas.
Não foi observado efeito significativo dos fatores produto e tempo de
armazenamento nem da interação entre esses fatores sobre o sabor, sendo que a
nota média atribuída pelos provadores foi de 6,43.
A textura é definida como um conjunto de propriedades do alimento,
composto por características físicas perceptíveis pelo tato e que se relacionam
com a deformação, desintegração e fluxo do alimento, sob aplicação de uma
força (Chitarra & Chitarra, 1990). As propriedades físicas da textura são: dureza,
quebradiço, viscosidade, fibrosidade etc.
O atributo viscosidade foi influenciado significativamente pelo fator
produto (p 0,01), não tendo sido influenciado pelo tempo de armazenamento
nem pela interação entre esses fatores.
As melhores notas foram atribuídas ao molho agridoce de goiaba em
relação ao molho de tomate, como observado na Figura 2.
Um dos fatores que pode justificar os resultados apresentados é a
obtenção de um molho mais encorpado no molho de goiaba em relação ao
molho de tomate. Neste caso, a maior concentração de fibras na goiaba, pode ter
contribuído para o aumento da viscosidade final do produto.
Estudos realizados por Teixeira et al. (2004), comparando molho
agridoce de goiaba com catchup tradicional, verificaram que o molho de goiaba
79
b
a
5,2
5,4
5,6
5,8
6
6,2
6,4
6,6
6,8
Goiaba Tomate
Viscosidade (notas)
apresentou o dobro de fibras (1,83) do que o catchup (0,61), explicando assim a
diferença na obtenção dos molhos do presente estudo.
FIGURA 2 Valores médios das notas atribuídas pelos provadores em relação à
viscosidade dos molhos agridoces de goiaba e tomate.
As variações do teor de fibra dos frutos podem ser inerentes a diversos
fatores, como cultivar analisado, representatividade da amostra, condições de
cultivo, método analítico, entre outros.
No Brasil, frutas como o sapoti (9,98% de FA na base integral), a goiaba
(6,01%) e a fruta-do-conde (5,62%) (17) poderiam ter seu consumo incentivado,
uma vez que contém quantidades significativas de fibras.
O impacto visual é o mais marcante. Quando se escolhe ou
simplesmente se observa um produto qualquer, o impacto causado geralmente
pela cor, sobrepõe-se ao causado pelos demais atributos (Della Modesta, 1994).
A aparência do produto exerce papel fundamental na decisão de compra
do consumidor, uma vez que é por meio da observação deste parâmetro que o
consumidor seleciona, escolhe e consome o alimento (Deliza, 2000).
80
A aparência não sofreu influência significativa do produto, tempo de
armazenamento e da interação entre os fatores. A nota média obtida para o
atributo aparência foi de 6,83 de acordo com os provadores.
O atributo cor foi afetado significativamente pelo fator isolado produto
(p 0,01), não tendo sido influenciado pelo tempo de armazenamento e nem pela
interação.
Segundo Amorin (1978), a cor constitui-se o primeiro atributo de
qualidade para o consumidor, e é considerado um fator importante para valorizar
a qualidade de um alimento, estando ligada ao estádio de maturação, presença de
impurezas, realização adequada ou não do processamento de alimento, más
condições de armazenamento e alterações causadas por microrganismos.
A norma NP-3728 (1991) define que a cor característica para o ketchup
é o vermelho. Em relação à cor, o molho de tomate apresentou maiores notas por
parte dos provadores, como observado na Figura 3.
Os resultados indicados na Figura 3 podem ser atribuídos à intensidade
da cor vermelha do molho de tomate, enquanto que no molho de goiaba a
coloração observada foi um croma mais claro (rosado).
Por se tratar de um fator subjetivo, a intensidade da coloração pode estar
diretamente relacionada com o estádio de maturação mais avançado, como no
caso do tomate. Tal fato pode ser confirmado através dos estudos citados por
Amorim (1978). A coloração obtida no molho de tomate foi mais próxima do
molho tradicional amplamente aceito pelo mercado consumidor. Vale ressaltar
também que em nenhum dos molhos elaborados foram adicionados qualquer
tipo de corante.
Um estudo comparativo da cor, entre amostras de ketchup comerciais,
realizado pelo Instituto do Consumidor (2002), observou que a avaliação deste
atributo revelou a existência de uma grande diversidade de tonalidades dentro da
81
b
a
6,2
6,4
6,6
6,8
7
7,2
Goiaba Tomate
Cor (notas)
cor vermelha, bem como a identificação de cor castanha para algumas das
amostras analisadas.
FIGURA 3 Valores médios das notas atribuídas pelos provadores em relação à
cor dos molhos agridoces de goiaba e tomate.
82
4 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos nas condições do experimento
pôde-se concluir que:
o molho agridoce de goiaba apresentou melhor aceitação pelos
provadores nos atributos aroma e viscosidade;
o molho agridoce de tomate apresentou melhor aceitação pelos
provadores apenas no atributo cor;
os molhos agridoce de goiaba e tomate não apresentaram diferenças,
segundo os provadores, em relação aos atributos sabor e aparência.
Os resultados observados avalizam a possibilidade do uso em potencial
do molho agridoce de goiaba na indústria alimentícia, com vistas à sua
comercialização, uma vez que houve boa aceitação do produto pelos provadores.
83
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABUSHITA, A. A.; HEBSHI, E. A.; DAOOD, H. G.; BIACS, P. A.
Determination of antioxidant vitamins in tomatoes. Food Chemistry Oxford, v.
60, n. 2, p. 207-212, Oct. 1997.
AMORIN, H. V. Aspectos bioquímicos e histoquímicos do grão de café verde
relacionados com a deterioração de qualidade. 1978. 85 p. Tese (Livre
Docência) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.
CHAVES, J. B. P. Análise sensorial: histórico e desenvolvimento. Viçosa:
UFV, 1993. 31 p.
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças.
Fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 293 p.
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças:
fisiologia e manuseio. 2. ed. rev. e ampl. Lavras: UFLA, 2005. p. 783.
DAVIES, J. N.; HOBSON, G. E. The constituents of tomato fruit – the influence
of environment, nutrition and genotype. CRC Critical Reviews in Food
Science Nutrition, Boca Raton, v. 15, n. 3, p. 205 – 280, Nov. 1981.
DELLA MODESTA, R. C. Manual de analise sensorial de alimentos e
bebidas: geral. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CTAA, 1994. t. 1
DELIZA, R. Importância da qualidade sensorial em produtos minimamente
processados. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PROCESSAMENTO
MINIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 2., 2000, Viçosa. Palestras...
Viçosa: UFV, 2000. p. 73-74.
FERREIRA, V. L. P.; ALMEIDA, T. C. A. de; PETTINELLI, M. L. C. de;
SILVA, M. A. A. P. da; CHAVES, J. B. P.; BARBOSA, E. M. de M. Analise
sensorial: testes discriminativos e afetivos. Campinas: SBCTA, 2000. 127 p.
(Série Qualidade).
GONGATTI NETO, A.; GARCIA, A. E.; ARDITO, E. F. G. et al. Goiaba para
exportação: procedimento de colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-SPI,
1996. 35 p. (FRUPEX, 20).
84
INSTITUTO DO CONSUMIDOR. Ensaio Comparativo de Molho de Tomate
Ketchup. 2002. Disponivel em: <www.consumidor.pt/portal > . Acesso em: 15
dez. 2006.
MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, N. T. V. et al. Fruticultura
Tropical 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2000. 374 p
PEREIRA, F. M. Cultura da Goiabeira. Jaboticabal: FUNEP, 1995. 47 p.
KAYS, S. J. Post-harvest physiology of perishable plant products. New
York: AVI, 1991. 532 p.
WILLS, R.; McGLASSON, B.; GRAHAM,D.; JOYCE, D. Introduicción a la
fisiologia y manipulación poscosecha de frutas e hortalizas y plantas
ornamentales. 2. ed. Zaragoza: Acribia, 1998. 240 p
85
ANEXOS
ANEXO A Páginas
TABELA 1A
Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis
de significância para a coloração (coordenadas L*,
a* e b*) dos molhos agridoce de goiaba comercial
(MAGC), agridoce de goiaba artesanal (MAGA),
agridoce de tomate comercial (MATC) e agridoce de
tomate artesanal (MATA), armazenados à
temperatura ambiente por cento e cinqüenta
dias...............................................................................
87
TABELA 2A
Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis
de significância para acidez titulável (AT) e pH, dos
molhos agridoce de goiaba comercial (MAGC),
agridoce de goiaba artesanal (MAGA), agridoce de
tomate comercial (MATC) e agridoce de tomate
artesanal (MATA), armazenados à temperatura
ambiente por cento e cinqüenta
dias..............................................................................
87
TABELA 3A
Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis
de significância para sólidos solúveis (SS) e
licopeno dos molhos agridoce de goiaba comercial
(MAGC), agridoce de goiaba artesanal (MAGA),
agridoce de tomate comercial (MATC) e agridoce
de tomate artesanal (MATA), armazenados à
temperatura ambiente por cento e cinqüenta
dias.............................................................................
.
88
TABELA 4A
Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis
de significância para aroma, sabor e viscosidade dos
molhos agridoce de goiaba comercial (MAGC),
agridoce de goiaba artesanal (MAGA), agridoce de
tomate comercial (MATC) e agridoce de tomate
artesanal (MATA), armazenados à temperatura
ambiente por cento e cinqüenta
dias..............................................................................
88
86
TABELA 5A
Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis
de significância para aparência e cor dos molhos
agridoce de goiaba comercial (MAGC), agridoce de
goiaba artesanal (MAGA), agridoce de tomate
comercial (MATC) e agridoce de tomate artesanal
(MATA), armazenados à temperatura ambiente por
cento e cinqüenta dias.................................................
89
87
TABELA 1A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
significância para a coloração (coordenadas L*, a* e b*) dos
molhos agridoce de goiaba comercial (MAGC), agridoce de
goiaba artesanal (MAGA), agridoce de tomate comercial
(MATC) e agridoce de tomate artesanal (MATA),
armazenados à temperatura ambiente por cento e cinqüenta
dias.
Quadrados médios
Causas de
variação
GL
L* a* b*
Produto 3 993,75** 586,20** 1124,82**
Tempo 5 1,76** 52,15** 12,61**
Produto x tempo 15 3,66** 1,46** 9,76**
Erro 48 0,357 0,142 0,090
Total 71 --- --- ---
Média Geral 31,346 24,54 14,04
CV (%) 1,96 1,54 2,14
ns, * e ** indicam valores do Teste F não significativos, significativos a 5 % e
1% de probabilidade, respectivamente.
TABELA 2A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
significância para acidez titulável (AT) e pH dos molhos
agridoce de goiaba comercial (MAGC), agridoce de goiaba
artesanal (MAGA), agridoce de tomate comercial (MATC) e
agridoce de tomate artesanal (MATA), armazenados à
temperatura ambiente por cento e cinqüenta dias.
Quadrados médios
Causas de
variação
GL
AT pH
Produto 3 4,915** 1,363**
Tempo 5 0,468** 0,033**
Produto x tempo 15 0,057ns 0,057**
Erro 48 2,991 0,003
Total 71 --- ---
Média Geral 1,65 3,69
CV (%) 15,09 1,44
ns, * e ** indicam valores do Teste F não significativos, significativos a 5 % e
1% de probabilidade, respectivamente.
88
TABELA 3A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
significância para sólidos solúveis (SS) e licopeno dos molhos
agridoce de goiaba comercial (MAGC), agridoce de goiaba
artesanal (MAGA), agridoce de tomate comercial (MATC) e
agridoce de tomate artesanal (MATA), armazenados à
temperatura ambiente por cento e cinqüenta dias.
Quadrados médios
Causas de
variação
GL
SS Licopeno
Produto 3 1390,48** 26,201**
Tempo 5 16,58** 5,39**
Produto x tempo 15 4,98** 1,67**
Erro 48 77,33 0,018
Total 71 --- ---
Média Geral 29,27 1,93
CV (%) 4,34 7,04
ns, * e ** indicam valores do Teste F não significativos, significativos a 5 % e
1% de probabilidade, respectivamente.
TABELA 4A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
significância para aroma, sabor e viscosidade dos molhos
agridoce de goiaba comercial (MAGC), agridoce de goiaba
artesanal (MAGA), agridoce de tomate comercial (MATC) e
agridoce de tomate artesanal (MATA), armazenados à
temperatura ambiente por cento e cinqüenta dias.
Quadrados médios
Causas de
variação
GL
Aroma Sabor Viscosidade
Produto 1 32,552** 0,133ns 18,802**
Tempo 5 0,397ns 1,455ns 0,908ns
Produto x tempo 5 0,827ns 0,583ns 0,122ns
Erro 108 1,866 1,888 1,871
Total 119 --- --- ---
Média Geral 6,795 6,425 6,162
CV (%) 20,10 21,39 22,20
ns, * e ** indicam valores do Teste F não significativos, significativos a 5 % e
1% de probabilidade, respectivamente.
89
TABELA 5A Quadrados médios da ANAVA e respectivos níveis de
significância para aparência e cor dos molhos agridoce de
goiaba comercial (MAGC), agridoce de goiaba artesanal
(MAGA), agridoce de tomate comercial (MATC) e agridoce
de tomate artesanal (MATA), armazenados à temperatura
ambiente por cento e cinqüenta dias.
Quadrados médios
Causas de
variação
GL
Aparência Cor
Produto 1 2,408ns 10,208**
Tempo 5 1,695ns 2,055ns
Produto x tempo 5 0,868ns 0,388ns
Erro 108 1,334ns 175,325
Total 119 --- ---
Média Geral 6,825 6,825
CV (%) 16,92 17,43
ns, * e ** indicam valores do Teste F não significativos, significativos a 5 % e
1% de probabilidade, respectivamente.
90
ANEXO
ANEXO B Páginas
TABELA 1B
Formulário para avaliação da qualidade quanto ao
aroma, sabor, viscosidade, aparência e cor dos
molhos agridoces elaborados a base de goiaba e
tomate .........................................................................
91
91
TESTE DE PREFERÊNCIA
Provador: ________________________________________Data: ___/___/2006
Você esta recebendo 4 amostras de Ketchup. Por favor, avalie cada amostra em
relação aos atributos abaixo, segundo o critério:
1. Extremamente ruim
2. Muito ruim
3. Regularmente ruim
4. Ligeiramente ruim
5. Indiferente
6. Ligeiramente boa
7. Regularmente boa
8. Muito boa
9. Extremamente boa
Amostra
Atributo
Aroma
Sabor
Viscosidade
Aparência
Cor
Comentários:
___________________________________________________________
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo