Download PDF
ads:
Universidade Estadual Paulista
Campus de S˜ao Jos´e do Rio Preto
Instituto de Biociˆencias, Letras e Ciˆencias Exatas
alculo de Grupos de Homotopia dos Grupos
Cl´assicos
Paulo Henrique Gal˜ao
Orientador: Jo˜ao Peres Vieira
Disserta¸ao apresentada ao Instituto de Biociˆencias,
Letras e Ciˆencias Exatas da Universidade Estadual
Paulista, Campus ao Jos´e do Rio Preto, como parte dos
requisitos necess´arios para a obten¸ao do t´ıtulo de Mestre
em Matem´atica.
ao Jos´e do Rio Preto
Abril - 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Gal˜ao, Paulo Henrique.
alculo de grupos de homotopia dos grupos cl´assicos / Paulo
Henrique Gal˜ao. - S˜ao Jos´e do Rio Preto : [s.n.], 2008.
74 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Jo˜ao Peres Vieira
Disserta¸ao (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociˆencias, Letras e Ciˆencias Exatas
1. Seq
¨
encias (Matem´atica). 2. Grupos de homotopia. 3. Fibrados.
4. Grupos cl´assicos. 5. Sequˆencias exatas (Matem´atica). I. Vieira, Jo˜ao
Peres. II. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociˆencias,
Letras e Ciˆencias Exatas. III. T´ıtulo.
CDU - 517.52
ads:
Comiss
˜
ao Julgadora
Membros Titulares
Prof. Dr. Jo˜ao Peres Vieira
Profa. Dra. Erm´ınia de Lourdes Campello Fanti
Profa. Dra. Denise de Mattos
Membros Suplentes
Profa. Dra. Maria Gorete Carreira Andrade
Prof. Dr. Dirceu Penteado
“Comece por fazer o necess´ario,
depois o poss´ıvel, e de repente
estar´a por fazer o imposs´ıvel.”
(S˜ao Francisco de Assis)
Aos meus pais,
Gal˜ao e Cidinha,
dedico.
Agradecimentos
O meu maior agradecimento ´e
`
Aquele a quem devo tudo, que estar´aaomeu
lado sempre e por toda vida: Deus. ao bondoso e generoso Ele ´e, que colocou em
meu caminho pessoas imprescind´ıveis para que eu pudesse atingir esse objetivo e,
por isso, quero ao menos tentar agradecer a todos que me ajudaram:
meus pais Luiz e Cidinha, que sempre me deram ´otimos exemplos e nunca deixaram
que eu desistisse de estudar, mesmo que isso lhes custassem sacrif´ıcios;
meu irm˜ao Luiz Carlos, minha cunhada agila e meu extraordin´ario sobrinho e
afilhado, Gustavo, que veio para somar alegrias em minha vida;
minha tia Lena, a primeira pessoa que me fez gostar de matem´atica, sempre
presente, de prontid˜ao a tudo que eu precisasse;
meus av´os, Alcides e Deira, os quais amo muito, e tamb´em os que an˜ao est˜ao
mais aqui, Anonia, Luiz e Thereza, sei que fizeram muito por mim;
o Prof. Dr. Jo˜ao Peres Vieira, por toda dedica¸ao, paciˆencia, aten¸ao e
compreens˜ao para comigo, pela orienta¸ao, pela ajuda no meu crescimento pessoal
e por enriquecer meus conhecimentos;
o Prof. Dr. Jo˜ao Carlos F. Costa, pela disponibilidade em preparar e desenvolver
o est´agio de docˆencia.
a Profa. Dra. Erm´ınia de Lourdes C. Fanti, pela orienta¸ao durante a gradua¸ao,
por despertar em mim o gosto pela Topologia Alg´ebrica, al´em de toda colabora¸ao
no mestrado e por ter aceito fazer parte da banca de defesa da desta dissert˜ao;
a Profa. Dra. Denise de Mattos, pela aten¸ao e dicas para melhorar este trabalho
e por tamb´em ter aceito estar presente na banca;
a Profa. Dra. Maria Gorete C. Andrade, sou muito grato pela coopera¸ao, sempre
disposta a ajudar;
a Profa. Dra. Rita de assia P. Lamas, minha primeira orientadora da gradua¸ao,
nunca deixou de me apoiar e aconselhar, at´e mesmo durante a p´os-gradua¸ao;
o Prof. Dr. Pedro Paulo Scandiuzzi, por ajudar na minha forma¸ao, pela carona
a Rio Claro e pela conversa que, talvez mesmo sem saber, me ajudou em decis˜oes
importantes;
todos os professores que colaboraram com minha forma¸
ao
durante esses anos;
os meus amigos de mestrado, alguns com os quais tive pouco contato, mas ao
grandes pessoas e admiro-os demais: Pedro, Rafael, Marcos, Aline, Cibele, Durval
e Valdir;
Eduardo e Alessandra, amigos da matem´atica aplicada que s˜ao extraordin´arios;
Juliana, Andr´eia e Liliane. Sem elas minha gradua¸ao ao teria sido a mesma.
Formid´aveis e inesquec´ıveis;
os meus amigos de Mirassol, aqueles que ajudaram em todos os momentos,
principalmente nos pessoais, Fl´avia Manzano, Ana, Fernandinha, Fl´avia Zonta,
ılvia, Eduardo e Felipe. Podem n˜ao saber, mas tˆem grande importˆancia em minha
vida;
minha amiga Luana, pelo aux´ılio nas figuras desse trabalho.
Carlos e Lindsay, amigos que est˜ao longe, mas nem por isso perdemos o contato,
ao contr´ario, s˜ao amizades que se fortalecem cada vez mais. Adoro-os.
meus amigos do Handebol. Fam´ılia Handebol Rio Preto, em especial, Lara,
Luciane, Leda, Ariadine, Aline, Mafˆe e Elton com os quais tenho mais contato.
Muitas foram as viagens e os momentos de alegria, sempre unidos, e mesmo quando
eu precisava estudar todos compreendiam. Respons´aveis por grande parte dos
meus bons momentos de descontra¸ao. Nesses amigos tamb´em incluo o Handebol
IBLCE/Unesp, Handebol FAMERP, Handebol Catanduva;
os meus amigos do mestrado, com os quais caminhei parte da gradua¸ao e esses
dois anos. Foram os pilares que me sustentaram. Obrigado Carol e Agnaldo, por
toda ajuda e companheirismo, at´e mesmo nos momentos cr´ıticos que passamos.
Grasiele, valeu pela disponibilidade, pela alegria que contagia e pelo carinho.
Vinicius, por todo aux´ılio, at´e mesmo em arias caronas, pelos momentos de risadas
e divertimento, meu muito obrigado. E sou eternamente grato `a Ligia, que me
incentivou a fazer o ver˜ao para o mestrado, nunca deixou que eu desistisse, me
auxiliou em tudo e, at´e mesmo quando eu estava chateado, encontrava palavras para
me por para cima. Por mais que eu tente, n˜ao tenho palavras para agradecˆe-los.
a CAPES, pelo financiamento desses estudos.
Obrigado a todos, de cora¸ao.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo principal o c´alculo do grupo de homotopia de
alguns grupos cl´assicos, como o grupo das rota¸oes do espa¸co euclidiano R
n
, SO(n),
o grupo unit´ario U(n), seu subgrupo especial unit´ario SU(n) e o grupo simpl´etico
Sp(n). Para esses c´alculos usaremos seq
¨
encias exatas e propriedades relacionadas
`a fibrados.
Palavras-chave: Seq
¨
encias Exatas, Fibrados, Grupos Cl´assicos, Grupos de
Homotopia.
Abstract
The main purpose of this work is to calculate homotopy groups of some classical
groups as the rotation groups of the euclidean space R
n
, SO(n), the unitary group
U(n), your special unitary subgroup SU(n) and the symplectic group Sp(n). For
these calculus we will use exact sequences and properties relacionated to the fibre
bundle.
Keywords: Exact Sequences, Fibre Bundle, Classical Groups, Homotopy Groups.
Sum´ario
Introdu¸ao vii
1 Preliminares 1
1.1 Seq
¨
encias Exatas de R-M´odulos .......................... 1
1.2 Espa¸cos S´olidos . ................................... 2
1.3 Posto de uma Aplica¸ao ............................... 3
1.4 Espa¸co Projetivo Real ................................ 4
1.5
´
Algebra dos Quat´ernios ................................ 4
1.6 Homotopia....................................... 6
2 Grupo de Homotopia 11
2.1 Grupo Fundamental . ................................ 11
2.2 GruposdeHomotopiadeOrdemSuperior ..................... 12
2.3 Propriedades Elementares .............................. 20
3 Fibrados 29
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado ...................... 30
4 Grupos Cl´assicos 41
4.1 Grupo das Rota¸oes do R
n
(SO(n))......................... 41
4.2 Grupos Unit´arios (U(n)eSU(n)).......................... 41
4.3 Grupo Simpl´etico (Sp(n)) .............................. 42
4.4 Exemplos de Fibrados ................................ 42
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos .................... 46
5C´alculo de Grupos de Homotopia dos Grupos Cl´assicos 59
5.1 Grupo SO(n) ..................................... 59
5.2 Grupo U(n)eSU(n)................................. 63
5.3 Grupo Sp(n) ..................................... 66
5.4 Mais c´alculos de Grupos de Homotopia dos Grupos Cl´assicos........... 68
5.5 Resultados obtidos .................................. 72
Referˆencias Bibliogr´aficas 72
´
Indice Remissivo 74
Introdu¸ao
Ano¸ao de grupo fundamental de um espa¸co X com ponto base x
0
em X,
π
1
(X, x
0
), deve-se ao matem´atico francˆes Henri Poincar´e (1854-1912) e ´e o invariante
topol´ogico mais simples associado ao conceito de homotopia, que por sua vez ´ea
id´eia mais importante da topologia alg´ebrica. O grupo de homotopia de ordem
superior do espa¸co X, usualmente denotado por π
n
(X, x
0
) n 2, ´e, de certo modo,
uma extens˜ao natural do conceito de grupo fundamental e sua defini¸ao foi dada nos
anos 1932-1935 por Eduard Cech (1893-1960) e Witold Hurewicz (1904-1956). Foi
Hurewicz quem deu a defini¸ao mais satisfat´oria para os grupos de homotopia de
ordem superior e provou as propriedades fundamentais. a o conceito de fibrados
ganhou espa¸co na matem´atica no per´ıodo de 1935-1940 e sua primeira defini¸ao
geral foi dada por H. Whitney.
Neste trabalho, mostraremos que a todo fibrado pode ser associado uma
seq
¨
encia exata e, atrav´es de tal seq
¨
encia, pode-se calcular o grupo fundamental
e o grupo de homotopia de ordem superior de um espa¸co topol´ogico X. Aqui,
trabalharemos especificamente com os grupos cl´assicos, isto ´e, o grupo das rota¸oes
do espa¸co euclidiano R
n
, o grupo unit´ario e seu subgrupo especial unit´ario, al´em do
grupo simpl´etico.
No cap´ıtulo 1 apresentaremos os pr´e-requisitos asicos para o desenvolvimento
deste trabalho. Dentre eles destacam-se a defini¸ao de ´algebra dos quat´ernios,
necess´aria para definir o grupo simpl´etico, bem como para mostrar algumas
propriedades dos grupos cl´assicos, e o conceito de homotopia, em especial,
homotopia de caminhos fechados (la¸cos), de onde se define o grupo fundamental.
No cap´ıtulo 2 definiremos o grupo fundamental e o grupo de homotopia de ordem
superior. Relacionado ao grupo fundamental, definiremos o importante conceito
de espa¸cos simplesmente conexos. Em rela¸ao ao grupo de homotopia de ordem
vii
superior, daremos ˆenfase ao grupo de homotopia relativa e, atrav´es do operador
bordo e do homomorfismo induzido, definiremos a seq
¨
encia de homotopia de uma
tripa (X, A, x
0
), sendo X um espa¸co topol´ogico, A um subespa¸co de X e x
0
o ponto
base de X. Mostraremos ainda que tal seq
¨
encia ´e exata.
O cap´ıtulo 3 ´e inteiramente dedicado a fibrados. Nele, al´em da defini¸ao,
mostraremos que a todo fibrado est´a relacionado uma seq
¨
encia exata de homotopia.
O principal resultado deste cap´ıtulo ´e o Corol´ario 3.1.1 que nos permite definir a
seq
¨
encia de homotopia de um fibrado e em seguida provarmos que ela ´e exata.
No cap´ıtulo 4 estudaremos os grupos cl´assicos, que ao eles: grupo das
rota¸oes do espa¸co euclidiano R
n
, grupo unit´ario, grupo especial unit´ario e o grupo
simpl´etico, denotados respectivamente por SO(n), U(n), SU(n)eSp(n); e veremos
arias propriedades relacionadas a tais grupos, como por exemplo a existˆencia de
um homeomorfismo entre o grupo U(n) e o produto cartesiano de seu subgrupo
SU(n) e a esfera S
1
. Tamb´em definiremos fibra¸oes localmente triviais e daremos
alguns exemplos.
Por fim, no cap´ıtulo 5 calcularemos o grupo fundamental e o grupo de homotopia
de ordem superior dos grupos cl´assicos. Para o grupo de homotopia de ordem
superior at´eon´ıvel 3 faremos os c´alculos para todo n. Por´em, quando o n´ıvel varia
de 4 a 6, os c´alculos s˜ao espec´ıficos para alguns grupos. Terminamos exibindo uma
tabela contendo todos os resultados obtidos neste trabalho.
viii
Cap
´
ıtulo
1
Preliminares
1.1 Seq
¨
encias Exatas de R-M´odulos
Seja R um anel comutativo com unidade.
Defini¸ao 1.1.1 Uma seq
¨
encia finita ou infinita
...−→ X
f
−→ Y
g
−→ Z −→ ...
de homomorfismos de R-m´odulos, ´e dita uma seq
¨
encia exata no R-m´odulo Y se a imagem do
homomorfismo f coincide com o Kernel do homomorfismo g (Im(f)=Ker(g)). A sequˆencia
´e dita simplesmente exata se isso acontece em todo R-m´odulo.
Uma seq
¨
encia exata do tipo
0 −→ X
f
−→ Y
g
−→ Z −→ 0
´e dita uma seq
¨
encia exata curta.
Defini¸ao 1.1.2 Seja A um subm´odulo de um R-m´odulo X. Diz-se que um subm´odulo A
1
X
´e um suplementar de A se X = A A
1
.
Um subm´odulo que admite um suplementar diz-se um somando direto de X.
Defini¸ao 1.1.3 Uma sequˆencia exata curta de R-m´odulos
0 −→ X
f
−→ Y
g
−→ Z −→ 0
cinde se X
=
Im(f)=Ker(g) ´e um somando direto de Y .Da´ı, Y
=
X Z.
1
1.1 Seq
¨
encias Exatas de R-M´odulos
Defini¸ao 1.1.4 Um R-m´odulo M ´e livre se existe um subconjunto X M tal que
(1) Dado m M, existe x
1
, ..., x
r
X e λ
1
, ..., λ
r
R tal que
m = λ
1
x
1
+ ... + λ
r
x
r
;
(2) Se x
1
, ..., x
r
X e λ
1
, ..., λ
r
R ao tais que
λ
1
x
1
+ ... + λ
r
x
r
=0 M λ
1
= λ
2
= ... = λ
r
=0 R.
Em outras palavras, dizemos que, M ´eumR-m´odulo livre se ele admite uma base.
Defini¸ao 1.1.5 Uma fam´ılia {x
i
}
iI
de elementos de um R-m´odulo X diz-se livre se para
todo (λ
i
)
iI
R
(I)
tem-se
iI
λ
i
x
i
=0 λ
i
=0, i I.
Exemplo 1.1.1 anel Z dos n´umeros inteiros ´eumZ-m´odulo livre.
Proposi¸ao 1.1.1 Dada uma seq
¨
encia exata curta de R-m´odulos
0 −→ X
f
−→ Y
g
−→ Z −→ 0,
se Z ´e livre, a seq
¨
encia cinde. Ent˜ao Y
=
X Z.
Demonstra¸ao: ([6], Corol´ario 1, p. 65).
1.2 Espa¸cos S´olidos
Defini¸ao 1.2.1 Um espco Y ´e chamado olido se, para quaisquer espco normal X,
subconjunto fechado A de X e aplicao f : A −→ Y , existe uma aplicao f
: X −→ Y
tal que a restri¸ao f
|
A
= f.
Observao 1.2.1 O Teorema da Extens˜ao de Tietze (veja [8], p. 212) afirma que qualquer
intervalo de umeros reais (aberto ou fechado) ´e um espco s´olido. Dessa forma, o produto
topol´ogico de uma fam´ılia de espcos s´olidos tamb´em ´e um espco s´olido, basta estender cada
componente da fun¸ao. Da´ı segue-se que o espco euclidiano R
n
e o cubo fechado n-dimensional
ao olidos. Assim, as n-c´elulas abertas e fechadas tamb´em ao olidos, por serem homeomorfas
ao R
n
e ao cubo fechado n-dimensional, respectivamente, e pelo fato que ser olido ´e propriedade
topol´ogica.
arias propriedades est˜ao intimamente relacionadas ao conceito de espa¸cos olidos. Para
enunciarmos a propriedade que nos interessa usaremos a seguinte
2
1.2 Espa¸cos S´olidos
Defini¸ao 1.2.2 Sejam Z um espco topol´ogico e Y um subespco de Z. Uma aplicao
cont´ınua r : Z −→ Y chama-se uma retrao quando se tem r(y)=y para todo y Y ,
ou seja, quando r |
Y
= id
Y
.
Quando existe uma retrao r : Z −→ Y o subespco Y chama-se um retrato do espco Z.
Um espco m´etrico compacto Y ´e chamado um retrato absoluto se for retrato de qualquer
espco m´etrico separ´avel que cont´em Y .
Propriedade 1.2.1 Para um espco m´etrico compacto Y , ser retrato absoluto ´e equivalente a
ser s´olido.
Demonstra¸ao: (Ver [9], p. 55).
1.3 Posto de uma Aplica¸ao
Defini¸ao 1.3.1 O posto de uma transforma¸ao linear T : R
m
−→ R
n
´e a dimens˜ao de
sua imagem T (R
m
), isto ´e, o n´umero aximo de vetores linearmente independentes entre
T (e
1
), ..., T (e
m
), onde {e
1
, ..., e
m
} ´e a base canˆonica de R
m
, ou, equivalentemente, o umero
aximo de colunas linearmente independentes da matriz de T.
Defini¸ao 1.3.2 O posto de uma aplicao diferenci´avel f : U −→ R
n
num ponto x U R
m
´e o posto de sua derivada f
(x):R
m
−→ R
n
.
Quando o posto de uma aplica¸ao f ´e o mesmo, para qualquer ponto do aberto U a qual
est´a definida, dizemos que f possui posto constante.
Defini¸ao 1.3.3 Uma imers˜ao do aberto U R
m
no espco euclidiano R
n
´e uma aplicao
diferenci´avel f : U −→ R
n
tal que, para cada x U, a derivada f
(x):R
m
−→ R
n
´e uma
transforma¸ao linear injetiva.
Defini¸ao 1.3.4 Uma aplicao diferenci´avel f : U −→ R
n
, definida num aberto U R
m
,
chama-se uma submers˜ao quando, para cada x U, sua derivada f
(x):R
m
−→ R
n
´e uma
transforma¸ao linear sobrejetiva.
Uma imers˜ao f : U −→ R
n
, definida num aberto U R
m
, tem posto m em todos os pontos
x U e uma submers˜ao tem posto n em qualquer ponto
Defini¸ao 1.3.5 Seja U R
m
um aberto. Uma aplicao f : U −→ R
n
´e dita localmente
injetiva se todo ponto x U possui uma vizinhan¸ca V tal que f|
V
´e injetiva.
Proposi¸ao 1.3.1 Seja f : U −→ R
n
de classe C
1
, com posto constante no aberto U R
m
.
Ent˜ao:
i) f ´e localmente injetiva se, e somente se, ´e uma imers˜ao;
ii) f ´e aberta se, e somente se, ´e uma submers˜ao.
Demonstra¸ao: Vide [2], Corol´ario, p.301.
3
1.4 Espa¸co Projetivo Real
1.4 Espa¸co Projetivo Real
O espa¸co projetivo real n-dimensional ´e o espa¸co quociente da esfera unit´aria S
n
pela rela¸ao
de equivalˆencia segundo a qual, para cada ponto x S
n
, x x ou x ∼−x, onde x denota
oant´ıpoda de x. Cada ponto a P
n
´e portanto uma classe de equivalˆencia a =[x]={x, x},
x S
n
. Logo,
P
n
=
S
n
,
isto ´e, P
n
= {[x]={x, x}; x S
n
}.
Indicaremos por p : S
n
−→ P
n
a proje¸ao natural, que associa a cada ponto x S
n
sua
classe de equivalˆencia p(x)={x, x}.
A topologia de P
n
´e a topologia quociente, isto ´e, um conjunto A P
n
´e aberto se, e
somente se, sua imagem inversa p
1
(Ae um subconjunto aberto da esfera S
n
.
Esta topologia torna a aplica¸ao quociente p cont´ınua. Ainda, o espa¸co P
n
´e um espa¸co de
Hausdorff, o qual ´e compacto, por ser imagem do compacto S
n
pela aplica¸ao cont´ınua p.
A propriedade fundamental da topologia quociente, neste caso, ´e a seguinte: se f : S
n
−→ Y
´e uma aplica¸ao cont´ınua tal que f(x)=f(x) para todo x S
n
,ent˜ao existe uma ´unica
aplica¸ao cont´ınua
f : P
n
−→ Y tal que f p = f. A aplica¸ao f diz-se obtida de f por
passagem ao quociente. Em outras palavras, temos o diagrama comutativo:
S
n
f
Y
p
¯
f
P
n
1.5
´
Algebra dos Quat´ernios
Nesse trabalho usaremos a
´
Algebra dos Quat´ernios, criada pelo matem´atico irlˆandes W.
Hamilton, com o objetivo de definir o Grupo Simpl´etico Sp(n), bem como relacionar o Grupo
SO(3) com o plano projetivo real P
3
.
O conjunto dos quat´ernios ´e o espa¸co euclidiano R
4
, munido da adi¸ao usual e de uma
multiplica¸ao com propriedades interessantes.
Um quat´ernio (w R
4
) ser´a denotado da seguinte forma
w = t + x · i + y · j + z · k.
Os vetores asicos 1, i, j, k ao chamados unidades. A unidade real ´e 1 = 1+0·i+0·j +0·k
e as unidades imagin´arias s˜ao i, j, k. As opera¸oes de espa¸co vetoriais s˜ao as usuais do R
4
.
4
1.5
´
Algebra dos Quat´ernios
No espa¸co R
4
dos quat´ernios destacam-se dois subespa¸cos especiais:
R: conjunto dos quat´erinos reais t = t +0· i +0· j +0· k (tamb´em visto como o conjunto
dos escalares);
R
3
: conjunto dos quat´ernios imagin´arios puros x · i + y · j + z · k (tamb´em visto como o
conjunto dos vetores).
Observao 1.5.1 R
3
´e o complemento ortogonal de R em rela¸ao ao produto interno canˆonico
de R
4
.
A multiplica¸ao de quat´ernios fica definida, por bilinearidade, a partir do produto dos
elementos b´asicos, da seguinte maneira:
i
2
= j
2
= k
2
= 1,
i · j = j · i = k,
j · k = k · j = i,
k · i = i · k = j,
1 · i = i · 1=i,
1 · j = j · 1=j,
1 · k = k · 1=k.
Em rela¸ao a esta multiplica¸ao valem a distributividade, a associatividade, por´em ao vale
a comutatividade, conforme tabela anterior.
O conjugado de um quat´ernio w = t+x·i+y ·j +z ·k ´e definido por
w = t x· iy ·j z ·k.
Da´ı, se w = 0, tem-se:
w ·
w =(t + x · i + y · j + z · k) · (t x · i y · j z · k)=t
2
+ x
2
+ y
2
+ z
2
= ||w||
2
.
Enao,
w ·
w = ||w||
2
w ·
w
||w||
2
=1 w
1
=
w
||w||
2
.
Portanto, todo quat´ernio n˜ao nulo w possui um inverso multiplicativo w
1
=
w
||w||
2
.
Om´odulo de um quat´ernio satisfaz ||w·w
|| = ||w||·||w
||. Assim, a esfera S
3
R
4
(conjunto
dos quat´ernios de m´odulo 1) ´e um grupo relativamente `a multiplica¸ao de quat´ernios.
Neste caso, como ||w|| =1,w
1
= w.
Denotamos o corpo dos quat´ernios por H e, no espa¸co vetorial H
n
, os elementos ao vetores
5
1.5
´
Algebra dos Quat´ernios
v =(v
1
, ..., v
n
)ew =(w
1
, ..., w
n
)den quat´ernios, cujo produto interno ´e
v, w =
n
r=1
v
r
· w
r
.
Diz-se que os vetores v e w ao ortogonais quando v, w =0.
Lema 1.5.1 Se um quat´ernio w comuta com todo imagin´ario puro ent˜ao w ´e real. Se, al´em
disso, w S
3
, ent˜ao w = ±1.
Demonstra¸ao: Seja w = a + b · i + c · j + d · k. Por hip´otese, w · i = i · w.Da´ı,
w · i =(a + b · i + c · j + d · k) · i = a · i b c · k + d · j
i · w = i · (a + b · i + c · j + d · k)=a · i b + c · k d · j
c = d =0.
Logo, w = a + b · i.
Mas, w · j = j · w.En
t˜ao
w · j =(a + b · i) · j = a · j + b · k
j · w = j · (a + b · i)=a · j b · k
b =0.
Portanto, w = a ´e real.
Agora, se w S
3
, ||w|| = 1, de onde se conclui que w = ±1.
1.6 Homotopia
Aplica¸oes Homot´opicas: Sejam X e Y espa¸cos topol´ogicos. Duas aplica¸oes cont´ınuas
f,g : X −→ Y dizem-se homot´opicas quando existe uma aplica¸ao cont´ınua H : X × I −→ Y ,
onde I =[0, 1], tal que
H(x, 0) = f(x) eH(x, 1) = g(x), x X.
A aplica¸ao H chama-se uma homotopia entre f e g.
Nota¸ao:
f g ou H : f g.
Observao 1.6.1 Dar uma homotopia H : f ge equivalente a dar uma aplicao cont´ınua
H
t
: X −→ Y , para todo t I, definida por H
t
(x)=H(x, t). Logo, dada uma homotopia H,
conseguimos uma “fam´ılia cont´ınua a um parˆametro” (H
t
)
tI
de aplicoes de X em Y .
Note que, para t =0e t =1temos, respectivamente, H
0
(x)=H(x, 0) = f(x) e H
1
(x)=
H(x, 1) = g(x), ou seja, H
0
= f e H
1
= g.
Em outras palavras, a homotopia H deforma a aplicao f continuamente na aplicao g.
6
1.6 Homotopia
Para a prova da proposi¸ao a seguir, usaremos o
Lema 1.6.1 (Lema da Colagem) Sejam X e Y espcos topol´ogicos e A e B subconjuntos
fechados de X tais que A B = X. Sejam f : A −→ Y e g : B −→ Y aplicoes cont´ınuas
satisfazendo a condi¸ao: f(x)=g(x), para todo x A B. Ent˜ao a aplicao h : X −→ Y
definida por
h(x)=
f(x) sex A
g(x) sex B
´e cont´ınua.
Proposi¸ao 1.6.1 Sejam X e Y espcos topol´ogicos. A rela¸ao de homotopia, f ge uma
r
ela¸ao de equivalˆencia no conjunto das aplicoes cont´ınuas de X em Y .
Demonstra¸ao: Sejam f,g,h : X −→ Y cont´ınuas.
Reflexiva:
Definamos H : X × I −→ Y por H(x, t)=f(x). Por f ser cont´ınua, H tamb´em
e. Al´em disso,
H(x, 0) = f(x) eH(x, 1) = f(x), x X.
Portanto,
f f.
Sim´etrica:
Seja H : X × I −→ Y uma homotopia entre f e g.Ent˜ao
H(x, 0) = f(x) eH(x, 1) = g(x), x X.
Definamos K : X × I −→ Y por K(x, t)=H(x, 1 t). K ´e cont´ınua pois H ´e cont´ınua.
Ainda,
K(x, 0) = H(x, 1) = g(x) eK(x, 1) = H(x, 0) = f(x), x X.
Assim, K : g f.
Portanto,
f g g f.
7
1.6 Homotopia
Transitiva: Sejam H : f g e K : g h.Ent˜ao, para todo x X,
H(x, 0) = f(x) eH(x, 1) = g(x)
K(x, 0) = g(x) eK(x, 1) = h(x).
Definamos L : X × I −→ Y por:
L(x, t)=
H(x, 2t),se0 t
1
2
K(x, 2t 1),se
1
2
t 1.
Se t =
1
2
,
H(x, 2
1
2
)=H(x, 1) = g(x) eK(x, 2
1
2
1) = K(x, 0) = g(x).
Assim, pelo fato de H e K serem cont´ınuas, segue pelo Lema 1.6.1 (Lema da Colagem) que
L ´e cont´ınua.
Como
L(x, 0) = H(x, 0) = f(x) eL(x, 1) = K(x, 1) = h(x),
L : f h.
Portanto,
f geg h f h.
As classes de equivalˆencia segundo a rela¸ao de homotopia ao chamadas classes de
homotopia. A classe de homotopia de uma aplica¸ao cont´ınua f : X −→ Y ´e indicada por [f].
Homotopia de Caminhos
Vamos considerar um caso particular do conceito de geral de homotopia. Definiremos
homotopias de caminhos, isto ´e, de aplica¸oes cont´ınuas a : I −→ X, definidas no intervalo
compacto I =[0, 1].
Na defini¸ao de homotopia de caminhos exigiremos que, durante a homotopia, os extremos
dos caminhos sejam mantidos fixos. Assim, ´e necess´ario que os caminhos possuam as mesmas
extremidades.
Defini¸ao 1.6.1 Dizemos que a, b : I −→ X ao caminhos homot´opicos quando existir uma
aplicao H : I × I −→ X tal que, para todo s, t I,
H(s, 0) = a(s)
8
1.6 Homotopia
H(s, 1) = b(s)
H
t
(0) = H(0,t)=a(0) = b(0) = x
0
H
t
(1) = H(1,t)=a(1) = b(1) = x
1
.
Neste trabalho, consideraremos os caminhos fechados: aqueles em que a(0) = a(1), tamb´em
chamados de la¸cos.
Defini¸ao 1.6.2 Dois caminhos fechados a, b : I −→ X ao homot´opicos quando existe uma
aplicao cont´ınua H : I × I −→ X tal que, colocando a(0) = a(1) = b(0) = b(1) = x
0
X,
tem-se
H(s, 0) = a(s)
H(s, 1) = b(s)
H
t
(0) = H
t
(1) = x
0
para quaisquer s, t I.
Indicaremos por α =[a] a classe de homotopia do caminho a : I −→ X, isto ´e, o conjunto
de todos os caminhos em X que possuem as mesmas estremidades que a eques˜ao homot´opicos
a a, com extremos fixos durante a homotopia.
E indicaremos por e
x
o caminho constante, tal que e
x
(s)=x para todo s I. Para sua
classe de homotopia, usaremos a nota¸ao ε
x
=[e
x
].
9
1.6 Homotopia
Defini¸ao 1.6.3 Sejam a, b : I −→ X caminhos tais que o ponto final de a coincide com
o ponto inicial de b. Definimos a justaposi¸ao dos caminhos a e b como sendo a aplicao
ab : I −→ X dada por:
ab(t)=
a(2t),se0 t
1
2
b(2t 1),se
1
2
t 1.
Como a(1) = b(0), a aplica¸ao ab : I −→ X ´e bem definida e cont´ınua. Portanto, ab ´eum
caminho que come¸ca em a(0) e termina em b(1).
10
Cap
´
ıtulo
2
Grupo de Homotopia
2.1 Grupo Fundamental
Nesta se¸ao, consideraremos pares do tipo (X,x
0
), onde x
0
X ser´a chamado o ponto base
do espa¸co topol´ogico X. Os caminhos fechados a :(I,
˙
I) −→ (X, x
0
) ser˜ao chamados la¸cos
baseados em x
0
. O conjunto
˙
I ´e a fronteira de I, ou seja,
˙
I = {0, 1}.
Defini¸ao 2.1.1 O Grupo Fundamental do espco X com ponto base em x
0
, denotado por
π
1
(X, x
0
)e o conjunto formado pelas classes de homotopia de la¸cos baseados em x
0
, munido
da operao definida por [a][b]=[ab], sendo a e b la¸cos baseados em x
0
,eab a justaposi¸ao
desses caminhos .
O elemento neutro ´e a classe de homotopia ε = ε
x
0
=[e
x
0
] do caminho constante no ponto
x
0
.
O elemento inverso de uma classe de homotopia α =[ae definido por α
1
=[a
1
], onde
a
1
´e o caminho inverso do caminho a.
Exemplo 2.1.1 O grupo fundamental da circunferˆencia S
1
´e isomorfo ao grupo aditivo Z dos
inteiros.
A demonstra¸ao pode ser encontrada em [3], proposi¸ao 4, p. 57.
Exemplo 2.1.2 Para n 2, o grupo fundamental do espco projetivo P
n
possui dois
elementos, portanto ´e isomorfo a Z
2
.
A demonstra¸ao pode ser encontrada em [3], Corol´ario, p. 78.
Espcos Simplesmente Conexos
11
2.1 Grupo Fundamental
Defini¸ao 2.1.2 Um espco topol´ogico X ´e simplesmente conexo quando ´e conexo por
caminhos e π
1
(X, x
0
)={0} para todo x
0
X.
Isto significa que, para todo la¸co a : I −→ X, baseado em x
0
, tem-se a e
x
0
.
Exemplo 2.1.3 Se n>1, a esfera S
n
´e simplesmente conexa.
Veja [3], Proposi¸ao 7, p. 44.
Observamos que, no caso em que n =1,ac´ırcunferˆencia n˜ao ´e simplesmente conexa, visto
que seu grupo fundamental n˜ao ´e o trivial.
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
A defini¸ao do n-´esimo Grupo de Homotopia de um espa¸co X, π
n
(X, x
0
), ´e estritamente
an´aloga a do Grupo Fundamental. Substitu´ımos o intervalo I =[0, 1] pelo cubo n-dimensional
I
n
constitu´ıdo dos pontos t =(t
1
, ..., t
n
) pertencentes ao espa¸co R
n
tais que 0 t
i
1(i =
1, ..., n).
Uma (n-1)-face do cubo I
n
´e obtida fazendo-se um ou mais t
i
=0out
i
= 1. A uni˜ao das
(n-1)-faces forma o bordo
˙
I
n
de I
n
.
Considerando as aplica¸oes de I
n
em X que levam
˙
I
n
em x
0
, os elementos de π
n
(X, x
0
)s˜ao
as classes de homotopia de tais aplica¸oes.
Definamos a opera¸ao “ + ” entre duas aplica¸oes f
1
e f
2
por
(f
1
+ f
2
)(t)=
f
1
(2t
1
,t
2
, ..., t
n
); 0 t
1
1
2
f
2
(2t
1
1,t
2
, ..., t
n
);
1
2
t
1
1.
(2.1)
e assim temos a seguinte defini¸ao:
Defini¸ao 2.2.1 Sejam X um espco topol´ogico e x
0
X. π
n
(X, x
0
) ´e o conjunto das classes
de homotopias de aplicoes f : I
n
−→ X, tais que f(
˙
I
n
)={x
0
}. Esse conjunto, munido
da operao “+” definida por [f]+[g]=[f + g]e um grupo, chamado o nesimo Grupo de
Homotopia do espco X.
Um elemento de π
n
(X, x
0
) ser´a denotado por [f].
Observao 2.2.1 Se o bordo de um cubo n-dimensional ´e identificado a um ponto, obtemos
uma configurao topologicamente equivalente a da esfera S
n
e um ponto referencial s
0
em S
n
.
Da´ı segue-se que um elemento de π
n
(X, x
0
) pode ser visto como uma classe de homotopia de
uma aplicao de S
n
em X,coms
0
sendo levado em x
0
.
12
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
A (n-1)-face inicial do cubo I
n
, denotada por I
n1
e definida fazendo-se t
n
=0.
A uni˜ao de todas as (n-1)-faces restantes de I
n
´e denotada por J
n1
.
Enao,
˙
I
n
= I
n1
J
n1
e
˙
I
n1
= I
n1
J
n1
.
Quando n =2,
Vamos definir o Grupo de Homotopia Relativa de X odulo A.
Sejam X um espa¸co, A um subespa¸co de X e x
0
um ponto pertencente a A.
Uma aplica¸ao
f :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
) (2.2)
´e uma aplica¸ao cont´ınua de I
n
em X,quelevaI
n1
em A e J
n1
em x
0
.
Em particular, f leva
˙
I
n
em A e
˙
I
n1
em x
0
.
Denotaremos por F
n
(X, A, x
0
) o conjunto de todas as aplica¸oes f :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→
(X, A, x
0
). Quando n˜ao houver d´uvidas sobre o espa¸co, subespa¸co e ponto b´asico que estamos
trabalhando, denotaremos F
n
(X, A, x
0
)apenasporF
n
.
Quando f
1
e f
2
pertencerem `a F
n
, a soma f
1
+ f
2
ser´a definida de acordo com a equa¸ao
2.1.
Assim, se n 2et
1
=
1
2
, ambas fun¸oes se reduzem a x
0
.Da´ı, f
1
+f
2
pertence `a F
n
quando
n 2. Quando n =1,f
1
+ f
2
pertence `a F
n
se A = {x
0
}.
Com isso, podemos definir:
Defini¸ao 2.2.2 Duas aplicoes f
1
, f
2
pertencentes `a F
n
(X, A, x
0
) ao homot´opicas em
F
n
(X, A, x
0
)(e denota-se f
1
f
2
) se existir uma aplicao H : I
n
× I −→ X tal que, para
todo t pertencente `a I
n
,
H(t, 0) = f
1
(t),H(t, 1) = f
2
(t)
e para cada τ pertencente `a I, a aplicao H
τ
: I
n
−→ X definida por
H
τ
(t)=H(t, τ)
13
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
pertence `a F
n
(X, A, x
0
).
Com uma adequada Topologia de Espa¸cosdeFun¸oes em F
n
, podemos dizer que f
1
e f
2
ao ligadas por uma curva em F
n
.
Sejam f,g F
n
(X, A, x
0
). A rela¸ao de homotopia ´e:
Reflexiva
: Defina H : I
n
× I −→ X por H(t, τ)=f(t). H ´e cont´ınua pois f ´e cont´ınua.
Al´em disso, para todo t I
n
etodoτ I,
H(t, 0) = H(t, 1) = f(t),
H
τ
(I
n1
)=f(I
n1
) A,
H
τ
(J
n1
)=f(J
n1
)={x
0
}.
Logo,
f f.
Sim´etrica
: Seja H : f g.Ent˜ao, H(t, 0) = f(t), H(t, 1) = g(t), H
τ
(I
n1
) A e
H
τ
(J
n1
)={x
0
}, para todo t I
n
etodoτ I.
Consideremos K : I
n
× I −→ X, K(t, τ )=H(t, 1 τ ). Temos que K ´e cont´ınua e, para
todo t I
n
etodoτ I,
K(t, 0) = H(t, 1) = g(t),
K(t, 1) = H(t, 0) = f(t),
K
τ
(I
n1
)=H
1τ
(I
n1
) A,
K
τ
(J
n1
)=H
1τ
(J
n1
)={x
0
}.
Da´ı,
f g g f.
Transitiva
: Sejam H : f g e K : g h.Da´ı,
H(t, 0) = f(t),H(t, 1) = g(t),H
τ
(I
n1
) A, H
τ
(J
n1
)={x
0
}
e
K(t, 0) = g(t),K(t, 1) = h(t),K
τ
(I
n1
) A, K
τ
(J
n1
)={x
0
},
para todo t I
n
etodoτ I.
Definamos L : I
n
× I −→ X por L(t, τ )=
H(t, 2τ),se0 τ
1
2
K(t, 2τ 1),se
1
2
τ 1
.
14
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
Pelo Lema da Colagem 1.6.1, a aplica¸ao H ´e cont´ınua e est´a bem definida pois, se τ =
1
2
,
H(t, 1) = K(t, 0) = g(t), para todo t I
n
.
Al´em disso, para todo t I
n
etodoτ I,
L(t, 0) = H(t, 0) = f (t),
L(t, 1) = K(t, 1) = h(t),
L
τ
(I
n1
)=
H
τ
(I
n1
), 0 τ
1
2
K
τ
(I
n1
),
1
2
0 τ
L
τ
(I
n1
) A,
L
τ
(J
n1
)=
H
τ
(J
n1
), 0 τ
1
2
K
τ
(J
n1
),
1
2
0 τ
L
τ
(J
n1
)={x
0
}.
Portanto,
f geg h f h.
Desse modo, definimos
π
n
(X, A, x
0
)=
F
n
.
Se f
i
f
i
(i =1, 2) em F
n
, podemos combinar as duas homotopias para obter uma
homotopia f
1
+ f
2
f
1
+ f
2
. Sendo assim, se α, β ao elementos em π
n
com f
1
α e f
2
β,
todaa as somas f
1
+ f
2
pertencem `auma´unica classe de homotopia γ de π
n
. Desta forma,
definimos a adi¸ao em π
n
por α + β = γ.
Com rela¸ao `a essa adi¸ao, π
n
´e um grupo. A lei associativa ´e demonstrada exibindo uma
homotopia (f
1
+ f
2
)+f
3
f
1
+(f
2
+ f
3
). Tal homotopia ´e baseada na homotopia do eixo t
1
,
onde alongamos o intervalo [0,
1
4
]em[0,
1
2
], transladamos [
1
4
,
1
2
]em[
1
2
,
3
4
] e contra´ımos [
1
2
, 1] em
[
3
4
, 1].
O zero
do grupo ´e a classe de homotopia da aplica¸ao constante: f
0
(I
n
)={x
0
}. A rela¸ao
f
0
+ f f para toda f ´e provada deformando-se o intervalo I do eixo t
1
de forma que [0,
1
2
]
reduza a 0 e [
1
2
, 1] dilate para [0, 1].
Al´em do mais, uma aplica¸ao f F
n
com imagem contida em A representa o zero.
Isso pode ser visto do seguinte modo: seja H a homotopia de I
n
sobre si mesmo, a qual
contrai I
n
na face onde t
n
= 1. Tal homotopia ´e dada por
H(t, τ)=(t
1
, ..., t
n1
, (1 τ)t
n
+ τ).
Tomando t =(t
1
, ..., t
n
) I
n
,
H(t, 0) = (t
1
, ..., t
n1
,t
n
)=t,
15
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
e
H(t, 1) = (t
1
, ..., t
n1
, 1) J
n1
.
Enao, H
(t, τ)=f(H(t, τ )) ´e uma homotopia em F
n
de f em f
0
, pois
H
(t, 0) = f(t),
H
(t, 1) = f(t
1
, ..., t
n1
, 1) = x
0
= f
0
(t),
H
τ
(I
n1
)=f(H
τ
(I
n1
)) f(I
n
) A,
H
τ
(J
n1
)=f(H
τ
(J
n1
)) f(J
n1
)={x
0
},
para quaisquer t I
n
e τ I.
Se f F
n
,ent˜ao
f(t)=f(1 t
1
,t
2
, ..., t
n
)
tamb´em est´aemF
n
.Ef + f , f + f ao ambas homot´opicas a uma aplica¸ao constante. Desde
que
f = f, para ver isto ´e suficiente considerar f + f.
Temos
(f +
f)(t)=
f(2t
1
,t
2
, ..., t
n
); 0 t
1
1
2
f(2t
1
1,t
2
, ..., t
n
);
1
2
t
1
1.
Considerando H(t
1
, ..., t
n
)=
f(2t
1
,t
2
, ..., t
n
); 0 t
1
τ
2
f(τ,t
2
, ..., t
n
);
τ
2
t
1
1
τ
2
f(2t
1
1,t
2
, ..., t
n
); 1
τ
2
t
1
1
, tem-se
H(t
1
, ..., t
n
, 0) =
f(0,t
2
, ..., t
n
); se t
1
=0
f(0,t
2
, ..., t
n
); se 0 t
1
1
f(0,t
2
, ..., t
n
); se t
1
=1
H(t, 0) = x
0
,
H(t
1
, ..., t
n
, 1) =
f(2t
1
,t
2
, ..., t
n
); se 0 t
1
1
2
f(1,t
2
, ..., t
n
); se t
1
=
1
2
f(2t
1
1,t
2
, ..., t
n
); se
1
2
t
1
1
H(t, 1) = (f +
f)(t),
pois, se t
1
=
1
2
, f(2.
1
2
1,t
2
, .., t
n
)=f(1,t
2
, ..., t
n
).
16
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
Al´em disso,
H
τ
(I
n1
) A
e
H
τ
(J
n1
)={x
0
}.
Dessa forma, tomando G(t
1
, ..., t
n
)=H(t
1
, ..., t
n
, 1 τ ), obtemos uma homotopia entre
f +
f e uma constante.
Defini¸ao 2.2.3 O conjunto π
n
(X, A, x
0
), formado pelas classes de homotopias das aplicoes
f F
n
(X, A, x
0
) e com a operao “+”e um grupo chamado o Grupo de Homotopia Relativa
n-dimensional de X mod A com ponto base x
0
.
Tal grupo ´e definido para n 2. No caso em que A = {x
0
}, o grupo tamb´em ´e definido para
n = 1 e coincide com o grupo fundamental π
1
(X, x
0
). Em geral, quando A = {x
0
}, escrevemos
π
n
(X, x
0
).
A nota¸ao aditiva tem sido usada porque π
n
(X, x
0
e abeliano para n>1, e π
n
(X, A, x
0
)
´e abeliano para n>2. A id´eia da demonstra¸ao para o caso n = 3 est´a apresentada abaixo e
pode ser visualizada na figura seguinte:
Escolhemos um homeomorfismo ϕ entre o cubo de dimens˜ao 3 e um cilindro, cujo plano
t
1
=
1
2
´e um plano diametral. Uma rota¸ao do cilindro em 180
o
permutar´a suas duas metades.
A menos de homeomorfismo, a rota¸ao anterior corresponde a “rota¸ao” do cubo. Se f ´euma
aplica¸ao do cubo, a composi¸ao de f e a rota¸ao do cilindro ´e uma homotopia de f na aplica¸ao
f
r
. Como a rota¸ao permuta as duas metades do cilindro, obtemos, para f
1
,f
2
F
n
,
f
1
+ f
2
(f
1
+ f
2
)
r
= f
r
2
+ f
r
1
f
2
+ f
1
17
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
que ´e o resultado desejado.
Quando n = 2, a homotopia de rota¸ao ao mant´em o conjunto J
n1
em x
0
. No entanto,
a homotopia de rota¸ao se move em A. Mas se A = {x
0
}, o mesmo argumento mostra que
π
2
(X, x
0
e abeliano. A demosntra¸ao para n>e a mesma; visto que a rota¸ao ser´a no plano
(t
1
,t
2
) e as vari´aveis restantes n˜ao entram na constru¸ao.
Observao 2.2.2 Observe que f :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
) satisfaz f(I
n1
) A e
f(J
n1
)={x
0
}. Mas,
˙
I
n
= I
n1
J
n1
e x
0
A. Logo, f (
˙
I
n
) A.
Desse modo, a aplicao f tamb´em pode ser vista da seguinte maneira:
f :(I
n
,
˙
I
n
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
).
Desde que
(
I
n
J
n1
,
˙
I
J
n1
,
J
n1
J
n1
) (D
n
,S
n1
,s
0
),
uma defini¸ao alternativa para os elementos do grupo π
n
(X, A, x
0
) ´e a classe de homotopia de
aplicoes f :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, A, x
0
), onde D
n
´e o disco n-dimensional e s
0
um ponto em
S
n1
.
Observao 2.2.3 Para os c´alculos do cap´ıtulo 5 necessitaremos do conhecimento dos grupos
de homotopia da esfera S
n
, 1 n 6, para os n´ıveis de homotopia de 1 a 6.
(Os resultados abaixo podem ser vistos em [1],p.339 e [7],p.215).
π
k
(S
n
)
k
n 1 2 3 4 5 6
1 Z 0 0 0 0 0
2 0 Z Z Z
2
Z
2
Z
12
3 0 0 Z Z
2
Z
2
Z
12
4 0 0 0 Z Z
2
Z
2
5 0 0 0 0 Z Z
2
6 0 0 0 0 0 Z
π
k
(S
n
)=0, k<n;
π
n
(S
n
)=Z, n;
π
k
(S
1
)=0, k>1.
O Operador Bordo:
´e um homomorfismo
δ : π
n
(X, A, x
0
) −→ π
n1
(A, x
0
) (2.3)
18
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
definido escolhendo uma aplica¸ao f representando α em π
n
(X, A, x
0
) e restringindo f `a face
inicial I
n1
de I
n
.
Temos f(J
n1
)={x
0
}. Mas
˙
I
n1
= I
n1
J
n1
,ent˜ao f(
˙
I
n1
)={x
0
}.
Como
˙
I
n1
= I
n2
J
n2
, f restrita `a face I
n1
´e uma aplica¸ao
δf :(I
n1
,I
n2
,J
n2
) −→ (A, x
0
,x
0
).
A homotopia de f
0
em f
1
,emF
n
, restrita `a I
n1
× I fornece uma homotopia de δf
0
em δf
1
,
em F
n1
(A, x
0
). Portanto, f −→ δf induz uma aplica¸ao de classes de homotopia. E,
δ(f
1
+ f
2
)=δf
1
+ δf
2
.
A aplica¸ao 2.3 est´a bem definida e ´e um homomorfismo.
Desse modo, δ([f]) = [δf].
O Homomorfismo Induzido:
Seja h :(X, A, x
0
) −→ (Y, B,y
0
) uma aplica¸ao cont´ınua.
Para toda f pertencente a F
n
(X, A, x
0
) a composi¸ao h f pertence a F
n
(Y,B, y
0
).
Desse modo, h define uma aplica¸ao
h
: π
n
(X, A, x
0
) −→ π
n
(Y,B, y
0
)
por h
([f]) = [h f ], que ´e um homomorfismo, chamado homomorfismo induzido por h.
Proposi¸ao 2.2.1 O grupo de homotopia de um produto cartesiano X × Y ´e isomorfo ao
produto cartesiano dos grupos de homotopia de X e Y .
Demonstra¸ao: Consideremos os espa¸cos X, Y e x
0
, y
0
seus respectivos pontos base.
Consideremos tamb´em as aplica¸oes proje¸oes q
1
: X × Y −→ X e q
2
: X × Y −→ Y dadas
respectivamente por q
1
(x, y)=x e q
2
(x, y)=y.
Definimos η : π
n
(X × Y, (x
0
,y
0
)) −→ π
n
(X, x
0
) × π
n
(Y,y
0
)porη([f]) = (q
1
([f]),q
2
([f])).
Sendo [f], [g] π
n
(X × Y, (x
0
,y
0
)), a aplica¸ao η est´a bem definida pois
[f]=[g] f g
q
1
f q
1
g
q
2
f q
2
g
[q
1
f]=[q
1
g]
[q
2
f]=[q
2
g]
η([f]) = η([g]).
Al´em disso,
η([f]+[g]) = (q
1
([f]+[g]),q
2
([f]+[g])) = (q
1
([f]) + q
1
([g]),q
2
([f]) + q
2
([g])) =
=(q
1
([f]),q
2
([f]))+(q
1
([g]),q
2
([g])) = η([f]) + η([g]),
o que torna η um homomorfirsmo.
19
2.2 Grupos de Homotopia de Ordem Superior
Tem-se tamb´em
η([f]) = η([g]) (q
1
([f]),q
2
([f])) = (q
1
([g]),q
2
([g]))
q
1
([f]) = q
1
([g])
q
2
([f]) = q
2
([g])
[q
1
f]=[q
1
g]
[q
2
f]) = [q
2
g]
q
1
f q
1
g
q
2
f q
2
g
f g [f]=[g].
Desse modo, η ´e injetiva.
Tomando ([f], [g]) π
n
(X, x
0
) × π
n
(Y,y
0
), temos [f] π
n
(X, x
0
)e[g] π
n
(Y,y
0
). Enao
f : I
n
−→ X ´e tal que f(
˙
I
n
)={x
0
} e g : I
n
−→ Y ´e tal que g(
˙
I
n
)={y
0
}.
Com isso, definimos h : I
n
−→ X × Y por h(t)=(f(t),g(t)), onde h(
˙
I
n
)={(x
0
,y
0
)}.
Logo, [h] π
n
(X × Y, (x
0
,y
0
)) e
η([h]) = (q
1
([h]),q
2
([h])) = ([q
1
h], [q
2
h]) = ([f], [g]),
pois q
1
h(t)=f(t)eq
2
h(t)=g(t), para todo t I
n
.
Enao η ´e sobrejetiva.
Nessas condi¸oes, η ´e isomorfismo.
2.3 Propriedades Elementares
O grupo π
n
e os dois tipos de homomorfismos δ e h
, possuem algumas propriedades asicas.
Para enunciarmos uma das propriedades que necessitamos, precisamos da seguinte defini¸ao:
Defini¸ao 2.3.1 Sejam i :(A, x
0
) −→ (X, x
0
) e j :(X, x
0
,x
0
) −→ (X, A, x
0
) as aplicoes
inclus˜oes.
Aseq
¨
encia infinita de grupos e homomorfismos
...
δ
−→ π
n
(A, x
0
)
i
−→ π
n
(X, x
0
)
j
−→ π
n
(X, A, x
0
)
δ
−→
π
n1
(A, x
0
)
i
−→ ...
j
−→ π
2
(X, A, x
0
)
δ
−→ π
1
(A, x
0
)
i
−→ π
1
(X, x
0
)
´e chamada aseq
¨
encia de homotopia da tripla (X, A, x
0
).
Para mostrar que a seq
¨
encia acima ´e exata, necessitaremos da seguinte:
Proposi¸ao 2.3.1 (Crit´erio da Compress˜ao) Uma aplicao f :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→
(X, A, x
0
) representa o zero em π
n
(X, A, x
0
) se, e somente se, f ´e homot´opica relativamente a
S
n1
`a uma aplicao que possui imagem contida em A.
20
2.3 Propriedades Elementares
Demonstra¸ao:(=) Suponhamos que f :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, A, x
0
) representa o zero em
π
n
(X, A, x
0
), ou seja, [f] = 0. Enao existe uma homotopia entre a aplica¸ao f e uma aplica¸ao
constante em x
0
.
Seja F : D
n
× I −→ X tal homotopia. Da´ı, para todo x D
n
,
F (x, 0) = f (x) eF(x, 1) = x
0
,
e para todo t I etodou S
n1
,
F
t
(u) AeF
t
(s
0
)=x
0
.
Observe que existe uma fam´ılia de n-discos (a menos de homeomorfismos) em D
n
× I,
iniciando em D
n
×{0} e terminando em D
n
×{1}∪S
n1
× I, a saber, F =(
D
n
t
)
tI
, dados por
D
n
t
= D
n
×{t}∪S
n1
× [0,t].
Ilustrando para o caso n =2.
Note que
D
n
t
= S
n1
×{0}⊂D
n
× I, para todo t I, ou seja, todos os discos dessa
fam´ılia possuem o mesmo bordo e D
n
× I =
tI
D
n
t
.
Definamos uma homotopia
˜
F : D
n
× I −→ X, onde
˜
F = F |
F
.
˜
F (x, 0) = F |
F
(x, 0) = F (x, 0) = f(x), x D
n
.
Definamos g(x):=
˜
F (x, 1).
g(D
n
)=
˜
F (D
n
×{1})=F |
F
(D
n
×{1})=F (D
n
×{1})={x
0
}⊂A.
Enao
g(D
n
) A.
Al´em disso, para todo t I e para todo u S
n1
,
˜
F (u, t)=F |
F
(u, t) A
e
˜
F (s
0
,t)=F |
F
(s
0
,t)=x
0
.
21
2.3 Propriedades Elementares
Nessas condi¸oes, f ´e homot´opica a uma aplica¸ao g em F
n
(X, A, x
0
), onde g possui imagem
contida em A.
(=) Suponhamos que f :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, A, x
0
) seja homot´opica `a uma aplica¸ao
g :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, A, x
0
)emF
n
(X, A, x
0
) e tal que g(D
n
) A.
Sendo H : D
n
× I −→ X tal homotopia, temos
H(x, 0) = f(x) eH(x, 1) = g(x), x D
n
,
e para todo t I,
H
t
(S
n1
)=H(S
n1
× I) AeH
t
(s
0
)=H({s
0
I)={x
0
}.
Afirma¸ao 2.3.1 [g]=0em π
n
(X, A, x
0
).
De fato, como D
n
´e convexo, ent˜ao definamos uma aplica¸ao cont´ınua F : D
n
× I −→ D
n
por
F (x, t)=(1 t)s
0
+ tx (segmento ligando s
0
`a x).
F (x, 0) = (1 0)s
0
+0s
0
= s
0
eF(x, 1) = (1 1)s
0
+1x = x = id
D
n
(x),
para qualquer x D
n
.
Tomemos a aplica¸ao F
: D
n
× I −→ X dada por F
(x, t)=g F (x, t).
F
(x, 0) = g F (x, 0) = g(s
0
)=x
0
eF
(x, 1) = g F (x, 1) = g(x),
para qualquer x D
n
. E para todo t I,
F
t
(S
n1
)=F
(S
n1
× I)=g F (S
n1
× I) g(D
n
) A
e
F
t
(s
0
)=g F (s
0
)=g((1 t)s
0
+ ts
0
)=g(s
0
ts
0
+ ts
0
)=g(s
0
)=x
0
.
Portanto,
g cte(x
0
) [g]=0.
Nessas condi¸oes,
[f]=[g] e [g]=0 em π
n
(X, A, x
0
).
Logo,
[f]=0 em π
n
(X, A, x
0
).
22
2.3 Propriedades Elementares
A propriedade que necessitamos ´e a seguinte:
Propriedade 2.3.1 Asequˆencia de homotopia da tripla (X, A, x
0
) ´e exata.
Demonstra¸ao: Mostremos que Im(j
)=Ker(δ)emπ
n
(X, A, x
0
).
π
n
(X, x
0
)
j
−→ π
n
(X, A, x
0
)
δ
−→ π
n1
(A, x
0
)
Sejam α π
n
(X, x
0
)ef F
n
(X, x
0
) tal que α =[f]. Da´ı,
f : I
n
−→ X
f(I
n1
)={x
0
}
f(J
n1
)={x
0
}
Como j :(X, x
0
,x
0
) −→ (X, A, x
0
), tem-se
j f : I
n
−→ X
j f(I
n1
)={x
0
}⊂A
j f(J
n1
)={x
0
}
Enao
j
(α)=[j f].
Assim,
δ(j
(α)) = δ([j f]).
Mas, pela defini¸ao de δ,
δ([j f]) = [(j f) |
I
n1
]=[x
0
]=0.
Logo,
δ(j
(α)) = 0 j
(α) Ker(δ).
Portanto,
Im(j
) Ker(δ).
Sejam agora f :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
) tal que δ([f]) = 0 π
n1
(A, x
0
).
Enao, f |
I
n1
g, g :(I
n1
,I
n2
,J
n2
) −→ (A, x
0
)eg(I
n1
)={x
0
}.
Seja H : I
n1
× I −→ A tal homotopia. Ent˜ao,
H(x, 0) = f |
I
n1
(x),
23
2.3 Propriedades Elementares
H(x, 1) = g(x)=x
0
,
H
t
(I
n2
)={x
0
},
H
t
(J
n2
)={x
0
}.
Estenderemos H a uma aplica¸ao H
da seguinte forma:
H
(x, t)=
H(x, t),se(x, t) I
n1
× I
f(x),se(x, t) I
n
×{0}
x
0
,se(x, t) J
n1
× I
.
Dessa forma, H
passa a ser definida em E =(I
n
×{0}) (
˙
I
n
× I)e´e cont´ınua.
O conjunto E ´e exatamente uma n-c´elula sobre o bordo da (n +1)-c´elula I
n
× I. Dessa
forma, pela observao 1.2.1, E ´eums´olido.
Al´em disso, E ´e um espa¸co m´etrico compacto. Ent˜ao, pela propriedade 1.2.1, E ´e um retrato
absoluto. Dessa forma, existe uma retra¸ao r : I
n
× I −→ E.
I
n
× I
r
−→ E
H
−→ X
Da composi¸ao entre a homotopia H
e a retra¸ao r resulta uma homotopia H
r : I
n
×I −→
X.
Consideremos uma aplica¸ao f
: I
n
−→ X, de forma que f
(
˙
I
n
)={x
0
}. Como
˙
I
n
=
I
n1
J
n1
, tem-se
f
(I
n1
)={x
0
} ef
(J
n1
)={x
0
},
ou seja,
f
F
n
(X, x
0
).
Compondo j com f
, obtemos a aplica¸ao j f
:(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
), e vamos
defini-la por j f
(x)=H
r(x, 1). Enao,
H
r(x, 0) = H
(x, 0) = f(x),
H
r(x, 1) = j f
(x),
H
r F
n
(X, A, x
0
), pois
H
r(I
n1
× I) A
H
r(J
n1
× I)={x
0
}
.
Logo,
[j f
]=[f] j
([f]) = [f] [f] Im(j
).
Portanto, Ker(δ) Im(j
).
24
2.3 Propriedades Elementares
Nessas condi¸oes,
Ker(δ)=Im(j
).
Exatid˜ao em π
n
(X, x
0
).
Seja f :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (A, x
0
) uma aplica¸ao de forma que [fe um elemento em
π
n
(A, x
0
). Compondo as aplica¸oes j, i e f, obtemos a aplica¸ao
j i f :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, A, x
0
).
Mas,
f(D
n
) A j i f(D
n
) A,
ou seja, j i f j i f em F
n
(X, A, x
0
)ej i f(D
n
) A. Logo, pelo Crit´erio da
Compress˜ao, [j i f] representa o zero em π
n
(X, A, x
0
). Assim,
[j i f]=0 j
i
([f]) = 0.
Portanto,
Im(i
) Ker(j
).
De maneira an´aloga, seja f :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, x
0
) tal que j
([f]) = 0 em π
n
(X, A, x
0
),
ou seja, [j f ] = 0. Pelo Crit´erio da Compress˜ao, j f g, g :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, A, x
0
)e
g(D
n
) A.Ent˜ao, existe H : D
n
× I −→ X de forma que
H(x, 0) = j f (x)
H(x, 1) = g(x)
H
τ
(S
n1
) A
H
τ
(s
0
)=x
0
.
Consideremos h :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (A, x
0
) definida por
h(x)=g(x),sex Int(D
n
),
h(x)=x
0
,sex
˙
D
n
= S
n1
.
Compondo h com a aplica¸ao i, obtemos i h :(D
n
,S
n1
,s
0
) −→ (X, x
0
).
Observe que, se x Int(D
n
),
i h(x)=i g(x)=g(x).
Esex S
n1
,
i h(x)=f(x)=g(x)=x
0
.
25
2.3 Propriedades Elementares
Vamos definir K : D
n
× I −→ X por K(x, t)=
H(x, t),sex Int(D
n
),
x
0
,sex S
n1
.
Dessa forma,
K(x, 0) =
H(x, 0) = j f (x)=f(x),sex Int(D
n
),
x
0
= f(x),sex S
n1
.
K(x, 1) =
H(x, 1) = g(x)=i h(x),sex Int(D
n
),
x
0
= i h(x),sex S
n1
.
K
τ
(S
n1
)={x
0
}
K
τ
(s
0
)={x
0
}.
Assim, f ´e homot´opica `a i h, de onde resulta que
[i h]=[f] i
[h]=[f],
ou seja,
Ker(j
) Im(i
).
Logo,
Ker(j
)=Im(i
).
Exatid˜ao em π
n
(A, x
0
).
Seja [f] π
n+1
(X, A, x
0
), onde f :(I
n+1
,I
n
,J
n
) −→ (X, A, x
0
).
Temos que δ([f]) = [f |
I
n
], e f |
I
n
:(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (A, x
0
). Compondo com a aplica¸ao
i, i f |
I
n
:(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, x
0
).
Consideremos g :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, x
0
) a aplica¸ao constante em x
0
(g(x)=x
0
, x
I
n
).
Definimos H : I
n
× I −→ X por
H(x, τ)=H(t
1
, ..., t
n
)=i f |
I
n
((1 τ)t
1
+ τ,(1 τ )t
2
, ..., (1 τ)t
n
),
sendo x =(t
1
, ..., t
n
).
Com isso,
H(x, 0) = H(t
1
, ..., t
n
, 0) = i f |
I
n
(t
1
,t
2
, ..., t
n
)=i f |
I
n
(x)
H(x, 1) = H(t
1
, ..., t
n
, 1) = i f |
I
n
(1, 0, ..., 0) = x
0
= g(x)
H
τ
(I
n1
)=i f |
I
n
(I
n1
)={x
0
}
26
2.3 Propriedades Elementares
H
τ
(J
n1
)=i f |
I
n
(J
n1
)={x
0
}.
Dessa forma, i f |
I
n
g.Ent˜ao, [i f |
I
n
]=0.
Da´ı,
i
δ([f]) = i
([f |
I
n
]) = [i f |
I
n
]=0.
Portanto,
Ker(i
) Im(δ).
Tomemos agora, [f] Ker(i
), f :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (A, x
0
). Da´ı, i
([f])=[i f]=0
em π
n
(X, x
0
). Pelo crit´erio da compress˜ao, i f g, onde g :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, x
0
)e
g(I
n
)={x
0
}.
Sendo F : I
n
× I −→ X a homotopia entre i f e g, temos
F (x, 0) = g(x)=x
0
F (x, 1) = i f(x)
F
τ
(I
n1
)={x
0
}
F
τ
(J
n1
)={x
0
}
quaisquer que sejam x I
n
e τ I.
Consideremos as aplica¸oes h :(I
n+1
,I
n
,J
n
) −→ (X, A, x
0
) definida por h(x, t
n+1
)=
h(t
1
, ..., t
n
,t
n+1
)=F ((t
1
, ..., t
n
), 1 t
n+1
), e g
:(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (A, x
0
) definida por
g
(x)=g(x).
Note que h(I
n
) A e h(J
n
)={x
0
} .Al´em disso, Im(g)={x
0
} enao Im(g
) A. Desse
modo, h e g ao bem definidas.
De acordo com as defini¸oes de h e g, temos que h |
I
n
= g
, de onde resulta que δ([h]) =
[h |
I
n
]=[g
].
Assim, definimos a aplica¸ao H : I
n
× I −→ A por H(x, t)=
f(tx),sex Int(I
n
),
x
0
,sex
˙
I
n
.
Da´ı,
H(x, 0) =
f(0) = x
0
= g
(x),sex Int(I
n
),
x
0
= g
(x),sex
˙
I
n
.
H(x, 1) =
f(x),sex Int(I
n
),
x
0
= f(x),se x
˙
I
n
.
H
τ
(I
n1
)={x
0
}
H
τ
(J
n1
)={x
0
}.
27
2.3 Propriedades Elementares
Logo,
f g
[f]=[g
],
e assim
δ([h]) = [f ].
Portanto,
Ker(i
) Im(δ).
Nessas condi¸oes,
Ker(i
)=Im(δ).
28
Cap
´
ıtulo
3
Fibrados
Defini¸ao 3.0.2 Um fibrado B consiste do seguinte:
i) Um espco topol´ogico B chamado de espco fibrado;
ii)Um espco topol´ogico X chamado de espco base;
iii)Uma aplicao cont´ınua p : B −→ X chamada de proje¸ao;
iv)Um espco Y
chamado de fibra.
O conjunto Y
x
= p
1
(x) ´e chamado de fibra sobre o ponto x de X.
´
E exigido que Y
x
seja
homeomorfo a Y , para qualquer x X.
E mais, que para todo x X, existe uma vizinhan¸ca V de x e um homeomorfismo φ
V
:
V × Y −→ p
1
(V ) tal que
p φ
V
= p
V
onde p
V
: V × Y −→ V ´e a proje¸ao na primeira coordenada. Nestas condi¸oes dizemos
que p ´e uma fibrao localmente trivial com fibra t´ıpica Y , φ
V
´e uma trivializa¸ao local e
B = {B, p, X, Y } ´e um fibrado sobre X.
Para a demonstra¸ao do corol´ario 3.0.1 abaixo necessitamos do
Lema 3.0.1 Sejam p : B X uma fibrao localmente trivial, a : J X um caminho, com
J =[s
0
,s
1
] e z
0
B um ponto tal que p(z
0
)=a(s
0
). Ent˜ao existe um caminho ˜a : J B tal
que p ˜a = a e ˜a(s
0
)=z
0
.
Demonstra¸ao: Vide [3], p.82
Corol´ario 3.0.1 Seja p : B −→ X uma fibrao localmente trivial. Se a base X e a fibra
ıpica Y ao conexas por caminhos ent˜ao o espco total B tamb´em ´e conexo por caminhos.
29
Demonstra¸ao: De fato, dados x, y B, existe um caminho em X ligando p(x)ap(y). O
levantamento desse caminho a partir de x liga este ponto a um ponto z p
1
(p(y)). Como a
fibra t´ıpica ´e conexa por caminhos o mesmo ocorre com p
1
(p(y)), logo z pode ser ligado a y
por um caminho nesta fibra sobre p(y). Justapondo estes caminhos, obtemos um caminho em
B ligando x a y.
Defini¸ao 3.0.3 Um espco X ´eumC
σ
-espco se X for normal, localmente compacto e
qualquer cobertura de X por abertos admite uma subcobertura enumer´avel.
Defini¸ao 3.0.4 Uma homotopia H
: X × I −→ Y ´e estacion´aria com H : X × I −→ Z
se, para cada t X e para cada τ I tal que H(t, τ ) ´e constante, ent˜ao H
(t, τ) tamb´em ´e
constante.
Teorema 3.0.1 (Teorema de Convergˆencia de Homotopia)
Seja B = {B, p, X, Y } um fibrado sobre X.
Sejam X
um C
σ
-espco, f
0
: X
−→ B uma aplicao e H : X
× I −→ X uma homotopia
iniciando em p f
0
. Ent˜ao existe uma homotopia H
: X
× I −→ B de f
0
revestindo p f
0
(isto ´e,p H
= H), ou seja, H
´e um levantamento da homotopia H.Al´em disso, H
´e
estacion´aria com H.
Demonstra¸ao:([9], Teorema 11.7, p. 54).
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Teorema 3.1.1 Teorema Fundamental
Seja B um fibrado sobre X, A X, B
0
= p
1
(A), y
0
B
0
e x
0
= p(y
0
). Ent˜ao
p
: π
n
(B,B
0
,y
0
)
=
π
n
(X, A, x
0
),n 2.
Demonstra¸ao: Desde que p :(B, B
0
,y
0
) −→ (X, A, x
0
e cont´ınua, enao p
:
π
n
(B,B
0
,y
0
) −→ π
n
(X, A, x
0
e um homomorfismo.
Suponhamos p
(α) = 0, onde α π
n
(B,B
0
,y
0
) e seja f F
n
(B,B
0
,y
0
) o seu representante.
Enao,
f :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (B, B
0
,y
0
)
f(I
n1
) B
0
ef(J
n1
)={y
0
}.
Compondo a aplica¸ao p com f temos p f :(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
)
p f(I
n1
)=p(f(I
n1
)) p(B
0
) A p f(I
n1
) A
30
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
p f(J
n1
)=p(f(J
n1
)) = p({y
0
})={x
0
}⇒p f(J
n1
)={x
0
}.
Enao, p f F
n
(X, A, x
0
).
Mas,
p
(α)=p
([f]) = [p f]=0.
Logo, existe uma homotopia H : I
n
× I −→ X entre p f e a contante x
0
, tal que, para
todo t I
n
,
H(t, 0) = p f(t),H(t, 1) = x
0
H
τ
(t)=H(t, τ) F
n
(X, A, x
0
), τ I,
ou seja,
H
τ
:(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
)
H
τ
(I
n1
) A, τ I H(I
n1
× I) A
H
τ
(J
n1
)={x
0
}, τ I H(J
n1
× I)={x
0
}.
I
n
B
X
f
p fp
Pelo Teorema 3.0.1 de Convergˆencia de Homotopia, existe uma homotopia H
: I
n
×I −→ B
que ´e um levantamento da homotopia H (isto ´e, p H
= H), onde H
(t, 0) = f(t)eH
´e
estacion´aria com H.
Temos,
p(H
(I
n1
× I)) = p H
(I
n1
× I)
pH
=H
= H(I
n1
× I) A,
ou seja,
H
(I
n1
× I) B
0
.
Ainda, como H(J
n1
× I)={x
0
} e H
´e estacion´aria com H, temos que H
(J
n1
× Ie
constante, ou seja,
H
(t, τ)=k, (t, τ) J
n1
× I,
onde k ´e a constante.
Mas, em particular, para todo t em J
n1
, H
(t, 0) = f(t)=k e, como f(J
n1
)={y
0
},
temos f(t)=y
0
.
Logo,
k = y
0
H
(J
n1
× I)={y
0
}.
31
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Assim, H
´e uma homotopia em F
n
(B,B
0
,y
0
).
Consideremos a aplica¸ao f
:(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (B, B
0
,y
0
), definida por f
(t)=H
1
(t).
Enao, H
´e uma homotopia entre f e f
pois, para todo t I
n
,
H
(t, 0) = f(t) eH
(t, 1) = H
1
(t)=f
(t).
Portanto,
f f
.
Agora, vamos definir K : I
n
× I −→ I
n
por
K(t, τ)=K(t
1
, ..., t
n
)=(t
1
, ..., t
n1
, (1 τ)t
n
+ τ).
K(t, 0) = K(t
1
, ..., t
n
, 0) = (t
1
, ..., t
n1
, (1 0)t
n
+0)=(t
1
, ..., t
n1
,t
n
)=t.
K(t, 1) = K(t
1
, ..., t
n
, 1) = (t
1
, ..., t
n1
, (1 1)t
n
+1)=(t
1
, ..., t
n1
, 1).
Enao, K ´e uma homotopia de I
n
sobre a sua pr´opria face (t
n
= 1). Tal face est´a contida
em J
n1
visto que t
n
=0.
Definimos enao a homotopia K
: I
n
× I
K
−→ I
n
f
−→ B por K
(t, τ)=f
K(t, τ).
Enao,
K
(t, 0) = f
(K(t, 0)) = f
(t).
K
(t, 1) = f
(K(t, 1)) = y
0
, pois K(t, 1) J
n1
ef
(J
n1
)={y
0
}.
Ainda, para todo τ I,
K
τ
(I
n1
)=K
(I
n1
×{τ}) K
(I
n1
× I)=f
(K(I
n1
× I)) f
(I
n
) B
0
pois p f
(I
n
)=p H
1
(I
n
)=p H
(I
n
×{1})=H(I
n
×{1})={x
0
}⊂A,e
K
τ
(J
n1
)=K
(J
n1
× I)=f
(K(J
n1
× I)) f
(J
n1
)={y
0
}.
Logo, K
´e uma homotopia em F
n
(B,B
0
,y
0
)entref
e a constante em y
0
.
Mas,
f f
ef
cte(y
0
) f cte(y
0
).
Portanto, α = 0, ou seja, Ker(p
)={0}.
Assim, p
´e um monomorfismo.
32
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Agora, sejam β π
n
(X, A, x
0
)ef seu representante em F
n
(X, A, x
0
). Enao, f :
(I
n
,I
n1
,J
n1
) −→ (X, A, x
0
), onde
f(I
n1
) Aef(J
n1
)={x
0
}.
Seja K a mesma homotopia definida anteriormente e consideremos a aplica¸ao H : I
n
×I −→
X dada por
H(t, τ)=f (K(t, τ)).
Enao
H(t, 0) = f(K(t, 0)) = f(t)
e
H(t, 1) = f(K(t, 1)) = f(t
1
, ..., t
n1
, 1) = x
0
,
pois K(t, 1) J
n1
ef(J
n1
)={x
0
}.
Assim, H ´e uma homotopia entre f e a aplica¸ao constante em x
0
.
Note que, em geral, H ao ´e uma homotopia em F
n
(X, A, x
0
) pois, tomando t =
(t
1
, ..., t
n1
, 0) I
n1
,
H
τ
(t)=H(t, τ)=f (K(t, τ)) = f(t
1
, ..., t
n1
)
e pode acontecer de (t
1
, ..., t
n1
)n˜ao pertencer `a I
n1
.
Mas, mesmo assim, para todo τ I,
H
τ
(J
n1
)=H(J
n1
×{τ})=f (K(J
n1
×{τ})) f(J
n1
)={x
0
}⇒
H
τ
(J
n1
)={x
0
}.
Consideremos a aplica¸ao f
: I
n
−→ { y
0
}.
Enao
p f
(t)=p(f
(t)) = p(y
0
)=x
0
, t I
n
.
Logo, p f
(t)=H(t, 1) = H
1
(t), para todo t em I
n
.
I
n
{y
0
}
X
f
p f
p
Como H ´e uma homotopia entre f e pf
, pelo Teorema 3.0.1 de Convergˆencia de Homotopia,
existe uma homotopia H
: I
n
× I −→ { y
0
} de f
revestindo H (isto ´e, p H
= H), de forma
que H
(t, 1) = f
(t), e que seja estacion´aria com H.
33
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Seja f

: I
n
−→ B tal que f

(t)=H
(t, 0).
Para qualquer t em I
n
,
p f

(t)=p H
(t, 0) = H(t, 0) = f(t) p f

= f.
Tomando t I
n1
,
p f

(t)=f(t) A f

(t) p
1
(A)=B
0
.
Logo, f

(I
n1
) B
0
.
Al´em disso,
f

(J
n1
)=H
0
(J
n1
)={y
0
}⇒f

(J
n1
)={y
0
}.
Nessas condi¸oes, f

F
n
(B,B
0
,y
0
)e´e o representante de α em π
n
(B,B
0
,y
0
). A saber,
α =[f

].
Da´ı,
p
(α)=p
([f

]) = [p f

]=[f]=β.
Portanto, p
´e um epimorfismo.
Logo, p
´e um isomorfismo.
Tomando A = {x
0
}, como B
0
= p
1
(A)eY
0
= p
1
({x
0
}), obtemos B
0
= Y
0
.
Enao, do Teorema Fundamental segue o seguinte Corol´ario.
Corol´ario 3.1.1 p
: π
n
(B,Y
0
,y
0
)
=
π
n
(X, x
0
), n 2.
Sequˆencia de Homotopia de um Fibrado.
Sejam B = {B, p, X, Y } um fibrado, Y
0
a fibra sobre x
0
em X e y
0
pertencente `a Y
0
.
Sejam i :(Y
0
,y
0
) −→ (B, y
0
)ej :(B,y
0
) −→ (B, Y
0
,y
0
) as aplica¸oes de inclus˜ao.
Enao, a seq
¨
encia de homotopia de (B,Y
0
,y
0
e:
... −→ π
n
(Y
0
,y
0
)
i
−→ π
n
(B,y
0
)
j
−→ π
n
(B,Y
0
,y
0
)
δ
−→ π
n1
(Y
0
,y
0
)
−→ ... −→ π
1
(B,y
0
).
Como y
0
´e o ponto base dos espa¸cos B e Y
0
, podemos escrever a seq
¨
encia da seguinte forma:
... −→ π
n
(Y
0
)
i
−→ π
n
(B)
j
−→ π
n
(B,Y
0
)
δ
−→ π
n1
(Y
0
) −→ ... −→ π
1
(B).
Na seq
¨
encia acima, δ ´e o operador bordo que restringe a aplica¸ao f `a face inicial I
n1
,
sendo [f]=α π
n
(B,Y
0
).
Consideremos a aplica¸ao p
1
:(B,Y
0
,y
0
) −→ (X, x
0
) a restri¸ao da aplica¸ao p :
(B,B
0
,y
0
) −→ (X, A, x
0
).
34
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Pelo Corol´ario 3.1.1, p
1
: π
n
(B,Y
0
,y
0
) −→ π
n
(X, x
0
e um isomorfismo, para n 2.
Consideremos enao
p
1
1
: π
n
(X, x
0
) −→ π
n
(B,Y
0
,y
0
).
Da´ı, obtemos
π
n
(X, x
0
)
p
1
1
−→ π
n
(B,Y
0
,y
0
)
δ
−→ π
n1
(Y
0
,y
0
).
Denotaremos por Δ a aplica¸ao δ p
1
1
: π
n
(X, x
0
) −→ π
n1
(Y
0
,y
0
).
Consideraremos sempre y
0
e x
0
os pontos bases dos espa¸cos B e X, respectivamente.
Portanto, vamos omitir tais pontos das nota¸oes de seq
¨
encias exatas.
Assim, temos a seguinte defini¸ao.
Defini¸ao 3.1.1 Asequˆencia
... −→ π
n
(Y
0
)
i
−→ π
n
(B)
p
−→ π
n
(X)
Δ
−→ π
n1
(Y
0
) −→ ... −→ π
2
(X)
Δ
−→ π
1
(Y
0
)
i
−→ π
1
(B)
p
−→ π
1
(X)
´e chamada sequˆencia de homotopia do fibrado B com base em y
0
.
Teorema 3.1.2 Asequˆencia de Homotopia de um fibrado ´e exata.
Demonstra¸ao: De fato, pela propriedade 2.3.1, a sequˆencia de homotopia de (B, Y
0
,y
o
e
exata.
Substitu´ımos os termos π
n
(B,y
0
) da seq
¨
encia de homotopia de (B, Y
0
,y
0
) pelos termos
π
n
(X) e acrescentamos π
1
(X) ao final da seq
¨
encia. Substitu´ımos tamb´em os homomorfirmos
correspondentes aos grupos substitu´ıdos, e inclu´ımos o homomorfismo que corresponde ao termo
novo da seq
¨
encia. Dessa forma, obtemos a seq
¨
encia exata de homotopia de um fibrado B.
Enao, tinhamos a seq
¨
encia:
... −→ π
n
(B)
j
−→ π
n
(B,Y
0
)
δ
−→ π
n1
(Y
0
) −→ ...
onde Ker(δ)=Im(j
) e, ap´os as substitui¸oes, passamos a ter:
... −→ π
n
(B)
p
−→ π
n
(X)
Δ
−→ π
n1
(Y
0
) −→ ...
Note que o homomorfismo p
pode ser obtido pela seguinte composi¸ao:
π
n
(B)
j
−→ π
n
(B,Y
0
)
p
1
−→ π
n
(X),
ou seja, p
1
j
= p
.
35
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Lembremos que o homomorfismo Δ foi constru´ıdo atrav´es da composi¸ao
π
n
(X)
p
1
1
−→ π
n
(B,Y
0
)
δ
−→ π
n1
(Y
0
).
Vamos enao verificar a exatid˜ao em π
n
(X), n 2,
... −→ π
n
(B)
p
−→ π
n
(X)
Δ
−→ π
n1
(Y
0
) −→ ...
Seja α Im(p
). Enao, existe β π
n
(B) tal que p
(β)=α.
Mas,
Δ(α)=δ(p
1
1
(α)) = δ(β)
visto que
p
1
1
(α)=p
1
(α)=β
pois p
1
´e a restri¸ao da aplica¸ao p.
Como
β π
n
(B) ej
(β)=β π
n
(B,Y
0
),
enao
β Im(j
)=Ker(δ).
Logo,
Δ(α)=δ(β)=0.
Portanto,
α Ker(Δ).
Assim,
Im(p
) Ker(Δ).
Agora, seja α Ker(Δ).
Temos, usando a defini¸ao de Δ, que
Δ(α)=δ(p
1
1
(α)) = 0,
onde p
1
1
(α) π
n
(B,Y
0
).
Seja β = p
1
1
(α).
Da´ı,
p
1
(β)=α.
Mas,
p
1
(β)=p
(β)=α.
36
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Enao, α Im(p
).
Logo,
Ker(Δ) Im(p
).
Assim, temos Ker(Δ) = Im(p
).
A exatid˜ao em π
n
(B), n 2.
A seq
¨
encia
... −→ π
n
(Y
0
)
i
−→ π
n
(B)
p
−→ π
n
(X) −→ ...
pode ser vista como
... −→ π
n
(Y
0
)
i
−→ π
n
(B)
j
−→ π
n
(B,Y
0
)
p
1
−→ π
n
(X) −→ ...
Se α π
n
(Y
0
), enao
i
(α) Ker(j
), pois Im(i
)=Ker(j
).
Da´ı,
j
(i
(α)) = 0.
Agora,
p
1
(j
(i
(α))) = 0 p
1
j
i
(α)=0 p
i
(α)=0.
Portanto, Im(i
) Ker(p
).
Seja agora β Ker(p
).
Enao, como p
1
´e isomorfismo,
p
(β)=0 p
1
j
(β)=0 j
(β)=p
1
1
(0) = 0.
Assim, β Ker(j
)=Im(i
).
Portanto, Ker(p
) Im(i
).
Nessas condi¸oes, Ker(p
)=Im(i
).
Vejamos enao a exatid˜ao no termo π
n
(Y
0
), n 1.
A seq
¨
encia
... −→ π
n+1
(X)
Δ
−→ π
n
(Y
0
)
i
−→ π
n
(B) −→ ...
pode ser vista como
... −→ π
n+1
(X)
p
1
1
−→ π
n+1
(B,Y
0
)
δ
−→ π
n
(Y
0
)
i
−→ π
n
(B) −→ ...
37
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Tomando α π
n+1
(X), temos
i
Δ(α)=i
δ p
1
1
(α).
Mas, δ p
1
1
(α) Im(δ)=Ker(i
).
Enao,
i
δ p
1
1
(α)=0.
Logo, Im(Δ) Ker(i
).
Seja β Ker(i
)=Im(δ).
Enao existe α π
n+1
(B,Y
0
) tal que δ(α)=β.
Como p
1
1
´e isomorfismo, portanto sobrejetora, existe γ π
n+1
(X) de forma que p
1
1
(γ)=α.
Da´ı,
δ p
1
1
(γ)=β Δ(γ)=β β Im(Δ).
Assim, Ker(i
) Im(Δ).
Logo, Ker(i
)=Im(Δ).
Portanto, a parte da seq
¨
encia de homotopia do fibrado B
... −→ π
n
(Y
0
)
i
−→ π
n
(B)
p
−→ π
n
(X)
Δ
−→ π
n1
(Y
0
) −→ ...
... −→ π
2
(X)
Δ
−→ π
1
(Y
0
)
i
−→ π
1
(B)
´e exata.
Verifiquemos enao a exatid˜ao no termo π
1
(B) devido `a inclus˜ao do termo π
1
(X).
... −→ π
1
(Y
0
)
i
−→ π
1
(B)
p
−→ π
1
(X).
Para o acr´escimo de tal termo, utilizamos o homomorfismo p
que, como a vimos, pode ser
obtido pela composi¸ao p
1
j
= p
.
...π
1
(Y
0
)
i
−→ π
1
(B)
j
−→ π
1
(B,Y
0
)
p
1
−→ π
1
(X)
Seja f : I −→ Y
0
um la¸co baseado em y
0
.Ent˜ao, [f] π
1
(Y
0
).
Da´ı,
p
i
([f]) = p
([i f]) = p
1
j
([i f]) = p
1
([j i f]) = [p
1
j i f].
Mas, como Im(f) Y
0
,
i f(I) Y
0
j i f(I) Y
0
p
1
j i f(I)={x
0
},
38
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
pois p
1
:(B,Y
0
,y
0
) −→ (X, x
0
).
Assim,
[p
1
j i f]=[x
0
]=0.
Portanto, p
i
([f]) = 0, ou seja, Im(i
) Ker(p
).
Consideremos agora C um la¸co em B baseado em y
0
, de forma que [C] Ker(p
). Enao,
p
([C]) = 0 [p C]=[x
0
] p C x
0
.
Existe enao uma homotopia H : I × I −→ X tal que
H(t, 0) = p C(t),H(t, 1) = x
0
eH(0)=H(1)=x
0
,
para todo t, τ em I.
Pelo Teorema 3.0.1 de Convergˆencia de Homotopia, existe uma homotopia H
: I × I −→ B
tal que p H
= H, H
(t, 0) = C(t) para todo t em I e H
´e estacion´aria com H.
Vamos definir f : I −→ B por f (t)=H
(t, 1).
Consideremos agora a aplica¸ao
f : I −→ Y
0
(Y
0
= p
1
({x
0
})), onde f(t)=f (t), para todo
t em I.
Temos que, para qualquer t pertencente a I,
p
f(t)=p f(t)=p H
(t, 1) = H(t, 1) = x
0
,
o que nos mostra que
f est´a bem definida.
Al´em disso,
f(0) = f(0) = H
(0, 1) e f(1) = f(1) = H
(1, 1).
Mas, como H
´e estacion´aria com H, tem-se que, para todo τ em I,
H
(0)=H
(1)=y
0
.
Logo,
f(0) = f(1) = y
0
[f] π
1
(Y
0
).
Note que f : I −→ B,
f : I −→ Y
0
e i : Y
0
−→ B, ou seja, f = i f.
Da´ı,
i
([f]) = [i f ]=[f]=[C].
Portanto, Ker(p
) Im(i
).
Nessas condi¸oes,
Ker(p
)=Im(i
).
Com isso, conclu´ımos que a seq
¨
encia de homotopia de um fibrado B ´e exata.
39
3.1 Seq
¨
encia de Homotopia de um Fibrado
Proposi¸ao 3.1.1 Seja B = {B, p, X, Y } um fibrado. Se a fibra t´ıpica Y ´e conexa por
caminhos, se a base X ´e simplesmente conexa e se, al´em disso, π
2
(X)=0ent˜ao o grupo
fundamental de B ´e isomorfo ao grupo fundamental de Y .
Demonstra¸ao: Dada a seq
¨
encia exata
... −→ π
2
(X)
Δ
−→ π
1
(Y )
i
−→ π
1
(B)
p
−→ π
1
(X)
e sendo X simplesmente conexa, temos, por hip´otese, π
2
(X)=π
1
(X)=0.
Enao,
... −→ 0 −→ π
1
(Y )
i
−→ π
1
(B) −→ 0
o que torna i
um isomorfismo.
Logo,
π
1
(B)
=
π
1
(Y ).
Proposi¸ao 3.1.2 Seja B = {B, p, X, Y } um fibrado. Se a base X ´e simplesmente conexa e a
fibra t´ıpica Y ´e conexa por caminhos, ent˜ao o grupo fundamental de B ´e isomorfo a um grupo
quociente do grupo fundamental de Y .
Demonstra¸ao: Consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
1
(Y )
i
−→ π
1
(B)
p
−→ π
1
(X).
Como a base X ´e simplesmente conexa, enao π
1
(X)=0.
Da´ı, temos a seq
¨
encia exata
... −→ π
1
(Y )
i
−→ π
1
(B)
p
−→ 0.
Logo, Im(i
)=Ker(p
)=π
1
(B), ou seja, i
´e um epimorfismo. Pelo Teorema do
isomorfismo,
π
1
(B)
=
π
1
(Y )
Ker(i
)
.
40
Cap
´
ıtulo
4
Grupos Cl´assicos
4.1 Grupo das Rota¸oes do R
n
(SO(n))
Defini¸ao 4.1.1 O grupo das rota¸oes do espco euclidiano R
n
, denotado por SO(n)e
formado pelas transforma¸oes lineares T : R
n
−→ R
n
que preservam produto interno, ou
seja,
T (x),T(y) = x, y
para quaisquer x, y R
n
e, al´em disso, det(T )=1.
A multiplica¸ao (composi¸ao) de transforma¸oes lineares faz de SO(n) um grupo.
Os elementos do SO(n) tamb´em podem ser vistos como matrizes reais ortogonais n × n,
com determinante 1.
Observao 4.1.1 Analisando tais matrizes como solu¸oes do sistema de equa¸oes quadr´aticas
X · X
T
= I, podemos provar, com o Teorema das Fun¸oes Impl´ıcitas, que SO(n) ´e uma
superf´ıcie compacta de dimens˜ao n(n 1)/2 no espco R
n
2
das matrizes n × n. (Veja [2],
p. 313).
4.2 Grupos Unit´arios (U(n)eSU(n))
Defini¸ao 4.2.1 O Grupo Unit´ario, denotado por U(n)e o conjunto de todas as
tansforma¸oes lineares T : C
n
−→ C
n
que preservam produto interno, ou seja, que cumprem a
condi¸ao
T
(
z
)
,T
(
w
)
=
z,w
, para quaisquer
z,w
C
n
.
Identificando T com sua matriz relativa `a base canˆonica de C
n
, podemos considerar U(n)
como o conjunto das matrizes complexas n × n cujas colunas (e linhas) em comprimento (ou
norma) 1 e s˜ao duas a duas perpendiculares (matrizes unit´arias).
41
4.2 Grupos Unit´arios (U(n)eSU (n))
A descri¸ao por meio de matrizes mostra que U(ne um subconjunto limitado e fechado de
C
n
2
(ou R
2n
2
), logo ´e compacto.
Defini¸ao 4.2.2 O grupo especial unit´ario, SU(n)e o subgrupo de U(n) formado pelas
matrizes unit´arias que tˆem determinante igual a 1.
Como subconjunto fechado de U(n), o grupo SU(ne compacto.
4.3 Grupo Simpl´etico (Sp(n))
Defini¸ao 4.3.1 O grupo simpl´etico Sp(n) ´e o grupo cujos elementos ao matrizes n× n cujas
colunas (e linhas) s˜ao vetores em H
n
, unit´arios e dois a dois ortogonais.
Para cada n N, Sp(ne um conjunto limitado e fechado em H
n
= R
4n
,loge compacto.
4.4 Exemplos de Fibrados
Exemplo 4.4.1 B = {SO(n),p,S
n1
,SO(n1)} ´e um fibrado sobre S
n1
, onde p : SO(n) −→
S
n1
,n 2e definida por p(T )=T (e
1
), para toda T SO(n), sendo e
1
o primeiro vetor da
base canˆonica B do R
n
.
Observemos que, identificando T como a matriz da transforma¸ao linear relativa `abase
canˆonica B, p(T e a primeira coluna da matriz T .
Consideremos o aberto V S
n1
, formado pelos vetores unit´arios x =(x
1
,x
2
, ..., x
n
), com
x
1
> 0.
Sendo B = {e
1
,e
2
, ..., e
n
} a base canˆonica do R
n
, consideremos a matriz
[x, e
2
, ..., e
n
]=
x
1
00... 0
x
2
10... 0
x
3
01... 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
x
n
00... 1
.
Calculando seu determinante, obtemos:
det[x, e
2
, ..., e
n
]=x
1
> 0,
ou seja, determinante de [x, e
2
, ..., e
n
] > 0, para todo x V .
Como x
1
> 0, o conjunto {x, e
2
, ..., e
n
} ´e linearmente independente e assim, podemos aplicar
o Processo de Gramm-Schmidt para obtermos uma base ortonormal B
= {w
1
,w
2
, ..., w
n
}.
De acordo com o Processo de Gramm-Schmidt,
w
1
=
x
x
= x, pois x =1.
42
4.4 Exemplos de Fibrados
Assim, B
= {x, w
2
, ..., w
n
}, onde w
i
=
f
i
||f
i
||
com f
i
= e
i
i1
j=1
e
i
,w
j
w
j
,i=2,...,n.
Dessa forma, a matriz [x, w
2
,...,w
n
e uma matriz ortogonal tendo como primeira coluna
o vetor x e mais, det[x, w
2
,...,w
n
]=
x
1
n
i=2
||f
i
||
> 0 e portanto deve ser igual a 1.
Logo,
[x, w
2
,...,w
n
] SO(n).
Denotaremos [x, w
2
,...,w
n
]porσ(x). Assim, podemos definir uma aplica¸ao que depende
continuamente do vetor x, σ : V −→ SO(n), onde para cada x em V associamos `a sua matriz
σ(x) constru´ıda da forma anterior.
Mas,
p(σ(x)) = x V σ(x) p
1
(V ).
Enao podemos definir σ : V −→ p
1
(V ).
A partir de σ, definimos uma aplica¸ao cont´ınua
ϕ
V
: V × SO(n 1) −→ p
1
(V )
pondo ϕ
V
(x, M)=σ(x).M, onde a matriz M SO(n 1) ´e vista em SO(n) acrescentando `a
sua primeira linha e primeira coluna o vetor (1, 0, ..., 0) R
n
.
As matrizes σ(x)eM ao ortogonais, ent˜ao [σ(x)]
1
=[σ(x)]
t
e M
1
= M
t
.
Da´ı,
[σ(x).M]
1
= M
1
.[σ(x)]
1
= M
t
.[σ(x)]
t
=[σ(x).M]
t
e
det[σ(x).M] = det[σ(x)]. det M =1.1=1.
Al´em disso,
p(σ(x).M)=x.
Logo, σ(x).M p
1
(V ), o que nos mostra que ϕ
V
est´a bem definido.
Observemos que sendo p
V
: V ×SO(n1) −→ V a proje¸ao da primeira coordenada, temos:
p
V
(x, M)=x = p ϕ
V
(x, M),
ou seja
p ϕ
V
= p
V
.
Portanto, ϕ
V
´e uma trivializa¸ao local cujo homeomorfismo inverso ´e ψ
V
: p
1
(V ) −→ V ×
SO(n 1), dado por ψ
V
(T )=(x, σ(x)
1
· T ), onde x = p(T).
43
4.4 Exemplos de Fibrados
O aberto V ´e uma vizinhan¸ca de e
1
em S
n1
. A fim de obter trivializa¸oes locais sobre
vizinhan¸cas dos demais pontos, tomamos, para todo y S
n1
, uma transforma¸ao T SO(n)
de forma que T (e
1
)=y.Ent˜ao, sendo W = T (V ) a vizinhan¸ca aberta de y, definimos a
trivializa¸ao local
ϕ
W
: W × SO(n 1) −→ p
1
(W )
pondo ϕ
W
(w, M)=T.σ(T
1
(w)).M, visto que p(T.σ(T
1
(w)).M)=w W .
Temos, portanto, que p ´e uma fibra¸ao localmente trivial com fibra t´ıpica SO(n 1) e
B = {SO(n),p,S
n1
,SO(n 1)} ´e um fibrado sobre S
n1
.
Exemplo 4.4.2 B = {SU(n),p,S
2n1
,SU(n 1)} ´e um fibrado sobre S
2n1
, onde p :
SU(n) −→ S
2n1
,n 2e definida por p(T )=T (e
1
), para toda T SU(n), sendo e
1
o
primeiro vetor da base canˆonica B do C
n
.
Considere o aberto V S
2n1
formado pelos vetores unit´arios z =(z
1
,z
2
, ..., z
n
), com z
1
=0.
Da´ı, B = {z, e
2
, ..., e
n
}⊂C
n
´e uma base.
Aplicando o Processo de Gramm-Schmidt, obtemos uma base ortonormal B
= {z, v
2
, ..., v
n
},
pois
v
1
=
z
z
= z (pois z =1).
Consideremos a matriz [z,v
2
, ..., v
n
] e suponhamos que seu determinante seja Δ. Ent˜ao a
matriz [z,
v
2
Δ
, ..., v
n
e tal que
det[z,
v
2
Δ
, ..., v
n
]=
1
Δ
.det[z,v
2
, ..., v
n
]=
1
Δ
.Δ=1.
Seja σ(z) a matriz [z,
v
2
Δ
, ..., v
n
]. Enao tal matriz ´e unit´aria (pois suas colunas ao duas a
duas ortogonais) e possui determinante igual a 1.
Da´ı, podemos definir uma aplica¸ao cont´ınua σ : V −→ SU(n)(σ dependendo
continuamente do vetor z) onde para cada z em V associamos a sua matriz σ(z) constru´ıda da
forma anterior.
Mas, como σ(z) possui o vetor z como primeira coluna,
p(σ(z)) = z V σ(z) p
1
(V ).
Assim podemos definir σ : V −→ p
1
(V ) dada por z σ(z).
A partir da´ı, definamos
ϕ
V
: V × SU(n 1) −→ p
1
(V )
pondo ϕ
V
(z,M)=σ(z).M, onde a matriz M SU(n 1) ´e vista em SU(n) acrescentando `a
sua primeira linha e primeira coluna o vetor (1, 0, ..., 0) C
n
.
44
4.4 Exemplos de Fibrados
As matrizes σ(z)eM ao unit´arias, enao [σ(x)]
1
= [σ(z)]
t
e M
1
= M
t
.
Da´ı,
[σ(z).M]
1
= M
1
.[σ(z)]
1
= M
t
.[σ(z)]
t
= M
t
.[σ(z)]
t
= [σ(z).M]
t
e
det[σ(z).M] = det[σ(z)]. det M =1.1=1.
Al´em disso,
p(σ(z).M)=z.
Logo, σ(z).M π
1
(V ), o que nos mostra que ϕ
V
est´a bem definida.
A aplica¸ao cont´ınua
ψ
V
: p
1
(V ) −→ V × SU(n 1),
definida por
ψ
V
(T )=(z, σ(z)
1
· T ),
onde z = T (e
1
), ´e a inversa de ϕ
V
, logo ϕ
V
´e um homeomorfismo.
Sendo p
V
: V × SU(n 1) −→ V a proje¸ao da primeira coordenada, temos:
p
V
(z,M)=z = p ϕ
V
(z,M),
ou seja
p ϕ
V
= p
V
e portanto ϕ
V
´e uma trivializa¸ao local.
Como no caso de SO(n), para cada y S
2n1
, consideramos uma transforma¸ao T SU(n)
tal que T (e
1
)=y.Ent˜ao, W = T(V e uma vizinhan¸ca de y em S
2n1
, sobre a qual definimos
a trivializa¸ao local
ϕ
W
: W × SU(n 1) −→ p
1
(W )
pondo ϕ
W
(w, M)=T.σ(T
1
(w)).M.
Portanto p ´e uma fibra¸ao localmente trivial com fibra t´ıpica SU(n 1) e B =
{SU(n),p,S
2n1
,SU(n 1)} ´e um fibrado sobre S
2n1
.
Exemplo 4.4.3 Analogamente aos exemplos anteriores, B = {Sp(n),p,S
4n1
,Sp(n1)} ´eum
fibrado sobre S
4n1
, onde p : Sp(n) −→ S
4n1
,n 2e definida por p(T )=T (e
1
), para toda
T Sp(n), sendo e
1
o primeiro vetor da base canˆonica B do R
4n
(H
n
).
Observao 4.4.1 A defini¸ao das fibroes localmente triviais dos exemplos anteriores
ao dadas aplicando-se a transforma¸ao linear no primeiro vetor da base canˆonica do
respectivo espco. Por´em, tais aplicoes tamb´em poderiam ter sido definidas aplicando-se
as tranforma¸oes lineares em qualquer outro vetor da base canˆonica.
45
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Propriedades do Grupo SO(n)
Proposi¸ao 4.5.1 O grupo SO(2) ´e isomorfo a S
1
(grupo multiplicativo dos n´umeros
complexos de m´odulo 1).
Demonstra¸ao: Inicialmente observemos que se M SO(2) enao M =
a c
ca
. De fato,
se M =
ab
cd
SO(2), temos que
det(M)=1 ad bc =1.
Al´em disso,
ab
cd
.
x
1
y
1
,
ab
cd
.
x
2
y
2
= (x
1
,y
1
), (x
2
,y
2
)
para quaisquer (x
1
,y
1
), (x
2
,y
2
) R
2
, ou equivalentemente,
(a
2
+ c
2
)x
1
x
2
+(ab + cd)x
1
y
2
+(ab + cd)y
1
x
2
+(b
2
+ d
2
)y
1
y
2
= x
1
x
2
+ y
1
y
2
para quaisquer (x
1
,y
1
), (x
2
,y
2
) R
2
.
Da´ı,
a
2
+ c
2
=1
ab + cd =0
ad bc =1
b
2
+ d
2
=1
Considerando as trˆes primeiras equa¸oes do sistema acima obtemos b = c e d = a como
quer´ıamos.
Agora, definamos uma aplica¸ao φ : SO(2) S
1
que associa a cada matriz M =
a c
ca
SO(2) o n´umero complexo z = a + ci S
1
.
Enao, sendo M =
a c
ca
,M
=
a
c
c
a
SO(2),
φ(M.M
)=φ(
aa
cc
ac
a
c
ca
+ ac
aa
cc
)=(aa
cc
)+(ca
+ac
)i =(a+ci).(a
+c
i)=φ(M)(M
).
46
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Dessa forma, φ ´e um homomorfismo.
Tamb´em Ker(φ)=

10
01

pois φ(
a c
ca
)=1 a =1ec = 0 e portanto φ ´e
injetor.
Ainda, dado z = a + ci S
1
tome M =
a c
ca
SO(2). Ent˜ao φ(M)=z e
φ ´e sobrejetor. Assim φ define um isomorfismo entre SO(2) e S
1
. De fato, φ define um
homeomorfismo entre SO(2) e S
1
.
Proposi¸ao 4.5.2 SO(n) ´e conexo por caminhos, para todo n.
Demonstra¸ao: Provemos por indu¸ao.
Para n =1,
SO(1) = {1},
que ´e conexo por caminhos.
Para n =2,
SO(2)
=
S
1
,
que tamb´em ´e conexo por caminhos.
Suponhamos o resultado verdadeiro para n 1, isto ´e, SO(n 1) ´e conexo por caminhos.
Enao para n, consideremos a aplica¸ao
p : SO(n) −→ S
n1
.
Pelo Exemplo 4.4.1, p ´e uma fibra¸ao localmente trivial com base B = S
n1
conexa por
caminhos e fibra t´ıpica F = SO(n 1) conexa por caminhos pela hip´otese de indu¸ao. Assim,
pelo Corol´ario 3.0.1, temos que E = SO(ne conexo por caminhos.
Para o que segue, R
4
denota o conjunto dos quat´ernios, R
3
denota o conjunto dos quat´ernios
imagin´arios puros, R denota o conjunto dos quat´ernios reais, S
3
denota o conjunto dos
quat´ernios de m´odulo 1 e “ · ” denota a multiplica¸ao de quat´ernios.
Proposi¸ao 4.5.3 Existe um homomorfismo cont´ınuo sobrejetivo ϕ : S
3
−→ SO(3), cujo
ucleo ´e {1, 1}.
Demonstra¸ao: Seja u S
3
. Consideremos a aplica¸ao ϕ
u
: R
4
−→ R
4
dada por ϕ
u
(w)=
u · w · u
1
, w R
4
.
Enao ϕ
u
´e um operador linear. De fato, sejam w, w
1
,w
2
R
4
e λ R.
ϕ
u
(w
1
+ w
2
)=u · (w
1
+ w
2
) · u
1
=(u · w
1
+ u · w
2
) · u
1
= u · w
1
· u
1
+ u · w
2
· u
1
=
ϕ
u
(w
1
)+ϕ
u
(w
2
).
47
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
ϕ
u
(λw)=u · λw · u
1
λR
= λ(u · w · u
1
)=λϕ
u
(w).
Al´em disso,
||ϕ
u
(w)|| = ||u · w · u
1
|| = ||u||·||w||·||u
1
|| = ||w||
pois u, u
1
S
3
.
Desse modo, o operador ϕ
u
´e um operador ortogonal.
Ainda, ϕ
u
(1) = u · 1 · u
1
= u · u
1
= 1. Assim, para qualquer w R
ϕ
u
(w)=ϕ
u
(w1) = w · ϕ
u
(1) = w · 1=w.
Portanto ϕ
u
(R) R. Logo, ϕ
u
torna o subespa¸co R invariante.
Como R
3
´e o complemento ortogonal de R em R
4
, ϕ
u
tamb´em deixa R
3
invariante.
Restringindo ϕ
u
ao subespa¸co R
3
, obtemos um operador ortogonal ϕ
u
: R
3
−→ R
3
, definido
por ϕ
u
(w)=ϕ
u
(w)=u · w · u
1
, w R
3
, o qual est´a bem definido pois ϕ
u
(R
3
) R
3
.
A matriz de ϕ
u
em rela¸ao `abase{i, j, k} de R
3
tem como colunas os vetores u.i.u
1
, u.j.u
1
e u.k.u
1
, que dependem continuamente de u S
3
. Temos det(ϕ
u
)=±1 para todo u S
3
.
Como S
3
´e conexa, e para u
1
= 1, vale det(ϕ
u
1
) = 1, segue-se que det(ϕ
u
) = 1 para todo
u S
3
, pois se existesse u
0
S
3
tal que det(ϕ
u
0
)=1ent˜ao a aplica¸ao g : S
3
−→ { 1, 1}
dada por g(u) = det(ϕ
u
) seria uma aplica¸ao cont´ınua e sobrejetora de S
3
em {−1, 1}, o que
acarretaria S
3
desconexa (absurdo).
Logo ϕ
u
SO(3), qualquer que seja u S
3
, o que nos a uma fun¸ao cont´ınua ϕ : S
3
−→
SO(3), onde a cada u S
3
associamos o operador ortogonal ϕ
u
: R
3
−→ R
3
definido acima.
Desde que para todo w R
3
e u, v S
3
,
ϕ
u·v
(w)=(u · v) · w · (u · v)
1
= u · (v · w · v
1
) · u
1
= u · (ϕ
v
(w)) · u
1
= ϕ
u
(ϕ
v
(w)) = ϕ
u
ϕ
v
(w),
temos ϕ
u·v
= ϕ
u
ϕ
v
e portanto ϕ ´e um homomorfismo de grupos.
Calculando o Ker(ϕ), temos
Ker(ϕ)={u S
3
; ϕ(u)=id
R
3
} = {u S
3
; u · w · u
1
= w, w R
3
}.
Assim,
Ker(ϕ)={u S
3
; u · w = w · u, w R
3
},
ou seja, u comuta com todo w R
3
, em particular, comuta com todo imagin´ario puro e al´em
disso u S
3
.Ent˜ao, pelo Lema 1.5.1, u = ±1. Logo,
Ker(ϕ)={− 1, 1}.
48
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Em outras palavras, dados x, y S
3
,
ϕ(x)=ϕ(y) ϕ(x)(ϕ(y))
1
= id
R
3
ϕ(x)ϕ(y
1
)=id
R
3
ϕ(x·y
1
)=id
R
3
x·y
1
= ±1
y = ±x.
Em particular, ϕ ´e localmente injetiva. Para concluir a demonstra¸ao, resta-nos apenas
provar que ϕ ´e sobrejetiva. Como S
3
´e compacta e SO(3) ´e conexo, basta mostrar que ϕ ´e
uma aplica¸ao aberta. De fato, como S
3
´e compacta e ϕ ´e cont´ınua, ϕ(S
3
e compacto em
SO(3). Como SO(3) ´e um espa¸co Hausdorff, segue que ϕ(S
3
e fechado em SO(3). Por outro
lado, se ϕ ´e uma aplica¸ao aberta, ϕ(S
3
e um subconjunto aberto de SO(3). Logo ϕ(S
3
eum
subconjunto ao vazio, aberto e fechado de SO(3). Como SO(3) ´e conexo enao ϕ(S
3
)=SO(3)
e ϕ ´e sobrejetiva.
Mostremos agora que ϕ ´e uma aplica¸ao aberta. Come¸camos observando que ϕ ´euma
aplica¸ao de classe C
pois para cada u S
3
, os elementos da matriz de ϕ
u
ao fun¸oes
infinitamente diferenci´aveis de u. Como ϕ ´e um homomorfismo de grupos, seu posto ´e constante.
Pela Proposi¸ao 1.3.1, ϕ ´e uma imers˜ao (visto que ϕ ´e localmente injetiva), logo seu posto
´em´aximo, isto ´e, igual a 3, visto que pela observao 4.1.1, SO(3) ´e uma superf´ıcie compacta
de dimens˜ao 3. Em particular ϕ ´e uma submers˜ao e portanto pela Proposi¸ao 1.3.1, ϕ ´euma
aplica¸ao aberta.
Do fato que Kerϕ = {−1, 1} e portanto dados w, w
S
3
,
ϕ(w)=ϕ(w
) w = ±w
,
e ainda ϕ ´e sobrejetiva, obtemos uma bem definida bije¸ao cont´ınua
ϕ : P
3
= S
3
/{−1, 1}−SO(3)
dada por
ϕ([x]) = ϕ(x).
Como P
3
´e compacto e SO(3) ´e Hausdorff, ent˜ao ϕ ´e um homeomorfismo. Da´ı resulta o
Corol´ario 4.5.1 O espco topol´ogico SO(3) ´e homeomorfo ao espco projetivo P
3
.
Proposi¸ao 4.5.4 O espco topol´ogico SO(4) ´e homeomorfo ao espco topol´ogico SO(3) × S
3
.
Demonstra¸ao: Seja h : SO(4) −→ SO(3) × S
3
a aplica¸ao cont´ınua que associa a cada
operador ortogonal T : R
4
−→ R
4
em SO(4) o par (T
,w) SO(3) × S
3
, onde w = T (1)
´e o quat´ernio de odulo 1 (imagem do quat´ernio 1 por T ), e T
: R
3
−→ R
3
´e dada por
T
(v)=T (v) · w
1
(multiplica¸ao de quat´ernios) para todo v R
3
.
Como T
(1) = 1, ent˜ao T
(R) R. Logo, T
(R
3
) R
3
.
49
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Al´em disso, w = T (1) R
4
e ||T (1)|| = 1, ou seja, w S
3
.
||T
(v)|| = ||T (v) · w
1
|| = ||T (v)||.||w
1
|| = ||v||
e portanto T
´e uma isometria de R
3
. Como T
(0) = T(0) · w
1
=0ent˜ao T
´eumoperador
ortogonal do R
3
. Ainda, desde que detT = 1 segue que det[w, T(i),T(j),T(k)] = 1 e portanto
det[1,T(i) · w
1
,T(j) · w
1
,T(k) · w
1
] = 1, ou equivalentemente, det[1,T
(i),T
(j),T
(k)] = 1.
Logo det[T
(i),T
(j),T
(k)] = 1 e portanto T
SO(3).
Assim h est´a bem definida.
Dados T,U SO(4),
h(T )=h(U) (T
,w)=(U
,z)
T
= U
T (1) = w = z = U(1)
.
Mas, para qualquer v R
3
,
T
(v)=T (v) · w
1
U
(v)=U(v) · z
1
T
(v) · w = T (v)
U
(v) · z = U(v)
T (v)=U(v).
Como T (1) = U(1), tem-se T = U. Logo, h ´e injetora.
Agora, dado (T
,w) SO(3) × S
3
, definamos T : R
4
−→ R
4
por
T (1) = w, T(i)=T
(i) · w, T(j)=T
(j) · w e T(k)=T
(k) · w
e estendamos por linearidade para todo R
4
. Assim, ´ef´acil verificar que para todo x R
4
,
||T (x)|| = ||x||,
pois T
SO(3) e w S
3
.
Como T (0) = 0 enao T ´e um operador ortogonal do R
4
. Por outro lado temos detT =
det[w, T
(i) · w, T
(j) · w, T
(k) · w] = det[1,T
(i),T
(j),T
(k)] = det[T
(i),T
(j),T
(k)] = 1 e
assim T SO(4).
Como h(T )=(T
,w), h ´e sobrejetora.
Ainda, h
1
: SO(3) × S
3
SO(4) dada por h
1
(T
,w)=T onde T : R
4
R
4
´e definida
como acima, ´e a inversa cont´ınua de h. Portanto h ´e um homeomorfismo.
Grau de uma Aplicao
Para a defini¸ao seguinte usaremos a homologia da esfera S
n
(veja [4], p.38).
Defini¸ao 4.5.1 Para uma aplicao g : S
n
S
n
com n>0, a aplicao induzida g
:
50
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
H
n
(S
n
) H
n
(S
n
) ´e um homomorfismo de um grupo c´ıclico infinito nele pr´oprio e assim deve
ser da forma g
(α)= para algum inteiro d dependendo somente de g. Este inteiro d ´e
chamado o grau de g, e ser´a denotado por deg(g).
Alguns resultados do grau de uma aplica¸ao de S
n
S
n
ao:
a) deg(f g)=deg(f).deg(g);
b) a aplica¸ao ant´ıpoda a : S
n
−→ S
n
, definida por a(x)=x para todo x S
n
, tem grau
(1)
n+1
;
c) Se i
n
denota a identidade de S
n
, deg(i
n
)=1;
d) f,g : S
n
S
n
ao homot´opicas se, e somente se, deg(f)=deg(g).
Observao 4.5.1 Para cada x S
n
, seja f(x) a reflex˜ao de R
n+1
sobre o hiperplano
ortogonal a x. Ent˜ao f : S
n
O(n +1) ´e cont´ınua e, considerada como uma aplicao
de S
n
no espco das fun¸oes F (S
n
,S
n
), f tem uma adjunta
f : S
n
× S
n
−→ S
n
, dada por
f(x, y)=f(x)(y).
Lema 4.5.1 A aplicao
f : S
n
× S
n
−→ S
n
´e do tipo (1 (1)
n
, 1); isto ´e,
f |
S
n
×y
tem
grau 1 (1)
n
e
f |
x×S
n
tem grau 1, para cada x, y S
n
.
Demonstra¸ao: Veja [10], p. 197.
Se f(x) denota a reflex˜ao de R
n+1
sobre o hiperplano ortogonal `a x, considere f
n1
=
f
n
|S
n1
: S
n1
−→ SO(n), onde f
n
: S
n
−→ SO(n +1)´e definida por f
n
(x)=f(x) f(e
0
),
onde e
0
´e o primeiro vetor da base canˆonica do R
n+1
e S
n1
´e visto como o conjunto de pontos
(x
0
,x
1
, ..., x
n1
, 0) S
n
.
Teorema 4.5.1 A aplicao f
n1
: S
n1
−→ SO(n) representa o elemento (1)
n+1
w
n1
π
n1
(SO(n)).
Demonstra¸ao: Para cada x S
n
, seja f(x) a reflex˜ao de R
n+1
sobre o hiperplano ortogonal
a x.
Vamos ilustrar para o caso n =1:
51
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Os vetores x e y y ao paralelos, ent˜ao y y = λx, λ R.
Da´ı,
y y, x = λx, x⇒y, x−y, x = λ||x||
2
xS
n
⇒y,x−y, x = λ.
Seja θ angulo entre os vetores x e y.Ent˜ao (π θeoˆangulo entre x e
y.
Observe que
y, x = ||y||.||x||cosθ = ||y||cosθ,
e
y, x = ||y||.||x||cos(π θ)=||y||cos(π θ).
Mas, ||y|| = ||
y|| e cos(π θ)=cosθ. Logo,
y, x = ||y||(cosθ)=−||y||cosθ = −y, x.
Assim,
λ =
y, x−y, x = −y, x−y, x = 2x, y.
Como
y y = λx,
y y = 2x, yx y = y 2x, yx.
Desse modo, para qualquer y R
n+1
,
f(x)(y)=
y f(x)(y)=y 2x, yx.
Com isso, dados y, z R
n+1
, x S
n
e λ R,
f(x)(y + z)=y + z 2x, y + zx =(y 2x, yx)+(z 2x, zx)=f (x)(y)+f(x)(z),
f(x)(λy)=λy 2x, λyx = λ(y 2x, yx)=λf(x)(y),
e, al´em disso,
f(x)(y),f(x)(z) = (y 2x, y
x), (z 2x, zx)
= y, z−2x, zy, x−2x, yx, z +4x, yx, zx, x
= y, z
,
ou seja, obtemos uma aplica¸ao cont´ınua f : S
n
−→ O(n +1) (O(n +1)´e o grupo ortogonal
constitu´ıdo de todas as transforma¸oes lineares T : R
n+1
−→ R
n+1
que preservam produto
interno), onde a cada x S
n
associamos a reflex˜ao f(x).
52
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Como, para cada x S
n
, f(x) preserva produto interno, a aplica¸ao est´a bem definida.
Considerando f : S
n
−→ F (S
n
,S
n
) definida por
f(x)=f(x) |
S
n
,
pela Observao 4.5.1, f possui uma adjunta
f : S
n
× S
n
−→ S
n
, dada por
f(x, y)=f(x)(y).
Enao, dados x =(x
0
,x
1
, ..., x
n
) S
n
e {e
0
,e
1
, ..., e
n
} a base canˆonica de R
n+1
,
f(x)(e
i
)=e
i
2x, e
i
x = e
i
2x
i
x = e
i
2x
i
n
j=0
x
j
e
j
= e
i
+
n
j=0
(2x
i
x
j
e
j
)=
n
j=0
(δ
ij
2x
i
x
j
)e
j
,
i =0, ..., n, onde δ
ij
=
1,sei= j
0,sei= j
.
Desse modo, a matriz de f(xe
[f(x)] =
1 2x
2
0
2x
1
x
0
... 2x
n
x
0
2x
0
x
1
1 2x
2
1
... 2x
n
x
1
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
2x
0
x
n
2x
1
x
n
... 1 2x
2
n
.
Definamos f
n
: S
n
−→ SO(n + 1) pondo f
n
(x)=f(x) f(e
0
), sendo e
0
o primeiro vetor da
base canˆonica de R
n+1
.
Observemos que det[f(x)] = 1 2||x||
2
= 1 para todo x S
n
.
Calculando o determinante da matriz [f(e
0
)]:
f(e
0
)(e
i
)=e
i
2(e
0
· e
i
)e
0
=
e
0
,sei=0
e
i
,sei=0
.
Assim,
[f(e
0
)] =
10... 0
01... 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
00... 1
,
e det[f(e
0
)] = 1.
Desse modo,
det([f(x) f(e
0
)]) = det([f(x)]). det([f(e
0
)]) = (1)(1) = 1,
53
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
ou seja,
f(x) f(e
0
) SO(n +1).
Sejam E
n
+
o hemisf´erio norte da esfera S
n
e S
n1
o seu bordo, fazendo x
n
= 0. A aplica¸ao
f
n
|
E
n
+
envia (E
n
+
,S
n1
)em(SO(n +1),SO(n))).
De fato: f
n
(S
n
) SO(n +1)ent˜ao f
n
(E
n
+
) SO(n +1).
Ainda, se x S
n1
, x =(x
0
,x
1
, ..., x
n1
, 0),
[f
n
](x)=[f(x)f(e
0
)] =
1 2x
2
0
2x
1
x
0
... 2x
n1
x
0
0
2x
0
x
1
1 2x
2
1
... 2x
n1
x
1
0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
2x
0
x
n1
2x
1
x
n1
... 1 2x
2
n
1
0
00... 01
.
10... 0
01... 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
00... 1
=
=
1+2x
2
0
2x
1
x
0
... 2x
n1
x
0
0
2x
0
x
1
1 2x
2
1
... 2x
n1
x
1
0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
2x
0
x
n1
2x
1
x
n1
... 1 2x
2
n1
0
00... 01
.
Logo, f
n
(S
n1
) SO(n).
Obtemos enao E
n
+
f
n
|
E
n
+
−→ SO(n +1)
p
−→ S
n
, de forma que, dado x E
n
+
, p f
n
|
E
n
+
(x)=
(f(x) f(e
0
))(e
n
)( vide Observao 4.4.1).
Tem-se que
f(e
0
)(e
n
)=e
n
2e
0
,e
n
e
0
= e
n
.
Logo,
p f
n
|
E
n
+
(x)=f(x)(e
n
)=e
n
2x, e
n
x.
Definamos g : S
n
−→ S
n
por
g(x)=f(x)(e
n
)=e
n
+2x, e
n
x.
Da´ı, g |
S
n1
: S
n1
−→ { e
n
}.
De fato, se x S
n1
,
g(x)=e
n
+2x, e
n
x = e
n
+2(x
0
, ..., x
n1
, 0), (0, ..., 0, 1)x = e
n
.
Considere g
+
|
E
n
+
= g |
E
n
+
e g
+
(E
n
)={−e
n
}, sendo E
n
o hemisf´erio sul de S
n
.
54
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Desde que g
+
(x) = x para todo x S
n
, g
+
: S
n
−→ S
n
´e homot´opica a identidade via a
homotopia G : S
n
×I S
n
definida por G(x, t)=
tx +(1 t)g
+
(x)
||tx +(1 t)g
+
(x)||
e portanto deg(g
+
)=1.
Estenda p f
n
sobre toda S
n
pondo p f
n
(E
n
)={e
n
}.
Assim, p f
n
= g
+
= a g
+
, onde a : S
n
−→ S
n
´e a aplica¸ao ant´ıpoda.
Da´ı, p f
n
: S
n
−→ S
n
´e tal que
deg(p f
n
)=deg(a g
+
)=deg(a)deg(g
+
)=(1)
n+1
1=(1)
n+1
.
Seja i
n
: S
n
−→ S
n
a aplica¸ao identidade. Ent˜ao, [i
n
e um gerador de π
n
(S
n
)=Z.
Logo, [i
n
] = π
n
(S
n
).
Na seq
¨
encia de homotopia do fibrado B =(SO(n +1),p,S
n
,SO(n)) considere o
homomorfismo π
n
(S
n
)
Δ
−→ π
n1
(SO(n)) e fa¸ca Δ([i
n
]) = w
n1
π
n1
(SO(n)).
Observe que f
n1
= f
n
|
S
n1
e[p f
n
]=[p f
n
i
n
]=(p f
n
)
([i
n
]) = deg(p f
n
)[i
n
]=
(1)
n+1
[i
n
].
Da´ı,
w
n1
= Δ([i
n
]) (1)
n+1
w
n1
=(1)
n+1
Δ([i
n
])
Δ:hom.
= Δ((1)
n+1
[i
n
]) = Δ([p f
n
]) =
Δ=δp
1
= δ p
1
p
([f
n
]) = δ([f
n
]) = [f
n
|
S
n1
]=[f
n1
].
Portanto, f
n1
: S
n1
−→ SO(n) representa o elemento (1)
n+1
w
n1
π
n1
(SO(n)).
Segue do Lema 4.5.1 que a aplica¸ao p f
n1
: S
n1
S
n1
tem grau 2 se n ´e par. Isto
´e equivalente a dizer que [p f
n1
]=2[i
n1
]. Logo p
([f
n1
])=2[i
n1
]. Pelo Teorema 4.5.1,
[f
n1
]=w
n1
π
n1
(SO(n)). Assim, p
(w
n1
)=2[i
n1
] onde [i
n1
e um gerador de
π
n1
(S
n1
)=Z.
Portanto, se n ´e par, w
n1
=
p
1
(−2[i
n1
]) e da´ı temos o
Corol´ario 4.5.2 Se n ´e par ent˜ao w
n1
gera um subgrupo c´ıclico infinito de π
n1
(SO(n)).
Propriedades dos Grupos U(n) e SU(n)
Proposi¸ao 4.5.5 Para todo n, o espco topol´ogico U(n) ´e homeomorfo ao espco topol´ogico
S
1
× SU(n)
Demonstra¸ao: Definamos a aplica¸ao cont´ınua
f : S
1
× SU(n) −→ U(n)
55
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
por f(u, T )=R, onde R ´e a matriz obtida multiplicando-se a primeira coluna de T por u e
mantendo fixa as demais.
Sejam u S
1
e T SU(n).
Identificando a matriz T por [v
1
,v
2
, ..., v
n
], temos que det(T )=1e
v
i
,v
j
= δ
ij
=
1,sei= j
0,sei= j
.
Assim,
f(u, T )=R =[uv
1
,v
2
, ..., v
n
].
Como
uv
1
,v
j
= uv
1
,v
j
=0,
para todo j =2, ..., n,e
||u.v
1
|| = |u|
2
||v
1
|| =1,
temos que R ´e uma matriz unit´aria. Logo f ´e bem definida.
Agora definamos a aplica¸ao cont´ınua
g : U(n) −→ S
1
× SU(n)
dada por g(R) = (det(R),T), onde T ´e obtida de R dividindo-se a primeira coluna de R por
det(R).
Assim, sendo R =[w
1
,w
2
, ..., w
n
], enao T =[
w
1
det(R)
,w
2
, ..., w
n
].
Uma vez que
w
1
det(R)
,w
j
=
1
det(R)
w
1
,w
j
=0,
para todo j =2, ..., n,e
||
w
1
det(R)
|| =
||w
1
||
| det(R)|
2
=1,
temos que T ´e uma matriz unit´aria. Al´em disso,
det(T )=
1
det(R)
det(R)=1.
ou seja, T SU(n).
Por outro lado, como R ´e unit´aria, sendo I
n
´e a matriz identidade de ordem n, temos
R.
R
t
= I
n
det(R). det(R
t
)=1 det(R).det(R
t
)=1 det(R).det(R)=1
| det(R)| =1 det(R) S
1
.
56
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Assim g ´e bem definida.
Verifiquemos agora que g ´eainversadef.
De fato, dados T =[v
1
,v
2
, ..., v
n
] SU(n)eu S
1
, temos:
g f(u, T )=g(f(u, [v
1
,v
2
, ..., v
n
]))
= g([uv
1
,v
2
, ..., v
n
])
= (det[uv
1
,v
2
, ..., v
n
], [
uv
1
det[uv
1
,v
2
,...,v
n
]
,v
2
, ..., v
n
])
Como det[uv
1
,v
2
, ..., v
n
]=u det[v
1
,v
2
, ..., v
n
]) = u det(T )=u, pois det(T ) = 1, segue que
g f(u, T )=(u, [v
1
,v
2
, ..., v
n
]) = (u, T ).
Analogamente, sendo R =[w
1
,w
2
, ..., w
n
] U(n),
f g(R)=f(det(R), [
w
1
det(R)
,w
2
, ..., w
n
]) = [det(R)
w
1
det(R)
,w
2
, ..., w
n
]=[w
1
,w
2
, ..., w
n
]=R.
Nessas condi¸oes, temos que f ´e um homeomorfismo.
Proposi¸ao 4.5.6 SU(n) ´e conexo por caminhos, para todo n.
Demonstra¸ao: Provemos por indu¸ao sobre n.
Para n =1,
SU(1) = {1}
que ´e conexo por caminhos.
Para n = 2, consideremos a fibra¸ao localmente trivial
p : SU(2) −→ S
3
,
que possui base S
3
e fibra t´ıpica SU(1) ambas conexas por caminhos. Pelo Corol´ario 3.0.1,
tem-se que SU(2) ´e conexo por caminhos.
Suponhamos que o resultado seja alido para n1, ou seja, SU(n1) ´e conexo por caminhos.
Enao, para n consideremos a fibra¸ao localmente trivial
p : SU(n) −→ S
2n1
.
Como a base B = S
2n1
´e conexa por caminhos e a fibra t´ıpica F = SU(n 1) ´e conexa
por caminhos pela hip´otese de indu¸ao, de acordo com o Corol´ario 3.0.1, SU(ne conexo por
caminhos.
57
4.5 Algumas Propriedades dos Grupos Cl´assicos
Proposi¸ao 4.5.7 O espco topol´ogico SU(2) ´e homeomorfo a esfera S
3
.
Demonstra¸ao: Consideremos a fibra¸ao localmente trivial p : SU(2) S
3
dada no
Exemplo 4.4.2. Observemos que T SU(2) pode ser vista como uma matriz do tipo
¯
d ¯c
cd
com c, d C e |c|
2
+|d|
2
=1. Ent˜ao p(T )=T (1, 0) =
¯
d
c
. Logo, p
1
: S
3
SU(2) definida
por p
1
(x, y)=
x ¯y
y ¯x
´e a inversa cont´ınua de p.
De fato, dado (x, y) S
3
, temos
p p
1
(x, y)=p(
x ¯y
y ¯x
)=
x ¯y
y ¯x

1
0
=(x, y).
Al´em disso, dada T =
¯
d ¯c
cd
SU(2),
p
1
p(
¯
d ¯c
cd
)=p
1
(
¯
d, c)=
¯
d ¯c
cd
.
Portanto p ´e um homeomorfismo.
58
Cap
´
ıtulo
5
alculo de Grupos de Homotopia dos Grupos
Cl´assicos
5.1 Grupo SO(n)
Grupo Fundamental
O grupo SO(1) = {1} ´e formado por um ´unico elemento. Logo
π
1
(SO(1)) = 0.
Pela Proposi¸ao 4.5.1, SO(2)
=
S
1
,ent˜ao π
1
(SO(2)) = π
1
(S
1
) o que implica
π
1
(SO(2)) = Z.
Pelo Corol´ario 4.5.1, SO(3) ´e homeomorfo ao espa¸co projetivo P
3
. Portanto, segue do
Exemplo 2.1.2 que
π
1
(SO(3)) = Z
2
.
Como conseq
¨
encia da Proposi¸ao 3.1.1 temos o
Corol´ario 5.1.1 Para n 4, tem-se π
1
(SO(n)) = Z
2
.
Demonstra¸ao: Faremos a prova por indu¸ao sobre n.
Para n = 4, consideremos a aplica¸ao
p : SO(4) −→ S
3
59
5.1 Grupo SO(n)
dada no Exemplo 4.4.1.
A aplica¸ao
p ´e uma fibra¸ao localmente trivial com espa¸co total SO(4), base S
3
e fibra
ıpica SO(3).
Como SO(3) ´e conexo por caminhos, S
3
´e simplesmente conexa e π
2
(S
3
) = 0 (vide
Observao 2.2.3), ent˜ao, pela Proposi¸ao 3.1.1,
π
1
(SO(4))
=
π
1
(SO(3)) = Z
2
.
Suponhamos o resultado v´alido para n 1 4, isto ´e, π
1
(SO(n 1)) = Z
2
.
Provemos para n 5. Temos a fibra¸ao localmente trivial
p : SO(n) −→ S
n1
dada no Exemplo 4.4.1. Esta fibra¸ao possui espa¸co total SO(n), base S
n1
simplesmente
conexa e fibra t´ıpica SO(n1) conexa por caminhos, com π
2
(S
n1
) = 0 (vide Observao 2.2.3).
Enao
π
1
(SO(n))
=
π
1
(SO(n 1)) = Z
2
.
Portanto,
π
1
(SO(n)) = Z
2
,n 4.
Grupos de Homotopia de Ordem Superior
alculo do Grupo de Homotopia de SO(n)non´ıvel k =2:
O grupo SO(1) possui somente o elemento neutro. Logo,
π
2
(SO(1)) = 0.
Pela Proposi¸ao 4.5.1, tem-se que SO(2)
=
S
1
.Da´ı, π
2
(SO(2)) = π
2
(S
1
). Enao, de
acordo com a Observao 2.2.3,
π
2
(SO(2)) = 0.
Para o grupo SO(3), usaremos a seq
¨
encia exata do fibrado dado no exemplo 4.4.1
... −→ π
2
(SO(2))
i
−→ π
2
(SO(3))
p
−→ π
2
(S
2
)
Δ
−→ π
1
(SO(2))
i
−→ π
1
(SO(3))
p
−→ π
1
(S
2
).
Como π
1
(S
2
) = 0, enao p
´e o homomorfismo nulo, de onde resulta que i
´e epimorfismo.
Logo, Im(i
)=π
1
(SO(3)).
60
5.1 Grupo SO(n)
Pelo Teorema do Isomorfismo,
π
1
(SO(2))
Ker(i
)
=
π
1
(SO(3)).
Mas π
1
(SO(2)) = Z, π
1
(SO(3)) = Z
2
e Ker(i
)=Im(Δ). Assim,
Z
Im(Δ)
= Z
2
Im(Δ) = 2Z.
Desse modo, Δ : π
2
(S
2
) −→ π
1
(SO(2)) (Δ : Z −→ Ze monomorfismo. Logo, Ker(Δ) =
{0}.Ent˜ao Im(p
)={0}. Portanto p
´e o homomorfismo nulo.
Enao temos a seq
¨
encia exata
... −→ π
2
(SO(2))
i
−→ π
2
(SO(3))
p
−→ 0 −→ ...
Como π
2
(SO(2)) = 0,
π
2
(SO(3)) = 0.
Para n = 4 temos a seq
¨
encia exata
... −→ π
2
(SO(3))
i
−→ π
2
(SO(4))
p
−→ π
2
(S
3
) −→ ...
Como π
2
(SO(3)) = 0 e π
2
(S
3
) = 0 segue que
π
2
(SO(4)) = 0.
Para n 5, consideraremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
3
(S
n1
)
Δ
−→ π
2
(SO(n 1))
i
−→ π
2
(SO(n))
p
−→ π
2
(S
n1
) −→ ...
Pela Observao 2.2.3, π
2
(S
n1
)=π
3
(S
n1
) = 0 sempre que n 5.
Assim,
... −→ 0
Δ
−→ π
2
(SO(n 1))
i
−→ π
2
(SO(n)) −→ 0 −→ ...
o que nos fornece π
2
(SO(n 1))
=
π
2
(SO(n)), n 5, ou seja,
0=π
2
(SO(4))
=
π
2
(SO(5))
=
π
2
(SO(6))
=
...
Desse modo,
π
2
(SO(n)) = 0,n 5.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(n)non´ıvel k =3:
61
5.1 Grupo SO(n)
Grupo SO(1) = {1}:
π
3
(SO(1)) = 0.
Grupo SO(2): Pela Proposi¸ao 4.5.1, π
3
(SO(2)) = π
3
(S
1
). Portanto, pela Observao
2.2.3:
π
3
(SO(2)) = 0.
Para o grupo SO(3), consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
3
(SO(2))
i
−→ π
3
(SO(3))
p
−→ π
3
(S
2
)
Δ
−→ π
2
(SO(2)) −→ ...
Como π
3
(SO(2)) = π
2
(SO(2)) = 0, resulta que π
3
(SO(3))
=
π
3
(S
2
).
Mas pela Observao 2.2.3, π
3
(S
2
)=Z. Logo,
π
3
(SO(3)) = Z.
Grupo SO(4): Consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
4
(S
3
)
Δ
−→ π
3
(SO(3))
i
−→ π
3
(SO(4))
p
−→ π
3
(S
3
)
Δ
−→ π
2
(SO(3)) −→ ...
Temos π
2
(SO(3)) = 0 e π
3
(S
3
)=Z (vide Observao 2.2.3).
Al´em disso, por π
4
(S
3
)=Z
2
(vide Observao 2.2.3) e π
3
(SO(3)) = Z, temos a aplica¸ao
Δ:Z
2
−→ Z.
Mas, Z
2
= {0, 1} e por Δ ser homomorfismo, Δ(0) = 0 Z.
Seja Δ(
1) = x, para algum x Z.Da´ı,
1+1=0 Δ(1+1) = Δ(0)
Δ: hom.
Δ(1)+Δ(1) = 0 x + x =0 2x =0 x =0.
Portanto Δ ´e o homomorfismo nulo.
Desse modo, a seq
¨
encia exata passa a ser
... −→ 0 −→ Z
i
−→ π
3
(SO(4))
p
−→ Z −→ 0 −→ ...
e sendo Z livre (Exemplo 1.1.1), a seq
¨
encia cinde. Ent˜ao
π
3
(SO(4)) = Z Z.
Para o grupo SO(5), consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
4
(S
4
)
Δ
−→ π
3
(SO(4))
i
−→ π
3
(SO(5))
p
−→ π
3
(S
4
) −→ ...
62
5.1 Grupo SO(n)
Como π
3
(S
4
)=0,p
´e o homomorfismo nulo. Portanto, Ker(p
)=π
3
(SO(5)) = Im(i
).
Aplicando o Teorema do Isomorfismo,
π
3
(SO(5))
=
π
3
(SO(4))
Ker(i
)
.
Mas, π
3
(SO(4)) = Z Z e Ker(i
)=Im(Δ). Logo
π
3
(SO(5))
=
Z Z
Im(Δ)
.
Agora, pelo Corol´ario 4.5.2, temos Im(Δ) = w
3
e w
3
= Δ([i
4
]), sendo i
4
: S
4
−→ S
4
a
aplica¸ao identidade.
Mas, [i
4
] = π
4
(S
4
)=Z,ent˜ao Im(Δ) = w
3
=
Z.
Da´ı,
π
3
(SO(5))
=
Z Z
Z
π
3
(SO(5))
=
Z.
Para o grupo SO(n), n 6, consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
4
(S
n1
))
Δ
−→ π
3
(SO(n 1))
i
−→ π
3
(SO(n))
p
−→ π
3
(S
n1
)) −→ ...
Da Observao 2.2.3, π
3
(S
n1
)=π
4
(S
n1
)=0sen1 5. Enao temos a seq
¨
encia exata
... −→ 0 −→ π
3
(SO(n 1))
i
−→ π
3
(SO(n)) −→ 0 −→ ...
de onde se conclui que π
3
(SO(n 1))
=
π
3
(SO(n)), sempre que n 6.
Logo, Z = π
3
(SO(5))
=
π
3
(SO(6))
=
π
3
(SO(7))
=
...
Portanto,
π
3
(SO(n)) = Z,n 6.
5.2 Grupo U(n)eSU(n)
Grupo Fundamental
Segue da defini¸ao do grupo SU(1) que ele o possui o elemento neutro, assim, SU(1) = {1}.
Enao
π
1
(SU(1)) = 0.
Como conseq
¨
encia da Proposi¸ao 3.1.2 temos o
Corol´ario 5.2.1 Para todo n, SU(n) ´e simplesmente conexo e π
1
(U(n)) = Z.
63
5.2 Grupo U(n)eSU (n)
Demonstra¸ao: Inicialmente, observemos que para todo n, SU(ne conexo por caminhos
(vide Proposi¸ao 4.5.6).
Temos que SU(1) = {1} ´e simplesmente conexo, pois SU(1) ´e conexo por caminhos e
π
1
(SU(1)) = 0.
Para n = 2, consideremos a fibra¸ao localmente trivial
p : SU(2) −→ S
3
,
dada no Exemplo 4.4.2, que possui base S
3
simplesmente conexa e fibra t´ıpica SU(1) conexa
por caminhos. Pela Proposi¸ao 3.1.2 tem-se que o grupo fundamental de SU(2) ´e isomorfo a
um grupo quociente do grupo fundamental de SU(1). Mas π
1
(SU(1)) = 0. Logo
π
1
(SU(2)) = 0.
Suponhamos agora que SU(n 1) ´e um espa¸co simplesmente conexo para n 1 2, isto ´e,
SU(n 1) ´e conexo por caminhos e π
1
(SU(n 1)) = 0.
Provemos para n 3. Para isto basta mostra que π
1
(SU(n)) = 0. De fato, consideremos a
fibra¸ao localmente trivial
p : SU(n) −→ S
2n1
com base S
2n1
e fibra t´ıpica SU(n 1), dada no Exemplo 4.4.2.
Como S
2n1
´e simplesmente conexa (vide Exemplo 2.1.3) e SU(n 1) ´e conexo por
caminhos, segue pela Proposi¸ao 3.1.2 que π
1
(SU(n)) ´e isomorfo a um grupo quociente do
grupo fundamental π
1
(SU(n 1)) = 0 (hip´otese de indu¸ao).
Portanto
π
1
(SU(n)) = 0, n.
Como, pela Proposi¸ao 4.5.5, para todo n, temos
U(n) S
1
× SU(n)
enao
π
1
(U(n))
=
π
1
(S
1
) × π
1
(SU(n)) π
1
(U(n)) = Z ×{0}.
Portanto,
π
1
(U(n)) = Z.
Grupos de Homotopia de Ordem Superior
64
5.2 Grupo U(n)eSU (n)
alculo do Grupo de Homotopia de SU(n)non´ıvel k =2:
Como o grupo SU(1) possui somente o elemento neutro,
π
2
(SU(1)) = 0.
Pela Proposi¸ao 4.5.7, SU(2) ´e homeomorfo a S
3
, assim π
2
(SU(2))
=
π
2
(S
3
). Como, pela
Observao 2.2.3, π
2
(S
3
) = 0 segue que
π
2
(SU(2)) = 0.
Para o grupo SU(n), n 3, consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
3
(S
2n1
)
Δ
−→ π
2
(SU(n 1))
i
−→ π
2
(SU(n))
p
−→ π
2
(S
2n1
) −→ ...
Como 2n 1 5, π
3
(S
2n1
)=π
2
(S
2n1
) = 0 (vide Observao 2.2.3), e portanto obtemos
a seq
¨
encia exata
... −→ 0 −→ π
2
(SU(n 1))
i
−→ π
2
(SU(n)) −→ 0 −→ ...
de onde resulta que
π
2
(SU(n 1))
=
π
2
(SU(n)),n 3.
Logo,
0=π
2
(SU(2))
=
π
2
(SU(3))
=
π
2
(SU(4))
=
...
Portanto,
π
2
(SU(n)) = 0, n.
alculo do Grupo de Homotopia de SU(n)non´ıvel k =3:
Como SU(1) = {1}:
π
3
(SU(1)) = 0.
Pela Proposi¸ao 4.5.7, SU(2) S
3
e, pela Observao 2.2.3, π
3
(S
3
)=Z.Logo
π
3
(SU(2)) = Z.
Para o grupo SU(n), n 3, consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
4
(S
2n1
)
Δ
−→ π
3
(SU(n 1))
i
−→ π
3
(SU(n))
p
−→ π
3
(S
2n1
) −→ ...
Como 2n 1 > 4, sempre que n 3, pela Observao 2.2.3 tem-se π
4
(S
2n1
)=π
3
(S
2n1
)=
0.
65
5.2 Grupo U(n)eSU (n)
Sendo assim, obtemos a seq
¨
encia exata
... −→ 0 −→ π
3
(SU(n 1))
i
−→ π
3
(SU(n)) −→ 0 −→ ...
Dessa forma, π
3
(SU(n))
=
π
3
(SU(n 1)), n 3.
Portanto,
π
3
(SU(n)) = Z,n 3.
Paraoc´alculo do Grupo de Homotopia de U(n), lembramos que, conforme Proposi¸ao 4.5.5,
U(n) S
1
× SU(n), para todo n. Logo, π
k
(U(n))
=
π
k
(S
1
) × π
k
(SU(n)), para todo k.
alculo do Grupo de Homotopia de U(n)non´ıvel k =2:
Como π
2
(SU(n)) = 0 para todo n e π
2
(S
1
)=0,
π
2
(U(n)) = 0, n.
alculo do Grupo de Homotopia de U(n)non´ıvel k =3:
Tem-se que π
3
(SU(1)) = 0 e π
3
(S
1
) = 0 (vide Observao 2.2.3). Logo,
π
3
(U(1)) = 0.
Agora, π
3
(SU(n)) = Z para todo n 2eπ
3
(S
1
) = 0 (vide Observao 2.2.3). Portanto,
π
3
(U(n)) = Z, n 2.
5.3 Grupo Sp(n)
Grupo Fundamental
Inicialmente observemos que o grupo Sp(1) pode ser identificado com a esfera S
3
pois, se
M Sp(1), M =[w], com w R
4
e ||w|| =1. Ent˜ao Sp(1) = S
3
. Como π
1
(S
3
) = 0 (vide
Observao 2.2.3), ent˜ao
π
1
(Sp(1)) = 0.
Para o grupo Sp(n), n 2, consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
2
(S
4n1
)
Δ
−→ π
1
(Sp(n 1))
i
−→ π
1
(Sp(n))
p
−→ π
1
(S
4n1
).
Sempre que n 2, tem-se 4n 1 > 2. Logo, da Observao 2.2.3, π
1
(S
4n1
)=π
2
(S
4n1
)=
66
5.3 Grupo Sp(n)
0.
Portanto,
π
1
(Sp(n))
=
π
1
(Sp(n 1)) = 0, n 2.
Assim
0=π
1
(Sp(1))
=
π
1
(Sp(2))
=
π
1
(Sp(3))
=
···
Portanto,
π
1
(Sp(n)) = 0, n.
Grupos de Homotopia de Ordem Superior
alculo do Grupo de Homotopia de Sp(n)non´ıvel k =2:
Desde que Sp(1) = S
3
e π
2
(S
3
) = 0 (vide Observao 2.2.3), ent˜ao
π
2
(Sp(1)) = 0.
Para o grupo Sp(n), n 2, consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
3
(S
4n1
)
Δ
−→ π
2
(Sp(n 1))
i
−→ π
2
(Sp(n))
p
−→ π
2
(S
4n1
) −→ ...
Temos que 4n 1 > 3, sempre que n 2. Assim, π
3
(S
4n1
)=π
2
(S
4n1
) = 0 (vide
Observao 2.2.3). Logo,
π
2
(Sp(n))
=
π
2
(Sp(n 1)), n 2.
Portanto,
π
2
(Sp(n)) = 0, n 2.
alculo do Grupo de Homotopia de Sp(n)non´ıvel k =3:
Desde que Sp(1) = S
3
, segue que π
3
(Sp(1))
=
π
3
(S
3
). Ent˜ao, conforme Observao 2.2.3,
π
3
(Sp(1)) = Z.
Para o grupo Sp(n), n 2, consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
4
(S
4n1
)
Δ
−→ π
3
(Sp(n 1))
i
−→ π
3
(Sp(n))
p
−→ π
3
(S
4n1
) −→ ...
Como, para todo n 2, 4n 1 > 4, π
4
(S
4n1
)=π
3
(S
4n1
) = 0 e portanto,
π
3
(Sp(n 1))
=
π
3
(Sp(n)),n 2.
67
5.3 Grupo Sp(n)
Logo,
π
3
(Sp(n)) = Z, n 2.
5.4 Mais c´alculos de Grupos de Homotopia dos Grupos Cl´assicos
Nesta se¸ao faremos mais alguns c´alculos de grupos de homotopia dos grupos cl´assicos SO(n),
SU(n), U(n)eSp(n) para alguns valores de n.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(1) no n´ıvel k =4:
Como SO(1) = {1},ent˜ao
π
4
(SO(1)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(2) no n´ıvel k =4:
Como SO(2)
=
S
1
(vide Proposi¸ao 4.5.1), π
4
(SO(2))
=
π
4
(S
1
). Logo,
π
4
(SO(2)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(3) no n´ıvel k =4:
Considerando a seq
¨
encia exata
... −→ π
4
(SO(2))
i
−→ π
4
(SO(3))
p
−→ π
4
(S
2
)
Δ
−→ π
3
(SO(2)) −→ ...
Como π
4
(SO(2)) = π
3
(SO(2)) = 0, obtemos a seq
¨
encia exata
0 −→ π
4
(SO(3))
p
−→ π
4
(S
2
) −→ 0
de onde se conclui que p
´e isomorfismo. Mas, pela Observao 2.2.3, π
4
(S
2
)=Z
2
, portanto
π
4
(SO(3)) = Z
2
.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(4) no n´ıvel k =4:
O grupo SO(4) ´e homeomorfo a SO(3)× S
3
(vide Proposi¸ao 4.5.4). Como π
4
(SO(3)) = Z
2
e π
4
(S
3
)=Z
2
(vide Observao 2.2.3), ent˜ao
π
4
(SO(4)) = Z
2
Z
2
.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(1) no n´ıvel k =5:
Como SO(1) = {1},ent˜ao
π
5
(SO(1)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(2) no n´ıvel k =5:
68
5.4 Mais c´alculos de Grupos de Homotopia dos Grupos Cl´assicos
Pela Proposi¸ao 4.5.1, SO(2)
=
S
1
e π
5
(S
1
) = 0 (vide Observao 2.2.3). Ent˜ao
π
5
(SO(2)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(3) no n´ıvel k =5:
Consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
5
(SO(2))
i
−→ π
5
(SO(3))
p
−→ π
5
(S
2
)
Δ
−→ π
4
(SO(2)) −→ ...
Como π
5
(SO(2)) = π
4
(SO(2)) = 0, obtemos a seq
¨
encia exata
... −→ 0 −→ π
5
(SO(3))
p
−→ π
5
(S
2
) −→ 0 −→ ...
Pela Observao 2.2.3, π
5
(S
2
)=Z
2
, e como p
´e isomorfismo, segue que
π
5
(SO(3)) = Z
2
.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(4) no n´ıvel k =5:
Temos que SO(4) SO(3) × S
3
(vide Proposi¸ao 4.5.4).
Pela Observao 2.2.3, π
5
(S
3
)=Z
2
,ent˜ao
π
5
(SO(4)) = Z
2
Z
2
.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(1) no n´ıvel k =6:
Como SO(1) = {1},ent˜ao
π
6
(SO(1)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(2) no n´ıvel k =6:
Pela Proposi¸ao 4.5.1, SO(2)
=
S
1
e π
6
(S
1
) = 0 (vide Observao 2.2.3). Ent˜ao
π
6
(SO(2)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(3) no n´ıvel k =6:
Consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
6
(SO(2))
i
−→ π
6
(SO(3))
p
−→ π
6
(S
2
)
Δ
−→ π
5
(SO(2)) −→ ...
Como π
6
(SO(2)) = π
5
(SO(2)) = 0, obtemos a seq
¨
encia exata
... −→ 0 −→ π
6
(SO(3))
p
−→ π
6
(S
2
) −→ 0 −→ ...
69
5.4 Mais c´alculos de Grupos de Homotopia dos Grupos Cl´assicos
Al´em disso, π
6
(S
2
)=Z
12
(vide Observao 2.2.3), ent˜ao
π
6
(SO(3)) = Z
12
.
alculo do Grupo de Homotopia de SO(4) no n´ıvel k =6:
Temos que SO(4) SO(3) × S
3
(vide Proposi¸ao 4.5.4).
Pela Observao 2.2.3, π
6
(S
3
)=Z
12
,ent˜ao
π
6
(SO(4)) = Z
12
Z
12
.
alculo do Grupo de Homotopia de SU(1) e U(1) no n´ıvel k =4:
Temos SU(1) = {1}. Portanto,
π
4
(SU(1)) = 0.
Como U(1) S
1
× SU(1) (vide Proposi¸ao 4.5.5) e π
4
(S
1
) = 0 (vide Observao 2.2.3),
enao
π
4
(U(1)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SU(2) e U(2) no n´ıvel k =4:
Temos que SU(2) S
3
(vide Proposi¸ao 4.5.7) e π
4
(S
3
)=Z
2
(vide Observao 2.2.3).
Portanto,
π
4
(SU(2)) = Z
2
.
Como π
4
(S
1
) = 0, segue da Proposi¸ao 4.5.5 que
π
4
(U(2)) = Z
2
.
alculo do Grupo de Homotopia de SU(1) e U(1) no n´ıvel k =5:
Temos SU(1) = {1}. Portanto,
π
5
(SU(1)) = 0.
Como U(1) S
1
× SU(1) (vide Proposi¸ao 4.5.5) e π
5
(S
1
) = 0 (vide Observao 2.2.3),
enao
π
5
(U(1)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SU(2) e U(2) no n´ıvel k =5:
Temos que SU(2) S
3
(vide Proposi¸ao 4.5.7) e π
5
(S
3
)=Z
2
(vide Observao 2.2.3).
Portanto,
π
5
(SU(2)) = Z
2
.
70
5.4 Mais c´alculos de Grupos de Homotopia dos Grupos Cl´assicos
Como π
5
(S
1
) = 0, segue da Proposi¸ao 4.5.5 que
π
5
(U(2)) = Z
2
.
alculo do Grupo de Homotopia de SU(1) e U(1) no n´ıvel k =6:
Temos SU(1) = {1}. Portanto,
π
6
(SU(1)) = 0.
Como U(1) S
1
× SU(1) (vide Proposi¸ao 4.5.5) e π
6
(S
1
) = 0 (vide Observao 2.2.3),
enao
π
6
(U(1)) = 0.
alculo do Grupo de Homotopia de SU(2) e U(2) no n´ıvel k =6:
Temos que SU(2) S
3
(vide Proposi¸ao 4.5.7) e π
6
(S
3
)=Z
12
(vide observao 2.2.3).
Portanto,
π
6
(SU(2)) = Z
12
.
Como π
6
(S
1
) = 0, segue da Proposi¸ao 4.5.5 que
π
6
(U(2)) = Z
12
.
alculo do Grupo de Homotopia de Sp(1) no n´ıvel k =4:
Como Sp(1) = S
3
e π
4
(S
3
)=Z
2
(vide Observao 2.2.3), tem-se que
π
4
(Sp(1)) = Z
2
.
alculo do Grupo de Homotopia de Sp(n), n 2, no n´ıvel k =4:
Consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
5
(S
4n1
)
Δ
−→ π
4
(Sp(n 1))
i
−→ π
4
(Sp(n))
p
−→ π
4
(S
4n1
) −→ ...
Como n 2, ent˜ao 4n 1 > 5, de onde resulta que π
5
(S
4n1
)=π
4
(S
4n1
) = 0. Dessa
forma,
π
4
(Sp(n))
=
π
4
(Sp(n 1)),n 2.
Portanto,
π
4
(Sp(n)) = Z
2
,n 2.
alculo do Grupo de Homotopia de Sp(1) no n´ıvel k =5:
Como π
5
(S
3
)=Z
2
(vide Observao 2.2.3) e Sp(1) = S
3
segue que
π
5
(Sp(1)) = Z
2
.
71
5.4 Mais c´alculos de Grupos de Homotopia dos Grupos Cl´assicos
alculo do Grupo de Homotopia de Sp(n), n 2, no n´ıvel k =5:
Consideremos a seq
¨
encia exata
... −→ π
6
(S
4n1
)
Δ
−→ π
5
(Sp(n 1))
i
−→ π
5
(Sp(n))
p
−→ π
5
(S
4n1
) −→ ...
Como n 2, enao 4n 1 > 6, e assim conclu´ımos que π
6
(S
4n1
)=π
5
(S
4n1
) = 0 (vide
Observao 2.2.3). Logo,
π
5
(Sp(n 1)) = π
5
(Sp(n)),n 2.
Portanto,
π
5
(Sp(n)) = Z
2
,n 2.
alculo do Grupo de Homotopia de Sp(1) no n´ıvel k =6:
Desde que Sp(1) = S
3
, π
6
(Sp(1))
=
π
6
(S
3
). Como π
6
(S
3
)=Z
12
(vide Observao 2.2.3)
segue que
π
6
(Sp(1)) = Z
12
.
5.5 Resultados obtidos
Finalmente, apresentamos uma tabela com os resultados obtidos :
X k=1 k=2 k=3 k=4 k=5 k=6
SO(1) 0 0 0 0 0 0
SO(2) Z 0 0 0 0 0
SO(3) Z
2
0 Z Z
2
Z
2
Z
12
SO(4) Z
2
0 Z Z Z
2
Z
2
Z
2
Z
2
Z
12
Z
12
SO(n), n 5 Z
2
0 Z
SU(1) 0 0 0 0 0 0
SU(2) 0 0 Z Z
2
Z
2
Z
12
SU(n), n 3 0 0 Z
U(1) Z 0 0 0 0 0
U(2) Z 0 Z Z
2
Z
2
Z
12
U(n), n 3 Z 0 Z
Sp(1) 0 0 Z Z
2
Z
2
Z
12
Sp(n), n 1 0 0 Z Z
2
Z
2
72
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] HATCHER, A. Algebraic Topology. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.
[2] LIMA, E.L. Curso de An´alise. Instituto de Matem´atica Pura e Aplicada, vol. 2, Rio de
Janeiro, 2000.
[3] LIMA, E.L. Grupo Fundamental e Espa¸cos de Recobrimento. Instituto de
Matem´atica Pura e Aplicada, Rio de Janeiro, 1998.
[4] MASSEY, W. S. Singular Homology Theory. Springer-Verlag, New York, 1980.
[5] MENEGUESSO, E. Algumas Considera¸oes sobre Espa¸cos de Eilenberg-
MacLane. Disserta¸ao de Mestrado, IBILCE-UNESP, S˜ao Jos´e do Rio Preto, 2007.
[6] MILIES, F.C.P. An´eis e M´odulos. Universidade de ao Paulo, 1972.
[7] MIMURA, M.; TODA, H. Topology of Lie Groups, I and II. Copyright, vol. 1, 1978.
[8] MUNKRES, J. R. Topology: A First Course. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, NJ,
1975.
[9] STEENROD, N. The Topology of Fibre Bundles. Princeton University Press, 1951.
[10] WHITEHEAD, G.W. Elements of Homotopy Theory. G.T.M. 61, Springer-Verlag,
New York, 1978.
73
´
Indice Remissivo
´algebra dos quat´ernios, 4
aplica¸ao localmente injetiva, 3
C
σ
-espa¸co, 30
crit´erio da compress˜ao, 20
espa¸co projetivo, 4
espa¸co simplesmente conexo, 11
espa¸cos s´olidos, 2
fibra¸ao localmente trivial, 29
fibrado, 29
grau de uma aplica¸ao, 50
grupo das rota¸oes do R
n
(SO(n)), 41
grupo de homotopia de SO(n), 60
grupo de homotopia de Sp(n), 67
grupo de homotopia de SU(n), 64
grupo de homotopia de U(n), 64
grupo de homotopia relativa, 13, 17
grupo especial unit´ario (SU(n)), 42
grupo fundamental, 11
grupo fundamental de SO(n), 59
grupo fundamental de Sp(n), 66
grupo fundamental de SU(n), 63
grupo fundamental de U(n), 63
grupo simpl´etico (Sp(n)), 42
grupo unit´ario (U(n)), 41
grupos cl´assicos, 41
gurpo de homotopia, 12
homomorfismo induzido, 19
homotopia, 6
homotopia de caminhos, 8
homotopia estacion´aira, 30
imers˜ao, 3
Lema da colagem, 7
operador bordo, 18
posto de uma aplica¸ao diferenci´avel, 3
posto de uma transforma¸ao linear, 3
retra¸ao, 2
retrato absoluto, 2
seq
¨
encia de homotopia, 20
seq
¨
encia de homotopia de um fibrado, 30, 34
seq
¨
encia de homotopia exata, 23
seq
¨
encia de homotopia exata de um fibrado,
35
seq
¨
encia
exata,
1
seq
¨
encia exata curta, 1
submers˜ao, 3
Teorema da convergˆencia de homotopia, 30
74
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo