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RESUMO
Apresenta-se a freqüência de espécies de Anopheles em municípios em risco e
com autoctonia de casos de malária no Estado de Goiás, no período de 1999 a 2006.
Foram capturados 2.867 exemplares de 11 espécies de Anopheles, em 26 municípios. As
freqüências das espécies Anopheles evansae, An. darlingi; An. albitarsis, An.
argyritarsis, An. parvus, An. galvoai e An. oswaldoi, foram estatisticamente iguais,
porém, significativamente maiores do que as espécies An. mediopunctatus, An.
maculipes, An. braziliensis e An. kompi (p<0,05). As espécies que apresentaram a maior
distribuição geográfica, foram An. darlingi e An. evansae, seguidas das espécies An.
argyritarsis e An. albitarsis. O número de casos de malária, no período estudado, foi de
1.018 casos importados e 23 casos autóctones. Dos casos autóctones diagnosticados,
21,7% foram causados por Plasmodium falciparum e 78,3% por P. vivax. Em relação
aos casos importados, a freqüência da malária foi muito similar aos autóctones, sendo,
respectivamente, de 27,2 e 72,8% para P. falciparum e P. vivax.
PALAVRAS-CHAVE: Malária, Autoctonia, Anofelinos
A malária é uma das doenças mais importantes do mundo, que infecta entre 300
a 500 milhões de pessoas a cada ano, com mais de um milhão de óbitos, principalmente,
em crianças menores de 5 anos de vida (WHO 1988, 1992 e1994). Ocorre em todos os
continentes, em mais de 100 países, e a maior prevalência está na África com cerca de
90% dos casos. Nas Américas, a maior prevalência ocorre na região amazônica, e o
Brasil contribui com a metade dos casos (OPAS 1998).
No Brasil, o número de casos de malária é de aproximadamente 400.000 por
ano, restritos, basicamente, aos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Roraima, Tocantins, representando 99,5% dos casos (Martins et al. 2007).
A dinâmica da transmissão da malária, nesses estados está associada aos fatores
ambientais, socioculturais, econômicos e políticos (Barata 1995; Silva et al. 2006).
O conhecimento da fauna anofélica é importante para a epidemiologia da
malária, especialmente em áreas que vêm sofrendo modificações ecológicas, como
ocorre em Goiás, nos municípios com construção de hidrelétricas. Esse fato favorece o
aumento da densidade dos vetores, que culmina com a emergência e expansão da
malária (Guimarães et al. 1997).