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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
Eduardo Ridan Manoel
ESPÉCIES DE ANOPHELES EM MUNICÍPIOS DE RISCO E COM
AUTOCTONIA DE MALÁRIA NO ESTADO DE GOIÁS, NO
PERÍODO DE 1999 A 2006
Orientador
Prof. Dr. Ionizete Garcia da Silva
Dissertação de Mestrado
Goiânia - GO
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
EDUARDO RIDAN MANOEL
ESPÉCIES DE ANOPHELES EM MUNICIPIOS DE RISCO E COM
AUTOCTONIA DE MALÁRIA NO ESTADO DE GOIAS NO
PERÍODO DE1999 A 2006
Orientador
Prof. Dr. Ionizete Garcia da Silva
Dissertação submetida ao
PPGMT/UFG como requisito
parcial para obtenção do Grau
de Mestre em Medicina
Tropical na área de
concentração em Parasitologia
Goiânia - GO
2007
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3
A minha esposa Miriam, aos meus
filhos Vinicius, Verônica e Gabriel
pelo estímulo, compreensão e
apoio nesta jornada.
Aos meus pais e meus irmãos pelo
incentivo.
A eles dedico.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo privilégio de confiar-me esta tarefa e ter me dado saúde
para que eu pudesse concluí-la.
Ao Prof. Dr. Ionizete Garcia da Silva, professor Titular do Departamento
de Microbiologia, Imunologia, Patologia e Parasitologia (DMIPP), do Instituto de
Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), da Universidade Federal de Goiás
(UFG), pelas orientações, apoio e compreensão, não medindo esforços para
que o trabalho fosse concluído.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical
do IPTSP/ UFG, pela oportunidade oferecida.
À Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde
(SPAIS)/Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES/GO), na pessoa do
Superintendente, Antonio Wilson Soares de Oliveira pelo apoio e oportunidade.
Aos colegas Antonio Wilson, Sócrates, Eliana e Cleide, pelos momentos
de convívio e troca de experiências.
Ao pessoal do Laboratório de Biologia, Fisiologia de insetos e
Xenodiagnóstico, pelo convívio e o imprescindível auxilio. A Profª. Dr.ª. Heloisa
Helena Garcia Silva, do DMIPP/IPTSP/UFG, e aos técnicos Carmeci Natalina
Elias, Edson da Silva, Taísia Izabel Vieira e Girlene Sena de Assis.
Ao técnico e amigo Waldomir e aos demais técnicos do Laboratório de
Entomologia do Estado.
Aos colegas da SPAIS, Gélcio, Robélia, Valéria, Petronor e Wisley pelo
apoio e enorme contribuição na busca e tratamento dos dados de campo e
confecção dos mapas.
5
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... 6
RESUMO ........................................................................................................................... 7
ABSTRACT ...................................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
O vetor ........................................................................................................................... 9
A malária ..................................................................................................................... 11
Epidemiologia da malária ............................................................................................ 12
Distribuição geográfica da malária .............................................................................. 12
Fatores humanos .......................................................................................................... 16
Malária autóctone e importada .................................................................................... 16
Fatores ambientais ....................................................................................................... 17
Fatores sociais .............................................................................................................. 17
Situação atual ............................................................................................................... 18
Controle ...................................................................................................................... 18
OBJETIVOS .................................................................................................................... 19
MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 20
RESULTADOS ............................................................................................................... 22
CONCLUSÕES ............................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 32
6
LISTA DE FIGURAS
Indrodução
Figura 1 - Distribuição da malária no mundo
Figura 2 - Registro de casos de Malária e espécies parasitárias (P. falciparum e
P. vivax), Brasil, 1961 a 2003
Figura 3 - Áreas endêmicas de malária
Manuscrito
Tabela 1 – Distribuição das espécies de Anopheles em municípios com risco e
com autoctonia de malária no Estado de Goiás, entre 1999 e 2006
Figura 1 – Distribuição das espécies de Anopheles em áreas com risco e com
autoctonia de malária no Estado de Goiás, entre 1999 e 2006
Figura 2 – Freqüência de casos de malária no Estado de Goiás, no período de
1999 a 2006
7
RESUMO
A malária está entre uma das seis doenças mais prevalentes do mundo,
acometendo principalmente gestantes e crianças menores de cinco anos. Muito
contribuiu para a decadência do ser humano, prejudicando o desenvolvimento
econômico das populações, além de trazer grandes prejuízos sócio-
econômicos. Por outro lado estimulou a migração das áreas endêmicas para
outras regiões do país, contribuindo para o surgimento de surtos no Paraná,
Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais e
Bahia. A região Amazônica é área endêmica de malária no Brasil com 97% dos
casos. A posição geográfica do Estado de Goiás favoreceu a instalação de
surtos de malária. O grande fluxo de pessoas oriundas da região endêmica, a
procura de trabalho, muitas vezes assintomáticas, foi fator determinante em
áreas com espécies primárias, como o Anopheles darlingi. A inexistência de
uma carta anofélica em Goiás, de estudos sobre essa entomofauna e da
autoctonia da malária, motivaram este estudo. Apresenta-se a freqüência de
espécies de Anopheles em municípios com risco e autoctonia, no período de
1999 a 2006. Foram capturados 2.867 exemplares de 11 espécies de
Anopheles, em 26 municípios, as freqüências de Anopheles evansae, An.
darlingi; An. albitarsis, An. argyritarsis, An. parvus, An. galvoai e An. oswaldoi,
foram estatisticamente iguais, porém, significativamente maiores do que as
espécies An. mediopunctatus, An. maculipes, An. braziliensis e An. kompi
(p<0,05). As espécies que apresentaram a maior distribuição geográfica, foram
An. darlingi e An. evansae, seguidas das espécies An. argyrytarsis e An.
albitarsis. O número de casos de malária, no período estudado, foi de 1.018
casos importados e 23 casos autóctones. Dos casos autóctones
diagnosticados, 21,7% foram causados por Plasmodium falciparum e 78,3%
por P. vivax. Em relação aos casos importados, a freqüência da malária foi
muito similar aos autóctones, sendo, respectivamente, de 27,2 e 72,8% para P.
falciparum e P. vivax.
8
ABSTRACT
The malaria it is one the six diseases more prevalent of the world, it is occur
principally in pregnancy and children minor of 5 years old. It gives a big
contribution with the human decadence, harming the economic development of
the populations it brings a socio economics prejudice. By the way, it stimulated
the migration from endemic areas to other regions of the country contributing
with the beginning of anchored in the countries in the states of Paraná, Mato
Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais and Bahia.
The Amazon region is the endemics area of malaria contributing with 97% of
the cases of Brazil. The geographic wide position of Goiás State favorites the
establishment of anchored of malaria. The migration of the peoples from the
endemic area looking for works, same times asymptomatic, was the
determinant factor in areas with primary species like Anopheles darlingi. The
inexistence of a card with the species of Anophelines in Goiás State, studies
about this entomofauna and autochthonous cases of malaria was the subject of
this studied. It is present the frequency of species of Anopheles in counties with
risk and autochthonous cases from 1999 to 2006. Have been collected 2867
exemplars of 11 species of Anopheles in 26 counties. The frequency of species
Anopheles evansae, An. darlingi, An. albitarsis, An. argyritarsis, An. parvus, An.
galvaoi and An. oswaldoi have been statistically equals, but significality major
than the species An. mediopunctatus, An. maculipes, An. braziliensis and An.
Kompi ( p<0,05). The species that show of the wide geographical distribution
have been An. darlingi and An. evansae followed from the species An.
argyritarsis and albitarsis. The numbers of cases of malaria in the studied
period was 1018 imported and 23 cases autochthonous cases. From the
autochthonous diagnosing cases 21.7% have been caused by Plasmodium
falciparum and 78,3% by Plasmodium vivax. In relation to the imported cases
the frequency of malaria was similar of the autochthonous, 27.02% and 72.8%,
respectively.
9
INTRODUÇÃO
O vetor
A malária é uma das doenças mais prevalentes do globo terrestre,
principalmente na faixa tropical. É transmitida através da fêmea de
Anophelinae, pertencente à ordem Diptera e a família Culicidae. O gênero
Anopheles foi descrito por Meigen, 1818. Este gênero compreende
aproximadamente 400 espécies, das quais 54 são encontradas no Brasil, e 70
incriminadas como transmissoras de plasmódios da malária humana. As
principais espécies transmissoras no Brasil são Anopheles (N) darlingi Root,
1926; An. (N) aquasalis Curry, 1932 e An. (N) albitarsis Lynch Arribálzaga,
1878. Esses mosquitos são popularmente conhecidos por “carapanã”, “sovela”
e “bicuda” (Rey 2001, MS 2006).
Várias espécies de Anophelinae transmitem a malária humana. As mais
importantes vetoras no Brasil, consideradas como primárias, são An. darlingi,
An. aquasalis, An. cruzii e An. bellator. No mesêntero desses mosquitos se
processa a reprodução das espécies de Plasmodium. No Brasil ocorrem as
espécies Plasmodium vivax, P. falciparum e P. malariae, todas realizam seu
ciclo reprodutivo sexuado, a partir da transformação dos micro e
macrogametócitos ingeridos no ato da hematofagia, em micro e
macrogamentas, que se fundem formando o zigoto. Este apresenta movimento
e é denominado oocineto, adentra á matriz peritrófica e penetra nas células do
epitélio do mesêntero, transformando-se em oocisto e diferenciando-se em
esporozoítas. Estes são liberados após a ruptura do oocisto, caem na
hemocele, alcançam as glândulas salivares e são capazes de atravessar o
epitélio das glândulas, para posteriormente serem inoculados na próxima
hematofagia (Klein et al 1991).
As espécies de mosquitos consideradas primárias apresentam
especificidade na relação mosquito-plasmódio e a capacidade vetorial de cada
espécie depende de interações entre as estruturas moleculares do vetor e do
protozoário. Essas interações foram observadas por Klein et al (1991) na
formação de oocistos em An. albitarsis, mas os esporozoítas não foram
10
capazes de invadir as glândulas salivares. Assim, se pode avaliar a
competência vetorial de cada espécie de mosquito.
Em outro estudo realizado com P. falciparum na Amazônia brasileira, foi
possível comparar An. darlingi e An. mediopunctatus e demonstrar a
eqüivalência da capacidade vetorial, a partir da ralação parasito-vetor (Klein et
al 1991).
Mais recentemente, pesquisas estão sendo desenvolvidas a partir da
fenotipagem de P. vivax e, avaliando a interação parasito-mosquito,
encontraram-se fenotipos (VK210) refratários e sensíveis (VK247) ao An.
albimanus. Quando testada a capacidade vetorial de An. pseudopuctipennis
houve uma inversão dos resultados (Gonzales Ceron et al 2001).
Há também estudos que procuram produzir anofelinos mutantes
refratários em laboratórios, das espécies primárias, e depois introduzi-las no
meio ambiente na tentativa de substituir as populações naturais de anofelinos
através do fluxo genético, além de outros estudos sobre fatores do sistema
imune dos mosquitos ligados à refratariedade (Ahmed et al. 1999). Outro tipo
de estudo que vem sendo desenvolvido em vários países é o seqüenciamento
genômico de An. gambiae para descobrir o mecanismo imune do mosquito
relacionado com a refratariedade. foram identificados alguns peptídeos
antiplasmodial (Vizioli et al. 2001).
Algumas seqüências gênicas têm sido estudadas em mosquitos controle
e infectados com plamódios, e foram identificadas várias seqüências
relacionadas com a resposta imunológica do mosquito. Receptores do oocineto
que interagem com o epitélio do mesêntero foram identificados, bem como
os dos esporozoítas nas glândulas salivares, inibindo suas penetrações,
podendo ser de grande utilidade na produção de Anopheles trangênicos
(James et al 1999, Capurro et al. 2000, Dimopoulos et al. 2000, Ghosh et al.
2001)
O principal vetor da malária no Brasil é o An. darlingi, cujo
comportamento é extremamente antropofílico e, dentre as espécies brasileiras,
é a mais encontrada em atividade heamatofágica no interior e nas
proximidades das residências e consegue manter transmissão mesmo com
densidade muito reduzida. Esta espécie cria-se, normalmente, em águas de
baixo fluxo, profundas, límpidas, sombreadas e com baixo teor de matéria
11
orgânica e sais. Entretanto, em situação de alta densidade, esse mosquito é
capaz de ocupar vários outros tipos de criadouros, incluindo pequenas
coleções hídricas e temporárias. Essa espécie distribui-se por todo o Brasil,
exceto em regiões de altitude acima de 1000 metros, no sertão nordestino e no
Rio Grande do Sul. Outra característica importante é sua capacidade de ser
infectado por diferentes espécies de plasmódios. Outras espécies como An.
albitarsis que é um complexo de cerca de seis espécies criticas, apenas An.
deaneorum Rosa Freitas, 1989; An. marajoara Galvão e Damasceno, 1942,
foram incriminadas formalmente como vetoras da malária (Forattini 1987,
Oliveira-Pereira et al 1999).
A presença de Bromeliaceae na mata Atlântica, em São Paulo, facilita a
existência de criadouros das espécies do subgênero Kerteszia como An. (K)
cruzii Dyar & Knab, 1908; An. (K) bellator Dyar & knab, 1906 e An. (K)
homunculos Komp, 1937, responsáveis pela malária nessa região que é
considerada não endêmica (Glória et al. 1993, Forattini et al. 1995).
Além dos Anofelinos citados, outras espécies como An strodei Root
(1926), An evansae (Brethes, 1926) e An galvaoi (Causey Deane & Deane,
1945) são encontradas esporadicamente com infecção natural. Estes
mosquitos são essencialmente zoofilicos e exofílicos. Seguramente se infectam
no auge das epidemias causadas por um vetor primário (Deane et al 1986,
Tadei et al, 1988, Lourenço-de-Oliveira et al. 1989, Oliveira-Ferreira et al.
1990).
A informação deve ser vista como um importante instrumento de
controle social, uma vez que possibilita o acompanhamento e a avaliação das
atividades dos serviços de saúde, a análise das prioridades políticas e técnicas
a partir da realidade demográfica e epidemiológica de determinado espaço
geográfico e o acompanhamento da aplicação dos recursos públicos (WHO
1999).
A malária
Muitos estudos, embora fragmentados são desenvolvidos para se tentar
estabelecer a origem da malária. Admite-se que tenha se originado na África
12
onde o parasito se adaptou bem aos hospedeiros. A malária humana é
evidenciada em estudos arqueológicos por meio de relatos sobre a ocorrência
de febre e esplenomegalia além de inscrições nos templos egípcios,
descrevendo febre intermitente. Também Hipócrates em seus estudos
descreve os mesmos sintomas. Laveram em 1880 descobre o agente
infeccioso, identificando corpos claros nos eritrócitos, observando a formação
de gametas machos e fêmeas e, posteriormente, o fenômeno da exoflagelação.
Em 1898, Ronaldo Ross comprovou a transmissão da malária por mosquitos,
estudando a malária em aves (Soper & Wilson 1943, Deane 1988 e 1992,
FUNASA 2000, MS 2006).
Epidemiologia da malária
A malária de mamíferos, aves e répteis é causada por um protozoário do
gênero Plasmodium e as espécies que foram encontradas parasitando o ser
humano são P.vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale, sendo esta última
de distribuição restrita à África. Aceita-se a hipótese de que os protozoários
que causam a malária humana podem ter surgidos da evolução por
especiação, isolamento e diferenciação de espécies co-genéricas de macacos
asiáticos. A evolução dos plasmódios tem sido estudada com base no genoma
mitocondrial para encontrar as relações filogenéticas das espécies. As
espécies P. vivax, P. ovale e P. malariae foram consideradas monofiléticas e
tiveram origem na África, mais de 100 milhões de anos. O P. falciparum foi
considerada polifilética e sua ancestralidade provável seria proveniente de
plasmódios de aves (Wheatley 1980, Escalante et al. 1998).
Distribuição geográfica da malária
As quatro espécies de plasmódios distribuem-se na África, Ásia e
Américas, e nesta última faz exceção P. ovale. Segundo a Organização
Mundial de Saúde, 40% da população mundial está sob algum risco de contrair
a malária (Figura 1). Os dados disponíveis sobre a ocorrência de malária, em
13
todo o mundo, são bastante imprecisos em conseqüência da baixa qualidade
dos sistemas de registro de informações em saúde. Estima-se que,
anualmente, a malária infecte entre 300 a 500 milhões de pessoas em todo o
mundo, causando, aproximadamente, um milhão de óbitos, principalmente em
menores de 5 anos e gestantes. A transmissão autóctone continua ocorrendo
em mais de 100 países distribuídos nas Américas (Bacia Amazônica), Caribe
(Republica Dominicana e Haiti), África, Ásia, Europa Oriental e Oceania (WHO
1992, Najera et al. 1999, MS 2006, Martins et al. 2007).
Nas Américas a malária é endêmica em 21 países e 38,6% de seus
habitantes estão expostos ao risco de transmissão. No Brasil, 95% dos casos
ocorrem na Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Roraima, Tocantins), onde prevalecem características
ambientais altamente favoráveis à permanência dos plasmódios,
principalmente porque bons criadouros naturais do vetor (Figura 2). Os
fatores que fazem esta região ser uma área de risco para focos de malária são
as características climáticas e geográficas propícias, alta densidade anofélica e
fácil exposição do homem ao vetor, principalmente nos locais de trabalho como
pesca, extração de madeira, trabalhos para formação de pastagens e
agricultura. Outro fator é o alto fluxo migratório de áreas interioranas que
trazem grandes problemas, como ampliação das áreas urbanas gerando surtos
epidêmicos de malária devido a alterações no habitat dos vetores
(Rebelo et al
1997, Rodrigues et al. 1998, MS 2000, WHO, 2001, Silva 2006).
Figura 1. Distribuição da malária no mundo
Fonte: OMS
14
A malária, no Brasil, apresentou um quadro territorial extenso nas
principais bacias hidrográficas e no litoral, na primeira metade do século XX.
Embora não haja dados precisos, aceita-se que o número de casos anuais era
na ordem de 4 a 5 milhões. A partir de meados do século passado, foi criado
um serviço nacional de combate à malária através da utilização de inseticida
(DDT), e houve uma redução drástica do números de casos, caindo para 40 mil
na década de 1960. A partir dessa década, o governo militar investe em
projetos de colonização da Amazônia, e mais de um milhão de imigrantes,
oriundos de outras regiões, na busca de assentamentos rurais, agrovilas e
garimpos, promoveram grande impacto ambiental, acelerando novamente o
adensamento de anofelinos e a elevação (Figura 3) dos casos de malária, em
função de vários fatores, como a deficiência dos serviços de atendimento à
saúde, de estruturas de combate e habitações precárias (Soper & Wilson 1943,
Marques 1987, Deane 1988 e1992, Marques & Gutierrez 1993).
Figura 2. Áreas endêmicas de malária no Brasil.
Amazônia Legal -
área endêmica
99,5% dos registros
Região extra-amazônica* -
área não endêmica
0,5% dos casos
* Região Sul, Sudeste, Nordeste
1
, Centro-oeste
1
(1) excluídos os estados do Maranhão e Mato Grosso
Malária no Brasil
Amazônia
Fonte: MS/SVS
15
Hoje, sabe-se que a malária está ligada às grandes mudanças
ambientais. Áreas de projetos de grande impacto ambiental são
particularmente susceptíveis à transmissão. O desmatamento de áreas
extensas, a formação de aglomerações desprotegidas e a falta de infra-
estrutura são determinantes na ocorrência de epidemias (Vasconcelos et al.
2006).
O grande fluxo migratório de pessoas entre áreas endêmicas e não
endêmicas associado à presença de áreas consideradas malarígenas, em
alguns estados, favorece a reintrodução e a disseminação local da doença,
levando à ocorrência de casos esporádicos de malária. Essa população
migrante, de um modo geral, vive em condições precárias de habitação,
nutrição e saúde, o que favorece a transmissão e dificulta o controle da doença
(Chaves et al. 1995).
No Brasil a malária apresentou-se ascendente até 1989, atingindo mais
de 570.000 casos diagnosticados. Posteriormente, verificou-se a estabilização
deste número em níveis elevados, freqüentemente acima de 500mil casos/ano,
e no biênio 1996/97 observou-se uma queda acentuada do número de casos. A
incidência no estado de Goiás seguiu a mesma tendência, influenciada pela
Figura 2. Registro de casos de Malária e espécies parasitárias
(P. falciparum e P. vivax), Brasil, 1961 a 2003
16
implantação do programa de controle estadual a partir de 1999, e a diminuição
de casos importados (Marques 2003).
Fatores humanos
A faixa etária e o sexo dos indivíduos são importantes componentes na
transmissão da malária. As crianças apresentam maiores quantidades de
gametócitos no sangue circulante, assim são mais importantes como fontes de
infecção para os anofelinos do que os adultos. Mais de 50% dos óbitos
maláricos são em crianças abaixo de cinco anos de idade, isso significa uma
população infantil em torno de um milhão. A quantidade de anticorpos aumenta
com a idade. Outros fatores, como o patrimônio genético, têm mostrado várias
gerações sem malária morando em regiões endêmicas. Em 21 países
americanos, durante o ano de 1996, notificaram-se 1.138.996 casos de
malária, destes 39,1% ocorram no Brasil. A distribuição dos casos de malária
no mundo è apresentada na Figura 1 (WHO 1994, Forattini et al. 1995, OPAS
1999; Santos 1999, Santos et al. 2005).
Malária autóctone e importada
Em função das atividades humanas, na busca de melhores condições de
vida ou de sobrevivência, o homem modifica o meio ambiente criando as
situações antrópicas, que na maioria das vezes, significam degradação da
natureza pela ocupação desordenada. Essas modificações alteram o
comportamento populacional, tanto de vetores quanto dos parasitos
(Thompson 1998; Silva & Oliveira 2002).
A expressão malária autóctone significa os casos dessa doença
adquiridos em determinado local, onde existem todos os componentes da
cadeia de transmissão. A malária importada são casos adquiridos em outras
localidades, ou seja, fora da área focalizada. um outro termo utilizado,
malária induzida, é a que deriva dos dois tipos anteriores, autóctone e
importada, através de outros tipos de transmissão como é o caso da
17
contaminação sangüínea, acidente ou comportamento dos quimiodependentes.
A situação epidemiológica de um determinado lugar pode apresentar três
variantes: o primeiro é conhecido como malária hipoendêmica, quando se
refere à situação de baixa transmissão; a hiperendêmica característico de
áreas com transmissão de forma contínua ou sazonal, e a última, as áreas
indenes onde não ocorre a transmissão (Los et al. 1991, Xavier & Rebelo 1999,
Pereira & Rebelo 2000, Forattini 2002; Rezende et al. 2005).
Fatores ambientais
As condições do clima são fatores importantes na manutenção e
desenvolvimento dos insetos vetores dos plamódios. Daí resulta o
aparecimento da sazonalidade da malária, em diversas regiões do planeta. O
aparecimento das modificações climáticas, em conseqüência do aquecimento
global, popularizado como “efeito estufa”, tem sido assunto para conjecturas,
pelo potencial que tem de influir sobre o aumento das populações de anofelinos
que transmitem a malária em toda faixa tropical da terra. Têm-se criados
modelos matemáticos em função das variáveis temperatura e pluviosidade, a
fim de prognosticar novas áreas de transmissão (Forattini et al. 1998, Massad
& Forattini 1998, Vasconcelos 2006).
Fatores sociais
Esses fatores são determinantes no aparecimento da malária, através
da forma de ocupação da terra pelo homem, a exploração dos recursos
naturais, das atividades profissionais, dos assentamentos rurais e urbanos, das
ações políticas associadas as grandes modificações ambientais promovidas
pela criação de lagos artificiais para a produção de energia elétrica e para
atividades agro-industriais (Carreri-Bruno et al. 1995, Chaves et al. 1995,
Andrade et al. 1996, Bértoli & Moitinho 2001, Forattin 2002).
18
Situação atual
A África é responsável por 90% dos casos de malária no mundo, sendo
considerada de alta endemicidade. Na América Latina a malária apresenta
caráter de hipoendemicidade. Atualmente, no Brasil, tem sido utilizado o termo
malária focal, com surtos potenciais, em função da endemia estar ligada a
fatores que atuam no local. As tendências epidemiológicas atuais são de
abandonar os fatores relacionados ao fracasso do controle, priorizando estudos
de peculiaridades locais, pouco conhecidas ou estudadas, que propiciam a
manutenção da doença focal (Barata 1995).
Controle
uma limitação do controle da malária, mediada pelo corte
orçamentário, pela interrupção de programas estabelecidos e pela mudança de
prioridades dos governos, ou ainda por preconizar adoção de novas estratégias
que fundamentam-se nos seguintes elementos básicos: diagnóstico e pronto
tratamento; implementação de medidas preventivas viáveis, incluindo controle
dos anofelinos; vigilância para detectar e conter precocemente os surtos e
reforço das capacidades locais de pesquisa aplicáveis aos fatores
determinantes de natureza ecológica, social e econômica (WHO 1988, 1992,
OPAS 1998, WHO 1999).
19
OBJETIVOS
Identificação das espécies de Anopheles em áreas com risco e
autoctonia de malária, no Estado de Goiás, no período de 1999 a 2006,
visando auxiliar o monitoramento das ações de vigilância para intervenção e
profilaxia dos casos autóctones.
20
MATERIAL E MÉTODOS
No período de 1999 a 2006 foram realizadas 37 capturas de
Anofelinos, em 26 dos 246 municípios existentes no Estado de Goiás. Destes,
seis apresentavam autoctonia de malária nesse período (Bom Jardim, Catalão,
Cavalcante, Colinas do Sul, Minaçu, Niquelândia e Uruaçu).
As capturas foram realizadas pelo Núcleo de Entomologia da
Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, em quatro dias consecutivos, em
cada um dos 26 municípios. A seleção dos municípios trabalhados, no período
delimitado para este estudo, foi feita pela Coordenação Estadual do Programa
de Controle da Malária do Estado de Goiás, de acordo com perfil
epidemiológico e obedecendo a ocorrência de casos autóctones, a origem e a
emergência dos casos de malária, além da presença de garimpos e áreas de
grande degradação ambiental, e risco de transmissão.
As capturas foram efetuadas com armadilhas de Shannon, utilizando
lampiões a gás, instaladas às 18 horas. As capturas estenderam-se até as 21
horas, usando capturadores de Castro. Os espécimes capturados foram
acondicionados em tubos mortíferos à base de acetato de etila e
acondicionados em caixas de polietileno, com papel toalha, devidamente
etiquetadas. Posteriormente, no laboratório os espécimes foram montados
para a identificação, por técnicos do laboratório, de entomologia, usando a
chave segundo Consoli & Oliveira 1994. Os exemplares foram acondicionados
em caixas entomológicas, mantidas no museu do Instituto de Patologia
Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás. Utilizou-se a
análise de variância (ANOVA) e, em seguida, o teste de Tukey para avaliar a
freqüência entre as espécies. Os dados foram transformados para √(x+1) para
homogeneizar a amostra.
Para efetuar o diagnóstico, os pacientes suspeitos de malária eram
encaminhados para uma das 33 unidades de referência existente no Estado de
Goiás. Uma amostra de sangue era colhida por meio de punção digital, por
técnicos dos laboratórios transferida para a lâmina de vidro e corada pelo azul de
metileno e Giemsa. Em seguida, eram examinados 100 campos microscópicos
com aumento de 600 X, isso eqüivale a 0,25 ml de sangue. Identificada a espécie
do plasmódio e calculada a parasitemia para conclusão do diagnóstico, o paciente
21
era entrevistado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica para o preenchimento
da Ficha de Notificação Epidemiológica do Sistema Nacional de Agravos de
Notificação (SINAN) e encaminhado para o tratamento. Medidas de controle
necessárias foram tomadas de acordo com o diagnóstico e investigação
epidemiológica. Todas as lâminas positivas e 10% das negativas foram
encaminhadas mensalmente ao Laboratório Central (LACEN-GO ) para controle
de qualidade, como preconiza a norma do programa.
Dados coletados do Sistema de Informação de Malária (SISMAL) e do
SINAN, além das observações realizadas nas fichas de notificação, mostraram
que, em Goiás, ocorreram 23 casos de malária autóctones. Estes municípios
estão localizados respectivamente nas regiões oeste, sudeste e norte do
estado de Goiás, sendo que Bom Jardim faz divisa com Mato Grosso e Catalão
com Minas Gerais. Nessas regiões existem a exploração de garimpo.
Cavalcante e Colinas do Sul são banhados pelo rio Maranhão, reservatório da
usina de Cana Brava. Minaçu, Niquelandia e Uruaçu estão às margens do rio
Tocantins e reservatório da usina de Serra da Mesa. Essa áreas sofreram
grandes mudanças e degradação ambiental, além disso, grande
movimentação humana, favorecendo a formação de criadouros de anofelinos o
contato com pessoas que freqüentam a região para trabalho ou lazer. Essas
são áreas de risco, assim como as dos municípios de Aporé, onde foi
construída a hidrelétrica do rio Corrente, e em Davinópolis e Cristalina onde
está em construção a hidrelétrica do rio São Marcos.
22
RESULTADOS
Os resultados são apresentados, a seguir, no manuscrito.
23
Espécies de Anopheles em municípios com riscos e autoctonia de malária no Estado de
Goiás, no período de 1999 a 2006.
EDUARDO RIDAN MANOEL¹ , IONIZETE GARCIA DA SILVA²
1
Aluno do programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto de Patologia
Tropical (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG).Subgerente da
Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Estado da
Saúde de Goiás. Av. Anhanguera n.º 5195, Setor Coimbra, Goiânia - GO CEP
² Professor Titular do Departamento de Microbiologia, Imunologia, Patologia e
Parasitologia (DMIPP), do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da
Universidade Federal de Goiás (UFG), Rua Delenda Rezende Melo S/N Setor
Universitário, Goiânia – GO, CEP 74605050, [email protected].
ABSTRACT
It´s present the frequency of the Anopheles species in critical towns with autochthonous
cases of malaria in Goiás State in the period from 1999 to 2006. Ther were captured
2867 exemplars of 11 species of Anopheles in 26 towns. The frequency of species
Anopheles evansae, An darlingi, An albitarsis, An argyritarsis, An parvus, An galvaoi
and An oswaldoi were statistically the same, however, significantly larger than the
species An mediopunctatus, An maculipes, An braziliensis and An kompi (p<0,05). The
species An. darlingi and An evansae showed highest geographical distribution than the
species An argyritarsis and albitarsis. The numbers of cases of malaria in the during
period studied was 1018 imported cases and 23 autochthonous cases. From the
autochthonous cases 21.7% were caused by Plasmodium falciparum and 78.3% by P.
vivax .From the imported cases, the frequency of malaria was very similar to the
autochthonous, respectively 27.2% and 72.8% to P. falciparum and P. vivax
KEY WORDS: Malaria, autochthonous, anophelines.
24
RESUMO
Apresenta-se a freqüência de espécies de Anopheles em municípios em risco e
com autoctonia de casos de malária no Estado de Goiás, no período de 1999 a 2006.
Foram capturados 2.867 exemplares de 11 espécies de Anopheles, em 26 municípios. As
freqüências das espécies Anopheles evansae, An. darlingi; An. albitarsis, An.
argyritarsis, An. parvus, An. galvoai e An. oswaldoi, foram estatisticamente iguais,
porém, significativamente maiores do que as espécies An. mediopunctatus, An.
maculipes, An. braziliensis e An. kompi (p<0,05). As espécies que apresentaram a maior
distribuição geográfica, foram An. darlingi e An. evansae, seguidas das espécies An.
argyritarsis e An. albitarsis. O número de casos de malária, no período estudado, foi de
1.018 casos importados e 23 casos autóctones. Dos casos autóctones diagnosticados,
21,7% foram causados por Plasmodium falciparum e 78,3% por P. vivax. Em relação
aos casos importados, a freqüência da malária foi muito similar aos autóctones, sendo,
respectivamente, de 27,2 e 72,8% para P. falciparum e P. vivax.
PALAVRAS-CHAVE: Malária, Autoctonia, Anofelinos
A malária é uma das doenças mais importantes do mundo, que infecta entre 300
a 500 milhões de pessoas a cada ano, com mais de um milhão de óbitos, principalmente,
em crianças menores de 5 anos de vida (WHO 1988, 1992 e1994). Ocorre em todos os
continentes, em mais de 100 países, e a maior prevalência está na África com cerca de
90% dos casos. Nas Américas, a maior prevalência ocorre na região amazônica, e o
Brasil contribui com a metade dos casos (OPAS 1998).
No Brasil, o número de casos de malária é de aproximadamente 400.000 por
ano, restritos, basicamente, aos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Roraima, Tocantins, representando 99,5% dos casos (Martins et al. 2007).
A dinâmica da transmissão da malária, nesses estados está associada aos fatores
ambientais, socioculturais, econômicos e políticos (Barata 1995; Silva et al. 2006).
O conhecimento da fauna anofélica é importante para a epidemiologia da
malária, especialmente em áreas que vêm sofrendo modificações ecológicas, como
ocorre em Goiás, nos municípios com construção de hidrelétricas. Esse fato favorece o
aumento da densidade dos vetores, que culmina com a emergência e expansão da
malária (Guimarães et al. 1997).
25
Assim, conhecer a distribuição da fauna anofélica em Goiás é de grande
importância, uma vez que o estado está localizado entre a região Amazônica, onde a
malária é endêmica, e a região Extra Amazônica, onde ocorrem casos esporádicos de
malária, na grande maioria, importados daquela região.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo: o trabalho foi realizado em 26 dos 246 municípios existentes
no estado de Goiás, entre os anos de 1999 e 2006. A seleção dos municípios foi feita
pela Coordenação Estadual do Programa de Controle da Malária no Estado de Goiás, de
acordo com o perfil epidemiológico de cada município, como ocorrência de casos
autóctones, presença de lagos de hidrelétricas e garimpos.
Capturas: foram realizadas pelo Núcleo de Entomologia da Secretaria de
Estado da Saúde de Goiás, em quatro dias consecutivos, em cada um dos 26
municípios, utilizando-se armadilhas de Shannon, com lampiões a gás. As armadilhas
eram instaladas às 18 h e as coletas feitas de hora em hora, até as 21 h, usando-se
capturadores de Castro.
Conservação: os espécimes capturados a cada hora foram mortos em acetato de
etila e transferidos para caixas de polietileno devidamente etiquetadas. Ao final da
captura, todo material foi conduzido ao laboratório e identificado por técnicos, segundo
Consoli & Oliveira (1994). Os exemplares, identificados, foram acondicionados em
caixas entomológicas, mantidas no museu do Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública da Universidade Federal de Goiás.
Casos de malária: a confirmação dos casos, tanto autóctones quanto importados,
foi feita através do exame da gota espessa. Após coleta do sangue por punção digital, a
lâmina era examinada em 100 campos microscópicos com aumento de 600X, o que
eqüivale a 0,25 ml de sangue. Os exames foram realizados por técnicos dos laboratórios de
referência para diagnóstico da malária, em 33 unidades do Estado de Goiás, onde foram
identificadas as espécies de Plasmodium, e calculada a parasitemia para conclusão do
diagnóstico. Em seguida, cada caso foi notificado através da ficha de investigação
epidemiológica do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN).
Análise Estatística: utilizou-se a análise de variância seguida do teste de Tukey
para verificar as diferenças de freqüência entre as espécies de anofelinos, com dados
transformados para √(x+1) para homogeneizar a amostra.
26
RESULTADOS
Os anofelinos, capturados nos 26 municípios, totalizaram 2.867 exemplares e
foram identificadas 11 espécies (Tabela1 e Figura 1). As freqüências das espécies An.
evansae, An . darlingi; An. albitarsis, An. argyritarsis, An. parvus, An. galvaoi e An.
oswaldoi, não apresentaram diferenças significativas entre si. Porém, suas freqüências
foram significativamente maiores do que as espécies An. mediopunctatus, An.
maculipes, An. braziliensis e An. kompi (p<0,05).
As espécies de anofelinos que apresentaram a maior distribuição geográfica,
nos municípios estudados foram An . darlingi e An. evansae, seguidas das espécies An.
argyritarsis e An. albitarsis.
Em todos os municípios goianos onde ocorreram casos autóctones de malária
foram capturados An. darlingi. Esta espécie apresentou distribuição também em todos
municípios de risco, exceto Guapó e Monte Alegre de Goiás.
Em Goiás, foram registrados 1.018 casos importados de malária e 23 casos
autóctones, no período de 1999 a 2006 (Figura 2). Dos casos autóctones de malária
diagnosticados, 21,7% foram causados por Plasmodium falciparum e 78,3% por P.
vivax. Em relação aos casos importados, a freqüência da malária foi muito similar aos
autóctones, sendo, respectivamente, de 27,2 e 72,8% para P. falciparum e P. vivax.
Tabela 1. Distribuição das espécies de Anopheles em municípios com risco e com
autoctonia de malária, no Estado de Goiás, no período de 1999 a 2006.
Espécies N° de exemplares %
An. (N) evansae 771 26,89
An. (N) darlingi 581 20,27
An. (N) albitarsis 494 17,23
An. (N) argyritarsis 368 12,24
An. (N) parvus 202 7,05
An. (N) galvaoi 180 6,28
An. (N) oswaldoi 176 6,14
An. (N) mediopunctatus 39 1,36
An. (N) maculipes 36 01,26
An. (N) braziliensis 17 0,59
An. (N) kompi 03 0,10
Total 2.867 100
N = Nyssorhynchus
27
Figura 1. Distribuição das espécies de Anopheles em áreas com risco e com autoctonia
de malária no Estado de Goiás, entre 1999 e 2006.
*An. = Anopheles
*(N) Nyssorhynchus
28
DISCUSSÃO
Em Goiás, poucos estudos foram realizados sobre a fauna anofélica até o
momento, e os realizados foram de forma focal (Deane & Ferreira Neto 1937; Andrade
& Verano 1957; Lustosa et al. 1989, Guimarães et al 2004), sem relacionar com a
transmissão autóctone da malária.
Em função dessa proposta encontraram-se freqüência e diversidade de espécies
de Anophelinae muito mais ampla do que a conhecida (Lustosa et al 1989, Guimarães et
al 2004). Algumas espécies como An. evansae, An. argyritarsis, An. parvus e An.
galvaoi, que tiveram alta freqüência, podem ter desempenhado algum papel vetorial
onde as espécies vetoras comprovadas como An . darlingi e An. albitarsis, não foram
encontradas, como acontece em outras áreas do país (Forattini 1987, Rebelo et al 1997).
A espécie An. oswaldoi é considerada como uma espécie de florestas (Rebelo et
al 1997), sendo rara ou ausente em áreas de campos e cerrado e ausente em zonas de
secas nordestinas (Deane et al. 1948). Neste estudo, em áreas de campo e cerrado, a
espécie apresentou a mesma densidade da espécie An . darlingi considerada como o
vetor primário mais importante na transmissão da malária humana (Póvoa et al 2006).
Em relação aos casos de malária, a maioria foi importada. Neste estudo,
procurou-se evidenciar a diversidade de espécies de Anophelinae em áreas com impacto
ambiental, com risco e autoctonia de malária. Observou-se uma diminuição da
freqüência de 1999 para 2006, exceto no ano de 2002, e o cadastro dos doentes apontou
287
3
168
7
103
0
132
5
96
0
82
0
86
6
64
2
0
50
100
150
200
250
300
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Figura 2. Freqüência de casos de malária no Estado de Goiás, no período de 1999 a 2006
Importados Autóctones
29
como principal fator responsável pelo aparecimento de casos, a movimentação humana
realizada por caminhoneiros, trabalhadores braçais em busca da colheita de laranja, da
construção de hidrelétricas e de garimpos. A diminuição de casos de malária pode ser
atribuída, principalmente à diminuição de casos da região amazônica, devido à
similaridade das situações de risco e às formas empreendidas pela ocupação humana
(Marques & Gutierrez 1994, Machado et al 2003, Cardoso & Goldenberg 2007).
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31
CONCLUSÕES
Em todos os municípios goianos foram encontradas as espécies,
consideradas primárias na transmissão, como o An. darlingi, An. albitarsis e An.
evansae, estas que apresentaram densidades maiores do que as secundárias.
Entre os casos registrados de malária em Goiás, a maioria absoluta foi
de importados, sendo mais de 70% causados pelo P. vivax.
Houve uma diminuição da freqüência dos casos de malária de 1999 para
2006, exceto no ano de 2002, e os principais fatores responsáveis foram a
movimentação humana realizada por caminhoneiros, trabalhadores braçais,
garimpos e a construção de hidrelétricas.
A localização geográfica do Estado de Goiás favoreceu a importação de
casos de malária da região Amazônica endêmica que exporta mão-de-obra
para a nossa região.
Os municípios que apresentaram autoctonia no período estudado foram
Bom Jardim, Catalão, Cavalcante, Colinas do Sul, Minaçu, Niquelândia e
Uruaçu.
Estudos promissores estão sendo realizados em muitos países do
mundo para controlar a malária através de seus vetores, com novos inseticidas
ou pela introdução de anofelinos transgênicos ou refratários ao Plasmodium.
Apresenta-se nesta dissertação a distribuição das espécies de
anofelinos em áreas com risco e autoctonia de malária, no Estado de Goiás,
como aporte ao serviço de vigilância epidemiológica, desde o planejamento
até as ações de controle.
32
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