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falso ou imaginário. Ao contrário, a virtualização é a dinâmica mesma do
mundo comum, é aquilo através do qual compartilhamos uma realidade.
Longe de circunscrever o reino da mentira, o virtual é precisamente o
modo de existência de que surge tanto a verdade como a mentira
(LÉVY, Pierre, 1996, p.148).
Ao tratar da questão do virtual, André Parente (1999, p.14) destaca três
concepções do conceito: uma primeira afirma que “o surgimento de uma
tecnologia do virtual é capaz de explicar o fato de a imagem, na cultura
contemporânea, ter-se tornado auto-referente e, por isso, ter rompido com os
modelos de representação”; uma segunda indica o virtual tecnológico como “um
sintoma e não uma causa das mutações culturais. Para além deste ou daquele
meio (cinema, televisão, vídeo...) as imagens contemporâneas são virtuais, auto-
referentes, ou seja, a imagem pós-moderna é um significante sem referente
social” e finalmente uma terceira concepção aponta o virtual como “uma função
da imaginação criadora, fruto de agenciamentos os mais variados entre a arte, a
tecnologia e a ciência, capazes de criar novas condições de modelagem do
sujeito e do mundo”. O virtual, portanto, não se apresenta como um “para além do
real”; mas se coloca como “uma vontade (ou não) de constituição do real
enquanto novo”.
De acordo com Parente, as primeiras concepções do virtual encaram o
simulacro somente como pura repetição do mesmo e reduzem a imagem ao
clichê: não se pode mais distinguir a cópia do original, portanto, não há mais
original e a imagem só remete a si própria (simulacros despotencializados); o
virtual se apresentaria então como a recriação de um real recalcado, ou seja, de
um real que se confunde com sua representação dominante. Parente ressalta, no
entanto, que o modo como se percebe o virtual é uma questão de escolha do
sujeito, e aponta como opção o simulacro potencializado: neste caso o virtual é
encarado como ilusão que afirma o real enquanto novo.
Neste estudo da virtualidade, no texto, Realidade virtual: uma realidade
na realidade, a professora Diana Domingues, pesquisadora da Universidade de
Caxias do Sul, instala sua hipótese no primeiro parágrafo:
Numa perspectiva da comunicação interativa e da ciência da interface, a
realidade virtual, ao proporcionar experiências conectadas a mundos
virtuais habitáveis que permitem a presença efetiva do homem no interior