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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO
CONFORMIDADE DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL
COM AS CARACTERÍSTICAS DE SUPPLY CHAIN
MANAGEMENT: UM ESTUDO DE DUAS INDÚSTRIAS
DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Camila Avozani Zago
Santa Maria, RS, Brasil
2007
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CONFORMIDADE DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL COM AS
CARACTERÍSTICAS DE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: UM
ESTUDO DE DUAS INDÚSTRIAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS
AUTOMOTRIZES
por
Camila Avozani Zago
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção, Área de Concentração em Gerência de Produção, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre
em Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Dr. Milton Luiz Wittmann
Santa Maria, RS, Brasil
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
CONFORMIDADE DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL COM AS
CARACTERÍSTICAS DE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: UM
ESTUDO DE DUAS INDÚSTRIAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS
AUTOMOTRIZES
ELABORADA POR
Camila Avozani Zago
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia de Produção
COMISSÃO EXAMINADORA:
Milton Luiz Wittmann, Dr.
(Presidente/Orientador)
João Helvio Righi de Oliveira, Dr. (UFSM)
Dalva Maria Righi Dotto, Dr. (UNISC/RS)
Santa Maria, 28 de agosto de 2007.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que norteia nossos passos e nos impulsiona em direção ao
cumprimento de nossos objetivos transcendentes.
Às empresas, que abriram suas portas, proporcionando a realização deste trabalho,
bem como a seus colaboradores, pelo acolhimento e dedicação, contribuindo para que eu
pudesse ampliar meus conhecimentos.
À Universidade Federal de Santa Maria – UFSM pelo apoio institucional, bem como
ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção – PPGEP pela possibilidade de
aprimorar meus conhecimentos e construir este trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior - CAPES pelo incentivo financeiro proporcionado no período
destinado ao Mestrado.
Aos professores, que fizeram parte dessa trajetória, pelas oportunidades oferecidas,
incentivando e encorajando a novos desafios, transmitindo o conhecimento necessário e, em
especial, a meu orientador, Prof. Dr. Milton Luiz Wittmann, que com paciência, dedicação e
incentivo não mediu esforços para a realização deste trabalho. Aos professores do curso de
graduação, pelo incentivo, confiança, encorajamento e carinho dedicados desde o início, me
impulsionando ao Mestrado e à vida acadêmica.
À banca examinadora pela disponibilidade e contribuição para o aprimoramento deste
trabalho. Aos que de uma forma ou de outra não confiaram no meu trabalho, meu muito
obrigada, pois este tornou-se um desafio a ser superado.
Aos colegas por compartilharem os momentos de estudo e aos amigos, que
compreenderam os momentos de stress e ausência, não deixando de expressar seu carinho,
apesar da minha incompreensão.
Com carinho, agradeço à minha mãe, Cleonice, e ao meu irmão, Luiz Henrique, que
me apoiaram e incentivaram, estando presentes e atuantes nas dificuldades e incertezas
encontradas no decorrer do período.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, minha
eterna gratidão.
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Universidade Federal de Santa Maria
CONFORMIDADE DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL COM AS
CARACTERÍSTICAS DE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: UM ESTUDO DE DUAS
INDÚSTRIAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES
Autora: Camila Avozani Zago
Orientador: Prof. Dr. Milton Luiz Wittmann
Santa Maria, 28 de agosto de 2007.
A crescente evolução tecnológica e as mudanças no ambiente competitivo fazem com que as
organizações, na condição de organismos compostos por recursos materiais, financeiros e
humanos, precisem romper antigos paradigmas e alavancar o crescimento, adotando novas
estratégias para gerenciamento de suas atividades em mercados voláteis. Entre essas
estratégias, encontra-se a Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de Suprimentos –
SCM), como uma nova filosofia de gestão intra e interorganizacional. Para tanto, buscou-se
fundamentar conceitos, relacionados à logística e a SCM, enfatizando as características dos
mesmos, buscando identificá-las no setor agroindustrial de máquinas automotrizes, com o
intuito de otimizar os resultados ao longo da cadeia de suprimentos. Nesse contexto, o
presente estudo verificou a conformidade da logística de duas organizações manufatureiras de
máquinas agrícolas, do Rio Grande do Sul, com as características da SCM, evidenciando o
caráter integrador proporcionado pelo aumento da competitividade, analisando as diferentes
operações logísticas efetuadas pelas empresas, bem como as características da logística e da
SCM das organizações. A pesquisa exploratória teve, como instrumentos de coleta de dados,
questionários, entrevistas semi-estruturadas e observações in loco. A interpretação dos dados
deu-se por meio da análise descritiva, sendo que foi adaptado o modelo de SCM,
subdividindo as questões da pesquisa em cinco subgrupos - materiais, rede de fornecedores e
distribuidores, integração entre as diversas áreas da empresa, rede de informação e
conhecimento e consumidores finais. Como resultado deste estudo, foi possível verificar que a
Agco, empresa multinacional, líder de mercado no segmento, possui grau de conformidade
maior com as características da SCM que a Agrale, empresa pertencente a um grupo familiar,
possuindo, esta, uma participação de mercado menos expressiva. Percebeu-se, ainda, que
quanto menor o volume de produção mais próxima a empresa está do grupo de consumidores,
e quanto maior o volume de produção mais próxima a empresa encontra-se da otimização no
grupo de informação e conhecimento.
Palavras-chave: Competitividade; Logística empresarial; Gestão da Cadeia de Suprimentos.
ABSTRACT
Doctoral dissertation
Graduation Program in Engineering of Production
Federal University of Santa Maria
ACCORDANCE IN MANAGEMENT LOGISTICS WITH THE CHARACTERISTICS
OF THE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: A STUDY OF TWO INDUSTRIES OF
SELF-PROPELLING AGRICULTURAL MACHINES
Author: Camila Avozani Zago
Coordinator: Prof. Dr. Milton Luiz Wittmann
Santa Maria, August, 28
th
, 2007
The growing technological evolution and the changes in the competitive environment make
the organizations, as organisms composed by material, financial and human resources, need to
break some old paradigms and start the growth, adopting new strategies for the management
of its activities in changeable markets. Among these strategies, it’s found the Supply Chain
Management (SCM), as a new intra and inter-organizational management philosophy. For so,
it was tried to establish concepts, related to logistics and the SCM, emphasizing their
characteristics, seeking to identify them in the agro-industrial sector of self-propelling
agricultural machines, with the purpose of optimizing the results throughout the supply chain.
In this context, this present paper verified the accordance of the logistics of two agricultural
machines manufactory organizations, of Rio Grande do Sul, with the SCM characteristics,
evidencing the integrating character provided by the increase of competitiveness, analyzing
the different logistics operations effectuated by the companies, as well as the characteristics of
logistics and SCM of the organizations. The exploratory research had, as data collection
instrument, questionnaires, semi-structured interviews, and in loco observations. The data
interpretation was done by means of descriptive analysis, and the SCM model was adopted,
subdividing the research questions in five subgroups – materials, net of suppliers and
distributors, integrations among the several areas of the company, information, and
knowledge and consume net. As a result of this study, it was possible to analyze that Agco, a
multinational enterprise, leader in this industry sector, has an accordance degree, with the
SCM characteristics, higher than Agrale, enterprise pertaining to a familiar group, having less
expressive participation in the market. It was noticed, furthermore, that the smaller the
volume of production is, the closer the company is of the consumer group, and the bigger the
volume of production, the closer the company is to optimizing in the group of information and
knowledge.
Keywords: Competitiveness; Management logistics; Supply Chain Management.
LISTA DE SIGLAS
ANFAVEA – Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento
CD – Centros de Distribuição
CHA – Competências, Habilidades e Atitude
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento
CPFR - Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment – Planejamento, Previsão e
Reposição/Reabastecimento Colaborativo
CR – Continuous Replenishment – Reposição Contínua
CRM - Customer Relationship Management – Gestão do Relacionamento com Cliente
CSCMP – Council of Supply Chain Management Professionals – Conselho de Profissionais
da Gestão da Cadeia de Suprimentos
ECR - Efficient Consumer Response - Resposta Eficiente ao Consumidor
EDI - Electronic Data Interchange – Intercâmbio Eletrônico de Dados
ERP – Enterprise Resource Planning – Planejamento das Necessidades de Recursos
FEE – Fundação de Economia e Estatística
GGA – Grupo de Gestão Ambiental
ISO – International Organization for Standardization
JIT – Just-in-time
MBA - Master in Business Administration
MRP –
Material Requirement Planning - Planejamento das Necessidades de Materiais
OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
PIB – Produto Interno Bruto
QR - Quick Response - Resposta Rápida
SC – Cadeia de Suprimentos
SCM - Supply Chain Management – Gestão/Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação
VMI – Vendor Managed Inventory – Estoque Gerenciado pelo Fornecedor
LISTA DE QUADROS
Quadro1 - Vantagens e desvantagens dos modais de transporte........................... 41
Quadro 2 - Componentes da complexidade das cadeias de suprimentos
globais..................................................................................................
49
Quadro 3 - Vulnerabilidades na cadeia de suprimentos......................................... 51
Quadro 4 - Algumas vantagens e desvantagens do EDI......................................... 70
Quadro 5 - Algumas vantagens e desvantagens comuns do VMI.......................... 71
Quadro 6 - Características dos tipos de parceria.................................................... 79
Quadro 7 - Comparação estilizada de diferentes formas de organização
econômica envolvendo os tipos de governança...................................
81
Quadro 8 - Subdivisão do grupo de pesquisa com base na Figura 22.................... 89
Quadro 9 - Projeção do Brasil em 2015 no mercado internacional........................ 94
Quadro 10 -
-
Materiais............................................................................................... 109
Quadro 11 - Rede de fornecedores e distribuidores................................................. 113
Quadro 12 - Integração entre as áreas das empresas................................................ 118
Quadro 13 - Rede de informação e conhecimento................................................... 123
Quadro 14 - Consumidores finais............................................................................. 126
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Informações compartilhadas no CPFR....................................................................... 75
Tabela 2 – Estimativa da produção de grãos................................................................................ 97
Tabela 3 – Produção de máquinas agrícolas automotrizes........................................................... 101
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Fatores empresariais.................................................................................................... 23
Figura 2 – Fatores estruturais....................................................................................................... 25
Figura 3 – Visões abrangentes sobre a competitividade sistêmica.............................................. 28
Figura 4 – Fatores determinantes da competitividade.................................................................. 29
Figura 5 – A evolução da logística para a cadeia de suprimentos................................................ 32
Figura 6 – Desenvolvimento conceitual da logística.................................................................... 33
Figura 7 – Componentes da administração da logística............................................................... 36
Figura 8 – Atividades do ciclo básico de atividades da distribuição física.................................. 40
Figura 9 – Atividades do ciclo de suprimentos............................................................................ 43
Figura 10 – A integração da logística........................................................................................... 46
Figura 11 – Estrutura da cadeia de suprimentos........................................................................... 48
Figura 12 – Escopo da cadeia de suprimentos moderna.............................................................. 50
Figura 13 – Modelo de SCM........................................................................................................ 52
Figura 14 – Modelo geral da cadeia de suprimentos.................................................................... 53
Figura 15 – Três eixos de atuação da SCM.................................................................................. 56
Figura 16 – Pilares da formação da estrutura de competências................................................... 60
Figura 17 – Unindo competências com clientes e fornecedores.................................................. 62
Figura 18 – O modelo de SCM.................................................................................................... 63
Figura 19 – Integrando e gerenciando processos de negócios ao longo da cadeia de
suprimentos.................................................................................................................................
64
Figura 20 – Classificação dos processos de negócios.................................................................. 67
Figura 21 – Relacionando canais de marketing, gerenciamento da logística e administração da
cadeia de abastecimento...............................................................................................................
77
Figura 22 – Modelo da cadeia de suprimentos............................................................................. 87
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Receita anual da produção agrícola brasileira........................................................... 93
Gráfico 2 – PIB brasileiro em milhões de dólares........................................................................ 98
Gráfico 3 – Participação da indústria e agropecuária no PIB brasileiro...................................... 99
Gráfico 4 – Exportações brasileiras.............................................................................................. 100
Gráfico 5 – Produção em unidades das fabricantes de máquinas agrícolas................................. 103
Gráfico 6 – Comparação do resultado das empresas de acordo com os grupos de pesquisa....... 128
Gráfico 7 – Desempenho geral das empresas............................................................................... 129
LISTA DE ANEXOS
Anexo A – Questionário........................................................................................................... 145
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS................................................................................................................
04
RESUMO......................................................................................................................................
05
ABSTRACT...................................................................................................................................
06
LISTA DE SIGLAS......................................................................................................................
07
LISTA DE QUADROS.................................................................................................................
08
LISTA DE TABELAS..................................................................................................................
09
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................................
10
LISTA DE GRÁFICOS................................................................................................................
11
LISTA DE ANEXOS....................................................................................................................
12
SUMÁRIO.....................................................................................................................................
13
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................
15
1.1 Objetivos..................................................................................................................................
16
1.1.1 Objetivo geral......................................................................................................................... 16
1.1.2 Objetivos específicos............................................................................................................. 17
1.3 Justificativa..............................................................................................................................
17
1.4 Organização do trabalho........................................................................................................
18
2 O AMBIENTE CONTEMPORÂNEO FRENTE À COMPETITIVIDADE........................
20
2.1 Fatores que influenciam a competitividade..........................................................................
22
2.1.1 Fatores empresariais............................................................................................................... 22
2.1.2 Fatores estruturais.................................................................................................................. 24
2.1.3 Fatores sistêmicos.................................................................................................................. 26
2.2 Desenvolvimento da logística rumo à SCM..........................................................................
31
2.2.1 Logística................................................................................................................................. 34
2.2.1.1 Gestão de estoques e armazenagem.................................................................................... 36
2.2.1.2 Gestão da distribuição e transportes.................................................................................... 39
2.2.1.3 Gestão de Compras............................................................................................................. 42
2.2.2 Logística integrada................................................................................................................. 45
2.2.3 Supply chain management (SCM – Gestão da cadeia de suprimentos)................................. 47
2.2.3.1 Contextualização da SCM................................................................................................... 47
2.2.3.2 Eixos de abrangência da SCM............................................................................................ 56
2.2.3.3 SCM X Fillière................................................................................................................... 57
2.2.3.4 Competências da SCM........................................................................................................ 59
2.2.3.5 Processos da SCM............................................................................................................... 62
2.2.3.6 Iniciativas para a SCM baseadas em tecnologia da
informação.......................................................................................................................................
68
2.2.3.6.1 Eletronic data interchange (EDI – intercâmbio eletrônico de dados)............................. 68
2.2.3.6.2 Vendor managed inventory (VMI - estoque gerenciado pelo
vendedor/fornecedor)......................................................................................................................
70
2.2.3.6.3 Continuous replenishment (CR – reposição contínua)..................................................... 72
2.2.3.6.4 Efficient consumer response (ECR – resposta eficiente ao consumidor)........................ 72
2.2.3.6.5 Collaborative planning forecasting and replenishment (CPFR – planejamento,
previsão e reposição/reabastecimento colaborativo……................................................................
74
2.2.3.7 Formas de relacionamentos na SCM................................................................................... 76
2.2.3.8 Governança na SCM........................................................................................................... 79
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................................
82
3.1 Classificação da pesquisa......................................................................................................
83
3.2 Descrição das atividades desenvolvidas................................................................................
85
3.3 Modelo......................................................................................................................................
86
3.4 Limitações do estudo...............................................................................................................
90
4 APRESENTAÇÃO DO CENÁRIO..........................................................................................
91
4.1 Cenário agroindustrial...........................................................................................................
91
4.2.1 Cenário do complexo agroindustrial de grãos........................................................................ 95
4.2.2 Cenário do complexo agroindustrial de máquinas automotrizes........................................... 98
4.1 As organizações.......................................................................................................................
104
4.2.1 Agco....................................................................................................................................... 104
4.2.2 Agrale..................................................................................................................................... 105
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.........................................................
108
5.1 Materiais..................................................................................................................................
108
5.2 Rede de fornecedores e distribuidores..................................................................................
112
5.3 Integração entre as áreas das empresas................................................................................
116
5.4 Rede de informação e conhecimento.....................................................................................
121
5.5 Consumidores finais................................................................................................................
126
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................
130
REFERÊNCIAS............................................................................................................................
135
ANEXOS........................................................................................................................................
147
ANEXO A......................................................................................................................................
148
1 INTRODUÇÃO
A integração crescente, entre os países, estimula a interação dos mesmos junto aos
diversos segmentos: sociais, culturais, econômicos ou tecnológicos, sendo concebida com
evidência ascendente nos setores público e privado. Outrossim, com o advento da tecnologia,
e a internacionalização econômica, intensificou-se a necessidade de reorganização dos modos
de gestão empresarial, a fim de compatibilizar padrões internacionais de qualidade e
produtividade entre as organizações.
Handfield e Nichols Jr. (2002) afirmam que, para obter sucesso na chamada ‘nova
economia’, as empresas devem migrar suas necessidades para novos sistemas de informação e
gestão, sendo que estes provêm uma vantagem distinta e promovem um fluxo de informações
instantâneo das cadeias de suprimentos, além dos direcionadores que estão por detrás dessa
nova economia:
integração estratégica (interno e externo) - organização interna (compras, engenharia,
manufatura, marketing, logística, contabilidade, entre outras) e organização externa
(consumidores, varejistas, distribuidores, armazéns, transportadoras, fornecedores, agentes
e instituições financeiras);
globalização de mercados - as empresas devem ser capazes de gerenciar fornecedores e
consumidores, em todo o mundo; calcular os custos logísticos totais, aumentar a
padronização mundial de componentes e melhorar a comunicação da estratégia para todas
as unidades globais de negócios e parceiros da cadeia de suprimentos;
disponibilidade de informação e tecnologia - é importante, para agradar os consumidores,
reduzindo custos de estoque e aumentando os fluxos de informações essenciais ao
planejamento estratégico e ao desdobramento dos recursos;
necessidade de novos processos de negócios - evolução e mudanças constantes, para
responder, com agilidade e flexibilidade, aos eventos externos;
necessidade de substituir sistemas obsoletos por ERP (Enterprise Resouce Planning
Planejamento das Necessidades de Recursos) baseados em aplicações WEB;
necessidade contínua de reduzir o custo ao longo da cadeia de suprimentos (gestão
estratégica de custos) e aumento da produtividade.
16
Sob tal égide, as empresas, inseridas em um ambiente de constantes mudanças, no qual
impera a competitividade, buscam novas estratégias que proporcionem vantagem competitiva.
Entre as estratégias, encontra-se a logística empresarial e a Supply Chain Management (SCM
– Gestão da cadeia de suprimentos) que, aliadas às diferentes áreas existentes nas
organizações, vem ocupando, cada vez mais, espaço no processo de gerenciamento
empresarial, uma vez que agregam valor aos produtos e serviços oferecidos, na busca pela
satisfação das necessidades e desejos dos clientes.
Uma vez inseridas nesse mundo complexo e evolutivo, as empresas necessitam de
constante alteração em suas estratégias, as quais dependem das pessoas que nela trabalham,
das variações no ambiente na qual estão inseridas e das relações intra e interempresariais,
considerando a flexibilidade, a criatividade e a experiência. Devido a esse fato, as empresas
adotam novas formas de gerenciamento de suas atividades, para sobrevivência em um
mercado altamente competitivo. Em face ao exposto, pretende-se responder à seguinte
proposta: Qual o grau de conformidade da logística, de duas indústrias de máquinas agrícolas
automotrizes, com as características
1
da SCM?
1.1 Objetivos
A pesquisa, ora apresentada, visa colaborar na exploração de temas recentes,
discorrendo sobre o grau de conformidade da logística empresarial, resultantes de processos
organizacionais contemporâneos.
1.1.1 Objetivo geral
Verificar o grau de conformidade da logística, de duas empresas manufatureiras de
máquinas agrícolas automotrizes, do Rio Grande do Sul, com as características da SCM.
1
Características segundo modelo teórico exposto nos procedimentos metodológicos.
17
1.1.2 Objetivos específicos
1. Identificar e analisar as diferentes operações logísticas efetuadas pelas empresas;
2. Investigar o processo logístico adotado;
3. Analisar comparativamente as duas empresas em relação às características de logística
e SCM.
1.2 Justificativa
Com a globalização da economia, os avanços tecnológicos, e o aumento da
complexidade nas transações, as organizações têm adotado ferramentas gerenciais que
possibilitem, às mesmas, aumentar a competitividade. Essas ferramentas consistem, não só
em um diferencial competitivo, mas em uma forma de sobrevivência, uma vez que permitem,
às organizações, maior flexibilidade e adaptabilidade à volatilidade ambiental.
A SCM, nesse contexto, está difundindo-se no Brasil, e no mundo, em organizações de
diferentes ramos de atuação. Esse novo mecanismo, de gestão organizacional, visa o aumento
da satisfação stakeholders (públicos envolvidos), por meio de um relacionamento
colaborativo entre os envolvidos, ao longo da cadeia de suprimentos, fazendo com que os
produtos e serviços estejam no local, hora e condições desejadas.
Conforme Harrison e Hoek (2003) e Fleury, Wanke e Figueiredo (2000), o novo
ambiente da cadeia de suprimentos fará parte do futuro das organizações, sendo desencadeada
pelo aumento das exigências dos consumidores, maior competitividade no mercado, evolução
tecnológica e redução no ciclo de vida dos produtos. Em face ao exposto, a demanda torna-se,
cada vez mais, imprevisível, cabendo às empresas a constante busca pela redução de custos,
visando aumentar sua participação em um mercado acirrado e, conseqüentemente, aumentar o
retorno sobre seus investimentos.
18
O setor agroindustrial sofre as conseqüências das adversidades ambientais, no qual as
empresas estão constantemente revendo suas estratégias, tendo em vista a imprevisibilidade e
turbulência do mercado, que afetam, principalmente, as agroindústrias competidoras em
mercados globais que, para obterem vantagem competitiva, operam de forma flexível,
implementando práticas logísticas e de SCM.
Justifica-se, este estudo, como ferramenta para identificar as estratégias e
características logísticas das agroindústrias, situadas no Rio Grande do Sul, levando-se em
consideração os recursos macro e microambientais. A relevância teórica está na contribuição
para a construção e entendimento das características da SCM, presentes nas agroindústrias,
elencadas como unidade de análise para manter a sobrevivência e estabilização, das mesmas,
no mercado. Em nível prático, propõe-se fornecer subsídios para a reorientação estratégica e
valorativa das organizações que busquem uma maior vantagem competitiva.
1.3 Organização do trabalho
O presente trabalho está estruturado em capítulos. No primeiro é abordada a
introdução ao tema proposto, bem como a problemática de estudo e os objetivos da pesquisa,
além da justificativa de desenvolvimento e da organização do mesmo.
O segundo capítulo consiste na revisão teórica, de entendimento e desenvolvimento do
estudo, no qual é exposto uma contextualização acerca do ambiente organizacional
contemporâneo, elencando os fatores que influenciam a competitividade. Aborda o tema
logística empresarial e seu processo evolutivo, passando pela logística integrada, até chegar a
SCM e seus processos básicos, quando são apresentados os aspectos relevantes ao seu
sucesso.
O terceiro capítulo expõe a metodologia da pesquisa utilizada no desenvolvimento do
estudo, bem como os procedimentos adotados para coleta de dados, análise e discussão dos
resultados e a justificativa de escolha das empresas em que a pesquisa foi realizada.
No quarto capítulo é apresentada a contextualização acerca do cenário agroindustrial,
principalmente no setor de máquinas automotrizes, para, posteriormente, abordar o perfil das
19
empresas, as quais configuram-se como indústrias de máquinas agrícolas automotrizes, cuja
produção industrial está localizada no estado do Rio Grande do Sul.
No quinto capítulo são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa
exploratória. Em um primeiro momento é realizada a análise individual de cada empresa
pesquisada, a fim de verificar o grau de conformidade de suas atividades logísticas com a
SCM. Posteriormente, é efetuada a análise comparativa entre as empresas pesquisadas.
Por fim, são expostas as considerações finais, acerca do estudo, e as recomendações da
pesquisa, seguidas das fontes utilizadas como referência bibliográfica e do instrumento de
coleta de dados.
2 O AMBIENTE CONTEMPORÂNEO FRENTE À COMPETITIVIDADE
Com a evolução do capitalismo, e o avanço das novas tecnologias, a dinâmica da
comunicação possibilitou a instantaneidade das informações, formando uma rede global. Essa
nova forma de interagir afetou todos os níveis e territórios, tanto na esfera econômica como
nas ações diárias das pessoas, no trabalho, no tempo e no espaço. Diante da necessidade de
adaptação ao ambiente, intensifica-se a necessidade da reorganização dos modos de gestão
empresarial, com a finalidade de compatibilizar a organização com padrões avançados de
qualidade e produtividade (BASSO, 1998), aumentando a competitividade.
Segundo Farina e Zylbersztajn (1998) a competitividade é a capacidade de sobreviver
e crescer em situações de concorrência ou em novos mercados. Visão, essa, ratificada por
Coutinho e Ferraz (1994) ao afirmarem que a competitividade organizacional está na
capacidade de desenvolver e implementar estratégias que permitam a obtenção de vantagem
competitiva sustentável, ou seja, que perdurem por um longo período.
A competitividade é marcada pela constante evolução, cujas forças mutativas voltam
seu foco ao cliente, como direcionador da eficncia e produtividade, realçada pela crise no
petróleo, escassez de matérias-primas e aumento da inflação mundial. As transformações
econômicas, dos anos 80 e 90, foram, paulatinamente, suplantando as visões tradicionais,
sobre a competitividade, ao ampliarem os elementos constitutivos da capacidade de competir
das nações, que culminaram na noção de ‘competitividade sistêmica’, a qual, segundo Meyer-
Stamer (2001), abrange os principais pontos fortes e fracos que determinam o potencial de
desenvolvimento local e regional.
Para melhor entender o processo das mudanças, aliado à competitividade, reporta-se à
Demo (2002), o qual discorre sobre a realidade, que é intermediada por processos de captação
e interpretação, para então ser reconstruída através da hermenêutica, na qual o aprendizado se
processa através da complexa transmissão do conhecimento e na interatividade entre sujeitos.
Nóbrega (1996, p. 30) defende que “o mundo da empresa é um mundo em que a competência
se mede pela capacidade de lidar com a mudança”. Nessa perspectiva, Oliveira (1988, p. 06)
afirma que “o sucesso de uma empresa depende essencialmente de sua sensibilidade para
perceber e responder às mudanças ambientais”.
21
Com a intensificação econômica e a abertura comercial, advindas do processo de
globalização, a concorrência foi ampliada e a competitividade passou a não mais ser local,
mas global. Zaccarelli (1995) ressalta que o grande desafio das organizações está na
capacidade de buscar novas tecnologias, novos mercados e novos métodos de gerenciamento,
ou do redesenho dos processos de negócio e de integração total das cadeias de valor da
empresa, clientes e fornecedores. Atualmente, o mercado global direciona ao
desenvolvimento de habilidades essenciais e, para manterem-se competitivas, as organizações
têm de ter visão estratégica e capacidade de transformar a visão estratégica em ação
estratégica, buscando novas formas de competir em mercados altamente competitivos e
globalizados.
Para Ansoff, Declerck e Hayes (1990) e Lopes Filho (2000), enquanto os anos 80
foram marcados por recessão, e por uma crise mundial acentuada, a década de 90 foi marcada
pelos saltos de produtividade. As empresas retomaram os investimentos e partiram para a
abertura comercial, focalizando as importações. Em consonância com o exposto, Ferraz,
Kupfer e Haguenauer (1997) afirmam que os anos 80 foram marcados pela instabilidade e
estagnação da indústria brasileira, e essas transformações trouxeram profundas repercussões
sobre os determinantes sistêmicos da competitividade. As empresas, no intuito de superar a
crise econômica, foram forçadas a se reestruturarem, nos aspectos tecnológicos, financeiros,
pessoais e produtivos, cuja transformação organizacional ocorreu com a adoção de estratégias
de modernização.
A partir da realização de investimentos, as empresas começaram a inovar sua
capacitação tecnológica, buscando superar as profundas mudanças que vinham ocorrendo no
mercado globalizado. Muitas empresas foram direcionadas a formarem sólidas redes
cooperativas, ou a estabelecer parcerias ao longo da cadeia produtiva, para manterem-se
competitivas. Nesse sentido, Vieira e Oliveira (1999) comentam que a competitividade
representa o desempenho que expressa a posição alcançada pela organização no mercado, em
um determinado período. As ações coletivas, segundo Putnam (2000), fortalecem a
competição sistêmica e a identidade regional. As redes de relações interpessoais
‘institucionalizadas’, que mantém sentimentos de confiança mútua entre indivíduos da
comunidade, provocam o desencadeamento do processo de desenvolvimento.
A liderança de mercado, hoje, pertence a componentes, da cadeia, capazes de
interagirem e atingirem processos da concorrência e competências entre seus membros,
dividindo riscos e custos, a fim de alavancarem, conjuntamente, projetos e processos e
22
anteciparem oportunidades futuras para novos produtos e espaços competitivos (ROSS,
1998). É visível que muitas organizações procuram remodelar-se, constantemente, para
adequarem-se ao novo ambiente, reduzindo custos, inovando em tecnologia, diferenciando
produtos e ajustando os sistemas gerenciais, com o fito de enfrentarem a acirrada disputa com
os concorrentes e tornarem-se competitivas no mercado.
2.1 Fatores que influenciam a competitividade
A competitividade inter-organizacional é influenciada por fatores que regulam as
atividades das empresas no mercado, os quais, com base em diversos autores, podem ser
classificados como: empresariais, estruturais e sistêmicos, descritos a seguir.
2.1.1 Fatores empresariais
As atividades cotidianas, das organizações, são influenciadas pelas estratégias
tomadas, pelas mesmas, nas diferentes áreas que as integram. Para Ferraz, Kupfer e
Haguenauer (1997), os fatores empresariais, que afetam a competitividade, são aqueles sobre
os quais a empresa possui domínio e poder de decisão, podendo ser controlados pelo processo
decisório da mesma. Esses fatores referem-se a quatro áreas de competência, as quais são
ilustradas na Figura 1.
23
Inovação
. Produto
. Processo
. Transferência de tecnologia
Produção
. Atualização de equipamentos
. Técnicas organizacionais
. Qualidade
Gestão
. Marketing
. Serviços pós-venda
. Finaas
. Administração
. Planejamento
Recursos Humanos
. Produtividade
. Qualificação
. Flexibilidade
Figura 1 - Fatores empresariais
Fonte: Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997, p. 11).
A gestão está voltada ao posicionamento estratégico da empresa, baseando-se nos
fatores do sucesso de mercado, na flexibilidade e adaptabilidade da organização às
interferências ambientais, bem como na sua habilidade em relacionar-se com fornecedores e
clientes.
A capacidade inovativa resulta em vantagem econômica, no momento em que a
organização possui capacidade de gerar progressos técnicos, através da inovação tecnológica,
desenvolvimento de novos produtos e aprimoramento do processo produtivo, através de core
competences (competências centrais), para explorar novas oportunidades de mercado. As
oportunidades provêm da introdução de novos produtos no mercado, ou penetração em
mercados diferenciados, redução de lead times ou maximização do processo produtivo.
Com a implementação de novos modelos de produção, em substituição ao taylorismo-
fordismo, como modelo de referência, houve uma reorientação das organizações, para a
melhoria da qualidade dos produtos e serviços ofertados, na qual a capacidade produtiva
24
compreende o grau de atualização dos equipamentos e instalações, bem como dos métodos de
organização da produção e controle da qualidade.
As organizações vêm revendo as relações de trabalho, uma vez que as rígidas
hierarquias, que ocasionavam perda de competitividade, cedem espaço às cadeias de comando
integradas e flexíveis. A relação empregado-empregador tem seu cerne na melhoria contínua,
na qual há um benefício mútuo. Dessa forma, através da integração das diversas áreas das
organizações, estas conseguem aumentar sua competitividade no mercado, uma vez que esse
influencia e é influenciado pelas estratégias e formas de gerenciamento organizacional.
2.1.2 Fatores estruturais
As organizações possuem suas atividades influenciadas pelo ambiente externo, o qual
funciona como regulador das estratégias e da estrutura de gestão organizacional. Os fatores
estruturais, que determinam a competitividade, expostos na Figura 2, referem-se aos aspectos
sobre os quais a empresa possui intervenção limitada (FERRAZ, KUPFER; HAGUENAUER,
1997), sendo agravados pelo acirramento da concorrência e elevado grau de exigência dos
consumidores.
O dinamismo do mercado possui influência direta na atividade organizacional, uma
vez que se relaciona com o poder aquisitivo da população e com as exigências dos
consumidores, os quais se tornaram mais exigentes, fazendo com que haja a redução do ciclo
de vida dos produtos e serviços. As organizações agem localmente, competindo na esfera
global, com base na sofisticação dos produtos e serviços oferecidos e prestados, na
flexibilidade e agilidade de adaptação ao mercado de atuação, tendo acesso a diferentes
mercados, sejam eles nacionais ou internacionais.
25
Mercado
Tamanho e dinamismo
Grau de sofisticação
Acesso a mercados
internacionais
Desempenho e
capacitação
Estrutura patrimonial
e produtiva
Articulações na cadeia
Aparato legal
Política fiscal e financeira
Política comercial
Papel do Estado
Configuração da Indústria Regime de incentivos e
Regulação da Concorrência
Figura 2 - Fatores estruturais
Fonte: Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997, p. 12).
A indústria configura-se de forma a otimizar o desempenho e a capacitação das
negociações. A reestruturação industrial, advinda da revolução tecnológica, trouxe benefícios,
no tocante ao aprimoramento nas relações cliente-fornecedor, proporcionando o
aperfeiçoamento dos métodos de previsão e gerenciamento da demanda, configurando novas
fontes de vantagem competitiva para o setor. Além disso, a descommoditização, o surgimento
de redes cooperativas horizontais e pólos regionais de produção promoveram o
aperfeiçoamento gerencial e um reposicionamento estratégico, abandonando a produção de
bens básicos, ou semi-elaborados, redirecionando-se para o desenvolvimento de produtos de
maior incidência tecnológica.
Aliado aos demais fatores, que integram o aspecto estrutural, encontram-se o regime
de incentivos e regulação da concorrência, através dos quais o governo monitora as ações
organizacionais e a entrada de novos concorrentes no mercado. Ambientes com acirrada
rivalidade inter-empresarial favorecem a competitividade à medida que as empresas buscam o
aprimoramento da gestão, bem como de produtos e serviços, reduzindo custos e otimizando
processos rumo à eficiência e eficácia. Através da política comercial, fiscal e financeira as
empresas recebem auxílio, por meio do aparato legal, para exercerem suas atividades,
26
promovendo entraves a novos produtos e/ou empresas, bem como incentivando as atividades
organizacionais em mercados diferenciados. Em face ao exposto, pode-se elencar a SCM
como um fator estrutural da atualidade, pois, através da regulamentação e do estabelecimento
de relacionamentos intra e inter-empresariais, interfere na forma de gerir as organizações.
Através da integração e gerenciamento dos fatores integrantes e determinantes da
competitividade, as organizações conseguem alavancar seu crescimento no mercado
agregando valor aos clientes e conquistando vantagem competitiva em mercados voláteis.
Entretanto, o sucesso na gestão organizacional não depende, apenas, dos fatores e estratégias
internas, devendo, essas, estarem constantemente aliadas e direcionadas ao mercado de
atuação.
2.1.3 Fatores sistêmicos
A competitividade organizacional não pode ser garantida, apenas, com esforços
internos, mas pela conjunção de diversos fatores que podem ser distribuídos em quatro níveis,
analíticos, distintos: meta, macro, meso e micro, apresentados na Figura 3. Tais fatores são
denominados sistêmicos, uma vez que, para Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997, p. 12), são
“aqueles que constituem externalidades strictu sensu para a empresa produtiva, sobre os quais
a empresa detém escassa ou nenhuma possibilidade de intervir, constituindo parâmetros do
processo decisório”.
27
Disposição para mudar
e aprender
Status
social de
empreendedores
Estrutura competitiva da economia
Padrões de organização política e
econômica orientados para o desenvolvimento
Capacidade para formulação
de visões e estratégias
Memória coletiva
Politica de
comércio exterior
Politica
an titrust
Coesão social
Proteção ao
consumidor
Ambiente econômico, político e legal estável
Política cambial
Potica monetária
Potica orçamentária
Potica fiscal
Política industrial
Política ambiental
Potica de educação
Potica
tecnológica
Poticas específicas para criação de uma
vantagem competitiva
Promoção das exportações
Potica de infra-estrutura
Política regional
Promão
econômica
Nível meso
Nível micro
Políticas dentro de empresas
para criar uma vantagem
competitiva
Cooperação formal e informal,
alianças, aprendizagem
conjunta
Nível macro
Nível meta
Figura 3 - Visões abrangentes sobre competitividade sistêmica
Fonte: Traduzido de Meyer-Stamer (2001, p. 19).
Esser et al. (1994) estabelecem os agentes determinantes da competitividade sistêmica
como sendo os diversos atores com competência para promoverem o desenvolvimento
competitivo em cada um dos níveis. O nível meta refere-se à sociedade civil e envolve
questões como sua capacidade para a integração e a formulação de estratégias (MEYER-
STAMER, 1995; ESSER et al., 1996). O desenvolvimento da capacidade de condução da
economia e a existência de padrões de organização, que permitem mobilizar capacidades de
criatividade da sociedade do nível meta, são decisivos para otimizarem o potencial de
efetividade dos níveis macro, meso e micro (ESSER et al., 1994). No nível meta, a
competitividade é orientada para a aprendizagem e eficiência na defesa dos interesses comuns
e da auto-organização.
O nível macro envolve as condições macroeconômicas em geral (MEYER-STAMER,
2001). A garantia de condições macroeconômicas estáveis, a partir da competência,
28
cooperação e diálogo social, para canalizar os potenciais nacionais na direção do
desenvolvimento da competitividade internacional, são ações para melhorar a competitividade
(ESSER et al., 1994). Os agentes determinantes da competitividade, nesse nível, referem-se
aos órgãos governamentais que regulam a vida em sociedade, como o governo, o congresso,
órgãos jurídicos e o Banco Central.
O nível meso envolve a estrutura intermediária entre as empresas (nível micro) e o
ambiente político-econômico-legal (nível macro). Relaciona-se com a estrutura de apoio que
envolve as organizações, instituições e políticas, que são específicas e necessárias para certos
segmentos da indústria (ESSER et al., 1994; MEYER-STAMER, 1995). Nesse nível, estuda-
se a formação de um ambiente capaz de fomentar, complementar e multiplicar os esforços do
nível da empresa (ESSER et al., 1996). No nível meso, além da análise das políticas
desenvolvidas pelos agentes regulamentadores, para gerar competitividade, esses autores
destacam a importância da articulação entre as empresas e as instituições do poder público e
da sociedade, capazes de gerarem sinergia.
O nível micro envolve o ambiente das empresas, constituindo a micro-análise da
competitividade, enfocando a empresa e suas relações diretas (KLIEMANN NETO;
HANSEN, 2002). Esser et al. (1994, 1996) colocam como determinantes da competitividade,
no nível micro, a eficiência (de trabalho e de capital), a qualidade, a flexibilidade e a rapidez.
Esforços internos em pesquisa e desenvolvimento, racionalização da produção, e mesmo o
desenvolvimento de redes de empresas e clusters, são exemplos de ações que podem ser
tomadas no nível micro, para melhorar a competitividade. Confrontando os fatores sistêmicos,
expostos por Esser et al. (1994), a nível micro, com o exposto por Ferraz, Kupfer e
Haguenauer (1997), percebe-se que o nível micro consiste nos fatores empresariais e
estruturais.
Para Kliemann Neto e Hansen (2002, p. 9), os níveis meta, macro e meso encontram-
se no patamar da macro-análise, ou seja, a totalidade do sistema, “[...] envolvendo questões
amplas, diferenciadas por aspectos culturais, políticos e sociais nacionais, regionais e
comunitários [...]”. Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997) fazem uma classificação diferenciada
dos fatores sistêmicos, que influenciam a competitividade, a qual pode ser visualizada na
Figura 4. Para os autores supramencionados, os fatores sistêmicos constituem a externalidade
da organização, e detém pouca ou nenhuma possibilidade de intervenção.
Os determinantes sistêmicos da competitividade consistem nas diversas características
que condicionam continuamente “tanto os níveis de eficiência e padrões de qualidade das
29
empresas industriais instaladas em um dado país quanto sua capacidade de reduzir custos e
aprimorar qualidade [...]” (FERRAZ, KUPFER; HAGUENAUER, 1997, p. 24). Tais fatores
são compostos por determinantes macroeconômicos, político-institucionais, legais-
regulatórios, infra-estruturais, sociais e internacionais.
Político-institucionais
Legais-regularios
Sociais
Internacionais
Infra-estruturas
Configuração da
indústria
Regime de incentivos
e regulação
Mercado
Macroeconômicos
EMPRESA
C
E
D
Figura 4 - Fatores determinantes da competitividade
Fonte: Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997, p. 14).
Os determinantes macroeconômicos dizem respeito aos aspectos relativos à economia
nacional e internacional, podendo ser subdivididos em quatro subitens: (i) regime cambial da
economia, que se refere ao nível e à volatilidade da taxa de câmbio efetiva, determinando a
rentabilidade do setor exportador, bem como os riscos advindos dessa transação; (ii)
estabilidade macroeconômica interna, que está relacionada ao impacto do processo
inflacionário nos custos decorrentes da incerteza e ao planejamento a longo prazo; (iii)
crescimento contínuo do PIB (Produto Interno Bruto), o qual possui interferência na
economia de escala proveniente de mercados em expansão, além da redução da incerteza e
boas oportunidades de investimento; (iv) características do sistema de crédito da economia,
30
que se refere ao controle do processo inflacionário, bem como à disponibilidade e custo de
financiamento de projetos de longo prazo de maturação e alto risco.
Os determinantes político-institucionais referem-se à influência do Estado nas
instituições, através das políticas e práticas de governo, nos quais destacam-se a política de
comércio exterior e tarifária, a política tributária, o uso seletivo do poder de compra do
governo e a política científica e tecnológica. Tais fatores podem configurar aspectos positivos,
ou negativos, de acordo com as tendências do progresso técnico e do quadro da economia
internacional.
Os determinantes legais-regulatórios são aqueles através dos quais o Estado cumpre
função reguladora, principalmente no que se refere à defesa do concorrente e do consumidor,
defesa do meio ambiente, regime de proteção à propriedade intelectual e de controle do
capital estrangeiro, os quais visam harmonizar as condições de intervenção e regulação do
Estado na economia local, promovendo e inibindo as estratégias empresariais, que resultam na
melhoria da qualidade dos produtos e serviços, além do estímulo à eficiência produtiva.
Os determinantes infra-estruturais dos fatores sistêmicos, que influenciam a
competitividade, são os que possuem maior influência na atividade industrial, uma vez que se
referem à oferta de energia, transporte e telecomunicações. A eficácia no sistema de infra-
estrutura faz com que as organizações satisfaçam, da melhor forma possível, as necessidades e
desejos dos clientes, reduzindo seus custos operacionais.
As condições sociais, principalmente a educação, a qualificação da mão-de-obra, a
natureza das relações trabalhistas e o padrão de vida dos consumidores, influenciam a
competitividade industrial, no momento em que regulam as atividades organizacionais,
carecendo de adaptações e melhoria contínua, a fim de adequarem-se às exigências do
mercado. Com o acirramento da concorrência, o aumento no padrão de vida da população e a
maior uniformização na distribuição de renda ocorre uma maior sofisticação no mercado
consumidor e, consequentemente, uma adaptação das indústrias para atenderem esse mercado.
Os determinantes internacionais referem-se ao impacto das principais tendências da
economia mundial e da inserção internacional na economia local, nas dimensões produtiva e
financeira. No aspecto produtivo, os fatores impulsionadores consistem no fluxo de comércio
internacional e nos investimentos externos diretos, os quais são determinados pelo progresso
técnico, pela concorrência oligopolista e pela diplomacia econômica. No aspecto financeiro,
as principais influências provêm das tendências nos movimentos do capital financeiro e dos
31
fluxos de financiamento. No entanto, as organizações possuem entraves na política de
protecionismo alfandegário, a qual varia com o setor de atuação e com a direção dos produtos
e serviços a serem distribuídos.
De acordo com Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997), os fatores sistêmicos e
empresariais, que determinam a competitividade, possuem incidência, principalmente
horizontal, apresentando caráter genérico, na forma e intensidade de influenciar a
competitividade nos diferentes setores industriais, enquanto os fatores estruturais possuem
caráter específico, refletindo-se nas peculiaridades de cada setor produtivo. Uma vez
identificados os fatores que interferem na atividade organizacional, as empresas traçam
estratégias para auferirem vantagem competitiva, satisfazendo os clientes ao menor custo
possível.
Além dos fatores que influenciam a competitividade, nos níveis apresentados, a forma
como ocorre a coordenação das atividades econômicas (governança) e a colaboração através
de sistemas que agregam valor à empresa e aos diferentes componentes da cadeia de
suprimentos também são importantes indicadores na busca pela melhoria na competitividade
organizacional.
2.2 Desenvolvimento da logística rumo à SCM
Desde os primórdios da humanidade já se exercia atividades logísticas, entretanto, as
mesmas eram diluídas nas diversas funções domésticas, ou seja, desde atividades
agropastoris, de caça, pesca, plantio e escambo. Primeiramente, eram efetuadas atividades
básicas de armazenagem, distribuição física (movimentação), estocagem, entre outras, as
quais eram fragmentadas e constituíam tarefas meramente operacionais, conforme ilustra a
Figura 5, que foram evoluindo.
32
Fragmentação de atividades até 196
0
Integração de atividades - 1960/2000 2000
+
Previsão de demanda
Compras
Planejamento de necessidades
Planejamento da produção
Estoque de fabricação
Armazenagem
Manuseio de materiais
Embalagem
Estoque de produtos acabados
Planejamento da distribuição
Processamento de pedidos
Transporte
Serviços ao consumidor
Planejamento estratégico
Serviços de informação
Marketing / Vendas
Financeiro
Logística
Gerenciamento
de cadeia de
suprimentos
Distribuição
sica
Compras /
gerenciamento
de materiais
Figura 5 – A evolução da logística para a cadeia de suprimentos
Fonte: Ballou (2006, p. 30).
Posteriormente, às atividades logísticas foram incorporadas novas funções, de
planejamento e organização dos materiais, processamento de pedidos, gestão de compras,
passando de atividades de cunho operacional para atividades com foco tático, distribuídos
entre administração de materiais, da produção e da distribuição, conforme a Figura 6.
O termo logística surgiu, e foi mais amplamente difundido, nas organizações militares,
durante a Segunda Guerra Mundial, através da aquisição e fornecimento de materiais e, desde
então, vem evoluindo, tornando-se importante estratégia nas organizações, ou seja, diferencial
competitivo. Sua evolução foi estimulada pela crescente inovação tecnológica, pela constante
busca em aumentar os lucros e pela dificuldade em estimar o retorno sobre os investimentos.
No Brasil, as atividades logísticas começaram a ser estruturadas em meados da década
de 70, com a introdução da administração de materiais nas organizações, atividades que não
obtiveram muito sucesso, pois as associações que discutiam o assunto não possuíam sinergia.
Entretanto, novas tentativas surgiram com a introdução de sistemas de gestão de materiais
33
baseados no MRP (Material Requirement Plainning - Planejamento das Necessidades de
Materiais), consolidando, em 1980, o primeiro grupo de Estudos em Logística, que visava
aprofundar os conhecimentos, na área, e difundí-los no país (LAMBERT, STOCK;
VANTINE, 1998).
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2005 201
0
F
oco
Operacional
F
oco
tico
F
oco
Estratégico
Estoques
Armazenagem
Distribuição
Física
Compras
Armazenagem
Previo demanda
Embalagem
Manuseio
Requisição
Adm. Produção
Estoques
Planj.
Distribuição
Processam.
Pedidos
Transporte
Serviço
Administração
de Materiais
Administração
da Produção
Distribuição
sica
Negócios
Logísticos
Administração
de
Materiais
Logística
Empresarial
Suply
Chain
Management
Logística
Integrada
Logística
Reversa
Logística
Global
Cadeias
Sustentáveis de
Suprimento
E-Logistics
E-SCM
Figura 6 - Desenvolvimento conceitual da logística
Fonte: Ampliado a partir de Moller (1995).
A partir da consolidação e difusão da logística, no ambiente organizacional, as
atividades sofreram expansões e aprimoramentos, que resultaram na logística integrada, a qual
consiste na integração das diversas atividades logísticas sob uma perspectiva intra-
organizacional. Com o passar do tempo, surge o conceito de gestão, ou gerenciamento, da
cadeia de suprimentos, que extrapola a perspectiva intra-organizacional atingindo integração e
estrutura de relacionamentos além dos limites de uma única empresa.
34
Aliada a tais práticas de gerenciamento e estruturação das atividades encontra-se a
logística reversa, que visa à preocupação social e ambiental, no tocante às atividades
logísticas, ou seja, não só o fluxo de produtos e informações do fornecedor ao cliente, mas o
fluxo de retorno (cliente-fornecedor) de produtos (produtos retornáveis e reaproveitáveis,
embalagens e resíduos) e informações. A tendência, no ambiente organizacional, é a constante
evolução chegando-se a uma possível cadeia de suprimentos virtual e reversa, de cunho
estratégico e gerencial.
2.2.1 Logística
Com o passar do tempo, a logística tornou-se uma importante ferramenta gerencial,
contribuindo na implementação de melhorias e na redução de custos. Nos Estados Unidos, a
logística contribui com cerca de 11% do PIB do país, uma vez que afeta a taxa de inflação,
taxas de juros, produtividade, custo e disponibilidade de energia e demais aspectos da
economia (LAMBERT, STOCK; VANTINE, 1998; BOWERSOX, CLOSS; COOPER,
2006).
A logística compreende desde o fornecimento da matéria-prima até o consumo,
abrangendo o gerenciamento das compras, operações de produção e transformação, controle
de materiais e processos, embalagem, armazenagem e manuseio, a distribuição e o sistema de
transportes.
Segundo Ballou, a logística
trata de todas atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de
produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final,
assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com
o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo
razoável (1993, p. 24).
A logística busca a redução do tempo entre o processamento do pedido até a entrega
do produto, nas especificações predefinidas, ao consumidor final, a um custo razoável, por
meio do planejamento e otimização dos recursos envolvidos. Conforme Ching (2001), a
logística encarrega-se de melhorar o nível de rentabilidade da distribuição, através de
planejamento, organização e controle das atividades de transporte e armazenagem, facilitando
35
o fluxo de materiais. O mesmo autor evidencia, como objetivo da logística, a entrega dos
produtos, ou serviços, ao comprador no tempo e momento corretos, ao menor custo possível e
nas condições pré-determinadas.
A logística é composta de atividades primárias (transporte, manutenção de estoques e
processamento de pedidos), as quais possuem fundamental importância na redução de custos e
maximização do nível de serviços. As demais atividades (armazenagem, manuseio de
materiais, embalagem, suprimentos, planejamento e sistemas de informação) são consideradas
atividades de apoio, pois dão suporte às atividades primárias, com o intuito de satisfazer e
manter clientes, além de maximizar a riqueza dos proprietários.
Visão, essa, ampliada pelo CSCMP (Council of Supply Chain Management
Professionals – Conselho de Profissionais da Gestão da Cadeia de Suprimentos, 2005) ao
definir a gestão logística como sendo “a parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja,
implementa e controla, de forma eficiente e efetiva o fluxo direto e reverso, de bens, serviços
e informações desde o ponto de origem até o ponto de consumo, a fim de satisfazer as
exigências dos clientes”.
A administração da logística gerencia as atividades de entrada de recursos (matéria-
prima, informações, pessoal e monetário) e saída de produtos acabados (posicionamento da
empresa e orientação ao marketing, a fim de auferir vantagem competitiva, agilidade e
flexibilidade de gestão). Tais atividades englobam ações gerenciais, no tocante ao
planejamento, implementação e controle das atividades, aproximando fornecedores e
distribuidores através do processo produtivo, tendo como suporte as atividades logísticas,
conforme ilustra a Figura 7.
O CSCMP (2005) reafirma que as atividades da administração da logística
incluem administração de transporte, administração e controle de materiais,
cumprimento de ordens, dimensionamento da rede logística, gestão de estoques,
planejamento da demanda, planejamento e administração terceirizada de
prestadores de serviços. Em níveis diversificados, a função logística inclui também
a obtenção e suprimento de matérias-primas, planejamento e programação da
produção, embalagem, armazenagem e atendimento ao consumidor. Todos os
níveis da organização são envolvidos no planejamento e execução das atividades,
sejam eles, estratégico, operacional e tático. A Administração da Logística possui
função de integrar, coordenar e aperfeiçoar as atividades logísticas, bem como
integrar as atividades logísticas com outras áreas como marketing, manufatura,
vendas, finanças e tecnologia da informação.
36
Atividades da Logística
Distribuidores
Fornecedores
Clientes
Matérias-
Primas
Estoque em
Processo
Produtos
Acabados
Recursos
Naturais
(terras, instalações,
equipamentos)
Logística:
Entradas
Recursos
Humanos
Recursos
Financeiros
Recursos
de
Informação
Orientação
ao marketing
(vantagem
competitiva)
Logística:
Saídas
Utilidade
de momento
e lugar
Direcionamento
eficiente ao
cliente
Ativo da
empresa
ão Gerencial
Planejamento Implementação
Controle
Serviço ao cliente
Previsão de volume de pedidos
Comunicações - distribuição
Controle de estoque
Movimentação de materiais
Processamento de pedidos
Suporte - serviço e peças de reposição
Escolha local fábrica e armazém
Compras
Embalagem
Manuseio de devolões
Remoção lixo industrial
Tráfego e transporte
Armazenagem e estocagem
Figura 7 – Componentes da administração da logística
Fonte: Lambert, Stock e Vantine (1998, p. 6).
Além das atividades tradicionais, a logística integra atividades estratégicas e
gerenciais, que permitem, à organização, alavancar seu crescimento no mercado, auferindo
vantagem competitiva perante a concorrência e operando rumo à excelência e à SCM.
2.2.1.1 Gestão de estoques e armazenagem
A gestão de estoques e armazenagem consiste em um fator estratégico, nas
organizações atuais, uma vez que abrange fatores como quantidade, qualidade, localização,
37
custos, agilidade, flexibilidade, entre outros, na tomada de decisão. Os estoques constituem-se
em vantagem competitiva no momento em que as organizações procuram atender seus
clientes imediatamente, disponibilizando a quantidade desejada, a fim de superar a
concorrência. No entanto, a má administração dos mesmos pode ocasionar investimentos de
capital desnecessários e, conseqüentemente, a perda de mercado consumidor.
Martins (2001, p. 134) afirma que “os estoques têm a função de funcionar como
reguladores do fluxo de negócios”, tendo em vista que compreendem: matéria-prima,
produtos e peças em processo, embalagem, produto acabado, materiais auxiliares, de
manutenção e de escritório, até suprimentos. Berkowitz et al. (2003) elencam os motivos, para
manter produtos em estoque: (i) oferecer uma reserva para variações na oferta e demanda; (ii)
melhoria na qualidade do serviço aos clientes que desejem atendimento imediato; (iii)
promover a eficiência de produção; (iv) oferecer salvaguarda contra aumento de preço por
parte dos fornecedores; (v) promover descontos na compra e no transporte e (vi) proteger a
empresa contra contingências.
Lambert, Stock e Vantine (1998) complementam, ao expor os propósitos dos estoques
em uma empresa, como sendo: (i) capacitar a empresa a atingir economias de escala; (ii)
equilibrar a oferta e demanda; (iii) capacitar a especialização em fabricação; (iv) proteger
contra incertezas na demanda e no ciclo de pedido e (v) regular o fluxo entre as interfaces
críticas no canal de distribuição.
Entretanto, as empresas vêm buscando a redução de seus estoques, a fim de reduzir os
custos com a sua manutenção e armazenagem, pois os estoques ocupam grande parte do ativo
das empresas, valor que poderia ser investido em outras áreas mais rentáveis. Estoques
demasiados representam perda de competitividade e lucratividade. Portanto, as organizações
utilizam-se de sistemas cada vez mais sofisticados, para um maior controle e gerenciamento,
de seus estoques, a fim de determinar o nível de segurança, a qualidade do bem, ou serviço, e
a quantidade ideal a ser adquirida.
Os estoques detêm grande parte dos custos logísticos, pois envolvem os custos de
pedido, manutenção, falta de produtos, além de apólices de seguros, obsolescência, perdas e
pessoal especializado. Os custos logísticos referem-se aos custos incorridos para suprirem as
organizações de materiais, bem como a distribuição física, sendo que os estoques, juntamente
com o transporte, são responsáveis pela maior parcela desses custos.
38
Lambert, Stock e Vantine (1998) afirmam que o inventário (estoque) é,
principalmente, utilização de capital, portanto, sua administração visa aumentar a
lucratividade da organização, prevendo o nível de estoques de acordo com as políticas da
mesma, minimizando o custo total. A gestão de estoques objetiva suprir a empresa de matéria-
prima e materiais necessários ao processo produtivo, além de minimizar os seus estoques ao
ponto de não haver falta, reduzindo os custos com armazenagem e manutenção e os riscos de
obsolescência, perdas e danos.
No período compreendido entre o recebimento e a distribuição, os itens estocados
permanecem em centros de armazenagem, depósitos ou centros de distribuição, que são
escolhidos de acordo com o produto a ser estocado, a quantidade, a distância do cliente e o
transporte a ser utilizado, relacionando o melhor custo-benefício para todos os envolvidos. A
armazenagem trata-se de um procedimento interno, que visa à conservação e controle das
mercadorias estocadas, para posterior distribuição. Conforme Pozo (2002, p. 23), a
armazenagem
é o processo que envolve a administração dos espaços necessários para manter os
materiais estocados, que podem ser internamente, na fábrica, como em locais
externos, mais próximos dos clientes. Essa ação envolve fatores como localização,
dimensionamento de área, arranjo físico, equipamentos de movimentação,
recuperação de estoque, projeto de docas ou baías de atração, necessidades de
recursos financeiros e humanos.
Segundo Lambert, Stock e Vantine (1998), a armazenagem é o espaço utilizado para o
acúmulo de estoques durante as fases do processo logístico, possuindo um papel vital ao
proporcionar o nível de serviço desejado ao cliente, ao menor custo possível. Armazenagem é
conceituada como sendo
parte do sistema logístico da empresa que estoca produtos (matérias-primas, peças,
produtos semi-acabados e acabados) entre o ponto de origem e o ponto de
consumo, e proporciona informações à diretoria sobre a situação, condição e
disposição dos itens estocados (LAMBERT, STOCK; VANTINE, 1998, p. 264).
Os mesmos autores expõem as razões que justificam a necessidade de armazenagem
como sendo: (i) obter economias de produção e transporte; (ii) aproveitar descontos no
volume adquirido e compras antecipadas; (iii) manter fonte de fornecimento; (iv) apoiar
políticas de serviço ao cliente; (v) atender às imprevisibilidades do mercado (sazonalidade,
flutuação da demanda, concorrência); (vi) superar diferenças de tempo e espaço entre
produtores e consumidores; (vii) reduzir os custos logísticos e aumentar o nível de serviço ao
cliente e (viii) apoiar programas just-in-time de fornecedores e clientes.
39
À empresa, ao optar pela política de manter estoques, cabe a decisão estratégica de
alocar tais produtos em centros de armazenagem, os quais podem ou ser próprios ou alugados.
Contudo, ambos incorrem na utilização e alocação de recursos financeiros e humanos, uma
vez que, além de estocar, a armazenagem proporciona a subdivisão, consolidação das cargas e
serviços de informação, o que confere, à mesma, um enfoque estratégico.
2.2.1.2 Gestão da distribuição e transportes
O processo de distribuição não se refere apenas ao transporte de matérias-primas, ou
produtos, trata-se de uma atividade que engloba serviços, custo e qualidade, além da
satisfação dos consumidores e clientes. Para Bertaglia (2003, p. 170), “distribuir é uma função
dinâmica e bastante diversa, variando de produto para produto, de empresa para empresa.
Dessa forma, a distribuição precisa ser extremamente flexível para enfrentar as diversas
demandas e restrições que lhe são impostas, sejam elas físicas ou legais”.
Portanto, o processo de distribuição refere-se aos procedimentos adotados, incluindo o
transporte de materiais e produtos, com o intuito de satisfazer as necessidades e desejos dos
clientes com qualidade e agilidade. “[...] a logística de distribuição trata das relações empresa-
cliente-consumidor, sendo responsável pela distribuição física do produto acabado até os
pontos-de-venda ao consumidor e deve assegurar que os pedidos sejam pontualmente
entregues, precisos e completos” (CHING, 2001, p. 147).
A distribuição de produtos e materiais é composta de etapas, que podem ser
visualizadas na Figura 8, sendo que as mesmas iniciam com o pedido do cliente, que é
transmitido e processado. Posteriormente, o mesmo é separado e transportado até o cliente,
conseqüentemente se o mesmo sentir-se satisfeito, formar-se-á um ciclo, ou seja, uma relação
de fidelidade entre as partes.
40
Processamento
de pedidos
Transmissão
de pedidos
Pedido
de cliente
Entrega
a cliente
Transporte do pedido
(mercadoria)
Separação
de pedidos
Figura 8 - Atividades do ciclo básico de atividades da distribuição física
Fonte: Bowersox e Closs (2001, p. 57).
Os produtos e serviços são distribuídos, para os intermediários de mercado, por meio
de canais de distribuição, os quais Cox e Schutte (1969), apud Lambert, Stock e Vantine
(1998, p. 73), definem como sendo “uma coleção de unidades da organização, tanto internas
como externas ao fabricante, que executam as funções envolvidas no marketing dos
produtos”. Ou seja, o fluxo percorrido pelos produtos até que cheguem ao cliente final.
Complementando a visão dos autores supramencionados, Pozo (2002, p. 170) conceitua canal
de distribuição como sendo
o caminho pelo qual os produtos passam, desde o pedido até o cliente final, sendo
principalmente os centros distribuidores, atacadista e varejista. Corresponde,
portanto, a uma ou mais empresas que participam do fluxo do produto em toda a sua
cadeia.
Para serem distribuídos nas condições especificadas, cabe à organização a escolha pelo
transporte que melhor atenda às características do bem a ser distribuído. O transporte engloba
as diferentes formas de movimentar os materiais, ou produtos, seja interna ou externamente,
uma vez que essa atividade relaciona-se diretamente à qualidade do produto que será entregue
ao consumidor. Pode-se considerar o transporte uma vantagem competitiva para as empresas,
desde que efetuado dentro do prazo, com a qualidade exigida pelo cliente e por uma empresa
especializada, uma vez que a escolha do transporte adequado varia de acordo com o produto,
a distância e os custos.
41
O transporte de produtos, ou matérias-primas, ocorre através de modais que podem ser
rodoviários, ferroviários, aéreos, dutoviários ou navais, sendo que, na escolha do melhor
modal a ser utilizado, considera-se o custo, o tempo de entrega e as possíveis variações, além
das perdas e danos. Berkowitz et al. (2003) e Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) elencam as
vantagens e desvantagens de cada modal de transporte, conforme pode ser visualizado no
Quadro 1, no qual percebe-se que o modal ferroviário possui baixo custo, porém é lento e nem
sempre há rotas nos destinos desejados. O transporte rodoviário possui uma ampla cobertura e
certa agilidade na entrega, a um custo razoável. O transporte aéreo é rápido e confiável, mas
possui um custo elevado, sendo utilizado em casos de urgência, dependendo do valor
agregado do produto. Os demais modais (dutoviário e aquaviário) apresentam baixo custo,
porém, a lentidão na entrega, muitas vezes, não compensa transportar por tais modais.
MEIO DE TRANSPORTE VANTAGENS DESVANTAGENS
Ferroviário
Baixo custo.
Grande capacidade de carga.
Confiabilidade na entrega.
Lentidão na entrega.
Pouca acessibilidade.
Rodoviário
Baixo custo.
Agilidade na entrega.
Confiabilidade média na entrega.
Extensas rotas (acessibilidade).
Capacidade de carga média.
Aéreo
Agilidade na entrega (rápido).
Confiabilidade na entrega.
Alta acessibilidade (freqüência
de disponibilidade).
Alto custo.
Capacidades de carga limitada.
Dutoviário Baixo custo.
Grandes capacidades.
Alta confiabilidade.
Lentidão na entrega.
Pouca acessibilidade.
Aquaviário
Baixo custo.
Grandes capacidades.
Lentidão na entrega.
Baixa confiabilidade.
Pouca acessibilidade.
Quadro 1 – Vantagens e desvantagens dos modais de transporte
Fonte: Elaborado pela autora com base em Berkowitz et al. (2003) e Fleury, Wanke e Figueiredo (2000).
42
Atualmente, no Brasil, o transporte rodoviário vem sendo o mais utilizado, devido a
melhor relação custo/benefício, uma vez que possui extensas rotas que cortam o país a um
custo acessível, proporcionando a entrega de forma ágil e precisa, no local e condições
desejadas pelo cliente, além de ser confiável e estar disponível em todo o território.
Para Berkowitz et al. (2003), os meios de transporte podem ser avaliados por seis
critérios básicos de serviços: (i) custo, por meio das taxas de transporte; (ii) tempo, com base
na velocidade do transporte; (iii) capacidade, o que pode ser transportado; (iv) confiabilidade,
segurança no serviço, independente de tempo, perdas e danos; (v) acessibilidade,
conveniência das rotas e disponibilidade de tubulações e (vi) freqüência na programação das
entregas. Dessa forma, é possível aumentar a qualidade dos serviços prestados, reduzindo as
perdas e danos advindos do transporte. Segundo Pozo (2002, p. 166)
à medida que o transporte fica mais barato e de fácil acesso, contribui para aumentar
a competição no mercado, garantir a economia de escala e reduzir os preços das
mercadorias. Na falta de um bom sistema de transporte, o mercado fica limitado à
produção local, e, com melhores serviços de transporte, o custo de mercadorias
distantes pode ser bastante competitivo.
Os custos incorridos no processo de distribuição referem-se a todos os custos, desde a
armazenagem até a entrega do produto ao cliente, incluindo o transporte a ser utilizado, a fim
de que o consumidor receba seus produtos nas condições adequadas. Os custos de transporte
são embutidos no preço do produto final, o que não significa que o transporte mais barato seja
o mais viável, pois deve-se aliar o custo/benefício do mesmo.
2.2.1.3 Gestão de compras
A gestão de compras, para as organizações, torna-se relevante à medida que o pedido
atende às necessidades e exigências dos clientes, no que se refere à qualidade, quantidade,
prazos, entre outros requisitos, além de envolver elevado volume de recursos. Para Bertaglia
(2003, p. 27), o processo de aquisição
compreende a elaboração e colocação de um pedido de compra com um fornecedor
já selecionado e a monitoração contínua desse pedido a fim de evitar atrasos no
processo. Contudo, a gestão de compras não se limita ao ato de comprar e monitorar.
É um processo estratégico, que envolve custo, qualidade e velocidade de resposta.
43
Conforme a Figura 9, a gestão de compras inicia-se com a seleção e desenvolvimento
das fontes de suprimentos necessários, emitindo-se o pedido para o fornecedor selecionado,
que, após o processamento do pedido, transportará os produtos, ou insumos, ao cliente, o que
pode tornar-se um ciclo, desde que o cliente sinta-se satisfeito e o fornecedor lhe proporcione
a melhor relação custo/benefício.
Seleção de fontes
de suprimento
Colocação e expedição
de pedidos
Transporte
Recebimento
Fornecedor
Figura 9 - Atividades do ciclo de suprimento
Fonte: Bowersox e Closs (2001, p. 59).
No setor de compras, ou suprimentos, “tomam-se decisões quanto a quantidades,
origem, custos e credibilidade dos sistemas de fornecimento, tanto interno como externo,
sempre voltada para os aspectos econômicos e estruturais da organização” (POZO, 2002, p.
141). Em contraposição ao exposto por Pozo (2002) e Bertaglia (2003), Lambert, Stock e
Vantine (1998) diferenciam o termo compras do termo suprimentos. Enquanto o primeiro
refere-se, normalmente, ao ato de comprar materiais e efetuar atividades correlatas, o segundo
é mais amplo, incluindo compras, movimentação, armazenagem e recebimento de materiais.
Entretanto, a gestão de compras não se restringe ao ato de comprar, que é
o conceito utilizado na indústria com a finalidade de obter materiais, componentes,
acessórios ou serviços. É o processo de aquisição que também inclui a seleção dos
fornecedores, os contratos de negociação e as decisões que envolvem compras locais
ou centrais (BERTAGLIA, 2003, p. 27).
44
Ballou (2006) complementa elencando as atividades relacionadas às compras, as quais
variam de acordo com a organização: (i) selecionar, qualificar e avaliar fornecedores; (ii)
negociar contratos; (iii) comparar preço, qualidade e serviço; ( iv) pesquisar bens e serviços;
(v) programar as compras; (vi) estabelecer os termos de vendas; (vii) avaliar o valor recebido;
(viii) mensurar a qualidade recebida, quando esta não estiver incluída entre as
responsabilidades do controle de qualidade e (ix) prever alterações de preços, serviços e, às
vezes, da demanda.
Lambert, Stock e Vantine (1998) estabelecem metas para a área de compras: (i)
proporcionar um fluxo contínuo de materiais, suprimentos e serviços necessários para operar a
organização; (ii) minimizar os investimentos e perdas de estoques; (iii) manter padrões
adequados de qualidade; (iv) descobrir e desenvolver fornecedores competentes; (v)
padronizar itens adquiridos, sempre que possível; (vi) adquirir itens e serviços ao menor custo
possível; (vii) melhorar a competitividade da organização; (viii) atingir relações de trabalho,
harmoniosas e produtivas, com as demais áreas da organização e (ix) atingir os objetivos de
compras ao menor custo administrativo possível.
A gestão de compras, independente do ramo de atuação da empresa, abrange custos e
qualidade, entre outros aspectos, e não apenas o fato de comprar e monitorar (BERTAGLIA,
2003). Pozo (2002, p.142) acrescenta que
o objetivo básico de suprimentos é garantir à empresa a plena satisfação de suas
exigências de materiais e produtos, bem como máquinas, equipamentos e insumos
necessários a sua operacionalidade, devendo todos ser negociados e adquiridos aos
mais baixos custos, satisfazendo aos padrões de qualidade e serviços da empresa
sem colocar os fornecedores em situação de incertezas de perdedores, mas sim de
parceiros. Assim, compras busca, incansavelmente, evitar duplicações, estoques
elevados, atos de urgência e compras apressadas, que normalmente são
desnecessários e criam conflitos e custos elevados de planejamento, estoques e
transportes. Outro aspecto importante é a seleção e qualificação de fornecedores,
que permitirá um processo de aquisição mais confiável. Tal qualificação determina a
potencialidade dos fornecedores em face de suas instalações, sua estrutura formal,
sua capacidade técnica e, principalmente, sua saúde financeira.
A vantagem competitiva, relacionada à gestão de pedidos, refere-se à agilidade das
operações, pois através de sistemas informatizados as empresas conseguem reduzir o tempo
das operações. Bertaglia (2003, p. 187) afirma que
as organizações reconhecem que o envolvimento do cliente no processo de
gerenciamento dos pedidos é um fator crítico de sucesso, tanto do ponto de vista da
organização como do cliente. Com a troca de informações relacionadas a estratégias,
planos e objetivos dos clientes mais importantes, as organizações podem identificar
mais rapidamente as necessidades dos clientes, possibilitando a construção de
relacionamentos duradouros e, conjuntamente, a geração de condições para
aumentar a vantagem competitiva de ambos.
45
O responsável pelas compras, nas organizações, responde pela aquisição de materiais,
na quantidade e qualidade desejadas, no tempo necessário, ao melhor preço possível, do
fornecedor adequado. As organizações procuram desenvolver parcerias com fornecedores, os
quais são relevantes na obtenção de baixos níveis de estoque e o ressuprimento contínuo.
Através dessas parcerias, consegue-se negociar o volume de pedidos, fracionando o
fornecimento em menores quantidades, e reduzindo estoques, pois a matéria-prima e os
materiais são entregues em lotes menores, conforme a necessidade do cliente.
2.2.2 Logística integrada
Em face ao período de reestruturação empresarial, surge, como resposta à instabilidade
oriunda da crise dos anos 80, a logística integrada. A logística evoluiu e passou a ser
identificada como elemento diferenciador e propulsionador da competitividade advinda da
preocupação, da mesma, com as interfaces das funções organizacionais (COYLE, BARDI;
LANGLEY Jr., 1996). A logística passou de atividades isoladas a atividades integradas, ou
seja, à logística integrada. Tal evolução deve-se à globalização e aos parceiros integrados, que
exigem maior agilidade das organizações, além da redução dos seus custos e do tempo das
operações.
A logística integrada objetiva interligar a organização, por meio de uma visão macro,
gerenciada por processos, que, segundo Pozo (2002, p. 13), tem como função
estudar a maneira como a administração pode otimizar os recursos de suprimento,
estoques e distribuição dos produtos e serviços com que a organização se apresenta
ao mercado por meio de planejamento, organização e controle efetivo de suas
atividades correlatas, flexibilizando os fluxos de produtos.
Conforme a Figura 10, a logística integra diferentes atividades, na organização,
iniciando com o processamento do pedido até a entrega do produto ao consumidor final,
abrangendo o fluxo de informações e de materiais, nas diversas áreas envolvidas, bem como à
distribuição física e o gerenciamento dos suprimentos, desenvolvendo um relacionamento
com os fornecedores e clientes, ou seja, aproxima os elos internos da empresa.
46
Figura 10 - A integração da logística
Fonte: Adaptado de Bowersox e Closs (2001, p. 44).
A logística integrada trabalha inter-relacionando diferentes áreas existentes nas
empresas, sejam elas: compras, produção e marketing, com o intuito de otimizar as operações
e aumentar a satisfação dos clientes, entregando o produto certo, na hora e local combinado.
Moura et al. (2003) afirmam que a integração logística é relevante para evitar disputas e
desperdícios de energia, porém, Bowersox, Closs e Cooper (2006) dizem ser um desafio
resultante da duradoura tradição de desempenhar e avaliar trabalhos sob a ótica funcional, a
qual deve ser abdicada em prol de uma visão holística de processos.
Lambert, Stock e Vantine (1998, p. 40) conceituam a logística integrada como o
“tratamento das diversas atividades como um sistema integrado”, a qual pode melhorar o
desempenho das funções logísticas da empresa, reduzindo os estoques e, consequentemente,
os custos. Outro fator, que se insere no contexto da logística integrada, é a obtenção de
informações gerenciais confiáveis para o processo de tomada de decisão, que também tem
criado problemas de grande impacto nas organizações. Tais questões relacionam-se ao mau
uso das tecnologias de informação disponíveis, do planejamento e implantação, não
atendendo aos requisitos básicos de conectividade, relação custo/benefício, necessidade de
serviços, quantidade e qualidade de atualizações e colaboração entre os componentes.
Cabe ressaltar a necessidade da integração das atividades logísticas para o
abastecimento da produção, mantendo os níveis de estoque e a falta de materiais baixos,
reduzindo, também, o lead time da produção física. Além disso, é relevante a manutenção da
transversalidade das atividades referentes às funções da logística, pois, com o crescimento, as
Clientes
Distribuição
física
Apoio à
manufatura
Suprimento Fornecedores
FLUXO DE INFORMA
Ç
OES
FLUXO DE MATERIAIS
47
empresas tendem a perder sensibilidade quanto à necessidade de manterem as práticas de
eficiência logística para a realização das tarefas produtivas.
Enquanto a logística integrada refere-se ao gerenciamento de materiais e informações,
inter-relacionando as diferentes áreas existentes na organização, a SCM visa o consumidor
final, realizando ações conjuntas, onde todos os envolvidos na cadeia estão comprometidos.
2.2.3 Supply chain management (SCM - Gestão da cadeia de suprimentos)
A SCM, no âmbito empresarial, é um conceito recente, ainda discutido pelos autores,
estudiosos e pesquisadores no assunto, com o intuito de chegar a um consenso, quanto sua
definição, escopo e características. Portanto, inicialmente, será efetuada a contextualização e
definição da SCM, para, posteriormente, abordar os eixos de abrangência, aspectos
tecnológicos, competências e governança.
2.2.3.1 Contextualização da SCM
A SCM é uma filosofia que está se difundindo desde a década de 90, após a introdução
do just-in-time (JIT) nos sistemas produtivos, o qual ressaltou a importância das relações
estratégicas e cooperativas com fornecedores (TAN, 2001). Entretanto, há divergências
quanto ao surgimento, à conceituação e amplitude da cadeia de suprimentos.
No contexto de Young e Esqueda (2005, p. 64), a cadeia de suprimentos teve seu
surgimento na década de 60, com a aglomeração de múltiplas atividades na empresa, como a
gestão de estoques, armazenagem, despacho da carga e serviço ao cliente, tendo como
conceito “uma série de entidades conectadas por meio da relação comprador-vendedor, que se
inicia com as matérias-primas básicas que são extraídas da terra ou colhidas até chegar ao
produto final nas mãos do consumidor final”. Para autores como Aravechia e Pires (2000) e
48
Christopher (1997), envolve as atividades logísticas de diversas empresas, constituindo uma
extensão da logística empresarial.
Lambert, Cooper e Pagh (1998) e Lambert, Stock e Vantine (1998) afirmam que a
cadeia de suprimentos possui uma abrangência maior que as atividades logísticas, englobando
funções estratégicas e gerenciais. New e Payne (1995) dizem que a cadeia de suprimentos
envolve o fluxo de materiais e informações, desde a extração de matéria-prima, passando
pelos intermediários de mercado e chegando aos usuários finais. Na concepção de Harrisson e
Hoek (2003) e Lambert, Cooper e Pagh (1998), a cadeia de suprimentos pode ser vista como
um conjunto de processos que se estendem de um extremo organizacional a outro,
relacionando processos, a montante e a jusante, de uma ‘empresa foco’, ou ‘empresa focal’,
cujos membros interagem direta, ou indiretamente, desde o ponto de origem até o ponto de
consumo, conforme pode ser visualizado na Figura 11.
Nível 1
Fornecedores
Nível 1
clientes
Nível
2
clientes
Nível 3 a
clientes finais
Nível
2
Fornecedores
Nível 3 a
Fornecedores finais
Clientes Finais
Nível 3 a n - clientes
Nível 3 a n - Fornecedores
Fornecedores iniciais
Empresa focal Membros da cadeia de suprimentos da empresa focal
1
1
1
2
n
n
1
2
3
n
1
2
3
n
n
1
2
1
1
2
n
n
n
1
2
n
Figura 11 - Estrutura da cadeia de suprimentos
Fonte: Lambert, Cooper e Pagh (1998).
Para Christopher (1999), a cadeia de abastecimento, efetiva, caracteriza-se pelo (i)
prévio envolvimento dos fornecedores, no processo de desenvolvimento de novos produtos;
49
(ii) programa conjunto de melhoria contínua de produtos e processos, primando pela
transparência em custos; (iii) acordo sobre objetivos e critérios de avaliação de desempenho e
(iv) compromisso com o livre fluxo de informações, através de um sistema de informações
compartilhado.
Na concepção de Young e Esqueda (2005), a fragilidade da cadeia de suprimentos
provém do número de negociações entre o vendedor e o comprador, a qual foi, inicialmente,
segmentada na complexidade do produto, do processo e da rede, conforme exposto no Quadro
2. A complexidade dos produtos refere-se às características físicas que interferem nas
atividades logísticas, tornando-as singulares, enquanto a complexidade do processo diz
respeito à forma de utilização desejada pelo cliente. Por fim, a complexidade da rede é o
elemento da cadeia de suprimentos que recebe maior atenção, tendo em vista que é o único
que gerencia a cadeia.
Fatores Componentes (com maior detalhe)
Produto
Bens sobredimensionados.
Densidade (peso por unidade de volume).
Altos preços unitários (preço por unidade).
Potencial de sofrer danos (fragilidade).
Grau de periculosidade dos bens (veneno, inflamáveis, corrosivos, explosivos,
oxidantes).
Número mínimo de unidades no inventário (SKU).
Giro mínimo de unidades do inventário.
Processo
A regulamentação é um produto ou matéria-prima (vendido tal como está ou é para
uso em manufatura).
A regulamentação é sensível ao tempo (tempo de vida definido).
Redes
Número de fornecedores utilizados.
Rotatividade de fornecedores (número de fornecedores contratados anualmente).
Número de fornecedores não relacionados com o importador de forma organizacional.
Localização dos fornecedores e nível de dispersão de localidades.
Número de distribuidores e transportadores utilizados.
Rotatividade de transportadoras (freqüência de troca de transportadora).
Número de intermediários de mercado utilizados.
Rotatividade dos intermediários.
Número de portos de entrada.
Número de câmbios nos portos de entrada.
Quadro 2 – Componentes da complexidade das cadeias de suprimentos globais
Fonte: Traduzido de Young e Esqueda (2005, p. 68).
50
As organizações, para serem competitivas no mercado, gerenciam sua rede de
relacionamentos interconectando, com o fluxo de produtos/serviços, informações e processos.
Na Figura 12, Ballou (2006) expõe o escopo da cadeia de suprimentos moderna como sendo
fundamentada na colaboração entre os integrantes do canal, ligados pela relação comprador-
vendedor, para maximizar os benefícios e reduzir os custos.
Empresa
Fornecedores Clientes
Fornecedor
do fornecedor
Clientes /
usuários finais
Adquirir
Trasnformar Distribuir
Escoamento de produtos e informações
Figura 12 – Escopo da cadeia de suprimentos moderna
Fonte: Ballou (2006, p. 28).
Young e Esqueda (2005, p. 74) afirmam que “os fundamentos de suprimentos
estabelecem claramente que um eficiente e efetivo fluxo de bens conduz a menos estoques e a
menores custos operacionais”. Entretanto, a cadeia de suprimentos, conforme os mesmos
autores, apresenta estruturas frágeis, construídas mediante a combinação de entidades
participantes que circulam bens e serviços em uma rede. Portanto, estão expostas a erros e
falhas (provenientes do manejo indevido dos produtos, incongruências nas equipes de
trabalho, falta de operadores ou problemas de transporte), acarretando perdas no tempo de
entrega e avarias nos produtos a serem entregues, como é possível verificar no Quadro 3.
Somado a tais problemas, pode ocorrer falhas no fluxo de produtos, devido a divergências no
fluxo de informações e na comunicação intra e interempresarial.
51
Vulnerabilidades
mais simples
Vulnerabilidades
mais complexas
Roubar mercadoria por razões econômicas.
Roubar associado a fatos específicos.
Causar danos econômicos a uma empresa
específica.
Sabotar a cadeia de suprimentos com fim
premeditado de interromper seu uso.
Entregar drogas para distribuição nas ruas.
Entregar armas a grupos terroristas.
Produzir danos à infra-estrutura (de
transporte, por exemplo).
Ter produtos específicos como objetivo de
gerar caos (o caso do Tylenol).
Quadro 3 – Vulnerabilidades na cadeia de suprimentos
Fonte: Traduzido de Young e Esqueda (2005, p. 71).
Considerando-se a amplitude e a complexidade das relações, administrar a cadeia de
suprimentos consiste no novo desafio do profissional dessa área, visão que é reforçada por
Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 21), ao afirmarem que a SCM “compreende empresas
que colaboram para alavancar posicionamento estratégico e para melhorar a eficiência das
operações”. Para Christopher (1999, p. 104), o gerenciamento da cadeia de abastecimento
preocupa-se em alcançar, da maneira mais econômica, a satisfação das exigências
do consumidor final por meio da integração dos processos do comprador e do
fornecedor. A integração é tipicamente obtida pela maior transparência dos
requisitos do cliente por meio do compartilhamento das informações. Essa
integração é composta subseqüentemente pelo estabelecimento de processos
altamente interligados, que unem a identificação da necessidade de reabastecimento
físico a uma resposta just-in-time.
A SCM está inserindo-se ao convívio organizacional, tendo em vista que visa o
consumidor final, realizando ações conjuntas, onde todos os envolvidos na cadeia estão
comprometidos, não efetuando ações isoladas. De acordo com Ching (2001), a SCM é uma
forma integrada de planejar e controlar o fluxo de materiais, informações e recursos, desde os
fornecedores até o cliente final, envolvendo as diferentes atividades que agregam valor aos
consumidores, buscando desenvolver um relacionamento benéfico a todos os envolvidos ao
longo da cadeia de suprimentos.
Conforme Fleury, Wanke e Figueiredo (2000), a SCM consiste na integração dos
diferentes participantes da cadeia, através da administração compartilhada das atividades que
interligam as organizações e os entes da cadeia, desde o fornecedor até o cliente final. Pode,
também, ser definida como uma coordenação estratégica e sistêmica das funções tradicionais
de negócio e suas táticas intra-empresariais e através das empresas dentro de uma cadeia de
52
suprimentos, com o intuito de melhorar o desempenho, a longo prazo, das empresas
individuais e da cadeia de suprimentos como um todo (MENTZER, MIN; ZACHARIA, 2000;
FLEURY; FLEURY, 2001).
Ballou (2006, p. 27) afirma que SCM é um termo que “capta a essência da logística
integrada e inclusive a ultrapassa”, pois destaca atividades de marketing, logística e produção
no âmbito empresarial e as atividades entre empresas separadas no âmbito do fluxo de
produtos, sendo oportunizadas melhorias através da coordenação e colaboração entre os
integrantes do canal. O autor expõe, na Figura 13, a SCM como fonte de informação para os
demais elementos da cadeia, uma vez que a mesma trata da coordenação do fluxo de produtos
ao longo das funções da empresa, como marketing, vendas, pesquisa e desenvolvimento
(P&D), previsão, produção, compras, logística, sistemas de informação, finanças e serviço ao
cliente, a fim de conferir vantagem competitiva e lucratividade a cada uma das companhias
que compõem a cadeia.
Fluxos da
cadeia de
suprimentos
Produtos
Satisfação
do cliente /
valor /
lucratividade /
vantagem
competitiva
Informação
Recursos
financeiros
Demanda
Previsões
A cadeia de suprimentos
O ambiente global
Coordenação intercorporações
(intercâmbio funcional, fornecedores terceirizados, gestão
de relacionamentos, estruturas de cadeia de suprimentos)
Serviços
Coordenação
interfuncional
(confiança,
compromisso,
risco,
dependência,
comportamentos)
Marketing
Vendas
Pesquisa e desenvolvimento
Previsão
Produção
Compras
Logística
Sistemas de informação
Finanças
Serviços ao cliente
Figura 13 – Modelo de SCM
Fonte: Ballou (2006, p. 28).
Fornecedor do fornecedor Fornecedor Firma foca
l
Cliente do cliente Cliente
53
Bowersox, Closs e Cooper (2006) contextualizam o conceito de cadeia de suprimentos
integrada como um modelo de gestão, conforme é possível visualizar na Figura 14, o qual está
baseado no relacionamento interempresarial, inserido, em uma estrutura com limitações de
capacidade, informações, competências essenciais, capital e restrição de recursos humanos,
cuja estratégia resulta dos esforços de conectar, operacionalmente, as empresas aos clientes,
às redes de apoio, à distribuição e aos fornecedores. O valor agregado é resultante da sinergia
das organizações que compõem a cadeia de suprimentos, quanto aos fluxos de informação,
produto, serviço, financeiro e conhecimento, os quais são considerados pontos críticos de
cooperação e compartilhamento.
Gestão de relacionamento
Fluxos de informação, produto, serviço, finaas e conhecimento
M
A
T
E
R
I
A
I
S
C
O
N
S
U
M
I
D
O
R
E
S
F
I
N
A
I
S
Restrições de capacidade, informação, competências essenciais e recursos humanos
Compras
Distribuição
ao mercado
Produção
Empresa
integrada
Rede de
fornecedores
Redes de
Distribuão
Figura 14 – Modelo geral da cadeia de suprimentos
Fonte: Bowersox, Closs e Cooper (2006, p.23).
Na Figura 14, a logística consiste em um interconector entre o fluxo de produtos e
serviços, uma vez que integra as atividades dos diversos componentes da cadeia de
54
suprimentos. Boswersox, Closs e Cooper (2006, p. 23) reforçam que “[...] o processo
integrado de geração de valor deve ser administrado desde a compra de materiais até a entrega
do produto/serviço ao cliente final”, através de um fluxo contínuo de produtos e serviços, ao
longo da cadeia de suprimentos, ultrapassando os limites individuais de cada organização.
Para Young e Esqueda (2005), as empresas possuem vários formatos de cadeias, o que
faz com que as cadeias globais sejam inerentemente complexas. Fleury, Wanke e Figueiredo
(2000), para facilitarem e direcionarem a gestão, apresentam os processos-chave da cadeia de
suprimentos: (i) relacionamento e serviço aos clientes; (ii) administração da demanda; (iii)
atendimento de pedidos; (iv) administração do fluxo de produção; compras/suprimentos e (v)
desenvolvimento de novos produtos. No tocante à estrutura de uma cadeia de suprimentos,
Lambert, Cooper e Pagh (1998) e Lambert (2001) elencam três dimensões estruturais:
estrutura horizontal - número de níveis da cadeia de suprimentos;
estrutura vertical - número de empresas em cada nível;
posição horizontal da empresa foco dentro da cadeia de suprimentos - a empresa focal pode
estar próxima das fontes iniciais de suprimentos, próxima dos clientes finais, ou em alguma
posição entre os pontos finais da cadeia.
Harrison e Hoek (2003) afirmam que a SCM pode ser vista como gerenciamento de
uma rede, considerando-se o relacionamento entre os elos que a compõe, cujos pontos
essenciais, elencados por Oliver e Webber (1982 apud HARRISON; HOEK, 2003), consistem
em tratar a cadeia de suprimentos como uma entidade única, que exige tomada de decisões
estratégicas e uma integração sistêmica. Outrossim, a empresa foco, na cadeia de suprimentos,
pode ser vislumbrada como o centro de uma rede de organizações, a montante e a jusante,
uma vez que Zheng et al. (1998) apud Harrison e Hoek (2003) definem rede de suprimentos
como um conjunto de organizações vinculadas, com o intuito de fornecer bens ou serviços
demandados pelos clientes. Entretanto, Pires (2004) diferencia SCM de Redes de Suprimentos
(Supply Network), afirmando que a primeira remete-se a uma seqüência linear de processos
e/ou atividades, sendo o contato com o cliente final mantido pelo elo final da cadeia, e a
segunda remete-se a uma estrutura dinâmica na execução dos processos e/ou atividades,
mantendo uma interação constante, por parte de todos os envolvidos, com o cliente final.
Logo, tal gerenciamento consiste em uma prática inovadora de gestão, na qual os
diversos integrantes operam em prol de um objetivo comum, visando atender as necessidades
e desejos dos consumidores finais, o que implica em uma visão sistêmica da cadeia de
55
suprimentos. Para o desenvolvimento e gerenciamento, da cadeia de suprimentos, faz-se
necessária a interligação de todos os entes da cadeia de suprimentos, operando de forma
sincronizada, em prol de um objetivo mútuo. No entanto, para otimizar as operações, todos os
clientes da empresa, sejam internos ou externos, devem estar envolvidos. Lummus e Vokurka
(1999) elencam alguns pontos a serem considerados na SCM:
associação das estratégias individuais das empresas às estratégias da cadeia de suprimentos,
como um todo, em prol do benefício mútuo;
identificação das metas estabelecidas na cadeia e o estabelecimento de medidas de
desempenho para monitorá-las;
desenvolvimento de sistemas de previsão de demanda detalhados e alinhados às variações
de mercado;
gestão do relacionamento com fornecedores, visando a redução de custos e o cumprimento
dos prazos de entrega;
desenvolvimento de processos logísticos customizados para atender a segmentos de
consumidores diferenciados;
desenvolvimento de uma central de informações capaz de oferecer visão clara de todo o
fluxo de produtos e permitir apoio à decisão;
adoção de medidas de desempenho interfuncionais e inter-empresariais, para que haja
associação entre todos os aspectos da cadeia de suprimentos.
Dessa forma, as empresas, para obterem um melhor desempenho e permanecerem no
mercado, procuram reduzir os custos de suas operações e agregarem valor ao cliente,
atendendo suas necessidades, com agilidade, desde o processamento do pedido até a entrega
do produto, aliado à flexibilidade e à disponibilidade do produto a um preço acessível,
lançando mão da união em redes associativas aliadas à SCM.
56
2.2.3.2 Eixos de abrangência da SCM
A SCM, no âmbito contemporâneo, possui características abrangentes, uma vez que
consiste em uma área multifuncional, que integra as demais áreas das organizações aos seus
stakeholderes (públicos envolvidos). Devido ao exposto, Pires (2004) afirma que a SCM é de
difícil mensuração e classificação, entretanto, em seu escopo, pode-se considerar, pelo menos,
três grandes eixos de atuação: (i) processos de negócios; (ii) tecnologia, iniciativa, práticas e
sistemas e (iii) organização e pessoas, os quais são ilustrados na Figura 15.
Organização e
Pessoas
Tecnologia, Iniciativas,
Práticas e Sistemas
Processos de Negócio
Figura 15 – Três eixos de atuação da SCM
Fonte: Pires (2004, p. 71).
Conforme descritos na Figura 15, os eixos de atuação da SCM, serão melhor
explicados a seguir:
processos de negócios – diz respeito aos processos de negócios-chave a serem executados,
efetivamente, ao longo da cadeia de suprimentos, ou seja, representa a existência e a
finalidade principal da SCM;
57
tecnologia, iniciativas, práticas e sistemas - contempla a TIC (Tecnologia da Informação e
Comunicação), as práticas, as iniciativas e os sistemas utilizados na execução da SCM, ou
seja, representa os meios atuais e inovadores que viabilizam os processos de negócios-chave
da SCM;
organização e pessoas – refere-se à estrutura organizacional, à capacitação institucional e
pessoal, as quais são capazes de viabilizar uma cadeia de suprimentos efetiva, ou seja,
representa as transformações em termos de estrutura organizacional e de capacitação da
empresa e de seus colaboradores, a fim de estender, viabilizar e implementar o modelo
gerencial de SCM.
O modelo tridimensional expõe a inter-relação entre os eixos, salientando a
dinamicidade e a importância em operar nas três direções, simultaneamente, bem como a
escala evolutiva do eixo convergindo para o alcance dos objetivos principais da SCM, que,
segundo Pires (2004), consistem na redução de custos e aumento do valor percebido do
produto perante o consumidor final, uma vez que os projetos em SCM são de cunho
estratégico e gerencial.
2.2.3.3 SCM X Fillière
Filière, ou Cadeia Produtiva, teve seu surgimento na década de 60, na França, e
significa fileira. Em virtude disso, consiste em um conjunto de etapas consecutivas, pelas
quais passam, e vão sendo transformados e transferidos, os diversos insumos (KLIEMANN
NETO; SOUZA, 2004 e BATALHA; SILVA, 2001). Para Haguenauer et al. (2001, p.06),
cadeia produtiva é “o conjunto das atividades, nas diversas etapas de processamento ou
montagem, que transforma matérias–primas básicas em produtos finais”. As cadeias
produtivas são definidas a partir da identificação de determinado produto final e o
encadeamento das várias operações técnicas, comerciais e logísticas, de jusante a montante,
necessárias à sua obtenção (BATALHA; SILVA, 2001). Entretanto, Malheiros (1991, p. 11)
afirma que a cadeia produtiva “[...] apóia-se em uma matéria-prima básica, a qual através de
transformações sucessivas, origina produtos finais”.
58
Na concepção de Pires (2004, p. 53), “o termo cadeia produtiva é geralmente usado
para referir-se ao conjunto de atividades que representam genericamente determinado setor
industrial”. No âmbito conceitual, cadeia produtiva expande-se rapidamente ao escopo de um
subsistema produtivo global, com suas regras, restrições, rol de relacionamentos e lógica
própria (DE BRANDT, 1991). Visão reafirmada por Gereffi (1999), apud Garcia & Motta
(2005), ao expor o conceito de cadeias produtivas globais como uma abordagem às relações
interfirmas e parte dos seus elos produtivos, os quais desenvolvem atividades distintas de
diferentes empresas localizadas no mundo todo. Sob tal aspecto, as cadeias produtivas têm
estrutura de comando e são coordenadas por uma ou mais empresas que se sobressaem às
demais.
Para tanto, Kliemann Neto e Souza (2004, p. 19) expõe um novo conceito para a
SCM, o qual é reforçado por Pires (2004) ao afirmar que uma cadeia de suprimentos pode
estar inserida em uma ou várias cadeias produtivas, dependendo das características dos
produtos finais:
[...] refere-se a um conjunto de empresas integrantes de uma cadeia produtiva
específica voltada para um determinado segmento do mercado, e está vinculado à
análise das relações entre fornecedores e clientes internos das cadeias de
suprimentos de materiais, insumos e componentes.
No entanto, há diferenças entre SCM e cadeia produtiva. Enquanto a primeira possui
como direcionador da cadeia uma empresa foco, a qual exerce o gerenciamento e coordenação
dos negócios, com o intuito de beneficiar os fornecedores e clientes, ao longo da cadeia de
abastecimento, aproximando-se do ambiente microeconômico, ou seja, da análise das políticas
internas das empresas pertencentes à cadeia de suprimentos, visando o aprimoramento das
atividades por meio da cooperação e do aprendizado conjunto, em prol da criação de
vantagem competitiva. A segunda engloba a primeira, no momento em que opera com
arranjos mais amplos, partindo da extração da matéria-prima até o produto acabado,
envolvendo organizações de diversos setores da economia, cujo foco é o processo produtivo
de transformação, aproximando-se do ambiente mesoeconômico, que consiste em políticas
específicas para a criação de vantagem competitiva, sejam elas ambientais, tecnológicas, de
exportação, regionais, de infra-estrutura ou industriais.
A SCM visa o consumidor final, enfocando diretamente o desenvolvimento e
desempenho dos produtos finais, através de estratégias específicas para cada ente da cadeia,
bem como para essa como um todo. Entretanto, por permitir a análise detalhada da cadeia e
59
visar o benefício em conjunto, a SCM não abrange exclusivamente uma organização que faz
parte do todo, não permitindo a regionalização, ou seja, o benefício de uma empresa em
específico. A cadeia produtiva parte dos produtos para analisar a cadeia, definindo políticas
setoriais de acordo com o ramo de atividades especificado, visando qualidade e desempenho
do produto na obtenção de vantagem competitiva.
2.2.3.4 Competências da SCM
Competências são definidas como um “conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes que justificam um alto desempenho” (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 185), por outro
lado, competência é a integração de um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
que, na sua manifestação, produzem uma atuação diferenciada. As competências estruturam
os caminhos do conhecimento, necessários à execução de tarefas; apontam para pessoas,
documentos e demais estruturas de conhecimento da organização, uma vez que podem ser
inerentes tanto às pessoas (indivíduo), às organizações (competências centrais), aos países
(sistemas educacionais e formação de competências), e às atividades logísticas e de SCM.
Durand (1999) define competência como a união integrada de três pilares,
denominados de CHA (conhecimento, habilidade e atitude), ou seja, a competência existe
quando há a integração de habilidades (técnica, destreza e saber como fazer), conhecimento
(informação, saber o que e por que fazer) e atitudes de colocar em prática o que foi proposto
(interesse, determinação e querer fazer), conforme ilustra a Figura 16.
60
Conhecimentos:
Informação
Saber o que e por que fazer
Interesse
Determinação
Querer fazer
cnica
Destreza
Saber como fazer
Habilidades:
COMPETÊNCIA
Atitudes:
Figura 16 - Pilares da formação da estrutura de competências
Fonte: Durand (1999, p. 35).
Prahalad e Hamel (1990) comentam que as competências-chave devem responder a
três critérios: (i) oferecer reais benefícios aos consumidores; (ii) ser difícil de imitar
(vantagem competitiva sustentável) e (iii) prover acesso a diferentes mercados. Portanto,
competência consiste na capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e
serviços, podendo uma organização, para obter sucesso, combinar várias competências para
desenhar, produzir e distribuir produtos e serviços aos clientes, da melhor forma possível.
Zarifian (1999) elenca, e diferencia, as seguintes competências em uma organização:
competências sobre processos - conhecimentos sobre o processo de trabalho;
competências técnicas - conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser
realizado;
competências sobre a organização - saber organizar os fluxos de trabalho;
competências de serviço – aliar, à competência técnica, a pergunta: ‘Qual o impacto que
este produto, ou serviço, terá sobre o consumidor final?’;
competências sociais - saber ser, incluindo atitudes que sustentam o comportamento das
pessoas; o autor identifica três domínios dessas competências - autonomia,
responsabilização e comunicação.
61
A competência logística, segundo Dawe (1998), pode gerar significativa vantagem
competitiva em três dimensões de performance: eficiência, eficácia e flexibilidade, além da
possibilidade de agregar valor estratégico à atividade desempenhada por meio da logística, e
que tal valor não se limita à tradicional visão de redução de custos. Entretanto, as empresas
vêm transferindo a terceiros as operações, cujas atividades não fazem parte do seu objetivo
principal, ou seja, transferem suas competências secundárias, permanecendo apenas com suas
competências centrais.
As competências centrais, segundo Prahalad e Hamel (1990), estão relacionadas (i) ao
tempo que será preservada a competitividade no negócio, se uma determinada competência
não for controlada pela empresa; (ii) à importância da competência para os benefícios
percebidos pelo cliente e (iii) às oportunidades futuras que serão excluídas, se a empresa
perder aquela competência. Os mesmos autores afirmam que as competências centrais devem
(i) permitir acesso potencial a uma grande variedade de mercados; (ii) contribuir para
aumentar o valor percebido pelo cliente, em relação ao produto final e (iii) ser difícil para os
competidores imitarem.
Vollmann, Cordon e Raabe (1996) e Vollmann e Cordon (1998) sugerem que a
empresa focal da cadeia de suprimentos analise os fornecedores, clientes e demais provedores
de serviços, mais benéficos e sinérgicos, a longo prazo, avaliando-os em um contexto de
portfólio, através das competências que os mesmos possuem e da importância dessas
competências para a empresa e para a cadeia. Para tanto, Vollmann, Cordon e Raabe (1996)
classificam as competências dos parceiros em:
competências distintivas - aquelas que fornecem vantagem competitiva única;
competências qualificadoras - as que são necessidades competitivas em um certo negócio;
competências básicas - tarefas que têm que ser feitas, mas que não têm impacto direto sobre
o bem, ou serviço, entregue.
A partir dessa classificação, a empresa pode promover relações mais próximas com os
fornecedores e clientes que possuam competências distintivas, conforme ilustrado na Figura
17, e poder manter relações menos próximas com os fornecedores que possuam competências
qualificadoras e básicas, e com os clientes principais e secundários.
62
Parceiros Parceiros
Principais
clientes
Co-produtores
Clientes
secundários
Sub-
fornecedores
Fornecedores Unidade de negócio Clientes
Competências
distintivas
Competências
qualificadoras
Competências
sicas
Unidade de
negócios virtual
Figura 17 - Unindo competências com clientes e fornecedores
Fonte: Vollmann, Cordon e Raabe (1996) apud Gasparetto (2003, p. 62).
As competências, segundo Vollmann, Cordon e Raabe (1996), tendem a movimentar-
se de forma contínua, ou seja, um fornecedor ou cliente, que em determinado momento
encontre-se numa classificação, possa classificar-se noutra, num momento seguinte. Tan
(2001), Harland, Lamming e Cousins (1999) e Doz e Hamel (2000) advertem para que a
empresa não busque envolver todos os fornecedores e clientes em projetos de colaboração,
centrando-se, apenas, naqueles estrategicamente importantes para a cadeia, sob pena de perda
de foco e consistência, bem como de fragmentação do comprometimento dos recursos.
2.2.3.5 Processos da SCM
Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) expõem a SCM baseada em processos, conforme
ilustrada na Figura 18, demonstrando que a organização deve interligar todos os entes da
63
cadeia de suprimentos, operando, de forma sincronizada, em prol de um objetivo comum. No
entanto, para otimizar as operações, todos os clientes da empresa, sejam internos ou externos,
devem estar envolvidos, uma vez que a SCM integra o ambiente interno e externo das
organizações envolvidas.
FLUXO DE PRODUTOS
Relacionamento com clientes
Serviço ao cliente
Administração da demanda
Atendimento dos pedidos
Administração do fluxo de produção
Suprimentos / compras
Desenvolvimento e comercialização
PROCESSOS DO
SUPPLY CHAIN
INDICADORES DE DESEMPENHO
Compras
Gerência
materiais
Produção
Distribuição
sica
Fornecedores
VEL 2
Fornecedores
VEL 1
Marketing
e vendas
Cliente /
consumo
Figura 18 – O modelo de SCM
Fonte: Fleury, Wanke e Figueiredo (2000, p. 47).
Lambert, Cooper e Pagh (1998) afirmam que a competitividade e a lucratividade
podem aumentar, se os processos-chave das empresas forem gerenciados por várias empresas.
Além disso, salientam que a falta de consistência entre empresas, em relação a seus processos,
é causadora de atrito e ineficiências nas cadeias de suprimentos. Lambert, Cooper e Pagh
(1998) e Lambert (2001) utilizam o conceito de processos de negócios (business process) para
evidenciar os processos de uma cadeia de suprimentos, definindo-os como as operações que
produzem uma saída específica, de valor para o cliente. As empresas executam processos,
64
alguns dos quais relacionam-se com os processos executados por outras empresas, afetando-se
mutuamente (LAMBERT, COOPER; PAGH, 1998).
Os processos de negócios, integrantes de uma cadeia de suprimentos, os quais
deveriam ser tratados conjuntamente, ao longo da cadeia, a partir da empresa focal, são
descritos como sendo: (i) gestão das relações com os clientes; (ii) gestão do serviço ao cliente;
(iii) gestão da demanda; (iv) atendimento dos pedidos; (v) gestão do fluxo de manufatura; (vi)
gestão das relações com os fornecedores; (vii) desenvolvimento do produto e comercialização
e (viii) gestão dos retornos (GASPARETTO, 2003; PIRES, 2004), os quais são expostos na
Figura 19.
Fluxo de informação
Fabricante
Fornecedor
Nível 2
Fornecedor
Nível 1
Cliente Cliente final
Compras
Logística
Marketing e
vendas
P & D
Gerenciamento da relação com clientes
Gerenciamento do serviço aos clientes
Gerenciamento da demanda
Atendimento dos pedidos
Gerenciamento do fluxo de produção
Gerenciamento da relação com fornecedores
Desenvolvimento de produtos e comercialização
Gerenciamento de retorno
Fluxo de Produção
Gerenciamento da relação com clientes
P
r
o
c
e
s
s
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e
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C
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up
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o
s
Produção
Finanças
Figura 19 - Integrando e gerenciando processos de negócios ao longo da cadeia de suprimentos
Fonte: Gasparetto (2003, p. 65).
65
Em algumas situações pode ser adequado integrar e gerenciar, entre empresas, todos
os processos de negócios, enquanto noutras pode ser necessária a integração ou de um único
ou poucos processos (LAMBERT, COOPER; PAGH, 1998). Os oito processos de negócios
são descritos na seqüência, conforme Croxton (2001), Gasparetto (2003) e Pires (2004):
gerenciamento da relação com clientes (customer relationship management - CRM) -
fornece a estrutura para definir, desenvolver e manter a relação com os clientes, identificados
como clientes-chave, e demais segmentos de clientes, que serão foco da empresa, a fim de
estabelecer metas e desenvolver um pacote de bens e serviços, para atender às necessidades
desses clientes. Dessa forma, equipes de trabalho podem dedicar-se a melhorar os processos e
eliminar variabilidade na demanda e de atividades que não agreguem valor aos clientes,
monitorando e avaliando os processos.
gerenciamento do serviço aos clientes (customer service management) - consiste no
processo de contato com os clientes, no qual são fornecidas informações como
disponibilidade de produtos, data de expedição e situação das ordens, em tempo real, através
da interface com atividades como produção e logística, incluindo a assistência ao cliente em
todos os estágios de atendimento, desde o pré até o pós-venda.
gerenciamento da demanda (demand management) - constitui o processo de negócio-chave
para uma efetiva SCM, uma vez que equilibra os requisitos dos clientes com as capacidades
de suprimento da empresa, objetivando gerenciar a demanda e os estoques, de forma
integrada, entre os elos da cadeia de suprimentos. Também é responsável pelo
desenvolvimento e execução de planos de contingência para situações em que as operações
sejam interrompidas.
atendimento dos pedidos (order fulfillment) - visa atender as necessidades dos consumidores
nos quesitos quantidade, prazo e qualidade. Portanto, requer integração entre planos de
produção, logística e marketing. Para atingir o objetivo, a empresa pode desenvolver parceria
com membros-chave da cadeia de suprimentos, atendendo aos requisitos dos clientes e
reduzindo o custo total de entrega.
gerenciamento do fluxo de produção (manufacturing flow management) - compreende a
fabricação dos produtos e o estabelecimento de flexibilidade de produção para atender as
metas de mercado, incluindo as atividades necessárias para gerenciar o fluxo dos produtos,
através da fábrica, e para obter, implementar e gerenciar a flexibilidade. Consiste em priorizar
a produção “puxada”, ou seja, produzir com base nas informações sobre a demanda.
66
gerenciamento da relação com fornecedores (supplier relationship management) - define a
interação da empresa com seus fornecedores, bem como a relação com os clientes, uma vez
que a empresa pode manter relações mais estreitas com alguns fornecedores, considerados
estratégicos, e relações mais tradicionais com os demais, buscando construir um
relacionamento ganha-ganha com os mesmos.
desenvolvimento de produtos e comercialização (product development and
commercialization) - trata do trabalho integrado entre a empresa, seus clientes e fornecedores,
no desenvolvimento de produtos, a fim de reduzir o tempo de lançamento no mercado. Com a
redução dos ciclos de vida dos produtos, os produtos novos devem ser desenvolvidos e
lançados no menor tempo possível, com o intuito de alavancar a competitividade.
gerenciamento do retorno (returns management) - consiste no fluxo de retorno dos materiais
e produtos, podendo representar uma vantagem competitiva sustentável para a empresa, sendo
que é o único processo cujo sentido do fluxo é na direção do fornecedor original. O processo
envolve as seguintes etapas: (i) revisão das diretrizes legais e ambientais, sobre o retorno dos
produtos; (ii) desenvolvimento de normas, para os tipos de retorno; (iii) desenvolvimento das
opções de retorno e seu fluxo, de modo que cada tipo de produto seja encaminhado ao local
correto e (iv) desenvolvimento das regras da política de crédito, referente aos itens retornados,
que serão feitas, conjuntamente, com fornecedores e clientes.
Os processos de negócio, da cadeia de suprimentos, possuem fluxo contínuo, ao longo
da mesma, integrando as áreas de logística, marketing e vendas, compras, produção, P&D e
finanças do fabricante, por meio do fluxo de produtos e informações, desde o fornecedor
inicial de matéria-prima até o consumidor final. Em contrapartida, Pires (2004, p. 87)
estabelece uma visão diferenciada, acerca da estrutura e classificação dos processos de
negócios ao longo da cadeia de suprimentos, subdividindo os processos em operacionais e de
suporte e gerenciamento, conforme ilustra a Figura 20, tendo em vista que “uma efetiva SCM
requer uma mudança para o modelo de gestão dos processos de negócios chaves da SC.
Integrar e gerenciar uma SC exige um contínuo fluxo de informações, o qual pode colaborar
muito para se criar um melhor fluxo (físico) de materiais”.
67
Compreender
necessidades
de mercado
e clientes
Desenvolver
visão e
estratégia
Desenvolver
produtos
e serviços
Fazer
marketing
e vender
Produzir e
distribuir para
indústria de
manufatura
Faturar e
prestar
assistência
Produzir e
distribuir para
indústria de
servos
Processo s O peracionais
Processos de Suporte e
Gerenciamento
Desenvolver e gerenciar recursos humanos
Gerenciar informação
Gerenciar recursos físicos e financeiros
Executar programa de gestão ambiental
Gerenciar relações externas
Gerenciar melhorias e mudaas
Figura 20 – Classificação dos processos de negócios
Fonte: Pires (2004, p. 69).
Sob tal perspectiva, o foco de cada processo efetuado está em aproximar as atividades
desenvolvidas das necessidades e exigências dos clientes, uma vez que os processos de
suporte e gerenciamento possuem foco estratégico e gerencial de planejamento das atividades,
e os processos operacionais colocam em prática o planejamento desenvolvido, a fim de
satisfazer os clientes. A análise dos processos de negócios, ao longo da cadeia de suprimentos,
auxilia na identificação de sobreposições de operações, possibilidades de redução de custos e
na implementação de melhorias que possam alavancar o desempenho e a posição competitiva
da cadeia.
68
2.2.3.6 Iniciativas para a SCM baseadas na tecnologia da informação
Com o advento da tecnologia, o uso de recursos computacionais, pelas empresas, vem
crescendo, e começaram a surgir iniciativas, baseadas na tecnologia da informação, para a
cadeia de suprimentos, com o intuito de aumentar a competitividade da cadeia, auxiliando na
melhoria da capacidade de previsão, no planejamento e na redução de custos e de tempos. Os
esforços iniciais, rumo à informatização, ocorreram nos Estados Unidos, a partir da percepção
dos varejistas, acerca da existência de problemas ao longo das cadeias de suprimentos, que
tornavam a cadeia inteira ineficiente (BARRIZZELLI, 2003). A partir de então, as empresas
voltaram-se para melhoria das atividades, por meio de sistemas de transmissão de
informações, a fim de compartilharem informações com os parceiros da cadeia de
suprimentos e realizar, conjuntamente, planejamento e previsões, adotando relacionamentos
mais estreitos e colaborativos.
Pires (2004) apresenta a linha evolutiva das práticas e sistemas de planejamento
colaborativo, sendo que o precursor foi o EDI (Electronic data interchange – intercâmbio
eletrônico de dados), o qual foi evoluindo, ao longo do tempo, do aprimoramento das
atividades organizacionais e a busca por competitividade, em mercados acirrados, passando
pelo VMI (Vendor managed inventory – estoque gerenciado pelo fornecedor), CR
(Continuous replenishment – reposição contínua), ECR (efficient consumer response -
resposta eficiente ao consumidor) e, por fim, o CPFR (Collaborative planning, forecasting
and replenishment – planejamento, previsão e reposição/reabastecimento colaborativo).
2.2.3.6.1 Electronic data interchange (EDI – intercâmbio eletrônico de dados)
O EDI surgiu nos Estados Unidos, na década de 80, e consiste na troca automatizada
de informações, entre uma empresa e seus parceiros comerciais, de acordo com um padrão
reconhecido internacionalmente (ECR BRASIL, 1998c). É utilizado, principalmente, entre
varejistas e seus fornecedores, para trocarem pedidos de compra, melhorando a eficiência no
69
intercâmbio de dados, reduzindo os tempos de entrega, a falta de produtos nas prateleiras e a
perda de vendas.
Para reforçar o conceito de EDI, Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 179) afirmam
que o mesmo consiste na “troca interempresarial, computador a computador, de documentos
comerciais em formato padrão para facilitar um alto volume de transações”. Moura et al.
(2003, p. 199) dizem que o EDI “é apropriado para empresas que compram e/ou vendem
produtos razoavelmente padronizados e em grandes volumes”, ou seja, empresas que operam
com sistema de produção em massa, o qual consiste em um sistema padronizado com
automação de repetidas transações.
O EDI está sendo cada vez mais utilizado pelas empresas e, na cadeia de suprimentos,
inter-relaciona as empresas com seus intermediários de mercado (distribuidores,
transportadora, varejistas, atacadistas, entre outros), fornecedores e clientes, contribuindo para
o êxito da utilização de sistemas de colaboração na cadeia, uma vez que o processo inicia com
o processamento de transações, pedidos eletrônicos, faturamento e pagamentos, podendo
evoluir para ajudar na programação e posições de estoque na empresa do cliente, podendo
auxiliar na definição de prazos de entrega, a partir das necessidades reais. De outro lado, o
cliente poderá visualizar a programação do fornecedor, os compromissos com os clientes,
disponibilidade de capacidade, condições de matéria-prima e saber a disponibilidade do
produto. O EDI também pode ser empregado para comunicar necessidades, problemas e
oportunidades entre os membros de cada empresa, podendo ser utilizado como e-mail,
focalizando a melhoria conjunta (VOLLMANN; CORDON, 1998).
Pires (2004) apresenta algumas vantagens e desvantagens do EDI, as quais podem ser
vistas no Quadro 4, sendo que as principais vantagens consistem na melhoria, agilidade e
confiabilidade no sistema de comunicação, reduzindo custos, tempo e estoques. Bowersox,
Cooper e Closs (2006, p. 179) afirmam que o EDI causa impacto nos custos operacionais
logísticos, através (i) do custo da mão-de-obra e do material de escritório (impressão, correio,
papel); (ii) uso de telefone, fax e Telex e (iii) redução dos custos com funcionários. Porém,
sendo um sistema informatizado e padronizado, demanda investimentos elevados em
equipamentos de informática, bem como gera dependência do sistema e reduz a flexibilidade
e interação homem-máquina.
70
Vantagens Desvantagens
melhor comunicação e precisão dos dados
transacionados;
maior rapidez no acesso à informação;
maior produtividade nas transações de dados;
diminuição dos custos administrativos e de
transações;
redução dos lead-times;
redução dos estoques;
maior agilidade nas tomadas de decisão.
necessidade de padronização dos
documentos;
custo relativamente alto de implementação;
necessário o uso de software e hardwere
padronizados;
necessária conscientização e padronização de
todos os usuários;
flexibilidade relativamente baixa do sistema;
dependência dos provedores de serviço;
dependência da qualidade dos sistemas de
comunicação utilizados.
Quadro 4 – Algumas vantagens e desvantagens do EDI
Fonte: Pires (2004, p. 166).
Em face ao exposto, percebe-se uma resistência, e mesmo dificuldade, de pequenas e
médias empresas incorporarem tal tecnologia a suas atividades, uma vez que os investimentos
oneram seu orçamento, fazendo com que, muitas vezes, as mesmas deixem de competir e
integrar cadeias de suprimentos, por falta de recursos, perdendo competitividade no mercado.
2.2.3.6.2 Vendor managed inventory (VMI – estoque gerenciado pelo vendedor/fornecedor)
O VMI surgiu no comércio supermercadista e foi estendendo-se para outros setores da
economia, como nas indústrias, sendo que, sob tal ótica, o fornecedor/vendedor é responsável
pelos estoques do cliente, ou seja, o fornecedor se responsabiliza por disponibilizar os
materiais no momento em que serão utilizados pelo cliente, calculando as necessidades de
reposição dos materiais, os quais serão faturados apenas quando usados pelo cliente
(VOLLMANN; CORDON, 1998). No VMI, “o fornecedor abastece o varejista nas
quantidades necessárias, por meio de informações de estoque e venda de produtos que este
71
transfere eletrônica e periodicamente àquele, eliminando-se o pedido tradicional emitido pelo
comprador e encaminhado ao vendedor” (ECR BRASIL, 1998b).
Com a utilização do VMI, os fornecedores têm acesso a informações precisas, acerca
da demanda de seus clientes, não sendo necessária a previsão com base em dados históricos,
além de reduzir o nível de estoques, tanto dos fornecedores quanto dos clientes, sem acarretar
falta de materiais, reduzindo o efeito chicote, o qual provoca amplificação da demanda ao
longo da cadeia de suprimentos. Porém, conforme descrito no Quadro 5, a utilização do VMI
também apresenta desvantagens relativas ao custo de implementação e manutenção do
sistema, a dependência do fornecedor, por parte do cliente, e a perda de controle sobre a
necessidade de materiais e seu abastecimento.
Empresa Fornecedora Empresa Cliente
Vantagens
melhor atendimento e maior “fidelização”
do cliente;
melhor gestão da demanda;
melhor conhecimento do mercado.
menor custo dos estoques
e de capital de giro;
melhor atendimento por
parte do fornecedor;
simplificação da gestão
dos estoques e das
compras.
Desvantagens
custo do estoque mantido no cliente;
custo da gestão do sistema.
maior dependência do
fornecedor;
perda de controle sobre
seu abastecimento.
Quadro 5 – Algumas vantagens e desvantagens comuns do VMI
Fonte: Pires (2004, p. 171).
O VMI apenas faz sentido nas condições em que abre novas oportunidades para
redução de custos na cadeia (VOLLMANN; CORDON, 1998), bem como pressupõe uma
“relação de parceria e confiança, com um compartilhamento extensivo de informações. Seu
funcionamento efetivo requer significativa integração de informações e de coordenação de
processos e de operações entre as empresas da SC nele envolvidas” (PIRES, 2004, p. 171).
Portanto, a utilização da tecnologia de VMI requer a integração e a continuidade no fluxo de
72
informações e gerenciamento dos processos, uma vez que o ressuprimento é de
responsabilidade do fornecedor e o cliente repassa tais atividades, incorrendo no risco de falta
de materiais.
2.2.3.6.3 Continuous replenishment (CR – reposição contínua)
A CR teve seu surgimento na década de 90, complementando e/ou substituindo o
VMI, e buscava atender aos processos de promoções, reposição e sortimento (mix) dos
estoques e introdução de novos produtos no mercado (PIRES, 2004). No decorrer de sua
implementação, a CR evoluiu, sendo considerada um estágio mais avançado do VMI, tendo
em vista que explicita os níveis de estoques nas mediações dos varejistas, além das previsões
serem efetuadas com base na demanda histórica.
Através do gerenciamento do fluxo de informações e processos, e de atividades
compartilhadas entre cliente-fornecedor, a CR propicia a SCM em diferentes níveis, de acordo
com as necessidades do negócio. Porém, apresenta deficiências no tocante à criação de
padrões de vendas para prever eventos futuros (PIRES, 2004), carecendo de aperfeiçoamentos
que busquem de atingir os objetivos desejados com a implementação de tal tecnologia de
informação e colaboração.
2.2.3.6.4 Efficient consumer response (ECR - resposta eficiente ao consumidor)
O ECR surgiu a partir da experiência gerada com a Quick Response (QR - resposta
rápida), cuja lógica está centrada na captação da demanda em tempo real, ou seja, o mais
próximo possível da realidade e do consumidor final, envolvendo a substituição de estoques
por informação (CHRISTOPHER, 1997), destinando-se ao varejo em geral (NOVAES, 2001).
A estratégia principal da QR é fazer com que os membros de uma cadeia de suprimentos
73
trabalhem de forma conjunta, sendo que as informações colhidas, nos pontos de venda dos
varejistas, são transferidas por toda a cadeia, mostrando o que os consumidores estão
adquirindo, melhorando as previsões de vendas e permitindo que o setor industrial reponha,
rapidamente, as mercadorias faltantes, ou de alta rotividade (BARRIZZELLI, 2003).
Desenvolvido nos Estados Unidos, o ECR vem ganhando força entre as empresas,
principalmente entre varejistas, atacadistas e a indústria, determinando trabalho em conjunto,
a fim de melhorar a eficiência no atendimento e prestação de serviços, a partir de uma visão
holística da cadeia de suprimentos. No Brasil, o ECR começou a ser estudado com a criação
da Associação ECR Brasil, em princípios de 1997, para providenciar a adequação do conceito
à realidade brasileira (REIS; TEIXEIRA, 2003).
Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 558), o ECR consiste em uma “iniciativa da
indústria alimentícia, que procura estabilizar o fluxo dos produtos e atingir o duplo objetivo
de aumentar a rotação dos estoques e reduzir o desperdício”. Para Pires (2004, p. 167), “o
ECR visa a um atendimento melhor das reais demandas dos clientes através de um sistema de
reposição automática dos estoques nos pontos-de-venda”. Moura et al. (2003, p. 65) vão além,
ao mencionarem que o ECR “trata-se de uma filosofia que visualiza a cadeia de suprimentos
como um fluxo integrado e único de todas as funções do negócio”. Portanto, busca a redução
do tempo e de custos em todas as etapas de uma cadeia de suprimentos (ECR BRASIL,
1998a; BARRIZZELLI, 2003).
Na implantação, o ECR requer comprometimento e uma reorientação valorativa e
cultural, as quais são provenientes da (i) reeducação do elo varejo-indústria, acerca da
necessidade da mudança; (ii) eliminação das restrições inerentes à implementação do ECR e
(iii) implementação de indicadores de desempenho adequados às novas necessidades de
administração dos processos. Tais características constituem um conjunto de ‘melhores
práticas’ que dizem respeito a ações para a execução e operacionalização da estratégia do
ECR (BARRIZZELLI, 2003). Moura et al. (2003) expõem as estratégias traçadas para atingir
os ganhos propostos pela filosofia ECR como sendo: (i) sortimento eficiente na loja, ou seja,
otimizar os estoques, não deixando faltar produtos; (ii) reabastecimento contínuo,
minimizando o tempo e os custos envolvidos; (iii) promoção eficiente, maximizando a
eficiência do sistema produtivo e (iv) introdução eficiente de produto, maximizando a eficácia
na introdução e lançamento de novos produtos no mercado.
O conjunto de práticas do ECR permite que o processo de reabastecimento seja
realizado a partir da saída real dos produtos da empresa, evoluindo, nos últimos tempos, para
74
uma forma mais colaborativa e voltada para o futuro, tendo em vista que os maiores entraves
do sistema de informação concentram-se nos recursos humanos, e não na tecnologia de
informação.
2.2.3.6.5 Collaborative planning, forecasting and replenishment (CPFR – planejamento,
previsão e reposição/reabastecimento colaborativo)
O CPFR surgiu para auxiliar as empresas a gerenciarem processos conjuntamente e
compartilharem informações. Refere-se a previsões conjuntas, principalmente entre a
indústria e o varejo, com o intuito de aumentar a produtividade, reduzindo a falta de produtos
nas gôndolas e as devoluções de mercadorias (ECR BRASIL, 2001; PIRES, 2004). O CPFR
tem início nos parceiros (fabricante e varejista), os quais operam conjuntamente no
planejamento, desde a seleção de produtos, preços, atividades de promoção e pontos de venda,
para determinar as ações de reabastecimento diárias e semanais, além de planejar programas
promocionais e desenvolvimento de novos produtos (STANK, 2001).
Para Pires (2004, p. 177), o CPFR é uma “ferramenta que visa facilitar a colaboração
entre empresas, principalmente no tocante a previsão de vendas”, cujos objetivos consistem
na redução de estoques, dos ativos e do capital de giro, além do aumento das eficiências e das
vendas, visando o consumidor final. No tocante à cadeia de suprimentos, o CPFR confere
maior flexibilidade e agilidade à parte da cadeia compreendida entre o varejista e o produtor,
tendo em vista que a ferramenta compartilha informações acerca dos planos promocionais e
de produção, informações de vendas e desenvolvimento de novos produtos, estocagem e
armazenagem, conforme exposto na Tabela 1.
75
Tabela 1 – Informações compartilhadas no CPFR
Informações compartilhadas Percentual (%)
Planos promocionais 56
Objetivos dos negócios 48
Planos de produção/reabastecimento 47
Posição dos estoques 38
Previsão de vendas 38
Sobre o ponto-de-venda 25
Sobre o desenvolvimento de produtos 21
Todas acima 2
Outras aqui não listadas 6
Fonte: Pires (2004, p. 178).
De acordo com o ECR Brasil (2001) e Moura et al. (2003), o CPFR envolve as
seguintes etapas: (i) elaboração de acordo entre a indústria e o varejo; (ii) definição de um
plano de negócios compartilhado; (iii) desenvolvimento de previsões de vendas individuais;
(iv) identificação das exceções, por meio do confronto entre as previsões do fabricante e do
varejista; (v) análise das exceções; (vi) elaboração de uma previsão de ressuprimento; (vii)
busca por exceções, para a previsão de ordens; (viii) identificação de exceções são analisadas
conjuntamente e (ix) transformação das ordens em pedidos.
Entre os benefícios advindos, da implementação do CPFR, estão, segundo Pires
(2004): (i) a maior previsibilidade no atendimento ao ciclo de pedidos; (ii) redução dos
carregamentos e despachos; (iii) maior atualização, precisão e agilidade no fluxo de
informações; (iv) facilitar o postponement (adiamento) ao longo da cadeia de suprimentos; (v)
aumento do nível de serviço ao cliente e integração na cadeia; (vi) redução dos níveis de
estoque e (vii) consequentemente, dos custos a eles atrelados. Porém, o CPFR apresenta
algumas barreiras, que o autor supramencionado expõe, como a dificuldade em prover as
empresas com tecnologia de informação adequada, coordenação de troca de informações em
tempo real, o projeto requer manutenção intensiva e uma reorientação valorativa e cultural nas
empresas parceiras.
76
2.2.3.7 Formas de relacionamento na SCM
Os relacionamentos colaborativos constituem o cerne da SCM, uma vez que, através
da construção de parcerias com os stakeholderes, as organizações conseguem satisfazer as
necessidades e desejos dos clientes, da melhor forma, estando mais próximas dos mesmos.
Entretanto, existem vários tipos de relacionamentos ao longo da cadeia de suprimentos, que,
para Harrison e Hoek (2003, p. 287), “formam um continuum que vai desde a distância e a
formalidade em que o relacionamento é conduzido pelo mercado, com o preço como seu
fundamento, à total integração vertical, em que o relacionamento é consolidado por meio da
propriedade comum das duas organizações”. Os autores complementam afirmando que esse
continuum pode configurar-se como um relacionamento frio e formal, típico de conta
pequena, venda de conta nacional, alianças estratégicas, joint ventures ou integração vertical
total, de acordo com os fatores motivadores que direcionam o desenvolvimento das atividades
organizacionais.
Cabe ressaltar que a organização não possui o mesmo tipo de relacionamento com
todos os seus clientes e fornecedores, uma vez que o tipo de relacionamento, a durabilidade e
amplitude, força e proximidade dos mesmos variam de acordo com o caso e o tempo
relacional (HARRISON; HOEK, 2003). No tocante ao relacionamento com os canais de
distribuição, Bowersox e Closs (2001) afirmam que os mesmos podem envolver transações
únicas, caracterizando-se por eventos únicos; assumir a forma de acordos abertos, o que
ocorre em canais convencionais, em que as empresas compram e vendem produtos à medida
que necessitem, sem a preocupação de repetirem essas operações, podendo cessarem e
reiniciarem suas operações várias vezes, ou assumir a forma de acordos de colaboração, onde
as empresas reconhecem a dependência mútua, e a entidade competitiva no mercado passa a
ser o próprio canal, visando objetivos comuns.
Ao considerar a administração da cadeia de suprimentos como “a integração e a
organização das informações e das atividades de logística entre empresas numa cadeia de
suprimento, com o propósito de criar e distribuir bens e serviços que oferecem valor aos
consumidores”, Berkowitz et al. (2003, p. 173), expõem, na Figura 21, o relacionamento
integrado entre fornecedor-produtor-consumidor, sendo administrado pela cadeia de
suprimentos, no quesito gerencial, por meio da rede de fornecimento e do canal de marketing,
77
e no quesito operacional pelo gerenciamento da logística, que coordena o fluxo de matérias-
primas e produtos acabados.
Gerenciamento
de logística
ProdutorFornecedores Consumidores
Fluxo de entrada
de matérias-primas
e peças
Fluxo de saída
de produtos
acabados
Rede de fornecedores Canal de marketing
Administração de cadeia de
suprimento
Figura 21 – Relacionando os canais de marketing, gerenciamento de logística e administração da cadeia de
abastecimento
Fonte: Berkowitz et al. (2003, p. 173).
As parcerias tornam-se relevantes à medida que o mercado exige maior flexibilidade e
adaptabilidade das organizações, com o intuito de atender aos clientes. Empresas operando
individualmente incorrem em maiores custos, riscos de investimentos, além de possuírem
poder de barganha reduzido perante fornecedores e intermediários de mercado, estando
suscetíveis às imposições comerciais provenientes dos mesmos, ao passo que empresas
parceiras conseguem reduzir custos operacionais, traçarem estratégias compartilhadas,
diluindo os riscos e enfrentando as burocracias político-econômicas.
Para Harrison e Hoek (2003), os relacionamentos corporativos, ou ‘parcerias’,
caracterizam-se por serem relacionamentos baseados (i) no compartilhamento de informações;
(ii) na confiança e abertura; (iii) na coordenação e planejamento; (iv) em vantagens mútuas e
78
compartilhamento de riscos; (v) no reconhecimento e interdependência mútua; (vi) em metas
compartilhadas e (vii) na compatibilidade das filosofias corporativas. Na concepção de
Bowersox, Closs e Cooper (2006), os aspectos cruciais, para o desenvolvimento de
relacionamentos de sucesso, são: (i) perspectiva ampla de canal; (ii) encontro seletivo de
interesses; (iii) compartilhamento de informações; (iv) especificação dos papéis; (v) regras
básicas e (vi) provisões para a saída. Ao operarem em cadeias de suprimentos, as empresas
devem estar cientes da necessidade de um sistema de gestão integrado, centrado na parceria e
no benefício mútuo, em prol de uma maior participação no mercado e satisfação do cliente
final.
Porém, os relacionamentos de parceria apresentam desvantagens, e algumas razões
que os levam ao fracasso. Harrison e Hoek (2003) apontam como desvantagens, de tais
relacionamentos interempresariais, a (i) incapacidade de determinar, com precisão qualitativa,
o trabalho de projeto; (ii) a necessidade de informações substanciais sobre os parceiros
potenciais, nas quais são baseadas as decisões; (iii) o risco de divulgar informações
competitivamente sensíveis aos concorrentes e (iv) o oportunismo potencial dos fornecedores.
Bowersox, Closs e Cooper (2006) acrescentam, às razões para o fracasso das parcerias: (i)
metas difusas; (ii) confiança insuficiente; (iii) comprometimento irreal; (iv) incompatibilidade
humana; (v) estruturas de operações inadequadas e (vi) medição incorreta. Em face ao
exposto, antes de firmadas as parcerias, as empresas precisam analisar a integridade dos seus
futuros parceiros e traçarem regras de convivência, a fim de evitarem frustrações posteriores.
Como tipos de parcerias estabelecidas, ao longo da cadeia de suprimentos, ou seja, nas
relações interempresariais, Harrison e Hoek (2003) estabelecem, conforme exposto no Quadro
6, (i) a cooperação, que consiste em um relacionamento primário e primitivo, nas
organizações, ou seja, a parceria é estabelecida com um número reduzido de fornecedores; (ii)
a coordenação, que abrange vínculos formais de trocas de informações, na qual a tomada de
decisão envolve mais de uma empresa e (iii) a colaboração, que consiste em um nível mais
avançado, no qual as empresas compartilham, em conjunto, não só informações e tecnologia,
mas o planejamento e a estratégia.
79
Tipo de parceria Atividades Horizonte de tempo Escopo das atividades
Cooperação
Menos fornecedores.
Contratos de mais longo
prazo.
Curto prazo funcional. Uma única área.
Coordenação
Vínculos de informações.
Vínculos WIP.
EDI (intercâmbio
eletrônico de dados).
Longo prazo. Múltiplas áreas
funcionais.
Colaboração
Integração da cadeia de
suprimento.
Planejamento conjunto.
Compartilhamento de
tecnologia.
Longo prazo sem data
fixa.
Empresas se vêem como
extensões de si mesmas.
Quadro 6 – Características dos tipos de parceria
Fonte: Harrison e Hoek (2003, p. 297).
As estruturas organizacionais podem envolver relações entre empresas (membros a
montante e jusante, de uma empresa – em uma cadeia de suprimentos), independente da
forma de relacionamento adotada pelas mesmas, as empresas podem realizar ou não acordos e
parcerias com outras organizações, com base na oportunidade e nos benefícios advindos do
processo.
2.2.3.8 Governança na SCM
A Comissão sobre Governança Global (1994) afirmou que o trabalho em conjunto
consiste na melhor alternativa para obtenção do sucesso no mundo globalizado, definindo
governança como
a totalidade das diversas maneiras pelas quais os indivíduos e as instituições,
públicas e privadas, administram seus problemas comuns. É um processo contínuo
pelo qual é possível acomodar interesses conflitantes ou diferentes e realizar ações
cooperativas. Governança diz respeito não só a instalações e regimes formais
80
autorizados a impor obediência, mas também a acordos informais que atendam aos
interesses das pessoas e instituições (KLIEMANN NETO; SOUZA, 2004, p. 23).
A governança, inicialmente concebida apenas no âmbito acionário, como fim de
retorno aos proprietários de um dado negócio, atualmente estende a responsabilidade aos
stakeholderes, em uma atividade organizacional (BLOEM, DOORN; MITTAL, 2006).
Governança pode ser definida como a coordenação das atividades econômicas (HUMPHREY;
SCHMITZ, 2000), em termos de hierarquia e liderança, ou seus opostos - colaboração e
cooperação (STORPER; HARRISON, 1991). Segundo a definição de Williamson (1989)
governança compreende tanto a forma como o trabalho é organizado como, os meios através
dos quais é coordenado. A palavra governança é utilizada quando se refere a processos de
coordenação entre agentes de determinado sistema produtivo, em suas várias esferas de
relacionamentos.
Messner e Meyer-Stamer (2000) estabelecem parâmetros referentes às formas de
organização, ou seja, às relações de governança orientadas pelo mercado, pelos governos e
pela rede de empresas, conforme descrito no Quadro 7. A governança gerida pelo mercado
impõe contratos e formalidade, apesar do alto grau de flexibilidade e interdependência entre
as partes, acarreta desconfiança atrelada ao baixo compromisso firmado. A governança gerida
pelo Estado possui burocracia, devido às rotinas, às regras, ao controle administrativo e à
formalidade das relações de emprego, já a governança orientada pela rede de empresas é
gerida por forças complementares, mutuamente compartilhadas, na qual prevalece a
reciprocidade e integridade das relações, havendo certo compromisso e flexibilidade nas
relações interempresariais. Porém, não existe um tipo mais recomendado de governança a ser
utilizado nas relações empresariais, o modelo depende da oportunidade e dos tipos de
empresas envolvidas.
81
Formas de organização (relações de governança) Parâmetros
Orientação pelo
mercado
Orientação política
(governos)
Orientação pela rede de
empresas
Base normativa Contratos, direitos de
propriedade.
Relações de emprego
(leis).
Forças complementares.
Meios de comunicação Preços. Rotinas, regras. Relações.
Métodos de solução de
conflitos
Regateio, eventual
mediação.
Controle administrativo,
supervisão.
Reciprocidade, reputação.
Grau de flexibilidade Alto. Baixo. Médio a alto.
Grau de compromisso
entre as partes
Baixo. Médio a alto. Médio a alto.
Clima entre as partes
(interorganizacional)
Precisão e suspeita. Formal burocrático. Aberto, benefícios
mútuos.
Relações entre os agentes
econômicos
Interdependência. Hierárquica. Interdependência.
Quadro 7 – Comparação estilizada de diferentes formas de organização econômica envolvendo os tipos de
governança
Fonte: Messner e Meyer-Stamer (2000, p. 09).
As formas de governança não são excludentes, uma vez que envolvem diversas formas
de organização à medida que as empresas individuais, operando em cadeia de suprimentos,
orientam-se para o mercado. Portanto, o conceito de governança pode auxiliar na SCM, uma
vez que facilita o entendimento acerca da forma de organização das empresas envolvidas e
identifica os membros mais imponentes da cadeia, que determinam o seu desempenho. A
forma de governança adotada por uma empresa, ou grupo de empresas, pode, também, levar
ao desenvolvimento de estruturas organizacionais dinâmicas, como redes de empresas,
organizações virtuais e outras formas de agrupamentos de empresas que possam ser
identificados ao analisar-se determinadas cadeias de suprimentos.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A ciência, como parte integrante do conhecimento, tem por objetivo formular,
mediante linguagem apropriada, leis que regem os fenômenos. A ciência pode ser
determinada pelas suas características essenciais, caracterizando-se como uma forma de
conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível (GIL, 1995). Tendo
em vista que o objetivo da mesma refere-se à veracidade dos fatos, para que o conhecimento
cientifico seja considerado como tal é necessário identificar as operações mentais e técnicas
da sua verificação, ou seja, é preciso determinar seu método.
Martins (2002) diz que o conhecimento precisa apoiar-se em métodos e instrumentos
de investigação, bem como no espírito perspicaz e perseverante do pesquisador, sendo a
pesquisa realizada com métodos fundamentados na lógica. O processo de investigação
científica, além de embasado nos conhecimentos já desenvolvidos sobre o tema, em literatura
especializada, deve ser conduzido a partir de uma metodologia coerente, que permita alcançar
os objetivos do estudo. Sob tal égide, Gil (1995, p. 27) define método como “o caminho para
se chegar a determinado fim, e método científico como o conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”. Visão reafirmada por Hair Jr.
et al. (2005) ao conceituarem método cientifico como aquele que os pesquisadores empregam
para adquirir o conhecimento acerca da realidade.
Após a definição do objeto de estudo, partiu-se para a identificação dos
procedimentos metodológicos a serem utilizados, bem como instrumentos de pesquisa, tendo
em vista que a metodologia direciona as ações do pesquisador.
O método de pesquisa utilizado, no presente estudo, caracteriza-se pelo aspecto formal
e lógico que, conforme Gil (1987), deve ter o objetivo de descobrir respostas para problemas,
mediante o emprego de procedimentos científicos. Conceito que é reafirmado por Andrade
(1994, p. 14), ao conceituar pesquisa como “um conjunto de procedimentos sistemáticos
baseados no raciocínio lógico que tem como objetivo encontrar soluções para os problemas
propostos mediante o emprego de métodos científicos”.
A seguir são apresentados os parâmetros que norteiam o desenvolvimento da pesquisa,
enfatizando aspectos utilizados para alcançar o objetivo proposto neste trabalho. Para a
classificação utilizou-se as contribuições de Santos (2002), que estabelece os tipos de
83
pesquisa quanto aos objetivos, quanto as fontes de dados e quanto aos procedimentos de
coleta de dados.
3.1 Classificação da pesquisa
As pesquisas científicas podem ser classificadas em diversos tipos, conforme o critério
adotado, ou das variáveis observadas. Entretanto, quanto aos objetivos, Gil (1999) e Santos
(2002), subdividem em exploratórias, descritivas e explicativas. Quanto às fontes de dados,
Santos (2002) subdivide a pesquisa científica em pesquisa de campo, de laboratório e
bibliográfica, de acordo com as variáveis a serem observadas. Sob a ótica dos procedimentos
técnicos, ou de coleta de dados, o mesmo autor classifica a pesquisa em: bibliográfica,
documental, experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa ex-postfacto, pesquisa-
ação, e Gil (1999) acrescenta a pesquisa participante.
A pesquisa, ora apresentada, caracteriza-se pelo caráter bibliográfico, tendo em vista
que essa é fundamentada nos conhecimentos de biblioteconomia, documentação e
bibliografia. Sua finalidade consiste em integrar o pesquisador ao que já foi produzido, a
respeito do seu tema de pesquisa. Requer conhecimento de termos técnicos e sinônimos, uma
vez que permite registrar e organizar os dados bibliográficos referentes aos documentos
obtidos e empregados na pesquisa científica, a partir de material já publicado, sejam livros ou
artigos científicos, com o intuito de aproximar o pesquisador ao que foi previamente
produzido sobre o contexto a ser pesquisado (GIL, 1999), objetivando desvendar, recolher e
analisar as principais contribuições sobre um determinado fato, assunto ou idéia (SANTOS,
2002).
Esta pesquisa reúne e compila, também, diversas fontes de referência, artigos, livros,
textos pesquisados na internet, materiais publicados acerca do tema abordado, com o
propósito de verificar o que os autores estão tratando e qual o direcionamento por eles
conferido ao cenário econômico, ao ambiente e evolução da logística e cadeia de suprimentos.
Aliada a uma pesquisa documental, a qual é produzida a partir de material bruto, ou seja, que
ainda não recebeu tratamento analítico, por parte dos pesquisadores, ou não foram
84
organizadas, não tendo sido publicada em livros ou periódicos, como relatórios de empresas,
correspondências, fotografias, entre outros (GIL, 1999; SANTOS, 2002). Para fundamentar a
coleta e análise, coletou-se dados em documentos, circulares, manuais e boletins internos das
organizações pesquisadas.
Os dados empíricos foram obtidos através da interrogação direta das pessoas cujo
comportamento desejou-se conhecer, sendo indicada quando objetiva-se o conhecimento
direto da realidade, a quantificação, economia de recursos e rapidez, porém, limita-se à ênfase
nos aspectos perceptivos, ou seja, de pouca profundidade e de limitada apreensão do processo
de mudança (SANTOS, 2002). Utilizou-se de diálogos e entrevistas semi-estruturadas com
diretores das empresas e com os membros integrantes da área de pesquisa, com o intuito de
avaliar e analisar os resultados.
A pesquisa caracterizou-se por ser descritiva porque objetivou a descrição das
características de determinada população, fenômeno, ou estabelecimento de relações entre
variáveis (GIL, 1999), a qual aborda, segundo Lakatos e Marconi (2003), aspectos como a
descrição, o registro, a análise e a interpretação de fenômenos atuais. Richardson (1999)
afirma que os métodos descritivos, e os exploratórios, não são excludentes, sendo que, quando
utilizados em conjunto, propiciam, ao pesquisador, a atuação prática.
Esta pesquisa consistiu em um estudo exploratório, uma vez que descreve
sistematicamente, uma área de interesse, ou fenômeno, ou seja, através de autores referencia e
embasa o assunto a ser tratado, ao mesmo tempo em que procura entender um fenômeno,
para, depois, poder explicar suas causas e conseqüências. Foi desenvolvida com o intuito de
proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato, tendo em vista que abrange o
desenvolvimento, o esclarecimento (GIL, 1999; SANTOS, 2002; HAIR Jr. et al., 2005). Além
de permitir a realização de descrições precisas da situação, procurando descobrir as relações
existentes entre os elementos integrantes da pesquisa (CERVO; BREVIAN, 1996), sendo
particularmente útil quando o pesquisador dispõe de poucas informações sobre o assunto
(HAIR Jr. et al., 2005). Por fim, caracteriza-se por ser um estudo multicasos, de duas
indústrias de máquinas agrícolas automotrizes situadas no Rio Grande do Sul (Agco e
Agrale).
85
3.2 Descrição das atividades desenvolvidas
Destaca-se, na descrição das atividades desenvolvidas, a utilização de vários
procedimentos e instrumentos de pesquisa, com o intuito de recolher as informações
pertinentes ao estudo, tendo em vista que se tratou de mais de uma unidade industrial. A
pesquisa partiu de um modelo conceitual, utilizado na construção do instrumento de coleta de
dados, o qual pode ser visualizado na Figura 22, que estabelece a perspectiva da cadeia de
suprimentos sob a ótica dos fatores materiais; rede de fornecedores e distribuidores;
integração entre compras, produção e distribuição ao mercado; fluxo de informação, produtos,
serviços, finanças e conhecimento, que fazem com que os produtos e serviços cheguem, da
melhor forma possível, aos consumidores finais.
Sob tais perspectivas elaborou-se o instrumento de coleta de dados (questionário), que
pode ser conferido no Anexo A, com o intuito de verificar o grau de utilização das
características da SCM nas empresas, sendo possível constatar o nível de profundidade e
aprimoramento das atividades desenvolvidas por duas indústrias de máquinas agrícolas
automotrizes do Rio Grande do Sul. Esta análise científica enquadra-se como uma pesquisa
qualitativa, a qual tem por finalidade, de acordo com Neves (1996), a compreensão dos
eventos pesquisados, em que a validação da prova provém do processo lógico da interpretação
e da capacidade de reflexão do pesquisador, a respeito do fato, fenômeno ou processo, objeto
do estudo.
A população, desta pesquisa, compreendeu as cinco indústrias de máquinas agrícolas
automotrizes credenciadas à Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos
Automotores), vide Gráfico 5. Entretanto, o processo amostral empregado foi do tipo não
probabilístico intencional, ou seja, não faz uso de uma forma aleatória de seleção dos
componentes (LAKATOS; MARCONI, 2003), cujo estudo baseou-se em duas indústrias de
máquinas agrícolas. Para Gil (1995), neste procedimento amostral, o pesquisador precisa
selecionar um subgrupo da população, embasado em informações, de forma que a amostra
seja representativa.
Os dados empíricos, utilizados na pesquisa, foram primários, ou seja, coletados pelo
pesquisador, por meio da aplicação de questionários e da realização de entrevistas semi-
estruturadas que, segundo Triviños (1987), é aquela parte de questionamentos básicos,
86
apoiados em teorias e hipóteses que interessem à pesquisa, e observações da estrutura
organizacional. Além de dados secundários, os quais são provenientes de materiais
informativos disponíveis, tais como: jornais, revistas especializadas, periódicos, dissertações,
teses, publicações e documentos das organizações pesquisadas (HAIR Jr., 2005).
Para a coleta dos dados, utilizou-se de um instrumento de pesquisa (questionário)
enviado aos responsáveis pelas atividades logísticas e de SCM, nas empresas pesquisadas, os
quais foram remetidos à pesquisadora por meio eletrônico e, posteriormente, efetuadas visitas
in loco, nas empresas, com o intuito de verificar a consistência das respostas, bem como obter
maiores subsídios para descrição e análise dos dados. Nessa visita foi possível avaliar,
juntamente com os membros da empresa, a real conformidade da logística com as
características da SCM.
No tocante ao processo de compilação e análise dos dados, percebeu-se a possibilidade
de obtenção de resultados globais e parciais, uma vez que o estudo teve como objeto de
análise duas empresas com diferentes posicionamentos no mercado, apesar de pertencerem ao
mesmo setor. Conforme Mattar (1999), o objetivo principal das análises é permitir, ao
pesquisador, auferir conclusões, a partir dos dados coletados.
A interpretação dos dados foi feita por meio da análise por empresa e por perspectiva
inerente à pesquisa, sendo que os dados obtidos, no trabalho, foram tratados conforme a
lógica de uma leitura técnica, ou seja, com a análise e interpretação das respostas dos
questionamentos efetuados.
3.3 Modelo
O desenvolvimento desta pesquisa teve seu foco direcionado à avaliação do grau de
conformidade da logística de duas das três empresas manufatureiras de máquinas agrícolas, do
Rio Grande do Sul, com as características da SCM, ou seja, verificar o detalhamento e
profundidade das atividades logísticas desenvolvidas rumo à SCM. Para tanto, tomou-se
como base o modelo geral de cadeias de suprimentos adaptado, o qual estabelece a cadeia de
87
suprimentos sob as perspectivas de materiais, clientes, fornecedores e distribuidores e a
integração interna, conforme pode ser visto na Figura 22.
Gestão de relacionamento
Fluxos de informação, produto, serviço, finaas e conhecimento
M
A
T
E
R
I
A
I
S
C
O
N
S
U
M
I
D
O
R
E
S
F
I
N
A
I
S
Restrições de capacidade, informação, competências essenciais e recursos humanos
Compras
Distribuição
ao mercado
Produção
Empresa
integrada
Rede de Fornecedores e Distribuidores
Figura 22 – Modelo da cadeia de suprimentos
Fonte: Adaptado de Bowersox, Closs e Cooper (2006).
Portanto, subdividiu-se o instrumento de coleta de dados de acordo com os grupos
descritos no Quadro 8, que convergem ao modelo exposto. Os cinco grandes grupos são: (i)
materiais, o qual abrange questões como ressuprimento contínuo e enxuto, gestão de estoques,
de pedidos e de armazenagem e planejamento das necessidades de materiais; (ii) rede de
fornecedores e distribuidores, que inclui os programas de previsão e gerenciamento da
demanda, de seleção e desenvolvimento dos fornecedores, terceirização das atividades,
programas de gestão de relacionamentos com fornecedores, gestão do transporte e
distribuição, centros de distribuição, adiamento e postergação das entregas de materiais, bem
como desenvolvimento de parcerias, fluxo de produtos ao longo dos limites da empresa e
88
prazos de entrega curtos e confiáveis; (iii) integração das diversas áreas e processos da
organização, a qual engloba a otimização da produção, desenvolvimento de produtos em
parceria com fornecedores e clientes, práticas de governança, sistemas de avaliação de
desempenho logístico e de controle operacional, planejamento e operacionalização do fluxo
de produtos, logística reversa, sistemas de economia de escala, convergência entre os
objetivos da empresa/fornecedores e clientes e, flexibilidade e agilidade nos processos; (iv)
rede de informação e conhecimento, o qual abrange sistemas de informação, benchmarking,
sistemas de planejamento gerencial, de coordenação e cooperação, ao longo da cadeia de
abastecimento, além de sistemas de colaboração interna e externa, profissionalização e
especialização das atividades, compartilhamento de informações com fornecedores, fluxo de
informações além dos limites da empresa, e rapidez no repasse das informações e (v)
consumidores finais, o qual consiste em programas de resposta rápida, de gestão de
relacionamentos com clientes e serviços de clientes.
89
GRUPO I -
MATERIAIS
GRUPO II –
REDE DE
FORNECEDORES
E
DISTRIBUIDORES
GRUPO III -
INTEGRAÇÃO
GRUPO IV -
REDE DE
INFORMAÇÃO E
CONHECIMEN-
TO
GRUPO V –
CONSUMIDO-
RES FINAIS
1. Ressuprimento
enxuto e
contínuo.
6. Programas de
previsão e
gerenciamento da
demanda.
16. Otimização da
produção.
26. Sistemas de
informação.
36. Programas de
resposta rápida.
2. Gestão de
estoques.
7. Programas de
seleção e
desenvolvimento de
fornecedores.
17. Desenvolvimento
de produtos em
parceria com
fornecedores e
clientes.
27. Benchmarking. 37. Programas de
gestão de
relacionamentos
com clientes.
3. Gestão do ciclo
de pedidos.
8. Terceirização das
atividades.
18. Práticas de
governança.
28. Sistema de
planejamento
gerencial.
38. Gestão do
serviço de
clientes.
4. Gestão da
armazenagem.
9. Programas de
gestão de
relacionamentos com
fornecedores.
19. Sistemas de
avaliação de
desempenho
logístico.
29. Sistemas de
coordenação e
cooperação ao longo
da cadeia de
abastecimento.
5. Planejamento
das necessidades
de materiais.
10. Gestão do
transporte e
distribuição.
20. Sistema de
controle operacional.
30. Sistemas de
colaboração interna.
11. Centros de
distribuição.
21. Planejamento e
operacionalização do
fluxo de produtos.
31. Sistemas de
colaboração externa.
12. Adiamento/
postergação das
entregas de materiais.
22. Logística reversa. 32.
Profissionalização e
especialização das
atividades
desenvolvidas.
13. Desenvolvimento
de parcerias.
23. Sistemas de
economia de escala.
33.
Compartilhamento
de informações com
fornecedores.
14. Fluxo de produtos
além dos limites da
empresa.
24. Convergência
entre os objetivos da
empresa/
fornecedores/
clientes.
34. Fluxo de
informações além
dos limites da
empresa.
15. Prazos de entrega
curtos e confiáveis.
25. Flexibilidade e
agilidade nos
processos.
35. Rapidez no
repasse das
informações.
Quadro 8 – Subdivisão do grupo de pesquisa com base na Figura 22
Aliado ao modelo, e à subdivisão do instrumento de coleta de dados, foi utilizada a
escala Likert, a qual se baseia na premissa de que a atitude geral se remete às crenças sobre o
90
objeto. Utilizou-se um grau de concordância variando de 0 (zero) a 5 (cinco), sendo que
quanto mais próximo de 0 (zero) menor é o grau de concordância dos respondentes e a
percepção da pesquisadora, acerca das atividades desenvolvidas na empresa, ou seja, mais
distante a mesma encontra-se do desenvolvimento da SCM, e quanto mais próximo de 5
(cinco) maior o grau de concordância dos mesmos, estando a empresa em conformidade com
as características da SCM.
3.4 Limitações do estudo
Mesmo com a utilização de procedimentos metodológicos adequados, salienta-se
algumas limitações em relação à pesquisa. Inicialmente destaca-se a precariedade de materiais
e publicações acerca das características específicas da SCM e a integração de tais atividades
com a amplitude da logística, porém não foram esgotadas as fontes de referência sobre o
tema, possibilitando, a estudos futuros, inclusão de novos aspectos não abordados.
No tocante à pesquisa de campo, a limitação encontrada diz respeito ao estudo
multicasos, que não permite a generalização. A abordagem qualitativa incorre, segundo
Babbie (1999), em distorções momentâneas, as quais podem provir do contexto social, ou
profissional, por convicções próprias, ou do repertório cognitivo do indivíduo, entretanto, as
ciências sociais prevêem esse tipo de pesquisa, por tratar-se de seres humanos, os quais são
psicologicamente inconstantes.
4 APRESENTAÇÃO DO CENÁRIO
Este capítulo é composto por uma descrição do contexto agroindustrial, enfocando o
complexo de grãos e de máquinas automotrizes, além da descrição das indústrias de máquinas
agrícolas automotrizes selecionadas para a realização do presente estudo, Agco e Agrale.
4.1 Cenário agroindustrial
O setor agroindustrial relaciona-se à produção, transformação e comercialização de
produtos e derivados da agricultura, pecuária e pesca. Para Batalha e Silva (2001), esse setor é
composto de diferentes cadeias produtivas, como as cadeias do leite, da soja, do arroz, das
aves, dos bovinos, dos suínos e de máquinas agrícolas.
As transformações que estão ocorrendo no mundo dos negócios, fazem com que as
organizações agroindustriais estejam em constante adaptação. Alves (2001, p. 163) afirma
que, “o setor agroindustrial especialmente o brasileiro sujeitou-se, na última década do século
XX, a um processo de subordinação ao mercado com conseqüente mudança em estratégias de
produção e distribuição para melhoria de sua capacidade competitiva”. Tal idéia é reforçada
por Pinazza e Alimandro (1999), ao exporem que, após um determinado tempo sem
incentivos econômicos e sociais, o setor agroindustrial apresenta um crescimento em relação à
economia e à política, com um redimensionamento para o mercado, sofrendo interferências
ambientais, fazendo com que a prospecção de mercado oscile, devido a fatores como a
preocupação com a qualidade, ampliação da carteira de produtos, adequação às necessidades
do mercado, velocidade na troca de informações, bem como a regulamentação e incentivos
governamentais, política econômica e cambial e intempéries climáticas.
A instabilidade econômica também afeta as empresas agroindustriais, principalmente
no que se refere às variações do dólar, devido as exportações e importações de componentes
que agregam o produto final, tornando vulnerável a comercialização do mesmo. Em meio a
92
essas interferências, Prado (1999) afirma existirem boas perspectivas de crescimento para o
setor agroindustrial, principalmente ao considerar a extensão do território brasileiro, na qual
10% da área cultivável são utilizados, possibilitando, ao país, configurar-se como um grande
fornecedor alimentício. O que é reforçado pelo fato de o Brasil caracterizar-se por produtos
agrícolas essencialmente básicos, com baixo valor unitário e preços variáveis, de acordo com
a demanda, que possui um comportamento sazonal (BATALHA; SILVA, 2001). Em
contrapartida, os produtos originários do setor agroindustrial que são industrializados,
agregam valor aos produtos básicos, o que converge para o aprimoramento das atividades
agroindustriais, a fim de obter padrões internacionais de competitividade.
Apesar do crescimento, Zilberrsztajn (1999) apresenta barreiras ao setor
agroindustrial, como a elevada carga tributária, a precária infra-estrutura das rodovias, que
consistem no principal meio de escoamento e distribuição da produção, além da baixa
aceitação e utilização de hidrovias e ferrovias como meio de transporte. Aliado a esses
fatores, encontram-se as elevadas taxas de juros cobradas no mercado e a falta de subsídios e
incentivos à produção agrícola, o que dificulta novos investimentos e inviabiliza o
crescimento das organizações pertencentes ao setor.
Mesmo com as dificuldades impostas pelo mercado, o setor agroindustrial aprimora a
capacidade de desenvolver e traçar novas estratégias, que alavanquem o crescimento,
auferindo vantagem competitiva no mercado. Entre elas o aprimoramento das atividades
logísticas, a fim de disponibilizar os produtos em uma maior e mais ampla rede de
distribuição, da forma requerida pelo consumidor, uma vez que o sistema logístico do setor
agroindustrial, para Alves (2001), atua como função de apoio à produção, sendo considerado
fator-chave na movimentação de produtos. Além de integrar o fluxo de produção e
informação, desde o planejamento das necessidades de materiais até a entrega dos produtos
aos clientes.
Brum (2002) afirma que o desenvolvimento agrário, no Brasil, obteve seu crescimento
após a modernização da agricultura, ou seja, com a introdução de novas máquinas e
equipamentos. Processos, esses, que tiveram início em meados da década de 60 e, atualmente,
proporcionam sustentabilidade energética e nutricional a diversos setores, além de servirem
como agentes reguladores da economia.
O ambiente econômico agroindustrial é facilitado devido à possibilidade das linhas de
crédito e financiamentos, tornando-se uma oportunidade significativa para o setor
93
agroindustrial. No entanto, o autofinanciamento possui um grande risco associado, pois há
inadimplência, e a empresa tem que se preparar para eventuais problemas.
O cenário econômico, no que diz respeito ao setor agroindustrial, encontra-se
favorecido, em virtude das políticas governamentais de fomento à agricultura, pecuária e
abastecimento.
Devido ao aumento de 86% na safra brasileira, no ano de 2004, o governo ampliou o
Moderfrota, que é uma linha de crédito financiada pelo BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento do Extremo Sul), através do Finame Agrícola, facilitando o acesso do
produtor rural à aquisição de máquinas agrícolas (SECCO, 2004). A receita anual da produção
agrícola no Brasil, conforme ilustra o Gráfico 1, está em ascensão, tendo em vista o
crescimento de US$ 28 bilhões, em 2002, para US$ 40 bilhões, em 2004. No entanto, a
perspectiva para 2005 era de que as exportações fossem reduzidas para US$ 38 bilhões.
Entretanto, de acordo com a Anfavea (2006), no que diz respeito às exportações de máquinas
agrícolas automotrizes, mantiveram seu crescimento, compensando a retração das vendas no
mercado interno, que retomaram o crescimento, de forma moderada, no segundo semestre de
2006.
38
36
28
40
20
25
30
35
40
45
2002 2003 2004 2005
(Bil hões)
Gráfico 1 – Receita anual da produção agrícola brasileira
Fonte: Secco (2004).
O agronegócio, no Brasil, representa cerca de um terço do PIB do país, que é de R$
1,34 bilhões, e o PIB per capita de R$ 7,7 milhões, sendo que o PIB do estado do Rio Grande
94
do Sul, em 2002, correspondia a, aproximadamente, R$ 108 trilhões, e o PIB per capita era de
R$ 10,4 milhões (FEE, 2004). Tal perspectiva deve-se ao fato da mudança no perfil do
consumidor, que, ao longo dos anos, passou a exigir produtos com maior valor agregado e em
menor volume, valorizando a incorporação de serviços, a segmentação e descommoditização
do mercado (FERRAZ, KUPFER; HAGUENAUER, 1997).
Atualmente, o Brasil é projetado como uma superpotência agroindustrial, uma vez que
o país é líder nas exportações de açúcar, café, suco de laranja e soja, sendo que a última
cultura tem projeção de um crescimento de 10% nos próximos oito anos (SEIBEL, 2007). O
Quadro 9 apresenta a projeção do Brasil relativa ao crescimento, no mercado internacional,
para várias culturas, sendo a soja, no quesito grãos, o destaque, aliada ao etanol, que já
desperta interesse de diversos países que direcionam seus esforços para a produção de álcool.
Somados a tais produtos, encontram-se o frango, o açúcar, o café, o suíno, o milho e o
algodão, os quais ocupam posição de destaque e obtém uma alta de preços, devido a quebras
nas safras de importantes produtores, e pelo aumento da demanda decorrente do aumento da
população mundial.
Hoje 2015
Produtos
Participação
brasileira no
mercado
internacional
Exportações
brasileiras
Participação
brasileira no
mercado
internacional
Estimativa de
exportações
brasileiras
Frango 58,5% 2,7 milhões de
toneladas
65,8% 5 milhões de
toneladas
Etanol 52% 2,6 bilhões de litros 66,7% 8 bilhões de litros
Açúcar 41% 18,9 milhões de
toneladas
54% 32 milhões de
toneladas
Soja 36,3% 25,6 milhões de
toneladas
46% 45,7 milhões de
toneladas
Café 28,1% 25,8 milhões de
sacas
30% 32 milhões de
sacas
Suíno 12,5% 600.000 toneladas 50% 3 milhões de
toneladas
Milho 6,2% 5 milhões de
toneladas
9,9% 9,3 milhões de
toneladas
Algodão 4,8% 400.000 toneladas 7,9% 1,1 milhão de
toneladas
Quadro 9 – Projeção do Brasil em 2015 no mercado internacional
Fonte: Seibel (2007, p. 17).
95
As mudanças fazem com que o produtor adeque-se a fim de atender as necessidades e
desejos do consumidor, buscando aprimoramento em tecnologia e novas formas de
desenvolver o processo produtivo com maior rentabilidade e menor desperdício.
Montoya e Rosseto (2002) afirmam que a agricultura pode contribuir para a economia
de três formas: (i) em produtos, que constituem a fonte primária para o crescimento do PIB;
(ii) em mercado, o qual contribui para o crescimento de diversos setores econômicos ou a
projeção da economia a nível internacional e (iii) em fatores, por meio da cessão, ou
empréstimo de recursos, a outros segmentos de mercado.
Em face ao exposto, percebe-se a visão da integração do setor agroindustrial aos
demais setores da economia, tendo em vista que integra uma cadeia produtiva caracterizada
por diversos segmentos que a compõe. Contudo, o setor está constantemente carecendo de
aprimoramentos e desenvolvimento de novas técnicas, para competir, tanto no mercado
nacional quanto internacional, das diferentes culturas propícias a cada região.
4.1.1 Cenário do complexo agroindustrial de grãos
No decorrer dos anos, a agricultura brasileira vem passando por constantes
modernizações e crescimento, aumentando sua participação no mercado, devido a incentivos
governamentais, ao favorecimento das exportações e aos avanços tecnológicos que
proporcionaram a expansão das zonas de plantio. A produção de grãos é uma das mais
beneficiadas com o crescimento, pelo fato de ser uma commoditie, proporcionando o
progresso agrícola nacional.
Após a promulgação da Lei Kandir, em 1996, os incentivos ao setor agroindustrial
aumentaram, favorecendo as exportações e a produção de grãos (FIGUEIRÓ, 2003), tendo em
vista que a lei versava sobre a desoneração fiscal das exportações e a redução de impostos
sobre as vendas ao exterior, estimulando a competitividade dos produtos brasileiros no
mercado externo. Além disso, proporcionou a disseminação do plantio de grãos por diversas
regiões, aumentando a produção dos mesmos.
96
Os incentivos governamentais para a safra 2006/2007 tiveram um aumento na
concessão de crédito aos produtores rurais da ordem de 143% no volume de recursos,
passando de R$ 24,7 bilhões, na safra 2002/2003, para o montante de R$ 60 bilhões, em
2006/2007. Além disso, houve uma queda, na taxa básica de economia, que permitiu a
redução da taxa de juros nas linhas de crédito agrícola - Finame, Prodecoop e Moderfrota
(MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E DESENVOLVIMENTO, 2006).
A projeção de colheita de grãos, no Brasil, em 2007, é de 134 milhões de toneladas,
produção considerada recorde nos últimos tempos (SEIBEL, 2007), devido aos incentivos e
desenvolvimento de pesquisas para melhoria das técnicas de produção. Somado a tais fatores,
há a valorização do real e o crescente interesse de mercados consumidores, mundiais, pelos
produtos brasileiros.
A estimativa do CONAB (2006), conforme ilustra a Tabela 2, com relação a produção
de grãos na safra 2006/2007, comparada com a safra anterior 2005/2006, é de um crescimento
de 5,7%, variando de acordo com as diferentes culturas produzidas, sendo as que obtiveram
um maior percentual, de crescimento estimado, foram a mamona (46,6%) e o algodão pluma
(33%), seguidos do algodão caroço (29,1%) e do girassol (28,2%).
A tendência da produção de grãos, para o ano de 2007, é favorável, atingindo um
crescimento, devido ao aumento de incentivos, favorecimento e expansão nas exportações,
aumentando a competitividade das commodities brasileiras, no mercado. No estado do Rio
Grande do Sul, a projeção também é favorável, cuja tendência é a recuperação da economia,
no quesito agrícola, tendo em vista as diversas variações ambientais e político-econômicas das
safras anteriores. O desempenho da agricultura gaúcha, em 2005, foi seriamente prejudicado
por uma conjunção de diversos fatores. As produções de arroz, feijão, milho e soja sofreram
importantes quebras, em função da estiagem, além de enfrentarem preços baixos no momento
da comercialização, conseqüência do comportamento dos preços internacionais, da taxa de
câmbio e dos estoques domésticos.
97
Tabela 2 – Estimativa da produção de grãos
SAFRA VARIAÇÃO
06/07 Percentual Absoluta
PRODUTO
05/06
(a)
Fev/2007
(b)
Mar/2007
(c)
(c)/(a) (c) – (a)
Algodão –
caroço
1.685,7 2.175,5 2.175,5 29,1 489,8
Algodão –
pluma
1.037,9 1.380,5 1.380,5 33,0 342,7
Amendoim total 267,7 242,5 242,5 (9,4) (25,2)
Arroz 11.579,0 11.315,0 11.315,0 (2,3) (263,9)
Aveia 516,5 378,0 378,0 (26,8) (138,5)
Centeio 6,6 5,9 5,9 (10,6) (0,7)
Cevada 399,4 188,5 188,5 (52,8) (210,9)
Feijão total 3.471,2 3.620,8 3.578,3 3,1 107,1
Girassol 93,6 120,0 120,0 28,2 26,4
Mamona 103,9 152,3 152,3 46,6 48,4
Milho total 42.514,9 47.923,6 48.751,9 14,7 6.237,0
Soja 53.413,9 56.316,3 56.706,8 6,2 3.292,9
Sorgo 1.543,0 1.600,7 1.600,7 3,7 57,7
Trigo 4.873,1 2.233,7 2.233,7 (54,2) (2.639,4)
Triticale 306,3 203,8 203,8 (33,5) (102,5)
Brasil 120.774,8 126.476,6 127.652,9 5,7 6.878,1
Fonte: Adaptado de CONAB (2007, p. 05).
No Rio Grande do Sul, o preço pago pela saca da soja de, 2003 a 2005, foi reduzindo,
devido a um aumento na produção do grão e da área plantada. Inicialmente, o preço era de R$
50,00, obtendo um singelo aumento para, posteriormente, cair para R$ 30,00. O mesmo
ocorreu com a cultura de arroz, que passou de R$ 35,00 para R$ 25,00, de milho, que reduziu
seu preço de R$ 28,00 para R$ 19,00 e de feijão, que passou de R$ 91,00 para R$ 81,00. No
entanto, a perspectiva que se confirma, com o desenvolvimento econômico, é a retomada do
crescimento, compensação dos prejuízos anteriores e valorização do preço dos grãos (FGV,
2006).
98
Porém, devido à baixa rentabilidade dessas culturas, percebe-se uma migração, desde
2001, para a substituição do cultivo de feijão e de milho por outras relativamente mais
rentáveis, como a soja. Tal processo foi motivado pelo comportamento positivo dos preços da
soja, em relação aos dos cereais, nas últimas safras, principalmente nas de 2003/2004.
Entretanto, o plantio crescente da soja, não apenas no Rio Grande do Sul, encontrou, em
2005, os preços mais baixos dos últimos dois anos (FGV, 2006), o que se reflete no mercado
de máquinas agrícolas.
4.1.2 Cenário do complexo agroindustrial de máquinas automotrizes
O segmento de máquinas agrícolas está inserido na cadeia produtiva do agronegócio
brasileiro, sendo responsável pela movimentação de US$ 1.728 milhões, em 2004,
confrontada com US$ 1.097 milhões em importações, para o setor (ANFAVEA, 2006). No
que diz respeito ao PIB brasileiro, em milhões de dólares, conforme pode-se visualizar no
Gráfico 2, esse obteve um crescimento de cerca de US$ 1,4 bilhões, em 1990, para cerca de
US$ 1,8 bilhões, em 2005, cuja parcela, de participação do setor de máquinas, foi
significativa.
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Período
US$ (miles)
PIB (milhões US$)
Gráfico 2 – PIB brasileiro em milhões de dólares
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2006).
99
Confrontando a participação da indústria (extrativa mineral, transformação, construção
civil e serviços de utilidade pública) e da agropecuária, no PIB brasileiro, percebe-se,
conforme ilustra o Gráfico 3, que a primeira teve uma participação crescente, oscilando de
36,2%, em 1991, para 40%, em 2005. A segunda teve um crescimento constante, no mesmo
período, passando de 7,8%, em 1991, para 8,4%, em 2005, tendo alcançado seu ápice em
2004, com 10,1%.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
19
9
1
19
92
19
9
3
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
2
0
01
20
02
2
0
03
2004
2
0
05
Período
Participão no PIB (%
)
Agropecuária
Indústria
Gráfico 3 – Participação da indústria e agropecuária no PIB brasileiro
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2006).
No tocante às exportações brasileiras, no período de 1997 a 2004, conforme ilustra o
Gráfico 4, percebe-se uma notória ascensão, tendo em vista que passou de US$ 53 bilhões, em
1997, para 96,5 bilhões, em 2004, devido ao crescimento populacional mundial, ao aumento
de incentivos governamentais e ao aumento da produção (MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTEIOR, 2006). O segmento de
máquinas agrícolas foi responsável por um volume significativo, e crescente, no período,
passando de US$ 759 milhões, em 1997, para US$ 962 milhões, em 2003, e US$ 1.728
milhões em 2004 (ANFAVEA, 2006). No primeiro semestre de 2007, as feiras e eventos, do
segmento, registraram um aumento de 60%, das vendas de máquinas agrícolas, em relação ao
ano anterior (SEIBEL, 2007).
100
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Período
US$ (bilhões)
Brasil
Gráfico 4 – Exportações brasileiras
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2006).
No setor de máquinas agrícolas encontra-se o segmento de máquinas automotrizes
(cultivadores, tratores, colheitadeiras e retroescavadeiras), sendo que, no Brasil, a fabricação
de tais produtos concentra-se em cinco fabricantes: Agco, que fabrica e comercializa as
marcas Massey Fergusson e Agco Allis; Agrale; John Deere, localizadas no Rio Grande do
Sul; CNH, com as marcas Case e New Holland, a qual tem sede no Paraná e Valtra, situada
em São Paulo, as quais são responsáveis por 100% da produção nacional de máquinas
agrícolas automotrizes. Essas empresas adotam como estratégia de distribuição,
comercialização e serviços de pós-venda e assistência técnica, uma rede de concessionárias
espalhadas pelas diferentes regiões brasileiras, estando próximas dos clientes e dos grandes
centros produtores.
Conforme ilustra a Tabela 3, a produção de máquinas agrícolas automotrizes
(cultivadores, tratores, colheitadeiras e retroescavadeiras) totalizou, no ano de 2004, 69.418
mil máquinas, havendo uma redução, no ano de 2005, para 52.871 mil. Observa-se que as
vendas internas foram, em 2004, de 37.616 mil máquinas, reduzindo, em 2005, para 23.035
mil, devido à recessão econômica brasileira e alterações climáticas, que afetaram a produção
agrícola, principalmente no sul do país. Entretanto, as exportações foram de 31.022 mil
máquinas, em 2004, e de 30.678 mil, em 2005 (ANFAVEA, 2006).
101
Tabela 3 – Produção de máquinas agrícolas automotrizes
Ano Cultivadores
Motorizados
Tratores de
rodas
Tratores de
esteiras
Colheitadeiras Retroes-
cavadeiras
Total
1960 - 37 - - - 37
1961 751 1.679 - - - 2.430
1962 1.240 7.586 - - - 8.826
1963 1.110 9.908 - - - 11.018
1964 1.765 11.537 - - - 13.302
1965 2.403 8.401 - - - 10.804
1966 3.336 9.360 13 - - 12.709
1967 2.500 6.295 73 - - 8.868
1968 2.463 9.819 106 - - 12.388
1969 1.946 9.841 91 - 41 11.919
1970 2.065 14.326 185 - 131 16.707
1971 2.190 22.192 770 - 296 25.448
1972 2.916 29.754 1.426 - 653 34.749
1973 3.466 38.705 1.961 - 977 45.109
1974 5.463 46.060 2.678 - 1.338 55.539
1975 5.606 58.301 3.942 - 1.545 69.394
1976 5.275 64.175 4.631 6.481 2.070 82.632
1977 5.384 52.227 3.474 4.242 1.569 66.896
1978 5.522 47.640 2.981 3.719 2.436 62.298
1979 6.062 54.599 3.202 4.228 2.153 70.244
1980 6.896 57.974 4.285 6.003 2.320 77.478
1981 4.548 39.138 3.133 4.891 1.998 53.708
1982 5.364 30.126 1.900 3.434 1.245 42.069
1983 3.213 22.663 751 3.323 449 30.399
1984 2.595 45.523 1.348 5.806 960 56.232
1985 3.300 43.398 1.762 6.427 1.328 56.215
1986 7.128 50.450 2.409 6.747 2.236 68.970
1987 4.313 46.702 2.677 6.727 2.249 62.668
1988 2.026 39.147 2.596 5.651 2.056 51.476
1989 3.007 31.715 2.038 5.020 1.900 43.680
1990 2.519 24.223 1.746 2.971 1.655 33.114
1991 1.886 15.868 1.068 1.959 1.419 22.200
1992 1.790 15.648 989 2.445 1.212 22.084
1993 1.403 24.500 1.234 3.445 1.595 32.177
1994 1.538 41.094 1.705 5.326 1.670 51.333
1995 1.568 21.044 1.875 2.371 1.480 28.338
102
Tabela 3 – Produção de máquinas agrícolas automotrizes
Ano Cultivadores
Motorizados
Tratores de
rodas
Tratores de
esteiras
Colheitadeiras Retroes-
cavadeiras
Total
1996 926 15.545 1.543 2.531 1.644 22.189
1997 844 22.464 2.035 3.715 2.599 31.657
1998 692 24.092 2.072 4.63 2.493 33.412
1999 778 20.911 1.248 3.760 1.524 28.221
2000 813 27.546 1.429 4.296 1.417 35.501
2001 947 34.781 1.351 5.196 2.064 44.339
2002 1.079 40.352 1.665 6.851 2.063 52.010
2003 1.597 47.109 1.520 9.195 1.605 61.026
2004 1.703 52.768 2.229 10.443 2.275 69.418
2005 2.183 40.871 2.681 4.229 2.907 52.871
Fonte: Anfavea (2006, p. 139).
Cabe ressaltar que o Brasil ainda é pouco suscetível à comercialização de máquinas
importadas, uma vez que, dos produtos comercializados no país, apenas US$ 774 milhões, em
2004, foram destinados a produtos externos, e US$ 1.097 milhões, em 2005, o que significa
que a concorrência, e a busca por mercados, está centrada nas empresas com sede nacional
(MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTEIOR,
2006). Em face da maior parte dos produtores serem multinacionais, a importação das
máquinas foi realizada pelos mesmos, os quais utilizaram-se de suas subsidiárias no exterior,
para a negociação, juntamente com as unidades brasileiras.
Conforme o Gráfico 5, é possível observar a participação de mercado das indústrias de
máquinas agrícolas automotrizes brasileiras, com base no volume de produção, sendo que
durante os últimos cinco anos o market share (participação de mercado) sofreu algumas
alterações em suas posições. Nesse período, a Agco deteve o maior volume de produção de
máquinas, entretanto, de 2000 a 2002, a segunda posição pertencia a CNH e a terceira à
Valtra, seguida da John Deere e da Agrale, cenário que sofreu alterações nos anos de 2003 e
2004, no qual a John Deere superou o volume de produção da Valtra, vindo a ocupar a
segunda posição. Porém, em 2005, a Valtra ocupou o segundo lugar no volume de produção,
seguida pela CNH, John Deere e Agrale.
103
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
1
98
5
1987
198
9
1
99
1
1993
199
5
199
7
1
99
9
200
1
200
3
2
00
5
Período
Produçã
o
Agco
John Deere
Agrale
Va lt ra
CNH
Gráfico 5 – Produção em unidades das fabricantes de máquinas agrícolas
Fonte: Anfavea (2006).
Apesar da regulação do mercado ser feita pela Anfavea, de acordo com a perspectiva e
posicionamento da empresa no mercado, houve oscilação no posicionamento das mesmas,
alterando as regras da concorrência. Percebe-se uma política de produção e vendas, da Agco,
que, ao incorporar ao seu grupo, a Valtra, aumentou sua participação no mercado, o qual é
liderado pela corporação, fazendo com que a John Deere perdesse participação no mesmo.
Além disso, a Agrale é a que possui o menor volume de produção, devido a diversificação das
atividades do grupo, e ao fato de ser uma empresa familiar, diferentemente das demais, que
consistem em multinacionais com unidades no Brasil.
A comercialização e distribuição das máquinas, pelas diferentes empresas, está diluída
por todas as regiões brasileiras, sendo que os clientes da região centro-oeste ainda são os
principais consumidores do produto, em virtude de ser um centro produtor aliado aos estados
do sul do país (ANFAVEA, 2006). Apesar disso, cabe destacar que as indústrias de máquinas
agrícolas têm suas vendas atreladas ao volume de recursos e às condições do credito agrícola,
além da forte influência internacional, em relação ao preço das commodities agrícolas.
104
4.2 As organizações
4.2.1 Agco
A Agco, com matriz nos Estados Unidos, cujo nome deve-se à aquisição de uma
fábrica de tratores (Alisson) e outra de colheitadeiras (Gleaner), resultando na Alisson
Gleaner Company, é uma companhia norte-americana de equipamentos agrícolas, a qual está
presente em mais de cento e quarenta países. A Agco fabrica e distribui tratores,
colheitadeiras, implementos agrícolas, plantadeiras e implementos para fenação e forragem.
A organização iniciou suas operações em 1990, com a aquisição da companhia de
ações Deutz Allis, comprada da Kloekner Humboldt Deutz. Robert J. Ratliff (Presidente
Geral) e mais quatro executivos levaram o controle acionário da empresa para os Estados
Unidos da América. Dando seguimento à estratégia de expansão e melhoria contínua de seus
produtos e serviços, a Agco concluiu, em junho de 1996, a compra das operações da Iochpe-
Maxion Divisão de Máquinas Agrícolas e Indústrias, fabricante dos produtos Massey
Ferguson e Maxion. Foi quando deu início às operações da Agco do Brasil, com duas fábricas
no Rio Grande do Sul - uma em Canoas, na qual situa-se o centro administrativo e a unidade
de fabricação de tratores e retroescavadeiras, e outra, em Santa Rosa, na qual está situada a
unidade de fabricação de colheitadeiras. Em 2004, a Agco Corporation adquiriu a unidade
operacional da Valtra, em São Paulo.
A Agco do Brasil é certificada nas Normas ISO 9001/94, ISO 14001/96 e OHSAS
18001 obtidas, respectivamente, em 1994, 1999 e 2002, visando a padronização dos seus
processos e a criação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) sustentável e que
proporcione aos clientes, funcionários e acionistas, confiança de que o produto da Agco
possui um nível de confiabilidade e qualidade superior.
A empresa tem a missão de ser uma corporação publicamente focada na distribuição
global de equipamentos agrícolas e serviços a todos os clientes comprometidos com a
produção agrícola, tendo por objetivo suprir o desenvolvimento e crescimento da população e
prover matéria prima para aplicações industriais. A visão da Agco é ser reconhecida como
105
uma empresa líder mundial em: marketing e distribuição de produtos e serviços, que
agreguem valor ao cliente; alcançar um crescimento consistente nos valores de investimentos
dos acionistas; prover empregos que reconheçam o valor individual de cada funcionário e
premiar pela performance; trabalhar de maneira ética na empresa e nas comunidades nas quais
a empresa atue.
A Agco possui uma participação de mercado de 36%, sendo líder de mercado no
segmento de tratores, uma vez que apenas os tratores da marca Massey-Fergusson tiveram,
em 2005, uma produção de 19.019 mil máquinas, sendo 5.881 mil destinadas ao mercado
interno e 13.077 mil ao mercado externo (exportações) (ANFAVEA, 2006). Tais dados
comprovam seu compromisso com os clientes e sua preocupação em desenvolver produtos de
qualidade e com desempenho superior, os quais são expressos nos valores fundamentais da
Agco, que são: o cliente em primeiro lugar; o lucro como garantia de continuidade; a
liderança como um desafio permanente; o homem na participação e desenvolvimento
constante; a qualidade como valor imprescindível; a gestão criativa e ágil; a imagem como um
patrimônio a zelar; o relacionamento claro e ético e o sucesso através da contribuição de
todos.
4.2.2 Agrale
A empresa iniciou suas atividades no ano de 1962, com denominação de Indústria
Gaúcha de Implementos Agrícolas S.A. – ANGRISA, cujo objetivo era fabricar microtratores
de duas rodas. No dia 14 de outubro de 1965, o Sr. Francisco Stedile adquiriu o controle
acionário da empresa, transferindo suas instalações de Sapucaia do Sul para Caxias do Sul no
mês subseqüente, assim como efetuando a alteração do nome para Agrale, quando consagrou
sua data oficial de fundação.
Em 1968 a Agrale desenvolve um microtrator de 4 rodas, que obtém sucesso até os
dias atuais, passando de microtratores Angrisa- Bungartz, e dos motores a diesel que
integravam os produtos da empresa, para um modelo próprio, propiciando a ampliação e o
desenvolvimento de outros novos produtos. Anos depois, em 1975, é inaugurada uma grande
106
planta industrial, hoje denominada Fábrica 1, na qual situa-se o centro administrativo, a
unidade de fabricação de peças e componentes, bem como o laboratório de testes, a linha de
montagem de tratores e a distribuição de peças de reposição. Seguindo a fase de expansão, e
vislumbrando novas oportunidades de mercado, a empresa lança novos produtos, seja na área
agrícola, seja no segmento de caminhões.
Após a aquisição da Alpina S.A., linha de produção de ciclomotores, em 1983, a
empresa firma acordo de participação técnica e comercial com a empresa italiana Cogiva e
inicia, em Caxias do Sul, a produção de motocicletas e ciclomotores, posteriormente
transferida para a Zona Franca de Manaus, onde permanece até os dias atuais. Antecipando as
promissoras negociações do Mercosul, a empresa firmou, em 1988, parceria com a empresa
alemã KHD, e sua subsidiária Deutz Argentina, possibilitando a produção da linha de tratores
pesados, Agrale-Deutz, no Brasil, e dos caminhões Deutz-Agrale na Argentina. Dando
continuidade às alianças estratégicas, a empresa firma parceria de cooperação técnico-
comercial para distribuição e posterior integração, local, com a Ruggeni, fabricante europeu
de motores a diesel.
O ano de 1997 foi um dos mais importantes na existência da empresa, uma vez que
iniciou o processo para obtenção da certificação das Normas ISO 9000, para tratores,
caminhões, chassis para ônibus e motocicletas, comprovando a qualidade elevada a padrões
mundiais dos produtos e serviços da mesma. No mesmo ano, a empresa associou-se a Zetor,
fabricante européia de tratores e motores a diesel, visando a utilização de tecnologia e
componentes, dessa marca, na produção de uma linha de tratores médios Agrale, a fim de
atender o mercado brasileiro e a países do Mercosul. Além da parceria com a Navistar
International Corporation, com o intuito de instalar, em Caxias do Sul, uma montadora
internacional de caminhões e o desenvolvimento da capacidade industrial e da produção e
venda de caminhões leves e chassis para ônibus Agrale.
Entretanto, a empresa não parou de desenvolver alianças. No ano de 1998 estabeleceu
um importante acordo com a Marcopolo S.A., uma das maiores produtoras mundiais de
ônibus, sendo o chassi para os miniônibus Marcopolo Volare fabricados pela Agrale, além do
inicio da fabricação do caminhão International, na unidade 2 da empresa, em Caxias do Sul.
Para dar continuidade à expressiva expansão da empresa, iniciou-se, em 2002, a operação de
sua primeira unidade produtiva, fora do Brasil, a Unidade Colômbia, em Bogotá, destinada à
produção de caminhões e chassis para microônibus e o lançamento do veículo FURGOVAN,
ingressando em um novo segmento de mercado, o de furgões de carga.
107
Nessa trajetória, a Agrale projetou-se no mercado brasileiro, e da América Latina,
como uma empresa respeitada, com soluções eficientes nos segmentos de negócios nos quais
atua. Na área de tratores, a empresa não possui uma participação tão expressiva no mercado,
pois tem um posicionamento diferenciado, e um produto especifico, além de abranger
diversos segmentos de mercado. A produção de tratores, em 2005, foi de 1.053 mil máquinas,
sendo 924 destinadas ao mercado interno e 169 ao mercado externo (exportações)
(ANFAVEA, 2006).
Apesar de possuir uma pequena participação no mercado de máquinas agrícolas
automotrizes, a Agrale está comprometida com a qualidade dos produtos e serviços
disponibilizados aos clientes, o que se reflete nos princípios da empresa: satisfação dos
clientes; qualidade em todas as ações; valorização e comprometimento com os colaboradores;
rentabilidade como garantia de perpetuidade; foco em parcerias; comportamento ético;
respeito ao meio ambiente; fornecedores como um elo indispensável e o comprometimento
com a responsabilidade social. Na condição de uma empresa familiar, a Agrale busca uma
maior participação de mercado, centrada em parcerias para melhoria e desenvolvimento de
suas atividades, com o intuito de fazer frente à concorrência.
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Na apresentação, análise e discussão dos resultados obtidos através do questionário de
pesquisa utilizou-se a pesquisa qualitativa, expondo-se a percepção dos membros da empresa,
confrontada com a visita in loco e subdividida com base no modelo exposto na Figura 22, nos
grupos de materiais, rede de fornecedores e distribuidores, integração entre as diversas áreas
das empresas, rede de informação e conhecimento e consumidores finais, com o intuito de
verificar a conformidade das atividades da empresa quanto as características da SCM.
Seguindo a metodologia proposta, iniciou-se a explanação dos dados referentes aos subgrupos
delimitados para o estudo de multicasos.
As informações relatadas estão fundamentadas na coleta de dados em fonte primária,
embasadas na opinião dos membros das empresas pesquisadas e na percepção da
pesquisadora, ao confrontar as informações obtidas através do questionário com as
informações obtidas na visita às indústrias de máquinas agrícolas automotrizes. A inter-
relação sistêmica, entre os grupos e as empresas, permitiu descrever e analisar o
posicionamento das mesmas no mercado, a relação de concorrência e a busca pela melhoria
dos processos intra e interorganizacionais, em prol do benefício comum. Dessa forma, serão
apresentados, a seguir, os resultados, conforme os grupos pré-estabelecidos.
5.1 Materiais
As empresas são compostas de recursos, humanos, materiais e financeiros. Por hora,
será tratada a utilização dos materiais, os quais são fonte de matéria-prima, para
processamento e montagem das máquinas, bem como as formas de obtenção e manuseio
daqueles para transformá-los em produto final a ser disponibilizado ao cliente. A obtenção
dos materiais inicia-se com a seleção dos fornecedores, seu desenvolvimento e aptidão para
desempenhar a função junto à empresa cliente, formando um elo comercial e amigável entre
109
os envolvidos. Os fornecedores que integram o rol de parceiros comerciais, com a empresa
produtora, passam a fazer parte de uma cadeia que objetiva a satisfação do cliente final, bem
como o bom gerenciamento das atividades desenvolvidas, desde a entrada da matéria-prima,
seu processamento e a saída do produto final.
Conforme é possível verificar, no Quadro 10, o grupo de materiais abrange questões
como (i) ressuprimento enxuto e contínuo, que consiste em suprir a empresa de materiais
através de entregas fracionadas, conforme sua real necessidade; (ii) gestão de estoques, a qual
refere-se à utilização de programas/políticas de controle e redução de estoques, através do
gerenciamento do nível e giro dos mesmos, bem como sua acurácia (conformidade dos itens
estocados com o inventário real); (iii) gestão do ciclo de pedidos, a qual consiste em formas
de agilizar a entrada do pedido, por parte do cliente, bem como o processamento, a fabricação
e entrega do produto ao cliente, seja através de sistemas de informação compartilhado,
profissionais treinados e capacitados, ou de parcerias cliente/fornecedor; (iv) gestão da
armazenagem, que se refere à política de manter produtos em estoque, confrontado com a
política de custos da empresa e (v) planejamento das necessidades de materiais, integrado
pelo planejamento e gerenciamento dos materiais necessários ao processo produtivo, visando
não haver interrupções na linha de produção.
Questões Agco Agrale
1. Ressuprimento enxuto e contínuo 5 4
2. Gestão de estoques 5 3
3. Gestão do ciclo de pedidos 2 3
4. Gestão da armazenagem 4 3
5. Planejamento das necessidades de materiais 5 4
Média geral
4,2 3,4
Quadro 10 – Materiais
No que diz respeito ao grupo de materiais, a Agco atingiu grau de conformidade com a
SCM de 4,2, tendo em vista que a empresa possui sistemas de ressuprimento enxuto e
contínuo, através de entregas fracionadas, conforme a necessidade, bem como a utilização do
110
Kanban, para pequenos componentes, o qual é controlado pelos fornecedores. Essa política
impacta na gestão de estoques, que possui um controle acirrado para reduzir o volume de
investimentos em imobilizado, por meio do monitoramento do giro e da acurácia dos
estoques, que, em 2006, era de 70%, obtendo um aumento devido à implementação do lean
manufacturing (manufatura enxuta) no processo produtivo, alterando o local dos estoques e
operando por kits de montagem, o que possibilitou maior controle, evitando possíveis erros de
componentes e possibilitando a correção dos erros de estrutura das máquinas. O planejamento
das necessidades de materiais é efetuado por um software de MRP, o qual gera a programação
de aquisição dos materiais baseando-se em dados históricos e previsões de vendas, além disso,
são utilizadas planilhas auxiliares que tornam o planejamento mais consistente.
No que diz respeito à gestão de armazenagem, a empresa não possui o mesmo
desempenho obtido nos demais itens. Devido a diversidade de itens armazenados, grandes
componentes ficam no pátio, os demais são distribuídos em CD (Centros de Distribuição) ou
no estoque, exceto peças destinadas à reposição, as quais são liberadas sob pedido. O maior
empecilho à otimização das atividades da empresa, nesse ponto, está na gestão do ciclo de
pedidos, que obteve o menor índice (2). Esse fato é proveniente das restrições de capacidade
dos fornecedores e do sistema, além das regras de fornecimento da indústria, uma vez que a
empresa trabalha com 4 (quatro) semanas de pedido firme (que não podem ser alteradas), para
componentes nacionais, e 8 (oito) semanas para componentes importados, ou seja, nesse
período o pedido firmado não pode ser alterado, limitando a flexibilidade das operações e a
tomada de decisão, diante de faltas. Em face ao exposto, a empresa possui, como um relatório
do MRP, a lista crítica de materiais, que aponta possíveis faltantes, possibilitando correções,
já que os materiais, de acordo com o fornecedor, são entregues diária ou semanalmente.
A Agrale, por ser um grupo familiar e diversificado, não possui o setor de máquinas
agrícolas como seu foco. Entretanto, devido ao crescimento do agronegócio, e a pressão do
mercado, a empresa vem reestruturando suas atividades, refletindo no desempenho e no
desenvolvimento das atividades pesquisadas. A empresa obteve grau de utilização 4, no que
diz respeito ao ressuprimento enxuto e contínuo, uma vez que a mesma opera com estoque de
prateleira, ou seja, estoque de segurança para componentes, com o intuito de atender ao
cliente sem acionar o fornecedor, monitorando a curva ABC. Conforme o item a ser
comprado, a empresa adquire os materiais consolidando o pedido para garantir o
abastecimento, que não ocorre com itens A. A mesma avaliação ocorreu com o planejamento
das necessidades de materiais, tendo em vista que a empresa também opera com pedido firme
111
para o período de 4 (quatro) semanas, para componentes nacionais, e 8 (oito) semanas para
componentes importados, os quais são calculados através de um software de ERP, o qual
detém informações acerca da estrutura do produto, plano de produção e vendas, com uma
visão prévia do planejamento do ano em curso, efetuando, assim, a projeção das necessidades
de materiais para o período.
Tendo em vista que a empresa obteve grau de conformidade 3 na gestão de pedidos,
esse fator reflete-se na gestão da armazenagem e na gestão de estoques, que obtiveram a
mesma pontuação. Tal fato provém da busca pelo alcance das metas de cada área, alongando e
causando divergências no ciclo do pedido. No tocante aos estoques, a empresa passa por uma
reestruturação, tendo em vista que os mesmos eram armazenados em área aberta e causava
distorções e extravios dos materiais, bem como havia compras duplicadas. Aos poucos, a
empresa está reorganizando suas atividades, alterando o layout do setor produtivo com o
intuito de melhor alocar os materiais, para facilitar o controle e otimizar o espaço. Devido a
questões financeiras, a empresa estabeleceu a meta de redução do valor monetário
imobilizado em estoque, através da revisão dos parâmetros do sistema, do estabelecimento e
cumprimento do lote de segurança e lote mínimo, cujo objetivo, a longo prazo, é a
implementação do sistema de produção enxuta. Atualmente, a Agrale possui uma acuracidade
dos estoques da ordem de menos de 50%, sendo que o giro dos mesmos é em torno de 16
vezes ao ano.
Percebe-se, ao confrontar o grau de conformidade com as características da SCM da
Agco, que, é uma multinacional do setor agroindustrial, líder de mercado, com o da Agrale,
empresa pertencente a um grupo familiar, com volume de produção menor e diversificado,
que apesar das diferenças, a Agrale busca o aprimoramento da gestão, tomando como fonte de
referência a empresa líder. Cabe salientar que a gestão do ciclo do pedido apresenta
dificuldades, em ambas empresas, devido a diversidade de mercados atendidos, havendo uma
prioridade de produção de acordo com o destino do produto, devendo ser respeitado o lead e o
transit time, do mesmo, pelas diferentes áreas das empresas. Essa perspectiva reflete-se na
gestão de estoques e armazenagem, no momento em que as empresas possuem itens faltantes
(críticos), ou mesmo que possam vir a faltar, quando ocorre um replanejamento da produção e
das necessidades de materiais.
No que se refere ao grau de utilização da SCM, percebe-se que a Agco caminha rumo
à excelência, em suas atividades, obtendo grau de conformidade, com as características da
SCM, em geral, no grupo de materiais, de 4,2, ou seja, está mais próxima a operar com a
112
SCM que com a logística em si. Entretanto, a Agrale encontra-se em grau intermediário (3,4),
e está reestruturando suas atividades com o intuito de melhorar seus métodos de trabalho,
reduzir custos e aumentar a competitividade em um mercado volátil.
5.2 Rede de fornecedores e distribuidores
As empresas possuem como objetivo satisfazer seus acionistas e clientes, gerando
retorno aos mesmos. Para atingir seus objetivos, utilizam-se de recursos materiais, os quais
são provenientes dos fornecedores de matérias-primas e componentes utilizados no processo
produtivo, além de utilizarem-se de distribuidores, com o intuito de que seus produtos
cheguem ao consumidor final nas condições adequadas. Os fornecedores e distribuidores
integram a rede de suprimentos e distribuição da indústria, formando uma cadeia, para que o
produto final seja produzido e entregue, ao consumidor final, sem defeitos, no prazo e local
desejados.
De acordo com o exposto no Quadro 11, o grupo formado pela rede de fornecedores e
distribuidores abrange questões como (i) programas de previsão e gerenciamento da demanda,
os quais visam o acompanhamento das tendências do mercado, a fim de gerenciar e otimizar
as previsões das demandas futuras, ou seja, as quantidades e modelos de produtos a serem
fabricados e vendidos; (ii) programas de seleção e desenvolvimento de fornecedores, que
consistem na seleção de fornecedores por meio do estabelecimento de pré-requisitos, regras
de fornecimento e contratos, bem como o desenvolvimento dos mesmos através de programas
de treinamento e qualificação, para que atendam às exigências de fornecimento; (iii)
terceirização das atividades, que constitui uma forma de organização que permite à empresa
transferir a outra suas atividades meio, o que lhe possibilita maior disponibilidade de recursos,
para aplicar em sua atividade fim, especializando-se em suas competências reais; (iv) gestão
de relacionamentos com fornecedores, por meio de um relacionamento de compartilhamento e
troca entre empresa-fornecedor, a fim de obter ganhos, a ambas, e aprimorar os processos
produtivos; (v) gestão de transporte e distribuição, por meio de estudos/sistemas de escolha do
melhor/mais apropriado sistema de distribuição dos produtos, bem como do melhor modal de
transporte (aéreo, rodoviário, marítimo, dutoviário, multimodal) a ser utilizado, aliado aos
113
custos incorridos a cada situação; (vi) centros de distribuição, que consistem na utilização de
centros de distribuição próprios, ou terceirizados; (vii) adiamento/postergação da entrega de
materiais, por meio de programas de gerenciamento das entregas de materiais através da
parceria com fornecedores, que entregam os materiais conforme a real necessidade do cliente,
com programação diária/semanal da produção; (viii) desenvolvimento de parcerias, que
consiste na implementação de parcerias com os stakeholders da empresa, ou seja, clientes,
fornecedores, distribuidores, varejistas, atacadistas, concessionárias, comunidade em geral;
(ix) fluxo de produtos além dos limites da empresa, o qual consiste no recebimento e
distribuição de materiais e produtos a todas as partes interessadas, ao longo da cadeia
produtiva da empresa, operando com terceirizados e/ou sistemistas e (x) prazos de entrega
curtos e confiáveis, convergindo para a agilidade no processo produtivo, a fim de entregar os
produtos no menor prazo possível, atendendo às necessidades e exigências dos clientes.
Questões Agco Agrale
6. Programas de previsão e gerenciamento da demanda 3 3
7. Programas de seleção e desenvolvimento de fornecedores 5 4
8. Terceirização das atividades 5 3
9. Programas de gestão de relacionamentos com fornecedores 4 5
10. Gestão de transporte e distribuição 5 4
11. Centros de distribuição 5 4
12. Adiamento/postergação das entregas de materiais 5 4
13. Desenvolvimento de parcerias 3 5
14. Fluxo de produtos além dos limites da empresa 5 4
15. Prazos de entrega curtos e confiáveis 5 4
Média geral
4,5 4,0
Quadro 11 – Rede de fornecedores e distribuidores
No tocante a rede de fornecedores e distribuidores, a Agco obteve grau de utilização
elevado, uma vez que a empresa possui programas de seleção e desenvolvimento de
fornecedores bem definidos, integrando as áreas de compras, engenharia e qualidade, que
avaliam, principalmente, a conformidade do produto com as especificações técnicas, o preço,
114
o prazo de entrega e a capacidade do fornecedor. A empresa também utiliza-se da
terceirização das atividades, como transporte (frete e operadores logísticos), recuperação de
produtos, desenvolvendo apenas suas competências centrais. Entretanto, as operações
terceirizadas são mínimas, se comparadas com as efetuadas pela empresa, tendo em vista que
a mesma opta pela política de produzir, ou adquirir, os componentes prontos.
A gestão de transporte e distribuição, assim como a utilização de CD, obteve grau de
conformidade máximo, tendo em vista que a empresa busca a redução de custos operando
com transportadoras e operadores logísticos, os quais fazem a consolidação da carga e o milk
run, e distribuem, diretamente, às concessionárias, o produto final. Em virtude de a empresa
operar com base nos sistemas just-in-time de produção, os materiais são entregues conforme a
necessidade da mesma, sendo o adiamento da entrega dos materiais evitado, exceto em
exceções, pois as peças são ‘casadas’ (dependentes), e alterando uma altera a composição do
produto final e, consequentemente, a programação da produção. O fluxo de produtos além dos
limites da empresa e com o prazo de entrega curtos e confiáveis também obtiveram grau de
utilização máximo.
Entretanto, apesar de a empresa possuir um processo de seleção de fornecedores
detalhado e normatizado, a Agco não apresenta o mesmo desempenho, no que se refere aos
programas de gestão de relacionamentos com fornecedores, porque prevalecem as relações
comerciais e, anualmente, a área de compras realiza um encontro com os fornecedores
principais para passar as diretrizes da empresa. O quesito que obteve menor grau de
conformidade foi o de programas de previsão e gerenciamento da demanda, que é favorecido
ou dificultado, pelas questões ambientais e de incentivos econômico-financeiros, e as
previsões são feitas com base em dados históricos, havendo iniciativas internas de
planejamento, as quais são, por vezes, desconexas entre as áreas da empresa. O
desenvolvimento de parcerias também obteve grau de conformidade 3, tendo em vista que as
mesmas ocorrem eventualmente.
A Agrale, no que diz respeito à rede de fornecedores e distribuidores, obteve grau
máximo quanto a utilização de programas de gestão de relacionamentos com fornecedores e
desenvolvimento de parcerias, tendo em vista que o contato com os fornecedores é efetuado
de várias formas, entre elas através da internet, onde os candidatos a fornecimento podem
preencher o cadastro, que é de uso exclusivo do fornecedor e da empresa e o sistema de EDI
(Sawluznet), através do qual é monitorado o envio da mercadoria, exceto o retorno, devido
faltar a integração do espelho da nota fiscal. Além disso, a empresa possui o manual do
115
fornecedor e avaliação do mesmo, havendo uma tolerância ao atraso de dois dias, o qual é
penalizado. A empresa procura desenvolver parcerias com fornecedores, através de uma festa
de integração, consolidação da carga, desenvolvimento de projetos com clientes, por meio de
acompanhamento, dias de campo e testes nos produtos no campo.
Entretanto, alguns quesitos obtiveram grau de conformidade 4, os quais estão sendo
aprimorados. Entre eles, os programas de seleção e desenvolvimento de fornecedores, o qual é
segmentado, ou seja, desenvolvido em parceria com as demais áreas. A engenharia projeta e
solicita o desenvolvimento, porém essa área possui um foco técnico e não gerencial,
ampliando a rede de fornecimento, o que dificulta o abastecimento; posteriormente, a área
comercial efetua as regras de abastecimento. A empresa trabalha mais com a relação de
parceria, e aproximação dos fornecedores, que pelo regime de contratos formais.
O mesmo grau de utilização foi obtido na gestão da distribuição, CD e postergação da
entrega de materiais, sendo que os quesitos estão interligados. O transporte é dividido por
região a ser atendida, aliando a melhor relação custo/benefício, atendendo no menor espaço de
tempo ao menor custo possível, priorizando o modal rodoviário. O aéreo é utilizado em casos
de urgência, e o expresso varia de acordo com a gestão de estoques e ciclo do pedido. Os CD
são próprios da Agrale, e utilizados para peças de reposição. No tocante a matéria-prima, é
transportada diretamente do fornecedor à empresa. A postergação raramente ocorre, pois a
empresa procura operar com o ressuprimento enxuto, e tal fato ocorre, apenas, nas trocas de
produtos a serem fabricados.
O fluxo de produtos além dos limites da empresa e prazos de entrega curtos e
confiáveis obtiveram grau de conformidade 4, uma vez que a empresa trabalha diretamente
com as concessionárias e distribuidores dos seus produtos. Além disso, a falta de agilidade na
entrega ocorre por falhas provenientes do fornecedor, que nem sempre responde às
solicitações da empresa, a qual não possui um volume expressivo de itens em estoque,
acarretando prazos de entrega curtos, porém não confiáveis.
A empresa encontra dificuldades no planejamento e previsão da demanda, tendo em
vista as interferências ambientais e o fato de o planejamento ser anual sob uma perspectiva
que pode ser otimista, pessimista ou moderada, de acordo com a perspectiva de mercado,
além de a empresa encontrar dificuldades em aumentar sua participação no mercado devido
ao porte das indústrias concorrentes.
116
Outro fator com baixa concordância é a terceirização das atividades, pois a empresa é
abastecida, em alguns materiais, por empresas do próprio grupo Agrale, constituindo as
compras corporativas, ou seja, efetuadas para as três fábricas, havendo utilização da logística
interna para transações entre as fábricas do grupo.
Percebe-se que, apesar de as duas empresas optarem por uma atuação moderada no
mercado, a Agco, por ter um volume de produção maior, está mais preocupada com atividades
operacionais, como transporte, distribuição e CD, enquanto a Agrale, por ter um volume de
produção menor, procura aproximar-se mais dos clientes e fornecedores, com o intuito de
garantir o abastecimento de matéria-prima e o atendimento e satisfação dos clientes, por meio
do estabelecimento de parcerias duradouras.
No que diz respeito à previsão e gerenciamento da demanda, as duas empresas
encontram dificuldades, tendo em vista, principalmente, a imprevisibilidade climática. No que
tange ao grau de conformidade das características da SCM, percebe-se que, apesar de a Agco
atingir um nível superior à Agrale, as duas empresas estão desenvolvendo suas atividades
rumo à implementação da SCM, com peculiaridades inerentes a cada empresa,
individualmente, e como membro da cadeia. Enquanto a primeira obteve, no grupo de
fornecedores e distribuidores, grau de conformidade de 4,5, a segunda obteve 4,0, ou seja,
estão mais próximas a operar com a SCM do que com a logística em si.
5.3 Integração entre as áreas das empresas
As empresas são constituídas por diferentes áreas e atividades, as quais devem
trabalhar de forma integrada no que diz respeito ao fluxo de materiais e informações, a fim de
que a empresa obtenha vantagem competitiva sustentada no mercado em que atua. Neste
estudo é abordada a integração entre as diversas áreas das duas indústrias de máquinas
agrícolas automotrizes, principalmente as que impactam nas atividades logísticas, sejam elas
compras, suprimentos, produção e vendas.
Conforme é possível verificar no Quadro 12, o grupo de integração entre as diversas
áreas da empresa é composto por questões como (i) otimização da produção, através de
117
políticas e práticas de gerenciamento que maximizem o resultado advindo do processo
produtivo, como kanban e just-in-time; (ii) desenvolvimento de produtos em parceria com
fornecedores e clientes, ou seja, os produtos, bem como seus protótipos são confeccionados
de acordo com a disponibilidade do fornecedor em suprir a empresa com a matéria-prima
necessária, a fim de atender às necessidades e expectativas do cliente; (iii) práticas de
governança, que consistem em políticas de gerenciamento da coordenação das atividades
econômicas ao longo da cadeia de suprimentos; (iv) sistemas de avaliação de desempenho
logístico, que diz respeito a programas e formas de avaliar o desempenho das atividades
logísticas, a fim de monitorar, por meio de indicadores, o desenvolvimento das mesmas para
corrigir possíveis falhas, promovendo a melhoria contínua; (v) sistemas de controle
operacional, que consistem em sistemas/métodos de controle da produção, bem como sua
qualidade e produtividade; (vi) planejamento e operacionalização do fluxo de produtos, por
meio do controle das etapas do processo produtivo, desde a entrada da matéria-prima até o
produto final; (vii) logística reversa, que consiste em políticas de preocupação e preservação
ambiental, buscando o tratamento dos resíduos e dejetos da atividade da empresa,
comprometendo clientes e fornecedores com essa prática; (viii) sistemas de economia de
escala, que consistem na aquisição de materiais, de acordo com a oportunidade, negociação e
poder de barganha com fornecedor; (ix) convergência entre os objetivos da
empresa/fornecedores/clientes, que diz respeito ao trabalho em consonância com os objetivos
dos clientes e fornecedores, repassando informações e agilizando o processo produtivo e (x)
flexibilidade e agilidade dos processos, através da autonomia e flexibilidade na resolução de
problemas, bem como na tomada de decisões, a fim de resolver os assuntos relativos ao
processo produtivo.
118
Questões Agco Agrale
16. Otimização da produção 5 4
17. Desenvolvimento de produtos em parceria com fornecedores e clientes 3 4
18. Práticas de governança 5 3
19. Sistemas de avaliação de desempenho logístico 5 4
20. Sistema de controle operacional 5 4
21. Planejamento e operacionalização do fluxo de produtos 4 3
22. Logística reversa 5 4
23. Sistemas de economia de escala 3 4
24. Convergência entre os objetivos da empresa/fornecedores/clientes 5 4
25. Flexibilidade e agilidade dos processos 5 4
Média geral
4,5 3,8
Quadro 12 – Integração entre as áreas das empresas
No grupo de integração, entre as diversas áreas da empresa, foi possível verificar que a
Agco possui uma orientação estratégica voltada à otimização das operações e dos processos, o
que se reflete no grau de utilização da SCM. Essa perspectiva deve-se à busca pela otimização
dos produtos que são lançados no mercado, quesito que obteve grau máximo, havendo uma
programação diária da produção, com reuniões contínuas para verificar possíveis distorções,
além da utilização do sistema de produção enxuta e do controle acirrado dos estoques. O
mesmo ocorre com as práticas de governança, por meio da preocupação ambiental e de
planejamento da organização, assim como com os sistemas de avaliação de desempenho
logístico, que apesar de fracionados, ou seja, de haver um controle para os estoques (giro,
boletins, acurácia, valor imobilizado e obsoleto), outro para fretes e outro para fornecedores
(avaliação e monitoramento), a empresa está reduzindo o volume investido e desperdiçado em
operações desnecessárias.
Outro quesito, que obteve grau de utilização máximo, foi o sistema de controle
operacional, que é efetuado através de planilhas, em Excel, integradas ao sistema de ERP da
empresa (J.D.Edwards), controlado pela área de controladoria, que verifica todas as
informações e repassa à matriz da corporação, no exterior, o resumo das operações no tocante
119
à produção, estoques (giro), custos e pessoal, propiciando a agilidade e flexibilidade dos
processos.
Ressalta-se a preocupação da empresa com as políticas ambientais, utilizando-se de
políticas e sistemas de logística reversa, principalmente no que diz respeito às embalagens,
priorizando as que são retornáveis, ou seja, o fornecedor envia a matéria-prima em
embalagens reutilizáveis, que são devolvidas, aos mesmos, por meio do sistema milk run de
coleta. Entretanto, as embalagens não retornáveis são enviadas a empresas de reciclagem. Tais
práticas se refletem na convergência dos objetivos da empresa com seus clientes e
fornecedores, os quais visam o consumidor final, no desenvolvimento de suas atividades,
através de um relacionamento ‘ganha-ganha’, no qual são utilizados informativos e revistas
que buscam divulgar os produtos e políticas da empresa aos seus stakeholders.
Porém, o grau de operacionalização do fluxo de produtos ainda carece de
aprimoramentos, para atingir a excelência operacional, devido as divergências na integração
entre produção, vendas e os clientes, tendo em vista que, atualmente, a empresa produz contra
estoque, ou seja, mantém itens estocados, onerando e engessando as operações da mesma. A
empresa executa atividades mais voltadas à logística, no que diz respeito ao desenvolvimento
de produtos em parceria com fornecedores e clientes e a utilização de sistemas de economia
de escala, que obtiveram grau de conformidade 3, tendo em vista que a engenharia projeta os
produtos, testa e valida os componentes que foram fabricados pelos fornecedores selecionados
pela área de compras, enquanto a economia de escala é evitada, com o objetivo de reduzir os
custos e evitar o desperdício.
No que se refere à Agrale, no grupo de integração, foi possível verificar a preocupação
com a otimização dos recursos, e com os processos desenvolvidos, pela empresa, rumo à
excelência operacional. Apesar da política modesta e de constante aperfeiçoamento, a mesma
obteve, nesse quesito, grau de conformidade 3,8. Tal fato ocorre em virtude de uma
reestruturação dos processos de planejamento da produção, que acarretam falhas, as quais
impactam no resultado final da organização, fazendo com que o quesito otimização da
produção obtenha um grau de utilização 4, apesar da sincronia e planejamento da empresa
como um todo. O mesmo ocorre com o desenvolvimento de produtos em parceria com
fornecedores e clientes, tendo em vista que o fornecedor expõe seus produtos padrões, ou seja,
itens normais de linha, que são considerados de prateleira, com baixo custo. Caso o
componente não se adapte ao produto da empresa, o fornecedor desenvolve um componente
específico para a Agrale.
120
A empresa obteve grau de conformidade 4, para quesitos como sistemas de avaliação
do desempenho logístico e controle operacional, sendo que, para o primeiro, ainda não há uma
sistemática definida, estando atrelada ao sistema de gestão da qualidade por meio da
confiabilidade na entrega, tempo de resposta, atendimento aos pedidos, tendo em vista que a
empresa está desenvolvendo um projeto para estruturar o processo de recebimento e
abastecimento da linha de produção, a fim de aumentar a acuracidade das informações e dos
itens em estoque. O segundo ocorre através dos indicadores estratégicos de produtividade,
sucateamento, absenteísmo e faturamento, os quais convergem para a participação dos
funcionários no resultado financeiro da empresa. Esse processo é projetado anualmente, para
cada área, com indicadores próprios, revisto e readequado na metade do ano, sendo que, para
suprimentos, os indicadores são: o nível de estoque, redução de custos, negociação e
atendimento à linha de montagem, enquanto os indicadores da área de vendas estão centrados
no prazo de entrega dos produtos aos clientes.
Quanto aos sistemas de economia de escala, a empresa obteve grau 4, tendo em vista o
foco de internacionalização da mesma, com base na redução de custos e no resultado, como
oportunidade de negócio, entretanto, ocorre, eventualmente, para componentes nacionais, de
acordo com o caso. O mesmo ocorreu com a convergência dos objetivos da empresa com
fornecedores e clientes, a fim de que todos saiam ganhando. Porém, ainda ocorrem ações em
separado de clientes, distribuidores e fornecedores, sendo o relacionamento aprimorado na
tentativa de instituir políticas ‘ganha-ganha’, entre os stakeholders, com foco no resultado.
A empresa tem uma preocupação ambiental, sendo que a mesma é certificada pelas
Normas ISO 9000 e possui o GGA (Grupo de Gestão Ambiental), implementando parcerias
com fornecedores, que são responsáveis pelo tratamento de resíduos, como tintas, borras,
tambores e embalagens, sendo que as de papelão e madeira são destinadas à sucata, e as
retornáveis são de responsabilidade conjunta da Agrale com seus fornecedores. Porém, o
menor grau de conformidade (3), foi para sistemas de governança, planejamento e
operacionalização do fluxo de produtos, tendo em vista que a empresa passa por uma
reestruturação, direcionando seus esforços para otimizar os processos e haver uma maior
integração.
Em face ao exposto, percebe-se que, apesar das diferenças de posicionamento entre as
empresas, o menor grau de conformidade foi obtido nos itens desenvolvimento de produtos
em parceria com fornecedores e clientes, pelo fato de as empresas possuírem uma área interna
especializada em engenharia de produtos e componentes, que desenvolve os produtos a serem
121
lançados no mercado. Outro item menos expressivo foi o de planejamento e operacionalização
do fluxo de produtos e a utilização de sistemas de economia de escala, uma vez que as duas
empresas operam com sistemas just-in-time, visando a redução de custos e desperdício, para
obterem maior fôlego e competirem no mercado.
Nos demais itens, percebe-se a otimização das operações da Agco e uma política
modesta em expressar a preocupação que a Agrale possui com o aperfeiçoamento contínuo
dos processos e produtos, a fim de satisfazer os clientes internos e externos. Portanto, a Agco
possui maior conformidade com as características da SCM, enquanto a Agrale encontra-se em
um nível intermediário, buscando a otimização e a projeção das operações por meio de uma
cadeia de suprimentos concisa.
5.4 Rede de informação e conhecimento
As empresas são fontes de informação e conhecimento, tendo em vista que são
formadas por recursos humanos, materiais e financeiros. No que diz respeito à rede de
informação e conhecimento tratar-se-á da preocupação das empresas em estabelecer um fluxo
contínuo de informações ao longo da cadeia de suprimentos, bem como permitir o
aprimoramento do seu capital humano, com o intuito de melhorar o seu desempenho na
realização das atividades.
Conforme ilustra o Quadro 13, o grupo que integra a rede de informação e
conhecimento abrange questões como: (i) sistemas de informação, que se refere à utilização
de softwares, ou programas provenientes da tecnologia da informação para o desenvolvimento
das atividades e implementação dos processos, como por exemplo EDI, ECR, ERP, QR,
CPFR; (ii) práticas de benchmarking, que consistem em comparar os processos semelhantes
ao de outras empresas, sejam elas do mesmo segmento de mercado ou não, até mesmo
integrantes da cadeia de abastecimento, com o intuito de implementar melhorias nos
processos analisados; (iii) sistema de planejamento gerencial, que consiste no planejamento,
com objetivos e metas definidos, ao longo do período de exercício, para as diferentes áreas da
organização, envolvendo os intermediários e parceiros da mesma; (iv) sistemas de
coordenação e cooperação ao longo da cadeia de abastecimento, que consistem em sistemas e
122
espírito de liderança entre as empresas integrantes da cadeia de suprimentos
(fornecedor/cliente), priorizando a cooperação e o ganho mútuo; (v) sistemas de colaboração
interna, ou seja, métodos de incentivo ao trabalho em equipe e com uma visão do todo da
empresa, no qual os funcionários trabalham de forma colaborativa, centrados na cooperação
independente do departamento ao qual estão submetidos; (vi) sistemas de colaboração
externa, que consistem em métodos de incentivo ao trabalho conjunto com uma visão do todo,
não só da empresa mas da cadeia de suprimentos, no qual as diversas empresas envolvidas
trabalham de forma colaborativa, centradas na cooperação e colaboração; (vii)
profissionalização e especialização das atividades desenvolvidas, que consistem na busca pela
qualificação e especialização dos profissionais no desenvolvimento das atividades produtivas
e gerenciais; (viii) compartilhamento de informações com fornecedores, que diz respeito ao
desenvolvimento de parcerias com os fornecedores, compartilhando informações à respeito do
processo produtivo, materiais necessários, quantidades e práticas de negociação com os
mesmos; (ix) fluxo de informações além dos limites da empresa, que consiste no repasse de
informações a todas as partes interessadas nas atividades e nos processos da empresa, sejam
funcionários, fornecedores, distribuidores, atacadistas, varejistas, bem como algumas
informações aos clientes e à sociedade em geral e (x) rapidez no repasse das informações, ou
seja, agilidade no processo decisório, através da transparência e agilidade no repasse das
informações, sejam elas internas ou externas, entre as diversas áreas da empresa ou com
fornecedores, clientes e intermediários de mercado.
123
Questões Agco Agrale
26. Sistemas de informação 5 4
27. Benchmarking 4 3
28. Sistema de planejamento gerencial 5 4
29. Sistemas de coordenação e cooperação ao longo da cadeia de
abastecimento
5 4
30. Sistemas de colaboração interna 5 4
31. Sistemas de colaboração externa 5 3
32. Profissionalização e especialização das atividades desenvolvidas 5 4
33. Compartilhamento de informações com fornecedores 5 4
34. Fluxo de informações além dos limites da empresa 5 4
35. Rapidez no repasse das informações 5 4
Média geral
4,9 3,8
Quadro 13 – Rede de informação e conhecimento
No grupo de informação e conhecimento, constatou-se a preocupação da Agco com a
acuracidade da informação utilizada e o treinamento e desenvolvimento dos envolvidos no
processo produtivo, uma vez que a mesma obteve grau de conformidade com as
características da SCM, próximo ao máximo. O resultado é proveniente de um sistema de
informações, ERP que, no setor produtivo, é utilizado como sistema de MRP, intranet, e
softwares de apoio, que disponibilizam as informações em tempo real aos interessados,
configurando grau de conformidade 5, tendo em vista que o fluxo de informações é contínuo e
on line.
O mesmo ocorre com os sistemas de planejamento gerencial, havendo o pack
(planejamento) geral da corporação, o qual é efetuado anualmente, e revisado trimestralmente,
para cada fábrica, e cada unidade efetua seu planejamento e o reporta à corporação, como um
todo, abastecendo as informações do BSC (Balanced Scorecard).
No tocante ao sistema de cooperação e coordenação ao longo da cadeia de
abastecimento, a empresa obteve grau 5, uma vez que o trabalho da empresa está sintonizado
com a sociedade, manufatura, fornecedores e clientes, por intermédio da área de compras,
124
além de haver integração no fluxo de materiais e informações intra e interempresas
componentes da cadeia de suprimentos.
A excelência das operações reflete-se na colaboração interna e externa, sendo
realizada, principalmente, pela área de recursos humanos, que desenvolve programas de
treinamento e integração entre os colaboradores e programas com a comunidade, com
participação indireta dos diversos membros da empresa em programas de desenvolvimento
social, separação do lixo e tratamento de efluentes, incluindo programas de treinamento e
desenvolvimento de novos talentos e dos próprios colaboradores, em prol da
profissionalização e especialização das atividades desenvolvidas pela empresa.
No que diz respeito ao compartilhamento, acuracidade e rapidez no repasse das
informações, seja através de encontros, revistas, informativos e sistemas informatizados, que
possibilitem o acesso às informações em tempo real. No entanto, as atividades de
benchmarking são dificultadas, tendo em vista que a empresa é líder de mercado no segmento.
Dessa forma, a Agco busca aprimorar seus processos através das práticas bem sucedidas nas
montadoras de automóveis, ou com outras fábricas do grupo Agco, efetuando consultorias
externas sempre que necessário.
Nesse quesito, de informação e conhecimento, a Agrale obteve grau de conformidade
3,8, no entanto, a mesma preza pelo constante aprimoramento, tendo em vista que considera
sempre haver algo a ser melhorado, mesmo quando se chega a um nível ótimo.
No que se refere ao sistema de informações, a empresa obteve grau de utilização 4,
sendo que a mesma opera com sistema de ERP aliado a sistemas periféricos como EDI
semanal, portal de relacionamento Agrale, ambiente homebanking, visando estabelecer canais
únicos e um relacionamento com os fornecedores. O mesmo ocorre no quesito dos sistemas de
planejamento gerencial e de coordenação e controle ao longo da cadeia de abastecimento, os
quais procuram refletir, com clareza, os objetivos e perspectivas da empresa para um cenário
de crescimento nos próximos dois anos, transmitindo uma visão prévia do ano em curso, a fim
de que, principalmente os fornecedores, possam efetuar seu planejamento.
A colaboração interna obteve grau de conformidade 4, tendo em vista que ocorre um
planejamento mensal com as diversas áreas da empresa envolvidas nos processos gerenciais e
produtivos, com o intuito de chegar a um consenso do rumo a ser tomado. No que se refere à
profissionalização e especialização das atividades desenvolvidas, a empresa possui programas
de incentivo à educação, através dos quais fornece auxílio financeiro para a formação dos
125
colaboradores, em todos os níveis, MBA in company, incentivo a cursos de língua estrangeira,
desenvolvimento de comportamentos voltados à liderança, entre outros. No tocante ao
compartilhamento e ao fluxo de informações, ao longo dos limites da empresa, bem como a
agilidade no repasse das mesmas, a empresa obteve grau de conformidade 4, devido aos
aprimoramentos, pois a empresa possui um portal na internet que disponibiliza informativos
para download, além de pedidos efetuados pelo EDI. Entretanto, o plano de produção tem que
ser solicitado, pelos interessados, com a maior agilidade e acuracidade possível, uma vez que
a informação é a base para planejamento e desenvolvimento das atividades da empresa.
Porém, a Agrale encontra dificuldades no processo de benchmarking, pois a
concorrência oferece uma certa resistência em expor seu planejamento e desenvolvimento das
atividades para empresas do mesmo segmento de mercado, fazendo com que a empresa
busque processos e práticas semelhantes nas demais fábricas do próprio grupo, ou em outros
segmentos, como o moveleiro, no quesito abastecimento da linha. O quesito colaboração
externa obteve grau de conformidade 3, devido as constantes mudanças e ao montante de
processos que demandam atenção diária, os quais não permitem um relacionamento
metodologicamente estruturado, visando, principalmente, o sistema operacional e não a
colaboração externa.
Com base no grau de conformidade, e no posicionamento das empresas, no que diz
respeito à rede de informação e conhecimento, foi possível verificar que a Agco encontra-se
em um alto nível de excelência de suas atividades, operando com as características da SCM,
liderando o mercado de máquinas agrícolas automotrizes. A Agrale está aprimorando sua rede
de relacionamentos, informação e conhecimento, a fim de obter uma maior participação no
mercado e, conseqüentemente, seu volume de operações, estando, atualmente, em um nível
intermediário, com tendência à SCM. Cabe ressaltar que, apesar da evolução do mercado, as
empresas ainda possuem resistência quanto a processos de benchmarking.
126
5.5 Consumidores finais
No tocante a grupo consumidores finais, estão relacionados todos os esforços para
satisfazerem as necessidades e desejos dos consumidores finais, bem como torná-los leais ao
produto e à empresa, como sistemas e programas de gestão de relacionamentos com os
mesmos e serviços de pós-venda. Tal prática é exercida com o intuito de aproximar o cliente
final dos diversos entes da cadeia de suprimentos, proporcionarem um feedback aos
envolvidos no processo produtivo e de distribuição, para que os produtos e serviços cheguem
da origem ao seu destino final.
Conforme descrito, o Quadro 14, foi estabelecido, no grupo de consumidores finais,
que é composto por: (i) programas de resposta rápida, que consistem em sistemas, por vezes
informatizado, que garantem o relacionamento e agilidade no atendimento aos pedidos e
satisfação dos clientes; (ii) gestão de relacionamentos com clientes, ou seja, o
desenvolvimento de um relacionamento amigável e duradouro com os mesmos, podendo
utilizar-se de CRM (Customer Relationship Management – gestão do relacionamento com
clientes), para aprimorar e estreitar os laços empresa-cliente e (iii) gestão do serviço de
clientes, que consiste no monitoramento do atendimento do cliente, avaliando sua satisfação
quanto ao produto e serviço prestado, sendo que os itens do grupo estão intimamente
relacionados e comprometidos com o bom atendimento e à satisfação do cliente.
Questões Agco Agrale
36. Programas de resposta rápida 3 4
37. Programas de gestão de relacionamentos com clientes 3 4
38. Gestão de serviço de clientes 5 4
Média geral
3,7 4
Quadro 14 – Consumidores finais
127
Percebe-se que, no que diz respeito ao grupo consumidores finais, a Agco possui
utilização intermediária, ou seja, possui grau 3 de utilização de programas de resposta rápida e
relacionamento com clientes, tendo em vista que a empresa distribui seus produtos através de
intermediários de mercado (concessionárias), sendo esses responsáveis pelo contato direto
com os clientes, fazendo o serviço de venda e pós-venda, subsidiado pela fábrica. As
atividades desenvolvidas pela empresa, quanto aos programas de resposta rápida e gestão de
relacionamentos com clientes, consistem em iniciativas internas, por vezes desconectadas
com o mercado, as quais estão à disposição do cliente na internet e em feiras e exposições,
nas quais a empresa divulga seus produtos e serviços, impactando nos serviços
proporcionados aos clientes, que obteve grau máximo de conformidade - 5.
A Agrale, por ser uma empresa familiar, com pouca representação no ramo de
máquinas agrícolas automotrizes, está mais voltada ao cliente final, estando mais próxima do
mesmo, inclusive por meio da utilização de sistemas de relacionamentos com os clientes e de
resposta rápida aos mesmos. A empresa obteve grau 4 de utilização de programas de
relacionamento com os clientes, uma vez que a mesma busca aprimorar a comunicação com
os clientes por meio de programas de qualificação e pedidos on line, bem como atividades
desenvolvidas em parceria com o produtor rural, disponibilizando técnicos e representantes
comerciais no desenvolvimento do pós-venda e de visitas técnicas nas diversas regiões de
abrangência da empresa.
Percebe-se que, quanto menor o volume de produção de máquinas maior a
preocupação da empresa com a satisfação e implementação de sistemas que desenvolvam e
aprimorem o relacionamento com o cliente final da cadeia. As empresas estão próximas e
preocupadas com a satisfação do cliente final, que é o objetivo da SCM.
No tocante à avaliação do grau de conformidade das empresas à SCM, ou seja, se as
mesmas possuem mais características das atividades logísticas ou da SCM, pode-se verificar,
no Gráfico 6, que a Agco obteve um desempenho superior nos quesitos materiais, rede de
fornecedores e distribuidores, integração entre as áreas da empresa e rede de informação e
conhecimento. Contudo, no quesito consumidores finais, a empresa obteve um desempenho
inferior. Em oposição ao ocorrido com a Agco, a Agrale obteve um desempenho inferior nos
quesitos materiais, rede de fornecedores e distribuidores, integração entre as áreas da empresa
e rede de informação e conhecimento, mas superior no que diz respeito aos consumidores
finais, comprovando que o sucesso de suas atividades também é proveniente do estreito
128
relacionamento com a cadeia a montante e a jusante, ou seja, com seus fornecedores, clientes
e intermediários de mercado.
0
1
2
3
4
5
Materiais Rede de fornecedores e
distribuidores
Integração entre as áreas da
empresa
Rede de informação e
conhecimento
Consumidores Finais
Grupos
Grau de concorncia
Agco
Agrale
Gráfico 6 – Comparação do resultado das empresas de acordo com os grupos de pesquisa
Percebe-se que o melhor desempenho da Agco ocorreu na rede de informação e
conhecimento, devido à integração das atividades da empresa brasileira às demais fábricas do
grupo e, principalmente, à matriz, nos Estados Unidos da América, havendo uma preocupação
na precisão das informações e no aprimoramento dos colaboradores, tendo em vista a
perspectiva de crescimento na empresa. A Agrale, devido ao volume de produção, busca
garantir o abastecimento e a entrega dos materiais e produtos acabados por meio da
aproximação com seus stakeholders, obtendo um melhor desempenho no que se refere ao
consumidor final e ao desenvolvimento de relacionamentos.
De maneira geral, as empresas possuem um bom desempenho no mercado, levando-se
em consideração as peculiaridades específicas de cada uma. O Gráfico 7 ilustra o desempenho
individual das empresas pesquisadas. É possível perceber que a Agco obteve grau de
conformidade com as características da SCM, 4,4 e a Agrale de, aproximadamente, 3,8. Ou
seja, a primeira possui maior conformidade com a SCM, estando rumo à excelência, enquanto
a segunda possui uma conformidade intermediária, aprimorando os processos rumo à SCM
sem abrir mão das características da logística tradicional.
129
012345
1
Empresa
s
dia dos grupos
Agrale
Agco
Gráfico 7 – Desempenho geral das empresas
Cabe ressaltar o comprometimento das empresas na realização das atividades, bem
como o envolvimento dos colaboradores para a obtenção do resultado das mesmas. Além
disso, as empresas pesquisadas, mesmo com as dificuldades impostas pelo mercado, estão
aprimorando seus processos rumo às melhores práticas e a conceitos ainda distantes para
muitas organizações, e a preocupação com a competitividade a nível global e a introdução de
novos produtos em mercados ainda não explorados, como o de frutas e de pequenas
máquinas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evolução, na atualidade, faz parte do cenário evolutivo e competitivo vivenciado
pelas organizações. Para sobreviver e obter vantagens competitivas sustentáveis, e superar a
concorrência, as empresas aprimoram suas atividades, bem como traçam estratégias de
crescimento, entre as quais encontra-se a logística e a SCM. Percebe-se a crescente utilização
de tais práticas e filosofias, principalmente por empresas que competem globalmente. A
associação sinérgica de competências essenciais complementares, e mesmo similares, entre
empresas, pode gerar um relacionamento de parceria que favorece à implementação da SCM.
Sob tal perspectiva, o objetivo principal da presente pesquisa foi verificar o grau de
conformidade da logística de duas empresas manufatureiras de máquinas agrícolas, do Rio
Grande do Sul, com as características da SCM. Com o propósito de elucidar essa questão,
apresentou-se a caracterização das indústrias de máquinas agrícolas automotrizes,
contextualizando a evolução da logística e da SCM, bem como o cenário agroindustrial
brasileiro, estruturando-se uma metodologia singular, utilizada na presente pesquisa.
Posteriormente, através do instrumento de pesquisa, foi possível verificar o nível de
atividades desenvolvidas pelas empresas, direcionando o grau de utilização e convergência à
SCM.
A pesquisa realizada confirma a preocupação das indústrias com o aprimoramento de
suas atividades, comprometidas com a mudança, em prol de uma maior agilidade, e
flexibilidade em seus processos. Para alavancar a competitividade, e corroborar a participação
das empresas no mercado, o cenário agroindustrial brasileiro encontra-se favorecido, propício
a novos investimentos e às exportações, devido aos incentivos governamentais, redução da
taxa de juros, aumento dos financiamentos e subsídios à agricultura e ao aumento do
contingente populacional, cujos hábitos estão sendo alterados para uma nova filosofia de vida
saudável e natural.
A SCM é um processo que ganha espaço no ambiente organizacional, porém sua
complexidade e abrangência fazem com que as empresas, principalmente brasileiras, adiem
sua implementação, a qual tem ocorrido em partes, surgindo, aos poucos, a conscientização
para este conceito.
131
As atividades meramente operacionais perdem espaço para as atividades de cunho
estratégico e gerencial, fazendo da logística, e da SCM, ferramentas geradoras de
competitividade e segurança de uma maior permanência no mercado competitivo.
As duas empresas pesquisadas possuem um direcionamento estratégico centrado em
seu planejamento corporativo, primando pela segurança dos colaboradores e a satisfação dos
consumidores. Portanto, utilizam sistemas de informação com o intuito de gerar fluxo de
informações consistente e contínuo ao longo da cadeia de abastecimento, estreitando o
relacionamento com seus stakeholderes e aprimorando seus processos.
Através deste estudo foi possível verificar que, quanto maior o nível de complexidade
e porte da organização maior sua preocupação com áreas como materiais e integração entre as
áreas da empresa, sejam elas compras, logística e distribuição, marketing e vendas, financeiro
e produção, visando gerar benefícios não só à empresa, mas ao cliente final, e quanto menor o
volume de atividades e de produção a empresa está mais próxima dos consumidores finais,
procurando estabelecer parcerias para atrair e reter seus clientes, bem como conscientizar seus
fornecedores do seu potencial competitivo.
Entretanto, a gestão do ciclo de pedidos ainda é deficiente, tendo em vista as
prioridades de planejamento, produção e atendimento ao mercado, no tocante as diversas
áreas que compõe as empresas. Além disso, devido às oscilações e peculiaridades do setor
agroindustrial, torna-se difícil a acuracidade na previsão e gerenciamento da demanda, o que
impacta no planejamento da produção destinada aos mercados e gerenciamento dos pedidos,
estoques e volume de produção.
Cabe destacar que a Agco, quanto ao grupo de materiais, obteve grau de conformidade
4,2, apesar das deficiências na gestão de pedidos provenientes do planejamento da empresa,
juntamente com seus fornecedores, aliado ao MRP. O mesmo ocorre com a rede de
fornecedores e distribuidores, que obteve grau de conformidade 4,5. Porém, a previsão e
gerenciamento da demanda, bem como o desenvolvimento de parcerias carecem de um maior
aprimoramento, apesar das dificuldades em prever o contingente de produção em um mercado
tão volátil, sendo que as últimas ocorrem eventualmente, conforme a ocasião e oportunidade
para a empresa.
No quesito integração, a empresa obteve o mesmo grau de utilização (4,5), sendo que
o desenvolvimento de produtos em parceria com clientes e fornecedores e os sistemas de
economia de escala foram os itens que obtiveram menor grau de conformidade (3), uma vez
132
que a empresa possui um departamento de engenharia, o qual é responsável pelo
aprimoramento e introdução de novos produtos. Em última instância, o desenvolvimento
conjunto é avaliado e testado pela empresa em parceria com o setor de compras e, quanto aos
sistemas de economia de escala, os mesmos são evitados, com o intuito de reduzir os
investimentos em imobilizado e obsolescência dos materiais. Ressalta-se, ainda, a
preocupação da empresa com a continuidade do fluxo de informações e a geração de
conhecimento por meio de treinamentos, planejamento, colaboração e agilidade, tendo o
grupo de rede de informação e conhecimento obtido grau de conformidade com as
características de SCM de 4,9. No entanto, a empresa possui distanciamento quanto aos
programas de relacionamento com clientes, ficando a cargo das concessionárias, o qual obteve
menor grau de conformidade (3,7).
A Agrale, por se tratar de um grupo de empresas diversificadas e familiares, possui
volume de produção expressivamente menor que as demais empresas do setor de máquinas
agrícolas automotrizes. Portanto, no grupo de materiais, a empresa obteve grau de utilização e
desenvolvimento das atividades de 3,4. Contudo, a empresa está promovendo uma
reestruturação, visando reduzir seus estoques, aumentar a acuracidade dos mesmos, reduzindo
os custos, espaço destinado à armazenagem e o risco de obsolescência dos materiais. O
mesmo ocorre com a rede de fornecedores e distribuidores, que obteve grau de conformidade
4,0. Porém, em um índice menos significativo, devido as dificuldades na previsão e
gerenciamento da demanda, bem como a centralização das atividades, que em vários
processos a empresa é sua própria fornecedora.
No quesito integração, percebeu-se grau de conformidade com as características da
SCM de 3,8, devido as práticas de governança, as quais consistem em um ponto fundamental
e de maior dificuldade à implementação das práticas de SCM. A empresa está preocupada
com o desenvolvimento e aprimoramento de suas atividades, buscando aperfeiçoar sua gestão,
mas, encontra barreiras quanto a realização de práticas como benchmarking em empresas do
mesmo segmento de atuação, devido a sigilos da concorrência, tornando-se um impeditivo a
colaboração externa, tendo, por esse motivo, obtido grau de conformidade 3,8 o tocante a rede
de informação e conhecimento. Contudo, a Agrale está mais próxima do seu cliente final,
primando pela rede de consumo com qualidade, buscando aperfeiçoar suas atividades nos
demais quesitos analisados e melhorar seu desempenho no mercado, com produtos
diferenciados, inserindo-se em novos nichos. O quesito no qual a empresa obteve maior grau
133
de conformidade foi o de consumidores finais, devido a proximidade e interação com seus
clientes.
No que diz respeito ao grau de conformidade da logística com a SCM, constatou-se
que as empresas tanto exercem atividades básicas e operacionais de logística quanto
atividades de SCM, de acordo com suas necessidades e oportunidades. De maneira geral, no
tocante a aquisição e armazenagem dos materiais, pode-se constatar que Agco está com grau
mais elevado de desenvolvimento das atividades logísticas, ou seja, encontram-se mais
próximas da execução da SCM, tendo em vista que a mesma obteve grau de conformidade de
4,2, enquanto a Agrale encontra-se em grau intermediário (3,4). Quanto a rede de
fornecedores e distribuidores, a Agco está mais próxima da SCM, com grau de conformidade
de 4,5, juntamente com a Agrale, que obteve grau 4,0, a qual trabalha rumo a otimização da
cadeia.
No quesito integração das diferentes áreas de atividade, percebeu-se que a Agco, por
ser multinacional e prestar contas a grandes corporações, possui grau mais elevado de
sincronia no desenvolvimento das atividades, estando mais próxima das características de
SCM, tendo obtido grau de conformidade 4,5, enquanto a Agrale executa atividades da
logística empresarial, com grau de conformidade 3,8. As informações e o conhecimento são
tratados como fatores-chave na SCM, portanto, a Agco, que possui um desempenho
otimizado nesse quesito (4,9), está próxima ao desenvolvimento da cadeia de abastecimento,
ao mesmo tempo em que a Agrale, por deficiências em tal área, está mais próxima às
características da logística empresarial, tendo obtido grau de conformidade 3,8. Porém, no que
se refere aos consumidores finais, a Agrale desenvolve atividades centradas no consumidor
final, objetivo da SCM, estando a empresa mais próxima da otimização das atividades por
meio da cadeia de suprimentos, tendo obtido grau de conformidade 4, enquanto a Agco
realiza atividades logísticas, sem ter como foco o cliente final da cadeia, tendo obtido grau
3,7.
Constatou-se que, com o desenvolvimento de parcerias, foco no cliente, fluxo contínuo
e seguro das informações e materiais, tais organizações conseguiram otimizar seus processos,
onde todos os membros da cadeia de suprimentos estão envolvidos, diluindo riscos e
laborando em prol da satisfação do cliente final. Portanto, as indústrias de máquinas agrícolas
automotrizes estão em grau de desenvolvimento das atividades voltados à implementação da
SCM.
134
Essa possibilidade, aparentemente factível para a realidade brasileira, permite o
aprimoramento da gestão organizacional e o desenvolvimento de relacionamentos intra e
interempresariais, visando a otimização da geração de valor para o cliente final da cadeia. É,
sem dúvida, um caminho plausível para o desenvolvimento de empresas em uma economia
globalizada, concorrencial e em busca de sobrevivência e competitividade em mercados
turbulentos. Com o estabelecimento de relacionamentos de cooperação, ao longo da cadeia de
suprimentos, as indústrias de máquinas automotrizes podem oferecer benefícios a seus
clientes, compartilhando recursos, internamente, flexibilizando e agilizando os processos.
Sugere-se, com o intuito de dar continuidade ao trabalho, e proporcionar um
aperfeiçoamento das atividades das indústrias, a ampliação da pesquisa com as demais
indústrias de máquinas agrícolas automotrizes brasileiras, totalizando uma amostra de 100%,
ou em outros segmentos de mercado, bem como a utilização e/ou construção de um
instrumento de coleta de dados com maior refinamento, que consiga obter uma maior
acuracidade nos dados identificados.
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2005.
WILLIAMSON, O. E. Las instituciones económicas del capitalismo. México: Fondo de
Cultura Económica, 1989.
ANEXO
148
ANEXO A – QUESTIONÁRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - UFSM
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção - PPGEP
Área de Concentração: Gerência de Produção
Prezado (a) Senhor (a),
Conto com sua colaboração,no sentido de responder as questões a seguir, de forma a contribuir
com a pesquisa de mestrado “Conformidade da Logística com as características de Supply Chain
Management”,do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM),sob a orientação do Prof. Dr. Milton Luiz Wittmann. A coleta
destas informações servirá, exclusivamente, para o propósito relativo à pesquisa e, desde já,
agradeço sua colaboração.
Atenciosamente,
Mestranda: Camila Avozani Zago
Questionário de pesquisa
Empresa: ____________________________________________________________________
Data: _____________________
Forma de contato, caso necessitar mais alguma informação:
Nome:_______________________________________________________
E-mail:________________________________ Fone:_________________________________
149
INSTRUÇÕES PARA O PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO
Nas questões a seguir,assinale de 1 a 5,de acordo com a realidade da empresa, sendo que, quanto maior
a pontuação assinalada, maior será a concordância com a existência da característica ou fator relativo
ao gerenciamento da logística da empresa. Da mesma forma, quanto menor a pontuação assinalada,
menor a concordância com a existência da característica, ou fator relativo ao gerenciamento da
logística da empresa e, quando a afirmação colocada não se enquadrar ou não se aplicar (N/A) às
características da empresa, assinale o número zero, à direita.
Observação:
Em anexo se encontra uma explicação sobre cada questão a ser lida, caso existir alguma dúvida relativa
ao que está sendo solicitado e/ou avaliado.
GRUPO I – MATERIAIS
1. Ressuprimento enxuto e contínuo
1 2 3 4 5 0
2. Gestão de estoques
1 2 3 4 5 0
3. Gestão do ciclo de pedidos
1 2 3 4 5 0
4. Gestão da armazenagem
1 2 3 4 5 0
5. Planejamento das necessidades de materiais
1 2 3 4 5 0
GRUPO II – REDE DE FORNECEDORES E DISTRIBUIDORES
6. Programas de previsão e gerenciamento da demanda
1 2 3 4 5 0
7. Programas de seleção e desenvolvimento de fornecedores
1 2 3 4 5 0
8. Terceirização das atividades
1 2 3 4 5 0
9. Programas de gestão de relacionamentos com fornecedores
1 2 3 4 5 0
10. Gestão do transporte e distribuição
1 2 3 4 5 0
11. Centros de distribuição
1 2 3 4 5 0
12. Adiamento/postergação das entregas de materiais
1 2 3 4 5 0
13. Desenvolvimento de parcerias
1 2 3 4 5 0
14. Fluxo de produtos além dos limites da empresa
1 2 3 4 5 0
15. Prazos de entrega curtos e confiáveis
1 2 3 4 5 0
N/A
150
GRUPO III – INTEGRAÇÃO
16. Otimização da produção
1 2 3 4 5 0
17. Desenvolvimento de produtos em parceria com fornecedores e clientes
1 2 3 4 5 0
18. Práticas de governança
1 2 3 4 5 0
19. Sistemas de avaliação de desempenho logístico
1 2 3 4 5 0
20. Sistema de controle operacional
1 2 3 4 5 0
21. Planejamento e operacionalização do fluxo de produtos
1 2 3 4 5 0
22. Logística reversa
1 2 3 4 5 0
23. Sistemas de economia de escala
1 2 3 4 5 0
24. Convergência entre os objetivos da empresa/fornecedores/clientes
1 2 3 4 5 0
25. Flexibilidade e agilidade dos processos
1 2 3 4 5 0
GRUPO IV – REDE DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
26. Sistemas de informação
1 2 3 4 5 0
27. Benchmarking (Comparação de processos semelhantes)
1 2 3 4 5 0
28. Sistema de planejamento gerencial
1 2 3 4 5 0
29. Sistemas de coordenação e cooperação ao longo da cadeia de abastecimento
1 2 3 4 5 0
30. Sistemas de colaboração interna
1 2 3 4 5 0
31. Sistemas de colaboração externa
1 2 3 4 5 0
32. Profissionalização e especialização das atividades desenvolvidas
1 2 3 4 5 0
33. Compartilhamento de informações com fornecedores
1 2 3 4 5 0
34. Fluxo de informações além dos limites da empresa
1 2 3 4 5 0
35. Rapidez no repasse das informações
1 2 3 4 5 0
GRUPO V – CONSUMIDORES FINAIS
36. Programas de resposta rápida
1 2 3 4 5 0
37. Programas de gestão de relacionamentos com clientes
1 2 3 4 5 0
38. Gestão do serviço de clientes
1 2 3 4 5 0
39. Faça uma breve descrição do gerenciamento logístico adotado pela empresa.
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE
DADOS
1. Ressuprimento enxuto e contínuo – ressuprimento de materiais fracionados, sendo
entregues conforme a real necessidade da empresa.
2. Gestão de estoques – a utilização de programas/políticas de controle e redução de
estoques, através do gerenciamento do nível e giro dos mesmos, bem como a acurácia
(conformidade dos itens estocados com o inventário real).
3. Gestão do ciclo do pedido – formas de agilizar a entrada do pedido, por parte do cliente,
bem como o processamento do mesmo, fabricação e entrega do produto ao cliente, seja através de
sistemas de informação compartilhado, profissionais treinados e capacitados, seja de parcerias
cliente/fornecedor.
4. Gestão da armazenagem – política de manter produtos em estoque, confrontado com a
política de custos da empresa.
5. Planejamento das necessidades de materiais – planejamento e gerenciamento dos
materiais necessários ao processo produtivo, visando não haver atrasos nem paradas na linha de
montagem.
6. Programas de previsão e gerenciamento da demanda – acompanhamento das tendências
do mercado, a fim de gerenciar e otimizar as previsões das demandas futuras, ou seja, as
quantidades e modelos de produtos a serem fabricados e vendidos.
7. Programas de seleção e desenvolvimento de fornecedores – seleção de fornecedores por
meio do estabelecimento de pré-requisitos, regras de fornecimento e contratos, bem como o
desenvolvimento dos mesmos através de programas de treinamento e qualificação, para que
atendam às exigências de fornecimento.
152
8. Terceirização das atividades – forma de organização que permite a uma empresa,
transferir, a outra, suas atividades meio, o que lhe possibilita maior disponibilidade de recursos
para aplicar em sua atividade fim. Como, por exemplo, a terceirização do transporte e
distribuição dos produtos.
9. Programas de gestão de relacionamentos com fornecedores – relacionamento de
compartilhamento e troca, entre empresa-fornecedor, a fim de obter ganhos para ambas e
aprimorar os processos produtivos.
10. Gestão de transporte e distribuição – estudos/sistemas de escolha do melhor/mais
apropriado sistema de distribuição dos produtos, bem como do melhor modal de transporte
(aéreo, rodoviário, marítimo, dutoviário, multimodal) a ser utilizado, aliado aos custos incorridos
a cada situação.
11. Centros de distribuição (CD) – utilização de centros de distribuição, próprios ou
terceirizados.
12. Adiamento/postergação da entrega de materiais – programas de gerenciamento das
entregas de materiais, através da parceria com fornecedores, que entregam os materiais conforme
a real necessidade do cliente com programação diária/semanal da produção.
13. Desenvolvimento de parcerias – implementação de parcerias com os stakeholders
(públicos envolvidos) da empresa, ou seja, clientes, fornecedores, distribuidores, varejistas,
atacadistas, concessionárias, comunidade em geral.
14. Fluxo de produtos além dos limites da empresa – o recebimento e distribuição de
materiais e produtos a todas as partes interessadas ao longo da cadeia produtiva da empresa,
operando com terceirizados e/ou sistemistas.
15. Prazos de entrega curtos e confiáveis – agilidade no processo produtivo, a fim de entregar
os produtos no menor prazo possível, atendendo às necessidades e exigências dos clientes.
153
16. Otimização da produção – através de políticas e práticas de gerenciamento que
maximizem o resultado advindo do processo produtivo, como kanban e just-in-time.
17. Desenvolvimento de produtos em parceria com fornecedores e clientes – os produtos, bem
como seus protótipos são confeccionados de acordo com a disponibilidade do fornecedor em
suprir a empresa com matéria-prima necessária, a fim de atender às necessidades e expectativas
do cliente.
18. Práticas de governança – políticas de gerenciamento da coordenação das atividades
econômicas ao longo da cadeia de suprimentos.
19. Sistemas de avaliação de desempenho logístico – programas e formas de avaliar o
desempenho das atividades logísticas, a fim de monitorar, por meio de indicadores, o
desenvolvimento das mesmas, para corrigir possíveis falhas, promovendo a melhoria contínua.
Tais indicadores podem ser as perspectivas do Balanced Scorecard (financeira, clientes,
aprendizado e crescimento, processos internos), programas e prêmios de qualidade,
benchmarking, entre outros.
20. Sistemas de controle operacional – sistemas/métodos de controle da produção, bem como
sua qualidade e produtividade.
21. Planejamento e operacionalização do fluxo de produtos – controle das etapas do processo
produtivo, desde a entrada da matéria-prima até o produto final.
22. Logística reversa – políticas de preocupação e preservação ambiental, buscando o
tratamento dos resíduos e dejetos da atividade da empresa, comprometendo clientes e
fornecedores com essa prática.
23. Sistemas de economia de escala – aquisição de materiais, de acordo com a oportunidade,
negociação e poder de barganha com fornecedor.
154
24. Convergência entre os objetivos da empresa/fornecedores/clientes – trabalhar em
consonância com os objetivos dos clientes e fornecedores, repassando informações e agilizando o
processo produtivo.
25. Flexibilidade e agilidade dos processos – autonomia e flexibilidade na resolução de
problemas, bem como na tomada de decisões, a fim de resolver os assuntos relativos ao processo
produtivo.
26. Sistemas de informação – a utilização de softwares, ou programas, provenientes da
tecnologia da informação, para o desenvolvimento das atividades e implementação dos processos,
como por exemplo, EDI, ECR, ERP, QR, CPFR.
27. Benchmarking – comparar os processos semelhantes aos de outras empresas, sejam elas
do mesmo segmento de mercado ou não, até mesmo integrantes da cadeia de abastecimento, com
o intuito de implementar melhorias nos processos analisados.
28. Sistema de planejamento gerencial – planejamento, com objetivos e metas definidos, ao
longo do período de exercício, para as diferentes áreas da organização, envolvendo os
intermediários e parceiros da mesma.
29. Sistemas de coordenação e cooperação ao longo da cadeia de abastecimento – sistema e
espírito de liderança entre as empresas integrantes da cadeia de suprimentos (fornecedor/cliente),
priorizando a cooperação e o ganho mútuo.
30. Sistemas de colaboração interna – métodos de incentivo ao trabalho em equipe e com uma
visão do todo da empresa, no qual os funcionários trabalham de forma colaborativa, centrados na
cooperação, independente do departamento ao qual estejam submetidos.
31. Sistemas de colaboração externa – métodos de incentivo ao trabalho conjunto, com uma
visão do todo, não só da empresa mas da cadeia de suprimentos, no qual as diversas empresas
envolvidas trabalham de forma colaborativa, centradas na cooperação e colaboração.
155
32. Profissionalização e especialização das atividades desenvolvidas – busca por profissionais
qualificados e especializados no desenvolvimento das atividades produtivas e gerenciais
33. Compartilhamento de informações com fornecedores – desenvolvimento de parcerias com
os fornecedores, compartilhando informações a respeito do processo produtivo, materiais
necessários, quantidades e práticas de negociação com os mesmos.
34. Fluxo de informações além dos limites da empresa – o repasse de informações a todas as
partes interessadas nas atividades e nos processos da empresa, sejam funcionários, fornecedores,
distribuidores, atacadistas, varejistas, bem como algumas informações aos clientes e à sociedade
em geral.
35. Rapidez no repasse das informações – agilidade no processo decisório, através da
transparência e agilidade no repasse das informações, sejam elas internas ou externas, entre as
diversas áreas da empresa ou com fornecedores, clientes e intermediários de mercado.
36. Programas de resposta rápida – consistem em sistemas, por vezes informatizado, que
garantem o relacionamento e agilidade no atendimento aos pedidos e satisfação dos clientes.
37. Programas de gestão de relacionamentos com clientes – desenvolvimento de um
relacionamento amigável e duradouro entre a empresa e seus clientes, podendo utilizar-se de
CRM para aprimorar e estreitar os laços empresa-cliente.
38. Gestão do serviço de clientes – monitoramento do atendimento do cliente, avaliando sua
satisfação quanto ao produto e serviço prestado.
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