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CONTROLE DA MOSCA-BRANCA-DO-CAJUEIRO, Aleurodicus
cocois (Curtis, 1846) (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), COM FUNGOS
ENTOMOPATOGÊNICOS, DETERGENTE NEUTRO E ÓLEO
VEGETAL
LAERCIANA PEREIRA VIEIRA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE
DARCY RIBEIRO UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
DEZEMBRO 2007
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CONTROLE DA MOSCA-BRANCA-DO-CAJUEIRO, Aleurodicus
cocois (Curtis, 1846) (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), COM FUNGOS
ENTOMOPATOGÊNICOS, DETERGENTE NEUTRO E ÓLEO
VEGETAL
LAERCIANA PEREIRA VIEIRA
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do título
de Mestre em Produção Vegetal
Orientador: Richard Ian Samuels
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
DEZEMBRO 2007
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CONTROLE DA MOSCA-BRANCA-DO-CAJUEIRO, Aleurodicus
cocois (Curtis, 1846) (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), COM FUNGOS
ENTOMOPATOGÊNICOS, DETERGENTE NEUTRO E ÓLEO
VEGETAL
LAERCIANA PEREIRA VIEIRA
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do título
de Mestre em Produção Vegetal
Aprovada em 14 de dezembro de 2007
Comissão examinadora
Prof. Cláudio Luiz Melo de Souza (D.Sc., Produção Vegetal) ISTCA/FAETEC
Prof. Milton Erthal Jr. (D.Sc., Produção Vegetal) ISTCA/FAETEC
Prof. José Oscar Gomes de Lima (Ph.D., Entomologia) UENF
Prof. Richard Ian Samuels (Ph.D., Patologia de Insetos) UENF
(Orientador)
ii
Ao meu pai, Laer Vieira, e irmão, Laerciano Pereira Vieira, pelo
incentivo, amor e paciência em todos os momentos.
Dedico
iii
AGRADECIMETOS
A Deus, meu amigo incondicional.
Ao meu pai, Laer Vieira, e irmão Laerciano Pereira Vieira.
A minha amiga e irmã, Josimar de Souza Andrade (Josi), pela paciência e sabedoria.
Ao meu amigão “Indiano”, Jatinder Singh Multani, pela identificação dos crisopídeos,
companheirismo e carinho.
Ao querido professor Richard Ian Samuels, pela orientação, paciência e incentivo.
À equipe do Laboratório de Patologia de Insetos, Adriano (Driiiiiiii), Eliane, Denise,
Milton, bolsistas e estagiários (Aline, Simone, Paulo César (PC), Wesley e Felipe)
pelo suporte no laboratório e apoio nos trabalhos de campo, além dos momentos
divertidos.
À turma do “Crisolabi”, professor Gilberto, Gilson, Patrícia, Gustavo e Zinha, pelo
apoio e alegria compartilhada.
À UENF, pela oportunidade de realizar o curso de Mestrado.
À FAPERJ, pela concessão da bolsa.
Aos servidores da UENF, Vilarinho, Rita e Luciana, pelos serviços prestados.
iv
SUMÁRIO
RESUMO.........................................................................................................
vi
ABSTRACT.....................................................................................................
viii
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................
1
2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................
4
2.1 A cultura do c aju, Anacardium occidentale L. ................................ 4
2.2 Aleurodicus cocois (Curtis, 1846)....................................................
5
2.2.1. Biologia.......................................................................................... 5
2.2.2. Distribuição.................................................................................... 6
2.3. Controle químico de A. cocois.........................................................
6
2.3.1. Alternativas dos inseticidas químicos convencionais.................... 9
2.4. Controle Biológico de A. cocois.......................................................
10
2.4.1.
Predadores e parasitóides...............................................................
11
2.4.2.
Controle microbiano........................................................................ 12
2.5. Formulações de fungos entomopatogênicos................................. 17
3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................
19
3.1. Produção de conídios em arroz..................................................... 19
3.2. Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A.
cocois no campo..............................................................................
20
3.3. Efeito do Natur´oleo
®
no crescimento de Metarhizium
anisopliae........................................................................................
22
v
3.4. Interação entre M. anisopliae, A. cocois e o seu predador
Ceraeochrysa caligata ....................................................................
22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................
25
4.1. Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A.
cocois no campo..............................................................................
25
4.2. Efeito do Natur´oleo
®
no crescimento de Metarhizium
anisopliae........................................................................................
29
4.3. Interação entre M. anisopliae, A. cocois e o seu predador
Ceraeochrysa caligata ....................................................................
30
5. CONCLUSÕES............................................................................................
34
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................
35
7. APÊNDICES................................................................................................
46
vi
RESUMO
VIEIRA, L.P., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro;
dezembro de 2007. Controle da mosca-branca-do-cajueiro, Aleurodicus cocois
(Curtis, 1846) (Hemiptera: Aleyrodidae), com fungos entomopatogênicos,
detergente neutro e óleo vegetal; Orientador. Prof. Richard Ian Samuels.
A mosca-branca Aleurodicus cocois, atualmente, é a principal praga do
cajueiro na região Norte Fluminense do estado do Rio de Janeiro, provocando
perdas de 100% na produção entre os anos de 2006 e 2007. Por ser uma cultura
extrativista na região, buscaram-se alternativas de controle não tóxicas e viáveis
economicamente como os fungos entomopatógenos, detergente neutro e óleo
vegetal. Este trabalho teve como objetivos testar a eficiência do detergente neutro
sobre A. cocois ; verificar a patogenicidade e virulência de isolados dos fungos
entomopatogênicos Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e Paecilomyces sp.
sobre A.cocois; analisar a possível associação desses microorganismos com o óleo
vegetal no controle dos estádios imaturos da mosca-branca e verificar a
compatibilidade do islado CG 136 de M. anisopliae com o predador Ceraeochrysa
caligata. Foram realizados quatro testes em lavouras de cajueiros não comerciais.
No primeiro, foram avaliados os isolados do M.anisopliae (LPP45, LPP87 e ESALQ
818) sem e com óleo de soja (8%), óleo de soja 8% sem fungo, detergente neutro
(10%) e testemunha (Tween 0,05); no segundo teste, os isolados de B. bassiana
(CG 149) e Paecilomyces sp. (CG 399) e testemunha (Tween 0,05); no terceiro, foi
avaliado o isolado ESALQ 818 associado ao Natur´oleo
®
nas concentrações de 1 e
5% e testemunha (Tween 0,05); e no quarto, Natur´oleo
®
a 1 e 5% e testemunha
(água). As avaliações foram feitas aos três, sete, nove e 40 dias após as aplicações
quando foi registrado o número de mortos. Todos os tratamentos foram repetidos
três vezes . Para os fungos , foram usados concentrações de 1x10
9
conídios/ml. No
teste 1, verificou-se que os tratamentos ESALQ 818 + óleo 8%, LPP45, LPP45 +
óleo 8% e detergente neutro 10% obtiveram mortalidade superior à testemunha,
variando entre 27 e 51,5%. No teste 2, não houve diferença significativa entre os
tratamentos. No teste 3, verificou-se que os tratamentos com Natur´oleo
®
1 e 5%
sem fungo não diferiram entre si, proporcionando 54 e 56% da mortalidade após três
dias. No teste 4, Natur´oleo
®
5% + ESALQ818 e Natur´oleo
®
1% + ESALQ818
apresentaram mortalidade superior à testemunha, com 51% e 38% de mortalidade
aos três dias. Entretanto, os resultados do teste 3 foram semelhantes aos
encontrados no teste 4, sugerindo que o efeito foi devido à ação do Natur´oleo
®
e
não à presença do fungo
.
O Natur´oleo
®
na concentração de 1% mostrou-se mais
eficiente no controle de A.cocois. Para o teste de compatibilidade entre o isolado CG
136 e C. caligata, foram oferecidos como alimento ninfas de A. cocois infectadas
com fungo e sem fungo. No tratamento com fungo, foram registrados 92% de
mortalidade do predador no 3° instar. No segundo experimento, o predador foi
exposto ao fungo inoculado nas folhas de caju. Os predadores foram alimentados
com ovos de Anagasta kuehniella contato com o fungo. Das larvas que estiveram em
contato com os conídios, apenas 16% sobreviveram. Para a testemunha, foram
registrados 64% de mortalidade. Isso indica, a incompatibilidade do isolado de M.
anisopliae CG136 com larvas C. caligata .
viii
ABSTRACT
VIEIRA, L.P., State University of North Fluminense; December 2007. Control of
the cashew whitefly, Aleurodicus cocois, Curtis 1846 (Hemiptera: Aleyrodidae),
with entomopathoenic fungi, neutral detergent and vegetable oil. Supervisor:
Richard Ian Samuels.
The whitefly Aleurodicus cocois is currently the most important pest of cashew
is the region of North Fluminense in the State of Rio de Janeiro, causing 100% crop
losses during 2006 to 2007. This study was carried out to test the efficency of neutral
detergent against A. cocois; verify the pathogenicity and virulence of isolates of the
entomopathogenic fungi: Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e
Paecilomyces sp. against A. cocois, analyze the possible association of these
microorganisms with vegetable oil for the control of immature stages of the whitefly
and verify the compatibility of M. anisopliae isolate CG 136 with the predator
Ceraeochrysa caligata. Four bioassays were carried out in non-commercial cashew
plantations. In the first bioassay M.anisopliae isolates (LPP45, LPP87 e ESALQ 818)
were evaluated by spraying with and without 8% soya oil, only 8% soya oil, 10%
neutral detergent and controls ((Tween 0.05%). In the second bioassay applications
of isolates of B. bassiana (CG 149) and Paecilomyces sp. (CG 399) and controls
(tween 0,05%) were evaluated. In the third bioassay, ESALQ 818 was applied in
association with Natur´oleo
®
(1 and 5%), Natur´oleo
®
1 and 5% without fungus and
controls (tween 0.05% and water). The evaluations were made 3, 7,9 and 40 days
after applications, when the number of dead insects was counted. Each bioassay
was carried out three times. The fungal concentration was 1x10
9
conidia /ml. The
results for bioassay 1 showed that treatments with ESALQ 818 + 8% soya oil,
LPP45, LPP45 + 8% soya oil and 10% detergent caused between 27% and 51.5%
ix
mortality. In bioassy 2 there was no significant difference between treatments. In
bioassay 3 the results showed that applications of 1 and 5% Natur´oleo
®
without
fungus were not statistically different, causing 54 and 56% mortality respectively 3
days after application. In bioassay 4, 5% Natur´oleo
®
+ ESALQ818 e 1% Natur´oleo
®
+ ESALQ818 caused greater mortality than the controls, with 51% and 38% mortality
registered on the 3
rd
day after application. However, when compared to results of
bioassay 3, it would appear that mortality is solely caused by Natur´oleo
®
and not the
fungus or a combination of the two agents. Natur´oleo
®
applied at a concentration of
1% was efficient and cost effective for the control of A.cocois. In order to test the
compatibility of M. anisopliae isolate CG 136 and C. caligata, larvae of the predator
were maintained on leaves with whitefly nymphs previously infected with CG 136
(controls, whiteflys without fungal treatment). Predator mortality was 92% by the time
the insects had reached the 3
rd
instar. In the second compatibility experiment, the
predators were exposed to fungus impregnated cashew leaves. The predator larvae
were maintained on Anagasta kuehniella eggs, which had no contact with the fungus.
Only 16% of the C. caligata larvae survived following contact with the fungus. The
non-fungus treated larvae had a 64% survival rate. These results indicate that isolate
CG 136 is not compatable with the use of C. caligata in an integrated pest
management program.
1
1. INTRODUÇÃO
A mosca-branca é um inseto sugador, de importância econômica mundial,
pertencente à família Aleyrodidae, com cinco gêneros principais: Bemisia,
Aleurothrixus, Dialeurodes, Trialeurodes e Aleurodicus. É praga polífaga de alta
capacidade reprodutiva, presente em mais de 300 plantas hospedeiras e
manifesta alta resistência aos inseticidas tradicionais utilizados nas Américas
(Mizuno e Villas Bôas, 1997). As injúrias podem ser causadas por adultos e ninfas
por meio da sucção da seiva e, indiretamente, pela disseminação de vírus
fitopatogênicos e favorecimento do crescimento do fungo conhecido como
fumagina, que se desenvolve nas substâncias açucaradas (honeydew), excretada
pelo inseto (Byrne e Bellows, 1991).
No Brasil, dentre outras espécies, destaca-se Aleurodicus cocois (Curtis,
1846), conhecida popularmente como a mosca-branca-do-cajueiro ou “mosca-
branca-gigante”, pelo maior tamanho dentre outros gêneros dessa família (Byrne
e Bellows, 1991). Foi identificada como praga em potencial no ano de 1978 em
três municípios do estado do Piauí e, atualmente, encontra-se distribuída em
outras regiões, nos estados de Alagoas, Sergipe, Amazonas, Bahia, Ceará, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande
do Norte (Melo e Bleicher, 2002). Segundo Carneiro et al. (2006), nos anos de
2000 e 2001, ocorreram nos cajueiros infestações generalizadas provocando
queda na produtividade de 90% em relação a 1999 (350 kg/hectare). Além dessa
planta, outras culturas hospedam esse inseto (Apêndice: Quadro 1).
Apesar de a cultura do caju ser de padrão econômico influente nos
estados da região nordeste do país, no estado do Rio de Janeiro, essa atividade
2
tem se apresentado de forma extrativista. Esta cultura é adotada por famílias de
baixa renda, as quais, na maioria das vezes, não efetuam tratos culturais do tipo
nutricional e fitossanitário. Isso dificulta o controle da praga que atualmente tem
apresentado infestações alarmantes na região norte fluminense do estado.
No município de São João da Barra, as castanhas de caju geravam
normalmente 1.200 reais na renda familiar no período de safra, setembro a
março. Nos anos de 2004 e 2005 a produtividade sofreu redução de 70%, devido
ao ataque da A. cocois . A expectativa para o ano de 2007 é perda de 100% da
safra (Castro e Siqueira Filho, 2006).
Sem tradição na cultura do cajueiro, o estado do Rio de Janeiro ocupa as
colocações de quinto maior produtor de goiaba, oitavo de maracujá e coco-da-
baía no ranking nacional. Essa produção concentra-se atualmente no norte
fluminense, destacando-se o município de Campos dos Goytacazes como maior
produtor de maracujá da região, com área de 1.222 hectares e produção de
15.250 toneladas no ano de 2004 (IBGE, 2004). Essas culturas já foram
registradas como hospedeiras da praga em outras regiões. Isso faz da A. cocois
uma praga em potencial para a fruticultura do norte do estado.
Os fungos, parasitóides, vírus, bactérias e nematóides são responsáveis
pelo controle natural de inúmeras pragas. Dentre esses inimigos naturais, os
microorganismos representam atualmente um avanço ecológico na solução de
problemas ocasionados pelo emprego indiscriminado de inseticidas (Garcia,
2004). Segundo Faion (2004), as moscas-brancas não são suscetíveis a
patógenos, como bactérias e vírus, em razão de sua alimentação ser realizada
nos feixes vasculares das plantas. Levantamentos têm demonstrado que muitos
fungos entomopatogênicos estão entre os inimigos naturais mais importantes dos
aleirodídeos, devido à forma de infecção desse microorganismo ser realizada via
tegumento. Fungos como Paecilomyces fumosoroseus, Verticillium lecanii,
Aschersonia cf. goldiana, Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae infectam
diferentes instares de desenvolvimento de moscas-brancas como Bemisia tabaci
(Faria e Wraight, 2001) e Bemisia argentifolii (Saito e Sugiyama, 2005).
Entretanto, no caso de ninfas de mosca-branca, Garcia (2004) relata que a
cutícula produz lipídios de longas cadeias de ésteres, que formam uma barreira
física para os conídios, prejudicando assim os processos de adesão, germinação
e penetração dos fungos. Atualmente, a maioria dos testes com fungos foi
3
realizada na espécie Bemisia tabaci. O efeito desses microorganismos em A.
cocois ainda é desconhecido.
Os óleos emulsionáveis e vegetais corroboram a infectividade do fungo
(Alves et al. 1998) e promovem essa excelente adesão à cutícula hidrofóbica do
inseto (Prior e Jollands, 1988), quando associados com fungos. Lavor (2006)
indica detergentes e sabões como possíveis agentes de controle de diversos
insetos-pragas que possuem corpo pouco esclerotizado, como a mosca-branca.
Assim, os objetivos deste trabalho foram testar a eficiência de detergente
neutro sobre A. cocois; verificar a patogenicidade e virulência de isolados dos
fungos entomopatogênicos Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e
Paecilomyces sp. sobre A.cocois ; analisar a possível associação desses
microorganismos com o óleo vegetal no controle dos estádios imaturos da mosca-
branca e verificar a compatibilidade do M. anisopliae com o predador
Ceraeochrysa caligata.
4
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A cultura do caju, Anacardium occidentale L.
O cajueiro pertence à família Anacardiaceae, constituída por árvores e
arbustos tropicais e subtropicais, que apresentam ramos sempre providos de
canais resiníferos e folhas alternadas, coriáceas e sem estípulas. Dentre as 22
espécies de Anacardium já classificadas, A. occidentale L. destaca-se pelo seu
aproveitamento econômico. No nordeste do Brasil, vegeta no período das chuvas
(inverno) e frutifica no período de poucas chuvas (verão). As brotações podem
ocorrer durante todo o ano em regiões onde o regime pluvial é bem distribuído
(Melo & Bleicher, 1998). É uma planta brasileira nativa dos campos e das dunas
da costa norte do país, hoje espalhada por toda a América Tropical e Antilhas e,
até subespontânea, em várias zonas da África - Angola, Moçambique, Tanzânia -
e da Ásia, Índia, Ceilão (Lima,1988).
No Brasil, o cultivo do cajueiro concentra-se na região nordeste,
principalmente no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. O principal objetivo da
exploração do cajueiro tem sido a amêndoa da castanha de caju, com altas
cotações no mercado internacional de nozes comestíveis. Segundo Cabral
(2002), o Brasil apresenta-se como o segundo maior produtor e exportador,
perdendo somente para a Índia e, apesar desta colocação, possui uma maior
eficiência produtiva e qualitativa no processamento de amêndoas.
Além da castanha, essa planta oferece o pseudofruto em aproveitamentos
diversos, destacando-se os sucos concentrado e integral, o refrigerante
gaseificado, a cajuína, doces e bebidas alcoólicas, totalizando mais de 50 tipos de
5
aproveitamento industrial e com tecnologia disponível para o uso imediato
(Carneiro et al., 2006). Apesar dos benefícios econômicos, a exploração dessa
cultura em forma de monocultivo tem, como uma das principais conseqüências, a
elevação das complicações de ordem fitossanitária, como doenças e pragas
(Melo e Bleicher, 2002).
No Brasil, os estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte produziram,
no ano de 2006, aproximadamente, 239 mil toneladas de castanha de caju, 100%
da produção nacional (Agrianual, 2007).
No município de São João da Barra, estado do Rio de Janeiro, a produção
média é de 250 toneladas de castanhas de caju por ano, visto que é uma cultura
nativa explorada de forma extrativista (Castro e Siqueira Filho, 2006).
2.2. Aleurodicus cocois (Curtis, 1846)
2.2.1.Biologia
A mosca-branca, A. cocois (Hemiptera: Aleyrodidae), é um inseto que
apresenta o hábito de sugar seiva dos feixes vasculares das plantas. Possui um
aparelho bucal do tipo sugador labial, com canal de sucção e de saliva formados
pela justaposição dos estiletes maxilares (Byrne e Bellows, 1991).
Este inseto apresenta metamorfose incompleta e sua reprodução ocorre de
forma sexuada por oviparidade ou partenogênese arrenótoca (Gallo, et al., 2002).
A sua forma adulta assemelha-se a uma pequena mosca, de cor branca, daí seu
nome vulgar. São insetos alados, com quatro pares de asas membranosas
cobertas por uma secreção pulverulenta branca, medindo 2 mm de comprimento
e 4 mm de envergadura. Suas ninfas são achatadas, elípticas, ficam presas às
folhas e medem 1 mm de comprimento; possuem colorações amareladas,
semelhantes a cochonilhas e encontram-se envolvidas e rodeadas por uma
cerosidade branca, que pode recobrir toda a folha atacada (Melo e Bleicher,
1998). Localizam -se na parte inferior das folhas, onde são encontradas agrupadas
em colônias numerosas. Na face dorsal, desenvolvem-se colônias de fungos ,
exibindo um contraste de coloração negra, opaca, que confere à folha atacada um
aspecto característico.
6
Segundo Sales e Gondim (1984), a A. cocois apresenta período de
incubação do ovo de 8,83 ± 0,59 dias; período de adulto de 16,14 ± 1,96 dias;
período de pré-oviposição de 3,4 dias. A reprodução é sexuada e a proporção de
sexo foi de duas fêmeas para macho. A viabilidade da fase de ovo alcanç ou
níveis de 90,98 ± 5,96 . As durações dos instares varia de 5 a 8 dias como a
seguir: (6,17 ± 0,60 dias); (7,50 ± 2,83 dias); (5,50 ± 0,73 dias); e (8,50
± 2,83 dias).
2.2.2. Distribuição
A. cocois está presente em países da América do Norte, Estados Unidos
(Hawaii e Califórnia) e México; América Central, Trinidad e Tobago, Barbados,
Jamaica, República Dominicana, Costa Rica, Porto Rico, Panamá, Santa Lúcia e
El Salvador; e América do Sul, Honduras, Equador, Suriname, Venezuela, Peru,
Chile, Colômbia, Bolívia e Brasil. Segundo Vergara (2004), em alguns países é
descrita como uma nova espécie, sendo recentemente separada da espécie
Aleurodicus iridescens.
A. cocois , de ocorrência já constatada em cajueiro no Ceará, não era
considerada praga importante na cajucultura fluminense. Pequenos focos de
infestação eram observados, porém, sem atingir nível de dano econômico. Alguns
autores relacionavam-na como praga secundária do cajueiro (Parente e Santos,
1970).
Atualmente, ela ocorre com alta intensidade em outras áreas produtoras,
sendo considerada praga de importância ec onômica (Arruda, 1971; Dunham e
Andrade, 1971). A região compreendida desde a Bahia até o Rio Grande do Norte
era considerada a área de maior incidência desta praga, porém, atualmente,
encontra-se disseminada por todas as regiões produtoras e de atividade
extrativista do caju como o norte fluminense do estado do Rio de Janeiro.
2.3. Controle químico
Os agrotóxicos que têm sido mais utilizados para o controle da mosca-
branca são os organofosforados, carbamatos, piretróides e reguladores de
crescimento. Melo e Bleicher (2002) relatam que os produtos que controlam A.
7
cocois apresentam como princípio ativo os organofosforados: diazinon,
metidathion, fenthion, endosulfan, parathion metil, diometoato, monocrotophos.
Rashid et al. (2003), em um experimento utilizando dimetoato,
phosphamidon, malathion, diclovos e cypermethrin, para o controle de adultos e
ninfas de Aleurodicus dispersus , constatarm 100% de mortalidade com dimetoato
em 24 horas para adultos e ninfas.
Os organofosforados são considerados, dentre os outros grupos de
agroquímicos, os mais tóxicos aos vertebrados e quimicamente persistentes.
Estes funcionam inibindo algumas enzimas importantes do sistema nervoso,
particularmente a colinesterase (Ware e Whitacre, 2004).
Os neonicotinóides são um exemplo da nova geração de agroquímicos.
Eles atingem o sistema nervoso dos insetos causando bloqueios pós-sinápticos
irreversíveis aos receptores de acetilcolina (Palumbo et al., 2001).
As vantagens do uso desses produtos resumem-se ao fato de se
apresentarem menos tóxic os aos mamíferos, em relação a outros grupos de
inseticidas, e serem mais específicos (Wollweber e Tietjen, 1999). Os
neonicotinóides apresentam excelentes propriedades sistêmicas e atividade
residual prolongada, tornando-se particularmente efetivos contra insetos
sugadores (Kagabu, 1999).
O primeiro inseticida deste grupo, registrado para uso contra B. tabaci, foi o
imidacloprid, que é inicialmente tóxico aos adultos durante a alimentação, além de
repelir e impedir a alimentação e, conseqüentemente, o estabelecimento de
formas imaturas de moscas-brancas nas plantas devido à diminuição da
oviposição. Dentre os produtos comerciais com essa propriedade química, estão
Admire
®
, Confidor
®
, Gaucho
®
, Merit
®
, Marathon
®
e Provado
®
. Tais produtos têm
mostrado uma longa e eficaz atividade residual contra a espécie em várias
culturas, quando usados no tratamento de sementes de forma sistêmica e
aplicações foliares (Faion, 2004).
No entanto, em alguns sistemas agrícolas, o imidacloprid tem causado
fitotoxidade em ramos de plantas jovens, dependendo da taxa e tempo de
aplicação (Stansly et al., 1998). Em testes realizados por Marquini et al. (2003) na
cultura do feijão, nenhum efeito significativo foi observado sobre B. tabaci.
Atualmente, novos neonicotinóides são encontrados no mercado. Estão
incluídos, na segunda geração, o thiamethoxam (Platinum
®
, Actara
®
, Centric
®
,
8
Adage® e Cruiser
®
), acetamiprid (Mospilan
®
, Rescate
®
, Assail
®
), nitenpyram
(Bestguard
®
) e thiacloprid (Calypso
®
). Em geral, estes possuem o mesmo modo
de ação e parecem apresentar atividade translaminar maior quando aplicados na
folhagem (Palumbo, et al., 2001). Contudo, em testes realizados por Scarpellini et
al. (2002) na cultura do feijoeiro, nenhum dos tratamentos utilizados, com
imidacloprid, thiamethoxam e diafenthiuron, apresentaram eficiência satisfatória
no controle de adultos de B. tabaci biótipo B.
Além dos produtos citados acima, existe um grupo que não possui ação
neurotóxica, são os reguladores de crescimento de insetos (RCI). São citados na
literatura controlando a espécie B. tabaci em algumas culturas, como algodão,
melão e tomate.
Buprofezin foi o primeiro RCI seletivo introduzido para controle de B. tabaci
na cultura do algodão (Horowitz e Ishaaya, 1992). Esse componente atua
especificamente em estádios imaturos, causando mortalidade durante ecdise
(Yasui et al., 1987; Ishaaya et al., 1988). Apesar de não atuar na longevidade de
adultos e oviposição de B. tabaci, pode reduzir a fecundidade e a eclosão de
ninfas, quando as fêmeas são expostas a folhas tratadas sobre algumas
condições (Ishaaya et al., 1988; Beevi e Balasubramanian, 1991, 1995). Esse
produto não apresenta atividade sistêmica no solo e possui pouco movimento
translaminar em folhas de algodão (De Cock et al., 1990). Os produtos comerciais
que apresentam esse princípio ativo são NNI 750 e Applaud
®
. Em um
experimento realizado por Bleicher et al. (1999), buprofezin (Applaud
®
) causou
76% de mortalidade na população de B. argentifolii, e quando aplicado junto com
thiamethoxan apresentou 100% de mortalidade.
Pyriproxyfen é semelhante ao hormônio juvenil e é usado na cultura do
algodão desde 1991 (Horowitz et al., 1999). É um potente regulador de
crescimento com atividade persistente contra vários insetos, incluindo B. tabaci
(Schaefer et al., 1988; Ishaaya e Horowitz, 1992). Esse componente apresenta
atividade juvenóide por desequilibrar o hormônio juvenil (Dhadialla et al., 1998)
resultando na supressão de embriogênese, metamorfose e formação de adultos
(Ascher e Eliyahu, 1988; Ishaaya e Horowitz, 1992, 1995). Pyriproxyfen não
possui atividade tóxica direta sobre adultos de mosca-branca. Entretanto, possui
alta atividade translaminar na folha. Os produtos comerciais que apresentam esse
9
princípio ativo são S 9318, KnacK
®
, Tiger
®
, Admiral
®
, Distance
®
, Sumilarv
®
e
Epingle
®
.
2.3.1 Alternativas dos inseticidas sintéticos convencionais
Dentre os produtos de baixa toxidade a mamíferos, incluem-se os extratos
de plantas de diversas famílias botânicas, destacando-se as meliáceas. O nim,
Azadirachta indica, é a meliácea mais conhecida por ser tóxica a insetos e afetar,
além de várias pragas, todos os estádios da mosca-branca (Souza e Vendramim,
2005). Este produto apresenta muitos compostos úteis, inclusive Azadiractinas,
para o manejo ecológico de pragas. Essas substâncias causam diversos efeitos
sobre os insetos, agindo como inibidores de alimentação, reguladores de
crescimento e esterilizantes.
Silva,et al. (2003) utilizaram inseticida formulado à base de Azadiractina a
1% no controle de Bemisia argentifolii, na cultura do meloeiro, em condições de
campo, apresentando 67,8 e 70,1% de mortalidade dos adultos,e 87,7% das
ninfas. Sigueñas e Cámara (2002) registraram mortalidade de 74% sobre ninfas
de A. cocois na concentração de 0,5% de Neemix
®
. Em Bemisia tabaci, o extrato
aquoso de sementes de nim a 0,5% apresentou ação translaminar, sistêmica e de
contato, provocando 100% de mortalidade em ninfas desta espécie (Souza e
Vendramim, 2005). Tal resultado também foi encontrado por Pinheiro e Quintela
(2004), em que os produtos a base de óleo de nim em concentrações de até 1%
podem ser recomendados para o controle de ninfas, ao contrário dos extratos de
folhas de nim. Isso confirma que os extratos de folhas de nim e outras meliáceas
não apresentam o mesmo efeito inseticida sobre a mosca-branca que o óleo
extraído das sementes.
São encontrados ainda na literatura o uso do cinamomo, Melia azedarach,
no controle de ovos e ninfas de Bemisia tabaci (Souza e Vendramim, 2000),
extrato de Trichilia pallida, com efeito, ovicida, apresentando 52% de mortalidade
na concentração de 3% (Souza e Vendramim, 2000), e extratos de raiz de
açafrão, arruda e fumo, sendo este eficiente no controle de ninfas nas
concentrações acima de 2% (Pinheiro e Quintela, 2004).
Marques et al. (2004) avaliaram em laboratório a ação de várias
concentrações do óleo de nim sobre isolados de Beauveria bassiana, Metarhizium
anisopliae e Paecilomyces farinosus , visando à possibilidade do uso associado
destes no controle biológico de insetos. Eles concluíram que o óleo afetou o
crescimento e a esporulação de todos fungos testados, mas não afetou a
viabilidade dos conídios, sendo que M. anisopliae apresentou ser menos sensível
à ação do óleo de nim que os demais fungos. Além do óleo de nim, são
encontrados na literatura o uso de óleo de soja, algodão, milho, canola e girassol
no controle de Bemisia tabaci (Leal Junior et al., 2006).
Os óleos emulsionáveis são boa alternativa de utilização como adjuvante
na calda de pulveriz ação, pois se misturam à água, permitindo a aplicação do
inseticida microbiano com equipamentos convencionais já utilizados pelos
produtores rurais (Alves et al. 2000), além da possibilidade em aumentar a
infectividade do fungo (Alves et al. 1998). Os óleos também têm a vantagem de
promover excelente adesão à cutícula hidrofóbica do inseto (Prior e Jollands,
1988).
Lavor (2006) relata o uso de detergentes e sabões como possíveis
candidatos ao controle de diversos insetos-pragas que possuem corpo pouco
esclerotizado como as moscas -brancas. Embora o mecanismo de ação destes
produtos não tenha sido totalmente esclarecido, acredita-se que cause injúrias à
película de cera sobre a cutícula dos insetos e que interfira no metabolismo da
respiração, além de causar repelência. Na Índia, Ramani et al. (2002) relataram
que a adição de detergentes a inseticidas tem apresentando excelentes
resultados no controle da mosca-branca Aleurodicus dispersus.
2.4 Controle biológico
O uso intensivo de agroquímicos tem causado diversos problemas, entre
eles, pode-se citar a resistência de pragas a inseticidas, exigindo um aumento da
concentração e do número de aplicações (Garcia, 2004). Esses problemas se
intensificam quando a praga apresenta características morfológicas e ecológicas ,
como as da mosca-branca - substâncias cerosas compondo a cutícula, hábito de
colonizar a parte inferior das folhas e rápido desenvolvimento - (Osborne e Landa,
1992). Situações como essa estimulam pesquisas sobre o uso dos agroquímicos
e seus efeitos e reforçam a importância de se ter, como aliado, agentes de
controle biológico, como predadores, parasitóides e microorganismos.
2.4.1 Parasitóides e predadores
Muitos inimigos naturais são encontrados associados atacando moscas -
brancas do gênero Aleurodicus (Kairo et al., 2001). Dentre estes, os parasitóides
e predadores são relatados na literatura contribuindo para o equilíbrio das
espécies desse gênero em países como Índia e Trinidad e Tobago (Ramani, et
al., 2002; Kairo et al., 2001).
Segundo Vergara (2004), espécies dos gêneros Encarsia e Encarsiella
(Aphelinidae) são relatados como inimigos naturais em potencial de A. cocois .
Oito espécies foram registradas, sendo cinco da família citada anteriormente,
dentre estas, Encarsiella noyesi Hayat, Encarsia guadeloupae Viggiani e
Encarsia. sp. nr meritória Gahan sp., consideradas mais importantes, por
apresentarem níveis de controle sobre Aleurodicus satisfatórios, alcançando
índice de 95% em Trinidad e Tobago, e por serem incluíd as em programa de
controle biológico em Barbados . Os outros parasitóides são dois do gênero
Metaphycus (Encyrtidae) e um do gênero Signiphora spp. (Signiphoridae),
possivelmente um hiperparasitóide (Kairo et al., 2001).
Ramani et al. (2002) registraram que na Índia as espécies Encarsia. sp. nr
meritória e E. quadeloupae foram introduzidas acidentalmente nos anos de 1998
e 1999. Essa introdução “acidental” rendeu níveis de controle de 70 a 80% de
Aleurodicus pulvinatus na cultura da goiaba por E.. sp. nr meritória (Beevi et al.,
1999) e sucesso de 60 a 92% de parasitismo em diferentes culturas por E.
quadeloupae (Ramani, 2002).
Entre os predadores de Aleurodicus , estão algumas espécies de
coccinelídeos, a maioria registrada na Índia, dos gêneros Nephaspis (Kairo et al.,
2001), Scymnus, Anegleis, Axinoscymnus, Cheilomenes, Chilocorus,
Cryptolaemus, Curinus, Horniolus, Jauravia, Nephus, Pseudaspidimerus,
Pseudoscymnus, Rodolia, Serangium (Ramani, et al., 2002) e a espécie
Cryptognatha nodiceps, registrada em laboratório por Lopez et al. (2004),
alimentando-se de adultos de A. cocois. Também são relatados predadores das
famílias Chrysopidae (Apertochrysa sp. Chrysoperla carnea (Stephens), Mallada
astur (Banks), M. boninensis (Okamoto) e Nobilinus sp.), Hemerobiidae
(Hemerobius sp.), Nitidulidae (Cybocephalus sp.), Cecidomyiidae (Triommata
coccidivora) na Índia (Ramani, et al., 2002) e Syrfidae em Trinidad e Tobago
(Lopez et al., 1997).
2.4.2 Controle microbiano
O uso de microorganismo para o controle de pragas representa atualmente
um avanço ecológico para solucionar problemas ocasionados pelo emprego
indiscriminado de inseticidas. Os grupos mais importantes são os fungos,
bactérias, vírus, protozoários e nematóides. Conforme Faion (2004), as moscas -
brancas não são susceptíveis a vários destes patógenos, como bactérias e vírus,
devido à sua alimentação ser realizada diretamente nos feixes vasculares das
plantas.
Entretanto, segundo Hunter et al. (2001), um tipo de iridovírus foi isolado de
células de Bemisia tabaci biótipo B, coletadas do campo, e foi denominado de
“Insect Iridescent Vírus 6”. Outros tipos de iridoviroses em insetos têm sido
relatados como de grande importância econômica quando infectam pragas.
Apesar disso, o modo de transmissão e a persistência de iridoviroses em moscas -
brancas ainda não são conhecidos.
São encontrados na literatura relatos de alguns fungos entomopatogênicos ,
causando infecções naturais em alguns aleirodideos. Dentre estes, foram
registradas espécies de hyphomycetes, especialmente, Paecilomyces,
Verticillium, Aschersonia, Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Outros
fungos como Entomophthorales são relatados atacando B. tabaci e espécies dos
gêneros Acremonium, Cladosporium, Aspergillus e Fusarium, que vivem
associadas, apresentando hábito s aprófito (Faria e Wraight, 2001).
Dentre os fungos entomopatogênicos mais comuns dessa praga, estão os
do gênero Aschersonia, que possuem um reduzido número de hospedeiros,
limitando-se a mosca-branca e aos coccídeos (Faion, 2004). São encontrados
aproximadamente 50 representantes desse gênero, dentre estes, Aschersonia
aleyrodis, A. flava, A. flavocitrina, A. goldiana, A. placenta e A. viridaus, além do
grupo Aleyrodiicolae, no qual estão incluídos patógenos específicos de mocas -
brancas (Osborne e Landa, 1992).
A. aleyrodis ocorre naturalmente como patógeno específico de várias
espécies de moscas-brancas na região subtropical e hemisfério ocidental.
Epizootias naturais foram relatadas em populações de Aleuxocanthus woglumi
Ashby, Aleurothrixus floccosus (Maskel), B. tabaci, B. giffardi (Kotinsky),
Dialeurodes citri (Ashmead), D. citrifolii (Morgan), Tetraleurodes acaciae
(Quaintance), Trialeurodes abutiloneus (Haldeman) e T. vaporariorum (Osborne &
Landa, 1992). Os ovos dos aleirodídeos não são susceptíveis à infecção desse
fungo e sim os 1°, 2° e 3° instares, sendo o 4° instar pouco susceptível. Após a
infecção, o hospedeiro apresenta coloração amarela, ao contrário de um indivíduo
saudável, que apresenta uma coloração translúcida (Fransen, 1987).
Apesar de Aschersonia apresentar relevante importância como agente de
controle biológico, Fransen (1987) e Lourenção et al. (1999) relatam, em seus
trabalhos, a grande necessidade de alta umidade (100% RH) para germinação de
esporos e temperatura adequada. Faion (2004) relata que esse microorganismo
possui longa persistência sobre as folhas e é compatível com o parasitóide
Encarsia formosa.
A interação entre o fungo e o parasitóide foi estudada, introduzindo ambos,
inimigos naturais, para controle de mosca-branca. Observações concluíram que o
parasitóide é capaz de distinguir os hospedeiros infectados dos não infectados
com A. aleyrodis. O parasitóide foi capaz também de transmitir o fungo através do
ovipositor contaminado para outras ninfas em um processo designado de “prova”,
no qual o inimigo natural seleciona o hospedeiro para ovipositar (Fransen, 1987).
A. aleyrodis é um entomopatógeno representativo em lavouras de citrus em
regiões tropicais e subtropicais , porém, segundo Osborne e Landa (1992), a
natureza de sua epizootia ainda não é compreendida.
Lourenção et al. (1999) registraram a epizootia natural da espécie A.
goldiana, no estado de São Paulo, sobre B. tabaci. Segundo esse autor, foram
encontradas no país algumas espécies desse fungo infectando aleirodeos, tais
como, A. andropogonis P.Henn, A. blumenaviensis P. Henn e A. brunnea Petch.
Outro entomopatógeno que ataca espécies de moscas-brancas é o fungo
Paecilomyces fumosoroseus . É uma espécie cosmopolita registrada como
patógeno de diversos insetos, dentre estes, lepidópteros e coleópteros. Foi
registrada pela primeira vez como inimigo natural dos aleirodídeos na China,
sendo isolado da espécie Trialeurodes vaporariorum após causar epizootia
natural em casa de vegetação. Além desse gênero, este fungo foi relatado em
Aleurodicus no Brasil e Índia (Ramani et al., 2002), e em espécies de Bemisia em
vários países, sendo considerado mundialmente um dos mais importantes
inimigos naturais dessas espécies (Faria e Wraight, 2001).
O sucesso do fungo P. fumosoroseus deve-se ao fato de esse
microorganismo ser capaz de infectar todos os estádios de desenvolvimento da
mosca-branca (Faion, 2004). Segundo Saito e Sugiyama (2005), tal fungo causou
uma mortalidade de 98% nas ninfas de B. argentifolii. Esse fungo apres enta bom
desenvolvimento entre as temperaturas de 15 e 30°C (Osborne e Landa, 1992).
Porém, comprovaram-se o desenvolvimento mais rápido e o aumento nos índices
de valores de crescimento quando colocado a 30°C e mais lento a 12°C. A
umidade relativa apresenta-se como um dos fatores limitantes, promovendo a
inibição da germinação do microorganismo (Faion, 2004). No hospedeiro,
apresenta infecção rápida dentre 24 a 48 horas após o contato.
Verticillium lecanii é uma espéc ie cosmopolita, registrada
predominantemente como patógeno de homópteros, particularmente de afídeos,
moscas -brancas e coccídeos. Podem ser encontrados com menor freqüência em
ortópteros, tisanópteros, coleopteros, lepidópteros e himenópteros. Assim como
P. fumosoroseus, V. lecanii causa infecções em todos os estádios de
desenvolvimento da mosca-branca e causa, em um período curto, infecção no
hospedeiro (Landa e Osborne, 1992). Porém, Gindin et al. (2000), em um teste de
patogenicidade realizado com 35 variedades desse fungo, originário de diferentes
hospedeiros e localizações geográficas, comprovou que os ovos de B. argentifolii
são imunes à infecção. Os adultos apresentaram 52% e as ninfas recém
emergidas 95 a 98% de mortalidade. Em testes realizados com B. tabaci em
feijão, V. lecanii causou mortalidade em 73% dos adultos (Quintela at al., 1991).
No estado do Maranhão, Lourenção et al. (2001) relataram a ocorrência de
epizootias de V. lecanii em campo, sobre ninfas de diferentes estádios de B.
tabaci biótipo B, reduzindo drasticamente as populações deste inseto na cultura
da soja. Segundo este autor, a umidade relativa foi um fator primordial para esse
fenômeno. A umidade média da região é de 45% e, no período da epizootia,
registraram-se 90%.
Sobre a interação entre o fungo e outros inimigos naturais como
predadores e parasitóides, Leite et al. (2005) relataram que o isolado CG 904 de
V. lecanii não foi infectivo aos inimigos naturais Cycloneda sanguinea, descrito
como um dos principais predadores de Cinara atlantica em pinus, e Xenostigmus
bifasciatus, parasitóide exótico introduzido para o controle dessa mesma praga.
Beauveria bassiana é uma espécie de ocorrência generalizada em todos os
países, sendo mais freqüente sobre insetos e em amostras de solo, onde pode
resistir por longo tempo em saprogênese. Em condições de laboratório, pode
colonizar a maioria dos insetos, sendo que, em campo, ocorre de forma enzoótica
e epizoótica em coleópteros, lepidópteros, hemípteros e em ocorrências
enzoóticas sobre dípteros, himenópteros e ortópteros (Alves, 1998). Apesar dessa
diversidade de hospedeiros, esse entomopatógeno não é considerado um
regulador natural de populações de mosca-branca (Faion, 2004). Contudo,
algumas pesquisas referem-se a indivíduos de Bemisia spp. infectados com este
fungo, quando contaminados diretamente por uma suspensão concentrada de
conídios (Wraight et al., 1998).
Maranhão et al. (2005) testaram a patogenicidade de 29 isolados e um
produto comercial de B. bassiana sobre ninfas do 3° e 4° instares de B. tabaci.
Dentre estes, destacaram-se dois isolados com 77% de mortalidade, enquanto o
produto comercial não ultrapassou 32%. Segundo Azevedo et al. (2005), o
produto comercial a base de B. bassiana apresentou-se menos eficiente no
controle desta praga em relação ao produto químico utilizado. Estes resultados
podem estar relacionados com as condições inadequadas de armazenagem do
produto comercial, concentração de conídios ou forma de aplicação.
Segundo Faria e Wraight (2001), os estádios ninfais de B. tabaci são
altamente susceptíveis à infecção de B. bassiana. Esta característica também foi
observada na espécie B. argentifolii para 1°, 2°, 3° e 4° instares, apresentando
mortalidade de 93,6% em experimentos realizados em laboratório (Liu & Stansly,
1996). Ainda para essa espécie, Saito e Sugiyama (2005) constaram 60% de
mortalidade das ninfas de 3° instar usando B. bassiana.
São encontrados na literatura relatos da utilização desse fungo em outros
hemípteros. Reinert et al. (1999) obtiveram índices de 100% de mortalidade dos
percevejos Boisea trivittatus e Jadera haematoloma aos oito dias após a
aplicação de B. bassina. Oliveira et al. (2001) registraram a eficiência desse fungo
no controle do percevejo-de-renda da mandioca (Vatiga illudens), com índice de
100% de mortalidade.
De acordo com Alves (1998), as condições favoráveis para o
desenvolvimento desse microorganismo são a umidade relativa em torno de 90%
e a temperatura na faixa de 23 a 28°C, sendo os limites mínimo e máximo de
crescimento de 5 e 35°C, respectivamente.
Em relação à capacidade de integrá-lo em um programa de controle
biológico com outros inimigos naturais, Santos Jr. et al (2006) concluíram que dois
isolados de fungos, B. bassina e M. anisopliae, não reduzem a longevidade média
do parasitóide Oomyzus sokolowskii. Nos ovos e larvas do predador Chrysoperla
externa, Pessoa et al. (2005) constataram uma atividade entomopatógena de B.
bassina apenas sobre as larvas do 3° instar. Além disso, apresentou baixa
suscetibilidade ao entomopatógeno, sendo recomendado em aplicação conjunta
com esse microorganismo em programas de controle biológico.
O fungo M. anisopliae é caracterizado por atacar um grande número de
espécies de insetos. Amplamente distribuído na natureza, pode ser encontrado
facilmente nos solos, onde sobrevive por longos períodos (Alves, 1998). Segundo
Faria e Wraight (2001) isolados desse fungo são altamente virulentos a todos
instares de ninfas de B. tabaci.
A partir do terceiro dia após a inoculação, M. anisopliae ocasionou
aproximadamente 30% de mortalidade em B. tabaci, sendo o pico da mortalidade
observado no quinto dia. A suscetibilidade das ninfas aos isolados de M.
anisopliae foi evidente nos experimentos, sendo o seu uso promissor para o
controle de ninfas (Ramos, 2001). Azevedo, et al. (2005) relataram em um teste
realizado na cultura do meloeiro, mortalidade de apenas 30% de B. tabaci biótipo
B, quando aplicado M. anisopliae.
Em relação ao desempenho desse patógeno em outros hemípteros,
Loureiro et al. (2005), após testarem em 79 isolados de M. anisopliae sobre
Mahanarva fimbriolata, constataram uma variação de 66 a 100% de mortalidade.
Oliveira et al. (2001) registraram mortalidade de 74% do percevejo-de-renda,
Vatiga illudens, na cultura da mandioca, após a aplicação do M. anisopliae, no
Distrito Federal.
2.5 Formulações com fungos entomopatogênicos
Geralmente, os fungos entomopatogênicos requerem um ambiente próximo
à saturação por água, para a ocorrência da germinação e esporulação. O tipo de
formulação empregada deve atender às fases de produção do organismo, bem
como otimizar sua ação sobre a praga-alvo, em condições adversas de campo,
tais como, temperaturas elevadas, umidade relativa baixa e radiação ultravioleta,
além de permitir fácil aplicação por meio de métodos relativamente simples e
economicamente viáveis. O produto final deve também ter um maior tempo de
prateleira, permitindo sua estocagem sem perdas efetivas no seu potencial, ou
seja, manter suas propriedades ao longo do tempo compreendido desde a
produção até sua utilização no campo (Batista Filho et al., 2001).
Um fator que limita a padronização de um biopesticida refere-se ao seu
modo de infecção, que ocorre principalmente por contato, dificultando assim a
determinação da quantidade de esporos envolvidos no processo infeccioso, além
de ser difícil garantir que a suspensão fúngica permaneça aderida sobre o
tegumento do inseto tratado (Habib et al., 1998). O reflexo dessa característica
pode ser encontrada em insetos como a mosca-branca. Substâncias cerosas
compondo a cutícula dessa praga têm diminuído a efetividade de alguns
inseticidas e até mesmo a atividade de entomopatógenos. Segundo Byrne e
Bellows (1991), a cera que reveste externamente as espécies de mosca-branca
como B. tabaci e T. vaporariorum consiste primariamente de triacilgliceróis (65
75%) com vestígio de esteres, ácidos graxos livres, álcoois e hidrocarbonos. Essa
camada funciona como uma barreira protetora.
O uso de óleos como componentes das formulações fúngicas tem
demonstrado aumento na eficiência de fungos entomopatógenos em condições
adversas como baixa umidade relativa, facilitando a aderência dos esporos do
fungo ao tegumento do inseto, mostrando-se mais viável que as formulações
convencionais à base de água (Prior et al.,1988; Batta, 2003). Além dessas
vantagens, as formulações oleosas são compatíveis à aplicação em ultrabaixo
volume (UBV), tornando-a mais prática e econômica (Thomas et al., 1996;
Bateman, 1997). As formulações fúngicas à base de óleos vêm sendo testadas
com sucesso pelo programa LUBILOSA substituindo os pesticidas químicos no
controle de gafanhotos (Lomer et al., 1999). Formulações à base de óleo vegetal
possibilitam o uso do fungo em condições secas, pois o óleo propicia um
microambiente favorável aos conídeos, reduzindo a dependência da umidade do
ambiente para a rápida germinação e infecção, além de melhorar a fixação destes
nos insetos. Também, as formulações em óleo facilitam as pulverizações em
ultrabaixo volume (Thomas et al. 1996).
3. MATERIAL E MÉTODOS
Os trabalhos de laboratório foram realizados no setor de Patologia de
Insetos do Laboratório de Entomologia e Fitopatologia (LEF) da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), em Campos dos
Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, no período julho de 2006 a agosto de
2007. Os testes de campo foram conduzidos em áreas de cajucultura extrativista
no distrito de Campo Novo, município de São João da Barra, nos meses de março
a agosto de 2007, quando foram coletados os dados climáticos de temperatura,
umidade e radiação.
3.1 Produção de conídios em arroz
Para a produção em arroz de conídios dos fungos entomopatogênicos (B.
bassiana, M. anisopliae e Paecilomyces sp.), foram utilizados: Erlemeyers de 250
ml contendo 25 g de arroz parboilizado cru + 10 ml de água destilada, fechados
com algodão e autoclavados durante 15 minutos, a 1 atm (120
o
C). A inoculação
foi feita com a adição de 1,25 ml da suspensão de conídios dos isolados de B.
bassiana, M. anisopliae e Paecilomyces sp., na concentração de 5 x 10
6
conídios/
ml de Triton (0,05%) em cada erlemeyer, com o auxílio de uma pipeta estéril,
fazendo movimentos circulares de forma a obter uma distribuição uniforme do
inóculo entre os grãos de arroz. Os frascos foram mantidos em câmara BOD ( 27
o
C) e a produção de conídios foi determinada aos 5, 10 e 15 dias após a
inoculação, retirando-se cinco amostras (1g de arroz) de cada isolado, colocadas
em tubos de ensaio contendo 5 ml de água destilada estéril + Triton X (0,05%),
para posterior quantificação em câmara de Neubauer.
Para o teste de patogenicidade, suspensões de conídios em câmera de
fluxo, previamente esterilizada com álcool 70% e 15 minutos de luz UV, com
auxílio de uma alça de platina mergulhada em álcool 100% e, posteriormente,
flambada. Os conídios foram transportados para o tubo de plástico (eppendoff
®
),
contendo Tween 80 (0,05%).
A quantificação de conídios foi feita em câmera de Neubauer e, uma vez
estabelecida, foi realizada a diluição consecutiva até a obtenção da concentração
desejada, em um volume de 30 mL.
3.2 Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A. cocois
no campo
Em áreas de cajucultura extrativista foram selecionados cajueiros
infestados por A. cocois para a realização dos bioensaios de campo. Foram
testados cinco isolados de fungos, sendo três da espécie Metarhizium anisopliae,
um de Beauveria bassiana e outro de Paecilomyces sp. (Tabela 1), óleo de soja,
sabão neutro e o produto comercial Natur´oleo
®
. Por questão de
operacionalidade, o trabalho foi conduzido em quatro etapas.
Tabela 1- Isolados de Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana usados nos
Testes de patogenecidade e virulência em Aleurodicus cocois .
N° do acesso
Espécies
Hospedeiro original
Origem geográfica
LPP 87 M. anisopliae Diatraea saccharalis
(Lepidóptera: Cambidae)
Goiânia GO
ESALQ 818 M. anisopliae Isolado do solo Piracicaba SP
LPP 45 M. anisopliae Isolado do solo Monte Negro- RO
CG 136 M. anisopliae Hemiptera: Cercopidae
EMBRAPA/CERNAGEN - DF
CG 149 B. bassiana Deois flavopicta
(Cercopidae)
EMBRAPA/CERNAGEN - DF
CG 399 Paecilomyces sp. -
EMBRAPA/CERNAGEN - DF
Teste 1. Utilizaram-se três isolados de M. anisopliae (LPP 45, LPP87 e
ESALQ 818), pertencentes à coleção de isolados do Laboratório de Entomologia
e Fitopatologia da UENF, óleo de soja 8% (Sadia
®
) e detergente neutro . Cada
isolado foi testado com e sem óleo de soja na mesma concentração, totalizando
nove tratamentos: LPP 87, LPP87+ óleo 8%, LPP45, LPP45+ óleo 8%,
ESALQ818, ESALQ818+ óleo 8%, óleo 8%, detergente 10 % e, como
testemunha, Tween 0,05%. As formulações com fungo continham uma
concentração de 1x10
9
conídeos/ml em Tween (0,05%). Cada tratamento constou
de três repetições.
Teste 2. Utilizaram-se os isolados de Paecilomyces sp. (CG399) e
Beauveria bassiana (CG149), fornecidos pela EMBRAPA/CERNAGE N. Os
isolados foram testados na concentração de 1x10
9
conídeos/ml e Tween (0,05%).
Não foram feitos tratamentos com óleo de soja. Cada tratamento constou de três
repetições.
Teste 3. Utilizou-se o óleo vegetal comercial Natur´oleo
®
nas
concentrações de 1 e 5%. Cada tratamento constou de três repetições.
Teste 4. Foi testado o isolado ESALQ 818 de M. anisopliae em
combinação com Natur´oleo
®
a 1% e 5%. Cada tratamento constou de três
repetições. Foram utilizados nas formulações concentração de 1x10
9
conídeos/ml
e Tween (0,05%).
Os testes foram realizados em árvores de caju não comerciais, localizadas
em Campo Novo, distrito de São João da Barra.
As formulações foram aplicadas com o pulverizador ultrabaixo volume,
ULVA+
®
(Micron, Inglaterra). Após determinar o pomar de caju a ser trabalhado,
selecionou-se aleatoriamente, em cada árvore, um galho/repetição, infestado com
ninfas de A. cocois. Foram aplicados 200 ml de cada formulação após 16 horas,
devido à baixa radiação. Utilizou-se uma árvore por tratamento. As avaliações
foram realizadas aos três, sete, nove e 40 dias, exceto para o bioensaio 3,
quando não houve avaliação com 40 dias. Em cada avaliação, foram escolhidas
quatro folhas do galho pulverizado e levadas ao Laboratório (LEF/UENF) para
contagem das ninfas mortas.
Em cada folha, foram selecionados três pontos aleatoriamente com 1 cm de
diâmetro cada. Com auxílio de um alfinete e microscópio esterioscópio (aumento
de 40x), foram feitas as contagens das ninfas sadias e não sadias, considerando-
se a turgidez do inseto, movimento do aparelho bucal e, para as formulações à
base de fungo, considerou-se, também, a coloração e a presença de estruturas
fúngicas do patógeno.
Para confirmação da presença do fungo, foi retirado, com auxílio de um
perfurador, 1 cm de diâmetro de cada folha, totalizando 4 cm por tratamento, e
expostos por 20 segundos à luz UV, a uma distância de 90 cm, para eliminação
de possíveis contaminantes. Após a esterilização superficial, os cadáveres foram
acondicionados em placas de Petri forradas com papel-filtro úmido e mantidos em
câmara úmida para promover a conidiogênese. Foram feitas observações diárias
durante seis dias. A infecção ou não do inseto foi confirmada pela observação das
estruturas fúngicas do patógeno nas ninfas que também foram quantificadas e
comparadas com os resultados encontrados no campo. Os resultados foram
analisados pela ANOVA e as porcentagens de mortalidade foram comparadas
pelo Teste de Duncan (P=0,05).
3.3 Efeito do NATUR´OLEO no crescimento de M. anisopliae
Nesse teste, foram preparadas duas suspensões fúngicas nas
concentrações de 1x10
7
conídeos/ml e Tween (0,05%) do isolado ESALQ818 e
acrescidas de Natur´oleo
®
1 e 5% cada, para inoculação no meio de cultura SDA,
sendo três placas de Petri por tratamento. Com o auxílio de uma micropipeta, foi
aplicada, sobre o meio de cultura uma alíquota de 10 µl da suspensão no centro da
placa, sendo posteriormente acomodada em câmara BOD a 25±1°C e fosfatase de
12 horas durante seis dias. O diâmetro das colônias foi medido com o auxílio de
uma régua, os dados foram submetidos à análise de variância sob delineamento
estatístico inteiramente casualizado com três tratamentos e três repetições. O
crescimento médio das colônias foi avaliado pelo Teste de Duncan (P=0,05).
3.4 Interação entre M. anisopliae, A. cocois e o seu predador Ceraeochrysa
caligata
Para verificar a compatibilidade dos fungos entomopatogênnicos e
predadores, como crisopídeos, foram montados dois testes .
Foram realizadas coletas de crisopídeos nos pomares de caju, no período de
maio a agosto de 2007, para verificar a espécie de maior freqüência para os
testes 1 e 2. Todas as larvas encontradas nas folhas dos testes anteriores a estes
foram coletadas, registradas e acondicionadas em tubos de ensaio de 40 ml,
vedados com algodão, para evitar o canibalismo enquanto larvas, e alimentadas
com ovos de Anagasta kuehniella, para , posteriormente, serem identificadas.
Teste 1 - Os adultos de Ceraeochrysa caligata foram coletados no cajueiro e
transferidos para o laboratório, onde foram mantidos em gaiolas plásticas de 340
ml, com tampa telada na parte superior e tubo de vidro com água destilada,
tampado com algodão, inserido em orifício na lateral da gaiola, para obtenção dos
ovos que deram início ao experimento. Os adultos foram alimentados com dieta à
base de levedo de cerveja, frutose e mel (proporção de 1:1:1) e mantidos em
câmaras de germinação do tipo B.O.D. à temperatura de 24 ± 1ºC e fotoperíodo
de 16hL:8hE.
As larvas foram criadas individualmente em tubos de ensaio de 40 ml,
vedados com algodão, para evitar o canibalismo. Estas foram alimentadas com
ninfas de mosca-branca, Aleurodicus cocois, durante todo o seu desenvolvimento.
Após a mudança de estádio de pré-pupa para pupa, foi colocado uma tira de
papelão dentro de cada tubo para auxiliar na fixação do adulto farado, para que
este possa efetuar a muda final para o estádio adulto propriamente dito.
O estudo foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com dois
tratamentos: ninfas de mosca-branca, A. cocois com e sem fungo
entomopatogênico a 24 ± 1ºC e 16 horas-luz/dia de fotofase, em câmaras de
germinação do tipo B.O.D.
Para obtenção de ninfas de mosca-branca doentes, foi selecionada uma
árvore onde foi aplicada diariamente, em 10 folhas, a concentração do fungo de
1x10
9
conídeos/ml. O entomopatógeno utilizado no presente trabalho foi o isolado
CG136, Metarhizium anisopliae. As ninfas sadias foram coletadas em outras
árvores.
Os testes tiveram inicio com 25 ovos de crisopídeos por tratamento. Foram
feitas observações diárias em cada tubo de ensaio, a fim de determinar a
influência do isolado CG136 na duração dos estádios de desenvolvimento e na
mortalidade.
Os insetos mortos foram expostos por 20 segundos à luz UV, a uma distância
de 90 cm, para eliminação de possíveis contaminantes. Após a esterilização
superficial os cadáveres foram acondicionados em placas contendo em seu
interior papel filtro úmidos e encaminhados para câmara úmida para promover a
conidiogênese.
Teste 2 - Nesse experimento, as larvas foram alimentadas com ovos de
Anagasta kuehniella durante todo o seu desenvolvimento. Após a mudança de
estádio de pré-pupa para pupa, foi colocada uma tira de papelão dentro de cada
tubo para auxiliar na fixação do adulto farado, para que este possa efetuar a
muda final para o estádio adulto propriamente dito.
O estudo foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com dois
tratamentos. As larvas foram acomodadas em tubos contendo em seu interior um
pedaço de folha sadia de caju, tratada com isolado CG136, na concentração
1x10
9
conídeos/ml e Tween (0,05%). O procedimento repetiu-se no segundo
tratamento, com exceção de a folha não ter recebido suspensão fúngica. Esses
tubos foram mantidos a 24 ± 1ºC e 16 horas-luz/dia de fotofase, 100% de
umidade em câmaras de germinação do tipo B.O.D. Para evitar o contado com o
fungo, os ovos de A. kuehniella foram acondicionados em pequenos pedaços de
papel alumínio e trocados diariamente, assim como as folhas de caju.
Os testes tiveram inicio com 25 ovos de crisopídeos por tratamento. Foram
feitas observações diárias, para verificar a patogenicidade do fungo e a sua
influência na duração dos estádios de desenvolvimento e na mortalidade.
Os insetos mortos foram expostos por 20 segundos à luz UV, a uma distância
de 90 cm, para eliminação de possíveis contaminantes. Após a esterilização
superficial, os cadáveres foram acondicionados em placas de petri, forradas com
papel-filtro e mantidas em câmara úmida para promover a conidiogênese.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A. cocois
no campo
No teste 1, os tratamentos ESALQ 818 + óleo 8%, LPP45, LPP45 + óleo
8% e detergente neutro 10% resultaram em mortalidade superior à da
testemunha, variando entre 27 e 51,5% (Tabela 2). Os períodos de avaliação não
diferiram entre si.
Tabela 2- Mortalidade (%) de Aleurodicus cocois após aplicação de fungos
entomopatogênicos em combinação óleo de soja, Campos dos
Goytacazes, 2008.
Mortalidade (%)
Tratamentos
3 DAP 7 DAP 9 DAP 40 DAP
Testemunha (Tween) 24,0 A
1
a
2*
25,7 A 25,3 A 20,9 A
O. S. 8% 33,1 A ab 25,2 A 26,4 A x
Detergente 10% 44,0 A b 43,0 A 40,0 A x
LPP 87 24,4 A ab 25,7 A 36,4 A 37,2 A
LPP 87 + O.S. 8% 29,7 A ab 23,2 A 31,9 A 37,3 A
ESALQ 818 37,1 A ab 44,5 A 30,8 A 23,6 A
ESALQ 818 + O.S. 8% 35,8 A b 31,9 A 32,6 A 51,5 A
LPP 45 38,9 A b 27,7 A 42,6 A 38,2 A
LPP 45+ O.S.8% 43,0 A b 29,4 A 35,1 A 36,4 A
O. S.: Óleo de soja; x= não avaliado; DAP: Dias após a aplicação;
Valores seguidos de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Duncan (P=0,05)
1
letras maiúsculas = dias de avaliação;
2
Letras minúsculas = tratamentos.
*O teste estatístico de comparação de tratamentos foi igual a todos os dias após aplicação, sendo
somente mostrado na primeira coluna. Os resultados foram iguais para todos os dias de aplicação.
No teste 4, Natur´oleo
®
5% + ESALQ 818 e Natur´oleo
®
1% + ESALQ818
apresentaram mortalidade superior à da testemunha com 50,6% e 37,5% aos três
dias, respectivamente. Entretanto os resultados do teste 3 mostraram
porcentagens de mortalidade semelhantes aos encontrados no teste 4, sugerindo
que o efeito foi devido à ação do Natur´oleo
®
e não à do fungo (Tabela 3)
.
Tabela 3 - Mortalidade (%) de Aleurodicus cocois submetidos a dois tratamentos
dos testes 3 e 4.
% Mortalidade
Tratamentos
3 DAP 7 DAP 9 DAP 40 DAP
Teste 3
Testemunha (água) 31,0 A
1
a
2*
15,6 AB 15,2 B x
Nat 1% 54,0 A b 34,7AB 35,5 B x
Nat 5% 56,1 A b 50,9 AB 28,7 B x
Teste 4
Testemunha (Tween) 29,6 A a 29,7A 18,8 A 36,4 A
Nat 1% + ESALQ 818 37,5 A ab 47,9 A 40,6 A 23,7 A
Nat 5% + ESALQ 818 50,6 A b 42,1 A 41,1 A 32,5 A
Nat: Natur´oleo
®
; x= não avaliado; DAP: Dias após a aplicação;
Valores seguidos de letras diferentes, diferem estatisticamente pelo teste de Duncan no nível de
5% de probabilidade.
1
letras maiúsculas = dias de avaliação;
2
Letras minúsculas = tratamentos.
*O teste estatístico de comparação de tratamentos foi igual a todos os dias após aplicação, sendo
somente mostrado na primeira coluna.
A eficiência dos tratamentos ESALQ 818, LPP87, LPP45, CG 149 e CG
399 mostraram-se coerentes ao relato de Garcia (2004). No caso de ninfas de
mosca-branca, a cutícula produz lipídios de longas cadeias de ésteres, que
formam uma barreira física para os conídios. Tal fato prejudica os processos de
adesão, germinação e penetração dos fungos, o que justifica a eficiência dos
isolados na mortalidade das ninfas de A. cocois , já que, em relação a outras
espécies, esta produz uma camada de cera significativamente espessa.
O isolado CG 149 de B. bassiana apresentou média de 19% de
mortalidade, considerando-se todos os dias avaliados. A maior mortalidade
registrada foi de 28%, nove dias após a aplicação. Vicentini et al. (2001)
registraram, para o mesmo isolado em ninfas de B. tabaci Biotipo B, o índice de
90% de mortalidade, 14 dias após a aplicação em laboratório. Apesar de não
serem da mesma espécie, elas apresentam características semelhantes, porém
em situações ambientais distintas.
O Paecilomyces sp., isolado CG 399, comportou-se de forma contrária ao
relatado por Faion (2004). Segundo a qual, essa espécie de fungo é capaz de
infectar todos os estádios de desenvolvimento da mosca-branca Bemisia tabaci a
temperaturas variando entre 15 a 30
0
C. Esse foi o único isolado que não
apresentou estruturas fúngicas durante as avaliações, além da baixa mortalidade.
O caráter hidrofóbico dos conídios dos fungos reforça a necessidade da
associação com produtos que venham proporcionar melhor adesão à praga a ser
controlada. Os óleos, por exemplo, melhoram a adesão e a dispersão dos
esporos sobre a cutícula hidrofóbica dos insetos. Os esporos podem ser
carregados pelos óleos a micro habitats encontrados no corpo do inseto
hospedeiro ou da planta hospedeira, sendo assim protegidos do vento, radiação e
de outros estresses ambientais (Faria et al., 2001). Apesar de oferecer benefícios,
o óleo de soja e o Natur´oleo
®
não aumentaram a virulência dos isolados nos
bioensaios 1 e 3, embora os tratamentos ESALQ 818 + óleo 8%, LPP45 + óleo
8%, ESALQ 818 + N 1% e ESALQ 818 + N 5% tenham apresentado diferença
significativa da testemunha. Resultado diferente foi encontrado para as ninfas que
receberam óleo emulsionável Natur´oleo
®
nas concentrações de 1 e 5% sem
fungo. Neste caso, o produto mostrou eficiência de 56% três dias após aplicação.
Não foi significativa mortalidade apresentada pelo óleo de soja 8% sem
fungo. Resultado semelhante ao de Leal Junior et al. (2006), cujos estudos não
apresentaram diferença estatística em relação à testemunha, após aplicarem
óleos de soja, milho, girassol e canola na concentração de 1%, para o controle da
mosca-branca B.tabaci em plantas de feijão.
Em relação às observações feitas na câmara úmida, após as coletas, foi
constatado que os tratamentos não diferiram entre si estatisticamente em relação
à persistência no campo. Nas avaliações realizadas três, sete e nove dias após as
aplicações, todas as amostras, com exceção do isolado CG 399, apresentaram
ninfas de A. cocois com estruturas fúngicas. No entanto, tais resultados foram
estatisticamente diferentes da avaliação realizada 40 dias após as aplicações,
quandoo foi encontrado vestígio do fungo, o que sugere a não persistência do
microorganismo no campo (Figura.1).
A baixa eficiência dos isolados do bioensaio 2, CG399 e CG149, podem
estar relacionado ao alto índice, no campo, de radiação no período da aplicação
(Apêndice: Quadro 2). Para os demais testes, foram registradas médias
relativamente favoráveis aos microorganismos.
Os detergentes e os sabões apresentam, geralmente, eficiência de 40 a
50% de mortalidade, com ação de contato sem efeitos residuais (Lavor, 2006).
No teste 1, o tratamento à base de detergente neutro 10% apresentou 43% de
mortalidade após sete dias. Isso contradiz os resultados encontrados por Koehler
et al. (1983) para mosca-branca Trialeurodes vaporariorum. Imenes et al. (2002)
encontraram para a concentração de 5% de detergente, 87 % de mortalidade da
cochonilha Protopulvinaria pyriformis (Hemíptera, Coccidae) após 12 dias.
Curkovic e Araya (2004) encontraram, para concentração de 1% de detergente,
82% de mortalidade do ácaro Panonychus ulmi ( Tetranychidae). Lavor (2006)
registrou 96% de mortalidade do pulgão Aphis craccivora (Hemíptera, Aphididae),
quando aplicou o detergente na concentração de 4%.
A concentração de detergente utilizada no teste 1 não contribuiu
suficientemente para o controle da mosca-branca A. cocois . Segundo a literatura,
esse produto causa a morte pela excessiva perda de água do inseto, o que não
ocorreu com a praga em questão.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
3 7 9 40
Dias após aplicação
% indivíduos com conidiogênese
LPP 87
LPP87 + ÓLEO
ESALQ 818
ESALQ 818 + ÓLEO
LPP45
LPP 45 + ÓLEO
N 1% + 818
N 5% + 818
CG 149
CG 399
Figura 1 - Persistência dos isolados de M. anisopliae, B. bassiana e
Paecilomyces sp. após aplicação no pomar de caju.
Lavor (2006) relata que altas concentrações de sabão e detergente podem
ser tóxicos também à planta. Serão necessários novos testes, talvez com
concentrações menores, porém com número maior de aplicações, ou associação
com doses menores de inseticidas. Medeiros et al. (2001) usaram 0,5% de
detergente neutro associado com dimethoato no controle da mosca-branca B.
tabaci Biótipo B. Esta formulação apresentou 64% de eficiência.
Um dos fatores que talvez não tenha contribuído para o sucesso dos
bioensaios com fungos é a forma de pulverização. O aparelho ULVA+
®
apresenta
a vantagem de aplicação ultrabaixo volume e é econômico ao disseminar o
produto, criando uma nuvem de gotículas. Nos experimentos, foram utilizados
somente 200 ml de solução a cada pulverização.
Apesar das vantagens, este aparelho não imprime impacto sobre as folhas
infestadas com a densa massa pulverulenta da A. cocois. Talvez sejam
necessários testes com o pulverizador costal. Apesar de não ser econômico e de
difícil manuseio, poderia apresentar um melhor resultado.
4.2 Efeito do NATUR´OLEO no crescimento de M. anisopliae
O teste mostrou que as concentrações de Natur´oleo
®
1 e 5% não diferiram
estatisticamente entre si em relação ao crescimento. Foi observado que, além de
não prejudicar o desenvolvimento da colônia, o produto contribuiu para o
crescimento durante os seis dias de avaliação (Figura-2)
Os resultados, obtidos no laboratório condizem com os resultados
encontrados por Zappelini et al. (2006) e Silva et al. (2006), nos quais, ao
avaliarem efeitos tóxicos de alguns emulsificantes, dentre eles, Natur´oleo
®
nas
concentrações de 1,5 , 5 e 10% sobre conídios dos fungos B. bassiana, M.
anisopliae e Paecilomyces sp., concluíram não haver efeito inibitório sobre a
germinação dos conídios. Nos bioensaios 3 e 4, pode-se observar o efeito
contrário. Em condições de campo, o Natur´oleo
®
não favoreceu o
desenvolvimento dos isolados. Este resultado pode estar relacionado às
condições ambientais ou a forma de aplicação.
4.3 Interação entre M. anisopliae, A. cocois e o seu predador Ceraeochrysa
caligata
Foram coletados 162 crisopídeos, dentre larvas e adultos, distribuídos em
três espécies, Ceraeochrysa caligata, Ceraeochrysa cincta e Ceraeochrysa
claveri, sendo a maioria dos indivíduos da primeira espécie (Figura 3).
1,9 %
12,3 %
85,8 %
C. caligata C. cincta C. claveri
Figura 3 Espécies de crisopídeos coletados nos pomares de caju no período
de maio a agosto de 2007, em Campos dos Goytacazes, RJ.
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1 2 3 4 5 6
Dias
Crescimento (mm)
Testemunha
Nat 1%
Nat 5%
Figura 2 Crescimento do isolado ESALQ 818, M. anisopliae, em diferentes
concentrações de Natur´oleo
®
em meio SDA.
No teste 1, o período de desenvolvimento das larvas nos dois tratamentos
foi semelhante até o terceiro instar. Nenhum dos indivíduos do tratamento com
fungo alcançou o estádio de pré-pupa. Na câmara úmida, foi observada a
presença de estruturas fúngicas nos indivíduos desse tratamento. A testemunha
resultou em dois adultos.
Neste teste, a sobrevivência foi baixa para a testemunha, significando
talvez que a A. cocois, como presa, tenha interferido no desenvolvimento dos
indivíduos (Figura 4). Apenas 14,3% dos indivíduos empuparam. De Bortoli e
Murata (2006) relataram que larvas de Ceraeochrysa paraguaia não se
desenvolveram como o relatado por De Bortoli et al. (2005), com a mesma presa
e o C. cincta. Esse resultado pode ser devido à grande quantidade de cera
apresentada pela presa, o que dificultaria a alimentação do predador.
Característica essa também encontrada na A.cocois.
No teste 2, foi observada semelhança entre o desenvolvimento dos
indivíduos nos dois tratamentos até o segundo instar. No estádio pré-pupa, os
indivíduos do tratamento com fungo apresentaram média de 5,2 dias de
desenvolvimento, enquanto a testemunha, 4,1 dias (Figura 5). Essa diferença
pode estar relacionada a uma interferência fisiologia do microorganismo na larva,
retardando seu desenvolvimento. Em relação à sobrevivência, apenas quatro
0
5
10
15
20
25
30
Ovo 1 instar 2 instar 3 instar Prépupa pupa
N° de indivíduos
Sem fungo
Com fungo
Figura 4 Teste 1: Número de sobreviventes após se alimentarem de ninfas
de A. cocois infectadas com o isolado CG136, M. anisopliae.
indivíduos chegaram ao estádio adulto no tratamento com fungo, sendo dois
machos e duas fêmeas (Figura 6). Na testemunha, 16 chegaram ao estádio
adulto, ou seja, 64%, sendo oito fêmeas e oito machos. Provavelmente, a
sobrevivência da testemunha neste teste foi maior que no teste 1, em virtude de o
alimento oferecido ser ovos de A. kuehniella.
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Ovo 1 instar 2 instar 3 instar Prépupa pupa
Médias dos dias de desenvolvimento
Testemunha T. fungo
0
5
10
15
20
25
30
Ovo 1 instar 2 instar 3 instar Prépupa pupa Adulto
N° de indivíduos
Sem fungo
Com fungo
Figura 6 Teste 2: Número de sobreviventes após contado
com o isolado CG136, M. anisopliae.
Figura 5 Teste 2: Media de dias dos estádios de desenvolvimento dos
indivíduos que estiveram em contato com o isolado CG136, M.
anisopliae.
Cardoso et al.,(2004) não observaram mortalidade em larvas do instar
da espécie C. cincta, quando tratadas com 2,1x10
7
conídios/ml de M. anisopliae.
Resultado diferente foi observado nos testes 1 e 2, nos quais 40 e 16% das
larvas que estiveram em contato com o fungo morreram no instar. Este
resultado pode estar relacionado com a alta concentração utilizada de 1x10
9
conídios/ml.
Ventura et al. (1996) observaram o efeito do fungo M. anisopliae sobre o 3º
instar de Chrysoperla kolthoffi (Navás, 1927), em laboratório, em concentrações
que variaram de 1,5x10
4
a 1,5x10
12
conídios/ml. As larvas apresentaram alta
suscetibilidade ao fungo testado, com 100% de mortalidade na maior
concentração.
Pessoa et al. (2005) registraram, em laboratório, mortalidade de 20% em
larvas de Chrysoperla externa, apenas para o 3º instar, quando tratadas com
1x10
8
conídios/ml de B. bassiana.
No teste 1, em que as larvas foram alimentadas com moscas-brancas
contaminadas com fungo, a mortalidade alcançou 92% no instar, enquanto a
testemunha, 16%, o que pode indicar a ação da toxina do microorganismo no
alimento. Já no teste 2, no terceiro instar, foram registrados 28 e 60% de
mortalidade para a testemunha e com o tratamento com fungo, respectivamente,
mostrando a ação direta do patógeno. Os resultados foram coerentes aos relatos
dos outros trabalhos citados anteriormente com espécies de crisopídeos. Nestes
testes, o 3º instar apresentou maior suscetibilidade ao fungo que a dos estádios
anteriores.
O isolado CG136 mostrou-se patogênico e suas toxinas nocivas às larvas
do predador, ou seja, mesmo não se alimentando de uma presa contaminada,
este isolado está suscetível ao ataque do fungo. Isso indica, inicialmente, que o
isolado do M. aniaopliae CG136 não deve ser aplicado em programas de controle
biológico com C. caligata, na concentração de 1x10
9
conídios/ml. Novos testes
deverão ser realizados, com diferentes concentrações de conídios para confirmar
essa não compatibilidade entre os inimigos naturais.
5. CONCLUSOES
Os tratamentos com os isolados das espécies M. anisopliae, B. bassiana e
Paecilomyces sp., na concentração de 1x10
9
conídios/ml,
não alcançaram índices
de controle desejáveis sobre A. cocois. De modo geral, os isolados contribuíram
com 30% para o controle da mosca-branca. Talvez essa eficiência, em estudos
futuros, possa aumentar quando associados às pequenas doses de inseticidas
seletivos, favorecendo o manejo integrado de pragas ou com número maior de
aplicações com maiores concentrações de conídios/ml.
O óleo de soja a 8% não foi um fator determinante para o desempenho dos
isolados de M. anisoplae no campo. Estes apresentaram um desempenho geral
de 35% de controle sobre a mosca-branca. O mesmo foi observado para o isolado
ESALQ 818 associado ao óleo vegetal Natur´oleo
®
1 e 5%. O resultado
encontrado no laboratório mostrou que o Natur´oleo
®
não inibiu o crescimento do
isolado.
Resultado diferente foi encontrado para as concentrações de 1 e 5% de
Natur´oleo sem fungo. Somente a concentração desse produto a 1% mostrou
54% de mortalidade, evidenciando ser economicamente viável. Talvez, em testes
futuros, esse produto possa ser associado a pequenas doses de inseticidas,
fazendo com que a eficiência aumente.
O detergente neutro a 10% apresentou, no total, 42% de mortalidade sobre
a mosca-branca, o que demonstra seu potencial na associação com outros
produtos como inseticidas.
Os testes realizados com o isolado CG136 de M. anisopliae em larvas de
C. caligata indicaram a não compatibilidade entre estes dois agentes de controle
biológico.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Alves, S.B. (1998) Controle microbiano de insetos, 2° ed. Piracicaba: ESALQ, pp.
1163.
Alves, R.T., Bateman, R.P., Prior, C., Leather S.R. (2000). Evaluation of
application techniques of emulsifiable adjuvant fungal formulation.
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Arquivo do Instituto Biológico.
APÊNDICES
Quadro 1 - Plantas hospedeiras deAaleurodicus cocois
Espécie Família Nome comum País
Anacardium occidental L. Anacardiaceae Caju Brasil
Annona muricata L. Annonaceae Graviola Guiana
Annona reticulata L. Annonaceae Pinha, fruta-do-conde -
Annona squamosa L. Annonaceae Pinha, fruta-do-conde -
Brya ebenus (L.) DC. Fabaceae - -
Cercis canadensis L. Fabaceae Espécie lenhosa -
Chrysobalanus icaco L. Chrysobalanaceae Abajeru -
Citrus sp. Rutaceae - -
Coccoloba uvifera (L.) Polygonaceae - -
Cocos nucifera L. Palmaceae Coco-da-baía Barbados, Brasil, Caribe, Cuba, Guiana,
Nicarágua, Porto Rico,Trinidad, EUA, Ilhas
Virgens
Ficus sp. Moraceae Figueira -
Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. Juss.)
Muell. Arg.
Euphorbiaceae Seringueira -
Licania tomentosa Chrysobalanaceae Oiti -
Lycopersicon esculentum Mill. Solanaceae Tomate Peru
Mangifera sp. Anacardiaceae Manga América do Sul
Musa sp. Musaceae Banana -
Oncidium cavendishianum Orchidaceae Orquídea Interceptado no México
Passiflora sp. Passifloraceae Maracujá -
Persea americana P. Mill. Lauraceae Abacate Peru e Honduras
Piper sanctum Piperaceae - Interceptado no México
Piper sp. Piperaceae João-brandinho -
Platanus sp. Platanaceae Plátano -
Prunus armeniaca L. Rosaceae Damasco -
Psidium guajava L. Myrtaceae Goiaba Honduras e Trinidad
Ptychosperma macarthurii (H. Wendl.)
Nichols.
Palmaceae Marcaturi Grenada
Punica granatum L. Lythraceae Romã -
Richardia pacifica Rubiaceae - -
Theobroma cacao L. Sterculiaceae Cacau -
Veitchia merrillii (Becc.) H. E. Moore Palmaceae Palmeira Porto Rico e Trinidad
Washingtonia robusta H. Wendl. Palmaceae Palmeira -
Evans (2007)
Quadro 2 - Médias dos dados climáticos de cada teste durante o período de
avaliação.
Teste 1
Dia
aplicação
3 dias
7 dias
9 dias
40 dias
T°C 23,2 20,0 20,7 19,7 20,8
UR 65,9 78,5 77,9 82,0 80,8
Rad 79,0 68,8 73,7 80,1 71,1
V. vento 2,5 2,6 2,4 1,8 2,1
Teste 2
T°C 26,8 22,2 20,4 21,0 22,6
UR 48,5 78,6 85,2 80,8 73,28
Rad 248 94,8 94 70,8 126,9
V. vento 2,9 2,4 1,5 2,0 2,2
Teste 3
T°C 24,3 21,4 21,2 21,6 20,2
UR 57,3 78,0 83,4 77,5 78,0
Rad 87 66,0 64,9 74,6 59,2
V. vento 4,2 2,3 2,1 1,9 2,9
Teste 4
T°C 25,8 21,2 16,07 20,2 -
UR 48,7 83,4 70,0 78,0 -
Rad 101 64,9 77,5 59,2 -
V. vento 2,9 2,1 1,9 2,9 -
Fonte: Estação meteriológica da Universidade estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
- T°C - temperatura
- UR umidade relativa
- Rad radiação
- V. vento velocidade do vento
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