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FERNANDA NOEMBERG LAZZARI
Controle de Zabrotes subfasciatus (Boheman, 1833)
(Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) e qualidade do
feijão (Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753) tratado com
terra de diatomácea
CURITIBA
2005
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FERNANDA NOEMBERG LAZZARI
Controle de Zabrotes subfasciatus (Boheman, 1833)
(Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) e qualidade do feijão
(Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753) tratado com terra de
diatomácea
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre ao curso de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas, Área de Concentração em
Entomologia, Setor de Ciências Biológicas da
Universidade Federal do Paraná.
Orientação: Prof
a
. Dr
a
. Cibele Stramare Ribeiro-Costa
CURITIBA
2005
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ii
OFEREÇO
A Deus, pelo dom do amor e da vida.
DEDICO
Ao meu pai Flavio, à minha mãe
Sonia, às minhas irmãs, Elisa e Flavia,
às minhas avós Zeni e Ephigênia e ao
meu namorado André, pelo amor e
apoio incondicional.
iii
AGRADECIMENTOS
À amiga Dra. Cibele Stramare Ribeiro-Costa pela valiosa orientação, apoio e
dedicação.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
pela concessão da bolsa de estudos.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Entomologia do
Departamento de Entomologia de Universidade Federal do Paraná, pela dedicação e
ensinamentos.
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Arroz e Feijão de Goiás pelo
envio de bruquíneos.
Ao amigo Dr. Edilberto Possamai, professor do Departamento de Fitotecnia e
Fitossanitarismo da Universidade Federal do Paraná, pelo apóio e disponibilização do
laboratório e câmara de germinação para o teste de germinação e vigor.
À Dra. Sila Maria Ferreira e ao técnico Diomar Augusto de Quadros do
Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Nutrição da Universidade Federal
do Paraná, pelo auxilio e disponibilização do laboratório e das cabines para as análises
sensoriais.
À Dra. Thelma Ludwig, professora do departamento de Botânica do Laboratório
de Ficologia pelas câmaras de neubauer e identificação das algas diatomáceas.
À Elisa Noemberg Lazzari, estudante de Pós-Graduação do Departamento de
Tecnologia de Alimentos e Medicamentos do curso de Ciência de Alimentos da
Universidade Estadual de Londrina (UEL), pela valiosa ajuda com a elaboração e
análise estatística das análises sensoriais.
iv
À Dra. Sonia Maria Noemberg Lazzari, professora do Departamento de
Entomologia da Universidade Federal do Paraná, pelas excelentes sugestões e revisão
da dissertação.
Ao Professor Edílson de Oliveira, da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa Florestas) pela valiosa ajuda com as análises estatísticas.
Ao M.Sc. Jonny Edward Duque Luna, pela ajuda com programas e análises
estatísticas.
À Mafalda e Regina do Centro de Microscopia Eletrônica (CME) da Universidade
Federal do Paraná, pela ajuda com as micrografias.
Aos amigos e colegas do Programa de Pós-Graduação em Entomologia do
Departamento de Entomologia da Universidade Federal do Paraná, pela amizade,
carinho e apoio nestes dois anos.
v
ÍNDICE
RESUMO.........................................................................................................................vii
ABSTRACT....................................................................................................................viii
INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................................. 01
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................08
CAPÍTULO I - A utilização de terra de diatomácea no controle de Zabrotes
subfasciatus (Boheman, 1833) (Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) em
Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753 (Fabaceae) armazenado em diferentes
temperaturas em laboratório....................................................................................... 13
INTRODUÇÃO......................................................................................................... ....14
MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................17
1. Microscopia eletrônica de varredura de Z. subfasciatus.................................19
2. Mortalidade, fecundidade e período de oviposição.........................................20
3. Teste de repelência.........................................................................................21
4. Teste de umidade............................................................................................22
5. Teste de alteração de peso, número de ovos, adultos e orifícios de
emergência em feijão infestado por Z. subfasciatus.......................................23
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................24
1. Microscopia eletrônica de varredura de Z. subfasciatus.................................24
2. Mortalidade, fecundidade e período de oviposição.........................................27
3. Teste de repelência.........................................................................................36
4. Teste de umidade............................................................................................40
5. Teste de alteração de peso, número de ovos, adultos e orifícios de
emergência em feijão infestado por Z. subfasciatus.......................................41
CONCLUSÕES.............................................................................................................43
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 44
vi
CAPÍTULO II – Efeito do tratamento de Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753
(Fabaceae) com terra de diatomácea para o controle de Zabrotes subfasciatus
(Boheman, 1833) (Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) sobre a qualidade
sensorial, intenção de consumo, germinação e vigor do feijão...............................50
INTRODUÇÃO......................................................................................................... ....51
MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 54
1. Teste de diferença de controle........................................................................54
2. Teste de aceitação..........................................................................................56
3. Contagem de partículas de carapaças de algas diatomáceas.......................57
4. Avaliação da germinação e vigor....................................................................59
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................61
1. Teste de diferença de controle........................................................................61
2. Teste de aceitação..........................................................................................61
3. Contagem de partículas de carapaças de algas diatomáceas.......................62
4. Avaliação da germinação e vigor....................................................................63
CONCLUSÕES............................................................................................................65
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................66
ANEXOS........................................................................................................................ 68
vii
RESUMO
O feijão, Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753 (Fabaceae), é a leguminosa de maior
importância como fonte de proteína vegetal no Brasil. Os danos causados pelos insetos
ao grão de feijão reduzem a qualidade, afetando a aparência, palatabilidade e
aceitabilidade pelo consumidor. Em sementes, a germinação e o vigor podem ser
drasticamente reduzidos. O caruncho-do-feijão, Zabrotes subfasciatus (Boheman 1833)
(Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) é a principal praga do feijão armazenado. A
terra de diatomácea (TD) é um produto não tóxico e muito eficiente no controle de
insetos praga em armazenamento. O presente estudo teve como objetivo avaliar o
efeito da TD no controle de Z. subfasciatus, em feijão e seu impacto na qualidade
sensorial. Para verificar a mortalidade, casais de Z. subfasciatus foram colocados em
feijão carioca tratado com 0,00; 0,50; 0,75 e 1,00 g de TD/kg, mantido a 15, 20, 27 e
30
º
C a 70±10% de UR e escotofase total. Todas as dosagens de TD foram eficientes no
controle de Z. subfasciatus, resultando em mortalidade significativa em todas as
temperaturas. A partir do quinto dia de exposição de Z. subfasciatus ao feijão tratado
com TD, nas temperaturas a partir de 20
o
C, a mortalidade foi de aproximadamente
100%, no entanto, a 27
o
C os insetos reproduziram-se e fizeram posturas
significativamente elevadas. O uso de TD em nas concentrações de 0,75 e 1,00 reduziu
a influência da temperatura na duração do período de oviposição e no número de ovos.
Para observar a repelência, realizou-se um teste com chance de escolha. O índice de
repelência (IR) demonstrou que feijão tratado com TD conferiu repelência ao Z.
subfasciatus. Para verificar a perda de peso foram utilizados casais virgens de Z.
subfasciatus a 30
o
C com contagem no 45
o
. dia. Nas amostras tratadas com TD, em
todas as dosagens, houve menor perda de peso e menor número de adultos
emergidos. Porém, o número de feijões com ovos e orifícios de emergência foi menor
apenas nas concentrações de 0,75 e 1,0 g de TD/kg. O tratamento com TD não afetou
as características sensoriais do feijão, conforme verificado em teste de diferença do
controle. A alteração visual do feijão foi aceita pelo consumidor com a garantia de ser
um alimento seguro e livre de contaminantes, pois os resíduos de TD são eliminados
com duas lavagens. A germinação e vigor do feijão não foram afetados pela TD.
viii
ABSTRACT
Beans Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753 (Fabaceae) are the main source of vegetable
protein in the Brazilan diet. The damage caused by insects to beans reduces quality,
affecting its appearance and sensory acceptability by the consumer. In bean seeds, the
germination and vigor can be reduced by insects. The bean weevil Zabrotes
subfasciatus (Boheman 1833) (Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) is the main pest
in stored beans. Diatomaceous earth (DE) is a nontoxic and efficient pest control
measure in stored products. The objective of the present research was to evaluate the
effect of DE on the control of Z. subfasciatus on bean seeds, and its impact on sensory
quality. To verify the mortality, couples of Z. subfasciatus were placed on bean samples
treated with 0.0; 0.50; 0.75 and 1.00 g of DE/kg, under temperatures of 15, 20, 27 and
30
o
C at 70±10% UR and in complete darkness. All doses of DE reduced the survival of
Z. subfasciatus in all temperatures. After the fifth day of contact of the bean weevil to the
beans treated with all doses of DE, in temperatures above 20
o
C, death rates were
almost 100%. However, at 27
o
C the insects reproduced and laid a significantly higher
number of eggs. The use of the two highest doses of DE reduced the influence of
temperature in the duration of the oviposition period and in the number of eggs. In order
to observe the repellency a test of arena was performed. The repellency index (RI)
demonstrated that the beans treated with DE were repellent to Z. subfasciatus. In order
to verify the weight loss, couples of Z. subfasciatus were placed on treated beans at
30
o
C and observations were made at the 45
th
day. DE treated beans suffered less
weight loss and showed a reduction in the number of emerged adults compared to the
untreated beans. The number of eggs and emergency holes was significantly lower in
beans treated with 0.75 and 1.00 g/kg of DE. The use of DE in stored beans did not alter
its sensory characteristics and the visual difference was accepted by the consumer as
long as the product was guaranteed to be safe and free of contaminants. The residuals
of DE were totally eliminated simply by rinsing the beans twice in water. The germination
and vigor of the bean seeds were not affected by DE.
1
INTRODUÇÃO GERAL
O feijão, Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753 (Fabaceae), é a leguminosa de
maior importância como fonte de proteína vegetal que, combinado com o arroz,
constitui a dieta básica do brasileiro. O consumo per capita está em torno de 16
kg/habitante/ano (CONAB, 2005). Segundo a CONAB (2005), o Brasil é o segundo
maior produtor mundial de feijão, com uma área plantada, na safra 2004/2005, de
3.910,4 mil hectares e uma produção total de 2.837,5 mil toneladas. O Paraná é o maior
produtor nacional, participando com 20 a 25% do total produzido, com uma média de
572,1 mil toneladas (safra 2004/2005), alcançando produtividades acima de 2000 kg/ha
em lavouras mais tecnificadas. A média da produtividade brasileira na safra 2004/2005
foi em torno de 726 kg/ha.
O feijão, após a colheita, pode perder sua qualidade rapidamente se armazenado
de forma incorreta, especialmente devido à contaminação fúngica, infestação por
insetos e processos metabólicos que reduzem a germinação e o vigor, causando, entre
outros defeitos, o escurecimento do tegumento do feijão (do grupo carioca) devido à
oxidação de fenóis na presença de oxigênio. A presença de insetos aumenta ainda
mais as perdas qualitativas e quantitativas, pois, além destes se alimentarem do
endosperma e do embrião, seu metabolismo eleva a temperatura e a umidade
intergranular, criando um ambiente ideal para o desenvolvimento fúngico (Lazzari
1997).
Os danos causados pelos insetos ao grão de feijão reduzem a qualidade do
mesmo, afetando sua aparência, palatabilidade e aceitabilidade pelo consumidor. Os
grãos carunchados podem tornar-se imprestáveis para o consumo devido ao mau
aspecto, mau cheiro e alteração do sabor. Em sementes, a germinação e o vigor podem
ser reduzidos, significantemente, devido ao ataque de insetos (Oliveira et al. 1979).
As espécies Zabrotes subfasciatus (Boheman, 1833) e Acanthoscelides obtectus
(Say 1831) (Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae), conhecidos como carunchos-do-
feijão, são as principais pragas do feijão armazenado, causando grandes perdas
qualitativas e quantitativas em grãos e sementes, especialmente nas regiões mais
quentes do mundo. A espécie A. obtectus é, na América Latina, a principal praga do
grão de feijão armazenado nas regiões temperadas, com altitude em torno de 1500 m;
2
Z. subfasciatus normalmente predomina nas regiões tropicais em altitudes inferiores
a 1500 m (Gallo et al. 1988).
Oliveira et al. (1979) observaram que, em amostras de feijão armazenadas sem
controle para insetos, em menos de 12 meses houve um aumento de 7% no teor de
umidade dos grãos e perda total da viabilidade das sementes devido aos danos
causados por Z. subfasciatus e A. obtectus e pelo desenvolvimento de fungos.
Portanto, é inviável o armazenamento de feijão sem algum tipo de tratamento por um
período mesmo inferior a 12 meses.
A redução do teor de umidade do feijão armazenado para 13%, através de
secagem, auxilia na redução das perdas relacionadas ao ataque fúngico, porém não
evita o desenvolvimento dos insetos praga. Para o controle destes insetos tem-se
utilizado, há muitos anos, em larga escala e com grande eficácia, a fumigação e
inseticidas residuais (Lorini et al. 2002). Os inseticidas residuais mais utilizados são o
fenitrothion (C
9
H
12
NO
5
PS), a deltametrina (C
22
H
19
Br
2
NO
3
) e a malationa (C
10
H
19
O
6
PS
2
)
e os dois produtos mais comuns para a fumigação são a fosfina (PH
3
) e o brometo de
metila (CH
3
Br).
Assim que o grão de feijão é colhido, limpo e seco, normalmente recebe um
tratamento preventivo com inseticidas antes de ser ensacado em sacos de juta de 60
kg. O tratamento com fumigação ou outro inseticida é repetido toda vez que se observa,
por armadilhas de monitoramento ou visualmente, a presença de insetos. Dessa forma,
não se sabe ao certo o número de aplicações de inseticidas que um determinado lote
de feijão recebe antes de ir para a prateleira do supermercado. No caso de feijão que é
armazenado para ser utilizado como semente, são feitas várias aplicações de
inseticidas residuais e expurgos para que seu poder germinativo seja mantido até o
momento do plantio.
Nos últimos anos, porém, as objeções com respeito à utilização de produtos de
fumigação e outros inseticidas residuais têm sido cada vez maiores. A forma
indiscriminada como os inseticidas têm sido utilizados resulta em problemas como a
seleção de populações resistentes, ocorrência de resíduos químicos no produto após o
tratamento, poucos princípios ativos disponíveis para o controle (Bengston et. al. 1983;
Arthur 1992; Hidalgo et. al. 1998; Rahim 1998) e complicações legais e comerciais
(Padilha & Faroni 1993).
3
O brometo de metila (CH
3
Br) foi utilizado por muitos anos por apresentar várias
vantagens, pois além de matar os insetos em qualquer fase do seu desenvolvimento,
não é inflamável nem explosivo, é líquido a temperaturas menores de 4°C, apresenta
excelente penetração nos produtos armazenados e é de rápida ação. Porém os
problemas são que, além de afetar a camada de ozônio e ser cancerígeno, o brometo
de metila pode ser absorvido tanto pelas vias respiratórias quanto pela pele e sua
ingestão repetida, mesmo em pequenas quantidades, pode levar a um acúmulo no
organismo, podendo acarretar um envenenamento crônico que pode levar à morte
(Monro 1969).
A utilização do brometo de metila tem sido restrita em muitos países devido ao
seu potencial de destruição da camada de ozônio e aos riscos de câncer. Nos países
industrializados, espera-se uma interdição geral para o ano 2010. Espera-se para o
futuro próximo, inclusive, tolerância zero nos países industrializados em relação aos
resíduos desse produto. No Brasil entretanto, o brometo de metila ainda é utilizado no
tratamento quarentenário e fitossanitário para fins de importação e exportação para
algumas culturas (fumo até 31 de Dezembro de 2004 e sementeiras de hortaliças, flores
e formicida até 31 de Dezembro de 2006) e para embalagens de madeira usadas para
fins de importação e exportação até 31 de Dezembro de 2015 (Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento 2005).
A fosfina (PH3), entretanto, é largamente utilizada em muitos países como
principal agente no controle de pragas de produtos armazenados. O gás fosfina é
resultado da ação da temperatura e da umidade do ar com o fosfeto sólido de alumínio
ou de magnésio pelas seguintes reações químicas:
AIP
+
3 H
2
O
Al(OH)
3
+
PH
3
Fosfeto de alumínio + Água Resíduos + Fosfina
Mg
3
P
2
+
6 H
2
O
3 Mg(OH)
2
+
2 PH
3
Fosfeto de magnésio + Água Resíduos + Fosfina
A fosfina é largamente utilizada por matar os insetos em qualquer fase do seu
desenvolvimento; pela boa propriedade de penetração no produto armazenado; pela
boa difusão em lugares fechados; por não apresentar efeito negativo sobre a
germinação das sementes; por não deixar resíduos de gases após o arejamento e
4
pelos produtos comerciais apresentarem um cheiro pungente de amônio para servir
como advertência reduzindo os acidentes fatais durante o expurgo.
Entretanto, alguns problemas decorrentes do seu uso, além da alta toxicidade
para animais de sangue quente, são: a ação relativamente lenta; ser auto-inflamável no
caso de se encontrar no ar numa concentração maior de 1.8% vol. e por oxidar metais,
especialmente cobre utilizado em cabos elétricos e conexões.
O maior problema da fosfina, porém é a crescente resistência desenvolvida pelas
pragas de produtos armazenados. A resistência das pragas é conseqüência de práticas
incorretas, particularmente pela falta de hermeticidade e perda do gás durante a
fumigação, pois a penetração da fosfina nos insetos se dá pelo aparelho respiratório.
Nos adultos, pupas e larvas, a fosfina penetra pelos espiráculos e nos ovos pelo córion.
Portanto, os fatores que reduzem o ritmo respiratório podem tornar o inseto menos
sensível ao gás (Monro 1969). Assim, a concentração de gás inicial pode apresentar
um efeito anestésico sobre os insetos, resultando numa redução da atividade
respiratória o que significa tamm uma redução da absorção do gás. Caso a
concentração de gás baixe rapidamente como conseqüência de falta de hermeticidade
ou de lonas defeituosas, as pragas podem recuperar-se depois de um determinado
período de tempo sem ter recebido uma dose letal. Todos esses fatores restringem,
consideravelmente, as possibilidades de aplicação da fosfina (Monro 1969).
Quanto menor a temperatura e/ou a umidade relativa, mais lenta é a reação
química para gerar a fosfina, o que aumenta o tempo de exposição necessário. A
fumigação é ineficaz se a umidade relativa for inferior a 30% e/ou se a temperatura
estiver inferior a 5°C. Por essas razões, os períodos mínimos de fumigação devem ser
observados rigorosamente. Para temperatura entre 10-15
o
C o período varia de 5-8 dias;
para temperaturas entre 16 e 25
o
C varia de 4 a 6 dias e acima de 25
o
C o período de
fumigação fica entre 4 e 5 dias; desde que a umidade esteja acima de 60% (Monro
1969).
O período de carência é o tempo necessário para que a mercadoria tratada
possa ser consumida sem a presença de resíduos perniciosos à saúde. Os limites
máximos de resíduos permitidos são de 0,1 ppm para grãos e rações e 0,01 ppm para
alimentos elaborados. Deste modo, depois de concluído o trabalho de fumigação, deve-
se aguardar pelo menos quatro dias para que a mercadoria seja colocada ao alcance
do consumidor. Os resíduos dos comprimidos, das pastilhas e dos saquinhos devem
5
ser recolhidos depois da fumigação, por motivos de segurança, pois os resíduos de pó
contém ainda aproximadamente 2% de fosfeto de alumínio sem reação (ou 0,2% no
caso do fosfeto de magnésio) (Monro 1969).
Nos Estados Unidos, a fumigação com fosfina está registrada na “United States
Environmental Protection Agency” (EPA) para controle de insetos nos mais diversos
produtos alimentícios (industrializados ou não), móveis, embalagens, livros, papelão,
etc. No Brasil, a fosfina está permitida para sementes e grãos armazenados de milho,
sorgo, trigo, feijão, arroz, amendoim, café, sementes e subprodutos de algodão e
cacau, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2005).
O uso de variedades resistentes de feijão, resfriamento artificial (Moreira 1994;
Pinto Jr. 1999), pós-inertes (Subramanyam & Roesli 2000; Lorini et al. 2002), inimigos
naturais (Kistler 1985), óleos e pós de vegetais repelentes (Oliveira & Vendramim 1999;
Mazzoneto & Vendramim 2003) e outras medidas integradas de manejo de insetos
praga, têm recebido cada vez mais atenção como alternativas para o controle dos
carunchos, sem as desvantagens dos inseticidas químicos. As medidas de controle
devem ser sempre aplicadas dentro de um programa de manejo racional e
economicamente viável, adaptado ao tamanho e à necessidade do armazém.
Utilizados como um método alternativo no controle de pragas em grãos
armazenados, os pós inertes são classificados por Jayas et al. (1995) e Banks & Fields
(1995) em quatro diferentes tipos básicos: a) os naturais, como areia, silte, argila,
cinzas e terra; que são utilizados como inseticidas naturais em camadas ou no topo da
massa de grãos, podendo ou não ser misturados à massa de grãos; b) os silicatos
naturais, chamados de terra de diatomácea (TD), que são extraídos de depósitos
fósseis de esqueletos de algas diatomáceas, cujo principal constituinte é a sílica, com
pequenas proporções de outros minerais como alumínio, óxido de ferro, magnésio,
entre outros (Subramanyam & Roesli 2000); c) os compostos de sílica artificiais, que
são provenientes de sílica gel e a sílica aerogel, produzidas pela desidratação de uma
solução aquosa de silicato de sódio e são pós muito leves, monohigroscópicos, efetivos
em dosagens menores quando comparados à terra de diatomácea; d) os minerais
naturais, que são pós não silicados, como o fosfato de rocha, utilizados desde o Egito
antigo e o hidróxido de cálcio, utilizado para a proteção de grãos destinados à
alimentação animal por produtores da Austrália.
6
Segundo vários autores (Jayas et al. 1995; Dupchak et al. 1996; Lazzari et al.
1996; Pinto Jr. 1999; Subramanyam & Roesli 2000; Lorini et al. 2001), estes pós são
muito eficientes no controle de uma grande variedade de pragas de armazenamento
quando misturados à massa de grãos em doses aproximadas de 1 kg/t.
Segundo Ebeling et al. (1966), os pós inertes aderem à epicutícula dos insetos
por carga eletrostática e atuam por abrasão e adsorção de lipídios epicuticulares.
Conseqüentemente, os insetos morrem por desidratação quando cerca de 60% de
água, ou 30% da massa corporal total é perdida. A superfície específica devido à
porosidade dos esqueletos das algas diatomáceas é o que confere à TD o efeito
inseticida (Ebeling 1971). Este efeito inseticida é afetado positivamente por uma maior
pilosidade e mobilidade dos insetos (David & Gardiner 1950). O tamanho da partícula
de TD é importante, pois quanto menor, maior sua superfície em relação ao volume
(Chiu 1939).
A TD apresenta baixa toxicidade para mamíferos (DL
50
de 3160 mg/kg) e é
reconhecida como segura pelo “United States Food and Drug Administration” (FDA) dos
Estados Unidos, sendo registrada como aditivo alimentar 21 CRF 182,90, 182.1711
(Jayas et. al. 1995). No Brasil a TD está registrada no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (2005) como IV – pouco tóxico, quanto à classificação
toxicológica e IV – pouco perigoso, quanto a classificação ambiental.
Os pós inertes apresentam grande potencial para uso em feijões com destino a
mercados exigentes que não aceitam aplicação de inseticidas residuais, por exemplo,
grãos e sementes orgânicos (Pinto Jr. 1999; Lorini el al. 2001).
Segundo a CONAB (2005) o preço pago pelo produtor pela fosfina da marca
Gastoxin
®
, a mais comum no mercado é de R$ 20,17 pelo frasco de 90 g com 30
pastilhas de 3,0 g cada. Para cada fumigação realizada em feijão são necessárias duas
pastilhas por tonelada, totalizando um custo de R$ 1,78/t. A TD da marca Keepdry
®
,
está sendo vendida a R$ 4,00/kg. Para tratar uma tonelada de feijão é necessário
apenas um tratamento de 750 g de TD, totalizando um custo de R$ 3,37/t. Portanto,
com duas fumigações o custo da TD já é ultrapassado. Ainda tem o custo das lonas
especiais para expurgo, cobras de areia e equipamento de EPI completo que
periodicamente precisam ser trocados.
Para o produtor a deltametrina K-Obiol 25 CE da Bayer Cropscience Ltda. custa
R$ 88,00 por litro. Este produto é vendido em embalágens de 250 ml, 1 l e 20 l.
7
Recomenda-se o uso de 20 ml para grãos armazenados e 40-80 ml para sementes
armazenadas. Portanto o custo de aplicação em uma tonelada utilizando 20 ml é de R$
1,76 e com 40 ml é de R$ 3,52. O custo para tratar uma tonelada de grãos com este
produto é menor ou igual ao custo de tratar com TD. A TD porém tem a vantágem de
apresentar maior segurança que ela traz para o aplicador, para o consumidor e para o
meio ambiente.
O feniltrothion da marca Sumithion 500 CE da Sumitomo Chemical
Representações Ltda. é vendido por R$ 44,57 o litro. Recomenda-se utilizar 10 ml por
tonelada de grãos e que não seja utlizado para sementes. O custo de tratamento de
uma tonelada de faijão com este produto é de R$ 0,45. Apesar do custo de aplicar este
produto ser o mais baixo, a aplicação de TD é vantajosa pela segurança.
A TD pode ser incorporada à massa de grãos na própria correia transportadora,
em unidades maiores e manualmente para quantidades menores, necessitando o uso
de apenas luvas e máscara semifacial. A TD apresenta ainda as seguintes vantagens:
ser tão eficaz quanto o tratamento com inseticidas residuais como deltametrina,
chlorpirifos e fosfina (Smiderle & Cícero 1999); não ser tóxica ao ser humano, outros
animais e meio ambiente; não ser auto-inflamável, que é o caso da fosfina e não deixa
resíduos tóxicos no produto, como é o caso de outros inseticidas residuais utilizados
para controle de pragas de armazenamento.
É importante considerar a preocupação cada vez maior do consumidor com o
que ele ingere e fornece para sua família e para animais domésticos. Informações a
respeito de alimentos benéficos e seguros estão ganhando ênfase em todos os meios
de comunicação. Já é grande a troca de hortaliças convencionais pelas orgânicas, por
exemplo, indicando que o consumidor está disposto a pagar mais por um produto mais
saudável e ecologicamente seguro.
Este projeto foi elaborado com a finalidade de avaliar a possibilidade de
utilização da terra de diatomácea (TD) como método de controle eficaz,
economicamente viável e mais seguro para o aplicador, para o consumidor e para o
meio ambiente, na redução das perdas qualitativas e quantitativas por Zabrotes
subfasciatus em Phaseolus vulgaris do grupo carioca, durante o armazenamento.
No Capítulo I, o objetivo geral foi determinar a dose de TD mais eficaz para o
controle de Z. subfasciatus. Os objetivos específicos foram: observar a aderência da TD
ao corpo de Z. subfasciatus; avaliar a eficácia da TD no controle de Z. subfasciatus em
8
diferentes temperaturas; testar se os adultos de Z. subfasciatus são repelidos pela TD;
avaliar a alteração na umidade e temperatura do grão causada pelo ataque de Z.
subfasciatus; e avaliar as perdas de peso, o número de feijões com ovos, orifícios de
emergência e adultos emergidos de Z. subfasciatus em feijão com diferentes
concentrações de TD.
No Capítulo II, o objetivo foi verificar se o tratamento de feijão com TD afeta a
qualidade sensorial, a intenção de consumo, a germinação e o vigor de feijão, com a
finalidade de investigar se o tratamento com TD apresenta, não somente eficácia no
controle da praga, mas tamm aceitabilidade pelo consumidor.
9
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13
CAPÍTULO I
A utilização de terra de diatomácea no controle de Zabrotes
subfasciatus (Boheman, 1833) (Coleoptera, Chrysomelidae,
Bruchinae) em Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753 (Fabaceae)
armazenado sob diferentes temperaturas em laboratório
14
INTRODUÇÃO
Zabrotes subfasciatus (Boheman, 1833) (Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae),
conhecido como caruncho-do-feijão, é a principal praga do feijão armazenado,
causando grandes perdas qualitativas e quantitativas em grãos e sementes,
especialmente nas regiões mais quentes do mundo (Parkin & Bills 1956; Howe & Currie
1964; Golob & Kilminster 1982; Gallo et al. 2002; Dendy & Credland 1991; Pinto Jr.
1999; Mazzonetto & Vendramin 2003; Sari et al. 2003).
Este inseto é classificado como praga primária em armazenamento, pois
desenvolve-se no interior de grãos inteiros. No caso do feijão, leguminosa de maior
importância como fonte de proteína vegetal no Brasil, seu desenvolvimento afeta
negativamente a aparência, palatabilidade e aceitabilidade do grão pelo consumidor.
Nesses grãos ocorre significante redução da qualidade nutricional, perda de peso e
depreciação comercial devido, não apenas à presença de insetos, como tamm de
seus fragmentos (Hohmann & Carvalho 1989). Em sementes de feijão, a germinação e
o vigor podem ser reduzidos devido ao ataque desse inseto (Oliveira et al. 1979;
Hohmann & Carvalho 1989).
Os métodos atualmente utilizados para o controle de espécies pragas em
armazenamento são o expurgo e o tratamento com inseticidas residuais. Diversos
inseticidas têm sido utilizados, mas nem sempre são eficientes para exterminar as
pragas ou para evitar a reinfestação, podendo resultar em problemas de resistência dos
insetos e intoxicações em animais e seres humanos devido aos resíduos dos
ingredientes ativos e contaminação ambiental (Lorini 1997). Para contornar o problema
da resistência, apesar de proibido por lei, tem sido comum o uso de misturas de
inseticidas para combater as infestações (Beckel 2004).
Destacam-se, atualmente meios alternativos para o controle das pragas de
armazenamento, as quais não apresentam as desvantagens dos inseticidas químicos,
como o uso de variedades resistentes de feijão (Wanderley 1997; Mazzonetto 2002),
resfriamento artificial (Moreira 1994; Pinto Jr. 1999), pós-inertes (Subramanyam &
Roesli 2000; Lorini et al. 2002), inimigos naturais (Kistler 1985), óleos e pós de vegetais
repelentes (Oliveira & Vendramim 1999; Mazzoneto & Vendramim 2003) e outras
medidas integradas de manejo das pragas.
15
A terra de diatomácea (TD) é um pó inerte à base de dióxido de sílica extraído de
depósitos fósseis de carapaças de algas diatomáceas (Subramanyam & Roesli 2000;
Jayas 1995). Existem aproximadamente 10.000 espécies de algas diatomáceas cujas
carapaças ricas em sílica foram sendo depositas a pelo menos 20 milhões de anos
(Korunic 1998).
A TD é muito eficiente no controle de uma grande variedade de pragas de
armazenamento quando misturada à massa de grãos em doses aproximadas de 1,00
kg/t (Jayas et al. 1995; Pinto Jr. 1999; Subramanyam & Roesli 2000). Sua eficácia já foi
comprovada para o controle das espécies Sitophilus oryzae (Linnaeus, 1763)
(Coleoptera, Curculionidae), Tribolium castaneum (Herbst, 1797)
(Coleoptera,
Tenebrionidae), Oryzaephilus surinamensis (Linnaeus, 1758) (Coleoptera, Cucujidae) e
Cryptolestes ferrugineus (Stephens, 1831) (Coleoptera, Cucujidae) nas dosagens 0,75 e
1,0 g/kg e para Acanthoscelides obtectus (Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) a
dosagem de 0,75 g de TD/kg (Pinto Jr. 1999), mas não existem estudos sobre sua
eficácia para o controle de Z. subfasciatus.
A TD está registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para
uso em cevada, milho, trigo, feijão e arroz para os seguintes coleópteros pragas de
produtos armazenados: Acanthoscelides obtectus, Sitophilus oryzae, Tribolium
castaneum e Rhyzopertha dominica (Fabricius, 1792) (Coleoptera, Bostrichidae).
Os pós inertes atuam por aderência à epicutícula dos insetos e por abrasão e
adsorção de lipídios epicuticulares, levando os insetos à morte por desidratação (Chiu
1939) quando cerca de 60% de água, ou 30% da massa corporal total é perdida
(Ebeling et al. 1966). O efeito inseticida da TD deve-se à porosidade e tamanho dos
esqueletos das algas diatomáceas (Ebeling 1971) que é afetado positivamente por uma
maior pilosidade e mobilidade dos insetos (David & Gardiner 1950).
Pinto Jr. (1994) constatou que o efeito residual da TD foi capaz de prevenir o
desenvolvimento de populações de S. oryzae após 210 dias de armazenamento de
milho a granel, evidenciando a eficácia do produto na reincidência de infestações. Este
autor verificou ainda, que o teor de umidade dos grãos tratados com TD mantém-se
estável por um longo período de tempo, variando apenas entre 0,3 a 0,6% após 300
dias de armazenamento, contribuindo, desta forma, para a manutenção da qualidade do
produto.
16
Outra alternativa para o controle de pragas de armazenamento é o uso conjunto
de TD e temperaturas abaixo de 20
o
C. Nickson et al. (1994), utilizando altíssima
concentração de TD, indicaram para o controle de Sitophilus oryzae, Rhyzopertha
dominica e Tribolium castaneum em trigo armazenado temperaturas entre 20 e 10
o
C. Já
Aldryhim (1990, 1993) verificou que as espécies de Coleoptera Sitophilus oryzae e R.
dominica são mais suscetíveis à TD a 30
o
C do que a 20
o
C e que o Tribolium confusum
Jacquelin du Val, 1863 (Coleoptera, Tenebrionidae) é mais susceptível a baixas
temperaturas.
Devido ao modo de ação dos pós inertes, não dependendo de reações
metabólicas (como os inseticidas químicos), os insetos expostos não desenvolvem
seleção genética, porém é possível que desenvolvam uma resposta comportamental,
evitando o contato com a TD (Ebeling 1971). Segundo Le Patourel et. al. (1989) a
umidade ambiental afeta o efeito inseticida e TD tem a capacidade de absorver três
vezes sua massa em gordura ou água.
A facilidade e segurança da aplicação, a baixa toxicidade para animais de
sangue quente e ao meio ambiente em geral, além da ação de proteção duradoura,
pois a TD pode ser aplicada durante o ensaque e ser retirada pela simples lavagem
com água pelo consumidor, são vantagens da TD sobre os produtos utilizados
atualmente.
O objetivo deste capítulo foi determinar qual a dose de TD e temperatura mais
eficazes para o controle de Z. subfasciatus e os objetivos específicos foram:
1. Verificar, através de fotografias, a aderência de TD ao grão de feijão e ao
corpo de adultos de Zabrotes subfasciatus;
2. Testar se a TD exerce efeito de repelência sobre os adultos de Z.
subfasciatus;
3. Avaliar se a infestação por Z. subfasciatus altera a umidade e temperatura do
feijão;
4. Verificar se feijão tratado com TD e sob infestação por Z. subfasciatus tem
seu peso, número de feijões com ovos, com orifícios de emergência e número de
insetos emergidos alterado.
17
MATERIAL E MÉTODOS
Os bioensaios foram realizados no Departamento de Zoologia da Universidade
Federal do Paraná.
Adultos de Z. subfasciatus foram obtidos a partir da criação estoque do
Laboratório de Sistemática e Bioecologia de Coleoptera da Universidade Federal do
Paraná, da Embrapa Arroz e Feijão de Goiás e do Mercado Municipal de Curitiba,
Paraná. Os insetos foram mantidos em feijão, Phaseolus vulgaris Linnaeus 1753,
carioca, cultivar Juriti.
A identificação dos bruquíneos foi realizada por comparação com exemplares da
Coleção de Entomologia Padre Jesus Santiago Moure, do Departamento de Zoologia
da Universidade Federal do Paraná e através da chave de identificação (Romero &
Johnson 2000).
O acentuado dimorfismo sexual dos adultos de Z. subfasciatus pode ser
verificado pelo padrão de pilosidade no dorso, tamanho e peso (Figura 1). O macho
apresenta o pronoto e élitros recobertos por pêlos curtos amarelos e marrons. A fêmea
apresenta no pronoto uma linha mediana com pilosidade branca e uma pequena
mancha esbranquiçada em cada lado do pronoto; no terço médio de cada élitro há uma
mancha branca transversal (Romero & Johnson 2000). O macho mede em torno de 1,8
mm de comprimento, pesando 1,7 mg e a fêmea 2,5 mm e 3 mg (Ferreira 1960; Dendy
& Credland 1991).
Figura 1. Fêmea (inferior) e macho (superior) de Z. subfasciatus em feijão, Phaseolus
vulgaris, bolinha.
18
Para a criação e para os bioensaios foi utilizado o feijão carioca por sua
excelente aceitabilidade pelo Zabrotes subfasciatus (Teixeira & Zucoloto 2003), por ser
muito plantado em vários estados brasileiros (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento 2005) e apreciado pelo brasileiro. Foi utilizada a cultivar Juriti do
Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), grupo carioca, com peso de 1000 sementes
igual a 257,4 g, de cor bege claro com listras marrom-havana, apresentando venações
na testa, formato oblongo médio, com grau de achatamento semi-cheio, de brilho opaco
e halo ausente (Figura 2).
Figura 2. Feijão, Phaseolus vulgaris, grupo carioca, cultivar Juriti do Iapar.
Este cultivar é resistente à ferrugem (Uromyces phaseoli), ao oídio (Erysiphe
polygoni) e ao vírus do mosaico comum do feijoeiro (BCMV). O feijão utilizado foi
colhido na colônia Barreiro em Cascavel, Paraná, limpo e seco a 13% de umidade. No
laboratório o feijão foi refrigerado a -18
o
C por sete dias para eliminar qualquer
infestação.
A TD utilizada foi da marca nacional KeepDry
®
(Figura 3), com pelo menos 86%
de dióxido de sílica amorfa (SiO
2
), com partículas de aproximadamente 15 µm e
densidade aparente de 200 g/L; coloração bege clara, insolúvel em água e aspecto de
pó seco (semelhante a talco), solto e leve (Figura 4).
19
Figura 3. Pacote de TD (frente e verso) da marca KeepDry
®
utilizada para os testes.
Figura 4. Aspecto da TD da marca KeepDry
®
utilizada para os ensaios.
1. Microscopia Eletrônica de Varredura de Z. subfasciatus
Com o objetivo de verificar a aderência da TD ao grão de feijão e ao corpo do Z.
subfasciatus, foram realizadas fotografias de microscopia eletrônica de varredura. Para
isto foram utilizados os equipamentos do Centro de Microscopia Eletrônica (CME) da
Universidade Federal do Paraná. Para a metalização do material, afim de deixá-lo com
20
superfície condutora, foi utilizado o metalizador da marca Balzers
®
, modelo SCD 030.
As imagens foram obtidas através do microscópio eletrônico de transmissão (MET) da
marca Jeol
®
, modelo JEM 1200 EXII.
Foram fotografados grãos de feijão tratados com TD na concentração de 1,00
g/kg, previamente misturado e homogeneizado através de agitação manual vigorosa em
saco plástico por 2 minutos (modificado de Pinto Jr. 1994) e machos e fêmeas de Z.
subfasciatus expostos por pelo menos 24 horas à estes grãos de feijão.
2. Mortalidade, fecundidade e período de oviposição
Os bioensaios foram conduzidos em câmaras climatizadas, reguladas a
temperaturas de 15
o
C, 20
o
C, 27
o
C e 30
o
C com 70±10% de UR e escotofase total.
Os tratamentos consistiram de feijões tratados com TD a 0,00; 0,50; 0,75 e 1,00
g/kg de concentração nas temperaturas acima citadas em seis repetições. Inicialmente
misturou-se 300 g de feijão com a respectiva concentração de TD, homogeneizando a
amostra através de agitação manual vigorosa em saco plástico por 2 minutos
(modificado de Pinto Jr. 1994). Posteriormente, subdividiu-se a amostra em seis
subamostras de 50 g. O mesmo procedimento foi seguido para a testemunha
(concentração de 0,00 g de TD/kg), porém esta ficou livre de TD. As subamostras foram
acondicionadas em frascos plásticos com capacidade para 200 mL com tampa telada e
infestadas com cinco casais de Z. subfasciatus, virgens, com idade de até 24 horas.
Para isso, foram selecionados grãos infestados no período de 24 horas, sendo
deixado apenas um ovo sobre cada grão. Os grãos foram individualizados em cápsulas
de gelatina a 30
o
C 70±10% UR em escotofase total até a emergência do adulto
(modificado de Sari et al. 2003).
Para avaliar a eficácia dos tratamentos, diariamente os grãos foram peneirados e
os bruquíneos mortos foram anotados, sexados e então descartados. Foram
considerados mortos os indivíduos que não reagiram ao toque de uma pinça (Pinto Jr.
1994). Os bruquíneos vivos foram devolvidos aos frascos. Com relação à oviposição,
registrou-se o número de ovos depositados sobre todos os grãos, assim como os ovos
colocados nas paredes internas dos frascos diariamente. Esses dados foram tabelados
no programa Excel versão Windows 1998 e analisados estatisticamente pela análise de
21
variância; teste de Tukey a 5% de probabilidade e por regressão linear pelo programa
Statistica versão 6.0.
3. Teste de repelência
A fim de verificar se a TD é repelente a Z. subfasciatus, foi realizado um teste
com chance de escolha. Para isso foi confeccionada uma arena a partir de uma bacia
plástoca de 35 cm de diâmetro interno com tampa de vidro, contendo um disco central
de 1 cm de profundidade e 4 cm de diâmetro para liberação dos insetos e 12 frascos
com 4 cm de diâmetro e 6,5 de altura com capacidade para 63 g de feijão eqüidistantes
entre si (2,5 cm) e da arena central (8 cm) (Figura 5).
Os tratamentos de 0,00; 0,50; 0,75 e 1,00 g de TD/kg de feijão foram sorteadas
ao acaso entre os 12 frascos resultando em três frascos para cada tratamento. Caso
dois frascos com a mesma concentração fossem sorteados lado a lado, novo sorteio
era realizado. No disco central foram liberados 50 casais virgens com até 24 horas de
idade. A arena foi então colocada emmara climatizada a 30ºC com 70±10% de UR e
a cada 24 horas, os bruquíneos que estivessem fora dos frascos eram sexados,
contados e colocados em um frasco com tampa telada. Logo em seguida, os frascos
com feijão foram tampados para que os insetos não escapassem, o feijão peneirado e
os insetos de cada frasco sexados, contados, recolocados no frasco, que era então
tampado e recolocado na arena. Após a verificação de todos os frascos, as tampas
eram removidas e os bruquíneos que foram encontrados fora dos frascos com feijão,
recolocados no disco central. Posteriormente, a arena foi tampada e recolocada na
câmara climatizada. Após o último inseto morto, o número de ovos de cada frasco foi
contado. Foram realizadas três repetições deste teste até o ultimo inseto morto,
aproximadamente ao oitavo dia.
O número de machos, fêmeas e o número total de ovos em cada concentração e
os encontrados fora dos tratamentos foi submetido à análise de variância e ao teste de
Dunnett com 5% de probabilidade com auxílio do programa Statistica versão 6.0.
Para a comparação entre as concentrações de TD e os insetos encontrados fora
dos frascos foi utilizado o Índice de Repelência (IR) utilizado por Mazzonetto &
22
Vendramin (2003), adaptado do Índice de Preferência (PI) de Kogan & Goeden (1970)
utilizado por Lin et al. (1990). A fórmula utilizada foi a seguinte: IR = 2G / (G + P), onde
G é a porcentagem de insetos na planta teste, neste caso nas concentrações 0,50;
0,75; 1,00 g de TD/kg e fora dos frascos; e P é a porcentagem de insetos na
testemunha, neste caso os frascos com 0,00 g de TD/kg. Os valores de IR variam entre
zero e dois, sendo que IR = 1 planta neutra, IR > 1 planta atraente e IR < 1 planta
repelente.
Figura 5. Arena com Z. subfasciatus utilizada para o teste com chance de escolha.
4. Teste de umidade
Com objetivo de verificar a variação da umidade do feijão devido ao ataque de Z.
subfasciatus, foi realizado um teste de umidade. Foram utilizados 2,5 kg de feijão com
100 casais de Z. subfasciatus e 2,5 kg sem insetos. O feijão foi armazenado por 90 dias
em temperatura ambiente, entre 22 e 29ºC e com umidade variando de 45 a 80%.
Foram retiradas 10 subamostras de 250 g de cada tratamento, pesadas em balança de
precisão de 0,002, cuja umidade e temperatura foram medidas através do Motomco
®
919C Farmer (Figura 6). Os resultados foram submetidos à análise de variância
23
seguido de teste de Tukey com nível de significância de 5% pelo programa Statistica
versão 6.0.
Figura 6. Determinador de umidade Motomco
®
919C Farmer e balança de precisão.
5. Teste de alteração de peso, número de ovos, adultos e orifícios de emergência
em feijão tratado com diferentes concentrações de TD e infestado por Z.
subfasciatus
Foram colocados 10 casais de Z. subfasciatus, virgens com até 24 h de idade,
sobre 100 grãos de feijão limpos e previamente tratados com 0,00; 0,50; 0,75 e 1,00 g
de TD/kg. O feijão foi pesado em balança analítica com precisão de 0,002 e colocado
em frascos plásticos com capacidade para 200 mL e tampa telada. O experimento foi
mantido em BOD a 27ºC com 70±10% de UR com escotofase total. A cada 10 dias,
após o 25º. dia do início do experimento, o feijão foi peneirado e pesado, até o 45º. dia.
Foram realizadas 10 repetições para cada tratamento e os resultados foram submetidos
à análise de variância e ao teste de Tukey com nível de significância de 5% pelo
programa Statistica versão 6.0.
24
RESULTADOS E DISCUSSÕES
1. Microscopia eletrônica de varredura de Z. subfasciatus
Com base nas micrografias eletrônicas, procurou-se observar principalmente a
aderência da TD sobre o grão de feijão e sobre o tegumento de Zabrotes subfasciatus.
Um dos fatores relacionados ao efeito inseticida da TD é o tipo e tamanho da partícula
(Ebeling 1971). Na Figura 7 observa-se a presença de carapaças inteiras e fragmentos
de algas diatomáceas. Foi possível a identificação de quatro gêneros de algas
diatomáceas de água doce. Nas amostras analisadas, foram registradas em maior
abundância Brachysira, Frustulia e Pinnularia e, em menor abundância, Eunotia. As
carapaças inteiras de Brachysira normalmente são maiores do que as de Pinnularia e
Eunotia.
Figura 7. Micrografias de algas diatomáceas encontradas nas amostras de TD.
Observa-se que a TD adere-se bem sobre o grão de feijão (Figura 8). A partir
das micrografias observa-se que o Z. subfasciatus é um inseto bastante piloso (Figura
9), e que a TD está distribuída por todo o corpo, concentrando-se mais na cabeça
(Figura 10). Nas articulações das coxas anteriores e médias com o corpo, a pilosidade
é extremamente reduzida, assim como as partículas aderidas de TD. O mesmo ocorre
na coxa posterior, no terço proximal da face externa, junto à articulação com o
© Fernanda N. Lazzari 2004 © Fernanda N. Lazzari 2004
Brach
sira
Frustulia
Pinnularia
Frustulia
25
trocanter. Desta forma, a abundância de pêlos no corpo do inseto influencia a
quantidade de TD aderida ao tegumento.
Pinto Jr. (1994) verificou, através de micrografias, que espécies de coleópteros
com maior pilosidade, como Oryzaephilus surinamensis, apresentam um número
superior de partículas de TD aderidas ao corpo, principalmente na superfície ventral e
cabeça quando comparado à espécies menos pilosas como Sitophilus zeamais e S.
oryzae. White & Loshiavo (1989) verificaram que adultos de O. mercator são mais
pilosos, rápidos e menores quando comparados aos adultos de T. confusum, sendo
essas características provavelmente responsáveis pela grande aderência de TD e
elevada mortalidade de O. mercator.
David & Gardiner (1950) já haviam comentado que a atividade inseticida da TD é
afetada pelo número de pelos distribuídos no tegumento dos insetos. As espécies mais
pubescentes possuem uma superfície específica maior em relação ao volume do corpo,
o que poderia torná-las ainda mais sucetíveis à TD.
Figura 8. Micrografias de TD aderida sobre o grão de feijão. (A) aumento de 180X. (B)
aumento de 900X.
A
C
A
B
26
Figura 9. Micrografias de Z. subfasciatus. (A) vista ventral sem exposição à TD; (B) vista
dorsal sem exposição à TD; (C) vista ventral com exposição à TD e (D) vista dorsal com
exposição à TD.
Figura 10. Micrografias em vista ventral da cabeça, protorax e mesotorax de Z.
subfasciatus. (A) sem exposição à TD; (B) com exposição à TD.
B D
A B
A
C
27
2. Mortalidade, Fecundidade e Período de oviposição
O coeficiente de determinação (R
2
) para a relação da mortalidade com a
temperatura, para fêmeas e machos (Figuras 11 e 12), foi alto na testemunha e nas três
concentrações de TD tanto para machos quanto para fêmeas. Observa-se que com o
aumento da temperatura houve maior mortalidade, indicado pelo menor coeficiente de
regressão ou maior inclinação da reta. Houve um aumento da sobrevivência em
temperaturas mais baixas, mas que pode ser explicado pela redução do ritmo biológico
do inseto, portanto apesar do tempo de vida ser maior o número de ovos por fêmeas foi
bem menor (Figura 13). O grande aumento da mortalidade de Z. subfasciatus em feijão
tratado com todas as concentrações de TD, mesmo a 15
o
C confirma que, apesar da
redução na mobilidade, a TD é eficaz no controle deste inseto. Contrariando a
afirmação de David & Gardiner (1950) que a mobilidade seja essencial para a eficácia
deste produto.
O aumento da concentração de TD é seguramente responsável pela redução
progressiva da sobrevivência dos insetos.
Nas temperaturas mais baixas, de 15 e 20
o
C, as médias de sobrevivência de
fêmeas e machos nas concentrações de 0,75 e 1,00 g/kg de TD diferem
significativamente das médias da testemunha em todos os dias, exceto no terceiro dia a
15
o
C (Tabelas 1, 2 e 3).
Nas temperaturas mais altas, 27 e 30ºC, com o aumento do tempo de exposição
à TD e a concentrações mais altas, observou-se uma tendência de aumento da
mortalidade. Estas tabelas concordam com os dados de Pinto Jr. (1994) em que
dosagens maiores requerem menor tempo de exposição do que dosagens menores
para o controle eficiente deste inseto. Diferenças significativas foram observadas nas
médias de mortalidade dos machos nestas temperaturas no terceiro dia de exposição
enquanto que no quinto dia as diferenças foram significativas já a 15ºC.
No terceiro dia a mortalidade de fêmeas e machos nas temperaturas de 27 e
30
o
C para os tratamentos com TD, foi de aproximadamente 60% para fêmeas, 90%
para machos, 90% para fêmeas e 100% para machos respectivamente. No quinto dia
de exposição não foram observadas diferenças significativas para as mortalidades de Z.
subfasciatus nas temperaturas acima de 15
o
C e concentrações de 0,50; 0,75 e 1,00
g/kg de TD, exceto para fêmeas a 30
o
C nas concentrações de 0,75 e 1,00 onde a
28
mortalidade foi de 100%. Superior à encontrada por Pinto Jr. (1994) para
Acanthoscelides obtectus, que foi de 81,2% para 5 dias de exposição. Já nas
temperaturas de 15 e 20ºC a mortalidade de fêmeas e machos na testemunha foi
praticamente nula e nos tratamentos com 0,75 e 1,00 de TD ficou entre 40 e 50%.
No décimo dia a mortalidade foi de praticamente 100% para todas as
temperaturas, em todas as concentrações de TD exceto na testemunha a 15 e 20
o
C em
que a mortalidade de machos e fêmeas foi muito baixa. No vigésimo dia a tendência
repete-se, mas há um aumento significativo da mortalidade na testemunha a 20
o
C para
próximo de 87% para fêmeas e 93% para machos e a 15
o
C para acima de 33% para
fêmeas e 56% para machos.
29
Figura 11. Sobrevivência diária de fêmeas de Z. subfasciatus em feijão carioca tratados com diferentes
concentrações de terra de diatomácea e armazenados em diferentes temperaturas: (A) 0,00 g/kg de TD;
(B) 0,50 g/kg de TD; (C) 0,75 g/kg de TD e (D) 1,00 g/kg de TD.
Temperatura
Machos/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
A
Temperatura
Machos/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
B
Temperatura
Machos/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
C
Temperatura
Machos/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
D
Figura 12. Sobrevivência diária de machos de Z. subfasciatus em feijão carioca tratados com diferentes
concentrações de terra de diatomácea e armazenados em diferentes temperaturas: (A) 0,00 g/kg de TD;
(B) 0,50 g/kg de TD; (C) 0,75 g/kg de TD e (D) 1,00 g/kg de TD.
A
B
C
D
Temperatura
Fêmeas/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
Temperatura
Fêmeas/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
Temperatura
Fêmeas/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
Temperatura
Fêmeas/dia
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
15 20 25 30
Y
= 31,6
0,08980.X
R
2
= 0
,
99
Y
= 6,30
0,1227.X
R
2
= 0
,
60
Y
= 5,98
0,1564.X
R
2
= 0
,
95
Y
= 6,29
0,1676.X
R
2
= 0
,
90
Y = 4,571 – 0,108.X
R
2
= 0
,
92
Y = 29,314 – 0,799.X
R
2
= 0
,
99
Y = 3,673 – 0,05.X
R
2
= 0
,
77
Y = 6,186 – 0186.XR
2
= 0
,
97
30
Tabela 1. Porcentagem de mortalidade de fêmeas e machos de Z. subfasciatus até
o terceiro dia de exposição a feijão com TD em diferentes concentrações.
Temperatura (ºC)
15 20 27 30
TD
(g/kg)
Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos
0,00
0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 3,40 a 13,40 a 3,40 a
0,50
6,60 a 20,00 b 0,00 a 0,00 a 50,00 b 86,60 b 33,40 b 53,40 b
0,75
0,00 a 0,00 a 40,00 b 53,40 b 70,00 b 90,00 b 96,60 c 100,00 c
1,00
10,00 a 6,60 a 40,00 b 56,60 b 73,40 b 90,00 b 83,40 c 100,00 c
Médias seguidas por letras diferentes diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao
nível de 5%.
Tabela 2. Porcentagem de mortalidade de fêmeas e machos de Z. subfasciatus até
o quinto dia de exposição a feijão com TD em diferentes concentrações.
Temperatura (ºC)
15 20 27 30
TD
(g/kg)
Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos
0,00
3,40 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 3,40 a 20,00 a 10,00 a
0,50
13,40 ab 86,60 c 73,40 b 93,40 b 96,60 b 100,00 b 63,40 b 93,40 b
0,75
43,40 b 96,60 c 96,60 b 100,00 b 96,60 b 100,00 b 100,00 c 100,00 b
1,00
50,00 b 50,00 b 93,40 b 100,00 b
93,40 b 100,00 b 100,00 c 100,00 b
Médias seguidas por letras diferentes diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao
vel de 5%.
Tabela 3. Porcentagem de mortalidade de fêmeas e machos de Z. subfasciatus até
o décimo dia de exposição à feijão com TD em diferentes concentrações.
Temperatura (ºC)
15 20 27 30
TD
(g/kg)
Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos
0,00
6,60 a 0,00 a 0,00 a 3,40 a 100,00 a 76,60 a 96,60 a 100,00 a
0,50
100,00 b 100,00 b 100,00 b 100,00 b 100,00 a 100,00 a 96,60 a 100,00 a
0,75
100,00 b 100,00 b 100,00 b 100,00 b 100,00 a 100,00 a 100,00 a 100,00 a
1,00
100,00 b
100,00 b 100,00 b 100,00 b 100,00 a 100,00 a 100,00 a 100,00 a
Médias seguidas por letras diferentes diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao
vel de 5%.
31
Machos e fêmeas estão prontos para copular uma hora após a emergência e as
fêmeas prontas para ovipor de duas a 30 horas após a cópula (Sari et al. 2003),
portanto as fêmeas começam a colocar os ovos ainda no primeiro dia após a
emergência, como pode ser verificado na Figura 13.
Quanto à fecundidade, na testemunha, nas temperaturas mais baixas (15
o
C e
20
o
C) o primeiro pico de oviposição ocorreu posteriormente ao pico de oviposição das
temperaturas mais altas. Houve tamm um aumento do número de picos de
oviposição (Figura 13). A 15ºC o pico de oviposição foi ao quinto dia, mas o período de
oviposição foi mais longo e o número de ovos foi muito inferior ao encontrado nas
outras temperaturas. A 20ºC o pico de oviposição ficou entre o terceiro e quinto dia. A
distribuição dos ovos a 30ºC com pico entre o quarto e quinto dias é sustentada por
Howe & Currie (1964), Ferreira (1960) e Carvalho & Rossetto (1968), semelhante aos
dados encontrados por Sari et al. (2003). Já a 27ºC, há pico no segundo e terceiro dia.
Observa-se, com base nas Figuras 13, 14, 15 e 16, a redução progressiva do
número de ovos, do número de picos e do período de oviposição com o aumento da
concentração de TD. Na Figura 13, sem tratamento com TD, o menor número de ovos é
52 a 15ºC e o maior acima de 260 a 27ºC. Já na Figura 16, com 1,00 g de TD/kg o
maior número de ovos é aproximadamente 46 a 27ºC.
Através da análise de regressão, os coeficientes apresentados na Figura 17 A, B,
C e D, indicam que o número de ovos tem relação positiva em todos os tratamentos e
há grande redução do número de ovos com o aumento da concentração de TD.
Na Figura 17 A, o R
2
de 0,70 indica uma relação positiva e alta. O número de
ovos é bastante alto em todas as temperaturas, sendo sempre maior a 27ºC. Esta
temperatura é indicada como ótima para oviposição de Z. subfasciatus por Dendy &
Credland (1991) e Howe & Currie (1964), apesar de Howe & Currie (1964) e Zacher
(1930, apud. Howe & Currie 1964) afirmarem que a temperatura ótima para o
desenvolvimento deste inseto é de 32,5 e 31,6
o
C, respectivamente. Já Decheco & Ortiz
(1987) afirmam que o ótimo está entre 27 e 30
o
C.
Na Figura 17 B, C e D o R
2
reduz para 0,63; 0,48 e 0,31, respectivamente, assim
como o número de ovos. Nestes tratamentos a temperatura de 27ºC continua
apresentando o maior número de ovos. Para B, a correlação continua boa, mas para C
e D, a temperatura influencia muito pouco no número de ovos. Portanto com o aumento
da concentração de TD, esta passa a ter maior influência na oviposição.
32
0
50
100
150
200
250
300
1 6 11 16 21 26 31
Dias
mero de ovos/dia
15 oC
20 oC
27 oC
30 oC
Figura 13. Fecundidade de Z. subfasciatus, em feijão em diferentes temperaturas TD.
0
50
100
150
200
250
300
1 6 11 16 21 26 31
Dias
Número de ovos/dia
15 oC
20 oC
27 oC
30 oC
Figura 14. Fecundidade de Z. subfasciatus, em feijão em diferentes temperaturas com 0,50 g de TD/kg.
0
50
100
150
200
250
300
1 6 11 16 21 26 31
Dias
Número de ovos/di
a
15 oC
20 oC
27 oC
30 oC
Figura 15. Fecundidade de Z. subfasciatus, em feijão em diferentes temperaturas com 0,75 g de TD/kg.
0
50
100
150
200
250
300
1 6 11 16 21 26 31
Dias
Número de ovos/di
a
15 oC
20 oC
27 oC
30 oC
Figura 16. Fecundidade de Z. subfasciatus, em feijão em diferentes temperaturas com 1,00 g de TD/kg.
33
Figura 17. Fecundidade de Z. subfasciatus, em grãos de feijão carioca em
diferentes temperaturas tratados com diferentes concentrações de terra de
diatomácea e armazenados: (A) 0,00 g/kg de TD; (B) 0,50 g/kg de TD; (C) 0,75
g/kg de TD e (D) 1,00 g/kg de TD.
Observa-se nas Tabelas 4, 5 e 6 que as maiores médias foram encontradas a
27ºC para todas as concentrações de TD em todos os dias. Fato sustentado por Howe
& Currie (1964) que indicam que a melhor faixa de temperatura para oviposição de Z.
subfasciatus fica entre 25 e 30ºC.
Nas temperaturas de 27 e 30ºC houve maior mortalidade, entretanto foram
observados em todos os dias de exposição à TD que nestas temperaturas a média do
número de ovos foi alta, principalmente a 27
o
C na concentração de 0,50 de TD. Nestas
temperaturas verifica-se que as médias dos ovos na testemunha e com 0,50 g de TD/kg
diferem significativamente das médias com 1,00 TD. A 15 e 20ºC houve diferença
significativa entre as médias de ovos da testemunha e dos tratamentos com TD; exceto
a 15ºC no terceiro dia. Nestas temperaturas as menores médias foram encontradas a
Temperatura
Número de ovos
0
40
80
120
160
200
240
15 20 25 30
A
Temperatura
Número de ovos
0
40
80
120
160
200
240
14 16 18 20 22 24 26 28 30
B
Temperatura
Número de ovos
0
40
80
120
160
200
240
15 20 25 30
C
Temperatura
Número de ovos
0
40
80
120
160
200
240
15 20 25 30
D
Y = 40,556 + 5,617.X
R
2
= 0,70
Y = -22,889 + 1,887.X
R
2
= 0,48
Y = -2,931 + 0,428.X
R
2
= 0
,
31
Y = -56,306 + 4,568.X
R
2
= 0,63
(ºC)
(ºC)
(ºC)
(ºC)
34
15ºC na testemunha e com 0,50 g de TD/kg e a 20ºC nas concentrações de 0,75 e 1,00
de TD.
Em todos os dias no tratamento com 1,00 TD, o número de ovos foi muito baixo
e não houve diferença significativa entre as temperaturas, ou seja, independente da
temperatura a TD mantém o número de ovos baixo. Já para 0,75 TD houve diferença
significativa entre a média de ovos entre as diferentes temperaturas, mas em todos os
dias o número médio de ovos também foi baixo.
Na testemunha, as médias a 15ºC são diferentes das de 20ºC que são diferentes
das de 27 e 30ºC em todos os dias. Já na concentração de 0,50 TD não há diferença
entre as médias do número de ovos a 15 e 20ºC, mas estes são diferentes de 27 e
30ºC em todos os dias. Na concentração de 0,75 TD não houve diferença entre 15 e
20
o
mas estes foram diferentes significativamente de 27
o
C.
A análise de regressão (Figura 18 A) indica alta influência da temperatura no
período de oviposição das fêmeas de Z. subfasciatus. No entanto a Figura 18 B, C e D
indica que com o aumento da concentração de TD, esta passa a ser o fator
determinante anulando quase que por completo (Figura 18 C e D) o efeito da
temperatura no período de oviposição.
35
Tabela 4. Número médio de ovos de Z. subfasciatus após o terceiro dia de exposição a
diferentes concentrações de TD em diferentes temperaturas.
Temperatura (ºC)
Concentração
de TD (g/kg)
15 20 27 30
0,00
1,17 a A 44,50 b B 106,00 c C 119,00 b C
0,50
3,00 a A 10,83 a A 100,33 c C 27,50 b B
0,75
3,83 a A 2,33 a A 48,83 b C 18,33 b B
1,00
3,00 a A 2,50 a A 10,00 a A 7,83 a A
Médias seguidas por letras diferentes, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas,
diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 5. Número médio de ovos de Z. subfasciatus após o quinto dia de exposição a
diferentes concentrações de TD em diferentes temperaturas.
Temperatura (ºC) Concentração
de TD (g/kg)
15 20 27 30
0,00
14,00 b A 94,33 b B 172,00 d C 165,17 c C
0,50
6,17 a A 14,67 a A 113,83 c C 43,67 b B
0,75
6,67 a A 3,83 a A 50,67 b B 18,33 a A
1,00
4,00 a A 2,83 a A 12,00 a A 9,33 a A
Médias seguidas por letras diferentes, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas,
diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 6. Número médio de ovos de Z. subfasciatus após o décimo dia de exposição a
diferentes concentrações de TD em diferentes temperaturas.
Temperatura (ºC)
Concentração
de TD (g/kg)
15 20 27 30
0,00
46,17 b A 158,83 b B 220,67 d C 175,55 c BC
0,50
13,50 a A 16,30 a A 115,17 c C 47,50 b B
0,75
7,67 a A 4,67 a A 50,67 b B 18,33 b A
1,00
4,50 a A 2,83 a A 12,00 a A 9,33 a A
Médias seguidas por letras diferentes, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas,
diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
36
Figura 18. Período de oviposição de fêmeas de Z. subfasciatus em feijão carioca
em diferentes temperaturas tratados com diferentes concentrações de terra de
diatomácea e armazenados: (A) 0,0 g/kg de TD; (B) 0,50 g/kg de TD; (C) 0,75
g/kg de TD e (D) 1,00 g/kg de TD.
3. Teste de repelência
Na arena com chance de escolha há diferença entre a preferência de machos e
fêmeas. Os machos encontram-se principalmente a 0,00 g de TD/kg enquanto que para
as fêmeas encontram-se entre 0,00 e 0,50 g de TD/kg (Tabela 7 e Figura 19). Observa-
se que a oviposição ocorreu principalmente na testemunha e na concentração de 0,50 g
de TD/kg; foi muito baixa nas concentrações de 0,75 e 1,00 g de TD/kg e nula na
porção de Fora (Figura 20).
Temperatuta
Período de oviposição (dias)
0
5
10
15
20
25
30
15 20 25 30
A
Temperatura
Período de oviposição (dias)
0
5
10
15
20
25
30
15 20 25 30
B
Temperatura
Período de oviposição (dias)
0
5
10
15
20
25
30
15 20 25 30
C
Temperatura
Período de oviposição (dias)
0
5
10
15
20
25
30
15 20 25 30
D
Y = 32,167 0,819.X
R = 0
,
86
Y = 3,625 – 0,022.X
R = 0
,
08
Y = 1,625 – 0,004.X
R = 0
,
02
Y = 1,403 0,169.X
R = 0
,
42
(ºC)
(
ºC
)
(ºC)
(ºC)
37
Tabela 7. Número de machos, fêmeas e ovos de Z. subfasciatus em feijão tratado e não
tratado com TD em teste com chance de escolha após 24 horas.
Concentrações
de TD (g/kg)
Fêmeas
Machos
Fora
2,33
2,37
0,00
5,55 * 8,44 *
0,50
6,00 *
4,66
ns
0,75
2,77
ns
1,33
ns
1,00
1,44
ns
1,33
ns
* (difere) e
ns
(não difere) estatisticamente do demais
tratamentos pelo teste de Dunnett ao nível de 5%.
Figura 19. Número de Z. subfasciatus em cada tratamento até 100% de mortalidade.
(A) Machos; (B) Fêmeas
0
20
40
60
80
100
120
140
12345678
Dias
Número de insetos
0,0 g de TD/kg
0,5 g de TD/kg
0,75 g de TD/kg
1,0 g de TD/kg
Fora
A
0
20
40
60
80
100
120
140
12345678
Dias
Número de insetos
0,0 g de TD/kg
0,5 g de TD/kg
0,75 g de TD/kg
1,0 g de TD/kg
Fora
B
38
Figura 20. Número de machos, fêmeas e ovos de Z. subfasciatus em feijão tratado e
não tratado com TD em teste com chance de escolha após 24 horas.
O índice de repelência (IR) inferior a 1, indica que todas as concentrações de TD
foram repelentes ao Z. subfasciatus e que a repelência aumenta com o aumento da
concentração de TD (Tabela 8). Baseando-se no IR, observamos que a concentração
de 0,50 g de TD/kg não é repelente para as fêmeas, mas é repelente para os machos,
entretanto não há diferença significativa, como observado na análise anterior. Observa-
se que as concentrações de 0,75 e 1,00 g de TD/kg são mais repelentes para os
machos do que para as fêmeas. O IR indica que a repelência é crescente com o
aumento da concentração de TD e que a parte interna da arena, com exceção dos
frascos com feijão, considerado “fora” na análise, apresentou o menor índice de
repelência. Observando-se que o número de insetos no segundo e terceiro dias
aumentou nos frascos com feijão tratado com TD porém não houve aumento nos
frascos sem TD e na área da arena considerada fora, confirmando, portanto os valores
obtidos pelo IR.
A Tabela 7 mostra que não há diferença significativa entre a repelência de 1,00 e
de 0,75 g de TD/kg com o fora. A concentração de 0,50 g de TD/kg difere
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,00 0,50 0,75 1,00 fora
Tratamentos
Número de insetos e ovos
Machos
Fêmeas
Ovos
a
ab
a
ab
b
a
ab
a
b
b
b
b
b
b
b
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,00 0,50 0,75 1,00 fora
Tratamentos
Número de insetos e ovos
Machos
Fêmeas
Ovos
a
ab
a
ab
b
a
ab
a
b
b
b
b
b
b
b
39
significativamente do Fora para as fêmeas, mas não para os machos, indicando maior
repelência para os machos do que para as fêmeas. O feijão, apesar de repelente,
continua exercendo alguma atração ao Z. subfasciatus mesmo quando tratado com TD,
diferente do que ocorre com outros insetos. Sitophilus zeamais e S. oryzae são
repelidos pela TD, permitindo que sejam tratadas apenas as camadas superior e inferior
dos grãos armazenados, evitando-se a entrada de insetos e reduzindo os custos de
aplicação da TD (Pinto Jr. 1994).
Tabela 8. Índice de repelência para fêmeas e machos a feijão tratado com diferentes
concentrações de TD.
Concentração
de TD (g/kg)
IR Fêmeas
IR Machos
0,50
1,038
0,712
0,75 0,667 0,273
1,00 0,413 0,273
Fora 0,246 0,169
Observa-se na Tabela 9 as médias de fêmeas e machos encontradas na
testemunha e nas três concentrações de TD/kg no primeiro, terceiro e sexto dia do teste
com chance de escolha. Nesta tabela as médias de fêmeas e de machos encontradas
na testemunha TD/kg no primeiro dia de exposição não diferiram significativamente
entre si exceto para o parâmetro Fora e no terceiro dia para os machos com 0,75 g/Kg
de TD.
40
Tabela 9. Porcentagem de mortalidade de fêmeas e machos no primeiro, terceiro e
sexto dia em teste com chance de escolha em arena com feijão tratado com três
concentrações de TD.
Médias seguidas por letras diferentes diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao
vel de 5%.
4. Teste de umidade
A infestação de feijão por Z. subfasciatus causa danos qualitativos diretos e
indiretos, mesmo quando armazenado por curtos períodos. Na Tabela 10 observou-se o
aumento de 1ºC e 1% de UR em 90 dias de armazenamento. O aumento da umidade e
temperatura do grão apresenta um ambiente propício para o desenvolvimento fúngico
(Lazzari 1997).
Tabela 10. Umidade e temperatura média de grãos de feijão não infestados
(testemunha) e infestados com 10 casais de Z. subfasciatus, armazenados por 90 dias
em temperatura ambiente (entre 22 e 29ºC) com umidade variando de 45 a 80%.
Tratamentos seguidos por letras minúsculas diferentes nas colunas diferem
significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Concentração de TD (g/kg)
0,00 0,50 0,75 1,00 Fora
Datas
(dias)
Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos
Primeiro
15,35 a 23,31 a 16,57 a 12,90 a 7,68 a 3,67 a 3,98 a 3,67 a 6,43 a 6,43 ab
Terceiro
15,31 a 15,31 a 18,66 a 17,89 a 6,71 a 10,01 b 4,09 a 3,00 a 5,61 a 3,36 a
Sexto
22,22 a 9,74 a 19,48 a 12,48 a 8,36 a 2,75 a 1,37 a 2,75 a 8,36 a 12,48 b
Umidade
(%)
Temperatura
(
o
C)
Testemunha
15,0 a
25,9 a
Feijão infestado
17,5 b 26,8 b
41
5. Teste de alteração de peso, número de ovos, adultos emergidos e orifícios de
emergência em feijão tratado com diferentes concentrações de TD e infestado por
Z. subfasciatus
A perda de peso e da qualidade do feijão sob ataque de Z. subfasciatus e sem
tratamento contra insetos é alterada, mesmo em curtos períodos de armazenamento.
Portanto foram realizados experimentos para avaliar se a TD evita essas perdas.
Quando analisados o número de ovos, orifícios de emergência, adultos
emergidos e perda de peso de 100 grãos de feijão sob ataque de Z. subfasciatus
através da análise de regressão em diferentes concentrações de TD, o coeficiente de
regressão mostrou-se positivo e alto para todos os parâmetros, indicando alta influência
da TD na redução das perdas por Z. subfasciatus (Figura 21).
Concentração de TD (g/kg)
Número de feijões com ovos
-20
0
20
40
60
80
100
120
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
A
Concentração de TD (g/kg)
N
o
de feijões com orifícios de emergência
-20
0
20
40
60
80
100
120
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
B
Concentração de TD (g/kg)
Número de adultos nascidos
-20
0
20
40
60
80
100
120
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
C
Concentração de TD (g/kg)
Perda de peso do feijão (g)
0
1
2
3
4
5
6
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
D
Y = 63,526 – 55,123.X
R
2
= 0
,
77
Y = 89,041 – 95,633.X
R
2
= 0
,
91
Y = 67,139 – 71,497.X
R = 0
,
87
Y = 2,420 – 2,024.X
R
2
= 0
,
96
42
Figura 21. Número de ovos, orifícios de emergência, adultos emergidos e perda de
peso de 100 grãos de feijão sob ataque de Z. subfasciatus em diferentes concentrações
de TD.
Para classificação como Tipo I, portaria do MAA n
o
161/87, é permitido apenas
1,75% de grãos de feijão carunchados. Acima de 7,0% o feijão só pode ser classificado
como abaixo do padrão. Grãos carunchados são grãos inteiros, partidos ou quebrados,
que se apresentam danificados por carunchos em qualquer de suas fases de
desenvolvimento e seus efeitos, como ovos e perfurações (Ferreira 2002). Como
observado na Tabela 11, o feijão sem tratamento ultrapassa este limite em 45 dias,
podendo ser classificado apenas como abaixo do padrão.
Ao contrário dos resultados obtidos por Pinto Jr. (1994) para Acanthoscelides
obtectus, houve, mesmo que ummero baixo de insetos, sucessão de gerações para
Z. subfasciatus em todas as concentrações de TD (Tabela 11).
Houve diferença significativa entre a perda de peso com 0,00 com 0,50, 0,75 e
1,00 g de TD/kg. O número de feijões com ovos e com orifícios tratados na testemunha
e com 0,50 g de TD/kg não diferem entre si, mas diferem com o feijão tratado com 0,75
e 1,00 g de TD/kg.
Tabela 11. Perda de peso de 100 grãos de feijão, do grupo carioca variedade Juriti,
tratados com terra de diatomácea e infestados com 10 casais de Z. subfasciatus, após
45 dias de armazenamento a 27
o
C e 70±10% de UR e escotofase total.
Concentração
de TD (g/kg)
Perda de
peso final (g)
N
o
de feijões
com ovos
N
o
de feijões
com janelas
N
o
de adultos
nascidos
0,00
2,627 a
98,1 a
73,5 a
61,7 a
0,50
1,118 b 28,3 ab 22,7 ab 12,2 b
0,75
0,637 b 5,8 bc 4,6 bc 6,7 b
1,00
0,697 b 6,4 bc 5,1 bc 8,1 b
Médias seguidas por letras minúsculas diferentes nas colunas diferem
significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
43
CONCLUSÕES
Os resultados desta pesquisa representam o primeiro relato do uso de terra de
diatomácea no controle de Zabrotes subfasciatus.
1. A terra de diatomácea mostrou-se como um método eficiente de controle de Zabrotes
subfasciatus, uma das principais pragas de feijões em armazenamento.
2. A TD adere-se de modo eficiente ao grão de feijão e ao corpo de Zabrotes
subfasciatus.
3. A repelência do Z. subfasciatus ao feijão tratado com TD é baixa.
4. Há menor perda de peso, menor número de feijões com ovos, com orifícios de
emergência e número de adultos emergidos em feijão tratado com TD em comparação
ao não tratado.
5. A infestação de Z. subfasciatus altera a umidade e a temperatura do grão de feijão.
44
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50
CAPÍTULO II
Efeito do tratamento de
Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753 (Fabaceae)
com terra de diatomácea para o controle de
Zabrotes subfasciatus
(Boheman, 1833) (Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae) sobre a
qualidade sensorial, intenção de consumo, contaminão,
germinação e vigor do feijão
51
INTRODUÇÃO
O feijão, Phaseolus vulgaris Linnaeus, 1753 (Fabaceae), é a leguminosa de
maior importância como fonte de proteína vegetal, tendo alto consumo per capita, 16
kg/habitante/ano, no Brasil (CONAB, 2005). Segundo a CONAB (2005), o Brasil é o
segundo maior produtor mundial desta leguminosa, com uma área plantada, na safra
2004/2005, de 3.910,4 mil hectares e uma produção total de 2.837,5 mil toneladas. O
Paraná é o maior produtor nacional, participando com 20 a 25% do total produzido,
alcançando produtividades acima de 2000 kg/ha em lavouras mais tecnificadas.
Para o incremento da produtividade na cultura do feijão a qualidade das
sementes plantadas é essencial. Vários aspectos estão envolvidos na qualidade das
sementes, como os aspectos genético, físico, fisiológico e sanitário. A qualidade
fisiológica indica a capacidade que as sementes apresentam de germinar e estabelecer
uma população de plantas vigorosas. Este é, sem dúvida, o quesito considerado mais
importante pelos produtores, pois sementes sem qualidade fisiológica não são
adequadas.
As principais pragas do feijão armazenado são os carunchos-do-feijão
Acanthoscelides obtectus (Say 1831) e Zabrotes subfasciatus (Boheman 1833)
(Coleoptera, Chrysomelidae, Bruchinae). A. obtectus pode infestar o feijão a campo
ovipositando sobre vagens, enquanto que as infestações de Z. subfasciatus
normalmente se iniciam no armazém, pois as fêmeas deste inseto ovipositam somente
sobre grãos.
Os insetos pragas de produtos armazenados causam perdas sérias quando
medidas de controle adequadas não são implementadas. Diversos inseticidas têm sido
utilizados, mas nem sempre são eficientes para exterminar as pragas ou para evitar a
re-infestação, podendo resultar em problemas de resistência (Lorini 1997).
A terra de diatomácea (TD) apresenta um grande potencial para uso no controle
de pragas em produtos que não aceitam a aplicação de inseticidas (Pinto Jr. 1999;
Subramanyam & Roesli 2000; Jayas et al. 1995; Banks & Fields 1995). As partículas de
TD são compostas por carapaças de algas diatomáceas que são constituídas de
dióxido de sílica. Este componente se adere à epicutícula dos insetos por carga
eletrostática e atua por abrasão e adsorção dos lipídios epicuticulares, resultando na
morte dos insetos por desidratação (Ebeling et al. 1966).
52
A TD quando aplicada recobre totalmente o grão, deixando-o com um aspecto
menos brilhante. Este aspecto difere muito do feijão que é oferecido para venda, e que
é desejado pelo consumidor que considera o feijão mais claro e mais brilhante como um
feijão mais novo e com menor tempo de cocção.
Devido à alta superfície de contato, porosidade e capacidade higroscópica, a TD
tem a capacidade de absorver três vezes sua massa em gordura (Le Patourel et. al.
1989), sendo possível que a TD retire água do grão ressecando-o, ou absorva umidade
da atmosfera que pode ser transferida por osmose para o grão, alterando de alguma
maneira características como germinação, vigor e qualidade sensorial.
Por não promover o desenvolvimento da resistência dos insetos, devido ao seu
modo de ação, por ter um efeito residual duradouro e não deixar resíduos tóxicos, a TD
apresenta diversas vantagens sobre os inseticidas químicos. A TD apresenta baixa
toxicidade para mamíferos DL
50
de 3160 mg/kg. Nos Estados Unidos é reconhecida
como segura pelo “United States Food and Drug Administration” (FDA), sendo inclusive
registrada como aditivo alimentar 21 CRF 182,90, 182.1711 (Jayas et al. 1995).
Algumas doenças como silicoses e outras respiratórias como enfisema e
pneumocose podem resultar da inalação de sílica cristalina (tratada por exposição a
altas temperaturas) (Quarles 1992), porém a sílica amorfa apresenta danosnimos à
saúde quando inalada. Ratos expostos a uma dosagem de 5 a 80 mg de TD natural
apresentaram baixa reação ao produto (Pinto Jr. 1999).
Com o crescente acesso e disponibilidade de informação, o aumento do nível de
escolaridade (IBGE 2005), e da preocupação da população com a qualidade e
segurança do alimento que está ingerindo e oferecendo à sua família, o consumidor
está cada vez mais consciente, exercendo com naturalidade seus direitos, exigindo
competência, qualidade técnica e inovação tecnológica na produção de alimentos (Ota
et al. 2002).
As informações a respeito de alimentos benéficos e seguros estão ganhando
ênfase em todos os meios de comunicação. Já é grande a troca de hortaliças
convencionais pelas orgânicas, por exemplo, indicando que o consumidor está inclusive
disposto a pagar mais por um produto mais saudável e seguro.
Em vista disto, o setor alimentício tem investido em novas tecnologias e métodos
de controle de insetos-praga que não impliquem no uso de inseticidas residuais e
tóxicos para o ser humano e para o meio ambiente.
53
Assim sendo, neste capítulo pretende-se abordar aspectos do feijão tratado com
TD, como sua viabilidade de consumo junto à população. Para isso, verificou-se se há:
1. Alteração quanto à qualidade sensorial
2. Aceitação pelo consumidor
3. Redução na germinação e vigor
4. Contaminação do feijão pela TD
54
MATERIAL E MÉTODOS
A TD e os exemplares de Z. subfasciatus utilizados nos ensaios foram obtidos
como indicado no item material e métodos do Capítulo I.
Para a avaliação da qualidade global e da segurança do feijão tratado com TD
foram realizados vários testes. Os dois primeiros ensaios foram realizados no
Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Nutrição da Universidade Federal
do Paraná. Os testes foram conduzidos com 35 provadores entre alunos de graduação
do curso de Nutrição e alunos de pós-graduação do curso de Entomologia da UFPR.
Com objetivo de verificar se a TD é um contaminante no feijão e se a TD pode
ser removida com a lavagem com água realizou-se um teste de contagem de carapaças
de algas diatomáceas no Laboratório de Ficologia do Departamento de Botânica da
Universidade Federal do Paraná.
Para verificar a influência da TD sobre esses parâmetros da qualidade fisiológica
das sementes de feijão, foi realizado um teste de germinação e vigor de sementes de
feijão. Os testes foram realizados no Laboratório de Tecnologia e Produção de
Sementes Flavio Popinigis do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo da
Universidade Federal do Paraná.
1. Teste de diferença de controle
Objetivou-se com este teste verificar se o tratamento com TD afeta a qualidade
global do feijão armazenado. Para isso, amostras de 800 g de feijão novo carioca foram
tratadas com 0,50; 0,75 e 1,00 g de TD/kg e comparadas a uma amostra padrão, sem
TD. A TD foi incorporada ao feijão conforme a metodologia descrita no Capítulo I.
O feijão foi macerado em água fria por oito horas e cozido em panela de pressão
por 25 minutos com sal a 2% p/v (Ferreira 2002). As amostras foram mantidas
aquecidas em estufa a 55ºC até o momento de servir. A cada um dos 35 provadores
foram oferecidos 10 grãos de feijão de cada amostra em copinhos com capacidade
para 30 mL numerados. Os provadores receberam uma colherinha de plástico, um
copinho de água e uma ficha (Anexo 1) e foram instruídos a provarem o padrão seguido
das demais amostras e identificar o grau de diferença entre as amostras com relação
55
ao padrão utilizando uma escala de 0 (nenhuma diferença) a 9 (extremante diferente)
(Mori 1987) (Figura 1). Os provadores foram instruídos a ingerir um pouco de água
entre a degustação de cada amostra. Os resultados foram submetidos à análise de
variância, utilizando o teste F de Snedecor com nível de significância de 5%.
Figura 1. Material utilizado para o teste de aceitação: ficha, caneta e 100 g de feijão
tratado com 1,00 g de TD/kg.
56
2. Teste de aceitação
Como a TD recobre o feijão modificando o aspecto (Figura 2), realizou-se um
segundo teste para avaliar a intenção de consumo de feijão carioca tratado com TD.
Para este teste optou-se por tratar o feijão com a concentração mais alta de TD (1,00 g
de TD/kg), comprovadamente eficaz para o controle do Z. subfasciatus em laborario,
conforme o capítulo I.
Figura 2. Feijão carioca da variedade Juriti. (A) grãos de feijão sem tratamento com
TD. (B) grãos de feijão tratados com 0,500 g de TD/kg.
Os provadores receberam 100 g de feijão carioca novo tratado com TD e
embalado em um saco plástico transparente, uma ficha (Anexo 2) com um enunciado
informando a respeito das características do tratamento convencional (fumigação) e do
tratamento com TD e uma caneta. Com base nas informações, pediu-se que o provador
analisasse visualmente a amostra e indicasse o grau de aceitação do produto num
escala de 1 a 5. Os pontos 1 e 2 (“não consumiria” e “consumiria somente na falta do
produto convencional”, respectivamente) representam a rejeição do produto; 3 (“não
gosto da aparência, mas consumiria ocasionalmente) representa indiferença, e 4 e 5
(“consumiria sempre que tivesse oportunidade” e “certamente consumiria”,
respectivamente) representam a aceitação do produto (Mori 1987) (Figura 3). Os
57
resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando o teste de Tukey com
nível de significância de 5%, pelo programa Statistica versão 6.0.
Figura 3. Material utilizado para o teste de diferença do padrão: ficha, copos numerados
contendo feijão tratado com diferentes concentrações de TD, colher plástica,
guardanapo e copo de água não gelada.
3. Contagem de partículas de carapaças de algas diatomáceas
Foi realizado este teste de contagem de carapaças e de partículas reconhecíveis
de algas diatomáceas, com o objetivo de verifica se há contaminação do feijão pela TD.
Para este ensaio, foi utilizada a quantidade de TD necessária para tratar 50 g de feijão
com 0,50; 0,75 e 1,00 g de TD/kg de feijão; a primeira e a segunda lavagem de
58
amostras de 50 g de feijão tratado com 0,50; 0,75 e 1,00 g de TD/kg conforme a
metodologia descrita no Capítulo I.
Utilizou-se a TD diluída apenas em água para verificar a quantidade de TD com a
qual o feijão é tratado e as lavagens para verificar se a TD é removida.
A metodologia foi uma modificação do método proposto por Atui (2002),
modificada de Jonhson et al. (1964) para avaliação de algas diatomáceas.
Metodologia utilizada para água tratada com TD
Inicialmente pesou-se em balança de precisão a TD necessária para tratar 50 g
de feijão em cada um das concentrações. Posteriormente colocou-se as concentrações
de TD pesadas em erlenmeyers com capacidade para 300 mL e adicionou-se 100 mL
de água destilada e filtrada agitando-se o líquido vigorosamente por 15 segundos, até
que a TD misture bem com a água. A seguir cobriu-se uma câmara de Neubauer com
uma lamínula própria e depositou-se, com uma pipeta, 0,02 mL (ou uma gota) do
material de cada concentração em cada um dos dois lados da câmara. Observou-se a
câmara em estereomicroscópio no aumento de 400x. A contagem do número de
carapaças de algas diatomáceas e seus fragmentos reconhecíveis foi realizada em 25
campos de um dos lados da câmara de Neubauer, medindo 0,2 mm
2
cada, ao acaso.
Em seguida, realizou-se nova contagem no outro lado da câmara. Após a realização
das duas contagens fez-se uma média.
Metodologia utilizada para feijão tratado com TD para primeira lavagem
Pesou-se 50g de feijão tratado com diferentes concentrações de TD, colocando em
escorredor de arroz. Neste foi adicionado 100 mL de água destilada e filtrada que foi
agitada dentro de escorredor por 15 segundo, em seguida escorrida e reservada em
Becker com capacidade de 200 mL. Em seguida, com auxilio de uma pipeta, depositou-
se 0,02 mL (ou uma gota) do material de cada concentração em cada lado da câmara
de Neubauer. Os procedimentos seguintes foram realizados como descrito no teste
anterior.
Metodologia utilizada para feijão tratado com TD na segunda lavagem
Procede-se como no teste anterior, porém dispensa-se a água da primeira
lavagem. Adiciona-se mais 100 mL de água destilada e filtrada ao escorredor agitando-
59
se por 15 segundos. Esta água é então reservada em Becker e procede-se como nos
testes anteriores.
As carapaças de algas diatomáceas e seus fragmentos reconhecíveis foram
identificadas conforme as características descritas por Johnson et al. (1964) e com
auxílio da Dr
a
. Thelma Veiga Ludwig, do Departamento de Botânica da Universidade
Federal do Paraná.
Os resultados das contagens foram submetidos a ANOVA e Tukey a 5% de
probabilidade pelo programa Statistica versão 6.0.
4. Avaliação da germinação e vigor
Com o objetivo de verificar a influência da TD sobre a qualidade fisiológica das
sementes de feijão, foi realizado um teste de germinação e vigor. Foram desenvolvidos
cinco tratamentos com 50 sementes de cada tratamento em oito repetições: sementes
sem TD; sementes com 0,50; 0,75; 1,00 g de TD/kg e 0,5 kg sementes infestadas com
50 casais de Z. subfasciatus por 45 dias. As 50 sementes de cada repetição foram
colocadas sobre papel de germinação Germitest
®
umedecido com água e embalados,
em forma de rolos (Figura 4 A). Estes foram então colocados na posição vertical em
câmara de germinação a 25±2
o
C com 100% de umidade, seguindo a metodologia do
Ministério da Agricutura, Pecuária e Abastecimento (1992).
A leitura da germinação foi realizada ao terceiro e quinto dias após a instalação
do experimento. Na primeira leitura as plântulas normais foram contadas (Figura 4 B) e
eliminadas e os rolos retornaram à câmara de germinação. Na segunda leitura, foi feita
a contagem final de sementes germinadas, plântulas normais e anormais (Figura 4 C).
O resultado da germinação foi expresso pela média de plântulas normais das duas
leituras, o de vigor pela contagem das plântulas normais da primeira leitura da
germinação. Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando o teste
de Tukey com nível de significância de 5%, pelo programa Statistica versão 6.
60
Figura 4. Germinação e vigor. (A) Rolos com sementes; (B) Rolo aberto evidenciando o
aspecto das plântulas na primeira leitura (terceiro dia); (C) Aspecto de plântulas
normais e anormais observadas na segunda leitura (quinto dia).
A
C
B
Plântulas
normais
Plântulas anormais
61
RESULTADOS E DISCUSSÕES
1. Teste de diferença de controle
Os valores obtidos a partir do teste de diferença de controle não foram diferentes
significativamente (Tabela 1). Deste modo, fica claro que o tratamento, mesmo com
1,00 g de TD/kg de feijão não afeta as características sensoriais do feijão desejadas
pela população. A TD tamm não altera o tempo de cocção, que foi de 25 minutos
para todos os tratamentos.
Tabela 1. Valores do Teste de Diferença do Controle onde provadores compararam
feijão tratado com diferentes concentrações de TD com o padrão sem TD.
*Teste F não significativo.
2. Teste de Aceitação
O teste visual de aceitação, ou intenção de consumo, realizado com feijão
tratado com 1,00 g de TD/kg, indicou que 68,6% dos avaliadores consumiriam o
produto, 25,7% mostraram-se indiferentes e apenas 5,7% dos provadores rejeitaram o
produto, como mostra a Figura 5. A porcentagem de aceitação é bastante expressiva,
especialmente tratando-se de um produto inovador e desconhecido para os
avaliadores.
TD (g/kg)
Média*
0,00
2,3 ±1,9
0,50 2,4 ±1,9
0,75 1,7 ±1,6
1,00 2,0 ±2,0
62
Teste de inteão de consumo
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
12345
Intenção de consumo
mero de observações
1 + 2 = rejeição 5,7%, 3 = indiferença 25,7% e 4 + 5 = aceitação 68,6% do produto.
Figura 5. Número de observações indicando a intenção de consumo de feijão tratado
com 1,00 g de TD/kg.
Os resultados sugerem que para o público alvo, ou seja, pessoas com pelo
menos o segundo grau completo, a alteração visual do feijão provocada pela presença
da TD, tornando-o fosco e esbranquiçado é aceitável desde que haja garantia que o
alimento é mais seguro apresentando sabor, cheiro e textura idêntica ao consumido
normalmente.
A aceitação deste produto confirma a busca cada vez maior por produtos com
maior qualidade sem resíduos químicos danosos à saúde do consumidor, do aplicador
e menos agressivos ao meio ambiente.
3. Contagem de partículas reconhecíveis de carapaças de algas diatomáceas
Para o feijão tratado com TD e lavado apenas uma vez verificou-se, em todas as
concentrações um número menor do que o considerado positivo por Jonhson et al.
(1964) e Silva & Sousa (1967) que é de 2 fragmentos. O que é muito próximo da
dosagem de 0,50 g de TD/kg observado na coluna 1 da Tabela 2. Para duas lavagens
5,7%
25,7%
68,6%
63
de feijão não foram encontrados fragmentos reconhecíveis de carapaças de algas
diatomáceas das leituras para nenhuma das concentrações de TD.
Contagens de carapaças de algas diatomáceas em câmara de Neubauer
realizadas por Atui (2002) em trigo mostram que o resíduo de TD em concentrações
abaixo de 1,00 g de TD/kg que permanece nos grãos está bastante abaixo do
considerado positivo por Johnson et al. (1964) e Silva & Sousa (1967), confirmando que
TD pode ser seguramente utilizada, podendo ser totalmente removida com duas
lavagens do feijão com água.
Tabela 2. Carapaças e porções reconhecíveis de algas diatomáceas encontradas em
água e amostras de feijão tratadas com diferente concentrações de TD.
Concentração
de TD (g/kg)
Água com TD Lavagem 1* Lavagem 2*
0,50
2,44 a A
0,78 B
0,00 C
0,75
5,64 b A 0,80 B 0,00 C
1,00
13,04 c A 0,86 B 0,00 C
* Médias das colunas não diferem entre si pela análise de variância
Tratamentos seguidos por letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas,
diferentes diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5%.
Atui (2002) ressalta que apesar da aparência fosca, esbranquiçada e sem brilho
natural, os grãos tratados com TD não devem ser rejeitados ou penalizados, pois a
presença de TD é um indicativo de que o produto é de qualidade e ausente de resíduos
químicos.
A partir dos testes realizados, confirma-se que o tratamento de feijão com TD
contra Z. subfasciatus ou outros insetos pragas de produtos armazenados não altera a
qualidade global do feijão quanto a palatabilidade e a segurança, sendo aceito pela
maioria dos provadores.
64
4. Testes de germinação e vigor
Não houve diferença significativa entre os tratamentos com diferentes
concentrações de TD quanto à germinação das sementes e o vigor das plântulas de
feijão. Porém nas sementes infestadas por Z. subfaciatus, houve uma redução
significativa da germinação de 96% para 84%, mas não do vigor se comparado aos
demais tratamentos. Porém verifica-se que o vigor para este tratamento é
sensivelmente inferior (67%). No entanto, considerando um período mais longo de de
infestação é possível que haja uma redução significativa neste parâmetro (Tabela 3).
Tabela 3. Germinação e vigor de feijão tratado com 0,00; 0,50; 0,75 e 1,00 g de TD/kg e
feijão infestado com 50 casais de Z. subfasciatus após 45 dias.
Tratamentos
(g de TD/kg)
Germinação
(%)
Vigor*
(%)
0,00
96 *
73
ns
0,50
96 *
70
ns
0,75
96 *
70
ns
1,00
96 *
72
ns
Z. subfasciatus 84 67
* (difere) e
ns
(não difere) estatisticamente do demais
tratamentos pelo teste de Dunnett ao nível de 5%.
Podemos, portanto afirmar que a TD é um produto economicamente viável,
seguro e eficiente no tratamento de feijão armazenado contra Z. subfasciatus, não
alterando a qualidade global, nem as características fisiológicas das sementes;
apresentando um custo benefício excelente.
65
CONCLUSÕES
1. Não há alteração quanto á qualidade sensorial do feijão tratado com TD.
2. O feijão tratado com TD é aceito pelo consumidor.
3. Não há redução de germinação ou vogor em feijão tratado com TD.
4. Não há contaminação do feijão tratado com TD.
66
BIBLIOGRAFIA
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fragmentos e de resíduos de terra de diatomácea em grãos de farinha de trigo. Tese
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Paraná. 77 p.
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Stored-grain ecosystems. New York, Marcel Dekker, Inc. xi+757 p.
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J. Economic Entomology 59: 1374-88.
FERREIRA, S, M, R. 2002. Controle da qualidade em sistemas de alimentação
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2005.
http://www.ibge.gov.br Acesso em 09 de junho de 2005
JAYAS, D. S.; N. D. G. WHITE & W. E. MUIR. 1995. Stored Grain Ecosystems. New
York: Marcel Dekker, 757p.
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67
Le PATOUREL, G. N. J. 1986. The effect of grain moisture content on the toxicity of a
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Research, Exeter, v. 22, p. 63-69.
LORINI, I. 1997. Insecticide resistance in Rhyzopertha dominica (fabricius)
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MORI, E. E. M. 1987. Análise sensorial dos alimentos. Campinas; Ital.
OTA , M. M., TOSCHI, C. C. OLIVEIRA, S. S. C. & N. ANTONIAZZI. 2002. Exig^ncias
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M. Scussel. Bio Geneziz, Campinas, SP. P. 899-959.
PINTO Jr., A. R. 1999. Utilização de terra de diatomácea no controle de pragas de
armazenamento e domissanitárias. Tese de Doutorado, área de concentração em
Entomologia, Universidade Federal do Paraná. 114 p.
QUARLES, W. 1992. Diatomaceous earth for pest control. The IPM Practitioner 14: 1-
11.
SILVA & M. E. SOUSA. 1967. Estudo do interesse de pós inseticidas inertes no
combate à pragas dos prudutos ar,azenados. Garcia de Lorca 15: 367-408
SUBRAMANYAM, B. & R. ROESLI. 2000. Inert dusts, p. 321-380. In: SUBRAMANYAM,
B. & HAGSTRUM, D. W. Alternatives to pesticides in stored-product IPM.
Norwell, Massachusetts, Kluwer Academic Publishers, XV+437 p.
68
ANEXOS
Anexo 1. Ficha para teste de diferença de controle
Nome: ____________________________________________ Data: 19/05/2005
Teste de diferença do controle
Você esta recebendo um padrão (P) de feijão carioca e quatro amostras
codificadas. Por favor, prove as amostras da esquerda para a direita (começando pelo
padrão) e utilize a escala abaixo para indicar quanto cada amostra difere do padrão
(leve em consideração o sabor, a textura, o cheiro e o aspecto das amostras).
0 = Nenhuma diferença
1
2
3
4
5
6
7
8
9 = Extremamente diferente
Código da amostra Grau de diferença
69
Anexo 2. Ficha para teste de intenção de consumo.
Nome: ____________________________________________ Data: 19/05/2005
TESTE DE INTENÇÃO DE CONSUMO
O feijão disponível nos supermercados é, em sua maioria, tratado contra insetos de
armazenamento com fumigação. Este processo, largamente empregado no Brasil, utiliza
fosfeto de alumínio ou de magnésio, substâncias que em contato com o ar formam o gás
fosfina (PH
3
). Este processo apresenta sucesso no combate do caruncho-do-feijão, assim
como cupins, ratos e outros insetos. A fosfina é bastante tóxica para o aplicador e devido a
práticas incorretas de fumigação, várias pragas de produtos armazenadas vêm apresentando
uma crescente resistência ao gás fosfina. Apesar de este gás ser considerado tóxico a peixes,
aves a mamíferos pelo USDA, após a fumigação, a fosfina é oxidada na atmosfera,
transformando-se em formas não tóxicas de fosfeto.
A amostra que você recebeu foi tratada contra insetos com terra de diatomácea. A terra
de diatomácea é um pó inerte composto de esqueletos de algas fossilizadas, estas algas são
muito comuns em todo mundo, tanto em água doce quanto salgada. Este produto é utilizado
em pasta de dentes, filtros em geral, clarificão de polpa de frutas para sucos, contra
parasitas internos e externos em gado, cavalos e cães, como inseticida doméstico e como
inseticida em produtos armazenados; podendo ser utilizada em produtos orgânicos. A terra de
diatomácea é registrada como aditivo alimentar pelo USDA e nas análises de classificação de
grãos e sementes não é considerada como contaminante. A terra de diatomácea é facilmente
removida do feio pela lavagem com água. E qualquer eventual resíduo não apresenta riscos
ao ser humano.
Com base nas informações acima, marque com um X sua intenção de
consumo do produto tratado com terra diatomácea:
Intenção de Consumo
1- Não consumiria.
2- Consumiria somente na falta do produto convencional.
3- Não gosto da aparência, mas consumiria ocasionalmente.
4- Consumiria sempre que tivesse oportunidade.
5- Certamente consumiria.
70
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