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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Ilza Caixeta e Silva Camargo
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA EM
PACIENTES COM PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
CLASSE I INFERIOR E PRÓTESE TOTAL SUPERIOR
DE PORTO VELHO-RO
Taubaté – SP
2008
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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Ilza Caixeta e Silva Camargo
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA EM
PACIENTES COM PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
CLASSE I INFERIOR E PRÓTESE TOTAL SUPERIOR
DE PORTO VELHO-RO
Dissertação apresentada para a obtenção do
tulo de Mestre pelo Programa de Pós-
graduação do Departamento de Odontologia da
Universidade de Taubaté.
Área de Concentração: Prótese Dentária
Orientador Prof. Dr. Maximiliano Piero Neisser
Taubaté – SP
2008
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ILZA CAIXETA E SILVA CAMARGO
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA EM PACIENTES COM PRÓTESE
PARCIAL REMOVÍVEL CLASSE I INFERIOR E PRÓTESE TOTAL SUPERIOR
DE
PORTO VELHO-RO
Dissertação apresentada para a obtenção do
tulo de Mestre pelo Programa de Pós-graduação
do Departamento de Odontologia da Universidade
de Taubaté.
Área de Concentração: Prótese Dentária.
Data: _____________________
Resultado: _________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. __________________________Universidade de Taubaté
Assinatura ________________________
Prof. Dr. __________________________Universidade
_________________________
Assinatura ________________________
Prof. Dr. __________________________Universidade
_________________________
Assinatura ________________________
Dedico este trabalho aos meus pais, Alizon e Geralda,
pelo exemplo de vida.
Aos meus irmãos, pelo carinho e união.
Ao meu esposo, Virgílio, e às minhas filhas, Bruna e Letícia,
pelo amor, apoio e compreensão.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Maximiliano Piero Neisser, pela paciência e brilhante orientação.
À Profa. Dra. Ana Christina Claro Neves, pela idealizão deste trabalho e valiosa
contribuição.
Aos Professores Doutores Davi Romeiro Aquino e Marcelo Custódio Rubira, pela
análise estatística dos resultados.
À Profa. Ms. Flávia Gabriela Rosa, e aos demais colegas de trabalho, pela ajuda na
seleção dos pacientes.
A todos os professores do curso do mestrado, pelos ensinamentos e amizade.
Aos pacientes, que possibilitaram a coleta de dados necessária.
À Faculdade São Lucas, pelo apoio na realização da pesagem do material coletado.
“Ter dentes, a despeito da saúde, significa
resgatar o passaporte para a cidadania”.
Rui Fonseca Brunetti
6
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência mastigatória de usuários de prótese
parcial removível (PPR) classe I inferior e prótese total (PT) superior, da cidade de
Porto Velho - Rondônia, e comparar os resultados obtidos com os descritos na
literatura, utilizando a mesma metodologia. Dez indivíduos (cinco do gênero feminino
e cinco do nero masculino) totalmente dentados foram selecionados para o grupo
controle. Vinte e sete indivíduos, de ambos os gêneros, receberam 17 cubos de
Optocal
®
(simulador de alimento) os quais foram mastigados em vinte ciclos (golpes)
mastigatórios. O mesmo procedimento foi repetido posteriormente, desta vez com
quarenta ciclos. Os fragmentos foram passados por oito peneiras granulométricas
calibradas (5,6; 4,0; 2,8; 2,0; 1,4; 1,0; 0,71 e 0,5 mm) e depositado em um coletor sem
perfurações. O material triturado, retido em cada peneira e no coletor, foi secado em
estufa e pesado. Os valores foram tabulados em tabela e analisados. Após a
mastigação, os indivíduos responderam um questionário para qualificar o alimento
utilizado quanto à natureza, consistência, influência do sabor e grau de dificuldade de
mastigação. Os resultados mostram melhor eficiência mastigatória em pacientes
totalmente dentados, com quarenta ciclos mastigatórios e que, para compensar o
fraco desempenho mastigatório das próteses removíveis, os pacientes devem realizar
mais golpes mastigatórios.
Palavras-Chave: Eficiência Mastigatória. Prótese Parcial Removível. Prótese Total.
.
7
ABSTRACT
The aim of this study was evaluate the masticatory efficiency of removable partial
denture (RPD) of wearers class I mandibular and complete denture maxillar in Porto
Velho, Rondônia. Ten completely dentate subjects (five women and five men) were
selected to the control group. Twenty seven subjects both gender were selected and
received 17 Optocal
®
cubes (food simulator) that were chewed in twenty chewing
strokes. The same procedure was used on late with forty chewing strokes. The
fragments of Optocal
®
were sieved on stacks of eight sieves, with apertures from 5,6
decreasing to 0,5 mm (5,6; 4,0; 2,8; 2,0; 1,4; 1,0; 0,71 e 0,5 mm), and a bottom plate.
The amount of test food on each sieve and on the bottom plate was dried and
measured. The results were tabled and analyzed. After the chewing test, the subjects
answer a questionnaire to qualify the test food in relation to hardness, consistency and
difficulty to chew. The results show better masticatory efficiency in subjects completely
dentates with 40 chewing strokes and that, to compensate the removable denture low
performance, the patients must do extra masticatory bites.
Key words: Masticatory Efficiency. Removable Partial Denture. Complete Denture.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição da freqüência dos elementos remanescentes do
grupo teste
40
Tabela 2 Valores de peso obtidos nas peneiras e a comparação do peso
no grupo teste e controle com vinte e quarenta golpes mastigatórios
41
Tabela 3 Comparação do peso do grupo controle com vinte mastigações
e teste com vinte e quarenta mastigações
43
Tabela 4 Comparação do peso do grupo controle com quarenta
mastigações e teste com vinte e quarenta mastigações
43
Tabela 5 Comparação do DGM no grupo controle e no grupo teste com
vinte e quarenta golpes mastigatórios
45
Tabela 6 - Distribuição DGM por percentil no grupo controle com vinte
mastigações e grupo teste com quarenta mastigações
46
Tabela 7 - Dificuldade e classificação da mastigação com vinte e quarenta
golpes
48
Tabela 8 Comparão entre o tempo de uso das próteses e o nº. de
dentes remanescentes com o DGM de quarenta e de vinte golpes
mastigatórios
49
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Materiais utilizados para obtenção do simulador de alimento Optocal
®
33
Figura 2 - Materiais utilizados para obtenção do simulador de alimento Optocal
®
33
Figura 3 - Vista superior do molde metálico preenchido com o simulador de
alimento
34
Figura 4 – Simulador de alimento Optocal
®
34
Figura 5 - Peneira de 5,6 mm de malha 35
Figura 6 - Peneira de 0,5 mm de malha 35
Figura 7 - Material triturado e conjunto de peneiras sobre o vibrador (A e B) 36
Figura 8 - Remoção e obtenção do material triturado (A e B) 36
Figura 9 - Balança eletrônica Bioprecisa
®
FA 2104N 37
Figura 10 - Planilha para o cálculo do DGM, representação das fórmulas 39
Figura 11 - Peso e perfil mastigatório no GC e GT nas mastigões de vinte e
quarenta vezes
42
Figura 12 – DGM dos grupos teste e controle 44
Figura 13 Comparação entre os DGM do GT com quarenta golpes
mastigatórios e do GC com vinte golpes mastigatórios
45
Figura 14 - Distribuição de freqüência dos indivíduos e DGM no GT e GC (A e
B)
46
Figura 15 - Distribuição de freqüência quanto à classificação do simulador de
alimento quanto à dificuldade de mastigação
47
Figura 16 - Consistência do simulador de alimento Optocal
®
49
Figura 17 - Dificuldade em mastigar o Optocal
®
50
Figura 18 - Influência do sabor do Optocal
®
na mastigação
50
Figura 19 -
Dificuldade em mastigar algum alimento
51
Figura 20 -
Classificação do Optocal
®
quanto à dificuldade
51
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11
2 REVISÃO DE LITERATURA 13
3 PROPOSIÇÃO 31
4 MÉTODO 32
4.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 32
4.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
32
4.3 PREPARO DO SIMULADOR DE ALIMENTO 33
4.4 AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA 34
4.5 GRUPO CONTROLE 39
5 RESULTADOS 40
5.1 CARACTERÍSTICAS DOS VOLUNTÁRIOS DO GRUPO TESTE E DO
GRUPO CONTROLE
40
5.2 PERFIL DA MASTIGAÇÃO NO GRUPO CONTROLE E NO GRUPO
TESTE COM VINTE E QUARENTA GOLPES MASTIGATÓRIOS
41
5.3 ANÁLISE DO DIÂMETRO GEOMÉTRICO MÉDIO (DGM) NO GRUPO
CONTROLE E GRUPO TESTE
44
5.4 ANÁLISE E RESULTADOS REFERENTES ÀS DIFICULDADES DE
MASTIGAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SIMULADOR DE ALIMENTO
QUANTO AO GRAU DE DIFICULDADE
47
5.5 RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES DO GRUPO TESTE ÀS
QUESTÕES SUBJETIVAS
49
6 DISCUSSÃO 52
7 CONCLUSÕES 56
REFERÊNCIAS 57
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 60
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SOBRE A OPINIÃO DOS
PARTICIPANTES DA PESQUISA SOBRE O SIMULADOR DE ALIMENTO
MASTIGADO
61
ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA
FACULDADE SÃO LUCAS
63
11
1 INTRODUÇÃO
A história da prótese e a preocupação com a estética remontam ao tempo dos
fenícios e dos egípcios, quando os dentes perdidos eram substituídos de maneira
simples e primitiva, através de amarrilhos de fios de ouro aos dentes adjacentes
(KLIEMANN; OLIVEIRA, 1999).
A mastigação é uma das funções mais importantes do sistema estomatognático
(DOUGLAS, 2002). Para que o sistema digestório funcione de maneira eficiente, é
necessário que o sistema estomatognático funcione de maneira satisfatória.
Indiduos com uma função mastigatória deficiente relatam que preferem
alimentos macios e de fácil mastigação, os quais têm baixa quantidade de fibras e de
nutrientes. Um consumo reduzido de alimentos ricos em nutrientes pode,
conseqüentemente, induzir o desenvolvimento de desordens gastrintestinais em
pacientes idosos portadores de próteses com deficiência na eficiência mastigatória.
Deficiências nutritivas estão associadas à redução da resposta imune. Devido às
funções fisiológicas normais estarem diminuídas, os idosos estão mais propensos a
ter doenças crônicas progressivas (BRODEUR et al., 1993).
O paciente que não consegue triturar bem os alimentos não consegue ter uma
boa digestão, fundamental para uma boa qualidade de vida. Daí a importância da
confecção de próteses não apenas com importância estética, mas também eficientes
na mastigação.
um aumento na preocupação dos pacientes quanto à prevenção de cáries e
doenças periodontais e, consequentemente, uma diminuição da quantidade de
dentes perdidos pelos adultos. Mas o número de pacientes que fazem uso dessas
próteses é ainda muito grande.
12
O tratamento por reabilitação protética deverá substituir os dentes perdidos de
forma semelhante à dentição natural alcançando, assim, a função mastigatória
aceitável (BORETTI; BICKEL; GEERING, 1995).
É necessário considerar a eficiência mastigatória (EM) de indivíduos com PPR
classe I inferior e PT superior para que os cirurgiões-dentistas avaliem melhor os
resultados funcionais de seus trabalhos.
Há estudos relevantes para o presente trabalho sobre a EM de indivíduos
totalmente dentados e de indivíduos com PT completas, os quais servirão de apoio
para a comparação dos resultados.
A confecção de PT e de PPR bem-adaptadas faz com que parte da função
mastigatória seja restaurada e, com isso, a velocidade do processo de reabsorção
óssea alveolar é reduzida. Porém, esse processo não é interrompido, o que gera a
necessidade de confecção de novas próteses em intervalos de aproximadamente
cinco anos (CUNHA; MARCHINI, 2007).
Com o intuito de verificar o desempenho mastigatório de portadores de próteses,
foram selecionados, para o presente estudo, usuários de prótese parcial removível
classe I inferior (classificação de Kennedy: desdentado posterior bilateral), pelo fato de
ser o tipo de situação clínica encontrada com maior freqüência (KLIEMANN;
OLIVEIRA, 1999) e com prótese total superior, situação esta que também foi
observada em Porto Velho-RO.
13
2 REVISÃO DA LITERATURA
Manly e Braley (1950), para estudar a eficiência e o desempenho mastigatório
e avaliar o efeito da perda dos dentes na EM, selecionaram quatro grupos com 25
pessoas em cada grupo. No primeiro, os participantes tinham completa dentição; no
segundo, os terceiros molares faltando; no terceiro grupo, os indivíduos tinham os pré-
molares e um molar em oclusão; e no quarto grupo, pessoas com próteses totais. Os
alimentos utilizados para os testes foram: amendoim, cenoura, coco e uva passa. Os
participantes mastigaram cinco porções, de três gramas cada uma, com vinte golpes
para cada porção. A mastigação foi feita apenas em um lado da boca e depois foi
repetido o teste com o outro lado. O material mastigado foi colocado em peneiras com
malhas de dez, vinte, quarenta, oitenta e duzentos. O material que atravessou todas
as peneiras foi passado em um filtro de papel. O desempenho mastigatório foi
baseado na porcentagem de amendoins que puderam passar pela peneira com malha
de 10, após o indiduo mastigar com vinte golpes. A EM foi calculada pelo número de
golpes mastigatórios necessários para reduzir o alimento até a sua pulverizão. Os
autores concluíram que a EM foi melhor no lado que o paciente tem preferência em
mastigar; O desempenho médio dos participantes com dentição completa foi de 88%,
no segundo grupo, foi de 78%, no terceiro, de 55% e no quarto grupo, foi apenas de
35%.
Manly (1951), num trabalho clássico, avaliou a EM de pacientes adultos
portadores de dentição natural defeituosa. Utilizando como alimento-teste amendoim e
cenoura, 103 participantes realizaram mastigações com o lado direito e depois com o
lado esquerdo, cada momento com um alimento-teste. O alimento mastigado foi
passado por uma peneira de malha dez e, após a secagem, pesado. A eficiência
14
mastigatória foi relacionada com a área da plataforma alimentar, com a perda de
dentes molares e com dentes isolados em oclusão. Concluiu que a área da plataforma
do alimento e o tamanho dos molares em oclusão são os fatores mais importantes e
determinantes para a EM.
Brodeur et al. (1993) relacionaram as desordens gastrintestinais e o estado
nutricional do paciente com a sua deficiência mastigatória. Os efeitos da eficiência
mastigatória sobre a introdução de nutriente na prevalência de desordens
gastrintestinais foram encontrados em idosos desdentados. Foram entrevistados 367
pacientes acima de sessenta anos que estavam desdentados há, no nimo, dois
anos, que usavam PT completa por mais de um ano e que tinham livre escolha de seu
alimento, sem restrições na sua dieta. O desempenho da prótese total na mastigação
e a coleta de informações dietética foram avaliados e um questionário da freqüência
de alimentação. Aproximadamente 47% dos participantes demonstraram uma
classificação baixa do desempenho mastigatório, 39% dos entrevistados usavam a
mesma prótese por mais de dez anos e 28% faziam uso de alguma medicação para
desordens gastrintestinais. A baixa ingestão de frutas e de vegetais foi observada em
ambos os gêneros, e a deficiência de vitamina A foi observada em mulheres com
baixa eficiência mastigatória. Além disso, pacientes com desempenho pobre da
mastigação fizeram uso significativamente maior de drogas (37%) do que aqueles
com desempenho superior (20%). Um consumo reduzido de alimentos ricos em
nutrientes pode, conseqüentemente, induzir o desenvolvimento de desordens
gastrintestinais em pacientes idosos e desdentados com deficiência no desempenho
mastigatório. A perda do dente é associada corretamente com a deficiência nutricional
e com a mudança na preferência do alimento. Além disso, os indiduos com dentição
deficiente relataram que preferem alimentos macios e de fácil mastigação, os quais
15
têm baixa quantidade de fibras e de nutrientes. Deficiências nutritivas estão
associadas à redução da resposta imune. Devido às funções fisiológicas normais
estarem diminuídas, os idosos estão mais propensos a ter doenças crônicas
progressivas. A avaliação das necessidades dietéticas e a compreensão de patologias
nos idosos são preocupações que os dentistas devem adotar com esses pacientes.
Boretti, Bickel e Geering (1995) relataram a importância da reabilitação bucal
com o objetivo de conseguir uma função mastigatória aceitável, considerada
necessária para a digestão apropriada e absorção de nutrientes. A manutenção desta
função quando se trata de prótese total é especial por causa das limitações inerentes
das recolocações de dentes perdidos. Os testes especiais para avaliar a eficiência
mastigatória definem índices de eficiência e permitem algumas avaliações
quantitativas da função mastigatória. A resposta da capacidade de mastigação de um
paciente é subjetiva. Assim, a habilidade de mastigação de um indivíduo pode ser
avaliada por questionários ou entrevistas, visto que testes clínicos da mastigação
podem fornecer a informação sobre eficiência e desempenho. A habilidade
mastigatória reduzida foi encontrada significativamente com uma quantidade
crescente da perda dos dentes. A qualidade da dentadura e a força máxima da
mordida foram associadas à habilidade mastigatória. Nos estudos que usam apenas
questionários ou entrevistas para avaliar a função mastigatória, os resultados não são
objetivos, sendo necessária a repetição para a sua validação. É preciso ter uma
aproximação universal e aceita para que pesquisadores e clínicos avaliem a função
mastigatória. O teste de mordida é a avaliação objetiva da função mastigatória e esta
aproximação pode ser usada eficazmente quando o método for padronizado e
fracionário como uma técnica de separar o alimento após a mastigação. Este método
é utilizado desde 1924 e ainda é considerado válido, sendo que atualmente, diferentes
16
alimentos-teste podem ser empregados na avaliação desta atividade, incluindo desde
alimentos artificiais, com tamanhos padronizados de gelatina endurecida, tabletes de
materiais para moldagem como silicona até alimentos naturais variados. Em um
trabalho realizado por estes autores, um grupo de 94 pacientes com dentes naturais
foi comparado com um segundo grupo de 45 pacientes com próteses parciais
removíveis, com próteses totais ou ambos. Os usuários de próteses tiveram uma
eficiência mastigatória significativamente mais baixa do que o grupo com dentes
naturais, e os pacientes com próteses necessitaram mais tempo para mastigar antes
que engolir. A eficácia mastigatória em pacientes com prótese total é somente de 16 a
50% quando comparada a de pacientes dentados. Pesquisadores concluíram que um
valor de índice maior do desempenho mastigatório pode ser alcançado com uma
dentição mais intacta. A idade parece não influenciar diretamente na eficiência
mastigatória. Assim, o estado da dentição é o fator mais importante no desempenho
mastigatório.
Julien et al. (1996) compararam o desempenho da mastigação de adultos e de
crianças. Foram selecionados 47 indivíduos saudáveis, sendo: 15 homens, 15
mulheres, 15 meninas e dois meninos, baseado em sua oclusão, função
temporomandibular normal, classificação esqueletal, e no estado de sua dentição. O
desempenho da mastigação foi avaliado pela habilidade do indivíduo de quebrar um
alimento teste padronizado. O material de moldagem CutterSil
®
mastigado vinte vezes
foi secado e passado em uma série de peneiras. Os adultos tinham todos os dentes
permanentes: dos incisivos centrais aos segundos molares em cada quadrante; as
crianças tinham os primeiros molares permanentes e os incisivos centrais
permanentes erupcionados, os caninos e dois molares deduos em cada quadrante.
17
Concluíram que a EM foi maior para os homens, seguida pelas mulheres e crianças.
O tamanho corporal foi a variável mais importante na EM, juntamente com a área de
contato oclusal e a força de mordida. Estes fatores equalizaram homens e mulheres,
porém, permaneceram as diferenças para as crianças.
Demers et al. (1996) avaliaram a EM de pacientes idosos. A pesquisa teve como
objetivo examinar a associação entre retenção/estabilidade de próteses totais e
eficiência mastigatória e determinar a validade de questionários subjetivos para
mensurar a EM. Os autores aplicaram questionário em 796 usuários de próteses totais
completas, todos com mais de sessenta anos de idade. Os idosos demonstraram a
tendência em escolher alimentos mais fáceis de mastigar”. Após a análise, o estudo
comprovou que um simples questionário pode predizer com sensibilidade (65,5%) e
alta especificidade (81,9%) a eficiência mastigatória.
Buschang et al. (1997) avaliaram a EM de pacientes com dentição natural
completa. Os autores afirmam que a mastigação aumenta a superfície do alimento e,
assim, facilita a digestão. Para a pesquisa, utilizaram um alimento-teste artificial
(CutterSil
®
), com vinte e depois com quarenta ciclos mastigatórios. O alimento
triturado foi passado em um conjunto de sete peneiras. Após secagem, foram pesadas
as parculas e a EM foi mensurada. Concluíram que o tamanho do bolo alimentar, a
quantidade de ciclos, bem como a forma do alimento são muito importantes nessa
avaliação, sugerindo normatização de técnicas para comparação de resultados.
Pera et al. (1998) analisaram a eficiência mastigatória e a função bucal através
das características dos ciclos mastigatórios e determinaram a satisfação do paciente
com sua reabilitação em um grupo de 12 desdentados com severa atrofia do osso
mandibular, reabilitados com próteses totais completas, antes e depois da ancoragem
para implantes osseointegrados. As próteses foram confeccionadas para cada
18
participante e após cinco a sete meses, dois implantes foram feitos na região da
nfise mandibular. As próteses inferiores foram, então, substituídas por
sobredentaduras ancoradas pelos implantes. Cada participante mastigou 17 cubos
com lados de aproximadamente 5,6 mm do alimento-teste artificial Optocal
®
. A
porcentagem do alimento que passou através das peneiras proporcionou a medida da
eficiência mastigatória de cada paciente. Os testes foram feitos antes e depois dos
implantes. Após os implantes, a EM aumentou em todos os pacientes. A quantidade
medida do alimento que passou por todas as peneiras antes dos implantes foi de
8,2%, após os implantes, 19,3%, representando um acréscimo de 145%. Portanto, a
EM aumenta significamente quando a PT inferior é ancorada por implantes
osseointegrados.
Geertman et al. (1999) realizaram testes mastigatórios para avaliar a eficiência
mastigatória com sobredentaduras mandibulares retidas por implantes e próteses
totais superiores e compará-la com a do grupo com próteses totais completas
convencionais. Todos os pacientes receberam novas próteses totais superiores e o
grupo controle, novas próteses totais inferiores também. Após um ano de adaptação,
a todos os 84 participantes (64 mulheres e vinte homens) foram oferecidos 17 cubos
com lados de 5,6 mm aproximadamente do alimento-teste Optocal
®
. A habilidade
mastigatória foi avaliada por questões sobre oito diferentes tipos de comida: comida
leve (vegetais), comida resistente (queijo, carne) e comida pesada (cenoura, maçã). A
EM de pacientes com sobredentaduras retidas por implantes foi substancialmente
melhor que as próteses totais convencionais.
Em um estudo realizado por Al-Ali, Heath e Wright (1999), os autores avaliaram a
utilização do forno de microondas como um agente simplificador da metodologia que
emprega um alimento-teste (amêndoa) para a verificação da eficiência mastigatória.
19
Neste contexto, sete amêndoas (aproximadamente 1,5 g) foram levadas ao forno de
microondas por um tempo de 50 s. Depois de esfriadas, foram colocadas em bolsas
finas de borracha. Os pacientes realizaram cinco golpes mastigatórios em cada bolsa
(contendo amêndoas não tratadas e tratadas no forno de microondas). Após este
procedimento, as partículas foram peneiradas, separadamente, usando duas peneiras
(malha de dez e de vinte) e divididas em três porções: “A”: partículas que ficaram na
peneira dez; “B”: partículas que ficaram na peneira vinte; e ”C”: partículas que
passaram em ambas as peneiras. As porções foram pesadas e a área das partículas
foram medidas usando um scaneador óptico. Os resultados foram semelhantes aos
encontrados na literatura com alimentos-teste que necessitam de lavagem e secagem.
Assim, os autores concluíram que o emprego do forno de microondas é capaz de
tornar a metodologia mais simples e conveniente na mensuração do desempenho
mastigatório.
Hatch et al. (2000) estudaram os determinantes da EM em pacientes adultos
dentados. As variáveis incluíram: número de dentes funcionais, força de mordida,
gênero, idade, presença de desordens temporomandibulares e pacientes com
diabetes. Foram selecionados 631 indivíduos dentados com idades entre 37 a
oitenta anos. A idade e o gênero não mostraram um efeito forte na eficiência
mastigatória. O número de dentes funcionais e a força de mordida foram
confirmados como determinantes no desempenho mastigatório. Os autores
concluíram que o fator de maior importância para a promoção do estado de saúde
funcional é a manutenção dos elementos dentários.
Okeson (2000) definiu mastigação como o ato de mastigar alimentos. Ela
representa o estágio inicial da digestão, quando a comida é dividida em pequenos
pedaços para facilitar a deglutição. É na maioria das vezes uma ão prazerosa que
20
utiliza a sensação do paladar, tato e olfato. Descreve ainda que, os homens mordem
com mais força que as mulheres. A força de mordida dos homens varia de 53,6 a 64,4
kg, enquanto que a das mulheres varia de 35,8 a 44,9 kg. Durante a mastigação, a
maior quantidade de força é colocada na rego do primeiro molar. A mordida de
indivíduos com próteses totais é somente um quarto daquela de indiduos com
dentes naturais.
Carvalho (2002) avaliou o nível de satisfação, capacidade, eficiência e
desempenho mastigatórios em pacientes reabilitados com próteses fixas totais
inferiores sobre implantes, sob carga imediata. Foram avaliados, em três momentos,
16 pacientes desdentados totais reabilitados com próteses fixas inferiores sobre
implantes, sob carga imediata. A capacidade mastigatória (CM) e o nível de
satisfação (SAT) foram obtidos através de questionários respondidos pelos
pacientes. A eficiência mastigatória (EM) foi obtida por testes de mastigação com
amêndoas onde foram significamente maiores nos momentos: trinta dias e depois
com quatro meses após os implantes e carga imediata em relação ao momento pré-
operatório, quando ainda eram portadores de próteses totais convencionais. O
desempenho mastigatório (DM) foi obtido por testes de mastigação com Optosil
®
,
onde houve diferenças significativas entre o momento pré-operatório, trinta dias e
quatro meses após o tratamento realizado. Concluiu-se que este tratamento
proporciona melhor qualidade de vida e que a sensibilidade do dentista em perceber
os anseios dos pacientes favorece tratamentos que supram suas reais
necessidades.
English, Buschang e Throckmorton (2002) compararam a EM entre indivíduos
com oclusão normal e maloclusões utilizando CutterSil
®
e alimentos reais (cenoura e
salsão). Foram selecionados, para o presente estudo, 185 pacientes, com sete a 37
21
anos de idade, sendo 48 do gênero masculino e 52 do gênero feminino. Concluíram
que a idade não teve influência nos resultados da eficiência mastigatória, mas a
maloclusão afeta de maneira negativa no desempenho mastigatório. Comparando
com a oclusão normal, indivíduos com maloclusão de classe III relataram a maior
dificuldade para mastigar os alimentos-teste, seguido pelos indivíduos com
maloclusão de classe II e maloclusão de classe I.
Segundo Douglas (2002), a mastigação é a função mais importante do sistema
estomatognático, sendo a fase inicial do processo digestivo que se inicia na boca.
Mastigação é o conjunto de fenômenos estomatognáticos que visa à degradação
mecânica dos alimentos, isto é, a trituração e moagem dos alimentos degradando-os
em partículas pequenas que, logo após, ligam-se entre si pela ação misturadora da
saliva, obtendo-se o bolo alimentar, apto para ser deglutido. O rendimento
mastigatório é entendido pela porcentagem de alimento duro padrão moído num
determinado número de golpes mastigatórios. Um dos fatores que podem limitar a
força mastigatória é o uso de prótese removel. Nesses pacientes, freqüentemente se
observa redução da EM. A média da força mastigatória máxima funcional registrada
em pacientes portadores de prótese total é de 12 kg ao vel dos molares, ou seja,
apenas 20% a 25% dos indivíduos com dentição natural. A menor força mastigatória
que se apresenta nos portadores de prótese, leva-os à seleção de alimentos mais
moles, de menor consistência, para evitar o dilema de aumentar a força mastigatória
com alimentos mais duros. Por outro lado, a limitação da força mastigatória dos
indivíduos desdentados (total ou parcialmente) leva a uma diminuição da ingestão
alimentar que, em anciãos e fracos, pode conduzir outras alterações funcionais
importantes, como quadros infecciosos e alterações da imunidade, além dos
transtornos digestivos. A reabilitação com PPR e com PT não atinge uma
22
compensação funcional completa dado que, por um lado, a área oclusal fisiológica
não retorna exatamente à normalidade e, por outro lado, influência de fatores de
índole técnica (retenção, mobilidade etc.). O rendimento, nestes casos, está em torno
de 20% a 30% do normal.
Albert Júnior, Buschang e Throckmorton (2003) propuseram um protocolo
confiável para utilização de tabletes de CutterSil
®
, um alimento artificial para avaliação
de desempenho mastigatório. Para tanto, construíram uma matriz de plexiglas (5 mm
de espessura) com dez orifícios, a qual foi colocada sobre uma superfície de trabalho
lisa e plana, interposta por uma folha de papel manteiga. A proporção utilizada foi de
uma colher-medida do material de massa densa para uma porção de pasta com 3 cm
de comprimento e aproximadamente 2 mm de largura. Os materiais foram
manipulados manualmente, com luvas de látex (com ou sem talco) durante trinta
segundos. Após isso a mistura foi colocada nos orifícios e os excessos removidos em
não mais do que trinta segundos. A seguir, outra folha de papel manteiga foi colocada
sobre a matriz e o conjunto foi aplainado com o cabo de uma espátula. Aguardaram
15 min e removeram os tabletes. Aguardaram a presa final e mediram a dureza. Os
valores obtidos foram transformados em grama/carga. Os resultados foram avaliados
estatisticamente levando em conta os diferentes operadores e lotes do material.
Concluíram que o protocolo é confiável, podendo ser aplicado na avaliação do
desempenho mastigatório.
Dultra (2003) avaliou a qualidade de próteses parciais removíveis em trinta
pacientes e a EM das mesmas. Foi utilizado o método de peneiramento fracionado do
Optocal
®
para a avaliação da EM e o índice de qualidade do trabalho protético (IQP)
para quantificar a qualidade das PPR. O objetivo foi verificar a presença de correlação
entre estas duas formas de avaliação da reabilitação protética. Concluiu-se que o IQP
23
apresentou um comportamento similar ao da eficiência mastigatória, atestando as
avaliações como importantes para a verificação objetiva de sua qualidade.
Van Der Bilt e Fontijn-Tekamp (2004) compararam dois todos de determinar
a EM; um com uma única peneira e o outro com múltiplas peneiras. Foi analisado o
material mastigado por 176 voluntários com dentes naturais (123 mulheres e 53
homens) com idade entre 19 a setenta anos. Foi quantificado o número de dentes
posteriores em oclusão. Os participantes receberam 17 cubos de 5,6 mm do alimento-
teste Optocal Plus
para realizarem 15 golpes mastigatórios. Foram usadas 12
peneiras com aberturas variando de 8 mm a 0,5 mm. O tamanho médio das
parculas, nos dois todos, foi calculado. Os resultados obtidos com o método da
simples peneira são susceptíveis às variações de peso, o que o ocorre no método
das múltiplas peneiras, onde os resultados são mais precisos. Portanto, apesar de ser
mais trabalhoso, o método das múltiplas peneiras é o recomendado pelos autores, por
ser o mais seguro.
Tatematsu et al. (2004) avaliaram a eficiência mastigatória de 283 japoneses
idosos com oitenta anos de idade, relacionando o número de dentes naturais
remanescentes, a oclusão, a força de mordida e os usuários de próteses dentais. Os
participantes foram classificados em quatro grupos: os que não necessitavam de
próteses removíveis; os que não tinham prótese removível em uma ou ambas arcadas
e com nove ou mais dentes ausentes; os com próteses totais completas e o último
grupo, de indivíduos com próteses parciais removíveis. Os participantes também
foram agrupados pelo número de dentes remanescentes. Para avaliar a habilidade
mastigatória, os idosos responderam a um questionário com 16 tipos de alimentos
classificando-os em: “pode ser mastigado”, “pode ser mastigado se cortado ou
amolecido” e “não pode ser mastigado”. Somente à primeira resposta (“pode ser
24
mastigado”) foi dado o valor numérico de um ponto. Às demais, o número zero,
porque cortar ou amolecer o alimento compensa a habilidade mastigatória
enfraquecida. As respostas com o valor numérico de um ponto foram somadas, o
valor máximo foi de 16 pontos. A força de mordida foi calculada usando um dispositivo
da Dental Prescale
®
, o qual mostra variação de cor dependendo da força oclusal
aplicada, calculada em MPa. Cada paciente apertava com firmeza o dispositivo com
sua máxima força entre as cúspides por três segundos. A descoloração produzida foi
registrada como a zona de contato oclusal (em mm
2
). A força xima de mordida foi
determinada como a soma da quantia total de coloração e a zona de cada contato
oclusal. Sobre a habilidade mastigatória, os autores concluíram que não houve
diferença significativa entre homens e mulheres e que a força máxima de mordida e a
habilidade mastigatória em pacientes com vinte ou mais dentes e não usuários de
próteses foram maiores que os demais grupos.
Segundo Yanagawa, Fueki e Ohyama (2004), a redução do tamanho da
plataforma dental de prótese parcial removível tem sido recomendada para diminuir a
carga funcional sobre os dentes remanescentes e sobre a crista residual. Desta forma,
o propósito destes autores foi investigar a influência da diminuição da plataforma
dental no desempenho mastigatório. Chegaram à conclusão que a eficiência
mastigatória diminuiu significativamente quando o comprimento da plataforma dental
foi diminuído em 10 mm.
Van Den Braber et al. (2004) utilizaram um alimento artificial à base de Optosil
®
(Bayer
®
, Germany) para avaliar a influência da correção cirúrgica do retrognatismo na
eficiência mastigatória destes pacientes. Os testes foram feitos antes da cirurgia
retrognática, após o tratamento ortodôntico pré-cirúrgico e um a 1,5 anos após a
cirurgia. Foram oferecidos aos 11 pacientes (cinco homens e seis mulheres) oito
25
cubos de Optosoft
®
com lados de 8 mm. Cada paciente realizou 15 e trinta ciclos
mastigatórios. As partículas foram lavadas, secadas, peneiradas e pesadas. Pacientes
com deficiência mastigatória antes da cirurgia tiveram uma melhora após a cirurgia,
mas em pacientes com um bom desempenho mastigatório antes da cirurgia, não
houve mudança após a mesma.
Fontijn-Tekamp et al. (2004) compararam o limiar de deglutição de três alimentos
naturais (amendoins, queijo Gouda e cenouras) em várias porções e tamanhos com o
Optocal Plus
®
, um alimento-teste padronizado. Foram selecionados 87 pacientes (25
homens e 62 mulheres) dentados adultos para a realização dos testes com 15 golpes
mastigatórios. Foi examinado o relacionamento entre a eficiência mastigatória (do
alimento artificial) e o limiar de mastigação (de ambos os alimentos: natural e artificial).
Foi definido como “limiar de deglutição” o momento que o participante sentia o impulso
de engolir. Os autores concluíram que ambos os alimentos, natural e artificial, são
adequados para o estudo do processo mastigatório, embora o alimento-teste artificial
ser considerado favorável. Com o aumento do volume do alimento, foi necessário
aumentar a quantidade de ciclos mastigatórios para chegar ao limiar de deglutição.
Um bom desempenho mastigatório em adultos dentados pode ser conseguido com 15
golpes mastigatórios, sendo considerada uma mastigação fisiológica.
Asakawa, Fueki e Ohyama (2005) determinaram a sensibilidade do Teste de
Habilidade de Mistura (THM) para detectar a eficiência mastigatória de pacientes na
transição de velhas para novas próteses parciais removíveis. Participaram deste
estudo 32 pacientes parcialmente edentados, com extremo livre, na mandíbula ou na
maxila. A função mastigatória com velhas e novas próteses parciais removíveis foi
avaliada pelo THM após um período de adaptação (27,4 semanas). Os pacientes
mastigaram cinco cubos de cera bicolorida, com cada prótese. O THM foi obtido
26
através da cor da mistura e a forma dos cubos mastigados. Os índices da EM com as
novas próteses foram mais elevados que aqueles com as próteses antigas.
Borges et al. (2005) quantificaram o desempenho mastigatório de 15 adultos
jovens (homens e mulheres) com dentição natural completa e gida. Os autores
utilizaram um sistema de multi-peneiras e o alimento-teste artificial Optocal
®
. Uma
porção de 17 cubos do alimento-teste foi mastigada pelos participantes por vinte e
quarenta golpes mastigatórios (ciclos). Foi calculada, em porcentagem, a quantidade
de partículas que passou em cada peneira em relação ao total dispensado pelo
paciente. O teste demonstrou que a eficiência mastigatória média após vinte ciclos foi
significantemente inferior àquela observada após quarenta ciclos. Após o teste de
mastigação, foi aplicado um questionário para qualificar o alimento utilizado quanto à
dureza, consistência e dificuldade de mastigação. Os resultados indicaram que os
indivíduos com dentição natural não apresentaram dificuldades em mastigar o
alimento artificial sendo esta metodologia, portanto, uma alternativa viável em testes
de eficiência mastigatória.
Silva (2005) examinou 25 pacientes senescentes institucionalizados, usuários de
próteses ou não e de ambos os gêneros. O objetivo foi de avaliar a condição bucal, a
capacidade mastigatória e o risco de desnutrição. Os participantes foram separados
em quatro grupos: o primeiro, com 11 pacientes, usuários de prótese total completa; o
segundo, com sete pacientes, usuários de apenas uma prótese total; o terceiro, com
quatro pacientes, possuíam, no mínimo, dez dentes em cada arcada; e o quarto
grupo, com três pacientes totalmente edêntulos, não usuários de prótese. Segundo a
autora, a qualidade da dieta depende da atitude do paciente de evitar ou não
determinados tipos de alimentos, independentemente de sua condição bucal.
27
Tumrasvin, Fueki e Ohyama (2006) afirmaram que a eficiência mastigatória de
pacientes com prótese dentária é o resultado do complexo inter-relacionamento entre
as caractesticas do paciente e a construção destas próteses. Este estudo objetivou
identificar ambos: pacientes e próteses, relacionando fatores associados com o
desempenho mastigatório de pacientes com PPR com extensão distal unilateral. Foi
concluído que, o gênero, a força máxima de mordida e o número de dentes funcionais
foram os fatores principais na influência do desempenho mastigatório em PPR com
extensão distal unilateral.
Kapur e Soman (2006 b), em um clássico artigo, analisaram a influência da
localizão da plataforma oclusal dos dentes de próteses totais no desempenho
mastigatório dos pacientes usuários de PT. Recomenda-se que os dentes posteriores
sejam colocados de acordo com três específicas posições: a primeira, sobre ou para a
lingual da crista do rebordo alveolar mandibular; a segunda, paralela à porção rasa da
parte posterior do rebordo alveolar; e a terceira, bem próximo à crista do rebordo, à
qual é sempre a parte mais frágil. Estes procedimentos podem proporcionar a máxima
estabilidade das próteses e, portanto, podem preservar o rebordo residual. Foram
selecionados 12 pacientes edêntules (seis homens e seis mulheres). Foram
confeccionadas próteses superiores e inferiores, com a parte posterior em blocos de
resina com a superfície oclusal plana, em substituição aos dentes artificiais. A
superfície oclusal foi de 24 mm e com largura de 5 mm na parte anterior e 7 mm na
posterior, simulando molares e pré-molares. Esta área da plataforma oclusal é
semelhante aos dentes artificiais. Os autores simularam nove posições dos blocos de
resina, variando no sentido vesbulo-lingual, nas direções de superior para inferior e
com inclinação ântero-posterior. Cenoura e amendoim foram utilizados como
alimentos-teste. Uma significante redução da EM foi observada em pacientes onde a
28
plataforma oclusal estava localizada vestibularmente à crista do rebordo alveolar e
mais evidente em pacientes com bons rebordos residuais.
Kapur e Soman (2006 a) estudaram a eficiência e o desempenho mastigatórios
em 140 usuários de próteses totais para desenvolver normas ou padrões pelos quais
a função prejudicada de usuários de prótese total possa ser avaliada. Os participantes
mastigaram uma porção medida de amendoim com vinte golpes mastigatórios e uma
porção medida de cenoura com quarenta golpes. Os alimentos-teste foram passados
em peneiras padronizadas com dez de malha para amendoim e de cinco para
cenoura. O volume de alimento ultrapassou através das peneiras foi determinado. A
eficiência mastigatória foi calculada diretamente por uma fórmula. Os autores
concluíram que a eficiência mastigatória de usuários de próteses totais é menos que
1/6 dos indivíduos com dentição natural.
Prado et al. (2006) ressaltaram que a preservação e/ou a recuperação da função
mastigatória é um dos principais objetivos de um tratamento odontológico. Os autores
compararam a função mastigatória de indivíduos reabilitados com prótese total muco-
suportada com a de indivíduos com dentição natural completa e gida por meio de
testes objetivos, otimizados, usando um alimento teste artificial Optocal
®
com vinte e
quarenta ciclos mastigatórios. Compararam também a eficiência mastigatória de
usuários de próteses totais completas de acordo com a satisfação com as mesmas.
Escudeiro-Santos et al. (2006) apresentaram um trabalho sobre a eficiência
mastigatória no qual uma cápsula de material sintético era mastigada e dentro dela
estavam contidos grânulos que apresentavam fucsina básica em sua composição.
Essas cápsulas passaram por vários testes laboratoriais para determinação de sua
resistência e de sua absorção. Dez indivíduos foram instruídos a mastigar estas
cápsulas. A eficiência mastigatória foi determinada através da concentração da
29
pigmentação de fucsina numa solução obtida dos grânulos mastigados por meio da
medida da absorção em 546 nm. Demonstraram que o método é rápido, simples,
reprodutível, de baixo custo e eficaz e pode ser usado como método complementar
para a avaliação da eficiência mastigatória em diferentes situações. Os autores
concluíram, a partir dos resultados obtidos, que a oclusão normal e dentes alinhados
são considerados muito importantes, dispostos de tal maneira que a força da
mastigação possa ser distribuída uniformemente, senão as partes do sistema
estomatognático afetarão o desempenho mastigatório. Esta situação pode ser
observada nos indivíduos sob o tratamento ortodôntico. Os resultados deste estudo
mostraram que o método testado é rápido e eficaz para avaliar a eficiência da
mastigação e pode facilmente ser reproduzido. Segundo os autores, esta nova linha
de pesquisa objetiva avaliar e comparar a eficiência da mastigação de adultos e
crianças, dentados e desdentados, com qualquer tipo de dentição. Isto permiti o
desempenho dos estudos que contribuirá para melhorar o diagnóstico em tratamentos
de prevenção e reabilitação.
Gavo, Raymundo e Rentes (2007) avaliaram a correlação entre eficiência
mastigatória e força de mordida máxima na dentição decídua. Um tablete de silicone
foi mastigado durante vinte ciclos por 15 crianças e as áreas medianas das partículas
foram mensuradas por um sistema óptico digital. A eficiência mastigatória foi
considerada melhor quanto menor o tamanho das partículas mastigadas e quanto
maior o número das mesmas. Concluíram que o desempenho mastigatório foi
independente da força muscular e que as variáveis corporais não têm influência sobre
variáveis mastigatórias na amostra estudada.
Özhayat et al. (2007) estudaram um método para avaliar a qualidade de vida de
pacientes parcialmente dentados sem prótese parcial removível e com uma ou duas
30
PPR. Os autores objetivaram testar se o instrumento SEIQoL-DW (Programa para
Avaliação a Qualidade de Vida Individual Peso Direto) pode ser usado em próteses
para mensurar os aspectos da qualidade de vida através de entrevistas. De acordo
com o método usado, a qualidade de vida pode ser somente afetada por fatores
importantes para o indivíduo, como o estilo de vida, as experiências prévias,
ambições, esperanças e sonhos. O SEIQoL-DW pode adicionar uma nova
possibilidade para avaliar os aspectos da qualidade de vida relacionada a próteses e
pode também ser relacionada a outras especialidades da odontologia.
Paphangkorakit et al. (2008) propuseram um novo método para avaliar a
eficiência mastigatória (EM). Selecionaram 23 pacientes, os quais mastigaram
amêndoas por cinco ciclos. Após a secagem por jatos de ar, as partículas mastigadas
foram passadas através de uma peneira com malha de 1,4 mm de abertura. A
atividade dos músculos masseteres superficiais foi simultaneamente gravada pelo
eletromiógrafo (EMG). Um EMG integrado (EMGI) foi usado para calcular a amplitude,
a duração e a máxima contração voluntária (MCV) muscular. A porcentagem do peso
das partículas que atravessaram a peneira foi usada para representar a eficiência
mastigatória convencional (ou desempenho mastigatório). O trabalho muscular
(calculado pelo EMGI), o esforço muscular (trabalho muscular em máximo esforço) e a
efetividade mastigatória (a proporção entre a EM e o trabalho muscular) foram então
calculados. Os autores concluíram que pessoas com bom desempenho mastigatório
não têm, necessariamente, mastigação efetiva. Elas parecem ter MCV maior e usam
mais trabalho muscular durante a mastigação.
31
3 PROPOSIÇÃO
Analisar a eficiência mastigatória de portadores de prótese parcial removível
inferior classe I e prótese total superior da cidade de Porto Velho - Rondônia, por meio
de testes objetivos utilizando o simulador de alimento Optocal
®
, e testes subjetivos
com aplicação de questionário.
32
4 MÉTODO
Após a aprovão deste estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade
São Lucas (Carta AP/CEP/126/07 - Anexo A), foram avaliados 35 pacientes de
clínicas odontológicas particulares e blicas de Porto Velho RO. Destes, 34 foram
selecionados sendo que sete desistiram de participar da pesquisa. Vinte e sete
pacientes portadores de prótese removível classe I inferior e prótese total superior,
vinte do gênero feminino (de 26 a 71 anos) e sete do masculino (de 38 a 78 anos)
participaram do grupo teste (GT).
4.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
1- Usuários de PT superior e PPR classe I inferior, sem interferências visuais
evidentes.
2- Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) de acordo
com a resolução 196/96 (Apêndice A).
4.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
1- Indivíduos que usavam as mesmas próteses há mais de cinco anos.
2- Pacientes com sintomatologia dolorosa na ATM e/ou em músculos
relacionados com a mastigação.
33
4.3 PREPARO DO SIMULADOR DE ALIMENTO
A metodologia foi a mesma do trabalho de Borges et al. (2005). Foi utilizado o
simulador de alimento Optocal
®
, cuja composição está descrita na Figura 1 e ilustrada
na Figura 2.
Material Nome
comercial
Fabricante Origem Porcentagem
em peso
Silicona para
moldagem
Optosil
®
Comfort
Heraus Kulzer Alemanha 57%
Creme dental
Sorriso
®
Colgate-
Palmolive
Brasil 27%
Vaselina
lida
Vaselina Sólida Rioquímica Brasil 3%
Gesso
odontológico
tipo V
Exadur
®
Polidental Brasil 9%
Hidrocolóide
irreversível
(Alginato)
Jeltrate Plus
®
Dentsply Brasil 4%
Pasta
catalisadora
universal
Activador
Universal -
Optosil
®
/
Xantopren
®
Heraus Kulzer Alemanha 27mg/g
Figura 1 Materiais utilizados para obtenção do simulador de alimento Optocal
®
Figura 2 – Materiais utilizados para
obtenção do simulador de alimento
Optocal
®
34
A pesagem de cada componente da mistura foi realizada em balança digital de
precisão de 0,01g (Micronal-B 1600, Brasil) para um total de 20 g, quantidade ideal
para o preenchimento do molde metálico constituído de compartimentos cúbicos
vazados com lados de 5,6 mm (Figura 3).
Após a aglutinação dos componentes, a massa homogeneizada foi colocada no
molde, previamente vaselinado, sobre uma placa de vidro, e outra placa fazendo
pressão na parte superior. O excesso foi removido. Foi levada em forno elétrico a
65°C por um período de 16 horas para a sua completa polimerização. Após este
tempo, os cubos foram facilmente removidos (Figura 4).
4.4 AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA
Uma porção de 17 cubos, com peso total aproximado de 3 g, foi oferecida aos
participantes para ser mastigada com vinte e quarenta golpes mastigatórios (ciclos).
As porções foram mastigadas de maneira contínua e seqüencial, sendo os ciclos
contados pela pesquisadora.
Figura 4 Simulador de
alimento Op
tocal
®
Figura 3 Vista superior do molde metálico
preenchido com o simulador de alimento
35
Ao final de cada ciclo, todo o material mastigado foi dispensado em um
recipiente plástico descartável. O enxágüe da boca com água, por duas vezes, foi
solicitado para que houvesse o mínimo de perda de material.
O material mastigado foi colocado na primeira (Figura 5) de um conjunto de oito
peneiras granulométricas calibradas (BERTEL Indústria Metalúrgica Ltda
®
, São
Paulo, Brasil) acopladas em ordem decrescente de abertura (5,6; 4,0; 2,8; 2,0; 1,4;
1,0; 0,71 e 0,5 mm). Após a última peneira (Figura 6), o material foi depositado em
coletor sem perfurações.
A tamisação das parculas mastigadas foi iniciada vertendo-se um litro de água
filtrada, por 30 s, de um recipiente plástico, inclinado em aproximadamente 45° e a
uma distância aproximada de 20 cm da primeira peneira.
O conteúdo retido no coletor sem perfurações foi passado por um filtro de papel
para a captação das partículas do alimento que atravessaram todas as peneiras.
O conjunto de peneiras foi colocado sobre um vibrador (KNEBEL Porto Alegre-
RS, Brasil) (Figuras 7 A e B) com vibração de 3600 v/min durante 2 min, com o
objetivo de facilitar a tamisação.
Figura 5
Peneira de 5,6 mm de
malha
Figura 6 Peneira de 0,5 mm
de malha
36
A
Completada a tamisação, as partículas retidas em cada peneira foram coletadas
em prato raso. Jatos de ar comprimido auxiliaram na remoção de todo o conteúdo
retido nas malhas (Figuras 8 A e B).
Foi realizada uma inspeção visual cuidadosa para certificar que todas as
parculas haviam sido removidas. O conteúdo de cada peneira e também do filtro de
papel (material do coletor sem perfurações) foram acondicionados em recipientes
Figuras 7 A e B – Material triturado e conjunto de peneiras sobre o vibrador
Figuras 8 A e B – Remoção e obtenção do material triturado
B
A
B
37
descartáveis individualizados (pelo número de ciclos realizados e pelo tamanho da
malha da peneira) e secos por três horas em estufa elétrica à temperatura de 60 °C.
Após a secagem, cada fração do alimento-teste foi pesada individualmente, em
suportes plásticos descartáveis em balança analítica com precisão de 0,0001 g
(Figura 9).
Para cada número estabelecido de ciclos mastigatórios, isto é, de vinte e
quarenta ciclos, foi calculada, em porcentagem, a quantidade de partículas que
passou em cada peneira em relação ao total que foi dispensado pelo paciente.
Foi identificada a peneira que permitiu a passagem de 50% das parculas
trituradas. O desempenho mastigatório dos pacientes foi calculado pela média das
somatórias das porcentagens das partículas que atravessaram esta peneira.
Após o teste da eficiência mastigatória, foi aplicado um questionário para avaliar
a opinião dos participantes sobre o simulador de alimento Optocal
®
(Apêndice B).
Para o cálculo do tamanho médio das partículas trituradas, foi utilizada a média
geométrica ponderada, pois, as aberturas das peneiras crescem em uma taxa
Figura 9 – Balaa eletrônica Bioprecisa
®
FA 2104N
38
constante, variando de 0,5 mm até 5,6 mm.
A média geométrica ponderada do tamanho das parculas foi calculada por meio
da equação (SPIEGEL, 1993):
Em que: log
DGM
é o logaritmo decimal da média geométrica ponderada do
tamanho das partículas, aqui denominada de DGM (Diâmetro Geométrico Médio);
log
di
é o logaritmo decimal do diâmetro das peneiras com i = 1, 2, 3, ..., k peneiras, ou
seja, log
di
= 0,5 log (diâmetro da primeira peneira em microns X diâmetro da peneira
subseqüente em microns); W
i
= é o peso em gramas das partículas que ficaram
retidas em cada peneira, com i = 1, 2, 3, ..., k peneiras.
Assim, o DGM das parculas será obtido por meio do antilogaritmo, ou seja:
DGM = 10
log
DGM
.
O cálculo do DGM foi realizado por meio de planilhas eletrônicas usadas no
software Excel (Microsoft Corp., One Microsoft Way, Redmond, WA, 98052, USA),
ilustrado na Figura 10, o que representou economia de tempo e redução significativa
da probabilidade de erros durante os cálculos.
Quanto menor o valor do DGM, melhor o desempenho mastigatório.
Para a quantificação da redução que a partícula sofreu durante a mastigação,
fez-se necessário o conhecimento do valor máximo do diâmetro geométrico médio
(DGM) das partículas.
39
4.5 GRUPO CONTROLE
Um grupo de dez participantes, cinco do gênero feminino (de 31 a 37 anos) e
cinco do masculino (de vinte a 42 anos) com a presença de todos os dentes
saudáveis e sem alterações no sistema estomatognático, foi incluído ao estudo para
servir como grupo controle (GC).
Figura 10 - Planilha para olculo do DGM, representação das fórmulas
40
5 RESULTADOS
5.1 CARACTERÍSTICAS DOS VOLUNTÁRIOS DO GRUPO TESTE E DO GRUPO
CONTROLE
Participaram do presente estudo 27 voluntários com prótese total superior e
prótese parcial removível classe I inferior (grupo teste) e dez voluntários com a
presença de todos os dentes saudáveis e sem alterações no sistema estomatognático
(grupo controle). Apresentaram média de idade de 54,92 ± 11,27 e 30,3 ± 8,02 anos,
respectivamente.
Foram avaliados sete homens e vinte mulheres no grupo teste (GT) e cinco
homens e cinco mulheres no grupo controle (GC).
O grupo teste apresentou média de 6,6 ± 1,9 elementos dentários
remanescentes e a distribuição da freqüência é apresentada na Tabela 1. A média de
tempo de uso, em meses, é de 31,5 ± 17,1 para prótese total e de 33,03 ± 18 para
prótese parcial removível.
Tabela 1 - Distribuição da freqüência dos elementos remanescentes do grupo teste
Elementos Freqüência Percentual Cumulativo
2,00 1 3,7
3,00 1 7,4
4,00 3 18,5
5,00 2 25,9
6,00 3 37,0
7,00 7 63,0
8,00 6 85,2
9,00 3 96,3
10,00 1 100,0
Total 27
41
A média e o desvio padrão dos valores do peso (em mm) obtidos nas
peneiras de um a oito, com vinte e quarenta golpes mastigatórios, estão expressos na
Tabela 2.
Com relação ao peso nas peneiras e sua comparação no grupo teste e no
controle, podemos ressaltar que a mastigação diminui o tamanho das partículas e
gera maior peso nas peneiras com menor diâmetro, conforme Tabela 2.
|z’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’
5.2 PERFIL DA MASTIGAÇÃO NO GRUPO CONTROLE E NO GRUPO TESTE COM
VINTE E QUARENTA GOLPES MASTIGATÓRIOS
Com relação à mastigação eficiente, verificamos que o grupo teste com
quarenta golpes mastigatórios apresenta o mesmo perfil com relação ao peso
Tabela 2 -
Valores de peso obtidos nas peneiras e a comparação do peso no grupo teste e
controle com vinte e quarenta golpes mastigatórios
Peneiras GC20
(n=10)
mg
GC40
(n=10)
GT20
(n=27)
GT40
(n=27)
5,6 mm
0,05 ±
±±
± 0,0 0,01 ± 0,02 1,24 ±
±±
± 0,48* 0,35 ± 0,41
4,0 mm
0,43 ±
±±
± 0,1 0,04 ± 0,06 0,77 ±
±±
± 0,25* 0,53 ± 0,25
2,8 mm
0,68 ±
±±
± 0,1 0,32 ± 0,05 0,38 ± 0,18 0,64 ±
±±
± 0,21*
2,0 mm
0,46 ± 0,04 0,52 ±
±±
± 0,0 0,12 ± 0,06 0,41 ±
±±
± 0,15*
1,4 mm
0,21 ± 0,05 0,39 ±
±±
± 0,0 0,06 ± 0,04 0,22 ±
±±
± 0,09*
1,0 mm
0,17 ± 0,03 0,39 ±
±±
± 0,0 0,03 ± 0,03 0,10 ±
±±
± 0,05*
0,7 mm
0,12 ± 0,04 0,30 ±
±±
± 0,0 0,03 ± 0,01 0,06 ±
±±
± 0,05*
0,5 mm
0,07 ± 0,03 0,11±
±±
± 0,0 0,03 ± 0,02 0,04 ±
±±
± 0,03*
¤ GC20 X GC40
* GT20 X GT40
42
verificado nas peneiras com o grupo controle com vinte golpes mastigatórios (Figura
11).
O grupo teste com quarenta mastigações apresenta menor diferença em
relação ao grupo controle com vinte mastigações, isto é, não apresenta diferença com
relação ao peso da segunda à quinta peneira, demonstrando melhor eficiência
mastigatória com partículas de diâmetro menores e semelhantes à fisiológica, de
acordo com Fontijn-Tekamp et al. (2004), os dados estão apresentados na Tabela 3.
o grupo teste com vinte mastigações apresenta diferença estatisticamente
significante com relação ao peso e ao tamanho das partículas, evidente nas duas
primeiras peneiras com maior diâmetro, mostrando a ineficiência com relação a uma
mastigação fisiológica de acordo com Fontijn-Tekamp et al. (2004), conforme
apresentado na Tabela 3.
Peso e perfil GC e GT
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
5600 4000 2800
2000 1400 1000
700 500
microns
gramas
GC 20
GC 40
GT 20
GT 40
Figura 11 - Peso e perfil mastigatório no GC e GT nas mastigações de vinte e quarenta
vezes
43
Tabela 3 - Comparação do peso do grupo controle com vinte mastigações e teste com vinte e
quarenta mastigações
GC20
(n=10)
GT20
(n=27)
P<0,05 GT40
(n=27)
P<0,05
0,05 ± 0,09 1,24 ±
±±
± 0,48
*
0,35 ±
±±
± 0,41
¤
0,43 ± 0,17 0,77 ±
±±
± 0,25
*
0,53 ± 0,25
ns
0,68 ± 0,12 0,38 ± 0,18
*
0,64 ± 0,21
ns
0,46 ± 0,04 0,12 ± 0,06
*
0,41 ± 0,15
ns
0,21 ± 0,05 0,06 ± 0,04
*
0,22 ± 0,09
ns
0,17 ± 0,03 0,03 ± 0,03
*
0,10 ± 0,05
¤
0,12 ± 0,04 0,03 ± 0,01
*
0,06 ± 0,05
¤
0,07 ± 0,03 0,03 ± 0,02
*
0,04 ± 0,03
¤
* GC20XGT20
¤ GC20XGT40
ns – não significante
O grupo controle com quarenta mastigações quando comparado ao grupo
teste apresenta diferença estatisticamente significante com relação ao peso, isto é,
maior peso em peneiras de menor diâmetro.
Quando comparamos o grupo controle e teste com quarenta mastigações
observamos que apresenta maior peso nas três primeiras peneiras até o diâmetro de
2,8 mm, mostrando maior eficiência mastigatória quando comparado com vinte
mastigações, tanto no GC quanto no GT com diâmetro de 4,0 mm.
Tabela 4 - Comparação do peso do grupo controle com quarenta mastigações e teste com
vinte e quarenta mastigações
GC40
(n=10)
GT20
(n=27)
P<0,05 GT40
(n=27)
P<0,05
0,01 ± 0,02 1,24 ±
±±
± 0,48
*
0,35 ±
±±
± 0,41
¤
0,04 ± 0,06 0,77 ±
±±
± 0,25
*
0,53 ±
±±
± 0,25
¤
0,32 ± 0,05 0,38 ± 0,18
ns
0,64 ±
±±
± 0,21
¤
0,52 ± 0,05 0,12 ± 0,06
*
0,41 ± 0,15
¤
0,39 ± 0,03 0,06 ± 0,04
*
0,22 ± 0,09
¤
0,39 ± 0,04 0,03 ± 0,03
*
0,10 ± 0,05
¤
0,30 ± 0,05 0,03 ± 0,01
*
0,06 ± 0,05
¤
0,11± 0,04 0,03 ± 0,02
*
0,04 ± 0,03
¤
* GC40XGT20
¤ GC40XGT40
ns – não significante
44
5.3 ANÁLISE DO DIÂMETRO GEOMÉTRICO MÉDIO (DGM) NO GRUPO
CONTROLE E GRUPO TESTE
O diâmetro geométrico médio foi medido a partir da fórmula de Spiegel
(1993). Observamos que o diâmetro é menor com maior número de mastigação, a
exemplo de quarenta golpes mastigatórios no grupo controle, conforme Figura 12.
DGMGT20 DGMGT40 DGMGC20 DGMGC40
DGMGN40
DGMGN20
DGMPO40
DGMPO20
DGM
6000
5500
5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
Figura 12 – DGM dos grupos teste e controle
(µm)
45
Tabela 5 - Comparação do DGM no grupo controle e no grupo teste com vinte e quarenta
golpes mastigatórios
DGM
DGM
P <0,05
GC40 1684,17±81,46 GC20 2555,05±284,89 0,001
GT40 3178,97±695,61 GT20 4670,53±516,20 0,001
GC40 1684,17±81,46 GT20 4670,5516,20 0,001
GC40 1684,17±81,46 GT40 3178,9695,61 0,001
GC20 2555,05±284,89 GT20 4670,53±516,20 0,001
GC20 2555,05±284,89 GT40 3178,97±695,61 0,01
O grupo teste com quarenta mastigações apresenta DGM próximo ao DGM no grupo
controle com vinte mastigações, conforme Figura 13.
DGMGN20
DGMPO40
DGM
5000
4000
3000
2000
Verificamos que 50% dos indivíduos do grupo teste que realizaram quarenta
mastigações apresentaram DGM dentro de parâmetros de normalidade, ou seja,
Figura 13 Comparação entre os DGM do GT com quarenta golpes mastigatórios e do GC
com vinte golpes mastigatórios
DGM GT40 DGM GC20
46
dia = 3179
Desv Pad =
695,61
n = 27
Freqüência
A
dia = 2555,1
Desv Pad =
284,90
n = 10
dentro dos valores do grupo controle com vinte mastigações, situação fisiológica
conforme Fontijn-Tekamp et al. (2004), os dados são apresentados na Tabela 6 e nas
Figuras 14 A e B.
Tabela 6 - Distribuição DGM por percentil no grupo controle com vinte mastigações e grupo
teste com quarenta mastigações
DGM GT40 DGM GC20
Mínimo 2174,12 2251,00
Máximo 4972,87 3093,59
Percentis 10 2283,8460 2251,6760
20 2556,3840 2269,1700
30 2812,3840 2347,4470
40 3011,2560 2432,8920
50 3086,0900 2472,6900
70 3403,3040 2672,2170
80 3681,2700 2885,6420
90 4328,6120 3077,8300
2250,0
2500,0
2750,0
3000,0
3250,0
3500,0
3750,0
4000,0
4250,0
4500,0
4750,0
5000,0
7
6543210
Figuras 14 A e B - Distribuição de freqüência dos indivíduos e DGM no GT e GC
DGM GT40
Miligramas
2300,0
2400,0
2500,0
2600,0
2700,0
2800,0
2900,0
3000,0
3100,0
DGMGN20
3,0
2,01,00,0
Std. Dev = 284,90
Mean = 2555,1
N = 10,00
Freqüência
B
DGM GC20
47
5.4 ANÁLISE E RESULTADOS REFERENTES ÀS DIFICULDADES DE
MASTIGAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SIMULADOR DE ALIMENTO QUANTO AO
GRAU DE DIFICULDADE
Com relação à dificuldade mastigatória no grupo teste, observamos que 59,3% dos
voluntários apresentaram dificuldade em mastigar o alimento-teste.
A classificação do alimento-teste quanto à dificuldade apresentou 44,4 % dentro dos
parâmetros: muito fácil e fácil. A distribuição de freqüência é apresentada na Figura
15.
Figura 15 - Distribuição de freqüência quanto à classificão do alimento-teste quanto à
dificuldade de mastigação
Com relação à dificuldade mastigatória, quando analisamos o DGM do grupo
teste que relatou dificuldade, não houve diferença estatisticamente significante em
relação ao grupo teste em que os participantes responderam não apresentaram
dificuldades mastigatórias em vinte e quarenta mastigações, conforme Tabela 7.
4,03,02,01,0
Classificacao
14
12
10
8
6
4
2
0
Classificação
Freqüência
48
A classificação do alimento-teste quanto à dificuldade demonstrou que o
grupo teste que apresentou o grau de dificuldade como médio e difícil é
significativamente maior o DGM quando comparado ao grupo com menor grau de
dificuldade mastigatória com quarenta mastigações (Tabela 7).
Tabela 7 - Dificuldade e classificação da mastigação com vinte e quarenta golpes
DGM
40 mastigações
DGM
40 mastigações
P <0,05
Dificuldade 3340,91±779,06
Sem dificuldade 3067,9633,74
0,32
Fácil e muito fácil
2850,24±592,55
Médio e difícil 3441,95±675,29 0,02
DGM
20 mastigações
DGM
20 mastigações
Dificuldade 4776,38±492,69
Sem dificuldade 4597,7534,95 0,38
Fácil e muito fácil
4459,48±501,55
Médio e difícil 4839,36±478,01 0,056
Com relação ao tempo de uso da prótese total e da prótese parcial removível
e número de elementos remanescentes, no grupo teste, não apresentou diferença
estatisticamente quando comparado em relação ao tempo (trinta meses) e ao número
de elementos remanescentes (média de seis dentes), na condição de vinte e quarenta
mastigações (Tabela 8).
49
Tabela 8 Comparação entre o tempo de uso das próteses e o nº. de dentes remanescentes
com o DGM de quarenta e de vinte golpes mastigatórios
DGM
40 mastigações
DGM
40 mastigações
P
<0,05
PT acima 30
meses
3177,74 ± 756,57 PT abaixo 30
meses
3180,74 ± 632,02
0,99
PPR acima 30
meses
3016,98 ± 599,44 PPR abaixo 30
meses
3414,58 ± 784,87
0,14
nº. elementos
acima 6 dentes
3065,55 ± 682,16 nº. elementos
abaixo 6 dentes
3371,78 ± 710,60
0,27
DGM
20 mastigações
DGM
20 mastigações
PT acima 30
meses
4586,31±562,63 PT abaixo 30
meses
4793,03±436,03
0,31
PPR acima 30
meses
4561,51±537,12 PPR abaixo 30
meses
4829,09±461,94
0,19
nº. elementos
acima 6 dentes
4580,57±569,73 nº. elementos
abaixo 6 dentes
4823,46±389,17 0,24
5.5 RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES DO GRUPO TESTE ÀS QUESTÕES
SUBJETIVAS
Figura 16 – Consistência do simulador de alimento Optocal
®
Chiclete
25,93%
Pão 11,11%
Canjica
18,52%
Carne 33,33%
Biscoito de
coco 11,11%
50
Figura – 17 - Dificuldade em mastigar o Optocal
®
Figura – 18 - Influência do sabor do Optocal
®
na mastigação
Não 74,07%
Sim,
positivamente
25,93%
Sim,
negativamente
0%
Não 59,26%
Sim 40,74%
51
Figura – 19 - Dificuldade em mastigar algum alimento
Figura – 20 - Classificação do Optocal
®
quanto à dificuldade
Sim 48,15%
Não 51,85%
Fácil 40,74%
Médio 48,15%
Muito difícil 0%
Difícil 7,41%
Muto fácil 3,7%
52
DISCUSSÃO
Estudos empregando análise comparativa da eficiência mastigatória entre
indivíduos portadores de próteses, utilizaram diversos tipos de alimentos naturais,
como a cenoura, o amendoim e amêndoas (AL-ALI; HEATH; WRIGHT, 1999;
CARVALHO, 2002; ENGLISH; BUSCHANG; THROCKMORTON, 2002; KAPUR;
SOMAN, 2006). Autores como Fontijn-Tekamp et al. (2004) e Geertman et al. (1999)
preferem simuladores de alimentos à base de silicona para moldagem, pois esta é
flexível e maleável, as rachaduras não se propagam rapidamente, quebrando o
alimento como é no caso do amendoim, tendo a necessidade da penetração das
cúspides. Segundo Borges et al. (2005), o material à base de silicona densa reflete
melhor as diferenças das formas das cúspides. O amendoim é duro e friável e
também solúvel em água e sofre alterações pelas enzimas da saliva, além de ser
perecível.
É menos constrangedor para o paciente cuspir o material mastigado quando este
é artificial e também para o pesquisador (manipulá-lo). Alguns pacientes dentados (do
grupo controle) relataram que, antes de completar os quarenta golpes mastigatórios,
tiveram o intuito de engolir, mas que logo lembravam que o podiam e continuavam
a mastigação. Se fosse um alimento natural, talvez a chance de este fato acontecer
tivesse sido maior.
Segundo Prado et al. (2006), os cubos de Optocal
®
são preferíveis aos de
Optosil
®
para se fazer a avaliação da eficiência mastigatória em indiduos que usam
prótese total, pois sua resistência à deformação é inferior ao Optosil
®
. A força de
deformação para o Optosil
®
com tamanho de 8 mm foi 1,5 vezes em relação ao
mesmo alimento com tamanho de 5,6 mm, explicando o fato de pacientes usuários de
53
PT não conseguirem triturar cubos de 8 mm e sim, os de 5,6 mm. Os 17 cubos
simulam a quantidade aproximada do bolo alimentar que normalmente é mastigado.
A função mastigatória es diretamente relacionada com as condições da
dentição. Portanto, na avaliação da eficiência mastigatória, índices máximos são
conseguidos por indivíduos com dentição natural completa e saudável e índices
mínimos com sujeitos desdentados totais, existindo entre esses dois extremos, vários
valores, de acordo com o estado da dentão e do tipo de tratamento reabilitador
presente (MANLY; BRALEY, 1950).
Após a análise estatística, foi observado que a média aritmética (em gramas) do
material retido na peneira de 5,6 mm, com vinte golpes mastigatórios, foi maior que
quando comparada à de quarenta golpes, tanto no grupo teste quanto no grupo
controle. Quanto melhor for a mastigação, menor a quantidade de material retido na
primeira peneira. na peneira de 1,4 mm, quanto melhor for a mastigação, mais
quantidade fica retida nesta peneira, para os dois ciclos mastigatórios e também
para ambos os grupos.
Quanto maior a quantidade de golpes mastigatórios, maior a trituração das
parculas e, com isso, maior a facilidade de perda destas partículas retidas na boca
do paciente ou, até mesmo, na maior facilidade de deglutição acidental (pelo tempo
mastigado ser maior também). Houve maior perda de massa total quando o paciente
realizava quarenta golpes mastigatórios, para ambos os grupos analisados.
Os pacientes que utilizam próteses muco-suportadas e apresentam índices muito
baixos de desempenho mastigatório evitam alimentos difíceis de serem mastigados
e/ou deglutem pedaços grandes de alimentos (MANLY; BRALEY, 1950). Após a
mastigação, os participantes dos dois grupos fizeram uma análise visual comparativa
das duas porções (vinte e quarenta golpes) e perceberam a importância de se
54
mastigar em mais golpes, pois a mastigação foi visualmente melhor com quarenta,
fato comprovado pela análise estatística dos resultados. Os participantes do grupo
teste foram orientados a o deixarem de consumir alimentos considerados duros,
mas que têm muita importância na dieta alimentar e também das porções serem
menores para facilitar a mastigação.
Nenhum dos participantes do grupo controle relatou dificuldade em mastigar o
alimento-teste nem qualquer outro tipo de alimento. no grupo teste (GT), 40,74%
relataram que tiveram dificuldade em mastigá-lo. Entre todos os participantes do GT,
7,41% classificaram-no como difícil de mastigar; 48,15%, de dificuldade média;
40,74% consideraram fácil a mastigação e apenas 3,70% acharam muito fácil
mastigar o Optocal
®
. Os participantes do GT que classificaram o alimento-teste como
médio e difícil para mastigar, realmente mastigaram-no mal (o DGM das partículas
mastigadas foi maior); e os que responderam muito fácil e fácil tiveram,
significantemente, o DGM menor, ou seja, mastigaram melhor, comparação feita com
quarenta golpes mastigatórios. Portanto, esta pergunta pode ser bem empregada.
A maioria dos participantes do grupo teste (74,07%) achou que o sabor não
influenciou na mastigação, 25,93% disseram que influenciou positivamente e nenhum
participante achou que o sabor influenciou negativamente. No grupo controle, 40%
disseram que o sabor não influenciou; 40%, que influenciou positivamente e 20% que
influenciou negativamente. O sabor do Optocal
®
não foi uma barreira à pesquisa para
a maioria dos participantes.
Os pacientes que apresentaram eficiência mastigatória insuficiente foram
orientados e encaminhados para atendimento em serviço odontológico (particular ou
público) para que suas próteses fossem reembasadas ou substituídas, de forma a
55
melhorar o desempenho mastigatório e, consequentemente, a digestão, possibilitando
uma vida mais saudável.
A maioria dos pacientes do grupo teste (51,85 %), apesar de usarem próteses
removíveis,
respondeu no questionário que não tem dificuldade em mastigar nenhum
tipo de alimento. Após a análise estatística, os resultados comprovaram que a
mastigação do GT é insuficiente quando comparada à fisiológica, ou seja, com
aproximadamente vinte golpes mastigatórios, conforme Fontijn-Tekamp et al. (2004).
A maioria dos pacientes do grupo teste (77,78 %) fez suas próteses, superior e
inferior, num mesmo momento, o que facilita uma melhor oclusão das próteses,
consequentemente uma melhor mastigação.
Os resultados encontrados na literatura sobre a importância da retenção e
estabilidade das próteses na eficiência mastigatória e a ausência de relação entre a
avaliação da qualidade das próteses e a performance mastigatória encontrada por
Prado et al. (2006), juntamente com os resultados do presente estudo, sugerem que o
clínico não deve superestimar os efeitos funcionais da melhora da qualidade das
próteses e, assim, orientar seus pacientes no sentido de minimizar expectativas
irrealistas sobre os benefícios de novos tratamentos quanto à melhora de sua
performance mastigatória. Ao mesmo tempo, é importante que o profissional seja
responsável, orientando os pacientes a não deixarem de consumir alimentos
considerados duros, por terem muita importância na dieta alimentar, mas mastigá-los
em porções menores e com mais golpes mastigatórios.
Novas pesquisas sobre eficiência mastigatória devem ser realizadas por causa
de sua grande importância para a saúde do paciente portador de próteses totais e/ou
parciais.
56
CONCLUSÕES
De acordo com a metodologia e condições de realização deste trabalho, pôde-se
concluir:
Houve maior eficiência mastigatória após quarenta ciclos em relação a
vinte ciclos, estatisticamente significante, tanto no GT quanto no GC.
Para compensar o fraco desempenho da associação de próteses
removíveis, os pacientes devem realizar mais golpes mastigatórios.
57
REFERÊNCIAS
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60
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), da pesquisa:
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA EM PACIENTES COM PRÓTESE
PARCIAL REMOVÍVEL INFERIOR CLASSE I E PRÓTESE TOTAL SUPERIOR DE
PORTO VELHO-RO. Caso você concordar em participar, favor assinar ao final deste
documento. Sua participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, você poderá
desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum
prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com a instituição.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e endereço do
consultório da pesquisadora, podendo esclarecer eventuais dúvidas em relação à
pesquisa, bem como de sua participação na mesma.
NOME DA PESQUISA: Avaliação da Eficiência Mastigatória em pacientes com
Prótese Parcial Removível Inferior Classe I e Prótese Total Superior de Porto Velho-
RO.
PESQUISADORA PARTICIPANTE: Ilza Caixeta e Silva Camargo
Endereço: Rua Guanabara, 1195 sala 07, bairro Nossa Senhora das Graças. Porto
Velho-RO.
Telefones: 3224-1226; 3221-6354 e 8111-4016.
OBJETIVOS:
O presente estudo tem como objetivo analisar a eficiência mastigatória de
pacientes com Prótese Parcial Removível Classe I Inferior e Prótese Total Superior.
METODOLOGIA DA PESQUISA:
Todos os indivíduos serão examinados por um único pesquisador, que
desenvolverá toda a parte experimental da pesquisa.
Os dados coletados serão lançados em tabelas próprias, constituindo prontuários
individuais para futuras análises.
61
CUSTO / REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE:
Deve estar absolutamente claro e entendido que os indivíduos que aceitarem
participar desta pesquisa, o fazem por livre e espontânea vontade. Da mesma forma,
fica também claro e entendido, que o mesmo não terá que arcar com nenhuma
despesa em sua participação. Nenhum participante receberá pagamento, de nenhuma
forma, por sua participação.
CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA:
O nome dos participantes será mantido em sigilo e será dado caráter coletivo aos
dados.
Destaca-se finalmente que caso tenha ficado alguma dúvida ou discordância,
essa deve ser apresentada à pesquisadora responsável, que deverá esclarecer ou,
se for o caso, dispensá-lo deste trabalho.
_____________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsável
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu, _______________________________________, portador do documento de
identidade ____________________, CPF _______________________, declaro
que li as informações contidas nesse documento, fui devidamente informado (a) pela
pesquisadora, Ilza Caixeta e Silva Camargo, portadora do documento de identidade
875933 SSP/RO, CPF 975.608.476-68, sobre os procedimentos que serão utilizados,
riscos e desconfortos, benefícios, custo/reembolso dos participantes,
confidencialidade da pesquisa, concordando ainda em participar da pesquisa. Foi-me
garantido que posso retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a
qualquer penalidade. Declaro ainda que recebi uma cópia desse Termo de
Consentimento.
Porto Velho, ___/____/2008
_________________________________________________
NOME E ASSINATURA DO SUJEITO DA PESQUISA
62
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SOBRE A OPINIÃO DOS PARTICIPANTES DA
PESQUISA SOBRE O SIMULADOR DE ALIMENTO MASTIGADO
Questões:
1. A qual alimento você compara o simulador de alimento Optocal
®
(consistência)?
( ) Carne
( ) Canjica
( ) Chiclete
( ) Biscoito de coco
( ) Pão
2. Teve alguma dificuldade para mastigá-lo?
( ) Sim
( ) Não
3. O sabor influenciou na mastigação?
( ) Sim. Negativamente
( ) Sim. Positivamente
( ) Não
4. Tem dificuldade em mastigar algum alimento?
( ) Sim
( ) Não
5. Classificação do alimento teste quanto ao grau de dificuldade:
( ) Muito fácil
( ) Fácil
( ) Médio
( ) Difícil
( ) Muito difícil
Obs: Esse questionário foi adaptado de Borges et al. (2005).
63
ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA FACULDADE
O LUCAS
64
Autorizo cópia total ou parcial desta obra, apenas
para fins de estudo e pesquisa, sendo
expressamente vedado qualquer tipo de reprodução
para fins comerciais sem prévia autorização
específica do autor.
Ilza Caixeta e Silva Camargo
Taubaté, julho de 2008.
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