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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Christiane Peres Caldas Barony de Oliveira
COMPARAÇÃO DOS PARÂMETROS
PERIODONTAIS COM A CONDIÇÃO SISTÊMICA DE
PACIENTES EM HEMODIÁLISE
Taubaté – SP
2008
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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Christiane Peres Caldas Barony de Oliveira
COMPARAÇÃO DOS PARÂMETROS
PERIODONTAIS COM A CONDIÇÃO SISTÊMICA DE
PACIENTES EM HEMODIÁLISE
Taubaté – SP
2008
Dissertação apresentada para obtenção do
título de Mestre pelo Programa de Pós-
Graduação em Odontologia do
Departamento de Odontologia da
Universidade de Taubaté.
Área de concentração: Periodontia
Orientadora: Profa. Dra. Débora Pallos
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CHRISTIANE PERES CALDAS BARONY DE OLIVEIRA
COMPARAÇÃO DOS PARÂMETROS PERIODONTAIS COM A CONDIÇÃO
SISTÊMICA DE PACIENTES EM HEMODIÁLISE
Data: ____________________
Resultado: ________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. __________________________________Universidade de Taubaté
Assinatura: ________________________
Prof. Dr. __________________________________Universidade________________
Assinatura: ________________________
Prof. Dr. __________________________________Universidade________________
Assinatura: ________________________
Dissertação apresentada para obtenção do
título de Mestre pelo Programa de Pós-
Graduação em Odontologia do
Departamento de Odontologia da
Universidade de Taubaté.
Área de concentração: Periodontia
Dedico este trabalho aos meus filhos, Felipe e Rafael, por quem sou e serei
eternamente apaixonada. E, apesar de não entenderem exatamente do que se
tratava este estudo, vibraram e me apoiaram o tempo todo. A vitória não é só minha,
e sim mais uma conquista nossa!
AGRADECIMENTOS
À minha mãe amada, Anna Christina, uma mulher forte e de coração piedoso, está
sempre ao meu lado em todos os momentos. Te amo muito! E peço perdão pelos
momentos de estresse e mau-humor.
Ao meu papai querido, Nelson, que me mostrou desde cedo o valor do
conhecimento e me ensinou a lutar pelos meus objetivos, sendo um exemplo de
trabalho e honestidade pra mim. Agradeço ainda todo o apoio dado e por ter
aceitado minha ausência quando gostaria que eu estivesse mais presente e
participativa, respeitando o meu espaço, pois sabe que luto para realizar meus
sonhos.
Ao querido Vanderson Arcanjo, pelo companheirismo em todos os momentos desta
pesquisa, me ajudando desde as anotações da coleta dos dados, até nos momentos
em que me faltavam forças para seguir adiante me incentivando e me fazendo
acreditar que tudo daria certo. E deu! você sabe o quão trabalhoso foi este
estudo. Obrigada por entender todos os momentos em que precisei me dedicar a
ele, de forma completa, muitas vezes tendo que me afastar de você! Desculpe.
Agora, começaremos uma nova fase de nossas vidas.
À Profa
Dra Débora Pallos pela sabedoria e dedicação dispensada na orientação
deste trabalho. Vo é uma pessoa que nunca irei esquecer, pois foi quem me
ensinou a escrever de forma científica, ter senso crítico, praticamente pegando na
minha mão e escrevendo junto. Tenho por você um sentimento semelhante àquele
que sentimos pela primeira professora do jardim de infância: carinho, amor,
admiração, inspiração...Muito obrigada pela oportunidade de trabalhar ao seu lado.
Você também é responsável por esta conquista!
Ao Prof. Ms. Davi Romero Aquino pelas aulas de Estatística e por estar sempre
disposto a nos ouvir e ajudar na montagem das tabelas e gráficos.
Ao Prof. Dr. Celso Queiroz pelo conhecimento repassado e por provocar um espírito
investigativo na busca constante de conhecimentos.
Ao Prof. Dr. Sigmar de Mello Rode, pelo incentivo desde as fases iniciais da
pesquisa e por me fazer acreditar que este seria um trabalho bem “apimentado”.
Ao Ms. Gustavo Herdoíza, médico nefrologista, da Clínica de Nefrologia de
Rondônia NEFRON, onde foi realizada esta pesquisa, por permitir que parte do
meu trabalho fosse realizado em sua Clínica, por toda a atenção, ajuda,
disponibilidade, boa vontade e ensinamentos durante a realização deste trabalho.
A Élcio Barony, bioquímico do Centro de Análise Clínicas de Porto Velho, por tirar
todas as dúvidas referentes à coleta, todos utilizados e resultados dos exames
laboratoriais realizados.
Ao meu querido tio Marcelo, pela atenção, carinho e por me fazer mais feliz,
simplesmente por existir.
À toda equipe da Clínica NEFRON pelo apoio e incentivo.
Aos pacientes que se dispuseram a ser examinados, o meu muito obrigada, pois
sem essa colaboração, este trabalho não seria realizado.
À Faculdade São Lucas, pela iniciativa de realizar um curso de Mestrado à distância,
incentivando a maior capacitação do seu corpo docente.
À Universidade de Taubaté, pelo acolhimento e apoio em todos os momentos
durante os módulos realizados fora do domicílio.
À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação, Profa. Dra. Ana Christina Claro
Neves, pela atenção e carinho.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Aos meus pais, pelo incentivo desde a graduação e por me fazer acreditar no meu
potencial intelectual. Obrigada pelo apoio financeiro e moral e por me demonstrar
que nosso maior e mais intocável bem é o conhecimento intelectual.
Aos meus filhos, Felipe e Rafael, pela aceitação dos momentos em que estive
distante de casa ou mesmo dedicada integralmente à esta obra. Tenham a certeza
que eu gostaria de estar mais tempo com vocês. Perdão por às vezes ter sido tão
estressada e mau-humorada. Amo vocês incondicionalmente. A presença de vocês
me fez crescer como ser humano e mudou minha vida, por isso serei sempre grata à
vocês. Obrigada! Sem vocês eu nada seria.
Feliz aquele que transfere o que
sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina
RESUMO
Este estudo transversal teve o objetivo de correlacionar as condições periodontais
de pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise (HD), com suas
condições sistêmicas observadas em exames laboratoriais. O presente trabalho foi
realizado na Clínica de Nefrologia de Rondônia – NEFRON - localizada na cidade de
Porto Velho Rondônia. Foram analisados os prontuários dos pacientes para a
obtenção dos resultados de exames laboratoriais, como uréia (UR) pré e pós-diálise,
creatinina (CREA), cálcio (Ca
++
), hormônio paratireoidiano (PTH) e fosfatase alcalina
(FA). Realizou-se exame clínico periodontal, avaliando: índice de placa (IP), índice
gengival (IG), profundidade a sondagem (PS), nível de inserção clinica (NIC) em 79
pacientes. Após o tratamento estatístico com os testes t de Student e de Mann
Whitney verificou-se que o IG foi maior nos indivíduos com UR pré-normal (p =
0,0124), e houve uma diferença significante de NIC com o PTH alterado (p =
0,0388). Com relação às variáveis avaliadas observou-se que não houve diferença
estatisticamente significativa entre elas. As condições periodontais encontradas nos
pacientes demonstrou um perfil inflamatório leve, observado por meio do IG; o IP
demonstrou uma população com moderado acúmulo de biofilme dental, mas com
profundidade de sondagem média de 1,86 mm, e NIC de 2,45 mm. IG e IP foram
maiores no grupo de pacientes com valores de exames laboratoriais dentro dos
padrões de normalidade, mas sem diferenças estatisticamente significativas, o que
demonstra serem fatores apenas locais na determinação das condições periodontais
encontradas, não alterando as condições sistêmicas. A FA utilizada como marcador
ósseo, apresentou valores mais elevados em pacientes com NIC > 2 mm mas sem
diferença estatisticamente significante. Concluiu-se que neste grupo de pacientes as
condições que caracterizam a doença renal crônica não influenciaram na condição
periodontal de indivíduos submetidos ao tratamento de hemodiálise.
Palavras-chave: Doença periodontal. Doença renal. Hemodiálise.
ABSTRACT
This transversal study whose the central hang was collect dates from periodontal
conditions of patients with chronic renal disease undergoing on hemodialysis
treatment (HD) with their systemic conditions observed on laboratorial exams. The
present work was realizes on Nephrology Clinic of Rondônia NEFRON localized
at Porto Velho city - Rondônia. It was accessed the handbooks from all patients to
obtain the results of laboratorial exams, like urea (UR) before and after dialysis
treatment, creatinin (CREA), calcium (Ca
++
), parathyroid hormone (PTH) and alkaline
phosphatase (AP). It was realized clinical periodontal exam evaluating: plaque index
(PI), gingival index (GI), depth on probing (DP), clinical attachment loss (CAL), on 79
patients. After the statistic treatment with tests t-Student and Mann Whitney, we
observed that GI was higher in patients with normal UR before-dialysis (p = 0,0124),
and occurred a significative difference of CAL with altered PTH (p = 0,0388). In
relation of the evaluated parameters, it was observed no difference statistically
significative between them. The periodontal conditions found in these patients
demonstrated light inflammatory status, observed in GI. PI showed a group with
moderate accumulation of dental biofilm, but with 1,86 mm of medium DP, and 2,45
mm of CAL. GI and PI were higher in patients group with normal values of
laboratorial exams, but with no difference statistically significative, proving being only
local factors on determination of periodontal conditions found, don’t altering the
systemic conditions. The AP, used as bone marker, presented higher values in
patients with CAL > 2 mm but with no difference statistically significative. It was
possible to conclude that in this group of patients the conditions that characterize the
chronic renal disease don’t influence on periodontal status of patients undergoing on
hemodialysis treatment.
Keywords: Periodontal disease. Kidney disease. Hemodialysis.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Dados encontrados no grupo de pacientes em hemodiálise
44
Tabela 2- Relação entre parâmetros periodontais e bioquímicos
46
Tabela 3 - Valores da relação entre parâmetros periodontais e nível de
inserção clínica
51
Tabela 4 – Valores da relação entre parâmetros laboratoriais e tempo
de hemodiálise
52
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Quadro dos valores de referência adotados e métodos
utilizados para obtenção dos valores (Referência do Centro de Análises
Clínicas de Porto Velho – Ceaclin, em Porto Velho – RO
45
Figura 2 – Gráfico das patologias que predispuseram os pacientes à ISR
(em porcentagem)
45
Figura 3 – Gráfico da relação da uréia pré-diálise e uréia pós-diálise com
o índice de placa e o índice gengival
47
Figura 4 – Gráfico da relação da uréia pré-diálise e uréia pós-diálise com
a profundidade de sondagem e o nível de inserção clínica
48
Figura 5 – Gráfico da relação da creatinina e do PTH com o índice de
placa e com o índice gengival
49
Figura 6 – Gráfico da relação da creatinina e do PTH com a
profundidade de sondagem e o nível de inserção clínica
49
Figura 7 – Gráfico da relação do cálcio e da fosfatase alcalina com o
índice de placa e o índice gengival
50
Figura 8 - Gráfico da relação da fosfatase alcalina e do cálcio com a
profundidade de sondagem e nível de inserção clínica
50
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
2 REVISÃO DA LITERATURA 16
2.1 Inter-relação da doença periodontal com a doença renal 16
2.2 Relação dos exames laboratoriais com a doença renal crônica e
periodontal
26
2.3 Fatores risco para pacientes renais crônicos e doença
periodontal
33
3 PROPOSIÇÃO 37
4 MÉTODO 38
5 RESULTADOS 43
6 DISCUSSÃO 53
7 CONCLUSÕES 61
REFERÊNCIAS 62
APÊNDICE ATermo de Consentimento Livre e Esclarecido 65
APÊNDICE B – Prontuário de Periodontia 68
APÊNDICE C – Tabela utilizada para realizar o índice de placa (IP) 69
APÊNDICE D – Tabela utilizada para realizar o índice gengival (IG) 70
APÊNDICE E – Tabela utilizada para realizar profundidade de sondagem
(PS) e nível de inserção clínica (NIC)
71
ANEXO ACarta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade São Lucas – Porto Velho/ Rondônia
72
ANEXO B – Ficha para anotações dos resultados de exames laboratoriais
realizados mensalmente
73
1 INTRODUÇÃO
A doença renal crônica (DRC) é definida como a perda progressiva e
definitiva da filtração glomerular. Concomitantemente, ocorre um aumento dos níveis
séricos da uréia nitrogenada e creatinina. Existem múltiplas causas de DRC, sendo
as mais freqüentes: hipertensão arterial, diabetes mellitus, glomerulopatias crônicas,
uropatias obstrutivas e doenças imunológicas.
A evolução progressiva e irreversível da DRC ocorre quando a filtração
glomerular encontra-se menor que 20% e o paciente apresenta-se com níveis
elevados de uréia.
Apesar de ser considerada uma enfermidade de alta morbidade e
mortalidade, as terapias dialíticas têm possibilitado maior tempo de vida aos
pacientes com esta patologia devido ao sucesso do tratamento da hemodiálise e ao
transplante renal.
As alterações fisiopatológicas e bioquímicas levam a inúmeros sinais e
sintomas que se associam a muitas complicações pouco estudadas, tais como:
Oliveira, Christiane Peres Caldas Barony
Correlação do perfil periodontal com a condição sistêmica
de pacientes em hemodiálise / Christiane Peres Caldas
Barony de Oliveira- 2008.
74f.: il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade de Taubaté,
Departamento de Odontologia, 2008.
Orientação: Prof
a
. Dr
a
. Débora Pallos
1. Doença periodontal. 2. Doença renal. 3. Hemodiálise.
I. Título.
alterações da cavidade bucal e o manejo das manifestações odontológicas,
conforme relataram Hammid, Dummer e Pinto (2006).
Em relação à cavidade bucal de pacientes com DRC, é comum a presença de
alterações associadas à doença, destacando-se entre as mais freqüentes: o hálito
urêmico, estomatite urêmica, maior índice de sangramento gengival, diminuição da
sensibilidade gustativa, dor na mucosa oral, palidez e ressecamento da mucosa oral
com sintomas de xerostomia e ardência bucal, erosão dentária, perda prematura dos
dentes, hipoplasia do esmalte, alterações ósseas em conseqüência do
hiperparatiroidismo secundário, baixa incidência de cárie e maior predisposição à
formação de cálculo dental.
Além disso, a doença renal pode desempenhar um papel importante na
patogenicidade da doença periodontal pelo aumento da susceptibilidade à infecção
e/ou diminuição da resposta imune do hospedeiro (MARAKOGLU et al., 2003).
A diminuição da função renal, faz com que substâncias tóxicas, tais como a
uréia e a creatinina, fiquem presentes em altos níveis no organismo.
Conseqüentemente o paciente apresenta uma série de sintomas e alterações
sistêmicas que fazem da DRC uma das patologias que apresenta uma elevada
morbidade e mortalidade. A terapia de hemodiálise é um tratamento que visa a
melhoria dos sintomas sistêmicos causados pelo acúmulo dessas substâncias
tóxicas, as quais deveriam ser eliminadas pelos rins caso ele estivesse com seu
funcionamento normal.
Borawski et al. (2007), estudando pacientes que eram submetidos ao
tratamento dialítico, concluíram que em comparação com a população em geral, a
doença periodontal era mais avançada nesta coorte e pode se agravar conforme o
progresso da DRC.
Baseados nestes achados da literatura, a investigação do perfil periodontal de
pacientes renais crônicos submetidos ao tratamento de hemodiálise bem como o
estudo da correlação das condições sistêmicas, por meio de exames laboratoriais,
com as condições bucais observadas após o exame clínico, pode trazer informações
importantes para melhora da saúde bucal e geral destes pacientes.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Inter-relação da doença periodontal com a doença renal
Em pacientes candidatos a transplantes de rins, como ocorre com pacientes
em tratamento dialítico, existe a preocupação dos médicos em que eles apresentem
uma boa saúde bucal, pois o protocolo imunossupressor utilizado pode predispô-los
a infecções bucais com possíveis disseminações desta. Após três meses
acompanhando 147 pacientes submetidos ao tratamento de hemodiálise e diálise
peritoneal, Klassen e Krasko (2002) observaram que 79% escovavam os dentes
uma vez ao dia, 14% menos do que uma vez ao dia e 7% o escovavam. Quinze
por cento visitavam o dentista mais que uma vez ao ano, 18% procuravam
atendimento odontológico no período entre um e dois anos, 4% entre dois e cinco
anos e 63% somente realizavam a consulta odontológica num intervalo superior a
cinco anos. Concluiu-se que a maioria dos pacientes apresentou atrição dental
severa de forma significativa, recessão gengival (RG) a qual estava relacionada à
higiene oral deficiente e não à escovação traumática, xerostomia devido à utilização
de colutórios contendo álcool, mobilidade dental relacionada à osteodistrofia renal
que é resultante do hiperparatireoidismo secundário, acúmulo de biofilme dental e
gengivite.
De acordo com o passar do tempo em que os pacientes renais crônicos são
submetidos à hemodiálise, observa-se de forma não significativa, uma tendência a
ocorrer um aumento nas medidas de todos os parâmetros clínicos periodontais.
Desta forma, pode-se indicar a presença de uma relação inversa entre a duração e
diminuição da função renal e a qualidade da higiene oral e pessoal sugerindo assim,
a necessidade de monitoramento das condições bucais como protocolo pré-cirúrgico
de transplantes. A importância deste monitoramento se deve ao fato de que esses
pacientes podem ser submetidos a transplante renal, sendo contra-indicado
presença de focos de infecção. A doença renal não é considerada como um fator de
risco para a destruição periodontal avançada, mas sim os efeitos secundários da
terapia de hemodiálise é que predispõem a um aumento da quantidade de biofilme
dental, cujo tratamento após a cirurgia de transplante renal é mais complexo devido
ao efeito colateral da terapia imunossupressora utilizada (MARAKOGLU et al.,
2003).
Com o objetivo de avaliar a condição periodontal de pacientes renais
crônicos, Marakoglu et al. (2003) dividiram os grupos estudados em teste (n = 47) e
controle (n = 36), sendo o grupo-teste dividido em três subgrupos, de acordo com o
tempo em que estavam sendo submetidos à hemodiálise. Avaliaram-se os índices
de placa (IP) e o índice gengival (IG) e profundidade de sondagem (PS). Não foram
observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em relação
aos parâmetros citados e também quanto à média de idade. Nenhum paciente do
grupo-teste apresentou ausência de inflamação, sendo que a gengivite em grau leve
a moderadamente avançada ocorreu com maior freqüência (44%).
Souza et al. (2005) examinaram trinta pacientes submetidos à HD. Avaliou-
se: IP, IG, índice de cálculo (IC), índice periodontal para seleção e registro (PSR),
envolvimentos de furca, mobilidade dental, problemas mucogengivais e dosagem de
imunoglobulina A (IgA) salivar (teste ELISA). Utilizou-se a técnica de coleta do tipo
estimulado para a verificação do fluxo salivar (FS). Objetivava-se determinar a
condição periodontal, a utilização de medidas de higiene oral e a quantidade de IgA
salivar nesta coorte de pacientes. O índice PSR 2 predominou em 93,3% dos
pacientes. O IP e o IC encontrados foram considerados altos (1,419 e 1,060
respectivamente). O IG médio foi de 0,589. A dosagem de IgA salivar atingiu um
valor < 0,200. Baseado nestes dados, concluiu-se que pacientes em HD apresentam
grande acúmulo de biofilme dental, elevada formação de lculo dental, pouca
inflamação gengival frente à elevada presença de biofilme dental e cálculo. E que o
grau da inflamação gengival não traduzia a grande quantidade de biofilme e cálculo
dental, demonstrando que os pacientes não apresentaram a resposta inflamatória
prejudicada pela insuficiência renal crônica e tratamento de HD.
Comparando a prevalência e a gravidade de doenças bucais com o tipo,
duração e gravidade da doença renal e a modalidade de tratamento, Davidovich et
al. (2005) avaliaram parâmetros periodontais, tais como: índice de sangramento à
sondagem (ISS), IP, IG, PS, RG, perda do nível de inserção clínica (NIC) e aumento
gengival. Verificou-se também os seguintes parâmetros odontológicos: CPOD, ceo,
hipoplasias de esmalte e exame radiográfico para identificação de calcificações do
canal radicular, perda óssea alveolar, deformidades ósseas. A condição renal foi
determinada pela verificação da taxa de filtração glomerular (TFG) e dos níveis
séricos de creatinina (CREA), além da investigação de exames laboratoriais, tais
como: hemoglobina (Hb), cálcio (Ca
++
) sérico, fósforo (P
+
) sérico, fosfatase alcalina
(FA) sérica, hormônio paratireoidiano (PTH) sérico e albumina (ALB) sérica. Os
pacientes do grupo-teste foram divididos em quatro subgrupos, sendo: 1º: pré-diálise
(PD); 2º: em diálise (D); 3º: após diálise e transplante (DT); : transplantados sem
diálise prévia (T). O grupo-teste obteve maiores resultados com relação à:
profundidade à sondagem, sangramento à sondagem, índice gengival, perda de
inserção (a qual estava correlacionada com a duração da diálise e o estágio final da
doença renal, sugerindo que esta pode ser também influenciada pela condição
urêmica do paciente), hipoplasias de esmalte tanto na dentição permanente quanto
na decídua (indicando uma possível doença congênita), maiores porcentagens de
calcificações do canal radicular. Houve uma diminuição na incidência de ries,
devido às altas concentrações de uréia na saliva, o que promove o aumento da
capacidade-tampão salivar. Trinta pacientes apresentaram doença óssea sistêmica,
sendo que em 12 ocorreu perda óssea alveolar. Quanto ao crescimento gengival,
este foi comumente encontrado em pacientes transplantados, possivelmente devido
à utilização de medicamentos como a ciclosporina e estava mais relacionada com o
uso de bloqueadores dos canais de lcio e à higiene oral deficiente nos pacientes
pré-dialíticos e em tratamento de diálise. A avaliação dos exames laboratoriais
realizados demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos
quanto aos níveis de CREA, Ca
++
, P
+
, PTH, FA, ALB, Hb, TFG. Dessa forma, ficou
evidente a co-relação direta entre a duração da diálise e a diminuição da função
renal de forma crônica e parâmetros periodontais indicando desta forma, uma co-
relação com a existência e progressão da doença periodontal.
Kadiroglu et al. (2006), no intuito de avaliar a associação entre os níveis de
proteína C-reativa (PCR) com a condição periodontal de indivíduos submetidos à
HD, estudaram 41 pacientes, os quais foram divididos em dois grupos. O primeiro
grupo era composto por 21 pacientes (12 mulheres e nove homens) que
apresentavam valores de PCR aumentados, e o segundo grupo por vinte pacientes
(dez mulheres e dez homens), que demonstraram valores de PCR normais.
Avaliaram-se parâmetros hematológicos e periodontais. Os parâmetros
hematológicos investigados foram: Hb, hematócrito (HC), leucócitos (LEU), Ca
++
, P
+
,
ALB, colesterol (COL), PTH, PCR, volume de sedimentação dos eritrócitos (VHS) e
ferritina (FER), considerados como marcadores da inflamação. O exame periodontal
avaliou: IP, IG índice de doença periodontal (PDI) e PS. Não houve diferença
estatisticamente significativa quanto às condições demográficas (gênero, idade,
tempo de duração da HD e taxa de redução de uréia), PS, PDI. Níveis de PCR e
média de eritropoietina humana recombinante utilizada semanalmente diminuíram
após tratamento periodontal em ambos os grupos de pacientes. Diferenças
estatisticamente significativas foram encontradas entre leucócitos, VHS, Ca
++
, P
+
,
HC, Hb, IP, IG nos dois grupos. No primeiro grupo, 52% dos pacientes apresentaram
periodontite avançada. No segundo grupo, a periodontite avançada acometeu 30%
dos pacientes e outros 30% apresentaram gengivite de leve a moderada. Ocorreram
diferenças estatisticamente significativas também nos marcadores de inflamação e
nos parâmetros hematológicos antes e após a terapia periodontal no primeiro grupo
(p< 0,05). Encontrou-se então, uma correlação positiva de forma significativa entre
IG e IP e níveis de PCR e IP e IG. Concluiu-se que os níveis de PCR estão
intimamente relacionados com a gravidade da DP.
Craig et al. (2007) consideraram as doenças gengivais como sendo quase
uma pandemia em crianças e adultos jovens, sendo reversível com tratamento. Por
outro lado, a periodontite crônica e a periodontite agressiva são formas irreversíveis
de doença periodontal (DP) que podem promover a perda dental se não forem
tratadas.
Em adultos com doença renal crônica observou-se um notável avanço da
periodontite quando comparados ao grupo-controle. A doença periodontal parece ser
particularmente mais avançada em pacientes que mantêm o tratamento de
hemodiálise e comparável às formas sintomáticas em indivíduos que necessitam de
tratamento especializado. Porém, em pacientes submetidos à diálise peritoneal
(CAPD) observa-se uma condição periodontal menos avançada, e moderada em
indivíduos com doença renal em fase de pré-diálise. Entre as várias doenças
sistêmicas ligadas à periodontite, as mais críticas para pacientes com DRC são o
acelerado desenvolvimento da aterosclerose levando à doença cardiovascular,
sendo estas as principais causas da sua morbidade e mortalidade. Fatores que
predispõem à doença periodontal e aceleram sua progressão são comuns na
diminuição da função renal do tipo crônica. Podem ser citados os seguintes:
hipossalivação e xerostomia, diminuição da imunidade e destruição do osso alveolar
induzida pela osteodistrofia renal, diabetes mellitus e subnutrição (BORAWSKI et al.,
2007).
Borawski et al. (2007) estudaram 106 pacientes em tratamento dialítico,
divididos em três subgrupos: HD, CAPD e em fase de pré-diálise (RCPD). O grupo-
controle era formado por 56 pacientes, divididos em dois subgrupos, sendo:
pacientes com (GCCP) e sem periodontite (GCSP). Realizou-se IG, IP, NIC e índice
comunitário de necessidade de tratamento periodontal (CPITN). Os parâmetros
hematológicos e bioquímicos avaliados foram: Hb, LEU, PCR, fibrinogênio (FIB)
plasmático e ALB sérica, coletados três meses anteriores ao exame periodontal.
Todos os índices diferiram significativamente entre os cinco grupos estudados. Os
valores do IG e ISP foram maiores nos GCCP, HD, CAPD, RCPD e GCSP,
respectivamente, sendo comparáveis nestes dois últimos grupos. O IP foi maior no
grupo dos pacientes em HD, seguidos dos CAPD, GCCP, RCPD e GCSP. Quanto
ao NIC, maiores valores foram encontrados nos indivíduos da HD (NIC = 3-4 mm e
NIC 5 mm), comparando-os com GCCP e excederam os valores encontrados no
grupo da CAPD, RCPD e GCSP, obtendo-se resultados semelhantes quanto ao
índice comunitário periodontal (CPI). No índice CPITN, diferenças foram encontradas
nos cinco grupos estudados, sendo maior nos pacientes com doença periodontal
sintomática (GCCP) e na população em geral (GCSP), permanecendo equivalente
entre os três subgrupos do grupo-teste. Quanto às necessidades de tratamento
periodontal (TN), os cinco grupos diferiram, sendo que nenhum cuidado foi requerido
(TN = 0) menos frequentemente em pacientes da HD, comparados ao da CAPD,
RCPD e da população em geral. Para os controles, a diferença foi de quase dez
vezes. A indicação de tratamento complexo e especializado (TN = 3) em pacientes
do grupo da HD foi semelhante aos pacientes com periodontite avançada, e maior
do que nos pacientes da CAPD, RCPD e da população em geral. Quanto aos
exames laboratoriais, houve diferença em todos os parâmetros avaliados, sendo
foram estatisticamente significativas (p < 0,05) quanto à ALB sérica e Hb.
Com o intuito de avaliar a condição microbiológica de pacientes renais
crônicos em HD, Castillo et al. (2007) realizaram um estudo seccional. Tanto o
grupo-teste quanto o grupo-controle foram compostos por 52 indivíduos cada, sendo
este último formado por pacientes que haviam sofrido trauma devido a acidentes de
trabalho ou de trânsito, todos no mesmo período. Realizou-se: PS, RG, IS, IP e grau
de periodontite, exames laboratoriais avaliaram: Ca
++
, FA, glicose (GLI), ALB e PTH.
Foi utilizada a técnica da reação em cadeia da polimerase para detectar a presença
de P. gingivalis, T. forsythia, P. intermedia, P. nigrescens e A.
actinomicetemcomitans. Amostras de saliva e de biofilme dental subgengival foram
coletadas para verificação da presença de Candida. Não houve diferença
estatisticamente significativa quando comparado com o grupo-controle com relação
à idade, gênero, IS, porcentagem de sítios NIC 3 mm e quanto ao número de
dentes presentes. O grupo-teste apresentou pacientes com hipocalcemia associado
a valores de PTH cinco vezes acima dos valores normais (15,4%), nível médio de FA
de 98,37 U.I, hipoalbuminemia moderada (11,5%) e não houve nenhum padrão
específico microbiano, pois esses cinco periodontopatógenos estudados foram
encontrados regularmente nas bolsas dos pacientes que recebiam HD. Quando
correlacionou-se a quantidade desses patógenos com a extensão da doença,
observou-se uma diferença estatística apenas para a P. nigrescens, cuja incidência
e quantidade estava correlacionada com o maior NIC. Não houve diferença
significativa da presença de C. albicans na saliva dos dois grupos.
Para verificar se anticorpos para microrganismos periodontais estavam
associados à diminuição da função renal, Kshirsagar et al. (2007) realizaram os
seguintes exames: anamnese, exame clínico (avaliando a PS, RG, NIC, coleta de
fluido gengival, placa subgengival), exames laboratoriais de soro sanguíneo com o
intuito de verificar níveis de IgG. Os indivíduos foram divididos em dois grupos, de
acordo com os valores das taxas de filtração glomerular (TFG), sendo um grupo com
pacientes com TFG maior ou igual a 60 mm/min/1,73 m², e outro grupo com TFG
menor. O primeiro grupo apresentou NIC > 3 mm em 22,8% dos seus componentes
e elevação dos anticorpos séricos para microrganismos específicos para a doença
periodontal, enquanto que no grupo com TFG menor, encontrou-se NIC > 3 mm em
28,5% e uma tendência não significativa a apresentarem maiores níveis de biofilme
dental, mas sem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, devido a
alta variabilidade na contagem de espécies bacterianas. Ficou evidente que
indivíduos com elevados títulos de anticorpos para P. gingivalis, T. denticola, S.
noxia, A. actinomycetemcomitans e V. parvula apresentavam maior relação com a
diminuição da função renal, comparados com indivíduos com baixos títulos de
anticorpos para esses mesmos microrganismos. Não ocorreu elevação nos títulos de
IgG total ajustados para idade, raça/centro, gênero entre os dois grupos estudados,
concluindo que os títulos totais de IgG para organismos comensais e patogênicos
não foram estatisticamente diferentes.
Takeuchi et al. (2007) investigaram bacteriologicamente a microbiota oral de
pacientes com DRC verificando a influência da hemodiálise com a ocorrência de
cáries e DP. Foram estudados dois grupos de pacientes, sendo o grupo-teste com
81 pacientes com doença renal (dos quais quarenta não recebiam HD e 41 recebiam
HD) e grupo-controle composto por 62 pacientes saudáveis, que não apresentavam
nenhuma doença sistêmica evidente. Avaliou-se cáries, IP, IG, PS, capacidade
tampão da saliva (CTS) e fluxo salivar (FS). Os patógenos estudados relacionados
com a rie dental foram S. mutans (da superfície da língua) e Lactobacillus (na
saliva). Pesquisou-se também a presença de Candida (da superfície da língua). Para
a pesquisa de bactérias periodontais utilizou-se a técnica da reação em cadeia da
polimerase e foram identificadas seis bactérias, sendo elas: P. gingivalis, P.
intermedia, P. nigrescens, T. forsythensis, A. actinomycetemcomitans e T. denticola.
Foram obtidos como média das idades dos grupos-teste e controle 61,6 e 57,6 anos,
respectivamente. O tempo médio de tratamento de HD foi 10,24 anos. O grupo-
teste, apresentou 71,2% dos indivíduos com periodontite (considerado altamente
significativo), maiores índices de CPOD, CTS e presença de bactérias orais
relacionadas com a DP, sendo elas: P. gingivalis, P. intermedia e A.
actinomycetemcomitans, mas o houve diferença estatisticamente significativa.
Foram encontrados FS reduzido e maiores quantidades de S. mutans, C. albicans,
Lactobacillus, P. nigrescens, T. forsythensis e T. denticola quando comparado com o
grupo-controle.
Bots et al. (2007), estudando pacientes submetidos à HD em estágio terminal
da doença renal que foram transplantados, realizaram um estudo durante dois anos,
cujo objetivo era comparar longitudinalmente a saúde oral, o fluxo salivar, a
xerostomia e a necessidade de ingerir líquidos. Durante este período, foram
avaliados 43 pacientes. Os parâmetros investigados foram: FS (através de dois
métodos: fluxo estimulado e não-estimulado), xerostomia, necessidade de ingerir
líquidos, índice de higiene oral simplificado (IHOS) ISS e PS (utilizando o modelo
boca dividida), CPOD e CPOS. O tempo médio encontrado de tratamento de HD foi
de 33 meses. Após dois anos de estudo, vinte pacientes receberam transplante
renal (TX) numa média de 13,5 ± 7,1 meses antes de realizar o segundo exame
clínico. Dois pacientes transplantados apresentaram crescimento gengival. Em
pacientes transplantados observou-se um aumento do FS, diminuição da
necessidade de ingerir líquidos, xerostomia (após dois anos de transplante). Não
foram encontradas diferença estatisticamente significativa quanto a porcentagem de
dentes sem biofilme dental, PS, ISS, CPOD e CPOS, sendo que no grupo que
permaneceu submetido à HD, houve um aumento do número de faces cariadas
Nestes, as variáveis salivares e níveis de xerostomia e de necessidade de ingestão
de líquidos permaneceram os mesmos durante os dois anos de estudo, o que
demonstra serem problemas contínuos para pacientes renais crônicos.
Em seu estudo sobre condições dental e periodontal em pacientes em HD,
Bayraktar et al. (2007), dividiram seu grupo de estudo em teste (76 pacientes em
HD) e controle (61 pacientes saudáveis), com médias de idade de 48 e 46 anos,
respectivamente. Realizou-se: anamnese, exame clínico periodontal (de acordo com
a PS), índice CPOD, IP, IG, IC (presença ou ausência). Não foram encontradas
diferenças estatísticas com relação à idade, gênero, tabagismo, índice CPOD e PS
entre os dois grupos, o que não ocorreu com relação ao IP, IG e IC. Quando o
grupo-teste foi investigado quanto ao tempo em que estavam sendo submetidos à
HD, observou-se que os pacientes que eram tratados por três anos ou mais
apresentavam maiores índices de CPOD e um maior comprometimento periodontal,
demonstrando assim que as condições periodontais dos indivíduos em HD era
semelhante ao grupo-controle, mas piorava de acordo com o tempo do tratamento
de HD.
2.2 Relação dos exames laboratoriais com a doença renal crônica e periodontal
Mesmo realizando a terapia da HD de forma eficaz, não é possível garantir
que ocorrerá o completo restabelecimento da função renal. Várias alterações
bioquímicas ocorrem nos pacientes com DRC, em variados momentos, sendo as
mais freqüentes a elevação da uréia e da creatinina séricas. O período em que a
composição bioquímica do plasma está menos alterada, restringe-se a um breve
intervalo após a diálise; no entanto, uma uremia é observada até que o
procedimento dialítico seja repetido. Existe uma correlação entre a gravidade dos
sintomas da uremia e o aumento de produtos tóxicos sanguíneos, tais como uréia e
creatinina. O grau e a duração da tolerabilidade da uremia não estavam bem
definidos até o momento de realização deste estudo, e mesmo com a aplicação mais
eficiente da técnica da diálise intermitente, ainda permanecem um número grande
de problemas médicos difíceis de serem resolvidos devido à falhas no tratamento
em relação à correção das complicações que constituem o estado de uremia crônica
(SOKOL; GRAL; RUBINI, 1967).
Além disso, as toxinas urêmicas anulam completamente várias funções de
monócitos e granulócitos. A proteína C-reativa expressa uma síntese hepática de
proteínas aumentadas e ativadas por uma alteração crônica da condição
imunológica. Enquanto sua função como marcador da ativação do sistema imune
está bem evidente, sua função patogênica no desenvolvimento de vasos lesados
ainda encontra-se sob investigação (AMORE; COPPO, 2002).
Na cidade de Bambuí, em Minas Gerais, Passos et al. (2003), estudaram
1742 idosos (idade > sessenta anos) e 818 adultos (idade entre 18-59 anos).
Determinou-se a prevalência e os preditores dos níveis séricos elevados de CREA
nesta população, sendo adotado o valor de referência de 1,3 mg/dl para os
homens e 1,1 mg/dl para as mulheres. As médias dos veis de CREA encontrados
foram 0,77 ± 0,15 mg/dl para os adultos e 1,02 ± 0,39 mg/dl para os homens idosos
e 0,81 ± 0,17 mg/dl para as mulheres idosas. Como só haviam quatro casos (0,48%)
com CREA elevada entre os adultos, as análises foram restritas aos idosos. Da
população de idosos envolvidos neste estudo, 5,09% apresentaram CREA elevada
(76/1494). A prevalência da hipercreatinemia aumentou significativamente com a
idade, sendo maior nos homens idosos do que nas mulheres idosas. Níveis
elevados estavam associados com a idade entre setenta e 79 anos, hipertensão,
uso de medicamentos anti-hipertensores, dor no peito entre os homens, e com a
idade acima de oitenta anos, uso de medicamentos anti-hipertensores, inatividade
física e infarto do miocárdio entre as mulheres. A prevalência da disfunção renal
observada foi muito menor que a encontrada em outros estudos baseados em
grandes grupos, mas os preditores foram semelhantes. Dessa forma sugeriu-se que
novas investigações são necessárias para confirmar a variabilidade na prevalência e
fatores associados da disfunção renal entre populações.
A presença de biofilme dental é o fator etiológico para o desenvolvimento da
doença periodontal, mas fatores sistêmicos podem influenciar sua gravidade e
progressão. Os exames laboratoriais podem ser empregados para detectar doenças
em indivíduos assintomáticos, para estabelecer ou excluir a presença de doença em
indivíduos sintomáticos e auxiliar o clínico no controle dos pacientes. Para as
pesquisas renais, os exames diagnósticos são CREA, depuração da creatinina e
uréia nitrogenada no sangue (NUS). A creatinina é um produto catabólico do fosfato
de creatinina, o qual é utilizado para a contração da musculatura esquelética. É
excretada inteiramente pelos rins, e sua quantidade no sangue é diretamente
proporcional à função excretora destes. O exame de depuração da creatinina é
utilizado para o diagnóstico de função renal diminuída, pois uma vez que a creatinina
é excretada inteiramente pelos rins, ela é diretamente proporcional à taxa de
filtração glomerular. O NUS está relacionado com a função metabólica do fígado e
função excretora dos rins, pois a uréia é formada no fígado como produto final do
metabolismo de proteínas e secretado para o sangue, de onde é removida pelos
rins. É, portanto, uma medida indireta da função renal e da TFG, enquanto existir
uma função hepática normal. A fosfatase alcalina é utilizada como marcador ósseo e
encontra-se aumentada em presença de hiperparatireoidismo e infarto do miocárdio
(MARRIOTTI, 2004).
A doença periodontal também foi estudada em cães com IRC e com função
renal normal, com o objetivo de verificar se havia uma relação direta entre as duas
patologias. O grupo-teste foi formado por 12 cães com IRC, média de CREA e uréia
nitrogenada no sangue (NUS) de 7,43 mg/dl e 111,04 mg/dl, respectivamente;
enquanto que o grupo-controle possuía 24 es saudáveis, com CREA de 1,23
mg/dl e NUS de 18,24 mg/dl. Em ambos os grupos o peso dos animais variava de
dois quilos e cem gramas a 15,8 kg, enquanto que a idade variava de três a 13 anos
de idade. Avaliou-se IP, IG, Índice de doença periodontal (PDI). Os resultados
demonstraram que o houve diferença significativa entre os parâmetros
periodontais investigados nos dois grupos. No entanto, todos os índices
apresentaram valores maiores no grupo-controle quando comparados com o grupo-
teste. Quando comparados separadamente os dados sobre a periodontite leve e
avançada, o IP foi significativamente maior em cães com função renal normal
quando comparados com cães com IRC. Não foi possível neste estudo, relacionar
de forma direta se a IRC poderia ter sido originada da DP ou de várias outras causas
(SELMI-BARBUDO et al., 2004).
Com a perda gradativa da função renal, desequilíbrios no metabolismo do
Ca
++
e P
+
promovem uma elevação dos níveis de PTH, devido à estimulação da
paratireóide, com o intuito de manter a homeostasia do Ca
++
. Pacientes com
hipocalcemia geralmente apresentam hipersecreção de PTH, resultando no
hiperparatireoidismo. Este fato pode ser bem evidenciado em pacientes com DRC.
Juntamente com a hiperfosfatemia e comprovação de desmineralização óssea,
podem surgir ainda o hiperparatireoidismo dos tipos secundário e terciário.
Estudando a ocorrência de hiperparatiroidismo em cães com insuficiência renal,
Lazaretti et al. (2006), dosaram as concentrações séricas de paratormônio intacto
(PTHi-c), Ca
++
total e P
+
, ALB. Sempre que os valores séricos de ALB eram menores
que 3,5g/dl, realizou-se a correção do Ca
++
total, transformando-o em Ca
++
corrigido
= (Ca
++
total ALB sérica) +3,5. O grupo-controle era composto por quarenta cães
saudáveis e o grupo-teste incluiu trinta cães com insuficiência renal confirmada.
Após a avaliação dos resultados, encontrou-se concentrações séricas de PTHi, Ca
++
e P
+
aumentadas nos animais com IRC. Com a exceção de um único animal com
DRC, todos os cães hiperfosfatêmicos apresentaram altas concentrações de PTHi.
Observou-se correlação positiva entre as concentrações séricas de P
+
e PTHi, o que
não ocorreu entre o Ca
++
total corrigido e o PTHi. Devido a essa não-correlação
entre essas duas últimas variáveis, estabeleceu-se então como sendo variáveis
independentes, pois a liberação do PTH promove o aumento do Ca
++
ionizado, que
corresponde a cerca de 50% do cálcio total sérico, sendo necessário então a
dosagem do Ca
++
iônico confirmar a real homeostase do Ca
++
. Ficou evidente então,
a ocorrência de hiperparatireoidismo secundário na IRC em es e a possibilidade
de utilizar o P
+
sérico como marcador indireto da hiperestimulação das paratireóides.
Além dos conhecidos fatores de risco para pacientes em HD, podemos
observar também a elevação dos níveis de mediadores da inflamação, entre eles a
proteína C-reativa. No intuito de avaliar se a periodontite em pacientes com DRC
submetidos à HD estava associada à elevação da concentração da proteína C-
reativa e aumento da espessura da camada média da artéria carótida, Franek et al.
(2006) realizaram um estudo com 44 pacientes, sendo 14 fumantes. Todos eles
recebiam tratamento de HD e foram divididos em dois grupos, de acordo com a
presença ou ausência de DP. Realizou-se: radiografia panorâmica, exame clínico
periodontal (PS, NIC, EF, MOB, IP, IG) e exames laboratoriais (Ca
++
, P
+
, PTH,
CREA, TRI, FA, COL total e HDL, PCR, IL-6 e TNF-α). Não houve diferença entre os
dois grupos com relação à idade, IMC, número de cigarros, pressão arterial, exames
laboratoriais, com exceção da concentração da proteína C-reativa sérica, a qual
estava significativamente maior no grupo dos pacientes com DP. Não houve
diferença entre os grupos quanto ao número de placas ateroscleróticas presentes na
artéria carótida, mas a média deste número foi maior em pacientes com periodontite
avançada. Desta forma, os autores concluíram que em pacientes urêmicos, a
periodontite crônica avançada está associada ao aumento da concentração rica
da proteína C-reativa e com o aumento da espessura da camada média da artéria
carótida, parecendo provável que a inflamação do tecido periodontal possa causar
processos sistêmicos que são capazes de exacerbar a aterosclerose.
Observou-se, no entanto, que a periodontite tem sido associada ao aumento
dos marcadores da inflamação sistêmica, incluindo a PCR, cujos valores
aumentados são considerados como um fator de risco para pacientes submetidos ao
tratamento dialítico. Estudos demonstraram que um tratamento periodontal efetivo
pode reduzir os níveis dessa proteína, o que pode provocar uma diminuição da
incidência de complicações ateroscleróticas (CRAIG et al., 2007).
Para investigar se existe uma ligação entre a DRC e a DP, uma pesquisa
conduzida por Yoshihara et al. (2007) estudou uma população idosa de japoneses
composta por 145 indivíduos, todos com 77 anos. Coletou-se urina por um período
de 24 horas e a coleta de sangue foi realizada no dia do exame odontológico. O
volume da uréia de 24 horas e da urina de 24 horas foi utilizado como marcadores
urinários da função renal, enquanto que a creatinina sérica foi usada como marcador
sanguíneo. Clearance de creatinina foi calculada relacionando a creatinina presente
na urina de 24 horas dividida pela creatinina sérica. Parâmetros bioquímicos
relacionados com a renovação óssea também foram mensurados, como
deoxipiridinolina (marcador da renovação óssea) e osteocalcina sérica (marcador da
neoformação óssea). Várias análises foram feitas para avaliar a relação entre a
porcentagem de locais com NIC 6 mm e função renal, assim como em relação ao
metabolismo ósseo. O exame periodontal investigou PS e NIC. Os resultados
demonstraram que 88,2% dos homens e 69,6% das mulheres apresentavam ao
menos um local com NIC 6 mm. Ocorreu uma associação positiva entre locais com
NIC 6mm e a clearance de creatinina por 24 horas, por indivíduo, e associação
negativa com o volume de urina por 24 horas, osteocalcina rica, deoxipiridinolina,
número de dentes remanescentes e hábitos alimentares. Confirmou-se então, uma
relação fraca, mas evidente, entre a DRC e a DP em japoneses idosos, o que ocorre
também, mas de forma significativa entre a função renal e marcadores do
metabolismo ósseo, assim como a DP. Consequentemente, o aumento da incidência
da falência renal crônica que ocorre com o avanço da idade, aumenta a
probabilidade da DP avançada.
Shultis et al. (2007), investigando o efeito da periodontite no desenvolvimento
de neuropatia periférica (definida como macroalbuminúria, que é uma relação entre
albumina e creatinina (ACR) 300 mg/g) e na fase terminal da DR em pacientes
com diabetes tipo 2, numa população indígena americana, realizaram a coleta de
alguns dados. As análises incluíram dados de todos os indivíduos com diabetes, e
que possuíam um ou mais exame periodontal após os 25 anos de idade, com ACR <
300 mg/dl e TFG 60 ml/min/1,73 m². Dos 529 indivíduos estudados, 107 (20%)
eram saudáveis ou apresentavam periodontite leve, duzentos (38%) com
periodontite moderada, 117 (22%) com periodontite avançada e 105 (20%) eram
edentados. Durante um acompanhamento de 22 anos, 193 pacientes tiveram
macroalbuminúria e 68 estavam na fase final da doença renal. Após ajustar a idade
e o gênero, a incidência dessas duas patologias aumentou de acordo com a
gravidade da periodontite. Quando relacionou-se a idade, gênero, duração da
diabetes, IMC e hábito de fumar a incidência de macroalbinúria foi duas vezes mais
elevada em indivíduos com periodontite moderada; 2,1 em indivíduos com
periodontite avançada e 2,6 vezes em pacientes edentados, respectivamente,
comparados com pacientes sem periodontite ou com periodontite leve. A incidência
da fase final da doença renal foi 2,3 vezes maior em indivíduos com periodontite
avançada, 3,5 com periodontite moderada e 4,9 em edentados, comparado com
pacientes com ausência ou periodontite leve. Desta forma, a periodontite prediz o
desenvolvimento de neuropatia periférica e progride ao estágio final da doença renal
os pacientes com diabetes tipo 2, mas não é possível determinar se o tratamento da
periodontite reduzirá o risco da DR diabética.
2.3 Fatores de risco para pacientes renais crônicos e doença periodontal
Em pacientes que são submetidos à diálise crônica, podem ocorrer alguns
problemas médicos provenientes dela, os quais incluem algumas complicações
bioquímicas e distúrbios agudos em fluidos e no balanço eletrolítico.
Em 1972, a diálise renal crônica era responsável por cerca de 1% de todas as
mortes na Califórnia, o que equivalia a 1500 eventos anualmente. O número de
pacientes que recebem hemodiálise neste Estado cresceu de oitocentos em 1970,
para 1350, em 1971. Os pacientes que fazem uso desta terapia, evoluem para um
transplante renal ou vão à óbito. De 1957 até a data deste estudo, cerca de mil
pacientes receberam um ou mais transplantes renais (HODGES, 1972).
Stenvinkel et al. (1999), verificando a relação entre má-nutrição, inflamação e
aterosclerose, estudaram 109 pacientes com IRC antes de começar o tratamento
dialítico. Pacientes com mais de setenta anos foram excluídos, assim como
pacientes hospitalizados com sinais clínicos de infecção e com vasculite aguda. Os
resultados demonstraram que ocorre um rápido desenvolvimento da aterosclerose
em pacientes com IRC, o qual parece ser causado por um sinergismo em diferentes
mecanismos, tais como: má-nutrição, inflamação, estresse oxidativo e componentes
genéticos. Além dos fatores de risco clássicos, níveis diminuídos de vitamina E e
níveis elevados de proteína C-reativa estão associados com um aumento da área da
artéria carótida.
O estágio de inflamação crônica de pacientes que recebem hemodiálise por
um período longo, depende de dois fatores: função deficiente do sistema imune e
uma estimulação celular imunológica não-específica por meio do mecanismo
dialítico. Pacientes urêmicos apresentam um sistema imune paradoxal
(extremamente ativo afetado pela resposta do material externo utilizado no circuito
extracorporal, mas defeituoso quanto à resposta imune normal) e eles possuem
muitas semelhanças com pacientes que são portadores de doenças auto-imunes,
tais como lupus eritematoso sistêmico (LES). O contato do sangue com superfícies
externas do corpo durante a HD, produz uma série de eventos no sistema imune que
são complexos e freqüentemente estão inter-relacionados. Ativação de células
mononucleares, fixação do complemento, ntese e liberação de citocinas, espécies
reativas ao oxigênio, estresse carbonílico e produção de óxido nítrico resultam em
uma resposta inflamatória aguda/crônica. Esta resposta consiste da modulação de
reagentes de fase aguda positiva (tais como: proteína C-reativa, amilóde sérico A,
fibrinogênio e hepatoglobina) ou negativa (como exemplo: hipoalbuminemia e
transferrina), os quais têm sido citados na patogênese da maioria das complicações
dialíticas, entre as quais podemos destacar as doenças cardiovasculares e estão
relacionados com as complicações de co-morbidade como as principais causas de
morte em pacientes que o submetidos à terapia de reposição renal. (AMORE;
COPPO, 2002).
Certas condições sistêmicas requerem uso de medicamentos que podem ser
um fator de risco para periodontite devido ao acúmulo de biofilme dental como
resultado de crescimento gengival. Os bloqueadores dos canais de cálcio estão
associados ao aumento gengival, embora o risco para crescimento gengival varie de
acordo com os medicamentos. O aumento gengival é significativamente mais
prevalente entre pacientes que utilizam nifedipina, quando comparado com
amlodipina ou diltiazem, embora a prevalência geral entre todos os pacientes em
uso de bloqueadores dos canais de cálcio ainda seja razoavelmente baixa (NUNN,
2003).
Objetivando revisar os fatores/indicadores de risco supostamente envolvidos
na progressão da doença periodontal, com ênfase naqueles associados aos
mecanismos imunológicos alterados, Stanford e Rees (2003) observaram que
influências hormonais e discrasias sanguíneas podem necessitar de supressão
imunológica, assim como ocorre no LES, síndrome de Sjögren, esclerose sistêmica
progressiva, doença de Crohn e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). O
aumento do uso de medicamentos imunossupressores por um longo prazo, como
forma de prevenir rejeição de órgãos transplantados tem aumentado a incidência de
infecções orais, incluindo candidíase, leucoplasia oral pilosa, sarcoma de Kaposi,
herpes simples e citomegalovírus associado a ulcerações bucais. A ciclosporina A é
um imunossupressor comumente prescrito para prevenir a rejeição de transplantes,
e embora esteja associado ao crescimento gengival exagerado na presença de
biofilme dental, não existem relatos indicando que a destruição periodontal seja
aumentada.
Pacientes que fazem HD são expostos repetidamente à anticoagulantes
sistêmicos (heparina) durante o processo de purificação do sangue. Segundo
Borawski et al. (2007), isso os predispõe futuramente a um sangramento gengival e
em conseqüência, facilita o crescimento e a colonização bacteriana além de facilitar
a propagação da DP.
Souza et al. (2005), avaliando a condição periodontal de trinta pacientes
submetidos à HD, encontraram grandes acúmulos de biofilme dental nos pacientes
renais crônicos, mas não detectaram inflamação gengival compatível com este grau
de agressão. Esse fato poderia ser justificado pela presença de anemia, que
acomete grande parte desses pacientes e mascara a inflamação dos tecidos
gengivais, provocando uma menor resposta inflamatória ao hospedeiro. A explicação
para o elevado índice de cálculo encontrado seria a elevada concentração salivar de
uréia, a diminuição do fluxo salivar e até mesmo, a grande utilização de suplementos
de Ca
++
e P
+
, freqüentemente utilizado nestes pacientes.
Apesar dos grandes avanços tecnológicos, anualmente a mortalidade de
pacientes na diálise crônica chega a 20%, assim como a DCV e infecções, tornando-
se um líder das causas de morte. A DP tem sido recentemente reconhecida como
uma outra fonte potencial de inflamação crônica em pacientes com DR. Além disso,
a DP está sendo muito visada pelos nefrologistas que atendem pacientes com DRC,
mas ainda não recebeu a atenção merecida no maior guia nacional e internacional
sobre DRC. Notoriamente, uma avaliação multidisciplinar é necessária, estando
incluída neste momento a avaliação da condição bucal. São necessários portanto,
mais estudos intervencionais com apresentação de protocolos para tratamentos
intensivos da DP, o que futuramente pode contribuir para combater a inflamação
crônica em pacientes com DRC (KOKANKO, 2008).
3 PROPOSIÇÃO
Este estudo teve como objetivo descrever as condições periodontais de
indivíduos com DRC em tratamento de hemodiálise e correlacionar com a condição
sistêmica obtida por exames laboratoriais.
4 MÉTODO
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade São Lucas – (Protocolo CEP/FSL nº 188 – Anexo A).
Os indivíduos convidados a participar do estudo eram pacientes que estavam
sendo tratados na Clínica de Nefrologia de Rondônia (NEFRON).
Inicialmente foram informados sobre o objetivo do estudo, e os que
concordaram em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) de acordo com a resolução 196/96 (Apêndice A).
4.1 Critérios de Inclusão
Os critérios adotados para inclusão dos pacientes foram: concordância com
os objetivos do estudo; assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;
pacientes submetidos à hemodiálise.
4.2 Critérios de Exclusão
Foram excluídos deste estudo os indivíduos não concordaram com os
objetivos do estudo; pacientes que se recusaram a assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido; pacientes gestantes; presença de menos de dez
dentes na cavidade bucal.
4.3 Anamnese
O exame clínico foi iniciado por meio de anamnese, obtendo os dados
pessoais e a história médica e odontológica, com o objetivo de verificar o estado de
saúde geral e bucal do indivíduo. As informações obtidas foram registradas na ficha
clínica (Apêndice B).
4.4 Exame Clínico Periodontal
O exame clínico periodontal foi realizado na Clínica de Nefrologia de
Rondônia - NEFRON, fazendo uso de biombos para isolamento dos pacientes,
evitando o constrangimento durante a avaliação. Utilizou-se da luz fluorescente do
próprio ambiente, com paciente deitado na cadeira reclinável da sala de
atendimento, durante o período em que ele estava sendo submetido ao tratamento
de hemodiálise, devido às dificuldades de deslocamento dos pacientes até a Clínica
Odontológica da Faculdade São Lucas, em Porto Velho - Rondônia . Somente uma
examinadora calibrada realizou o exame clínico e um anotador treinado fez os
registros em ficha clínica apropriada (Apêndice B).
O exame clínico foi realizado até duas horas após o início do tratamento da
hemodiálise, em cada turno, anterior ao momento da alimentação dos pacientes
para evitar interferências nos resultados clínicos obtidos. Foram avaliados os
seguintes parâmetros clínicos:
a) Índice de Placa (IP) (SILNESS; LÖE, 1964) - foi obtido das faces de cada dente
estudado por meio da avaliação da espessura da placa na superfície dental, com a
sonda exploradora nº 5. A avaliação resultou em valores de 0, 1, 2 ou 3,
dependendo da quantidade encontrada de placa (Apêndice C).
b) Índice Gengival (IG) (LÖE; SILNESS, 1963) - foi utilizada a sonda periodontal
milimetrada tipo Carolina do Norte (HuFriedy) e obtido dos sítios examinados pela
avaliação da quantidade de sangramento após sondagem, baseado no aspecto
visual, de todos os dentes nas faces mesio-vestibular, vestibular, disto-vestibular,
mésio-lingual, lingual e disto-lingual. Os valores foram expressos na escala de 0, 1,
2 ou 3 (Apêndice D).
c) Profundidade de Sondagem (PS) - verificada por meio da utilização de um
espelho clínico plano nº 5, pinça clínica, sonda periodontal milimetrada tipo Carolina
do Norte (HuFriedy). A profundidade de foi realizada em seis pontos, sendo três
pontos por vestibular (mésio-vestibular, vestibular e disto-vestibular) e três pontos
por lingual (mésio-lingual, lingual, disto-lingual). A medida foi fornecida em
milímetros (Apêndice E).
d) Nível de inserção clínica (NIC) - verificado por meio da utilização de um espelho
clínico plano nº 5, pinça clínica, sonda periodontal milimetrada tipo Carolina do Norte
(HuFriedy). O exame para verificação do nível de inserção clínica (distância
compreendida entre a junção esmalte-cemento e o nível mais apical da bolsa
periodontal) foi realizado em seis pontos, sendo três pontos por vestibular (mésio-
vestibular, vestibular e disto-vestibular) e três pontos por lingual (mésio-lingual,
lingual, disto-lingual).A medida foi fornecida em milímetros (Apêndice E).
4.5 Coleta dos dados laboratoriais
Foram analisados os prontuários presentes na Clínica NEFRON, para
uma melhor caracterização dos pacientes e verificação dos resultados de exames
laboratoriais realizados rotineiramente Os exames investigados foram: uréia pré e
pós-diálise, creatinina, cálcio, hormônio paratireoidiano e fosfatase alcalina. Os
valores de referência adotados para este grupo de pacientes com suas respectivas
técnicas utilizados para detecção estão apresentados na Figura 1.
Figura 1 – Quadro dos valores de referência adotados e métodos utilizados para obtenção dos
valores (Referência do Centro de Análises Clínicas de Porto Velho – Ceaclin, em Porto Velho – RO
Em todas as fases experimentais desta pesquisa, foram praticados todos os
preceitos de biossegurança, tanto no que diz respeito ao uso de máscaras, avental e
luvas quanto à destinação do material utilizado, para o descarte conveniente.
Tipo de exame Abreviatura Valores de
referência
Método utilizado
Uréia pré-diálise U PRÉ 120 a 140
mg%
Enzimático ultra-violeta
Uréia pós-diálise U PÓS 40 a 60 mg% Enzimático ultra-violeta
Creatinina CREA 7 a 10 mg% Colorimétrico (Jaffé-
modificado)
Cálcio Ca
++
8 a 10 mg% Colorimétrico automatizado
Hormônio
paratireoidiano
PTH 150 pg/Ml Quimioluminescência
Fosfatase alcalina FA 200 a 400
U.I/L
Enzimático
Após a coleta dos dados, dividiu-se em grupos de acordo com os valores de
referência adotados para os exames laboratoriais investigados, sendo um grupo com
valores normais e outro grupo com valores alterados e correlacionou-se com os
parâmetros periodontais (IP, IS, PS, NIC).
Outra divisão realizada foi quanto ao NIC 2 mm e > 2 mm, de acordo com a
American Academy of Periodontology (AAP). Correlacionou-se então com os dados
sistêmicos.
Dessa forma, objetivamos demonstrar a influência da DP na DRC e vice-
versa.
A análise estatística foi realizada ao nível de significância de 95% (0,05) no
programa Bio Estat 4.0. Foi estabelecido o cálculo amostral-t de amostras
independentes com power -0,80 e α = 0,05. Em cada grupo foi testado o grau de
normalidade, quando o grupo apresentava normalidade, o teste t de Student foi
aplicado e para grupos não-normais foi aplicado o teste de Mann Whitney.
5 RESULTADOS
Foi proposto um estudo para verificar as condições periodontais de pacientes
em hemodiálise. Foram convidados os 107 pacientes que freqüentavam
rotineiramente a Clínica de Nefrologia de Rondônia NEFRON, em Porto Velho
Rondônia, no primeiro semestre do ano de 2007.
Vinte e oito pacientes foram excluídos porque cinco se recusaram a participar
do estudo, nove possuíam menos do que dez dentes presentes na cavidade bucal,
oito eram portadores de Prótese Total superior e inferior (ausência total de dentes) e
seis utilizavam apenas Prótese Total superior com ausência de dentes inferiores.
Portanto a amostra avaliada foi de 79 indivíduos, sendo trinta mulheres (três
fumantes e 27 não-fumantes) e 49 homens (três fumantes e 46 não-fumantes), cuja
média de idade e desvio-padrão eram de 41,1 ± 15,25 e 46,51 ± 14,57 anos,
respectivamente. Os dados encontrados estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Dados encontrados no grupo de pacientes em hemodiálise
Masculino Feminino Total
N 49 30 79
Fumantes 3 3 6
Idade (anos) 46,51 ± 14,57 41,1 ± 15,25 44,5 ± 15,0
PS (mm) 1,95 ± 0,34 1,73 ± 0,31 1,87 ± 0,36
NIC (mm) 2,67 ± 1,02 2,16 ± 0,85 2,47 ± 1,14
IP (escores) 1,45 ± 0,94 1,21 ± 0,84 1,36 ± 0,82
IG (escores) 0,71 ± 0,85 0,38 ± 0,61 0,59 ± 0,74
U pré (mg%) 156 ± 33,1 159 ± 25,7 157 ± 33,6
U pós (mg%) 62,4 ± 20,1 47,9 ± 11,5 56,9 ± 19,8
CREA (mg%) 10,6 ± 2,64 10,6 ± 2,64 11,5 ± 4,4
Ca
++
(mg%) 8,39 ± 0,36 8,58 ± 1,71 8,46 ± 1,09
PTH (pg/Ml) 381± 386 376 ± 322 317 ± 308
FA (U.I/L) 90,7 ± 49,2 119 ± 89,7 101 ± 81,8
PS profundidade de sondagem; NIC nível de inserção clínica; IP índice de placa; IG índice
gengival; U pré – uréia pré-diálise; U pós uréia pós-diálise; CREA – creatinina; Ca
++
- cálcio; PTH –
hormônio paratireoidiano; FA – fosfatase alcalina
A média e desvio-padrão de tempo em que os pacientes estavam em
tratamento de hemodiálise foi de 3,6 ± 3,6 anos. As doenças cardiovasculares o
as principais causas de morte em pacientes que recebem HD, sendo também muito
freqüente as transfusões sanguíneas, devido às alterações nos exames
laboratoriais, principalmente no hemograma. A média e desvio-padrão da presença
de cardiopatias foi de 0,57 ± 0,49 e de transfusões sanguíneas neles foi de 0,66 ±
0,47, respectivamente. Com relação às patologias que predispuseram a doença
renal crônica nestes pacientes (diagnósticos primários), podemos mencionar:
diabetes mellitus, glomerulonefrites, pielonefrites, hipertensão arterial, associação de
várias patologias (cujo termo mais utilizado nos trabalhos publicados foi miscelânia),
entre outras (Figura 2).
26%
20%
3%
13%
14%
1%
5%
4%
1%
1%
1%
11%
HAS
GNC
LPS
PNC
DM
LR
DPO
TX,RJ
CA PROST
SN
QT,RT
M ISCELAN
Figura 2- Gráfico das patologias que predispuseram os pacientes à ISR (em porcentagem)
HAS, hipertensão arterial; GNC, glomerulonefrite crônica; LES, lúpus eritematoso simples; PNC,
pielonefrite crônica; DM, diabetes mellitus; LR, litíase renal; DPO, doença policística; TX REJ,
transplante renal com rejeição; CA PROST, câncer de próstrata, SN, síndrome nefrótica; QT,
quimioterapia; RT, radioterapia; MISCELAN, miscelânia: acidente vásculo-cerebral, anemia falciforme,
doença cística, glomerulonefrite aguda, hepatite C, hepatite B, Aids, hipertensão reno-vascular,
hipotireoidismo, infecção das vias urinárias, miocardiopatias, tumor prostático
Como pode ser observado acima, a população estudada era
predominantemente de não-fumantes, com PS considerada normal (< 2 mm),
moderado acúmulo de biofilme dental (portanto IP elevado), IG baixo, portanto, com
um perfil inflamatório baixo. NIC alterado, com perda de inserção clínica (PIC) de
aproximadamente 3 mm. Além disso, é importante relatar que a uréia pré-diálise
estava elevada, assim como o PTH, mas a FA estava abaixo dos valores de
referência adotados.
Tabela 2 – Relação entre parâmetros periodontais e bioquímicos
PS NIC IP IG
U PRÉ NORM 1,89 ± 0,39 2,72 ± 1,37 1,41 ± 0 ,67 0,76 ± 0,67
U PRÉ ALT 1,85 ± 0,35 2,34 ± 0,99 1,32 ± 0,90 0,48 ± 0,77
P 0,5180 0,2060 0,4600 0,0124*
U PÓS NORM 1,84 ± 0,38 2,51 ± 1,20 1,34 ± 0,78 0,60 ± 0,70
U PÓS ALT 1,89 ± 0,31 2,39 ± 1,02 1,38 ± 0,89 0,56 ± 0,81
P 0,3494 0,6368 0,9069 0,5085
CREA NORM 1,81 ± 0,39 2,36 ± 0,84 1,33 ± 0,81 0,64 ± 0,63
CREA ALT 1,89 ± 0,33 2,54 ± 1,31 1,37 ± 0,84 0,54 ± 0,82
P 0,7342 0,4636 0,7380 0,1874
PTH NORM 1,82 ± 0,30 2,22 ± 0,80 1,38 ± 0,77 0,50 ± 0,72
PTH ALT 1,91 ± 0,41 2,80 ± 1,42 1,33 ± 0,89 0,69 ± 0,77
P 0,2590 0,0388* 0,6631 0,4488
FA NORM 1,86 ± 0,35 2,47 ± 1,13 1,38 ± 0,82 0,60 ± 0,75
FA ALT 1,91 ± 0,37 2,50 ± 1,19 0,83 ± 0,11 0,21 ± 0,15
P
NP NP NP NP
Ca
++
NORM 1,86 ± 0,35 2,49 ± 1,14 1,40 ± 0,82 0,60 ± 0,75
Ca
++
ALT 1,81 ± 0,49 2,17 ± 1,47 0,68 ± 0,49 0,30 ± 0,49
P
NP NP NP NP
PS, profundidade de sondagem; NIC, nível de inserção clínica; IP, índice de placa; IG, índice gengival; U PRÉ
NORM:uréia pré-diálise normal; U PRÉ ALT:uréia pré-diálise alterada; U PÓS NORM: uréia pós-diálise normal; U
PÓS ALT: uréia pós-diálise alterada; CREA NORM: creatinina normal; CREA ALT: creatinina alterada; PTH
NORM: hormônio paratireoidiano normal; PTH ALT: hormônio paratireoidiano alterado; FA NORM: fosfatase
alcalina normal; FA ALT: fosfatase alcalina alterada; CA
++
NORM: cálcio normal; CA
++
ALT: cálcio alterado; p:
nível de significância; NP: não possível verificar o nível de significância
Correlacionando-se os parâmetros periodontais (IP, IG, PS, NIC), com os
parâmetros bioquímicos (exames laboratoriais) realizados rotineiramente, a coorte
foi dividida de acordo com os valores de referência em dois grupos, sendo: grupo
com valores normais e grupo com valores alterados (Tabela 2). Observou-se que os
pacientes que apresentaram uréia pré-diálise com valores dentro da normalidade,
apresentaram NIC mais elevados, mas sem diferença estatística. O único parâmetro
em que ocorreu diferença foi com o índice gengival e o grupo normal tinha mais
sangramento que o alterado. Quanto à uréia pós-diálise, não houve diferença
estatisticamente significativa entre os dois grupos, porém parâmetros como NIC e IG
foram maiores no grupo normal, enquanto PS e IP foram maiores no grupo alterado
(Figuras 3 e 4).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
IP IG
U PNORM
U PALT
U PÓS NORM
U PÓS ALT
Figura 3 Gráfico da relação da uréia pré-diálise e uréia pós-diálise com o índice de placa e o índice
gengival
IP- índice de placa; IG-índice gengival * diferença significante (p<0,05)
*
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
PS NIC
U PNORM
U PALT
U PÓS NORM
U PÓS ALT
Figura 4 Gráfico da relação da uréia pré-diálise e uréia pós-diálise com a profundidade de
sondagem e o nível de inserção clínica
PS- profundidade de sondagem; NIC- nível de inserção clínica
Avaliando a creatinina, somente o IG foi maior no grupo normal, enquanto que
a PS, NIC e IP, apresentaram valores maiores no grupo alterado, mas todos esses
parâmetros não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. Para o
PTH, o grupo alterado apresentou maior PS e maior NIC, enquanto que para IP e IG
foram menores, quando comparados ao grupo normal, sendo que somente o NIC
demonstrou diferença estatisticamente significativa, conforme demonstrados nas
Figuras 5 e 6.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
IP IG
CREA NOR
CREA ALT
PTH NORM
PTH ALT
Figura 5 – Gráfico da relação da creatinina e do PTH com o índice de placa e com o índice gengival
IP - índice de placa; IG - índice gengival
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
PS NIC
CREA NOR
CREA ALT
PTH NORM
PTH ALT
Figura 6 Gráfico da relação da creatinina e do PTH com a profundidade de sondagem e o nível de
inserção clínica
PS- profundidade de sondagem; NIC- nível de inserção clínica; * diferença significante (p<0,05)
Por fim, no grupo normal do cálcio, apresentou PS, NIC, IP, IG maiores que o
grupo alterado, mas sem possibilidade de verificar se essas diferenças eram
estatisticamente significativas, pois do grupo total estudado (n = 79 pacientes),
somente cinco pacientes apresentaram valores de Ca
++
acima do normal. No grupo
da fosfatase alcalina, o grupo com valores de referência alterados, apresentou
*
maiores valores para PS, NIC e menores valores para IP e IG, não sendo possível
verificar a significância desta diferença pois somente três indivíduos tinham valores
acima do normal e, portanto, não permitiu a aplicação do teste estatístico para
verificação de tal alteração (Figuras 7 e 8).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
IP IG
Ca++ NORM
Ca++ ALT
FA NORM
FA ALT
Figura 7 Gráfico da relação do cálcio e da fosfatase alcalina com o índice de placa e o índice
gengival
IP- índice de placa; IG- índice gengival
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
PS NIC
Ca++ NORM
Ca++ALT
FA NORM
FA ALT
Figura 8 Gráfico da relação da fosfatase alcalina e do lcio com a profundidade de sondagem e
nível de inserção clínica
PS- profundidade de sondagem; NIC- nível de inserção clínica
Os dados também foram avaliados de acordo com o nível de inserção clínica
e os parâmetros médicos. Para dividir os grupos, adotou-se os que apresentavam
perda de inserção 2 mm e > que 2 mm, de acordo com a classificação da
American Academy of Periodontology (AAP). O grupo com NIC 2 mm constou de
33 indivíduos (16 do gênero masculino e 17 feminino) e com NIC > que 2 mm, 46
indivíduos (33 do gênero masculino e 13 feminino) (Tabela 3)
Tabela 3 - Valores da relação entre parâmetros periodontais e nível de inserção clínica (Média ±
desvio-padrão)
NIC U PRÉ
U PÓS CREA
2 mm
162,22
±
28,84 58,45
±
22,25 12,22
±
4,63
> 2 mm
154,23
±
33,54 55,86
±
19,20 11,09
±
4,63
P
0,3341 0,5062 0,2754
NIC Ca
++
PTH FA
2 mm
8,62
±
1,48 334,07
±
279,76 87,16
±
42,62
> 2 mm
8,35
±
0,73 305,28
±
316,07 110,85
±
90,85
P
0,8967 0,3662 0,1862
U PRÉ: uréia pré-diálise ; U PÓS: uréia pós-diálise; CREA: creatinina; PTH: hormônio paratireoidiano;
FA: fosfatase alcalina; CA
++
: cálcio; p: nível de significância
Em nosso estudo, o tempo médio de HD foi de 3,6 anos e observamos que
pacientes com tempo de diálise < 3,6 anos apresentavam maiores valores para uréia
pós-diálise, creatinina, cálcio e diminuição da uréia pré-diálise, fosfatase alcalina e
hormônio paratireoidiano.
Tabela 4 - Valores da relação entre parâmetros laboratoriais e tempo de hemodiálise
Diálise < 3,6 anos Dialise 3,6 anos
UR PRÉ
150,73 ± 35,89 167,41 ± 27,42
UR PÓS
57,35 ± 19,62 57,23 ± 20,53
CREA
10,70 ± 4,84 12,80 ± 3,27
Ca++
8,58 ± 1,26 8,28 ± 0,72
PTH
226,58 ± 246,58
450,94 ± 340,32
FA
42,56 ± 100,14 126,30 ± 93,22
6 DISCUSSÃO
Por volta da década de setenta, a DRC era responsável por cerca de 1% das
mortes na Califórnia, o que corresponde a aproximadamente 1500 casos
anualmente. O número de pacientes que eram submetidos à hemodiálise, nesta
época, por ano, em clínicas de diálise aumentou de oitocentos em 1970 para 1350
em 1971, o que equivalia a um aumento de 28 pacientes por milhão de pessoas
nesta população. Os pacientes utilizam o tratamento da hemodiálise até que
consigam receber um transplante renal ou até irem a óbito (HODGES, 1972). Nos
últimos anos, “melhorias” nas diálises e nos transplantes, reduziram a morbidade e
mortalidade entre os pacientes em estágio terminal da doença renal (KLASSEN;
KRASKO, 2002). A necessidade de monitoramento da condição periodontal em
pacientes que recebem hemodiálise é extremamente necessária pelo fato de serem
pacientes candidatos a transplantes renais e que não devem possuir focos de
infecção para que o prognóstico desta cirurgia seja favorável.
No Brasil, a prevalência de pacientes mantidos em programa crônico de
diálise mais que dobrou nos últimos oito anos. De 24.000 pacientes mantidos em
programa dialítico em 1994, alcançamos 58.000 pacientes em 2004. A incidência de
novos pacientes cresce cerca de 8% ao ano, tendo sido 18.000 pacientes em 2001.
O gasto com o programa de diálise e transplante renal no Brasil situa-se ao redor de
1,4 bilhões de reais ao ano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).
As principais patologias que predispuseram os pacientes examinados neste
estudo à doença renal crônica foram a hipertensão (25,3%), diabetes mellitus
(13,9%), glomerulonefrite crônica (20,4%). Além das patologias citadas, os pacientes
eram portadores de cardiopatias, lupus eritematoso sistêmico, pielonefrite crônica,
litíase renal, doença policística, transplante renal com rejeição, câncer de próstata,
síndrome nefrótica, acidente vásculo-cerebral, anemia falciforme, doença cística,
hepatite C, hepatite B, AIDS, hipertensão reno-vascular, hipotireoidismo, infecção
das vias urinárias. Alguns ainda apresentavam várias patologias juntas, o que nos
levou a denominar miscelânia. Havia também pacientes que eram submetidos à
quimioterapia e radioterapia.
Poucos trabalhos relacionaram os diagnósticos primários da DR e avaliaram a
condição periodontal de pacientes renais crônicos submetidos à HD (BAYRAKTAR
et al., 2007; BORAWSKI et al., 2007; FRANEK et al., 2006; KADIROGLU et al.,
2006; MARAKOGLOU et al., 2003; SOUZA et al., 2005; YOSHIHARA et al., 2007).
Nos estudos de Craig et al. (2007) e de Marakoglu et al. (2003) não foi
observada diferença estatisticamente significativa quanto aos parâmetros
periodontais investigados como: IP, IG e PS. Todos os pacientes apresentaram a DP
em vários níveis, sendo um maior número de periodontite de grau leve a
moderadamente grave. Outro estudo demonstrou que uma parte muito pequena da
população submetida à diálise renal é afetada por formas avançadas de periodontite
(CASTILLO et al., 2007), enquanto que uma outra parte demonstra um envolvimento
periodontal total do grupo estudado em vários níveis, ou seja, nenhum paciente
apresentou ausência de inflamação no grupo-teste. O tipo de envolvimento mais
comum foi a gengivite de leve a moderadamente grave (44%) (CRAIG et al., 2007).
Todos os pacientes incluídos neste estudo utilizavam medicamentos
bloqueadores dos canais de cálcio, betabloqueadores, vasodilatadores (hipotensor)
e apenas cinco pacientes faziam uso de inibidor de enzima conversora de
angiotensina (IECA), além de complexos vitamínicos B, ácido fólico, eritropoietina
(epo), ferro (noripurum), estimulante da vitamina D (calcitriol), quelantes do fósforo
(servelamer e carbonato de lcio), antiarritmicos (amildarona). Nenhum paciente
utilizava antidepressivo. Apesar dos pacientes utilizarem bloqueadores de cálcio,
clinicamente não foi observado aumento gengival induzido por estes medicamentos.
Devido à falta de funcionamento dos rins, o fósforo não pode ser excretado
por ele, ocorrendo portanto, sua quelação no intestino. Assim, o fósforo se liga ao
carbonato ou servelamer. Não existe administração de carbonato de sódio
hidrogenado para corrigir acidemia. Alguns pacientes com acidose metabólica que
não compensam com a diálise tomam bicarbonato de sódio em doses calculadas de
acordo com o peso corporal.
No estudo de Takeuchi et al. (2007), cada paciente que recebia hemodiálise
foi instruído sobre a dose e administração de carbonato de cálcio, com vistas a
excretar fósforo no corpo. Alguns pacientes, incluindo os que não faziam
hemodiálise, receberam carbonato de sódio hidrogenado para compensar a acidose.
Como resultado, elevou-se a capacidade tampão da saliva por deixar bicarbonato na
saliva.
Em nosso estudo, não foi utilizado grupo-controle, por ser nosso interesse
somente demonstrar as condições periodontais de uma coorte de pacientes que
recebia tratamento de HD. O biofilme dental foi analisado através do índice de placa,
cujo resultado foi considerado elevado (1,36 ± 0,82), assim como nos trabalhos de
Souza et al. (2005), onde o IP foi de 1,41 ± 0,68; no de Takeuchi et al. (2007), cujo
IP do grupo-teste de foi de 1,20 ± 0,66 e, do grupo-controle, foi de 0,75 ± 0,60. Nos
estudos de Borawski et al. (2007), o IP do grupo-teste foi de 2,50; do grupo-controle
com periodontite foi de 2,00 e do grupo-controle sem periodontite foi de 1,00.
Marakoglu et al. (2003) encontraram como resultados de IP no grupo-teste (2,2 ±
0,6), valores muito semelhantes ao seu grupo-controle (1,9 ± 0,6).
Pacientes em hemodiálise apresentam grande acúmulo de biofilme dental,
elevada formação de cálculo dental, pouca inflamação gengival frente à grande
presença de biofilme dental e lculo, portanto, esses pacientes não apresentam
uma resposta inflamatória prejudicada pela insuficiência renal crônica (CASTILLO et
al., 2007). Isso pode ter ocorrido devido a pouca instrução e aplicação de hábitos de
higiene oral observadas nestes pacientes, sendo muito freqüente entre eles a
escovação dos dentes uma vez ao dia.
O índice gengival obtido foi de (0,58 ± 0,74) muito semelhante ao encontrado
no estudo de Souza et al. (2005), em que obteve-se IG de 0,58 ± 0,46. Esses
valores são considerados baixos, assim como encontrado em outros trabalhos, o
que pode ser explicado porque os pacientes examinados não foram submetidos
repetidamente a altas doses anticoagulantes sistêmicos, fato este que os
predisporiam a um sangramento gengival, que poderia facilitar o crescimento e a
colonização bacteriana podendo propagar a doença periodontal. Na maioria deles,
utilizava-se heparina, durante o processo de purificação do sangue, mas em doses
controladas (BORAWSKI et al. 2007). Castillo et al. (2007) o encontraram
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos-teste e controle quanto ao
IG. Marakoglu et al. (2003) obtiveram resultados muito semelhantes entre os grupos-
teste e controle (1,5 ± 0,3).
A profundidade de sondagem média (em mm) foi de 1,86 ± 0,35. O estudo de
Marakoglu et al. (2003) demonstrou resultados semelhantes cujo resultado (1,8 ±
0,6) o que foi também muito semelhante ao seu grupo-controle (1,8 ± 0,8).
A média obtida para o nível de inserção clínica foi de (2,45 ± 1,13), sendo que
nos estudos de Borawski et al., 2007 (NIC do grupo HD foi de 5,11 ± 2,13; grupo
CAPD 3,47 ± 2,3; grupo com DRC em fase de pré-diálise 2,50; grupo-controle com
periodontite 4,68; grupo-controle sem periodontite 1,40). Mas, Castillo et al. (2007)
dividiram seu grupo de estudo em porcentagem de locais com NIC 3mm. Seus
resultados não demonstraram diferenças estatisticamente significativas quanto ao
NIC 3 mm entre os grupos-teste (0% = quatro pacientes, 0-32% = 36 pacientes,
33-66% = oito pacientes e 67-100% = quatro pacientes) e controle (0% = nove
pacientes, 0-32% = 28 pacientes, 33-66% = oito pacientes e 67-100% = sete
pacientes).
Nosso grupo de pacientes renais crônicos foi dividido quanto ao NIC em
2 mm ou > 2 mm e relacionou-se esses valores com os parâmetros bioquímicos.
Observou-se que o primeiro grupo (NIC < 2 mm) apresentava valores elevados para
uréia pré e pós-diálise, creatinina, cálcio e hormônio paratireoidiano. A fosfatase
alcalina encontrava-se elevada apenas no grupo com NIC > 2 mm.
Marakoglu et al. (2003) dividiram a DP de acordo com o NIC em: 3 mm,
entre 3 e 6 mm e > 6 mm. Observou que 17% (a maior parte dos que tinham
periodontite) apresentavam NIC de até 3 mm, 8% NIC de 3 a 6 mm. O IG foi
realizado em escores de zero a três, sendo 0 = gengiva clinicamente normal; 1 =
inflamação gengival leve; 2 = inflamação gengival moderada; 3 = inflamação
gengival severa. Verificaram que 17% apresentaram gengivite leve, 44% gengivite
moderada e 14% gengivite severa.
No presente estudo, os pacientes apresentaram a média da concentração de
uréia pré-diálise maior que a média da concentração de uréia pós-diálise. Essa
condição está de acordo com o fato de que quando a filtração glomerular encontra-
se menor que 20% e o paciente apresenta-se com níveis elevados de uréia, o
tratamento dialítico substitui a função renal, auxiliando na filtração de substâncias
que são tóxicas ao organismo quando presentes em excesso, como é o caso da
uréia. Na verdade, a comparação do valor inicial de uréia com a final demonstra que
a hemodiálise foi efetiva para o paciente.
A creatinina é utilizada como marcador sanguíneo da função renal
(YOSHIHARA et al., 2007). Clearance de creatinina de 24 horas foi calculada como
CREA na urina de 24 horas dividida pelos níveis de CREA sérica. Os resultados de
(YOSHIHARA et al., 2007) demonstraram que a porcentagem de locais com NIC
6mm estava significativamente associada com a função renal e marcadores do
metabolismo ósseo. No nosso trabalho, o grupo que apresentava creatinina com
valores dentro da normalidade apresentou IG elevado, o que pode demonstrar que o
IG não está relacionado com condições sistêmicas do paciente e sim, diretamente
relacionado com o acúmulo de biofilme dental. O grupo com creatinina elevada
apresentou maiores valores para IP, PS e NIC.
A dia de fosfatase alcalina encontrada no estudo de Castillo et al. (2007)
foi de 98,37 U.I/L, o que, de acordo com os valores de referência adotados pelo
presente estudo, foi baixo. Em nosso trabalho, o grupo com fosfatase alcalina
normal apresentou maiores IP e IG, e no grupo da FA alterada houve maior PS e
NIC nos pacientes. Não foi possível realizar a análise estatística quanto ao nível de
significância, pois o grupo com fosfatase alcalina acima do normal apresentava
três indivíduos, sendo somente possível fornecer dados descritivos.
Os parâmetros periodontais como IP, IG, NIC e PS foram maiores quando
comparados com o grupo que apresentava valores elevados para o cálcio, mas não
foi possível realizar a estatística para verificação do nível de significância, pois o
grupo com cálcio acima do normal só possuía cinco indivíduos.
Para o PTH, somente o IP estava elevado no grupo com valores de PTH
normal, enquanto que o grupo com valores elevados observou-se maiores IG, PS e
NIC. Ocorreu diferença estatisticamente significativa somente para este último
parâmetro. As alterações radiográficas na maxila e na mandíbula perda da lâmina
dura, lesões radiolúcidas e neoformação óssea anormal pós-exodontias são
provocadas pela perda do cálcio do tecido ósseo devido a um aumento na produção
do paratormônio (PTH). Isso provoca uma desordem no metabolismo do cálcio,
fosfato e vitamina D (HAMMID; DUMMER; PINTO, 2006). Castillo et al. (2007)
encontraram 15,4% dos seus pacientes com valores diminuídos (abaixo da
normalidade) para o cálcio, enquanto que o PTH encontrava-se cinco vezes acima
do normal. Kadiroglu et al. (2006) dividiram seu grupo de estudo de acordo com os
valores normais e alterados de PCR e correlacionou com o cálcio rico e PTH.
Observaram que ambos os marcadores apresentaram valores diferentes entre os
dois grupos, sendo que no cálcio esta diferença não era estatisticamente
significativa, enquanto que no PTH foi significativa.
Verificou-se uma tendência a ocorrer um aumento nas medidas de todos os
parâmetros clínicos de acordo com a duração da hemodiálise. No entanto, essa
tendência poderia indicar a presença de uma relação inversa entre a duração da
falência renal crônica, que é um processo crônico e deteriorante, e a qualidade da
higiene oral e pessoal (CRAIG et al. 2007). Em nosso estudo, o tempo médio de HD
foi de 3,6 anos e observamos que pacientes com tempo de diálise < 3,6 anos
apresentavam maiores valores para uréia pós-diálise, creatinina, cálcio e diminuição
da uréia pré-diálise, fosfatase alcalina e hormônio paratireoidiano.
Bayraktar et al. (2007) e Castillo et al. (2007) dividiram seus grupos de estudo
de acordo com o tempo em que os pacientes eram submetidos à hemodiálise e
correlacionou com dentes perdidos, IG, PS, IP e encontraram que ocorreram
diferenças sendo que quanto maior o tempo de diálise, maiores eram as alterações,
mas essas diferenças não foram estatisticamente significativas. Castillo et al. (2007)
observaram que quanto ao NIC não houve alteração quanto ao tempo em que
estavam sendo submetidos à HD. Marakoglu et al. (2003) observaram que de
acordo com o aumento do tempo em que recebiam HD, não ocorreram diferenças
estatisticamente significativas quanto ao IP, IG e PS.
7 CONCLUSÕES
Correlacionando os parâmetros laboratoriais com os periodontais, foi possível
observar que ocorreram diferenças estatisticamente significativas quanto ao IG no
grupo da uréia pré-diálise com valores de normalidade e NIC no grupo do PTH
alterado. Todos os outros valores não foram estatisticamente significativos.
Os pacientes com NIC 2 mm apresentaram menores valores para FA
somente, mas sem diferenças estatisticamente significativa entre todos eles.
Dessa forma, concluiu-se que somente as variáveis relacionadas ao
metabolismo ósseo, apresentaram diferenças estatisticamente significativas quanto
aos parâmetros periodontais.
REFERÊNCIAS
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Dial. Transplant., London, v. 17 Suppl, n. 8. p. 16-24, 2002.
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Journal of Periodontology, Chicago, v. 78, n. 7, p. 1241-1248, June 2007.
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS -INFORMAÇÃO
(Instruções para preenchimento na última página)
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. NOME DO PACIENTE .:.......................................................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M F
DATA NASCIMENTO: ......../......../......
ENDEREÇO ................................................................................. Nº ..................... APTO: ..................
BAIRRO........................................................................CIDADE ........................................
CEP:.........................................TELEFONE: DDD (............) .......................................
2.RESPONSÁVEL LEGAL
..............................................................................................................................
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.)
..................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M F
DATA NASCIMENTO.: ....../......./......
ENDEREÇO: ............................................................................................. Nº ................... APTO: ............
BAIRRO................................................................................ CIDADE:......................................................
CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............)...............................................................
II - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Termo de consentimento livre e esclarecido
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li
ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo
"CORRELAÇÃO DO PERFIL
PERIODONTAL COM A CONDIÇÃO SISTÊMICA DE PACIENTES EM HEMODIÁLISE
”. Eu discuti com
o (Dra.Christiane Peres Caldas (endereço: Av. Pinheiro Machado,nº 1523 sala 01
São Cristovão, Porto Velho Rondônia, tel. 3224-3906 sobre minha decisão em
participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do
estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as
garantias de confidencialidade e de esclarecimento permanente. Ficou claro
também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do
acesso a tratamento hospitalar quando necessário.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou
prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento
neste serviço.
Porto Velho, de de .
_________________________ __________________________
Assinatura por extenso do sujeito Assinatura do pesquisador
da pesquisa ou responsável legal
e carimbo ou nome legível
III DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: CORRELAÇÃO DO PERFIL
PERIODONTAL COM A CONDIÇÃO SISTÊMICA DE PACIENTES EM HEMODIÁLISE
PESQUISADOR: Christiane Peres Caldas
2. CARGO/FUNÇÃO: Cirurgiã-Dentista INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL 729/RO
UNIDADE : Conselho Regional de Odontologia – seção Rondônia
3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano
como conseqüência imediata ou tardia do estudo)
SEM RISCO (x) RISCO MÍNIMO
RISCO MÉDIO RISCO MAIOR
4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 22 ( MESES)
IV - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU
REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:
1. Justificativa e os objetivos da pesquisa ; 2. procedimentos que serão utilizados e propósitos,
incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais; 3. desconfortos e riscos
esperados; 4. benefícios que poderão ser obtidos; 5. procedimentos alternativos que
possam ser vantajosos para o indivíduo.
1. Justificativa e os objetivos da pesquisa: realizar um perfil periodontal de pacientes renais
crônicos em tratamento dialítico com o objetivo de registrar possíveis alterações desses
parâmetros e instituir um programa de orientação para melhoria desses problemas nesses
pacientes
2. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos
procedimentos que são experimentais: procedimentos de exame clínico (índice de placa,
índice de sangramento gengival, profundidade de sondagem periodontal, nível de inserção
clínica, de pacientes renais crônicos em hemodiálise.
3. Desconfortos e riscos esperados: nenhum
4. Benefícios que poderão ser obtidos : determinar alterações referentes aos parâmetros
clínicos periodontais ((índice de placa, índice de sangramento gengival, profundidade de
sondagem periodontal, nível de inserção clínica), comparados aos parâmetros bioquímicos
(uréia, creatinina, fosfatase alcalina, cálcio e hormônio paratireoidiano) de forma a inter-
relacionar as duas condições e verificar a influência de uma na outra.
V - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO
SUJEITO DA PESQUISA:
1. acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios
relacionados à pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas.
2. liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar do
estudo, sem que isto traga prejuízo à continuidade da assistência.
3. salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade.
4. disponibilidade de assistência, por eventuais danos à saúde, decorrentes da pesquisa.
5. viabilidade de indenização por eventuais danos à saúde decorrentes da pesquisa.
VI. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.
Responsável pela pesquisa: Christiane Peres Caldas
Endereço: Av. Pinheiro Machado, nº 1523, sala 01, São Cristovão, Porto Velho – Rondônia
Telefones: 3224-3906; 9234-9696.
APÊNDICE B – Prontuário de Periodontia
NOME____________________________________________________________________
ENDEREÇO_______________________________________________________________
CIDADE_______________________CEP_________________ FONE_________________
NASCIMENTO___/___/___IDADE_________SEXO_______RAÇA____________________
PROFISSÃO_____________________________ESTADO CIVIL _____________________
RG________________________________CPF___________________________________
HISTÓRIA MÉDICA:
1) Qual é o tipo de tratamento dialítico recebido?______________________________
2) Qual é a freqüência semanal?___________________________________________
3) Há quanto tempo faz diálise renal?_______________________________________
4) Diagnóstico primário:
( )Diabetes ( )Hipertensão ( ) Úlcera ( )Gastrite ( )HIV ( )Artrite
( )Tuberculose ( )Hepatite ( ) Lúpus ( ) Glomerulonefrite ( ) Pielonefrite
5) Diagnóstico secundário________________________________________________
6) Medicamentos:
NOME TEMPO DE USO
7) Possui algum problema cardíaco? Qual?__________________________________
8) Já fez transfusão sanguínea?____________________________________________
9) Hábitos alimentares:___________________________________________________
10) ( ) Alcoolismo ( ) Tabagismo
HISTÓRIA ODONTOLÓGICA:
1) Sua gengiva sangra com facilidade? ( )Sim Não( )
2) Seus dentes estão moles? ( )Sim Não( )
3) Tem hábito de ranger os dentes? ( )Sim Não( )
4) Os alimentos se prendem entre os dentes? ( )Sim Não( )
5) Usa fio dental, fita ou palito? ____________________________________________
6) Quantas vezes ao dia você escova os dentes? ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )mais
7) Qual o tipo de escova? ________________________________________________
8) Respira pela boca ? ( )Sim Não( )
9) Você submeteu-se a algum tratamento periodontal ? ( )Sim Não( )
10) Há quanto tempo?__________Que tipo?_______________________________
11) Algum membro de sua família desenvolveu doença gengival?( )Sim Não( )
N°___________
APÊNDICE C- Tabela utilizada para realizar o índice de placa (IP)
INDICE DE PLACA - Silness e Löe (1964)
0= ausência de placa na área gengival
1= presença de uma fina camada de placa na
margem gengival.
2= moderado acúmulo de depósitos moles na
margem/ sulco gengival.
3= abundante acúmulo de depósitos moles na
margem/ sulco gengival.
17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 média
Vestibular
Mesial
Lingual
Distal
Média
47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 média
Vestibular
Mesial
Lingual
Distal
Média
Maxila
Mandïbula
APÊNDICE D – Tabela utilizada para realizar o índice gengival (IG)
ÍNDICE GENGIVAL - Löe e Silness (1963)
Código
Condição gengival
0 Gengiva normal
1 Inflamação branda – sem sangramento à sondagem
2 Inflamação moderada com sangramento à sondagem
3 Inflamação avançada, tendência ao sangramento espontâneo
17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 média
Vestibular
Mesial
Lingual
Distal
dia
47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 média
Vestibular
Mesial
Lingual
Distal
dia
Maxila
Mandïbula
APÊNDICE E – Tabela utilizada para realizar a profundidade de sondagem (PS)
Tabela utilizada para realizar a verificação do nível de inserção clínica (NIC)
17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 média
Disto-vestibular
Vestibular
Mésio-vestibular
Disto-lingual
Lingual
Mésio-lingual
Média
47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 média
Disto-vestibular
Vestibular
Mésio-vestibular
Disto-lingual
Lingual
Mésio-lingual
Média
Maxila
Mandïbula
17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 média
Disto-vestibular
Vestibular
Mésio-vestibular
Disto-lingual
Lingual
Mésio-lingual
Média
47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 média
Disto-vestibular
Vestibular
Mésio-vestibular
Disto-lingual
Lingual
Mésio-lingual
Média
Maxila
Mandïbula
ANEXO A - Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade São
Lucas – Porto Velho/Rondônia.
ANEXO B - Ficha para anotações dos resultados de exames laboratoriais realizados
mensalmente
Ficha da Clínica de Nefrologia de Rondônia - NEFRON
Autorizo cópia total ou parcial desta obra, apenas para fins de estudo e
pesquisa, sendo expressamente vedado qualquer tipo de reprodução para fins
comerciais sem prévia autorização específica do autor.
Christiane Peres Caldas Barony de Oliveira
Taubaté 2008
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