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(...) ni el más bellaco a bordo haría tal coisa, si con eso (...) perdia (...) a la
vista del mundo lo único que ni reyes, (...), ni siquiera la (..)muerte, podían
arrebatarles nunca: la imagen que de sí había forjado, la quimera de quien se
proclamaba hidalgo antes que reconocerse siervo de nadie. Para un soldado
español, su ofício era su honra. (CL, p. 309-310)
A passagem traz à tona o sempre alardeado valor pessoal, intrínseco, do espanhol, que
nunca se sentiria elevado com o labor de suas mãos. Se quase toda forma de trabalho manual ou
intelectual era considerada infamante, própria de mouros ou judeus, o ofício de remador era o
mais indigno na época, exercido apenas por condenados ou escravos. Ao espanhol lhe importava
fazer-se valer, por merecimento pessoal, e por isso adquiriram intensidade as expressões da
estima pública, a “opinião” ou a famosa reputação.
A descrição da batalha de Cabo Negro ou Escanderlu, por sua vez, ocupa quase
oitenta páginas do romance, nas quais o autor desfila todo o seu conhecimento de termos
náuticos. A esse respeito, o escritor e crítico Manuel García Viñó comenta em um tom bem-
humorado:
“El novelista debe partir de una visión general, no de un cúmulo de detalles
amontonados. El resultado es que, (...), suministra al lector tal número de
tecnicismos, que lo lleva a estar más atento al diccionario que a la historia (...).
Al principio del libro, (...) acumula la siguiente relación: costillar, pique de
agua, galeota, cañón de crujía, sotavento, entena, aleta, barloventeaba,
lebeche, ciaboga, grímpola, (...), maestral, cuarta al griego, (...) aferra la dos,
pasaboga, zafarrancho (...), espolón, chuzo, (...) bastión del esquife (...), etc.
Uno, que no ha pasado de popa y proa, sin saber cuál es la de la derecha y
cuál la de la izquierda, se siente realmente anonadado y fuera de la
narración.” (GARCÍA VIÑÓ, 2007, p. 2)
Apesar de não chegar a comprometer o entendimento do relato, a narrativa realmente
lança mão, de modo até pretensioso, de uma profusão de termos técnicos e arcaísmos. Tal como
ocorre em todos os livros da série, o romance parece não querer deixar nada para a imaginação do
leitor, pois nunca registra uma síntese imaginativa das cenas: ao contrário, as batalhas são
descritas de modo minucioso e prolixo, fazendo com que a maior parte delas pareça durar tanto
quanto durariam na realidade.
Num artigo intitulado “Cortos de razones, largos de espada”, Pérez-Reverte ensina a
um jovem leitor que os bascos sempre lutaram ao lado dos espanhóis, assim como fornece pistas
sobre um capitão basco, personagem histórico que teria participado da última batalha descrita no
romance: