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entrevistadas também estão assumindo um papel que lhes é atribuído culturalmente, ou
seja, cuidar, ser responsável e intervir sobre seus próprios corpos.
O que vale é demonstrar as diferentes formas de vivenciar e celebrar seus corpos,
desejos e fé, modos de operar e experimentar-se nas redes discursivas de saber e poder.
Revelar que há corpos, no presente, que não se conformam, que deslizam, são móveis,
cambiantes. O que somos ,agora, num outro momento, lugar ou cultura, pode deixar de ser,
pois os corpos transitam, desejam e são desejáveis por sociedades, conceitos e discursos.
Pode-se, ainda, ressaltar que novas interpretações para a valorização e resgate da
mulher, como na própria leitura da Bíblia, deve ser reinterpretada para a memória daquelas
que acompanham e seguem Jesus, como no Novo Testamento em Mt 26, 6-13:
Ora estando Jesus em Betânia, em casa de Simão,o leproso, aproximou-se dele
uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe
derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa.Vendo isto, indignaram-se os
discípulos e disseram: Para que este desperdício? (...) Mas Jesus, disse-lhes: Por
que molestais esta mulher? Ela praticou boa ação para comigo. (...) pois
derramando este perfume sobre o meu corpo, ela o fez para o meu sepultamento.
Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo este evangelho, será
também contado o que ela fez, para memória sua.
O que revela a proximidade e o reconhecimento de Jesus àquelas que eram as
responsáveis em transmitir valores éticos e familiares, com sabedoria e poder, sejam elas,
“senhoras”, donzelas, rainhas, dominadoras,
Mulher virtuosa, quem achará? O seu valor muito excede do de finas jóias. (...)
Ela percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite. (...)
Faz para si cobertas, veste-se de linho fino e púrpuro. A força e a dignidade são
os seus vestidos, e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupação (Pr 31,10-
25).
Mulheres sábias como esta, que gerencia sua casa e empresa, remetendo a imagem
das Deusas do Antigo Oriente que ensinavam, curavam dominavam, reconhecidas pelo
poder da fecundidade, e, “Em especial nas narrativas principais famílias judaicas do